Você está na página 1de 6

Uma ANPOF

do Tamanho do Brasil

Para as próximas eleições para Conselho Diretor e Conselho Fiscal da ANPOF,


propomos aos Programas de Pós-Graduação em Filosofia do Brasil uma chapa
que se reúne em torno de dois objetivos fundamentais: fortalecer a área de
Filosofia no país e aprofundar o caráter democrático da ANPOF como
instituição. Esses fins vêm sendo postos em prática desde 2016 por um grupo que
se propõe agora a dar continuidade e aprofundar a viabilização desses objetivos.
Mais do que pessoas, o que propomos são ideias que consideramos ainda mais
importantes agora, em vista da difícil conjuntura pela qual passa nossa área
e da necessidade de fortalecimento da democracia entre nós.

Como forma de concretizar essas finalidades básicas, nossas propostas são:

1. Fazer uma gestão transparente e participativa. Tornarmo-nos,


assim, uma resistência e um enfrentamento diante dos discursos que
nesse momento atacam e tentam desacreditar a Filosofia e toda forma
de pesquisa humanística. À vista disso, entendemos que nossa luta
por valores democráticos no Brasil começa em nossa própria entidade e
que formas básicas de executar esse objetivo são apoiar um processo
eleitoral com ampla participação dos programas e executar uma
gestão transparente, colegiada e aberta ao diálogo. Viemos pondo em
prática e pensamos ser fundamental que a eleição para a ANPOF seja
discutida previamente pelos programas e que o voto dos/as
coordenadores/as reflita essa discussão colegiada. Dando continuidade
ao trabalho de regularizar as contas da ANPOF que vem sendo feito
nos últimos anos, pretendemos divulgar periodicamente aos programas
associados o estado das finanças de nossa instituição, publicando os
gastos e receitas de forma clara e acessível. Outra faceta da
democracia que propomos aprofundar em nossa Associação é a gestão
colegiada, que vem sendo posta em prática em todas as decisões
importantes da Diretoria nos últimos anos e que ampliaremos ainda
mais. Além disso, daremos continuidade à constante interlocução da
diretoria com os programas associados que vem
sendo mantida nos últimos anos.

2. Nossa chapa - como se percebe já na sua própria


composição - está comprometida a combater as
desigualdades regionais no que diz respeito por
exemplo à concentração de recursos financeiros e de programas que
ainda persistem na pós-graduação.

3. Continuar a defesa da área de Filosofia junto ao CNPq, à CAPES e


às fundações de fomento à pesquisa estaduais em contínuo
estreitamento de relações com outras entidades de representação
científica e acadêmica que

4. atuam diretamente na interlocução com o órgão de fomento, no


sentido de: (3.1) reafirmar as especificidades da área de Filosofia,
tanto em seu aspecto de fomento à educação básica e ensino, quanto
no horizonte da pesquisa teórica em suas distintas modalidades e
pluralidades de subáreas; (3.2) rejeitar o enfraquecimento da
filosofia por supostamente não estar vinculada a “áreas
estratégicas”; (3.3) lutar pela ampliação das quotas das bolsas aos
PPGs.

5. Aprofundar o trabalho de valorização das mulheres na pós-


graduação em Filosofia através de: (4.1) apoio à criação de áreas de
pesquisa nos órgãos de fomento que reconheçam os estudos de gênero,
sexualidade e interseccionalidade como parte do campo das discussões
filosóficas, assim como os estudo das mulheres na história da filosofia;
(4.2) apoio para que os Programas adotem efetivamente medidas
contra toda forma de assédio, de classe, de sexo, raça ou de gênero; (4.3)
apoio à adoção de reservas de cotas para transexuais, negras,
indígenas e pessoas com deficiência.

6. Continuar e aperfeiçoar o trabalho de comunicação que vem sendo


desenvolvido. Nos últimos anos, o site da ANPOF foi ampliado e
renovado quanto ao número e variedade de páginas internas, além de
passar por uma renovação visual, que o tornou mais atraente e
harmônico. A página no Facebook tem tido grande participação da
comunidade filosófica e do público em geral
(passamos de cerca de 8 mil seguidores em 2016 para
mais de 27 mil atualmente), com milhares de
pessoas acompanhando, opinando e
compartilhando as matérias que são divulgadas
periodicamente. A página no Instagram foi aberta em 2019 e já conta
com 11 mil seguidores. A ANPOF conta com um canal no YouTube com
mais de três mil inscritos/as. Estabeleceram-se parcerias com veículos
da imprensa nacional para a publicação da Coluna ANPOF,
produzindo também conteúdos audiovisuais com a finalidade de dar
visibilidade à produção filosófica e ampliar sua presença na esfera
pública. Nossa intenção é continuar esse trabalho que vem sendo feito
de forma competente e profissional, oferecendo a todas as pessoas acesso
ao que tem sido realizado e proposto na pós-graduação em Filosofia no
país.

7. Continuar o diálogo e pressão em prol da área de Filosofia com


associações congêneres e organismos do Estado. Uma das importantes
iniciativas levadas a efeito nos últimos anos pela ANPOF foi a
participação em atividades de diálogo com entidades como a SBPC, o
FCHSSALA e, especificamente, associações da área de humanidades,
como ANPOCS, ANPUH, ABCP, ANPOLL, ANPEGE, ANPED e
outras com as quais foram mantidos contatos diários. Especialmente
importante tem sido também a presença no Congresso Nacional e
Ministério da Educação em defesa da Filosofia como área de
conhecimento e de ensino superior e médio. Entendemos que é
fundamental continuar e aprofundar nossa atuação nesse sentido.

8. Incentivar a presença da comunidade filosófica acadêmica brasileira


no debate público sobre grandes problemas nacionais e internacionais.
Podemos e devemos participar mais do debate público sobre as grandes
questões desde um ponto de vista filosófico. Longe de ser um obstáculo
ao trabalho acadêmico, esse desafio pode ser um estímulo à reflexão e
um emprego, em benefício da sociedade brasileira, do exercício crítico de
pensamento que fazemos no meio universitário. Consideramos que a
ausência da comunidade filosófica acadêmica desse debate pode abrir
um vácuo a ser preenchido por iniciativas
oportunistas, sem a devida formação imposta por
uma área tão exigente quanto a Filosofia e que
substituem o debate aberto e profundo pela
formação de discipulados acríticos.

9. Estimular iniciativas inovadoras que aprofundem a reflexão


filosófica no Brasil e contribuam para o debate internacional.
Compreendemos que o apoio a propostas que buscam superar o
eurocentrismo não são uma forma de nacionalismo ou de substituir
um particularismo por outro, mas sim de respeitar a vocação de debate
universal que a Filosofia tem desde o seu início. A atenção especial a
iniciativas em novas fronteiras da investigação filosófica como
Filosofia Africana, Filosofia Feminista, Filosofia Ameríndia e
Filosofia do Ensino de Filosofia não significa desconsiderar áreas de
pesquisa mais tradicionais, mas sim levar a sério a busca pelo saber
sem preconceitos que nossa área sempre valorizou. Por outro lado,
entendemos que a comunidade filosófica brasileira já tem
maturidade suficiente para contribuir com o debate internacional e,
nesse sentido, pretendemos trabalhar por uma internacionalização
de nossa filosofia que se dê em termos não subalternos e sim
propositivos. Além disso, reforçar nossas alianças com nossos vizinhos
latino-americanos e do Caribe, e estreitar nossos laços com as
associações filosóficas dos países africanos lusófonos .

10. Lutar por critérios de avaliação que estimulem o crescimento


qualitativo e quantitativo da pós-graduação em Filosofia no Brasil.
Propomo-nos continuar trabalhando para que os programas de pós-
graduação em Filosofia sejam avaliados por critérios que permitam o
aperfeiçoamento da formação de pessoal de ensino superior e a
produção de conhecimento de modo tal que seja respeitada a
especificidade de nossa área. Entendemos ser preocupante e contrário
ao objetivo da própria CAPES a imposição de métricas de avaliação
que, não apenas se transformam de meios em fins em si mesmas, como
também ignoram a diversidade dos campos de saber. Um exemplo dessa
desconsideração pela diversidade é a recente proposta de substituição
do Qualis por medidas de fator de impacto,
próprias de periódicos das áreas de tecnologia,
ciências naturais e formais. Entendemos que o
Qualis precisa ser aperfeiçoado de modo a ser
menos quantitativo, mas que a proposta que
foi divulgada vai no sentido inverso a um
aperfeiçoamento da avaliação de nossa produção intelectual.

11. Demandar das instâncias competentes processos de avaliação justos,


que tratem de forma equitativa todos os programas, assim como as
diversas sub-áreas de conhecimento. Para que a área de Filosofia possa
se fortalecer no Brasil, julgamos indispensável que discriminações
entre programas mais consolidados e em processo de consolidação não
interfiram na avaliação dos mesmos. Entendemos ser fundamental
que o trabalho de formação e de produção de conhecimento seja
valorizado onde quer que ele se dê e nesse sentido consideramos decisivo
o apoio aos programas novos e em processo de fortalecimento nas
diversas regiões do país. A manutenção e a consolidação desses
programas são decisivas para o fomento da pluralidade e do vigor da
pesquisa e da formação em nossa área. Além disso, apoiamos a
discussão colegiada e transparente dos critérios de avaliação da área,
tal como vem sendo feita nos últimos anos em nossa área na CAPES.

12. Realizar um Encontro da ANPOF academicamente atraente e


economicamente inclusivo se as condições sanitárias permitirem.
Considerando que dois terços dos/as participantes são estudantes de
pós-graduação, pretendemos garantir que o evento seja acessível a
sua participação em termos de preços de hospedagem, alimentação e
transporte. Além disso, comprometemo-nos também a organizar com
alto nível acadêmico esse que é um dos maiores eventos de Filosofia do
mundo, de um modo que seja o espaço de estudo, colaboração e diálogo
crítico tão fundamentais ao fazer filosófico que os encontros da
ANPOF sempre foram.

13. Por fim, mas não por último (a ordem numérica não reflete uma
hierárquica, ao contrário, todos os pontos são igualmente
importantes), apoiaremos e promoveremos iniciativas da comunidade
filosófica nacional que abordem temáticas
relacionadas à ecologia integral. Temos
convicção de que passamos por um momen to
crítico da crise ambiental, diante da qual
precisamos unir todas as forças para deter o total
aniquilamento da vida no planeta. Acreditamos
que a filosofia tem muito a contribuir para esse debate.

29 de setembro de 2020.

Composição de nossa chapa

Conselho Diretor:

Presidência: Susana de Castro Amaral Vieira (UFRJ)

Secretaria Geral: Patrícia Del Nero Velasco (UFABC)

Secretaria Adjunta: Tessa Moura Lacerda (USP)

Tesouraria: Agnaldo Cuoco Portugal (UnB)

Tesouraria Adjunta: Claudia Maria Rocha Oliveira (FAJE)

Diretoria de Comunicação: Érico Andrade Marques de Oliveira (UFPE)

Diretoria Editorial: Tiegue Vieira Rodrigues (UFSM)

Conselho Fiscal:

Edna Maria Magalhães do Nascimento (UFPI)

Georgia Cristina Amitrano (UFU)

Cesar Candiotto (PUC-PR)

Você também pode gostar