GOMES, Ângela Maria de Castro. “De volta para o futuro”.
In: História e Historiadores. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1996, pp. 15-27.
P. 15 Aqui a autora menciona a criação do IHGB em 1838, sua finalidade
(escrever/produzir uma história do Brasil) que dialogava com a pretensão real de se consolidar no poder, bem como mensura a vitória de Carl F. Von Martius em um concurso realizado em 1840 o qual consagraria a melhor maneira de narrar a história nacional. Segundo o vencedor, tal história deveria tanto encantar os estrangeiros com a evolução nacional quanto florescer no leitor tupiniquim e, por fim, a autora aborda a criação da revista “Cultura Politica”, cuja meta era ser vitrine do regime politico do Estado-Novo (1937-45) de Vargas, através do DIP criado em 1939. Tal periódico entrou em circulação em 1941, em março, e na opinião do seu diretor, ela seria um “espelho do Brasil em tempos de mudança”. (GOMES, 1996, p.15). P. 16 Em seguida, a autor se aprofunda sobre a mesma revista: diz que era mensal, comercializada em escala nacional, contava com funcionários bem pagos assim como uma gama de seções, uma vez que se queria englobar as diversas faces de uma politica cultural a qual pretendia a erudição e expansão. Destarte, segundo a autora, era imprescindível a revista ter tanto conteúdo, pois o Brasil em si assistia e sofria mudanças. Dito isto, vemos nela tanto a difusão das ações do governo como o debate e difusão de informações e ideias imperiosas ao desenvolvimento do Estado-Nacional; Logo após, são expostas as duas seções “Textos e documentos históricos” e “Brasil social, intelectual e artístico”, bem como aborda a criação do jornal- propaganda do regime “A Manhã”, já que a imprensa nacional nunca foi simpática a Vargas, esta mesma cerceada desde 1937, cuja direção estava nas mãos de Cassiano Ricardo. O tabloide era carioca e matutino, deliberadamente varguista, que almejava um publico leitor cada vez maior; Por fim, a autora cita a proposta cultural do jornal, que se materializava nas seções literárias presentes nele, e que uma destas deve ser citada a fim de esclarecer a proposta cultural do Estado- Novo. P. 17 Desta forma, ela aborda o segmento “Autores e Livros”, redigida por Múcio Leão, na qual estava congregado um panteão com os letrados nacionais mais notórios, cujas obras e vida deveriam ser divulgadas a um enorme público, assim como eram seres exemplares moral e civicamente, e que deveriam ser seguidos, conhecidos e exaltados. Logo em seguida, cita as pretensões de Vargas com seu projeto legitimador, apesar de existirem outros anteriores a ele em um “tempo”, este conceituado de “vida nacional” (o termo “tempo”), fala da “questão nacional” investigada pela História e as Ciências Sociais, a importância da citação no começo do capitulo para a sua finalidade, que é falar da História do Brasil no Estado-Novo. P. 18 Nessa página, a autora aborda a questão do nacionalismo e da nação, ambos emergidos em fins do século XVIII, ligados a vinda da sociedade de massa, ao passo que a “nação” (parafraseando Benedict Anderson) é categorizada enquanto uma “comunidade politica imaginada”, ou seja, criada pelo aparelho estatal. Ela prossegue ao dizer que tanto as nações como os nacionalismos são projetos estatais com os quais os elementos culturais dialogam, pois segundo a autora, o modus operandi da nação consiste em homogeneizar (“área de igualdade”) um território diverso; com isto, ela aborda o “tamanho do grupo” como estorvo, já que esse lançava mão dos “elementos integradores” (internamente) e “ elementos diferenciadores” (externamente), assim como cita que o idioma, escrito ou falado, consciência étnica, religiosidade e uma origem comum são exemplos daqueles elementos. Isto dito, destaca a ideia de Eric Hobsbawn acerca da proximidade da afirmação da língua e da cultura com a do Estado-Nacional, em suas diversas faces, bem como expõe a periodização da “história dos nacionalismos” (desenvolvida por Hobsbawn e Hroch), esta focada na Europa durante o oitocentos. P. 19 As três fases daquela linha temporal são: I) uma etapa cultural/romântica, ausente de projetos políticos ou nacionais; II) ação da então suposta “minoria atuante”, pioneiros no nacionalismo, que se obstinaram em expandi-la; III) Os “programas nacionalistas” agora são sustentados pela massa ou o povo. Antes de continuar, ela salienta que a transição da segunda à terceira fase é fulcral, porém a mesma não tem muitos estudos. Dito isto, a autora aborda mais uma vez Hobsbawn com sua ideia dos elos que unem o nascimento dos nacionalismos com as questões técnicas-administrativas de um governo, e tais mudanças, conforme a autora diz, teriam conexões com a “modernização estatal” e a “eleitorização politica” (acesso dos comuns ao voto). Desta maneira, uma nova legitimidade iria se impor aos “novos Estados” e trataria de garantir uma identificação do “povo” com a “nação”, e esse nacionalismo, segundo ela, apareceria numa espécie de “engenharia social ideológica consciente e deliberada” utilizada pelo próprio Estado, o qual se disporia, à primeira vista das escolas , e futuramente de outros meios de comunicação. Por ultimo, a autora destaca, a partir das constatações anteriores, sua meta mais global, a qual é investigar “quando”, “como” e “através” do que as ideias nacionalistas de um passado em comum ganharam sustentação pela massa no Brasil. P. 20 A autora supõe que a transição da segunda fase até a terceira teria ocorrido na década de 1940, com a “modernização estatal” (exemplo do DASP) tal como a “eleitorização” proporcionada pela 2ª Guerra Mundial (1939-1945) e o alinhamento com os EUA. Logo após, ela diz que devido a isso (constatação anterior) é que se deve distinguir Vargas de outros projetos anteriores, bem como a denominada “politica cultural” do E.N, cuja proposta é a de que a ideia por trás das iniciativas do governo era garantir um apoio das massas ao nacionalismo governamental. Em seguida, ela destaca a relevância do pós 1ª Guerra Mundial (1914-1918) para o engajamento nacionalista brasileiro, com menções às ligas, aos movimentos (Liga da Defesa Nacional, Liga Pró Saneamento) e aos congressos e viagens feitas pela elite cultural. Porém ela cita o pouco efeito propagandista desses movimentos até a década de 1930. P. 21 Aqui ela mostra as diferenças na década: a participação do governo e melhores tecnologias e orçamentos, bem como salienta que as ações do engajamento do governo não devem ser vistas como simplistas ou manipuladoras, pois respeitam e atuam dentro de uma lógica simbólica pré-estabelecida, e cita a importância da unidade cultural, na qual a história de origem comum aparece. Também ela cita os efeitos “não-previsíveis”, triviais para entendermos os motivos políticos e sua assimilação pela comunidade nacional, o que a leva ao uso da cultura como “trama de significados compartilháveis”. Então, ela elucida que tentará interpretar os significados da cultura politica do E.N na visão dos seus idealizadores, e não dos seus receptores. P. 22