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BIOLOGIA E MICROBIOLOGIA

AMBIENTAL
Renata Correa Heinen
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AULA 1 – FUNDAMENTOS DE BIOLOGIA SANITÁRIA

1.1 POSIÇÃO DOS ORGANISMOS DE INTERESSE SANITÁRIO NO


MUNDO VIVO E SUAS CARACTERÍSTICAS (células procarióticas e
eucarióticas; constituintes bioquímicos celulares).

1.1.a Composição das células

Todas as células são basicamente semelhantes. Compõem-se de protoplasma,


um complexo coloidal constituído principalmente de proteínas, lipídios e ácidos
nucléicos: o conjunto é circundado por membranas limitantes ou parede celular,
e todas têm um núcleo ou uma substância nuclear equivalente.

Todos os sistemas biológicos apresentam as seguintes características comuns:


• habilidade de reprodução;
• capacidade de ingestão ou assimilação de substâncias alimentares,
metabolizando-as para suas necessidades de energia e de crescimento;
• habilidade de excreção de produto de escória;
• capacidade de reagir às alterações do meio ambiente;
• suscetibilidade à mutação.

Célula – Corresponde à unidade fundamental do ser vivo. Uma única célula


corresponde a uma entidade, separada das outras células por uma membrana,
contendo uma variedade de compostos químicos e estruturas subcelulares em
seu interior.

De acordo com a estrutura celular, os seres vivos se dividem em duas


categorias: procariontes e eucariontes. Esta divisão se baseia nas diferenças
na organização da máquina celular.

Procariontes – não possuem núcleos bem definidos, não possuem membrana


nuclear, por isso a região do núcleo se confunde com o citoplasma.

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Eucariontes – possuem núcleos bem definidos, circundado por duas camadas.

As células dos organismos eucariontes compõem-se de três partes:


1. Membrana celular – é constituída de lipídios (40%), proteínas (60%) e
alguns carboidratos. É a camada que envolve a célula, tem a função de
transportar nutrientes e servir de suporte ao sistema de formação de energia
da celula.
2. Citoplasma – é toda substancia encontrada entre a membrana e o núcleo.
Seu trabalho garante a vida da célula, pois, no citoplasma, se realizam as
funções de nutrição, fundamentais para a conservação da vida; digestão,
respiração, circulação e excreção.
3. Núcleo – parte central da célula. Estrutura chave onde a informação genética
(DNA) é armazenada.

Fonte: www.vestibulandoweb.com.br

Organelas citoplasmáticas – são estruturas encontradas no citoplasma e que


desempenham funções vitais na célula. São elas:
• Mitocôndria – responsável pela respiração da célula. Constitui verdadeira
“usina” de energias, onde a matéria orgânica é “moída” de maneira a
fornecer, para o metabolismo celular, a energia química acumulada em
suas ligações.

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• Complexo de Golgi – é o local de acúmulo e concentração de várias
substâncias; onde ocorre a síntese das proteínas dos carboidratos e dos
lipídios.
• Reticulo Endoplasmático – aumenta a superfície da célula, o que amplia
o campo de atividades das enzimas, facilitando a ocorrência de reações
químicas necessárias ao metabolismo celular; facilita o intercâmbio de
substâncias entre a célula e o meio externo; armazena substâncias
diversas; regula a pressão osmótica; produz lipídios.
• Cápsula – envoltório protetor e pode servir também como reservatório
de alimentos armazenado e como local de despejo de substâncias de
escoria.

2. CONSTITUINTES BIOQUÍMICOS CELULARES


2.1 - COMPONENTES INORGÂNICOS

a) Água – é um importante veículo de transporte de substâncias, permitindo o


contínuo intercâmbio de moléculas entre os líquidos extra e intracelular.

Funções desempenhadas pela água nos seres vivos:

• Solventes de líquidos corpóreos;

• Meio de transporte de moléculas;

• Regulação térmica;

• Ação lubrificante;

• Atuação nas reações de hidrólise.

B) Sais Minerais – São encontrados nos seres vivos sob duas formas básicas:
insolúvel e solúvel.

Insolúvel – acham-se imobilizados como componentes do arcabouço


esquelético.

Solúvel – acham-se dissolvidos na água em forma de íons – Ca++ ; Mg++;


Fé++; PO4- - -; K+; Na+; Cl –

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Os sais minerais desempenham um importante papel biológico nos seres vivos,

agindo como ativadores de enzimas, como componentes estruturais de

moléculas orgânicas fundamentais e participando da manutenção do equilíbrio

osmótico.

2.2 - COMPONENTES ORGÂNICOS DA CÉLULA

Os principais componentes orgânicos da célula são: carboidratos; lipídios;

proteínas; enzimas; ácidos nucléicos e vitaminas.

2.2.1- CARBOIDRATOS

Compostos orgânicos constituídos de carbono, hidrogênio e oxigênio. Na

molécula de um carboidrato existe sempre um grupo aldeído ou um grupo

cetona. Nos demais carbonos existem grupamentos hidroxilas (-OH) Por essa

razão, os carboidratos são definidos como poliidroxialdeídos ou

oli-idroxicetonas.

Monossacarídeo – são carboidratos simples que não sofrem hidrólise, de


fórmula geral Cn(H2O)n, onde n varia de 3 a 7 (trioses, tetroses, pentoses,
hexoses e heptoses).

Oligossacarídeos – carboidratos formados pela junção de 2 a 10


monossacarídeos que se separam por hidrólise:

• Sacarose (glicose + frutose)

• Lactose (glicose + galactose)

• Maltose (glicose + glicose)

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Polissacarídeos – formados pela junção de muitos monossacarídeos. Tem
fórmula geral (C5H10O5)n

Ex.: Amido; Celulose; Glicogênio.

2.2.2 LIPÍDIOS – (do grego lipo – gordura) são moléculas orgânicas que
resultam da associação entre ácidos graxos e álcool. Insolúveis em água.
Solúveis em solventes orgânicos como benzena, éter e álcool.

Lipídios simples – possuem, em sua composição, apenas átomos de carbono,


hidrogênio e oxigênio. Compreendem os glicerídeos, cerídeos e os esterídeos.

Lipídios Complexos – apresentam, além do carbono, hidrogênio e oxigênio,


átomos de fósforo e nitrogênio. Ex: fosfolipídios - encontrados em plantas e
animais. Esfingolipídios – abundantes no tecido nervoso.

Função:
• São reservas alimentares;
• Fornecem energia;
• Protegem mecanicamente;
• São isolantes térmicos;
• Auxiliam a absorção de vitaminas e outras substâncias lipossolúveis.

2.2.3 PROTEÍNAS – quimicamente são macromoléculas complexas, de alto


peso molecular constituídas de moléculas menores denominadas
aminoácidos.

Aminoácidos – são substâncias orgânicas que contém sempre um grupo


amina

(- NH2) e um radical ácido, com seguinte fórmula geral.

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Papel biológico das proteínas:

• Função estrutural;

• Função enzimática função hormonal;

• Função de defesa;

• Função nutritiva.

2.2.4 ENZIMAS: São substâncias de natureza protéica, elaboradas pelos seres


vivos, funcionando como agente catalítico que acelera a velocidade da reação
química, e não são consumidoras durante a reação que catalisam.

E + S → ES →.E + P

2.2.4.1 FATORES QUE AFETAM A VELOCIDADE DE REAÇÃO DE UMA


ENZIMA

• Concentração do substrato – à medida que transcorre uma reação,


ocorre uma diminuição na concentração dos reagentes. Em geral, a
velocidade da reação depende da concentração dos reagentes pelo que a
velocidade específica de conversão diminui simultaneamente.

• Temperatura – Devido a sua natureza proteica, a desnaturação


enzimática diminui a concentração efetiva e, consequentemente,
decresce a velocidade da reação.

• pH – Extremos de pH podem levar a desnaturação da enzima, pois


afetarão o caráter iônico dos grupos amina e carboxila da proteína,
consequentemente modificarão suas propriedades.

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2.2.5 ÁCIDOS NUCLÉICOS

São moléculas gigantes, constituídas por unidades menores denominadas


nucleotídeos. Cada nucleotídeo é constituído de uma molécula de ácido
fosfórico ligada a uma pentose, que se acha ligada a uma base nitrogenada.

Nos seres vivos, existem dois grandes tipos de ácidos nucléicos: ácido
desoxirribonucléicos (DNA ou ADN) e o ácido ribonucléico (RNA ou ARN).

As bases nitrogenadas são classificadas em duas categorias: púricas e


pirimídicas.

• Uma das mais importantes características do DNA é a sua capacidade de


autoduplicação, de forma a originar cópias exatas de si mesmo.

• O DNA produz RNA e o RNA comanda a fabricação de enzimas e outras


proteínas.

2.2.6 VITAMINAS

São substâncias orgânicas de natureza química heterogênea que atuam como


coenzima, ativando enzimas fundamentais no processo metabólico dos seres
vivos.

Coenzimas - São compostos orgânicos, quase sempre derivados de vitaminas,


que atuam em conjunto com as enzimas. Podem agir segundo 3 modelos:

Ligando-se à enzima com afinidade semelhante à do substrato;

Ligando-se covalentemente em local próximo ou no próprio sítio catalítico da


apoenzima;

Atuando de maneira intermediária aos dois extremos acima citados.

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• Vitaminas são substâncias necessárias para o metabolismo no
organismo, mas que não podem ser produzidas em nosso corpo. Assim,
elas são obtidas através de alimentos, bebidas ou suplementos
vitamínicos. As exceções são a vitamina D, que é sintetizada no
organismo em uma escala limitada, e as vitaminas B12 e K, as quais são
sintetizadas pela flora bacteriana no intestino.

• Sem as vitaminas as reações metabólicas, em nosso organismo, ficariam


tão lentas que não seriam efetivas. Algumas vitaminas (C, E e A)
também têm papel antioxidante diminuindo a ação nociva dos radicais
livres.

Ao contrário dos carboidratos lipídios e proteínas as vitaminas não têm função


estrutural, nem função energética; além disso, são exigidas pelo organismo em
doses mínimas. Cada vitamina tem um papel biológico específico, portanto
nenhuma vitamina pode substituir outra vitamina diferente.

As vitaminas podem ser classificadas de acordo com a sua solubilidade em


lipídios ou água.

• Hidrossolúveis
As vitaminas solúveis em água são absorvidas pelo intestino e transportadas
pelo sistema circulatório até os tecidos em que serão utilizadas. O grau de
solubilidade varia de acordo com cada vitamina e influi no caminho que essa
substância percorre no organismo. Quando ingeridas em excesso, as vitaminas
hidrossolúveis são armazenadas até uma quantidade limitada nos tecidos
orgânicos, mas a maior parte é secretada na urina.

• Lipossolúveis

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As vitaminas solúveis em gorduras são absorvidas, no intestino humano, com a
ajuda de sais biliares segregados pelo fígado. O sistema linfático as transporta
para as diferentes partes do organismo. O corpo pode armazenar uma
quantidade maior de vitaminas lipossolúveis do que de hidrossolúveis. As
vitaminas A e D são armazenadas sobre tudo no fígado e a E nos tecidos
gordurosos e, em menor escala, nos órgãos reprodutores. O organismo
consegue armazenar pouca quantidade de vitamina K. Ingeridas em excesso,
algumas vitaminas hidrossolúveis podem alcançar níveis tóxicos no interior do
organismo. As vitaminas são produzidas pelas plantas clorofiladas e por certos
organismos unicelulares. Os animais adquirem as vitaminas de que necessitam
através dos alimentos que ingerem.

Esses grupos possuem características importantes:

• As vitaminas hidrossolúveis devem ser ingeridas diariamente, pois não


podem ser armazenadas, e são expelidas dentro de 1 a 4 dias. Elas não
resistem ao cozimento. Como exemplo, citamos a vitamina C e as
vitaminas do complexo B.
• As vitaminas lipossolúveis podem ser armazenadas por períodos maiores
no tecido adiposo e no fígado. Elas são solúveis em gordura e
geralmente são resistentes ao cozimento. Dentre essas se encontram as
vitaminas A, D, E e K.
• As vitaminas lipossolúveis devem ser administradas antes das refeições,
e as vitaminas hidrossolúveis entre ou após as refeições

1.2 ASPECTOS GERAIS DA MORFOLOGIA, NUTRIÇÃO E REPRODUÇÃO


DOS ORGANISMOS DE INTERESSE NO SANEAMENTO (elementos de
nutrição e reprodução)

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1.2.1 NUTRIÇÃO DOS MICRORGANISMOS

Para o crescimento e a multiplicação os organismos necessitam de:


• Uma fonte de carbono, hidrogênio e oxigênio;
• Uma fonte de sais minerais, ferro, enxofre, fósforo, sódio e magnésio;
• Uma fonte de energia.

Existem entre os seres vivos dois tipos de comportamento que caracterizem as


maneiras de enfrentar o problema de obtenção de alimentos, ou seja, sua fonte
de energia. O comportamento autotrófico e heterotrófico.

Autotrófico – são seres que sintetizam seu próprio alimento, a partir de


moléculas de baixa e desenvolve-se em meios minerais. Fotossíntese e
quimiossíntese.

Heterótrofos – seres que não conseguem sintetizar seu próprio alimento e o


adquirem do meio onde se encontram. Necessitam de substâncias orgânicas
para o seu desenvolvimento. Fermentação e respiração.

Autotrófico

Fotossíntese – é um processo de produção de alimentos onde ocorre a


transformação de substâncias simples em compostos orgânicos através da luz
solar.

CO2 + H2O → CH2O + O2

Quimiossíntese – é o processo pelo qual certos organismos sintetizam


moléculas orgânicas utilizando energia proveniente da oxidação de compostos
inorgânicos. Estes organismos oxidam substâncias inorgânicas, e a energia
liberada nesta reação é utilizada na síntese da glicose que serve então como

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matéria-prima para síntese de outras moléculas orgânicas e como fonte de
energia para as reações celulares.

Heterotrófos

Fermentação – é um processo de obtenção de energia utilizado pelos seres


vivos. É um conjunto de reações enzimáticas através das quais uma molécula
orgânica é degradada à molécula orgânica mais simples. Neste processo, o
aceptor final de hidrogênio produzido pela oxidação das moléculas orgânicas é
uma substância orgânica, produto da reação em questão.

Respiração – consiste no processo de extrato de energia química acumulada


nas moléculas de substancias orgânicas diversas, tais como carboidratos e
lipídios. Nesse processo, verifica-se a oxidação ou “queima” de compostos
orgânicos de alto teor energético, consequentemente, formam-se substâncias
de menor conteúdo energético, como CO2 e H2O.

Respiração aeróbica – quando o aceptor final de hidrogênio, produzido pela


oxidação das moléculas orgânicas, é o oxigênio.

O2 + 4H+ + 4 e- → 2H2O

Respiração anaeróbica - quando o aceptor final de hidrogênio, produzido pela


oxidação das moléculas orgânicas, é uma substância inorgânica diferente do
oxigênio. Ex. nitrato, sulfato, carbonato etc.

2HNO3 + 10 H+ + 4 e- → N2 + 6 H2O

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1.2.2 NECESSIDADE DE OXIGÊNIO

De acordo com o oxigênio, os microrganismos são divididos em 4 grupos


fisiológicos:

• Microrganismos Aeróbios – necessitam de oxigênio.


• Microrganismos Anaeróbios – não podem crescer em presença do ar, e
não utilizam oxigênio para as reações de produção de energia.
• Microrganismos Facultativos – são aqueles que crescem na presença do
ar atmosférico, e podem crescer também na ausência de oxigênio. Eles
não requerem oxigênio para o crescimento, embora possam utilizá-lo
para a produção de energia em reações químicas.
• Microrganismos Microaerófilos – necessitam de pequena quantidade de
oxigênio (1 a 15%).

1.2.3 FAIXA DE TEMPERATURA

Para todos os microrganismos existem 3 temperaturas cardeais:


a) Temperatura mínima – abaixo da qual não há crescimento.
b) Temperatura máxima – acima da qual não há crescimento.
c) Temperatura ótima – onde o crescimento é máximo.

De acordo com essa temperatura os microrganismos podem ser


classificados em 3 grandes grupos:
a) Psicrófilos – crescem em baixa temperatura.
b) Mesofílicos – crescem em temperatura moderada.
c) Termofílicos – crescem em alta temperatura.

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T. máxima T. mínima T. ótima

Psicrófilos 25ºC < 0ºC 15ºC

Mesofílicos 45ºC 20ºC 35 – 37ºC

Termofílicos 95ºC 45ºC 60 – 70ºC

1.3 ASPECTOS GERAIS DO METABOLISMO DEGRADATIVO E


BIOSSINTÉTICO DOS ORGANISMOS DE INTERESSE NO SANEAMENTO
ASSOCIADO AOS TRATAMENTOS BIOLÓGICOS (conceito e
classificação do metabolismo, energia das reações químicas)

Os microrganismos estão agrupados conforme as suas necessidades


nutricionais de modo que foram, a princípio, divididos em:
• autotróficos (capazes de sintetizar nutrientes a partir de elementos
primários) e;
• heterotróficos (capazes de degradar compostos pré-formados para
assimilar os nutrientes).

As necessidades nutricionais dizem respeito às fontes de energia, luz,


compostos inorgânicos e orgânicos, que são fornecidos aos microrganismos. O
cultivo de microrganismos é importante em várias áreas da pesquisa, os quais
podem ser cultivados in vivo (pela utilização de células vivas ou cobaios) e in
vitro (pela utilização de meios de cultura inanimado).

No cultivo, são fornecidas fontes de carbono, fontes de nitrogênio, sais


minerais, fatores de crescimento e água. Além dos fatores nutricionais, são
necessários a temperatura, as condições de pH, potencial osmótico, aeração
etc.

A assimilação dos nutrientes, pelos microrganismos, ocorre através de reações


enzimáticas, que são liberadas no substrato, promovendo a decomposição

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(catabolismo ou decomposição) ou por vias metabólicas de biossíntese
(anabolismo). Poucos são os microrganismos capazes de realizar a nutrição pela
ingestão ou fagocitose.

As principais vias metabólicas são:


a) Glicolítica: processo anaeróbio da oxidação da glicose (C6H12O6) até ácido
pirúvico;

b) Fermentativa: processo de obtenção de energia pelo qual a molécula


orgânica, que está sendo metabolizada, não é completamente oxidada, ou seja,
não extrai todo o seu potencial energético. Produtos: ácidos acético e lático,
álcoois (etanol, metanol e butanol), cetonas (acetona) e gases (dióxido de
carbono e hidrogênio molecular);

c) Respiração aeróbia: processo de oxidação do piruvato, resultante da glicólise,


a dióxido de carbono e água. Requer O2 como aceptor final de elétrons e é
muito mais eficiente na obtenção de energia do que a via glicolítica ou a
fermentativa;

d) Respiração anaeróbia: os microrganismos são capazes de utilizar muitos


outros aceptores finais de elétrons, como o sulfato em bactérias do gênero
desulfovibrio. Para isto, muitiplicam-se na ausência de oxigênio.

AULA 2 - PRINCIPAIS GRUPOS DE ORGANISMOS DE INTERESSE NO


SANEAMENTO

2.1 REINOS NA NATUREZA

• Monera – procarióticos; autótrofos ou heterótrofos e bactérias;


• Protista – unicelulares na maioria; autótrofos (fotossíntese) e
heterótrofos, englobando as algas;

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• Fungi – parede celular com quitina; engloba os cogumelos até os
bolores;
• Plantae – parede celular celulósica; multicelulares e engloba as algas
verdes até as plantas superiores;
• Animalia – sem parede celular; não produzem seu alimento, englobando
as esponjas até o homem.

Fonte: www.nano-macro.com

2.2 BACTÉRIAS

A) ESTRUTURA DAS BACTÉRIAS (fímbrias ou pelos)


• Estruturas curtas e finas que muitas bactérias apresentam em sua
superfície;
• Promovem a adesão da bactéria;
• Pelos ou fímbrias sexuais: usadas na conjugação ou troca de material
genético.

B) CLASSIFICAÇÃO QUANTO A FORMA


• Cocos – bactérias arredondadas mais ou menos globosas;
• Bacilos – possuem a forma de bastonetes;
• Espirilos – se assemelham a espiral ou saca-rolhas;

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• Vibrião – é um caso especial de espirilo, assemelhando-se a um
segmento de espiral ou vírgula.

Fonte: educacao.globo.com

2.3 ALGAS
A) CARACTERÍSTICAS
• Sob a denominação algas enquadram-se diversos grupos de protistas
diferentes entre si, mas que mantém uma característica em comum: são
todos eucariontes, autótrofos fotossintetizantes dotados de
clorofila.
• No meio aquático, dependendo do local onde vivem, podem constituir
comunidades conhecidas como fitoplâncton e fitobentos.
• O fitoplâncton é uma comunidade formada principalmente por
numerosas microalgas que flutuam livremente ao sabor das ondas. São
importantes produtoras de alimento orgânico e liberam oxigênio para a
água e a atmosfera. Constitui a base das cadeias alimentares aquáticas,
formando o que se denomina "pasto marinho".
• O fitobentos é uma comunidade de algas, em geral macroscópicas
(algumas atingem dezenas de metros) fixas no solo marinho
(principalmente em rochas).

B) CLASSIFICAÇÃO DAS ALGAS

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• Filo Chlorophyta – algas verdes.
• Filo Phaeophyta – algas pardas ou marrons.
• Filo Rhodophyta – algas vermelhas.
• Filo Bacillariophyta – diatomáceas.
• Filo Chrysophyta – algas douradas.
• Filo Euglenophyta – euglenas.
• Filo Dinophyta – dinoflagelados.

Fonte: www.sobiologia.com

2.4 PROTOZOÁRIOS

Os protozoários são organismos unicelulares eucarióticos e que apresentam


nutrição heterotrófica. Apresentam, na grande maioria, vida livre, e são
encontrados em diferentes ambientes aquáticos e úmidos. Existem espécies
que vivem em associação com outros organismos, como é o caso dos
parasitas.

Um tipo bastante comum de classificação dos protozoários usa como critério o


modo de locomoção desses seres no meio aquático. De acordo com esse
sistema, existem protozoários ciliados, flagelados, rizópodos e esporozoários.

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Fonte: www.brasilescola.com

2.5 FUNGOS

Os fungos são popularmente conhecidos como bolores, mofos, fermentos,


levedos, orelhas-de-pau e cogumelos-de-chapéu (champignon). É um grupo
bastante numeroso, formado por cerca de 200.000 espécies espalhadas por
praticamente qualquer tipo de ambiente.

Os fungos apresentam grande variedade de modos de vida. Podem ser:


• saprófagos, quando obtém seus alimentos decompondo organismos
mortos;
• parasitas, quando se alimentam de substâncias que retiram dos
organismos vivos nos quais se instalam, prejudicando-o ou podendo
estabelecer associações mutualísticas com outros organismos, em que
ambos se beneficiam.

Muitos fungos são aeróbios, isto é, realizam a respiração, mas alguns são
anaeróbios, e realizam a fermentação.

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Fonte: www.brasilescola.com

2.6 VÍRUS

Os vírus são organismos acelulres que contêm um pequeno material genético


(DNA ou RNA) e uma cápsula de proteínas para protegê-lo. Por serem
acelulares, não se classificam como seres vivos.

Os vírus são parasitas obrigatórios, ou seja, precisam de uma célula hospedeira


para se reproduzir. O processo de reprodução se baseia no ciclo lítico ou no
ciclo lisogênico.

Um exemplo de vírus que destroem as células bacterianas são os vírus


bacteriófagos, após a replicação do DNA viral.

No ciclo lisogênico, o vírus introduz seu material genético em uma célula. Este
material passa a fazer parte do DNA célula, que será replicado juntamente com
a célula durante a mitose.

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Fonte: albericomarcosbioifes.wordpress.com

2.7 PLATELMINTOS

A) CARACTERÍSTICAS
• Corpo achatado em forma de fita;
• Tubo digestivo incompleto;
• Vivem em água e em locais úmidos;
• Podem ser parasitas ou de vida livre.

B) CLASSIFICAÇÃO DOS PLATELMINTOS


• Turbelários – são platelmintos não parasitas;
• Trematódeos – são platelmintos bem pequenos;
• Cestoides – são platelmintos de corpo alongado.

C) PLANÁRIA
• Possuem cílios que auxiliam na locomoção;
• Alimentam-se de moluscos e de restos de animais;
• São hermafroditas;
• Possuem alta capacidade de regeneração.

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Fonte: educacao.globo.com

NEMATELMINTOS ou ASQUELMINTOS

A) CARACTERÍSTICAS
• Animais de corpo vermiforme, fino e tubular;
• Podem ter vida livre ou ser parasitas, sendo abundantes no solo, água
doce e salgada;
• Sistema digestivo completo (com boca e ânus);
• Sistema circulatório ausente – nutrientes são distribuídos pelo fluido da
cavidade pseudocelômica.

Fonte: slideplayer.com.br

2.9 ARTRÓPODES

A) CARACTERÍSTICAS
• Apresentam pés articulados (arthros – articulação e podos - pés);
• Mais de ¾ das espécies são artrópodes;

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• Devido ao seu tamanho e a presença de exoesqueleto de quitina têm a
capacidade de viver em vários habitat.

Os artrópodes são subdivididos em classes de acordo com alguns critérios,


como a divisão do corpo e o número de apêndices apresentados (por
exemplo: número de patas, antenas etc.). Entre as classes de artrópodes,
podemos citar: crustáceos, aracnídeos, quilópodes, diplópodes e
insetos.

Fonte: pt.slideshare.net

2.10 ROEDORES

A) CARACTERÍSTICAS
• Os roedores sinantrópicos (que convivem no mesmo ambiente do
homem) são divididos em duas categorias: roedores silvestres e
roedores urbanos.
• Estão presentes em todos os continentes, à exceção da Antártica, os
roedores constituem a mais numerosa ordem de mamíferos. São mais de
2000 espécies, o que corresponde a cerca de 40% das espécies da
classe dos mamíferos. A maior parte é de pequenas proporções, o
camundongo-pigmeu africano tem 6 cm de comprimento e pesa 7 g. Por
outro lado, o maior deles, a capivara, pode pesar até 45 kg.
• Os roedores distinguem-se dos outros animais pelos seus dentes. Eles
possuem um par de dentes incisivos, no maxilar superior, e um par dos
mesmos no inferior, separados dos dentes molares por um longo espaço

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sem dentes (diastema). Esses animais possuem os sentidos muito
apurados, principalmente tato (através dos pêlos), audição, olfato e
paladar. A visão, porém, é limitada.
• São bastante sensíveis às variações de intensidade luminosa, o que
confere a eles a capacidade imediata de perceber movimentos.

2.11 MACRÓFITAS

A) CARACTERÍSTICAS
• Desempenham um papel extremamente importante no funcionamento
dos ecossistemas em que ocorrem, sendo capazes de estabelecer uma
forte ligação entre o sistema aquático e o ambiente terrestre que o
circunda.
• Servem como fonte de alimento para peixes, aves e mamíferos
aquáticos, como as capivaras.
• Proporcionam sombreamento, fundamental para muitas formas de vida
sensíveis às altas intensidades de radiação solar.

Fonte: www.panoramio.com

AULA 3 – PARÂMETROS E PADRÕES BIOLÓGICOS SANITÁRIOS E


AMBIENTAIS DE CONTROLE

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3.1 INDICADORES BIOLÓGICOS

a) DEFINIÇÃO DE INDICADORES BIOLÓGICOS E SANITÁRIOS

Os bioindicadores ambientais também são conhecidos por indicadores


biológicos, e esse grupo reflete o estado biótico (efeitos causados pelos
organismos em um ecossistema) ou abiótico (influências que os seres vivos
possam receber em um ecossistema, derivados de aspectos físicos, químicos ou
ainda de físico-químicos) de um meio ambiente.

b) Critérios para a utilização de indicadores biológicos:


• É um método simples, rápido e de baixo custo;
• Eles fornecem sinais rápidos sobre problemas ambientais, mesmo antes
do homem saber sua ocorrência e amplitude;
• Permitem identificar as causas e os efeitos entre os agentes estressores
e as respostas biológicas;
• Oferecem um panorama da resposta integrada dos organismos e
modificações ambientais para as efetivas ações tomadas para contornar
tais problemas.

c) INDICADOR BIOLÓGICO DAS ÁGUAS

• Protozoários - Comumente usados protozoários, por causa de sua alta


abundância, tempo de multiplicação curto, são sensíveis a alterações na
cadeia trófica e facilmente mantidos em laboratórios para os testes.

• Coliformes – Indicadores de organismos patogênicos nas águas vindos


de esgotos domésticos.

• Algas – Eutrofização. Importante em ambientes aquáticos. Fotossíntese


e produção de OD do meio. Em excesso, alteram o gosto, o cheiro e a

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toxicidade. Diminuição do OD na decomposição. Interferem no
tratamento nas ETAs.

d) INDICADOR BIOLÓGICO DO AR ATMOSFÉRICO

Fonte www.sobiologia.com.br

Leveduras e líquens são usados para medir o nível de ao dióxido de carbono,


fluoretos, ozônio e dióxido de enxofre, que é a poluição do ar. A presença delas
em folhas de Ipê amarelo ou roxo ocorre em áreas com menores índices de
poluição do ar.

e) INDICADOR BIOLÓGICO DOS SOLOS

Bactérias, fungos e diversos invertebrados podem desempenhar o papel de


bioindicador; tais organismos permitem verificar a qualidade do solo, pois
englobam atributos físicos, químicos e biológicos que são necessários.

f) ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS USADAS NA BIOINDICAÇÃO


(ALTERAÇÕES MACROSCÓPICAS)

a) Clorose – a descoloração das folhas é considerada uma reação não


específica diante das condições estressantes do meio ambiente.
b) Necrose – é a morte do tecido, sendo estimado o percentual da área foliar
atingida.
c) Queda foliar – geralmente surge após a clorose e necrose. Indica a
limitação da área de assimilação, inibindo o crescimento.

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d) alterações dos órgãos – forma anormal das folhas após radiação ou outro
estresse; alterações dos órgãos reprodutivos; crescimento foliar ou radicular
anormais.

3.2 SIGNIFICADO SANITÁRIO E AMBIENTAL DOS PARÂMETROS


BIOLÓGICOS

3.2.1 PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS

A) MASSA ESPECÍFICA

A massa especifica ou densidade absoluta indica a relacão entre a massa e o


volume de determinada substância. Ao contrário de todos os outros líquidos,
que apresentam a densidade máxima na temperatura de congelamento, no
caso da água, ela ocorre a 4ºC, quando atinge o valor unitário. Isso significa
que a água, nessa temperatura, por ser mais densa, ocupa as camadas
profundas de rios e lagos.

B) CONDUTIVIDADE TÉRMICA

A condutividade térmica é uma característica específica de cada material, e


depende fortemente tanto da pureza como da própria temperatura na qual esse
se encontra (especialmente em baixas temperaturas). Em geral, a condução de
energia térmica nos materiais, aumenta à medida que a temperatura aumenta.

C) VISCOSIDADE

A viscosidade de um líquido caracteriza a sua resistência ao escoamento. Essa


grandeza é inversamente proporcional à temperatura, o que significa que uma
água quente é menos viscosa que uma água fria. Tal fato traz naturalmente
consequências para a vida aquática: os pequenos organismos, que não

27
possuem movimentação própria, tendem a ir mais rapidamente para o fundo do
corpo d’agua em periodos mais quentes do ano, quando a viscosidade é menor.

D) TEMPERATURA / pH

A temperatura expressa a energia cinética das moléculas de um corpo, sendo


seu gradiente o fenômeno responsável pela transferência de calor em um meio.
A temperatura exerce influência marcante na velocidade das reações químicas,
nas atividades metabólicas dos organismos e na solubilidade de substâncias. Os
ambientes aquáticos brasileiros apresentam, em geral, temperaturas na faixa
de 20ºC a 30ºC.

O pH desejável entre pH 6,5 a pH 8,5

E) SABOR E ODOR

Sua origem está associada tanto à presença de substâncias químicas ou gases


dissolvidos, quanto à atuação de alguns microrganismos, notadamente algas.
Neste último caso, são obtidos odores que podem até mesmo ser agradáveis
(odor de gerânio e de terra molhada etc.), além daqueles considerados
repulsivos (odor de ovo podre, por exemplo).

F) COR

A cor da água é produzida pela reflexão da luz em partículas minúsculas de


dimensões inferiores a 1 μm – denominadas colóides – finamente dispersas, de
origem orgânica (ácidos húmicos e fúlvicos) ou mineral (resíduos industriais,
compostos de ferro e manganês). Corpos d’água de cores naturalmente escuras
são encontrados em regiões ricas em vegetação, em decorrência da maior
produção de ácidos húmicos.

G) TURBIDEZ

A turbidez é causada por partículas sólidas em suspensão, como argila e


matéria orgânica, que formam colóides e interferem na propagação da luz pela
água. A unidade matemática utilizada na medição da turbidez é o NTU
(Nephelometric Turbidity Unit). Após o processamento, que também pode se

28
dar por floculação e sedimentação, deve-se chegar a níveis de até 5 NTUs, de
acordo com as normas de controle da água potável.

3.3 ASPECTOS LEGISLATIVOS

RESOLUÇÃO nº 357, de 17 de março de 2005

(Alterada pela Resolução nº 410/2009 e pela nº 430/2011)

“Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais


para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes, e dá outras providências”.

Art. 2º - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:

I- águas doces: águas com salinidade inferior a 0,05%;

II – águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5% e inferior a 30%;


III - águas salinas: águas com salinidade igual ou superior a 30%;

IV - ambiente lêntico: ambiente que se refere à água parada, com movimento


lento ou estagnado;

V – ambiente lótico: ambiente relativo às águas continentais moventes;

VI – aquicultura: cultivo ou criação de organismos cujo ciclo de vida, em


condições naturais, ocorre total ou parialmente em meio aquático;

VII – carga poluidora: quantidade de determinado poluente transportado ou


lançado em um determinado corpo receptor, expressa em unidade de massa
por tempo;

29
VIII – cianobactérias: microrganismos procarióticos autotróficos, também
denominados como cianofíceas (algas azuis) capazes de ocorrer em qualquer
manancial superficial, especialmente, naqueles com elevados níveis de
nutrientes (nitrogênio e fósforo), podendo produzir toxinas com efeitos
adversos a saúde;

XI - coliformes termotolerantes – bactérias gram-negativas, em forma de


bacilos, oxidase-negativas, caracterizadas pela atividade da enzima β-
galactosidase. Podem crescer em meios contendo agentes tenso-ativos e
fermentar a lactose nas temperaturas de 44º - 45ºC, com a produção de ácido,
gás e aldeído. Além de estarem presentes em fezes humanas e animais
homeotérmicos, ocorrem nos solos, plantas ou outras matrizes ambientais que
não tenham sido contaminados por material fecal.

PORTARIA Nº 2.914, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2011

considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as


condições para a promoção, a proteção e a recuperação da saúde, a
organização e o funcionamento dos serviços correspondentes;

considerando a Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que institui a Política


Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição e altera
o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº
7.990, de 28 de dezembro de 1989;

“Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da


água para consumo humano e seu padrão de potabilidade.”

O Ministro de Estado da Saúde, no uso das atribuições que lhe conferem os


incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Constituição, e

considerando a Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, que configura infrações


à legislação sanitária federal e estabelece as sanções respectivas;

30
considerando a Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005, que dispõe sobre normas
gerais de contratação de consórcios públicos;

considerando a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece


diretrizes nacionais para o saneamento básico, altera as Leis nº 6.766, de 19 de
dezembro de 1979; 8.036, de 11 de maio de 1990; 8.666, de 21 de junho de
1993; 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; e revoga a Lei nº 6.528, de 11 de
maio de 1978;

considerando o Decreto nº 79.367, de 9 de março de 1977, que dispõe sobre


normas e o padrão de potabilidade de água;

considerando o Decreto nº 5.440, de 4 de maio de 2005, que estabelece


definições e procedimentos sobre o controle de qualidade da água de sistemas
de abastecimento e institui mecanismos e instrumentos para divulgação de
informação ao consumidor sobre a qualidade da água para consumo humano;

considerando o Decreto nº 7.217, de 21 de junho de 2010, que regulamenta a


Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para
o saneamento básico, resolve:

Art. 1º - Esta Portaria dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância


da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade –
VIGIÁGUA.

Aula 4 – FUNDAMENTOS DE ANÁLISES BIOLÓGICAS

4.1 TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM E PRESERVAÇÃO DAS AMOSTRAS

4.1.1 TIPOS DE AMOSTRAGEM

A) Amostragem simples

31
As amostras simples são aquelas coletadas em um único local dentro de um
curto período de tempo, normalmente de segundos ou minutos. Elas
representam uma fração do material original que deve referir-se àquele tempo
e àquele espaço, portanto é fundamental definir localização, hora e
profundidade em que foi realizada a amostragem.

B) Amostragem composta

As amostras compostas são imprescindíveis quando se deseja avaliar um


material cujos parâmetros de interesse sofrem variações de concentração em
pequenos intervalos de tempo e espaço. Podem ser obtidas combinando
diversas amostras simples conseguidas ao longo do tempo, do espaço, ou sob
variação de ambos. Amostras compostas sequenciais, por exemplo, são
coletadas com amostradores contínuos, por bombeamento contínuo ou, ainda,
pela reunião de parcelas de igual quantidade ao longo de um período.

4.1.2 TÉCNICAS DE COLETA DE LÍQUIDOS PARA ANÁLISES FÍSICO-


QUÍMICAS

Mergulhar o recipiente a cerca de 20 cm da superfície do efluente (ou curso


d’água), recolher a amostra e lavá-lo pelo menos três vezes. Tampar o frasco e
homogeneizar todas às vezes promovendo o contato da amostra com toda a
superfície interna do recipiente;

• Mergulhar o recipiente a cerca de 20 cm da superfície, promovendo o


preenchimento do frasco de coleta.
• Armazenar e conservar a amostra conforme o caso específico.

4.1.3 TÉCNICAS DE COLETA DE LÍQUIDOS PARA ANÁLISES


BACTERIOLÓGICAS

A) Coleta em reservatórios

32
Remover corpos estranhos na superfície do reservatório e/ou nas suas bordas
ou margens, para que não sejam incorporados à amostra coletada e alterem
suas características.

Imediatamente, mergulhar o recipiente a cerca de 20 cm da superfície da


superfície, promovendo o enchimento de cerca de 4/5 do volume do frasco de
coleta e fechando-o ainda submerso, tão logo isto aconteça.

B) Coleta em corpos d’água

• Retirar o invólucro de papel kraft, juntamente com a tampa do frasco;


• Segurar o frasco pela base e mergulhar a cerca de 20 cm da superfície,
promovendo o preenchimento do frasco de coleta, em contra corrente, e
enchendo-o até 4/5 do seu volume, sem lavá-lo com a própria amostra.
• Fechar imediatamente, cobrindo novamente o frasco com o papel kraft.

C) Coleta de água em pontos de abastecimento

• Remover corpos estranhos e/ou sujidades da válvula ou torneira onde se


está fazendo a coleta para que não sejam incorporados à amostra
coletada e alterem suas características. Utilizar álcool para auxiliar nesta
tarefa;
• Permitir o livre escoamento durante, pelo menos, 3 minutos; fechar a
torneira e flambar a borda da válvula.
• Imediatamente, preencher cerca de 4/5 do volume do recipiente, sem
lavá-lo com amostra, mantendo mínima a distância até a saída da água,
sem, entretanto encostá-lo; fechá-lo tão logo conclua a operação,
fixando bem o material protetor.

4.2 ARMAZENAMENTO E PRESERVAÇÃO

• Amostras devem ser representativas do ambiente estudado;

33
• Após a coleta da amostra é necessário que haja o seu armazenamento;
• Frascos de armazenamento - o tipo de frasco a ser utilizado depende da
natureza da amostra a ser coletada e dos parâmetros a serem
investigados. Não existe uma solução universal, havendo a necessidade
de escolher o material de acordo com sua estabilidade, facilidade de
transporte, custo, resistência à esterilização etc.;
• Cuidados especiais devem ser tomados se as amostras a serem
coletadas tiverem cloro residual ou metais pesados. Se as amostras
contiverem cloro residual deve-se adicionar uma quantidade de solução
de tiossulfato de sódio; no caso de metais pesados pode-se adicionar
solução de EDTA (ácido etilenodiaminotetracético);
• Os frascos destinados às análises físico-químicas podem ser preparados
de diversas maneiras, existindo para isso vários métodos de
descontaminação que utilizam soluções ácidas ou uma combinação
destas com agentes oxidantes, proporcionando limpeza eficiente da
superfície interna do recipiente de vidro ou plástico;
• No caso de requerer-se análise de macronutrientes, como os sais
dissolvidos de nitrogênio e fósforo, a descontaminação dos frascos de
coleta com uma solução de ácido clorídrico a 5% pode ser suficiente;
• No caso de análise de biocidas, devem-se usar, preferencialmente,
frascos de vidro de cor âmbar, após lavá-los com solução sulfocrômica
seguido de enxágue abundante com água destilada e posterior lavagem
com hexano (solvente apolar) e acetona (solvente polar) de grau
pesticida. Os frascos devem ser secos em estufa a 100°C.

4.3 PRESERVAÇÃO OU CONSERVAÇÃO

A) CONGELAMENTO
É um procedimento aceitável para algumas análises, mas não deve ser vista
como técnica de preservação universal. Por exemplo, esta técnica é inadequada
para algumas determinações biológicas e microbiológicas, podendo ocasionar
ruptura das células com perda de funcionalidade e caracteres morfológicos.

34
Componentes dos resíduos sólidos, filtráveis e não filtráveis podem sofrer
alterações com o congelamento e posterior retorno à temperatura ambiente.

B) REFRIGERAÇÃO

Constitui-se na técnica mais empregada em trabalhos de campo. Embora não


mantenha completa a integridade de todos os parâmetros, interfere de modo
insignificante na maioria das determinações de laboratório. É uma técnica muito
utilizada na preservação de amostras para determinações microbiológicas e
algumas determinações químicas e biológicas, além de agregar um custo muito
baixo.

C) ADIÇÃO QUÍMICA

C.1 Oxigênio dissolvido (DBO) – A amostragem, neste caso, deve permitir


que a concentração de oxigênio dissolvido, no material coletado, permaneça
inalterada até que a análise seja realizada, dentro de seu prazo de
conservação. Para tanto, o procedimento adotado é a precipitação química do
oxigênio na forma de óxido.

Por exemplo, esta técnica é inadequada para algumas determinações biológicas


e microbiológicas, podendo ocasionar ruptura das células com perda.

C.2 Sulfetos – Em virtude de sua propriedade de constituir substâncias


voláteis sob condições ambientes, as amostras para determinação de sulfetos
devem ser recolhidas em frasco com tampa. Após o preenchimento completo
do recipiente devem ser acrescidos 2 ml de acetato de zinco seguido de
hidróxido de sódio, que promove a fixação do S e o frasco dever ser
conservado sob refrigeração.

4.2 METODOLOGIAS ANALÍTICAS EMERGENTES

35
4.2.1 MÉTODOS MICROBIOLÓGICOS DE AVALIAÇÃO DA ÁGUA

A) MÉTODO DOS TUBOS MÚLTIPLOS

Enterobactérias - bacilos gram-negativos isolados no trato gastrointestinal de


humanos e animais, solo, águas e plantas. São oxidase negativa, não
esporuladas e reduzem nitrato a nitrito. Fermentam lactose e produzem gás.
Coliformes totais - indicadores de contaminação pertencentes à família
Enterobacteriaceae. Os gêneros são: Escherichia, Klebsiella, Enterobacter e
Citrobacter.
Coliformes termotolerantes ou fecais - indicadores de contaminação fecal.
Toleram altas temperaturas (até 44,5°C).

É um método probabilístico, sendo importante para determinar o número mais


provável (NMP) de bactérias do grupo coliformes em 100 ml de água (NMP /
100 ml).

Para a primeira fase (presuntiva) utilizamos o caldo lactosado, que é um meio


de enriquecimento. O caldo lactosado, como seu próprio nome diz, oferece
lactose à bactéria. Como sabemos, os coliformes pertencem às
enterobactérias, microrganismos fermentadores de lactose.

Na etapa confirmatória, o meio utilizado é o caldo lactosado verde


brilhante bile de boi 2%. O objetivo deste caldo é mimetizar as condições
intestinais, fornecendo determinada concentração de sais biliares. Estes sais
provocam certa pressão osmótica, "matando" qualquer bactéria que não esteja
habilitada a viver no intestino, em outras palavras, somente os coliformes totais
sobrevivem.

Para a pesquisa de termotolerantes é necessário o caldo EC, que também é um


meio seletivo, somente permitindo o crescimento das bactérias de origem fecal
que sobrevivem a 44,5°C.

36
B) MÉTODO DOS TUBOS MÚLTIPLOS (Teste confirmatório)

Neste tipo de ensaio, como o próprio nome diz, vai se confirmar a presença
de coliformes totais, que podem ser das espécies presentes nos animais
Escherichia coli e algumas espécies K lebsiella sp., além de Citrobacter sp.
e Enterobacter sp., que são bactérias ambientais.

Após preparo do caldo lactosado verde brilhante bile de boi 2% (ou


simplesmente "verde brilhante"), também com tubos de Durham, vai-se
inocular 1 ou 2 alçadas dos tubos que foram positivo no teste
presuntivo.

Isto é, se dos 15 tubos da série presuntiva 6 derem positivos, os 6 devem ser


passados para o verde brilhante para fazer a confirmação para o grupo
coliforme.

C) MÉTODO DA MEMBRANA FILTRANTE

Método para contagem de microrganismos aeróbios mesófilos, permitindo


variação do meio de cultura, de acordo com o objetivo da pesquisa:
• Capela de fluxo laminar;
• Conjunto de porta-filtro esterilizado;
• Meio de cultura requerido par ao teste;
• Bomba de vácuo;
• Membrana filtrante quadriculada com porosidade de 0,45 µm e diâmetro
aproximado de 47 mm;
• Filtrar, sob vácuo, através da membrana filtrante, 100 ml (ou, 250 ml no
caso de água engarrafada) da amostra de água colhida;
• Colocar cada uma das membranas filtrantes sobre o meio seletivo para
coliformes, contido em placas de Petri, evitando a formação de bolhas de
ar entre a membrana e o meio;

37
• Incubar as duas placas com as membranas, uma a 37°C e a outra a
44,5ºC, durante 24 horas;
• Contar as colônias amarelas formadas na superfície do meio sólido
contido em cada uma das placas incubadas a 37ºC ou a 44,5ºC;
• Estimar o nº presumível de Unidades Formadoras de Colónias (UFC) de
coliformes totais e de coliformes fecais (termotolerantes) presentes em
100 mililitros da água analisada (ou, em 250 ml de águas engarrafadas).

D) MÉTODO DO SUBSTRATO CROMOGÊNIO

• Baseia-se na utilização de substratos análogos à lactose


(glicopiranosídeos) específicos para Escherichia coli;
• Ao serem consumidos pelas enzimas geram produtos coloridos solúveis
ou insolúveis;
• Quantificação do produto – espectrofotômetro ou cor visual ou
comparação com o padrão;
• Depende do tipo de enzima a ser utilizada;
• Baseia-se na utilização de substratos análogos à lactose
(glicopiranosídeos) específicos para Escherichia coli;
• Exemplos ONPG (Orto Nitrofenil Galactopiranosídeo) MUG (Metil-
Umbeliferone Galactopiranosídeo);
• Ferramenta poderosa na identificação de E. coli (teste confirmativo).

AULA 5 – ASPECTOS ECOLÓGICOS DOS ORGANISMOS ENVOLVIDOS


NA PROBLEMÁTICA DO SANEAMENTO

5.1 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO PARA ESTUDOS ECOLÓGICOS

38
A palavra “ecologia” foi usada pela primeira vez em 1869, e o conceito que
representa foi aprimorado ao longo do tempo. Hoje, de uma forma simples,
pode-se dizer que Ecologia é “o estudo científico das interações que
determinam a distribuição e a abundância das espécies”.

Para entender a forma como os organismos se espalham por certa área e quais
os fatores que determinam a quantidade de indivíduos de uma espécie, é
necessário, inicialmente, conhecer as condições do meio em que vivem, bem
como as relações desses indivíduos uns com os outros dentro da própria
população. Também devem ser investigadas as relações entre indivíduos da
espécie considerada e os das outras espécies com os quais convivem na
comunidade.

Assim como uma célula pode ser considerada a unidade fundamental da vida,
os ecossitemas podem ser considerados a unidade fundamental de estudo da
Ecologia. O ecossistema é constituído por organismos e pelo meio ambiente em
que vivem, é onde ocorre a relação dos seres entre si e com o meio.

Como já vimos, podemos encontrar dois componentes dentro do ecossistema:


biocenose e biótopo. A biocenose, também conhecida como comunidade
biótica é o fator vivo do ecossistema. Conjunto de todos os seres vivos que
interagem em certa região.

O biótopo ou abiótico é o fator físico do ecossistema, ou seja, que caracteriza o


meio, onde os organismos vivos se desenvolvem. Conjunto de todos os fatores
ambientais que atuam diretamente no mundo vivo. Os indivíduos euribiontes
são capazes de tolerar amplos limites de variações das condições do meio onde
vivem. Já os estenobiontes, apresentam limites de tolerância baixos. Alguns
destes fatores são: temperatura, luz e água.

As estruturas corporais e as ações envolvidas na solução de problemas


específicos impostos pelo ambiente são chamadas adaptações. Organismos

39
mais bem adaptados a um ambiente são os que apresentam as soluções mais
eficientes para garantir sua sobrevivência.

Se as adaptações são determinadas por genes, tornam-se hereditárias,


passando de uma geração para outra. Torna-se então muito interessante para a
espécie que soluções eficientes alcançadas por um indivíduo possam
disseminar-se para outros indivíduos da população, de modo a aumentar
também neles a chance de sobrevivência individual e da própria população.

Até aqui, você deve ter compreendido que as entidades ecológicas (indivíduos,
populações, comunidades, ecossistemas) constituem, nessa ordem, uma
hierarquia. Cada nível (chamado nível de organização) possui atributos
específicos, que não se definem em outros níveis. Um exemplo: você pode
determinar sua altura individual, mas não faz sentido pensar em altura da
população; o correspondente populacional da altura individual é a altura média.

Outro: a densidade populacional só se define em uma população, não tendo


correspondente nos níveis individual ou de comunidade. Mais um: você pode
falar em número de espécies na comunidade, mas não tem sentido imaginar a
mesma coisa para uma população isolada, já que aí todos os indivíduos são da
mesma espécie.

Cada nível de organização envolve processos ou mecanismos particulares: os


indivíduos nascem, respiram, se locomovem, excretam resíduos, crescem,
adoecem, morrem. As populações podem “nascer” e “crescer” a partir da
reprodução de alguns indivíduos iniciais. O crescimento aí corresponde ao
aumento do tamanho da população, ou seja, do número de indivíduos.

O tamanho de uma população também pode reduzir-se gradualmente até sua


extinção: populações também “morrem”. Uma comunidade “nasce” (a partir de
indivíduos de diferentes espécies que invadem um novo ambiente ainda

40
desabitado), “cresce” (aumentando a diversidade – número de espécies ou
populações) e pode até se extinguir.

Vemos, então, que as entidades ecológicas “funcionam”, isto é, têm uma


fisiologia própria. O tamanho das populações, por exemplo, se mantém ao
longo do tempo à custa do equilíbrio entre forças negativas (mortalidade e
emigração de indivíduos) e positivas (natalidade e imigração).

As características das comunidades refletem o efeito conjunto das condições


abióticas e das interações entre organismos das populações que as compõem.
Por fim, um ecossistema em funcionamento apresenta dois processos cruciais:
o fluxo energético, e a ciclagem de materiais, geralmente chamada de ciclagem
de nutrientes.
Em decorrência desses processos, o meio afeta os seres vivos, e estes também
afetam o meio. Sabe-se hoje que nossa atmosfera só apresenta O2 e CO2
graças à atividade vital de organismos no passado.

Assim como ocorre nos sistemas físicos, a manutenção dos sistemas biológicos,
em todos os níveis de organização, também requer energia. Quanto mais
complexa for a organização dos sistemas, mais energia será requerida para
manter sua integridade. É importante notar que, sendo essa energia
essencialmente química (está nas ligações entre os átomos nas moléculas), não
pode ser dissociada dos materiais em que reside.

Os diferentes níveis de organização dos sistemas vivos compreendem um


arranjo em uma série graduada de complexidade. Essa série foi montada com a
finalidade de facilitar os estudos dos seres vivos e envolve todos os
componentes vivos da natureza.

Os níveis de organização criados pelo homem compreendem: a célula, o tecido,


o órgão, o sistema, o organismo, a população, a comunidade, o ecossistema e
a biosfera. A complexidade da série aumenta da célula para a biosfera.

41
5.2.1 Principais conceitos no estudo da Ecologia

• População - É o conjunto de indivíduos da mesma espécie que vivem


em uma mesma área, em certo tempo. Os indivíduos que pertencem a
uma mesma espécie são intercruzáveis, com capacidade de deixarem
descendentes férteis.

• Comunidade - Comunidade biológica é o conjunto de populações que


vivem em certa área, em certo tempo. Corresponde ao conjunto de todos os
seres vivos presentes em certa área.

Os seres que fazem parte da comunidade são classificados de acordo com o


modo de alimentação ou capacidade de produção de alimentos.

Os produtores estão representados pelos vegetais e pelas algas, pois são


organismos que realizam fotossíntese, isto é, transformam a energia luminosa
em energia química (glicose) e, por isso, são chamados de autótrofos.

Os consumidores estão representados pelos animais, que podem ser


herbívoros, carnívoros ou onívoros. São organismos heterótrofos, pois não são
autossuficientes em termos alimentares, isto é, dependem direta ou
indiretamente de um produtor para se alimentarem.

Os herbívoros, como gafanhoto, vaca, coelho, entre outros, são denominados


consumidores primários, por alimentarem-se diretamente dos produtores.

Os carnívoros como o gavião, o leão e o lobo, podem ser consumidores


secundários, terciários e assim por diante, de acordo com sua fonte de
alimento. Os carnívoros alimentam-se de outros animais.

Os onívoros são os animais que apresentam uma dieta bastante variável,


alimentando-se de carne, leite, ovos, legumes, verduras, frutos, sementes etc.

42
Um bom exemplo de onívoro é o ser humano, que pode ocupar vários níveis
tróficos nas cadeias alimentares, de acordo com sua fonte de alimentação.

Os decompositores são os microrganismos, como fungos e bactérias, que


realizam a decomposição da matéria morta, permitindo a sua reutilização na
forma de água, gás carbônico, amônia etc. Como os decompositores atuam
sobre os diferentes tipos de matéria orgânica, podem ocupar diferentes níveis
alimentares (tróficos).

• Ecossistemas - É formado pela interação da comunidade biológica


(seres vivos) com os fatores ambientais (abióticos), como a água, luz, calor,
umidade, salinidade, pH e assim por diante. Esses fatores ambientais
determinam as formas de vida que podem sobreviver num determinado
ambiente. São chamados fatores de seleção natural nos ecossistemas.

Os ecossistemas do planeta Terra estão representados por rios, lagos, oceanos,


desertos, campos, florestas, manguezais, cerrados e assim por diante.

Nos ecossistemas, existe autossuficiência em termos energéticos e a reciclagem


contínua da matéria pela ação dos decompositores.

• Biosfera - A partir de 1522, quando Carlos V entregou um globo


terrestre de ouro para o nevegador Sebástian del Cano, que havia
contornado a Terra, provando ser redonda, as grandes camadas que
envolviam o planeta receberam uma desinência em –sfera, em alusão à
forma esférica da Terra.

Em 1655, foi criado o termo atmosfera (parte gasosa da Terra) e,


posteriormente, litosfera (parte mineral da Terra). Hidrosfera (parte aquosa
da Terra) e finalmente biosfera (parte viva da Terra).

43
A biosfera ou ecosfera é a esfera da vida da Terra. Compreende todos os
lugares do nosso planeta onde há ser vivo. Outra maneira de se conceituar a
biosfera é por meio da relação que há entre ela e os demais componentes da
Terra – atmosfera, hidrosfera e litosfera.

5.2 NOÇÃO DE ECOSSISTEMAS

• Ecossistemas - É formado pela interação da comunidade biológica


(seres vivos) com os fatores ambientais (abióticos), como a água, a luz, o calor,
a umidade, a salinidade, o pH e assim por diante. Esses fatores ambientais
determinam as formas de vida que podem sobreviver em determinado
ambiente. São chamados fatores de seleção natural nos ecossistemas.

Os ecossistemas do planeta Terra estão representados por rios, lagos, oceanos,


desertos, campos, florestas, manguezais, cerrados e assim por diante.

Nos ecossistemas, existe autossuficiência em termos energéticos e a reciclagem


contínua da matéria pela ação dos decompositores.

CADEIA ALIMENTAR

Para existir uma cadeia alimentar devem estar presentes os produtores e os


decompositores. Entretanto não é isso o que acontece na realidade, pois outros
componentes estão presentes.

Desta forma a melhor maneira de se estudar uma cadeia alimentar, é através


do conhecimento dos seus componentes, ou seja, toda a parte viva (fatores
bióticos) que a compõe. Os componentes de todas as cadeias de uma forma
geral podem ser enquadrados dentro das seguintes categorias:

44
• Produtores - são todos os seres que fabricam o seu próprio alimento,
através da fotossíntese, sendo, neste caso, as plantas, sejam elas
terrestres ou aquáticas;

• Animais - os animais obtêm sua energia e alimentos comendo plantas


ou outros animais, pois não realizam fotossíntese, sendo, portanto
incapazes de fabricarem seu próprio alimento.

• Decompositores - apesar da sua importância, os decompositores nem


sempre são muito fáceis de serem observados em um ecossistema, pois
sendo a maioria formada por seres microscópicos, a constatação da sua
presença não é uma tarefa tão fácil.

A cada grupo de organismos com necessidades alimentares semelhantes


quanto à fonte principal de alimento, chamamos de nível trófico. Em cada nível,
temos um grupo de organismo com as mesmas características alimentares; isto
que dizer que consumidores primários somente alimentam-se de itens de
origem vegetal; consumidores secundários, por sua vez, são carnívoros assim
como os terciários.

Cabe ressaltar, contudo, que tanto os consumidores secundários quanto os


terciários podem ocasionalmente, ou complementarmente, alimentar-se de
vegetais, não sendo, porém este, o seu principal item alimentar.

TEIAS ALIMENTARES

A cadeia alimentar não mostra o quão complexas são as relações tróficas em


um ecossistema. Para isso utiliza-se o conceito de teia alimentar, o qual
representa uma verdadeira situação encontrada em um ecossistema, ou seja,
várias cadeias interligadas ocorrendo simultaneamente Os esquemas a seguir
exemplificam melhor este conceito de teias alimentares:

45
5.3 MATÉRIA E ENERGIA NOS ECOSSISTEMAS

5.3.1 FLUXO DE ENERGIA NOS ECOSSISTEMAS

A luz solar representa a fonte de energia externa sem a qual os ecossistemas


não conseguem manter-se. A transformação (conversão) da energia luminosa
para energia química, que é a única modalidade de energia utilizável pelas
células de todos os componentes de um ecossistema, sejam eles produtores,
consumidores ou decompositores, é feita através de um processo denominado
fotossíntese. Portanto, a fotossíntese - seja realizada por vegetais ou por
microrganismos - é o único processo de entrada de energia em um
ecossistema.

Muitas vezes, temos a impressão que a Terra recebe uma quantidade diária de
luz, maior do que a que realmente precisa. De certa forma isto é verdade, uma
vez que por maior que seja a eficiência, nos ecossistemas, eles conseguem
aproveitar apenas uma pequena parte da energia radiante.

Existem estimativas de que 34% da luz solar sejam refletidas por nuvens e
poeiras; 19% seriam absorvidas por nuvens, ozônio e vapor de água. Do
restante, ou seja, 47%, que chega à superfície da Terra boa parte ainda é
refletida ou absorvida e transformada em calor, que pode ser responsável pela
evaporação da água, no aquecimento do solo, condicionando desta forma os
processos atmosféricos.

A fotossíntese utiliza apenas uma pequena parcela (1 a 2%) da energia total


que alcança a superfície. É importante salientar, que os valores citados são
médios e nãos específicos de alguma localidade. Assim, as proporções podem,
embora não muito, variar de acordo com as diferentes regiões do país ou
mesmo do planeta.

46
Um aspecto importante para entendermos a transferência de energia dentro de
um ecossistema é a compreensão da primeira lei fundamental da
Termodinâmica que diz: “A energia não pode ser criada nem destruída e
sim transformada”.

Como exemplo ilustrativo desta condição, pode-se citar a luz solar, a qual como
fonte de energia, pode ser transformada em trabalho, calor ou alimento em
função da atividade fotossintética; porém de forma alguma pode ser destruída
ou criada.

Outro aspecto importante é o fato de que a quantidade de energia disponível


diminui à medida que é transferida de um nível trófico para outro. Assim, nos
exemplos dados anteriormente de cadeias alimentares, o gafanhoto obtém, ao
comer as folhas da árvore, energia química; porém, essa energia é muito
menor que a energia solar recebida pela planta. Esta perda, nas transferências,
ocorre sucessivamente até se chegar aos decompositores.

E por que isso ocorre? A explicação para este decréscimo energético de um


nível trófico para outro, é o fato de cada organismo necessitar grande parte da
energia absorvida para a manutenção das suas atividades vitais, tais como
divisão celular, movimento, reprodução etc.

5.3.2 PIRÂMIDES ECOLÓGICAS

Para facilitar a visualização das cadeias alimentares, elabora-se uma pirâmide


com os envolvidos. A cada nível trófico, parte da energia recebida é incorporada
à biomassa e parte é dissipada como calor. Cada nível trófico incorpora apenas
10% da energia do nível precedente.

47
5.4 DINÂMICA POPULACIONAL

5.4.1 Propriedades do grupo populacional

• População: qualquer grupo de organismos da mesma espécie que ocupa


um espaço determinado e funciona como uma parte de uma comunidade
biótica.

• Comunidade Biótica: conjunto de populações que funcionam como uma


unidade integradora, através de transformações metabólicas coevoluídas
em uma dada área de habitat físico.

Características de uma população: densidade, natalidade, mortalidade,


distribuição etária, potencial biótico, dispersão e forma de crescimento. E
características genéticas: adaptatividade, fitness reprodutivo e persistência.

1 - Densidade

É o tamanho da população em relação a alguma unidade de espaço, expressa


por unidade de indivíduo ou biomassa por unidade de área ou volume.

1.1 Densidade bruta: número por unidade de espaço total.

1.2 Densidade específica ou ecológica: número por unidade de espaço do


habitat (área disponível que realmente pode ser colonizada pela população).

1.3 Abundância relativa: podem ser relativos a tempo, como número de aves
observadas por hora. Importante para saber como a população está mudando.
Porcentagem de indivíduos numa amostra.

1.4 Frequência de ocorrência: porcentagem das áreas amostradas ocupadas por


uma espécie.

48
1.5 Valor de importância: combinação de abundância relativa e frequência de
ocorrência, mais utilizados em estudos de vegetação.

As densidades encontradas nas populações estão relacionadas com o nível


trófico e com o tamanho de indivíduo. Quanto menor o nível trófico mais alta
será a densidade.

"Os números atribuem importância excessiva a organismos pequenos, e a


biomassa atribui importância excessiva a organismos grandes". Os
componentes do fluxo energético fornecem um índice mais adequado para se
compararem todas as populações de um ecossistema.

Medidas e termos aplicados a populações:

• Área basal: usada para vegetais, é a área total da seção transversal dos
troncos;
• Índices de abundância relativa: amplamente usados para animais e
plantas terrestres maiores.

2 - Métodos classificados em amplas categorias

• Censos totais: organismos grandes e bem visíveis, ou organismos que se


agregam em colônias de reprodução, por ex.: aves marinhas e focas;
• Amostragem por quadrantes: (quadrantes e transectos) fornecem uma
estimativa da densidade da área amostrada;
• Métodos de marcação e recaptura: animais móveis, uma amostra da
população é capturada, marcada e liberada, uma porção de indivíduos
marcados numa amostra posterior é usada para determinar as
populações totais;
• Amostragem por retiradas: o número de organismos retirados de uma
área, em amostras sucessivas, é plotado nas ordenadas de um gráfico, e
o número anteriormente removido é plotado nas abscissas. Se a
probabilidade de captura permanece razoavelmente constante, os pontos

49
do gráfico formaram uma reta que poderá ser estendida até o ponto 0, o
que indica uma retirada teórica de 100% da população da área;
• Métodos sem área: aplicáveis a organismos sésseis, tais como árvores. O
método de quadrantes é um exemplo: a partir de uma série de pontos
aleatórios, mede-se a distância até o indivíduo mais próximo em cada
um de 4 quadrantes. A densidade por unidade de área pode ser
estimada por distância média.

3 - Natalidade

É a capacidade de uma população aumentar.

• Taxa de natalidade: produção de novos indivíduos de qualquer


organismo.
• Natalidade máxima: (fisiológica ou absoluta), é a produção
máxima teórica de novos indivíduos sob condições ideais.
• Natalidade ecológica ou realizada: refere-se ao aumento
populacional sob condições reais ou específicas do ambiente. Não
é constante, varia conforme as condições.
• Taxa de natalidade absoluta ou bruta: número de novos
indivíduos e o tempo.
• Taxa de natalidade específica: número de novos indivíduos
produzidos por unidade de tempo por uma população.

4 - Mortalidade

Morte dos indivíduos em uma população. A mortalidade, assim como a


natalidade, varia muito com a idade, principalmente nos organismos superiores.

1. Taxa de mortalidade: pode ser definida como número de indivíduos que


morrem em um dado período (óbitos por unidade de tempo).

50
2. Mortalidade ecológica ou realizada: perda de indivíduos sob uma dada
condição do ambiente, não é uma constante, varia com as condições do
ambiente.

3. Mortalidade mínima: teórica, constante para uma população, é a perda sob


condições ideais ou não limitantes.

4. Longevidade fisiológica: mesmo em condições ótimas os indivíduos


morreriam por velhice, porém seria maior que a longevidade ecológica média.

5. Taxa de sobrevivência: 1 menos a taxa de mortalidade.

5. Flutuações e Oscilações "Cíclicas" de Populações

Quando populações completam seu crescimento, a densidade populacional


tende a flutuar para cima e para baixo do nível de estado constante.
Freqüentemente as flutuações resultam de mudanças sazonais ou anuais na
disponibilidade de recursos, ou podem ser aleatórias. Contudo, algumas
populações oscilam tão regularmente que podem ser consideradas cíclicas.

Algumas características gerais das flutuações:

• Mudanças sazonais no tamanho da população, ligadas a mudanças


sazonais nos fatores ambientais;
• Flutuações anuais;
• Controladas primordialmente por diferenças anuais em fatores
extrínsecos (temp. precip...);
• Fatores intrínsecos, oscilações controladas primordialmente pela
dinâmica populacional;
• As oscilações são mais pronunciadas em ecossistemas menos complexos
de regiões setentrionais. E, embora abundâncias máximas possam

51
ocorrer simultaneamente em grandes áreas, os máximos na mesma
espécie, em regiões diferentes, não coincidem sempre, de alguma forma.

As teorias para explicar os ciclos regulares, podem ser agrupadas em várias


categorias:

• Teorias meteorológicas,
• Teoria de flutuação aleatória;
• Teoria de interações populacionais;
• Teorias de iterações de níveis tróficos.

AULA 6 – PROCESSOS BIOQUÍMICOS

6.1 BIOQUÍMICA AMBIENTAL

A) ENERGIAS NÃO RENOVÁVEIS

• São aquelas que se utilizam de recursos naturais esgotáveis;


• Em alguns casos, esse tipo de energia costuma apresentar problemas de
ordem ambiental, além de disputas envolvendo a extração e
comercialização de suas matérias-primas;
• Os principais exemplos de fontes de energia não renováveis são os
combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral, gás natural e xisto
betuminoso) e os combustíveis nucleares.

PETRÓLEO

52
Fonte: www.antoniolima.web.br.com

B) ENERGIAS RENOVÁVEIS

• São consideradas tipos de energia limpa, pois durante sua produção não
é gerado nenhum ou são gerados poucos resíduos poluentes;
• Existem em abundância na natureza e se renovam;
• A fauna e a flora reproduzem-se mais rapidamente do que o consumo do
homem.

ENERGIA EÓLICA

Fonte: www.educacao.cc

6.2 COMPOSTOS BIOLÓGICOS E XENOBIÓTICOS

53
A) BIORREMEDIAÇÃO

• Vias metabólicas normalmente utilizadas para o crescimento e a


produção são usadas na degradação de poluentes;
• A comunidade microbana envolvida na degradação de compostos
xenobióticos pode ser dividida em dois grupos: os microrganismos
primários são capazes de fermentar o substrato principal fornecido ao
sistema e os secundários utilizam os produtos liberados pelos
microrganismos primários;
• Os microrganismos; nas estações de tratamento de esgotos (ETEs) e de
efluentes industriais; removem a maior parte dos poluentes antes deles
serem lançados no ambiente;
• Aumento da atividade industrial aumenta a necessidade de diminuir
especificamente poluentes como: compostos de fósforo, nitrogênio,
metais pesados e compostos à base de cloro.

6.3 PROCESSOS FERMENTATIVOS E ENZIMÁTICOS

• Processos Químicos: Realizado entre compostos químicos usando-se


catalisadores químicos.

• Processos Enzimáticos: Transformação química realizada por


catalisadores biológicos (enzima) na ausência de seres vivos.

• Processos Fermentativos ou biológicos: Transformação realizada


pelos microrganismos (biocatalisadores). Os microrganismos
metabolizam o composto químico.

54
• Processos Químicos X Bioquímicos:
1. Processo inorgânico – Oxidação de minérios sulfurosos por bactérias;
2. Processo orgânico – Fermentação alcoólica da sacarose.

• Processos Assimilativos – a partir de substratos simples são


sintetizados produtos mais complexos, com gasto de energia
armazenada na forma de ATP. É também chamado de anabolismo.

Ex: obtenção de enzimas, hormônios, vitaminas etc.

(Produção de vitamina B12 - Streptomyces griseus)

• Processos Desassimilativos degradação do substrato (molécula


complexa) produzindo moléculas mais simples, para obter energia sob
forma de ATP. É também chamado de catabolismo.

Respiração Aeróbica Completa (Ciclo de Krebs), (688 Kcal/mol)

Respiração Anaeróbica Incompleta (Glicólise), (32,6 Kcal/mol)

• Processos Enzimáticos: Transformação química realizada por


catalisadores biológicos (enzima) na ausência de seres vivos.

Exemplos: Caldo de cana-de-açúcar; melaço, suco de frutas, leite, soro de leite,


licor sulfídrico e vinhato ou vinhaça.

• Processos Enzimáticos - Os fungos são os principais decompositores


na maioria dos ambientes. Eles produzem apenas as enzimas necessárias
para decompor a lignina, uma substância química complexa encontrada
em madeira.

55
O processo é baseado na utilização de microrganismos (fungos e bactérias)
capazes de produzir fenol-oxidases, enzimas envolvidas na degradação da
lignina. Tais microrganismos podem promover uma deslignificação parcial dos
materiais lignocelulósicos.

BIOCOMBUSTÍVEL – são combustíveis de origem biológica. São fabricados a


partir de vegetais, tais como, milho, soja, cana-de-açúcar, mamona, canola,
babaçu, cânhamo, entre outros. O lixo orgânico também pode ser usado para a
fabricação de biocombustível.

Podem ser usados em veículos (carros, caminhões, tratores) integralmente ou


misturados com combustíveis fósseis. Aqui, no Brasil, por exemplo, o diesel é
misturado com biocombustível. Na gasolina, também é adicionado o etanol.

A vantagem do uso dos biocombustíveis é a redução significativa da emissão de


gases poluentes. Também é vantajoso, pois é uma fonte de energia renovável
ao contrário dos combustíveis fósseis (óleo diesel, gasolina querosene, carvão
mineral).

A fabricação de biocombustíveis tem diminuído a produção de alimentos no


mundo. Buscando lucros maiores, muitos agricultores preferem produzir milho,
soja, canola e cana-de-açúcar para transformar em biocombustível.

BIOGÁS - É um tipo de gás inflamável produzido a partir da mistura de dióxido


de carbono e metano, por meio da ação de bactérias fermentadoras em
matérias orgânicas. A fermentação acontece em determinados patamares de
temperatura, umidade e acidez. O biogás é uma fonte energética renovável,
por essa razão é considerado um biocombustível.

56
A matéria-prima usada na produção do biogás é de origem orgânica, são
aproveitados materiais como esterco (humano e de animais), palhas, bagaço de
vegetais e lixo. Essa fonte energética pode ser utilizada como combustível para
fogões, motores e na geração de energia elétrica.

BIODIESEL – É um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis


como óleos vegetais e gorduras animais. Este biocombustível pode ser
produzido no Brasil a partir de diferentes espécies oleaginosas, como a
mamona, o dendê, a canola, o girassol, o amendoim, a soja e o algodão, além
de matérias-primas de origem animal como o sebo bovino e a gordura suína.

Pode ser misturado ao diesel - desde 2010, todo o diesel comercializado no


Brasil contém uma mistura de 5% de biodiesel.

BIOTECNOLOGIA VERDE

Organismos Modificados Geneticamente e plantas transgênicas

Graças aos avanços em Engenharia Genética, é possível criar plantas


transgênicas, a partir da variedade de espécies de plantas agrícolas, com novas
capacidades: resistência a pragas e pesticidas, resistências a fatores ambientais
(secas, salinidade, falta de luz), aumento da produtividade ou aceleração do
crescimento, conteúdo nutricional melhorado (com maior quantidade de
verdadeiras substâncias ou presença das mesmas quando antes essa planta
não as possuía), plantas como biofarmácias (com presença de substâncias
terapêuticas) etc.

Bactérias e fermentos transgênicos

Aplicada para modificar alimentos (produção de vinho, cerveja, queijo), de


forma que se produzam alimentos com características especiais (melhores

57
características organolépticas, novas substâncias, melhor tolerância ambiental)
ou melhorar a produção (crescimento mais rápido, melhor eficácia enzimática).

Alimentos funcionais

São aqueles que, sem ter capacidade terapêutica, melhoram o estado de saúde
ou previnem em face de verdadeiras doenças (vitaminas, fibra, antioxidantes,
probióticos). Por exemplo: sementes de soja com níveis superiores de ácidos
graxos monoinsaturados, o que alcança um azeite mais saudável e que resiste
mais às altas temperaturas. Produtos vegetais enriquecidos em macronutrientes
e em micronutrientes (vitaminas, minerais), que poderiam melhorar deficiências
nutritivas especialmente em países pobres cujas populações têm pouca
variedade de dietas.

APLICAÇÃO DOS PROCESSOS DE FERMENTAÇÃO

• Produção de biomassa: produção em grandes quantidades de


biomassa de bactérias, leveduras e fungos.
• Produção de metabólitos celulares: são os produtos do metabolismo
celular.
• Produção de proteínas recombinantes: indica a Engenharia
Genética e a manipulação de genes.
• Produção de enzimas: são os produtos celulares mais utilizados nas
indústrias.
• Biotransformação de compostos: é a transformação de substâncias
do meio em outras – utilizado em área ambiental.

APLICAÇÃO DOS PROCESSOS DE FERMENTAÇÃO (tratamento


ambiental)

• Tratamento adequado aos resíduos gerados pelas indústrias;

58
• Uso da biodegradação onde os microrganismos fazem a decomposição
dos compostos desde que tenham maquinaria adequada a estes
processos;
• Absorção de metais tóxicos do ambiente aos microrganismos como as
algas (resistentes);
• A utilização de biofiltros no tratamento de gases tóxicos;
• Exemplo: biorrefinaria onde resíduos de bagaço da cana poderiam ser
utilizados tanto na produção de energia quanto no cultivo de
microrganismos para a fabricação de etanol.

AULA 7- PROCESSOS DE PRODUÇÃO E DECOMPOSIÇÃO DA MATÉRIA


ORGÂNICA

7.1 ORGANISMOS DECOMPOSITORES

A) CADEIA ALIMENTAR E TEIA ALIMENTAR

Fonte: www.todamateria.com.br

59
Autotróficos x Heterotróficos

Seres que transformam substâncias minerais ou inorgânicas como água, CO2,


NH4 em moléculas orgânicas são denominados autotróficos e são responsáveis
pela produção de toda a matéria orgânica consumida pelos seres heterotróficos.

Produtores x Consumidores

Dentro de uma cadeia alimentar os seres autotróficos são denominados


produtores e os seres heterotróficos consumidores. Dentre os heterotróficos
podemos ainda distinguir os consumidores primários (herbívoros), secundários,
terciários e quaternários (carnívoros), dependendo do nível trófico.

Teias alimentares

Em uma comunidade, o conjunto de cadeias alimentares interligadas forma


uma teia alimentar, que se completa com os decompositores quebrando e
oxidando matéria orgânica para obter energia e devolvendo ao ambiente sais
minerais que serão reaproveitados pelos vegetais.

B) TEIA ALIMENTAR

60
Fonte: slideplayer.com.br

DECOMPOSITORES

• Seres vivos que degradam a matéria orgânica em matéria mineral;


• Representados pelas bactérias e fungos cuja função é a reciclagem da
matéria nos ecossistemas;
• São os decompositores que permitem que a matéria mineral ou
inorgânica retorne ao ar, à água e ao solo podendo novamente ser
utilizada pelos produtores, ou seja, permite a reciclagem da matéria.

Esses organismos decompositores fixam o nitrogênio atmosférico e formam


compostos capazes de serem assimilados pelos vegetais.

7.2 CICLOS BIOGEOQUÍMICOS ou CICLO DA MATÉRIA

É o percurso realizado no meio ambiente por um elemento químico essencial à


vida. O termo é derivado do fato de que há um movimento cíclico de elementos
que formam os organismos vivos (bio) e o ambiente geológico (geo), onde
intervêm mudanças químicas.

• Ciclo da água
• Ciclo do nitrogênio
• Ciclo do carbono
• Ciclo do fósforo

7.2.1 CICLOS BIOGEOQUÍMICOS ou CICLO DA MATÉRIA

A) CICLO DA ÁGUA

61
Fonte: www.agua.bio.br

B) CICLO DO NITROGÊNIO

• É um dos ciclos mais importantes nos ecossistemas terrestres;


• O nitrogênio é usado pelos seres vivos para a produção de moléculas
complexas necessárias ao seu desenvolvimento tais como: aminoácidos,
proteínas e ácidos nucleicos;
• O nitrogênio molecular N2 é um gás biologicamente não utilizável pela
maioria dos seres vivos. A sua entrada no mundo vivo ocorre graças a
atividade dos microrganismos fixadores, as algas azuis e algumas
bactérias, que o transformam em amônia;
• No processo de nitrificação, outras bactéiras transformam a amônia em
nitritos e nitratos;
• Essas 3 substâncias (amônia, nitritos e nitratos) são utilizadas pelas
plantas para a produção de compostos orgânicos nitrogenados que serão
aproveitados pelos animais;
• O ciclo fecha-se a partir da atividade de certas espécies de bactérias,
que efetuam a desnitrificação e devolvem o nitrogênio molecular N2, à
atmosfera.

62
C) CICLO DO CARBONO

• O elemento carbono é o principal constituinte de tudo o que é orgânico e


embora o dióxido de carbono (CO2) represente apenas 0,35% dos gases
que compõem a atmosfera, o carbono é um elemento que nos últimos
anos tem provocado mudanças profundas em todo o mundo.
• O elemento carbono é encontrado na atmosfera na forma de gás
originado quase todo ele do processo de respiração dos seres vivos
(79%) pelo qual se completa o que chamamos de “Ciclo do carbono”.

D) CICLO DO FÓSFORO

• O fósforo está entre os principais elementos químicos que constituem os


seres vivos, seus átomos fazem parte, por exemplo, da composição de
ossos e dentes e moléculas, tais como as de ATP, DNA, RNA e enzimas.
• Na natureza, o reservatório de íons fosfato são as rochas. Com o tempo,
as rochas sofrem uma degradação e são transformados em solo por
meio de um conjunto de fenômenos físicos e químicos (intemperismo) e,
assim, o íon fosfato é liberado, voltando ao ecossistema. Como é solúvel,
esse íon é carregado pelas chuvas até as águas dos mares e dos rios.

7.2 PROCESSOS OXIDATIVOS E BIOLÓGICOS

7.2.1 BIOTRANSFORMAÇÃO

A) Ácido Cítrico (Aspergillus niger )

Aplicações

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• Alimentos e bebidas (64 %): como aromatizante;
• Detergentes e produtos de limpeza (22 %). Produtos farmacêuticos e
nutricionais (10 %): em produtos efervescentes, anticoagulante;
• Indústria cosmética (2 %): para ajuste de pH;
• Outras aplicações (2 %): estanhagem, preparo de corantes e resinas.

B) Ácido Láctico (Lactobacillus delbrueckii)

• Primeiro ácido orgânico produzido industrialmente por fermentações;


• Microrganismos produtores: bactérias (Lactobacilos e Streptococcus),
algas e fungos (Rhizopus oryzae);
• O ácido lático foi identificado em leites ácidos. Atualmente, é produzido,
principalmente, a partir de glicose de milho, melaços e soro de queijos;
• É conveniente verificar a melhor temperatura para o crescimento dos
microrganismos.

Aplicação Industrial

Alguns alimentos podem se deteriorar pelo crescimento e ação de bactérias


ácido-lácticas. No entanto, a importância deste grupo de microrganismos
consiste em sua grande utilização na indústria alimentar. Queijos maturados,
conservas, chucrute e linguiças fermentadas são alimentos que possuem uma
vida de prateleira consideravelmente maior que a matéria-prima da qual eles
foram feitos. Além de serem mais estáveis, todos os alimentos fermentados
possuem aroma e sabor característicos.

C) Ácido Glucônico (Aspergillus niger)

A enzima Glucose Oxidase (GOD) tem como fontes microbianas os fungos


Aspergillus niger.

64
Catalisa a reação de oxidação β-D-glucose para a β-D-gluco-lactona utilizando
oxigênio molecular como aceptor de elétrons e produz simultaneamente
peróxido de hidrogênio (H2O2) o qual mais tarde, pela ação de uma catalase,
produzirá água e oxigênio. Logos após, sem intervenção enzimática, ocorre
uma hidrolise espontânea que transforma o β-D-gluco-lactona em ácido
glucônico.

Aplicação Industrial

Na área da saúde (análises clínicas) é usada como reagente na determinação


dos níveis de glicose no sangue. É utilizada na forma de fita de dosagem da
glicemia.

Na indústria alimentícia, a enzima GOD é utilizada como antioxidante evitando


as alterações na cor e sabor dos alimentos.

Pode ser usada como antimicrobiano em produtos de higiene oral, pois atua
como bactericida.

D) Ácido Itacônico (Aspergillus terreus)

• O ácido itacônico, listado como um dos 12 mais promissores produtos


químicos obteníveis de biomassa, pode ser produzido por fermentação
de açúcares por fungo filamentoso Aspergillus terréus;
• O ácido orgânico, de aplicação nas áreas de polímero, agricultura,
Farmacêutica e Medicina, atrai interesses de desenvolvimento de
processos fermentativos com alta produtividade. Para tal, a identificação
de um microrganismo com capacidade significativa de produção permite
um estudo dos componentes do meio que aumente a produtividade,
atentando para a o fator aeração, essencial na produção de ácido
itacônico;

65
• A rota química de obtenção e produção do ácido pode ser realizada pela
desidratação ou pirólise do ácido cítrico, pela descarboxilação do ácido
aconítico ou pela fermentação dos açúcares, sendo a última utilizada
industrialmente e atende às necessidades de processos como fontes
renováveis.

E) Acetona-Butanol (Clostridium acetobutilicum )

• É uma bactéria gram +, formada de endósporos, forma bastonete, sendo


anaeróbias e aerotolerantes.
• Podem viver em vários ambientes: solo, água, microbiota gastrointestinal
humana e outros animais.
• A molécula de butanol é sintetizada naturalmente por outras espécies de
bactérias como as do gênero Clostridium. A obtenção de butanol é
através da biomassa de fermentação. Esse processo fermentativo produz
ou obtém acetona juntamente ao butanol e ao etanol. O ɳ–butanol tem
características desejáveis como substituto da gasolina.

7.3 FATORES QUE AFETAM A DECOMPOSIÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA


7.3.1 DECOMPOSIÇÃO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS

• Produção de húmus;
• Liberação de nutrientes;
• Processo controlado pela C/N do resíduo;
• Fontes de matéria orgânica do solo: resíduos vegetais e animais do
solo; biomassa microbiana; tecido subterrâneo do solo.

A) Fatores que afetam a decomposição dos resíduos orgânicos


(fatores internos)

A.1 Composição e Quantidade

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Composição - É função da origem vegetal ou animal do resíduo orgânico;

Quantidade - Quanto maior a quantidade de resíduo orgânico incorporado ao


solo, maior será a atividade biológica e, consequentemente, maior a
necessidade de organismos decompositores presentes no solo.

A.2 Relação C/N e a velocidade de decomposição

Relação C/N menor do que 20:1 = Mais rápida a decomposição.

Relação C/N maior do que 30:1 = Menor susceptibilidade à mineralização e


maior à imobilização do N.

A.3 Relação ácido/base

Na presença de acidez excessiva ocorre, em geral, a falta de elementos


minerais (Ca, Mg e micronutrientes).

Limita em parte o desenvolvimento da mineralização.

A4 Relação lignina/celulose

Se Lignina/Celulose > 0,5 (plantas jovens), então, rápida mineralização.

Se Lignina/Celulose < 0,4 (troncos), então, mineralização lenta.

B) Fatores que afetam a decomposição dos resíduos orgânicos


(fatores externos)

B.1 Temperatura

. T < 5°C = Mineralização Lenta;

. 5°C < T < 35°C = Aumento da taxa de decomposição;

. T > 40°C = Redução da taxa de decomposição.

67
Temperatura ideal: 30°C - 35°C.

B.2 Umidade do Solo

Adequada: 60-70 % da Capacidade de Campo;

Umidade Elevada reduz [O2], menor mineralização.

B.3) Nitrogênio

O N é essencial também para o crescimento microbiano;

Se [N-resíduo] for alta, então a relação C/N baixa, causando rápida


decomposição, e a microflora terá suas necessidades atendidas;

Substrato com baixa [N] - Relação C/N alta, decomposição é lenta, logo, há
possibilidade de imobilização. Mineralização será estimulada pela adição de N
suplementar (Adubo-N).

AULA 8 - MICROBIOLOGIA AMBIENTAL

8.1 MICRORGANISMOS COMO DETERMINANTES AMBIENTAIS

8.1.1 As principais características da Ecologia microbiana são:


• Cada microrganismo, em um ecossistema, interage com o seu meio e
com os outros organismos;
• Essas interações podem resultar em significativas mudanças químicas e
físicas do meio ambiente e podem ser benéficas ou prejudiciais aos
outros organismos;
• Podem ser encontrados no ar, no solo, na água e inclusive no homem;

68
• Os ecossistemas são formados pelas comunidades biológicas e pelos
componentes abióticos. Cada ecossistema apresenta uma diversidade de
microrganismos distribuídos em duas categorias:
1 – Autóctones ou indígenas, que são os microrganismos residentes e
naturais daquele ambiente;
2- Alóctones ou não indígenas, que são os microrganismos transitórios. O
ecossistema pode ser ocupado por microrganismos especializados
metabolicamente e que são restritos a um ambiente distinto.

Existem, na natureza, os fatores que determinam a permanência dos


microrganismos no meio ambiente, sendo representados pelos fatores abióticos
ou fatores bióticos.

a) FATORES ABIÓTICOS - Importância dos seres vivos


hipertermófilos:
• A maioria é quimioautotrófica, dando coloração esverdeada devido a
seus metabólitos;
• A maioria é Archaea: Sulfolobus acidocaldarius (Yellowstone) e Pyrobolus
fumarius (ventarolas).
• Crescem a 113ºC e param de crescer a 90ºC. Hipertermófilos
(Sulfolobus acidocaldarius) têm uma taxa de mutação menor sugerindo
que a proteção do DNA e os mecanismos de reparo são eficientes.

b) FATORES ABIÓTICOS - Aplicação dos hipertermófilos


• Diagnósticos – PCR - Taq polimerase
• Indústria de papel e celulose - Branqueamento do papel (processo
químico) onde são utilizadas hemicelulases e xilanases obtidas de
hipertermófilos.
• Indústria do amido – o processo de hidrólise do amido envolve a
liquefação e a sacarificação, as quais ocorrem em altas temperaturas.
Durante a liquefação os grãos de amido são gelatinizados em soluções
aquosas entre 105ºC a 110ºC.

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c) INTERAÇÕES ECOLÓGICAS - As relações intraespecífica
desarmônica (negativas)
Canibalismo: quando um indivíduo de uma espécie mata e se alimenta de um
indivíduo da mesma espécie; essa situação ocorre devido a alguns fatores:
escassez de alimentos, comportamento sexual de algumas espécies.
Competição intraespecífica: quando os indivíduos concorrem pelos mesmos
recursos do meio, em especial quando há quantidades limitadas.

c) INTERAÇÕES ECOLÓGICAS - As relações interespecífica


desarmônica (negativas)
Predação: Quando um indivíduo de uma espécie mata e se alimenta de um
indivíduo de outra espécie. Isso afeta não somente a população, mas toda a
comunidade. A população de predadores pode determinar a densidade das
presas.

d) INTERAÇÕES ECOLÓGICAS - As relações interespecíficas


harmônicas (positivas)
Simbiose: descreve a biologia de pares de organismos que vivem juntos e não
se maltratam. Incluindo mutualismo, comensalismo, inquilinismo
e protocooperação.
Mutualismo: Relação de benefícios para as espécies envolvidas; porém, existe
uma dependência mútua, pois uma não consegue viver sem a outra.

8.2 MICRORGANISMOS NO AR ATMOSFÉRICO

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No geral são encontrados no ar, nas algas, nos protozoários, nas leveduras, nos
bolores e nas bactérias.

a) Fatores que afetam a microbiota do ar: umidade, temperatura,


radiação, pressão, densidade populacional. Além disso, os microrganismos que
têm esporos como meio de propagação são os mais resistentes.

A superfície da Terra, solo e água representa a fonte de microrganismos


encontrados na atmosfera:
• Os ventos levantam a poeira do solo e as partículas de pó carregam os
microrganismos para o ar.
• Os ventos levantam poeira do solo e outras partículas, as quais podem
estar associadas a microrganismos.

b) Composição do ar atmosférico:

* 78 % - Gás Nitrogênio
* 21 % - Gás Oxigênio
* 0,9 % - Gás Argônio
* 0,03 % - Gás Carbônico

c) Os ambientes e as atividades que são mais propensas a carregar


microrganismos para o ar são:
• As águas de reuso da irrigação da lavoura e de florestas com efluentes
de esgoto, mediante o uso de borrifadores;
• Incineradores mal operados ou que não possuem filtro HEPA, que evitem
a liberação de partículas e poluentes para o ar;
• Grandes operações de debulhamento;
• Disposição inadequada de lodo ativado;
• Sistemas de ar-condicionado com torre de refrigeração aberta, que
possui água contaminada com microrganismos, dispersos no ar por meio
dos dutos de ventilação;

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• Pessoas doentes;
• Estações de tratamento de esgoto e filtros gotejadores em instalações de
despejo de esgoto.

8.3 MICRORGANISMOS NO SOLO

Em relação à formação dos solos, pode ser observado que são formados por
minerais oriundos da decomposição das rochas pelas forças exógenas
denominada de intemperismo. Além disso, podem ser originados no próprio
local – denominado de eluviais – ou formados por sedimentos transportados
de outros locais como vento, água – denomiado de aluviais.

O intemperismo pode estar relacionado com a temperatura e pressão


indicativas de transformação dos minerais na superfície – agentes físicos do
intemperismo. Outra situação é que o principal agente químico de intemperismo
– água das chuvas.

Outras considerações importantes sobre o estudo dos solos são:

a) PERFIL DOS SOLOS

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Fonte: meioambiente.culturamix.com

O - caracterizado pelo acúmulo de matéria orgânica (decomposta ou não) sobre


o solo mineral.
A - horizonte com elevada atividade em que se encontra uma mistura de
matéria orgânica com frações minerais.
B - acúmulo de minerais de argila.
C - material pouco afetado pelos organismos, mas que pode estar bem
intemperizado (regolito).
R - rocha (material de origem).

b) COMPONENTES DA MATÉRIA ORGÂNICA DOS SOLOS


Solos – formado de 95 - 99% de partículas minerais, além de húmus.
Matéria orgânica – é o húmus estável representa de 70 – 90%; húmus lábil
representa 7 - 21% e organismos dos solos.
Organismos – 50% de fungos; 10% fauna, 10% protozoários, algas e
nematóides e 30% bactérias e actinomicetos.

c) CONTAMINAÇÃO DOS SOLOS


Resíduos industriais

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Produtos químicos, combustíveis, metais pesados e outros elementos são
descartados no solo das fábricas ou proximidades. Estes elementos, com o
tempo, penetram no solo contaminando-o. Tais áreas ficam impróprias para a
construção de residências (casas e prédios), pois os contaminantes do solo
podem provocar doenças nas pessoas.

O tratamento destes solos é possível, porém demanda a utilização de muitos


recursos, além de ser um processo demorado. Uma vez no solo, estes resíduos
podem atingir lençóis freáticos contaminando a água.

Lixão
Terrenos que foram áreas de lixões apresentam vários problemas. Além da
contaminação por diversos tipos de poluentes, podem apresentar riscos de
explosão. Isto acontece, pois o processo de decomposição de lixo orgânico gera
a produção de gases inflamáveis que ficam presos no solo.

Lixo eletroeletrônico
Com o grande aumento da produção e consumo de produtos eletrônicos, nas
últimas décadas, cresceu também a geração desse tipo de lixo. Quando jogado
no solo, tais produtos (monitores, celulares, baterias, televisores, impressoras
etc.) liberam, com o passar do tempo, vários elementos químicos que
contaminam o solo.

Elementos radioativos
Embora existam poucos casos, quando ocorrem geram problemas gravíssimos.
Acidentes em usinas nucleares ou descarte de equipamentos que usam
elementos radioativos (máquinas de Raio-X, por exemplo), podem deixar o solo
contaminado por séculos. Sem contar que se uma pessoa entrar em contato
com o solo com esse tipo de contaminação pode morrer ou desenvolver
diversos tipos de câncer.

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f) CONSEQUÊNCIAS DA CONTAMINAÇÃO DOS SOLOS
• O solo pode ficar infértil para o plantio (desfertilização);
• Contaminação de rios, lençóis freáticos, mananciais, nascentes, lagos
etc.;
• Desequilíbrio do ecossistema, através da extinção de plantas e animais
da região atingida;
• Mudanças na densidade e consistência do solo;
• Alterações na tipografia do solo;
• Perda da capacidade de drenagem natural;
• Elevação na temperatura do solo, quando ocorre formação de gases no
subsolo (metano e dióxido de carbono);
• Impregnação de substâncias poluentes;
• Deslizamento de terras em regiões morros, provocadas pela infiltração
de poluentes líquidos.

8.4 COMUNIDADES MICROBIANAS EM AMBIENTES EXTREMOS

a) Cianobactérias

Colonizam superfícies rochosas, solos e água pobres em nutrientes. Algumas


espécies forma associações mutualísticas, onde os dois seres se beneficiam
(associam-se aos fungos formando os líquens). A eficiência na fixação de
nitrogênio é tanta que em plantações de arroz onde há essas plantas, é
desnecessário utilizar fertilizantes nitrogenados.

b) EXTREMÓFILOS - AR CHAEA

Na Terra, há extremófilos em regiões vulcânicas ou as fossas abissais


submarinas, que vivem a temperaturas na ordem dos 80 ou 100 graus
centígrados, até ao máximo de 140.

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Nesse caso, designam-se por hipertermófilos, para distingui-los bem dos
psicrófilos, outros microrganismos que se desenvolvem em condições extremas,
mas a baixas temperaturas.

Outra área de interesse, no estudo dos extremófilos, é o fato de que estes


microrganismos serão também os mais parecidos com as células primitivas que
existiram na fase primordial da Terra. Na base da árvore da vida, estão
colocados os termófilos, os tais extremófilos das temperaturas muito elevadas,
e há cientistas a defender que eles evoluem mais lentamente que os outros
organismos. Desta forma, eles reterão mais características da célula primitiva, o
que lhes confere interesse acrescido de investigação, sobretudo na área da
Astrobiologia.

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