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Uma história de amor:

Oi... Eu sei que você me conhece, mas por um momento


esqueça que sou que está escrevendo? Porque eu apenas
preciso desabafar.

Sabe? Eu sou uma garota... Como qualquer garota, como


você!

Eu tenho sonhos perdidos, esperanças pisadas pelo grande


mundo cruel aí fora.

Mas, hoje, só hoje eu me senti orgulhosa de quem eu sou,


de ser a menina boba que se apaixonou por um, ou vários
livros, a garota boba que chora sempre, com ou sem motivo
aparente.

Eu não sou alguém pra se orgulhar, eu sou apenas mais


uma, mais uma pessoa com dúvidas e medos, mas neste ano
eu me tornei alguém diferente.

Você me conhece há dois anos, e eu sempre fui menina


muito faladeira e meia maluca, sempre fui uma menina
cheia de sonhos e muito machucada, cheia de velhas dores,
talvez até uma pessoa rancorosa.

Mas, apesar de ser tudo isso, hoje, hoje quando parei e


olhei pra minha pequena coleção de livros, eu finalmente vi
quem eu me tornei.
Eu continuo a pessoa cheia de dores e marcas, continuo
sonhadora, continuo faladeira e maluquinha e essas coisas

provavelmente nunca vão mudar. Mas, apesar disso, apesar


dessa minha falta de mudanças aparentes, eu mudei, eu
cresci esse ano.

Você já olhou pro seu passado, pra alguma lembrança bem


antiga e se perguntou: Cadê aquela garota? A que sonhava
em ser a Cinderela ecom o Príncipe Encantado? Alguma vez
já pensou no quanto ser criança te faz falta?

Eu já, é estranho que eu queira hoje em dia ser criança


novamente e que naquela época eu só quisesse crescer, ser
grande, poder falar palavrão, sair de casa. Coisas do tipo,
hoje eu posso e gostaria de não poder, por que estou com
medo, aí vai a realidade dos fatos:

Crescer e se deparar com o crescimento te dá medo, mas


há também há outra verdade: É impossível voltar.É
impossível ter de volta cada momento, cada arranhão,
risada ou tombo de bicicleta que levamos, nós somos jovens
ainda, mas a vida já está exigindo da gente:
Atitude,vamos, lute mais forte, lute pra ser o que você
quer ser, conquiste, mostra pra mim que você consegue!
E o intuito do meu desabafo é justamente esse, me fazer
lutar mais, com mais força, ter mais foco, por que muitas
vezes durante este ano eu olhei pra trás, olhei pro meu
passado, pra minha época de criança e desejei voltar, não
ter que me preocupar com minha nota de corte ou com o
quanto eu vou ter que lutar pra conseguir chegar onde eu
quero, ou com o quanto medo eu estou de não alcançar
esses objetivos.

Mesmo assim, querendo voltar, mesmo com esse medo


paralisante de lutar... Olhar pro passado hoje, pra uma
conquista pequena minha: Conseguir ler mais de vinte livros
em um ano.

Eu me orgulhei de mim, eu me orgulhei da menina


maluquinha, da aluna faladeira e brincalhona que sou, eu
me orgulhei de mim!

E o fato é: Nós raramente nos orgulhamos de nós mesmos,


a gente só quer voltar pro passado e viver com mais
intensidade aquilo que

tivemos, os tombos que levamos, aproveitar mais daquilo.


Mas nós esquecemos de olhar pro passado com orgulho, com
orgulho de cada mísera lágrima, ou cada mísera e pequena
conquista que tivemos.
E sabe? Não há mal algum em se orgulhar de você
mesmo... Porque se orgulhar de você vai te fazer
enxergar: Eu posso mais, eu consigo mais, foi só uma
pequena conquista, uma que eu não tive medo de correr
atrás, então eu sei que agora eu consigo mais!

Eu vou continuar sendo a menina de sonhos, a boba e


pequena que espera desesperadamente seu Príncipe
Encantado, que talvez é carente e dependente de alguém
pra lhe amar, mas mesmo assim, essa menina vai crescer.
E crescer não significa olhar pro seu passado e querer ele
de volta pra fazer as coisas diferentes, crescer significa
olhar pra ele e dizer: Ei, eu me orgulho de você, mas...
Cadê a próxima fase?

A vida é um jogo, um jogo chato, que te cansa e esgota


você a cada segundo. A diferença entre ela e o jogo é que:
No jogo você muda de fase com balões e parabéns
aparecendo na tela, na vida ela apenas vai te mostrar duas
portas e perguntar: Você vai querer passar de fase?

E aí vai ser com você abrir essa porta ou não. A próxima


fase é sempre a mais difícil no jogo na vida não é
diferente.
No jogo a gente não tem medo algum, estamos sempre
prontos pra morrer e começar de novo. E é isso que eu
pretendo fazer com a minha minha vida: Tentar, com todas

as forças, sangrar se for preciso, e se eu não conseguir,


vou seguir a lei do jogo: Vou começar de novo, lutar de
novo, por que em algum momento, mesmo que em um dia
diferente, a gente sempre acaba mudando de fase no jogo.

Então ai vai vida: Me mostra a próxima fase...

E que comece o jogo!

 Maluquinha-Hanna:

Ok, o que você leu acima é uma parte do meu diário, sim, eu tenho um diário.

Acho que o que eu esqueci de contar acima foi que: Eu sou completa e inteiramente
contraditória.

Eu gosto de tudo um pouco e...

- Ah, Hanna, para! Disse meu pai, ou simplesmente Chad.

O que eu estava fazendo? Hum, o que eu mais gosto de fazer: Lutar.

- Ah qual é Chad, levante daí e lute comigo!

Ele balançou a cabeça e levantou, sorrindo.

- Chega Hanna, essa foi a quarta vez que você me venceu... Acho que acabamos por
hoje! Disse ele, fazendo uma reverência pra mim.

Correspondi com a mesma reverência pra ele, respirando ofegante.

Bom, eu luto Karatê e Judô desde que fui adotada pelo Chad, ele é professor das
duas artes e me ensina a lutar desde que me adotou quando eu tinha dez anos.
Quando contei no meu diário que viria a próxima fase eu estava falando da minha
próxima fase no karatê e na vida também, por que hoje é meu baile na escola. Está
finalmente acabando o segundo colegial e depois o terceiro, e então faculdade.

No karatê estou indo pra minha última faixa: Preta. Isso me faz sentir orgulhosa de
mim também.

O Chad passou o braço pelo meu pescoço, rindo e me abraçando apertado.

- Vamos lá pequena, você precisa tomar um banho... Tá fedendo! Disse ele, pra me
provocar.

Dei-lhe uma cotovelada enquanto secava meu rosto que pingava suor.

Eu fui direto pra ducha, ali mesmo, na academia que pertence ao meu pai. Eu amo
este lugar é aqui o único lugar em que me sinto menos excluída, menos menina boba
e sim alguém que você tem que tomar cuidado.

Como disse, eu sou contraditória.

Enfim, depois da minha ducha eu tive que ir pra casa. Minha casa.

Eu moro sozinha aqui com o Chad, mas isso logo vai mudar, depois desse ano que
vai começar, eu não vou morar mais com ele, vou pra Universidade... Isso me
apavora, mas como eu disse: É hora de lutar e é isso que vou fazer.

Estava no meu quarto, me olhando no espelho. E bom, olhei através dele e


enxerguei meu quarto.

Outra parte interessante sobre mim é: Sou uma leitora nata, adoro ler toda e
qualquer coisa, contando que não estejam me obrigando a ler e que não seja nenhum
livro chato de escola eu adoro.

Meu quarto é cheio deles, tem várias prateleiras lotada de livros. O Chad comprou
todos pra mim.

Agora, se você pensa que eu sou uma menina de ler tudo sobre luta, ou me
preocupar com cada grão do qual eu me alimento está enganado. Eu como de tudo e
me preocupo com nada, se eu engordar ou algo do tipo vou queimar depois no
karatê. E minhas leituras? Bom, eu leio de tudo de Nicolas Sparks a Suzanne
Collins.
Enfim, sou complicada né? Mas a verdade é que: Eu luto pra me sentir mais forte,
menos a menina quebrada que eu sou.

Quando o Chad me adotou eu.. Eu tinha passado por muita coisa, mas falamos disso
mais tarde.

Enfim, estava me olhando no espelho lembra? Estou parecendo uma princesa.


Incrivelmente estou parecendo a Cinderela.

Vestido azul, meio curto, salto prata e as luvas na mão... Por que eu estou vestida
assim?

Por que meu baile de inverno é de gala. E eu escolhi um vestido chique que acabou
por me fazer parecer uma princesa, com a Cinderela, tem como eu ser mais
mulherzinha?

Balanço a cabeça pra mim mesma no espelho, me sentindo uma idiota e pensando
que de repente eu poderia ter vestido um vestido vermelho, combinaria mais com a
minha pele morena... Mas eu tenho uma queda pela cor azul, fazer o que?

- Bom, estou pronta! Afirmei da escada branca de vidro em casa pro meu pai lá
embaixo.

Ele sorriu amplamente ao me ver, estava de terno e soltou um assovio alto com os
dedos, aplaudindo.

- Uau! Hanna, você está linda amor... Disse ele, estendo a mão pra mim.

Balancei a cabeça, fazendo uma pequena reverência pra ele, erguendo levemente
meu vestido.

- Obrigado!

Chad riu e entrelaçou o braço no meu.

- Bom, parece que é isso não Princesa?

Assenti pra ele e nos encaminhamos pra porta.

Ah, outro ponto importante: Meu pai trabalha na escola em que eu estudo, ele é
professor de educação física e dá aulas extracurriculares de karatê pra gente, sua
única regra é: Nada de usar os treinos fora da academia.

Por que estou contando isso? Você vai entender....


Chegamos ao baile, e a música já podia ser escutada mesmo antes de entrarmos na
quadra. Eu troquei meu pai, pela minha amiga: Alex, ela é um máximo e mesmo
antes de entrarmos na festa já estava dançando do meu lado, me levando a me
mexer com ela.

Sabe aquele lance que falei sobre contradição? Então, essa é mais uma parte
conflitante minha, eu sou tímida em locais com muitas pessoas, ou com gente que eu
não conheça direito... Mas, com o tempo vou me soltando e ficando falante, vá me
entender, não?

Enfim, dançar em público, não é bem a minha praia, mas, com um ponche batizado
tudo se resolve. E eu fiquei bem solta depois de, uns quatro ou cinco que a Alex
pegou pra mim.

Estava dançando como louca, sentindo a batida de: I'm sexy and I now it me levar...

Mas, como eu só atraio confusão o Babaca esbarrou em mim.

- Olha, a Princesinha se soltou! Disse ele, me puxando a cintura.

Eu odeio, odeio que qualquer homem toque em mim! Por isso resolvi lutar, mais do
que pelo Chad, pra me defender, não me sentir fraca e indefesa como...

Não é importante mas, mesmo ligeiramente alegre naquele dia eu ainda lembrava
de como me separar de alguém.

- Me solta! Afirmei pro Babaca afastando seu corpo do meu, e ele me puxou de volta
e... Branco.

É tudo um branco na minha mente, eu lembro bem de escutar ele dizendo que eu
era apenas uma Princesinha inocente e... Perdi a cabeça, soquei a cara dele,
repetidas vezes... Sentindo aquela raiva, aquele medo, tudo novamente.

- Hanna, para! Escutei alguém gritar. MERDA! Esse era o meu pai gritando e pela
sua voz, não estava nada feliz.

- Larga o Steven agora! Disse ele, me puxando o braço.

E bom, eu larguei, agora escuta isso:

- Você foi uma irresponsável! Gritou meu pai, na sala dos professores.

- Ele me provocou! Afirmei, tentando me defender.


Chad balançou a cabeça, se debruçando sobre a enorme mesa de mogno.

- E se você não pode se manter firme diante de uma provocação, como vou te tornar
faixa preta no karatê?

Isso acabou comigo, assim que ouvi as palavras do Chad, decepcionado comigo soube
o que ia fazer. Comecei a protestar, mas ele levantou o dedo indicador pra mim.

- Nem comece dona Hanna, você perdeu seu direito a faixa preta no karatê e vai
ficar sem treinar por um bom tempo! Você sabe que a única regra que tenho é essa:

-Não usar a luta pra qualquer fim que não seja a defesa, e o que você fez lá não foi
pra defesa!

Balancei a cabeça e tentei argumentar.

- Pai, ele me agarrou!

Chad deu de ombros.

- Ele está bêbado Hanna, o cara mal conseguia se manter em pé, você usou sua força
contra alguém que não era necessária, se tivesse se afastado do Steven já seria o
suficiente! Afirmou ele, de costas pra mim.

Odiava quando ele me dava uma bronca de costas pra mim, demonstra que está
realmente bravo comigo.

- Mas, Chad... E minha luta semana que vem? Perguntei, preocupada, aquela luta
era a final do campeonato e eu fui chamada pra lutar, depois disso naquela mesma
semana receberia minha minha faixa preta mas...

- Você não vai lutar, está fora do campeonato e está de castigo pela próxima semana,
sem internet, ou telefone, ou qualquer passeio com a Lex...

Abri a boca pra protestar com ele, mas...

- Nem tente protestar ou vou aumentar seu castigo, vai pra casa, agora! Afirmou
ele, apontando a porta.

E como um cãozinho arrependido sai porta à fora.

Ótimo! Por causa daquele Babaca eu vou perder minha chance, minha luta! Meu
jogo! Eu vou matar o Steven!
 Babaca- Steven:

Cadela! Filha da puta, piranha! Eu vou te matar!

Desculpa, estou, meio... Irritado!

Bom, não era pra menos né? Eu apanhei daquela cachorra. Se eu não estivesse tão
bêbedo ela ia ver só o que ia fazer com ela.

Ela louca! Completamente maluca! Mas de algum jeito ela sempre se safa de tudo e
eu sempre me ferro.

Tá, ela sempre se safa por que nem chega a aprontar, eu, por outro lado apronto
bastante.

Ah, você quer me conhecer melhor?

Lá vai lindinha, se prepara pra babar:

Tenho 1,90, 85 kilos bem distribuídos, meus olhos são mel, e me fazem conseguir
tudo o que quero, minha boca é gostosa e se eu te contar o que sei fazer com ela você
nem acredita gatinha... Meu cabelo é escuro e eu sou aquele cara, sabe?

Sarado, moreno, que posso te seduzir e machucar... Aquele que anda numa moto e
usa aquelas roupas pretas e em couro que só faz ele ficar mais gostoso e atraente,
este sou eu: Steven Blake.

Bom, eu luto também, assim como a Maluquinha eu treino com o Chad, mas só o
chamo de Mestre.

Como eu comecei a treinar? Eu tinha acabado de chegar aqui no Havaí, tinha uns
dez anos. E mesmo naquela época eu já era inconsequente, inconstante,
indisciplinado, impulsivo e explosivo.

Eu era aluno novo aqui na escola, vivia com a minha mãe, só eu e ela... Mas depois
explico isso.

Enfim, tinha um garoto, chamado Jason. Ele chamou minha mãe de prostituta e
bom, eu parti pra cima do garoto, desloquei o maxilar dele.

E foi ai que comecei a lutar, segundo o diretor Halley eu era um típico quadro de
raiva reprimida e energia intensiva.
Você já percebeu como é irritante quando outras pessoas, suspostamente
responsáveis falam de você como se você não estivesse ali?

Eles ficam dizendo: Vai ser bom pra ele, ele vai se libertar desta forma... E porra
você tá ali, por que simplesmente não perguntar: Você acha que isso vai ser bom pra
você?

Não, eles decidem por você... Mas no fim tenho que agradecer por que eu gostei do
karatê e o judô da academia do Mestre. Era gostoso poder bater o tempo todo em
alguém ou alguma coisa e acabei por ser muito bom nisso.

Claro que eu só luto bem quando estou sóbrio suficiente pra isso, por isso hoje,
aquela doida levou a melhor.

Tá, ela quase sempre leva a melhor, a desgraçada luta bem pra cacete, melhor que
eu às vezes. Nós dois estamos perto de ser faixa preta no karatê, mas ela está
sempre um passo à frente de mim.

Ela é maluca! Por isso é sempre melhor, e também por que é a Princesinha do
Mestre. Ele adora aquela garota, dá pra ver como ele a ama só de olhar pro orgulho
nos olhos dele toda vez que ela vence alguém, sinto uma invejinha disso, por isso, eu
passo o tempo todo tentando provoca-la, pra ver o Mestre decepcionado com ela...
Mas é quase missão impossível irrita-la.

Menos hoje, e olha que hoje eu nem estava querendo provoca-la de verdade, só
queria dançar e a Maluca me socou a cara, vá entender!

Enfim, estou do lado de fora da sala dos professores esperando pra falar com o
Mestre, passando o gelo no meu rosto.

E juro que quando eu a pegar, quando estiver sóbrio ela vai levar uma boa surra pra
me pagar por isso.

Desgraçada! Vou mata-la.

- Steven, entre aqui! Chamou o Mestre de dentro da sala e quando fui entrar a
Maluquinha estava saindo, esbarrou propositalmente em mim me fazendo andar
pra trás.

Se eu não estivesse completamente bêbado ela ia ver só o que eu ia fazer com ela!
Desculpe se eu estou insistindo nos xingamentos mentais e realizando mata-la, mas
estou bêbado... Só vou conseguir focar em uma coisa por vez até estar sóbrio. E neste
momento, meu foco é: Surrar a Princesinha.

Não, eu não bato em mulheres. Mas a Maluquinha não é de maneira nenhuma uma
mulher, não uma mulher que eu queira pegar.

As minhas mulheres eu trato bem, muito bem, diga-se de passagem, mas a


Maluquinha é minha oponente, não minha menina. Então não tenho pena de bater
nela, nenhum pouco, ela aguenta e revida.

Enfim, vou revidar na segunda feira.

- Mestre... Comecei, quando me aproximei da mesa dos professores. Mas minha voz
saiu enrolada e nem consegui terminar a frase.

Chad me olhou, depois olhou fixamente pra mesa a sua frente.

- Me desculpe pela Hanna , ela está nervosa com o início do último ano, e bom,
descontou em você... Mas eu já a puni devidamente.

Assenti pra ele, pensando: Que bom, ao menos dessa vez ela vai aprender uma lição!

Então o Mestre de aproximou de mim, perto o suficiente pra nossos narizes se


tocarem. Estava ao ponto de falar que aquela não era minha praia quando ele me
apontou o dedo na cara.

- Agarra ela de novo e vou deixar ela quebrar você inteiro, membro por membro. E
quando eu digo inteiro, eu quero dizer inteiro mesmo, cada. um. de. seus. membros
Steven... Disse ele, irritado.

E está vendo o que disse? Ela sempre se safa, de algum jeito ela sempre me ferra!
Sempre é culpa minha, ela me espanca, eu indefeso pela bebida e a culpa é minha!
Desgraçada!

Enfim, assenti pro Mestre e me levantei pra sair da sala.

- É bom você ir pra casa Steven, acho que já bebeu demais por hoje! Afirmou ele
quando eu estava na porta.

Mais uma vez eu quis matar a Hanna, porra, lá se foi a minha noite... Estava
apenas começando.
Agora vou ter que ir embora, não preciso de mais nenhum problema com o Mestre,
nenhum por que aquela academia é minha vida, eu adoro aquele lugar e não quero
dar motivos pra ser expulso.

Então vou ir embora, já que no estado em que meu rosto estava nenhuma garota
que não fosse cega ia me querer.

Tudo isso graças a Princesinha, quando eu pegar ela... Ah, quando eu pegar ela no
tatame... Ela vai se ver comigo!

Andei pela festa tentando procurar o Harry pra me levar embora, eu não ia arriscar
dirigir minha bela hornet e ir parar em alguma árvore... Era jovem e lindo demais
pra morrer.

Quando achei meu amigo ele estava agarrado a uma morena bem gostosa. Pena ela
não poder ir embora com a gente já que não cabíamos os três na moto, mas se
coubesse...

- Harry, preciso ir pra casa! Disse pra ele, mais enrolado do que em qualquer outro
momento.

Meu amigo me olhou, depois deu risada.

- Quanto você bebeu? Perguntou, já dispensando completamente a morena que


beijava.

Dei risada e passei o braço no pescoço dele pra andar melhor.

- Bastante! Disse, completamente embriagado e nós fomos andando pela quadra até
a minha moto.

Eu mal podia esperar por segunda feira, pra encontrar aquele projeto de lutadora e
dar a ela o que merecia por estragar minha noite.

Maluca! E depois, o errado sou eu!

 Maluquinha-Hanna:

Segunda-feira:

Estava na escola, passei o dia fugindo do meu pai, por que passei o fim de semana
todo o escutando falar merda pra mim.
Então quis apenas fugir dele e pra me ajudar a Alex faltou hoje, segundo ela o
primeiro dia não é importante e ninguém importante realmente vai no primeiro dia
de aula.

Mas, eu queria estar ali, era melhor que ficar em casa, já que meu pai me proibiu de
ir pra academia. Eu precisava respirar, mas se eu soubesse que só o Babaca e seu
fiel escudeiro viriam... Eu teria ficado em casa.

- Olha quem está ai! Disse ele, esbarrando em mim no corredor dos armários e
derrubando todos livros que tinha acabado de pegar.

Tinha como ele ser, mais... Infantil? Quando eramos crianças ele puxava as minhas
tranças, agora derruba os livros... Consegue ver quão maduro ele é? Tanto quanto
uma banana verde, difícil de engolir!

- Nossa, que maduro! Disse, baixinho, mais pra mim mesma que pra ele, me
abaixando pra pegar os livros.

Pra minha eterna surpresa ele abaixou do meu lado, mas só pra me irritar.

- Desculpa Princesinha, é que... Eu tô com um péssimo senso de direção já que uma


Maluca socou a minha cara sem motivo aparente! Disse ele, jogando todos os meus
livros no chão novamente.

- Vai se ferrar Steven! Cresce! Gritei pra ele, recolhendo rapidamente os livros do
chão.

Eu odeio, com todas as minhas forças esse garoto. Todo, todo mísero momento que
ele pode ele está me irritando. É um inferno!

Mas contando que não me toque como fez ontem eu consigo aguentar.

- Ah, por que ela age de maneira muito madura né? Disse ele, mas o ignorei,
completamente e comecei a andar.

***

O dia se arrastou, foi um dia muito chato eu deveria ter escutado a Alex e ficado em
casa por que a melhor parte do meu dia foi quando as aulas acabaram.

- Como foi seu dia? Perguntou meu pai, dirigindo nossa bela Ranger Xlt 4x4 preta,
eu amo esse carro.

Sorri pra ele, mesmo que não quisesse.


- Foi ótimo... Menti, por que tinha sido um porre, mas em que ia ajudar eu dizer isso
à ele?

- Você está indo pra academia? Perguntei, pra mudar o assunto.

Chad assentiu.

- Sim, vou anunciar que você não vai lutar semana que vem.

Abaixei a cabeça, me sentindo uma burra por cair na do Babaca e sair do sério, eu
queria lutar Merda, eu ainda quero! Mas, o Chad não vai deixar. Eu já implorei,
durante todo o fim de semana, não tem jeito.

- E por que estou indo com você?

Ele me deixou confusa pelo fato de estar me levando com ele, tinha dito pra eu ficar
longe de lá, ao menos durante os horários de treino.

Chad me olhou de lado quando parou no sinal.

- Por que a senhorita vai pedir desculpas ao Steven!

Balancei a cabeça várias vezes, rápido, por que eu não ia mesmo...

- De jeito nenhum, ele mereceu, me agarrou, será que você ouviu essa parte da
história?

Chad respirou fundo, uma respiração profunda, alta.

- Eu sei, sei dos seus problemas com toques desse tipo Hanna, mas o Steven não é
um mal rapaz, ele apenas é meio perdido...

Dei de ombros, por que por mais perdido que fosse ele não podia me tocar sem eu
permitir, simplesmente isso. E outra de perdido o Steven não tinha nada, só de
babaca mesmo.

- Ele é um idiota, Chad, não vou pedir desculpas! Disse, cruzando os braços.

Meu pai deu risada.

- Para de ser birrenta Hanna, apenas um aperto de mão e um cumprimento, vocês


treinam juntos, tem que haver harmonia!

Revirei os olhos, mas assenti, relutantemente.


- Tá pai, eu peço desculpas.

Foi a pior decisão que tomei.

- A Princesinha desceu do pedestal! Disse o Babaca enquanto eu socava o saco de


areia.

Estava impedida oficialmente de treinar, mas ao menos descontar minha raiva eu


podia, isto é claro, depois dos treinos. Já era pro Babaca ter ido embora daqui, mas
como ele é um idiota...

- Fala pra mim Princesinha foi muito difícil descer do pódio e assumir que estava
errada?

Soquei mais forte o saco de areia, querendo bater no Steven novamente, mas era por
que ele era um otário, ele sempre me irritou, a vida toda. Todos os anos que treina
aqui ele me provoca. E nunca fiz nada, nada pra ele me irritar, mas ele faz, por que
é um Babaca!

- Vem lutar comigo vem Princesinha? Disse ele, enquanto ia até o tatame, acenando
com as mãos.

Balancei a cabeça, o ignorando, completamente. Mas ele é irritante e insistente.

- Ah vamos querida, pego leve com você! Disse ele, acariciando o lado do rosto que eu
feri na sexta feira, ainda estava meio arroxeado.

- Quer que eu bata em você de novo Babaca? Perguntei, meio ofegante por socar
tantas vezes o saco de areia.

Estava até suando já...

O Steven me olhou do tatame, fazendo sinal de: Cai dentro com o dedo. E bom, meu
pai já não estava mais aqui e eu estava com vontade louca de mata-lo... Então.

- Você vai perder Princesinha... Disse ele, se mexendo no tatame.

Dei de ombros, calma, tranquila e bom... Nós lutamos.

 Babaca- Steven:

Estava em cima dela, a segurando com ambas as mãos firmemente os dois lados de
seu kimono.
Mas a garota não entregou a luta. Não até que cheguei mais perto dos seus olhos
verdes e da sua boca ofegante, ai ela entregou... Bateu as mãos no tatame, se
mexendo pra sair de perto de mim.

Ela... Você também sentiu isso? Isso que eu vi nos olhos dela enquanto me
aproximava, o jeito como ficou desconfortável?

Não? É coisa da minha cabeça né? Enfim, dane-se a Princesinha...

Tomei minha ducha, sem preocupação alguma com a Maluquinha até...

Que a vi saindo do banheiro feminino através do espelho.

Os banheiros ficavam um na frente do outro e mesmo que se esteja de costas, da


pra ver quem sai e como sai.

E a Hanna estava com um shortinho e uma blusa apertada... Uau, em todos esses
anos nunca parei pra reparar na beleza da Hanna, tinha meninas mais bonitas pra
eu reparar, e bem menos insuportáveis.

Mas, tenho que admitir, ela cresceu, ficou com um corpo bonito, aceitável, até que
ela era meio atraente... Se você gosta do tipo Maluca.

- Onde vai Princesinha? Perguntei, do banheiro masculino.

Ela não levantou o olhar, nem me respondeu, só deu de ombros enquanto


caminhava fazendo um rabo alto no cabelo.

Fui atrás dela, me enrolando em uma toalha, queria saber onde a Princesinha ia
vestida daquele jeito.

- É falta de respeito não responder às perguntas dos outros, sabia? Perguntei, atrás
dela.

Hanna me olhou, depois tampou os olhos gritando.

- Imbecil, está sem roupa?

Revirei os olhos pra ela e me aproximei.

- Estou, por que Princesinha o papai te proíbe de ver homens assim? Disse, mesmo
que fosse mentira estava de cueca.

Ela balançou a cabeça, virando de costas.


- Vai se ferrar Babaca! E não fale assim do meu pai, por que ele ainda é seu Mestre!

Ignorei completamente o aviso, o Mestre não precisava saber o que falo dele pelas
costas e é só pra provocar a Hanna. No fundo, eu admiro e muito o Mestre.

Mas, em vez de falar disso vamos forcar em outra coisa... Só eu que acho que
"babaca" pra ela é meu nome?

Ela saiu andando e eu não consegui descobrir onde ia... Onde ela ia? Vestida como
estava...

Hum, ela pode estar indo em três lugares: Se encontrar com um cara, que ia tirar
aquela roupa bem rápido, ou ir encontrar uma menina que ia fazer o papel de
homem neste caso, ou ela estava indo correr na praia que ficava ali perto da
academia... Difícil adivinhar pra onde a certinha estava indo né?

Me troquei bem rápido e sai pra correr atrás dela, pelo puro prazer de lhe estragar a
atividade.

 Maluquinha- Hanna:

Correr é outra pratica que adoro, quando eu treino amo vir pra praia e correr na
areia depois, tomar banho de mar, faz você se sentir revigorado, melhor que a ducha
na academia e correr também me faz esquecer de tudo.

Já comentei com você que a nossa academia também ensina Judô?

Não? Pois é, a gente treina pra várias competições e a que eu iria na semana que
vem era de judô.

Mas, estou de castigo e pra piorar meu pai vai me fazer ir assistir a competição do
resto da academia como a menina da garrafa de água, posso com isso?

Quando eu disse que a vida era um jogo chato, estava falando muito sério. Só não
imaginei que meu jogo fosse dar game over antes de eu se quer começar a jogar.

Enfim, fazer o que? Começar de novo, lembra? Quando eu voltar a treinar vai ser a
sério e eu não vou deixar nada...

- Ei, olha por anda! Gritei pra um cara que estava correndo e esbarrou em mim.

Te pago dez dolares se adivinhar quem era...


Ele mesmo! O Bacaba.

- Foi mal querida, machucou? Perguntou ele, tirando o fone de ouvido e andando de
volta até mim.

Dei de ombr

os, não doeu, não de verdade. Voltei a correr, e ele me seguiu do meu lado.

- Sabe Maluquinha? Você deveria criar mais educação, do jeito como o Mestre te
coloca em podium todos os dias na academia você deveria ter mais respeito pelos
outros...

O ignorei, completamente, continuei correndo, sentindo a areia afundar nos meus


pés e o suor escorrer pelo meu rosto.

- Sinceramente, você é muito mal educada!

Já comentei que recentemente este projeto de homem tem me perseguido mais? Eu


não consigo entender qual o problema dele comigo... Mas enfim, continuei
ignorando.

- Você se acha muito garota! Disse, do meu lado... Continuei a ignorar...

- Já se deu conta de que te venci hoje?

Ok, agora ele atingiu um lugar que eu não gosto, não do modo como ele falou, parei
de correr.

- Me venceu? Perguntei, meio ofegante pela corrida.

Steven assentiu, estava pingando suor também.

- Venci querida, você... O interrompi.

- Eu entreguei a luta Steven, estava cansada de ficar perto de você, de respirar o


mesmo ar que o seu, então entreguei... Isso não significa que você venceu por que é
bom, significa apenas que dei a você a vitória!

Ele balançou a cabeça.

- Custa assumir que perdeu pra mim Princesinha? Não doí, doeu me pedir
desculpas?

- Vai se ferrar!
Steven riu.

- Ui, como você se irrita fácil, é só dizer, é indolor...

Respirei fundo, e se precisava fazer isso pra me livrar deste estorvo vou dizer, ele
me ganhar não significa grande coisa mesmo. Nós não competimos um contra o
outro, não oficialmente.

- Tá, você me venceu... Satisfeito?

Ele riu, assentindo e voltei a correr, achando que teria paz... Mas...

- Sabe... Você... Ele estava ofegando enquanto corríamos.

- É muito chata!

Dei uma risada debochada.

- Falou a pessoa que é um máximo!

- Obrigado pelo elogio Princesinha...

- Vá à Merda Steven! Gritei pra ele, me sentindo cansada.

Eu só quero que ele morra, é pedir demais, que um raio caia em cima dele ou
qualquer outro tipo de morte?

Sei que você está se perguntando quando exatamente passei a odia-lo, mas não
tenho resposta.

Acho que foi ao longo dos anos, e dos pódios, apesar de pertencemos à mesma
academia quando há competição todos nós queremos subir ao pódio e uma, ou duas
vezes ao longo desses anos ele ficou em primeiro, lambendo meu pai quando isso
acontece.

Sei lá, acho que o simples fato dele viver puxando o saco do Mestre, como ele diz, me
irrita.

Seu jeito prepotente de ser, como se não tivesse nenhuma dúvida ou nenhum
problema... Sempre está de bem com a vida, rindo, me irritando, nunca tem um
motivo ou um dia bad, sabe? Aqueles dias de depressão... Nunca o vi assim, mesmo
quando suas notas estão no buraco ou quando ele tá todo ferrado na diretoria por
que aprontou alguma ele está sorrindo, presunçoso como se a vida fosse apenas uma
brincadeira pra ele.
Isso me irrita, muito, parece que o Steven não tem medo nenhum e eu tenho tantos
que chego a me assustar com como eu me assusto fácil, qualquer coisa simples pra
mim pode se tornar um... Uma coisa imensa.

Mas o Steven não, ele tem uma família, tem condições certas de vida, sabe pra onde
vai... Eu... Eu só queria ter a confiança dele.

Não o venço em muitas áreas fora do tatame, a gente vive competindo em notas
maiores e os maiores bonos da sala. Mas as vezes, ele leva a melhor. E fica como
está hoje, presunçoso, convencido e me irritando!

Ele é indisciplinado, inconsequente, completamente criança e ainda assim, o mundo


baba no Steven, mesmo quando ele fica no segundo lugar nas competições, o que
acontece muito, por que ele sempre perde pra mim o público o adora, ele é bonito,
encantador. E popular... Principalmente entre as meninas.

Esse tipo de gente me irrita profundamente. Então pode-se dizer que é por isso que
odeio o Steven: Ele é uma pessoa superficialmente perfeita e vazia, oca, esse tipo de
gente me dá asco. E é isso que sinto por ele: Desprezo, raiva, nojo.... Mas tenho que
admitir, que no fundo há um pouco de inveja.

Ele não é danificado, e eu invejo isso.

- Nossa Princesinha, assim você me magoa... Disse ele, com falso ar de ofendido.

Dei de ombros, o ignorando. E pra minha sorte ele também, correu na direção oposta
da minha.

Babaca- Steven.

Claro que eu tinha mais o que fazer do que ficar ali correndo atrás da Maluquinha.

Sério, estávamos na praia, mulheres com o mínimo de roupa, você realmente achou
que eu ia ficar correndo atrás da Hanna? Sonha querida, sonha.

Tá, eu fui tomar uma água de coco, e estava pronto pra voltar pra academia e pegar
as minhas coisas por que o sol já ia se por, quando vi a Princesinha...

Ou melhor, a Princesinha beijando um cara.

E que beijo... Fiquei chocado, completamente chocado. Como ela... Como assim? Ela
beija? Achei que fosse uma Madre, ou que estivesse treinando pro convento.
Mas, ao que parece não. Foi O beijo... Acho que nem eu beijei uma menina do jeito
como o Cara a estava beijando, mentira, não foi pra tanto, mas mesmo assim me
deixou de boca aberta que ela beije.

Bom, ao menos agora, eu tenho uma arma a mais pra provoca-la...

Veja o sorriso do Curinga estampado no meu rosto, veja a lâmpada que se ascendeu
sobre a minha cabeça, veja as engrenagens do meu cérebro trabalhando pra ferrar
com a vida dela... Conseguiu ver?

Pois é querida, eu também!

Caminhei calmamente com meu coco de volta pra academia e fiquei esperando a
Princesinha lá... Algo me diz, não sei o que, mas algo me dizia que o Mestre não
sabia que ela andava se comendo com um Cara na praia... Então, resolvi tirar a
prova.

 Maluquinha-Hanna:

- Eu não queria ter ir Hanna... Disse o Lewin.

Quem é ele? Ah, ele é meio que um amigo. Nós não temos nada sério, mas eu gosto
dele.

Ele é uns anos, uns bons anos mais velho que eu. Está na faculdade e estava hoje,
neste momento se despedindo de mim.

- Eu sei Le, mas é sua grande chance... Disse, por que era mesmo.

Ele recebeu uma bolsa pra Harvard, ele não podia em hipótese alguma perder esta
chance. É tudo que todo mundo sonha, principalmente ele que é quase um gênio.

Lewin sorriu pra mim, me dando um beijo na testa.

Ele era carinhoso, atencioso e pediu várias vezes pra leva-lo para conhecer meu pai,
mas não acho que o Chad ia gostar de eu estar saindo com um cara mais velho. E
fora isso o Le é mais... Eu nem sei o que a gente tem.

Não sou apaixonada por ele, quer dizer, não como as meninas dizem... Como a Alex
me conta sobre suas relações. Ele me beija e é isso. Quer dizer, não há aquele frio na
barriga, nem mãos suando, nada disso.
Eu sinceramente nem sei por que comecei a ficar com o Lewin, foi estranho quando
a gente ficou.

Conheci ele aqui na praia, estava correndo e acabei por tropeçar nele lendo na areia.
Ai a gente começou a conversar e tal... E um dia rolou, ele me beijou, mas eu sabia
que ia fazer isso, na verdade estava esperando por isso, por que a Alex diz que eu
preciso sair com alguém, que sou estranha.

Então me envolvi com alguém apenas pra... Deixa-la mais calma. Não que eu não
gostasse do Lewin, eu gosto... Ele é super atencioso, carinhoso e todo fofo comigo, me
respeita como ninguém, mas... Não o amo.

Quer dizer, ninguém realmente sabe o que é o amor, mas eu sei que o sinto por ele é
carinho, não paixão... Não tesão, não desejo, é apenas carinho... Que é refletido nos
beijos, só isso, nada mais.

Ele estava me levando de volta pra academia, me segurando pela cintura e eu


sempre me divirto com ele. Gosto dele por perto, mas não é o relacionamento que eu
imagino sabe?

Eu sou aquela menina boba lembra? Sonho com uma coisa forte, como o amor entre
o Edward e a Bella que se amaram acima de todas as circunstâncias, sonho com
uma coisa... Nem sei explicar, mas acho que o amor pra mim, ou melhor, a paixão,
seria algo que apenas de olhar pra pessoa te ascende algo, é alguém que te encanta
e de todas as formas te possui.

Para mim o amor acontece por causa da paixão, entende? É como hera, vai te
envolvendo devagar, chegando de mansinho e quando você vê já te possuiu de corpo
e alma, e isto é o amor pra mim.

Eu nunca me apaixonei, mas acho que sabemos quando essas coisas acontecem.
Então, eu gosto do Lewin, mas não sou realmente apaixonada por ele.

- Você vai esperar por mim? Perguntou ele, me beijando o topo da cabeça.

E tive que responder, por que era o que eu pensava.

- Não acho que a gente deva entrar nessa Lewin, sabe? O mundo é grande, Harvard
também... Você vai conhecer outras garotas, garotas mais interessantes do que eu,
com os mesmos pensamentos que você e não vai ser bom nem pra mim, nem pra
você estar preso neste relacionamento...
Ele riu, puxando meu queixo pra olha-lo.

- Você é incrivelmente madura pra sua idade Hanna... Meninas geralmente não
pensam assim, tem a coisa do amor, do primeiro amor e tal...

Quase disse pra ele naquele instante que eu não era apaixonada por ele... Mas,
achei melhor não.

Então apenas sorri com o elogio e deixei ele me conduzir pela orla da praia pra me
levar de volta à academia.

Não houve mais conversas, só beijos... Beijos carinhosos, nada que valha a pena
narrar.

Mas o que queria contar pra você é que nunca rolou nada sabe? Nada... "Normal"
entre eu e o Lewin...

Quando digo normal quero dizer, que nunca fui pra cama com ele. Nem com
ninguém. Eu nunca senti que deveria e nunca... Tenho medo de surtar se isto
acontecer.

E como tenho vergonha dos meus surtos eu não quero mexer nisso. A Alex diz que
eu deveria tentar ser normal... Deixar as coisas rolarem, mas... Não consigo, tenho
medo, sou uma medrosa incurável.

Como foi que fiquei assim? Ah, bom eu...

- Você foi a melhor amiga que já tive Hanna... Disse ele, me acordando dos meus
pensamentos.

E está vendo o que disse? Nada sério. Pra ele também não era nada serio, apenas
uma amizade colorida. E acabei por sorrir com isso.

- Você também! Disse, o abraçando e ficamos apenas naquilo, estas palavras eram
nossa despedida.

No fim, ele me deu mais beijo, e disse que me manda fotos de como é a Universidade
e coisas do gênero. Coisas as quais eu ignorei, por que simplesmente não ia rolar...
Sabe? Essa coisa chamada distância, foi feita pra fazer as coisas ficarem mais...
Distantes.

Eu sei, meio óbvio, mas é isso mesmo. A gente insiste que a distância é algo que nos
aproxima, mas, sério, quem, quem você conhece que não era assim um grande amor,
ou uma grande amizade que voltou a responder suas mensagens ou seus emails com
frequência?

É uma questão de raciocínio: A distância aproxima pessoas que já eram muito,


muito próximas e que se amam realmente, caso o contrário ela apenas faz sua
função e distancia...

E bom, como eu e o Lewin não eramos assim, com o tempo eu sabia que ele ia sumir,
até por que ia conhecer gente nova. Cá entre nós, talvez isto fosse melhor pra nós
dois.

Enfim, sabe aquela sensação de que algo está errado, aquela que geralmente temos
quando encontra um animal perigoso? Pois é, foi essa a sensação que tive quando vi
o Steven sentado em posição de meditação no centro do tatame.

Naquele momento eu soube... Soube que a minha vida iria pro ralo, só não quis
assumir.

Ele não abriu um olho quando passei perto dele, então achei que de repente
estivesse mesmo apenas meditando, mas ele me puxou pelo pé e cai no tatame.
Institivamente, como somos ensinados na academia me preparei pra lutar, por que
era uma ameaça.

Tentei me soltar dele e consegui. Quando fiquei de pé gritei bem alto.

- Qual é o seu problema?! Gritei, exasperada.

Por que ele gosta de me assustar? Eu tenho medo que as pessoas façam mal pra
mim, por que ele gosta de fazer isso? De me deixar com esse medo enorme que me
atingiu agora?

Meu coração batia rápido, e eu sabia que ia acabar surtando, ou tendo pesadelos. Eu
odeio que façam isso. Quando estou lutando, eu estou preparada pra que as pessoas
me toquem, mas... Quando ele me pega assim, de surpresa, me sinto... Isso me deixa
mal.

Respirei fundo enquanto o olhava, me controlando pra não chorar, ou não surtar na
frente dele. Eu não podia mostrar fraqueza, não podia chorar na frente deste merda!

- O meu problema? Perguntou ele, se levantando.

Ele se aproximou de mim, graças a Deus não me tocou, mas mesmo assim fiquei
meio receosa de que pudesse faze-lo.
- Não tenho problema algum Princesinha, apenas precisava conversar com você...
Por que? Não posso? Perguntou ele, numa voz falsa de desentendimento.

As vezes eu acho que ele sabe de tudo o que aconteceu comigo e só me provoca por
que é um lixo de pessoa e gosta de me ver mal.

- O que você quer? Perguntei, minha voz soou normal, raivosa como o normal, mas
eu estava mal por dentro. Meu coração ainda batia forte no peito e eu me forçava a
acalma-lo.

Steven riu, andando calmamente no tatame.

- Hum, escutei boatos por ai de que você anda se envolvendo com garotos mais
velhos... Verdade? Perguntou, com aquela cara de cínico que sempre me dá vontade
de arrancar fio por fio dos seus cabelos.

Respirei fundo, por que precisava manter a calma e precisava que ele acreditasse
que meu pai sabia sobre o Lewin por que se o Chad soubesse que eu andei saindo as
escondidas dele este tempo todo, estou morta!

- E daí? Falei, completamente indiferente.

Ele riu.

- E daí que achei que você fosse a santinha... A Princesinha do Mestre... Disse,
apontando pra mim como se eu fosse a maior vergonha da história.

Sério? O Steven, este lixo de pessoa está me dando lição de moral só por que eu
estava beijando alguém? E sobre as atividades extra curriculares dele com as
meninas da escola? Por que eu sair com alguém é errado?

Fiquei furiosa, quase a ponto pular no pescoço dele e lhe arrancar a jugular, mas me
controlei.

- Não entendi onde você quer chegar com isso Steven...

Ele riu, um sorriso diabólico.

- Ah querida, onde quero chegar? Perguntou, e eu assenti, percebi que estávamos os


dois andando em círculos no tatame, como se estivéssemos prontos pra luta. Talvez,
estivéssemos mesmo.

- Bom, quero chegar que... O Mestre sabe?


Respondi automaticamente, uma mentira, mas foi automático, pra provar meu
argumento.

- Claro que ele sabe! Disse, dando de ombros.

Steven riu, e eu odeio ve-lo rir de mim, me dá vontade de mata-lo!

- Jura? Bom, então você não vai se importar quando eu for conversar com ele sobre a
minha preocupação com você... Quer dizer, você pode estar sofrendo abusos e...

Sabe aquele soco perfeito? Bom, este foi o soco que dei na cara do Steven, pegou ele
tão de surpresa que sua boca se abriu em um "O" perfeito. Seus olhos estavam tão
arregalados que me lembrava ao Bee Movie.

O pensamento me fez querer sorrir, mas eu estava brava com ele. Irritada demais,
como ele pode falar sobre abusos comigo? Como ele pode dizer essas coisas? Isto doí
em mim!

- Me bateu por que o Mestre não sabe né? Perguntou ele, secando o pequeno filete de
sangue que escorreu da sua boca.

Estamos acostumados com isso, então não acho que o soco doeu no Steven, mas acho
que ele ficou surpreso por que assim como eu não esperava ser puxada pelo pé, ele
também não esperava ser socado. Mas no fim, não importa se doía nele ou não, o
que importava era que estava doendo em mim! Eu estava com dor por dentro, só
queria ir pra casa.

- Isto não é da sua conta! Disse, revoltada, me retirando de perto dele.

O Babaca não conhece limites, ele não sabe que as pessoas tem dores e que as coisas
que diz vão machucar os outros, ou talvez até tenha, só finge que não pra poder ficar
se passando de inocente. Odeio isso. E ódio é mais forte que a dor em mim, então
foco nele enquanto pego minhas coisas no banheiro pra ir embora.

Quando voltei pra fora ele socava desesperadamente um saco de areia, mas parou,
pareceu perceber que eu estava ali.

Fiz de tudo pra ignora-lo enquanto recolhia meu chinelo, mas...

- Vou contar ao Mestre Princesinha, você vai ter problemas! Avisou ele, rindo pra
mim.

Minha vontade era espanca-lo, sabe? Quebra-lo em pedaços.


Por que ele não pode simplesmente me deixar em paz? O que fiz de ruim pra ele pra
ele me fazer todo o mal que faz? Pra trazer essas coisas do passado de volta...

- Por que vai contar à ele? O que ganha com isso? Perguntei, cruzando os braços.

Steven deu ombros.

- Ganho o prazer de ver você mal com o Mestre, ou melhor, de te ver de castigo da
academia...

Acabei por gritar com ele, por que me irritei com a postura superior e mesquinha do
Babaca.

- Você é o homem mais fraco que conheço em todo o mundo! Já percebeu isso?!
Perguntei, aos berros.

Pela primeira vez em anos, o vi abalado... Isto me deu forças e paciência pra
continuar o meu discurso.

- Você luta e luta e luta e continua perdendo pra mim! Por que é fraco, por que não
tem a merda de força de vontade, ou força em si mesmo pra acreditar que pode fazer
as coisas sem precisar me derrubar, sem precisar me ferrar pra isso... Você acha que
me ferrando vai conseguir ser forte, mas eis a verdade Steven:

- Você é fraco, covarde e pra esse tipo de coisa não tem concerto, pode lutar e ferrar
com as minha vida o quanto quiser, mas ainda vai continuar sendo fraco! Gritei,
sentindo a raiva contida em anos na minha vida escorrer pelas minhas palavras.

Ele olhou pra mim, e em um momento parecia afetado, no outro enfurecido...

Me segurou pelos braços, me surpreendendo novamente. Meu sangue esquentou e


eu queria bater nele, mas nunca o vi tão descontrolado como estava, das duas uma:
Ou ele ia me quebrar, ou ia acabar com meu psicológico. Não sei qual das duas
opções me doía mais.

- Nunca mais na sua vida repete isso! Gritou ele, me fazendo tremer, e cada vez ele
apertava mais meus braços, estava doendo.

- Se você não fosse fraco, não estaria fazendo o que esta fazendo... Disse, lutando pra
me soltar dele mas nunca me senti tão impotente, não contra ele pelo menos.

Ele estava realmente me segurando forte, me machucando de verdade.

- E o que eu estou fazendo? Perguntou ele, me olhando com ódio, furia no olhar.
Ok, talvez eu tenha pegado pesado demais no meu discurso.

- Esta me machucando! Me solta! Gritei pra ele, me mexendo pra que me soltasse.

Ele riu.

- Não sou tão fraco quanto pareço... Disse, me apertando os braços novamente.

- Você é uma menininha que acha que pode tudo, mas não pode... Se eu sou fraco,
você também é... Disse ele me soltando de forma violenta.

Nunca vi o Babaca assim, nunca senti muita dor quando ele me batia no tatame...
Não sei o que, ou como, mas minhas palavras devem te-lo afetado...

Ele recolheu suas coisas rapidamente e saiu porta à fora.

Engoli em seco, respirando fundo antes de começar a andar e trancar o lugar.

Babaca- Steven.

Eu precisava beber, precisava fugir pra qualquer lugar... Qualquer um.

Entrei rápido em casa, subindo como um foguete pro meu quarto pra pegar a chave
da minha moto.

Quando desci minha mãe estava na cozinha, que ótimo!

- Onde vai filho? Perguntou, toda delicada... Olhei pra ela por um momento e tudo o
que vi foi o sangue, foi a dor, foi a fraqueza.

Eu não ia conseguir ficar ali. Então não respondi, apenas passei correndo pela porta
montando na minha Hornet e voando com ela pra qualquer lugar longe.

Faz um bom tempo, desde que era criança que eu não bato em ninguém por que sou
imprudente ou por que estou com raiva. Na verdade, isto é mentira, mas sempre
saio da cidade quando isto acontece.

Só que naquele dia eu perdi o rumo, quando estacionei a moto em um bar de beira
de estrada tudo o que fiz foi caçar uma briga, eu queria bater, socar, e ferrar com
qualquer homem que eu pudesse.

Eu conseguia ouvir aquela maldita menina gritando pra mim: Fraco, fraco, fraco... E
junto com ela outras vozes, as vozes daqueles homens, a memória deles rindo da
minha cara por que nunca fui forte suficiente pra enfrenta-los, pra proteger à mim e
a minha mãe... Eu era fraco, mas não sou mais! Não sou, não posso ser! Não posso
ser fraco! Não quero ser fraco, ser impotente, ser machucado ou deixar que
machuquem quem amo.

Bati em muitos caras, muitos mesmo e eles mal me tocaram, eu estava sóbrio
então... Sabia como lutar.

Mas tive que correr do bar antes que a polícia chegasse, eu já tinha muitos
problemas, não precisava de mais esse.

Qual o meu problema? A fraqueza, a impotência... Ver alguém que você ama sofrer e
estar completamente impotente, este é meu problema. Eu ODEIO ser fraco! Odeio
isso.

E aquela vadiazinha me dizer isso hoje... Isso... Mexe comigo.

Eu não sou fraco! Não sou fraco! Grito pra mim mesmo, dentro da minha mente
enquanto dirijo a toda velocidade de volta pra cidade.

Sim, eu já fiz isso antes. Fugi de casa, da cidade só pra bater em alguém, só pra
descontar a raiva. Eu preciso disso, queria poder não precisar, mas preciso.

Eu preciso da adrenalina de dirigir a quase 240 km/h pra me manter firme, preciso
da sensação de bater em alguém pra me manter firme, pra me manter sem chorar

por que tudo o que não quero é esta demonstração de fraqueza, ainda mais pelo que
uma pessoa como a Maluquinha disse.

Ela é fútil! Teve tudo, o Mestre deu tudo à ela, ela não sabe como é ser como eu...
Ter passado o que passei, ser fraco como eu fui!

Eu preciso parar de pensar! Cada vez que penso nela, nas palavras dela, isso me
deixa louco. Louco de vontade de arrebentar em lágrimas. Não posso e não vou
arrebentar deste jeito.

Então quando voltei pra cidade o primeiro lugar pra qual fui foi uma boate, uma
qualquer nem sei o nome, tudo o que precisava era bebida...

E eu bebi, muito... Sabia que não deveria dirigir no estado em que fiquei, mas eu
precisava ir pra casa e não tinha trazido o celular pra alguém lembrar do fraco e vir
me socorrer, fora isso eu não precisava de socorro era forte suficiente pra voltar pra
casa.
Então subi na moto, dirigi rápido no começo, mas como enxergava dois de tudo achei
melhor pegar leve... Mesmo assim, com esta minha decisão, acabei caindo da moto,
me ralei inteiro.

Sorte a minha que já estava perto de casa. Então levantei meu bebê e andei até em
casa, mesmo arrebentado, bêbado e tudo mais que eu pudesse estar, eu tinha força
pra chegar em casa.

Tudo bem que já devia passar das duas da manhã, mas ao menos eu estava em
casa... Inteiro, ou quase isso.

- Meu Deus Steven! Gritou minha mãe assim que viu...

A ignorei, completamente, por que se sou doente, se sou fraco a culpa é dela!

- Steven, não me ignore! Disse ela, aos gritos comigo enquanto eu andava
cambaleante escada à cima.

A olhei por um momento, por um breve momento e senti vontade de morrer.

Eu não precisaria ser forte se ela não tivesse sido tão irresponsável, se tivesse
cuidado de mim direito eu estaria bem, não estaria neste estado.

- O que está acontecendo com você?! Gritou ela, em meio a lágrimas...

Que lindo! Ela ainda tinha lágrimas... Só gostaria de saber onde elas estavam
quando eu realmente precisava delas.

- O que está acontecendo comigo mãe? Perguntei, completamente embriagado, então


imagina como minha voz saiu enrolada.

- Eu estou bêbado, por que sou fraco demais pra me manter sóbrio, fraco demais pra
ver você abrir as pernas pra qualquer um e te proteger... Mas não se preocupe-
Levantei as mãos pra demonstrar que ela não precisava se preocupar e quase cai do
degrau, mas me mantive forte, irônico não?

- Eu vou ficar bem, fraco, uma bosta de um fraco, um bastardo inútil, mas bem
mamãe... Disse e voltei a subir as escadas novamente.

Acho que não a vi mais decepcionada e culpada em toda a minha vida pelo breve
instante em que a olhei quando estava fazendo o discurso. Mas isto é bom, é bom
pra... Nem sei, só sei que quero apagar, e se possível não acordar mais como o fraco
fodido que sou.
Maluquinha- Hanna.

Quando o vi na escola aquele dia, depois da nossa briga na academia sabia que ele
não estava nada bem. O que me partes me deixou satisfeita, por que eu mal dormi à
noite com meus pesadelos e a culpa era dele!

O braço dele estava ralado e o único momento em que o vi ele estava com meu pai,
que passou os braços pelo ombro dele.

Tentei imaginar o que poderia ter acontecido mas nada me vinha na cabeça, nada
mesmo.

Só que mais tarde naquele mesmo dia o diretor me chamou na sua sala.

Eu sabia, ou senti que isto não era bom, mas sério nunca imaginei que o Babaca
estaria lá também.

- Senta Hanna, a gente precisa conversar... Disse o Diretor Halley, depois de todos
esses anos ele mantem o ar sereno, calmo e ao mesmo tempo autoritário de sempre.

Sentei, do lado do Steven. Que deveria ter uma postura mais tensa na presença do
Diretor, por que eu fiquei assim, mas não, ele estava largado na cadeira como se
apenas estivesse conversando com um amigo.

Me perguntei como ele faz isso, como consegue ficar indiferente estando na
presença de alguém que pode ferrar com a sua vida, como ele consegue isso?

- Vocês dois estão aqui, por que... Bom, vocês tiveram problemas recentes certo?
Fora da escola?

Olhei pro Steven, que apenas assentiu pro diretor, como se estivesse cansado.

Halley olhou pra mim, e assenti também, de maneira tímida, completamente oposta
à do Steven. Ele parecia estar numa conversa normal e cansativa. Já pra mim era
uma conversa muito inesperada.

Eu não fazia a mínima ideia do por que o Diretor me chamou aqui. Mas, ele ia me
explicar, mais cedo do que imaginei.

- Bom, o caso é: Vocês precisam para com esta atitude hostil, isso demonstra
infantilidade de ambas as partes, fora que apresenta um quadro grave de carência e
vontade de chamar atenção...
Olhei de relance pro Steven que continuava do mesmo jeito, olhando pro Diretor
indiferente, e cansado. Ele parecia acabado, o braço ralado... O que aconteceu com
ele?

- ...Então, sendo assim, os dois vão fazer trabalhos voluntários e escolares juntos...
Isto atraiu a minha atenção e olhei diretamente Diretor, que também parecia
cansado.

Tanto eu, quando o Steven concordamos nessa parte e falamos juntos.

- De jeito nenhum! Dissemos, e olhamos um pro outro como se nem nos


conhecêssemos.

O Diretor respirou fundo, e fez uma breve massagem nas têmporas com os dedos.

- Sabe meninos? Eu estou cansado e não quero discussões sobre isso... É uma regra,
daqui pra frente, todos os trabalhos que os dois tiverem que fazer vão fazer juntos e
também farão trabalhos voluntários após a aula...

Olhei incrédula pro Halley, como assim?!!!

- Por que Diretor? Perguntei, quase de maneira involuntária.

O Diretor olhou pra mim, com cara de mal.

- Eu não estou contestado o por que vocês vivem brigando Senhorita Hanna,
portanto, não me conteste também... Repreendeu ele, me fazendo encolher na
cadeira.

Olhei de soslaio pro Steven, que estava com a mesma cara incrédula que a minha. E
desgostosa também por assim dizer.

- Apenas basta aos dois saberem que os pais de vocês acham isto o melhor por dois...
Quanto mais vocês conviverem e menos brigarem eu posso diminuir o castigo e só
pra constar, vocês terão em breve um trabalho pra fazer meninos, espero que fique
tudo bem, por que se as notas caírem, ou se os dois se recusarem a fazer o trabalho
eu vou aumentar este castigo pra durante as férias, feriados e fins de semana
também...

Neste momento, dei risada, por que...

- Você não pode fazer isso, isto seria abuso de poder! Afirmei, cruzando os braços.

O Diretor olhou pra mim, com um sorriso diabólico nos lábios.


- Na verdade Senhoria Hanna, eu posso sim! Você está correta quanto ao abuso de
poder, mas não se enquadra em abuso de poder quando seus pais estão cientes e me
permitindo que eu faça isso...

Desta vez o Steven respondeu o que eu mesma estava pensando.

- Não acredito que minha mãe fez isso comigo... Disse, apesar de parecer ter sido
mais pra ele, do que pro Diretor, mas mesmo assim o Halley riu e colocou as mãos
entrelaçadas sobre a mesa.

- É, mas ela fez, inclusive os pais dos dois fizeram, portanto senhores, estão,
digamos... Ele parou, pareceu pensar por um momento na palavra certa. Depois
sorriu.

- De castigo. Disse, rindo.

Obviamente tanto eu quanto o Steven ficamos parados, olhando a postura do


Diretor que voltou ao normal momentos depois de sua pequena crise.

- O que os dois estão esperando? Vamos... Podem ir embora e aguardem o trabalho


de vocês, espero que se dêem bem, pra variar...

Fui a primeira a levantar,por que simplesmente estava incrédula. Esta é a primeira


vez que recebia um castigo de um Diretor, do Diretor Halley! Como isso aconteceu?

Sabe, eu estava determinada a lutar este ano, até por que é o último ano, mas, poxa,
tá difícil lutar deste jeito.

Por que meu pai resolveu deixar isso acontecer? Por que? Eu odeio o Steven, e agora
vou ter que passar mais tempo com ele? Ter que vir a trabalhos voluntários?

Como foi que cheguei tão ao fundo do posso deste jeito? Vou perder uma das minhas
principais lutas, minha faixa preta, e agora tenho que fazer meus trabalhos e
trabalhos extras presa com este infeliz! Que ódio!

- Como pode fazer isso comigo? Perguntei ao Steven que me olhou incrédulo.

- Eu fiz isso com você? Fala sério garota, me ouviu falar alguma coisa lá dentro?
Rebateu ele, me olhando de cima a baixo.

Ok, pensando bem a culpa não é dele, mas pensando melhor a culpa era sim por que
se este ser infeliz não tivesse me feito bater nele aquela noite do baile eu estaria
bem, meu jogo ainda estaria apenas começando, mas não... Ele tinha que acabar
com tudo. Tinha que mexer comigo...

- É tudo culpa sua! Se você não fosse... Não continuei, por que ele se aproximou, me
pegando pelos pulsos.

- Presta atenção... Disse ele, prendendo meus braços acima da cabeça.

Óbvio que lutei pra me soltar, mas este merda estava ficando incrivelmente mais
forte que eu.

- Eu não quero ficar perto de você Princesinha, não quero te olhar, te ver, sentir seu
perfume... Mas, não vai ter jeito, vou ter que fazer tudo isso por que não quero mais
problemas com o Diretor... Então, me faz um favor? E fica quieta pra eu gostar mais
de você!

Ai, esta realmente doeu... Ele saiu de perto de mim assim que acabou a fala me
deixando completamente... Nem sei, só sei que ele sempre foi grosso, sempre foi
babaca, mas nunca a este ponto.

Quer saber? Não vou mais pensar neste idiota... Ele, nem vale a pena falar dele...

Me encaminhei pra sala de aula, me sentindo meio trash sobre ter que fazer as
coisas juntos com o Steven, mas meu pai ia me ouvir, ah, ele ia!

***

Ótimo! Isto foi proposital! Tenho certeza que foi...

Adivinha quem nos deu um trabalho pra fazer?

Minha professora de química! Passei a odia-la um pouco mais naquele momento.

Teríamos no mínimo duas semanas pra fazer a merda do trabalho dela, que nem era
sobre nada deste ano apenas uma "retomada" de assunto do ano anterior. Ela quer
que façamos o trabalho e o apresentemos pra sala.

Completamente desnecessário? Também acho, por isto acho que isto só pode ser
coisa do Diretor.

Por que merda de motivo eu preciso ficar perto do Steven?

- Hanna, a gente pode fazer juntas né amor? Perguntou a Alex enquanto íamos até
os armários.
As aulas tinham acabado, a última foi a de Química com esta notícia maravilhosa.

Olhei pra ela, que estava no armário ao meu lado. Respirei fundo pra responder por
que aquilo era o fim do mundo.

- Não posso Lex, tenho que fazer com o Steven...

Quando o nome do Babaca saiu da minha boca, a Alex deu um grito tão grande que
tenho certeza que qualquer pessoa na China ouviu.

- O que?!!! Gritou a minha melhor amiga, completamente incrédula.

- Como assim Hanna?! Perguntou ela em um tom mais baixo, por que todo mundo
no corredor nos olhava.

Abaxei a cabeça, respirando fundo.

- Pois é, o Diretor me chamou na sala dele, lembra? Comecei, enquanto a gente


caminhava pra ir ao estacionamento da escola.

A Alex assentiu e ouviu tudo pra depois de despejar.

- Que merda! Como seu pai fez isso com você?

Dei de ombros, por que eu realmente estava cansada, cansada de pensar, cansada
de imaginar por que eu simplesmente estava no limite.

Sabe? Eu falei sobre a vida ser um jogo chato, mas sinceramente eu não estava mais
com vontade de jogar. Eu lutei tanto, tanto pra... Vencer meus medos, pra começar
este ano de um jeito legal, pra curtir tudo dele e agora estou presa ao Babaca
durante boa parte dele.

Por que ele simplesmente não me deixa em paz? Sério, o que eu fiz pra ele me odiar
tanto? Por que se bem me lembro, quem puxava minhas tranças e me provocava
quando eu era criança e usava óculos, era ele.

Ele que vivia me chamando de Nerd, e coisas sem graça como quatro olhos. Então
por que ele simplesmente não me deixa quieta?

Eu sempre fui isolada, nunca pedi pra ser diferente, ou popular, ou pra todo mundo
me amar ou ter medo de mim... Mas o Steven desde pequeno é assim, ele é o centro
das atenções das meninas, todas acham ele perfeito, apesar de que algumas
acharem ele um babaca, mas ainda assim pra elas ele não deixa de ser perfeito. E
entre os meninos é a mesma coisa, eles falam mal do Steven, mas falam.
O que quero dizer é que ele tem tudo o que alguém da nossa idade pode querer.
Popularidade, beleza, carisma... O que mais ele quer? Por que tem que mexer
comigo que sempre fiquei na minha.

Nunca me destaquei em nada na escola, apenas na parte das minhas notas, mas
ninguém na nossa idade quer ser um Nerd, então por que? Só por que eu ganho dele
na academia? É isso?

- ... E amanhã eu ligo... Foi a voz da Alex que me acordou dos meus pensamentos.

Olhei pra ela, completamente confusa, o que a fez rir.

- Não estava me ouvindo né?

Balancei a cabeça, por que não escutei uma palavra do que ela disse.

Alex sorriu, se encostando no carro do meu pai.

- Eu disse que amanhã vou fazer uma audição pro clube de teatro, e que vou te ligar
pra vir comigo...

Balancei a cabeça.

- Não, de jeito nenhum, não levo jeito pra teatro Lex... Estou bem como estou, a
academia é minha atividade extra curricular.

Alex respirou fundo, mas assentiu.

- Tá legal, ao menos você vai me acompanhar até o teste né? Só pra me dar apoio
moral?

Sorri pra ela, acenando com a cabeça.

- Claro amiga... Vou sim.

- Ótimo! Rebateu ela, batendo palmas e me abraçou apertado.

- Até amanhã gatinha...

- Até. Respondi e me escorei no carro, esperando meu pai.

Enquanto esperava vi a bela moto estacionada a umas três vagas de distância da


nossa Xlt.
Mais uma contradição sobre mim: Eu adoro motos. Na verdade, acho que tem mais
haver com a adrenalina sabe? Toda vez que escuto o barulho de uma moto a plena
velocidade parece que algo se mexe em mim.

Eu gosto de motos, sempre tive vontade de ter uma, mas o Chad nunca deixou, ele
diz que é perigoso demais... Mas, isso não me impede de babar na moto dos outros e
eu estava babando na Hornet branca estacionada à poucos metros de mim, era
linda.

- Gostou? Perguntou a voz conhecida, odeio essa voz. E mais uma vez ele me deu um
susto.

Estava tão entretida me imaginando na moto que mal escutei ele se aproximar.

- É linda... Respondi, por que a moto era mesmo.

Mas me virei pra encara-lo, perdendo de vista a moto dos sonhos.

- O que você quer? Perguntei estava calma, mesmo assim minha voz soou
desgostosa. Acho que isto era normal, apenas por que era o Babaca.

- Vim perguntar Princesinha: Quando você pode fazer o trabalho de química?


Lembrando que eu não posso de segunda, quarta e sexta por que tenho treino na
academia...

Ele disse as últimas partes com um sorriso convencido nos lábios, como que pra me
lembrar que eu não posso mais treinar, que estou de castigo.

Respirei fundo, por que este ia ser um ano difícil, muito difícil. Mas eu ia lutar, ia
ficar tudo bem.

- Tudo bem Babaca, quando você puder então... Disse me escorando no carro
novamente, voltando o olhar pra moto branca.

Acho que o fato de eu gostar de motos tem a ver com a liberdade que ela te dá. Você
pode fugir pra qualquer canto com uma moto e acho que tudo o que quero, as vezes,
como hoje, é fugir pra qualquer canto.

- É minha... Disse a voz do Babaca, me acordando novamente.

Olhei pra cara dele, por que não pude acreditar.

- É mesmo?
Ele riu.

- É Princesinha, por que? Só por que sou a bosta de um fraco não posso ter uma
moto? Perguntou, desdenhoso.

Dei de ombros, por que não me importava nenhum pouco a fraqueza dele. Eu
simplesmente gostava de motos, não tinha relação nenhuma com o Babaca este fato.

Ele riu novamente e saiu andando, montou na moto, colocou o capacete e saiu em
alta velocidade devo dizer.

Mas antes que estivesse muito longe eu vi os arranhões na pintura da moto... O que
me fez deduzir que ele provavelmente caiu com ela, tem como ele ser mais burro?
Como alguém cai com uma moto linda dessas? Idiota!

***

Fiquei ali, esperando meu pai por mais de meia hora e quando ele finalmente saiu
estava acompanhado pelo Diretor Halley.

Quase suspirei ao ver o homem, sinceramente? Passei a odia-lo também!

- Olá Senhoria Hanna...

Respondi com um aceno de cabeça, olhando pro meu pai com raiva, por que ele era o
meu alvo. Como ele pode, como pode me colocar pra fazer trabalho com o Steven?

- Bom, vim avisar a você querida, que o Senhor Steven e a Senhorita vão começar
com os trabalhos voluntários já na próxima semana, vocês vão ficar ao menos duas
horas a mais aqui na escola cuidando das crianças que vem para as atividades
extracurriculares, a natação, futebol e etc...

Eu fiquei tão em choque, que nem tive reação, mas no fundo quis chorar de
desgosto. Crianças? Sério mesmo, crianças? Por que ele não me ateia fogo logo e fica
olhando enquanto morro lentamente?

Já não basta o Babaca que é um bebê em forma de adolescente, agora eu tenho que
cuidar e olhar pela vida das crianças que estão em atividades na escola.

Onde foi que eu atirei a pedra Jesus? Me diz Senhor, onde foi? Só pode ter sido na
cruz, melhor, na cara de Jesus por que... Pra isso tudo estar acontecendo Ele deve
estar me odiando neste momento!

Mas uma coisa me ocorreu.


- Desde quando cuidar das crianças é trabalho voluntário? Perguntei, por que
realmente, trabalho voluntário era recolher lixo das ruas, cuidar de deficientes
coisas do tipo... Agora, cuidar das crianças da escola? Não era não.

O Diretor e meu pai me olharam bravos, me fazendo encolher. Mas qual é? Eu tinha
o direito de saber...

- Desde que eu e o seu pai conversamos e decidimos que isto seria melhor pros dois
do que partir pra uma ONG... Olhei pra cara dos dois com cetiscimo e raiva, eu mal
podia acreditar naquilo tudo!

- Até por que nas ONGS é necessário manter a harmonia e algo me diz que a
Senhorita e o Steven não vão conseguir manter esta harmonia, portanto vamos
começar pela escola e depois se vocês tiverem um bom comportamento, vamos
manda-los pra voluntariar em alguma ONG. Concluiu o Diretor, me fazendo
suspirar exasperada.

Ótimo! Agora além de conviver com Babaca me enchendo o saco na escola, na


academia e na minha casa quando formos fazer os malditos trabalhos, eu ainda vou
ter que passar umas horas extras com ele... Que perfeito!

Dei a Volta no carro do meu pai, indo pro lado do passageiro, sem nem olhar
novamente pro Diretor.

Assim que meu pai destravou a Xlt eu entrei e fiquei batendo os pés enquanto
esperava por ele.

Quando ele entrou no carro, despejei.

- Como você pode fazer isto comigo Chad? Perguntei, exasperada.

Pra minha surpresa, ele apenas riu.

- Está brava Pequena? Pois é, eu também estou... Mas a gente conversa em casa
sobre isso.

E esta foram as últimas palavras dele até em casa. Fomos em silencio até lá, só
nossas respirações eram escutadas.

 Babaca-Steven:

Tá, vamos esclarecer algumas coisas.


Quando o Mestre me encontrou hoje ele já sabia de todo o lance que aconteceu em
casa. Minha mãe contou pra ele.

Ela ligou, pediu por ajuda por que eu estava "saindo dos trilhos novamente" e o
super Mestre entrou em ação.

Não me leve a mal, eu adoro de paixão o Mestre, se eu pudesse escolhe um pai,


definitivamente escolheria ele. Ele é demais. Mas, eu odeio quando as pessoas falam
sobre o que é melhor pra mim pelas minhas costas e pelo o que o Mestre me falou foi
exatamente isso que ele e minha mãe fizeram.

- Eu e sua mãe decidimos que seria bom pra você ter alguma convivência com a
Hanna fora da Academia, sabe? Sem ter aquela rivalidade de vocês dois... Assim
daria pra vocês saberem mais um sobre o outro e pararem de se provocar
mutuamente.

Estas foram as palavras dele. Como ele descobriu que briguei com ela? Deus sabe
como, mas o Mestre sempre sabe de tudo.

Enfim, o caso é que agora tenho que conviver com a Maluca da Hanna....

Eu odeio me sentir fraco, odeio mesmo e no momento é exatamente assim que me


sinto: Fraco! Por que não posso desacatar as ordens de 3 adultos de uma vez, daria
pra desobedecer minha mãe e o Diretor numa boa, mas o Mestre não.

A academia é o único lugar onde me sinto realmente bem, forte... Não quero perder
isso. E como a ameaça dele foi exatamente esta:

- Se você disser que não quer se relacionar sem brigas com a Hanna, vou ter que
expulsar os dois da academia... Vocês estão ficando impossíveis e não vou admitir
este tipo de comportamento dentro da minha academia...

Bom, não tive muitas opções. Mas eu ainda quero saber como a Princesinha faz pra
se safar de tudo e me ferrar deste jeito.

Eu tenho um monte de coisas pra fazer, eu trabalho, não podia de jeito nenhum ficar
preso a Maluquinha.

Mas, o que é que eu vou fazer? Eu amo a academia, amo treinar, amo me sentir
menos fraco, menos impotente, não posso perder isso.
Então mesmo não querendo ficar a meio metro de distância da Princesinha eu vou
fazer. Eu preciso da academia e não vou deixar nada, nem aquele projeto de garota
me atrapalhar com isso.

- Filho, que bom que chegou... Disse minha mãe, assim que passei pela porta.

- É, mas eu já tô saindo... Avisei, subindo as escadas.

Só vim trocar de roupa, eu ia fazer um "bico" no mecânico meu amigo e ia ver se


conseguia pintar meu Bebê.

Fiquei puto da minha vida quando vi ela ralada, podia ter me ralado mais, mas a
minha bebê não.

Aquela moto é minha única fuga, fiz inúmeros "bicos" e mexi num dinheiro que
nunca quis tocar pra compra-la. Por isto ela é meu xodó, não podia te-la ralado.

Pedi tantos perdões à ela, que até perdi a conta.

Enfim, roupa de mecânico vestida, desci pra ir fazer o que eu gosto. Não fosse a
Dona Alicia.

- Onde vai? Perguntou ela, com os braços cruzados em frente ao balcão da cozinha.

- Vou sair... Respondi simplesmente, mas...

- Se não me disser onde você vai Steven vou ligar pro seu pai...

Ok, em um momento achei graça da afirmação dela, no outro, quando a olhei e vi


que falava sério fiquei puto da minha vida.

- Você não tem o DIREITO de ligar praquele homem! Afirmei, baixo, mas dentro de
mim a raiva estava me corroendo.

Não tem muitas coisas que eu verdadeiramente "odeio" no mundo. Odeio a fraqueza
e odeio me sentir fraco, mas existe uma pessoa que eu realmente ODEIO neste
mundo e este é meu pai.

Ele ferrou com toda a minha vida, ele junto com a minha mãe me transformaram
nesta bomba relógio que eu sou, e o odeio por mais de um motivo ele... Ele NÃO
presta.
- Eu não gosto da ideia de ter que pedir pra ele te colocar nos eixos Steven, mas eu
ligaria pra pedir por que você está me preocupando! Disse minha mãe, me
acordando dos meus pensamentos.

Ela tem mais motivos pra odiar meu pai do que eu mesmo. Ela deveria detesta-lo
tanto quanto eu. Mas ela perdoou. Eu não consigo.

Ele liga as vezes, manda dinheiro pra mim, pra eu me manter "escondido" isto é:
Pra eu não sair na mídia contando o grande filho da puta que ele é.

Mas o pior do cara que doou o sémen pra me gerar é que quando estas merdas
acontecem comigo ele finge se preocupar, ele liga, pergunta como eu estou, e as
vezes tem a pachorra de me ligar e me dar bronca. Obviamente eu desligo na cara
dele por aquele bosta não tem direito de nada!

Quando eu realmente precisei daquele merda, ele estava ocupado demais


conquistando Hollywood. Tudo o que eu realmente quero é que ele se foda!

- Não vai ligar pra ele mãe, eu não quero que ligue... Disse, respirando fundo.

Minha mãe me olhou com ternura e assentiu.

- Tudo bem, não ligo, mas você realmente vai ter que começar a agir diferente
Steven, onde vai? Perguntou novamente e desta vez eu respondi.

- Vou no Charlie... Eu ralei a Tara e quero concertar...

Ela assentiu.

- Certo, que horas você volta?

Ah, lindo! Agora eu tenho hora pra voltar.

- Umas sete, oito da noite... Respondi, já saindo pela porta.

Mas escutei quando minha mãe gritou.

- Se chegar bêbado em casa novamente Steven, eu realmente nem sei o que faço com
você... Mas não vai ser bom! Gritou ela.

Ótimo! Agora eu também não posso beber. Minhas únicas fugas da minha fraqueza
e eu não posso. Lindo!
Tudo culpa daquela VADIA da Princesinha... Ela podia Dar né? Por que com certeza
aquele mal humor dela é falta de sexo!

Oh garota insuportável! Sabe? Se toda esta merda está acontecendo a culpa é dela,
inteiramente dela!

Se ela não achasse que é a Dona da Verdade e tivesse me jogado na cara que eu sou
fraco... Nada desta merda estaria acontecendo!

Eu não teria bebido, não teria ralado a Tara, não teria batido como um louco em
gente que nem conheço naquele lugar, não teria me ralado e com certeza não estaria
preso aquela desgraçada!

Minha vontade é esgoela-la. Mas, não acho que o Mestre vá gostar muito, portanto
só vou provocar, lentamente até que ela estoure como eu estourei ontem.

O problema de provocar a Hanna é que não sei o que a irrita, é difícil tira-la do sério
a única vez que consegui isso foi na festa...

Hum, uma luz se ascendeu na minha mente. A festa!

Ótimo, agora eu sei como tirar ela do sério e é isso mesmo que vou fazer. Mas no
momento vou me concentrar em concertar meu bebê.

***

Cheguei em casa umas oito e meia da noite e minha mãe já esguelhou.

- Está atrasado... Como resposta enquanto subia as escadas, respondi:

- Pelo menos não estou bêbado... E realmente não estava.

Não de álcool, mas estava bêbado de adrenalina. Fui correr em uma pista deserta
com minha moto linda e adoro a sensação que isso me dá, te entorpece os sentidos,
tipo bebida, só que melhor.

O ruim disso é que o efeito passa logo, então você precisa de outra dose, uma dose de
algo que dure mais...

Sendo assim...

- Mãe, vou dar uma volta com o Harry e já volto. Disse na porta do quarto dela.

Ela pausou seja lá o que estivesse assistindo só pra me olhar.


- Onde vai?

Não ia contar exatamente onde eu ia, por que ela ficaria magoada comigo, mas...

- Vou andar com o Harry, volto logo prometo, mas...

- O que? Perguntou ela quando eu não disse nada.

Soltei um risinho interno, por que sei que ela odeia isso.

- Vou trazer companhia...

Minha mãe suspirou, mas não protestou, o que é uma vitória. Portanto saí, fui em
uma boate de Stripers, mas não tava no clima pra uma puta.

Eu queria uma conquista, então eu e o Harry fomos pra um barzinho, um que ambos
sabíamos que o pessoal da escola frequentava.

Chamava: Drink... Nome tosco né? Também acho, mas fazer o que?

Bom, como eu disse o pessoal da escola frequenta este bar e eu vi uma menina muito
linda que tô cobiçando faz um tempo, mas ela não me dá bola... Ou não dava...

O Nome dela? Não sei, é Carla, Dara... Sei lá, alguma coisa que termina com "ara"
só sei que ela é gostosa e estava dançando só pra mim ali no bar.

Por que eu não paguei por uma puta? Três razões:

Primeira, ela vai transar com você e com um monte de homem na mesma noite isso
é meio nojento...

Segunda, por que em partes eu respeito a minha mãe e sabia que ela ficaria
ofendida se eu levasse este tipo de mulher pra casa depois da nossa briga, que
apesar de eu estar ignorando, sei que a Dona Alicia não está.

Terceira: Por que existe mágica em ver uma menina se oferecer pra você sem que
você pague, elas se oferecem por que acham você bonito, ou gostoso isto enche o ego
de qualquer homem, portanto podemos dizer que eu prefiro me achar a pagar por
prazer.

Bom, isto foi apenas um esclarecimento do por que eu não saio, ou esta noite
especificamente não quis uma puta. Eu queria me sentir forte, me achar e vendo a
qualquer coisa "Ara" dançando ali pra mim, me senti fodástico.
Portanto, levei ela pra casa, como faço com todas as meninas... Fiz com ela o que
quis, pelo tempo que quis até me sentir entorpecido por ondas e ondas de orgasmo.

Sabe? Sexo é uma arte que faz você se sentir incrível... Se eu sou viciado em sexo?

Não, já me perguntei isso também e infelizmente não sou. Sou só um garoto de 17


pra 18 anos com hormônios e problemas pra dar e vender. Mas viciado em sexo, eu
não sou.

Apenas gosto da sensação, entende? Gosto da liberação de endorfina no meu corpo,


gosto de ficar cansado e acabado e acima de tudo isso, gosto pra cacete de me sentir
O Cara quando as meninas que estão comigo gozam pra mim.

Certo, eu sei que estou pegando pesado, mas sério prazer é una coisa muito boa,
prazer com o bônus de se sentir forte no meu caso é foda!

Enfim, eu adoro isso, mas não adoro as meninas... Eu juro que não entendo o por
que elas não enxergam as coisas como eu. Por que elas simplesmente não vêem que
sexo é só sobre prazer... Não entendo.

Mas mesmo assim, mesmo que você me ache um Merda neste momento, eu não sou.
Deixo até elas passarem a noite comigo, tudo bem que não é bem por que sou
bonzinho e sim por que estou entorpecido demais pra manda-las embora, mas você
devia sair com o Harry, este sim é um cafajeste!

Ele é o único cara que eu conheço que consegue fazer a mina enlouquecer na cama e
sair em lágrimas dois minutos depois que tudo acabou. O pior do Harry é que ele
fala umas coisas que magoariam até à mim. Então por ai você tira que não sou um
completo merda.

Tenho minhas vantagens, só não gosto de mina muito pegajosa depois da transa
sabe? Tipo esta que está me abraçando neste momento.

Cara eu quero dormir, e não dormir agarrado em alguém é pedir muito?

- Hum... Linda, estou cansado... Disse pra menina que eu não sei o nome.

Este sou eu tentando me livrar de uma menina, esta seria a versão do Harry: Me
larga Caralho, foi só uma transa, consegue entender?

Bom, você entendeu né querida? Nunca saia com o Harry se quer ser bem tratada.
Vi a menina me dar um sorriso, mas graças a Deus ela me largou. Ótimo! Minha
cama é grande, ela pode dormir pra lá e eu pra cá...

E foi assim que eu apaguei.

 Maluquinha-Hanna:

Bom, vou te explicar o que aconteceu com o Chad.

Ele estava bravo por que sabia sobre o Lewin, e como ele sabia?

Tem câmeras na academia, vivo me esquecendo delas, mas elas estão ali.

E bom, ele assistiu a gravação, soube do Lewin, me deu uma bronca de duas horas
me dizendo o quanto eu sou irresponsável por sair com um menino mais velho e
depois aumentou o castigo do meu celular pra duas semanas.

Eu amo o Chad, mas odeio quando ele faz este tipo de coisa. Ele é superprotetor, não
gosta que eu faça as coisas escondidas dele, mas cá entre nós ele não ia me deixar
sair com Lewin se tivesse contado pra ele.

Enfim, estou de castigo de celular, mas pra minha sorte ele não tirou o meu
Notebook então estou trabalhando no meu novo texto até agora ele se chama:
Tentativas.

Mas não estou gostando muito. Estou preocupada demais com todo o lance de não
poder treinar e perder minha luta na semana que vem e o lance de ter que fazer um
trabalho com o Babaca.

Sei lá sabe? Tudo o que queria era que este ano fosse calmo... Mas, querer não é
poder, não é?

Enfim, eu acho que aquele texto, sabe? O do início sobre lutar, sobre a vida... Sei lá,
acho que não dá pra ser daquela forma.

Talvez enfrentar as coisas não seja pra mim. Talvez o jogo da vida, não seja pra
mim.

Eu já nasci perdendo esta merda de jogo. Nunca ganhei nenhum concurso, ou


sorteio, a única coisa em que realmente ganho é a luta.
Me sinto muito mal por saber que semana que vem tem competição e eu vou ir, mas
não vou poder lutar. Perdi minha faixa preta. Agora vou demorar no mínimo mais
um ano pra conquistar o direito dela de novo. Isto se meu pai me deixar voltar a
treinar.

Isto só pode ser brincadeira.

Fico pensando nas pessoas às vezes, no quanto elas se esforçam pras coisas e me
pergunto o por que disto. Eu mesma me esforcei tanto pra conquistar tão poucas
coisas. Tenho varias medalhas mas, sei lá, parece que conquistei tão pouco.

Eu sei, eu sei, estou me contradizendo no que disse no outro texto e é por isto que
não estou gostando deste mas... É o que estou pensando no momento.

Eu me orgulho das poucas conquistas que tive, apenas não sei se estas conquistas
me levarão a algum lugar...

Este foi o fim do meu texto e agora vou dormir por que estou cansada... E amanhã
tenho que começar a fazer meu trabalho com o Babaca. Cheguei a conclusão de que
não precisamos fazer isto juntos podemos dividir o assunto e cada um faz na sua
casa.

Vou falar isso pra ele amanhã, agora eu realmente preciso dormir...

Babaca- Steven.

A menina saiu daqui chorando, e estou tão acostumado com isso que nem me
importo mais.

Enfim, como passou a noite querida? A minha foi ótima dormi como um anjo, ou
uma pedra.

Estou indo pra escola agora, na verdade, já cheguei na escola.

Encontrei meu melhor amigo agarrado a uma menina no capo do carro dele. Este é o
Harry que conheço e amo.

- E ai cara? Cumprimentei, tocando na sua mão.

Ele riu e olhou pra morena no capo do seu carro.

- Desce delícia, meu amigo chegou a diversão acabou! Disse ele, fazendo sinal pra
menina descer.
Ela apenas assentiu, me pergunto sinceramente como ele faz isso. Não é normal
pegar tanta garota, trata-las assim e elas continuarem correndo atrás dele.

Ok, quem sou eu pra falar isto?

Comecei a rir comigo mesmo depois do pensamento.

- E ai Stevie, quando vamos começar o trabalho da Jane?

Jane? Ah, ela é a GOSTOSA da nossa professora de química. Quando eu digo


GOSTOSA, eu quero dizer GOSTOSA mesmo!

Ela é muito linda, dizem as más línguas que ela já foi modelo. Mas eu não sei, só sei
que mesmo com seus trinta e poucos ela continua com tudo em cima.

É realmente uma pena que ela seja uma Vaca! Sério, nunca vi uma mulher tão
chata quanto aquela, mal humorada. Com certeza ela sofre do mesmo mal da
maluquinha: Falta duma boa...

- Preciso falar com você... Disse a Maluquinha, interrompendo meu raciocínio.

Sério? Quando ela chegou aqui? Porra devia estar perdido em pensamentos sobre a
Jane pra não percebe a presença da Princesinha.

Sorri carinhosamente pra ela, sim você não ouviu errado eu disse carinhosamente.

- Oi Hanna... Disse, deixando ela de boca aberta.

Ok, você também está de boca aberta? Pois é, faz parte do meu plano, quero irrita-
la, mas não quero que as pessoas achem motivos pra isso.

- Hum... Oi, posso falar com você?

Assenti pra ela, deixando meu amigo com a boca aberta também.

- Olha, eu resolvi que seria melhor a gente separar o trabalho, então eu posso ficar
com a parte de pilhas e eletrolise e você pode ficar com a parte sobre os átomos, ou
vice e versa, tanto faz, mas facilitaria a gente não precisar fazer tudo junto, ou se
encontrar pra fazer isso... Disse ela, e tudo o que fiz foi assentir.

- Certo Hanna, tudo bem pra mim...

Ela me olhou incrédula.

- Sério? Perguntou. desconfiada.


Assenti pra ela, ainda com meu sorriso carinhoso no rosto.

- Claro querida, se assim fica bom pra você...

Não entendeu merda nenhuma? Eu te explico.

Uma semana depois daquele dia no dia de entregarmos o trabalho eu não tinha feito
minha parte o Diretor nos deu uma bronca enorme e a culpa caiu toda em cima da
Princesinha.

Fala, se eu não sou um gênio?

Na verdade não sou por que isto aumentou nosso tempo de castigo juntos e ferrou
mais com a minha vida.

Em algum ponto entre a bronca do Mestre e a do Diretor por que a gente vivia
brigando sobre onde devriamos fazer os trabalhos eu resolvi que seria melhor se ela
me encontrasse na academia. Era um lugar neutro que ambos gostávamos então
não ia ter problema.

Isto aconteceu é claro, depois de tentarmos fazer os trabalhos na escola e ver que
era impossível com todo o movimento mesmo quando ficávamos depois do horário.

E bom, nesta parte eu estava certo.

Eu era bom em quase todas as matérias, já a Maluquinha tinha sérios problemas


com matemática, física e biologia.

Um dia, acho que era uma quinta, ou terça feira. Tínhamos uma lista de exercícios
pra entregar. Era de matemática e geralmente eu deixo a Princesinha se ferrando
com os trabalhos e fico apenas lutando com os sacos de areia do lugar.

Mas naquele dia ao ve-la tão desesperada por que fazia mais ou menos uma hora
que ela não saía do mesmo exercício... Resolvi, dar uma ajuda, mais pra mim do que
pra ela na verdade, por que se ela ferrasse nossa nota, eu me ferrava.

Sentei em frente à ela, sem dizer nada e comecei a fazer a merda do exercício. Era
fácil, então terminei em menos de vinte minutos.

 Maluquinha-Hanna:
Eu estava cansada, minha cabeça doía de tanto pensar no exercício do professor
Walace... Quando o Babaca finalmente resolveu me dar alguma ajuda. Ele era muito
folgado. Nunca me ajudava em nada dos trabalhos apesar de teoricamente nós
fazermos juntos.

Mas sabe? Até que ele era suportável aqui na academia, ele vivia treinando, socando
os sacos de areia, mas ao menos assim não me encheu o saco. Nenhuma vez esta
semana.

Estava me acostumando a ficar perto dele, a gente não se falava, mas também não
brigava o que era melhor que discutirmos.

Enfim, ele ficou sentado mexendo no meu caderno e um tempo depois me devolveu.

Olhei pras folhas e soltei um suspiro, eu aqui imaginando que ele estava me
ajudando a fazer aquele maldito exercício e ele desenhando.

Ele escreveu o nome dele em umas letras legais, e escreveu o meu também, bem
pequeno mas, escreveu.

- Legal... Disse de maneira desgostosa olhando as letras, ele riu e virou a folha me
mostrando o exercício pronto.

Mal pude acreditar.

- Você fez? Perguntei, mesmo vendo o exercício ali eu precisava ter certeza.

- Bom, fiz, por que tem algo errado?

Ele se sentou do meu lado, olhando pra folha e conferiu equação por equação da
conta. Assim como eu, não tinha nada errado, mas eu não entendi uma coisa.

- É... Travei aqui, como fez pra terminar? Perguntei, apontando a terceira linda da
conta que não consegui terminar.

Ele fez bem embaixo na minha letra, pra um garoto até que o Babaca tinha números
e letras aceitáveis, eu consegui entender os números, mas não como ele chegou até
aquela expressão.

- É uma questão de raciocínio Princesinha... Ele pediu o resultado total, não o


parcial então meio que você precisa somar as equações...

Assenti pra ele por que fazia sentido.


- Legal, valeu Babaca... Disse, por educação.

Ele riu.

- De nada Princesinha.

Então voltou pro saco de areia e eu acabei pedindo socorro em outro exercício.

- Arghhh! Gritei, exasperada.

Escutei o Babaca rir enquanto socava o saco de areia.

Ele sentou do meu lado, estava suado e o cabelo dele estava pingando.

- Problemas? Perguntou ele olhando o caderno na minha mão.

Cara ele estava ofegante e provavelmente era pra estar fedendo, mas ele não estava.

Estava exalando um cheiro gostoso até, cheiro de perfume masculino.

- Pode fazer? Por favor eu não aguento mais ver números na minha frente! Disse, e
por fim ele riu, pegando o caderno das minhas mãos.

Deixei ele terminando o exercício e aproveitei pra... Pra lutar um pouco, fazia um
tempo que não colocava meu corpo em movimento.

- Bom acabei... Disse o Babaca, um tempo depois que começou com o exercício.

Acabei me perdendo no tempo enquanto lutava com o saco de areia e nem percebi
quanto tempo tinha passado.

- Ah... Falei, ofegante, andando até ele.

Ele não tinha acabado o exercício em que travei, ele fez todos.

- Uou... Me desculpa, eu... É que fazia tanto tempo que eu não lutava que...

Ele balançou a cabeça.

- Relaxa, tô de boa e eu gosto de fazer contas... Disse, dando de ombros.

Respirei fundo, tentando acalmar minha respiração ofegante pelo meu tempo de
luta.
- Valeu Baba... Steven. Me corrigi no meio da frase por que durante esses dias venho
pensando no quanto estávamos sendo infantis, e devo admitir que quando ele não
esta me enchendo o saco ele é meio legal de um jeito Babaca.

- De nada... Disse, recolhendo as coisas dele pra ir embora.

O que me fez recolher as minhas também. Eu tinha que fechar a academia e ir pra
casa ainda estava de castigo então não estava podendo sair, nem lutar.

A luta foi a semana passada, o Babaca ficou em primeiro lugar e recebeu a faixa
preta dele esta semana... Fiquei triste, mas, fazer o que?

O Chad apesar de ser um máximo ainda é meu pai e... Enfim.

- Bom, tchau... Disse o Steven olhando pra moto dele.

Acho que eu estava meia boba olhando a moto por que ele acabou por perguntar.

- Quer dar uma volta?

E eu olhei pra ele meio incrédula. Mas eu queria andar na moto, quer dizer eu
nunca dei nenhuma voltinha em uma moto, o Chad nunca deixou e...

- Não posso. Respondi, por que isso provavelmente era mais um planinho do Babaca
pra me ferrar com o Chad.

Babaca- Steven.

Sabe quando é natal e aquelas crianças que nunca ganharam presentes ficam
olhando as lojas e chegam a babar de vontade de um brinquedo?

Bom, este era o olhar da Princesinha. A gente esta se dando razoavelmente bem,
quer dizer, não estamos saindo no tapa cada vez que respiramos.

Então não achei que fosse ser um problema chama-la pra dar uma volta na garupa
da minha moto. Claro que as meninas que eu chamo pra fazer isso geralmente
terminam na minha cama, mas... Não era o caso da Princesinha, aliás eu desconfio
que ela é virgem... E sinceramente? Não me atraio pela Princesinha... Em nada.

- Por que não pode? Perguntei, olhando ela que segurava um caderno em frente ao
corpo e a mochila nas costas.

- Meu pai me mata... Disse ela, mas seus olhos verdes ainda estavam na moto.
Podia jurar que os olhos dela brilhavam. Era engraçado de se ver.

- Fala sério Princesinha, é só uma volta, ele nem vai ficar sabendo. Disse, já
montando na Tara.

A Princesinha me olhou meio desconfiada.

- Você vai contar pra ele! Afirmou, chegando um pouco mais perto da moto.

Acelerei minha moto, vendo a Princesinha sorrir enquanto eu fazia. Nunca imaginei
que ela gostasse de motos, mas ao que parece, ela gosta.

- Não vou contar... Disse, por cima do som do motor ela pareceu tomar a decisão, e
subiu na garupa da minha moto.

Tá, vamos dizer que foi ilegal ela subir na minha moto sem capacete, mas pra
minha sorte a academia ficava próximas as pistas da cidade.

Era ali que eu ia correr geralmente. E já estava meio tarde então a gente partiu pra
lá, obviamente no 240...

Quando parei a moto, uns bons quilometros longe da cidade... Eu juro que nunca
tinha visto alguém mais feliz, e com o cabelo mais bagunçado.

- Uau!!! Gritou a Princesinha, descendo da moto. Dando pulinhos de alegria.

Dei risada da cena, me escorando na Tara enquanto olhava a Maluquinha perto do


acostamento, toda feliz.

- Nunca tinha andando em uma velocidade dessas! Disse ela, rindo de orelha a
orelha. Acho realmente que ela é meia doida.

Ela riu e me perguntou um monte de coisa, sobre tudo... Principalmente sobre a


moto. Ela realmente curtia esse tipo de coisa.

- Eu sempre gostei de coisas velozes, mas... O Chad nunca me deixou dirigir. Disse,
meio emburrada.

Eu nem podia acreditar que ia fazer isso, então não me pergunta o motivo, mas eu
fiz. Acho que pra retribuir um pouco, por que apesar dela ser doida e um porre, eu
devia à elaos muitos 10,0 no meu boletim recentemente.

- Toma... Disse, entregando a chave pra ela.


A Maluquinha me olhou, como se mal acreditasse naquilo.

- Sério? Perguntou, olhando fixo a chave na minha mão.

Assenti pra ela, que pulou de alegria e pegou a chave.

Vamos esclarecer uma coisa, tá legal? Minha bela moto, faz 260 km/h nunca tive
coragem de andar a uma velocidade dessas por que é muito fácil perder o controle

da moto, e eu prezo demais a minha vida e a vida da minha moto pra fazer isso...
Mas a Princesinha não.

- Sua louca! Gritei pra ela quando parou.

Ela pilotou, tenho certeza que pilotou a 260 km/h na minha moto. Eu não subi com
ela na Tara por que achei desnecessário, quis que ela curtisse o momento. Mas
quando vi a moto quase voar, quis me matar por isso.

Ela ficou quieta, parecia meio abalada. Estava até meio pálida.

Me aproximei dela, estalando os dedos na frente dos seus olhos pra ver se ela reagia.

- Ei! Disse e ela pareceu voltar a órbita.

- Foi demais! Gritou ela, me devolvendo o capacete.

Olhei o sorriso dela no rosto e deduzi que ela tinha gostado. Ela era louca então
como não poderia gostar de correr como uma?

Enfim, ela me surpreendeu quando me abraçou assim que a devolvi em frente a


academia, a pedido dela lógico.

- Valeu mesmo por me deixar andar na moto e também por... Bom, por me ajudar
com o trabalho. Disse ela, toda sorridente assim que me soltou.

Dei de ombros pra ela.

- Tranquilo, quando quiser dar uma volta... Disse, sugestivamente, mas não sei ao
certo se eu queria que ela aceitasse a sugestão, na verdade eu sei, eu não queria.

Ela assentiu depois começou a andar de volta pra sua casa.

Sério, ela é louca... Mas, até que é legalzinha.

 Maluquinha-Hanna:
Nunca me senti tão feliz em toda a minha vida. Foi a maior loucura, mas a
adrenalina de dirigir a uma velocidade alta daquelas é simplesmente demais!

Eu adorei e nem percebi que abracei o Babaca é só que foi tão legal, que eu nem...
Nem sei explicar o que deu em mim.

Só parece que encontrei liberdade.

Naquele dia eu tive que sair, precisei contar pra minha melhor amiga sobre o
passeio.

- Foi demais Lex! Disse, toda feliz, narrando cada detalhe da sensação de pilotar
uma moto gigante daquelas.

Falei que a moto era meio pesada, mas que a sensação de que quando você acelera é
simplesmente fantástica, parece que todo o peso da moto some e é incrível!

Ela riu.

- Ele deixou você dirigir?

Assenti pra ela enquanto lambia meu sorvete, a gente estava andando na beira da
praia. O mar estava tranquilo, mas eu ainda estava no auge da minha adrenalina.

- Ele é louco! Disse a Lex, rindo enquanto tomava sorvete também.

É verdade, o Babaca é louco, mas gostei dele confiar em mim pra entregar sua moto.
Se fosse ao contrario? Eu o deixaria chupando o dedo então pode-se dizer que ele
subiu 0,000000000000001 no meu conceito. Mas já é alguma coisa.

Depois que conversamos sobre o Steven e contei pra ela como ele era esperto em
exatas a Lex começou a me contar sobre sua mais nova aventura amorosa.

Acho que o cara chamava Robin, e ela muito linda se fantasiou de Mulher
Maravilha, sim... Eu falei pra ela a Mulher Maravilha é o afair do Batman, mas a
desculpa dela era que a Maravilha traiu o Batman por que o Robin era mais gostoso.
Só a Alex mesmo.

Eu me divirto escutando as histórias dela, mas não curto muito quando ela vira pro
meu lado.

- E você? Perguntou depois que terminou sua história toda.

Franzi o cenho, me fazendo de desentendida.


- Eu o que? Perguntei olhando pra qualquer canto menos pra Alex.

Depois que Lewin foi embora há mais ou menos um mês a Lex tenta
desesperadamente me fazer arrumar um outro cara.

Mas eu não quero ninguém, eu... Nem posso querer.

- Quando a senhorita vai ficar com alguém e me contar como foi? Perguntou ela,
segurando minha mão sobre a mesa.

Eu não tinha resposta pra isso, quer dizer... Eu... Não sei se consigo ficar com
alguém do jeito como a Lex estava sugerindo.

Tá eu sei que era meio vergonhoso uma menina com quase 18 nunca ter nem dado
uns beijos mais quentes em alguém, mas... Eu... Talvez isto não fosse pra mim.

Sabe? Eu sou meio estranha, eu tenho problemas sérios e não quero que eles
venham a tona novamente, então vou evitar este tipo de coisa, este tipo de contato
com alguém.

- Quando eu estiver pronta... Disse, indiferente.

Eu tinha vontade de conhecer, de experimentar como era esta coisa toda, aquela
todo mundo fala. Mas, eu acho que não consigo. Meu medo é bem maior que a minha
curiosidade.

Tenho realmente medo de que me toquem deste jeito, eu entrei em surto várias
vezes quando era criança, era a pior coisa que pode me acontecer, a pior sensação. É
como se tudo estivesse acontecendo novamente. Eu não gosto de me sentir assim.

Quando os surtos diminuíram e meus pesadelos também, eu me senti bem melhor.


Senti que podia viver novamente. Mas, não quero que algo aconteça e traga as
memórias novamente.

Quando o Steven me tocou naquela festa, aquele dia... Foi o começo de um surto.
Mas, não chegou a ser O surto. Eu não sabia que ele ia me tocar, talvez se ele
tivesse pedido... Eu não sei.

As vezes acho que nunca vou ser curada desta merda.

Mas, deixa isso pra lá.

***
As semanas que se seguiram depois do lance da moto foram legais.

Quer dizer, o Babaca não foi tão babaca comigo, até por que ele estava ocupado
demais se pegando com várias garotas. Ele saiu com a perfeita e toda poderosa da
Lavínia... Como a Lex gosta de encaixa-la ela é: A nossa Sharpei da vida real.
Então, imagine.

Enfim, teve uma festa sabe? Na casa do Reiven. O Reiven era um cara legal, amigo
de todo mundo e de ninguém ao mesmo tempo.

Bom, o fato é que: A Alex me obrigou a ir.

Eu já disse que não sou muito baladeira, mas a Lex é.

Então estou arrumada pra festa, fiz uma trança embutida e estou em um vestido
rosa da Lex.

Ele é curtinho, mas é largo então eu gostei. Por que não era um vestido periguete.

Enfim, a gente foi pra festa e a Lex me deixou sozinha, como sempre. Não sei por
que ela me obriga a vir se vai me deixar sozinha pra correr atrás de homens.

Mas, esta é minha amiga segundo ela eu preciso interagir. Mas não sei exatamente
com quem, por que todo mundo está muito bêbado nesta festa.

E tem tanta gente nesta casa, sério.... Que horror, tem até algumas pessoas
vomitando.

Ai que nojo!

Sai da sala que parecia ser o centro da porquisse e fui até um lugar mais calmo.
Que era a parte de cima da casa, tinha uma mureta onde me sentei por que... Eu
simplesmente não conseguiria ficar dentro daquela casa. Eu já disse que gosto de
ficar sozinha né?

A Solidão, o silêncio me ajudam a pensar. E também a ficar calma.

Fiquei olhando o céu, as estrelas até que escutei um suspiro do meu lado.

- Oi... Disse a voz do Babaca, ele estava meio bêbado. Ou muito, pra vir falar comigo.

Mas como eu disse, a gente tem se dado melhor, não estamos mais brigando e esta
última semana dei graças a Deus pelo Babaca existir pra me salvar daquelas
crianças assassinas, elas parecem gostar dele... Não imagino o por que... Na verdade
imagino, deve ser por que tem a mesma idade mental, mas não disse isso à ele.

Então, estamos numa fase: Mesmo que eu saiba que você me odeia não digo isso à
você.

- Oi... Respondi, olhando o céu ainda, não olhei pra ele.

- Por que está aqui fora? Tá rolando uma festa lá dentro sabia?

Sorri pro céu, por que vi uma estrela cadente. Meu pedido? Que a dor fosse embora,
este é meu pedido desde pequena e parece que ela nunca se vai.

- Sabia, mas eu não gosto muito de festa... E você tá fazendo o que aqui? Perguntei,
por que eu tinha motivos pra estar aqui fora, mas o Babaca adora uma boa festa
então, não vejo motivo pra estar aqui.

Ele respirou fundo, com o copo de cerveja na mão.

- Estou tentando não beber muito, mas... É complicado em uma festa deste tipo....

Dei risada, por que assim que ele terminou de falar ele bebeu um gole da cerveja do
copo.

- Não quer vir me ajudar a me manter sóbrio? Perguntou ele, pulando da mureta.

O Babaca até estendeu a mão pra mim, o que me deixou surpresa quase com a boca
aberta.

- Está me convindando pra dançar? Perguntei, olhando sua mão estendida.

O Babaca riu, enquanto pegava sua mão. Eu meio que quase caí e ele me segurou
pela cintura.

Meu coração acelerou de um jeito que nunca achei que fosse possível, eu me
assustei, mas não acho que foi por isso que meu coração bateu tão rápido.

Ele me olhou fundo nos olhos, e eu nunca me senti mais perdida.

- Vamos beber Princesinha... Disse ele, quebrando o silencio desconfortável que se


instalou sobre a gente.

Babaca- Steven.

Sabe o que é estar bêbado? Não?


Ah, então você não viveu! É um saco a ressaca, mas no momento em que você bebe,
o jeito como você se solta... É mágico!

Foi por isso que levei a Princesinha pra beber. Por que não acho que ela faça este
tipo de coisas e cara, quem aos quase 18 nunca teve um porre? É quase uma lei da
vida ter um porre e eu queria dar o dela.

Por que eu fui atrás da Princesinha? Certo, eu fui por que eu a vi entrar, eu e boa
parte da festa... Por que ela não era como todo mundo, ela estava diferente...

Ela parece, bonita hoje... É, é isso que a bebida faz com a gente. Mas ela realmente
parece atraente hoje.

Está com um vestido curto, e o rosa deste contrasta com a cor morena e bronzeada
de sua pele.

Hum... Eu não tô bem, não estaria olhando com estes olhos pra ela se estivesse bem.
Mas ela me parece tão bonita.

E tem um cheiro gostoso, que se instalou no meu pulmão quando esbarrei nela sem
querer pra pegar bebidas na geladeira.

Quando joguei uma garrafa de cerveja pra ela eu esperava que se assustasse, mas
pegasse, até por que se ela não pegasse o Reiven ia me matar.

E foi exatamente o que ela fez, ela pegou a garrafa no ar com um gritinho.

- Você é louco? Perguntou ela, com uma voz baixa, meio sexy...

Eu definitivamente estava bêbado! Como estou pensando assim da Porra da minha


principal oponente? Da merda da menina que acha que tem algum direito do me
chamar de fraco?

Eu... Não... Sou... Fraco! E quer saber? Enquanto eu estava ali olhando pra
Princesinha debruçada de um modo tentador sobre o balcão da casa do Reiven eu
quis provar pra ela que não sou fraco!

Na verdade, minha vontade olhando ela ali foi quebra-la em muitos pedaços pra
mostrar a ela que não sou fraco. Eu só ia fazer isso por um caminho mais gostoso do
que pelo caminho do tatame. Até por que, no tatame eu perderia pra ela. Mas, não
tem como eu perder pra ela numa coisa em qual ela é completamente inexperiente,
diferente de mim...
- Não Princesinha, eu não sou louco... Disse, me aproximando e abrindo a garrafa de
cerveja que ela mal tocou a sua frente.

A Maluquinha parecia nem mesmo querer tocar na garrafa.

- Você não bebe?! Perguntei, incrédulo quando a vi olhar pra garrafa e torcer o nariz.

Ela sorriu de um jeito envergonhado, que fez seus olhos verdes brilharem... Por que
porra de motivo eu estou reparando nisso?!

- Eu... Nunca bebi... Disse ela, olhando com certo medo, pra garrafa a sua frente.

Ela só podia estar de brincadeira. Eu bebo desde que tinha treze anos, não... Doze...
E ela nunca bebeu? Quem é essa garota?

Ah, ela é a Princesinha do Mestre. Revirei os olhos internamente com o a lembrança


de quem ela era.

- Por que não bebe? Aproveita, é uma festa! Disse, na tentativa de coagi-la.

Mas ela torceu o nariz pra garrafa a sua frente balançando a cabeça.

- É... Comecei, pensando em como eu ia faze-la beber.

- Que tal brincar comigo? Perguntei, dando um tapinha na minha própria garrafa.

A Princesinha olhou pra mim, franzindo o cenho como se não tivesse entendido. E
ela realmente não entendeu. Ela nunca deve ter brincado disso... Menina sem
infância!

- Olha... A brincadeira é a seguinte... Disse, pegando copos nos armários.

A brincadeira na verdade era virar tequila, ou vodca, mas... Ela nunca ia aguenta
um copo!

Então peguei dois copos americanos e coloquei um na frente dela e o outro na


minha.

- Bom Princesinha... Eu vou te fazer uma pergunta, e você pode responder, ou


beber.... A mesma coisa vale pra mim...

Ela balançou a cabeça veemente.

- De jeito nenhum! Disse ela, balançando a cabeça.


- Você me disse que ia me trazer pra cá pra te controlar sobre beber e quer que
brinque disso com você?

Dei de ombros, desdenhando do protesto dela.

- Eu sou um livro aberto querida, não tenho nada pra esconder, por isso não vou
ficar mais bêbado do que já estou... Não seja anormal Princesinha... Brinca comigo?
Perguntei com a voz baixa, coagindo.

Hanna olhou pra mim, e tem algo sobre os olhos dela esta noite. Estão... Vivos... Eu
acho. Eles brilham e eu comecei a imaginar... Não! De jeito nenhum!

Balancei a cabeça pra mim mesmo enquanto esperava ela tomar sua decisão.

- Tá, mas eu começo! Avisou ela, puxando a garrafa pra perto de si.

Revirei os olhos e tive que perguntar.

- Por que tem que ser primeira em tudo?

Não pude afastar a pontinha de raiva e desgosto da minha voz, ela percebeu isso.

- Tá bom, então começa você... Ela falou de um modo baixinho, meio envergonhado
enquanto me passava a garrafa.

Bom, ao menos ela me deixou começar.

Um sorriso enorme se espalhou no meu rosto enquanto eu pensava na minha


primeira pergunta.

- Quantos caras você já beijou?

Ela olhou de mim pro copo, e encheu até a borda, por ondem minha, então bebeu.
Num gole só... Hum, legal. Talvez saiba beber...

Ela me perguntou várias coisas e respondi numa boa, não me perguntou nada
demais.

Mas ela estava bêbada já, não respondeu a nada do perguntei. Nem mesmo o que eu
mais queria saber:

- Você ainda é virgem?

Por que eu queria saber sobre isso? Pelo simples fato de a deixar instável... Mas ela
não me respondeu, apenas encheu o copo e bebeu outra vez... Esta atitude me fez
ficar confuso, será que era por que santinha tinha saído da linha com aquele cara
mais velho?

Não sei, mas voltando a brincadeira, ela ficou toda bravinha quando perguntou pra
mim com uma voz embriagada:

- Quantas meninas VOCÊ já beijou? Perguntou ela, como se estivesse rebatendo a


minha primeira pergunta.

E respondi sem pestanejar:

- Ah baby foram tantas que eu parei de contar lá pela duzentas e qualquer coisa...
Disse, tentando soar indiferente, mas não conseguindo deixar meu orgulho por
serem tantas de lado.

A Princesinha bufou, revirando os olhos e sua atitude me fez rir de um modo


presunçoso.

- O que foi Princesinha?

Ela me olhou, irritada.

- Por que você tem essa coisa de ser... Ser... Eu sei lá, você adora se gabar do quão
perfeito é, isso é tão... Fútil!

Fui obrigado a rir, por que ela falou de um modo tão... Bonitinho. Acho que o álcool
na minha corrente sanguínea estava alto demais por que de alguma forma achei as
palavras da Princesinha sexy... O modo como falou, toda desgostosa...

Eu estava bêbado!

- Fútil?

- É... Rebateu ela imediatamente, franzindo o cenho em reprovação a mim.

Andei até o outro lado do balcão, por que chega dela beber e essa brincadeira não me
deu nenhuma resposta então... Dane-se.

- Então eu sou fútil? Perguntei, a olhando escorada no balcão enquanto ela


sustentava meu olhar de igual pra igual.

- Sim, fútil! É uma atitude até meio tosca você ficar se gabando do quão bom você é
por que pega um monte de meninas! É... Ridículo e eu nem mesmo sei por que elas
fazem fila pra você... Você não é grande coisa!
Ui... As palavras dela tem o incrível poder de me deixar magoado... Não, não
magoado, mas meu ego foi ferido ali. Como eu não sou grande coisa?

Eu já me descrevi pra você querida, me diga você acha que não sou grande coisa?

É claro que eu sou... Em todos os sentidos.

E esta coisinha, vem me dizer que eu não sou grande coisa. Ela nem mesmo deve ter
beijado alguém de um jeito decente sem ser aquele babaca na praia e vem me dizer
que EU, não sou grande coisa?

- Não me acha bonito? Meu tom de voz saiu baixo, ameaçadoramente baixo.

Juro que se eu a pegasse ali agora eu ia desfaze-la em pedacinhos pra ela saber o
quão "não grande coisa" eu sou. O quanto ela ia ficar pensando em mim depois.
Como todas pensam.

Ela deu de ombros pra mim.

- Eu não vejo nada demais em você, você pode ser bonito pra elas, mas perde toda a
graça com sua arrogância e seu completo cafajestismo...

Ah, lindo.

- Vou te mostrar o por que elas gostam de mim Princesinha... Sussurrei,


tentadoramente. E a peguei pela cintura.

A Princesinha congelou.

Maluquinha- Hanna.

Ele me tocou, mas eu não me assustei hoje... Ou não fiquei com raiva. Por que ele
está assim? Por que esta perto?

Eu nunca mais vou beber na minha vida, minha mente estava dando voltas e voltas
e a única coisa que eu conseguia realmente ver era os olhos do Steven.

Nunca reparei que os olhos dele eram mel, mas ele estava tão perto que eu podia
perceber... E... Ele ia...

- Para! Praticamente gritei as palavras quando percebi que ele ia me beijar.

Como assim ele ia fazer isso? Ele... Eu nunca o vi desse jeito.


- Por que? Deixa eu te mostrar por que elas gostam tanto de mim... Disse, numa voz
baixa e seu hálito quente estava perto da minha boca.

Com tanto álcool no meu sangue eu não conseguia pensar direito, nem ver as
reações que a proximidade dele fazia em mim. Eu apenas me sentia tão mole e tão
frágil naquele estado. Não acho que conseguiria me lembrar de como bater em
alguém e eu só queria distância do Steven...

- Eu não quero... Balbuciei, tentando empurrar o peito dele.

O Babaca me soltou e tudo o que fiz foi olha-lo e passar a mão na minha testa, eu
me sentia tão enjoada.

- Qual o problema Princesinha? Sou homem demais pra você?

Isso só podia ser brincadeira! Eu deixei ele me embebedar, como fui burra ao ponto
de deixa-lo fazer isso? Ele é o Babaca! Claro que ia tentar se aproveitar de algum
jeito.

- Não, eu só não quero cometer a merda de um erro que vou me arrepender amanhã!

Ele riu, e puxou meu rosto pra olhar o dele de uma maneira nada delicada, eu ainda
estou realmente tentando entender por que as meninas gostam tanto de ser
tratadas desse jeito por ele.

- Nunca em mil anos eu ia beijar você... Você é muito... Menininha, não faz o meu
gênero, eu gosto de mulher, mulher que sabe o que quer, que sabe como usar o corpo
pra me enlouquecer Princesinha... E você? Você é só uma princesinha!

Ele me soltou e fiquei revoltada! Eu... Eu sou bem mais mulher que as piranhas que
ele pega! Eu sou uma mulher que se dá ao respeito e por isso ele me condena? Eu...
Que ódio!

Meu olhar pra ele foi tão furioso enquanto ele estava escorado na geladeira com toda
aquela postura de: Eu sou o cara.

- Eu que não queria beijar você! Afirmei, tomando minha postura novamente acho
que com a queda de ódio nas minhas veias o efeito da bebida passou por que me
sentia perfeitamente sóbria naquele momento.

O Babaca riu, aquele sorrisinho presunçoso e convencido dele.


- Jura? Por que eu tenho certeza que ouvi você ficar ofegante só comigo te tocando
Princesinha... Então, você tem certeza que não queria me beijar?

Olhei com completa fúria pra ele, mas resolvi não brigar. Ia provar que eu era
mulher... Eu não sou feia, nem sou gorda, nem nada disso pra este merda me dizer
que não sou mulher. Apesar de eu saber lutar eu sou mulher... E... E... Ele não
podia ficar me dizendo essas coisas.

Ok... Acho que bebi realmente um pouco demais por que quando fui andar meio que
cambaleie, mas mesmo assim eu ia dançar, ia provar pro Babaca que eu não sou
uma menininha!

Babaca- Steven.

Bom, ela estava bêbada e me senti meio responsável por isso quando a vi cambalear
pra fora da cozinha...

Mas, o pensamento de cuidar daquela coisinha que me disse que não sou grande
coisa se esvaiu quando uma bela menina veio dançar comigo. Ela estava numa
roupinha tão curta e apertada, dava pra ver-se tudo ali.

Então fiquei dançando com a garota, ela me beijou, falou um monte de sacanagem
pra mim no ouvido e foi gostoso de ouvir.

Eu estava pronto, pronto pra leva-la pra algum dos quartos do Reiven quando vi a
Princesinha dançando.

Em alguns momentos eu já havia a visto dançar, mas nunca como ela estava
fazendo aquela noite.

Ela estava literalmente se esfregando em algum cara, que... Olhando bem, aquele
era o Harry.

E o Harry, como eu já disse, é meu melhor amigo e por isso eu sei exatamente o que
ele estava pensando. Ele queria a levar pra cama. E... Ela estava bêbada
provavelmente ia deixar.

Eu só não sei por que me senti tão incomodado com isso... Talvez por que eu sei
como o Harry trata as meninas ou por que... Acho que ela é virgem e não... Ela...

O Harry a beijou, possessivo como sempre, e saiu da pista de dança.


Juro que não queria me importar, mas a Princesinha não estava pensando direito.
Eu disparei cerveja nas veias dela, ela nem mesmo deve saber o que estava
fazendo...

- Da licença... Falei pra bela garota que dançava comigo e fui atrás dos dois.

Andei em boa parte da casa, do lado de fora, mas não achei os dois. Fui procurar lá
fora por que eu tinha a esperança de que ela só quisesse ar, mas... Não era isso.

Enfim, voltei pra dentro, e comecei a procurar no andar dos quartos por que se o
Harry estava com ela, era pra cá que ele viria. E bom... Eu estava certo.

Mas não acho que a Princesinha queria qualquer coisa com ele, acredite, antes de eu
tomar qualquer decisão prestei atenção nos dois e ela pediu pra ele a soltar assim
que ele começou a subir a saia do vestido dela, suas palavras foram:

- Me larga... Mas, como ele é o Harry, provavelmente achou que ela estava apenas
fazendo doce.

Então, só por que não queria me sentir responsável se amanhã ela acordasse e se
arrependesse eu...

- Solta ela Harry, agora! Falei pra ele, o puxando por que ele estava bem entretido
dando um chupão no pescoço dela.

Harry olhou pra mim, ainda a segurando pela cintura.

- Qual foi Steven? Não empata meu lance cara... Ela quer também!

Balancei a cabeça pra ele, por que ele estava mais que bêbado.

- Sério Harry, solta ela...

A Princesinha mal parecia que conseguia respirar ali, ela parecia... Enjoada.

- Stev... Começou o Harry, mas o peguei pela camisa, olhando fundo nos olhos dele.

- Solta ela agora!

Não acho que nunca na minha vida tinha ficado tão irritado com o Harry, mas
aquela noite eu estava com pouca paciência ele era um bêbado chato e mal sabia o
que fazia quando estava assim...

- Nossa, tá legal, fica com ela pra você! Disse, tirando minhas mãos da camisa dele.
Quando ele saiu do andar em que estávamos, olhei pra Princesinha, ela estava...
Tão... Perdia. Estava olhando fixo pro caminho que o Harry fez e sua mão estava
sobre onde ele lhe deu um chupão.

Acho que ela estava meio em choque.

- Ei... Tá tudo bem? Perguntei, olhando pra ela.

A Princesinha só balançou a cabeça na negativa e colocou a mão sobre a boca. Sabia


o que ela ia fazer e só deu tempo pra eu me afastar um pouco antes que ela colocasse
os bofes pra fora.

Ela vomitou bastante, ali mesmo na porta de um quarto e quando parou estava
chorando. Não sei se pelo lance com o Harry, ou se por ter vomitado eu só sei que ela
parecia acabada.

Evitei o vômito e a segurei pelos ombros pra leva-la dentro do quarto. Acho que esta
foi a primeira vez que eu realmente... Realmente entrei num quarto com uma garota
sem ter maldade alguma nisso.

A sentei na cama e fiquei a olhando-a chorar, não disse nada, por que eu não sabia o
que dizer. Quer dizer, se eu não tivesse chegado o Harry... Ele ia de verdade transar
com ela e acho que a Princesinha não queria isso, mas também não sei, por que ela
não se defendeu, ela é tão forte, podia ter arrebentado o Harry...

Mas, ela está bêbada... Talvez, ela quando fique bêbada não se lembre bem como
lutar ou se defender... E isto é culpa minha. Ela não queria beber, fui eu que a fiz
beber. Então...

Nem mesmo sei o que dizer à ela. Por isso só fiquei olhando, enquanto ela chorava e
tremia.

Em algum ponto ela parou, só ficou fungando. Seu cabelo estava bagunçado,
provavelmente pelas mãos do Harry e seu pescoço estava bem roxo onde ele chupou.

Toquei devargar a marca e ela deu um pulinho, não sei se foi de susto ou de dor.

- Está doendo? Perguntei, olhando-a se encolher.

- Não... Sua resposta foi baixa e rouca, por isto eu realmente não acreditei que não
doía.

Será que o Harry...?


- Ele te machucou?

Ela não respondeu, só se mexeu até que minha mão estive longe dela.

Eu também estava bêbado. Então ali naquela hora, eu apenas fiquei preocupado.
Não sei ao certo por que, mas... Fiquei preocupado que ele a tivesse machucado.

Me ajoelhei entre as pernas dela, tentando captar seu olhar.

- Princesinha, ele machucou você?

Ela balançou a cabeça. E respirei aliviado, juro que não sei o que ia fazer com o
Harry se ele tivesse machucado ela. Ele... Ele tem que ao menos conhecer limites
porra, ela pediu pra ele a soltar.

Revirei os olhos internamente, respirando fundo.

- Então... Esta tudo bem com você?

A Princesinha assentiu, de um jeito triste.

- Eu só quero ir pra casa... Disse, tentando se levantar e ela estava meio que
cambaleando.

Segurei-a pela cintura, devia estar fraca depois de vomitar tudo o que vomitou.

- Vou te levar pra casa! E eu iria levar mesmo, mas...

Ela lutou pra se soltar de mim.

- Me solta... Eu vou sozinha.

A voz dela não estava brava, mas... Triste eu acho. E por não reconhecer esse tom de
voz que ela estava usando comigo soltei e mesmo cambaleando ela foi embora.

A primeira coisa que fiz depois que a vi descer as escadas foi caçar o Harry.

- Qual a porra do seu problema?! Gritei pra ele, o pegando pela camisa.

Ele olhou pra mim, completamente confuso.

- Eu é que pergunto Steven, que merda está acontecendo com você hoje?

Bati as costas dele na parede, por que realmente não podia bater nele. Não de
verdade.
- Ela não queria transar com você! Você ia abusar da garota, entende isso?

Ele me olhou, ainda confuso.

- Sério Steven, se quer que ela abra as pernas pra você, se quer ela pra você não
precisa fazer toda essa cena porra! Vou deixa-la em paz caralho, me larga!

Soltei ele, bufando de raiva.

- Eu não quero que ela abra as pernas pra mim, mas também não quero que você
chegue mais perto dela Harry, ela estava bêbada, isto é abuso, você pode ser preso,
sacou?

Harry deu de ombros, sorrindo.

- Até valia a pena ser preso pra comer a Hanna... Ela é bem gostosa!

Sim, eu quis socar a cara dele, mas como o Harry estava pra lá de bêbado sabia que
este não era o verdadeiro Harry falando. Ele tem duas versões: O Sóbrio que é legal
e não fala essas merdas, e o Bêbado que mal sabe seu próprio nome.

- Cala a porra da sua boca e procura alguém que esteja sóbria o suficiente pra
querer dar pra você, E de preferência que saiba que esta dando!

Ele riu e saiu andando, de volta pra festa. Mas eu não. Fui pra casa, estava me
sentindo... Responsável. Eu sei que não deveria mas, também não queria que a
Princesinha... Que ela se machucasse assim. Mesmo que ela não fosse virgem, ela
não queria ir pra cama com o Harry. Nenhuma menina que realmente se dê valor
vai pra cama com o Harry, ela não é assim e o Mestre me mataria se soubesse que
eu a embriaguei e depois deixei meu melhor amigo abusar da garota...

Estava me sentindo culpado, ela parecia tão em choque quando saiu daqui. Tão...
Perdida. Acho que nenhum homem nunca a tocou como o Harry fez. E... Se for isso
me sinto mais merda ainda.

Fiquei me perguntando se eu não tivesse visto os dois, se eu não tivesse olhado pra
ela naquele momento ela... Ela ia sofrer um abuso! Eu não sou tão merda nem tão
insensível assim... Por mais que não goste da Princesinha, não é nem sobre gostar
ou não é sobre princípios, o que é certo e o que é errado e ela quase ter sofrido um
abuso por que a fiz beber, não estava nada certo! Nada certo!

Por mais que eu odiasse, ia pedir desculpas pra ela amanhã...


 Maluquinha-Hanna:

Lex me levou pra casa, pedindo milhões de desculpas por ter me deixado sozinha.
Eu não respondi nada, mas estava tudo bem. Eu... Não sei bem o que aconteceu
comigo.

O Harry parecia um garoto legal e naquele momento eu queria provar algo pro
Babaca. Queria provar que até mesmo o capacho dele me acha mulher. Mas, não
pensei que realmente o Harry... Que quisesse...

Acho que so estava muito bêbada pra perceber que ele era assim. Ele e o Steven são
os maiores cafajestes da escola. Eu devia saber. Eu devia ter me defendido. Mas...
Não sabia me defender, me senti impotente.

A bebida no meu sangue deve ter feito isso. Me deixou: Aérea e perdida. Uma parte
de mim sabia o que ele ia fazer, mas a outra apenas travou, eu comecei a lembrar e
apesar de não ser um surto eu senti cada fibra minha doer com as lembranças.

Paralisei de um jeito que nem consigo descrever, foi como se estivesse na frente do
meu pior pesadelo... E não quero falar ninguém agora, nem com a Lex, nem com
meu pai.

Quando eu era pequena, as vezes quando tinha meus pesadelos, no começo eu ia


dormir na porta do quarto do Chad. Tinha medo de dormir com ele, mas ali na porta
eu me sentia segura por que, era um lugar que me lembrava que não estava em
casa. Que nenhum mal ia acontecer.

Hoje? Hoje eu realmente pedi pra dormir com meu pai. Eu sei... É ridículo, mas eu
sentia que ia arrebentar a qualquer momento.

- Tudo bem se eu ficar aqui?

Foi a única coisa que eu disse, e o Chad... Ele pode ser chato as vezes, mas sempre
sabe quando estou mal, então por mais que eu soubesse que ele ia brigar comigo
amanhã, eu sabia também que hoje não iria negar eu dormir aqui.

- Claro Pequena... Vem cá?

Deixei o Chad me abraçar, e dormi ali, mas em algum ponto... Eu...Senti.

Senti a mão dele na minha perna, o jeito como ele me beijava. Como chorava. Senti
a dor de quando ele mexia comigo, numa parte íntima de mim... Eu...
- Calma Hanna, esta tudo bem... Disse o Chad, assim que despertei gritando.

Demorei um tempo pra saber onde estava, pra me dar conta de onde... Onde eu
estava e quando soube, tudo o que fiz foi sentar como quando era criança, abraçando
minhas pernas e me escondendo entre elas pra que o homem fosse embora. Mas ele
sempre voltava. E hoje em dia vive voltando.

***

- Bom dia meu amor... Disse o meu pai quando desci as escadas, eu já estava pronta
pra ir a escola.

Dei um sorriso pra ele, me sentindo cansada. Eu não dormi depois do pesadelo, não
consegui. Então estou meio acabada e de ressaca pra melhorar.

- Bom dia pai...

Ele me deu um beijo na testa e me abraçou apertado.

- Está tudo bem, viu amor? Tudo bem...

Assenti com a cabeça no peito dele, o apertando mais forte. O Chad sempre foi...
Minha âncora. Quando descobri que podia realmente confiar nele eu... Ele se tornou
tudo pra mim. Meu pai, meu melhor amigo e meu protetor.

Nós dois tomamos café da manhã e estava tudo bem, quase, fora a dor de cabeça
horrível que eu estava, mas o fato é que: Meu pai quis me matar, ao menos eu achei
isso quando ele perguntou:

- O que é isso no seu pescoço?

A voz dele não soou realmente brava, mas... Eu acho que ele estava.

- É extamente o que você está pensando pai... Admiti, baixinho enquanto cobria meu
pescoço com o cabelo.

Chad deu um suspiro e estava pronta pra bronca, sabia que o que eu tinha feito na
noite anterior tinha sido errado.

- Hanna, Hanna, quem te marcou assim? E por que você deixou?

Agora sim a voz dele soou realmente brava, e autoritária.


- Eu não queria que você me colocasse de castigo de novo se eu batesse nele era isso
que ia acontecer...

Chad deu um suspiro, meio exasperado.

- Aposto meus dois braços que isso foi coisa do Steven! Disse ele, estressado.

Assenti pra ele.

- Ah Hanna, esse garoto ele... Por que deixou ele fazer isso com você? E senhorita
andou bebendo, nem pense que eu não percebi!

Assenti tristemente pra ele.

- Eu sei pai, eu sei...

Chad sentou do meu lado, segurando meu ombro.

- Hanna, por que deixou isso tudo acontecer?

- Por que eu quero ser normal pai! Eu quero parar de ser a estranha em tudo...
Disse, baixinho sentindo Chad me dar um abraço apertado.

Ele respirou fundo.

- Olha filha, eu sei que com a sua idade vocês não pensam direito sobre as
consequências, eu sei disso por que eu não pensava...mas o que eu quero dizer, é
para você tomar cuidado, não vá atrás das outras pessoas só por que elas estão
bebendo e parecem estar se divertindo, você pode não acreditar mas você é normal, e
não é por que você não está se drogando ou transando no banheiro que você seja
diferente...

Olhei pra ele, estava meio triste hoje. Além de cansada.

- Pai isso não é verdade e a gente sabe... Quantas garotas você conhece com a minha
idade que tem um passado como o meu? Perguntei, com os olhos já enchendo de
água.

Ele assentiu, acariciando meu rosto.

- Eu sei filha, eu sei... Mas ficar se arriscando, bebendo sem sentido e deixando
qualquer um ficar marcando você não vai resolver o problema!

O Chad me fez olhar diretamente pra ele, segurando meu rosto.


- Filha, por favor se cuida, não deixa ninguém mexer contigo ao ponto do que
aconteceu ontem voltar a acontecer, certo? A menos que você realmente queira.

Assenti com a cabeça pra ele, que me deu um sorriso.

- Foi o Steven que marcou você?

Balancei a cabeça pra ele.

- Não, foi o Harry.

- Que é quase como se tivesse sido o Steven né Hanna? Perguntou ele, com a voz
cheia de raiva.

Dei de ombros.

- Ah pai, eu nem quero falar sobre isso... Quero esquecer... Só isso. Tudo bem?

- Você está de castigo, sabe disso não sabe?

Assenti pra ele, mas não respondi nada. E pra minha sorte ele também não.

Só respirou fundo, mas não falou mais nada, não me deu uma bronca gigante como
imaginei, nem disse nada, apenas mudou o assunto.

Babaca- Steven.

Eu a vi hoje, e todas as vezes que vi ela estava meio triste.

Como convivo com ela há anos, acho que aprendi a identificar quando ela esta bem
ou não e isso se confirmou quando mexi na trança dela de brincadeira hoje e ela
nem me olhou, não brigou comigo, mas também nem olhou na minha cara. Só saiu
andando.

E o dia todo ela esteve com a amiga dela, então não tive oportunidade de lhe pedir
desculpas.

Suspeitei que o Harry não fosse levantar hoje, e é verdade, ele não veio pra escola e
deve estar dormindo até agora com una ressaca monstro. Então pode-se dizer que
passei o dia sozinho. Não que não converse com outras pessoas, mas não queria
falar com ninguém hoje.
Ainda estava me sentindo culpado demais pra falar com qualquer um antes que
pudesse pedir desculpas pra Princesinha. Eu nem devia me importar, mas... Pedi
um conselho a minha mãe.

Estava perturbado e... A Dona Alicia sempre sabe o que fazer, então perguntei se
ela achava que eu deveria pedir desculpas a Princesinha e quando contei o que
aconteceu com ela minha mãe quase me estapeou.

Ela me chamou de estupido e insensível, sendo assim, deduzi que deveria pedir
desculpas a ela.

Enfim, só passei o dia com isso na minha cabeça, pensei em como pediria isso
quando fossemos ao "trabalho voluntário" hoje.

Mas, quando cheguei lá tudo sumiu da minha cabeça.

A... A Princesinha estava estava sentada na beira da piscina, hoje eramos


encarregados de cuidar da água, limpar, tratar, etc.

E ela estava sentada ali, só de regata larguinha, e um shortinho, não que eu nunca
tenha visto uma menina daquele jeito. Já vi muitas, até mesmo nuas... Você sabe
disso. Mas, a Hanna eu nunca tinha visto assim.

Na verdade acho que não era bem sobre como o corpo dela parecia bonito naquela
roupa, era sobre... Sobre como ela estava triste olhando pra água, o cabelo ainda
preso cobrindo o lado onde provavelmente estava o chupão do Harry.

Eu sabia que devia desculpas à ela, mas naquele momento nem conseguia me
mexer, ela estava quietinha, segurando as pernas e completamente distraída,
distante.

E quando recuperei do estado de transe em que fiquei fui aproximando devagar, não
querendo que ela saísse daquela áurea que estava, o sol estava quente hoje e
brilhava através dela, ela parecia: Linda.

Tá eu não posso pensar assim dela, mas o que o Harry falou ontem sobre ela ser
gostosa... Acho que é verdade, ela é bonita. Eu apenas, nunca reparei.

-Ei... Disse, tocando o ombro dela.

A Princesinha deu um pulo de susto e me olhou brava.

- Por que você gosta de me assustar? Perguntou ela, toda irritada.


Dei um sorrisinho pra ela.

- Desculpa... Ela ignorou e levantou tirando o IPod do bolso e colocou sobre as


cadeiras de sol que haviam ali perto da piscina.

- Vamos acabar isso logo tá legal? Eu quero ir pra casa!

Assenti pra ela, me levantando. E se está se perguntando sobre as desculpas que


devia à ela eu já pedi viu? Aquele pedido de desculpa foi por ontem, não por hoje...
Então estou aliviado.

No tempo que ficamos por ali limpando a piscina eu não consegui deixar de ver o
quanto ela parecia bonita nas roupas dela. Não era nada apertado, nem mesmo
curto demais, mas ela dentro daquela roupa parecia bonita.

Eu percebi enquanto a olhava que toda hora ela puxava a trança no pescoço. Acho
que realmente ela ficou envergonhada com o lance do Harry. E fora isso ela parecia
triste.

- Nossa você é tão cavalheiro! Disse ela, me acordando dos meus pensamentos.

Obviamente sua voz soou irônica, mas fiquei sem entender.

- Por que?

Ela parou, segurando a rede que limpava a piscina e ficou me olhando.

- Por que está parado feito um poste ai enquanto estou me matando pra limpar
sozinha! Você... Olha... Sinceramente não existe uma palavra no mundo
suficientemente ruim pra descrever você!

Agora sim ela parecia bem brava, e até fiquei feliz com isso, tanto que me aproximei
dela, me escorando do mesmo jeito que ela na rede.

- Jura? Sou tão ruim assim? Salvei você ontem...

Ela revirou os olhos, e olhou pra mim, agora para um momento, realize a cena:
Aquela rede de limpar piscina em pé no fundo desta enquanto tanto eu quanto a
Princesinha estávamos escorados nela na beira da piscina... O problema?

Bom, o problema é que aquela garota é má e ela estava controlando o objeto, todo o
peso do meu corpo estava apoiado naquilo... Agora adivinha o que a Maluca fez?
Exatamente! Ela empurrou aquele negócio dentro da água e eu cai o maior tombo de
todos os tempos dentro desta.

Escutei ela rir, enquanto voltava a superfície completamente molhado.

- Sua Louca! Por que fez isso?

Ela deu de ombros.

- Por que você merece!

Bati as mãos na água e fiquei olhando ela em pé ali na minha frente.

- E por que é que eu mereço?

Minha voz saiu calma enquanto eu nadava até borda, não queria que ela percebesse
o que eu ia fazer.

- Por que você é um Babaca!

Dei risada enquanto subia de volta pra perto dela.

- Eu sou um Babaca é? Perguntei, andando como um tubarão pra perto dela, e


conforme eu andava pra frente ela dava um passo pra trás.

- Você é... E nem pense em...

A Princesinha não terminou a frase, em vez disso nós dois caímos na água. Não era
meu plano cair com ela, mas ela me puxou pelo braço então acabei lá dentro.

- Ah mas você é... Sabe quando tudo para? Você não escuta mais nada, bom aquele
foi este momento.

Eu parei, só fiquei olhando pro quanto ela parecia bonita toda molhada, o cabelo
bagunçado e a blusa fora do lugar. A única coisa que não gostei dali foi...

- ...Você é um idiota Steven! Sério, para de me encher! Gritou, foi a última coisa que
eu ouvi então me aproximei dela.

Ela não se mexeu, o que eu acho uma vitória só ficou mexendo no cabelo, tentando
arruma-lo pra cobrir a marca da boca do Harry de novo.

Quando cheguei perto dela, o único lugar que minha mão tocou foi ali. E a
Princesinha fez cara de desgosto.
- Está doendo?

Ela deu um riso sarcástico.

- O que você acha?! Perguntou, depois tirou minha mão de perto dela.

- Eu sinto muito... Não tive a intenção de... Comecei a me desculpar novamente, por
que achei que deveria.

A Princesinha me interrompeu, aos risos, óbvio que da maneira mais sarcástica que
existe.

- Ah você não teve a intenção? Nossa Steven, sério, eu vou começar a matar sem
intenção e ver se a justiça fica do meu lado!

Sua voz saiu mergulhada em sarcasmo e o rosto dela estava o mais bravo que já vi.

- Você percebeu quantas vezes em todos estes anos que você me provoca eu nunca
liguei? Nunca revidei, nunca nem ao menos te xinguei como deveria? E você vive me
enchendo, só me deixa em paz! Me deixa em paz!

Nossa, ela nunca tinha falado comigo assim, a voz dela estava tão triste, tão...
Magoada.

- Você esta brava comigo por que te joguei na água? Perguntei, meio confuso com a
revolta repentina dela, como ela mesmo disse ela não era de revidar.

Ela riu sarcasticamente.

- Não Steven! Estou brava por que você me irrita a vida toda e eu nem ao menos sei
o que fiz pra você me odiar! Eu nem mesmo sou mulher mais! Não é? Então... Sério,
me deixa em paz!

Tentei assimilar as coisas dentro da minha cabeça, por que as palavras dela não
faziam muito sentido. Tudo o que consegui entender foi que sua voz estava
magoada, e nunca lidei com a Princesinha magoada, ela... Nunca foi de ficar assim
comigo. Ela fica irritada, magoada não. Então não sabia o que fazer.

Obviamente ela saiu da água depois do seu discurso e fiquei olhando enquanto ela
se livrava da regata branca que vestia... Sim, eu também pensei: Que porra é essa?

Mas não, ela não ficou nua, estava de biquíni por baixo da roupa. Acho que ela ia
nadar... Ou ia pra praia. Não sei. O fato é: Ela realmente é bonita. Nem perto das
mulheres que já peguei, mas... Ela até que é bonitinha. Ou talvez eu apenas esteja
tentando achar beleza nela pra entender o que o Harry disse ontem sobre ela ser
gostosa.

Mas não consigo ver nada demais, ela é realmente bonita, mas... Não é de se babar.

Enfim, ela estendeu a camiseta na cerca da piscina e pegou de volta a rede, me


ignorando completamente. Portanto sai da água, deixando ela limpar e fui tirar
minha camisa também que diga-se de passagem já era, por causa do cloro da
piscina.

Sabe? Às vezes, ou quase sempre existe vantagem em olhar feito idiota pras
meninas. E a Princesinha ali, se debruçando pra limpar a água... É, até que em
partes o Harry não estava tão bêbado...

- Você queria? A pergunta escapou de mim antes que eu pudesse para-la e a


Princesinha me olhou completamente confusa.

Sorri pra ela, me aproximando.

- Queria ir pra cama com o Harry por isso ficou brava comigo?

O rosto dela ficou tão retorcido que eu achei que ela realmente pudesse me matar
com os olhos.

- Sabe Steven? Eu não sou como suas putas! E não saio por ai agarrando qualquer
um, se isso aconteceu ontem e saiu fora do meu controle foi por que estava bêbada,
então não eu não queria, nem mesmo beija-lo eu queria!

Assenti pra ela, quase recuando por que as palavras dela saíram como facas em
mim.

- Então você ainda é virgem? Outra pergunta que escapou de mim sem que eu
quisesse... E ela ficou puta.

Me pegou pelos ombros me escorando na grade da piscina.

- Por que isso te interessa? Você não pode por favor me deixar em paz?! Que merda,
estou pedindo por favor! Por favor, me deixa em paz!

Depois que ela berrou esssas palavras pra mim ela simplesmente se virou colocando
a mão na testa, e estava tremendo. Acho que nunca fiquei mais paralisado do que
ali com ela.

Ela me pediu por favor? Isto foi sério mesmo?


Me aproximei dela, tocando de leve seu ombro que esta fez questão de sacudir até
que minha mão estivesse longe.

- Ei... Relaxa eu...

Ela me interrompeu.

- Sabe? Eu não sei que merda fiz pra você, mas seja lá o que for, me desculpa tá
legal? Só para... Eu.. Estou tão cansada Steven, se você soubesse como estou
cansada de você encher meu saco, eu nem ao menos estou lutando mais! Pelo amor
de Deus, me deixa!

Uau... Ela estava implorando? Cara, eu só posso estar sonhando.

- Princesinha, pode me ouvir por um momento? Perguntei, por que ela estava com a
cabeça baixa, tocando o rosto.

Quando ela olhou pra mim entendi por que, ela estava chorando. Mas não havia
mais lágrimas nos seus olhos, porém o vermelho destes me fazia crer que ela chorou.
O que me deixou pra lá de confuso... Ela nunca fez isso.

- Você está realmente chateada com tudo o que aconteceu ontem?

Hanna deu um riso sarcástico.

- Não, imagina! Eu já desci de como você chama, o meu podium pra pedir pra você
parar, eu só quero que pare... Não precisa olhar pra mim, nem falar comigo eu juro
que tudo o que quero é que você pare de me encher!

Nossa! A voz dela nunca saiu mais... Apagada, sem força deste jeito. Sempre que a
Princesinha brigava comigo ela brigava aos berros, ou, ao menos me xingava de
tudo quanto é nome e agora, ela simplesmente estava me pedindo pra parar. Nem
sei que reação que deveria ter a isso. Portanto apenas fiquei parado ali enquanto a
via recolher a blusa e seu IPode e sair dali.

Sabe aquela sensação de que você fez mais merda do que deveria? Pois é, eu gosto
de ver ela irritada, brava, e querendo me matar. Ve-la assim, humilhada sempre foi
minha intenção e agora que aconteceu eu... Nem sei, parece que... Está errado,
muito errado ela ficar assim.

Por isso corri atrás dela...

- Ei... Espera.
A Princesinha parou, suspirando.

- Me deixa em paz eu... A interrompi, segurando seu braço.

- É... Quer dar uma volta na minha moto?

Foi tudo o que consegui pensar naquele momento, ela parecia triste e quando eu
estou triste voar na Tara me ajuda, ajuda a esquecer, a respirar.

Olhei pra Princesinha, que olhava pra minha mão no seu braço, então a soltei...

- Não... Você não tem que.... A interrompi novamente.

- Olha, se aquela merda aconteceu contigo ontem, eu tive meio que uma parcela de
culpa... Então, me deixa recompensar você, eu sei que gosta de motos, por favor?

A Princesinha olhou pra mim, depois revirou os olhos.

- Não! Respondeu ela firmemente, então saiu andando, sem nem olhar pra mim.

Maluquinha- Hanna.

Sabe? As vezes, como hoje eu so quero fugir.

Não queria ir pra casa, nem ir ver a Lex. Então fui pra praia.

Nem me sentei, ou qualquer coisa do tipo, só fiquei andando pela areia, olhando as
pessoas.

Se eu fosse pra casa, meu pai ia estar preocupado comigo, ou ia me dar uma bronca
novamente ou me lembrar que estou de castigo. Então fiquei por ali, olhando a água
e lembrando da minha mãe.

Desde que ela foi presa eu nunca mais a vi. Sinto falta dela, ela era... Meio doida e,
acho que não gostava muito de mim. Mas, eu a amava. Ainda amo. E sinto saudade.

As vezes me lembro de ela ir me ver no quarto, ficar comigo até eu dormir... Acho
que ela só estava perdida. Assim como eu estou perdida hoje em dia.

Quando eu era criança eu não me importava em usar óculos, nem que eu não fosse
como todo mundo. Eu tinha problemas de comunicação, mas, o Chad me fez ir aos
psicólogos e isso melhorou.

Eu gostava de desenhar quando era criança, os desenhos falavam, mostravam tudo


aquilo que eu pensava quando não encontrava palavras...
E sentatada ali na areia, olhando o mar, eu sabia exatamente o que queria fazer...

Babaca- Steven.

Fui ver o Harry. Eu não tinha nada pra fazer hoje, então ve-lo era o melhor que iria
conseguir.

- E ai cara? Falei pra ele, que estava com uma bolsa de gelo na testa quando veio me
atender.

- Fala baixo tá Steven? Minha cabeça tá doendo! Ele falou num sussurro se jogando
no sofá da sala.

Dei risda, por que ele parecia completamente acabado.

- E ai, como foi o fim da festa ontem? Se deu bem? Perguntei, me jogando no sofá
menor enquanto o Harry estava no maior com a bolsa de gelo sobre a cabeça.

Ele soltou algo como um grunhido, ou um gemido.

- Não.... Depois que você empatou meu lance com a Hanna eu não peguei mais
ninguém!

A simples menção do nome da Princesinha na boca do Harry me lembrou que estava


puto com ele. O que me fez sentar na ponta do sofá, pronto pra dar uma bronca nele.

- Por falar na Hanna, você pegou né? Se deu bem seu viado! Disse ele, jogando uma
almofada em mim.

Segurei o negócio, colocando no meu colo e olhei pro Harry.

- Não cara, eu não peguei...

Harry bufou.

- Ah fala sério Stevie...

- É sério Harry.

Ele balançou a cabeça com a bolsa de gelo sobre ela.

- Então por que empatou meu lance Steven? Eu ia faturar bonito com a Hanna!

Revirei os olhos, jogando a almofada nele.

- Caralho Steven! Gritou ele, se mexendo no sofá.


Dei risada.

- Para de ser idiota seu puto! Você ia era arrumar um problema com o Mestre se
levasse ela pra cama!

Ele riu, olhando pra longe.

- Ah cara, até que ia valer a pena...

Balancei a cabeça.

- Isso ia ser abuso, ela não queria ir pra cama com você Harry...

- Ah é? E com você ela queria né?

Ele suspirou, balançando a cabeça.

- Sério Steven, empatou a minha vida e ela não estava me batendo, estava
retribuindo meu beijo, ela queria cara! E você nem ao menos pra pegar... Disse,
completamente indignado.

- Harry, está com problema de audição? VOCÊ IA ABUSAR DELA! Gritei, só pra
irrita-lo.

Ele balançou a cabeça pra cima e pra baixo tampando os ouvidos.

- Tá! Não grita, mas que inferno!

Dei risada, me jogando no sofá novamente.

- Ela beija bem cara! Disse ele, depois de uns momentos quando já havia se deitado
novamente.

Revirei os olhos pra ele.

- Achei que estivesse muito bêbado pra lembrar!

Harry riu.

- Pois é... Eu também, mas não é que a cachorra beija bem ao ponto de me fazer
lembrar dela hoje?

Por uma razão muito bizarra, o que saiu da minha boca foi:

- Não chama ela de cachorra Harry, ela não é suas putas!


Sim, o Harry me olhou com a mesma expressão confusa que você, mas não me
pergunta por que, eu apenas... Ela não é nenhuma cachorra, tá legal?

- Hum, ela não é minhas putas, mas parece que vai ser sua puta né? Disse, sorrindo
malicioso pra mim.

Balancei a cabeça, por que de jeito nenhum que a Princesinha...

- Claro que não Harry! Larga a mão de ser trouxa cara!

Ele riu.

- Ah, estou sendo trouxa?

- Está viado! A Princesinha não faz meu tipo, ela é muito menininha... Meu lance é
mulher!

Harry riu, sentando no sofá.

- Ah cara! Para vai? Ela é gostosa pra cacete e daria boa parte dos meus bens pra
sentir aquela boquinha gostosa que ela tem em outras partes de mim... Pena que
tenho a porra de uma amigo que fica empatando meus lances!

Nem sei que merda deu em mim, é só que escutar o Harry falando assim da
Princesinha... Imaginar ela... Ele... Me deu uma explosão, quando vi já estava
segurando o Harry pela camisa pronto pra socar a cara dele.

- Me larga Steven! Cacete, pode me soltar agora! Gritou o Harry, me tirando do meu
surto.

Soltei ele, respirando fundo.

- Que porra está acontecendo com você cara?! Perguntou, indignado.

Dei de ombros, até por que não tenho ideia de que merda está havendo comigo.

- Porra cara! Se controla! Disse ele, ajeitando a camiseta.

Assenti pra ele, me sentando de volta tentando me acalmar, e tentando entender o


por que estava... Estava tão bravo. Quer dizer, o Harry e eu vivemos falando assim
das garotas, então... Qual o meu problema?

- Steven, vai me explicar por que estava pra me bater de novo?

Respirei fundo.
- Sei lá cara, só... Só não... Não fala assim dela.

Harry riu, histericamente.

- Ah cara... Sério?

Olhei pra ele, confuso.

- Você... Está... Gostando dela?

Assim que as palavras saíram da boca dele fui obrigado a rir.

- Claro que não idiota!

De jeito nenhum eu estava gostando da Princesinha, já falei, ela não faz meu
gênero.

Harry ficou me olhando, desconfiado.

- Cara... Tem certeza que não... Não quer nem... Nem dar uns pegas nela?

Balancei a cabeça, veementemente.

- Não!

Quer dizer, beijar a Princesinha? Com que propósito? Ser babá dela? Dispenso!

- Ok... Se é assim, então por que fica todo irritado quando falo que ela é gostosa?

Olhei pro Harry, tentando entender a mim mesmo. Não me irrita que ele a chame
de gostosa, até por que ela nem é...Mas o problema é... Nem sei qual o problema.

- Sei lá Harry, só não acho certo ficar falando assim da filha do Mestre!

Ele riu.

- Sei... Disse, mas foi tudo o que disse, depois mudamos o assunto.

Mas, a conversa não saiu da minha cabeça. O que o levou a acreditar que eu... Que
eu e a Princesinha... Nunca ia rolar.

Se bem que... Nos dias que se seguiram a conversa com o Harry parecia que na
minha mente a Princesinha ia ficando mais bonita.
Hoje por exemplo, estamos no trabalho voluntário e ela está de shortinho, um curto
e larguinho, ficou bonito nela. Ela tem uma pernas até... Até que aceitáveis e neste
momento esta brigando com os alunos da informática.

- Não meninos! Vocês não podem acessar Facebook, Youtube e outras coisas desse
tipo aqui e...

Um dos garotos, o Lewis, mostrou a língua pra ela, e vi a Princesinha desferir um


olhar mortal pro garoto. Ela parecia estressada hoje e me meti da briga dos dois
antes que ela estapeasse a criança.

- Ok, ok... Lewis, você entendeu a tia, evite entrar nesses sites, ou ao menos evite
ser pego! Disse, dando uma piscada pro garoto.

Escutei a Princesinha suspirar e quando me virei pra olha-la estava com a mão na
cintura e a outra na testa.

- Ai, eu odeio crianças! Afirmou ela,suspirando.

Parecia realmente brava. Fazia alguns dias que eu não a provocava, desde que ela
pediu por paz, eu dei.

O que? Achei que ela merecia um pouquinho depois de quase ser abusada por minha
causa.

- Relaxa Princesinha, eles são crianças, vão aprontar mesmo, relaxe!

Ela deu de ombros, virando pra mim.

- Eu sei, mas são umas pestes!

Dei risada, enfiando as mãos nos bolsos da bermuda.

- É... Eles são... Disse, completamente distraído, olhando pro rosto e corpo da
Princesinha.

Hoje ela estava de regata, uma roxa, com um decote legal... Estava, quase sedutora,
se ela não fosse quem era.

- São pragas, não vejo a hora de ir embora!

Sorri pra ela, e sem saber bem por que, perguntei.

- Você... Hum, tem algum compromisso depois daqui?


Ela franziu o cenho, acho que pela minha pergunta.

- Não, ainda estou de castigo, por que?

Dei de ombros.

- Sei lá, do jeito como está vestida achei que... Que fosse sair.

A Princesinha balançou a cabeça.

- Não, só vou na praia, faz alguns dias que não entro no mar... Disse, indiferente.

E também nem sei por que perguntei, então dei as costas pra ela e fui olhar as
crianças no computador.

Maluquinha- Hanna.

Não entendi o por que da pergunta do Babaca. Quer dizer, pra que me perguntar se
eu ia sair?

Enfim, não vou ficar me esquentando com as idiotices dele. Eu estou em


abstinência! Tenho desdenhado desde aquele dia na praia, fiz muitos desenhos, mas
nenhum deles com algum significado, a maioria está em preto e branco, por que é
como me sinto: Em preto e branco. Sem cores.

Não consigo entender o que tem de errado comigo esses dias, mas estou tão irritada,
tão fora de mim, acho que isso é por abstinência da academia, estou sentindo falta
de lutar. Mas, meu pai me proibiu por estes dias. Ele disse pra eu me concentrar em
desenhar, em ficar calma, em aprender a não deixar o Babaca me embebedar pra
depois voltar a lutar.

Mas eu não aguento mais, ficar parada não é meu forte e tudo o que tenho feito
esses dias são os desenhos, escrever, ir pra escola, e estar aqui... Nesta merda de
"trabalho voluntário" com esssas crianças assassinas.

Estou enlouquecendo, só vejo a Alex na escola e estou sentindo falta de conversar


com ela, tem feito um calor infernal... Eu preciso, fazer alguma coisa, me colocar em
movimento. Por isso, hoje vou a praia, o Chad não sabe que eu vou. E espero que ele
não fique muito bravo, mas é que preciso correr, preciso entrar na água, preciso me
sentir bem de novo.

Depois daquele pesadelo maldito eu estou... Me sentindo como quando era criança,
me sinto... Machucada novamente e não quero isso.
Odeio ficar lembrando, odeio me perder em pensamentos e ficar lembrando do
pesadelo, ou... Ou dele. Eu só quero que tudo isso passe! Só isso.

Enfim. Fui correr na praia, e me senti muito melhor com isso, suar, ofegar, sentir
meus pulmões ardendo... É bom. É ótimo, me faz sentir viva.

Por isso quando parei, olhando pro mar, fiquei sorrindo como boba... É assim que
gosto de me sentir, viva!

E bom, como sempre depois de correr fui dar um pulo na água, tirei minha camiseta
e o short que vestia, então pulei na água.

Foi tão bom, tão gostoso sentir a água fria do mar me renovando, dizendo que estava
tudo bem. Tudo bem...

Me perdi na água, nadei até onde não sentia mais a areia embaixo de mim e fiquei
ali, sentindo as ondas irem e voltarem, levando de mim todas as coisas ruins. É por
isso que adoro o mar. É tão traquilo, tão pacífico, mas tem seus dias de ressaca, seus
dias ruins, assim como eu tenho os meus. Sinto que o mar me entende, por isso amo
estar na água.

Fiquei ali, quieta, sentindo a calmaria da água me acalmar, sentir a brisa passar
por mim, o sol sob a minha cabeça... Era tão bom, tão pacífico que até fechei os olhos
pra aproveitar aquele momento.

Um momento sem lembranças, sem desenhos, sem aquela irritação que estava me
consumindo...

Até que senti... Senti a mão no meu tornozelo novamente, me puxando pro fundo da
água e aquilo me apavorou tanto... Eu paralisei, totalmente.

Comecei a me afogar, por que simplesmente não conseguia me mexer, eu só


conseguia pensar na dor, apesar de saber que ela não era real... Não é real... Não
real. Dizia a mim mesma, mas nada parecia... Fazer efeito. Eu...

- Ei... Abri os olhos, olhando pro Babaca na minha frente, que segurava meu rosto
entre as mãos.

Respirei fundo várias vezes, cuspi um pouco de água... Me sentindo meio zonza.

- Tá tudo bem? Ele perguntou, tirando o cabelo da minha boca.


Assenti pra ele, tentando lembrar onde estava, tentando me convencer de que
estava tudo bem.

Foi então que me dei conta!

- Foi você que puxou meu pé?! Praticamente gritei as palavras pra ele, que só
assentiu.

Me deu vontade de mata-lo! Quando digo que ele... Ele faz tudo de propósito...

- Quase me matou! Gritei, o empurrando.

- Me desculpa Princesinha, foi só uma brincadeira...

- Só uma brincadeira?! Continuei a berrar com ele.

- Suas brincadeira não tem a mínima graça Steven! Que droga! Gritei, tentando
acalmar meu coração que estava batendo tão rápido, me fazendo perder o ar...

- Olha, relaxa, eu não quis fazer mal pra você é só... Ele me puxou ora encara-lo e
não conseguia dizer mais nada, estava com minhas mãos no peito, tentando,
pedindo pra eu não surtar...

O Babaca me olhou, por vários momentos enquanto eu ia vendo minha visão ficar
turva, os gritos... As mãos daquele homem... Não... Não...Por favor. Pedia a mim
mesma, eu não queria ter um surto, não agora. Nem nunca.

E então ficou tudo... Diferente. Tinha uma mão no meu pescoço, mas não era a mão
do homem... Era, maior, mais forte, calejada e sua boca estava na minha.

Ele...? Estava... Me... Me beijando?

É, o Babaca estava me beijando e de um jeito que ninguém nunca beijou, de um


jeito... Nem mesmo sei descrever como estava me beijando, e mais uma vez, fiquei
paralisada, completamente...

Babaca- Steven.

Ok... Vamos lá. Eu a vi caminhar pra praia, a vi correr de longe e depois quando ela
entrou na água fui atrás dela, mas não por algum motivo especifico. Apenas por...
Por querer entender o que levou o Harry a achar que rolaria algo entre ela e eu...
E foi quando a vi tirando a roupa que entendi, ela era gostosa. Mas, gostosa de um
jeito diferente, irritante que me fazia querer... sinceramente? Querer ela pra minha
lista.

Queria provar, provar pra ela... Mostrar pra ela o por que eu sou grande coisa, o que
as meninas vêem em mim, e além disso, provar que o fraco aqui, podia fazer ela me
querer.

Ia só brincar um pouco com ela, por isso puxei seu pé na água, mas como a louca é
dramática quase se afogou. Só que... Ela fica bonitinha irritada, apesar de eu
prefirir ela quietinha, por isso beijei, por que era isso que queria, o beijo, queria que
ela se entregasse, que correspondesse, mas...

- Ai! Gritei, segurando minha boca, essa doida me mordeu! E forte por que estava
sangrando.

- Ficou louca?! Perguntei, olhando ela parada na minha frente.

A Princesinha balançou a cabeça, passando as mãos pelos cabelos, completamente


exasperada.

- Eu é que pergunto: Enlouqueceu? Por que está fazendo isso comigo?

- Pra te recompensar, quase te matei, era uma boa fazer uma respiração boca a
boca... Respondi, indiferente, sorrindo.

Apesar de internamente estar me perguntando qual a merda do problema dessa


garota. O por que ela não pode... Simplesmente me beijar de volta, por que não faz
comigo como fez com o Harry... Por que... Por que ela me evita desse jeito?

Acho que ela só pode ser louca! Realmente louca, tem uma fila de mulheres me
querendo e... Essa coisinha aqui, que nem é tudo isso fica... Fazendo doce. E ainda
por cima me mordeu!

- Você é um idiota Steven! Um completo idiota! Encosta um dedo em mim de novo


pra ver o que faço com você! Ameaçou, saindo da água.

Ah, lindo! Agora além se tudo ela me ameaça? É sério mesmo?

- Ah vai se ferrar Princesinha! So por que você se acha não quer dizer que você
realmente seja alguma coisa!

Ela parou, me olhando com raiva.


- Eu não me acho! Gritou, apontando com as mãos pra mim.

- Ah qual é? Você acha que é superior a todo mundo, por isso saía com aquele cara
mais velho, por que só ele é bom o suficiente pra você né? Quer saber? Eu quero
mais que você se foda Princesinha! Gritei, saindo de perto dela.

Ok, ela me acha um fraco e talvez no fundo tenha razão, mas não vou ficar me
arrastando atrás dela, foi só um beijo. Um pra nunca mais!

 Maluquinha-Hanna:

Certo... Agora não consigo dormir! Fui pra casa, sem olhar na cara daquele merda...
Ele... Ele precisa parar!

Precisa definitivamente parar de... De... Com tudo o que faz! Ele simplesmente não
tinha o direito nem a permissão de me tocar e me pergunto por que merda de motivo
eu luto se quando preciso da luta fico... Paralisada como fiquei hoje.

Ao menos, o beijo tosco dele fez... Fez o surto passar, mas agora não consigo dormir.

Fiquei rolando na cama, dando graças a Deus por meu pai não aumentar meu
castigo, e mesmo assim, mesmo tentando pensar em outra coisa... O beijo daquele
imbecil fica na minha mente.

Ele me beijou de um jeito tão diferente, os beijos do Lewin não eram assim, os do
Lewin eram beijos... Beijos de criança.

Mas, a forma como o Steven me beijou, foi... Intenso.

Balanço a cabeça pra me livrar do pensamento, e me dou conta de que meus dedos
estão sobre minha boca, parece que ele me marcou... Sei lá.

Não consigo ficar quieta, nem parada. Meu corpo precisa se mexer, por que se não...
Vou ficar pensando nele. E não quero de maneira nenhuma pensar nele.

Me levantei, desenhei, escutei música, escrevi um pouco e em algum ponto apaguei.

Mas, no outro dia me dei conta de que tinha realmente sido beijada pelo Babaca e
pior...? Eu... Não conseguia de jeito nenhum tirar aquilo da minha cabeça.

Diferente dele é claro, que estava se pegando com a Deise no corredor na hora do
intervalo. A Deise treina com a gente e agora, é mais uma vítima do Babaca...
Suspirei alto, revirando os olhos, apesar de não querer ter reação alguma, mas... Ve-
lo a beijando, me lembrou, dele me beijando.

Pelo amor de Deus! Eu só podia estar ficando louca!

- Hanna, está me ouvindo? Perguntou a Lex.

Pisquei um pouco, por que estava em transe completo, lembrando... Que ódio!

- Desculpa Lex... Eu só...

Passei a mão no rosto, tentando pensar, raciocinar algo que não fosse o Babaca.

- Hanna, está tudo bem? Perguntou ela, passando as mãos no meu braço.

Assenti pra Lex,sorrindo.

- Claro é... Olhei pro Babaca, se agarrando com a Deise, sem um pingo de
vergonha... Queria tanto ser assim. Tanto ser... Livre.

- O Steven fez alguma merda contigo?

- Ele me beijou... Respondi, sem nem perceber que tinha falado, só me dei conta
quando a Lex me sacudiu.

- Ele fez o que?!

Dei de ombros.

- Não Hanna, vai me contar agora e direito essa história! Ordenou minha amiga, me
fazendo sentar no banco do pátio.

Revirei os olhos pra ela, mas... Acabei contando pra ver se ela me dava uma luz do
por que não conseguia parar de... De pensar no beijo dele. Eu nem mesmo
correspondi, não o beijei de volta, não era pra eu estar pensando nisso.

- É isso Lex... Disse, quando terminei de contar, mexendo no canudinho do meu


refrigerante.

Alex me olhou de cima a baixo, me fazendo encolher um pouquinho sobre seu olhar
perito.

- O que foi? Perguntei, tentando entender o modo como ela me olhava.

- Você gostou?
Dei de ombros.

- Foi só um beijo, e eu nem mesmo o beijei de volta Lex... Não foi nada demais...

Alex me olhou, cruzando os braços.

- Jura? Por que parece que você estava pensando nele.

Revirei os olhos.

- Claro que não Alex, não diga bobagem eu... Eu só... Não esperava.

Ela sorriu.

- Sei, amiga, conta pra mim, gostou do beijo do Babaca?

Parei pra pensar um momento, eu gostei? Não... Só... Só não consigo parar de
pensar nisso, mas não acho que é por ter gostado, talvez... Eu só...

Balancei a cabeça.

- Não Alex, eu só estou carente.

Minha amiga riu.

- Oh, ela tá carente? Disse, rindo e me dando um abraço.

Acho que era isso mesmo, carência. Talvez eu apenas, apenas nunca tenha tido
ninguém... Ninguém desse jeito, que me beijasse do jeito que ele beijou. Talvez eu
apenas precisasse de alguém. Como a Alex sempre disse.

- Ah amiga, vou sair com você amanhã, hoje não por que a senhorita vai voltar a
treinar, mas amanhã vamos sair e vamos achar um cara legal pra você tá?

Apenas assenti pra ela, por que a Lex não ia nem me deixar dizer "não" então
apenas concordei.

Por um lado, o dia foi uma bosta, por outro, foi incrível eu ia voltar a treinar e isso
estava me fazendo bem.

 Babaca-Steven:

- Hummm... Deise... Falou o Harry, com as mãos na boca, como se estivesse


babando.
Revirei os olhos pra ele, sorrindo por que a Deise era realmente gostosa e sabe o
melhor? Lutar com ela na cama... É espetacular.

Por isso talvez ela esteja durando um pouco mais, faz alguns dias que estou com
ela... Ela é bonita, é legal e adora o que faço: Lutar... E ainda melhor: Ela odeia a
Princesinha. O que é ótimo também, prova que não sou o único que tem problemas
com ela.

- Pois é Harry, Deise!

Ele riu, me socando o ombro.

- Cara, você sempre fica com as melhores, tem que parar com essa palhaçada!

Dei risada, balançando a cabeça enquanto andamos pelo estacionamento.

- Fazer o que mano? É meu dom!

Harry riu, suspirando mas não estava olhando pra mim, estava olhando...

Ah, ela.

Revirei os olhos pra cena do Mestre abraçando a Princesinha. Eu sabia que hoje ela
ia voltar a treinar e não estou, nenhum pouco empolgado com isso.

- É cara, mas tem uma que não rolou nem pra mim, nem pra você! Disse, cruzando
os braços.

Definitivamente não sei onde estava com a minha cabeça quando beijei a
Princesinha e não sei por que estou ficando com tanta raiva dela, toda vez que me
lembro que ela me rejeitou! Rejeitou a mim! Qual é? Eu... Estou ficando ruim assim?

- Ah Harry, qual é? Não vai ficar babando pela Princesinha né?

Ele riu, balançando a cabeça.

- Não sei o que ela tem cara, é só alguma coisa sobre o beijo dela... Aquilo não sai da
minha cabeça!

Revirei os olhos pra ele, por que o beijo dela nem é tão gostoso assim, ela... Ela nem
mesmo me beijou. Talvez isso que me irrite, ela... Ela não me beijar, qualquer
garota beijaria... Mas ela... Simplesmente me mordeu e só pra você saber, ainda está
doendo.
Passei o dia estressado com ela, mas passou enquanto me pegava com Deise, por
falar nela... a minha garota, ou melhor a minha atual garota, apareceu por ali... Ela
é tão... Gata cara. Tem um corpo fantástico, simplesmente, fantástico!

- Oi... Falou, numa voz baixinha, sexy ao ponto de me enlouquecer.

Sorri pra ela.

- Oi gata, vai subir na minha moto? Perguntei, piscando pra ela. Estávamos indo
pro mesmo lugar mesmo.

Deise assentiu, montando na minha garupa, brincando comigo e mesmo... Mesmo


brincando com ela fico me perguntando qual a porra do Problema da Princesinha, o
por que ela... Ela simplesmente não me quer. Talvez, seja por que ela é
simplesmente uma menininha... Ainda não sabe o que quer, não sabe ser uma
mulher de verdade.

Dane-se. O que importa é que a Deise é uma garota legal, cheguei meio agarrado à
ela na academia e a Princesinha estava lutando com o Mestre... Tenho que assumir,
é legal ver os dois lutanto, mas sempre me dá aquela invejinha.

- Por que será que ele gosta tanto dela? Ela nem é tudo isso! Falou a Deise do meu
lado, dizendo exatamente o que estava pensando.

Isso enquanto assistíamos a Princesinha derrubar o Mestre e imobiliza-lo.

- Bom Pequena... Muito bom! Disse ele, todo orgulhoso se levantando e sorrindo pra
ela.

Os dois se abraçaram, como de costume, rindo de algo... Eles são uma boa família.
Tenho inveja da Princesinha nessa parte, mas tenho mais raiva.

- Vou lutar com ela hoje! Afirmou a Deise, estalando os dedos.

Sorri pra ela, lhe dando um beijo na orelha.

- É gata? Vai dar uma bela surra na Princesinha?

Deise sorriu, me puxando pela camisa.

- Pode apostar que eu vou! Disse, saindo de perto de mim e indo pros vestiários.

Ela é uma boa lutadora, uma ótima lutadora, mas daí a ganhar da Princesinha...? Ia
ter que pagar pra ver essa.
- Bom pessoal, como vocês já perceberam hoje a Hanna volta a treinar. E como todos
sabem, semana que vem temos as competições nacionais, nas quais vocês vão
lutar... Começou o Mestre, olhando pra gente, todos em fila, todos prestando atenção
a cada palavra que ele diz.

- Porém, como em todas as competições, só os melhores vão... Portanto, hoje


começam as competições pra saber quem irá competir, me ouviram?

Todos respondemos em uníssono.

- Sim Mestre!

- Sim, o que?! Pergunta, nos instigando. Todos nós fazemos uma reverência pra ele e
gritamos bem alto.

- Sim Mestre!

E então o show começa...

Eu lutei com o Clark, Anthony, Travis, Dave, Dylan, Stefan e mais um monte de
caras que não vem ao caso. O fato é: Stefan e eu vamos pra competição.

Depois, foi a vez das meninas. Internamente estava torcendo pra Deise, apenas pra
não torcer pra Princesinha, não que eu achasse que a Deise tinha chance por que...
A Princesinha é uma praga!

Ela derrotou a maioria das meninas sem piscar, sem nem ao menos ficar ofegante...
Ok, exagerei, mas o fato é: Ela luta muito.

A única com quem ela teve um problema pra passar foi a Deise, elas pareciam...
Revoltadas uma com a outra, sei lá. Sei que a luta foi bizarra, e no fim, a
Princesinha ganhou.

- Isso é injusto Mestre! Protestou a Deise, brigando com o Mestre.

Balancei a cabeça pra cena, mas vi a Princesinha olhando pra Deise como se a
quisesse matar.

- Você acabou de voltar, estamos nos matando aqui há meses, você não pode
simplesmente voltar aqui e achar que é dona do tatame...

Sabe aquelas cenas de discussão em que todo mundo fala alguma coisa e sempre
tem alguém quieto? Bom a Princesinha era essa pessoa quieta. Ela saiu do meio do
povo discutindo e tomou postura no tatame.
- Bom Deise, se não acha certo eu estar de volta, ou se não acha certo eu ser a dona
do tatame, venha lutar comigo... Lute direito desta vez, quem sabe assim você não
me ganha!

Acho que... Que... Boa parte da academia simplesmente parou olhando pra
Princesinha ali no tatame. Eu... Olha posso estar com raiva dela, mas que a menina
sabe defender o que é seu, isso ela sabe.

Ficou todo mundo quieto, todo mundo esperando a reação da Deise, que voltou pro
tatame. Elas lutaram, ou melhor, a Princesinha bateu.

- Arrume sua guarda! Gritou ela pra Deise, se levantando e lutando de novo e de
novo...

- Chega! Disse o Mestre, parando a luta.

As duas fizeram uma reverência, tudo bem que por parte da Deise foi bem
desgostosa, mas... Ao menos ela tentou, como eu, vencer a Princesinha...

- Alguém mais tem algo contra a Hanna ir para a competição?

Silêncio...

- Alguém?

Silêncio... Eu é que não ia ser contra ela ir, a competição nacional é sobre ganhar
pra academia, não pra nós mesmos, então neste caso, seria bom ter a Princesinha
por lá pra... Bom, pra vencer por todos nós.

- Ótimo, Hanna, bem vinda de volta!

Ela assentiu, fazendo uma reverência pra ele.

- Estão dispensados! Podem ir... Disse, nos dispensando com uma reverência.

Me levantei de onde estava, pra ir pro vestiário e antes de estar lá escutei o


comentário do Stefan.

- Fico feliz que vá lutar conosco Hanna, vai ser bom te ter por perto! Disse,
cumprimentando ela que lhe deu um sorriso meigo, arrumando o cabelo atrás da
orelha.

Conheço esse gesto, conheço bem este gesto, é o gesto das meninas que diz: Estou
envergonhada, não sei o que fazer, mas estou jogando meu charme pra você...
Tão patético! Tão coisa de menininha! Me irritou ver ela fazendo aquilo pro Stefan.
Fala sério! O garoto acabou de subir pra nossa faixa, nem é aquelas coisas e eu
ganhei dele. Ele só vai na competição por que é sortudo e deu sorte que está
competição exige dois competidores masculinos ou ele nem mesmo iria...

- Eu a odeio! Disse a Deise, com os braços cruzados olhando pra Hanna e Stefan
conversando.

Balancei a cabeça pra ela.

- Não seja má perdedora gata, a Princesinha nasceu pra lutar, fazer o que?

Deise revirou os olhos, puxando meu kimono.

- Eu deveria ir! Ninguém ganhou de mim antes dessa vadia voltar aqui!

Hum... Ok, não gostei muito de escutar ela chamar a Princesinha de vadia, quando
a vadia aqui era ela, mas, ignorei.

- Relaxa gata, ela vai competir, ganhar pela academia e é apenas isso...

Deise revirou os olhos, mas não disse nada, apenas saiu e foi se trocar.

Fiquei ali escutando as felicitações do pessoal pra Princesinha, que em boa parte
achei exagerado, mas não disse nada. Só fiz um aceno de cabeça quando ela passou
por mim, que a própria respondeu com o mesmo aceno de cabeça, quase sem olhar
pra mim.

Sabe? Isso vai ser um longo treinamento.

 Maluquinha-Hanna:

- Parabéns Hanna! Disse a Deise, batendo palmas assim que entrei no vestiário.

Assenti pra ela, por que não tive a mínima intenção de brigar com ela no tatame, só
estava focada em ganhar. Apenas isso.

- Você é uma praga! Não deveria estar aqui... É irresponsável e indisciplinada eu


deveria ir lutar pela academia!

Parei por um momento com o que estava fazendo, e olhei pra Deise neste momento.
Será que ela sabe? Que sabe o quanto... Quanta inveja estou sentindo dela? Ela é
uma menina bonita, que está com um menino bonito que me beijou e não sai da
minha cabeça!

Estou com raiva do Steven, com raiva dele me deixar... Me fazer ficar pensando
naquele beijo sem graça dele, com raiva por ter me beijado. E agora estou com raiva
de mim mesma por me importar da Deise estar com ele.

- Escuta Deise, eu não te venci por que não sou boa, não acha?

Ela me olhou, sorrindo, toda maldosa.

- Pode ser melhor que eu no tatame querida, mas eu tenho algo que você não tem!

- E o que seria? Perguntei, indiferente a postura superior dela.

- O Steven, pare de ficar se exibindo pra ele, sei que é boa no tatame, mas é bom
parar por ai! Disse, saindo pela porta, me deixando indignada!

Eu... Eu não... Não luto pro Babaca! Fala sério! Da onde essa doida tirou essa ideia?
Eu luto por mim, pra mim, não pro Babaca! Que inferno!

Será que ele... Que contou pra ela sobre o beijo? Se ele fez isso vou mata-lo...

Ai que ódio! Ela... Ela realmente pensa que luto... Luto pra ele? Mas que bobagem!

Sai do vestiário completamente revoltada, e fiquei esperando meu pai terminar a


conversa com o Stefan pra que pudéssemos ir embora.

- Sim Mestre, eu entendi. Disse ele, por fim, sorrindo pro meu pai.

Ele é bonito, é forte e luta bem, não se acha... É um cara legal. Apesar de que só hoje
estou conhecendo ele oficialmente, mas ele parece legal, me cumprimentou e agora
sorriu pra mim, um sorriso bonito com os dentes certinhos e brilhantes que
iluminavam ainda mais seus olhos azuis. Acho que ele realmente é um cara muito
bonito.

- Ei Hanna... É... Vai fazer alguma coisa amanhã? Ele me pergunta, enquanto
esperamos meu pai fechar a academia.

Nunca sei como responder a coisas deste tipo, quer dizer, ele... Claramente é um
menino, e eu sou menina temos quase a mesma idade, mas o Stefan é um ou dois
anos mais velho... E estou ficando nervosa de conversar com ele por alguma razão...

- Amanhã eu... Eu vou... Sair com uma amiga.


Ele assentiu, meio nervoso, coçando a cabeça.

- Ah, certo... Eu... Vejo você no treino de sexta então... Tchau.

Acenei com a mão pra ele, me sentindo meio estranha, quer dizer a gente mal se
conhece. Mas... Sei lá, ele parece um garoto legal, talvez como pensei mais cedo, seja
legal conhecer gente nova.

- Hanna?

- Ah... Oi?

Chad riu, me abraçando.

- É impressão minha ou a senhorita estava flertando bem aqui? Na minha frente?

Balancei a cabeça.

- Não... Eu, nem conheço ele direito.

Chad sorriu, entrelaçando o braço ao meu.

- Ah pequena, ele acha você bonita!

Olhei nos olhos azuis do Chad, meio desconfiada.

- Ele acha?

Meu pai assentiu, sorrindo pra mim.

- Sim ele acha... Ele é um menino legal, mais velho que você é verdade, mas ele eu
conheço e gosto, se você quiser sair com ele, não tem problema pra mim. Disse, me
deixando num estado... Não sabia onde enfiar a minha cara.

Veja a que ponto cheguei, meu pai, querendo me arrumar alguém, acho que todo
mundo me acha estranha por só sair com a Lex e... Nunca me ver... Ver com um
menino. Eu mesma me sinto estranha por isso.

- Acha que ele quer sair comigo? Perguntei ao Chad, quase me encolhendo pra fazer
a pergunta.

Ele sorriu.

- Com certeza ele quer, pediu permissão à mim.

Pisquei várias vezes pra tentar entender.


- Ele pediu?

Chad assentiu.

- Acabou de pedir pequena, acho que ele já te paquerava antes, mas só teve coragem
agora...

Ai, que coisa. Eu queria me esconder num buraco bem fundo. Não consigo acreditar
que um, um menino foi pedir ao meu pai pra... Pra sair comigo. Que vergonha! E o
pior é que o Chad gostou da atitude dele, mas o que faço? Saio com ele?...

***

- É claro que você vai sair com ele! Gritou a Lex, até batendo palminhas quando
contei a ela sobre o Stefan.

- Lex, eu não conheço ele direito.

Ela balançou a cabeça.

- Ah amiga, isso não é problema! Saindo com ele você vai conhecer.

Sorri um pouco com o entusiasmo dela, balançando a cabeça.

- Tá, já que é pro bem de todos eu... Eu saio com ele.

Alex balançou a cabeça, segurando meus ombros.

- Não Senhora! Vai sair com ele por que ele é gatinho, e pro seu próprio bem, não
pro bem de ninguém. Certo?

Assenti pra ela, sorrindo.

E bom, foi isso, na sexta feira eu tinha trabalho voluntário e depois academia... Em
ambas as equações tinha alguém que não queria ver: Steven.

Ele continuava com a Deise, e neste momento ela estava montada na moto dele
enquanto eles se beijavam.

Eu quis muito, muito parar de pensar naquele beijo idiota, mas... Não consegui, eu...
Tem algo errado comigo né? Por que não posso parar de pensar nisso?

Balancei a cabeça e voltei a andar até a quadra de futebol, hoje íamos jogar com as
crianças, e como... Bom, como provavelmente, ou... Pela esperança de todos eu vou
sair com o Stef hoje, achei melhor trazer outra roupa.
Ah, e "Stef" foi o apelido que a Lex deu pra ele, ela adorava apelidar os nomes,
portanto agora, ele é Stef.

Sabe? Até que estou animada com isso, e nervosa também, é um garoto diferente e o
primeiro com quem... Quem vou sair depois do Lewin. Espero que eu não faça
nenhuma merda!

Bom, fiquei ali na quadra de olho naquelas pestes jogando bola, junto com o Babaca
que fez questão de jogar com as crianças.

É tão injusto, os meninos mal conseguem tirar a bola dele, ninguém consegue, o
outro time estava perdendo de lavada então...

- Eu vou jogar com vocês... Disse pras garotas do outro time, sim, foi o Babaca que
dividiu eles assim, meninos X meninas.

Em que planeta ele vive que isso é justo? Não sei, mas ao menos agora vou jogar
com as meninas e marcar o "grandão" como elas apelidaram ele.

Sim, eu não gosto de crianças, mas as meninas estão quietinhas hoje, então resolvi
me juntar a causa.

- Resolveu brincar um pouco Princesinha?

Dei de ombros pra pergunta dele.

- Sabe que você estar aqui não vai faze-las ganhar né?

O olhei por um momento, lhe dando um sorrisinho fraco.

- Talvez sim, elas são boas só precisam de igualdade nisso aqui.

Ele riu, assentindo e jogo começou.

Tá, foi divertido. Na verdade foi legal ver um outro lado do Babaca, ele estava...
Cuidando dos meninos, rindo quando eles faziam um gol, os pegando no colo...
Nunca tinha visto ele no modo: Sou legal, como estava fazendo aquele dia.

Mas, claro, que eu ainda estava competindo com as meninas, fiz uns dois gols e me
diverti vendo elas sorrirem, foi legal. Passei a gostar mais de crianças aquele dia.

Até é claro, o Babaca ser... Bom, um BABACA.


Não me pergunta como aconteceu, mas era algo sobre eu estar com a bola e quem
estava me marcando era o Steven, em algum ponto entre eu, a bola e o gol... Ele me
derrubou e acho que o puxei pro chão também por que ele caiu em cima de mim.

Ele me olhou nos olhos, como se esperasse alguma coisa de mim, como se quisesse
algo de mim. O que é, eu não sei, nem posso saber mas, ele ficou ali me olhando,
ficando mais perto de mim até que eu estivesse respirando o ar que ele exalava.

Eu não consegui me mexer, ou não quis, só fiquei ali, parada esperando que... Que
ele fizesse alguma coisa. Nunca tomei muitas atitudes na minha vida, quem me
beijou foi o Lewin, então eu nunca... Nunca tomei a iniciativa de beijar alguém, não
que eu planejasse beijar o Babaca é só que..

- Beija, beija, beija... O canto das crianças interrompeu meu transe. E ao que parece
o do Babaca também, ele pareceu, pareceu mesmo que ia me beijar... Mas não
beijou, apenas balançou a cabeça se levantando e me estendendo a mão depois.

Eu me levantei, olhando pras crianças e graças a Deus o sinal tocou bem naquele
momento.

- Tchau tia! As meninas gritaram pra mim antes de sair e apenas acenei pra elas
por que... Bom, não tinha mais voz, acho que a perdi dentro dos olhos do Babaca!

Mas que merda! O que está acontecendo comigo?

Babaca- Steven.

Eis o que não sai da minha cabeça: Que merda está acontecendo comigo?

Tá, olha, não a derrubei de propósito nem cai em cima dela de propósito, mas
quanto mais eu revivo aquela cena, queria ter feito tudo propositalmente.

Ela estava ofegante e ainda sorrindo quando caiu, eu conseguia... Sentir o perfume
dela exalando, ela tem um cheiro gostoso, cheiro de morango... Isso é insano!

Que merda está havendo comigo? Ela estava perto, o cheiro inebriante dela mais
perto ainda, eu me senti tão sufocado, mas sufocado de um jeito ótimo. Era como me
afogar, mas queria tanto, tanto me afogar nela!

Por isso, vou perguntar novamente: QUE MERDA ESTÁ HAVENDO COMIGO?!

Ela tem uma boca bonita, tem um formato bonito e nunca quis mais na minha vida
ficar traçando a boca de alguém como quis a dela, queria que... Que ela me beijasse,
mas isso nunca vai acontecer aquela peste se acha mais... Mais que qualquer coisa,
nunca vai me beijar. E também nem sei pra que quero tanto um beijo... Mas acho
que é só isso, estou... Estou intrigado com o por que ela me rejeita e quis, quero
provar que ela pode me querer que sou bom até pra ela. É só isso!

Cheguei depois dela na academia, e a Princesinha já estava no kimono e adivinhem?


Estava falando com o Stefan, sorrindo praquele palhaço.

Qual o problema com ela? Por que... Por que simplesmente não pode ser assim
sempre? Sorrir do modo como está fazendo pra ele sem se achar, sem achar que é
dona do mundo. Se eu... Se eu fosse o Stefan, sei que não estaria com raiava dela se
estivesse sendo simpática comigo como é com ele.

Quer saber? Dane-se isso! Dane-se ela, eu só tive um momento... Um momento em


que quis a beijar novamente, mas é só pra me provar alguma coisa... Só pra isso e
ponto.

Bom, hoje eu nem vi muito a Deise, acho que ficou com vergonha depois de ontem,
por que hoje não apareceu por aqui, ela falou comigo na escola a gente se pegou,
mas... Tá acabando. Nada dura pra sempre, principalmente meus relacionamentos.

Enfim, acho que só preciso de treino pra esquecer essa merda com a Princesinha, o
lance com a Deise e tudo mais.

Agora me escuta, estava treinando numa boa, tranquilamente, no meu ritmo que
hoje não era aquelas coisas magníficas por que estava com a cabeça em outro lugar,
minha cabeça estava do outro lado do tatame onde a Princesinha estava derrubando
meio mundo. Até que...

- Tira o olho dela Steven, treina direito! Essa foi a voz irritante do Stefan. Alguém
pode por favor me explicar que porra ele tem haver com: Como eu treino, como deixo
de treinar?

Não sabe querida? Pois é, eu também não.

- Stefan, que eu saiba... Você não tem nada com meu treino! Afirmei, olhando pra
cara tosca do loirinho irritante.

Ele riu, cruzando os braços.

- Se parasse de olhar pra Hanna, talvez eu não tivesse nada haver com seu treino
mesmo! Mas, já que está prestando bastante atenção nela tenho muito haver.
Revirei os olhos pra ele. Na verdade pro modo como falou, como se ela fosse
propriedade dele e sinceramente? Eles nem saíram ainda... Não que eu saiba.

- Ah é? E pode me dizer o que tem haver com a Hanna? Perguntei, só pra jogar um
verde.

- Nada ainda, mas vou ter... Então se foca em treinar e tira o olho dela!

Dei risada.

- Sabe Stefan? Se não tem nada com ela, não tem problema nenhum olha-la, fora
isso ela é impecável treinando, me ajuda a focar.

Acho que ele entendeu o sentido do meu "impecável" por que ficou com o rosto
bravo, irritado na hora.

- Por que não vem lutar comigo hein? É bom pro nosso treinamento! Disse, andando
pro tatame.

Meninas, olha, vocês estão de prova: Foi ele que quis. Se me perguntarem nunca vou
assumir que estava morrendo de vontade de enche-lo de porrada.

Nós lutamos, eu bati, estravasei minha raiva do idiota e ele cortou a boca.

- Bom... Ao menos não olhou pra ela! Disse, limpando o corte na boca.

Dei de ombros, ofegante da luta e me sentindo bem melhor ele vai pensar duas
vezes antes de me interromper de olhar qualquer coisa que seja.

- Você se machucou? Está era a Princesinha.

Só podia ser brincadeira!

Me virei um pouco pra olhar os dois, só pra ter certeza que a Princesinha estava lá,
olhando o corte na boca dele. Ah cara, fala sério!

Quantas vezes ela me arrebentou e eu fiquei sangrando e ela nem ligou? Agora ela
simplesmente está ali... Tocando o Stefan, olhando o corte na boca dele. Quando foi
que eles criaram intimidade pra ela fazer isso?

Acho que fiquei com certo nojinho de ve-la ali. Chegou de treino pra mim!
Fui tomar uma ducha ali na academia, tentando manter meus pensamentos sóbrios.
Eu não quero nada com a Princesinha, não acho ela nem mesmo bonita, então por
que, por que estou tão irritado ao ponto de socar a parede do box?

Não sei, mas acho que é falta de bebida, de correr... Faz dias que não saio da cidade,
que não esqueço um pouco da vida. Eu preciso beber. Preciso mesmo.

Saí do box, pronto pra me acalmar, se não tivesse visto a cara do Stefan.

- Valeu por me cortar cara... Disse meio malicioso, passando pomada na boca.

Quis dar outra surra nele, mas me contive por que nem sei qual o meu problema...
Eu preciso me entender antes de sair descontando nos outros.

- De nada, quando precisar... Estamos ai!

Meu tom foi indiferente, mas eu queria mesmo era... Sufocar ele. E quis mais
quando estava me vestindo e o idota disse:

- Vou sair com ela hoje, sabia? Vamos jantar na praia.

Respirei fundo, pra me conter. E falei comigo mesmo: Você não tem motivos pra
bater nele, pelo amor de Deus, para de se irritar à toa.

- Bom pra vocês... Disse, já saindo de lá de dentro, mesmo sem camisa por que se eu
ficasse mais cinco minutos no mesmo recinto que aquele idiota... Ia dar merda.

Enquanto andava pelo corredor pra colocar minha camisa, irritado e sem nem olhar
pra onde ia... Em quem eu esbarrei?

- Olha por onde anda! Reclamou ela, toda irritadinha, toda esquentadinha.

A olhei, de cima a baixo e quase babei... Ela estava de, de saia. Uma jeans meio
rasgada na frente, e uma blusinha branca, estava bonita. Eu... Eu só queria um
beijo. Naquele momento foi tudo o que quis, nem minha camisa eu coloquei e fiquei
feliz de ve-la me olhar, de ver... Ver que ela olhou pro meu corpo.

Dei um sorrisinho convencido à ela.

- Bonito né?

A Princesinha balançou a cabeça, colocando as mãos no cabelo dela. Hoje estavam


soltos. Fica mais bonito quando ela solta todo ele... Qual a porra do problema
comigo?!
- Sai da minha frente! Disse, esbarrando em mim e não aguentei, não me controlei.

Quando vi já estava segurando sua cintura, prendendo ela à mim. Ela é quentinha...
E... Eu perdi completamente o raciocínio olhando pros olhos verdes dela. São tão
bonitos, tão grandes... Ela é bonita, que merda! Eu... Precisava beijar. Eu precisava,
apenas pra provar que podia... Mas, ela é ela.

Me empurrou o peito, saindo do meu aperto, das minhas mãos e foi pro banheiro.

Passei a mão no cabelo, tentando entender... O que está acontecendo aqui?!

Ela é só a Princesinha, não tem nada de bonita, nada de gostosa, nada de nada. Ela
é só a garota que te chamou de fraco. Só a garota tosca que você odeia a vida a toda,
então porra... Por que ela não sai da minha cabeça?

Maluquinha- Hanna.

O que tem de errado comigo? Por que estou... Estou assim? Tremula desse jeito, com
o coração quase saindo pela boca.

É tudo culpa dele! Tudo culpa do Babaca, ele precisa parar... Parar de fazer essas
coisas...

Tá, sou obrigada a assumir que ele sem camisa é bonito. Faziam alguns anos que
não o olhava assim,mas ele é bonito e estou tremendo e com raiva por não ser de
medo. Tenho que falar com a Lex. Ela precisa me dizer o que tem de errado comigo.

Quanto ao Stefan? Ele também é bonito, e é legal. A gente tem conversado desde
ontem por mensagem e ele parece legal. Por isso mesmo hoje fiquei preocupada com
o corte dele, ferimentos antes das competições podem trazer problemas, ele é tão
legal, não queria que algo ruim acontecesse à ele.

Enfim, mesmo sendo estranho o modo como eu e o Stefan nos entedemos é muito...
Muito bacana também. A gente se entende sobre livros e ele está começando a
faculdade de literatura agora. Ele é esperto, e bonito e... Eu não deveria ficar
pensando sobre o Babaca.

Respirei fundo, saindo do banheiro dando de cara com o Stefan saindo do outro.

- Nossa... Falou, baixinho me olhando dos pés a cabeça.

Não quis, mas foi inevitável me encolher um pouquinho, ele me olhou


descaradamente, assim como o Babaca... Merda Hanna! Para com isso!
- Você está tão linda...

Sorri pra ele, que me deu um beijo no rosto.

- A gente pode ir?

Balancei a cabeça, concordando e nós saímos.

Ele também é cavalheiro, puxou a cadeira pra eu me sentar, me fez rir, falou sobre
tudo e nada. Ele é legal...

- Obrigado por me trazer Stefan. Disse, descendo do carro dele em frente minha
casa.

Stefan sorriu pra mim, de um modo diferente.

- É... Eu posso... Ele balançou a cabeça e me deu um beijo no rosto.

- Até mais Hanna.

- Até. Respondi, acenando.

Entrei em casa, respondi ao interrogatório do Chad, e ao da Lex que me ligou


especialmente pra saber como tinha sido. Não fui sincera nem com o Chad, nem com
ela. Não contei que fiquei refazendo na minha mente a cena do Babaca. Tanto a da
quadra quanto... Quanto a do corredor.

Isso tinha que parar, eu precisava entender o que estava acontecendo comigo. Acima
disso, tenho que me concentrar.

Não tive nenhum pesadelo, graças a Deus, minha mente está bem por esses dias,
acho que isso graças a voltar pra academia, fiquei feliz. Eu só preciso parar de
pensar em coisas sem sentido do Babaca e me concentrar em... Em lutar. Quero
ganhar a competição, preciso disso.

Bom, acordei na manhã seguinte, me sentindo meio estranha... Estranha pelo sonho
que tive. Não queria contar sobre isso pra Lex, mas acho que precisava.

- Você sonhou com o Steven?

Fiz que sim com a cabeça pra ela, por que já era difícil assumir isso pra mim, ainda
mais em voz alta. Então depois de contar sobre o sonho estou no meu modo
silencioso.
- Sério? E ele estava te beijando?

Assenti, tristemente, queria tanto me esconder, queria que alguém me explicasse


isso. Isso de eu ficar pensando nele, de... De querer ele longe e perto ao mesmo
tempo... Ok, prefiro ele longe, mas ultimamente também quero ele por perto,
sentir... Sentir os braços dele a minha volta como ontem na academia... Isso tudo é
tão estranho e tão confuso...

- Bom amiga, olha... Ele estava só beijando ou... Você sabe? Continuou o beijo?

Balancei a cabeça pra ela entendendo seu tom malicioso.

- Não Lex! Que horror, já ruim demais sonhar com ele... Imagina... Para!

Ela riu.

- Ah, ele é bonito e você diz que te beijou de um jeito diferente... Pode ser duas coisas
amor, primeia: Você pode realmente estar querendo um beijo dele, ou Segunda: Você
pode apenas não ter conhecido um cara com a pegada que o Steven tem e ai ficou
com isso na mente...

Respirei fundo, pensando em qual das opções seria menos pior... Talvez se eu o
matasse...

- Já beijou o Stefan?

Neguei com a cabeça pra ela, que soltou um suspiro.

- Tá, talvez se ele te beijar isso passa, quer dizer, o babaca é um garoto bonito...
Falando o português claro ele é gostoso e você nunca tinha... Sido beijada por
alguém como ele só isso.

- Tá legal... Eu só quero me focar, preciso... Ficar... Minhas palavras se perderam


quando vi ele.

Estava de preto, ele adora preto. Camiseta apertada também pra exibir o corpo. Por
que... Por que ele não sai da minha cabeça?

E por que tem que ser tão mulherengo? Hoje já não está mais com a Deise, mudou.
Agora é uma menininha mais nova, nem sei o nome dela. Sei que... Que ela é bonita,
bonita e como ele... É uma... Nem sei. Nem quero mais pensar nisso tudo.

E não pensei, ao menos tentei ignorar o fato de que a vag... A garota com quem ele
está saindo é... É perfeita.
Não sei se fiquei brava, mas acho que o ponto não é esse, o ponto é que... Eu queria
aquilo.

Não vou assumir nunca pra ele, jamais, mas eu queria sentir de novo, sentir... Não
sei o que, mas queria me sentir mais como o Babaca, sabe? Ele é tão livre e
despreocupado, me fez ficar livre de um surto quando quase aconteceu na água... Eu
só queria mais uma dose disso. Ou não.

Na verdade acho que estou doente, não estou normal, estou... Estranha. Não me
sinto bem, estou inquieta. Tenho desenhado e nos desenhos... Parece que falta algo.
E é assim que me sinto: Falta alguma coisa.

Não é a luta, nem as notas, nem... Nem nada, não me falta nada! Mas, eu quero
alguma coisa, só não sei o que é ainda.

Fiquei andando no quarto de um lado pro outro, um lado pro outro e não conseguia
entender por que me sentia tão inquieta daquele jeito... Tão... Perdida.

Quando decidi que não conseguia ficar parada e que estava necessitada de
movimento ou ia surtar, peguei meu IPode e fui correr.

- Onde vai Pequena? Perguntou o Chad quando estava passando pela cozinha.

Estava respirando ofegante, apesar de nem ter corrido ainda.

- Vou só correr na praia um pouco pai, eu volto mais tarde ok?

Ele assentiu.

- Ok, não volte MUITO tarde.

Assenti pra ele e sai pela porta. Fui correndo até a praia e continuei correndo por lá
ao som bem alto de 3 doors down. Gosto da banda, das músicas românticas e
melosas, elas me tocam e me acalmam, como estavam fazendo naquele momento.

Bad day era a música que estava escutando, diz tudo e nada sobre o que sinto. O
que sinto não é sobre alguém, mas admiro o cara sobre o qual a canção fala por
que... Bom, por que "I have a bad day".

Eu gosto da voz do vocalista, ele tem uma voz grossa, forte e que te leva a esquecer
tudo.

Umas duas horas de corrida escutando 3 doors e estava melhor, meu coração batia
forte no peito mas agora era uma reação a algo, reação a corrida, o que estava
sentindo antes, aquela inquietação toda não era normal. Isso é normal, sentir meus
pulmões pularem pra fora por que estou cansada. Sorri do pensamento, olhando pra
água...

Fiquei ali olhando a água do mar, sentindo a brisa passar por mim e todas as outras
coisas sumiram, todas elas... Era só eu, olhando o mar.

 Babaca-Steven:

Bom, estou saindo com uma outra garota, o nome dela é Anne. Menina esperta, com
um corpo esperto e faz ginástica olímpica... Tem noção do que a elasticidade dessa
garota é capaz de fazer?

Ok, ok, concordo é informação demais, mas ela é boa... Muito boa. Estava indo
busca-la, pra.. Pra levar a minha casa.

Enfim, passei da praia primeiro apenas pra pegar os últimos raios de sol de hoje,
pensar na bonequinha da Anne... Mentira, pensar no que ia fazer com ela.

Mas, por que sempre tem um mas? O que quer que seja, o fato é que fiquei pensando
na Princesinha. Eu sei, eu sei! É insano isso? É, mas não faço ideia do por que, só
fico pensando o por que ela simplesmente não me beija... Sinceramente se eu fosse
menos confiante acharia que o problema é comigo, mas não é... Ela me acha bonito,
ao menos pelo olhar que me deu... Então... Qual o problema?

Não tenho idéia...

Seja o que for: Dane-se... Como de costume fui tomar uma água de coco na praia,
gosto de vir aqui só pra fazer isso: Tomar água de coco no coco. Minha mãe diz que
sou meio doido por gostar de vir a praia no fim do dia só pra tomar água de coco,
mas é gostosa cara.

Enfim, estou ansioso pelo campeonato. Não vejo a hora dele chegar e é por isso que
estou inquieto, estou retendo energia e é por isso mesmo que preciso da Ginasta,
preciso descarregar. É normal pra mim me sentir assim antes de uma luta
importante...

Estou no pique, ligado, só preciso descarregar um pouco disso se não vou entrar no
tatame e em cinco minutos vou acabar com a luta.
Fui buscar a Anne, foi uma loucura cara, mas ela é como eu, não se apega, então
nem dormiu aqui. O Problema é que não consegui dormir, fiquei pensando, ansioso
pra lutar, ansioso pra vencer...

Maluquinha- Hanna.

- Ei Pequena, demorou... Disse meu pai, assim que cheguei em casa.

Sorri pra ele que estava sentado na sala, vendo televisão.

- É... Eu... Precisava me mexer.

Ele riu.

- É amor, você está ansiosa não é?

Fiz que sim com a cabeça, mas não sabia se era isso. Eu nunca tinha ficado assim
antes de uma luta, eu estava fervendo... Precisando descarregar energia e mesmo
correndo durante duas horas minha energia não se foi... Continuo inquieta.

- Hum... Eu vou tomar um banho e vou dormir pai, boa noite.

Chad sorriu, se levantou e me deu um beijo na testa.

- Boa noite pequena.

Sorri pra ele e subi as escadas correndo, só pra ver se minha inquietação sumia,
mas nada... Fiquei acordada a noite toda, e sabe o que é pior? Não importava o que
estivesse fazendo, ou se estivesse pensando em lutar, ou qualquer coisa do tipo o que
não saia da minha cabeça era o beijo maldito, e o quanto eu queria ser livre como
ele.

 Babaca-Steven:

Estive sem dormir por alguns dias, mas descontei toda a minha ansiedade nos
treinos da academia que graças a Deus tem feito mais treinos conosco já que era a
semana anterior ao campeonato.

Semana de campeonato é sempre assim: Treino fechado pro pessoal que vai. Antes
que você me pergunte, não tinha só eu a Hanna e o Stefan competindo, haviam
outros competidores da nossa a academia, mas eram mais novos que a gente, ou de
faixas mais baixas, isso significa que: Não vale a pena comentar.
Enfim, hoje é último treino antes do campeonato, amanhã a gente viaja e vai pras
competições nacionais na capital.

Estava ali olhando o Stefan treinar com o Mestre pelo que seria a quinta vez e
sendo derrotado pela quinta vez. É difícil ganhar do Mestre, mas eu consigo. O fato
é: O Stefan não é observador, ele não enxerga o ponto fraco do Mestre pra derruba-
lo, eu enxergo é por isso que consigo derrubar, mante-lo lá é outra história.

Mas, eu estava rindo ali de ver o Stefan cair e levantar o tempo todo era engraçado,
não por nada, simplesmente por que é óbvio o erro do Mestre, ele estava errando de
propósito na postura, o Stefan só precisava ver...

Enfim, estava ali me divertindo quando a Princesinha parou do meu lado com uma
garrafa de água. Ela estava pingando, tinha treinado até agora com a Kelly, nossa
segunda instrutora, mas não ela não é bonita então não vale a pena comentar.

O caso é, a Princesinha parou do meu lado e ficou olhando o mesmo que eu, e bom
como eu, sou eu, resolvi falar.

- Tem uma falha grave na guarda do Mestre, ele está deixando mais aberta na parte
de baixo se ao menos o Stefan fosse esperto o suficiente pra ver...

A Princesinha me olhou, balançando a cabeça.

- É verdade, mas ele luta bem... Não é questão de enxergar ou não a guarda, é
questão de postura quando se está no tatame que conta no campeonato, e ele tem
uma excelente postura.

Quando ela terminou de falar, arregalei os olhos, cruzando os braços pra encara-la.

- Está dizendo que ele vai vencer o campeonato?! Perguntei, completamente


incrédulo daquilo.

A Princesinha me olhou, cruzando os braços também.

- Claro que ele pode vencer, todos nós podemos... Daí a ser um campeonato, todo
mundo tem chances iguais.

Balancei a cabeça.

- Ah fala sério! Ele nunca vai ganhar o campeonato, não em primeiro...

Ela fez uma careta


- E por que não?!

A incredulidade dela era quase maior que a minha, o que me fez rir.

- Qual é Princesinha? Eu vou ganhar em primeiro, nós dois sabemos e o Stefan


também.

Ela revirou os olhos, suspirando.

- Sério Babaca? Tem que se achar tanto assim? Ele subiu pra nossa faixa por que é
bom, e está indo lutar por que é também então ele pode te vencer...

Dei risada.

- Não querida, ele está indo por que o campeonato exige dois competidores
masculinos da nossa faixa, não por que ele pode me ganhar, você mesma já me viu
derrotando ele, no campeonato não vai ser diferente!

A Princesinha bufou, passando as mãos por seu cabelo preso.

- Então você acha que o campeonato já está ganho, é isso? Que não tem a menor
chance de você perder?

- Olha pra mim querida, você acha que tem?

Minha postura foi completamente ameaçadora quando perguntei, e não era questão
de me achar, era questão de saber. O Stefan não ia ganhar isso nem em mil anos, o
campeonato era meu, simplesmente por que eu queria muito e quando quero muito
alguma coisa...

- Adoraria ver você perdendo só pra te jogar na cara que você não é tudo que pensa!
Disse, balançando a cabeça e voltando a olhar pro tatame onde finalmente o Stefan
conseguiu derrubar o Mestre.

Fiquei a olhando por um momento, nem acreditando que era a segunda vez que essa
coisinha me dizia que eu não era tudo isso. Ela tinha que parar!

- Eu vou ganhar, e você vai ter o prazer de ver só pra saber que eu posso fazer isso,
sei que posso, sei que vou.

A Princesinha riu.

- É mesmo? Dizem que quem conta com o ovo no fiofo da galinha acaba se ferrando...
Dei de ombros.

- Também dizem que a vitoria pertence a quem acredita nela por mais tempo
Princesinha, portanto eu vou vencer!

Ela balançou a cabeça.

- Meu Deus, como você consegue se achar deste jeito? Por que não pode dar um
crédito ao seu companheiro de equipe?

Neste momento eu ri histericamente.

- Não posso do mesmo jeito que você não está dando crédito pra mim Princesinha!

Ela parou por um momento, raciocinando e vendo que era verdade o que disse,
acabei com o argumento dela.

- Eu acredito que possa ganhar Steven, do mesmo jeito que acredito que o Stefan
pode...

Balancei a cabeça, colocando a mão na boca pra abafar meus risos quando o Stefan
foi derrubado mais uma vez no tatame.

- Quando você vai parar de ser tão Babaca? Perguntou, enquanto eu ria.

- No mesmo dia que o Stefan ganhar de mim...

Ela me olhou por um tempo, como se pudesse me matar. E ai me surgiu a ideia.

- Quer fazer uma aposta sobre isso Princesinha?

Hanna respirou fundo, ainda me fuzilando com o olhar.

- Quero, aposto que ele é capaz te vencer!

Assenti pra ela, sorrindo.

- Tá bom, se eu ganhar... Parei pra pensar, tem tanta coisa que quero dela que fica
difícil pensar em uma.

- Você vai ter que fazer o que eu quiser pelo tempo que eu quiser...

Então o olhar dela que parecia tão determinado ficou mais mole.

Dei risada.
- Cade sua confiança no Stefan Princesinha? Perguntei, só pra provocar.

Ela bufou.

- Tá legal Babaca, agora se eu ganhar você vai parar de ser idota e de fazer suas
piadinhas além de assumir publicamente que o Stefan lutou melhor que você!

Assenti pra ela sem o mínimo problema, eu ia ganhar isso. Sabia que ia. E cá entre
nós... Ela também sabia, por que ficou com o rosto retorcido o resto do treino
enquanto me via derrubar o Mestre repetida vezes... Assim como ia derrubar ela
também.

Maluquinha- Hanna.

Odeio o que fiz, mas realmente acredito que o Stefan possa ganhar. Ele é bom
lutando, muito bom. Bem melhor que o Babaca, e por ele se achar demais é que ele
vai perder, sei que ele vai. E vai ter que assumir aqui na academia que foi
humilhado pelo Stefan.

***

Dia do campeonato, estava mais inquieta que qualquer outro dia... Nós fomos em
um ônibus pra capital e sentei bem lá no fundo pra ficar quieta e concentrada, acho
que todo mundo estava assim.

O Stefan sentou do meu lado e ficou escutando músicas, algumas ele me mostrou,
outras ficou escutando sozinho, mas sei que ele estava nervoso apesar de brincar.

O Babaca sentou do outro lado, ocupando o banco todo por que se deitou, parecia
completamente relaxado, sempre naquela sua postura de: Estou nem ai pra tudo...
Tão folgado! Não vejo a hora dele perder pra parar com esse jeito prepotente dele.

Eu e o Stefan... A gente está numa fase de amizade, ele é meu amigo. Até me beijou,
mas acho que entre o Stef e eu a coisa é como com o Lewin, apenas amizade. Eu não
gosto do Stef, não do jeito como deveria gostar e vou dizer isso à ele, quando o
campeonato acabar assim que parabeniza-lo por ganhar do Babaca.

Ao menos era o que estava pensando antes é claro do campeonato, antes das lutas.

Eu ganhei, foi difícil, as competidoras eram boas, muito boas, mas ganhei... Fiquei
super feliz com isso, com o maior sorriso no rosto, mas ele só durou até as lutas do
Babaca.
Ele lutou tão bem, mas tão bem que... Nem mesmo, nem mesmo houve chance pra
qualquer um. Torci muito pro Stef, e detesto, DETESTO admitir, mas o Babaca
venceu.

Nunca na minha vida fiquei com mais ódio dele do quando subiu no pódio do meu
lado, já que os lutadores que ganharam em primeiro lugar das mesmas academias
ficavam lado a lado, e me deu aquele sorriso convencido enquanto mordia a
medalha.

Quis morrer, juro que quis... Assim como o Stefan.

Fui pro ônibus antes de todo mundo, fui atrás do Stef, ele ficou triste por ter perdido
e ao invés de ir comemorar veio pra cá...

- Ei... Disse, me sentando do seu lado.

Ele me deu um sorriso fraco, estava com a medalha de prata na mão.

- Vamos comemorar Stef? Vamos?

Stefan me olhou por um momento, depois balançou a cabeça.

- Comemorar o que? Eu não ganhei Hanna e queria ganhar do Steven.

Sua voz soou triste, magoada e eu estava muito triste também por que sabia que o
Babaca não daria paz à ele. Ia ficar com piadinhas pra lá e pra cá, e... Que ódio!

- Ele é um bom lutador, um completo idota, mas um bom lutador Stef, mas... Olha,
você vai ter outras oportunidades de vence-lo e vai estar mais pronto pra isso, não é
o fim de nada...

Ele sorriu um pouco, depois jogou a cabeça no encosto do banco.

- Ele não é bom, é ótimo e não estou chateado só por que ganhou de mim no tatame
Hanna...

Franzi o cenho pra ele, tentando entender o que ele quis dizer.

Stefan olhou pra mim e deu risada.

- Sei que você e ele tem um lance, um lance estranho, mas vocês tem... Só espero que
ele seja bom...

Dei risada histericamente interrompendo o discurso dele.


- Eu e o Babaca? A gente não tem nenhum lance Stef, a gente apenas se odeia!

Stefan balançou a cabeça.

- Não é só ódio Hanna, ele te olha diferente... É difícil explicar, mas eu sei que... Que
ele... Esquece, só estou dizendo que ele tem você também e isso é o que me dá mais
raiva!

- Stefan eu e ele não temos nada! Ele apenas me odeia, e eu também o odeio. Ele não
"me tem" não sei da onde você tirou isso! Disse, cruzando os braços e olhando pra
frente do ônibus.

Escutei o Stefan dar um suspiro do meu lado.

- Tá, mesmo que você não queria nada com ele... Não quer nada comigo também,
não é?

Olhei pra ele, que estava olhando pra mim com uma sobrancelha arqueada, me
fazendo suspirar. Não queria falar sobre isso com ele, mas teria.

- Olha Stef... Eu... Acho que não estou pronta pra um relacionamento agora...

Minha voz saiu hesitante, assim como a minha expressão, tenho certeza. Mas como
o Stefan é legal, passou o baço envolta de mim, sorrindo.

- Tudo bem, eu entendo... Seja lá o que for eu entendo, mas nossa amizade continua,
certo?

Assenti pra ele, apertando seu braço envolta de mim e ficamos ali, até o pessoal
entrar de volta no ônibus.

- Hanna, vem cá amor, vamos tirar uma foto sua? Este era meu pai. Agora, como
sempre...

- Ah Mestre para, ela tá namorando! Disse a voz maliciosa do Babaca, me fazendo


levantar na hora.

- Não estou namorando idiota, estávamos só conversando!

Meu pai sorriu pra mim, me dando um beijo na testa.

- Ela não é menina de namorar em ônibus Steven... Não é Pequena?

Assenti pra ele, apertando-o perto de mim.


- Agora, vamos tirar uma foto dos ganhadores...

Meu pai me soltou, e me mandou descer do ônibus, assim como o Babaca e nos
juntamos com a Kessid e Jessica que ganharam em primeiro lugar também, o resto
da academia não ganhou, ou ficou em segundo.

- Juntem todo mundo que essa foto vai ficar pendurada lá na academia pessoal!
Disse meu pai, todo animado segurando a câmera fotográfica.

Balancei a cabeça, mas estava sorrindo quando segurei minha medalha e me juntei
com os outros, como eu e o Babaca somos maiores que as meninas ficamos os dois
atrás delas e antes da foto, ele fez questão de sussurrar pra mim:

- Perdeu a aposta Princesinha.

Minha cara fechou na hora, eu sabia sobre a aposta mas queria esquecer... E vou
esquecer, nem em pensamento ia fazer o que o Babaca quisesse até que ele achasse
necessário...

- Sorriam gente e digam: Há!

Fizemos o que meu pai disse, ele tirou a foto e mais que depressa corri pra dentro do
ônibus, mas o Babaca puxou meu braço de leve quando estava pra subir neste.

- Me larga! Adverti, já puxando meu braço pra longe de seu alcance.

Ele riu e puxou meu braço de volta.

- Não não Princesinha... Você me deve! Acusou, me segurando o braço.

Quase o soquei, mas não queria problemas na academia.

- Me solta agora Babaca, eu não te devo nada!

Ele balançou a cabeça, mas me soltou enquanto fazia sinal de não com o dedo
indicador.

- Se bem me lembro querida, apostamos que se eu ganhasse do Stefan você ia fazer o


que eu quisesse pelo tempo que eu quisesse!

Balancei a cabeça.
- Não vou cumprir essa merda Babaca! Eu não preciso cumprir, já provou que é
bom, o fodástico invencível, chega! Disse, no tom mais irônico que encontrei
enquanto apontava com as mãos pra ele.

O Babaca riu.

- Ah Princesinha, obrigado por assumir que sou foda... Mas, não vai parar por ai
querida, vai fazer o que eu quiser, pelo tempo que eu quiser!

- Me obrigue! Desafiei, cruzando os braços.

Steven me olhou de cima a baixo e sorriu, um sorriso diabólico.

- De todas as coisas que eu acho sobre você, tá ai uma que nunca pensei que fosse...

Esperei que ele dissesse alguma coisa, mas apenas me olhou, com a mão no queixo
como se estivesse pensando, com aquele sorriso besta no rosto.

- Nunca pensou que eu fosse o que? Perguntei, toda brava por que apenas aquela
postura dele me irritava.

Agora me lembrei que a única razão pela qual sonhei com aquele beijo maldito era
por que provavelmente estava tendo um pesadelo! Eu odeio esse garoto!

- Covarde Princesinha, nunca pensei...

Ele... Ele não disse isso! Covarde? De todas as coisas que poderia me dizer, eu...
Essa é a que mais odeio, por que sei que sou, sei que não enfrento os meus medos do
passado e odeio isso! Ele não tem o mínimo direito de me dizer que sou covarde! Eu
posso, mas só eu, por que apenas eu sei o quanto essa palavra pequena me machuca!

- Eu. Não. Sou. Covarde! Praticamente gritei, apontando pra ele e frisando cada
palavra.

Steven riu, se aproximando de mim.

- Então prova... Qual o seu medo? Que descubra seus segredos podres de suas
transas pervertidas? Perguntou, mais irônico do que realmente achei que fosse
possível alguém ser.

Ele riu novamente e fiquei tão indignada com a pergunta dele que nem respondi.

- Como se você tivesse alguma! Eu só quero que faça o que eu quero querida, só isso,
mas... Se for fugir...
O interrompi, nem mesmo sei o que deu em mim naquele momento, mas sei que
assim que disse me arrependi.

- Eu não vou fugir, aposta é aposta e já que ganhou eu vou cumprir a minha parte!

Ele assentiu lentamente, esfregando uma mão na outra, sorrindo diabolicamente.

- Ótimo!

Foi ai que me dei conta, estava assumindo um compromisso com o Babaca, de que ia
fazer tudo o que ele quisesse... Meu Deus!

- Mas vai ter algumas regras! Afirmei quase que desesperada quando percebi o que
essa aposta poderia significar, ele podia me perguntar coisas que não queria
responder.

- Quais regras? Aproveita que estou sendo bonzinho... Disse, sorrindo.

Parei pra pensar no que não faria de jeito nenhum...

- Não vou te responder a perguntas indecentes, nem vou fazer qualquer coisa
constrangedora, nem... Nem ir pra cama com você!

Quase gritei a última parte, por que simplesmente me veio a mente a ideia de que
ele iria me pedir isso.

Mas, o Babaca riu, histeriacamente. Depois segurou meu rosto com uma mão só,
enquanto ria.

- Eu ir pra cama com você? Já se olhou no espelho?... Você não faz o meu tipo
Princesinha, pode ficar despreocupada, quanto as outras duas exigências...
Perguntar coisas indecentes, como? Que Barbie você brincou à noite? Ou que pijama
de ursinhos você usa? Fala sério! Você não tem indeiscência alguma que queira
saber! E quanto a fazer coisas constrangedoras querida... Isso não vou abrir mão,
você vai fazer tudo o que eu quiser, incluindo coisas constrangedoras. Sendo assim,
a aposta começa a valer na segunda feira e termina quando eu me cansar, estamos
entendidos?

Quis balançar a cabeça, mas... Algo que ele disse me deixou magoada, era a segunda
vez que ele... Que me feria assim. Primeiro quando disse que não era mulher e
agora... Agora isso... Ele é um completo idiota e nojento! Eu odeio ele. Odeio com
todas as minhas forças e me odeio mais ainda por me importar!
- Estamos entendidos? Perguntou novamente, me acordando.

Fiz que sim com a cabeça e puxei-a de suas mãos, saí batendo o pé. Como... Por
que... Por que ele...? Argggg! Que ódio! Eu simplesmente vou cumprir essa maldita
aposta pra provar à ele que não sou covarde, mas quando isso acabar vou dar uma
bela surra nele, juro que vou!

 Babaca-Steven:

Como meu primeiro pedido, vou mandar ela sair de casa num pijama de ursinhos,
um de menininha que ela deve ter... Pra ir a academia ainda! Quero humilhar a
Princesinha o máximo que puder. Ninguém mandou duvidar que sou bom porra! Eu
sou ótimo!

Ela... Ela é uma menininha tão insuportável! Vou colocar ela na linha! Vou fazer ela
ser uma pessoa descente, não o lixo de pessoa que é, ela vai aprender a ser boa... Ao
menos a não se achar! Outro pedido pra minha lista.

Depois vou querer que ela pare de me vencer no tatame, que pare de treinar talvez...
Ou pior: Vou fazer ela torcer por mim! Sim... Isso é o que vou fazer.

Juro que em toda a minha vida nunca fiquei mais feliz em ganhar uma aposta. Ela
vai ter que me obedecer cara, e vou fazer da vida dela um inferno... Ah eu vou, em
algum momento ela vai estar pedindo pelo Capeta por que vou ser bem pior! Mas
bem pior mesmo!

***

Segunda-feira.

Acordei sorrindo cara, dia de treino hoje... E adivinha? A Princesinha vai ter que
fazer o que eu quiser a partir de hoje até eu cansar.

Fui sorrindo pra escola, passei o dia feliz da vida, ainda mais por que falei com ela
na logo na entrada, só pra piorar o dia dela.

- Você quer o que?! Gritou, completamente incrédula quando pedi sobre o pijama de
ursinhos.

Sorri pra ela.


- É Princesinha, você é mesmo uma menininha, só quero mostrar isso pra academia
toda querida...

Ela balançou a cabeça.

- De jeito nenhum! Gritou, passando as mãos pelo cabelo.

- Tá certo que tenho que fazer tudo o que diz, mas aí também é demais!

Balancei a cabeça, cruzando os braços.

- Não Princesinha, mas tem mais... Disse, provocando-a.

Ela quase voou no meu pescoço.

- Mais?!!!

Dei risada, estava me divertindo tanto.

- Sim, mais: Você vai ter que dançar aquela musiquinha dos beck ardegans sabe?

Ela balançou a cabeça, parecia desesperada, e eu ri, ri pra caralho.

- Meu pai vai me matar se fizer isso na academia Steven, pede outra coisa!

Balancei a cabeça.

- Isso não é problema meu, você vai ter que fazer querida! Vai ter que fazer, a não
ser que seja fraca demais pra aguentar a aposta... Provoquei, de propósito só pra ver
o rosto dela se contorcer.

- Eu vou fazer merda! Só cale a boca tá legal?

Assenti pra ela, que saiu pisando duro e pensei: Hoje é meu dia!

Maluquinha- Hanna.

Hoje não é meu dia! Tropecei em tanta coisa pra acordar que achei que nunca
chegaria viva na escola e agora mais essa! O Babaca quer me humilhar, exatamente
como eu iria fazer com ele se tivesse perdido, mas... Eu ia pegar leve poxa, ele...
Pijama? Música do Beck ardegans? Qual a porra do problema dele?

Estava quase bufando de raiva no meu armário que resolveu emperrar quando a
Lex apareceu. Juro que ia quebrar aquele armário! Juro que ia!
- Ei... Calma, o que está acontecendo? Perguntou ela, tirando minha mão do armário
antes que eu o arrebentasse.

Dei de ombros, respirando fundo enquanto me escorava nos armários.

- Essa merda não abre! Gritei, dando um tapa no armário novamente.

A Lex arregalou os olhos, me puxando perto dela.

- Ei... O que está acontecendo? Pode contar, seu armário sempre emperra e você não
dá esse chilique todo, o que foi?

Sua voz era calma, mas calma era tudo o que eu não estava! E nem queria que ela
estivesse também, então... Despejei.... Contei tudo, e ela, assim como eu, ficou
horrorizada e indignada.

- Filho da Puta! Gritou ela, mas quando percebeu que estávamos no meio do
corredor, começou a falar mais baixo.

- Que viado infeliz! Não acredito que vai te obrigar a fazer isso!

Assenti pra ela, enquanto andávamos pra sala, enquanto eu contava a história a
Lex conseguiu abrir meu armário e agora caminhavamos pra sala. Estava me
sentindo um lixo, além dele falar toda aquela merda pra mim ele... Ele ainda... Quer
me fazer pagar de criancinha na frente da academia? Que ódio!

- Ah Hanna, por que aceitou fazer isso?

Respirei fundo pra responder a pergunta dela.

- Por que Lex? Por que... Eu sou covarde em muita coisa da minha vida, muita coisa
e... Eu só quero provar pra ele que não sou covarde nisso, não posso ser... Mas, não
achei que fosse me humilhar dessa maneira!

A Lex respirou fundo, acho que percebeu sobre o que quis falar, ela sabe sobre
mim... É minha melhor amiga desde pequena e ela sabia dos piscicolos e etc... Mas
ela nunca conta ou comenta sobre isso, só sabe, e neste momento sabe o quanto é
importante pra mim provar pro Babaca que ele não pode me ferir, não pode me fazer
recuar apenas por que sou covarde...

- Tá legal, mas...

A Lex parou pra pensar, depois um sorriso surgiu no seu rosto.


- Você não precisa ser humilhada amor... Disse, com um sorrisinho.

Balancei a cabeça.

- E como não vou ser humilhada vestida em um pijama de ursinhos e dançando a


música dos beck ardigans?

Ela sorriu, entrelaçando o braço ao meu.

- Se me deixar ajudar, juro que você é que vai humilhar o Babaca, você deixa?

Assenti pra ela, por que... Vale tudo pra ferrar com o plano dele de me humilhar,
tudo mesmo. Quero ser mais forte e vou ser mais forte, mais forte que ele!

 Babaca-Steven:

Hum... Que dia maravilhoso, o sol estava brilhando e hoje nós não temos trabalho
voluntário... O que mais eu poderia querer?

- Você está feliz hein, Stevie? Este era o Harry, estávamos na academia, fiz ele vir
hoje só pra presenciar a humilhação da Princesinha.

Sorri pra ele.

- Como não estar? A Hanna vai aparecer aqui de pijama de ursinhos Harry! Vai ser
demais!

Ele riu, enquanto esperávamos pacientemente em frente a academia no quiosque da


praia, até o Mestre chegar pra abrir.

Ficamos ali pouco tempo, e quando a camionete do Mestre estacionou meu sorriso
virou o do Curinha... Não via a hora de ver a Princesinha de pijama de criancinha,
como a menininha que ela é!

Mas, ela desceu do carro de kimono...

- Ih cara, parece que ela não vai cumprir a aposta hein? Disse o Harry ao meu lado
enquanto atravessávamos a rua.

Balancei a cabeça, sorrindo.

- Ah ela vai cumprir sim! Vou falar com ela agora!


Saí praticamente correndo pra falar com a Princesinha, puxei-a pelo braço,
discretamente já que o Mestre estava ali perto também.

- Kata Mestre... Cumprimentei, reverenciando.

Ele retribuiu e saiu andando, graças Deus. Me virei com sorrindo pra Princesinha,
por que ela não ia, de jeito nenhum desistir da aposta, eu sabia como fazer pra ela
não desistir, era só mexer com o psicológico dela.

- O que é isso? Foi minha pergunta, apontando o kimono.

Ela respirou fundo, soltando o braço da minha mão.

- Isso é um kimono, achei que fosse mais esperto!

A resposta dela me fez revirar os olhos.

- É, mas não é um pijama... Desistiu da aposta Princesinha? Tão cedo.... Achei que
fosse mais forte! Disse, provocando-a.

Ela apenas suspirou.

- Não, eu não desisti idiota! Não sou covarde! Vou fazer, mas estou cuidando pro
meu pai não me matar, pode ser? Se viesse de pijama no carro ele ia fazer um monte
de perguntas e duvido que você queira responder o por que me quer humilhada pro
Mestre!

É... Tenho que assumir que o argumento dela faz sentido, por isso mesmo não disse
nada.

- Bom, acho que isso é um não! Eu vou tirar o Kimono depois tá legal? Só... Só... Me
deixa ok? Já estou fazendo muito...

Sorri pra ela, cruzando os braços.

- Não Princesinha, nem começou a fazer nada ainda! Quando eu começar, acredite:
Você vai saber!

Ela respirou fundo, passando a mão no seu rabo de cavalo. Depois saiu pisando duro
e não vi ela por um tempo, o pessoal foi chegando e o Harry me enchendo.

- Ih cara, acho que não vai rolar ela de pijama, hein?

Revirei os olhos pra ele.


- Vai sim Harry... Ela não consegue perder, vai fazer só pra provar que pode...

E como se estivesse tudo combinado ela apareceu, mas nem de longe como imaginei!
Que... PORRA... Era aquela?

Maluquinha- Hanna.

Tá, a Lex e eu aprontamos. Na verdade a Lex aprontou. Ela me deu um pijama dela,
e juntou com um meu e deu no que estou vestindo.

Um short tão minúsculo que sinto como se ele só estivesse ali pra cobrir minha
bunda, quase uma calcinha feminina. É azul e rosa e larguinho, bonitinho, admito,
mas muito curto. E já que o babaca exigiu tanto o pijama de ursinho estou vestindo
uma blusa de pijama com um urso na frente... Só que a Lex cortou, então... A Blusa
é de manga, mas não cobre minha barriga nem meus ombros, ela fica meio caidinha
deixando à mostra meu sutiã, que mesmo eu discutindo com a Lex ela me fez deixar
deste jeito.

A camisa é cinza com um urso rosa na frente, mas agora só a cabeça e parte da pata
do urso ainda existem e estou usando meia oito quartos coloridas de dedinho,que
chegam até meu joelho, estas são minhas mesmo. E pra dar o toque final, meu
cabelo estava bagunçado como se eu tivesse acabado de acordar, segundo a Alex isso
me fazer parecer sexy, mas... Não sei o que pensar, estava todo mundo olhando pra
mim, todo mundo mesmo!

Fiquei tão envergonhada, mas estava determinada a terminar essa cena apenas pra
provar ao Babaca que ele não pode me humilhar! E só de olhar pra cara dele... Pra
como ele parecia confuso, fiquei mais feliz. Então, fiz o que minha amiga mandou.

Soltei a maldita música dos Beck Ardigans, mas quando teminava a parte em que
eles dizem: Seus amiguinhos os Beck Ardigans... Outra música começava... Uma da
Beyonce: Naught girl.

Odeio dançar, principalmente dançar em público e sozinha, mas... Fiz por que
lembrava da Lex dizendo: Você vai fechar os olhos e esquecer onde está, apenas
pense que está dançando sozinha... Dance pra si mesma.

Foi o que fiz, já tinha feito aquilo antes, dançar sozinha como se eu tivesse alguma
sensualidade, apenas espero não estar muito patética...

 Babaca-Steven:
- Puta. Que. O. Pariu! Ah Baby... Não faz assim que eu não controlo meu pau!

Este foi o Harry, ele e boa parte do clube masculino ali na academia olhava bobo pra
Princesinha dançando... Porra, até eu... Que merda ela estava fazendo?!

- Hum... Hanna, me chupa depois acabar por que vou estar precisando!

Este... Nem sei quem é este, mas... Chega desta palhaçada! Chega! Como...
Quando... Quando foi que ela...?

- Puta Hanna! Vou sinceramente te levar pra cama gatinha!

Esse aí era o Harry.

- Cala a boca idiota! Gritei pra ele, que me olhou, com a mão no saco.

- Cara, ela... Stevie... Ela, velho olha pra lá! Me diz que não está ficando de pau
duro!

Olhei pra ela se mexendo no mix de Beck Ardigans e Beyonce que tocava... Tá...
Ela... Ela... Não! Simplesmente não!

- Ah vai se fuder, se controla! Disse, quase querendo soca-lo.

E querendo mais ainda socar o Stefan que foi dançar com ela! Ahhh era demais!

Nem vi como foi que saí do lugar, só sei que quando vi estava lá em em cima dela.

- Solta! Avisei, puxando a Princesinha das mãos do Stefan.

Levei ela pro vestiário, praticamente bufando com as vaias ao fundo gritando pra
que ela voltasse e haviam duas questões na minha mente: Cadê o Mestre pra
interromper essa palhaçada? E QUE PORRA ESSA LOUCA ESTAVA FAZENDO?!

- Me larga Babaca! Gritou, tirando o braço da minha mão.

Olhei pra ela, mas precisei desviar o olhar por que... Porra Mick, se controla! Disse
pro meu amigo, por que sinceramente... Não dava pra olhar pra ela assim, merda!

- O que você acha que está fazendo?!

Ela bufou.

- O que você me mandou! Não queria que dançasse? Eu dancei! Não queria o
maldito pijama? Aqui está! Então estou cumprido a aposta!
Balancei a cabeça, colocando a mão na cintura.

- Não está não! Não era este tipo de pijama que eu falei era um pijama infantil!

Ela deu de ombros, empinando o queixo pontudinho e fazendo minha as palavras do


meu amigo: PUTA. QUE. O. PARIU!

- Da próxima vez, seja especifico no que quer! Não sou vidente pra adivinhar seus
desejos caralho!

Hum, a palavra "caralho" ali na boca dela me fez pensar: CARALHO! Que porra ela
acha que está fazendo? Não era ela em si que estava sexy... Era... Era a roupa, a
postura... Não ela, qualquer baranga ali dentro ia ficar gostosa... Qualquer uma...

- Vou ser mais específico: Tira isso, está ridículo! Não combinou com você!

A Princesinha deu de ombros.

- Eles gostaram! Disse, apontando o falatório do lado de fora do vestiário, tinha


marmanjo gritanto: Tira!

Ela não vai tirar porra nenhuma! Antes de ter essa visão do inferno eu me mato!

Essa gritaria toda me voltou ao foco: Cadê o Mestre?

- O que seu pai vai achar disso, hein Princesinha?

Ela sorriu.

- Vai achar que estou pagando uma aposta...

Quase voei na garganta dela.

- Você contou pra ele?!

A Princesinha assentiu.

- Contei, mas como não sou nenhuma menininha indefesa disse pra ele que vou
lidar com isso então não precisa começar a se cagar ok?

Quando... Quando foi que ela começou a... A ser...? Ah... Garota!

- Com quem acha que está falando Princesinha? Perguntei, indignado com a postura
dela de braços cruzados ali na minha frente.
- Com um Babaca que me fez passar vergonha! Agora se não se importa, estou indo
me trocar!

E ela se virou pra ir embora, pisando duro... Meus olhos fizeram caminho pelo corpo
dela e... Duro estava ficando eu com aquele short curto que ela estava usando! Mas
que porra!

Maluquinha- Hanna.

Fui tirar aquela roupa ridícula, me sentindo humilhada... Não pelos meninos da
academia, mas por ele... Ele gosta de pisar em mim não é?

Será que eu realmente... Realmente não sou bonita? Nenhum pouco?

Ah, para com isso Hanna! Você não vai dar ouvidos aquele idiota! Ele é só um
babaca! Só isso...

Estava amarrando meu cabelo novamente quando a Deise apareceu... Ela tinha
mesmo que aparecer?

- Nossa Hanna, o que estava querendo fazer? Virar uma puta?

Respirei fundo, ignorando ela por que este ser inútil nada tem haver com a minha
vida e se tem alguma puta aqui... é ela.

- Sabe? Os meninos gostaram... O seu alvo não!

Olhei pra ela por um momento, franzindo o cenho, tentando entender.

- Meu alvo? Perguntei, meio confusa.

Ela sorriu.

- Sim, o Steven... Ele não gostou, achou que você estava ridícula! Cá entre nós, eu
também!

Fechei os olhos por um momento, me sentindo tão pequena. Tão minúscula...

- Quer saber Deise? Vá se ferrar, abrir as pernas pro primeiro que aparecer e me
deixa em paz!

Não me pergunta de onde me surgiu tanta raiva e tanto palavreado feio... Eu


apenas me lembrei: Sou grande agora! Eu posso! Não preciso ficar envergonhada
por falar palavrão, todo mundo fala, por que não posso?
Saí pra fora do banheiro e surgiram...Comentários quando passei. Evitei escutar o
que os meninos falaram. Evitei todo mundo! Estava com vergonha e brava por
alguma razão bizarra!

- Ei...ei... Gritou o Stefan, quando já estava na rua.

Ia colocar minhas coisas na Xlt e correr na praia como sempre.

- Arrasou ali hoje hein?

Sorri um pouco pra ele, balançando a cabeça.

- Estava ridícula, só estava pagando uma aposta...

Ele balançou a cabeça.

- Não Hanna, estava linda... Disse, sorrindo pra mim.

Dei de ombros, jogando minhas coisas na camionete.

- Valeu por ir dançar comigo Stef, até quarta...

Ele assentiu, me dando um beijo no rosto.

- Até Hanna.

Travei a Xlt e fui correr, sei que deveria ter ido deixar a chave com meu pai, ou ao
menos avisado que não ia treinar, mas... Não queria voltar lá pra dentro.

Eu precisava correr, pensar em nada... Não pensar no quanto eu estava brava, e no


quanto estava chateada.

Quem a Deise e o Babaca pensam que são pra me dizer o que disseram? Será que
eles dois acham que eu não sou mulher apenas por que não visto uma micro saía e
uma roupa como coloquei hoje? Ou será que meu problema é não sair por aí dando
pra meio mundo?

Estava tão brava! Tão brava. Ia matar o Babaca... Que raiva! Ele mesmo me obrigou
fazer o que fiz... E obvio que era pra me fazer de ridícula na frente de todo mundo!

Quando tomei consciência disso, de que ele apenas queria me fazer de ridícula e fiz
exatamente o que ele queria... Voltei pra academia, decidida a mata-lo.

Mas quando cheguei lá, geral dos meninos aplaudiu.


- Aeee, treinar assim é mais gostoso! Disse alguém que não me lembro o nome
agora, acho que ele nem é da nossa faixa.

- Nossa Hanna, me passa seu numero pra gente conversar, cara? Eu... Preciso ver
você dançar de novo....

E de repente estavam me cercando, todos eles falando coisas que me fizeram sentir
melhor. Eles gostaram... Senti vontade de mostrar a língua pro Steven e a Deise,
atitude infantil, eu sei... Mas foi minha vontade. Poxa, não foi tão ruim né? Se eles
gostaram...

Sorri pra eles, balançando a cabeça, mas meu pai chegou.

- Vamos parar com a palhaçada aqui, que está é a minha filha! Disse, me abraçando.

Ele me deu um beijo na testa, e um dos meninos mais novos comentou:

- Ah Mestre é sua filha, mas é gostosa pra caralho!

Meu pai me soltou. Olhando pro garoto.

- É, ela é linda mas não é pro seu bico não e só pela ousadia pode fazer cem flexões
Rene...

Ele soltou um suspiro, e o pessoal se dispersou de perto de mim. Mas meu sorriso
convencido ficou... E olhei convencida pro Babaca, que olhou pra mim com cara de
nojo.

Tá legal, ele não gosta de mim, nem gostou do que eu fiz, mas eu gostei... Foi legal
fazer ele ser humilhado um pouco. E me sentir livre um pouco, até resolvi treinar
por que estava mais animada.

Babaca- Steven.

Odiei ve-la cercada do pessoal da academia e odiei mais ainda o Harry não parar de
falar dela nenhum segundo.

- Cara se eu pego essa mina...

Estava socando o saco de areia e quando ele falou sobre a Princesinha pela décima
vez... Parei, só pra manda-lo calar a boca.

- Vai se ferrar! Aquela maluca não é nada gostosa Harry! Me deixa treinar em paz!
Fiquei socando o saco, querendo tira-lo do lugar. Querendo matar alguém. Ela não é
nada, quem essa doida pensa que é pra fazer esse showzinho e achar que a aposta
acabou?

Nem está perto de acabar, eu ia humilhar ela, apenas precisava pensar em como...
Como fazer isso.

O treino correu cheio de comentários dos meninos, claro que eles comentavam sobre
o quão gostosa a Princesinha era. Sinceramente? Pra mim estavam todos loucos!

O Harry foi embora na primeira hora de treino de verdade, quando o Mestre colocou
a gente em fila pra fazer o treino dos movimentos do Karatê.

A Princesinha e o Stefan estavam do outro lado, na minha frente e estavam sorrindo


um pro outro enquanto treinavam alguns movimentos. Eu estava raivoso, irritado
ao extremo... Principalmente por que não conseguia pensar. Minha mente ficou
vazia de ideias...

Tinha que fazer alguma coisa, alguma coisa pra provar e tirar o sorriso convencido
da Princesinha do rosto. Ela não era gostosa! Não era! E precisava mostrar isso à
ela.

Qual é? A Princesinha era... Era só uma menininha, nem tem um corpo assim tão
bonito... Ela não é bonita!

Pense Steven... Pensa no que...

- Porra! Gritei, quando meu parceiro de treino me deu um soco no rosto...

Ele riu.

- Foi mal, é que você estava ai paradão olhando pra Hanna e não estava fazendo os
movimentos...

Quase soquei o Dylan, ele ainda não superou ter perdido pra mim quando fomos ver
quem ia pra competição. Por isso estava aqui me socando. Odeio gente que não sabe
perder.

- Eu não estava olhando pra Hanna! Disse, com raiva voltando a fazer os
movimentos.
Lutar é quase como dançar, principalmente no Karatê... Sempre tem "passos" e
eram estes "passos" que estávamos treinando. Defesa, passo, passo... Ataque. Mais
ou menos isso.

Enfim, o Dylan não sabe quando calar a boca, grande defeito.

- Ah cara, não precisa fingir não, está todo mundo olhando a delícia que ela é...
Quem me dera ter uma mulher vestida com um pijaminha daquele na minha
cama... Ia ser um estrago!

Não sei da onde surge tanta raiva em mim quando escuto estes BOSTAS falando da
Princesinha, apenas... Surge. E naquele momento a raiva veio com força total, tanto
que antes que o Dylan fosse capaz de treinar o segundo passo pra me atacar ele já
estava no chão.

- Pô cara, pega leve ai! Disse, se levantando.

Dei de ombros.

- Estou pegando leve, pesado é o Mestre que vai pegar com você se te escutar
falando assim da filha dele!

Dylan riu.

- Como se você, logo você, não estivesse fantasiando mil e uma maneiras diferentes
de levar a gostosa da Hanna pra cama né?

Soquei o rosto dele, tentando me focar no treino! Treinar... Só treinar, depois eu


penso no que vou fazer com ela, mas não vai ser bom... Por ela me fazer ficar
escutando esses idiotas... E vai ser humilhante... Tem que ser humilhante pra ela
saber que esses bostas aqui, só acharam ela bonita, ou gostosa por falta de opção.
Em um lugar cheio de garotas GOSTOSAS realmente, ninguém nunca ia olhar pra
ela...

Epa, eis aí a minha ideia!

Maluquinha- Hanna.

Pra minha sorte o Babaca não falou comigo hoje. Não veio na hora da entrada me
dizer: Você vai ter que fazer tal coisa... Graças a Deus. Acho que depois de ontem ele
desistiu de me humilhar, ao menos espero por isso.

Enfim, hoje é terça, dia de trabalho voluntário, dia daquelas crianças assassinas.
Estava sentada na beira da quadra, escutando as crianças jogarem e estava
distraída desenhando, ao menos estava tentando ignorar as crianças gritando. Não
sei do Babaca, antes que me pergunte. Eu apenas vim pra cá por que sei que é a
minha obrigação.

Mas, ele deu o ar de sua graça uns cinco minutos mais tarde e deu da maneira mais
Babaca possível: Puxando meu desenho da minha mão.

Como o lápis estava sobre o desenho, quando ele puxou um rabisco enorme surgiu
no meu céu estrelado. Quis matar ele.

- Opa... Me desculpa. Disse, no tom mais falso do universo.

Revirei os olhos, mas me controlei, respirei fundo e o ignorei pegando meu desenho
de volta.

- Então... Ontem, aquela sua cena de dançar no pijama e etc... Aquilo foi...
Inesperado. Começou, enquanto eu tentava concertar meu desenho.

- Enfim, o que quero dizer é pra você não ficar se achando não por que você não é
tudo isso. Só que sua roupa estava ajudando, mas hoje eu quero te levar num
lugar...

Parei o lápis em cima do papel e fiquei o encarando.

- Que lugar? Perguntei, já sabendo que ia ser alguma coisa humilhante.

- Numa boate de Stripetise...

Até fechei os olhos quando escutei o que disse. Sério? Pra que ele queria isso?

- E por que eu iria com você numa boate de stripitese? Perguntei, mas tentei manter
meu tom apenas entediado. Não queria que ele soubesse que me afetava as decisões
dele sobre onde me levar.

Mas dentro de mim eu estava muito puta! Muito puta da minha vida! Por que ele
queria que fosse com ele numa boate de stripers? Pra que? Com que propósito?

- Por que eu quero que vá, e como tem que fazer tudo o que eu quero... Você vai
comigo!

Respirei fundo, olhando pro meu desenho, pensando: Onde eu estava com a cabeça
quando fiz essa aposta? Mas, tudo bem. Boate... De Striper... Ótimo!
- Tá bom, só me diz onde é que eu vou...

Ele riu.

- Ah não, você vai comigo, na minha moto!

Olhei pra ele, fazendo cara de nojo apesar de gostar de motos, não gostava de andar
com ele especificamente.

- E por que tenho que ir na sua moto?

O Babaca sorriu, segurando meu queixo.

- Pra você não aprontar nada, quero que vá pra boate numa roupa bem sem graça...
Sem nada de brilho, ou decotes, ou roupas curtas, quero você numa calça jeans um
rabo de cavalo e uma blusa cacharréu...

Tirei meu queixo da mão dele, tentando manter meu controle sobre o quanto eu
queria bater neste garoto!

- Fui específico o suficiente?

Balancei a cabeça, tentando manter minha expressão apenas como entediada.

- Foi... Quer mais alguma coisa?

Ele assentiu.

- Quero, nada de maquiagem também!

Fiz que sim com a cabeça, virando novamente pro meu desenho. Preciso falar com a
Lex, ela provavelmente vai saber o que o Babaca quer aprontar comigo numa boate
de Striper.

Fiquei ali até a hora de ir embora e o Babaca fez questão de me avisar que umas dez
horas passava em casa me buscar.

Obviamente assim que cheguei em casa, avisei meu pai pra evitar a bronca depois.

- Ele vai te levar onde? Perguntou, cruzando os braços.

Não ia contar a verdade pra ele, não sobre este pedaço.

- Numa boate... Disse, dando de ombros, fingindo desinteresse.

Meu pai se escorou no balcão da cozinha, me olhando.


- Pra que ele quer te levar numa boate? O que isso tem haver com a aposta?

Dei de ombros.

-Não sei pai, ele é louco! E a aposta é que tenho que fazer o que ele quiser então...
Vou a boate.

Chad suspirou

- Tem certeza que quer continuar com isso?

Fiz que sim com a cabeça.

- Quero... Vou provar pra ele que não sou covarde!

Chad balançou a cabeça.

- Não tem que provar nada pra ele Pequena... Ele... O interrompi.

- Tenho sim pai, tenho que provar isso pra ele e vou provar, relaxa... Não vai
acontecer nada demais comigo, sei me cuidar!

Chad assentiu, relutantemente, mas assentiu. Então subi pro meu quarto pra
procurar uma roupa que se encaixasse no que o Babaca queria.

- Ele quer te levar pra onde?

Essa era a Lex, liguei pra ela, por que... Bom, precisa saber o que o Babaca estava
pensando e ninguém melhor que a Alex pra me dar uma ideia.

- É, pra uma boate de Striper, mas... Fala baixo que o Chad não sabe.

Ela assentiu, se jogando na cama ao lado da minha calça jeans preta e minha
camisa de manga comprida sem decote e gola azul ali em cima.

- E quer que vá com essa roupa?

Fiz que sim com a cabeça, cruzando os braços enquanto a olhava. A Lex deu um
suspiro longo e depois me olhou com ternura.

- Ele quer que você se pareça com um sapatão amiga, neste tipo de boate é lotado
deles, é provavelmente o que ele quer...
Quando ela disse isso, quase abri minha boca. Lesbica? Agora além de tudo ele
queria que eu me parecesse com uma lesbica? Isso não pode estar acontecendo! Tem
que ser mentira...

- Lex, eu não sou lesbica! Afirmei, e naquele momento deixei transparecer o quão
magoada eu estava com isso.

Ele já me disse que não sou mulher, ontem disse que estava ridícula e agora isso...
Quer que eu me pareça com uma lesbica... Não sou preconceitusa é que eu apenas
não sou, e não quero me parecer como uma.

A Alex suspirou e se levantou da cama pra me abraçar.

- Você não precisa fazer isso, o que ele disse especificamente?

Balancei a cabeça.

- Ele tomou o cuidado de me dizer exatamente como me queria vestida... E disse que
não posso usar maquiagem, então nem pense em me deixar com uma maquiagem
perfeita por que não vai rolar...

Acho que nunca na minha vida me senti mais triste, mais pequena. Eu ia fazer
aquilo, por que simplesmente eu podia, mas não ia dar à ele o gostinho de ver o
quanto estar vestida daquele jeito me afetava.

Então eu a Alex passamos o resto da noite brincando uma com a outra até eu me
vestir e fazer um rabo baixo de cavalo de lado. Segundo a Lex eu estava bonita, mas
eu estava era irritada. Estava calor! E eu com aquela blusa de frio... Estava irritada
com como eu parecia realmente um homem naquela roupa.

Estava me sentindo mal, mas coloquei um sorriso no rosto quando fui sair, meu pai
até me perguntou o por que da roupa, mas deixei em off pra ele. Apenas disse que
voltava mais tarde.

Quando saí lá fora, ali estava ele. Vestido em uma calça cheia de rasgos na frente
um coturno e uma camisa polo vermelha. Ele... Ele é um completo idiota por me
fazer vestir assim. Estou parecendo um alien vestida deste jeito.

Mas me forcei a ficar calma, mesmo diante do sorriso besta na cara do Babaca.

- Olha... Agora sim a roupa está combinando com a pessoa!

Revirei os olhos, cruzando os braços.


- É, então está satisfeito? Perguntei, tentando manter minha voz estável e não
demonstrar a bagunça que eram minhas emoções.

Estava com raiva dele, triste por que estava me sentindo uma mosquinha e naquele
momento não me sentia nenhum pouco mulher. Me sentia feia, estranha e meus
sentimentos estavam completamente confusos, principalmente por que alguma
parte de mim achou o Babaca bonito na roupa que vestia... Isso me fez lembrar do
beijo e me deixou mais estranha ainda. Por isso mesmo, estou odiando ele e me
odiando...

- Ainda não estou satisfeito Princesinha, mas até o fim da noite, vou estar! O sorriso
no rosto dele só aumentava enquanto me aproximei da moto onde ele estava
escorado.

Ele me estendeu um capacete.

- Sobe Princesinha, vou te mostrar o que são mulheres de verdade!

Eu apenas subi na moto, sem falar muita coisa. Não queria nem ao menos tocar no
Babaca e não toquei me segurei na parte de trás da moto, torcendo pra que eu não
caísse na velocidade que ele andou, mas não queria tocar um dedo nele. Estava...
Por alguma razão, verdadeiramente magoada e mais que isso, estava me sentindo
mais anormal do que já me senti na vida.

***

Bom... Nunca na minha vida havia estado em uma boate de striper e não me senti
bem ali dentro. Nenhum pouco.

Tinham mulheres seminuas em cima das mesas dançando, algumas estavam


literamente nuas por ali...

Eu nem mesmo queria olhar muito pro lugar escuro de música estridente. Odeio que
ele tenha me feito vir aqui e ver esse tipo de coisa, meu Deus, haviam até mesmos
pessoas fazendo... Que nojo!

Nunca na minha vida acho que me senti mais... Mais estranha. Eu queria bater no
Babaca por me fazer ficar confusa como eu estava. Eu não gosto nem de olhar meu
próprio corpo, agora tenho que olhar o corpo de inúmeras garotas bonitas.
Isso é verdade e tenho que dizer, eu pouco sou comparada as meninas ali... Elas são
tão lindas. Me deu inveja delas, sempre fico com inveja quando vejo alguém sendo
livre. Fazendo o quer com seu corpo, tão diferente de mim.

Balancei a cabeça pra me livrar da onda de emoções e apenas segui o Babaca... Ele
parou no bar e ficou conversando com a "Stacy" uma das dançarinas da boate.

Fiquei quieta ali, por que nem sabia o que ele queria que eu fizesse até escutar a voz
irritante da garota perguntar:

- Amiga sua?

O Babaca riu e respondeu:

- Ele é... Opa, ela...

- Hum, então ela gosta do mesmo que você?

- Gosta querida, ela é uma menina diferente.

Sabe o que é estar bravo com alguém? Bravo ao ponto da loucura? Daquelas raivas
que se vocês achar alguma coisa pra jogar nele, ou um arma você mata?

Foi isso que senti ali, raiva mortal dele... Ele simplesmente acha que não sou uma
mulher? Ou que não sou tão boa quanto essas dançarinas aqui por que? Por que eu
não tiro a minha roupa? É isso que ele precisa pra saber que eu sou uma menina?

Ótimo!

Nem sei o que me deu, quando vi já estava em cima de uma mesa gritando aos
quatro ventos:

- Essa é pra um grande campeão, ou... Simplesmente: Um grande babaca!

Olhei pras pessoas que me olhavam estranho, e sabia que quem eu queria também
devia estar olhando... Então segui os conselhos da Lex e acreditei em mim mesma,
eu fiz os meninos me olharem ontem... Então posso fazer hoje também.

Eu posso ser ingênua e ser covarde, mas uma coisa que eu não sou é uma
menininha, ou lesbica e esse merda não pode me fazer sentir mal apenas por que ele
acha que tem total direito de falar que sou feia, ou que sou ridícula, eu não sou! E e
não é ele que vai me dizer isso!
Então dancei, dancei só pra mim... Me mexi do modo mais sexy que conseguia me
lembrar da Alex fazendo. E juro que naquele momento tudo o que eu queria era que
ele escutasse os murmúrios que eu estava escutando: Tira, tira, tira... Isso era sinal
de estava fazendo certo, não?

Babaca- Steven.

Sinceramente? Até cinco minutos atrás eu estava feliz da vida. Vi o jeito como ela
ficou brava quando escutou o que eu disse... A intenção da roupa era apenas fazer
ela ficar não desejável, mas quando a Stacy me perguntou se ela era lesbica foi: O
céu!

Então entrei na brincadeira, disse que ela era e vi o rosto da Princesinha ficar
contorcido quando escutou o que disse.

Acho que ela ficou tão puta que saiu de perto de mim, foi o que achei. Mas, quando
ela subiu na mesa e disse: Essa é pra um grande campeão, ou apenas um grande
Babaca... Meu mundo ruiu.

Ela dançou ali em cima e homens pararam pra ver, ela nem tirou nada, mas ele
param pra ve-la dançar gritaram: Gostosa... E depois veio o canto do "tira" que
regassou comigo.

O que ela achava que estava fazendo? O que?!

Quando percebi que ela realmente ia tirar a roupa quando abriu o botão da calça
jeans... Sai do bar e fui até onde ela estava tirando-a de cima da mesa.

- Qual é cara? Não estraga o show que essa bonequeinha estava dando! Quanto você
cobra pra sair comigo Gatinha?

Antes que pudesse me parar já tinha socado a cara do homem e levado ela pra fora a
segurando pelo braço. E só lá fora me dei conta do berreiro que ela estava fazendo:

- Me larga seu idota! Larga agora! Gritou, puxando o braço da minha mão.

Estava segurando seu braço tão forte que achei que iria estoura-lo. E quando vi a
raiva já tinha tomado conta de mim, joguei ela contra uma parede e gritei bem alto:

- O que pensa que ia fazer?! Gritei, chegando tão perto dela que a prendi com meu
corpo.
Minha vontade era esgoelar ela. Por alguma razão muito bizarra... Mas penso nisso
depois, eu só queria uma explicação agora, só isso.

Ela me olhou nos olhos e parecia tão brava quanto eu.

- Eu ia provar a você que NÃO SOU LESBICA! E você é um completo idiota por
achar que eu não posso ser mulher apenas por que não sou como as putas que você
pega! Eu não sou uma menininha, nem lesbica, nem a porra que você ache que sou e
você não tem o mínimo direito de ficar me humilhando deste jeito!!! Berrou, aos
quatro ventos, me empurrando o peito com tanta força que fez eu me mexer.

Mas, empurrei ela de volta e mantive ela encostada na parede.

- Está com raiva de mim?

Ela me empurrou.

- O que você acha?! Gritou, enquanto me empurrava, assim como eu empurrava ela
pra mante-la na parede.

- Pois eu também estou com raiva de você! Essa aposta era pra me divertir e não
acho nenhum pouco divertido o que você acabou de fazer lá dentro!

Estávamos os dois berrando, os dois tão irritados um com o outro que estávamos a
uma ofença de socar um cara do outro. Meu sangue fervia tanto só de olha-la e
lembrar o que ela estava prestes a fazer... Lembrar o que ela fez ontem.

- Você é um completo idiota! Estou cansada de ficar te escutando dizer o quão


ridícula pareço pra você, eu não sou ridícula! E eles ali dentro não acham que sou,
eles gostam e só ia te mostrar isso! Gritou, me empurrando novamente.

Segurei os pulsos dela pra mante-los longe de mim. A prendi na parede com os
braços pra cima e fiquei vendo seu peito subir e descer rápido conforme sua
respiração enquanto ela lutava pra se soltar.

- Me solta! Gritou, praticamente rosnando.

Eu estava com tanto ódio dela, tanta raiva que queria quebra-la e foi até o que
tentei fazer batendo seu corpo contra a parede enquanto gritava:

- Qual a porra do seu problema?! Está com raiva de mim por que te impedi de ser
uma puta lá dentro? Ou por que ontem não deixei você transar com o Stefan aos
olhos de meio mundo?! Devia estar me agradecendo sua louca e não gritando
comigo!

Ela riu, enquanto puxava com força os braços da minhas mãos.

- Nossa, claro, deveria te agradecer por me dizer que sou ridícula apenas por que
coloquei uma roupa que me fazia parecer bonita, ou deveria te agradecer por dizer
que sou lesbica e me trazer a este lugar, ou talvez agradecer por estar vestida deste
jeito por que você quis! Ou agradecer por estar berrando comigo! Devo te agradecer
a tanta coisa Babaca que perdi até a conta do quão bom você é!

Ela tinha soltado uma mão da minha e ficou enfiando o dedo no meu peito enquanto
discursava. E fiquei sem entender.

- Está brava por que disse que estava ridícula ontem? Não falei nada mais que a
verdade! Menti, por que não a achei ridícula, apenas não gostei do que fez...

Ela riu e soltou a outra mão de mim e agora me empurrou forte uma vez, me
fazendo andar pra trás.

- Não! Fiquei brava por que você é tão idiota, mas tão idiota que não pode
simplesmente assumir que eu sou sim bonita, ou que eu não sou apenas uma
menininha! Por que você é fraco demais pra assumir que eu sou desejável e está
aqui discutindo comigo justamente por isso!

A Princesinha me empurrou novamente e segurei forte seus pulsos.

- EU NÃO SOU FRACO PORRA! Isso, podemos chamar de berro, foi o maior berro
que já dei.

E ela olhou pra mim, respirando fundo, parecia assustada agora... Bom, ótimo que
você esteja assustada sua... Nem sei de que palavra xinga-la.

- Quer saber? Vai se ferrar! Você... É só um completo idiota! Só isso! Me larga!


Gritou por fim, tirando as mãos do meu aperto.

Ela saiu andando, nem sei pra onde e também não me importa! Eu não sou fraco!
Não sou e ela tem que parar com essa mania besta de falar essas coisas pra mim...
Porra isso me doí! Me lembra que eu fui fraco durante anos e agora preciso entrar lá
dentro e beber por que se não vou acabar batendo em alguém... Provavelmente nela!

Entrei novamente na boate, decidido a apenas esquecer a Princesinha. Ela é uma


menininha idiota e só isso.
Maluquinhas- Hanna.

Sou uma idiota! Nem sei por que estrou chorando do lado de fora dessa boate, mas
estou.

Estou com tanta raiva dele, tanta raiva de mim por me importar com o que ele diz...
Eu não sou uma menininha! Não sou.

Sou anormal, instável e ingênua em alguns aspectos, mas eu não sou uma
menininha. Não sou. Ele só está doido por que... Nem sei por que, mas ele apenas
não esperava que eu tivesse capacidade e coragem suficiente pra fazer o que fiz
ontem e hoje... Cá entre nós, eu também...

Quando me dei conta do que fiz, de como fui livre esses dois dias, acabei rindo.
Rindo histericamente. Acho que de nervoso, mas foi bom rir... Eu não sou uma
menininha! Afirmei pra mim mesma, e ri com isso.

Com a percepção de que eu realmente não sou... Eu sou forte. Eu luto e posso
controlar meu próprio corpo. Eu posso! Ao menos sobre dançar de um jeito sensual e
me vestir como a Lex, eu posso ser assim também, eu posso...

Posso ser desejada e posso ser bonita... É, isso aí. Eu posso.

Sorri e fiquei ali andando no estacionamento da boate enquanto ligava pro Stefan,
poderia ligar pro meu pai, mas ia dar trabalho explicar o que eu estava fazendo
aqui...

- Oi? Sua voz chegou até meus ouvidos meio sonolenta e fiquei arrependida... Ia
desligar, mas...

- Hanna, está tudo bem? Agora ele soou preocupado, então respondi.

- Ah... Oi Stef, eu... Eu preciso de uma ajuda, me desculpa mesmo te ligar uma hora
dessas,mas...

Ele me interrompeu.

- Do que precisa?

Sorri um pouquinho.

- Carona...
Escutei ele rir do outro lado do telefone, depois me perguntou onde estava e disse
que chegava logo.

Quando chegou e subi no seu audi ele ficou me olhando, mas não perguntou nada.
Pedi pra ele me levar a praia antes de casa, isso é claro se ele pudesse. O Stef disse
que tudo bem e me levou a praia.

Eu só queria olhar a água, só um pouco, pra sentir a paz que o mar me trazia.
Estávamos sentados em silêncio até que ele suspirou.

- Olha, fui te buscar, mas estou curioso... O que estava fazendo na boate de Striper?

Balancei a cabeça, cobrindo o rosto com as mãos.

- Sendo uma idiota... Respondi, baixinho, me lembrando de quão ferido meu ego
estava.

O Stefan tirou minhas mãos do rosto e ficou olhando pra mim.

- O que houve Hanna?

Suspirei...

- Perdi uma aposta e agora tenho que fazer o que o Steven quiser, ele quis me levar
a boate e me disse várias coisas que mexeram comigo... Então, agora estou aqui.

Ele sorriu pra mim, balançando a cabeça.

- Por isso fez a dança ontem?

Fiz que sim com a cabeça.

- É, por isso aquela cena ridícula!

Stefan balançou a cabeça.

- Não foi ridícula... Foi sexy... A última parte ele falou bem baixinho, quase como se
estivesse com vergonha, me fez rir.

- Muito sexy... Disse, com completo desdém por mim mesma enquanto jogava minha
cabeça contra o assento do banco.

Ficamos em silêncio por algum tempo, até ele me fazer olha-lo. Ele me fez um
carinho gostoso no rosto, traçando o contorno da minha boca.
- Foi lindo ver você dançar,não teve nada de ridículo Hanna... Sussurrou pra mim,
bem perto da minha boca.

Não estava pensando direito, nem queria... Não queria raciocinar por que se fizesse
ia acabar surtando, aquela noite ouvi o conselho da Lex pela primeira vez, e deixei
as coisas rolarem...

De algum jeito, entre um beijo e outro fomos parar no banco de trás, eu estava
gostando do modo como ele me beijava, de como tocava em mim e como meu corpo
respondia... Não estava me assustando e isso era bom, mas também... Também não
estava como deveria eu acho, acho que deveria querer mais aquilo, mas não quis
pensar, apenas beijei ele de volta.

Deixei ele tirar minha blusa, se desfazer da dele e eu só escutava as nossas


respirações no carro, estávamos ofegantes... Eu acho que estava bem mais do que
ele.

O Stefan colocou minhas pernas em cima do banco, meio que me colocando no colo
dele e estava tudo bem, juro que nunca beijei ninguém daquele jeito... Nunca deixei
ninguém me tocar daquele jeito e assim que as mãos do Stefan tocaram minha
cintura nua eu me lembrei por que...

Em um momento era apenas eu e ele e no outro... No outro ele estava ali. Aquele
maldito homem, não era mais o Stefan me tocando, nem suas mãos no meu corpo
era apenas aquele homem nojento...

- Você só precisa relaxar anjinho, vou fazer doer mais se você se mexer ou lutar
comigo... Sua voz ecoava na minha mente.

Sabia que aquela lembrança ia resultar num surto se eu continuasse com aquilo,
então quando o Stef foi tirar minha calça eu...

- Para... A gente... Eu não posso! Praticamente gritei, parando nosso beijo.

O Stef me olhou de um jeito estranho e tentei controlar o que acontecia na minha


mente. "Está tudo bem... Tudo bem" cantava pra mim mesma enquanto minha
respiração ia acalmando.

Demorei um tempo pra me dar conta de que tinha acabado de meio que ter um surto
e quando isso aconteceu quis me esconder. Sentei direito no banco, olhando pra
longe evitando a todo custo olhar pro Stefan que... Muito provavelmente estava me
achando louca.
- Hum... É... Me desculpa.

Foi ele quem quebrou o silêncio estranho que ficou entre a gente. Não sabia o que
dizer, então só soltei um suspiro, balançando a cabeça pra mim mesma.

Eu posso fazer certas coisas, mas... Acho que isso... Isso nunca vou conseguir.
Sempre vou ser a anormal neste aspecto.

- Você estava frágil e eu... Eu me aproveitei disso pra te beijar, por que
simplesmente amo fazer isso, mas... Não ia fazer nada Hanna. Eu... Nunca ia... Ia te
forçar a nada, me desculpa mesmo. A gente combinou de ser amigo e é isso que vou
fazer daqui pra frente, tá legal?

Sorri um pouco pra ele, balançando a cabeça pra mim mesma. Eu podia ser normal.
Era só o que queria. Ser normal... Agora o Stefan vai me achar louca também. Eu
acharia. Lindo!

Ele me levou pra casa, e me pediu mil desculpas pelo caminho. Acho que ele
realmente acha que eu... Eu estou brava, mas não estou... Não com ele. Estava
brava comigo, com meu passado. Odeio meu passado, odeio aquele homem e me
odeio por não conseguir superar isso e seguir em frente... Só deixar as coias
acontecerem como a Lex faz, ou o Babaca.

Por que tem que ser tão difícil? Tão complicado comigo? Não sei, nunca vou saber eu
acho...

- Hanna, me desculpa mais uma vez eu não quis deixar as coisas irem tão longe é só
que... O interrompi.

- Está tudo bem Stef, eu apenas não queria isso hoje... Mas tá tudo bem, ok?

Estávamos em frente de casa, mas ainda estava dentro do carro. Não queria que ele
ficasse se culpando e como não tinha dito nenhuma palavra depois do beijo eu...
Resolvi falar.

-Estou triste e carente e você também, foi apenas isso... Eu sei que você não ia fazer
nada... Relaxa, está tudo bem.

Ele sorriu carinhosamente pra mim, pegando minha mão

- Eu realmente sinto muito... Não fique chateada comigo, prometo que vou controlar
meus sentimentos por você a partir de hoje, mas uma coisa eu tenho que dizer: O
Steven é muito burro, mas burro ao extremo por não te achar linda... Você é linda
Hanna, e pode ter quem quiser...

Acho que foi meio que involuntário eu sorrir. Gostei de escutar alguém me dizendo
que sou bonita... Só não entendi muito bem o tom que ele falou sobre o Steven. Acho
que estou me importando demais com a opinião daquele idiota. Apenas, apenas
preciso parar de pensar nele... Apenas isso.

- Obrigado Stef... E obrigado por me trazer... Até amanhã. Disse, descendo do carro.

Ele sorriu.

- Até Hanna...

Meu pai, como imaginei estava me esperando na sala. Lendo um livro sobre karatê.
Ele adora tudo sobre... Nem imagino o por que, não?

Enfim, não queria muito falar com ele... Mas tive.

- Não escutei o barulho da moto... Foi a primeira coisa que meu pai disse.

E tive que pensar: Eu podia ser a menininha indefesa e contar tudo pro meu pai, ou
arrumar uma desculpa e livrar a cara do Babaca...

- Ele me trouxe de taxi, bebeu demais e achou melhor se colocar e me colocar num
taxi pra não corrermos nenhum risco na moto.

Chad me olhou meio de canto... Me avaliando.

- Sei... Disse, meio desconfiado.

Tentei não ficar nervosa de estar mentindo pra ele, odeio mentir pro Chad, apenas
não queria que ele se metesse nisso.

- Pai tá tudo bem, ele não fez nada demais, a gente dançou e foi só... Falei, por que
precisava de alguma história.

- E a parte da aposta? O que ele te fez fazer?

Dei de ombros.

- Me fez ir vestida assim... Essa era a parte humilhante.

Chad sorriu.
- Tudo bem então, se está tudo bem pra você... Está tudo bem pra mim, me avise se
quiser que eu coloque o Steven...

O interrompi.

- Certo, eu aviso. Mas, sério, está tudo bem pai, obrigado por me deixar sair... Vou
dormir tá? Beijo...Disse, correndo pra lhe dar um beijo na sala e subi as escadas
antes que ele dissse qualquer coisa.

Eu precisava pensar. Precisava entender este dia bizarro. Tentar entender minhas
emoções... Estava confusa. Muito confusa.

Fiquei magoada com Babaca, irritada com ele, quase surtei, o Stef disse que sou
linda... Tudo isso estava me deixando louca, primeiro eu não sou nada, depois sou
alguma coisa pra alguém...

Tentei pensar na minha briga com o Babaca, que também foi estranha, ele parecia
querer me matar tanto quanto eu queria mata-lo.

Será que ele ficou bravo por que dancei? Ou apenas por que o chamei de fraco? Ele
odeia isso não é? Nunca o vejo bravo daquele jeito quando o xingo de qualquer coisa,
mas... Fraco... Fraco mexe com ele.

Enfim, pensei no por que fiquei tão brava e sabe? Não estava conseguindo me
entender. Não conseguia achar um motivo pra eu estar naquele estado, com meus
sentimentos todos bagunçados...

Eu tinha que me entender. Entender por que o beijo dele não saía da minha cabeça,
e o por que agora mesmo eu estando fervendo de raiva dele ainda estou pensando
nele.

Pensando nele me prendendo na parede, no quanto sua respiração e a proximidade


dele me afeta de algum jeito... Me deixa louca de raiva. Odeio cada vez que ele está
perto de mim. Mas ainda assim, me lembro daquele dia na praia, de como seus olhos
estavam pertos dos meus, bem quando eu ia ter um surto... Ou da noite na festa em
que estava bêbada e ele ficou próximo de mim daquele jeito...

Estava me enlouquecendo não saber o que eu tinha. Não saber por que de repente
fiquei pensando nele antes de dormir... Em como, sem me dar conta, meus dedos
ficaram acariciando meu lábio enquanto lembrava do beijo dele... Aquele beijo sem
graça. Odeio ficar pensando nisso! Odeio.
Então me viro na cama e me forcei a dormir e não pensar em muito mais coisas,
nem quis pensar sobre o lance no carro com o Stefan.

Estava morrendo de vergonha daquilo e se pensasse nunca mais ia sair de casa...


Odeio quando alguém me vê sendo estranha. Mas, o Stefan pareceu não se
importar... Ele achou normal, não foi? Ao menos ele me pediu desculpas... Não sei o
que pensar, apenas não quero pensar... Quero dormir.

 Babaca-Steven:

Estive pensando: O que mais humilhante que fazer ela de minha empregada?

Nada, então a partir de hoje a Hanna é minha carregadora particular, vai levar
todas as minhas coisas, me trazer meu almoço na escola, carregar meus livros pra
sala de aula... Enfim, tudo.

Mas, cara, sabe? Ela não pareceu se importar de fazer tudo pra mim. Estamos nisso
há dois dias e nada... Ela não surtou, não gritou comigo, nada.

Fiquei pensando no por que, mas acho que é por que não afeta ela fazer as coisas
pra mim... Então, tive que pensar em algo que afetasse, e adivinha? Achei a solução
pra tudo...

- Você vai comigo numa boate hoje!

Foram só essas as minhas palavras, só essas... Foi tudo o que precisou pro rosto da
Princesinha demonstrar algum sentimento: Raiva.

- Estou sendo sua empregada particular, o que mais você quer? Não vou com você a
uma boate novamente, não vou!

Ela praticamente gritou as palavras pra mim, me fazendo rir.

- Ah você vai Princesinha, se bem me lembro temos uma aposta!

A Hanna passou as mãos no rosto, e deu um suspiro longo.

- Não vou a uma boate de Striper de novo, não vou e você não vai me obrigar!

Sua voz saiu firme, e contida. Ela falava bem sério agora, não era de raiva, nem de
coisa alguma... Ela apenas falava muito sério.
Parei pra pensar... Se ela não ia numa boate de Striper... Bom, não necessariamente
precisava ser de Striper pro que eu queria.

- Tudo bem, nós não vamos a uma boate de Striper, vamos a uma boate normal, só
pra dançar...

A Princesinha me olhou desconfiada, mas no fim, apenas assentiu.

- Tá legal, e vou usar a roupa que eu quiser! Afirmou, apontando o dedo pra mim.

Fiz que sim com a cabeça pra ela, por que meu plano hoje não era nada demais,
apenas mostrar quantas meninas sou capaz de pegar em uma noite e ver... Ver se
ela consegue fazer o mesmo. O que é óbvio que ela não vai conseguir. Não por nada,
apenas... Pra irrita-la por não conseguir fazer o mesmo que eu.

- Vou passar na sua casa te buscar Princesinha... Disse, enquanto dava as costas
pra ela.

Escutei-a protestar, mas ignorei e continuei andando. Hoje à noite, vou mostrar pra
essa menina que sou bom e acima disso: Que não sou fraco. Afinal, que homem fraco
consegue pegar mais de dez mulheres uma mesma noite? Nenhum certo?

Certo, e vou mostrar isso pra ela.

Maluquinha- Hanna.

Fiz de tudo pra ser a empregada dele não me afetar, isso graças a conselhos da
Alex... Segundo ela: Quanto mais você demonstrar irritação, mais ele vai querer te
irritar.

Portanto, tentei não ligar. Estou tentando na verdade.

- Outra boate? Ele só conhece esse tipo de lugares? Pergunta minha amiga indgnada
em cima da minha cama.

Estava no meu quarto, procurando algo bem bonito pra vestir. Estou cansada de ser
humilhada por aquele idiota e fora isso... Fora isso quero me encaixar mais. Quero
que me enxergue como uma mulher...

- O que acha deste? Perguntei, segurando uma sainha jeans toda desfiada e uma
blusa vermelha escura com um decote enorme.

Está roupa não é minha...


- Hum... Acho linda, eu tenho uma blusa parecida com essa, sabia? E uma saia
também... Disse, com um sorriso maldoso no rosto.

É verdade, a roupa é da Lex, ela deixou aqui um dia quando foi sair com o Robin.
Enfim, a roupa é dela, mas vou usar.

- Posso usar?

Minha amiga riu.

- Claro que pode amor, vai ficar melhor em você mesmo... Mas, hoje vou com você...

- Vai comigo? Perguntei, franzindo o cenho por que não achei que ela iria.

Ela assentiu, mexendo nas minhas roupas no guarda roupas.

- Sim, vou pra te ajudar a não ser humilhada por aquele bosta e vou te dar umas
dicas de como dançar em público!

Balancei a cabeça, mas acabei rindo.

- Ótimo então gata... Disse, tocando na mão dela.

A Alex acabou indo com um vestido meu jeans, mas obviamente ela o transformou
em um vestidinho bem curto. Ela adora roupas desfiadas e faz questão de deixar a
maioria de suas roupas assim.

Bom, me achei bonita, mesmo achando a blusa vermelha um pouco demais com
todos aqueles brilhinhos em volta do decote enorme, mas gostei. Sinto, pela
preimeira vez que gosto do meu corpo, gosto de mostra-lo. Talvez... Talvez por que
os garotos gostaram dele também e estou adorando ver o Babaca irritado na
academia quando os meninos falam comigo.

Enfim, seja o que for... Estou gostando de ser livre.

- Uou... Onde vocês vão? Perguntou meu pai quando eu e a Alex descemos as
escadas.

Sorri pra ele.

- Vamos sair pra dançar pai... Estou bonita?

Chad me olhou de cima a baixo, depois deu um sorrisinho.

- Está linda filha, ao estilo da Alex...


Ele olhou brevemente pra minha amiga que deu uma viradinha pra ele.

- E eu tio? Como estou?

Chad sorriu.

- Estão lindas meninas... Vocês vão sozinhas? Ou vão com algum garoto?

Seu tom saiu desconfiado, enquanto ele cruzava os braços e arqueava uma
sobrancela.

- Vamos... Não terminei de falar por que o barulho da motome interrompeu.

Chad me olhou, franzindo o cenho.

- Se arrumou assim pra sair com ele? Perguntou, completamente incrédulo.

Balancei a cabeça enfaticamente.

- Claro que não! Estou indo por que ainda faz parte da aposta pai...

Chad sorriu um pouco, mas não disse nada. Beijeiseu rosto, assim como a Alex.

- Tchau pai...

- Tchau tio...

- Cuida dela Alex, controle o quanto ela beber e não volte dirigindo se beber ok?

Ela assentiu pra ele, fazendo sinal de sentido.

- Pode deixar general, vou cuidar dela...

Então saímos pra fora e damos de cara com o Babaca escorado na moto enquanto
segurava o capacete.

Estava em uma blusa preta apertada, meio que uma polo com a gola pra cima e o
cabelo completamente bagunçado combinando perfeitamente com a calça jeans
mais clara e rasgada nos joelhos...

Escutei a Alex dar um suspiro do meu lado.

- Nossa... Temos que assumir que ele é gostoso, ao menos...

Dei risada, balançando a cabeça enquanto ela me dava um tapinha no braço.


Estava com um casaquinho por cima da blusa vermelha por que... Bom, apenas por
que não queria me sentir tão exposta, não agora.

Enfim, me aproximei um pouco da moto dele enquanto a Lex ia pro carro.

O Babaca me avaliou com os olhos, de cima a baixo e meus saltos me fizeram mais
confiante diante dele, exatamente como a Lex disse que fariam, por isso mesmo
coloquei as mãos nos bolsos e cruzei um pouco as pernas, fazendo uma pose bonita...
Como se dissesse: Olhe pra mim, pareço uma menininha agora?

E fiquei feliz com o sorrisinho que ele deu de canto com os lábios enquanto segurava
o capacete nas mãos.

- Saia Princesinha? Não acha que vai ser um pouco difícil andar de moto comigo
vestida assim?

Balancei a cabeça.

- Quem disse que vou com você?

Ele sorriu, se aproximando e ficou perto suficiente pra eu sentir o ar que ele exalava
bater no meu rosto.

- Eu disse querida... Disse, me entregando o capacete e mexendo na minha franja.

A Alex cortou pra mim, ficou fofa... Meu cabelo estava solto e caindo com seus
cachos nas pontas na altura dos meus seios. E minha franja mais cutinha pro lado
destoava do tamanho deste, mas deixava meu rosto com um ar mais romântico e
mais mulher como disse a Alex, eu gostei dele assim e dei graças a Deus por ter uma
amiga como a Lex.

Soltei um suspiro.

- Não posso subir numa 1200 com essa saia Steven...

Ele riu, montando na moto e roncando o motor.

- Não mandei você vestir uma saia, sobe, anda...

Suspirei mais uma vez, e fiz um sinal pra Alex de que ia com ele. Acho que a vi
sorrir, mas não tenho certeza. Enfim, subi na moto, ajeitando minha mini saia pra
ficar mais ou menos aceitável na moto, mas ia aparecer quase tudo. A saia subiu
bem pra cima da minha coxa quando montei e ela já ficava quase no meio da minha
coxa...
- Não posso ir desse jeito! Afirmei, me mexendo desconfortável na moto.

O Babaca riu e acelerou, me fazendo dar um grito e segurar sua cintura. Acho que
nunca segurei ele tão forte nem na primeira vez que andamos de moto, mas naquela
vez eu não estava com uma micro saia e com minha bunda empinada... Que ódio
dele...

 Babaca-Steven:

Tá... Vou assumir que ela estava bonita. Gostei do cabelo dela, também gostei da
saia por que me deixou reparar nas coxas da Princesinha... Não era lá aquelas
coisas mas... Enfim.

Ela me apertou o caminho todo, acho que por estar envergonhada de estar com a
bunda pro alto na minha moto com uma saia daquelas... Seria cômico pra mim ve-la
assim, desconfortável enquanto mostra a calcinha de vovó que deve estar usando
pra meia cidade enquanto piloto pra nos levar a boate que quero.

Fiquei o caminho todo sorrindo pensando em como ela deve estar irritada agora até
estacionar na Drink. Sim, aquele bar... Gosto daqui e é um bar/boate então posso
fazer o que quero aqui...

Quando estacionei, e a amiga logo atrás pra minha completa surpresa, devo dizer...
Não achei que ela fosse seguir minha velocidade, mas, bom, a garota me
surpreendeu.

Agora, ela me surpreendeu muito mais...

- Seu idiota! Gritou, jogando o capacete na minha mão e arrumando o cabelo e a


franjinha...

Dei risada, brincando com o capacete na minha mão.

- Qual foi meu crime dessa vez Princesinha? Perguntei, completamente ciente que
tinha sido o lance da saia na moto, fiz de propósito.

A Princesinha começou a apontar o dedo pra mim, completamente irritada, mas a


amiga segurou seus ombros e sussurrou algo no seu ouvido a fazendo parar. Porra,
que mina chata! Acabaou com a minha diversão!

Mas a noite esta apenas começando...


- Guarda no carro pra mim gostosa? Perguntei, entregando os capacetes a amiga
dela.

Ela me olhou de cima a baixo, depois sorriu.

- Claro gatinho, quer mais alguma coisa?

- Por enquanto não... Sussurrei, malicioso enquanto sorria pra garota.

Ela sim, é gostosa. A garota sabe se vestir, e sabe também como andar rebolando,
mostrado o corpo bonito que tem... Talvez, talvez eu pegue ela... Principalmente pra
irritar a Princesinha.

- Ei... Não flerte com a minha amiga ok? Ela não é pro seu bico tá legal?

Sorri pelo tom irritado e os braços cruzados dela.

- Ela é gostosa! Disse, dando de ombros.

A Princesinha soltou um suspiro alto.

- Ela é linda, mas ela sabe ser uma mulher descente, então pode desistir dela!

Dei risada, e me virei pra entrar no bar quando a amiga da Princesinha voltou.

E então era só começar a noite....

 Maluquinha-Hanna:

"Relaxe, seja superior e não grite com ele... Não vale a pena, ele quer te irritar" Foi o
que a Lex sussurrou pra mim.

Então fiquei mais calama, até claro ele falar sobre a Lex. Ela realmente não é pro
bico dele, mas isso não justifica a minha irritação com a minha melhor amiga por
chama-lo de gatinho naquele tom meloso...Qual é?!

- O que foi? Ela me perguntou baixinho quando estamos na fila pra entrar na boate.

Dei de ombros.

- Não sei, só estou preocupada com qual vai ser meu castigo essa noite já que esse
idiota está me fazendo pagar uma aposta... Falei alto, pra ele escutar atrás da
gente.
O Babaca deu uma risada alta.

- Esta preocupada Princesinha? Perguntou, baixinho, no meu ouvido.

Sai de perto dele, por que aquilo... Ele falar assim no meu ouvido como fez com a
Alex e na irritação que me encontrava ia acabar dando um soco nele.

- Não idiota!

Escutei ele rir, mas não me virei pra ver sua expressão.

- É bom se preocupar...

O ignorei, e entrei finalmente na boate. Parece que fiquei anos ali naquela fila...

Entramos e tinha um cara uniformizado com calça preta e uma camisa vermelha
com a grava preta... Ao menos o uniforme aqui era diferente.

- Posso pegar seu casaco Linda?

Dei um sorriso envergonhado pra ele enquanto tirva meu casaco. O cara era até que
bonito, ruivo com os olhos azuis...

- Obrigado... Disse, quando terminou.

Ele me olhou de cima a baixo depois sorriu.

- Saio daqui as onze... Vai ficar até lá?

A surpresa com o quão direto o cara foi me fez ficar quieta, mas...

- Ah, claro que ela vai. Respondeu minha amiga, colocando as mãos nos meus
ombros.

Ele sorriu pra mim.

- Meu nome é Dave... Vejo você mais tarde no bar ok?

Assenti pra ele, quase abrindo a boca... Nunca tinham me abordado assim antes.
Talvez, por que eu não frequente esse tipo de lugar, mas a Lex riu do meu lado,
dando palminhas quando o cara foi tirar o casaco de outras pessoas.

- Uau amiga... Tá arrasando hein? Isso por que a noite está apenas começando...

Dei risada, meio surpresa e completamente feliz por alguém ter reaparado em mim
assim tão rápido e mais que feliz de ver a cara de bosta do Babaca...
Propositalmente mostrei a língua pra ele antes que a Lex me puxasse pra entramos
de vez no bar.

A música tocava alto quando entramos no lugar meio escuro com as luzes piscantes
e meio rústico por ser todo em madeira.

- Adoro essa música! Gritou a Lex, puxando minha mão enquanto a música tocava...
I don't remeber forget you.

Também amo essa música e apesar de ela estar mixada ali na boate acompanhei a
Alex enquanto ela dançava loucamente...

Acompanhei a dança dela, ela tinha uma coreografia completa pra dançar essa
música então acompanhei, dançando com ela.

Babaca- Steven.

Enquanto a Princesinha e a amiga gostosa foram pra pista de dança, fui pro bar...
Podia ter ido dançar e começar com meu show de pagador, mas... Estava irritado.
Muito irritado.

Como o cara... O cara dos casacos disse aquilo pra ela? Assim... Na maior cara de
pau? Qual merda ele tem na cabeça pra... Pra querer beber com ela???

Não sei o que está acontecendo com o mundo... Mas, descubro mais cedo do que
penso...

Olhei na direção da pista de dança enquanto esperava minha bebida. E Deus do


céu.... Que merda!

Conhece a música da Shakira com a Riana, certo? O quanto as duas gostosas


aparecem no clipe uma mais sexy que a outra?

Claro que você conhece, se até eu conheço essa bosta, você com certeza deve
conhecer... O Ponto é: As duas dançando, mexendo os cabelos e os sorrissos das
duas... Pareciam lindas...

E naquela parte clássica do clipe, particurlamente a que eu mais gosto quando as


duas estão de costas uma pra outra naquela parede, sabe?

Então, pense naquela cena em câmera bem lenta e ao vivo... Foi assim que as duas
fizeram... Foi assim que Princesinha fez. Jogando aquele cabelo e a franja nova
enquanto descia até o chão com a amiga e se esfregava nela...
Ai... Que dor no meu saco.

Ok. Ok... Tenho que assumir: Ela sabe dançar, estava bem vestida naquela noite
com aquela blusa vermelha cheia de brilho, mas... Não, ela ainda é a merda da
menina que se acha no direito de me chamar de fraco. Ela não é tudo isso! E vou
provar isso está noite.

 Maluquinha-Hanna:

Chegamos ambas no bar sorrindo depois que a música acabaou. Eu nem tinha visto
o Babaca ali. Só vi quando a Alex reclamou de não poder comprar nada pra beber
por que esqueceu a carteira de identidade falsa...

- Relaxa gostosa... Eu pago pra você. Disse ele, sorrindo pra Lex.

Suspirei pra cena, e me virei pro outro lado enquanto os dois feltravam. Não queria
ver aquilo... Estava me irritando... Estressando profundamente ver minha amiga,
minha melhor amiga flertando com o Babaca...

E sabe o pior? O pior é que... Que essa irritação toda era mais com ele...
Especificamente com ele. Odeio isso. Odeio ele. Odeio ele.

- Ei Linda... Disse o Dave, me acordando dos pensamentos.

Dei-lhe um sorriso, ficando em pé direito por que estava com uma mão sobre o
balcão em uma postura cansada. Mas, como a Alex me ensinou a ser simpática...
Estou sendo.

- Oi... Falei baixinho, mexendo nervosamente nas mexas do meu cabelo. Foi um
gesto involuntário.

O Dave sorriu e tinha um sorriso bonito, presas pontudinhas... E sardinhas... Achei


ele tão fofo.

- O que a Princesa quer beber?

Com ele falando, foi a primeira vez que gostei da palavra "Princesa". Ele não falou
como o babaca, ele fala como se eu fosse uma criança, um brinquedinho, pra me
tirar... O Dave falou sério, como se eu realmente fosse uma Princesa. Então gostei.

- Qualquer coisa sem álcool... Ele sorriu.


- Hum... A Moça é responsável? Perguntou sorrindo, debruçando no balcão e
mexendo nas pontas do meu cabelo.

Não sei o que tinha de errado comigo... Acho que... Que estava apenas gostando
disso. Era um garoto diferente, um bonito e... Estava, flertando comigo eu acho. Não
sou muito de fazer essas coisas, os únicos lugares pra onde eu sai com garotos eram
jantares e encontros e nunca tinha estado em uma boate com um garoto...

- Acho que seu silêncio significa que sim, mas pra sua sorte Linda, fazemos ótimos
drinks sem álcool aqui... Disse, fazendo um sinal pro cara do outro lado do balcão.

- E ai Dave? Perguntou o cara alto e moreno ali do outro lado...

- E ai Clark? Olha... Essa é...? Ele me olhou, meio que perguntando.

- Hanna... Falei, baixinho, meio envergonhada pelos sorrisos dos dois em cima de
mim.

- Essa é a Hanna, quero que sirva o que ela quiser beber e todas as rodas que ela
quiser, eu pago...

Balancei a cabeça.

- Não precisa, eu posso... Ele me interrompeu, segurando minhas mãos estendidas


enquanto eu balançançava na negativa.

- Eu faço questão Linda, me encontra aqui mais tarde tá? Quero conhecer melhor...
Disse, piscando pra mim...

Sorri pra ele, assentindo. Então o Dave me deu um beijo nas mãos e foi embora.

Acho que o sorriso no meu rosto era enorme, por alguma razão, acho que por provar
pro Babaca que homens se interessam em mim novamente, que sou desejável,
mesmo que nem eu acredite nisso... Não depois do que aquele homem fez... Nunca
pensei que ia conseguir ser livre assim e estou gostando de ser.

- Então... O que você vai querer? Perguntou o bar men, sorrindo pra mim com uma
coqueteleira na mão.

- Qualquer coisa sem álcool eu...

Senti uma mão no meu braço, antes que pudesse continuar a falar.

- Vem conversar comigo, vem?


Era o Babaca, respirei fundo... Olhando pra Alex, que apenas balançou a cabeça,
com um sorriso no rosto.

O que ele queria agora?

- Sabe que esse cara é mais velho que você né?

Dei de ombros.

- E o que isso tem? Está preocupado comigo agora? Perguntei, incrédula. Ele riu.

- Claro que não, não se idiota, só estou dizendo que... O cara é mais velho e... E...

- E o que?! Praticamente gritei pra ele.

Tava longe da Alex então podia fritar agora, podia deixar minha irritação apaarecer.

- Não posso flertar com nenhum cara? Não posso ser a droga de uma mulher apenas
por que você acha que sou uma menininha e que não sou nenhum pouco mulher? Só
por isso?

O Babaca balançou a cabeça, passando a mão no olho.

- Olha aqui, eu só... Só estou tentando dizer que... Ele parou, enquanto eu cruzava
os braços.

- Quer saber? Foda-se você! Disse, se virando.

Segurei o braço dele, nem sei o que me levou a isso, mas fiz.

- Por que está bravo?

Ele me olhou de cima a baixo depois balançou a cabeça.

- Por que você está estragando minha diversão! Era pra eu te trazerr aqui e você não
ser olhada nem desejada por homem algum! Você NÃO É GOSTOSA!

Cruzei os braços, evitando a parte de mim em que as palavras dele doeram... Preciso
lembrar de perguntar à Alex o por que me doi quando ele diz essas coisas... Não
deveria me importar, e é isso que finjo fazer pra ele.

- Isso é o que você acha, por que é fraco demais pra assumir que errou ao meu
respeito e..
Ele me encostou na parede, apertando tão forte meu corpo contra essa que chegou a
estralar minha coluna.

- Me chama de fraco de novo e vou fazer você engolir a porra das suas pralavras!
Que merda! Acha que você é o que? A mina mais gostosa daqui? Do mundo? Você se
acha garota e não é nada disso, você não é bonita...

Suas palavras batem em mim, mas me forço a ignorar a dor dentro de mim... O meu
ego em pedaços...

- É só você que não acha que sou bonita, assim como não te acho nada bonito, nem
grande coisa como as meninas acham... Mas outros caras podem achar... Como o
Dave acha...

Ele riu.

- O Dave é um idiota... Por isso mesmo é o cara dos casacos, quantos caras aqui
nessa boate acha que consegue pegar? Não consegue nem dois então cala a porra
dessa sua boquinha que assim sim, você fica bonita!

Engoli em seco, em seco minha vontade de socar a cara dele.

- E quantas você consegue? Vinte? Como se você fosse o homem mais bonito do
mundo, Bred Pitt do Havaí...? Ah Por favor né? Você. NÃO É TUDO ISSO! Gritei,
pra ver se ele entendia por que realmente ele não era tudo isso... Não tanto quanto
se achava.

O Babaca riu, balançando a cabeça.

- Sabe? Você é hipócrita, diz que eu não tenho direito de ficar te diminuindo, mas
você me chama de fraco, me diz que não sou tudo isso... Pra quem é a dona da
verdade você usa de bastante hipocrisia, não Princesinha?

Revirei os olhos pras palavras dele, respirando fundo...

- Quer saber? Vai se ferrar! Disse, agora eu saindo de perto dele e dessa vez, foi ele
quem me puxou de volta.

- Não vou me ferrar, você esta me irritando já, então vamos fazer um acordo: Fica
com mais meninos que eu com meninas e te livro dessa aposta, mas... Se não
conseguir ficar com mais meninos que eu consigo com meninas, vai continuar a
aposta e você ainda vai ter que declarar publicamente que sou menlhor que eu, que
não sou fraco e que você perdeu por que não é bonita o suficiente pra me ganhar...
Olhei nos olhos dele, enquanto a música tocava ao fundo... Eu tinha o que a perder?
Minha dignidade? Ele já tinha tirado minha dignidade no lance da Boate de Striper
então... Eu posso beijar alguns garotos, não posso? Se ficar só no beijo, acho que não
tem problema...

- Tudo bem. Disse, cheia de mim, cruzando os braços.

Ele riu.

- É, mas nem me venha com selinhos sem graças por que estou falando de BEIJO!
Beijo de verdade, não uma coisa sem graça, tem que ter pegada Princesinha, acha
que consegue fazer isso? Por que eu duvido...

Seu tom foi tão... Maldoso. Tão cruel, e tão duvidos, tão desafiador que me botou em
modo de combate.

Virei as costas pra ele, dando de ombros enquanto ia pra pista de dança. Nem fui
pedir ajuda pra Alex, isso é uma coisa que tenho que fazer sozinha... Tenho que ser
capaz de provar aquele merda que eu posso ser normal... Talvez, até pra mim
mesma.

Então comecei a dançar...

 Babaca-Steven:

Sai logo atrás dela.... Queria ver o que a Princesinha ia fazer.

Ela estava na pista de dança... Se mexendo se um lado pro outro quando um cara
chegou nela. Por um momento a Princesinha ficou desconfortável, mas depois
deixou o cara tocar nela e eles dançaram...

Um minuto ou dois depois, ela fez... Beijou o cara... Melhor: Engoliu o cara.

Caralho... Que beijo! Não sei bem se é ela que tem pegada, mas o cara com certeza
estava feliz com o beijo desintupidor de pia que ela deu nele... Então ela ia mesmo
jogar?

Ótimo! Por que tem um jogador experiente nessa porra esta noite!

Maluquinha -Hanna.

Ui... Beijei o cara, era bonitinho, mas a cantada dele foi horrível...
- E ai delicia? Deixa eu sentir o gosto que você tem?

Mas, como estava tentando ganhar uma aposta... Beijei o cara.

Foi um beijo exagerado eu acho, mas quando meus olhos seguiram oela multidão
dançando e vi o Babaca praticamente comendo uma vadia na pista, vi que não...
Meu beijo foi santo comparado ao que ele estava fazendo. E me condenei mil vezes
por ve-lo beijar a garota me lembrar de como me beijou. Que raiva de mim!!!

- Me vê alguma coisa forte! Pedi no balcão do bar, nem sei por onde anda a Alex,
mas sei que la vai me lugar mais tarde quando quiser ir embora.

Meu celular está no bolso da saia Jeans então... Tudo bem.

- Ué, mas você não dise que queria qualquer coisa sem álcool? Perguntou o cara no
bar, com aquele sorriso brilhante.

Sorri pra ele.

- Mudei de ideia, e também... Também queria ficar mais perto do bar...

O Cara sorriu.

- Hum, pra esperar o Dave?

Balancei a cabeça.

- Na verdade não... Estava apenas pensando em ficar aqui conversando contigo....

Uns dez minutos depois tinha beijado o cara, mais um beijo de desentupir pia,
esgoto e tudo mais que fosse possível ali. Sorte a minha que o bar não permitia o
cara ir mais longe...

- Ei volta aqui... Gritou atrás de mim quando eu meio que fugi dele pra ir beijar o
Dave... Por que bom... Ele estava interessado nisso.

O beijei, e fugi novamente. No cameninjo pra pista de dança novamente quando


achei a Alex.

- Ei, o que está fazendo? Ela meio que gritou pra mim, o que me provava que ela
estava meio alterada já.

- To tentando ganhar um lance do Babaca, preciso que faça uma coisa pra mim ok?

Ela assentiu, bebendo um pouco do copinho com guarda chuva em sua mão.
- Fica de olho em quantas meninao Babaca vai beijar ok? Não quero que ele me
roube nessa merda!

- Mas o que...?

Não terminei de escutar o que ela disse por que fui dançar novamente.

Dancei e beijei exatamente doze garotos... Fiquei nisso por mais ou menos duas
horas... Beijando, dançando, beijando de novo.

As vezes eu via o Babaca chupando algumas das garotas e sorrindo com uma bebida
na mão... Como ele dirigi nessas condições?

Enfim, quando procurei na pista de dança e não vi o Babaca me encaminhei pro bar.

Ele estava lá, beijando, adivinha quem?

A Alex! Não acredito nisso! Não consigo crer que ela... Que me traiu desse jeito!
Como... Como...

Respirei fundo, pra entender minha irritação... Minha revolta com aquela cena...
Estava brava com ele mais com ele do que com a Lex por se render aos charmes
escrotos dele... Que ódio! Que ódio! Que ódio!

Tinha tanta raiva dentro de mim que eu facilmente podia ascender milhões de
fogueiras se raiva fosse o material necessário pra ascende-las, poderia abastecer por
anos as civilizações se raiva fosse o combustível.

Mas me forcei a focar nos sentimentos que eu entendia, e não aquela raiva sem
cabimento que estava sentindo.

- Oi Hanna... Disse minha amiga, sorrindo pra mim enquanto o Babava estava
tranquilamente descansado no balcão do bar, com as duas mãos estendidas sobre
esse como se dissesse:

Missão cumprida.

- Já acabou? Perguntei pra ele, por que queria saber se nossa guerrinha já tinha
terminado.

Ele riu.

- Já Princesinha, to cansado...
Sua voz estava repleta de Que merda! Treze eu precisava dizer, precisava de só
mais um... E...

Beijei ele... Que ficou completamente parado quando fiz, e ele precisva me
corresponder pra eu poder ganhar a merda da guerra.

Por favor, pedi mentalmente e ao que parece, Deus me escutou.

O Babaca me beijou de volta, segurando forte minha cintura , me apartando tão


perto dele que pude sentir todos os seus , contentamento, provavelmente por que ele
tinha certeza que ganhou de mim beijando as meninas.

- Diz ai, quantos meninos você beijou?

Cruzei os braços.

- Diz você primeiro...

O Babaca assentiu, rindo.

- Está pronta pra lavada que dei em você?

- Cala a boca e diz logo quantas foram... Disse, irritada, fervendo por dentro de algo
que eu nem mesmo sabia nomear mas era forte e estava quase acabando comigo por
que aquele sentimento me fazia sentir dor por dentro.

- Peguei Doze meninas...

Meu sorriso se abriu quando escutei o que ele disse... Doze? Empatou comigo, mas...
Droga. Ainda não era ganhar dele... Eu precisava ganhar dele...

Olhei pra pista, procurando algum cara sozinho, alguém que eu pudesse beijar, mas
parecia que todos eles tinham desaparecido...

- E você Princesinha? Quantos beijou? Três?

Que merda! Treze eu precisava dizer, precisava de só mais um... E... Por falta de
uma opção melhor no curto espaço de tempo que tive...

Beijei ele... Que ficou completamente parado quando fiz, e ele precisava me
corresponder pra eu poder ganhar a merda da guerra.

Por favor, pedi mentalmente e ao que parece, Deus me escutou.


O Babaca me beijou de volta, segurando forte minha cintura , me apertando tão
perto dele que pude sentir todos os seus músculos escondidos pela camisa apertada.

Ele me escorou no bar e meio que me deixou curvada ali enquanto me beijava e
sugava todo o ar que tinha em mim... Fiquei tão mole com o beijo dele, não acho que
consiga me manter em pé se eu quisesse, então era o Babaca que estava me
sustentando.

As mãos dele percorreram meu corpo inteiro enquanto ele me espremia no balcão do
bar... Estava doendo até, mas não queria que parasse, por alguma razão bizarra eu
só queria continuar naquele beijo.

O Steven me espremeu contra o corpo dele, deixando sua mão espalmada na minha
coluna, lombar, meu bumbum e a manteve ali me apertando mais perto dele
enquanto sua língua explorava violentamente a minha.

Acho que foi a coisa mais estranha que fiz aquela noite, o único beijo que senti, o
único beijo que eu realmente quis, apesar de ser apenas pra ganhar dele havia uma
necessidade de estar mais perto dele também, então puxei seus cabelos, afundando
minhas mãos nele enquanto buscava estar mais perto... E me deixava sentir minha
perna bambear e meu coração bater acelerado e descompassado como nunca fez na
vida sem que eu estivesse correndo.

Babaca- Steven.

PORRA. PORRA. PORRA!!!

Tenho que assumir que ela sabe beijar e estava com um gosto de algo doce na boca...
Talvez algo que tenha bebido e fiquei... Louco.

Tudo ali naquele momento era sobre pele... Esqueci qualquer coisa sobre ela e tudo
na minha mente era: Pele contra pele, minha cama e eu e ela.

Me mexi da forma mais explícita contra o corpo dela. E ela correspondeu com os
mesmos movimentos que os meus, pra frente e pra trás... Hum...

Parei de beija-la apenas pra dizer, pra pedir, ou confirmar que iriamos pra cama
depois daquele beijo quente do caralho por que era isso que eu queria... O Mick
estava em ponto de bala, era só atirar.

Mas, a Princesinha sussurrou ofegante:

- Treze...
Franzi o cenho, meio confuso enquanto me dava conta de que ainda prendia o corpo
dela contra o balcão.

- Como?

Ela sorriu, dando um tapinha no meu rosto.

- Peguei treze meninos, contando com você...

Balde de água fria no Mick... Era... Ela... Me beijou por causa da maldita aposta?

- Você só me beijou por isso?

A Princesinha sorriu.

- Por que outro motivo ia beijar você? Perguntou meio maldosa, empurrando meu
corpo.

Ela ainda estava ofegante, eu...? Eu estava bobo... Caraca, nunca achei que ela fosse
assim. Acabei sorrindo enquanto olhava a cara inocente dela que de inocente ela não
tinha nada.

- Bom Princesinha, eu não acredito nisso...

Ela riu, olhando pra amiga do lado.

- A Alex é testemunha, com você foram treze, quer que eu cite os nomes de todos os
que beijei?

Sorri pra ela.

- Consegue se lembrar de todos?

A Princesinha me olhou, levantando uma sobrancelha.

- Acho que não o nome, mas sei que beijei treze tá legal? Ou seja: Você perdeu pra
mim! Agora assuma...

Cruzei os braços.

- Assuma o que? Perguntei, olhando pra Princesinha completamente incrédulo.

Ela realmente beijou Treze meninos, e eu... Eu fui mais um na lista... Quando ela
me beijou achei que apenas, apenas... Pensei que ela quisesse a mim, e ela me
usando... Essa menina tem algum futuro neste tipo de coisa. Sexo, beijos e etc... Ela
trapaceou ao me beijar, mas... Tenho que assumir, estou admirado que fez isso.

- Assume que sou bonita e que perdeu pra mim... Disse, toda marrenta.

Fui obrigado a rir de ver a postura dela, eu realmente não estava acreditando que
cai na dela. Que beijei de volta... Devia ter mordido ela como fez comigo, mas não,
penso com a cabeça de baixo primeiro pra depois pensar direito. Sou um idiota! Que
raiva dessa menina! E ao mesmo tempo: Porra que admiração da minha parte, ela
conseguiu me enganar caralho...

Por outro lado acho que ela estava com vontade de me beijar. Muita vontade, ela
puxou meu cabelo se esfregou em mim... Ela não estava apenas me beijando pra
ganhar aquela porra. Ela me queria. Sorri com a ideia e me aproximei dela,
escorando seu corpo no balcão e a prendendo com o meu. Enfiei minha mão no seu
cabelo puxando de leve pra provoca-la.

- Você é bonita e ganhou de mim... Sussurrei sedutoramente pra ela, que ficou me
olhando nos olhos com aqueles enormes olhos verdes.

Não era só a aposta, era Princesinha? Pergunto internamente enquanto um sorriso


convencido surge no meu rosto ao perceber as mudanças no corpo dela, o modo como
ela entreabriu um pouco os lábios pra respirar melhor... Ela quer isso.

Que bom! Por que eu não saio daqui hoje se ela não estiver na minha garupa e não
quiser abrir as pernas pra mim... Tenho que assumir cara, estou desejando essa
garota agora, por um motivo muito bizarro, pela minha honra e ego ferido talvez,
dane-se o motivo, não preciso de um pra querer transar... Apesar, de hoje, o motivo
pra esse desejo estar me intrigando.

- Mas agora, deixa eu perguntar uma coisa? Falei, ainda baixinho e de maneira
envolvente, esquecendo completamente tudo envolta de nós dois, éramos apenas eu
e ela.

A respiração dela ficou irregular conforme eu me aproximava e puxava mais um


pouco seu cabelo pra expor à mim sua orelha.

- Quer ir lá pra fora comigo? Sussurrei, mordendo devagar a orelha dela.

Jurei por um momento que ela ia me empurrar, me bater, me xingar... Esperava


que ela fizesse isso pra apagar a droga daquele desejo crescente e ardente em mim e
me lembrar que ela era apenas a Princesinha sem graça, nada bonita, mas não...
Ela apenas balançou de leve a cabeça na afirmativa, engolindo em seco.
Um sorriso enorme se surgiu no meu rosto enquanto levava ela lá pro
estacionamento...

 Maluquinha-Hanna:

Não me pergunte por que fui com ele, apenas... Apenas fui. Senti que deveria.

Mas estava completamente enganada.

Ele me apertou forte na parede, tocou meu corpo em todos os lugares que pode...
Colocou as mãos dentro da minha camisa, subiu e desceu ela na minha pele nua
enquanto me espremia... Era... Meio desesperador, roubava demais o ar de mim, me
sufocava e me assustava a maneira como ele me tocava e me beijava ali fora.
Parecia que ele queria me quebrar, me machucar...

As lembranças estavam voltando, uma à uma... Ele precisava parar.

Era como num filme minha mente, tinham flashes e mais flashes da minha infância
enquanto ele me beijava e me tirava o ar... Eu precisava respirar, tinha que sair de
perto dele.

- Para de me machucar... Pedi, baixinho e o homem bateu em mim novamente, e


bateu, e bateu, até que eu apagasse e estivesse sangrando.

Doía... As mãos, o corpo...

- Para! Gritei pro Babaca quando ele puxou minhas pernas e me colocou encostada
na parede com ele no meio delas.

Estava ofegante e queria ele longe de mim pra que eu pudesse respirar. Pra que eu
pudesse fazer as memórias pararem de voltar.

Ele me olhou, tinha um sorriso nos lábios.

- Você não quer que eu pare... Sussurrou, bem baixinho enquanto me beijava o
pescoço.

Fechei e abri os olhos várias vezes, eu não conseguia respirar... Era tudo muito
torturante, tudo doía... Ele fazia tudo doer...

- Por favor... Implorei mais uma vez ao homem que parasse, cheia de sangue e nem
mesmo sei por que estava apanhando.
- Mandei parar! Gritei pro Babaca, procurando ar... Procurando saída. Eu precisava
fugir, fugir de qualquer um que me machucasse.

Ele me olhou, de um jeito estranho, parecia bravo.

- Não sou bom suficiente pra você Princesinha? Por isso quer que eu pare?

Empurrei o corpo dele, ofegando... Ar... Eu preciso respirar...

Desespero era a palavra pra descrever o que estava acontecendo comigo, a dor que
me atingia agora... Era como se eu pudesse sentir tudo novamente, todas as sessões
de tortura...

- Eu nunca vou parar de te machucar...

Senti uma mão no meu ombro e por instinto soquei o rosto de quem fosse... Eu
precisava lutar contra aquilo, contra aquele homem eu precisava de paz... Precisava
parar de sentir a dor... Fechei os olhos mais uma vez, ofegando, quase vomitando ali
no chão enquanto ficava encurvada e procurava desesperadamente o ar. Eu
precisava de ar... Precisava...

- Sabe o que vou fazer com você?

- Para...

Ar... Eu precisava de ar... Precisava...

- Vou te machucar, por que você merece...

Não é real... Respire...

- Qual a porra do seu problema sua louca?! Por que me bateu?! Gritou a voz que
conheço.

Nunca fiquei tão feliz por escutar essa voz. Ele me encostou na parede, me olhando
com fúria nos olhos.

- Ficou louca? Vou te matar! Olha que fez! Gritou, mostrando o sangue que escorria
do nariz dele.

Meu Deus... Era só isso que precisava.


Abracei ele apertado, chorando de desespero e de alegria por essa merda não ter
chegado ao fim. Era só o começo de um surto, se eu surtasse... Deus... Se... Se isso
acontecesse ia ser... A morte. Doi demais quando isso acontece. Doi demais.

- O que está acontecendo com você? Perguntou ele quando me encostei na parede,
achando o ar novamente.

Eu posso respirar, foi só um susto... Só um susto. Mas não foi um surto. "Tá tudo
bem... Você está bem, aquilo acabou" disse à mim mesma, com os olhos fechados e
respirando novamente.

Sabia que estava chorando e provavelmente parecia péssima... Mas não me


importava agora, agora importava que eu precisava voltar. Precisava estar no meu
controle novamente, sentia minhas pernas bambas, tremendo assim como o resto de
mim.

- Você é maluca! Gritou, prendendo meu corpo na parede quando quase cai.

Olhei nos olhos dele, me sentindo bem... É só ele. Só ele. Disse a mim mesma, me
fazendo ficar calma.

- Me desculpa... Pedi, por que não quis realmente bater nele, apenas... Apenas não
estava ciente do real e do que não era real naquele momento.

- Desculpar? Por que me bateu? Eu não ia te fazer merda nenhuma...

O interrompi.

- Eu sei... Eu só... Parei por um momento, olhando pro estacionamento...

- Pode me levar pra outro lugar? Um vazio e de moto?

O Babaca abriu a boca e sabia que provavelmente ia me dizer que sou louca, mas...
Falei antes dele.

- Por favor Steven eu preciso respirar...

Ele me olhou por um tempo, e acho que deixei transparecer a dor nas minhas
palavras por que ele assentiu, e me puxou pela mão até a moto dele.

Não pegamos capacete, nem coisa alguma, ele apenas acelerou a moto e me deixei
fechar os olhos e sentir o vento bater no meu rosto enquanto ia tomando consciência
de acabei de fazer o maior papel de lunática na frente do meu pior inimigo. Que
lindo Hanna! Lindo!

 Babaca-Steven:

Levei ela pra moto por que reconheci o olhar que ela me deu... Ela estava como eu
quando me xinga de fraco. Estava devastada. Tinha lágrimas escorrendo de seus
olhos, e ela nunca tinha chorado antes, não que eu tenha visto, ou ela permitido que
eu veja as lágrimas como fez hoje, então... Mesmo puto com ela, levei ela pra longe
da boate. Pra fora da cidade, praquela estrada fechada onde eu geralmente corro.

Senti ela apertar os braços a minha volta enquanto acelerava a Tara e nos deixava
voar na pista.

Ficamos nisso um tempo, até que parei em frente a uma casa abandonada e fiquei
olhando a Princesinha por um tempo enquanto ela andava de um lado pro outro,
esfregando o braço ritmicamente.

Quando toquei o braço dela, eu não ia beijar ela de novo, só quis entender o por que
ela ficou meio curvada daquele jeito, o por que puxava o ar como se não tivesse ar
suficiente no seu corpo... Ainda estou tentando entender que merda aconteceu na
boate quando ela parou na minha frente, estava encostado na Tara, a olhando de
longe.

- Me desculpa por isso... Disse baixinho, tocando meu nariz onde provavelmente
tinha um rastro de sangue.

Afastei meu rosto da sua mão por que ainda estava puto da minha vida com ela...
Ainda estava tentando entender por que motivo absurdo essa louca me bateu! Qual
a PORRA do problema dela?! Que caralho, ela me beijou também então... Por que
me bateu? Eu parei de beijar ela quando pediu, nem fiz o mesmo que o Harry, então
por que porra de motivo ela me bateu? Se naquela noite com ele não teve reação
nenhuma, mesmo que não quisesse que o Harry fizesse o que pretendia fazer.

A Princesinha cruzou os braços na minha frente, parecia envergonhada.

- Eu realmente... Começou, mas eu a interrompi.

- Quero uma explicação do por que me bateu, eu brinquei com você quando disse que
não queria que eu parasse... Mas te soltei, por que me bateu?

Ela respirou fundo, passando as mãos no cabelo.


- Desculpa Steven eu... A interrompi novamente.

- Não quero suas desculpas, quero uma explicação palpável do por que fui socado
dessa vez! Porra, você sempre me bate sem motivo quero uma explicação dessa vez!
Gritei, apesar de estar meio relaxado com uma mão sobre o guidão da moto e a
outra no assento.

A Princesinha apertou seus braços em volta de si, depois começou a andar de um


lado pro outro.

- Se contar isso pra qualquer pessoa, se pensar na possibilidade de usar o que vou te
dizer ou me atormentar com isso, se me zoar por isso, vou fazer meu pai te expulsar
da academia, está me ouvindo?

A voz dela não saiu nenhum pouco ameaçadora, na verdade, estava... Era medo
aquilo presente na voz e nos olhos dela. Estávamos quase no escuro aqui no meio do
nada, iluminados apenas por um poste de luz do outro lado da pista, mas eu
conseguia ver o brilho de medo nos olhos dela...

- Tá legal, fala...

A Princesinha me olhou por um momento, depois respirou fundo e se escorou do


meu lado na Tara. Ela se apertava como se... Como se pra se proteger e olhou pra
longe enquanto começava a contar:

- Quando eu era pequena... Meu pai morreu e... E... E minha mãe foi morar com um
homem... Acho... Acho que ele era sádico, sabe? Ele gostava de me bater e... E... E
gostava de me torturar...

Ela parou um momento, respirando fundo e eu mal conseguia piscar enquanto via
ela se encolher do meu lado.

- Ele... Ele... Me violentava, e... E isso me fez ficar maluca eu acho, eu tenho esses...
Esses surtos... Momentos em que as lembranças do que ele fazia comigo voltam e...
E... Eu não consigo controlar, não sei o que é real, o que são apenas as lembranças...
E ai eu apenas tento me defender, tento não ficar inerte como quando era criança,
geralmente eu desmaio... Sinto muito por... Por te machucar.

Quase abri a boca quando ela terminou de falar comigo... Meu Deus... Ela... Nunca
achei...
Sempre achei que ela era uma menininha mimada, hipócrita e chata, irritante, que
se acha... Nunca achei que ela tivesse sofrido abusos como quando era criança. E o
modo como estava se encolhendo ali do meu lado, o modo como as lágrimas
escorreram do seu rosto...

- Me desculpa, me desculpa mesmo é só que... Algumas coisas desencadeiam essas


memórias e isso... Me desculpa. Pediu, me olhando de um jeito sincero, ela estava se
sentindo realmente culpada por me bater.

- Não controlo isso, devia saber que essa merda ia voltar depois de eu beijar tantos
caras daquele jeito... Eu, apenas...

A Princesinha não terminou de falar, só balançou a cabeça, secando as lágrimas que


escorriam do seu rosto.

Fiquei ali de boca aberta, sem saber o que dizer, principalmente quando ela
começou com o desabafo.

- Eu sei que você me acha louca, deve achar mesmo... Até eu acho, o problema é que
não consigo parar de lembrar... Eu tento manter isso escondido, trancado e manter o
máximo de controle sobre mim mesma pra não beijar ninguém, nem... Nem... Enfim,
mas... Eu sinto sabe? Eu sinto as coisas, eu também desejo caras... E me sinto
anormal por não poder fazer o que todo mundo faz... Tô tentando... Tentando fazer
isso parar, mas ainda é difícil... Ainda é...

Ela suspirou, balançando a cabeça e apertando os braços a sua volta. E fiquei


pensando em o que dizer pra ela... O que falar depois de descobrir que a menina
irritante e idiota e nojentinha que eu via nela era... Era machucada deste jeito
quando era criança...

Olhando pra ela ali, ela não parecia nenhum pouco com aquela garota chata e
perfeitinha que eu invejava... Ela parecia... Parecia comigo... Machuca como eu...
Pior que eu...

Alguém lutando desesperadamente pra se encaixar, pra viver... Pra esquecer o


passado...

- Quando eu era criança eu apanhava também... Quero dizer, surras mesmo sabe?
Até eu apagar... Assim como minha mãe...
Não sei bem por que comecei a contar isso pra ela, talvez pra que ela soubesse que...
Que visse a mim como sou: O fraco, o bastardo... O merda. Pra que se sentisse
menos mal talvez.

- Seu pai te batia? Perguntou, baixinho. Não tinha indignação, ou surpresa na voz
dela, apenas... Compreensão.

- Não tenho pai... Respondi com raiva, por que não tinha mesmo.

O homem que me deposita dinheiro na conta pra eu me manter escondido, pra


evitar o escândalo?

Aquele bosta não é meu pai!

- Então quem te machucava?

A pergunta dela me acordou dos meus pensamentos, e suspirei. Não gostava de


contar aquela história, eram poucas pessoas que sabiam sobre... Sobre minha mãe
hoje em dia já que outras atrizes assumirma sua fama.

- Minha mãe era prostituta... E ela tinha um cara que gostava dela, o que a vendia
sabe? O Cafetão... Ele me odiava, assim como os clientes da minha mãe por que
quando ela os recebia eu estava ali, o fraco, o bastardo inútil e as vezes os caras iam
embora por conta de eu existir e o cafetão descontava em mim, quando não era ele,
eram os clientes dela que me espancavam e faziam o mesmo com minha mãe...

Olhei por um momento pra Princesinha e ela me deu um sorriso pequeno, triste...

- Sinto muito... Disse bem baixinho, tocando na minha mão sobre a moto.

Dei um aperto de leve na mão dela, buscando uma âncora pra me livrar das
lembranças que apareciam na minha cabeça, não acho que eu surtaria, apenas não
gosto de lembrar de ver minha mãe ensanguentada e me sentir com medo, acuado
por não poder fazer nada.

- Eu sinto muito também... Falei baixinho, olhando ela do meu lado com aquela
franjinha meiga.

Tentei imaginar qualquer um ferindo a Hanna, qualquer um a machucando... Não


era certo... Nenhum pouco certo.

Ela deu de ombros.

- Tá tudo bem, só preciso ir pra casa dormir...


Sorri pra ela, colocando sua franja atrás da orelha.

- Não quis te fazer lembrar de nada, eu apenas não sabia...

A Princesinha deu de ombros.

- Não tem problema, vai passar, ao menos, eu espero que passe...

Assenti pra ela, por que eu entendia a sensação de sempre esperar que passe... Eu
espero aquela sensação de fraqueza passar até hoje... Acho que ela também.

Ficamos ali em silêncio, cada um com sua própria dor, cada um lembrando e
esperando que a dor passasse.

- Acho melhor a gente voltar, a Lex me mandou uma mensagem perguntando onde a
gente está...

Assenti pra ela, lhe dando um sorriso que a Princesinha retribuiu com um tímido e
exultante.

- Steven... Você não vai contar isso pra ninguém né? Eu não quero as pessoas
olhando pra mim como se eu fosse um objeto estranho... Já me basta o tanto que eu
mesma já me sinto estranha...

Balancei a cabeça.

- Não vou contar nada Princesinha, relaxa, e outra... Você também sabe algo sobre
mim então nem posso contar nada... Dei uma piscadinha pra ela que a fez sorrir.

- Obrigado.

Nos levei de volta pra boate e a amiga já nos esperava na porta.

- Estava preocupada com você! Gritou, avaliando a Princesinha.

Dei risada.

- Eu sou mau, mas nem tanto gatinha relaxa... Ela tá legal... Né Princesinha?

Ela olhou pra mim, sorrindo.

- Estou... Só fui dar uma volta de moto...

A Alex, né? A amiga... Balançou a cabeça, mas estava sorrindo.


- Ok, eu sei que você gosta de motos, mas devia ter me avisado! Aqui... Disse,
entregando o casaco da Princesinha.

Depois jogou minha jaqueta pra mim.

- Valeu...

Vesti minha jaqueta, e dei um sorriso pra Princesinha.

- Vejo você amanhã na escola?

Ela assentiu.

- Até amanhã... Falou baixinho, me dando tchau com a mão.

Subi na moto, depois pensei um pouco, pensando se de repente andas na minha


moto não significava pra ela, o mesmo que significava pra mim... Paz...

- Não quer que te deixe em casa?

A Princesinha olhou de mim pra amiga por um momento, depois abraçou-a...

- Vai pra casa Lex... Amanhã te vejo na escola, tá legal?

A amiga sorriu.

- Ok, toma cuidado hein?

Ela assentiu depois se aproximou de mim, pegando o capacete que já estava no


guidão da moto.

- Vamos?

Sorri pra ela enquanto colocava o capacete também.

- Sobe ai...

A Princesinha subiu e levei ela pra casa. Quando parei em frente a casa enorme
dela, cheia de vidros nas janelas e toda enfeitada lhe dei um sorriso.

- Está entregue, sem nenhum arranhão...

Ela sorriu timidamente.

- Sabe? Estava pensando: A gente ainda se odeia?


Franzi o cenho pra pergunta dela e a Princesinha ficou mexendo na alça do capacete
enquanto eu estava montado na Tara.

- É que... Antes de hoje eu não sabia sobre... Bom, sobre você antes de te conhecer
e... Pensei que de repente... Talvez agora a gente possa parar de brigar um pouco?
Por que agora acho que entendo um pouco você... E... E... Acho que estou falando
bobagem.

Sorri pra ela.

- Não está falando bobagem... Eu te odeio por que você é uma menininha sem graça,
que não para de falar merda o tempo todo, mas com um passado como o seu acho
que também seria assim então... Te entendo... Disse, brincando e sorrindo pra ela.

A Princesinha sorriu.

- Podemos ser amigos então? Não quero mais viver brigando com você até por que
agora você tem um segredo meu, então... Nem vejo mais lógica pra isso.

Ela estendeu a mão, me fazendo rir, por que parecia um sinal de paz, só faltava um
palzinho com uma camisa branca.

- Não vou tocar na sua mão Princesinha, eu não faço esse tipo de coisa e você não é
meu parceiro pra eu fazer isso...

Ela abriu a boca, depois suspirou.

- Você é um Babaca! Afirmou revirando os olhos verdes pra mim, mas parecia estar
brincando.

Dei risada, meu sorriso torto.

- E você ainda é uma Princesinha... Falei, quase mostrando a língua pra ela, mas
controlei essa minha vontade escrota.

Hanna jogou o capacete na minha direção e assustei por que não tinha como eu
pegar, mas ela estava segurando a alça.

- Não sou eu que tem medo de um capacete! Disse, rindo.

Balancei a cabeça.

- Olha garota... Avisei, tirando o capacete da mão dela que sorriu.


- Valeu por me levar pra dar uma volta e... Desculpa mesmo por te machucar, não
quis fazer isso, não hoje.

Dei de ombros.

- Tranquilo, e respondendo sua pergunta, acho que podemos ser amigos... Por que
bom, podíamos mesmo não é? Pense bem: Eu sei algo sobre ela muito íntimo, e ela
também, não é coisa que maiores inimigos deveriam saber um sobre o outro,
portando, acho que podemos ser amigos.

A Princesinha sorriu, depois entrou em casa enquanto acenava pra mim.

Não acho que tenho mais raiva dela... Sempre invejei essa garota por não ter os
problemas que eu tinha e... Descubro que ela tem problemas bem piores que os
meus.

A julguei tanto... Falei tanta merda pra ela e agora... Agora me arrependo disso...
Estou triste por ela, não imagino como é pra ela ter todas essas memórias na
cabeça, ser tão bomba relógio quanto eu...

Fui sincero quando disse que podemos ser amigos, principalmente por que quero
ajudar ela a lidar com as memórias. Não que eu lide bem com as minhas, mas talvez
se eu a ensinar a beber pra relaxar, pra esquecer...

Não muito como fiz na noite da festa, mas só o suficiente pra ela ficar alegre,
talvez... Talvez eu ajude... Quero ajudar ela, por que quero me ajudar... Quero...
Quero saber como ela consegue ser forte do modo como é... Talvez a gente possa
ajudar um ao outro, se é que isso faz algum sentindo, mas se tem uma coisa que
aprendi na vida é: As coisas quase nunca fazem sentido...

Então dane-se o sentindo, eu só quero ficar mais próximo dela pra aprender e
ensinar um pouco do que eu conheço da vida... Quem sabe no fim em agradecimento
ela não vai pra cama comigo?

Estou brincando! Calma... Tô brincando, nunca mais toco nela deste jeito de novo...
Não depois de saber o que sei. Só quero ser amigo de alguém que entende um pouco
o que é pra mim ser um fraco, que tem um passado parecido com o meu...

Maluquinha- Hanna.

- Oi pai... Disse pra ele, sentado na sala.

Ele me olhou sobre o ombro.


- Oi filha, como foi a saída?

Sentei no sofá da sala em frente à ele antes de responder.

- Foi bom... Pai... É... Você sabia, sabia que o Steven apanhava quando era criança?
Perguntei, despejando o que estava na minha mente. Eu queria saber mais sobre o
que acontecia com ele, pra me desviar do que aconteceu comigo essa noite.

Meu pai parou de ler o que estava lendo e me olhou.

- Quem te disse isso?

- Ele...

Chad sorriu.

- Sabia sim, por que?

- Por que nunca me contou que ele também sofria abusos deste tipo? Por que nunca
disse que ele... Que...

Parei, por que não sabia bem o que dizer, mas o Chad sabia.

- Que ele era parecido com você?

Assenti pra ele, por que acho que era isso que queria dizer.

Meu pai sorriu, sentando na ponta do sofá.

- Por que nunca contei pra ele sobre seus problemas?

- Por que ia te matar se fizesse isso..

Ele riu

- Pois é, o Steven também não se orgulha do passado dele Hanna, tanto quanto
você... Ele é um menino complicado, muito complicado, mas é só por que sofreu
demais... Você procurou se esconder pra fugir do seu passado, ele escolheu aparecer,
ser o cara forte e ameaçador pra fugir dos dele... Acho que ele é só tão machucado
quanto você por isso mesmo colocamos os dois pra fazer trabalhos voluntários
juntos... Por que vocês dois se parecem, e queríamos que ao invés de viverem
brigando vocês se vissem por trás das fachadas que os dois ergueram...
Demorei um tempo pra assimilar o que significava as palavras de meu pai, e quando
eu entendi que eles fizeram aquilo, colocaram a genre junto pra que vissemos e nos
apoiássemos, talvez, em nossas dores, sorri pro Chad, o abraçando apertado.

- Bom, acho que funcionou... Confessei, abraçando meu pai.

E acho mesmo, sabe? A gente... Eu estava muito errada sobre ele e agora consigo
enxerga-lo de outro jeito. Ele apenas é machucado que decidiu ser um Babaca pra
que talvez não se machuque mais...

Entendi o lance que ele tem com a Palavra "Fraco" pra ele deve ter sido difícil
crescer apanhando e vendo a mãe apanhar e não poder fazer nada... Fomos burros,
eu fui muito burra. Estava tão focada no fato de que eu tenho problemas que sempre
achei que ele não tivesse nenhum, por que ele não parece ter, ele... Ele esconde bem,
lida bem com os problemas que tem... Já eu? Eu surto...

Ao menos, aquela noite não tive nenhum pesadelo. Apenas sonhei com olhos mel de
um menininho ferido e machucado, assim como uma garotinha ferida e machucada e
sabe? No meu sonho, eu podia cuidar dos dois...

- Oi... Falei pra ele que estava sentado na beira da piscina.

Hoje era dia de limpar a piscina novamente. Como hoje tem treino e sei que o Stef
vai ver meu pai, mandei uma mensagem pra ele, pedindo pra não comentar nada
sobre... Sobre o lance de me levar pra casa com meu pai. Ele concordou então não
vou ficar de castigo...

Enfim, isso não é importante, o importante é que o Steven me olhou como se eu


fosse maluca.

- Que isso? Perguntou, olhando minhas mãos no ombro dele.

Dei risada de sua cara confusa e meio amedrontada.

- Estou tentando ser simpática, seja simpático...

Ele riu, balancanço a cabeça, mas se levantou e me deu um beijo no rosto.

- Oi Princesinha... Está bom assim? Perguntou enquanto ainda mantinha uma mão
na minha cintura.
Não sei por que, mas isso me trouxe a lembrança da noite de ontem... O quanto ele
me apertou, o quanto era bom sentir o beijo dele se ele não me beijasse com tanta
conotação sexual...

Balancei a cabeça pra me livrar do pensamento.

- Hum... Tá quase...

Steven riu, depois foi pegar as redes pra limpar a piscina. E acreditem: Ele foi
cavalheiro e pegou uma pra mim também.

Ficamos ali limpando a água até dar o nosso horário pra sair.

- E ai? Vai a onde agora? Perguntou enquanto caminhávamos pro estacionamento.

Estávamos mais falantes hoje, e ele me fez rir várias vezes com caretas e
comentários idiotas... Ele é muito bobo, e fiquei meio que me perguntando como
nunca reparei que ele podia ter um lado legal também, como fui cega pra não ver
que ele também era machucado. Talvez seja por que ele esconde bem sabe? Ele... Ele
sai, ele bebe, ele ri, ele... Bom... Ele dorme com meninas...

Não é como eu que sou travada e presa pelo passado, ele tem um passado, mas ele
convive com ele e consegue ser livre desse passado, eu não... Eu ainda sou presa.
Suspirei com isso.

- Não sei, provavelmente pra casa...

Ele sorriu.

- Quer que leve você?

Balancei a cabeça.

- Não, é perto daqui posso ir andando e passar pela praia...

O Babaca, que já não sei mais se apelido se encaixa à ele sorriu.

- Prefere ir andando do que subir numa 1200 comigo?

Revirei os olhos pelo modo como ele falou o "comigo" como se ele fosse impossível de
se recusar.

- Não revira os olhos e sobe logo na moto, é só uma voltinha...

Mordi a parte interna da boca.


- Tenho que estar em casa antes do horário pro Karatê... Avisei, antes de aceitar o
capacete que ele estava estendendo.

Não sei se ele tinha a intenção de me convidar já, ou se ele apenas trouxe alguém
pra escola hoje... Talvez o Harry?

Sei lá...

Só sei que foi muito bom andar de moto com ele... Não por ele em si eu acho, mas
talvez apenas por que gosto de motos e... Sei lá.

Bom, ele me levou pra casa bem a tempo de eu me trocar e tomar banho pra
academia.

- Valeu por me trazer...

Ele deu de ombros.

- Que isso? Somos amigos agora, não é?

Assenti pra ele que acelerou o motor.

- Até daqui a pouco...

- Até...

Então ele saiu a toda velocidade e fiquei parada ali em frente de casa uns
momentos, olhando pro caminho que a moto fez... Não consigo acreditar que... Que
estou falando com ele e agindo como se nós nunca tivéssemos trocado nenhuma
farpa, nem se socado no tatame de propósito...

Loucura não é? Que... Que a gente se dê bem agora por que descobrimos o que o
outro tinha no passado e antes apenas nos olhávamos por fora e víamos o que
queríamos ver, víamos, ao menos no meu caso que ele tinha a vida perfeita, amigos,
popularidade, arrogância, convencimento, nenhuma dúvida sobre nada...
Liberdade...

É estranho como julgamos os outros pelo que aparentam ser e não nos importamos
em saber o que tem por trás da fachada... Talvez por traz do cara durão e pegador
você encontre alguém frágil, com uma alma ferida como a dele...

Ou talvez eu esteja apenas falando um monte de bobagem.

- Veio com o Steven? Perguntou meu pai assim que pus os pés em casa.
Assenti pra ele.

- Vim sim, por que?

Chad riu.

- Olha como estamos, não? Até ontem vocês se odiavam e hoje ele está te trazendo
pra casa...

Dei risada, principalmente pela cara gay que o Chad fez ao falar isso, ele parecia
uma mãe ali falando comigo.

- É pai... Acho que gente só precisava saber a história um do outro pra... Pra poder
se dar melhor...

Chad franziu o cenho.

- História um do outro? Perguntou, meio que avaliando.

Assenti pra ele que me deu um sorriso terno.

- Você contou pra ele?

Afirmei com a cabeça, me escorando no balcão da cozinha onde ele estava. Chad
mexeu no meu rabo de cavalo, sorrindo.

- Se abriu assim com ele? Justo com ele?

- Pois é... Disse, dando de ombros.

Chad sorriu, depois me apertou perto de si, beijando o topo da minha cabeça.

- Acho que isso quer dizer que você gosta dele, não gosta?

- Acho que sim pai, a gente está começando a se dar melhor, a... A conversar sem
brigar um com outro então acho que posso começar a gostar dele...

Chad riu, depois me deu um aperto forte.

- Ah criança... Disse, e me deixou confusa... Não entendi o por que ele usou aquele
tom desconfiado comigo, nem a razão do sorrisinho de canto em sua boca como se ele
soubesse algo que não sei...

Será que ele sabe de algo que não sei? Tem mais alguna coisa que o Steven não me
contou?
- O que foi?

Chad deu de ombros

- Nada, vai tomar um banho pra irmos à academia... Disse, dando um tapinha na
minha testa como costuma fazer de brincadeira.

Fiz o que ele mandou, mas fiquei pensando enquanto estava embaixo da água...
Pensando nele.

Por alguma razão, na verdade por não querer sentir raiva de mim mesma mais uma
vez pelo meu passado, eu evitei pensar no beijo que demos ontem... No bar estava
tudo tão bem... Talvez por que eu soubesse que ali ele não podia fazer nada... Bom,
nada mais que beijar.

Mas, lá fora ele podia fazer o que quisesse... Tenho que assumir que ele é bonito,
agora que deixei, que estou deixando na verdade, minha raiva de lado posso
confessar que o acho bonito. Acho que sempre achei, mas como disse a arrogância e
o cafajestismo dele o estragam. Então agora que sei do que sei, não sei o que
pensar...

O que está acontecendo comigo? Por que fiquei embaixo da água tocando minha
cintura e minha boca como se fosse ele que estivesse fazendo?

Quando me dei conta do que fazia sai da água, me sentindo de repente... Muito
quente. Quente de um jeito desconfortável.

Me olhei no espelho, e tenho certeza que vi um certo rubor no meu rosto... Eu não
posso corar! Minha cor não me permite ficar corada... Estava salva dessa forma que
entrega qualquer um, mas... Não sei o que está acontecendo, estou tão confusa. Me
sentindo estranha em relação à ele agora. O que está acontecendo comigo?

 Babaca-Steven:

Estou me sentindo bem, sentindo alívio de algum jeito... Ela... Tem sua parte legal,
ela sabe rir, e sabe ser legal. Talvez antes ela apenas... Apenas estivesse assustada
demais de deixar transparecer o passado que tinha por isso era sempre rabugenta e
insuportável.

Sempre a achei estranha, sabe? Ela... Ela é uma menina isolada, a única amiga que
tem é a Alex e na academia ela... Era sempre a fodona, arrogante, em todos os
sentidos. Parece que ali ela ficava mais... A vontade, como se fosse o único lugar em
que não estava com medo dos outros. Claro, essa é a minha analise de agora, antes
eu só achava que ela era... Uma patricinha sem graça que se acabava melhor que
nós da escola.

Antes os meninos da academia não reparavam nela como agora e me sinto como um
merda por isso ser culpa minha, por que afinal das contas ela... Ela não quer
ninguém certo? Por isso mesmo teve aquele surto bizarro e me socou a cara.

Sei lá, não entendo ela... Ela me beijou de um jeito quente, me deixou beija-la como
se eu fosse realmente dar o próximo passo e então... Aconteceu tudo aquilo, mas ela
disse que sente, que deseja garotos e isso me confunde.

Não sei se me confunde, ou me irrita mais o fato dela querer garotos, mas ela é uma
menina e... Bom, não quero pensar muito sobre isso.

Eu tenho meu próprio passado pra remoer e sentir dor por ele, sentir dor pela
Princesinha não estava nos meus planos de maneira nenhuma.

Mas, quando a vi sair do vestiário amarrando o cabelo... Eu só tentei visualizar


alguém a machucando e não era um cenário que eu gostava de ver na minha
mente...

- Da próxima vez que leva-la a algum lugar tenha a decência de levar ela pra casa!
Disse o Stefan, me olhando com os braços cruzados e uma expressão descontente no
rosto.

Franzi o cenho, por que não sabia do que ele estava falando.

- O que?

Stefan me olhou, como se quisesse arrancar minha cabeça.

- Ouviu o que eu disse, respeite ela cara... Ela é uma garota linda e... E... Ela é boa
demais pra você seu merda então... Na próxima vez que quiser humilha-la pense
duas vezes sobre isso...

Pisquei várias vezes antes de ter uma reação... Ele me chamou de "seu merda"?

- Como é Stefan? De que porra você está falando?

Ele se aproximou de mim, ficando quase encostado no meu nariz e expressão no


rosto dele era simplesmente assassina.
- Estou falando que fui busca-la na maldita boate que você a levou, eu a vi triste por
que você disse que ela não era bonita, a vi quase chorar por causa de você então
pode chamar de um aviso: Faça isso de novo e arrebento você, mesmo que isso me
arrebente também... Ela não merece ser tratada como as malditas putas que você
pega por ai, ela é especial caralho, trate ela bem já que você tem a atenção dela!

Espera um momento... Ele foi busca-la? Certo, eu não pensei muito em como ela foi
embora, estava ocupado demais transando com a Stacy, mas... Ele? Por que ele? E
por que esse bosta estava me falando este monte de merda sem sentido?

- Em primeiro lugar: Saia de perto de mim... Foi a primeira coisa que disse,
empurrando seu peito.

Graças a Deus os alunos ainda começavam a chegar e o Mestre estava na parte de


cima da academia, no escritório, então ninguém realmente estava prestando atenção
na nossa briga.

- Em segundo lugar: Não venha me dar lições de moral sem sentindo... Eu e a


Hanna... A gente brigou aquela noite e ela foi embora sozinha pra casa, mas você
não tem o direito de...

Ele me interrompeu.

- Tenho total de direito de falar merda pra você por que eu fui busca-la aquela noite
e sei como foi que a vi... Ela estava triste por sua causa, por que você é tão idiota
com ela? Pare de encher o saco dela, e pare de faze-la pensar que não é bonita, você
sabe que ela é, só é muito fraco pra assumir que na verdade, ela é boa demais pra
você.

Bom, vocês sabem o quanto eu amo a palavra fraco, não? Antes que eu pudesse me
parar já tinha socado o rosto do Stefan. Consigo aguentar a Hanna me chamando de
fraco sem bater nela, agora... Este bosta que não sabe absolutamente nada sobre
mim, nem mesmo sabe sobre o que estava falando...

- Para... Escutei a voz dela por trás do entorpecimento que tenho geralmente
quando bato em alguém.

- O que está acontecendo aqui? Este era o Mestre, e não parecia muito feliz.

- Eles estavam treinando alguns movimentos pai, só isso... Disse a Princesinha, me


tirando de cima do Stefan.
Ele se levantou e ficou me olhando com fúria.

- Você sabe que é verdade, sabe que só a magoa por que não conseguiria ser bom
suficiente pra merece-la... Nem em mil anos você a mereceria...

- Alguém vai me explicar qual o problema aqui? Perguntou o Mestre.

A Princesinha suspirou.

- O problema é que eu quis treinar os dois e eles acabaram discutindo por isso... São
duas crianças irresponsáveis, um não sabe ganhar... Ela apontou pra mim, depois
suspirou.

- O outro não sabe perder e virou essa merda... Vem Stef, vou limpar você pra voltar
ao treino e dessa vez vai lutar comigo. Disse por fim, o puxando pelo braço enquanto
andavam em direção ao vestiário.

Olhei pro Mestre que estava franzindo o cenho e com os braços cruzados.

- Ele quem começou... Me defendi, abrindo e fechando os dedos pra que eles
voltassem a circular o sangue.

O Mestre balançou a cabeça.

- Precisa aprender a controlar a raiva... Sente ai e medite até os outros chegarem e


você é um sortudo por não ter muita gente aqui pra ver isso se não eu ia te
suspender da academia!

Respirei fundo, me sentando no chão... Sentindo toda a dor me atingir... Odeio o


Stefan, odeio por ser um completo bosta e vir me dizer este monte de merda que
nem ao menos faz algum sentido, mas que de algum jeito me atingiu.

Senti as mãos do Mestre no meu ombro, depois escutei sua voz enquanto cruzava
minhas pernas e fechava os olhos pra meditar.

- Deve um agradecimento à ela, ia ter que te expulsar daqui se aquela briga fosse
mais longe, ou se ela não mentisse tão bem...

Respirei fundo novamente e me forcei a pensar em coisas positivas... Me forcei a


entrar naquela áurea de contentamento que o Mestre me ensinou anos atrás quando
comecei a treinar.

Respirar... Expirar...
Em pouco tempo eu tinha esquecido o mundo e estava apenas perdido em algum
lugar de paz e felicidade. O único problema sobre a meditação é que essa paz dura
pouco, ia ter que procurar outra coisa pra me entorpecer e me apaga depois que sair
daqui.

 Maluquinha-Hanna:

Estava segurando uma toalha molhada no rosto do Stefan, vendo ele se encolher por
causa da dor que provavelmente tinha no rosto já ficando roxo graças aos socos do
Steven.

Não sei qual foi o motivo da briga dos dois, sei que em um momento estava me
alongando e no outro estava vendo os dois no chão.

Iam ambos ser expulsos da academia se tivessem mais expectadores aqui do que
apenas eu, a Deise e outros meninos de faixas mais baixas...

- Ele não merece você... Foi a primeira coisa que o Stefan disse enquanto segurava
minha mão de leve em seu rosto.

Levantei o olhar pro dele, franzindo o cenho.

- Quem não merece, o que?

Stefan tirou a toalha da minha mão e beijou delicadamente a palma da minha mão.

- Você sabe de quem estou falando, não se faz de boba, você é esperta...

Balancei a cabeça, enquanto ele beijava minha mão.

- Não sei do que está falando, realmente não sei...

Stefan soltou um suspiro e colocou minha mão sobre seu rosto, meio me coagindo a
lhe fazer um carinho, que eu fiz por que ele parecia bem mal.

- Um amigo me contou que viu você na Drink ontem a noite e que você beijou o
Steven...

Franzi o cenho, deixando minha mão cair no seu ombro.


- Não disse que íamos apenas ser amigos Stef? Perguntei, meio cansada por que o
tom que ele usou foi de acusação, estava me culpando por beijar o Steven.

Ele suspirou.

- Disse, mas não disse que ia deixar de doer quando soubesse que você estava
beijando o cara que você assumidamente odiava... Eu sabia que vocês tinham um
lance e agora... Agora essa merda tá doendo... Ele não Hanna, qualquer cara, menos
ele...

Balancei a cabeça.

- Não tenho nada com o Steven. Afirmei, por que não tenho mesmo estamos
apenas... Apenas tentando ser amigos, não é?

- Então por que o beijou?

Soltei um suspiro, colocando as mãos na cintura.

- Por que tínhamos uma aposta e... E beija-lo me fez ganhar, só por isso.

Nem mesmo sei por que estava dando explicações ao Stefan, acho que pelo olhar
meio devastado e magoado que tinha em seus olhos azuis.

Ele respirou fundo, depois me puxou pra perto de si.

- Te beijar daquele jeito que fiz no carro, não foi certo, eu sei... Sei que não me quer,
que eu sou apenas um amigo pra curar carência e eu não tenho problema com isso,
mas... Hanna, eu me preocupo contigo. Ele é um pilantra, vai pra cama com
qualquer uma e depois age no outro dia como se mal conhecesse a pessoa, fez isso
com a Deise e Deus sabe com quantas mais garotas que eu nem ao menos conheço,
não quero que faça isso com você...

A preocupação na voz dele era palpável, mas eu duvido, realmente duvido que
mesmo que eu quisesse ir pra cama com o Steven eu fosse conseguir isso, nem com
ele, nem com ninguém.

- Não vou ir pra cama com ele Stef, pode relaxar, foi apenas um beijo... Disse
baixinho, por que era meio estranho falar sobre ir pra cama com alguém que não
fosse a Alex.

Stefan suspirou, depois fez um carinho no meu rosto.


- Não deixa ele te fazer só mais uma tá legal? Você é linda, e forte e completamente
diferente de qualquer uma... É realmente boa demais pra ele Hanna, ele é fraco
demais pra saber valorizar ter alguém como você do lado.

Não sei o que deu em mim, nem da onde surgiu tanto instinto protetor sobre o
Babaca, mas... Apenas...

- Não chame ele de fraco, você não sabe qualquer coisa sobre ele pra dizer isso!

Eu não gritei, mas foi quase como um grito, foi forte como um... Foi ameaçador,
principalmente por eu estar apontando um dedo pro Stefan.

Me irritei por ele chamar o Babaca de fraco... Eu sei agora que ele não é... Ele é
machucado, como eu e tenho certeza que se alguém que não me conhece ficasse
falando que sou fraca por ai eu estaria com muita raiva, portando entendendo o
Babaca.

Os olhos do Stefan possuíam um brilho magoado.

- Só estou tentando cuidar de você... Não te quero machucada depois que ele te usar
pra conseguir o que quer e depois te jogar fora como se fosse nada, não gosto de
como ele trata as meninas e gosto muito menos que esteja pensando em fazer isso
com você!

Cruzei os braços.

- Como você sabe que ele está pensando em fazer qualquer coisa comigo? Ele e eu
estamos tentando ser amigos agora, só isso...

Stefan riu, se aproximando de mim.

- Acredite meu amor... Ele sussurrou com a boca bem perto da minha.

- O jeito como ele olha pra você não tem nada de amistoso, tem de predador... E ele...
Ele é um predador Hanna, toma cuidado... Seja a lutadora que você é e não deixe ele
te atingir.

Balancei minha cabeça quando ele me deu um beijo no rosto.

- O Steven não me quer, disse isso mais de mil vezes e fez questão de me jogar na
cara que não me acha bonita...
Stef sorriu, e me apertou pela cintura perto dele.

- Então me responda: Por que ele te beijaria, se isso fosse realmente verdade?

Ele piscou pra mim quando terminou de falar, me dando um beijo na testa em
seguida, depois saiu andando de volta pra dentro da academia.

Fiquei parada ali por um tempo, pensando em como parecia estranho o Stefan ficar
me falando coisas assim sobre o Babaca e... Quando resolvi que nada tinha sentido
algum voltei pra academia e treinamos.

Quando o treino acabou o Steven veio falar comigo, geralmente ficávamos sempre
por último aqui na academia antes, e agora isso não tinha mudado. Éramos os
últimos ali dentro fora o meu pai que estava no escritório. Eu e o Steven estávamos
nos vestiários e escutei ele entrar depois de uma leve batida na porta.

- Tá sozinha? Perguntou, terminando de colocar uma camiseta verde claro sobre a


cabeça.

Não consegui evitar deixar meus olhos varrerem pelo seu corpo, ele tem realmente
um corpo forte... Bem mais forte e disciplinado que o meu ee tem um tanquinho que
se a Alex pudesse ver diria que é uma máquina de lavar roupa...

Sorri do pensamento bobo quando ele terminou de colocar a blusa.

- Estou, por que? Respondi a pergunta dele.

Steven me olhou por uns momentos, enquanto eu tentava colocar a franja de uma
maneira aceitavel no meu rabo de cavalo. Acho que a franja não foi uma boa idéia
eu ando mais com meu cabelo preso do que com ele solto e... Essa franja não para
presa, então tive que deixa-la cair no meu olho e fazer um rabo de cavalo diferente.

- Quer dar uma volta de moto comigo?

Me virei pra olha-lo, me escorando na pia do vestiário.

- Pode ser... Se meu pai deixar...

Ele riu.

- Quer que eu peça Princesinha do papai?

Balancei a cabeça, sorrindo do seu tom brincalhão.


- Não precisa, eu peço à ele. Onde vamos?

Steven deu de ombros enquanto nos encaminhávamos pra fora do vestiário.

- Pra qualquer lugar, estou meio na merda hoje... Pensei que pudéssemos inverter
os papéis de ontem e você pilotar enquanto eu me sinto um bosta de um fraco na
garupa...

Sua voz estava realmente chateada, e ele estava com os ombros encolhidos, nada
daquela postura arrogante de menino fodastico que ele geralmente usa.

Sei que é meio estranho esse sentimento de proximidade que tenho com ele depois
de ontem. Parece pouco e muito tempo...

Pouco por que sei que em apenas um dia não dá pra se apagar tudo o que nós dois já
falamos mal um do outro e muito por que... Ele é primeira pessoa que tem um
passado um pouco parecido com o meu... Um passado ruim, realmente ruim... Então
sinto que estamos meio que ligados por estes passados de merda que temos.

Talvez seja errado eu estar ficando próxima dele, mas eu acho... Pela primeira vez
que estou seguindo a direção certa... Que estou fazendo algo que meu coração me diz
que é certo pra fazer, então que se dane a lógica de que é pouco tempo próximo à
ele... Que se dane tudo, eu só quero isso.

- Pai, vou... É... Posso ir dar uma volta com o Steven?

Chad deu risada.

- Naquela moto assassina? Não acha que eu já deixei você andar demais naquilo,
não?

Dei um suspiro.

- Pai, por favor... Eu sei me cuidar e vou me manter dentro do limite de velocidade...
Disse, minha voz deliberadamente infantil pra tentar persuadi-lo.

Chad riu, cruzando os braços.

- Promete que vai manter a velocidade no permitido?

- Prometo...

Ele riu novamente e apertou meu nariz.


- Você é uma grande mentirosa! Disse, rindo.

- Se chegar em casa ralada, ou se acontecer o pior pra onde quer que os dois estejam
indo dona Hanna, você sabe que vou te matar e até você ter cinquenta anos nunca
mais vai sair de casa não, sabe?

Assenti pra ele, que me deu um sorriso.

- Faça ele manter a velocidade nos cento e vinte por hora... Já é o bastante pra vocês
dois ok?

Dei um longo suspiro, mas concordei.

- Tá bem pai, pode deixar...

- Te quero em casa antes das onze e é bom ela estar sóbria, ouviu Steven?! Gritou
pro Steven que estava esperando na porta da academia.

Ele assentiu.

- Vou cuidar dela Mestre... Sua voz saiu tão séria e verdadeira que até me assustei.

Desci as escadas pra parte de baixo do tatame e nós saímos.

- Não trouxe dois capacetes, então temos que passar em casa... Disse, me passando o
capacete que ele geralmente usava.

Era preto e tinha uma caveira enorme com um sorriso macabro em cima deste. Logo
abaixo estava escrito: O pior da morte? Não ser mais capaz de pilotar.

Balancei a cabeça pra frase e vesti o capacete.

Uns dez minutos depois estávamos na sua casa. Era pequena, e trasmitia uma paz
por sua cor acinzentada clara... Era toda em madeira como a minha, mas tinha
menos vidros. Todas as casas no Havaí se parecem, são casas abertas, amplas,
claras e lotadas de vidros pra deixar o sol e a briza do mar entrar...

Mas a dele era... Era menos assim, tinham algumas janelas obviamente mas parecia
algo mais reservado, pequeno e que dizia que estava tudo bem o Sol estar do lado de
fora da casa e não dentro desta. Gostei da casa, por isso mesmo fiquei olhando por
uns momentos até escutar o suspiro do meu lado.
- Não olhe assim pra minha casa, não é grande coisa, eu sei, mas ela é nossa... Uma
consquista da minha mãe então não faz essa cara e não faça eu me arrepender de
pensar na possibilidade de ser seu amigo...

Balancei a cabeça, ele parecia bem bravo.

- Eu adorei sua casa...

Ele riu sem efeito.

- Claro que adorou, com uma casa como sua eu também adoraria a minha...

Fiz que não com a cabeça.

- Estou falndo sério, parece algo tão pequena e aconchegante e se é uma conquista
da sua mãe a acho mais bonita ainda... Disse, no meu tom mais sincero, por que era
verdade e não consegui entender a irritação dele.

O Babaca deu um suspiro longo.

- Hoje não é um dia bom pra mim Princesinha... Eu preciso de uma bebida... Ou
vinte, espere ai que vou pegar o capacete.

Assenti pra ele e fiquei ali em frente sua casa, olhando pro quanto ela era bonita
enquanto ele seguiu por uma porta pros fundos...

Uns momentos depois a porta da frente se abriu.

- Eu disse que estou levando alguém comigo mãe, pare de se preocupar!

Ele praticamente gritou as palavras pra uma copia dele, só que mais magra, bem
mais magra e com um olhar preocupado no rosto enquanto olhava pro Steven.

Seus cabelos longos e meio acobreados pendiam ao lado do seu corpo, era a única
diferença entre os dois, já que o cabelo do Babaca era tão preto que chegava a
brilhar no sol, o resto... A pele, a cor dos olhos era a mesma. Eles pareciam irmãos
ao invés de mãe e filho de tão parecidos.

- Tem que parar de sair pra beber... Disse ela, com a voz triste, magoada talvez.

- Mãe... Me deixa em paz... Volto pra casa mais tarde.

A voz dele saiu irritada e sua mãe me olhou com ternura.


- Não deixa ele se machucar? Pediu, cruzando os braços em uma postura
completamente preocupada.

Assenti pra ela e andei atrás do Steven. Esse era ele sendo um Babaca com alguém
além de mim então?

- Por que falou com ela assim? Perguntei, com cautela enquanto ele caminhava
pelas pedrinhas em frente a casa até sua moto.

Ele soltou um suspiro alto... Profundo.

- Eu só quero beber, sobe nessa porra e me leva pra fora da cidade... Disse, todo
irritado.

Coloquei o maldito capacete na cabeça junto com uma jaqueta que ele jogou pra
mim, eu estava de calça jeans, uma sapatilha, regata por que hoje estava quente e
agora, uma jaqueta de couro maior que eu e com cheiro de homem. Vou admitir que
gostei do perfume dele na jaqueta e eu ia precisar quando pegássemos a pista
mesmo.

Fiquei muito tempo no caminho tentando entender o que estava acontecendo com
ele... Por que ele estava assim tão... Tão bravo?

Quis entender e mesmo confusa por como e por que ele estava tão bravo eu dirigi...
Como prometi ao Chad abaixo dos 120 km/h.

- Sério? Vai dirigir abaixo dos 120? Qual o seu problema? Perguntou ele, gritando
sobre o som do ronco do motor.

O ignorei, por que ia manter a velocidade. Eu cumpro minhas promessas e...

Ele apertou minha cintura, até agora não estava com as mãos em mim, mas agora
estava. Me apertou forte contra o corpo dele, quase me fazendo perder o foco da
pista.

- Ah vamos lá baby, você pode fazer melhor que 120...

Ele continuou gritando sobre o ronco forte da moto, mas, mesmo assim sua voz
saiu... Saiu baixa, quente, me fazendo arrepiar mesmo que estissemos separados
pelos capacetes.

Não respondi ao que ele disse, apenas continuei a dirigir abaixo dos 120 escutando
ele se irritar atrás de mim.
- Porra eu te trouxe comigo pra pilotar minha moto, mas pensei que ia ir aos 260...

Quando me irritei com ele gritando no meu ouvido que eu estava indo muito
devagar, parei a moto no acostamento da estrada.

- O que está fazendo?! Gritou, tirando o capacete da cabeça.

Tirei o meu e fiquei o encarando.

- Olha, estou tentando não brigar com você, mas fica difícil com você gritando na
minha orelha! Se quer ir a mais que 120 pilote você e me deixe aqui pra ir embora!

Ele deu um suspiro.

- Eu preciso beber Princesinha, e preciso rápido.

Balancei minha cabeça.

- Quer me explicar por que está assim? Por que está irritado como o inferno com a
sua mãe que nem ao menos disse que era pra você não sair, ela apenas disse que era
pra parar de beber, então me ajude: O que está acontecendo com você?

Steven me olhou, depois jogou o capacete dele no chão, com tanta força que me fez
acreditar que tinha quebrado o negócio.

- Estou irritado por causa da minha mãe! Trouxe você pra saber que eu também
tenho um problema sério com surto... Acontece que os meus são surtos de raiva!
Estou fodendo de raiva nesse momento e só tem duas coisas que vão me manter
calmo: Beber, ou dar fodida gostosa em alguém, se não quer se oferecer pra segunda
opção então dirija essa porra na maior velocidade que conseguir por que eu sou
viciado nessa merda, ok?

Ele gritou a última parte e franzi o cenho.

- É viciado em que?

- Perigo... Adrenalina... Esse tipo de coisa, me faz sentir melhor e tudo o que preciso
agora é me sentir melhor, então sobe na moto e faz o que te pedi pra fazer?

Quase abri a boca pra ele quando disse sobre a adrenalina... Será que ele era
realmente viciado nisso?

Duvido, ele não vive a vida tentando se matar pra sentir adrenalina...
- Não vou pilotar sua moto acima dos 120, prometi ao meu pai...

Ele se aproximou de mim,me puxando a cintura.

- Então fode comigo... Por que isso está começando a doer e se você for neste passo
de tartaruga até o bar não vai ter sobrado mais merda nenhuma de mim quando
finalmente chegarmos lá!

Abri a boca pra ele, completamente incrédula que ele acabou de dizer aquilo, com
aquelas palavras pra mim depois de ontem.

- Não me olhe assim! Não me julgue, não julguei você quando surtou... Gritou, me
soltando e saindo de perto de mim.

Ele estava inquieto, parecia... Instável, e muito... Ele correu um pouco, dando
alguns pulinhos e sua respiração estava ofegante...

- Pode parar quieto e subir na moto? Perguntei depois que sai do meu momento de
choque, colocando novamente o capacete.

Steven parou, me olhando.

- Vai dirigir acima dos 120?

Fiz que não com a cabeça pra ele que pegou a chave da moto da minha mão e
colocou seu capacete caído na sarjeta.

- Não dirija então, eu vou dirigir! Afirmou, acelerando o motor.

Por instinto, eu ia subir na moto, mas parei antes.

- Não vou subir ai com você surtando.

Ele riu.

- Te deixo nessa estrada, sobe logo caralho... Eu preciso seriamente de uma bebida!

Balancei minha cabeça, cruzando os braços. Ele me olhou por um momento, então
arrancou com a moto a toda velocidade.

Pisquei várias vezes pra ver se eu não estava em algum tipo de sonho bizarro... Ele
me deixou aqui, no meio do nada! Realmente me deixou no meio do nada iluminada
só com a luz de um poste por perto e as luzes dos carros uwe passavam na pista. Só
podia ser brincadeira!
Onde estava com a minha cabeça quando resolvi ser amiga dele? Logo dele que é um
completo babaca que me deixou no meio do nada apenas por que estava tentando
preservar a vida dele e a minha! Se ele estava surtando, e acredite ele estava por
que estava tremendo então... Porra era perigoso ele dirigir, e agora ele me deixou
aqui no meio do nada!

Que ódio!

Babaca- Steven.

Eu dirigi por alguns quilômetros, realmente numa velocidade bem acima do que
deveria... Mas, pensar nela...

Eu ia voltar evidentemente, mas pretendia faze-lo depois de ter tido uma bebida. Eu
precisava disso.

Só que não consegui... Deixa-la no meio de uma estrada sozinha, onde não tinha
sinal de celular não era uma boa ideia. Então voltei e encontrei-a andando de um
lado pro outro na estrada com a mão na cintura.

- Eu vou matar você! Ela gritou, chutando o capacete no chão.

- Ei não chute meu capacete! Gritei, atrás dela.

A Princesinha estava de costas pra mim, e quando se virou, à luz do poste pude ver
seu olhar, estava aliviado e furioso ao mesmo tempo.

- Vou te matar! Gritou, me dando um soco no peito.

Não foi realmente um soco, ela poderia me bater se quisesse, mas estava apenas
irritada.

- Estava assustada aqui! Olhe pra este lugar e se alguém me fizesse mal? Pensou
nisso?

O desespero nas palavras dela quando falou sobre... Sobre alguém a fazer mal
estava tão presente. Ela morria de medo disso. Era visível agora que eu sabia.

- Desculpa tá legal? Mas... Estou com dor também! Gritei, passando as mãos pelos
cabelos exasperado.

Minhas mãos tremiam, em nenhum momento elas param... Eu estava necessitado


de beber, ou transar... Qualquer coisa que me deixase entorpecido de adrenalina, ou
endorfina por tempo suficiente pra me fazer esquecer essa merda de dor crescente
em mim.

Eu odeio isso.... Odeio quando começo a ficar com raiva do mundo, quando quero
quebrar tudo e todos por que ninguém se importava comigo quando era pequeno,
ninguém se importava em escutar os meus gritos, em me socorrer, ou ao menos
socorrer minha mãe prostituta e ensanguentada.

- Se acalma está bem? Só se acalma... A voz dela soou terna, quente...

- Não quero ficar calmo Hanna, sobe logo na moto e me deixa ir pra porra de um
bar!

Ela assentiu.

- Tá legal! Mas se nos matar Steven, juro que do outro lado eu te faço morrer mais
mil mortes!

Dei risada, por que foi inevitável diante da postura irritada dela.

- Sobe logo! Ordenei, colocando meu capacete de volta, assim como ela e indo de vez
pra um bar.

Não procurei briga com ninguém hoje... Eu só queria um porre e a adrenalina de


andar a 240... Sei que a Princesinha não vai assumir, mas ela gostou da velocidade
também por que quando estacionei no bar tinha um lampejo de sorriso em seu rosto.

- Talvez você tenha que me carregar... Avisei, enquanto sentava na banqueta do bar
e pedia duas doses de tequila.

Eram as duas pra mim, mas a Princesinha bebeu um gole de uma... Só um golinho
do copo e fez uma cara de desgosto.

- Aiii... Como consegue beber isso? É amargo!

Dei um sorrisinho pra ela, por que a cara da Princesinha era simplesmente demais.
Ela colocou até a língua pra fora...

- É porque você não sabe beber, esperta!

Ela me olhou, cruzando os braços.

- Ah é? E como eu deveria beber?

- Senta aqui... Pedi, apontando o banquinho do meu lado.


A Princesinha sentou, colocando um braço sobre o balcão e se virando de frente pra
mim.

Peguei o sal e passei na borda do copo pequeno ainda cheio da Princesinha... Depois
peguei um pedaço de limão que o cara do bar tinha colocado ali em cima.

- Abre a boquinha... Disse, meio zombando.

A Princesinha balançou a cabeça, mas sorriu e abriu a boca.

- Presta atenção: Você vai chupar o limão e engolir de uma vez o copo, entendeu?

Ela franziu o cenho, mas assentiu, abrindo a boca novamente. Não sei por que
exatamente EU fiz, podia ter dado o limão pra ela chupar sozinha, mas... Não foi o
que fiz.

Coloquei o limão delicadamente na boca dela, que fechou devagarzinho, depois


chupou o limão e um dos meus dedos junto.

Tentei não prestar atenção na língua dela chupando devagar meu dedo enquanto a
olhava nos olhos, tinha certa diversão dentro deles, o que me prova que ela não
tinha a mínima ideia do que ela estava fazendo para o meio das minhas pernas.

Quando terminou de chupar, eu adverti:

- Não engula!

Ela assentiu e ficou com o limão na boca até que coloquei o copo nos seus lábios...
Sabia que a Princesinha tem uma boca bonita? É grossa...

Eita, efeito tequila.

- De uma vez... Avisei, antes de deixar ela colocar a mão no copinho.

A Princesinha virou, depois cuspiu a bebida no bar.

- É muito azedo... Disse, fazendo cara de desgosto novamente.

Dei risada, olhando sua expressão e sacando que ela era... Completamente...
Virgem!

Cara, saber beber tequila é uma regra quando você vai fazer 18 anos e ela? Ela não
sabia beber tequila, nem mesmo sabia que tinha me deixando ligeiramente excitado
enquanto chupava meu dedo... Ela... Ela não tem ideia do que pode fazer.
- O que foi? Eu não sei beber, e nem deveria mesmo por que você vai beber até cair
então... Eu vou dirigir.

Dei de ombros, por que não ia poder dizer à ela nada mesmo pra ir contra a esse
argumento, mas entre as próximas tequila com ela tagarelando do meu lado...
Acabei por fazer ela ficar quieta.

- Vou te fazer uma proposta indecente... Disse, me levantando e ficando entre as


pernas da Princesinha.

Não estava mais raciocinando direito, então não me julgue....

Ela me olhou com medo, um certo receio, mas ficou curiosa.

- Que proposta? E tome cuidado que estou com suas chaves então posso te deixar
aqui e ir embora... Avisou, apontando o dedo pra mim.

Sorri pra ela, por que apesar do aviso eu sabia que ela iria aceitar.

- Quero que beba de mim!

A Princesinha arregalou os olhos.

- Quer que eu faça o que?! Perguntou, meio estridente, quase gritando.

Dei risada da sua atitude desesperada, por que ela com certeza entendeu outra
coisa, e mexi na sua franjinha.

- É... Nunca brincou assim com nenhum menino?

Eu sabia a resposta, apenas perguntei por perguntar... E quando ela não respondeu
me virei pro balcão e pedi um drink de morango. Sei que é mais doce e jà que ela
estava reclamando do amargo da tequila...

- O que você vai fazer? Perguntou quando o copo redondo parecendo uma piscina
com um morango na borda do copo foi colocado no balcão.

- Vou beber, e você vai beber comigo...

Ela torceu o nariz.

- Não sei não... Disse, olhando pro copo que eu girava no balcão, tinha saído de entre
as pernas dela, mas ia voltar se ela concordasse.
- Ah não é tão forte Princesinha, e é docinho, mas... Deixei no ar o resto da frase
apenas pra deixa-la curiosa.

A Princesinha debruçou sobre o balcão do meu lado, encostando seu corpo no meu.

- Mas o que?

Abri um sorriso, que ela não pode ver graças a eu estar de costas pra ela.

- Mas você vai ter que tomar de mim...

Ela franziu o cenho.

- Como assim?

- Vou te mostrar... Sussurrei, erguendo o copo bonito e coloquei entre seus lábios.

O rosto a Princesinha ainda estava desconfiado.

- Confia em mim Hanna, não vou fazer nada de mais... Disse, persuadindo-a.

A Princesinha respirou fundo, depois bebeu um pouco do copo, e pareceu gostar por
que bebeu mais um pouco e tirei o copo de perto dela...

Antes que tivesse tempo pra engolir o grande gole que tomou coloquei minha boca
na dela.

Não era nada sobre desejo ali... Nenhum pouco... Juro pra você que era apenas sobre
beber da boca dela o drink.

Mas, o problema é que... Que mesmo quando terminei de engolir toda a bebida da
boca dela eu ainda queria manter minha boca na sua e meu corpo onde estava:
Entre suas pernas, só que a Princesinha se afastou do beijo.

- Por que fez isso? A voz dela estava levemente ofegante, então acredito que a afetei
um pouquinho, só espero que de maneira boa, não ruim hoje.

Dei de ombros.

- Por que não? Somos amigos agora, não é?

Ela confirmou com a cabeça.

- É, mas amigos não beijam!


Balancei a cabeça, discordando.

- Amigos sem graça não beijam, qual o problema em um beijo? É só uma língua
batendo na outra, nada demais! Disse, indiferente e rindo pra ela.

A Princesinha sorriu, um sorriso tímido e colocou a franja atrás de sua orelha no


gesto mais meigo que já vi uma garota fazer. Ela só parece... Tão pura. Tão
diferente de mim, mesmo com todos os problemas dela, nunca saiu por ai batendo
em gente desconheccida nem se ralando em uma moto, a Pincesinha sabe controlar
as coisas que sente, ao menos um pouco.

- Quer dizer que eu sou uma amiga legal? Perguntou, toda tímida e desconfiada.

Olhei pra ela, fingindo pensar no assunto, com uma mão no queixo.

- Talvez, deixa eu beber de você de novo pra ter certeza... Disse, querendo brincar
com ela, talvez, mostrar que isso não machuca. Que a brincadeira é apenas isso,
uma brincadeira. Eu queria que ela experimentasse esses momentos comigo, por
mais bizarro que isso possa parecer.

A Princesinha balançou a cabeça, negando, mas sorrindo.

- Da última vez que você me embebedou deu merda... Lembrou ela, gesticulando
com os dedos.

- Ah para com isso, quem vai estar engolindo a bebida vai ser eu, vai fazer cú doce
mesmo? Sei que você tá tão louca quanto eu pra me sentir bebendo de você de novo...
Brinquei, todo convencido, apenas pra que deixasse.

Ela riu.

- Jesus, você realmente está bêbedo! Falou, empurrando meu ombro.

- Ah vá a merda! Gritei pra ela, bebendo o resto do drink que estava realmente
muito bom, escutei-a reclamar do meu lado.

- Não... Eu gostei deste! Disse, meio emburrada.

A Princesinha fez um biquinho fofo e entreguei a ela o morango como um prêmio de


consolação, rindo da sua cara, gostei de faze-la rir, talvez por que me sinta culpado
por praticamente ter forçado ela a ter aquele surto na outra noite, e talvez apenas...
Por que estou gostando de conhecer um lado dela que nunca vi.
Mas meu sorriso se foi quando a vi comendo a maldita fruta. Fiquei sério e quase
babando olhando ela morder devagar o morango e chupar de leve... Parecia delicioso
p negocio vermelho com ela mordendo daquele jeito.

Estava bêbado, mas e dai? Era apenas uma brincadeira, não é?

- Deixa eu provar do seu morango? Perguntei, me aproximando um pouquinho dela.

A Princesinha puxou a fruta pra longe.

- Nem vem! É meu morango! Você já tomou toda a bebida! Disse, rindo, parecia
estar brincando, então entrei nada dela.

- Ah, para de ser malvada, vem cá? Deixa eu experimentar?...

Ela suspirou, mas estendeu o morango pra mim.

- Não assim... Sussurrei, chegando mais perto dela, me encaixando entre as pernas
dela.

- Assim... Afirmei, colando novamente minha boca na sua.

Não estávamos apostando nada, ao menos eu não estava. Estava bêbado e ela era
uma garota bonita... Sim, estou sendo obrigado a assumir que ela é bonita... Então
apenas queria beijar, só isso.

E quando ela retribuiu o meu beijo, afundando sua mão sem morango no meu
cabelo.

Me deixei perder ali naquele momento, nos leves suspiros que sua boca soltava na
minha, nas nossas respirações ofegantes e no modo como seu corpo de mexia de
encontro ao meus, como se quisesse que eu a tocasse mais do que apenas no joelho e
acredite eu queria tocar, só que graças ao bom Deus, mesmo bêbado a cena dela
chorando ficava aparecendo na minha mente, então não fui muito longe, beijei ela
devagar, diferente do que faço geralmente, não queria assusta-la, nem ver ela
chorando de novo, mas também não queria parar de beijar.

Ela tinha gosto de morango, álcool e eu... Gosto de mim... Como se só eu pudesse
estar ali. Bizarro, eu sei, só que foi assim que me senti, perdido, bêbado e
completamente louco de vontade de faze-la minha.
O bar em que estávamos era meio fraco de movimento, ao menos aquele horário
então praticamente só tinha a gente ali dentro e mais algumas poucas pessoas, a
música estava baixa e era algum estilo country...

Me deixei levar, beijei-a por um tempo, mas as vezes eu me lembrava sobre o que
me contou sabe? Eu sabia que não podia ir pra onde eu queria com ela... Eu sabia
que alguma parte queria aquilo, mas... Não queria fazer mal pra ela. Então parei de
a beijar.

A Princesinha me olhou, com uma expressão confusa.

- Algum problema? Perguntou, me olhando enquanto franzia a testa.

Dei de ombros, tentando parecer indiferente mas estava confuso pra cacete, e não
era culpa da bebida.

- Preciso ir mijar...

Ela riu, balançando a cabeça.

- Você é tããão cavalheiro! Disse, toda irônica pra cima de mim.

Me peguei fazendo o que ela fez pra mim na Drink e lhe mostrei a língua enquanto
ia pro banheiro.

Eu precisava realmente ir no banheiro, mas não foi por isso que parei o beijo. Parei
por que... Não tem sentido. Nada do que eu sinto pela Princesinha agora depois do
que sei faz qualquer sentido. Me vejo nela, e estou aprendendo a enxergar um lado
menos bosta que ela tem.

Faz apenas um dia que fizemos essa trégua mas, olha onde estamos pacificamente,
brincando e beijando...

A parte do beijo é que não faz sentido. Eu não sou um cara de beijo... Eu gosto de
outras coisas, gostaria que ela fizesse outras coisas com aquela boca linda, mas isso
ia estregar tudo o que estamos acabando de começar.

Fora isso tem o problema dela com toque... Ela disse que isso de alguma forma faz
suas lembranças voltarem, então nem tenho por que ficar pensando nessa merda.

Admito que ela é bonita e uma das poucas meninas que eu ainda não levei pra
minha cama na escola... Ela e a amiga, claro. Enfim, o ponto é: Ela é algo que
desejo... Pra ter, pra exibir e dizer de boca cheia: Eu peguei porra. Por que depois
daquele show que ela fez na academia todo mundo quer pega-la então ela é um bom
objetivo...

Mas eu não posso! Ela é marcada! Muito marcada... E eu não posso fazer isso. Não
gostaria que mexessem comigo deste jeito se tivesse um passado tão fodido quanto o
dela. E nem mesmo consigo imaginar eu fazendo isso com ela.

Tem algum sentimento em mim agora sobre ela, algo sobre o quanto é uma menina
parecida comigo e pela primeira vez eu era forte suficiente pra proteger alguém
machucado como eu...

Era sobre isso, entende? Sobre ser forte ao menos uma vez pra cuidar de alguém
machucado e... Bom, eu ia protege-la até de mim mesmo e desse desejo estranho que
comecei a sentir por ela naquela noite.

Foi uma noite boa, não me meti em confusões e fiquei o tempo todo com a
Princesinha. Ela até bebeu outro drink como aquele e também comeu o morango de
um jeito fodidamente sexy... Mas, eu estava sendo forte dessa vez. Ia cuidar dela,
falei sério quando disse ao Mestre mais cedo que faria isso apesar de só me lembrar
depois que a beijei desa promessa, eu prometi.

Fomos meio que abraçados pra minha moto, rindo de nada em específico, mas
quando montei na Tara pra dirigir, ela me apertou o ombro, ainda em pé ao lado da
moto.

- Vamos ser prudentes Steven, deixa eu dirigir... Pediu, de uma maneira meiga, com
um olhar bonitinho no rosto, um preocupado comigo...

- Está preocupada?

Ela assentiu.

- Sim, eu estou... Sei que você quer adrenalina, então posso dirigir um pouco acima
dos 120, mas... Deixa eu fazer isso, eu não estou bêbada! Afirmou, e estava certa ela
estava quase sóbria ainda, ia precisar ao menos mais três drinks pra ela poder ficar
bêbeda.

E só por que eu gostei da noite me desloquei sobre a Tara e sentei atrás da


Princesinha que montou na frente.

Tive que dar um sorriso malicioso com isso... Sinto muito, mas eu ainda sou homem,
e a bunda dela estar ali entre minhas pernas não estava me ajudando a ter
pensamentos puros, vocês queriam o que?
Pensei realmente em possuir ela desse jeito, meu peito nas costas dela... Era
excitante então mudei meus pensamentos pra coisas como fígados de boi e motores
de motos.

Quando paramos na casa dela, a Princesinha ficou um tempo me olhando.

- Deixa a moto aqui, vou te levar de carro pra casa...

Balancei a cabeça, negando veementemente. Não tinha necessidade dela me levar


pra casa.

- Sou completamente capaz de ir pra casa! Disse, meio enrolado.

Ela riu.

- Bom, seria capaz de ir se sua chave não estivesse comigo!

A Princesinha sacudiu a chave na mão e suspirei, por que parece que ela ia me
levar.

- Sério mesmo? Ganhei uma babá?

Ela deu um sorrisinho bonito, com um ar preocupado que estava gostando de ver no
seu rosto.

- Ah não, uma babá não ia ser tão legal com você, eu sou só uma amiga
preocupada... Vamos, me deixa entrar e pegar as chaves da Xlt e já te levo...

Eu não queria, mas com ela pedindo assim, quem podia negar? Fora que meu estado
não estava realmente muito bom pra dirigir, então meio que cambaleie até a porta
da casa dela e em pouco tempo ela estava de volta com a chave nas mãos.

A Princesinha me levou pra casa, perguntando sobre meu passado e não quis
responder muito, não gosto de ficar lembrando de tosa aquela merda, aquilo tá
enterrado e só sai as vezes, como hoje a noite, mas não preciso ficar falando, nem
lembrando disso o tempo todo, quando não respondi a última pergunta dela a
Princesinha suspirou.

- É mais fácil lidar com os seus problemas que os meus sabe? Não por que o que você
passou não tenha sido horrível, mas por que... Por que pensar no problema de outro
alguém é apenas melhor do que pensar no meu...

Ela suspirou, olhando pra estrada, parecia triste... E ficou com esse olhar durante
um tempo até eu me irritar e me manifestar:
- Quer saber? Que se foda toda essa merda! Isso morreu há tempos atrás
Princesinha, deixa essa porra no passado! Disse, cruzando os braços por que estava
irritado, irritado que algum filha da puta que eu nem conheço tenha tirado o sorriso
bonito que ela esteve a noite toda.

Hanna me olhou por um momento, depois balançou a cabeça, voltando seus olhos
pra estrada.

- Eu odeio quando você me chama de Princesinha, você sabe meu nome, certo?

Sorri pra ela, gostando da mudança de rumo da conversa e de ver seu sorriso bonito
voltando ao seu rosto.

- Sei Hanna, mas Princesinha combina mais com você...

Ela revirou os olhos verdes.

- Babaca combina mais com você também, mas como é ligeiramente ofensivo estou
tentando te arrumar outro apelido...

Dei risada, pelo seu tom e entrei na brincadeira.

- Que tal Gostoso? Perguntei, brincando e sorrindo com a ideia, eu gostaria se me


chamasse assim.

Ela me deu um olhar mortal com o canto do olho e pensei: Porra nem parece que
gente se beijou... Isso é bom, ou ruim?

Tipo, é bom por que não ficou aquele clima chato, parece que ela nem mesmo se
lembra disso, nem parece estar pensando nisso como eu estou fazendo, mas também
é ruim por que... Por que bom, parece que eu beija-la não a afeta do jeito omo eu
queria que fizesse, nãoestou fazendo o mínimo sentido né? Acho que só estou
bêbado mesmo.

Balancei a cabeça pra me livrar dos pensamentos e lembrei de algo que talvez a
Princesinha gostasse.

- Tinha um cara gay numa festa uma vez, e ele ficou me perseguindo a noite toda,
aquela bicha me chamava de "Tivie" o tempo todo...

Minha declaração teve o efeito que eu queria e a Princesinha caiu na gargalhada me


fazendo rir com ela.

- Então você odeia o apelido "Tivie"como eu odeio "Princesinha"?


Assenti pra ela.

- Pois é... Me chame assim se quiser me irritar, eu nem mesmo sei por que "Tivie"
mas o som que isso faz me deixa puto...

- Tivie... Disse ela, meio baixinho com um riso na voz.

Era pra me deixar puto por que eu lembro do Harry a cada cinco minutos do dia
depois daquela festa me enchendo e dizendo: Oh Tivie, eu queria que você me
fudesse de tantas formas... Oh Tivie, não me ignore, deixa eu te chupar e coisas
escrotas do tipo.

Mas na boca dela soou bonitinho, eu tive que abafar um sorriso que surgiu no meu
rosto quando escutei ela dizer a porra do apelido.

- Pronto, está em casa!

Abri a posta do carro pra descer, mas parei quando escutei ela me chamando.

- Tivie? Chamou, me fazendo olha-la.

- O que?

A Princesinha sorriu pra mim e senti um arrepio me percorrer inteiro quando


lembrei da sua boca na minha no bar.

- Não brigue com a sua mãe, entendo o que ela fez sabia? Ela queria apenas cuidar
de você... Com base no que você me contou ela ainda tentava te proteger, minha
mãe? -Ela deu um sorriso triste agora, que me fez querer atravessar a distância
entre nós na camionete e beija-la de novo só pra não ver aquele sorriso entristecido.

- Ela nem se quer se importava comigo, eu implorava à ela pra me tirar de perto
daquele homem, as vezes ela até assistia o que ele fazia comigo... Uma vez, ou outra
ao longo dos seis anos ela dormiu comigo quando estava sangrando, mas na maior
parte ela não ligava... Sua mãe se importa com você, deveria ao menos... Tentar
perdoa-la.

Pisquei algumas vezes pra absorver o que ela disse, e a tristeza com que diss aquilo
tudo me fez ficar muito culpado por maltratar minha mãe e complementamente
puto com a dela.

- Você perdoou a sua? Perguntei, por que fiquei curioso.


Se eu nem consigo perdoar a minha por se prostituir e me deixar assistir ela ser
espancada, nem imagino como odiaria a filha da puta que me visse sangrar sofrendo
todo o tipo de abuso...

Hanna sorriu pra mim, se envolvendo com os braços.

- Perdoei... As vezes eu até sinto falta dela, não de casa... Mas da minha mãe, queria
que alguém me aconselhasse sabe? Sobre... Sobre como ser menina.

Seu olhar ficou distante de repente, depois ela suspirou.

- Ser adotada pelo Chad, foi o melhor que aconteceu pra mim, eu o amo tanto... Mas,
ele não é mulher, não posso conversar com ele sobre tudo... Pelo menos eu tenho a
Alex que faz o papel de mãe na minha vida.

Fiquei de boca aberta. Ela perdoou, e quer alguém pra conversar. Não sei bem sobre
o que, mas acho que ela quer falar sobre o que acontece com ela, os surtos talvez. E
pensei: Quem melhor que minha mãe pra conversar sobre abusos?

- Quer minha mãe emprestada um dia desses? Arrisquei, por que quem sabe? Talvez
ela apenas precisasse de alguém que entedesse e ai talvez ela podia... Não sei, ficar
mais calma em relação a eu toca-la, sei que é um pensamento egoísta, por isso o
descartei rapidamente.

Mas, a Princesinha sorriu, aquele sorriso bonito que fez cada parte minha apertar
de vontade... Muitas vontades que eu nem mesmo poderia ter.

- Ela parece uma boa mãe... Está disposto a dividir?

Dei à ela meu sorriso mais bonito, tentando e falhando, em controlar aquele desejo
crescente em mim.

- Claro, quer vir aqui esse final de semana pra falar com ela?

Hanna balançou a cabeça.

- Você está falando sério? Sério mesmo?

Assenti pra ela, feliz por ver a alegria com a ideia de falar com a minha mãe
presente em seu olhar.

- Claro, minha mãe ia adorar, ela... Ela vive dizendo que não tem nenhuma amiga
com quem conversar, de repente vocês ficam amigas...
Acho que vi o maior sorriso do universo no rosto da Princesinha.

- Isso é sério mesmo? Quer dizer, não acha que ela vai achar meio estranho eu na
sua casa?

Balancei a cabeça, sorrindo maliciosamente.

- Ah Princesinha, minha mãe já viu e ouviu tantas garotas na minha casa que...
Você provavelmente vai ser o mais normal pra ela.

O sorriso de Hanna diminuiu consideravelmente com o que disse, mas fiquei meio
sem entender o por que e com o álcool no meu sangue não consegui pensar em
nenhum motivo.

- É claro, você ainda é o cafajeste... Disse, como se estivesse contemplando algo.

- Eu vou vir apenas pra falar com sua mãe, está me ouvindo? Vou ficar bem longe do
seu quarto!

Eu poderia, poderia desfazer dela, dizer alguma merda que a iria magoar... Mas
quis seguir outro rumo já que estávamos sendo amigos agora e ainda estou tentando
entender que porra estou sentindo por ela agora. Fora isso, fiquei feliz dela pensar
na possibilidade de ir ao meu quarto, apesar de que agora com tudo o que sei dela, e
de... Estar pensando naquele momento sobre a hipótese de leva-la, não posso.
Simplemesmente não posso.

- Pode ficar tranquila, vou deixar a porta trancada... Disse, piscando pra ela antes
de descer da Xlt.

Hanna sorriu pra mim.

- Boa noite... Tivie...

Senti um aperto entre minhas pernas, mas me contive pra não ter uma ereção...

Tudo bem, vou assumir pra você que quero ela, mas não vou pegar. Não vou por que
por mais bonita, e sexy que parece agora pra mim, é exatamente assim que eu
estragaria as coisas:

Sendo um fraco e esquecendo que ela tem que ficar com um cara legal, que vá dar
valor a sua primeira vez... Ela me disse que nunca esteve com ninguém depois de
crescer, então agora matei a minha curiosidade e sei que ela é machucada, mas não
virgem, ela... Ela perdeu ainda pequena, sendo torturada.
Então eu não vou tocar o dedo nela, não posso. Eu tenho que protege-la... Cuidar
dela, ser forte por ela, pra ela... Mesmo que o único motivo palpável que eu encontre
pra essa merda de sentimento é que não quero ser fraco... Mas, sei que tem mais
que isso, eu apenas não sei o que é...

Enfim, minha mãe estava na cozinha, limpando o balcão. Provavelmente estava


nisso desde de que eu sai, ela adora manter tudo brilhando.

- Oi... Disse, meio enrolado pela bebida, mas já estive pior.

Minha mãe suspirou.

- Dirigiu neste estado?

Ela praticamente gritou e eu balancei a cabeça.

- Não a Hanna veio me trazer mãe, relaxe... Estou bem. Disse, me sentando no
balcão.

Dona Alicia me avaliou, depois soltou algumas lagrimas de seus olhos.

- Eu sinto muito! Te pedi perdão mais de milhões de vezes em todos estes anos,
estou pagando pelos meus pecados com essa maldita doença Stivie, por favor... Pare
de se punir por que isso pune a mim também!

Pela primeira vez, em um longo tempo eu atravessei o balcão e a abracei. Por que...
Ela é minha mãe, e é tudo o que tenho. Ela cuidou de mim, não me abandonou como
provavelmente devia ter feito... Ela é boa e está passando por essa merda de doença
agora também, a doença sempre esteve presente e eu sempre ignorei por que... Por
que odeio que ela seja doente por causa dquele bosta do meu pai que a deixou!

- Está tudo bem mãe... Tudo bem, eu tô legal...

- O que isso quer dizer? Perguntou, secando todas as suas lágrimas antes que
qualquer uma delas entrasse em contado comigo.

Suspirei.

- Quer dizer que te amo mãe...

Ela sorriu, então chorou nas mãos pra evitar me molhar com suas lágrimas, depois
me abraçou apertado.

- Oh filho... Eu te amo tanto, você é minha vida...


Deixei escapar uma lágrima com a declaração sincera dela, mas rapidamente a
sequei... Por que de jeito nenhum eu ia ser u bêbado sentimental.

- É... Mãe, aquela menina que veio comigo mais cedo... Ela... Ela não tem mãe sabe?
E... E eu recentemente descobri que... Que ela... Bom, que ela é meio machucada,
então convidei-a pra vir conversar contigo no sábado... Disse, pra mudar o assunto
quando me separei dela.

Dona Alicia me olhou meio desconfiada.

- Uma garota? E aquela não é filha do Chad? A sua rival desde sempre?

Sorri pelo tom macabro que ela usou ao falar isso e o modo como estava brincando
comigo.

- É, mas... Estamos tentando ser amigos e ela... Ela disse que sente falta da mãe,
não estou pedindo pra ser mãe dela dona Alicia, apenas... Pode conversar com ela?
Talvez vocês virem amigas...

Minha mãe sorriu, um sorriso orgulhoso.

- Me diz que você está finalmente gostando de alguém Stevie?

Balancei a cabeça enfaticamente, várias vezes.

- Não! Não e não! De jeito nenhum, mas ela é uma garota machucada mãe... Sofria...
Sofria abusos...

Os olhos da minha mãe imediatamente se encheram de ternura.

- Oh... Eu... Eu entendo, pode traze-la que vou conversar com ela.

Sorri pra minha mãe, depois lhe dei um beijo, a abraçando apertado antes de ir
dormir.

Quando cai na cama, tomei consciência deste dia... Eu acabei de perdoar minha
mãe, e beijei a Princesinha... Pior, gostei de beija-la. E estou lutando agora pra lhe
dar um conforto sobre o que ela sente que é o abuso que sofreu, aconteceu isso com
minha mãe algumas vezes e talvez seja exatamente por isso que quero proteger a
Hanna, por que naquela época eu não podia fazer nada pela minha mãe, agora posso
e vou tentar mante-la segura dos seus surtos e o que mais a atormentar.

Maluquinha- Hanna.
Ele foi legal comigo a semana toda, a gente brincou, riu histericamente e ele me fez
rir como uma louca também... Temos passado mais tempo juntos sem ser no
trabalho voluntário e os trabalhos da escola.

Ele vai correr comigo na praia, apostamos corrida e ele perde... Por que ele é um
péssimo corredor, mas depois fica achando uma desculpa tipo: Não queria te deixar
constrangida com meus dotes.

Ridículo, eu sei... Mas ainda assim é legal. A gente tem até trocado algumas
mensagens, geralmente falando sobre nada em específico.

Tudo começou por que ele me mandou uma carinha e me disse pra adivinhar qual
era a música... Depois ficamos rindo e tentando advinhar as charadas um do outro,
acho que criamos nosso próprio código... Sei lá.

Sei que estou feliz estes últimos dias... A gente fala sobre o nosso passado ainda,
mas eu evito muito contar quais eram os tipos de tortura e ficar me lembrando da
dor. Ele é quem tem falado mais, disse que sua mãe ficou feliz com a ideia de me ver
então no sábado coloquei um vestidinho azul céu, com algumas missangas nas alças.

É um vestido velho e é uma saída de praia na verdade, mas achei que estava legal
pra ir a casa do Steven, ele disse que depois íamos a praia mesmo.

- Ei... Está bonita filha, onde vai? Perguntou o Chad, me olhando descer as escadas.

Eu não acho que estava tão bonita assim, meu cabelo estava alto em um rabo de
cavalo e tinha alguns grampos pra prender minha franja. Não estava maquiada,
apenas um gloss leve nos lábios e um pouco de rímel, estava de rasterinha... Pra
mim não tinha nada demais com minha roupa.

- Estou normal pai, eu vou a casa do Steven... Falar com a mãe dele...

Chad me olhou confuso quando falei sobre falar com a mãe do Steven.

- É que... Eu meio que confessei pra ele que sentia falta de uma opinião feminina às
vezes...

O olhar do meu pai continuou confuso.

- Pai eu... Sinto falta da minha mãe...

O esclarecimento tomou conta de seus olhos e ele se aproximou de mim, me


abraçando.
- Oh pequena.... Você nunca fala dela...

Respirei fundo, contendo minhas lágrimas.

- Exatamente pai, eu quero falar com alguém sobre minha mãe... Sobre umas coisas
novas que venho sentido... E a Alex é uma ótima amiga, mas queria... Alguém mais
experiente...

Chad sorriu, me apertando perto de si.

- Entendo Pequena, tudo bem... E depois você vai fazer o que?

- Praia com o Steven...

Chad riu.

- Vocês estão passando bastante tempo juntos esses últimos dias né?

Assenti pra ele.

- Temos, por que? Isso tem algum problema?

Chad balançou a cabeça.

- Não, gosto do Steven... Apenas não se deixe vencer pelo charme daquele garoto!

Revirei os olhos.

- Claro que não pai, estamos apenas tentando ser amigos! Expliquei, o que eu acho
que é verdade.

Chad arqueou uma sobrancelha, depois olhou pra minha roupa.

- Não parece que está indo apenas ver um amigo!

Bufei, balançando a cabeça por que simplesmente não tem nada haver uma coisa
com a outra.

- Ai pai, para com isso! Disse, pegando uma maçã no balcão e saindo pela porta.

- Te vejo mais tarde... Gritei antes de sair, não sei se ele respondeu.

Entrei na Xlt e fui escutando músicas até a casa do Steven. Eu trouxe uma torta, na
verdade parei pra comprar no caminho pra cá...
Nem sei por que estou tão nervosa, talvez por que a mãe do Steven pode ser uma
figura que eu preciso, alguém bom... E que... Que me ajude a entender o que tem
acontecido comigo ultimamente.

Eu não comentei com o Steven, mas não paro de pensar nele... Nenhum pouco. Fico
lembrando da noite em que nos beijamos naquele bar... Em como aquela noite eu
não senti medo... E em como fiquei decepcionada quando ele voltou do banheiro e
não me beijou mais.

Sim, eu acho isso estranho, mas não vou contar essa parte pra mãe dele... Apenas,
vou falar sobre um garoto, talvez até fale que é o Stefan...

Enfim, toquei a campainha e logo uma figura de cabelos acobreados surgiu. Era a
mãe dele... Ela é tão linda...

Fiquei pensando se eu posso perguntar em como ela lidou com a coisa de ser
prostituta, eu sei que quem trabalha com isso sente como se estivesse sendo
violentada toda noite mesmo que seja paga por isso. Pensei em perguntar, mas não
sei se devo.

- Oi! Disse ela, radiante, sorrindo e secando as mãos no avental pendurado em seu
corpo.

Sorri pra ela, segurando a torta na mão.

- Oi senhora... É... Trouxe torta. Disse, sorrindo de maneira nervosa.

Ela me deu um sorriso grande, bonito, parecia menos preocupada hoje do que da
primeira vez que a vi.

- Oh meu anjo, não precisava, mas obrigado... Entre, o Steven está lá no fundo
mexendo naquela moto... Falou, revirando os olhos, mas sorrindo com carinho pra
mim.

Dei risada e entrei na casa. Era tudo tão brilhante... Mesmo que não houvessem
várias janelas pro sol entrar, tudo brilhava ali dentro como se o sol estivesse em
cada parte da casa.

E era tudo muito próximo também, tinha uma escada grande de madeira
envernizada, que ficava ao lado da cozinha cheia de adornos e adesivos colados nas
paredes coisas fofas, tinha até mesmo uma vaca leiteira colada na geladeira prata.

Parecia tudo tão simples e limpo, tão aconchegante... Gostei de verdade do lugar.
- Senta... É... Hanna, né?

Assenti pra ela e me sentei em um banquinho me escorando no balcão de granizo


escuro ali.

A mãe do Steven parecia uma excelente cozinheira, estava até mesmo usando luvas.
E seja lá o que estivesse fazendo tinha um cheiro muito bom.

- A senhora cozinha há muito tempo? Perguntei, por pura curiosidade.

Ela parecia tão certa de tudo o que estava fazendo e dos ingredientes que pegava,
como se nem precisasse pensar na receita.

O Chad é quem cozinha em casa e ele é bom cozinhando, mas sempre precisa de
uma receita por perto, a mãe do Steven não parecia ser assim.

Ela parou um minuto pra colocar minha torta na geladeira, depois se escorou no
balcão, sorrindo pra mim.

- Não me chama de "senhora" me sinto meio velha e acabada quando as pessoas me


chamam assim, tipo o diretor da sua escola sabe? Ele sempre me chama de senhora,
mas o senhor é ele... Então, me chame apenas de Alicia.

Sorri pra ela, principalmente pelo tom brincalhão que ela usou ao falar aquilo.

- Tudo bem, Alicia.

Ela sorriu, toda radiante, emanando vida e carinho. Ela era uma mulher tão linda, e
verdadeiramente jovem, devia ter a mesma idade do Chad, uns trinta e qualquer
coisa, isso se ela não fosse mais nova.

- Isso Hanna, assim é melhor e respondendo a sua pergunta: Eu sempre cozinhei,


meus pais tinham um restaurante quando eu era mais nova, então aprendi a
cozinhar desde sempre, está no meu sangue... Disse, mostrando o pulso como se a
resposta pra tudo estivesse ali.

Foi inevitável não sorrir pra ela, a Alicia parecia... Encantadora, de todas as formas
possíveis.

- E você minha linda, sabe cozinhar? Perguntou, me olhando com aqueles olhos mel
enormes e intensos.

- Eu tento... Disse, meio envergonhada.


Eu cozinhava, algumas coisas, mas... Não era uma grande cozinheira.

Alicia sorriu.

- Bom, vem cá me ajudar? Pediu, e eu fui obviamente.

- Pode cortar os legumes pra mim? Ou prefere fritar a carne?

Peguei a faca que ela estava me estendendo.

- Prefiro os legumes... Disse, olhando meio com medo pra panela no fogo.

Eu detestava fritar as coisas, tenho medo que o óleo pegue fogo e me queime...

Alicia riu, depois foi pro fogão enquanto eu cortava os legumes.

- A senhora quer que eu corte em cubinhos, ou rodelas? Perguntei antes de cortar a


cenoura.

- Você quem sabe Hanna, mas não me chame de senhora... Disse, segurando meus
ombros.

Ela tinha quase minha altura, o que me faz pensar que o Steven puxou a forma e o
tamanho pro pai... Seja quem ele for. A Alicia parecia pequena, e frágil de algum
jeito sabe? Lembrou a mim um pouco, não a minha mãe, mas a mim...

- Tudo bem, vou cortar em rodelas por que é mais fácil.

Ela riu, me olhando com a cabeça no meu ombro, como se me conhecesse há tempos,
como se eu apenas fosse sua filha lhe ajudando na cozinha... Gostei disso.

- Foi o que pensei... Disse, sorrindo pra mim antes de me dar mais um aperto nos
ombros e ir olhar a carne no fogo novamente.

Ficamos ali, brincando uma com a outra e ela nem tocou no assunto meus
problemas, e gostei disso... Desse momento normal sabe? Parecia apenas que
eramos amigas, e isso foi bem legal.

Eu ainda estava cortando em fitinhas um alface quando o Steven entrou.

- Mãe, eu vi o carro da Hanna...

Ele parou quando me viu ali na cozinha, e eu... Eu me senti muito envergonhada
por parar com o que estava fazendo e ficar olhando pra ele boba daquele jeito, mas...
Gente...
Steven estava em uma calça jeans bem surrada, manchada de graxa e estava
secando o rosto com uma camiseta, que provavelmente era a que estava usando
antes de tira-la... Tinham algumas manchas de graxa na sua barriga também,
marcas da sua mão provavelmente.

Ele parecia um modelo sexy de revista, aquela revista pra gays sabe?

Por isso mesmo me senti muito estranha de olhar pra ele e pensar essas coisas... O
que em nome de Deus estava acontecendo comigo?

- Hey... Você está aqui! Disse, se aproximando da cozinha.

Dei um sorriso meio envergonhado pra ele, dando graças a Deus por ele não saber o
que penso. Mas ele parecia, muito bonito ali sem camisa, exibindo o corpo todo
sujo...

Balancei a cabeça pra me livrar desses pensamentos estranhos.

- Oi... Disse, baixinho enquanto olhava pro alface pra não olhar a figura suja e
bonita ali na minha frente.

- Oi.

Quase dei um pulinho quando senti ele me dar um beijo no rosto, me assustou, mas
depois de sentir o lábio dele ali na minha bochecha fiquei queimando, onde ele
beijou ficou queimando.

- Hum... O que estava fazendo? Perguntei, pra pensar em outra coisa e evitando
olhar pro corpo dele.

Mas era difícil já que o Babaca era maior que eu e estava meio próximo demais
neste momento, meus olhos batiam um pouco abaixo de seu peito, como eu ia olhar
pra outro lugar?

- Estava consertando um problema na Tara... Faz tempo que está aqui?

Assenti pra ele.

- Um pouco, dá pra ficar longe de mim? Você está todo sujo, vai acabar me sujando...
Disse, apontando com a faca pra ele pra que me desse algum espaço e pincipalmente
pra que eu parasse de olha-lo.

Steven riu, depois passou a mão suja no meu rosto.


- Opa... Desculpa... Disse, todo maldoso.

Não sei se ele realmente me sujou, mas acho que sim então lhe bati com a lateral da
faca no braço, não o cortei, mas fez-se um estalo quando a faca bateu na sua pele.

- Idiota! Gritei, tentando limpar meu rosto.

Ele riu.

- Vem cá, deixa eu limpar... Disse, quando viu que eu não estava tendo sucesso em
tirar a graxa do meu rosto.

Steven passou a camiseta no meu rosto e ela estava fedendo a alguma coisa.

- O que tem nessa camiseta? Perguntei, quando ele terminou de me limpar.

- Gasolina...

Olhei pra cara dele, completamente incrédula.

- Passou uma camiseta com gasolina no meu rosto?! Qual o seu problema?

Praticamente gritei as palavras enquanto me lavava na pia, a Alicia olhou pra mim,
balançando a cabeça, mas estava rindo, assim como o Steven que ria histericamente
da minha cara.

- Seu idiota, vou matar você... Disse, pegando a faca no balcão.

Obviamente não ia o matar, só estava brincando e com raiva por ele estar rindo da
minha cara.

Ele correu pro outro lado do balcão, ainda rindo.

- Olha mãe, você não vai dizer nada? Perguntou, quando quase acertei sua mão em
cima do balcão.

Escutei a Dona Alicia rir atrás de mim.

- Vou, parem crianças! O almoço está quase pronto, sobe e vai tomar um banho
Stevie... E a Hanna, volte a cortar o alface pra eu poder fazer a salada...

Lhe dei um olhar mortal antes de voltar pra minha tarefa e o Babaca subiu pra
tomar um banho que ele estava precisando... Mas, não posso mentir: Fiquei com
vontade de que ele ficasse daquele jeito, sem camisa e cheio de graxa o dia todo...
Isso não era normal, era?
- Vocês parecem se gostar agora... Disse a Alicia, me acordando dos meus
pensamentos.

Tinha acabado de cortar a alface e estava sentada no balcão enquanto ela


temperava a salada.

- É, a gente tem se dado melhor agora...

Ela sorriu.

- Ele não costuma trazer meninas aqui e bom... Brincar assim como fez com você,
estou gostando de ver ele tão calmo, nos últimos dias ele mal saiu pra beber e
quando foi estava bem mais sóbrio que normalmente... Acho que a amizade de vocês
faz bem pra ele.

Foi difícil não sorrir, fingir que aquilo era apenas normal, mas... Confesso que gostei
de escutar sua mãe me dizer que eu fazia bem pro Babaca, o por que disso eu já não
sei, mas gostei. Me fez sentir importante.

- É, também me faz bem ser amiga dele... Acho que a gente devia ter sido amigos
desde sempre. Desde que nos conhecemos, mas era mais fácil brigar um com o outro
do que assumir que nós tínhamos problemas...

Alicia me olhou por uns momentos, acho que percebendo como minha voz diminiu
consideravelmente quando falei sobre "problemas".

- Eu sinto muito, sabe? Por... Por tudo o que você passou e sinto muito pelo Steven
também, por isso não o prendo, nem julgo certas coisas que ele faz que acho errado,
acho que ele já passou por muita coisa por minha culpa pra eu ficar... Bom, ficar
julgando ele.

Assenti pra ela.

- Entendo como é, ele sofreu bastante né?

Dona Alicia fez que sim com a cabeça.

- Sofreu, sempre achei que ele sofria mais por não poder me proteger do que por
qualquer outra coisa... E tudo o que sempre tentei fazer foi cuidar dele.

Ela soltou um suspiro, secando uma lágrima que escorreu por seu rosto.

- Ele não é um mau menino, é apenas...


- Machucado. Completei quando ela parou de falar.

Alicia me deu um sorriso.

- Exatamente, mas e você? Ele me disse que você... Sente falta da sua mãe, quer
falar sobre isso?

Dei um sorriso fraco à ela.

- Eu sinto... Não deveria, mas eu sinto, sabe? Minha mãe era meio maluca eu acho,
acho que ela enlouqueceu depois da morte do meu pai e... E bom, deixou tudo aquilo
acontecer comigo... Eu só... As vezes preciso de alguém pra me dizer alguma coisa,
me ajudar com as coisas que sinto...

Revirei os olhos.

- Nem sei se isso faz sentido.

Ela sorriu, pegando minhas mãos sobre o balcão.

- Faz todo o sentindo Hanna, ela era sua mãe é normal você sentir falta...

Sorri pra ela.

- Não é que eu não ame o Chad, eu amo muito... Ele é mais que meu pai sabe? Mas...
As vezes eu não me entendo, não entendo todos os sentimentos confusos que tenho...
Na maior parte do tempo me sinto uma estranha, anormal e queria muito ser
normal, lidar com meu passado de outra forma que não surtando.

Eu já havia dito tudo isso pros psicólogos, mas tudo o que eles dizem é tão decorado
que tive esperança de que a Dona Alicia me dissesse algo diferente.

- Sabe? Quando... Quando eu vivia naquela vida... Eu me sentia mal também


Hanna, eu entendo como é não querer alguém te tocando e ter que suportar aquilo...
E fiquei pensando sobre você quando o Steven me contou, é bem mais difícil se
livrar das memórias quando somos crianças e coisas horríveis acontecem com a
gente, mas se eu sei de alguma coisa, é que uma hora isso passa sabe? Não as
lembranças, mas os surtos, o pânico, o medo... Você só precisa... Confiar em você
mesma pra que isso passe. Tem que dizer pra si mesma que está tudo bem, que
aquilo que você passava ficou no passado e acreditar de verdade nisso, acreditar com
tudo o que você é, então as coisas vão ficar no passado.
Sorri pra ela, principalmente por que enquanto falava ela acaricou meu rosto, como
uma mãe realmente. E disse bem mais que qualquer psicólogo já havia me dito.
Será que se eu escutasse os conselhos dela eu ia melhorar? Ia... Ia conseguir deixar
meu passado pra trás?

Não sei, mas eu espero verdadeiramente que sim.

- Agora vamos falar de outra coisa, vamos falar de coisas felizes e do presente está
bem?

Assenti pra ela, sorrindo.

- Você está namorando? Perguntou, com um sorriso meio maldoso no rosto.

Ela me lembra um pouco a Alex, cheia de vida, energia, feliz... Erradia felicidade,
juventude... É bem legal ver uma mãe sendo assim.

- Digamos que mais ou menos...

Alicia riu.

- E como se namora mais ou menos?

- Eu sou péssima nessas coisas de namoro, relacionamentos e etc... Eu sinto muita


vergonha de tudo, tenho muito medo de acabar surtando então eu não namoro
realmente, mas acho que estou gostando de um garoto...

Ela sorriu, me dando um tapinha na mão.

- Hum... E qual o problema?

Respirei fundo, pensando: Ok, este é o momento pra você descobrir algumas coisas
sobre o que você sente, vindo de alguém mais experiente e não da Lex.

- O problema é que não sei se gosto realmente... Ele... É meio complicado, me sinto
bem perto dele, mas ao mesmo tempo sinto que estou fazendo tudo o que não devia
quando estou perto dele, quando penso que ele é bonito... Me sinto confusa, sei lá...
As vezes acho que ele nem sabe que eu existo...

Alicia riu, enquanto colocava a toalha na mesa.

- Quando eu era mais nova, me sentia exatamente assim...


- Sério? Perguntei, sorrindo por que se alguém se sentia assim não era tão
estranho... Era?

- Sim, eu gostava muito de um garoto, meu primeiro amor... Ele era mais velho,
muito popular, lindo e intocável, as vezes eu sentia que ele nunca ia olhar pra
mim...

Ela parou, pegando alguns pratos no armário preto da cozinha.

- E o que aconteceu?

- Ele me viu... A gente começou a namorar e todas as coisas se encaixaram... Mas ai


eu engravidei e ele foi embora.

Uou, achei que o Steven... Melhor, deduzi que o pai do Steven fosse um dos clientes
dela... Então, não era? Nossa...

- Seja quem for o garoto que estiver gostando Hanna, acho que ele vai olhar pra você
e ver uma menina linda que você é e vai acabar se apaixonando... E não
necessariamente sua história precisa ser como a minha!

Bom, ao menos ela estava sendo positiva... Mas, e se o Steven simplesmente, não
fosse pra mim?

- E se... Se ele não for o cara certo pra mim?

Ela sorriu carinhosamente.

- Então outro garoto será, a gente tem o costume de acreditar que amor é apenas
uma vez e é pra sempre... E o AMOR realmente é assim, mas os jovens se
apaixonam muito, você vai gostar de muitos garotos ainda...

Respirei fundo antes de fazer a pergunta de um milhão de dólares que estava me


matando.

- E se... Se eu realmente acabar amando esse garoto?

Ela sorriu, e segurou na minha mão sobre o balcão.

- Então ele é um menino de sorte! Disse, me fazendo carinho na mão. Depois


arqueou uma sobrancelha.

- Posso saber o nome deste menino?


Mordi minha boca quando escutei a pergunta, mas estava decidida a não deixa-la
saber quem exatamente era o cara que eu acabava que estava gostando, então dei
de ombros.

- Ele se chama Stefan, é mais velho que eu, por isso não acho que... Que vá gostar de
mim. Menti, muito naquele momento, mas o que ia dizer?

Acho que estou gostando do seu filho e me sinto um lixo completo por estar achando
isso por que ele não presta?

Eu nem mesmo sei se estou gostando do Babaca, apenas acho que ele é bonito... Mas
ele ainda é um babaca, não posso estar gostando dele... Isso não faz o mínimo
sentido.

- Ah Hanna, como eu disse, acho que ele vai acabar olhando pra você e se
apaixonando.

Sorri pra ela, meio sem efeito e mudamos de assunto, graças ao bom Deus por que
eu já não sabia mais o que dizer.

 Babaca-Steven:

Fui tomar um banho, por que realmente precisava. Fiquei alguns minutos de baixo
da água e me surpreendi por pensar na Princesinha enquanto estava lá...

Mas, devo assumir que gostei de como a Princesinha está vestida hoje.

É um vestido simples, e larguinho, ficou bem bonito nela.

Os últimos dias com a Princesinha vem sido bem legais, eu ainda a irrito, mas agora
apenas pra brincar, não pra machuca-la realmente.

Gosto de passar um tempo com a Hanna, tenho entrado em menos problemas


quando saio da cidade, mal tenho bebido esses últimos dias, tenho mais... Mais
saído pra pilotar a Tara. Correr e ver a noite.

É bom ter alguém pra conversar, gosto de falar com a Princesinha... Ela entende.
Ela não me julga quando digo que quero voltar ao lugar onde eu e minha mãe
morávamos e matar um por um dos caras que a machucaram, ela apenas escuta.

Gosto de estar perto dela e de me sentir forte quando ela fala, bem pouco, mas
quando fala sobre o que acontecia com ela... Ela sempre acaba me abraçando, ou
deitando a cabeça no meu ombro e gosto de sentir que ela acha que sou um porto
seguro...

Nem sei se toda essa merda faz algum sentido, mas pra mim faz ta legal?

Fui descer as escadas quando acabei de tomar banho e peguei o final da conversa da
Princesinha com minha mãe.

- Então ele é um menino de sorte... Posso saber o nome deste menino?

Elas deram uma pausa antes da Princesinha responder.

- Ele se chama Stefan, é mais velho que eu, por isso não acho que... Que vá gostar de
mim.

Stefan? Mas... O Stefan baba na Princesinha, não é?

Sim é, ele baba na Princesinha, então por que ela acha que ele não vai gostar dela?

Vou assumir que não gostei de saber que ela gosta de um garoto... Eu ainda... Ainda
tem aquela pequena faísca de desejo em mim, mas o Stefan é um cara legal né? Um
bom, que vai valorizar a Princesinha de um jeito que eu nunca vou fazer... Até por
que, meu lance com ela é desejo.

Eu não gosto dela... E ela merece mais que isso. Sabe que nos últimos dias eu passei
a entender o que Stefan tinha dito?

Sobre eu não a merecer, eu realmente não mereço, só não sei como foi que ele
percebeu que eu a desejo... Mas o fato é que: Olho pra ela e penso em joga-la na
minha cama e transar com ela até sentir ela gozar pra mim...

Então não a mereço realmente, nem mesmo mereço ela como minha amiga por que
as vezes quando corre comigo, naquele shortinho curto e lindo fico paquerando a
bunda dela, o corpo dela... Pensando em tudo o que eu podia fazer. Não é uma coisa
que amigos pensam um do outro, é?

Enfim, tenho entendido algumas coisas e ficado confuso com outras, tipo agora,
estava completamente confuso do por que ela acha que o Stefan não gosta dela...
Mas falo com ela sobre isso depois.

- E ai? Do que as duas estão falando? Perguntei, descendo as escadas um pouco


depois que elas mudaram de assunto pra não perceberem que ouvi parte da
conversa.
- Sobre doces, qual seu favorito? Perguntou a Princesinha, sorrindo pra mim.

Ela tem um sorriso bonito, estou gostando de ve-la sorrir por esses dias, sorrindo ela
não parece tão rabugenta, tão de mal humor.

- Chocolate... Respondi, praticamente de instantâneo.

Chocolate é bom, principalmente quando se está triste. Tudo bem que não como
muito, mas enfim...

- É eu também gosto muito de chocolate, principalmente se for chocolate com


morango... É muito bom. Disse, lambendo a boca como se estivesse com vontade de
comer aquilo.

Eu tenho que parar de ver os movimentos da Hanna em câmera lenta, sempre


parece tão boa a boca dela... Queria me colocar ali dentro pra saber se é realmente
bom... Mas, não dá. Não com a Princesinha.

- Verdade, muito bom... Rebati, meio maldoso, mas não acho que a Princesinha
sacou.

Nós almoçamos, brincamos e rimos, nunca vi minha mãe mais feliz e radiante como
aquele dia.

Ela estava bem essa semana, não tinha crises graças a sua doença há alguns dias
então estava bem e fiquei feliz de ver que ela e a Hanna se deram bem.

- Volta mais vezes Hanna, gostei de ter você aqui amor...

A Princesinha sorriu pra ela, lhe dando um abraço.

- Obrigado por tudo Alicia, eu venho mais vezes se o Tivie me convidar...

Minha mãe arqueou uma sobrancelha na minha direção quando escutou ela dizer
"Tivie" e eu dei de ombros.

- Você pode voltar quando quiser Hanna, mesmo sem ele convidar, eu estou
convidando esta bem?

A Princesinha assentiu.

- Tudo bem, eu volto sim... Disse, saindo pela porta.

Olhei pra minha mãe e lhe dei um beijo.


- Vou na praia com a Hanna tá? Volto mais tarde...

Dona Alicia sorriu, e assentiu.

- Tudo bem, se cuidem crianças...

***

- Você seriamente não vai tirar o vestido? Perguntei pra Princesinha que se sentou
na areia, ainda de vestido.

Ela riu.

- Não agora, por que?

Terminei de tirar minha bermuda, me sentando do seu lado.

- Por que você está numa praia, talvez? Perguntei, todo irônico enquanto apontava
pra praia.

A Princesinha sorriu, depois se levantou e tirou o vestido... Lentamente, ou talvez


apenas na minha mente tivesse tirado lentamente.

- Melhorou? Perguntou, me jogando o vestido no rosto.

Balancei a cabeça, sorrindo pra ela.

- Agora sim... Disse, olhando a Princesinha de pé em um biquíni amarelo com


algumas flores coloridas nele.

Ela revirou os olhos, depois ficou ajeitando a calcinha do biquíni que tinha a parte
lateral mais larga no seu quadril. Lindo de se ver a cena, mas me forcei a olhar pra
ela apenas como se fosse um menino amigo meu, o Harry talvez.

- Sabe? Eu adoro vir aqui olhar o mar, ele te dá a sensação de que não é possível
pensar em nada, não é?

Assenti pra ela, que se sentava do meu lado na areia.

- O mar é bom, calmo algumas vezes, de ressaca em outros momentos, me sinto


como o mar... Imprevisível... Disse, ainda sentada e de costas pra mim.

Pelo modo como falou podemos dizer que ela realmente gosta do mar, ela falou com
tanta admiração. Eu não sou tão fã assim de praia... Gosto do que está nela, ou seja:
Garotas, praticamente nuas... Me sinto em casa ali.
Tanto me sinto em casa que me deitei na areia, olhando as mulheres passarem de
longe, olhando pro corpo, pra bunda... É cara, isso é que é vida.

- Tem uma garota há uns dois metros daqui que não para de olhar pra você...
Sussurrou a Princesinha na minha orelha.

Estava com os olhos fechados, mesmo assim pude sentir que estava quase
debruçada sobre mim.

Mas não ficou ali muito tempo, quando abri os olhos ela já estava sentada olhando
na direção da garota que olhava descaradamente pra mim.

Bonita, loira, com um corpão que agora se alongava pra exibir este... Ela se
debruçou, tocando o chão e fiquei olhando pra bela paisagem que a garota tinha.

- Vai lá falar com ela... Antes que você babe de vez! Disse a Princesinha do meu
lado, envolvendo as pernas com as mãos, colocando o queixo no seu joelho.

Olhei por um momento pra ela, parecia meio irritada. Não sei bem por que, mas
estava.

- Está com ciúmes? Perguntei, brincando pra faze-la sorrir.

A Princesinha deu de ombros, mas não sorriu como eu queria que fizesse, na
verdade ela parecia continuar irritada.

- Não, só acho que da próxima vez que viermos a praia e não for pra correr vamos
ter que te trazer lenços pra secar sua baba...

Revirei os olhos pra ela, e pra sua atitude, já que eu nem mesmo sabia o por que da
irritação, porém como ela é louca resolvi ignorar sua atitude.

- Tô babando muito? Perguntei, secando o canto da boca como se eu realmente


estivesse babando apenas pra provoca-la.

A Princesinha assentiu com a cabeça.

- Está e descaradamente ainda por cima... Vai falar com a garota! Disse, apontando
a menina se alongando ainda.

Eu até pensei em ir. Estava quase me levantando pra ir, mas não fui por que tinha
um maldito abutre olhando pra Princesinha. Sério, aquilo era babar.
Meu sangue ferveu assim que vi o cara dar uns passos na nossa direção, então ao
invés de me levantar como ia fazer, passei os braços envolta da Princesinha.

- Vem cá, vou te passar protetor... Sussurrei na orelha dela enquanto mexia seu
corpo pra coloca-la entre minhas pernas.

Dei um olhar na direção do carinha quase como se dissesse: Cai fora! Antes de pegar
o protetor ali na areia pra passar nela.

- Por que vai fazer isso, não era pra fazer isso com a loira perfeita ali? Perguntou,
apontando na direção da garota, depois deixando sua mão relaxar na minha coxa.

Sorri com o gesto, tudo bem que eu gostaria da mãozinha dela em outro canto, mas
ali, do jeito como estavamos próximos agora era quase um recado de: Sai de perto!
Pro cara que estava paquerando-a.

- Não, ela não é minha amiga, você é...

Escutei uma risadinha convencida da Princesinha, depois a vi soltar o laço do


biquíni pra eu poder passar o protetor de uma vez.

Confesso que fiquei tentado a soltar a parte de cima também só pra irrita-la, mas
não... Não com o bando de caras que estavam olhando pra ela. Será que ninguém
está me vendo aqui? Fala sério o modo como estavam olhando pra ela era...
Simplesmente desrespeitoso.

Fiquei tão puto da minha vida de a olharem daquele jeito que a puxei mais perto
quando terminei de passar o protetor e lhe beijei a pele abaixo de sua orelha. Depois
estendi minhas mãos na sua barriga e lhe fiz cócegas apenas pra... Pra deixar claro
pra esse bando de bosta que é pra parar de olha-la.

Hanna riu, e se contorceu no meu braço enquanto eu lhe fazia cócegas.

- Para...Sério Tivie... Para... Gritou, se mexendo no meu braço.

Dei risada, sem parar até que ela se virou e olhou nos meus olhos, então tomei
consciência de quão perto estávamos. Meu nariz estava encostando no dela. Meu
sorriso sumiu, e o que ela tinha no rosto também.

Será que era muito pecado beijar? Era só um beijo afinal... Né?

- Devia amarrar meu biquíni Tivie... Disse ela, tão baixinho e soou tão sexy pra mim
que a apartei mais perto.
- Mais tarde... Sussurrei pra ela, a beijando.

Sei que não devia ter feito, tá? Eu sei, mas é que ela estava tão perto e tão
quentinha. Tão bonita. E não me julguem, foi apenas um beijo... Não tem a mínima
importância pra ela, ela nunca reclama quando a beijo... Ao menos não reclamou
quando beijei no bar.

E aquele dia não foi diferente, ela me beijou de volta, afundando a mão no meu
cabelo, quase soltei um gemido quando deu um puxão forte no meu cabelo e desci as
mãos pelo seu corpo quentinho. Eu tinha consciência que tinha gente olhando e que
o biquíni dela estava desamarrando então a apertei perto pra que não aparecesse
nada do seu corpo, por mais que eu quisesse ve-lo, não queria que aquele bando de
idiota visse. Queria poder leva-la pra algum banheiro na praia e acabar logo com
essa merda de desejo estranho por ela...

Mas, eu não podia. Então parei... Mesmo que não quisesse.

- Vou amarrar seu biquíni e vamos apostar corrida até a água, topa? Perguntei,
meio ofegante enquanto dava um laço no biquíni dela.

Eu precisava de água fria, ou... Ia aparecer nem rápido meu desejo por ela.

A Princesinha sorriu, e assentiu com a cabeça e antes mesmo que eu pudesse


levantar ela já estava correndo.

Corri obviamente atrás dela, dando graças a Deus pela distração da competição por
que assim não fiquei olhando feito bobo pro seu corpo.

Quando estava quase na água, assim como a Princesinha que estava na minha
frente, um cara sem querer a derrubou.

Acho que a Princesinha bateu a cabeça, mas não tive tempo de chegar perto dela pra
ter certeza por que quem quer que seja o cara, ela conhece.

Ele ajudou a se levantar e depois de ver que estava tudo bem, ela deu um abraço
nele... Sério mesmo?

Me aproximei, fervendo internamente e passei o braço na cintura dela.

- Está tudo bem? Perguntei, apertando-a perto de mim.

A Princesinha sorriu, assentindo.


- Tá sim, esse é o J. J. Ele e eu... A gente é amigos há muito tempo. Disse, se
escorando em mim, ela estava com o pé direito meio dobrado, não tocando o chão.

- Hum.... E ai J. J.? Sou o Steven!

O cara alto e moreno me estendeu a mão.

- Prazer cara, bom conhecer o seu namorado Hanna...

Ambos, tanto eu quanto a Princesinha rimos histericamente.

- Ele não é meu namorado J. Ele é um amigo.

O cara me olhou de cima a baixo, depois olhou pra minha mão na cintura da Hanna
e sorriu.

- Hum... Amigo é dona Hanna?

- Vai se ferrar J... Disse ela, apertando a mão no meu ombro.

Acho que machucou o tornozelo, mas não quer mostrar isso pro amigo.

- Falou então Pequena, a gente se esbarra por ai... Literalmente. Disse ele, sorrindo
pra Princesinha depois lhe deu um beijo na bochecha e acenou pra mim.

- Porra, tá doendo... Ela falou assim que o cara foi embora.

Olhei pro seu rosto, que estava contorcido enquanto olhava o pé. Tentei de verdade
apagar a raiva que me veio de ve-la machucada e pior, de ve-la abraçando outro
garoto, mas foi difícil.

- Se não estivesse correndo pra ele não teria machucado o pé... Disse, enquanto ela
me abraçava o pescoço e íamos andando de volta pra onde estávamos sentados.

A Princesinha olhou no meu rosto.

- Sério? Eu não estava correndo pra ele idiota, estava tentando ganhar de você...
Nem tinha visto o J.

- É, mas gostou de ver... Até abraçou ele!

Hanna revirou os olhos verdes.

- Ele é meu amigo, deveria ter feito o que? Dado uns tapas?

Balancei a cabeça, completamente emputecido.


- Não, mas também não precisava do abraço.

A Princesinha parou de andar, me fazendo parar junto.

- Espera um momento, está com ciúmes?

Balancei a cabeça, enfaticamente, apesar de sim, eu estar com ciúme tá legal?

- Claro que não, não diz bobagem! Só acho que...

Ela me abraçou apertado interrompendo meu discurso e antes que pudesse me


parar já tinha apertado seu corpo ao meu o mais forte possível, acariciando devagar
suas costa, sua espinha... Adorei fazer aquilo. Tanto que fiquei meio decepcionado
quando ela se separou.

- Satisfeito ciumentinho? Ele é meu amigo, assim como você... Disse, quando se
separou.

E bom, o que disse não me fez sentir nenhum pouco de alívio. Se ele fosse um amigo
como eu? Então provavelmente andava fantasiando estar entre as pernas da
Princesinha, e isso... Não é nem de longe algo que nenhum outro cara deve estar
pensando, ou tem o direito de pensar sem ser eu...

Por que? Por que eu me importo com ela... Eu fantasio, mas vou deixar na fantasia.
Eu vi o que houve aquele dia na boate, ela não precisa ficar daquela maneira
novamente.

- Não estou sendo ciumento Hanna...

Ela parou, abrindo um sorriso enorme.

- Me chamou do que?

- Hanna...

Ela riu, me dando um tapinha no ombro.

-Legal Tivie... Lembrou meu nome, eu deveria encontrar velhos amigos mais vezes...

Revirei os olhos, e a peguei no colo, pelo simples prazer de colocar minhas mãos nela
novamente.

- O que acha que está fazendo? Perguntou, me olhando completamente confusa.


- Com você pulando desse jeitinho de menininha vamos chegar onde estávamos
amanhã Princesinha.

Ela riu, depois balançou a cabeça.

- Então vai me levar no colo? Essa foi a sua melhor solução? Me fazer passar essa
vergonha... Steven...

A interrompi.

- Aqui, fica quietinha, não mandei você correr e se machucar!

Ela apontou o dedo pra mim.

- Mandou sim, foi você que quis apostar a corrida!

- É, mas não mandei você cair, agora fica quietinha pra eu gostar mais de você ok?

Esse momento, enquanto ela ficou quietinha e arregalou aqueles olhos verdes pra
mim eu tive uma enorme vontade de enche-la de beijos pra deixa-la calada e linda
como estava.

A Princesinha balançou a cabeça depois de uns momentos.

- Você é um grosso sabia?

Dei um sorriso malicioso pra ela.

- Ah, isso eu sabia. Disse, todo malicioso, a Princesinha fez cara de nojo.

- Que nojo! Seu idiota, eu não precisava imaginar isso... Reclamou, mas estava rindo
também.

- Ah para de graça que eu sei que você me fantasia toda noite... Brinquei, porém em
partes eu até que torcia pra ela me fantasiar à noite.

A Princesinha me deu um tapa.

- Claro que não fantasio seu Babaca! Para de falar essas coisas pra mim, isso é
nojento...

Ela falou fazendo a maior cara de nojinho e me deu vontade de beija-la novamente.
Que MERDA!

Sorri, ignorando meu desejo idiota.


- Estou brincando... Me defendi, por que parecia realmente irritada.

- Eu sei, mas não é legal brincar deste jeito Tivie!

Assenti pra ela.

- Desculpa... Pedi, por que a voz dela saiu realmente magoada.

E é sobre isso que falo, se nem brincar com ela sobre isso eu posso sem magoa-la
como posso... Ficar pensando em... Te-la na minha cama em diversas posições
diferentes?

A Princesinha não respondeu, só me deu um sorriso então soube que estava tudo
bem, mas mesmo assim ainda sentia uma pontada de culpa.

A coloquei sentada na areia, e olhei o tornozelo direito dela, não estava muito
inchado, então devia ser apenas um mau jeito.

- Torceu, mas não foi feio...

Ela assentiu e mexeu devagar o tornozelo.

- É, está melhorando. Pode buscar gelo pra eu colocar?

Fiz uma cara cética pra ela, não era tão sério assim pra precisar de gelo.

- Virei seu empregado?

A Princesinha riu.

- Não, nem de longe... Nunca contrataria alguém como você, mas por favor... Pediu,
mexendo no seu rabo de cavalo.

Neguei com a cabeça.

- Ah para de graça, foi apenas uma torção não precisa de gelo!

Ela revirou os olhos, depois ficou girando e fazendo massagem no seu pé enquanto
eu me sentava na areia e olhava o mar a nossa frente.

- Você é incrivelmente cavalheiro... Disse com ironia, enquanto mexia no seu pé.

Me virei um pouco pra olha-la.

- Nunca disse que eu era cavalheiro! Falei, indiferente, me escorando nas palmas da
mão.
A Princesinha me olhou por cima do ombro.

- Sempre achei que você deveria ser já que tem filas de mulheres atrás de você.

Sua voz saiu meio irrritada, mas não acho que fosse ciúmes agora.

- É por que eu faço direito, não por que fico as lambendo... Ao menos não no sentido
figurado.

Ela bufou.

- Então você só pensa em sexo? Nunca pensa em tratar uma mulher... Sei lá, com
algum cavalheirismo?

Dei de ombros.

-Ah, eu penso em sexo como todo mundo pensa Princesinha, apenas... Tenho uma
vida mais ativa.

Ela revirou os olhos, enquanto me olhava.

- Você é muito Babaca!

Sorri pra ela, puxando seu queixo pontudinho.

- E você é muito Princesinha... Disse, por que ela realmente era.

Em todos os sentidos que consigo ver a Hanna parece ser uma Primcesinha, mesmo
que tenha os seus problemas ela ainda é... Linda e toda fofa... E... Que merda tem de
errado comigo?

- Não sou muito não tá? Você com certeza é mais Babaca do que eu Princesinha.

Baalncei a cabeça, negando enfaticamente.

- De maneira alguma, quer ver?

Ela assentiu, então continuei.

- Como você quer sua primeira vez? Considerando que é pra esquecer o passado.
Disse, só pra saber.

A Princesinha deu de ombros, olhando pro outro lado.

- Isso não é da sua conta...


Revirei os olhos e a fiz me encarar.

- Vou te dizer exatamente como você imagina: Com o Stefan, em um lugar com uma
cama grande cheio de rosas vermelhas, incensos e velas e champanhe e música...
Você com certeza ia querer alguma música especial. Não é?

Ela revirou os olhos, depois de parecer um tempo muito surpresa.

- Como sabe disso?

Dei risada.

- Por que conheço seu tipo.

A Princesinha balançou a cabeça.

- Não, estava falando sobre o Stef. Como sabe dele?

Vish, que deslize o meu, ia conversar com ela sobre isso, mas não queria que fosse
deste jeito. Agora já era.

- Escutei sua conversa com minha mãe... Confessei, já esperando a bronca da


Princesinha.

Ela me deu um tapa no braço.

- Isso é falta de educação, sabia?

Revirei os olhos.

- Foi sem querer tá? Não estava interessado em escutar vocês duas conversando,
apenas ouvi... Disse, indiferente e meio indginado dela ficar me condenando por
ouvir, não foi de propósito.

- Quanto você ouviu? Perguntou, meio desconfiada.

- Só a parte em que você disse que ele não gosta de você... Por que acha que ele não
gosta Princesinha? Perguntei, estava super curioso pra descobrir a teoria dela, era
visível, quase palpável que o Stefan babava por ela.

A Princesinha jogou a cabeça pra trás, respirando fundo.

- Por que ele é lindo. Disse, como se isso esclarecesse a coisa toda.
- E daí? Você também é e do jeito como te defendeu pra mim tenho certeza que ele
gosta de você! Afirmei, mesmo que me desse certo desespero pensar nela com o
Stefan.

Me dá desespero pensar nela com qualquer cara. Ela... É tão frágil pra qualquer um
saber lidar com ela.

A Princesinha balançou a cabeça.

- Você não entende, tá legal? Apenas deixa isso quieto!

- Claro que eu entendo seu lance... Você é uma menininha, quer as coisas como
todas as menininhas. Disse, por que pra mim era ssim mesmo, ela queria tudo... De
um jeito de menininha.

Hanna revirou os olhos, respirando fundo.

- Eu acho que já te provei mais de uma vez que não sou uma menininha, não é?
Afirmou, muito séria e meio chateada, acho.

Balancei a cabeça.

- Não... Não quis dizer isso no sentido pejorativo hoje.... Quis dizer, você é uma
menina que se dá o respeito, quer as coisas de um jeito especial. Eu entendo.

A Princesinha deu de ombros.

- Eu gostaria que fosse especial desta vez, tá legal? Qual o problema com isso?

Esse foi o balde de gelo no meu desejo, foi o que realmente apagou aquela faísca. Ela
queria algo especial, e eu? Bom, eu queria uma foda de diversão então... Hanna não
estava mais na minha lista de meninas pegáveis, nem mesmo sei por que estava
pensando na possibilidade de fazer qualquer coisa com ela... Ela é bonita e tudo
mais, mas... Não é pra mim, não sirvo pra ela.

- Nenhum Princesinha, só estava sendo um Babaca.

Ela riu.

- Cumpriu muito bem seu papel...

- Gosta mesmo do Stefan? A pergunta escapou de mim, apenas por que estava
curioso pra saber se ela gostava dele.
Ela deu de ombros.

- Acho que sim.

Sua voz saiu baixa, meio triste, então resolvi ajudar.

- Quer um conselho meu?

A Princesinha me olhou, fazendo uma expressão cética.

- Por que ia querer um conselho seu? Provavelmente você vai dizer: Use camisinha.

Dei risada de seu tom irônico.

- Sim, isso é importante, mas... Ia dizer pra você não dar muita bola pra ele,
conversar com outros garotos, esnobar sabe? Funciona comigo, quando mais a mina
me ignora, mais eu quero pegar.

Ela sorriu, de um jeito convencido.

- Isso é uma completa mentira! Disse, rindo pra mim.

- Não é não, estou falando sério... É uma tática bem funcional com os homens! Disse,
e realmente era... Eu tenho uma tara por aquilo que quero e não posso pegar.

A Princesinha riu, balançando a cabeça.

- Se isso fosse realmente verdade você já teria me pegado faz tempo, por que a vida
toda eu te ignorei...

Sorri meio malicioso pra Princesinha, depois segurei seu queixo e lhe dei um
selinho.

- Quem disse que eu já não peguei?

Ela empurrou meu peito, balançando a cabeça.

- Você é um completo Babaca... Disse, mas estava rindo.

Dei de ombros.

- Posso conviver com isso, mesmo sendo um Babaca eu ainda consegui pegar a
Princesinha...

Ela me mostrou a língua.


- Só estou te beijando por falta de opção querido, não se iluda!

Ela riu pra mim e eu soube que estávamos brincando.

- Mesmo assim, ainda está me beijando baby. Falei, todo convencido.

Ela revirou os olhos.

- Vai buscar gelo pra mim baby, por favor... Disse, toda meiga, meio falsa, mas
meiga.

Sorri pra ela.

- Só por que você pediu com jeitinho baby... Acho que esse vai ser seu novo apelido
sabia? Disse, enquanto me levantava.

Ela cobriu o rosto com as mãos.

- Prefiro Princesinha...

- Achei que odiasse quando te chamo de "Princesinha".

A Hanna deu de ombros.

- Você chama todas as garotas de Baby, mas Princesinha só eu... Então prefiro
Princesinha.

É... Ela tem razão. Nunca nem mesmo chamei uma garota de "Princesa", parece que
o apelido só pertence à ela. Então acabei por sorrir.

- Tá legal, então Little baby?

Ela me mostrou o dedo do meio.

- Realmente prefiro Princesinha, Babaca...

Dei risada, me apoiando nos seus joelhos.

- Tudo bem então Princesinha, você quer alguma coisa pra beber? Aproveita que
estou sendo bonzinho...

Ela sorriu.

- Me traz um coco... Baby... Ironizou, me mostrando a língua.

Mostrei a língua de volta pra ela que sorriu e fui buscar o gelo.
Maluquinha- Hanna.

O Steven não existe. Ele... Ele foi legal hoje, e ficou com ciúmes de mim. Estou
adorando isso.

Infelizmente, tenho que assumir que adoro quando ele me beija também, me faz
sentir tão livre o modo como me beija. Mas, ao mesmo tempo, sinto que estou
cometendo um grande erro.

Ele podia agir mais como o Babaca do passado pra me fazer esquecer que ele sabe
ser legal, que sabe ser um bom garoto e sabe me fazer sorrir.

Fiquei deitada na areia da praia enquanto esperava ele voltar. Tudo o que se
passava na minha mente era sobre a boca dele na minha... Não sei de onde isso vem,
os pensamentos apenas aparecem sem serem chamados. E junto com eles vem a
onde de eletricidade que atravessa meu corpo, o frio na barriga e o desejo de beija-lo
de novo.

Balancei a cabeça pra me livrar dos pensamentos e cubro os olhos com o braço. Não
sei quanto tempo fiquei assim, me forçando a não pensar no Babaca quando senti
uma forte onda me atingir, uma onda extremamente gelada!

- Qual o seu problema?! Gritei, olhando o Babaca em pé com as pernas abertas uma
de cada lado do meu corpo. Rindo como um idiota da minha cara.

- Você...ti...tinha...que...que...ver sua cara... Foi DEMAIS!

Eu ia me molhar obviamente, não era por isso que estava brava, estava brava por
ele estar rindo de mim. E por ter me jogado um balde de água fria quando eu não
estava esperando por isso.

- Idiota! Gritei, empurrando uma de suas panturrilhas ao meu lado.

Não sei se foi de propósito ou não, sei que ele caiu com o corpo pesado em cima de
mim. Me fazendo gemer de dor.

- Ai! Sai de cima de mim... Disse, empurrando sua barriga.

Tive que me lembrar mentalmente: Você está brava com ele, portanto tire as mãos
dele. Mas, confesso que fiquei com vontade de acaricia-lo, só pra saber como é...

Ele riu e sentou direito em cima das minhas pernas.


- Aqui, seu coco baby... Disse, pegando na areia do meu lado um coco verde e me
entregando.

- Para de me chamar assim! Repreendi, antes de pegar o coco que ele estava me
estendendo.

Steven deu uma risadinha.

- Ai como ela está brava... Disse, passando a mão na minha barriga completamente
molhada.

Empurrei o corpo dele que me empurrou de volta e no fim acabamos rindo.

- Sabe? Você é bonita Princesinha... Comentou, depois de um tempo quando já tinha


se sentado do meu lado.

Ele estava com a mão no meu tornozelo, e passava devagar um gelo que trouxe em
um copo e não jogou em mim.

- O que foi que você bebeu? Perguntei, sentindo o cubo de gelo subir lentamente pela
minha panturrilha, meu joelho...

- Tomei alguns drinks... Disse, indiferente enquanto o cubo de gelo se alojava na


minha coxa.

Não sei o que me arrepiava mais, se era o contado de algo gelado na minha pele
quente do sol, ou a mão grande do Babaca fazendo caminho por esta.

- E... Hum...

Sua mão agora estava na minha cintura, assim como o cubo de gelo. Me causando
vários arrepios pelo corpo, e me impedindo de raciocinar direito.

Meu coração batia tão forte, tão rápido, e até mesmo ofegante eu estava. Por mais
que tentasse esconder, ou não pensar, de alguma maneira o que o Babaca estava
fazendo me afetava.

- Mas não estou falando isso por que estou bêbado, apesar de estar ligeiramente
alterado eu ainda sei perfeitamente o que estou dizendo... Você é realmente bonita
Princesinha.

Ele passou o cubo de gelo por meu braço, onde estava apoiada minhas mãos pra me
sustentar.
Tentei entender o que o Steven estava fazendo, ou onde queria chegar... Mas, minha
mente não conseguia pensar em nada. A não ser, claro, suas mãos no meu corpo.

- Você vivia dizendo que eu não era bonita, o que aconteceu que te mudou a cabeça?
Perguntei, depois de um tempo de apenas olha-lo e tentar controlar minha
respiração.

Ele riu. Um sorriso torto, mostrando as presas.

- Vi você... Falou, baixinho enquanto me olhava com aqueles olhos enormes.

Meu corpo, respondia de um jeito estranho a proximidade dele. Eu sentia a palma


de minhas mãos suarem... Meu estômago dava voltas e mais voltas... Era tudo tão
estranho, mas era tão bom.

- Quero dizer- Ele jogou o restinho do gelo na areia e ficou me olhando.

- Eu sempre te vi obvimante, mas antes te via como a garotinha mimada que tinha
tudo o que queria e não dava valor à isso, que se achava o centro do universo, pra
ser sincero, sempre tive um certo nojinho do seu tipo sabe? A garota que tem tudo e
acha que tem direito de pisar em todo mundo... Mas, com você contando o que te
acontecia, eu olho realmente pra você, por trás da fachada, entende? Consigo deixar
a raiva de lado e ver... Ver seus olhos bonitos, sem aqueles óculos horrorosos que
você usava na quarta série, lembra?

Dei risada, principalmente por que ele bateu o dedo de leve no meu nariz, meio que
fazendo um carinho.

- Mas, eu quero saber Hanna, qual das duas você é? A garota que se acha, ou a
menina machucada?

Ele não estava muito bem, eu acho, acho que ele tinha bebido demais. Mas, resolvi
responder, por que parecia interessado em saber.

- Eu nunca me achei Steven, na verdade é bem o contrário... Eu... Sempre fui...


Anormal. Nunca me achei bonita suficiente pra que os meninos reparassem em
mim, eu nem mesmo me esforçava pra isso por que... Bom, se eles reparassem eu ia
fazer o que? Eu sou estranha não ia conseguir ser uma menina normal e namorar
direito, então nunca me achei, só na academia eu tinha mais confiança em mim
mesma, por que lá era um lugar onde eu conseguia lutar, conseguia tocar e ser
tocada... Não tenho aversão a toque, apenas a certo tipo de toque...
Suspirei, balançando a cabeça.

- Não sou nenhum pouco normal.

Ele riu, colocando uma mão de um lado do meu corpo, quase se debruçando em cima
de mim.

- Você me parece mais confiante esses últimos dias...

Dei risada, uma risada meio nervosa pela nossa proximidade, mas estava tentando
descontrair e ignorar tudo o que estava sentindo por que nada do que sentia eu
entendia.

- É culpa sua, eu não gosto de ser desafiada, na verdade, não gosto de ser covarde
então quando me falou sobre covardia eu resolvi ser mais livre e me sinto tão feliz
sendo assim! Fui sincera no que disse, só omiti toda a parte de que ele me faz sentir
toda estranha e faz meu coração pular na boca.

Steven assentiu, quase em cima de mim e me deu um beijo, na ponta do nariz.

- Entendo você Princesinha, e gosto de saber que tenho algo haver com sua
mudança... Você parece bem mais bonita agora do que qualquer outro momento...
Parece mais viva.

Assenti pra ele, tentando ignorar as reações do meu corpo com nossa proximidade.

- Sinto que estou mais viva agora, só tenho medo de que isso acabe...

Ele balançou a cabeça.

- Não fique, é muito simples pra não acabar, você apenas não pode deixar... Deixar a
liberdade ir embora.

Assenti e ele me beijou a ponta do nariz novamente e se sentou do meu lado, me


deixando completamente desorientada e decepcionada.

Ele... Me fez sentir como se fosse me beijar, mas não beijou e agora estou frustrada
por isso!

E não entendo nada sobre isso que sinto, nada... O que eu quero dele? O que espero?
E por que me sinto como se tivesse perdido uma parte de mim apenas por que me
deixou na vontade de um beijo?
Balancei a cabeça pra me livrar dos pensamentos e encarei o mar buscando uma
resposta. Ele disse que me viu, a mãe dele disse que achava que o garoto de quem
eu gostava ia me ver... Uma hora, será que ele viu agora? Será que ele sabe como me
confunde e como me faz sentir?

- Ei, quer entrar na água?

Sua voz me trouxe de volta dos meus pensamentos.

Abri a boca uma e outra vez o olhando, pensando se deveria dizer que sinto... Mas,
como ainda não tenho muita ideia do que extamente é, resolvi mudar o rumo.

- Ah, claro... Eu só vou andar mancando até lá, mas tudo bem... Disse, ficando em
pé.

Antes que eu pudesse ver tinha duas mãos fortes e calejadas na minha cintura, me
fazendo sentir vários arrepios...

- Eu posso te levar, se quiser, mas vai ter que entrar na brincadeira! Ele falou, com
um sorriso na voz e quando o olhei estava rindo com aquela malícia nos olhos, como
se estivesse planejando algo.

Parecendo uma missão muito difícil meus lábios se recusaram a ficar fechados,
apenas sorri de volta pra ele, topando qualquer coisa que quisesse fazer.

- Tudo bem! Disse, me escorando no ombro dele.

O Steven sorriu mais amplamente e se virou, ficando de costas pra mim.

- Consegue subir Princesinha?

Olhei por um tempo pra suas costas largas, e me perdi em pensamentos de como
seria... Sentir... Tocar e apertar as costas dele, como seria sentir os músculos
retesando e tencionando se ele estivesse sobre mim...

Quando esse, especificamente esse pensamento me veio eu balancei a cabeça e só


subi nas costas dele, com certa dificuldade graças ao meu pé... Mas consegui subir.

O Babaca deslizou lentamente as mãos pelas minhas pernas e soltei um suspiro


baixo sentindo seus calos na minha pele me fazer cócegas... Eu gosto das mãos dele,
são tão firmes e fortes... Ele todo é forte, o modo como lida com seus medos já me
prova isso... Mas enfim, não consigo saber o que é isso que sinto, talvez eu precise
contar logo a Alex sobre o que venho sentindo...
- Pronta?

Sua voz grossa invadiu meus pensamentos, e eu não sei por que, mas me não me
sentia pronta, pra nada!

- Sim... Disse, mesmo que não estivesse, que diferença ia fazer?

E então ele correu! Comigo nas costas e acabei gritando, por que ele é muito alto e
era muito assustador olhar o mundo passando assim e saber que se ele me
derrubasse eu iria me machucar e feio. Fora o fato de todo mundo estar me olhando
aqui.

O abracei mais apertado, com medo de confiar nele... Mas eu tinha que confiar,
estava nas suas costas, tinha que confiar, mesmo ele pulando feito um boi de
tourada e eu correndo o risco de cair na frente de todo mundo novamente.

Dei graças a Deus quando chegamos ao mar. Achei que ele fosse me descer, mas
quando tentei, o Babaca me segurou no lugar e me levou bem pro fundo...

E correu novamente, mesmo comigo gritando pra parar... Pra ele não fazer aquilo
por que estava com medo de cair... Ele não parou e de certo modo era excitante e
depois que confiei que não ia me derrubar no meio do mar e me deixar morrer
afogada aproveitei a sensação de estar nas suas costas e estar mais alta agora.

Não era grande coisa, porém, estar com ele me fazia bem, estar sentindo o corpo
dele embaixo do meu de um jeito assustador, mas um assustador que me fazia rir
histericamente... Era bom.

- Você é um bobo... Disse, baixinho enquanto me segurava ali em cima, agora eu é


que não queria sair.

Eu podia olhar a água abaixo de nós e ver o mar claro e as ondas calmas que iam e
vinham a nossa volta e era diferente olhar o mar assim, era como... Não sei explicar,
só era como se fosse especial de certo modo. Era especial olhar o mar em cima do
Steven por que era o Steven, e o mar é... Meu amigo mais íntimo então, era como se
estivesse apresentando-os...

Eu sei, não faz o mínimo sentindo mas foi assim que me senti.

O Babaca olhou pra cima e nosso olhos se encontraram. Eu gosto da cor dos olhos
dele, são fimes... Decedidos e maliciosos e quando ele me beiijou no bar eles tinham
um brilho tão forte e intenso.
- Um bobo que você adora... Ele sussurrou, passando o nariz pelo meu.

Mas, não fez nada demais, apenas me desceu e a água gelada do mar me envolveu
inteira.

Fiquei meio que em um pé só enquanto o olhava.

Mordi a boca pra pensar um pouco antes de... De fazer o que eu queria.

Me aproximei um pouco, tocando seu rosto e o puxei mais perto. O Babaca me


segurou pela cintura daquele jeito que me faz sentir mole e boba e incrivevelmente
apavorada, mas que eu também acho que gosto.

Ficamos apenas nos olhando, e senti que deveria me aproximar, só não achei que...

- Não dá Princesinha, não posso...

Pisquei várias vezes antes de entender e solta-lo um pouquinho.

- Eu só... Hum, não consigo ficar em pé direito sozinha... Disse, mentindo


obviamente, mas foi a única coisa que me veio à mente.

Steven sorriu, depois segurou meu rosto e me puxou mais perto.

- Vou te ajudar a conseguir a atenção do Stefan, ok?

Assenti pra ele, mesmo que eu não precisasse disso e mesmo que não tenha
entendido o por que ele falou daquilo bem naquele momento... Mas quem sabe deste
jeito eu não passo mais tempo com o Steven e... Entendo as coisas que sinto?

Quem eu quero enganar? Tudo o que eu quero neste exato momento é passar mais
tempo perto dele, sentir o cheiro bom de homem que ele tem... É um perfume
comum eu acho, mas nele parece mais forte e me encanta mais... Eu não sei... Não
sei o que tenho, mesmo assim quero isso, quero ficar mais perto dele.

Vi o Steven sorrir e então me dar um beijo demorado no rosto...

- Vai ficar tudo bem, você vai aprender a controlar seus problemas e vai ficar com o
Stefan.

Sorri pra ele e ficamos nisso.

Brincamos na água, claro que ele quem começou nossa guerrinha e acabamos rindo
um do outro enquanto eu corria no mar e jogava água no seu rosto.
Eu gosto de ter e viver esses momentos. Com ele eu sempre riu tanto... Ele é bobo e
um palhaço, agora mesmo estava fazendo uma careta muito legal...

- Para! Falei, rindo pra ele enquanto andávamos pelo calçadão até o
estacionamento.

Eu estava tomando sorvete e ele também e estava fazendo uma cara de viciado
maluco olhando pro sorvete de pistache.

"Sou viciado nisso Princesinha, se tem uma droga que eu uso e abuso. Esta é este
sorvete delicioso, isso aqui é o meu verdinho" Ele falou, depois lambeu a bola do
sorvete como se estivesse fumando maconha, me fazendo rir como uma maluca e
idiota, eu sei que é estranho eu rir dele, mas ele é tão bobo, e bonitinho quando está
assim, relaxado e falando besteira.

- Parar com que? De fazer essa cara?

Steven fez novamente aquela cara de psicótico, me fazendo rir novamente.

- Você é palhaço assim sempre? Ou é apenas com as meninas? Perguntei, meio


curiosa pra saber sobre isso.

O Babaca deu de ombros.

- Não é só com as meninas, até por que minha intenção com as garotas não é faze-
las rir, e sim virar os olhinhos pra mim, mas com você a coisa é diferente...

Hum, me incomodou muito saber que comigo a "coisa é diferente" ao mesmo tempo
que me fez sentir especial de certo modo... Só que não me sinto bem de saber que
ele... Faz as garotas "virarem os olhinhos" .

- Hum... Disse, me concentrando em chupar meu sorvete.

- Ei, o que foi? O Babaca perguntou depois de um tempo de um silêncio


desconfortável.

Dei de ombros, ainda olhando sem vontade pro sorvete de cereja.

- Nada, só tô... Hum, me perguntando o por que você não gostar de fazer meninas
sorrirem, mas gosta de faze-las, "virar os olhinhos" pra você! Fiz aspas nas palavras
e falei com um tom de ironia e desgosto que não deveria, mas eu estava muito
brava... Por algum motivo bizarro.
Nem sei por que dei essa desculpa exatamente, mas... Foi a única que encontrei
naquele momento.

O Babaca parou no meio do calçadão, e se encostou num coqueiro próximo.

Ele deu uma lambida no sorvete, depois soltou um suspiro.

- Por que eu não gosto de fazer meninas rirem?

Assenti, o encarando enquanto esperava sua resposta.

- Ah Princesinha, todo mundo me conhece... Eu sou um cara que... Não curte


relacionamentos, principalmente os longos. E quando uma garota começa a sorrir
muito pra você é... É sinal de que ela está se apaixonando... Se apegando, mas com
você é diferente... Você é a Princesinha e é minha amiga então, não preciso me
preocupar contigo me ligando amanhã pedindo que me case com você, entendeu?

É... Eu entendi perfeitamente a mensagem. Eu... Ele não me vê assim. E nem eu


deveria vê-lo dessa maneira... É só...

- Entendi... Tivie eu... Preciso ir, ok? Até amanhã. Disse, e sai andando sem esperar
a reação dele.

Eu precisava pensar... E tentar entender o por que da minha vontade de chorar


naquele momento.

Então, fui procurar minha psicóloga particular...

- Oi! Disse a Alex, toda feliz quando abriu a porta do seu quarto e me viu.

- Oi... Falei, entrando no quarto quando ela me deu passagem.

- É... Seu pai me deixou subir, então...

Ela deu de ombros e se jogou na cama agarrando um ursinho de pelúcia.

- Relaxa amiga, você é a única que tem passe livre pra subir no meu quarto sem me
avisarem!

Sorri pra ela, e pelo tom feliz da Alex, que acabou por me animar também.

- Então... Veio fazer o que aqui?

Ela fez essa pergunta quando me deitei do seu lado na cama e deitei a cabeça em
cima do urso que abraçava.
- Só queria conversar Lex, queria saber desse seu novo peguete que te roubou de
mim todos esses dias, e também sobre a viagem pra casa da sua mãe daqui umas
semanas, e tudo mais...

A Alex suspirou apaixonadamente depois sorriu pra mim enquanto começava a falar
sobre o cara da faculdade com quem tava saindo. O Enzo...

Ela e ele tiveram como sempre altas aventruas sexuais e parei de prestar atenção
quando imagens do que os dois aprontaram surgiram na minha mente com a
imagem do Steven...

Ela... A Lex beijou ele também aquela noite, será que ela se sente assim também?
Será que pensa em fazer tudo o que estava me contando com o Steven?

O pensamento era desgostoso e me fez franzir o cenho...

- O que foi Hanna? Você tá tão distante e distraída... Aconteceu alguma coisa?

Franzi o cenho bavemente, balançando a cabeça pra me livrar da raiava que de


repente começou a subir pelo meu corpo.

- É... Não! Afirmei, mexendo na pelugem do urso que estava no meu colo agora.

Mas, eu na verdade estava morrendo daquele sentimento que tive na noite em que
ela o beijou novamente, isso tinha passado depois que eu beijei o Steven. Porém
agora tinha voltado e com força total, eu estava completamente... Puta.

- Hanna, o que é que você tem?

A voz da Lex me acordou dos meus pensamentos e me fez perceber que eu estava
franzindo o cenho e mexendo incontrolavelmente minha perna.

Quase abri a boca pras reações que eu nem sabia que estava tendo, meu corpo reage
a esses sentimentos estranhos que envolvem o Steven antes do que eu sou capaz de
assimila-los na minha mente.

- Eu... Comecei, então me levantei da cama e fiquei olhando a Lex que acabara de se
sentar também.

- Hanna, me diz, o que está acontecendo?

- Você gosta do Steven?


A pergunta praticamente escapou da minha boca... Não quis realmente faze-la, mas
estava passando na minha cabeça e saiu antes que eu pudesse para-la. Eu precisava
saber!

A Alex me olhou como se eu fosse louca.

- O que?! Como foi que o Steven surgiu na nossa conversa?!Perguntou,


completamente indignada.

Respirei fundo, passando as mãos pelo meu cabelo, tentando entender o por que eu
estava tão brava com a Alex, ela era minha melhor amiga desde sempre e nunca
brigamos, mas hoje eu sentia a estranha necessidade de enche-la de tapas, tudo isso
culpa do Babaca... Qual o problema comigo?

- Eu... Eu só...

Respirei fundo mais algumas vezes, tentando me desvencilhar da imagem da Alex


beijando o Steven e o quanto aquilo me irritou e tentando também apagar as
imagens dele me beijando e do bar, e das bebidas e do sorriso bobo dele, do toque e
do que isso faz comigo, estava ficando louca!

- Hanna, você não... Espera... Tá com ciúmes?

Balancei a cabeça, enfaticamente.

- Não... Eu... Só...

Não sabia mais o que dizer, nem o que pensar. Era tudo tão confuso e perturbador...

- Amiga, sabe que pode me contar seja lá o que estiver sentindo, fala comigo...

Mais uma vez, a voz da Lex me tirou da minha aurea de pensamentos confusos e
perdidos que não me levavam a lugar algum...

- Eu... Parei, respirando fundo e andei pelo quarto.

- Ele me beijou e eu não consigo parar de pensar nisso... Sobre a noite na boate, e...
E sobre um bar que fomos no dia seguinte e ele me beijou de novo e... Agora tô
confusa. Muito confusa... Ele... Ele sabe sobre mim... E... E...

E eu não tinha mais o que dizer... Eu despejei tudo o que podia, por que aquilo era
apenas o que eu sentia... O que eu entendia, o resto era apenas uma confusão e um
furação Katrina de emoções!
Escutei a cama da Alex se mexendo depois minha amiga apareceu do meu lado em
frente sua escrivaninha.

- Quer conversar sobre isso? Sobre... Ter contado pra ele...

Neguei com a cabeça, mordendo a boca por que não queria falar sobre isso... Nunca,
se possível, ele sabe e isso é o suficiente... Nunca mais quero ter que discutir sobre
meus problemas. Nunca.

Só... As vezes, se for com ele... Eu consigo falar... Mas, ainda assim, não me sinto
confortável.

- Então... A Lex puxou a cadeira da escrivaninha e se sentou...

- Você e ele tem se beijado bastante?

Fiz que sim com a cabeça, mas depois achei melhor explicar.

- Não bastante... Ele me beijou umas... Duas vezes, eu acho... Hoje inclusive ele me
beijou, mas... Não foi nada.

Lex sorriu, aquele sorriso que me diz que ela vai aprontar.

- Não foi nada? Você está brava comigo assim sem nem mesmo ter um motivo me
perguntou se eu gosto do Steven e não foi nada dona Hanna? Qual é! Eu te conheço
amiga...

Soltei um suspiro longo, fechando os olhos.

- Não é mesmo grande coisa, é? Você também beijou ele e... Você não... Não gosta
dele, gosta?

Abri os olhos pra ver a resposta que ela ia me dar, e a Alex revirou os olhos azuis.

- Claro que não! Aquele beijou foi... Nada! Eu tava bêbada e ele é bonito mas eu
nunca iria pra cama com ele amiga!

Não sei se me ajudou ela dizer isso, acho que não... Eu... Ela é tão bonita e ele
também e ela... Não tem... Problemas...

- Lex, eu sinto muito por... Isso! Disse, apontando pra mim mesma por que meu
estado era deplorável.
Eu acabei de surtar com a minha amiga e perguntar do nada se ela gosta de um
garoto que não tinha absolutamente nada a ver com... Nada e... Eu nem sei, só sei
que estou errada.

Alex deu de ombros.

- Relaxa amiga, mas a gente vai conversar mocinha... Pode contar, o que está
acontecendo?

Dei de ombros, tentando me fingir de indiferente.

- Nada, é... Eu estava com ele na praia agora à pouco e me sinto super bem de estar
perto dele... Ele me faz rir... E... As vezes eu esqueço que a gente brigava por que...
Ele me entendeu... Ele não me julgou nem disse que sou louca, ele apenas...
Entendeu. E... Quando ele me beija como fez hoje... Eu não sei Alex, eu só me sinto...
Em chamas.

Quando olhei pra Lex, ela parecia... Chocada!

- Ah. Meu. Deus! Hanna... Disse, se levantando e segurando meu rosto entre as
mãos...

Me senti muito estranha, ela verificou minha temperatura e eu não sabia o por que
a Alex estava fazendo aquilo.

- Meu Deus Hanna! Ela gritou, meio sorrindo e deu pulinhos...

Não tinha a visto tão feliz desde... Seu aniversário de onze anos quando ganhou
uma casa da Barbie gigante. Foi a última vez que ela deu pulinhos de alegria... Até,
agora.

- O que foi? Perguntei, quando ela ficou apenas me olhando com um sorriso do
Curinga nos lábios.

- Como, o que foi? Rebateu, plenamente feliz e sorrindo de orelha a orelha.

- Você tá gostando dele Amiga! Disse, como se isso exclarecesse a paz mundial
enquanto me segurava os ombros e sorria como uma mãe orgulhosa.

Mas, o que disse me assustou... Muito.

- Não... Eu não... Eu só... Gaguejei e gaguejei e não soube o que dizer, então encarei
meus pés ao invés de olhar pro sorriso enorme da Lex...
- Ah Hanna, por favor... Você estava sorrindo até agora enquanto falava dele, estava
com aquele olhar...

Franzi o cenho e a encarei novamente.

- Que olhar? Eu estava normal! Afirmei, por que eu estava mesmo... Não é?

A Alex riu.

- Não, você não estava! Estava com o sorriso de... De quem gosta dele!

Neguei com a cabeça várias vezes...

- Não! Eu não gosto dele Alex!

Ela sorriu e colocou a mão sobre meus lábios.

- Você gosta sim! Olha como você está sorrindo! Você gosta do Steven!

Eu não tinha consciência de que estava sorrindo, mas quando ela disse... Eu percebi
que estava mesmo. E... Isso me deixou com medo, muito... Eu não posso gostar
dele... Eu não posso. Mas eu acho que sabia que gostava, só não queria ouvir minha
consciência dizendo isso.

- O que foi? Perguntou a Lex, me olhando de cima a baixo.

Eu tinha soltado um suspiro entristecido e respirado fundo...

- Ele... Não gosta de mim. Não... Não assim.

Alex revirou os olhos.

- Como você pode saber? Ele estava te beijando! Ele ao menos te deseja!

Balancei a cabeça, negando.

- Não Alex, ele... Ele disse hoje... Sou só... Uma amiga. Acho que pra ele é, como é
comigo e o Stef... Cura de carência!

Alex revirou os olhos e deu um suspiro meio triste como o meu, mas depois me fez
sentar na cama e contar tudo... Tipo...TUDO mesmo pra ela.

Eu contei sobre os beijos, e como os toques dele me afetam. Contei sobre nossa
conversa hoje, sobre o que falei com a mãe dele, falei sobre... Tudo.
E então parei, quando pensei sobre contar ou não contar do pensamento perdido que
me veio quando subi em suas costas e a Alex...

- Oh. Meu. Deus! Gritou, fazendo o mairo escândalo.

- Você teve um pensamento erótico sobre o Steven? Gente... O que esse cara tem?!

Balancei a cabeça pra sua atitude e fiquei a olhando pra esperar que seu surto
passasse.

- Hanna, amiga! Tem noção de quanto tempo eu passei nutrindo sua mente com os
meus encontros pra ver se você... Se animava? Fico tão feliz que o Steven tenha feito
isso! Adorei!

Respirei fundo.

- É Alex! Isso é muito legal! Como se eu fosse... Realmente... Conseguir.... Você sabe!
E fora isso, eu acabei de te falar que ele disse que sou amiga, só isso!

Ela fez um gesto com a mão como se desdenhasse do meu comentário.

- Ah, para! Homem é homem independentemente de qualquer coisa amiga, você


devia aproveitar essa vibe de pensamentos e torna-los reais...

Revirei os olhos pra ela.

- Meu Deus! As vezes parece que você se esquece quem eu sou! Eu... Não consigo
fazer isso Alex! Eu nunca vou conseguir ser normal sobre isso! Gritei, meio
exasperada, não com ela, por que sei que a Alex não faz por mal, mas... Por que eu
estava triste eu... Queria ser normal sobre isso, mas não sou.

Alex me olhou po um tempo, depois soltou um suspiro longo.

- Você não vai gostar de ouvir isso, mas você precisa! Então lá vai: Amiga, eu sei que
foi horrível, eu sei... Mas, sério, isso faz muitos anos, muitos anos... Você tem que
parar de agir como se o cara que te estuprava fosse aparecer na esquina e fazer
novamente ou você nunca vai viver! Pelo amor de Deus Hanna, aproveita que você
gosta do Steven... Gosta mesmo, de um jeito que você nunca nem cogitou pensar ou
gostar do Lewin e tenta, ao menos dessa vez, tente, cogite a ideia antes de desistir
dela.

As palavras dela me bateram... Muito forte. Eu sei que devia... Lutar, é só que eu
não controlo isso!
E... É exatamente isso que tem que mudar... Eu preciso começar a controlar isso,
controlar minha mente, como a mãe do Tivie disse, eu tenho que... Acreditar que
aquilo ficou no passado, então assim vou poder viver novamente. Viver de verdade.

A Alex se ajoelhou entre minhas pernas me fazendo olha-la.

- Desculpa por ser tão ríspida, mas...

A interrompi, secando a lagrima fujona que escorreu do meu rosto.

- Não! Você tá certa... Eu... Só preciso que me diga como agir e o que fazer com ele...

Ela sorriu, depois me abraçou apertado.

- Você quer mesmo tentar? Eu sei o que eu disse antes, mas... Não precisa se você
não quiser com o Steven, a gente pode procurar outro carinha...

Balancei a cabeça.

- Não... O que eu sinto sobre o Steven eu... Eu nunca senti antes... Eu quero tentar,
mas quero tentar com ele.

O sorriso da Alex ficou maior e ela começou a tagarelar e não prestei atenção em
nada, por que sei que ela estava falando sobre sexo e ainda não to pronta pra essa
conversa. O que eu queria saber começou depois de meia hora sobre: Camisinha,
anticoncepcionais e pílulas do dia seguinte.

- Agora, pra consquita-lo... Que tal usar aquele plano que ele falou pra você com
relação ao Stef?

- Qual plano? Perguntei, meio perdida quando voltei do meu mundo particular onde
eu estava asustada, tremendo, mas também estava ansiosa...

Pela primeira vez, desde, sempre, eu queria... Um menino de uma forma muito...
Íntima e particular pra mim. Então era meio que importante.

A Alex revirou os olhos.

- Aff Hanna, ouviu alguma parte do que eu falei antes disso?

Assenti com a cabeça, mordendi a boca, mesmo que não tivesse escutado nada.

Ela riu.
- Tá, você me contou que ele disse que quando ele quer uma garota é quando ela o
esnoba, o ignora... Então acho que seria legal você fingir estar ignorando o Stef, ai
você sai com o Steven e quando estiver com ele em algum lugar tipo as boates que já
te levou, você procura algum cara interessante e... Dá uns beijos, ou... Não sei, algo
deste tipo, entende?

Pisquei várias vezes pra ela.

- Da onde você tira esses planos?

Ela sorriu, diabolicamente.

- Eu tenho uma mente brilhante pro mal, e adoro usa-la pra isso!

Balancei a cabeça, sorrindo e então assenti.

- Tudo bem, e eu vou bem vestida, certo? Com as suas roupas, provavelmente...

Alex fez que sim varias vezes com a cabeça.

- Claramente que você vai com as minhas roupas! Não existe nada no seu guarda
roupas perto de ser sexy amiga, sem ofenças!

Respirei fundo, me fingindo de magoada.

- Nossa, depois dessa vou embora!

Ela riu, enquanto andava pro outro lado do quarto e abria o enorme guarda roupas.

- Ah para de graça e vem cá, vamos escolher o que você vai usar esses dias...

Respirei fundo, antes de me levantar e ir atrás dela.

Voltei pra casa lotada de sacolas com as roupas da Lex, ela me fez escolher tudo
perfeitamente... Aliás, ela escolheu tudo... Mas não discordei por que gostei da
maioria das roupas, menos aquela que é apenas um top feito só de renda vermelha
que segundo ela eu tenho que usar com um sutiã azul, ou preto pra ficar sensual...

Só a Alex mesmo.

Conversei com meu pai aquela noite, falamos sobre a escola, a academia e sobre
minha conversa com a mãe do Tivie.

Mas meu pai estava muito... Distante.


-Papai, aconteceu alguma coisa? Perguntei enquanto lavamos louça.

Chad deu um suspiro.

- Nada minha pequena, apenas... Cansaço...

Sorri pra ele.

- Quer que eu te estrale?

Chad riu, por que da última vez que fiz isso ele ficou completamente quebrado.

- Não, vou passar dessa vez, guarde as louças e vai pra cama? Por que eu
sinceramente preciso de um banho quente agora...

Assenti pra ele, que me deu um beijo e subiu as escadas. Eu não vi muita verdade
quando ele falou sobre o cansaço... Acho que ele está com algum problema na
cabeça, ele sempre fica assim quando tem algo acontecendo na academia... Pode ser
isso, eu acho...

Enfim, subi as escadas de casa e fiquei deitada na cama, olhando o teto.

Estava curiosa pra saber o que ia acontecer na segunda que seria quando eu
voltaria a ve-lo... Pra saber onde o Steven me levaria.

Será que eu ia conseguir?

Parei nesse pensamento, e com a maior força de vontade disse pra mim mesma:
Sim, você vai! O seu passado é um monte de merda, mas é pasado... Vai ficar tudo
bem. OHomem que te machucava está preso, ele não pode mais te fazer mal, e você
não vai deixar mais isso acontecer, você cresceu... Sabe lutar, sabe se defender... Vai
ficar tudo bem.

Repeti esse pensamento pra mim mesma varias vezes antes de virar de lado e
dormir.

Babaca- Steven

Quando cheguei em casa aquele dia, depois de uma longa, longa transa muito
gostosa com uma garota que conheci na praia depois que a Princesinha foi embora,
eu fiquei pensando..

Estava olhando o teto e pensando nela. Não na garota que estava dormindo do meu
lado, mas nela...
Quando estavamos na água hoje ela... Parecia... Querer um beijo. Não só na água,
pra ser sincero, mas também na praia quando conversei com ela sobre seu passado e
o que pensava dela.

Fico me perguntando se ela me quer desse jeito, mas mesmo que queira, como eu
tenho certeza que queria naquele momento na água, eu não posso! Por isso falei
sobre o Stefan, por que... Ele vai dar uma primeira vez do modo como ela quer, vai
ser carinhoso e compreensivo... Tudo o que eu não vou ser.

Eu não sei... Eu nunca transei com uma menina como ela é porra... Eu vou acabar...
Machucando-a ou magoando-a de um jeito irreparável e eu gosto da Princesinha
agora e gosto do pensamento de protege-la e cuidar pra que não se machuque mais
do que já fizeram com ela.

Por isso, mesmo que o pensamento de ser ela na minha cama agora, tenha me
deixado instintivamente duro,eu ignoro que essa minha reação é sobre ela e começo
novamente com a garota.

Vou ajudar a Princesinha com o Stefan, e... Ele vai ser o que ela precisa...

Maluquinha- Hanna.

Eu estava em algum lugar escuro, não conseguia ver as coisas direito, mas eu sabia
que... Que ele estava ali.

Eu sentia. Sentia seus beijos pelo meu pescoço e por meu ombro, sua boca na minha
boca... Quente, macia e me beijava tão forte que me fazia tremer cada pedacinho e
arrpeiar cada pelinho do meu corpo.

Sabia quem ele era... E o que estava fazendo quando tirou minha camiseta, mas eu
não queria parar.. Eu tinha medo sim, mas... Tinha vontade... Muita vontade. Como
se tivesse estado muito tempo em abstinência de alguma droga e precisasse
desesperadamente daquilo naquele momento, eu precisava.

Os olhos dele pararam no meus por um momento, seu dourado parecia brilhar na
noite que nos envolvia.

Suas mãos deslizaram pelo meu corpo nu, me puxando mais perto e eu me senti
trremer de medo agora, mesmo assim, eu não queria que parasse.

- Você quer que eu pare?

Neguei com a cabeça enquanto sentia suas mãos se mexerem na minha calça.
- Eu posso te machucar, você sabe, não sabe? Dói...

Dei de ombros quando ele se afastou pra tirar minha calça.

- Eu não me importo...

- E se eu te machucar?

Sua voz estava mais próxima agora. Sua boca no meu rosto, me dando vários beijos
até chegar aos meus lábios.

- Não me importo...

Ele sorriu pra mim, aquele sorriso torto que só mostra suas presas.

- Não se importa mais com a dor?

Fiz que sim com a cabeça e meu celular despertou a anunciando o inicio de domingo.

Queria joga-lo do outro lado do quarto!

Estava tão bom... Até mesmo acordada agora eu podia me sentir mole do mesmo
jeito que estive sonhando.

Toquei minha boca por um momento, pensando nele... E no que ele podia fazer
comigo, no quanto podia doer... Mas como no meu sonho, eu não me importo. Não
agora... Não quero me importar agora. Se for ruim, eu lido com as consequências
depois, mas agora... Eu vou... Fazer o que sinto que devo.

***

- Sonhou com ele novamente?!

Aquela cachorra da Alex não sabe falar baixo! Praticamente gritou no meio do
corredor da escola.

- Shhh! Disse, colocando o dedo na na boca enquanto caminhava.

-Eu não sonhei sábado, eu apenas imaginei... Mas à noite sim, foi um sonho e foi um
sonho muito bom!

Hoje eu sabia que estava sorrindo feito uma idiota, mas não me importa, eu gostei
de sonhar com ele. De me sentir... Mole e quente, acesa, ligada e pronta... Sim,
agora eu me sinto pronta.
Alex balançou a cabeça, sorrindo amplamente do meu lado.

- Estou vendo! Deve ter sido um sonho: ÓTIMO pra te deixar com esse sorriso
besta...

Revirei os olhos pra ela.

- Eu sei que estou sorrindo feito boba, mas não consigo parar... Sinto muito!

Ela riu e fomos andando de braços dados e brincando até a sala.

Tive que controlar vários impulsos meus de olhar na direção onde o Babaca sentava,
e só fiz isso por que a Lex ficou me beliscando a aula inteira quando eu se quer
pensava na hipótese de olhar pro lado...

Eu nem sei como ela sabia que eu iria virar, mas sabia e me beliscava pra me
lembrar que temos um plano e o plano é: Ignore-o, o quanto puder em sala de aula e
fora dela também, mas quando ele vier falar com você sobre o Stefan, você fala. Mas
finge estar indiferente sobre o Steven em si...

É um plano muito complicado! Porém, vou tentar seguir... Eu não sei nada sobre
isso mesmo, e a Alex é muito experiente, portanto, vou confiar no que me diz...

Mais tarde naquele dia, eu estava na academia, sem kimono por que com meu pai
me obrigou a não treinar hoje já que contei a ele no domingo que tinha caído na
praia e machucado meu pé, então ele achou melhor não forçar...

Hoje eu ia só assistir...

- Oi Linda... A voz do Stefan me fez sorrir enquanto eu saía do transe da meditação.

- Oi Stef...

Eu estava tão feliz que mal podia parar de sorrir, pra qualquer um que fosse,
principalmente pro Stefan que é meu amigo.

- Olha, parece que tem alguém feliz hoje hein?

Assenti pra ele, esticando minhas pernas pra recuperar a circulação do sangue.

- É... Tem sido dias bons, não é?

Ele assentiu, depois se sentou ao meu lado.


A academia tinha acabado de abrir, faz pouco tempo... Eu acho, por isso apenas
alguns alunos estão aqui, geralmente os menores chegam primeiro, eles e o Stefan
que vem... Digamos... Conversar comigo.

- Você não tá vestida ainda por que? Vai se trocar pra fazermos uma serie! Disse,
me provocando com um soco de leve no ombro.

Balancei a cabeça.

- Estou fora hoje Stef, meu pé ta meio machucado e não quero forçar... Vim apenas
pra assistir!

Ele sorriu.

- Ah que folga! Vem cá, vai fazer uma serie comigo, prometo que pego leve com a
mocinha machucada!

Mostrei a língua pra ele enquanto pegava suas mãos estendidas e deixava-o me
levantar.

Meu pé não estava mais doendo, nem mesmo no sábado estava, mas meu pai achou
melhor eu "repousar" por uns dias, só pro caso de ter sido algo mais sério. Então, eu
obedeci, mas não vi mal nenhum em uma serie com o Stefan.

- Você está com a guarda baixa de propósito Stefan? Eu estou machucada, não
invalida! Disse, socando de mentirinha o queixo dele e ele por sua vez fez que o soco
doeu de mentirinha também.

- Céus! Você sabe lutar garota! Falou com as mãos pro alto, como se estivesse se
rendendo.

Dei risada e fiz uma dancinha da vitória que o Stefan acompanhou e acabamos
rindo como dois lunáticos.

Ele me abraçou por trás, prendendo meus braços na cintura junto com os dele
enquanto me dava um beijo no rosto.

- Você fica linda rindo!

Seus olhos encontraram os meus sob o ombro e parei de rir, por que ele falava muito
sério...

- Stef... Disse, começando meu discurso pronto de "somos amigos".


Porém, ele me interrompeu antes.

- Ah, nem comece Hanna, você é linda e fica linda rindo e livre... Eu gosto de te ver
relaxada!

Balancei a cabeça e me peguei repetindo o gesto do Steven comigo sábado. Rocei


meu nariz no do Stefan, sorrindo.

- Obrigado, cavalheiro...

Ele riu e me deu um beijo na ponta do nariz, que me fez lembrar do Steven
novamente por que ele fez isso sábado.

- Não falei mais que a verdade bela dama!

Dei risada com ele e o Stefan me soltou, depois ficamos conversando sobre ele o
curso que estava iniciando faculdade.

Babaca- Steven.

Eu adoro vir treinar, adoro mesmo, mas especificamente segunda feira eu estava
muito puto!

A Princesinha nem... Olhou pra mim hoje... Quer dizer,não que eu estivesse
prestando atenção nisso, mas ... Enfim.

Eu só percebi que ela estava meio... Estranha, mas achei que podia ser tudo
bobagem minha e eu estar apenas agindo como um idiota, porém quando cheguei na
academia, o que eu vejo?

Vi ela toda agarradinha e de amores pra cima do Stefan!

Ela estava de shortinho, e uma camisa rosa de flanela... Bonita, de um jeito muito
simples. Porém ao invés de estar seguindo meu plano e ignorando aquele idiota, ela
estava lá... Agarrada à ele.

Que ódio! Vi vermelho na minha frente aquela hora, se eu pudesse matar a


Princesinha e o Stefan eu mataria... Eu estava... Fervendo de ciúmes!

O que não tem a mínima logica, por que eu não gosto dela e ela não é minha, fora o
acordo que fiz comigo mesmo sobre não toca-la mais, nem beija-la ou qualquer coisa
do tipo... Ainda assim, eu estava vendo vermelho...
Sinceramente? Acho que preciso de sexo, por que faz... Quase dois dias que não
tenho uma foda de diversão, tô sentindo falta, esse é meu problema, quando tô em
abstinência meu cérebro fica... Meio... Estranho. Meus sentimentos ficam
bagunçados e não fazem o mínimo sentido!

Ok, hoje... À noite, depois que eu sair da academia eu vou procurar um bar e ter
uma boa e longa transa!

Prometo isso à mim mesmo antes de entrar na academia e fazer meu caminho pros
vestiários.

Enquanto estava lá dentro, fiquei pensando: Eu posso levar a Princesinha comigo...


Afinal, ela precisa sair com um cara pra... Fazer ciúmes no Stefan, então, talvez eu
possa... Aprontar algo e leva-la comigo.

Eu gosto de sair com ela, e de faze-la rir... Ela tem uma risada bizarra, faz uns
barulhos estranhos, mas é bonitinha! Tem duas covinhas que se abrem e
aprofundam quando ela ri com vontade.

É... Vou chama-la pra ir comigo...

Sai do vestiário e fui andando calmamente pela academia até chegar onde a
Princesinha e o Stefan estavam.

Eles dois estavam na parte que fica bem à baixo do escritório do Mestre, tem vários
sacos de pancada ali, então posso dar uma aquecida... Depois, é claro, de provocar
um pouquinho o Stefan.

Estou unindo o útil ao agradável, eu adoro ver a Princesinha rindo e adoro ver o
Stefan com cara de quem chupou limão quando me vê com ela, portanto, vou fazer
disto uma rotina.

Mas isso não tem absolutamente nada a ver com querer afasta-lo dela, porque como
desejo essa menina demais, eu preciso que ele fique perto da Hanna, que a queira...
Porque assim eu posso... Sair desse meu modo de "quero te pegar" o tempo todo e eu
e a Princesinha podemos voltar ao modo, "somos apenas amigos", sem todo o flerte e
beijos que houveram na praia, por mais que tenha sido bom e que eu queira mais...
Eu não posso.

- Hey baby... Disse, enquanto mexia no laço do meu kimono, deixei sem amarrar de
propósito. Só pra provocar.
Me abaixei um pouquinho e lhe deu um beijo nos cabelos, que, como sempre,
estavam um rabo de cavalo, mas hoje estava mais frouxo que geralmente e seu
cabelo preto pendia do lado direito de seu corpo.

- Oi... Ela disse, sorrindo pra mim.

Sorri de volta e estendi a mão.

- Vem cá? Vem me ajudar a fechar meu kimono? Pedi, da maneira mais melosa
possível.

A Princesinha revirou os olhos e o Stefan parecia prestes a vomitar.

- Tenho certeza que você sabe amarrar sozinho Steven!

A voz do Stefan saiu ameaçadora, com raiva e quase como um aviso, mas ele nem
vem com essa pra cima de mim.

- E eu tenho certeza que a Princesinha já aprendeu a falar por ela mesma, não é
baby?

Ela revirou os olhos verdes pra mim novamente e segurou minha mão, ficando de pé
na minha frente.

- Sim, eu já aprendi! Quer que eu dê um laço, ou um nó?

Dei de ombros.

- O que você quiser... Disse, estendendo a mão e tirando sua franjinha dos olhos.

Ela riu, e deu um puxão forte nos dois lado do meu kimono me puxando mais perto e
achei isso sexy demais! O que me prova mais uma vez: Preciso urgentemente de
uma transa!

- Escuta, você não quer sair comigo hoje depois daqui? Hum? O que acha? Te levo
em um lugar legal, prometo! Disse, pra mudar o rumo dos meus pensamentos sobre
o quanto a mão da Princesinha estava perto de...

- Acho legal, mas vou ter que pasar em casa e trocar de roupa...

Assenti pra ela, segurando seu queixo pontundinho e tentando me focar na minha
provocação do Stefan.

- Tudo bem baby, eu passo da sua casa te buscar...


Ela assentiu e abriu a boca pra falar, mas o Stefan interrompeu.

- Acho bom que leve ela de volta pra casa hoje! Isso se você não estiver caindo de
bêbado!

Revirei os olhos pra ele e me foquei nos olhos verdes mais baixos que eu ali na
minha frente.

- Tudo bem pra você? Se eu for te buscar?

- Tudo Tivie... Se você estiver caindo de bêbado eu sempre posso pegar um táxi!

Sorri meio maldoso pra ela agora.

- É, ou você pode ligar pro Stefan!

Quando olhei pro cara em pé atrás da Hanna, ele parecia que ia ter um colapso.

- Hanna... Ele disse, como se isso fosse uma oração ou sei lá... Acho que meu plano
estava funcionando.

A Princesinha virou pra ele.

- Stef, olha... Eu... Eu e o Steven já tínhamos combinado isso, e eu prometi que não
vou mais te ligar nem que eu esteja morrendo, então vai ficar tudo bem...

O cara respirou fundo.

- O problema não é você me ligar porra... O problema é: Sair com esse cara! Disse,
apontando pra mim como se eu fosse um monte de merda.

Tá... Não estava muito longe da verdade, mas mesmo assim, eu era um cara legal e
não ia deixar nada acontecer com a Princesinha, não mais...

- E o que tem de errado com esse cara? Perguntei, me fazendo de inocente e não o
deixando me atingir com seus comentários.

O Stefan parecia que ia voar no meu pescoço a qualquer segundo.

- Quer a lista? Pra começar: Você não presta!

Dei de ombros, mesmo que ele tenha completa razão e eu não preste, o que estou
tentando fazer aqui vai favorecer à ele. Afinal, quem vai ficar com a Princesinha é
ele... Ele podia, facilitar minha vida, né?
- Puta, as pessoas me dizem isso como se eu não soubesse que eu não presto, eu sei,
e não escondo, ela sabe com quem tá saindo Stefan, pare de agir como a porra do
namorado dela por que você não é! E ela tem total direito de ir onde quiser!

Sim, eu me amo por essas frases de efeito que deixam qualquer um sem fala!
Principalmente quando este é o Stefan. Adoro ver seu rosto retorcendo quando
pensa em algo pra rebater comigo, e adoro mais ainda que ele nem faça ideia de que
todo esse plano é pra faze-lo ganhar algo que eu quero! Ele devia me agradecer! E
como forma de pagamento eu vou provoca-lo durante o processo, afinal, ele é melhor
que eu pra ela, mas eu ainda sou muito egoísta pra não cobrar nada por isso, ver ele
fervendo de ciúmes é meu pagamento.

- Não foi você que tirou o direito dela de ir e vir quando a fez pagar aquela maldita
aposta?

Desdenhei do argumento cheio de veneno e raiva do Stefan.

- Isso é passado, agora ela pode não ir, se quiser... Você quer ir comigo Princesinha?
Perguntei, diretamente à ela.

Obviamente e graças ao bom Deus ela assentiu, porque se não eu iria ter uma
conversa bem séria com ela e lembra-la que temos um plano! Ela tem que ignorar o
Stefan, e também... Sair comigo pra matar minha vontade.

- Quero, e eu posso saber por que vocês falam como se eu simplesmente não
estivesse aqui? Que inferno!

Ela respirou fundo, e se virou pro Stefan.

- Sei que se preocupa, mas eu só vou sair pra dançar, você pode vir junto se quiser...

A interrompi, por que pra alguém que tem que seguir uma linha de raciocino
simples, ela estava complicando "IGNORAR, Princesinha, sabe o significado disso?"
Perguntei em pensamento.

- Ah não, ele não pode! Na minha garupa só garotas, e felizmente ele não é uma,
fora isso só tem lugar pra dois!

A Princesinha me olhou, e balançou a cabeça, fazendo gestos com os olhos pra que
eu parasse com a discussão. Mas eu estava adorando!... A pena é que bem quando o
Stefan ia rebater meu argumento o Mestre chamou do tatame e tivemos que ir
treinar.
Maluquinha- Hanna.

- Ele vai te machucar! Disse o Stefan, segurando-me pelos cotovelos.

Estávamos no corredor pro vestiário e o Stef estava tendo um surto desde a


conversa mais cedo com o Steven.

Sei que ele não entende, e nem quero que ele entenda... Mas eu quero sair com o
Steven e eu vou, faz parte do plano da Alex.

- Stef, estou falando sério, eu não vou ficar com ele!

O Stefan suspirou.

- Pelo amor de Deus Hanna! Que merda! Ele vai... Transar com você e depois te
dispensar feito nada! Feito lixo! Não deixa ele fazer isso!

O comentário dele me fez ficar brava, por mais de um motivo, mas me foquei nos
que não tinham haver com ciúmes das garotas que já ficaram com o Steven e sua
péssima fama.

- Stefan, que tipo de garota acha que sou? Uma fácil que vai pra cama com todo
mundo? Aquele dia no seu carro eu estava super frágil, mas eu não transei com você
e nem vou fazer isso com o Steven! Gritei, deixando as palavras escorrerem como
vomito da minha boca.

Eu me sentia mal, e brava comigo mesma por ter ciúmes do Babaca e pior: Por que
eu sabia que havia a chance de o Stefan ter razão.

Stef suspirou, longamente e respirou fundo de novo.

- Eu vejo como você olha pra ele... Eu sei... Sei o que sente, e sei que ele não sente a
mesma coisa Hanna! Ele olha pra você como um brinquedo, como diversão, você
quer... Quer ser tratada assim? Quer que ele te use só pra... Prazer e depois te jogue
fora? É realmente isso que quer?

As palavras dele me fizeram ficar... Confusa, eu... Já não sabia mais se eu queria
isso agora. Se ele fosse me tratar apenas como brinquedo, como diversão eu... Não ia
me sentir bem, por que já fui tratada assim

Aquele homem me tratava assim. Eu era só... O brinquedinho dele e não quero ser o
brinquedinho do Babaca.
Por outro lado, o Steven pode não ser assim, ele pode ser bom... Ele pode ser
diferente comigo, como ele é sobre a questão de fazer garotas rirem..

Espero que eu não esteja comentendo um erro.

- É sério Stef, eu não vou dormir com ele... Só vou me divertir, tá bem? Te mando
mensagem quando chegar... Disse, beijando seu rosto e ele segurou minhas mãos.

- Por favor, não deixa ele te usar assim Hanna, eu sei que... Que talvez você queira
isso, mas esse merda não vai mudar, ele não vai acordar e ser bonzinho, ele não
presta, e não vai mudar!

Assenti pra ele, mas soltei minhas mãos por que me irritava o escutar falando assim
do Steven, eu sei que ele tem lá seus problemas e age assim por causa deles, é
maneira como ele lida com a situação... Mas, ele não é de todo mal...

- Tudo bem, eu entendi o recado!

Ele respirou fundo, encostando a cabeça na parede.

- Tá, se precisar de mim, me liga, ok?

Assenti e fui embora, meu pai tinha que conversar com o Stefan sobre alguma coisa
e eu tinha que ir pra casa para me arrumar pro encontro com o Steven, que ele nem
mesmo sabe que é um encontro.

Suspirei antes de ligar o carro.

"Você não vai pensar demais Hanna, você vai sair e vai se divertir e se ele te beijar
ou algo mais... Você simplesmente vai deixar acontecer". Digo a mim mesma quando
saí do banho.

Joguei todas as roupas da Alex em cima da cama e procurei algo que eu gostasse pra
usar hoje.

Me decidi por uma blusa branca com um decote infinito, toda cheia de botões pra
minha sorte, por que assim eu posso fechar onde eu quiser e diminuir o decote... E
uma calça jeans preta muito apertada, mas ainda assim era confortável então gostei
dela.

Joguei todo meu cabelo pro lado e pensei em prende-lo... Só que sair com o Steven
merecia algo... Mais. Então deixei ele solto do lado direito, jogando toda minha
franjinha pro lado junto com o cabelo e prendi o lado esquerdo com uma presilha
prata.

Nos pés eu coloquei um sapato de salto da Alex azul marinho e... Bom. Eu acho que
ficou legal.

Mas, como eu não sei, enviei uma foto pra Alex e uma mensagem pro Steven ao
mesmo tempo, dizendo que estava pronta.

A mensagem da Alex chegou uns cinco minutos depois, sua resposta foi:

"Abra mais dois botões da camisa e passe um batom, ou um gloss nessa boquinha
Hanna, afinal, a intenção é faze-lo te beijar... Então chame a atenção pros seus belos
lábios carnudos amor, espero uma ligação assim que anoite acabar... Beijos Alex
"

Balancei a cabeça pra mensagem dela e procurei um gloss... Não sou muito de fazer
maquiagem, mas sei usar as coisas quando preciso, então passei um gloss
avermelhado nos lábios e um blush pra eu ficar com um pouquinho mais de cor, por
que eu estava incrivelmente pálida hoje... Será que é nervoso? Sim ou Claro?

Respirei fundo me olhando no espelho e pensei se devia ou não abrir os dois botões
da blusa... Eu tinha fechado todos eles, e ainda assim tinha um decote leve em V na
blusa, tudo bem que este decote não mostrava nada a não ser meu busto... Mas nada
mais..

Então abri os dois primeiros botões e a blusa revelou o top de renda da Alex, um
preto muito parecido com aquele vermelho, mas esse era pra ser usado
especificamente por baixo de algo.

Não estava vulgar, eu acho e espero....

Estava tentando não pensar enquanto descia as escadas se eu estava fazendo as


coisas certas ou não... As palavras do Stefan não me saem da cabeça, mas também...
Não me sai da cabeça o sonho. Eu daria muita coisa pra viver aquele sonho pra
sempre.

- Nossa filha! O Chad disse, se virando no banquinho da cozinha quando me viu.

Fiz uma pose pra ele, meio envergonhada, e o Chad se aproximou.

- Uau! Tá linda Pequena nunca tinha te visto assim antes, onde vai?

Dei de ombros.
- Vou sair com o Steven...

Meu pai riu.

- Hum, Steven...

Revirei os olhos pro seu tom insinuador.

- Sim pai, Steven, tô muito vulgar?

Chad me olhou de cima a baixo, franzindo o cenho varias vezes, depois fez cara de
desgosto o que me fez exalar todo o ar em mim.

- Vou me trocar...

Escutei a risadinha do Chad atras de mim.

- Não amor, vem cá...

Ele segurou minha mão no corrimão da escada e me fez descer os dois degraus que
tinha subido.

- Você tá linda, ele vai babar... E não está nada vulgar!

Sorri pra ele.

- Você acha?

Chad retribuiu meu sorriso.

- Que ele vai babar? Claro que vai! Todos os caras onde quer que vocês forem vão
babar!

Alisei um pouco a roupa, animada que eu estivesse bonita e não vulgar.

- Você gosta dele, não gosta minha filha?

Levantei o olhar pro Chad quando disse isso e mordi o lábio.

- Ah... Ah... Não pai, eu e ele... A gente vai sair apenas como amigos!

Meu pai franziu o cenho e o lábio, da forma como faz quando está preocupado.

- Hanna... Ele disse como um suspiro, o que me diz que o que vem por ai não é bom.

Sempre que o Chad diz: Hanna, e suspira, é bronca, ou... Notícias ruins.
- Filha, você é linda, e está linda... E ele vai... Se encantar com você, mas meu
amor... Ele... Será que ele é um bom garoto pra você? Eu sei que ele é um bom
menino, mas... Ele... Ele é muito... Namorador... E você... Sabe?

Sei... Eu sei... Ele também acha que o Steven vai só me usar e que vou acabar no
lodo por isso, surtando, passando mal e tentando me matar novamente.

Todo mundo que sabe sobre os surtos, sabe que é bem mais que as lembranças... É...
Tudo como se eu estivesse em uma noite interminável quando surto. Quando um
surto vem, e se conclui... Não para... E... Outros vem, e eu passo mal, as vezes eu me
corto, as vezes eu desmaio, as vezes eu caio e bato com a cabeça. Mas em um resumo
grande: Quando eu surto, eu sempre procuro uma forma de me ferir, os psicólogos
acham que eu tento me machucar pra que eu possa sair do surto... Pra que eu possa
"acordar".

A última vez que surtei eu bati com a cabeça na escadaria... Podia ter sido pior. Foi
quando eu tinha uns doze anos... E dos treze em diante os surtos diminuíram, mas
não é como se eu não fosse surtar novamente... Eu sei disso, e o Chad também,
entendo sua preocupação... Quem sabe o que vou fazer se surtar dessa vez? Quem
sabe se eu não consigo me machucar de verdade?

- Eu não vou dormir com ele pai... Não vou conseguir. A gente sabe.... Não tem que
se preocupar comigo gritando durante dias novamente.

Chad balançou a cabeça.

- Não meu amor, olha, o que quis dizer é que ele vai... Talvez ele te machuque
emocionalmente... Se você gosta dele... Eu... Entendo... E eu sei como dói gostar de
alguém e essa pessoa te machucar... Você tem certeza que tá tudo bem? Que, que ele
não vai te machucar?

Não... Eu não tenho. E agora estou morrendo de medo de novo...

Pensei na possibilidade de não sair, de nunca mais sair com ninguém, mas o
barulho da 1.200 encheu a casa...

- Eu... Eu tenho que ir pai, tchau... Disse, beijando-o rapidamente saí pela porta.

Aproveitei o caminho da varanda até o meio fio da calçada pra respirar e expirar...
Ia ficar tudo bem se eu não dormisse com ele, não é? Eu não ia correr risco de me
machucar se eu não dormisse....
Sei que quando isso começou era justamente pra eu dormir com ele, principalmente
o plano da Lex, mas... Não! Eu não quero sentir dor. Eu não quero me machucar de
novo, eu não quero ser brinquedo de ninguém de novo.

É... Eu ia ser amiga dele, só isso, nada mais. Íamos sair e beber e brincar e rir, mas
nada mais. Nada mais.

Babaca- Steven.

Puta. Que. Pariu!

Foi o pensamento que quase deixei escapar pela boca quando vi a Princesinha.

Ela não ia facilitar a minha vida, né?

Porra eu tô... Tentando, tentando de verdade ter pensamentos puros e apenas


afetuosamente amigáveis sobre ela... Mas, caralho!

- Oi...

Pisquei algumas vezes antes de responder o "Oi" dela. Ela parecia uma bonequinha
dizendo "Oi" mas, sua roupa dizia: Sou uma mulher muito gata, que quer que você a
leve pra cama.

Eu só conseguia babar e deixar meus olhos varrem seu corpo... Mais uma vez o
pensamento na minha mente foi: Que corpo!

A calça que vestia era a mais apertada que já a vi usando e marcava demais suas
coxas, e sua bunda... E aquela blusa branca... Era simplesmente: Sacanagem!

Como não vou pensar em abrir cada botão daquele com os dentes se... Se eu olho pra
camisa e tudo o que eu vejo é o começo de uma renda preta que eu quero ver mais,
ver até onde vai e tirar devagar... Faze-la sentir prazer comigo....

Isso nunca, em mil anos vai dar certo!

Em alguma parte da minha mente, eu repurei meu senso um pouquinho e sorri pra
ela.

- Oi... Disse, baixinho e rouco pela vontade louca de bota-la em cima da moto e leva-
la pra minha casa, minha cama.

Pigarrei pra limpar minha mente e minha garganta.


- Hum... Aqui... Estendi pra ela o capacete da moto e ela sorriu pra mim em
agradecimento.

Acho que estava meio decepcionada por algo, ela não disse nenhuma palavra
enquanto colocava o capacete nem mesmo me olhou...

Estranho, mas eu ignorei que deveria ter feito algo errado e liguei a Tara.

- Segura! Avisei a Princesinha antes de acelerar e ela realmente me segurou,


daquele jeito tímido, mas apertado.

Me fez sentir tudo ao sul do meu corpo apertando, retesando, esperando...


Desejando-a...

Eu queria saber como ela seria... Comigo, se... Fizesse isso comigo. Será que ela ia
ser assim toda tímida? Toda meiga e... Faria sons gostosos de ouvir como sua
risada?

Balancei a cabeça pra me livrar o rumo doa meus pensamentos, eu simplesmente


não posso pensar nisso! Ela... Talvez ela nem mesmo conseguisse dormir comigo, eu
sou... Bom de cama, mas não sou o homem mais carinhoso do mundo. Ela... Merece
mais. Mais que eu...

E esse cara é o Stefan, o cara que ela gosta, e que vai fazer tudo bonitinho e como
manda o figurino pra ela e é por isso que estou saindo com ela e só por isso...

E claro, eu sou a mamãe Noel!

Estou saindo com ela por que sou egoísta demais pra deixa-la se esvair assim de
mim... Tenho que abrir mão do desejo por ela, pro bem dela, mas pro meu próprio
bem quero te-la perto, ve-la dançar e sorrir... Isso não machuca ninguém, machuca?

- Que boate é essa? Perguntou assim que desceu na moto em uma boate chamada:
Kiss.

É fora da cidade, mas é uma boate muito boa, e vem muita gente pra cá. Gosto
daqui, e também é fácil menores beber sem identidade. Portanto, essa é nossa boate
perfeita.

- É uma legal, eu juro pra você, já aqui mais vezes...

Ela assentiu, olhando pra fachada que continha uma boca enorme e vermelha
brilhando em neon do lado de fora.
Fiquei a olhando por mais um tempo, memorizando seu corpo mentalmente...
Gravando suas mãos nos bolsos de trás do jeans apertado, e em como esse gesto
parece nervoso, ou em como ela anda bem de salto e eu nunca poderia imaginar isso
na vida apenas olhando-a antigamente. Ou em como aquela blusa branca fica
apertada e marca seu corpo bonito...

Respirei fundo antes de me aproximar dela.

- Esqueci de mencionar: Você está linda!

A Princesinha olhou pros meus olhos, e um sorriso lento e agradecido surgiu nos
seus lábios.

- Obrigado. Disse, com aquela voz de menina e o corpo de mulher...

Sorri de volta pra Princesinha, me forçando a pensar em qualquer outra porra que
fosse e a fiz entrar na Kiss.

Maluquinha- Hanna.

Eu realmente não consegui me controlar quando entrei naquela boate.

Nunca tinha estado em um lugar tão bizarro e tão bonito. Era bem diferente da
Drink, era maior e mais escuro e tudo o que se destacava ali dentro eram as tendas
com meio que sofás e um pano pra tampar o que houvesse lá dentro, havia beijos e
bocas por toda a boate, no teto mesmo, ao invés de haver um globo giratório existia
uma boca giratoria e brilhante e diferente dos outros lugares em que estive, esse
aqui tinha muita, mas, muita gente.

Eu gostei do movimento de pessoas em si enquanto estava sentada no bar esperando


por uma bebida, outro fato legal aqui dessa boate é que não tem apenas uma ilhinha
com bebidas, tem várias, acho que justamente por haver tanta gente aqui.

Mas, O que me impressionava mesmo era que o lugar tinha espaço suficiente pra
todo mundo, ninguém estava espremido, ou gritando, ou fazendo algazarra, estavam
todos dançando e curtindo. Era um lugar legal de se estar.

- No que tá pensando? A voz do Babaca baixinha na minha orelha me fez acordar.

Olhei pra ele e como sempre encontrei seus olhos mel brilhando.

- Que gostei daqui... Disse, sorrindo de um modo aprovador pra ele.

O Babaca sorriu e assentiu com a cabeça pra mim.


A gente conversou e brincou com os docinhos espalhados sobre o balcão do bar,
jogando um no outro pra ver se conseguiamos pegar com a boca. E em o que pareceu
ser meia hora, nossa bebida estava sobre o balcão.

Tinha um guarda-chuva rosa na minha e o líquido dentro era todo colorido, não sei o
que é por que o Steven que pediu e eu fiquei com certo receio de beber depois de ver
tantas cores misturadas naquele copo.

- Pode beber, sei que não gosta de nada com tequila, ou vodca, então não tem nada
disso ai dentro, é wisk e frutas, é docinho...

Sorri quando escutei sua explicação e olhei. Fiquei feliz de saber que ele lembra do
que não gosto... E que escolheu pensando em mim.

- Valeu! Agradeci, enquanto tentava apagar o sorriso convencido que surgiu no meu
rosto.

Eu não sei como ele conseguiu não precisar de uma identidade numa boate como
essas, mas acho que ele tem uma identidade falsa... Seria muito típico do Babaca
isso.

A ideia me faz sorrir enquanto experimento da bebeida colorida...

É realmente gostosa, e com vários gostos de frutas, apesar de descer queimando


pela minha garganta o que significa que tem álcool, mas é gostosa... Tomei um gole
grande, adorando o doce que sentia no final mas o Babaca tirou o copo da minha
mão.

- Vai devagar, é forte! Avisou, me olhando com preocupação.

Minha cabeça estava meio que girando já, então demorei pra assumir o que
significava isso.

- Mas, você disse que tinha muitas frutas... É gostoso!

Minha tentativa foi defender a vontade de beber mais daquele suco, ou drink, não
sei.

Vi o Steven sorrindo enquanto colocava o copo sobre o balcão.

- Sei que é gostoso, mas o doce máscara o álcool, então você fica bêbada mas não
sente!

Ah, agora eu entendi!


Assenti com a cabeça pra ele e fiquei apenas brincando com o guarda-chuva do copo.

Depois de um tempinho o Steven me pegou pela mão.

- Pega seu copo, vamos sentar em uma mesa e depois vamos dançar!

Sorri pra ele e desci do banquinho, me sentindo meio zonza ainda, mas não estava
cambaleando... Então peguei meu copo e fomos pra uma mesa, que na verdade eram
aquelas tendas.

- Aqui se você quer prividade, você tem, mas também não pode ficar muito tempo no
bar... Então temos que pegar uma mesa, pra depois poder dançar.

Ele me exclareceu o que eu ia perguntar antes que perguntasse. Eu estava a ponto


de perguntar por que tínhamos que ir ali, antes de ir dançar...

Me sentei no sofá de couro, colocando meu copo sobre a mesa e fiquei mexendo os
pés ao som do Tuns Tuns do lado de fora.

- Você tá legal?

Olhei pro Steven, que estava sentado so meu lado me olhando com cara de quem
Esta preocupado.

Sorri de forma tranquilizadora.

- Tô legal, só... Minha cabeça esta girando!

Ele riu, e se aproximou, depois soprou meu sorto.

- Você está suando, estou ficando preocupado... Disse, olhando pro meu rosto e me
fazendo carinho com os dedos.

Fechei os olhos por que aquela sensação de eletricidade atravessou meu corpo, cada
pedaço dele.

- Está com frio? Se eu soubesse que essa bebida ia te deixar...

O interrompi.

- Não, tá tudo bem, acho que não foi culpa da bebida.

Essa foi a minha melhor tentativa de dizer, mas ele não entendeu.

- Ah, então você está doente? Quer ir embora?


Neguei com a cabeça e fiquei em pé, com certa dificuldade, mas acho que isso era
mais na minha cabeça que em outro lugar.

- Não, quero dançar!

O Babaca sorriu, assentindo e me pegou pela mão pra levar de volta ao "fervo" da
boate.

Lá fora, onde a pista de dança cheia de ladrilhos pretos e brancos estava, a música
era alta, estrondosa... E ali sim, estava uma bagunça. Todo mundo dançando,
gritando e cantando, ou se agarrando e beijando...

Quando vi um casal se beijando eu apertei um pouco mais forte a mão do Steven na


minha, aquele beijo do casal me fez... Sentir inveja e saudade... Saudade de algo que
nunca tive nem nunca terei com o garoto que estava me segurando ali agora.

Odeio esse sentimento de perda, quando não perdi nada... Mas no fim, tentei me
concentrar na música tocando e esquecer o resto, quando o Steven parou em um
lugar.

Babaca- Steven.

Eu odeio o timing do universo! Profundamente.

Sabe? Tocou umas musicas legais até agora e a Princesinha dançou comigo, se
esfregando em mim, mas não acredito que ela tenha alguma ideia do que isso faz
comigo... Do quanto me tira de mim.

Então, quando eu estava louco de vontade, quase beijando ela ou sua pele já
molhada de suor enquanto seu corpo estava agarrado ao meu por que eu acho que
ela está cansada e meia bêbada, o que toca?

Animals, do Marron Five.

E quem surrurra no meu ouvido da forma mais sedutora do mundo?

- Eu adoro essa música!

Pois é... Por que ela simplesmente não facilta pra mim?

A Princesinha voltou a dançar, e a se esfregar em mim, de costas, ao menos.


Porém, acho que de costas era o pior... Minhas mãos simplesmente se arrastaram
pro corpo dela sem minha permissão e ficaram naquela dança sensual de sobe e
desce pra enlouquecer comigo.

Ela jogou a cabeça pro lado, expondo seu pescoço enquanto a música tocava e uma
gota solitária de suor escorreu tendadoramente pela sua jugular onde o sangue
pulsava rápido e quente...

Minha vontade era lamber aquilo, chupar na minha boca e deixar uma marca nela,
minha marca nela... Mas se eu fizesse isso... Eu não ia parar ali... Não ia ser só um
beijo, iam ser vários, por todo canto dela e ela deixaria, eu sei que deixaria...

Então eu não podia... Se... Se eu não parasse íamos acabar na cama, ou na minha
moto, ou em algum banheiro ou naquela porra de tenda onde já estive mais vezes
com tantas e incontáveis garotas...

Não podia.

Tomando mais do meu alto controle do que deveria... Eu a soltei, e deixei ali,
dançando, por que ela estava feliz fazendo isso e fui atrás de alguém pra... Apagar o
incêndio no meio da minhas pernas.

Maluquinha- Hanna.

Eu não tive a mínima ideia do que aconteceu, em um momento ele estava dançando
comigo, no outro não tinha mais o Steven ali, nem suas mãos descendo e subindo
pelo meu corpo.

Fiz alguma coisa errada? Eu só... Estava dançando e aproveitando o pouco que podia
de toque sem surtar.

Balancei a cabeça quando percebi que ele não estava mais ali nem em canto algum e
dancei sozinha por um tempo, até que cansei...

Quando fiquei cansada demais eu tentei me localizar na boate e ir até a "mesa" que
ele disse que era nossa, eu nunca, em toda a minha vida podia ter imaginado ver o
que vi...

Não sei o por que fiquei tão paralisada assim, eu só não conseguia me mexer vendo
ele sem camisa em cima de uma garota ruiva, eu acho que ela é ruiva, mas com o
Steven em cima dela eu não tinha muita certeza.
Acho que ele estava tão entretido no que fazia que nem me viu ali... Eu precisei de
um tepo pra reunir forças e minha indignação antes de sair dali...

Foi só ai que me toquei que a "mesa" tinha um pano que meio que tampa essa, mas
antes aquilo estava preso, não solto como agora, como se formasse uma casinha
privativa pras pessoas...

Alguém poderia ter avisado a idiota aqui que se eu entrasse ia encontra-lo


beijando... Transando, com outra menina.

Engoli minha vontade enorme de chorar, minha vontade enorme de... De me


desfazer ali na boate e com a maior força de vontade em mim eu me controlei...

Mandei uma mensagem pra ele avisando que tinha ido pra casa e não o encontrei
pra dar tchau...

Com uma calma que não era minha eu sai da boate, procurei algum ponto de táxi,
mas como não achei eu procurei números na internet com o celular e liguei.

Todo esse tempo eu ficava controlando e controlando minha mente pra não voltar a
cena que vi há poucos minutos. Eu não queria pensar naquilo, nem em nada até que
estivesse na minha cama.

Mexi no meu celular, joguei vários johuinhos no caminho de volta, concentrando ao


máximo minha mente pra que não pensar nele.

Foi a coisa mais difícil e inútil que já fiz, eu pensava nele a cada rua, esquina, ponto
de ônibus ou enquanto olhava pro mar...

Eu apenas não queria chorar, chorar ia... Ia tornar o que vi real, e o que eu sinto
real também.

Respirei e expirei várias vezes antes de entrar em casa, sabia que meu pai estaria
acordado e por isso mesmo vim de táxi. Ele podia pagar o cara agora.

- Oi Filha, voltou cedo...

Sorri pra ele, com uma dificuldade imensa enquanto atravessava a sala.

- Pois é, eu estava cansada, amanhã tem aula, achei melhor voltar... Tem um taxista
esperando ai fora, pode pagar ele pra mim?

Chad assentiu e sorriu pra mim, depois foi pagar o cara.


Enquanto ele estava lá fora eu sinceramente meditei, disse pra mim mesma:
Respire, expire... Respire, expire... Respire, expire...

Dei graças a Deus por saber fazer isso, ou não ia conseguir mentir pro meu pai e
dizer que estava tudo bem.

- E então, como foi?

Dei de ombros.

- Ah, foi normal, ele disse que eu estava linda, a gente dançou e brincamos um com o
outro, foi bom.

O "foi bom" saiu tão extrangulado que eu parecia ter engasgado com algo.

Pigarrei pra limpar minha garganta das lágrimas que começavam a nascer nos
meus olhos novamente e beijei o Chad.

- Boa noite pai...

Ele sorriu, me deu um abraço e um beijo demorado na testa.

- Boa noite Pequena.

Subi as escadas com calma, fingindo estar tudo normal até chegar no meu quarto.

Tranquei a porta atrás de mim e em seguida o chão pareceu me absorver... E as


lágrimas também.

Chorei silenciosamente, como fui ensinada a fazer pelo homem quando era criança...
Eu não podia gritar, mas podia chorar...

Então chorei, em silêncio como não fazia há anos... Chorei pensando no que ele ia
fazer com aquela menina, pensando nele dançando comigo, ou me fazendo rir, ou
sobre a bebida que ele escolheu e se preocupou...

"Ele é só um amigo" Disse a mim mesma depois de analisar e analisar a situação.

Pra ele eu sou só uma amiga, me perguntei se o Stefan se sente assim também... Se
quando digo que ele é "Só um amigo" ele sente essa picada no coração, como se ele
estivesse sendo moído e dividido muitas vezes.
Pensei sobre tudo e nada... Pensei nas lágrimas que mesmo depois do que
pareceram anos não pararam de escorrer, pensei em como me sinto sobre ele e como
lidar com isso... Pensei em nunca mais olhar na cara dele, e em lhe dar uma surra...

Mas nada disso ia resolver. O pensamento de ficar longe dele era... Esmagador...
Doía e o pensamento da surra também, parecia que eu estaria machucando a mim
mesma se fizesse isso, ou se ficasse longe, parecia que a única a estar perdendo
seria eu...

Por que sim, eu era a única que estaria o perdendo... Ele não liga pra com quem eu
fico, ou saio, mas eu ligo! Dói em mim.. O problema é que só dói em mim, pra ele
está tudo bem, pra ele sempre vai estar bem, mas pra mim não...

Não tinha a mínima ideia do que ia fazer, mas achei que dormir ajudaria... Me
levantei, sentindo uma dor esmagadora no peito ainda, mas levantei e fui pra cama,
com a mesma roupa e até de sapato... Eu precisava dormir... Absorver tudo o que
todo mundo me disse e o que eu vi, eu precisava desse sono pra me organizar...

E era o que ia fazer... Me organizar, pra depois pensar.

Babaca- Steven.

Meu celular vibrou no bolso depois de horas que eu estava procurando a Princesinha
na boate...

Bom, depois de me... Me acalmar... Eu fui atrás dela, mas não achei e só agora que
desisti de procurar lá dentro e vim procurar aqui fora foi que meu celular pegou
sinal e vibrou com uma mensagem:

"Oi, fui pra casa... Tem aula amanhã e preciso domir, boa noite :)"

O número era o da Princesinha, mas a mensagem nem parecia dela... Ela


geralmente é mais carinhosa, principalmente nas carinhas... As vezes me mandava
beijos e abraços... Não é normal dela ser fria assim.

O que me faz pensar: Que porra eu fiz?

Mas por outro lado, eu penso também: De repente ela se acertou com o Stefan e deu
tudo certo com eles e eu posso ser jogado fora agora, né?

Não... Na terça-feira depois de muito lutar e brigar comigo mesmo eu acabaei


ficando muito curioso e mandei uma mensagem pra ela...
Era uma música em enigmas de emoticons, ela soube que musica era, mas... Não fez
nenhuma piadinha, nem brincou, nem nada...

Nosso trabalho voluntário acabou no mês passado, segundo o diretor a gente já está
bem melhor e não precisamos mais fazer esses trabalhos, então só a vi na terça na
sala de aula e pelos corredores, mas não vi em nenhum outro lugar sozinha pra que
pudesse conversar com ela.

Quarta, dia de academia ela parecia mais focada que qualquer outra coisa, quando
cheguei já estava pingando e fora do costume ela não ficou por último, foi a primeira
a ir embora...

Quinta na escola, eu não a vi sozinha novamente. Sexta no treino, ela continuava do


mesmo modo: Batendo feito uma leoa e não estava nenhum pouco concentrada por
que apanhou bastante aquele dia.

Eu estava decidido a conversar com ela na sexta feira. Eu precisava.

Então fiz o que qualquer cara normal faria: A esperei no carro. Na Xlt que tem,
fiquei escorado na porta do motorista a esperando.

Eu tinha varias perguntas: Por que ela foi embora sem me dar tchau, por que ela e o
Stefan estão parecendo dois estranhos quando o intuído era ela ficar com ele...

Tinha muitas questões na minha mente, muitas coisas passando e todas elas se
dissiparam quando vi a Princesinha. Eu não conseguia pensar. Ela estava
machucada, não muito mas ainda assim, apanhou bastante hoje... O que significa
que ela não está bem, ela nunca apanha, ela bate.

- Oi. Disse, tentando recolher algum pensamento coerente.

- Oi. Respondeu, sem aquele sorrisinho que geralmente me dá quando nos vemos.

Respirei por uns momentos antes de começar a falar.

- Não te vi a semana toda, e você também não respondeu muitas das minhas
mensagens, tá tudo bem?

Ela deu de ombros, soltando um suspiro.

- Tá sim... Eu só, tava cansada esses dias, mal tenho pegado celular e qualquer
coisa. Tenho apenas lido muito, estudado muito, treinado muito... Ela riu, uma
risadinha fria, mas me senti melhor com isso.
E acho que estava sendo sincera, talvez apenas estivesse muito cansada.

Dei meu melhor e maior sorriso à ela.

- Você precisa relaxar... Disse, tocando seu lábio onde havia um corte.

A Princesinha me olhou de um jeito diferente quando fiz isso, como se me avisasse


pra ficar longe ou algo assim...

Então tirei meu dedo do seu lábio e passei perto do olho dela onde tinha levado um
belo soco.

- Tem que parar de se preocupar e viver a vida Princesinha, aproveitar todas as


coisas boas da vida!

Ela revirou os olhos verdes e deu um meio sorrisinho.

- E quais seriam elas Steven?

Opa, Steven? Só... Steven? Sem... Sem mais nada... Uma piadinha, ou um sorriso
meigo, ou um apelido que eu odeio mas na boca dela soa como a coisa mais sexy que
já escutei?

Franzi brevemente o cenho, depois tirei minha mão do seu rosto. Cruzei os braços e
fiquei a encarando.

- Sim, aproveitar as coisas boas da vida. Que seriam: Beber, transar, dançar e se
acabar em alguma boate!

O rosto da Princesinha se contorceu, e eu sei por que, mas finjo que não percebo que
é pela merda de passado que tem e sobre o lance de toque e transa... Alguma hora
ela vai ter que... Transar, não vai ser comigo, por que eu não sirvo pra ela, mas um
cara como o Stefan por exemplo ia... Faze-la feliz.

- Não acho que seja uma boa ideia eu aproveitar as suas coisas boas da vida!

A Princesinha falou com o maior tom de acusação, o que me diz que ela não gostou
da parte da "transa" mas tudo bem.

- Tá, eu sei... Sei sobre... O seu probleminha, mas isso não te impede de ir comigo a
uma boate e aproveitar as outras três: Beber, dançar e se acabar...

Pra minha sorte, ela sorriu, acho que foi meu tom de menino meigo ao falar que ela
podia ir comigo e apontar pro meu coração...
- Isso é um convite?

Assenti pra ela.

- Sim, é um convite!

A Princesinha pareceu pensar por uns momentos, depois suspirou.

- Tá legal, hoje a noite?

Meu sorriso ficou do tamanho do gato da Alice no pais das maravilhas.

- Hoje à noite, e amanhã, e domingo e segunda... Falei, frisando cada "e" pra que ela
entendesse que íamos sair bastante.

Ela riu.

- Tá, essa é a parte de se acabar né?

Fiz que sim com a cabeça e ela também.

- Ok, ok... Tudo bem, então vamos nessa! Eu vou em casa trocar minha roupa e te
mando mensagem quando estiver pronta, ok? Mas vou de carro, então seria bom
irmos em algum lugar que eu conheço...

Me deixou decepcionado ela dizer que ia de carro, mas pressenti que isso não estava
em discussão pelo modo como ela falou, então deixei quieto.

- Tá bom, podemos ir à Kiss, o que acha?

Hanna franziu o cenho por um momento, mas depois assentiu.

- Tudo bem, contando que eu possa beber!

Dei risada.

- Isso ai, esse é o espírito! Disse por que ela fez cara de bêbada pra mim.

A Princesinha sorriu, depois me deu um beijo no rosto que me deixou de boca


aberta.

- Valeu por vir falar comigo!

E com essa frase enigmática ela me deu um soco, brincou comigo e me fez sair da
frente da sua Xlt e foi embora.
Fiquei pensando sobre o que disse e o que isso poderia significar, mas não achei
resposta... Nenhuma.

Maluquinha- Hanna.

O modo como o Steven tocou minha boca e meus machucados me fez lembrar
daquele homem, ele tinha prazer em tocar as feridas que ele próprio fazia. Por isso
recusei seu toque no começo, mas quando ele tocou meu olho, foi mais delicado e não
doeu como quando tocou meu lábio do modo como o homem fazia comigo. Ele tocava
meus machucados pra fazer doer, porém no breve toque do Steven não houve essa
intenção, ele parecia preocupado...

Estou tão cansada, tão cansada de pensar... De analisar e estuda-lo. Sinceramente o


Babaca é muito complicado! E tudo o que sinto sobre ele é confuso demais... Eu
estou enlouquecendo com tudo isso. Ou melhor, com TUDO o que está acontecendo
ultimamente e o meu passado de merda.

Eu fiquei mal essa semana, mas não apenas por causa do Steven e sim por que essa
semana é a semana do meu aniversário... Não o dia que eu comemoro meu
aniversário, mas o dia que eu nasci.

Vou te contar a história: Quando o Chad me adotou, ele me fez uma festa de
aniversário, no dia do meu nascimento.... Eu surtei, por que sou estranha e aquela
festa me trouxe lembranças horrendas das piores surras que eu levava...

A data era sempre a mesma, o homem sempre fazia questão de me dizer que dia e
que horas eram, geralmente à meia noite ele me espancava e me deixava sangrando
de um jeito muito pior do que normalmente.

No meu aniversário... Era sempre mais doloroso e ele sempre dizia que aquele era
meu presente... Por isso eu odeio a data que está chegando no domingo. Odeio!

Eu odeio comemorar, mesmo que de um jeito bom, eu simplesmente odeio essa


semana... Era como se aquele homem na semana do meu aniversário fizesse uma
contagem regressiva pra algo ruim acontecer no dia... Ele aparecia nos dias
anteriores e não fazia nada, mas no dia... Era... Horrível.

Portanto, em resumo, eu odeio meu próprio aniversário. E nunca ganho presentes,


ao menos não nessa data. O Chad criou outra data em setembro, que foi quando ele
me adotou, então fazemos uma festa e comemoramos o meu "aniversário".
Enfim,como se já não bastasse eu estar uma pilha de duvidas e dor por causa da
cena do Steven com aquela garota, ainda tem mais essa agora... Meu aniversário.

Solto um suspiro enquanto me olho no espelho segurando um vestido tubinho rosa à


la periguete que a Alex me deu junto com aquelas outras roupas...

Eu tinha esquecido, até aquela noite que chorei sobre meu aniversário, mas depois
de pensar sobre o Babaca e minha mente buscar cada coisa ruim que já me
aconteceu eu lembrei que a data estava próxima. Muito, muito próxima.

É por isso que ando batendo nos sacos de pancadas e nas pessoas como uma
iniciante, é por isso que não venho prestado atenção nas aulas nem respondido
ninguém... Por que estou me trancando no meu próprio mundo pra esquecer que dia
é domingo!

Estou lutando pra me sentir forte, lendo pra ficar alheia e tem funcionado, mas não
o bastante. Então quando o Steven falou hoje sobre "aproveitar a vida" eu pensei:
Quem sabe beber não me ajuda? Ajuda o Steven, por que não pode me ajudar?

Bom, é isso, se estava se perguntando o por que aceitei sair com ele novamente, não
foi por ele, foi por mim... Eu preciso que ele me faça rir... E que me faça beber, e me
faça sentir livre...

Por que, odeio me sentir presa ao passado, mas estes últimos dias é assim que me
sinto: Presa ao passado, trancada nele por que não quero me lembrar da data, mas
ela está ali, me assombrando.

Quero esquecer tudo isso... Até mesmo esquecer quem eu sou, o que aconteceu
comigo, tudo!

Como o Steven disse, eu preciso realmente aproveitar a vida... E é isso que vou
fazer...

Babaca- Steven.

Quando a vi chegar... Eu simplesmente, suspirei.

Estava parado do lado de fora da Kiss tinha um tempo já, e pensei que a
Princesinha tivesse desistido de sair comigo, acredite você ou não, eu estava
nervoso. Com medo que eu tivesse feito alguma merda séria pra ela e nunca mais
falasse comigo.
Porém, aqui estava ela... Sentada do meu lado numa banqueta do bar privado da
Kiss num vestido curtíssimo e de pernas cruzadas pra me enlouquecer ainda mais.

Deus, ela estava tão linda. Hoje estava maquiada, um lápis preto nos olhos e deixou
todo aquele cabelo lindo solto e caindo em cachos pelos seus ombros morenos e nus,
por que o vestido é tomara que caia... Acho que tanto eu quanto o Barman
estávamos torcendo pra porra do vestido fazer jus ao nome e cair.

Ela estava tendo uma conversa animada com o carinha das bebidas, o nome dele é
John e ele estava olhando pra ela como um maldito gavião em busca da presa, até
me ver colocar a mão na coxa dela e puxa-la mais pertinho, brincar com sua orelha
na minha boca... Isso fez ele se afastar e fez uma festa iniciar, não a da boate, mas a
do meu pau...

Eu gosto de mexer com a Hanna, de toca-la, gosto mais do que deveria e Céus
morde-la é muito bom... Ela tem um cheiro de morango, de doce... De menina... E
tem um corpo de uma mulher que sabe como te enlouquecer... E estava me
enlouquecendo...

Eu tinha que parar de ficar perto, de brincar, ou morder, e hoje eu não a beijei,
nenhuma vez, eu juro! Mas estou parecendo um alcoólatra em recuperação... Se eu
fico muito perto dela, se eu vejo o jeito como outros caras a olham eu tenho vontade
alega-la como minha... E ai isso dá merda!

Como deu agora, eu tive que pegar a primeira menina que aceitou ir comigo pra
tenda e come-la pra que eu pare de ter uma ereção apenas de olhar a Hanna.

O problema? É o que você quer saber, imagino?

Bom, o problema é que quando voltei ao bar a Princesinha não estava... Eu nem
perdi meu tempo procurando, sai pra fora para poder chegar minhas mensagens e:

"Hey... Fui pra casa, acho que já deu pra mim por hoje, fora isso, estava ficando
muito bêbada, mas obrigado pela noite Steven"

Steven novamente! Sem nada... Simples, frio... Isso tá me deixando louco. O que ela
tem? Eu... Mandei ela me esperar ali.

Mas, talvez tenha razão, ela veio de carro, não ia ser bom voltar sozinha e bêbada...
Talvez esteja apenas sendo prudente.
Ou, talvez eu tenha feito e falado alguma merda e a deixei triste. Eu preciso de uma
bússola com essa menina pra saber em que caminho e em que direção eu vou.

Fiquei batendo meu pé no quarto quando cheguei em casa, andei de um lado pro
outro pensando no que fazer pra saber se eu tinha feito merda... E saber, qual
exatamente tinha sido a minha merda... De repente entre as minhas mordidas eu a
deixei marcada e ela não gostou... Ou ela queria ficar com carinha do bar e ele achou
que eu era o namorado, a rejeitou e ela ficou magoada... São tantas opções...

Resolvi ligar pra ela, se estivesse dormindo, beleza... Se estivesse acordada, ai eu


tinha que pensar numa desculpa... Estava na mão do destino.

Maluquinha- Hanna.

Cheguei em casa meio tarde, eu dirigi como uma tartaruga com medo de acontecer
um acidente na estrada. Eu estava tão bêbada que estava cambaleando.

Mas, ao menos não estava pensando no... Dia... E também estava rindo do nada.

Pra minha sorte quando cheguei o Chad já estava dormindo, ou ele me daria um
sermão de que sou imprudente e irresponsável por dirigir neste estado... Eu sei que
sou, mas foi bom ser imprudente por um dia. Foi bom beber, flertar com aquele
carinha do bar e... Ele.

Fechei meus olhos por um momento, me escorando na porta do meu quarto com os
saltos na mão quando comecei a pensar sobre ele...

Não sei por que ele me beija, ou morde como fez hoje... Só sei que seja lá o que move-
o a fazer isso... É muito bom pra mim.

Joguei os saltos longe no quarto e me taquei na minha cama, sorrindo pro teto
enquanto colocava a mão na minha coxa onde ele tocou mais cedo... Se eu fecho os
olhos consigo escutar a respiração dele no meu ouvido, os barulhos que eu fazia
quando ele me mordia... Ou quando mexia a mão na minha perna.

Eu gosto do que o toque dele faz, de como me deixa queimando... É quase como o
álcool quando bebo, no começo queima, mas... Depois você não consegue parar, só
quer mais...

E eu queria mais, muito mais hoje... Só que ele sumiu e percebi que eu estava
quente, muito, muito quente e desconfortável por que... Não me julguem, mas num
lugar onde eu nunca senti nada mais que dor havia agora uma dor boa... Latejava
de um jeito bom, com vontade de algo que nem conheço e sei que pode me machucar
mas é algo que eu quero muito conhecer, conhecer com ele...

Gostaria que... Eu não sei, fosse possível apagar a minha memória apenas por um
dia... Só pra naquele dia eu descobrir como é com o Steven, como é isso... Sem
memórias e sem dor. Queria sentir tudo o que Alex diz que sente... Sentir prazer.

Suspirei enquanto me virava de lado pra dormir mas o barulho me chamou a


atenção...

Meu celular, vibrando em algum canto eu só não sei onde...

Levantei meio cambaleante ainda e andei pelo quarto procurando, quando achei ele
estava junto com meus pares de sapatos, quase gritei quando minha mente
assimilou que eu tinha jogado meu celular longe.

Sorte minha que ele não quebrou, ou talvez tenha quebrado por que o número ali
era simplesmente impossível de estar me ligando.

Babaca- Steven.

Durante o tempo que esperei e escutei o telefone chamar meu coração ficou
apertado, pequeno... Eu mal conseguia respirar. Parte de mim queria que ela
atendesse, pra eu saber se estava tudo bem, e outra parte queria... Que não, por que
se ela atendesse talvez eu descobrisse o por que anda meio estranha e tinha medo
de ser por que... Não sei, por eu a beijo e ela não quer... Ou por que hoje a toquei
daquele jeito meio íntimo demais e a Princesinha passou mal novamente como
naquela noite da Drink...

Eu não sei, mas uma parte, ou grande parte de mim ficou muito aliviado quando
escutei a voz dela.

- Alô?

Sua voz saiu meio confusa, acho que por eu estar ligando e pior estar ligando essa
hora. Só que não importa o por que, importa que eu fiquei tão aliviado de escuta-la
que me joguei na cama. Todo esse tempo de tensão eu estava em pé, andando de um
lado pro outro, mas agora eu conseguia relaxar.

- Steven? A voz dela chamou do outro lado da linha, me fazendo acordar.

- Hey... Disse, me arrumando na cama e ficando de barriga pra cima pra olhar o
teto.
- Hey. Ela rebateu, com aquela voz inocente e confusa.

Imaginei ela assim também, deitada, olhando o teto e com o telefone na orelha.

Será que já está de pijama? Aquele rasgado e de ursinhos que quase me tirou do
sério?

Sorri do pensamento.

- Por que me ligou Steven?

Sua voz veio me acordar novamente e me acordar de um jeito ruim, por que odeio
meu nome dito assim por ela, sem emoção... Antes tinha alguma coisa, qualquer
coisa ali... Agora parece só um nome qualquer. O que me lembra: Você ia perguntar
o que ela tem...

- Liguei pra saber se estava tudo bem contigo...

- Por que? Ela parecia ainda mais confusa agora.

Suspirei.

- Por que você me mandou uma mensagem que ia dirigir bêbada Princesinha, acho
que isso meio que me preocupou... Disse, cheio de ironismo na última parte.

Escutei sua risadinha abafada.

- Desculpa, não quis te preocupar, eu só... Quis vir embora.

Hum, não parecia que ela estava tentando esconder alguma chateação ou algo assim
de mim. Ela estava conversando normalmente, só não me chama mais pelo apelido...

- Certo, então você está bem?

Eu virei de lado na cama e imaginei ela fazendo o mesmo... Não sei por que mas
essa nossa conversa estava me lembrando a alguma cena de filme romântico e
clichê...

- Sim, eu estou bem. Só... Não queria dirigir completamente bêbada. Queria ter
ainda um pouco da minha sobriedade.

Sorri com a sua fala, por que saiu enrolada e ela demorou pra conseguir falar o "
sobriedade" ou seja: Ela está bêbada.

- Hum, entendo, mas eu podia ter te levado se você caisse de bêbada...


Ela riu.

- Não, não acho que seria uma boa ideia. Não com esse vestido.

- Você ainda está com aquele vestido?

A pergunta... Simplesmente vazou da minha boca... Nem pensei no que ela podia
pensar sobre uma pergunta assim, ou qualquer coisa... Eu só deixei escapar.

E agora fiquei pensando se... Se ela estivesse aqui eu ia tirar... Devagar, ou talvez
rápido por que não ia ter paciência... E... Então teria-a aqui, na minha cama, nua e
minha... Toda pra mim.

A ideia me fez sentir o sangue migrar pra outra parte do meu corpo.

- Na verdade estou tirando ele agora...

Sua voz estava mais distante, então deduzi que colocou o telefone no viva voz pra
tirar o vestido.

Acho que consigo ver a cena, eu deitado numa cama grade que deve ser a dela, cheia
de lençóis e coisas rosas e bichinhos de pelúcia e ela lá... No centro do quarto,
tirando a roupa lentamente pra mim.

Mudei na cama pra acomodar meu membro crescente com a porra da minha
imaginação fértil.

- Hum... E você já vai dormir? Perguntei, tentando desviar meus pensamentos pra
qualquer coisa, menos pra imagem dela sem roupa.

- Vou tomar um banho antes, estou me sentindo meio... Doente agora, acho que não
foi bom beber daquele jeito, e se eu vomitar?

Sorri pelo medo implícito no modo como disse a palavra "vomitar"

- Ai então você vai ficar melhor e com muita, mas muita dor de cabeça...

A Princesinha fez um som desgostoso do outro lado da linha.

- Mas e se eu desmaiar e apagar no banheiro? Meu pai não pode me encontrar só de


calcinha e sutiã no chão por que eu bebi demais...

Qualquer coisa que ela tagarelou depois com sua voz de bêbeda se perdeu. "Me
encontrar de calcinha e sutiã" foi tudo o que eu entendi e o que minha mente gravou
e fez registro mental dela de calcinha e sutiã... Linda, do mesmo jeito que ela fica de
biquíni mas de um jeito muito, muito mais íntimo e excitante.

Eu me sentei na cama, precisando urgentemente de um banho frio.

- E você? Já vai dormir?

A sua voz me trouxe se volta pra terra dos vivos.

- Hum... Olhei pra minha calça em pé como uma maldita barraca...

- Não, eu vou... Sair com uma menina. Disse, por que eu ia mesmo. Não bato uma há
anos, mas preciso de alguém pra acalmar a besta fera que acabou de acordar.

Escutei o suspiro da Hanna.

- Steven... Não briga comigo, mas... Conta pra mim como é?

Engoli em seco o pensamento de brigar com ela, por que tudo o que eu queria fazer
agora era brigar com ela em muitas posições diferentes.

- Como é o que? Perguntei, tentando me focar em algo... Útil pra pagar o desejo.

- Como é transar com alguém?

Tampei minha boca com o travesseiro quando me joguei na cama pra não gemer...

Como é que ela consegue? Como uma palavra que eu uso o tempo todo pode soar
tão... Sexy na boca dela?

Acho que eu sei como, é por que... Ela não conhece o que transa envolve, é o modo
como fala sobre isso como se fosse proibido e isso me deixa louco, que pra ela seja
proibido algo que pra mim é normal e eu queria mostrar pra ela de tantos jeitos
como é... Bom, como não é proibido.

Mas, como sempre estou sendo fraco quando penso assim. Ela não merece isso...
Merece bem mais que uma foda sem compromisso, merece... Que alguém mostre pra
ela de outro jeito, não do meu... Não sem compromisso, não usa-la...

- Desculpa, eu não devia ter perguntado isso... Só devo estar muito...

A interrompi, por que não é pra ser assim, ela não tem que se culpar por querer
saber.
- É bom Princesinha, a melhor coisa que já fiz na minha vida! Disse, com a maior
sinceridade, por que transar foi a melhor arte que aprendi em anos depois do
Karatê.

Escutei o suspiro dela.

- Todo mundo diz isso, mas ninguém me explica... Como é... Qual a sensação...?

Mais uma vez, minha cabeça estava enfiada no travesseiro. Eu estava mantendo
muito do meu alto controle pra não chama-la aqui e mostrar de uma vez como é... O
que estava mantendo o meu controle era lembrar que ela não está perguntando pra
jogar comigo, está perguntando por que realmente não sabe... Por que nunca
ninguém a fez sentir prazer, só dor...

Respirei fundo, antes de responder tentando fazer meus pensamentos fazerem


sentido e lembrar de cada sensação quando transo com alguém.

- É... Diferente de pessoa pra pessoa, mas em resumo é muito bom, por isso que é o
que todo mundo diz... Mas, já que você quer saber a sensação, vou te dizer como é
pra mim: É... Como se... Queimasse... No começo é até meio desesperador por que
seu coração bate tão forte que te faz pensar na hipótese de estar morrendo, ou de
que você vai desmaiar e todo o seu corpo entra em sintonia com aquilo, você não
controla mais nada... Mas aí, quando passa todo esse alvoroço e e esse misto de
emoções é só... Prazer... E... E essa é parte boa, o depois que você...

"Goza" eu ia dizer, mas duvido que ela fosse entender o que é isso então...

- Depois que você tem um orgasmo, é a melhor sensação do universo, é como se...
Você pudesse esquecer tudo. Quase como a bebida faz, só que mais gostoso e sem a
ressaca do outro dia. Disse, só pra descontrair.

E funcionou, por que ela riu.

- Obrigado... Por me explicar... Disse, depois de um tempo de silêncio.

Sua voz saiu tão baixinha, tão envergonhada por perguntar. E eu me senti muito
homem naquele momento, por que acho que fui o primeiro pra quem ela perguntou
sobre isso e o primeiro a dar uma resposta aceitável...

- De nada Princesinha...

- Eu vou tomar banho, é... Boa noite Steven. Disse, depois de mais um tempo de
silêncio nosso.
Ela provavelmente estava absorvendo o que falei, e eu estava imaginando em como
mostrar, como faze-la sentir prazer de muitas formas diferentes... E eu odeio essa
minha parte! Por que essa não é a minha cabeça pensando, não a de cima... Esse
não sou eu... É o meu desejo falando. Eu diria que ela precisa de alguém que lhe
mostre tudo o que disse sem machuca-la... Que vá com calma e carinho e paciência...

Não que eu já tenha machucado alguém, é só que eu não transo com garotas
virgens. Elas tem planos e sonhos sobre essa primeira vez e eu não sou um cara que
gosta de dissuadi-los e dizer que nenhum cara vai ser um príncipe encantado e leva-
la com carinho, que se ela pedir pro cara parar ele vai...

Eu não sou assim... Eu não paro, nem quero parar... E garotas que já tiveram uma
transa sabem como é... Não é tudo o que todo mundo acha na primeira vez, mas
depois melhora...

E eu não gostaria de pensar que machuquei alguém emocionalmente, por que


sexualmente ela estaria satisfeita, mas pra mim é uma transa, de uma noite e nada
mais... É só sobre gozar e fazer a mina gozar, nada mais... Não tem mais pra mim! É
só diversão e um remédio muito bom, mas não é sobre sentimentos, ou qualquer
coisa... Eu não gostaria de ficar me preocupando se ela gostou ou não. Se atendi seus
sonhos ou não.

Enfim, eu só não posso com a Princesinha.

- Boa noite. Disse, desligando o celular.

Quero ela, é só olhar pro volume na minha calça pra saber, mas... Não dá... Eu não
faço isso...

Na verdade faço, a parte de usar a menina pra satisfazer o meu desejo e descartar...
Mas não faço isso com meninas virgens, nem muito menos vou fazer com Hanna que
é bem mais complicada que qualquer garota virgem que eu já conheci... Na prática
ela não é virgem, mas em toda a teoria ela é... E não! Eu simplesmente não vou
fazer isso.

Maluquinha- Hanna.

Passei o dia todo de sábado tentando me recuperar... Estava com dor de cabeça e
uma vergonha imensa, eu mal pude acreditar quando acordei que tinha perguntado
o que perguntei pro Babaca.
As lembranças vinham em flashes na minha mente. Eu lembro de ver ele saindo
com uma garota e ter vontade de voltar pra casa, eu não precisava ser um gênio pra
descobrir o que ele ia fazer com aquela menina, provavelmente o mesmo que fez com
a Ruiva...

Enfim, lembro de chegar e me jogar na cama. Depois lembro da conversa com o


Babaca e ai meu rosto queima de vergonha, se eu fosse branquinha como a Alex eu
estaria toda vermelha agora... Sorte a minha que não sou.

Ai meu Deus! Como foi que eu perguntei aquilo pra ele?

Eu não lembro bem por que em si perguntei, mas lembro que quando o Babaca
falou: "Hum, eu vou sair com uma menina" me veio a mente o pensamento de que
ele iria transar com mais essa menina, que muito provavelmente não era a mesma
da boate...

E então fiquei pensando em como era... Ou, por que era tão bom... E aí
simplesmente saiu da minha boca a pergunta.

Fico lembrando do que ele me disse: Queima... Eu me sinto assim perto dele, eu
sinto que eu queimo, em todo canto... Então isso quer dizer que estou sentindo um
pouquinho de prazer?

Duvido muito! Eu... Acho que estou fadada ao Convento mesmo, virar Madre e fazer
um voto de castidade, apesar de que eu nunca quis realmente ser casta... Mas,
enfim, talvez seja meu destino, não é?

Virei com uma dificuldade imensa na cama, ficando de ladinho e rezando pra dor de
cabeça parar... Eu tinha tomado vários remedidos, escutado o Chad me dar uma
bronca, mas pra minha sorte ele ficou com pena de mim e me deixou na cama o dia
todo.

Quando eram umas quatro da tarde meu celular vibrou na cabeceira da cama.

"Ei, fiquei sabendo que você chapou ontem, até vomitou e tudo! Fiquei chocada
amiga! Mas, enfim, melhore e me mande mensagem, me conta como foi... Diz que
você ficou com ele e xoxo..."

Nem preciso dizer que foi a Alex né?

Tenho certeza que o Chad foi jogar poker com o pai dela e ai a Alex acabou ouvindo
que eu bebi, parece que eu posso ver meu pai falando: "É... Ela bebeu, foi uma
irresponsável e resolvi deixa-la em casa pra se cuidar sozinha por que ela precisa
aprender que não pode beber sem sentido e agir de maneira inconsequente"

Sorri de imaginar o Chad junto com o Senhor Anders na mesa redonda no salão de
jogos da Alex enquanto bebem e falam de nós duas e como a gente tem descoberto a
vida e como eles não podem nos controlar mais... Bom, ao menos não tanto quanto
tínhamos dez anos.

"Ah Lex, aumentaram muito essa história, a parte do vomito é verdade, mas eu não
apaguei, infelizmente! Não consigo dormir por que tô com dor de cabeça."

Enviei a mensagem pra ela, e um tempo depois o som do meu celular vibrando na
mesa de cabeceira me fez abrir os olhos, que nunca antes tinha sido uma tarefa tão
difícil como aquele dia.

Mas consegui sorrir quando vi o número no indicador de chamadas, eu não queria


sorrir, mas foi inevitável.

- Oi? Disse, assim que atendi o celular.

- Oi Princesinha! Ele gritou do outro lado da linda, fazendo minha cabeça latejar.

Soltei um gemido de dor, afastando o telefone da orelha.

- Não grita idiota! Minha cabeça tá doendo! Repreendi, baixinho, tentando falar da
maneira mais honrável possível, mas minha voz saiu como um pedido baixo e
doente.

Escutei ele rir do outro lado.

- Oh, ela tá com ressaca! Que orgulho!

Revirei os olhos e fui me sentando na cama com certa dificuldade.

- Sim, estou com ressaca, pra que me ligou?

- Pra que você acha? Perguntou, como se a resposta fosse óbvia, mas eu não consegui
pensar por que era.

- Hum... Não faço ideia!

Escute seu suspiro do outro lado da linha.

- Liguei pra te mandar ficar pronta as sete hoje... Vamos à boate, novamente e eu
vou te levar!
- De jeito nenhum eu vou à uma boate hoje Steven, minha cabeça dói como se eu
tivesse sido atropelada por um bando de touros! Eu não consigo sair da cama hoje...

- Ah, mas você vai ter que sair! A gente vai na boate, você tem que aprender a curar
sua ressaca baby!

Respirei fundo, tentando me levantar mesmo que cada passo meu fizesse minha
cabeça latejar como se eu tivesse levando muitas marteladas nesta, assim como meu
estômago que mesmo vazio me fazia sentir como se pudesse coloca-lo pra fora a
qualquer momento. Tudo doía, minhas pernas, minha cabeça, meu estômago,
minha garganta... Tudo.

- E como é que eu curo minha ressaca baby? Perguntei, ironizando aquela palavra
que eu odeio que ele me chame.

Enquanto eu esperava a resposta, descia as escadas de casa pra procurar por um


copo de água, eu me sentia tão desidratada como se estivesse há dias no deserto.

- Ah, tem vários jeitos, mas se você puder abrir a porta da sua casa eu agradeço...

Pisquei algumas vezes, olhando pelas paredes altas de vidro da sala de casa
procurando por ele. Eu não podia acreditar que ele realmente estava ali.

- O que está fazendo aqui? Perguntei, assim que abri a porta e o vi em pé na frente
desta.

Steven sorriu, aquele sorriso torto e que mostra suas presas. Instantemente eu me
lembrei do sonho que tive com ele, e da minha pergunta ontem, então cruzei meus
braços pra me proteger da onda de vergonha que me subiu.

- O que acha? Eu vim cuidar da minha garota prodígio!

Revirei os olhos pra ele, que me olhou de cima a baixo depois franziu o cenho.

- Você parece péssima!

Eu sei que estava péssima, por isso mesmo a vergonha em mim, por que eu estava
com um short curto de pijama e uma camisa imensa do Chad de moletom cinza,
descalça e meu cabelo estava preso em um coque frouxo e completamente
bagunçado! Eu devia parecer como uma louca que fugiu do hospício, isso se você não
contasse o fato de que a maquiagem que usei ontem continuava no meu rosto, mas
agora tinha escorrido toda.
- Eu me pergunto por que será, não?

Ele riu, provavelmente do meu tom irônico.

- Olha, ela também está de mal humor! Tô muito orgulhoso Princesinha!

Revirei os olhos pra ele novamente.

- O que quer aqui Steven? Eu quero dormir, se você não se importa... Disse, quase
fechando a porta na cara dele, mas o Babaca segurou com pé.

- Ah Princesinha, não seja mal educada! Eu vim realmente com boas intenções, me
deixa entrar?

Respirei fundo, passando a mão pela minhas têmporas e como doía demais pensar
nos pros e contras de deixa-lo entrar... Eu deixei.

Saí da frente da porta, lhe dando passagem e o Babaca entrou em casa, soltando um
assovio alto.

- Uau... Que casa hein?

Dei de ombros, por que não queria conversar, eu queria deitar e morrer.

- Ei, vem cá vai? Ele abriu os braços, me fazendo franzir o cenho.

- Anda, quero te dar um abraço por que estou realmente orgulhoso de você ter ficado
bêbada e estar de ressaca agora!

Dei uns passos na direção dele que me envolveu inteira com seus braços fortes,
depois me deu um beijo nos cabelos. Me senti tão bem quando seu perfume forte
invadiu minhas narinas que não queria mais que me soltasse. Nunca mais.

- Você parece bem acabada! Disse, quando me soltou.

Dei de ombros, decepcionada e irritada.

- Estou com dor de cabeça Steven, se eu ando escuto meus passos na minha cabeça,
como se eu estivesse pisando sobre ela, meu estômago dói como se eu o tivesse
colocado-o em um triturador! Como queria que eu parecesse?

Ele riu, tirando alguns fios da minha franja que caíram na minha testa.

- Eu sei, vem cá, senta que vou te fazer um remédio infalível pra ressaca!
Steven me puxou devagar pela mão até a bancada da cozinha e me fez sentar no
banquinho.

Sentei com a maior dificuldade do mundo, prometendo a mim mesma que nunca
mais ia beber.

- Tem laranja aqui? Perguntou, depois de um tempinho me olhando.

Assenti pra ele, apontando a geladeira. Depois que ele pegou a laranja tirou mais
um monte de coisas de dentro da geladeira e parei de prestar atenção no que eram.
Fechei meus olhos por que parecia doer menos se eu estava com os olhos fechados.

Mas, com os olhos fechados eu podia me lembrar da vergonha que sinto por
perguntar o que perguntei. Consigo fazer um raciocínio mental de que ele
provavelmente acha que sou doida por fazer uma pergunta dessas do nada, consigo
lembrar do meu sonho e dos beijos que ele me deu ontem, e essa lembrança me faz
tremer e arrepiar inteira...

Eu me sinto cansada, muito cansada, mas estou feliz que ele esteja aqui... Não sei
por que veio, ou se estava pensando em me usar, ou me machucar... Ou brincar
comigo, só penso naquele momento que ele veio aqui pra cuidar de mim e eu queria
muito ser cuidada por ele.

- Ei... Sua voz me acordou dos meus pensamentos e meu cochilo breve.

Abri meus olhos pra pegar os mel dele me observando e passando lentamente os
dedos pela minha bochecha.

- Está morrendo de sono né?

Assenti pra ele, que desceu os dedos da minha bochecha até o meu queixo e ficou me
fazendo carinho.

- Não devia ter te deixado beber deste jeito! Disse, balançando a cabeça.

Molhei meus lábios com a língua, por que sentia necessidade de fazer isso de cinco
em cinco minutos pela minha desidratação.E peguei o Steven olhando pra minha
boca com aquele brilho da primeira vez no bar... A primeira vez que me beijou sem
uma aposta envolvida, ou sem ser por que ele estava sendo um idiota como aquele
dia na praia e desejei que me beijasse, mas ao invés disso, ele disse:

- Está com sede?


Assenti levemente com a cabeça, foi mais um aceno que outra coisa, eu estava
detestando falar, me mexer, fazer qualquer coisa doía.

Ele sorriu pra mim, um sorriso fofo e me estendeu um copo que estava sobre o
balcão e que eu nem mesmo tinha visto ali.

- Bebe, é suco de laranja com mais um monte frutas e isso aqui... Ele abriu a palma
da mão e me estendeu um remédio branco e redondo.

- É uma aspirina, vai se sentir melhor depois de tomar o suco com o remédio...

- Obrigado. Falei, bem baixinho, não questionando-o em nada.

Bebi um gole do suco, com o Steven me olhando, acho que esperando pela minha
reação... Mas sabe quando você está com muita sede e bebe um porre de água e
aquilo te faz sentir até meio sem ar? Bom, foi assim que me senti enquanto tomava
do suco dele depois que engoli o remédio, foi revigorante!

Vi o Babaca sorrindo, depois colocou uma mexa de cabelo atrás da minha orelha.

- Está melhor?

Consegui lhe dar um sorriso pequeno.

- Um pouco...

Steven voltou a fazer carinho pela minha bochecha.

- Que bom, agora você precisa comer um pouquinho...

Neguei enfaticamente com a cabeça.

- Ah não! Eu vou vomitar de novo... Não... Não!

Ele sorriu, acho que pelo modo doente, triste e acabado que minha voz saiu, eu
queria soar firme, mas soava apenas como uma criança pedido do permissão dos
pais pra ir dormir na casa de alguma amiga.

- Confia em mim baby, vai parar de doer o seu estômago se você comer um
pouquinho...

Gemi em desacordo, mas acabei assentindo.


Ele atravessou o balcão de casa, mexeu por uns momentos no armário e na
geladeira, depois me perguntou onde ficavam as facas... Eu apontei a gaveta e ele
colocou um prato na minha frente, então começou a picar algumas frutas.

Morangos, maçã, pêra... E mais um monte de coisas, no fim jogou mel, que eu nem
sei onde ele encontrou e granola.

- Come, só um pouquinho... Vai? Pediu quando empurrou o prato na minha direção e


eu fiz cara de desgosto.

Mas, o prato estava tão bonito e convidativo que resolvi comer.

- Bom, não é?

Assenti pra ele, enquanto comia algumas colheradas devagar de sua salada de
frutas diferente. Não estava mais me dando ânsia enquanto eu comia, e
devagarzinho meu estômago ia parando de doer conforme eu comia.

O Babaca me observou em silêncio enquanto comi e limpei o prato da salada que fez.
Depois recolheu o prato e lavou na pia, guardou tudo o que tinha tirado dos
armários e agora com minha mente um pouco menos doente eu descobri que no
armário de casa tinham vários potes de mel no armário que fica em cima da pia.

Ele parou depois que guardou e limpou tudo, então secou as mãos e me olhou,
jogando o guardanapo em cima do balcão na minha frente.

O Babaca atravessou novamente o balcão, e parou ao meu lado.

- Você vai ficar bem até à noite, agora você só precisa dormir um pouco e umas oito
ou nove horas estar pronta por que vou realmente passar aqui te buscar...

Pisquei algumas vezes, antes de decidir que ele falava sério e não brincando.

- Tem certeza que vou estar bem até à noite? Eu ainda me sinto... Péssima!

Steven riu, se debruçando no balcão.

- Eu sei o que estou falando Princesinha, você vai ficar bem! E te quero linda à
noite.

Quase abri minha boca pra declaração dele. Parecia bem mais que um simples
pedido, parecia uma promessa... Ou algo assim. Eu não sei. Mas o tom dele foi tão
sedutor...
- Vai dormir! Descansa, e eu volto à noite pra te buscar... Disse, pegando minha mão
sobre o balcão e me fazendo ficar em pé.

Ele voltou a fazer carinho naquele meu lado da bochecha e me lembrei que eu
estava marcada ali, muito possivelmente dos socos que levei ontem na academia...
Mas ontem, a maquiagem escondeu elas, hoje não.

- Fica bem, tá?

Assenti pra ele, que foi caminhando até a porta e pensei que devia perguntar
alguma coisa... Qualquer coisa pra faze-lo ficar mais um pouco. Eu não queria que
ele fosse.

- Você... Não quer ficar e ver um filme?

Ele me olhou, franzindo o cenho e fazendo uma cara cética.

- Como se eu fosse um cara de ver filmes, né Princesinha? Vai dormir! Eu te vejo de


tarde.

Mordi o lábio um pouco, mas no fim dei de ombros e acenei com a cabeça, ele acenou
de volta e foi embora.

Ainda não sei por que ele veio, nem sei por que suas palavras soaram tão...
Devassas, quando disse que me queria linda, mas enfim...

Resolvi não pensar, afinal, eu ia pensar sobre o que? Já havia ficado decidido que eu
nunca vou dormir com ninguém, então... Eu só preciso parar de ser uma idiota e me
sentir tão confusa e perdida quando estou perto do Steven.

 Babaca-Steven:

Sei que esta se perguntando por que fui lá... Bom, eu estava falando com o Harry
sobre ela. Falando sobre o quanto ela me enlouquece e ele...

- Ah cara! Ela enlouquece qualquer um! Eu mesmo, as vezes ainda me pego


fantasiando em te-la pra mim!

Não era pra eu ter ficado com raiva dele, ele tem razão afinal, ela é linda... E
enlouqueceu meia academia com aquela dança de pijama... Mas, é que... Pensar em
qualquer um de olho nela me tira do sério! Eu sei o que penso sobre ela e já me
condeno por fantasiar com essas coisas, imagina o que os outros caras não pensam?
Então eu fiquei pensando em... Como ela deveria estar mal hoje, se bebeu mais do
que apenas todos os drinks que eu vi, ela devia estar péssima. E pensei: O Harry
fantasia com ela, eu fantasio com ela... Quem é pior de nós dois?

Ele... Mil vezes! Então, me comparando com o Harry eu vi que eu não era assim tão
ruim... E se ela quiser comigo, eu posso de repente... Fazer isso por ela. Obviamente
que apenas se quiser.

Então resolvi dar mais motivos pra ela gostar de mim. Eu sou mais que apenas um
cara idiota e um Babaca como ela diz... Eu sou bom, as vezes, se eu quero, por mais
que isso seja raríssimo... E talvez se ela visse que tenho um lado bobão como o do
Stefan ela passasse a gostar de mim.

Porém, quando eu cheguei na casa e a vi toda doente naquela blusa imensa com o
cabelo bagunçado e os olhos verdes escorrendo maquiagem, eu percebi que não...
Que de jeito nenhum ela podia gostar de mim.. Quer dizer, como ela poderia gostar
de um cara assim? Que a deixa beber e dirigir de volta pra casa por que estava
transando com outra garota?

No fundo, no fundo, eu não quero que ela goste de mim, quero que me odeie... Que
sinta nojo de mim, ao menos como homem. Eu quero sei lá... Que ela me enxergue
como um gay amigo, qualquer coisa assim!

Então hoje, mais tarde eu a quero linda pra eu poder ser um idiota e fazer todas as
merdas possíveis na frente de uma bela Hanna, pra que ela entenda que eu não sou
bom pra ela.

Ah, você quer saber como cheguei a conclusão de que talvez ela pudesse gostar de
mim?

Os sorrisos cara... Conversando com o Harry eu falei sobre como ela sorri e como faz
muito isso quando está comigo... Ai..

- Cara... Eu acho que essa menina tá te curtinho hein? Sério Stevie! Você sempre
fica com as melhores! Isso é tão injusto!

E ai quando ele foi embora eu parei pra pensar, na água ela queria um beijo... Na
praia também, e ela nunca reclama quando eu beijo ela... Então talvez... Ela
gostasse.

Juntando tudo isso fui a sua casa pra ver como estava, quando vi eu percebi que não
podia de jeito nenhum deixar tudo isso continuar... Nada disso! Ela tem que ficar
com um cara legal... Um cara... Bom, que não vai deixa-la arriscar a vida e vai ficar
com ela numa boate onde ela corre o risco de ser pega por algum idiota e ser forçada
à algo... Um cara como o Stefan mesmo! É... Isso é a coisa certa. Portando hoje, eu
vou ignorar que a vi linda. E... Fazer merda que é o que sei.

Mas tenho que assumir: Ver seu rostinho marcado na bochecha mexeu comigo, eu
queria ficar fazendo carinho naquilo até a marca sumir... Óbvio que me controlei pra
não ficar quando ela pediu, eu podia apenas sentar do seu lado e ficar fazendo
carinho no leve arroxeado de sua pele, só que não... De jeito algum eu podia. Era
egoísmo e sacanagem ficar! Eu não ia me controlar se ficasse.

Portanto, o melhor foi vir pra casa.

Estava subindo as escadas quando escutei um barulho... Vindo do quarto da minha


mãe...

Abri a porta, entrando no quarto, cheio de preocupação e encontrei minha linda mãe
caída no chão, suando, tremendo...

Sei o que é isso, uma crise...

- Mãe... Sussurrei, pegando-a no colo e colocando ela em cima da cama.

Ela tremia, e suava incontrolavelmente... Devia estar com febre...

Cobri seu corpo pequeno, andei até o banheiro e peguei seu coquetel de remédios....
Suspirando.

Odeio ve-la assim. Odeio pensar que nada teria que ser assim se não fosse eu, ou
meu pai. Se ele não a tivesse usado pra conseguir uma diversão de uma noite e
tivesse usado a porcaria de uma camisinha, minha mãe seria feliz hoje, não estaria
doente, não teria sido prostituta... Não me teria e tudo ficaria bem pra todo mundo!

Vê? Consegue enxergar como eu sou igual ao meu pai? Como só sei machucar as
pessoas e nunca fui capaz de proteger minha mãe de nada? Eu me odeio por ser
fraco, por ser igual ele... Por usar meninas, mas ao menos eu não uso meninas
inocentes.

Quando meu pai conheceu minha mãe, ela era virgem, pertencia a uma família
boa... As pessoas amavam ela... Ela era esperta, dedicada, e feliz... Até ele aparecer
e faze-la entrar naqueles filmes pornográficos com ele. Minha mãe perdeu a
virgindade dela numa filmagem! Tudo por culpa do amor... Por que estava
apaixonada por um idiota. E ai quando ele ficou famoso e o contrataram pra ser o
homem de Hollywood... Ele a deixou, sem nada, perdida em outra cidade, perdida
sem ninguém e grávida...

Eu odeio, sinceramente odeio a atitude do meu pai, é por isso que tento não
reproduzi-la... Eu tento não me apaixonar, nem me apegar a uma garota que pode
ser uma vadia e me deixar com o coração em pedaços como meu pai fez com a minha
mãe e tento não deixar nenhuma garota inocente, boa, magoada e ferida como ele
fez com ela...

Tô sempre tentando seguir uma linha diferente dos meus pais... Eu nunca, nunca,
nunca... Transei sem camisinha! Nem mesmo que eu estivesse bêbado, é uma regra
pra mim, não repetir os mesmo erros, por mais que eu cometa muitos erros, estes
são os meus erros! Podem ser parecidos com os dele, mas não são os mesmos e no
que depende de mim nunca vão ser...

Mediquei a minha mãe, achando ela muito pequena e frágil hoje...

- Eu vou sair com a Hanna mais tarde, tá? Perguntei, enquanto lhe fazia carinho
nos cabelos.

Ela sorriu, e me fez carinho no rosto.

- Tudo bem, cuide dela, e se cuide e por favor Stevie... Não se meta em confusões,
ok?

Sua voz saiu baixinha e cansada, muito provavelmente era exatamente assim que
ela própria estava.

- Pode deixar mamãe, eu não vou me meter em confusões e vou... Vou cuidar pra
ficar tudo bem com a Hanna. Tá?

Ela assentiu levemente com a cabeça, fechando os olhos e respirando baixinho.

Beijei sua testa, me demorando bastante no beijo, pedindo que ficasse bem e dizendo
mentalmente: Eu te amo mãe.

Fui pro meu quarto depois, tirei minha roupa e fui tomar um banho... Eu precisava,
depois dessa viagem de volta ao passado.

Maluquinha- Hanna.

Dormi até umas sete e meia da noite, quando acordei estava bem melhor!
Sentia meus músculos me respondendo e minha cabeça tinha parado de doer.
Levantei sem dificuldade, meu estômago já não parecia mais ter passado por um
triturador... Estava bem.

Tomei um banho rápido graças as horas que eram já, me lembrando das palavras do
Steven: Te quero linda hoje...

Essas palavras... Me fizeram acordar melhor, ou me fizeram ficar ligada e feliz...


Esquecendo de tudo, só me focando nas palavras dele eu tomei banho, e me arrumei.

Não estava nenhum pouco no clima de ir de salto hoje, meus pés ainda estavam
doendo bastante. Então coloquei uma sapatilha minha cheia de brilhos e um laço em
cima. Coloquei uma calça jeans da Alex, que era toda cheia de rasgos e meia larga
na cintura de propósito pra ficar parecida com uma calça de homem e vesti uma
blusa azul apertadinha e com rendas nas mangas.

Ficou bonitinho, eu acho... A blusa não tinha um decote muito grande, mas era
bonita e ficou toda meiga em mim. Passei batom, vermelho hoje pra que ficasse um
pouco mais mulher e lá pelas oito e meia eu já estava pronta.

Estava tudo tão bem, eu estava sorrindo, e feliz... E nem me lembrava de nada que
não fosse a vinda do Steven em casa mais cedo. Enquanto eu estava terminando de
prender minha franja com uma presilha pequena e arrumava meu cabelo deixando-
o todo solto, o celular tocou em cima da escrivaninha do quarto.

Sorri ao ver o nome: Babaca-Steven aparecendo na tela.

- Oi? Atendi, sorrindo e toda feliz por que ia ve-lo.

Mesmo que agora fosse apenas isso que eu pudesse ter, apenas de ve-lo hoje já
estaria bom.

- Oi Princesinha... Olha, eu liguei por que não vou pode sair contigo hoje. Espero que
você não estivesse pronta, ou coisa parecida, mas eu não posso sair hoje.

A voz dele saiu meio urgente, como se ele nem mesmo quisesse me dizer que não
pode sair, ou o motivo disso... E, eu fiquei chateada, por que.... Hoje é... Bom, HOJE
e achei que sair com o Babaca poderia me fazer esquecer que dia é hoje. Mas tudo
bem, se ele não pode.

- Tá tudo bem Steven, é... Aconteceu alguma coisa?

Escutei ele suspirando do outro lado da linha.


- Não Princesinha, só não tô no clima hoje, tá legal? Te vejo amanhã...

Ele não esperou minha resposta só desligou o telefone. E fiquei ali, parada em
frente a escrivaninha com meu notebook em cima e um bando de livros na estante à
sua volta, pensando o que eu tinha feito pra ele me tratar assim tão ríspido e pra
não querer sair comigo...

Babaca- Steven.

Hoje depois de tomar banho e tudo mais, eu fiquei em casa, o tempo todo.

O Harry até me ligou pra irmos fazer um bico no Charlie, mas eu não estava no
clima. Olhar pra minha mãe naquela cama ainda estava mexendo comigo.

Eu passei pelo seu quarto várias vezes durante o dia, fui ver se a febre tinha
abaixado, se ela já estava acordada, mas nada... Ela continuava meio febril e não
acordou.

Fiquei super preocupado com a Dona Alicia, ela... É muito forte, mesmo assim odeio
deixa-la se ela tem uma crise como a de hoje e não acorda pra me responder se esta
bem ou não.

Portanto, quando eu estava pronto pra sair, fui mais uma vez no seu quarto, ver se
me respondia, se falava comigo...

- Mãe? Chamei, bem baixinho, mexendo naquele estabilizador de luminosidade e


deixando o quarto a meia luz.

Ela se mexeu um pouquinho na cama, e me olhou, sorrindo pra mim.

Sentei do seu lado, lhe fazendo carinho nos cabelos acobreados e fiquei olhando nos
seus olhos, procurando traços de febre, ou de que ainda estivesse mal.

- Tá tudo bem? Perguntei, num sussurro, sei que quando tem crises morre de dor de
cabeça, então falo baixinho, pra amenizar tudo o que sinta.

Ela sorriu pra mim, afagando minha mão no seu rosto.

- Está sim meu amor, estou bem melhor...

Seu tom era verdadeiro, e sorriso em seus lábios também, então fiquei mais calmo.

- Tem certeza? Insisti, apenas pra confirmar, não gosto de deixa-la doente.
Minha mãe riu.

- Tenho Filho, tenho sim... Pode ir se divertir, quando você voltar eu vou estar bem
aqui, deitadinha...

Sorri pra ela, lhe enchendo de beijos, por que simplesmente achei que deveria... Ela
é a única mulher pra mim, a única em tudo... A única que possui uma coisa que
nunca entreguei nem pretendo entregar pra nenhuma puta por ai: Meu coração...
Minha mãe é a única mulher que mora dentro desse peito inútil, ela é tudo o que
sempre tive, e nunca me abanou...

Por mais que eu tenha demorado a perdoa-la por se prostituir e me deixar assistir
seus espancamentos e que isso tenha desencadeado em um quadro explosivo em
mim... Ela ainda é minha mãe, e do seu jeito falho, fez de tudo pra me criar... Então,
ela é a única que eu sempre vou amar.

- Volto mais tarde, está bem? E quero a senhorita bem aqui, deitadinha, nada de
fazer esforços hoje, nada de limpeza, nada de nada!

Ela assentiu, depois fez uma cara de desgosto, franzindo o cenho e os lábios da
forma que faz quando está com dor.

- Mãe, você está com dor? Perguntei, pra confirmar.

Ela negou com a cabeça.

- Não meu amor, estou bem, pode ir... Eu vou ficar bem! Afirmou, com uma carinha
melhor, então achei que estava tudo realmente bem.

Lhe dei um beijo na testa, reafirmando que não era pra ela fazer nenhum,
absolutamente nenhum esforço.

Mas aí, quando fui sair e a olhei por mais um momento da porta... Eu vi uma
mulher frágil, debilitada, possivelmente sentindo dor, por que mesmo que não me
contasse, eu sei que a dor vai e vem...

E ai imaginei, pensei no meu pai a deixando justamente assim, frágil, machucada e


grávida de mim... Não foi exatamente isso que ele fez? A trocar por algo melhor, por
uma diversão melhor? Troca-la por qualquer merda de fama ou uma mulher que
abrisse as pernas pra ele e não estivesse grávida?
Eu não quero ser assim.... Eu não quero deixa-la por nada assim... Nunca. Ela é
minha mãe, a pessoa que cuidou de mim, mesmo com inúmeras falhas, ela sempre
tentou fazer o melhor pra mim.

Eu vou fazer o meu melhor pra ela hoje. Vou ficar.

E foi por isso que eu não sai com a Hanna, liguei pra ela e desmarquei tudo por que
ia ficar com a minha mãe... Ela precisa disso mais do que a Princesinha precisa de
uma bebida ou de saber o quão merda eu sou...

Então aqui estou eu, fazendo comida pra dona Alicia. Ela não pode comer nada
muito pesado hoje... Tem que comer coisas leves por conta dos remédios.

- Ei... O que a senhorita tá fazendo aqui? Perguntei, quando a vi descer as escadas.

Tinha acabado de fazer uma salada de frutas com mel, granola e aveia pra ela. E ia
levar, mas a teimosa levantou da cama.

- Eu é que pergunto filho, o que está fazendo aqui? Você não ia sair?

Sua voz saiu baixinha e fraca, comprovado minha teoria de que ela não estava
muito bem. Ou, nada bem.

Dona Alicia se sentou na banqueta de casa, estava enrolada num roupão, apertando
forte ao seu corpo e me aproximei pra checar sua temperatura.

- Eu estou bem Steven, não estou com febre! Disse, antes que eu colocasse a mão na
sua testa.

Mas, como eu sou eu... Coloquei a mão pra ver sua temperatura. Não estava
quente...

- Tudo bem, você não está com febre, mas mãe, sério, volta pra cama... Pedi, lhe
fazendo um carinho no rosto que me lembrou muito ao que fiz na Hanna horas mais
cedo.

Minha mãe sorriu.

- Ah Steven,pare com isso, eu sou doente, mas não sou inválida! Fora isso eu ia
aproveitar que você ia sair pra limpar a casa... Então pode ir!

Revirei os olhos pra ela.


- Ah mãe, eu não vou mais sair e te deixar aqui sozinha, fora isso você não vai de
jeito nenhum fazer esforço hoje, a casa está limpa, não precisa limpar!

Ela respirou fundo, depois colocou os braços sobre o balcão.

- E o que é que eu vou fazer o resto da noite? Ficar sentada aqui enquanto você me
dá remédio e comida? Eu posso muito bem me cuidar Stevie... Saía, vai se divertir!
Não precisa ficar comigo...

Neguei com a cabeça.

- Eu não vou à lugar nenhum mãe, vou ficar com você hoje. Vai ser nossa noite mãe
e filho...

Nunca na minha vida eu tinha falado algo mais tosco, mas era a verdade. Hoje eu
queria ter certeza de que ela estava bem e que não ia fazer esforço limpando essa
casa.

Minha mãe sorriu, depois respirou fundo por uns momentos antes de me responder.

- E o que vamos fazer nessa noite mãe e filho?

Dei de ombros, andando até o outro lado do balcão e estendo a salada de frutas pra
ela.

- Não sei, você pode escolher o quiser fazer, contanto que não seja limpar a casa!

Dona Alicia suspirou, me olhou de cima a baixo, e sorriu.

- Você realmente não me deixar sozinha, não é?

Assenti pra ela, cruzando os braços sob o peito, quase que desafiando-a a me
contrariar.

Minha mãe deu de ombros, balançando a cabeça, e finalmente pegou a colher ao


lado do prato da salada de frutas.

Ela comeu, em silêncio, como de costume. Dona Alicia sempre achou falta de
educação falar enquanto se come, a não ser que tenhamos visitas... Enfim.

A observei comer, medi sua temperatura mais umas três vezes, preocupado que ela
pudesse ter outra crise, a fiz tomar os remédios novamente e deitei-a na cama.
- Pronto... Agora acho que a senhora pode dormir. Disse, afofando os travesseiros e a
coberta.

Minha mãe fez cara de desgosto.

- Eu não quero dormir, eu quero limpar alguma coisa, fazer alguma coisa que não
seja ficar deitada como se eu fosse uma inválida e completamente inútil Steven!

Respirei fundo, sabendo que ela não ia se render assim tão fácil.

- Mãe...

Ela me interrompeu.

- Não comece com "mãe, eu não quero ficar nessa cama, eu tive uma crise, passou,
estou melhor agora! Saía, me deixe limpar as coisas, me deixe viver Steven! Eu nem
mesmo sei quanto tempo eu vou ter de vida então deixe que eu faça alguma coisa
útil com ela!

Pisquei algumas vezes, por que eu nunca tinha escutado minha mãe assim tão
brava e magoada como soava agora.

Pensei em muitas coisas pra dizer, dizer que ela ainda vai viver muito, mas com a
doença dela eu não sei se posso ter certeza disso... Pensei em dizer que a amo, mas
ela sabe que eu amo e isso não iria ajudar no momento... Pensei em dizer que ela
poderia limpar a casa então, mas isso não seria fazer algo útil com a sua vida. Ela
limpa isso aqui todos os dias, tem a mesma rotina: Trabalho, casa, limpar a casa,
fazer comida pra mim e dormir cedo... Isso não é vida! Se ela quer viver, então que
faça algo que goste... Que goste de verdade.

- Tudo bem mãe, se quer viver ok... Mas, sem limpar a casa! O que você tem vontade
de fazer?

Ela fez uma expressão cética, já se sentando na beira da cama.

- Limpar a casa, arrumar as coisas e fazer algo pra você comer...

Balancei a cabeça.

- Não, isso é teoricamente o que você sente obrigação em fazer mãe, o que você
realmente, realmente quer fazer?

Dona Alicia parou pra pensar uns momentos, olhou pro quarto, depois pra mim... E
ficou nisso algum tempo antes de exalar o ar de seu corpo.
- Ver a Lua... Hoje é dia de lua cheia, não é?

Sim, hoje era lua cheia, mas eu não sei como ela sabe disso. Porém, resolvi não
questionar.

- Muito bem, então vamos ver a Lua... Vem, vamos lá fora no quintal.

Ela balançou a cabeça.

- Não, quero ver a lua perto da água, perto do mar... Faz tempo que eu não vejo o
mar.

Sorri pra ela, pelo seu tom contemplativo ao dizer com surpresa que fazia tempo que
não via o mar, e eu não duvido nada que faça um longo, longo tempo mesmo... Ela
raramente faz algo pra si mesma, ou sai de casa, a não ser pra ir trabalhar e as
compras de mês em mês.

- Tudo bem então Dona Alicia, vamos ver o mar...

Ela abriu um sorriso grande, feliz mesmo, como não a via dar há muito tempo então
acho que quer mesmo isso, portanto... Vamos a praia.

Maluquinha- Hanna.

Bom, já que sair com o Steven não rolou eu comecei a ficar muito ansiosa conforme
as horas iam passando.

Não tirei a roupa que eu estava, por que não conseguia... Eu mal conseguia
respirar...

Olhava pro espelho e tinha a sensação de que a qualquer momento o homem ia


entrar aqui e me fazer mal como quando eu era pequena.

Eu estava inquieta. Completamente inquieta, andei de um lado pro outro no quarto,


tentei ler, ouvir música, jogar no celular... Mas nada me acalmava.

Meu coração batia forte no peito, rápido e tão acelerado como se eu estivesse
correndo uma maratona. Estava enlouquecendo.

Eu precisava fazer alguma coisa pra acalmar essa minha crise de ansiedade. Eu
precisava.

Desci as escadas de casa correndo, pronta pra sair pela porta e correr sem rumo
nem destino, bem quando o Chad estava entrando pela porta.
- Ei... Eu sei, eu sei... Ele disse, baixinho, assim que me olhou por um momento.

Eu sei que ele sabia, mas eu não conseguia ficar quieta... Meu coração não parava
de bater rápido daquele modo angustiante, e minhas pernas não paravam de se
mover em nenhum momento. Eu tremia, e suava frio... Precisava de distração,
qualquer distração possível...

- Chad... Foi tudo o que consegui dizer antes de começar a andar de um lado pro
outro, rapidamente, como uma louca...

Eu me conheço e sei bem que aquela ansiedade toda resultaria em um surto ou coisa
pior, eu precisava... De alguma coisa boa pra me distrair de que dia era hoje e de
como o relógio estava próximo da meia noite...

Eram onze agora e a cada minuto parecia que meu coração ia sair mais pela boca.

- Hanna, pequena... Ei...

A voz do Chad me acordou dos meus pensamentos e percebi que ele segurava meu
rosto com as duas mãos.

- Calma... Tá tudo bem, se acalma.

- Pa... Pai... Eu... Eu... Gaguejei, sem fazer muito sentido enquanto sentia cada veia
minha pulsar com uma velocidade descomunal.

Eu ia acabar tendo um infarto se continuasse assim.

- Calma Pequena, calma... Olha, eu vou te levar no boliche aqui perto, tá bom?
Vamos jogar comigo? Quer?

Sei o que ele estava fazendo... Estava criando uma distração pra mim. Então assenti
rapidamente, várias vezes com a cabeça, ainda pronta pra correr se precisasse...

Chad me fez ir com ele na Xlt, mesmo que o boliche fosse perto de casa e perto da
praia, ele preferia me levar de carro, já que eu tremia tanto que parecia impossível
caminhar.

Eu não me entendo por isso, se precisasse correr, eu correria, mas eu tremia tanto
que não sabia se seria realmente capaz de fazer se tivesse.

No caminho pro boliche minhas pernas não paravam quietas nem minhas mãos, eu
mexia uma na outra como se não houvesse amanhã.
Pra minha sorte, chegamos rápido ao boliche, com gente... Muita gente. Era tudo o
que precisava, ver pessoas... Juntas e saber que eu não estava trancada em um
quarto sozinha aguardando dar meia noite pra receber minha surra/presente de
aniversário.

Chad comprou a pista, pagou pelas próximas horas, e então me fez jogar com ele.

O tempo todo quando estava tremendo demais ele me abraçava apertado e


sussurrava que tudo estava bem, que era pra eu olhar em volta, ver quantas pessoas
tinham ali, que eu não estava sozinha.

E aquilo me fez ir acalmando aos poucos, ia me aliviando aos pouquinhos escutar


sua voz e os gritinhos das pessoas ao meu redor, fazia bem.

Com o tempo eu fui esquecendo por que estava ali e me diverti, joguei contra o Chad
e me concentrei em ganhar...

 Babaca-Steven:

Estava na praia com a minha mãe, ela sentou na areia com um vestido que eu
nunca a vi usar, mas que ficou lindo nela. Era cheio de flores vermelhas no pano
preto, todo larguinho e comprido até o pé. Ela veio de rasteirinha e tinha tirado pra
pisar diretamente na areia. E agora, observava assim como eu, as ondas e o vai e
vem do mar... E claro, o reflexo da lua na água.

Devo admitir que a paisagem era muito bonita, mesmo assim, o que me encantava
mais era ver a expressão de felicidade no rosto da Dona Alicia.

- Isso é tão lindo!

Sua voz doce e calma me trouxe de volta dos meus pensamentos.

- É magnífico! Disse, avaliando a paisagem.

Sorri pro seu tom encantado e relaxei, esticando as pernas e me apoiando nos braços
pra olhar a paisagem.

- Quando morava no Texas, eu imaginava vir pra um lugar assim... Toda noite eu ia
ao terraço de casa e olhava estrelas, imaginando como seria ve-las refletidas na
água do mar... Perto do mar. Eu sempre quis morar perto de praias, era meu sonho
depois que terminasse a faculdade, mas ai...
A historia triste dela, você já conhece, eu não preciso dizer a maneira como ela ficou
cabisbaixa ao contar que quando conheceu meu pai o achou o homem mais
maravilhoso do mundo. Que ele era um cavalheiro... Mas, o que contou foi novidade
pra mim.

- Ele queria que eu fizesse um aborto e fosse com ele pra Hollywood. Eu não quis,
nunca ia querer cometer uma atrocidade dessas e você Stevie... Ah... Você! Disse,
virando-se um pouco pra me encarar.

- Quando descobri que estava grávida, eu fiquei... Apavorada. Eu achei que... Que ia
ser uma coisa horrível, que ia doer, e que eu não saberia ser mãe... Eu era tão nova.
Eu tinha tantos sonhos...

" Mas aí, eu fui fazer uma ultrassonografia, e escutei seu coração batendo...
Compassado e vivo. Eu não conseguia parar de sorrir Steven, eu não conseguia
parar de fechar os olhos e escutar seu coraçãozinho batendo, batendo dentro de
mim... Era incrível e assustador... E então quando seu pai propôs o aborto eu... Eu
só pensei em como eu já te sentia vivo em mim, em como seria horrível fazer isso.
Então resolvi te ter. E foi a melhor decisão que tomei, mesmo com seu pai sumindo e
me deixando na rua...

"Eu ainda sentia você chutar com força a minha barriga e toda a noite eu olhava o
céu e as estrelas e dizia: Um dia meu amor, nós dois vamos ver o mar e as estrelas
refletidas nele... E aqui estamos, eu e você... Um homem, meu pequeno... Que me
chutava com força e chorava feito um bebezinho irritado quando pequeno, agora
esta aqui, tão grande e bonito. Eu sinto tanto orgulho de ser sua mãe meu filho,
tanto e se eu tivesse que passar tudo outra vez pra te criar, pra te amar, eu faria..."

Porra, ela nunca tinha falado nada assim. E eu sei que sou maior que ela, que
deveria ser ao contrário, mas eu apenas senti necessidade de ser o bebê dela outra
vez. Alguém de quem ela se orgulha.

Deitei com certo receio a cabeça no seu colo, pensando que isso ia me fazer menos
homem, mas assim que senti ela afagar meus cabelos eu simplesmente... Não sei,
me senti em casa.

Era como uma lembrança, uma boa lembrança. Era como se eu fosse seu menino
pequeno, o menino que ela queria que deitasse aqui e visse o mar e as estrelas
refletidas nele. Eu me deixei pensar por um momento que mesmo que meu pai não
me ache digno de amor, nem de ser meu pai... Eu tive uma mãe que me ama e que
se orgulha de mim, por mais merdas que eu faça...
Eu me senti pequeno e carente naquele momento, me peguei apertando forte minha
mãe pra perto, desejando que ela soubesse que eu a amo... Amo mais que tudo, e que
também me orgulho muito de ser seu filho! Eu sou filho de uma mulher forte e
lutadora que mesmo podendo ir embora com o amor da sua vida se me abortasse,
preferiu sofrer pra me criar a fazer isso, por isso, eu a amo... Eu a amo por não
desistir de mim.

- Te amo mãe... Deixei escapar a frase que raramente eu falava e escutei ela rir
enquanto me beijava a testa e a bochecha se demorando em fazer ambos.

- Eu também te amo meu amor... Te amo muito.

E então eu lembro de abrir os olhos e encontrar os seus olhos nos meus, lembro do
seu sorriso carinhoso nos lábios, lembro que uma lagrima escorreu, mas ela
rapidamente secou antes que pegasse em mim e lembro de olhar além dela, e ver o
céu, a lua... E escutar o barulho do mar, bem como deveria ter sido desde o princípio.
E então eu derivei ao sono, no colo da mãe...

Maluquinha- Hanna.

Quando eu e o Chad saímos do boliche, eu me sentia bem melhor. Não ótima, mas
bem. Tinha parado de temer, e de suar frio, meu coração retomou o ritmo normal e
eu já conseguia andar normalmente.

- Está tudo bem? Perguntou meu pai, me apertando perto pelos ombros.

Assenti pra ele, respirando e expirando e tentando me acalmar o máximo possível.

Sei que muito provavelmente já é meia noite, então hoje é o dia oficial da tortura da
Hanna. Mas, é pasado. Ou ao menos eu tento fingir que é passado enquanto
andamos pelo calçadão da praia.

- Você quer comer alguma coisa meu amor? Hum? Eu levo você naquele restaurante
chinês que você adora!

Sorri ao escutar o Chad falando isso e me virei pra encara-lo.

Lembro da primeira vez que o vi, de como ele parecia legal e mesmo assim o medo
não me deixava chegar perto dele, nem falar, nem respirar se isso fosse possível...

- Eu quero pai! Disse, abraçando-o pela cintura.


Chad me deu um beijo nos cabelos e continuamos andando, o caminho que fazíamos
era pro estacionamento da praia, segundo o Chad: Eu não vou pagar pra estacionar
meu carro dentro do boliche se posso estacionar na praia de graça e em alguns
passos estamos lá dentro.

Foram suas palavras enquanto estacionava a Xlt, mas estava tão nervosa que se ele
estacionasse no meio da rua eu não ia me importar nenhum pouco.

Enfim, quando chegamos onde ele tinha parado a camionete, sorri ao ver o que vi...

Babaca- Steven.

Obviamente que minha mãe me acordou pra irmos embora, eu nem mesmo sei
quanto tempo depois foi isso, mas sei que dormir no colo dela foi ótimo pra mim.
Fazia muito tempo que nós não tínhamos essa proximidade.

Bom, a gente andou pelo calçadão e fomos até o estacionamento, onde eu tinha
parado a Tara, mas antes eu não tinha percebido a bela camionete parada do meu
lado no estacionamento.

Ou não quis perceber.

O fato é, quando estávamos quase colocando os capacetes pra ir embora eu vi... Luz,
e ela...

- Olha, parece que era pra gente se encontrar, não? Disse o Mestre se aproximando e
me cumprimentando com um aperto de mão e um abraço típico de homens com
aquele tapinha nas costas.

- Mestre... Falei, fazendo uma breve reverencia pra ele, ao qual retribuiu no mesmo
tom.

- Steven...

Depois ele se virou pra minha mãe e lhe deu um beijo no rosto. Sorri ao ver a cena,
por que seria meu que meu sonho de consumo se minha mãe namorasse e
namorasse o Mestre. Ele com certeza seria o pai que eu escolheria pra ter.

- Olá Alicia, como você está? Perguntou, com as mãos no ombro da minha mãe e
sorrindo.

Dona Alicia respondeu o sorriso e os dois entraram em uma conversa animada, na


qual nem me deu vontade de prestar atenção.
Meu foco estava todo nela... Parecia bem bonita em uma blusa azul cheia de renda
nas mangas compridas e uma calça jeans toda rasgada e desfiada.

Ela parecia uma rockeira e rebelde sem causa, isso se não fosse seu cabelo jogado
pro lado direito do corpo e a franja presa de um jeito que a fazia parecer tão...
Menininha, mas ainda sim, uma menininha bonita.

- Oi. Disse, baixinho e me aproximando.

Ela sorriu.

- Oi...

Seu tom foi o mesmo que o meu, cauteloso, baixo, e animado ao mesmo tempo. Só o
que eu não sei é o por que da sua cautela, eu estava sendo cauteloso por que não
podia de maneira nenhuma ser um idiota agora, eu tinha que ser... Não sei,
qualquer coisa menos um Babaca.

- Achei que fosse sair com alguma outra menina, quando disse que não ia sair
comigo...

Sua voz saiu doce, meiga... Feliz, eu acho, mas não tenho certeza. O que tenho
certeza é que estávamos sorrindo um pro outro.

Dei de ombros.

- Ah, eu não ia deixar de sair contigo por causa de outra garota. A não ser, claro, que
essa garota seja a minha mãe... Ela tem prioridade, sabe?

A Princesinha sorriu, balançando a cabeça.

- Entendo, e o que vieram fazer aqui?

Me aproximei um pouquinho dela, apenas por que era isso que queria fazer.

- Viemos olhar o mar, a lua cheia, as estrelas...

A Princesinha assentiu.

- É muito bom olhar o mar, não é? Acalma, faz bem...

Concordei com a cabeça, e então me lembrei de que essa aqui era a Princesinha, e
era a garota que eu não queria machucar, mas neste momento não queria ser um
Babaca e deixa-la triste, por que ve-la sorrir me fazia sorrir.
Então eu estava sem muitas opções, eu não queria ser legal, mas não queria ser um
Babaca... Ou seja: Fudeu!

- E vocês? Vieram fazer o que aqui?

A Princesinha deu de ombros e ficou de repente, muito, muito tensa.

- O que foi? Perguntei, ficando um pouco mais próximo dela.

Agora estávamos a um passo de distância, a questão era: Quem ia romper esse um


passo de distância?

- Nada, é... Eu e o meu pai estávamos indo comer comida chinesa, querem vir?
Perguntou, olhando pra minha mãe e não me encarando.

Fiquei sem entender por que de repente ela ficou tensa e não me olha... Hum,
estranho.

- Ah amor, obrigado pelo convite mas acho que vou ter que passar, estou super
cansada. Respondeu minha mãe, e realmente ela parecia bem morta. Nem deveria
estar em pé depois da crise que teve.

A Princesinha assentiu, e se virou pra mim.

- Bom, acho que é isso então... Boa noite Steven. Disse, passando por mim.

Antes que eu pudesse me parar já a tinha pegado pelo braço, não peguei forte, eu só
queria que ela me olhasse nos olhos, e não me dissesse boa noite olhando pro chão
como fez.

Mas, claro, como sou eu... Deu merda.

- Não!

Foi um grito muito claro e amedontrado, eu acho... E soltei ela imediatamente...

Assim que soltei, a Princesinha correu pros braços do pai dela que fez uma cara pra
mim de quem se desculpa.

- O que ela tem? Minha mãe perguntou, afagando as costas da Princesinha que
parecia tremer ali.

O Mestre deu de ombros, apertando-a mais um pouco perto de si, eu mal podia ver a
Princesinha, ela estava tão envolta nos braços dele que... Não conseguia ve-la.
- É... Hoje só não é um bom dia pra ela. O Mestre disse, então acenou pra minha
mãe lhe dando tchau e pra mim também.

Depois levou a Princesinha pro carro e foram embora.

Fiquei completamente sem entender.

- Você sabe o que está acontecendo com ela?

Minha mãe perguntou quando parei ao lado da Tara.

Dei de ombros.

- Não tenho a mínima ideia... Respondi, por que não tinha mesmo.

E minha mãe não perguntou mais nada, apenas me olhou por uns momentos, me
avaliando, e ai... Subimos na moto e fomos embora.

Maluquinha- Hanna.

Odeio isso. Odeio isso. Odeio isso.

Era tudo o que conseguia repetir pra mim mesma enquanto apertava meu braço no
mesmo ponto onde o Babaca puxou.

Quando me perguntou o que estávamos fazendo ali, eu fiquei imediatamente tensa


por que me lembrei que dia era, que horas deviam ser e o por que estávamos ali...
Por que eu sou louca, cheia de problemas... E não conseguia mais olha-lo por que em
alguma parte de mim eu ansiava por ele... Pra que me tocasse e me mostrasse que
as coisas podem ser diferentes, mas ai quando ele realmente fez, quando me tocou...

Ele me tocou de leve... Mas não era o dia pra aquilo... Não era o dia pra ninguém de
fora me tocar.... Nem mesmo o Chad eu estava conseguindo aguentar mais quando
cheguei em casa.

- Pequena, vem cá.. Vem conversar... Ele pediu, mas não me virei e subi correndo as
escadas pro meu quarto.

Me tranquei lá dentro, ascendendo todas as luzes por que ficar sozinha eu ainda
consigo, mas no escuro... Hoje não.

Sentei no pé da cama, apertando forte aquele ponto do meu braço onde o Steven me
tocou e as coisas foram começando devagar...
Era noite, ou dia... Eu nunca sei, e estava trancada.

Mas então de repente a porta se abriu e um pouco de luz ofuscou meus olhos.

- Oi meu anjinho...

Era o homem, eu sei por que ele anda até mim com aquelas botas sujas que
machucam quando me bate.

Fiquei com a cabeça baixa, me escondendo e me encolhendo... Escondendo minha


cabeça entre as pernas, implorando pra que não me visse, mas é óbvio que ele viu.

Se ajoelhou na minha frente, e me pegou pelo braço, com tanta força que doía.

- Olha pra mim anjinho...

Eu não queria, fechei forte meus olhos pra não ve-lo, mas tive que abrir, por que me
bateu com um cinto.

- Mandei olhar!

Abri os olhos e vi à pouca luz o rosto velho e o sorriso amarelado do homem.

- Sabe que dia é hoje?

Não respondi, por que eu não sabia... Não fazia ideia. Eu não saía do escuro há
dias... Eu não comi, nem sai esses dias... Eu apenas fiquei aqui, sentada no canto do
quarto, onde eu sentia as paredes pra me dar menos medo do escuro.

- Hoje, minha linda... É seu aniversário!

Pisquei algumas vezes, tentando entender o que ele queria dizer com isso e então ele
levantou, ainda segurando meu braço com uma mão, me fazendo levantar com ele.

- Olha, você se vestiu... Eu não mandei você se vestir!

Ele falava tudo como uma ameaça, como um aviso... Eu não sei por que, eu só não
queria ficar sem roupa, estava frio...

- Sabe o que vou fazer com você anjinho? Sabe o quanto mais vai doer por você se
vestir sem eu mandar?

Engoli em seco, sentindo meu coração começar a bater rápido, eu queria correr,
mas... Na porta estava ela.
- Mamãe... Por favor... Não deixa ele me machucar. Pedi, baixinho, chorando por que
ele estava tirando minhas roupas que ficavam pequenas em mim já, mas eram as
únicas que eu tinha.

- Ela não vai te salvar de mim anjinho, ninguém vai... Nunca!

E é ai que me dou conta dos meus gritos e das lágrimas, percebi que estou no chão
do meu quarto, que tem luz... Mas eu não consigo ver a luz, eu só consigo gritar e
empurrar as mãos dele pra longe do meu braço, tentar correr... Tentar fugir...

Mas não tenho pra onde ir e minha mãe não faz nada... Ela só... Olha.

- Mamãe, por favor... Por favor... Eu não consigo mais... Por favor... Pedi inúmeras
vezes, gritando e sangrando e apanhando no rosto pra ficar quieta e não sei mais o
que é real... Não sei onde estou, não sei quem sou... Estou perdida na noite eterna
novamente.

Babaca- Steven.

Eu não conseguia parar de pensar cara, pensar no olhar assustado dela, pensar no
"Não", na tensão estampada no seu rosto. Era difícil me desvencilhar desses
pensamentos e com isso, era difícil dormir.

Estava olhando o teto há pelo menos meia hora... Se não mais. Estava tentando
analisar a situação de todas as formas, tentando entender por que ela não me
respondeu o que ela e o Mestre estavam fazendo uma hora daquela na rua, não que
estivesse errado, é só que eu achei, enfiei na minha cabeça que aquilo tinha um
motivo.

Enfim, fiquei virando na cama o quanto pude... Virei pra um lado, depois pro outro...
E então escutei o telefone de casa tocar.

Era estranho, por que estava tarde pra cacete e não era normal as pessoas ligarem
uma hora dessas.

Desci as escadas pra encontrar a minha mãe ao telefone.

- Ela está bem?

Sua voz saiu preocupada, receosa.

- Ah meu Deus Chad! Disse, andando de um lado pro outro na sala com o telefone no
ouvido.
Quando ela me viu, parou.

- Ele está aqui, está acordado...

Franzi o cenho, imaginando que tipo de conversa os dois estavam tendo pra que ela
respondesse algo assim.

- Claro, só um momento...

Minha mãe tirou o telefone da orelha e me deu um sorriso triste.

- Ele quer falar com você...

Comecei a ficar preocupado, por que o Mestre me ligaria à essa hora? Pra que?

- Alô?

Escutei algo batendo com força do outro lado da linha, e gritos abafados... O que
estava acontecendo?

- Steven, sei que esta tarde, mas... A Hanna... Ela se trancou no quarto e eu não sei
exatamente onde ela esta, eu não posso arrombar a porta sem saber em que lugar do
quarto ela esta, mas o que eu sei é que... Ela está surtando. Faz mais ou menos meia
hora que esta gritando sem parar do outro lado e eu estou escutando barulhos de
coisas quebrando, eu sei que isso não tem nada haver com você, mas eu preciso que
alguém fique deste lado da porta pra que eu possa entrar pela janela ou sei lá... Eu
só preciso de um apoio aqui pra tirar ela de lá de dentro, quando a Hanna fica assim
ela se machuca Steven... Ela... Meu Deus... Eu preciso de ajuda, e preciso que
alguém me acalme por que estou ficando louco aqui!

Escutei mais gritos, que realmente pareciam da Princesinha mas estavam muito
longe pra eu escutar o que diziam...

E eu não sei bem o que foi, só sei que... Meu coração deu muitos saltos de
preocupação... Eu... Não sei ao certo por que, mas assim que ele disse"surto" eu
lembrei do "Não!" dela, do olhar, foi o mesmo olhar daquela noite na boate...

Eu sabia que já a tinha visto daquele jeito, eu só não lembrava onde! E ela oscila
tanto de humor que é difícil dizer quando exatamente está apenas brava ou
quando... Esta... Ah meu Deus.

- Eu... Eu vou pra ai Mestre, precisa de alguma ferramenta, algo assim?


- Preciso de... De... Um martelo... Ou... Alguma coisa que consiga quebrar a
fechadura da porta sem realmente derruba-la, a gente pode machucar a Hanna se
essa porta cair em cima dela.

Escutei as palavras, assimilei-as na minha cabeça mas meu sangue corria tão
rápido nas veias que era difícil ouvir... Eu só conseguia lembrar dela me contando
sobre o que acontece quando surta... Lembrar que disse que dói e que ela não sabe o
que é real ou não...

- Estou indo. Disse, e desliguei sem esperar resposta.

Olhei pra minha mãe, que estava com os braços cruzados e o rosto triste.

- Você sabia sobre ela, não sabia? Esse tempo todo você sempre soube quem era ela e
o que ela tinha... Constatei, antes de subir a escada e colocar uma camisa.

Quando desci novamente minha mãe estava na cozinha. Eu não sei por que estava
bravo com ela, é so que... Eu achei que tinha o direito de saber sobre a Princesinha
mais cedo... Antes que eu descobrisse por que tentei... E... Ela tivesse aquele surto e
fosse obrigada a me contar, mas estava sem tempo pra isso.

- Steven... Minha mãe começou, mas a interrompi, procurando no armário em baixo


da escada um martelo.

- Agora não mãe... Eu... Tô indo.

Ela abriu a boca pra protestar mas sai pela porta... Era mais forte que eu. Em
alguma parte de mim eu achava que aquilo era culpa minha, por que... Naquela
noite da Drink a culpa foi minha. Então... Acho que agora também é.

Montei na Tara, quase esquecendo de colocar o capacete e fui o mais rápido que
pude, eu só esperava que fosse rápido o suficiente.

Quando cheguei na casa da Princesinha, todas as luzes estavam acesas, estava tudo
iluminado e a porta estava aberta, escancarada.

Entrei, procurei no andar de baixo mas não vi ninguém e quando comecei a subir os
degraus da escada comecei a escutar...

- Sai de perto de mim! Me solta... Por favor! Não!

O "Não" dos gritos foi o mesmo não que ela disse pra mim mais cedo, e comecei a
subir as escadas mais rápido de dois em dois degraus com o martelo na mão.
Eu... Estou preocupado. Sei que quando eu fico puto com as situações do meu
passado eu saio pra bater e beber, mas ela... Ela... Estava gritando, e... Chorando eu
acho, por que sua voz saiu embargada... Não sei, acho que estou ficando louco, não é
nenhum pouco normal me preocupar assim, mas... É a Princesinha cara, como eu
não ia me preocupar? Ela é a garota que eu quero proteger por que acho que se
parece com a minha mãe, então... Acho que é por isso.

- Hanna! Merda! Me escuta Pequena...

Esse foi o pedido mais desolado que já vi o Mestre fazer enquanto girava a maçaneta
da porta e empurrava pra tentar abri-la. Essa foi a primeira coisa que vi quando
cheguei lá em cima.

- Mestre... Eu...

Ele me olhou por um momento, acho que se assustando por eu aparecer assim do
nada, mas depois exalou.

- Steven, que bom... Obrigado por vir. Eu... Olha, tem uma escada no quintal, perto
da garagem nos fundos... Eu... Vou pega-la pra tentar entrar pela janela, enquanto
isso, tenta falar com ela... E abrir essa porta, tudo bem?

Ele despejou as coisas tão rápido que eu mal consegui entender, mas no fim eu
assenti e o Mestre saiu correndo.

Os gritos não paravam, eram estrangulados, quase como se ela estivesse se


asfixiando, e me preocupei que estivesse mesmo.

Eu nem vi nada, eu só senti o martelo voar e bater certeiro na maçaneta da porta.


Ela caiu e bati novamente pra quebrar a fechadura, então a porta abriu.

Era surreal o que eu vi quando entrei. Era difícil acreditar que aquela menina ali,
era a Princesinha.

Ela estava, caída no chão num canto do quarto, que por sua vez tinha algumas
peças pelo chão quebradas, estava gritando e gritando pra sair de perto dela, e se
contorcendo como se algo estivesse a machucando muito, como se quisesse fugir de
alguém mas estivesse presa e acho que a pior parte... Ela não estava consciente.
Seus olhos não estavam abertos, ela estava com os olhos fechados e gritando, e se
jogando e batendo em algo que não existia...
Nunca imaginei que quando ela disse: Surto, realmente quisesse dizer isso... Quer
dizer, eu vivo dizendo que surto de raiva, mas é um termo, não quero dizer
especificamente que surto, agora ela... Ela estava realmente... Surtando, como uma
pessoa louca de hospício.

Fiquei com medo de me aproximar, até que sua voz começou a diminuir.

- Por... Por favor... Ela soluçava, ainda se contorcendo, mas sua voz estava rouca de
tanto gritar.

Não tinha a mínima ideia do que fazer, e quando vi o Mestre tinha passado por mim
e estava ali do lado dela.

- Shhh... Disse, baixinho enquanto tentava, sem sucesso, toca-la.

- Fica longe! Não me machuca! Por favor! Por favor! Ela gritou novamente,
empurrando e se mexendo no chão do quarto.

O Mestre parecia, desolado. Escutei até mesmo um soluço escapando dele.

- Pequena... Por favor, abre os olhos...

- Não me machuca! Não! Não!

Era como uma cena bizarra de algum filme muito louco, mas era real... Era a
Princesinha... A menina forte que raramente era derrotada, que raramente perdia o
controle, que raramente, muito raramente acabava embaixo de alguém no tatame...
E era a Princesinha que eu estava conhecendo melhor também. A menina do sorriso
fofo, com covinhas, e a brincalhona e palhaça que adora rir de mim, a garota que
quando dança todo mundo para pra ver... Era ela ali se contorcendo e pedindo pra
não machuca-la...

Acho que... Eu fiquei paralisado. Eu só podia imaginar o que estava acontecendo


dentro dela, o que estava acontecendo na cabeça dela enquanto ela dizia "Não, por
favor"

Ela estava sendo machucada por alguém e algum dia no passado ela gritou essas
mesmas coisas e ninguém... Ninguém a socorreu. E agora gritava novamente e
ninguém a socorria, por que ela não deixava... Ela queria ajuda, mas quando o
Mestre a tocava ela repelia... Por que era tudo o que sabia fazer. E acho que é isso
que quer dizer quando disse que não sabe mais o que são lembranças e o que é real
quando surta, ela quer ajuda, mas não consegue obter por que acha que a estão
machucando.

Isso me choca um pouco, e me dá medo... É horrível ver e ouvir... E... É doloroso.

- Hanna, meu amor... Olha pra mim? Você precisa acordar...

A voz do Mestre me trouxe de volta dos meus pensamentos.

Ele estava longe, mas ainda estava ali no chão, do lado dela.

A Princesinha gritou, tirando mãos imaginárias de si mesma, arranhando os braços.

- Não... Não!

Os gritos não cessavam, e o Mestre a olhava com tanta dor.

- Pequena, abre os olhos... Pedia, como uma oração já que se a tocava, ela repelia,
acho que era tudo o que podia fazer.

- Para! Para por favor!

Eu não conseguia imaginar o que alguém, ou como alguém pôde escuta-la gritar
assim, chorar assim quando era uma criança e não ajudar, ou ignorar que a estava
machucando. Pior: Sentir prazer com isso.

Me deu nojo a ideia, me deu vontade de vomitar e eu queria fazer aquilo parar, mas
eu não imaginava como, então andei até estar do lado do Mestre e como ele fiquei
olhando a Princesinha, cuidando pra que ela não se machucasse como o Mestre
disse e esperando que passasse.

Demorou muito tempo, o dia amanheceu e ela continuava gritando.

Os gritos só foram cessando mais tarde, quando o dia já tinha amanhecido e o sol
estava no pico.

Ela ficou no chão, chorando, jogando as pernas prá lá e pra cá... Tentando repelir o
que fosse, ou melhor, quem fosse...

O Mestre as vezes tentava toca-la devagar, mas ai ela gritava novamente, então a
gente apenas olhou, levantou e olhamos pra ela encolhida.

- Vai demorar pra passar?


Deixei a pergunta escapar enquanto andava pelo quarto branco e rosa, eu já não
aguentava mais a olhar no chão, a olhar apertar um braço e empurrar mãos que não
existiam.

Eu não aguentava mais a ouvir gritando. Estava doendo... Doendo pensar que a
machucaram e sentiram prazer com isso, doendo pensar que aquilo de alguma
forma era minha culpa... Ia demorar pra essa ideia me sair da cabeça, eu só estava
tentando achar o exato momento em que fodi com a mente dela. Na sexta feira a
beijando? Foi por que coloquei as mãos na coxa dela? Ou foi simplesmente por que
beijei? Foi ontem quando puxei seu braço? Foi antes? Quando a beijei no bar de
beira de estrada? Ou foi a junção de todos os meus problemas pra me controlar e me
manter longe dela que foderam com ela deste jeito?

- Eu não sei... Fazia anos que ela não tinha um desse.

A voz do Mestre me trouxe de volta.

- Por que ela teve dessa vez então?

O Mestre suspirou, andando ao redor da Princesinha no chão, por que tanto ele
quanto eu estávamos cansados de ficar no chão, pasamos a noite ali.

- Eu não sei... Hoje é aniversário dela, e... O merda de homem que a machucava
sempre batia mais nela hoje... A última vez que surtou assim foi quando eu fiz uma
festa de aniversário pra ela quando a adotei... Ela... Saiu de si por dias...

- Dias? Perguntei, indignado e boquiaberto que ela pudesse ficar assim neste estado
por dias.

O Mestre assentiu, passando as mãos pelo rosto, ele parecia cansado.

- Dias... Eu não sei quanto tempo esse vai durar, eu sei que isso fode com ela de um
jeito que... Ela nunca volta bem... Ela para de falar, ela... Não come quando volta,
precisa dormir com as luzes acesas, ou as vezes nem dorme... Ela fica péssima.
Nunca é bom quando isso acontece.

Respirei fundo, tentando absorver essas informações novas.

- Mestre, por que o senhor não vai comer alguma coisa? Estamos aqui há muito
tempo, é quase meio dia, vai comer algo... Disse, pra me desviar dos pensamentos
sobre a Princesinha e o que faziam com ela.
Ambos estávamos cansados, o Mestre era quem parecia mais sentir com o que
acontecia com ela. Por isso o mandei ir comer algo, pra que se distanciasse de ver
aquela tortura. Por que sim, parecia que a Princesinha estava sendo torturada
naquele chão, e provavelmente na sua mente ela estava. E não poder fazer nada
sobre isso, me dava uma sensação tão grande de impotência que eu imaginava que
era o mesmo que o Mestre sentia, mas numa escala maior. Ele não podia bater em
quem a machucava, nem fazer parar, nem nada... Apenas olhar, então achei melhor
que saísse um pouco. Mas...

Ele negou com a cabeça, olhando a Princesinha se contorcendo. Ela não parou por
nem um momento, os gritos diminuem mas ela tá sempre... Sussurrando algo como:
Não, por favor, ou pare.

- Eu não vou deixar ela aqui sozinha.

- Sei que não, eu vou ficar aqui com ela pro senhor ir comer, depois eu vou comer
alguma coisa... Disse, tentando persuadi-lo.

Ele negou novamente.

- Se está com fome pode ir atrás de alguma coisa, eu não vou sair daqui.

Teimoso, não? Mas fazer o que? Ele é o Mestre, deve saber o que faz.

- Tudo bem, eu vou comprar alguma coisa pro senhor comer, já volto...

O Mestre assentiu e olhei por mais um momento pra Princesinha antes de sair pela
porta.

Andei sem rumo à princípio... Eu não sabia onde ir. Eu só conseguia olhar pro mar e
lembrar dela dizendo o quanto gosta do mar.... O quanto gosta vir aqui e admira-lo.
"Por que o mar tem seus dias ruins também, eu me sinto muito parecida com o mar"
Acho que foi isso que ela disse quando estivemos aqui umas semana atrás...

E agora ela estava no seu dia ruim, um péssimo dia.

Andei sem rumo por um tempo, pensando que não queria voltar pra lá... Não queria
ve-la sofrendo, não queria ve-la gritando. Não queria.

Quando dei por mim eu estava tão longe da sua casa, tão longe da praia... Quase no
centro da cidade.

Resolvi andar por ali, procurar um Starbucks pra comprar algo pro Mestre comer.
Enquanto andava as imagens dela naquele chão não me saiam da cabeça, a
pergunta dela de como era transar não me saia da cabeça.

Calma que eu já vou explicar o que tem haver uma coisa com a outra.

Ve-la no chão, chorando, gritando e pedindo pra algum animal parar de machuca-la
me fez ver por que ela tem tanto medo... Ela tem razões de sobra pra isso, imagino,
agora que vi... Mas, também é curiosa... Ela quer sentir... Ela quer que alguém
mostre pra ela como é sentir prazer... Sem dor, sem machuca-la de jeito nenhum,
por que machuca-la ia resultar na merda que vi.

Me dá tanta dor pensar que ela sofre assim, sofre duas vezes, sofre com a dor do
passado e com a dor de hoje em dia por não poder aproveitar as coisas que eu e o
resto de gente que não sofreu o que ela , faz...

Acho que dói isso pra ela também.

Suspirei na rua, andando com um saquinho do Starbucks, tinha comprado um


lanche e cappuccino pro Mestre.

Foi aí que vi... Eu nem estava prestando atenção, mas quando parei pra atravessar
a rua enquanto tomava um gole do meu próprio cappuccino, eu vi uma loja do outro
lado da rua.

O slogan dizia: Pra proteção...

E aquilo me chamou a atenção, por que era uma loja de joias, e não entendi o que
tinha a ver as joias com proteção.

Eu não queria voltar ainda, ainda não... Então pensei: Por que não entrar e
descobrir o por que desse slogan pra loja?

Quando entrei uma mulher muito bonita veio me atender, se eu não estivesse tão
perturbado com tudo o que vi na casa da Princesinha, eu facilmente teria cantado a
mulher. Mas como eu estava abalado...

- Oi, em que posso ajudar? Perguntou, com a voz e sorriso de atendente.

Ela parecia bem feliz, diferente de mim que estava perturbado.

- Eu só... Queria saber por que pra proteção? O que joias tem haver com proteção?
A moça me olhou, como se eu fosse doido, claro, não imagino o por que né? Um idiota
entra numa loja fina dessas pra perguntar o por que do slogan! O que está
acontecendo comigo?

- Desculpa moça, eu só estou... Meio abalado. Pedi, já me virando pra ir embora,


mas sua voz me parou.

- Não tem problema, já que está aqui não quer ver alguma coisa pra sua namorada?

Olhei pra ela, sorrindo como um conquistador barato que eu sou.

- Eu não tenho namorada.

Ela sorriu, e olhei pro seu uniforme onde um crachá escrito Kelly estava.

- Então, não quer ver alguma coisa pra sua mãe? Ou... Não sei... Pra uma amiga?

Sorri pra ela, porque seu tom era de flerte, a moça ali estava flertando comigo. Eu
precisava desse momento de distração.

- Tudo bem, acho que vou ver alguma coisa.

Kelly sorriu e foi andando pela loja chique lotada de peças chiques e extravagantes.

- Como é a pessoa pra quem você quer dar a peça?

Respirei fundo, tomando mais um gole do meu cappuccino.

- Não estou procurando por nada em especial, mostre-me o que você tem... Disse, em
um tom malicioso

Ela sorriu, olhando timidamente pro balcão à baixo onde inúmeras peças de joias
estavam.

Eram todas muito, muito chamativas, não tinha nada ali nem perto de ser algo que
eu daria à alguém. Eram coisas de peruas!

- Já que você não sabe o que quer dar, ou pra quem, eu vou te mostrar minhas peças
mais bonitas...

E a gente foi nesse joguinho até que enquanto eu olhava pra Kelly eu percebi uma
solitária e delicada pulseira atrás dela.

- Posso ver aquela ali? Perguntei, apontando a prateleira atrás de Kelly.


Ela sorriu.

- Essa é uma pulseira bem simples, duvido que seja algo que uma menina goste.
Comentou enquanto pegava a pulseira.

Ignorei o comentário quando ela colocou sobre o balcão uma pulseira cheia de
anjinhos, pedras azuladas e corações. Entre cada coração havia um anjinho e os
corações eram todos feitos de pedrinhas azuis.

Os corações me fizeram lembrar da minha mãe ontem, quando falou pra mim sobre
a primeira vez que escutou meu coração bater, e por serem feitos de pedras azuis me
lembraram da Princesinha... Ela estava de azul ontem, e a maioria das vezes que a
vi antes ela estava de azul. Em uma das nossas conversas ela disse isso: Eu adoro
azul, azul da cor do mar...

E... Era seu aniversário hoje... Eu pensei por um momento no que o Mestre disse
sobre ela odiar este dia, por que a lembra de dor... Imediatamente eu quis dar algo à
ela que a fizesse lembrar de que é forte e que assim como o mar tem seus dias ruins
ela tem os dela, mas que assim como mar, ela sempre vai voltar a ser azul... Ser
calma, voltar ao seu centro. E vai ser protegida pelas pessoas que querem seu bem,
vai ser protegida por mim. Queria que ela se lembrasse disso.

- Eu vou levar... Disse pra Kelly, que me olhou sorrindo, acho que pensando que era
pra ela.

Enfim, colocou a pulseira em uma caixa comprida preta e depois fez um laço prata
sob esta. Então embrulhou tudo em uma sacolinha rosa, escrita: Por que a proteção
vem daquilo que acreditamos.

E fiquei sem entender novamente, franzi o cenho e a Kelly sorriu.

- Todos os artigos aqui são feitos de pedras, pedras preciosas e que pro dono da loja
tem um grande poder energético que trás proteção... Por isso os logotipos com essas
frases bizarras de efeito, mas como sou funcionaria sou obrigada a acreditar que as
peças da loja trazem algum tipo de proteção.

Assenti pra explicação dela, torcendo pra que isso fosse verdade e que a pulseira
protegesse a Princesinha, de tudo.

Agora, pagar era o problema. Tirei a carteira do bolso e não tinha um só centavo que
pagaria por aquela pulseira.
Fiquei olhando do embrulho pra carteira e olhei pro cartão... Aquele que eu nunca
uso e que pretendia nunca usar... Mas, era pra alguém especial, era algo especial, e
a Princesinha merecia...

Então mexi pela primeira vez depois da Tara no dinheiro do meu pai.

Mas sai dali jurando pra mim mesmo que iria devolver cada centavo, nem que eu
tivesse que me matar de trabalhar no Charlie.

Voltei pra casa da Princesinha, com as sacolas do Starbucks e a da pulseira na mão.

Eu só esperava encontra-la acordada...

Mas não foi o que encontrei.

Ela continuava desacordada quando cheguei.

- Ainda está assim? Perguntei, dando uma leve batida na porta.

O Mestre me olhou, assentindo tristemente.

- Eu tentei coloca-la na cama e ela se assustou, eu acho, por que agora está
tremendo e não para de se contorcer... Não sei mais o que faço, ligue pro psicólogo
que ela não frequenta há anos e ele disse que o jeito é esperar que passe e cuidar
pra que ela não se machuque...

Ele falou o fim da frase como um suspiro cansado, e sei que ele está muito cansado
por que eu estou cansado como a porra... Eu preciso dormir, sinceramente. E o
Mestre também.

- Mestre, eu sei que quer ficar com ela, e sei também que não sei merda nenhuma
sobre o que está acontecendo com ela, mas se me disser o que tenho que fazer eu fico
aqui com ela, e ai o senhor pode descansar um pouco...

Ele suspirou pesadamente, cansado.

- Tá bom Steven... Tá bom, se ela se machucar, você já sabe, não é?

Assenti pra ele, fazendo uma reverência e o Mestre se aproximou de mim, me dando
um abraço.

- Obrigado por vir.... E por ficar...

- De nada Mestre.
Ele saiu pela porta, depois de pegar o saquinho do Starbucks da minha mão e sumiu
no corredor.

Eu me ajoelhei do lado da Princesinha, colocando a sacola do seu presente em cima


da cama depois me sentei ali no chão.

Ela tremia, e ainda murmurava algumas coisas, várias coisas desconexas como:
Para, não faz isso, e faz parar...

Fiquei a olhando se mexer bem mais devagarzinho agora, ela parecia cansada, mas
talvez não fosse como se ela pudesse parar, cansada ou não.

Eu me choquei e fiquei muito puto foi quando ela murmurou: Mãe, mamãe... Não
me deixa aqui sozinha.

Quis coloca-la no meu colo como minha mãe fez comigo ontem depois imaginar a sua
própria mãe, a mãe que ela perdoou a deixando sozinha e machucada... Quem deixa
o próprio filho assim?

É... Minha mãe me deixava machucado, mas ela também não tinha a mínima
condição de me defender, não é como se ela ficasse me observando apanhar,
geralmente ela já estava apagada de tanto apanhar.

Mordi a boca, cansado de olhar e escutar a Princesinha murmurando: Mãe, por


favor... Não me deixa.

Era um pedido tão doloroso, sua voz saia como a de uma criança ferida que precisa
muito da mãe, mas a sua mãe simplesmente a deixou...

Quando eu não conseguia mais sentir meu coração ser espremido no peito de
imagina-la pequena e ferida e implorando por uma mãe que a deixava ser
espancada e abusada, e mesmo assim ainda pede por ela... Eu não consegui me
conter, fui tocando ela devagar... Aos pouquinhos.

Primeiro os dedos de sua mão que estavam tão travados no seu braço esquerdo,
provavelmente machucando...

Eu não sei bem ser... Carinhoso. Não muito. Mas tentei meu melhor pra não
assusta-la, porém sua respiração acelerou com o toque pequeno.

- Não... Não... Murmurou, baixinho e com a respiração alta como se ela quisesse ou
precisasse correr.
Me abaixei mais perto dela, tentando faze-la me ouvir.

- Shhh Princesinha... Sou só eu, só eu... Não vou te machucar.

Observei a reação dela por uns segundos, não pareceu que me escutou, mas tentei
novamente.

Um dedo, o dedo mindinho, depois o anelar, o dedo do meio, depois a mão toda.

A respiração da Princesinha estava tão acelerada e alta, e ela estava começando a se


mexer quando falei com ela.

- Não grita, não tenta se machucar... Eu só quero... Te tirar dai Princesinha, por
favor... Por favor me deixa ajudar.

Eu não sei se estava realmente ajudando, mas eu queria demais coloca-la no meu
colo e lhe fazer um pouco de carinho, fazer sua dor ir embora.

- Não... Não... Para!

Ela se mexeu, me afastando. E não tentei novamente. Não queria que voltasse a
gritar. Nem a se mexer pra se machucar.

Então fiquei a olhando, tentando não pensar... Não pensar que ela estava
machucada agora, e que foi machucada durante anos da sua vida... Tentando... Ve-
la além da menina no chão tremendo e chorando baixinho e pedindo que sua mãe
não a deixasse sozinha.

- Está doendo... Dói...

Sua voz meio gemida veio me acordar do meus pensamentos. Olhei seu corpo
pequeno e ela estava envolvida, e se contorcendo, fazendo sons de quem esta
morrendo de dor.

- Para... Por favor, está doendo...

- Princesinha.... Chamei, tentando colocar a mão no seu rosto, mas estava


complicado.

- Para... Para...

Se eu achar o homem que machucava a Princesinha eu... Acho que mato depois de
ve-la deste jeito.
- Hanna, abre os olhos, por favor... Vamos lá baby, abre os olhos e me olha... Pedi,
sabendo que não ia dar em merda nenhuma, mas não custava tentar.

Ela se mexeu, gritando novamente, empurrando quem quer que a estivesse


machucando e reiniciando tudo de novo.

- Por favor... Faz parar... Faz parar... Ela murmurou depois de um tempo, quando
parei de olha-la e tranquei meus olhos pra não ve-la naquela situação.

E Deus, como eu queria fazer aquilo parar.

- Faz parar... Por favor... Por favor, faz parar de doer.

Ela estava tremendo e se mexendo...

E eu apelei.

- Me diz como parar Princesinha... Diz o que eu faço pra parar.

Ela choramingou alto se mexendo, se virando e passando as mãos pelo corpo como se
estivesse doendo, se encolhendo com dor.

Eu não conseguia mais ver aquilo, não sei se ia ajudar, não sei se ia piorar eu só
tinha que fazer alguma merda.

Então com o pouco de delicadeza que restava em mim eu a peguei no colo.

- Solta... Me... Faz... Parar. Disse, choramingando e gemendo de dor.

Coloquei ela na cama, vendo-a tremer tanto quanto já vi alguém fazendo. Nem
mesmo minha mãe quando tem suas crises fica assim.

Tirei meu sapato e joguei longe, deitando do lado da Princesinha. Minha intenção
era... Nem sei. Mas queria que ela parasse de sentir dor.

- Hanna, olha, se isso te fizer mal, eu sinto muito, mas... É só o que eu sei fazer.
Falei, baixinho, me aproximando dela e envolvendo sua cintura.

Ela choramingou de dor novamente, me fazendo aperta-la mais perto.

- Faz parar... Murmurou enquanto tremia, tremia tanto que me deixou...


Arrebentado, por que ela tremia de medo.
Soltei eu corpo, me sentando na cama... Tentando pensar no que fazer. Eu não posso
toca-la, então eu... Não sei fazer nada, nunca me foi ensinado o que fazer sem tocar
nas pessoas.

- Por favor...

Respirei fundo, olhando-a tremer e tremer cada vez mais, e mais.

- O que quer que eu faça? Perguntei, perdendo completamente o senso, esquecendo


que ela estava inconsciente.

- Faz parar... Faz... Parar.

Eu sinceramente fiquei tão louco da minha vida que puxei forte os fios dos meus
cabelos, meio enlouquecido, por que odeio me sentir impotente da forma como me
senti olhando-a, era como ver novamente minha mãe sendo espancada e
simplesmente não poder fazer nada.

- O que você quer que eu faça porra? Eu não sei o que fazer! Você precisa acordar!

Sim, eu sei que você me acha louco, mas estava doendo em mim também imaginar
tudo o que a Hanna estava passando, aquilo devia doer, ela disse que dói quando
isso acontece.

Eu não aguentava mais. Não sei lidar com isso, não sei ve-la sentindo dor
emocionalmente e não conseguir fazer merda nenhuma. Eu não posso toca-la, eu
não posso falar com ela, eu não posso acorda-la porra! Como especificamente espera-
se que eu faça essa merda parar?

A Princesinha continuou tremendo, e tremendo e me deitei novamente, mantendo


distância pra não piorar seu estado. Ela continuava murmurando: Faz parar, faz
parar.

- Vai parar Princesinha... Vai parar... Sussurrei, olhando-a deitada de lado e se


contorcendo.

Não sei quanto tempo passou, sei que eu dormi... E quando acordei...

Maluquinha- Hanna.

Quando voltei a mim, e abri os olhos eu sentia tudo doer, estava com vontade de
vomitar... Vontade de me cortar, vontade de sair correndo sem rumo.
Mas tudo isso passou quando abri os olhos e vi o Babaca deitado do meu lado. Ele
estava de bermuda, aquelas de surfista fininhas e colorida e uma camiseta preta
com uma língua da Rolling Stones nesta.

Olhei pro meu braço, que estava marcado com mãos... Minhas mãos. Eu apertei tão
forte, acho que ficou meus dedos marcados no braço esquerdo onde o Steven tinha
pegado... Ontem?

Eu não sei... Não sei que dia é hoje, só sei que estava escuro quando acordei, pode
ser quarta feira, quinta, ou domingo ainda... Eu não sei... Simplesmente não sei
quanto tempo fiquei apagada. Nem sei o que fiz.

Fiquei olhando pro Steven, tentando descobrir o que estava fazendo aqui... Na
minha cama, comigo.

Estranho que ele esteja aqui, mais estranho ainda que esteja deitado comigo,
quando eu surto eu repilo tudo e todos, então... Como ele está aqui?

Olhei pra ele por um longo tempo, gravando a expressão cansada e inocente que
tinha enquanto dormia, ele estava com uma mão abaixo da cabeça, a outra esticada
sob a cama como se estivesse procurando algo. Bonitinho ve-lo dormir, ver seus
lábios entre abertos pra respirar enquanto dormia... Ninguém dormiu comigo
antes... Bom, ninguém além do Chad. Por que ele estava dormindo aqui? Por que
estava comigo? Por que dormiu comigo? Há quanto tempo ele está aqui?

Eu tinha tantas perguntas e minha cabeça estava doendo bem mais do que no dia
em que fiquei de ressaca. Eu estava confusa, muito confusa.

Mas ai, ele abriu aqueles olhos mel do nada e fez toda a confusão se esvair e a
vergonha tomar conta de mim, eu soube que ele viu... Deve ter visto o que aconteceu
comigo.

- Oi... Disse, baixinho, com cautela e bocejou.

Eu não conseguia sorrir, nem falar, só deixei as lagrimas de vergonha e de dor


rolarem...

- Ei... Não, não chora não...

A voz do Babaca invadiu minha mente, e entrou no meu coração.


- Eu... Eu... Gaguejei, pensando no que dizer, dizer qualquer coisa pra que ele não
pensasse que sou louca, tenho certeza que ele pensa que sou, mas eu não sou... Ou
talvez eu seja... Eu não sei.

- Shhh, você tá bem? Perguntou, se mexendo na cama e se aproximando de mim.

Por incrível que pareça eu não me mexi, não me afastei...

Assenti com a cabeça pra ele, tentando entender que eu não... Repeli como deveria
fazer depois de um surto.

- Você tem certeza?

Assenti novamente, fechando os olhos quando ele levantou a mão e tocou meu rosto
de leve. Eu não deveria sentir aquele arrepio, não hoje, não depois de sentir toda a
dor novamente... Estou em choque que eu esteja sentindo... Aquela corrente elétrica
atravessando meu corpo e me fazendo sentir mole e quente... Não deveria sentir
nada disso, não deveria esperar que ele me beije! Eu sei que vai doer se fizer
isso,mas ao invés de medo eu sinto vontade.

- Fiquei tão preocupado com você... Achei que nunca mais fosse acordar e você não
deixava ninguém te tocar...

Pisquei algumas vezes, tentando entender o por que ele ficou aqui se viu... Viu tudo
o que eu fiz, viu como eu fico quando surto...

Por que? Por que eu quero tanto que ele me abrace e diga que eu não sou louca? Por
que é importante pra mim que faça isso? Que me diga que eu não sou maluca? Que
ele me entende?

- Ei? Sua voz me fez piscar novamente e o olhei diretamente nos olhos.

Eu não estava mais chorando, mas me sentia muito envergonhada. Tinha muito
medo que ele me achasse doida agora. Eu não quero que pense isso de mim.

Olhei pra minha cama, desviando meus olhos dos dele e fui me sentando devagar.

Meu corpo doía, mas ignorei e me escorei na cabeceira da cama.

Olhei pra minha escrivaninha, que ficava em frente a cama e o chão do quarto, onde
varias folhas e coisas minhas estavam quebradas...

Tentei me lembrar do que houve, mas era suficiente pra mim saber que surtei, e
quando surto, tudo o que faço é destruir.
Fechei meus olhos, respirando fundo e querendo me esconder em um buraco. Eu
sinto muito que o Chad tenha que passar por isso comigo, sinto muito que o Steven
tenha visto tudo isso! Eu... Me odeio por ser assim. Simplesmente me odeio.

- Princesinha?

Sua voz invadiu minha mente e abri os olhos pra ve-lo sentado na minha frente.

Pisquei várias vezes, mas não disse nada. E quando ele tirou a franja do meu rosto
eu me afastei, como normalmente faço... Mas não foi um ato inconsciente, eu me
afastei por que queria me afastar dele.

- Desculpa, desculpa eu não quis... Ele começou, mas o interrompi enquanto


acariciava distraidamente meu braço.

- Não. Disse, olhando pra baixo, por que não queria olhar pra ele.

Tudo o que conseguia pensar quando olhava era nele com aquelas meninas, era ver
como ele é bonito mesmo agora que acabou de acordar e... E eu?

Eu sou maluca e surto com toques, ou datas, ele não me queria antes e agora vai
querer muito menos. Quem ia querer alguém como eu? Alguém anormal?

Não queria olha-lo, nem falar com ele.

- Vai embora Steven.

Minha voz não passou de um sussurro. Eu queria chorar, mas não queria que ele
visse. Ele não precisava saber que tenho sentimentos por ele e que me dói saber que
viu o que ocorre comigo, que viu como sou anormal. Detesto isso. Me detesto, e quero
ficar sozinha, já que foi a única opção que a vida me ofereceu.

- Princesinha...

O interrompi, por que doía. Além do meu corpo doía. Meu coração quebrou, em
muitas partes quando o vi ali. Ele podia imaginar o quão maluca eu era antes, mas
agora ele sabe, nunca vai querer nada comigo. Nada com uma pessoa como eu... E
finalmente, eu entendi isso.

- Vai!

Novamente, minha voz parecia apenas um sussurro. Doía falar. Provavelmente eu


gritei por que minha garganta parecia arrebentada.
Escutei o Steven suspirando, mas não vi. Tudo o que eu vi foi a cama se mexendo e
depois sua mão na minha que segurava o braço.

- Feliz aniversário! Disse, me entregando uma sacola cor de rosa.

Fiquei incrédula. Um presente? Depois de tudo o que viu ele me deu um presente?
Não faz sentido.

Olhei nos seus olhos, pela primeira vez hoje eu o encarei, com raiva. Ele quer
brincar comigo, é isso? Por que ele me deu um presente se sabe que eu odeio esse
dia?

Ia gritar com ele quando apertou minha mão e sorriu... Sorriu de uma maneira que
me fez ficar quieta.

- Comprei pra você, abre... Disse, colocando minha mão sobre a sacolhinha.

Eu me sentia meio vegetando, meus músculos doíam e todos os meus movimentos


eram devagar, lentos, como se eu nem pudesse fazer aquilo.

Fiquei o encarando, querendo gritar com ele, mas algo nos olhos do Steven, no modo
como me olhava não deixou. Ele não parecia assustado comigo, como as crianças no
orfato ficavam quando viam isso acontecer, ele não disse nada, nenhum deboche
sobre como eu sou louca, ou coisas do tipo, ele não disse nada, apenas sorriu. Aquele
sorriso torto que me faz sorrir normalmente. Aquele dia eu não sorri, não até que
abri a sacola rosa.

Abri devagar a sacolhinha, sentindo meus músculos reclamando cada vez que os
mexia. Mas mesmo assim abri a sacola e retirei dela uma caxinha preta comprida,
tão bonita com um laço prata enorme e muito bem feito.

Olhei pra caxinha por um tempo, pensando o que conteria ali dentro e se eu deveria
realmente abri-la.

- Abre Princesinha, ela não vai te morder!

A voz do Steven me fez piscar novamente. Eu odeio quando volto dos meus surtos,
por vários motivos, mas esse é um dos que mais odeio, quando volto eu fico vidrada.
Fico com a mente em branco e vidrada em algum ponto durante muito tempo, e se
não me acordam eu fico assim por horas e horas... E odeio isso.

Meus olhos ficam abertos, eu vejo e escuto, mas fico alheia à tudo. Não sei por que,
mas fico.
Voltando do meu transe eu puxei levemente o laço prata. Depois abri a caixinha e
fiquei de boca aberta.

Era uma coisa tão delicada. Uma pulseira tão delicada.

Eu nunca fui muito de usar joias, eu uso as vezes um anel, ou uma corrente, mas
nunca usei pulseiras. E aquela era... Simplesmente... Linda.

Meus olhos ficaram indo e vindo pela pulseira, olhando os pequenos anjinhos
pendurados entre os corações de pedrinhas azuis... Azul... Me lembra ao mar. E o
mar me acalma.

Pisquei varias vezes enquanto olhava a pulseira dourada, e olhava e olhava


novamente. Ela não parecia real de tão delicada e bonita que era. Tão fininha. Tão
linda.

Me encantei com o presente. Eu nunca ganhei algo assim, principalmente num dia
como esses. No dia do meu aniversário.

- Você gostou? Perguntou o Steven, me fazendo olha-lo.

Eu não sabia o que responder. Era linda. Mas... Por que ele me deu algo assim?

- Steven, eu... Sussurrei, sem saber o que dizer e ele sorriu.

- É bonita, não é?

Assenti pra ele, como uma bonequinha, balançando levemente minha cabeça pra
cima e pra baixo.

Ele sorriu, depois pegou a pulseira da caixa e meu pulso direito...

- A pulseira é meu presente de aniversário pra você, espero que sempre que você a
olhe se lembre de mim, de que eu estive aqui, e de que a pulseira está ai pra te
proteger dos seus medos. Ela é da cor do mar justamente pra você não precisar fugir
pra praia quando quiser se acalmar, ou estiver com medo, ou qualquer coisa assim,
apenas olhe pra ela e pense no mar, na calma que você diz que o mar te trás... E
pense em mim, pense que a pulseira vai te proteger e como diz a sacolinha ela o
fará.

Pisquei diante das palavras dele e o que estava fazendo. Ele fechou a pulseira no
meu pulso e sorriu pra mim quando terminou de falar.
Não sabia o que dizer, nem o que fazer. Eu só... Senti tanta... Tanta dor. Ele estava
me dando algo tão bonito, e eu simplesmente não sabia o que fazer com isso ou com
o sentimento de perda cada vez que me lembrava que ele saiu com outras meninas,
que beija outras meninas e que... Ele não quer nada comigo. Mas, ainda assim ele
me deu algo tão bonito... Por que ele não faz sentido?

Respirei fundo, e achei o motivo nos meus pensamentos conturbados. Ele é meu
amigo. Estava agindo como um amigo me dando um presente como esse, tal qual se
ele fosse a Alex.

Isso me doeu, mas tentei fingir que não e me aproxei mais um pouco dele.

Eu não sabia por que, mas eu tinha que fazer aquilo. Passei meus braços envolta do
seu pescoço e o abracei apertado.

Não deveria me sentir exatamente bem com isso, mas quando ele me tocou na
cintura e me apertou perto de si eu apenas me senti em casa.

Nunca tive essa sensação antes, nunca. Quando o Chad me abraça eu me sinto em
casa, mas ele é meu pai, ele foi quem me salvou, existe essa proximidade entre a
gente, mas o Steven? Não fazia sentido. Mesmo assim eu me apertei à ele, deixando
seu perfume forte e masculino me invadir. Fechei os olhos e aproveitei o momento.

Steven me apertou, acariciando minha espinha pra cima e pra baixo, num gesto tão
familiar e delicado, tão bom que fazia aqueles arrepios aparecerem no meu corpo
novamente e eu tremi.

- Você está bem Princesinha? Ele perguntou, me fazendo abrir os olhos enquanto me
soltava.

Não queria que me soltasse, não queria.

- Estou, eu só... Não achei palavras, eu só queria que ele me abraçasse, mas... Como
posso querer isso depois do que ele viu?

Não faz sentido.

Porém, não tive tempo de pensar em nada, a voz do Chad invadiu o quarto.

- Como é Pequena? Deixa ele te abraçar e eu não?

Sua voz continha um sorriso e eu desviei os olhos do Steven, olhei em direção à


porta, onde o Chad estava.
O Steven se levantou da cama, saiu de perto de mim e meu pai entrou no quarto.
Ele se sentou do meu lado e me apertou forte perto de si, beijou meus cabelos, meu
rosto e me embalou por um tempo.

- Está tudo bem pequena, tudo bem. Murmurou, durante todo o tempo que me
beijava e abraçava.

Me apertei à ele, sabendo que meu pai era a pessoa mais importante no mundo pra
mim e o único que entendia tudo o que eu passava.

Olhando por cima do ombro dele eu vi o olhar do Steven, e seu sorriso pra gente.
Não sei o que ele pensa, o que sei é que eu ainda não me sentia completamente bem,
mas me sentia melhor do que das outras vezes.

Sorri internamente, pensando que talvez dessa vez, eu demorasse menos pra voltar
a ser como era antes.

 Babaca-Steven:

Olhei ela e o Mestre por um tempo. O vi sussurrando coisas baixinho pra ela, e vi
que ela estava bem. Não completamente, por que ela não sorriu, nem falou muito,
mas apenas de não estar desacordada e gritando já me tranquilizou um pouco.

Então quando o Mestre se separou dela, eu me despedi.

- Vou pra casa Princesinha, fique bem e não tire a pulseira, vai te fazer sentir
melhor e protegida. Disse, lhe beijando demoradamente o rosto.

Ela não sorriu, mas olhou pra pulseira, o que eu acho e encarei como uma vitória.

Eu realmente nunca acreditei em proteções garantidas de pedras, ou colares que


aqui no Havaí as pessoas dizem que te protegem e trazem sorte, mas nunca quis
mais na minha vida que isso fosse verdade pra que ela se sinta bem quando aquilo
voltar a acontecer.

Tudo o que falei pra ela quando coloquei a pulseira foi verdade, e tudo o que estava
na minha mente. Eu preciso que ela esteja bem, que esteja protegida, preciso de
verdade. Não gostei de me sentir impotente, e espero que ao menos a pulseira me dê
alguma segurança de que Princesinha vai estar bem.

Voltei pra casa, esperando realmente, realmente que a Princesinha estivesse e


ficasse bem.
Quando cheguei a primeira coisa que vi foi a minha mãe, na cozinha.

Ainda estava bravo com a Dona Alicia. Então me sentei na bancada, disposto a falar
um monte pra ela por não ter me contado sobre a Hanna, quando disse:

- Eu não sabia sobre ela Steven. Disse, me olhando com ternura.

Aquele olhar da minha mãe, sempre me faz sentir mais próximo dela, mais amado e
com isso, ela tirou de mim toda a raiva.

- Mas, como então...

Ela me interrompeu.

- Antes que você surte, eu vou contar: Quando a Hanna esteve aqui e me contou
sobre o que sentia e o que acontecia com ela, eu falei com o Chad sobre isso, eu tinha
reações parecidas por uns anos no começo da minha vida na prostituição, mas nada
como o que ela tem. O que a Hanna tem são marcas profundas Steven, e eu pensei
que conversando com o pai dela a gente pudesse achar uma saída pra fazê-la se
sentir melhor, mas eu só fiquei sabendo disso depois que ela esteve aqui, só depois.
O Chad nunca comentou nada dela comigo, então não me acuse por não te contar,
por que eu não sabia.

Respirei fundo, assimilando as palavras dela e entendi o que quis dizer. Não estava
disposto a brigar com a Dona Alicia, não depois do que vi acontecer com a Hanna,
não com o cansaço que eu sentia. Fora isso, a sua resposta me convenceu, então...

- Tudo bem mãe, eu estou cansado, cansado pra caralho, então conversamos depois.
Disse, me aproximando dela e lhe dando um beijo na testa.

Ela não comentou nada sobre meu palavrão por que desistiu uns anos atrás de me
repreender por isso e ver que não levava à nada.

E eu, no fim, eu entendi que minha mãe, como eu, ficou sabendo da Hanna só
quando esta contou. Então resolvi deixar a historia toda quieta.

Depois do que eu vi e ouvi naquele quarto dela eu quero mais que ela se divirta,
que... Beba, que viva bem, e que não surte mais.

Hoje quando ela se afastou do meu toque eu soube, subitamente que sentia falta
daquilo. Eu sentia falta de poder toca-la e queria de todos os jeitos que me deixasse
te-la, que me deixasse abraça-la. Mas ela sussurrou aquela palavrinha chata: "Não"
E eu me afastei. Não queria machuca-la, não mais. Não posso. Eu tenho que olhar
pra Hanna da melhor forma possível e depois de ve-la surtar vou fazer de tudo pra
que isso não aconteça novamente.

Ela tem que ficar bem e se toque é difícil pra ela eu vou ficar longe. Não tenho
certeza que a culpa do que aconteceu foi minha, mas não vou arriscar. Vou ficar
mais longe dela no aspecto toque. Nada de beijos, nem mordidas, nem nada
parecido.

Quando cheguei ao meu quarto fui tomar banho e depois de vestir uma cueca eu me
deitei na cama.

Estava cansado, mesmo o pouco que eu dormi na Hanna não foi o suficiente pra me
fazer descansar, eu precisa de descanso, pra depois pensar em várias maneiras de
recompensa-la por ter culpa no seu surto, mesmo que eu não tenha certeza sobre
isso, vou fazer de tudo pra que ela se sinta bem daqui pra frente.

 Maluquinha-Hanna:

As semanas depois do meu surto se seguiram. Como sempre, eu comecei a dormir de


luz acesa, e mal dormia, eu cochilava. Tinha medo de dormir e não acordar, ou
acordar dias depois e descobrir que surtei novamente.

Nas horas em que ficava acordada eu ficava olhando e mexendo na minha pulseira,
e aquilo me acalmava. Pensar nele me acalmava.

Aos poucos eu voltei a sorrir quando olhava pra pulseira e pensava que ele se
preocupou comigo, que se importou ao ponto de me dar um presente. Um presente
tão bonito, e algo que nunca ganhei antes.

Passei os dias seguidos ao meu surto em casa. A Alex veio dormir aqui uns dias, e
ficou conversando comigo até tarde sobre sua viagem à Inglaterra, que vai acontecer
na semana que vem.

Estou triste que ela vai. A Alex é minha melhor e única amiga, e ficar distante dela
por quase duas semanas vai ser uma tortura, mas sei que ela está feliz por ir ver
sua mãe. Apesar da Lex ter ficado com o seu pai quando a mãe foi pra Inglaterra,
elas se amam muito, e sentem demais a falta uma da outra.

Lembro que não foi tão difícil pra Alex aceitar a separação de seus pais, mas aceitar
que a sua mãe artista ia morar em outro país foi mais complicado. Mesmo assim, ela
aceitou bem e hoje adora viajar pra ver sua mãe, por isso, eu não falo sobre o quanto
vou sentir sua falta, por que sei que a mãe dela deve sentir bem mais.

Enfim, quando achei que estava melhor, quando voltei a falar e a sorrir, eu também
voltei a academia.

Na segunda feira, eu fui pra escola e depois da aula, fiquei extremamente feliz de ir
a academia.

Fiquei feliz de encontrar o Stefan, muito feliz.

Ele me abraçou apertado, me deu vários beijos e sussurrou:

- Senti sua falta Linda, treinar sem você não é a mesma coisa!

Sorri pra ele, o apertando e me sentindo melhor do nunca.

- Seu pé está melhor, certo? Perguntou, me olhando de cima a baixo.

Assenti pra ele. Mesmo que seja mentira sobre meu pé machucado, e isso seja
apenas pra disfarçar sobre meu surto.

- Que bom! Então voltamos a ter nossa melhor lutadora?

Sorri pra ele.

- Sim Stef, estou de volta!

Ele riu, e bateu palmas me olhando com aqueles olhos azuis enormes.

- Vê se não se machuca mais hein? Sentimos sua falta!

Assenti pra ele, e pra provar meu argumento de que estava bem lhe dei um chute no
abdômen. Stef sorriu e me abraçou novamente.

Ele não foi o único que fez festa ao me ver voltar, os pequenos que estavam ali
também me panaberizaram e me repreenderam por não ter me cuidado direito, e
reiteraram que era pra eu me cuidar melhor.

Assenti pra todos eles, me sentindo no meu território. Estive fora de cena por uns
dias, mas aqui é o meu lugar. Aqui é onde eu sou forte e onde nada pode me atingir.

Bem, quase nada... Por que vê-lo saindo do vestiário enquanto amarrava seu kimono
me atingiu.
Ele estava olhando pro laço, quando terminou e me encarou, um sorriso lento foi
surgindo nos seus lábios.

Sorri de volta. Ainda envergonhada pelo o que ele viu, mas feliz por estar no meu
centro novamente. Eu queria correr e abraça-lo. Agradecer pelo presente que me
deu, por que de alguma forma a pulseira me ajudou a voltar a sorrir e a ir me
acalmando. Não que ela seja mágica, mas acho que por ser um presente dele, fez
toda a diferença.

Ainda não entendo a quantidade absurda de sentimentos que tenho por ele, mesmo
assim, meu coração palpitou mais forte no peito o olhando sorrir. Ele tem um sorriso
tão bonito, as presas tão compridas e seus olhos mel são sempre tão brilhantes que
me fazem sentir... Alheia a qualquer coisa que não seja ele enquanto caminha pela
academia e se estabelece nos sacos de pancada pra aquecer.

Nem posso descrever a decepção que tive de ve-lo seguir pelo outro lado da academia
e não vir me cumprimentar como os outros fizeram. Pensei que ele também fosse
ficar feliz de me ver, mas ao que parece... Não.

Talvez realmente me ache louca, agora que viu o que acontece comigo.

Balancei a cabeça pra me livrar de todos esses pensamentos e sentimentos que eu


não consigo entender e me concentrei em aquecer com a garota à minha frente.

***

O treino em si foi um sucesso. Senti minhas veias queimarem com o sangue e a


adrenalina de voltar a lutar dentro delas. A única coisa ruim do treino é que não
conseguia parar de olha-lo. Era inconsciente, meus olhos simplesmente o
procuravam no meio do tatame. E eu não parava de sorrir cada vez que ele
derrubava um adversário.

Senti falta de ve-lo lutar. Quase me esqueci como luta bem. Como sabe o que faz no
tatame e como seus movimentos são calculados. Quando ele luta, parece que dança
de tão leve que é o modo como se move, mas quando ele ataca... É melhor sair de
perto.

Enfim, assim que o treino acabou o Chad colocou a gente sentado em fila como de
costume e foi escolhendo os pares pra lutar.

Eu, lutei com a Deise.


Ela me olhou de cima a baixo e sorriu daquele jeito que me faz querer mata-la.

- Está melhor querida? Perguntou enquanto teciamos pelo tatame e eu analisava


sua postura pra escolher onde iria atacar.

- Espero que seu precioso pezinho não lhe impeça de me derrotar Princesinha, já
que você é tão fantasticamente em tudo eu...

Antes que ela terminasse de falar porcaria, eu a chutei na panturrilha, depois no


estômago e finalmente o calcanhar, a fazendo cair.

Nem mesmo cumprimentei-a quando terminamos de lutar. Apenas sai do tatame e


me joguei no chão novamente.

Corri os olhos pela academia e encontrei o Steven sentado ao lado dela, conversando
baixinho e sorrindo um pro outro. Não entendo qual é a deles, tiveram um
relacionamento de uma semana, depois ficaram semanas sem se falar e agora há
risinhos entre eles. Que merda! Eu odeio isso!

Fiquei com tanta raiva de ver os dois tão entrosados novamente que me levantei
antes que meu pai terminasse com as lutas. Eu fiquei inquieta. Queria ir embora.
Não queria ver ele sorrindo pra outra garota. Mas, quando olhei de relance meu
pulso sob o kimono, lembrei do que havia ali. Fechei meus olhos e me imaginei
contando os corações e os anjinhos da minha pulseira. Fazer isso tinha me acalmado
nos últimos dias, e aquele não foi diferente.

Eu imaginei o mar, as ondas indo e vindo e me acalmei. Tirei todo o ciúme que havia
em mim, até por que, não fazia sentido ter ciúmes do Steven. "Ele não é meu, nem
nunca vai ser" Lembro a mim mesma enquanto me mexo pra frente e pra trás e finjo
estar alongando meu tornozelo.

Sinceramente eu me odeio por não conseguir tirar os olhos dos dois e pegar a Deise
tocando o peito do Steven e puxando o laço do kimono. Eles não podiam ao menos
fingir que tem outras pessoas na academia?

A irritação estava ali novamente e quando pensei que eu iria surtar e bater neles
dois, sem nenhum motivo aparente, mas iria, o Stefan apareceu na minha frente
bloqueando minha linha de visão dos dois.

Ele sorriu pra mim, e sussurrou se aproximando de mim enquanto outros alunos
ainda lutavam no tatame.
- Está dando na cara...

O encarei, cruzando dos braços.

- O que estou dando na cara?

Stefan sorriu.

- Qual é Linda? Sou eu, eu sei o que sente por ele... Só não o deixe saber disso!

Me fiz de desentida, mas entendi perfeitamente o que ele disse.

- Eu não sei do que está falando!

Stefan se aproximou mais um pouco e me fez carinho no rosto.

- Você mente muito mal! Disse, rindo.

O empurrei de leve, por que estava brava que ele tivesse percebido que eu olhava
pros dois como se pudesse mata-los com os olhos. Mas é que... Eu não controlo nada
do que sinto.

Sei que não posso ter nada com o Steven, eu conheço o estilo dele pra garotas, sei
que ele me viu surtar e que agora não vai querer nada comigo, ainda assim, não
consigo evitar busca-lo com os olhos, imaginar as vezes que sou normal e ele pode
me beijar sem medo que eu surte... Não é como se eu quisesse pensar nessas coisas,
ou sentir meu coração acelerar quando o vejo, mesmo assim acontece.

Olhei nos olhos azuis do Stefan, que estavam perto demais dos meus, mas não me
importei. Só retorci meu rosto, o que o fez rir.

- Se eu fizer uma coisa, promete não me odiar? Perguntou, ainda passando


distraidamente os dedos pelo meu rosto suado.

Dei de ombros, por que não tinha percebido até então qual era a intenção dele, mas
quando os seus lábios tocaram suavemente os meus eu...

Por um momento eu quis afasta-lo, por outro eu me lembrei do pleno bizarro da


Alex, e por outro eu simplesmente pensei na dor... Não a dor do passado, mas a dor
que sinto toda vez que penso sobre o Steven com outras garotas. E... E... Pensei em
muitas coisas ao mesmo tempo, enquanto isso o Stefan continuava a me beijar
suavemente e por estar pensando em muitas coisas, eu deixei.
Ele não me beijou como o Steven fez, era completamente diferente. Não era a boca
do Steven, não era o corpo dele e não era a mesma coisa. Beijar o Stefan não me
fazia sentir mole, nem... Nem... Quente, nem nada. Mas a lembrança dos beijos do
Steven faziam isso.

Como eu podia estar beijando alguém e não sentir nada, mas quando estou sozinha
em casa, no meu quarto sentir tantas sensações apenas com lembranças?

Não faz sentido. Nada faz sentido.

Deixei que o Stefan me beijasse e em algum ponto percebi que tinham pessoas
aplaudindo, e me lembrei onde estávamos.

Quis empurra-lo, mas ele me apertou e sem tirar a boca da minha me esclareceu:

- Não estraga tudo, eu sei que gosta dele, só quero que ele veja que você não vai
estar sempre babando por ele Hanna. Me deixa te beijar, só mais um pouquinho...

Eu pisquei, e olhei nos olhos. Ele balançou levemente a cabeça, dizendo que sim pra
alguma coisa. Não sei o que, mas enfim.

Confiei nele, e o Stef me deu dois selinhos rápidos sorrindo, depois beijou a minha
testa e finalmente me soltou.

Os olhos do meu pai se encontraram com os meus, e eu não sabia o que dizer. Toda
academia nos olhava e o Stefan apertou minha cintura, se colocando do meu lado.

Sabe aquele momento em que você simplesmente fica sem palavras? Então, esse foi
um momento desses.

Meus olhos sem quererer vagaram pela academia pra encontrar olhos mel me
observando, sem nenhum traço de sorriso. Mordi a boca, sem saber o que dizer, ou
pensar desse momento louco, até que meu pai bateu palmas.

- Tudo bem, o show acabou gente, os pombinhos já param o beijo, eu quero todo
mundo sentado em filha que preciso falar com vocês!

Diante do seu tom autoritário, todo mundo sentou. O Stefan do meu lado, e mesmo
com ele me apertando perto de si meus olhos continuavam olhando pro Steven que
parecia uma pedra de tão duro e frio que olhava pro meu pai falando.

- Bom, como todos sabem semana que vem tem o feriado prolongado. E como regra
geral, a academia não abriria, por que eu iria viajar com o Colégio pra praia de
Louis com os alunos da escola, mas este ano, eu não iriei portanto as portas da
academia estaram abertas à todos que quiserem treinar e não forem viajar no
feriado, dito isto, estão dispensados!

Fiquei perplexa com o que ele disse, como ele não vai viajar pro acampamento da
escola este ano? Por que?

Meu pai sempre viaja conosco, e já que a Alex foi pra Inglaterra eu pensei que ao
menos teria o Chad por perto. Agora... Agora eu simplesmente não quero ir praquele
lugar.

Todo mundo se levantou, incluindo eu e o Stefan e a primeira coisa que fiz foi subir
ao escritório do meu pai pra conversar. Isso, é claro, depois do Stef me dar um beijo
na testa e murmurar um: Me desculpa, mas eu tinha que fazer aquilo.

Não prestei atenção, eu queria falar com meu pai e ninguém mais.

Subi correndo as escadas do escritório e o encontrei lá dentro mexendo em alguns


papéis sob sua mesa.

- Pensei ter te ensinado bater antes de entrar Pequena. Disse, sem me olhar e ainda
mexendo nos papéis sob a mesa.

Cruzei os braços e fiquei encarando suas costas enquanto tentava não gritar com
ele.

- Pai por que não vai ao acampamento esse ano? Perguntei, completamente
revoltada.

Era uma tradição ele ir comigo. Sempre nessa época do ano a Alex viaja pra ver a
sua mãe e eu e o Chad curtimos o feriado como pai e filha, mesmo que tenha todos
os alunos da escola lá também... É algo nosso. Ele sempre foi. Por que não ia esse
ano?

- Por que tenho coisas pra resolver aqui Hanna. Respondeu, simplesmente, sem me
olhar.

Respirei fundo, passando as mãos pelo cabelo e suspirei.

- Tá legal, então vou ficar aqui com você...

Ele me interrompeu, antes que eu terminasse de falar.

- Não, você vai na viagem, preciso que fique de olho na Jane.


Franzi o cenho.

- É a Jane que vai conosco este esse ano? Perguntei, por que não sabia que era ela
que nos acompanharia na viagem.

Chad assentiu.

- Sim, é ela... E como você bem sabe eu não gosto dessa mulher, eu te contei o que
acontece entre ela e os alunos semana passada, você lembra?

Assenti pra ele, por que lembrava. Na semana passada enquanto jantávamos eu
percebi que o Chad estava revoltado, perguntei o motivo e ele me contou que a
minha professora de química estava saindo com alunos pra "melhorar" suas aulas.

Pelo o que eu entendi ela estava sendo avaliada pelos diretores em questão das
notas individuais dos alunos. E como muitos de nós vão mal nas suas aulas, ela
estava sendo pressionada do por que disso. Sendo assim, estava saindo e transando
com os alunos pra que estes ao menos colassem nas provas que os diretores do
colégio iam aplicar à todos pra ver se as notas deles aumentavam.

Pra mim, isso não faz o mínimo sentido e ela é só uma vadia, assim como pro Chad.
Então entendo que ele não queira ficar no mesmo local que ela, mas... Mesmo assim.

- Mas pai, eu não quero ir se você não vai.

Chad suspirou, e finalmente me olhou.

- Hanna, eu não estou afim de olhar na cara da Jane, não quero ter que denuncia-la
ao conselho estudantil portanto eu não vou, mas a senhorita vai e vai me contar se
viu qualquer coisa suspeita entre ela e os alunos, entendeu?

Neguei com a cabeça.

- Por que o senhor mesmo não vai e vê o que ela vai aprontar?

Chad suspirou, um suspiro triste enquanto passava as maos pelos cabelos.

- Por que tem coisas que quero resolver aqui esse final de semana Pequena, por
favor, não complica minha vida, e vai, ok?

Pisquei algumas vezes, tentando entender por que ele estava tão cabisbaixo hoje.
Seus cabelos estava todo bagunçado e seus olhos pareciam tristes demais.

Me aproximei, o abraçando e respirei fundo enquanto concordava em ir, por ele.


Chad beijou meus cabelos e me apertou bastante.

- Isso mesmo Pequena, vai por mim, ok?

Assenti pra ele, o olhando nos olhos já que ele era maior que eu e meu pai sorriu, me
beijando na testa.

- Pode me explicar o que foi aquilo lá embaixo entre você e o Stefan?

Dei de ombros.

- Não foi nada pai, ele... Apenas me beijou.

Chad riu.

- Eu vi. Eu e toda academia Pequena, você está gostando dele?

Neguei com a cabeça.

- Então por que vocês se beijaram?

- Boa pergunta pai. Disse, me apertando um pouco mais à ele.

Queria me aconchegar no Chad e esquecer o que aconteceu lá embaixo.

 Babaca-Steven:

Quando o Mestre nos dispensou, fui direto ao vestiário. Eu precisava de um banho


frio.

Estava tão bravo, tão irritado que soquei o box do banheiro enquanto a água caía
sobre mim.

Eu sabia que ela gostava do Stefan, mas uma coisa muito diferente foi ve-los se
beijando. Me deixou puto. Me deixou louco.

Ela nunca me beijou daquele jeito. Quando me beijava ela sempre ficava tímida, e
quietinha. Não foi o que aconteceu entre os dois.

O Stefan a puxou pela cintura e apertou-a tão perto dele que... Parecia que ambos
estavam se fundindo droga! E ela? Ela, que se diz toda surtada e tudo mais o puxou
pelo kimono e o beijou de volta.
Ver aquilo me deixou fora de mim. Nem mesmo a água fria que escorria pela minha
pele nesse momento estava apagando a febre que me deu de ve-los se beijando.

Puta que o pariu! Eu nunca estive assim tão louco da vida. Queria ir lá, puxa-la
pelos cabelos e a beijar pra alega-la como minha, não dele, minha.

Não faz sentido. Eu sei, mas... Porra, ela... Por que ela não me beija como fez com
ele?

A resposta veio como um maldito soco no meu estômago: Por que ela gosta dele e
não gosta de você.

Fechei os olhos por um momento, respirando e expirando devagar.

Qual é Steven? Por que toda essa raiva? Você mesmo queria os dois juntos, o que te
deu agora?

Perguntava a mim mesmo enquanto estava escorado no box e sentindo a água fria
na minha pele.

Eu não conseguia entender qual o meu problema. Mas, eu não a vi a semana toda
anterior, só na escola. E de longe... Ela não me mandou mensagem, não procurou
conversar comigo, nem nada parecido e hoje, ela chega aqui toda linda e sorri pra
mim daquele jeito tão bonitinho, depois... Beija aquele filho da puta! Eu
simplesmente...

Não sei. Eu quero me afastar dela, é verdade, mas uma coisa é eu me afastar, outra
é ela beijar o Stefan. Ficar com o Stefan. Que porra tem no Stefan pra ela se sentir
atraída por ele pra começar?!

Respifei fundo embaixo d'água, jogando um pouco no meu rosto e tentando me


acalmar.

Ela não tem nada comigo, eu mesmo queria que ela me visse apenas como um
amigo, então eu vou sair desse box, e ignorar essa maldita raiva irritante que me
subiu. Não faz sentido, e se não faz sentido, eu simplesmente não sinto.

Ótimo, saí mais calmo do box, e enquanto eu me secava o Stefan saiu de um dos box
com chuveiro, com um sorrisinho no rosto que me fez querer quebrar todos os dentes
dele.

- Tudo bem Steven? Perguntou, com a voz mais falsa que já escutei.
- Tudo magnífico! Respondi, com a mesma falsidade que ele.

Stefan sorriu e foi se secar enquanto eu realizava pegar a toalha na minha mão e
enforca-lo.

Dentro de mim, tinha algo queimando. Queimando muito forte, e aquilo doía. Não
era a queimação boa de um orgasmo, era... Era outra coisa. Uma coisa insana e sem
sentido, mas que existia. Ciúmes. Eu estava... Morrendo de ciúmes.

Engoli em seco com essa percepção, por que isso não tinha sentido. A Hanna não é
nada pra mim, só uma amiga, então não faz sentido eu sentir essa porra.

Ignorei o sentimento enquanto me vestia, até que o Stefan se aproximou.

- Sabe cara? Ela é muito boa... Ela é linda, e beija bem pra cacete. Mas acima disso,
ela é frágil e tudo o que eu quero é cuidar dela, fica longe da Hanna... Entendido?

Olhei pra cara daquele palhaço, pensando se o Mestre me expulsaria por quebrar-
lhe o nariz na pia do banheiro.

Resolvi que sim, o faria então ignorei a vontade.

- Você fica bravo, não é? De algo que você achava que era seu, ser tomado assim
deste jeito...

Esse cara realmente, realmente precisa aprender a calar porra da boca!

- Stefan... Minha voz saiu como um aviso, enquanto eu me colocava ereto e o olhava.

Eu era maior que ele, pouca coisa, mas era. E minha vontade agora era... Era...
Arrancar-lhe a cabeça.

- Ela não é sua.

Sorri, grande novidade que ela não é minha.

- Ela também não é um objeto, nem seu brinquedo...

Respirei fundo, contando até dez.

- Ela merece mais...

O empurrei na parede antes que continuasse. Meu braço estava quase esmagando a
granganta dele, e eu sei bem que o cara estava com dificuldade pra respirar, mas
adivinha? Eu não me importava a mínima!
- Eu sei de toda a porra que você falou! Eu sei que ela não é minha, e sei que ela não
é meu brinquedo, e eu não dou a mínima pra Hanna, por que eu ia querer alguém
como ela? Ela não pode me dar o que eu quero, nem o que eu gosto, então foda-se
você com ela, e pare de agir como se eu gostasse dela ou quisesse ela, por que eu não
quero! Se eu quisesse ela já teria ido pra minha cama faz tempo Stefan. Então cala
a porra da sua boca e me deixa em paz caralho!

Soltei ele e sai do vestiário antes que ele dissesse mais alguma merda e eu o
matasse de vez.

Nem camiseta eu coloquei, eu apenas sai dali o mais rápido que pude. Estava
doendo pra caralho, e eu não sabia lidar com isso. Nem queria. O que eu queria e
precisava, era uma bebida.

Maluquinha- Hanna.

As vezes, eu me pergunto por que a gente simplesmente não obedece nossos pais?

Meu pai sempre me disse que escutar conversas atrás das portas era errado, que ser
curiosa era errado, mas advinha? Eu não o obedeci.

Quando eu desci as escadas, estava indo ao vestiário quando escutei as vozes do


Steven e do Stef vindo do vestiário masculino. Eu sabia que não deveria ouvir,
mas... Sou curiosa. E escutei tudo o que o Steven falou sobre mim.

Era de se esperar, certo?

Sim, era, mas... Eu não sei o que acontece com meus sentimentos, eu não sei por que
tenho toda essa esperança desgraçada de que eu vou simplesmente... Ser desejada
por um garoto como ele. Eu sei que não vou, sei que ele quer tudo o que eu não posso
fazer por que surto... Eu sei.

Mas ouvir, ouvir é diferente. Doeu escuta-lo falando assim sobre mim. E como
sempre as lágrimas vieram aos meus olhos sem serem chamadas.

Odeio isso. Odeio chorar sem motivo. Estou chorando por que afinal? Por ele
confirmar o que todos nós sabíamos? Que eu não significo nada pra ele?

Não faz sentido, mas as lágrimas são muito insistentes e caem como cachoeira pelo
meus olhos.
Fiquei um bom tempo trancada no box do vestiário feminino, chorando e escutando
as outras garotas entrarem, rirem e saírem novamente. Até que tudo ficou muito
quieto, tanto dentro quanto fora daqui.

Deduzi que todos tinham ido embora já, por isso sai do box e fiquei secando aquelas
lágrimas idiotas.

Por que eu sou assim? Por que eu sinto todas essas coisas confusas?

Era mais fácil quando eu sentia só medo, assim pelo menos eu entendia o que
sinto... Agora, agora... É tudo muito mais complicado.

Enquanto eu me olhava no espelho ficava pensando sobre o que escutei ele dizer:
"Por que eu ia querer alguém como ela?"

Faz todo o sentido, não é? Por que ele ia querer qualquer coisa comigo?

Eu e meio mundo sabemos qual é o lance dele, e ele e eu sabemos que o lance dele é
o que me faz entrar em surto. Por que eu sou tão idiota? Nunca na minha vida vou
superar essa merda toda. Eu queria muito que conseguisse, queria muito ser
normal. Deus, todos os dias isso é tudo o que quero, normalidade. Mas eu não sou.

Fiquei um tempo ali, apenas me olhando no espelho e lembrando da primeira vez


que me vi em um espelho. Eu mal acreditava que era eu, eu parecia um monstrinho.
Meu rosto estava todo rocho e ferido, eu estava sem os dentes da frente e era tão
magra que enchergava meus ossos do rosto, todos eles. Eu era meio amarelada, e
lagrimas saiam do meu rosto sem parar.

Eu morria de medo de mim mesma. Morria de medo de me olhar no espelho e ver


aquilo novamente, o monstrinho novamente. Eu posso ter crescido, e ter ficado
bonita hoje em dia, mas... Ainda vejo um monstrinho quando olho pra mim mesmo
chorando. Me odeio por ser capaz de lembrar dessas merdas.

Eu era criança, não era pra conseguir lembrar-me. Mas lembro. De tudo.

Respirei fundo, jogando o papel que secava minhas lágrimas e sai dali. Meu pai
ainda devia estar no escritório, mesmo com a porta da academia fechada e subi pra
falar com ele.

Bati à porta dessa vez, e quando ele respondeu, perguntei se podia ajudar com as
folhas e o que estivesse fazendo.
Ele deixou, e parecia tão alheio ao mundo que nem percebeu que chorei. Dei graças
a Deus por isso. Eu não queria falar sobre essas porcarias de sentimentos confusos
que tenho. Ignorei o que sentia, ignorei a pulseira no meu pulso, ignorei toda e
qualquer coisa que não fossem os papéis na minha frente.

 Babaca-Steven:

A semana se seguiu após o incidente com o Stefan.

Eu fui a um bar aquela noite, toquei o terror, quase fui preso, apanhei pra cacete,
mas pra meu mérito, também bati e... Quando cheguei em casa minha mãe quase
morreu quando me viu.

Nunca tinha a visto passar tão mal quanto passou aquele dia. Ela me xingava ao
mesmo tempo que tentava respirar. Teve uma crise, uma das piores que vi e fui
obrigado a leva-la o hospital.

Quando ela acordou, depois de tomar soro e todos os remédios que precisava, assim
que me olhou, lágrimas começaram a escorrer do seus olhos.

- Não te criei pra isso, não passei por tudo o que passei pra ver você quase se matar
em uma briga de bar Steven! Esse não é o filho de quem me orgulho, eu me orgulho
do lutador, do que é forte e cuida de mim e de si mesmo, pare de tentar se matar!
Gritou, chorando como nunca a vi fazer antes.

Ela parecia desolada, de um jeito que eu jamais havia visto. E me senti obrigado,
diante daquela mulher frágil e chorando, que mal parecia minha mãe de tão pálida
que estava, a acalma-la.

- Calma mãe... Eu...

Ela me interrompeu.

- Não me peça por calma! Você sabe que horas chegou ontem? Sabe que não me
atendeu e que fiquei preocupada com onde você estava e se estava bem ou não
Steven? Quase me matou de preocupação e quando você chega, estava assim, deste
jeito, neste estado, bêbado e sangrando... Deus... Eu... Eu...

Ela não terminou de falar, só chorou e chorou. E me senti mais culpado do que em
qualquer outro momento na minha vida.
- Mãe, eu... Olha, eu prometo não fazer mais isso, está bem? Prometo não me meter
mais em confusões... Prometi, segurando seu braço quando ela começou a respirar
com dificuldade.

Eu sei que algumas vezes ela tem crises de ansiedade, que pode entrar em
depressão e me sinto culpado como a porra por faze-la vir parar no hospital.

Dona Alicia me olhou, e chorou, chorou muito me fazendo ficar mais culpado a cada
minuto que passava, mas por fim só sussurrou antes de cair no sono: Espero que
cumpra sua promessa.

E desde então, eu venho tentando. Não sai pra beber esses dias, mas cada vez que
vejo a Hanna conversando com o Stefan aquilo me irrita de um jeito... Eu nem sei
explicar.

Eu e ela mal nos falamos mais, e eu notei que ela não usa mais a pulseira que dei à
ela.

É, eu sei que tenho reparado pra caralho pra notar isso, mas o que posso fazer?
Meus olhos simplesmente seguem ela pelos corredores da escola, ou na sala de aula
e notei que ela tinha tirado.

Enfim, os dias passaram, e o dia do feriado finalmente chegou.

Não que isso fosse bom, por que eu simplesmente não estava nem ai pro
acampamento, mas ao menos, íamos ter um descanso da escola.

- Tem certeza que você vai ficar bem? Perguntei à minha mãe quando estava
colocando minha mala junto com meu saco de dormir e a barraca no ônibus.

Dona Alicia assentiu.

- Vou ficar bem, contando que você não se meta em confusões... Disse, me apontando
o dedo.

Sorri pra ela, lhe dando um beijo demorado na testa.

- Vou ficar bem mãe, em que confusão eu posso me meter no meio do mato?

Ela suspirou.

- Tudo bem, vou sentir saudades. Disse, me abraçando apertado e devolvi o abraço
enquanto dizia que ia ficar tudo bem, pra ela tomar os remédios direito e não limpar
a casa demais.
A última parte eu sei que foi uma ilusão minha, mas ao menos eu tinha a esperança
de que ela ficaria bem.

Enquanto estava terminando de me despedir dela, vi a Hanna.

Estava de calça jeans preta, e uma camiseta azul, bem simples, nada do que ela
usava pra sair comigo. E estava como sempre, com o cabelo preso em um rabo de
cavalo.

Fiquei a observando colocar suas coisas no ônibus e ela não se despidiu de ninguém,
o Mestre não estava aqui. Ela estava, completamente sozinha.

Subiu no ônibus e enquanto eu falava com a minha mãe fiquei pensando em como de
uma hora pra outra nós nos afastamos. Foi tão rápido. Dizem que se você sente a
dor de uma vez, ela se vai rápido, mas acho que isso é mentira por que não deixa de
doer cada vez que deito na cama e penso que a gente mal se fala, mal se olha, e não
tem saído.

Eu até tinha a intenção de falar com ela, mas... Era difícil encontra-la sozinha, na
academia o seu cão de guarda que é o Stefan estava sempre perto, na escola a
amiga, eu não tive nem tempo pra falar com ela. Espero que no acampamento eu
seja capaz de faze-lo.

Enfim, beijei minha mãe mais uma vez antes de subir no ônibus e ir sentar no
último banco.

Onde uma bela Deise já estava estabelecida e de saia.

Acho que esse é o principal motivo pelo qual adoramos vir pro acampamento, por
que... Cara, tem tanta transa e tanta sacanagem nessa porra que é impossível não
gostar.

E por falar em sacanagem, encontrei o Harry no bonde já beijando a louraça da


Anie... O Harry não presta. A viagem mal começou e ele já ta pegando a garota.
Esse acampamento promete.

Fui me sentar ao lado da Deise, sorrindo da cena que vi do Harry quando percebi,
bem encolhida no banco do outro lado, a Princesinha.

Estava mexendo num iPod e sentada quietinha, com as pernas encolhidas em cima
do banco.
Pensei em me sentar do seu lado, em conversar, mas quando ela me olhou seu olhar
não era nada amigável, então sentei ao lado da Deise e fomos conversando até a
cidade vizinha.

Mas quer saber? Não importava que a Deise falasse e flertasse comigo, e que ela
fosse gostosa como o inferno, eu simplesmente não conseguia tirar meus olhos da
Hanna encolhida do outro lado.

 Maluquinha-Hanna:

Mesmo com o volume no último no meu iPod, eu conseguia escutar as risadinhas


entre o Steven e a Deise.

Tentei olhar a paisagem conhecida, ou qualquer coisa assim, mas era impossível não
ouvir os gritinhos que ela dava.

Queria dar uns tapas nela e manda-la ficar quieta, mas... Não tinha motivos pra
isso. Ia alegar o que? Que ela estava rindo muito alto enquanto o Steven beijava o
pescoço dela? Ah, claro.

Não sei por que essa raiva simplesmente não vai embora. Eu passei a semana toda
fugindo dele, de olha-lo, de ouvi-lo. Mas agora, estava num cubículo com ele do meu
lado fazendo cócegas e beijando a Deise.

Por que foi que eu me sentei aqui no fundo? Sou uma burra mesmo né? Que inferno!

Passei grande parte da viagem escutando os dois enquanto tentava me concentrar


no Tree Dowrs cantando nos fones de ouvido.

Eu não via a hora de chegar logo na praia e poder ficar longe, o mais longe que eu
pudesse do Babaca.

Tirei a pulseira dele do meu pulso, por que estava brava com ele, comigo, com essas
porcarias de sentimentos então, simplesmente tirei, mas... Deixei a pulseira por
perto. Está na minha mala, eu adoro aquela pulseira e ficar contando os corações me
acalma, portanto, trouxe-a comigo, apesar de não estar usando-a.

E me arrependi de tira-la por que precisava dela pra me acalmar da vontade louca
de calar a boca da Deise pra sempre.
Mas, graças a Deus cehgamos a praia.

É familiar pra todos nós essa praia, a gente sempre vem pra cá nos feriados. É uma
atividade extracurricular quase.

Não tem nada de especial aqui, a gente apenas acampa na beira da água mesmo que
tenha um hotel na praia praticamente deserta, a gente acampa pra entrar em
contado com a natureza. E ficamos vários dias por que podemos tomar banho, fazer
comida e essas coisas no hotel.

A única parte ruim de ficar aqui é que não tem internet, nem área pra celular, então
ficamos isolados do mundo. E pra mim isso é a morte já que minha melhor amiga e
meu pai não estão aqui.

Fiquei revoltada quando peguei meu celular na bolsa e vi que mal chegamos e ele já
perdeu a torre. Nada de Alex agora por uma longa semana, nem ela, nem Chad.
Estou sozinha. Mesmo que eu esteja cercada de gente, não tenho amizade com meus
colegas de sala.

Começou a me bater a depressão, principalmente quando a Jane se pronunciou.

- Gente, todo mundo prestando atenção! Guardem suas coisas, seus bens
importantes com vocês, nas suas barracas e façam o favor de não se perderem na
praia, vocês vão montar acampamento naquela área e quero todo mundo próximo,
sem discussão, vamos lá! Disse, apontando a grande área aberta perto da água onde
era pra montarmos as barracas.

Juntei todas as minhas coisas do ônibus e fui pra praia. Como sempre eu montei
minha barrca o mais longe que pude de todo mundo. Perto das pedras por que
queria ficar longe deles. Eu não preciso fingir que gosto do pessoal da minha sala,
eu não gosto, e eles também não gostam de mim. Gostam da Alex, de mim não. Eu
sou a estranha. Então... Quanto mais longe deles melhor.

O dia todo passamos montando as barracas e arrumando o acampamento. Eu


terminei primeiro, como sempre, por que estou acostumada a fazer isso, e como não
fiquei me distraindo comversando com ninguém, eu terminei rápido.

Me sentei na areia com um livro e meu iPod, olhando pro mar enquanto lia.

Não vi o Steven em canto nenhum, mas escutava as risadinhas da Deise, então


sabia que não estavam muito distantes.
Coloquei meus fones de ouvido e fiquei lendo até que escureceu e tive que parar.

Agora todo mundo já tinha montado suas barracas e a Jane e o inspetor que veio
com ela pra cuidar da gente nos chamaram pra sentar envolta da fogueira.

Eu fui, relutantemente, mas me sentei um pouco... Ou muito mais distante de todo


mundo.

Sentei perto das árvores, e fiquei olhando as estrelhas enquanto o pessoal da sala
conversava e cantava músicas com o violão. E eu ficava me perguntando o por que
vim pra esse lugar.

Eu adoro a natureza, adoro mesmo, mas não gosto de estar assim tão sozinha. Eu
gosto de ficar sozinha quando estou realmente sozinha, por opção, e não por falta de
companhia por que não gosto de ninguém aqui.

Respirei fundo, e fiquei olhando o céu e as estrelas, tentando esquecer onde estava e
quem me cercava.

 Babaca-Steven:

Estava sentado ao redor da fogueira como todo mundo, mas ao invés de estar
prestando atenção no que todo mundo falava eu fiquei procurando-a entre as
pessoas.

Queria muito falar com ela. Não queria que a nossa amizade acabasse assim de uma
hora pra outra e sem um motivo aparente.

E quando a vi sentada perto dos grandes coqueiros, não pensei suas vezes e fui falar
com ela.

Me aproximei devagar, e quando a Princesinha me olhou, eu sorri pra ela. Mas, ela
não sorriu de volta.

- O que está fazendo aqui sozinha? Perguntei, me sentando do seu lado.

Escutei-a suspirando, antes de responder.

- Olhando as estrelas.

Direta ela, não?


Eu não sei o que está acontecendo conosco, não sei mesmo. Mas quero que ela se
irturme, que sorria, faz dias que não a vejo sorrir... Sorrir pra mim.

- Hum, você gosta do céu, não é? Da natureza?

Hanna assentiu, enquanto abraçava suas pernas e colocava o rosto sob os joelhos.

Não sei por que, mas essa sua reação me faz sorrir enquanto ela me olha.

- Por que não senta com a gente perto da fogueira? Está frio aqui. Disse, não tirando
o olhar dela por nenhum minuto.

A Princesinha estava olhando o céu enquanto se mexia devagar pra lá e pra cá.

- Por que não gosto da Jane.

Sorri pra sua resposta. Fora os garotos que transavam com ela, poucos de nós,
alunos, gostavamos da Jane.

- É... Mas, ao menos sente com a gente, o Kerin trouxe o violão, vamos dançar ulá
Hanna, vem se divertir, vai? Pedi, empurrando-a de leve.

A Princesinha finalmente retribuiu meu sorriso.

- Não acho que seja uma boa ideia! Disse, desviando o olhar do meu e voltando a
olhar o céu.

Respirei fundo, pensando em como convence-la.

- Vamos Princesinha, eu danço contigo!

Hanna me olhou, completamente incrédula, até se sentou ereta enquanto me


olhava.

- Dança comigo? Ulá?

Assenti pra ela.

- Sim, eu danço... Vem, vamos lá? Pedi, me levantando e limpando as mãos na


minha bermuda pra pegar na dela.

A Princesinha ficou olhando minhas mãos estendidas por um momento, antes de


bater as mãos na calça jeans que ainda vestia e pega-las.
Sorri ao ver que ela aceitou meu convite, e venci minha vontade imença de abraça-la
quando ficou de pé... Eu ainda estou evitando toca-la.

A gente foi andando lado a lado até a fogueira e ela se sentou perto de mim
enquanto escutavamos o Kerin tocando.

Quando ele começou a leve batida da ulá, todo mundo levantou pra dançar,
incluindo eu e a Princesinha.

Como era de se esperar ela dançava melhor que eu... Tinha a cintura mais solta, e
acabamos rindo um pro outro.

Adoro ver a forma como seus lábios se movem quando ela sorri, como suas covinhas
aparecem lentamente enquanto ela abre um sorriso de verdade. Eu adoro ve-la
solta, feliz... Tão diferente da menina gritando que vi naquele chão. E cá entre nós,
eu prefiro muito mais ela assim. Rindo, contente.

- Viu? Eu disse que você ia curtir. Afirmei quando paramos de dançar.

Hanna riu.

- É. Respondeu, simplesmente enquanto mexia uma mão na outra.

Ela parecia, distraída com alguma coisa e aproveitei o momento pra aprontar com
ela.

Nós raramente temos neve no Havaí, principalmente na pequena região que


vivemos. Portanto nunca fazemos guerra de bola de neve, mas fazemos com areia. E
neste momento era o que eu estava prestes a fazer com a Princesinha.

Juntei um punhado de areia na mão e joguei bem na nuca dela.

Hanna me olhou, fazendo cara assassina e sorri.

Ela revidou minhas bolas de areia e dei risada enquanto brincávamos.

Todo mundo se juntou a brincadeira e eu já não sabia mais o que eram as bolinhas
da Hanna ou não.

Foi divertido, todos nós participamos, até mesmo a Jane e o Inspetor...

Mas, quando a brincadeira estava ficando boa...


- Todo mundo pra cama gente! Amanhã vamos acordar cedo pra visitar umas
grutas, então todos pra suas respectivas barracas! Afrimou, frizando o respectivas,
mas de nada adiantava por que a alguns metros de nós eu podia ver o Harry
beijando a Anie e juro a você que eles só iam parar quando estivessem nus.

Sorri pra cena, e acabei perdendo a Princesinha de vista com isso. A maioria de nós
obedeceu a Jane e seguiu pras suas barracas, mas eu não sei da Princesinha, não vi
pra onde foi.

Cocei a cabeça, sentindo meu cabelo sujo, muito imundo de areia quando a Deise
apareceu.

O sorriso no rosto dela era o mais pecaminoso possível.

- E ai gatinho? Já vai dormir?

Assenti pra ela, sabendo bem onde íamos chegar com aquela conversa.

- Ah, mas tão cedo?

Fiz que sim novamente com a cabeça enquanto ela se aproximava como uma leoa.

- Já, preciso descansar.

Ela riu.

- Nossa, então meu gatinho não está mais rosnando? Só miando mesmo?

Dei risada, mordendo a boca enquanto a encarava.

Ela é gostosa, tem uma bunda enorme e peitos a se perder de vista, a cintura fina,
toda gostosa e ela sabe... Sabe que desperta desejo, ela e seu cabelo curto e preto no
melhor estilho roqueira que conheço despertam desejo até no mais santo. E vestida
apenas com aquele vestidinho fino de praia despertava ainda mais.

Puxei-a pelo vestido, sem nenhum pingo de cerimônia e sussurrei antes de beija-la:

- Vem pra minha barraca que vou te mostrar como eu rosto gostosa.

Não gosto de repetir minhas transas, mas a Deise... Cara a Deise... Ela... É
selvagem... Gosto do modo como ela me morde, como luta comigo pra ficar por cima
e adoro segura-la pra ficar onde quero.
Ela gosta de jogar, e eu gosto de participar disso. A garota sabe o que faz, isso
enlouquece qualquer um. Então por mais que eu não queira repitir minhas transas,
eu preciso daquele alívio, eu preciso gozar pra ficar calminho e uma semana sem é
muito pra mim.

Por isso me diverti com a Deise, do como sempre, louco, insano, e Deus... Bom pra
caralho!

- A gente faz uma bela dupla! Disse ela, ainda ofegante e deitada do meu lado.

Dei risada e a olhei, toda nua do meu lado, à vontade com isso e pensei no que não
deveria... Pensei na Hanna. Pensei em como a primeira vez que dormi, e apenas
dormi com uma garota do meu lado foi com ela aquela noite no seu quarto. Quando
ela estava surtando. Ela não estava à vontade, mesmo vestida estava envergonhada
e gritando e sofrendo... Isso me dói, pensar que se as coisas tivessem sido diferentes
com ela, talvez se sentisse à vontade consigo mesma também, com seu corpo, e tudo
mais.

Mas, as coisas são como são. Ela tem os problemas dela e eu não devo ficar
pensando nisso... São as merdas dela, não minhas pra eu ficar procurando uma
solução.

Por isso, toquei os seios da bela morena ao meu lado e comecei tudo outra vez.

 Maluquinha-Hanna:

Quando a Jane mandou a gente ir pras barrcas, bem contestei. A brincadeira toda
foi muito boa e gostei de rir com o Steven, mas ao mesmo tempo em que sorria,
também sentia meu coração apertando ao lembrar das palavras dele pro Stefan.

Sei que não tenho que ficar magoada, ele falou o que sente, mas... Ainda dói. Então
fugi dele o mais rápido que pude.

Quando ele se sentou pra conversar comigo hoje, eu... Quis fugir, quis correr e me
esconder, não sei por que... Mas eu quis. Queria que ele não me visse por que sei o
que ele viu de mim. Que viu a pior parte de mim, e falar com ele, estar com ele
depois disso ainda me envergonha.

Estava deitada bem quietinha na minha barraca quando resolvi pegar a pulseira
dele. Aquilo tinha me feito compahia nas últimas semanas e me faz sentir bem.
Peguei-a e a olhei por usn momentos, antes de beija-la enquanto pensava nele. O
que será que ele estava fazendo neste momento? Pensando em mim com certeza não
era, mas gostaria muito de saber o que ele estava fazendo.

Por que eu penso nisso? Por que penso nele? E Deus por que é tão inevitável faze-lo?

Virei na barraca, lembrando de como sorri e de como fez cara de safado quando me
atingiu com a bola de areia. Ele não presta. Eu sei, todo mundo sabe, mas... Mesmo
assim, me faz sentir preenchida, aquecida, e me faz sorrir como nenhum outro
Babaca sabe fazer. Só ele.

Será que a Alex tem razão e estou apaixonada por ele? Ou eu apenas o desejo por
que me atrai como homem, como a mesma sugeriu. Não sei, mas seja o que for ele
mexe comigo, mexe com meu coração. Bagunça tudo, bate no liquidificador quando
diz coisas como as que disse ao Stef e depois... Ele brinca, vem me procurar e me faz
dançar ulá com ele... É tão confuso. Me faz sentir tão perdida e ainda assim, eu
gosto.

Estou ficando louca, não é? Só posso estar ficando maluca.

Apertei a pulseira perto do meu coração e imaginei, que talvez, ele pudesse se sentir
tocado com isso, por que eu, por mais bizarro que possa ser, me sinto tocada por ele
cada vez que fecho os olhos e consigo ver seus olhos mel brilhando pra mim naquela
noite no bar e foi assim que dormi.

***

No outro dia, todos nós fizemos fila pra tomar banho. Afinal, ontem foi todo mundo
dormir lotado de areia.

Eu tive que lavar meu cabelo, por que o sentia cheio de areia cada vez que passava a
mão por este, depois fui tomar sol. A Jane nos comunicou que a visita a gruta vai ser
quase na hora do almoço, então eu tinha um tempinho depois do café pra olhar o
mar e tomar sol.

Sentei a beira da água e coloquei os pés onde sabia que esta bateria. As ondas iam e
vinham sob meus pés enquanto o sol da manhã me queimava a pele.

Incoscientemente minha mente voltou pro dia que o Steven me beijou na praia.
Fechei meus olhos e lembrei com saudade do modo como me beijou, como tocou
minha cintura, como me apertou perto do seu corpo e a vontade louca que tive de
agarra-lo, de apertar-me a ele e nunca mais soltar... De como me senti aquecida e
mole...

As lembranças me invadiam e as sensações iam se espalhando pelo meu corpo, a


mesma sensação de queimação, de latejar a pertar aquele ponto do meu corpo que
mal conheço, e tudo que me lembro de sentir é dor. Mas, quando se trata dele eu
sinto essas coisas desconexas e não quero abrir os olhos, nunca.

Porém, sua voz veio me acordar.

- Vai se queimar. Disse, me fazendo sorrir e abrir os olhos.

O que sinto ao olhar pra ele sem camisa ali do meu lado e em uma bermuda fina de
surfista vermelha, é... Uma confusão completa. Eu senti vergonha primeiro, por
saber no que estava pensando e depois senti aquela corrente elétrica me atravessar
de olhar pro seu corpo bem esculpido ao meu lado, senti aquela moleza e a
queimação dentro de mim, e por último senti a tristeza de saber que nunca vou
experimentar ou descobrir coisas alem dessas sensações por que me não vai mais
me beijar. Ele disse ao Stefan que não quer nada com alguém como eu, então... Eu
nunca vou além de imaginar e lembrar.

Suspirei e olhei pro mar, como ele fazia. Olhei a água clara, quase cristalina à
minha frente e pensei na minha pulseira. A calma que o objeto me trazia era a
mesma que o mar me transmitia neste momento, só que com um valor sentimental
muito maior.

Foi presente dele, presente do cara do meu lado que eu mal podia entender, ou
raciocinar quando se tratava dele.

- O mar acalm... Ele sussurrou, me fazendo rir.

- Está roubando minha frase?

Steven negou com a cabeça. Seus cabelos estavam molhados ainda e algumas gotas
de água caíram no seu rosto e suas costas com o gesto.

- Não, longe de mim Princesinha, estou apenas avaliando a paisagem e a calma que
nos trás...

O modo como falou soou como uma citação e sorri com isso, por que ele tinha
prestado atenção no que falei afinal.
- É... Faz bem olhar o mar. Avaliei, me escorando na palma das minhas mãos e
olhando a paisagem além.

O mar estava calmo, ido e vindo em ondas pequenas enquanto o sol brilhava no
horizonte e parecia que algumas de seus raios se afundavam na água. Era lindo se
ver.

- Pessoal, todo mundo pra cá, vamos ir visitar a gruta! Gritou a Jane, me acordando
dos meus pensamentos.

Tanto eu, quanto o Babaca suspiramos.

- Não sei pra que temos que ir a essa gruta, todos os anos que a gente vem aqui
vamos a essa gruta, a gente conhece aquele lugar como a palma da mão...
Sinceramente, não faz sentido! Disse o Steven, se levantando da areia e batendo as
mãos na bermuda pra limpa-las.

Fiz o mesmo, mas bati aa mãos no meu shortinho azulado e do mesmo material que
o do Steven, era fininho, curto e largunho, por isso eu o adorava e eu estava com
uma regata preta e um biquíni rosa por baixo.

Enquanto caminhávamos o Steven me olhou de um jeito estranho que me fez pensar


que minha roupa parecia ridícula, mas... Todas as meninas da nossa sala estavam
parecidas comigo. Tudo bem que algumas delas estavam apenas de biquíni, mas em
sua maioria estava todo mundo igual. Todos os meninos, sem exceção estavam sem
camisa. Eles estavam à vontade, alguns de sunga, outros de bermuda, mas a falta
de camiseta era regra geral.

Eu não estava assim tão bem com meu corpo, gosto dele, mas mostra-lo assim à
tantas pessoas que eu conheço sem necessidade era... Um pouco demais pra mim.

Por isso quando entramos na gruta eu não tirei minhas roupas como as outras
meninas fizeram pra se banhar na água mágica.

É... Água mágica, você ouviu certo. A história dessa gruta é que um cavalheiro
antigo esteve aqui e se banhou nas águas claras e calmas da gruta que é iluminada
apenas por um círculo pequeno de luz bem sob a lagoa azul clara. Quase
transparente, então quando a gente vem pra cá sempre contam a historia de que a
lagoa é mágica por que o cavalheiro que se lavou ali, venceu todas as guerras das
quais participou depois.
Sim, parece um monte de bobagem e ninguém realmente acredita nisso de que esse
guerreiro mágico seria tipo um Aquiles da vida, mas todo mundo adora saltar de
uma pedra alta que tem ao lado da lagoa e se jogar lá dentro.

Eu prefiro me sentar e ficar na minha a beirada da pequena praia próxima a


lagoinha enquanto observo o povo rindo e se jogando da pedra.

Sorri ao ver o Harry se jogando de costas, juntamente com o Steven, Kerin, Raven,
Loueu, Paul, e todo o resto dos meninos da nossa sala enquanto as meninas
brincavam na água e gritavam pra eles se jogarem.

Os risos, e os gritinhos me invadiam enquanto eu os observada. Não tinha vontade


de entrar na água hoje, eu gosto de água, mas muita gente a estraga. Eles riram, e
se divertiram enquanto eu os olhava e procurava sem querer pelo Steven que
afundava o Harry pelo que seria a quinta vez embaixo d'água.

Ele riu enquanto o Harry voltava a superfície e lhe dava uns soquinhos de
brincadeira. Sorri pra cena, enquanto me esticava na pequena praia da lagoa e
olhava pelo buraco do "teto" da gruta por onde o Sol entrava e iluminava esta.

Pensei em como Deus criou bem o mundo, em como pensou em cada detalhe e fez as
coisas de um jeito que nos deixam admirado. Como pode uma caverna que
teoricamente era pra ser escura ser iluminada e tão ilumidada por uma pequena
abertura?

Era lindo, e perfeito.

Fiquei olhando o detalhe até que um jato de água me molhou.

Olhei pra um Steven sorridente na água clara.

- Vem brincar Princesinha... Vem? Disse, me chamando enquanto batia as mãos na


água.

Não queria, mas aquele sorriso... Só o seu sorriso me fazia arrepiar cada fibra do
meu ser. Era tudo tão confuso. Não sabia por que sentia tudo aquilo, apenas
sentia... E cá entre nós, eu gostava daquelas sensações.

Mas recusei entrar na água, assim que me lembrei dele falando com o Stefan: Por
que ia querer alguém como ela?

Não queria estar perto dele. Não sabendo que não quer nada com "alguém como eu"
e... Sem entender a quantidade de sentimentos que tenho por ele, queria ficar longe
e perto ao mesmo tempo, mas achei melhor não. Fora isso, não gosto de estar na
água com tantas pessoas... Ainda mais na lagoa que é pequena, no mar ainda dá pra
se distanciar e buscar um lugar tranquilo e isolado, ali na lagoa pequena não...

- Ah Princesinha... Vem, anda logo? Insistiu, batendo na água e espirrando-a no


meu rosto.

Sequei a água, ignorando sua provocação pra entrar na água e neguei com a cabeça
novamente...

Escutei ele suspirar.

- Por que não?

Dei de ombros.

- Então é simplesmente não? Insistiu, me olhando da água.

Assenti e ele se virou pra voltar as pessoas na água e brincar com o pessoal.

Eu não queria ficar ali... Preferia a praia, mas não tinha opção, meio que no
acampamento onde um estava, geral tinha que estar, pra gente não se perder...
Como se fosse possível, mas enfim...

Fiquei ali escutando os gritinhos das meninas e olhando o teto da gruta enquanto
ignorava tudo à minha volta.

Babaca- Steven.

Porra... Ela... É... Complicada.

Não sei por que me sinto assim tão perdido em relação a Hanna quando me nega
alguma coisa, mas me sinto... Não gosto de pensar que está me recusando.

Porém, por outro lado, ela não parecia à vontade de ficar de biquíni como as outras
meninas... Ficou o tempo todo, o dia todo de short e camiseta. Não a vi tirar por
nenhum momento então talvez seja por isso, por que não queria mostrar o corpo. Me
lembro da briga que foi pra ela tirar na praia a última vez que fomos juntos e nos
beijamos...

Eu sei... Estava reaparando demais nela, mas simplesmente não conseguia...

- Ela é gostosa pra caralho né? Se ao menos ela... Fosse mais... Solta... Disse o Harry
do meu lado, captando o jeito como olhava pra Princesinha.
Ele estava tomando refrigerante em uma latinha e olhava assim como eu, encatado
a imagem da Hanna sentada na beira da praia, molhando apenas seus pés e apoiada
nas palmas das mãos enquanto admirava a paisagem da tarde.

Estava linda... Linda demais... O cabelo sempre preso num rabo balançava
suavemente ao vento... Era muito bonita. Mas, não era pra mim, nem pro Harry.

- É... Ela é linda, mas tira o olho, ok?

Harry olhou-me pelo canto dos olhos e fez desdém do meu comentário.

- Era pra eu ter desvirginado a garota se não fosse a porra de um amigo meu que é
muito estraga prazeres... Disse, apontando pra mim.

Eu tinha quase me esquecido que ele tinha pegado a Hanna, mas quando lembrei...
Me irritei. Me irritei como a porra por saber que a Princesinha já tinha sido
abusada e aquela noite quase foi novamente pela porra do meu amigo bêbado.

- Harry, pega as suas putas perfeitas e deixa a Hanna em paz, me ouviu?

Ele me encarou. Os olhos castanhos brilhando com malícia e sorriu...

- E se eu a levar pra minha barraca, vai fazer o que?

- Se tentar leva-la, arranco a cabeça do seu precioso pau... Esquece a Hanna


Caralho!

Harry riu, e ficou me olhando com cara de pena.

- Está caidinho na dela, né?

Revirei os olhos.

- Claro que não! Tô transando com a Deise, pra que eu vou querer a Hanna? É...
Inocente demais... Por isso mesmo, deixa ela na dela.

Ok, era uma baita mentira. Eu a queria justamente por causa da sua inocência...
Gostava do corpo dela, do sorriso, dos olhos... Mas, a Princesinha não é pra nenhum
de nós dois... O lance dela é aquele merda que é o Stefan. Ele pode ser irritante e
uma bosta de homem na cama, mas ao menos, ele é honesto, intrego e bondoso... E...
O mais importante: Ela gosta dele.

Vai ser melhor pra ela experimentar a primeira vez com sentimento... Ela já teve
muita coisa sem sentimento, teve muita dor... Merece... Um pouco... Um pouco de
tudo o que o Stefan possa dar à ela... Por mais que a ideia me irrite, é a verdade, ele
é o melhor pra Princesinha.

Tenho que me acostumar com isso. Harry do meu lado não disse mais nada, apenas
ficou sorrindo, igual um idiota enquanto olhávamos a Princesinha.

Ela se mexeu um pouquinho até deitar na areia e ficar ali, quietinha...

Respirei fundo enquanto a olhava... Se ela ao menos não tivesse tantos problemas...
Se... Se eu não tivesse visto sua agonia quando surtou... Se ela fosse mais...
Normal... Talvez eu pudesse te-la pra mim. Mas, mediante a tantos "Ses" resolvi
que era melhor procurar a Deise e começar a apagar o incêndio que começava no
meio das minhas pernas apenas... De olha-la e me imaginar com ela.

E assim os dias se seguiram. Eu brincava com a Princesinha, mas ela estava cada
vez mais quieta... Mais distante e isso começava a me preocupar.

Hanna ficava na dela. Enquanto todo mundo entrava na água, se divertia, bebia
envolta da fogueira, ela estava sempre distante... Sempre sozinha.

Me apertava o coração ve-la sozinha, por algum motivo bizarro eu passei a desejar
que a sua amiga loirinha estivesse ali. A Hanna não falava com ninguém, nem
mesmo comigo falava muito... Ela apenas... Ia onde íamos, seguindo e escutando,
mas sempre na dela.

E hoje, enquanto estamos todos ao redor da fogueira escutando o Reven tocar violão,
e a Jane falar sobre o vestibular, a Princesinha estava longe... Segurando as pernas
e olhando o céu... Tão sozinha.

Resolvi ir lá e falar com ela. Afinal, apesar de todo meu desejo, ainda sou seu amigo,
não é?

Maluquinha- Hanna.

Era noite já e ainda estávamos naquele acampamento. Não aguentava mais essa
tortura.

Não era nada demais, apenas para uma experiência "nova" pra gente. O que é, na
realidade uma mentira por que sempre acampamos nos feriados, a escola nos trás. A
gente conhece tudo aqui. E estou tão cansada de ficar cercada por essas pessoas e
pela Jane. Estou me sentindo torturada. Sinto falta da Lex, do meu pai, de casa...
Sinto falta de não estar completamente sozinha, ou melhor, cercada de gente em
uma ilha que eu não gosto e não gostam de mim. Começando pela Jane, estou com
tanta raiva daquela mulher pelo que faz que... Nem sei, só quero distancia dela.

Por isso mesmo enquanto fala agora sobre o vestibular, sobre boas faculdades em
volta da fogueira, reviro os olhos a cada palavra dela.

Estou sentada bem distante de todo mundo, não queria estar na roda ouvindo a
conversa da Jane. E pra piorar estou sozinha, por que a Lex foi viajar pra casa da
mãe dela em Londres, já que é feriado aqui no Havaí. Não temos muitos feriados,
exatamente por essa razão que ela aproveitou o prolongado pra ir ver a tia Lucy.

Meu pai... Bom, ele não quis vir esse ano justamente por essa mulher... Então estou
completamente sozinha, ao mesmo tempo em que estou cercada de pessoas... E é
dessa solidão que não gosto. Eu gosto de estar sozinha, se estiver completamente,
agora cercada de gente e estar sozinha... Me faz sentir... Muito mais sozinha e é
uma solidão da qual eu não gosto. Me faz sentir estranha.

Mas, eu tive que vir pro acampamento, meu pai me obrigou.

Fiquei me perguntando o que tem por trás dessa atitude dele, ou se ele
simplesmente odeia a Jane e não quis vir enquanto olhava o céu e escutava a Jane
falando, alguém trouxe um violão e agora estão cantando alguma música antiga,
porém eu apenas olho o céu e ignoro as pessoas ao meu redor.

Nós não estamos na praia, quer dizer... Estamos mais ou menos. Estamos na praia,
mas não a praia perto de casa, não a em frente a academia.

Estamos em uma ilha afastada, meio deserta que existe nos arredores da cidade.
Sempre viemos aqui, é um lugar familiar, só que com o tempo, nós crescemos e
agora o lugar não parece tão legal.

A falta de iluminação e internet é meio torturante, quase desesperador,


principalmente por que minha amiga não esta aqui e eu não converso com o resto
das pessoas da minha sala. Enfim...

O pessoal estava reunido em volta da fogueira quase na beira da água, estavam


sentados na areia. Eu estava mais próxima as grandes palmeiras, conseguia ver as
pessoas e ouvi-las, mas minha atenção estava toda no céu, tentando identificar as
constelações.

Não vi quando ele chegou, só escutei o sussurro na minha orelha.

- Tô cansado de ouvir essa mulher! Disse com desgosto, me fazendo rir.


Olhei pra ele, sentado do meu lado de bermuda xadrez e uma regata preta.

O cabelo dele estava bem bagunçado, mas de um jeito que o fazia ficar bonitinho. E
senti aquele arrepio tão familiar agora quando olhei pro corpo dele. Eu posso ficar
longe o quanto quiser, mas sempre que o vejo as sensações me abatem quando está
perto.

Ele parece tão... Bonito. E à luz da lua cheia em que nos encontrávamos ele ficava
mais lindo ainda.

Não consigo evitar, não consigo entender de onde veio esse arrepio, essas borboletas
no meu estômago e a ansiedade que tenho de ve-lo, de estar perto, apenas pra olha-
lo, ou sentir seu perfume forte e masculino que sempre fica na minha roupa quando
estamos próximos.

Tenho tentado me afastar, mas... Quando ele aparece assim... Ele sempre aparece
assim, sem ser chamado. Tanto fisicamente, quanto nos meus pensamentos e mais
uma vez nesses dias, desejo que ele rompa a distância entre a gente e me beije de
novo.

A última vez que fez isso foi na praia, depois... Eu não sei, parece que ele se cansou
de me beijar. Tem saído com tantas garotas atualmente. Que eu contei, foram seis.
Todas foram com ele pra casa do bar, da Kiss sabe? Ele tinha me feito ir com ele
dizia que eu preciso "viver", aproveitar as coisas boas da vida .

O Steven é bobo, mas gosto de estar perto dele, apesar de nos últimos dias, depois
que vi ele agarrando a ruiva que levou praquela tenda estou tentando me manter
longe, por que naquela noite, eu chorei. Chorei muito, sem nem mesmo saber o
motivo pra isso.

- Vamos sair daqui Princesinha? Perguntou, me acordando.

Apertei mais forte minhas pernas, juntando-as no peito.

Ele parecia sinceramente, entediado.

Eu não deveria, mas... Quando olho nos olhos cor de mel dele e vejo-os brilhar como
a lua. Tenho me sentido tão sozinha que seria bom sair com ele. Só... Pra ter alguém
com quem conversar.

- Tem uma lanterna?

Ele riu, depois levantou o celular. E ascendeu a lanterna deste.


Sendo assim, me levantei.

 Babaca-Steven:

Não sei o que tem de errado com a Princesinha. Nesses últimos dias ela tem estado
muito... Distante.

Por isso a chamei pra caminhar, faz algum tempo que não fico sozinho com ela.

Desde seu surto, não vamos mais a Drink, nem a Kiss. Mas me lembro que quando
íamos, no começo é só eu e ela, a fazia beber, e sorria quando ela dizia que queria a
mesma bebida que dei pra ela naquele bar, a primeira vez que saímos realmente
juntos. E ficava babando ao ve-la comer o morango depois que a bebida acaba. Então
procuro uma distração, mas ela geralmente ia embora antes de me ver com as
meninas.

Tenho estado ocupado me "distraindo" com as outras. Mas, de certa forma sempre
penso na Princesinha.

O Stefan... Ele, ele parece ter desistido dela. A vi brincar com ele, e o vi abraça-la,
mas... Ele não tem mais aquele olhar de: Quero você. O que me confunde. E muito,
por depois do beijo que deu nela, e seu discurso, achei que estivesse realmente
interessado.

Não sei o que tem entre os dois, e nem tive tempo de perguntar à ela. Vou perguntar
hoje.

- Para ai Princesinha... Disse, quando chegamos onde eu estou acampando.

É uma área aberta no meio dos coqueiros, a Jane me xingou, disse que era pra eu
acampar na praia como todo mundo, mas... E se tiver um tsunami?

Eu quero ter tempo pra correr pelo menos. Não me anima muito ficar perto da água
e fazendo um charminho pra Jane, dizendo que sei me cuidar, ela acabou cedendo.
Não por mim, mas por que ela sabia que deixando ou não, eu ia fazer do mesmo
jeito.

- É por isso que não te vejo no acampamento? Está se isolando aqui? Perguntou a
Hanna, se escorando na árvore onde minha barraca estava armada.
Tive que amarrar duas vezes, assim como o Mestre me ensinou anos atrás quando
viemos pra cá e ele disse que se eu quisesse armar uma barraca segura, tinha que
ser presa à um coqueiro.

- É, eu não estava muito a fim de ficar no meio daquele povo, nem ficar escutando os
gemidos das meninas que vão pra barraca do Harry, se eu quisesse barulho, faria eu
mesmo. Disse, indiferente enquanto buscava minha garrafa na bolsa dentro da
barraca.

Eis outro motivo do meu esconderijo, eu trouxe bebida, claro que a Jane e o carinha
que veio com ela, o Inspetor Lionel, não aprovam essa minha atitude, apesar de eu
saber que outros alunos também trouxeram e só os esperam dormir pra beber...
Tenho... Tentado me manter longe de problemas pra não piorar a saúde da minha
mãe.

Então, nada de quebrar regras, ao menos, não ao vivo e na cara dos "Monitores".

- É... Foi o que a Princesinha disse, acho que foi a única coisa que conseguiu dizer
diante da minha afirmação, mas é verdade.

Se eu quisesse escutar as pessoas transando, eu transaria e ouviria à mim mesmo.


Não que eu já não tenha feito isso no decorrer dos dias que estamos aqui... Eu fiz,
com a Deise, não gosto de repetir, mas era a única opção que eu tinha, o resto já
peguei todas... Menos, é claro, essa que estava em pé na minha frente.

- Bom, olha o que eu trouxe... Falei, estendendo a garrafa de Askov.

Era propositalmente de morango, tenho gostado cada dia mais do gosto da fruta. E
já que não posso sentir na boca da Hanna, estou tentando experimentar na garrafa.

Ela balançou a cabeça.

- Só você... Disse, baixinho e andando um pouco pra longe.

Eu coloquei meu celular de maneira estratégica em cima da barraca pra que nos
iluminasse. Dando graças a Deus pela lanterna do Samsung ser boa pra caralho por
que estava enxergando bem a Princesinha.

Ela estava bonita, com uma camisa colorida de ombro caído com as mangas
compridas e um shortinho jeans. Um daqueles que ela vestia nos dias de limpar a
Piscina sabe? Curtinho e larguinho, assim como sua camisa.

- Você vai beber comigo né? Perguntei, abrindo a garrafa e tomando um gole.
Hanna parou de andar um momento, e olhou pros pés descalços, depois pra mim e
finalmente pra garrafa.

Ela soltou um suspiro, depois se aproximou e pegou a garrafa da minha mão. Sorri
pra ela que se sentou no chão e bebeu direto do gargalo.

Não foi nada puro a imagem que me veio a mente vendo-a beber daquele jeito, por
isso me sentei, cruzando as pernas pra aliviar a dor no meu saco.

- Você anda calada ultimamente... Falei, rompendo o silêncio que nos cercou.

Ela não tinha falado nenhuma palavra, só bebeu, assim como eu. Um passando a
garrafa pro outro, mas sem palavras.

- É por que não tenho nada pra dizer.

Sua resposta saiu simples, baixa, mas havia um sentimento escondido por trás das
palavras, algo que não consegui identificar.

- Nada mesmo? Nem sobre você e o Stefan? Nem... Nada? Perguntei, curioso, queria
saber como estava as coisas entre os dois...

Queria que o Stefan ao menos... Não sei... Nem sei se realmente quero que ele
encoste nela.

Escutei-a dar um risinho, enquanto olhava pro céu.

- Nada Steven, nada...

Outro detalhe: Ela não me chama mais de Tivie, ou Ve, nem mesmo Babaca ela me
chamou ultimamente, só "Steven". Sei que é meu nome, mas... Gosto quando os
apelidos saem da boquinha linda dela.

- Você tá com algum Problema Princesinha? Alguma coisa aconteceu? Perguntei


novamente, tentando entender qual o problema com ela, por que anda tão quieta...

Ela balançou a cabeça, negando, depois me olhou meio de lado.

- Não...

Isso também tem acontecido bastante, respostas curtas. "Sim, Não, Talvez". Ela tem
sido bem objetiva quando conversamos.
Ficamos calados por mais algum tempo, até que Princesinha resmungou, depois
tentou se levantar e quase caiu.

Me levantei rápido quando percebi que não estava tão sóbria assim, tinha bebido
demais. E eu deixei.

Segurei sua cintura, a sustentando. Aquela franja curtinha ainda estava ali, e hoje
ela estava com o cabelo preso em um rabo baixo de cavalo, caindo do lado direito de
seu corpo.

- Tá tudo bem, vou voltar pro acampamento... Disse, não muito enrolada, mas não
parecia nada sóbria.

Balancei a cabeça.

- Não vai ser bom você ir pra lá agora, espera o efeito da bebida passar um pouco,
depois você vai. Falei, ainda sustentando-a por que os passos que tentou dar foram
completamente frustrados, ela estava cambaleando.

A Princesinha me olhou nos olhos, depois sorriu, um sorriso bêbado.

- Você adora me deixar bêbada pra fazer eu ficar perto de você, né?

Sorri pra ela, principalmente pela fala enrolada e o ar bêbado como falou.

- Não é bem por isso, eu gosto de te deixar bêbada pra que você experimente, pra
que sinta como é...

A Princesinha riu e passou as mãos nos meus braços, não sei se estava distraída, ou
bêbada demais, ou apenas tentando se sustentar. Sei que ela começou a me tocar.
De um jeito... Íntimo, sem ser.

Ela não me tocou lá, mas acariciou meus bíceps, pra cima e pra baixo e a puxei pra
mais perto, involuntariamente.

Minha mão estava em seu quadril, enquanto a Princesinha parecia perdida me


tocando, e sem querer, cada vez que sua mão subia ou descia nos meus braços eu lhe
dava um aperto no quadril, forte e pulsante, como eu me sentia internamente.

Era aquela faísca de desejo novamente, muito amplificada graças a grande


quantidade de álcool no meu organismo.

As mãos dela desceram por meus antebraços, até um pouco acima de onde estavam
minhas mãos no seu quadril, depois subiram novamente, lentamente... Seguindo
algum ritmo secreto. E seus olhos perfuravam os meus. Tão brilhantes, vivos, acesos
como a lua cheia acima de nós.

Eu nem mesmo conseguia pensar em desviar meus olhos dos dela, e bem devagar a
Princesinha foi fechando os olhos e deixando suas mãos correr pelo meu peito, como
se não enxergasse, como se estivesse me explorando, conhecendo.

Foi tão lento, e fez meu corpo retesar inteiro, como se... Se nunca tivessem me
tocado.

E não tinham... Não do jeito como ela estava fazendo. Era... De algum modo, era
completamente diferente o modo como a Princesinha me tocava do jeito como as
outras me tocavam. Tinha certa... Pureza em seu toque, e conforme suas mãos iam
descendo através do meu abdómen fechei meus olhos e gemi baixinho. Era gostoso
ser tocado assim. E era... Excitante. Mais excitante que qualquer coisa que já senti.

Não vi, mas senti seus lábios nos meus quando vieram. Tão devagar, e com gosto de
morango... Por instinto, eu correspondi ao beijo, agarrando forte seu corpo,
espalmando minha mão na sua bunda e esfregando ela ali... Mas... Suas palavras
me vieram à mente: Eu queria que fosse especial desta vez...

Eu não podia tirar isso dela.

Então a soltei, me afastando e tentando acalmar minha respiração acelerada, meus


batimentos fora do compasso, e a festa que rolava no meio das minhas pernas.

Não olhei pra ela, mas escutei sua respiração, tão acelerada quanto a minha.

- Eu seu que não me quer deste jeito, mas...Você podia me deixar experimentar isso
também...

Sua voz saiu baixa, e não sei se ela tem consciência, mas estava completamente
sedutora.

Quando a olhei, a Princesinha deu alguns passos cambaleantes na minha direção e


parou com as mãos no meu peito.

- Me faz experimentar, saber como é... Sussurrou, me beijando novamente.

Eu não queria, mas... O modo sexy como disse aquilo, o modo como suas mãos
estavam no meu peito, e o modo como seu olhar esverdeado parecia brilhar está
noite, me tiraram de órbita.

Então a beijei de volta, afundando minha mão no seu cabelo.


Não tinha percebido, mas senti falta disso, da minha língua na dela, do seu corpo
preso ao meu. De correr minhas mãos pelo seu corpo. E... Esqueci. Esqueci
completamente de tudo! Nada mais importava, só que ela fosse minha.

Maluquinha- Hanna.

Minha mente estava realmente... Enuviada pela bebida. Eu... Me sentia alegre.
Aquela sensação de entorpecimento era ótima, me fazia sentir todos os meus
músculos relaxados e me deixei levar.

Sóbria eu nunca ia dizer coisas, ou ia deixar escapar coisas da minha boca como as
que disse pra ele.

Nunca ia dizer que queria, mas... Bêbada eu tenho algo pra culpar se me
arrepender.

Desde o dia em que a mãe dele me falou sobre confiar em mim mesma, tenho feito
isso. Tenho dito à mim mesma que o passado é só um monte de merda, e que aquilo
já se foi... O homem que me maltratava está preso, e nada mais daquilo pode me
atingir.

É o que repito pra mim, desde o meu surto, tem funcionado, e com o álcool no meu
sistema nervoso, ficava ainda mais fácil me sentir livre e desinibida pra fazer o que
eu quisesse.

Então o beijei, beijei como queria fazer há semanas e não fiz... Por vergonha, ou por
medo que me rejeitasse. Mas, agora não importava.

Beijei-o com a mesma força que ele fez comigo, roubando seu ar, assim como fazia
comigo.

Sua mão apertava forte minha nuca, sentia os calos da mão dele na minha pele e
aquilo causava arrepios. Ele mexia minha cabeça pra lá e pra cá enquanto sua
língua varria a minha e sua outra mão estava alojada no meu bumbum, me
mantendo fixa à ele, ao corpo dele.

Steven me apertava tão forte que eu podia sentir os músculos de seu abdómen
tencionando, cada um deles, enquanto me beijava.

Era bom, e estava me deixando mole, e quente... Completamente fora de órbita.

Puxei seus cabelos, querendo ter ele mais perto de mim ao mesmo tempo apertava
seu braço.
Naquele momento, enquanto suas mãos me apertavam, e seu corpo se mexia perto
do meu... O Steven... Parecia... Forte. Como nunca o vi antes. Ele parecia...
Incrivelmente.... Como a Lex diria: Gostoso.

- Ah... Gemi, baixinho quando ele me mordeu o lábio e depois chupou devagar.

Não sei mesmo o que estava acontecendo comigo, mas estava gostando. Estava...
Adorando.

- Olha... Olha pra mim... Sua voz grave, grossa e áspera no momento, se infiltrou em
meus ouvidos.

Me fazendo acordar das reações incríveis que nossa proximidade causava em mim.

- Você... Tem... Tem certeza?

Sorri pra ele, pelo modo como perguntou, parecia preocupado. Provavelmente... Por
que "alguém como eu" não deveria estar tentando ir pra cama com ele, fora isso,
como todo mundo diz, eu... Não era muita coisa, ele sabia sobre mim, mas não
acredito que se importa com isso, talvez apenas precisasse de um pouco de diversão.
E eu era essa diversão pra ele.

Mas não me importava... Eu não estava nenhum pouco ai aquela noite, o que a
bebida não nos faz?

- Não... Sussurrei, dando de ombros e me aproximando novamente.

- Certeza não tenho- Disse, olhando em seus olhos seus olhos mel. Olhos tão bonitos.

- Mas e daí? Estou aproveitando o momento... Continuei, e lhe beijei em seguida.

Não sei o que se passava na cabeça dele, mas na minha era exatamente isso, eu não
tinha certeza, mas... Queria aquele momento. Tinha que aproveitar.

E o Steven não fez menção de parar o que estávamos fazendo. Só me beijou daquele
jeito louco e intenso.

Quando se separou de mim, me olhou fundo nos olhos, nossas respirações pareciam
a única coisa no meio do nada. O silêncio e a lua eram os únicos a testemunhar o
que estávamos fazendo.

Steven se afastou um pouco, respirando ofegante, depois arrancou a camiseta pela


cabeça. Foi tão... Não sei bem a palavra. Foi... Deus, ele tirou a camisa do jeito
mais... Mais incrível que já vi, sem nem ao menos desviar o olhar do meu.
Ele deixou a camisa cair no chão, depois se aproximou de mim novamente.
Completamente nu, ao menos na parte de cima.

Eu já o vi sem camisa, mas era diferente. E não me contive em nenhum instante pra
tocar sua pele. Eu quis aquele dia na praia, quis acariciar pra saber como era sentir
os músculos dele se mexendo na minha mão. Então... Toquei seu peito, e ele não me
apertou perto de si, mas gemeu baixinho e jogou a cabeça pra trás.

Não sei se isso é bom., mas estava tão concentrada deixando minha mão descer pelo
seu tanquinho, contando os gominhos que nem me importei, apenas sorri ao sentir
seus músculos tencionarem sob a palma da minha mão. É gostoso. É... Incrível. Ele
é quente. Ou, apenas sua temperatura estava alta naquele momento, assim como a
minha.

Minhas mãos foram devagar, lentamente descendo, passando pelas costelas até
chegar na sua bermuda. E foi aí que a boca dele voltou pra minha.

Ele me mexeu, me fez andar até que senti uma árvore atrás de mim.

Steven puxou de leve o elástico do meu cabelo enquanto beijava meu ombro nu, com
o corpo completamente colado ao meu enquanto me apertava contra a árvore.
Depois parou por um segundos, olhando pra mim.

Delicadamente ele acariciou meu rosto, depois meu peito, até onde a blusa de ombro
caído permitia. Todo meu corpo arrepiou e minha respiração já acelerada, aumentou
o ritmo um pouco mais.

Ele me olhou por um tempo, só olhou, perfurando meus olhos com os seus. E sem
seguida, sua boca veio de encontro à minha, depois mais pra baixo e lentamente
suas mãos invadiram minha pele sobre a blusa. Primeiro devagar, no quadril.
Depois foi subindo enquanto ele me beijava o pescoço.

A coisa mais louca que eu já senti foi aquilo... Um toque íntimo. Pele com pele e a
pele calejada de suas mãos era... Era... Não sei, só me fazia sentir bem e eu não
conseguia parar de sorrir enquanto subiam e desciam no meu corpo, assim como o
corpo dele estava fazendo, ele estava se mexendo enquanto me beijava, no mesmo
ritmo de suas mãos.

Era tão bom... Não contive nenhum manifesto meu, não quis... Deixei cada gemido,
suspiro, ou movimento espelhando os dele vir até mim e me deixei levar.
- Meu Deus, você... Você tem cheiro de morango. Sussurrou ele, sua voz áspera e
rouca agora... Tão baixa, tão provocante na minha orelha.

Não pensei muito quando ele tirou minha camiseta, só ergui os braços e deixei...
Afinal, já que ia curtir o momento, tinha que ser ele completo.

- Você é gostosa Princesinha... Uma... Uma coisinha tão tímida, mas... Tão linda.

Joguei meus braços em volta de seu pescoço, me sentindo mais livre... Dane-se se
não fosse certo, eu apenas... Me sentia bem, livre..

Suas mãos na minha espinha, no meu pescoço... Em cada parte de mim... Era...
Bom... Simplesmente parecia certo.

Steven me beijou o queixo, o pescoço, depois a clavícula e mais pra baixo, me


fazendo puxar seu cabelo, foi automático. Não pude me impedir.

E gostei de ver ele sorrir com isso.

- Vou tirar essa coisa linda que está vestindo e depois vou te levar lá pra dentro.
Disse, me beijando devagar enquanto o barulho do zíper do meu shortinho rasgava a
noite enluarada junto com as nossas respirações ofegantes.

Minha mente ainda girava com a bebida, mas eu estava gostando, assim como o
resto que estávamos fazendo, parecia tão certo.

Toda adolescente normal, meio que perde assim a virgindade. E eu queria isso,
normalidade. Eu queria parar de ser "alguém como ela" queria que ele visse que eu
também sinto... Que eu também desejo essas coisas.

Meu short caiu no chão, fazendo um pequeno barulho e sorri pro Steven, que sorriu
de volta.

Não me senti nenhum pouco envergonhada, acho que é efeito da bebida essa parte...

Enfim, como o prometido ele me levou pra barraca, sorrindo.

- Você é muito linda, sabia? Disse, enquanto me fazia carinho no rosto.

Não respondi. Por que não quis. Mas, foi gostoso escutar as palavras dele naquele
modo, a voz grossa, rouca... Mais que o normal. Me fez sentir importante, me fez
sentir realmente LINDA.
Ele levou minha mão a boca, beijou a palma, depois sorriu, um sorriso torto, bonito.
Bonito como ele.

Seus lábios beijaram meus braços, e todo meu corpo, em todo canto. Com carinho,
mesmo quando ele mordia meu pescoço era gostoso.

E eu não fiquei quieta, nem apreensiva, nem... Nem nervosa como achei que ficaria,
estava relaxada, alegre, sorrindo. E minhas mãos não saíam do corpo dele também,
havia uma necessidade imensa em mim de toca-lo. De sentir sua pele lisa na minha
mão.

Subi e desci minhas mãos por seus braços, sua costa larga enquanto ele me beijava,
todo intenso novamente.

- Porra, espera... Espera só um pouquinho...

Ele falou meio gemendo e saiu de cima de mim, me apoiei nos cotovelos pra ver o
que ia fazer.

Steven tirou a roupa, toda ela, e escutei o estalo de plástico em seguida.

Com alguma parte perdida de mim, eu sabia o que era aquilo, mas não quis pensar.
E quando ele voltou com seu corpo que agora parecia enorme sobre o meu, me
deitando... Eu só conseguia o olhar nos olhos e tudo pareceu se intensificar em mim,
as batidas do meu coração eram ainda mais rápidas, como se... Se ele pudesse sair
pela minha boca. E meu estômago esfriava e revirava... Era bom, mas era
enlouquecedor.

Steven me beijou mais calmo agora, e me olhou nos olhos quando parou.

- Não me olha assim, não vou te machucar... Disse, tão sincero. Mas eu não estava
com medo, nenhum pouco.

Ele tirou meu biquíni, era um azul, sem renda, nem desenhos, nada sexys como os
da Alex, soltou primeiro a parte de cima, depois me fez sentar pra soltar a parte das
costas e puxou levemente do meu corpo quando terminou.

Sei que eu deveria ter sentido vergonha, ou qualquer coisa assim, mas não senti. Eu
apenas olhei fixo no mar dourado que eram os olhos dele e me perdi ali.

Steven beijou meus seios, e aquelas voltas do meu estômago só aumentaram... Tive
que apertar uma perna na outra por que... Nem sei, mas... Precisei.
O rosto dele estava sério, nada brincalhão, mas sério e... Ele parecia assim ainda
mais bonito.

Devagar ele beijou minha barriga, depois minhas coxas, e deslizou a calcinha
colorida que eu usava pelas minhas pernas, lentamente.

E quando voltou em cima de mim, minhas mãos foram involuntariamente tocar seu
rosto, depois seu ombro, então ele fechou os olhos, tentando controlar a respiração.

Foi como um choque quando... Quando ele...

Doeu um pouco, e soltei um gritinho por isso. Mas... No momento em que achei que
cometi o maior erro, que achei que ele ia...Ia fazer algo doloroso como aquele
homem, ele apenas parou. Esperou. E depois de uns momentos senti mais uma
parte dele em mim, depois mais uma... E apertei de leve seu ombro, mordendo
minha boca ao me dar conta que a sensação era... Ótima.

Era íntimo de um jeito... Inexplicável. Parecia que tudo era sobre sentir... Nem
tinha como não sentir nada. Era incrível demais.

E conforme o tempo passava. Conforme a respiração dele se acelerava e a minha ia


junto... Ele... Ele aumentava a pressão, o ritmo, mas... Era... Bom. Tão diferente de
tudo o que já senti.

Eu sentia cada músculo meu se apertar, músculos que eu nem mesmo conhecia
antes e... Precisava apertar o corpo do Steven, apertar minhas pernas pra que
encontrassem uma outra, o que por fim acabava apertando-o.

E então... Silêncio. Ensurdecedor, foi como um imenso blecaute. Não vi mais nada,
só... Estrelas. Muitas estrelinhas nos meus olhos fechados. Escutei meu próprio
grito estrangulado ao longe, como se estivesse escutando alguém, mas sabia que era
eu. Pouco tempo depois foi a voz do Steven que preencheu o ar. Tão grossa,
respirando pesadamente enquanto seu corpo no meu ia parando, devagar...

Nunca senti nada parecido com aquilo, não sei dar nome as coisas... Nunca me
interessei muito em perguntar sobre sexo pra ninguém, mas... Ia precisar agora, por
que precisava entender a confusão em mim. O furacão de emoções era incrível e
fiquei feliz ao lembrar dele dizendo que queima... Queima mesmo. Eu me senti
queimar cada vez que ele se mexia... Foi incrível.
O corpo do Steven ficou sobre o meu, todo seu peso em cima de mim, mas o aguentei,
apesar de me sentir muito pequena com ele ali em cima, ele parecia tão grande,
rígido, forte... Em todos os sentidos.

Sorri com o pensamento e sem perceber minhas mãos estavam acariciando o lugar
onde há pouco minhas unhas estavam cravadas em suas costas e cintura. Escutei e
senti o ronronar baixinho que veio do peito dele quando fiz isso... Era um bom sinal,
né?

Babaca- Steven.

Acho que foi a pior merda que fiz... Não por que não gostei, por que porra, foi a
melhor transa da minha vida. Mas... Por que quando a olhei nos olhos e vi seu
sorriso embebedado... Ela parecia... Feliz. E... Eu estava decepcionado comigo
mesmo.

Ela merecia mais... A Primeira vez que ela... Quer. Que ela pode escolher e faço
assim, sem me importar com qualquer coisa que tenha passado, sem me importar
que era a primeira vez! Sem me importar que isso faz mal à ela.

Só me importo agora, olhando-a sorrir pra mim, enquanto suas mãos continuam me
arrepiando o corpo todo, subindo e descendo na minha espinha.

Balancei a cabeça, querendo bater em mim!

Me tirei devagar dela, depois descartei a camisinha numa sacolinha de lixo, onde
outras, que usei com a Deise estavam.

Viu por que não presto?

O que eu acabei de fazer com ela... É errado em muitos níveis.

Sei que ela me olhava, mas não conseguia a encarar.

Só fiz isso quando escutei ela se mexendo atrás de mim.

Quando a olhei, estava terminando de fechar o biquíni bonitinho que usava e já


estava de calcinha.

Preocupação foi o que veio em mim... Junto com o sentimento gigantesco de culpa.

- Eu... É...
Não estava acostumado a perguntar isso pras garotas, então fiquei quieto por um
momento, escolhendo palavras enquanto a olhava.

- Te machuquei? Perguntei, bem baixinho, com medo da resposta.

Mas a Princesinha riu.

- Não, por que?

A voz dela saiu feliz, com um riso nesta... Ela parecia... Alegre.

Balancei a cabeça, tirando involuntariamente uns fios de sua franja que estavam
colados em sua testa.

- É... Que...

Dei de ombros por fim, por que ia dizer que ela se vestiu, mas estávamos em uma
barraca, o que esperava? Que ela ficasse nua?

Bom... Na verdade era. Mas... Enfim.

Vesti a cueca também, e deitei, olhando o teto da barraca, pensando em como fui
fraco.

Fui um merda com ela... Tirei... Tirei sua virgindade aqui, numa barraca. E pra
melhorar: Ela estava bêbada! E eu também... Como deixei isso acontecer? Pergunto
a mim mesmo, então lembro de sua voz sussurrando pra deixa-la sentir.

Mas, eu devia... Ter... Parado ela.

Escutei a Princesinha deitar do meu lado, com certa distância e... Não consegui a
olhar.

Olhar nos olhos verdes dela ia ser demais pra mim. Aqueles olhos são tão
inocentes... Tão puros.

Não consigo pensar em olha-la e o que dizer?

O que dizer pra Princesinha?

- Agora é você que está muito quieto... Sua voz doce se infiltrou nos meus
pensamentos, mas não me virei pra olha-la.

- É por que não tenho nada pra dizer. Rebati as palavras que ela usou mais cedo.
E escutei seu suspiro do meu lado.

- Certo.

Foi um simples "certo" depois escutei ela se mexendo. E quando vi, estava sentada,
soltando o zíper pra abrir a barraca.

- Onde vai?

Não quis perguntar, só que a pergunta escapou de mim sem que eu pudesse parar.

Me sustentei nos cotovelos, olhando-a de costas pra mim.

A Princesinha me olhou por um momento, antes de responder.

- Vou pro acampamento... Disse, saindo dali dentro.

Pensei em ir atrás dela. Em... Dizer qualquer coisa. Mas, eu simplesmente não sabia
o que dizer pra ela.

Não conseguia nem mesmo olhar nos seus olhos. Estava me sentindo tão culpado,
por isso fiquei onde estava, suspirando baixinho, decepcionado comigo mesmo.

Ela...

Sou tão idiota! Tão... Nem sei que palavra usar pra me descrever. Eu apenas não
presto!

Trouxe uma garota aqui ontem, e antes de ontem e... Agora... Ela esteve aqui. A
sensação dentro de mim era de que eu tinha estragado tudo. De que tinha feito tudo
errado, apesar de não ter machucado-a, nem nada parecido, apenas sentia que era
errado. Muito errado e me sentia o maior merda do mundo quando fechei os olhos e
encontrei os seus verdes nos meus todo vermelhos depois que acordou daquele
surto...

O que foi que eu fiz?

Maluquinha- Hanna.

Não esperava que ele fosse... Bonzinho. Não fazia o estilo dele, todo mundo conhece
as histórias sobre ele e como trata as garotas, talvez até por isso eu tenha ido
embora, pra ele não ter a chance de maltratar.
O único problema era que eu achei, pensei que eu e o Steven nos conhecêssemos
melhor, eu achei que por trás do babaca tinha um coração, ou ao menos alguma
parte dele que se importava comigo, mas não, ele foi comigo como foi com outras...

Naquela noite, quando sai de sua barraca e voltei meio que cambaleando pro
acampamento, eu... Me sentia tão perdida.

Eu gostei, foi... A primeira vez que senti qualquer coisa como o que aconteceu com a
gente e gostei de sentir. A sensação dentro de mim era eufórica, mas, ainda assim
não apagava a dor que estava crescendo em mim.

Eu... Ultimamente vinha pensando em como eu esperava que isso acontecesse. E


não estou nenhum pouco arrependida, por que durante o que fizemos, ele foi...
Perfeito, eu acho.

O único problema era que eu esperava que ele... Que não me quisesse apenas como
diversão, mas quando me disse que não tinha nada pra dizer percebi que pra ele foi
apenas isso... Diversão.

Possivelmente ele estava entediado e quis... Quis alguém pra se divertir.

Não quero julga-lo, até por que fui eu que quis isso, mas em alguma parte de mim
doía ao pensar que o Steven apenas... Me usou. Essa parte provavelmente era a
parte que sentia um frio na barriga e um arrepio na nuca cada vez que me lembrava
enquanto caminhava, dele me beijando, ou se mexendo... Só era...

Talvez essa parte quisesse que ele me abraçasse até eu dormir, que me fizesse
carinhos gostosos como fez antes e durante o tempo que esteve comigo.

Mas, quer saber? Tudo bem...

Dane-se essa parte que sente dor. Vou me focar na euforia que estava sentindo, no
sorriso completamente bobo que estava no meu rosto. Talvez não tenha sido como
imaginei, mas só de não ter sido doloroso e nem eu ter surtado, já foi perfeito.

Voltei pra praia sorrindo, ignorando completamente a parte que apenas queria mais
um tempo... Mais um tempinho de carinho dele, de me aconchegar com ele... De me
sentir querida... De esquecer que ele disse que nunca ia querer "alguém como eu"
pro Stefan...

- De onde está vindo? Perguntou a Deise, aparecendo na minha frente do nada.


Acho que nem tinha percebido que já tinha voltado ao acampamento, por que fiquei
surpresa de ve-la.

- Estava... Pensei e dizer a verdade, veio na ponta da minha língua pra contar à ela.
Mas parei, por alguma razão...

- Onde? Insistiu, e apenas dei de ombros, cruzando os braços.

- Não é da sua conta! Afirmei, saindo de perto dela.

- Estava na barraca do Steven?

Parei, de costas pra ela quando ouvi a pergunta.

- Não... Estava apenas caminhando. Respondi indiferente, mas o sorriso continuava


no meu rosto.

Deise riu, me olhando de cima a baixo.

- Você é tão patética... Está sorrindo como uma verdadeira idiota! E sabe? Ele nem
mesmo se importa com você... Pode tirar o sorriso do seu rosto, o Steven é assim, se
ele te comeu, e pelo seu sorriso, ele comeu, então você é só o brinquedinho dele... Um
pra ele se distrair enquanto eu não cheguei lá, agora que ele já se divertiu com uma
coisinha inexperiente e fez você pensar que tem alguma importância, ele vai se
divertir com uma mulher de verdade. Uma que sinceramente vai saber dar o que ele
quer Hanninha, ele não gosta de você, você é apenas... Distração.

Uma coisa é você pensar assim, como eu estava pensando, outra muito diferente é
escutar alguém como a Deise me dizendo isso. Toda a parte que eu tinha esquecido
da dor, veio em uma onda gigantesca quando ela terminou de falar, com tanto
desdém que... Que me fez sentir como a pessoa mais pequena do mundo.

Não demonstrei isso pra ela, só virei as costas e continuei andando. Percebendo
agora, que não tinha chegado no acampamento ainda, mas estava no caminho
realmente pra barraca do Steven quando ela me encontrou.

Então... Eu realmente era... Era apenas...

Eu sei que eu era. Mas, é tão diferente escutar. Parece que doí mais ouvir as
palavras da Deise se repetindo na minha mente, misturadas as palavras bonitas
que ele disse mais cedo, e misturadas também ao que disse pro Stefan.... Cada coisa
parecia fazer doer mais... Cada palavra que eu lembrava de escuta-lo falando doía.
Por que agora era bem real e verdade que eu fui apenas o seu brinquedinho...
Quando me deitei na barraca aquela noite, disse pra mim mesma que não ia chorar.
Mas, mesmo assim, as lágrimas saíam.

Não estava arrependida, estava apenas magoada. Nem mesmo deveria estar, eu o
conheço... Ele não presta. Só que... Pensar nele comigo, no que fez comigo e saber
que ele nem mesmo se importa, que não dá a mínima pra quantidade de
sentimentos que tenho por ele... Doí.

Sinto como se estivessem arrancando parte minha, e quero gritar, mas não grito.
Quero ir lá na barraca dele e gritar que o odeio. Que odeio ver ele com outras
garotas, que estava doendo saber que ele me usou por um momento e depois ia usar
a Deise. Queria dizer, saber nomear os sentimentos que tenho por ele... Mas não fiz
nada, por que nem mesmo sei o que estava sentindo.

Eu o odeio, sinto raiva, mas ao mesmo tempo... Percebo que gosto dele. Não teria me
entregado se não gostasse. Eu apenas não queria assumir antes por que ia doer
mais agora.

Eu neguei desde a praia, fingi que apenas o achava bonito, que entendia sua dor,
mas ainda o odiava. Só que... Isso era mentira, como eu ia odiar se... Se agora estou
aqui deitada na barraca pensando no que ele está fazendo lá? Pensando em como
deve estar rindo da minha cara junto com a Deise, por que afinal, eu sou a "coisinha
inexperiente" enquanto ela é... Deus sabe o que ela é.

Tudo o que sei é que passei a noite chorando, mesmo que não quisesse passei a noite
assim. Mas, jurei pra mim mesma que amanhã ia me levantar e apenas... Ignorar,
fingir que nada aconteceu.

Não sei se ia fazer o certo e quando peguei a pulseira que me deu na bolsa, apenas
pra dormir abraçada à ela por que parecia que aquilo era um pedaço dele, senti que
era menos certo ainda fingir que não sentia nada.

Mas... Se eu dissesse que sinto, ele ia... Apenas rir de mim. Ia dizer que a
"menininha" caiu da dele, que ele pegou e me usou, mesmo eu sendo "alguém como
eu", nem sei o que ele quer dizer com essas palavras, mas dói quando lembro dessas
palavras e o desdém que usou a proferi-las. Dói saber que sou só mais uma, tudo
dói.

Então decidi: Não sinto nada por ele. Nada. Se fui apenas seu brinquedinho, ele
também pode ser o meu... Apesar de não sentir nenhum pouco que o que fizemos
não foi importante, ia fingir que não era... É, era isso o certo a fazer.
Babaca- Steven

- Oi gostoso... A voz quente e baixa da Deise se infiltrou nos meus pensamentos.

Estava pensando nos olhos dela, no quanto ela parecia bonita sendo minha e no
quanto sou um BOSTA por pensar assim, sabendo que o que fiz foi completamente
errado.

- Vi a Hanna andando por aqui, você... Fodeu com ela?

Queria dizer que não, e principalmente queria que fosse verdade isso, mas... A Deise
é esperta, ela não me fez uma pergunta, ela fez uma afirmação.

E quando riu, tive mais certeza que ela sabia o que tinha feito.

- Ela parecia tão feliz... Tão bobinha... Como se... Se tivesse sido a primeira vez que
alguém fodeu com ela, sinceramente? Acho que ela é idiota, muito. Ninguém nos
tempos de hoje é assim como ela... Boba, do jeito como ela é... Continuou,
acariciando meu peito enquanto falava.

Estava com o antebraço cobrindo meus olhos, e respirei fundo. O toque da Deise não
parecia o da Princesinha. Ela tem as unhas extremamente grandes, exageradas, as
da Princesinha são delicadas.

Apesar de lutar não são curtas, sei que ela corta quando vai competir, mas como
estávamos há algum tempo sem participar de uma competição deixou crescer e
estavam bonitinhas, num comprimento gostoso de sentir me tocando, ou me
arranhando. Mas, as da Deise eram desconfortáveis.. Ao menos hoje estavam me
deixando desconfortável.

Odeio pensar, odeio... Odeio as palavras dela sobre a Princesinha, o quanto me fere
de um jeito profundo pensar que tirei assim a virgindade dela, mas não digo nada.
Não vou dizer uma palavra sobre isso, ninguém precisa saber com certeza que eu fui
um merda. A Princesinha saber já é horrível, se mais alguém souber, vai ser...

Só quero esquecer que fiz isso porra! Eu só quero... Esquecer que fui fraco
novamente e que dessa vez não posso culpar ninguém além de mim mesmo por isso.

Estou me odiando, de verdade por transar com a Princesinha. Foi... Maravilhoso


estar com ela, ela gostosa como o inferno, mas a culpa está me corroendo tanto que
nem consigo pensar em como foi bom gozar dentro dela, só consigo ficar... Com raiva
de mim se tenho esse pensamento.
- O que você tem, hein, gostoso?

Quase me esqueci que a Deise estava ali, apesar de ela estar me acariciando,
beijando e chupando em todo canto eu... Não consigo parar de me sentir um lixo.

- Nada, só não tô muito animado hoje D. Você devia ir... Ir pro acampamento.

Não olhei pra ela quando falei, só escutei barulho de zíper se abrindo e achei que ela
tinha me obedecido, até que tirou meu braço dos olhos.

- Olha pra mim gostoso... E vou te animar, sei que vou.

Ela estava com o cabelo curto e preto todo desarrumado, como sempre, antes eu até
"gostava" desse jeito meio maluco dela, mas aquela noite eu só queria me sentir um
merda...

- Deise olha...

Ela colocou o dedo nos meus lábios, me interrompendo.

- Shhh... Vou te animar. Disse, depois me beijou.

A boca, o pescoço, o peito... Até que atingiu o ponto onde queria.

Queria dizer que fui um cara legal e fiquei me sentindo péssimo por ter transado
com a Hanna.

Mas seria mentira, a verdade pura e crua é que fui um merda e deixei a Deise fazer
o que quis. Só que achei que o entorpecimento de transar com outro alguém faria...
Faria a culpa ir embora, porém ela só aumentou quando voltei do meu transe.

Agora estava culpado por mandar a Princesinha embora, deixar ela ir embora e a
Deise dormir na barraca comigo, não estávamos abraçados, por que como você sabe,
odeio isso, mas... Ela estava ali do meu lado, no mesmo lugar onde a Hanna esteve
antes.

Olhei pra Deise, por muito tempo. Nunca tinha feito isso antes, e naquela noite me
surpreendi por perceber que eu a estava olhando, pra buscar algum traço da
Princesinha.

Nada era nem mesmo parecido. A Hanna parecia frágil, debilitada, ao menos na
única vez que dormiu na sua cama quando estava surtando, o fato é que... Sentia
desejo de proteger a Princesinha. E fiz isso, até ser o fraco que fui está noite e
estragar tudo. E a Deise? A Deise parecia apenas... Nada.
Não tinha vontade de protege-la de nada, nem de mim, nem de nada... Tinha
vontade de foder com ela, por que ela é gostosa e estava nua ali do meu lado, mais...
Nada.

Sou um bosta, eu sei... Sei que me odeia. E deve odiar mesmo por que até eu estou
me odiando, mas nunca fui ensinado a... A não ser fraco, a não me render aos meus
instintos animais intensos e desesperados pra gozar e mais nada.

Ninguém nunca sentou comigo e conversou sobre isso... Sobre como eu deveria agir
com garotas, eu nem mesmo contei pra minha mãe quando perdi minha virgindade.
Ela acabou sabendo por tabela quando trouxe a primeira garota pra casa e ela
escutou a sinfonia.

Mas, quando quis falar comigo sobre sexo eu disse que tava tudo bem. Que sabia o
que estava fazendo e hoje? Hoje... Só sinto que sou um merda. De verdade, sinto
pela primeira vez desde que comecei a comer meninas aleatórias que faço
completamente errado. Isso por que, uma das meninas que comi aleatoriamente foi
a Princesinha.

Não conseguia parar de pensar nisso, pensar nela.

E... Não conseguia dormir. Sabia que o pessoal do acampamento deveria estar
bebendo em volta da fogueira e resolvi me vestir pra ir pra lá.

Encontrei o Harry se pegando uma garota morena, do cabelo comprido e por um


momento breve achei que fosse a Hanna, mas não... Era a Sheron, acho... É da nossa
sala.

- Ei Harry... É... Foi mal interromper gatinha, mas preciso falar com ele. Disse,
puxando o ombro do meu amigo.

A garota sorriu, e o Harry me olhou, com cara de bravo.

- Que foi? Perguntou, bebendo um gole de uma garrafa de cerveja.

- Você sabe... Sabe qual é a barraca da Princesinha?

Harry cruzou os braços, olhando pra mim com uma sobrancelha arqueada.

- Por que quer saber?

Dei de ombros, não ia contar pra ele o motivo, eu apenas precisa saber.

- Por que quero saber Harry, qual é?


Meu amigo suspirou, talvez pelo meu tom cortante e bravo quando perguntei, depois
apontou pro outro lado da fogueira.

- A dela é a vermelha, perto das rochas... Disse, bebendo novamente da garrafa.

- Valeu...

Ok eu... Não sabia o que ia dizer pra ela, não sabia nem mesmo por que queria ir lá.
Mas eu precisava cara, precisava.

Ela... Ela devia estar confusa, ela não sabe o que é sexo direito. Então deve ter
aquela ideia de menininha de que o cara vai ser um príncipe Encantado... Melhor,
eu sei que ela tem essa ideia. E sendo assim, eu no mínimo devia...

Não sei! Eu devia dizer alguma coisa pra ela... Alguma coisa boa. Mas, não sei o que
dizer. Na hora vai sair alguma coisa, só espero que seja algo bom que saia da minha
boca quando a vir.

Respirei fundo, olhando pros lados pra ver se ninguém estava vendo que eu iria
entrar ali, por que não queria me meter em problemas, mas não... Todo mundo
estava em volta da fogueira, ninguém estava olhando naquela direção.

Abri devagarinho o zíper da barraca, meu coração batia forte no peito, talvez por
medo, mas acho que estava ansioso. Eu não queria que ela me batesse, porém se ela
fizesse isso eu entenderia perfeitamente.

Só não esperei vê-la... Assim.

Ela estava toda encolhidinha, parecia que estava se escondendo e ainda vestia a
mesma roupa que esteve quando foi a minha barraca. Estava dormindo.

Por um momento me senti aliviado, até olhar direito pra ela e perceber que a
Princesinha andou chorando. Suas bochechas ainda estavam meio molhadas e
aquilo me quebrou.

Me sentei mais perto dela na barraca pequena, só agora me dando conta do quanto
essas barracas são pequenas e lembrando da minha conversa na praia com ela: Você
quer uma cama grande, cheia de rosas... E onde foi que ela acabou? Numa barraca
nojenta de um filho da puta.

Fiz um carinho devagar no rosto dela, pensando que deveria estar tão triste e
decepcionada quanto eu me sentia. Não devia ter feito isso porra! Ela... Não queria
nada assim! Não queria que fosse com um bosta como eu! Ela... Ela queria o Stefan,
que ia trata-la bem...

Por que eu sou tão idiota?! Seu rosto bonito parecia tão triste e perdido, mesmo que
ela estivesse dormindo e isso me fez lembrar daquela noite em que estava surtando.
Doía... Doía olhar pra ela, ver... Ver que provavelmente me odiava porque eu estava
me odiando. Como eu pude?! Como?!

Passei as mãos no cabelo, exasperado comigo mesmo, querendo me matar. A


Princesinha merecia mais que eu... Mais que isso.

Ela se mexeu um pouquinho, me assustando por que não queria que acordasse, se
acordasse eu provavelmente ia me matar. Não ia conseguir olhar naqueles olhos
bonitos e os ver todos vermelhos por que ela andou chorando. Chorando por que eu
fui um bosta. Por que tirei algo dela da maneira mais estupida que podia.

"Me... Me desculpa" Pedi mentalmente, escutando os suspiros e a respiração


baixinha dela, escutando ela fungar de vez enquanto, como se mesmo dormindo
continuasse chorando.

Aquilo me doeu tanto! Tanto! Ela parecia tão pequena e frágil, tão inocente e eu só
queria protege-la, de todo o mal que já havia passado, mas ai... Agi como o maldito
homem que abusava dela. Eu... Me aproveitei de que estava frágil pela bebida e...
Tirei dela pela segunda vez, algo que era só dela. Talvez não tenha rompido hímen
nenhum, mas tirei sua inocência... E isso é pior do que aquele maldito homem fez à
ela.

Provavelmente era isso mesmo que a Princesinha estava pensando agora, talvez
fosse com isso que estava sonhando. Que ódio de mim!

Eu... Eu só queria que ela ficasse bem, que esquecesse o que aconteceu com ela, que
se sentisse mais livre por isso a fiz ir comigo aos bares e tudo mais, uma vez ela
quase acabou sofrendo um acidente porque a deixei beber demais e estava muito
ocupado transando com outra menina pra me importar com ela. No dia do seu
aniversário! E agora... Agora estava aqui, na minha frente, chorando em seu sono
por que... Fui um bosta.

Eu ao menos deveria ter a deixado ficar, ter... Ter abraçado ela... Mas eu não sei
fazer essas coisas! Sou bom de cama, mas não depois disso. Eu não sei o que
supostamente esperava... Deveria ter conversado com ela, perguntado como se
sentiu, se estava tudo bem, não apenas se a machuquei... Só que não pensei nisso!
Não naquele momento, e agora só me sinto um bosta por isso.
Suspirei alto, olhando praquele rosto bonito, aquele rosto que me olhou nos olhos e
fez carinho no meu rosto antes que... Que eu... Tirasse algo assim dela.

Nunca mais a Princesinha vai esquecer isso, não é o que dizem? Eu vou ficar
marcado na vida dela e daqui a trinta anos ela vai falar pra alguém que eu fui o
maior erro que já cometeu, que... Que eu não presto!

Não sei por que, mas não gosto dessa ideia.

Passei tanto tempo a olhando, tanto tempo pensando em o que eu podia fazer pra
me redimir. Pra que me perdoasse por ser assim... Por não saber direito o que fazer
com ela. O que dizer pra ela.

Ah, Deus. Eu... Tô muito, mas muito ferrado.

Ainda bem que daqui a dois dias vamos embora, então, talvez eu... Não pense mais
nisso, nem ela e ai... Ai talvez possamos voltar a ser amigos. Eu não quero perde-la.
Não quero que me odeie! E não sei o por que disso se sei que ela vai odiar! Se não,
não teria chorado, nem estaria fungando baixinho agora.

O que eu vou fazer? Pergunto a mim mesmo enquanto a vejo encolher seu corpo já
pequeno, deixando-a com um ar inocente e frágil, que é exatamente o que ela é, e
ainda não consigo, nem quero acreditar que me aproveitei dessa menina! Podia ser
qualquer uma... Qualquer uma que não ia me importar, mas... Ela... Ela doí porra!

Eu, preciso pensar em algo, algo pra... Pra que não me odeie... Talvez se eu vier vê-
la amanhã, talvez se a gente conversar, se ela... Se abrir comigo... Contar o que
sentiu, se ficou tudo bem, eu me sinta menos culpado. É... Talvez o melhor seja
esperar pelo amanhã.

Fui sair da barraca, mas antes a olhei por mais um minuto, e aquela dor que é até
difícil descrever me percorreu inteiro e tive que lhe dar um beijo. Beija-a na testa, e
sussurrei bem baixinho:

- Por favor, não me odeie... Na esperança de que em seus sonhos ela ouvisse isso e
fosse capaz de me perdoar, por que eu acho que não serei capaz de faze-lo tão cedo.

Maluquinha- Hanna.

Quando abri os olhos na manhã seguinte, fechei-os imediatamente. Estava com uma
dor de cabeça dos infernos. Provavelmente culpa da bebida ontem...
Assim que pensei na palavra "ontem" uma serie de lembranças me percorreu, eu e o
Steven, as palavras dele depois, a Deise, tudo em uma onda devastadora e dolorida
na minha mente.

Parecia que eu tinha sido picada em muitos pedaços e depois moida novamente por
dentro. E eu só queria que tudo tivesse sido um sonho bizarro, mas o certo
desconforto que eu estava sentindo entre as minhas pernas me dizia que não... Foi
tudo verdade. Cada mísera parte das lembranças.

Respirei fundo várias vezes, sabendo que... Que ele não gosta de mim. Assim como
aquele homem maldito ele nem mesmo me deixou dormir do seu lado. Não chegou
perto de me machucar como o homem fazia, mas... Doí pensar que não me quis por
perto, mas que quis a Deise.

Foi a primeira coisa que vi aquela manhã depois que sai da barraca, os dois
caminhando juntos da mata para a praia, e eu sabia muito bem que ela tinha
dormido com ele. Não quis ficar brava, mas senti inveja... Ela pode dormir com ele,
eu não, por que? Se ele fez comigo o mesmo que fez com ela... Então, por que ela
podia dormir com ele e eu não?

Me doeu aquilo, mais do que aquele desconforto cada vez que eu me mexia que me
lembrava da minha entrega pro Steven. Eu sou uma boba completa! Como fui me
enganar e achar que... Que ele se importaria? Só porque ele era meu amigo e saía
comigo não quer dizer que ele se importaria com isso, se importaria comigo.

Virei rápido pro outro lado, querendo fazer meu caminho pros banheiros do outro
lado da praia que sim, tinha um hotel, mas o intuito era acampar ao ar livre e fui
tomar um banho.

Embaixo da água percebi o quanto meu corpo todo estava mole, de um jeito bom, eu
acho, parecia que alguém tinha me feito uma massagem gostosa, e me deixado com
todos os músculos relaxados.

Mas, a verdade era que o Babaca tinha me feito mulher, e por isso, muito
provavelmente meus músculos estavam todos assim, relaxados, leves... Era bom, em
partes. Se não me lembrasse que deixou a Deise dormir com ele e que me disse que
não tinha nada pra falar comigo, era bom... As lembranças eram boas.

Cada vez que tocava meu corpo embaixo da água quente do chuveiro, eu podia
sentir o toque dele... A lembrança era tão viva, tão gostosa. Por que será que ele me
tratou tão bem durante o que fizemos e depois foi... Tão frio?
Talvez por que ele não goste de mim, né? É óbvio!

Ah, eu só preciso esquecer isso, esquecer ele... O que fizemos e qualquer coisa assim.

Mas, eu me sentia tão diferente hoje. Me olhei no espelho do banheiro, já vestida e


não parecia haver qualquer coisa diferente em mim, porém eu me sentia diferente.
Não era nada no meu rosto, nem no meu cabelo, só... Tinha algo diferente.

Fiquei me olhando, procurando em cada parte de mim algo diferente, mas a única
coisa que achei foi uma marca no pescoço, como a que o Harry deixou em mim
naquela noite, mas estava mais suave, e menos dolorida. Mesmo assim, ainda
estava ali, no caminho entre meu pescoço e minha clavícula. Sabia que era da boca
dele, e assim que toquei a marca pareceu que uma corrente elétrica me atravessou,
me fazendo sentir... Viva.

Tão estranho, mas foi bom olhar no espelho e saber que eu estava rindo como uma
boba da sensação nova. Tinha todas as memorias em mim, o que me fez perguntar,
como eu ia... Esquecer isso? Fingir que não aconteceu se apenas de tocar um ponto
onde sei que ele tocou, tudo me vem a mente novamente? Como vou fazer isso?

Fiquei secando meu cabelo, enquanto olhava no espelho e meus olhos desciam
instintivamente pra marca, pro restante do meu corpo, pensando se... Se ele se
importava mesmo que um pouquinho comigo... Só... Só um pouco.

Mas eu sei que não, ele... Ele dormiu com a Deise... Talvez goste mesmo é dela... E
eu... Bom, comigo não foi nada.

Eu queria tanto a Alex aqui, queria sinceramente o colo de alguém pra enxugar as
lágrimas que começaram a escorrer do meu rosto sem nem serem chamadas.

Queria tanto uma mãe, alguém pra quem eu pudesse contar... Conversar. Qualquer
coisa. Eu só não queria estar sozinha.

- Ei... Foi a voz da Janne que invadiu o banheiro.

Sequei rapidamente as minhas lágrimas, envergonhada que ela me visse chorando e


fui sair rápido dali, mas ela me parou, se enconstando na porta.

- O que houve? Perguntou, com os braços cruzados e me olhando... De um jeito meio


estranho.

Balancei a cabeça, dando de ombros.


- Nada! Respondi, de um jeito áspero e irritada que esta mulher quisesse saber o
que tem de errado comigo.

Janne continou me olhando, com os braços cruzados e eu fiquei secando as merdas


daquelas lágrimas que não paravam de escorrer pelos meus olhos.

Ela soltou um suspiro.

- Eu sei que você não gosta de mim Hanna, mas... Eu posso ajudar, seja lá o que
estiver acontecendo, você pode conversar comigo.

Dei de ombros, tentando parecer indiferente, mas falhando miseravelmente por que
meus soluços começaram a sair espontaneamente, e por mais bizarro que isso possa
parecer, Jane me abraçou. A principio empurrei o corpo dela, por que... Não queria
nada dela, mas me sentia fraca, com dor de cabeça e triste demais pra recusar
compaixão.

- Ei... Desabafa comigo, sei que você acha que sou péssima influência pros alunos,
mas você pode conversar comigo Hanna, pode desabafar. O que foi que aconteceu
hein? Ontem não vi você na fogueira, nem em qualquer outro lugar, o que está
havendo?

Solucei algumas vezes mais, fungando e me sentindo no fundo do poço por essa
mulher, justo ela vir falar comigo.

- Nada... Eu tô bem, só quero ficar sozinha. Disse, saindo do banheiro sem olhar pra
Janne.

Não queria ela no meu pé. Não queria que me enchesse o saco, eu... Só queria ir pra
casa. Queria o colo do meu pai, que em todos esses anos de vida foi a única pessoa
que me deu colo. A única que me deu carinho, que aguentou meus surtos e meus
pesadelos, sem me maltratar. Ele e a Lex, claro, que estava do outro lado do mundo
agora.

Andei sem rumo pela praia, o mais longe que consegui ir de todo mundo eu fui, por
que... Não queria ver ninguém, não queria que ninguém me visse assim. Não queria
que ele me visse assim. Que soubesse que eu me importo com o que ele faz, que me
importo e que estava doendo muito saber que ele não quis ficar perto de mim, nem
um pouco que fosse...

Pensei que... Talvez, se fizesse isso, se dormisse com ele me sentiria melhor, por que
afinal, ele não era aquele maldito homem, mas ele me tratou do mesmo modo. Não
ficou comigo depois, só me usou pra conseguir o que queria depois me deixou...
Sozinha.

Estou acostumada a ficar sozinha, mas não deixa de doer só por que me acostumei a
ficar assim. Por que? Por que ele não quis dormir comigo? Não... Não fiz as coisas
certas pra ele? Fui... Fui muito inexperiente?

Talvez a Deise tenha razão, e ele não quis dormir comigo por que sou apenas a
"coisinha inexperiente". Isso me faz sentir tão triste e pequena, perdida, eu... Nunca
quis saber sobre isso por que tinha medo. Será que ele não consegue entender? Ele
me viu surtanto, me viu tendo pesadelos, ele sabe como dói, por que ele não pode
entender a minha falta de interesse em me informar sobre isso?

Ai, minha cabeça dói e não consigo entender nada. Nada. Só consigo entender que
ele não gosta de mim.

Sentei bem longe do hotel e do acampamento e fiquei olhando o mar.... Pensando,


tentando entender e achar uma resposta pra tudo... Tentando fazer a dor passar,
mas não consigo. Não consigo. Dói cada vez mais. Cada vez que vejo os dois saindo
por aquela passagem, cada vez que penso nele me tocando, cada vez que fecho os
olhos e consigo enchergar seus olhos mel brilhando nos meus... Eu queria que o
Stefan estivesse aqui.

Sei que muito provavelmente ele ia me chamar de burra, mas ao menos, ele ia me
abraçar de todo jeito se me visse chorando. Faziam anos que eu não chorava assim,
tão abertamente e por um motivo que não fossem meus surtos. E mesmo olhando o
mar ali, ele não levava minha dor embora, hoje não... Cada onda que quebrava nas
pedras parecia ser algo doloroso hoje, como se até o mar soubesse da minha dor.

As coisas na minha vida são tão difíceis... Nada é simples, nunca foi, e hoje eu me
pergunto por que... O que será que eu fiz de errado pra tudo ser... Tão horrível assim
na minha vida, pra nada dar certo.

Respirei fundo, mexendo no bolso do meu short pra encontrar aquele pequeno
pedaço dele... É só o que eu tenho, uma pulseira de anjinhos, cheia de corações que
me lembra dele. Algo tão pequeno e tão insignificante pra ele quanto eu, mas pra
mim tem tanto significado, foi o primeiro presente que ganhei de aniversário de
alguém. Ninguém me dá presentes no dia por que eu odeio essa data, me lembro que
quando era pequena, no meu aniversario as surras que aquele homem me dava
eram piores, ele me deixava sangrando e sozinha naquele quarto.
Nunca ganhei nada no meu aniversario, nem nunca quis, o Chad me deu uma vez,
mas eu só me senti, triste... Por que aquele dia, aquela data me trazia lembranças
ruins. Só que, o presente dele... Tão simples e pequeno ali na minha mão, não me fez
lembrar de nada, só... Me fez sentir que ele queria que eu fosse protegida. Ele disse
que o presente era pra me proteger. E agora... Nada mais importa. Pra ele nada
importa. Nem eu, nem a pulseira, nem a transa, nada. E eu me pergunto:

Por que ele fez tudo isso? Só pra me magoar? Só pra eu acordar hoje e saber que ele
dormiu com a Deise e me sentir pequena e insignificante? É tudo o que signifiquei
pra ele? Certo? Só diversão...

Por que isso tem que doer tanto? Por que?

Babaca- Steven.

Deus do céu se eu não achar a Hanna vou acabar enlouquecendo.

Eu... Não sei onde ela está. Estava tarde já, quase cinco horas e ela não apareceu.
Até mesmo a Janne estava preocupada. Por alguma razão quando a vi mais cedo ela
parecia completamente tensa e preocupada.

E agora, eu estou tenso e preocupado, ela acabou de falar comigo e me perguntar se


eu vi a Princesinha. E não eu não vi. Procurei ela o dia todo! O dia todo! Mas não a
encontrei, não estava na barraca, nem no acampamento, nem na mata, nem no
hotel.

Ela... Sumiu. E me deixou aqui, maluco por que estou me perguntando onde ela
anda.

Minha mente estava descontrolada! Eu pensei em varias hipóteses e nenhuma dela


me faz feliz, nenhuma delas me faz bem, só me faz ter raiva, medo e me sentir
culpado.

Sentei do lado da barraca da Hanna, e fiquei ali boa parte do dia, esperando que ela
voltasse, afinal alguma hora ela tem que voltar, certo?

Ah, Deus! Por favor! Por favor, que ela esteja bem... Peço mentalmente enquanto
passo as mãos no meu cabelo.

Estava com a cabeça enfiada nos meus joelhos, do mesmo modo como a Princesinha
faz as vezes... A lembrança dela sentada assim na academia quando está
concentrada me faz sorrir. Ela... É linda.
E pensar que ela é linda me faz lembrar de nós dois juntos, de como foi bom pra
mim, e do quanto me preocupa o que isso acarretou pra ela. Será que ela surtou?
Será que... Que ela enlouqueceu de vez por minha culpa? Eu espero que não, espero
realmente que não.

Princesinha... Onde você está?

Eu estava inquieto já, me levantei e fiquei andando como um maldito cão de guarda
envolta da barraca dela.

Ela deve estar bem, noticia ruim chega rápido Steven! Repito pra mim mesmo
enquanto ando de um lado pro outro, tentando pensar onde é que ela estaria? E com
quem? E... Se ela está machucada.... São pensamentos que me torturam de uma
forma tão... Grande! Que me faz ficar sem ar.

Sentei novamente na areia, perto da barraca dela, lembrando de como ela parecia
devastada ontem quando estive aqui... Será que ela esteve tão devastada ao ponto
de fazer alguma loucura?

Meu Deus! Isso vai me deixar louco!

Afundei minha cabeça entre meus joelhos novamente, tentando meditar. Respire,
expire... Respire, expire...

A meditação foi me acalmando aos poucos enquanto eu ia fazendo minha oração


silenciosa pra que tudo estivesse bem com ela.

Eu não sei quanto tempo depois escutei a voz, rouca, grave, e parecia
completamente emputecida, mas fiquei muito feliz de ouvi-la.

- O que está fazendo aqui?

Era a voz da Hanna, muito diferente, parecia... Cansada, magoada, talvez. Sem
nenhum pouco da doçura que falou comigo ontem. Parecia brava, chateada, mas
fiquei tão feliz de escuta-la.

- Princesinha... Foi tudo o que consegui articular enquanto olhava pra ela.

Tinha escurecido já, então deveria ser, seis, ou sete horas, mas ela estava aqui, e
isso era o que importava.

- O que está fazendo aqui?!


Sua voz soou mais estridente, quase gritada. Eu podia jurar que ela ia me bater, e
Deus, eu nunca desejei tanto que fizesse isso... Eu merecia mesmo uma surra da
Hanna. E merecia agora.

Me levantei, olhando pro seu rosto, tão bonito... Tentei não voltar meus
pensamentos pro quanto ela parecia bonita embaixo de mim ontem, mas foi meio
inevitável...

Só que o pensamento se esvaiu quando ela jogou um pedaço de metal dourado no


meu rosto, e quanto eu olhei pro que era no chão, meu coração ficou apertado,
dolorido...

- Por que fez isso? Perguntei, me agachando e pegando a pulseira que dei à ela.

Foi a única coisa pra qual eu mexi no dinheiro do meu pai pra comprar, só mexi por
que era importante pra mim dar algo bonito e significante pra ela. E depois me
matei de trabalhar no Charlie pra colocar o dinheiro da pulseira de volta no banco,
eu não queria meu pai me jogando na cara que eu mexi no dinheiro que me manda,
mas queria algo especial pra ela...

E agora, ela acabou de jogar a pulseira no meu rosto!

-Por que? Como você tem a coragem e a cara de pau de me perguntar isso?! Hum? Se
lembra do que aconteceu ontem? Ou você esqueceu por que estava bêbado?

Tinha tanta raiva e tristeza e dor em suas palavras que... Eu me senti seriamente
atingido por um soco no estômago, em cheio. Ela podia ter me batido que doeria
menos...

Engoli em seco minha dor, porque eu precisava falar com ela.

- Eu lembro Princesinha, eu... É por isso que estou aqui, pra... Conversar!

Ela riu, uma risada sarcástica, então cruzou os braços sobre o peito, como se
estivesse pronta pra uma briga.

- Agora você quer conversar? Engraçado, porque ontem você não tinha nada pra
dizer! Então, o que mudou?

Eu não sei se ela estava tentando me bater com as palavras, mas estava
conseguindo! Doeu porra! Doeu como o inferno ver ela me culpando e saber que eu
realmente tinha culpa! Doeu ver a lágrima escorrendo pelo seu rosto... Doeu
demais.
Quis me aproximar pra secar suas lágrimas, eu não estava conseguindo lidar com a
dor de ve-la chorando, mas a Princesinha deu um passo pra trás, secando ela
mesma suas lágrimas.

- Prince... Comecei, mas ela me interrompeu.

- Não me chama assim! Nunca mais olhe pra mim! Juro que se chegar a meio metro
de distância de mim Steven eu nem sei o que faço com você, mas não vai ser bom,
fica longe de mim!

Ela não chegou a gritar, mas... Não precisava. Eu gostaria que estivesse me
batendo, gostaria muito ao invés de ver o desprezo com que disse meu nome, o
desprezo com que olhou pra mim, os olhos brilhando de raiva e cheios de lágrimas...

Eu mal conseguia respirar. Olhar pra sua postura ali, me doía... Saber que eu fiz
tudo errado doía... Eu só queria que ela entedesse.... Não ia me render assim tão
fácil.

- Hanna olha, eu... Eu sei... Sei que está magoada, mas fala comigo, me diz o que
está sentindo eu... Me importo... Eu mal consegui sussurrar as ultimas palavras, foi
como se eu estivesse sendo sufocado por elas, mas tenho certeza que ela entendeu...

Ela tinha que entender.

- Se importa? Perguntou, se aproximando de mim e me olhando fundo nos olhos.

- Se você se importa, por que me deixou sozinha? Por que nem ao menos se importou
em me pedir pra ficar? Ou... Só... Conversar comigo!... Eu sei lá, qualquer coisa ia
demonstrar que você se importava, mais do que dormir com a Deise!

Acho que nunca tinha visto ninguém tão magoado, alguém que eu tenha ferido que
ficou assim, tão... Tão magoada e ver a Princesinha daquele jeito me deixou sem fala
nenhuma.

Eu abri e fechei a boca várias vezes pra tentar falar qualquer coisa, mas eu não
tinha o que dizer... Eu não sabia. O que ela queria ouvir? Que eu sinto muito?
Duvido! Que... Que foi um erro? Também não acho que seja o que qualquer garota
que perde a virgindade quer ouvir... Eu não tinha nenhuma palavra! Nenhuma!

- Hanna... Foi tudo o que saiu da minha boca quando ela deu a volta em mim e
entrou na barraca.
Queria ter entrado junto, ter... Feito alguma coisa, mas eu não tinha a mínima idéia
do que fazer. Então fiquei ali, parado, olhando o pessoal já envolta da fogueira,
festejando a última noite em que íamos passar aqui.

Amanhã a gente volta cedo pra casa, o que me faz sentir como se estivesse sendo
rasgado por dentro. Voltar pra casa? Eu quero voltar, só que agora... Agora não
quero também porque lá é mais facil da Princesinha ficar longe de mim, e essa ideia
me machuca!

Não quero que ela fique longe, eu quero... Me redimir de algum jeito. Só preciso
encontrar o jeito certo de fazer isso... Ela tem que voltar a confiar em mim, ver que
eu sou o cara legal que saia com ela, que eu não quis me aproveitar dela... Deus, eu
só preciso achar as palavras. Isso, aí talvez eu consiga me explicar pra ela.

Maluquinha- Hanna.

Estou com um ódio mortal de mim mesma! Eu não queria que ele soubesse que eu
me importo. Não queria ter chorado na frente dele, não queria ter feito o papel de
ridícula! Eu só... Nem sei o que deu em mim.

Eu queria a pulseira dele longe, queria os olhos dele longe e quero tudo o que tem
haver com ele longe de mim!

Porém, tinha alguna esperança remota dentro de mim que quando eu passasse por
ele o Babaca fosse me abraçar ou dizer que sentia muito por me machucar, eu não
sei. Só queria... Que ele demonstrasse qualquer carinho, qualquer coisa... Mas ele
apenas ficou parado ali, me olhando como se eu fosse um bicho estranho que precisa
ser estudado, o que me faz lembrar que "alguém como eu" não serve pra ele.

Estou com raiva dele e raiva de mim porque não consigo parar de chorar nem por
um minuto. Faz tempo que estou aqui soluçando feito uma retardada e ele
provavelmente está rindo horrores com a Deise da minha cara.

Quero ir pra casa! Deus, eu quero tanto o meu pai... Minha casa, meu quarto, onde...
Nada nem ninguém entra sem ser chamado. Quero paz, e distância do Steven.
Talvez seja infantil pra ele essa minha atitude, ou talvez coisa de uma menina
inexperiente, mas eu não ligo... Eu não quero ficar perto dele e sentindo a dor
acabar comigo cada vez que olho nos olhos dele e me pergunto por que ele não podia
sentir... Carinho... Amor talvez, qualquer sentimento puro por mim! Não apenas me
usar, mas foi isso que ele fez.
Preciso parar de pensar nisso, porque cada vez que penso nisso meu coração dói,
aperta, parece que ele está sendo prensado e com isso as lágrimas voltam, e o
soluços também. Me sinto tão vazia, tão indigna como me sentia quando era criança
e a madre do meu orfanato fez questão de me jogar na cara que eu nunca seria
digna de amor.

Talvez ela estivesse certa afinal, talvez o que aquele homem me fez estivesse tão
marcado em mim que ninguém é capaz de lidar com essa merda toda pra me amar...
Talvez o problema realmente seja eu... Talvez fosse melhor aquele desgraçado me
torturar a vida toda, talvez me engravidar... Eu não sei. Mas qualquer coisa seria
melhor do que me sentir um lixo condenado a solidão por causa do meu passado!

Achei que dormir com alguém fosse provar que aquilo tudo já tinha sido limpado da
minha alma. Mas eu me enganei, nada foi limpado, tudo ainda dói, de uma maneira

diferente agora, mas dói... Dói por saber que ninguém nunca vai querer mais do que
brincar comigo, do que me fazer de passatempo e depois me jogar fora.

Eu sei que o Steven disse que se importa, mas se ele se importasse, mesmo que um
pouco, será que ele não estaria aqui? Não estaria me abraçando? Ou ao menos... Não
teria dito alguma coisa pra me fazer acreditar que ele se importa de verdade?

A única resposta que tenho, é que na realidade ele não se importa, que fui seu
brinquedinho que ele se sentiu na obrigação de vir ver se eu não tinha me
desintegrado depois de ontem. Tenho certeza que o "eu me importo" dele, se referia
a justamente isso: Você surtou?

Eu sei, as pessoas sempre acham que eu vou surtar. Eu mesma achei que eu iria
surtar ontem, até preferia do que passar a noite chorando até dormir. Mas não... Só
doeu até eu não ser capaz de respirar, não teve imagens de um passado sangrento e
doloroso, não teve aquele homem pra me atormentar, só a dor...

A que machuca e me fere mais do que qualquer outra coisa que já senti, e sabe? Eu
não sei se dessa dor vou ser capaz de me recuperar algum dia.

 Babaca-Steven:

Acho que se eu não tivesse bebido toda a garrafa de vodca que eu trouxe eu estaria
bebendo agora.
Estou andando de um lado ao outro no meio desa mata, e não consigo ficar parado.
Se eu paro, a voz dela vem me assombrar: Se você se importa...

Como eu faço? Como eu mostro que eu me importo?

Estou tendo problemas pra me organizar... Eu... Tô sentindo um monte de coisas


que não conheço, mas estou num desespero tão grande pra não ver de jeito nenhum

aquele olhar mais no rosto dela. Daria tudo pra colocar um sorriso tímido e fofo dela
naquele rosto bonito.

Eu PRECISO arrumar um jeito de... De mostrar a ela o que eu sinto. Mas é ai que
mora o problema, eu não sei o que eu sinto! É... Tão confuso. Me sinto culpado, e dói
pensar nas lágrimas escorrendo por aquele rosto bonito, mas também... Também
sinto outra coisa, sinto vontade de cuidar da Hanna. Aquele desejo insano que senti
no dia em que ela esteve surtando.

Só que eu sei que ela não quer me ver, ela disse: Fica longe de mim...

E ela sabe que dormi com a Deise e isso me faz sentir como o maior cachorro do
universo, me faz sentir tão podre! Eu não tenho ideia do que eu quero... Eu só sei
que NÃO quero me sentir assim. Não quero ficar andando como um maldito cão de
guarda de um lado pro outro e não fazer nada pra amenizar isso. Não quero mais
olhar pra pulseira dela na minha mão e pensar que ela me odeia tanto ao ponto de
não querer nem um objeto que eu lhe dei por perto.

Vou ficar louco!

Preciso de um conselho... Preciso da minha mãe...

Entrei na minha barraca parecendo um maldito viciado em craque procurando a


droga pra achar meu celular.

Mas, aquela bosta estava sem sinal. Eu podia ir até o hotel pra ligar dos telefones de
lá... Só que pra isso, eu teria que passar pela barraca da Hanna...

Então não. Eu quero falar com a minha mãe primeiro. A dona Alice é... Tudo pra
mim, ela me conhece melhor que eu mesmo, quero que me ajude a colocar meus
sentimentos e minha cabeça em órbita novamente, porque agora ela está girando
em torno da Princesinha e tudo o que me disse.

Bom, sem sinal... Ótimo!


Andei mais no meio da mata e subi numa árvore imensa pra poder ligar pra minha
mãe, fiz isso algumas vezes ao longo dos dias que estou aqui, só pra saber se ela
estava bem, mas agora... Sou eu quem preciso dela.

- Steven? Sua voz saiu meio sonolenta ao telefone.

Ela geralmente dorme cedo, então apesar de ser apenas nove da noite, minha mãe
deveria estar na cama.

- Oi mãe... Disse, respirando fundo pra despejar tudo o que eu tinha pra falar.

- Oi filho, está tudo bem? Por que está me ligando tão tarde? Aconteceu algo ai no
acampamento?

Soltei um suspiro, enquanto me escorava no galho pra me sustentar melhor ali em


cima e olhava a paisagem ao longe, as ondas quebrando, a fogueira acesa meio longe
daqui...

- Aconteceu mãe, mas nada comigo... Na verdade é comigo, só não é nada


preocupante.

Escutei ela se mexendo do outro lado, e imaginei ela levantando da cama, se


enrolando num roupão pra ficar atenta a qualquer coisa que tivesse acontecido
comigo. Dona Alicia sempre se preocupa mais do que deveria.

- Steven, me diz o que houve, estou ficando preocupada! Você se machucou?

Respirei fundo, algumas vezes, antes de responder.

- Não, eu estou bem mãe, mas... Machuquei alguém... Ela me interrompeu, antes
mesmo que eu pudesse continuar.

- Você se envolveu numa briga?! Steven eu...

Agora foi a minha vez de interrompe-la, ela não precisa se preocupar comigo me
envolvendo em confusões, não mais, não quando sua saúde anda tão debilitada
recentemente.

- Mãe, relaxa, tá tudo bem, não entrei em briga nenhuma... O caso aqui é uma
garota...

Escutei ela exalar a provável respiração que estava segurando.

- Ah, uma garota? Por que não me disse isso antes de eu me preocupar tanto?
Sorri pelo seu tom calmo, ao mesmo tempo enraivecido ao telefone.

- Porque a senhora não me deu chance...

Acho que pude ve-la sorrindo.

- Ah querido, me desculpe, mas vá em frente, me diga, o que está acontecendo?

Suspirei.

- Mãe... Eu... Sei que vai ficar brava e decepcionada comigo, mas tente me ouvir
antes de me dar uma bronca, porque eu sei que eu mereço a bronca, foi até por isso
que liguei, mas me deixa explicar primeiro ok?

- Tudo bem Stevie, pode falar...

Acho que ela está preocupada novamente, talvez pelo meu tom de súplica e cansaço
ao fazer meu pedido.

- Mãe, a Hanna... Respirei fundo quando disse seu nome, porque me lembrei do
olhar no seu rosto, do desprezo, acho que nem mesmo o nome dela é mais digno de
estar na boca de um bosta como eu.

- A... Eu e ela... A gente... Mãe, sabe que eu não ligaria se não fosse importante, não
sabe? Perguntei, apenas pra adiar a provavel condenação da minha mãe quando eu
contasse o que houve.

- Sei Steven, mas está me deixando preocupada novamente, o que aconteceu ente
você e ela?

Engoli em seco a dor que me subiu ao pensar na gente junto na minha barraca, ao
pensar na Deise, ao pensar no olhar que a Hanna me deu há o que parece anos
atrás, mas faz uma hora, eu acho...

- Eu... A gente... A gente... Suspirei, querendo me dar um tapa enquanto me


segurava no galho da árvore.

- A gente transou mãe...

A linha ficou completamente muda por vários segundos, e eu podia sentir a tensão e
o desespero me subindo... O que será que minha mãe ia dizer?

Pra minha surpresa não foi a bronca que eu esperava, ela limpou a garganta do
outro lado da linda, depois sua voz voltou pra mim.
- Sim, e qual o problema disso? Você se cuidou, certo?

- Claro mãe, esse não é o problema! Disse, suspirando.

- Então qual é?

Passei a mão pelo rosto, enquanto tentava me equilibrar lá em cima da árvore.

- O problema é que... Eu sou um idiota mãe... Respondi, com um suspiro ao final,


porque por mais triste que isso fosse, era a verdade.

Esperei por repreensão, por gritos, mas minha mãe apenas suspirou junto comigo
na linha.

- Oh Steven, não diga isso, me conta, o que aconteceu?

Expliquei tudo à ela, cada detalhe de que consegui me lembrar, claro que fui
parando em partes, fechando meus olhos com dor ao lembrar da Princesinha
comigo... Mas no fim, consegui contar tudo.

- Ah Steven! Bom, podemos chamar isso da voz de repreensão da minha mãe, me


doeu como se ela tivesse me dando facadas.

- Eu sei mãe, eu não presto... Disse, com a maior sinceridade, porque não presto
mesmo.

Por alguns segundos eu não ouvi nada além da respiração calma e baixa da minha
mãe...

- Não pense assim de você mesmo, vamos analisar com calma a situação... Você me
disse que não sabia o que dizer pra ela, não é?

- É mãe, e isso me faz sentir pior ainda... Eu só não quero que ela me odeie, a ideia
de faze-la chorar, ve-la chorar por minha culpa está me matando por dentro mãe,
me ajuda com isso, o que eu falo pra ela? O que eu faço?

Acho que nunca na minha vida eu tinha falado assim de uma garota pra minha
mãe, isso provavelmente a deixou muito surpresa, porque ela ficou em silencio mais
algum tempo pra responder. E me senti torturado por esse tempo, eu ia ficar louco
com o desespero em mim se alguém não me desse um rumo.

- Oh... Foi tudo o que ela disse no começo, depois acho que se recuperou e começou a
fazer sentido.
- O que você sente por ela?

Pergunta difícil...

- Não pode simplesmente me responder o que quero saber e pular essa parte mãe?

- Me respeite Steven! E me ligou por ajuda, então vou te ajudar, vamos lá... O que
sente?

Respirei fundo, tentando pensar em tudo o que já passei com a Hanna, em todas as
vezes que quis arrancar a cabeça de algum filho da puta com os dentes pos estar
olhando pra ela, falando com ela, cercando-a...

- Ciúmes...

Escutei o risinho da minha mãe do outro lado.

- Bom, o que mais?

Fechei os olhos por um breve momento, lembrando da gente junto, lembrando dela
sendo minha naquela barraca... Isso me irrita, mas ao mesmo tempo...

- Tesão...

Silêncio por uns segundos...

- Certo, e o que mais?

- Onde quer chegar mãe?

- Responda!

Encostei minha cabeça no tronco da árvore e fechei os olhos.

É difícil falar sobre o que eu sinto...

- Eu não sei o nome mãe, eu não sei, mas quero cuidar dela... Quero que fique bem,
que fique feliz e ve-la chorar por minha causa... Simplesmente me arrebenta! Dói...
Sinto como se tivesse abusado dela, como se tivesse a violentado... Sinto como se eu
fosse o homem que a machucou, e... O pior de tudo... Me sinto como meu pai, mãe...
Sinto que roubei algo dela e depois... A deixei ir, sem nada...

Dona Alicia respirou fundo, depois expirou. Fiquei surpreso por despejar tudo isso,
eu não queria dizer tudo isso quando comecei, mas agora não parece que podia
parar.
- Quando ela sorri pra mim, me sinto no céu... Quando ela disse que queria comigo,
eu me senti no céu... Eu... Queria ela... Mas, se soubesse que iria a machucar deste
jeito...

Suspirei, batendo minha cabeça no tronco da árvore.

- Na verdade eu acho que sabia que a machucaria, eu fui egoísta mãe, eu queria
tanto ela pra mim... Queria que fosse só minha, queria que lembrasse de mim como
o primeiro, a ideia dela ser... Ser de outra pessoa é dolorosa também, mas eu sei que
deveria ter deixado ela ser de alguém melhor que eu... Só que fui egoísta... Ela
queria... Música, velas e um cara que preste. Eu fiz tudo tão errado pra ela. Eu... Só
sinto como... Como se... A tivesse perdido e não tem nada no mundo que vá me fazer
recupera-la, isso me assusta, eu nunca senti nada como isso mãe, me diz... O que
tem de errado comigo? O que eu faço pra ela? O que?

Respirei fundo depois que terminei de despejar o que sentia... Meu coração batia
forte no peito, como se eu estivesse correndo de algo, fugindo de algo.

- Você está apaixonado... A voz da minha mãe soou dentro do silêncio da mata e dos
meus pensamentos conturbados.

E quando assimilei o que ela me disse, eu quis... Fugir.

- Não! Eu não estou apixonado, isso é bobagem! Ela... Ela é uma menina linda, e...
Eu me importo com ela, mas é só isso!

Minha mãe riu.

- Ah Steven, você está com medo do que sente, eu te entendo... Estar apaixonado
assusta a gente, muito. Porque você sabe que aquela pessoa vai ser seu centro em
tudo, que seu mundo vai girar em torno dela pra faze-la feliz, eu sei que está
assustado, mas te garanto que não deve... Ela se sente assim também.

Ela sente?

Não! A Princesinha... Tem motivos de sobra pra me odiar... Ela não sente isso, e eu
também não! Não posso! Não sei lidar com isso.

- Não mãe... Ela... Ela gosta do Stefan.

Acho que nunca senti tanto um gosto amargo na minha boca do que dizer as
palavras: Ela, gosta, e Stefan na mesma frase. Se eu pudesse, teria vomitado.
A dona Alicia riu novamente.

- Ah Steven, você acha que sabe tanto sobre mulheres e não sabe nada na verdade.
Acha mesmo que ela se entregaria pra você se não sentisse o mesmo que você sente?
Hum? Pense um pouco filho...

Parei pra pensar, mas era absurda a ideia de que ela estava apaixonada por mim.
Simplesmente absurda e era algo com o qual eu não sabia lidar.

- Não! Eu tava bêbado, ela também, foi por isso que aconteceu... Só por isso.

Minha mãe riu.

- Ah Steven! Por favor! Você acha mesmo que ela estaria bêbada o suficiente pra
deixar as coisas irem tão longe assim se não quisesse? Você já a viu rejeitar homens
quando estava completamente bêbada, não foi? Então acha que beber a faria ficar
tão solta ao ponto de se entregar a você de boa vontade só por que bebeu?

Fazia sentindo, e minha mãe tinha razão, sempre que íamos a bares, ela bebia e no
dia em que bebeu pra caralho e foi embora de carro sozinha, o cara do bar estava se
insinuando pra ela, ela podia ter ficado com ele se quisesse mas rejeitou, se ela
quisesse ontem podia ter me rejeitado também. Eu perguntei se ela tinha certeza...
Mas... Será? Apaixonada? Por mim? O que foi que ela viu em mim? Eu... Não presto,
ela sabe disso. E eu? Estou apaixonado por ela? É assim que sentimos quando nos
apaixonamos?

Balancei a cabeça pra me livrar desta estrada que não me levaria a canto algum.

- Mãe, só me diz o que faço?

- Quer mesmo um conselho?

- Claro! Respondi, com convicção.

- Vai atrás dela... Ela vai estar brava, te mandar ir embora... Mas fique, vai fazer
toda a diferença.

Não vi como ficar com ela gritando pra eu ir embora podia fazer qualquer diferença.

- Como isso vai ajudar? Perguntei, meio incrédulo que ajudaria.

- Confie na sua mãe Steven, vai atrás dela...


Ela não precisava mandar novamente, aquela altura eu aceitaria se ela dissesse que
me jogar aqui de cima era o certo a se fazer pra Hanna me perdoar.

- Tudo bem, eu vou... Até amanhã mãe...

- Boa sorte, e até amanhã. Espero não ser mais incomodada esta noite! Disse, mas
acho que estava brincando.

- Te amo dona Alicia.

- Também te amo filho, agora vai logo...

Sorri pro telefone e desliguei.

Desci com cuidado da árvore e quando pus os pés no chão, corri... Como se estivesse
correndo pra minha liberdade depois de um longo tempo de cativeiro, qualquer
coisa.

Encontrei o Harry no caminho pra Barraca da Hanna, mas tava sem tempo pra ele,
eu precisava... Ve-la. Estar com ela, mesmo que fosse só por essa noite.

Longe de tudo, perto das rochas sua barraca solitária estava, eu conseguia ouvir os
soluços mesmo do lado de fora. Doeu, muito... Ela ainda estava chorando, e a culpa
ainda era minha.

Respirei fundo por uns momentos, pedi a Deus em oração que ela não me mandasse
embora, que me deixasse ficar... Secar suas lágrimas com um monte de beijos e faze-
la sorrir. Sorrir pra mim. Eu quero ser o culpado de todos os sorrisos dela. Todos
eles. Mas não dos soluços de dor que eu escutava agora...

- Ei... Sussurrei, bem baixinho quando abri a barraca. Parecia que eu estava falando
com algum animal perigoso que iria me atacar a qualquer momento, e pra te ser
sincero, tinha medo que ela o fizesse.

A Princesinha sentou rápido, meio assustada, me olhou como se não soubesse bem
quem eu era, e antes de me aproximar mais dela ascendi a lanterna do meu celular,
só pra que soubesse que era eu, que não ia fazer mal à ela.

- O... O... Que... Você.... Soluçou, se encolhendo do outro lado da barraca.

- Shhh... Disse, deixando meu celular de lado e me aproximei dela.

- Não me bate, nem grita comigo, eu não quero brigar Princesa... Eu quero... Ficar
aqui, deixa eu ficar?
O peito dela subiu e desceu varias vezes, e por mais que aquela barraca maldita
fosse pequena, parecia que havia um abismo entre a gente. Se ela dissesse pra eu ir,
eu iria... Apesar do que minha mãe disse, eu não ia ficar aqui se ela não me quisesse
perto. Esperei que ela desse o próximo passo.

Nunca senti tanta felicidade quando ela se jogou no meu peito. Acho que... Antes, eu
não estava nem respirando, porque quando ela me abraçou daquele jeito eu senti
que agora eu podia respirar, eu podia.

Ela soluçou várias vezes, e acariciei suas costas e seu cabelo, na minha melhor
tentativa de acalma-la. Tudo o que queria era que parasse de chorar, mas nada do
que fazia, nenhum dos meus toques mais delicados, que eu nunca dei em ninguém,
só aquela noite pra ela, a faziam se acalmar.

Levantei seu rosto bonito e todo molhado pro meu, olhando nos seus olhos verdes
que agora mais pareciam vermelhos e cheios de lágrimas do que outra coisa.

- Não chora assim Princesa, não faz assim comigo... Eu sei que está brava, sei que
está com raiva de mim, mas prefiro que me bata a te ver chorando... Por favor, para
de chorar.

Hanna soluçou, seu peito subiu rápido várias vezes enquanto os soluços mais
violentos que eu já vi alguém ter a abatiam.

- Você... Por que... Por... Por que tá aqui? Disse, em meio aos soluços.

Sequei algumas das lágrimas que escorriam pelo seu rosto com a ponta dos dedos,
antes de lhe responder.

- Porque estava me sentindo... Péssimo, eu... Olha... Eu não sei o que você quer
ouvir de mim, e talvez o que vá dizer faça você ficar com raiva, mas me deixa
terminar antes de tomar qualquer conclusão, tá?

Ela assentiu, várias vezes, rápido, como se estivesse louca de vontade de me ouvir.

Respirei fundo, pedindo a Deus uma iluminação, que me ajudasse a escolher as


palavras certas. Todas elas.

- Olha Princesinha, eu sei que foi a sua primeira vez de verdade... E eu nunca...
Nunca fiquei com uma garota assim, pura do jeito que você é... Eu não sabia, não
tinha a menor ideia do que te dizer. Do que você esperava ouvir, eu... Fiquei com
medo de te machucar mais do que já devia ter feito... Eu sei que queria que as coisas
fossem de outro jeito, você... Você queria e merecia uma primeira vez digna de
cinema...

Sorri ao dizer essa parte, tocando com o polegar seu rosto bonito e secando as
lágrimas que não paravam de escorrer de seus olhos, mas ao menos, os soluços
estavam diminuindo.

Então continuei.

- Mas eu fui lá e... Fiz merda. Eu sou mestre em fazer merda, é tudo o que eu
sempre soube fazer, então... Eu... Olha... Só não sabia o que fazer ao certo com você,
não sabia se você estava magoada por ser do jeito que foi, não sabia se você tinha
sentido tudo o que deveria... Eu apenas... Não sabia de muitas coisas pra arriscar.
Se eu falasse merda pra você depois da sua primeira vez, você ia me odiar pra
sempre e não queria você me odiando.... Não quero, então se quer me punir, me
bate, me xinga, mas não chora, nem... Nem fica triste assim deste jeito porque dói,
tá?

Ela piscou várias vezes, acho que pra se livrar das lágrimas restantes nos seus
olhos, ou de surpresa, e ficou me olhando... Pelo o que pareceu uma eternidade antes
de falar.

- Mas, por que você deixou ela?

Olhei pro seu rostinho, agora sinceramente parecia uma criança, confusa com o
cenho franzido.

- Por que eu deixei ela, o que? Perguntei, porque também fiquei fiquei confuso

Se você me perguntar o que eu estava fazendo nesse meio tempo, vai ficar surpreso
porque eu estava beijando todos os dedos da Princesinha. De uma mão, depois da
outra, depois a palma. Eu só queria que ela se acalmasse... E esse era meu modo de
fazer isso, não sei se estava fazendo certo, mas era a maneira que eu conhecia.

- Você... Você deixou ela dormir com você...

Hum, mordi o interior da minha boca quando escutei isso. Dei outro beijo na palma
da mão dela, antes de encarar seus olhos.

- Está falando da Deise?


Não precisava ter perguntado, eu sei, mas eu precisava de tempo pra articular uma
resposta, e para entender a pergunta da Hanna também. Por que eu deixei a Deise
dormir comigo? Eis a questão!

A Princesinha assentiu com a cabeça, e comecei a acariciar seu rosto, buscando a


resposta, mas antes que eu respondesse ela falou:

- Eu não entendo por que deixou ela ficar com você e eu não, eu fiz alguma coisa
errada pra você? Eu... Eu...

Hanna parou, mordendo a boca como se o que falou foi apenas um pensamento que
havia escapado. Mas graças a Deus por esse pensamento escapar, eu entendi... Ou
acho que entendi qual era o problema.

- Você queria ter dormido comigo?

A Princesinha piscou pra mim, depois abaixou a cabeça, parecia com vergonha, mas
eu não sei do que... Até ela... Ela contar a coisa que me fez sentir... Um lixo
novamente.

- O... Homem que me machucava... Ele... Ele... Me trancava em um quarto, eu nunca


vi muito o dia... Ou saia daquele lugar... Ele me batia, e... Fazia um monte de coisas,
depois me deixava sozinha. Eu... Não queria ficar sozinha Steven... Eu nunca quis,
me dava medo, e... Eu achei que você... Você dormiu comigo aquela... Aquela vez, eu
pensei que você ia... Ficar comigo. Mas você me deixou vir embora, e deixou a Deise
com você, por que? Eu realmente fiz... Fiz alguma coisa errada?

Acho que o que me dói mais, não é a historia em si, mas o modo como ela contou...
Eu vi a Hanna se encolher ali na minha frente o quanto pode... O que me faz
perceber, mais uma vez, o óbvio: Ela é alguém realmente muito machucada.

Eu fiquei tão sem reação por um tempo, olhando-a com a cabeça baixa, os braços a
sua volta, se abraçando, se protegendo... Se protegendo... Do homem sim, mas se
protegendo de mim...

Engoli o nó que se formou na minha garganta, antes de puxa-la pra perto.

- Olha pra mim, olha? Pedi, baixinho, delicado... Não queria que ela se assustasse.

Hanna me olhou, piscando várias vezes aqueles olhos verdes pra mim.

- Posso dormi aqui? Hoje? Sei que não é a mesma coisa, mas quero passar a noite
com você...
Ela arregalou os olhos com meu pedido, como se nunca na vida pensou que eu
pudesse querer ficar com ela. Mal sabe que eu daria muitas coisas pra ficar com
ela... Toda noite, desde a primeira vez que dormi na sua cama, eu apenas... Não
tinha coragem, nem a percepção disso antes.

- Você quer ficar? Ficar aqui?

Sorri pra ela, por mais que fosse difícil sorrir com a carga de dor de imagina-la
pequena, abusada, e trancada em um quarto escuro e sozinha...

- Quero, se você quiser que eu fique...

A Princesinha sorriu, assentindo várias vezes com a cabeça e deitando sobre o chão
da barraca.

Ela olhou pra mim, esperando... Alguma coisa, eu acho... Mas não sei o que...

Arranquei minha camisa pela cabeça, ficando só de bermuda e me deitei ao seu lado.

Hanna virou de lado pra mim, e ficamos bem próximos, nossas bocas quase
encostadas, mas eu só queria... Dar carinho à ela. Todo o carinho que eu pudesse,
não era normal pra eu fazer isso, então a tocava quase como se pudesse quebra-la se
tocasse com força demais. Pra ser sincero, estava realmente com medo de toca-la e
acabar machucando-a novamente, fiquei tão feliz de ve-la sorrir pra mim, tão feliz...
Não queria estragar isso.

- Você não respondeu minha pergunta... Ela sussurrou depois de um tempo de abrir
e fechar os olhos devagar, como se mal pudesse acreditar que eu estava ali, a
tocando com tanta delicadeza, tanto carinho.

- Que pergunta? Sussurrei de volta, meio perdido em lhe fazer carinho.

Era fantástico ve-la sorrir pros meus toques, sorriso pequenos, verdade, mas ainda
estavam ali... Ela gostava disso! De mim... Ela gostava que eu estivesse aqui, com
ela... Isso me fez sentir vários apertos no peito, de felicidade.

- Sobre a Deise... Por que ela e não eu?

Respirei fundo, antes de puxa-la mais perto pela cintura apertar forte perto de mim
e lhe dar um beijo na testa.

- Porque sou um idiota... Sussurrei, bem baixinho, enquanto lhe acariciava o rosto
com a boca.
Nunca fui assim com ninguém, nunca na minha vida tinha beijado uma garota com
tanta... Leveza, tanto carinho e paciência, e pior: Quando não estivesse com a
intenção de transar com ela.

A percepção de que eu não estava com a mínima intenção de transar com a Hanna
me fez franzir o cenho para mim mesmo, não por algum motivo especifico, apenas
porque eu nunca tinha ficado com uma menina assim, apenas pra ficar perto e faze-
la ficar bem.

- É, nisso você tem razão... Disse, bem baixinho e estava tão perdido em
pensamentos que fiquei confuso.

- Tenho razão no que?

Ela se mexeu um pouquinho, buscando meu olhos, olhei diretamente nos seus
verdes penetrantes e insistentes, antes de sorrir carinhosamente, ela retribuiu meu
sorriso.

- Você é um idiota!

Assenti pra ela, porque não dava pra negar os fatos e lhe beijei a testa novamente.

- Vai dormir Princesinha, amanhã vamos cedo embora.

Hanna deitou a cabeça do meu lado e ficou me olhando, por muito tempo, apenas
olhando

- O que foi? Perguntei, lhe fazendo um carinho no rosto.

Ela piscou algumas vezes,e não estávamos abraçados, nem agarrados, nem de
conchinha, estávamos apenas deitados de lado olhando um pro outro, como da
primeira vez que dormimos juntos.

- Você ainda vai estar aqui quando eu acordar?

Sorri pra ela, pelo seu tom receoso, com medo de que eu fosse embora enquanto
dorme.

- Sim Princesinha, vou estar bem aqui...

Ela sorriu, então fechou aqueles olhinhos e derivou ao sono. A olhei por um tempo,
pensando se era assim que deveria ser... Se era isso que ela queria e se não era, o
que mais eu podia fazer, mas depois de um tempo, acabei derivando ao sono
também.
Maluquinha- Hanna.

Acordei no outro dia com uma pequena paz em mim... Eu sabia que ele estava ali
mesmo antes de abrir os olhos e nós não precisávamos estar abraçados pra eu saber
disso. Eu sabia que ele estava, eu sentia.

E quando abri os olhos dei de cara com ele dormindo de barriga pra baixo e o rosto
virado pro lado oposto o meu, sendo assim eu não conseguia ver o seu rosto, mas
conseguia ver suas costas largas subindo e descendo lentamente, o que me dizia que
ele estava dormindo ainda.

Fiquei olhando e sorrindo, por mais que eu soubesse que ele estar aqui era meio que
por se sentir culpado, eu não me importava. Não importava o motivo ou a razão por
ele estar aqui, importava que estava.

Mordi a boca algumas vezes, decidindo se devia ou não acorda-lo, mas era cedinho e
daqui a pouco a Jane ia aparecer nos acordando mesmo pra desmontarmos o
acampamento e irmos embora.

Então resolvi acorda-lo.

Bem devagar, como eu tinha visto as pessoas fazerem nos filmes, fui acariciando
suas costas, sentindo a firmeza dos seus músculos novamente. Eu adoro isso, o modo
como ele é forte e firme... Mas ontem ele estava tão... Carinhoso, eu acho... Me
tocava com uma delicadeza que não fez na noite em que transamos. Ele não foi
áspero comigo, mas também não foi tão delicado como ontem, o que me faz pensar:
O que mudou?

Não sei, sei que não resisti enche-lo de beijos... Em toda sua costa, beijei devagar,
delicadamente... Com carinho, porque... Eu gosto demais dele, quero que ele saiba
disso, que sinta isso.

Escutei ele gemendo baixinho, suspirando, antes que mexesse seu corpo e virasse
pra cima pra me olhar. Estava meio debruçada nele, e fiquei com certa vergonha por
estar assim, mas ele sorriu, então não acho que tenha ficado bravo.

- Bom dia... Sussurrei, bem baixinho enquanto o olhava nos olhos.

Steven sorriu, depois se sentou, me fazendo sentar junto. Ele me olhou por um
tempo, de cima a baixo, e então parou, olhando pro...

- Desculpa... Disse, olhando pra marca em mim.


Ele tocou de leve e tremi, porque era como estática eu e o Steven, onde quer que ele
tocasse me fazia sentir carregada e pronta, tô sentindo tanta falta da Alex pra me
ajudar a nomear as coisas.

- Tá doendo?

Neguei com a cabeça enquanto ele passava delicadamente, muito delicadamente os


dedos na marca.

- Não quis te deixar marcada.

Dei de ombros.

- Tá tudo bem. Disse, colocando minha mão sobre a dele.

Steven me olhou fundo nos olhos, depois balançou a cabeça.

- Princesinha... Vem cá... Disse, me puxando, me colocando de costas pra ele e


fazendo cócegas em mim.

Dei risada obviamente, enquanto ele me enchia de beijos no rosto e fazia cócegas.

- Bom dia Princesa... Disse, quando parei de rir e ele me olhou nos olhos.

Sorri, mas uma coisa me veio a mente.

- Princesa? Por que não mais Princesinha?

Ele deu de ombros.

- Sei lá... Disse, coçando a nuca e franzindo o cenho como se apenas agora tivesse
percebido que me chamou de Princesa.

- Eu não posso te chamar assim? Perguntou, fazendo cara de confuso.

Dei de ombros.

- Claro que pode, eu só fiquei curiosa pra saber por que Princesa...

Steven deu de ombros.

- É... Só que... Eu nem sei por que te chamei assim, apenas... Saiu.

Sorri pra ele.


- Eu gosto de Princesa, pelo menos não soa como um xingamento igual a
"Princesinha".

Ele riu e me apertou o nariz.

- É... Então vai ser Princesa, e baby... Porque você é meu baby! Disse, depois
franziu o cenho e fez uma cara meio enojada.

- Ok, isso soou muito ridículo, o que é a minha deixa pra ir embora arrumar minhas
coisas..

Sorri, assentindo.

- Tudo bem, foi por isso mesmo que te acordei.

Ele riu.

- É... Por falar nisso, eu adorei ser acordado assim! Disse, me dando um beijo no
rosto, depois saiu da barraca.

Consegue entender ele? Pois é... Nem eu. Mas estou super feliz por ter acordado
assim com ele e melhor: Porque ele dormiu comigo, ele ficou... Porque se importa.
Não é? Mesmo que seja apenas um pouco, ele se importa. E isso me faz muito feliz
enquanto levanto pra arrumar minhas coisas.

 Babaca-Steven:

Ah cara... É tão foda tudo o que estou sentindo que... Nem sei.

Estou com medo. E o que minha mãe disse à mim no telefone não me sai da cabeça.

Apaixonado? Pela Princesinha? E ela por mim?

Não... É muita loucura, eu admito que gosto dela... Muito, mas dai a estar
apaixonado é demais.

Gostei de como ela me acordou hoje e não paro de sorrir enquanto arrumo minhas
coisas.

Desmontei a barraca, a guardei num saco, dobrei o saco de dormir e enquanto eu


pegava tudo o Harry apareceu.
- E ai cara? Disse, tocando na minha mão fazendo um alto estralo ecoar pela
floresta.

- E ai? Tá com uma cara ótima hein? Brinquei, lhe dando um soquinho no ombro.

O Harry estava com os olhos vermelhos e parecia completamente acabado o que


significa: Ressaca.

- É... Eu tô só o pó! Disse, passando a mão nas têmporas e fazendo massagem.

Sorri pra cena enquanto via se faltava alguma coisa.

- Cara, eu juro, nunca mais eu bebo! Sua voz me fez rir alto enquanto eu olhava a
pulseira que dei pra Princesinha.

Coloquei a pulseira no meu bolso, certo de que ia devolve-la à ela. Afinal, comprei
como um presente pra ela, então tenho que devolver.

- Ah Harry, não seja mentiroso amigo, nós dois sabemos que essa é uma promessa
que você não pode cumprir!

Harry riu, ainda passando as mãos na têmpora.

- É... Mas sério cara, nunca mais fico tão bêbado assim... Eu acho que isso está me
fazendo mal. Ontem por exemplo até alucinei que você me ignorou pra ir na barraca
da Hanna!

O que ele disse me fez parar completamente. O Harry estava bem ciente do que
estava falando. E quando não me viu mover um músculo...

- Filho da puta! Comeu ela? Disse, me dando um soquinho no ombro.

As palavras dele me fizeram ficar puto. Eu... Não gosto de escutar ele falando assim
da Princesinha, mas como é o Harry...

- Você comeu, não comeu?

Respirei fundo, fechando os olhos por um momento pra não realizar a imagem que
estava passando na minha mente de arrebenta-lo em pedacinhos.

- Isso não é da sua conta, mas pro seu governo, não... Eu apenas fui ve-la ontem.
Menti, fazendo uma cara cética pra ele.
Não ia deixar ninguém. Ninguém falar assim da Princesinha. Eu conheço a porra da
minha fama e sei muito bem que toda e qualquer menina que fica comigo é
considerada uma ingênua, ou uma puta, e não quero nenhuma dessas duas imagens
associadas a Princesa.

Harry suspirou.

- Ah cara, até parece! Você, indo apenas ve-la? Sério? Vai mentir pra mim?

Revirei os olhos.

- Harry, cara, eu e a Hanna não temos merda nenhuma, eu nunca ia transar com
ela, entendeu?

Harry me olhou de cima a baixo, depois sorriu.

- Você mente mal pra caralho cara! Disse, rindo.

E não sei por que ele disse isso, mas me condeno como a porra por ele ter me visto
indo na barraca da Hanna, se ele espalhasse isso os boatos iam começar... E não
quero a Hanna envolvida em nada disso.

- Se falar alguma merda sobre isso pra alguém, mato você! Ameacei, colocando o
dedo no peito dele.

Harry sorriu.

- Qual é cara? A gente se conhece desde pequenos, eu nunca ia contar uma parada
tua que você não quisesse, tanto que quando a Deise me perguntou ontem onde você
estava eu disse que não sabia, apesar de te ver ir na barraca da Hanna. Então
relaxa, e me conta: Comeu ou não comeu?

Ok, ele tem razão. É meu melhor amigo e confio nele... Mas ainda assim.

- Não Harry. Eu não transei com a Hanna, eu só fui ve-la e depois voltei pra cá...

Meu amigo franziu o cenho.

- Jura? Porque não te vi voltando! Qual o problema Stevie? Por que não quer me
contar sobre você e a Hanna? A gente sempre fala de tudo cara...

Afundei as mãos no meu cabelo, suspirando.


- Harry, a Hanna e eu não temos nada, ok? É bom que saiba disso e pare de falar
sobre isso... Eu fui lá, a gente conversou, e não rolou porra nenhuma além disso, ok?

Meu amigo me olhou de cima a baixo, pareceu pensar em algo pra me dizer, mas me
olhou e pensou melhor e ficou quieto. Era bom que ficasse... Escuta-lo falando da
Hanna e ser obrigado a me lembrar que transei com ela na barraca me enfurece de
um jeito que... Quase me sufoca.

Eu quero... Ontem quando estava com ela e a vi tão inocente... Fiquei pensando
sobre... Se ela queria... Se me queria. E se quiser, eu vou dar tudo o que ela quer.
Velas, música... Rosas. Tudo o que quiser.

Na minha cama... Sonhei com isso essa noite. Ela no meu quarto, na minha cama...
Só preciso que esteja sóbria e que realmente queira.

Mas, isso me dá um medo da porra... E se a Princesinha decidir que tudo foi um


puta erro? E se ela... Não gostar de mim do jeito que gosto dela?

Essas perguntas, as palavras da minha mãe e a Hanna ontem dizendo que queria
que eu dormisse com ela me confundem e me deixam com a cabeça doendo.

Então desvio o rumo dos meus pensamentos e o Harry me ajuda a levar tudo pro
ônibus.

Quando chegamos lá eu fiquei... Bobo de ver a Princesinha.

Ela fez uma trança nos cabelos e estava colocando sua bagagem no ônibus vestida
de sainha. Uma sainha vermelha e não tão curta quanto as que usou pra sair
comigo um tempo atrás, mas estava linda e um moletom azul escrito: Academia
Stewart de karatê e judô, onde os limites são todos quebrados. Logo a baixo da frase
de efeito, lia-se o nome: Hanna.

Era um contraste perfeito. Ela estava toda menina de saia e aquele moletom estava
enorme no seu corpo dando a ela um ar desleixado perfeito.

Tão bonita, me deu vontade de beija-la. Mas me contive e quando fui colocar minhas
coisas no ônibus.

A Princesinha sorriu pra mim, e eu não fiz o mesmo, tinha muita gente envolta, ao
invés de sorrir como um idiota eu pisquei pra ela, em um ato de cumplicidade e a
Princesinha sorriu mais.

Ela abaixou a cabeça e entrou no ônibus com o celular e um fone na mão.


Fiquei feito um idiota ali, guardando minhas coisas e o Harry surrou.

- Sério mesmo que vocês não tem nada? Perguntou, me dando um soco.

Dei de ombros, negando com a cabeça e me fiz de desentendido. Eu estava de bom


humor, não queria estragar pensando nas cagadas que fiz. Nem em mais nada que
não seja o sorriso bonito da Morena linda que a Hanna é.

Maluquinha- Hanna.

Nossa sala tem alunos demais. Por isso mesmo fui uma das primeiras a entrar no
ônibus. Eu queria estar sentada bem longe de todo mundo.

Por isso mesmo, me sentei lá no fundo.

Fiquei pensando enquanto colocava algumas músicas pra eu ouvir no olhar que o
Steven me deu. Naquela piscada fofa de olhos... Aqueles olhos tão lindos. Me fez
sorrir de orelha a orelha, por mais que eu não quisesse.

Estou feliz. Estou voltando pra casa. Vou voltar a ver a Alex, e além disso o
Steven foi dormir comigo.

A lembrança das suas palavras me fazem sorrir. Mas, ao mesmo tempo fiquei com
um pé atrás quando me lembrei do que disse ao Stefan...

Aquilo não me saía da cabeça, por mais que o Steven tivesse ido na minha barraca e
sido todo meigo, as palavras estavam lá... Me atormentando.

Balancei a cabeça tentando me livrar das lembranças e focando nas coisas boas que
tivemos.

Ele dormiu comigo... O pensamento nisso me fez sorrir como boba também enquanto
colocava o iPod pra tocar.

Escolhi Ed Sheeran, estava no completo clima pra voz daquele ruivo maravilhoso.

Se bem que eu prefiro um certo moreno...

Ah meu Deus! Por que estou agindo assim sobre ele? Por que fico toda mole de
pensar nele? E toda... Toda quente e desconfortável...

Preciso da Alex! Urgentemente...

Fiquei mexendo no Ipod e escutando o Ed cantar até que a risada da Deise.


Levantei o olhar pra encontra-la praticamente sentada no colo do Steven que
também estava rindo...

Pisquei pra cena, tentando entender a raiva que me subiu de repente. Deus... Eu
queria ir ali e tira-la de lá a socos! E quanto ao Steven? Eu... Eu só...

Queria gritar com ele! Como ele pode simplesmente... Simplesmente deixa-la sentar
no colo dele? Depois... Depois de ter dormido comigo? Por que ele...?

Seus olhos se encontraram com os meus e por um momento Steven piscou


novamente, então colocou a Deise no banco ao seu lado e parou de rir
completamente.

Franzi o cenho, tentando entender o que houve. Mas me virei novamente pra janela
ao meu lado e fiquei encarando a estrada.

Estava distraída de tudo quando meu celular vibrou.

"Não fique brava!"

Era uma mensagem do Steven, que fiquei entre ignorar, ou não ignorar...

Até tentei ignora-la, mas minhas mãos foram mais forte que eu e quando percebi já
estava respondendo.

"Eu não estou brava!"

Sua resposta não demorou nem cinco minutos.

"Está sim, você tinha aquele olhar assassino que geralmente tem no tatame... Não
fiz por mal..."

"Não fez o que por mal?"

" O lance da Deise no meu colo... Sério Princesa, não fique brava"

Esta ultima mensagem eu ignorei e simplesmente comecei a bater os pés no chão,


porque sim, agora eu estava brava. Apesar de não entender nada do que estava
sentindo.

Foi tudo tão rápido que não tive tempo pra pensar e analisar as coisas que sinto pelo
Steven... Eu estava tão confusa.
Sentada ali naquele ônibus e indo pra casa eu não conseguia pensar bem sobre as
coisas... Sobre ele, sobre a Deise, sobre a noite que tivemos...

Talvez eu precisasse de um tempo e uma Alex de volta pra me entender um pouco.

Respirei fundo, fechandos os olhos e aumentando a música, evitando pensar em


tudo.

 Babaca-Steven:

"Ei Princesa, sorria pra mim..."

Mandei essa mensagem pra ela logo depois de pedir que não ficasse brava.

Quando a tinha olhado através dos bancos, ela estava me olhando como se quisesse
me matar e a Deise também.

Já tinha visto aquele olhar nos olhos dela outras vezes pra mim, mas naquele
momento não gostei nenhum pouco de vê-la me olhar daquele jeito. Por isso mandei
a mensagem.

Mas a Princesinha não sorriu, nem me respondeu. Ela parecia sinceramente brava e
me senti um idiota. Principalmente por continuar conversando com a Deise quando
minha vontade era ir sentar do lado da Princesa e faze-la rir.

Mas eu fiz tantas cagagas com essa garota que a coisa toda fica difícil. Eu a odiava...
Eu a magoei, a feri inúmeras vezes, lutei com ela... E pra coroar com triunfo transei
com ela numa barraca, praticamente bêbado... Ah Deus! Por que só faço merda
quando se trata da Princesa?

Ainda tem a Deise e o fato de que não presto... Ah...

O que eu vou fazer?

Talvez... Talvez fosse melhor se a gente recomeçasse.

Sim, porque foi tudo tão rápido! Se... Talvez se agora fossemos amigos e depois
progredirmos pra algo mais fosse mais fácil decifrar o que sinto pela Princesa...
Talvez fosse mais fácil pra nós nos darmos bem.

É... De repente, pra eu me redimir de tudo precisássemos recomeçar tudo.

E essa foi a melhor ideia que eu tive.


Era isso que eu ia fazer. Cuidar da Princesa, fazer as coisas melhor pra ela...
Começar do começo...

 Maluquinha-Hanna:

Hoje estávamos na academia, como desde que voltamos a gente ficou até mais tarde.

Meu pai foi embora, agora a pouco dizendo: Se cuidem meninos.

Obviamente eu e o Steven ficamos meios envergonhados com isso... Mas o Chad


ainda não sabe o que aconteceu entre a gente na praia, eu ainda não contei, não
achei o momento.

Desde que voltamos, eu e o Steven estamos apenas parecendo amigos, como éramos
antes de tudo o que aconteceu na barraca acontecer. Não sei se ele pensa muito
sobre aquela noite, ele não fez nenhum movimento pra demonstrar isso. Não me
beijou, nem me tocou diferente, apenas é meu amigo.

Eu estou feliz saindo com o Steven e dançando com ele e tudo mais,mesmo assim eu
sinto falta de alguma coisa. Eu queria que ele dissesse algo mais sobre aquela noite,
ou que fizesse qualquer movimento sobre isso, mas ele não fez. E isso me deixa
confusa, simplesmente parece que nada aconteceu, quando tudo aconteceu e... Não
sei o que pensar.

- E ai Princesa? O que você acha de lutar comigo um pouco? Faz tempo que a gente
não luta... Disse ele, me acordando dos meus pensamentos.

Sorri pra proposta, tentando ficar como ele: Indiferente a tudo que aconteceu.

- Pode vir! Falei, me mexendo em direção ao tatame.

Steven riu, levantando as mãos e ficamos nos cercando, andando em círculos... Ele
foi o primeiro a fazer um movimento. E foi um movimento errôneo por que chutei
seu pé e ele quase caiu.

- Olha... Ela ainda sabe lutar... Disse, me provocando.

Sorri pra ele.

- Sei, e seria bom você se lembrar!


Steven riu e aproveitando minha breve distração desferiu dois golpes, mas errou os
dois... E graças aos nossos movimentos em círculos, estávamos ficando ofegantes.

- Parece que está se esquecendo do básico Steven! Falei, olhando sua postura falha,
a guarda meia baixa e os pés trocados na parte de baixo.

Desferi um golpe na sua panturrilha, fazendo-o perder o equilíbrio e cair, ai então


eu montei em cima dele, o imobilizando. Segurando as duas partes do seu kimono.

Steven riu, aquele sorriso torto e safado que antigamente me fazia querer lhe dar
uns tapas, hoje me faz querer beija-lo, querer que ele me beije.

- Eu sei que esqueci o básico, fiz de propósito!

Franzi o cenho, tentando pensar no por que ele fez isso de propósito, mas não tive
muito tempo pra pensar por que ele rolou, me fazendo cair no chão e ficando sobre
mim.

Minha respiração acelerou bem mais do que já estava tanto pela surpresa quanto
por olhar nos olhos mel do Steven sobre mim.

Ele sorriu se aproximando bem devagar e então me beijou, com suavidade... E fiquei
surpresa, mas muito satisfeita. Eu estava com tanta saudades daquilo que me
entreguei, completamente...

Babaca- Steven

Deus! Porra, puta que o pariu como é bom beija-la de novo!

Desde que voltamos a gente não se beija, eu resolvi não beija-la... Queria fazer as
coisas aos poucos, mas hoje... Hoje cara, ela tá tão bonita.... Adoro ve-la de kimono e
toda forte no tatame.... Era sacanagem não beija-la.

Eu quero ir devagar com o andar das coisas dessa vez, não quero transar com ela
ainda... Só quero esperar pra isso, fazer uma noite toda especial e tudo mais.

Mas hoje... Ela complicou a minha vida. Eu estava deitado sobre ela, beijando-a
loucamente, mesmo assim estava indo com calma, suavidade pra que ela não se
assustasse comigo.

O problema é que tem uma parte do meu corpo que eu não controlo. Ela tem vida
própria e começava a doer. Meu corpo se mexeu, querendo ter algum atrito entre
meu pau e o corpo dela e ao invés da Princesinha se fechar, me afastar, ela... A
Princesinha abriu um pouco as pernas pra mim. Timidamente, é verdade mas abriu,
me deu permissão... Pra eu fazer o que quisesse.

Deus do céu! Assim a Hanna me mata!

Me sentei rápido. E a puxei no meu colo na mesma velocidade, escutando a


respiração ofegante dela na minha orelha eu fiquei... Duro como uma maldita pedra.

Mas, eu não vou transar com ela, não no chão. Quando eu transar com a Hanna de
novo, vai ser na minha cama, com música. Velas... Tudo o que ela quiser.

Só que... Eu quero que a Hanna sinta tudo durante esse processo. Quero que ela
goze pra mim várias vezes antes de transarmos de verdade... Eu quero... Faze-la
sentir todo prazer que puder. Quero mostrar como é bom... Como é gostoso.

Por isso enquanto ela respirava ofegante na minha orelha eu deixei minhas mãos
subirem pelas suas coxas cobertas da calça do kimono, apertando forte e fui
chegando devagar ao laço deste pra abri-lo.

A Princesinha não me parou, nem mesmo quando coloquei minhas mãos dentro dele
e acariciei sua pele nua.

- Steven... Ela murmurou na minha orelha, como um pedido, ou... Não sei. Sei que
gostei, eu gosto de saber que ela gosta que eu a toque e adoro toca-la.

Fui com carinho acariciando suas costas, sua cintura, sua espinha... Depois subi
mais um pouco, tocando seu sutiã e a Princesinha suspirou baixinho, então olhou
nos meus olhos.

- O que vai fazer? Perguntou, me olhando desconfiada e descia as mãos pelo seu
corpo bonito novamente.

- Vou te tocar... Te fazer sentir prazer...

Foi quase um pedido, afinal eu não a tocava desde que voltamos. E não sei de que
maneira ela viu esse meu afastamento. Mesmo assim, eu queria que ela deixasse eu
fazer aquilo. Queria que me deixasse toca-la, dar... Um pouco de prazer à ela e hoje
a Princesinha estava sóbria, então sabia que se ela negasse, ou aceitasse, era por
que queria.

A Princesinha piscou várias vezes, ficou quase de boca aberta, eu diria.

Acho que principalmente por que minha mão estava muito próxima da sua
intimidade quando eu falei sobre faze-la sentir prazer.
- Mas... Mas... Ela balbuciou me fazendo sorrir.

- Sem mais Princesa... Só me deixa te tocar.

Era um pedido, por que sei dos problemas que ela tem... Se ela dissesse que não, eu
ia ficar triste,por que queria a fazer sentir tudo, mas ia arrumar outro jeito.

- Tá. Concordou, depois de muito olhar pra minha mão na sua barriga e pra mim ela
respondeu: Tá... Ela deixou! Ela confia!

Isso me faz feliz como a porra. Mesmo depois de eu ter tirado a virgindade dela
daquele jeito ela ainda confia em mim.

Devagar e com paciência eu fui descendo minha mão, dando a chance da


Princesinha negar, ou mudar de ideia enquanto fazia.

Ela ficou quietinha, apenas me olhando.

Tirei sua calça até o meio das pernas junto com a calcinha.

Eu sei que é estranho pra ela, mas não pra mim e quero que entenda isso, que perca
a vergonha! Que se solte e apenas sinta e como nós dois estávamos sozinhos, achei
que era o momento perfeito pra isso.

Bem lento, fui acariciando pra cima e pra baixo seu sexo, sem realmente toca -la eu
estava apenas... Brincando.

E quando a vi fechar os olhos e apertar forte meu ombro eu soube que estava
pronta.

Então a toquei devagar. Depois desci os dedos mais pra baixo e achei aquele ponto
completamente molhado.

Escutei ela gemendo e eu mesmo gemi, por que... Fico tão feliz e me sinto tão
fodastico que ela me queira ao ponto de ficar encharcada! Me faz sentir... Um cara
bom, por sei que ela não gostaria tanto de mim se eu fosse completamente mal ou se
tivesse ficado tão magoada com o que aconteceu na barraca. Então digamos que
toca-la ali, era minha forma de redenção, de saber que não foi tão errado o que fiz e
que ela quer fazer de novo e sendo assim me sinto bom.

Coloquei um dedo dentro dela, com carinho... Não queria machuca-la. E não
machuquei, ela estava excitada pra caralho... Nem era possível eu machucar, só se
eu fosse um animal!
Esperei um pouco até que se acostumasse a sensação pra começar a mover meu
dedo.

Pra frente, pra trás. Dentro e fora... E ela começou a reproduzir meus movimentos,
gemendo baixinho. Me apertando forte o ombro, suspirando.

Passei meu braço ao seu redor pra segura-la mais perto e evitar que fugisse do meu
toque quando começasse a ser mais intenso o prazer que sentia.

Meus movimentos foram ficando mais rápidos. Espelhando os dela. E os sons que
fazia... Cara. Os sons de prazer que fazia me fez... Quase me fez gozar sem ela nem
me tocar!

Eram os mesmos sons de quando estive dentro dela na barraca, e eu não posso
pensar naquela noite por que me enfurece, mas posso pensar hoje. Hoje ela está
sóbria e me deseja, do mesmo jeito que desejo ela. Então eu posso me sentir feliz
como a porra por escutar os sons que estava fazendo, e como estava se entregando.

Era... Bom demais! Era bom saber que eu fazia ela se sentir assim. Que fazia sentir
prazer e isso se espelhava naqueles sons... Ela não estava forçando-se a fazer
aqueles barulhinhos gostosos, ela estava sentindo. E isso me fez sentir também,
sentir... Um prazer da porra, por mais que não faça sentido.

Acariciei o ponto que sei onde mulheres sentem mais prazer e ela soltou um gritinho
tão gostoso, abafado pelo meu ombro que estava sendo o seu esconderijo mas mesmo
sem ver seu rosto, eu podia sentir seus tremores, sentia seus músculos tencionando
e relaxando... E me senti foda por faze-la gozar, novamente.

Ela gozou pra mim na barraca, mas não vou cantar vantagem daquela noite. Então,
hoje, oficialmente, ao menos pra mim, a Hanna teve seu primeiro orgasmo. E fui eu
que dei. Isso me faz sentir... Fodastico!

Mesmo que meu pau estivesse doendo e que não quisesse faze-la me chupar, ou
bater uma pra mim pra me aliviar, eu estava muito satisfeito.

Escutei os suspiros baixinhos da Princesinha e lhe beijei o ombro enquanto tirava


meus dedos dela. Ela tremeu um pouquinho, acho que por que a fez sentir uma onda
ainda de prazer tirar meus dedos e fiquei lhe fazendo carinho, esperando voltar do
seu transe e pensando em como eu me daria um jeito mais tarde.
Hanna me abraçou apertado antes de qualquer coisa quando saiu do seu transe, eu
não sei o que ela sente, mas eu gosto de como ela é meiga, como... Como me abraça
com carinho e hoje faz isso tão forte.

Ela acariciou meus cabelos por um tempo, ainda com o rosto escondido no meu
ombro enquanto eu beijava o seu.

- Me veste? Pediu, bem baixinho, com vergonha eu acho...

Sei que vai demorar pra que não tenha vergonha de mim, e é por isso que quero ir
com calma... Masturba-la primeiro, como se ainda não tivéssemos transado, pra que
se solte quando estivermos realmente... Transando.

Puxei sua calcinha pra cima, depois a calça, ainda com ela agarrada no meu pescoço.

Apertei seu corpo bem perto do meu quando terminei, lhe fazendo carinho na
espinha enquanto ela me fazia nos cabelos e ombros. Não sei o que se passava na
cabeça dela, então...

- Você tá legal? Perguntei, bem baixinho enquanto beijava seu ombro desnudo, já
que a parte de cima do kimono continuava aberta.

- Huhun... Respondeu, baixinho também, ainda estava escondida no meu ombro.

Não tenho a mínima ideia do por que, mas deixo-a assim por um tempo.

Ou por muito tempo, até que fiquei preocupado.

- Princesa, você está realmente bem? Perguntei, olhando pra ela.

Ou tentando por que a Princesinha estava tão escondida em mim que não vi seu
rosto.

- Eu... É...

Finalmente, ela me olhou.

- Eu... Tenho que fazer alguma coisa? Ou... Ou melhor: O que digo pra você?
Perguntou, me olhando com uma carinha de confusa e envergonhada que me fez
sorrir.

- Nada Princesa, nada... Você não precisa se esconder de mim, o que eu fiz foi pra
você... Pra que se sinta bem... Pra que sinta prazer, não precisa ficar com vergonha!
A Princesinha franziu o cenho e mordeu o lábio.

- Eu não... Não estou com vergonha... Disse, bem baixinho, completamente e


totalmente envergonhada.

Sorri pra ela, beijando seu rosto bonito.

- Está sim! Está até vermelha! Disse, só pra descontrair.

A Princesinha me olhou, horrorizada.

- Não estou não! Eu não fico vermelha!

Dei risada, assim como ela e estávamos no clima bom novamente.

Segurei seu rosto entre as mãos e a beijei delicadamente, na bochecha e a testa.

- Como está se sentindo? Perguntei, voltando ao assunto da sua sexualidade e


libertar a fera que eu sei que tem ali dentro.

Eu quero a escutar dizer que sente prazer sem sentir vergonha, quero que ela seja
livre... Afinal, ela foi presa durante muitos anos, agora tudo o que quero é liberta-la.

A Princesinha suspirou, fechando os olhos e deitando a cabeça no meu ombro.

- Me senti bem... Ainda é estranho, muito estranho tudo o que eu sinto Steven, mas
me sinto bem.

É... Não era o que eu queria escutar, mas... Melhor do que nada. E já era um
começo.

- Bom... Disse beijando-lhe a têmpora.

- Vou tomar uma ducha e vamos pra praia, tá? Perguntei, depois que parei de beija-
la.

A Princesa sorriu.

- Tá! Respondeu, levantando do meu colo e fechando rapidamente seu kimono.

Sua resposta me fez abrir um sorriso imenso, por que foi a mesma resposta que me
deu quando falei sobre toca-la, um simples "Tá" cheio de esperança e expectativa.
Fui tomar uma ducha fria que eu precisava, tomando o cuidado de acomodar minha
ereção antes de ficar em pé pra que a Princesinha não percebesse. Eu não quero
nada dela. Não quero que me toque, não quero nada...

Mentira, eu quero... Mas por livre e espontânea vontade dela, não por livre e
espontânea pressão por que eu fiz pra ela e ela tem que fazer pra mim. Eu não
quero assim, quando me tocar... Eu vou... Gozar rapidinho, por que estou esperando
tanto por isso que quando acontecer vai ser... Instantâneo, mas o fato é: Quando ela
fizer, eu quero que seja por que quis... Por que ela quis, quis conhecer à mim, ao
meu corpo... Quero faze-la querer conhecer a mim, de todas as formas.

Maluquinha- Hanna.

A gente foi a praia e ficamos olhando as estrelas. Temos ido bastante ali, mas nos
outros dias ele não tinha me beijado todo o caminho até meu carro, nem me beijado
pra ir embora, nem ficado agarrado à minha cintura. Hoje ele fez tudo isso.

Ele riu, e me fez rir... Me beijou quando dei risada da sua fala sobre as estrelas:

- As estrelas são como o sol, só que menores...

É meio óbvio isso, por isso cai na gargalhada e ele me encheu de beijos, me fazendo
cair na areia.

Eu gosto de ficar assim com ele, de estar... Embaixo dele. Gosto de ver os seus olhos
brilhando nos meus, e gosto de ver tudo escurecer lentamente enquanto me beija.

E... Meu Deus, ele me faz sentir tão bem!

Quando me tocou hoje... O modo como tocou. Foi incrível, intenso! E não esperava.
Eu não esperava que me beijasse, nem que me tocasse. Pensei que ele apenas...
Tivesse esquecido tudo, ai vem ele e me toca assim.

Foi por isso que não neguei que me tocasse, apesar de assumir que fiquei morrendo
de vergonha, eu permiti por que... Esse é ele, não é? Ele gosta de sexo... Todo mundo
sabe disso, e eu quero que me faça sentir prazer. Mesmo que seja obrigada a
assumir que não faz o mínimo sentido ele ficar tão longe por uns dias e depois me
tocar do jeito íntimo como fez hoje... Ele é confuso, e não faz nenhum sentido, eu
sei... Mas...

Eu me sinto... Viva. Ele me beijou o tempo todo enquanto seus dedos de moviam em
mim, ele me fez descobrir que sinto prazer em lugares que nunca imaginei.
É estranho pra mim, eu nunca me senti assim e tudo o que senti de prazer foi
aquela noite na barraca dele. Mas hoje ele me fez sentir novamente, fez me sentir
mole e quente e tão... Tão bem.

Eu ainda tenho problemas pra saber exatamente o que sinto, mas me sinto bem...
Me sinto... Sinto como se estivesse completamente acordada e atenta enquanto ele
fez o que fez comigo, e depois me senti tão cansada e estranha por não saber o que
sentia...

Eu... Sinto queimando, como ele disse... Me sinto pedir por mais, sinto que meu
corpo quer mais. E é estranho isso por que nunca pensei que fosse tão bom e que eu
fosse querer mais.

Enfim, eu não sei de nada relacionado ao Steven. Quando se trata dele tudo é
confuso. E prefiro não pensar nisso. Apenas me concentro numa coisa que venho
sentido à dias, desde que voltei do acampamento: Saudades dela.

- Oi Amor! Gritou a Alex assim que me viu na porta da sua casa.

Ela tinha voltado ontem, que era sexta feira e hoje que é sábado eu vim ve-la.

Ontem eu fiquei em casa tocando mensagens com o Steven e enchendo seu saco com
a sua filosofia sobre as estrelas e ele mais uma vez, não tocou no assunto do que fez
na academia, o que em partes eu agradeço, por que me sinto muito envergonhada de
lembrar e me sentir quente, sentir calor... Imagina, se ele conversasse sobre isso!

-Oi... Disse a abraçando apertado e matando as saudades.

Senti tanta falta dessa doida que quase chorei.

- Ah amiga eu sei que sou diva e que você me ama, mas não chora vai?

Dei um tapinha no seu ombro, secando uma lágrima que escorreu e a abracei
novamente.

A gente subiu as escadas rindo e se abraçando e provocando logo depois de eu dar oi


ao pai dela.

- E ai? Pode me contar tudo Alex! Como estava sua mãe? Como é Londres e os
garotos de lá... Conte tudo! Disse, me jogando na sua cama enorme, seguida por ela.

Alex sorriu, aquele sorriso meigo e malvado que senti tanta falta e começou a
dissertar sobre tudo.
Disse que Londres é pra onde quer ir depois que acabar a faculdade que aquela
cidade tem gatos demais, a pena é que não tem praia pra eles tirarem as camisas e
mostrarem o que tem.

Sorri pra ela, e pras suas histórias malucas e fiquei feliz de escuta-la dizer que sua
mãe está bem e muito feliz exercendo sua profissão de artista. A mãe da Alex pinta
super bem, tanto que no quarto da Lex existem vários quadros dela e de paisagens
que sua mãe pinta.

Enfim, eu escutei tudo, me sentindo mais livre até pra fazer alguns comentários
safados sobre os garotos de lá...

E claro a Lex não deixou nada passar.

- Agora diz você! Me conta o que eu perdi no acampamento, e o motivo desse seu
sorriso no rosto!

Mordi o lábio, lembrando imediatamente do Steven comigo na praia ontem, me


fazendo cócegas e me beijando, ou me tocando...

- Ah Meu Deus! Por abrir o jogo Hanna, me conta tudo o que houve nessas semanas
que estive fora.

Respirei fundo, pensando por onde começar...

- Ah Lex... Eu... Não sei bem como contar isso então: Eu.. Eu dormi com o Steven.
Despejei, de uma vez por que eu não tinha ideia de como dizer, como contar ou por
onde começar a contar isso à ela.

Alex ficou quieta por uns momentos, depois pegou um travesseiro e jogou em mim.

- Sua cachorra!!! Por que não me ligou?! Como pode esconder um babado desse de
mim Hanna?! Sou sua melhor amiga! Deveria ter me ligado na mesma noite!
Reclamou, me jogando vários travesseiros, mas estava rindo. Então ri junto.

- Desculpa! Mas você sabe que onde a gente fica não tem sinal e fora isso, eu achei
melhor conversar contigo sobre isso pessoalmente!

Alex riu, se jogando na cama.

- Meu Deus amiga! E como foi? Como... Você tá legal? Né?

Assenti pra ela, me deitando no seu colo.


Eu adoro fazer isso, adoro quando a Lex me dá colo e ficamos falando besteira,
geralmente é ela quem fala, mas hoje... Eu sentia necessidade de expor o que sentia.

- Ah Lex... Foi tão... Diferente do que eu esperava... Foi.. Foi tão melhor!

Ela riu, me fazendo carinho nos cabelos.

- Sério? Ele foi.. Foi bom pra você?

Assenti pra ela.

- Foi, ele... Ele... Lex ele... O que ele fez, o modo como me tratou... Foi incrível, tudo
bem que foi na barraca, mas... Foi bom.

Alex fez cara de desgosto.

- Ai Hanna! Na barraca?

Assenti, sorrindo, mesmo que o seu tom fosse de certo nojinho.

- Ah amiga, mas... Você não ficou com vergonha das pessoas te ouvirem? E... Hanna,
eu pensei que você quisesse... Algo mais... Mais especial.

Mordi o lábio e suspirei.

- Eu sei Lex... Mas, eu queria com ele, independentemente de como fosse, se fosse
com ele eu... Sabia que ia ficar bem, e foi o que aconteceu. Eu me senti... Incrível.

Alex sorriu, um sorriso imenso.

- Ah Hanna, você... Você está apaixonada por ele, não é?

A palavra já tinha passado pela minha mente, eu li muito sobre paixões, estar
apaixonada, só não sobre... Sexo. Mas li bastante sobre estar apaixonado. E eu acho
que o que estou sentindo pelo Steven é paixão. Mas não sei, acho que está muito
cedo pra tudo isso.

- Eu não sei Lex, o que eu sei é que me sinto... Livre e magnífica quando estou com
ele.

Contei sobre o que aconteceu, e sobre o lance da Deise. A Lex ficou puta. Mas no
fim, acabou concordando comigo que ele só estava tão confuso quanto eu...

- Ah Hanna, eu fico tão feliz amiga! Tão feliz por você estar feliz!
Sorri pra ela, me sentindo perfeita.

- Eu estou... Nas nuvens.

Alex riu alto, balançando a cabeça.

- Imagino, ele é lindo e... Pelos boatos da escola deve ser bom de cama, me conta, me
mata essa curiosidade! Ele é bom?

Dei risada, balançando a cabeça.

- E como é que eu vou saber disso Alex? Eu só experimentei uma vez... E foi com ele,
como posso saber se ele é bom ou não?

Alex estalou os lábios.

- Verdade, esqueci deste detalhe... Mas ele ao menos te faz gozar, certo?

Hum, era essa a palavra que eu estava procurando?

- Hum, depende, o que é exatamente: Gozar?

Lex revirou os olhos.

- Ai Deus! Como você transa com um cara e não sabe se goza ou não?

- Eu não sei o que gozar implica, me explique por favor! Pedi, meio irônica enquanto
a olhava em pé no quarto, com as mãos na cintura, parecendo aquelas diretoras de
jardim de infância.

Alex suspirou.

- Gozar Hanna... É... Ela parou, pareceu estar escolhendo as palavras pra me
explicar.

- Sabe quando vocês estão transando, ai seu coração começa a acelerar mais, assim
como vocês dois e ai tudo tenciona e depois relaxa?

Assenti pra ela, por mais que não fosse tão confortável pra mim como era pra ela
falar sobre sexo e naquele momento meu rosto estvisse quente de vergonha e meio
retorcido, eu assenti.

- Então, isso é gozar! Agora, responde, ele faz você se sentir assim ou não?

Sorri, ao me lembrar da nossa noite na barraca.


- Faz Alex, ele faz... Mas a gente realmente só... Transou uma vez... Na barraca, e
depois a gente não... Não... Foi pra cama como você diz... Mas ontem... Ontem ele...
Fez uma coisa...

Alex me olhou, com aquela cara de curiosa que eu adoro.

- O que? Perguntou, se sentando na cama do meu lado.

Contei pra ela, tirando o máximo de detalhes possíveis, fui bem objetiva e a Alex
ficou: Chocada!

- Ah meu Deus! E você? Fez o que pra ele?

Franzi o cenho.

- Como assim? Perguntei, meio confusa.

Alex deu de ombros.

- Você não fez um boquete pra ele, nem... Bateu uma? Sei lá...

- Hum... Lex, amiga... Vai com calma! Eu... Sou nova nisso, tem que me explicar.
Disse, balançando a cabeça e as mãos pra ver se entendia ela.

Alex respirou fundo, revirando os olhos azuis pra mim.

- É... Que quando um cara faz algo assim, ele espera que você faça algo pra ele
também, sabe? Um carinho mais íntimo... Chupar o instrumento, ou bater uma pra
ele... Sei lá qual é o estilo do Steven, mas considerando que ele faz a linha: Dom
Juan Cafajeste acho que ele queria algo desse tipo, você devia tentar... Agrada-lo
também, já que ele te agradou!

Pisquei algumas vezes, tentando absorver as palavras dela. Agrada-lo? E o que isso
quer dizer exatamente? O que essas palavras implicam?

A gente mudou de assunto depois disso, mas fiquei pensando nisso depois.

Será que ele espera que eu faça algo como o que fez pra mim? Espera que eu...
"Acaricie" ele da mesma forma que fez comigo? E como eu faço isso?

Eram questões que não me saiam da cabeça. Fui embora tarde da casa da Lex,
mesmo assim, aquelas palavras ainda estavam na minha mente. Iam e voltavam...
"Ei Princesa... Tudo bem?" A mensagem dele chegou bem na hora que estava com o
celular na mão pra mandar uma à ele.

Sorri pro celular e respondi.

"Oi baby, tudo sim e você?"

Resolvi chama-lo de baby por que ele tem vários apelidos pra mim, mas não consigo
pensar nos dele. Não acho "Tivie" legal... Usava apenas pra provoca-lo como ele
fazia com Princesinha, mas agora... Agora não sei mais do que chama-lo.

Eu gostaria de chama-lo de algo que fosse lembrar que sou eu que chamo. Mas não
consegui pensar me nada, então: Baby.

"Hum... Baby? Sabe? Eu quero muito te ver me chamando assim à sério! "

Sorri pra mensagem, me sentindo completamente e plenamente feliz e um pouco


mais relaxada agora, já que ele não tocou no assunto do que aconteceu ontem.

"Eu vou te chamar muito de baby daqui em diante..."

Imaginei ele deitado numa cama, em um quarto que eu nem conheço enquanto
digita a resposta.

"Por que Baby? Eu tenho cara ou jeito de bebê pra você?"

Revirei os olhos pra mensagem, por que acho que ele está sendo malicioso e ele
mesmo disse que ia me chamar de baby, então não vejo por que não posso fazer o
mesmo.

"Não! Mas não consigo te arrumar um apelido"

Demorou menos de cinco minutos pra ele me responder.

"Podia me chamar de Gostoso, eu ia adorar! "

Gostoso? Não é muito... Coisa de Puta chama-lo assim?

Não gosto de "Gostoso" quero... Outro apelido.

"Que tal safado?" Mandei, apenas por que tenho certeza de que havia maldade nele
querer que o chame de "Gostoso".

Sua resposta veio rápida novamente, então acho que ele também está deitado e com
o celular na mão.
"Combina comigo, mas prefiro gostoso!"

Hum... Não! Não me imagino chamando-o de "gostoso".

Fiquei pensando em como chama-lo e não consegui pensar em nada. Mas,


interrompendo meus pensamentos, chegou uma mensagem dele.

"Ei, você tá bem? Realmente bem... Depois de ontem?"

Sua mensagem fez meu coração acelerar. A gente não tinha falado disso e depois da
minha conversa com a Alex eu preferia não falar disso, mas respondi como podia.

"Sim Steven, eu estou... Eu disse que estava bem"

E realmente, eu tinha dito na academia que estava bem, não sei por que ele
precisava tocar nesse assunto agora.

Poucos momentos e meu celular apitou.

"É, mas eu me preocupo, não quero te fazer mal!"

Meu rosto de partiu em um sorriso quando vi li mensagem. Era bom saber que ele
se preocupa, estava pra responder sua mensagem quando meu pai bateu na porta.

- Entra pai...

Chad entrou no quarto, respirando fundo e sentou na ponta da minha cama.

- Que foi pai? Perguntei, me sentando do seu lado e deixando o celular um pouco de
lado.

Sua postura me dissse que tinha alguma coisa errada, desde que voltei ele anda
meio assim, quieto e meio alheio a tudo.

Chad me deu um sorriso fraco.

- Vim te contar por que não fui ao acampamento Pequena...

Hum, eu havia perguntado se estava tudo bem quando voltei mas o Chad disse que
estava bem e me fez sair com o Steven, e ficar bem longe de casa a semana toda,
então acabei esquecendo de perguntar novamente.

- Pode contar pai, estou aqui pra você do mesmo jeito que você sempre esteve pra
mim.
Chad sorriu, e deitou a cabeça no meu ombro. Muito estranho, geralmente sou eu
que faço isso então comecei a ficar preocupada.

- Hanna, eu estava namorando a Jane...

Abri a boca com suas palavras e busquei seus olhos, tentando ver se ele falava sério,
mas sim, ele falava. E parecia desolado.

- Eu e ela estamos brigados, briguei feio com ela por conta de sair com os alunos...
Ela me disse um monte de coisas e não estávamos nos falando desde antes do
acampamento, mas hoje ela me ligou, veio me dizer que estava preocupada com você
por que te viu chorando, então eu vim te contar isso pra saber, o motivo do choro. O
que foi? Aconteceu alguma coisa lá no acampamento?

Dei de ombros, por que não queria falar de mim naquele momento. Minha cabeça
ainda estava tentando entender como, e desde quando meu pai vinha namorando
com a Jane.

- Não pai... É... Você estava namorando a Jane, ou está namorando a Jane?

Chad respirou fundo e mau me olhou quando respondeu.

- Eu estava... A gente terminou. Eu não preciso ser chifrado com meus próprios
alunos Pequena... Fora isso, tem um monte de mulher no mundo, por mais que eu
gostasse da Jane... Eu vou encontrar alguém que seja mais a minha cara. Agora,
voltando ao assunto inicial: O que houve no acampamento pra você estar chorando?

Respirei fundo, buscando alguma palavra de consolo pra dizer ao Chad. Mas a sua
cara me dizia que ele não queria falar sobre ele e a Jane, portando resolvi não falar
sobre isso. Porém não sabia bem como contar o que aconteceu no acampamento
entre eu e o Steven pro meu pai. Falar com a Lex já foi muito constrangedor... Agora
falar com o Chad...

- Pode falar Pequena, sabe que eu vou te ajudar, seja o que for... Disse, me
abraçando a cintura.

Tomei algumas respirações antes de falar.

- Pai... Eu.. O Steven e eu... A gente... Ficou no acampamento.

Chad sorriu. Um sorriso tranquilizador.


- Estava com medo de me contar isso? Eu já imaginava que vocês se beijavam amor,
mas o que houve? Ele te maltratou?

Neguei com a cabeça.

- Não pai... Mas o que quero dizer é a gente, realmente, FICOU no acampamento.
Disse, tentando faze-lo entender o que disse pelo olhar.

Chad franziu o cenho, piscou algumas vezes confuso, antes que a iluminação
tomasse seu rosto.

- Ah... Quer dizer que você... E ele?

Assenti pro Chad, esperando o que fosse dizer.

Ele respirou fundo.

- Hum... Eu não sei bem o que dizer, então... Tá tudo bem? Quer dizer... Você está
bem com isso? Você passou mal? Está... Bem?

Assenti pra ele, sorrindo meio nervosa mas tentando acalma-lo.

Ele respirou fundo algumas vezes antes de dizer alguma coisa.

- Então por que você estava chorando amor? Hein?

Dei de ombros e não quis entrar em detalhes.

- Eu e o Steven tivemos um problema... Mas ficou tudo bem, a gente já está bem pai,
não precisa se preocupar. Falei, sorrindo pra ele.

Eu não quero meu pai preocupado com isso. Eu não surtei, é isso o que importa.
Nem ontem eu surtei, então creio que esteja tudo bem na minha mente.

Chad assentiu, e parecia meio abalado.

- Quando vim aqui conversar, nunca pensei que seria pra falar sobre isso Pequena,
mas vocês se cuidaram, não é? Você ainda toma aquele anticoncepcional, certo?

Sorri, completamente envergonhada. Isso era muito constrangedor.

- Sim pai, a gente se cuidou. Respondi, bem baixinho.

Chad soltou um suspiro de alívio.


- Bom... Isso é... Bom. É... Eu... Vou... Curtir minha foça de fim de relacionamento e
você... Pode chamar o Steven pra vir aqui se quiser. Quer dizer, se quiser me
apresenta-lo como seu namorado.

Mordi a boca, por que eu e o Steven não falamos sobre isso e quando voltamos, como
eu já disse, não tínhamos comentado nada sobre o que aconteceu ate ontem, então
não sei o que somos, não sei o que temos.

- Pai, eu e o Steven não estamos bem namorando então não acho bom ele vir aqui...

Chad fez cara de desgosto.

- Vocês, crianças de hoje em dia... Estão muito modernas, antigamente ele ia ter que
te pedir em casamento depois de... Você sabe!

Revirei os olhos pra ele, mas acabei assentindo.

- Sei pai, ainda bem que os tempos são outros, vamos devagar, está bem? Eu estou
bem assim com ele... Ele me faz... Sorrir e eu adoro estar com ele, então pra mim
está bem, ok?

Chad assentiu, levantando as mãos em um gesto de rendição.

- Tudo bem, não vou me meter...

- Obrigado! Disse, beijando seu rosto.

Chad me abraçou apertado, demorando um tempo pra me soltar.

- Você cresceu tão rápido Pequena... Podia ter ficado criança por mais um tempo!

Ele me beijou os cabelos, depois se levantou da cama.

- Bom, se ele te machucar... Você já sabe, não sabe? Perguntou, piscando pra mim.

Sorri pra ele, assentindo.

- Sim senhor.

Chad saiu do quarto, sorrindo pra mim e me joguei na cama, soltando vários
suspiros. Nunca pensei que isso fosse ser tão vergonhoso. Mas, dei graças a Deus
que agora o Chad já sabia e voltei ao meu celular.

Tinha três mensagens do Steven.


"Hanna?"

A outra dizia:

" Te deixei sem graça?"

E a ultima dizia simplesmente.

"Responde!"

Sorri pras mensagens, me jogando na cama.

"Oi... Desculpa estava falando com meu pai"

Meu celular apitou de volta quase na mesma hora.

"Ah, eu pensei que tivesse te deixado envergonhada... Como ontem"

Revirei os olhos, por que ele insiste em falar sobre ontem?!

"Não Steven! E pare de falar sobre ontem!" Respondi, por que o que mais poderia
dizer? Eu estava tão confusa sobre tudo isso e com o por que ele queria falar sobre
ontem e o que a Alex me disse que eu simplesmente não queria falar.

Imaginei ele rindo ao ler minha mensagem, provavelmente vai sacar que estou
morrendo de vergonha.

"Desculpa Princesa, eu perco a noção de tudo quando se trata de você, foi mal se
passei dos limites"

Achei tão fofo isso, mas claro, como ele é ele...

"Que merda foi isso que eu falei! Esquece... Eu só... Estou com saudades"

Acho que meu sorriso ficou imenso! Maior que qualquer sorriso na face da terra.

"Também estou com saudades..."

E estava mesmo, mas não queria chama-lo pra vir aqui, nem ir a casa dele... Ainda
estava pensando sobre o que a Lex disse pra mim e não sei se estou pronta pra fazer
qualquer coisa assim pra ele, mas isso não me impede de sentir falta de sair com
ele.

O apito do meu celular me faz acordar.

"Posso ir na sua casa? Eu posso entrar pela janela, assim o Mestre não me vê"
Balancei a cabeça, por que ele é sempre tão inconsequente e maluco, e não duvido
nada que realmente fizesse isso... Essa sua impulssividade e seu foda-se pra tudo é
um dos motivos pelos quais eu simplesmente... O adoro.

"É tentador, mas não acho uma boa ideia..."

Não sei o que ele pensou sobre a minha resposta, e pra não ter tempo de pensar
sobre isso mandei outra.

"Já escolheu sua fantasia pra festa de sábado que vem?"

Sim, todo ano é assim, depois do feriado e dos acampamentos tem uma festa.
Geralmente com algum tema, ano retrasado o tema era: Anos oitenta. No inicio do
ano, baile de inverno foi baile de gala, este ano é simplesmente a fantasia, sem um
tema especifico. Mas acho que vou usar o mesmo vestido do baile de gala... Não é
uma fantasia, é só um vestido azul, mas se eu colocar uma coroa, de repente posso
me fingir de Cinderela... Lembro que no começo do ano eu fiquei parecida, apenas
preciso da coroa e pronto.

"Não escolhi ainda, nem sei se viu nessa porra, o ultimo baile em que fui, acabei
sendo socado na cara..."

Li a mensagem, dando graças a Deus por ele não perguntar o por que de não deixa-
lo vir aqui. Eu só... Estou com medo de ter que fazer alguma coisa pra ele... Preciso
estar psicologicamente preparada pra isso.

"É... Mas o último baile você não tinha pedido com jeitinho!"

Espero te-lo feito rir, realmente espero.

"Kkkk Então quer dizer que se eu pedi com jeitinho você vai comigo neste?"

"Talvez..." Respondi, simplesmente e joguei o celular em cima da cama.

Parece que o baile de inicio de ano foi... Há décadas. Naquela época eu nunca
imaginaria falar com o Steven por mensagem, muito menos deixar que me tocasse
como fez ontem, muito menos que eu gostaria disso.

Levantei da cama e fui até meu guarda roupas procurar o vestido azul pra que
parece de pensar em todas as coisas que giravam minha na mente.
Amo este vestido. É da cor do mar. E é super chique, portanto vou usa-lo este ano
novamente, só tenho que sair com a Alex pra comprar uma tiara e coloca-la pra ser
uma princesa.

O pensamento me fez sorrir, o Steven me chama de "Princesa" e por uma noite, eu


serei uma.

Coloquei o vestido na frente do meu corpo e fiquei olhando para o Espelho, pensando
se ele vai dançar comigo. E qual música será se fizer...

"Eu quero conversar com você, mas tem que ser pessoalmente, me encontra na
praia, em vinte minutos?"

Li e reli a mensagem, mas não entendi muito o que ele queria comigo na praia em
vinte minutos. Fiquei assustada por um tempo, pensando que ele queria "me
cobrar"mas ele não faria isso na praia, faria?

Ah, é do Steven que estamos falando, claro que ele faria.

Tudo bem, eu ia e falaria com ele... Seja o que for. Se ele me pedir... Algo assim, eu...
Posso tentar, por ele, afinal, não é?

Enfim.

"Tudo bem, te encontro lá..."

Vesti uma roupa normal, um shortinho e uma blusa simples e fui até a praia.

Encontrei ele no estacionamento, encostado na Tara.

 Babaca-Steven:

Encontra-la na praia se tornou rotina, a gente vem bastante aqui... Mesmo que faça
pouco tempo que a gente, está se tratando como "a gente" sempre viemos muito
aqui.

Enfim, chamei ela aqui por primeiro: Estava preocupado com o lance de masturba-la
e quero ver com meus próprios olhos que está bem, segundo: Estava com saudades,
terceiro, mas não menos importante: Queria falar sobre o baile e sobre a escola.

Sabe? Eu tenho uma fama ruim, muito ruim... E não quero ela fazendo parte disso!
Não quero ninguém dizendo que ela é mais uma pra mim... Ela não é.
Mas leva-la ao baile, e ficar com ela lá como um casal vai dar justamente essa
impressão... Eu não quero assumir nada com ela, não quero palavras, nem rótulos
entre nós dois... Nós somos: Steven e Hanna, não precisa rotular se estamos ficando
ou transando, ou qualquer coisa assim. Eu não quero me rotular com a Princesinha.

Isso não tem nada haver com eu querer ficar pegando outras garotas, eu não quero
ninguém, estou feliz e satisfeito que a Princesinha agora é minha Princesinha...
Estou feliz que estou indo com calma, e quero que as coisas continuem assim...
Quero ter uma segunda primeira vez perfeita, e depois quero ter muitas outras
vezes pra mostrar de todas as formas como ela pode sentir prazer... Eu quero...
Faze-la sentir tudo que puder. Mas não quero perde-la, e não quero namora-la, nem
te-la como minha foda de diversão.

A Hanna é mais, mas eu não quero ter um rótulo sobre o quanto mais ela é...
Entende?

Era isso que estava tentando explicar à ela neste momento, só que tenho certeza
que a Princesa não ficou nada feliz.

- Eu não te entendo... Não quer ir comigo no baile, mas quer que eu dance com você,
não quer me prender, nem se prender, mas diz que eu sou mais, Steven... Você me
confunde. Disse, passando as mãos nas têmporas como se estivesse com dor de
cabeça. E provavelmente estava, não é fácil de entender o que quero.

- Olha Princesinha, eu... Não quero ter um rótulo contigo, é isso... Só isso. Eu quero
ter a minha dança com você no baile, e quero se levar pra casa se você deixar...
Quero te beijar e te fazer carinho, quero estar com você, só não quero rotular o que
isso é ou seria pras pessoas, pra mim é Steven e Hanna, ponto, não precisa de um
rótulo pra definir isso.

Ela franziu o cenho, acho que estava completamente confusa.

- Steven... Eu... Não sei o que é que você quer, mas eu não sou seu brinquedinho...

A interrompi antes que continuasse.

- É exatamente isso caralho! Gritei, meio exasperado comigo mesmo enquanto me


levantava do seu lado na areia e ficava a olhando de frente em pé.

- Você não é meu brinquedo! Entendeu? Nem nunca vai ser Hanna, você é mais pra
mim, mas se eu te chamar de minha namorada, as pessoas vão dizer que você é só
mais uma... Que isso vai só até eu conseguir o que eu quero, por que já fiz essa
merda antes, todas as meninas que duram mais de uma semana comigo, o pessoal
diz que são minhas namoradas, por que eu ainda não consegui a transa, mas ai
quando consigo geralmente eu termino a porra toda, eu não quero isso com você!
Não quero ninguém especulando se transei contigo ou não isso não é da conta deles,
por isso eu quero só... Estar com você... Apenas isso.

Hanna mordeu o lábio, fazendo a cara mais confusa que já vi alguém fazer.

- Isso não faz sentido!

- Faz pra mim! Faz sentido pra mim não querer te colocar um rótulo... Confia em
mim... Por favor! Pedi, a olhando sentada na areia enquanto eu estava em pé.

Hanna respirou fundo, depois expirou varias vezes antes de dizer qualquer coisa.

- Tá Steven... Se... Se faz sentido na sua cabeça tudo bem, eu confio em você... Sabe
que eu confio.

Sorri pra ela, pegando suas mãos e a levantando.

- Eu sei... Sei que você confia. Disse, lhe dando um beijo no rosto.

A Princesinha sorriu, me fazendo aquele carinho que eu simplesmente adoro nos


cabelos.

- Tá... Então eu vou com a Lex pro baile, ok?

Assenti pra ela.

- Tudo bem, contando que não vá com nenhum idiota.

Ela riu.

- Não... Você é o único idiota na minha vida. Nem acho que eu consiga ter mais um,
dá muito trabalho. Disse, fazendo cara de desgosto.

Acariciei seu rosto bonito, beijando a junção da sua testa, toda enrugadinha por ela
estar confusa agora.

- Eu sei que te confundo, mas quero ir devagar com as coisas Princesa... Tem que
confiar que estou fazendo da melhor maneira.

Ela assentiu, depois de respirar por uns momentos.


Beijei seu rosto, seu nariz, sua testa... Fazendo toda uma cerimônia pra beija-la de
verdade por que sei que ela gosta das coisas assim. Fazem dias que não a beijo
também, então por que não enrolar um pouco? A última vez que beijei foi ontem,
depois de todo o lance no acampamento eu não a beijei de novo, a não ser ontem.
Então estou cozinhando tudo, pra ficar mais gostoso.

- Tenho que ir pra casa... Ela disse bem baixinho, antes que eu realmente a beijasse.

Olhei nos seus olhos verdes, tentando perceber algum traço de qualquer coisa... Pra
mim, acima de tudo ela continuava confusa.

- Deixa eu ir com você? A gente pode assistir aquele filme que me convidou umas
boas semanas atrás...

Lembrei do dia em que me pediu pra ficar quando estava de ressaca pra ver um
filme com ela e pensei: Por que não? Hoje eu posso ficar com ela sem fazer merda,
até por que a merda já foi feita numa barraca no meio do mato.

Hanna mordeu a boca, e percebi que quando faz isso é por que está pensando
demais em alguma coisa. A merda é que não sei sobre o que.

- Quer ir só pra ver um filme, mesmo? Perguntou, desconfiada.

E me deu uma dica do que tava pensando. Sorri malicioso pra ela.

- Sim, quero ver só o filme, por que? Tava pensando que eu ia te atacar novamente?
Perguntei, fazendo cara de malvado pra ela.

A Princesinha me deu um soquinho no peito com as duas mãos.

- Não! Só estou perguntado.

Segurei seu rosto com as duas mãos, a fazendo me encarar.

- Me ouve, tá?

Ela assentiu.

- Hanna, o que eu fiz ontem foi pra te fazer bem... Não quero nada em troca, nem
que fique com vergonha, nem vou fazer de novo se você não quiser ou não estiver no
clima Princesa... Eu gosto de sexo, não é segredo pra você... Mas eu nunca, nunca ia
fazer nada se você não quisesse também, e o que eu fiz na academia foi... Foi bom,
não foi? Quero dizer... Você quis também, não é?
Ela assentiu de maneira envergonhada e meu sorriso aumentou.

- Então... Eu só vou fazer de novo se quiser de novo... Tá? Não precisa ficar com
medo de eu fazer isso, até por que... Vamos estar na casa do Mestre, eu seria
muito... Mas muito burro de fazer uma coisa assim com ele lá! Não tô afim de perder
minhas bolas ainda, eu quero ter filhos um dia... Então, vou me comportar, prometo!
Disse, fazendo gesto dos escoteiros pra prometer e como o esperado minhas palavras
a fizeram rir.

A Princesinha sorriu e soube que estava tudo bem.

- Tá bom, tá bom... Então vamos.

Ela pegou minha mão no seu rosto e se virou de costas, pra minha eterna surpresa a
Princesa alojou minha mão na sua cintura, prendendo-a junto com a sua, o que me
fez por automático puxa-la mais perto e aperta-la a mim.

Afundei meu nariz no seu pescoço e fiquei provocando-a com a minha boca até
estarmos no estacionamento.

- Hum, vai dar problema, você não trouxe outro capacete. Disse, apontando a Tara.

Sorri pra ela, lhe dando um beijo no rosto.

- Não vai não, você coloca o capacete e eu vou sem, sua casa é aqui perto, nem vai
dar nada.

Hanna fez cara de mãe preocupada.

- Steven...

Dei risada, interrompendo seu discurso, que provavelmente diria: É perigoso.

- Eu adoro perigo Princesa, é quase meu nome do meio! Sobe... Disse, pegando sua
mão na minha e a fazendo montar na Tara.

Escutei-a reclamando enquanto colocava o capacete e antes que ela pudesse me


xingar acelerei...

Escutei seu gritinho atrás de mim, depois senti suas mãos escorregando por minha
costa até a minha cintura e me abraçando apertado como costuma fazer. Eu adoro
ela assim, perto.... Me abraçando, me tocando. É tão bom.

Maluquinha- Hanna.
Confesso que ele me confunde, mas confesso também que adoro ser confundida por
ele.

O Steven me fez bem, me faz ser imprudente e revoltada... E eu adoro. Adoro a


sensação de liberdade que estar com ele me traz.

Quando chegamos em casa ele ficou brincando com meu cabelo e bagunçando todo
ele enquanto eu fritava a pipoca.

E não... Eu não subi pra avisar o Chad que ele estaria aqui, mas acho que ele sabe,
por que o barulho da moto deve ter denunciado, já que avisei que ia me encontrar
com o Steven na praia antes de sair.

Enfim, fiz a pipoca com ele me desconcentrando e quando acabei, nos sentamos à
sala.

- Tá, que filme vamos assistir? Perguntei, ligando a tv.

Steven me olhou, depois sorriu.

- Pode escolher...

O encarei, fazendo cara de incrédula, por que estava mesmo.

- O que?! Tô pasma! Vai me deixar escolher o filme? Agir como um cavalheiro?

Ele riu, aquele sorriso torto e fofo que me faz querer beija-lo enquanto balançava a
cabeça.

- É sua casa Princesa, como eu disse mais cedo, eu não vou fazer nada aqui, nada
mesmo eu respeito a casa dos outros, portanto pode escolher, agora, quando for a
minha casa... Ai pode se preparar por que vamos assistir tudo que sangra. E nada
de filmes de menininha!

Sorri pra ele, le lhe dei um selinho.

Steven riu, me segurando um pouco demais no selinho e acabou me roubando um


bom beijo.

- Hum se eu agir como um cavalheiro sempre eu sempre vou ganhar um beijo?


Perguntou, com cara de sapeca.

Me fez rir, ele tem uma cara de criança, de menino que apronta e ainda assim é tão
homem, e forte... Ele é um antagonismo puro.
- Talvez...

Steven riu e me fez um carinho no rosto.

- Ah, e o que mais eu ganho se me comportar direitinho? Perguntou, todo malicioso.

Revirei os olhos, e franzi o cenho, meio brava pra ele..

- Nada! Só o beijo...

Steven fez bico.

- Ah, eu merecia pelo menos um beijo decente, não só um selinho!

- Steven! Repreendi, por que ele estava se aproximando como uma cobra, pronto pra
dar o bote.

Levante o dedo e apontei pra ele.

- Você prometeu se comportar!

- Quando foi que fiz essa promessa? Perguntou, se fazendo de inocente.

- Uns vinte minutos atrás!

Ele riu, debochado.

- Ah, então a promessa já espirou eu não prometo nada que dure mais que vinte
minutos e me comportei muito bem meses vinte minutos, portanto..

O interrompi, andando mais pra trás no sofá de casa.

- Portanto nada! Se comporte!

Ele riu, depois me deu um beijo na testa.

- Sabe que estou brincando, não sabe? Perguntou, puxando meu pé sob o sofá.

Assenti pra ele.

- Sei, estou brincando também. Disse, me aproximando e me deitando no ombro


dele.

Peguei o controle e escolhi um filme neutro: Ela dança eu danço.


Por que, pense bem: É um filme com dança e que não é tão meloso quanto Diário de
uma paixão.

Escutei o Steven suspirando atrás de mim.

- Sério?! Perguntou, baixinho na minha orelha.

Ele se mexeu até que estivesse com as duas pernas em cima do sofá e estivesse
comigo entre elas.

Acho que nunca me senti mais... Menininha como ele diz do que aquele dia. Ele,
todo forte, me envolvendo dos pés a cabeça e me fazendo carinho nos cabelos, o que
mais eu podia querer? Estar deitada no peito dele?

Ah, é... Eu já estava. Então não tinha mais nada pra pedir.

- Sério! É isso ou Diário de uma paixão...

Steven riu baixinho, mas tenho certeza de que sua cara era completamente
desgostosa.

- Prefiro Ela dança, eu danço.

Dei um tapinha na sua coxa, colocando play no filme.

- Achei que fosse preferir. Disse, me aconchegando direitinho no seu corpo e o filme
começou.

Eu nunca tinha estado assim com um garoto, nunca tinha me aconchegado com
alguém e sentado com pipoca pra ver um filme. E era tão bom...

Mas o Steven ficou tão quieto que até me assustou.

- Você tá acordado? Perguntei, depois de um tempo.

Escutei e senti seu peito subindo e descendo enquanto ele ria.

- Estou, estou sim... Por que?

Dei de ombros.

- Você está quieto demais, parece que está aprontando alguma coisa... Avaliei, por
que ele coma as crianças quando ficam quietas demais é sinal de estar aprontando.

Steven me deu um beijo demorado na bochecha.


- Não estou aprontando nada, só estou te olhando...

- Me olhando? Perguntei, me virando um pouco no sofá pra encara-lo.

Ele assentiu, tirando minha franja dos olhos.

- É... Você gosta do filme, não é? Conhece todas as músicas que já tocaram e as falas
também...

Franzi o cenho.

- Como é que sabe disso?

Steven me deu um beijo, bem no vinco onde minha testa estava franzida.

- Por que estou sentindo sua respiração mudar enquanto você canta, ou repete as
falas deles, então... Resolvi ficar quieto pra reparar melhor nessas suas pequenas
mudanças e estou gostando, volta a prestar atenção no filme vai?

Continuei fazendo cara de desconfiada, e ele riu.

- Estou falando sério, eu não quero prestar atenção no filme, mas quero prestar
atenção em você...

Sorri pra ele, por que quando o Steven quer, sabe ser fofo.

- Tudo bem.. Disse, me virando novamente e voltando a prestar atenção no filme.

Ele tem razão sobre eu saber as falas, e as músicas que eles dançam eu conheço
cada uma por que adoro este filme, todos eles, do primeiro ao último e nunca me
canso de assisti-los, mas hoje era difícil prestar atenção em nada que não fosse o
Steven me tocando. Acho que ele estava fazendo de propósito.

Suas mãos desciam e subiam no meu cabelo, nas minhas pernas, as vezes, nos
braços, minha cintura... Acho que ele estava se divertindo em tirar minha
concentração.

- Você disse que ia se comportar!

Minha voz não passou de um sussurro e fiquei com raiva do meu corpo por
responder à ele deste jeito.

Eu já estava toda mole, e agora graças a Alex, eu sei a palavra: Excitada.


- O que? Eu não estou me comportando? Perguntou, com aquela voz falsa de
inocente que me faz querer lhe dar uns tapas e beija-lo ao mesmo tempo.

- Você sabe o que está fazendo! Acusei, bem baixinho enquanto sentia suas mãos
viajarem pela minha coxa.

- O que eu estou fazendo Princesa? Fala pra mim...

Não acho que qualquer outro garoto saiba fazer o que ele faz... Ele... Me faz ter raiva
dele, e querer beija-lo e querer ser dele o tempo todo. Estar com ele o tempo todo.

E a sua voz... Quando ele fala assim, me faz... Praticamente derreter. A voz que ele
estava falando hoje, era a mesma voz que falou na barraca aquele dia, baixa,
rouca...

- Você está... Está me... Me enlouquecendo! Disse, tentando fugir das suas mãos lhe
dando um tapa em cada uma.

Ele riu.

- Não é essa a palavra... Diz pra mim o que estou fazendo...

Neguei com a cabeça.

- Você sabe o que está fazendo. Eu não preciso dizer!

Ele me mordeu a orelha, segurando forte uma das minhas pernas, do mesmo jeito
que fez ontem enquanto me beijava no chão.

- Eu sei, mas eu quero te ouvir dizer. Diz o que estou fazendo...

- Esta me excitando! Disse, bem baixinho, queimando de vergonha.

Ele riu, e me beijou a têmpora, depois relaxou no sofá.

- Bom, eu vou me comportar agora. Afirmou, entrelaçando as mãos na minhas e


deixando-as sobre sua coxa. Uma de cada lado.

Eu fingi que prestei atenção no filme, por que não prestei atenção em porcaria
nenhuma. Fiquei pensando no que a Alex disse e no que ele acaba de fazer.

E se eu tentasse... Apenas tentasse fazer alguma coisa pra agrada-lo?

Soltei uma das minhas mãos da sua, e deixei ela viajar pela coxa dele.
O Steven se mexeu um pouco, e eu não sabia se isso era bom ou não... Mas
continuei. Deixei minha mão vagar pra cima e pra baixo na sua perna, e mais pra
baixo... Tive que me levantar um pouco pra chegar onde eu queria, e o Steven
apertou forte a minha outra mão na sua.

- Não... Ele disse, bem baixinho me puxando um pouco e tirando minha mão dali.

- Eu falei sério sobre... Sobre respeitar as coisas Princesa... Eu não quero... Não
hoje, não com o Mestre em casa. Eu quero... Ter você só pra mim, quero poder
aproveitar, gemer e gritar se eu tiver que fazer... Só eu e você... Não quero ficar
preocupado se vão pegar a gente ou não... Tá?

Eu meio que sorri pra ele, por que era fofo ele realmente estar tentando ser
"bonzinho".

- Você sabe que vai ter... Vai ter que me ensinar, não sabe? Perguntei, apenas por
que isso me dava medo.

Eu não sei nada sobre como fazer pra agrada-lo... Ele ia ter... Que me mostrar. Por
mais constrangedor que eu acho que isso vai ser pra nós dois, é... É assim que vai
ter que ser, não é? Se não eu... Nunca vou saber sobre como ele gosta das coisas.

Steven sorriu, e me deu um beijo na ponta do nariz.

- Eu sei... E estou super ansioso pra isso! Disse, todo malicioso, me fazendo rir.

- Você não presta!

Ele deu um falso suspiro triste.

- Eu sei!

Dei risada, e o beijei, por que ele é ele e... Eu não preciso de um motivo, eu
simplesmente quis.

O Steven afundou a mão no meu cabelo e me beijou meio tortinho na posição em que
estávamos.

Ele se mexeu, numa manobra bem incrível, que usamos no karatê inclusive e saiu
do aperto.

Sendo assim, eu não estava mais entre as pernas dele, mas no colo dele agora.
Acho que é mais confortável assim, por que assim ele me beija sem fazer
malabarismo.

Estava tudo tão bom... Ele mordeu meu lábio daquele jeito que nenhum menino que
beijei antes fez, e sugou na boca, de leve... Depois passou a língua pelo meu lábios
inferior e mergulhou novamente na minha boca. Eu estava completamente
derretida, gemendo baixinho e puxando os fios do seu cabelo, me apertando mais e
mais à ele até que a luz se ascendeu.

Um pigarreio...

Nos separamos em um súbito, fiquei com os olhos fechados por um momento,


pensando na desculpa.

E quando abri os olhos o Steven estava olhando pra entrada da sala


completamente... Sem jeito.

Pulei do seu colo, dando graças a Deus por não estar encaixada no colo dele como na
academia ontem, ou meu pai ia querer me matar realmente, de ladinho acho que é
menos pior.

- Então... Quem vai explicar primeiro? Perguntou, me olhando de cima a baixo.

Respire fundo, mas antes que eu pudesse pensar em começar a falar, o Steven
estava de pé do meu lado e me segurando a cintura.

- Então... Mestre eu... A Hanna e eu... A gente...

Ele parou, coçando a cabeça, acho que procurando uma palavra pra nos "rotular"
como ele disse.

Meu pai estava com os braços cruzados, olhando de mim pro Steven e achei que ele
ia matar a gente.

Meu pai balançou a cabeça.

- Eu sei... Vocês estão... Juntos. Só não façam isso na minha sala eu quero
permanecer olhando pra minha Pequena como a minha Pequena, sem que passe
pela minha mente... Essa cena! Ele apontou pro sofá, com certo nojinho e me fez
abrir um sorriso com o que disse.

Eu o amo tanto por não me matar.


- Mestre... Eu... Eu gosto demais dela, a Hanna é... Linda e é a melhor garota que eu
conheço... Eu não... Não estava tentando nada. Só... Estávamos, nos beijando.

Chad respirou fundo, e se aproximou como uma pantera do Steven.

Eu até mesmo dei um passo pra trás. Me separando dele por que o olhar no rosto do
meu pai era assassino.

- Se machuca-la, não vai me importar nenhum pouco se estava apenas beijando-a ou


fazendo qualquer outra coisa, se machucar a MINHA filha Steven, não vai sobrar
muito de você pra contar a história.

Suspirei, querendo matar o Chad. Ele não precisava fazer toda essa cena de pai
protetor.

Mas, pensei que o Steven ia deixar se abater. Ele apenas assentiu, fazendo a
costumeira reverência ao Mestre.

- Eu não estou pretendendo machuca-la, mas se eu fizer, vou ficar feliz que não
deixe sobrar nada de mim, eu não vou mesmo merecer que sobre se pensar em
machucar a Princesinha.

Chad sorriu, um sorriso lento e satisfeito, assim como o meu.

Então ele puxou o Steven pra um abraço, deu uns tapinhas nas costas.

- Eu não consigo pensar em nenhum outro Cara que acharia melhor pra ela do que
você... Eu conheço você e gosto de você... Então, tudo o que eu não quero é pegar
essa cena no sofá novamente, se tranquem no quarto, qualquer coisa... Só não na
minha frente, tá legal?

Steven assentiu, assim como eu.

- Bom, dito isso, acho que vocês podem voltar ao filme...

- Ah... Eu... Não... Já está tarde, deixei minha mãe sozinha, é melhor eu ir pra casa!
Disse, fazendo uma reverência pro meu pai, depois me pegou pela mão enquanto
pegava os seus sapatos do chão.

- Desculpa... Eu não achei que ele... Comecei quando estavamos na varanda de casa,
mas o Steven me interrompeu.
- Shhh, quietinha, foi bom ele interromper, eu ia ter que falar com ele mesmo...
Então foi bom. Agora, a senhorita não se comportou! Disse, depois que colocou seus
sapatos e me segurou a cintura.

Abri a boca pra ele.

- Eu não me comportei?

Ele riu.

- Não... Você me beijou, me tocou daquele jeito... Eu não posso me controlar se você
vai ficar me provocando!

Fiquei completamente ofendida.

- Steven!

Ele riu, me dando um beijo rápido nos lábios.

- Estou brincando Princesa... Eu sei que fui eu que não me comportei, mas é
complicado me comportar perto de você!

Revirei os olhos pra ele, ficando na ponta dos pés pra abraça-lo e lhe dar um beijo.

Foi mais um selinho, ou vários por que ele não me beijou de verdade, nem perto de
um beijo.

- Até segunda Princesinha... Disse, me beijando a testa.

Fiz bico pra ele.

- Por que até segunda? Eu posso ir na sua casa amanhã!

Ele negou com a cabeça.

- Melhor não Princesa, segunda...

Fiquei sem entender por que seria melhor na segunda, mas enfim.

Dei tchau pra ele enquanto via a moto se afastar.

Respirei fundo antes de voltar pra dentro.

Meu pai estava na cozinha, com um copo de água na mão.

- Eu gosto dele... Ele é sincero quando diz que não quer te machucar...
Revirei os olhos.

- Como você sabe? Perguntei, me sentando no banquinho.

Chad deu de ombros.

- Vai por mim, eu conheço o Steven. Ele realmente nunca ia fazer nenhuma merda
com você, pude ver isso nos olhos dele.

Respirei fundo

- Você não está bravo?

Chad franziu o cenho.

- Pelo o que?

- Por... Por pegar a gente se beijando...

Meu pai sorriu.

- Ah pequena, sinceramente eu não gostei... Você é meu bebê e queria que


continuasse assim pelo resto da vida. Mas isso ia ser a mais pura mentira, eu
sempre soube que você ia crescer e outra, é melhor que vocês façam isso aqui do que
na rua. Ou na praia e corram o risco de serem gravado e jogados na internet... Fora
isso, eu fiz coisa muito pior neste sofá sem que você soubesse.

Fiz cara de nojo, por realmente estava com nojo.

- Ai. Pai! Que horror!

Ele riu, atravessou o balcão e me deu um beijo nos cabelos.

- Fazer o que Pequena? Eu ainda sou homem e estou jovem pra me aposentar.

Quase vomitei.

- Ok Pai, ok... Eu entendo isso, mas... Por favor... Né?

Chad riu.

- Me desculpa! Disse, com uma falsa voz de inocente.

Lhe dei um soco de brincadeira no ombro.

- Sem graça! Reclamei e acabamos rindo histericamente.


Chad me abraçou.

- Eu te amo Pequena.

- Também te amo pai... Murmurei contra seu peito enquanto ele me abraçava.

Era constrangedor tudo o que houve? Era... Mas o Chad ainda era meu pai, e a
única família que eu tinha e conhecia. Então... Não posso me dar ao luxo de deixar
de falar com ele por vergonha, fora isso o Chad entende tudo e ele é legal, por isso
mesmo não fiquei com vergonha e ficamos ali conversando e rindo até mais tarde.

Babaca- Steven.

Fiquei com um medo da porra quando vi o Mestre ali... Achei que ele fosse perceber
o volume na minha calça, mas ele não percebeu, ou fingiu, pra graça de Deus que
não percebeu.

Eu adoro a Princesinha por ser tão inocente e não perceber essas minhas mudanças.
Mas ela me faz ficar tão louco que chega a doer...

E por mais que eu odeie admitir, depois de anos... Eu fui obrigado a bater uma.

Estou me contendo... Eu podia não ter batido uma e ter transando com a Princesa?
Podia...

Mas ai eu ia fazer tudo errado novamente. Estou falando serio sobre ir devagar. E
estou tentando, mas hoje foi praticamente impossível!

Ela deitada no meio das minhas pernas já era louco... Ai ela vai e me toca daquele
jeito... Ah. Me fez ficar ligado no duzentos e vinte. Mas tudo bem, ela é inocente, ela
está tentando aprender como me agradar e como fazer as coisas. E eu acho isso tão
sexy... Acho... Quente como o inferno que eu tenha que ensina-la e guia-la... Eu
gosto de controle, todo homem gosta, é por isso que geralmente ficamos por cima...
Exceto os gays... Mas isso é um caso à parte.

Enfim, o fato é que nessas horas eu gosto de controlar a menina. E a Hanna me


deixa controla-la... É incrível! E ela é tão inocente... Tão pura sobre isso e quero
ensinar tanta coisa que me faz ficar... Duro só de pensar em como mostrar, como
ensinar...

Eu adoro isso, mas acho que o que eu adoro mesmo, e adoro mais do que deveria é
ela... Ela é... Demais... Demais pra mim! Cara... Quando ela me beija... Quando ela
me faz carinho, quando ela fala... É como se fizesse tudo de lingerie da Vitória
Secrets, quente como o INFERNO! Tudo o que faz me faz ficar bobo, me faz sorrir e
me sinto a porra de um idiota por me sentir assim, mas é como a minha mãe disse...

Eu estou apaixonado. Sei que tô é uma bosta estar, mas é a verdade. E pior: Tudo o
que minha mãe disse é verdade. Meus pensamentos giram em torno da Hanna, o
tempo todo. Meu coração palpita de pensar em ve-la, pensar em estar com ela. Meu
estomago embrulha de ansiedade quando sei que vou ve-la e so relaxa quando
estamos perto. É uma bosta! Você não tem controle da porcaria do seu corpo, mas...
Ainda assim é bom.

Minha felicidade agora é faze-la sorrir, e se ela estiver bem eu sei que estou bem
também. Me preocupa quando ela estiver mal... Eu vou ficar mal também?

Não sei, mas por enquanto eu ainda consigo lidar com isso. Sem colocar rótulos, ao
menos em voz alta em tudo isso.

Enfim... Eu tinha chegado em casa e subido direto pro meu quarto pra resolver
aquele pequeno/grande problema...

Depois de me sentir completamente exausto e me limpar eu desci as escadas pra


encontrar a Dona Alicia, que deveria estar na cama, na cozinha.

- Mãe, não era pra você estar na cama?

Ela riu.

- Até parece que vou estar na cama enquanto você não estiver em casa, onde o
senhor estava Steven? Perguntou, com voz autoritária, me fazendo rir e atravessar o
balcão pra beija-la.

- Ah... Minha... Mãe... Linda! Disse, entre os beijos, fazendo-a abrir a boca

- Oh meu Deus! O que você bebeu?

Dei risada.

- Você e a Hanna tem a mesma mania né? Se eu estou sorrindo e dizendo coisas que
eu não digo normalmente, pra vocês estou instantaneamente: Bêbado!

Dona Alicia sorriu, aquele sorriso orgulhoso, com os braços cruzados.

- Hum... Hanna? Perguntou, sorrindo, me fazendo sorrir também.

- Sim mãe, Hanna, estava com ela.


Minha mãe acenou com a cabeça, sorrindo.

- Hum, entendi por isso a demora?

Neguei com a cabeça, pegando uma maçã da fruteira pra eu comer.

- Não, eu demorei por que fui à casa dela, ai eu vi o Mestre, tivemos uma breve
conversa sobre eu e a Princesa, e ai eu vir pra casa precisando de um banho porque
fiquei nervoso com o papo com o Mestre.

Este é um resumo breve, melhor, meu resumo breve minha tentativa de não ficar
vermelho como a maça na minha mão se confessasse pra minha bela mãe que
precisei me masturbar.

Dona Alicia riu, balançando a cabeça.

- Ah meu filho, estou tão feliz por você! Quando ela vem em casa pra me apresenta-
la oficialmente como sua namorada?

Franzi o cenho.

- Ela vem aqui segunda feira, mas não vem pra eu apresenta-la como minha
namorada por que ela não é minha namorada!

Minha mãe retorceu o rosto, completamente confusa.

- Mas... Eu pensei...

Sorri pra ela.

- Mãe, é complicado, basta saber que estamos Juntos, sem rótulo, apenas juntos.

Minha mãe fez cara de desgosto, mas acabou acenando com a cabeça.

- Tudo bem, juntos... E por que ela não vem amanhã? Você sabe que segunda eu
trabalho, provavelmente vou ter que passar a noite no hotel já que a Lesli vai faltar.

Sorri maliciosamente pra ela.

- Por isso mesmo que ela vem na segunda!

Minha mãe suspirou.

- Você não muda, não é?

Dei de ombros.
- Ah mãe, não diz isso, as outras eu trazia com você aqui, não estava nem ai... Ela eu
estou trazendo em um dia que você não vai estar, é uma mudança...

Dona Alicia riu, depois me segurou pelas bochechas.

- Ai meu Deus! O meu bebê cresceu demais gente!

Me soltei dela, fazendo cara de assustado.

- Mãe, que horror! Quem é você e o que fez com a Minha mãe? Perguntei, brincando
enquanto alisava minhas bochechas.

Ela riu.

- Sou sua mãe, e estou orgulhosa que queira privacidade com ela, que queira as
coisas de um jeito especial... Estou feliz filho, feliz que você goste tanto dela a esse
ponto.

Respirei fundo.

- Eu gosto tanto dela mãe, que me assusta. Me assusta as coisas que saem da minha
boca só pra faze-la feliz... Eu sei que ela gosta de coisas de menininha, então as
vezes eu digo umas coisas que fico pensando: Que porra é você e o que você fez
comigo?

Dona Alicia riu, me dando um tapinha encorajador no ombro.

- Isso é por que você está apaixonado!

Revirei os olhos.

- Ja conversamos sobre isso mãe, por favor... Para. Pedi, quase implorando, pois ela
ia me enlouquecer se ficasse falando sobre a gente. Sobre eu estar apaixonado, eu
não quero por essa porcaria em palavras, a Princesa sabe que gosto dela, eu sei que
ela gosta de mim, está ótimo assim, não precisa mais.

Dona Alicia sorriu..

- Tudo bem, vou parar de falar sobre isso, mas estou muito feliz por você amor...

Fui obrigado a retribuir o sorriso dela.

- É... Eu sei mãe, agora vai pra cama! Disse, só pra descontrair.

Minha mãe sorriu.


- Essa é minha frase, vai pra cama!

Assenti, batendo continência.

- Sim senhora.

Lhe beijei novamente e fui pra cama. Amanhã ia ser um dia longo... E um dia longe
da Princesinha, mas vai valer a pena na segunda.

Amanhã vou com o Harry atrás de uma fantasia e vou fazer um bico no Charlie,
mas tenho certeza que nem todo o trabalho do mundo vai me impedir de pensar
nela.

Maluquinha- Hanna

A Alex veio em casa hoje, ela fez o maior escândalo por que eu disse que ia
fantasiada com o mesmo vestido que fui no baile de gala do início do ano.

- Não! Você não vai usar este vestido, a gente vai sair e comprar um.

Revirei os olhos e fiz pirraça, mas não consegui, a Lex me fez vir a maldita loja de
fantasias.

- Alex, eu quero ir com meu vestido! Reclamei, enquanto ela já tinha uma montanha
de fantasia nas mãos eu estava aqui, apenas com uma.

Foi a única que eu gostei, um pouco, mas ainda assim preferia ir de Cinderela com
aquele vestido azul.

Mas, já que é pra alegria da Alex... Eu escolhi uma fantasia, que não está entre:
Curtas demais ou sexys demais. Era apenas bonita.

Na verdade nem sei do que é a fantasia, sei que ela tem uma máscara, uma capa e
um vestido vermelho por baixo,segundo a Alex é a versão feminina do Zorro.

Eu não sei, e prefiro não questionar.

Lex experimentou umas vinte fantasias, várias mesmo. Mas se decidiu por ir de
gatinha...

Achei fofo nela, ficou bem bonitinho... E era um vestido branco, junto com as
orelhinhas, então não ficou vulgar.
- Agora vai! Sua vez de experimentar a fantasia. Disse, me empurrando pro
provador.

Respirei fundo, e vesti a dita cuja da fantasia, mas como eu já imaginava, não ficou
nada legal.

- Ai amiga! Sério, vamos procurar outra fantasia! Afirmou, me tirando do provador


ainda vestida de Zorro, ou sei lá o que....

- Alex eu não posso andar por essa loja deste jeito! Eu não posso sair por ai andando
com uma fantasia que não vou comprar!

Lex parou por um momento, me dando a chance de voltar ao provador e me trocar.

- Pronto, agora já que você quer tanto, vamos em busca de uma fantasia... Falei, me
arrumando.

A Alex e eu andamos a loja toda e não tinha nada que se parecesse comigo. Ela
queria que eu fosse vestida de Alice, mas o vestido era mais curto que o tubinho
periguete que usei pra sair com o Steven. Eu queria ir com algo que tivesse a minha
cara, e que não ficasse tão vulgar, que eu pudesse dançar e sentar sem ter medo.

Quando estávamos ambas quase desistindo, achamos uma.

Na verdade é uma fantasia da Branca de neve.

O vestido é amarelo embaixo e azul na parte de cima, um azul bem escuro. Como no
desenho tem a capa vermelha que estende a gola branca pra cima no meu pescoço,
mas é curto. Porém, de todas as fantasias é o mais comprido que achei, ficava no
meio da minha coxa.

E claro, tem uma coroa dourada bem delicada e discreta toda linda, eu gostei
bastante.

- E então? O que acha? Perguntei, saindo do provador.

Alex apenas me olhou por uns momentos, depois sorriu.

- Com o penteado certo, você vai ficar perfeita!

Assenti, por que meu cabelo estava em um rabo hoje, talvez se eu fizesse um coque
como a Branca, então aí poderia dar certo.
Depois que saímos da loja de fantasias, fomos a umas lojas comprar joias, e apenas
agora me dei conta de que um espaço no meu pulso está muito vazio. Senti falta da
pulseira que o Steven me deu e me pergunto por que ele não me devolveu.

 Babaca-Steven:

Eu e o Harry estamos à pelo menos uma hora revirando meu guarda roupas.

- Cara, eu acho que essa pulseira não tá aqui não! Disse o Harry, revirando minha
gaveta de cuecas pelo que deveria ser a quinta vez.

Eu não lembro onde coloquei a pulseira da Hanna. E tô enlouquecendo, juro que


nunca estive numa situação dessa antes, eu não posso ter perdido a pulseira dela!
Eu ia entregar pra ela no sábado depois do baile, quando a trouxesse pra casa,
assim que o baile acabasse.

Vou ficar louco. Era pra ser perfeita a entrega desse presente de volta. E a noite
toda.

Joguei algumas roupas no chão, e quase me soquei por ser tão idiota e perder algo
que era dela.

-Mas o que é que está havendo aqui?!

Minha mãe praticamente gritou na porta do meu quarto com uma pilha de roupas
dobradas e passadas na mão.

Harry, como é o Harry foi o primeiro a se manifestar e tirar o dele da reta.

- Ah Tia, o Stevie tá ficando louco! Ele resolveu procurar uma parada aqui e nem ele
mesmo achou, e claro, eu não tenho nada com isso! Disse, estendendo as mãos para
comprovar sua inocência.

Minha mãe entrou no quarto, me fuzilando com os olhos.

- Mãe, eu prometo que vou arrumar! Disse, sabendo que ela odeia bagunça, que deve
quase estar morrendo agora olhando o estado do meu quarto.

- Mas, eu preciso muitos achar uma coisa, era... Era algo da Hanna. Eu não sei onde
deixei... Continuei, andando pelo quarto e revirando as pilhas e mais pilhas de
roupas, completamente apavorado de que eu tivesse perdido isso.
Eu não podia ter perdido! De jeito nenhum.

- É isso aqui que está procurando?

A Voz da dona Alicia me tirou da função de revirar as roupas no chão.

E brilhando na mão dela estava a pulseira cheia de corações de pedrinhas azuis e


anjos.

Respirei aliviado.

- Mãe! Você é linda! Disse, lhe enchendo de beijos.

Peguei a pulseira da mão dela e guardei dentro da gaveta de camisinhas da minha


escrivaninha, por que era o lugar menos fácil de eu perder já que não estava
mexendo muito ali.

Minha mãe riu, depois jogou a pilha de roupas sobre a cama

- Ótimo, agora os dois bonitos já acharam o que estavam procurando, eu quero este
quarto impecável! Eu adoro arrumar as coisas, mas não quando vocês simplesmente
fazem um furacão, vamos, podem arrumar!

E assim, nós passamos a manhã, arrumando meu quarto.

- Cara, você da trabalho hein?! Disse o Harry, assim que se jogou na cama, parecia
exausto e eu mesmo estava exausto.

Então me joguei na cama também.

- Eu sei cara, mas precisava achar a pulseira.

Harry riu, pegando um travesseiro da cama e colocando-o em baixo da cabeça.

- Hum, então esse trampo todo foi por causa da Hanna? Seu tom foi sugestivo, mas
não foi por isso que sorri.

Sorri só de escutar o nome dela.

- Ah cara! Sai dessa! Disse o Harry me dando um soco no ombro.

Balancei a cabeça.

- Cara, vai por mim não vai querer se meter nesse meu lance com a Hanna, não fala
merda nenhuma, e eu também não vou falar merda nenhuma, eu prometo!
Não sei por que eu simplesmente não podia falar disso com o Harry. Mas eu não
conseguia. A Princesinha era importante pra mim, e pro Harry nenhuma garota era
realmente importante... A não ser calro, a Jane, mas ele tinha passado essa fase de
babar pela nossa professora de química.

Harry assentiu, depois se levantou da cama.

- Tá legal, eu só quero saber depois se ela é boa de cama.

Respirei fundo, tentando controlar minha vontade de bater nele, afinal ele não sabe
nada sobre a Hanna. Nem sobre eu com ela, então vou apenas ignora-lo.

- Beleza cara, vamos naquela loja do centro comprar a porcaria da fantasia? Eu não
tenho uma! Perguntou o Harry depois de um tempo de silêncio, me acordando.

Respirei fundo e me levantei da cama.

Fomos pra maldita loja de fantasias e eu por mim nem iria fantasiado, mas... Já que
era a amiga da Hanna que estava arrumando a maior parte dos preparativos pra
festa junto com o comitê de bailes da escola, eu assumi que era importante pra
Princesinha também, então decidi, por ela, não quebrar a regra da Fantasia.

O pensamento da Hanna me fez pegar o meu celular na mão, e fiquei pensando em


mandar ou não mandar uma mensagem pra ela. Ela não falou comigo o dia todo.
Então... Não sei se devo ou não falar com ela.

Decidi não falar, afinal, a gente se viu ontem não precisamos ficar grudados como
chiclete.

Andamos pela loja, em busca de uma fantasia e tentei me desviar dos pensamentos
sobre a Princesa enquanto procurava.

O Harry, como é o Harry, comprou uma fantasia de Mickey.

- Cara! Que palhaçada! Você não vai chegar nem perto de pegar qualquer menina
vestido deste jeito! Disse, porque a fantasia era ridícula.

Harry estava com um calção largo vermelho com suspensório um sapato amarelo
enorme no pé, uma camisa preta social de manga comprida, e claro: As orelhas
gigantes do Mickey.

Estava muito ridículo aquela roupa toda misturado com a cara barbada e os cabelos
compridos do meu amigo.
O Harry estava na sua fase eu não me cuido e não to nem ai pra isso, sabe? Barba
rala, por fazer, desleixado, cabelo comprido e sem corte... Ele estava pouco se
fudendo pra aparência dele atualmente, e com aquela roupa do Mickey a coisa toda
ficou muito pior e mais ridícula.

Eu sei que ele não se importava nenhum pouco de ser o único cara num baile de
colégio vestido como um personagem da Disney, onde geralmente eram as garotas
que faziam isso, mas ele com certeza iria reclamar depois quando tivesse saído do
baile sem fazer o caminho do seu pau dentro de alguma menina, e depois sou eu que
escuto as reclamações.

Harry riu.

- Ah cara, eu estou muito fofo! E as meninas adoram as coisas fofas, aposto contigo
que até o fim da noite no sábado vou pegar pelo menos cinco garotas, e vou com ao
menos uma pra casa!

Olhei pra ele, e com aquelas orelhas gigantes e ridículas, fui obrigado a rir
debochadamente. Não era mesmo possível que ele tivesse pegado meninas no
acampamento com sua atual aparência de morto vivo, apesar de eu saber que ele
fez, mas vestido deste jeito, nunca que qualquer menina, mesmo as que dormiram
com ele no acampamento iam o querer.

- Fala sério Harry! Nem que a mina fosse cega, você tá ridículo! Disse, rindo da sua
cara.

Harry fez uma dancinha escrota, que me fez rir histericamente novamente.

- Cara, você quer fazer uma aposta comigo?

Acabei rindo.

- Quero cara! Eu quero... Apostas com o Harry eram sempre positivas. Eu podia
ganhar algum dinheiro com isso.

Mas o fato era que eu não podia olha-lo que eu ria. Ele estava tão... Ridículo que era
impossível não rir.

Harry riu, depois mexeu nos seus suspensórios de um jeito muito gay, que me fez
repensar sua opção sexual.
- Bom, então a aposta é essa: Se eu conseguir levar pelo menos uma garota pra casa
no sábado, você tem que fazer uma tatuagem, a tatuagem que eu quiser... Se eu não
conseguir, eu faço a tatuagem que tu quiser, beleza?

Sorri pela aposta, e já comecei a imaginar que tatuagem. Ele nunca ia pegar uma
mosca tão ridículo daquele jeito. E mesmo que ganhasse, eu jamais faria uma
tatuagem, morro de medo de agulha, sei que o Harry também então fiquei pensando
na maior tatuagem que ele podia fazer e na mais dolorosa, ele nunca ia ganhar essa
aposta.

Demos as mãos, selando a aposta enquanto eu não conseguia parar de olhar para
suas orelhas sobre seu cabelo em um rabo hoje (pelo bem da humanidade) mas
fiquei imaginando como ele se pareceria com uma menina quando soltasse suas
madeixas agora grandes e colocasse aquela tiara de orelhas que usava, ele ia ficar
bem gay. Dei risada do pensamento e selamos de vez nossa aposta com um abraço e
tapas verdadeiramente fortes um na costa do outro.

Depois disso fiquei andando na loja procurando qualquer coisa que fosse menos
constrangedora.

Claro que na minha cabeça não saía da Princesinha, eu ficava pensando no que ela
iria vestir ao mesmo tempo que procurava algo que eu pudesse vestir e que fosse
agrada-la.

- Pirata? Perguntou o Harry, me olhando sair do provador.

Dei de ombros enquanto colocava o tapa olho preto no meu olho esquerdo.

Fiquei até que bonitinho. A fantasia era composta de uma calça larga preta e uma
bota preta também, uma blusa de botões branca, um colete marrom e um chapéu
tipo o do Jack Sperrow em Piratas do Caribe.

Tirando o tapa olho, estava bem parecido com ele... Isso se você não contasse os
drads também.

Enfim, resolvi ir assim, de pirata, tinha muito a minha cara. Piratas são sacanas,
espertos, e acima de tudo conquistadores baratos... Diz ai se não me descreve a
fantasia?

Enfim, eu e o Harry passamos o que sobrou do dia depois que saímos da loja de
fantasias no Charlie... Consertando carros, e no meu caso: Pintando motos.
Eu e o Harry parecemos dois animais quando estamos no Charlie. Cara a gente se
suja tanto que é.... Feio de se ver... Hoje mesmo o Harry me pintou inteiro de
vermelho sangue com aquela maquininha, quis mata-lo, mas tudo bem.

- Idiota! Gritei enquanto ele ria histericamente do meu lado.

- Ah cara! Eu adoro te deixar bravinho... Ele fingiu que ia pegar nas minhas
bochechas e eu aproveitei a distração pra pinta-lo também e estivemos gritando e
nos pintando com a máquina até que o Charlie gritou:

- Parem de agir como moleques e gastar minha tinta!

Ambos, tanto eu quanto o Harry rimos e paramos com a palhaçada. Nenhum de nós
dois poderia realmente ir contra as ordens do Charlie, ele era generoso em nos
pagar e o cara era muito legal. A gente o adorava, assim como ele... Tanto quando o
Chad, o Charlie era quase um pai pra mim, não pra namorar minha mãe, mas por
que ele me tratava como um filho, me fazia sentir em casa, mais do que qualquer e
todo dinheiro que meu pai verdadeiro poderia fazer.

Mas enfim, a nossa pintura na garagem mecânica do Charlie rendeu em muitas


risadas e muitas sugeira, ficamos até tarde pra limpar o lugar o nos limpar...

Resultado? Estou embaixo do chuveiro há horas e não conseguia me limpar da tinta


vermelha.

Na verdade eu estava ali embaixo d' água pra que não mandasse uma mensagem à
Hanna. Se estou do lado de fora eu iria com certeza mandar uma mensagem.

Não consigo parar de pensar nela, e estou ficando preocupado. Não sei por que, por
que sei que daqui uns quilômetros está a casa dela, mas... Enfim.

Fiquei embaixo da água me livrando da tinta e fingindo que não estava sentindo
falta da Princesa.

Fiz uma nota mental também de que amanhã em algum momento tenho que ir à
uma floricultura e a algum lugar onde venda velas e incensos pra deixar tudo pronto
para a Princesa. Eu... Tenho que fazer tudo perfeito. Velas, música... A música eu
estou esperando pelo baile, na verdade. A música que dançarmos lá, vai ser a
mesma que vou colocar aqui...

Enfim, fiquei pensando e repensando até sair do chuveiro.


Chequei meu celular e não tinha nenhuma mensagem. Mas também já era tarde,
então liguei a televisão e coloquei na minha serie favorita: Game of trones numa
tentativa bem falha de não me comunicar com a Princesinha.

Maluquinha- Hanna.

Passei o dia com a Alex, a gente saiu pra comer e tomar sorvete. Ficamos em casa
colocando todas as nossas séries em dia. E com tanto movimento e uma Alex cheia
de surpresas e novidades, e ligada no 220 o dia todo, eu mal peguei meu celular na
mão.

Mas quando fiz fiquei decepcionada de ver que não tinha nenhuma mensagem.
Pensei que ele fosse me mandar alguma coisa hoje, eu esperava ao menos. Mas não.

Quando a Alex foi embora eu travei uma luta interna pra não ligar pro Steven.

Já estava tarde mesmo, mas ainda assim... Eu quis mandar alguma coisa.

"Hey... Boa noite! ☺ "

Não sei quanto tempo esperei que ele me respondesse, estava lendo. E a resposta
não chegou até segunda de manhã.

"Hey, bom dia... Estava dormindo ontem"

Sorri pra mensagem, tinha acabado de sair do banho. Estava me arrumando pra ir a
escola.

" Bom dia " enviei, primeiro. Depois mandei mais uma.

" Já está pronto pra ir a escola?"

Imagino que sim, por que se eu que moro perto já estava quase pronta, ele devia
estar também.

"Tô quase, e você?"

Sorri de orelha a orelha, era impossível não faze-lo apenas de olhar pra mensagem
do Steven.

"Também estou quase... Falta só... Prender o cabelo"

" Por que não deixa ele solto? Já ouviu dizer que o simples é sexy?"
Como ele consegue? Como consegue estar longe e ainda me fazer sorrir como uma
idiota?

"Nunca tinha escutado esse provérbio, mas não... Eu gosto do meu cabelo preso"

Ele não me mandou mais mensagens, o que me deixou com aquela pontinha de
decepção, mas eu iria ve-lo na escola afinal.

- Bom dia Pai... Disse, beijando seu rosto quando desci as escadas.

Chad sorriu.

- Bom dia Pequena. Tudo bem?

Assenti pra ele, pegando uma pêra sobre o balcão e comendo.

- Pai... Eu... Depois da escola hoje, ou depois do treino eu vou na casa do Steven, tá?
Avisei, quando me lembrei que hoje era segunda.

Chad tirou os olhos do jornal que estava lendo por um momento e me olhou com
cara de desconfiado.

- Tudo bem, apenas me prometa que vocês vão se cuidar, está bem?

Engasguei com a pêra quando entendi o que estava implícito em sua voz.

- O que? Pai! Repreendi, fazendo-o rir.

- Vocês não vão brincar de casinha, .vão?

Franzi o cenho e Chad riu.

- Enfim, apenas, se cuide. E volte pra casa antes da meia noite!

Assenti pra ele.

- Tá, eu volto cedo... Agora, podemos ir pra escola?

Chad fez que sim com a cabeça e nós saímos.

Fiquei quieta todo o caminho, por que ainda é meio complicado pra mim saber que
ele sabe o que eu e o Steven provavelmente vamos fazer hoje.

 Babaca-Steven
Eu ignorei a Princesinha o quanto deu cara. Juro que ignorei, eu mau a olhei.

Mas na hora do intervalo, eu não conseguia mais me segurar, queria beija-la, queria
segurar seu corpo perto do meu.

Ontem ficar sem ela foi torturante, hoje a ver e não poder toca-la era pior ainda.

Então, como eu sou o Babaca... Fiquei escondido no almoxarifado. Ele ficava no


corredor dos armários, e eu sei bem que a Princesinha sempre passa ali na hora do
intervalo pra ir até o pátio, todo mundo tinha que passar por aquele corredor.

Então fiquei ali, olhando todo mundo que passava, até eu vê-la.

Estava tão bonita, simples, mas bonita. Seu cabelo, como sempre estava em um rabo
alto de cavalo, sua franjinha solta a dando um ar inocente e menininha... E claro,
estava com o moletom da academia.

Como não temos uniforme na escola, ela estava com ele hoje, aquele mesmo que
quase me pôs louco quando estávamos voltando pra casa do acampamento. Mas,
hoje não estava de saia, estava de calça jeans simples e tênis, mas pra mim estava
perfeita.

Quando ela passou perto da porta onde eu estava escondido, puxei sua mão e ela
soltou um gritinho, mas não dei tempo dela gritar de verdade por que a beijei.

Deus... Aquilo era tão bom! A boca dela na minha, seu corpo encostando no meu.

Eu adoro isso. O contato entre nossos corpos e o que isso me provoca. Eu nunca
fiquei assim antes, meu coração nunca bateu até perder o sentido enquanto beijava
as garotas antes e é muito bom, desesperador, mas bom.

Encostei-a na porta do almoxarifado, minha mão desceu até a coxa dela pra puxa-la
e ficar entre elas... Só que achei melhor não. Ela ainda era a Princesinha, ela ainda
tem problemas sobre toque... Não quero ela mal.

Então desacelerei meu ritmo... Eu estava a apertando tão forte, porém só agora
percebi isso. Fui a soltando devagar, diminuindo minhas restrições nas mãos dela,
por que sim, eu segurei os pulsos da Princesinha com uma mão só atrás de suas
costas quando a beijei, por que não queria que ela me batesse.

Fui acalmando meu corpo, meu beijo e beijei-a devagar... Com menos tesão e mais
carinho... É assim que ela gosta, é assim que ela se sente mais segura.
Coloquei suas mãos no meu pescoço, e encostei-a delicadamente na porta... O peito
da Hanna subia e descia tão rápido que eu podia sentir, e suas mãos no meu
pescoço, as que eu estava segurando agora tremiam tanto que acabei me
assustando.

- Sou eu baby... Só eu. Sussurrei, bem baixinho, beijando-lhe ainda, mas agora
apenas selinhos.

Quando disse que era eu, parece que toda tensão a deixou. Escutei ela suspirar, já
que não podia ver por que não ascendi a luz do almoxarifado e este não possuía
janelas.

- Você me assustou... Disse, no mesmo sussurro que eu.

Esperei, como sempre espero as vezes, que ela me afaste... Mas não, a Princesinha
me abraçou, apertado e segurei sua cintura.

Distribuí beijos por todo seu rosto, queria que sentisse que era apenas eu ali, queria
acalma-la. Por mais que tenha... Sido ligeiramente intenso, era apenas eu.

Nossas respirações foram desacelerando enquanto a beijava, e eu podia jurar que a


Princesinha estava gostando agora.

Não falamos, por que não precisava... Eu sabia que era ela, e ela por sua vez, sabia
que era eu agora. Então fiquei quietinho, apenas desfrutando de um tempo com ela.
Ia ter que solta-la já já mesmo...

Beijei sua bochecha, seu queixo pontudinho que a faz ter cara de marrenta, e
finalmente... Onde eu mais queria, o pescoço.

Homens, aliás... Acho que todo mundo tem uma tara por beijar pescoço... É a área
mais sensível, é onde todo mundo começa as preliminares. E eu queria brincar um
pouco com a Princesinha, só brincar.

Ela deitou a cabeça pro lado, me dando acesso ao seu pescoço, o que significa que
gosta. Isso me fez sorrir enquanto a beijava e apertava seu corpo ao meu.

Fiquei a beijando até escuta-la suspirar, eu adoro o som... Os barulhos que vem da
garganta dela, me faz bem. E o seu cheiro... Não sei como ela consegue! Não sei que
perfume é esse, mas seja o que for me deixa louco.

- Você tem um cheiro um cheiro muito gostoso... Sussurrei, virando devagar sua
cabeça pra eu beijar o outro lado.
Me contive pra caralho, eu não dei nenhum chupão nela. E admito que gosto
bastante de deixar marquinhas... Mas, é a Princesinha, chupão dói, não quero que
sinta dor por minha causa.

E sabe? Eu acho que ela gosta disso... Dos meus beijos, tenho quase certeza.

Como sei?

Ela ficou na ponta dos pés, me entregando de bandeja seu pescoço, afundou as mãos
no meu cabelo, e puxava de leve cada vez que beijava um ponto onde a Princesa
gostava mais...

E isso é ótimo, sei onde agora onde ela gosta mais de ser beijada. É na junção do
pescoço e o ombro, bem naquele ponto, é onde ela gosta mais, claro que pra beija-la
ali eu tive que arrancar aquele moletom lindo do meu caminho, não tirei dela, mas
puxei o suficiente pra expor seu pescoço à mim.

Porém, quando a brincadeira estava ficando boa, quando eu toquei a bela bunda que
a Princesinha tem e apertei-a a mim, o sinal bateu.

Adoro o timing do universo!

- Tenho que te deixar ir... Disse, beijando sua testa.

A Princesinha me olhou nos olhos, que aliás era a única coisa que brilhava dentro
da sala escura.

Imagino que ela sorriu pra mim, depois ficou na ponta dos pés e beijou meu queixo.

- Vejo você mais tarde na sua casa? Perguntou, ainda pendurada no meu pescoço.

Apertei-a um pouquinho mais perto, e procurei sua boca novamente.

- Sim Princesa, a gente se vê mais tarde, agora vai! Disse, antes de beija-la
novamente.

Escutei a Princesinha rindo.

- Eu até iria se me soltasse!

Dei risada e a apertei mais um pouco.

- Eu não quero!

A Princesinha riu em resposta e foi se soltando de mim.


- Te vejo mais tarde? Perguntei, antes de solta-la de vez.

- Sim, mais tarde... Respondeu, e se soltou.

Por fim eu deixei.

Vislumbrei por um momento o sorrisinho da Hanna quando abriu a porta. Depois,


fiquei apenas no escuro. Bati minha cabeça de leve na porta, soltando um suspiro
apaixonado e pensei: Tô fudido.

Maluquinha- Hanna.

Quando saí do almoxarifado a Alex soltou um sorriso enorme.

- Estava quase gritando aqui fora pra te socorrer quando escutei os suspiros lá
dentro! Disse, bem baixinho sorrindo de maneira maldosa.

Fechei os olhos por um momento, e encostei meus dedos na boca.

Sentia meus lábios inchados, e eu gostava da sensação de amortecimento da


sensação de que mesmo que ele me ignorasse o tempo todo, ele ainda me queria.

Sorri do pensamento.

- Ai Deus! Alex sussurrou, me acordando dos meus pensamentos.

Olhei pra ela, que balançava a cabeça e me puxou pela mão, me fazendo andar pelo
corredor da escola.

- Vocês transaram lá dentro? Perguntou, apoiada no meu braço e com tanta malícia
que me fez rir.

- Não! Respondi, passando meu braço no pescoço dela e a envolvendo.

Eu me sentia maravilhosa agora, mas uns minutos atrás eu estava completamente


assustada. Antes de saber que era ele eu quase entrei em colapso quando segurou
meu pulsos e me beijou daquele jeito louco dele.

Mas, quando disse "Sou eu..." Eu me entreguei, relaxei, por que sei que ele nunca
vai me machucar. Ele gosta de mim. E eu dele, então com o Steven, por mais doido
que possa parecer, eu me sinto segura.

- Ah amiga! Essa sua cara de recém fodida acaba comigo! Eu tô carente aqui, e você
parece bem quente!
A voz da Lex me trouxe de volta dos meus pensamentos.

Sorri pra ela, por que era tudo o que conseguia fazer.

- Ah Alex, ele... Suspirei, acho que não consigo descrever o que ele faz.

Ele me faz sentir... Quente, e mole e quero que me faça sentir muito mais disso. O
tempo todo.

Hoje mesmo na sala, enquanto os professores falavam eu divagava sobre como seria
o quarto dele, se ele me levaria pra lá, e o que faria comigo se levasse. E o pior? Eu
estava morrendo de ansiedade pra que me levasse, pra que me desse uma dose mais
do que senti na barraca e na academia.

- Eu sei, o cara é bom! Disse a Lex, me fazendo sorrir enquanto me dava uns
tapinhas na costela.

Eu só consegui suspirar e sorrir em resposta.

Só conseguia sentir a língua dele na minha, os lábios grossos que tem possuído os
meus... Eu queria ficar sozinha com ele, por muito tempo... E nem mesmo sei de
onde isso vem, eu apenas tenho muita vontade do Babaca... Muita mesmo.

- Amiga, você vai sair com ele hoje? Sussurrou a Lex, assim que me sentei na
carteira de volta a sala de aula.

Olhei discretamente pro lugar no fundo onde o Steven sentava, mas apenas o Harry
estava ali, ele ainda não.

Então voltei meu olhar pra frente, e respondi a pergunta que Alex estava me
fazendo desde que a aula começou.

Ela não parou de me perguntar se tínhamos um relacionamento aberto, o por que


ele não queria assumir, que isso não fazia sentido, mas eu disse que confio no
Steven, e confio mesmo. Apesar de não entender por que ele acha melhor ficarmos
no escuro, eu confio.

- Sim Alex, eu vou sair com ele hoje, depois da academia... Disse, pegando uma
caneta na carteira e batendo na mesa.

Eu estava inqueieta, meu estômago estava em um nó tão grande que mal comi no
intervalo.
Não parei de pensar nele, nenhum segundo. Não parei de pensar no que fez pra
mim na academia, e como me disse daquele modo carinhoso que eu não precisava
ter vergonha dele pelo que fez.

Mas eu me sinto muito tímida, muito mesmo em relação a isso... Ele esteve com...
Com tantas garotas, e eu... Eu nunca experimentei nada disso. Nada do que ele fez
comigo é normal pra mim, nada do que sinto. A forma como minha mente divaga
sobre beija-lo e estar no colo dele, sentir os braços dele a minha volta... Sentir as
mãos dele naquele lugar tão íntimo novamente.

Me dá vergonha pensar assim, porém, segundo minha amiga louca é normal eu me


sentir excitada de pensar sobre eu e o Steven juntos, por que gosto dele... Mas ainda
assim, meu rosto queima enquanto o professor entra na sala e fala e minha mente
não fica ali, sim fica nele... Sempre ele.

- Licença professor.

A voz grossa que eu aprendi que adoro ouvir se infliltrou na minha mente, e olhei
institivamente pra porta.

Meus olhos se encontraram com os mel dele e o Steven mordeu o lábio antes de
andar até seu lugar.

O segui com os olhos, até sentir um beliscão no meu braço.

- Ai! Reclamei, baixinho por que o professor Mathew odiava ser interrompido
durante a aula, nem sei como deixou o Steven entrar.

Alex me olhou, sorrindo pra mim.

- Não olhe pra ele assim, se é pra ser segredo sobre vocês dois... Você parece...
Completamente apaixonada o olhando assim. Sussurrou, chegando mais perto do
meu ouvido pra falar.

Eu não sei de que forma o olhava, mas pra mim estava normal. Porém, como
conheço a Alex e sei bem que se está falando isso é por que eu realmente estava
dando bandeira.

Assenti pra ela, ainda com a caneta na mão.

Alex retirou a caneta dos meus dedos e prendeu seus cabelos loiros com ela.
- Você pensou sobre... "Fazer um agrado", pra ele hoje? Perguntou-me em um
sussurro, quase tive que fazer leitura labial pra entende-la.

Quando entendi, senti meu coração pular no peito. Isso me dava medo. E se eu não
soubesse o que fazer? E se eu fizesse alguma coisa errada? E se ele não gostasse?

Eu não sei por que penso em tudo isso, mas penso... Quer dizer, eu nunca fiz algo
assim. Na maioria das vezes que consigo me lembrar do homem, eu estava presa e
sufocada pelo seu peso, eu não conseguia me mexer, eu nunca toquei em parte
nenhuma de um garoto. Eu... É vergonhoso. Eu sinto vergonha, e medo de que ele
me ache uma idiota, por que afinal, ele ainda é o Babaca que esteve com sabe Deus
quantas meninas.

Alex pareceu perceber meu desconforto com esse assunto, por que ficou quieta e
prestou atenção na aula, tentei fazer o mesmo, mas não conseguia me concentrar.

Ficava pensando se era isso que ele esperava pra hoje. Cheguei a conclusão de que
sim, ele esperava que eu... "O agradasse"

Mas também, depois do que fiz em casa no sábado eu não o culpo, aquela noite eu ia
toca-lo, por que não estava pensando demais, só que hoje tive quatro aulas pra
pensar demais, pra analisar demais e entrar em pânico.

Quando o último professor do dia entrou na sala, eu me senti enjoada, era a Jane.
Eu não queria ve-la, não depois do que sei.

Fiquei pensando em como ela podia trair meu pai, com alunos! Como ela podia fazer
algo assim com ele?

E graças a esse pensamento eu fui distraída do meu medo, o que senti durante toda
a aula dela foi raiva. Raiva que ela tivesse feito mal ao meu pai.

E enquanto planejava mata-la com o meu olhar, meu celular vibrou.

Estava em baixo da carteira e senti o leve balanço desta quando recebi, ao que
parece, uma mensagem.

Como não estava nenhum pouco afim de prestar atenção no que aquela cobra falava,
fui checar meu celular, e pra minha surpresa.

"Não vou a academia hoje, quero fazer um jantar especial pra nós dois, avisa o
Mestre? E por favor... Esteja na minha casa quando o treino acabar"
Era do Steven, obvio. Sua mensagem me fez arregalar os olhos, e li e reli, mais de
uma vez...

Jantar especial? O que isso quer dizer?

Um arrepio subiu pela minha espinha, de apreensão, mas também de ansiedade. E


enquanto a Jane continuava a escrever na lousa e eu escutava os comentários
maldosos dos meninos sobre a bunda dela, passei o celular pra Alex por de baixo da
mesa.

Minha amiga leu, atentamente, e depois que provavelmente acabou, o sorriso lento e
diabólico surgiu no seu rosto de anjo.

A vi digitando algo no meu celular, e fiquei institivamente com medo.

Quando peguei pra ler a mensagem, quase a matei.

"Hum... Jantar especial? Se estiver gostoso eu prometo te fazer algo bem gostoso pra
comer quando acabarmos de alimentar nossos corpos"

Olhei pra ela incrédula, minha amiga sorriu, jogando a franja loura pro lado e ainda
por cima deu um beijinho no ombro!

Estava chocada, sem saber o que fazer...

Levantei o olhar um pouco pra algumas carteiras atrás onde o Babaca sentava e ele
estava com o rosto pra baixo, em seu colo, franzido o cenho.

Provavelmente leu a mensgem e me achou louca, ou uma completa vadia. O que eu


não sou. Se ele me pedisse pra fazer qualquer coisa assim... Íntima pra ele, eu não
saberia fazer.

Queria matar a Alex,e me virando pra frente novamente quase a matei dando um
forte beliscão no seu braço.

Ela se controlou pra não gritar e levou a mão ao braço enquanto mordia a boca,
claramente, tinha doído.

- Por que você fez isso? Perguntou, sussurrando.

Dei-lhe um olhar cético.

- Por que e se ele pedir que eu faça alguma coisa Alex? Esqueceu que eu não sei nem
mesmo me tocar? Como vou conseguir... Conseguir...
Suspirei, enfiando meu rosto entre as mãos.

Eu estava mais preocupada que ele me pedisse algo e que o decepcionasse do que
outra coisa, acho... Não tenho a mínima ideia do que fazer pra ele. Apesar de
assumir que até tentei ler sobre isso na internet, mas era tudo muito... Estranho.
Era difícil me imaginar fazer qualquer coisa que li.

Balancei a cabeça uma vez, suspirando quando a Alex sussurrou no meu ouvido.

- Não vá a academia hoje, vem comigo pra casa, e eu... Vou te ensinar uns truques.
Disse, me abraçando.

Respirei fundo, e a olhei nos olhos.

- Alex... Comecei, mas ela me interrompeu.

- Você gosta dele?

Assenti com a cabeça e ela continuou.

- Bom, então, mediante ao fato de que ele quer "fazer um jantar especial" pra vocês,
eu acho que pode ser o momento perfeito pra você tentar fazer algo especial pra ele
também... Qual é Hanna, é do Babaca que estamos falando, ele é um cafajeste
perfeito, e tenho certeza que está fantasiando com isso, por que você não pode...
Tentar?

Franzi o cenho pra ela, mas devo admitir que fazia muito sentido seu discurso,
porém quando fui responder.

- Quieta as duas fofoqueiras ai, prestem atenção na aula!

Foram as palavras da Jane que interrompeu minha resposta, e aquela cretina nem
olhou pra mim, apenas pros papéis, por que se tivesse olhado, ela iria saber que eu
sei sobre o que faz com os alunos e tenho certeza que não falaria assim comigo.

Mas eu não me importo realmente, não sobre o que faz com os alunos, me importo
sobre o que fez com o Chad. Ele não merecia isso, meu pai é um homem bom e ele
merecia mais... Mais que ela.

Quer saber? No fim pode ser bom que isso aconteceu, assim pelo menos ele se livrou
desta mulherzinha.
Depois que voltei minha atenção pra química, meus pensamentos melhoram, eu não
pensei sobre matar a Jane, nem sobre o Steven, apenas sobre as fórmulas e as
intermináveis cadeias de carbono...

O que pareceu ser anos depois, nosso sinal bateu e sai como um raio da sala.

Eu não queria olhar pro Steven, por que... Estava com vergonha. Não sei o que
passava na mente dele, e não recebi nenhuma mensagem sua, portanto, não sei o
que ele pensa.

Alex me seguiu de perto, e foi comigo até a Xlt, onde joguei todo o material nos meus
braços na capota.

Encarei a Alex, com uma vontade imensa de pular no seu pescoço.

- Nunca mais faça isso, está me ouvindo?

Ela assentiu, e fez cara de cachorro que caiu da mudança.

- Desculpa Hanna, eu só quero te ajudar... Quero que pare de ser inibida e recatada,
agora que finalmente venceu um dos seus medos, tem que vencer a vergonha... Olha
pra mim? Pediu, se aproximando um pouco.

Levantei o olhar do meu allstar cinza e preto, e olhei nos seus olhos azuis.

- Não tem que ter vergonha de nada do que anda passando na sua cabeça, essas
suas fantasias, seus desejos, são normais amiga... Depois da minha primeira vez, eu
entendi uma coisa: Sexo não é algo pra se ter vergonha, é pra se conversar, e pra
fantasiar mesmo, é completamente normal amiga! E te digo mais, o Steven pensa
tanto nisso quanto você, se você disser pra ele, e conversar com ele sobre isso tudo
que anda sentido, sobre como você se sente em relação ao seu desejo sobre ele, ele
vai aceitar numa boa, e ainda vai realizar todas as suas fantasias!

Pisquei, diante do monólogo dela no meio do estacionamento. Mas, pra sua própria
sorte estava falando baixo.

Respirei fundo, depois olhei de relance pro outro lado do estacionamento onde
geralmente fica estacionada a moto do Steven, que agora já não estava mais lá e
pensei...

Pensei em como me sinto queimada quando estou perto dele, o quanto minha pele
queima e meu corpo pede mais do toque dele, pede que me toque em cada canto...
Que tire de mim toda a marca da dor... Tudo o que aquele homem fazia, o quanto eu
sinto que meu corpo pede pra que ele me faça esquecer...

É estranho, e engraçado que eu pense assim... Eu nunca pensei que sentiria nada
assim, mas eu sinto. Aquela noite na barraca, nada passou na minha mente se não
suas mãos no meu corpo, seus beijos em mim... E na academia então? Eu mal me
lembrei onde estávamos, que alguém poderia entrar, ou qualquer coisa... Eu só
queria mais.

Mordi o lábio enquanto exalava minha respiração presa.

- Me ensina a agrada-lo? Pedi, bem baixinho, mas a Lex ouviu, riu e deu pulinhos e
bateu palmas.

- Ahhhh, claro que ensino! Nós vamos a uma loja de lingerie... E vamos... Vamos...

Ela falou um monte de coisas, inclusive sobre me levar a um sexy shop, o que eu
recusei piamente... Eu ainda não estou pronta pra tanto.

Mas acetei o resto, e quando meu pai veio falar comigo, disse que não iria a
academia, pedi pra me deixar com a Xlt e falei que voltaria pra casa só depois das
onze.

Chad sorriu, um sorriso presunçoso, que me diz que ele sabe o por que eu voltaria
pra casa tão tarde e me faz quase entrar em combustão de vergonha, mas ele
deixou. E não fez nenhuma piadinha, o que é ótimo.

Eu e a Alex fomos até uma loja onde ela mesma compra suas lingeries, e
obviamente, ela me fez comprar várias.

Ela queria até mesmo que eu comprasse uma cinta liga, mas não era pra mim
aquilo... Era, sensual demais. Eu não me via usando aquilo.

Por isso ela me fez entrar no provador e me fez vestir todas as peças me vesti, sem
olhar pro espelho por que juro à você que morro de vergonha de olhar meu próprio
corpo, não por que não goste dele, mas por que a única vez que me olhei, eu estava
lotada de cicatrizes... Elas sumiram hoje em dia, mas mesmo assim... Tenho a
sensação de que se me olhar a lembrança vai voltar.

Vesti a peça rosa que a Alex escolheu. Era toda rendada, cheia de babados na
calcinha minúscula e o sutiã era de bojo, sua alça era fina e cheia de minúsculas
rendas em volta.
E isso é tudo o que sei, por que não me olhei no espelho.

- Vamos Hanna! Pediu a Alex batendo palmas do lado de fora.

- Eu quero ver você, anda, abre aqui! Gritou novamente, quando não abri.

Coloquei minha blusa de moletom, dando graças a Deus por esta me cobrir até o
meio da coxa antes de abrir o provador pra Alex.

Eu nunca na minha vida tinha passado por isso. Nunca. Sempre que comprei roupa
íntima tinha sido em lojas normais, de roupas, não especificamente de roupa íntima.
E eu não queria que a Alex me visse assim... Nem eu queria me ver assim... Nem
mesmo a ideia do Steven olhar muito pra mim assim me agradava. Ali não era meu
lugar.

- Alex eu acho...

Ela me interrompeu, assim que me olhou.

- Por que está vestida? Não tem ninguém aqui além da gente Hanna, vamos tira pra
eu ver como ficou! Disse, pegando na barra da minha blusa e eu recuei.

Alex dobrou a cabeça pro lado, cruzando os braços e olhei pro chão, fixamente.

- Hanna, sou eu... Não tenha vergonha de mim! Sou sua melhor amiga! E já te vi só
de calcinha e sutiã, vamos?

Escutei as palavras dela, e era verdade, mas... Parecia tão diferente, tão íntimo.

O sutiã era tão pequeno que mal cobria meus seios, eu não queria que ela me visse
assim. Eu não deveria estar ali.

- Lex eu...

Ela me interrompeu novamente, entrando na cabine comigo e fechando atrás dela.


Parecia exasperada.

- Hanna Stewart, você é linda! E deve estar linda... Você já olhou no espelho?

Neguei com a cabeça, mordendo meu lábio sem parar, e com tanta força que podia
sentir que a qualquer momento sangraria.

Alex suspirou, puxou meu rabo de cavalo levemente e meu cabelo caiu em ondas do
lado direito do meu corpo.
Encarei-a por um momento e ela sorriu carinhosamente.

- Pense em como ele vai ficar quando te vir assim... Tira a blusa e se olha, te garanto
que você vai estar linda. Disse, afagando meu rosto.

Tomei algumas respirações e a olhei por um tempo antes de fazer o que disse.

Tirei minha blusa relutantemente, mas não olhei pro espelho.

Continuei olhando pra Alex, que sorriu, com as mãos na cintura, como uma mãe
orgulhosa.

- Você está tão bonita amiga! Tão sexy, tenho certeza quando o Steven te vir assim
vai cair morto de amores! Disse, segurando meu rosto e virando-o pro espelho ao
nosso lado.

Eu até quis desviar o olhar, mas... Simplesmente não parecia eu.

Olhei pro meu corpo despida, pela primeira vez depois de anos... E não haviam mais
cicatrizes desta vez, agora apenas tinha uma garota muito maior, e com os cabelos
soltos e bagunçados ao lado do meu corpo.

Como eu previa o sutiã era pequeno, e fazia com que parecesse que eu tinha muito
mais seios do que eu realmente tenho, eu acho... Ele era todo bordado e desenhado
em pequenas rosas por todo ele.

A calcinha... Não passava de um pedaço fino e pequeno de pano. Realmente não


parecia com o que me lembrava de mim aos oito anos em frente aquele espelho do
orfanato.

Pisquei algumas vezes, completamente... Chocada, até a Alex sorrir e me apertar.

- Viu? Você está bonita! Seu corpo é bonito, e sei que ele vai gostar bastante dessa
lingerie. Agora, experimente a preta, acho que é melhor pra começar... Disse ela,
afastando alguns fios de cabelo do meu ombro.

Ela saiu em seguida, e fiquei ali, me olhando...

Eu sei que o Steven me viu nua aquela noite, eu sei que ele me tocou na academia...
Mas, parecia tão mais isso... Mais... Mais... Íntimo.

Toquei o tecido suave no meu corpo e me perguntei se ele realmente gostaria disso,
se era isso que ele gostava.
Fechei os olhos por um momento, respirei fundo... Pensando apenas nele por um
momento. Em como me trata, como me beija, como me faz sentir...

E se a Alex estava dizendo que ele gostaria de me ver assim, eu iria vestir, pra ele.

Tirei a lingerie rosa, e vesti a preta, sem olhar pro espelho. Eu ainda não estava
muito pronta pra me ver nua, a ideia não me animava. Ai você pensa, qual a
diferença de me se ver nua e se ver com uma roupa íntima minúscula?

Eu não sei... Mas, apenas parecia um pouco demais ver a minha própria nudez.

Quando coloquei o conjunto preto, me senti mais confortável, ele era maior e cobria
um pouco mais da pele do meu bumbum.

Mas, em compensação sua calcinha era completamente rendada, sem nem um fio de
pano, apenas renda, ao lado do meu corpo os babados da calcinha caiam em
vermelho e preto.

E o sutiã praticamente a mesma coisa, exceto pelo pedaço onde ficava o bojo, tudo
era feito de renda. Nas alças, no lado, sob o bojo... Era tudo em renda vermelha e
preta.

- Já se vestiu?

A voz da Alex me trouxe do meu choque de olhar praquela garota vestida em renda
e nada mais com os cabelos bagunçados e parecendo nenhum pouco a vontade com
sigo mesma. Apesar de não estar a vontade, eu me sentia... Muito bonita.

Estava vestida como uma modelo da playboy, não era confortável saber disso, mas
mesmo assim... Bonita.

Abri a porta pra Alex, me sentindo mais à vontade agora.

Eu não sei de onde veio esse sentimento, só estava sentindo isso... Me sentia
confiante. Por mais estranho e perturbador que isso possa parecer.

- Uau amiga! Você vai levar essas duas! Já que não gostou das cintas liga ao menos
essas tem que levar, você está tão bonita! Disse a Lex, praticamente gritando e
batendo palminhas, tão animada que me fez sorrir.

Olhei mais uma vez pro espelho, e fechei os olhos, respirando fundo.

Pra ele... Pensei, antes de exalar.


- Ok. Vou leva-las.

Alex gritou e me abraçou, fazendo a maior festa.

Saímos de lá com as sacolas nas mãos e fomos tranquilamente andar pelo calçadão
da praia.

Passamos a tarde ali, depois fomos pra casa da Alex.

Enquanto estava lá resolvi mandar uma mensagem pro Steven

"Que horas é pra eu estar na sua casa?

PS: Eu também não fui a academia"

Ele demorou pra me responder, demorou um bom tempo, e fui ficando preocupada...
Será que a mensagem da Lex tinha... Feito alguma merda pra ele?

- Agora sente aqui por que vou te ensinar a fazer um boquete delicioso! Disse ela,
me acordando.

Revirei os olhos.

- Alex...

Ela não me deixou terminar, levantando as mãos.

- Nem comece Hanna! Você vai estar linda, não tem que ter vergonha de toca-lo,
conhecer o corpo dele, tenta... Toca-lo do mesmo jeito que fez contigo se não quiser
coloca-lo na boca.

Minha respiração ficou presa quando ela disse isso. Por um lado eu queria muito
agradar o Steven, do mesmo jeito que fez comigo... Por outro eu estava apavorada
que ele me achasse... Menininha demais.

- Como eu faço pra toca-lo? Acho que na boca é demais pra mim...

Alex riu, depois me pegou pelas mãos e me colocou sentada na cama.

Na próxima meia hora ela falou sobre como pegar, esfregar, apalpar e em bom
inglês fode-lo com as mãos, foram as palavras dela.

Eu nem mesmo consegui me imaginar fazendo isso, mas ouvi tudo, tentando
assimilar na minha mente.
Quando a Alex terminou, me fez tomar banho em sua banheira, encheu aquilo de
óleos e umas paradas malucas...

Mas me senti uma rainha com ela cuidando de mim. Senti como se tivesse uma mãe
de verdade. Eu sei que a Lex é minha amiga, e tem minha idade, mas ela cuida tão
bem de mim... E tem feito tudo com tanto carinho que me senti emocionada. Eu não
tive mãe, porém, em compensação eu tenho a Alex, a melhor amiga do mundo.

- Agora, eu vou te maquiar, já que você quis se vestir deste jeitinho sem graça, eu
vou fazer a maquiagem perfeita! Disse, me colocando sentada em frente sua
penteadeira.

Eu não quis colocar uma saia curta que ela quis que vestisse, nem nenhum dos seus
vestidos.

Decidi colocar um shortinho preto dela, jeans e larguinho com vários rasgos e
desfiados na frente e atrás, e uma blusa branca larguinha meio transparente, por
isso quis colocar uma regata por baixo, mesmo com ela insistindo que era pra eu
ficar sem pra mostrar meu sutiã novo, só que não, eu já estava vestindo aquela
roupa íntima super... Sensual. Eu queria estar mais vestida como eu mesma.

Porém, como a Alex é a Alex, deu um jeito de me deixar irreconhecível com


maquiagem.

Quando me olhei no espelho e vi aquele olhão preto, e batom vermelho na minha


boca eu quis instantaneamente tirar tudo. Eu não me reconhecia.

- Alex... Comecei, porém como fez hoje o dia todo, ela me interrompeu.

- Shhh, nem vem! Você está linda! Disse, tirando o excesso de batom dos cantos da
minha boca.

A olhei, negando com a cabeça, mas ela me ignorou categoricamente.

- Lex...

- Não! Disse, quando me levantei e fui tentar tirar um pouco daquilo tudo.

- Por favor Hanna, ele vai te ver diferente hoje, vai enlouquecer e isso vai ser bom
pra você mesma, afinal, quem vai ganhar um delicioso orgasmo vai ser você, então
deixa como está!

Ela fez a cara... A cara pra que não consigo negar nada.
Inferno! Eu a odeio por saber me tocar com essa carinha de dó.

Exalei.

- Tá bom! Concordei, andando até a cabeceira da sua cama pra checar meu celular.

Finalmente, a resposta dele.

"Hum, está tudo pronto aqui em casa. Quando você quiser vir, estarei esperando"

Respirei fundo, várias vezes...

Era isso, eu estava vestida com a roupa íntima mais chique e sensual que já usei,
meus olhos estavam destacados pelo preto em volta destes, minha boca destacada
também da minha pele morena por causa do batom vermelho... Eu realmente não
sei onde estava com a minha cabeça quando fiz tudo isso, mas...

Enfim. Agora não tinha volta.

Fui prender meu cabelo em um rabo, mas Lex me parou.

- Não, não! A senhorita vai de cabelo solto. Seus cachos são lindos, e você está
perfeita! Deixe assim. Disse, mexendo e dobrando varias vezes meu cabelo.

Ele não era cacheado realmente, só nas pontas, e o resto era liso, e preto... Eu não
sou muito fã do meu cabelo solto, mas... Já que estava tudo na merda, era melhor ir
de uma vez.

Só quero saber o que o Steven vai pensar de tudo isso.

 Babaca-Steven:

Curioso pra saber como passei o dia, não é?

Bom, fui atrás da floricultura, comprei pétalas de rosas que me custaram todo o
meu dinheiro do bico que fiz no sábado com o Harry. Sem contar as velas e incensos
que também comprei.

Espalhei as rosas pelo chão da cozinha, junto com velas, e uns incensos que pra mim
tem cheiro de macumba mas tenho certeza que a Princesinha ia gostar.

No meu quarto? Bom, meu quarto estava lotado de rosas, até na minha bunda devia
ter algumas pétalas... Eu queria esperar mais, mas não acho que consigo aguentar
muito tempo de abstinência dela. Queria esperar até o baile... Mas, sério tá muito
foda pra mim.

Fantasio sobre eu e ela o tempo todo, o tempo todo. E não aguentei hoje quando me
mandou aquela mensagem. Eu fiquei duro instantaneamente só de pensar que ela
estava pensando nisso também. Que ela me queria também. Então. Arrumei tudo
hoje.

Era pra ser só um jantar, mas não consegui... Não consigo. Sou um fraco.

Olhei pro meu quarto mais uma vez, pra minha cama lotada de rosas, à meia luz, à
luz da lua que atravessava a janela da sacada, estava tudo... Perfeito. Como uma
menininha imagina as coisas.

Desci novamente, checando minha roupa.

Eu estava bonito. Mas sem parecer exagerado. Estava de calça jeans azul com
alguns rasgos na frente e uma camiseta vermelha polo. Estava bem, eu acho, acho
que ela vai gostar. Espero que goste de tudo.

E, ah, que fique bem claro: Só vou convida-la a subir pra ver meu quarto, e ver o que
fiz lá em cima se perceber que ela quer. Que falou sério naquela mensagem.

Fui até a sala de casa, respirando fundo e entrei num site de músicas.

Eu não sei do que ela gosta... Não faço ideia. Então pesquisei um pouco com o Harry
mais cedo, sem dizer, é claro que era pra colocar música para Princesinha. Ele não
ia entender, e nem quero que saiba.

Enfim, a gente procurou por umas horas e decidimos entre três bandas: Codplay,
Magic e Tree Doors down.

Espero que dessas três ela goste de alguma, e no meu uni duni tê, saiu o Codplay...

As músicas dos caras são melosas, e tem um balanço gostoso, principalmente pra
dormir, penso eu particularmente...

Mas, como a Hanna é uma menina, eu acho que ela gosta. Deixei no site, pra tocar
toda a playlist enquanto estivéssemos jantando.

E me olhei no espelho ao lado da escada enquanto ia a cozinha e ascendia as duas


velas no centro da bancada.
Até na bancada, onde comeríamos tinha pétalas de rosas, tanto vermelhas como
brancas.

Ascendi as velas e esperei... Esperei... Sentei, levantei e fui ficando inquieto.

Ela não me deu resposta se viria... E eu vou ficar puto pra caralho se ela não vier.
Não por tudo o que fiz, mas por que sinto falta dela... Do seu cheiro, seu cabelo...
Tudo.

Aquele nosso beijo hoje não foi suficiente pra matar minha vontade dela... Eu quero
mais com a Princesinha, muito, muito, muito mais...

E quando eu estava quase surtando enquanto via a vela derreter na minha frente e
ouvia as batidas suaves de alguma música do Codplay, a campainha tocou.

Meu coração bateu tão forte e tão rápido que perdi o fôlego.

Respirei fundo, com dificuldade, apenas de pensar na possibilidade dela não gostar
de nada, de me mandar à merda, de não me querer hoje me deixou assustado,
morrendo de medo.

E quando abri a porta, eu... Simplesmente perdi a porra do fôlego! Novamente...

Pisquei uma... Depois mais uma vez enquanto a olhava torcer desconfortavelmente
o celular nas mãos.

Estava... Linda como a porra. Eu nunca. Nunca a vi assim.

Nunca a tinha visto vestida assim, nem maquiada deste jeito!

O preto ao redor dos seus olhos verdes os faziam parecer... Enormes, intensos. Sua
roupa era simples, e delicada, mas a boca, e seu rosto, seu cabelo...

Me enlouqueceu.

Minha vontade era puxar aquele cabelo dela e joga-la no sofá da sala mesmo.

Obviamente não fiz isso, eu apenas a olhei, em silêncio e ela olhou de volta, me
dando um sorriso meigo... Envergonhado eu acho.

Só não me passa pela cabeça o motivo da vergonha, ela estava tão fodidamente
linda!
O silêncio se estendeu por um tempo desconfortável e parei de olhar pros botões da
blusa branca que vestia, que me fez lembrar daquela blusa que usou pra sair comigo
na Kiss pela primeira vez, me deu vontade de abrir aqueles botões com os dentes,
hoje... Talvez hoje eu poderia faze-lo.

Pigarrei, pra recuperar um pouco de dignidade e falar com ela.

- Oi. Disse, mas ainda deixei meus olhos varrerem todo seu corpo.

O short não era tão curto, era larguinho, destoando completamente de todo o
restante sexy e quente que ela estava.

- Oi... Sua voz meiga me invadiu, e tudo o que pensei era em como queria ouvi-la
sussurrar que gostava do que eu estava fazendo, que gostava de como a tocava...

Engoli em seco o pensamento, sentindo meu pau se mexer na calça.

- É... Disse, sem conseguir agarrar um pensamento ao outro enquanto na minha


mente divagava sobre quantas posições e quantas formas eu posso mostra-la como é
gostoso.

E então eu parei...

Parei por que, ela estava linda sim... Perfeita... Mas... Eu fiz tudo errado uma vez, e
estava começando a fazer novamente. Era pra ser só um jantar, e eu arrumei meu
quarto para me dar prazer... Pra que ela se sentisse bem em me dar o que eu quero.
Isso não é justo com ela. Ela tem que querer... Querer a mim, querer... Tudo. Ela
tem que querer.

Tem que ser... Diferente. Estava especial hoje a noite? Estava, mas... Ainda
faltava... Alguma coisa.

Exalei com todos os meus pensamentos pecaminosos, e decidi fazer a noite


romântica e melosa que imaginei. Apenas isso.

- Entra Princesa... Disse, dando passagem à ela pra entrar em casa.

Hanna sorriu pra mim, e entrou, deu alguns passos antes de entrar na cozinha e
ver... O que fiz.

Ela parou na porta, olhando pra dentro em silêncio e eu não sabia se isso era bom.

Fechei a porta de casa e me juntei á ela.


Abri minha boca pra falar quando o silêncio cresceu e ficou desconfortável, mas
Hanna falou primeiro.

- Isso está... Tão... Tão bonito. Disse, baixinho e ainda olhando pra dentro da
cozinha.

Não faço ideia do que pensava, mas seu olhar ia da cozinha pra mim, e novamente
pra cozinha.

Hanna me olhou nos olhos por um tempo, e sorriu.

- Fez tudo isso pra mim? Perguntou, parecendo incrédula.

Eu não devia me aproximar, por se eu fizesse temia que não me controlaria... Mas,
queria toca-la, queria que sentisse verdade no que ia dizer.

Então rompi a pequena distância entre nós e a beijei a testa, acariciando


delicadamente seu rosto. Percebi que minhas mãos tremiam, e as pernas também,
apenas de sentir seu cheiro.

Nenhuma porra de incenso que eu comprasse poderia ter esse aroma de morango, de
doce, de menina...

- Fiz, só pra você... Sussurrei, beijando-lhe novamente a testa.

A fiz me olhar, e fixando meus olhos nela, fiz a pergunta que não me queria sair da
cabeça, junto com outras coisas... Mas as outras eram sacanagens, e Kama sutra,
não valia.

- Você gostou? Perguntei, escutando ao fundo uma música suave tocando.

Hanna sorriu. Um sorriso enorme.

- Se eu gostei?

Assenti, ainda passando levemente meus dedos no seu rosto, de um jeito delicado
demais... Era pouco, meu corpo pedia pra beija-la, apertar seu cabelo escuro na
minha mão, encosta-la na escada e fazer ela minha, todas as vezes que eu pudesse.
Mas ignorei isso.

- Eu adorei, está lindo! Disse, segurando minha mão no seu rosto e sorrindo.

Seu sorriso fez um semelhante se abrir no meu rosto e a peguei pela mão.
Levei-a adentro na cozinha, e a fiz sentar em um banquinho.

- O que vamos comer? Perguntou, depois que estava acomodada.

Ela ainda parecia tão inocente, mesmo que sua roupa dissesse o contrário ela
parecia tão pura... Tão boa... Seu sorriso era o mais lindo e sem maldade que já vi
na vida.

Ela parecia nervosa também, tanto quanto eu, mas seu nervosismo não tinha nada
haver com sexo, ela estava nervosa de estar comigo... E isso não me fazia sentir
bem, queria relaxada comigo.

- Pizza... Disse, abrindo o micro-ondas e colocando a pizza pra esquentar.

Escutei seu risinho e me sentei na sua frente

Hanna me fez perguntas enquanto comíamos, perguntou sobre minha mãe e quando
disse que não estava seu olhar ficou fixo em mim, não acusando, mas entendendo
por que fiz tanta questão que isso fosse hoje.

Comemos falando de nada em especifico, mas cada gesto seu me fazia mais louco de
vontade... Eu tentei de verdade não ficar duro, mas sua risada, seu rostinho
inocente, seus olhos enormes... Deus aquilo tudo era tortura.

Quando terminamos de comer, a Princesinha se levantou do balcão. Recolheu os


pratos e foi até a pia, eu deixei apenas por que precisava de um momento pra fazer
minha ereção diminuir.

"Porra, agora não... Agora não é o momento" Conversei, silenciosamente com meu
membro e pensando em motos, ou frango frito a coisa foi diminuindo.

Levantei rapidamente quando me fiz ficar calmo e a segurei pela cintura.

Não adiantou merda nenhuma a conversa com este cadelo no meio das minhas
pernas! O filha da puta insiste em subir apenas de sentir seu cheiro e tocar sua
cintura.

Respirei fundo, e expirei, distribuindo beijos suaves pelo pescoço e nuca dela.

Afastei seus cabelos pra me dar um acesso mais fácil, ao mesmo tempo em que
xingava: Filho da puta! Filho da puta de um pau que não quer ficar quieto! Eu não
vou transar com ela hoje, entendeu? Então murche, pelo amor de Deus.
Não adiantou merda nenhuma, cada vez que beijava devagar eu queria mais, as
contrações do meu pau eram doídas cada vez que meus lábios se encontravam com
sua pele morena, e ela estava vestida!

- Deixa os pratos ai, vem dançar comigo? Pedi, baixinho, tentando desviar meus
pensamentos mas era difícil.

A Princesinha assentiu, levemente com a cabeça e a peguei pela mão. Antes de


irmos à sala eu apaguei a vela, por que... Nunca se sabe, não é?

E liguei a luz da sala, mexendo no controle de luminosidade pra deixa-la à meia luz.

A música ali era mais alta, e não faço ideia do nome da música que tocava agora,
mas puxei-a perto do meu corpo, mesmo que não soubesse dançar perfeitamente, eu
ainda dançava bem, então me mexi devagar... Pedi mentalmente que não sentisse o
volume da minha calça e ficamos dançando aquela música, até que a Princesinha
me olhou nos olhos.

Fudeu muito pro meu lado, aquele olhar dela me fez sentir um aperto tão grande e
tão gostoso entre as minhas pernas que quase gemi.

Eu não consegui me conter, a beijei...

Colei minha boca na sua, querendo aperta-la, arranha-la, chupar sua pele na minha
boca... Deus eu a queria tanto.

E beijei-a demais. Quando vi já estávamos no sofá, eu em cima dela e a Princesinha


ali, me deixando possui-la se quisesse.

Eu sei que ela deixaria, sem eu pedir já abriu as pernas pra mim no sofá,
acomodando meu corpo entre elas...

E meu corpo se contraía, doía, exigia de mim: Possua ela. Ela está aqui, ela quer...
Ela disse na mensagem, mas... Eu não sei o que era, apenas não parecia certo ainda.
Ainda não.

Tirei minha boca da sua e me afastei. Sentei no sofá, respirando ofegante e fechando
os olhos.

Hoje não... Disse a mim mesmo.

Hoje não...

- Steven eu... Sua voz me fez abrir os olhos e a olhei.


Estava sentada do meu lado, com uma perna embaixo de seu corpo e uma
pendurada pro lado e fora do sofá.

A visão da sua boca... Toda manchada, inchada, por minha causa, me fez sentir
mais tesão do que já sentia. Soltei um gemido baixinho, por que se aquelas malditas
contrações do meu pau não parassem... Eu ia morrer do coração, por que ele batia
tão rápido, bombeando sangue só praquele puto que eu tinha certeza que uma hora
pararia de bater.

- Eu quero... A voz que me enlouquece invadiu meus pensamentos novamente.

A gente não estava se tocando, mas apenas seu cheiro me deixava louco.

- O que? Perguntei, apenas por que se ela dissesse: Quero você... Eu ia fazer toda
merda novamente, mas... Ia ter que fazer, eu não aguentava mais, não era forte
suficiente.

Minha pele queimava de vontade, de desejo, eu estava com um calor da porra...


Estava suando já, assim que a Princesinha se aproximou.

Ela tocou meu ombro e fechei os olhos, tentando me controlar, tentando ser forte ao
menos desta vez.

- O que você fez pra mim na academia...

Sua voz não passava de um sussurro baixo na minha orelha, e me tirava de mim,
estava apertando tão forte minhas mãos em punhos que os nós dos meus dedos
estavam brancos, mas precisava apertar por que se eu a tocasse, em qualquer lugar,
ia entrar em combustão e leva-la junto.

- O que tem? Perguntei, tentando me manter controlado, mas o meu sussurro foi
desejoso, foi fodidamente gemido pro meu gosto e eu já não reconhecia minha voz
rouca de desejo.

- Você me mostra?

Quando disse isso, fui obrigado a olha-la.

- Mostrar o que? Perguntei, franzindo o cenho. Por um momento, pelo bem da


humanidade eu estava distraído da porra do desejo.
Hanna sorriu, timidamente e abaixou a cabeça, ao fazer isso, seu cabelo e sua
franjinha caíram nos seus olhos e cobriram seu rosto bonito, como uma cortina, mas
era a cortina mais linda que eu já tinha visto.

Estava com o queixo encostado no meu ombro, o que me impedia juntamente com
seu cabelo bonito de ver seu rosto.

- Me mostra como você gosta... Como... Como fazer o que você fez pra mim na
academia pra você...

Eu pisquei, engoli, e na minha calça meu amigo desgraçado pareceu se retorcer,


aquilo me fez soltar outro gemido. Eu... Daria minha bunda naquele momento pra
conseguir o toque da Hanna.

Mordi a boca e tirei devagar seu cabelo do rosto, colocando atrás da sua orelha. Foi
até engraçado ver minha mão tremendo daquele jeito enquanto colocava os fios de
cabelo e sua franja atrás da orelha.

Eu queria beija-la... Deus como queria, queria entrelaçar minha língua na dela, tão
forte e tão insano até que gritasse.

Mas não fiz... Ela não era assim, tudo com ela tem que ser devagar, com paciência e
carinho.

Respirei fundo algumas vezes, antes de conseguir que minha voz saísse pelo menos
aceitável.

- Princesa, olha pra mim? Pedi, baixinho, como um maldito esfomeado pede por
comida.

Hanna levantou seus olhos verdes pra mim com o queixo e a mão no meu ombro, e
tentei dar um sorriso à ela, falhando lamentavelmente.

- O que você quer dizer com isso? Isso que pediu.

Agora, pelo meu bem, minha voz soou mais firme. Não que eu tivesse murchado.
Mas ao menos não parecia estar morrendo e ofegando de desejo.

A Princesinha deu de ombros.

- Você me fez sentir tão bem aquele dia... Eu queria... Re... Retribuir. Murmurou,
sem me olhar novamente.
Fechei os olhos, e respirei fundo, ouvir dela que a fiz bem, que foi bom era... Deus,
era muito bom.

Eu nunca tinha ficado tão excitado, tão dolorido. Era maravilhoso, mas doía como a
porra. Eu precisava de alivio... Mas...

Não queria força-la.

- Princesa, eu disse que o que fiz foi pra você, pra você se sentir bem, que não
precisa fazer nada pra mim.

Ela me olhou por um momento. E tentei sorrir carinhosamente. Dessa vez, meu
sorriso saiu mais verdadeiro, eu não queria que ela fizesse nada por se sentir em
dívida comigo, eu queria que ela sentisse desejo de fazer isso, de me conhecer...
Intimamente.

- E por que não posso fazer algo pra você? Algo pra que você se sinta bem?

Engoli em seco, eu queria tanto isso, mas não se estivesse fazendo apenas por que
acha que eu quero, e sim por que ela quer.

- Você... Você tem certeza? Perguntei, olhando desconfiado pra ela.

Hanna assentiu.

- Contando que me mostre como você quer... Você sabe que eu... Eu não sei nada e...

A interrompi com um beijo. Foda-se! Eu queria que me tocasse e queria agora. Ela
deu certeza, então foda-se o resto.

Separei minha boca da sua, tremendo como um condenado fui tirar minha camisa,
mas a mão dela se juntou a minha. Fiquei surpreso, tanto pela sua mão se juntar a
minha, quanto por perceber que ela também tremia, mas seu motivo era muito
provavelmente diferente do meu... Ela estava... Com... Com medo?

- Princesa, não precisa fazer isso se está com medo, eu não... Não... Parei, por não
conseguir pensar direito quando senti suas mãos no meu abdómen.

Me retesei inteiro, e fechei os olhos, era bom... Muito bom.

- Estou com medo, mas não assim... Sua voz baixinha me trouxe volta do mundo do
prazer.
A olhei e sua mão saiu da minha blusa, me deixando tanto decepcionado, quanto
confuso pelo que disse, então franzi o cenho.

- Estou com medo... Com medo que... Que você não goste. Medo de fazer algo errado,
eu nunca...

Ela parou, balançando a cabeça. E doeu ainda mais meu desejo, eu ia ser o primeiro
sempre, isso era foda, e... Não gostar? Eu estava tremendo de vontade!

- Ei, olha pra mim? Pedi, puxando seu queixo pontudinho e fazendo-a me olhar.

Seus olhos se encontraram com os meus, e fiz a pergunta decisiva.

- Você realmente quer fazer isso?

Ela assentiu com a cabeça, sem nem precisar pensar por um segundo. Isso queria
dizer que tinha certeza, mas ainda estava com um pé atrás.

O que eu fazia pra faze-la... Ter menos medo de me tocar? Ficar mais relaxada, mais
a vontade?

Sorri.

- Então tudo bem, vou te apresentar ao meu bem mais precioso, meu melhor
amigo... Meu guerreiro e companheiro de vida há anos. Disse, sorrindo pra ela.

Pra minha sorte, a Princesinha também.

- Babaca! Disse, me dando um soquinho no peito.

Peguei suas mãos e as beijei.

Queria sentir suas mãos em mim, em todo eu. Então soltei-as no meu peito, sob a
minha camisa.

- Quer tira-la? Perguntei, olhando em seus olhos.

Hanna assentiu, de imediato.

- Então tire. Disse, me recostando no sofá e dando espaço pra ela.

Queria-a montada no meu colo, mas achei melhor não... Se estivesse ali eu não me
controlaria.
A Princesinha começou a subir devagar minha camisa, seus dedos iam tocando
minha pele ligeiramente úmida enquanto tirava lentamente.

Fechei os olhos e aproveitei as ondas de prazer e desejo que corriam nas minhas
veias, eu sentia meu coração bater tão rápido que estava realmente com medo de ter
um ataque cardíaco.

A Princesa se desfez da minha camiseta, e me olhou por um momento. Queria deixa-


la tomar todas as decisões... Tudo, então apenas a olhei, por mais que quisesse
puxa-la e colocar sua boca linda em volta do meu pau, não fiz... Ela ia decidir se
queria e o que queria fazer.

Hanna me olhou e mordeu o lábio, de um jeito tão confuso que resolvi me


pronunciar, mas não foi necessário... Ela montou no meu colo.

A sensação do seu corpo no sob o meu foi... Incrível. E por puro instinto minhas
mãos voaram pra sua cintura, colando seu corpo no meu.

Foi lindo de se ver, acho que ela nunca, nunca esteve sentada no colo de um homem
assim, sem ser comigo, ou sem que estivesse lutando.

Olhei nos seus olhos, e me deliciei na sensação boa dos seus cabelos pretos roçando
na minha pele nua.

Tirei sua franja dos olhos, por que amo fazer isso, e ela sorriu.

- Me diz o que faço? Pediu, bem baixinho enquanto se ajeitava no meu colo.

Queria dizer pra ela fazer tudo de uma vez, mas preferi começar devagar.

A fiz acariciar meu peito, meu tanquinho, sentindo cada vez que sua mão se mexia
arrepios deliciosos pelo meu corpo.

E quando eu não aguentava mais, quando senti que ia explodir, pedi, bem baixinho:

- Me beija?

Ela fez, beijou meu pescoço com tanta delicadeza... Tão... Tão devagar e suave que
me fez suspirar. Enquanto seus lábios se moviam no meu pescoço, no meu ombro, eu
ia imaginando ela fazendo isso em outro lugar. Esses beijos suaves em outro lugar, e
a ideia me fez gemer baixinho.

Suas mãos apertavam meu cabelo, de um jeito terno, e muito bom, não queria que
parasse nunca. Nunca.
Seus lábios avermelhados chegaram aos meus, e foi ela quem me beijou. Foi o beijo
mais... Sexy,lento e excitante que me deram na vida. A língua dela se mexeu com a
minha numa dança tão suave... Tão gostoso. Seu corpo estava todo emaranhando em
mim, as mãos nos meus cabelos, ombro, e nossas línguas. Era a coisa mais certa que
já fiz na minha vida.

Hanna respirou fundo quando se separou e me olhou por um tempo. Não me contive
e quando vi meus dedos já tocavam sua coxa e seus lábios. Estavam tão vermelhos...
Tão cheios, tão lindos.

- O que faço agora?

Sua pergunta me tirou do transe de apenas tocar seus lábios e apertar sua coxa
enquanto imaginava sua boca e a suavidade de seus lábios a minha volta.

Mas não ia pedir isso à ela, nunca.

- Você quer me tocar? De verdade?

Eu ainda não acreditava nisso. Não entendia por que queria.

Hanna assentiu, acariciando meus cabelos e aquilo me tirou de órbita.

Trouxe sua mão solta mais perto de mim, e coloquei-a na minha barriga, depois
mais pra baixo e fechei meus olhos, exalando uma respiração presa.

- Sou todo seu. Disse, baixinho e tirando minhas mãos de perto dela.

Se a Princesinha queria me tocar, que fizesse... Do jeito como ela quiser.

Eu estava enlouquecido, eu queria mais... Mas como disse, eu era todo dela.

A Princesinha me olhou nos olhos, depois olhou pra minha calça. Abriu bem devagar
os botões e zíper, e eu, fervendo de desejo fechei meus olhos.

Senti suas mãos irem timidamente abaixando minha cueca e senti o friozinho que
bateu no meu pau quando fiquei nu.

A Princesinha estava sentada nas minhas coxas, um pouco longe do ponto onde a
queria, mas era bom assim... Sabia que ela estava me olhando, olhando pro meu
bem mais precioso e meu melhor amigo. Só não sabia se estava feliz com o que via.

- Gosta do que vê? Perguntei, pra romper o silêncio entre nós que de repente, mesmo
com a música parecia grande demais.
Hanna não me respondeu, só se aproximou um pouquinho e me beijou... Estava
ciente de que suas mãos estavam próximas de onde eu queria, mas não me tocou...

Só minha barriga, me fazendo esperar, e esperar e eu não aguentava mais. Deixei


minhas subirem ao seu cabelo, e apertei um pouco forte demais.

Porém, pra minha sorte, ela soltou um gemido baixinho no minha boca.

Apertei mais seu corpo perto do meu, tudo em mim tremendo por que eu queria ser
suave com ela... Mas Deus, eu não controlava mais à mim mesmo, estava me
mexendo pra frente e pra trás em baixo dela, procurando algum atrito, alguma
coisa... Qualquer coisa.

Apertei tão forte sua cintura que senti que podia quebra-la. Foi bem ai, bem quando
minha língua na dela ficou mais urgente e desesperada que suas mãos encostaram
quase sem querer em mim, eu tremi...

E ela tirou.

Suavizei meu beijo, parando e a olhei por um momento.

Agora ela parecia tão confusa, tão perdida.

- Princesa...

Hanna me olhou, nos olhos e sua respiração estava tão ofegante quanto a minha.

Toquei levemente seu rosto agora, tentando pensar no que dizer pra ela ter... Menos
vergonha de me tocar.

- Hanna, é só o meu corpo... Sei que é muito estranho e vergonhoso pra você mas é
apenas o meu corpo. É parte de quem sou, olha pra mim, olha o que você faz comigo
e me toque sem medo, eu não vou brigar contigo, nem te acusar, nem nada, você
disse que queria me tocar, então toque... Me conheça, conheça meu corpo da mesma
forma que eu conheci e toquei o seu na academia...

Ela mordeu o lábio, sem olhar pra baixo onde meu instrumento estava muito bem
armado e dolorido, minhas bolas deviam estar azuis já.

Pensei em dizer alguma coisa, qualquer coisa que ela quisesse ouvir, mas nada me
passou à mente naquele momento.

A Princesinha suspirou, e se aproximou de mim, beijando meu pescoço novamente...


E quando eu pensei que a noite seria apenas aquilo, ela me tocou, toda delicada,
receosa ainda... Mas tocou.

E me fez gemer baixinho, ela no meu colo, me tocando, eu podia pedir mais o que?

Hum, tem uma coisa.

- Suave Princesa... Suave. Pedi, juntando minha mão na sua que me apertava com
força.

Estava quase doendo, apesar de ser muito bom seu toque, acho que ela precisava
saber que dói se você aperta demais.

- Devagar, dói... Sussurrei, mexendo minha mão com a sua e ela foi soltando
devagar.

Respirei fundo e procurei sua boca bonita, queria enche-la de beijos pelo que estava
fazendo. E quando começou a me acariciar de verdade, foi foda.

Cara, como era bom... O seu toque estava mais suave agora, e ela estava mexendo
seus dedos pra cima e pra baixo...

Foi incrível. Foi a melhor batida que já tive em anos. E cá entre nós, ela foi a
primeira menina que bateu uma pra mim, geralmente elas... Elas me colocam na
boca, mas eu gostei do seu toque e como me afetava.

Eu senti tanto calor, tanta vontade de estar dentro dela, mas me controlei... Deixei
que movesse seus dedos, que me tocasse como quisesse e fechei meus olhos de
prazer, gemi, choraminguei...

Mexi meus quadris contra sua mão quando se tornou demais meu prazer, quando eu
queria que ela fosse mais rápido, só que a Princesinha não aumentou o ritmo, nem a
pressão, ela apenas me beijou, e tocou por um longo tempo, até que eu estivesse
pingando de suor.

Juntei minha mão na sua, gemendo coisas incoerentes como: Porra, Princesa,
Foda... Enquanto a fazia mover sua mão mais e mais rápido até que senti toda a
porra sendo varrida de mim.

Gritei, pela primeira vez eu gritei de prazer com alguém me masturbando.

Gozei tão gostoso, puxando seu lábio na minha boca o prendendo com os dentes
enquanto esperava minha respiração desacelerar e meu coração retornar ao ritmo.
Tive consciência de que ela desceu do meu colo, mas estava em outro mundo, vendo
estrelas pra fazer qualquer coisa.

Eu apenas queria ficar naquela áurea de paz e tranquilidade, de êxtase, pra sempre.

 Maluquinha-Hanna:

Não sei bem como reagir a isso, eu sei o que é... Mas não deixa de ser meio nojento
ter o sémen dele no meu pulso e na minha mão.

Eu fiquei completamente sem reação olhando pra gosma branca no meu corpo. Eu
reconhecia aquilo, o homem... Ele sempre me manchava daquilo e me deixava suja.

Eu... Não conseguia pensar direito agora. E o Steven estava quieto... Muito, muito
quieto. Ao fundo tocava a música suave do Codplay que conheço: Another's Arms.

É uma música linda e tentei me concentrar na letra e fingir que meu braço não
estava todo melecado novamente...

Fechei os olhos por um momento e só abri quando senti um beijo na minha testa, no
meu rosto...

- Tudo bem? Perguntou, bem baixinho enquanto me beijava em todo canto.

Abri os olhos e vi ele sorrindo pra mim, seu sorriso torto e safado, que me fez ficar
mais calma... Era apenas ele. Só o Steven. Apesar de também ter me deixado
melada, era... Só ele.

Olhei pro meu braço, desviando por um momento meus olhos dos dele quando me
lembrei de estar suja e escutei-o suspirando.

- Te melequei... Disse, puxando devagar meu queixo e me dando um beijo suave nos
lábios.

Ele se separou e se afastou por uns momentos depois voltou com a sua camiseta nas
mãos e limpou meu braço, devagar, com paciência, ele tirou de mim toda a gosma
branca.

Fiquei o olhando me limpar, pensando em como nunca toquei nenhum garoto, em


como nunca fiz nada do que fiz hoje e pensando em como aquele homem nunca se
importou em me limpar, ele sempre deixou isso escorrer pelas minhas pernas e me
deixava toda suja e grudenta... O Steven não, ele estava aqui... Me tratando com
carinho e me limpando. Isso me fazia bem, de algum modo bizarro fazia-me muito
bem saber que ele se importava.

- Pronto, está limpa! Disse, me dando um beijo no canto da boca quando acabou.

Sorri pra ele, que estava só de cueca ali na minha frente, mas ele não estava
envergonhado, nem coisa alguma, ele me olhava de um jeito... Tão... Nem sei
descrever. Só era penetrante e íntimo.

- Sabe que me fez gozar, não é? Perguntou, afastando minha franja do rosto.

Assenti pra ele, por que isso eu sabia graças a Alex e algumas aulas desconfortáveis
de anatomia.

Ele sorriu, e se aproximou um pouquinho mais.

- E sabe também, que nenhuma garota tinha feito isso assim antes?

Levantei meu olhar pra ele, completamente surpresa.

Steven sorriu , aquele sorriso convencido que acaba comigo.

- Isso é... É verdade? Perguntei, completamente incrédula.

Ele tinha estado com tantas garotas, como nenhuma tinha feito o que fiz?

Mas, Steven assentiu, me fazendo carinho no rosto.

- Sim, é verdade... Você foi a primeira.

O sorriso que havia na sua voz me fez olhar pra ele, eu apenas não conseguia o
encarar antes, estava com tanta vergonha do que fiz... Mas agora com ele me
dizendo isso... Eu nem mesmo sei o que pensar.

Ele me beijou, uma, duas, três vezes...

- Não fica com vergonha... Disse, pegando minhas mãos e as colocando no seu
ombro.

Encarei seus olhos e tentei de verdade não sentir vergonha, mas acabei desviando o
olhar.

Eu não conseguia.

Escutei ele rir e me puxar mais perto, me apertando a cintura e beijando meus
cabelos.
- O que fez pra mim foi incrível, eu não entendo o motivo da sua vergonha... Disse,
me segurando o queixo pra fazer olha-lo.

Pisquei, antes que minha boca se abrisse e eu deixasse sair minhas dúvidas, não sei
por que falei, eu apenas... Me senti à vontade pra falar.

- Steven isso tudo é... Muito íntimo, eu não sei como deveria olhar pra você agora, eu
nem sei como olhar pra mim mesma agora sem pensar nisso... E... E isso me deixa
envergonhada. Tenho medo que você conte a alguém, ou que alguém perceba que fiz
isso... Eu não sei.

Balancei a cabeça ao terminar de falar por que isso não fazia o mínimo sentido.

Ele riu baixinho e me deu uma mordidinha na orelha.

- Princesa, é nossa intimidade, minha e sua, só nós dois sabemos o que fizemos aqui,
ninguém mais, e eu jamais contaria qualquer coisa sua pra alguém... Nunca! Então,
qual o motivo da vergonha?

Dei de ombros, por que não fazia ideia, eu apenas me sentia envergonhada. Era
íntimo demais.

Escutei o Steven rir novamente, depois se afastou um pouco e me beijou. Beijou de


um jeito mais suave, mais calmo do que me beijou antes.

Antes ele apertou e puxou meu cabelo, e o pior é que gostei disso, mas gosto mais
quando ele é assim, suave... E carinhoso.

Suas mãos desceram do meu cabelo pros braços e depois pro meu peito... Todo
músculo ao sul do meu corpo apertou, de um jeito tão bom que soltei um suspiro
baixinho na boca dele.

Steven abriu devagar cada botão da minha blusa, depois deslizou-a por meus braços
e parou de beijar minha boca.

Seus lábios desceram e foram beijando meu ombro, meu pescoço, e por puro instinto
minhas mãos se aapertaram ao cabelo dele pedindo pra que continuasse, porque eu
adorava ser beijada por ele. Hoje quando me beijou mais cedo eu queria mais, e
quero mais agora.

Ele me beijou por um tempo, suas mãos se apertando na minha cintura e de repente
ele começou a subir minha regata... Minha respiração acelerou, e meu corpo
despertou, todo em chamas... Esperando por ele, esperando que fizesse... Tudo o fez
comigo na barraca novamente.

Levantei meus braços pra ele tirar minha blusa, e quando ele parou, eu me lembrei
do que vestia.

Steven ficou em silêncio, só me olhando, e olhando... E eu quis me cobrir... Eu odeio


ser observada, odeio que olhem muito pro meu corpo, pra mim as pessoas estão
achando algum defeito, algum vestígio de cicatriz...

Meu instinto protetor foi maior que aquela minha vontade de agrada-lo e eu me
cobri.

Balancei a cabeça e procurei pelas minhas roupas no chão, mas sua mão forte
segurou meu braço.

- O que foi? Perguntou, tocando meu rosto e fazendo-me encara-lo.

Fechei os olhos e senti minha respiração aumentar novamente, mas agora não era
de vontade, era... Era de medo, de vergonha... Eu não queria que ele visse em mim
nenhuma marca, e sei que é bizarro porque eu já não tenho mais nenhuma cicatriz,
só que minha mente se embaralha as vezes... Como agora. Estava tão confusa, com
tantos sentimentos dentro de mim que... Não conseguia raciocinar.

- Você está bem Princesa?

Sua voz quente no meu ouvido me fez abrir os olhos novamente. Eu o olhei e ele
sorriu. Mas não sorri de volta, não conseguia.

- Tá tudo bem? Perguntou, afastando minha franja dos olhos.

Respirei por algumas vezes, minhas mãos ainda cobriam meu corpo...

- Steven eu... Eu só...

Parei, e ele me olhou, olhou, quieto... Esperando, eu acho, por isso falei:

- Eu não gosto que me olhem. Admiti, tentando cobrir o máximo que pude do meu
corpo.

Seus olhos suavizaram e me entenderam de uma forma que me fez sentir tocada.

- Mas você é tão bonita, e está tão linda Princesa... Eu não quero parar de te olhar!
Disse, de uma forma tão carinhosa enquanto tocava meu rosto que me surpreendeu.
Pisquei algumas vezes pra ele, que apenas sorriu e me beijou.

- Deixa eu olhar pra você? Deixa eu te beijar inteira e te fazer gozar pra mim como
você fez comigo?

Fiquei de boca aberta. Esse era provavelmente o pedido mais estranho que ele já
havia me feito, e por alguma razão foi o mais tentador e sedutor que já escutei.

Mordi a boca, e ele me olhou, esperando...

Tomei uma respiração profunda. Fui tirando devagar as mãos que me cobriam e
fechei os olhos. Ele podia me olhar, mas não queria olha-lo de volta, não queria ver
sua expressão ao me olhar.

Senti sua respiração no meu ouvido, seu nariz passando pra cima e pra baixo em
todo o comprimento do meu pescoço e ombro enquanto suas mãos se apertavam na
minha cintura.

- Você é tão linda, me deixa tão louco... Você não entende Princesa? Não vê que me
deixa completamente doído? Que é perfeita?

Abri os olhos depois da sua declaração e dei de cara com o par de olhos mel que me
fazem ficar mole.

- Não tem nenhum problema com o seu corpo, você é perfeita, é linda... Por que tem
vergonha?

Eu odeio minhas histórias tristes, odeio de verdade, mas gostaria que ele
entendesse... Que soubesse como eu me sinto. Ele sempre parece me entender,
então...

- Eu tinha várias cicatrizes... Comecei, pegando sua mão e a guiando pelos lugares
onde me lembro das marcas.

- Aqui... Disse, colocando sua mão na minha barriga, eu tinha tantas ali...

- Aqui... Sua mão no meu ombro, depois levei-a até minhas costelas.

- Aqui.

Lembrei de cada uma, e você pode achar estranho eu tê-lo feito tocar de onde lembro
delas, mas é que... O toque do Steven sempre me faz sentir protegida, quente e mole
e plenamente feliz... Eu esperava que ele tocando aqueles lugares me fizesse sentir
assim ao contrário do que as lembranças faziam.
- Eu me lembro de todas elas. O Chad me fez fazer um tratamento pra que
sumissem, e graças a minha idade elas sumiram, mas eu lembro de todas... Eu sinto
vergonha por que...

Ele me interrompeu, me puxando pra perto.

- Por que você acha que vou vê-las, não é? Acha que vou ver as cicatrizes e achar que
você não é bonita?

Assenti pra ele, que balançou a cabeça e pegou minha mão, colocando-a sobre seu
membro ereto.

- Acha que não te acho bonita? Sente que não acho? Perguntou, fazendo minha mão
subir e descer pelo membro dele sob a cueca.

O olhei nos olhos e ele soltou minha mão pra segurar meu rosto entre as suas.

- Hanna eu te acho linda, você me faz sentir louco, excitado e completamente...


Completamente... Ele parou, suspirando.

- Eu nem sei a porra da palavra do que você faz comigo, mas te garanto que olho pra
você agora, ou em qualquer momento e não sinto nem vejo nada mais do que uma
garota linda, perfeita, sem nenhuma cicatriz, e mesmo que você tivesse, seria linda
do mesmo jeito... Você provoca coisas em mim que não sei explicar, mas Princesa, eu
te adoro... Muito, não se esconde de mim, me deixa te ver e te desejar... Por favor.

As palavras dele tiveram o mágico poder de me deixar relaxada. Deixar-me


tranquila. Toda a tensão e meu medo me deixaram quando ele terminou de falar.

Sorri, amplamente e o Steven retribuiu. Em seguida me beijou. Beijou daquele jeito


louco e urgente que me faz suspirar.

Ele me deitou no sofá e entrelaçou uma de suas mãos à minha entanto a outra
apertava minha cintura e descia pra minha coxa.

- Eu te quero tanto... Tanto, mas não vou te ter hoje... Sussurrou depois que parou
de me beijar.

Então começou a distrubir beijos suaves pelo meu corpo, meu ombro, meu pescoço, e
apertei forte seu ombro e seu corpo perto do meu por que agora eu estava quente e
queria mais que tudo que ele nunca parasse, nunca.

- Baby você é tão perfeita, me faz... Faz sentir tanto, tanto desejo.
Suas palavras, por mais loucura que isso possa parecer me fizeram queimar entre
as pernas e tive que juntar uma na outra pra me dar algum alívio daquela
queimação.

As mãos do Steven tocaram meu corpo lentamente pra cima e pra baixo enquanto
ele beijava minha clavícula e entre meus seios. Seus beijos eram tão bons, tão
gostosos que eu respondia gemendo e suspirando ou apertando tão forte seus
ombros e seu cabelo que tinha medo de arranca-lo.

Steven nunca deixou de me beijar, nem de me morder suavemente enquanto suas


mãos mexiam no botão do meu short.

Eu não tinha aberto minhas pernas pra ele agora. Ele estava em cima de mim, mas
seu corpo deitado de um lado do sofá, não entre as minhas pernas.

Eu me esqueci da música que tocava ao fundo, esqueci dos meus problemas, esqueci
que a lingerie que usava era completamente sexy e que isso devia me deixar com
vergonha, esqueci tudo... Só tinha ele. Eu e ele e nossas respirações ofegantes.

- Abre as pernas pra mim Princesa...

Eu estava esfregando loucamente uma perna na outra em busca de algum alívio, e a


mão grande dele estava em cima da minha barriga, me mostrando sua clara
intenção.

Não pensei duas vezes e abri as pernas pra que fizesse o que quisesse.

Steven abaixou meu short e minha calcinha de uma vez só enquanto espalhava
beijos pelo meu pescoço, abaixava as alças do meu sutiã com os dentes e naquele
momento nada mais importava.

Ele me tocou e suspiramos juntos quando senti seus dedos em mim.

A vergonha em partes ainda estava ali, mas tinha outra coisa, uma coisa que estou
aprendendo aos poucos a me familiarizar, o desejo.

Não houve muitas palavras depois que me tocou, eu só escutava meus suspiros e
meus batimentos acelerados.

Sentia calor, muito calor, e me mexia contra a mão dele de um jeito frenético em
busca de libertação... De prazer.

- Assim Princesa, sem ter vergonha de mim, apenas... Deixa vir.


Eu escutei o que ele disse, mas não assimilei nada na minha cabeça. Eu apenas
queria gritar, apenas queria me libertar, queria parar de sentir calor, queria que ele
me beijasse, eu queria tantas coisas...

Mas, me concentrei em uma só e busquei sua boca grossa e seus lábios suaves. O
beijei de um jeito tão diferente enquanto sua mão se mexia contra mim e meu corpo
acompanhava seus movimentos que me surpreendi comigo mesma.

Queria engoli-lo, queria morder e puxar cada parte dele. Mordi com força seu lábio
inferior enquanto gemia sem parar seu nome. Nunca na minha vida eu tinha
sentido algo assim, nas outras vezes não foi tão intenso assim, mas hoje estávamos
sozinhos, ele me disse coisas lindas e eu queria... Ser feliz, eu queria que ele me
fizesse feliz e me fizesse sentir tudo o que podia.

Eu me senti tremendo e gritando quando finalmente... Gozei, como diz a Alex. Foi
tão bom... Mas eu queria mais, eu queria sentir com ele as mesmas coisas que senti
na barraca, queria seu corpo colado ao meu.

Fiquei um tempo de olhos fechados, sentindo ele mexer ainda os dedos em mim me
fazendo tremer ainda mais.

Demorou um tempo até que minha respiração voltasse ao normal e eu abrisse os


olhos.

Como sempre os dele estavam nos meus quando abri, ele me beijou a testa, o rosto, e
acho que estava suando porque senti meu cabelo pingando.

- Tá tudo bem? Perguntou, bem baixinho enquanto continuava a distribuição de


beijos pelo meu rosto.

Assenti com a cabeça e enfiei minhas mãos no seu cabelo, eu adorava fazer-lhe
carinho, e o beijei de volta enquanto ele beijava meu ombro, beijei o seu e naquele
momento, por mais breve que fosse, não me importava com a minha nudez, eu
estava com ele, e ele não me julga, como sempre o Steven entende.

Tenho certeza agora que é normal o modo como me sinto, o modo como seu sorrisos e
beijos me deixam mole. Eu adoro, eu O adoro.

- Você está realmente bem? Perguntou, me olhando nos olhos.

Sorri pra ele, principalmente pro carinho suave que fazia nas minhas coxas e
assenti.
- Sim, estou bem. Disse, mas me levantei pra procurar minhas roupas no chão.

Eu estava à vontade com ele, mas nem tanto... Pra eu ficar nua ainda levaria um
tempo, talvez muito, muito tempo.

Vesti meu short e minha calcinha enquanto ele me olhava, sei que estava me
olhando, mas não o olhei. Eu ainda... Não sei como agir quando ele faz esse tipo de
coisa comigo.

Só que como o Babaca é um fofo as vezes, ele me puxou pela cintura e me fez ficar
entre as suas pernas.

Mexeu meu quadriu até que estivesse o olhando. E agora, eu era maior que ele
enquanto estava entre suas pernas.

Steven levantou a cabeça, e me olhou, fixamente.

- Me dá um beijo Linda? Pediu, sorrindo pra mim daquele jeito que me faz sentir
aquecida, preenchida de algum jeito.

E claro, eu não poderia negar isso. Então o beijei.

Passei meus braços em volta do seu pescoço e o puxei pra mim, beijando-o do modo
que eu conhecia...

Foi um beijo rápido e doce, muito doce, delicado...

Ele parou o beijo e me apertou forte a cintura enquanto respirava fundo, inalando.

- Você tem um cheiro tão gostoso! Disse, praticamente gemendo e me fazendo rir
porque parecia estar brincando.

Steven me apertou forte, e me fez sentar no seu colo.

- Eu adoro te ver rir! Declarou, enquanto me beijava a ponta do nariz.

Isso me fez rir novamente e esqueci que há poucos momentos tínhamos dado prazer
um ao outro. Era assim que era pra ser? A gente faz algo como isso e depois age
normalmente?

Não sei, mas acho que sim então dei risada e o enchi de beijos.

- Ah que delícia! Sempre que eu te fizer gozar vai retribuir assim? Perguntou, me
fazendo franzir o cenho.
Mas, ele riu e me deu um beijo nos lábios.

- Você fica fofa quando está confusa! Disse, e dei-lhe una cotuvelada po que ele
estava brincando e me fez aprecer boba.

Steven me apertou forte, beijando meu ombro, e só agora percebi que não tinha
colocado a regata branca por baixo do camisete. Mas não me importei, a blusa
estava fechada, não mostrava muito do meu corpo, então estava bem.

- Hum... Disse ele me beijando o ombro e me abraçando apertado, o que tirou-me dos
meus pensamentos.

- O que quer fazer agora? Perguntou, mexendo no meu cabelo.

Dei de ombros, porque não sabia.

Ele sorriu e ficamos em silêncio por um tempo, acariciando um o rosto do outro, os


cabelos, e nos beijando.

Até que parou e me olhou nos olhos.

- Comprou sua fantasia pra sábado? Perguntou, colocando minha franja atrás da
orelha.

Assenti, passando distraidamente as mãos no seu cabelo e ombros.

- E você? Rebati, olhando em seus olhos.

Steven sorriu, balançando a cabeça e olhando pra baixo, desviando o olhar do meu...

Estranho. Ele estava envergonhado?

- O que foi Steven?

Ele me olhou, e juro que pude ve-lo ficar vermelho.

Dei risada, e ele me calou com um beijo.

- Quieta! Não quero uma palavra sobre isso! Disse, me olhando como se esperasse
uma resposta.

Obviamente assenti pra ele e este exalou.

- Eu comprei sim a fantasia, mas sei lá... Me sinto meio patético participando desse
baile, pincipalmente porque entrei na onda e comprei a maldita fantasia!
Sorri pra ele, acariciando seu rosto.

- Você me mostra sua fantasia? Perguntei, curiosa, porque não imagino nenhuma
roupa que pode deixa-lo patético.

Steven suspirou, respirou fundo, e finalmente assentiu.

- Tá, fica aqui, vou busca-la lá em cima... Disse, ao mesmo tempo em que me colocou
sentada no sofá.

Ele andou até a escada só de cueca, me olhou por cima do sofá e balançou a cabeça.
Depois subiu as escadas.

Não entendi muito bem por que ele ficou todo envergonhado, mas enfim.

Fiquei olhando pra sala à meia luz, olhando pra áurea mágica que as rosas no chão
causavam. Estava tudo tão perfeito.

Me senti muito especial pra ele pra fazer tudo isso. Me senti querida e enquanto
fiquei ali na sala eu fiquei olhando a luz, e cantando as músicas... Agora repetia-se
aquela que eu gosto tanto: Another's Amrs.

Eu amo essa música, uma das minhas favoritas do novo disco do Codplay entre
outras...

Levantei do sofá e aumentei o volume enquanto cantava baixinho e dançava


sozinha, com os olhos fechados.

O balanço da música me envolveu e imaginei muitas situações que gostaria de viver


e todas elas, sem exceção eu gostaria que fossem vividas com o Steven, nos braços
dele, não de qualquer outro.

Quando a música acabou, abri meus olhos e peguei um belo... Meu belo menino,
vestido de pirata na porta da sala.

Estava vestido em uma blusa branca e colete preto que me lembrou muito ao Jack
de Piratas do Caribe. Só faltou os drads e tirar aquele tapa olhos que estaria
igualzinho, mas muito mais bonito. Muito mais maldoso e com os dentes
perfeitinhos sorrindo daquele jeito convencido que eu adoro.

Estava com os braços cruzados sob o peito, completamente... Perfeito.

Sorri pra ele.


- Está ai há muito tempo? Perguntei, me aproximando.

Steven deu de ombros.

- Não, infelizmente... Porque você estava linda dançando!

Meu sorriso aumentou e fiquei na ponta dos pés pra abraça-lo. Ele me envolveu a
cintura e me apertou bem perto.

- E ai? O que achou da fantasia? Perguntou, se afastando um pouquinho de mim.

Mordi a boca, e franzi o cenho, de brincadeira, como geralmente o Chad faz comigo.

Ele estava maravilhoso, perfeito, mas resolvi brincar um pouco.

- O que foi? Perguntou, olhando pra sua roupa com o próprio cenho franzido e
parecia bem... Envergonhado.

Internamente dei risada.

- Eu sei que estou ridículo, mas foi a única fantasia que achei menos vergonhosa
naquela loja almadiçoada, você precisa ver como o Harry vai, se acha que estou
estranho, ele ficou muito pior!

Sorri de vê-lo todo nervoso e tentando se explicar, principalmente porque não tinha
ficado feia a fantasia, combinou com ele.

- Você está muito bonito! Disse, me aproximando dele.

Steven me olhou, bem satisfeito.

- Estou bonito?

Assenti, me aproximando novamente e roubei seu chapéu.

Brinquei com ele na minha mão antes de coloca-lo na cabeça.

- Sim, sim capitão, está lindo!

Ele riu e me apertou perto de si novamente.

- Eu também acho que fiquei lindo, apenas achei que você não fosse gostar! Disse me
enchendo de beijos.

O olhei, completamente confusa.


- Achei que você não ia querer dançar no baile comigo se eu não estivesse bonito,
afinal, você, como sempre, vai estar linda! Respondeu minha pergunta não feita.

Assenti pra ele, entendendo finalmente o que quis dizer. Foi bobagem ele pensar
que ia ter vergonha dele, estava lindo, eu iria com ele numa boa em qualquer bote
furado vestido deste jeito.

- Não, você está muito bonito... E vou adorar dançar contigo, todas as músicas que
você quiser!

Ele sorriu, e me beijou várias vezes enquanto se mexia devagar, para um lado, pro
outro...

- Mal posso esperar pra isso! Disse, me dando mais um beijo.

Ficamos em silêncio, apenas dançando na sala ao pé da escada e nos beijando.

- Você ficou bem de pirata! Analisei, depois de um tempo em que estava apenas o
olhando.

Ele realmente ficou bonito nessa fantasia, o tapa olhos estragava minha visão de
seus belos olhos mel, mas combinava tanto com seu porte físico forte, com seus olhos
e seu rosto rígido que me fez pensar em como todas as meninas no baile babariam
pra dançar com ele. O pensamento era desgotoso, me fazia sentir ciúmes.

Steven sorriu e deu um beijo na minha testa.

- Eu sei, é praticamente a minha descrição essa fantasia!

Sorri pra ele, porque sabia que estava brincando.

- É mesmo? Perguntei, me fingindo de interessada.

Ele assentiu.

- Sim, eu sou um pilantra, safado, conquistador barato, tal qual um pirata!

Revirei os olhos pro modo convencido como falou de si mesmo, apesar de que
nenhum desses adjetivos deviam ser vistos como coisas boas, ele conseguia falar
todo convencido e cheio de si.

- Você esqueceu de mencionar convencido!

Ele riu.
- É, quase me esqueci, mas você sabe? Todos os piratas são convencidos, eles sabem
que esse é o passo pra conquistar uma mulher!

Revirei os olhos novamente. Como ele pode ser assim tão convencido?

- Você é um Babaca!

Ele assentiu, suspirando, fingindo estar magoado.

- É, mas eu sou o Babaca, e o Pirata que você adora!

Sorri pra ele, porque é impossível não faze-lo. Eu gosto dele, muito, mesmo quando
ele é convencido e irritante.

E enquanto o olhava sorrindo, com aquele tapa olhos e toda aquela produção eu
achei a resposta pra algo que queria faz tempo.

- É... Você tem razão baby, você é meu Pirata!

Steven sorriu, e parece que gostou da brincadeira.

- Diz de novo... Pediu, me olhando nos olhos.

Sorri, e repeti.

- Você é meu Pirata!

Ele assentiu.

- Todo seu, assim como você é minha Princesinha, certo?

Fiz que sim com a cabeça ele me deu um beijo, um beijo longo e gostoso. E fiquei
pensando se ele sabia que eu ia de Branca de Neve quando disse que sou a
Princesinha dele, mas acho que não, espero que a minha fantasia o surpreenda e o
faça sorrir tanto quanto a sua me fez.

- Boa noite Pirata! Disse, beijando-o na porta quando estava indo embora.

Steven sorriu e me puxou pela camisa, apertando-me forte.

- Boa noite, Princesinha...

 Babaca-Steven:
Estou tão orgulhoso de mim mesmo. Eu não transei com ela!

Ok, isso não é lá motivo de festa, mas eu fui forte dessa vez, não a levei pro meu
quarto, nem tentei mais do que dar prazer à ela.

E sabe? Fico muito feliz de ver que aos poucos, bem pouquinho mesmo ela está
perdendo a vergonha.

Não vejo, nem entendo o por que ela tem vergonha do seu corpo, não tem nenhuma
cicatriz, ou qualquer marca, indício de que já foi machucada.

Eu odeio a ideia de que a tenham machucado tanto que ela se lembre de todas as
marcas, se lembre de ser machucada... Isso me deixa puto.

Mas, por outro lado, ela está se abrindo comigo e gosto disso. Gosto de saber que ela
confia em mim.

Subi ao meu quarto depois que ela saiu pela porta, e me joguei na cama lotada de
rosas.

Sorri feito idiota pro teto enquanto sentia o perfume das rosas a minha volta.

Eu podia ter trazido ela aqui hoje, podia ter consumado o que quero, mas acho que
ainda não é o momento, quero curtir tudo com a Hanna, cada momento, e quando
finalmente fizermos, vai ser épico.

Recolhi todas as pétalas de rosa, rezando pra ser verdade que se você as guarda na
geladeira elas duram por umas semanas. Guardei todas as velas vermelhas e
redondas no meu guarda roupas e quando estava tudo limpo, me joguei na cama e
fiquei pensando nela.

Em como seu toque foi tímido e ao mesmo tempo firme, eu gostei de ser tocado pela
Hanna e quero mais... Muito mais. Sempre que ela quiser me dar... Qualquer coisa
que não tenha feito a outro idiota, eu quero ter. É até egoísmo da minha parte, mas
eu quero.

Respirei fundo, começando a tirar minha fantasia enquanto ainda estava deitado na
cama. Joguei tudo pelo chão imaginando que fosse ela que estivesse fazendo e fechei
meus olhos...

Quando percebi, já estava sonhando, sonhando com ela.

***
A tortura de ve-la e não poder toca-la é... Deus... É até difícil descrever.

Sei que ontem mesmo estivemos juntos, mas quando estou perto dela, a Princesinha
me tira toda a concentração.

Hoje mesmo, estamos enfeitando a quadra da escola pro baile. Estávamos colocando
faixas, as caixas pra votação de melhor fantasia e o Rei e a Rainha do baile.

Eu e os meninos da sala estávamos pendurando o globo giratório e as luzes de neon,


enquanto lá embaixo as meninas se ocupavam em organizar o palco pra coroação de
Rei e Rainha.

E eu, como o idiota que sou estava prestando a mínima atenção no que estava
fazendo enquanto olhava a Princesinha lá embaixo cheia de plumas e rindo de
alguma coisa com a amiga. Gosto de olhar pra ela, o problema é que as pessoas
percebem como eu a olho.

- Cara, sério, se secar ela mais um pouquinho acho que ela vira pó! Disse o Harry,
me fazendo acordar e prestar atenção que eu estava numa escada e pendurando um
globo de vidro.

Dei de ombros e ignorei ele, até que disse:

- Ei cara, sabe que vai ter que fazer uma tatuagem né? A tatuagem que eu quiser e
escolher...

Olhei pra cara do Harry, pros seus cabelos enormes já, a barba crescendo, e os olhos
castanhos... Ele parecia um mendigo nunca ia pegar ninguém assim e vestido
naquela fantasia ridícula de Mickey.

- Vai sonhando! Vou te fazer desenhar as orelhinhas do Mickey na bunda Harry!

Ele riu, enquanto tirava um fio de cabelo do rosto.

- Que bom que você tem esperança Steven, e sinto muito que você e seu medo de
agulha sejam obrigados a sentir as picadas da tatuagem, mas vai ser você que vai
perder amigo!

É, ele tem razão, eu morro de medo de agulhas. Mas estava confiante, o Harry no
estado deplorável que estava ultimamente não pegaria nem a própria mãe, pra você
como a situação estava crítica.

Então dei de ombros.


- Isso é o que vamos ver. Disse, piscando pra ele.

Harry riu, assentindo e passamos horas na quadra arrumando.

Quando tivemos uma folga e eu vi a Princesinha sozinha arrumando a mesa onde


ficariam os doces, ponche e tudo mais, resolvi enviar uma mensagem pra ela.

"Ei baby, sinto falta do seu beijo"

Vi ela pegar o celular no bolso da calça jeans e o sorriso surgindo lentamente nos
seus lábios quando leu minha mensagem.

Fiquei esperando a resposta, escorado em uma das colunas da quadra e a olhava de


longe.

Estava distraído imaginando como seria o baile e como ela estaria bonita, quando
alguém me mordeu a orelha.

Como perdi de vista a Princesinha, sorri por que achei que fosse ela, mas quando me
virei, dei de cara com a Deise.

Essa garota, adora me fuder... Em todos os sentidos, e não só do modo gostoso.


Interrompeu meu momento pensando na Princesinha poxa...

- Deise... Disse, forçando um sorriso. Não era quem eu queria e não tinha recebido
uma mensagem de resposta.

- E ai gostoso? Com quem vem ao baile no sábado?

Dei de ombros.

- Com ninguém, venho como sempre, livre , leve e solto...

Ela riu.

- Hum, então vamos poder repetir o que houve no acampamento?

Neguei com a cabeça, por não conseguia parar de pensar na Princesinha chorando e
perguntando o por que deixei a Deise dormir comigo e ela não cada vez que a vejo,
então quero distância da Deise.

- Nem vai rolar gata, eu não repito em dias normais, só aos feriados...

Deise balançou a cabeça, e soltou um suspiro.


- Tudo bem então gostoso, opções é o que não me falta! Disse, saindo de perto de
mim e andando rebolando em direção a mesa onde a Princesinha estava.

Estava... Sim, por que ela não está mais lá.

Merda! Com essa conversinha da Deise eu a perdi de vista. E agora nem faço ideia
de onde ela está.

"Onde você está Princesa?"

Demorou pra resposta aparecer na minha tela, mas finalmente ela respondeu:

"Estou arrumando os banheiros da arquibancada"

Sorri pra mensagem e cuidando pra ninguém me perceber, fui andando até a
arquibancada onde embaixo tinha os banheiros, masculino e o feminino.

Fui primeiro obviamente ao feminino, e a encontrei sozinha. Bingo!

- Oi... Disse, quando entrei.

Ela estava colando uns enfeites no espelho do banheiro, e me olhou através deste.
Seus olhos verdes que eu adoro tanto se encontraram com os meus e sorri pra ela.

Hanna não sorriu de volta, só jogou os enfeites sobre a pia e baixou o olhar.

Respirei fundo, pensando em qual merda eu fiz... Por que estou aprendendo isso com
ela, quando fica muito quieta, ou não me olha direito, ou não sorri, foi todas as vezes
que fiz alguma merda... Então, me pergunto, qual foi dessa vez.

Me aproximei, prendendo seu corpo entre o meu e a pia. Ela me olhou pelo espelho,
franzindo o cenho...

- O que você... A interrompi.

- Shhh. Disse, envolvendo seu corpo nos meus braços e apertando-a mim.

Adoro seu cheiro, o modo como ela parece pequena nos meus braços, eu a adoro...
Mais do que deveria.

Beijei seu cabelo feito em coque hoje, sua nuca, o pescoço... Queria beija-la inteira...
Sinto falta.

- Steven... Repreendeu, se soltando de mim.


Ela se virou, e me encarou por um tempo enquanto eu estava escorado com as mãos
na pia.

Nem preciso dizer que estava tão decepcionado quanto podia com a sua distância, eu
queria ela perto de mim, me beijando, me abraçando, como fez ontem.

Hanna arrumou os enfeites sob a pia, respirando fundo antes de voltar a me


encarar.

- O que faz aqui? Perguntou, cruzando os braços.

Ela estava molhada, a blusa azul que usava ficou toda molhada na altura do
umbigo, graças à mim, devo dizer, por escora-la na pia húmida.

- Vim ver você, eu disse que estava com saudades.

Ela balançou a cabeça.

- Você deveria estar lá embaixo, arrumando as coisas, do mesmo jeito que eu deveria
estar fazendo, vai embora.

Quase abri a boca... Qual o problema com ela?

- Nem vem, não vou embora até você me dizer qual o problema contigo?

Ela franziu o cenho.

- Por que haveria qualquer problema comigo? Perguntou, se virando de costas


novamente e voltando a mexer nos enfeites sob a a pia.

Por que ela é tão complicada? E por que não me diz de uma vez o que foi que fiz de
errado? Pouparia tanto tempo... E pouparia minha tortura interior de pensar o que
foi que fiz.

- Diz Princesa, o que tem de errado? Pedi, tocando-lhe o pescoço e fazendo carinho
distraidamente.

Ela suspirou e jogou os enfeites em que mexia sob a pia, eles cariam numa poça de
água que havia em cima desta e água espirrou em nós dois. Ela estava irritada, eu
sei... Só não sabia o motivo.

A Princesinha se virou pra mim, me encarando enquanto eu lhe segurava a cintura


e prendia seu corpo na pia com o meu, não queria nem um centímetro de distância
entre nós.
- Você me disse que não sou seu brinquedo, não é?

Assenti pra ela, com medo de onde essa conversa levaria mas beijei sua testa
suavemente e apenas de sentir sua pele na minha boca eu já me senti ligado... Como
adoro o modo como a Princesa mexe comigo.

- E... Disse que não quer que as pessoas saibam sobre a gente pra que sua fama não
me atinja, certo?

Assenti novamente, agora a olhando diretamente nos seus olhos verdes tentando
entender onde queria chegar.

- Então isso quer dizer que você pode ficar com qualquer garota, não é? Que pode...
Sair com quem quiser e não tem problema?

Franzi o cenho, confuso com essa pergunta.

- Por que está me perguntando isso?

Minha mente já estava viajando e pensando que ela estava me perguntando isso,
pra saber se ela também podia fazer isso... E apenas a ideia dela sair, beijar,
brincar, sorrir, xingar e estar com qualquer outro Babaca que não seja eu, me
enlouquece, por isso a apertei mais perto de mim.

- Por... Por... Porque vi você com a Deise.

Suspirei. Exalei todo o ar e a tensão que já havia se instalado em mim.

- Não faz mais isso! Disse, beijando seu rosto de um jeito demorado, me apertando
mais perto dela.

Hanna piscou, franzindo o cenho, confusa.

Sorri pra ela.

- Pensei que quisesse sair com outro cara. Esclareci, beijando-a distraidamente
enquanto respirava e expirava.

Ela continuou com o cenho franzido e sem me tocar em canto nenhum.

Beijei a junção da sua testa.

- Princesa, eu... Não quero ninguém além de você, é isso que quer saber? Se vou ser
monogâmico na nossa relação?
Hanna assentiu, me olhando nos olhos, com aquele olhar frio e penetrante que tem
quando vai lutar com alguém. Detesto esse olhar dirigido à mim se não estamos no
tatame.

- Não tenho nada com a Deise, nem quero ter. E sim, eu vou ser monogâmico na
nossa relação porque a simples ideia de ficar com outra garota e saber que você vai
ficar também me deixa puto, então não vou fazer pra você o que não quero pra mim,
entendeu?

Ela piscou algumas vezes, acho que assimilando o que disse, depois exalou e toda a
tensão no seu corpo se foi.

Hanna fechou os olhos por um momento, respirou fundo, depois me olhou.

Agora sim seu olhar era o que gosto, seus olhos verdes ternos e brilhantes, adoro
quando ela me olha assim... Quando me olha de um jeito que não esconde o que
sente, que mostra que sente o mesmo que eu.

- Não gosto da Deise. Declarou, em alto e bom som enquanto apontava com o dedo
pra mim.

Dei risada, olhando sua postura irritada e suas feições contorcidas.

- Está com ciúmes? Perguntei, provocando-a.

Ela fez bico, e me fez rir histericamente, porque sim, aquela cara, aquela expressão
era irritada já que não podia negar o óbvio, ela estava com ciúmes!

- Para de rir! Gritou, irritada, e isso só me fez rir mais.

Hanna me deu um tapas, não me batendo realmente mas estapeou meu peito e me
afastei dela pra que não me batesse.

- Babaca! Gritou jogando água em mim, mas mesmo assim, eu não conseguia parar
de rir.

Era tão bonitinho vê-la ter ciúmes. Ciúmes de mim... Eu queria gravar esse
momento pra me lembrar do biquinho fofo que fez quando não podia negar que
estava com ciúmes.

Gosto que ela se sinta assim também, ao menos eu não sou o único louco varrido que
fica fora de si com a ideia de ve-la com outro. Ela também.
- Ciumenta! Disse, me aproximando dela quando finalmente parei com meu ataque
de risos.

Hanna ainda estava com aquele biquinho lindo no rosto que me fez enche-la de
beijos.

- Oh, minha Princesa... Não faz esse biquinho que eu gamo! Provoquei, passando os
dedos pelo seu biquinho fofo.

Ela revirou os olhos verdes e me empurrou.

- Vai embora! Disse, apontando a porta.

Neguei com cabeça e prendi seu corpo na pia.

- De jeito nenhum, só vou embora quando seu biquinho me der um beijo...

Me excitava a ideia dela ciumenta. Me excitava a ideia que eu podia ter com a
Hanna também o que eu tanto gosto... Sexo selvagem, com raiva envolvida é o modo
como eu mais gosto, faz a gente se perder e fazer tudo freneticamente... É...
Delicioso.

Tentei beija-la, e ela virou o rosto. Isso me fez sorrir.

- Não vai me beijar? Perguntei, surpreendido... Não esperava essa reação...


Esperava paixão ardente, sexo gostoso e selvagem contra a pia... Apesar de que sexo
não íamos poder fazer ali e agora, mas ao menos o beijo eu queria.

Ela me olhou, parecendo magoada agora.

- Por que você ri de mim? Eu... Não sei lidar com isso Steven, mas... Eu só... Eu não
gosto dela perto de você!

Ok, era bem sério o que dizia, suas palavras fizeram meu desejo esfriar... E eu
entendo. Também odeio a ideia dela com qualquer outro garoto, imagina o que ela
sente sobre eu e a Deise.

- Princesa...

- Olha... Ela me interrompeu, levantando as mãos.

- Eu sei que é loucura o que sinto, mas... Você e ela... Vocês... Tiveram muitas
intimidades, eu... Só...
Ela suspirou, balançando a cabeça.

- Só não gosto.

Sorri, assentindo. Eu entendo. Não consigo nem imagina-la conversando ou


brincando ou flertando com um cara que já tivesse transado. Imagino que seja
complicado pra ela.

- Ok, vou me afastar da Deise, tá legal? Ela nunca foi nada pra mim mesmo
Princesa, te juro. Nada mais do que uma das minhas transas... Disse, sinceramente,
porque ela nunca foi mais que isso.

Hanna suspirou.

- Uma das... Repetiu, com desgosto.

Depois me olhou, e com aquela voz suave, inocente, que me faz sentir próximo de
tocar o céu, perguntou:

- Sou só mais uma também?

Neguei enfaticamente.

- Não! Você... É... É mais ok? Eu e você, você e eu somos uma coisa muito importante
pra mim, entendeu? Você não é mais uma.

Ela respirou fundo por uns momentos, assentindo lentamente com a cabeça.

- Ok... Desculpa pela minha crise. Soltou, depois de uns segundos em silêncio.

Dei risada.

- Foi a crise mais fofa que já vi! Disse, lhe beijando o ombro.

Finalmente ela sorriu, ficando na ponta dos pés e envolvendo os braços no meu
pescoço. Parecia mais relaxada agora, o que me fez relaxar também.

- É? Sussurrou, toda meiga, toda menininha, minha menininha.

Assenti e ela me beijou. Suave, devagarzinho, encostando e tirando os lábios dos


meus enquanto a apertava mais perto e segurava firme sua cintura.

Seus selinhos não foram o suficiente pra mim, e resolvi tomar as rédeas da situação
e beija-la direito.
Minha boca tomou a dela, completamente... Minha língua na sua, dançando,
enroscando e fazendo cada músculo meu despertar.

Ela desceu da ponta dos seus pés, me fazendo abaixar pra beija-la decentemente.
Minha mão subiu pra sua nuca, aprofundando o beijo e soltando seu coque enquanto
sentia suas mãos se mexerem no meu cabelo.

Nem sei bem o por que fiz o que fiz, só sei que puxei suas coxas e a coloquei sentada
na pia do banheiro.

Que delícia... Sentir ela assim tão pertinho.

Envolvi suas pernas na minha cintura sem nunca deixar de beija-la. Minhas mãos
subiram e desceram pela suas pernas até sua linda bunda e encaixei nossos corpos.

Tão gostoso, sentir ela assim é tão gostoso... Seria mais se estivéssemos sem roupa,
mas gosto de ouvir nossa respiração ofegante, nossos suspiros, seus suspiros, e modo
como ela se entrega pra mim. Como deixa que eu faça o que quiser, como confia.

Apesar de que ainda quero mais do que nossos beijos suaves e cálidos, eu quero...
Mais.

- Steven...

Meu nome na sua boca é tentação, o modo como ela sussurra isso enquanto me beija
me deixa fora de mim.

E nem posso pensar, eu só quero mais com ela, mais de tudo, mais, mais e mais...

- Hanna... Gemi, quando a coisa toda estava... Muito, muito quente.

Eu me sentia perto do climax, estar entre suas coxas grossas sentindo ela passar
devagar e aperta-las a minha volta enquanto buscava atrito como eu buscava me
enchia de tesão, ver o desejo dela me deixava em chamas e porra... Se eu não
quisesse dar uma primeira vez à ela já estaríamos sem roupa e transando gostoso
agora.

E isso me faz sorrir. Eu quero ela além do prazer. Sei disso, descobri isso ontem,
mas descobri. Com Hanna pra mim não é apenas estar dentro dela, é... É... Fazer
tudo especial pra que goste, pra que se sinta à vontade comigo, o que me prova que
não quero só uma transa...Quero... Tudo.
Quero que goste da transa sim, mas quero que goste... Goste de mim. Que me diga
que sou especial pra ela, que... Que gosta do que faço e como faço com ela, por isso
estou indo devagar, por isso vou enfeitar meu quarto e fazer tudo mágico pra ela...
Pra que no fim goste do meu corpo, mas assim como eu, me queira além do prazer.
Quero mostrar à Princesa que eu posso ser bom... Que não vou deixa-la chorar mais
como fiz na barraca, que daqui pra frente eu vou fazer as coisas direito.

Por isso me separei dela.

Hanna me olhou, confusa, e sorri, pois essa inocência dela me enlouquece e me


enfeitiça mais.

Ela está me mudando, e eu me assusto comigo mesmo por gostar da mudança.

- O que foi? Perguntou, passando distraidamente a mão no meu cabelo e uma delas
dentro da minha camisa.

Acho que enlouqueço-a também pra me beijar deste jeito, pra me tocar deste jeito,
do mesmo jeito que faço com ela, querendo estar mais e mais perto, só pode ser tão
louca por mim quando sou por ela.

Sorri com o pensamento. Tudo o que quero é que retribua o que sinto... Deus, eu...
Preciso que retribua. Nunca me senti assim e preciso que ela sinta também... Que
goste de mim tanto quanto gosto dela e estou me esforçando pra isso.

Respirei fundo, puxando seu corpo pro meu enquanto meus dedos dentro de sua
camiseta a acariciavam devagar.

Gosto dessa proximidade, gosto mais ainda de senti-la apertando as coxas na minha
cintura pra me sentir mais perto...

É... Somos loucos um pelo outro.

Deus, onde é que estou me metendo? Pergunto a mim mesmo enquanto beijo seu
ombro.

- Baby, o que foi?

Sorri pro apelido. Adorando escuta-la me chamando assim enquanto buscava meus
olhos.

- Nada Princesa, é... Que... Quando você me beija desse jeito, me tira do sério!

Ela não me entendeu, fez uma carinha confusa que me fez rir e beija-la.
- Já ouviu dizer que beijo é como ferro de passar roupa? Liga em cima esquenta
embaixo?

Ela negou com a cabeça, e tive que rir.

- Então esquece Princesa, continue minha menina inocente! Disse, segurando seu
queixo pontudo e lhe dando um beijo suave nos lábios.

Hanna negou com a cabeça.

- Não, explique! Pediu, toda marrenta.

Não foi bem um pedido, foi mais uma ordem enquanto ela soltava as pernas da
minha cintura e me olhava com cara de brava.

Sorri pra ela, passando meus dedos pelo seu rosto tentando acalmar minha
respiração.

- O que você quis dizer com essa história toda do ferro?

Continuei sorrindo enquanto beijava e mordia seu pescoço.

- Quer dizer que me deixou duro, é isso que quer dizer! Sussurrei, bem baixinho
como se fosse um segredo, depois lhe dei um beijo na orelha.

Quando olhei pro seu rosto, sua expressão era... Indescritível, ela estava tanto
surpresa, quanto chocada, quanto confusa, quanto tudo.

- Você não disse realmente isso! Exclamou, incrédula.

Dei risada, pegando suas mãozinhas e as colocando de volta no meu pescoço.

- Sim, eu disse, e a culpa é sua por ser curiosa!

Ela abriu a boca pra falar, depois fechou, abriu novamente e suspirou.

- Desculpa! Pediu, sem me olhar nos olhar nos olhos.

Puxei seu queixo pontudinho e a fiz me encarar.

- Está me pedindo desculpas por me deixar de pau duro? Acho ótimo Princesa, por
que se você quer saber isso dói tá legal?! Então não, eu não te desculpo! Disse, com a
voz mais gay que pude, pra faze-la rir.

Funcionou, ela riu e me deu uns tapas no ombro.


- Não acredito que acabou de dizer isso em voz alta! Afirmou, balançando a cabeça e
rindo.

- Por que não? Perguntei, afastando alguns fios de cabelo que caíram pela sua testa.

Ela deu de ombros.

- Por que isso é tão... Tão...

A Princesinha parou, parecia estar buscando as palavras.

- Íntimo. Completei seu raciocínio.

- É! Disse, derrotada enquanto me olhava incrédula.

Beijei-lhe os lábios, e sorri pra ela.

- Pensei que a gente fosse íntimo pra eu poder dizer essas coisas em voz alta, não
somos?

Ela assentiu.

- É, mas... Eu... Não sei o que fazer sobre isso.

Sorri, beijando seu nariz.

- Fique feliz, dar uma ereção a um cara, com um beijo é uma proeza e tanto, então
sinta-se poderosa.

Hanna riu.

- Poderosa? Eu?

Assenti, passando meus dedos pelo seu rosto.

- Sim, você! Você tem o mágico poder de me tirar de mim. Disse, com toda a
sinceridade em mim.

Observei enquanto um sorriso lento e convencido surgia nos seus lábios.

- Verdade? Perguntou, toda linda enquanto sorria pra mim.

Toquei sua covinha bonita enquanto assentia.

- Verdade, eu não minto! Nunca... Disse, enfatizando o "nunca".


Tudo bem que... Às vezes, quando é necessário eu solto uma mentirinha ou outra,
coisa mínima!

Ok, ok... Você, como a Hanna deve estar rindo.

- Mentira! Você é um Pirata, lembra? E Piratas mentem! Acusou, apontando o dedo


pro meu peito.

Me fiz de ofendido, gostando que tivesse ficado confortável mesmo com as minhas
palavras e que tivesse vergonha eu a tinha feito rir e relaxar.

- Isso é calúnia! Piratas nunca mentem!

- Mentira! Disse ela, rindo histericamente.

Sorri e resolvi brincar um pouquinho.

- Pra você ver que estou sendo sincero, vou te confessar uma coisa... Disse, fazendo o
maior suspense enquanto sussurrava com os lábios próximos ao seus.

Ela ficou séria de repente enquanto me olhava, sorri internamente vendo como
estava envolvida na minha brincadeira e soltei:

- Eu sou gay!

Hanna riu, assim como eu e me empurrou o peito.

- Mentira! Disse, me olhando nos olhos.

Ver aqueles olhos verdes nos meus, a nossa proximidade e seu cheiro bom de
morango perto de mim era... Era demais.

Então acabei confessando:

- Você fica linda sorrindo...

Minha boca estava tão perto da dela, que não sei se sussurrei, ou se apenas movi os
lábios, mas sei que ela entendeu, me olhou diferente...

- Mentira. Disse, me olhando e analisando minha reação.

Neguei com a cabeça. E provando meu argumento, beijei-a com todo tesão que tinha
em mim.
Minhas mãos na sua nuca, e sua perna, meu corpo se mexendo contra o seu de um
jeito tão... Tão foda...

E bem quando a coisa estava ficando boa...

- Uou! Desculpa gente, eu... É... Tô indo!

Essa foi a voz da amiga da Hanna, interrompendo todo um momento. Sei que era
ela por que a olhei pelo espelho quando parei o beijo com a Princesinha.

Ela me olhou através do espelho, depois olhou pra Hanna que murmurou algo
inteligível pra ela e sua amiga sorriu.

- Não tem que ir Lex, ele já estava de saída...

A olhei, incrédulo. Queria ficar mais um pouco com ela. Poxa, eu vou ficar longe o
resto da semana com todos os preparativos pro baile e enquanto estamos na escola
eu não posso toca-la, então... Queria mais um tempo.

- Eu? Por que eu? Cheguei primeiro! Manda ela embora!

Hanna riu, balançando a cabeça.

- É, mas a gente ainda tem que enfeitar o banheiro, e você tem suas tarefas pra
terminar, vai logo!

Abri a boca, mas ela me deu um beijo rápido no rosto enquanto apontava a porta.

- Vai! Disse, apontando a porta.

Respirei fundo, parecendo uma criança birrenta, mas fui...

Quando passei por sua amiga na porta, esta sorriu pra mim, de braços cruzados e
não sorri de volta, ela estragou meu momento poxa...

Mas, antes que me mate, sim, eu acenei com a cabeça, a cumprimentando, qualquer
amigo da Hanna é meu amigo, por mais estraga prazeres que seja...

Maluquinha- Hanna.

-Ahhhhhhhhh.... Cachorra!

Acho que o grito da Alex podia ser ouvido numa pequena tribo do Alaska de tanto
que gritou.
- Shhh, cala a boca! Disse, descendo da pia do banheiro e pegando as borboletas e
máscaras que eu estava colando embaixo do espelho quando o Steven chegou.

Alex apareceu do meu lado em dois segundos.

- Ah, não seja grossa e mais... Vocês dois hein? Tão me saindo melhor que
encomenda! Almoxarifado, agora banheiro... Onde vai ser o próximo encontro
quente?

Revirei os olhos e simplesmente a ignorei.

Mas, como ela é a Alex ficou tagalerando o tempo todo enquanto enfeitavamos o
banheiro com plumas.

Ela me fez um monte de perguntas desnecessárias, mas perguntou uma coisa que
me fez pensar...

- Como é o quarto dele?

Pisquei pra pergunta, por que não sabia... Ele não me levou ao seu quarto e apenas
agora percebi isso.

Dei de ombros, não querendo falar sobre aquilo, ao mesmo tempo em que fiquei
intrigada...

Ele não me levou ao seu quarto... Por que? Ele... Não tentou mais do me tocar... Isso
é estranho, levando em conta que sabemos como é o Babaca.

- As meninas que já estiveram lá dizem que é todo preto, e que o Steven faz loucuras
naquele lugar... Continuou a Lex, me fazendo franzir o cenho.

Quantas meninas de outras escolas ele já tinha ficado? E quase todas as meninas da
nossa escola também... Levou todas ao quarto dele... E eu... Nem tentou quando foi
vestir a fantasia... Por que?

E de repente, comecei a me sentir mal com os pensamentos. Meninas no seu quarto,


meninas com ele... Não queria pensar em tudo isso. Me deixava enjoada.

- Mas, sabe? Eu nunca imaginei que ele pegando alguém seria assim como encontrei
vocês... Claro, que eu já o beijei, mas não foi nenhum pouco assim...

Revirei os olhos pra ela, respirando fundo.


- Alex, por favor... Vamos falar de outra coisa! Pedi, tentando esconder meus rosto
que queimava de vergonha por ela ter me pegado nessa situação e agora de ciúmes
bobo por causa do Steven.

Não consigo entede-lo, ele não faz o mínimo sentido. Se eu parar pra pensar sobre
ele, sobre nós, sobre tudo, nada faz muito sentido, fora o fato de que me lembro dele
dizendo ao Stefan "o que eu ia querer com alguém como ela?" E isso faz eu me
perguntar mais uma vez: Ele está só brincando comigo?

Balancei levemente minha cabeça pra me livrar desses pensamentos. Ele me disse
na praia que não sou o brinquedo dele, e eu acredito, mas não consigo deixar de me
perguntar: O que ele quis dizer com aquelas palavras ao Stefan? E o que estamos
fazendo se não quer nada com alguém como eu? E Deus, por que ele é tão
complicado sobre tudo? Por que não podemos simplesmente assumir o que temos e
tudo?

Suspirei com os pensamentos e tentei me concentrar em arrumar o banheiro com a


Alex cantarolando alegremente do meu lado.

***

- Então... Te contei que eu vou fazer um flash mob esse ano pro baile? Alex
perguntou sentada na cadeira em frente a minha escrivaninha e girando nesta.

Assenti com a cabeça, ela já tinha falado sobre isso e eu sabia bem onde ela estava
indo.

- Ah, então você sabe o que quero, por favor Hanna? Pediu, fazendo cara de cachorro
sem dono.

O que ela queria, era que eu participasse da dança. Eu não sei dançar direito. Quer
dizer, eu sei, mas... É diferente em um baile com tantas pessoas de outras escolas e
gente da faculdade já que vem ao baile do nosso colégio.

Geralmente nos bailes da escola, vende-se os ingressos pra quem quiser, mesmo se
for um aposentado de cento e nove anos com uma perna quebrada... Se ele puder
pagar, ele pode ir ao baile. E é justamente por isso que não quero participar do flash
mob dela.

- Não Lex, eu já falei com você sobre isso...

Ela negou com a cabeça.


- Por favor amiga! Falta uma pessoa pra minha coreografia ser perfeita e essa
pessoa é você! Vamos, por favor Hanna?

Neguei com a cabeça novamente, apertando mais próximo a mim o travesseiro sob o
qual eu estava deitada de bruços.

Alex levantou da cadeira, colocando a mão no peito e fazendo a maior cara de


magoada.

- Eu sempre te ajudo, em tudo! Por que não pode fazer isso por mim?

Suspirei.

- Lex, eu te amo, e sempre vou te ajudar também, em tudo... Ela me interrompeu,


sorrindo amplamente.

- Isso quer dizer que vai fazer a coreografia?

Neguei com a cabeça.

Ela suspirou.

- Mas você acabou de dizer que ia me ajudar em tudo!

Sorri, toda maldosa pra ela.

- Em tudo, menos isso...

Alex bateu as mãos na coxas fazendo um grande estalo no quarto.

- Por favor Hanna, você sabe que essa pode ser minha grande chance... Se alguém
que estiver lá no sábado for coreógrafo, ou estiver estudando para, eles vão ver meu
talento e talvez eu realmente ganhe uma bolsa pra fazer a faculdade. Você sabe que
meu pai nunca vai pagar pra eu fazer arte e dança, nem minha mãe por mais que
ela seja artista, ambos querem algo em que eu ganhe mais, mas isso é o que quero
fazer Hanna, ganhar minha vida dançando, por favor! Estou implorando, me
ajuda...

Suspirei longamente. Tudo o que ela disse é verdade. A mãe dela ganha bem com
sua arte, e sei que o grande problema da Lex não é conseguir dinheiro pra pagar a
faculdade, mas ela quer realmente ter a bolsa, por que isso iria provar que ela é
capaz ao pai dela.
Sei também que sábado é muito provável que alguns alunos de arte e coreografia,
ou professores dessa matéria compareçam, levando em conta que a festa é
justamente para angariar fundos pra nossa classe de arte... Fora o fato de fundos
pra nossa formatura. Então, mediante este pensamento, de que poderia realmente
ser a grande chance dela...

- Ok. Murmurei, concordando.

Alex soltou gritinhos histéricos e se jogou na cama em cima de mim.

- Ahhhh, obrigado... Obrigado... Obrigado! Gritou, me beijando o rosto várias vezes.

Acabei rindo enquanto a empurrava.

- Tá, mas não espere muito de mim... Disse, com cautela por que apesar de eu
dançar, não era nada comparado ao que a Alex sabia fazer.

Seu sonho realmente é ser coreógrafa e ela tem talento pra isso, apenas o senhor
Anders que não acredita nisso.

Ela me deu um leve empurrão no ombro.

- Ah, para de graça, você vai se sair bem, vai estar divina! Disse, depois me deu
mais um beijo no rosto e me abraçou como dava enquanto estávamos as duas
deitadas de bruços.

- Obrigado amiga, de verdade. Disse, sorrindo pra mim.

Sorri de volta, e por mais que eu soubesse que não podia ajudar muito com sua
coreografia, fiquei feliz de ve-la tão nas nuvens quanto estava.

Momentos depois do abraço, Alex estava em pé, fuçando no meu not.

- O que você está fazendo? Perguntei, observando-a procurar algo desesperadamente


na internet.

Ela sorriu pra mim sob o ombro, e momentos depois a música estava invadindo meu
quarto.

- Levanta! Anda logo, temos que começar a treinar a dança agora, já que você vai ter
menos tempo pra ensair que os outros, você precisa e repito precisa, pegar rápido a
coreografia!

Suspirei resignada, balançando a cabeça enquanto me levantava.


Por isso eu não queria participar da dança, eu mal vou ter tempo de ensaiar, como
ela mesmo estava dizendo, mas se é pra faze-la feliz, vamos lá!

 Babaca-Steven:

Porra, as coisas estavam bem difíceis pra mim. Não vi a Princesa desde o nosso
encontro quente no banheiro.

Depois disso nossos encontros foram um borrão na sala de aula trocando olhares
furtivos e observando-a ir embora com a Loirinha amiga dela.

Eu sei que ela estava ocupada treinando a coregrofia com o grupo de arte pra
sábado, sei que estamos todos correndo contra o tempo vendendo na rua e onde mais
podemos, os ingressos pra festa, para termos fundos suficientes pra dividir entre o
pessoal da arte e a nossa sala pra formutura, sei que eu não deveria estar morrendo
de saudades dela, mas eu estou porra. Muitas.

Sinto o cheiro dela na minha roupa, na minha camisa vermelha que me recusei a
lavar desde aquela segunda feira... Mas não é suficiente...

Eu quero a boca dela na minha, seu corpo no meu, quero falar com ela pessoalmente
e não apenas por celular e mensagens no watts. É estranho, sei que é... Mas é assim
que me sinto.

Estive irritado a semana toda, porém hoje estou incrivelmente ansioso. Muito.

Tive que me desdobrar em dois e pedir um empréstimo ao Charlie para poder


comprar mais rosas pra ela. Aquelas que comprei na segunda morreram, portando,
vou trabalhar de graça pelo próximo mês.

Só que vale a pena... Muito a pena, porque olhando pro meu quarto agora... O lençol
cinza bem estendido na cama, fronhas combinando e todas as rosas vermelhas (só
vermelhas dessa vez já que saía mais barato), vendo as velas pequenas e redondas
espalhadas por todo o quarto, no chão, sob meu guarda roupas que é embutido a

minha cama e na minha escrivaninha ao lado desta... Tudo parece... Perfeito demais
pra uma Princesa. Minha Princesa.

Sei que ela vai gostar, era isso que ela queria afinal... Uma cama grande, velas,
rosas e... Música...
Quero alguma música que diga o quanto eu a acho bonita... O quanto ela é
simplesmente linda. Só não tenho ideia de qual música pode ser romântica e...
Suave pra eu fazer am... Pra eu transar com ela no ritmo. Estou esperando que o
baile me dê alguma ideia.

Estava pensando sobre tudo isso ao mesmo tempo em que me olhava no espelho e
terminava de fechar os botões da minha camisa branca pra completar a fantasia.

Respirei fundo antes de baixar o tapa olho, me perguntando se estava falantando


alguma coisa aqui pra uma primeira vez perfeita... Talvez champanhe, mas
considerando que não tenho dinheiro pra tanto, deixei quieta essa ideia e fiz meu
caminho pra festa.

Antes é claro, dei um beijo na dona Alicia que iria dormir no trabalho hoje pra
facilitar minha noite. Por isso, que eu a amo...

***

Quando cheguei na escola, e parei na fila pra esperar a entrada enquanto todo
mundo entregava um ingresso a Jane( a responsável junto com o Chad pela festa de
hoje a noite) me perguntei sobre como estaria o Harry.

Sorri ao lembrar dele naquela fantasia ridícula e pensando na tatuagem que...

- E ai Cara? Sua voz a umas três pessoas atrás de mim acabou me acordando dos
meus pensamentos.

E quando eu finalmente me virei pra olha-lo, queria acabar com cada fibra dele.

Ele tinha feito a barba, estava com o cabelo geralmente desorganizado, e uma
bagunça completa sem pentear, hoje estava milagrosamente assentado em um rabo
samurai, todo arrumadinho.

Mas isso nem é a pior parte. A pior parte é que sua fantasia que antes era composta
por uma blusa preta de manga longa, a bermuda vermelha com suspensórios, o
sapato amarelho e as orelhas enormes, agora, estava sem a camisa preta, um dos
suspensórios pendia solto ao lado do seu corpo desnudo e as orelhas do Mickey
estavam sob a sua cabeça, mas de alguma maneira,ele conseguiu fazer aquela coisa
ridícula ficar decente com o penteado do seu cabelo.

Qual é o problema com tudo isso? Bom, o problema é que tinha pelo menos quatro
garotas na fila babando. Meu pensamento ao ve-las olhar pra ele como se fosse um
próprio deus grego, ou um cantor das tão famosas e imprestáveis boy bands foi:
Filho da puta!

- Tá fazendo o que vestido assim? Perguntei, quando ele chegou do meu lado na fila.

Harry deu um sorriso descarado pra garota que estava atrás de mim, e com a maior
cara de inocente disse: Você não se importa se o Mickey roubar seu lugar na fila, se
importa?

A garota realmente suspirou e negou com a cabeça como uma bonequinha, antes de
sorrir amplamente pro Harry.

Ele mexeu nas orelhas sob a cabeça e piscou pra menina antes de se virar pra mim.
Se não estivéssemos numa fila, eu o teria esganado.

- O que foi Stivie? Algum problema? Perguntou, todo inocente enquanto começava a
se mexer já ao som da música que podia ser escutada mesmo do lado de fora da
quadra.

Juro que queria dar uns tapas nele.

- Harry, não era pra você estar vestido assim! Rosnei, tentando ao máximo manter
meu controle, mas estava ficando apavorado.

A gente nunca quebrou uma aposta. Sempre que fechamos um trato, era pra
sempre, eu nunca fui de voltar atrás nas minhas palavras e esse era o grande
problema com o Harry vestido assim. Se elas ficasse com ele, quem se ferrava na
agulha de um tatuador era eu! Por isso estava ficando apavorado! Eu ODEIO
agulhas!

Harry riu do meu lado, mexendo de um jeito todo sedutor nos suspensórios. Ele ao
invés de se parecer com uma menina como no dia em que se vestiu essa fantasia
pela primeira vez, agora parecia ser um gogoboy de uma casa noturna só pra
mulheres com algum fetiche maluco.

- Ah cara, não seja mal perdedor e se bem me lembro, você não dissse que eu não
poderia me arrumar pra vir ao baile, portanto, relaxe e se prepara pra tua
tatuagem Stivie...

Respirei fundo.

- Eu não vou fazer uma tatuagem nem morto! Você trapaceou!


Harry me olhou, seus cílios escuros enormes como sempre. Havia garotos que
diziam que o Harry usava maquiagem pra ter aquele cílios daquele tamanho,
parecia de uma menina, e por isso ele era zoado, até os meninos perceberem como as
garotas babavam não só nos cílios dele, mas também nos olhos castanho-
esverdeados dele.

Pelo tamanho dos seus cílios, os olhos ficavam mais pronunciados, mais chamativos,
mais convidativos. E eu nunca me importei uma merda antes com a aparência do
Harry, mas hoje eu realmente gostaria de poder faze-lo ficar com um olho roxo.

- Ah Stivie, vamos combinar que você não disse nada sobre como eu deveria vir pro
baile, portanto não estou trapaceando e você vai sim fazer a tatuagem, por que você
não é frouxo e sempre mantém sua palavra, ou vai voltar atrás agora?

Revirei os olhos pra ele e mandei-o à merda. Eu podia aguentar um tempo


marcando minha pele... Se é claro, eu não pensasse na agulha...

- Só pra te lembrar, você ainda não ficou com nenhuma menina, portanto ainda não
ganhou a aposta!

Harry riu.

- Quer aumentar a aposta Stivie?

Suas sobrancelhas espessas ficaram arqueadas enquanto ele me olhava com uma
expressão divertida. Então fui na dele, o que mais eu tinha a perder?

- Bom, pra facilitar à você, a aposta é a seguinte: Se eu for Rei do baile, você faz a
tatuagem, se não você não precisa faze-la.

Dei risada, por que não aguentei. Pra ele ser Rei do Baile ele precisava conseguir
votos de metade da festa feminina. Os votos pra rei e rainha na nossa escola eram
um pouco diferentes. Funcionava assim: Meninos votavam na menina mais bonita
que eles achavam, e as meninas votavam nos garotos por sua vez.

- Acha que sua boca aguenta tantas pela noite Harry? Provoquei, e ele sorriu, muito
convencido de si mesmo enquanto passava a língua pelos lábios pra umedece-los.

- Eu nunca recuei com nenhuma garota Stivie, dou conta do recado, e ai o que me
diz? Vamos pro tudo ou nada?

Ele estendeu a mão e eu apertei. Já estava ferrado de todas as maneiras, mas ao


menos a questão dele ser Rei do Baile era mais complicado, o Harry não podia
ganhar como rei. Nem mesmo sendo desejado, pra ser Rei você precisava ser o
quaterback, ou ter um pai riquinho, ser popular, não era nosso caso. Tinham outros
garotos mais populares que o Harry na escola.

- Agora não vale voltar atrás hein Stivie? Se eu ganhar, você vai fazer uma
tatuagem!

Assenti pra ele e ficamos esperando na fila pra entrar.

Eu conseguia escutar Summer estourando nos autofalantes da quadra. Conseguia


ver as luzes de neon cercando o teto e saindo pra fora.

E quando entramos eu quase abri a boca. O lugar já estava lotado! Muito lotado!
Nunca tinha visto uma festa mais bombada de movimento na escola como hoje.

Aquilo parecia um formigueiro, e isso levando em conta que ainda tinha uma fila
enorme do lado de fora era muito.

Enquanto atravessávamos a multidão, encontramos de tudo. Diabinhas, coelhinhas


da playboy, piratas, marinheiras, policiais, agentes do exército, bombeiras, enfim...
De tudo. Com roupa curtíssima é claro, deixando bem pouco pra imaginação.

Ao redor da mesa de ponches e petiscos estavam todas reunidas, com seus


respectivos parceiros. Haviam dráculas, zumbis, pânicos, Marios cards, entre outros
personagens. Todos pairando sob as garotas da escola. A maioria delas, garotas com
quem já havia me envolvido, e cansado.

A única garota que me interessava era a Princesa agora. Eu estava bastante curioso
pra saber com que fantasia ela viria. E uma parte minha desejava que fosse com
uma roupa tão provocante quanto a Diabinha que pairava do meu lado com um
corpete vermelho, a saia curtinha preta e umas meias arrastão rendadas que seria
divertido tirar se estivessem no corpo da Hanna.

Minha fantasia foi interrompida pelo assobio do Harry ao meu lado.

- Caralho! Gritou sob a música e seu olhar estava brilhando admirado pra uma
garota com uma fantasia sexy.

Era um vestidinho curto, mas não tão curto como o das outras garotas ao redor da
mesa de ponche. O vestido era amarelo na parte de baixo, bem rodadinho, cheio de
babados.
O vestido subia em um tom completamente diferente da parte de baixo, um azul
bem escuro e colado a curvas realmente surpreendentes, mas o mais surpreendente
mesmo era que apesar do vestido ser agarradinho e ter aquelas fitas que se
amarravam nas costas de uma bela morena, era que não parecia vulgar como o das
outras meninas. Apenas parecia feito sob medida pra ela.

A garota estava colocando uma capa preta sob o belo vestido, cobrindo o detalhe
sexy das tiras. Mesmo assim não consegui parar de olha-la. As pernas longas da
garota estavam com uma meia arrastão branca e uns saltos realmente bonitos,
pareciam sapatos de boneca. Fui começando a me sentir culpado por olhar as curvas
de outra garota quando tinha a Hanna.

E bem nesse momento, a garota olhou por cima do ombro e meus olhos se encontram
com um belo par de olhos verdes. Seus olhos verdes!

- Puta merda! É aquela coisinha da Hanna? Essa garota não cansa de surpreender
né? Primeiro o pijama na academia, agora esse vestido e esse corpo!... Deus, ela se
tornou oficialmente uma da minha lista!

A voz do Harry foi o que me tirou do transe, e fiquei muito, muito ciumento.

- Chega perto dela, e arrebento você!

Harry riu.

- Ah, quer dizer que pela noite ela tem dono? Diz que vai ao menos come-la! Se
disser isso a deixo em paz, mas se continuar com essa porra de possessividade e não
tomar nada da garota, vou ser obrigado a fazer as honras por você!

O fuzilei com o olhar.

- Não vai fazer as honras porra nenhuma! Afirmei, ficando mais puto a cada
respiração.

Voltei a olhar pra Princesa, que estava acompanhada de sua amiga loirinha numa
roupa de gatinha. Mas eu não conseguia desviar meus olhos da Princesa. Seu cabelo
estava preso em um quase coque, eu acho... E tinha uma tiara bem delicada
dividindo sua franja curta e menininha do restante bem preso do cabelo.

Estava linda. O contraste de seu cabelo escuro com a capa que ficava um pouco
maior e bufante em seus ombros escondia seu pescoço, deixando-a tão linda, e tão
tentadora quanto poderia.
Até onde eu podia enxergar, ela não estava maquiada e sua cor naturalmente
bronzeada e corada fazia-a ainda mais bonita.

- Então você vai fazer as honras?

Respondi sem pensar, apenas por que eu queria que ele parasse de pensar na
Princesinha. Eu sabia que merda estava passando na cabeça dele, porque eu já
estava quente como o inferno de ve-la.

- Sim, vou fazer as honras.

Harry bateu a mão no meu ombro, animado.

- Até que enfim! Vou esperar você pra me contar como ela é na cama, espero que
valha a pena por que esse corpinho com certeza deve saber como fazer um homem
feliz numa cama!

Ele sorriu e saiu andando na festa enquanto eu ficava ali, encarando-a feito um
bobo.

Eu só conseguia pensar em leva-la pra casa e ir soltando aquelas fitas das suas
costas lentamente... Bem lentamente, ao som de uma música suave e sexy... Indo
devagar descobrir tudo sobre o corpo dela, bem sóbrio dessa vez.

Engoli em seco enquanto a via se afastar com a amiga.

Deus, eu nunca desejei tanto que uma festa acabasse!

A festa lotou até a lotação quase impossível na quadra e enquanto o Dj mudava as


músicas e apenas tocava as eletrônicas eu não conseguia parar de admirar de longe
a Princesa.

Ela se mexia devagar pela pista, andando sozinha e parecendo meio tristonha...
Estava indo até ela pra saber o que estava errado quando a música mudou de
repente e as luzes piscaram.

Então a voz do Bruno Mars encheu a quadra.

Observei de longe os olhares conturbados das pessoas quando a Loirinha começou a


dançar como uma verdadeira bailarina no meio dessas.

Seus passos eram fluídos, calmos como se ela estivesse jantando, ou fazendo
qualquer coisa sem importância quando na verdade ela deveria estar nervosa de
dançar na frente daquelas pessoas.
- Say my name, you know who I am!

As vozes se juntaram ao do Bruno e pegaram a Loirinha nos braços, então todos


estavam dançando os mesmos passos. Dois passos pra direita, dois pra esquerda,
pulinho, pulinho, palma, palma... Pra frente, pra trás, giro e uma parada em
alguma pose foda.

O legal foi quando começaram a andar pela multidão e foram rodando alguns alunos
da nossa escola que estavam parados e eles começaram a se mexer, juntando-se ao
coro enquanto cantava: Don't belive me just wach...

"Uptow funk up"

Os caras que estavam parados se juntavam a dança e repetiam os passos no ritmo


exato da batida. E quando pensei que a música estava terminando, quando a batida
ficou mais baixinha então apareceu brilhando a Princesa quando a Loirinha bateu a
mão nas suas costas.

A Hanna se mexeu de um jeito tão... Seguro. Tão forte. Ela fez o tão conhecido passo
de tango na frente de um cara antes de bater com o salto na coxa dele enquanto a
música dizia que elas conheciam seu nome então era só esperar e ai foi
perfeitamente sincronizado o momento em que o garoto vestido de Zorro a pegou
pelo braço e a girou juntando-a a fila de pessoas e todos começaram a repetir os
mesmos passos novamente...

Todo mundo na quadra aplaudiu e gritou, cantando junto com o Bruno Mars.

O pessoal parecia estar se entrozando enquanto cantavam e desciam devagar até o


chão, todos meio sincronizados, olhando pro parceiro do seu lado e sorrindo,
cantando, aproximando-se em uma rodinha e no mesmo tempo da música os gritos
deles invadiram a quadra depois de um momento de silêncio e todos voltaram a
dançar cantando bem alto.

Foi incrível! Deixou todo mundo que estava assistindo de boca aberta.
Principalmente porque ninguém sabia o que estava acontecendo.

Todo mundo gritou, pedindo mais um e logo escutamos a voz do Dj nos alto-falantes.

- É isso aí pessoal, essa foi a apresentação do grupo de artes da escola "Santiago". A


coreografia foi dirigida e produzida pela aluna Alex Anders, juntamente com a
professora de artes Alisson e outros professores que colaboraram sedendo os alunos
de suas aulas pra poderem ensaiar, então muito obrigado à todos, em um
agradecimento geral de alunos e professores por estarem aqui e estarem
participando da festa e ajudando o espaço de artes a se manter de pé pra que mais
apresentações como essas sejam possíveis! E é isso aí molecada, agora partiu pra
festa!!!

Depois do agradecimento do Dj a música voltou no último volume nos autofalantes.

E assim a musica voltou a tocar... Eu vi a Princesa dançando de longe, se mexendo


com a amiga loirinha e fiquei babando.

Ela não parecia ter noção do efeito que causava nos garotos, mas a maioria deles a
olhava como um objeto de desejo.

E antes que eu tivesse chance de assimilar, uma longa fila se formou perto da
Hanna. Não era bem uma fila, mas era uma rodinha de caras que logo começaram a
pedir para dançar com ela.

A vi dançar várias músicas, com vários caras, e fiquei ali parado apenas pra ver se
nenhum deles tentava alguma gracinha. Eles podiam fazer o que quisessem,
contando que não a tocassem de um jeito indevido, nem falassem qualquer coisa
sexual pra ela, porque ai sim, teriam um grande problema.

Está se perguntando se não fiquei com ciúmes? Como a porra! Morri de ciúmes de
ver a minha Princesa, passando de mão em mão daquele bando de bacaca. O que me
confortava era que ela estava sempre me procurando com olhos enquanto estava
com eles. Como se precisasse de mim pra alguma coisa e me sentir importante pra
ela, me fez ficar um pouco mais calmo.

A noite fluiu desse jeito, eu vendo ela dançar, bebendo um pouco, dançando com
algumas garotas, que eu não conhecia porque as que eu conhecia sabiam que nem
deveriam chegar perto de mim pra dançar pois eu rescusaria. Caso acabado, é caso
esquecido, exceto com a coisa linda na pista de dança com outro cara.

Balancei a cabeça, meio sorrindo, meio irritado, mas em partes estava feliz por ter
caras atrás dela,prova apenas que eu era um babaca por não ver como linda era a
minha Princesa antes.

Estava ali, parado ao lado da mesa de ponche, tomando umas, quando o Dj parou a
música e comçou o anúncio.

- Senhoras e senhores, crianças de todas as idades... Começou, falando com uma voz
parecendo locutor de rádio.
Mas o cara riu, saiu de sua pode de apresentador e se pareceu mais com ele mesmo.

- Estou brincando gente, mas, chegou o momento de anunciarmos o Rei e a Rainha


deste ano!!!

Geral gritou, e aplaudiu nesse momento.

O Dj esperou o burburinho passar, antes de recomeçar sua fala.

- Como vocês sabem, é tradição no Santiago se eleger o Rei e a Rainha do baile. A


votoção, pra ficar claro a quem não conhece, é efetuada da seguinte maneira:

Ele puxou as duas urnas douradas, que no início do baile estavam uma no banheiro
feminino, e a outra próxima aos banheiros masculinos da quadra.

- A urna a minha direita- Ele apontou a urna- É aquela que elegerá nossa magnifica
Rainha da noite, onde só se encontram os votos dos garotos. À minha esquerda-
Apontou a urna- Estam os votos que elegeram o nosso magnífico Rei, votado apenas
pelas garotas! Os votos já foram retirados das urnas, computados e o resultado está
aqui- Indicou um envelope dourado em suas mãos.

E depois de toda essa ladainha, ele finalmente começou a abrir o envelope e fez mais
suspense.

- Começemos, como sempre, pelas damas... Um tambor soou ao longe enquanto ele
terminava de abrir o maldito envelope.

- Senhoras e senhores, tenho o prazer de lhes comunicar que Rainha do baile de


fantasia dessa noite é...

Silêncio em toda a quadra.

- Hanna Stewart, ou como está caracterizada hoje, nossa belíssima Branca de Neve!

Fiquei. Pasmo!

Não porque a Princesa não estivesse linda como o inferno, mas porque geralmente
quem ganha essas merdas é a amiga Loirinha dela.

Acho que a Hanna também ficou em choque por uns momentos enquanto a Loira
amiga dela a levava ao palco, pegava um buque de flores, uma coroa e uma faixa e a
enfeitava.
Talvez por isso a Alex não pode ser votada hoje à noite,,por ser a organizadora do
baile, mas cá entre nós depois de atonito, fiquei muito orgulhoso da MINHA, que
fique bem claro: MINHA, Branca de Neve.

A vi ali no palco, com as flores a coroa imensa e dourada que fizeram pra Rainha
esse ano e simplesmente aplaudi, sabendo que no fim da noite a Branca de Neve iria
embora com o Pirata pé rapado aqui, e não com quem quer que fosse o Rei.

E depois da comoção, dos aplausos, gritinhos e etc, foi a vez do anúncio de Rei.

- Senhoras e senhores.. Começou o Dj novamente.

Eu nem me liguei nas suas falas, ate escutar:

- Harry Lewis, ou como está caractezado hoje, nosso magnifico Mickey Safadinho...
O Dj parecia ter lido isso em algum lugar sem se atentar pras palavras, porque
quando se deu conta do que leu soltou um:

- Que merda é... Mas assim que se deu conta que ainda segurava o microfone abafou
o resto do xingamento.

Estava tão chocado, que perdi toda a decida da Loirinha, a subida do Harry, e só
peguei ela colocando a faixa de Rei nele, juntamente com a coroa.

Me caguei muito naquele momento! Perdi a porra da aposta! Filho da puta! Ia ter
que fazer uma tatuagem... Mas. Que. Merda!

- E agora, meus caros alunos, professores e companhia, teremos como sempre a


primeira dança do Rei e Rainha. Peço a todos que liberem a pista pros dois. Quero
dizer que a musica escolhida pra essa dança foi feita pela nossa queria prganizadora
Alex Anders, espero que todos aprovem. Vamos entrar no clima pessoal!

À princípio, não sabia que música era aquela. Sabia que era muito sexy e que o
Harry estava se aproveitando bastante (até demais) da situação de estar agarrado a
Hanna.

Mas, assim que a musica soltou suas primeiras estrofes a reconheci.Claro, porque
era do tão comentado filme: Cinquenta Tons de Cinza. Era Ernad It, se não me
engano o nome da música.

Era uma música sexy, que os dois dançando mais pareciam estar transando na
vertical, e aquela cena fez meu sangue ferver. Queria arrancar as mãos do Harry a
tapas da Princesinha.
Só não o fiz porque meu subconsciente gritava que isso veria uma cena muito, mas
muito difícil de explicar pras pessoas depois.

Mas também não fiquei ali vendo-a agarra-la, expreme-la contra o seu corpo e
dançar como se fosse uma cobra rastejando. Era indecente e me fervia as tripas.

Estava pra sair da quadra pra limpar minha cabeça quando escutei os gritinhos,
palmas, e assim que me virei, sabia de uma coisa com certeza: Harry estava pedindo
pra apanhar!

 Maluquinha- Hanna:

Que. Merda. É. Essa?!

Foi a primeira coisa que pensei quando Harry me tombou até o chão no ritmo lento
e sensual da música e beijou minha boca.

Não conseguia crer que tinha feito algo assim, tanto que fiquei em choque. Não tive
reação. Graças a Deus que ele me deu um selinho, nos ergueu na vertical
novamente e tirou a boca da minha.

Queria lhe socar a cara, mas não tive tempo, o Steven apareceu de um nada e o
puxou pelos suspensórios.

- Vamos lá fora ter uma conversinha Harry! Disse, com uma calma mortal, e tão
baixo que apenas eu perto, pude escuta-lo.

Ninguém pareceu se atentar ao fato de que os dois sumiram, o pessoal continuou


aplaudindo e assim que a musica acabou todo mundo voltou a dançar.

Exceto que eu estava pirando, então saí do lado de fora e fui procurar os dois.

- Encosta a mão nela assim de novo que eu te mato porra! O grito do Steven chegou
a mim seguido por barulho de soco.

Andei até o ponto mais afastado da quadra, onde estava mais escuro e vi o Steven
acabando de soltar o Harry.

Este, se ergueu até estar em pé novamente e encarou o Steven, ao mesmo tempo que
secava um pouco de sangue que lhe escorria da boca.

- Que porra é essa Steven?! Gritou, apontando a mão na cara do Pirata.


- Enlouqueceu?! Roubei um beijo da garota, e daí? Não foi você que falou que ia
comer ela e sair fora porra?! Que merda é essa agora?!

As palavras do Harry me atingiram como bala. Meu pensamento era apenas que
isso era ao que tudo se resumia. Steven queria brincar comigo, então nada do que
tivemos era verdade.

Mas quando estava indo embora com meu coração em frangalhos...

- A porra do problema é que ela não é qualquer uma Harry! Você não rouba um beijo
da Hanna! Ela é frágil, e ela é especial pra mim, então só não encosta mais nela!

Especial pra ele? Em que sentido? Parei, pra ver o que mais conseguia escutar.

- Ah qual é Steven?! Nunca gostou da garota, não venha dar uma de bom moço pra
cima de mim agora!

Escutei o suspiro exasperado de alguém, em seguida as palavras:

- Você nunca vai entender o que tenho com ela! Não vou nem perder meu tempo
tentando explicar, só saiba de uma coisa: Toca assim nela de novo, e acabou nossa
amizade!

Passos apressados se seguiram à essas palavras e tentei sair rápido dali, mas antes
que conseguisse com aqueles saltos, um corpo enorme e muito firme esbarrou em
mim, me derrubando.

- Mas que... Sejam lá quais fossem suas próximas palavras, elas se perderam
quando ele assimilou que era eu quem estava ali no chão.

- Princesa... Disse, me estendendo as mãos e ajudando-me a ficar em pé.

Limpei as palmas das mãos e o vestido quando levantei, antes de olha-lo na


escuridão.

Quando fiz, fiquei meio assustada. Os olhos mels que me encaravam de volta
estavam revoltos, e muito irritados.

- Seu batom está manchado! Afirmou, se aproximando de mim com um andar lento,
parecendo um animal prestes a atacar a presa.

Como, em nome de Cristo ele conseguia ver naquela meia luz em que estávamos que
meu batom estava manchado?!
Não tenho ideia, mas sei que ele chegou perto e em um batimento de coração sua
boca cobriu a minha.

Seu beijo foi exigente, forte, decidido, quase machucou, foi o suficientemente
desprovido de sentimentos pra que eu me assustasse um pouco. O jeito como me
beijou parecia que estava exigindo algo de mim, e me senti um pouco quando era
criança e aquele homem me beijava... Steven estava me exigindo algo que eu não
sabia dar.

Por isso me assustei, porém quando tentei me afastar suas mãos me aprisionaram
pela minha cintura e seguraram perto.

- Você é minha, entende isso? Seu sussurro contra meus lábios foi mais ameaçador
que sedutor.

- Stev... Comecei, mas ele me deu um beijo pra me calar.

- Só responde se entende ou não!

Assenti, meio surpresa com seu tom exigente.

- Bom, porque sou possessivo sobre você Princesa. Sua boca é minha, seu corpo é
meu. De mais ninguém. Ninguém te toca como se quisesse te levar pra cama, só eu...
Porque só eu sei como Hanna!

Pisquei algumas vezes, atônita, sem entender esse seu surto.

- Só você sabe o que?

Senti ele sorrindo contra meus lábios.

- Só eu sei como te tocar sem machucar. Só eu sei que se assuta quando sou muito
agressivo e perco a cabeça de tesão. Só eu sei o quanto gosta de carinho na cama,
porque te fizeram mal das primeiras vezes. Só eu sei que gosta de dormir com o cara
que esteve porque assim se sente importante. Só eu sei te fazer mulher como se faz
com uma princesa. Só o meu corpo vai conhecer o seu tão bem Princesa, que
nenhum outro vai ser melhor! Nenhum beijo vai ser bom o suficiente, nenhuma
transa vai ser como a minha com você. Sabe porquê?

Neguei com a cabeça, engolindo em seco com esse discurso.


- Porque eu sou o SEU homem e nenhum outro faz amor como faço. Porque nenhum
outro homem vai ser louco por você como eu sou. Então entende Hanna: Você. É.
Minha! Ninguém te toca e fica por isso mesmo. Ninguém.

Estava chocada! Ele... Ele disse fazer amor. E seu discurso todo foi dito com tanta
emoção, com... Com tanto carinho, que mesmo suas palavras soando estranhas me
fizeram sentir importante. Poderosa, como ele disse há algumas semanas atrás.

Eu me senti... Sua. E esse sentimento de pertencer a alguém era... Magnífico. Não


porque ele fosse me prender numa cama e me deixar lá pra usar quando quisesse...
Não, mas sim porque eu estava me doando. Porque eu não me importava em ser
dele, porque sabia, pelas suas palavras que se tivesse que me deixar ir, ele iria.

Foi por isso que me senti mais querida e acarinhada por ele em todos os sentidos,
porque quando amamos, possuímos a alma do outro, mas quando temos que deixa-la
ir não impomos a nossa vontade e era isso que o Steven estava me dizendo. Que
nunca ninguém seria tão bom, porque nós possuímos a alma um do outro e tudo que
viesse depois.... Era história.

- Eu... Eu... Gaguejei, sem saber o que dizer.

Steven balançou a cabeça contra a minha e sussurrou um : Shhh. Ben baixinho.

- Não fala nada. Só vem comigo ok?

Assenti, e ele pegou minha mão, caminhando comigo pelo espaço gramado da escola
até o estacionamento.

Ali era mais iluminado, então pude o admirar. Sua fantasia ficava realmente ótima
nele. Ele tinha porte de pirata, até em seu jeito de andar.

Mas parecia meio bravo ainda. Eu queria poder lhe dizer alguma coisa bonita como
o que ele me disse, mas nada me passava na cabeça.

- Stev...

Ele se virou e colocou o dedo na minha boca antes que eu pudesse terminar de
pronunciar seu nome.

- Quietinha, ok? Promete ficar quietinha? Estou puto, muito puto, preciso me
acalmar um pouco e preciso de silêncio pra isso ok? Só... Fique comigo hoje a noite
certo? Preciso de você perto, mas também preciso que fique quieta.
Estranho... Além da compreensão isso, porém estava bem escrito nos seus olhos que
ele não me machucaria, puto da vida ou não.

Confiei nele e me deixei segui-lo pelo estacionamento até a Xlt, que o Chad havia me
emprestado.

- As chaves? Pediu, assim que parou na porta do motorista.

Não tinha muito lugar onde eu guardar a chave do carro nesse vestido, de modo que
a coloquei como a Alex fez, nos meus seios.

Me remexi um pouco pra tira-la dali, e vi um esboço de sorriso no rosto do Steven.

- Entra! Afirmou, todo exigente enquanto destrava o carro e entrava no lado do


motorista….

 To be continue...

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