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módulo 6 • UNIDADE 2

A SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA


AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


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AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
módulo 6 • UNIDADE 2

A SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA


AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA

São Luís
2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
Reitor – Natalino Salgado Filho
Vice-Reitor – Antonio José Silva Oliveira
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação – Fernando de Carvalho Silva

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE - UFMA


Diretora – Nair Portela Silva Coutinho

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Normalização
Bibliotecária Eudes Garcez de Souza Silva
(CRB 13ª Região nº de Registro – 453)

Revisão técnica
Aracy Santos
Claudio Vanucci Silva de Freitas
Edison José Corrêa
Estela Aparecida Oliveira Vieira
Judith Rafaelle Oliveira Pinho
Karoline Corrêa Trindade
Paola Trindade Garcia

REVISÃO ORTOGRÁFICA
Fábio Alex Matos Santos
João Carlos Raposo Moreira

Revisão Didático-Pedagógica
Deborah de Castro e Lima Baesse
Paola Trindade Garcia

Universidade Federal do Maranhão. UNA-SUS/UFMA

A Saúde da criança e a Saúde da Família: agravos e doenças prevalentes


na infância/Ednei Costa Maia; Fabrício Silva Pessoa; Walquíria Lemos
Soares (Org.). - São Luís, 2014.

87f. : il.

1. Saúde da criança. 2. Atenção primária à saúde. 3. Atenção primária


à saúde. 4. UNA-SUS/UFMA. I. Santos, Aracy. II. Freitas, Claudio Vanucci
Silva de. III. Corrêa, Edison José. IV. Vieira, Estela Aparecida Oliveira. V.
Pinho, Judith Rafaelle Oliveira. VI. Trindade, Karoline Corrêa. VII. Garcia,
Paola Trindade. VIII. Título.

CDU 613.9-053.2
APRESENTAÇÃO

Os objetivos desta unidade consistem em compreender as articulações


do atendimento integral à criança vítima de violência, identificar a icterícia
neonatal fisiológica e patológica, os principais distúrbios gastrointestinais, as
principais afecções dermatológicas, as doenças exantemáticas e as condutas
de Enfermagem perante cada uma delas. Iniciaremos algumas discussões
sobre os principais agravos que acometem as crianças enfatizando seu
reconhecimento e o tratamento preconizado pelo Ministério da Saúde.
SUMÁRIO

UNIDADE 2............................................................................................... 7
1 VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇA................................................... 7
1.1 Sinais de violência....................................................................... 8
2 ATENÇÃO INTEGRAL ÀS SITUAÇÕES DE VIOLÊNCIA................. 12
2.1 Linha de cuidado......................................................................... 13
2.2 Cuidados profiláticos e tratamento........................................... 16
2.2.1 Distúrbios gastrointestinais......................................................................... 22
2.2.2 Afecções dermatológicas.............................................................................. 48
2.2.3 Doenças exantemáticas................................................................................ 70
3 OUTROS AGRAVOS PREVALENTES NA CRIANÇA...................... 78
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 82
UNIDADE 2

1 VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇA

O acompanhamento da criança pelos profissionais da Atenção Básica


é essencial para garantir o correto crescimento e desenvolvimento, dar apoio
aos pais e familiares, bem como identificar precocemente possíveis intercor-
rências que a criança possa desenvolver (BRASIL, 2012).
 A faixa etária pediátrica tem agravos recorrentes e que devem ser in-
vestigados com cuidado, pois as crianças são vulneráveis e dependentes.
Crianças e adolescentes que procuram os centros de saúde ou hos-
pitais em decorrência de violência, possivelmente já sofreram maus-tratos
menos severos, sem que a comunidade agisse; frequentaram a escola, com
visíveis sinais de maus-tratos, sem que nada fosse feito; foram atendidos por
serviços de saúde, sem que as providências necessárias fossem tomadas.
Para a violência que acomete crianças e adolescentes, o Ministério da
Saúde define: “Quaisquer atos ou omissões dos pais, parentes, responsáveis,
instituições e, em última instância, da sociedade em geral, que redundam em
dano físico, emocional, sexual e moral às vítimas” (BRASIL, 2010).
Cicillini, Silva e Melo (2012) reforçam a definição da OMS sobre a
classificação de violência: “autoprovocada (violência praticada contra si mes-
mo), interpessoal (praticada por indivíduos ou grupos) e coletiva (praticada
por organizações maiores)”. Todas essas formas de violência poderão ser de
natureza, física, sexual, psicológica, negligência ou abandono.
Observe no resumo esquemático abaixo a classificação da violência
considerando suas diversas dimensões:

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Figura 1 – Tipos de violência.

Tipos de violência

Autoprovocada Interpessoal

Suicídio Intrafamiliar Comunitária Social Econômica


de
suicídio
Natureza Criança e Parceiro Pessoa Conhecido Estranho
da violência adolescente mais velha

Física

Sexual

Psicológica

Negligência/
Abandono

Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Linha de cuidado para a atenção integral à saúde de crianças,
Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Linha de
cuidado para a atenção integral à saúde de crianças, adolescentes e suas famílias
em situação de violências: orientação para gestores e profissionais de saúde. Brasília, DF:
Ministério da Saúde, 2010. 104p. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde). Disponível
em: < http://goo.gl/T34h2H>.

SAIBA MAIS!
Leia mais informações e condutas a tomar diante de situações de sus-
peita ou confirmação de violência no MANUAL PARA ATENDIMENTO ÀS VÍ-
TIMAS DE VIOLÊNCIA NA REDE DE SAÚDE PÚBLICA DO DF. Disponível em:
http://goo.gl/mmpqzz.

1.1 Sinais de violência


Os sinais de violência se traduzem em consequências que podem ser
distintas segundo cada etapa do desenvolvimento. Quanto mais precoce, in-
tensa ou prolongada a situação de violência, maiores e permanentes serão os
danos para a criança. Há suspeita de violência física na presença dos seguintes
sinais (VILELA, 2008):

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Figura 2 - Sinais gerais de violência física na criança.

1. Lesões ditas como “acidentais”


não compatíveis com a idade ou
desenvolvimento psicomotor da
criança;
2. Lesões que não podem ser expli-
cadas pelo acidente relatado;
3. Lesões em vários estágios de cica-
trização ou cura;
4. Lesões bilaterais ou simétricas;
5. Lesões em áreas habitualmente
cobertas ou protegidas do corpo.

Figura 3 - Sinais específicos de violência física na criança.

1. Lesões de pele;
2. Fraturas;
3. Lesões cranioencefálicas;
4. Lesões de face;
5. Envenenamentos e intoxicações.

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Na figura abaixo, podemos verificar as pistas para identificação dos vá-
rios tipos de violência física:

Figura 4 - Pistas para identificação dos vários tipos de violência física contra crianças
e adolescentes.

Queimaduras

Prato quente Cigarros Ferro de passar Lâmpadas

Garfos Faca Imerção

Objetos

Fivela de cinto Cinto Frigideira Fio enrolado Cabide

Tábua/espátula Pés Mata-moscas Vara/chicote Raquete

Mãos Nós dos dedos Mordidas Escova de cabelo

Fonte: Adaptado de: VILELA, Laurez Ferreira (Coord.). Manual para atendimento às vítimas de
violência na Rede de Saúde Pública do Distrito Federal. Brasília: Secretaria de Estado de
Saúde do Distrito Federal, 2008. 68 p. Disponível em: <http://goo.gl/FqZomW.

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Acompanhe no quadro abaixo as principais alterações comportamen-
tais da criança e do adolescente em situações de violência:

Figura 5 - Principais alterações comportamentais da criança e do adolescente em


situações de violência.
CRIANÇA Adolescente
SINAIS DA VIOLÊNCIA
Até 11 meses 1 a 4 anos 5 a 9 anos 10 a 19 anos

Choros sem motivo aparente

Irritabilidade frequente, sem causa aparente

Olhar indiferente e apatia

Tristeza constante

Demonstrações de desconforto no colo

Reações negativas exageradas a estímulos comuns ou imposição de


limites

Atraso no desenvolvimento; perdas ou regressão de etapas atingidas

Dificuldades na amamentação, podendo chegar à recusa alimentar;


vômitos persistentes

Distúrbios de alimentação

Enurese e encoprese

Atraso e dificuldades no desenvolvimento da fala

Distúrbios do sono

Dificuldades de socialização e tendência ao isolamento

Aumento da incidência de doenças, injustificável por causas orgânicas,


especialmente as de fundo alérgico

Afecções de pele frequentes, sem causa aparente

Distúrbios de aprendizagem até o fracasso na escola

Comportamentos extremos de agressividade ou destrutividade

Ansiedade ou medo ligado a determinadas pessoas, sexo, objetos ou


situações

Pesadelos frequentes, terror noturno

Tiques ou manias

Comportamentos obsessivos ou atitudes compulsivas

Baixa autoestima e autoconfiança

Automutilação, escarificações, desejo de morte e tentativa de suicídio

Problemas ou déficit de atenção

Sintomas de hiperatividade

Comportamento de risco, levando a traumas frequentes ou acidentes

Uso abusivo de drogas

Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Linha de cui-
dado para a atenção integral à saúde de crianças, adolescentes e suas famílias em
situação de violências: orientação para gestores e profissionais de saúde. Brasília, DF:
Ministério da Saúde, 2010. 104 p. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde). Disponível
em: < http://goo.gl/EfVO9P>.

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2 ATENÇÃO INTEGRAL ÀS SITUAÇÕES DE VIOLÊNCIA

O Ministério da Saúde traz as seguintes orientações de conduta para


casos que necessitam de atenção integral em situação de violências:

• Para auxiliar o atendimento, utilize perguntas que possam iden-


tificar a presença de conflitos familiares geradores de violência
contra seus membros e fora do âmbito familiar. Independente-
mente do motivo que levou a criança ou o adolescente ao serviço
de saúde, uma anamnese completa, incluindo a vida familiar, es-
colar e social, deve ser conduzida.

• O exame físico criterioso e detalhado, registrado no prontuário ou


em fichas de consultório, também é de fundamental importância. A
conduta a ser tomada é sempre singularizada.

• Deve-se considerar a idade do paciente, a situação familiar, a proxi-


midade do autor da agressão, a existência da rede de apoio, o tipo de
violência suspeito ou confirmado, as informações disponíveis na rede
de cuidados e de proteção social, inclusive o risco de revitimização ou
mesmo de morte (BRASIL, 2010).

Especialmente na criança abaixo de 2 anos é possível encontrar a sín-


drome do bebê sacudido.  A ação de “sacudir o bebê”, provoca o choque
entre a calota craniana e o tecido encefálico deslocado, ocorrendo desde mi-
cro-hemorragias por rupturas de artérias e veias até hemorragias maciças e
rompimento de fibras e tecido nervoso (VILELA, 2008).

REFLITA COMIGO!
A síndrome do bebê sacudido pode tra-
zer discussões acerca da intencionalidade da
ação. Como a equipe de saúde poderá investi-
gar a diferença entre acidente e violência?

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A violência corresponde às situações que
causam danos à vida de forma geral, já os aciden-
tes são eventos não intencionais, que por sua vez
também poderão causar danos físicos e emocio-
nais. A grande diferença reside no fato de que os
acidentes podem ser evitados, no entanto a in-
terpretação entre a diferença das duas situações
demanda muita sensibilidade por parte do profisi-
sonal, principalmente em saber investigar as con-
dições familiares dessa criança. A visita domiciliar
é uma excelente estratégia para compreender o
contexto familiar.

2.1 Linha de cuidado


Você sabe o que é linha de cuidado?
A linha de cuidado em saúde expressa os fluxos assistenciais seguros e
garantidos ao usuário, no sentido de atender às suas necessidades de saúde.
A proposta é de desenhar o percurso que o usuário dos serviços de saúde faz
por dentro de uma rede, incluindo segmentos que não estão necessariamente
inseridos no sistema de saúde, mas que participam de alguma forma da rede e
são fundamentais para o cuidado integral, tal como entidades comunitárias e
de assistência social (FRANCO; FRANCO, 2014).
Algumas interpretações podem reduzir, de forma equivocada, a linha
de cuidado em sistemas de referência e contrarreferência. É claro que a linha
de cuidado inclui esses processos, porém não se limita a simples encaminha-
mentos, pois é necessário, ainda, pactuação de fluxos e organização dos pro-
cessos de trabalho, com o objetivo de facilitar o acesso dos usuários a todos os
serviços necessários.

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O Ministério da Saúde, em 2010, elaborou a Linha de Cuidado para a
Atenção Integral à Saúde de Crianças, Adolescentes e suas Famílias em Situa-
ção de Violências como medida estratégica para a efetivação dos direitos de
crianças e adolescentes.

Trata-se de um conjunto de diretrizes e ações específicas


de várias políticas universais de saúde, reunidas em uma
única estratégia que visa ao alcance da atenção integral ou à
integralidade do cuidado, um dos princípios do SUS.

A atuação em linha de cuidado induz à integração de


várias ações desenvolvidas na rede de serviços que
corresponsabiliza os gestores e os profissionais envolvidos
desde a Atenção Básica até o mais complexo nível de
atenção, exigindo ainda a articulação com os demais
sistemas públicos, visando à promoção, à proteção e à
defesa dos diretos de crianças e adolescentes.

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Veja no diagrama a proposta de “Linha de Cuidado para a Atenção Integral
à Saúde de Crianças, Adolescentes e suas Famílias em Situação de Violências”:

Figura 6 - Linha de cuidado para a atenção integral à saúde de crianças, adolescentes e suas
famílias em situação de violências.

Acolhimento Atendimento Seguimento na rede


de cuidado e de proteção social

Realizar consulta clínica:


Preencher a ficha de Acompanhar a criança ou
Receber crianças, adolescente e sua família
adolescentes e famílias planejamento da conduta para
até a alta, com
cada caso. Encaminhar a ficha ao
planejamento
Sistema de Vigilância de
respeitosa, por qualquer individualizado para cada
Violências e Acidentes
membro da equipe. caso.
(Viva), da Secretaria
Acompanhar o caso e Municipal de Saúde (SMS). Acionar a rede de cuidado e
proceder aos de proteção social,
Violência psicológica Comunicar o caso ao
encaminhamentos existente no território, de
negligência/abandono Conselho Tutelar, da forma
necessários, desde a sua Avaliação psicológica. acordo com a necessidade
Tratamento e profilaxia. mais ágil possível (telefone
entrada no setor de Acompanhamento de cuidados e de proteção,
ou pessoalmente ou com
saúde até o seguimento Avaliação psicológica. tanto na própria rede de
uma via da ficha de
para a rede de cuidados cada caso. saúde (atenção
e de proteção social. Acompanhamento primária/equipes de Saúde
Acompanhamento pela Anexar cópia da ficha ao da Família, hospitais,
com cada caso. atenção primária/equipes unidades de urgências, Caps
e de proteção à criança Saúde da Família.
Acompanhamento pela paciente. ou Capsi, CTA, SAE), quanto
ou ao adolescente.
atenção primária/equipes Caps ou Capsi; ou pela rede Acionar o Ministério Público na rede de proteção social e
Atuar de forma conjunta Saúde da Família. de proteção Cras; defesa (Cras, Creas, escolas,
quando necessário,
com toda a equipe. Creas/escolas etc. Ministério Público,
Caps ou Capsi; ou pela especialmente no caso de
interrupção de gravidez em Conselho Tutelar e as Varas
rede de proteção Cras;
decorrência de violência da Infância e da Juventude,
Creas/escolas, CTA ou
sexual. entre outros).
outros complementares.

REFLITA COMIGO!
Dentro dos serviços disponíveis na sua região é possível estabelecer
as ações de Linha de Cuidado para a Atenção Integral à Saúde de Crianças,
Adolescentes e suas Famílias em Situação de Violências?
SAIBA MAIS!
Conheça “Metodologias para o Cuidado de Crianças, Adolescentes e suas
Famílias em Situação de Violências”. Disponível no link: http://goo.gl/UTpJGY.
Assista ao vídeo e conheça detalhadamente a Linha de Cuidado para
a Atenção Integral à Saúde de Crianças, Adolescentes e suas Famílias em
Situação de Violências. Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?-
v=LgZnWwRkglQ.

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2.2 Cuidados profiláticos e tratamento
Mesmo na assistência às crianças, os profissionais de saúde devem
seguir as recomendações do Ministério da Saúde, estabelecidas na Norma
Técnica de Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Se-
xual contra Mulheres e Adolescentes (BRASIL 2012). Veja algumas orientações
importantes:

Quadro 1 - Avaliação de risco para os cuidados profiláticos e de tratamento decorrentes da


violência sexual.

DST/não virais HIV/Aids HEPATITE B GRAVIDEZ


Contato com sêmen Contato com sêmen Contato com sêmen Contato com o sêmen (após
(oral, vaginal e/ (vaginal e/ou anal) (oral, anal e/ou a primeira menstruação e
RISCOS

ou anal) sangue e oral com ejaculação vaginal) antes da menopausa)


e outros líquidos
corporais
Realização de Solicitar e aconselhar Avaliar o esquema Escolha adequada do
aconselhamento teste (anti-HIV) vacinal da vítima método
(três doses)
Intolerância gástrica Escolha da Avaliar a exposição Dosagem a ser administrada
associação crônica/repetição da
do medicamento violência
CUIDADOS

Histórico alérgico Dosagem a ser Realizar a Administração (ideal até 72


administrada imunoprofilaxia horas ou cinco dias após a
violência)
Escolha adequada Intolerância gástrica Interpretar os
do medicamento marcadores
Dosagem a ser Administração (ideal
administrada de em 24 horas ou até
acordo com o peso 72 horas)

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Quadro 2 - Acompanhamento laboratorial.

Admissão 2 semanas 3 meses 6 meses

Síflis (VDRL* ou RPR**)

Anti-HIV***

Hepatite B (HBsAg)

Hepatite C (anti-HCV)

Transaminases

Hemograma

* VDRL - Veneral Disease Research (testes não treponêmicos)


** RPR - Rapid Plasm Reagin (testes não treponêmicos)
*** Excepcionalmente, a avaliação sorológica deverá ser repetida com 12 meses: nos casos que envolvem
agressores coinfectados pelo HIV/HCV e quando o indivíduo tiver história de imunossupressão. A
testagem anti-HIV também deve ser recomendada para indivíduos que apresentem quadro sugestivo
de infecção aguda pelo HIV, independentemente do intervalo desde a exposição.

* Os espaços coloridos indicam a época em que cada exame deve ser realizado.

Quadro 3 - Profilaxia das DST não virais para crianças e adolescentes com menos de 45 kg.

Via de
Medicamento Apresentação Posologia
administração

50 mil UI/kg (dose máxima: 2,4


Frasco-amp. com
Penicilina G milhões UI), dose única,
benzatina 600.000 UI, IM
(metade da dose em cada
1.200.000 UI
glúteo)
250 mg (acompanha Aplicar 125 mg (1 ml), dose
Ceftriaxona IM
diluente de 2 ml) única
600 mg/15 ml ou 20 mg/kg (dose máxima: 1 g),
Azitromicina VO
900 mg/22,5 ml dose única
Observação: Caso opte pela prescrição com metronidazol, para a profilaxia de tricomoníase, a dose recomendada
para crianças é 15 mg/kg/dia (dose máxima: 2 g), VO, divididos em três tomadas, por sete dias. A administração
profilática do metronidazol e de suas alternativas pode ser postergada ou evitada em casos de intolerância
gastrointestinal conhecida ao medicamento.
Também deve ser postergada nos casos em que houver profilaxia antirretroviral (BRASIL, 2012b).

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Quadro 4 - Profilaxia da transmissão do HIV para crianças.

Medicamento Apresentação Via de administração Posologia

ZIDOVUDINA Solução oral 10 mg/ml 180 mg/m²/dose, de 12 /12 h


(ZDV) Oral
Cápsula 100 mg Dose máxima: 300 mg/dose
4 mg/kg - dose - 12/12 h
LAMIVUDINA Solução oral 10 mg/ml Dose máxima: 150 mg - 12/12 h
(3TC)
Oral
Comprimidos 150 mg > 12 anos: 150 mg 12/12 h ou
300 mg em dose única diária
Solução oral: Crianças < 2 anos:
80 mg/20 mg/ml 300 mg/m² - 12/12 h
LOPINAVIR/ (LPV/r) Crianças > 2 anos:
RITONAVIR
Oral
Comprimidos: 230 mg/m² - 12/12 h
200 mg/50 mg Dose máxima: 200 mg - 12/12 h
(LPV/r) Adolescentes: 400 mg - 12/12 h
(Peso x 4) + 7
Observação: (1) Superfície corporal (m²) =
Peso + 90
(2) Peso em kg = 2 x idade + 8

Quadro 5 - Critérios para recomendação de profilaxia pós-exposição sexual ao HIV.

Violência sexual com penetração vaginal e/ou anal desprotegida


Recomendada
com ejaculação sofrida há menos de 72 horas
Individualizar
Penetração oral com ejaculação
decisão
Penetração oral sem ejaculação;
Uso de preservativo durante toda a agressão;
Não recomendada Agressor sabidamente HIV negativo;
Violência sofrida há mais de 72 horas;
Abuso crônico pelo mesmo agressor.

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Quadro 6 - Recomendações para profilaxia de hepatite B pós-violência sexual.
Situações vacinal e sorológica Autor da violência
de crianças e adolescentes
HBsAg desconhecido ou
vítimas de violência HBsAg reagente HBsAg não reagente
não testado
Não vacinado IGHAHB + iniciar vacinação Iniciar vacinação Iniciar vacinação*
Com vacinação incompleta IGHAHB + completar vacinação C Completar vacinação Completar vacinação*
Previamente vacinado

• Com resposta vacinal


Nenhuma medida Nenhuma medida
conhecida e adequada Nenhuma medida específica
específica específica
(≥ 10 mUI/mL)
IGHAHB + 1ª dose da vacina
Iniciar nova série de Iniciar nova série de
• Sem resposta vacinal após a contra hepatite B ou duas doses de
vacinação vacinação
1ª série (3 doses) IGHAHB com intervalo de 30 dias
(3 doses) (3 doses)*
entre elas**
Duas doses de IGHAHB com
• Sem resposta vacinal após Duas doses de IGHAHB com Nenhuma medida
intervalo de 30 dias entre
2ª série de vacina intervalo de 30 dias entre elas** específica
elas**
Com resposta vacinal desconhecida: testar a vítima de violência***

Se resposta vacinal Nenhuma medida Nenhuma medida


Nenhuma medida específica
adequada específica específica
Se resposta vacinal IGHAHB + 1ª dose da vacina contra Fazer segunda série de Fazer segunda série de
inadequada hepatite vacinação vacinação
IGHAHB: Imunoglobulina Humana Anti-hepatite B
* Vítimas de violência que sofreram infecção pelo HBV estão imunes à reinfecção e não necessitam de profilaxia pós-violência
sexual.
Tanto a vacina quanto a imunoglobulina devem ser administradas preferencialmente nas primeiras 48 horas após o ocorrido, não
excedendo o período de 14 dias.
**A administração da IGHAHB em duas doses deve obedecer ao intervalo de um mês entre elas. Esta opção deve ser indicada
para aqueles que fizeram duas séries de três doses da vacina, mas não apresentaram resposta adequada ou apresentaram alergia
grave à vacina.
***Marcadores de triagem sorológica – HBsAg e Anti-HBc Total.
Obs.: Os indivíduos em situação de violência sexual também devem receber dose única de IGHAHB, 0,06 ml/kg, IM, em
extremidade diferente da vacina e se a dose da imunoglobulina ultrapassar 5 ml, deve-se dividir a aplicação em duas áreas
corporais diferentes.

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Quadro 7 - Anticoncepção de emergência hormonal.

Primeira escolha: LEVONORGESTREL


Apresentação: 0,75 mg de levonorgestrel/comprimido
Administração: 2 comprimidos, via oral, dose única ou 1 comprimido, via oral, a cada 12 horas
Segunda escolha: MÉTODO DE YUZPE
Apresentação: AHOC* com 50 µg de etinil-estradiol e 250 µg de levonorgestrel/comprimido
Administração: 2 comprimidos, via oral, a cada 12 horas ou 4 comprimidos, via oral, dose
única
Apresentação: AHOC* com 30 µg de etinil-estradiol e 150 µg de levonorgestrel/comprimido
Administração: 4 comprimidos, via oral, a cada 12 horas ou 8 comprimidos, via oral, dose
única
*AHOC: anticonceptivos hormonais orais combinados.

A profilaxia do HIV com antirretrovirais deve ser iniciada imediatamen-


te após a violência, preferencialmente nas primeiras 24 horas, e no máximo
até 72 horas após a ocorrência. O esquema deve ser mantido sem interrupção
por quatro semanas consecutivas.
O uso da anticoncepção de emergência (AE) deve ser prescrito para
todas as mulheres, adolescentes, jovens e adultas expostas à gravidez, por
meio de contato certo ou duvidoso com sêmen, independentemente do perí-
odo do ciclo menstrual em que se encontrem. As duas formas de AE hormonal
devem ser administradas o mais rápido possível após o contato sexual, com a
primeira dose iniciada, no máximo, em 72 horas.

Condutas de Enfermagem
ü
As condutas de Enfermagem ocorrem durante o atendimento com
ação direcionada para a resolutividade do problema, não se limitando a um ou
outro momento, não a este ou aquele profissional.
O profissional de Enfermagem precisa ter consciência que esta situa-
ção exige uma intervenção que não se limita apenas a sua competência profis-
sional, ou seja, as diversas nuances da ocorrência levam, obrigatoriamente, a
outras competências profissionais. O enfermeiro deve:

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


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AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
»» Manter atitude de crédito: não fazer perguntas em demasia, sem ques-
tionar o que está sendo relatado, evitando detalhes desnecessários;
»» Deixar claro: a vítima não deve se sentir culpada ou envergonhada pe-
las situações sofridas;
»» Revitimização: evitar que a criança tenha que repetir sua narra-
tiva várias vezes a outros profissionais, para que não se amplie
seu sofrimento;
»» Orientação: orientar a criança ou adolescente sobre todos os procedi-
mentos que serão adotados;
»» Singularidade: levar em conta a singularidade de cada situação e o
processo de resiliência, a equipe interdisciplinar deve trabalhar com
o propósito de tirar o usuário do lugar de vítima e de transformá-lo
em sujeito autônomo, sem esquecer que, por outro lado, no eixo da
responsabilização e da defesa de direitos, a criança ou adolescente é
vítima sim e precisa ter seus direitos garantidos, e o agressor, por con-
seguinte, precisa ser punido para que o ciclo de violência seja rompido;
»» Linguagem: ter bom senso quanto ao uso da linguagem, da posição
corporal e da disposição do espaço físico em que o atendimento ocor-
re; é preciso conversar com o usuário em uma posição em que ele,
especialmente quando se trata de criança, possa olhar e ser olhado
(GUZZO, 2012).

Atitudes que devem ser tomadas


§
Documentar: registrar de forma detalhada todo o processo de ava-
Ø
liação, diagnóstico e tratamento;
Transcrever: descrever o histórico, as palavras da criança ou adoles-
Ø
cente, sem interpretações pessoais ou pré-julgamentos;
Notificar: toda suspeita de violência deve ser notificada. Lembran-
Ø
do que a notificação pode ser realizada por qualquer profissional da área de
saúde.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


21
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
IMPORTANTE!
Nos serviços de Atenção Básica devem-se esgotar todos os recursos
para oferecer os cuidados e a proteção das crianças e suas famílias em situação
de violência, nas dimensões do acolhimento, atendimento e notificação, com
os recursos disponíveis (BRASIL, 2010).

2.2.1 Distúrbios gastrointestinais


São comuns no dia a dia do trabalho do mé-
dico as queixas gastrointestinais na criança, principal-
mente diarreia, constipação e vômitos. 
A doença diarreica aguda é uma das principais
causas de morbimortalidade na criança no Brasil, es-
pecialmente nas crianças menores de 6 meses que
não estão em aleitamento materno exclusivo.

Diarreia
ü
A diarreia surge quando a perda de água e eletrólitos nas fezes é maior
do que a normal, resultando no aumento do volume e da frequência das eva-
cuações e diminuição da consistência das fezes.
Geralmente é definida como a ocorrência de três ou mais evacuações
amolecidas ou líquidas em um período de 24 horas (em lactentes jovens, con-
siderar a mudança na consistência habitual das fezes).

ATENÇÃO!
Observe a cor das fezes da criança usando a escala de cores abaixo. Se
a cor das fezes for suspeita, deverá orientar a mãe a procurar com urgência o
serviço de saúde.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


22
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Figura 7 – Exame das fezes.

Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Caderneta de saúde da criança. 8. ed. Brasília,
DF: Ministério da Saúde, 2013a. Disponível em: http://goo.gl/7uHihI.

A maioria dos episódios de diarreia aguda é provocada por um agente in-


feccioso e é autolimitado (menos de duas semanas). A diarreia líquida aguda pode
levar à desidratação, principal causa de morte de uma criança que apresente esse
tipo de evacuação.

Você sabe quais as principais etiologias


da diarreia? 
Acompanhe abaixo o quadro com as prin-
cipais etiologias da diarreia (DUNCAN et al., 2013):

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


23
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Quadro 8 - Principais etiologias da diarreia.

Vibrio cholerae, Escherichia coli (enteropatogênica clássica,


enterotoxigênica, enteroinvasiva, entero-hemorrágica), Clostridium
difficile, Salmonella, Shigella. Agentes virais como rotavírus,
Diarreia aguda Norwalk, protozoários (Entamoeba hystolitica, Giardia lambia e
Criptosporidium sp), fungos como Candida albicans (raramente).
Ingestão de toxinas estafilocócicas, do Baccilus cereus e Clostridium
perfingens nas intoxicações alimentares.

Diarreia Giardia lambia, Cryptosporidium, Escherichia coli enteropatogênica


prolongada clássica, Escherichia coli enteroagregativa.

Diarreia Cólon irritável, tuberculose, parasitoses intestinais (várias


crônica etiologias), enteropatia por glúten etc.

Você sabe qual é a diferença entre


diarreia aguda, persistente e crônica?
Acompanhe abaixo o quadro que distin-
gue os tipos de diarreia:

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


24
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Quadro 9 – Classificação da diarreia segundo a duração dos sintomas.

Aquosa: secreção ativa de água e eletrólitos sob a


Duração estimulação de determinadas substâncias.
Diarreia
menor que 14 Disenteria: agente infeccioso invade a mucosa do cólon.
aguda
dias A exsudação de muco, pus, proteínas e sangue é
responsável pelas características clínicas dessa síndrome.

Duração
Diarreia Giardia lambia, Cryptosporidium, Escherichia coli
maior ou igual
prolongada enteropatogênica clássica, Escherichia coli enteroagregativa.
a 14 dias

Duração
Diarreia Cólon irritável, tuberculose, parasitoses intestinais (várias
maior que 30
crônica etiologias), enteropatia por glúten etc.
dias

O manejo adequado da criança com diarreia gera alguns questiona-


mentos. Veja quais as dúvidas mais comuns:
• Qual a temperatura da criança?
»» Se a temperatura for de 39°C ou mais: investigar outras causas
além de diarreia, faringite, infecção urinária, malária (em áreas
endêmicas) e tratar apropriadamente conforme as normas.
• Quando começou a diarreia?
»» Se tiver pelo menos 14 dias de evolução: referir o paciente
para o hospital se for menor de 6 meses ou se apresentar de-
sidratação (neste caso, hidrate-o primeiro e, em seguida, refi-
ra-o ao hospital).
»» Quando não tiver condições de referência, ensinar o respon-
sável a administrar os líquidos e continuar alimentando o pa-
ciente conforme o Plano A.
»» Garantir a ingestão calórica dando, se possível, seis refeições
ao dia. Marcar a volta do paciente após cinco dias.
»» Se a diarreia continuar, mande-o a um serviço de saúde. Se
a diarreia parar, oriente o responsável a continuar a alimen-
tação habitual e dar uma refeição adicional ao dia até que o
paciente recupere o estado nutricional.
• Há presença de sangue nas fezes?

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


25
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
»» Em caso positivo e com comprometimento de estado ge-
ral: tratar o paciente durante cinco dias com sulfametoxazol
(SMX) com trimetropim (TMP) (crianças: 50 mg SMX/kg de
peso, dividimos em duas doses, a cada 12 horas; adultos: 800
mg de SMX a cada 12 horas).
»» Ensinar o responsável pelo paciente a administrar líquidos e a
manter a alimentação descrita no Plano A.
»» Controlar o paciente após dois dias. Se houver sangue nas
fezes, após dois dias de tratamento com SMX, troque a me-
dicação por ácido nalidíxico (crianças: 50 mg/kg/dia, a cada
seis horas, durante cinco dias; adultos: 1 g, a cada oito horas,
durante cinco dias). Em áreas endêmicas de amebíase, se per-
sistir sangue nas fezes, após o tratamento acima, substituir a
medicação para metronidazol (crianças: 30 mg/kg/dia, dividi-
dos em dose de a cada oito horas, durante cinco dias. Para os
casos mais graves, prolongar o tratamento até complementar
dez dias).
• Existem sinais de desidratação?
»» Em caso de desidratação, iniciar a reidratação e, depois, enca-
minhar a um serviço de saúde. Entregar ao responsável SRO
suficiente e recomendar que continue dando SRO até que
chegue ao serviço de saúde.
De acordo com Geniole et al. (2011), uma criança com diarreia pode
apresentar os seguintes sinais de desidratação:
Olhos fundos: é muito importante contar com a percepção da mãe para
ajudar na identificação, pois uma criança pode ter olhos fundos por carac-
terística própria, sem que isso esteja relacionado à desidratação. Por isso, a
percepção da mãe, assim como em praticamente todas as situações relacio-
nadas à criança, deve ser levada em consideração;

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


26
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Irritabilidade: a criança, quando desidratada, pode manifestar irritação, sem
que se possa consolá-la;
Letargia ou inconsciência: neste caso, o quadro é tão grave que a criança
pode não reagir a estímulos externos;
Sede e avidez ao beber água: quando a desidratação está instalada, a sede
pode ser intensa, já que o organismo tenta compensar a perda de água oca-
sionada pela diarreia;
Dificuldade para beber: a gravidade de seu estado impede a criança de in-
gerir líquidos;
Sinal da prega: para definir o grau de hidratação, é importante realizar este
teste: você deve fazer uma prega, ou seja, segurar a pele do abdômen por
um segundo, na linha vertical ao lado do umbigo, com os dedos polegar e
indicador. Ao soltar a pele, verifique se ela volta ao seu estado normal ime-
diatamente, lentamente (até dois segundos) ou muito lentamente (mais de
dois segundos). O tempo que leva para a pele voltar ao seu estado anterior
indica o grau de hidratação da criança.

Figura 8 – Sinal da prega.

Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Saúde da criança: acom-
panhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Brasília, DF: Ministério da Saúde,
2002. 100 p. (Série Cadernos de Atenção Básica; n. 11) (Série A. Normas e Manuais Técni-
cos). Disponível em: < http://goo.gl/gUBdRK>.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


27
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Acompanhe as etapas de avaliação para o manejo adequado da diarreia.
Essa avaliação possibilita identificar qual plano de tratamento deverá ser utilizado.

Quadro 10 - Etapas de avaliação para o manejo do paciente com diarreia.

ETAPAS A B C

1. OBSERVE

Estado geral Bem, alerta Irritado, intranquilo Comatoso, hipotônico

Olhos Normais Fundos Muito fundos e secos

Lágrimas Presentes Ausentes Ausentes

Bebe normal, sem Sedento, bebe rápido Bebe mal ou não é capaz
Sede
sede e avidamente de beber

2. EXPLORE

Sinal da prega Desaparece Desaparece Desaparece muito


rapidamente lentamente lentamente (mais de 2
segundos)

Pulso Normal Rápido, débil (de 3 a Muito débil ou ausente


5 seg.) (mais de 5 seg.)

Enchimento Cheio Prejudicado Muito prejudicado


capilar

3. DECIDA

Não tem sinais de Se apresentar dois Se apresentar dois ou


desidratação ou mais sinais, tem mais sinais, incluindo pelo
desidratação menos um “sinal”, TEM
DESIDRATAÇÃO GRAVE

4. TRATE

USE O PLANO A USE O PLANO B - USE O PLANO C - pese o


pese o paciente, se paciente
possível

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


28
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Veja detalhadamente os planos de tratamento para diarreia, segundo
o Ministério da Saúde:

PLANO A
PARA PREVENIR A DESIDRATAÇÃO NO DOMICÍLIO
Explique as três regras para o manejo adequado da diarreia
no domicílio
1. Dar mais líquido do que o habitual para prevenir a
desidratação
O paciente deve tomar líquidos caseiros (água de arroz,
soro caseiro, chá, sucos e sopas) ou sais de reidratação
oral (SRO) após cada evacuação diarreica.
2. Manter a alimentação habitual para prevenir a desnutrição

Manter a dieta normal para as crianças maiores de 4


meses, que comem alimentos sólidos, e também para
os adultos.
3. Se o paciente não melhorar em dois dias ou se apresentar
qualquer um dos sinais abaixo, levá-lo ao serviço de saúde
Sinais de perigo
Piora da diarreia; Recusa de alimentos;
Vômitos repetidos; Febre;
Muita sede; Sangue nas fezes.
Os pacientes devem receber soro oral (SRO) no domicílio se:

Não puderem voltar ao serviço de saúde;


Vierem de áreas afetadas por cólera.

reidratação oral que


Idade reidratação oral para
se deve tomar após
levar ao domicílio
evacuação diarreica

Menores de 1 ano 50 - 100 ml 1 envelope por dia


1 - 10 anos 100 - 200 ml 2 envelopes por dia
Maiores de 10 anos Tudo o que quiser 4 envelopes por dia

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


29
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
PLANO B
PARA PREVENIR A DESIDRATAÇÃO POR VIA ORAL
1. Administrar cinco sais de reidratação oral (SRO)
A quantidade de solução ingerida dependerá da sede
do paciente.
O SRO deverá ser dado continuamente, até que
desapareçam os sinais de desidratação.
Apenas como orientação inicial, o paciente deverá
receber de 50 a 100 ml/kg, no período de 4 a 6 horas.

2. Observar o paciente continuamente, durante a


reidratação, e ajudar a família a dar o soro oral.

3. Durante a reidratação reavaliar o paciente.


Usar o quadro para avaliação do estado de hidratação
do paciente.
Se não apresentar sinais de desidratação use o Plano A.
Se continuar desidratado, repetir o Plano B por mais 2
horas e reavaliar.
Se o paciente evoluir para desidratação com choque,
passar para o Plano C.

4. Aproveitar a permanência do paciente ou


acompanhante no serviço de saúde para ensinar a:
Reconhecer os sinais de desidratação;
Preparar e administrar o soro de reidratação oral;
Praticar medidas de higiene pessoal e domiciliar.

Os pacientes desidratados deverão permanecer na


Unidade de Saúde até a reidratação completa.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


30
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
PLANO C
PARA PREVENIR A DESIDRATAÇÃO GRAVE
Tratamento para pacientes menores de 5 anos
FASE RÁPIDA
Solução (1:1) Volume total Tempo de administração
Metade do soro glicosado a 100 ml/kg 2 horas
5% e metade do soro
fisiológico

iniciar o SRO, mantendo hidratação por via venosa.

FASE DA MANUTENÇÃO E REPOSIÇÃO


Volume para manutenção (SG a 5%) 4:1 (SF) 100 ml/kg / 24 horas
++
Volume para reposição (SG a 5%) 4:1 (SF) 100 ml/kg / 24 horas
++
KCL a 10% 2 ml/100 ml

Tratamento para pacientes maiores de 5 anos


FASE RÁPIDA

Solução (1:1) Volume total Tempo de administração


Soro fisiológico 30 ml/kg 30 minutos
Ringer lactado ou 70 ml/kg 2 horas e 30 minutos
solução

aumentar a velocidade da infusão.


FASE DE MANUTENÇÃO
Quando o paciente puder beber (geralmente em 2 - 3 horas), iniciar o soro oral,
mantendo-se a hidratação por via endovenosa 20 ml/kg/dia.
Observar o paciente por pelo menos 6 horas.

um paciente para outro, dependendo do volume de evacuações.

pacientes: entre 250-500 ml (SRO/kg de peso/24 horas).

permanecer no serviço de saúde até não haver


perigo de voltar a se desidratar.

Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manejo do
paciente com diarreia. 2011. Disponível em: < http://goo.gl/70Wy61>.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


31
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
ATENÇÃO!
Quanto ao uso de medicamentos em crianças com diarreia, podem ser
administrados:
• Antibióticos - somente para casos de diarreia com sangue (di-
senteria) e comprometimento do estado geral ou em casos de
cólera grave. Em outras condições são ineficazes e não devem
ser prescritos.
• Antiparasitários - nos casos de amebíase, quando o tratamento
da disenteria por Shiguela fracassou, ou em casos que se identi-
ficam nas fezes trofozoítos de E. histolytica englobando hemá-
cias. Nos casos de giardíase, quando a diarreia durar 14 dias ou
mais e se identificarem cistos ou trofozoítos nas fezes, ou no
aspirado intestinal.

LEMBRE-SE:
Antidiarreicos e antieméticos nunca devem ser usados.

Condutas de Enfermagem
ü
A abordagem da criança durante a consulta de Enfermagem é uma ha-
bilidade desenvolvida pelo enfermeiro durante a sua vida profissional. Traba-
lhar com crianças requer conhecimento específico e principalmente habilida-
de para lidar com elas. A comunicação verbal e não verbal é muito importante
e vai variar de acordo com a idade da criança.
Sempre que houver uma queixa, deixe para examinar o órgão doloroso
por último, para não provocar o choro. Por exemplo: se a criança está com dor
abdominal, deixe para fazer a palpação do abdômen por último.
Pesar a criança ou medir sua estatura e perímetro cefálico também
deve ser a última coisa a ser feita, para evitar que a criança chore. Vamos tentar
utilizar a sequência a seguir:

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


32
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Inicie a entrevista com a mãe e não retire a criança de seu colo;

Preencha a ficha de acompanhamento do desenvolvimento assim que ter-


minar a entrevista;

Inicie o exame físico, começando por contar a frequência respiratória e car-


díaca com a criança no colo da mãe, depois proceda com o restante, deci-
dindo, de acordo com a idade da criança, se ela será colocada sobre a mesa
de exames ou continuará o procedimento no colo da mãe;

Se tiver que fazer algum procedimento, como palpação em uma área dolo-
rosa, faça-o por último no exame físico;

Terminado o exame, tome suas medidas com a régua antropométrica e por


último coloque a criança na balança.

Quando for retirar a roupa da criança, dependendo da idade, peça para que
a mãe o faça; a criança sempre se sentirá mais segura quando sua mãe está
por perto, protegendo-a.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


33
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
O fluxograma abaixo mostra o atendimento voltado para criança
com diarreia:

Figura 9 - Fluxograma de atendimento da diarreia.

Verificar se tem diarreia Nº de evacuações,


duração dos episódios,
Não Sim aspectos das fezes

Atendimento A criança está com


de Enfermagem diarreia há mais de
14 dias?
Não Sim

Menor de 2 Maior ou igual a Tem sangue nas fezes?


meses de idade 2 meses de idade
Não Sim

Consulta Verificar estado Consulta de Consulta


médica de hidratação Enfermagem médica

Desidratação
Sem desidratação Desidratação
grave

Atendimento Consulta de Consulta


de Enfermagem Enfermagem médica

Fonte: Adaptado de: CAPOZZOLO, Angela Aparecida et al. (Org.). 1º Caderno de apoio ao acolhi-
mento: orientações, rotinas e fluxos sob a ótica do risco/vulnerabilidade. São Paulo: Secre-
taria Municipal da Saúde, 2004. 167 p. Disponível em: < http://goo.gl/k6mHPM>.

Constipação intestinal
ü
A constipação intestinal é uma entidade de alta prevalência entre re-
cém-nascidos e lactentes. Listamos informações relevantes sobre este distúr-
bio gastrointestinal.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


34
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
• Características: além da queixa de dificuldade para evacuar, au-
mento no intervalo da evacuação, fezes muito volumosas, dor ab-
dominal e rajas de sangue em torno das fezes são outros achados
que podem ser relatados.
• Anamnese: anamnese  e  exames físicos  cuidadosos geralmen-
te são suficientes para o diagnóstico. A palpação é fundamental
e comumente revela fecaloma, mas, quando de difícil execu-
ção, pode ser útil solicitar uma radiografia simples de abdome
(MURUAHOSCHI, 2013).
• Orientações: aos 6 meses, quando os alimentos começam a
ser introduzidos, é importante questionar quanto ao hábito
intestinal da criança, já que a mudança de hábitos alimentares
tem influência direta. Em caso de haver constipação, devem-
se recomendar alimentos como: aveia, mamão e ameixa preta.
Quando da introdução de papinhas, caso haja queixa de consti-
pação, recomenda-se aumentar legumes, verduras, legumino-
sas e usar aveia, arroz integral.
• Tratamento: o tratamento para constipação crônica funcio-
nal deve ser iniciado caso não haja indício de outras doenças,
e pode ser dividido em duas etapas: extração do fecaloma e
orientações. As orientações consistem, principalmente, no es-
clarecimento da condição de cronicidade e quanto à alimenta-
ção (MURUAHOSCHI, 2013).

FIQUE ATENTO!
A constipação crônica é um quadro responsável por inúmeras con-
sultas em ambulatórios nas UBS, sendo que a principal causa de constipação
na criança é a funcional. Por isso, o profissional da Atenção Básica tem que
estar atento para tranquilizar a mãe e instituir medidas que resolvam tal situa-
ção. Acompanhe no quadro abaixo a diferença entre a constipação de origem
funcional e orgânica:

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


35
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Quadro 11 - Diferença entre constipação de origem funcional e orgânica.

Constipação de origem Constipação de origem


funcional orgânica
Início da constipação Após dois anos Ao nascimento
Incontinência fecal Comum Muito rara
Déficit de crescimento Incomum Possível
Distensão abdominal Incomum Comum
Reto Cheio de fezes Vazio
Exame retal Fezes no reto Passagem explosiva
de fezes após o toque

Condutas de Enfermagem
ü
Durante o atendimento de Enfermagem, devemos estar atentos para
alguns pontos como:
• Tempo de evolução;
• Atendimentos anteriores com a mesma queixa;
• Hábitos alimentares;
• Hábito intestinal;
• Dor;
• Distensão abdominal;
• Flatulência (LONDRINA, 2006).
Devemos orientar quanto ao aumento de ingesta hídrica e correção
alimentar, como orientações de alimentos ricos em fibras.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


36
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Abaixo, podemos conhecer as etapas da consulta de Enfermagem
para constipação intestinal:

Figura 10 - Etapas da consulta de Enfermagem para constipação intestinal.

Constipação intestinal

Consulta do enfermeiro

Apresenta febre, vômito, Apresenta dor ou


dor ou distenção abdominal, distenção abdominal,
fissura anal, anorexia e/ou fissura anal e anorexia?
hemorroida?

Cuidados de Enfermagem
Consulta médica

Retorno em 5 dias

Não Melhora do quadro clínico?

Sim

Alta

Fonte: Adaptado de: BEZERRA, Ana Lúcia Queiroz et al. Protocolo de enfermagem em atenção à
saúde de Goiás. Goiânia, GO: COREN, 2010. Disponível em: < http://goo.gl/whSvTL>.

Vômitos
ü
As regurgitações e vômitos são queixas frequentes no atendimento da
Atenção Básica e podem ter diversas causas. Acompanhe as principais carac-
terísticas do vômito em crianças:

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


37
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
• A idade do lactente é importante na investigação, pois, apesar
de em nosso meio as infecções gastrointestinais serem a princi-
pal causa de vômitos, quando na primeira semana de vida eles
podem indicar: sepse, malformações do tubo digestivo, doen-
ças metabólicas ou, ainda, traumatismos decorrentes do parto.
• Para caracterizar o episódio de vômito, é importante questionar
a idade da criança, se de início súbito ou insidioso, a quantidade
de vômito e o número de episódios, bem como questionar se há
relação com as refeições ou com outra entidade, como a tosse.
• Deve-se questionar se há esforço abdominal durante o episódio,
pois isso irá diferenciar o vômito real do “golfar”, comum nessa
idade. O aspecto do vômito também pode direcionar o raciocí-
nio clínico: se aquoso, com restos alimentares, biliosos, hemáti-
cos ou mucosos.
• Nessa idade também se deve questionar a introdução de
novos alimentos, pois pode ser a causa das regurgitações e
pode indicar intolerâncias ou alergias alimentares (GUSSO;
SUCUPIRA, 2012).
• O exame físico deve ser minucioso, pois o vômito está presente
em diversas entidades, não apenas gastrointestinais. Os sinais
vitais devem ser avaliados: consciência, temperatura e, em al-
guns casos, pressão arterial. Também devem ser procedidos:
exame cutâneo, otoscopia, avaliação da orofaringe, auscultação
cardiorrespiratória, avaliação do abdome e do períneo.
• Os exames complementares só estão indicados quando a perda
hídrica for intensa a ponto de levar a desidratação ou distúrbios
hidroeletrolíticos.
• Os vômitos costumam ser episódios autolimitados e, dessa for-
ma, a conduta consiste em observação, orientação/esclareci-
mento e hidratação da criança.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


38
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
• A pausa alimentar e hídrica deverá ser estabelecida durante uma
hora após o episódio. Nesse período a hidratação não deve ser
feita por via oral (MURAHVSHI, 2013).
• As crianças que não conseguirem ingerir líquidos por via oral
devem ser encaminhadas para hospital de referência, pois essa
situação pode progredir para outras mais graves, como o cho-
que hipovolêmico por desidratação (GUSSO; SUCUPIRA, 2012).

IMPORTANTE!
Na maioria dos casos, somente a hidratação oral é suficiente, conforme
preconizado nos planos A e B de prevenção de desidratação. Deve-se também
recomendar dieta fracionada, de preferência líquida, em menor quantidade
e mais frequente. Alguns medicamentos pró-cinéticos e antieméticos podem
ser utilizados em casos específicos. Porém, deve-se evitar o uso indiscrimina-
do dessas medicações, sem uma avaliação clínica prévia, principalmente em
crianças. Nos casos de vômitos incoercíveis ou sinais de desidratação ou se
detectados sinais de enfermidades mais severas, como as de hipertensão do
SNC, distúrbios eletrolíticos persistentes ou outras condições clínicas graves,
os usuários devem ser encaminhados ao serviço de urgência.

Condutas de Enfermagem
ü
Durante o atendimento de Enfermagem, devemos investigar tempo
de evolução, número de vezes, característica do vômito, intoxicação alimentar
e hábitos alimentares.
O enfermeiro deve orientar quanto aos sinais de alerta, ingesta hí-
drica gelada fracionada, dieta fracionada e alimentos não gordurosos até a
consulta no dia, ou retorno em 24 horas para reavaliação de Enfermagem
(LONDRINA, 2006).
O fluxograma abaixo mostra como deve acontecer o atendimento às
crianças que apresentam vômitos:

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


39
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Figura 11 - Fluxograma de atendimento de vômitos.

Vômitos

Vomita tudo
o que ingere?

Não Sim

Tem tosse ou
diarreia ou chiado Consulta médica
no peito ou febre?

Não Sim

Seguir fluxo das


Consulta de Enfermagem
queixas específicas

Fonte: Adaptado de: CAPOZZOLO, Angela Aparecida et al. (Org.). 1º Caderno de apoio ao acolhi-
mento: orientações, rotinas e fluxos sob a ótica do risco/vulnerabilidade. São Paulo: Secre-
taria Municipal da Saúde, 2004. 167 p. Disponível em: < http://goo.gl/ggUK6H>.

Enteroparasitoses em crianças
ü
As infecções parasitárias estão relacionadas às questões de higiene
ambiental e do indivíduo e envolvem fatores socioeconômicos e educacionais
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE, 2009;
MERCK, 2009; ARAUJO FILHO et al., 2011).
Os parasitas mais prevalentes nas crianças pré-escolares e escolares,
em nosso meio são:
• Protozoários
»»Giardia lamblia
»»Entamoeba histolytica

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


40
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
• Helmintos
»»Nemátodes:
1) Enterobius vermicularis
2) Ascaris lumbricoides
3) Trichuris trichiura
4) Ancilostomas (Ancylostomas duodenalis)
»»Cestodes:
1) Tênias (T. saginata, T. solium)
»»Trematodes:
1) Schistosomas

Manifestações clínicas
ü
• Forma assintomática
• Forma sintomática: com sintomas gastrointestinais inespecíficos
(dor abdominal, vômitos e diarreia), frequentemente associados à perda
de peso.

Diagnóstico
ü
• O parasitológico de fezes, conhecido como “EPS”, é o exame labora-
torial que ajuda a diagnosticar as principais verminoses na Atenção Básica, per-
mitindo a detecção de ovos, quistos ou trofozoítos. A coleta das fezes deve ser
feita se possível em três dias consecutivos, para aumentar sua sensibilidade.
Conheça algumas particularidades da clínica e do diagnóstico das prin-
cipais verminoses:
• Giardia lamblia
»» Clínica: possui um amplo espectro clínico incluindo ausência de sin-
tomas, diarreia aguda com ou sem vômitos e diarreia crônica. A diarreia crô-
nica associa-se frequentemente a sintomas de má absorção intestinal (fezes
fétidas, flatulência, distensão abdominal), anorexia, má progressão ponderal
ou perda de peso e anemia.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


41
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
»»Diagnóstico: o exame direto das fezes permite o diagnóstico entre
85% e 95% dos casos, quando analisadas duas ou mais amostras. Se existe forte
suspeita clínica e o exame parasitológico de fezes é negativo pode recorrer-se
a técnicas de ELISA ou imunofluorescência para a detecção de antígenos nas
fezes, com uma sensibilidade e especificidade muito próximas de 100%.

• Entamoeba histolytica
»»Clínica: a infecção pode variar de estado de portador assintomático
(até 90% dos casos) a doença invasiva grave. A forma aguda pode cursar com
diarreia sanguinolenta, associada à dor abdominal, tenesmo e desidratação.
Nesta fase podem surgir complicações graves incluindo megacólon tóxico,
colite necrosante fulminante e perfuração intestinal. As formas crônicas ma-
nifestam-se por queixas intermitentes de dor abdominal e diarreia não sangui-
nolenta, associadas à perda de peso. Pode ainda ocorrer ameboma ou abcesso
hepático.
»»Diagnóstico: os seus ovos podem ser encontrados nas fezes.

• Enterobius vermicularis
»»Clínica: predomina o prurido anal noturno, por vezes com agitação
importante. São causas frequentes de vulvovaginite. A eventual relação causal
com alguns sintomas como bruxismo, enurese noturna e perda de peso nunca
foi confirmada.
»»Diagnóstico: os oxiúros podem ser detectados ocasionalmente nas
fezes, mas raramente os seus ovos (5% dos casos), não sendo, portanto, reco-
mendado o exame parasitológico de fezes para o diagnóstico desta infecção. A
forma mais simples de fazer o diagnóstico é identificar os ovos mediante a co-
locação de uma fita-cola sobre o ânus durante a noite (altura em que as fêmeas
saem para pôr os ovos), que será retirada de manhã e colada numa lâmina de
vidro para ser visualizada ao microscópio. Outra possibilidade é utilizar a técni-
ca de Graham que consiste no toque das margens anais com a parte aderente

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


42
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
da fita-cola com a ajuda de uma espátula, logo de manhã e antes de qualquer
manipulação, para fazer a recolha dos ovos.

• Ascaris lumbricoides
»»Clínica: pode cursar com queixas inespecíficas de dor ou desconfor-
to abdominal e sintomas de má absorção quando a infecção é prolongada. Na
fase de migração larvar pode haver envolvimento pulmonar, sob a forma de
pneumonite transitória aguda, com febre e eosinofilia (síndrome de Löffler),
que pode ocorrer semanas antes da sintomatologia gastrointestinal. A obstru-
ção intestinal alta é a complicação mais frequente em parasitações volumosas.
A migração dos vermes adultos através da parede intestinal pode provocar co-
lecistite, colangite, pancreatite de causa obstrutiva e peritonite.
»»Diagnóstico: normalmente basta apenas uma amostra de fezes
para detectar os ovos. A clínica pulmonar é provocada por larvas, pelo
que não se encontram ovos nas fezes durante essa fase, mas sim cerca de
quatro semanas depois. O exame de sangue tem pouca utilidade para o
diagnóstico. Pode ser detectada eosinofilia (> 500 eosinófilos/mm3) ou hi-
pereosinofilia (> 1500 eosinófilos/mm3) quando se trata de helmintas com
envolvimento extraintestinal.

• Trichuris trichiura
»»Clínica: os indivíduos afetados podem manter-se assintomáticos,
desenvolver um quadro disentérico (dor abdominal, tenesmo, diarreia mu-
cosanguinolenta) ou colite crônica, frequentemente com tenesmo e prolapso
retal. Pode manifestar-se por anemia.
»»Diagnóstico: os seus ovos podem ser encontrados nas fezes.

• Ancilostomas (ancylostomas duodenalis)


»»Clínica: a infecção habitualmente ocorre pela penetração da lar-
va através da pele, podendo posteriormente atingir os pulmões, originando

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


43
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
pneumonite normalmente ligeira. A infecção também pode ocorrer por inges-
tão, sendo que a presença de vermes adultos no tubo digestivo se manifesta
de forma inespecífica por dor abdominal. A infecção intestinal pode levar à
formação de úlceras com consequente perda crônica de sangue e anemia mi-
crocítica hipocrômica moderada a grave. Pode também associar-se a hipopro-
teinemia e edema.
»»Diagnóstico: pode ser encontrado no parasitológico de fezes. A co-
leta de sangue tem pouca utilidade para o diagnóstico. Pode ser detectada eo-
sinofilia (> 500 eosinófilos/mm3) ou hipereosinofilia (> 1500 eosinófilos/mm3)
quando se trata de helmintas com envolvimento extraintestinal.

• Tênias
»»Clínica: a infecção é frequentemente assintomática, mas pode cur-
sar com sintomas gastrointestinais ligeiros incluindo náuseas, diarreia e dor
abdominal. A passagem das proglótides através do ânus pode originar des-
conforto e sensação de tenesmo.
»»Diagnóstico: a visualização das proglótides é patognomônico.

• Strongyloides stercoralis
»»Clínica: a infecção ocorre por penetração da larva através da pele,
atingindo posteriormente os pulmões. As queixas intestinais assemelham-se
à síndrome do cólon irritável, alternando períodos de diarreia com períodos
de obstipação, associados à dor abdominal intermitente. A infecção intestinal
crônica cursa com diarreia crônica, associada a sintomas de má absorção.
»»Diagnóstico: as larvas poderão ser procuradas nas fezes (cultu-
ra de larvas durante 1 - 7 dias), no conteúdo duodenal e na expectoração.
Pode ser detectada eosinofilia (> 500 eosinófilos/mm3) ou hipereosinofilia
(> 1500 eosinófilos/mm3) quando se trata de helmintas com envolvimento
extraintestinal.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


44
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
• Schistosomas
»»Clínica: a infecção ocorre por penetração das larvas através da pele.
O envolvimento gastrointestinal manifesta-se habitualmente por quadro de
diarreia mucosanguinolenta, associada à dor abdominal intensa e hepatome-
galia dolorosa. Pode associar-se à polipose cólica.
»»Diagnóstico: o esfregaço espesso de Kato nas fezes é a técnica mais
adequada para a pesquisa dos ovos. Pode ser detectada eosinofilia (> 500 eo-
sinófilos/mm3) ou hipereosinofilia (> 1500 eosinófilos/mm3) quando se trata
de helmintas com envolvimento extraintestinal.

Tratamento
ü
O tratamento das verminoses pode ser organizado em duas partes:
• Medidas orientadoras e preventivas: deve-se levar em consideração
a viabilidade das orientações, analisando o contexto social em que a criança
está inserida.
• Tratamento medicamentoso: as opções terapêuticas são variadas na
maior parte das patologias. Os derivados benzimidazóis (mebendazol, alben-
dazol) são o grupo de fármacos mais amplamente utilizados, devido à sua ele-
vada eficácia e comodidade de administração. Veja os esquemas terapêuticos
utilizados para as principais verminoses:

Quadro 12 - Esquema terapêutico para as principais verminoses.

PARASITA FÁRMACO ESQUEMA TERAPÉUTICO


Ascaris lumbricoides Albendazol* 10 mg/kg dose única
(Ascaridíase) Mebendazol 100 mg 2x ao dia por 3 dias
Ancylostomo duodenale Mebendazol 100 mg 2x ao dia por 3 dias
(Ancilostomíase ou Ambendazol* 10 mg/kg dose única
amarelão)
Enterobius vermicularis Pamoato de Pirvínio 10 mg/kg/dia dose única
(Enterobíase ou oxiuríase) Pamoato de Pirantel 10 mg/kg/dia dose única
Mebendazol 100 mg 2x ao dia por 3 dias
Albendazol* 10 mg/kg dose única
Trixuris trichiura Mebendazol 100 mg 2x ao dia por 3 dias
(Tricuríase) Albendazol* 10 mg/kg/dia dose única

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


45
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Giardia lamblia Secnidazol 30 mg/kg ou 1 ml/kg, dose única tomada
(Giardíase) Metronidazol após uma refeição
15 mg/kg/dia (máximo de 250 mg),
dividida em 2 tomadas por 5 dias
Entamoeba histolytica Secnidazol 30 mg/kg dose única (dose máxima: 2 g)
(Amebíase) Metronidazol 35 mg/kg/dia, dividida em 3 tomadas
por 5 dias

Condutas de Enfermagem
ü
• O enfermeiro deve realizar uma anamnese cuidadosa, pesquisando
os sintomas sugestivos;
• Perguntar sobre realização de exame parasitológico de fezes (EPF)
(época, resultado e tratamento);
• Fazer exame físico geral, avaliando especialmente o estado nutricio-
nal, incluindo sinais de anemia (palidez) e o abdômen;
• Se houver suspeita de obstrução ou semiobstrução intestinal por ás-
caris (dor abdominal, que pode ser discreta, náuseas e vômitos, às vezes com
eliminação de verme, distensão abdominal variável, palpação de bolo de ásca-
ris etc.), encaminhar imediatamente a criança ao serviço de urgência;
Senão, passar à etapa seguinte:
• Se houver relato de eliminação de vermes, pode-se tratar a criança
após identificação do parasita, sem pedir EPF, que será solicitado para contro-
le de cura (ALVES et al., 2004).
Abaixo, podemos verificar o fluxograma das etapas para o atendimen-
to de crianças com enteroparasitoses, juntamente com os cuidados de Enfer-
magem:

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


46
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Figura 12 - Atendimento de crianças com enteroparasitoses.

Maior de 2 anos Menor de 2 anos Consulta com médico

Consulta com enfermeiro

Prescrever preferencialmente
Relato de eliminação de vermes albendazol dose única. Na falta deste
e/ou prurido anal utilizar mebendazol

Cuidados de Enfermagem e tratamento

1. Utilizar água tratada ou fervida;


2. Lavar bem os alimentos e deixá-los de molho em água
com hipoclorito 2% (2 gotas por litro) por 30 minutos;
3. Comer carne bem cozida ou assada. Nunca comer carne
crua;
4. Manter as unhas curtas e limpas;
5. Manter as mãos sempre limpas, principalmente antes das
refeições e após as evacuações e ao preparar os alimentos;
6. Proteger os alimentos contra poeira, moscas e outros
animais.

Melhora do quadro?

Não Sim

Consulta médica/
Alta
solicitar parasitológico

Fonte: Adaptado de: RIO DE JANEIRO (RJ). Conselho Regional de Enfermagem. Protocolos de
Enfermagem na Atenção Primária à Saúde. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Saúde
e Defesa Civil, 2012. 119 p. Disponível em: < http://goo.gl/eY2vH8>.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


47
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
2.2.2 Afecções dermatológicas
• Monilíase oral (candidíase)
A candidíase oral é conhecida popularmente como “sapinho” e se ca-
racteriza por placas brancas removíveis na mucosa oral ou por placas verme-
lhas no palato.
»» Etiopatogenia: essa micose é causada pela Candida sp. (princi-
palmente a Candida albicans) e seu diagnóstico costuma ser
fechado com o exame físico, já que consiste em uma entidade
bastante característica. Sua evidência clínica está relacionada a
três fatores gerais: estado imunológico do hospedeiro, resistên-
cia à Candida albicans e meio ambiente da mucosa bucal. Desse
modo o médico deve investigar as causas desse desequilíbrio e
solicitar apoio do dentista da equipe para avaliar as condições de
saúde bucal do bebê.
»» Tratamento: o tratamento da candidíase bucal requer a utilização
de antifúngicos locais e higiene bucal. Nistatina tópica pode ser
utilizada (suspensão ou tablete - 500.000 a 1 milhão UI) de três
a cinco vezes ao dia, durante cinco a sete dias (BRASIL, 2010).
Todavia, a doença também pode ser tratada com medicamentos
sistêmicos, tais como o cetoconazol, miconazol, e nistatina quan-
do a infecção fúngica for extensa.

Condutas de Enfermagem
ü
• Orientar para evitar o uso de chupeta ou mamadeira;
• Orientar a higiene com água e sabão e fervura dos bicos das mama-
deiras, chupetas e objetos de mordedura;
• Evitar beijo próximo aos lábios;
• Orientar a prescrição médica/enfermagem habitual: higiene oral
com água bicarbonatada: uma colher (chá) de bicarbonato de só-
dio em um copo de água fervida (75 ml) e fria, quatro vezes ao dia.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


48
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Limpar as crostas com o dedo envolvido em uma gaze esterilizada e
umedecida nesta solução. Realizar durante sete a dez dias;
• Prescrição médica/enfermagem de  1,0 ml de nistatina suspensão
oral 100.000 UI/ml na mucosa oral, quatro vezes ao dia por  sete
dias, dez minutos após a higiene com água bicarbonatada. Colocar
metade da dose de cada lado da boca. Manter o esquema por no
mínimo dois dias após o desaparecimento dos sintomas;
• Retorno para consulta de enfermagem/médica após o tratamento
ou se não apresentar melhora (RIBEIRÃO PRETO, 2010).
• Abaixo, podemos verificar como acontece o atendimento de Enfer-
magem para crianças que apresentam sinais de monilíase oral (can-
didíase):

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


49
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Figura 13 – Atendimento da criança com monilíase oral.

Consulta de Enfermagem

Cuidados de Enfermagem e tratamento

1. Orientar a higiene com água e sabão e fervura dos bicos das


mamadeiras, chupetas e objetos de mordedura;
2. Evitar beijo próximo aos lábios;
3. Realizar higiene oral com água bicarbonatada: 1 colher (chá) de
bicarbonato de sódio em 1 copo de água fervida (75ml) e fria, 4
vezes ao dia. Limpar a região oral com dedo indicador
envolvendo-o em fralda limpa e umidecida com a solução de
água bicarbonatada durante sete a dez dias;
4. Orientar as mães que estão amamentando quanto à higiene
rigorosa das mamas antes e após a amamentação.

Retorno em dois dias, caso ocorra dificuldades na


alimentação e em sete dias se não houver complicações

Melhora do quadro?

Não Sim

Manter orientações e alta Consulta médica

Fonte: Adaptado de: RIO DE JANEIRO (RJ). Conselho Regional de Enfermagem. Protocolos de
Enfermagem na Atenção Primária à Saúde. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Saúde
e Defesa Civil, 2012. 119 p. Disponível em: <http://goo.gl/PXj5vY>.

Miliária
ü
A miliária é clinicamente caracterizada por vesículas de suor conse-
quentes à obstrução dos ductos écrinos, o que impede a excreção normal. É
comum principalmente nas primeiras semanas de vida e está associado à pre-
maturidade, a certos produtos (como cremes) e ao uso em excesso de roupas.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


50
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Dependendo da profundidade da obstrução, a miliária pode ser clas-
sificada em:
• Cristalina (superficial): a miliária cristalina é a mais comum no
período neonatal e apresenta vesículas superficiais e sem carac-
terísticas inflamatórias.
• Rubra (intraepidérmico): a miliária rubra é popularmente co-
nhecida como brotoeja e é a forma mais comum na população
geral, tendo como característica as pápulas eritematosas e pru-
riginosas.
• Profunda: a miliária profunda é rara nos RN e lactentes e mais
prevalente em adultos.

ATENÇÃO!
O item mais importante quanto ao manejo desta entidade é a preven-
ção, que deve ser orientada pelo profissional da Atenção Básica: evitar exces-
so de roupas ou roupas sintéticas, bem como produtos que possam levar à
obstrução. A conduta na miliária é expectante, pois se trata de uma situação
benigna que desaparece com as instruções já citadas na prevenção.

Condutas de Enfermagem
ü
Abaixo podemos visualizar o fluxograma que sistematiza e reúne os
cuidados de Enfermagem para crianças que apresentam sinais de miliária:

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


51
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Figura 14 – Atendimento da criança com miliária.

Consulta pelo enfermeiro

Sem sinais de infecção Com sinais de infecção

Cuidados de Enfermagem Consulta médica

1. Usar roupas leves;


2. Banhos frequentes;
3. Usar sabonetes neutros;
4. Enxaguar o bebê após o banho com:
1 litro de água contendo 2 colheres
(de sopa) de amido de milho, 3 vezes
ao dia ou aplicar o amido diretamente
na pele como se fosse talco; ou aplicar
pasta d’água 3 vezes ao dia, após o
banho.

Retorno em 7 dias

Melhora do quadro?

Sim Não

Alta

Fonte: Adaptado de: RIO DE JANEIRO (RJ). Conselho Regional de Enfermagem. Protocolos de
Enfermagem na Atenção Primária à Saúde. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Saúde
e Defesa Civil, 2012. 119 p. Disponível em: <http://goo.gl/vOTSfR>.

• Dermatites
A dermatite é um processo inflamatório da pele e pode ter diversas
etiologias. Nesse tópico, estudaremos as formas mais prevalentes na faixa etá-
ria aqui estudada: a dermatite seborreica e a dermatite de contato.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


52
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Dermatite seborreica
ü
A dermatite seborreica tem pico de incidência no 3º mês de vida e ca-
racteriza-se pelas erupções eritematosas e escamosas, com crostas que ini-
cialmente se limitam ao couro cabeludo e, em seguida, surgem na face, tronco,
região umbilical, regiões de dobras e das fraldas (BRASIL, 2012c). Confira as
orientações pertinentes, bem como o tratamento farmacológico da dermatite
seborreica:

»» Couro cabeludo: uso de xampus com maior frequência (embora o


cetoconazol possa ser utilizado, dar preferência ao uso de xampus
mais leves, para evitar irritações nos olhos); óleo mineral, vegetal ou
de bebê para a remoção das crostas, massageando suavemente com
escova macia antes de lavar com xampu; corticoide local de baixa po-
tência para lesões mais resistentes ou irritadas pode ser usado even-
tualmente.

»» Corpo: corticoide local de baixa potência (hidrocortisona 0,5 a


1%), com ou sem enxofre precipitado, uma a duas vezes/dia por
períodos curtos (dois a três dias, para crises agudas); antifúngicos
locais (nistatina ou miconazol) em caso de suspeita clínica de in-
fecção fúngica; antimicrobianos locais em lesões com exsudação
virulenta (BRASIL, 2012c).

Condutas de Enfermagem
ü
Orientar a mãe/cuidador a passar no couro cabeludo óleo vegetal, dei-
xar por uma hora e retirar com escova ou pente fino delicadamente, uma vez
ao dia;
Orientar que a cabeça seja lavada com sabonete neutro;
Orientar em relação ao tratamento tópico quando utilizado (RIBEIRÃO
PRETO, 2010).

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


53
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Abaixo, demonstra-se o fluxograma com as condutas de Enfermagem:

Figura 15 – Atendimento de crianças com dermatite seborreica.

Dermatite seborreica

Avaliação de Enfermagem

Sim Apresenta infecção Não


e/ou lesões extensas?

Consulta médica Cuidados de Enfermagem

Não Melhora do quadro? Retorno em 1 mês


para reavaliação

Sim

Alta

Fonte: Adaptado de: RIBEIRÃO PRETO (SP). Prefeitura Municipal. Secretaria da Saúde. Programa
de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente: protocolo de enfermagem.
São Paulo, 2010. 45 p. Disponível em: < http://goo.gl/gpQ2ow>.

Dermatite de contato
ü
A dermatite de fraldas pode se manifestar de diferentes formas, mas
tem como característica comum lesões avermelhadas e com aspecto úmido,
podendo evoluir para maceração e exsudação, formando pápulas, vesículas
ou bolhas.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


54
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
O tratamento consiste em orientação e prevenção por meio de me-
didas de higiene, tais como limpeza frequente e suave a cada troca de fralda,
mudança frequente das fraldas, manter a pele seca, protegida e livre de infec-
ção. Confira medidas específicas para as dermatites de contato e por cândida:
Dermatite por cândida: medidas gerais associadas ao uso de an-
ü
tifúngico tópico (nistatina, clotrimazol, miconazol) ou até mesmo orais, em
casos mais extensos.
Dermatite irritativa: medidas gerais de higiene associadas ao uso
ü
de antifúngico tópico (nistatina, clotrimazol, miconazol) ou até mesmo orais,
em casos mais extensos (MACHADO, 2010).
Adicionalmente, no fluxograma abaixo, descreve-se o percurso para
diagnóstico e diagnóstico diferencial de dermatites de fraldas:

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


55
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Figura 16 - Diagnóstico das dermatites de fraldas.

ERITEMA, DESCAMAÇÃO E MACERAÇÃO NA ÁREA DAS FRALDAS

Sim Não

Coxas, genitais, nádegas e Lesões nas áreas Eritema vivo, bordas


abdômem convexas, adegas, virília e elevadas, escamas
região perineal brancas, sateliose

Dermatite irritativa de Candidíase das fraldas


Dermatite intertriginosa
contato

Esquema de tratamento de exatema na área das fraldas

Fazer diagnóstico
diferencial entre:

Histiocitose X Dermatite seborreica Psoríase

Tratamento de acordo com a causa

Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Atenção à
saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde. 2. ed. Brasília, DF: Ministério
da Saúde, 2012c. 4 v. Disponível em: < http://goo.gl/1cVeFZ>.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


56
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Condutas de Enfermagem
ü
No fluxograma abaixo podemos visualizar o esquema da consulta de
Enfermagem e seus cuidados para dermatite de contato:

Figura 17 – Atendimento da criança com dermatite de contato.

Consulta de Enfermagem

Cuidados de Enfermagem e tratamento

1. Lavar o local com água morna a cada troca de fralda;


2. Suspender o uso de lenços umedecidos, assim como outros
produtos industrializados (óleos, lavandas, soluções de
limpeza de pele);
3. Usar amido de milho na água do banho e/ou fazer pasta (diluir
em água até obter consistência cremosa) para uso local;
4. Suspender fraldas descartáveis;
5. Lavar as fraldas com sabão neutro, enxaguar bem e evitar o
uso de produtos perfumados;
6. Usar nistatina creme após cada troca de fralda por cinco dias;
7. Usar cremes a base de óxido de zinco.

Retorno em 5 dias

Melhora do quadro?

Sim Não

Consulta
Alta
médica

Fonte: Adaptado de: RIO DE JANEIRO (RJ). Conselho Regional de Enfermagem. Protocolos de
Enfermagem na Atenção Primária à Saúde. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Saúde
e Defesa Civil, 2012. 119 p. Disponível em: <http://goo.gl/h88Ctx>.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


57
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Impetigo
ü
• O impetigo é clinicamente caracterizado por lesões vesiculares ou
pustulares que formam crostas quando rompidas, podendo acometer tanto a
face quanto demais partes do corpo.
• Características:
o Impetigo bolhoso: as vesículas e bolhas desenvolvem-se em
pele normal, sem eritema ao redor. As lesões localizam-se no
tronco, face, mãos, áreas intertriginosas, tornozelo ou dorso dos
pés, coxas e nádegas. O conteúdo seroso ou sero-pustulento
desseca-se, resultando em crosta amarelada que é característi-
ca do impetigo. Quando não tratada tem tendência à dissemi-
nação. A lesão inicial muitas vezes é referida como se fosse uma
bolha de queimadura de cigarro (BRASIL, 2002).
o Impetigo não bolhoso: geralmente inicia-se com lesões erite-
matosas seguidas da formação de vesículas e pústulas que se
rompem rapidamente formando áreas erosadas com as típicas
crostas de coloração amarelada. Localizam-se preferencialmen-
te na face, braços, pernas e nádegas. É comum a presença de
lesões satélites que ocorrem por autoinoculação. As lesões do
impetigo duram dias ou semanas. Quando não tratadas podem
envolver a derme o que constitui o ectima, com ulceração ex-
tensa e crosta hemorrágica (BRASIL, 2002).
• Recomendações: recomenda-se unguento ou creme de mupirocina
a 2% nas lesões. Já na suspeita de infecção, prefere-se a via parenteral. A es-
colha do antibiótico deve ser feita baseada na sensibilidade dos micro-orga-
nismos isolados.

Condutas de Enfermagem
ü
Quando não há suspeita de infecção sistêmica, a conduta consiste em
medidas gerais, com limpeza e remoção das crostas, e o tratamento farmaco-

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


58
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
lógico deve ser tópico e voltado para os agentes mais associados a essa condi-
ção, ou seja, os próprios colonizadores da pele (como Staphylococcus aureus e
Streptococcus beta-hemolítico) (RIBEIRÃO PRETO, 2010).
Abaixo, podemos verificar no fluxograma das condutas de Enfermagem:

Figura 18 - Condutas de Enfermagem em casos de impetigo.

Impetigo

Avaliação de Enfermagem

Apresenta lesões em
Não grande quantidade ou em até duas Sim
regiões anatômicas?

Cuidados de Enfermagem

Consulta médica

Retorno em 2 dias

Melhora do quadro? Não

Sim

Alta

Fonte: Adaptado de: RIBEIRÃO PRETO (SP). Prefeitura Municipal. Secretaria da Saúde. Programa
de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente: protocolo de enfermagem.
São Paulo, 2010. 45 p. Disponível em: < http://goo.gl/xaQLEX>.

• Escabiose
• A escabiose é uma das dermatozoonoses mais frequente-
mente encontradas nos atendimentos de Atenção Básica e é
causada pelo agente etiológico Sarcoptes scabiei, o “ácaro da
sarna humana”.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


59
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
• A transmissão é facilitada por aglomerações e falta de higiene,
o que confere um papel importante ao profissional da saúde
quanto às orientações sobre as condições ambientais.
• Características: caracteriza-se pelo prurido intenso, que piora
à noite. As escavações feitas pelo ácaro se apresentam como
linhas serpiginosas escuras que culminam com uma pequena
vesícula. As lesões geralmente aparecem nas regiões de dobras
cutâneas, nas axilas, sob as mamas e na região periumbilical.
• Tratamento: o tratamento de escolha é o creme de permetrina a
5% (nas crianças pequenas, a 2%), aplicado depois do banho e
removido oito horas depois. Outras opções de tratamento: ben-
zoato de benzila e pomada de enxofre; ivermectina oral de 150
a 200 µg/kg (indicado apenas para crianças maiores de 6 anos);
e anti-histamínicos e loção de calamina, para aliviar o prurido.

Condutas de Enfermagem
ü
No fluxograma abaixo, destacam-se os cuidados de Enfermagem dian-
te da escabiose:

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


60
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Figura 19 – Condutas de Enfermagem em casos de escabiose.

Consulta de Enfermagem

Sem exsudato purulento Com exsudato purulento


e/ou eczematização

Cuidados de Enfermagem Consulta médica

Opção:
Orientar sobre transmissibilidade, Tratamento fitoterápico:
prevenção, higiene pessoal e identificar Loção antiparasitária com
contatos. arruda, boldo e
melão-de-são-caetano.
e quando retornar imediatamente* Disponível em frascos de
200 ml.
Loção de permetrina a 1%: pode ser usada
a partir de 2 meses; aplicação à noite (lavar Atenção:
após 8 -12 h) ou duas aplicações com A arruda é rica em
intervalo de três dias ou uma semana furanocumarinas
ou (bergapteno), substância
Loção de benzoato de benzila a 25%, que pode gerar
diluída em dois ou três volumes de água, fotodermatite de contato,
uma aplicação diária (dois a três dias) ou assim deve ser evitado o
duas aplicações com intervalo de sete uso do produto e posterior
dias.* exposição ao sol.

Marcar retorno entre 7 e 14 dias

Melhora do quadro?

Sim Não
*Retornar imediatamente
• Piora do estado geral;
• Aparecimento de novas lesões com exsudato
purulento e ou eczematização;
Alta • Suspeita de reação adversa ao medicamento.

Fonte: Adaptado de: RIO DE JANEIRO (RJ). Conselho Regional de Enfermagem. Protocolos de
Enfermagem na Atenção Primária à Saúde. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Saúde
e Defesa Civil, 2012. 119 p. Disponível em: <http://goo.gl/JGKWXG>.

Furúnculo
ü
Confira mais informações sobre essa infecção que atinge o folículo pi-
loso e a glândula sebácea.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


61
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
• O agente etiológico é o Staphylococcus aureus e as áreas mais afeta-
das são face, pescoço, axilas, coxas e nádegas.
• A lesão é inicialmente nodular, pustulosa, dolorosa e quente, até tor-
nar-se flutuante e romper-se. O conteúdo eliminado é conhecido popularmen-
te como “carnegão” e é formado por tecido necrótico.
• Tratamento: o diagnóstico é puramente clínico, baseado na história
clínica e no exame físico e o tratamento pode englobar tanto antibióticos tópi-
cos quanto sistêmicos, bem como outras medidas.
• A antibioticoterapia tópica tem como opções a neomicina, a bacitra-
cina, a mupirocina ou o ácido fusídico. Já a sistêmica consiste em Cefalexina 25
a 50 mg/kg/dia, em crianças, por sete dias.

OBSERVAÇÃO!
A furunculose refere-se à presença de vários furúnculos em diversas
áreas do corpo enquanto o antraz consiste na presença de vários furúnculos
na mesma localização.

Condutas de Enfermagem
ü
• Realizar a prescrição médica;
• Informar que as vestes e objetos de uso pessoal devem ser
mantidos separados e limpos, se possível com trocas de roupas
diárias;
• As mãos e a face do paciente devem ser rigorosamente limpas,
devendo-se usar sabões desinfetantes;
• É conveniente manter secas as regiões do corpo habitualmente
úmidas;
• Devem ser evitados uso de roupas apertadas e contato da pele
com óleos de maneira geral;
• Orientar para evitar a drenagem e expressão excessiva da lesão
sem orientação médica (BRASIL, 2002).

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


62
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Molusco contagioso
ü
Dentre as principais afecções dermatológicas, destaca-se o molusco
contagioso. Confira mais informações sobre essa infecção viral:
• Conceito: é uma doença de curso benigno causada pelo poxví-
rus, cujas lesões caracterizam-se pelo formato “umbilicado”, da
cor da pele, com aspecto perolado, pequenas (2 a 5 mm) e com
uma depressão no centro.
• É transmitido por contato direto, inclusive em piscinas, vetor
comum da transmissão em crianças. Tem caráter autolimitado,
desaparecendo em três ou quatro meses sem que seja necessá-
ria nenhuma intervenção.
• Tratamento: KOH 5% (hidróxido de potássio a 5%) solução
q.s.p. – 30 ml. Aplicar com cotonete sobre as lesões, duas ve-
zes ao dia, até ficarem inflamadas. Então, suspender o uso do
medicamento. As lesões regredirão espontaneamente a partir
desse ponto (CAMPINAS, 2008).

IMPORTANTE!!
O tratamento descrito acima é muito eficaz e um dos menos agressi-
vos disponíveis. Além disso, pode ser realizado pelos próprios pais (ou familia-
res) do paciente (que na grande maioria das vezes é criança).

Condutas de Enfermagem
ü
• Aplicar o hidróxido de potássio nas lesões;
• Informar que pode haver sensação de queimação logo após
a aplicação do medicamento, que dura aproximadamente
um a dois minutos, e normalmente é leve e bem tolerada.
Em raros casos ocorre irritação intensa, devendo o trata-
mento ser suspenso;

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


63
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
• Podem se formar manchas hipocrômicas ou hipercrômicas re-
siduais nas áreas tratadas, que tendem a melhorar espontanea-
mente nas semanas seguintes (às vezes duram meses);
• Informar quanto à etiologia e à natureza benigna da doença;
orientar para evitar traumas, coçaduras e tratamentos intem-
pestivos devido autoinoculação; evitar contato pele a pele,
principalmente entre crianças; e incentivar outros familiares e
contatos extradomiciliares, com quadro semelhante para uma
consulta médica (CAMPINAS, 2008).

Pediculoses
ü
• As pediculoses compreendem três diferentes entidades: os
piolhos da cabeça (Pediculus capitis), os do corpo (Pediculus
humanus) e os púbicos (Phthirus pubis);
• A transmissão ocorre por contato direto interpessoal, sendo
as creches e escolas locais de grande disseminação. Os piolhos
púbicos, na criança, são geralmente transmitidos pelo contato
com os pais infectados;
• Tratamento: a confirmação é necessária para que se inicie o tra-
tamento e consiste em encontrar o piolho vivo. O tratamento
se baseia na aplicação por dez minutos de soluções de perme-
trina a 1%, deltametrina ou benzoato de benzila;
• Orientações: recomenda-se uma segunda aplicação, sete a dez
dias depois da primeira. Também se orienta aos pais sobre o
uso de solução de água e vinagre na proporção 1:1, para retirada
de lêndeas (ovos) mortas.

Cuidados de Enfermagem
ü
• Orientar quanto aos hábitos adequados de higiene;
• Lavar os cabelos pela manhã, secar bem com uma toalha, apli-
car uma solução de vinagre morno diluído em partes iguais de

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


64
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
água (1:1), deixar agir por 20 a 30 minutos e pentear os cabelos
com pente fino, com o objetivo de remover as lêndeas manu-
almente;
• Lavar as roupas de uso pessoal e de cama com água quente ou
lavar normalmente e passar a ferro, além de higienizar escovas,
chapéus e bonés;
• Investigar outros casos no núcleo familiar e escolar e tratá-los,
se necessário. Abaixo, o fluxograma nos mostra as etapas para
atendimento às crianças com pediculoses (SÃO PAULO, 2007):

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


65
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Figura 20 – Atendimento da criança com pediculose.

Consulta de Enfermagem

Sem infecção secundária Com infecção secundária

Cuidados de Enfermagem tratamento Consulta médica

Orientação: Opção de tratamento fitoterápico:


1. Remoção das lêndeas (manualmente Loção antiparasitária com arruda,
umedecendo os cabelos com vinagre boldo e melão-de-são-caetano.
morno diluído em água - diluição 1:1), Disponível em frascos de 200 ml.
2. Tratar contactantes, hábitos de higiene Aplicar a loção no couro cabeludo,
e prevenção na família. abafar com uma touca e deixar agir
3. Eliminar as formas adultas: por seis horas ou por toda a noite. Pela
manhã passar o pente fino para retirar
Loção de benzoato de benzila 25% diluído as lêndeas e lavar os cabelos. Repetir o
em duas partes procedimento sete dias após.
ou
Permetrina 1% por 10 a 15 minutos, por Atenção:
três dias seguidos e repetir após sete dias A arruda é rica em furanocumarinas
(usar com cautela em menores de 2 anos). (bergapteno), substância que pode
gerar fotodermatite de contato,
assim deve ser evitado o uso do
produto e posterior exposição ao sol.

Retorno em 5 dias

Melhora do quadro?

Sim Não

Alta Repetir o tratamento

Fonte: Adaptado de: RIO DE JANEIRO (RJ). Conselho Regional de Enfermagem. Protocolos de
Enfermagem na Atenção Primária à Saúde. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Saúde
e Defesa Civil, 2012. 119 p. Disponível em: < http://goo.gl/21jSpW>.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


66
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Ptiríase versicolor
ü
• A expressão pitiríase versicolor define uma infecção fúngica su-
perficial caracterizada por alterações na pigmentação cutânea
(OLIVEIRA; MAZOCCO; STEINER, 2002);
• Etiologia: o agente etiológico é o fungo Malassezia furfur, que é
colonizador natural da pele humana, mas pode causar ptiríase.
As lesões são máculas bem delimitadas, normalmente localiza-
das na parte superior do corpo e que apresentam uma fina esca-
ma “furfurácea”;
• Tratamento: o tratamento é tópico e consiste em cremes e loções
imidazóis e triazóis: clotrimazol, econazol, cetoconazol, sulcona-
zol, oxiconazol e miconazol. Devem ser aplicados ultrapassando
a lesão, duas vezes ao dia, por sete a 14 dias;
• Recomendações: além do tratamento tópico, recomenda-se
também utilizar xampu antifúngico no corpo e no couro cabelu-
do, que deve ser deixado por 15 a 20 minutos. As opções são: sul-
feto de selênio a 2,5% ou xampu de cetoconazol (ROTTA, 2011).

Condutas de Enfermagem
ü
• Realizar a prescrição;
• Informar que as manchas demoram algumas semanas para de-
saparecer; alertar o paciente para esse fato. Não confundir com
falha terapêutica;
• As recidivas são frequentes. Caso ocorram mais que duas vezes
por ano, tentar sulfeto de selênio xampu ou cetoconazol xampu
(genérico) uma ou duas vezes por semana para prevenção da re-
corrência, por tempo indefinido (CAMPINAS, 2008).

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


67
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Tinea
ü
• É uma dermatofitose causada pelos fungos das espécies Tricho-
phyton, Microsporum e Epidermophyton e cuja lesão se localiza
na virilha e pode afetar coxas, nádegas e abdome, sendo mais
comum no sexo masculino;
• Características: associa-se à temperatura e umidade elevadas e a
roupas úmidas e oclusivas na região inguinal, sendo transmitida
no contato com pessoa e objetos infectados. Caracterizam-se
por lesões de bordas pustulosas e centro eritematoso ou mar-
rom. Pode haver sensação de queimação ou prurido;
• Tratamento: quando leve e bem localizado, antifúngico imidazó-
lico tópico, duas vezes por dia por quatro semanas (ex.: cetoco-
nazol creme, clotrimazol creme, nitrato de miconazol loção etc.);
• Quadro mais extenso ou não responsivo ao tratamento tópico,
cetoconazol comprimidos de 200 mg, um comprimido pela ma-
nhã por três a quatro semanas.

Condutas de Enfermagem
ü
• Iniciar o tratamento recomendado;
• Orientar a família como utilizar os cremes recomendados;
• Informar que a recidiva é frequente com o tratamento tópi-
co. Deve-se, então, tentar o tratamento sistêmico e deve-se
enfatizar a necessidade de manter o local sempre seco (CAM-
PINAS, 2008).

Urticária
ü
• Lesões eritemato-papulosas, pruriginosas, isoladas ou coa-
lescentes, fugazes, geralmente circulares, de tamanhos varia-
dos, localizadas em qualquer região da pele e das mucosas e
resolução espontânea sem sequelas, não fixas em um período
de 24 horas;

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


68
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
• Caracterizadas por vasodilatação e edema da derme superfi-
cial e o diagnóstico é clínico. As crianças do sexo feminino são
as mais acometidas. Proporção de 2:1;
• As urticárias crônicas são causadas por estímulo físico aplica-
do sobre a pele, exposição ao frio, calor, à luz solar, alérgenos,
autoimune, doenças virais, infecções bacterianas e fúngicas,
parasitas, tumores, sarcoidose etc.;
• O diagnóstico diferencial da urticária em crianças são exante-
mas virais por Epstein Barr, enterovirose, sarampo e doença
de Kawasaki, tinea corporis, pênfigo, dermatite herpetiforme,
síndrome de Sweet;
• O tratamento da urticária baseia-se em cessação do estímulo
e fármacos sintomáticos. O objetivo principal do tratamento
medicamentoso é a diminuição do prurido e está baseado no
uso de anti-histamínicos não sedantes até a resolução com-
pleta dos sintomas.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


69
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
No quadro abaixo, veja as doses dos anti-histamínicos não sedantes:

Quadro 13 - Anti-histamínicos não sedantes.

Medicamento Dose
Maleato de dexclorfeniramina Dose: 2 a 6 anos: 1,25 ml a 2,5 ml VO, 3x dia.
0,4 mg/ml 6 a 12 anos: 2,5 ml VO, 3x dia.
solução oral ou xarope.
Loratadina > 12 anos: 10 mg, 1x/dia
Solução 1 mg/ml 2 a 11 anos: > 30 kg: 10 mg, 1 x/dia < 30 kg: 5 mg, 1 x/dia
Comprimido 10 mg

Condutas de Enfermagem
ü
• Realizar o tratamento medicamentoso;
• Afastar fatores desencadeantes, por meio de dietas de exclusão
(BRASIL, 2002).

2.2.3 Doenças exantemáticas


As doenças exantemáticas são muito frequentes nos atendimentos
eventuais e levam a inúmeros diagnósticos diferenciais. Alguns exantemas
têm morfologias bastante características, facilitando o diagnóstico, mas a his-
tória clínica, imunizações prévias, epidemiologia e sorologia são muitas vezes
necessárias para estabelecer diagnóstico. Abaixo, seguem as doenças exante-
máticas mais frequentes na prática da atenção primária:

Sarampo
ü
• Causada por vírus da família Paramyxoviridae, o contágio ocorre
por via respiratória, por meio de secreções nas ofaríngeas de in-
divíduo infectado. No Brasil, encontra-se em fase de erradicação
(BRASIL, 2013b);
• Tem período de incubação de uma a duas semanas;
• Os pródromos característicos são: febre alta, coriza, tosse e con-
juntivite (fase catarral) e ocorrem por três a cinco dias. Anorexia

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


70
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
e diarreia também podem estar presentes. O sinal de Koplik, ca-
racterizado por manchas esbranquiçadas na mucosa oral, geral-
mente precede o exantema;
• O exantema é maculopapular e aparece entre o terceiro e sétimo
dia (fase eruptiva), com início na região retroauricular, progride
no sentido craniocaudal, que tende a confluir; desaparece após
sete dias, deixando descamação leve e furfurácea. Otite média,
broncopneumonia, traquobronquite são complicações comuns.
O sarampo é transmissível do período prodrômico até cinco dias
após o aparecimento do exantema;
• Diagnóstico laboratorial – IgM reagente na fase aguda (pode per-
manecer elevado por quatro a seis semanas). Os anticorpos IgG
podem aparecer na fase aguda. Isolamento viral em secreções,
soro, urina;
• Tratamento – sintomáticos. Administração de vitamina A – me-
nores de 6 meses: 50.000 UI, entre 6 e 12 meses: 100.000 UI e
maiores de 12 meses: 200.000 UI, via oral, uma vez ao dia, por
dois dias (BRASIL, 2013b);
• Todo caso que apresente quadro clínico suspeito, com exantema
e febre, associado a sintomas respiratórios (coriza, tosse e con-
juntivite), deve ser notificado;
• As principais complicações do sarampo são as manifestações
respiratórias, sendo mais comuns em gestantes, pessoas imu-
nocomprometidas e nas crianças que apresentam desnutrição e
hipovitaminose A. Devemos atentar para infecções secundárias
virais e bacterianas do trato respiratório alto (otite média) e bai-
xas (traqueobronquite e pneumonias), sendo as bactérias mais
comuns o Streptococcus pneumoniae, Streptococcus pyogenes,
Haemophilus influenzae e Staphylococcus aureus. Mais raramen-
te os pacientes podem desenvolver quadros neurológicos no

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


71
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
período de recuperação, apresentando cefaleia, febre, confusão
mental, alteração do nível de consciência, rigidez de nuca e con-
vulsões (BRASIL, 2013b).

Condutas de Enfermagem
ü
Realizar o tratamento com antitérmicos, hidratação oral, terapia nutri-
cional com incentivo ao aleitamento materno e higiene adequada dos olhos,
da pele e das vias aéreas superiores. Além disso, deve ser realizada a notifica-
ção, quando necessário.
Orientar que o paciente deve ter repouso, ingerir alimentos leves e
limpar os olhos com água morna (BRASIL, 2002).
Todos os países das Américas estão desenvolvendo ações no sentido
de erradicar estas viroses. Dentre as principais atividades, destaca-se a vacina-
ção, configurando-se como a principal medida de controle do sarampo. Obser-
ve o esquema básico para a vacina:
A primeira dose da tríplice viral (SCR - sarampo, caxumba e rubéola)
deve ser administrada aos 12 meses de idade e a segunda dose aos 4 anos.
Em situação de circulação viral, antecipe a administração de vacina para os 6
meses de idade; porém devem ser mantidos o esquema vacinal de duas doses
e a idade preconizada no calendário. Considere o intervalo mínimo de 30 dias
entre as doses (BRASIL, 2012a);

Rubéola
ü
• É causada por vírus da família Togaviridae, transmitida pelo con-
tato com secreções nasofaríngeas de pessoas infectadas, ou por
meio da placenta de mães infectadas, podendo levar à síndrome
da rubéola congênita. Tem período de incubação de duas a três
semanas (BRASIL, 2013b).
• Antes do início do exantema, sintomas leves como cefaleia, febre
baixa e mal-estar podem ser observados. Evolui com linfadeno-

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


72
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
patia retroauricular, occipital e cervical posterior. Podem ser vi-
sualizadas máculas eritematosas e petequiais no palato mole e
úvula (sinal de Forschheimer).
• O exantema é maculopapular róseo, difuso, de distribuição cra-
niocaudal que tende a confluir e desaparece no fim da primeira
semana. A transmissibilidade ocorre entre cinco a sete dias antes
e até cinco a sete dias após o início do exantema.
• Diagnóstico laboratorial – detecção de anticorpos específicos no
soro (IgM e IgG) e isolamento viral nas secreções. Sorologia co-
letada entre o primeiro e quarto dia após o início do exantema,
com IgM positivo confirma o caso; se IgM negativo, coletar nova
amostra. Entre o quinto e 28°dia, IgM positivo confirma o caso.
• Tratamento – sintomático.
• Quadros clínicos suspeitos, com febre e exantema maculopa-
pular, acompanhados de linfadenopatia retroauricular, occipital
cervical posterior, independentemente da idade e da situação
vacinal devem ser notificados (BRASIL, 2013b).

Condutas de Enfermagem
ü
O enfermeiro deve informar que o tratamento da rubéola se restringe
a amenizar o desconforto provocado pelos sintomas, enquanto o organismo
se defende da doença e recupera-se, uma vez que não há tratamento antiviral
específico. Relativamente aos medicamentos administrados, os analgésicos
são indicados para diminuir as dores articulares ou musculares e fármacos an-
titérmicos são recomendados para tratar a febre.
A vacina para essa doença é a tríplice viral, cujo esquema foi descrito
nas condutas de Enfermagem para o sarampo (BRASIL, 2013b).

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


73
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Varicela
ü
• É causada pelo vírus varicela-zoster, transmitido pelo contato
com secreção das vesículas ou respiratória de indivíduo infecta-
do. O período de incubação é de 14 a 21 dias. O contágio ocorre
no período de dois dias antes do aparecimento do exantema até
cinco dias após (período que todas as lesões estejam em fase de
crosta) (BRASIL, 2013b);
• O pródromo é caracterizado por febre baixa e mal-estar. O exan-
tema inicia na face, couro cabeludo ou tronco e evolui com má-
culas, pápulas, vesículas e crostas e tem aspecto polimorfo (em
uma mesma região, lesões em vários estágios evolutivos), aco-
mete mucosas e é pruriginoso;
• A varicela costuma ter curso benigno e autolimitado, mas pode
cursar com infecções bacterianas secundárias. Atenção para a
possibilidade de evolução mais grave em adolescentes e adultos.
• Diagnóstico – o diagnóstico é clínico;
• Tratamento – o uso de antibióticos está indicado em casos de
infecção secundária. Deve-se também usar aciclovir em indiví-
duos com maior risco de desenvolver formas graves de varicela,
sobretudo imunocomprometidos, crianças com doenças graves
ou complicadas e neonatos. Contudo a terapêutica deverá ser
iniciada dentro das primeiras 24 a 48 horas;
• Apesar do uso corrente de óxido de zinco tópico e anti-histamí-
nicos para alívio do prurido, não há evidências clínicas consolida-
das (BRASIL, 2013b).

Condutas de Enfermagem
ü
Iniciar o tratamento descrito acima, dando as seguintes orientações:
• Afastar da escola, creche, por um período de dez dias, contados
a partir da data do aparecimento do exantema;

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


74
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
• Orientações de higiene pessoal e respiratória;
• Manter as unhas aparadas e evitar que o paciente fira a pele ao
se coçar;
• Identificar contatos de risco que necessitem de orientações es-
peciais.

Exantema súbito ou roséola infantum


ü
• É causado pelo herpes vírus 6 e 7 e a transmissão ocorre pelo
contato com secreções de um portador assintomático. O perío-
do de incubação é de dez dias e o quadro clínico prodrômico é de
febre e irritabilidade, e dura de três a quatro dias. Após a norma-
lização da temperatura, há início de exantema maculopapular,
no tronco, que progride para região cervical e raiz dos membros,
com duração de dois dias. Pode também apresentar edema pe-
riorbitário e geralmente não ocorre descamação da pele.
• Diagnóstico – o diagnóstico é clínico.
• Tratamento – sintomático (BRASIL, 2013b).

Condutas de Enfermagem
ü
Mantenha sob controle a temperatura da criança. Siga rigorosamente
a orientação médica para administrar os medicamentos antitérmicos. Banhos
mornos, quase frios, também são um recurso importante para baixar a febre
que teima em subir.
 
Escarlatina
ü
• É causada pelas toxinas do Streptococcus beta-hemolítico do
grupo A. Tem período de incubação de dois a cinco dias e a trans-
missão pode ocorrer desde o início dos primeiros sintomas até 24
a 48 horas da introdução da antibioticoterapia (BRASIL, 2013b);
• Evolui com febre alta, mal-estar, adenomegalia cervical e sub-

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


75
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
mandibular, logo após surge exantema difuso, papular, áspero,
deixando a pele, à palpação, com aspecto de lixa, centrífugo.
Em geral, poupa a região palmar e plantar. Pode-se observar, na
face, palidez perioral (sinal de Filatov) e linhas marcadas nas do-
bras flexoras (sinal de Pastia). Na língua, papilas edemaciadas e
eritematosas sobressaem (língua em framboesa). O exantema
desaparece em cinco a sete dias, iniciando a descamação até as
extremidades;
• Eritema e exsudato amigdaliano e petéquias no palato são fre-
quentemente observados. O quadro clínico geralmente possibi-
lita o diagnóstico;
• Diagnóstico laboratorial: cultura de secreção de orofaringe com
isolamento do Streptococcus pode auxiliar no diagnóstico;
• Tratamento:
• Penicilina benzatina – 1.200.000 Ul para adultos e crianças com
peso acima de 27 kg; e 50.000 Ul/kg até no máximo 900.000 Ul
para crianças com peso abaixo de 27 kg, via intramuscular;
• Amoxicilina – 50 mg a 70 mg/kg/dia, a cada oito horas, por dez
dias;
• Eritromicina – 30 mg a 50 mg/kg/dia em crianças, por sete dias;
• Profilaxia com antibióticos em contactantes é controversa (BRA-
SIL, 2013b).

Enteroviroses
ü
• Agente etiológico:
• Vírus RNA incluindo 23 grupos de coxsackievírus A (tipos A1 -
A24, exceto A23); seis grupos de coxsackie B (tipos B1 - B6); 28
echovírus (tipos 1 - 33, exceto tipos 8, 10, 22, 23 e 28) e cinco
enterovírus (tipos 68, 71 e 73) (GONÇALVES, 2010);
• Epidemiologia:

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


76
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
o A disseminação se dá por via fecal-oral, de mãe para RN na hora do
parto e por meio de objetos contaminados. A taxa de infecção é maior em
crianças pequenas, de baixo nível socioeconômico, regiões tropicais e de hi-
giene deficiente.
• Período de incubação:
o De três a seis dias na conjuntivite hemorrágica aguda; de maneira
geral, de 24 a 72 horas. Tem sazonalidade em regiões de clima temperado, são
mais comuns no verão e início da primavera; padrões de sazonalidade são ra-
ros nos trópicos.
• Manifestações clínicas:
o Os enterovírus são responsáveis por um grande número de doenças
em lactentes e crianças: manifestações respiratórias (resfriado comum, farin-
gite, herpangina, estomatite, pneumonia, pleurodinia); manifestações cutâ-
neas (exantema geralmente não característico, podendo ser maculopapular,
vesicular, petequial, morbiliforme, urticariforme, escarlatiniforme, rubeolifor-
me e pustular) (GONÇALVES, 2010).
• Fique atento: echovírus 9: exantema petequial; coxsackie A16 e
enterovírus 71: síndrome mão-pé-boca;
• Manifestações neurológicas: meningite asséptica, encefalite e
paralisia (enterovírus 71);
• Manifestações gastrintestinais: vômitos, dor abdominal, diarreia
e hepatite;
• Manifestações oculares: conjuntivite hemorrágica aguda (coxsa-
ckie A24 e enterovírus 70);
• Manifestações cardíacas: miopericardite (coxsackie B1 a B15).
• Diagnóstico: isolamento de partícula viral (extraído de garganta,
fezes e swab retal; LCR e sangue); IFI; PCR; FC; ensaio imunoen-
zimático.
• Tratamento: medidas de suporte em pacientes sintomáticos,
exceto imunodeprimidos, que podem receber gamaglobulina.
Precauções: precauções de contato (GONÇALVES, 2010).

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


77
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Eritema infeccioso
ü
• É causado pelo parvovírus B19 e transmitido por via respiratória
ou por meio da placenta de mães infectadas, podendo levar à
hidropsia fetal;
• Tem período de incubação de aproximadamente 14 a 21 dias;
• Pode evoluir com sintomas prodrômicos leves, como febre, cefa-
leia, mialgia. O exantema inicia na face, nas bochechas, acompa-
nhado de palidez perioral, configurando a chamada “face esbofe-
teada”. Tronco e membros são comprometidos na sequência por
um eritema maculopapular, depois ocorre clareamento central,
dando aspecto rendilhado às lesões;
• Pode reaparecer ou intensificar-se com exposição solar, exer-
cício físico e tensões emocionais por semanas após a infecção.
Em adultos, mialgia e artralgia de intensidade variável podem ser
observadas;
• Aparentemente a transmissão ocorre apenas anteriormente ao
aparecimento do exantema;
• Diagnóstico – o diagnóstico é clínico;
• Tratamento – sintomático (BRASIL, 2013b). 

3 OUTROS AGRAVOS PREVALENTES NA CRIANÇA

Outros agravos também são muito comuns na criança, como icterícia,


distúrbios gastrointestinais, desnutrição, afecções de pele, doenças respirató-
rias e febre de origem indeterminada.
Acompanhe abaixo informações importantes sobre icterícia neonatal:
• Definição: a icterícia neonatal deve ser conhecida e rapidamente
identificada, pois é a doença mais comum do período neonatal,
acomete a maioria dos recém-nascidos e se trata de uma situa-
ção grave, que exige manejo imediato;

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


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AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
• Características: caracteriza-se pela coloração amarelada da pele
e das escleróticas do dos recém-nascidos, que ocorre quando os
níveis de bilirrubina total sérica passam de 5 mg/dL;
• Causas: a icterícia pode ser causada por diversas situações: quan-
do ocorre nas primeiras 24 horas de vida, provavelmente é cau-
sada por hemólise; já entre 24 horas e dez dias de vida é geral-
mente fisiológica, causada por dificuldade de adaptação; após 10
dias de vida, deve-se pensar em patologias já existentes;
• Diagnóstico: o diagnóstico de icterícia neonatal é feito pela
anamnese e exame físico para observação da coloração da pele,
a qual se encontra amarelada. Lembrar que esse exame deve ser
feito à luz natural, para evitar influência sobre a observação da
pele da criança (SILVA, 2011);
• Exames complementares: são necessários para definir a causa da
icterícia e não concernem à Atenção Básica, bem como o respec-
tivo manejo da icterícia neonatal. A criança deve ser encaminha-
da para o hospital de referência (BRASIL, 2013b).

ATENÇÃO!
É importante saber quando pensar em icterícia não fisiológica:
• Início nas primeiras 24 horas de vida;
• Velocidade de acumulação de bilirrubina exagerada (> 5 mg/
dL/dia);
• Nível elevado de bilirrubina no RN a termo > 12 mg/dL e no pre-
maturo: > 14 – 15 mg/dL;
• Quando na presença de outras alterações clínicas: palidez, visce-
romegalia, petéquias;
• Icterícia persistente (por mais de uma semana);
• Presença de sinais clínicos de colestase: acolia fecal, colúria, au-
mento da bilirrubina direta > 2 mg/dL.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


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AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Condutas de Enfermagem
ü
Diante do potencial de gravidade na evolução da icterícia e da relativa
facilidade de seu diagnóstico, cabe não só ao profissional de Enfermagem, mas
a todos que compõe a equipe da UBS:
• Identificar precocemente o RN ictérico;
• Indicar propedêutica no momento adequado;
• Esclarecer se a hiperbilirrubinemia é direta ou indireta;
• Acompanhar clinicamente os casos leves;
• Encaminhar os casos que necessitarão de fototerapia e/ou
exsanguinotransfusão, os casos de icterícia prolongada e de
hiperbilirrubinemia direta para esclarecimento diagnóstico;
• Acompanhar o RN após a alta hospitalar (ALVES et al., 2004).

Quadro 14 - Indicação de fototerapia e exsanguineotransfusão em RN a termo e saudável


com icterícia não hemolítica.

NÍVEL SÉRICO DE BILIRRUBINA TOTAL (mg/dl)


IDADE (HORAS)
FOTOTERAPIA EXSANGUINEOTRANSFUSÃO + FOTOTERAPIA*

< 24 RN termo clinicamente ictéricos < 24 horas não são


considerados saudáveis e requerem investigação
25 a 48 12 20
49 a 72 15 25
> 72 17 25

*Utilizar fototerapia dupla quando houver aumentos significativos dos níveis de bilirrubina com
risco aumentado de exsanguineotransfusão.

Fonte: Adaptado de: ALVES, Claudia Regina Lindgren et al. Atenção à saúde da criança. Belo
Horizonte: SAS, DNAS, 2004. 224 p. Disponível em: < http://goo.gl/305IDI>.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


80
AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
Considerações finais

Nesta unidade, foram abordados temas relativos aos principais agra-


vos na saúde da criança, destacando-se aspectos sobre violência, distúrbios
gastrointestinais, algumas afecções dermatológicas, doenças exantemáticas,
icterícia neonatal e as condutas de Enfermagem para cada uma delas.
Esperamos que você tenha conseguido relembrar a importância des-
sas ações para o desenvolvimento saudável da criança, colocando-as em prá-
tica no seu cotidiano de trabalho na Atenção Básica.

SAÚDE DA CRIANÇA E A SAÚDE DA FAMÍLIA:


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AGRAVOS E DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
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