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Esperança Paulina Salomão Nunes

Isaquiel Agostinho

Vivaldo Amílcar Ezequiel

Plantas Medicinais e Indústria Farmacêutica


(Licenciatura em Ensino de Química com Habilitações em Ensino de Biologia)

Universidade Rovuma

Nampula

2020
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Esperança Paulina Salomão Nunes

Isaquiel Agostinho

Vivaldo Amílcar Ezequiel

Plantas Medicinais e Indústria Farmacêutica


(Licenciatura em Ensino de Química com Habilitações em Ensino de Biologia)

Seminário de Carácter Avaliativo Referente a


Cadeira de Química Orgânica II a Ser
Apresentado a Faculdade de Ciências Naturais,
Matemática e Estatística, Orientado pelo
Docente:
MSc: Rodolfo Chissico

Universidade Rovuma

Nampula

2020
ii2

Índice
1. Introdução ..................................................................................................................... 3

1.2. Objectivos .................................................................................................................. 3

1.2.1. Objectivos geral: ..................................................................................................... 3

1.2.2. Objectivos específicos: ........................................................................................... 3

2. Plantas medicinas e indústria farmacêutica .................................................................. 4

2.1. Plantas medicinas ...................................................................................................... 4

2.1.1. Exemplos de plantas medicinais ............................................................................. 5

2.1.1.1 Alecrim ................................................................................................................. 5

2.1.1.2. Babosa ................................................................................................................. 5

2.1.1.3. Goiabeira ............................................................................................................. 6

2.1.2. Cuidados no uso de plantas medicinais .................................................................. 7

2.2. Indústria farmacêutica ............................................................................................... 8

2.2.1. Características de indústria farmacêutica ............................................................... 8

2.2.2. Importância da indústria farmacêutica ................................................................... 8

Conclusão ......................................................................................................................... 9

Referência bibliográfica ................................................................................................. 10


3

1. Introdução
Desde os tempos mais primórdios, o ser humano busca a interacção com o meio
ambiente que o cerca a fim de interagir e promover suas necessidades para
sobrevivência, bem-estar e cura dos seus males, com a utilização de plantas com
recursos da fitoterápia1. Com o passar do tempo as propriedades curativas dos vegetais
foram sendo cada vez mais descobertas e utilizadas. Um saber cultural e valioso passado
de geração para geração (CARRERAS & GONZALES, 2011).

Mesmo com todo o avanço da indústria farmacêutica, as plantas medicinais, definidas


como aquelas capazes de produzir princípios activos que possam alterar o
funcionamento de órgãos e sistemas; restaurando o equilíbrio orgânico ou a homeostasia
nos casos de enfermidades, continuam a contribuir para o tratamento de diversas
doenças em várias partes do mundo (FOLCARÀ, 2013).

As substâncias extraídas das plantas medicinais são directa ou indirectamente utilizadas


em muitas indústrias; A partir de plantas medicinais podem ser obtidos fármacos para
serem usados nas áreas de óleos essenciais, medicamentos, produtos naturais para a
saúde, corantes para indústria alimentar e cosméticos (LUBBE & VERPOORTE, 2011).

A OMS2 define plantas medicinas como sendo todo e qualquer vegetal que possui, em
um ou mais órgãos, substancias que podem ser utilizadas em fins terapêuticos ou que
sejam precursores de fármacos semi – sintéticos (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2003).

1.2. Objectivos
1.2.1. Objectivos geral:
Compreender as plantas medicinais e indústrias farmacêuticas.
1.2.2. Objectivos específicos:
Identificar uma planta medicinal;
Descrever as características de plantas medicinais e indústria farmacêutica;
Conhecer os princípios activos nas plantas medicinais.

1
Etimologicamente, a palavra Fitoterápia vem do grego phytos, que significa plantas, terapia, tratamento
e cuidado. Consequentemente, Fitoterápia é definida como o tratamento de doenças pelo uso de plantas
como matéria-prima (CARRERAS & GONZALES, 2011, p. 231).
2
OMS: Organização Mundial da Saúde.
4

2. Plantas medicinas e indústria farmacêutica


2.1. Plantas medicinas
As plantas medicinais são utilizadas pela população desde as antigas civilizações, e a
partir daí, o homem, baseado nas experiências adquiridas em observar animais que
faziam uso das plantas quando doentes, foi aprendendo a conhecer as propriedades
medicinais de cada vegetal. Esse conhecimento empírico transmitido de geração a
geração foi de fundamental importância para que o homem pudesse compreender e
utilizar as plantas medicinais como recurso terapêutico na cura de doenças que o
afligiam (TESKE & TRENTINI, 2001).
De acordo com ANVISA3 “Plantas medicinais são aquelas que contêm substâncias com
propriedades terapêuticas, podendo ser utilizadas raízes, folhas, caules, flores e cascas.
Muitas vezes são chamadas de ervas e de remédio do mato, indicando o uso popular das
mesmas”.

Na óptica de WONGTSCHOWSKI (2002, p.163)


“planta medicinal é a espécie vegetal, cultivada ou
não, utilizada com propósitos terapêuticos”.

As plantas medicinais são importantes fontes de substâncias chamadas xenobióticas que


visam uma melhoria das condições de saúde do indivíduo que busca tratamento. Estas
substâncias tanto trazem benefícios como podem trazer algum desconforto, toxicidade
ou interacção com outros medicamentos, conforme trataremos em capítulo específico
(FERNANDES, 2004, p. 260).

É preciso ressaltar aqui uma distinção conceitual que considera o uso de plantas
medicinais de forma industrializada sendo conhecido como um método Fitoterápico: um
método terapêutico por meio das plantas e vem sendo usada no tratamento e prevenção
de várias alterações de saúde, como gastrite, ansiedade, distúrbios do sono, processos
inflamatórios dentre outros. Pode ser entendida como o estudo de plantas medicinais e
suas aplicações nos tratamentos, prevenção, alívio ou na cura de doenças.

A Fitoterápia requer, no entanto, seriedade em seu uso e indicação, pois apesar de ser
um método terapêutico natural também apresenta contra-indicações, efeitos colaterais,
dosagens ideais e formas de uso.

3
ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária
5

Sua acção, concomitante com outros medicamentos pode, inclusive, interferir na acção
destes, diminuindo sua eficácia, e até gerando efeitos indesejáveis. Por isso é necessária
uma atenção especial na sua utilização.

2.1.1. Exemplos de plantas medicinais

2.1.1.1 Alecrim
Nome científico: Rosmarinus officinalis alcalóides.
Nomes populares: alecrim de cheiro,
alecrineiro, alecrinzeiro, erva da alegria
e rosmaninho.
Parte utilizada: folhas.
Constituintes principais ou princípios
activos: óleos voláteis (pineno, cineol,
eucaliptol, acetato de bornila, cânfora),
diterpenos, ácidos orgânicos, saponinas,
Fig. 1: Alecrim; Fonte: MACIEL et all,
2002, p. 439.

Indicações:
Uso interno: Anti-inflamatório e distúrbios digestivos. Actua no tratamento de
fadiga, dores de cabeça, enxaquecas, má circulação, problemas de concentração e
memória, distúrbios respiratórios, gripe, febre, contusões, artrite, artrose, cistite,
menstruação irregular, cólica menstrual, tensão pré-menstrual (TPM).
Uso externo: Anti-inflamatório e possui acção cicatrizante.
Cuidados: Em doses elevadas pode causar irritação gastrointestinal; Evitar o consumo à
noite, pois pode prejudicar o sono; É contra-indicado em caso de gravidez, histórico de
convulsões, gastroenterite.

2.1.1.2. Babosa
Nome científico: Aloé vera
Nome popular: Aloé, aloé gel, babosa medicinal, caraguatá.
Parte utilizada: Mucilagem das folhas.
Constituintes principais ou princípios activos: Mucilagem (polissacarídeos),
antraquinonas (barbaloína e aloína), saponinas esteroidais, ácidos orgânicos,
flavonóides, ácido salicílico, vitaminas e minerais.
6

Carboidratos: glucomananos, mananos e outros polissacarídeos (arabinose, galactose e


xilose). Enzimas (oxidase, amilase, catalase, oxidase).

Fig. 2: Barbosa, Fonte: MACIEL et all, 2002, p. 440.

Indicações:
Uso externo: Cicatrizante, anti-inflamatório, analgésico, emoliente e antisséptico.
Para lesões de pele secundárias a queimaduras térmicas ou químicas (primeiro e
segundo graus) e físicas (radioterapia), dermatites (periostomia e outras), eczemas,
psoríase, queda de cabelo por seborreia, acne vulgar, celulite e erisipela.
Cuidados: Usar com cautela quando concomitante com antibióticos.

2.1.1.3. Goiabeira
Nome científico: Psidium guajava polifenóis, taninos, saponinas, pectinas.
Nomes populares: goiabeira, guajava,
guayaba, guava.
Partes utilizadas: folhas, cascas, frutos.
Constituintes principais ou princípios
activos: Folhas: taninos, óleos voláteis
(cariofileno, nerolidiol), flavonóides,
ácidos (ursólico, catecólico, elágico) e
triterpenóides; Casca: taninos; Frutos:
ácidos orgânicos (ácido ascórbico),

Fig. 3: Goiabeira, Fonte: MACIEL et


all, 2002, p. 450.
7

Indicações:
Uso interno: Folhas, cascas e frutos verdes possuem acção antidiarreica e
antioxidante; frutos maduros possuem acção espasmolítica (diminuem cólicas
intestinais) e digestória.
Uso externo: Folhas, cascas e frutos verdes possuem actividade antimicrobiano e
anti – inflamatório para feridas e gargarejos.
Cuidados: O uso interno é contra-indicado para grávidas, lactantes, crianças de 3 anos e
não deve ser utilizado por mais de 30 dias ou em caso de diarreia infecciosa. O uso
externo não deve ser utilizado por grávidas e lactantes com lesões extensas e graves.

2.1.2. Cuidados no uso de plantas medicinais


Segundo LORENZI & MATOS (2008, p.544), o emprego correcto de plantas para fins
terapêuticos pela população em geral requer o uso de plantas medicinais seleccionadas
por sua eficácia e segurança terapêutica com base na tradição popular ou
cientificamente validadas como medicinais. Por este motivo, o principal cuidado para o
uso adequado das plantas medicinais é sua identificação correcta, já que o uso
inapropriado dessas plantas destaca-se como um problema para a fitoterápia.
Esta ocorrência torna-se comum principalmente porque existem espécies de plantas
diferentes com morfologia semelhante, ou seja, formato muito parecido, como por
exemplo a espinheira – santa (Maytenus ilicifolia) que pode ser confundida com a falsa
– espinheira – santa (Sorocea bonplandii) ou com outras plantas por causa das margens
das folhas, com espinhos; No entanto, não necessariamente terá o mesmo efeito
medicinal por causa de sua similaridade, pelo contrário, poderá até mesmo ser tóxica.

MATOS (2007, p.394) salienta o seguinte:

Os chás devem ser feitos e consumidos no mesmo dia. Não devem ser guardados de
um dia para o outro; Não substituir medicamentos prescritos por plantas medicinais
ou fitoterápicos sem recomendação médica.
Nunca utilize misturas de plantas sem orientação de um profissional de saúde que
tenha conhecimento de plantas medicinais; Em caso de piora de sintomas ou efeitos
colaterais, procure pelo serviço de saúde mais próximo.
Não utilize plantas cultivadas em locais inadequados, como próximo a fossas,
depósitos de lixo ou regadas com água poluída; As plantas devem ser limpas, livres
de insectos e secas à sombra e em local ventilado.
8

2.2. Indústria farmacêutica


A Indústria Farmacêutica, que pode ser definida “como um conjunto de oligopólios com
multi – produtos diferenciados em segmentos de classes terapêuticas específicas, cujo
consumo é fortemente mediado pela necessidade de prescrição médica” (OLIVEIRA;
LABRA; BERMUDEZ, 2006, p. 2379).

“A indústria farmacêutica é o ramo de produção


dedicado à pesquisa, desenvolvimento, fabricação
e distribuição de remédios e itens voltados ao
tratamento de doenças” (WONGTSCHOWSKI,
2002, p. 211).

2.2.1. Características de indústria farmacêutica


A indústria farmacêutica caracteriza – se como um oligopólio4 diferenciado, baseado na
inovação e nas ciências, pois a criação de novos produtos é prioritária em relação às
economias de escala e aos custos de produção (FOLCARÀ, 2013).
Afinal, a fabricação de todo medicamento depende da produção de fármacos, que
contêm seu princípio activo – a substância responsável pelo efeito terapêutico no
organismo.
Os medicamentos à base de plantas, só podem ser administrados pelas vias oral, externa
ou inalatória e devem ser administrados com uma dosagem e posologia específica. Os
medicamentos à base de plantas devem demonstrar a existência de efeitos
farmacológicos e de eficácia plausível (Idem).

2.2.2. Importância da indústria farmacêutica


A importância a nível farmacêutico das plantas medicinais é extremamente elevada,
pois muito dos produtos farmacêuticos modernos consumidos a nível mundial são
obtidos directa ou indirectamente de plantas medicinais; A utilização de plantas na
prática médica e farmacêutica está presente desde tempos ancestrais da humanidade. A
sua utilização hoje em dia, nas indústrias farmacêuticas, cosmética e alimentar continua
a ser de máxima relevância (CARRERAS & GONZALES, 2011).

4
Oligopólio é a situação de mercado em que a oferta é controlada por um pequeno número de
vendedores, e em que a competição tem por base, não as variações de preços, mas a propaganda e as
diferenças de qualidade (FERREIRA, 2004, p. 432).
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Conclusão
Em jeito de desfecho do presente trabalho é bom lembrar que as plantas medicinais em
pequenas áreas podem ser cultivadas em canteiros ou em recipientes como vasos,
garrafas PET, caixotes, entre outros.

As plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos quando utilizadas de modo


correcto, apresentam um valioso recurso terapêutico que auxilia na melhora da saúde.
Tal fato contribui em suma com o sistema local, devido a promoção da saúde com a
possibilidade de diminuição de custos, além de incentivar a valorização de terapias
tradicionais.

Entretanto, sua utilização requer orientação de todos os profissionais envolvidos nos


cuidados à saúde, a fim de evitar a auto medicação e garantir a eficácia de todo o
tratamento. Com tudo isso levado em prática, serão eliminados os riscos de toxidades e
contra – indicações.
10

Referência bibliográfica
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução de Directoria
Colegiada (RDC) n°: 48, de 16 de Março de 2004. Dispõe sobre o registo de
medicamentos fitoterápicos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 mar 2004.
Seção1. [acesso em 04/05/ 2020; as 07h:31min]. Disponível em
http://www.saude.rj.gov.br/Docs/Proplam/RDC48.pdf

FERNANDES, T., Plantas medicinais: memória da ciência no Brasil, Rio de Janeiro:


FIOCRUZ, 2004.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, O Dicionário da Língua Portuguesa, 3ª ed.,


Editora Positivo, Portugal: Lisboa, 2004.

FOLCARÀ, S., Medicamentos a base de plantas, Revista de Fitoterápia, 4a ed.,


Espanha, 2013.

LORENZI, H. & MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: Nativas e Exóticas, 2a


ed. Nova Odessa/SP: Instituto Plantarum, 2008, p. 544

MACIEL, Maria A. M. et all, Plantas Medicinais: a necessidade de estudos


multidisciplinares. Nova Iorque, vol. 25, 2002.

MATOS, F. J. A., Plantas Medicinais: Guia de Selecção e Emprego das Plantas usadas
em Fitoterápia no Nordeste do Brasil, 3a ed., Fortaleza: Imprensa Universitária/UFC,
2007, p. 394

OLIVEIRA, Egléubia A. de; LABRA, Maria E.; BERMUDEZ, Jorge, A produção


pública de medicamentos no Brasil: uma visão geral, Rio de Janeiro, 2006, p. 2379.

TESKE, M., & TRENTINI, A. M., Compêndio de Fitoterápia, 4a ed., Curitiba, Brasil:
Herbarium, 2001.

WONGTSCHOWSKI, P., Indústria química: riscos e oportunidades, 2a ed., São Paulo:


Edgard Blücher, 2002.

World Health Organization, WHO guidelines on good agricultural and collection


practices (GACP) for medicinal plants, 2003. [acesso em 29/04/2020; as 18:19]
Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/42783/1/9241546271.pdf.

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