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UNINASSAU TERESINA

BACHARELADO EM DIREITO

ANTONIO CARVALHO DA SILVA JÚNIOR

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO EM FACE DA OMISSÃO NA


PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TRANSPLANTES DE RINS NO ESTADO
DO PIAUÍ

TERESINA – PI
2020
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ANTONIO CARVALHO DA SILVA JÚNIOR

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO EM FACE DA OMISSÃO NA


PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TRANSPLANTES DE RINS NO ESTADO
DO PIAUÍ

Projeto de pesquisa desenvolvido para


apresentar a responsabilidade civil do
estado do Piauí no que tange a omissão nos
transplantes de órgãos para pacientes
renais.

TERESINA – PI
2020
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1. INTRODUÇÃO
Quando falamos em saúde pública, pouco se imagina o quão já foi conquistado
ao longo da história, o quanto foi importante a revolução sanitária em nosso país, com o
advento da constituição federal de 1988, foi recepcionado direitos e garantias
fundamentais que atualmente, possamos desfrutar, e tais preceitos, sofreu
desenvolvimento e hoje está diretamente ligado a outros ramos do direito, aqui
supracitada a administração pública.
É preocupante o quanto ao longo da história, a questão da saúde pública é
apresentada aos brasileiros de maneira menos valorada, um verdadeiro caos pela falta de
infraestrutura, falta de capacitações, falta de investimento e o grande número de
corrupção instaurado da base ao top da organização de saúde nacional.
Sobre todos esses contratempos, resiste o direito a saúde do cidadão, garantia
muito bem composta em nossa carta magna, referencio este projeto a plena utilização
deste direito, afim que sejam conhecedores que no estado do Piauí, vem ocorrendo um
desrespeito a um grave problema de saúde na vida de pessoas com insuficiência renal
pela não realização de transplantes no estado do Piauí.
Com base em tais considerações, este estudo parte do seguinte problema: Todos
estes elementos acima apresentados, configuram na responsabilidade civil do estado
pela omissão nos tratamentos de pacientes renais. Podemos compatibilizar o sistema
jurídico a eficiência do estado? Observa-se como hipótese que a inobservância aos
preceitos da administração pública, assim como aos direitos e garantias fundamentais
dos pacientes, configura-se como omissão, tal falta de respeito, incompetência,
negligência, falta de investimentos, entre outros, comprometendo a estrutura pública de
saúde no estado. Persevera o entendimento que a solução está no investimento e
condução dos projetos administrativos, e o total respeitos aos direitos dos pacientes,
envolvendo todos os profissionais disponíveis.
Nesse sentido, definiu-se como objetivo geral, analisar as implicações dos
direitos e garantias fundamentais mitigados na questão da saúde pública, abordando os
baixos índices de transplantes renais. Para alcançar este objetivo Central, traçamos
alguns objetivos específicos, que buscaram investigar os desrespeito e desobediências a
direito e garantias dos pacientes, demonstrar como ocorre a saúde renal no estado do
Piauí, identificar no ordenamento jurídico quais atos omissivos da administração
pública, deixam de assistir aos pacientes renais.
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Compreendemos que tais pacientes, são pessoas de direito, pessoas ativas,


contribuintes para a manutenção e desenvolvimentos da sociedade brasileira, com suas
rotinas, cumpridoras de seus deveres como cidadãos, e lamentavelmente, ao serem
acometidas de uma moléstia renal, percebem que seus direitos inegavelmente
constitucional são desrespeitados pelo do estado do Piauí. Diariamente famílias
enlutadas, estão dispostas a ajudar o próximo com transplantes de órgãos de seus
familiares, entretanto, impossibilitadas pelo estado do Piauí em concretizar suas boas
intensões, são oportunidades como estas, que pacientes que a muito, lutam por suas
vidas, onde aguardam para receberem um órgão, por total falta de acompanhamento dos
gestores de saúde pública, não ficam sabendo e não recebem tais doações. Essa omissão
de socorro gera grandes prejuízos aos direitos e as vidas dos pacientes, essa omissão, se
reflete na falta de estrutura, capacitação, organização e investimento por parte da
administração pública do estado do Piauí, causando enorme prejuízo a sociedade
piauiense como um todo, tanto aos familiares dos doadores, como aos pacientes em
filas de espera.
A escolha do presente tema, justifica-se pela devida importância de se
atentarmos acerca do papel do estado em garantir atendimentos de saúde adequados e a
base legal para suas aplicações, com ênfase a compreender e refletir sobre as
implicações da falta de atuação deste órgão, sobretudo no que tange a transplantes de
órgãos, tal omissão podemos entender de Responsabilidade civil do estado. Assim, a
relevância do diálogo acerca da saúde pública encontra, na complexidade do tema, a
necessidade de entendermos juridicamente o quão grave é para a sociedade.
Como forma de desenvolver este trabalho, adotou-se a pesquisa a partir da
abordagem qualitativa, cuja fundamentação se deu por meio de fontes científicas como
sites, artigos, norma legal, visando identificar as concepções de diversos autores sobre o
tema abordado. A base teórica da pesquisa tem como principais fontes a Constituição
Federal de 1988, que discorre sobre a saúde como uma garantia fundamental.
Como fundamentação teórica, nos debruçamos principalmente sobre o autor MELLO,
Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 12. ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2000. Que fala sobre a questão da responsabilidade, e buscamos
ainda na Constituição Federal e na Lei 8080 de 19 de setembro de 1990, que aborda a
reforma sanitária e os direitos e garantias fundamentais, relacionadas a saúde pública,
que evidencia os aspectos legais da prestação do serviço de saúde pública.
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2. SAÚDE COMO GARANTIA FUNDAMENTAL


Até o presente, é possível a identificação da saúde, como garantia fundamental,
inclusa em nossa carta magna, sobrepujando a relevante importância para a sociedade
da saúde pública, e colocando o estado como principal responsável pela execução das
etapas para o devido desenvolvimento da qualidade de vida dos cidadãos, o presente
projeto foi estruturado em três tópicos, a saber: omissão pela sistemática da gestão
organizacional do sistema especializados de saúde; os direitos a saúde no contexto da
Constituição Federal de 1988, os direitos a saúde no contexto da lei 8.080 de 1990 e o
direito a saúde conforme Declaração Universal dos Direitos Humanos, para elucidar a
responsabilidade estatal no âmbito da saúde pública.
A possibilidade de responsabilização civil do Estado se mostra extremamente
necessária como forma de controle e maximização da atuação dos órgãos e agentes
públicos, visto que, sendo este, defensor dos interesses da coletividade, a Administração
Pública deve sempre buscar o atendimento desses interesses em seus atos, sob pena de
violação de sua obrigação jurídica primordial. Dentre as diversas obrigações do estado,
está a de garantir a saúde de sua população, ainda que seja público e evidente a
limitação na prestação dos serviços de saúde pública, tais garantias constitucionais,
colocam o Estado como responsável para garantir a saúde aos seus cidadãos. Tal
responsabilidade por esses atos omissivos, é uma forma de combater arbitrariedades,
injustiças e negligências. Ao longo da história, lutas de classes, reivindicaram direitos e
pagaram um alto preço para que hoje desfrutemos de garantias tão importantes, é um
dever de cada cidadão manter vivo o sentimento de respeito a esses preceitos e exigir
que sejam respeitados nossos direitos que a duras custas foram conquistados,
A omissão do Estado vem acontecendo quando são constatadas falhas nos
serviços de saúde do estado ou ausência de sua prestação, entendendo por falha, a falta
de organização dos centros médicos, onde não ocorre incentivo à capacitação dos
profissionais para atuar de forma adequada, nem tão pouco na renovação dos centros
cirúrgicos com aparelhos modernos, e também materiais básicos para realização de
cirurgias, ainda nesse tema de organização, não presenciamos equipes de
acompanhamentos nos hospitais da capital em busca de pessoas em condições perfeitas
para doação e a devida preparação, caso encontrem as oportunidades para fazer as
remoções dos órgão, teoricamente, são ações que deveriam estar sendo desenvolvidas
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pelas unidades de saúde do estado, para cumprir o seu dever constitucional para com o
cidadão, o que observamos, são os baixíssimos números de atendimentos aos
necessitados de transplantes, sofrendo diuturnamente com ações nada efetivas e tento
lesada suas qualidades de vida, ademais, tal ato omissivo certamente gera um dano
decorrente da negligência ante o dever de agir da Administração Pública do estado do
Piauí.

3. OS DIREITOS A SAÚDE NO CONTEXTO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL


DE 1988
O respeito à saúde por parte do estado, é direito de toda pessoa e um dever do
Estado. Diante desse contexto, ao iniciar o presente projeto, se faz necessário observar
os direitos sociais à luz do disposto na Carta Magna de 1988, aludindo o direito à saúde,
por este ser relevante para o desenvolvimento da temática proposta.
Por intermédio da democracia, se observou extremamente necessário ampliar
direitos e garantias referentes a saúde para todos, o sistema público de saúde atendia
somente a quem contribuía para a previdência social, limitando muito o acesso a
tratamentos de saúde. Quem não tinha dinheiro dependia da caridade e da filantropia.  A
saúde não era considerada um direito de todos, era um problema de cada indivíduo, o
que era de interesse pessoal, como enfermidades não transmissíveis ou um braço
quebrado, simplesmente, era problema de cada pessoa, a parte menos favorecida da
sociedade na época não tinham direitos e garantias, ou seja, eram esquecidas ou jogadas
a própria sorte pelo Estado.
O artigo 196 da Constituição Federal de 1988, retrata o direito de todos ao
acesso a saúde e impõe responsabilidade ao Estado como assim explica.

“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,


garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação.”

Desta feita, o Estado tem o dever muito bem colocado para garantir a todos o
acesso a saúde, tal atribuição, deve ser cumprida em sua plenitude, buscar esses direitos,
é uma questão de prezar para o bem estar de todos, a cada reivindicação popular,
estamos demonstrando a importância deste direito, lembrando o estado de suas
responsabilidades. Claramente, observamos que, o legislador incumbe ao Poder Público
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a obrigação de garantir a prestação de serviços de saúde pública para a população de sua


competência, sendo este o responsável para responder pelos danos que sofrerem os
cidadãos ante a falta ou insuficiência no oferecimento do serviço essencial de saúde à
população, pois o direito à saúde, é apresentado à categoria dos direitos fundamentais,
por estar interligado ao direito à vida e à existência digna, representando um dos
fundamentos da República Federativa do Brasil, sendo considerado pela doutrina e
legislação uma obrigação do Estado e uma garantia de todo o cidadão.
saúde, colocando-a como um serviço de relevância pública, vinculando o Estado, de
forma incondicional, a prestar o atendimento à saúde da população. 
Portanto, é dever do Estado prestar uma saúde digna e eficaz à população, uma
prestação que, acima de tudo, atinge seu objetivo de atender respeitando os preceitos de
não discriminação e dignidade da pessoa humana, fazendo prevalecer o que o
Legislador Constituinte definiu como “obrigação do Estado e direito da sociedade”,
elevando a nível constitucional tal previsão, fazendo com que tal direito esteja dentre
aqueles constitucionalmente consagrados, e que, portanto, gozam da mais alta esfera
jurídica. (SIQUEIRA, 2008)
A luta pelo direito deve ser um processo contínuo e incessante. Isso vale para todas as
categorias de direitos, sobretudo aquelas que concorrem para a conservação e
preservação da dignidade humana. A saúde, ao se constituir em um dos principais
fatores que possibilitam ao ser humano ter uma vida digna e alcançar plenamente o seu
potencial, certamente é um bem que deve ser protegido legalmente.

4. OS DIREITOS A SAÚDE NO CONTEXTO DA LEI Nº 8.080, DE 19 DE


SETEMBRO DE 1990.
A distinta legislação, vem corroborar para uma melhor aplicação dos direitos
garantidos na Constituição Federal de 1988, com suas diretrizes e propósitos, até a
estruturação de ação, forma de organização e condutas do Sistema.

Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano,


devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu
pleno exercício.

É extremamente perceptível que a instituição do Sistema Único de Saúde


parturizou no Brasil mais uma etapa na prestação dos serviços sanitários, com isso,
identificamos que a saúde é um bem tutelado como garantia fundamental, ainda
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respaldada pela lei do sistema único de saúde, o estado foi eleito, como responsável para
promover, zelar, fiscalizar e garantir a saúde pública, contando ainda com o auxílio da
rede privada de saúde, ampliando mais ainda seu poder de ação, fato este que não
justifica a omissão no tratamento de transplantes de rins no estado do Piauí, como bem
vimos, o artigo exposto segundo da lei diz que “a saúde é um direito fundamental do ser
humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno
exercício”. De forma expressa, evidenciamos o status da saúde pública com sua devida
valoração, se colocando como algo que merece total respeito, e exige procedimentos
adequados para sua manutenção. Para fazer isso a lei 8080 estabelece normas, deveres e
obrigações para o Estado em suas várias esferas e para a iniciativa privada que deve
atuar de forma complementar ao serviço público, existe várias oportunidades para
oferecer um tratamento digno aos pacientes renais, por que não está sendo feito o que é
garantido em lei e ofertado ao estado do Piauí ? É importante compreender a
abrangência da lei, para perceber que existe sim uma omissão por parte do estado, essa
lei dispõe não apenas de regulamentação para a saúde corretiva como se poderia
imaginar, mas que norteia vários aspectos da saúde preventiva e chega também ao
aspecto social. Ela coaduna com a Constituição Federal de 1988 e determina que a
saúde é um direito fundamental do ser humano e estabelece a obrigatoriedade do estado
em fornecê-la.
A assistência aos paciente renais a que o projeto se propõe analisar, necessitam
de intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização
integrada das ações assistenciais e das atividades de modo a buscar o amparo necessário
ao restabelecimento da saúde destas pessoas, observe que cabe ao sistema de saúde
identificar e divulgar os fatores condicionantes e determinantes de saúde, ou seja,
identificar quais são os problemas, quais são os desafios para a saúde e tornar isso algo
realizável. Em seguida a lei diz que é preciso formular políticas, ou seja, criar
condições, para que esses problemas sejam resolvidos, além de executar ações
condizentes com essas políticas, ações estas que não percebemos eficazes no estado do
Piauí com fulcro aos pacientes renais que tanto sofre com o descaso público, que apesar
de todo conhecimento da realidade, persiste em não desenvolver um trabalho decente
aos grupos de pacientes renais. Na prática fica claro que de acordo com a Lei 8.080 que
a mesma, não estabelece apenas o funcionamento de hospitais e postos de saúde, mas
que trabalha também com todos os itens necessários para a prevenção de problemas de
saúde e a promoção de uma melhor qualidade de vida.
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5. OS DIREITOS A SAÚDE NO CONTEXTO DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL


DOS DIREITOS HUMANOS.
A saúde consta na Declaração Universal dos Direitos
Humanos, de 1948, no artigo XXV, que define que todo
ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de
assegurar-lhe e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive
alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os
serviços sociais indispensáveis.

Os direitos humanos é um respeito universal de agir em prol da ser humano, e


esse respeito, deve ser desenvolvido por governos, instituições e indivíduos. O direito a
saúde, sobrepujado na Declaração Universal. Possibilitando sua aplicação prática, uma
vez que todos os Estados-membros assinaram e concordaram perseguir aqueles
preceitos.
Os direitos humanos são, portanto, valores fundamentais de todo
e qualquer sistema jurídico, pelo menos num Estado
democrático de direito; estão fincados sobre o valor maior da
dignidade da pessoa humana, um princípio praticamente
absoluto para o mundo do direito. A dignidade da pessoa
humana é um valor supremo, que atrai o conteúdo de todos os
direitos fundamentais do homem, desde o direito à vida.
(SILVA, 2006).

Saúde é um direito humano fundamental indispensável para o exercício dos


outros direitos humanos. Todo ser humano tem o direito de usufruir o mais alto padrão
de saúde que leve a viver uma vida digna. O direito à saúde está estritamente
relacionado e depende da realização dos outros direitos humanos, como consta na
Declaração Universal dos Direitos, incluindo os direitos à alimentação, à moradia, a
trabalho, à educação, à dignidade humana, à vida, à não-discriminação, à igualdade, à
proibição contra a tortura, à privacidade, ao acesso à informação e as liberdades de
associação, reunião e deslocamentos. Esses e outros direitos e liberdades se referem a
componentes integrais do direito à saúde. O direito à saúde abarca uma grande gama de
fatores socioeconômicos que promovem condições as quais possibilitam os indivíduos
levarem uma vida saudável, reforçando os determinantes da saúde, tais como
alimentação e nutrição, moradia, acesso à água potável e saneamento adequado,
condições de trabalho seguro e saudável, e ambiente saudável. O direito à saúde contém
liberdades e prerrogativas. As liberdades incluem o direito de controlar sua própria
saúde e corpo, incluindo liberdade sexual e reprodutiva, e o direito de estar livre de
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interferências, tais como o direito de estar livre de tortura, tratamento médico não
consentido e de experimentação. Ao contrário, as prerrogativas incluem o direito a um
sistema de proteção à saúde que ofereça igualdade de oportunidades para as pessoas
usufruírem o mais alto nível de saúde sustentável.
Os governos são responsáveis por possibilitarem que suas populações alcancem
a saúde através do respeito, da proteção e da promoção de direitos, isto é, evitando
violações destes e criando políticas, estruturas e recursos que promovam e que os
reforcem. Os governos possuem ainda a responsabilidade de ofertar serviços de saúde e
serviços sociais e promover saúde respeitando os direitos humanos. A contínua e
previsível ausência de acesso aos serviços de saúde efetivos pela maior parte das
pessoas em países pobres pode ser vista como violação dos direitos humanos. Em um
senso estritamente legal, os mecanismos legais podem também fornecer canais de
reparação para indivíduos cujos direitos foram violados no contexto da saúde pública.
Um exemplo seria o acesso a medicamentos antirretrovirais por meio de uma
interpretação constitucional em países da América Latina. (GRUSKIN, 2007)

6. INOPERÂNCIA DO PODER PÚBLICO ESTADUAL


O transplante merece atenção e cuidados dignos para sua completa função as
necessidades da sociedade, direitos disciplinados em nosso ordenamento jurídico
nacional e convenções internacionais, garantem tais observações. O estado do Piauí, não
vem desempenhando o serviço de transplantes de órgãos em sua completa proposta,
assim como outros estados da federação, deixando de oferecer seus cidadãos,
importante oportunidade para a manutenção da vida ou melhoria na qualidade de vida,
tal omissão, tem reflexos diretos na sociedade e grave infração no ordenamento jurídico
nacional. Conforme apresentarei a seguir, por vias jurídicas, é dever do Estado como um
todo, proteger e propiciar o direito à saúde, importando no dever de agir do Estado para
sua efetivação. Para viabilizar o cumprimento do dever constitucional.

 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito


administrativo. 12. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2000.
 “A responsabilidade por omissão é responsabilidade por
comportamento ilícito. E é responsabilidade subjetiva,
porquanto supõe dolo ou culpa em suas modalidades de
negligência, imperícia ou imprudência, embora possa tratar-se
de uma culpa não-individualizável na pessoa de tal ou qual
funcionário, mas atribuída ao serviço estatal genericamente. É a
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culpa anônima ou faute du service dos franceses, entre nós


traduzida por ‘falta do serviço”. Celso Antonio Bandeira de
Mello (2001, p. 628). No mesmo sentido, Celso Ribeiro Bastos
(2002, p. 303), in verbis:“Significa dizer que, em tese, foi sua
inação, na hipótese em que a lei lhe impunha alguma sorte de
atividade ou serviço, que tornou possível a ocorrência do dano.
Aqui os Poderes Públicos não são propriamente causadores do
dano, visto que não há um nexo de causalidade entre a omissão e
o surgimento do prejuízo. Verifica-se, tão somente, que pela sua
inércia a Administração possibilitou o dano. A sua não-atuação
tornou-se uma condição para que o ato lesivo se consumasse.”

Existem diversos discursões pela doutrina no que tange a Responsabilidade Civil


do Estado, entende-se que é de suma relevância a análise da responsabilidade da
Administração Pública e de seus agentes em face dos Direitos e Garantias
Fundamentais.
Nesse propósito, não pode ser desprezada a ideia de responsabilizar o estado por
seus atos lesivos aos indivíduos, é uma maneira de controle estatal em sua atuação, pois
o sistema deve funcionar de forma igualitária para todos, e assim todos possam ser
beneficiados.
 Essa ideia gera, como resultado, a oportunidade de acesso dos indivíduos aos
instrumentos e remédios jurídicos disponíveis para a proteção dos direito e garantias
fundamentais à saúde, reconhecidos como direitos públicos oponíveis ao Estado,
cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação,
fiscalização e controle (art. 197, CF/1988).

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços


de saúde, cabendo ao poder público dispor, nos termos da lei,
sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua
execução ser feita diretamente ou através de terceiros e,
também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.

O que deve majorar, de acordo com a lei, é que a responsabilidade do estado é


de grande proporção, a este cabe o dever e detém o poder para fazê-lo, não apontar tal
responsabilidade, é esvaecer o objetivo da norma em oferecer uma prestação de serviço
adequado para a sociedade, bem como a falta de estimulo a execução dos atos públicos
para o desenvolvimento dos serviços de atendimento aos cidadãos. O tema é muito
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relevante por ter um cunho diverso, pois trata de questões econômicas, sociais e
jurídicas. A questão é tão séria, que por inúmeras vezes, o poder judiciário tem
interferido nas ações do poder executivo por se reconhecer a omissão do estado no
tocante a saúde, demonstrando um complexo sistema de incongruências administrativas,
detalhadas em capacitação, estrutura, investimentos e inoportuna falta de atenção
necessária para a prestação de serviços de saúde.
Quando sabedores dos desperdícios de oportunidades nos hospitais com
possíveis doadores, ao nos depararmos com baixíssimos números de transplantes
realizados tanto pelo poder público, como instituições privadas, em relação a outros
entes da Federação, percebemos que algo não está sendo feito para reparar tal descaso
com a saúde pública, o direito em si, não atenta para qualquer dissabor, dor ou aflição,
entretanto cuida daqueles que sofrem privações de um bem jurídico sobre o qual a
pessoa teria interesse reconhecido juridicamente.
Por mais que seja discutida a questão da responsabilidade, o fato que existe é,
um dano ocorre aos paciente renais do estado do Piauí, tais danos confirmados por
liminares do poder judiciário dando provimento a questões de saúdes aos indivíduos, e
cobrando ações do poder público para atendimento de saúde, observa-se que tal
responsabilidade, não tem cunho indenizatório a vítima, mas impõe que, o estado
execute aquilo que é dever dele fazer. Essa situação, é de interesse coletivo, pois não
basta saber da ineficiência do estado, deve-se cobrar, ainda que judicialmente pelas
execuções das prestações de serviços a saúde social, o estado tem o dever e tem o poder,
e quando não o faz, tem a responsabilidade por tal omissão.
Então, ainda que os pacientes renais, não sejam sabedores que suas
oportunidades de vida ou melhoria da qualidade de vida, esteja sendo desperdiçadas,
ainda que não estejam sendo divulgadas ou acompanhados os baixos resultados do
estado em transplantes, ainda que tudo que está à disposição, não esteja alinhados para
uma excelente na prestação de serviços, se observa um desrespeito a garantia
fundamental de acesso a saúde.

7. CONCLUSÃO
Diante do exposto no presente trabalho, é aceitável o entendimento que a saúde
é um direito a todas as pessoas e mesmo aqueles que vivem na linha da pobreza,
impossibilitados de custear tratamentos ou adquiri medicamentos, todos podemos exigir
do Estado o cumprimento deste direito fundamental e de usabilidade instantânea.
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Caso esse direito não esteja sendo garantido, qualquer cidadão pode requerer,
por meio jurisdicional para se fazer concretizar seu direito à saúde, contido em nossa
Constituição Federal.
Frise-se, que o direito de acesso à saúde tem objetivo de justiça social e o Estado
deve ser responsabilizado quando faltar ou oferecer uma assistência ineficiente. Em
razão disso, cada um do povo tem por meio da justiça, fazer valer seu direito à
realização de um serviço de saúde pública capaz de atender suas necessidades e de
eficácia real, garantindo os ditames da Constituição Federal Brasileira.
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Referências Bibliográficas

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Acesso em: 05 Maio
2020.
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm Acesso em: 05 Maio 2020.
BRASIL. LEI Nº 9.434, DE 4 DE FEVEREIRO DE 1997. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9434.htm Acesso em: 05 Maio 2020.
Brasil. Constituição Federal. Em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Obtido em
06/04/2019.
Brasil – Dados. Disponível em: <http://www.datasus.gov.br>
Brasil. Lei 8080 de 19 de setembro de 1990,
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm, e o Decreto 7508/11, de 28 de
junho de 2011 que dispõe sobre a organização do SUS.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/D7508.htm. Obtido
em 06/04/2019.
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https://saude.rs.gov.br/entenda-o-sistema-nacional-de-transplantes
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