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Epidemiologia II. 2016-2.

Exercício aula mellitus, tabagismo, etilismo, obesidade e


1: História natural da doença inatividade física.
(http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitst
Os textos abaixo falam sobre o acidente ream/handle/1843/BUBD-
vascular encefálico e sobre a hipertensão. As 8AFM2W/disserta__o_final.pdf?sequence=2)
referências estão ao final de cada texto. Com base
nessa leitura e na aula, responda as perguntas a Os níveis de pressão sistólica e diastólica estão
seguir. associados de forma exponencial com o risco para
o desenvolvimento de doença coronariana e
1. Descreva as etapas da história natural do AVE cerebrovascular. Os resultados do conjunto de
isquêmico (abordagem clínica). ensaios clínicos que avaliaram o efeito do
2. Comente sobre o reflexo do tempo de tratamento farmacológico anti-hipertensivo
antecipação da história natural da hipertensão para mostraram que a redução de 10 mmHg a 12
o AVE. mmHg e 5 mmHg a 6 mmHg na pressão sistólica
3. Discorra sobre os níveis de prevenção: e diastólica, respectivamente, conferem uma
primária, secundária e terciária para o AVE, redução de 38% na ocorrência de acidente
com enfoque na hipertensão. vascular encefálico (AVE). O benefício absoluto é
diretamente proporcional à probabilidade de os
O AVE é definido como um déficit indivíduos desenvolverem a doença.
neurológico súbito decorrente de uma lesão (http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/7-
vascular. 4/010.pdf)
Essa lesão possui uma instalação aguda, de
duração variável e pode levar à morte, onde a Classificação dos AVEs
gravidade varia de acordo com o local e a a) Assintomático - Não há indicação ou
intensidade com que ocorre a lesão vascular. sintoma de doença;
O AVE pode ser causado por dois b) Ataque Isquêmico Transitório (AIT) -
mecanismos distintos, se considerarmos a sua Sintomas que involuem totalmente em menos de
fisiopatologia: isquemia (85%) ou hemorragia 24 horas;
(15%). c) Acidente Vascular Cerebral (AVC)
O AVE isquêmico ocorre quando falta Reversível – Caracterizado por sintomas que
suprimento sanguíneo no cérebro, freqüentemente involuem totalmente entre 24 horas e 03 semanas;
causado pela formação de uma placa d) AVC permanente – Sintomas e sinais
aterosclerótica ou pela presença de um coágulo que perduram por mais de 3 semanas; déficit
que chega através da circulação de uma outra pequenos ou maiores;
parte do corpo. e) AVC em evolução – Apresenta déficit
A aterosclerose produz a formação de neurológico progressivo com aumento do
placas e progressiva estenose do vaso. A trombose território inicial afetado.
cerebral refere-se à formação ou desenvolvimento Reabilitação Neurológica
de um coágulo de sangue ou trombo no interior A reabilitação neurológica é a fase do
das artérias cerebrais, ou de seus ramos, que se tratamento de pacientes vítimas de AVE que
deslocam produzindo a oclusão e isquemia. apresenta como objetivo a tentativa de recuperar,
O AVE hemorrágico ocorre devido à sobretudo as funções motoras perdidas após a
ruptura de um vaso sanguíneo e conseqüente lesão, através do treinamento específico de
extravasamento do sangue. A hemorragia pode ser habilidades e atividades funcionais. A reabilitação
intracerebral ou subaracnóidea. Em ambos os inicia na fase aguda prosseguindo até a inserção
casos, a falta de suprimento sanguíneo causa deste indivíduo na sociedade.
infarto na área suprida pelo vaso e as células http://www.unioeste.br/projetos/elrf/mono
morrem. grafias/2005/pdf/ana%20carolina.pdf
Em relação aos fatores de risco para o
AVE, estes são reunidos em dois grupos, os
considerados tratáveis e os não tratáveis. Os não
tratáveis são idade maior que 60 anos, raça negra,
história familiar positiva e AVE prévio. Os
tratáveis são hipertensão arterial (principal fator
de risco), doença cardiovascular, diabetes
Sobre a hipertensão arterial reduzem a PA bem como a mortalidade cardiovascular 24–26.
Hábitos saudáveis de vida devem ser adotados desde a
infância e adolescência, respeitando-se as características
regionais, culturais, sociais e econômicas dos indivíduos. As
1.3 - Fatores de risco para HAS principais recomendações não-medicamentosas para
prevenção primária da HAS são: alimentação saudável,
consumo controlado de sódio e álcool, ingestão de
1.3.1 - Idade potássio,combate ao sedentarismo e ao tabagismo.
Existe relação direta e linear da PA com a idade 1, sendo a 1.4.2 - Medidas medicamentosas
prevalência de HAS superior a 60% na faixa etária acima de Estudos foram realizados com o objetivo de avaliar a
65 anos6. Entre metalúrgicos do RJ e de SP a prevalência de eficácia e a segurança de medicamentos na prevenção da
HAS foi de 24,7% e a idade acima de 40 anos foi a variável HAS. Nos estudos TROPHY27 e PHARAO28 a estratégia
que determinou maior risco para esta condição10. medicamentosa foi bem tolerada e preveniu o
1.3.2 - Gênero e etnia desenvolvimento de HAS em populações jovens de alto
A prevalência global de HAS entre homens e mulheres é risco. Para o manejo de indivíduos com comportamento
semelhante, embora seja mais elevada nos homens até os limítrofe da PA recomenda-se considerar o tratamento
50 anos, invertendo-se a partir da 5a década6,10,11. Em relação medicamentoso apenas em condições de risco
à cor, a HAS é duas vezes mais prevalente em indivíduos de cardiovascular global alto ou muito alto. Até o presente,
cor não-branca. Estudos brasileiros com abordagem nenhum estudo já realizado tem poder suficiente para indicar
simultânea de gênero e cor demonstraram predomínio de um tratamento medicamentoso para indivíduos com PA
mulheres negras com excesso de HAS de até 130% em limítrofe sem evidências de doença cardiovascular1,29.
relação às brancas11. Não se conhece, com exatidão, o 1.4.3 - Estratégias para implementação de medidas de
impacto da miscigenação sobre a HAS no Brasil. prevenção
1.3.3 - Excesso de peso e obesidade A implementação de medidas de prevenção na
HAS representa um grande desafio para os profissionais e
O excesso de peso se associa com maior prevalência de
gestores da área de saúde. No Brasil, cerca de 75% da
HAS desde idades jovens12. Na vida adulta, mesmo entre
assistência à saúde da população é feita pela rede pública
indivíduos fisicamente ativos, incremento de 2,4 kg/m2 no
do Sistema Único de Saúde - SUS, enquanto o Sistema de
índice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de
Saúde Complementar assiste cerca de 46,5 milhões 30. A
desenvolver hipertensão. A obesidade central também se
prevenção primária e a detecção precoce são as formas
associa com PA13.
mais efetivas de evitar as doenças e devem ser metas
1.3.4 - Ingestão de sal prioritárias dos profissionais de saúd
Ingestão excessiva de sódio tem sido correlacionada com
elevação da PA1. A população brasileira apresenta um
padrão alimentar rico em sal, açúcar e gorduras. Em
contrapartida, em populações com dieta pobre em sal, como
os índios brasileiros Yanomami, não foram encontrados
casos de HAS1. Por outro lado, o efeito hipotensor da
VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão
restrição de sódio tem sido demonstrado14–18. Arterial.
1.3.5 - Ingestão de álcool http://publicacoes.cardiol.br/consenso/20
A ingestão de álcool por períodos prolongados de
tempo pode aumentar a PA1,10 e a mortalidade cardiovascular 10/Diretriz_hipertensao_associados.pdf
em geral. Em populações brasileiras o consumo excessivo
de etanol se associa com a ocorrência de HAS de forma
independente das características demográficas 1,19,20.
1.3.6 - Sedentarismo
Atividade física reduz a incidência de HAS, mesmo em
indivíduos pré-hipertensos, bem como a mortalidade1,21 e o
risco de DCV.
1.3.7 - Fatores socioeconômicos
A influência do nível socioeconômico na ocorrência da
HAS é complexa e difícil de ser estabelecida 22. No Brasil a
HAS foi mais prevalente entre indivíduos com menor
escolaridade6.
1.3.8 - Genética
A contribuição de fatores genéticos para a gênese da
HAS está bem estabelecida na população23. Porém, não
existem, até o momento, variantes genéticas que, possam
ser utilizadas para predizer o risco individual de se
desenvolver HAS23.
1.3.9 - Outros fatores de risco cardiovascular
Os fatores de risco cardiovascular frequentemente
se apresentam de forma agregada, a predisposição genética
e os fatores ambientais tendem a contribuir para essa
combinação em famílias com estilo de vida pouco
saudável1,6
1.4 - Prevenção primária
1.4.1 - Medidas não-medicamentosas
Mudanças no estilo de vida são entusiasticamente
recomendadas na prevenção primária da HAS, notadamente
nos indivíduos com PA limítrofe. Mudanças de estilo de vida

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