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Ervas Mágicas dos Indíos Americanos

Muit as cult uras pré- colom bianas adot aram o uso de


" beberagens" e plant as " m ágicas" . Para esses povos o uso
das plant as era sagrado, pois acredit avam que at ravés da
ingest ão de ervas alucinógenas poderiam ent rar em cont ato
com os Deuses e com os Espírit os Ancest rais. Os rit uais eram
t am bém um fat or de int egração colet iva e de evolução
espirit ual. I ngerindo as plant as " m ágicas" , os índios
acredit avam que podiam receber ou absorver o espírit o da
plant a e, em t ranse, t inham experiências psíquicas e
vivenciavam fenôm enos paranorm ais, t ais com o a t elepat ia, a
regressão a vidas passadas, cont at os com os espírit os dos
seus ant epassados m ort os, presciência e visão à dist ância.
Vários relat os apont am ainda que alguns feit iceiros e xamãs
realizavam esses rit uais com as ervas " m ágicas" para
descobrir t ipos e origens de m olést ias e assim poder saber
como tratá- la. Na Amazônia brasileira muitas dessas tradições
ainda são mantidas.

As ervas ou plant as, m ais difundidas pelos nat ivos foram ( e


são):

Ayahusca ou Yagé - no Brasil e regiões a leste dos Andes.


Também conhecido como: Caapi, Natema, Ppinde, Yaje- ahe
Malpiguácea Liana, Banistesiopsis Caapi.
Cactos de San Pedro - na Bolívia e no Peru.
Ipadu - entre algumas tribos indígenas do Brasil, Bolívia,
Colômbia, Peru e Venezuela.
Jurema - na caatinga nordestina (Brasil).
Peyolt ou Peyote - no México e EUA.
Cogumelos alucinógenos - em toda América.

Ayahusca ou Yagé

Ayahuasca ou Yagé ( nom e Tupi que se pronuncia Ya- hay) é


um a beberagem de origem I nca. Tam bém é m uit o conhecida

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e ut ilizada pelos índios e xam ãs do noroest e do Brasil. Várias
t ribos indígenas brasileiras com o os Kam pas e os Kaxinawás
usam at é hoj e a Ayahuasca em m uit os de seus rit uais
sagrados. At ualm ent e a Ayahuasca j á não é dom ínio exclusivo
dos índios e o uso da bebida é m uit o difundido em seit as
religiosas crist ãs e espirit ualist as. No início do século, com a
m igração de seringueiros para o t errit ório am azônico, a
Ayahuasca com eçou a ser conhecida fora das t ribos e hoj e o
seu uso é liberado no Brasil (oficialmente desde 2 de junho de
1992) , em bora m uit os set ores conservadores da sociedade
t enham resist ido e pressionado o Conselho Federal de
Ent orpecent es ( CONFEN) a proibir a exist ência das seit as
religiosas que ut ilizavam o chá de Ayahusca, t am bém
conhecido no Brasil como Santo Daime.
O Chá do Sant o Daim e é preparado do cipó do Jagube ou
Mariri ( Banist eriopsis caapi) e da folha da Rainha ou Chacrona
(Psycotria viridis) - naturais da região amazônica.
A verdadeira Ayahuasca sem pre cont ém , am bos os
alcalóides harm ine e harm aline que podem criar alucinações a
part ir de doses de 300 m g e que geralm ent e são obt idos do
cipó Banist eriopsis caapi. A Ayhuasca ainda cont ém a DMT ou
N- dimetill- t ript am ina que é a subst ância at iva ext raída das
folhas Chacrona (Psycotria viridis).
Devem os not ar que nenhum a dessas duas subst ancias,
essenciais para o preparo da Ayhuasca, são psicoat ivas se
ingeridas isoladam ent e. O que faz a Ayahuasca efet iva é a
m ist ura dos alcalóides, harm ine e harm aline, encont rados no
cipó Banist eriopsis Caapi e a DMT que é ext raida das folhas
da Chacrona. É essa m ist ura da DMT com os alcalóides
harm ine e harm aline que produzirão o que t em sido descrit o
com o um a das m ais profundas de t odas as experiências
psicodélicas.
Os alcalóides harm ine e harm aline cont ém bet a- carbolinas,
subst âncias que são pot ent es inibidores da MAO ( m onoam ino-
oxidase) e que at ivam e aum ent am a duração e a int ensidade
de os efeit os da DMT. Logo o DMT é o principio at ivo
enteógeno da Ayahuasca. Na realidade o DMT é um

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neurot ransm issor, que t am bém é norm alm ent e encont rado no
cérebro humano.

Preparação da Ayahuasca
Para se preparar o chá do Santo Daime, é necessário uma boa
quant idade de folhas Psycot ria Viridis frescas e recent emente
colhidas. Elas devem ser fervidas durant e várias horas, at é
que o liquido obt enha um a coloração m ais escura. As t iras de
cipo são ent ão m aceradas e fervidas por m ais horas num
out ro recipient e. Depois são m ist urados e divididos em várias
porções. Diz- se que para conseguir obt er os efeit os
necessários é preciso, no m ínim o, de 75 a 100 cm de cipó por
dose de chá.
At ualm ent e m uit as seit as preparam um a bebida parecida com
a Ayahuasca com binando plant as que podem ser m ais
facilm ent e encont radas. A prim eira delas é a " Peganun
harm ala" , que possui quase 10 vezes m ais bet a- carbolinas
que a fam osa " Banist eriopsis Caapi" . A segunda plant a usada
para a elaboração da beberagem é a Jurema (Mimosa hostilis)
que subst it ui a Chacrona ( Psycot ria viridis) chegando a ter
quase 0,57% a m ais de DMT na casca de sua raiz.. A Jurem a
é a plant a que t em m aior concent ração de DMT descobert a
at é agora, enquant o que a sem ent e de " Peganun harm ala" é
a font e veget al com m aior concent ração inibidores da MAO.

Cactos de São Pedro


Estima- se que o cact o de San Pedro ( Trichocereus pachanoi &
peruvianus) venha sendo usado pelos nat ivos am ericanos há
m uit os séculos em especial pelos índios do Peru, da
Venezuelana e t am bém pelos Yanom am es do Brasil ( cuj as
t erras fazem front eira com a Venezuela) . Tam bém conhecido
como "O cactos dos 4 Ventos", San Pedro tem um formato de
coluna com quat ro gom os e era ut ilizado em prát icas rit uais
sim ilares a t radição dos índios m exicanos que consum iam o
Peyot e. A finalidade da ingest ão era a m esm a: o cont at o com
os deuses e as visões m ágicas proporcionadas pela a ingest ão
da Mescalina.

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Ipadu ou Coca
I padu ou Pat u é o nom e dado pelos nat ivos brasileiros à Coca
( Eryt hroxylum coca) . Exist em t rês t ipos diferent es de I padu:
I padu de Peixe, I padu de Pau, e I padu Abiú, e se dist inguem
pelo sabor e arom a. A m ais fort e é Abiú. O consum o do
Ipadu, pelos índios é uma tradição cultural seguida até os dias
de hoj e em bora j á t enha perdido m uit o de seu carát er
religioso. Originalm ent e era ut ilizada pelos I ncas devido às
suas propriedades est im ulant es, m as som ent e a cast a
religiosa e os nobres t inham esse privilégio. Com a chegada
dos espanhóis o consum o se est endeu por t oda a zona dos
andes porque a coca dim inuía o apet it e e aum ent ava o
rendim ent o de t rabalho dos índios. Dest a m aneira, a coca foi
perdendo seu caráter religiosos e mágico.
Os índios sem pre cult ivaram pequenas roças de I padu para o
consumo próprio. Diariamente colhiam as folhas e as secavam
em um a espécie de forno, depois as m aceravam e o pó
resultante era m ist urado com cinzas de folhas secas de
Em baúba ( Cecropria sp.) pulverizadas. O produt o final era
t om ado oralm ent e depois de m ist urado com algum t ipo de
bebida liquida. O rit ual dos índios Hupda, por exem plo,
consist ia em t om ar a poção ant es de se reunirem no que eles
cham avam de " roda dos hom ens" , quando a beberagem
com eçava a surt ir efeit o os índios iniciavam as discussões do
dia sobre os problemas da tribo e esperavam poder solucioná-
los com a aj uda dos espírit os que invocavam at ravés da
ingest ão do Ipadu. Podemos observar claramente que o Ipadu
t inha t am bém , e ainda t em , um im port ant e papel na
socialização.
Estima- se que exist em m ais de 200 espécim es de
Eryt hroxylum Coca e que apenas 17 delas podem ser usadas
para produzir cocaína. Quinze desses 17 t ipos cont ém m uit o
baixos níveis do alcalóide at ivo, a cocaína, e são cult ivados na
Am érica do Sul, ao nort e da Colôm bia, na Bolívia e no Peru, e
no Brasil.
O I padu é t am bém im port ant e no preparo para ingest ão da
" Ayahuasca" ( Banist eriopsis Caapi) pois acredita- se que ele

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perm it e aos xãm as acurarem o est ado m ent al e purificarem o
corpo físico, at ribut os necessários para a cerim onia da
ingest ão da Ayahuasca. Nesse t ipo de rit ual, as folhas de
Ipadu são mascadas.

Jurema ou Mimosa

A Jurem a ( Mim osa host ilis) , t am bém conhecida com o


"Jurema- pret a" é um a plant a nat iva das regiões sem i- áridas
do Brasil. É um a árvore que chega a t er de 4 à 6 m et ros de
alt ura, t ronco eret o, cast anho- averm elhada, com presença de
espinhos curtos.
Algum as t ribos indígenas brasileiras ( especialm ent e as t ribos
do int erior da Bahia, Pernam buco e Paraíba, ist o é, do Sert ão
brasileiro) t em usado a Jurem a em seus rit uais sagrados. Eles
bebem um a poção feit a com as raízes da Jurem a, cuj o
principio at ivo é o DMT, e essa bebida é preparada com
aguardent e ( um dest ilado feit o de cana de açúcar) e alho. Os
índios se reúnem sent am em t orno da Jurem a e depois de
ingerir a bebida ent ram em " t ranse" , um est ado alt erado da
consciência. Os nat ivos acredit am que ao ent rarem em
" t ranse" a via para a com unicação com os deuses que lhes
t ransm it irão a m agia da cura e as respost as para t odos os
seus questionamentos, será aberta.

Peyote
O Peyot e ( Lophophora William sii) , t am bém conhecido com o
peyot l e j ículi, é um cact o de form a esférica e de raiz longa e
conica. É com um ent e encont rado nos alt iplanos do México e
t am bém nos Est ados Unidos. Esse cact o era usado
t radicionalm ent e nos rit uais religiosos dos índios m exicanos e
seu consum o est ava int im am ent e relacionado às prat icas
religiosas. Diz- se que os prim eiros a usarem o Peyot e foram
os índios Huicholes e os Tarahum aras que, assim com o
algum as out ras t ribos m exicanas, o elevaram a cat egoria de
Deus nom eando- o de " Jículi" . O m ais ant igo pedaço de Peyot e
seco foi encont rado no Texas e foi dat ado com o t endo
aproxim adam ent e 7000 anos. Post eriorm ent e, a prat ica da

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ingest ão do Peyot e foi difundida ent re os índios das planícies
norte americanas.
O cact o era com ido seco ou ingerido com o chá. A subst ância
at iva do Peyot e é a Mescalina que possui propriedades
alucinógenas, produz um a grande sensação de alegria e
t am bém aplaca a fom e e a sede. Seus principais efeit os são:
a liberação da ansiedade e um a sensação de unidade com o
" t odo" e com o próxim o. O consum o do Peyot e nos rit uais
sagrados perm it ia que os índios " cont em plassem o out ro
m undo" e que ent rassem em cont at o com os seres divinos ou
com os ancest rais. Eles t inham visões sobre seus
quest ionam ent os e as respost as para os m esm os. Os índios
ainda acredit avam que o Peyot e era um a dádiva do criador,
uma via de comunicação direta com o "Grande Espírito".

Chacrona Viridis

O principio ativo da Chacrona é o N- dimetill- triptamina (DMT).


A Chacrona, t am bém conhecida no Brasil com o Rainha,
pert ence a fam ília das Rubiáceas, assim com o o Café. Suas
folhas, por t erem grandes quant idades de DMT, são ut ilizadas
para o feitio da Ayahuasca.

Mescalina
A Mescalina é um a subst ância alucinógena e o principio at ivo
do Peyot e, do cact o de San Pedro e de alguns t ipos de
cogumelos. Para obtê- la basta cortar o cacto e secá- lo. Depois
de seco, t ransform am os em um pó que pode t er colorações
do branco at é o m arrom . Tradicionalm ent e era ut ilizada pelos
índios com o chá. A dose m ínim a de Mescalina deve ser
equivalent e a 100 gram as. Um a dose capaz de criar visões
alucinógenas deve t er, pelo m enos, 27 gram as de Peyot e ou
cact o de San Pedro seco, o que equivale a 300 m g de
Mescalina. A Mescalina produz os m esm os efeit os que o
moderno LSD.

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Harmaline e Harmala
Harm aline e harm ala são alcalóides de princípios at ivos
idênt icos e que podem criar alucinações a part ir de doses de
300 m g. Am bas cont ém bet a- carbolinas e t em sido usada por
seus efeit os psicoat ivos. São encont rados no Peganum
harm ala ( Syrian rue) assim com o no cipó Banist eriopsis caapi
ou Yaje- ahe Malpiguácea Liana, da Amazônia.
As plant as que cont ém harm ala e harm aline podem ser
t om adas sozinhas, ist o é, sem adição de out ra plant a e
produzem efeit os psicológicos e alucinógenos que podem
durar at é duas horas. As bebidas cont endo am bos o DMT e os
alcalóides harm ala agem m ais rapidam ent e e produzem
efeitos alucinógenos visuais de maior impacto.

Syrian Rue ou Peganum harmala


Conhecida desde a ant igüidade, a Syrian Rue pert ence a
fam ília dos Zygophyllaceae. Em bora sej a nat iva da Ásia
Cent ral e Síria, t am bém é encont rada na Europa e África, Ásia
Menor e Tibet e. Possui sem ent es m arrons e am argas que
cont ém bet a- carbolinas de idênt ico valor as encont radas nos
cipos de Banisteriopsis Caapi.
A Syrian Rue era empregada na medicina popular pelos turcos
e persas. Os egípcios a usavam para preparam o que
cham avam de " Poções do Am or. Alguns est udiosos afirm am
que a Peganum Harm ala é a " Haom a" ou " Som a" dos ant igos
persas e dos Hindus.

Fonte:
http://www.geocities.com/Athens/Oracle/4486/ervas.html

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