Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ARTESANATO VI
SENAR-AR/SP
São Paulo - 2017
IDEALIZAÇÃO
Fábio de Salles Meirelles
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP
SUPERVISÃO GERAL
Claudete Morandi Romano
Chefe da Divisão de Saúde, Promoção Social, Esporte e Lazer do SENAR-AR/SP
RESPONSÁVEL TÉCNICO
Isabela Pennella
Divisão de Saúde, Promoção Social, Esporte e Lazer do SENAR-AR/SP
AUTORA
Maria de Fátima Padoan
Artista Plástica
Bibliografia
ISBN 978-85-99965-80-1
CDD 745.5
Direitos Autorais: é proibida a reprodução total ou parcial desta cartilha, e por qualquer processo, sem a ex-
pressa e prévia autorização do SENAR-AR/SP.
Material impresso no SENAR-AR/SP
APRESENTAÇÃO..............................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................9
V. TRATAR A MATÉRIA-PRIMA...................................................................................................................... 13
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................................67
O
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL – SENAR, criado em 23 de
dezembro de 1991 pela Lei n.º 8.315 e regulamentado em 10 de junho de 1992
como Entidade de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos,
teve a Administração Regional do Estado de São Paulo criada em 21 de maio de 1993.
Nesta cartilha, são descritas técnicas artesanais para confecção de artefatos decorativos
utilizando como matéria-prima os galhos e troncos de café.
Mesmo considerando as técnicas descritas e suas respectivas peças, pode-se obter objetos
diferenciados feitos com essa matéria-prima, variando de artesão para artesão, conforme
sua criatividade.
Trata, também, dos cuidados necessários para evitar acidentes e ainda informa sobre os
aspectos de preservação do meio ambiente e assuntos que possam interferir na melhoria
da qualidade dos artefatos produzidos.
As peças artesanais possuem diversos elementos de arte. Ao ser confeccionado, cada novo
objeto é recriado, dependendo das condições do material a trabalhar e dos instrumentos
empregados. Cada nova forma surge como recriação, com o toque pessoal do artesão.
Historicamente, a semente do café só foi utilizada para produzir bebidas após o século
X, quando o seu consumo passou a se disseminar pelo Oriente Médio. A Europa teve
contato com o produto em larga escala a partir do século XVII por meio do comércio no
Mediterrâneo. No século XVIII cafeterias se espalharam pela Europa e o fruto ficou muito
conhecido.
A valorização da semente levou o café para vários continentes, incluindo o Brasil no século
XVIII.
Com a planta do café e seus produtos confeccionam-se diversas peças, como topiarias,
arranjos, quadros, porta-retratos, caixas, pulseiras, etc.
Vale ressaltar que, mesmo considerando uma idêntica técnica, é comum existirem maneiras
diferenciadas de se confeccionar as peças, as quais variam de artesão para artesão,
podendo conduzir ao mesmo resultado, com o mesmo nível de qualidade. Além disso, cada
pessoa deve explorar, ao máximo, a sua criatividade.
Para este artesanato são utilizados galhos e troncos de café, bem como os seguintes
equipamentos e utensílios:
Precaução: Estiletes, tesouras e serra tico-tico devem ser guardados em locais adequados,
fora do alcance das crianças e dos animais, evitando acidentes com ferimentos graves.
Atenção: As ferramentas devem ser limpas e guardadas após o uso, evitando que
enferrugem ou oxidem.
1. LIMPE A MATÉRIA-PRIMA
V. TRATAR A MATÉRIA-PRIMA
1. SEPARE O MATERIAL
• Ácido Bórico: 1 kg
• Água
• Carqueja: 1 maço
• Etanol: 1 litro
• Fósforo: 1 unidade
• Galhos de café
• Garrafa PET: 1 unidade
• Luvas: 1 par
• Máscara de carvão ativado: 1 unidade
Atenção: Quanto maior a espessura do tronco, mais tempo levará para desidratar.
2.2. Prepare o ácido bórico na proporção de 1 colher de sopa de ácido bórico para 1
litro de água
2.2.1. Ferva água suficiente para dissolver 2.2.3. Dissolva o ácido bórico na água
a quantidade de ácido bórico necessária quente
para a mistura
Etanol,
carqueja e
pimenta
4.2. Coloque a carqueja e 4.3. Acrescente 2 litros de 4.4. Identifique com etiqueta
a pimenta picados em uma etanol
garrafa PET 4.5. Deixe em repouso por
15 dias em um armário
fechado
4.9. Misture o extrato de pimenta e carqueja com a mistura de ácido bórico e 1 litro
de querosene
4.10. Mergulhe as sementes nessa 4.11. Deixe em vidro fechado por três dias
mistura
4.12. Identifique o recipiente com etiqueta
Precaução: Deve-se utilizar luvas, óculos de proteção e máscara durante esse processo, a
fim de evitar intoxicação por contato com o ácido bórico, etanol e querosene.
Atenção: Essa mistura poderá ser armazenada para ser utilizada no tratamento de outras
sementes.
16 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo
VI. ARMAZENAR A MATÉRIA-PRIMA
1. FA Ç A F E I X E S S E PA R A N D O
OS GALHOS E TRONCOS POR
DIÂMETRO
Essa técnica consiste em amolecer a camada de celulose e outras substâncias que formam
o corpo da folha. Consiste em soltar a camada da folha presa aos veios, sem estragar sua
estrutura.
1. SEPARE O MATERIAL
• Água
• Cloro: 1 litro
• Copo medidor: 1 unidade
• Folhas verdes e frescas de café
selecionadas
• Fósforo: 1 unidade
• Jornal usado
• Louro, Citronela ou Eucalipto: 1 pacote
• Luvas: 1 par
• Soda cáustica escamada: 1 kg
• Vinagre: 1 frasco
5. LEVE AO FOGO
Precaução: O cozimento deve ser feito em local aberto para proporcionar a dispersão dos
vapores da soda cáustica, por ser produto tóxico.
7. DESLIGUE O FOGO
8. DEIXE ESFRIAR
Precaução: Ao trabalhar com soda cáustica, deve-se usar luvas para evitar queimaduras
na pele.
15.3. Lave as folhas em água corrente até 15.5. Esfregue, folha por folha, com
eliminar todo o cloro movimentos suaves para retirar a camada
de celulose
Atenção: O cuidado ao manusear as folhas é necessário para mantê-las inteiras, pois esse
processo as torna frágeis.
1 7 . A R M A Z E N E A S F O L H A S
ESQUELETIZADAS EM
CAIXAS, AO ABRIGO DA L U Z ,
COM FOLHAS DE LOURO,
EUCALIPTO E CITRONELA,
PARA AFASTAR INSETOS
1. SEPARE O MATERIAL
• Caneta: 1 unidade
• Cartolina: 1 unidade
• Tronco de café
2. SIGA O PROJETO
O projeto consiste em um desenho detalhado da peça a ser confeccionada, onde são descritas
as medidas e a disposição de cada parte que a compõe. Permite antever possíveis erros
de cálculo e de execução.
O projeto descrito a seguir é utilizado como exemplo. Com o domínio da técnica, o artesão
é capaz de desenvolver seus próprios projetos, de acordo com sua criatividade.
2 x 33 cm
2 x 36 cm
2 x 39 cm
2 x 42 cm
1 x 45 cm
42 cm
39 cm
36 cm
33 cm
3. CORTE UM TRONCO DE DIÂMETRO 4. CORTE DOIS TRONCOS COM 42 CM
MAIOR COM COMPRIMENTO DE 45
CM, UTILIZANDO A SERRA TICO- 5. CORTE DOIS TRONCOS COM 39 CM
TICO OU ARCO DE SERRA
6. CORTE DOIS TRONCOS COM 36 CM
Precaução: A serra tico-tico deve ser
7. CORTE DOIS TRONCOS COM 33 CM
manuseada com firmeza e cuidado, sem
forçá-la, fazendo com que o corte seja
seguro e evitando acidentes e ferimentos.
22 cm
3 cm
1 cm
Precaução: A furadeira deve ser manuseada com firmeza e cuidado, sem forçá-la, fazendo
com que o furo seja seguro e evitando acidentes e ferimentos.
Precaução: A furadeira deve ser manuseada com firmeza e cuidado, sem forçá-la, fazendo
com que o furo seja seguro e evitando acidentes e ferimentos.
20. MEÇA A QUANTIDADE NECESSÁRIA 22. FAÇA UMA MOLA, COM O ALICATE
PARA UNIR AS PEÇAS, DEIXANDO DE BICO REDONDO, EM UMA DAS
UMA SOBRA DE 10 CM PARA CADA PONTAS DO PEDAÇO DE ARAME
LADO
27. FAÇA UMA MOLA, COM O ALICATE 28. COLOQUE UM TRONCO PEQUENO
DE BICO REDONDO, EM UMA DAS E UMA SEMENTE ENTRE AS
PONTAS DO PEDAÇO DE ARAME FOLGAS
31. DEIXE UMA SOBRA DE 4 CM DE 32. FAÇA UMA MOLA COM O ALICATE
ARAME DE BICO REDONDO
33. PRENDA
34. FAÇA UMA MOLA COM O ALICATE DE BICO REDONDO NA PARTE DE BAIXO DA
PEÇA
51. AJUSTE ATÉ A PEÇA FICAR FIRME 52. IMPERMEABILIZE A PEÇA COM
VERNIZ FOSCO INCOLOR
1. SEPARE O MATERIAL
2. SIGA O PROJETO
O projeto consiste em um desenho detalhado da peça a ser confeccionada, onde são descritas
as medidas e a disposição de cada parte que a compõe. Permite antever possíveis erros
de cálculo e de execução.
O projeto descrito a seguir é utilizado como exemplo. Com o domínio da técnica, o artesão
é capaz de desenvolver seus próprios projetos, de acordo com sua criatividade.
cm
6,5
2 cm
20 cm
cm 12
8. DEIXE SECAR
Atenção: O diâmetro dos pedaços de tronco de café deve ser próximo da altura da prancha
de madeira, evitando que prejudique a estética e a harmonia da peça.
14.1. Defina o diâmetro da broca, 14.2. Escolha um galho de café que seja
baseando-se na espessura desejada mais reto
para a cavilha
14.3. Desbaste-o com estilete, dando
a forma de um prego, até obter o
comprimento e a espessura necessários
Precaução: O estilete deve ser utilizado de dentro para fora, longe das mãos, evitando
ferimentos.
Atenção: Para manter um padrão na peça, deve-se observar o estado da madeira que
recebe a cavilha: se a madeira estiver verde, a cavilha deve ser feita com galho de café
verde; se a madeira estiver seca, a cavilha deve ser feita com galho de café seco.
Atenção: O comprimento da cavilha deve ser maior do que a base que irá transpassar e
seu diâmetro deve ser igual ou próximo ao do orifício feito, para que seja possível dar um
acabamento perfeito à peça.
17. PA S S E C O L A B R A N C A N A
CAVILHA
24. FURE O CENTRO DOS 4 TRONCOS 25. FURE A OUTRA EXTREMIDADE DOS
D E 6 , 5 C M , AT É O L I M I T E 4 TRONCOS DE 6,5 CM, CONTANDO
ESTABELECIDO NA BROCA 1 CM DA BORDA
26.1. Passe cola nos furos 26.2. Passe cola nas cavilhas
26.3. Forme as alças, prendendo com as 26.4. Corte as sobras das cavilhas com
cavilhas tesoura de poda
27.10. Serre as sobras das cavilhas com 28. COLE AS FOLHAS TINJIDAS NO
arco de serra FUNDO DA BANDEJA
27.11. Retire as rebarbas com estilete 28.1. Passe cola branca no fundo da
bandeja
Precaução: O arco de serra e o estilete
deves ser manuseados com cuidado,
evitando acidentes e ferimentos.
28.2. Disponha as folhas conforme 28.4. Passe uma camada de cola por cima
desejar, alisando com os dedos das folhas, com pincel
33. D E I X E A P E Ç A SECAR
TOTALMENTE
34. ENVERNIZE
• Caneta: 1 unidade
• Cartolina: 1 unidade
2. C O R T E U M Q U A D R A D O
COMPENSADO DE 0,5 CM DE
ESPESSURA, COM 36 CM DE LADO
3 cm
36 cm
3 cm
3 cm
3 cm
3.3. Marque 3 cm a partir dos cantos do 3.4. Divida cada lateral em quatro partes,
quadrado interno totalizando 5 furos
14.1. Passe cola nos espaços vazios 14.2. Preencha com a palha triturada
17.1. Misture uma parte de cola com 17.3. Acrescente uma parte de álcool
duas de água
17.4. Mexa
17.2. Mexa dissolvendo toda a cola
Atenção: A termolina pode ser guardada
num vidro fechado por muito tempo, para
utilização futura.
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo 45
18. PASSE A TERMOLINA POR TODA 19. CORTE 4 PEDAÇOS DE TRONCO
A PEÇA, UTILIZANDO PINCEL COM 19 CM DE COMPRIMENTO
LARGO, CHATO, COM CERDAS E 1,5 CM DE DIÂMETRO,
FIRMES APROXIMADAMENTE
22.3. Use dois dos feixes para marcar a 22.4. Envolva o feixe de galhos com o
posição onde ele será amarrado cordão, prendendo-o na base
22.5. Forme a moldura, envolvendo todos 22.6. Amarre as duas pontas, prendendo
os feixes com o cordão bem
23.1. Encontre o centro da parte superior 23.2. Marque o centro com um prego
do quadro, utilizando trena ou régua
Precaução: O estilete deve ser utilizado de dentro para fora, longe das mãos, evitando
ferimentos.
32.6. Cole os grãos de café verdes e torrados, formando o desenho que desejar
O projeto descrito a seguir é utilizado como exemplo. Com o domínio da técnica, o artesão
é capaz de desenvolver seus próprios projetos, de acordo com sua criatividade.
altura
comprimento
16. C O R T E , C O M T E S O U R A D E 1 7 . M A R Q U E U M T R O N C O D E
PODA, PEDAÇOS DE GALHOS CAFÉ COM DIÂMETRO ENTRE
DE CAFÉ, VARIANDO ENTRE 2,5 1 CM E 1,5 CM , UTILIZAN D O
CM E 3,5 CM, COM DIÂMETRO UM LÁPIS COM O M EDIDA
APROXIMADO DE 0,5 CM
26.1. Misture 1/2 copo de cola branca, 3/4 de copo de serragem, 1 copo de gesso e
3/4 de copo de água
26.3. Misture
Atenção: Se a massa ficar muito endurecida, deve-se adicionar cola aos poucos até ficar
homogênea e maleável. Se a massa ficar muito mole, deve-se adicionar uma pitada de ácido
bórico e deixar reagir até plastificar a massa.
29. COLOQUE O PIGMENTO DA COR 30. SOVE ATÉ OBTER UMA MASSA
ESCOLHIDA EM UMA DAS PARTES HOMOGÊNEA
Atenção: Ao lavar o recipiente, jogar água na terra, pois se for jogado na pia, poderá causar
entupimento.
31. A C O N D I C I O N E E M S A C O
P L Á S T I C O PA R A M A N T E R A
TEXTURA DA MASSA
Atenção: Pode-se obter outras cores misturando as cores primárias vermelho, verde e azul.
Para clarear ou escurecer a massa, misture com pigmento branco ou preto.
41.3. Marque esses pontos com caneta 41.4. Faça outra dobra
Para fazer o cadastro, o artesão passa por uma entrevista e o seu trabalho é avaliado por
uma Comissão Técnica que classifica o produto, a matéria-prima e a produção.
Caso não seja possível executar a técnica no local da entrevista, deve-se trazer peças
em três fases diferentes do processo de confecção, ou seja: uma no início, uma na fase
intermediária e uma na fase final. Contudo, o artesão deverá completar uma das fases na
presença da Comissão Técnica, preferencialmente.
CUSTOS VARIÁVEIS
Unidade de
medida Quantidade Preço Unitário de VALOR TOTAL
Material
(kg, gramas, litro, (1) Mercado (2) (3)=(1) x (2)
unidade)
Tinta frasco 3 R$ 0,50 R$ 1,50
Refil de cola quente unidade 2 R$ 0,50 R$ 1,00
Goma laca frasco 1 R$ 1,00 R$ 1,00
Pincel 1 unidade 1 R$ 0,50 R$ 0,50
TOTAL R$ 4,00
3.2. Considere o custo de transporte, embalagem, energia elétrica, gás, água, aluguel,
telefonia, impostos, etc. que devem ser somados ao custo inicial (obtido na coluna
3). Por exemplo:
CUSTOS FIXOS
3.3. Considere o valor do tempo gasto na confecção da peça. Apesar de ser difícil de
calcular, deve ser incluído no cálculo do custo, inclusive considerando a experiência
do artesão. Por exemplo:
3.3.1. Determine um valor que deseja receber por mês, por exemplo: R$ 1.000,00
3.3.3. Divida o valor obtido por 8 horas de trabalho diário: R$ 45,45 ÷ 8 = R$ 5,68
3.3.4. Multiplique esse valor pelas horas trabalhadas para a produção da peça, por exemplo:
5 horas trabalhadas x R$ 5,68 = R$ 28,40
3.4. O custo da peça é o resultado da soma dos itens 3.1, 3.2, 3.3 = R$ 36,90 mais 50%
de margem de lucro = R$ 55,35
3.6. Pesquise no mercado o preço de produtos similares, para serem usados como
referência na determinação do preço final de venda, não esquecendo que ele deve
ser competitivo.
Comprar em grupo é uma forma de organização por meio da qual se pode adquirir produtos,
ferramentas e outros materiais para serem usados de maneira coletiva, facilitando o acesso
de todos os envolvidos na produção artesanal.