Avaliação:
Ensaio escrito em PT (época ordinária)
o 3500 palavras, excluindo referências bibliográficas e máximo 5000 (com tudo)
o Entrega até 15 de Janeiro
Email: do pp
Email suplente: miguel.goncalvescorreia@gmail.com
o Temas sugeridos durante a aula:
Razões para termos IRC
Princípio da realização em IRC (porque é que existe, quais são as exceções, como é que
funciona em Pt, EUA, etc)
Exame em PT (época de recurso)
o 2h
Bibliografia:
Taxation of corporate groups, Miguel Correia
IRC e renegociações empresariais, António Rocha Mendes, Católica Editora (cap. 1)
Economia fechada: vamos ver como é que o sistema funciona, assumindo que as transações ocorrem todas dentro
do mesmo país
Economia aberta: transações internacionais, assumindo a interação dos sistemas uns com os outros
Economia fechada
O sistema de IRC está organizado em 3 pilares primários e 6 secundários
IRC = corporate income tax (CIT)
ser controlados pelos acionistas e, portanto, havia uma propensão para reter os lucros nas
empresas
Mas, e se tivesse na mesma só o IRS, através de um sistema mark to market, ou seja,
comparar o valor das partes sociais em dois momentos temporais diversos (ex. comparo os
valores exemplo, 1000€ inicio do ano e, no final do ano, valem 3000€, o que faço é tributar
automaticamente a mais vale, ou seja, 2000€ sem que seja necessário os acionistas fazerem
nada
Isto pode não refletir o lucro real da empresa
Nas ações que não estão cotadas em bolsa, os custos associados à avaliação são
onerosos, ou seja, só funcionaria em relação às ações cotadas em bolsa
Isto implicaria uma tributação sobre um valor que não tinha efetivamente recebido,
ou seja, a um problema de liquidez
Devido ao facto de ter o IRC há um interesse acrescido da AT em fiscalizar e, portanto, o IRC
também tem esta vantagem regulatória, o que leva as empresas a “portarem-se bem”
Critério que reside à tributação do sujeito passivo em IRC?
A maioria dos legisladores entendeu atribuir legitimidade tributária passiva, em regra, às
empresas que possuem personalidade jurídica e, nos códigos dão alguns exemplos
elencando os tipos de empresas e a seguir estabelecem um critério
Tributação do IRC nos EUA (particularidades):
Nos EUA isto não é assim, existe o IRC federal dos EUA e, depois alguns estados têm
o seu IRC em simultâneo com o IRC, no entanto, apenas vamos estudar o IRC federal
dos EUA
EUA – Formulário 8832
Nota: nos EUA a corporate law é estadual e não federal (ex. antes de 1996, as leis
dos estados divergiam e os estados desenhavam as suas leis de modo a atraírem os
investidores e, Delaware tornou-se um estado bastante conhecido pelas suas leis
atrativas)
EUA o IRC é o “checks the box”
o Em relação às empresas CO (ex. pepsi & CO) estas são sempre suejito
passivo de IRC
o Nas LLC (limited liability corporation) and LLP (limited liability partnership), é
possível ao investidor escolher se essa empresa é sujeito passivo de IRC ou
não, há uma flexibilidade muito grande depois de fazerem a eleição ficam
vinculados a essa eleição para o futuro
Ex. LLC e digo no former 8832 que quero que seja sujeito passivo de IRC e, essa LLC
tem filiais em PT, DE e NL este former 8832 vai permitir definir como é que cada
uma das empresas vai ser tributada em termos norte amaericanos
o Por outro lado, a base do ativo nunca vai diminuir, ou seja, passados
5 anos a base é na mesma 1000
o Os legisladores montaram o sistema assim para que, a longo prazo
as situações passassem a ser iguais, isto é, o valor de mercado vai
ser 1000 e o valor fiscal 1000, como é igual, a base fiscal vai ser 0
a longo prazo a base fiscal vai ser sempre 0
o Aqui, vou usufruir do beneficio de uma base fiscal elevada
o Nota: a base fiscal dá-nos sempre o valor de tributação que vai ser
incluído e deduzido na alienação é um beneficio ter uma base
fiscal elevada
Notas/conceitos:
Capitalização: há despesas, normalmente que tem a ver com benfeitorias,
que estão de tal forma associadas ao ativo que o legislador não deixa
deduzir a despesa logo de imediato quando a faço, mas tem de a capitalizar,
ou seja, adiciono esse valor ao valor da base fiscal diluir a dedução da
despesa ao longo do tempo, ao mesmo tempo que se faz a depreciação do
ativo
o Ex. base fiscal 5 000 e tenho uma despesa de 1000 que tem de ser
capitalizada eu tenho de adicionar essa despesa à base fiscal, ou
seja, a minha base fiscal passa a ser 6 000, portanto, a minha
depreciação passa a ser de 1200 por cada ano, até 5 anos.
o Ex. E no caso de colocar o motor novo que vale 1000 nos últimos
anos de depreciação dos 5 000? Quando é que se conta? As
diferentes jurisdições dão soluções diferentes quanto a esta
questão
Ativo fixo sujeito a depreciação:
o Os ativos correntes têm de ter (vida útil inferior a 1 ano, em alguns
países até 3 anos)
o Tem de estar sujeito a desgaste, tem de haver para que a dedução
por depreciação seja aceitável
o Tem de haver uma ligação entre a aquisição e a atividade
económica do contribuinte
o Base que utilizo para o calculo da depreciação é o valor histórico
(mas, em alguns países, permite-se aumentar os 1000 com as
despesas que são necessárias ter para por a maquina a funcionar),
o Timing de reconhecimento:
24.11.2018
Comparative Tax Structure
Tax design – é uma abordagem da fiscalidade
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Tema de prejuízos fiscais e formas do mesmo é um tema interessante para o ensaio. Pensamento económico: trazer o prejuízo
fiscal para o ano anterior, mas os países que têm este tipo de mecanismos tornam as suas empresas muito resilientes à crise
financeira se eu só tenho reporte para a frente, em caso de crise, eu só vou poder reportar os meus prejuízos quando tiver
novamente lucros. A vantagem do carry back é que permite à empresa, no ano da crise, receber dinheiro de reembolso do
Estado do imposto pago no ano anterior o impacto na economia é brutal porque a empresa vai receber dinheiro no momento
em que mais precisa e, recupera mais facilmente da crise funciona bem em países que têm facilidade em aceder ao crédito
exterior, o Estado financia-se a um juro mais baixo do que as empresas e, a vantagem do carry back é que, na crise, em vez de
serem as empresas a financiar a economia com custos elevados, é o Estado que vai buscar dinheiro para todos a 1% e injeta-o
nas empresas, reembolsando os impostos pago do passado
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Nota: à volta do mundo criam-se benefícios fiscais para atrair investimentos e, um beneficio muito utilizado é
dizer que essa despesa pode ser utilizada como dedução à coleta, qual é a vantagem?
o Ex. nos EUA temos + 10 000 de matéria coletável, aplica-se a taxa de 20% e dá-nos 2 000.
Mas, e se eu tiver uma dedução simples de 2 000? Temos 10 000 – 2 000 dedução = 8 000 x
20% taxa de imposto = 1 600 aqui, a minha dedução é apenas 400, só vou ter 20 % de
vantagem em termos finais
E se for uma dedução à coleta? Temos 10 000 matéria coletável x 20% taxa de imposto = 2
000 – 2 000 de dedução à coleta = 0 eu vou pagar zero aqui, o beneficio é muito mais,
já não vou ter um beneficio de 20%, mas sim de 100%
É muito mais vantajoso ter uma dedução à coleta do que uma dedução simples
Relações horizontais
As relações podem ser relacionadas ou não relacionadas
Quando há uma relação de partes não relacionadas, a AT tende a acreditar nos valores que os contribuintes
declaram, porque há uma oposição de interesses portanto, aqui, não há grandes regras anti abuso para
apurar o valor
Quando as empresas são relacionadas, elas têm grande vantagem em alterar os preços, e, portanto, há
muitas regras anti abuso:
o Regras de preços de transferência
o Princípios de substância sobre a forma jurídica da transação
Nos IRC’s mexendo na forma jurídica e no valor de transação vamos ditar o resultado final, porque eu posso
mexer no preço e na forma jurídica (ex. posso transformar aquilo numa fusão para aplicar a mecânica 3 que
beneficia de neutralidade)
Relações verticais
Dividendos
o Ex. empresa A é detida a 100% pela empresa B e a empresa B tem dois acionistas e cada um detém
50%. Empresa tem 1000 materia coletável x 20% dá 200€ de IRC. Fica com 800 que distribui pela
empresa B – 800 x 20% = 160. Sobra 640 que vão distribuir pelos acionistas, ou seja, 320 para cada
que vai ser tributado em IRS
o O legislador cria mecanismos para minimizar ou eliminar esta dupla tributação económica (o mesmo
dinheiro a ser tributado várias vezes) relief of double economic taxation
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Método mais comum (dividend exclusion system) mexer na base tributável da empresa
mãe, o dividendo ou não era incluído (isenção), ou era incluído apenas numa parte e isto era
aplicado a todos os níveis
No entanto, há legisladores que não mexem na tributação da empresa mãe, mas quando
chegam aos 160€ vão dar um crédito de imposto sobre o que a subsidiária pagou (= dividend
tax credit system)
Outros, aplicam uma taxa mais baixa para minimizar a dupla tributação económica (=
shareholder differentitation system)
Alienação de partes sociais (= sale of shares)
o Este é um elemento importante para compreender a complexidade do IRC nas reestruturações
empresariais Ex. empresa A tem um só ativo, um ativo fixo (máquina) que tem como valor de
mercado 1 000 e base fiscal 500. Se houver uma alienação eu tenho de ver a diferença entre estes
valores e, há uma mais valia latente (built in gain). A empresa é detida pelo acionista que tem ações
e as ações também são um ativo fixo. O valor das partes sociais é o valor do ativo, ou seja, 1000, mas
a base fiscal pode ser diferente e tende a ser diferente porque as partes sociais são um ativo fixo não
sujeito a depreciação. Regra geral o ativo tem como base o valor de aquisição e, podemos chegar a
um ponto em que temos uma base fiscal mais reduzida e, no caso das partes sociais o valor da base
fiscal, em muitas jurisdições, vão ser o valor do que eu contribui (ex. se eu contribui com um ativo
que vale 1000 então o valor da parte social é 1000) Se eu vender o ativo vou ter de reconhecer
500 de mais valia, mas se eu em vez de vender o ativo vender a empresa que tem o ativo, o que eu
estou a vender são as partes sociais e aqui, como o valor é 1000 e o valor fiscal é 1000 eu vou pagar
0 (fazemos a diferença entre asset deal vs share deal)
As ações também têm base fiscal
A base fiscal das ações, geralmente não corresponde a base fiscal dos ativos que a empresa
tem porque, tendencialmente esses ativos tendem a depreciar e as partes sociais não tem
depreciação
o Asset deal vs share deal
Quais são os atributos fiscais da empresa e do acionista?
Tenho de olhar para a diferença entre a base fiscal e o preço de mercado dos ativos e olhar
para os atributos ficais
Se os acionistas forem empresas individuais, vai ser incluído ao nível de IRS e não do IRC e,
portanto, a taxa de imposto aplicável poderá ser diferente
O share deal em principio é mais fácil do que o asset deal, mas pode haver casos em que é
ao contrario
Uma desvantagem de comprar as ações é que ao comprar as ações estamos a
comprar tudo o que a empresa tem e tudo o que a empresa deve (traz o bom e o
mau), enquanto que, a aquisição de ativos é apenas os ativos e, do ponto de vista
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jurídico fica-se mais protegido em relação aos problemas que a empresa possa
eventualmente ter
Economia aberta
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Possível tema para ensaio diferentes modelos disponíveis para consolidar um grupo de empresas
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Surgimento do BEPS
Houve uma crise financeira e, face a esta pressão tentou-se encontrar novas fontes de financiamento do
estado, o que se fez:
o Iniciou-se uma discussão sobre uma tributação mais pesada no setor financeiro relatório 2010
FMI aprovado pelo G20 que deu origem à contribuições extraordinárias do setor bancário (=bank
levy) para financiar fundos de resolução (pós crise financeira se os bancos chegar ao fundo tem de
haver um fundo que eles vão pagando com as contribuições que depois os vão salvar nesse caso)
tributar mais o setor financeiro
o FMI disse que seria necessário criar um imposto de ... não foi aprovado, só foi aprovado o bank
levy
o Outra consequência foi o surgimento do BEPS (erosão da base tributável e deslocalização de lucros)
o BEPS tenta apanhar o planeamento fiscal agressivo das multinacionais de forma a força-las a
pagar o imposto devido nos países onde operam
Estava a reduzir bastante a receita dos países
Estava a criar problemas
O BEPS trata de regras anti abuso definidas ao nível da OCDE e que todos os países do mundo
implementaram para que não exista “buracos” para onde fugir
As discussões começaram na OCDE com os membros da OCDE e com vários outros países que não fazem
parte da OCDE e que aderiram ao movimento (atualmente temos cerca de 100 e tal países) e enviou-se
técnicos da AT que foram para Paris que começaram a falar sobre como criar regras anti abuso comuns a
todos e que obriguem as multinacionais a pagar o que têm de pagar. Criaram 13 relatórios que criaram as
ações, 15 ações. Portanto, o BEPS são 15 ações e 13 relatórios
Os relatórios são relatórios escritos em inglês, para legisladores com instruções para fazer as leis e com
alguns exemplos
o Cada Estado pegaria nestas instruções com os legisladores e faria as suas próprias leis e tomam
opções, sendo que, foi acordado que, pelo menos, um patamar mínimo tem de existir entre os
países para proteção dos sistemas
o Na União Europeia, o que aconteceu foi que quanto mais harmonizadas forem as nossas leis que
transponham o BEPS melhor e, portanto, a melhor forma de fazer usso é fazermos todos a mesma
lei e aplicamos aos EM foi feita uma Diretiva (esta diretiva tem de ser transposta) foi o método
com que se decidiu acolher o método do BEPS na Europa e dá mais latitude na transposição do que o
regulamento.
o Diretivas:
ATAD 1 – tem de ser transposta até 1 de Janeiro de 2019
ATAD 2 – até 2020
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15.12.2018
BEPS – Iniciativa
BEPS surge numa altura pós crise financeira e foram criadas duas grandes iniciativas pelo G20
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o 1) BEPS – quis fazer com que as multinacionais pagassem o seu quinhão justo de impostos, uma vez
que, as multinacionais tinham a capacidade de um planeamento fiscal agressivo, deslocalizando as
base tributáveis pertencentes a um país para outro onde não há impostos visa assegurar que, a
atividade económica, o lucro, é tributado onde é gerado
o 2) Tributação do setor financeiro – FMI propôs duas coisas:
criasse contribuições extraordinárias sobre o setor bancário (Bank levy) de forma a
financeira os custos que o próprio setor financeiro tinha com os fundos de resolução que a
banca tinha isto é, quando um banco entra em insolvência, em vez de serem os
contribuintes a pagar, será através deste fundo que é pago anualmente pelos próprios
bancos esta proposta foi implementada em todo o mundo
criação de um imposto que fosse ou um imposto sobre as transações financeiras (financial
transactional tax) ou imposto sobre as atividades financeiras (financial ativities tax) este
não foi implementado
Planeamento fiscal agressivo das multinacionais existe, não só pelas multinacionais, mas também pela
própria competição entre Estados, ou seja, os Estados lutam entre si para atrair as empresas e para atrair
base tributável para os seus países
o Na fase pós crise financeira as multinacionais pagavam pouco imposto porque tinham astucia para o
planeamento, mas também porque tinham a ajuda dos Estados através de informações vinculativas
(tax ruling) , como era o caso do Luxemburgo, da Irlanda, Holanda, Malta e Estónia
o Portanto, o BEPS parte do planeamento fiscal agressivo das multinacionais, mas nasce também da
competição entre estados e da capacidade que vários estados têm para atrair a base tributável para
os seus países
A ideia inicial do BEPS era criar um patamar mínimo de tributação efetivo em IRC (ex. 10%) ou seja, não
poderia existir taxa 0% no entanto, não se conseguiu chegar a este patamar (não houve consenso politico
para isso)
o A EU trabalha com unanimidade em matéria fiscal, ou seja, é necessário que os 28 estados digam
sim
o A OCDE trabalha com um critério parecido em que é necessário que quase todos digam que sim, o
que é bastante difícil
o A ausência ou tributação reduzida não é uma preocupação, só o é quando há uma deslocalização da
base tributável de um país para outro
O objetivo do BEPS é acabar com as praticas que artificialmente segregam a base tributável das atividades
que a geram
O BEPS é fruto de um consenso entre os Estados, tendo ficado vários “buracos” e, o maior buraco deles
todos é o facto de não se ter conseguido a taxa mínima para todos os estados e eliminado a taxa zero. No
entanto, vai conseguir acabar com algumas coisas de planeamento fiscal, outras vão-se manter
São 13 relatórios, mas 15 ações as ações 8 a 10 estão no mesmo relatório
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O BEPS não são leis, mas sim relatórios para o legislador fazer as leis, isto é, são relatórios de politica fiscal
é melhor harmonizar leis que todos devemos aplicar e, portanto, criaram-se diretivas comunitárias para que
os países adotem, deste modo, o BEPS: ATA 1 (Anti Tax Avoidance Directive) e ATAD 2 e várias DAC
(cooperação administrativa e troca de informações – Directive of admnistrative cooperation)
o A transposição da ATAD 1 e ATAD 2 está agora a decorrer, principalmente a da ATAD 1 que tem de
ser transposta até ao inicio do ano
Ações BEPS:
Ação 2: Híbridos
Esta ação trata de um conjunto de estratégias de planeamento fiscal agressivo que constroem em
assimetrias dos sistemas fiscais
Dois tipos:
o Planeamento utilizando instrumentos financeiros híbridos
o Entidades híbridas
Instrumentos financeiros híbridos
Estas situações nascem porque há incongruências nos IRC’s:
o Assimetria existente entre o financiamento por empréstimo e por capital de uma empresa
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1) Vão seguir a caracterização eu o país daquela entidade segue segue o que PT entender
como caracterização daquela empresa (esta abordagem não é nada comum)
2) Olha para as regras fiscais do país da sede (EUA) e, de acordo com as regras dele ver se
essa entidade (PT) seria ou não sujeito passivo de IRC? De acordo com as regras dos EUA não
é. Aqui começam a surgir problemas porque, de acordo com PT a empresa é vista como um
sujeito passivo e, de acordo com os EUA não é sujeito passivo de IRC esta abordagem é
muito utilizada
3) Se é uma entidade estrangeira eu considero sempre para aplicação da minha lei que é
sempre uma entidade opaca, ou seja, uma entidade sujeito passivo de IRC esta
abordagem não é nada comum, apenas é utilizada em Itália
o Estas diferentes abordagens geram assimetrias, o que leva ao planeamento
Exemplos de transações que as multinacionais implementavam para fazer planeamento fiscal agressivo com
entidades hibridas:
o As entidades híbridas ou criam uma DD (double deduction consigo deduzir o mesmo pagamento
em dois países diferentes) ou uma dedução sem inclusão
o Caso da DD: empresa A está no estado 1 e esta empresa A tem o capital de uma empresa B (esta não
tem atividade operacional é apenas para planeamento fiscal) que está no estado 2 e a empresa B
tem uma subsidiaria que é a empresa C (esta ultima é que tem a fábrica) no estado 2 faz-se uma
consolidação, ou seja, um tax group
A empresa B é o cerne da estrutura de planeamento fiscal e é uma entidade hibrida, ou seja,
é uma entidade que é sujeito passivo de IRC de acordo com o Estado 2 (entidade opaca),
mas de acordo com o estado 1 a empresa B é vista como uma empresa transparente o
efeito é que a empresa B paga um juro e este juro ia ser dedutível no estado 1 e no estado 2
com a empresa C. Mas, no estado 1 como essa entidade é considerada como transparente
(não sujeito passivo de IRC) tudo o que faz é como se fosse a empresa A, então aquele juro
pago vai ser possível que seja dedutível no estado 1 também Portanto, utilizavam a
dedução em dois países diferentes, ou seja, duas declarações e os países aceitavam porque
estava de acordo com a lei fiscal desse país
o Caso da dedução sem inclusão: empresa A (estado 1) que tem a empresa B e a empresa C (estado 2).
empresa B é vista pelo estado 1 como entidade transparente, mas no estado 2 como entidade
sujeita a imposto de IRC empresa B faz um pagamento intragrupo para empresa A
Forma como o Estado 1 olha para isto:
Vê uma só uma entidade (empresa B) e considera-a como uma entidade
transparente para o Estado 1 o pagamento não tem qualquer efeito fiscal, porque
quando a B paga dinheiro A isto não é nada, apenas uma transferência de dinheiro
dentro da mesma empresa
Forma como o Estado 2 olha para isto:
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Vê uma entidade como sujeito passivo de IRC e, portanto, como está a fazer um
pagamento a uma entidade diferente, então vai poder deduzir
Portanto, deduz no Estado 2 porque de acordo com o prisma do estado 2 o pagamento esta
a se feito a uma entidade distinta e, portanto, deduz, mas sem inclusão porque quem podia
incluir não o vai fazer porque considera que aquele pagamento não é nada, é só uma
transferência de dinheiro dentro da mesma empresa
Conclusão, só há dois efeitos nas entidades hibridas: (1) dupla dedução ou (2) dedução sem inclusão – artigo 9º
da ATAD 1
ATAD 1 lida com medidas anti abuso: forma para neutralizar este planeamento fiscal agressivo
A ATAD foca-se apenas em híbridos entre EM e deve ser adotada até 31 de Dezembro de 2018
Na dupla dedução só vamos dar a dedução uma vez, no Estado membro onde o pagamento tem a sua fonte
(artigo 9º/1)
o Ou seja, no nosso exemplo, apenas poderá deduzir no estado 2
No caso da dedução sem inclusão, o Estado membro de quem paga tem que negar a inclusão, ou seja, não
pode dar a dedução e, portanto, deixa de haver dedução sem inclusão, não havendo dedução então não vai
haver inclusão
o Outras regras: se tiver dedução então força-se a inclusão
PT já tinha regras anti abuso em várias áreas, ou seja, standards mínimos estabelecidos, países como Luxemburgo
terão de mudar a lei muito mais porque têm regras anti abuso muito flexíveis nota: estas diretivas são um padrão
mínimo que todos os estados têm de ter
ATAD 2 lida só com híbridos sofisticados
Lida também com híbridos em estados terceiros e entra em vigor de forma faseada: uma parte até 1 de
janeiro 2010 e outra parte até janeiro de 2022
Na ATAD 2 PT já vai ter mudanças legislativas muito grandes para lidar com os híbridos
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Em PT existe uma regra que diz que, pagamentos de royalties para estes paraísos
fiscais vai ser sujeita a uma tributação com retenção na fonte para isso entra a
Irlanda (CO4 – taxa 10%) Diretiva juros e royalties
o Esta Diretiva diz que, elimina-se a retenção na fonte, portanto, se o
pagamento fosse feito diretamente havia uma taxa de retenção acresida,
para evitar isto pagam primeiro à Irlanda através de um sub-licenciamento
e, aqui temos a diretiva juros e royalties que nos diz que não há qualquer
retenção e, depois a Irlanda na sua lei interna não tem vedação para a saída
para os paraísos fiscais (ex. british virgin islands) e, deste modo, circula
livremente para os paraísos fiscais sem qualquer tipo de tributação
Nota: este é o problema da Irlanda e Holanda
o Ao nível da EU tentou-se ainda que:
Só poderia ter direito a diretiva juros e royalties se o país tivesse
vedação à saída não foi aprovado, fracassou
Criação de uma lista negra de paraísos fiscais e todos os EM
implementam um arsenal comum de regras anti abuso que
implementassem em todos os pagamentos que fluíssem da EU para
esses países:
Falhanço desde logo porque tudo o que é do reino unido
não está incluído nessa lista e, além disso ainda não se
conseguiu o acordo para as regras comum do arsenal à saída
Portanto, hoje, este problema ainda se mantém
o 2) Empréstimos – financiamentos intra grupo
o 3) Criação de centros de serviço partilhados
Concentra-se todos os serviços de contabilidade de uma empresa da europa por exemplo
numa empresa na Irlanda
Relativamente a esta ação 5, o BEPS tentou atacar as IP Box 5 (international property box), ou seja, num
determinado país de baixa tributação tenho IP e tenho o país de alta tributação que está a pagar o royalty
BEPS diz que só se pode tributar o rendimento da propriedade intelectual a uma tributação baixa, (caso de
Malta, Irlanda, Holanda) apenas se a propriedade intelectual tiver sido desenvolvida neste país se a IP não
tiver sido desenvolvida nesse país então não vai poder aplicar aquela taxa especial baixa, mas sim vai ter de
aplicar a taxa alta
As multinacionais faziam estes esquemas com conivência dos Estados (informações vinculativas) agora, é
obrigado a enviar as informações vinculativas para o país da sociedade (ex. ruling do Luxemburgo com a Fiat
– tem de enviar a informação vinculativa para o Estado Italiano)
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São regimes especiais de tributação apenas para a propriedade intelectual
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o De forma a não criar o limiar, em vez de se ter uma só empresa, segregava-se a operação em
múltiplas empresas, de forma a que cada uma ficasse abaixo do limiar de presença tributável
Agora, já não é possível evitar-se o status de EE através da fragmentação de uma operação em diversas
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Breve comentário: na ATAD1 há uma clausula feral anti abuso que segue muito a linha da regra anti abuso
que foi criada pela OCDE – teste do principal objetivo da transação foi obter uma vantagem fiscal e não
implementar uma atividade comercial (= transações não são genuínas) – artigo 6º ATAD 1
Conclusão:
Está a haver um acompanhamento por parte da OCDE para ver se os Estados estão a adotar as ações do
BEPS e como estão a fazer
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