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Caminhos para uma breve história crítica dos feminismos no Brasil’ na 30ª edição da revista serrote, de
novembro de 2018. Ela recomenda 5 obras sobre a luta das mulheres Uma das características do
pensamento feminista é não estar confinado a uma única disciplina. Encontra-se a teoria feminista em
diferentes áreas de saber, o que pode ser bom, indicação da sua interseccionalidade, e também pode ser
ruim, por dificultar a localização de boa bibliografia sobre o tema. A produção feminista brasileira é vasta
e escolher apenas cinco livros é deixar de fora uma grande quantidade de títulos de qualidade e
densidade temática. A escolha de apenas cinco exigiu reunir livros históricos, como o de Heleieth
Safiotti, e livros sobre história, como o de Maria Amélia Teles, combinado a livros contemporâneos,
como Djamila Ribeiro e Flávia Biroli. Por fim, numa tentativa de minimizar a escolha de tão poucos
títulos, indico uma antologia de artigos que reúne 41 textos de mulheres pensadoras da discriminação
das mulheres no Brasil desde a segunda metade do século 19 até o início deste estranho século 21. A
Mulher na Sociedade de Classes. Mito e Realidade Heleieth Saffioti Publicado pela primeira vez há 50
anos, o livro é resultado da tese de doutorado da socióloga Heleieth Saffioti, defendida na USP sob
orientação de Florestan Fernandes. Numa perspectiva marxista, discute como o conceito de luta de
classe é insuficiente para pensar as desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Ao
se debruçar sobre a condição da mulher na sociedade de classes, Saffioti faz um diagnóstico preciso da
dupla opressão das mulheres, abrindo caminho para pensar o que depois veio a ser chamado de
interseccionalidade e será retomado por autoras como Lélia Gonzalez, que acrescentará o elemento do
racismo nas suas análises. Considero uma leitura importante não apenas pelo pioneirismo e atualidade
do trabalho, mas sobretudo para o aprofundamento do debate sobre a discriminação da mulher nas
diferentes esferas da sociedade brasileira. Breve História do Feminismo no Brasil e Outros Ensaios Maria
Amélia Teles Reedição ampliada do livro lançado em 1993, a coletânea de artigos de Amelinha Teles traz
a história do feminismo no Brasil a partir da perspectiva dos ativismos, dos movimentos de resistência,
das campanhas com mulheres nas periferias de São Paulo, dos confrontos de rua, sem perder de vista o
caráter histórico das lutas. Mulheres indígenas, o período colonial e o Império estão presentes numa
visão crítica, e se juntam a artigos atuais sobre a misoginia da derrubada da presidente Dilma Rousseff
do cargo. Sobretudo, o livro permite perceber a profunda união entre movimento de mulheres e
movimentos de esquerda, entre teoria e prática feministas, além de contribuir para compreensão do
caráter permanente de certas pautas, como o combate à violência contra a mulher. Gênero e
Desigualdades. Limites da Democracia no Brasil Flávia Biroli O livro faz uma excelente revisão
bibliográfica das grandes pautas do feminismo contemporâneo. Os cinco capítulos estão divididos em
temas concernentes às lutas recentes das mulheres: divisão sexual do trabalho; cuidado e
responsabilidades; família e maternidade; aborto, sexualidade e autonomia; feminismos e ação política.
É também um trabalho atravessado pelo embate entre os movimentos de mulheres negras e a pauta de
reivindicações das feministas brancas, a partir do qual muito se renovou o debate político feminista. Um
item importante diz respeito ao trabalho precarizado, que encontra seu maior percentual entre as
mulheres negras (39%) e depois nos homens negros (31,6%), para só então alcançar as mulheres brancas
(27%) e por fim os homens brancos (20%). Os números reforçam a pauta histórica do movimento de
mulheres negras e a necessidade de uma transformação política profunda no campo do feminismo
branco. Quem tem medo do feminismo negro? Djamila Ribeiro A filósofa e feminista Djamila Ribeiro tem
sido uma das vozes mais combativas no fronte do feminismo negro. Pode-se concordar ou discordar
dela, mas não é possível ignorar suas proposições e provocações em relação ao racismo e a necessidade
urgente de enfrentamento da discriminação das mulheres negras. Seu livro é uma coletânea de artigos
que combina relato autobiográfico do preconceito enfrentado na infância em Santos até críticas a temas
contemporâneos como a prática do blackface, a insistência em confinar as mulheres negras no papel de
mulata e uma série de artigos publicados na grande imprensa com os quais a autora também combina
teoria e práticas feministas a partir da perspectiva da defesa radical do feminismo negro como
mecanismo de admitir a existência das mulheres negras. Problemas de gênero – antologia de ensaios
contemporâneos Organização Carla Rodrigues, Tânia Ramos e Luciana Borges A antologia de ensaios é
parte de uma coleção de ensaios brasileiros idealizada pela Funarte e reúne 41 textos de autoras que
contribuíram para os estudos sobre a condição da mulher e para a recepção do conceito de gênero.
Resgata autoras pioneiras, como Nísia Floresta, assim como a cientista e sufragista Bertha Lutz, liderança
da campanha pelo direito ao voto feminino nos anos 1930. Temas como a escrita feminina, o
anarcofeminismo, a imprensa alternativa feminista nos anos 1970, o racismo, a articulação entre
feminismo e religião são alguns dos exemplos do que o volume apresenta como um mosaico exemplar
da produção feminista do final do século 19 ao início do século 21. Carla Rodrigues é feminista, filósofa,
professora de filosofia na UFRJ e pesquisadora da Faperj. Em novembro de 2018, assina o artigo “Fios,
nós, tranças, tramas - Caminhos para uma breve história crítica dos feminismos no Brasil”, na edição #30
da revista serrote.
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