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MAAR, W. L. Adorno, semiformação e educação. Educ. Soc., Campinas, v.

24,
n.83, p. 459-475, ago. 2003.
O referido artigo tem por finalidade trazer as contribuições de Adorno acerca da
semiformação na sociedade vigente, trabalhando questões relacionadas à
educação e clarificando a questão da emancipação. Buscando atender a seus
objetivos, Maar divide seu artigo em quatro capítulos: “A nova perspectiva da
tendência à totalização social integradora”; “Semiformação e indústria cultural”;
“A Teoria da Semiformação e o fetichismo da mercadoria” e “Semiformação,
educação e política”. No primeiro capítulo, o autor discorre sobre a alteração de
“cultura de massas” para “indústria cultural” justificada pela preocupação de
Adorno em atender a ideia de totalização, um conceito construído dentro do
capital com a intenção de reforçá-lo. Nesse sentido, o autor alega que a indústria
cultural é representada pelos meios de comunicação na intenção de assegurar
os interesses do capital, e a cultura de massas é vista como consequência da
indústria cultural, isto é, é representada por símbolos culturais ou marcas, os
quais são produzidos com o objetivo de atingir grande parte da população
aumentando os produtos de consumo. Em seguida, no segundo capítulo, é
discutido o conceito de semiformação, o qual é visto como a formação do
indivíduo através da indústria cultural, ou, nas palavras de Maar, é o meio para
o capital, e simultaneamente, como expressão de uma contradição, sujeito
gerador e transformador do capital. Na sequência, no terceiro capítulo do artigo,
o autor trabalha a questão da teoria da semiformação e do fetichismo da
mercadoria. À essa altura é discorrido sobre a forma como a indústria cultural se
apropria de uma cultura para instalação de uma nova mercadoria, além de
transformar isso num círculo vicioso, de forma que uma nova cultura seja criada
para aquele produto de maneira subjetiva para que a cultura anteriormente
criada pela humanidade não seja reconhecida, promovendo um fetichismo pela
nova mercadoria e proporcionando seu consumo. Por fim, o autor defende que,
na perspectiva de Adorno, no que diz respeito a semiformação, não é suficiente
analisar os processos de formação, semiformação ou a cultura na sociedade
atual, mas também é necessário investigá-la pelo contexto de produção da
sociedade, estudando sua dialética histórica. Portanto, a educação não assume
simplesmente o papel de emancipadora, mas, além disso passa a ser
responsável por promover a criticidade no que diz respeito a semiformação real
e criar meios para que a sociedade possa resistir na sociedade material vigente.
Vale lembrar que ao longo da história da educação brasileira o currículo escolar
foi alvo de inúmeras reformulações. Historicamente, tais mudanças não
objetivavam suprir as demandas sociais do povo, mas atender aos interesses do
mercado vigente. Na conjuntura atual, pode-se citar um exemplo claro desse
movimento: a implantação da nova Base Nacional Comum Curricular, a qual
possui sua fundamentação vinculada a políticas curriculares que marcaram a
ditadura militar no país. Adorno, em sua teoria da semicultura e semiformação
questiona a formação compartimentalizada e segmentada, a qual busca
somente satisfazer as expectativas mercadológicas. Nesse contexto, percebe-
se que a proposta da BNCC vai ao encontro justamente do modelo de formação
criticado por Adorno.
Formação e ação de professores na escola com base na Teoria Crítica da
Sociedade

Augusto Cesar Araujo Lima


Mestrando do Programa de Pós-graduação em Educação para a Ciência

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