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Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo - 2020/2021

Ficha de Avaliação de Filosofia - David Hume

Grupo I

1. Complete as seguintes afirmações usando as expressões que se apresentam:

Associação; cópias; da regularidade da natureza; hábito; ideias inatas; imaginação; impressões; o


princípio da causalidade; percepções; perceções originais; projeção da natureza humana; questões
de facto; relações de ideias

De acordo com Hume, as a) perceções são de dois tipos: b) impressões e ideias. Estas são c) perceções
originais, enquanto aquelas são d) cópias. Com esta distinção, Hume pretende afirmar que,
contrariamente ao que defendia Descartes, não existem e) ideias inatas, uma vez que a origem das ideias é
a sensação e não a razão. Até mesmo a nossa f) imaginação, que podemos julgar ilimitada, só é capaz de
elaborar ideias resultantes da g) associação de outras ideias, das quais já tivemos uma impressão. Para
Hume, proposições como «O Sol amanhã não se levantará.» ou «A neve é salgada.» podem ser pensadas
sem contradição uma vez que dizem respeito a h) questões de facto. Ao contrário, nas i) relações de
ideias, afirmamos e negamos uma ideia.

Um dos três princípios de associação de ideias é j) o princípio da causalidade, cuja origem não reside na
própria realidade empírica, mas no k) hábito ou costume. Para Hume, este é o «grande guia da vida
humana». Na verdade, a causalidade, segundo Hume, mais não é do que uma l) da regularidade da
natureza para a realidade. O facto de um evento se seguir a outro não significa que estes estejam
objetivamente ligados. O princípio que os associa não é objetivo. É o princípio chamado m) projeção da
natureza humana, que não é uma lei da natureza, mas apenas o resultado da crença de que o futuro se
assemelhará ao passado.

(13x5= 65 pontos)
Grupo II

1. Segundo David Hume “todas as perceções da mente se reduzem a dois tipos diferentes…”.
1.1. Caracterize e relacione esses dois tipos. (25 pontos)

Aos conteúdos da nossa mente, David Hume chama perceções (derivam da experiência) e estas
distribuem-se por duas categorias: perceções e ideias. As impressões são os dados da nossa
experiencia imediata, e tanto podem ser externas como internas, um exemplo consiste em ter
uma experiencia de ter dor de dentes. As ideias são copias enfraquecidas das impressões, como
alguém recordar-se do que é ter uma dor de dentes. As impressões distinguem-se das ideias
pela sua maior vivacidade. Para Hume todas as ideias são, direta ou indiretamente, copias de
impressões. Este principio foi enunciado por Hume como o princípio da cópia, um princípio
empirista, que nos diz que todos os conteúdos da nossa mente têm origem na experiência.

2. Distingua relações de ideias de questões de facto. (25 pontos)

Para Hume as relações de ideias dizem respeito ao tipo de conhecimento que pode ser obtido
apenas através da analise do significado dos conhecimentos envolvidos numa proposição. Por
exemplo, a proposição “nenhum solteiro é casado” é verdadeira, basta saber o significado dos
conceitos “casado e solteiro”. Assim, diz respeito a uma verdade necessária porque a sua negação
implica a contradição de termos. A relação de ideias é um conhecimento típico da matemática e é
um exemplo claro do conhecimento a priori.
Por outro lado, as questões de facto correspondem ao tipo de conhecimento que só é obtido
diretamente através das impressões, ou seja, através da experiencia, e que nos fornece informação
verdadeira acerca do mundo que nos rodeia. Por exemplo, “o oceano é feito de água” é uma
questão de facto porque para se saber se este é feito de água é preciso ter experiência do oceano e
da água. Não existe contradição entre os conceitos “oceano” e “água” que torna a proposição “o
oceano não é feito de água” numa contradição de termos. Este conhecimento é típico das ciências
da vida como a biologia, e é aquilo que antes chamávamos por conhecimento a posteriori. Hume
diz que apenas o conhecimento sobre questões de facto nos fornece informação verdadeira sobre o
mundo, porque embora as relações de ideias expressem verdades necessárias, dizem apenas
respeito à relação entre o significado de conceitos e não sobre a realidade que existe.
3. Esclareça quais são os três princípios subjacentes à associação ideias. Exemplifique. (25 pontos)

Hume classificou os tipos de conhecimentos e determinou a origem das ideias, estabelecendo,


deste modo, os princípios de associação de ideias, como a semelhança, contiguidade e causalidade.
Por exemplo, ao vermos o quadro da Monalisa faz-nos pensar em quem ela realmente era.
A contiguidade é o conceito que existe quando duas ideias são contíguas no espaço ou no tempo,
em que a consideração de uma leva à consideração de outra. Por exemplo, quando se pensa na
cozinha é natural pensar em comer. Por fim, a causalidade ocorre quando representamos duas
ideias como correspondentes a uma relação de causa-efeito. Por exemplo, quando pensamos em
arrancar um dente, pensamos na dor.

Grupo III

Leia o seguinte texto e responde às questões apresentadas.

1. É importante que estejamos conscientes da natureza radical da tese de Hume. Ele argumenta que
todo o raciocínio indutivo é inválido: não temos razões a priori ou empíricas para aceitar crenças
baseadas em inferências indutivas. Não temos justificação para acreditar que o Sol irá nascer
amanhã. O ponto crucial é este: se eu afirmar que o Sol vai nascer amanhã e o meu amigo afirmar
que ele se vai transformar num ovo estrelado gigante a minha crença não é, de acordo com Hume,
mais justificada do que a do meu amigo.

Dan O`Brien, Introdução à Teoria do Conhecimento, Gradiva, 2013, p. 227

1.1. Identifique o argumento que o autor do texto atribui a Hume. (25 pontos)

O argumento é o hábito, uma vez que as inferências causais podem não ser racionalmente
explicáveis, mas psicologicamente explicáveis, resultando da lei psicológica do habito ou
do costume.

1.2. Será que o argumento de Hume é logicamente válido? Justifique (35 pontos)

Assim, com base no principio da lei psicológica do hábito a mente ao deparar-se com
acontecimentos que são repetidos por outro, fica com a expectativa de que um ocorre a
seguir ao outro. A ideia de conexão necessária é necessária para compreender esta
questão, uma vez que presumimos que existe uma conexão necessária entre os dois
acontecimentos; que a causa está ligada ao efeito, de modo que o efeito ocorre a seguir à
causa. Pelo principio da copia esta ideia deriva das impressões, mas para caso qualquer
impressão da conexão necessária. Uma vez que esta consiste num sentimento produzido
pelo habito. Assim, a conexão entre a causa e o efeito não existe entre os próprios
acontecimentos, mas sim na mente de cada um. Em suma, mostra-se que a ideia de
causalidade não de funde com a razão, mas sim com a experiência .

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