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Índice

1.Introdução.................................................................................................................................3

1.1.1.Objectivos:..........................................................................................................................3

2. Reforma e contra reforma........................................................................................................4

2.1. Factores que impulsionaram o movimento da Reforma.......................................................4

2.2 Motivos da Reforma...............................................................................................................4

2.3 Novas Interpretações da Bíblia..............................................................................................5

2.4 Corrupção do Clero................................................................................................................5

2.5 Os primeiros Reformista........................................................................................................5

2.6 A Alemanha e a Reforma Luterana........................................................................................6

2.7 Movimento Reformista na Suíça............................................................................................6

2.8 Reforma na Inglaterra............................................................................................................7

3. Contra-Reforma a Reacção Católica Contra o Avanço Protestante.........................................8

3.1 Concílio de Trento.................................................................................................................8

3.2 Consequências da Reforma Religiosa....................................................................................9

4. A Hermenêutica Reformada.....................................................................................................9

5. Princípios hermenêuticos de Calvino.....................................................................................10

6. Princípios Hermenêuticos de Martinho Lutero......................................................................11

7. Hermenêutica dos reformadores............................................................................................13

8. Conclusão...............................................................................................................................16

9.Bibliografia.............................................................................................................................17
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1.Introdução
O presente trabalho tem como tema Reforma e contra Reforma, que claramente nos tipos das
Hermenêuticas, este faz parte da HermenêuticaTeológica que tem no seu cerne a texto bíblico
que deixa claro em que medida o texto original deve ser tratado com uma especial
atenção.EstaReforma e Contra Reforma tevelugar no período entre os séculos XV e XVI com a
insatisfação frente à Igreja Católica. Tal insatisfação diz respeito aos abusos desta igreja e a
mudança da visão do mundo que começa a acontecer simultaneamente.
Com a excessiva acumulação de bens pela igreja, a grande preocupação material desta é a luxuria
que parte de seus sacerdotes viviam. Tambémhavia sérios problemas no respeito às próprias
convicções católicas, tendo muitos sacerdotes entrando em desvios de seus dogmas como o
desrespeito ao celibato e o descanso com os cultos e ritos religiosos. Somando-se a isso havia a
venda de indulgências por parte do próprio Vaticano para a construção da Basílica de São Pedro.
A burguesia comercial, em plena expansão no século XVI, estava cada vez mais inconformada,
pois os clérigos católicos estavam condenando seu trabalho. O lucro e os juros, típicos de um
capitalismo emergente, eram vistos como práticas condenáveis pelos religiosos.
No entanto, ao falarmos da Reforma e Contra Reforma, faremos menção de alguns reformadores
indagados nesta temática, queremos com isso referirmo-nos de Martinho Lutero, João Calvino,
John Wyclif, Jan Hus eErasmo de Roterdão.
Como metodologia para a efectivação do trabalho, foi usado o método bibliográfico, e o auxílio
de internet como forma de reforçar o trabalho. E o trabalho obedece a seguinte estrutura:
introdução, objectivos, metodologia, desenvolvimento, conclusão e bibliografia

1.1.1. Objectivos

Geral:

 Compreender a abordagem sobre a Reforma e Contra Reforma.

Específicos:

 Explicar a Reforma e Contra Reforma;


 Descrever claramente todas as abordagens desses movimentos;
 Analisar os factores que impulsionaram o movimento da Reforma;
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2. Reforma e contra reforma


Antes de abordarmos sobre a questão da Reforma e Contra Reforma, é relevante mostrarmos o
conceito de ambos termos.

A reforma foi uma “série de movimentos religiosos que contestavam abertamente os dogmas da
Igreja Católica e a autoridade do papaˮ. Essas reformas, aconteceram quando o povo começou a
questionar o que era imposto pela igreja católica.

A contra reforma, é o nome dado ao “movimento que surgiu no seio da igreja católica à partir de
1545, e que segundo alguns autores, teria sido uma resposta à Reforma Protestante de 1517
iniciadapor Lutero”. (BURNS,1941:553).

2.1. Factores que impulsionaram o movimento da Reforma


No início do século XVI, a mudança na mentalidade das sociedades Europeias repercutiu
também no campo religioso. A Igreja, tão omnipotente na Europa medieval, foi
duramente criticada. A instituição católica estava em descompasso com as
transformações de seu tempo. Por exemplo, condenava o luxo excessivo e a usura. Além
disso, uma série de questões propriamente religiosas colocavam a Igreja como alvo da
crítica da sociedade: A corrupção do alto clero, a ignorância religiosa dos padres comuns
e os novos estudos teológicos. As graves críticas a Igreja já não permitiam apenas
consertar internamente a casa. As insatisfações acumularam-se de tal maneira que
desencadearam um movimento de ruptura na unidade cristã: A Reforma Protestante.
Assim, a Reforma foi motivada por um complexo de causa que ultrapassaram os limites
da mera contestação religiosa. (REALE e ANTISERI, 2004:81).

2.2Motivos da Reforma
O processo de reformas religiosas teve início no século XVI. Podemos destacar como causas
dessas reformas: Abusos cometidos pela Igreja Católica e uma mudança na visão de mundo,
fruto do pensamento renascentista.
Portanto, a“Igreja Católica vinha, desde o final da Idade Média, perdendo sua identidade. Gastos
com luxo e preocupações materiais estavam tirando o objectivo católico dos trilhos. Muitos
elementos do clero estavam desrespeitando as regras religiosas, principalmente o que diz respeito
ao celibato.” Padres que mal sabiam rezar uma missa e comandar os rituais, deixavam a
população insatisfeita. A burguesia comercial, em plena expansão no século XVI, estava cada
vez mais inconformada, pois os clérigos católicos estavam condenando seu trabalho. O lucro e os
juros, típicos de um capitalismo emergente, eram vistos como práticas condenáveis pelos
religiosos. Por outro lado, “o papa arrecadava dinheiro para a construção da basílica de São
Pedro em Roma, com a venda das indulgências (venda do perdão).” (JÚNIOR, 2009:133-142)
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2.3Novas Interpretações da Bíblia


Com a difusão da imprensa, aumentou o número de exemplares da Bíblia disponíveis aos
estudiosos, e um clima de reflexão crítica e de inquietação espiritual espalhou-se entre os cristãos
Europeus. Surgia, assim, uma nova vontade individual de entender as verdades divinas,sem a
intermediação dos padres. Desse novo espírito de interiorização da religião, que levou ao livre
exame das Escrituras, nasceram diferentes interpretações da doutrina cristã. Nesse sentido,
podemos citar, por exemplo, uma corrente religiosa que, apoiada na obra de Santo Agostinho,
afirmava que “a salvação do homem seria alcançada somente pela fé”. Essas ideias opunham-se
à posição oficial da Igreja, baseada em Santo Tomás de Aquino, pela qual a salvação do homem
era alcançada pela fée pelas boas obras.(HENDRICHSEN, 1980:54)

2.4 Corrupção do Clero


Analisando o comportamento do clero, diversos cristãos passaram a condenar energicamente os
abusos e as corrupções. O alto clero de Roma estimulava negócios envolvendo religião, como,
por exemplo, a simonia(venda de objectos sagrados) tais como espinhos falsos, que coroaram a
fronte de Cristo, panos que teriam embebido o sangue de seu rosto, objectos pessoais dos santos,
etc. Além do comércio de relíquias sagradas, a Igreja passou a vender indulgências (o perdão dos
pecados).

Mediante certo pagamento destinado a financiar obras da Igreja, os fiéis poderiam "comprar" a
sua salvação. No plano moral, inúmeros membros da Igreja também eram objecto de críticas.
Multiplicavam-se os casos de padres envolvidos em escândalos amorosos, de monges bêbados e
de bispos que vendiam os sacramentos, acumulando riquezas pessoais. Esse mau comportamento
do clero representava sério problema ético-religioso, pois “a Igreja dizia que os sacerdotes eram
os intermediários entre os homens e Deus”. (Ibid.,55).

2.5Os primeiros Reformista


É de salientar que antes do Reformista famoso Martinho Lutero existiram outros que não tiveram
um sucesso plausível, destes podemos destacar: John Wyclifda Inglaterra, Jan Hus de Republica
Checa, Girolamo Savonarola da Italia, Erasmo de Roterdão e Thomas More. (WELDON,
1979:19)
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2.6 A Alemanha e a Reforma Luterana


Tradicionalmente diz-se que a “Reforma Protestante foi iniciada por Martinho Lutero, monge
Agostiniano alemão (1483 – 1546), cujo pensamento sofreu profunda influência de São Paulo de
Tarso”. Numa Epístola de Paulo aos Romanos encontrou a “chave” para consolidar uma ideia
nova de salvação: “O justo viverá pela fé.” E “não são as obras, mas é a fé que conduz à
salvação”. Não importa como você aja no mundo. Se a sua fé for “do tamanho de uma raiz de
mostarda” você está no caminho da salvação, não importa o que faça. Desprezando
olimpicamente os vários trechos bíblicos que rezam: “o que é a fé sem as obras?”; “A fé sem as
obras é morta!” e “Mostra-me a tua fé sem as obras que eu, pelas minhas obras, te mostrarei a
minha fé!”

Em 1517 afixou na Abadia de Wittenberg suas famosas 95 teses contra a venda deindulgências,
sendo excomungado e correndo o risco a exemplo de Jan Hus e Thomas Munzer, de ser
martirizado pela Igreja. (Idem)

O luteranismo defende o seguinte:

 A salvação obtém-se pela fé;


 Há dois sacramentos: Baptismo e Eucaristia;
 Presença real de Cristo na Eucaristia, sem transubstanciação;
 A autoridade do Papa é rejeitada;
 A Igreja é uma comunidade de fiéis;
 Não é obrigatório o celibato dos padres. (http://m.suapesquisa.com/protestante/)

2.7Movimento Reformista na Suíça


O movimento reformista na Suíça, contemporâneo da Reforma na Alemanha, foi conduzido pelo
pastor suíço Ulrico Zwínglio, que, em 1518, ficou conhecido pela sua vigorosa denúncia à venda
das indulgências. Zwínglio considerava a Bíblia a única fonte da autoridade moral e procurou
eliminar tudo o que existia no sistema do Catolicismo Romano que não derivasse
especificamente das Escrituras.

Após a geração de Lutero e de Zwínglio, a figura dominante da Reforma foi Calvino, um teólogo
protestante francês, que fugiu da perseguição de França e que se instalou na nova República
independente de Genebra, em 1536. Apesar da Igreja e do Estado estarem oficialmente
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separados, cooperavam tão estreitamente que Genebra era virtualmente uma teocracia. Para
reforçar a disciplina moral, Calvino instituiu uma rígida inspecção à conduta familiar e organizou
um consistório, composto por pastores e leigos, com um grande poder compulsivo sobre as
comunidades. O vestuário e o comportamento pessoal dos cidadãos eram prescritos ao mínimo
pormenor:Dançar, jogar às cartas e aos dados e outros divertimentos eram proibidos e a
blasfémia e a linguagem imprópria severamente punidas. Debaixo deste regime severo, os
inconformistas eram perseguidos e, por vezes, condenados à morte. Para encorajar a leitura e o
entendimento da Bíblia, todos os cidadãos tinham pelo menos uma educação elementar.
(GEORGE, 1994:39)

O Calvinismo defende o Seguinte:

 O Homem está predestinado por Deus à salvação ou à condenação;


 Há dois sacramentos: Baptismo e Eucaristia;
 Presença espiritual de Cristo na Eucaristia;
 A autoridade do Papa é rejeitada;
 A Igreja é uma comunidade de fiéis;
 Não é obrigatório o celibato dos pastores. (http://m.suapesquisa.com/protestante/)

2.8 Reforma na Inglaterra


Vários pregadores e potentados ingleses estavam ansiosos para aderir também à Reforma e, com
isso, confiscar terras da Igreja a exemplo do que havia ocorrido em boa parte da Europa
continental. O rei inglês Henrique VIII (1509 – 1547), contudo, era muito devoto e recebeu uma
comenda do papa Clemente VII: “Defensor Perpétuo da Fé Católica”. De repente, um coup de
foudre(paixão avassaladora) muda os rumos da situação: casado por interesse com Catarina de
Aragão, Henrique VIII apaixona-se cegamente por Ana Bolena e solicitou ao papa a anulação de
seu casamento para que pudesse contrair novas núpcias. Diante da resposta do papa “o que Deus
uniu o homem não separará” e da pressão dos príncipes e pregadores ingleses, pelo acto de
supremacia proclamado pelo rei e votado pelo Parlamento inglês, a Igreja, na Inglaterra, ficava
sob total autoridade do monarca. (GEORGE,1994:41)
Anglicanismo defende o Seguinte:

 A salvação obtém-se pela fé;


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 Há dois sacramentos: Baptismo e Eucaristia;


 Presença espiritual de Cristo na Eucaristia:
 A autoridade do Papa é rejeitada;
 O Rei é o chefe da Igreja;
 O Clero está hierarquizado;
 Não é obrigatório o celibato dos pastores. (http://m.suapesquisa.com/protestante/)

3. Contra-Reforma a reacção católica contra o avanço Protestante


Convocando o Concílio de Trento (1545 – 1563), a Igreja Católica estabeleceu um
conjunto de medidas defensivas e ofensivas. A fim de impedir a contaminação pelo
protestantismo dos países ainda não atingidos, criou um IndexLibrorumProhibitorum
(Índice de Livros Proibidos), dentre os quais encabeçavam as obras de Lutero, Calvino,
etc. Reactivou o Tribunal da Santa Inquisição, com a finalidade de reprimir heresias.
Criou o catecismo, catequese e os seminários com vistas a discutir e persuadir os fiéis
reconquistando o terreno perdido. Além disso, receberam incentivo as novas Ordens de
pregadores apostólicos romanos com vistas a “levar a fé católica ao “Novo Mundo”.

Jamais houve uma discussão ou um debate sério entre um papa e qualquer autoridade protestante
acerca de temáticas doutrinárias. Todos ficam presos às suas metáforas e interpretações
diferentes dos mesmos textos bíblicos e muito sangue foi derramado por causa disso.
(SCHNEEBERGER, 2006:150)

3.1Concílio de Trento
No ano de 1545, o papa Paulo III convocou um concílio(reunião de bispos), cujas primeiras
reuniões foram realizadas na cidade de Trento, na Itália. Ao final de longos anos de trabalho,
terminados em 1563, o concílio apresentou um conjunto de decisões destinadas a garantir a
unidade da fé católica e a disciplina eclesiástica. Reagindo às ideias protestantes, o Concílio de
Trento reafirmou diversos pontos da doutrina católica, como por exemplo:

 A salvação humana: depende da fé e das boas obras humanas. Rejeita-se, portanto a


doutrina da predestinação;
 A fonte da fé: o dogma religioso tem como fonte a Bíblia(cabendo à Igreja dar-lhe a
interpretação correta) e a tradição religiosa(conservada e transmitida pela igreja). O papa
reafirmava sua posição de sucessor de Pedro, a quem Jesus Cristo confiou a construção
de sua Igreja;
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 A missa e a presença de Cristo: a Igreja reafirmou que no acto da eucaristia ocorria a


presença de Jesus no Pão e no Vinho. Essa presença real de Cristo era rejeitada pelos
protestantes.(Idem)

3.2Consequências da Reforma Religiosa


Apesar da diversidade das forças revolucionárias do século XVI, a Reforma teve grandes e
consistentes resultados na Europa ocidental. Em geral, o poder e a riqueza perdidos pela nobreza
feudal e pela hierarquia da Igreja Católica Romana foram transferidos para os novos grupos
sociais em ascensão e para a coroa. Várias regiões da Europa conseguiram a sua independência
política, religiosa e cultural. Mesmo em países como a França e na região da actual Bélgica, onde
o Catolicismo Romano prevaleceu, um novo individualismo e nacionalismo foram desenvolvidos
na cultura e na política. A destruição da autoridade medieval libertou o comércio e as actividades
financeiras das restrições religiosas e promoveu o capitalismo. Durante a Reforma, as línguas
nacionais e a literatura foram estimuladas através da difusão dos textos religiosos escritos na
língua materna, e não em latim. (http://www.estudopratico.com.br/resumo-sobre-a-reforma-
protestante/)

A educação dos povos foi, também, estimulada pelas novas escolas fundadas por Colet na
Inglaterra, Calvino em Genebra e pelos príncipes protestantes na Alemanha. A religião deixou de
ser monopólio de uma minoria clerical privilegiada e passou a ser uma expressão mais directa
das crenças populares. Todavia, a intolerância religiosa manteve-se inabalável e as diferentes
Igrejas continuaram a perseguir-se mutuamente, pelo menos, durante mais de um século. (Idem)

4. A Hermenêutica Reformada
A reforma protestante foi um “movimento hermenêutico que vai por fim ao domínio de séculos
de interpretação alegórica. Esse movimento traz de volta os princípios de interpretação que eram
defendidos pela escola de Antioquia e marca a pregação, o ensino e os princípios dos
Reformadores”. (LOPES, 2007:159).

Na hermenêutica Reformada, a Bíblia passa a ser o juiz maior de todas as controvérsias


religiosas, interpretando-a a si mesma através de suas partes. Os Reformadores rejeitaram
e combateram o conceito de que a hierarquia da Igreja era a autoridade máxima em
questões religiosas.Com a Bíblia no centro da fé cristã e da prática da Igreja, estão
ganhos os destaques de divindade, veracidade e autoridade na vida dos cristãos, onde
estes agora, apelam a ela para resolução dos debates teológicos.
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Os Reformadores eram conscientes de que a Bíblia era um livro humano. Que fora escrita por
homens com uma linguagem humana. Que viviam em uma época e cultura específicas. Mas
reconheciam também o carácter divino da Bíblia. Os seus estudos bíblicos se firmavam na
doutrina da inspiração, veracidade e infalibilidade das Escrituras.

Uma preocupação que os Reformadores tinham era a de chegar ao sentido óbvio, claro e simples
de cada passagem das Escrituras. Esse processo era feito através da observação cuidadosa da
gramática e do contexto.O que os Reformadores ensinavam é que cada texto tem um só sentido e
este é literal, a não ser que o contexto ou outro texto das Escrituras requeira claramente uma
interpretação figurada ou metafórica.(Ibid.,161).

Por entender que a natureza das Escrituras é divina, os Reformadores viam a necessidade da
iluminação do Espírito Santo na compreensão e interpretação das Escrituras. Assim, entendiam
que por ser a mensagem de natureza espiritual, esta se tornava a principal barreira à sua
compreensão por aqueles que não tinham o Espírito Santo em suas vidas. Como disse “Augustus
Nicodemos Lopes, aquele que não tinha o Espírito Santo em sua vida, as Escrituras tornava-se
um livro fechado”.

Lutero e Calvino declararam que nenhuma pessoa poderia interpretar correctamente as


Escrituras sem a acção iluminadora do Espírito Santo através da própria Palavra.Os
Reformadores reconheciam outra importante necessidade. A de se estudar e pesquisar as
Escrituras. Essa necessidade vem pelo facto de reconhecerem que a Bíblia era um livro
humano e isto, faz com que haja nela alguns pontos obscuros que necessitam então de
maior atenção para serem elucidados. Essas obscuridades residiam no fato de que as
Escrituras foram escritas em línguas orientais já mortas, em culturas distantes e em
épocas já passadas. (Ibid.,162).

Os princípios interpretativos dos Reformadores serviram de base para o surgimento da


interpretação gramático-histórica que veio a prevalecer na Igreja após a Reforma. Eles viriam a
ser desenvolvidos e adoptados pelo protestantismo ortodoxo em geral e se tornaram conhecidos
pelo nome de método gramático-histórico de interpretação bíblica. Mas esse ímpeto
hermenêutico da Reforma, vai sofrer diversas influências no período da pós-reforma.(Ibid.,167).

5. Princípios hermenêuticos de Calvino


De acordo com (FERREIRA,1985:74), observa que Calvino pode ser chamado o primeiro
intérprete científico da história da igreja cristã. Calvino cria que a Escritura cumpre três funções:

1. Torna claro nosso critério de Deus;


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2. Revela elementos na relação com Deus que não pode ser conhecido por meio da natureza; e

3. Fala de Deus como redentor.

A Escritura é autoridade absoluta para nosso conhecimento de Deus. Ele cria que a inspiração é
uma doutrina explicativa de uma experiência que já temos. É incerto se ele sustentava um critério
de inspiração mecânica ou não. Rechaçou o método alegórico e enfatizou a interpretação literal
das Escrituras.

Calvino insistiu que era necessária a iluminação do Espírito para a interpretação da


Palavra de Deus. A verdadeira exegese é confirmada pelo testemunho interno do Espírito.
Ele acreditava que a voz do Espírito vivo de Deus fala ao intérprete nas
Escrituras.Calvino insistiu que o primeiro interesse do intérprete é deixar que o autor
dissesse o que tem que dizer em lugar de atribuir-lhe o que pensamos que deveria dizer.
A tarefa do intérprete é mostrar a mente do escritor. Considerava um sacrilégio o uso das
Escrituras para o prazer pessoal. Ele se recusou a ler seus conceitos teológicos em sua
interpretação das Escrituras. (WELDON, 1979:34).

Calvino recomendava que o exegeta actuasse com cautela no que se refere à interpretação da
profecia messiânica. Encorajou os intérpretes a investigar a localização histórica de todas as
Escrituras proféticas e messiânicas. Quis evitar o descobrimento de Cristo no Antigo Testamento
através da interpretação alegórica em passagens onde Cristo não podia ser encontrado;
entretanto, cria que Deus não se manifestou se não por meio de seu Filho, mesmo no Antigo
Testamento.Os princípios de interpretação de Calvino incluíam:

 O Significado literal (Método histórico gramatical) ;


 O princípio Cristocêntrico, por meio do qual tanto o Antigo Testamento como o Novo
Testamento apontava para Cristo;
 O rechaço do método alegórico; e o
 Testemunho interior do Espírito. (Ibid.,35).

6. Princípios Hermenêuticos de Martinho Lutero


Lutero não tinha encontrado perdão de pecados e uma relação pessoal com Deus por
meio de seus estudos da doutrina eclesiástica. Enquanto estudava o livro de Romanos,
descobriu que a salvação é pela fé somente, e não pela mediação da Igreja e dos
sacramentos. Sua experiência de salvação influenciou seu ponto de vista das Escrituras
como a única autoridade em matéria de fé. Sua experiência espiritual também o
influenciou a perceber que a interpretação das Escrituras envolvia mais que um
conhecimento erudito daquilo que os Pais, porventura, tivessem pronunciado sobre uma
passagem da Bíblia. (EBELING,1988:67).

Em relação aos seus princípios, podemos destacar:


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1.Princípio da Escritura Somente (“Sola Scriptura”):A Escritura é a autoridade suprema em


matéria de fé, à parte das tradições, dos Pais e da interpretação oficial da Igreja. A Igreja é a
criação do evangelho e incomparavelmente inferior ao Evangelho. A tarefa da Igreja é declarar
os ensinos da Bíblia, em vez de criar artigos de fé.

2.O Sentido Literal da Escritura: Somente o sentido literal é que deve ser usado na
interpretação da Escritura. Rejeitou o quádruplo sentido da Escritura usado pelos intérpretes
medievais. O sentido literal da Escritura se baseia num conhecimento de gramática, do
fundamento histórico (época, circunstâncias e condições), observação do contexto da Escritura,
iluminação espiritual, a referência de toda Escritura a Cristo.Lutero concluiu que os erros não se
originaram das palavras simples da Escritura, mas pela negligência das palavras simples.
Colocou o sentido quádruplo à margem, como ficção. Declarou que cada passagem tem seu
verdadeiro sentido, próprio, claro, definido.Todos os outros sentidos são opiniões incertas.

3.O Princípio da Clareza (Perspicuidade): Este princípio significa que a Bíblia pode ser
entendida pelo cristão devoto e competente, que não necessita da direcção oficial da Igreja. A
Bíblia é suficientemente clara para apresentar sua significação ao crente.Lutero exagerou a
simplicidade da Bíblia. Seu ensino a respeito da salvação e muitos outros assuntos; todavia,
alguns versículos bíblicos têm sido interpretados de modo variado. Lutero acreditava que a
Bíblia era suficiente em si mesma para o intérprete. Passagens obscuras deveriam ser
interpretadas à luz de passagens claras.

4. O Princípio da Responsabilidade Individual: O direito do julgamento privado foi mantido


por Lutero. Ele não acreditava que o sacerdote tivesse maior capacidade espiritual para discernir
a verdade que o leigo. Manteve que há diferença de ofício, mas não em direitos espirituais. Cada
cristão é um sacerdote ou ministro, e é responsável em discernir a verdade da Palavra. O Espírito
Santo é dado a todos os cristãos para que sejam guiados ao conhecimento da verdade. Visto que
cada cristão terá que comparecer perante o tribunal, é seu privilégio e responsabilidade provar
sua fé e conduta pelas Escrituras.

5. O Princípio da Interpretação Cristocêntrica: Lutero usou este princípio, procurando fazer


da Bíblia inteira um livro cristão. Ele acreditava que a canonicidade de um livro era determinada
pelo fundamento se o livro pregava Cristo ou não. O propósito da Bíblia era levar o homem ao
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confronto com Deus e sua exigência de fé. Um livro que, por ventura, não pregasse a Cristo não
poderia atingir esse objectivo. Desde que Lutero rejeitou o método alegórico da interpretação,
frequentemente ele empregava a tipologia para encontrar Cristo nos ensinos do Velho
Testamento. Cristo é o “tesouro escondido” e a “pérola de grande preço” no Velho Testamento.

6.O Princípio da Iluminação Espiritual: Visto que a Escritura lida com a vontade de Deus e
com o coração do homem, o discernimento espiritual de um santo poderá ser de maior valor que
a habilidade de um gramático. O Espírito Santo traz iluminação à mente do homem à medida que
Deus fala ao coração do leitor mediante as Sagradas Escrituras. (Ibid.,68).

7. Hermenêutica dos reformadores


Para melhor entender a hermenêutica de João Calvino, deve-se entender a posição que a
Bíblia passou a ocupar em seu pensamento. Os reformadores rejeitaram e combateram o
conceito de que a hierarquia da Igreja católica era a autoridade máxima em questões
religiosas. Eles insistiram no fato de que a Bíblia era o juiz maior de todas as
controvérsias religiosas. Através de suas partes ela interpreta a si mesma. Ela, a Bíblia,
passou a ser central e crucial no pensamento e na prática dos seguidores da Reforma.
(Calvino,1985:57)

O método de interpretação bíblica mais utilizado na Idade Média foi o que se conheceu como
Quadriga, isto é, “os quatro sentidos das Escrituras”. As origens deste método encontraram-se
especificamente na diferenciação entre os sentidos literal e espiritual. Nele, o texto bíblico teria
quatro sentidos diferentes, de forma que, ao lado do sentido literal, o texto teria mais outros três
sentidos figurados: o alegórico, que definia o que os cristãos deviam acreditar; o tropológico ou
moral, que estabelecia o que os cristãos deveriam fazer; e o anagógico, definia aquilo que eles
deveriam esperar. Em outras palavras, O sentido literal tomava o texto bíblico por seu valor
aparente; o sentido alegórico, interpretava certas passagens com a finalidade de criar declarações
doutrinárias; o sentido tropológico interpretava as passagens para gerar uma orientação ética para
a conduta cristã; o sentido anagógico interpretava as passagens para indicar os fundamentos da
esperança cristã. (Idem)

No início da Reforma, uma das abordagens hermenêuticas de maior influência dentre os


reformadores e humanistas foi a que Erasmo de Rotterdam fez uso. Ele fez distinção entre a
“letra” e o “espírito”, ou seja, entre as palavras das Escrituras e seu significado real. Para
Erasmo, as palavras são como uma concha que carregam no seu interior o seu significado
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específico. Assim, o hermeneuta deveria trazer à tona o sentido que está oculto, não a letra das
Escrituras, o que tem uma forte afinidade com a escola de Alexandria.

A Reforma foi, em muitos sentidos, um movimento hermenêutico. Na Reforma deu-se uma


mudança no quadro de referência. Assim, o eixo hermenêutico deslocou-se da tradição da Igreja
para a compreensão pessoal da Bíblia. Este foi um ponto fundamental e norteador da teologia de
Calvino. (GONZALES,1986:94)

Lutero que inicialmente confrontou a Igreja dentro da perspectiva da própria tradição da


Igreja, somente mais tarde é que deu um passo mais crítico, negando a regra de fé da
Igreja. Foi neste período que Calvino deixou de ser apenas mais um reformador, pois
atacou os abusos e a corrupção de uma burocracia decadente, e tornou-se o líder de uma
revolta intelectual que marcou a civilização ocidental.A influência de outros
reformadores sobre a hermenêutica de Calvino é inconteste. Ainda que se possa perceber
a presença de outros reformadores, três nomes se destacaram: João Wycliffe (1330-
1384), John Huss (1373-1415) e Martinho Lutero.

João Wycliffe entrou em luta contra o papado em 1375. Conquistou a simpatia dos pobres, pois
sua primeira investida foi contra o suposto direito do papa de cobrar impostos ou taxas na
Inglaterra. Depois disso, chegou a negar fundamento bíblico à doutrina da religião medieval, a
transubstanciação. Por fim, declarou que a Bíblia era a única regra de fé e prática para a Igreja, e
que ela deveria ser lida pelo povo em suas respectivas línguas maternas. Wycliffe fez seguidores,
os irmãos Lollardos, que divulgaram suas idéias depois de sua morte.

Wyclife questionou o fundamento da Igreja medieval, que trazia para si a prerrogativa de ser o
único caminho para a salvação. Também atacou a riqueza do alto clero. Ele defendeu que a
Igreja devesse retornar à pureza espiritual, à simplicidade e à pobreza material, como foi a Igreja
primitiva, pois, segundo ele, a hierarquia da Igreja era complexa, desnecessária e errónea. Ele
traduziu e colocou a Bíblia nas mãos do povo em seu próprio vernáculo. Os Estudantes boêmios
que estudavam na Inglaterra levaram suas idéias para a Boêmia, lançando as bases para os
ensinamentos de João Huss.

John Huss (1373-1415) leu e adoptou as ideias de Wycliffe, propondo reformar a Igreja romana
da Boémia ao mesmo modo proposto por Wycliffe. Defendeu a tradução da Bíblia para seu
vernáculo, tornando-a acessível a todos. Censurou o luxo e a imoralidade da Igreja. Suas ideias
provocaram a ira e inimizade dos papas, que logo o convocaram para comparecer ao Concílio de
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Constança.Mesmo com um salvo-conduto do imperador, suas ideias foram condenadas e, como


ele não se retractou, foi queimado por ordem daquele concílio.

Mas foi Martinho Lutero, que através de sua hermenêutica, deu o ímpeto necessário à Reforma
Protestante. Ele usou o método gramático-histórico e estabeleceu regras hermenêuticas que
tiveram os seguintes pressupostos:

1. A necessidade de se tomar em conta o contexto e as circunstâncias históricas, buscando a


intenção do autor humano das Escrituras como sendo o sentido pretendido pelo Espírito
Santo e, portanto, o único sentido verdadeiro do texto. Para Lutero, cada passagem das
Escrituras tem apenas um único sentido: o que foi pretendido pelo autor humano, sob a
inspiração divina.
2. O estudo do contexto imediato da passagem a ser interpretada. Uma interpretação
adequada das Escrituras deve proceder de uma compreensão literal do texto.
3. Rejeição consciente do método alegórico.
4. A necessidade de iluminação do Espírito Santo na tarefa de interpretação. (Idem)
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8. Conclusão
Terminada a execução do trabalho concluímos que, a Reforma foi uma iniciativa de Martinho
Lutero, um alemão que protestava entre outros motivos pelo abuso da igreja Católica como pela
venda de indulgências, propondo uma Reforma que ficou conhecida como Reforma Protestante.
E a Contra Reforma nada mais foi que uma iniciativa da Igreja Católica contraindo a Reforma
Protestante, impondo varias coisas, como a inquisição, o índex, entre outros que punia qualquer
pessoa que praticasse qualquer acto contra a igreja.

Porém, a Reforma protestante foi um movimento hermenêutico que vai por fim ao domínio de
séculos de interpretação alegórica. Esse movimento traz de volta os princípios de interpretação
que eram defendidos pela escola de Antioquia e marca a pregação, o ensino e os princípios dos
Reformadores.

Na hermenêutica Reformada, a Bíblia passa a ser o juiz maior de todas as controvérsias


religiosas, interpretando-a a si mesma através de suas partes.Os Reformadores eram conscientes
de que a Bíblia era um livro humano. Que fora escrita por homens com uma linguagem humana.
Que viviam em uma época e cultura específicas. Mas reconheciam também o carácter divino da
Bíblia. Os seus estudos bíblicos se firmavam na doutrina da inspiração, veracidade e
infalibilidade das Escrituras.

Uma preocupação que os Reformadores tinham era a de chegar ao sentido óbvio, claro e
simples de cada passagem das Escrituras. Esse processo era feito através da observação
cuidadosa da gramática e do contexto.
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9.Bibliografia
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Interpretação. São Paulo, ed. Cultura Cristã. 2ª Edição, 2007.

REALE, G. e ANTISERI, D.História da filosofia: do humanismo a Descartes, Volume.3. São


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SCHNEEBERGER, Carlos Alberto. História geral: teoria e prática. 1. Ed. São Paulo: Rideel,
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WELDON, E. Viertel.A Interpretação da Bíblia Estudos Teológicos Programados, Edição de
Juerp, 1979.

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