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REVISTA
lio

no

Rio G r a q d e d o Norte
P II N 1) a 1) O E M '2 9 O E M R R Ç O D E 1 9 0
Volume IX -Numero 1 e 2
1911

NATAL
Tvpcgrapbla do Instituto Jiistoricc
1913
Desembargador Vicente S. Herein« de Lemos
Presidente do Instituto.
D I R E C T O R I A DO I N S T I T U T O

ANNO SOCIAL I»1 IQ I 1 A IQI 2

PRESIDENTE

TH'MmhnrgHdnr Vlcfnt«- 8, Ptrelr» de Lento*

VICE P R E S I D E N T E
I- nesemh,.rgiiflor Lull M. !*«rnn ndi* $t>hrinho
'J Cqronfl Pedro äonrv* de xruujo

8ECR UTAH (OS


1 I)r Liii* TIIviu-, s de J,>rn
•j fir N.ntor do* Santo* J,lmn

SrpPLRNTES no 2'- SKCRRTARIO

Drs Thnmn« J.iiiidim e Honorio CHrrllhn d« Foit»o a í Rllvu

ORADOR
Jlr. PrnIU I»eo Pinto de Abreu

ADJUNTO no ORADOR
Or, Sehiintifto Fernandes fir úliveim

THESOL'REIRO
flrtemhnrjinilnr Joflo Piony^io Pilfjnelrn

OOMMISSÃO DB REDACÇÃO DA «REVISTA»


rii sembnrRiiclor Uni» Manuel Fernandes Sobrinho
Or. Antonio Soure« ti!1 Araujo
Ur Henrique Castrieiano de Smntn

COM MISSÃO DE ORÇAMENTO


I)r. Manuel Hemetério Raposo de Mello
Prftitcl*eo (iome* Valle Miranda
Coronel I.uii KmjrtíiHo Pinheiro lia Cornara
ASPECTOS .VIRTE-KIOlíRl.MIlíMS
1'FI.O I oNsccif) DOMINGOS HAKROS. DKI.KÜADO no Itjo CRANUR DO
NOBTK NA EXPOSII.AO NACIONAL OK IQOK
CONPKBBNCIA RBALIZADA A Q I»* DEZEMBRO NO ML SKC CoMMER-
CIAL. DO KLO.COM 1'ERCA OK BISRNTAK FHOJKCRÕBS LCMINOAAS

" M e u s senhores :

A g r a d e c e n d o , acceito corno uma honrosa


m a n i f e s t a ç ã o a o R i o G r a n d e do Norte v o s s o
c o m p a r e c i m e n t o a esta modesta prelecçAo.
E l l a è u m a singela discripção de nossa
terra, e eu a c o n s a g r o de todo c o r a ç ã o , c o m o
humilde tributo de a m o r fraterno, aos repre-
sentantes d a s d i v e r s a s circumscripções da R e -
publica, n<> Certa men Nacional.
Durante estes longos dias de a f a n o s o tra-
balho, a n i m a d o s de u m a justa e necessaria
emulação, e m p e n h a r a m - s e todos pelo brilho
da representação de seu E s t a d o , m a s com
uma perfeita cortezia e u m a solicitude s y m p a -
thica j á m a i s d e i x a r a m de apreciar d e v i d a m e n -
te, de applaudir e a n i m a r os esforços dos
demais.
N ã o houve rivalidades e os afiectos surgi-
ram espontâneos, desenvolveram-se e pros-
peraram g r a ç a s ao trato a m a v e l e gentil.
M a s pelo esforço, a m o r e entluisiasmo
com que cada um se houve no desempenho de
sua missão, acabou insensivelmente aos olhos
de todos, por encarnar e representar e f e c t i -
vamente o proprio listado, e este affecto fra-
terno nòs o sentimos que elevando-se transfor-
m a v a - s e em sentimento superior c mais vasto
que palpitava e subia em nossos corações c o m
irresistivcl impulso e em crescente p r o g r e s s ã o :
— e r a o sentimento de solidariedade nacional,
de união dos diversos elementos do g r a n d e
todo da Patria, deste Brasil formosíssimo e
soberano, terra s a g r a d a de nossos maiores,
berço de nossas mãis, Matria intangível e
augusta.
E è este sentimento nobre e santo que me
anima a vir hoje offerecer-vos esta singela e
verdadeira manifestação de nossa estima e de
nosso amor. Acceitai-a pelo que vale, como ele-
mento meramente intellectual e affectivo, sem
attentardes na insignificância da dadiva, nem
na pobreza da offerta.
Senhores.
Meu desejo seria, distanciando-me dos
detalhes, elevando-me a um ponto de vista su-
perior, dar-vos uma idéa conciza e nitida do
R i o G r a n d e do Norte, uma svnthese de seus
elementos essenciaes e característicos.
M as sei o quanto excede ã minha capaci-
dade um tal p r o g r a m m a , baldo que sou do
preparo systematico para vos falar como ver-
dadeiro sciento, <> vos direi d i terra rio-gran-
dense, c o m o m'o permittir a i n s u f i c i ê n c i a , an-
tes c o m o rude pensador que c o m o sabedor e
artista.
O Rio G r a n d e do Norte, collocado, preci-
s a m e n t e , no angulo oriental e meridional do
continente sul-americano, possue uma situa-
ção g e o g r a p h i c a muito saliente e notável.
l i ' o ponto onde o littoral brasileiro, dei-
x a n d o b r u s c a m e n t e o traço do meridiano c vol-
v e n d o para o O c c a s o , c o m e ç a a correr sobre o
parallelo.
A s costas riograndenses, dilatadas por
este f a c t o , olham a um tempo para o L e v a n t e
e iiara o Norte, recebendo, ou a v a g a atlantica
que lhe m a n d im a s brizas de leste, ou a s on-
d a s que a r r o j a m os ventos boreaes.
E m relação A sua superfície é o R i o G r a n -
d e do Norte o E s t a d o brasileiro que maior
desenvolvimento de costas possue.
l ' m tão largo contacto com o O c e a n o que
banha quasi metade de seu perimetro c uma
circumstancia feliz donde nos a d v é m recursos
inestimáveis e seguros. T e m o s no mar um a-
migo e um bemfeitor, u m a verdadeira provi
dencia em meio de nossas crises dolorosas.
E m primeiro l o g a r , sustenta toda uma
numerosa população de ouzados pescadores,
e s p a l h a d o s , sobretudo, nas e x t e n s a s praias do
Norte.
H a ahi um curioso accidente g e o g r a p h i c o ,
único em seu genero na costa brazileira— o
C a n a l de S . Roque.
E ' um estrangulamento do mar, f o r m a d o
por uma longa sequencia de recifes s u b m e r s o s
correndo parallelamente a l i n h a d o l i t t o r a l a
quatro milhas da costa. A s o n d a s do largo
perdem sua energia e morrem de encontro a
esta barreira formidável e são m a n c a s e sere-
nas que marulham nas praias.
Resulta, pois, um trecho plácido e c a l m o
d o m a r , contíguo ao O c e a n o enraivecido, um
verdadeiro rio bonançoso propicio á n a v e g a -
r ã o e o que mais é, ponto predilecto e preferi-
do de i m m e n s o s c a r d u m e s de peixes. A s pes-
carias do C a n a l são c e l e b r e s p toda a popula-
ção ribeirinha vive dos oroductos do mar.
D e s t a c a - s e , entretanto, por sita originali-
dade, a pesca d o peixe voador, que afflue em
grande abundancia.
P e s c a curiosa e interessante.
Da praia, o pescador a v i s t a a o longe a
manta de v o a d o r e s correndo e v o a n d o em cer-
ta direcção. R á p i d o , apresta a j a n g a d a e lar-
ga. N a s vizinhanças d o c a r d u m e , que intencio-
nalmente deixou em direcção opposta ao ven-
to, e s m a g a e e s f r e g a nos bordos da e m b a r c a -
ç ã o intestinos de peixes anteriormente a p a -
nhados.
K ' o e n w l o e é quanto basta.
Que delicado olfacto e fatal possuem estas
p o b r e s creaturinhas. Mal sentem o cheiro acre
e oleoso d a s e n t r a n h a s e s m a g a d a s , saltam das
a g u a s e, sustidas no ar por suas longas barta-
nas m e m b r a n o s a s , precipitam-se p a r a a jan-
g a d a , c o m o m a r i p o s a s para a lu/.. K c a d a qual
mais p r e s t o e mais rapide que venha em bando
e e m nuvem cahir sobre os f r á g e i s tóros fluetu-
antes enchendo, alastrando, inundando tudo.
Os pescadores limitam-se a a p a n h a l - o s e a en-
cher os cestos e samburás.
Occasiões ha de t a m a n h a abundancia,
que o barco, excedido o limite de fluctuação,
a m e a ç a sossobrar sob a c a r g a incessante que
lhe chove do mar e (curiosa inversão de pape
is) é agora o caçador que a força de remos foge
para a terra perseguido largo espaço pela caça
insolente e pertinaz.
E s t a abundancia e facilidade tornam o
voador o alimento das classes pobres, e o Rio
Cirande do Norte, g r a ç a s a o Canal, è o uniço
fornecedor de todo o Nordeste brasileiro.
M a s nem só a carne de suas a g u a s pro-
fundas e creadoras nos dá o mar. D e v e m o s -
lhe também fructos nutritivos e valiosos.
N o s s a s praias, em sua maioria, s ã o du-
nas m o v e d i ç a s de finas areias que os ventos
trazem em perpetua agitação, elevando hoje
f a n t a s t i c a s construcções, alvas montanhas de
flancos abruptos r e c a m a d a s de e s c a m o s o s la-
vores, para removcl-as a m a n h ã , a p e n a s mude
de rumo. S ã o puras areias estéreis, m a s na vi-
sinhança do mar a pouco e pouco v ã o sendo
fertilizadas e em sitios mais propícios cobrem-
se de vastos coqueiraes, que oscillam pesada-
mente ao sopro do nordeste suas longas pal-
mas pendentes e seus altos troncos inclinados.
Palmeira preciosa e admiravel ! Rústica
e resistente como flora do deserto que é, di-
gere e assimila a areia transformando-a em
ali mento e com ella fabrica a elevada archite-
ctura do caule e da copa, cujo centro de gra-
vidade, no mais instável dos equilíbrios não
dfcsce do terço superior do edifício.
N ã o é planta m a r i n h a , p o r é m a p r a z - l h e
a v i s i n h a n ç a do m a r . S u a s l o n g a s e n u m e r o - a i
raízes a b s o r v e m a h u m i d a d e salina que se in-
filtra pelas a r e i a s e por e s t u p e n d o m e c a n i s m o ,
capilaridade, a s p i r a ç ã o , p r e s s ã o o s m o t i c a ou
q u a l q u e r outro i g n o r a d o , o f a c t o é que, em
altura onde n ã o a l c a n ç a a c o l u m n a b a r o m e t r i
ca, onde a a g u a , no dizer dos c o n t e m p o r â -
neos d e ' G a l i l e o e Torricelli, perde o horror a o
v á c u o , lá c h e g a pura e d o c e e e n c h e de não
sobrar espaço a cavidade carnoza e branca
d a s g r a n d e s d r u p a s p e n d e n t e s dos l o n g o s ca-
chos.
A s nozes c o m p r i m e m - s e a g g l o m e r a d a s
entre os peciolos c o l o s s a e s , e podereis c o n t a r
em c a d a inflorescencia 200 e m a i s fructos e
d u a s e tres vezes a o armo esta c a r g a se repete.
E c o m o em t ã o p a r c a s c o n d i ç õ e s p r o s p e -
ra c fructifica esta p a l m e i r a excellente !
N o s s o sol, rico c o m o o que m a i s o fôr em
r a d i a ç õ e s luminosas e caloríficas, é proprio
p a r a f a z e r viver e m e d r a r esta planta tão pou-
co e x i g e n t e , que em sua zona g e o g r a p h i c a ,
sob os f o g o s do e q u a d o r , pouco mais r e c l a m a
a l é m de h u m i d a d e e areia.
Tudo nos leva, pois, a desenvolver por
nossa extensa costa os bellos coqueiraes que
já possuímos e que, graças á humidade mari-
nha, mesmo em meio das seccas, jiodem vi-
ver e prodúzir.
• E ' a s s i m que o coqueiro p a r a nós vem a
ser um precioso presente do m a r .
11

E quereis ver como nos è solicito e cari-


nhoso o velho mar indomável ?
P a r a a m p a r a r - n o s e soccorrer nos transpõe
o limite d a s praias, toma a fôrma humilde de
rios e a v a n ç a para o interior levando em sua
onda s a l g a d a as riquezas de seu seio.
N o s s a s terras para recebei o avisinham-se
do O c e a n o submissas, baixas e chans e pelo
leito que o u t r o r a e s c a v a r a m a s torrentes impe-
tuosas e e p h e m e r a s do inverno a onda maré
penetra e afunda-se oito e dez léguas sertão a
dentro. E ' um rio verdadeiro, apertado entre
ribanceiras, sinuoso, largo aqui, estrangulado
além, refletindo a verdura das margens, po-
voado de ilhas e recebendo affluentes. S ó o
áspero sabor das a g u a s lhe desvenda a origem
e a singularidade de inverter periodicamente o
curso, ora correndo para o mar, ora fluindo
impetuosamente para as terras.
E s t a s artérias liquidas largas e profun-
das, assim movimentadas pelo fluxo e refluxo
fre juente e regular, s ã o vias de communica-
ção economicas c fáceis.
E ' exacto que as terras marginaes, im-
p r e g n a d a s de salsugem tornam-seestereis para
a cultura e impróprias .para a s plantas terres-
tres, m a s em c o m p e n s a ç ã o e com v a n t a g e m ,
cobrem se de vegetações abundantes que se
nutrem da agua do mar e onde os sáes de só-
dio tomam a f u n e ç ã o dos de potássio, como
intermediário transitorio na t r a n s f o r m a ç ã o díf
matéria mineral inerte em substancia organica
e vital.
E m AJguns desses rios as m a r g e n s s ã o
e s p e s s a s m a t t a s de plantas lacustres c mari-
nhas, sobretudo de m a n g u e s colossaes. O Cu-
nhahú, o mais meridional de nossos rios sal-
g a d o s , é celebre por suas florestas m a r i n h a s .
O s m a n g u e s de suas m a r g e n s e l e v a m troncos
p o d e r o s o s de mais de cinco metros de circum-
ferencia a 1 5 e 20 a c i m a do nivel m é d i o nor-
mal. N ã o e m e r g e m d i r e c t a m e n t e do seio d a s
a g u a s , m a s , á m a n e i r a dos p a n d a n o s , a p o i a m -
se sobre um conjunto de g r o s s a s raizes que,
vindo do a l v e o do rio em v a r i a s direcções,
c o n g r e g a m - s e em um ponto c o m o rústica tri-
p e ç a sustentando a columna e r e c t a e recta
do tronco.
N e s t a s plantas a luta pela existência é a
luta pela luz. A a g u a e o alimento mineral to-
d a s igualmente os p o s s u e m , m e r g u l h a d a s que
se a c h a m no m e s m o seio a b u n d a n t e e inex-
g o t a v e l . M a s c a d a qual que b u s q u e e x p a n d i r -
se e o f f e r e c e r ao raio vivificante do sol o lim-
bo v e r d e d a s folhas, laboratorio d a v i d a onde
a luz é a única energia c a p a z de o p e r a r a s ma-
ravilhosas transmutações e as complicadas
syntheses organicas.
E ' por isso que a s plantas que n a s c e m
unidas no seio d a s a g u a s , unidas c r e s c e m , e m
a s p i r a ç ã o p a r a o alto, á procura de m a i s de-
p r e s s a e x c e d e r e superar os concurrentes e re-
cobrir-lhes com seus r a m o s e a f o g a l - o s e m
sua s o m b r a .
N e s t e p o r f i a d o a f a n , todo o desenvolvi-
mento é dirigido no sentido vertical e os cau-
les por l a r g o t e m p o restam iinos e e s g u i o s ,
m a s rectos e longos.
H é um bello aspecto de floresta esta es-
tacada colossal de linhas n e t a « , parallelas,
perfiladas e a prumo.
S ó depois, quando sobr.e a copa dos ven-
cidos poude a planta expandir os galhos e as-
segurar o domínio de uma superíicie de luz ca-
paz de prover a s suas exjgencias v e g e t a t i v a s ,
sò então, os troncos víío se e s p e s s a n d o fibra
a fibra, accumulando cautelosamente e a r m a -
zenando, sob a f o r m a instável de h y d r a t o de
carbono, quanta energia luminosa prendeu a
chlorofila do raio solar e c o m o mola tensa
comprimiu entre os á t o m o s de carbono e hy-
drogeno.
E vivem assim longos annos estes colos-
saes amphibios, aquaticos pelas r a í z e s e a e r e o s
pela c o m a , a t é que um dia tombem derrubados
e forneçam os madeiros longos de 12 e 15 me-
tros ou a c a b e m na fornalha d a s usinas, des-
prendendo em minutos toda a energia calorí-
fica que silenciosamente a c c u m u l a r a m no seu
lento vegetar.
E i s c o m o o mar providencial, a longín-
q u a s distancias da costa, nos dá florestas ver-
des e valiosas, cuja vida independe d a s esta-
ções e dispensa as a g u a s do céo.
-Outra d a d i v a do Oceano, outro rio ma-
rinho e m a g e s t o s o é o P o t e n g v - o R i o G r a n -
de do Norte, a cuia m a r g e m assenta-se Natal.
Aqui e m b a l d e procura-se o a s p e c t o selvá-
tico do Cunhahú. AN níattas dp outr'ora desa-
p p a r e c e r a m , d e r r i b a d a s sem critério e nunca
replantadas. H o j e é o rio simplesmente no
d e s c a m p a d o , largo, gracioso e azul, de um
a/,ul t ã o intenso c o m o a côr de» nossos c è o s
s e m p r e puros.
V a s t o e profundo, o f f e r e c e um ancora
douro de mais de 18 kilometroí de e x t e n s ã o ,
calmo, sereno, a b r i g a d o de todos os ventos e
f r a n q u e a d o a navios de m a i s de 2 1 -pés de
calado.
E ' um d o s melhores portos d o Norte d a
Republica, removidos que se a c h a m os peque-
nos obstáculos da e n t r a d a . O s maiores n a v i o s
de nossa a r m a d a têm a n c o r a d o e m s u a s a g u a s ,
a s s i m c o m o e m b a r c a ç õ e s e x t r a n g e i r a s ainda
mais p e s a d a s .
E a l t a m e n t e e s t r a t é g i c o c o m o c h a v e da
d e f e s a de F e r n a n d o de N o r o n h a e por sua si-
tuação e x c e p c i o n a l no yertice quasi d<» angulo
d o continente. A nossa M a r i n h a o escolheu
para base de operações da A r m a d a Nacional
e propõe dotal-o de uma e s t a ç ã o de d e s t r o y e r s ,
além d a g r a n d e escola regional d o Norte, já
i n a u g u r a d a e com c a p a c i d a d e p a r a 4 0 0 a-
lumnos.
S u a importancia tem v i n d o c r e s c e n d o ra-
p i d a m e n t e nestes últimos t e m p o s e sen» duvi-
da a l g u m a e s t á d e s t i n a d o a ser um grande
e m p ó r i o c o m m e r c i a l , d e s d e que o g y s t e m a de
v i a ç ã o p r o j e c t a d o e em construcçfto o ligue
a o s interiores d o s E s t a d o ^ d o N o r d e s t e bra-
sileiro.
A l é m d o a n c o r a d o u r o elle prolonga-^e
ainda pelo centro e e m - M a c a h y b a , berço de
A u g u s t o S e v e r o , a sete l é g u a s da foz, a m a r «
f a z oscillar as a g u a i s a l g a d a s cl<> rio e s ua» s
correntes a l t e r n a d a s t r a n s p o r t a m a s e m b a r -
cações.
M a s para além do canal de S . R o q u e ,
ao norte, o mar a m i g o golfa de novo pelas
terras c leva suas a g u a s sadias e riquíssimas
pelo s e r t ã o a dentro,até avistar o s c a r n a h u b a e s
soberbos do A s s ú e a s v á r z e a s férteis e p l a n a s
do A p o d y e do U p a n c m a a 6o kilometros da
costa. * •
li onde élle assim penetra entra t a m b é m
a vida, o movimento e a a b u n d a n c i a .
S e m o mar, nossos g r a n d e s rios sertane-
jos nas p r o x i m i d a d e s da foz seriam o que são
em seu longo curso superior, leitos d e s c a m a -
dos e seccos, espectros de rios onde só a s
areias b r a n c a s , despidas de argilla. os sei-
xos rolados e a c o r r o s ã o d a s m a r g e n s attes*
tam a p a s s a g e m d a s a g u a s .
N o e m t a n t o , eil-os, o tulweg cheio u mo-
vimentado pelo mar. A onda s a l g a d a entra em
m a r c h a regular e constante, t r a n s p o r t a n d o cm
seu dorso a s e m b a r c a ç õ e s que d e m a n d a m o
interior, e horas depois torna para o mar, tra-
zendo em sua correnteza os b a r c o s que bus-
cam o littoral.
M a s aqui n ã o é somente a a n i m a ç ã o , a
via n a v e g a v e l , o ancoradouro, c alimento e a
v e g e t a ç ã o que o mar nos dá.
l i ' sua p i o p r i a e s s e n c i a q u e g e n e r o s a m e n -
te nos cede. P r e s o tão longe de sua m o r a d a
profunda, a n g u s t i a d o entre ribas estreitas e
depois e x p a n d i d o em iinas c a m a d a s sobre os
i m m e n s o s taboleiros ribeirinhos, aquecido pelo
sol equatorial e batido pelos ventos seccos e
ásperos do nordeste, seu elemento liquido pou-
co a pouco se esvai, volatiza-se, sublima-se.
P e r d e com elle a mobilidade dos fluidos c to-
m a n d o f ô r m a s rijas c angulosas reduz-se a
brancos c r y s t a e s scintillantes. K ' sal.
Oh ! g r a n d e e generoso e l e m e n t o ! Quan-
to mais cruel è nosso tormento, quando tudo
nos falta, faltando nos o orvalho daí" nuvens,
è então" que tu mais te a p u r a s e, mais larga-
mente nos soccorres. l i nas m a r g e n s a m b a s
dos g r a n d e s rios, nas planícies niveladas d a s
salinas tudo é sal em lages c o m p a c t a s e intei-
riças de kilometros de e x t e n s ã o e em monta-
nhas brancas e fulgurantes aos raios implacá-
veis do sol.
A natureza reuniu e concertou nestas pa-
r a g e n s os elementos máximos de producção, e
nossas salinas são talvez as mais v a s t a s e im-
portantes do mundo.
M a s de pouco nos valem. A concurréncia
extrangeira, apezar do aperfeiçoamento pro-
gressivo de nossa industria, só nos permitte
utilizar uma f r a c ç ã o da offerta generosa do
mar. O resto lá fica : c a m p o s e planícies bran-
cos como uma p a i z a g e m polar e onde o raio
ardente do sol reflecte-se e refrange-se geran-
do as mais curiosas, as mais deslumbrantes,
as mais esplendentes miragens.
T a l é o tributo do mar entre nós, tributo
de valor inapreciável por subsistir e m e s m o
augmentar com a s secc.as, o f f e r e c e n d o um v a s -
to c a m p o á actividade de toda uma população
flagellada. M a s tudo ainda é m e r a m e n t e es-
pontâneo e mal aproveitado. Necessita ser sys-
17

tematizado e encaminhado para seu destino


mais útil.
Afastemo-nos, entretanto,do mar c já (]ue
f a l a m o s d a s porções tcrminaes <le nossos rios,
completemos rapidamente o esboço h y d r o g r a -
phico do E s t a d o . M a s , como h y d r o g r a p h i a
suppõe orographia, que as m o n t a n h a s são os
limites d a s b a c i a s e a s cristas d a s vertentes,
c o m e c e m o s por ahi.
O macisso granítico e primitivo da B o r -
borema, que vem tracejando o rumo de Nor-
deste pelo centro p a r a h y b a n o , penetra no Rio
G r a n d e e m pleno sertão e bifurca-se e rnmi-
fica-se em todas a s direcções, g e r a n d o um
a g g l o m e r a d o de serras, de montanhas, de ser-
rotes que, irradiando do eixo dorsal da cordi-
lheira, p r o l o n g a m - s e p a r a léste e p a r a o po-
ente em socalcos cada vez mais baixos, menos
abruptos e mais arredondados, até surgirem
ao norte os contrafortes extremos da g r a n d e
serra, nas encostas solitarias e í n g r e m e s do
C a b u g y , atalaia granítica cujo collo alçado a
500 metros das planícies ambientes domina
v a s t o s horizontes.
E s t e espinhaço de serrasse o divortium
eqn/iriiin principal, e os a l g a r e s d a s torrentes
interiores ou s e g u e m rfs declives occidentaes e
t o m b a m na bacia longitudinal do P i r a n h a s ,
ou descem pelos pendores orientaes em multi-
plicados rios e regatos que encontram o O c e a n o
depois de um rápido percurso pelos subsertões
do a g r e s t e e pelas planícies que avisinham
o mar.
R i o s soberbos e torrenciaes nos invernos.
A s chuvas sertanejas s ã o diluviarias e as
a g u a s correm sobre o solo impenetrável, im-
petuosas e corrozivas, abrindo sulcos profun-
d o s nos flancos d a s serras e acarretando de-
tritos dc toda a sorte.
E m baixo, o rio d e m a s i a d o opulento, ex-
cede o leito, transvasa e dilata-se pelas mar-
gens, cobrindo as planicies lateraes e tomando,
ás* vezes, uma legun de largura. E ' a cheia,
um mar toldado e barrento, acarretando de
roldão os troncos arrancados e não raro grnn
des arvores frondosas. E a inundação cobre as
planicies seis e oito dias, e, quando as a g u a s
baixam e se retiram, toda a superfície submersa
fica recoberta.de finos depositos argilosos, em
c a m a d a s , ás vezes, de muitos centímetros de
espessura.
B a s t a enunciar esta f o r m a ç ã o para a v a
liar-se a feracidade extraordinaria dessas var-
zeas c o processo natural que a conserva, liste
limo é, com effeito, de um grande poder fertili-
zante, e provém das rochas superiores poidas
por activas decomposições.
E ' f a c t o normal a d e s a g g r e g a ç ã o das ro-
chas, m e s m o as mais tenazes. A a g u a . o a n h y d r o
earbonico, o oxigeno, o ozona, a electricidade,
a luz, o calor solar c toda*s essas influencias des-
conhecidas, que por seu lento operar e s c a p a m
:i o b s e r v a ç ã o , alteram fundamente até o ma'.-,
rijo granito, destroem-lhe a consistência, pul-
verizam-no, e, depois de assim movei e trans-
portável, o entregam aos fluidos niveladores—
. ao vento e, sobretudo, á agua.
E ' assim que no descorrer d a s idades aea-
b a r ã o precipitados pouco a pouco no fundo dos
oceanos os c u m e s m a i s alterosos, a s cordilhei-
ras mais e l e v a d a s c a superfície livre do P l a -
neta será um sò plano uniforme de terras ni-
veladas.
li' um phenomeno geral. M a s , em nossos
sertões, a d e c o m p o s i ç ã o m a r c h a com maior
evidencia c rapidez. A s r o c h a s têm um ar de
vetustez impressionante, por toda a parte des-
f a z e m - s e , d e g r a d a m - s e . c, na maioria felds
pathiens, revestem-se de laivos brancos, de
r a j a d a s de knolin, a t t e s t a n d o a d e c o m p o s i ç ã o
irremediável e profunda. O u a n d o a s c h u v a s
eahem e lavam estas superfícies c a r c o m i d a s c
desfeitas, d e s c e m s a t u r a d a s de detritos mine-
raes, ricos em potássio e em phosphatos, ele-
mentos consideráveis da v e g e t a l i d a d e que v ã o
entreter o vigor m e s m o em terras submettidas
a uma lavoura e x h a u s t i v a d t muitos annos,
l i ' esta a riqueza agrícola sem par de,
nossas v a r z e a s , e foi a natureza e um conjunto
occasional e feliz de disposições e de d r c u i n s -
tancias f a v o r á v e i s que nos d e r a m este patri-
mónio i iiapreciavel.
N o s s a lavoura, em tacs condições, é fácil.
N ã o fertilizamos a terra—a natureza incumbe-
se disto, e a p e n a s nos p r e o c c u p a m o s de liber-
tar a cultura da concurrencia d a s plantas es-
p o n t â n e a s que a todo o momento, em sólo tão
rico, a m e a ç a m a s s o b c r b a l - a e suíTocal-a.
A única c o n d i ç ã o prccaria è a a g u a , o
que nos o b r i g a a lavrar somente depois d o in-
v e r n o c, em este falhando, todo o nosso cabe-
d a l de nada nos serve.
.Mas, notai os caprichos da natureza. N a s
proximidades do mar, quando o terreno aplai-
na-se e nivela-sç, muitos de nossos rios de lés
te correm por entre valles singulares que a ri-
queza fertilizante das enchentes alliam uma
humidade permanente e abundante, mesmo
no mais acceso do flagello. O Ceará-mirim é
tvpo destes valles frescos, verdadeiros oazis
(le verdura c abundancia, quando por toda a
parte a seeca estendeu seu manto de devasta-
ção e de dor.
Donde provém esta agua salutar e bem-
fazeja ?
Os rios sertanejos,cessado o inverno, min-
guam pouco a pouco, até scccarem de todo, e
é mesmo no mais fundo de seu leito, onde por
mais tempo as areias se conservam húmidas,
(jue o sertanejo industrioso e activo faz suas
culturas de verão— singelos vegetaes, cujo c y -
clo qvolutivo perfaz-se em poucos mezes—o
fe ijão, entre os leguminosos, e a mais vulgar
das euphorbiaceas, a feculenta mandioca.
Agua nenhuma desce mais dos planaltos
superiores.
Entretanto, nos valles húmidos cila não
sò existe estaticamente no sub-sólo, como mes-
mo vem A flôr do terreno e corre em tênues
regatos. T a l v e z a composição particular do
sólo explique o phenome no. Ella é diversa do
que costuma ser nas terras vegetaes.
O c h ã o é, s o b r e t u d o , um paúl p r o f u n d o ,
quasi despido de areia e de argila, um a g g l ° "
merado e s c u r o de detritos vegetaes cm d e c o m -
p o s i ç ã o , frouxo, leve, poroso. C o n s i s t e n t e .
a p e n a s na superfície, onde o limo d a s enchen-
tes cumulou os interstícios da m a s s a esponjo-
sa, consolidando-a e solidificando-a.
E m b a i x o , tudo é instável e molle. S i se
busca sondal-o, u m a v a r a de quatro e cinco
metros enterra-se facilmente e d e s a p p a r e c e .
Pizando, sente-íe que a estabilidade é a p e n a s
a p p a r e n t e : os passos e c h o a m e a um choque
mais forte todo o sólo estremece e repercute.
O valle do Ceará-rhii im com dous a qua-
tro kilometros de largura e em e x t e n s ã o de al-
g u m a s léguas é assim constituído.
Naturalmente nestas condições excepcio-
naes a lavoura é diversa da c o m m u m . E ' mais
simples e mais fácil. A inconsistência do ter-
reno oppõ-se em absoluto á lavra m e c h a n i c a —
impossível a r a r o p a u l — m a s t a m b é m elle a
dispensa por completo. C o m e f e i t o , o que se
busca com a d e s a g r e g a ç ã o e pulverização do
terreno na lavra m e c a n i c a è tornal-o permeá-
vel aos fluidos v i t a e s : o ar o x y d a n t e , elemento
essencial d a s f e r m e n t a ç õ e s aeróbias minerali-
zadoras da matéria organica e a a g u a , o vehi-
culo universal e principal alimento dos vegetaes.
M a s o paul por própria constituição iá c
poroso e permeável em todos os sentidos. Inú-
til lavrai-o.
A c h a r ã o muitos que sua pobreza em ar-
gila seja uma condição de inferioridade c o m o
sôlo vegetal.
Seria, si se tratasse de outro terreno;
aqui não. A funeção da argilla com e f eito nos
sólos a r a v e i s é sobretudo a de um regulador c
fixador da humidade. P r e n d e p h v s i c a m c n t e
ou m e s m o por instáveis combinações interino-
leculares u m a forte p r o p o r ç ã o de humidade e
e n e r g i c a m e n t e a retém. S ó a s raizes das plan-
tas Í l i a tiram a menos que por e x p a n s ã o n ã o
a perca q u a n d o n ã o mais fôr liquida e entrar
em dissolução no ar.
M a s é inútil .buscar no paul um regulador
p a r a a humidade, tal sua abundancia no sub-
solo e t ã o p r o m p t a m e n t e a c c o d e á superfície
pela rêde c o m p l i c a d a dè c a n a e s Capillares que
constituem sua t r a m a esponjosa. A o contra-
rio, o que importa è retirar dessa humidade
tudo o que ultrapassar a s necessidades v e g e -
tativas. E sabe-se porque. A s enérgicas fer-
mentações que d e g r a d a m a s substancias o r g a -
nicas e a s tornam alibeis, reduzindo-as a sim-
ples c o m p o s t o s mineraes, resultam d o f u n c c i o -
n a m e n t o vital de m y r i a d e s sem conta de pe-
queninos seres cuja a c ç ã o , em synthese, pôde
ser difinida c o m o a de verdadeiros condensa-
dores d o o x y g e n o inerte do ar que ao contacto
de sua c h a m m a vital torna-se apto a ateiar a s
invisíveis combustões, mais profundas, entre-
tanto, e mais c o m p l e t a s que si o próprio f o g o
as promovera.
P o i s b e m , o único defeito de nossos p a ú e s
e a o m e s m o t e m p o seu inestimável valor con-
siste nesta humidade constante e em geral ex-
cessiva, m e s m o depois de p r o l o n g a d a s s e c c a s .
M a s basta regularizal-a, d e s c e n d o lhe o nível,
por simples d r e n a g e n s para que nossos valles
f r e s c o s t r a n s f o r m e m - s e em solo agrícola in-
comparável.
A a f f i r m a ç ã o é justa e verdadeira.
"Nenhum outço se apresenta tão comple-
tamente constituído. Poroso e naturalmente
permeável a grande profundeza, o f e r e c e n d o
em todos os sentidos vasto campo ás raízes
para desenvolverem-se apossando-se de uma
larga área alimentar e, depois, rico _ em subs-
tancias nutritivas as mais essenciaes e as mais
úteis ás plantas :—a agua, a um tempo vehicu-
lo e alimento universal e o conjunto das partí-
culas mineraes indispensáveis á elaboração da
nutrição gazoza haurida da atmosphera.
Ate agora não nos foi possível cultivar se-
não um terço do valle; o rèstante é inculto por
excessiva humidade, cuja drenagem excede os
nossos modestos recursos. A fracção cultiva-
da é, entretanto, o centro de nossa industria
assucareira e produz tão facilmente que mui-
tas vezes os canrjaviaes são meros rebentos de
touceiras plantadas ha 12 anno8.1 A s cannas,
apezar disso, são colmos longcs e bem forma-
dos, cheios de suceo s a c h a r i n o e rico.
I m tal transbordamento de humidade
cm meio da seccura geral e o desperdício des-
ta riqueza è o nosso supplicio de Tantalo e a
preoccupaçüo obsedante de quantos se inter-
essam por nossas cousas. Ouando entraremos
na posse deste cabedal que a natureza tão pro-
digamente nos offerece ? Ouem o poderá di-
zer, encerrados que nos achamos dentro do
circulo vicioso de carecermos de haveres para
encetar os melhoramentos e dependermos dos
melhoramentos para conseguir os haveres!
Mas, continuemos. E ' tempo de transpor a
Borborema e completar nosso esforço hydro-
g r a p h i c o com o estudo d a s b a c i a s occidentacs
do E s t a d o .
Antes, p o r é m , fallemos, em parentheses,
de um curioso a s p e c t o rio-grandense, o dos
taboleiros arenosos da zona que vimos de per-
correr, e que sAo intermediários entre a f a i x a
húmida do*littoral e os altos sertões seccos
do Centro.
E s t a s terras d e s c a m p a d a s foram o u t r o r a
ou praias m a r i n h a s ou fundo do O c e a n o , ten-
do sido a l ç a d a s e a f f a s t a d a s do m a r pelo mo-
vimento de conjunto que levanta insensivel-
mente toda a costa oriental da America d o
Sul. O sólo, attestando essa origem, é todo
arenoso. A r e i a s quasi puras na costa, a s que
por ultimo surgiram do m a r e m a i s ferteis c
m a i s ricas á p r o p o r ç ã o que se internam e se
distanciam d o O c e a n o .
E m certos sitios os ventos removem estas
areias e a s v ã o t r a n s p o r t a n d o no sentido de
sua direcção, f o r m a n d o curiosas cordilheiras de
altas dunas que, á m a n e i r a d a floresta de Ma-
cbeth, m a r c h a m m y s t e r i o s a m e n t e para sota-
vento ate que plantas e s p o n t a n e a s . sóbrias e
rústicas, próprias dos d e s e i t o s , ahi p o s s a m vi-
ver e prender na a n a s t o m o s e de suas raízes os
g r ã o s itinerantes, lixando-os definitivamente
N o s taboleiros razos e intermináveis já
esta f i x a ç ã o está f e i t a , e a vista prolonga-se in-
definida pelo i m m e n s o d e s c a m p a d o todo reco-
berto de uma a t o r m e n t a d a e singular vegeta-
ção. E x t r a n h a s plantas que m e d r a m em tão
duro habitat. E s t a s planícies quasi a r e n o s a s
de todo s ã o a s terras mais s e c c a s e desoladas
que possuímos, perpetuamente trabalhadas por
um vento rijo e violento.
Certamente uma longa selecção de resis-
tência e de sobriedade acabou adaptando es-
tas rústicas especies vegetaes, cobrindo assim
o deserto de verdura. Ha gramíneos tão sili-
cosos e tilo duros que os aivmaes recusam tra-
gar, e uma terebinthacea selvagem um caju-
eiro bravo -armazena em suas folhas coria-
ceas tamanha quantidade de siliça que por sua
asperesa são correntemente empregadas como
lixa para polir a madeira e até os metaes.
Entretanto, a rainha dos taboleiròs é r\
mangabèira. E ' a vegetação dominante entre
os arbustos, e em certos lugares os indivíduos
raros e esparsos aggrupam-se em moitas, dan-
do a illusáo de uma minúscula floresta verde-
jante e frondosa.
A mangabèira carrega-se durante alguns
mczes de abundantes e bellos fructos muito
apreciados por seu delicado sabor, que sAo o
amparo das gentes pobres dos arredores. Po-
rém, seu producto mais importante é o látex
branco e viscoso que exhutla de sua epiderme
c que dissolve borracha de boa qualidade.
Para colhel-o golpeiam a arvore muito
• além do necessário, of endendo o líber e atò
cambium e mesmo nas grandes penúrias des-
enterram-lhe as raízes para feril-as e pedir-
lhes o leite precioso. E o vegetal resiste a tudo :
a estas constantes c fundas mutilações, ás
seccas prolongadas e até aos incêndios ire
quentes, e isto em um meio esteril e ingrato.
S e m estas plantas tenazes, v i v e n d o quasí
a vida das parasitas, nossos tabuleiros seriam
um verdadeiro Sahara.
Notai, pois, como a natureza entre PÓS É
providente e boa, collocando por toda a parte
o coirectivo ao lado da irregularidade. N ó s é
que ainda nfío a soubemos comprehender, para
utilizar eficazmente o que com tanta espon-
taneidade nos è offerecido.
M a s encerremos esta digressão e faltemos
dos rios uccidentaes do E s t a d i .
Para além da Borboremá, até entestar
com o Cearei, o território reparte-; e quasi egual-
mente entre as bacias de dous grandes rios
sertanejos : o A p o d v , inteiramente riogranden*
se, cujos limites da zona tributaria para -nl o
jiara o poente síío os proprios limites do E s -
tado com o Ceará e com a Parahyba - e o
A s s ù , que depois de drenar com o nome de
Piranhas as aguas parahybanas em uma am-
pla bacia que abrange a" metade central do
Estado, entra no Rio G r a n d e do Norte pelos
altos sertões do Seridó, e, descendo, traça a
meio Estado quasi o meridiano de norte a sul,
vindo alcançar o Atlântico em Macáu.
N o s bons invernos estes dous rios descem
t/lo pesados-que o leito, apezar de largo e
vasto, nHo lhes basta e derramam-se e esprai-
am-se p e l a s margens, submergindo e alagan-
do a grandes planícies ribeirinhas.
Elles recobrem então c fertilizam as var-
zeas afamadas do Assù e do Apody, regiões
predilectas dos-carnahubaes.
Km extensfio de muitas léguas p e l o curso
do rio só ha uma única vegetação enchendo
toda a v a r z c a de lado a lado c f o r m a n d o uma
floresta d a s mais curiosas c d a s mais bellas.
F l o r e s t a sem galhos, sem troncos tortuo-
sos, sem o e m m a r a n h a d o d a s lianas e dos cipós
e sem a s o m b r a religiosa e espessa d a s rnattas
virgens.
l i ' o império da linha recta. O s troncos
são columnas verticaes tinas, esbeltas e lon-
g a s , elevando nas alturas o globo harmonioso*
e regular d a s palmas.
l i esta columnata profusa, e s p a ç a d a aqui,
a g g l o m e r a d a e reunida além, dá-nos a impres-
são de um templo immenso, cujo conjunto nos
e s c a p a . M a s a s palma? festivas, alegres e sim-
ples em suas puras linhas geométricas, enchem
e a d o r n a m a floresta toda. O chão ó um só ta
pete de tenras, de delicadas palminhas, cujo
caule ainda se não percebe. Outras mais altas
c o n g r e g a m - s e em moitas, a g g r u p a m - s e em re-
dor dos g r a n d e s troncos, enchendo todos os
intervallos. li os olhos só vêem palmas, ver-
des e trementes p a l m a s até no tecto da flores-
ta, onde recortam o azul intenso do c é o com
suas delicadas e finas digitações, li todas tre-
mem e oscillam ao menor sopro, e ha por toda
a parte um ruido f a r f a l h a n t e e continuo, um
ciciar harmonioso c suave que nenhuma outra
selva possue e que ó b e m a palpitação e a vida
da matta sertaneja.
A carnahuba é a planta t y p i c a d o sertão,
exemplo de resistencia e de poder produetivo.
Y ê d e . O s e r t ã o escalda. T u d o é d e v a s t a -
ção e morte. D a s j u r e m a s e d a s e m b u r a n a s
nas c a a t i n g a s só restam os r a m o s scccos e nus,
r: nos p r a d o s o r e s í d u o pulverulento d a s forra-
gens calcinadas, dando A morna pai/agem
uma pungente impressão de abandono e uma
infinita tristeza. E n t r e t a n t o , olhai, ha sdres q u e
v i v e m , qual s a l a m a n d r a da f a b u l a , nesta for-
nalha. li a c a r n a h u b a im mortal eleva no c a m -
po d e s o l a d o , b e m alto, sua a l t e r o s a c o r o a de
f o l h a g e m . E silo verdes, brilhantes f o l h a s es-
palmas voltadas immoveis para a amplidão,
c o m o p r o t e s t o solernm da u b e r d a d e d a t e r r a
contra a inclemencia do céo.
N ã o ha p l a n t a m a i s util e m a i s p r e s t i m o s a .
S ó a c a r n a h u b a f a z toda a c a s a d o ser-
tanejo.
O t r o n c o d á o m a d e i r a m e n t o , os esteios,
rts linhas, a s t e r ç a s , os c a i b r o s , a s r i p a s a os-
satura g e r a l da c o n s t r u e ^ ã o , e a s p a l h a s forne-
c e m a c o b e r t u r a d o tecto e o r e v e s t i m e n t o d a s
p a r e d e « . M a i s a i n d a . T o d o o mobiliário e to-
dos os utensílios s S o d e c a r n a h u b a . A s prate-
leiras, a s m e s a s , os b a n c o s , o a r m á r i o sfto de
t a b o a s d e c a r n a h u b a . F o r q u e esta p a l m e i r a e x -
c e p c i o n a l , a o c o n t r a r i o de t o d a s a s d e m a i s ,
tem um c e n t r o m e d u l a r tão d u r o o t ã o rijo
c o m o a p e r i p h e r i a . e a s s i m f o r n e c e t a b o a s so-
lidas e resistentes.
A p a l h a , f o r t e e lisa, p r e s t a - s e á c o n f e c -
ç ã o de a c c e s s o r i o s o s m a i s v a r i a d o s . T e c e m -
na c m e s t e i r a s , bellas e c x c e l l e n t e s e s t e i r a s , e
isto constitue u m a g r a n d e industria d o s po-
bres, s o b r e t u d o d a s m u l h e r e s c d a s c r e a n ç a s .
Fazem também urupemas, as peneiras únicas
u s a d a s no N o r t e , a v a s s o u r a , o a b a n o c até
saccos solidos c duradouros para o transporte
e acondicionamento dos cereaes.
Mas, dentre todos, são os chapéos os
mais bellos productos da palha.
Ha-os de todos os feitios e de todos os
preços, desde os mais toscos e grosseiros, in-
fimamente baratos, até os de tecidos finíssi-
mos tão artísticos como os de Chile e P a n a m á .
A palha m a c e r a d a e batida reduz-se a fi
bras, e t e r n o s nova série de productos—os ar-
tefactos de fibras : a s cordas, os trançados e
até a s redes o leito predilecto dos nortistas.
A carnahuba fornece uma fécula nutritiva
do m e s m o valor alimentício que a da mandio-
ca. S e u s fructos, abundantes, quando verdes,
constituem boa ração para os gados. S e c c o s ,
fornecem um oleo fino comestível, e torrados
e moídos, dão uma beberagem semelhante
ao café.
A s raízes são medicinaes.
M a s , dentre tantos productos, a cera é o
mais importante e valioso. E ' uma substancia
particular, mistura de etheres solidos de áci-
dos g r a x o s superiores.
E ' dura e quebradiça, de fractura con-
choidal, insípida e inodora, fusível acima de
90 gráos. Bom. isolador *do calor e da electri-
cidade, ardendo com uma c h a m m a brilhante,
rica em carbono.
E x i s t e na superfície das folhas, em tenue
cutícula, como um verniz protector. A mais
bella cêra, a de um amarello claro, é retirada
das folhas mais tenras, antes mesmo que se
tenham expandido em palmas. Mais idosas.
d ã o c è r a mais escura» c e r t a m e n t e p e l a altera-
ç ã o d e a l g u m principio o x y d a v e l a o ar.
K i s c o m o se p r a t i c a p a r a recolher a c è r a :
O o p e r á r i o , a r m a d o d e uma l o n g a v a r a .
f o r m a d a pela a r t i c u l a ç ã o d e tres ou q u a t r o se-
c ç õ e s , e t r a z e n d o na e x t r e m i d a d e u m a peque-
na foice o trinchete - a p r o p r i a d a a o m i s t e r ,
golpeia o peciolo e a c a d a g o l p e d e s c e u m a
palma.
S ã o r e c o l h i d a s e. p o s t a s a s e c c a r . O p e r a -
se a r e t r a c ç ã o d o s t e c i d o s e a c e r a , d e s p r o v i d a
dc elasticidade, n ã o podendo acompanhal-os
eir. seu m o v i m e n t o r e g r e s s i v o , e s t a l a e f r a g -
menta-se em finas e levíssimas escamas. Cum-
pre s e p a r a l - a s d a s p a l h a s . O p e r a ç ã o d e l i c a d a .
O menor sopro occasiona grandes perdas,
pela e x c e s s i v a t e n u i d a d e d a s u b s t a n c i a .
A b r e m , no c e n t r o a b r i g a d o d o c a r n a h u b a l ,
uma clareira, recobrem-na de esteiras, amon-
t o a m a s p a l h a s e, pela c a l m a d a m a d r u g a d a ,
na c u ! m i n d o v e n t o , c o m o d i z e m , b a t e m rija-
m e n t e e s a c o d e m a s p a l h a s . O pò è l o g o reco-
lhido e g u a r d a d o a n t e s d a q u e d a d o n o r d e s t e .
N ã o r e s t a m a i s q u e f u n d i r , p a r a o b t e r os p ã e s .
A f u s ã o o p e r a - s e no seio d a a g u a a f e r v e r p a r a
evitar a alteração por parte do calor directo.
A c è r a , c o m o um o l e o * a m a r e l l o , s o b r e n a d a o
liquido e m ebullição, e a s i m p u r e z a s t e r r o s a s
p r e c i p i t a m - s e no f u n d o d a c a l d e i r a . O o i r o ,
quente, é v a s a d o em moldes e p r o m p t a m e n t e
sol»d'fica-se e m p ã e s .
A c ra d e c a r n a h u b a é muito p r o c u r a d a c
tem b o a c o t a ç ã o n«»* m e r c a d o s a m e r i c a n o s .
Nossos carnahubaes rendem annualmcntc 350
400 mil kilos de cera.
Ora, si considerarmos uma média de 200
g r a m m a s por arvore, pôde avaliar-se a profu-
são e a abundancia cm que existe entre nos a
esbelta e graciosa palmeira, como que inten-
cionalmente espalhada nestas altas regiões,
° n d e não mais alcança o mar bondoso para
prolongar pelo interior a m e s m a b e m f a z e j a
providencia e o m e s m o a m p a r o carinhoso dos
humildes, dos bons, dos valorosos filhos do
sertão.
Ah, o sertão! E ' o c o r a ç ã o d a n o s « a terra,
0
repositorio fecundo de suas energias.
S ã o a s terras altas do interior dilatadas
em immensos c h a p a d õ e s ou accidentadas e re-
voltas em a g g l o m e r a d o s gigantescos de ro
d i a s , Íngremes penedias e agudos serrotes,
revestidas por toda parte de uma profusa ve-
getação arbustal ou recobertas nos descam-
pados de e s p e s s a s e ricas forragens, terras
dispares pelo aspecto, diversas na composição,
extranhas na flora, mas sempre unificadas por
"na m e s m o clima, forte, secco e sadio.
L á respira-se força e saúde. A alma, alh-
vi;
u l a dos atavios ennervantes da civilização,
sente-se mais sua, mais próxima da natureza
0
das fontes eternas da vida. H a na luz, no
ar
. no chão mais energia vital que em outra
parte ; t a m b é m tudo é forte no sertão, o ch-
IT1
a, o h o m e m , a terra.
A s sementes, durante o longo verão, dor-
me
m no sòlo um paciente somno estival. N a o
germinam, m a s n ã o se corrompem. C a h e a
primeira chuva e, em très dias, u m a pellucia
verde-claro, uniforme e d e l i c a d a , c o m o d e l g a -
do sendal, r e c o b r e a superfície a v e r m e l h a d a
d a terra, s u r g e por e n c a n t o nos p í n c a r o s re-
q u e i m a d o s e nos interstícios d a s r o c h a s . M a i s
d u a s c h u v a s i n t e r v a l l a d a s de 1 5 dias, e p a s t a -
g e n s a b u n d a n t e s e s e m par, entre a s g r a m i -
n e a s brasileiras, e s t ã o g a r a n t i d a s por todo o
a n n o e os g a d o s n ã o n a s v e n c e m .
C e r t o , a selecção, f a v o r e c e n d o os m a i s
aptos, creou esta e x t r a o r d i n a r i a rcsistcncia
d a s p l a n t a s s e r t a n e j a s e deu-lhes a p r e s t e z a
v e g e t a t i v a p a r a se a p r o p r i a r e m de p r o m p t ó
d a s c o n d i ç õ e s f a v o r a v e i s q u a n d o se a p r e s e n t a -
r e m . e p r e e n c h e r e m s u m m a r i a m e n t e seu c y c i o
vegetativo.
M a s a e s t a s q u a l i d a d e s a s p l a n t a s forra-
g e i r a s j u n t a m um c o n s i d e r á v e l poder nutritivo,
que e m b a l d e se b u s c a em s u a s e q u i v a l e n t e s de
outras zonas. M e n c i o n o e s p e c i a l m e n t e o pa-
n a s c o , que, m a d u r o e s e m e n t a d o , o s e r t a n e j o ,
em p e s o egual, c o n s i d e r a mais nutritivo que o
milho.
( ) s e r t ã o é, sobretudo, pastoril e p o s s u e
um t y p o p r e p r i o de g a d o , pequeno, robusto c
resistente, a f f e i t o á s i r r e g u l a r i d a d e s do clima.
L o g o depois do inverno, na a b u n d a n c i a
d a s g r a m í n e a s , a vida 0; fácil p a r a os r e b a n h o s
e a e n g o r d a p r o m p t a e d u r a d o u r a . Ii' a é p o c a
feliz, e lia a b u n d â n c i a de tudo, e tudo é sadio,
bom e s a b o r o s o .
P o r toda p a r t e ha v e r d u r a e os a s p e c -
tos da natureza s ã o s o b e r b o s e e n c a n t a d o r e s .
O clima é quente, m a s secco e ameno, e
as noites são de uma exquisita suavidade.
O s luares incomparáveis.
Oh, os luares do Norte, os luares do ser-
tão! A atmosphera secca e pura é mais límpi-
da e diaphana que alhures, e a luz dormente do
astro desce das alturas, serena & doce, em
b r a n c a s retracções, aclarando tranquillamente
toda a immensa p a i z a g e m , e s b a t e n d o e azulan-
do os contornos.
Reina u m a paz. uma quietude e uma
calma em todas a s cousas, que enebria de ven-
tura e torna bons e c o m p a s s i v o s os corações.
Deliciosa e encantadora vida do s e r -
tão. Ella prende de tal maneira o homem ao
sòlo querido, que na mente do sertanejo não
pôde vingar a idéa de que um recanto tão
ditoso possa ser a sede periódica da devasta-
ção e da dôr. A secca é um mero accidente e
todos esperam confiantes a volta dos tempos
bons» dos tempos verdadeiros.
N o emtanto o mister essencial do serta-
nejo é árduo e penoso e reclama uma alma
forte e varonil, alliada a grande destreza e ro-
bustez physica.
Vaqueiro no sertão só o é o sertanejo, por-
que a lide do g a d o é muito diversa da dos cam-
pos do sul.
H a poucos d e s c a m p a d o s . O aspecto geral
è a caatinga, especie de floresta baixa, intrin-
cada e espessa, onde predominam as plantas
espinhosas, a jurema, a favella, o xique-xique,
o mandacaru, etc.
O g a d o a c o s s a d o no d e s c a m p a d o procura
a caatinga como refugio. Impossivel>captural-o
ahi pelos meios usuaes.
O animnl torna-se montez e arisco e é ne-
cessário que o vaqueiro sc f a ç a caçador. C a -
çada perigosa e difficil.
U m a novilha do sertão corre na caatinga
com uma rapidez que desconcerta a quem n a o
é do officio. E ' um impeto d e s e s p e r a d o de ani
mal bravio que joga o corpo c c m o ariete por
sobre os obsta ulos e assim abre caminho no
m a t a g a l cerrado. Abre, porém, por instantes.
O s ramos violentamente a f a s t a d o s tornam sú-
bito â posição primitiva mal cesse a força que
os vergou. A p e n a s a rez passe, a matta se re-
faz, o caminho desapparece. S ó um Cavallo do
sertão, montado por um sertanejo, persegue
uma rez na caatinga. O s dous sflo um só todo
solidário, uma só vontade, dextra, mtelligente
e agil. O cavallo n ã o é guiado, conhece o que
vai fazer e a g e com inteira consciência. C o r r e
encostado á anca da rez e nunca se distancia.
P o r onde esta passar, elle também p a s s a r ã .
Muitas vezes um obstáculo superior, um gros-
so galho a t r a v e s s a d o a m e a ç a o cavalleiro ; en-
tão o cavallo a g a c h a - s e , achata-se, p a s s a ren-
te ao chão, mas sempre veloz e sem a f a s t a r -
se da preza. O cavalleiro revestido de couro
da cabeça aos pés, como de uma a r m a d u r a ,
em posição difhcil e perigosa, corre deitado na
ilharga do animal, estimulando a carreira com
gritos curtos e agudos. Quanto maior é o Ím-
peto, tanto mais f r a n c o c o caminho.
D e longe ouve-se o estrupido do tropel, o
estalar dos galhos e o ècho do vaqueiro em um
m e s m o rumor confuso dc trovoada distante.
E a carreira desabalada, turbilhonante, tre-
menda prosegue-se pela caatinga a dentro. A
rez n ã o pára e o vaqueiro n ã o cede por dever
do officio, por brio e pundonor, m a s também
pelo gosto da aventura, pelo prazer do obstá-
culo vencido á custa do proprio esforço e com
risco da própria vida. E ' sua p a i x ã o dominan-
te e onde melhor se revela toda sua a l m a e n e r -
gica de lutador e de herôe.
M a s surge uma clareira e a rez se preci-
pita. E ' o momento decisivo; o vaqueiro, corri-
gindo a posição, enrola no pulso a cauda do
animal, emquanto o cavallo em poderosos ga-
lões p a s s a e nbre. O vaqueiro dâ a saiáda, E '
um gesto formidável, mistura de força e des-
treza d e s f e c h a d o no momento opportuno. I)e
súbito o terreno foge embaixo dos pés do ani-
mal, que desequilibra-se e, impellido pela velo-
cidade adquirida, rola duas e tres vezes no
chão. Antes que torne a si do a s s o m b r o da
quéda, está subjugado. J á o vaqueiro saltou d a
sella e enredou-lhe uma das mãos entre os chi-
fres. E s t á sem a c ç ã o e á mercê do vencedor.
S ã o episodios quotidianos e vulgares, de
que ninguém se u f a n a ; aliás, o sertanejo é o
typo da mais simples e sincera modéstia. E -
ducado e afieito a uma vida de a s p e r a s lutas e
acostumado a encarar a morte com calma e
sangue frio, n ã o julga dignos de m e n ç ã o fei-
tos que no emtanto s ã o prodígios de destreza
e coragem.
E de uma bravura serena e decidida, de
quem tem consciência de seu valor e a g e na
o c c a s i ã o necessária com a simplicidade de um
acto habitual e comezinho.
N a s seccas,,. sua actividade redobra. E '
necessário p r o v e i diariamente a alimentação
dos rebanhos. A c a b a r a m - s e as p a s t a g e n s e as
arvores estão despidas e núas. E n t r e t a n t o , ha
plantas como a carnahuba, que sabem conser-
v a r em meio do flagello sua f r e s c a verdura. A
oiticica è assim, m a s não tem a resistencia do
joazeiro, morre si lhes cortam a s folhas. E s t e ,
não, è a melhor r a m a do sertão. Abatem-lhe
os galhos terminaes e o g a d o devora as folhas
e até a c a s c a do tronco. E dentro de poucos
dias rebenta-lhe de novo a folhagem. ()nde
vai encontrar esta rústica ereatura condições
de vitalidade, viço e vigor neste sólo requeima-
(lo ((ue ha dous annos não recebe inverno ?
P l a n t a prtciosa, que devera ser systematioa-
mente cultivada para cobrir com t ua s o m b r a
fresca os grandes d e s c a m p a d o s e constituir
uma importante reserva alimentar nas seccas.
E ' , porém, aos c a c t u s d o sertão, tão pro-
fusamente ahi espalhados, que mais se recorre
no flagello para o sustento dos aniraaes. E s t e s
n ã o têm folhas nem d ã o sombra. S ã o talos
atormentados e disformes, a r m a d o s de longos
espinhos acerados. V i v e m protegidos por suas
a r m a s defensivas naturaes, e os animaes os
respeitam. M a s nas seccas s ã o cortados, amon-
toados e tostados pela c h a m m a . S ó os espi-
nhos, única parte secca do vegetal, ardem nes-
tas condições. O resto é poupado e constitue
uma grossa epiderme branca, carnosa e húmi-
da, i m p r e g n a d a de um sueco glutinoso e es-
pesso. E ' u m a . m a r a v i l h a , c o m o em s e m e l h a n -
tes condições a t m o s p h e r i c a s coexiste t a m a n h a
humidade.
A f u m a ç a a z u l a d a e clara d a f o g u e i r a ele-
v a - s e tenue no seio a b r a z a d o d a c a a t i n g a e os
r e b a n h o s que de longe a a v i s t a r a m v ê m cor-
r e n d o e m u g i n d o em busca do alimento de que
é indicio.
P l a n t a s assim . e s p o n t a n e a s e s e l v a g e n s ,
de tão prodigiosa vitalidade, m e r e c e m ser cui-
d a d a s a t t e n t a m e n t e c o m o recurso valioso nas
é p o c a s de s e c c a . S a b e - s e que na A m e r i c a do
N o r t e os c a c t u s têm sido objecto de estudos
i m p o r t a n t e s e por selecção c h e g o u - s e a f i x a r
u m a v a r i e d a d e a b s o l u t a m e n t e sem espinhos e
tão preciosa c o m o a s s e l v a g e n s .
Notai, pois, a i n d a u m a vez, c o m o em todo
o nosso territorio existem recursos n a t u r a e s
e x t r a o r d i n á r i o s e peculiares, c a p a z e s , q u a n d o
bem a p r o v e i t a d o s , de a s s e g u r a r a subsistên-
cia d a s c r e a t u r a s em t o d a s a s é p o c a s , m e s m o
as mais anormaes.
M a s o s e r t a n e j o nem s o m e n t e é criador,
é t a m b é m e c o n c o m i t a n t e m e n t e agricultor es-
f o r ç a d o e activo. O sertão é fertilissimo e pro-
duz todas a s culturas u s u a e s , c o m um viço e
u m vigor e x t r a o r d i n á r i o s , O algodoeiro, espe-
c i a l m e n t e , t o m a ahi um d e s e n v o l v i m e n t o inso-
lito, s o f f r e u m a t r a n s f o r m a ç ã o radical e pro-
f u n d a , p a s s a n d o de planta h e r b a c e a annua ou
biannual a v e r d a d e i r a a r v o r e v i v a z e persis-
tente. D u r a n t e 10, 1 2 e m a i s a n n o s produz s e m
interrupção, a não ser dos curtos m e z e s do in-
verno, de sorte que s e m p r e p ô d e e n c o n t r a r - s e
o fructo cm todos os estádios da evolução
desde o botão floral até á m a ç a n aberta e es-
g a r ç a d a , offerecendo ao vento, p á r a que lh'as
leve e l h a s distribua, as pequenas sementes
negras escondidas nos alvos flocos immacula-
dos, levíssimos e macios, de longas fibras se-
dosas.
N o s s o a l g o d ã o é uma v a r i e d a d e local e
distineta, própria dos sertões seccos e altos.
K ' o mais bello typo nacional no gênero e mui
to apreciado no extrangeiro, onde goza de uma
cotação superior.
A lavoura faz-se nos sertões indistineta-
mente em todos os terrenos, si houver bom in-
verno. M a s sobrevindo a secca fica limitada á s
circumvisinhanças dos açudes nas terras supe-
riores, que v ã o sendo descobertas pelos pro
grossos d a d e s e c c a ç ã o o u a s vasutites e noval-
le inferior a b a r r a g e m de terra, r e f r e s c a d a pela
infiltração, a que c h a m a m a revendo.
E m q u a n t o durar a humidade a producção
é extraordinária. N ã o se pôde imaginar nesta
terra riquíssima e neste sol vivificante o que
vale uma pequena porção de agua bem apro-
veitada.
M a s poucos possuem açudes, só os mais
abastados. O sertanejo pobre, nas s e c c a s vai
procurar as b a i x a d a s e o leito descoberto dos
rios, onde mais tempo se conservam frescos
os terrenos.
Entretanto, a secca pn»seguindo não res-
ta dentro em pouco mais superfície a l g u m a
com vestígios de humidade.
M a s o sertanejo, nitri to a lntar com a ad-
versidade c a enfrentar as diílicuklades com
animo sereno e forte, n;lo d e s a n i m a e e m p r c -
hende uma obra, cujo projecto somente exige
uma alma intrépida e valorosa. R e s o l v e exca-
var o leito do rio até encontrar nas profunde-
zas a humidade fugitiva e ahi preparar seu
c a m p o de cultura.
I m a g i n e - s e o esforço hercúleo do i>obre
homem a dous e trcs metros do solo, a r m a d o
de rudes instrumentos, trabalhando todas as
horaS da noite e só repousando durante o dia
no mais ardente da canicula, p a r a ao cabo co-
lher cs parcos v e g e t a e s que mal lhe podem
suster á familia.
Ah, o sertanejo è um t y p o másculo e va-
ronil, bem filho de seu meio e na altura das
circumstàncias excepcionaes em que vive. E '
de uma sobriedade incrível, de uma resistên-
cia, de uma tenacidade e de uma bravura aci-
ma de todo elogio. E ' simples e bom, c, ' c m
meio de todas a s privações, de uma honesti-
dade perfeita.
T a l é o nosso homem e tal é a nossa ter-
ra t ã o cheia de recursos naturaes, a d e q u a d o s
ã sua situação e c a p a z e s de assegurarem-lhe
vida autonoma m e s m o nas maiores anomalias
climatéricas.
S e u problema n ã o é excepcional, nem par-
ticular, é. a p e n a s uma modalidade local, do
v a s t o problema d a s seccas, (]ue tem para todo
° paiz um vulto considerável pela e x t e n s ã o de
terra brasileira que a b r a n g e , pelo homem que
n povòa e j)ela riqueza que representa.
O G o v e r n o actual e o passado, compene-
M)

trados da importancia do a s s u m p t o , o tem a-


bordado com acerto e decisão, sobretudo no
que respeita ás vias de communicação, que são
a b a s e e a condição fundamental de qualquer
outro melhoramento.
M a s a nosso ver o problema capital ainda
necessita mesmo ser posto convenientemente,
depois de um criterioso estudo dos recursos
naturaes da r e g i ã o e do modo mais efficaz d e ,
coordenal-os e aproveital-os. D a h i d e v e r á v i r a
solução definitiva. l i ' o lado estático da ques-
t ã o que deve ser respeitado, constituindo os
melhoramentos a p e n a s aperfeiçoamentos c a m -
pliações. Aqui, como em toda a parte, o pro-
gresso real é sempre o desenvolvimento da or-
dem existente.
Necessitamos, para levar ao cabo esta
g r a n d e obra nacional e humana, a contribui-
ç ã o s y m p a t h i c a de todos os Brasileiros. A l é m
do beneficio material que ella representa para
a N a ç ã o , permittindo utilizar o esforço inutil-
mente hoje desperdiçado de g r a n d e parte de
seus filhos, ha um objectivo mais alto e mais
patriatico, qual o de salvar de um d e s a p p a r e -
cimento irremediável e fatal este enérgico t y p o
ethnico do sertanejo, tão profundamente bra-
sileiro, t ã o puro e tão distineto, em meio dos
elementos dissolventes.
R a ç a admiravel e tenaz, caracter forma-
do a golpes de infortúnios c: adversidades, ac-
tividade experimentada nos mais ingratos e
variados misteres e c o r a ç ã o honesto de uçia
e n c a n t a d o r a simplicidade <> de uma infinita
bondade
—41—

P e r a n t e a H u m a n i d a d e e perante a Patria
é um crime, já n ã o digo deixar morrer e des-
a p p a r e c e r para sempre, mas simplesmente
permittir que estes obscuros homens de bem,
tão laboriosos e tão nobres, cheguem â humi-
lhação de estender á caridade publica a larga
m ã o honrada.
N ã o , n ã o é a piedade que lhes devemos,
mas o respeito profundo por estas a l m a s singe-
las e energicas, que lutam braço a braço com
° s próprios elementos desconcertados e resu-
mem um tão admiravel conjunto de virtudes
humanas :—a coragem e o valor do heróe, a
firmeza e a tenacidade do m a r t y r e o coração
puro do santo, isento de toda a macula e prom-
to a todo o sacrifício.

M
F r e i Miguelinlío, o insigne rnartyr rio-
g r a n d e n s e do norte, secretario do G ò v e r n o
Provisorio da revolução de 1 8 1 7 em P e r n a m -
buco, lançou ao povo uma p r o c l a m a ç ã o e o fez
em tom pacifico, alheio ás mesquinhas ideias
de v i n g a n ç a :
" P e r n a m b u c a n o s . . . A Providencia, que
dirigiu a obra, a levará a termo. V ó s vereis
consolidar-se a nossa fortuna, vós sereis livres
do peso de enormes tributos que g r a v a m so-
bre nós ; o vosso e nosso P a i z subirá ao ponto
de g r a n d e z a que ha muito o espera e vós co-
lhereis o fructo dos trabalhos e do zelo de nos-
sos c i d a d ã o s .
Ajudai-os com os vossos conselhos, elles
s e r ã o ouvidos ; com os vossos braços, a P a t r i a
e s p e r a por elles ; com a nossa applicação á
agricultura, uma n a ç ã o rica è uma n a ç ã o p o -
derosa".
Revolução de 1817
( C o n t i n u a ç ã o d o v o l . 8 , p a g 14.1)

OFFICIO DIRIGIDO AO GO-


VERNADOR DA CAPITANIA DO
C K A R Á PELA JUNTA GOVERNATI-
VA n o R i o G R A N D E D O N O R T E ,
I N S T I T U Í D A NA FORMA DA OR-
DEM K E O I A D E I2 DE DEZEM-
BRO DE 1 7 7 O (*)

Ulmo. e f í x m o , S r .

C o m o maior valor, fidelidade, intrepidez


•e alegria de todos, hoje, 25 do corrente, deste-
m i d a m e n t e o P o v o desta cidade, e seus su-
hurbios, unidos â sua tropa de linha, que é de
cento e trinta s o l d a d o s com o f f i c i a e s Inferio-
res e superiores, s a c c u d i r a m o p e z a d i s s i m o
j u g o do intitulado g o v e r n o provisorio, aprisio-
nando a o m a i o r monstro, o m a i s cruel, i n g r a -
to. e f a l s a r i o dos v a s s a l l o s do N o s s o S o b e r a n o ,

(*) A' gentileza do Barflo de Studart devemos a offerta deste


"Ocumento
V I C E N T E DE LEMOS.
44

o intitulado André de Albuquerque Maranhão


de Cunhau, que falsamente havia tomado esta
cidade e aprisionado não só o seu Governador,
José Ignacio Borges, com© a todo o povo delia,
sem que mostrasse aquelle monstro a menor
acção dê heróe, finalmente foi gloriosamente
resgatada esta cidade sem que houvesse mor-
te, nem o menor ferimento mais do que o que
se fez nesse bárbaro monstro, de que se julga
perecerá breve, que fica preso na cadeia da
Fortaleza, com maxos aos pés, e logo foi feito
o Governo interino na forma da lei. Vendo nòs
toda a necessidade e de tudo nesta pobríssima
cidade, só nos lembramos de corrermos a alta
protecção de V. Excia. ; portanto lhe vamos
supplicar em nome de S, Magestade Fidelís-
sima e de todo este Povo, que nos soccorra
com o armamento, polvora, balas, e a gente
que puder dispensar, e o mais que em circum-
stancias taes vir ser necessário.
Por esta cidade passa o Pontes, o Ale-
xandrino, sobrinho do Escrivão que foi da Ca-
mara, e parente dos Lages, Mathias de T a l , e
o Piloto Manoel de Sampaio, com indícios cer-
tos de que vão assassinarem a V . Excia., es-
tamos certos de que não deixará de estar pre-
venido da menor acção que intentarem fazer
nos que se acharem empregados no serviço de
S. Magestad^. Fidelíssima : mas sempre va-
mos a previnír a V . Excia. Ficamos certos de
que sendo esta cidade por V. Excia, soccorri-
da, jámais deixaremos de defender até o fim
esta causa, como também de que Nosso Sobe-
rano assim sabendo não deixará de remunerar
45

a V. E x c i a . , c Deus N o s s o Senhor o felicitará


por dilatados annos.
Cidade do Natal, 25 de Abril de 1 8 1 7 .

Antonio G e r m a n o C a v a l c a n t e , C a p i t ã o
C o m m a n d a n t e da tropa. Antonio Freire de A-
vnorim, Vereador.
E s t á conforme.
N o impedimento do Secretario, o Official
da Secretaria Vicente Ferreira de C a s t r o e
Silva.
SEQUESTRO

dos bt-ns do chefe da rebelhão André de Al-


buquerque Maranhão e de outros
inconfidentes

i>oc N® i
(
Registro dos Editaes que se remetteram as
Villas desta Capitania sobre se ar-
rendarem os engenhos Cunhaú, Tamatan-
duba, Estivas, como abano se vc :

EDITAL

O T e n e n t e Coronel Manoel Ignacio P e -


reira do L a g o , Provedor e Contador da F a -
zenda Real, Juiz Privativo na A r r e c a d a ç ã o e
da A l f a n d e g a M ó r e Direitos R e a e s e d a s Cou-
sas dos H o m e n s do Mar, Y e d ô r G e r a l dn
G e n t e de Guerra nesta cidade de N a t a l da C a -
pitania do Rio G r a n d e do Norte por Sua M a -
g e s t a d e Fidellissima que Deus G u a r d e , etc.
F a ç o saber que por esta Provedoria da
R e a l F a z e n d a se hão de por á lanços por ar-
rendamento annual os engenhos de fazer as-
sucar com as suas f a b r i c a s de escravos, ferra-
mentas e bois, de Cunhaú e de T a m a t a n d u b a ,
pertencentes ao traidor e falsario a R e a l Co-
roa, A n d r é de Albuquerque M a r a n h ã o , coronel
que foi do R e g i m e n t o de Cavallaria Miliciana
da Divisão do Sul desta Capitania ; e os d a s
E s t i v a s do outro A n d r é de Albuquerque M a r a -
47

nhão, C a p i t ã o mór que foi das ordenanças do


m e s m o Districto por seguir o m e s m o partido,
emquanto S u a M a g e s t a d e n ã o disposer delles
o que for servido. Quem os quizer arrendar o
poderá fazer vindo a esta cidade no dia seis
de Junho proximo seguinte, dando fiadores
idoneos, chans e abonados, mostrando-se pri-
meiro habilitados os seus fiadores pela Conta-
doria desta Provedoria em que mostrem nada
deverem a F a z e n d a Real. E para que chegue
a noticia de todos mandei p a s s a r o presente
Edital por mim a s s i g n a d o e sellado com o si-
nete d a s A r m a s R e a e s , que serve nesta P r o -
vedoria, do qual se extrahirão C o p i a s assigna-
das pelo E s c r i v ã o delia, a que se d a r á a mes-
ma fé e credito, para se affixarem onde con-
vier e necessário for e este se affixará no logar
costumado da c a s a desta dita Provedoria.
D a d o e p a s s a d o aos 6 de Maio de 1 8 1 7 . L u i s
J o s é Rodrigues Pinheiro, E s c r i v ã o da R e a l
r a z e n d a o fiz escrever. E s t a v a o signete das
A r m a s Reae«. Manoel Ignacio Pereira do L a g o .
(Do livro de R e g i s t r o d a s Provisões, que
vieram da R e a l F a z e n d a para a Provedoria
do R i o G r a n d e do Norte, p a g . 168 v. ).

DOC. N(> 2

Registro dos Eciitaes que se remetteram


oara-as Villas de S. José e Goy-
aiininha, sobre o que abaixo se contém :
EDITAL

O T e n e n t e Coronel Manoel Ignacio Pe-


48

reira do L a g o , Provedor e Contador da F a -


zenda R e a l , Juiz Privativo na a r r e c a d a ç ã o
delia e da A l f a n d e g a Mor e Direitos R e a e s e
d a s C o u z a s dos H o m e n s do Mar, V e d o r G e -
ral da G e n t e de G u e r r a nesta cidade do N a t a l
da Capitania do Rio G r a n d e do Norte por S u a
M a g e s t a d e Fidelíssima que D e u s G u a r d e , etc.
F a ç o saber que por esta Provedoria da
R e a l F a z e n d a e F i s c o se h ã o de por á lanços
para serem a r r e m a t a d o s por a r r e n d a m e n t o
annual os engenhos B e l é m e S . João, dos in-
confidentes e facciosos denominados Cunhaus,
sitos no Districto da Villa de S . J o s e desta C a -
pitania, com a s suas f a b r i c a s de escravos, car-
ros, bois e animaes cavallares pertencentes a s
m e s m a s fabricas. Quem quizer lançar nos di-
tos E n g e n h o s , poderá vir fazer nesta P r o v e -
doria no dia 7 de Junho próximo seguinte, onde
se a p r e s e n t a r ã o os seus fiadores habilitados
com certidões da contadoria em que mostrem
nada deverem a R e a l F a z e n d a , para serem
admittidos a lançar. E para que o referido,
conste, mandei p a s s a r o presente por mim as-
signado e sellado com o signete d a s A r m a s
R e a e s que serve nesta P r o v e d o r i a . D a d o e pas-
sado aos 8 de Maio de 1 8 1 7 . L u i z J o s é Rodri-
gues Pinheiro, E s c r i v ã o da R e a l F a z e n d a , o
fiz escrever. E s t a v a o signete d a s A r m a s R e -
aes. Manoel Ignacio Pereira do L a g o . (Citado
livro pag. 169).
noc. N9 3

Officio vindo do Juiz Ordinário da Vi Un


Nova dn Princez a, no Sr. Provedor dn
Real Fazenda desta Capitania

Ulmo. Sr. Provedor da Fazenda Real.


Recebi o officio de V . S'>de i ? de Maio,
que, acompanhára o mandado de commissAo
para mandar proceder o sequestro nos bens e
fazenda de André de Albuquerque Maranhão
e de seus parentes, o que im mediatamente dei
execução, como se vê dos ditos sequestros que
os remetto íexados e lacrados. T a m b é m com
» maior brevidade, remetto o officio para o
Juiz Ordinário da Villa do Principe, de que re-
coin mendei o recibo para a minha resalva. Os
gados das ditas fazendas já se acham remetti-
dospara essa cidade, como V. S * . ordena. Deus
Guarde a V . S^. Villa da Princeza.14 de Maio
de 1 8 1 7 . Alexandre Francisco da Costa.

DOC. N" 4

Registro dos Editaes que se atiixaram no-


legares públicos das Villas desta Capi
tania, como abaixo se verá.

Pelo Adjuncto das Rendas Reaes desta


Capitania, se hão de por á lanços para se ar-
rematarem á quem mais dér, os gados de boi-
adas, e os animaes cavallares que não fòrem
fabricas de Engenho e de Fazendas, perten-
50

centes aos facciosos da c a s a de Cunhaú que


se acharem em toda esta Capitania, nos trez
dias que decorrem de vinte e um a vinte e trez
de Junho, futuro. Quem quizer a r r e m a t a r os
referidos gados, c o m p a r e c e r á perante o refe-
rido Adjuncto, em qualquer dos referidos dias,
mostrando-se habilitado, e, seus fiadores, de
nada deverem a R e a l F a z e n d a , com a condi-
ção de p a g a r e m logo que os receberem dos
Administradores ; e, para que chegue a noticia
de todos, se passou o presente E d i t a l p a r a se
a f f i x a r nesta cidade, nos logares mais públi-
cos e do costume, e delle se extrahirão a s co-
pias necessarias para se remetterem a todas a s
Villas desta Capitania, a s s i g n a d a s pelo E s c r i -
vão, por quem este t a m b é m vai assignado.
Contadoria, 24 de Maio de 1 8 7 1 . O E s c r i v ã o
da R e a l F a z e n d a , L u i z J o s é R o d r i g u e s Pi-
nheiro. (Cit. L i v . p a g . 169, v).

t)')C. N. 5

Registro 'lo ofíicio dirigido no Comina n-


d ante de Ponta Negra

L o g o que este receber, entregará ao por-


tador 4 murrões de poita e uma peça de panno
de linho, pertencentes ao faccioso J o ã o da
C o s t a B i z e r r a , que se a c h a m em seu poder, e,
queira vir a s j a n g a d a s do dito, que lá se a c h a m ,
p a r a esta cidade e seja logo. Deus G u a r d e a
V . M c í Cidade do Natal, 6 de J u n h o de 1 8 1 7 .
Manoel I g n a c i o P e r e i r a do L a g o . Senr. C o m -
mandante da Praia de Ponta Negra, Francisco
Xavier de Oliveira. (Cit. liv. pag. 169. v).

I>oc. N° 6

Registro do officio do Serir. Provedor desta


Capitania, ao Administrador fio Enge-
nho lidem, losé Iiarhoza de Goes

Remetto-lhe 16 arroubas de carne secca


para sustentação dos escravos desse engenho,
como também uma barra de ferro para as
duas serras que me pede no seu officio, uma
para esse engenho e outra para o engenho de
S. João. Deus Guarde a V. Ml*. -Cidade do Na-
tal, 27 de Junho de 1 8 1 7 . Manoel Ignacio Pe-
reira do Lago. Senhor Administrador do En-
genho Belém, José Barboza de Goes. (Cit. liv.
pag. 170. v).

DOC. N" 7

Registro de informação que dá o Senr. Pro-


vedor da Real Fazenda, no requerimen-
to do Tenente Coionel José Ignacio de Albu-
querque Maranhão, cujo theor é o
que abaixo se segue

Ulmo. Senr. Governador.


Foi-me entregue o requerimento do sup-
plicante Tenente Coronel José Ignacio de Al-
buquerque Maranhão, com o despacho de V.
S^ de 28 de j u n h o , corrente, p a r a eu i n f o r m a r
sobre o conteúdo do m e s m o requerimento. In-
formo a V . S^ que não mandei p a s s a r man-
d a d o algum para se fazer sequestro em bens
do supplicante e quantos mandei p a s s a r p a r a
Assü, S e r i d ó e mais termos d a s Villas desta
Capitania, foram do theor e forma seguinte :
O T e n e n t e Coronel Manoel I g n a c i o P e -
reira do L a g o , P r o v e d o r e C o n t a d o r da F a -
zenda R e a l , Juiz Privativo na a r r e c a d a ç ã o del-
ias e da A l f a n d e g a Mor e Direitos R e a e s e d a s
c a u s a s ' d o s H o m e n s do M a r , V e d o r G e r a l da
G e n t e de Guerra, nesta cidade do Natal, da
Capitania do R i o G r a n d e do Norte, por S . Ma-
gestade Fidelíssima que Deus G u a r d e , etc.
A o S e n r . Juiz Ordinariode tal termo, ou a quem
seu c a r g o servir. F a ç o saber em c o m o por ser
publica a inconfidência e traição de A n d r é de
Albuquerque M a r a n h ã o , contra a C o r d a com
tal e x c e s s o que seduziu a todos os seus paren-
tes para a rebellião, que f a z em execução em
toda esta C a p i t a n i a e por seguirem os m e s m o s
o referido attentado, estarem sujeitos os bens
de uns e cutros á R e a l F a z e n d a , pelo crime as-
sim commettido, rog<> a V. por serviço de S .
M a g e r t a d e Fidelíssima, mande pelos oííiciae.-
de antes se f a z e r sequestro e apprehenções em
todos os bens do referido traidor e seus paren-
tes, que se a c h a r e m nesse termo, em autos
separados, aos quaes mandará dar deposita
rios idoneos que delles t o m e m conta para a
darem neste J U Í Z O , quando por elle lhe forem
pedidos debaixo das penas de fieis depositá-
rios. E ' si V . M l í assim o cumprir e fizer cum
prir, f a r á serviço de S. M a j e s t a d e Fidelíssima,
a quem Deus G u a r d e e a mim Mercê, e, com
as devidas penhoras, me remetterá este para
se proceder na forma da L e i . D a d o e passado
nesta sobredita Cidade do Natal, etc. L u i z
J o s é R o d r i g u e s Pinheiro, Esçrjivão da Real
F a z e n d a , o fiz escrever. Manoel I g n a c i o Pe-
reira do Lago'. A ' este Juizo ainda n ã o foi re-
niettido o-sequestro d o Tc.ó para se poder sa-
ber si nelle e s t ã o contempladas a s f a z e n d a s
do supplicarrte, que nunca será a do Riacho
dos Porcos por ser da Capitania da P a r a h y b a ,
para. onde ainda se n ã o expediu C a r t a Preca-
tória, rogatoria, para se fazer sequestro em
tal fazenda, e no sequestro do T r a h i r y n ã o
está contemplada f a z e n d a alguma do suppli-
,cante. F ' o que posso informar a Y . S * que
mandará o que for servido. Cidade do Natal,
3 ° de J u n h o de 1 8 1 7 . Manoel I g n a c i o Pereira
do L a g o . ( P a g . 1 7 1 v . )

noc. N° 8

Registro do oflicio de Antonio I*ernãhdes


Pimenta,dirigido aoSenr, Provedor
desta Capitania, e, sobre o seu conteúdo
abaixo se declara

Ulmo. Senr. T e n e n t e Coronel Manoel


Ignacio P e r e i r a do L a g o .
T i v e o s u m m o prazer e contentamento
de me e m p r e g a r com maior fervor no serviço
de S u a Alteza R e a l , fazendo-se-me deposita-
rio e administrador da fazenda do P a c ó , que
foi do C a p i t ã o Mór A n d r é de Albuquerque
M a r a n h ã o , e na mesma o c c a s i ã o fui imcum-
bido de juntar os g a d o s de açougue, que se
a c h a s s e m na referida fazenda, os quaes f a -
zendo-os pegar poucos eram, e como ficaram
faltando ainda alguns, peguei sete meus, para
f a z e r o. numero de quarenta c a b e ç a s , que o s
remetto pelo portador J o ã o F r a n isco de Me-
nezes, e como via que a d e s p e s a era a m e s m a ,
quiz a u g m e n t a r o numero dos bois com estes
meus para depois p a g a r - m e destes que fica-
ram, e si nisto obrei com pouco acerto, p e ç o
que V. S : * haja de desculpar-me, pois foram
boas as minhas intenções.
A junta d e s t e s . g a d o s foi feita com a mi-
nha gente, e, igualmente, õ vaqueiro, e disto
n ã o há despeza a l g u m a e só se deve p a g a r a
viagem do portador com a sua gente, que s ã o
vinte e um mil reis. Incluso, remetto a V . S *
este recibo do vaqueiro da fazenda para V . S a
d a r a s providencias nec.essarias. como t a m -
bém uma carta do m e s m o vaqueiro, em que
faz vêr o extravio que tem havido na fazenda
á v i s t a do que V . S^ m a n d a r á o que for ser-
vido e para tudo o mais que for do serviço d e
V. me a c h a r á prompto. D e u s G u a r d e a Y .
£l
S . Attencioso servo e criado. Sabe-muito 21
de J u n h o de 1 8 1 7 . Antonio F e r n a n d e s P i m e n -
ta. ( P a g . 1 7 1 . v.)
DOC. N° 9

Registro da carta do • vaqueiro da fazenda


do Paco, escripta ao Administrador
da referida fazenda, como ahaixo se vê

Illmo. Senr. C a p m . Antonio Fernandes


•Pimenta.
Dou parte a V. S i l em como desta fazen-
da do P a c ó , se tem pegado nove rezes a sa-
ber : o C a p m . S i m ã o Guilherme, quando pas-
sou de Mossoró para a SerrrTcIo Martins com
a sua companhia, pegou uma vaeca, dizendo
que era para comer no serviço de Sua Alteza,
e na mesma conducção pegaram um cavallo e
o mataram na mesma viagem sem se me d a r
parte de cousa alguma e nem sem vêr a or-
dem por que o faziam, e no regresso para as
suas casas, estiveram uns dias em S. Louren-
ço e ahi mataram mais seis v a c c a s e seis bois
s e n i que estivessem em serviço algum de S u a
Alteza. T a m b é m dou parte a V. Mce. em
como o C a p i t ã o Mór Antonio Ferreira Caval-
cante, mandou buscar seis bois e destes que
foram, tornou a mandar quatro, â vista do que
V. Mce. determinará o que for servido. T a m -
bém remetto a Y. Mce. este recibo do Reve-
rendo Vicario, que consta da despesa que te-
nho feito nesta fazenda; desejo merecer de V.
Mce. o favôr á fazer saber ao Senr. do Adjun-
to da Real F a z e n d a da cidade do Natal, me
mandem embolçar desta quantia; também
dou parte a V. Mce. em como o Com mandam
te S i m ã o Guilherme matou umas rezes alhei-
a s e mandou que os donos viessem cobrar
outras nesta f a z e n d a ; é o que se me offerece á
dizer a V . M c e . , pois fico p a r a mostrar que
com v é r a s sou I)e V. Mce. C o m p a d r e e ami-
go, D o m i n g o s A. C a v a l c a n t e , Pac.ó, 6 de Ju-
nho de J8T7. ( P a g . 1 7 2 . v . )
*

DOC. N° IO

Registro do oftieio ieito no Ser.r. l'ro vedor


desta Capitania, de Thomas, de Ara
ujo Pereira, sobre os sequestros de </ue elle
ê depositário

Illmo. S r . Dr. P r o v ê d o r Manoel I g n a c i o


P e r e i r a do L a g o . >
N o sequestro que pelo Juiz Ordinário des-
ta Villa, se procedeu nos bens que foram per-
tencentes á casa de Cunhaú, eu assignei depo-
sito d a s f a z e n d a s constantes da minuta junta,
e sendo um dos artigos r e e o m m e n d a d o por
V. S^ fazer juntar os g a d o s de açougue e re
mettel-os a e s s a ' c i d a d e , no m e s m o dia, prin-
cipio juntar e com n maior diligencia hoje des-
peço o boiadôr de uma das f a z e n d a s , J o ã o V e
lho Barretto, por ser entre todos o que me
merece o melhor conceito, com 35 bois, e lhe
ordeno que v á f a z e n d o busca pelo caminho : l
ver se completa ao menos, os quarenta de que
m a n d a r á V . S * p a s s a r recibo para t.rinha des-
carga ; os donos destas f a z e n d a s c o s t u m a v a m
puxar o masculino em pequeno p a r a a s do
T r a h i r y e P o t e n g y , onde os refaziam, por isso,
D Í •

e pela secea que a c a b á m o s ' d e experimentar e


sóirrer, nao"'iT?t'bois e poucos gados. O man-
dado de V . S'* foi para se f a z e r sequestro em
todas a s f a z e n d a s do T e r m o dest? Villa, como
se executou, e si lhe for precizo saber os que
no m e s m o termo, pertencem á Capitania da
P a r a h y b a , o portador o dará. A s custas desta
diligencia p a r a o Alcaide e E s c r i v ã o , anda-
ram por 52 : 4 7 0 reis, e tendo estes recebido
por parte de I g n a c i o Leopoldo, j 2:000 reis da
fazenda da L u z , se podiam p a g a r de 4 0 : 4 7 0
reis o que eu n ã o consenti, satisfazendo de
minha algibeira, até que Y . S i l determine de
onde elles devem e m a n a r , bem como as des-
pezas necessarias para reparo d a s m e s m a s fa-
zendas e satisfações de desobriga do Parocho,
dizimo e quarto dos vaqueiros, etc. Nesta con-
dueçáo v ã o quatro pessoas alugada«, uma del-
ias vai p a g a n d o uma divida que anterior de
via á C a s a , a s trez vão justas a dois mil reis
cada um, que m a n d a r á V. S^ satisfazer e, al-
guma despeza que para o sustento, a c c u z a r
ter feito o creadôr, o qual pelo bem de fiel Vas-
sallo nada quer. P a r a d e s e m p e n h a r a s obriga-
ções de bom vassallo e fiel depositário, se me
faz precizo que V . S * me m a n d e em executivo
contra qualquer pessôa que haja de p a g a r em
algum bem pertencente a estas f a z e n d a s , as-
sim como uma i n f o r m a ç ã o solida e, em tudo,
circumstanciada, que acredite á consideração
e respeito com que sou. Deus G u a r d e a V . S 9 .
P r o m p t o soldado e fiel criado. Mulungú, 25
de J u n h o de 1 8 1 7 . T h o m a z de A r a u j o Pereira.
(Pag. 1727V.) ' ' •
HOC. N " I I

Registro do officio feito no Senr. Provedor


desta Capitania, de Felix Gomes
Pequeno, sobre o sequestro de que c depo-
sitário

Illmo. S r . Dr. Provedor.


P o r ordem de V . S í l mandou o Juiz Or-
dinário desta Villa proceder sequestro em to-
dos os bens que foram da casa do Cunhaú, e,
eu assignei deposito da fazenda de S . Antonio
e G r o s s o s que é outra e logo me foi ordenado
fazer juntar o g a d o de açougue e remettel-os á
e s s a cidade, á inspecção de V. S * c que jA n ã o
f a ç o por andarem os criadores d a s m e s m a s
fazendas, em junta dos gados despersos e p o r
isso, espero, e m resposta deste, novas ordens
de V. S^ que Deus G u a r d e . l ) e V . S ' \ P r o m -
pto soldado e fiel criado. Felix ( i o m e s Pe*
queno. ( P a g . 173. v.)

DOC. N, 12

Registro do olhei o leito 00 Senr. Provedor


desta Capitania, de Jol\o Lopes Galvão,
sobre o que abaixo se verá

Illmo. S r . Dr. Provedor.


Por ordem de V. S^ mandou o Juiz Or-
dinário desta Villa proceder sequestro em to-
dos os bens que foram da c a s a de Cunhaú e
como nas minhas terras tenha um m a g o t e d e
g a d o pertencente ao Capitão Mór que foi J o ã o
de Albuquerque M a r a n h ã o , de que eu sou cri-
ador, assignei deposito do referido gado : e
como na ordem que V. S * mandou ao Juiz Or-
dinário, também lhe ordenava de m a n d a r jun-
tar os bois de açougue <• remettel-os. a essa ci-
dade 4 inspecção de V. S * sou a dizer a V . S "
que no magote de que sou criador, n ã o en-
tram bois, pois os c a r r e g a r a m no,auto de se-
questro, a fazenda de S . Antonio proximo as
minhas terras, e por quanto espero em res-
posta deste novas ordens de V. S*\ que Deus
G u a r d e . D e V. S^ Attencioso, Venerador e
criado. C a s c a v e l , 25 de Junho de 1 8 1 7 . J o ã o
L o p e s Galvão. (Pag. 173. v.)

DOC. N ° 13

Registro do offiçio ao Sr. Provedor desta


Capitania, de Francisco Januario
de Vasconcello» Galvão, sobre o que abaixo
se verá

Illmo. Sr. Dr. Provedor.


P o r ordem de V . S^ mandou o Juiz Or-
dinário desta Villa proceder sequestro em to-
dos os bens que foram da c a s a de Cunhaú e
da familia, e eu assignei o deposito 11 que s ã o
os seguintes : Cunhaü, T r a p i â , P é de S e r r a ,
S . Maria, Cirurgião, Conceição de C i m a , Con-
ceição de B a i x o , B ô a vista, Joazeiro, Mulun-
gu e M a x i n a r é , c o m o consta dos autos de se-
questro em que fui a s s i g n a d o ; e logo me foi
ordenado fazer ajuntar os bois de açougue e
remettel-os a essa cidade á inspecção de \ .
S ; i o que já não faço por andarem os criado-
res das mesmas fazendas em juntas dos gados
dispersos que foram retirados por causa da
secca passada e outros estarem em abertura
de cacimba, e por isso espero em respostas
destas, novas ordens de V . S : i para prompta-
mente executal-as, á quem Deus Guarde. De
V . S ÍJ . Prompto Venerador e fiel criado. Joa-
zeirodeC-ima, 25 de Junho de 1817. Eran-.
cisco Januario de Yasconccllos Galvão, (Pag.
173'. v.)

DOC. N° 14

Registro cm resposta do o ih cio supra

E m offiçio de 25 de Junho proximo pns


sado me participa V . Mcê. haver assignado
deposito de 1 1 fazendas de gado pertencentes
a pessoas da casa de Cunhaú, e ser-lhe orde-
nado ajuntar os bois de açougue e os remetter
para esta cidade A minha inspecção, o que não
se executou logo por andarem os vaqueiros
em junta dos gados dispersos retirados por
causa da secca. Ordeno a V. Mcê. não
faça por agora junta de bois de açougue que a
seu tempo se lhe ha de determinar, e as fazen-
das que pertenceram ao traidor inconfidente
André de Albuquerque Maranhão, coronel que
foi, e os de seus parentes moradores nesta Ca-
pitania, fará V , Mce. ferrar todo os gados
G1

delias com o f e r r o R e a l e os que p e r t e n c e r e m


a outras de d i f f é r e n t e s C a p i t a n i a s , fiquem
c o m o e s t ã c atè s e g u n d a o r d e m , m a s o seques-
tro s e m p r e em seu vigor. D e u s G u a r d e a V .
M c ê . C i d a d e de N a t a l , 7 de J u l h o de 1 8 1 7 .
M a n o e l I g n a c i o P e r e i r a do L a g o . S n r . F r a n -
cisco J a n u a r i o de V a s c o n c e l l o s G a l v ã o , Depo-
sitário do F i s c o R e a l . ( P a g . 1 7 3 . v . )

Doe. N<? 15

Registro do o/íieio em resposta As do Capitão


l^elix Comes Pequeno, Depositário
do Fisco Real

R e c e b i um officio de Y . M c ê . sem d a t a ,
no qual me participa ter a s s i g n a d o o d e p o s i t o
d o s s e q u e s t r o s feitos nas f a z e n d a s de S . A n -
tonio e G r o s s o s p e r t e n c e n t e s a c a s a de C u -
nhaú, o r d e n a n d o selhe f a z e r a j u s t a r o g a d o de
a ç o u g u e e r e m e t t e r p a r a esta c i d a d e á minha
i n s p e c ç ã o , o que já não pòdia f a z e r por a n d a -
r e m os c r i a d o r e s d a s m e s m a s f a z e n d a s em jun-
t a s dos g a d o s d e s p e r s a d o s , ficando e s p e r a n d o
a m i n h a d e t e r m i n a ç ã o , sou a dizer-lhe que e s s a
o r d e m fique s u s t a d a até s e g u n d a , e s e n d o a s
r e f e r i d a s f a z e n d a s dos p a r e n t e s d a c a s a C u n -
haú, m o r a d o r e s em difíerentes C a p i t a n i a s , na-
d a d e m o r e V . M c ê . nellas, e m q u a n t o n ã o se
lhe o r d e n a r o que d e v e seguir, entretanto, seja
sempre o sequestro vigoroso. Deus G u a r d e a
V . M c ê . C i d a d e de N a t a l , 7 de J u l h o de 1 8 1 7 .
M a n o e l I g n a c i o P e r e i r a do L a g o . S e n r . C a p i -
t ã o F e l i x G o m e s Pequeno, Depositário do
F i s c o R e a l . (Pag.' 174. v . )

DOC. \,<? ió

Registro do Officio em resposta ao de João


Lopes Galvão Depositário do
Fisco Real

Recebi o seu officio com data de 25 d e


(unho proximo passado, em que me participa
ser V . Mcê. depositário de um magote de g a d o
que tem nas suas terras, e é creador, perten-
cente ao traidor inconfidente J o ã o de Albu-
querque M a r a n h ã o . C a p i t ã o Mór, que foi, e
como determinasse eu ao Juiz Ordinário do
competente termo mandar juntar os bois d e
açougue e remettel-os p a r a esta cidade, á mi-
nha i n s p e c ç ã o era a dizer-me que no referido
m a g o t e de g a d o s n ã o e n t r a r ã o bois por serem
remettidos no sequestro da fazenda de S . An-
tonio, próxima a s èuas terras, sobre o que es-
p e r a v a decisão minha. Sou a dizer-lhe que a
respeito do g a d o do referido traidor não de-
more V. Mcê. cousa alguma sem segunda or-
dem, ficando porém, o sequestro em seu vigor.
Deus G u a r d e a V . Mcê. C i d a d e de Natal, 7
de Julho de 1 8 1 7 . Manoel Ignacio Pereira do
L a g o . S e n r . J o ã o L o p e s G a l v ã o , Depositário
do F i s c o R e a l . ( P a g . 174. v . )
03

DOC. N. I 7

Registro do otiicio em resposta a Thomaz


de Araujo Pereira, Depositário do
Fisco Real

R e c e b i o officio de, V . Meê. de 25 de Ju-


nho proximo p a s s a d o pelo vaqueiro da f a z e n d a
da L u z , J o ã o Velho Barretto, que conduziu
com 3 tSngedores 34 c a b e ç a s de g a d o de
açougue que aqui c h e g a r a m aos quaes paguei
déz mil reis, seis aos tangedores e quatro para
o vaqueiro entregar a V . Mcê. que lá lhe deu
para as d e s p e z a s do caminho ; as custas da
deligencia dos officiaes do sequestro que Y .
Mcê. pagou, ha de ser satisfeita pelo rendi-
mento dos bens que se hão de a r r e m a t a r dos
traidores inconfidentes, logo que se fizer a re-
ferida a r r e m a t a ç ã o , e por elles m e s m o s se hão
de fazer as d e s p e z a s necessárias das f a z e n d a s
e satisfazer a desobriga do R e v e r e n d o Parocho.
Quanto a s pessoas que p e g a r e m alguns bens
do sequestro p á r a o que me pede M a n d a d o
executivo, f a ç a Y . Mcê: assento delias para
eu saber quaes são e compellil-os a satisfação.
A s f a z e n d a s que pertencerem aos7 inconfiden-
tes moradores nesta Capitania, m a n d a r á V .
Mcê. pôr todos os g a d o s debaixo do ferro
R e a l e o contrario praticará com os morado-
res de différentes C a p i t a n i a s sobre o que a seu
tempo se lhe ha de determinar ;,os sequestros
de uns e outros devem ficar sempre vigorosos ;
não mande Y. M c ê . ajuntar mais g a d o de
açougue até segunda o r d e m ; louvo a V . Mcê.
o g r a n d e zelo com que serve ao N o s s o Augus-
tissimo Soberano. D e u s G u a r d e a V . Mcê.
C i d a d e de Natal, 1 7 de Julho de 1 8 1 7 . Manoel
Ignacio P e r e i r a do L a g o . S n r . T h o m a z de
A r a u j o Pereira, Depositário do F i s c o R e a l .
( P a g . 174. v . )
* • ,

DOC I8

Registro do officio do Senr Provedor Reftl


desta Capitania ao Depositário da
fazenda do Paco, Antonio
Fernandes Pimenta

R e c e b i o seu officio de 21 de J u n h o pro-


ximo p a s s a d o em que me partecipa ter a s s i g -
nado deposito da fazenda do P a c ó que foi do
inconfidente André de Albuquerque, d a s Esti-
vas, e que fazendo logo junta de boiada, me
remettia quarenta bois, sendo, sete seus para
enteirar esta conta, para depois se p a g a r com
outras d a s f a z e n d a s e que os eonduetores vi-
nham g a n h a n d o vinte e um mil reis, remetten-
do-me incluso um recibo do V i g a r i 1 d a s Y a r -
zeas do A p o d y , p a s s a d o ao vaqueiro, e uma
c a r t a deste. Sou a dizer a Y . Mcê. que só se
receberam trinta e sete bois dos quaes foram
os eonduetores p a g o s do frete a r a z ã o de
quinhentos reis por c a b e ç a que emportou na
quantia de dezoito mil e quinhentos reis ; quan-
to ao recibo faz-se reparavel estar o Vigário
por p a g a r de seis annos de desobriga sem as
procurar daquelle inconfidente, e assim que
passou a f a z e n d a para S u a M a g e s t a d c , logo
acha-se logar de cobrar ; a respeito do con-
teúdo da carta do vaqueiro, darei as provi-
dencias necessarias, e por a g o r a nada demore
V . M. sem segunda ordem minha, e o va-
queiro que ponha todo o g a d o dessa fazenda
d e b a i x o do ferro Real e tome o recibo. D e u s
G u a r d e a V . M. C i d a d e de N a t a l , 9 de J u l h o
de 1 8 1 7 . Manoel I g n a c i o Pereira do L a g o .
S n r . Antonio F e r n a n d e s P i m e n t a , Depositário
da fazenda do P a c ó . ( P a g . 175. v . )

doc. N" 19

Registro do oflicio do Juiz Or-


dinário da Villa de Port'Alegre,aò Senr.
Provedor da Fazenda Real, sobre o seques-
tro que se fizeram nas fazendas dos in-
confidentes André de Albuquerque Ma
ranhão e dos seus pa entes

Illmo. Senr. Provedor Manoel I g n a c i o


Pereira do L a g o .
Foi-me entregue o oflicio de V . S a datado
de 30 de Abril do corrente anno, remettido
pelo E s c r i v ã o Geral desta Villa, e nelle incluso
o M a n d a d o para sc proceder o sequestro cm
todos os bens que se a c h a s s e m neste termo
pertencentes ao fallecido A n d r é de Albuquer-
que M a r a n h ã o , e seus parentes, em virtude
do qual mandei proceder os dois que, incluso
remetto, feitos na f a z e n d a do P a c ó e M i l h ã ã
que são a s que existem neste termo, c o m o tam-
bem verá V. S^1 que se procedeu nos bens do
S a r g e n t o Mór J o s é F r a n c i s c o Vieira B a r r o s ,
em virtude do officio que me derigiu o C a p i t ã o
Mór Antonio Ferreira C a v a l c a n t e , que ao mes-
mo sequestro vai junto. Os administradores c
depositários daquellas duas f a z e u d a s aprehcn-
didas ficam entendidos de que devem remetter
para essa cidade todo o g a d o de açougue que
houver, sendo que V . S í l não determine o con-
trario. Deus G u a r d e a V . S : i por minhas or-
dens K e a e s . Villa P o r t Alegre, 14 de [unho de
1 8 1 7 . D e V . S i l Affectuoso Venerador, Silvério
Alexandre de Oliveira. ( P a g . 1 7 5 . v . )

ooc. k " 20

Registro da conta dus custas feitas


nos sequestros dos inconfidentes André
deAIbuquerque Maranhào.foAo de Albuquer-
que Maranhão e 110s bens do Sargento
Mór 1 osé Francisco Vieira Barros

Conta d a s custas dos sequestros feitos por


parte da R e a l F a z e n d a , nas f a z e n d a s do P a c ó
e M i l h ã ã que foram de A n d r é de Albuquerque
Maranhão, J o ã o de Albuquerque M a r a n h ã o e
nos bens do S a r g e n t o Mór J o s é F r a n c i s c o V i -
eira de B a r r o s .
Sequestro quatorze mil e quatrocentos reis.
Traslado dos mesmos dois mil duzentos e
quarenta reis, importa dezeseis mil seiscentos
e quarenta reis.
67

Recebidos oito mil reis, oito mil seiscentos


e quarenta reis. (8.640). ( P a g . 1 7 5 . v.)

DOC. X ° 21

Registro cio oflicio do Juiz Ordinário da Mi-


la de Port'Alegre no Sr. Provedor
desta Capitania, sobre os mesmos se<jues-[
tros que aponta e de outros
Inconfidentes •»

Ulmo. Sr. l)r. Provedor Manoel Ignacio


Pereira do L a g o .
Depois de haver escripto o officio junto
lembra-me igualmente participar a V . S^ que
aquelles vaqueiros d a s f a z e n d a s do P a c ó e Mi-
l L ã a , requerem suas partilhas por se a c h a r e m
por fazer a trez annos, e ser o presente tempo
proprio para isso por se andar em juntas, e
vaqueijando, e alguma parte já em cercados
c o m o também o Dizimeiro do t r i e n n i o p a s s a d o
que se a c h a em cobrança e a r r e c a d a ç ã o para
ser p a g o do seu dizimo que lhe couber em re-
feridas f a z e n d a s , ainda que isto p a r e c e n ã o
c o m p r e h e n d e r apprehenção feita com tudo n ã o
quiz deliberar sem determinação de V< S í l .
Outro sim, partecipo a Y . S^ ter p a g o a J o ã o
B a p t i s t a , a quantia de 8.000 reis, producto de
um boi daquella fazenda P a c ó que havia m o r -
to, cuja quantia já fica applicada nas custas
que se procederam como se mostra da conta
junta, e o restante delia : e s p e r a m os officiacs
que Y . S y os m a n d e indemnisar dos dinheiros
68

que cá há dos Direitos R e a e s . Deus G u a r d e ,


por minhas ordens R e a e s . Villa de P o r t a l e -
gre. 14 de J u n h o de 1 8 1 7 . Silvério Alves de
Oliveira. ( P a g . 176. v . )

DOC. N • 22

Registro da carta de Antonio ferreira Ca-


valcante, escripta ao Sr. Provedor da
Fazenda Real, sobre clle ter assignado em
sequestro da fazenda Milha a per
tencente ao t raidor inconfidente João de Al-
buquerque Muranhão

I Illmo.' S r . Tenente Coronel Manoel Igna-


cio Pereira do L a g o .
O ]tjiz.Ordinário desta Villa de P o r t a l e -
gre me pediu que eu houvesse de assignar o
Depositário da f a z e n d a Milhãa que foi do trai-
dor J o ã o de Albuquerque, por que só eu podia
evitar os excessos dos comedores de g a d o s
alheios, o que me sujeitei por fazer nisto ser-
viço ao N o s s o Soberano. D o m e s m o sequestro
verá V. a pequena quantidade de bois de
açougue que há na fazenda e estes n ã o muito
bons dos quaes V. S : l me determine o que for
servido, assim como d a q u e l l e s rjue deverem
a l g u m a s reses a f a s e n d a cu m a t a r e m o que
devo com elles uzar e o preço porque o devo
cobrar. Apeteço-lhe muitas venturas e que me
dê muitas occasiões de o a g r a d a r e mostrar
que sou D e V. S í l . S e r r a do Martins 24 de
Junho de 1 8 1 7 . Attencióso fiel e o b r i g a d i s s i m o
69-

criado Antonio Ferreira Cavalcante. (Pag.


<76).

DOC. N ° 23

Registro do officio do Juiz Ordinário da Vil-


lade Por C Alegre em resposta dos que
elle escreveu ao Snr. Provedor da
Fazenda Real desta Capitania

R e c e b i os ofíicios de Y . S'-1 datados de 14


de J u n h o proximo p a s s a d o e com elles os trez
sequestros, um da fazenda tio P a c ó de A n d r é
de Albuquerque d a s E s t i v a s , outro de J o s é de
Albuquerque da P a r a h y b a , e outro de J o s é
F r a n c i s c o Vieira B a r r o s , inconfidentes, o des-
te feito pelo o officio do C a p i t ã o Mór Antonio
F e r r e i r a C a v a l c a n t e a elle junto. Sou a dizer a
V. M. q U e por hora não se remettam mais ga-
dos sem segunda ordem, e nas f a z e n d a s de
J o ã o de Albuquerque e J o s é F r a n c i s c o nada
demos e emquanto n ã o for determinado por
este Juizo e a s custas h ã o de ser satisfeitas
pelo rendimento dos bens que se arrematarem
dos inconfidentes. Deus Guarde a Y . M. Ci-
dade do Natal, . 2 de Julho de 1 8 1 7 . Manoel
I g n a c i o Pereira do L a g o . S r . Juiz Ordinário
da Villa de P o r t A l e g r e , Silvério Miguel de
Oliveira. ( P a g . 176. v.)
DOC N" 24

Registro do ofíicio ao Ca-


pitão Mór Antonio Ferreira Caval-
cante, escripto em resposta de outro qtíe f>
mesmo fez ao Sr. Provedor da Fazenda Re-
al desta Capitania sobre elle ter assignádo
o sequestro da Fazenda Milhãã que foi do in-
confidente João de Albuquerque
Maranhão, da Parahyba.

Illmo. Sr. C a p i t ã o Mór Antonio F e r r e i r a


Cavalcante.
Recebi a de V . S ! l com data de 24 de Ju-
nho proximo passado, em que participa ter
a s s i g n a d o o sequestro da fazenda Milhãa que
foi de J o ã o de Albuquerque da P a r a h y b a , e
extravios que tem havido dos gados, sou a di-
zer a V . S 9 que sobre essa fazenda não d e m o r e
nada emquanto lhe não for determinado por
este J U Í Z O dos F e i t o s e E x e c u ç õ e s da R e a l
F a z e n d a . D e u s G u a r d e a V. S ' \ C i d a d e d o
Natal, 12 de Julho de 1 8 1 7 . D e V . S^ a m i g o
fiel e obrigadissimo criado Manoel Ignacio P e -
reira do L a g o . ( P a g . 176. v.)
DOÇ. N9 25

Registro da curta precatória, executória,que


vai deste Juizo das Feitos e Execuções
da Real Fazenda para o Juiso do
Fisco Real da Capitania do Ce-
ara Grande, passada ex-
officio de Justiça

A o Ulmo. e Meretissimq S r . D r . do F i s c o
R e a l d a Villà d a F o r t a l e z a d a C a p i t a n i a do
C e a r á G r a n d e , ou a quem seu muito nobre e
a u c t o r i s a d o c a r g o servir e perante q u e m esta
minha p r e z e n t e carta precatória, executória e
•rogatória em f o r m a vir e for a p r e s e n t a d a e o
v e r d a d e i r o c o n h e c i m e n t o dolla com direito e
direitamente d e v a e h a j a de pertencer, e o seu
devido effeito e inteiro c u m p r i m e n t o de justi-
Va e e x e c u ç ã o se pedir e requerer. O T e n e n t e
C o r o n e l M a n o e l I g n a c i o P e r e i r a do L a g o ,
F r o v e d o r e C o n t a d o r da F a z e n d a R e a l , Juiz
Privativo da a r r e c a d a ç ã o delia, e da A l f a n d e g a
M o r , e D i r e i t o s R e a e s e d a s C a u z a s dos Ho-
mens do M a r , V e d o r G e r a l da gente de guerra
ne
s t a C i d a d e do N a t a l , C a p i t a n i a do R i o
G r a n d e do N o i t e , por S u a M a g e s t a d e Fidel-
í s s i m a que D e u s G u a r d e , etc.
F a ç o s a b e r a V . S ^ em c o m o sendo com-
Prehendido no crime de inconfidente e traidor
J ° s è I g n a c i o de A l b u q u e r q u e M a r a n h ã o , mo-
rador no E n g e n h o de C u n h a ü , desta C a p i t a
nia
> e haver noticia neste Juizo, possuía o mes-
nessa C o m a r c a a l g u m a s f a z e n d a s de g a d o s
vacoum é c a v a l l a r , a s q u a e s em r a z ã o do dito
72

crime ficaram pertencendo a . S u a M a g e s t a d e ,


pelo que requeiro a V . S ! l mande pelos ofíiciaes
que poder tenham fazer sequestro e apprehen-
ção em refiridas f a z e n d a s com d e c l a r a ç ã o n a s
terras, suas quantidades, g a d o s v a c e u m s e c.a-
vallares, cabrum e lanígero, ferros e signaes
delles, f a b r i c a s de escravos, e mais pertences
a ellas, tudo com individuação e clareza d e
c a d a uma in solJâum, e todos os bens que se-
questrados forem, d a r ã o Depositários idoneos,
aos quaes e n c a r r e g a r ã o os tenhão em seu po-
der e guarde p a r a delles dar conta, quando por
este J U Í Z O lhes forem pedidos, debaixo d a s pe-
nas por Direito impostas aos depositários, o
que tudo assim feito executado f a r á Y . S^
com este remetter a este meu Juizo, para nelle
se continuarem os termos da execução.
K ' de V . S : l assim o cumprir e f a z e r cum-
prir, f a r á por bem do seu muito nobre e aucto-
rizado cargo, serviço a S u a M a g e s t a d e Fidel-
lissíma que Deus G u a r d e , e a mim mercê ao
que eu t a m b é m me offereço para executar,
quando da parte de Y . S : l me forem depreca-
das, requeridas e a p r e s e n t a d a s outras seme-
lhantes. D a d a e p a s s a d a nesta sobredita Ci-
dade do Natal, da Capitania do Rio Grande-
do Norte, sob meu signal e sello deste Juizo
que ante mim serve ou valha sem sello ex-causa
aos 1 7 dias do mez de Julho do anno do Nasci-
mento de N o s s o Senhor J e s u s Christo de 1 8 1 7 .
Alexandre de Mello Pinto, Official Escriptu-
rario no empedimento do E s c r i v ã o a escrevi.
Manoel Ignacio Pereira do L a g o . Ao sellc. 60
f* o
í vi-

reis. V . Síl Sello ex-causa. Pereira. (Pag.


178. v.)

D O C . N. 26

Registro (los Editaes, Cir-


culares.que se rcnietterani aos Escrivães
das Comarcas desta Capitania, sobre a ar-
rematação de todos os gados das fazendas
do inconfidente André de Albuquerque Ma-
ranhão, primeiro chefe da Rebellião, do
atino passado para traz

Pelo A d j u n c t o d a s R e n d a s R e a e s d e s t a
C a p i t a n i a do R i o G r a n d e do Norte se h ã o de
Pôr á lanços para se a r r e m a t a r a quem maior
o f f e r e c e r no dia 26 de A g o s t o proximo luturo
todos os g a d o s v a c c u m s , c a p a d o s do a n n o p a s -
s a d o ' p a r a traz p e r t e n c e n t e s ao C h e f e de R e -
bellião A n d r é de Albuquerque M a r a n h ã o , que
existirem a s s i m nas f a z e n d a s C a i s s a r a , Pol-
drinho, S i p ò , C a s t e l l o e T i m b a ú b a . situadas
na Ribeira de P i r a n h a s da C a p i t a n i a da P a r a r
11
vba, t o m o a s d a s situadas nesta, a s a b e r :
C i r u r g i ã o , Mulungu, T r a p i á , S a c c o , - C a c i m b a
d a s ' C a b r a s no C a i r o ; T r a h i r v , B o m J e s u s e
M ã e d ' A g u a , na R i b e i r a do T r a h i r v ; S a n t a
R o s a e M a l h a d a do Rio, no P o t e n g y . ram-
vem se hão de a r r e m a t a r no referido dia todos
()
s g a d o s do m e n c i o n a d o R é o , e por e i l e s c o b r a -
dos do D i z i m o que a r r e m a t o u nesta P r o v e d o r i a
Pertencentes a o triennio que findou no ultimo
de
d e z e m b r o de 1 8 1 3 , e que a i n d a existem sol-
tos em terras suas. Quem em uns e outros g a -
dos quizer lançar se deverá apresentar no indi-
cado dia nas c a s a s da Provedoria da R e a l F a -
zenda desta C a p i t a n i a , habilitado por si e seus
fiadores para o fazerem d e b a i x o d a s seguintes
condições : Os a r r e m a t a n t e s verificarão a
sua a r r e m a t a ç ã o até o fim de J a n e i r o proximo
futuro. F i c a r ã o constituídos devedores da
importância d a s c a b e ç a s de g a d o que recebe-
rem, logo que c h e g a r a Provedoria o recibo
que p a s s a r ao Administrador ou Depositário
que lhe entregar o gado. 3^ Pista importancia
será recolhida ao cofre dentro de trinta dias
depois de apresentado aquelle recibo. 4^ O ar-
rematante ou o seu fiador deve ser moradôr
dentro desta Capitania afim de acautelar o
procedimento de precatórias no c a s o de fallen-
eia de p a g a m e n t o . F p a r a que chegue a noticia
de todos fiz p a s s a r o presente E d i t a l por mim
assignado, que será a f f i x a d o na c a s a desta
dita Provedoria, e expedir copias por mim
também a s s i g n a d a s para os mais logares de
costume. C i d a d e do Natal, 18 de Julho de
1 8 1 7 . E s c r i v ã o da Real F a z e n d a , L u i z J o s é
R o d r i g u e s Pinheiro. ( P a g . 178. v . )

DOE. N9 27
Registro do ofíicio do Sr. Provedor ao Com-
ina nda 111 e de Max a ra ngua pe, Fr a ncisco
Fernandes de Carvalho, sobre a
lanciln de Sua Magestade
P o d e r á V . M. e n t r e g a r a lancha Concei"
çSo, que se acha nessa barra de M a x a r a n g u a p e ,
e foi confiscada como bem do inconfidente ' o
fallecido André de Albuquerque M a r a n h ã o , ao
T e n e n t e J o s é G o m e s da Costa, arrematante
delia neste Juizo dn.s E x e c u ç õ e s da R e a l F a -
zenda, e logo que fizer a referida entrega da
m e s m a lancha e todos os seus pertences, des-
peça o Mestre e vapor que lá se a c h a m , dizen-
do-lhe que desde logo não receberão mais
p a g a a l g u m a , a e x c e p ç ã o dos vencimentos atra-
zados. D e u s G u a r d e a V . M. Cidade do Natal,
26 de Julho de 1 8 1 6 . Manoel I g n a c i o Pereira
do L a g o — S n r . C o m m a n d a n t e de M a x a r a n -
guape, F r a n c i s c o F e r n a n d e s de Carvalho,
( P a g . 179. v. )

DOC. N ° 28

Registro de um ofíicio no Sr. Provedor do


Juiz Ordwario de Villa Flor sobre en-
tregïT' 7)T !)è'i"S""dÕmX^:ipitTio Jose
Ignacio Marinho

Ulmo. S r . P r o v e d o r Manoel I g n a c i o P e -
reira do L a g o .
Recebi o officio de Y . S * datado de 21 do
corrente, ordenando-me nelle fizesse entrar na
posse de seus bens o C a p i t ã o J o s é I g n a c i o
Marinho G o m e s , os quaes estavam sequestra-
dos por m a n d a d o de Y . S . a qual ordem já
fica cumprida. N a m e s m a o c c a s i ã o partecipo
a Y. que no sequestro que fiz ao falsario
A n d r é de Albuquerque M a r a n h ã o , ficara fóra
7<>

uma canôa e uma rede de pescar, a qual mio


fora comprehendida por eu n ã o saber delia, e
porque fui sabedor, dou parte a V . S a p a r a a s
providencias necessarias. Deus G u a r d e a V .
Villa Flor, 26 de Julho de 1 8 1 7 . A l e x a n d r e
mm
1
J o s é de Mattos. ( P a g . 17Q. v . ) —
nmiiiiiirr-"'

DOC. N 9 2 9

Registro de um oflicio d erigido ao Adminis-


trador das Ribeiras do Seridó, Antonio
José (le Araujo, para entregar o
gadovaccum e ca vali ar aos seus
a rrem a ta ntes compètent es

Assim que este receber fará Y . M c ê . jun-


tar os* g a d o s d é ' b o i a d a s d a s f a z e n d a s da R i -
beira do Seridó da sua administração, que per-
tencerem ao primeiro chefe da Rebellião o fal-
lecido A n d r é de Albuquerque M a r a n h ã o , capa-
dos do anno p a s s a d o para traz, e serão por Y .
M c ê . entregues ao arrematante delles Manoel
de B a s t o s e Silva, ou a sua ordem, dividindo
os que forem proprios d a s fazendas, dos do di-
zimo que arrematou aquellc. traidor, cujo nu-
mero de uns e outros será d e c l a r a d o no recibo
que lhe p a s s a r o recebedor delles que será re-
mettido por V. M c ê . sem demora alguma a
mim. A o arrematante do cavallo, J o ã o J o s é da
C.unha P entregará os poltros e cavallos que n ã o
forem de fabrica das f a z e n d a s e engenhos, fa-
zendo a m e s m a d e c l a r a ç ã o quantos são pró-
prios d a s ditas f a z e n d a s , e quantos do referido
Dizimo, e igualmente remetter-me-há o com-
petente recibo. Deus Guarde a V . Mcô. Cida-
de do Natal, 27 de Agosto de 1 8 1 7 . Manoel
Ignacio Pereira do L a g o . Snr Antonio José
de Araujo, Administrador das fazendas da Ri-
beira do Seridò. ( P a g . 180. v.)

uoi. 30

Registro de ti 111 ofíicio ex-


pedido ao Dezembargador c Corregedor da
Comarca André Alves Pereira Ribeiro e Cir-
ne, sobre o mondado depreendo que foi d este
/ uizo dos Feitos para o ao dito Ouvidor fazer
o sei/uestro n»s fazendas do fnllecido André
de.AlbuquerqueMaranhão, sitns na Capita-
nia da Pnrahybü do Morte

Illmo. Sr. Dr. Dezembargador e Corre


fíedor da Comarca.
P o r este fuizo d o s F e i t o s e E x e c u ç õ e s
da R e a l F a z e n d a , se expediu um P r e c a t o r i o
para o juizo de V . S a r e q u e r e n d o sequestro
»as fazendas de gado Caissara, Poldrinhos, S i -
Pó, Castello e Timbaúba situadas nessa Capi-
tania da P a r a h v b a que foram do primeiro chefe
cl
a RebelliAo o fallecido André de Albuquerque
Maranhão Capitão Mor que foi nesta do R10
Grande do Norte, e cômo até o presente não
se
tem remettido a este Juizo deprecante o re-
grido sequestro, e já estejAo arrematados os
gados de açougue das ditas fazendas, se faz
Preciso para a entrega destes ao arrematante,
78

que venha o sobredito sequestro, por isso sou


a rogar-lhe se sirva de m a n d a r fazer a remes -
sa delle para evitar qualquer prejuízo que pos-
sa já ter a Real F a z e n d a na mora do m e s m o
sequestro. Deus G u a r d e a Y . S a Cidade do
Natal, 28 de A g o s t o de 1 8 1 7 . Manoel I g n a c i o
Pereira do L a g o . Ulmo. Sr. Dr, D e z e m b a r -
gador e C o r r e g e d o r da C o m a r c a , André Alves
Pereira Ribeiro e Cirne. ( P a g . 180. v . )

i>oc. n" 31

Registro (In informa* fio que deu o Provedor


dn Real fazenda no Ulmo Sr, Gover-
nador desta Capitania sobre o re-
querimento de Pedro de Albu-
querque e Gaspar de Albu
qaerque

filmo. S r . Governador.
T e n d o sido os Albuquerques da C a s a
Cunhaü desta Capitania implicados no crime
de alta traição contra a Real Soberania e h a -
vendo noticia de também terem sido outros da
mesma familia, moradores nas C a p i t a n i a s da
Parahyba e na de Pernambuco, se procedeu
sequestros em todos os seus bens que nesta
Capitania se a c h a v a m afim de evitar qualquer
lesão a R e a l F a z e n d a e por esta r a z ã o entra-
ram nos referidos sequestros os bens dos sup-
plicantes que agora os requerem por haverem
sido exemptos do referido crime ; é c que pos-
so informar a Y. S a . C i d a d e do Natal, 18 de
D e z e m b r o de 1 8 1 7 . Ulmo. Sr. Coronel G o v e r
nador J o s é I g n a c i o B o r g e s . Manoel I g n a c i o
Pereira do L a g o . ( P a g . 184. v . )

noc. N. 32

Registro da relação r/t/e se remei teu ao l>e-


zenibargador da Comarca André Alva-
res Pereira Ribeiro e Cirne, dos pa-
lieis achados, aos inconfidentes
abaixo declarados.

Dois M a ç o s de papeis lacrados, aprehen-


didos a J o s é I g n a c i o de Albuquerque Mara-
nhão, na o c c a s i ã o de sua prisão, remettidos a
este Juizo pelo G o v e r n a d o r desta Capitania.
l"m maço de papeis lacrados, aprehen-
didos a Antonio da R o c h a B e z e r r a , na occa-
sião de sua prisão, entregue neste Juizo pelo
C a p i t ã o J o a q u i m T o r q u a t o G o m e s da C a m a -
ra que o prendeu.
U m flandre de papel lacrado, aprehendido
ao mesmo J o ã o Rabello, no m e s m o dia de sua
prisfio, na occazião em que se lhe fez seques-
tro em seus bens por este Juizo.
U m a mala e papeis lacrados, aprehendi-
dos ao P a d r e Feliciano J o s é Dnrnellas.no mes-
mo dia de sua prisão, entregues neste Juizo
pelo S a r g e n t o Mor Antonio M a r q u e s G a r c i a
do Valle que o prendeu.
Ao P r o v e d o r da R e a l F a z e n d a Juiz dos
Feitos da mesma, Manoel Ignacio Pereira
do L a g o . ( P a g . 104. v.)
80

DOC. N ° 33

Otiicio derigido ao Desembargador da Co-


marca sobre os feitos de diversos e os
urgentes r/ne estão por sequestrar.

J.llmo. S r . l)r. D e z e m b a r g a d o r Ouvidor


G e r a l e C o r r e g e d o r da C o m a r c a e Juiz do
F i s c o -Nos papeis do fallecido inconfidente
A n d r é de Albuquerque de M a r a n h à o , se a c h a m
claros os dos sitios constantes da relação
junta a s s i g n a d a pelo E s c r i v ã o deste Juizo,
que
n ã o estarem ainda, porque até o presente igno-
r a v a m e segundo a i n d a g a ç ã o que tenho feito
ultimamente pertenceram aos
mencionados na mesma relação o que f a ç o
ver a V . S " para deliberar a este respeito o
que for servido. Deus G u a r d e a V. S^. Cidade
do Natal, i de Julho de iSiH. Manoel I g n a c i o
Pereira do L a g o . ( P a g . U05. v . )

i>oc. \ " 34

Registro da Informação do officio acima.

Relação dos sítios que.pelos papeis


do falso Andre de Albuquerque Alaranlião
consta estarem em sequestro :

" F a l l e c i d o A n d r é de Albuquerque Mara-


nhão :
N o S e r i d ó do termo desta Capitania, o
sitio R a m o F e c h a d o :
No termo de Villa F l o r parte do sitio
Rasso :
Ignoro o outro logar perto do sitio T a p i s -
surema :
idem referido no Curimataü perto do sitio
Salgado :
N a C a p i t a n i a da P a r a h y b a o engenho do
Gros.'o:
N o P a n e m a do termo do Assú o sitio
P a t o s , certa p o r ç ã o de terras c o m p r a d a a
F r a n c i s c o X a v i e r de P a i v a , que ignoro onde
seja, cujo vendedor morava na Villa de S . J o s é .
S e s a b e disto por uma carta escripta ao falle-
cido André por J o ã o Moreira Cordeiro.
Quanto a J o s é I g n a c i o de Albuquerque
Maranhão :
N a Capitania da P a r a h y b a , no Pombal,
a f a z e n d a Belém.
Quanto a A n d r é de Elstivas :
N o P o t e n g y do termo desta Capitania,
parte do sitio de S . Pedro.
Quanto a J o ä o d e Albuquerque M a r a n h ã o :
N o T r a h i r y do termo da Villa de S . J o s é
•desta Capitania, os sitios J a c a r é e S a l g a d o .
N o C a r i r y de fóra, os sitios J a t o b á e Im-
buzeiro.
I g n o r a m a quem pertence no termo da
Capitania da P a r a h y b a , o sitio Quintoreré.
O E s c r i v ã o dos feitos. Augusto L e i t ã o de
Almeida.
•82—

DOC. N 9 35

Registro do ofiicio do Ulmo. Sr.


Governador desta Capitania que acom-
panhou as copias dos otíicios do Ulmo.
e Exmo. Snr. Governador de Pernambuco e
do Dezemhargador e Presidente da Alçada,
Bernardo Teixeira Coutinho e Alexandre de
Carvalho, se arreinat tirem os gados vaccums
e cavallares das fazendas confiscadas nesta
Cajjit ania pelo crime de mcon fiden t e

Gom esta a c h a r á V. Mcê. por copias as-


s i g n a d a s pelo Secretario deste G o v e r n o , o offi
cio que me dirigiu o Illmo. e E x m o . S r . G o -
vernador de P e r n a m b u c o , a c o m p a n h a d o de ou-
tro que lhe tinha dirigido o D e z e m b a r g a d o r
do P n ç o e Presidente da A l ç a d a , B e r n a r d o T e i -
xeira Coutinho A l e x a n d r e de C a r v a l h o .
E m observancia de a m b o s m a n d a r á V.
Mcê. a f f i x a r E d i t a e s para a r r e m a t a r os g a d o s
v a c c u m e c a v a l l a r existentes nas F a z e n d a s
c o n f i s c a d a s nesta Capitania aos R é o s indica-
dos do crime de inconfidência, e alta traição,
g u a r d a n d o nesta deligencia a f o r m a e cautellas
que r e c o m m e n d a o officio do referido Presi- •
dente da A l ç a d a . D e u s G u a r d e a V. M. Ci-
dade do Natal, 6 de A g o s t o de 1 8 1 8 . J o s é
I g n a c i o B o r g e s . ( P a g . 2OQ. v . )
DOC. s9 36

Registro de um officio
que respondeu o Sr. Provedor da
Fazenda Real do III nu.. Sr. Governador desta
Capitania de umas copias que a eile vieram
inclusas,sendo uma do Ulmo. Sr. Governador
de Pernambuco e outra de outro officio do I)r.
Dezemhargador do Paço e Presidente da Al-
çada, Bernardo Teixeira Coutinho
Alexandre de Carvalho.

Ulmo. S r . ( i o v e r n a d o r J osé Ignacio B o r g e s .


Recebi o officio de \ . - S ' 1 com a data de
hoje, com a s duas copias que a eile vieram in-
d u z a s , sendo uma de um officio do Ulmo. e
Exrrio, S r . G o v e r n a d o r de P e r n a m b u c o , diri-
gido a V. Sfc em data de 1 9 de Maio ultimo, e
outra de outro officio do D e z e m b a r g a d o r do
P a ç o e Presidente da A l ç a d a , B e r n a r d o T e i -
xeira Coutinho A l v a r e s de Carvalho, dirigido
ao Ulmo. e K x m o . S r . G o v e r n a d o r em d a t a d o
referido mez, determinando-me V . S^ que em
consequência de a m b o s mande eu affixar E d i -
taes para se a r r e m a t a r os gados vaccum e ca-
vallar existentes nas f a z e n d a s confiscadas nes-
ta Capitania aos réos indiciados do crime de
inconfidência e alta traição, guardando nesta
dita deligencia a forma e cautellas que recom-
menda o officio do referido Presidente da Al-
çada. E m execução do dito officio de V. S r i e
d a s referidas copias, mandei afixar E d i t a e s
nesta Cidade, e em todas as Yillas desta Capi-
tania, com o termo de trinta dias em diante
para se a r r e m a t a r e m os referidos g a d o s aquém
maior lanço ofiferecer, e em tudo o mais exe-
cutarei na forma determinada no referido offfeio
de V . S * editaes e copias. Deus G u a r d e a V .
S * . C i d a d e do Natal, 6 de A g o s t o de 1 8 1 8 .
Manoel I g n a c i o Pereira do L a g o . ( P a g . 209. v . )

DOE 37

Registro de uma copia do Ulmo. r Exmo.


vSv. General, que respondeu o Ulmo. Sr.
Governador desta Capitania

Copia—Illmo. e E x m o . Senhor : Tenho


presente o ofhcio de V. E x c i a . datado de hoje
em que diz que por informações repetidas lhes
consta que urna d a s cauzas da falta que aqui
há de carnes verdes é a grande quantidade de
g a d o s que estão nas f a z e n d a s confiscadas e que
destas se remettiam para esta C i d a d e e Villa,
accrescentando que se eu julgar á bem, q u t
estes g a d o s sejam vendidos e depositados os
seus preços nos C o f r e s R e a e s com a permis-
são minha,officiará aos G o v e r n a d o r e s respec-
tivos para darem as providencias necessarias ;
o que eu posso dizer sobre isto è a carta R e g i a
de 6 de A g o s t o proximo p a s s a d o não m a n d a
vender os bens de raiz, e sim os m a n d a pôr
em administração. A s f a z e n d a s de criação fa-
zem um todo com o g a d o que as povôa e f a z
a sua c r e a ç ã o , m a s os gados que ellas produ-
zem não são precizos para a sua povoação, f a -
zem os seus fruetos. e estes podem e devem
—35—

se vender, assim como os fructos das outras


f a z e n d a s que nSo sSo de c r e a ç ã o de g a d o s ; e
portanto, eu julgo que os g a d o s da producçSío
d e s s a s f a z e n d a s sequestradas se devem ven-
der, deixando o da criação e o necessário para
supprir as faltas que houver, o que se costuma
f a z e r pelo modo dc uzo da terra de vender so-
mente o g a d o de certo numero de annos. P o -
rem como todas as vendas do que por algum
modo pertence a F a z e n d a R e a l , somente se
podem fazer em A s t a publica e por a r r e m a t a -
ção, desse modo somente è que este m e s m o
g a d o da producção se deve vender, tendo toda
a cautella necessaria para que senão tire uma
c a b e ç a d a s necessarias para povoação e crea-
ção, em consequência disto, não só permitto
m a s quero que os Administradores e Deposi-
tários das f a z e n d a s de g a d o f a ç a m vender em
A s t a Publica por a r r e m a t a ç ã o os g a d o s de
sua producção que fazem os seus fructos pe-
rante os Ministros que fizeram os sequestros
respectivos e os nomearão a elles Adminis-
tradores e Depositários os quaes f a r ã o metter
nos cofres R e a e s todo o dinheiro que produzi-
rem as a r r e m a t a ç õ e s , assim como todo o que
estiver .nas mãos dos Depositários por estarem
mais seguros nos ditos cofres R e a e s . E p a r a
que assim se execute peço a V . E x c i a . ,
assim c o m o no seu officio se offereceu aos Go-
vernadores d a s C a p i t a n i a s visinhas li irritantes.
Deus G u a r d e a V . E x c i a , muitos annos. Reci-
fe, 6 de Maio de 1 8 1 8 .

Illmo. e E x m o . S r . Luiz do R e g o Barre-


86

tto. B e r n a r d o Teixeira Coutinho A l v e s de C a r -


valho. E s t á conforme. O P a d r e Manoel Pinto
de Castro, que serviu de Secretario. P a g . 2 1 3 . V . )
e © B R H N < » n
1)E

DEZ IMOS EM 1812


s
QCE INTERESSA AOS LIMITES DO RIO GRANDE
DO NORTE COM A PARAlIVBA

Informações dadas pela


Provedoria Real da Capita-
nia do Rio Grande do Norte,
no requerimento do Coronel
.4 ndréde AIbuquerque Mara
nhào sobre a cobrança de de
/imos no sitio Tapessurema.

" S n r . — K m c u m p r i m e n t o do D e s p a c h o
dc V . A . R . , d a t a d o em 20 de M a i o , em que
m a n d a A este A d j u n c t o i n f o r m a r o requeri-
m e n t o do C o r o n e l A n d r é de A l b u q u e r q u e M a -
ranhão, A r r e m a t a n t e dos D i z i m o s R e a e s d a s
sete r i b e i r a s desta C a p i t a n i a s o b r e J o ã o B a r -
bosa V i a n na, c o m p r a d o r de hum r a m o de Di
zimo d a C a p i t a n i a d a P a r a h y b a na parte e m
que confina a dita C a p i t a n i a com a ribeira d o
sul desta, h u m a d a s a r r e m a t a ç õ e s do supph-
cante, i n n o v a n d o que os sitios de T a p e s s u r e -
111a, M a r c o s do meio, M a r c o s de b a i x o , A l m a s ,
I n g á , P i r a i i , e v i z i n h a n ç a s delles ali p a g a -
rem os D i z i m o s de suas culturas e m a i s co-
lheitas, s e n d o que por uzo e c o s t u m e invete-
r a d o s e m p r e p a g a v a m os ditos D i z i m o s a o Di-
ziraeiro da R i b e i r a do Sul desta C a p i t a n i a ,
»8

passou este Adjuncto a fazer a s averiguações


necessarias sobre o dito objecto para com
toda a exactidão informar a V . A. R . e achou
por informações de pessoas que têm cobrado
Dizimos na dita ribeira do Sul, que os mora-
dores dos referidos logares sempre lhes p a g a -
ram os Dizimos de suas colheitas, e pela de-
m a r c a ç ã o da divisão desta Capitania com a
da P a r a h y b a , feita a consenso das C a m a r a s
de huma e outra no anno de 1678, que do
M a r c o que se acha abordo do rio denominado
dos M a r c o s com o Lettreiro da parte do Sul
P a r a h y b a , e da parte do Norte R i o G r a n d e
até o rio Corimataú, e que dos sitios que se
acharem da parte do Sul pertencião os D i z i m o s
a Capitania da P a r a h y b a e dos da parte d o
Norte a do R i o G r a n d e , e do dito rio Corima-
taú para acima os que estivessem da parte do
Poente pertencião os seus Dizimos a dita C a -
pitania da P a r a h y b a , e os da parte do N a s -
cente a esta do Rio G r a n d e . He o que pode-
mos i n f o r m a r a V. A. R . que difirirá ao S u p -
plicante o que for servido. C i d a d e do Natal em
Adjunto de 6 de J u n h o de 1 8 1 2 — S e b a s t i ã o
F r a n c i s c o de Mello e P o v o a s , Manoel I g n a c i o
Pereira do L a g o , L u i z J o s é Roiz Pinheiro.
Antonio Miz P r a ç a .

(Do L i v r o do Registro das Provisões que


vieram da R e a l F a z e n d a para a Provedoria
do Rio G r a n d e do Norte, pag. 16).
89"—

Régis ti o do Officio, fcito


pela Camara da Villa Flor
ao Adjuncto sobre a Divisão
desta Capitania com a da
Parahyba,

«Ulmos. Senres. do Adjuncto da R e a l F a -


zenda desta Capitania. P a r a se cumprir e x a -
tamente o que deixou provido o Senr. D e z e m -
b a r g a d o r e Corregedor desta C o m a r c a , a res-
peito da Divisão do destricto desta Villa com
a da villa da Bahia de S . Miguel, cujos limites
he os das Capitanias desta com a da P a r a h y -
ba, he preciso que V . S . mande-nos hum tres-
lado autentico de huma divisão das ditas C a -
pitanias que se acha nessa Provedoria julgado
pela J u n t a de P e r n a m b u c o , o que assim lhe
requeremos por parte de S . A. R . o Príncipe
R e a l N o s s o Senhor, remettendo V. S . com a
maior brevidade possível, porque se deve tra-
tar deste negocio antes que o dito Corregedor
se recolha a C a b e ç a da C o m a r c a para julgar
ou decidir qualquer duvida que occorra. D o
zello com que V . S . costuma e m p r e g a r em
semelhantes deligencias, e s p e r a m o s o cumpri-
mento desta na forma que he encarregado.
Deus G u a r d e a V . S . Villa F l o r em C a m a r a de
16 de N o v e m b r o de 1 8 1 3 . L a z a r o L o p e s G a l -
v ã o . Manoel X a v i e r das C h a g a s , Antonio"TTáy-
mundo da Cunha, Manoel da Costa Gadelha».

(Cit. liv. pag. 59).


Registro (la resposta do
Otíicio supra. (*)

S e n d o presente ao Adjuncto de R e n d a s
R e a e s desta Capitania o officio de V . Mces.
de 16 do corrente em que pedem ao m e s m o
Adjuncto lhes remetta com a maior b r e v i d a d e
possível hum treslado da divisão que a J u n t a
da R e a l F a z e n d a de P e r n a m b u c o deo sobre os
limites desta Capitania, o m e s m o Adjunto me
determina a participar a V . M c e s . que neste
Adjuncto hâ hum Ministro dos Feitos ao qual
V . M c e s . d e v e r ã o requerer este treslado. D e u s
G u a r d e a V . M c e s . Provedoria R e a l F a z e n d a
da C i d a d e do Natal, 18 de N o v e m b r o de 1 8 1 3 .
O E s c r i v ã o interino Agostinho L e i t ã o d ' A l m e i -
da. S n r s . Officiaes da C a m a r a da villa de Villa
Flor.

(Cit. liv. pag. 59 v . )

( # ) O Instituto Historico possue a divisÜo e demarcação de


Villa Flor de que trata esse officic.
A IMPRENSA PERIÓDICA
NO

RIO G R A N D E DO NORTE
PARTE II

CATALOGO DOS JORNAES PUBLICADOS


NO RIO GRANDE DO NORTE

1832-1908
(CONTINUANDO DO VOI. VIII, HAO. ,14o)

86-,1 REPUBLICA 1389-1908.


1890

N ° 5 9 — 1 9 de Julho—Commémora «A
Republica» a data de seu primeiro anniversario
com o seguinte artigo, encimado por um
barrete phrygio :

"NOSSO ANNIVERSARIO
F a z hoje um anno que este periodico, atra-
vez de innumeras difficuldades e provações,
estreou neste E s t a d o a p r o p a g a n d a republi-
cana.
U m anno de existência, de labor inces-
sante.
F o i no dia i " de Julho do anno p a s s a d o
que A Republica appareceu na imprensa, mo-
vimentando o espirito democrático, que desa-
pontava em nosso horisonte como o suave d i -
luculo do glorioso dia 1 5 de N o v e m b r o .
E n t ã o eram bem poucos os crentes da
ideia nova, e a orthodoxia monarchica i m p u -
nha aos seus adeptos e j anis aros os mais ri-
gorosos preceitos.
O Visconde de Ouro P r e t o assumira a alta
a d m i n i s t r a ç ã o do E s t a d o assignando com os
representantes da rronarchia o solemne c o m -
promisso de exterminar os republicanos e a -
mordaçar por esse modo a p r o p a g a n d a d e m o -
crática.
A esta capital já haviam c h e g a d o o c e l e -
bre presidente F a u s t o B a r r e t o e o seu fidus
Achates, dr. A m a r o B e z e r r a , com uma legião
de sobrinhos e fdhotes congeneres...
Vinham inaugurar o dominio despotico,
de que os investira o orgulhoso estadista que
organizára o gabinete 7 de Junho, O dr. A -
maro Bezerra allegava posse velha de 40 ân-
uos como titulo á sua dominação : os s o b r i -
nhos entravam no dominio desta terra, cujos
primeiros balbucios de liberdade g o v e r n a m e n -
tal c o m e ç a v a m a ser ouvidos, simplesmente
par droit de naissance...
A sêcca attingia o seu a p o g ê o e levava a
desolação a todos os pontos do listado ; ensa-
i a v a - s e , a r m a d o o governo dos soccorros p ú -
blicos, de que abusou criminosa e impudente
mente, o trai alho eleitoral,
P a r a logo os arautos do despotismo, s i -
mulando os b n n d o a do antigo governo a b s o -
luto, fizeram sentir, de localidade cm localida-
de, que os republicanos não teriam quartel,
constituíam um partido fóra de toda p r o t e c ç ã o
legal...
A violência começou, e dentro de pouco
tempo recrudescia de maneira espantosa...
F o i em tal conjunctura, affrontando a s iras
do poder arrogante, corrompido e corruptor,
a r c a n d o valentemente com difficuldades de
toda sorte, que o nosso digno chefe, dr. Pe-
dro Velho de Albuquerque Maranhão, fundou
este periódico, que redigiu até o dia 1 5 de
N o v e m b r o , a p e n a s ajudado por seu irmão, o
nosso talentoso collega Augusto M a r a n h ã o .
F u n d a n d o A Republica, o nosso digno
chefe iniciou, com invejável bizarria, á luz me-
ridiana, sem rebuço de qualquer especie, com
c o r a g e m estóica e fé inconcussa, a p r o p a g a n -
da dos princípios republicanos, que ainda sus
tenta nas columnas desta folha, com brilhan-
tismo consoante com seu talento e incontestá-
vel illustração.
N a quadra de soffrimentos em que A Re-
publica appareceu na imprensa, o nosso ta-
lentoso e honrado chefe não se limitou á ex-
p l a n a ç ã o d a s doutrinas republicanas, pisou
com firmeza o estádio da polemica, pondo
s e ao lado dos co-religíonarios perseguidos e
fazendo morder o chão das derrotas a aucfe-
r i d a d e arbitraria e violenta.
E i s c o m o n a s c e u e j o r n a d e o u .1 R e p u b l i -
c a n e s s e s t e m p o s de p r o v a n ç a ; eis c o m o lu-
ctou, nobilitou se e nobilitou a causa pela
qual a i n d a hoje se b a t e o nosso h o n r a d o che-
fe e c o l l e g a dr. P e d r o V e l h o de A l b u q u e r q u e
Maranhão.
C o m o p a r t i d o republicano, com a patria,
com o R i o G r a n d e do Norte nos c o n g r a t u l a
mos hoje pelo a n n i v e r s a r i o glorioso d ' . l Re-
publica e a o seu illustre f u n d a d o r e r e d a c t ' r
c h e f e e n v i a m o s , com toda a a b u n d a n c i a de
n o s s a s a l m a s , no a l v o r o ç o do maior jubilo, os
n o s s o s c u m p r i m e n t o s e f e l i c i t a ç õ e s ' , (74)

1891
" A R e p u b l i c a ' ' c o n t i n u a v a a publicar o
e x p e d i e n t e do g o v e r n o .
M a s na e d i ç ã o de 3 de M a r ç o encontra
se a seguinte d e c l a r a ç ã o :
" E m vista d a attitude que t e m o s o d e v e r
de a s s u m i r e m frente da nova d i r e c ç ã o poli-
tica do E s t a d o , já r e q u e r e m o s a r e s c i s ã o d o
c o n t r a c t o que c e l e b r a m o s c o m o g o v e r n o p a r a
a publicação dos actos officiaes".

(74) Meu estado dr saúde me n3o permitiu levar avaute "


edição desta trabalho com o plano que tracei lhe to começar sua
publicação na Revista. Daqui em diante limitar-me ti a reeditar
o que já foi publicado, com as pequenas correcções au addio>»
que porventura possam occorrer me ao tirai as provas para a ini
prensa
Pedindo aos leitores desculpa desta falta involuntária, espeffl
que outro, de m.iis saúde compi tencia, venha de futuro dar ao
meu modesto trabdhoo desenvolvimento que nAo pude d i r lhe
Effectiva mente, no n" seguinte - 105, de
21 de Março restabelecendo seu primitivo
lemuia de orgtun do punido republicano,
jA não publica os actos officiaes. Declarar se
publicação vemanai e ter mudado seu escrip-
torio e tvpographia para a rua " S e n a d o r José
Bonifacio". n u
Passaram então ? figurar como redacto-
res ostensivos d'.l Republica, sob a direc-
ção do dr. Pedro Velho, Nascimento Castro,
Chave« Filho, Braz de Andrade Mello e Au-
gusto Maranhão.

1 * 1 >2

Fleito depois governador do Estado o dr.


P<-dro Velho e já tendo <»ido anteriormen-
te nomeado chefe de policia o dr. Braz de A n -
drade Mello, .4 Republica de 5 de M a r ç o - nQ
J
55 faz a seguinte declaração :
" O nosso iIlustre chefe, dr. Pedro Velho,
0
o nosso talentoso collega dr. Braz de A.
Mello, achando-se no effectivo exercício de
importantes funeções administrativas do E s -
tado, de caracter permanente, deixam por
e
rnquanto a redacção deste jornal".
E m o n" 1 6 3 , de 3 0 de Abril, lê-se o se-
guinte :
"Retirou-se da redacção d . 1 Republica
0
dr. Nascimento Castro.
E m seu logar ontrou o dr. Antonio de
^°uza, distincto filho do Rio Cirande do Nor-
t(;
e de quem muito tem a esperar a sua terra".
O n° 1 7 3 , de 9 de Julho, traz ainda uma
carta do dr. J.. F . Chaves Filho eliminando
se da redacção d l Republica, por ter sido
nomeado desembargador do Superior T r i b u -
nal de Justiça do Estado.
C) togar do dr. Chaves è, porém, preenchi-
do pelo dr. B r a z de Mello, que volta a seu
antigo posto de combate, como se vê do n 9
i 9 5 . d e 10 de Dezembro.

1893 18M-

E s s e s annos passaram-se sem nenhuma


alteração na vida intima d M Republica, a não
ser a mudança de seu escriptorio e typogra-
phia, no ultimo delles, para a rua "Correia
Telles" (hoje " D r . Barata"), n" 5.

1895

E m Março a morte do dr. Braz de Mello


veio enluctar a redacção d ' . l Repui>Hea, que
em sua edicção de 1 6 r.9 310—noticia com
phrases repassadas de saudades esse tristissi
mo acontecimento.
Mas logo em Abril, retirando se da reda-
c ç ã o o dr. Antonio de Souza, por ter sido no-
meado Procurador Seccional da Republica,
neste E s t a d o , entraram para ella, preenchen-
do assim os dous logares vagos, os drs. Au-
gusto T a v a r e s de L y r a e Eloy de Souza.
Junctamente com os dous novos r e d a c t o
res entrou também para a casa, figurando
seu nome no cabeçalho do jornal, como g e
rente e director tcc.hnico das officinas, o hon-
rado e habillissimo artista Augusto Leite.

1896

Nada occorreu na vida particular dVI Re-


publica,

1897

Importantíssima alteração na existencia


do qrgam republicano. No r> de Fevereiro, de
simples hebdomadaria. que era, passou a ser
Publicação diaria ; supprimiu do cabeçalho
(
»s nomes de seus redactores e gerente e logo
abaixo do sub- titulo de orgam do partido
republicano federal, que trazia desde 1895,
escreveu : "Director Politico Doutor Pedro
Velho".
Desde a data de sua fundação, publicou
•1 Republica 422 números e assignava-se a
5*000 por anno ; começando agora nova nu-
frieraçflo, que passou a ser annual, fixou o
Preço de sua asslgnatura em 121000 por egual
tempo.
Annunciando esta reforma, disse ella em
10
de Janeiro, quanto ao seu expediente, re-
dacção e collaboraçAo :
"Além da parte official, amplamente des-
envolvida com a publicação dos actos do
governo da União, a chronica dos tribunaes
0 (
> movimento das repartições publicas, A
publica publicará constantemente um ser-
V|
Ço telegraphico dos diversos Estados, arti-
gos de r e d a c ç ã o e de interesse geral, parte
noticiosa e commercial e, sempre, um folhe-
tim caprichosamente escolhido.
A redacção d'A Republico, sob a chefia
e direcção politica de seu illustre fundador,
dr. P e d r o Velho, está confiada aos drs. Al-
berto M a r a n h ã o , Hloy de Souza e Manuel
Dantas.
Além dos redactores, terá o novo diário
a collaboração constante dos drs. A u g u s t o
L y r a , J o s é Carlos Junqueira A y r e s , A m a r o
Cavalcanti, Pinto de Abreu, Antonio de Sou-
za, Hemeterio Filho, Meira e S á , Luiz Fer-
nandes, H o m e m de Siqueira e S e g u n d o W a n -
derley, d. Auta de N>uza, majores P e d r o
Avelino e J o a q u i m Guilherme, Rodrigues de
C a r v a l h o , Henrique Cas'triciano e F r a n c i s c o
Palma.'

1 8 OS

K m principio de Agosto insere /I Repu-


blica no a l t o - d a i1'1 columna de sua pagi-
na os seguintes dizeres :

"ORGAM DIÁRIO MATUTINO

Dr. P e d r o Velho— F u n d a d o r .
Alberto M a r a n h ã o , Manuel D a n t a s , P e d r o
Avelino, J u v e n a l Lamartine-Redactores".
M a s logo no fim desse mez é supprimi
do o nome do ultimo, por ter seguido para a
c o m a r c a do A c a r y , da qual fôra n o m e a d o
juiz de direito ; e em seguida aos nomes dos
redactores a c c r e s c e n t a - s e o de Augusto Lei-
te, como administrador,

1899

A 16 de Junho voltou a figurar entre os


redactores d'.4 Republica o dr. Antonio de
Souza, " o talentoso moço e já laureado es-
criptor norte-rio grandense que, ha muito, diz
ella antes e depois de nossa vida diaria, pres-
tava nos sua valiosa e assidua collaboraçao".
K logo apparece P o l y c a r p o Feitosa sub
screvendo magistraes artigos seus sobre a edu-
c a ç ã o da mulher, em palemica com um sr.
Bias, que escrevia no Diário do Natal.
Nesse anno elevou A Republica o preço
de sua assignatura para 1 5 1 0 0 0 por anno,
i :50o por mez.

1900

A 24 de Março escrevia :
" P o r ter de assumir o governo do Esta-
do, nosso presado chefe da redacção, dr. A l -
berto Maranhão, deixou hontem o posto que
com superior competencia e inexcedivel dedica-
ç ã o exerceu, durante muitos annos, nesta folha.
Substituirá o dr. Alberto M a r a n h ã o na
chefia da redacção d'. 1 Republica nosso col-
lega Manuel D a n t a s . "

1901

Mudando-se para a rua " 1 3 de Maio",


100

n ç 38, emquanto fazia a mudança e realizava


outros melhoramentos em seu material, sus-
pendeu A Republica sua publicação de 1 7
de F e v e r e i r o a 24 de Março, quando reappa-
receu no novo prédio, folha diaria da ma-
nhã, fundada pelo <lr. Pedro Velho, seu di-
rector politico, com a mesma redacção e o
m e s m o administrador das officinas.
A 24 de Julho, depois de uma pequena in-
terrupção de tres dias, passou A Republica a
ser folha diaria da tarde.
No dia 24 de S e t e m b r o despediu se P e
dro Avelino da redacção d A Republica, diri-
gindo ao seu director político uma carto, em
que allegava ter de ir assumir seu novo pos-
to de trabalho na redacção da " G a z e t a do
C o m m e r e i o , " fundada nesta cidade e cuja di-
r e c ç ã o lhe havia sido confiada ; carta que foi
publicada na edição do dia immediato.
A P e d r o Avelino acompanhou Augusto
Leite, que foi substituído na administração
technica d a s officinas por J o s é Mariano Pinto.

1902
R e g i s t r a A Republica, com expressões do
mais profundo pezar, a morte de seu antigo
redactor A u g u s t o S e v e r o de Albuquerque Ma*
ranhão, o notável brazileiro e destemido ae-
ronauta fallecido em Paris, no dia 12 de Maio,
em consequência do horrivel desastre de seu
famoso balão Pax
1903
Estabeleceu prêmios aos a s s i g n a n t e s que
101-- —

pagassem adiantadamente o preço de suas


assignaturas; e, tendo feito acquisição de novo
material typographico, e-m quanto procedia a
sua distribuição e limpeza das machinas, sus-
pendeu, em Abril, «a publicação por sete dias.
Desde então declara-se no fróntispcio d'.l
Republica que seu-escriptorio e1 olliei na > es-
tavam collocados á " P ; a ç a da Republica",

1904 1906

N a d a occorreu digno de especial menção


na vida intima dVI Republica.

1907

Eleito governador do E s t a d o e tendo as


sumido a respectiva administração a 25 de Fe-
vereiro, retira-se da actividade da imprensa o
dr. Antonio de Souza, passando a substitu»l-o
na redacção d 'A Republica o dr. Sergio Bar-
retto, seu antigo collaborador, já vantajosa-
mente conhecido na vida jornalística.
No dia 1 " de Julho, para commemorar a
data da fundação d!A Republica, em 1889, a
redacção augmentou lhe o formato- o mesmo
que tem actualmente, isto é, Ó2cenís. de com-
primento sobre 42 de largura, em 4 paginas—,
melhorou consideravelmente todo o serviço
material e de expediente e realizou modesta,
mas expressiva festa nas officinas, inauguran-
do por essa occasião em seu salão de honra o
retrato de seu fundador e director politico.
Assim termina o editorial desse dia :
" F a z e n d o esta c o m m e m o r a ç ã o , hoje, (]ue
a s s u m i m o s n o v a s r e s p o n s a b i l i d a d e s perante o
publico, não p o d e m o s deixar de p r e s t a r u m a
justa e m e r e c i d a h o m e n a g e m a o s e n a d o r P e -
d r o V e l h o , o c h e f e querido que nos tem sem ,
pre guiado, mestre i n c o m p a r á v e l , que tem
s a b i d o preparar, u m a g e r a ç ã o que se orgulha
de seus e n s i n a m e n t o s ; a m i g o d e d i c a d o , a n t e
o qual sente-se o a m p a r o de um g r a n d e cora-
ção",
M a s esse a n n o findou com um v e r d a d e i
ro d e s a s t r e p a r a -1 Republica : no dia 9 d e
D e z e m b r o falleceu na c i d a d e do Recife, de via
g e m p a r a o R i o , em b u s c a de m e l h o r a s p a r a
sua saúde, p r o f u n d a e r e p e n t i n a m e n t e altera-
da, o s e n a d o r P e d r o V e l h o , d e s a p p a r e c e n d o
assim para s e m p r e e s s e q u e r i d o c h e f e e pro
tector i n c a n s a v e l do velho o' g a m republicano.
E s t e , c o m o o p a r t i d o que dirigia e todo o
E s t a d o , cobriu-se de p e s a d o lueto ; e é c ê d o
ainda para bem a v a l i a r a g r a n d e z a do v á c u o
que ahi deixou aquelle espirito superior e vi
dente.

1 í)08

J á n ã o figura a b a i x o do sub-titulo d<>


jornal o n o m e do dr. P e d r o V e l h o , c o m o seu
director politico, m a s a s seguintes p a l a v r a s :
Direcção politica da Comtnissão executiva'
N a e d i ç ã o de 1 0 de F e v e r e i r o encontra
se a respeito d o r e d a c t o r c h e f e d 'A Republica
e x t e n s a local, d o n d e e x t r a h i m o s os clous se-
guintes periodos :
" D e i x o u hoje a redacção desta folha, para
assumir o exercício «lo elevado c a r g o de Pro-
curador G e r a l do E s t a d o , com que o vem de
distinguir o benemerito governador, dr. Anto-
nio de S o u z a , nosso talentoso companheiro
de trabalho dr» Manuel D a n t a s , a cuja chefia,
nesta redacção, d e v e m o s nós e o partido que
representamos serviços valiosos e inesque
eiveis.
Intelligencia culta e vivaz, com uma ca
pacidade para o trabalho verdadeiramente
excepcional, o illustre advogado occupa em
nossas liteiras logar de merecida distineção,
ganho em uma assídua operosidade de muitos
annos, em beneficio do Estado e ao serviço
da política dominante, â qual s. exa. tem
dado o melhoi de sua invejável actividade.
E assim ficou a cargo exclusivo do dr.
Sergio Barretto a redacção d'.4 Republica,
Rue é de esperar continue a ter como lemma
de combate, como o queria e ensinava seu
inesquecível fundador e guia, o brado de alerta:
Tudo pela Patria !
Tudo pela Republica !

« 7 — W INSPIRA ÇAO— 1«89-90.

Orgam -popular, publicava-se quinzenal-


mente e, embora diga-se simplesmente no ca-
beçalho— Redactores diversos, sabe-se que era
Principalmente redigido por Manuel Coelho de
^ c u z a e Oliveira e j o s é Antonio de Viveiros,
imprimia se na typugraphia da " G a z e t a do
Natal".
104

88— NO R TE-RIO- GRANDENSE -


1889-90
R e d a c t o r principal—dr. Luiz Antonio
Ferreira Souto.
E s c r i p t o r i o da r e d a c ç ã o e t y p o g r a p h i a - -
rua " 1 3 de M a i o " , n ° 49.
J o r n a l politico, publicou seu 1 ° numero no
dia 1 ° de D e z e m b r o de 1 8 8 9 com o seguinte
programma :
" O Norte-Rio- Grandense, surgindo hoje
â luz da publicidade, a p r e s e n t a se d e s p i d o d e s
se cortejo p r o g r a m m a t i c o de que tanto se pre-
o c c u p a m os jornalistas, q u a n d o pela primei-
ra vez a p p a r e c e m na a r e n a d a i m p r e n s a .
D e m o c r a t a sem j a ç a e f r a n c a m e n t e repu-
blicano, o Norte-Rio-Grandense emerge á
tona do s c e n a r i o politico com toda a i s e n ç ã o
de a n i m o na a p r e c i a ç ã o dos a c t o s d o s p o d e r e s
públicos, q u a e s - q u e r que s e j a m a sua nova
o r g a n i z a ç ã o e hierarchia, p u g n a n d o pela re-
c o n s t r u c ç ã o social do novo E s t a d o do R i o
G r a n d e do Norte, pelo seu m e l h o r a m e n t o , pelo
seu p r o g r e s s o , pela sua g r a n d e z a e pela c o n -
f r a t e r n i z a ç ã o de seus filhos.
T u d o e n v i d a r á em d e f e z a da i n t e g r i d a d e
do B r a z ' l e d a autonomia, d a i n d e p e n d e n c i a
e d a liberdade d a patria rio g r a n d e n s e .
A b r a ç a r á t o d a s a s r e f o r m a s que consul-
tem os v e r d a d e i r o s interesses da nova era que
d e s p o n t a p a r a o R i o G r a n d e do N o r t e , f a r t o
de tolerar i m p o s i ç õ e s e indébitas i n t e r v e n ç õ e s
dos velhos p a r t i d o s do extincto r e g i m e n ná
e s c o l h a de sua r e p r e s e n t a ç ã o e na n o m e a ç ã o
de seu f u n c c i o n a l i s m o .
P r o p u g n a r á pela r e s t a u r a ç ã o d a s finan-
ç a s do novo E s t a d o , pelo e n g r a n d e c i m e n t o
de sua industria e de seu c o m m e r c i o , pelo des-
envolvimento da instrucçAo publica e sobre
tudo pela moralidade da a d m i n i s t r a ç ã o p u b l i -
ca err todos os seus múltiplos e variados r a m o s .
E i s em s y n t h e s e os nossos intuitos, que
e s p e r a m o s s e j a m secundados pela d e d i c a ç ã o ,
pela a b n e g a ç ã o e patriotismo de todos os
bons cidadãos que constituem o novo E s t a d o
do R i o G r a n d e do Norte.
Neste posto o Norte-Rio- Grandense, de
clava em punho, n ã o cederá um p a l m o no
terreno da honra, da justiça, do direito e da
lealdade que deve g u a r d a r em todas as rela
ções da vida social".
Além da p r o c l a m a ç ã o do g o v e r n o provi-
zorio da R e p u b l i c a , traz esse numero a acta
da p r o c l a m a ç ã o da republica no R i o G r a n d e
do Norte, contendo duzentas e muitas assi-
gnaturas.
O " N o r t e - R i o - G r a n d e n s e " era i m p r e s s o
em t v p o g r a p h i a própria,

8 9 - 0 POR 17R—1889— 90

E r a um pequeno jornal de r a p a z e s , que,


soó a redacção de diversos, dizia se orgam c?i-
cyclopcdico. P u b l i c a d o a principio na t v p o g r a -
phia d 'A Republica e tres vezes por mez, pas-
sou depois a ser i m p r e s s o na do " R i o Cirande
do N o r t e , " i n d e t e r m i n a d a m e n t e .
N ã o vi o i"? numero deste periodico; m a s
p r e s u m o que sahiu t a m b é m em fins de 1S89,
depois do Norte-Rio Grandense ; porque em
seu 2 ° numero, publicado a 1 0 de J a n e i r o
de 1890, a n n o 2 ? de seu apparecimento, a g r a -
dece a este jornal a s p a l a v r a s lisongeiras com
que o recebera.
T r a z producçdes poéticas de H o n o r i o
Carrilho e Kzequiel W a n d e r l e y .

90— 0 VIGIA—r\ 890.

N ã o pude obter o i ° numero deste perió-


dico ; mas é de suppôr tenha vindo á luz num
dos primeiros dias do anno, pois " O Porvir",
em seu a 9 numero, publicado a 10 de Janeiro,
assim noticia o seu apparecimento :
" R e c e b e m o s " O V i g i a " , que encetou sua
publicação nesta cidade e que promette divir-
tir os leitores com a critica e a pilhéria".

91-A SEN TIN ELLA -1890.

J o r n a l e c o de 1 5 cents. de c o m p r i m e n -
to sobre 1 0 de largura, era impresso na typ.
da " G a z e t a do N a t a l ' e publicava-se aos
domingos, dizendo-se orçam critico.
Distribuiu seu numero a 23 de Feverei"
ro com o seguinte artigo de fundo :
" N u n c a é de mais, no c o m p o do j o r n a l -
ismo, um novo batalhador".
A n i m a d o s por esta verdade, proferida por
um alguém, encetamos hoje a publicação d
" A Sentinella , J , o r g a m essencialmente critico,
que será, em todos os tempos, um baluarte
contra a immoralidade e o pedantismo de uns
e os abusos e odiosas maquinações de outros
(Subentenda se typos).
A nossa empresa é melindrosa, mas al-
tamente nobilitante ; e jamais recuaremos di-
ante de qualquer obstáculo material que por
ventura se nos apresente.
E s t a m o s bem armados para a lucta, e es-
peramos corresponder brilhantemente (mo-
déstia A parte) ao apoio incontestável que me-
recemos do respeitável publico natalense, e
especialmente do illustrado club Pedro- Crú.
Inabalaveis em nosso honroso proposito,
não pouparemos nem as sirigaitas sem pudor,
nem os dandys (pretençSo) fátuos e im moraes.
Pis, em obscuros traços, o trilho que será
rigorosamente seguido pela modesta, porém
im piacavel Scntinclla.
Alerta 1"

92 DIÁRIO PO NA TAL-1890.

Redigido por L u i z Antonio Ferreira Sou-


to Filho e impresso na typ. do " N o r t e - R i o
Grandense".
Isto de diário é um modo de dizer ; por
que o jornalzinho do Catnnda, que nAo sei si
sahia mesmo todos os dias, viveu pouco mais
de uma quinzena e sua existencia ephemera
como que só teve um intuito : despertar en-
tre nos a idéa da fundação da imprensa diaria.
Parece ter v i n d o á luz no dia 28 de F e -
vereiro ; porque A Sentinella, dando noticia
de seu apparecimento, diz a 2 de Março, em
sua secção humorística Dizem os que não fa-
— IOM

Iam " q u e a p p a r e c c u m a i s um n o v o b a t a l h a d o r
no c a m p o do j o r n a l i s m o , d e n o m i n a d o Piaria
do Natal; que e s s e D i á r i o sahc todos os dias ;"
e publica o seguinte t e l e g r a m m a , e x p e d i d o
da R i b e i r a naquelle dia, á s 7 hs. e 5 0 m. da
noite :
" A p p a r e c e u Diário do Natal. O p o v o de
lirante fez m a n i f e s t a ç õ e s honrosissimas á im-
p r e n s a , indo com 8 bandas de musica felicitar
redacção."

93- EVOLUÇÃO -1890.

O r g a m do C l u b E s c h o l a s t i c o N o r t e - R i o
G r a n d e n s e . f u n d a d o nesta c i d a d e no dia 9 de
F e v e r e i r o , foi r e d i g i d o por u m a c o m m i s s ã o de
socios do m e s m o club, c o m p o s t a de A b d e n a
go Alves, Ezequiel Wanderley. Moura Soares,
R a p o s o d a C a m a r a e O v i d i o F e r n a n d e s , até
23 de M a r ç o , q u a n d o dissolveu-se o club e os
n o m e s d e s t e s f o r a m substituídos p e l a s pala-
v r a s Redactores diversos, i m p r e s s a s no fron-
tispício do jornal, que p a s s o u a ser orgam re-
creativo,
T i n h a seu escriptorio d e r e d a c ç ã o á rua
«Coronel B o n i f a c i o » , n ° 5, i m p r i m i a - s e na typ-
d 'A Republica e p u b l i c a v a se d u a s vezes, por
mez, distribuindo seu 1 " n u m e r o 110 dia 4 de
M a r ç o com o seguinte a r t i g o inicial :
" Q u e é a evolução ?
E ' tão v a s t a a c o m p r e h e n s ã o d e s t e vo-
cábulo, t ã o e x t e n s a a sua e s p h e r a significati-
v a , tão c o m p l e x o s os seus b r i l h a n t e s resulta
100 —

dos, que é impossível submettel-a aos moldes


de uma definição.
A evolução é o trabalho pelo engrande-
cimento, é o esforço pela conquista, é a lucta
pelo progresso, é o estimulo pela felicidade,
é a a s p i r a ç ã o pela gloria.
T e m sua origem na necessidade do bem
, "estar, na conveniência em adquerir a maior
s o m m a possível de elementos de vida.
O homem tende p a r a o a p e r f e i ç o a m e n t o
do m e s m o modo que a agulha p a r a o pólo,
A verdade e seu centro de attracçAo.
A evolução personifica-se em C o l o m b o
descobrindo o N o v o - M u n d o , em Montgolfier
devastando o domínio dos ares, em G u t t e m -
berg universalizando os conhecimentos huma-
nos, em A l e x a n d r e e m p r e h e n d e n d o a con-
quista do mundo, em M a h o m e t r e f o r m a n d o
a
religião, em D a r w i m defendendo o transfor-
iTnsino, em Galilêo sustentando o movimento
terrestre, em S p e n c e r orientando a educação,
e,
vt Conte reconstruindo a s b a s e s da philoso-
phia, em Christo, finalmente, resgatando o
• Kenero humano com o mais sublime dos sa-
crifícios.
A evolução é mais do que um desenvolvi -
mento, d>> que u m a revolução, è uma irradi-
ação do espirito ávido de innovaçôes sublimes
(
le horisontes mais luminosos, é mais que
u,
n a tendencia, é uma lei, um phenomeno fa-
ta
' , c o m o a r o t a ç ã o da terra, c o m o a germi-
n
a ç a o d a s plantas.
, A evolução é a a l m a d e s séculos. S u p -
primil a seria mais que um crime, mais que
— 110

uma d e g r a d a ç ã o , seria uma verdadeira atro-


phia social, a r v o r a r o domínio da inércia, fe-
cunda de trevas e pródiga de erros.
Evoluamos.
Deixar de evoluir é deixar de viver".

N e s s e rnesmo numero encontra-se a se-


guinte poesia de S e g u n d o W a n d e r l e y , recita- •
da na sef>são litteraria do dia i 9 de Março, an-
niversario do Atheneu N o r t e - R i o - G r a n d e n s e :

SURGE ET AMIUJL. I !

Eu venho aqui admirar somente


Este conceito juvenil, feliz;
Eu venho aqui f>ara sentir de perto
Da mocidade as expansões febris ;
Nào me deslumbram principescas festas,
São fogos fátuos de letaes paúes ;
Eu amo ouvir um farfalhar de ideas,
Apraz me ver a progressão da Lu

Julgo o trabalho obrigação sublime,


Julgo a sciencia divinal dever :
Precisa o malho f ra vencer a pedra,
O pensamento para o cahos vencer ;
/:' nesta lueta gigantesca e santa,
Que a tantas glorias immortaes conduz,
Mesquinho o braço que fugir da arena,
Maldito o peito que fugir da Enz.

Ao livro, pois, oh mocidade augusta,


Ao livro lodos com sincero afau,
O livro ê gemi en de fecundas glorias,
Que a noite muda em divinal manhã ;
Vibre-se o gladio da razão fulgente,
Deixai que a crença se derrame a flux,
Antes morrer-se combatendo o erro
Po que viver-se 11 um paizsem Luz.

Segui a trilha do condor dos scc los,


Segui o exemplo dos herôes de Além ;
/:' semeiando do talento as pérolas
Que se recolhe o verdadeiro bem ;
Baldada a ley que condemnou 1 esale
Odio improfícuo o que matou fezus ;
Porque o futuro é um sacrario enorme
Que tem por hóstia da verdade a Luz.

Hoje que a patria já não tem senhores,


Hoje que a patria já não tem ma is rei,
Que a liberdade corregio o t/trono,
E a égua Ida de reformou a ley ;
Cumpre expeli ir dos corações briosos
ignorancia o deleterio pús /
Fazer ent) ar cm borbotões no craneo
Do amor a seiva, do progresso a Luz.

Novo horisonte se desdobra ao longe,


( m ar mais puro se respira aqui,
O que foi sombra ficou sendo aurora,
Cahio Saul para se erguer David;
Moços, é tempo de expandir as azas,
Scindir da gloria as regiões azues ;
Quem mais estuda, mais lauréis conquista,
Mais se approxima do paiz da Luz.
Ouvi... nm grito de eloquência heróica
He gruta em gruta reboando vai,
E' Camarão a vos dizer—avante,
E Miguelinho a repetir—luctai ;
O cedro cede ao vendaval bravio,
A onda quebra tios penhascos nús,
A/as nada pode aniquilar um povo
Que tem por base um pedestal de Luz

Eu vos saúdo, legião sagrada,


Raios fecundos de futuros sóes,
/Heinde hoje de gentis mancebos,
A/as amanhã constellaçao de heroes ;
Eu vos saúdo repetindo sempre
Esta verdade, q a razão seduz :
Para a grandeza assignalar d'um sec'lo
E' necessário—Liberdade e Luz.

0 4 — R I O GRANDE DO NORTE—
1890—9«.

jornal politico, dizia-seorgam republicano,


tinha seu escriptorio e t v p o g r a p h i a á r u a " T a r -
quinio de S o u z a — a c t u a l d o "Commercio'•—,
n " 30, e p u b l i c a v a - s e nos d i a s 2, 8, 1 4 , 20 e
26 de c a d a mez. distribuindo seu 1 9 n u m e r o
a 2 1 d e Abril de 1890, com o seguinte pro-
gramma :
«No grande momento d e s t e século para
o B r a z i l , onde operou-se pacificamente oreno-
v a m e n t o total d a s c e n a publica,' q u a n d o o paiz
a t t i n g e o periodo m a i s a c t i v o de desenvolvi-
m e n t o em sua m a r c h a evolutiva, a i m p r e n s a ,
que d e v e e s p e l h a r s e m p r e a o p i n i ã o , haurindo
—113—

n'clla a sua força principal, reveste um cara-


cter g r a n d i o s o — r e a l ç a d o ainda pelo inicio d a s
g r a n d e s instituições, cujo brilho irradiou nos
horisontès da patria.
N ã o se trata de discutir o gráu de legiti-
midade d a s revoluções em geral, nem p a r t i -
cularmente da que operou-se no paiz a 15 de
N o v e m b r o , desde que, pacifica, incruenta,
patriótica, como foi, ella tornou-se nacional.
A republica é o único regimen possível no
Krazil.
Depois de um diluvio de erros, o gabine-
te deposto n a q u e l l a d a t a immorredoira foi a
ultima e s t a ç ã o dolorosa do m a r t y r i o da li-
berdade.
O o r g ã o politico e social indispensável,
o governo, constituindo-se provisoriamente,
lançou a s b a s e s do g r a n d e e novo edifício po-
litico da patria brazileira.
A consolidação do novo regimen constitue
o g r a n d e desideratum da nação.
P a r a que a imprensa se colloque nc nivel
das m o m e n t o s a s questões que surgem á tona
da discussão cumpre que, isenta de paixões,
vise antes de tudc o respeito de si proprja, a
mascula confiança em si, a e m u l a ç ã o e o v i -
gor, com que somente poderá preencher, di-
gna e utilmente, n elevada missão que é des-
tinada a d e s e m p e n h a r .
A s luctas estereis, inspiradas em s e n t i -
mentos estreitos, diremos desde logo, n ã o en-
tram em nossos designios.
O Rio Grande do Norte p r o p u g n a r á sem-
pre pela causa nacional, visando cimentar, da
maneira mais solida, o engrandecimento deste
E s t a d o e por egual a unidade da patria.
C o o p e r a r na g r a n d e obra da consolidação
da republica, prestando-lhe um concurso acti-
vo e sincero, zelar a legitima autonomia d'es-
te E s t a d o , no dominio de sua competencia
especial, velar incessantemente pelo seu bem
estar, pugnar pelo desenvolvimento egricola
e industrial, defender e acautelar os mais legí-
timos interesses na esphera da instrucção p o -
pular, da educação publica, que é um g r a n d e
interesse nacional, concorrer para que se im-
prima ornais energico impulso aos trabalhos
de interesse geral, favorecendo-se o d e s e n v o l -
vimento da riqueza publica ; em uma p a l a v r a ,
promover incessante e e f f i c a z m e n t e a maior
som ma de prosperidades d e s t e E s t a d o sob o
ponto de vista geral, economico e politico, eis
o labaro que hasteia o Rio Grande do Norte,
entrando na liça jornalística, onde finca bem
alto a sua flammula, a s p i r a n d o a considera-
ção publica.
P o n d o a p e n a s em relevo o nosso pro-
g r a m m a , perferimos accentual o em factos,
consoante a pureza de intenções, que elles
traduzirão.
A s s i m que, v i s a m o s evitar o dominio d o
«verbalismo», esse vicio verberado ainda ha
pouco por um g r a n d e espirito, —talvez uma d a s
maiotes energias m e n t a e s do nosso paiz.
C o o p e r a r p a r a a c o n s t r u c ç ã o do edifício
politico sobre f u n d a m e n t o s seguros, tal é, em
resumo, o escudo com que entramos no cam-
po de batalha.
O interesse supremo ante o qual devem
obscurecer-se todos os outros é, de certo, a
manutenção e firmeza da união patria.
D e feito, a constante preoccupação de
quantos sentem vibrar n a l m a a fibra n a c i o -
nal deve consistir em mostrar aos olhos do
mundo civilizado o que a liberdade fez de
nós, a s s e g u r a n d o o seu porvir, preservando-
nos, como tem sido preservada a g r a n d e de-
mocracia dos E s t a d o s Unidos da A m e r i c a do
Norte, da dislocação e da anarchia.
A verdade e a justiça s e r ã o o traço dis-
tinetivo da nossa norma de c o n d u c t a , — m o s -
trando sempre como a dignidade da lingua-
gem pôde s a l v a g u a r d a r bem a nobreza d a s
idéas e dos sentimentos.
Quaesquer que sejam os sacrifícios que
por ventura nos imponha a nossa m i s s ã o no
jornalismo, a firmeza de uma orientação se-
gura dar-nos-ha, cremos, força?, sempre no-
v a s para proseguir na difficil, m a s nobre
jornada.
N a g r a n d e tela politica que atrahe geral
attenção n ã o só do paiz, senão do mundo, de-
s e n h a s e nitidamente a face m a g e s t o s a do
grande edifício da republica brazileira.
F r a n c a m e n t e republicano, guarda fiél dos
direitos e da liberdade do povo de todo este
E s t a d o , o Rio Grande do Norte aspira a pura
gloria de enaltecer o titulo que adoptou, o
que constitue o seu g r a n d e objecto, o seu
supremo d e v e r " .

V e e m - s e ainda nas columnas editoriaes


o " R i o G r a n d e do Norte"~quatro bonitos ar-
tigos c o n s a g r a d o s a Tira-dentes, cujo m a r -
tyrio glorioso relembra a data de seu appare-^-
cimento na arena jornalística.
A principio esteve de accôrdo com " A
R e p u b l i c a " na defesa da politica do antigo
chefe republicano e governador provisorio, dr.
P e d r o Velho ; mas, por o c c a s i ã o do golpe de
estado com que o marechal D e o d o r o da Fon-
seca dissolveu o C o n g r e s s o Nacional, mudan-
do completamente a s i t u a ç ã o politica do paiz,
declarou-se partidario desse acto e constituiu
se no E s t a d o orgam da politica do dr. Miguel
J o a q u i m de Almeida Castro, governador elei-
to em seguida.
P a s s o u e n t ã o a publicar o expediente do
governo e actos officiaes, atò o dia 28 de De-
zembro 189 r, quando, em virtude do contra-
golpe ou r e a c ç ã o que fez o marechal Deodo-
ro resignar o poder e entragai o ao v i c e - p r e -
zidente, marechal Floriano Peixoto, foi depos-
to o g o v e r n a d o r Miguel C a s t r o e substituído
por uma juncta governativa, voltando o dr.
Pedro Velho, como chefe genuíno do partido
republicano 110 E s t a d o , a assumir a respon
sabilidade de sua direcção.
O " R i o G r a n d e do Norte", que havia m u -
dado, em Maio, seu escriptorio e t y p o g r a -
phia para a rua " V i s c o n d e do U r u g u a v " , con-
tinuou, perém, na opposição até 1896, q u a n -
do desappareceu, figurando c o m o seus r e d a c -
tores ostensivos, desde F e v e r e i r o de 1892, . o s
drs. A . de Amorim G a r c i a , A m y n t a s B a r r o s
e J o s é Gervásio.
K r a impresso cm t y p o g r a p h i a própria e
em seus últimos tempos publicava-se nos
dias 1 , 7 , 14, 19 e 25 de cada mez.

9 5 — TRIBUNA JUl 'RN/L 1890.

Periódico scientifico e litterario, era re-


digido por moços estudantes do Atheneu Nor-
te R i o - G r a n d e n s e , entre outros, J o s é L u c a s
R a p o s o da C a m a r a e Honorio Carrilho ; t i -
nha por lemma as p a l a v r a s Uberdade e Luz
e publicava-se quinzenalmente.
Distribuiu seu 1 9 numero no dia n de
A g o s t o , dando os motivos de seu a p pareci-
mento no seguinte artigo inicial :
«Atirando hoje ao mundo pomposo d a s
lettras, á vosta arena do jornalismo a nossa
modesta «Tribuna Juvenil,» cumpre nos a nós,
seus humildes redactores, explicar o motivo de
seu apparecimento.
O b s e r v a - s e e t e m - s e observado, apoz a s
c f f e ; v e c e n t e s evoluções, que assignalam para a
sociedade luminosas balisas de p r o g r e s s o e en-
grandecimento, uma sombria, e á s vezes luc-
tulenta, apathia, que, encerrando o ideial no
estreito circulo d a s abstrações, o faz p a r a r em
sua rotina evolutiva.
E ' , porém, no jornalismo, sempre gran-
dioso em sua essencia, que encontramos o
verdadeiro antídoto para tão pernicioso ma-
rasmo, pois, é " a imprensa o primeiro sig-
na! de vida de um povo e onde esta vida bate
mais forte, mais intensa e mais cheia de fé».
Á r d u a , extraordinariamente a r d u a é nos-
sa missão, que não s a b e m o s se c o n s e g u i r e -
mos levar avante.
M a s o fim ? O fim é radiante !
D ahi essp coragem que, intumecendo-nos
a alma, nos impelle a emprehender t ã o diffi-
cil tarefa.
S ó a mocidade pôde instruir o povo, e
«só um povo instruído pôde conservar-se li-
vre»—dizia Madisson.
Cicero p e n s a v a que nenhum serviço maior
poder se-hia prestar â repubica do que o d e
educar e instruir a mocidade.
A nossa resolução, portanto, de dar hoje
á luz da publicidade um periódico scientifico
e litterario, é filha tão somente do desejo
que temos de nos instruir, e n ã o da vaidade
fatua da mocidade.
A s s i m , pois, explicados os moveis que
nos induziram a escrever o nosso humilde
periódico, e bem assim o seu titulo, termina-
r e m o s dizendo queserá elle exclusivamente
c o n s a g r a d o â sciencia e á litteratura, a que,
n a a p r e c i a ç ã o dos princípios scientificos, j a m a i s
chegaremos".

E m sua secção C O N H E C I M E N T O S Ú T E I S
encontram-se dous interessantes documentos
historicos, descobertos no archivo da Inten-
dência Municipal desta cidade : — U m edital
de d. J o s é , rei de Portugal e dos A l g a r v e s ,
m a n d a d o publicar e correr com força de lei,
ordenando que «todos os livros que se refe-
rem á s suppostas prophecias dos sapateiros
S i m ã o G o m e s e G o n ç a l o A n n i s B a n d a r r a fos-
sem, com a «Carta Apologética» do p a d r e
Antonio Vieira, condem nados A pena do fogo
e que a nenhum vassallo do reino fosse per-
mittido possuir e fazer-se echo desses livros,
verdadeiro attentado contra a coroa em pro-
veito dos jezuitas» ;—e sentença que em
i2 de J a n e i r o de 1 7 5 9 proferiu a juncta da
inconfidência para castigo dos réos que ten-
taram contra a vida de S . M . EL -Rei D .
J o s é I.
«Nesta t e r r a — d i z A Republica, entre ou-
tras phrases lisonjeiras com que recebera a
Tribuna Juvenil— ha o velho vicio dos jor-
nalecos apasquinados, zumbindo e mordendo,
como si a imprensa fosse uma esterqueira; lon-
ge disso, a " T r i b u n a " afigura-se uma peque-
nina flor no c a m p o do jornalismo».
T i n h a seu escriptorio de r e d a c ç ã o á rua
" C o r o n e l B o n i f a c i o " , n " 7, e era impressa na
typ. do " R i o G r a n d e do Norte".

06—A PATRIA-1890.

Orgam do partido catholico, sahiu A luz


da publicidade no dia 29 de A g o s t o , com o s e -
guinte p r o g r a m m a :
" G r a n d e , esplendida realidade, fa to in-
contestável é o partido catholico do R i o G r a n -
de do Norte.
N o dia 17 de A g o s t o do corrente, na he-
róica e catholica cidade de S . J o s é de M i p i -
bú, no meio de enormes e estrondosas m a n i -
festações populares, foi levantada a gloriosa
bandeira, o estandarte da Cruz e da L i b e r d a -
de, a cuja s o m b r a se a b r i g a m hoje os ho-
mens de boa fè, os corações bem f o r m a d o s e
verdadeiramente patriotas.
Consequência deste acontecimento, r e -
p e r c u s s ã o deste phenomeno, moralmente ine-
vitável - s e m duvida bello e d e s l u m b r a n t e —
a p p a r e c e , surge a g o r a A PATRIA, o r g a m do
novo partido, defensora do bem e da fé ca
tholica.
Idolatras do direito e da justiça, a m a n -
tes d a democracia e do p r o g r e s s o social,
como fugiríamos da luz e da opinião publica,
em nome de que principio ou conveniência
h a v í a m o s de trabalhar na treva e no silencio ?
Impossível.
C r e a d o o partido catholico, estabelecidas
suas b a s e s e a s p i r a ç õ e s — s u a primeira lei, o
mais poderoso elemento de vida desta va-
lente a g r e m i a ç ã o é e será s e m p r e a publici-
dade.
N ã o temos pactos nem allianças, n ã o
t e m o s p r o m e s s a s ou compromissos occultos.
A s p i r a m o s um nobre hm : — a v i c t o r i a d a
liberdade ; p u g n a m o s em nome de D E U S e d a
consciência pelo respeito á crença nacional,
contra o dominio, e i m p l a n t a ç ã o d o atheismo
no lar domestico c nas instituições publicas.
E s t a a m i s s ã o do partido catholico, este
o p r o g r a m m a de nosso independente jornal.
Destinada a realizar t ã o puros e santos
princípios A P A T R I A espera por isto m e s m o
conquistar o appluso de todos os c i d a d ã o s , o
auxilio, o apoio franco e generoso de todos os
espíritos,' de todas a s a l m a s e g r a n d e s cora-
ções sedentos de liberdade e justiça, enamo-
rados pelos fulgores da democracia e pelas
grandezas do catholicismo.
Onde estiver o direito e a verdade, onde
tremular o labaro invicto das aspirações da de-
mocracia e das doutrinas sublimes do E v a n -
gelho, ahi estará A P A T R I A , a penna e o pensa-
mento dos redactores de nossa modesta folha.
A ' i n j u s t i ç a e ao crime d a r e m o s eterno, i n -
cessante combate. A ' v i r t u d e e ao mérito, aos
heróes da patria e da r e l i g i ã o - os nossos h y m -
nos de victoria, as nossas p a l m a s de triunv
pho, as nossas a m p l a s e sinceras ovações".

C o m o veem os leitores, A Patria appare-


cia como orgam de um partido politico, que se
fundára no dia 17 na cidade de S . J o s é de Mi-
pibú e cujo directorio, de que era presidente o
dr. H o r á c i o C a n d i d o de S a l e s e Silva, v i c e -
presidente-conego G r e g o r i o F e r r e i r a L u s t o s a ,
1 ° c 2 " secretarios-padres J o s é Paulino de An-
drade e Antonio X a v i e r de P a i v a , em sua p r i -
meira reunião, que tivera logar a 22, o r g a n i -
zára a seguinte chapa de senadores e deputa-
dos ao C o n g r e s s o F e d e r a l :
P a r a senadores : Drs. Tarquinio Bráulio
de S o u z a A m a r a n t h o e Olyntho J o s é Meira.
P a r a deputados : Drs. José Calistrato
Carrilho de V a s c o n c e l l o s e H o r á c i o C a n d i d o
de S a l e s e Silva e c i d a d ã o Antonio S o a r e s de
Macedo.
M a s o partido catholico, quecombatia aber
ta mente os princípios de liberdade religiosa
c o n s a g r a d o s na Constituição F e d e r a l , já pu
— 122

blicada, muito l o n g e e s t e v e de c o n s e g u i r a elei-


ç ã o de seus c a n d i d a t o s ; d e s a p p a r e c e u e m
p o u c o t e m p o e com elle o o r g a m de s u a s i d é a s ,
que viveu a p e n a s dous m e z e s e dias, d e s a p p a -
r e c e n d o a o publicar seu 3 " numero, em 1 2 d e
Novembro.
«A P a t r i a » i m p r i m i a - s e na t y p . d a " G a -
zeta do N a t a l " e tinha seu escriptorio de re-
d a c ç ã o á rua " C o r o n e l B o n i f a c i o " , n? 24.

97—po T fG U A R A N I A — 1 8 9 0 .

Dizia-se orgâo dos interesses modernos,


e s c r e v e n d o logo em s e g u i d a , c o m o l e m m a , a s
seguintes p a l a v r a s : " T u d o é relativo : eis o
único principio absoluto".
A d o p t a n d o r i g o r o s a o r t h o g r a p h i a phone
tica, publicou seu 1 ° numero no dia 24 de S e -
t e m b r o com o seguinte a r t i g o de a p r e s e n t a ç ã o :
« S e n p r e que un periódico ven á lus d a pu-
blissidade, a c o r d a un p e n s a m e n t o novo, u m a
idéa s a n i justa, u m a o r i e n t a s s ã o de espirito,
u m a r e n a s s e n s a i un t r a b a l h o , enhn.
C a d a p e n s a m e n t o é u m a n o v a conquista,
c a d a idéa novo rebento, c a d a o r i e n t a s s ã o n o -
v a lus, c a d a l e n á s s e n s a nova pátria i ç a d a tra
b a l h o novo deslunbre.
A m i s s ã o d a i n p r e n s a è a m a i s inportan-
te na vida s o s s i a l — a m i s s ã o do p e n s a m e n t o
en publico—, i n ela nad^ m a i s que a v e r d a d e ,
n a d a m e n o s que o d e v e r i o patriotizmo.
P u g n a r pelo c o n p l e m e n t o g r a n d i l o c o -
L u s i P á t r i a — é a v o n t a d e indómita de nossa
Potiguarania ; i á éla, que busca estos p r i n s i -
pios do ben, nada mais justo que o bon acolhi-
mento dos corassões ben criados.
Nilo temos programa, i, si o tivéssemos,
reuniríamos á ele este vocábulo eloquente i da
mais espressiva significassão : - R i o G r a n d e
do Norte !
Si, poren, un dia formos interpelados so-
bre o nosso intuito na inprensa, respondere-
mos :
— N a pátria livre queremos livremente
pensar en publico».
A " P o t i g u a r a n i a " era impressa na typ.
d 'A Republica e apparecia em dias indetermi-
nados.

98—MO CIDADE-1890.

Orgam littcrario c noticioso, publicou seu


nu nero no dia i de Novembro, apresentan-
d o - s e ao publico nos seguintes termos :
«Apresentando hoje ao publico nosso h u -
milde periodico—Mocidade —começamos por
manifestar os nossos sentimentos, bem como
a árdua missão que emprehendemos.
Diante as mais deslumbrantes d e s c o b e r -
tas que heroicos gladiadores teem feito para
engrandecimento da instrucção, sempre a im-
prensa, esta motora da civilização moderna, é
a mais bella, a mais importante. E ' justamente
por e-ta razão que nós, que só buscamos o pro-
gresso, procuramol-a, para assim apresentar
aos nossos leitores uma idéa sã e que buscará
sempre defender a causa do adiantamento mo-
ral, sem interver se n'um sò passo da crítica,
que traz s o m e n t e o b s c u r i d a d e s e o b s t á c u l o s
p a r a a n o s s a vida social. A i n d a que difficil,
c o m o r e c o n h e c e m o s , s e j a a t a r e f a de que de hoje
e m diante nos o c c u p a m o s , t r a b a l h a r e m o s sem-
p r e p a r a opulentar com o thesouro d a s lettras
a n o s s a intenção, e m b o r a poucos s e j a m o s
nossos conhecimentos.
C o n f i a d o s , pois, nos nossos leitores, um
b r a d o d e e n t h u s i a s m o em prol da c a u s a f u l -
g e n t e que a b r a ç a m o s será s e m p r e o que se ha
de ouvir de nós, seus r e d a c t o r e s " .
Q u a n t o á r e d a c ç ã o , a p e n a s dizia-se r.o
c a b e ç a l h o : Redactores diversos. S a b e - s e , p o -
r é m , que a Mocidade e r a redigida por j o v e n s
e s t u d a n t e s do A t h e n e u e em sua s e c ç ã o " L v r a
P o é t i c a " d e s t a c a m - s e , entre outras, a l g u m a s
p o e s i a s de J o ã o C h a v e s , H o n o r i o C a r r i l h o ,
J o s é C a n d i d o B a r b o s a , B e n v e n u t o de Oliveira
e Ezequiel Wanderley.
I m p r i m i a - s e na typ. do " R i o G r a n d e d o
N o r t e " e sahia d u a s vezes por mez.
. E r a o s e g u n d o j o r n a l q u e se p u b l i c a v a
nesta c i d a d e com t s t e n o m e ; o primeiro ap-
p a r e c e u em 1 8 8 2 . Y i d . n-' 63, no vol. V I da
Revista, pag. 1 1 7 .

9 9 — 0 UINZE DE NO í TEMBR 0 -
1890.

Edição especial p a r a c o m m e m o r a r a d a -
ta do primeiro a n n i v e r s a r i o da p r o c l a m a ç ã o da
Republica.
A p r i m e i r a p a g i n a é o c c u p a d a pelo retra-
to do Generalíssimo Manuel Deodoro da Fon-
seca, no centro, com a seguinte saudação, for-
mando um largo'semicírculo na parte superior:
N o A N N I V E R S A R I O DA PROCLAMAÇÃO DA R E P U -
BLICA,' A P A T R I A AGRADECIDA SAÚDA O GRANDE E
DIGNO B R A S I L E I R O , C H E F E DO PRIMEIRO GOVER-
NO LIVRE DO B R A Z I L ; e m a i s a s p a l a v r a s Pa-
tria e Liberdade, na parte inferior, abaixo do
nome do general,
A proposito desta publicação diz ,-/ Repu-
blica de 23 :
" E s t e periódica fundiu-se com o «Rio
Grande do Norte" para dar uma edição especi-
al, c o n s a g r a d a á memoria do grande feito, tra-
zendo na pagina de honra o retrato do vulto
heroico. e immortal do invicto generalíssimo
Deodoro da F o n s e c a e nas seguintes artigos
âllusivos ao grandioso acontecimento e aos
seus protogonistas".
Abre a serie desses artigos, subscriptos
Pelos redactores dos dous jornaes. entre os
l u a e s se notam B r a z de Andrade Mello, J o a -
quim Ferreira C h a v e s Filho, J o s é G e r v á s i o de
Amorim G a r c i a e Diógenes da Nóbrega, o se-
guinte, do dr. J o ã o G o m e s Ribeiro, governa-
dor do E s t a d o :
" F a z um anno que o a n j o tutelar do B r a -
sil, servindo-se da espada gloriosa do mais va-
' e nte de seus soldados, rasgou novos h o r i s o n -
tes á ventura de nossa patria, que vio, tomada
indisiveis alegrias, surgir a esplendorosa au-
rora da verdadeira democracia, alumiada pelos
r;
úos fecundos do bemdito sol da liberdade.
O pavoroso estrondo do ruimento da mo-
ft
archia foi a b a f a d o pelas festivas manifesta-
ções dc jubilo que irromperam sadias e espon-
tâneas dos seios do patriotismo em todos os
ângulos de paiz.
F a z um a n n o que teve logar o santo acon-
tecimento e jâ é outra a f a c e da n a ç ã o brazil-
eira ! Sente-se bater livre seu c o r a ç ã o , ali-
mentado pelo s a n g u e tonificado pelos benéfi-
cos princípios da g r a n d e trilogia social liber-
dade, egualdade e fraternidade.
O E s t a d o do R i o G r a n d e do N o r t e r e j u -
bila-se com a patria pela felicidade de todos
e, rendendo votos da mais pura e sincera gra-
tidão a sua bôa sorte, dirige as mais a r d e n t e s
e f e r v o r o s a s saudações ao illustre e beneme-
rito c i d a d ã o , ao invicto e valoroso soldado, ao
preclaro e insigne a l a g o a n o Manuel Deodoro
da F o n s e c a , generalíssimo do generoso e v a -
lente exercito brazileiro, D i g n í s s i m o Presiden-
te d a Republica dos E s t a d o s U n i d o s d o B r a z i l .
V i v a a Republica Brazileira !
V i v a o inclyto generalíssimo Manuel Deo-
doro da F o n s e c a !
V i v a o E s t a d o d o R i o G r a n d e d o Norte !"

100 0 SANTELMO- 1891-93.

E m sua curta cxistencia teve O Santehuo


dous períodos inteiramente distinetos.
Publicarão bi-semanal e dizendo-se orgot'1
dos interesses hodiernos, veio pela primeira vez
á luz d a publicidade no dia 14 de J u l h o de
1 8 9 1 , com este simples artigo de apresen-
tação :
« B e m d i t a s auras que beijam a s sorridentes
*

plagas onde vem ;'t luz um o r g a m da Impren-


sa, um espelho d a s reílecções de quem quer
pensar em publico, bem c o m o os échos vibran-
tes no e s p a ç o repercutem a voz,
* *
B e m d i t o o c o r a ç ã o que applaude o braço
que n ã o c a n ç a na lueta pelo progresso, a alma
(
iue aninha desejos de luz e busca os princípios
do bem, o p e n s a m e n t o que supplica e x p a n s ã o :
Mocidade que procura a I m p r e n s a .
* *
A luz a l m e j a d a dos povos, o p r o g r e s s o tri-
Umphal da humanidade, o cultivo do espirito
da M o c i d a d e respiram de longe e s p e r a n ç o s o s
ftquelles (pie hoje c o m e ç a m a ensaiar se nas
c
° l u m n a s d O Santelmo,
#
* *
N a d a de arrefecimentos !
A g i r ! A g i r !...
O século è quem quer .
S e m redactores ostensivos, m a s com col
foàorafâo /rança ao bello sexo, continuou ' O
Sa
ntelmo" sua publicação até 31 de Outubro,
(
1 ua ndo a p pa r ec era m a s s u m i n d o os t e n si v a me n •
tf
- a responsabilidade da r e d a c ç ã o S e a b r a de
Aiello, F e r r e i r a V e i g a e J o s é de N iveiros, e
C(,
mo editor Augusto C . W a n d e r l e y .
E assim terminou o a 9 trimestre e an
de sua existência, cm 3 0 de N o v e m b r o , pu-
blicando 12 números. M a s logo suspendeu a
Publicação até 5 de A g o s t o de 1892, q u a n d o
' e a p p a r e c e u sob a r e d a c ç ã o de S e a b r a de Mel-
!< G a l d i n o S a m p a i o , J o s é de Viveiros c C«ar-
l ,a
- Netto, publicando o seguinte artigo inicial:
" D e p o i s de longos mezes de interrupção,
a p p a r e c e hoje, em todo o vigor da p r i m e i r a
edade, c modesto Santelmo, fructo sazonado
de nossas vigílias e lucubrações.
A confiança que, com justiça, deposita-
m o s nos bons e generosos habitantes desta ci-
d a d e è o único incentivo que nos anima e en-
coraja na continuação de t ã o ardua e m p r e z a .
P a r a vencer é preciso luctar ; assim t a m -
bém, para aperfeiçoar o espirito ò preciso es-
tudar, e estudar muito. N ó s , espíritos estereis,
p r e c i s a m o s de cultivar a intelligencia, alimen-
tando-a com os livros, que s ã o o seu pão quo-
tidiano. O resultado do nosso estudo, nossos
artigos (si assim se pode c h a m a r a u m a s p h r a -
ses banaes, singelas e mal alinhavadas) trare-
mos para esta tribuna e a p r e s e n t a r e m o s a o s
nossos leitores, não c o m o obra prima, m a s sim-
ples ensaios de um calouro.
N ã o tememos a critica, e até a deseja-
mos ; m a s a critica instructiva. A o s zoilos, que
por infelicidade ainda abundam na nossa soci-
edade, seremos prodigos antecipando-lhes o
nosso despreso".

F a z i a e n t ã o - e x p r e s s a d e c l a r a ç ã o de que
" h ã o a c c e i t a v a collaboração de espeoie a l -
g u m a " , dizia-se orgam litterario e publicava se
nos dias 5, 15 e 25 de cada mez.
A 25 do predicto mez de A g o s t o G a r c i a
Netto já não f a z i a parte da r e d a c ç ã o , da qual
retirou-se também G a l d i n o S a m p a i o em 25 de
Outubro, ficando ella exclusivamente a c a r -
go de- S e a b r a de Mello josé A l e x a n d r e — e
J o s é de Viveiros, que escreviam sob os p s e u -
donvmos de Eugênio de M. e Jordão do Valle.
A p c z a r da d e c l a r a ç ã o a que acima me
referi, yejo que collaboravam n 0 Santelmo
U r b a n o Hermillo, B e n v e n u t o de Oliveira e ou-
tros, e sobre a morte de Silva J a r d i m , o deno-
dado propagandista da Republica, encontro
no n? 7 o seguinte soneto de S e g u n d o W a n -
derley :

"CATASTKOPUE

A MEMORIA DO INVICTO PATRIOTA

SILVA JARDIM

Evocado, talvez, por torça estranha,


Assombrada de ver tanta victoria,
Elie se arroja aos cimos da montanha
Como a (tingira ao vértice da gloria .'

Era grande de mais a sua empresa.


Ia além da razão o seu intento :
Mas não teme afrontar a natureza
Quem consegue vencer o sentimento !

E, quando assim sublime elle se erguia


J't a arrancar ao vulcão a lava ardente
h fulminar com e/la a mmarchia...

Hasta ! lhe brada a voz da Magestade ;


E a/li tombou, legando ao mundo inteiro
Silvas de luz, jardins de Liberdade ! »
O Santelmo era e f e c t i v a m e n t e , c o m o se
dizia, um jornal litterario ; m a s tinha f r a n c a
s y m p a t h i a pela politica r e p u b l i c a n a do dr. P e -
d r o Velho, cujo o r g a m , noticiando o recebi-
m e n t o do n v de 1 5 d e A g o s t o de 1 8 9 2 , a s s i m
se e x p r i m e a seu respeito :

«6» SANTELMO

T e m o s A vista o ultimo numero do perio


dico assim intitulado e, c o m o se s a b e , redigido
por u m a pleiade de m o ç o s que n ã o se d e i x a m
l e v a r pela a p a t h i a intellectual que d o m i n a o
n o s s o meio.
C o m o o de 5 deste mez, p r i m e i r o d e p o i s
de sua r e a p p a r i ç ã o no m u n d o d a s l e t t r a s po-
t y g u a r e s , O Santelmo de 1 5 d o c o r r e n t e tem o
que se leia e d e m o n s t r a muito bem que os seus
r e d a c t o r e s , com t r a b a l h o e p e r s e v e r a n ç a , po-
d e r ã o em b r e v e conquistar um bonito l o g a r no
j o r n a l i s m o do E s t a d o , que tanto p r e c i s a de pe-
riódicos que, c o m o O Santelmo, s a i b a m f a l a r
em outras c o u s a s que n ã o s e j a m e x c l u s i v a -
m e n t e a politica.
A v a n t e , pois, e n a d a de d e s a n i m o !»

O Santelmo, p o r é m , publicou a p e n a s 30
n u m e r e s , s a h i n d o o ultimo a 1 2 de F e v e r e i r o
de 1 8 9 3 .
Imprimia-se na Tyftografhia Central e
tinha seu escriptorio de r e d a c ç ã o á rua «21 de
Março»,, n " 24.
1 0 1 — 0 ARTISTA—1891 92.

Orgam democrático o redigido pelo dr. S e -


gundo W a n d e r l e y , surgiu á luz da publicidade
no dia J8 de D e z e m b r o 1 8 9 1 , expondo bri -
lhantemente o seu p r o g r a m m a no seguinte ar-
tigo inicial :
«Neste período momentoso edifficil de evo-
luções inexperadas, de sorprezas imprevistas,
de tansições accidentaes é mister que todas a s
torças convirjam para o m e s m o centro, todas
as actividades tendam para o m e s m o fim, todas
;>s intelligencias mirem o m e s m o ponto de vista,
todas a s vontades procurem o m e s m o o b j e c t i -
vo, todas a s consciências aspirem o m e s m o
ideal, todos os espirito.;, e m f i m , se preoccupem
com um só resultado, se compenetrem de um
só d e v e r — a s a l v a ç ã o da patria.
Pujante pelo seu numero, horoica pela sua
dedicação, nobre pelos seus sentimentos, po-
derosa pela sua utilidade, elevada pela sua a u -
tonomia, a classe artística não pôde nem deve
permanecer na retaguarda, q u a n d o se trata de
desenvolver o progresso, aperfeiçoar a civiliza-
ç ã o e g a r a n t i : a felicidade universal.
E m todos os tempos o artista tem occu-
pado um logar saliente na galeria luminosa d a s
celebridades h u m a n a s .
P h y d i a s immortalizando a G r e ia com os
prodígios de seu buril, Miguel A n g e l o a s s o m -
brando a Italia com os milagres de seu pincel.
W a g n e r electrizando a A l l e m a n h a com a s ma-
ravilhas de suas melodias s ã o outros tantos
gênios que se impõem á a d m i r a ç ã o dos séculos
pelo prestigio de s u a s o b r a s , pela g r a n d e z a d e
seus m o n u m e n t o s .
K Guttemberg ? Guttemberg é mais do
que um g ê n i o — é a i n c a r n a ç ã o v i v a d a civiliza-
ç ã o moderna, é a perpetuidade do pensamen-
to, a e t e r n i d a d e d a gloria, a i m m o r t a l i d a d e
d a luz.
O artista è o o p e r á r i o do b e m .
Q u e m diz a r t i s t a — d i z t r a b a l h o ; q u e m diz
t r a b a l h o — d i z lucta; q u e m diz l u c t a — d i z Victo-
ria ; q u e m diz victoria —diz luz, e quem diz
l u z — d i z felicidade, diz s u p r e m o b e m .
M a s n ã o é só a lucta pela vida que deve
p r e o c c u p a r o espirito d e s s e s sublimes archite-
ctos da c i v i l i z a ç ã o ; é t a m b é m a lucta pela li-
b e r d a d e que d e v e estimular os seus brios e di-
vinizar a sua missão.
O artista n ã o d e v e ser s i m p l e s m e n t e um
o p e r á r i o v u l g a r , d e v e attingir a altura de um
b e n e m e r i t o , e p a r a i s s o é n e c e s s á r i o q u e se
eleve n a s a z a s d e s s e c o n d o r sublime q u e con-
duziu T i r a d e n t e s a o infinito e M i g u e l m h o á
posteridade.
N ã o é s ó m e n t e com o b r a ç o que o artista
d e v e t r a b a l h a r , é com o espirito, é c o m a in-
telligencia.
A p a t r i a e x i g e o c o n c u r s o s i m u l t â n e o de
t o d a s a s c l a s s e s p a r a sua c o n s o l i d a ç ã o e o es1-
c o p r o do artista v a l e t a n t o c o m o a p e n n a do
e s c r i p t o r ou a e s p a d a do guerreiro.
A c l a s s e artística é a a r c a r a n t a de todas
a s virtudes c í v i c a s , é a g r a n d e a r t é r i a por onde
circula a seiva v i v i f i c a n t e d a d e m o c r a c i a pura-
O o p e r á r i o tem sido s e m p r e o elemento
predominante em todas a s revoluções que tem
agitado o o r g a n i s m o s o c i a l ; tem sido s e m p r e
0
primeiro a dar o seu sangue, m a s infeliz-
mente o ultimo a receber a luz.
Q u a n d o se trata dos perigos d a s luetas
é lembrado c o m o um heróe ; quando se
trata dos louros da victoria é esquecido c o m o
um cobarde.
Os benefícios colhidos n ã o correspondem
a
° s sacrifícios feitos ; o resultado obtido não
(>s
tá na r a z ã o directa do esforço e m p r e g a d o .
sempre um saldo no seu patriotismo e um
deficit nos seus interesses.
K ' por isso que a classe artística deve,
< ompenetrando-se de sua importancia, d e s f r a l -
( ar
' ás brisas f a g u e i r a s de suas consciências a
bandeira i m m a c u l a d a de s u a s opiniões, deffen-
der com o heroísmo dos e s p a r c i a t a s a legiti
'nidade de seus direitos, m a r c h a r d e s a s s o m -
brada c o m o os peregrinos da e d a d e media á
r
° n q u i s t a da terra santa da liberdade ; oppor,
(
<>mo os ( i r a c c h o s da historia a n t i g a , a o s a s
:,
° m o s do despotismo estulto a c o r a g e m subli-
'ne (l a resistência nobre ; solicitar na e o m m u -
jjnSo dos povos adiantados o l o g a r d e honra que
| t: r unpete e reclamar, finalmente, o seu qui-
11
mo de gloria na jornada sublime para o tem-
Plo do futuro.
Artistas, a postos !
Publicação quinzenal e editado na Tyfio-
^•pf/ia Centra! p o r Augusto C . W a n d e r l e y .
' ^"tista era regularmente i m p r e s s o e escri-
h ? e n i ' ' " « u a g e n i correcta e elegante, c o m o
ern
deixa ver < artigo a c i m a transcripto.
S e g u n d o W a n d e r l e y , o a p a i x o n a d o cultor
d a s m u s a s , e s q u e c e n d o - a s por m o m e n t o s , dei-
xou-se d o m i n a r pela politica e, e m q u a n t o d e -
fendia em seus editoriaes, com calor e brilhan-
tismo, a s i d é a s p r e g a d a s a o p o v o pelo c h e f e
d a d e m o c r a c i a p o t v g u a r , dr. P e d r o Velho, en-
t r e g a v a a Columna lyrica d e seu quinzenário
aos cuidados dos jovens poetas Henrique C a s -
triciano e F r a n c i s c o P a l m a , que ahi d e i x a r a m
p r o d u c ç õ c s p o é t i c a s de incontestável m e r e c i -
mento.
P e n a que O Artista t i v e s s e vivido t ã o
pouco.
F m 5 de A g o s t o de 1 8 9 2 , O Santelmo, n °
1 3 , publicou a s e g u i n t e d e c l a r a ç ã o d o editor :
« P o r m o t i v o s superiores e muitojustos so-
m o s o b r i g a d o s a s u s p e n d e r por a l g u m t e m p o a
p u b l i c a ç ã o d'O Artista".
E s t e , p o r é m , não sahiu m a i s e 1 »areco m>
que seu intuito na v i d a jornalística foi substi-
tuir aquelle periodico em seu i n t e r r e g n o de
f i n s de 1891 a A g o s t o de 1 8 9 2 . . i Republica de
9 de J a n e i r o d e s s e anno, n " 147, a í i i r m a que
a e s s e t e m p o O Santelmo e s t a v a brilhante
m e n t e t r a n s f o r m a d o n ' O Artista ; e o " R i o
G r a n d e do N o r t e " diz que aquelle " r e a p p a r e -
ceu p r o c u r a n d o r e t o m a r o l o g a r que occupou
na i m p r e n s a do E s t a d o . "

102- O CA1XEJRíM 892^-94.'.

• N ã o vi o i 0 numero d e s t e periódico, heb-


domadário republicano, r e d i g i d o exclusivamert"
te por P e d r o A v e l i n o e i m p r e s s o na t y p . d - /
Rcpublha. I n f o r m a - m e , p o r é m , O Santelmo
que e s s e n u m e r o foi distribuído a 1 0 de A g o s -
to de 1892 e que e m um d o s períodos de seu
e l e v a d o p r o g r a m m a lé-se :
«O Caixeiro n ã o é o o r g a m d o s caixeiros,
nem m e s m o o o r g a m do c o m m e r c i o . A s p i r a
m a i s d i l a t a d o s horisontes na a r e n a jornalís -
tica. ..»
E f f e c t i v ã m e n t e . não foi n a d a disto, e tal-
vez justifique o n o m e c o m q u e se baptizou a
r a z ã o imiça de ser seu r e d a c t o r e m p r e g a d o do
c o m m e r c i o . F o i politico e politico valente e m
d e f e s a do p a r t i d o situacionista do E s t a d o , c u j o
o r g a m recebeu -o com e s t a s p h r a s e s de a n i m a -
dora s y m p a t h i a :

* O'CAIXEIRO

V i v e r e m o s ? P e r g u n t a a si m e s m o e a o
publico o novo e s y m p a t h i c o periodico. ( ) nos-
s o sincero d e s e j o é que o c o l l e g a tenha u m a
existência l o n g a , v e n t u r o s a : m a s é p r e c i s o
lü tar.
C o m b i n a - s e f a c i l m e n t e o p l a n o de um jor-
nal, n u m a p a l e s t r a de s o b r e m e s a , na sala de
Urft c a f é : m a s sustental-o, com t o d o s os a b o r -
recimentos de r e d a c ç ã o e de f i n a n ç a s , e x i g e
muito g o s t o e c o n s i d e r á v e l t e n a c i d a d e .
S e b r e t u d o , n a o d e i x e o collega a r r e f e c e r
0
e n t h u s i a s m o , a robusta e l o u v á v e l c o n f i a n ç a
'jue e m si m e s m o d e p o s i t a .
Le sor/ t n est jeté.
A w a y ! foi a sua s e n h a d e a p r e s e n t a ç ã o .
A v a n t e , pois.
O Caixeiro é pequeno e nasceu hqntern,
m a s j á tem ares de h o m e m : é serio sem t r i s -
teza, altivo sem insolência.
P a r e c e que traz a p t i d ã o para doutrinar o
discutir, sem descurar a s lettras a m e n a s .
«A Republica», logo á primeira visita»
c o n f e s s a q u e f s y m p a t h Í 3 0 u muito com o colle-
ga, e envia—lhe os seus affectuosos cumpri-
mentos de bôa vinda.
O mar da imprensa é revolto e prenhe de
t e m p e s t a d e s ; mas, ao que parece, o pequeno
b a r c o tem uma briosa tripulação, bom cala -
feto e v e l a m e novo. N a v e g a r á com segurança.
Q u a n t o ao rumo, não ha douu : é a R e -
publica".
A o pequeno barco, porém, foi pouco a
pouco enfraquecendo a maruja, e s t r a g a n d o s e
o velame, e a 1 3 de M a r ç o de 1894, publican-
do seu ultimo numero, sossobrou completa-
mente.
O Caixeiro tinha seu escriptorio de re-
d a c ç ã o á rua do « C o m m e r c i o " , n? 85.

1 0 . ' ! — O POTYGUAR- 18)92-<>3.

Dizia-se o r g a m do club " R e c r e i o fuvemT"


e publicou seu 1 " numero a 15 de N o v e m b r o
de 1892, com o seguinte p r o g r a m m a :
«No intuito de b e b e r m o s a s s a n t a s e s u b l i -
mes doutrinas da instrucçãp, esta estrella bri-
lhante que guia para um futuro radiante uma
mocidade que a m a a liberdade e que deseja o
progresso p a r a esta g r a n d e P a t r i a , — e i s - n o s
atirados ao v a s t o c a m p o do jornalismo. •
N ã o p o d e m o s ficar silenciosos deante dos
feitos gloriosos que se tom o p e r a d o neste im-
m o r t a l século, e m que a m o c i d a d é , esta pe-
quena p h a l a n g e , odiada e p e r s e g u i d a por to-
dos e por tudo, procura subir a o s mais altos
c u m e s do a d i a n t a m e n t o e em que a sciencia,
p e n e t r a n d o os m a i s recônditos s e g r e d o s da na-
tureza, r e v e l a - n o s m a r a v i l h o s a s i n v e n ç õ e s .
A mocidade, captiva e amordaçada, vai
pouco a p o u c o d e s c o b r i n d o no bello horisónte
de n o s s a patria um raio luminoso, e mais hoje
ou m a i s a m a n h a ella verá cahir por terra
aquelles que d e s e j a m f a z e r d e l i a um objecto
de v i n g a n ç a .
Nós, que t a m b é m f a z e m o s parte desta mo-
cidade, não q u e r e m o s p r o c u r a r d e s d e j á e n t r a r
em q u e s t õ e s ; q u e r e m o s s i m p l e s m e n t e instruir
nos e por isto a t i r a m o s p a r a o s e n s a t o publico
R i o - G r a n d e n s e este m o d e s t o 1'otygnar, que
p r e t e n d e trilhar s e m p r e o c a m i n h o da v e r d a -
de, d a justiça e do direito. Klle não será um
o r g a m politico, um c a m p e ã o de i d é a s peque-
ninas, que mais d a s v e z e s atiram os h o m e n s
que se l a n ç a m , sem p e n s a r , nas g r a n d e s luc-
tas da i m p r e n s a , no a b y s m o do d e s p r e z o e d o
descrédito. Klle, t r a b a l h a n d o pelo p r o g r e s s o de
todas a s c l a s s e s e e s p e c i a l m e n t e da í n s t r u c ç ã o ,
e s p e r a ter unr a c o l h i m e n t o d i g n o de um p o v o
que d e s e j a t a m b é m o p r o g r e s s o p a r a a p o b r e
mocidade deste E s t a d o " .

V i n d o á luz d a p u b l i c i d a d e no dia 1 5 d e
N o v e m b r o , seu í 9 n u m e r o é quasi que exclusi-
vamente consagrado á c o m m e m o r a ç ã o desta
g r a n d e d a t a , publicando, a l é m de e x p r e s s i v a
s a u d a ç ã o na p a g i n a de h o n r a , a l g u n s a r t i g o s
n a s seguintes, entre os q u a e s um s u b s c r i p t o
por J . L a m a r t i n e .
0 Potyguar era redigido por u m a c o m -
m i s s ã o de socios do referido club, a p r i n c i p i o
c o m p o s t a de A l b e r t o G a r c i a , J o s é B e r n a r d o
Filho e Francisco Palma.
E s t e , p o r é m , a l l e g a n d o que o jornal l o g o
no p r i m e i r o n u m e r o a p r e s e n t á r a i d é a s politi
ticas, c o n t r a r i a n d o a s s i m a s c o n d i ç õ e s que fo-
ram e s t a b e l e c i d a s , p o z - s e i m m e d i a t a m e n t e f ó r a
da r e s p e c t i v a r e d a c ç ã o , ä q u a l d e r a por c a r t a
os motivos de seu p r o c e d i m e n t o , de m o d o
q u e , e m seu logar, já figura no 29 n u m e r o o
n o m e de S i l v e s t r e N e r y .
O Potygtiar s u r p r e h e n d e u - s e com o pro-
c e d i m e n t o de F r a n c i s c o P a l m a e n e g a ter s e
e n v o l v i d o em politica ; m a s o que é certo é que
no 4 ? numero, p u b l i c a d o a 9 de J a n e i r o d e
1 8 9 3 , a p r o p o s i t o de um a t t e n t a d o d*- que fòra
victima o d r . N a s c i m e n t o C a s t r o , da p a r t e de
um tenente de policia, no dia i " d o m e s m o
mez, f a z a o g o v e r n o a s m a i s v i o l e n t a s a c c u s a -
ções e termina dizendo ;
«Pretendíamos não tomar p a r t e n a s q u e s -
tões politicas d o E s t a d o ; p o r é m , diante dos
f a c t o s i m m o r a e s q u e dia a dia v ã o s e d e s d o -
b r a n d o em nossa f r e n t e ; diante d a brutal af-
f r o n t a de que foi v i c t i m a o p o v o p o t y g u a r ; di-
a n t e de tanta c o b a r d i a e de tanta miséria, n ã o
p o d e m o s d e i x a r d e vir, c o m o p e q u e n a parte
d a i m p r e n s a d o E s t a d o , p r o t e s t a r contra <>
a t t e n t a d o d o dia 1 do c o r r e n t e e pedir p r o v i -
9
139 —

dencias ao heroico povo do Rio G r a n d e do


Norte".
E , tendo começado sua publicação na
" L i b r o - T y p o g r a p h i a Natalense", desde o se-
gundo numero passou O Po tyguar a ser im-
presso na typ. do «Rio G r a n d e do Norte», or-
gam da opposição.
Publicava-se duas vezes por mez.

1 0 4 — Q COLIBRI 1892.

F o i incluído no catalogo do dr. Alfredo de


Carvalho, n 9 93 ; e é a única noticia que te-
nho deste periodico.

105 O NORTISTA 1893 95.

C o m e ç o u a ser publicado na cidade de S .


José de Mipibú, onde residia seu proprietário
0
redactor chefe, professor Elias Antonio
Ferreira Souto.
Mudando-se para esta capital, aqui c o n -
tinuou o professor E l i a s Souto a publicação de
•^u jornal com o n° 56, distribuído a 1 5 de
Março de 1893, apresentando se ao publico
natalense nos seguintes termos :
« N M O podemos vencer em tempo as diffi
c i d a d e . ; d a transferencia que fizemos d a s nos-
S;is
ofik inas de S . J o s é para esta capital, que
Podássemos d a r O Nortista no dia 11 deste
ni
ez, conforme promettemos no ultimo n u m e -
r
°- que naquella cidade foi publicado no dia 24
(
le Fevereiro p a s s a d o , e somente hoje pode
^ o s fazer a nossa a p p a r í ç ã o nesta cidade, onde
1 .|;o~-

e s p e r a m o s encontrar benigno acolhimento do-


publico natalense, que j á nos dispensava a sua
honrosa confiança antes de para aqui p a s s a r - *
mos a nossa residencia.
N ã o é entre uma sociedade desconhecida,
para nós, que (7Nortista vem proseguir na sua
ardua e diffieil tarefa na imprensa, n ã o ; vie-
mos viver no aeío de um publico a m i g o e que
conhecemos ha longos annos, devendo lhe a s -..,
maiores attenções, - a g r a t i d ã o m e s m o de nos-
sa a l m a reconhecida".
E l i a s Souto era professor primário da ci-
d a d e de S . J o s é de Mipibú. P o r oceasião de
ser reorganizada a instrucção publica do E s -
'tado, tendo sido n o m e a d o para reger a cadei-
ra da villa de P a u - d o s - E e r r o s , n ã o acceitou a
n o m e a ç ã o ; e nesse m e s m o artigo Censura
a c r e m e n t e o governo que o nomeou e, em phra-
ses violentas, declara que aqui, c o m o já o fazia
em S . J o s é , continuará, no cumprimento d e
seu dever civieo, a combater a politica do dr.
Pedro Velho e auxiliar aquelles que t r a b a l h a m
pela integridade da patria.
O Nortista era eptão publicação semanal,
sob a gerencia de B e n j a m i m K e b o u ç a s , e ti-
nha seu escriptorio de r e d a c ç ã o e typograpIiM
á rua dos " V o l u n t á r i o s da Patria (antigo
" B e c c o - Novo"), n 21, e assignava-se a
5 #000 annuaes.
E m F e v e r e i r o de 1895, conforme decla-
rações insertas n o s 4 n ° s 1 5 0 c 1 5 1 , o professor
E l i a s Souto mudou sua residencia e o es-
criptorio da r e d a c ç ã o d ' O Nortista para a pra-
ça "André- de A l b u q u e r q u e " (antiga. ' K u a
G r a n d e " ) n 9 14, e a officlna t y p o g r a p h i c a p a r a
a rua da " C o n c e i ç ã o " , n 9 43 (75).
No dia I o de M a r ç o desse m e s m o anno,
ao publicar o n 9 1 5 2 , passou O Nortista a ser
folha diaria, reduzindo o f o r m a t o para 3 r cents.
de comprimento sobre 21 de largura e fixan-
do em i 2$000 o preço da assignatura annual.
Continuava com a m e s m a r e d a c ç ã o e geren
cia e publicou então o seguinte artigo, em que
dá os motivos de sua resolução e estabelece o
p r o g r a m m a a seguir em sua nova p h a s e :
" O movimento progressivo desta capital
reclama a publicação diaria dos o r g a m s da
imprensa.
Os periódicos s e m a n a e s não satisfazem
exigencias do serviço de publicidade, nem
anciedade publica na avidez e procura d a s
noticias que s u r g e m dia a dia.
Dahi a publicação constante dos boletins
e avulsos que e s t ã o sempre a surgir nesta
cidade.
V i s a n d o satisfazer de nossa parte esta
grande necessidade publica, O Nortista a ven-
e r o u - s e a sahir diariamente, procurando a s -
s,
m proporcionar mais um ensejo para que
melhor se d e s e n v o l v a m a liberdade do pensa-
mento, o movimento commercial, a actividade
Publica e individual.

(75) Essa« duas rasas j á não existem : o loc.il da primeira far


jj ' n " do I, i reuo cercada peto muro do palácio do Governe no
a<>
jj. Ruftd& foi construi.la a casa em que funecionu o Instituto
1
'arico e Gengruphico
142;

S a b e m o s das grandes, enormes diffieul-


d a d e s que teremos de vencer, tomando a bra-
ços uma e m p r e s a similhante ; e é confiando
no auxilio efficaz dos bons rio-grandenses que
contamos superar esses e m b a r a ç o s com que
teremos de luetar.
R e d u z i m o s o formato de nosso jornal,,
como uma garantia para sua manutenção.
L o g o que nos seja possível, augmentare-
mos o f o r m a t o e o r g a n i z a r e m o s um serviço
telegraphico em melhores condições.
S e m p r e independente como periódico- •
O'Nortista, como diário, ainda mais accen-
tuará sua orientação até hoje mantida na im-
prensa potyguar.
P a s s a n d o a diário, O Nortista espera que,
por esta razão, n ã o perderá um só de seus as-
signantes, e antes acredita que será mais uniii
r a z ã o para que e n g r o s s e mais o numero de
seus leitores e assignantes.
K m suas columnas todos e n c o n t r a r ã o be-
névola a c c e i t a ç â o nc c a m p o v a s t o da discus-
s ã o séria e moralizada.
N e s t a nova phase conta O Nortista com
o valioso apoio do c o m m e r c i o desta Capital c
do Kstado, cujos interesses sempre advogou
com m á x i m o esforço e desinteresse.
Confiante no patriotismo dos bons norte
rio-grandenses, O Nortista atira-se aos ven-
tos da publicação diaria.
K m fins de Abril deixou de figurar corno
gerente da t y p o g r a p h i a o sr. B e n j a m i m K e "
bouças ; e a .6 de Julho faz O No) /is/a n o nu-
mero 257 a seguinte d e c l a r a ç ã o :
« T e n d o o r e d a c t o r - c h e f e deste jornal, pro-
fessor E l i a s Souto, feito acquisição da « E m -
preza L i b r o - T y p o g r a p h i c a Natalense», em
que era impresso o " D i á r i o do N a t a l " e tendo
de preparai-a e reformal-a para nella publicar
" O Nortista" em maior formato, precisa, para
isto, suspender por poucos dias a sahida desta
folha, atè que possa fazer os preparativos ne-
cessários.
O empenho em que estamos de dar um
diário melhor levou-nos a emprehender a ac-
quisição daquella importante e m p r e s a , a mais
providade material t y p o g r a p n i c o nesta capital,
para nella continuar " O N o r t i s t a " a sua jor-
nada.
F a r e m o s esforços para melhorar ainda
' mais a e m p r e s a , afim de desenvolver outros
misteres a que se presta e p a r a o que tem o
preciso machinismo.
E m f a c e do exposto, é justo que os nos-
• s °s a s s i g n a n t e s e leitores desculpem essa li-
geira interrupção, que em pouquinhos dias
voltaremos mais bem municiados para a s lides
(
'a imprensa".

E f f e c t i v a m e n t e , dez dias depois, com fei-


ao nova e maior f o r m a t o —43 cents. de com-
primento sobre 31 de largura publicou a " E m -
Preza Nortista" o n° 258 de seu periódico,
e ° m o m e s m o nome e o sub-titulo de DIÁRIO
1
QTYGUAR, no qual, a proposito da r e f o r m a
Por que a c a b a v a de p a s s a r , diz o seguinte :
144-—

«JVOFA FIIA SE

N o v o s horisontes d i l a t a m - s e hoje dian-


te d a m a r c h a t r i u m p h a n t e d ' " O N o r t i s t a " .
P e r i ó d i c o s e m a n a l até 28 de F e v e r e i r o
p a s s a d o , m a n t i d o a custa de g r a n d e s sacrifí-
cios e p e l a p e r s e v e r a n ç a d e seu proprietário, o
p r o f e s s o r E l i a s S o u t o , p a s s o u a diário no dia
í ? de M a r ç o do corrente a n n o , em pequeno
f o r m a t o , e a s s i m a t r a v e s s o u m a i s de q u a t r o
m e z e s , a t é que hoje r e s u r g e e m c o n d i ç õ e s
m a i s v a n t a j o s a s , de melhor servir a o publico,
cuja c a u s a s e m p r e procurou a d v o g a r c o m m á -
ximo esforço e dedicação.
N a d e f e z a dos s a g r a d o s i n t e r e s s e s d a pá-
tria p o t y g u a r , " O N o r t i s t a " teve de entrar, é
v e r d a d e , em p h a s e s m a i s a b r a z a d a s , n a s pu-
g n a s da i m p r e n s a ; m a s o a r d o r de seu ideal
foi s e m p r e pela s u s t e n t a ç ã o dos brios e d a di-
g n i d a d e da terra n o r t e - r i o - g r a n d e n s e , pela res-
t a u r a ç ã o d a s l i b e r d a d e s publicas, do direito e
da justiça, por c u j a v e r d a d e n ã o c e s s a r á de
e m p e n h a r todos os seus e s f o r ç o s .
S e m p r e i m p a r c i a l , d e s p r e n d i d o inteira-
m e n t e de a g g r e m i a ç õ e s p a r t i d a r i a s , c o m o or-
g a m d a o p i n i ã o publica e r e p r e s e n t a n t e dos
interesses d a s c l a s s e s s o c i a e s , " O N o r t i s t a "
tem p r o c u r a d o c o r r e s p o n d e r á c o n f i a n ç a dos
q u e o h o n r a m com a sua vali o r a c o a d j u v a ç ã o ,
p r o c u r a n d o d e s e m p e n h a r - s e c o m altivez de
sua difficil m i s s ã o na i m p r e n s a .
D i s p o n d o hoje de u m a i m p o r t a n t e e m p r e -
za t y p o g r a p h i c a , " O N o r t i s t a " e n t r a em uma
n o v a p h a s e m a i s p r o s p e r a , v i s a n d o horisontes
mais largos, no firme proposito de manter-se
sempre DIÁRIO, para que o R i o G r a n d e do Nor-
te também possa dar quotidianamente o pão
espiritual aos que desejam alimentar-se com
os progressos da grande obra de Gutemberg.
Publicando hoje " O Nortista" em forma-
to duplo, com superior material typographico,
impressão nítida, è justo e razoável o augmen-
to das assignaturas, o que f a z e m o s o menos
possível, na razão de uln terço para mais.
Com t ã o pequena differença, em f a c e da
t r a n s f o r m a ç ã o por que passa o nosso diário,
confiamos que os nossos assignantes continua-
rão a prestar-nos o seu valioso concurso, não
leva ndo a mal o diminuto acréscimo que fomos
obrigados a fazer, em face das grandes d i f i c u l -
dades com que luetam em seu começo empre-
gas desta ordem p a r a manter-se.
N a s nossas columnas todos, sem distinc-
ção de classe ou politica, encontrarão franco
accesso para sua defesa,, de seus direitos e in-
teresses, desde que em linguagem digna redi-
girem os seus escriptos.
" O Nortista" é f r a n c a m e n t e imparcial, pu-
ramente O R O A M IK>S I N T K R K S S K S S O C I Á K S " .
O professor Klias Souto continuava como
redactor -chefe do jornal, cujo escriptorio de
' e d a c ç ã o mudára para a rua da " C o n c e i ç f l o " ,
n
° 33 (76) ; m a s a " K m p r e z a Nortista," mon-
*

(
I Tt>) Essa cam. q w correspondia á da praç.) " Andrí de Al-
^'«lUerime», também já nfto existe e ti local em t)ue era construída
,'/•
J CRUtilMeVite parte >1 terreno . nipreliendida pelo muro dt-
'áCÍ0
146;

t a d a á rua " V i s c o n d e d o R i o B r a n c o " ( a n t i g a


" R u a N o v a " ) n? 28, p a s s o u a ser p r o p r i e d a d e
de Elias Souto & Comp.
A s a s s i g n a t u r a s à'O Nortista f i c a r a m a s -
sim d e t e r m i n a d a s :
P a r a esta capital : por um m e z — 1 $ 5 0 0 ;
por 3 m e z e s — 4 $ 0 0 0 .
P a r a os d e m a i s l o g a r e s : por 3 m e z e s —
4 $ o o o ; por 6 m e z e s — 8 $ o o o ; por 1 a n n o
Í5$OOO.
A 5 de S e t e m b r o , p u b l i c a n d o o n 9 2 9 1 ,
f a z a seguinte d e c l a r a ç ã o :

" R e s o l v e n d o a u g m e n t a r o f o r m a t o de
n o s s o diário, i n t e r r o m p e m o s tão s o m e n t e a
s a b i d a deste no dia de a m a n h ã , p a r a s a h i r a o
depois, 7 d o corrente, e m c o n d i ç õ e s m a i s a m -
plas e de melhor servir a o publico, a q u e m ,
sobre tudo, d e s e j a m o s ser util e a g r a d a v e l . "

S a h i u , e f í e c t i v a m e n t e , nesse dia, publi-


c a n d o o n " 292 ; m a s de n o m e m u d a d o : havia
se t r a n s f o r m a d o 110 «Diário do N a t a l » , do qual
terei de o c c u p a r - m e m a i s a d i a n t e .
Nortista t a m b é m c h a m o u - s e o 4'-) jornal
que se publicou nesta c i d a d e , e m 1849-
a s s i m c h a m a d o por ter-se a p r e s e n t a d o c o m P
o r g a m , na província, d o p a r t i d o de e g u a l no-
me que militava e n t ã o na politica do paiz
vid. n° 4, pag. 27 do Vol. VI da Revista. ^
d o p r o f e s s o r E l i a s S o u t o , p o r é m , v i n d o á luz
d a publicidade quasi meio século depois, tirava
seu nome, a o que p a r e c e , do s i m p l e s f a c t o de
ser filho d o norte do B r a z i l .
1 0 6 — O PA TRAO—1893—04.

Scmanario democrata e redigido por uma


associação, como declara, publicou seu i 9 nu-
mero a 1 6 de Abril de 1893, com o seguinte
Programma :
«Vagaroso este século caminha para o
termino de seu longo e maravilhoso percurso.
Parece que se annuncia um formidável
es
trepito, infinitamente g r a n d e , na queda
monstruosa desse gigante dos tempos que se
avizinha das bordas do tumulo universal.
A ampulheta do tempo vaza os últimos
gr.-i os de argilla do século que morre ; e a ce-
r
° b r a ç ã o humana, diante desse acontecimento
'issomhroso, como que efccalda-sè e uma ton
t<Mra geral e electrizante assoberba todos os
c-spiritos, domina todas as consciências, trans-
torna todos os miolos —e povos e nações, go
V(
rnos c governados precipitam-se nos abys-
m
° s dos desacertos, da perdição e das revol-
tas
. da ganancia e das aventuras, buscando
|°dos a terra da promissão, a Chanaan das li-
n d a d o s modernas, o anjo louro d o s poetas.
'. a r c a santa dos dominadores do dia a bar-
'iga o o estomago !...
N e s t e hm de século d e s p e d a ç a m - s e o.;
s
° t u m e s honestos, a pureza d e c a r a c t e r , o
l > H t n o t i s m o a b n e g a d o (pie nos e n s i n a r a m os
n Ssos
? m a i o r e s ; e, a o influxo d e u m a civiliza
b a s t a r d a , de um modem is mo calculado, de
•m p r o g r e s s o m i s t i f i c a d o , g e r m i n a u m a n o v a
' 1 8 0 social, que é a n e g a ç ã o c o m p l e t a d o
1
P e r f e i ç o a m e n t o q u e prediziam a s g e r a ç õ e s
p a s s a d a s , confiantes no valor moral e scientí-
fico de nossos coevos em busca da perfectibi
lidade humana.

l'or entre os estertores desse d e s a b a r es-


p a l h a f a t o s o que a m e a ç a o século moribundo;
b a f e j a d o pelas brizas serenas que nestas ma
n h ã s de Abril descem f a g u e i r a s pela f a c e liza
d a s a g u a s de nosso soberbo Potcngy ; enleva-
do por essa bclla alegria cjue paira nas altas
regiões de quem tudo pode, m a n d a , quer e
f a z ; tendo por pedestal o sorriso e o a g r a d o do
p o v o potyguar, surge hoje á luz da publici-
d a d e o i numero d O Pa h tio, novo jornal que
v e m assistir a e s s a s c o m e d i a s c ô m i c o -burles-
cas que se p a s s a m antes do a p p a r e c i m e n t o do
novo século, que a m e a ç a surgir na penumbra
dos vastos horisontes do futuro.
O p r o g r a m m a d 7 ) Patrão será sempre
dictado pela conducta do caixeiro ;, isto é lógi-
co e natural e outro n ã o pode ser o seu pro-
cedimento. ,
N o emtaitto, «O P a t r ã o » t a m b é m se cs
forçará pela patria, pela liberdade, pela repu
blica, pelo Rio G r a n d e do Norte, pelo municí-
pio de N a t a l , pelo commercio, pela lavoura«
pelo povo, pela moral publica, pelos o p p n m l "
dos e pelos fracos, pela instrucçáo e pela luz.
pela v e r d a d e e pela justiça, pela restauração
da lei e d o direito.
Isto posto, () Patrão saúda o respeitável pu-
blico e a imprensa e pede p e r m i s s ã o para
c u p a r um logarzinho na brilhante galeria do
jornalismo brazileiro".
N o 2" numero a p p a r c c e S e b a s t i ã o Rodri-
gues como gerente, titulo a que addiciona de-
pois o de edictor ; e do n v 29 em diante substi-
tuem-se a s p a l a v r a s relativas A r e d a c ç ã o pelas
seguintes : O JORNAI. MAIS u n o NO K S T A D O .
Sei, entretanto, por d e c l a r a ç ã o inserta no
n 9 2 i , de 3 de S e t e m b r o de 1893, que M a n u -
el J o s é N u n e s C a v a l c a n t e foi um de seus reda-
ctores até o dia I o de J u l h o desse anno.
Politicc e f a z e n d o ao g o v e r n o do D r . P e -
dro Velho a mais decidida opposição, dizia ter
por m i s s ã o especial no jornalismo do E s t a d o
enfrentar «O Caixeiro» e dar-lhe caça. P o r
isto, d e s a p p a r e c e n d o este, julgou O Patrão
cumprida sua m i s s ã o e a 20 de Maio de 1894
publicou seu ultimo n u m e r o — 5 0 e, retirando
•se da arena, enviou um saudosíssimo adeus
aos seus numerosíssimos leitores.
E r a impresso na typ. d V ) Xcr/ista.

107- O P, IS TO A'- 1 S 0 3 .

Periódica evange/ico e noticioso, logo a b a i -


xo d o nome de seu principal r e d a c t o r - p r o f e s s o r
Joaquim L o u r i v a l S o a r e s da C a m a r a , trazia
como l e m m a a s seguintes p a l a v r a s de S . J o ã o ;
" E x a m i n a i a s E s c r i p t u r a s . . . E l i a s m e s m a s são
ns
que d ã o testemunho de mim — Y . 3 0 " .
E r a impresso na Typ. Central, publicava
Se
tres v e z e s por mez e distribuiu seu 1 9 nu-
mero no dia 1 (? de Maio, com o seguinte pro-
g r a m ma :
" V e r d a d e i r a m e n t e apostolos de uma cren-
W que traduz p e r f e i t a m e n t e a linguagem pura
do christianismo, cujas doutrinas foram pre-
g a d a s p a r a a f a s t a r do povo inerte o p h a n t a s -
m a hediondo da superstição, robustecida pelas
t r e v a s da ignorancia, nos propomos com os
nossos minguados conhecimentos banil a do
espirito da humanidade, educando-a na obra
sumptuosa da R e d è m p ç ã o ,
E ' assim que d a m o s hoje á luz da publici-
d a d e — " O P a s t o r , " que, d e s p r e s a n d o a s dis-
cussões politicas e diálogos pessoaes, só tem
em vistas evangelizar o povo norte-rio-gran-
dense, mostrando-lhe a s v e r d a d e s eternas
por meio d a s S a g r a d a s L e t t r a s .
E ' v e r d a d e que o nome que escolhemos
p a r a o nosso periodico exige conhecimentos
mais elevados do que realmente temos ; m a s
a idéa que espontaneamente se manifestou em
nosso espirito n ã o admittia outro que expri-
misse positivamente o fim grandioso que a isso
nos demoveu.
P r e p a r a m o s simplesmente o terreno para
nelle ser plantada a boa semente, porque as-
sim o pastor espiritual não custará a edificai"
em N a t a l uma E g r e j a puramente E v a n g é l i c a .
C o n t a n d o com a benevolencia de nossos
leitores, e s p e r a m o s a sua c o a d j u v a ç ã o na ar
dua, porém gloriosa tarefa que ora encetamos,
porque sem o seu valioso auxilio n ã o podere-
mos continuar a nossa publicação, o que será
de todo contristador p a r a esta terra, onde o
p r o g r e s s o educacional e civilizador caminha a
p a s s o s largos.
N ã o recuaremos á s discussões religiosas-
que se nos apresentem e nem sahiremos ja-
mais do plano traçado pela rectidão de nossos
sentimentos.
0 desanimo não entorpecerá as nossas
forças.
A lucta è grande e sublime ! E as,dificul-
dades não nos farão esmorecer, porque temos
fé na possibilidade de v e n c e l - a s " .
Do decimo numero em diante, além da-
quellas palavras que servem de lemma, veem
se
mais as seguintes, de um e outro lado do
titulo do jornal: " E u sou o Caminho e a Ver-
dade e a V i d a : ninguém vem ao PAE senão por
Mim" J o ã o , 14 ; 6 ; " O que crê em mim tem
a
vida eterna- J o ã o 6 ; 47. O que vem a mim
nr,
° no lançarei f ó r a — J . 6; 37".
, O Pastor publicou apenas 18 números, sa-
'undo o ultimo no dia 31 de Outubro.

1 0 8 - DIÁRIO DO FATAL—1893.

A 6 de Maio de 1892 installou-se nesta


c
apital uma sociedade anonyraa com a deno-
minação de " C o m p a n h i a L i b r o - T y p o g r a p h i c a
•^atalense".
1 m de seus intuitos, talvez o principal,
c
p i a fundação nesta cidade de uma folha dia-
1,1
em condições de viabilidade e de poder me-
U)r
do (]ue os periodicos existentes satisfazer
' t s exigências do publico, cada dia mais accen-
ll:i
das ; c assim, montadas as officinas, das
c
luaes ficava fazendo parte o prelo da ex-
a c t a Gazeta do Natal, e providas de abun-
, ' ^ t e material tvpographico, no dia i c) de
1111,10
de 1893 sahiu á luz da publicidade
-152

o numero do Diário do Natal, propri-


e d a d e d a m e s m a c o m p a n h i a , publicando em
sua c o l u m n a de h o n r a o seguinte b e m ela-
b o r a d o p r o g r a m m a , que, e m b o r a um pouco
e x t e n s a , c o m o h o m e n a g e m a nossa primeira
folha diaria e de a c c ô r d o com o plano que
adoptei nesta e d i ç ã o , peço licença aos leitores
para transcrever integralmente :

-LABOREMOS

T u d o pelo trabalho, cm suas v a r i a d a s e


múltiplas m a n i f e s t a ç õ e s , condição por excel-
lencia do h o m e m na lucta pela existencia.
Le monde marche, f hi/manitr s avance, eis
a f ó r m u l a da vida hodierna, que, pelo traba-/
lho, exclue a possibilidade de estacionar.
^ T u d o q u a n t o é h u m a n a , diz um g r a n d e
p e n s a d o r da actualidade, si não progride, re-
trocede.
Q u a n d o s o b r e v e m os obstáculos, cumpt' e
c a m i n h a r a t r a v é z delles, p r o c u r a n d o venfcel-os ,
em busca de a l c a n ç a r o bem c o m m u m , que é
o ideal da felicidade d o s p o v o s .

A f u n d a ç ã o do uma imprensa diaria nesta


capital era ha muito t e m p o o d e s e j o ardente,
a a s p i r a ç ã o nobilitante e g e n e r o s a de alguns
espíritos e m p r e h e n d e d o r e s , que nunca recua-
r a m d e a n t e de difficuldade a l g u m a , certos dc
n ã o f a l t a r e m meios onde a e n e r g i a da vontade,
alliada á diligencia d o esforço, muito contribui
p a r a a f u n e ç ã o a c t i v a c civilizadora d o século-
Encontraremos caminho, ou fal-o-hemos,
diziam ellcs, como (outros já haviam dito, lem-
í ) r a n d o - s e dc que os obstáculos, uma vez con-
quistados, c o m p e n s a m os sacrifícios, servindo
ao m e s m o tempo de e x e m p l o e de estimulo.
Nesta disposição natural para o bem, nes-
ta idealização optimista, própria da imagina-
ção penetrante e sonhadora dos que se d e l i c i -
am com o antegôso de um prazer indefinível,
que sabe vencer todas as resistências natu-
raes, oppostas a um emprehendimento desta
natureza, mourejaram e mourejaram sempre,
até que tornaram uma realidade a idéa perse-
verante que os dominava, na qual nunca dei-
x a i a m de crer, a despeito do pessimismo e des-
animo dos partidários da descrença, fundados
na apathia e indifferença de nosso meio social.
Muito entrave, muito embuste, m u i t a
guerra á surdina tiveram que vencer, sem des-
canço e sem trégua.
O p e r á r i o s do progresso, infatigáveis mo-
tores da concepção grandiosa, que convicta e
incessantemente impulsionavam com a fé dos
crentes e a convicção inabalavel dos homens
do trabalho, elles c o n f i a v a m no successo pro-
videncial dos seus esforços, certos cie que n ã o
haviam de n a u f r a g a r ; e, quando assim aconte-
cesse. os mal logros seriam as cotumnas do bom
êxito, segundo o provérbio do paiz de G a l l e s .
Devido • a esta tenacidade inquebrantá-
vel, surge hoje á luz da publicidade o J)iario
do Xatal. que até ha pouco n ã o p a s s a v a da
forma fabulosa de uma chimera, que se impu-
nha ? o s incrédulos c o m o problema insolúvel,
e
n i tudo similhante ao ovo de Colombo.
P u e m leu o prospecto, que ha tempos s e
fez publicar, desta folha deve ter visto que n ã o
vem filiada a partido algum, para ter a preci-
za isenção de espirito e independencia na dis-
c u s s ã o d a s questões de que se houver de oc-
cupar.
Dir-se-ha um p r o g r a m m a ?
N ã o a f f i r m a m o s nem n e g a m o s esta inter-
rogativa, porque, a falar a verdade, o Diário
tio Natal tem e não tem p r o g r a m m a .
N ã o <'• de hoje que somos infensos a tudo
o que se pareça com isso, a pezar de conhe-
cermos muitas vezes sua utilidade e conveni-
ência.
M a s ò que quasi sempre o p r o g r a m m a se
desvia do plano traçado, d a n d o completamen-
te em falso na directriz preestabelecida, res-
valando no terreno e s c a b r o s o d a s conveniênci-
a s pessoaes, que não permittem a e l e v a ç ã o de
vistas nem de idéas, impossibilitando, por-
tanto, o effeito desejado. '
N a politica, por exemplo, ha muito qile.os
partidos perderam a consciência de suas aspira
fões e os seus programmas sito meras formali-
dades.
C o m o bem se exprimiu um vidente do a c -
tual predomínio da d e m o c r a c i a no paiz, elles
não p a s s a m de c o m p a n h i a s de seguro, onde
cada qual alista-se menos por convicção do que'
pela e s p e r a n ç a de garantir seus interesses pes-
soaes.

C o m o quer que seja, si por p r o g r a m m a


deve entender o desígnio, resoluto e sincero,
de contribuir efficazmente para o adiantamen-
to material e moral de um povo, fazendo-se o
possível pela p r o p a g a ç ã o dos bons princípios e
idéas, não hesitamos em declarar, desde já,
que o nosso jornal tem p r o g r a m m a , claramen-
te e x p r e s s a d o no referido pros pecto, de tra-
tar de todo assumpto que mediata ou imniediata-
Hicntc interessar possa ao bem estar do estado e á
sorte da republica.
Si, porém, em vez disto, p r o g r a m m a quer
dizer- c o m p r o m i s s o irretractavel.defeza opiniá-
tica de princípios e n o n e o s ou f a l s o s que se
pretendam a todo <> custo sustentar e defen-
der, n ã o temos duvida t a m b é m em declarar,
com a m e s m a c o r r e c ç ã o e iram ueza, que o
Diário do Natal não tem p r o g r a m m a .
O direito, a lei, a politica, o commercio, a"
industri a, as artes, tudo, omfim, que se deriva
das f a c u l d a d e s i m a g i n a t i v a s e c r e a d o r a s do bo-
lhem não é mais do que o produeto cultural da
humanidade na e l a b o r a ç ã o prolífica de séculos
de estudo e de investigações scientificas.
F o r m a n d o esse harmonioso conjuncto a
reunião, por assim dizer, de p a r t e s molecula-
res, vinculadas, pela força de cohesão, ao pre-
mente e ao futuro dos povos, n ã o podem dei-
t a r de figurar c o m o outras tantas a g g r e g a ç õ e s
s
° c i a e s , sujeitas a modificações e aperfeiçoa-
mentos ulteriores, que, em todo caso, d e v e m
s
er operados de a c c ò r d o com a e v o l u ç ã o do
f s
' pirito humano, com a força das circumstan-
eias o sob a influencia lenta e imperiosa do
tempo.
S ã o ellas que constituem a s d i f i c u l d a d e s
I
-150

d o p r o b l e m a d a vida publica, rtquellas que,


no dizer de publicista c o n t e m p o r â n e o , assime-
l h a m - s e peia maior parte á s moléstias inter-
nas, sobre cuja n a t u r e z a os m é d i c o s discutem
d u r a n t e todo o t e m p o e m q u e o p a c i e n t e está
em t r a t a m e n t o .
Disto resulta que, c o n f o r m e a o b s e r v a ç ã o
do publicista citado, a v e r d a d e s ó se d e s c o b r e
depois de feita a autopsia.

N o s s o p r o g r a m m a , portanto, está subor-


d i n a d o á q u e s t ã o de princípios, e s t u d a d o s luz
d a o p p o r t u n i d a d e e da technica em todos o*
pontos que o c i r c u m s c r e v e m .
O Piaria do Natal, c o m o folha quotidi-
a n a , politica, m a s n ã o p a r t i d a r i a , c o n s a g r a d a
e s p e c i a l m e n t e a o s interesses do c o m m e r c i o e
da industria, v e m , sem c o n t e s t a ç ã o , preenchei'
u m a g r a n d e e i m p o r t a n t e lacuna na imprensa
do E s t a d o , que, em v e r d a d e , n ã o s e n d o da*
m a i s a t r a z a d a s , d e i x a c o m t u d o muito a desejai''
C o n t a , é certo, n ã o m e n o s de seis jor-
naes, v a l e n t e s c a m p e õ e s , distinetos n o e m p r e *
g o da dialéctica e d o e s t y l o , m a s todos incoiri'
pletos c o m o f a c t o r e s da o p i n i ã o ; e, portanto-
i n s u f i c i e n t e s p a r a p r e e n c h e r e m os fins da im."
prensa diária, visto que n ã o p a s s a m de pub' 1 *
c,a ções pe ri od ica s.
Todos, a l é m disso, c o m o j o r n a e s de p<'1(.
tido, s ã o muitas v e z e s s u s p e i t o s ; suas op 1 '
niões, t r a z e n d o de o r d i n á r i o um c u n h o sectá-
rio e todo p e s s o a l , nem s e m p r e inspiram a n e '
c e s s a r i a c o n f i a n ç a a o publico, á f a l t a de ' l T r
p a r c i a l i d a d e que a s s e g u r e a todo t e m p o o de*"
prendimento moral, c conseguintemente a jus-
teza de seus conceitos.
Falando, como é natural, mais ás paixões
do que á razão, a imprensa partidaria está su-
jeita a sacrificar muitas vezes os princípios
milludiveis da verdade e da justiça ao interesse
de melhor servir á causa que defende.
N a excitação que a domina, no ardor com
(
pie discute, produzindo, em r e g r a , a vchc-
merçcia de seus ataques, está a causa do apai
x
° n a m e n t o de sua linguagem e da intransi-
gência de suas idéas, cujo valor varia, entre-
tanto, conforme a qualidade dos diversos m a -
tizes, seguros ou desmaiantes, que constitu-
< ni
i entre nós, as divergências politicas actu-
coloridas ao gosto e ao p e n s a m e n t o de
cada Chefe numa g r a d a ç ã o quasi imperccpti-
Vc
' de idéas, e r m a s de princípios, numa de-
s
5 ' s t e m a t i z a ç ã o completa e absoluta.
Tudo isto, porque nota-se ha muito tem-
a ausência absoluta de partidos organizá-
° s > a f a l t a de e d u c a ç ã o politica no B r a z i l ,
antas vezes reveladas por f a c t o s extraordina-
1l0s
, que dènunciam o empirismo dos //ossos es-
lf
d'sias, oií antes a sua /a/ta de orientação na
'•crnicia dos negocias do paiz.
. E m c o m p e n s a ç ã o , porém, temos rivalida-
c s
( ' e odios, que dia a dia mais se accentuam
•Se acendem de uma maneira desconsoladora,
av
' i n d o funda a scisão que a m e a ç a dissolver
1 s
° e i e d á d e brazileira !

, exposto resulta a conveniência de uma


' ) ( iincação em os n'ossos hábitos, a necessi--
d a d c dc .uma r e f o r m a , cujos cffeitos perdurem
e s a l u t a r m e n t e se e s t e n d a m a l é m de um bene-
ficio m o m e n t â n e o e fugitivo.
P a r a isso é p r e c i s o que l a b o r e m o s , t o -
m a n d o c o m o divisa este moto, que s i g n i f i c a —
p u g n a r pela o r d e m , pelo trabalho, pela justiça
e pela liberdade a b e m dos g r a n d e s interesses
d a republica no lirazil e e s p e c i a l m e n t e da
p r o s p e r i d a d e do R i o G r a n d e do N o r t e " .

O /Vario do Natal era b e m escripto, dc


f e i ç ã o m o d e r n a e i m p r e s s ã o nítida; m a s resen-
tia-se de u m a g r a n d e f a l t a : a p e z a r de d e c l a r a r
o art. 39 dos E s t a t u t o s da C o m p a n h i a que a re-
d a c ç ã o do J o r n a l seria c o m p o s t a de um reda-
c t o r - c h e f e , a q u e m c o m p e t i a a sua d i r e c ç ã o
mental e politica, pela qual seria o único res-
p o n s á v e l , e de tres r e d a c t o r e s a j u d a n t e s ; ape-
z a r de s a b e r - s e que a s f n n e ç õ e s daquelle fica
v a m e s p e c i a l m e n t e a c a r g o d o dr. Manuel
P o r p h i r i o de Oliveira S a n t o s , e n t ã o juiz s e c -
cional do E s t a d o ; o Diário a p r e s e n t a v a - s e ao
publico a n o n y m a m e n t e , isto é, ninguém as-
s u m i a perante ellc a s r e s p o n s a b i l i d a d e s dc
sua r e d a c ç ã o .
A Republica, a o noticiar seu appareci-
mento, fel-o f r i a m e n t e , n o t a n d o d e s d e logo
e s s a f a l t a , e e m b r e v e teve de enfrental-o, de-
f e n d e n d o o g o v e r n o d o E s t a d o de a c e u s a ç õ e s
que elle f a z i a - l h e .
T o d a v i a , a m p a r a d o por u m a s o c i e d a d e
f u n d a d a com t ã o bons auspícios,, era do e s p e -
rar t i v e s s e u m a existencia l o n g a e cheia d«
benefícios á terra de seu berço. Infélizmente,
porém, a " L i b r o - T y p o g r a p h i c a " cedo entrou
em liquidação e, retirando-se o dr. Oliveira
S a n t o s da direcção do Diário no dia 3 de S e -
tembro, conforme declarou no n° 53, d e s s a
data, foi esse o ultimo numero que publicou ;
de sorte que o esperançoso o r g a m da im-
prensa natalense viveu apenas dous mezes e
dous dias.
E m todo caso, n ã o se lhe pode n e g a r a
gloria de ter sido a primeira folha diaria deste
Estado.
T i n h a seu escriptorio e r e d a c ç ã o ;i rua
" E r e i Miguelinho" (hoje " C o r o n e l P e d r o Soa-
res") n 9

100—O GARO TO -1893.

N ã o vi o I o numero deste periódico. Sei,


entretanto, por informações de outros jornaes,
que sahiu á luz da publicidade no dia 31 de
Julho e que era critico, noticioso, humorístico
c
caricato, apresentando e s t a m p a s a b e r t a s em
madeira.

1 10-_<9 A THLETA—1803.

Dizia-se orgam do Grémio Littcrario Na-


''dctisc, f u n d a d o nesta cidade em dias do mez
c
'e A g o s t o (77) e publicou seu 1 ° numero no

(77) Esse grémio compunha-sa de estudantes do Atheneu e


s
„. '. * "i« directoria : Juvenal Iiftmartine—presidente. José Ber-
_,ç Filho -vice presidente, José Hibeiro e Luiz P e l i n c a — I o e
ecre
0r ? ' a r i o s , Aftoiiso Macedo e José Rodiigues—orador e vice-
n i J 1 s antos Machado thesouroiro, e Sebastião Rodrigues—
100;

dia 7 dc S e t e m b r o , c o m o seguinte p r o -
gramma :
" O a p p a r e c i m e n t o de um jornal, hoje, é
um f a c t o naturalíssimo na v i d a d a s s o c i e d a d e s
modernas.
S u r g e elle, á s vezes, á tona d a publici
d a d e , o r a p a r a se pôr a s e r v i ç o de u m a c a u s a
j u s t a , h ü m a n i t a r i a ou altruistica, patriótica ou
nacional, ora p a r a s a t i s f a z e r a s a s p i r a ç õ e s ele-
v a d a s , a r t í s t i c a s ou litterarias de u m a c l a s s e
social. E m qualquer d a s h v p o t h e s e s o seu a p -
p a r e c i m e n t o é s e m p r e d' t e r m i n a d o pela força
i m p e r i o s a de u m a n e c e s s i d a d e h u m a n a ; a sua
e x i s t e n c i a é j u s t i f i c a d a pela l e g i t i m i d a d e do
ideal que o anima ; a sua m i s s ã o é s e m p r e
g r a n d i o s a e util.
E foi a a c ç ã o e f f i c a z d e s s a lei sociologica,
r e g u l a d o r a e e x p l i c a t i v a d a vida do j o r n a l i s m o
em n o s s a era, que presidiu a c r e a ç ã o d ' 0 ,'j
ATIILETA.
I n q u e s t i o n a v e l m e n t e , a m o c i d a d e estudio-
za n o r t e - r i o - g r a n d e n s e p r e c i s a v a de -um o r g a m
d c p u b l i c i d a d e , e m que p o d e s s e d a r livre
e x p a n s ã o a o s seus p e n s a m e n t o s , á s s u a s emo-
ções, e c o n c o r r e r a o m e s m o t e m p o c o m os seus
debeis e s f o r ç o s de principiantes p a r a accen- ;
tuar a n e c e s s i d a d e da f o r m a ç ã o de u m a litte-
r a t u r a nesta c i r c u m s c r i p ç ã o politica d a p á -
tria brazileira,' e, c o n v i c t a d a f o r ç a d o ^rnn*
d e principio d a a s s o c i a ç ã o , a m o c i d a d e r i o -
g r a n d e n s e f o r m o u o GRÊMIO LTTTERARK» NA-
TALEXSE c d e c i d i u a c r e a ç ã o d ' 0 ATIH.ETA.
• c o m o o m e i o e f f i c a z d e d a r a l e n t o á s s u a s as- ,
pirações.
M a s n/lo foi somente esta causa a* actu-
ante em nosso espirito p a r a a publicação d ' 0
ATHLETA, m a s esta outra poderosíssima : a
verdadeira intuição que nós, os /jovens rio-
grandenses, j á t e m e s dos destinos do h o m e m
no plano da vida social.
E x p l i q u e m o s o nosso pensamento.
C o n s c i o s de que a f u n e ç ã o c o m p l e x a do
homem na vida social se concretiza nos seus
deveres p a r â comsigo, p a r a com a familia e
para com a patria, e certos de que nós, que es-
ta-nos ainda em pleno alvorecer da vida, só
podemos n e s desobrigar desse c o m p r o m i s s o
v
ital educando o espirito e cultivando a in-
telligencia, deliberámos o a p p a r e c i m e n t o d ' 0
ATHLETA, c o m o um meio de instrucção, c o m o
uma eschola de habilitação para a entrada no
Proscênio da lueta pela vida.
E i s , pois, explicada a causa do appareci-
mento d ' ( ) ATHLETA e o fim de sua existencia.
M a s , O ATHLETA s a e á luz d a p u b l i c i d a d e
a sete de S e t e m b r o , esta data s o l e m n e q u e as-
s
' g n a l a a independencia politica de nossa pa-
tri
a . T e r á sido um f a c t o casual ? N ã o . O
ATHLETA, d e s p o n t a n d o nos horisontes da im-
prensa p o t y g u a r a o clarão matutino de .7 de
Setembro, vem altivo e resoluto, em nome da
mocidade estudiosa do R i o G r a n d e septentrio-
nal
< saudar a — f e d e r a l patria brazileira, por
mais um a n n i v e r s a i i o de sua e m a n c i p a ç ã o
Politica".

O Athleta publicava-se duas vezes por


mez
e a principio era redigido por J o s é Bcr-
162;

n a r d o Filho, R o d r i g u e s L e i t e e R i b e i r o P a i v a
e d e c l a r a v a que não a c c e i t a v a c o l l a b o r a ç ã o
de e s p e c i e a l g u m a .
P o r fim, supprimiu do frontispício os no-
m e s de seus r e d a c t o r e s e d e c l a r a v a que só ac-
c e i t a v a c o l l a b o r a ç ã o d o s socios do g r é m i o .
E r a i m p r e s s o na t y p o g r a p h i a do " R i o
G r a n d e d o N o r t e " e teve seu escriptorio á rua
" S . T h o m é " , n ° 3, e " 7 de S e t e m b r o " , n(,) 1 8 .

111—O ESTADO—1894—95.

Periodico politico c noticioso, p u b l i c a v a - s e


u m a v e z por s e m a n a e distribuiu seu 1 9 nume-
r o no dia 7 d e O u t u b r o de 1894, com o se
guinte a r t i g o de a p r e s e n t a ç ã o :
" O a p p a r e c i m e n t o de um jornal nunca é
um f a c t o de s o m e n o s i m p o r t a n c i a . S e m p r e se
s u p p õ e e m qualquer novo o r g a m d a i m p r e n s a
o d e f e n s o r de u m a idéa, o p o r t a - v o z de uma
c o r p o r a ç ã o , o c o m b a t e n t e que v e m a p a r e l h a -
d o p a r a a lucta, que traz a c o n f i a n ç a na justiça
d a c a u s a que a d v o g a , a c c r a g e m d a s idcas
que p r o p a g a , a c o n v i c ç ã o d a s q u e s t õ e s que
defende.
A g i t a d o r ou polemista, o r g a m de partido
ou folha livre, q u e r tenha em vista a g i t a r , re-
volver, evolucionar a s o c i e d a d e c o m a doutri-
n a ç ã o de i d é a s n o v a s , q u e r a d v o g u e o conser-
v a t o r i s m o , o j o r n a l p r e c i s a , p a r a se impor 4
c o n f i a n ç a e a c c e i t a ç ã o publicas, p a r a ter cota-
ç ã o no m e r c a d o da§ f o r ç a s s o c i a e s , mostrar
d e s d e logo, o critério d o s seus conceitos, n<''°
fugir ao meio em que vive, nem recuar nas
questões em que se achar envolvido.
Obedecemdo a essa corrente de idèas,
mfluenciado por esses princípios, surge hc;e
® 0 E s t a d o » , que não traz a pretençAo de sa-
lientar-se na imprensa local, porém é um pos-
to de combate, justificado pelo momento histo-
rico que atravessamos.
Neste período de anarchia mental, de in-
stabilidade institucional em que se debate a so-
ciedade brazileira, vae-se formando uma cor
'"ente de opinião que não crê muito na efficacia
do q u e existe, porém tem fé e esperança no
futuro.
Visionários, utopistas, os crentes desta
If
Jéa sò teem presentemente um ponto de a~
l>oio;— a m a m a Republica e veem que a idéa
as
ylou-se, fructifica no coração da mocida-
de brazileira e no pensamento dos que con-
s
tituem a cerebração nacional.
A f f i r m a m o s um facto que não pode ser
c
°ntestado.
Ora, neste periodo de f o r m a ç ã o , portanto,
(le
mutabilidade, de transformação, n;lo se
Pode confiar cegamente no que existe, não se
cl
eve alimentar o culto do passado, desde que
udo, leis, homens, instituições, idéas, s ã o ex-
periências que acertam ou desacertam, que
nr
'o se podem acceitar como indestructiveis
Sc
m a sancção do tempo.
O periodo revolucionário que a t r a v e s s á -
que alguém já chamou o baptismo de san-
sUe da republica e illustre publicista qualificou
°m acerto como a lucta fatal, necessaria, ine-
-104

vitavel entre a s v e l h a s e a s n o v a s instituições,


entre a m o n a r c h i a e a i e p u b l i c a , deixou patente
u m a cousa, salientou bem um principio, que'
pode j á p a s s a r c o m o um a x i o m a político-so-
c i a l : — a vitalidade e c o h e s ã o d a nacionalida-
de brazileira, o seu a m o r á R e p u b l i c a .
«O E s t a d o » n ã o v e m m a i s a o t e m p o da
revolta, q u e teria e n t ã o c o n d e m n a d o , não vem
f a z e r r e c r i m i n a ç õ e s a p à r t i d a r i o s , sem duvida
convictos, nem c o n d e m n a , a n t e s a c c e i t a , o c o n -
graçamento.que apagará antigas divergências;
p o r é m e s p o s a a s i d é a s que delia decorreram
e a d v o g a a s c o n s e q u ê n c i a s politicas q u e dima-
nam d o s a c t o s de e n e r g i a , de c o r a g e m , de
a b n e g a ç ã o , de patriotismo, que e l e v a r a m o
V i c e - P r e s i d e n t e da R e p u b l i c a á culminância
dos g r a n d e s e s t a d i s t a s a m e r i c a n o s .
C o m elle, c o m o illustre e benemerit^
M a r e c h a l F l o r i a n o P e i x o t o , " O E s t a d o " quer
c o l l a b o r a r na c o n s o l i d a ç ã o d a s instituições re-
p u b l i c a n a s , p o r q u e e s t a m o s certos d e que, mes-
m o p a s s a d o o m o m e n t o p r o x i m o em que o
Vice-Presidente da Republica vae entregar "
g o v e r n o d a n a ç ã o a o seu substituto, a sua a c -
ç ã o b e n e f i c a , o prestigio de sua individualida-'
de, o seu n o m e p e r d u r a r ã o e t e r n a m e n t e c.om(>
a p e r s o n i f i c a ç ã o da R e p u b l i c a B r a z i l e i r a .
A s g r a n d e s idéas, a s g r a n d e s conquistas»
os g r a n d e s feitos d a h u m a n i d a d e , a v i d a das
n a ç õ e s , teem d e s e n v o l v i m e n t o proprio, teerfl
c a u s a s n a t u r a e s que os d e t e r m i n a m , porém
persr>nificam-se s e m p r e n u m a individup lidade.
W a s h i n g t o n p e r s o n i f i c a a g r a n d e republi^ 3
n o r t e - a m e r i c a n a , é á s o m b r a d o seu nome.
p r e s t a n d o culto á sua individualidade, que os
presidentes daquella g r a n d e n a ç ã o a s s u m e m
a r e s p o n s a b i l i d a d e do g o v e r n o .
N ã o é por m e r a c o r t e z a n i a , o b e d e c e a
um f a c t o historico, que o M a r e c h a l F l o r i a n o
foi s a g r a d o o W a s h i n g t o n brazileiro.
F o i elle q u e m implantou na instituição re-
publicana a a f f i r m a ç ã o de u m a lei, que perdu-
rará e f r u c t i f i c a r á : — a f o r ç a c o m o a c ç ã o bene-
fica na d e f e z a d o s princípios b á s i c o s d e q u a l -
quer instituição, de qualquer s o c i e d a d e .
" O E s t a d o " é um p a r t i d a r i o d a f o r ç a ,
desde c,ue a c c e i t a o principio d a lucta, c o n h e c e
° estado de a n a r c h i a - p o l i t i c o - m e n t a l que a t r a -
v e s s a m o s , s a b e que a f o r ç a é o motor de t o -
das a s c o n q u i s t a s , d e s d e a c o n q u i s t a d a liber-
dade até a a f f i r m a ç ã o de um direito.
Quer isto dizer que " O E s t a d o " con-
d e m n a a mentira, r e v o l t a - s e contra a - h y p o -
erisia, quer a v e r d a d e e m tudo : n a s instituí-
r e s , na politica, nos c o s t u m e s .
E ' por isto que " O E s t a d o " , e m r e l a ç ã o
a
° s f a c t o s e politica locaes, não p ô d e d e i x a r
de revelar se f r a n c a e s i n c e r a m e n t e hostil a o
actual g o v e r n o que dirige o E s t a d o .
S e m d e s c e r a a p r e c i a ç õ e s , por ora m-
eabidas, " ( ) E s t a d o " hostiliza o g o v e r n o local
] el
j a sua falta de s i n c e r i d a d e n a s relações m-
dls
P e n s a v e i s c o m o G o v e r n o d a U n i ã o , pela
mentira eleitoral q u e tem p o s t o em p r a t i c a ,
Pelo d e s a s o c o m q u e tem dirigido o E s t a d o ,
l
mpulsionando-o p a r a a ruina, pelo a b a s t a r d a -
mento d a s instituições r e p u b l i c a n a s .
N ã o lhe d a r e m o s t r e g o a s , si o nfio v i r -
mos mudar dc rumo. M a s o nosso ataque es-
tará s e m p r e na altura em que nos h a v e m o s d e
manter e isto quer dizer que, s e j a m q u a e s fo-
rem a? luctas em que nos e m p e n h a r m o s , a nos-
sa linguagem, o nosso modo de tratar o ad-
versário será s e m p r e o do respeito, da decen-
cia de linguagem e de idéas.
F i q u e isto a s s e n t a d o e fiquem a s idéas
que e x t e r n a m o s conhecidas c o m o a b a s e de
nossa orientação na vida jornalística que va-
mos encetar.
C u m p r i m e n t a m o s a imprensa local com
o a c a t a m e n t o e o respeito que merecem os
illustres confrades que a r e p r e s e n t a m . "

O Estado imprimia-se na t y p . da "Libro-


T y p o g r a p h i c a N a t a l e n s e " e era bem escripto;
m a s resentia-se da m e s m a falta do Diário do
Natal : n ã o tinha redactores ostensivos, si
bem que particularmente assumisse a respon-
sabilidade da r e d a c ç ã o o dr. Manuel Dantas.
N o n" 26, de 3 1 de M a r ç o de i$95- encon-
tra-se a seguinte l o c a l :

" T e r m i n a hoje o contracto que fizemos


com á Companhia Libro* Typographica p ; U ' : l
a publicação de nosso periodico, e c u m p r e - n o s
salientar a bòa vontade que s e m p r e encontra-
mos oa parte da directoria d a Libro em todo^
os negocios concernentes á publicação d
Estado.
O f a v o r publico que incrementou dc rn°d 0
satisfatório o nosso periodico p e r m i t t e - m ^
dar-lhe maior desenvolvimento, servindo m e '
lhor o publico, que nos acolheu com sua aus-
piciosa generosidade.
E ' assim que resolvemos a u g m e n t a r o
formato de nosso jornal e amiudar sua publi-
c a ç ã o , que p a s s a r á a ser feita nas officinas d a
" E m p r e z a Graphica".
T a l v e z t e n h a m o s de ter uma pequena i n -
terrupção, si não c h e g a r e m logo u m a s p e ç a s
que faltam ao prelo da " E m p r e z a G r a p h i c a " ,
que vieram q u e b r a d a s e cuja substituição j á foi
pedida p~ra L o n d r e s .
E s p e r a m o s continuar a merecer do pu-
blico norte-rio-grandense e da imprensa do
paiz o m e s m o acolhimento lisonjeiro que até
agora".
O Estado, porém, suspendeu de uma vez
a publicação e foi esse seu ultimo numero.

1 1 2 — O/l S/S—1«04- 1004.

N o dia o d e S e t e m b r o de 1894, por i n i -


ciativa de B e n v e n u t o de Oliveira, fundou-se
nesta cidade um grêmio litterario sob o suges-
tivo nome de LK MONDE MARCHE, a conheci-
da phrase de E m i l i o Peletan.
Installado o grêmio, composto d e e s t u -
dantes do Atheneu, logo cogitou seu fundador
da creação de um periodico que r e p r e s e n t a s s e
suas idéas e defendesse seus interesses pe-
rante o publico.; e dahi o a p p a r e c i m e n t o do
O Asis, que, dizendo-se periodico litterario e
n°ticioso e orgam do L E M O N D E M A R C H E , en-
c
«tou sua p u b l i c a ç ã o no dia 15 de N o v e m b r o
c
°rn o seguinte p r o g r a m m a :
" N a vida d c todos os p o v o s , nos f a s t ó s
de t o d a s a s historias, no p e r c u r s o de todos os
séculos, na continua s u c c e s s ã o d e t o d a s a s
e p o c h a s tem sido s e m p r e nobre e altiva a mis-
s ã o d a i m p r e n s a . I n t r é p i d a p e r c u r s o r a de to-
dos os terr.pos, a i m p r e n s a foi s e m p r e o m a -
nancial p e r e n n e d o n d e d i m a n a a v e r d a d e i r a
luz d a i n s t r u c ç ã o .
Quer c i n g i n d o a coroa do m a r t y r i o , quer
a r r a s t a n d o os p e s a d o s grilhões de mal entendi-
d a p r e p o t e n c i a , ella c a m i n h a s e m p r e altiva e
s o b r a n c e i r a , c ô n s c i a de sua nunca d e s m e n t i d a
viotoria.
C o m p e n e t r a d o s , pois, d a i n e s t i m á v e l uti-
lidade da i m p r e n s a , m a x i m e p a r a nós, s e m p r e
á v i d o s de luz e d e s a b e r , s o l t a m o s hoje á s
a u r a s d a publicidade o Oasis, q u e n a d a mais
s i g n i f i c a d o que o p r o d u c t o de n o s s o a c u r a d o
e s f o r ç o , de n o s s o a m o r ingente pela s a g r a d a
causa da instrucção.
O Oasis, pois, q u e n a d a m a i s é d o que
u m a diminuta parcella, u m a insignificante
f a ú l h a d e s s e g r a n d e m e c h a n i s m o jornalístico
do pâlZ, pà ra nós, v e r d a d e i r a c a r a v a n a a di-
v a g a r em á r i d o s d e s e r t o s , s e r á o aprazível
l o g a r que nos c o n f o r t a e orienta p a r a c h e g a r -
m o s a o t e r m i n o de n o s s a j o r n a d a .
L i t t e r a r i o e noticioso, o Oasis s e r á com*
p l e t a m e n t e alheio á s q u e s t õ e s politicas, sendo
seu o b j e c t i v o principal a instrucção.
T e n d o a v e r d a d e por n o r m a e a instru-
c ç ã o por b ú s s o l a , p a u t a n d o sua l i n g u a g e m
crisol da m a i s r i g o r o s a s i m p l i c i d a d e e mode-
r a ç ã o , não t r a r á o Oasis n e n h u m a innovaç«' 1 0
a nossa litteratura, e, pelo contrario, déauté
da exiguidade de nossos recursos intellectu-
aes, n ã o será elle um mestre, m a s sim um
discípulo ; n ã o a p r e g o a r á idéas novas, m a s
esforçar-se-á pela observancia restricta dos
sãos princípios cia moral, da justiça e da ver-
dade, sem j a m a i s enveredar pela sinuosa e s -
trada d a s paixões ; procurará s e m p r e o c a m i -
nho largo da r a z ã o e do direito e, com os olhos
s
e m p r e fitos no vivificante sol da instrucção,
envidará todos os meios afim de não m a n c h a r
candidas vestes da pudica filha do velho
Guttenberg.
E s p i n h o s i s s i m a é a m i s s ã o que hoje to-
mamos aos hombros ; mas, firmes, como es-
tamos, no fiel cumprimento de nosso pro-
Rramma, e s p e r a m o s sahir victoriosos da lucta
ern que neste momento nos e m p e n h a m o s .
E i s em limitados traços o nosso program*
ina."

E s t e p r o g r a m m a cumpriu-o rigorosamen-
te o Oásis até o fim, o q u e valeu-lhe, vencendo
c
° m a d m i r a v e l intrepidez o indífferentismo de
nosso meio, viver dez annos, durante os quaes
Publicou com a maior pontualidade huas edi
Ções,
Publicava-se quinzenalmente e, durante
esse longo periodo, teve o s y m p a t h i e o jorr.al-
z
mho d i v e r s a s c o m m i s s õ e s redactoras, d a s
(
]tiaes, bem como dos serviços que p r e s t a r a m .
Passarei a dar, por anno, succinta idea :
1 s\U
C o m p o z - s e a c o m m i s s ã o redactora de
B e n v e n u t o de Oliveira, J o s é P r o s p e r o e C a r l o s
L ' E r a i s t r e , a qual publicou, além do numero
inicial, correspondente á ultima quinzena de
N o v e m b r o , os dous correspondentes ao mez de
Dezembro.
1895
T e v e as seguintes com missões r e d a c t o r a s :
i ^ B e n v e n u t o de O l i v e i r a , J o s é P r o s p e r o e Car-
l o s L'Eraistre ; B e n v e n u t o de Oliveira, R o -
drigues L e i t e e C a r l o s L ' E r a i s t r e ; 3 ^ — B e n -
venuto de Oliveira, R o d r i g u e s L e i t e e J o s é
Prospero.
E s s a s com missões publicaram todas a s
edições do anno, até o numero 27, além de
u m a e d i ç ã o especial, a 9 de S e t e m b r o , p a r a
com m e m o r a r a data do primeiro anniversario
do L E MONDE MARCHE.
B e n v e n u t o de Oliveira seguira no dia 8
de A g o s t o p a r a a capital do P a r á , em cuja al-
f a n d e g a exercia as funeções de escripturario ;
e, tendo por este motivo solicitado sua exone-
r a ç ã o da c o m m i s s ã o de r e d a c ç ã o , o G r é m i o ,
em h o m e n a g e m a seu fundador, não só não lhe
concedeu a e x o n e r a ç ã o solicitada, c o m o em
s e s s ã o de 4 approvou a seguinte indicação,
a p r e s e n t a d a por um dos soeios : " O G r é m i o
T.itterario LE MONDE MARCHE, lamentan-
do a incalculável lacuna que a c a b a de abrir
t e m p o r a r i a m e n t e no seu seio o sócio B e n v e n u t o
de Oliveira, com sua v i a g e m ao P a r á , rende-lhe
um voto de h o m e n a g e m , em c o n s i d e r a ç ã o a o s
relevantes serviços prestados pelo m e s m o ao
referido g r é m i o ; e f a z v o t o s pelo seu b r e v e
regresse".
B e n v e n u t o de Oliveira continuou, portan-
to, a fazer parte das com missões redactoras
e, m e s m o no P a r á , n ã o se esquecia de seu
querido Oásis, p a r a o qual remettia sempre
sua activa e intelligente collaboração. N a edi-
ç ã o especial a que acima me referi, lá está a
s
u a cont;ribuiçáo-um bonito artigo sobre a
memorável data, escripto do P a r á .
S e g u n d o W a n d e r l e y collaborou também
nessa e d i ç ã o e, como costumo f a z e r com suas
producções, registro aqui o magistral soneto
que fez e n t ã o ao

" L H M O N D E M A R C H E

Desperta a natureza em majestosa festa


-los beijos trópica es da loura madrugada ;
Ha idilios de amorno seio da floresta,
Epop éas de luz na esphera constellada.

hum spasmo febril de delirante accesso


(\ mar atira á praia um turbilhão de espumas;

£ 0 sol fecundo e bom das lettras, do progresso,


dissipa do futuro as pardacentas brumas.

'1</ni, erguesse um templo â santa Liberdade,


Allt. a consciência applaude uma Verdade,
Além, surge uma idea esplendorosa e sã. ..

alma se dilata, o se cio se levanta,


J'{Mocidade marcha, o mundo se adianta,
• /l'do segue a lei do grande Pelletan. "

O Oásis era impresso na 1'ypographia


Central e tinha seu escriptorio e redacção ã
p r a ç a " A n d r e de A l b u q u e r q u e , " n° 25.
1896
N e s s e anno foi o Qasis redigido pelas se-
guintes commissões :
r' 1 B e n v e n u t o de Oliveira, Rodrigues L e i -
te e J o s é P r o s p e r o ;
2l> B e n v e n u t o d e Oliveira, Rodrigues L e i -
te e P e d r o Viveiros.
3 í l B e n v e n u t o de Oliveira, A l f r e d o Carva-
lho e P e d r o Viveiros j
Publicaram e s s a s commissões todos ps
números do Oásis, até o n " 48, além d a e d i -
ção especial c o m m e m o r a t i v a d o anniversa-
rio d o L E MONDE MARCIIE.
Durante o anno collaboraram no Oásis
Auta de Souza, M a r i a Carolina C . W a n d e r l e y
e Carolina Naninguer, S e g u n d o W a n d e r l e y ,
Henrique Castriciano, L u i z L o b o , J o s é B a r -
bosa, L u i z T r i n d a d e , F r a n c i s c o P a l m a , Celes-
tino W a n d e r l e y , U r b a n o Hermillo, Augusto
W a n d e r l e y , M. Ferreira Jtajubá, Antonio Mari-
nho e Ezequiel W a n d e r l e y , G a l d i n o L i m a e Se-
b a s t i ã o F e r n a n d e s , que, entre outras poesias
de merecimento, publicaram na m e s m a pagina
e sob o m e s m o thema os tres seguintes so
netos :

ALVARES DE AZEVEDO

Parea ingrata e ci uel, o que fizeste / /


Flagello aterrador da humanidade,
Mergulhaste nas sombras de um cypreste
Um gênio inda na flor da mocidade !
Cahiu ! lül'0 dormindo o som no cthcreo,
Em 'oito nos tropheos dc ingente historia,
Seu leito -foi o chão de um cerniferio,
A mortalha—um poema, o esquife—a gloria.

Como um sol divinal, bello e.fecundo,


Buscou as regiões de um novo mundo
A aguia pelo espaço assim perdida. ,,

Depois, o coração da Patria, afflicto,


No seu tumulo de luz deixou escripto :
' Foi poeta, sonhou e amou na vida ".
E ZEQUIEL W A N D E H Í E Y .

CASIMIRO D E A B R E U

No dorso descampado do infinito


Tombou, sem luz, uni sol esperançoso,
Cujo nome fulgente o tempo idoso
Cravou na historia em lettras de granito.

4'Em pleno despontar da mocidade,'


Sentiu a morte lhe embargar os passos :
T assim o vate, rico de cançaços,
Alou se ás regiões da eternidade.

Morreu, sem ver na hora derradeira


0 sabiá cantar alegremente
No verdejante leque da palmeira...

campa que hoje o guarda extremecida


1 ejo na lousa, leio tristemente :
Foi poeta, sonhou e amou na vida ".
CI. L I M A F I L H O .
CASTRO ALVES

Águia maior que o dorso do infinito,


Génio fecundo, sol predestinado,
Que no cume desforme do Nevado
"Mandaste a Deus do captiveiro o grito /"

Condor altivo, que /runs vôos grandes


foste buscar alem da ///imensidade
A redemptora luz da Liberdade
E a derramaste "do oceano aos Andes /...

Mas hoje tua musa, terna e pura,


Chora e soluça numa voz sentida,
Co'a lyra á mão, ao pé da sepultura,

Emqnanto a Fama com a tuba erguida


I ae repetindo á geração futura :
"Foi poeta, sonhou e amou na vida. "

vS. F E R N A N D E S .

E r a F e v e r e i r o mudou o Oásis seu escrip;


torio e r e d a c ç ã o p a r a a rua " 2 1 de M a r ç o .
n 9 24.

1897

F o r a m e s t a s a s c o m m i s s õ e s redactoras
d o Oásis n e s s e a n n o :
B e n v e n u t o de Oliveira, A l f r e d o Car-
valho e Pedro Viveiros;
2^ A l f r e d o C a r v a l h o , T h e o p h i l o Marinho
c Cornélio Leite ;
3 ° Alfredo Carvalho, E r i c o Souto e L u i z
Torres;
E r i c o Souto, L u i z T o r r e s e Odilon A-
myntas.
E s s a s commissôes publicaram o Oásis até
o 11" 69, além da edição especial c o m m e m o r a -
tiva do 3 9 anniversario do L E MONDE MAR-
CHE.
E n t r e outros, foram assíduos collabora-
dores do Oásis Antonio Marinho, na prosa, e
S e b a s t i ã o F e r n a n d e s e G . L i m a Filho, na
poesia, onde a p p a r e c e também a collaboraçAo
de Auta de Souza, de cujas producções registro
" seguinte :
N'ÚM ÁLBUM
Escnta-me bem, Dolores,
Não queiras meu nome aqui...
El/e não ê colibri
Para viver entre flores.
E nalma irmã de Jesus
Como consente ficar
Sobre a mesa de um altar
l Jm pobre cirio sem luz f
Meu triste nome choroso
Quer uma outra habitação ;
Quarda-o no teu coração',
Li rio celeste e formoso !
Rasga esta folha, Dolores,
Não deixes meu nome ahi...
Elie não é colibri
Para viver nitre flores.
D a alfandega de Paranaguá, para a qual
havia sido removido da do P a r á , passou Benve-
nuto de Oliveira a exercer o c a r g o de escriptu-
rario d a C a i x a de Amortização, tendo assim
de fixar definitivamente sua residencia no Rio
de Janeiro. P o r isso, o grêmio litterario L E
MONDE MARCHE, em sessão d e i i d e Abril,
sob proposta do socio Alfredo Carvalho, dis-
pensou-o da commissáo de redacção do Oásis,
conferindo-lhe o titulo de socio honorário.
Nesse anno foi o Oásis impresso a princi-
pio na Typ. Central, depois na d ' O Século c
por fim na do /Vario do Natal; e teve seu es-
criptorio e r e d a c ç ã o á rua " V i s c o n d e do Rio
B r a n d o , " n" 5 1 , e praça " A n d r é de Albuquer-
q u e , " n°s 44 e 54.
N o s 1 1 ^ 5 1 , 52 e 53, de 1 e 14 de Março
e 2 de Abril, declara que a collaboração só é
franca ao bello sexc, d e c l a r a ç ã o que j á não ap-
parece nos números seguintes.

1 SDK

Com missões de redacção:


i í l É t i c o Souto, L u i z T o r r e s e Odilon A-
myntas
2 iJ Sebastião F e r n a n d e s , J o s é Alcino c
J o s é Prospero ;
3^ J o s é Alcino, J o s é Prospero e An-
tonio S o a r e s ;
4" J o s é Alcino, J o s é P r o s p e r o e Herven-
cio Mariano ;
J o s é Alcino, Hervcncio Mariano e Luiz
Torres ;
6 í l J o s é Alcino, Hervencio Mariano c (II-
darico C a v a l c a n t e ;
7 : i Hervencio Mariano, Uldarieo C a v a l -
cante e Alfredo S e a b r a ;
8'-' Hervencio Mariano, Uldarieo C a v a l -
cante e Theophilo Marinho.
K s s a s com missões levaram o (hrs/s até o
n 87, publicando mais uma e d i ç ã o especial de
8 p a g i n a s para c o m m e m o r a r o 4 " anniversario
d o L K MONDK MARCHI..
C o n v i d a d o a collaborar no Oásis, Louri-
v
a l Açucena, o mais legitimo representante da
poesia popular indígena de seu tempo, ahi dei-
xou-nos d i v e r s a s produeções poéticas, todas
"iteressantes por sua originalidade e cor local.
Sem escolha entre ellas, registro a seguinte ;

A PORANGABA

Minha gentil Porangaba,


Juiagcti, visão querida,
Só tt n amor me conforta
Aos agros transes e/a rida

Quando o/tf o a fnrity


Soltar saudosa um gemido,
Saudoso pensa/ido em ti
A'es/>oudo com um ai dorido.

Si a/li na visiuha malta


Derno sabiá gorgeia,
Desse amor que me inspirasti
I'oras a chamma se ateia.
Ou procure o povoado,
Ou divague na espessura,
Mostra-me a mente abrasada
Tua elegante figura.

listando de ti ausente,
/)a saudade eu sinto a dor,
Serão teus os meus suspiros.
Minha affeição, meu amor.

/)a vida o doce prazer


Um mim fenece e se acaba.
Só esse amor não fallece,
Minha gentil Porangaba (78)

T e v e o Oásis seu escriptorio de r e d a c ç ' ' 0


A p r a ç a " A n d r é de A l b u q u e r q u e , " n ° 44.

1899

C o m missões r e d a c t o r a s :
I l e r v e n c i o M a r i a n o , U l d a r i c o Cavai*
cante e Theophilo Marinho ;
2 íl A n t o n i o S o a r e s , A l f r e d o C a r v a l h o £
Erico Souto ;
3;-1 A l f r e d o C a r v a l h o , E l i a s S o u t o Filho c
Cornélio L e i t e ;
4^ A l f r e d o C a r v a l h o , C o r n é l i o L e i t e c T°'
dro M e l l o ;

. (»pííf
t~H) E s t a poesia tem musica do p r o p r i o auctor ; e foi
m e s m a gentil Porangaba q u e m lhe inspirou o Can/o if<> ' ' f
/filara, m i m o s a poesia q u e p u b l i c o u no " K c h o M i g u e l i n h o " '1
l e g i s t r e i ;í png 8o do vol V I da A'rvfitta.
i 79

5 9 Theophilo Marinha,* J o s é Alcino c L e -


mos Filho.
F s s n s c o m m i s s õ e s publicaram o ()asis;ité
9
o n i i o , inclusive o de 9 de S e t e m b r o , com
8 p a g i n a s , c o n s a g r a d o á c o m m e m o r a ç n o do 5 °
a n n i v e r s a r i o cio L E M O N D E M A R C H E .
E n t r e os redactores figura pela 2 íl vez An-
tonio S o a r e s , que frequeutou com assiduidade
a s e c ç ã o lvrica do Oásis, Consinta o juiz de
hoje que, sem preferencia a qualquer delias
reproduza aqui a l g u m a d a s producções p o é t i -
c a s do sonhador de o u t r o r a . S e j a :

NOVO EDEN

Pela grama viçosa dos caminhos,


Entre lirios e rosas, entre flores,
Seguidos pela musica dos ninhos,
I 'amos, querida, á patria dos amores,

0 ceo aqui e de azuladas cores,


fá e feito de rosas de arminhos. ..
Que lindos campos /... J: verás, si fores,
Que lá cantam melhor os passarinhos.
\

Busquemos o encantado paraíso,


Onde a tristeza nós desconhecemos
/: onde o pranto se transforma em riso.

Lá... que vida ditosa gozaremos !...


1 '/veremos de um beijo, dum sorriso,
Invejados do mundo em que vivemos /

N e s s e anno teve o Oásis de sustentar li-


— ISO

gVira p o l e m i c a com a Miscellanea, o r g a m da


" A c a d e m i a Litteraria Norte-Kio Grandense";
imprimiu-se na " E m p r e z a N o r t i s t a " e na t y p .
do Diário do Natal e t e v e seu escriptorio de
r e d a c ç ã o á p r a ç a " A n d r é de A l b u q u e r q u e " , n"
44, e rua doa " V o l u n t á r i o s da P a t r i a " , n " i.

1900

( ' a n m i s s õ e s de r e d a c ç ã o :
r 7 T h e o p h i l o M a r i n h o , J o s é Alcino e E e
mos Filho ;
T h e o p h i l o M a r i n h o , J o s é A l c i n o e Au-
relio Pinheiro ;
3 ; i A l f r e d o C a r v a l h o , J o ã o C a n c i o e Joa
quim Pinheiro.
A e s s e t e m p o o g r é m i o L E MONM>K MAR-
CHE c o m p r o u a O Sccu lo o a n t i g o prelo do
Correio do Natal, em que p a s s o u a ser im-
p r e s s o o Oásis d e s d e Abril, publicando nes-
se a n n o s u a s edições a t é o n " 129, inclu
zive o de 9 d e S e t e m b r o , de 8 p a g i n a s r
com c a p a i m p r e s s s a em p a p e l de cor, c o m i n e
m o r a n d o o 6' a n n i v e r s a r i o d o E E M > N|,Í
MARCHE. NO r o s t o d e s s a c a p a , artisticamente
e m m o l d u r a d o s , v e e m - s e dous lindos sonetos
de A u t a de S o u z a e A n n a L i m a . R e g i s t r e m o s
o primeiro :
DOENTE
(A P u r e z a A l v e s de S o u z a )

. I L na veio ... /oi-sc... / em breve ainda


Ha de voltar a doce Lua amada,
Sem que eu a veja, a minha fada linda.
Sem que eu a veja, a minha boa fada.
-INI

Ecila ha devir, Ophclia desmaiada


Sobre as nuvens do Céu, na alvura infinda
De seu branco roupão, noiva gelada,
Boiando A flor de um rio que não finda.

filia ha de vir sem que eu a veja... Entanto,


^"»/ que tristeza c saudoso encanto
Choro estas noites que passando vão..c

()hLua ! mostra-me o teu rosto ameno...


O/ha que murcha á falta de sereno
V Uri o roxo de meu coração.

A U T A UK S O U Z A .

P em outras edições do Oásis ainda se


encontram producções das duas poetizas nor-
J^-rio-grandenses, nesse anno eleitas sócias
h
°norarias do L E MONDE MARCHE.

1901

Commissões redactoras :
. i' 1 Alfredo Carvalho, Joílo Cancio c Joa-
^ Pinheiro ;
1T?.„ J°sé Alcino, Kaul Fernandes e Lemos
ilho •*
* 3* José Alcino, Kaul Fernandes e Pedro
^morim ;
r. 4- Alfredo Carvalho, Aurelio Pinheiro e
L,cer
< ; Moura ;
^ Fssas com missões publicaram o Oásis
t ÍH 0 n ' ! 3 ° a t é J49> inclusive o de g de Se-
lbrc
. com 8 paginas e especialmente con
s a g r a d o á c o m m e m o r a ç â o do 7" anniversario
d o L E MONDE MARCHE.
T e n d o fallecido ás 3 horas da madrugada
do dia 7 de Fevereiro desse anno a distincta
poetiza norte-rio-grandense Auta de Souza, o
Oasis, como homenagem do G r é m i o Litterario
L E MONDE MAUCIIE Á m e m o r i a d e s u a p r a n t e -
ada consocia, publicou a 16 uma edição especi-
al, em cuja pagina estampou o seu retrato e
em que se notam vários artigos e discursos
sobre o tristíssimo acontecimento e o seguinte
soneto de Anna L i m a , a inspirada cantoradaS
Verbenas :

MORTA !
A Auta de Souza.
/ o ou ás plagas da eternal ventura
Aquella pobre warty adorada,
Levando A fronte a crôa immaculada
Do tormento, do amor e da candura.

A 'o coração da Patria a desventura


I 'ibra a nota mais triste e angustiada,
Em quanto esta mi nhalma consternada
I 'erte prantos de dor e de amargura !

Foi-lhe a vida tão curta e desditosa.. .


— Como a breve cxistencia de uma rosa
E a passagem dos anjos pela terra !

Partiu ! Foi para o céo a pobre santa !


Sua lyra adoraveljá não canta :
Escrínio d'out o qu o sepulchro encerra
Galdino L i m a , que cursava então o 4? an-
no de direito, foi o presidente do Grémio Litte-
rario LK MONDE MARCHE durante todo o an~
no. D o relatorio que apresentou de sua g e s t ã o
presidencial no 1 9 semestre destaco o seguin-
te trccho, justa e merecida homenagem a três
esforçados consccios daquelle grémio :
" N ã o devem p a s s a r sem a s honras de
uma especial referencia, no decurso deste tra-
balho, a dedicação e o esforço insuperáveis de
alguns de nossos confrades na sustentação do
Oásis, o r g a m de nossos sentimentos na im-
prensa indígena. Alfredo Carvalho, J o s é Alci-
no e Cornélio L e i t e se me afiguram os pro-
tomartyres desta bemdita cruzada d a s lettras
nosso meio e para os quaes O LK MONDE
Marche só deve ter palavras de reconhecimen-
to. porque, si não contássemos com a sua per-
tinácia e extrema força de vontade, teríamos
luctar com maior numero de difficuldades,
° u antes talvez n ã o tivessemos percorrido tão
c
° r n m o d a m e n t e os invios caminhos que nos
trouxeram até aqui e n ã o pudessemos gozar,
niais tarde, do lisongeiro e glorioso epitheto
( t;
' obreiros da litteratura potyguar.
E f e c t i v a m e n t e , de Alfredo Carvalho sei
que foi nos últimos tempos do Oásis o que
y e n v e n u t o de Oliveira foi em seus primeiros
o>as : assim como este soube a m p a r a r e dirigir
° s primeiros passos do jornalzinho que fundá-
ra
< desbravando-lhe o caminho para seguir
av
a n t e , assim aquelle teve a coragem inaudita
e
sustentai-o na derradeira phase de sua e x -
lste
n c i a , prolongando a somente com os re-
agentes cie sua pertinacia e e x t r e m a força do
vontade.
E m Outubro m u d a r a m - s e para a rua " 2 1
de M a r ç o " , n " to, a t y p o g r a p h i a e r e d a c ç ã o
do Oásis.

3002

Com missões de r e d a c ç ã o r
r-1 Aurelio Pinheiro, Cicero Moura e S e -
bastião Fernandes ;
2^ P e d r o Mello, Theophilo Marinho e
J o ã o Cancio.
P e d r o Mello, T h e o p h i l o Marinho c Ci-
cero Moura ;
4 i l P e d r o Mello, J o a q u i m Pinheiro e C i -
cero Moura.
S u r g i r a m nesse annô os primeiros s y m -
p t o m a s de próximo d e s a p p a r e c i m e n t o do
Oásis.
T e n d o a " G a z e t a do C o m m e r c i o " dirigi-
do á imprensa do R i o G r a n d e do Norte um
appello, convidando-a para a c o m p a n h a l - a na
c a m p a n h a que ia levantar contra a imprensa
transviada e livre, perniciosa e retrograda, o
grêmio litterario L E MONDE MARCHE reuniu-se
em s e s s ã o extraordinaria a 5 de J a n e i r o para
tratar do assumpto. A p r e s e n t a d a então a ide a
de se publicar.no orgam da sociedade um ar-
tigo adherindo ao appello da Gazeta, alguns
socios oppuzeram-se, allegando que essa cam-
panha a l v e j a v a principalmente uma d a s folha*
diarias da Capital a quem devia o Oásis m u i -
tos favores, e que nestas condições, podendo
ainda qualquer pronunciamento seu em favor
daquella idéa melindrar a dous illustrcs socios
do LE MONDE MARCHE, e n t e n d i a m q u e o or-
Ram desse grêmio n ã o devia pronunciar-se a
respeito, mantendo a mais rigorosa n e u t r a -
lidade.
Isto não obstante, discutido o assumpto,
dividiram-se os socios e passou a idéa da ad-
nesão, e no primeiro numero que sahiu depois
disto, si bem que em termos g e r a e s e come-
didos, publicou o Oásis, sob a e p i g r a p h e POR
N^SSA VEZ, um a i t i g o applaudindo a c a m p a -
d a da Gazeta.
P a r e c e que esse f a c t o plantou no seio da
sociedade um certo d e s g o s t o e esmorecimento.
ublicado aquelle numero a 12 de J a n e i r o , só
ao dia de. M a r ç o continuou o Oásis sua pu-
jacação, m a s sem a c o s t u m a d a pontualidade,
| e maneira que cm S e t e m b r o suspendeu-a por
oclo o resto do anno, em que publicou a p e n a s
aove números, isto é, de 1 5 0 a 1 5 8 , concluiu-
o por uma edição especial de 8 p a g i n a s ,
^ M memora ti v a do 8 () anniversario do L E
• VT() NNII M A R C H E .

- • ( ) n V 153- de 21 de Abiil, elegante e c a -


lc
<y. aosamente impresso, teve também 8 pa
N'nas e dedicou-o a c o m m i s s ã o respectiva á
j ^ m m e m o r a ç ã o da g r a n d e data nacional que
ora o martyrio glorioso de T i r a d e n t e s .
r H g u r a em quast todas a s c o m m i s s õ e s de
0 n o v o
pe sócio P e d r o Mello, a quem
'•-o licença para, h o m e n a g e a n d o sua promet-
° r a intelligencia, reproduzir aqui um de seus
11aiR
bellos sonetos
180 —

ESCUTA...

A J . Pinheiro

(J raça das Graças, deusa da ternura,


De meu viver claríssima harmonia,
Aclara e alegra a triste cella escura
Onde esquecido vivo noite e dia...

De ten sorriso a doce melodia


Scja-mc sempre, oh ! Santa creatura,
A bemdita canção, a symphonia
Que me faça esquecer a desventura.

Na solidão em que me vês sosiuho


Do amor que o lírio desabroche e exhale
O perfume ideal de teu carinho.

li deste amor que me escraviza insano


Tudo em minlfalma apaixonada fale
O anjo bom da Graça soberano...

N e s s e anno, o primeiro numero que i lU "


blicou o Oásis foi i m p r e s s o em sua própria ty*
p o g r a p h i a , M a s , tendo sido esta vendida
Mossoroense, os demais números já foram i|T1*
p r e s s o s na typ. da " G a z e t a d o Commercio,
mudando a r e d a c ç ã o seu escriptorio para a r u a
" V i g á r i o B a r t h o l o m e u " , n " 39.

1903

Depois de tres m e z e s de repouso, o


reappareceu c o m p l e t a m e n t e mudado : de sn 11
18-7- -

pies periodico tinha sc t r a n s f o r m a d o numa pe-


quena revista de 12 p a g i n a s , nitidamente im
pressa e de publicação mensal.
F o i incontestavelmente um passo d a d o A
frente por esses propugnadores incançavcis do
progresso e engrandecimento moral de sua
terra. M a s os effeitos daquelle incidente per-
duravam e era muito de recear que, faltando
a o LR MONDE MARCHE essa cohesão e harmo-
nia de vistas indispensável a qualquer socie-
dade d e s s a ordem, poucos dias tivesse elle de
vida.
N o anno de seu apparecimento, teve a
revista do Oásis as seguintes c o m m i s s õ e s de
redacção :
r ;i J o s é Alcino, J o s é Julio e J o a q u i m Pi-
nheiro ;
2 1 Iosé Alcino, Joaquim Pinheiro e C i
cero Moura ;
. 3 : i J o s é Alcino, J o a q u i m Pinheiro e Adal-
berto Peregrino.
E s s a s c o m m i s s õ e s publicaram regular-
mente a s doze edições do anno, tendo a de 9
j. c Setembro, c o m o c o m m e m o r a ç ã o á data da
u
.ndação do L E MON OK MARCHI:, 16 paginas
e
i m p r e s s ã o maisnitida.
E s c o n d i d a numa d a s p a g i n a s do i Q nu-
mero, fuj encontrar modesta, m a s interessan-
c
Poesia d e ' C a t ã o de P . . poeta de quem nunca
!"; ,Vl í ; d a r em nosso mundo Ütterario. Isto, po-
^ m , de fôrma a l g u m a diminuí o seu valor
s , e a s y m p a t h i a que me inspirou ; polo que,
(Tv
_ m d o - m e d a s p r e r o g a t i v s de auc.tor, não
pcço
1'cença, m a s ordeno a o meu hábil e intel-
188 —

ligente editor, para quem, talvez, não seja elja


inteiramente desconhecida, m a n d e imprimir
aqui a seguinte
HALLADA
7 'eus olhos fitei wn dia
Fm busca de uma illusão,
Julgando que cm ti, Maria,
Palpitava um coração.

Doces sonhos , ôr dt rosa


Nelles pensei descobrir. ..
A luz de minh'alma anciosa,
A visão de meu porvir

Poda essa rósea esperança


Não mais me enflora hoje a vida ;
Sou como a barca perdida
N um negro mar sem bonança.

Não vês ' O meu pranto escorre...


J'ois essa illusão tão vaga
Foi como a luz que se appaga,
Como um sorriso que morre !

N a t y p . d 'O Século passou a ser i m p r e s s a


a revista d o Oasis, cuja r e d a c ç ã o mudou tam-
bém seu escriptorio p a r a a praça "Senado*
G u e r r a , ' n 9 22.

VJ04-

C h e g a m o s ao ultimo estádio desse c y d 0


cm que modesto paladino da imprensa pot)'"
-189

Ruar poude, á custa dos maiores sacrifícios,


percorrer o longo espaço de dez annos.
Nellc dirigiram os passos do extenuado
luctador as duas seguintes commissões de r e -
dacção :
i * T h o m a z Salustino, Raroncio Guerra e
João C a ncio ;
2* J o s é Alcino, Raroncio Guerra e J o s é
Julio.
A primeira d e s s a s commissões, nomeada
Para servir de Janeiro a Junho, publicou todos
0s
numéros do Oasis correspondentes ao pe-
nodo de seu exercício.
. O anno de 1904 foi sêcco, e logo no prin-
c
jpio, ás primeiras noticias alarmantes que
chegavam do sertão, a imprensa clamou por
s
° c c o r r o s aos flagellados pela fome, que aos
puídos retiravam-se para o littoral. O Oasis
n<io s e f e z esperar, editando mais de um a r t i -
em favor dos famintos e foi especialmente
p t a e P e ' c o m o declara o auctor, que escreveu
r
ancisco P a l m a o seguinte soneto :

MISKKIA !

branca cifrada ntia, esbrazeante,


s
~l? °t tenaz, de fogo diluido,
l)C'Se arrastando o espectro perdido
" Pobre /ilha do sertão distante. '

*pf/Uty af)cv/ando ao seio, mal sustido


Cu do viver errante,
0 pedaço d'alma delirante,
Corpinho do filha adot •mecido.
Mas, de repente, o seu olhar se ojfusca...
Ella se abate na tortura brusca
E o sol da vida nesse olhar se some.

Chora, mais tarde, um orpham no caminho.,.


E o mundo... é o mundo dcsegual, mesquinho,
Onde os filhos de Deus morrem de fome !

M a s a outra c o m m i s s S o r e d a c t o r a , que
serviu no s e g u n d o s e m e s t r e do anno, publicou
a p e n a s tres números.
N o ultimo, que sahiu a 3 1 de D e z e m b r o ,
e n c o n t r a - s e a seguinte noticia :
" P a r a a villa de A r e i a B r a n c a , d e s t e E s -
tado, em cuja m e s a de r e n d a s foi e x e r c e r a s
f u n c ç d e s do c a r g o de e s c r i v ã o , seguiu em d i a s
do m e z de S e t e m b r o n o s s o distinetissimo con-
f r a d e A l f r e d o C a r v a l h o , 3 9 escripturario da
F a z e n d a E s t a d o a l e muito d i g n o presidente do
L E MONDE MARCHE.
L a m e n t a n d o a ausência, embora tempo-
rária, de t ã o e s f o r ç a d o c o m p a n h e i r o de luetas,
c o n s i g n a m o s aqui a e x p r e s s ã o de n o s s a s sau-
d a d e s , d e s e j a n d o que tivesse feito ó p t i m a via-
g e m e que volte em b r e v e a o c c u p a r o posto
que t ã o g a l h a r d a m e n t e tem s a b i d o o c c u p a r
n a s fileiras de n o s s o g r ê m i o . "
M a s tinha s o a d o a hora f a t a l do Oásis '
dissolveu-se O G r ê m i o L i t t e r a r i o L E MONDE
MARCHE, e e s s e foi o ultimo n u m e r o do repre-
z e n t a n t e a r d o r o s o de s u a s i d é a s e e s f o r ç a d o
d e f e n s o r da m o c i d a d e .
(Continua).
Luiz FERNANDES.
RFPERTORIO

DAS

keis estaduaes referentes aos municípios

M A R I INS
^ (1'ovoaçflo (ta Serra do Martins, até 10 do Novembro de 1841.
1
da Maioridade, atè 30 de Outubro de 1847 : cidade da
m
P e r a t r u , até i9 de Fevereiro de i8go )

1840—resolução n. 52, de 2 de Novembro,


d e s m e m b r o u d a f r e g u e z i a de P á u d o s
Ferros e elevou á igreja paroehial a
filial capella de N. S . da C o n c e i ç ã o
da Serra do Martins, município de
Portalegre, d a n d o - l h e os seguintes
limites : pelo n a s c e n t e e pelo sul s e -
r ã o com a s f r e g u e z i a s do C a t o l é e R i o
do P e i x e pela m e s m a linha que d i v i -
de esta e a província da P a r a h y b a ;
102-—

pelo poente, a freguezia de P á o dos


F e r r o s , comprehendendo os logares
Cacimba de cima, Barriguda. Cumbc,
Fidalgo, Cascavel, Poço da Pedra,
Almas, Melancia, Sacco, Bica e Bom
Jesus ; e com a freguezia de Porta-
legre, pelo riacho da Forquilha, até
ás terras da fazenda Viçosa, exclusi-
ve ; e pele norte, com a freguezia do
A p o d y , comprehendendo os sitiosdos
Picos e as f a z e n d a s Campos, Cajazci-
ras, Olho dagua do Borges, Várzea
comprida e Flores, donde seguirá
pela estrada que vae para a serra do
L i m a , incluindo a capella de N, Se-
nhora dos Impossíveis, e, a t r a v e s s a n -
do a dita serra até, encontrar os limi-
tes da freguezia do Catolé, da pro-
víncia da P a r a h y b a .

1 8 4 1 — A lei 11. 7 J, de t<) de Novembro, des-


membrou do municipio da villa de
Porta Alegre e elevou á villa, com a
denominação de VILLA DA M A I O R I -
DADE, a p o v o a ç ã o da S e r r a do Mar-
tins traçando-lhe os seguintes limi-
tes : pelo nascente e pelo sul, os mu*
nicipios da villa F e d e r a l do Catolé e
villa de S o u z a , pela m e s m a linha q u e
divide esta da província da Para»
h y b a ; pelo poente, o município de
P o r t a Alegre, comprehendendo os lo-
g a r e s Cacimba de cima, Barriguda,
Cambe, Fidalgo, Cascavel, Poço da
pedra, Almas, Melancias, Sacco,
Bica e Bom Jesus, da freguezia da
S e r r a do Martins, e o riacho Forqui-
lha ; e por elle abaixo, até á s terras
da fazenda Viçosa, exclusive, compre-
hendendo os sitios dos Picos, na mes-
m a freguezia do Martins ; e pelo nor-
te, o município da villa do A p o d y ,
c o m p r e h e n d e n d o a s f a z e n d a s Cam-
pos, Passagem da onça, e toda a mar-
g e m occidental do rio U m a r y até á
f a z e n d a deste nome, c o m p r e h e n d e n -
d o os moradores desta fazenda por
uma e outra parte do rio e pela mes-
ma m a r g e m occidental deste, em con-
tinuação, até á barra do riacho Pira-
nhas, e por este a c i m a , até á C a c i r a ,
na c a s a do tenente C l e m e n t e Nu
nes, ficando esta e a fazenda Bom
successo p a r a o novo município; da-
hi para a Cachoeira grande, no m e s -
mo rio U m a r y , e dahi aos limites da
província da P a r a h v b a , com exclu-
s ã o semente dos „sitios e moradores
194 —

que outrora pertenciam á freguezia


do. A p o d y .
A m e s m a lei, art. 3, d e s m e m b r o u
da c o m a r c a do A s s ú e eleveu á cate-
goria d e corr.arca esta villa, com a
d e n o m i n a ç ã o de c o m a r c a da Maiori-
dade, c o m p r e h e n d e n d o o município
da m e s m a villa e os do A p o d y e P o r -
ta Alegre.

1 S 4 2 — A Lei n. 88, de 2(J de Outubro, fixou


em 262$ a d e s p e s a da C a m a r a Mu-
nicipal da villa da, Maioridade, no
anno financeiro de 1 8 4 3 a 1844.

1 8 4 ' ) — A lei n. 104, de 3 de Novembro, fixou


em 200$ a d e s p e s a da C a m a r a Mu-
nicipal da villa da Maioridade, no
anno financeiro de 1844 a 1845.

1 S 4 4 — A resolução n. 107, de 30 de Setembro,


determinou que ficassem provisoria-
mente constituindo patrimonio da Ca-
m a r a Municipal os terrenos que estão
comprehcndidos nos limites de seu
termo, e que outrora f a z i a m parte
d o patrimonio da villa de P o r t a Ate'
gre.

A resolução n. 112, de 24 de Outubro,


approvou posturas policiaes da C a -
mara Municipal da villa.

A lei n. 115, de 4 de Novembro, fi-


xou em 2 ó i $ 4 0 0 a despesa da C a m a -
ra Municipal da villa da Maioridade,"
no anno financeiro de 1845 a 1846.

A lei n. 119, de 9 de Novembro, de-


terminou que ps limites do termo e
município da villa da Maioridade fos-
sem os m e s m o s que se a c h a m esta-
belecidos no art. 3 da resolução n. 52,
de 2 de N o v e m b r o de 1840, para li-
mites da freguezia da S e r r a do M a r -
tins.

A lei ti. 129, de 23 de Outubro, fixou


em 1 2 8 $ a d e s p e s a da C a m a r a Muni-
cipal da villa da M a i o r i d a d e no an-
no financeiro de 1846 a 1847.

A lei n. 154, de 31 de Outubro, fixou


em 1 9 8 $ a d e s p e s a da C a m a r a Mu-
nicipal da villa da Maioridade, no
a n n o financeiro de 1847 a ' 8 4 8 .

A lei n. 160, de 4 de Outubro, auctori-


zou o Presidente da Província a
m a n d a r abrir açudes, onde fosse mais
195 —

conveniente, em c a d a uma d a s íre-


g u e z i a s d e s t a c o m a r c a e a reedificar,
de preferencia, o a ç u d e publico d a
Grutinha.

A resolução u. V, de 30 do -mesmo
mes, elevou á c a t e g o r i a de C I D A D E a
villa da M a i o r i d a d e , com a denomi-
nação de- C i d a d e da I m p e r a t r i z .

A lei n. 171, de 6 de Novembro, fixou


em 235$ a d e s p e s a d a C a m a r a Mu-
nicipal da c i d a d e d a I m p e r a t r i z , no
anno financeiro de 1 8 4 8 a 1 8 4 9 .
1 8 4 8 — A lei n. 187, de 2 de Novembro, fixou
em 110*500 a d e s p e s a da Camara
Municipal da c i d a d e da I m p e r a t r i z ,
no s e m e s t r e de J u l h o a D e z e m b r o de
1849, determinando, (art. 1 9 ) que o
anno financeiro se c o n t a s s e de Janei-
ro a D e z e m b r o .

1 8 4 9 — A lei n. 197, de 16 de Junho, creou


nesta c i d a d e uma c a d e i r a de primei-
ras lettras, para o sexo feminino,
a u c t o r i z a n d o o P r e s i d e n t e da Provín-
cia a provel-a por c o n c u r s o , na forma
d a s leis em v i g o r .

A lei n. 203, de 30 de Junho, fi*oU


197 —

cm 254$ a d e s p e s a da C a m a r a M u -
nicipal da cidade da Imperatriz, no
a n n o financeiro de 1850.

—A lei n. 208, de 3 de JulliOy a p p r o -


vou posturas addicionaes á s da C a -
mara Municipal.
l.Sr>() -A resolução 11. 2//, de 28 de Moio,
approvou posturas da C a m a r a Muni-
cipal da c o m a r c a d a Imperatriz.

-A lei n. 222, de 2 de Julho, fixou em


248$ a d e s p e s a da C a m a r a Munici-
pal da cidade da Imperatriz, no an-
no financeiro de 1 & 5 1 .
l8'>l~ A resolução n. 233, de 19 de Setembro,
approvou artigos de postura? da C a -
mara Municipal.

-A lei u. 234, da m e s m a d a t a , li-


xou em 250$ a d e s p e s a da C a m a r a
Municipal da cidade da Imperatriz,
p a r a o a n n o financeiro de 1 8 5 2 .

resolução n. 250, de 23 de Março,


instaurou o districto de paz do P a t ú .
dando-lhe os m e s m o s limites da fre-
guezia do Patú com a s d o A p o d y e
Martins. ( 1 )
GQV,'. ^ R ''solução n 8, de de Outubrc de 1836 autorizou o
»0 a stipprimir os dUtrictos de paz que julgasse conveniente
-198

—L A resolução n. 257, de / de Abril,


creou uma cadeira de p r i m e i r a s le-
ttras, p a r a o s e x o masculino, nn po-
v o a ç ã o do P a t ú .

—A resolução n. 262, de 5 do mesmo


mez, art. 7, auctorizou o P r e s i d e n t e
da Província a despender, pela verba
—Obras p u b l i c a s - 1 :ooo$ com o be-
n e f i c i a m e n t o ou a b e r t u r a d e u m a d a s
ladeiras d a S e r r a d o M a r t i n s .

1 8 5 2 — A lei n. 263, de 6 de Abril, fixou em


231$ a d e s p e s a d a C a m a r a Munici-
pal d a cidade da Imperatriz, para o
a n n o f i n a n c e i r o de 1 8 5 3 .

18;"»'!—A resolução n. 279, de 16 de Abril


approvou a r t i g o s de p o s t u r a s d a Ca-
m a r a M u n i c i p a l do M a r t i n s .

-A lei n. 281, de 19 do mesmo me'^


determinou, art. 19, que a C a m a r a
Municipal da c i d a d e d a Imperatriz,
que não a p r e s e n t o u o r ç a m e n t o , re-
g u l a s s e sua d e s p e s a pelo o r ç a m e n t e
anterior.

18."4—A lei u. 303, de 6 de Setembro, fixou


em 296$ a d e s p e s a da C a m a r a M u "
199-

nicípal da cidade da Imperatriz,


para o anno financeiro de 1855.

A resolução ti. 319, de 8 de Agosto,


extremando a freguezia do P a t ü com
a do Martins, pelo poente, disse: a li-
nha divisória, que, pelo art. 2 da res.
11.260, de 3 de Abril de 1 8 5 1 , limita a
freguezia do Patú, pelo lado do poen-
te, com a do Martins, seguirá, dora
em deante, da fazenda Jacu ,pelo rio
U m a r y acima, comprehendendo am-
bas as margens e tocando nos loga-
res Passagem da onça, Cajazeiras e
fazenda Umary, até á serra da Ala-
gôa, sem comprehender mais o ter-
ritório que pela referida resolução fi-
c a v a ao poente desta direcção occu
pado pelos Campos de J o ã o F r a n c i s
co, riacho G a v i ã o e fazenda Pão
d arco.

—A lei n. 325, de 1 de Setembro, fixou


em 978$ a despesa da C a m a r a Mu-
nicipal da cidade da Imperatriz, p i r a
o anno financeiro de 1856, inclusive
682$ para o restante p a g a m e n t o da
casa adquirida para suas sessões e
cadeia publica.
- -200—

1 8 5 6 — A resolução n. 340, de 4 de Setembro,


approvou artigos do posturas da Ca-
mara Municipal.

A lei n. 349 de 20 de Setembro, fixou


om 9 5 3 $ a despesa da C a m a r a Mu-
nicipal da cidade da Imperatriz, para
o anno financeiro de 1857.

1857—A lei n. 363, de 25 de . Ibril fixou cm


9 5 3 $ a despesa da C a m a r a Munici-
pal da cidade d a Imperatriz, para o
anno financeiro de 1858, inclusive
682$ para o resto do p a g a m e n t o da
casa destinada á cadeia.

1 8 5 X _ / / resolução n. 374, de 4 de Agosto, dis-


criminando os limites entre as fregue-
sias do Martins e P a t ú , determinou
que o rio l m a r y servisse dc divisão
entre ellas, pertencendo a o Martins o
terreno que fica á esquerda de mesm 0
rio, e á do P a t ú o que fica á direita-
A linha divisória, começando do lo*
g a r Passagem da onça, correrá p e l o f l O
acima até á serrota . Ilagoa exclusive:
c dahi seguirá pelo caminho do siti°
Pichado até o denominado Lai«1'
donde continuará pela estrada l l uL '
segue do sitio Retiro para a povoa*
ç à o da C o n c e i ç ã o , até limitar com a
província da P a r a h v b a .

A resolução n. 375, tio n/estuo data,


considerou terras de criar a serrota
A l a g ô a da qual f a z e m parte os loga-
res denominados João Dias e Rosa-
rio, do município d a Imperatriz; sen-
do, entretanto, permittida a agricul-
tura nos mencionados logares, com-
tanto que a s lavouras s e j a m defendi-
d a s por cercas, conforme á resol. n.
S i , dc 8 de Outubro de 1 8 4 2 .

-A resolução n. 383, de 16 de Agosto,


auctorizou o Presidente da Província
a despender desde j á a quantia de
i :ooo$ com a conclusão d a s obras do
cemitério publico.

A resolução u. 381, da mesma data,


auctorizou o Presidente da Província
a contractar um medico p a r a curar a
pobreza desvalida nesta c o m a r c a , e
a m a n d a r pôr a sua disposição uma
ambulancia contendo os medicamen-
tos e utensílios exigidos pot elle.

A lei u. 392, de 21 do mesmo mes,


auctorizou o Presidente da Província
202 —

o d e s p e n d e r — d e s d e já- a quantia de
3 : 0 0 0 $ com a construcção de uma
cadeia na cidade.

A lei u. 105, de 31 do mesmo mez,


approvou o c o m p r o m i s s o da irman-
dade de N. S e n h o r a da C o n c e i ç ã o da
matriz.

A lei n. /17, de 4 de Setembro, creou


na cidade uma cadeira de lingua
franceza.

-A lei 11. 422, de 11 do mesmo mez,


iixou em 4 5 0 $ a d e s p e s a d a C a m a r a
Municipal da cidade da Imperatriz,
para o anno financeiro de 1859.

1 lei n. 141, de 14 de Abril, auctori-


zou o Presidente da Provincia a des-
pende» d e s d e já a quantia de 3:000$
com a c o n s t r u c ç ã o de um açude no
logar denominado Gruta do Elias
ou onde a C a m a r a Municipal julgasse
mais conveniente.

/ lei 11, 142, de 19 do mesmo mt '
creou um districto de paz na povoa"
ção de B a r r i g u d a , tendo por limites
os m e s m o s da s u b d e l e g a d a de policia-
— 20 a —

y / icj 151, de 2(S do mesmo mez,


declarou comprchendido nas disposi-
ções dos i, 2 e 3 da lei n. 8 1 , de
8 de Outubro de 1842, o logar d e n o -
minado serrota, deste termo.

A lei n. 162, de 17 de Maio, fixou


em 474$8oo a despesa da C a m a r a
Municipal da cidade da Imperatriz,
para o anno financeiro de 1860.

bS(,o lei n. 464, de 6 de\Março, supprimiu


o districto de paz de Barriguda.

—-—A lei n. 1(J4, de l de Maio, fixou em


5 6 1 $ a despesa da C a m a r a Municipal
da cidade da Imperatriz, no anno fi-
nanceiro de 1 8 6 1 .
1 XR 1
" -A lei n. 506, de 7 de Junho, fixou em
4 1 4 $ n despesa da C a m a r a Municipal
da cidade da Imperatriz, no anno fi-
nanceiro de 1862.
ici n S20, de 23 de Abril, determi-
nou que pertencesse a este município
o terreno comprehendido nas duas
primeiras léguas da data C n m b e .

|~ A lei u. 526. de 25 do mesmo me:, fi-


xou em 4 1 4 $ a despesa da Camara
2< > I

Municipal cia cidade da Imperatriz,


no anno financeiro de 1 8 6 3 .

—A lei n. 528, de 28 do mesmo mes,


approvou artigos de posturas da Ca-
mara Municipal.

1801- -A lei n. 5 /2, de 2 de Julho, art. 1, de-


terminou que a receita e d e s p e s a das
Camaras Municipaes da Proyincia,
dentro do corrente anno, fossem re-
guladas pela de n. 526, de 25 de
Abril de 1862.

A Iti u. 560, de IO de Dezembro,


auctorizou o Presidente da Provín-
cia, a contractar, a edificação de uma
casa de mercado na cidade da Impe-
ratriz, de accordo com a lei n, 5 2 1 .
de 23 de Abril de 1862.

, / lei ,i. 573, de 22 do mes010 nu <


fixou em 4 5 4 $ a despesa da Camara
Municipal da cidade da Imperatriz,
para o anno financeiro de 1865. A
0
mesma lei, art. 29, determinou que
Presidente da Província e x p e d i s s e as
convenientes ordens para tornar effe-
ctiva a multa decretada pelo art. -9
da lei provincial n. 234, de 19 de be*
»

—20.") —

tembro dc 1 8 5 1 , pela falta de remes-


sa de respectivo orçamento.

1 8 0 5 - ^ A l e i n . 591, de 28 dc Dezembro, fixou


em 4 5 4 $ a despesa da C a m a r a Mu-
nicipal da cidade da Imperatriz, no
anno financeiro dc 1866.

1867—A lei n. 599, de, 11 de Junho, fixou


em 6 1 0 $ a despesa da Camara Mu-
nicipal da cidade da Imperatriz, no
anno financeiro de 1867, inclusive
100$ para a compra de mobília.

ls
0 8 — A /ei //. OU, de 26 de Março, fixou
em 5 3 2 $ a despesa da C a m a r a Mu-
nicipal da cidade da Imperatriz, para
o anno financeiro de 1868.

' ' A lei n. 6 N, dcJ de Junho, auctori-


zou o Presidente da Província a re
stabelecer a cadeira de francez da ci-
dade.

A lei u. 618, da mesma data, appro-


vou posturas da C a m a r a Municipal
da Imperatriz.

—— / li i n. 621, de 10 de Novembro, cre-


ou uma cadeira de instrucçüo prima-
.. —200

ria, para o sexo masculino, na po-


voação da Barriguda.

——A lei n. 624, de 12 de Novembro, crc-


ou o logar de administrador do ce
miterio" publico.

—A lei n .028, de 25 do mesmo mes, fi-


xou em 3 6 5 $ r, despesa da Camara
Municipal da cidade da Imperatriz,
para o anno financeiro de 1 8 7 1 .

1871 -A lei 11. 651, de 14 de Dezembro, fixou


em 3 6 5 $ a despesa da Camara Mu-
nicipal da cidade da Imperatriz, no
anno financeiro de 1 8 7 2 .

187.*! A lei n. 604, de 21 de Junho, fixou


em 7 7 7 J a despesa da Camara Mu-
nicipal da cidade da Imperatriz, no
anno financeiro de 1 8 7 3 .

A lei n. 670, de 4 dc Agosto, fixou


em i : 2 7 7 s a despesa da Camara Mu-
11(1
nicipal da cidade fia Imperatriz,
anno financeiro de 1874, inclusive
300$ com a prestação da casa de
mercado.

/ lei u. 673, de 5 do mesmo mes, ('rC'


ou a 2 í l cadeira de ensino primário.
para o sexo masculino, na cidade da
Imperatriz.

A lei >/. 683, de 8 do mesmo mes,


d e s m e m b r o u da c o m a r c a d a M a i o r i -
d a d e o município de P á o dos F e r r o s
para constituir a nova c o m a r c a de
P á o dos F e r r o s .

—A lei n. 684, de // do mesmo mez,


creou o districto de paz da B a r r i g u
da, do município da Imperatriz.

I lei >i. 70M, de I dc Setembro, fixou


em i :297$ a d e s p e s a da C a m a r a Mu-
nicipal da cidade da Imperatriz, no
a n n o financeiro de 1875.

I lei >1. 739, de 23 de Agosto, lixou


em i : 8 8 3 1 9 6 o a d e s p e s a da C a m a r a
Municipal da cidade da Imperatriz,
no a n n o financeiro de 1876, inclusive
mobiliamento e serviço da levada e
ponte da lagoa visinha á cidade. A
m e s m a lei, art. 35, auctorizou-a a
a f o r a r por contracto de a f o r a m e n -
to perpetuo os sitios e n c r a v a d o s
n a s t e r r a s de seu patrimonio, oc-
c u p a d a s pelo capitão Antonio Manu-
el de Oliveira Martins, C l e m e n t e G o -
- -208—

mes de Amorim, I). Francisca F e r -


nandes Carneiro e C o s m e Damião
Barbosa Tinoco, segundo propõem á
referida C a m a r a .

1 8 7 ( 5 — A lei 11. 795, de 16 de Dezembro, fixou


em I :382ÍOOO a despesa da Camara
Municipal da cidade da Imperatriz,
no anno financeiro de 1 8 7 7 .

1879 A lei n. 836, de 15 je Fevereiro, fi-


xou em 1 : 1 2 2 $ a despesa da Camara
Municipal da cidade da Imperatriz»
para o anno financeiro de j9 de Ou-
tubro de 1 8 7 8 a 3 0 de S e t e m b r o de
1 8 7 9 , e determinou, art. 3 0 , que o an-
no financeiro para as C a m a r a s Muni-
cipaes da P r o v i n d a se contasse do
de Outubro a 3 0 de Setembro, confor-
me a resolução de 3 1 de Outubro de
1831; e que a receita e despesa, art.
3 ' . das mesmas C a m a r a s , no periodo
de I o de Janeiro a 3 0 de Setembro de
1 8 7 9 fossem reguladas pela lei n. 795'
de 16 òe Dezembro de 1 8 7 6 . ficando
assim approvada a portaria do PrÇ"
VI
sidente da Província que mandou "
gorar para o exercido de Janeiro a
Dezembro de 1 8 7 8 a mencionada I o1,
1KSÍ2.--A lei u. 857, de !(J de Junho, fixou em
86o$ooo a d e s p e s a da C a m a r a Mu-
nicipal da cidade da Imperatriz, no
armo financeiro de i ° de Outubro de
1882 a 30 de S e t e m b r o de 1883,

ls s:>
' ' -A lei n. 88X, de 25 de Abril, fixou em
t :38O$CXX) a despesa da C a m a r a Mu-
nicipal da cidade da Imperatriz, no
anno financeiro de 1 " de Outubro de
1883 a 3 0 d e S e t e m b r o d e 1884. A mes-
ma lei, art. 37, declarou ficar perten-
cendo a esta C a m a r a o dizimo de mi-
u nças.

. I lei 11. 889, de 27 da mesmo me:,


(orçamento) consignou o auxilio /le
1 :ooo$ á Matriz da cidade da I m p e
ratriz.

. / lei 11. A' V /, de 2'V do mesmo me ,


approvou posturas addicionaes a o có-
digo da C a m a r a Municipal.

1 N,S"t' •/ lei h. 916, de 12 de Março, fixou


em 866$000 a d e s p e s a da C a m a r a
Municipal da cidade da Imperatriz,no
a n n o financeiro de i c de Outubro de
1884 a 3 0 de S e t e m b r o de 1885. A
mesma lei, art. 30, .motorizou a C a -
— 210

m a r a Municipal a cobrar o dizimo d e .


miunças vivas da respectiva fre-
guezia.

—A lei n. 920, de 13 do mesmo mez,


restaurou a c a d e i r a de i n s t r u c ç ã o pri-
m a r i a da p o v o a ç ã o da B a r r i g u d a , da
f r e g u e z i a do M a r t i n s .
'* *

—A lei ii. 922, de 15 do mesmo mez,


( o r ç a m e n t o ) c o n s i g n o u na verba-—O-
bras p u b l i c a s — o auxilio de r :ooo$ á
matriz da I m p e r a t r i z .

1 8 8 0 — / í lei n. 942, de 21 de Março, suppri-


miu os officios de 2 9 tabellião, escri
vão do c r i m e e eivei e d a s e x e c u ç õ e s
eiveis e c r i m i n a e s d o t e r m o d a cida-
de da Imperattiz, p a s s a n d o os res-
pectivos feitos p a r a o cartorio d o 1''
tabellião e e s c r i v ã o do geral e de
orphãos.

— A lei 11. 945, da mesma data, appro-

vou a r t i g o s a d d i c i o n a e s a o s do c< >di


g o de p o s t u r a s d a C a m a r a .

A lei 11. 950, de 31 de Março, fixo"


em i : o 7 o $ o o o a d e s p e s a d a C a m a r a
Municipal da c i d a d e da Imperatriz

1
no anno financeiro de i ° de Outubro
de 1885 a 30 de S e t e m b r o de 1886.
A m e s m a lei, art. 47, auctorizou -a a
cobrar o dizimo de miunças vivas do
respectivo município.

A lei n. 961, de 20 de Abril, revogou


a de n. 942, de 21 de M a r ç o de 1885,
e restabeleceu o cartorio do 2® ta-
belliáo, escrivão d o crime e eivei do
termo da cidade da Imperatriz.

A lei n. 977, de l de Junho, suppri-


miu o districto de paz da p o v o a ç ã o
da Barriguda," da p a í ó c h i a da I m p e -
ratriz, e incorporou seu territorio ao
d o districto da cidade.

—A lei n, 982, de 12 do mesmo mez,


fixou em 1 : 2 2 0 * 0 0 0 d e s p e s a da C a -
m a r a Mu-nicipnl da cidade da Impera-
triz no anno financeiro de i ° de Outu-
bro de 1886 a 30 de S e t e m b r o de
1887.

—A lei u. 985, de 17 do mesmo mez,


(orçamento), consignou na v e r b a
O b r a s publicas -500$ p a r a a matriz
da p o v o a ç ã o do Patú, e 500$ para a
conclusão do açude da S e r r i n h a , do
município da Imperatriz.
212 —

1887- A lei n. WH, de 2 ile Abril, revogou


a de n. 977, de i de J u n h o de 1886,
e restaurou c o m a m e s m a s é d e e an-
tigos limites o distrieto de p a z da
Barriguda, no município d a I m p e r a -
triz.

. / lei ii. 1.000, de II do mesmo mer.,


fixou em i :255$OOO a d e s p e s a da C a -
mara Municipal da c i d a d e da Impe-
ratriz, no anuo f i n a n c e i r o de 1888.
que coincidiria, art. 3 1 , com o a n u "
civil, regendo esta m e s m a lei o tri-
mestre de O u t u b r o a D e z e m b r o df
1887.

decreto u. 12, de /'•' d, Fevereiro,


(governo provisorio) mudou o nome
da cidade da Imperatriz para o de
CUTAOK NO M A R T I N S .

O decreto >1. d, 7 de / 11 Ih
mandou que a c o m a r c a até a o p " '
sente d e s i g n a d a p e l o n o m e de M a i "
r i d a d e e o município d e n o m i n a d o Im*
0
peratriz t i v e s s e m , d o r a e m deante,
n o m e de M a r t i n s .

0 decreto u. 12, de / dt . Igosto, t<""


nou e x t e n s i v a s ao c i d a d ã o J o ã o ^
tor do Gouto, i 9 tabellião do publico,
judicial e notas, escrivão privativo de
orphAos e da provedoria d e c a p e l l a s e
resíduos do termo e c o m a r c a do M a r -
tins, bem c o m o aos d e m a i s serven-
tuários do E s t a d o , que se a c h a r e m
em idênticas circumstancias, a s dis-
posições do decreto n. 29, de 20 de
J u n h o ultimo.

-0 decreto v. 51, de 22 de Sete vibro,


concedeu a J o ã o P e r e i r a da Silva
Monteiro, F r a n c i s c o L o p e s F e r r a z
Sobrinho, J o a q u i m J o s é Valentim de
A l m e i d a e A u g u s t o S e v e r o de Albu-
querque M a r a n h ã o , negociantes e ca-
pitalistas residentes na Capital F e d e -
ral e neste E s t a d o , ou «1 c o m p a n h i a
por elles organizada, privilegio por
cincoenta annos para a construcção,
uso e goso de uma e s t r a d a de ferro,
de um metro entre trilhos, que, par-
tindo de Areia B r a n c a , na e m b o c c a -
dura do rio Mossoró, d i r i j a - s e ao
ponto mais conveniente da S e r r a d e
L u i z G o m e s , p a s s a n d o pelos muni-
cípios de Mossorò, C a r a h u b a s , A p o -
d v , P o r t a Alegre, Martins, P á o dos
Ferros e Luiz Gomes.
214 —

1 8 9 1 — O decreto n. 103, de 6 de Abril, conce-


deu privilegio por trinta annos a o s
S n r s . Parente Vianna & Cia., Gratu-
liano dos S a n t o s Vital e J o ã o Moura,
ou á companhia que organizarem,
p a r a a construcção, uso e goso de
uma estrada de ferro que, partindo
de Natal, vá terminar no município
do Martins, p a s s a n d o por M a c a h y -
ba, S . Rita, S a n t a A n n a do Mattos,
A n g i c o s , S . Rnphael, T r i u m p h o e Cai-
çó, ou pelo traçado que mais convier
aos interesses do E s t a d o .

PAiU'
j-
(Povofiçflo do Patü até 25 <le Setembro de 1890)

1 8 5 2 — A resolução n. 250, de 23 de Março,


instaurou o districto de paz do P a t ú ,
dos municípios do A p o d y e M a i o r i d a -
de, o qual terá por limites os m e s -
- mos que foram dados para a f r e g u e -
zSa do P a t ú com as do A p o d y e Mar-
tins.

—A resolução n. 260, de 3 de Abril,


(promulgada pela Mesa) elevou á
categoria de matriz a filial capella
de N. Senhora das Dôres desta po-
voação, desmembrando-a da do A -
pody, com a denominação de fre-
guezia de N. Senhora das Dôres
do Patú, e determinou que seu teiri-
torio pertencesse, dalli em deante, ao
município da Imperatriz, d e s m e m -
brando-se das freguezias do A p o d y e
Martins da maneira seguinte : pelo
lado do sul e nascente, terá os mes-
mos limites que dividem esta provín-
cia com a da P a r a h y b a , no município
do Catolé ; pelo lado do norte, se li-
mitará por uma linha divisória, prin-
cipiando de nascente ao poente com-
prehendendo as fazendas e logares
Trincheiras, Canta ga//o, Junco, En-
canto, até á ponta do sul da serra dos
Picos, e dahi, por cima da mesma
serra servindo de divisa as extremas
da fazenda do mesmo nome, seguirá
a dita linha até atravessar o riacho
L o g r a d o r , acima da fazenda Au-
gmento, defronte da cacimba, e dahi
seguirá o rumo comprehendendo a fa-
zenda S. Joaquim até á s fazendas
Rio morto e Jacu, 110 rio U m a r y in-
clusive ; pelo lado do poente, seguirá
21G

deste ponto a linha divisória pelo rio


U m a r y a c i m a (entrando na f r e g u e z i a
do M a r t i n s ) por um e outro lado atò
a o sitio Cajaze iras e de s e g u i d a com-
p r e h e n d e r á os c a m p o s de J o ã o F r a n -
cisco, subindo pelo r i a c h o do G a v i ã o
e comprehendendo ambos o s lados
até á f a z e n d a Pa o darco inclusive, e
dahi á f a z e n d a U m a r y d o n d e segui-
rá, pelo rio do m e s m o n o m e acima
comprehendendo a m b a s as margens,
até á s e r r a d a A l a g o a , a t o c a r os li-
mites d a P a r a h y b a d o n d e principiou
a divisáo. A m e s m a r e s o l u ç ã o deter-
minou que sò f o s s e a f r e g u e z i a p r o -
v i d a de p a r o d i o q u a n d o a capella se
achasse decentemente paramentada,
a juizo do prelado.

180," —A resolução n. M(J, de 8 de Agosto*


rnarcru os limites d e s t a freguezia.
pelo lado d o poente, e x t r e m a n d o - a
com a f r e g u e z i a do M a r t i n s d o m o o °
seguinte : a linha d i v i s ó r i a que p c ' °
art. 2 d a r e s o l u ç ã o p r o v i n c i a l n. 260.
d e 3 de Abril de 1 8 5 2 , limita a fregu e "
zia d o P a t ú , pelo lado do poente, cotf 1
a freguezia da S e r r a do Martins se£u1'
rá, d o r a em d e a n t e , d a f a z e n d a J O i "
pelo r i o U m a r y acima comprehenden-
do a m b a s as margens e tocando nos
logares Passagem da onça, Cajazeiras,
fazenda Umary, até á serra da Ala-
gôa, sem comprehender mais o ter-
ritório que pela referida resolução fi-
cava ao poente desta direcção occu-
pado pelos C a m p o s de J o ã o F r a n -
cisco, riacho G a v i ã o e fazenda PA o
darco.

1«S,.)S—A resolução n. 374, de 4 de Agosto,


discriminou os limites entre as fre-
guezias do Martins e P a t ú e determi-
nou que o rio U m a r y servisse de di-
visão entre ellas, pertencendo ao
Martins o terreno que fica á esquerda
do mesmo rio e ao Patú o que fica á
direita. A linha divisória, c o m e ç a n d o
do logar Passagem da onça, correrá
pelo rio acima até á serrota A l a g ó a
exclusive ; e dahi seguirá pelo cami-
nho do sitio Fechado até ao denomi-
nado Latão, donde continuará pela
estrada que segue do sitio Retiro p a r a
a povoação da Conceição, até limi-
tar-se com a província da P a r a h y b a .

—A lei n. 413, de 4 de Setembro, au-


218 —

c.torizou o P r e s i d e n t e da P r o v í n c i a
a despender até á quantia de 400$
com a conclusão d a s obras da matriz
desta p o v o a ç ã o .

1 8 7 0 — A lei n. 621, de 10 de Novembro, res-


tabeleceu a cadeira de instrucção
primaria, p a r a o s e x o masculino, d a
p o v o a ç ã o do P a t ú .

1879—A lei n. 829, de 7 de Fevereiro, (or-


çamento, art. 16), aboliu o dizimo
de lavouras do s e r t ã o , propriamente
dito, da freguezia do P a t ú .

1882—A lei n. 843, de 23 de Junho, instan-


rou (?) a cadeira de instrucção pri-
maria, do s e x o musculino, desta po-
voação.

1884—A lei n. 922, de IS de Março, (orça-


mento, art. 3), auctorizou a presi-
dência da Província a d e s p e n d e r até
2:000$ com a abertura de uma e s t r a -
da do Patú p a r a a cidade de Mosso-
ró, tocando na villa de C a r a h u b a s , e a
abrir o necessário credito.

1880—A lei 71. 981, de 11 de Junho, creou


u m a cadeira de ensino primário, para
219 —

o sexo feminino, na povoação do


Patú, do município da Imperatriz.

1 8 9 0 — O decreto n. 53, de 25 de Setembro,


(governo provisorio) elevou a m u n i -
cípio o districto de paz da povoação
do Patú, da comarca do Martins, fi-
cando também a mesma povoação
elevada á categoria de VILLA. OS
limites serão os mesmos do districto
de paz.

POR T A ' A L E G R E

1 8 , 3 5 — A resolução n. 23, de 27 de Março,


determinou que esta villa continuas-
se provisoriamente na posse de seu
patrimonio, até que uma lei resolves-
se definitivamente a respeito.

1837—A lei n. 19, de 8 de Novembro, consi-


gnou, a tiiulo de soccorro á C a m a r a
Municipal de P o r i a Alegre, a verba
de ioo$, que deveriam ser pagos pelo
respectivo collector.

1838—resolução ;/. 17, de 7 de Novembro,


consignou a verba de i o o $ para sup-
prir o deficit d a C a m a r a Municipal de
Porta Alegre.

1839—A resolução n. 24, de 11 de Outubro,


approvou posturas addicionaes ás do,
c o d i g o municipal desta villa.

A lei n. 36, de 9 de Novembro fixou


e m 2 5 1 $ a d e s p e s a d a C a m a r a Muni-
cipal da villa de P o r t a A l e g r e , no
anuo financeiro de ic de J u l h o de
1 8 4 0 a 3 0 de J u n h o d e 1 8 4 1 ; e deter-
minou que continuasse a c o b r a r as
rendas de que está de p o s s e , ainda
que n à o c o n t e m p l a d a s no art. 16 da
m e s m a lei.

1840—A lei ;/. 50, de 21 de Outubro, creou


uma cadeira d e grammatica latina na
povoação da Serra do Martins d "
município desta villa.

—A resolução 11. 52, de 2 de Novembro,


c r e a n d o a f r e g u e z i a d a S e r r a do M n I *
;1
tins, limitou-a pelo poente, com
f r e g u e z i a d e P o r t a A l e g r e pelo riaol"'
da Forquilha, até ás terras da fazen-
d a I içosa e x c l u s i v e .

A lei >/. 56 d a m e s m a d a t a , n* (
em 2921 a despesa da Camara M u "
nicipal da villa de P o r t a Alegre, no
anno financeiro de 1841 a 1842.

A lei n. 71, de 10 dc Novembro, d e s -


m e m b r a n d o do município da villa de
P o r t a A l e g r e e elevando á villa com
a d e n o m i n a ç ã o de Villa da Maiorida-
de a p o v o a ç ã o da S e r r a do Martins,
d e u - l h e por limites, ao poente, o
m e s m o município de P o r t a Alegre,
c o m p r c h e n d e n d o os logares, Cacim-
bo de cima, Barriguda, Cumbe, Fi-
dalgo, Cascavel, Poço da pedra, Al-
mas, Melancias, Sacco, Bica e Bom
Jesus, da freguezia da S e r r a do M a r -
tins, e o riacho da Forquilha ; e por
elle a b a i x o até á s terras da f a z e n d a
I içosa exclusive, c o m p r e h e n d e n d o
os sítios dos Picos, da m e s m a fregue-
zia do Martins. A m e s m a lei, art, 3,
c r e a n d o a c o m a r c a da Maioridade,
encorporou a ella o município de Por-
ta Alegre*

—A lei n. 72, da m e s m a data, fixou


em 230$ a d e s p e s a da C a m a r a M u -
nicipal da villa de P o r t a Alegre, no
•inno financeiro de 1842 a 1843.

A lei n. 88, de 29 de Outubro, fixou


ooo

em 166$ a desposada Camara Mu-


nicipal da villa d e P o r t a A l e g r e , n o
a n n o f i n a n c e i r o de 1 8 4 3 a 1 8 4 4 .

1843—A resolução n. 97, de 27 de Setembro,


approvou a r t i g o s a d d i c i o n a e s a o co-
digo de posturas da C a m a r a Munici-
pal.

-A lei 11. 104, de 3 de Novembro, fixou


em 266$ a d e s p e s a da C a m a r a Mu-
nicipal da villa d e P o r t a A l e g r e , n o
anno financeiro de 1844 a 1845.

1 8 4 4 — A resolução n. 107, de 30 de Setembro,


determinou que f i c a s s e m p r o v i s o r i a -
mente constituindo patrimonio da
Camara M u n i c i p a l da villa d a Maio-
r i d a d e os terrenos q u e estilo c o m p r e -
hendidos nos limites d e seu t e r m o e
que outrora faziam p a r t e d o patri
m o n i o d a villa d e P o r t a A l e g r e .

A lei n. 115, de 4 d o m e s m o mez.


fixou e m 2 7 4 $ a d e s p e s a d a C a m a r a
Municipal d a villa de P o r t a A l e g r e , no
anno financeiro de 1845 a 1846.

1 8 4 5 -A lei n. 129, de 23 de Outubro, fix<lU


e m 1 3 2 $ a d e s p e s a d a C a m a r a Muni-
cipal da villa dc P o r t a Alegre, no an-
no financeiro de 1846 a 1847.

1846—-A lei n. 154, de 31 de Outubro, fixou


cm 178$ a despesa da Camara Mu-
nicipal da villa de Porta Alegre, no
anno financeiro de 1847 1848.

IS47—A lei n. 171, de 6 de Novembro, fixou


em 200$ a d e s p e s a da C a m a r a Mu-
nicipal da villa de P o r t a Alegre, 110
anno financeiro de 1848 1849.

—a foi n /í97i de 2 de Novembro, fixou


em 92$ a d e s p e s a da C a m a r a Muni-
cipal da villa de P o r t a Alegre, no
semestre de J u l h o a D e z e m b r o de
1849, determinando, art. 19, que o
anno financeiro se c o n t a s s e de J a -
neiro a D e z e m b r o .

lei n. 203, de 30 de Junho, fixou


em 1 2 8 * a d e s p e s a da C a m a r a Mu-
nicipal da villa de P o r t a Alegre, no
a n n o financeiro de 1850.

° A resolução n. 216, de 5 de Junho, de-


terminou que os moradores da fazen-
da Passagem franca, do município e
freguezia do Apody, ficassem per-
224 —

tencendo ao município e freguezia de


Porta Alegre, de que outrora faziam
parte.

A lei n. 222, de 2 de Julho, fixou em


128$ a despesa da Camara Municipal
da villa de Porta Alegre, no anno fi-
nanceiro de 1851.

1851—A lei n. 234, de 19 de Setembro, fixou


em 128$ a despesa da Camara Mu-
nicipal da villa de Porta Alegre, para
o anno financeiro de 1852.

1852—A lei n. 263, de 6 de Abril, fixou em


130$ a despesa da Camara Munici-
pal da villa de Porta Alegre, para o
anno financeiro de 1853.

1853— A lei n. 281, de 19 de Abril, fixou em


545*351 a despesa da Camara Mu-
nicipal da villa de Porta Alegre, para
o anno financeiro de 1854. A mes-
ma lei art. 23, glosou á Camara
a quantia de 56*000, que despende-
ra, sem auctorização legal, com con-
certo de ladeiras eum portador á < a*
pitai, a qual deverá ser paga r e p a r t i "
d atinente pelos vereadores que aucto"
rizaram tacs despesas.
A lei n. 303, de 6 de Setembro, fixou
em 277$ a despesa d a C a m a r a M u -
nicipal da villa de Porta Alegre para
o anuo financeiro de 1855.

A lei n, 325, de 1 de Setembro, art.


17, prorogou o orçamento da C a m a -
ra Municipal da villa de Porta Ale-
gre, que não remetteu a respectiva
proposta para o anno financeiro de
.856.

A resolução n. 344, de 4 de Setembro,


elevando á villa a povoação de P ã o
dos F e r r o s , mandou p a s s a r á jurisdic-
ção municipal de P o r t a À l e g r e o terri-
tório que começa pelo lado do norte do
serrote da Alagòa dos Morros para o
riacho da T e s o u r a , c por este a b a i x o
até sua foz no rio A p o d y , atravessan-
do em linha recta para a ponta de
cima da serra do J a t o b á .

A resolução u. 348, de 20 do. mesmo


mes, approvòü artigos de posturas da
C a m a r a Municipal.

-A lei u, 349, do mesma data, fi-


xou em 1 1 4 7 6 $ a despesa da C a m a -
ra Municipal da villa de Porta Ale
225 —

gre, para o anno financeiro de 1 8 5 7 ,


inclusive i :ooo$ para u m a c a s a de
m e r c a d o , 100$ p a r a um baldo nas
cabeceiras da fonte publica, para lim-
peza d a s ruas, da fonte publica c con-
certo d a s ladeiras e roça gem d a s ter-;
ras a f o r a d a s .

A resolução n. -351, de 26 do mesmo


mez, creou uma cadeira de instrucçAo
primaria, para o sexo feminino, nesta
villa.

1 8 5 7 — A lei n. 363, de 25 de Abril, fixou em


4 7 4 $ a d e s p e s a da C a m a r a Munici-
pal da villa de P o r t a A l e g r e , para o
anno financeiro de 1858, inclusive
100$ para a acquisiçfto de sementes
do cafeeiro.

1858—A lei n. 415, de 4 d, Setembro, a u c -


torizou o Presidente da Província a
d e s p e n d e r até á quantia de um cont°
de réis com a s o b r a s da matriz desta
freguezia, e a de quinhentos mil réis
com a construcçAo do cemiterio.

A lei 11. 422, de 11 do mesmo mes,


determinou, art. 17, que a s C a m a r a s
Municipaes que d e i x a r a m de r e m e -
tter â Assembléa seus balanços e or-
çamentos regulassem sua receita e
despesa no anno financeiro de 1859
pela lei de orçamento anterior.

A lei n. 462, de 17 de Maio, fixou em


382$ a despesa da C a m a r a Municipal
da villa de Porta Alegre, para o anno
financeiro de 1860.

A lei n. 494, de 10 de Maio, fixou em


992$ a despesa da C a m a r a Municipal
da villa de Porta Alegre, no anno f i -
nanceiro de 1 8 6 1 , inclusive 600$ para
a questão civil que move Vicente Fer-
reira L e i t e contra o patrimonio.

A lei n. 506 de 7 junho, fixou em 404$


a despesa da C a m a r a Municipal da
villa de Porta Alegre, no anno f i n a n -
ceiro de 1862.

A lei n. 526, de 25 de Abril, fixou em


998$ a despesa da C a m a r a Munici-
pal da villa de Porta Alegre, para o
anno financeiro de 1863, inclusive
5 3 2 $ com a lide que lhe move Vicen-
te Ferreira do R e g o Leite.

A lei », 542, de 2 de Julho, art. 1, de-


— 228 -

terminou que a recejta e despesa das


C a m a r a s Municipaes da Província,
dentro do corrente anuo, fossem re-
guladas pela de n. 526, de 25 de Abril
de 1 8 6 2 .

-A lei u. 573, de 22 de Dezembro, li-


xou em 290$ a despesa da C a m a r a
Municipal da villa de Porta Alegre,
no anno financeiro de 1865. A mes-
ma lei, art. 29, determinou que o
Presidente da Província expedisse as
convenientes ordens para fazer-se cf-
fectiva a multa decretada pelo art.
29 do lei provincial 11. 234, de 19 de
S e t e m b r o de 1 8 5 1 , pela falta de re-
messa do respectivo orçamento.

1 Kf.f> -A lei 11. 591, de 2X de Dezembro, fixou


em i :49o» a despesa da C a m a r a Mu-
nicipal da villa de Porta Alegre, no
anno financeiro de J866, inclusive
i :2oo$ para concertos da c a s a da
Camara.

1 8 6 7 — A lei n. 599, de II de Junho, fixou em


i :682$ a despesa da C a m a r a Muni-
cipal da villa de P o r t a Alegre, no
anno financeiro de 1867, inclusive
i :200# p a r a concertos da casa das
sessões.

A lei n. 611, de 26 Março, íixou em


280$ a d e s p e s a da C a m a r a Munici-
pal da villa de P o r t a Alegre, p a r a o
anno financeiro de 1868.

A lei n. 628, de 25 de Novembro, fi-


xou em 3 2 5 $ a d e s p e s a da C a m a -
ra Municipal d a villa de P o r t a Ale-
gre, p a r a o anno financeiro de 1 8 7 1 .

A lei 11. 651, de 14 de Dezembro, fixou


em 3 2 6 $ a d e s p e s a da C a m a r a Mu-
nicipal da villa de P o r t a Alegre, no
anno financeiro d e - i 8 7 2 .

A lei 11. 664, de 21 de Julho, fixou em


3 5 3 $ a despesa da C a m a r a Munici-
pal da villa de Porta A l e g r e , no anno
financeiro de 1 8 7 3 .

A lei 11. 670, de 4 de Agosto, fixou


em 3 5 3 $ a d e s p e s a da C a m a r a Mu-
nicipal da villa de P o r t a Alegre, no
anno financeiro de 1874.

—A lei n. 676, de 5 de Agosto, appro-


vou a desistencia feita pela C a m a r a
230 —

Municipal de Porta Alegre da acção


de reivindicação dos terrenos do Sac-
co da Forquilha, intentada contra o
capitão Antonio Manuel de Oliveira
Martins e sua mulher 1). J o a n n a Go-
mes de Oliveira.

1 8 7 4 — A lei n. 691, de 3 de Agosto, determi


nou que a divisão entre a freguezia
de Porta A l e g r e e as que lhe ficam li-
mitrophes fosse a seguinte : pelo lado
do nascente, a mesma que actual-
mente existe com a de N . S . da Con-
ceição da S e r r a do Martins, donde
seguirá, em linha recta para o norte,
até â Lagoa das Boiadas, e dahi para
o riacho do Mirador, até ao poço d '
m e s m o nome ; deste em linha recta,
para a foz do riacho da Citirana, 'l0
rio A p o d y , e por este a c i m a , coiU'
prehendendo uma e outra marge 1 1 1 '
até ao poço da G a n g o r r a , e dahi a
Passagem Franca, limites entre a
dita freguezia de Porta Alegre e a
do A p o d y . Pelo lado do sul, descen-
do a ladeira Guarita, peln estrada ve-
lha, até ao logar Campo limpo, e dal"'
em linha recta, á Lagoa cou/p>'"^h
em direcção á M a l h a d a das Ovelha* '
.. —200

e deste logar ao alto da F a v e l l a , na


Jlfalhada funda, e desta no rio Apo-
dy, na fazenda Ara fuá, inclusive; e
dahi, em linha recta, á Lagôa redon-
da, a encontrar os limites da provín-
cia do C e a r á .

-A lei n. 708, de / de Setembro, lixou


em 407*000 a despesa da C a m a r a
Municipal cia villa de Porta Alegre
no anno financeiro de 1875.

1 8 7 X — A lei n. 739, de 23 de Agosto, fixou


em 4 3 7 * 0 0 0 a despesa da Camara
Municipal da villa de Porta Alegre
no anno financeiro de 1876.

1 8 7 f > — A lei n. 795, de 16 de Dezembro, fi-


xou em 447*000, a despesa da C a -
mara Municipal da villa de Porta A-
iegre, no anno financeiro de 1877.

1879—A lei n. 836, de 15 de Fevereiro, art.


30, determinou que o anno financei-
ro para as C a m a r a s Municipaes da
P r o v i n d a se contasse de 1 ° de Ou-
tubro a 30 de Setembro, conforme a
resolução de 31 de Outubro de 1 8 3 1 ;
e que a receita e despesa, art. 3 1 ,
das m e s m a s C a m a r a s , no periodo de
232 —

i 9 de J a n e i r o a 3 0 de S e t e m b r o de
1879, fossem reguladas pela lei n. 795,
de i6 de D e z e m b r o de 1876, ficando
assim a p p r o v a d a a portaria do Pre-
sidente da Província que mandou vi-
gorar para o exercício de J a n e i r o a
D e z e m b r o de 1878 a mencionada lei.

18.82—A lei n. 846, de 7 de Julho, extinguiu


0 logar de escrivão de orphãos da
villa de P o r t a A l e g r e e passou os res-
pectivos feitos ao cartorio de orphãos
que se a c h a provido.

—-A lei n. 857, de 19 do mesmo mes, fi-


xou em 560*000 a despesa da C a m a r a
Municipal da villa de P o r t a Alegre,
no anno financeiro do 1882 a 1883.

1883—A lei n. 888, de 25 de Abril, fixou


560*000 a d e s p e s a da C a m a r a Mu-
nicipal da villa de P o r t a Alegre, no
anno financeiro de 1 " de Outubro de
1883 a 30 de S e t e m b r o de 1884.

A lei n. 889, de 27 do mesmo viei,


(orçamento) consignou o auxilio do
1 :oooí aos concertos de que necessita
a cadeia da villa.

18S4—A lei n. 898, de 2X de Fevereiro, ap


provou artigos addicionaes dc postu-
ras da C a m a r a Municipal.

A lei n. 916, de 12 dc Março, fixou


cm 6yo$ooo a despesa da C a m a r a
Municipal da villa de Porta Alegre, no
anno financeiro de i ° de Outubro de
1884 a 30 de S e t e m b r o de 1885.

Alei n. 922, de 15 do mesmo mes,(or-


çamento)consignou na v e r b a — O b r a s
Publicas—o auxilio de 1:000$ á ma-
triz de Porta Alegre. A mesma lei,
art, 4, determinou que a quantia de
1:000$, votada na lei n. 889, de 27 de
Abril de 1883, para concertos da ca-
deia da villa revertesse em favor das
obras da matriz da mesma villa.

A lei n. 928, dc 20 do mesmo me:,


revogou a terceira parte do art. 1 da
lei n. 6 9 1 , de 3 de Agosto de 1 8 7 3 ,
que deu novos limites, pelo lado do
sul, á íreguezia de Porta Alegre, fi-
cando esta com os limites antigos.

/ lei n. 047, de 27 de Março, appro-


vou artigos addicionaes da C a m a r a
Municipal de Porta Alegre.

-A tài ;/. 9SO, de 11 do mesmo mez, fi-


-234

xc,u em 6 1 5 * 0 0 0 a despesa d a C a m a r a
Municipal da villa P o r t a A l e g r e no
anno financeiro de 1 ° de Outubro de
1885 a 30 de S e t e m b r o de 1886.

1886—A lei n. 959, de 20 de Abril, revogou


a de n. 928, de 20 de M a r ç o de 1884,
que deu novos limites á freguesia de
Porta Alegre, ficando a m e s m a fre-
guesia com os limites estabelecidos
na lei n. 6 9 1 , de 3 de A g o s t o de
1874.

A lei n. 9X2, de 12 de Junho, fixou


em 670*000 a d e s p e s a da C a m a r a
Municipal da villa de Porta A l e g r e no
anno financeiro de 1886 a 1887.

A lei n. 985 de / 7 de Junho, ( orça-


mento) consignou na v e r b a — O b r a s
P u b l i c a s - - 1 :ooo* para a matriz de
Porta Alegre.

1887—A lei n. 1.000, de 11 de Abril, fixou


em 6 9 5 * 0 0 0 a d e s p e s a da C a m a r a
Municipal da villa de Porta Alegre, n°
anno financeiro de 1888, que coinci-
diria, art. 3 1 , com o anno civil, re-
g e n d o esta m e s m a lei o trimestre de
Outubro a D e z e m b r o de 1887.
-O decreto u. 14, de 18 de Fevereiro,
(governo provisorio) elevou a cinco
o numero de Intendentes da villa
de P o r t a A l e g r e , lixado em tres pelo
decreto n. 9, de 18 de J a n e i r o deste
anno, que dissolveu a s C a m a r a s Mu-
nicipaes do E s t a d o .

— O decreto n, SI, de 22 de Setembro,


concedeu a J o ã o Pereira da S i l v a
Monteiro, F r a n c i s c o L o p e s F e r r a z
Sobrinho, J o a q u i m J o s é Valentim de
A l m e i d a e A u g u s t o S e v e r o de Albu-
querque M a r a n h ã o , negociantes e
capitalistas residentes na C a p i t a l F e -
deral e neste E s t a d o , ou á c o m p a -
nhia por elles o r g a n i z a d a , privilegio
por cincoenta a n n o s p a r a a constru-
cção, uso e g o s o de uma e s t r a d a de
ferro, de um metro entre trilhos, que,
partindo de Areia B r a n c a , n a e m b o c -
cadura do rio Mossoró, d i r i j a - s e ao
ponto mais conveniente da serra de
L u i z G o m e s , p a s s a n d o pelos m u n i -
cípios de Mossoró, C a r a h u b a s , A p o -
d y , P o r t a A l e g r e , Martins, P ã o dos
Ferros e Luiz Gomes.
APODY
(Villa ilo A p o d y a t é 5 d e M . i r ç o d e 1SS7)

I resolução n. 18, de 2.1 t/c Março, ap-


provou a c r e a ç a o (ia villa do A p o d y .
feita pelo extincto C o n s e l h o Provin-
cial em i i de Abri! de 1 8 3 3 . Quanto
aos limites de seu município, mante-
ve a m e s m a resolução os que lhe f o -
ram m a r c a d o s pelo extincto Conse-
lho da Presideneia na s e s s ã o de Maio
de 1 8 3 4 , excluindo, p o r é m , a s fazen-
d a s e sítios que ficarem aquem do
meio da Ca/Inga do Ufuincma que
fica servindo de d i v i s ã o nesta parte
ao referido município e ao da villa da
Princeza.

4 resolução n. 23, de 27 do tnesn'0


mez, determinou que e ; t a villa c o n t i -
nuasse provisoriamente na posse d c •
seu patrimonio, até que uma lei <le'
finitiva resolvesse a respeito.

A resolução n. 2\, de 28 do mes"'0


mez, marcou a esta villa e a outra-"
novamente confirmadas oprasoi'11"
prorogavel de quatro an nos, a conta j
de sua c o n f i r m a ç ã o , dentro do ( l u '
d e v e r ã o apresentar patrimonio, casa
da C a m a r a e cadeia, supprimindo--as
e encorporando-as ás de que foram
d e s m e m b r a d a s , c a s o nAo p r e e n c h e s -
sem esta condição.

1837—A lei n. 19, de 8 de Novembro, c o n s i -


gnou, a titulo de soccorro á C a m a r a
Municipal do A p o d y , a verba de
I O O Í , que deveriam ser p a g o s pelo
respectivo collector.

1833—A resolução n. 4, de 10 de Outubro,


creou um collegio eleitoral nesta villa
para a reunião dos eleitores de sua
freguezia.

— A resolução n. 17, de 7 de Novembro,


consignou a verba de 1005 para sup-
prir o deficit da C a m a r a Municipal do
Apody.

1^30 —^ iei n tf f de 9 de Novembro, hxou


em 166$ a despesa da C a m a r a M u -
nicipal d a villa do A p o d y , no anno
financeiro de 1 " de Julho de 1 8 4 0 a
3 0 de J u n h o de 1 8 4 1 ; e determinou
que continuasse a cobrar as rendas
de que está de posse, ainda que não
contempladas no art. 16 da m e s m a
lei.
-238

1840—A resolução n. 43, de 13 de Outubro,


a p p r o v o u a p r o p o s t a d a C a m a r a Mu-
nicipal impondo a taxa de quatro-
c e n t o s réis sobre cada rez que f o r
morta p a r a o c o n s u m o no respectivo
município,

/I resolução n. 52, de 2 de Novembro,


c r e a n d o a freguezia da S e r r a d o Mar-
tins, desmembrada da de P á o dos
F e r r o s , limitou-a, a o norte, com a do
Apody, comprehendendo os sítios
dos Picos e a s f a z e n d a s Campos, Ca-
jazeiras, Olho d agua dos Borges*
Varzea comprida e Piores, donde s e -
guirá pela estrada que v a e para a
serra do Lima, incluindo a c a p e i ' "
d e N . S e n h o r a d o s I m p o s s í v e i s , e atra-
v e s s a n d o a dita s e r r a a t é encontrar
os limites do C a t o l é , da província da
Parahyba.

A lei fi. 56, da mesma data, hx°u


em 170$ a d e s p e s a da C a m a r a M u *
nicipal da villa d o A p o d y , no ann°
f i n a n c e i r o de 1841 a 1 8 4 2 , e deter*
minou que e n t r a s s e a m e s m a Cama*
ra, por seus v e r e a d o r e s , p a r a o c o f ' c
municipal com a quantia de $ 4 ^ '
.. —200

que demais despendera co n a por-


centagem ao respectivo p r o c u r a -
dor.

—A lei n. 71, de 10 de Novembro, des-


m e m b r a n d o do município da villa de
P o r t a A l e g r e e elevando A categoria
de villa, com a d e n o m i n a ç ã o de VIL-
LA. DA MAIORIDADE, a p o v o a ç ã o da
S e r r a do Martins, deu-lhe por limi-
tes, ao norte, o município do A p o d y ,
c o m p r e h e n d e n d o a s f a z e n d a s Cam-
pos, Passagem da onça e toda a mar-
gem occidcntal do rio U m a r v , até
A f a z e n d a deste nome, c o m p r e h e n -
dendo os moradores desta f a z e n d a ,
por uma e outra parte do rio, e pela
m e s m a m a r g e m occidentál deste em
continuação até á barra do riacho Pi-
r a n h a s e por este a c i m a até A Caeiro
na c a s a do tenente C l e m e n t e Nunes,
ficando esta e a fazenda Bomsuccesso
para o novo município, e dahi para a
Cachoeira grande no m e s m o rio
U m a r y , e dahi aos limites da provín-
cia da P a r a b y h a , com exclusão s ó -
mente dos m o r a d o r e s que outrora
pertenciam á freguezia do A p o d y .
A m e s m a lei, c r e a n d o a c o m a r c a da
— 240 -

Maioridade, encorporou a cila o mu-


nicípio do A p o d y .

1841—A lei a, 72, da mesma data, íixou


em 1 4 8 $ a d e s p e s a d a C a m a r a Mu-
nicipal da villa do A p o d y , no anno
financeiro 1842 a 1843.

1 8 4 2 — A resolução n. 87, de 27 de Outubro,


d e s m e m b r o u da fre^uezia do Apody»
e elevou á categoria de matriz a ca-
capella de S a n t a L u i z a de Mossorò
encorporando-a ao termo e comarca
do A s s ú . S e u s limites s á o os seguin-
tes : principiando da praia do Tibáo,
no logar onde confina esta com f
província do C e a r á , e dahi pelo cim<>
da serra M o s s o r ó até ao sitio Pá o d*
Tapuia inclusive ; deste comprehen*
dendo o sitio d a s Aguilhadas, no ri'1
M o s s o r ó , até á fazenda Chafariz, d' 1
freguezia de C r mpo G r a n d e , no rio
U p a n e m a ; e dahi pelo rio abaixo»
por u m a e outra parte, até a sua em-
b o c c a d u r a no m a r .

-A lei n. 88, de 2(J do mesmo mez, (l"


xou e m 160$ a d e s p e s a da Caina r A
M unicipal da villa do A p o d y , no
no financeiro de 1843 a 1844.
241 —

1 8 4 3 — A lei n. 104, de 3 de Novembro, fixou


em 1 3 0 $ a despesa da C a m a r a M u -
nicipal da villa do A p o d y , no anno fi-
nanceiro de 1844 a 1845.

1844—A resolução n. 106, de 30 de Setem-


bro, approvou dois artigos de postu-
ras addicionaes ás da C a m a r a Mu-
nicipal desta villa.

A lei n. 115, de 4 de Novembro, fi-


xou j ó 2 i a despesa da C a m a r a Mu-
nicipal da villa do A p o d y , no anno
financeiro de 1845 A

• A resolução n. 117, de 8 do mesmo


tnez, approvou artigos addicionaes á s
posturas da C a m a r a deste municipio.

1845—^í lei n: 129, de 23, de Outubro, fi-


xou em 1 2 6 $ a despesa da C a m a r a
Municipal da villa do A p o d y , no an-
no financeiro de 1846 a 1847.

resolução n. 145, de 10 de Outubro,


approvou artigos de posturas addi-
cionaes da C a m a r a Municipal da
villa do A p o d y .

—A lei n. 154, de 31 do mesmo mez,


fixou em 1 5 0 $ a dçspesa da C a m a r a
242-

Municipal da villa do "Apody, no


anno financeiro de 1847 a 1848.

1847—A lei n. 171, de 6 de Novembro, fixou


em 1 5 6 $ a despesa da C a m a r a Mu-
nicipal da villa do A p o d y , no anno
financeiro de 1848 a 1849.

1848—A lei n. 187, de 2 de Novembro, fixou


em 77$ a despesa da C a m a r a Muni -
cipal d a villa do A p o d y , no semestre
de Julho a Dezembro de 1849, deter-
minando, art. 19, que o anno finan-
ceiro se contasse de Janeiro a D e -
zembro.

A resolução n. 190, de 16 do mesmo


mez, approvou o Compromisso da ir-
m a n d a d e do S . S , S a c r a m e n t o da
matriz do A p o d y .

1 9 4 9 — A lei n. 203, de 30 de Junho, fixou em


1 5 2 $ a despesa da C a m a r a Municipal
da villa do A p o d y , no anno financeiro
de 1850.

1 8 5 0 — A lei n. 2 2 2 , de 2 de Julho, fixou em


1 3 6 $ a despesa da C a m a r a M u n i c i p a l
da villa do A p o d y , no anno financeiro

de 1 8 5 1 .
243 —

1 8 3 1 — A lei n. 234, de 1(J de Setembro, fixou


em 1 3 8 $ a despesa da C a m a r a M u -
nicipal da villa do A p o d y , para o an-
no financeiro de 1852.

1 8 5 2 — A resolução n. 246, de 15 de Março,


creando o municipio de Mossoró, li-
mitou-o, ao sul, com os municípios do
A p o d y e A s s ú por uma linha que, to-
cando o rio no logar Poço feio inclu-
sive, seguirá, por elle acima partindo
ao mçio seu leito, até á Pedra da
Arára onde o deixará e seguirá atra-
v e s s a n d o a catinga e comprehenden-
do os sitios de G o n ç a l o S o a r e s e M a -
nuel de F r e i t a s a p a s s a r o rio U p a n e -
ma (no municipio do A s s ú ) entre a fa
zendo Chafariz e o sitio Poço verde\
e, seguiddo pela e s t r a d a nova,
até encontrar a data da f a z e n d a Pa-
lheiro : pelo nascente, será limitado
ainda com o municipio do A s s ú por
uma linha divisória que, começando
do ultimo ponto da catinga abaixo,
p a s s e entre os sitios Asylo e Trapiá,
até ao mar no logar Boqueirão inclu-
sive.

—A resolução n. 250, de 23 do mesmo


- -244—

tnee, creou um districto de paz na po-


voação de Carahubas, que com o de
subdelegado, pela parte do sul, con-
finará com o do Patú, prevalecendo
no mais os actuaes limites da subde-
legada.

1 8 5 2 -A lei n. 263, de 6 de Abril, fixou cm


1 9 1 $ a despesa da Camara Municipal
da villa do Apody, para o anno finan-
ceiro de 1 8 5 3 .

1 8 5 ' 1 — A lei n. 28J, de 19 de Abril, fixou em


2 5 4 * 7 0 0 a despesa da Camara Muni-
cipal da villa do Apody, para o anno
financeiro de 1854.

1 8 5 4 — A lei 11. 303, de 6 de Setembro, fi* oU


em 240$ a despesa da Camara Muni-
cipal da villa do Apody, para o anno
financeiro de 1 8 5 5 .

1 8 5 5 — A resolução n. 309, de 3 de Agosto, et*


ou uma cadeira de primeiras lettrns.
para o sexo feminino, nesta villa.

A lei 325 de I de Setembro, <ix°u


em 269$ a despesa da Camara
nicipal da villa do Apody, para o a'1
no financeiro de 1856.
245 —

1856—A lei ti. 349, dc 20 dc Setembro, fixou


em 248$ a despesa da Camara Muni-
cipal da villa do Apody, para o anno
financeiro de 1857.

1857—A lei n. 363, de 25 de Abril, fixou em


248$ a despesa da Camara Munici-
pal da villa do Apody, para o anno fi-
nanceiro de 1858,
1<S,)8—a lei ti, de i<) de Agosto, creou
na povoação de Carahubas, deste ter-
mo, uma cadeira de primeiras let-
tras, para o sexo masculino,

A lei n. 408, de 1 de Setembro. ele-


vou á categoria de freguezia, des-
membrando-a da do Apody, a povoa-
ção de Carahubas, com a denomina-
ção de S. Sebastião Martyr do Apo-
dy—A nova freguezia, cujo territorio
fará parte do município do Apody, li-
mitará,pelo lado do sul.com a do Pa
tú por uma linha divisória que, par-
tindo dos limites desta província com
a da Parahyba, seguirá, do nascente
a poente, pelos limites das fazendas
Trincheiras, Canta gallo, Juncos ex-
clusive, Encanto inclusive,até á ponta,
do sul da serra dos Picos, e dahi
240 —

por cima da mesma serra, servindo


de divisa as extremas da f a z e n d a Pi-
cos, até a t r a v e s s a r o riacho L o g r a -
douro, acima da fazenda Augmento,
defronte da cacimba e comprehen-
dendo a fazenda 6". Joaquim, seguirá
dahi em linha recta ao rio morto, no
rio U m a r i ; e por este abaixo,compre-
hendendo os moradores de um e outro
lado, inclusive os do sitio Borracha a t é
á fazenda Vicente,donde, d e i x a n d o

dito rio, seguirá pela estrada que con-


duz á lagoa d o A p a n h a peixe, compre-
hendendo os moradores desta, exclu-
sive os da lagôa Carrilho até ao m a r c o
que divide o poço do A p a n h a peixe; e
dahi seguirá a m e s m a linha a passar o
riacho L i v r a m e n t o no logar Barra do
riacho do meio ou do sitio, e deste
lugar, em direcção ao nascente a
comprehender os limites da data Bai-
xa grande, donde,seguindo para o sul
e limitando com a freguezia d e C a m p °
G r a n d e , a t r a v e s s a r á o riacho Pedra
C o m p r i d p , inclusive a t e r r a do sitio
de R i c a r t e F r a n c i s c o de N o r m a n d i a
I m b e r i b a , e irá tocar o rio U p a n e m a ,
nos limites das f a z e n d a s Ctsplatina c
Pelo signal,donde seguirá pelo r i a c h o
da serra acima, o qual servirá de di-
visão com a freguezia de C a m p o
G r a n d e até á serrota do m e s m o no-
me, da qual seguirá outra vez para o
nascente,• limitando por cima das ser-
rotas Pocinhos, Cavallos mortos e
Olho dagua do Carlos, a passar o rio
Adquinhon na barra do riacho T r a p i á ,
até ao serrote Mirador,exclusive a fa-
zenda T r a p i á , e dahi para o cabeço
T u y u y u , d o n d e seguirá a fechar o cir-
culo nos limites desta província com
a da P a r a h y b a , d o n d e principiou.

•*~A lei n. 422, de 11 do mesmo mes,


fixou em 28 J $ a despesa da C a m a r a
Municipal da villa do A p o d y , para o
anno financeiro de 1859.

—A lei it. 426, da mesma data, appro-


vou um artigo addicional ao código
de posturas da C a m a r a Municipal.

A lei 11. 462, dc 17 de Maio, fixou em


364$ a despesa da C a m a r a Munici-
pal da villa do A p o d y , para o anno
financeiro de 3860.

A la tt. 494, de 1 de Maio, fixou em


282$ a despesa da C a m a r a Municipal
- -248—

da villa do A p o d y , para o anno finan-


ceiro de 1 8 6 1 .

1 8 6 1 — A lei n. 499, de 23 de Maio, desmem-


brou da comarca de Maioridade o ter-
mo do A p o d y , p a s s a n d o - o para a co-
marca de Mossoró, creada pela m e s -
ma lei,

A iei n< 506, de 7 de Junho, fixou


em 270$ a despesa da C a m a r a M u -
nicipal da villa do A p o d y , no nnno fi-
nanceiro de 1862.

1 8 6 2 — A lei n. 526, de 25 de Abril, fixou em


207$ a despesa da C a m a r a Munici-
pal da villa do A p o d y , para o anno fi-
nanceiro de 1863.

1864—A lei n. 542, de 2 de Junho, art. 1.


determinou que a receita e despesa
das C a m a r a s Municipaes da Provín-
cia, dentro do corrente anno, fossem
reguladas pela" de n. 526, de 25 dc
Abril de 1862.

A lei n. 573, de 22 dc Dezembro,


fixou em 203$ a despesa da Camara
Municipal da viUa do A p o d y , para 0
anno financeiro dc 1865. A mesma
-—249 —

lei, art. 29 determinou que o P r e s i -


dente d a Província expedisse as con-
venientes ordens para fazer-se e f f e -
ctiva a multa decretada pelo art. 29
da lei provincial n. 234, de 19 de S e -
tembro de 1 8 5 1 , pela falta de remes-
sa do respectivo orçamento.

1 8 0 5 — A lei n. 591, de 28 de Dezembro, fixou


em 203$ a despesa da C a m a r a Mu-
nicipal da villa do A p o d y , no anno fi-
nanceiro de 1866.

1866—A lei 11. 595, de 21 de Novembro, ap-


provcu um artigo de posturas da C a -
mara Municipal sobre o registro de
ferros e signaes.

1 8 6 7 — A lei n. 599, de 11 de Junho, fixou em


436$ a despesa da C a m a r a Municipal
da villa do A p o d v , no anno financei-
ro de 1867.

1868—a lei t i ^ 26 de Março, fixou


em 3 2 0 $ a despesa da C a m a r a Mu-
nicipal da villa do A p o d y , no anno fi-
nanceiro de 1868.

—A lei n. 628, de-25 de Novembro, fixou


em 3 4 2 $ a despesa da C a m a r a M u -
250 —

micipal da villa do Apody, no anno fi-


nanceiro de 1871*

A foi n, 635t de 9 de Dezembro, art.


13, creou um logar de administrador
do cemiterio publico da villa, com o
ordenado annual dc 200$.

1871—A lei n. 651, de 14 de Dezembro, fixou


em 290$ a despesa da Camara Mu-
nicipal da villa do Apody, no anno fi-
nanceiro de 1872.

1873—A lei\ n. 664, de 21 de Julho, fixou em


402$, a despesa da Camara Munici-
pal da villa do Apody, no anno finan-
ceiro de 1873.

A lei n. 670, de 4 dc Agosto, fixou


em 5 9 7 $ a despesa da Camara Mu-
nicipal da villa do Apody, no anno fi-
nanceiro de 1874.

1874— A lei n. 708, de 1 de Setembro, fixou


em 5Ó2$ooo a despesa da C a m a r a
Municipal da villa do Apody no a n n o
financeiro de 1875.

1875—A lei n. 739, de 23 de Agosto, fixou


em 627$OOO a despesa d a Camara
Municipal da villa do Apody no anno
financeiro de 1876.

• [ei n> 765, de 15 de Setembro, des-


membrou da comarca de Mossoró,
para constituírem uma nova comarca
com séde em Apody, os municípios
do Apody e Carahubas, com os mes-
mos limites dos dois municípios.

1 8 7 6 — A lei n. 795, de 16 de Dezembro, fixou


em 632*000 a despesa da Camara
Municipal da villa do Apody,no anno
financeiro de 1877. A mesma lei, art.
34, auctorizou a Camara Municipal
a contractar com Bernardino de Góes
Nogueira a comtrucçAo de uma casa
de commercio na villa, mediante as
condições e vantagens consignadas
em sua proposta.

8 7 9 i c j 1U de 7 de Fevereiro, (orça-
mento, art. 16), concedeu, por cinco
annos, á Camara Municipal do Apo-
dy o dizimo de miunças da freguezia
e aboliu o de lavouras durante o mes-
mo tempo.

A lei n. 836, de 15 de Fevereiro, art.


30, determinou que o anno financei-
-252

ro p a r a a s C a m a r a s Municipaes da
Província se. c o n t a s s e d e i de Ou-
tubro a 3 0 d e S e t e m b r o , c o n f o r m e a
resolução de 3 1 de O u t u b r o d e 1 8 3 1 ;
e que a receita e d e s p e s a , a r t . 3 1 , d a s
mesmas Camaras, no período de
do J a n e i r o a 3 0 d e S e t e m b r o d e 1 8 7 9 ,
s e j a m r e g u l a d a s pela lei n. 7 9 5 . d e 1 6
de D e z e m b r o de 1 8 7 6 , ficando assim
approvada a portaria do Presidente
da Província que mandou vigorar p a -
ra o e x e r c í c i o d e J a n e i r o a D e z e m b r o
d e 1 8 7 8 a m e n c i o n a d a lei.

1882- A Ih n. 842, de 23 de Junho, prorogou


por tres a n n o s , a c o n t a r d e 26 de
M a rço de 1 8 8 2 , o p r a s o coíicedido a
Bernardino de Góes N o g u e i r a para
concluir a construcção da c a s a de
m e r c a d o da villa, e o relevou da mul-
ta de 200$ q u e lhe fôra i m p o s t a pela
C a m a r a Municipal respectiva.

A lei n. 857,-de 19 Julho, fixou cm


3 3 0 * 0 0 0 a d e s p e s a d a C a m a r a Muni-
cipal d a villa d o A p o d y . no anno fi-
n a n c e i r o d e 1 ? d e O u t u b r o d e 1882 a
30 de Setembro de 1883.

1 8 8 3 — v í lei n. 888, de 25 de Abril, fixou em


3 7 0 * 0 0 0 a desposa da C a m a r a Muni
cipal da villa do A p o d y , no anno f i -
nanceiro de i ? de Outubro de 1883 a
30 de S e t e m b r o de 1884.

1884—A lei «. 91(>, de 12 de Março. fixou em


390*000 a despesa da C a m a r a Mu-
nicipal da villa do A p o d y . n o anno fi-
nanceiro de i (? de Outubro de 1884 a
30 de S e t e m b r o de 1885.

1885—A lei n. 950, de 31, de Março, fixou


em -/70Í000 a despesa da C a m a r a
Municipal da villa do A p o d y no anno
financeiro de 1 " de Outubro, de 1885
30 de S e t e m b r o de 1886.

1880 A lei u. f.v O, de 7 de Junho, appro-


vou o codigo de posturas da C a m a r a
Municipal do A p o d y .

A lei h, f A 2 , de 12 do mesmo mes, fixou


em 470*000 a despesa da C a m a r a
Municipal da villa do A p o d y . n o anno
financeiro de i88ó a 1887. A mesma
lei, art. 36, approvou o acto adminis-
trativo de 7 de D e z e m b r o de 1885 pelo
qual foi rescindido ©contractode Ber-
nardino de (iões Nogueira para con-
2">4

struir uma c a s a de mercado publico


na villa, ficando a C a m a r a auctoriza-
da a a p p l i c a r o s saldos de sua receita
deste e dos demais annos subsequen-
tes â edificação de um prédio para
tal f i m .

1887—A lei n. <JKK, de 5 de Março, elevou á


categoria de C H » A I > K a villa do Apo-
dy, conservando a m e s m a denomi-
nação.

-A lei n. <J(J6, de 4 de Mu il, suppri-


miu os officios de i(> tabelliãc e escri-
vão de orphãos e ausentes do termo
da cidade do A p o d y e annexou o res-
pectivo cartorio ao do 2 () tabellião,
e s c r i v ã o do crime e civil do mesmo
termo.

A lei u. 1.000,de 7 / do mesmo mez,fi-


xou em 5 9 0 * 0 0 0 a despesa da Camara
Municipal da cidade do A p o d y ,
anno financeiro de 1 8 8 8 . A mesma lei»
art. 3 1 , determinou que o presente
orçamento regesse o anno financeiro
de 1888, que coincidiria com o ann°
civil, bem assim o trimestre de Ou-
tubro a D e z e m b r o do corrente anno
255—

A m e s m a lei, art. 30 Jí 9 6 o , auctori-


zou a C a m a r a Municipal a appliear o
saldo de sua receita A construcção da
casa de m e r c a d o da cidade do A p o -
d y e A acquisição de mohilia.

1890—O decreto >1. 5/, de 22 de Setembro,


(governo provisorio), c o n c e d e u a
J o ã o Pereira da Silva Monteiro, F r a n -
-eisco L o p e s F e r r a z Sobrinho, J o a -
quim J o s é Valentim de Almeida e Au-
gusto S e v e r o de Albuquerque M a r a -
nhão, negociantes e capitalistas resi-
dentes na Capital F e d e r a l e neste lis-
tado,ou á companhia por elles organi-
zada, privilegio por oincoenta a n n o s
para a construcção, uso e g o s o de
uma estrada de ferro, de um metro
entre trilhos, que, partindo de Areia
B r a n c a , na e m b o c a d u r a do rio Mos-
soró,dirija-se ao ponto mais conveni-
ente da serra de L u i z G o m e s , pas-
sando pelos municípios de Mossoró,
C a r a h u b a s , A p o d y , Porta Alegre, Mar-
tins, P ã o dos F e r r o s e L u i z G o m e s .
2f>C)

, GARAHUBA&

Í'Sp2— A lei n. 250, dc 23 de Março, creou


um districto de paz na p o v o a ç ã o dc
C a r a h u b a s , do município do A p o d y ,
q u e . c o m o de s u b d e l e g a d o , pela par-
te do sul, c o n f i n a r á com o do P a t ú ,
prevalecendo no m a i s os a c t u a ç s li-
mites da s u b d e l e g a d a .

185$ -A lei u. 3X7, de 19 de AgostoK creou


uma cadeira de primeiras lpttras.para
o .sexo masculino, na p o v o a ç ã o dc
Caraluibas, do município d o A p o d y .

—A lei u. 40X, de / de Setembro, ele-


vou á c a t e g o r i a de f r e g u e z i a , d e s -
membrando-a d a do Apody, a p°"
v o a ç ã o d e C a r a h u b a s , com a denomi-
nação de S . S e b a s t i ã o M a r t y r do A*
pody. A nova f r e g u e z i a , cujo terri-
tório f a r á p a r t e do município do A-
pody, limitará pelo lado d o sul com
a do Patü por u m a linha divisori
que, partindo dos limites d e s t a pro-
víncia c o m a d a P a r a h y b à , seguirá-
de n a s c e n t e a poente, pelos limite?
d a s f a z e n d a s Trincheiras, Cantag
lo, /uncos exclusive, Encanto inclu-
sivc, até á ponta do sul da serra dos
Picos, o dahi por cima da mesma
serra, servindo de divisa as extremas
da fazenda Picos, até atravessar o
riacho Logradouro, acima da fazenda
Augmento, defronte da cacimba, e
comprehendcndo a fazenda S, foa
qitim, seguirá dahi em linha recta ao
rio morto, no rio U m a r y ; e por este
abaixo, comprehendcndo os m o r a -
dores de um e outro lado, inclusive os
do sitio Borracha até á fazenda ò".
/ 'icenti, donde, deixando dito rio, se-
guirá pela estrada que conduz á la
gôa do A p a n h a peixe, comprehen
dendo os moradores desta, exclusive
os da alagoa Carrilho até ao marco
que divide o $ o ç ó " d o Apanha peixe ;
e dahi seguirá a mesma linha a p a s -
sar o riacho L i v r a m e n t o , no logar
B a r r a do riacho do meio ou do siiio,
e deste logar, em direcção ao nascen-
te, a comprehender os limites da daP>
B a i x a grande donde, seguindo para
o sul e limitando com a freguezia de
C a m p o G r a n d e , atravessará o riacho
P e d r a Comprida, inclusive a terra do
sitio de Ricarte F r a n c i s c o de Nor-
mandia Imberiba e irá tocar o rio L p a -
258—

nema, nos limites das fazendas Cis-


platina e Pelo signal, donde seguirá
pelo riacho da Serra acima o qual
servirá de divisão com a freguezia de
C a m p o C r a i . d e ate á serrota do mes-
mo nome, da qual seguirá outra vez
para o nascente, limitando por cima
das serrotas Pocinhos, Cavallos mor-
tos e Olho dagua do Carlos a passa?
o rio Adquinhon, na barra do riacho
T r a p i á , até ao serrote Mirador,exclu-
sive a fazenda Trapiá, e dahi para o
cabeço T u y u y ü donde seguirá a fe-
char o circulo nos limites desta pro-
víncia com a da P a r a h y b a , donde
principiou.

1 8 6 8 — A lei n. 601, de 5 de Março, elevou á


categoria de VILLA e município a po*
v o a ç ã o e freguezia de Carahubas, com
a mesma denominação.

A lei n. 6/0, de 24 do mesmo inet%


approvou o compromisso da irman-
dade de S . Sebastião da matriz da
villa de C a r a h u b a s .

1 8 7 0 — A lei ii. 628, de 25 de Novembro, fixou


em 2 1 5 $ a despesa da C a m a r a Mune
cipal da villa dc C a r a h u b a s , no anno
financeiro de 1 8 7 1 .

—A lei n. 632, Je 3 de Dezembro, a p -


provou artigos de posturas da C a -
mara Municipal.

A lei n, 651, de 14 de Dezembro, fi-


xou em 2 1 6 $ a despesa da C a m a r a
Municipal da villa de C a r a h u b a s , no
anno financeiro de 1872.

/ lei u. 664, de 21 de Julho, lixou em


228$ a despesa da C a m a r a Municipal
da villa de C a r a h u b a s , no anno finan-
ceiro de 1 8 7 3 .

-A lei n. 670, de 4 de Agosto, fixou


cm 228$ a despesa da C a m a r a Mu-
nicipal da villa de C a r a h u b a s , no anno
financeiro de 1874.

4 lei ;/. 708, de 1 de Setembro, fixou


em 2 9 3 * 0 0 0 ? despesa da C a m a r a
Municipal da villa de C a r a h u b a s , no
anno financeiro de 1 8 7 5 .

1 lei 11. 739, de 23 de Agosto, fixou


em 3 8 8 * 0 0 0 a d e s p e s a da C a m a r a
2<>o

Municipal d a villa dc C a r a h u b a s , no
a n n o financeiro de 1 8 7 6 .

A lei n. 765, de 15 de Selembi o, des-


membrou da comarca de M o s s o r ô ,
para constituírem u m a n o v a c o m a r c a
com séde no A p o d y , os municípios
d o A p o d y e C a r a h u b a s , c o m os mes-
mos limites d o s dois municípios. •

I S 7 ( 5 — A lei n. 795, de 16 de Dezembro, fixou


em 393$000 a despesa da Camara
Municipal d a villa de C a r a h u b a s , n' 1
anno financeiro de 1 8 7 7 .

1 8 7 9 —A lei n. 829, de 7 de Fevereiro, (orça-


mento, art. 16), c o n c e d e u , por cinco
annos, á C a m a r a Municipal da villa
c
de C a r a h u b a s o dízimo d e tniunças,
aboliu o de l a v o u r a s d u r a n t e o mes-
mo tempo.

A lei 11. 836, de 15 de Fevereiro, art-


30, d c i e r m i n o u que o a n n o financeiro-
p a r a a s C a m a r a s M u n i c i p a e s da Pro-
víncia se c o n t a s s e de 1 9 d e Outubro
a 3 0 de S e t e m b r o , c o n f o r m e a reso-
lução de [ de O u t u b r o de 1 8 3 1 :
que a receita e d e s p e s a , art. 3 1 . ( ' ;l - s
m e s m a s C a m a r a s , no período de i
de J a n e i r o . a 30 de S e t e m b r o de 1879,
fossem reguladas pela lei, n. 795, de
16 de Dezembro de 1876, ficando as-
sim approvada a poitaria do Presi-
dente da Província que mandou vi-
gorar para o exercício de Janeirt» a
Dezembro de 1878 a mesma lei.

4 lei n, 853,de 15 de Julhoy{orçamen-


to, art. 10) concedeu á C a m a r a Muni-
cipal da villa de C a r a h u b a s o dizimo
de miunças do respectivo município.

-4 lei ti. 857, de 19 do mesmo mez, fi-


xou em 5 4 0 * 0 0 0 3 despesa da C a m a r a
Municipal da villa de Carahubas, no
anno financeiro de de Outubro de
1882 a 30 de S e t e m b r o de 1883. A
mesma lei, art. 48, auctorizou a Ca-
mara a cobrar jrara sua receita o di-
zimo de miunças da respectiva f r e -
guezia,

1 lei //. 880, de 21 de Março, appro-


vou posturas addicionaes ao código
da C a m a r a Municipal da villa de Ca-
rahubas, creando uma feira aos d o -
mingos.
2(52

A lei n. 'VAvV, de 25 de Abril, fixou


em 6 7 0 * 0 0 0 a d e s p e s a .da Camara
Municipal da viila de Carahubas,
no anno f i n a n c e i r o de i " de Ou-
tubro de 1883 a 3 0 de S e t e m b r o d e
1884.

1K84—A lei 11. 916. de 12 de Março, fixou


em 630*000 a despesa da C a m a r a
Municipal da villa de C a r a h u b a s . no
a n n o financeiro de 1884 a 1885.. A
m e s m a lei. art. 35 íj^ 1 2 e 3 9 , a u c t o -
rizou esta C a m a r a a adquirir mobilia
p a r a a s e s c h o l a s da villa e a c o b r a r
o d i z i m o de m i u n ç a s da respectiva
freguezia.

— A lei 11. 922, de 15 do mesmo mez (or-


çamento, art. 3), auctorizou o P r e s i -
dente d a P r o v í n c i a a d e s p e n d e r até
2 : 0 0 0 $ com a a b e r t u r a de uma estra-
da do P a t ú p a r a a c i d a d e de M o s s o r é ,
t o c a n d o na villa de C<a r a h u b a s , e a
abrir o n e c e s s á r i o credito.

1 8 8 ã — A lei 11, (J-tX, de 27 de Março, appo>' *


vou a r t i g o s a d d i c i o n a e s de posturas
da C a m a r a M u n i c i p a l da villa de ( a-
rnhubas.
_2fi3

A foi n. 950, de 31 do vi esmo mez,


lixou cm 5605000 a despesa da C a m a -
ra Municipal da villa de C a r a h u b a s ,
110 anuo financeiro de 1885 a 1886. A
m e s m a lei, art. 47, auctorizou-a a
cobrar o dizimo de miunças vivas do
respeci vo município.

1 8 8 6 — A lei ;/. 982, de 12 de Junho, fixou


em 630*000 a despesa da C a m a r a
Municipal da villa de C a r a h u b a s , no
armo financeiro de 1886 a 1887.

18S7—A lei v. 99/, de 15 de Março, des-


membrou da freguezia de Carahubas
e encorporou á de Campo Grande os
territorios dos sitios Arrimo e . Im-
para, pertencentes a Francisco Rav
mundo de Britto.

A lei v. 1000, de 11 de Abril, fixou


em 945*000 a despesa da C a m a r a
Municipal da villa de C a r a h u b a s , no
anno financeiro de \ 888,que coincidi-
ria com o anno civil, art. 3 1 , regendo
esta m e s m a lei o trimestre de Outu-
bro a D e z e m b r o de 1887. A m e s m a
lei, art. 36 £ 9", auctorizou esta C a -
mara a mandar construir, com o s a l -
— 2t>4 —

<lo de suas rendas, um a ç o u g u e e um


matadouro públicos, ef a t o m a r as
p r o v i d e n c i a s que j u l g a s s e n e c e s s a r i a s
s o b r e o a b a s t e c i m e n t o de c a r n e s em
seu município.

1890—O decreto n. 14 de 18 de Fevereiro,


( g o v e r n o provísorio) elevou a cinco o
n u m e r o de I n t e n d e n t e s da villa de
C a r a h u b a s , a n t e r i o r m e n t e f i x a d o em
tres pelo decr. n. 9, de 18 de J a n e i r o ,
(pie dissolveu a s C a m a r a s M u n i c i p a e s
do E s t a d o .

-O decrcio n. 36. de / 0 de Julho, pro


hibiu, sob pena de multa de 6 $ o o o e
do d o b r o na reincidência, a c o m p r a
de couros de m i u n ç a s p a r a eommer-
cio, sem previa licença da respectiva
Intendencia.

O decreto n. Sl.de 22 de Setembro,


concedeu a Jofío Pereira da Silva
Monteiro, Francisco Lopes Ferraz
Sobrinho. Joaquim José Valentim
Almeida e Augusto S e v e r o de Al' ) U *
querque M a r a n h ã o , n e g o c i a n t e s e ca'
pita listas residentes na O i pitai F e d e -
ral c neste E s t a d o , ou á companhia
por elles organizada, privilegio por
cincoenta annos para a construcçâo,
uso e goso de uma estrada de ferro,
de um metro entre trilhos, que, par-
tindo de Areia B r a n c a , na embocca-
dura do rio Mossoró, dirija-se ao
ponto mais conveniente da serra de
L u i z G o m e s , p a s s a n d o pelos municí-
pios de Mossoró, C a r a h u b a s , A p o d y ,
P o r t a Alegre, Martins, P ã o dos F e r -
ros e L u i z G o m e s .
-265

NOTA AVULSA

Os p o t y g u a r e s constituíam uma g r a n d e
nação que se estendia da m a r g e m septeritrío-
nal do rio P a r a h y b a ao rio J a g u a r i b e no C e a -
rá, tendo por visinbos os T a p u y o s ao norte e
os T a b a y a r e s ao sul com os quaes viviam con-
s t a n t e m e n t e em guerra. E r a m respeitados e
timidos no valor d a s a r m a s , cujos feitos s ã o
dignos da historia. Dispunham de trinta mil
combatentes e alliados aos f r a n c e z e s c a u s a -
v a m sérios d a m n o s aos portuguezes. N ã o per-
d o a v a m aos prisioneiros que m a t a v a m e co -
miam com i m m e n s o prazer. E r a m g r a n d e s la-
vradores, s e m p r e providos de todos os manti-
mentos necessários a vida.
idas ias m m is Instituto

ACTA da 76 sessão ordinário do


Instituto Ilistorico e Gcografihicodo Rio
Grande do Norte.

l'residenrin do Kxmo Sr Dr Olvmpio Vital.

Aos sete dias do me? de Janeiro de mil


novecentos e seis, reunidos, pelas doze horas
manhfí, na séde do Instituto Historico, os
^nhores Olvmpio Vital, Luiz Fernandes,
edro Soares, José Correia, Thomaz Landim
e
Amorim, sob a presidenc.ia do primeiro,
^hriu-se a sessão, sendo lida e approvada a
ricta
da anterior. Leu- se uma circular dos
senhores N. Falcone & C . , de S. Paulo, com
0
catalogo das obras didacticas do dr. Be-
Avides, lente da Eschola Normal do mes-
Estado. — Archive-se. Offertas — do
e
°nsocio Pereira Simões—«Gracina», roman-
ce brazileiro, por Américo Vernech, dois vo-
lumes, Kio de Janeiro, 1898 ; «Lucrécia», t r a -
gedia em quatro actos, do mesmo auctor—Mi-
nas rçoo; da Bibliotheca do «Centro A c a d ê -
mico i i de Agosto», Conferencia s o b r e o j u r y ,
pelo dr. R a p h a e l Correia da Silva, E s t a d o de
S . P a u l o — 1 9 0 5 ; das respectivas redacções :
«Ad lucem», revista scientifica, ns. 18 e 19, de
Outubro e Novembro de 1905 ; «Tupá», orgam
da «Officina do Lcttras», anno 2°, n. io, de 15
de Novembro de 1905, Pará, Belem ; O «Mos-
soroense» e o «Commercio de Mossoró»,da ci-
dade do Mossoró ; «A Voz Potyguar», da villa
de Curraes Novos ; «A Republica», o «Diário
do Natal», o «Oito de Setembro», o «Século»,
«O Trabalho», desta capital. O senhor Tho-
maz L a n d i m indicou que se nomeasse uma
com missão para receber os consocios Albert' 1
M a r a n h ã o , E l o y de Souza e Henrique Castri"
ciauo, esperados do sul da Republica. O se-
nhor Presidente nomeou os senhores Thoma^
L a n d i m , Vicente de L e m o s e Amorim. Sob
proposta do senhor Vicente de L e m o s , foi este
encarregado de m a n d a r concertar diversos l1*
vros antigos, pertencentes ao archivo. E nada
mais havendo a tratar-se, o senhor Presidente
levantou a sessão, lavrando-se a presente acta,
que vae assignada pela Mesa. E u , Pedro Soa-
res de Araujo, 2° Secretario, a escrevi. — OLYM*
f i o V I T A L — L u i z . F E R N A N D E S — P . SOARES.
ACTA da 77 sessão ordinar ia do
Instituto Histórica c Geografhico do Rio
Cirande do Norte.

Presidenria do F.xmo. Sr. P r . Olvmpio Vital.

Aos vinte e um dias do mcz de Janeiro de


mil novecentos e seis, reuniram-se, pelas doze
horas da manhã, na séde do Instituto Histó-
rico, os senhores Olympio Vital, L u i z Fer-
nandes, Pedro Soares, J o s é Correia, Honorio
Carrilho, T h o m a z Landim e Joaquim Louri-
v
nl. F a l t a r a m com motivo justificado os se-
nhores Antonio Soares, P a d r e Calazans e
Meira e SA. O senhor Olympio Vital declarou
;
d>erta a sessão, approvando-se, em seguida, a
nc
t a da antecedente. O i l ) Secretario fez a lei-
tura de uma circular do Comité da E x p o s i ç ã o
Colonial de 1906, remettendo o catalogo das
°kras publicadas sobre as colonias francez.ts,
no começo do século X X , pela c o m m i s s ã o das
Publicações e noticias, e solicitando do Insti
Un
<> um auxilio a sua obra de propaganda e

|garização, subscrevendo a respectiva eolle-
fÇno. R e s o l v e u - s e que fosse examinado o cata-
i s 0 para opportuna deliberação a respeite.
:u
'tas de felicitações pela entrada do novo an-
n
°,dirigidas ao Instituto pelo 3? Congresso Sci-
^ u f i c o L a t i n o Americano e pelo Director da
'bliotheca Nacional.- A g r a d e c e u - s e . Offcrtas
Director da Bibliotheca Nacional ; «As
( ' ' " ^ s do Brazil c sua Legislação», pelo dr.
a l o g e r a S ) t r e s V olumes brochados—Imprensa
Acionai—Rio de Janeiro, 1904 ; das respe-
etivas. redacções—«A Cultura Acadêmica»,anno
II, vol. II, tomo i'?, fase. 2 — S e t e m b r o c Ou-
tubro de 1905 ; «Onze de Agosto», orgam do
Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculda-
de de Direito de S. Paulo ; «O Mossoroense» e
o «Commercio de Mossoró», da cidade do Mos-
sorò ; «A V o z Potyguar», da villa de Curraes
Novos» ; " A Republica", o " D i á r i o do Natal",
o " O i t o de Setembro", o " O Século" e " O
T r a b a l h o " , desta capital. O senhor T h o m a z
L a n d i m , tendo obtido a palavra, declarou <|uc
a com missão incumbida de apresentar as boas-
vindas a nossos dignos consocios drs. A l -
berto Maranhão, F l o y de Souza c H. Castri'
ciano, se desempenhára de sua obrigação. 0
senhor Vicente de L e m o s , presente á sessão,
ofíereceu, na qualidade de membro da com-
missão de pesquizas de documentos, copia de
setenta e um documentos referentes á funda-
ção da cadeia publica de Natal e casa dos Ca
pitães mores e Governadores, de 1 7 1 8 a 177 o '
periodo colonial—A' secção de manuscriptos-
O senhor Presidente declarou que, de accordo
com o artigo trinta e sete dos Estatutos, de-
verá realizar se, no dia trez de Fevereiro en
trante, a eleição da Directoria e com missões
permanentes do Instituto, e recommendou q u e
se fizesse a convocação da Assembléa Geral,
nos termos dos mesmos Estatutos. E nada
mais havendo a tratar se, levantou se a sessa"-
l a v r a n d o - s e a presente acta que vae a s s i g n a ^
pela mesa. E u , Pedro S o a r e s dc Araujo, 2
Secretario, a e s c r e v i . — O L Y M P I O V I T A L — F ^ 1
FERNANDES—P. SOARES.
ACTA da reunião do Instituto His-
tórica e Geographico do Rio Grande do
Norte.

Presideacia do Exmo Sr, Dr. Olympio Vital.

A ' s d o z e h o r a s d a m a n h ã d o d i a t r e s de
F e v e r e i r o de mil n o v e c e n t o s e s e i s , r e u n i r a m -
se n a sede d o I n s t i t u t o o s s e n h o r e s O l y m p i o
Vital, Pedro Soares, T h o m a z - L a n d i m , J o s é
C o r r e i a , V i c e n t e de L e m o s e J o ã o B a p t i s t a ,
«oh a p r e s i d e n c i a d o p r i m e i r o , OCCÍ» p a n d o
a s c a d e i r a s de I o e 2 " s e c r e t á r i o s o s s e n h o -
res P e d r o S o a r e s e T h o m a z L a n d i m . F a l t a -
ram com causa participada, os senhores
Luiz Fernandes, Luiz L y r a , Meira e Sá e
Antonio S o m e s , O senhor presidente decla-
rou q n e , n ã o se v e r i f i c a n d o n u m e r o l e g a l
P a r a proceder-se á eleição da n o v a directo-
ria e com missões permanentes d o Instituto,
°hjecto d a assembléa geral c o n v o c a d a p a r a
' l 0 j e , d e i x a v a de t e r l o g n r a m e s m a e l e i ç ã o ,
m a n d o u q u e se e x p e d i s s e a v i s o a o s s o c i o s
P a r a se r e u n i r e m 110 d i a v i n t e e c i n c o d o
c o r r e n t e , n a sede s o c i a l e á s h o r a s d o c o s t u -
ni
e, afim de proceder-se a referida eleição
c
° m o n u m e r o de s o c i o s q u e e n t ã o c o m p a -
recerem, n o s t e r m o s d o s E s t a t u t o s . E m se-
g u i d a d i s s o l v e u se a r e u n i ã o , d e p o i s de l a -
c a d a esta a c t a que vae a s s i g n a d a pela
l11es
a . E u , P e d r o S o a r e s de A r a u j o , a e s c r e v i ,
T h o m a z L a n d i m , s e r v i n d o de s e g u n d o
secretario, a subscrevi e assigno.—OLYMPIO
VITAL—P. SOARES—THOMAZ LANDIM.
-272

ACTA da 78 sessão ordinário do


Instituto 1Tistorico c Geographico do Rio
Grande do Norte.

1'resirlencia rio Exmo. Sr. Dr. Olympio Vital.

A o s q u a t r o (lias d o mcz do F e v e r e i r o de
mil n o v e c e n t o s e seis, r e u n i d o s n a sede d o
I n s t i t u t o H i s t o r i c o , p e l a s doze h o r a s d a
m a n h ã , os senhores Olympio Vital, Luiz
F e r n a n d e s , T h o m a z L a n d i m , V i c e n t e de Le-
m o s e A n t o n i o S o a r e s , abre-se <a s e s s ã o , s o b
presidencia do senhor Olvmpio Vital. Fal-
tain com causa p a r t i c i p a d a os senhores J o s é
Correia, Heliodoro B a r r o s , Amorim, J o ã o
B a p t i s t a , M e i r a e Sn e P e d r o S o a r e s , 2 ? se-
c r e t a r i o . cuja c a d e i r a o c e u p a o s e n h o r T h o -
m a z L a n d i m . li' lida e a p p r o v a d a a a c t a da
sessão anterior. N ã o h a v e n d o expediente, o
s e n h o r p r i m e i r o s e c r e t a r i o c o m i n u n i c a o re-
c e b i m e n t o d a s s e g u i n t e s Ofícrlns : d a s res-
p e c t i v a s r e d a c ç õ e s « R e v i > t a t r i n i e n s a l » , <1°
I n s t i t u t o d o C e a r á , t o m o 1 3 , a n n o li),-"'"
e 4 o t r i m e s t r e de 1 0 0 5 ; « C u l t u r a A c a d é m i -
ca», f a s e . 3 ? , t o m o I, N o v e m b r o e Dezembro
de 1 9 0 5 ; «A V o z P o t v g u a r » d a villa de Cur-
ra es N o v o s ; «A R e p u b l i c a » , o « D i á r i o <1°
N a t a l » , o « O i t o de S e t e m b r o » , «O Século» e
«O T r a b a l h o » , d e s t a c a p i t a l . N a d a m a i s ha-
v e n d o a t r a t a r - s e , l e v a n t a se a sessão, l a '
v r a n d o se a p r e s e n t e a c t a q u e é a s s i g n a d a
pela mesa.—OLYMPIO VITAL—LUIZ FEKNAM-
DER—THOMAZ LANDIM.
27.",

ACTA da 79 sessão ordinaria do


Instituto Historico e Géographie o do l\io
Grande do Norte.

Presidencia do Exmo. Sr. P r . Olympio Vital.

A ' h o r a e no I o g a r d o c o s t u m e , reuniu-se,
no d i a d e z o i t o de F e v e r e i r o de mil novecen-
tos e seis, o I n s t i t u t o H i s t o r i c o e G : o g r a -
phieo, sol) presidencia d o s e n h o r O l y m p i o
V i t a l , o c c u p n n d o .as respccfiv.as c a d e i r a s o s
senhores L u i z F e r n a n d e s e P e d r o S o a r e s , 1 °
e 2 ° s e e r e t a i i o s . E s t ã o t a m b é m presentes o s
senhores J o s é C o r r e i a , Vicente de L e m o s ,
Tlu >nmz L a n d i m , A n t o n i o S o a r e s e J o a q u i m
F o u ri v a l e f a l t a m c o m c a u s a j u s t i f i c a d a o s
senhores P a d r e C a l a z a n s , Amorim e L u i z
F y r a . A b e r t a a s e s s ã o , c lida e a p p r o v a d a
a a c t a d a a n t e r i o r , p a s s a n d o se a o Expedi
ente : C i r c u l a r d o s e c r e t a r i o d a B i b l i o t h c c a
P u b l i c a Pclotense, de 1 5 de J a n e i r o u l t i m o ,
C()
m n u i n i c a n d o a eleição d a r e s p e c t i v a dire
c
c o r i a p a r a o a n n o de 1 9 0 0 - I n t e i r a d o , ar-
ehive-se ; idem d o C o n g r e s s o G e o l o g i c o I n -
t e r n a c i o n a l d o M e x i c o , c o m i i i u n i c a n d o que
Se
a c h a c o m p l e t o o comitê de o r g a n i z a ç ã o
e
apresentando o p r o g r a m m a do itinerário
d a s e x e n r ç õ e s a realizar-se a n t e s , d u r a n -
te e d e p o i s d a 10% s e s s ã o d o m e s m o C o n -
f e s s o , em 1 9 0 0 ; Offert as : d o e o n s o c i o Al
l,c
' i t o M a r a n h ã o : « R e v i s t a Brazileirn», o s
dezenove p r i m e i r o s v o l u m e s , sendo 1 0 çn-
^ ' d e r i i a d o s ; «Cancioneiro», por Camillo
C a s t e l l o B r a n c o , 2 v o l s P o r t o , 1 8 8 7 ; «His-
274—

t o r i a de P o r t u g a l » , p o r O l i v e i r a M a r t i n s , 2
vols. L i s b o a , 1 8 8 0 ; «Mulheres e Crianças»,
p o r M a r i a A m é l i a V a z de C a r v a l h o , 1 v o l .
P o r t o , 1 8 8 7 ; « H i s t o i r e Universelle», p o r
Prévost P a r a d a i , 2 vols. Pariz, 1 8 7 5 ;
" A p o s t r o p h e s " , p o r J u l i o M a r i a , u m a bro-
c h u r a , N i e t h e r o v , 1 8 9 8 ; " R e v i s t a d o Nor-
t e " , 1 v o l . , Recife, 1 8 9 1 ; o s ns. 1 5 , 1 6 , 1 7 ,
1 8 , 1 9 , 2 0 , 2 1 , 2 2 e 2 3 d a " R e v u e " (ancien-
ne r e v u e des r e v u e s ) P a r i z , 1 9 0 5 ; " M i g u e l
S h o g o t f " , p o r J j l i o Verne. L i s b ô a , 1 8 8 7 ;
"A Galera Chaneellar", idem,Lisboa, 1 8 8 8 ;
" A E s t r e l l a d o S u l " , idem, L i s b ô a , 1 8 8 9 ;
" 0 C a m i n h o d a F r a n ç a , idem, Lisboa,
1 8 9 0 ; " M e n s a g e m " dirigida ao Congresso
d o E s t a d o , em 7 de A b r i l de 1 9 0 5 , pelo pre
sidente de S. P a u l o , dr. J o r g e T i b i r i ç a — S
P a u l o , 1 9 0 5 ; " R e g i m e n Eleitoral", discurso
d o dr. H e r c u l a n o de F r e i t a s , S . P a u l o , 1 9 0 5 ;
" R e l a t o r i o " d a D i r e c t o r i a G e r a l de E s t a t í s -
t i c a , R i o da J a n e i r o , 1 9 0 3 ; " R e l a t o r i o " cio
M i n i s t r o d a F a z e n d a , dr. L e o p o l d o de B u -
lhões, 1 9 0 5 ; " R e l a t o r i o " d o M i n i s t r o da
M a r i n h a , vice a l m i r a n t e J u l i o C e s a r de N ° "
r o n h a , 1 9 0 5 ; " R e l a t o r i o " d o Ministro da
J u s t i ç a e N e g ó c i o s I n t e r i o r e s , J . J . Seabra,
1 9 0 5 ; do c o n s o u o Segundo Wandcilcy—
" O R i o de J a n e i r o em 1 9 0 0 " , p o r Ferreira
d a R o c h a ; d a s r e s p e c t i v a s redacções :
L a v r a d o r " , revista mensal, o r g a m da
c i e d a d e A g r í c o l a d o R i o G r a n d e d o Nortii
a n no I, n. 1 , J a n e i r o de 1 9 0 6 ; " A Cidade .
c
d a cidade do A s s i t ; " 0 Mossoroense
" C o n i m e r e i o d o M o s s o r ó ", d a c i d a d e (l<
M o s s o r ó ; " A Voz P o t v g u a r " , d a villa de
Curracs Novos ; " A Republica", o "Diário
d o N a t a l " , o " O i t o de S e t e m b r o " e " O S é -
culo", d e s t a c a p i t a l . N a d a m a i s h a v e n d o a
t r a t a r , l e v a n t a se a s e s s ã o , lavrando-se
e s t a a c t a , a s s i g d a d a p e l a m e s a . Ku, P e d r o
S o a r e s de A r a u j o , 2 o s e c r e t a r i o , a e s c r e v i e
assigno.—OYMIMO VITAL—LUIZ FERNANDES
—F. SOARES.

ACTA da 7'- sessão da Assembléa


Geral do Instituto Historico e Geogra-
phico do Rio Grande do Norte.
Presidencia do Exmo. Sr. Dr. Olympio Vital.

R e u n i d o s n a séde d o I n s t i t u t o H i s t o r i -
Co
. pelas doze h o r a s d a m a n h ã d o d i a vinte
e cinco de F e v e r e i r o de mil n o v e c e n t o s e
Se
'.s, o s s e n h o r e s O l y m p i o V i t a l , L u i z F e r -
nandes, F e d r o S o a r e s , H o n o r i o C a r r i l h o .
J ° s é C o r r e i a , V i c e n t e de L e m o s , J o ã o B a -
Ptista, T h o m a z L a n d i m , Valle M i r a n d a ,
Manoel Hemeterio, A m o r i m . Antonio Soa-
Luiz Lyra, Joaquim Lourival. Manoel
'jantas e Heliodoro Barros, abre-se a ses-
^ao s o b a p r e s i d e n c i a d o s e n h o r O l y m p i o
v,
t a l . F a l t a m c o m c a u s a j u s t i f i c a d a o s se-
h o r e s M e i r a c S á e P a d r e C a l a z a n s . 0 se
" h o r p r e s i d e n t e d e c l a r a que, n ã o t e n d o s e
° l , n i d o no dia tres do corrente n u m e r o l e -
de a s s o c i a d o s p a r a t e r l o g a r a e l e i ç ã o
' ;i n o v a d i r e c t o r i a e c o m n i i s s õ e s p e r m a t u a i
es
» de a c c o r d o c o m o s n o s s o s e s t a t u t o s ,
— 270

c o n v o c a r a p a r a hoje a m e s m a a s s e m b h a
g e r a l , a q u a l f u n c c i o n à r á com o numfcrò de
s o c i o s preséíites, s u p e r i o r a o i t o , n o s t e r m o s
d o a r t . 4 9 . D e c l a r a , em s e g u i d a , que v a e pro-
ceder-se a s d i t a s eleições p a r a o a n n o social
de 1 9 0 0 a 1 9 0 7 . R e c o l h i d a s e a p u r a d a s deze-
seis s e d n l a s p a r a presidente, c eleito o
S r . Olyinpio V i t a l , p o r quinze v o t o s , tendo
o b t i d o um v o t o o s e n h o r Vicente de L e m o s .
Pronunciadas ligeiras e affectuosas p a l a v r a s
de a g r a d e c i m e n t o pelo m e s m o s e n h o r Olym-
pio V i t a l , que, a s s i m reeleito, c o n t i n u a a
o e c u p a r a c a d e i r a de presidente, p a s s a - s e á
eleição d o p r i m e i r o s e c r e t a r i o . A a p u r a ç ã o
d a s dezeseis s e d u l a s recebidas d á este resul-
t a d o : L u i z F e r n a n d e s , 1 5 v o t o s ; P e d r o Soa-
res, um v o t o . 0 s e n h o r presidente declara
eleito o s e n h o r Luiz F e r n a n d e s . E m s e g u i d a ,
c t a m b é m reeleito por q u a t o r z e v o t o s , p a r a
s e g u n d o s e c r e t a r i o , o s e n h o r Pedr«. Soares»
tendo um v o t o o s senhores T h o m a z L a n d i m
e L u i z L y r a . E ' e g u a l m e n t e reeleito p a r a "
c a r g o de o r a d o r o s e n h o r P i n t o de Abreu,|> ()l
quinze v o t o s , r e c a h i n d o uni v o t o no senho'
Honorio Carrilho. Segue-se a e l e i ç ã opara
t h e s o n r e i r o e c a i n d a reeleito o s e n h o r J o * c
C o r r e i a , p o r quinze vot'*s, o b t e n d o um voto
o s e n h o r Valle M i r a n d a . P a r a os c a r g o s ( ' L
1 ' e 2 ' vicc-présidèntes s ã o reeleitos, P ° '
quinze v o t o s , os s e n h o r e s Viccute de Leii.o-
e J o ã o H a p t i s t a , t e n d o o b t i d o um v o t o
s e n h o r e s M a n o e l D a n t a s e M a n o e l Hemeté-
rio. A p u r a d a a e l t i ç ã o p a r a a d j u n e t o y
o r a d o r , o s e n h o r presidente d e c l a r a nééle|t<)
o s e n h o r H o n o r i o C a r r i l h o , p o r quinze v o -
tos, obtendo um v o t o o senhor Heliodoro
F e r n a n d e s B a r r o s . S ã o , finalmente, reeleitos
supplentes d o 2 ' secretario os senhores Pa-
dre C a l a z a n s , por quinze v o t o s , e T h o m a z ,
L a n d i m , p o r q u a t o r z e , r e e n h i n d o um v o t o
nos senhores Luiz L v r a , Valle M i r a n d a e
A n t o n i o S o a r e s . E l e i t a p o r este m o d o a di-
rectoria e respectiva supplencia, o senhor
presidente annuncia a eleição d a s comrnis-
s õ e s p e r m a n e n t e s , s e n d o e g u a l m e n t e reeleitos
p a r a a de f a z e n d a e o r ç a m e n t o , o s s e n h o r e s
Manoel Hemeterio, Valle M i r a n d a e Luiz
B m y g d i o , p o r q u i n z e v o t o s c a d a u m , con-
t a d o s os demais a o s senhores Amorim, J o a -
quim L o n r i v a l e T h o m a z Landim. P a r a a
e o m u i i s s ã o de e s t a t u t o s e r e d a c ç ã o d a I\'e-
W s í « f o r a m a i n d a r e e l e i t o s o s s e n h o r e s Pin-
t o de A b r e u , p o r dezeseis v o t o s , L u i z F e r -
nandes, p o r quinze, e Henrique C a s t r i c i a n o ,
l ' ° r q u a t o r z e , Os s e n h o r e s J o s é C o r r e i a , He-
liodoro Barron e Antonio Soares obtiveram
" m v o t o , c a d a u m . C o n c l u í d o s assim os tra-
b a l h o s de e l e i ç ã o , o s e n h o r p r e s i d e n t e c o i v
Vl
d a o s n o v o s e l e i t o s a c o m p a r e c e r e m a ses-
s
A o de t r e s d e M a i o f u t u r o p a r a t e r l o g a r a
les
p e e t i v a posse. E n a d a mais havendo a
t r a t a r - s e , l e v a n t a se a s e s s ã o , l a v r a n d o
fl
P r e s e n t e a c t a q u e v a e a s s i g n a d a pela me-
s<
> E u , P e d r o S o a r e s dc Araujo, 2' seereta-
n
° . a escrevi.—OLYMPIO VITAL - L U I Z BER-
NANUES—P. SOARES.
-278

ACTA da 80 sessão ordinal ia do


Instituto Historico e Ceographico do Rio
Grande do Norte.

Presidencia do Exmo. Sr. I)r. Olympio Vital.

P r e s e n t e s n a sede d o I n s t i t u t o , á s d o z e
h o r a s d a m a n h ã de q u a t r o de M a r ç o de
mil n o v e c e n t o s e seis, o s s e n h o r e s O l y m p i o
Vital, Luiz Fernandes, Pedro Soares, Jose
C o r r e i a , H o n o r i o C a r r i l h o , V i c e n t e d e Le-
mos, P a d r e Calazans, Antonio Soares e J o a -
q u i m L o u r i v a l , a b r e - s e a s e s s ã o , s o b a pre-
sidencia do senhor Olympio Vital, occupan-
do as respectivas cadeiras os senhores Luiz
Fernandes,Pedro Soares, JoséjCorreia e Car-
rilho, 1 9 e 2 " secretários, thesoureiro e a d -
j u n c t o de o r a d o r . N ã o h a v e n d o e x p e d i e n t e ,
d e u - s e e n t r a d a á s s e g u i n t e s Ofícrtas : d o
consocio T a v a r e s de L y r a — « C o n t r a d i e t a
á s preterições do município b a h i a n o d e C u r -
cá s o b r e a s P a s s a g e n s da B o a V i s t a , n o rio
S ã o Francisco», por F. A.Pereira da Costa.
Recife, 1 9 0 5 ; « M e n s a g e m » lida perante o
C o n g r e s s o L e g i s l a t i v o d o E s t a d o , na aber-
t u r a d a primeira s e s s ã o d a q u i n t a legisla-
t u r a , á q u a t o r z e d e J u l h o d e 1 9 0 4 , p e l o Go-
v e r n a d o r A u g u s t o T a v a r e s de L y r a , a c o m -
p a n h a d a d o s r e l a t ó r i o s a p r e s e n t a d o s pelos
c h e f e s cios d i v e r s o s r a m o s d o , s e r v i ç o publi-
co, N a t a l , 1 9 0 5 ; do consocio A l b e r t o Ma-
r a n h ã o : «Historia d a L i t t e r a t u r a BrazuC*
ra,» p o r S y l v i o R o m e r o . 2 vols.. R i o de Ja-
neiro, 1 8 8 3 ; «Hvgiene d a a l m a » , pelo B a r a o
Feachtuelebeu, v e r s ã o p o r t u g u e z a de R a -
m a l h o O r t i g ã o , 3 * criic., L i s b o a , 1 8 8 3 ;
«Quadro d a s instituições p r i m i t i v a s , " por J.
Oliveira M a r t i n s , 2 * edic., L i s b o a , 1 8 9 3 ;
« P o r t u g a l nos mares», pelo mesmo a u c t o r ,
L i s b o a ; «Sete discursos», d o P a d r e J u l i o
M a r i a , Juiz de F o r a , 1 9 0 0 ; «Biblia S a g r a -
da», por A n t o n i o Pereira de Figueiredo,
L o n d r e s , 1 S 0 0 ; « C a r t a p a s t o r a l » , de D.
J o a q u i m de Almeida, B i s p o d o P i a n h y . 1 9 0 0 ;
«Santa Lvdivina» a Sahiedam, traducç^o
de B. da C o s t a 1'ereira, P a v o a de V a r s i m ,
1 9 1 2 ; «Impressionistas», p o r J , A u g u s t o de
C a s t r o , L i s b o a , 1 8 8 0 : «Annexo» a o r e l a t o -
''<> d o M i n i s f o d a F a z e n d a , dr. L e o p o l d o
«le Bulh ões, Rio de [aneiro, 1 9 0 5 ; «Relato
r
jo» d o M i n i s t r o ria Industria, V i a ç ã o e
O b r a s Publicas, L a u r o S e v e r i a n o Muller,
1 ^ 0 5 ; I m p r e n s a N a c i o n a l . R i o de J a n e i r o ;
<(
R.'latono» d o M i n i s t r o d a J u s t i ç a e N e g o -
Interiores. J. J. S e a b r a , 1 9 0 5 , Rio de
Janeiro. I m p r e n s a N a c i o n a l ; «Relatório» do
Ministro da G u e r r a , marechal F r a n c i s c o de
aula A r g o l l o , 1 9 0 5 ; R i o de J a n e i r o , I m -
)r
l ensa N a c i o n a l ; « L c c t u r e s p o u r tons», re-
v u
i e uni versei le et populaire, collccção com
Ijleta d o s a n n o s de 1 8 9 9 a 1 9 0 2 e os ns. 2 e
" «le 1 9 0 3 ; « C o s m o s » , r e v i s t a «rtisticn. s a -
n t i f i c a e l i t t e r a r i a , R i o de Janeiro, ns. 1 a
1 1
d o 1 9 a n u o , e 1 a 7 d o 2 ? ; «Renascença»,
lev
i s t a mensal de lettras, scicncias e artes,
5 9 d o 1 ° atino, e 1 4 . 1 5 e 1 0 do 2 ;
/ • l u s t r a c ã o B r a s i l e i r a " , Pariz, I o
\ C() nipleto); " T h e S t u d i o " , revite ir.ensnelle-
-280

J u l y Aug. Londres, 1 9 0 5 ; das repcctivas


r e d a c ç õ e s ; «A C i d a d e » , d a c i d a d e d o A s s ú ;
«A V o z P o t y g u a r » , d a v i l l a de C u r r a e s N o -
v o s ; «A R e p u b l i c a » , o « D i á r i o d o N a t a l » o
« O i t o de S e t e m b r o » , « 0 S é c u l o » e «O T r a b a 1 -
lho», d e s t a C a p i t a l .
Fica resolvido d e i x a r - s e de celebrar
a i n d a este a n n o a sessão m a g n a commemo-
r,ativa d a f u n d a ç ã o d o I n s t i t u t o e levan-
t a - s e a s e s s ã o , d e p o i s de l i d a e a p p r o v a d a
a a c t a d e d e s o i t o de F e v e r e i r o u l t i m o . De
t u d o lavra-se a presente a c t a que vai a s -
s i g n a d a pela m e s a . F u , P e d r o S o a r e s de
A r a u j o , 2 " S e c r e t a r i o , a escrevi.—OLYMHO
VITAL—Luiz FKRNANDES—P. SOARES.

ACTA da A'/ sessão ordinário do


Instituto Histórica c Gcografihico do Ri°
Grande do Norte.

Presidência do Exmo. Sr. Dr. Olympio Viinl.

A o s d e s o i t o d i a s d o mez de M a r ç o «In
a n n o de mil n o v e c e n t o s e seis. p r e s e n t e s , a
hora legal, os senhores O l y m p i o Vital, Luiz
Fernandes, AntoníojSoares. J o s é Correia,Vi-
cente de L e m o s , Henrique C a s t r i c i a n o e J a o -
q u i i n L o u r i v a l , a b r e - s e a s e s s ã o , s o b a pre-
sidência do S e n h o r O l y m p i o Vital, occupafl-
d o a s r e s p e c t i v a s c a d e i r a s de p r i m e i r o e s e -
g u n d o secretários os senhores Luiz Fernan-
des e A n t o n i o S o a r e s , d e i x a n d o de c o m p a -
r e c e r c o m c a u s a j u s t i f i c a d a o s s e n h o r e s Fe-
dro Soares, Meira e Sá, Padre Calazari* e
— 2S1— -

Pedro Amorim. D ã o e n t r a d a a s seguintes


Offcrtns :—do c o n s o c i o A l b e r t o M a r a n h ã o :
" M e n s a g e m " apresentada ao Congresso
N a c i o n a l na a b e r t u r a d a terceira s e s s ã o d a
q u i n t a L e g i s l a t u r a , pelo P r e s i d e n t e d a Re-
p u b l i c a (Ir. F r a n c i s c o de P a u l a R o d r i g u e s
A l v e s , 1 9 0 5 ; I n t r o d u c ç ã o a o r e l a t o r i o do
Ministério da Fazenda, 1 9 0 5 ; " R e l a t o r i o "
d o P r e s i d e n t e d a C a m a r a S y n d i c a l d o s Cor-
r e c t o r e s d a F a z e n d a publica d a C a p i t a l Fe-
deral, apresentado a o Ministro da Fazen-
d a , 1 9 0 4 a 1 9 0 5 ; " R e l a t o r i o " do t r i b u n a l
de C o n t a s , r e l a t i v o a o e x e r c i d o dc 1 9 0 4 ;
" P r i m e i r o r e l a t o r i o " semestral apresentado
a o M i n i s t r o d a J u s t i ç a e N e g o c i o s Interio-
res, pelo P r e f e i t o d o D e p a r t a m e n t o do A l t o
J n r u á , Coronel Doutor Gregorio Thauma-
t u r g o de A z e v e d o . 1 9 0 5 ; " R e g i s t r o C i v i l "
de 1 8 9 8 e 1 8 9 9 , d a D i r e c t o r i a G e r a l de E s -
tatística, dois volumes ; ' A Alma Alheia",
eollecção de c o n t o s , p o r P e d r o R a h e l l o ,
Rio, 1 9 0 5 ; ' O P a r o a r á " , p o e m e t o de R o -
«lolpho T h c o f i l o , C e a r á , 1 8 9 9 , " D e P a l a u
que", por Silva Pinto, Porto, 1 8 9 7 ; " H m
•norismos", p o r J. G u e r r a - R i o , 1890;
" G u i d e des E t a t s Unis du B r é s ü " , p o r 0 1 a -
B i l a c . G u i m a r ã e s P a s s o s . e B a n d e i r a Ju-
nior, 1 » e d i c ç ã o ; " O m v s t e r i o da e s t r a d a
(1e
C i n t r a " , p o r E ç a de Ô u e i r o z e R a m a l h o
0|
"tigáo. Lisboa, 189-*? "A Bohemia do
es
P m t o " . p o r C a m i l l o Castello Branco, Por-
1 8 8 3 ; " F i n s do Século", por F . L i n o
'•'Assumpção, Lisboa, 1 8 9 1 ; "Discurso'
P r o n u n c i a d o na c o l l a ç ã o d o g r á u de b a c h a -
rei em s c i e n e i a s c l e t t r a s , pelo C o n s e l h e i r o
R u y B a r b o s a , I<io, 1 9 0 3 ; « C u i d a d o d a s
crianças»,por Monsenhor Sebastião Kneipp,
F l edic. ; " L I l l u s t r a t i o n " , j o u r n a l u n i v e r s e l
h e b d o m a d a i r e , ns. 3 2 3 9 a 3 2 7 0 ; " A Tri-
b u n a " , orgam do Congresso Litterario
desta capital, collecção correspondente a o s
a n n o s de 1 8 9 7 a 1 9 0 0 , 2 v o l u m e s e n c a d e r -
n a d o s e um b r o c h a d o ; d i v e r s o s n ú m e r o s
a v u l s o s d a m e s m a r e v i s t a ; " E n s a i o s poé-
t i c o s " , de I r i n e u de A l b u q u e r q u e , M o s s o r ó ,
1 9 0 0 ; d a s respectivas redacções : " A R e -
publica", "Diário do Natal", " 0 Trabalho",
" O i t o de S e t e m b r o " , 0 S é c u l o " e o n. 2 d o
" 0 L a v r a d o r " , o r g a m da Sociedade Agrí-
cola d o Rio Cirande d o N o r t e , t o d o s d e s t a
c a p i t a l ; " O M o s s o r o e n s e " , de M o s s o r ó ;
" A União", do C e a r á m i r i m ; " V o z P o t v -
g u a r " , de C u r r a e s N o v o s . O Expediente c o n s -
tou d o seguinte : oífieio d o E x m o . Gover-
nador do Estado, convidando o Instituto
p a r a assistir, a 1 9 do corrente, a abertura
d o C o n g r e s s o L e g i s l a t i v o d o E s t a d o , em
sessão e x t r a o r d i n a r i a . O senhor presidente
nomea uma comniissão composta dos só-
c i o s V i c e n t e de L e m o s , L u i z F e r n a n d e s e
A n t o n i o S o a r e s p a r a r e p r e s e n t a r e m o Insti-
t u t o nessa s o l e n n i d a d e ; oífieio d o I n s t i t u t o
Archeologico e Geographico Pernambucano,
c o m i n u n i e a n d o a eleição da n o v a directoria
q u e t e m d e s e r v i r n o a n u o s o c i a l de 1 9 0 0 a
1 9 0 7 . U s a n d o da p a l a v r a , o senhor Vicente
de L e m o s i n d i c a q u e se t o m e u m a a s s i g n a -
t u r a da o b r a que vae publicar o dr. Felis-
-283

bello F r e i r e , i n t i t u l a d a « H i s t o r i a T e r r i t o -
rial d o Brazil». S u b m e t t i d a a d i s c u s s ã o a
proposta, o senhor Luiz Fernandes(pensa
<pte se d e v e e s p e r a r d o a u e t o r , epie c t a i n
be rn s o c i o d o I n s t i t u t o , o c u m p r i m e n t o d a
o b r i g a ç ã o c o n s t a n t e d o a r t i g o 1 9 , l e t t r a c,
d o s E s t a t u t o s ou a g u a r d a r a p u b l i c a ç ã o
c
O m p l e t a d o t r a b a l h o p a r a a d q u i r i l o, se
assim julgar conveniente. E m v o t a ç ã o , o
I n s t i t u t o r e s o l v e de a c c o r d o c o m a o p i n i ã o
'lo s r . L u i z F e r n a n d e s . T o m a n d o a p a l a v r a ,
0
senhor Henrique C a s t r i c i a n o p r o p õ e que
t a ç a u m a s e s s ã o s o l e n n e a d o z e de J u n h o
^uidouro, destinada a c o m m e m o r a r a glo-
r,
a dê M i g u c l i n h o , o m a i o r p a t r i o t a q n e . n a
^Pmião d o o r a d o r , o Brazil ha produzido.
' S e n h o r p r e s i d e n t e diz q u e , de a c c o r d o c o m
art. 4 3 dos E s t a t u t o s , a directoria toma-
1
em c o n s i d e r a ç ã o a p r o p o s t a a p r e s e n t a d a
0
resolverá do melhor modo. A ' s d u a s h o r a s
" a t a r d e , l e v a n t a se a s e s s ã o . D o q u e , p a r a
^•°n*tar, l a v r a se a present«; a c t a q u e v a e
| J S s i g n a d a pela m e s a . E u , A n t o n i o S o a r e s
? Araujo, servindo de 2 " s e c r e t a r i o , a escre-
—OI.VMI'IO V I T A L — L u i z FERNANDES—AN-
°NIO S O A R E S DE A R A U J O .

ACTA da 82 sessão ordinário do


Instituto Historico c Geographieo do Rio
Grande do Norte.
Hresidencia do Exmo. Sr. Dr. Olympio Vital.

d A ' h o r a d o c o s t u m e , r e u n i d o s n a sede
' I n s t i t u t o , e m p r i m e i r o de A b r i l de mil
—284

n o v e c e n t o s e seis, os .senhores O l y m p i o Vi-


tal,» L u i z F e r n a n d e s , P e d r o S o a r e s . Jos 1 '
C o r r e i a , P i n t o de A b r e u , Vicente de Lemos-
T h o m a z L a n d i m , H e l i o d o r o H a r t o s , Manoel
D a n t a s , L u i z L v r a , A n t o n i o S o a r e s e Heu;
ri(|tie C a s t r i c i a n o , s o b a presidcncia d o pi*1'
meiro, abre-se a s e s s ã o . S ã o l i d a s e a p r o -
v a d a s ;is a c t a s de 4 e 1 3 de M a r ç o p r o x i m 0
findo. D e i x a m de c o m p a r e c e r com c a u s a j i ' s '
ti ficada os senhores P a d r e C a l a z a n s e A m 0 '
r i m . O s e n h o r I o s e c r e t a r i o lê um cartão '1°
p r o f e s s o r D. C. A. Gòeldi, d i r e c t o r d o A'"
seti P a r a e n s e , a g r a d e c e n d o a remessa <|ll<
lhe tem sido feita da ' R e v i s t a " - - A r c h i v e s£>
Offert as : d o e o n s o c i o A l b e r t o M ara nhã 0 '
" V i n t e h o r a s de l e i t u r a " , p o r C a m i l l o Cf- 1
tel lo B r a n c o , 2 * e d i ç ã o , L i s b o a ; " A B r ^
leira de P r a z i n s " , s c e n a s rio M i n h o , P c|,)
mesmo auctor, Porto. 1 8 8 2 : " L m h o n i ^
de b r i o s " , a i n d a pelo m e s m o a u c t o r , L i s h o í l ;
" S c e n a s d a F ó z " , p o r J o ã o J u n i o r , Lisbo' 1 '
" O S a n g u e " , p o r C a m i l l o C a s t e l l o IÍra» , c °;
L i s b o a : " M e m o r i a s de G u i l h e r m e fio An';'
r a l " , pelo m e s m o e s c r i p t o r , L i s b o a ; 'fl
neral C a r l o s R i b e i r o " , t a m b é m pelo mc*"^.
a u c t o r , P o r t o , 1 8 8 4 ; " A z u l e j o s " . , p o r C<-,f\
de C a r v a l h o , R i o de J a n e i r o , 1 8 9 3 :
v a s " , p o r D e m o s t h c n e s de Olinda, K<?cl '
1 8 9 4 ; " L i s e F l e u r o n " por Georg 0h«*e;
L i s b o a , 1 8 9 G ; " L e s a n n a l e s politique^ ^
Littéraires, tomo 3 4 a 40 e 4 1 , até 0 ° t l ! V
de 1 9 0 3 ; " A s m i n a s d o B r a z i l e sna l ^ ' j fJt.
ç ã o " , p o r C a l ó g e r a s , v o l s . II e I I I .
J a n e i r o , 1 9 0 5 ; d o e o n s o c i o T a v a r e s de
2sr>—

r a : " A n n a e s " da B i b l i o t h e c a c A r c h i v o P u -
blico d o P a r á , t o m o I V , P a r á , 1 0 0 5 ; d o
c o n s o c i o P i n t o cie A b r e u : m e d a l h a do b r o n -
ze, c o m m e m o r a t i v a d a q u a r t a E x p o s i ç ã o
N a c i o n a l , 1 8 8 5 ; m e d a l h a dc p r a t a , c o m m e -
m o r a t i v a d a E x p o s i ç ã o P r o v i n c i a l de Per-
n a m b u c o , 1 8 8 0 ; d o c o n s o c i o A l f r e d o de C a r -
valho :medalha da Academia Pernambucana
de L e t t r a s , 1 0 0 1 ; d o B a r ã o de S t u d a r t :
« A p o n t a m e n t o s b i o y r a p h i c o s d o P a d r e Pe-
dio Chevalier», l a z a r i s t a ; d a s respectivas
redacções, " V i a L á c t e a " , r e v i s t a mensal do
' C o n g r e s s o L i t t e r a r i o " T i b i r i ç á de L e m o s " ,
(
l o P a r á ; " A R e p u b l i c a " , o " D i á r i o d o Na-
t a l " , o " O i t o de S e t e m b r o " , " O S é c u l o " e
"O T r a b a l h o " , desta capitai. T o m a n d o em
consideração a p r o p o s t a do senhor Henri-
que C a s t r i c i a n o , r e s o l v e a d i r e c t o r i a solen-
nizar o d i a doze de J u n h o v i n d o u r o , d a t a
c o n s a g r a d a á c o m m e m o r a ç ã o do supplicio
(
'e F r e i M i g u e l i n h o , e o s e n h o r p r e s i d e n t e
declara que o p p o r t u u a m e n t e será n o m e a d a
a c o u i m i s s á o q u e t e r á de p r o m o v e r e d i r i g i r
a testa. N a d a m a i s h a v e n d o a t r a t a r - s e , le-
v
a n t a - s e a s e s s ã o , d o q u e l a v r a - s e a pre-
c a t e a c t a a s s i g n a d a pela m e s a . E u , P e d r o
res de A r a u j o , 2 " s e c r e t a r i o , a e s c r e v i . —
()
I-VMI»io V I T A L — L n z FERNANDES— P . SOA-
ACTA da 8" sessão extraordinár ia
do Instituto Histórica c Geographico do
Rio Grande do Norte.
Presidencia do Kxmo. Sr. Dr. Olympio Vital.

A o s o i t o d i a s d o mez de Abril de mil


n o v e c e n t o s e seis, r e u n i d o s n a sede d o Ins-
t i t u t o H i s t o r i c o , pelas doze h o r a s d a m a -
nhã, os senhores Olympio Vital, Luiz Fer-
nandes, Pedro Soares, J o s é Correia, Honorio
C a r r i l h o e P a d r e C a l a z a n s , abre-se a s e s s ã o
s o b a presidencia d o senhor O l y m p i o V i t a l .
K' l i d a e a p p r o v a d a a a c t a d a a n t e r i o r , Eni'
s e g u i d a , o s e n h o r presidente d e c l a r a que mo-
t i v a r a a c o n v o c a ç ã o d a presente s e s s ã o ex-
t r a o r d i n a r i a a necessidade de n o m e a r se
desde l o g o a com m i s s ã o que terá rle promo-
ver e d i r i g i r o s festejos p r o j e c t a d o s p a r a a
c o m m e m o r a ç á o d o m a r t y r i o de Frei iVIigue-
linho, n o d i a doze de J u n h o v i n d o u r o , c o n -
f o r m e deliberou a d i r e c t o r i a , e que, u s a n d o
d a f a c u l d a d e que lhe confere o a r t . 3 5 dos
nossos Estatutos, nomeava, para compo-
rem d i t a c o m m i s s ã o , a c u j o critério ficaria
confiado o p r o g r a m m a dos mesmos f e s t e -
j o s , os s o c i o s H e n r i q u e C a s t r i c i a n o , M ; r
miei D a n t a s , S e g u n d o W a n d e r l e y , P i n t o de
A b r e u , J o s é C o r r e i a , P a d r e C a l a z a n s , Heho'
d o r o B a r r o s , L u i z L y r a e P e d r o S o a r e s . D'-"'
v a n t a - s e a s e s s ã o , l a v r a n d o se e s t a act* 1
a s s i g n a d a p e l a mesa. E u , P e d r o S o a r e s (|L
A r a u j o , 2 s e c r e t a r i o , a escrevi.—OLYMP 1 0
V I T A L — L n z FKRVANDES—P. ÇOAKHS.
ACTA da reunião do Instituto His-
tórica e Geographico do Rio Grande do
Norte.
Presidencia do Kxmo. Sr. Dr. Vicente de Lemos.

P r e s e n t e s n a sede d o I n s t i t u t o I l i s t o -
rico, p e l a s doze h o r a s d á m a n h ã cie v i n t e e
d o i s de A b r i l de mil n o v e c e n t o s e seis, o s se-
n h o r e s Vicente de L e m o s , L u i z F e r n a n d e s e
P e d r o Soares, f a l t a com c a u s a j u s t i f i c a d a o
s e n h o r O l y m p i o V i t a l , p r e s i d e n t e . Occtipa. a
r e s p e c t i v a c a d e i r a o s e n h o r Vicente de Le-
m o s , 1<? vice presidente, e d e c l a r a n ã o h a v e r
s e s s ã o p o r f a l t a de n u m e r o l e g a l . F p a r a
c o n s t a r , eu, P e d r o S o a r e s de A r a u j o , 2 ? se-
c r e t a r i o , l a v r e i a presente a c t a a s s i g n a d a
p e l a m e s a . — V I C E N T E DE L E M O S — L U I Z FER-
NANDES—P. SOARES.

A CTA da 5'- sessão de posse do Insti-


tuto Histórica e Geographico do Rio
Grande do Norte.

Presidência do Exmo. Sr. Dr. Olympio Vital.

A o s t r e s d i a s d o mez de M a i o de mil
n o v e c e n t o s e seis, a c h a m - s e presentes n a
s
é d e d o I n s t i t u t o H i s t o r i c o , p e l a s doze ho-
'"as d a m a n h ã , o s s e n h o r e s O l y m p i o V i t a l ,
L u i z F e r n a n d e s , P e d r o S o a r e s , P i n t o dc
Abreu, J o s e C o r r e i a , Vicente de L e m o s , J o ã o
^aptista, Padre Calazans, Thomaz Lau-
r i n i . H o n o r i o C a r r i l h o , L u i z F m y g d i o , Hcn-
2SN —

ri que C a s t r i c i a n o , C a l d a s , A m o r i m , M a n u e l
Dantas e Antonio Soares. Faltam.com causa
j u s t i f i c a d a , o s senhores M a n u e l Hemeterio,
Valle M i r a n d a , Meira e S á e Heliodoro Bar-
ros. O s e n h o r presidente a b r e a s e s s ã o e d e -
c l a r a que, a c h a n d o - s c presentes t o d o s os
m e m b r o s eleitos d a n o v a d i r e c t o r i a , p a r a o
a n n o social de 1 9 0 6 a 1 9 0 7 , o s t i n h a t o d o s
por empossados dos respectivos cargos, a
s a b e r : presidente, O l y m p i o V i t a l ; I o e 2 °
secretários, Luiz Fernandes e Pedro S o a r e s ;
1 ( ) e 2'-' vice presidentes, Vicente de L e m o s e
J o ã o B a p t i s t a ; o r a d o r , -"'into de Abreu ;
thesoureiro, J o s e Correia ; supplentes do 2 °
secretario, Padre C a l a z a n s e T h o m a z L a n -
dim ; a d j u n e t o d o o r a d o r , H o n o r i o C a r r i -
lho. E m s e g u i d a , o s e n h o r T h e s o u r e i r o ,
usando d a p a l a v r a , faz o resumo d a vida
financeira d o I n s t i t u t o no a n n o social que
hoje finda e s u b m e t t e á c o n s i d e r a ç ã o da
mesa o b a l a n ç o d a receita e d e s p e s a , de-
m o n s t r a n d o a q u e l l a a q u a n t i a de um c o n t o
q u i n h e n t o s c vinte mil o i t o c e n t o s e setenta
reis, e s t a a d " um c o n t o q u i n h e n t o s e c i n -
c o e n t a e um mil e quinhentos*rci>>, e o saldo
a de s e s s e n t a e n o v e mil t r e s e n t o s e setenta
reis.—Vae á e o m m i s s ã o respectiva. H nada
m a i s h a v e n d o a t r a t a r - s e , o s e n h o r presi-
d e n t e encerra a s e s s ã o , l a v r a n d o - s e esta
a c t a que v a e a s s i g n a d a pela m e s a . E u , I > c '
d r o S o a r e s de A r a u j o , 2 " s e c r e t a r i o , a es-
crevi.—OLVMHO \'ITAI.—Luiz FERNANDES--'
P . SOARES.
289 —

ACTA da 83 sessão ordinária do


Instituto Ilistorico c Geographico do Rio
Grande do Norte.

Presidencia do Kxmo. Sr Desembargador Vicente


de Lemos, vice-presidente.

A ' s doze h o r a s d a m a n h ã de seis de


M a i o de mil n o v e c e n t o s e seis, presentes n a
sede d o I n s t i t u t o os senhores Vicente de
Lemos, Luiz Fernandes, Pedro Soares, J o ã o
B a p t i s t a e A n t o n i o S o a r e s , abre-se a s e s s ã o
sob a presidencia d o s e n h o r Vicente de L e -
mos, 1 9 vice-presidente. F a l t a m com c a u s a
j u s t i f i c a d a os s e n h o r e s O l y m p i o V i t a l , J o s é
Correia, Amorim e J o a q u i m Lourival. S ã o
lidas e a p p r o v a d a s a s a c t a s d a s e s s ã o de
vinte e d o i s de A b r i l e d a s e s s ã o de t r e s de
M a i o . N ã o h a expediente. 0 s e n h o r p r i m e i r o
secretario d e c l a r a que, t e n d o recebido de
s u a exeellencia o s e n h o r d o u t o r G o v e r -
n a d o r do E s t a d o a incumbência de pro-
c u r a r e collecionar d o c u m e n t o s p a r a o
estudo e r e c o n s t r u ç ã o d a n o s s a histo-
r,
a p o l i t i c a , n a s c o m a r c a s de Mossoró,
Apodv, M a r t i n s e Pau dos Ferros, ten-
c i o n a v a t o m a r p a s s a g e m no « J a b o a t ã o » ,
esperado d o s p o r t o s do sul no d i a trese
neste mez, c o m d e s t i n o á A r e i a Branca,
afim de d e s e m p e n h a r - s e d a s u a c o m m i s -
®ào. E m s e g u i d a , d á c o n t a d a s s e g u i n t e s
()fterteis : do consócio Alberto M a r a n h ã o :
j H i s t o r i a t e r r i t o r i a l d o B r a z i l » , p o r Fclis-
ello F r e i r e , 1 . v o l . , R i o de J a n e i r o , 1 9 0 6 ;
-290

«L'illustration thcatrale», jonrnnl d'actua-


lité d r a m a t i q u e , tis. 9, 1 0 , 1 1 . 1 2 , 1 3 , 1 4 ,
1 5 c 1 8 , a n u o de 1 9 0 5 ; « E n s i n o S u p e r i o r e
F a c u l d a d e s L i v r e s , p o r D u n s h e e de A b r a n -
ches, R i o de J a n e i r o , I m p r e n s a N a c i o n a l , R i o
de J a n e i r o , 1 9 0 5 ; «Os m e u s a m o r e s » , p o r
T r i n d a d e C o e l h o , L i s b o a , 1 8 9 1 ; d o conso-
cio V i c e n t e de L e m o s : c o p i a s a u t h e n t i c a s de
n o v e « A l v a r á s » e «Decretos» r e m e t t i d o s a o
adjuncto das rendas geraesdesta capitania,
em 1 8 0 9 ; fio c o n s ó c i o H o n o r i o C a r r i l h o :
um f o l h e t o c o n t e n d o o « D i s c u r s o » q u e pro-
feriu o m e s m o c o n s o c i o n o a n u o de 1 9 0 5 ,
no Grêmio L i t t c r a r i o do C e a r á m i r i m ; do
c o n s o c i o A l f r e d o de C a r v a l h o : « N o t a s D o -
minicaes», 1 8 1 6 , 1 8 1 7 ç 1 8 1 8 , t r a d u z i d a s
d o t n a n u s c r i p t o f r a n c e z , i n é d i t o , de F . I "
Tollenare ; «Phrases e Palavras», Recife,
1906, do m e s m o A l f r e d o de C a r v a l h o ,
Recite, 1 9 0 6 , a u c t o r ; « F u n d a ç ã o de P o r -
t o Alegre, por Augusto Porto Alegre,
1 9 0 6 , d o a u c t o r ; « A n n u a r i o » , de M i n a s Ge~
raes, Bello Horizonte, 1 9 0 6 ; d a s r e s p e c t r
v a s r e d a c ç õ e s , « R e v i s t a d o I n s t i t u t o Geo
g r a p h i c o e H i s t o r i c o d a B a h i a , an no X L
n. 3 0 , 1 9 0 5 ; «A C u l t u r a A e a d e n r c a » , t o n i p
I I , f a s e . I ; «Ad L u c e m » , r e v i s t a l i t t e r o - s c r
e n t i f i c a , d a B a h i a , a r m o I I I , n. X X , M a r ç o ,
1 9 0 6 ; «O M o s s o r o c n s e » , ria c i d a d e d o M<>?'
s o r ó ; «A C i d a d e » , d a c i d a d e d o A s s i t ;
V o z P o t y g u a r » , d a villa de C u r r a e s Novo*®»
«A R e p u b l i c a » , o « D i á r i o d o N a t a l » , o « 0 1 t °
de S e t e m b r o » , o « S é c u l o » , o « T r a b a l h o » -
d e s t a c a p i t a l . O s e n h o r p r e s i d e n t e , salie' 1 "
-291

t a n d o os relevantes serviços prestados j á


a o E s t a d o pelo eminente consocio T a v a r e s
de L \ r a , a c t u a l G o v e r n a d o r , s e m p r e s o l i c i t o
em f o m e n t a r e a c t i v a r o p r o g r e s s o m o r a l e
material do Rio Grande do Norte, applaude
a p a t r i ó t i c a i n i c i a t i v a de q u e a c a b a de d a r
noticia o senhor primeiro secretario, eon-
g r a t u l a n d o - s e com este e com o I n s t i t u t o
pela escolha que t ã o d i g n a m e n t e recahira
na s u a p e s s o a , a s s e g u r a n d o que o I n s t i t u t o
H i s t o r i c o t e m r a z ã o de o r g u l h a r - s e de m a i s
e s t e t e s t e m u n h o de r e c o n h e c i m e n t o d o s
seus esforços cm prol do R i o G r a n d e do
N o r t e e a u g u r a n d o f e c u n d a m e s s e de e l e -
m e n t o s que s e g u r a m e n t e v ã o ser a r r e b a t a -
d o s á s t r a ç a s e á poeira d o s a r c h i v o s , pelo
i n c a n ç a v c l e o m m i s s i o n a d o , de c u j o zelo me-
t h o d i c o e i n v e s t i g a d o r t u d o se d e v e e s p e r a r .
Concluindo, nomea uma comtnissão, com-
posta dos senhores J o ã o B a p t i s t a , Amorim
e J o s é Correia, para a c o m p a n h a r o senhor
1 9 s e c r e t a r i o a o c a e s de e m b a r q u e . B n a d a
m a i s h a v e n d o a t r a t a r se, l e v a n t a - s e a, ses-
s ã o , l a v r a n d o se e s t a a c t a , a s s i m i l a d a p e l a
m e s a . E u , P e d r o S o a r e s de A r a u j o , 2 o secre-
t a r i o , a e s c r e v i . — V I C E N T E DE LEMOS-Luiz
FERNANDES—P. SOARES.
—292 —

ACTA da 84 sessão ordinário do


Instituto Historico c Geographico do
Rio (irando do Norte.

Presidência (lo lvxmo. Sr. Dr. Olympio Vital.

A o s vinte d i a s do mez de M a i o d o a n n o
de mil n o v e c e n t o s e seis, 110 l o g a r e h o r a do
c o s t u m e , presentes o s s e n h o r e s O l y m p i o Vi-
t a l , P e d r o S o a r e s . A n t o n i o S o a r e s , Vicente
de L e m o s e J o ã o B a p t i s t a , toi a b e r t a a ses-
s ã o . N a f a l t a d o s e n h o r I o s e c r e t a r i o , occu-
pou a respectiva cadeira o senhor Pedro
S o a r e s , sendo c o n v i d a d o p a r a substituir
este, 11a c a d e i r a de 2'-' s e c r e t a r i o , o s e n h o r
A n t o n i o S o a r e s . F o i lida e sem d e b a t e a p -
p r o v a d a a a c t a d a s e s s ã o a n t e r i o r . N ã o ha-
v e n d o expediente nem o r d e m d o d i a , o se-
n h o r presidente encerrou a s e s s ã o ; d o que,
p a r a c o n s t a r , eu, A n t o n i o S o a r e s de A r a u j o ,
s e r v i n d o de 2 9 s e c r e t a r i o , l a v r e i a p r e s e n t e
acta.—OLYMPIO VITAL—P. SOARKS—ANTO-
NIO S O A R K S D E ARAUJO.

ACTA da 85 sessão ordinal ia do


Instituto Histórica e Geographico do
Rio Grande do Norte.

Presidencia do Exmo. Sr. Dr. Olympio Vital

A o s t r e s d i a s d o mez de J u n h o . d e wij
n o v e c e n t o s e seis, n e s t a c i d a d e de N a t a l , «M
-293

h o r a do c o s t u m e , e na sede social, reuniu-se


o Instituto Historico e Geographico, sob a
presidencia d o s e n h o r O l v m p i o V i t a l , ser-
v i n d o de 1 ° s e c r e t a r i o o s e n h o r P e d r o So.a-
res, e de 29 o socio T h o m a z L a n d i m . C o m -
p a r e c e r a m os senhores O l y m p i o V i t a l , Vicente
de I vemos, P e d r o S o a r e s , J o s é C o i reia, J o ã o
Baptista,Landim,Valle Mirand a,Luiz Emyg-
d i o , C a l d a s , A n t o n i o S o a r e s e S e g u n d o Wan-
derley. F a l t a r a m c o m c a u s a p a r t i c i p a d a os
senhores L u i z F e r n a n d e s , P a d r e C a l a z a n s ,
Hemetério F e r n a n d e s , n e d r o A m o r i m e L o u -
v a i . A b e r t a a s e s s ã o e n ã o se a c h a n d o a a c t a
d a s e s s ã o a n t e r i o r s o b r e a m e s a , d e i x o u de ser
lida c a p p r ô v a d n . O 1 9 s e c r e t a r i o deu c o n t a
do s e g u i n t e Expediente : u m a c i r c u l a r d o
C o n g r e s s o G e o l o g i c o Intei n a c i o n a l , X s e s s ã o
de 1 9 0 6 . s o l i c i t a n d o a d h e s ã o e i n s c r i p ç ã o de
sócios ; um otficio do c o n s o c i o dr. L u i z J o s é
Pereira R e g o F i l h o , a g r a d e c e n d o a s u a elei-
ç ã o de s o u o c o r r e s p o n d e n t e . F o i lido c ap-
provf.do o parecer da conimissão detazenda
e
o r ç a m e n t o , referente á s c o n t a s a p r e s e n t a -
d a s pelo t h e s o u r e i r o , no p e r i o d o de t r e s de
M a i o de 1 9 0 5 findo, a tres de M a i o corrente,
c
° m utn v o t o de l o u v o r a o m e s m o thesou-
' e i r o , pelo d e s e m p e n h o s a t i s f a c t o r i o do
Car
g o . 0 socio ]osé C o r r e i a , agradecendo o
v
° t o de l o u v o r , c o m m u n i c o u que a c o m m i s -
R
no n o m e a d a p a r a a s s i s t i r a o e m b a r q u e d o
Cf
>nsocio L u i z F e r n a n d e s c u m p r i u o seu de-
ver. o 1 9 s e c r e t a r i o deu c o n t a d a s s e g u i n t e s
<}
flertas : pelo G o v e r n o d o E s t a d o : "Diccio-
n
a r i o G e o g r a p h i c o d o B r a z i l " , p o r Altredo
M o r e i r n P i n t o , 3 v o l u m e s , Rio de J a n e i r o ,
Imprensa Nacional, 1 8 9 2 ; " C a r t a s Jesuí-
t i c a s " , de M a n u e l d a N ó b r e g a , 1 5 4 9 a 1 5 6 0 ,
R i o de J a n e i r o , I m p r e n s a N a c i o n a l , 1 8 8 6 ;
" V i d a d o M a r q u e z de B a r b a c e n a " , p o r A n -
t o n i o A u g u s t o de A g u i a r , Rio de J a n e i r o ,
I m p r e n s a N a c i o n a l , 1 8 8 6 ; " D i c c i o n a r i o Bi*
bliographico B r a s i l e i r o p e l o Dr. Au-
gusto Victorino Alves Sacramento Bla-
kes, 7 vols., Rio de J a n e i r o , I m p r e n s a N a -
c i o n a l , 1 3 8 3 a 1 9 0 2 ; " R e l a ç ã o d o s cida-
d ã o s que t o m a r a m p a r t e no G o v . ; r n o d o
B r a z i l , de M a i o de 1 8 0 8 a 1 5 de N o v e m b r o
de 1 8 8 0 . p o r M. A. G., Rio de J a n e i r o , I m -
p r e n s a N a c i o n a l , 1 8 9 6 ; « C a r t a d a Republi-
ca d o s E s t a d o s Unidos d o Brazil», pelo I)r.
J o ã o C r o c k a t t de S á P e r e i r a e C a s t r o , o r -
g a n i z a d a e r e c t i f i c a d a , e m 1 8 9 2 , d c o r d e m do
e n t ã o M i n i s t r o d a I n d u s t r i a e V i a ç ã o , Dr.
Inuocencio Serzedcllo ; pelo c o n s o c i o Ma-
nuel C a l d a s : " D i c c i o n a r i o d a lingua T u p y " .
p o r A. G o n ç a l v e s Dias, L e i p z i g , 1 8 5 8 — 1
v o l . " C b r i s t o m a t i a da l i n g u a B r a z i l i c a " .
pelo dr. E r n e s t o F e r r e i r a F r a n ç a , Leipzig»
1 8 5 9 — 1 v o l ; pela S e c r e t a r i a d o G o v e r -
no E s t a d u a l : " M e n s a g e m " a p r e s e n t a d a a o
C o n g r e s s o N a c i o n a l , na 1 " s e s s ã o d a 6^ Le
g i s l a t u r a , pelo P r e s i d e n t e d a -Republica, Dr.
F r a n c i s c o de P a u l a R o d r i g u e s A l v e s ; R i °
de J a n e i r o , 1 9 0 6 ; pelo c o n s o c i o dr. Vicente
F e r r e r de B a r r o s W a n d e r l e y A r a u j o :
e x e c u ç ã o de S i l v i n o de M a c e d o " , pelo mes-
m o c o n s o c i o , 2^ edic, Recife, 1 9 0 6 ; pelo des-
e m b a r g a d o r A. F . d e S o u z a P i t a n g a : " D , s "
—295 —

purso" proferido pel" mesmo desembarga-


dor, n a s e s s ã o m a g n a do I n s t i t u t o H i s t ó r i -
co e G e o g r a p h i c o Brasileiro— Rio de J a n e i -
ro, 1 9 0 6 ; pelo d e s e m b a r g a d o r (consocio)
F r a n c i s c o S. M e i r a e S á : " R c l a t o r i o a p r e -
s e n t a d o pelo presidente d a d i r e c t o r i a d a
previdente n a t a l e n s e á a s s e m b l é a g e r a l ,
N a t a l , 1 9 0 0 ; pelo dr. C a n d i d o D u a r t e :
" M o n o g r a p h i a do Instituto Pernambu-
c a n o " , d i r i g i d o pelo m e s m o dr.—Recife,
1 9 0 6 ; p e l a s r e s p e c t i v a s redacções : - ' ' C o n i -
m e n t a r i o s " , r e v i s t a mensal, n. 1 , serie 4?—
Rio de J a n e i r o , 1 9 0 0 ; " A E v o l u ç ã o " , de M a -
n a u s ; " O M o s s o r o e n s e " , do M o s s o r ó ; " A
C i d a d e " , n. 7 , do A s n i ; " A Voz P o t y g u a r " ,
de C u r r a e s N o v o s ; " A R e p u b l i c a " , " o " D i a -
Ho d o N a t a l " , o " O i t o de S e t e m b r o " c " O
I r a b a l b o " , d e s t a c a p i t a l . A c c v i t a s com a -
g r a d o , se a s m a n d o u a r c b i v a r . O b t e n d o a
p a l a v r a , o socio Vicente de L e m o s indica a
n o m e a ç ã o de u m a c o m m i s s ã o p a r a cumpri-
m e n t a r S. E x . o f u t u r o presidente d a repu-
blica, dr. A l f o n s o A. M o r e i r a P e n n a , na s u a
P r ó x i m a v i n d a a e s t a c a p i t a l . P o s t a a vo-
to
s a indicação, c unanimemente a p p r o v a d a ,
0
n o m e a d a u m a c o m m i s s ã o d o s sócios Vi-
cente de L e m o s , P i n t o de Abreu, J o s é C o r -
n
'ia, Valle M i r a n d a e S e g u n d o Wanderley.
H socio L u i z F m y g d i o p r o p õ e que o Insti-
t u t o insira n a a c t a um v o t o de pczar pela
ni
° r t e d o V i s c o n d e de B a r b a c e n a . P o s t a a
['"tos, a indicação é a p p r o v a d a . Nada mais
h a v e n d o a t r a t a r , e n c e r r a - s e a s e s s ã o . F eu,
1 b o n i a s L a n d i m , s e r v i n d o de 2 ? secretario,
—296

escrevi e s t a a c t a que a s s i g n o c o m a m e s a . — .
OLYMPIO V I T A L . — P . SOARES.—TIIOMAZ LAN-
DIM.

A a c t a d a c e s s ã o s o l e m n e , r e a l i z a d a em
7 de J u n h o de 1 9 0 6 , em que se c o m m e m o r o u
o S 9 ° a n n i v < a ' s a r i o d o m a r t y r i o de F r e i Mi-
guelinho, acha-se publicada, com d e t a l h a d a
n o t i c i a d a s t e s t a s e n t ã o c e l e b r a d a s , n a RE-
VISTA d e s t e I n s t i t u t o , v o l . IV n. I I , J u l h o —
1906.
Dr. Olympic Vital
Doloroso tributo este que a nossa vene-
ração e a nossa saudade mandam render ao
consocio eminente, ha quatro annos já, desa-
pparecido dentre nós. A competencia e a i n -
tegridade moral do homem e do magistrado
nelle remataram no florão austero das g r a n -
des virtudes civicas.
T ã o legitimamente reconhecíamos no
consocio extincto as superiores qualidades
adqueridas pelo seu talento e saber', cada vez
'"nais retemperando o seu caracter de homem de
hem que, quando organisado o Instituto, pro-
curámos pôr á frente dos nossos trabalhos
quem nos symbolisasse uma vontade e um
exemplo, foi sobre o seu nome que recahiram
° s nossos suffragios unanimes ; e desde esse
(,
ia até o de sua morte presidiu sabiamente os
nossos destinos.
C o n s a g r a n d o - s e á nobre sciencia de jul-
gar, nelle a Justiça teve sempre o mais imper-
te
rrito defensor de suas serenas decisões, o
^ a i s fiel executor dos seus princípios de equi-
dade.
E tão superiormente se impozera no con-
ceito dos seus contenporaneos que a elle con-
f e r i r a m , s u c c e s s i v a s vezes, os c a r g o s de mai-
or r e s p o n s a l i d a d e nos negocios públicos da-
quelles t e m p o s . — I n t e l l i g e n c i a vivaz, e n e r g i a
inteiriça, v o n t a d e solida, f o r a m os coeficientes
s e g u r o s de suas c o n s t a n t e s victorias na vida
laboriosa e fecunda.
F o r m a d o em sciencias jurídicas e socia-
es pela E s c o l a do R e c i f e , a 1 7 de N o v e m b r o
de 1860, occupou logo depois, interinamente,
c c a r g o de P r o m o t o r publico d a capital d a
B a h i a , sua terra natal, d e d i c a n d o - s e , logo de-
pois, á a d v o g a c i a na c o m a r c a d a F e i r a de
S a n t ' A n n a , sendo, então, n o m e a d o p r o m o t o r
publico d e s s a c o m a r c a , a o c o m e ç o , interi-
n a m e n t e , depois e f f e c t i v ã m e n t e .
P o r d e c r e t o de 3 de N o v e m b r o de 1 8 7 0 , foi
n o m e a d o J u i z Municipal e de O r p h ã o s do ter-
mo de N a z a r e t h , onde p e r m a n e c e u até 23 de
Outubro de 1 8 7 3 , sendo, a 1 1 do m e s m o m e z
e anno, d e s p a c h a d o J u i z de direito d a c o m a r -
c a de C a m i s ã o .
F m d i v e r s a s legislaturas, exerceu a s func-
ções de m e m b r o da A s s e m b l é a L e g i s l a t i v a da-
quella e n t ã o P r o v í n c i a . P o r decr. de 20 dc
J u l h o de 1 8 7 8 , foi r e m o v i d o da c o m a r c a de
C a m i s ã o , na B a h i a , p a r a a de M a c á u , neste
E s t a d o . A 4 de N o v e m b r o de 1 8 8 6 n o m e a d o
chefe de Policia d a e n t ã o P r o v í n c i a do C e a r á ,
alli chegou a 29 do m e s m o rrez, c o n s e r v a n d o -
se naquelle J o g a r de g r a n d e d e s t a q u e até 24 de
F e v e r e i r o de 1888.
N a s f u n e ç õ e s d e s s e c a r g o , prestou o pre-
c l a r o consocio s e r v i ç o s tia maior relevância
a o E s t a d o visinho. F ainda hoje o seu nome e
al li r e c o r d a d o c o m o um e x e m p l o de energia,
de prudência e de saber. A 20 de F e v e r e i r o de
1888, foi distinguido com a n o m e a ç ã o de pre
sidente da a n t i g a P r o v í n c i a de S e r g i p e , assu-
mindo a a d m i n i s t r a ç ã o a 1 9 de M a r ç o , dei-
x a n d o - a a 1 3 de J u l h o do m e s m o anno.
P r o c l a m a d a a Republica, foi n o m e a d o des-
e m b a r g a d o r m e m b r o do S u p e r i o r T r i b u n a l
de J u s t i ç a deste E s t a d o , a 27 de J u n h o de
1892.
P o r e s s e tempo, esteve em c o m m i s s ã o do
c a r g o de C h e f e de Policia, interino, de 1 2 a
25 de Abril e de 1 5 de S e t e m b r o a 3 0 de Ou-
tubro de ] 894, tendo neste ultimo período se-
guido p a r a a villa de S . Miguel da c o m a r c a de
P ã o dos F e r r o s , por ter sido alli a l t e r a d a a
tranquillidade publica com a p r e s e n ç a de cri
minosos e b a n d i d o s que a i n f e s t a v a m .
P o r decr. de 1 6 de N o v e m b r o de 1896, foi
n o m e a d o J u i z F e d e r a l , nesta S e c ç ã o , assu-
mindo o exercício em 6 de D e z e m b r o do m e s
nio anno, s e n d o por decr. de 28 de Outubro
de 1809 a p o s e n t a d o , por solicitação própria,
devido á sua e d a d e r e l a t i v a m e n t e a v a n ç a d a e
estado precário de saúde.
Q u a n d o em 1909 t o d a s a s a s s o c i a ç õ e s li-
b e r a r i a s do E s t a d o se reuniram nesta capital,
Para tentar e l e v a r a effeito a i n a u g u r a ç ã o de um
monumento A insigne e s c r i p t o r a patrícia Nizia
f l o r e s t a , foi S . E x c i a . c o n v i d a d o p a r a presidir
a
e s s a s reuniões, c o m o um tributo justo d a
Mocidade a o s e l e v a d o s dotes intellectuaes e
Moraes do e m i n e n t í s s i m o c o n f r a d e .
O dr. O l y m p i o Vital era filho legitimo do
300 —

coronel Manoel P e d r o dos S a n t o s V i t a l e D . M a -


ria Leopoldina dos S a n t o s Vital. Nasceu a 1 5
de J a n e i r o de 1839, na cidade da F e i r a de S a n t '
A n n a , e n t ã o villa, do actual E s t a d o da B a h i a .
Aqui casou-se, em segundas núpcias, com a
E x m a . S r ; i I). Amélia Izabel da Costa, que
passou a c h a m a r - s e Amélia Costa dos S a n t o s
Vital.
Poucos mezes restaram ao consocio illus-
tre de existencia após deixar a vida publica,
vindo a fallecer, nesta capital, a 19 de F e v e -
reiro de 1 9 1 0 .
F o i sob sua presidencia que o Instituto
líistorico e G e o g r a p h i c o , realizou a mais im-
ponente festa civica de que ha noticia no Es-
tado, s a g r a n d o de uma maneira brilhante o
nome perfulgente c eterno do patriota de 1 7 —
Miguel J o a q u i m de Almeida C a s t r o - - o Migue-
linho.
Dr. Joaquim Nabuco
EMBAIXADOR

O dr. J o a q u i m N a b u c o , se cio honorário


do Instituto H i s t o r i c o e G e o g r a p h i c o i}o R i o
O r a n d e do N o r t e , cuja morte c a u s o u um a b a -
p r o f u n d o em todo o B r a z i l e teve m e s m o
dolorosa r e p e r c u s s ã o no e x t r a n g e i r o , foi um
g r a n d e servidor d a P a t r i a c u m a notabilidade
R
ul a m e r i c a n a .
D e s c e n d e n t e de um d o s m a i o r e s estndis-
do I m p e t i o , iniciou, logo A s a b i d a dos ban-
cos a c a d ê m i c o s , u m a c a r r e i r a brilhante que
Sf
>ube m a n t e r até os últimos m o m e n t o s de sua
vj
d a publica.
A s t e n d e n c i a s do seu espirito c sua edu
caç.to litteraria a t r a h i r a m - n o c e d o p a r a a di-
plomacia o n d e o j o v e n r e p r e s e n t a n t e de u m a
notável g e r a ç ã o de braziieiros conseguiu im-
P ° r - s e A a m i z a d e e a o a p r e ç o de h o m e n s su-
periores do V e l h o M u n d o , c o m o E r n e s t o R e -
p a r a só f a l a r neste.
D e volta ao Brazil, o abolicionismo em-
P°lgou-o na celebre campanha do Recife em
8 U e o tribuno ardoroso, servido por uma d i a -
bética impeccavel, um pensamento profundo
e
Uma figura dominadora, chegou ao ponto de
d e r r o t a r o próprio g o v e r n o de ent;To, na p e s -
s o a de um de seus ministros mais poderosos.
O termino d a c a m p a n h a abolicionista,
s e g u i d o logo a p o z pela p r o c l a m a ç ã o d a Repu-
blica, cujos princípios, a p e z a r da similitude com
o l i b e r a l i s m o de N a b u c o , p a r e c e r a m - l h e ir de
e n c o n t r o a o p o n r o de honra m a n t i d o pela tra-
d i ç ã o de um s e r v i d o r da m o n a r c h i a , a f a s t a -
r a m - n o por um m o m e n t o do s c é n a r i o politico,
em proveito d a s lettras históricas, á s q u a c s
elevou um v e r d a d e i r o m o n u m e n t o com o h*
v r o — « U m e s t a d i s t a do império».
A q u e s t ã o do limites entre o B r a z i l e a
G u y a n a íngleza, submettida ao arbitramento
do rei d a Italia, c h a m o u o e m i n e n t e brazileiro
á a c t i v i d a d e d i p l o m a t i c a c o m o plenipotenciá-
rio do B r a z i l em m i s s ã o e s p e c i a l junto a o Qui*
rinal.
J u l g a n d o que s u a s idéas politicas o
inhibiam de p r e s t a r s e r v i ç o s á n a ç ã o , accei-
tou a l e g a ç ã o brazileira em L o n d r e s , ond«
m e r e c e u a c o n s i d e r a ç ã o e a e s t i m a do gover-
no e d a alta s o c i e d a d e britannica.
C r e a d a a e m b a i x a d a do B r a z i l nos Esta-
d o s U n i d o s d a A m e r i c a do N o r t e , foi-lhe con-
f i a d o este posto de alta r e p r e s e n t a ç ã o interna-
cional, o n d e c o n s e g u i u u m a p o s i ç ã o de verda
deiro d e s t a q u e , t o r n a n d o se u m a d a s figura?
m a i s salientes no m u n d o d i p l o m á t i c o de \ V a ? '
n0>
hington, trabalhando, esforçadamente,
c o n g r e s s o s , n a s c o n f e r e n c i a s e nas c h a n c e l é '
rias, pela u n i ã o d a s n a ç õ e s a m e r i c a n a s .
Q u a n d o m o r r e u , no seu posto de activid^'
de e t r a b a l h o , o g o v e r n o a m e r i c a n o tribut' , u '
lhe honras excepcionaes, difficeis dc obter por
um extrangeiro, querendo m o s t r a ; nesse gesto
que reconhecia nelle nflo só o representante
de uma poderosa n a ç ã o a m i g a , como também
o expoente de uma raça de g r a n d e s homens c
uma alta personalidade mundial.
O Instituto Historico do R i o G r a n d e do
Norte, prestando a homenagem de sua sau-
dade immorredoura ao eminente consocio, pu-
blica hoje na sua Revista a carta a u t o g r a p h a
na qual o dr. J o a q u i m N a b u c c , a g r a d e c e n d o
s
u a eleição, offereceu á bibliotheca uma col-
lecção completa dos trabalhos por elle publi-
cados na arbitragem da questão de limites
c
o m a G u y a n a Ingleza, condensados em nove
volumes.
E i s a carta que figura entre os mais pre-
ciosos documentos da collecção do Instituto :
«Rio, i de Outubro de 1906.
E x m o . S r . P. S o a r e s de Araujo, S e c r e -
tario do Instituto Historico e G e o g r a p h i c o do
Kfo Cirande do Norte.
Rogo-lhc apresentar a c r s e Instituto os
fneus a g r a d e c i m e n t o s pela honra que me fez
inscrevendo-mc entre os seus socios honorn-
nos c acccital-os pelos termos em que Y . E x .
l-
ne fez tão grata communicnção,
T e n h o a honra dc ser de V . E x .
Att. Patrício e Cr.
JOAQUIM NABUCO».
-

i
. ]
NDICE DO VOL. IX

PAG.

i Aspectos norte rio-grandenses, pelo consocio Domingos

Barros 5

II Nota avulsa Proclamação de F«ei Miguelinho 42

III Revoluçãa do 1H17 documentos 43

IV CnbraiH-.. d« dízimos t m 1812- interessa aos limites do Rio


1
Grande do Norte com a Parahyba '

V A Imprensa Periódica no Kio Grande do Norte, peloconso


9
cio Luiz Fernandes
VI Repertorio das leis estadnaes referentes aos municípios.

pelo consocio Pedro Soares


~ . 191
266
Vil Nota avulsa Os Potyguares
VIU Actas das sessões do instituto Janeiro e Junho de

IX Dr Olympio Vital Traços biographicos '><


X Dr Joaquim Nabuco, embaixador Iraços biographicos 301
> I'


REVISTA
IX)

Rio G r a n d e d o N o r t e
F u n d a d o em d e M a r ç o d e D)0'2

YOU'MEX NI'M KR OS I K II

I 9 12 r
/'rncitrii.
rrsMseitn r tambcm
us mrworitts i/u pu!n'a
t/t! fftl/Ù'Hlt óbsctiTtthf
i/f fin i/iti' /ti :iam
ah1 agora
Ai K\ »NDüií IMÎfiintuito.

ATEI.!!;!! T Y l'Ol i R A i' III CO


M. VlrTQKINOit <
\venid« Kio Branco .i-»
NAIAL 191. KKA/II
D e s e m b a r g a d o r L u i z M. F e r n a n d e s Sobrinho
1 9 V i c e Presidente do Instituto.
4* *
fíNNO SOCIAL DE 1912 A 1913
PRESIDENTE

Desembargador Vicente Simões Pereira de Lemos

VICE PRESIDENTES

i ' Desembargador I.uiz Manuel Fernandes Sobrinho


.'" Coronel Pedro Soares de Araujo

SECRETÁRIOS

Desembargador Luiz T a v a r e s de L y r a
Dr Nestor dos Santos Lima

S I I P P L E N T E S DO ."SECRETARIO

Dr. T h i m a z Landim
P a d r e J i v é do Calazans Pinheiro

«ORADOR

!).• F r a n c i s c o Pinto d<» Abreu

AD.IIINTb DO O R A D O R

Dr. Sebastião Fernandes de Oliveira

T H E S O U R E I tO

De«:embai);adnr João Dionysia Filgueira

COM MISSÃO D E r S I A TU TOS E


K l Ü > A < V . V O HA R E V I S T A

Desembargador I.niz Manuel Fernandes Sobrinho


D r . Antonio Soares de Araujo
Dr Henrique Castriciano de Souza

COM MISSÃO D E F A Z E N D A E O R Ç A M E N T O

Ur. F r a n c i s c o G o m e s Valle Miranda


Coronel L u i z Emygdio Pinheiro tia Camara
Dr. Manuel Hemeterio R a p o o d - M » lio II
SECCAS DO NORTE

Cabotagem Nacional
DISCURSO pronunciado no Congresso Nacio-
nal pelo Dr. Eloy de Souza, sócio do Instituto Histó-
rico e Geographico do Hio Grande do Norte, na ses-
silo de 2« de Novembro de 1096.

f ^ ) S R . E L O Y D E S O U Z A - S r . Presidente,
não será um discurso. Trouxe-me a tri-
buna tarefa mais modesta, circumscripta a
Justificativa de emendas que entendem com
a
realização de serviços 110 E s t a d o que t e -
nho a honra, bem imtnerecida, em verdade,
de representar nesta C a s a .
Duas destas emendas, pela natureza
dos melhoramentos que ellas visam prover,
merecem considerações, embora desvaho-
vSíl
s, mas ein todo caso necessarias, ao me-
nos como informação 110 v o t o que a C a m a -
ra tiver de proferir para a p p r o v a l - a s ou re-
jeitai as.
U m a reíere-sc a o p r o b l e m a d a s s e c e a s ;
a o u t r a diz r e s p e i t o a o p o r t o de N a t a l , offe-
r e e e n d o - m e o e n s e j o de d i s c u t i r o c o n t r a c t o
d o L i o y d, o s s e u s f r e t e s , o s o n u s e o b s t á c u -
l o s o p p o s t o s á n a v e g a ç ã o n a c i o n a l , n o pen-
s a m e n t o de que. r e s u l t a r á d e s t a c r i t i c a a l -
g u m bem á n o s s a c a b o t a g e m , que p ó d c e
d e v e v i v e r c o m o c o m p l e m e n t o d e u m a poli-
tica economiea, racional e efficaz.
R e l a t i v a m e n t e á s seccas, a circuinstan-
cia de r e p r e s e n t a r u m E s t a d o d o s m a i s íla-
g e l l a d o s p e l a v i s i t a p e r i ó d i c a de c r i s e s cli-
m a t é r i c a s , a l t a m e n t e p r e j u d i c i a e s a o desen-
v o l v i m e n t o e a o p r o g r e s s o de u m a v a s t a
r e g i ã o d o n o r t e , me fez v e n c e r a n a t u r a l ti-
midez, refle A'o de u m a i n c o m p e t ê n c i a q « e
n ã o d i s s i m u l o , p a r a v i r dizer, s i n c e r a m e n t e
e sem p a i x ã o , o meu d e p o i m e n t o , n a espe-
r a n ç a de v e r p r o b l e m a de t a l r e l e v a n c i a de-
finitivamente resolvido.
T e n h o , S r . P r e s i d e n t e , u m a g r a n d e e i' n *
m e n s a fé nr. o b r a d a f e d e r a ç ã o .
N ã o d e s d e n h a n d o o p a s s a d o , a n t ;s o a-
m a n d o n o q u i n h ã o d e g l o r i a s p o r ellc c o n -
quistadas para a civilização—formando.
c u s t a d o t a c t o d o s g r a n d e s h o m e n s que 0
s e r v i r a m , u m a n a c i o n a l i d a d e f o r t e , toleran-
te e c u l t a — e s t o u , e n t r e t a n t o , c o n v e n c i ^ 0
de que e n c o n t r á m o s n a f e d e r a ç ã o a íóri»a
d e f i n i t i v a de g o v e r n o , o a p p a r e l h o r f l a ! s
p e r f e i t o , p a r a a t t i n g i r i n o s m e l h o r e ni»'- s
d e p r e s s a o s a l t o s d e s t i n o s q u e n o s e s t ã o i"L''
servados. (Muito bem.)
E' tão certo n ã o devermos á Republ' c í l
os predicados priinordiaes do nosso cara-
cter no que rei peita, á bondade nativa, á
probidade nos negocios, á moralidade na
faniilia, ao carinho na hospitalidade, á con-
fiança no acolher c amar o"cxtrangeiro, co-
mo c certo o termos adqtiii ido com a nova
fói"ma de governo qualidades dynamicas,
assignaladas por uma actividade mais vas-
ta, ambições legitimas e maiores, melhor
eomprehensâo dos deveres do Estado, ape-
go mais forte e interesse mais acceutuado
pelos negocios públicos. Assim enriquecidas
as torças activas da nação puderam contri-
buir para um progresso material accelerado
e ascendente, tanto mais real e positivo,
quanto o vemos realizado, ainda nas me-
nores circumscripções politicas
Crcando um patriotismo novo, o do a-
mor á terra onde cada um de nós nasceu ou
elegeu por sua, a federação vae asseguran-
do, com a prosperidade de cada um dos Es-
tados, a prosperidade da própria nação,
transmudando assim para breve tempo uma
desharmonla apparente na mais perleita
unidade.
Não sou dos que pensam (pie preferencias
^•ographicas tenham deixado os Estados
do norte 11a situação de inferioridade em
(iue muitos ou quasi todos *e encontram,
c,n Confronto com os seus irmãos do sul, al-
ííUns dos quaes fazem justamente o nosso

orgulho.
Prefiro buscar entre as causas de retar-
üf*mento do progresso do norte aquella (pie.
sendo a mais a n t i g a e constante, melhor
p a r e c e e x p í i c a l - o — u m p a s s a d o de l u t a s , e m
verdade o r i e n t a d a s pela m i s s ã o que duran-
te l a r g o s a n n o s n o s c o u b e de d e f e n d e r o li-
t t o r a l , p a r a q u e se p u d e s s e r e a l i z a r , c o m o
successo conhecido, a o b r a d o s b a n d e i r a n -
tes, n a a s p e r a c o n q u i s t a do sertão.
D u a s v e z e s p r e c i s á m o s de a s s e g u r a r a
i n t e g r i d a d e d a P a t r i a , e, q u a n d o o s a n g u e
d a s tres r a ç a s que e n t r a r a m na nossa for-
m a ç ã o e t h n i c a e n s o p a v a o s o l o de o n d e o
e x t r a n g e i r o i n v a s o r t e v e de r e c u a r d e s b a r a -
t a d o e vencido, mal s a b i a m os que o derra-
m a r a m , n a inconsciência com que os íactos
s o c i a e s se p r o c e s s a m , o e x t r a o r d i n á r i o v a -
l o r q u e a q u e l l e o b s c u r o s a c r i f í c i o represen-
t a v a para a nossa grandeza commum.
Os q u e me o u v e m s a b e m o s v i c i o s d e or-
g a n i z a ç ã o que dahi resultaram, j á influindo
n o m o d o d e f i n i t i v o p o r q u e se o p e r o u o po-
v o a m e n t o d a q u e l l a s regiões, j á c r e a n d o nm
r e g i m e n e c o n o m i c o e s o c i a l d e t e r m i n a n t e de
r e a c ç õ e s p o l i t i c a s p o s t e r i o r e s , si b e m que
j u s t i f i c a d a s pela g r a n d e z a dos sentimentos
q u e a s d i c t a r a m ; em t o d o c a s o , m a l obje-
c t i v a d a s e d e s a s t r o s a s , si, p o r v e n t u r a , (>
s o n h o d a q u e l l e s p a t r i o t a s se h o u v e s s e rea-
lizado.
E n c a r o , s r . P r e s i d e n t e , e s s e s phenome^-
n o s d a n o s s a v i d a n a c i o n a l , a q u i imperfei-
t a m e n t e e s b o ç a d o s , c o m a c a l m a de q u e m ,
o s t e n d o m e d i t a d a c o m o d e s e j o de t i r a r
delles a l g u m e n s i n a m e n t o , c h e g o u á convi-
c ç ã o p r o f u n d a de q u e u m a f a t a l i d a d e his-
— 9—

t o r i e a crcou p a r a o n o r t e um a m b i e n t e po-
litico-social em que o h o m e m , p o s s u i d o r de
q u a l i d a d e s intellectuaes superiores, s o m e n t e
a g o r a as vae disciplinando p a r a as luctas
da vida pratica, p r o d u c t i v a e fecunda.
D e i x a n d o c o n s i g n a d a s e s t a s idcas, o
meu fim p r i n c i p a l é a s s i g n a l a r a superiori-
d a d e d o s meus i n t u i t o s , q u a n d o v e n h o di-
zer a o s p o d e r e s p ú b l i c o s d o meu p a i z que é
urgente c inadiavél resolver éfficazmente o
p r o b l e m a d a s seccas d o n o r t e , m e d i d a eco-
n o m i c a de a l c a n c e i n c a l c u l á v e l , c o m o pre-
t e n d o d e m o n s t r a r . D e s e j a n d o t r a t a r o as-
s u m p t o s o b t o d o s o s seus a s p e c t o s , e m b o -
ra s u c c i n t a m e n t e , r e l e v e - m e a C a m a r a c o -
m e ç a r p o r f a z e r o r e s u m o de a l g u m a s d a -
'luellas c a l a m i d a d e s que m a i s p r e j u í z o s a-
e a r r e t a r a i n a o s p o v o s d a b a c i a d o S. F r a n -
cisco, s e g u n d o o excellente t e s t e m u n h o d o
S e n a d o r P o m p e u e d o s d o c u m e n t o s , ehroni-
ens e t r a d i ç õ e s a. que r e c o r r i .
Um f a c t o , sr. P r e s i d e n t e , c u m p r e d e s t a -
car desde l o g o , e é que n a s r e p e t i d a s s e c c a s
que teem a s s o l a d o o n o r t e d o B r a z i l , desde
()
s t e m p o s c o l o n i a e s a t é hoje, a i n t e r v e n ç ã o
(
l<> G o v e r n o p o u c o t e m a p r o v e i t a d o , e, p o r
niais de u m a vez, foi de e f f e i t o s d e s a s t r o s o s ,
Pela f a l t a de m e t h o d o n a d i s t r i b u i ç ã o d o s
dinheiros p ú b l i c o s , s e m p r e a t i t u l o de soc-
o r r o s , e n v i a d o s á s regiões fiagelladas, á
ll()
ra n o n a d o seu a n n i q u i l a i n e n t o , q u a d o
uào é p o s s í v e l a p p l i c a l - o s c o n v e n i e n t e m e n
te
- F o i a s s i m em 1 7 9 1 a 1 7 9 3 , p o r o c c a s i á o
c a
' g r a n d e secca.quc,abrangendo t o d a a anti-
— 10 -

g a c a p i t a n i a g e r a l do P e r n a m b u c o , c o m e ç a n -
d o na B a h i a e Sergipe, estendeu-se até o
norte do M a r a n h ã o e P i a u h y , n a d a pou-
p a n d o , nem h o m e n s nem l e r a s , c o m b a t e u
d o a v i d a onde quer que ella existisse. A s
chronicas desses t e m p o s r e m o t o s n a r r a m
t r a g e d i a s que nenhuma i m a g i n a ç ã o ousa-
s a r i a crcar.
A y r e s d o C a s a l a f í i r m a q u e s e t e d a s fre-
g u e s i a s e x i s t e n t e s n o C e a r á t i c a r a m deser-
t a s . A v i u v a d o c a p i t ã o N o b r e de A l m e i d a ,
de P e r n a m b u c o , e m u m m e m o r i a l d i r i g i d o a
E l - R e i , diz q u e m u i t a s p e s s o a s , f a m í l i a s in-
t e i r a s , q u e n ã o p u d e r a m e m i g r a r a tempo»
f o r a m e n c o n t r a d a s m o r t a s pelos c a m i n h o s
e c a s a s . Seu m a r i d o , p r o p r i e t á r i o n o Recife,
p o s s u i d o r de m u i t a s f a z e n d a s n a P a r a h y b a
e C e a r a , tendo ido a o s e r t ã o com sua taim*
lia, pereceu c o m a s p e s s o a s q u e o a c o m p a -
n h a r a m , t o d o s v i c t i m a s d a i n n o m i n a v e l ca-
lamidade U m a i n f o r m a ç ã o do c a p i t ã o gc-
n c r a l de P e r n a m b u c o a E l - R e i a s s e g u r a q u e
m a i s de u m t e r ç o d a p o p u l a ç ã o d a c a p i t a -
n i a f o i d i z i m a d o p< l a s e c c a . O p a d r e J o a q u i m
J o s é P e r e i r a , d o R i o G r a n d e d o N o r t e , diz.
em u m a m e m o r i a d i r i g i d a a o m i n i s t r o P*
R o d r i g o de S o u z a C o u t i n h o , q u e , a l é m d'*
lagello da secca, appareeeu nos sertões d "
A p o d v u m a t a l q u a n t i d a d e de m o r c e g o s ,
q u e m e s m o á luz s o l a r , a t a c a v a m a s p e s s ° *
a s c os a n i m a e s , já i n a n i d o s pela fome, n a "
t e n d í ) m a i s t o r ç a nem a n i m o de a f a s t a i - 0 8 '
h o m e n s , m u l h e r e s e c r i a n ç a s e r a m encon-
t r a d o s pelas e s t r a d a s mortos e moribm1"
' l o s ; a p a r de c a d a v e r e s c m p u t r e f a ç ã o sc
a c h a v a m miseráveis ainda vivos prostrados
n o c h ã o o u n o leito, c o b e r t o s p e l o s v a m p i -
r o s , q u e a s v i c t i m a s n ã o p o d i a m s i q u e r en-
xotar.
A o e a h i r e m a s p r i m e i r a s c h u v a s , em
1 7 9 3 , verificou-se que tinha m o r r i d o q u a s i
todo o g a d o da capitania : ocommercio das
carnes seccas e x t i n g u i u - s e ; c a p o p u l a ç ã o
c o n t i n u a r i a a s o f f r e r , si o s r a r o s a q u e m a
fortuna ainda penuittiu alguns recursos
n ã o f o s s e m a o P i a t i h v l a z e r c o m p r a s de re
'-cs p a r a o c o n s u m o e p a r a r e c o m e ç a r a c r i a -
ção.
A f a r i n h a e l e v o u sc de $ 2 1 0 a <S$ o al-
queire.
O s e r t ã o ficou d e s e r t o e a m o r t e colheu
« o c a m i n h o m u i t o s d o s q u e p r o c u r a v a m rc-
higiar-se no littoral.
O c a p i t ã o - m ó r F r a n c i s c o G o m e s d a Sil-
Vf
<, d o n o de u m a d a s m a i s a b a s t a d a s c a s a s
do Se r i d o , foi o b r i g a d o a e m i g r a r a pé p a r a
0
Httoral, f a z e n d o t r a n s p o r t a r pelos escra-
v o s o r e s t o d o s s e u s h a v e r e s , em s a c c o s c o m
M o e d a s de o u r o e p r a t a .
A ã o sei (le q u e o r d e m f o r a m os r e c u r s o s
A v i a d o s a o s colonos, tão impiedosamente
c
^ s t i g a d o s pelo clima i n g r a t o e incerto. As
i r ó n i c a s f a l a m a p e n a s de a l g u n s b a r c o s
f i n d a d o s a o A r a c a t v , conduzindo ccreaes
Pernambuco e Maranhão. A medula
m
a i s n o t á v e l d o g o v e r n o c o l o n i a l , em e p o -

} t ã o r e m o t a , a s s i g u a l a - s e p e l a s c a r t a s re-
de 1 7 d e m a r ç o de 1 7 9 0 , n o m e a n d o u m
j u i z c o n s e r v a d o r d a s m n t t a s , e a de 1 1 d e
j u n h o dc 1 7 9 9 d e c r e t a n d o q u e se « c o h i b a a
indiscreta e desordenada a m b i ç ã o dos habi-
t a n t e s (da, B a h i a e P e r n a m b u c o ) q u e t e e m
a s s o l a d o a f.-rro e f o g o p r e c i o s a s m a t t a s . . .
q u e t a n t o a b u n d a v a m e j á h o j e fieani .a dis-
t a n c i a s consideráveis», at/tribuindo assim o
p h e n o m e n O c l i m a t é r i c o á d e s t r u i ç ã o d a s 11o-
restas, a s s u m p t o que o vinha préoccupait
do desde 1 7 1 3 , c o m o salienta Fuclides da Cu-
n h a n o seu t o r t e e f o r m o s o l i v r o « O s S e r t õ e s » .
De u m s é c u l o a n t e s 1 1 6 9 2 ] d a t a a pri-
m e i r a secca v e r i f i c a d a n o C e a r á , c o m m u a i ,
a o q u e p a r e c e , a t o d a a b a c i a d o S, F r a n -
cisco. F m P e r n a m b u c o , s e g u n d o r e f e r e (ra-
m a n a s s u a s Memorias Historiens, «con-
stantemente os socorreu o bispo, m a n d a n d o
a s u a c u s t a c o n d u z i r em barcos farinha
p a r a distribuir com a pobreza. Seguiram-
se o u t r a s s e c c a s a t é a é p o c a a q u e a l l u d i .
m a i s ou m e n o s e x t e n s a s , m a i s ou m e n o s
p e r n i c i o s a s n a s u a o b r a de d e v a s t a ç ã o .
E n t r e e s s a s c u m p r e d e s t a c a r a de 1 7 2 2
a 1 7 2 7 , que n ã o s ó comprehendeu t o d o o
R i o G r a n d e d o N o r t e e C e a r á , m a s a i n d a <>
P i a u h y e a B a h i a , o n d e a t é a s f o n t e s d a ca-
p i t a l ficaram e s t a n q u e s , c o n f o r m e refere <>
Senador Pompeu.
N o C e a r á , o g e n t i o q u e h a b i t a v a o in-
terior emigrou p a r a as serras mais frescaSÍ
Os b r e j o s e c o r r e n t e s d o C a r i r i , r e g i ã o a b u n -
d a n t e , de f e r t i l i d a d e p a s m o s a , s e c c a r a m ! l
t a l p o n t o q u e o s h a b i t a n t e s dc M i s s ã o Ve-
l h a m u d a r a m - s e a f a l t a de a g u a .
_ --13-

Morrerarn numerosas tribus indígenas ;


as aves e as feras eram encontradas mortas
p o r t o d a p a r t e . 0 sol e r a t ã o a b r a z a d o r
que a b r i u l a r g a s c p r o f u n d a s tendas no s o l o
resequido, p o r u m a e x t e n s ã o de m u i t a s lé-
guas.
N o R i o G r a n d e d o N o r t e , reler© I g n a c i o
Nunes C o r r ê a de B a r r o s , « m o r r e r a m m u i t a s
c r e a t u r a s h u m a n a s a f o m e e a necessidade,
e o u t r a s e s c a p a r a m s u s t e n t a n d o se em cou-
ros e b i c h o s i m m u n d o s » .
A C a m a r a d a c a p i t a l r e p r e s e n t o u á me-
trópole contra o lançamento do imposto
Pelo c a p i t ã o - g e n e r a l de P e r n a m b u c o p a r a
augmentar o d o n a t i v o destinado ao casa-
m e n t o d o s principes, a l l e g a n d o a e x t r e m a
miséria a que a c a p i t a n i a h a v i a ficado re-
duzida, a p ó s seis a n n o s de u m a secca, n a
M'ial o s g a d o s se t i n h a m p e r d i d o q u a s i to-
t a l m e n t e , decrescendo o s e m o l u m e n t o s d a s
c
a r n c s de 8 0 0 a 1 0 0 r é i s p o r c a b e ç a de g a d o
v
accum.
N o século p a s s a d o , o s a n n o s de 1 8 2 4 e
* 8 2 5 f o r a m de e x c e p c i o n a e s s o f t r i m e n t o s
P a r a a s p o p u l a ç õ e s de P e r n a m b u c o , P a r a -
' j y b a , R i o G r a n d e d o N o r t e e C e a r á . Além
,1(
>s h o r r o r e s d a secca e d a s e p i d e m i a s , a
c a l a m i d a d e m a i o r que t o d a s — a g u e r r a ci
v
;lrinfligiu, p r i n c i p a l m e n t e á s dos_ d o i s
[utimos E s t a d o s m e n c i o n a d o s a s m a i s d o -
0
r o s a s p r o v a ç õ e s . E peior que o c a s t i g o
sol inclemente foi a m a l d a d e d o s h o m e n s ,
ù ° e r a s ó o m o r r e r a tome e a sede p e l a s
Cs
tradas pedregosas c escaldantes, m a s o
s u c c u m b i r t e s t e m u n h a d a d c s h o n r a d a rnn-
íher ? d a s f i l h a s , e s t u p r a d a s pelos a s s a s s i n o s
qucern n u m e r o s o s b a n d o s c r u z a v a m , em to-
d a s a s direcções, a q u e l l a s m í s e r a s provínci-
as.
U m a só a i n t e r v e n ç ã o d o g o v e r n o : vin-
g a r a rebeldia d o s p a t r i o t a s «pie h a v i a m
o u s a d o s o n h a r u m a r e f o r m a p o l i t i c a que
lhes desse m e l h o r e s e m a i s felizes d i a s , p r o -
c l a m a n d o essa ephemera e d e s v e n t u r a d a
Confederação do Hquador. Não b a s t a v a
c r e a r c o m n i i s s õ e s m i l i t a r e s cm I V r n a m b u -
co e C e a r á ; f u z i l a r doze d o s chefes d a m a l
l o g r a d a r e v o l u ç ã o ; r e c r u t a r o s p o u c o s bra-
ç o s v a l i d o s que h a v i a m s o b e j a d o d a t e r r í v e l
crise c l i m a t é r i c a , e r a p r e c i s o m a i s , e r a pre-
ciso f a v o r e c e r o r o u b o e o a s s a s s i n a t o com
a idea p r e c o n c e b i d a , s i n ã o de e x t e r m i n a r ,
a o m e n o s de a f f J i g i r e t o r t u r a r a q u e l l a sub-
r a ç a de f o r t e s e t r a b a l h a d o r e s . E ' a s s i m qn<'
o i n t e r i o r d a p r o v í n c i a q u a s i ficou d e s p o -
v o a d o , t a n t o s o s c r i a d o r e s e f a z e n d e i r o s que
p r o c u r a r a m n o l i t t o r a l a b r i g o c o n t r a os
audaciosos quadrilheiros, t a n t o mais des-
t e m i d o s e p e r v e r s o s , q u a n t o m a i o r e r a a cer
teza da impunidade. O Senador p o m p e n ,
f a z e n d o a n a r r a ç ã o desses a m a r g o s e tris-
t í s s i m o s t e m p o s , a c c r e s c e n t a : «Os infelizes
que fugiam a o s ladrões e á fome corriam
em b a n d o s a o s g r a n d e s p o v o a d o s : c, p c l a £
e s t r a d a s , p e l o s c a m p o s , p r a ç a s e r u a s , i<',in
deixando insepultos os cadaveres dos q l , c
n ã o podiam resistir
A i n t e r v e n ç ã o que h o u v e cm S o b r a l , cm
F o r t a l e z a c . p j o v a v e l m e n t e , em o u t r o s g r a n -
des p o v o a d o s , consistiu em m a n d a r e m a s
m u n i c i p a l i d a d e s c e r c a r de e s t a c a s u m c a m -
p o , p a r a nelle s e p u l t a r e m - se o s c a d a v e r c s
q u e se e n c o n t r a v a m n a s p r a ç a s e r u a s » . Iv
a c c r e s c c n t a : « 0 g o v e r n o g e r a l s ó em fins de
1 X 2 6 ou j á em 1 8 2 7 q u a n d o o m a l passou,
m a n d o u a l g u m a f a r i n h a p a r a o C e a r á , que
nada aproveitou».
O a n u o de 1 8 4 : " f o i t a m b é m c a l a m i t o -
so.
No Ceará, a l g u m a s ' ribeiras soffreram
g r a v e s p e r d a s n o s s e u s g a d o s ; e, si n n o h o u -
v
e g r a n d e m o r t a n d a d e , d e v e se á c o m p a i -
x ã o das províncias irmãs, c ao auxilio do
poder publico.
0 Rio G r a n d e do Norte, porém, solfreu
u i a i s d u r o s r i g o r e s , e n ã o s ó a c r i a ç ã o nlli
ncou m u i t o r e d u z i d a , c o m o n o a l t o s e r t ã o ,
m o r r e r a m m u i t a s p e s s o a s a f o m e e a moles-
t a s próprias da miséria.
C h e g o , sr. P r e s i d e n t e , á s e c c a de 1 ^ 7 7 :
c o m o n ã o tenho o interesse nem a p r e -
Y ' n ç ã o de e m o c i o n a r a C a m a r a n a r r a n -
do o (pie toi e s s a i n n o m i n a d a o d y s s é a , con-
t a n d o a s s c e n a s de h o r r o r j a m a i s e x c e d i d a «
v
p a r a m e n t e e g u a l a d a s n a h i s t o r i a d o sed-
i m e n t o h u m a n o , f u j o c o m p e n a de m i m
ni
e s t n o á d o r e x h a u s t i v a de r e l e m b r a r q u e
1,111
d i a j á h o u v e n o m e u p a i z , em q u e o p a e
a
min t o d e v o r a r a o filho p e q u e n i n o , c f o g u c i -
c r e p i t a r a m e m p l e n a F o r t a l e z a , n u m en-
S;il(,
> infeliz d e i n c i n e r a ç ã o d o s c a d a v e r c s
f
l"e as valias extensas c profundas não
jimis c o m p o r t a v a m . Deixo que fale a elo
quencia ineontrastavel dos algarismos.
E m n o v e m b r o de 1 8 7 8 ( p a s m e a C a m a -
r a ! ) m o r r e r a m na c a p i t a l do C e a r á 1 0 . 9 2 G
p e s s o a s ; e m d e z e m b r o , 1 5 . 3 5 2 ; e, cm um s ó
d i a d e s t e mez, mil e d o z e c r e a t u r a s t o r a m
d e v o r a d a s pela variola e o u t r a s epidemias.
Os c e m i t é r i o s cie L a g o a F u n d a e S . J o ã o
B a p t i s t a r e c e b e r a m , nesse a n n o . 1 1 8 . 9 2 7
c a d a veies. N ã o é a b s u r d o calcular a mor-
t a n d a d e d a p r o v i n d a , d u r a n t e a secca, em
1 8 0 . 0 0 0 p e s s o a s , e o n u m e r o d a s q u e emi-
graram em 0 0 . 0 0 0 , a p p r o x i m a d a i n c n t e .
C o m p u t a r em 9 0 . 0 0 0 o s m o r t o s d o R i o
G r a n d e do Norte n ã o será e x a g g e r a d o , a-
t t e n d e n d o - s e a que, somente em M o s s o r ó .
pequena cidade do littoral, suecumbiram a
íouie e de v a r i a s doenças, 3 5 . 0 0 0 . O u ç a m o s
o Dr. R o d r i g o L o b a t o , i l l u s t r c e b e n e m é r i t o
paulista, e n t ã o presidente d a p r o v i n d a :
« M o s s o r c foi, nesta p r o v í n c i a , o thea-
tro d a s mais tristes scenas da miséria.
A nudez, a f o m e , a s e p i d e m i a s c e i f a r a m
g r a n d e n u m e r o dc v i d a s , e i a m a b r i n d o e s p a ç o
a o s r e c e m c h e g a d o s . De j a n e i r o de 1 8 7 8 a t e
a g o r a ( 2 7 de o u t u b r o de 1 8 7 9 ) f o r a m se-
p u l t a d o s n o c e m i t e r i o publico daquellacida-
de, c o n f o r m e a r e l a ç ã o de o b i t o s o r g a n i z a -
d a peio respectivo e m u i t o d i g n o vigário,
3 1 mil v i d a s , p o d e n d o , s e m p e r i g o de e r r o ,
c a l c u l a r se em cinco mil o n u m e r o d o s que
toram e n t e r r a d o s f ó i a do ceíniterio, p c ' a
i m p o s s i b i l i d a d e dc e n t e r r a r - s e o s c a d a v e r e s
d o s q u e m o r r i a m n o s a b a r r a c a m e n t o s si-
tuados a alguma d i s t a n c i a d a cidade.»
Desprezando o lado moral, encaro a
q u e s t ã o , sr. presidente, s o b o p o n t o de vis-
t a e c o n o m i c o , a p p l i c a n d o , a l i á s c o m pro-
priedade, o mesmo processo dos hvgienistas
c o n t e m p o r â n e o s , que, p a r a t o r n a r e m m a i s
p o s i t i v o s o s p r e j u í z o s c a u s a d o s á socieda-
de pelas d o e n g a s e v i t á v e i s , a t t r i l n i e m uru
c e r t o v a l o r m o n e t á r i o á v i d a h u m a n a , cal-
c u l a n d o p o r c i l a a p e r d a soffVida.
Ivsse v a l o r , c o m o v. cxc. s a b e , p o d e ser
considerado :
1 ° E m í r a c ç ã o de r i q u e z a p u b l i c a , i s t o
c, c a d a p e s s o a v a l e a r i q u e z a n a c i o n a l divi-
dida pelo t o t a l d o s h a b i t a n t e s d o pai/.. E
bem de v e r que, sem e s t a t í s t i c a s c a p a z e s de
m a r c a r c e r t a m e n t e o d i v i s o r , sem u m a no-
Vão e x a c t a d o d i v i d e n d o — a r i q u e z a nacio-
n a l — n e n h u m c á l c u l o , m e s m o p r o v á v e l , po-
deria, p o r t a l f e i ç ã o , ser t e n t a d o no B r a z i l ;
2«? ( E n g e l ) . E m c u s t o de c r i a ç ã o e edu-
c a ç ã o , i s t o c, d o n a s c i m e n t o a t é á e d a d e
11
til á p r o d u c ç ã o , o h o m e m c o n s o m e p a r a
s
« a instrucção, amanho, cultura, quantia
(
lue é o seu c u s t o , ou i n d i r e c t a m e n t e o seu
y a l o r . E s t e c á l c u l o pôde ser t e n t a d o c o m a
' " i m e n s a r e l a t i v i d a d e d o p r e ç o de a l i m e n -
tação, habitação, vestuário e educação nas
v
a r i a s z o n a s do paiz :
E m v a l o r o u j u r o de p r o d u c ç ã o , i s t o
e
< o h o m e m é u m u t e n s í l i o de t r a b a l h o ou
nni c a p i t a l c a p a z de p r o d u c ç ã o ; o seu t r a -
balho é o j u r o o u p r e m i o d o seu v a l o r . C o -
n
h e c i d o u m , póde-se c a l c u l a r o o u t r o . Onde
- -18

o t r a b a l h o é m a i s b a r a t o , o h o m e m v a l e me-
n o s . T e n d o em v i s t a o j u r o n o r m a l d o n o s s o
d i n h e i r o em nie'dia e a m é d i a d o s a l a r i o ,
tem sc f a c i l m e n t e o v a l o r de c a d a h o m e m .
C o n v é m y es te c a l c u l o l e v a r e m c o n t a o
s e x o e a e d a d e , em q u e n ã o s ã o e g u a e s a s
c o n d i ç õ e s de t r a b a l h o util. A e d a d e util de
U> a 0 0 a n n o s f i g u r a c o m o 8 4 % d a popu-
l a ç ã o ( 1 0 "A r e p r e s e n t a m o s m e n o r e s de l(->
e m a i o r e s de 0 0 ) D o s m a i o r e s d e 1 0 e m e -
n o r e s de 0 0 , 5 7 % s ã o h o m e n s e 4.1 % mu-
l h e r e s d e p o u c a u t i l i d a d e p r o d u e t i v a , pe-
l a s n o s s a s c o n d i ç õ e s s o c i a e s . í i n t r e n ó s teem-
se t e n t a n d o c á l c u l o s d e s s a n a t u r e z a , especi-
a l m e n t e em r e l a ç ã o á febre a m a r c l l a .
Cálculo d o dr Aureliano Portugal,
a d o p t a d o p e l o d r , C a r l o s S e i d l . R i o de J a -
n e i r o , j u r o 1 2 % . s a l a r i o m e d i o l $ 5 O 0 (l'<»
tugal).

Homem . 4 $ 0 0 0 (SeidD
Mulher 2$<>00 »,
Valor do homem 8 : Ï Ï k i $ . ' i 4 0 (Seidl »
» da mulher S:l0f>$070 »

C á l c i l o do dr. C a r n e i r o de Mendonça
1
L e v a n d o em couta a quantidade
bailio, s e g u n d o a s edades.e o c u s t o d a vi".',
s e g u n d o a.s m e s m a s .
Do* 1 6 «os 5 5 - V a J o r da vida do ^
h o m e m pelo q u e p r o d u z i u . . 32:12<>$(M
Dos lt; a o s 5 5 Valor da vida da 0
m u l h e r p e l o q t i e p r o d u / . i u . . . 21:4X«'*Í Í M
Variando os dados, outros números s
o b t e r ã o ; m a s , m e s m o u m menino qualquer, é
vi til p a r a , f l a g r a n t e m e n t e , perceber-se o pre-
j u í z o m a t e r i a l q u e n o s c u s t a m ;> d o e n ç a e a
morte.
A i n d a u m a o b s e r v a ç ã o : si n a s e n f e r m i -
d a d e s é m i s t e r j u n t a r a esse p r e j u í z o a c h a -
mada taxa de invalidação c despesas com a
doença, ( m e d i c o , r e m é d i o s , d i e t a s , etc.) q u e
é d i n h e i r o p e r d i d o , deve-se, n o c a s o d a s c a l a -
midades naturaes, egualmente c o m p u t a r os
lucros cessantes, as criações e plantações
perdidas, emigrações e o u t r o s prejuízos.
P a r a n ã o ir a l é m , c o m p a r e - s e o b r a z i -
1 .'iro flagellado pelas seeeas com o imtni-
grante. E s t e n a d a nos custou até o momen-
t o de ser v á l i d o e d e i x a r a m ã e p a t r i a ; des-
pendemos com passagem, alimentação e
v á r i o s e n c a r g o s c o m o seu p r i m e i r o e s t a b e -
l e c i m e n t o u m c o n t o d e reis, a n i s c a n d o n o s
a p e r d e r esse d i n h e i r o p o r m o r t e p r e c o c e o u
inadaptação do mesmo immigrante, o
q u a l , si n o s d á a s u a a c t i v i d a d e , o r d i n a r i a -
m e n t e e n v i a p a r a u p a i z d o seu n a s c i m e n t o
o dinheiro g a n h o entre nós, repatriando-sc
m u i t a s vezes.
C o m o brazileiro, é bem diverso o caso,
Elie custou dinheiro nacional, até ser util,
n a d a despendemos com a sua installação ou
estabilidade, n ã o c o r r e m o s o risco, re-
l a t i v o a o im migrante, de perder o c o n t o
de réis, si morre precocemente, sendo que é
utn a c c l i m a d o e, c o m o tal, mais valioso,
além de i n c o r p o r a r a s u a f o r t u n a á f o r t u n a
nacional.
J ' o i s b e m , e m b o r a esse real v a l o i d o in-
d í g e n a s o b r e o e x t r a n g e i r o — r e a l s o b o pon-
t o de v i s t a em q u e n ó s e s t a m o s c o l l o e a d o s —
d e m o s , p a r a o c á l c u l o , q u e o b r a s i l e i r o accli-
tnado, que nos custou dinheiro p a r a produ-
zir, q u e s e r á s e m p r e f r a c ç ã o d a n o s s a nacio-
n a l i d a d e p o l i t i c a e e c o n ô m i c a , v a l h a , ape-
n a s , o c o n t o de réis d e s p e n d i d o c o m o t r a n s -
porte ecollocação do e x t r a n g e i r o , e teremos,
c o m o se v a e ver, u m p r e j u í z o m a t e r i a l as-
sombroso.
C o n s i d e r a n d o que no Brazil existem mais
h o m e n s do que mulheres (na C a p i t a l Fede-
r a l , 5 7 h o m e n s p a r a 4-3 m u l h e r e s ) , em f a l t a
de d a d o s e s t a t í s t i c o s e x a c t o s , t o m a r e i p a r a
c a l c u l a r a m é d i a de 5 0 p a r a 5 0 % , d e prefe-
r e n c i a a e s s a a v e r i g u a d a n o R i o de J a n e i r o
A s s i m , f i g u r e m o s a e d a d e u t i l de 1 6 a (>0
a n n o s c o m o 8 4 % . Destes, 5 0 % s ã o homens
e 5 0 % mulheres, o que eqtiivale a 4 2 % fin
c o n d i ç õ e s de p r o d u z i r e m u t i l m e n t e .
N a s e c c a de 1 8 7 7 a 1 8 7 9 , o C e a r á e o
R i o G r a n d e d o Morte p e r d e r a m 2 7 0 . 0 0 0 ha-
b i t a n t e s ; 4 2 % de 2 7 0 . 0 0 0 é e g u a l a 1 1 3 . 4 0 0
h o m e n s de u t i l i d a d e p r o d u e t o r a .
0 prejuízo m a t e r i a l é egual a
113.400:000$.
T o m a r e i o u t r o n u m e r o , p r e f e r i n d o |><M
s u a s i m p l i c i d a d e o s a l a r i o v a l o r i z a d o ein
1$000.
A s s i m , em 2 5 0 d i a s úteis d o an no, cada
u m t e r á g a n h o 2 5 0 $ 0 0 0 ou s e j a o t o t a l de
1 1 3 . 4 0 0 h o m e n s a s o m m a de
28.350:000$000.
Si c o n s i d e r a r m o s um acer, s e i m o de p o -
p u l a ç ã o de 4%, t e m o s 110 p e r í o d o de 1 8 7 9 a
1 9 0 5 u m a p e r d a de t r a b a l h o em v a l o r de
salario correspondente a fabulosa s o m m a
de 1 . 1 0 5 . 6 5 0 : 0 0 0 $ 0 0 0
Com relação á agricultura, poderemos
tornar o a l g o d ã o p a r a exemplo. Suppondo
(pie um h o m e m p r o d u z a S l k i l o g r a u i m a s ,
t e r e m o s que os 1 1 3 . 4 0 0 honteus teriam pro-
duzido 9 . 1 8 5 . 4 0 0 kilogramirias por a n u o ,
ou 3 5 8 . 2 v 3 0 . 6 0 0 k i l o g r a m m a s , de 1871» a
1 9 0 5 , a d n i i t t i n d o o m e s m o c r e s c i m e n t o de
p o p u l a ç ã o . D a n d o a o k i l o g r a m m a de a l g o
d ã o o v a l o r m i n i m o de 4 0 0 réis ( q u e r dizer
(>#000 p o r 1 5 k i l o s ) t e m o s que o prejuízo n o
p e r í o d o r e f e r i d o s e r i a de 1 4 3 2 0 2 : 2 4 0 ^ 0 0 0 .
C o m o a C a m a r a s a b e , o I m p e rio n ã o
teve m ã o s a medir nos s o e c o r r o s e n v i a d o s
ao Ceará.
1111 p r e s s i o n a d o [»elos j u s t o s r e c l a m o s d a
imprensa, deante das noticias emocionantes
que d a l l i c h e g a v a m , d i a a d i a m a i s t e r r í v e i s
e dolorosas, a bondade natural do Impera-
d o r foi p o r t a l f ô r m a d a d i v o s a que m a n d o u
vendessem a s j ó i a s d a c o r ô a , q u a n d o o e r á -
rio p u b l i c o n ã o m a i s p u d e s s e s o c c o n e r á s
populações famintas.
S i m p l e s m e n t e , i s t o se fez, sr. presidente,
sem o r i e n t a ç ã o nem r e s u l t a d o . E m vez de
aproveitar a calamidade para a constru-
cção de o b r a s d e f e n s i v a s c e n t r a o s e f f e i t o s
/ l a s seceas f u t u r a s , c o m o a I n g l a t e r r a f a z
na í n d i a , desde m u i t o s a n n o s , deu-se a es-
mola a v i l t a n t e , m a l e i n j u s t a m e n t e d i s t r i -
b u í d a , o r i g e m de c o n f l i c t o s e accu s a ç õ e s
n a d a a b o n a d o r a s d a p r o b i d a d e de m u i t o s
commissarios.
E foi a s s i n i , s r p r e s i d e n t ^ , q u e o C e a -
rá e o Rio Grande do Norte consumiram,em
p u r a p e r d a , 7j).00,():00()$0()0.
l i ' c u r i o s o c a l c u l a r q u e , si e s t a q u a n t i a
t i v e s s e s i d o a p r o v e i t a d a e m e s t r a d a s de fer-
ro e obras hydraulicas, dando-se metade á
c « d a a p p l i c a ç ã o , t e r - s e i a m 1 . 0 0 0 kilotne-
t r o s de e s t r a d a s , e a ç u d e s e p o ç o s c o n . u m a
capacidade productiva equivalente a 400
b i l h õ e s de l i t r o s p o r a n n o .
D e a n t e d e s t a n a r r a t i v a seri.-i n a t u r a l
que a C a m a r a perguntasse pelas causas
d e s s a s crises e p-los remédios a c o n s e l h a d o s
p a r a extinguir as.
N ã o t e n h o , sr. presidente-, opinião,, for-
m a d a sobre as causas determinantes das
seccas d o norte, c o u s a a l i á s n a 4 a «-xtranha
vel em urn p r o f a n o , q u a n d o o s h o m e n s cio
o f f i c i o , n ã o s ó em n o s s o p a i z , en? r e l a ç ã o
á s n o s s a s c r i s e s , c o m o na F r a n ç a , n a 1 "
g l a t e r r a e n o s E s t a d o s F n i d o s , em r e l a ç ã °
á s d a A r g é l i a , I n d i a , A u s t r a l i a e F a r West,
nada sabem,que as explique completamente.
F u t r e e s s a s c a u s a s m e n c i o n a m o s scie"
t i s t a s a s m a n c h a s s o l a r e s , o s v e n t o s >'Ct
riantes e a d e v a s t a ç ã o d a s f l o r e s t a s . N a °
me p r o p o n h o d i s c u t i r n e n h u m a d e l i a s ; ap<'
n a s l e m b r a r e i (pie o h o m e m é inq jotente
p a r a m u d a r a d i i e c ç á o d o s ventos, e reg'1'
lar a m a r c h a d o sol.
Q u a n t o á d e s f l o r e s t a ç ã o , a C a m a r a j»
viu que eIH p e r í o d o s os m a i s r e m o t o s o phc-
n o m e n o c l i m a t é r i c o sc repetiu com a m a r -
c h a cyclica (pie o c a r a c t e r i z a .
Pelo c o n h e c i m e n t o que t e n h o d o interi-
or d o K s t a d o d o R i o G r a n d e d o N o r t e , o u s o
a t f i r m a r n ã o h a v e r alli o m e n o r v e s t í g i o de
ma t t a s que o h o m e m tivesse feito d e s a p p a -
rcccr. A p r ó p r i a n a t u r e z a d o s o l o e da ve-
g e t a ç ã o p a r e c e a n t e s i n d i c a r que a i n d a se
está processando uaquella zona um pheno-
meno g e o l ó g i c o p r i m i t i v o . A l n c t a d a s ca
c t a c c a s , lichens, p a r m e l i a s , e v e r r u c a r i a s ,
c o m o g r a n i t o e seus d e e o m p o s l o s c o n f i r
m a r ã o tr.lvez e s t a m i n h a i n c o m p e t e n t e a
ürniativa.
N ã o q u e r isso dizer, p o r e m , sr, presi-
dente, que d e s c o n h e ç a o e l e m e n t o s a l u t a r
d a s f l o r e s t a s n a c l i m a t o l o g i a de u m a d a d a
região, j á como factor importante na con-
s e r v a ç ã o d a h u m i d a d e d o s o l o , j á impedin-
do a s u a erosão, com o corrigir o regimen
t o r r e n c i a l d a s g r a n d e s c h u v a s . R e s t a , pois,
e c i s t o o que n o s i m p o r t a , i n d i c a r o s reme-
dirjs a c o n s e l h a d o s p a r a a t t e n u a r o s e f f e i t o s
da» seccas.
E m 1 8 7 8 , o a s s u m p t o toi l a r g a m e n t e
d e b a t i d o 110 I n s t i t u t o P o l y t e c h n i c o . A dis-
c u s s ã o toi l u m i n o s a e nella t o m a r a m p a r t e
h o m e n s m a i s c o m p e t e n t e s d a q u e l l e tem-
po, a l g u n s d o s q u a e s a i n d a v i v e m c e r c a d o s
d a e s t i m a e d o r e s p e i t o d o s seus c o n c i d a
d ã o s , ]»restando a o p a i z os s e r v i ç o s de u m a
l a r g a e x p e r i c n c i a a l l i a d a a um g r a n d e s a b e r .
A s p r o v i d e n c i a s i n s i s t e n t e m e n t e recom-
—24

m e n d a d a s , q u a s i q u e em s u a u n a n i m i d a d e ,
a c e r t a r a m em i n d i c a r a g r a n d e c p e q u e n a
a ç u d a g e m c o m o o s m e i o s m a i s eííieazes p a r a
resolver o problema.
V e j a m o s a o p i n i ã o de a l g u n s d e s s e s il-
lustres ^cientistas. O dr. Jozitno B a r r o s o :
« T e n h o p a r a m i m q u e n a c o n s t r u c ç ã o de
açudes cm g r a n d e e s c a l a está o prin-
c i p a l r e m e d i o a o m a l . S u p e r f i c i e s de e v a p o -
r a ç ã o e n t r e t e n d o u m c e r t o g r á o de h u m i d a -
de a t m o s p h e r i c a . a l é m de p r o d u z i r e m p e r m a -
n e n t e m e n t e g r a n d e b e m a v e g e t a ç ã o , forne-
c e r ã o o s v a p o r e s a q u o s o s n e c e s s á r i o s .i for-
mação das chuvas. \ o meu e n t e n d e r , a
c o n s t r u c ç ã o de a ç u d e s n a p r o v i n e i a d o Cea-
rá, principalmente, é o b r a de g r a n d e alcan-
ce... A p r o v i n e i a d o C e a r á d e v e ter u m ser-
v i ç o e s p e c i a l de a ç u d e s , a s s i m com'o a Flol
l a n d a t e m seu s e r v i ç o de d i q u e s . »
0 sr. conselheiro K o h a n : «Consistem
o s m e l h o r a m e n t o s q u e p r o p o n h o 110 esta
b e l e e i m e n t o , e m l a r g a e s c a l a , de a ç u d e s c
n a p l a n t a ç ã o de a r v o r e d o em t o r r i ò de>-
les...»
0 d r . C o u t i n h o : « m o s t r a se f a v o r á v e l a
c o n s t r u c ç ã o de a l g u n s g r a n d e s a ç u d e s , <le
u m a e d u a s l é g u a s de e x t e n s ã o , (pie s e r f o
c o n s i d e r a d o s c o m o c e n t r o s de a b a s t e c i m e n -
t o , s e n d o p a r a e s s e h m esoolhid/is l o c a l i z a
des convenientes.»
O dr. B u a r q u e de M a c e d o : « N ã o conhe-
ço p a i z n e n h u m d o m u n d o o n d e se t e n h a
p o d i d o m o d i f i c a r o r e g i m e n d a s c a u s a s na
t u r a e s , q u e s ã o a s ú n i c a s i n e v i t á v e i s . . . I'e' 135 *
— 25—

mente, n ã o s ã o e s t a s que m a i s a c t u a m n a
provincia do Ceará.
Referindo-se á s m e d i d a s m a i s p r ó p r i a s
a serem t o m a d a s , a c c r e s c e n t a
«As m a i s u r g e n t e s , n ã o h a d u v i d a r , s ã o
os a ç u d e s , a e s t r a d a de ferro de I.ía tu ri té.
Os que conhecem o s s e r t õ e s d o n o r t e s a b e m
que a m e d i d a pela q u a l m a i s p u g n a o ser-
t a n e j o é a c o n s t r u c ç ã o de um a ç u d e n a s u a
localidade.
C r e i o que n ã o e x a g g e r o l e m b r a n d o que
se p o d e r i a m c o n s t r u i r cerca d e 2 o o a ç u d e s n a
p r o v i n c i a d o C e a r á , c o m c a p a c i d a d e n ã o in-
ferior a l o o milhòns de l i t r o s e c o m o d e s -
pendio de dez mil c o n t o s . »
0 d r . A l v a r o de O l i v e i r a : " B ' d o s açu-
des que d e v e m o s t r a t a r ; n ã o em n u m e r o
de 5 ou 0... Os a ç u d e s d e v e m ser f e i t o s n o s
Valles d o s rios, n o s s i t i o s , n a s f a z e n d a s , em
todos os p o n t o s do sertão...»
Na representação e n v i a d a a o g o v e r n o
" n p e r i a l pelo I n s t i t u t o , e n t r e o u t r a s medi-
das indicadas, destaca-se: "construir, quan-
to a n t e s , n o interior d a p r o v i n c i a d o C e a r á
e
o u t r a s a s s o l a d a s pela sêcca, r e p r e s a s n o s
1
' o s e a ç u d e s n a s l o c a l i d a d e s que p a r a esse
fim f o r e m m a i s a p r o p r i a d a s . "
A n t e r i o r m e n t e , o d r . A n t o n i o de M a c e -
do e o s e n a d o r P o m p e u t i n h a m e s c r i p t o
(
' u a s e r u d i t a s m o n o g r a p h i a s em que a con-
s
trucção da grande e pequena açudagem
er
a r e c o t n m e n d a d a c o m o b a s t a n t e p a r a re-
solver o p r o b l e m a .
A C a m a r a c o m p r e h c n d e que, t a l a n d o
e m a ç u d a g e m c o m o uni d o s m e i o s de se
obter a g u a p a r a a s necessidades d a lavou-
ra e d a industria pastoril em u m a r e g i ã o
c o m o a de q u e me v e n h o o c c u p a n d o , é d o
m e u d e v e r p r o v a r q u e e s t a r e g i ã o n ã o é des-
f a v o r e c i d a p e l a q u e d a de c h u v a s .
A C a m a r a v a e v e r q u e , t o m a d a s a s me-
dias quinquentiacs dos invernos do Ceará
(o m a i s secco d o s E s t a d o s d a b a c i a d o S .
F r a n c i s c o ) , a a l t u r a d a c h u v a c a b i d a é mui-
t o superior á s necessidades da s u a v i d a pas-
toril e agricola.
E assim que t e m o s de 1 8 5 o a 1 8 5 5 as
medias seguintes :

185o n 1854 ' 1.354,6


1855 a 1859 1.444,8
186o a 1864 1.434,4
1865 a 1869 1.488,2
187o a 1874 1.719,7
1875 a 1871) 051,6
1885 a 1889 l.o88,8

Média geral 1.348,7

C o n v é m s a l i e n t a r que, de 1 8 4 9 a 1 8 7 7 ,
s ó d u a s vezes a m é d i a a n n u a l foi i n t e r i o r a
l . o o o i n i l l i m e t r o s ; e m 1 8 5 7 , de 8 8 . 1 m i l í -
m e t r o s ^ em 1 8 7 4 de 8 5 5 milliiuotros.
S e r á c u r i o s o , sr. p r e s i d e n t e , p a r a me-
l h o r d e s t a c a r o s c a p r i c h o s d o n o s s o regi-
men c l i m a t é r i c o , g r u p a r o s a n n o s d i l u v i a -
es, quíisi t ã o c a l a m i t o s o s c o m o a s m a i o r e s
seceas.
A s s i m é que t i v e m o s :

177(5 1819 1866


1782 1826 1872
1797 1882 a 1839 1873
1805 184-2 1 8 7 4 a 1.870

N a s chionicas e documentos antigos, ha


i m p r e s s i o n a n t e s v e s t í g i o s d o s prejuízos cau-
s a d o s p o r esses i n v e r n o s á p o p u l a ç ã o d o
Rio Grande e C e a r á ,
C o m o prova ainda mais robusta do
que r c n h o n t í i r m a n d o , d e v o dizer á C a m a -
r a que, de 1 7 2 4 a 1 8 7 7 , p e r í o d o c o r r e p o n -
d e n t e a 1 5 3 anrios, t i v e m o s 1 3 6 a n n o s m a i s
ou m e n o s c h u v o s o s c o n t r a 1 9 que o n ã o fo-
ram.
C o m p a r a n d o o E s t a d o tio C e a r á c o m
a l g u m a s z o n a s d o paiz, v e r i f i c a - s e que a b i
a a l t u r a m é d i a de c h u v a s d u r a n t e 2 8 â n u o s
foi m a i o r d o que em o u t r o s l o g a r e s .
M é d i a de c h u v a s em 2 8 a n n o s , c o m p a -
r a d a c o m a média de a l g u n s l o g a r e s d o p a i z
em a n n o s f a v o r e c i d o s .

LOGARKS ANNOS M K 1)1 A

Fortaleza 28 1 . 4 8 9 m|m
Queluz ( M i n a s ) 1 1.40o »
T a t u h y (S. P a u l o ) 1 1 898 »
Barbacena (Minas) 1 1.342 »
Itabira do C a m p o 1 1,3oo »
Cuyabá 3 1.166 »
R i o de J a n e i r o 30 1.123 »
—28

Rio G r a n d e d o Sul 8 9.12 »


Arassuahy (Minas) — 252,6 »
Sant'Arma do So~
bradinho (Bahia,
i u n h o d c 1 8 8 3 a de-
z e m b r o de 1 8 8 6 ) . . . 3 371 »
Alagoinhas — 542,9 »

0 illustre dr. T h o m a z P o m p e u , um tra-


b a l h a d o r e um c a p a z , a quem o C e a r á deve
os melhores s e r v i ç o s , offerece o s e g u i n t e in-
teressante q u a d r o c o m p a r a t i v o entre a
q u a n t i d a d e de c h u v a c a b i d a no C e a r á e em
d i v e r s a s regiões d ó inundo :

REGIÕES Cri. ANMUAL


EM MIM-
C o l o r a d o (Kstados Unidos)
Barnal (AsiaCont.) '. 190
Sind ( í n d i a ) 200
Nevada (Estados-Unidos 200
I a k u t s k (Sibéria) -'25
Califórnia (Estados-Unidos) 230
Salamanca (Hespanha) 2- >< '
Murcia (Hespanha)
K a z a n (Rússia) 3õ<»
Breslau
Athcnas -' > s ;
Cidade Real (Hespanha)
Praga 388
Upsal ! ^97
Punjab (índia)
Orenburgo
— 29—

S. Petcrsburgo 4:12
Vienna [ A u s t r i a ] 440
Londres
Marselha [»} °
622
;>
Berlim -
Stockolmo
)32
Malaga
538
Christiania
538
Paris
579
Palertuo '
583
Copenhague
002
A ho ( E H a n d i a )
Bareelona
Hobart-Town (Tasmania) 010
Stuttgart
Pékin <»20
Toulouse <J~<»
Ediniburgo
Metz bGO
Lisboa <» ;î8
(U>r
Dijon »
7 0 0
Cabo(Africa)
Hruxellas ~23
4-0
Dublin
Nancy
Lannaston
O . (Tasmania) 7<>o
TOA
78 4
Kuao
777
<»and
785
H orna
821
Genève
822
Montpellier 802
l'adua
902
•\lanchester
931
l'iorença
—30

Turim 954
Milão 907
Lauzanne 1.021
Bogotá 1.107
B.Arthur 1.143»
Besaneon 1.163
Taiti 1.210
Nantes 1.303
Ceará 1 31 õ
Génova 1.345
8. Cerque.. 1.345
Buenos-Aires 1 . 3 !•>
Sandwich...' 1.400
Nieolaie*'. 1.59»
Bergen !>.>•>
l i ' p o s s í v e l (pie se o b j e c t e s e r e m a s me-
d i a s r e f e r i d a s l i m i t a d a s á c h u v a c a b i d a no
l i t t o r a l e t e r r a s e o n v i z i n h a s , f i c a n d o o inte-
rior, mesmo nos annos mais f a v o r e c i d o s ,
muito aquém daquellas cotas. Não c o n t e s -
t o o f a c t o , a n t e s o confesso, sr. Presidente,
com o i n t u i t o lealmente p r o m e t t i d o de tra-
z?r á C a m a r a o m a i o r n u m e r o d e i n f o r m a
ções, p a r a melhor e x a m e d a m a t é r i a .
E ' a s s i m (pie, s e g u n d o o s d a d o s q l i c
passo á s m ã o s dos coilcgas, t ã o b o n d o s o *
em escutar-me, a média verificada no obser-
v a t ó r i o de O u i x e r a m o b i m , d u r a n t e seis an-
n o s , é a penas* de 6 5 1 , 6 mil. M a s h a a n o t a r -
p r i m e i r o , q u e esse p e r i o d o c o m p r e h e n d e u 1 , u
g r a n d e e u m a p e q u e n a s e c c a s ; segundo,qj"-^
a i n d a ' a s s i m , t s t a média é m u i t o s u p e r i o r a ' < •
1 6 E s t a d o s e territorios que f o r m a m a 1
g i ã o a r i d a e s e m i a r i d a d a 1 ' n i ã o American« •
A TABF.I.LA DETALHADA DE OUIXERAMORIM É A SEOUINTE

1S97 1X98 1899 1900 1901 1902


Janeiro. 59 5 1.5 82.8 63.6 19.1 32.9
F e verei rr 103.6 1(39.7 206.1 91.4 130.2 19.8
Março... 270 3 52.6 277.4 40 4 213.8 52.0
Abril ... 122 2 120.4 145.7 25.9 108.4 97.6
Maio 285.8 14.3 78.1 24.3 66 0 111.0
Junho.... 119.4 9 1 129.5 9.9 52.9 2.2
Julho 35.1 1.7 73.2 3.9 33.9 164
Agosto.. 25 + 0.0 14 3 O.O 0.0 9.0
Setembr 0 0 0.0 0.0 0.0 3.4 0.0
Outubro 0.2 O.O 0.7 0.0 0.0 1.2
Novemb 1 0 2.2 0 2 O.l 81 0.2
Dezembr 0.0 61.8 0.5 167.8 0.0 0.9

TOTAI. 1022.1 433.3 104S.4 427.3 035. H 342.9


32—

E s s e s d a d o s m o s t r a m , sr. Presidente,
que naquella extensa zona n ã o h a escassez
de c h u v a s ; h a , s i m , u m a d e m o r a d a e s t i a -
g e m q u e n o r m a l m e n t e se p r o l o n g a p o r s e t e
m e z e s 110 s e r t ã o , e c i n c o a seis mezes 110 l i t t o -
r a l , d u r a n d o o i n v e r n o q u a t r o mezes a p e -
n a s ; accreseendo a i n d a que as c h u v a s cabi-
d a s n e s s e e s p a ç o de t e m p o s ã o i n c o n v e n i e n -
t e m e n t e d i s t r i b u í d a s . M u i t a s vezes a c o n t e -
ce (cti t e n h o t e s t e m u n h a d o o t a c t o ) u m a o u
duas chuvas bastarem p a r a fazer transbor-
d a r e m t o d o s o s r i a c h o s c r i o s . sem p r o v e i t o
p a r a a s p l a n t a ç õ e s , e m q u a n t o (pie u m e x -
eellente i n v e r n o c r i a d o r , a b u n d a n t e e t a r t o ,
não chega s i q u e r a encher os p e q u e n o s l a g o s
e x i s t e n t e s n a s f r a c a s depressões d a s cha-
padas.
Conhecido o relevo do solo sertanejo,
sua impermeabilidade, a miséria da vegeta-
ç ã o d o s ta boieiros, o declive destes p a r a o tal-
w e g dos rios e dos n o s ainda m a i s aceentua-
(iamente p a r a o mar,denunciando um tranco
regimen t o r r e n c i a l , c l a r o é , s r . p r e s i d e n t e , que
a n a t u r e z a está indicando a o homem que o
ú n i c o m e i o de r e t a r d a r a p r e c i p i t a ç ã o d a s
a g u a s é fazer a açu d agem onde e c o m o for
possível.
O S r . J . J . R e w a s s i m se e x p r i m e a res-
p e i t o d a i m p e t u o s i d a d e d a s e n c h e n t e s 110
norte :
«O s u p p r i m e n t o de a ^ u a , p r o v i n d o de
c h u v a s , é, em r e g r a , a b u n d a n t e : a q u a n t i -
d a d e de a g u a q u e o v a l l e d o l a g u a r i b e rece-
be a n n u a l m e n t e é m u i t o s u p e r i o r á s ncccssi-
'> n
— —o. i

dados da mais alta agricultura, estendida a


c a d a hectare d a s s u a s v a s t a s o terteis p l a -
nícies. A s s i m , e m a n n o s r e g u l a r e s , c h u v a s
t o r r e n e i a e s e enchentes fornecem a r e g a du-
r a n t e t r e s niezes ; d u r a n t e seis mezes « A o h a
c h u v a a l g u m a de v a l o r p a r a a a g r i c u l t u r a . »
O marechal Beaurepaire Kohan, contan-
d o a s u a v i a g e m pelo P i a u h v , diz c o m mui-
ta observação :
«Tive o c c a s i ã o de n o t a r que a p a l a v r a
rio n e m s e m p r e e x p r i m e n a q o e l l a s p a r a g e n s
a i d é a de u m c u r s o de a g u a p e r m a n e n t e . l a i -
t e n d e n i p o r c i l a a s g r a n d e s t o r r e n t e s q u e se
f o r m a m na estação pluvial. Verdade é que
essas torrentes t o m a m então dimensões
C o n s i d e r á v e i s , q u o a s t o r n a m bem s e m e l h a n -
tes a o s m a i s c a u d a l o s o s r i o s ; m a s , l o g o que
c e s s a m a s c h u v a s q u e a s a l i m e n t a m a ociden-
t a l m e n t e , sem epie n e n h u m o b s t á c u l o se o p -
ponha á sua corrente, a pouco e pouco, v ã o
diminuindo as aguas, até desapparecerem
c o m p l e t a m e n t e , á e x c e p ç ã o de c c r t o s l o g a -
res m a i s d e p r e s s o s d o l e i t o , n o s q u a e s , p o r
el lei t o d a i m p e r m e a b i l i d a d e d o t e r r e n o , se
c o n s e r v a m a l g u n s niezes c se t o r n a m o úni-
co r e c u r s o d a p o p u l a ç ã o a m b i e n t o . »
Outro o b s e r v a d o r intelligentc, compe-
tência prolieional d a s m a i s s u b i d a s , o dr.
O a b a g h a , aeeresoenta :
« P r o f u n d a m e n t e c o n v e n c i d o do (pie o
eco c o n c e d e a o s o l o c e a r e n s e a g u a ecn a b u n -
dância. e que a s condições topographieas e
geológicas concorrem para que o precioso
liquido seja na s u a m a i o r p o r ç ã o improti-
— 34—

e u a m e n t e r e s t i t u í d o a o p r i m i t i v o leito, o
o c e a n o , a e c r e s c e n d o que o h o m e m n a d a ou
p o u c o m a i s de n a d a teu» leito p a r a a p r o v e i -
t a r - s e d o g u e a P r o v i d e n c i a lhe concede, as-
s e g u r o q u e a q u e s t ã o se reduz a o s limites de .
d i s t r i b u i ç ã o cie a g u a s , p o i s fica n o s r a i o s
d o t r a b a l h o de e n g e n h a r i a » .
P o r t a l f ô r m a d e m o n s t r a d o , sr. Presi-
dente, (pie na z o n a a s s i m f l a g e l l a d a perio-
dicamente a s scccas raramente d u r a m mais
de d o i s a n i i o s ; v e r i f i c a d a a p o s s i b i l i d a d e
de reter a s a g u a s p l u v i a e s alli c a b i d a s ein
a b u n d a n c i a n o s i n v e r n o s r e g u l a r e s , resta
e x a m i n a r a s v a n t a g e n s dahi resultantes, e
eu <> tarei c o m o e x e m p l o d o q u e se h a obti-
d o em r e g i õ e s de c l i m a m u i t o m a i s i n g r a t o
q u e p r a t i c a m a i r r i g a ç ã o p o r meio» de poços,
a ç u d e s c catiacs.
C o m e ç a r e i pelos l i s t a d o s U n i d o s .
A n t e s d a c o n s t r u e ç ã o d a e s t r a d a de f e -
r o , t o d o o c o m m e r c i o d o K a n s a s , entre o
A t l â n t i c o e o P a c i f i c o , e r a f e i t o pela velha
e s t r a d a de r o d a g e m de S a n t a F é , a t r a v é s
d o g r a n d e d e s e r t o a m e r i c a n o , cujas» planí-
cies i n f i n d a s , v a r r i d a s pelo v e n t o impetuo-
so e mortífero, l e m b r a v a m o S a h a r a e s t é r i l -
Quem q u e r q u e v i s i t a s s e a q u e l l a reiiiáo.ja-
mais poderia suppor que terra t ã o destav°
r e c i d a p a s s a s s e d a p h a s e p a s t o r i l em q ' , e
s e m p r e t i n h a p e r m a n e c i d o . P o u c o e pouco,
p o r é m , á m e d i d a q u e a c o n s t r u e ç ã o d a es-
t r a d a c a m i n h a v a , a idéa d a p o s s í v e l fertm."
d a d e d a z o n a cotnçou a t o m a r v u l t o , c i " 1 '
l h a r e s de d o l l a r s f o r a m i n f r o c t i f e r a m e n t L
despendidos no a p r o v e i t a m e n t o d a s a g u a s
d o rio A r k a n s a s , que n a s c e n a s m o n t a n h a s
R o c h o s a s . V e r i f i c a d o , p o r é m , q u e o r i o se-
c e a v a q u a n d o a a g u a era m a i s preciosa, o
d e s a n i m o n ã o a b a t e u o s a u d a c i o s o s enipre-
h e n d e d o r e s d o a r r o j a d o t e n t a m e n , e, em
1 8 8 0 , a i r r i g a ç ã o com a a g u a do sub solo
c o m e ç o u a ser e x p e r i m e n t a d a . A s b o m b a s ,
a c c i o n a d a s pot m o i n h o s de v e n t o , c o m e ç a -
r a m a t r a z e r d o f u n d o d o s i n n u m e r o s po-
ços, p e r f u r a d o s em g r a n d e p a r t e d a r e g i ã o ,
a a g u a destinada a fazer a sua prosperida-
de. Os f a z e n d e i r o s a b a n d o n a r a m a m a n i a
de c u l t i v a r g r a n d e s e x t e n s õ e s e a t i r a r a m - s e
resolutamente á polyeultura com o mais
n o t á v e l sueeesso. li' v e r d a d e (pie a a p r e n d i -
zagem custou muitos sacrifícios ; mas a
c o m p e n s a ç ã o n ã o se fez e s p e r a r , e a z o n a ,
d e n t r o em p o u c o , t o r n o u - s e n o t á v e l pelo
crescimento d a s s u a s a r v o r e s e riqueza d a s
s u a s c u l t u r a s . Os m o i n h o s c u s t a m de 1 0 0
a 2 0 0 d o l l a r s . A c c i o n a d o s p o r v e n t o ordi-
n á r i o , enchem u m r e s e r v a t ó r i o (de t e r r a o u
m a d e i r a ) de 7 3 p o r 1 5 0 pés c 0 de p r o f u n -
d i d a d e , em d o u s d i a s . U m m o i n h o e um re-
s e r v a t ó r i o d ã o a g u a s u f f i e i e n t e p a r a irri-
g a r de 1 0 a 2 0 acres. O sueeesso de ( i a r d e n
C i t y ( n o m e d a d o á c i d a d e p o r u m desconhe-
eidn, que, p a r e c e n d o m u s o n h a d o r , foi p r o -
Pheta) teve a mais l a r g a repercussão,deter-
m i n a n d o u m a s a l u t a r e benéfica i m i t a ç ã o .
O C o l o r a d o é outro exemplo frisante
' ' o s m i l a g r e s d a i r r i g a ç ã o . l i ' s a b i d o que en
tre o s l i s t a d o s d a s t e r r a s a r i d a s este é u m
d o s m e n o s f a v o r e c i d o s , b a s t a n d o dizei* que a
c h u v a a n u u a l c alli de 1 7 5 m i l l i m e t r o s . Ter-
reno a r e n o s o , estéril e r o c h o s o , onde só
b r o t a v a m c a c t u s e p l a n t a s m i s e r á v e i s , era
pelos n a t u r a e s c h a m a d o ; com j u s t i ç a i o es-
quecido d a \ ' a t u r e z a .
Solo absolutamente s a f a r o , a opinião
g e r a l s ó o j u l g a v a p r o p i c i o á v i d a de c e r t a s
p l a n t a s , c a p a z e s de m e d r a r no deserto,
t a l c o m o e r a c o n s i d e r a d a a q u e l l a v a s t a ex-
t e n s ã o d o oeste. O C o n g r e s s o de I r r i g a ç ã o ,
d i s c u t i n d o a s d i v e r s a s faces d o p r o b l e m a ,
viu a s s u a s resoluções a p p r o v a d a s pelo
p o v o e s a n c c i o u a d a s pelo 1 C o n g r e s s o Fede-
r a l , que expediu o a c t o de 1 7 de j u n h o de
1 0 0 2 , estabelecendo, c i a r a e positivamente,
q u e o d i n h e i r o p r o v e n i e n t e d a - v e n d a das
t e r r a s p u b l i c a s seria a p p l i c a d o n a c o n s t r u -
e ç ã o de b a r r a g e n s , r e s e r v a t ó r i o s c canaes,
p a r a serem u s a d o s na i r r i g a ç ã o d o s distn-
c t o s á r i d o s d o oeste, ( i r a ç a s a e s t a e a ou-
t r a s providencias já anteriormente toma-
d a s , a t e r r a m a l d i t a t o r n o u - s e proporá e
fecunda, e os F s t a d o s assim m e l h o r a d o s
(Montana, Idálio, W y o m i n g , C o l o r a d o ,
F t a h , N e v a d a . A r i z o n a , N o v o M é x i c o , os
dtítts D a k o t a s , K a n s a s , C a l i f ó r n i a , Washin-
g t o n , O r e g o n , Oklehotna e ' T e x a s ) adq 1 ' 1 !?"
rartl u m a i m p o r t â n c i a e x t r a o r d i n á r i a , P 1 ' 1 "
a u g m e r . t o d a p r o d u e ç ã o • r a p i d e z assom-
b r o s a d o seu p o v o a m e n t o .
Cm c a n a l t r a z i d o de 6 0 m i l h a s <1° r , í
C o l o r a d o beneficiou o v a l í c d o s u e s t e ' '
C a l i f ó r n i a , e dezenas de m i l h a r e s de poe"'
37—

c o m p l e t a r a m a o b r a e c o n o m i c a e civiliza-
d o r a . C o n f o r m e refere L e r o y Reanlieu, cm
onze desses l i s t a d o s , onde a c o l o n i z a ç ã o só
começou d e p o i s de ISTO, n ã o se e n c o n t r a -
v a , nessa é p o c a , pelos três milhões de kilo-
m c t r o s q u a d r a d o s , ' m a w que 0 0 0 . 0 0 0 habi-
t a n t e s , d o s q u a e s ">(>0.000 sé mente n a C a -
l i f o r n i a , p a r a onde a s m i n a s de o u r o t i n h a m
a l t r a h i d o , desde o niciado do século, u m a
i m p o r t a n t e i i u m i g r a ç à o . O s 4 3 0 , 0 0 0 restan-
tes e r a m d i s t r i b u í d o s pelos o u t r o s dez l i s -
tados.
Ivm ISSO a p o p u l a ç ã o d a m e s m a r e g i ã o
n ã o p a s s a v a de 1 , 7 0 7 . 0 0 0 a l m a s , d a s (pia
es 9 0 3 . 0 0 0 f ó r a d a C a l i f o r n i a . J a em 1 S 9 0
esta c i f r a e l e v a v a - s e a 3 . 1 0 2 . 0 0 0 h a b ó a n
tes, p a r a a t l i n g i r cm 1 0 0 0 a 4 . 0 9 1 . 0 0 0 h a -
b i t a n t e s . liste etfectivo h u m a n o , c o n t i n u a
L e r o y Bcaulieu, r e l a t i v a m e n t e f r a c o , j á tem
obtido resultados surprchcndentes.
Ani v i v e m n o v e milhões de b o v i n o s e
c a p r i n o s , e m a i s de 3 3 milhões de c a r n e i r o s
A i r r i g a ç ã o estendeu-se p o r 2 0 0 0 . 0 0 0 hccta
r
e s e a s c o l h e i t a s p r o d u z i d a s em 1 8 0 9 a t t i n -
g i r a m a o v a l o r de 4 3 . 7 . 0 0 0 . 0 0 0 de trancos.
' m acre de terra p o b r e n ã o v a l e m a i s de
1 0 0 d o l l a r s , e m q n a n t o (jue a m e s m a q u a n -
' ' d , i d e de t e r r a i r r i g a d a , c o m o acontece na
C a l i f o r n i a , vende-se p o r 1 . S 0 0 d o l l a r s , asse-
1
S a r a n d o u m a p r o d u c ç f i o quinze a v i n t e ve-
maior do que a das regiões que depen-
dem exclusivamente das chuvas. Segundo
dados publicados em 1 9 0 0 pela repartição
respectiva, a proporção das terras irriga-

«
das e das denominadas melhoradas—im-
proved Innri 6 a s e g u i n t e : N e v a d a , onde a
q u a n t i d a d e de c h u v a a n i m a l n ã o excede de
2 0 0 millimetros, 88% d a s terras m e l h o r a -
d a s s ã o i r r i g a d a s ; no Wvornitig, 8 0 % ; em
A r i z o n a , a p r o p o r ç ã o e de 7 2 % ; no C o l o r a -
d o 7 1 % ; no N o v o Aíexico, 0 2 % ; no IHali,
(»1%.
Jim M o n t a n a , onde a q u a n t i d a d e de
c h u v a c a h i d a é um p o u c o m a i o r e melhor a
sua d i s t r i b u i ç ã o , e s t a p r o p o r ç ã o é a i n d a de
5 V/t ; e no I d á l i o , c u j a p a r t e de noroeste
c o m p r e h e n d e a l t a s e n c o s t a s onde a s nuvens
d o G r a n d e Oceano sé veem c o n d e n s a r , cila
desce a 4 3 % .
S o b r e 2 . 8 6 3 . 0 0 0 d o l l a r s , que valliam
em 1 8 9 9 a s c o l h e i t a s do N e v a d a , 2 . 8 5 3 . 0 0 0
p r o v i n h a m d a s t e r r a s i r r i g a d a s . No Colo-
r a d o , que tem a p r o d u e ç ã o a g r i c o l a mais
i m p o r t a n t e da zona a r i d a ( e x c e p t u a d o s o*
listados do Pacifico), 1 5 . 1 0 0 . 0 0 0 dollars
d o s seus p r o d u c t o s , s o b r e 1 6 . 8 i 5 0 . 0 0 0 , f°*
raui colhidos n a s t e r r a s i r r i g a d a s em uma
p r o p o r ç ã o d o 9 0 % . No A r i z o n a , Utah,
W y o m i n g , a p r o p o r ç ã o d o v a l o r d a s co-
lheitas p r o d u z i d a s p e l a s m e s m a s t e r r a s era
e g u a b n e n t e s u p e r i o r a 9 0 % ; em M o n t a n a .
a t tingi a 7 0 e no I d á l i o (50%. Na C a l i f ó r n i a ,
a i n d a que a s t e r r a s i r r i g a d a s n ã o f o r m e " 1
m a i s que um o i t a v o do e o n j u n e t o d a s ter-
r a s m e l h o r a d a s , o v a l o r d o s p r o d u c t o s obti-
dos sobre as primeiras attingiam a ma's
d o terço d o v a l o r t o t a l : 3 3 míHirtes de dol
l a r s s o b r e 9 3 milhões e meio.
O n u m e r o d o s a g r i c u l t o r e s que se entre-
g a m á i r r i g a ç ã o n a z o n a a r i d a e r a de
1 0 2 . 8 1 0 , em 1 8 9 9 , c o n t r a 5 2 . 5 8 4 , d e z a n n o s
a n t e s . A s superfícies i r r i g a d a s p a s s a r a m , n o
m e s m o decciiriio, de 1 . 4 3 0 . 0 0 0 a 2 . 9 0 5 . 0 0 0
hectares.
Quanto a percentagem da producção.as
vantagens da irrigação são extraordiná-
r i a s . No C o l o r a d o um h e c t a r e i r r i g a d o d á
1 9 h e c t o l i t r o s de t r i g o , m a i s que a m é d i a
o111 F r a n ç a , s e n d o que neste m e s m o l i s t a d o
o s r a r o s h e c t a r e s de t r i g o c u l t i v a d o sem ir-
r i g a ç ã o n ã o p r o d u z e m m a i s que cinco he-
c t o l i t r o s e meio. 0 que e s p a n t a , p o r é m , e
c h e g a r m o s á e v i d e n c i a de que a s d e s p e s a s
c o m t o d o s os s e r v i ç o s de i r r i g a ç ã o r e a l i z a -
dos até 1 8 9 9 attingiram apenas a
0 4 . 2 8 0 . 0 0 0 d o l l a r s . c i f r a i n f e r i o r a 30'/t d o
valor das colheitas dos terrenos irrigados.
P a s s e m o s á Austrália, onde o clima,
c o m o se s a b e . é d o s p e i o i e s .
Os p o ç o s a r t e s i a n o s a h i , q u e r públicos,
q u e r p r i v a d o s , a t t i n g i r a m em 2 0 a n n o s a
m a i s de 2 . 0 0 0 . R x c e p ç á o de V i c t o r i a , elles
teein p r e s t a d o , em t o d a s a s o u t r a s colonif.s,
a l a v o u r a e á in ' n s t r i a p a s t o r i l , o s m a i s
a s s i g u a l a d o s b e n e f í c i o s , r e s o l v e n d o , p o r as-
sim dizer,o p r o b l e m a a g r í c o l a d a q u e l l a d e s -
f a v o r e c i d a r e g i ã o . D a s d u a s b a c i a s .artesia-
nas, ahi e n c o n t r a d a s , a m a i o r e a m a i s
a b u n d a n t e é a que e s t á c o l l o c a d a no f l a n c o
"ocidental d a cadeia c h a m a d a «Pividing
Range».
1,'stendc se p o r u m a superfície d u a s v e -
zes maior do que a Franca e com prebende
uma larga parte das províncias de Queens-
latíd, da Nova («alies do Sul e da Austrália
Meridional. O preço da perfuração dos po-
ços varia conforme a natureza do sub solo,
a sua profundidade, c o maior ou menor
afastamento das estações dos caminhos de
ferro ou portos duvides, sendo que estas
duas ultimas condições representam obstá-
culos que muito encarecem alli a eonstru
eeão de taes obras. No «Par-West», por ex-
emplo, c preciso contar com d e s p e s a s exces
sivas, devido á carestia dos transportes, lei-
tos em costas de camellos. Pôde se, porém,
avaliar o custo médio de um poço em 25 a
50 mil francos. A duração dos trabalhos
não é menos variavel. O poço de Willii, ''i11
Nova Galles, tem 'SOS metros de profundi-
dade. Dez operários abi trabalharam, sob a
direcção dc um contra mestre, durante 7(
dias. Fm operário ganha de 10 a lõ francos
por dia, sendo as despesas da a l i m e n t a ç ã o
por conta do empreiteiro. Actualmente «>
Oueensland possueOOO poços públicos e pi1
vados, dos quaes 028 jorrantes. A proíutv
didarle total desses poços é de ,'!27 kilome-
i r o s e o fornecimento liquido diário de
1.750.192 metros cúbicos. Na Austrália M''
ridionál os poços estão extraordinariamen
te disseminados. Alguns dcjjes são n o t á v e i s
por sua produeção.
O d e C o w a r d , p o r exemplo, dá 2 . 1 ' ;
metros cúbicos p o r dia. Na Austrália Occi-
dental a bacia artesiana é p o u c o e x t e n s a e
p r o d u z e m d i a r i a m e n t e 0 3 1 . 7 4 1 m e t r o s cú-
bicos. C o m o os de Q u c e n s a l a n d , elles torne
cem a principal r e g i ã o c r i a d o r a d a A u s t r a -
l i a 2 8 3 1 . 0 3 3 m e t r o s c ú b i c o s p o r d i a , ou se-
j a m 8 0 9 . 4 0 5 . 5 4 3 metros cúbicos por anuo.
0 p o ç o m a i s p r o f u n d o é O (k U i m o r a k u n ,
que a t t i n g i u á p r o f u n d i d a d e de 1 . 5 3 9 me
t r o s , c o m a i s r a s o c o de M a u í r e d D o w u s ,
s i t u a d o egualmcnt.e no O u c e n s l a n d , c o m .">
m e t r o s a p e n a s . O m a i s a b u n d a n t e c <> de
K e r r i b r e e , em X o v a tiallcs, que dá um sup-
primento equivalente a 7 . 9 4 5 . 0 0 0 litros
p o r d i a . E s t e s d a d o s f o r a m c o l h i d o s em u m
a r t i g o m u i t o i n t e r e s s a n t e que o S r . P a u l
P r i v â t Dcsehanel le/, p u b l i c a r n a «Génie Ci-
vil» q u a n d o r e g r e s s o u da m i s s ã o que o g o -
v e r n o írancez lhe c o n f i o u p a r a e s t u d a r o
a s s u m p t o n o p a i / a que me v e n h o referindo.
A l e g i s l a ç ã o que r e g u l a a m a t é r i a é m a i s
<»u m e n o s a m e s m a em t o d a s a s c o l ô n i a s
a u s t r a l i a n a s . G u a n d o se t r a t a de um p o ç o
p u b l i c o , o E s t a d o fixa a s u a c o l l o c a ç ã o me-
d i a n t e i n q u é r i t o . J a m a i s elle recusa solit a ç ã o
p a r a t a l fim, q u a n d o p e d i d a p o r d o i s t e r ç o s
d o s h a b i t a n t e s de um d i s t r i c t o , si represen-
t a m t a m b é m d o i s t e r ç o s da p r o p r i e d a d e
d a s t e r r a s c u l t i v á v e i s . D e t e r m i n a d a a collo-
e.ação, o g o v e r n o estabelece u m a t a x a espe-
eial a perceber s o b r e os p r o p r i e t á r i o s a
quem o s p o ç o s vem a p r o v e i t a r e põe o s t r a -
b a l h o s cm c o n c o r r ê n c i a , O p r o p o n e n t e f o r -
nece o s u t e n s í l i o s e a m ã o de o b i a ; é o g o -
— 42—

verno, porém, quem fornece e transporta o


revesti meu to.
lista partilha, um t a n t o e x t r a v a g a n t e ,
c devida ao preço dos transportes, que,
por demais elevádo, afugentaria os concor-
rentes, si o governo n ã o os tomasse á sua
conta. Iim relação aos poços privados, o
g o v e r n o não tem a menor interferencia. lia,
porém, um t y p o intermediário, interessan-
te, «pie merece referencia, C o m o se sabe, o
listado é na A u s t r a l i a o possuidor de direi-
t o de t o d a s as terras não alienadas regu-
larmente. C o m o fim de valorizal-as, ellc
ced«'grandes extensões aos particulares a pre-
ços reduzidos (20 fr. 0. acre ou seja õO fr. o
hectare), por 2 4 annos, com a faculdade in-
definida de renovamento, mediante a obri-
g a ç ã o do arrendatario abrir um poço arte-
siano de cujas v a n t a g e n s ellc g o s a r á sem
limitação. F i n d o o contracto e não lhe con-
vindo a renovação, a clausula r e v e r s i v a
empossa o estado na propriedade a r r e n d a d a
e seus benefícios. 0 poder publico, para at-
tender á s necessidades dos rebanhos nas
longas travessias p a r a os caminhos de
ferro, tem m a n d a d o perfurar ás m a r g e n s
das e s t r a d a s de rodagem poços suíficientes.
Uma grande parte do interior da N o v a C.al-
les e do Queensland tem sido colonizada
pela facilidade com que o g o v e r n o offorecc a
a g u a a o s que alll se queiram localizar. F
assim que nessas colônias, corno em o u t r a s
elle tem m a n d a d o dividir a s terras c o n v e -
nhas a cada poço em lotes de 6 a 8 hecta-
rt*s, que arrenda a preço modicÒ, cedendo a
a g u a correspondente á irrigação das eultu-
ras realmente existentes. A C a m a r a sabe, e
sabe o illustrado relator deste orçamento, o
extraordinário progresso que a agricultura
0 a criação na Australia devem a essas pro-
videncias, t o m a d a s para beneficiar terras
muito mais pobres do que as terras nor-
tistas.

V e j a m o s , ainda, sr. Presidente, outros


exemplos.
Na Argélia, região de regimen torren-
cial semelhante ao do norte do paiz, m a s
eom uma a l t u r a pluviometriea interior, su-.
feita ás mesmas Crises periódicas que fla-
gellam a bacia do S. Francisco, o problema
teve solução ellicaz e compensadora.
N ã o (aliando nos 1 3 . 1 3 o poços alli per-
furados de IHõO a 1 N 9 5 , alguns de grande
profundidade, a Argélia conta sete grandes
aeudes-res. rvatorios, dos qüaes cinco estão
na província de Oran e dois na de Argel,
construídos de 1 8 4 9 a Í 8 9 0 . O governo
1 rance* mantém uma commissão permanen-
te com a incumbência especial e effectiva de
superintender t o d o s os serviços de irriga-
ção, seja pela açudagem, seja pelo suppri-
mento do sub-soh).
O governo tem sido alli verdadeira
mente pródigo em auxiliar as empresas de
irrigação, tendo chegado a despender em
1 9 0 2 a somma de 1 . 0 2 6 . 2 4 3 , 0 0 francos.
N a índia, v. exc. e a C a m a r a conhecem
44

os resultados cias .obras realizadas pelo go-


verno inglez.
Madras, Mysora, Kistnah, Sind e ou -
tras províncias possuem um numero posi-
tivamente phantastieo de reservatórios, (pie
já teem custado ao gpvcrno mais de 200
mil contos. O rendimento tem chegado a
ser .an algumas provineias de 22.72 '/< so-
bre o capital empregado. A capacidade pro-
duetiva de algumas ci retini ser ipções atig-
mciitou na relação de 2Õ0 %,
O problema, sr. Presidente, tem tido,
como v. exc. vê, solução vantajosa cm toda
parte onde tem sido tentada. Não só nos
paizes que acabo de citar, como «ainda na
Republica Argentina, na Arabia, no Egvpto
e tantos outros.
Pm único motivo deveria, pois. deter-
minar a adopção de procedimento diverso
no nosso paiz, ecste viria a ser a esterilidade
da zona a melhorar.
Kxamineinos, sr. Presidente, este nqvo
aspecto da questão, c ainda desta vez deixo
aos números o encargo da resposta.
A Camara vae ver e julgará si lenho
ou não motivos de insistir na construcçã0
c.e barragens paia utilizar as aguas rcpi"e*
zadas na irrigação.
Dentre alguns açudes existentes no
Grande do Norte escolherei em primeiro h>
gar o do Cauassti, propriedade do sr. Joa-
quim da Virgem Pereira, encravado no mu-
nicípio do Acary um dos mais scccos
Ivstado.
45

Ouçam os meus collegas.


A r c a i n u n d a d a — l , 4 5 2 . 0 0 0 metros q u a .
d rados.
C o m p r i m e n t o d a b a r r a g e m — 3 3 0 m ; al-
tura—T" 1 ? ; espessura d a base—30 r o ,8.
A b a r r a g e m é t o d a de t e r r a e o custo
de construcçAo foi apenas de 8 : 0 0 0 $ 0 0 0 .
Rendimento:
A sua renda liquida tem sido, desde
1 9 0 3 , época era que foi construído, de
2 0 : 0 0 0 $ 0 0 0 , ineluida a prorlucção do ter.
reno de j u s a n t e , correspondente a 8 4 1 . 8 4 0
metros q u a d r a d o s , i r r i g a d o s com a a g u a
{
lo açude.
O proprietário dividiu t o d o o terreno
cultivável em pequenos lotes que distribuiu
com famílias pobres p a r a t r a b a l h a r e m de
Parceria.
Producçfio:
1 4 0 . 0 0 0 litros de arroz, a 1 0 0 réis o l i -
tro (inetr.de) 7 : 0 0 0 $ 0 0 0 .
0 , 0 0 0 a r r o b a s de a l g o d ã o , a 3 $ , 1 5 ki-
m g r a m m a s (metade) 9 : 0 0 0 $ 0 0 0 ,
Cereaes e e n g o r d a do g a d o , 4 : 0 0 0 $ 0 0 0 .
UM S R . DEPUTADO—Mas isto é prodi-
gioso !
O SK, TJIOMAZ C A V A L C A N T I — M a s é a
?
* p r e s s f l o d a verdade.
O S R . E L O Y DE SOUZA—Ainda no muni-
" o do A e a r v existe o açude dos Garrotes,
c
° n s t r u i d o pelo sr. F e l i x de A r a u j o Pereira.
A s u a b a r r a g e m e de terra e tem 2 1 4
metros de comprimento e 1 3 ra,20 de a l t u r a .
Preço d a b a r r a g e m — 1 2 : 5 0 0 $ 0 0 0 . E ' o
açude mais bem construído do Rio G r a n d e
do Norte.
Rendimento :
N ã o o b s t a n t e a g r a n d e p r o f u n d i d a d e e,
e o n s c g u i n t e n i e n t e , o m a i o r v o l u m e de a g u a ,
este açude fertiliza u m a a r c a menor d o que
o d o C a u a s s ú , do sr. J o a q u i m d a Virgem
Pereira, porque o valle c mais estreito.
A s u a r e n d a l i q u i d a p o d e oer a v a l i a d a
em u m a media de 1 0 : 0 0 0 $ a n n u a e s , incluído
o peixe. P r o d u z m u i t o bem o a l g o d ã o , can-
n a fie a s s u c a r e a r r o z .
No município d o C a i c ó ha t a m b é m dois
a ç u d e s r e g u l a r e s . t J m delles, o d o s r . J a n n u -
cio S a l u s t i a n o d a N ó b r e g a , além d e produ-
zir a d m i r a v e l m e n t e c e r e a e s e c a n n a , é ri-
q u í s s i m o em p e i x e .
Seu p r o p r i e t á r i o j á t e m c o n s e g u i d o rea-
l i z a r p e s c a r i a s , n a é p o c a a p r o p r i a d a , dé ou-
t u b r o a d e z e m b r o , que lhe teem r e n d i d o a t e
10:0(:()$()()(). A n u o j á h o u v e e m q u e f o r a m
a p a n h a d o s 8 0 . 0 0 0 peixes.
Quem conhece, sr. Presidente, a zona
do Scrido, nspera e desnudada, habitada
p o r u m p o v o viril, t r a b a l h a d o r e h o n e s t o ,
s a b e o s s a c r i f í c i o s q u e a elle t e m c u s t a d o a
e o n s t r u e ç ã o «las b a r r a g e n s alli e x i s t e n t e s c
g r a ç a s á s q u a e s p u d e r a m m e l h o r a r a s con-
d i ç õ e s d a v i d a , f u n d a n d o u m c e n t r o de t r a -
balho digno da imitação dos c o n t e r r â n e o s .
O S R . J U V E N A L L A M A R T I N E - M u i t o bem-
O S R . E L O Y DE SOUZA—Um r á p i d o ( , x a -
me d o c r e s c i m e n t o d a p o p u l a ç ã o n o s E s t a -
d o s d o C e a r á e R i o G r a n d e , o a u g m e n t o 'la
sua riqueza, accumulnda noa annos normaes,
para quasi* desapparceer na voragem das
seceas; embora a defieieneia dos dados que
passo a offerecer á C a m a r a , d a r ã o bem a
idén do quanto venho afíirnmndo.
E ' assim, sr. Presidente, qiie em 1 8 4 5 a
e x p o r t a ç ã o do C e a r á toi de 1 2 4 , 7 5 7 lcilo-
g r a m m a s e em 1 8 7 1 , apezar dos prejuízos
causados pela calamidade daquelle atino,
cila attingia a 7 . 0 0 0 . 0 4 4 kilogramtnas.
O dizimo do g a d o grosso, que rendeu
em 1 8 4 0 , 6 : 1 8 0 $ 3 Õ 0 , em 1 8 0 5 , no curto es-
paço dé 1 0 annos, chegou a produzir.......
1 2 4 . - 3 0 9 $ 0 2 9 , p a r a b a i x a r em 1 8 7 8 , na con-
stância do flagello de 1 8 7 7 a 1 8 7 9 , á mise-
rável q u a n t i a de 1 : 1 9 9 $ 8 0 0 .
A fortuna pastoril era a v a l i a d a , em
1 8 7 0 , em 2 2 . 3 8 8 : 0 0 0 $ 0 0 0 ; em 1 8 7 8 mio
valia mais que 3 1 : 3 0 0 $ 0 0 0 .
A população duplicou em menos de
2 5 annos nos dois E s t a d o s referidos.
Documentos antigos d A o os seguintes
algarismos para o C e a r á :

1775 34.000
1810 130.000
1812 149.000
1819 201.170
1835 240.000
1857 480:000
1860 504.000

E m 1 8 7 6 nAo era e x a g g e r a d o calcular a


População deste E s t a d o cm 7 5 0 . 0 0 0 a l m a s .
No R i o G r a n d e d o N o r t e , d a d o s colhidos
em d o c u m e n t o s de 1 8 4 4 d ã o á p r o v í n c i a
u m a p o p u l a ç ã o de 1 4 9 . 0 7 2 h a b i t a n t e s ;
^em 1 8 7 0 e s t a p o p u l a ç ã o e r a e s t i m a d a em
2 5 3 . 0 0 0 habitantes, actualmente n ã o c e x a g -
g c r a d o calculal-a em 4 0 0 . 0 0 0 e r e a t u r a s .
0 seu o r ç a m e n t o e r a de 4 5 : 0 8 5 $ 8 2 G .
A p ó s a secca, a receita o r ç a d a p a r a 1 8 4 0 a
1 8 4 7 reduziu-se a 1 9 : 5 0 4 $ 0 0 0 ; em 1 8 7 0 a
receita o r ç a d a foi de 2 9 1 : 2 7 7 $ e a a r r e c a -
d a d a de 3 3 2 : 2 5 8 $ 1 3 0 .
ü g a d o b o v i n o , d e p o i s d a secca de 1 8 4 5 ,
ficou reduzido a 4 2 . 0 0 0 c a b e ç a s ; em 1 8 7 0
este n u m e r o p o d i a ser r a z o a v e l m e n t e a v a -
l i a d o em 5 0 0 mil rezes.

listes a l g a r i s m o s e v i d e n c i a m , sr. Presi-


dente, que a p r o s p e r i d a d e desses E s t a d o s
i r m ã o s , r i v a l i z a r i a com o s m a i s felizes d o
paiz, si a o r i e n t a ç ã o d o s g o v e r n o s o s hou-
vesse melhor a c a u t e l a d o c o n t r a crises re-
m e d i á v e i s , d e v e r que hoje, m a i s d o que hon-
tem, se impõe, d a d a a m u l t i p l i c i d a d e d o s
e x e m p l o s conhecidos.
C u m p r o um d e v e r de l e a l d a d e a g r a d e -
cendo a o g o v e r n o p a s s a d o o inicio de um
serviço systematieo c o n t r a os effeitos da
sece.a no l i s t a d o que r e p r e s e n t o ,
O d r . R o d r i g u e s A l v e s e se;; d i g n o e
c o m p e t e n t e m i n i s t r o d a Viação, c o i n p e n e '
t r a d o s d a necessidade de p r o v e r effícazmeirt-
o d e s a s t r e de c a l a m i d a d e s f u t u r a s , n o m e a -
r a m u m a c o m m i s s ã o de e n g e n h e i r o s P f t , í *
c o n s t r u i r a e s t r a d a de p e n e t r a ç ã o , d o N a t a l
ar) Soridó, e p r o j e c t a r a s o b r a s que f o s s e m
necessárias.
O chefe d e s t a tíommissão foi o dr. S a m -
p a i o C o r r ê a , p r o f i s s i o n a l que, pelos seus ta-
lentos, d e n t r o em b r e v e será u m a g l o r i a d a
engenharia brasileira.
O SK JAMES DARCY—V. e x c . p ó d c affir-
m a r q u e j á o é.
O SR. E L O V J)Ü S O U Z A — V . e x c . la/uma
j u s t a c o r r e c ç ã o que a n o s s a c o n h e c i d a e s t i m a
p o r esse i l l u s t r e p r o f e s s o r e o n o s s o a g r a d e -
c i m e n t o pelos b o n s s e r v i ç o s (pie tem prest a d o
a o Rio Oraiide do Norte poderiam t o r n a r
fiUsfieita.
( » r a ç a s á s u a a c t i v i d a d e , zeloie p r o b i -
d a d e , c o r r e s p o n d i d a p e l a d e d i c a ç ã o e es
*orço d o s seus d i g n o s a u x i l i a r e s , em p o u c o
tempo pudemos, com notável economia,
i n a u g u r a r o t r e c h o d a e s t r a d a que j á e s t á
s e r v i n d o a o v a l l e d o C e a r á - M i rim.
Além d e s t e m e l h o r a m e n t o , c u j a i m p o r -
t â n c i a p a r a o p r o g r e s s o d a n o s s a v i d a eco-
nômica 1 s e r i a o c i o s o encarecer, o r e f e r i d o
p r o f i s s i o n a l p r o j e c t o u cinco a ç u d e s em v á -
rios m u n i c í p i o s d o E s t a d o .
A i n d a hoje li, c o m s u m m o p r a z e r , na
(">i\yvtn de Noticias, as seguintes pala vras
d o dr. M i g u e l C n l m o n :
«Uma d a s minhas prcoccupações é o
P r o b l e m a d o n o r t e — a e x t i n e ç ã o d a s seueas
P e r i ó d i c a s , c o m o seu c o r t e j o de d e s a s t r e s e
de infelicidades. Os g o v e r n o s s ó se l e m b r a m
de q - e h a sceea q u a n d o o l l a g e l l o a s s o l a re-
g i õ e s , m a t a m i l h a r e s do p e s s o a s , i m p l a n t a
a r u í n a , o d e s a s t r e , a m o r t e . O meu d e s e j o
ó s y s t e n i a t i z a r o s s e r v i ç o s de t a l f ô r m a , q u e
se é o m i g a i m p e d i r o s e f l e i t o s d a seeea. A
m a n e i r a p e l a q u a l se lia de f a z e r i s s o ? Aeu-
d a g e n s , b a r r a g e n s de r i o s , c u l t u r a intensi-
v a , poços a r t e s i a n o s , irrigações, um t r a b a -
lho i n t e n s o , (pie •mesmo u m g o v e r n o f u t u r o
se v e j a o b r i g a d o a c o n c l u i r .
Hssa s y s t e m a t i z a ç ã o pode bem ser cha-
m a d a : o p r o b l e m a d o n o r t e . S ó q u e m co-
nhece a s r i q u e z a s d a q u e l l a v a s t í s s i m a r e g i ã o
c que o pode avaliar.
D e p o i s , p e l o s p r o c e s s o s m o d e r n o s de ir-
rigação n ã o h a mais terreno safaro. Veja
os resultados obtidos na índia, no K g y p t o ,
na America do Noite.
Os a m e r i c a n o s teem m e s m o u m a p l i r a -
s e : " I r r i g a ç ã o n ã o c s u c c e d a n e o de c h u v a ,
c h u v a c q u e o c de i r r i g a ç ã o . N a s s e c e a s d o
norte os governos, no fundo, esperam a
chuva e o bando precatório».
S. e x c . , q u e é, e n t r e o s m a i s f o r m o s o s
t a l e n t o s d e s t a g e r a ç ã o , f o r m o s í s s i m o ; do-
t a d o de u m a a c t i v i d a d e p o u c o c o m m u m , al-
h a d a a o t r a t o p r a t i c o d a s q u e s t õ e s de g o -
v e r n o , f i l h o de u m a terra, e g u a l m e n t e sof-
fredora, muito poderá fazer, e certamente o
f a r á , em b e n e f i c i o d a q u e l l a s p o p u l a ç õ e s ( /l-
poiíidos gemes).
T u d o l e v a a c r e r q u e s. exc. j á tem mes-
mo um v a s t o plano niethodico c profícuo,
t a n t o m a i s a c e r t a d o q u a n t o o v e m medi-
t a n d o d e s d e o s t e m p o s em q u e s e r v i u c o m o
t i t u l a r d a p a s t a d a A g r i c u l t u r a no seu glo-
rioso Ivstado.
C o n s o l a a s s i g n a l a r , sr. Presidente, a
p e r f e i t a identidade entre os f r a n c o s desejos
do j o v e n m i n i s t r o e a p r o m e s s a que, c o m o
mesmo deliberado p r o p o s i t o , o sr. P r e s i -
dente d a Republica, na v i s ã o de conjuneto
que t a n t o o distingue, fez inserir c o m o pro-
g r a m a m de g o v e r n o n a p l a t a f o r m a dc ou-
t u b r o do a n n o p a s s a d o . ( M u i t o bem).
T o m o , e n t r e t a n t o , a liberdade de pon-
d e r a r a s. e.vc. q u e n ã o e x c l u a do seu p l a n o
de o b r a s p r e v e n t i v a s c o n t r a os effeitos d a s
scccas a g r a n d e a ç u d a g e m .
N ã o a quer© nem a pleiteiaria j a m a i s
c o m o t y p o c o m m u m e n o r m a l ; m a s cila se
r e e o m m e n d a e impõe em pleno c o r a ç ã o d a
t e r r a s e r t a n e j a p a r a e v i t a r que n a s c a l a m i -
d a d e s exccpeionaes busquem o l i t t o r a l , fa-
vorecendo a s epidemias, a s g r a n d e s m a s s a s
t a n g i d a s pela f o m e ,
Dois g r a n d e s açudes no Rio G r a n d e do
Norte, com os médios e menores que em
m a i o r n u m e r o se p o d e r ã o c o n s t r u i r , e tere-
m o s r e s o l v i d o o p r o b l e m a 110 s e r t ã o p r o -
p r i a m e n t e dito.
Na zona a leste d a B o r b u r e m a , 11a f a i x a
m a i s p r ó x i m a a o l i t t o r a l , eu preferiria os
poços tubulares.
A açudagern abi n ã o tem p r o v a d o bem.
Os açudes scccatn c o m o p o r encanto,de-
vido á d u p l a p e r d a p e l a e v a p o r a ç ã o e infil-
t r a ç ã o , o (pie n ã o acontece no interior onde
a i m p e r m e a b i l i d a d e do solo q u a s i os pre-
s e r v a d e s t a u l t i m a . A l é m de q u e , s r . Presi-
d e n t e , eu n ã o c r e i o q u e e m t e r r e n o de ' f o r -
m a r ã o p r i m i t i v a se p o s s a e n c o n t r a r a g u a
n o sul) s o l o . N ã o f o r a e s t a v ã s u s p e i t a , c
m o t i v o de o r g u l h o s e r i a p a r a t o d o s n ó s
v e r m o s o vento terrível que v a r r e aquellas
p a r a g e n s em um s o p r o de m o r t e , t r a n s l o r -
m a d o no a u x i l i a r p o d e r o s o d a n o s s a vida.
m o v e n d o p o r t o d a p a r t e a s a z a s d o s mo-
inhos bemfazejos.
K n t r e o s a ç u d e s p r o j e c t a d o s p e l o dr.
S a m p a i o C o r r ê a , um e x i s t e p a r a c u j a c o n -
s t r u c ç ã o eu o u s a r e i p e d i r a b o a v o n t a d e do
( l o v e r n o . R e f i r o me a o a ç u d e de S a b u g v , a o
município d o Caicc, cuja bacia h y d r o g r a -
p h i c a tem 7 0 0 m i l h õ e s de m e t r o s q u a d r a -
d o s , s e n d o o v o l u m e de a g u a a a r m a z e n a i "
de 1 0 0 m i l h õ e s d e m e t r o s c ú b i c o s .
A c a p a c i d a d e d a a r c a de i r r i g a ç ã o é de
õ mil h e c t a r e s , ou u m a f a i x a c u l t i v á v e l 'I e
5 0 k i l o m è t r e s de c o m p r i m e n t o p o r 1 kil í V
m e t r o de l a r g u r a .
A d m i t t i n d o <pie o a ç u d e d e v a r e s i s t i r a
t r è s r u m o s d c seeca e d i s t r i b u i n d o a n g " r l
em p r o p o r ç ã o c o n v e n i e n t e á s d i v e r s a s cul-
tuaras p r o p r i a s d a z o n a , a a r c a irriga'j'' 1
p o d e f o r n e c e r p r o d u C t o s c u j o v a l o r d e v emJ''|
n o m e r c a d o m a i s p r o x i m o é d e c e r c a d-e
contos.
S u p p o n d o qUc é s g a s t o s de p r r t d n c ç a 0
e t r a n s p o r t e , bem c o m o o b e n e f i c i o d o pi«; 1 '
tador, concsponrlam a S0 % d o v f t l ° r í '
p r e ç o de v e n d a , o s 2 0 % r e s t a n t e s r e p r e ^
t a m u m a t a x a d e a r r e n d a m e n t o d o ten* 1 ' 1
irrigado,equivalente a 1 5 0 contos annuacs.
Os q u a t r o r e s t a n t e s s ã o m é d i o s e c o m
u m a c a p a c i d a d e v a r i á v e l de 5 9 a 0 0 m i -
lhões de m e t r o s cúbicos.
A C a m a r a n ã o v á s u p p o r que o c a l c u l o
d a p f õ d u c ç ã o e q u i v a l e n t e a 7 2 0 c o n t o s t.-
n h a s i d o f e i t o de a c c ô r d o c o m o s d a d o s ,
p a r a m u i t o s e x a g g e r a d o s , que s e r v i r a m n a
a v a l i a ç ã o da r e n d a d o s a ç u d e s d o A c a r v .
N ã o . 0 t y p o que preferi foi o d a s t e r r a s
d o l i f c v p t o , m u i t o inferiores á s n o s s a s , uti-
l i z a n d o , me p a r a t a l fim d o s a l g a r i s m o s ex
t r a h i d o s d o l i v r o de J u l i c n B a r o i s « I r r i g a -
ç ã o no E g y p t o » e que p o r i n t e r e s s a n t e s p a s s o
a ler á C a m a r a .
Rendimento das terras :
S e g u n d o G i r a r d , d a e x p e d i ç ã o tranccza,
a d i s t r i b u i ç ã o p a r a c u l t u r a dc Í 0 0 h e c t a r e s
de b o a s t e r r a s , bem s i t u a d a s n o D e l t a , ta-
zia-se o u t r ' o r a do seguinte modo :

hectarrs

T 25
1 revo
30
Ccreacs
Cevada
10
Trigo c cevada mistura-
35
dos
100

Dentre 1 0 0 h e c t a r e s , um q u a r t o recebia
c u l t u r a s de e s t i o e o u t o n o , s e j a :
hnctare»
Em milho...' 13
Em sésamo 0
Em algodão 6

25

A c t u a l m e n t e 1 0 0 h e c t a r e s de b o a s ter-
r a s d o Delta podem' ser c u l t i v a d o s d o m o d o
seguinte:
bert.irfs
M i l h o , u m a secção de t r e v o
e algodão 33
Cereaes 33
Favas 17
Trevo 17

100

A proporção d a s culturas do estio está.


pois, a c t u a l m e n t e a u g m e n t a d a considera-
velmente, em conscípieneia d o s t r a b a l h o s
e m p r e h e n d i d o s d u r a n t e o século u l t i m o .
P a r a as boas terras medias do b a i x °
E g v p t o , bem s i t u a d a s em r e l a ç ã o a o nivcl
d a s a g u a s d o s e a n a e s de i r r i g a ç ã o , eis, a p r o -
x i m a d a m e n t e , c o m o se pôde estabelecer a
p r o p o r e ç ã o a c t u a l d a s u a c u l t u r a , com a di-
v i s ã o p a r a a c u l t u r a i n d i c a d a a c i m a , c n<>
c a s o de um g r a n d e d o m i n i o e x p l o r a d o dire-
c t a m e n t e pelo p r o p r i e t á r i o :
Despesa p a r a u m a superfície de 1 0 0 he-
ctares : Franc"*
l n Sementes 3.000
2 9 J o r n a l <1o pessoal 2 500
39 D e s p e s a s de i r r i g a ç ã o a m a e h i n a 1.500
1" Nutrição dos animaes durante
o e s t i o , á r a z ã o de d u a s ca-
beças por hectare 1.000
5V> S a l á r i o d o s t r a b a l h a d o r e s pelo
a m a n h o , plantação, colheita,
etc 8.800
0 o D e s p e s a s g e r a es, a m o r t i z a ç ã o
d a s construcções e do mate
via!, etc 2.500

Despesa t o t a l , n ã o c o m p r e h e n -
didos os impostos 10.400

k e c c e i t a p a r a u m a superlicie de 1 0 0 lie
et a r e s :

1 " C o l h e i t a de m i l h o s o b r e 3 3 hec-
t a r e s , d e d u z i d a a d e s p e s a de
armazenagem 2.723
2" Trevo cultivado junto ao mi-
lho ( 3 3 h e c t a r e s ) 3.030
30 Algodão (33 hectares) 27.087
1 " C o l h e i t a de c e r e a e s ( 3 3 hecta-
res) 8,115
>">" F a v a s ( 1 7 h e c t a r e s ) 3.805
Trevo, deduzida a ração dos
animaes 1-0
L o c a ç ã o a o c a m p o n e z de 8 he-
c t a r e s c- 5 0 a r e s , a 1 0 0 f r a n -
cos o hectare 850
Receita total 47.830
D, (luzida a d e s p e s a do. 10.400

Saldo 27.830

o que representa u m a receita de p e r t o de


1 8 0 f r a n c o s por hectare, n ã o eomprehen-
d i d o o p a g a m e n t o de i m p o s t o s , ou de 1 0 0
f r a n c o s p o r hectare, deduzidos o s i m p o s t o s .
P a r a um d o m í n i o d o í i g y p t o médio,
onde se c u l t i v a a c a n n a de a s s u e a r , podem-
se a d m i t t i r a s c i f r a s s e g u i n t e s , s u p p o n c . °
que, c o m o na r e g i ã o d o c a n a l de I b r a h i m i -
ch, n ã o h a d e s p e s a s de e l e v a ç ã o de a g u a .
Despesas p a r a u m a superfície de 1 0 0
hectares :
Francos

C a n n a d o p r i m e i r o a n u o , despe-
s a s de c u l t u r a 7.000
C a n n a d o s e g u n d o a n u o , despe-
s a s de c u l t u r a . . 3.600
T e r r a s em r e p o u s o (2 hectares)... 3.600
C u l t u r a nili L chetoui sobre 40
hectares 3.100
Amortização das eonstrucçõcs c
d o s m a t e r i a e s , etc 1.100

Despesa t o t a l , n ã o c o m p r e h e n d i
15.400
d o s os i m p o s t o s
Receita p a r a u m a superfície de 1 0 0
hectares :
C a n n a s d o p r i m e i r o a n no, c o m -
p r e h e n d i d a s a s f o l h a s , 0 8 to-
n e l a d a s a l õ frs., 7 5 c a d a
uma 21.792
C a l i n k s d e s e g u n d o a n u o (com-
prehendidas as folhas no va-
l o r de 1 2 f r s . , 1 0 ) 3 8 t o n e l a -
d a s a 1 5 frs., 7 5 c a d a uma... 12.218
P r o d u c t ò d a s c u l t u r a s d o nili e
ckctom.: 12.100

1-0.110

PifFercnça que representa um p r o d u e t o


de 3 1 0 f r a n c o s p o r h e c t a r e , n f l o i n c l u í d o s
o s i m p o s t o s , o u de 2 2 0 ( r a n ç o s p o r h e c t a -
re, d e d u z i d o s e s t e s .
Q u a n d o se <5 o b r i g a d o á i r r i g a ç ã o p o r
m e i o de t n a c h i n a s a v a p o r , q u e u t i l i z a m a s
a g u a s d o N i l o , c p r e c i s o d e d u z i r d e s t a s sotu-
rnas p e r t o de 8 5 f r a n c o s p o r h e c t a r e de
e a n n a e 5 0 f r a n c o s p o r h e c t a r e de c u l t u r a
de tiilí e chetoui, ( c u l t u r a s de i n v e r n o e in-
t e r m e d i a s ) p e l a d e s p e s a de e l e v a ç ã o d ' a g u a ,
o (pie, e m r e l a ç ã o á s u p e r f í c i e t o t a l de 1 0 0
h e c t a r e s , d á u m a m e d i a de 5 1 f r a n c o s de
r e d a c ç ã o de r e n d a , p o r h e c t a r e .
A s m e l h o r e s t e r r a s de i r r i g a ç ã o n o b a i -
x o e n o K g y p t o tnedio a r r e n d a m - s e a 3 0 0
Ira ti c o s o h e c t a r e , d e d u c ç ã o f e i t a d o i m p o s -
to, e as bons terras a 2 2 0 francos ; as boas
t e r r a s de i n u n d a ç ã o a 1 8 0 t r a n c o s o he-
ctare.
C o m prebendo, por consiguinte.de accôr
d o c o m a s c i f r a s a c i m a , q u e o ideal de t o d o
o ògypclb c possuir uma p o r ç ã o de terra no
v a l l ê d o Nilo.
l i ' , c o m o a C a m a r a v ê , m a i s ;;m v a l i o s o
s u b s i d i o p a r a p r o v a r a s v a n t a g e n s d a irri-
gação.
S i n t o na p r ó p r i a f a d i g a , sr. Presidente,
o e n f a d o dos meus cpllegns.
O SR S I M O E S LOI»ES A Attenção, e o pra-
z e r c o pi q u e o e s t a m o s e s c u t a n d o s ã o u m a
prova do contrario.
O SR. I Í L O Y DE S O U Z A — A g r a d e ç o a g e n
t i l e z a de V. E x . e p a s s o a d i z e r , l i g e i r a m e n -
te, e m b o r a , c o m o p e n s o q u e e s s a s o b r a s
a l t a m e n t e p r o d u e t i v a s d e v e m , p e l a s u a ur-
gência, ser e o n s t r u i d a s .
S o u , sr. Presidente, f r a n c a m e n t e parti-
dário do consorcio hydraulico p a r a a reali-
z a ç ã o de t a e s m e l h o r a m e n t o s .
A t t e n d e n d o p o r um l a d o a o c u s t o e l e -
v a d o d e s s a s o b r a s , e p o r o u t r o l a d o á pres-
s a que d e v e m o s ter em a t a c a r o p r o b l e m a
enérgica e resolutamente, entendo que, tan-
to os E s t a d o s , c o m o a União e mais remo
tamente os Municipios devem concorrer
p a r a ellas.
A l i á s , s r . P r e s i d e n t e , n ã o c o u t r o o in
t u i t o do illustrado relator deste orçamen-
to) q u a n d o , no numero X I X , a u t o r i z a o
(iovérnola entrarem accôrdo com osgovei'
nos dos E s t a d o s e dos Municípios, p a r a a
c o n s t r u c ç ã o e c o n s e r v a ç ã o de a ç u d e s , a b e r -
t u i a s d e p o ç o s e a p p l i e a ç ã o de o u t r a s me-
d i d a s t e n d e n t e s a p r e v e n i r o s cl f e i t o s d a
secca»•
A e m e n d a q u e o f f l r e ç o c o m p l e t a e s t e dis-
positivo salutar, facultando ao poder pu"
blico os meios que permittirão a g i r provei-
tosamente.
E m t o d o s os paizes não é por o u t r a for-
m a que a espeeie tem sido resolvida.
Dentro d a s leis e dos regulamentos d a
F r a n ç a na Argélia, d a I n g l a t e r r a na Índia,
da Australlia, dos E s t a d o s Unidos, d a I t a
lia e d o E g y p t o , a União e os E s t a d o s eu
e o n t r a r á o certamente um t y p o que servirá
de modelo a um aceprdo útil e profícuo.
0 que não desejo é ver a demora inde
tinida na realização desses melhoramentos;
o que não quero c assistir a i n d a u m a vez a o
sacrifício dos dinheiros públicos com os re-
sultados n e g a t i v o s conhecidos.
0 meu desvalioso concurso, d e n t r o dos
moldes assim superficialmente esboçados,
está p o r t a l f ô r m a p o s t o a o serviço de cau
sa t ã o patriótica.
p
e r d õ e - m e a C a m a r a a b u s a r ainda...
ALGUNS SKS. DEPUTADOS—Não a p o i a d o .
0, Sr. J A M E S DARCY—'V. exc. está pres-
t a n d o um relevante serviço a o seu E s t a d o
e a o Paiz.
0 SK.BI.QY DE SOTZA—...por a l g u m tem-
po d a sua benevolência, oecupando-mc com
a industria de t r a n s p o r t e s marítimos, es-
pecialmente com a empresa do L i o y d.
No correr da minha exposição, a C a t n a -
''a verá a j u s t i f i c a t i v a da emenda d a banca-
da do Rio Grande do Norte, consignando a
v
e r b a de 2 5 0 c o n t o s p a r a destruir a Baixi-
s t a , rochedo que eonstitue o único o b s t á -
culo á e n t r a d a dos g r a n d e s v a p o r e s (e
q u a n d o d i g o g r a n d e s v a p o r e s t e n h o ijiso
facto excluído os paquetes d o L l o y d ) no
])orto de N a t a l .
E x a m i n a n d o , c o m etteito, o c o n t r a c t o
que e s t a e m p r e s a celebrou com o G o v e r n o
p a s s a d o , deprehende-se dos seus t e r m o s a
o b r i g a ç ã o e x p l i c i t a e c l a r a de e s c a l a s regu-
lares p o r alli.
N ã o taco a o c x m . sr. dr. L a u r o Muller
a i n j u s t i ç a d e ter d e i x a d o á c o m p a n h i a a
f a c u l d a d e de d i s c u t i r s i q u e r e s t a o b r i g a ç ã o ,
t a n t o m a i s q u a n t o , c o r r e s p o n d e n d o a o s in-
tuitos que m o t i v a r a m a reforma do Lloyd,
t o d o s os p o r t o s f o r a m ou s e r ã o contem-
plados.
A d m i t t i r a e x c e p ç ã o p a r a um ú n i c o E s -
t a d o , t a n t o m a i s i n e x p l i c á v e l q u a n t o o re-
gimen anterior o favorecia com dons Valo-
r e s m e n s a e s n o seu a n c o r a d o u r o i n t e r n o , e
a b s u r d o que n ã o quero e n ã o devo suppor>
D e t e r m i n a r a c o n s t r u c ç ã o de v a p o r e s
appropnados a transporem não só barras
menos accessiveis, m a s a i n d a a servirem a
n a v e g a ç ã o d o s r i o s p o u c o p r o f u n d o s ; e ex-
cluir um p o r t o em condições r e l a t i v a m e n t e
v a n t a j o s a s , seria a t t r i b u i r á a d m i n i s t r a ç ã o
um a c t o pouco reflectido. .
O que é certo, p o r e m , sr. Presidente, L
que a l g u n s v a p o r e s e n t r a r a m sem o nu'11"1
a c c i d e n t e e m N a t a l , d e i x a n d o de o f a z e r , ( l t
um p a r a o u t r o dia,sem c a u s a conhecida,nem
a c t o d o p o d e r p u b l i c o q u e t a l nuetorizass«-•
Si a c t o h o u v e , s r . P r e s i d e n t e , q u e raz<»4 •*
o teriam justificado ?
P o r v e n t u r a a f a l t a de profundidade do
canal ?
P o r esta c a r t a (mostrando) se verifica
a futilidade desse m o t i v o , si c que elle foi
al legado.
A ditfieuldadcde vencer a c u r v a reversa
dhqtiella b a r r a ?
M a s esta, com os t r a b a l h o s e x e c u t a '
dos pelo d i g n o dr. Pereira Simões, profissio-
nal d o s mais competentes...
O S R . EDUARDO SABÓIA—E' um collega
que h o n r a a classe.
O S R . IVLOY DK SOUZA—...já está muito
attetuiada, permittinclo aceesso a v a p o r e s
de lí) pés, m o v i d o s a u m a só heliee, como,
p a r a não c i t a r outros, o « A n d r a d a » , d a nos-
s a m a r i n h a de g u e r r a .
De m o d o , sr. Presidente, que t u d o se re-
duzirá a u m a q u e s t ã o financeira ; o E l o y d ,
perdendo tempo em N a t a l , sem resultado«
compensadores, resolveu suspender a s en-
t r a d a s a (pie se h a v i a o b r i g a d o .
O melhor, sr. Presidente, é que, sob o
pretexto de resarcir a d e m o r a com a espera
de m a r é f a v o r a v e l em N a t a l , aliás, insigni
fica n te, o L i o y d prejudicou a P a r a h y b a ,
onde actualmente,ape/.ar de n ã o mais subsis-
tir aquelle m o t i v o , a p e n a s estaciona o tem-
po e s t r i c t a m e n t c necessário p a r a receber
e
e n t r e g a r a s m a l a s do Correio. S e r á possí-
vel que este serviço justifique u m a l a r g a
subvenção ?
P a s s o a e x a m i n a r a g o r a , ligeiramente
* m b o r a . a s t a r i f a s da c o m p a n h i a , e mais
—62

tarde os ônus que pesam sobre a navega-


ção nacional, obstáculo serio ao seu desen-
volvimento e em grande parte justificativo
dos fretes altos e de um desenvolvimento
pouco animador. ( M u i t o bem)
Repito o que disse ao começar estas
considerações. O meu fim c de critica util, da
qual possam resultar medidas que concili-
em os interesses da industria de cabota-
gem com a producção nacuma].(Apoifu!ott )
Não trouxe para esta tribuna nem odi*
o» nem malquerenças ; aqui estou com o
intuito elevado de a p o n t a r vicios e defeitos,
que urge remediar para bem de todos.
Vejamos o que são a l g u m a s tarifas do
L i o y d.
C o m o c sabido, sr. Presidente^ as anti-
g a s tabcllas dessa companhia eram por tal
forma absurdas, que ella foi obrigada a es-
tabelecer um regimen convencional, estipu-
lando fretes que lhe permittissem concorrer
com as empresas suas rivaes.
A falta de methodo com que essas
dificações torani feitas deram origem aos
maiores disparates.
H a v i a mesmo e ainda ns ha,cousas iné-
ditas e inverosímeis, signa es de uma a n a r -
chia (pie tudo fazia acreditar tivesse com
0 n o v o contracto correcção definitiva. Ima-
gine a C a m a r a (pie i.ni fardo de xarqne.qn^
paga do Rio G r a n d e á Bailia de 1 $ 2 ^ 0 a
1
$4-00, si houvesse de retornar directamen-
te ao ponto de partida,teria de p a g a r 4$<>(: •
IVisando melhor, sr. Presidente, o me*-
m o v o l u m e q u e p a g a v a e s t a t a x a n a s con-
dições e x p o s t a s , si f o s s e m a n d a d o p a r a este
p o r t o d o K i o de J a n e i r o c d a q u i d e s p a c h a -
do com n o v o frete p a r a o Rio Grande, pa-
g a r i a apenas 1 $ 5 Q 0 a 1 $ G 0 0 . listes absur-
d o s , e m b o r a a t t e u u a d o s , a i n d a se d ã o , s o b
o u t r a s f o r m a s , a p e z a r d a s c o n s t a n t e s e in-
sistentes reclamações do commercio.
As n o v a s tabellas que o dr. C a l m o u ,
o b e d e c e n d o a um t r a ç o de bclleza m o r a l
a p r i m o r a d a , tião q u i z a p p r o v a r , m a n d a n -
d o a b r i r o i n q u é r i t o c o n h e c i d o c o m o tim
de c o n c i l i a r o s i n t e r e s s e s d a e m p r e s a c o m o s
d a p r o d u c ç ã o , c o m q u a n t o e s t a b e l e ç a m fre-
tes p r o p o r e i o n a e s á s d i s t a n c i a s de p o r t o a
porto, a u g m e n t a m as t a x a s conveneionaes
etn v i g o r de 4-0, 5 0 , 0 0 e a t e 8 0 '/>. (lln di-
versos apartes).
K l l a s (dirigindo-se no snr. Ignacio Tos-
[ à ) c r c a m , c v e r d a d e , uma b o n i f i c a ç ã o de
~>0 7, . s o b r e o s f r e t e s p a r a o a s s u e a r , x a t -
r
|ue f u m o e c a f é , quando e x p o r t a d o s d o s
E s t a d o s produetores, m a s , a p e z a r deste a b a
t i i n e n t o , elles s ã o m u i t o m a i s e l e v a d o s de
que o s n e t u a e s . P e l a s n o v a s t a r i f a s , u m a to-
! u - l a d a de c a r g a e x p o r t a d a d o R i o G r a n d e
lr?
í p a g a r entre o u t r a s t a x a s a s seguintes :

!
' n r a o R i o de J a n e i r o 50$000
" a Bahia 71$000
" o Bará 117$000

P a r a a v a l i a r a dilferença, b a s t a r á at-
tender a que pelos fretes conveneionaes es-
— M

t a s d i s t a n c i a s p a g a r i a m respectivamente
1S$, 2 1 $ , 3 5 $ , 00$, e 70$0()0.
Um t a r d o d e x a r q u e , que p a g a a c t u a l -
m e n t e d o R i o t h a n d e á B a h i a 1 $ 2 0 ( ) de
i r e t e , p o r GO k i l o s , p a s s a r á a p a g a r , n ã o o b s -
tante as vantagens da bonificação, 2 $ 2 2 0 .
Um sacco de a s s u e a r , que o u t r o s vapo-
res t r a n s p o r t a m d a B a h i a p a r a o Ri<>
G r a n d e p o r 1 $ 2 0 0 a l$J-00, p a s s a r á a pa-
g a r 2 $ 2 2 0 , o u s e j a 2 2 , 2 % d e seu v a l o r .
De r e r n a m b u e o á B a h i a a i n d a é p o s s i v e l
t r a n s p o r t a r u m s a c c o de a s s u e a r a o f r e t e
de $ 5 õ ( ) a $ 0 0 0 p o r 0 0 kilos, pela t a r i f a
n o v a d o Lioyvl este frete, inuifo e m b o r a a
b o n i f i c a ç ã o de 5 0 %, t e r á de p a g a r 1 $ e $ 8 L 0 .
U m a c a i x a de a g u a mineral, que de qual-
q u e r p r o c e d ê n c i a d a E u r o p a p a g a 1 $ , pas -
s a r á a p a g a r d o Rio p a r a o s p o r t o s do
norte, 4 $ 0 0 0 ,
P a r a a l g u n s d e s t i n o s a ditferença
frete será de tal o r d e m , q u e h a v e r á vanta-
gem em i m p o r t a r a m e r c a d o r i a extrangeit'f •
I m a g i n e v . e x c . , s r . P r e s i d e n t e , <p' c ^
m i l h o o u f e i j ã o , p o r e x e m p l o , p a g a d e tretc
d o Rio d a P r a t a a o P a r á , p o r kilos : 1.000.

0 pesos, o u sejam 21$,s(|(|


De d i r e i t o s fie i m p o r t a ç ã o N0$0<

Total 7c7l$8<)0
Pois bem, o frete que o L l o y d pretefj1''
sendo de 1 1 7 $ , d e i x a r á á i n t r c a d o r i a c N '
t r a n g e i r a um s a l d o de 1 5 $ 2 0 0 .
O mesmo acontecerá com a farinha de
trigo, que p a g a apenas 2 5 $ de direitos, com
prejuízo d o s moinhos aqui existentes, assim
com o assucar, si a m a n h ã o pudermos v a -
lorizar de mais 2 $ por sacco, a g g r a v a n d o a
j á t ã o preearia sorce da l a v o u r a da canua.
t) curioso, porém, sr. Presidente, é que
o L l o y d , tendo iniciado as viagens p a r a o
Rio d a P r a t a e N o v a - Y o r k , a o s 'Vetes re-
duzidos dos vapores estrangeiros, caso vin-
guem as n o v a s tarifas, q u a n d o algum dos
seus paquetes partir p a r a qualquer (laquei-
les destinos, com escala pelos p o r t o s na-
eionaes, ou delles regressar nas mesmas con-
dições, a desegualdade será por tal modo
impressionante (pie n ã o resisto ao desejo
de exemplifical-a p a r a melhor comprehen-
são dos meus eollegas, li' assim que um v a -
por do L l o y d irá a o Rio d a P r a t a e lá car-
regará p a r a :

Rio a 4 pesos ouro 1 . 0 0 0 kilos 13$200


Bahia a 5 " " " " 1G$500
Pará a ß " " " " 21$S00

parte de Montevideo ; c, desde o momento


que chegar em a g u a s nacionaes, se recebe
earga d o Rio Grande (mais perto, p o r t a n t o )
á s seguintes t a x a s :

Lara o Rio 5 8 $ ou seja mais 44$S00


" a Bahia 7 4 $ " " " 57$500
" e Pará 1 1 7 $ 05$200
C o m o v. exc, vc, sr. Presidente, e s s n s
t a r i f a s , a i n d a a g r a v a d a s com a t a x a de
.'{() e 4 0 % p a r a d e s c a r g a , q u a n d o o frete d o
Rio d a P r a t a inclue a d e s c a r g a , seria t u d o
q u a n t o ha de m a i s d e s a n i m a d o r e n o c i v o á
n o s s a v i d a é C o n o m i c a . (Muito bem ; apo-
i ndos).
N a h o r a presente, e s t a differença—não
multiplicando os exemplos—c p a r a o porto
d o P a r á d e 4 8 $ 2 0 0 . li i s t o n ã o b a s t a !
(Apoiados; apartes).
P o r o u t r o lado, sr. Presidente, os ônus
que pesam sobre a n a v e g a ç ã o nacional s ã o
de t a l o r d e m , e o s ó b i c e s c e m b a r a ç o s q u e
p o r t o d a p a r t e lhe o p p ò e m t ã o v e x a t ó r i o s
que, a p e z a r d a e x o r b i t â n c i a d o s fretes ti-
rados á producção, causa espanto como
essa industria tem podido viver.
O SR. JOSÍ: C A R L O S — l i s t a é q u e C a ver-
dadeira critica.
O SR. CARLOS PEIXOTO— V. exc. esta
p r e s t a n d o um g r a n d e serviço.
O S R . E L O Y DE S O U Z A — Q u e r ver a Ca-
m a r a qua! é a despesa mensal com soldadas
e r a ç õ e s a o p e s s o a l t r i p u l a n t e de u m v a p ° r >
segundo difíerentes tonelagens ?

E EFECTIVOS HE CARGA :

Toneladas Pessoas
1 vapor 4.000 4-0 q-!20$000
1 " 3.100 41 S:030$000
8'500$000
1 " 2.000 40
1 " 2 . 4 0 0 3 0 """"."Z sÍ3ÍH)$000
1 2.100 38 N;040.f000
1 1.300 Q'( 7:2!)0$ooo
1 800 32 7:100$000
1 700 32 .. .. 7:100$000

C) S R . AUUÍRTO MARANHÃO—Mas isto


é absurdo!
0 SR. J o s í ; CARLOS—V. e x c . e s t á j u s t i f i -
cando os fretes do L l o v d .
O S R . E L O Y D E SOUÍZA—A Camara deve
ter n o t a d o que a s d e s p e s a s c o m o c u s t e i o
de um v a p o r de 7 0 0 t o n e l a d a s e o u t r o de
4 . 0 0 0 são insignificantes, havendo a maior
d e s p r o p o r ç ã o e n t r e o seu p e s s o a l t r i p u l a n t e .
Ouem s a b e q u e o s v a p o r e s de p e q u e n a t o -
nelagem s ã o os mais a p r o p r i a d o s , quer a o
r e g i m e n d o s n o s s o s p o r t o s , q u e r á s necessi-
dades d o comtuercio, pela maior rapidez no
carregar e descarregar, avaliará as dificul-
d a d e s de v i d a em q u e se e n c o n t r a a c a b o t a -
g e m n a c i o n a l , em s u a m a i o r i a c o m p o s t a de
vapores pequenos e médios.
P a r a p o r e m maior destaque a o b r i g a -
ç ã o i m p o s t a a o s n o s s o s n a v i o s de m a n t e -
rem u m a t r i p u l a ç ã o e x c e s s i v a , n a v e g a n d o
em a g u a s t e r r i t o r i a e s , sem t r a v e s s i a s lon-
g a s e penosas, a c a r r e t a n d o desta sorte com
d e s p e s a s e x o r b i t a n t e s , p a s s o a ler á C a m a r a
•'dguns d a d o s q u e merecem a t t e n ç ã o :
Segundo dispositivo do regulamento
l\onrd of Trade, um v a p o r de 2 0 0 pés de
comprimento, até K.000 toneladas, precisa
ter, n o m i n i m o , a s e g u i n t e e q u i p a g e m : :
— 68 -

1 capitão;
1 piloto ;
2 machinistas;
0 marinheiros;

Foguistas, tantos quantos torein siif-


fícicntes.

A s d e s p e s a s c o m a t r i p u l a ç ã o de tnn
v a p o r a l l e m ã o de 5 . 0 0 0 t o n e l a d a s a t t i n g e
a 5 : 5 0 0 $ , e m q u a n t o , c o m o a C a m a r a viu,
u m v a p o r n a c i o n a l de 7 0 0 t o n e l a d a s a p e -
nas, é o b r i g a d o a u m a despesa mensal da
m e s m a especie e q u i v a l e n t e a 7 : 1 5 0 $ 0 0 0 .
U m v a p o r i n g l e z de 0 . 5 0 0 t o n e l a d a s de
c a r g a e 3 . 2 0 0 t o n e l a d a s de r e g i s t r o , tem
em média 2 0 p e s s o a s de t r i p u l a ç ã o , orçan-
d o o s s a l a r i o s , m a i s ou m e n o s , n a s e g u i n t e
base:

1 capitão lb. 20.0.0


1 1 ? piloto 11). 10.0.0
1 29 piloto lb. 8.0.0
1 machinista 11). 15.0.0
1 19 ajudante lb. 10.0.0
1 2° ajudante lb. 8.0.0
1 c o n t r a mestre... lb. 4- 0 . 0
S loguistas li». 3.15.0
11 marinheiros e
criados lb. 3.5.0 a 3.10-0

O SR. CARLOS PEIXOTO F I L H O - F não


ha remédio p a r a esta s i t u a ç ã o ?
O S R . F L O Y DE S O L ' Z A — O r e m é d i o é re-
69

formar o regulamento da Capitania de


P o r t o s , Creio que o Senado a i n d a poderia
e s t e a n u o p r e s t a r t ã o e x t r a o r d i n á r i o ser-
viço, á n o s s a m a r i n h a mercante, auctori-
zando o Governo a fazei-o no orçamento
respectivo.
O S u . J o s í : C A R L O S — P o r a h i C q u e se de-
via começar.
(J S u . l i LO Y ni-: SOUZA—Além d e s s a s des-
p e s a s , s r . P r e s i d e n t e , o r e g i m e n a c t u a l de
p r a t i c a r e m n ã o pode c o n t i n u a r . P a r a v.
exc. a v a l i a r a c a r e s t i a desse serviço, hasta,
dizer que o I J o y d p a g a a n n u a l m c n t e p o r
elle á s d i f f é r e n t e s a s s o c i a ç õ e s íU>K:086$r>00,
e, q u a n d o t i v e r e m t r a f e g o t o d a s a s l i n h a s
do contracto,deverá p a g a r a fabulosa som-
m a de 4 5 2 : 5 l i 5 $ 0 0 0 . . .
0 SR. JOSÉ CARLOS—V. exc. está defen-
d e n d o p e r f e i t a m e n t e o L l o y d . Si eu v i e s s e
justificar essa e m p r e s a n ã o o f a r i a t ã o bem
c o m o v. e x e . . .
0 S U . E L O Y UK S O U Z A . . . n ã o i n c l u i n d o a
p r a t i e a g e i u de B u e n o s A i r e s n e m o s p a g a -
m e n t o s a lazer no Rio G r a n d e , á r a z ã o de
"»00 réis p o r t o n e l a d a de d e s l o c a m e n t o de
enda vapor, na importância aproximada
de 3 j 3 : 8 0 4 $ 0 ( ) 0 .
Os e m p e c i l h o s o p p o s t o s á n a v e g a ç ã o ,
s
'". P r e s i d e n t e , s ã o i n n u m e r o s . N ã o s e i c o n w
explicar que um v a p o r , sahindo deste p o r t o
e,
n viagem redonda e despachado para Ma-
llr
'ios, t e n h a d e o s e r n o v a m e n t e n a V i c t o r i a
Pnra M a n á o s , e assim a t é o penúltimo por-
t o d e seu d e s t i n o .
C a d a d e s p a c h o c u s t a (>$700. Dir-se-a
que isto c u m a ninharia. M a s a C a m a r a
a c c r e s c e n t e a e s t a n i n h a r i a 5 $ p a g o s á pes-
s o a i n c u m b i d a de ir a A l f a n d e g a p r e p a r a r
esta papelada, e teremos 11$70(>. Admit-
t i n d o u m a m e d i a de 1 5 e n t r a d a s p o r d i a
p a r a o L l o v d nos diversos p o r t o s d o paiz,
ter-se-á u m a despesa d i a r i a de 1 7 5 $ 2 0 0 ,
equivalente a 00 contos aproximadamente
e m um a n n o .
Ü Sr. CARLOS PEIXOTO FILHO—'Acho
p r e c i o s a s a s i n f o r m a ç õ e s de v . C.YC.
0 S R . F L O V DE S O I Z A — A l é m d a s d e m o -
r a s que m u i t a s vezes a s A l í a n d e g a s e a u s a m
a o s vapores, tenho d u v i d a s sobre a legali-
d a d e d e s t a o b r i g a ç ã o q u e n ã o m e p a r e c e ex-
pressa n a C o n s o l i d a ç ã o d a s Leis d a s Allan-
degas. Outra exigencia ociosa e pedantesca
é a de n o v a c a r t a de s a u d e , s e m p r e (pie u m
v a p o r p e r m a n e c e r em a l g u m p o r t o m a i s de
2 4 h o r a s . Além desses e m b a r a ç o s federaes,
sr. Presidente, a i n d a os h a cm a l g u n s E s -
t a d o ? e a t é m u n i c í p i o s , q u e se t e e m j u l g a d o
com o direito de t r i b u t a r a n a v e g a ç ã o .
0 M a r a n h ã o , p a r a não citar outros,
c o b r a 1 2 5 * p o r e n t r a d a de n a v i o e a Inten-
d ê n c i a 2 4 $ 1 5 0 , n ã o i m p o r t a s o b q u e deno-
minação.
O n d e , p o r é m , s r . P r e s i d e n t e , a s despe-
s a s e x c e d e m a t u d o q u e se p o d e i m a g i n a i ' e
n o p o r t o d e S a n t o s . A b i u m v a p o r de 1 ( )
m e t r o s c o r r e n t e s de c o m p r i m e n t o , e n r u -
g a n d o 4 0 . 0 0 0 s a c c o s de a s s u e a r , p a g a ílS
Docas as seguintes t a x a s :
2 . 4 0 0 . 0 0 0 k g . rlc d e s c a r g a , a
2$500 porton
2.400.()()() k g . de e s t i v a , a
1$000 porton 2:400$000
A t r a c a ç ã o : 1 5 d i a s 7 0 0 reis p o r
dia e por metro corrente
de seu c o m p r i m e n t o 1:050$000

S o m m a reis 9:450$000

O SR. AI.UHRTO MARANHÃO—Mas 1."


dias ?
O SR. ELOY DE S o r z . v — N ã o s e r á , e n ã o
é de ( a c t o , a d e m o r a n o r m a l n a q u e l l e p o r t o ,
m a s v a p o r e s lia qtti alli teem p e r m a n e c i d o
t e m p o m a i s l o n g o , e a s r e c l a m a ç õ e s neste
sentido i ã o i n n u n i c r a s c constantes.
E x a m i n a n d o as t a x a s p a g a s á s Docas,
t e m o s u m a d e s p e s a de 2 3 0 réis s o b r e c a d a
s a c c o de a s s u e a r , ou c e r c a de 3 0 % s o b r e o
freté desta mercadoria,de Pernambuco p a r a
S a n t o s , que tetn s i d o m a i s o u m e n o s de 9 0 0
réis n a s e m p r e s a s p a r t i c u l a r e s . Além des-
sas despesas, propriamente feitas com o va-
por, a i n d a restam as que g r a v a m a produ-
c ç ã o que, c o m o a C a m a r a v e r á , s ã o e x o r b i -
tantes.
E ' a s s i m q u e 4 . 0 0 0 t o n e l a d a s de m e r c a -
doria a granel (eescolho aquella espeeiemais
b a r a t a ) fazem a s seguintes despesas :

R e q u i s i ç ã o de c a r r o , a 2 $ 5 0 0 p o r
tonelada 10:000$000
Capatazias 10:000$000
72

De m o d o s r . P r e s i d e n t e , q u e u m s a e c o
de a s s u c e a r , que p a g a de frete d e N a t a l a
S a n t o s 9 0 0 r é i s , d e s p e n d e , s ó p a r a p a s s a r pe-
l a s D o c a s $ 0 0 0 r é i s , o u s e j a m m a i s de d o i s ter-
ç o s d o t r a n s p o r t e n u m p e r c u r s o d e 1.4-00
milhas.
P a r a melhor deixar a impressão dos
g a s t o s a que é o b r i g a d a a n a v e g a ç ã o , t o -
m e m o s u m v a p o r de 7 0 0 t o n e l a d a s de c a r -
g a c l i e c t i v a , c a r r e g a n d o 1 1 . 5 0 0 s a c e o s de a s -
s a c a r de 0 0 k i l o s . C a l c u l a n d o m e s m o o f r e t e
v a n t a j o s o de 1 $ , a s u a r e c e i t a b r u t a c d e
1 1 : 5 0 0 $ , d o s q u a e s 3 0 (A s ã o e n t r e g u e s á s
D o c a s p o r um serviço m o r o s o , e 7 : 1 0 0 $
mensalmente despendidos com a s u a tripu-
lação. Incluindo c a r v ã o , reparos, pratica -
g e m , e i m p o s t o s de t o d a o r d e m , d i f f k i l s e r á
d i z e r o n d e a c a b o t a g e m t e m e n c o n t r a d o ele-
m e n t o s de v i d a .
K m S a n t o s , s r . P r e s i d e n t e , t c e m a na-
v e g a ç ã o e a l a v o u r a u m i n i m i g o q u e é pre-
ciso c o m b a t e r com a mais vivaz e n e r g i a -
T e n h o e m m ã o s , s r . P r e s i d e n t e , /I Tribuna
Santos, q u e , d e p o i s de h i s t o r i a r o s e s f o r ç o *
e m p r e g a d o s j u n t o á R e c e b e d o r i a de R e n d a *
e d a Intendência M u n i c i p a l . n o sentido ('e
permittir embarcar cm dia feriado c r e s c i d o
n u m e r o de s u e c a s de cate, a s s i m se e x p r i m e :
«Noticiámos os embarques, dêmos con-
t a d e t o d o e s s e a c c õ r d o ; e, q u a n d o e s p e r á -
v a m o s n o t i c i a r h o n t e m o e m b a r q u e de, p e ' °
menos, 1 0 0 . 0 0 0 saccas, c a h i m o s de s u r p r e * - ' 1
a o v e r i f i c a r q u e e s s e e m b a r q u e t i n h a sid ( )
limitado a 5 5 0 saccas, da firma NossacU*
73-

C o i n p . , no v a p o r /osé Gallart, que s a l i i a ,


impreterivelmente,110 d i a 1 5 . T u d o i s t o c o n s ,
t a d o s n o s s o s r e g i s t r o s de n o t i c i a s , além d a
parte commercial.
Houvera, portanto, uma causa, e causa
g r a v e , p a r a d e t e r m i n a r s e m e l h a n t e ausên-
cia desembarques, a b s o l u t a m e n t e i n c ò m p a
tivel com o a ç o d a m e n t o que n o t á m o s no dia.
1 4 , p a r a a p r o v e i t a r o d i a i m m è d i a t o nesse
serviço. Qual? P a s i n d a g a ç õ e s a q u e procede-
m o s v i e m o s á v e r i f i c a ç ã o de que o s e m b a r -
ques d e i x a r a m de ser ctteetuados : p o r ter a
C o m p a n h i a D o c a s e x i g i d o o p a g a m e n t o de
TAXA IH'IM. V de t o d o s o s seus s e r v i ç o s , s o b
p r e t e x t o de q u e se t r a t a v a de um d i a espe-
cial e de u m a e x i g ê n c i a t a m b é m especial
do r e g u l a m e n t o d a q u e l l a e m p r e s a . »
A t a x a d u p l a a q u e se refere o articulis-
ta é a p e n a s de 5 1 0 0 0 por t o n e l a d a .
T e n h o i n s i s t i d o neste p o n t o , sr. P r e s i -
dente, p o r q u e s i n t o que o mal se v a e n o r -
n i a l i s a n d o . A Al a nãos Harbour tem .a se-
guinte t a b e l l a de d e s c a r g a , p o s i t i v a m e n t e
p h a n t a s t i e a ; a p e s a r de n ã o ser a d o c o n -
t r a c t o , que, p e n n i t t i n d o c o b r a r 3 reis
Por k i l o g r a m m a , d a r i a p a r a o v o l u m e de 3 5
kilos 1 $ 2 2 5 . A s s i m , p e l a t a b e l l a de f a v o r te-
ntos :
C a d a volume até 3 5 ks $1)00
C a d a volume ate 5 0 ks 1$000
C a d a v o l u m e a t é 9 0 ks 1$100
C a d a v o l u m e a t é 1 2 0 ks.... 1 $200
C a d a v o l u m e a t é 1 5 0 ks.... 1$300
T o n e i s ou p i p a s 4$000
E s t o u f a t i g a d o ; sr. Presidente, e já t e -
nho a b u s a d o por demais da bondade dos
meus collegas.
0 SR. JAMES DARCY—V. exe. e s t á prete-
r i n d o u m d i s c u r s o d e g r a n d e v a l o r e utili -
dade.
0 S R . E L O Y I>E S O U Z A — E x t r e m a b o n d a -
de d e v. e x e . , a q u e m s o u m u i t o a g r a d e c i -
d o ; a n t e s de c o n c l u i r , p o r é m , q u e m e s e j a
l i c i t o l e m b r a r q u e u m p a i z , c o m c e r c a de
4 . 3 0 0 m i l h a s d e c o s t a e u m a e x t e n s a rede
d e r i o s n a v e g a v e i s , n ã o t e m o d i r e i t o de
crear embaraços á sua frota mercante, a n -
t e s c u m p r i n d o - l h e a u x i l i a l - a p o r t o d o s os
m e i o s d i r e c t o s e i n d i r e c t o s a o seu a l c a n c e .
Q u a n t o a o p o r t o de N a t a l , sr. Presi-
dente, n a impossibilidade de podermos
pedir u m a s u b v e n ç ã o p a r a que o u t r a com-
p a n h i a o f r e q u e n t e , u m a vez q u e o L i o y d
n ã o q u e r o u n ã o p ô d e c u m p r i r o seu con-
tracto, é d a maior justiça v o t a r a verba
(pie p r o p o m o s .
Continuarmos insulados, preteridos
de estabelecer relações com os mercados
m a i s v a n t a j o s o s p o r u m o b s t á c u l o q u e du-
z e n t o s e c i n c o e n t a c o n t o s r e m o v e r ã o defini'
t i v a m e n t e , s e r i a a C a m a r a c o n s e n t i r em uW
d e s a c e r t o q u e a s u a s a b e d o r i a n ã o pcrinittc
suppor.
C h e g o a o fim d a m i n h a t a r e f a , s r . 1 r C "
s i d e n t e , e m b o r a c o m o d e s g o s t o d e n ã o hn-
v e r , t a n t o q u a n t o e r a d o meu desejo, trata-
d o o a s s u m p t o p r i n c i p a l q u e me t r o u x e •
tribuna.
E s t o u , porém, firmemente convencido
de q u e a C a m a r a irá a o e n c o n t r o d á b o a
v o n t a d e d o sr. P r e s i d e n t e d a R e p u b l i c a ,
c o n s i g n a n d o neste o r ç a m e n t o t o d o s o s
moios que a s. exe. f a c i l i t e m c o n t i n u a r a re-
s o l v e r o p r o b l e m a d a s seccas, n o s t e r m o s
da p r o m e s s a soleinncmcnte feita na plata-
f o r m a de 1 2 de o u t u b r o d o a n u o p a s s a d o .
T i r a n d o a o a s s u m p t o a feição regional
que o u t r o s lhe t e n h a m e m p r e s t a d o , p a r a a
elle a t t r i b u i r s o m e n t e o i n t e r e s s e e c o n o m i c o
estrictamente vinculado á vida e a o pro-
gresso d a N a ç ã o , tenho cumprido o duplo
d e v e r de b r a s i l e i r o e l e g i s l a d o r .
A t t e n u a r o s e f l e i t o s d a s crises c l i m a t é -
ricas do Norte é contribuir p a r a o p o v o a -
m e n t o de u m a r e g i ã o q u e p e l a s c o n d i ç õ e s
d o seu meio p h y s i c o creou n o I i r a z i l o t y p o
e t h u i c o c a p a z de t r a b a l h a r a t e r r a f e r a z ,
que c t o d a e s s a v a s t a A m a z ó n i a , h o n t e m
a p e n a s c o m e ç a d a a ser d e s b r a v a d a p e l o
b r a ç o s e r t a n e j o e j á c e m i t e r i o de m i l h a r e s
de v i d a s . C o n t r i s t a dizer, sr. P r e s i d e n t e ,
que, p a r a p o u p a r c a p i t a l t ã o v a l i o s o , t e r i a
b a s t a d o o c a r i n h o intelligente d o poder pu-
blico si, p o r v e n t u r a , lhe h o u v e s s e o c c o r r i d o
com a e x p e r i e n c i a d o s n n n o s f a * e r d o s E s -
t a d o s s e v i c i a d o s p e l a secca o v i v e i r o de
onde d e v e s s e m s a h i r o s p i o n e i r o s de um n o v o
E s t a d o e de u m a n o v a c i v i l i z a ç ã o . N u n c a
a
erá d e m a i s repetir que p o p u l a ç ã o c rique-
?
-a : n u n c a s e r á demais a f f i r m a r q u e a s o l u ç ã o
d a n o s s a p o l i t i c a e c o n o m i c a tem n o p o v o a -
mento um d o s seus maiores factores e no
— 76 —

m o d o de r e a l i z a i o a m e l h o r g a r a n t i a d a
nossa integridade.
N ã o e s e n s a t o j x m s a r em i i n m i g r a ç ã o
p a r a o extremo norte, onde o europeu não
p o d e r á v i v e r s i n ã o d e p o i s (pie o . s e r t a n e j o
h o u v e r , jx\los a n n o s em f ó r n , m o d i f i c a d o o s
r i g o r e s de u m c l i m a i n g r a t o e m o r t i t e r o ;
m a s é u r g e n t e , d o b r a de s a b e d o r i a e de p a -
triotismo, preparar e melhorar n luateria
prima destinada a garantir, não importa
q u a n d o , a f o r m a ç ã o de um t y p o n a c i o n a l ,
c o m c a r a c t e r e s d e f i n i d o s c c o m m u u s . (Juer«>
a i m m i g r a ç ã o em l a r g a e s c a l a d i s s e m i n a d a ,
t a n t o q u a n t o f o r p o s s i v e l , s e d e n t á r i a e es-
t á v e l p e l a s v a n t a g e n s q u e p o s s a m o s o flore-
ççr a o e x t r a n g e i r o que p a r a a q u i v e n h a tra-
b a l h a r e p o s s u i r á s nossas terras, preferidas
a s raças m a i s a p t a s a o c r u z a m e n t o ; m a *
quero t a m b é m a colonização nacional onde
o e x t r a n g e i r o n ã o puder e n c o n t r a r no meio
p h y s i c o c o n d i ç õ e s de p r p s q x n i d q d e e d e v i d a .
P o r t a l f ô r m a p o s t o o p r o b l e m a , desenvpl
v i d a s a s n o s s a s v i a s de c o m mu n i e a ç ã o ter-
r e s t r e e m a r í t i m a , n ã o é p h a n t a a i a , s r . I' 1 ' 1 '
sidente, s o n h a r com unia g r a n d e p a t r i a , h a -
b i t a d a por um s ó p o v o l a l a n d o a mesma
formosa língua portugueza.
P e r d o e - m e a C a m a r a o h a v e r J h e to-
m a d o o t e m p o p r e c i o s o e, a o d e i x a r e s t a
t r i b u n a , q u e , : 1 1 a me p e r m i t i a o g r a t o e 0 1 ' "
s o l o de a c r e d i t a r q u e f e d e r a ç ã o é s y n o n i n " >
de l r a L e r n i d a d c , e a s u a o b r a t ã o p á t r i o t , c a
j á i u a i s nos a r r a n c a r á aquelle a n g u s t i o s o e
d ^ f f c s p ç r a d o g r i t o , a p o s t r o p h e e l o q u e n t e de
um g r a n d e p a r l a m e n t a r , que p o r a q u i pas-
s o ti n a s l u l g u r a ç ò e s de um r a r o t a l e n t o
p r e m a t u r a m e n t e r o u b a d o á s g l o r i a s d a tri-
b u n a e a o serviço d a Nação. Peior do que
c a m i n h a r q u a r e n t a a n n o s no d e s e r t o é che-
g a r á terra d a p r o m i s s ã o e ter saudades do
d e s e r t o . (Muito bem; muito bem. 0 orador
é vivamente felicitado. Palmas no recinto).

liste d i s c u r s o foi p r o n u n c i a d o por occa-


s i ã o de d i s c u t i se o o r ç a m e n t o d a V i a ç ã o ,
na S e s s ã o da C a m a r a d o s S r s . D e p u t a d o s
de 2 8 de N o v e m b r o de 1 9 0 0 .

O* Í<J
Fallecimento da Rainha
I). M A R I A I, M A E D E I). J Ü À O V I E
E U N E RA E S R E C O M M E N D A D O S NA CA-
I» I T A N I A D O R I O C, R A N D E D O N O R '1 E

Officio do Snr. Governador desta Capitania ao


Provedor da mesma, acompanhado de uma
copia de outro.

R e m e t t o a V. M c e . a copia d o officio que


m e foi dirigido pela S e c r e t a r i a de E s t a d o d o s
N e g o c i o s do R e i n o em d a t a d e 20 d e M a r ç o
d o c o r r e n t e a n n o e m que E l Rei n o s s o S e n h o r
M a n d a a f;i z e r t o d a s a s d e m o n s t r a ç õ e s d e sen-
timento pelo f a l e c i m e n t o da A u g u s t i s s i m a S e -
nhora R a i n h a D i l M a r i a 1 * e m c o n s e q u ê n c i a
do que e s e g u n d o o r d e n s a n t e r i o r e s p r a t i c a r á
o (jue he devido. D e o s G e . a V . M c e . C i d a d e
do Natal 1 2 de J u n h o de 1 8 1 6 . S e b a s t i ã o
F r a n c i s c o d e Mello P o v o a s . A o S e n r . Manoel
Ignacio Pereira do L a g o .
COPIA

I l o j c pelas onze horas e um quarto cia ma-


nhã chamou Deos a Augustissima S e n h o r a
Rainha D ' Maria i'-1 a S a n t a Gloria que lhe
havia destinado pelas suas grandes e raras vir-
tudes. E E l Rei meo Senhor Manda participar
a V. Mce. esta infausta noticia para que Y .
Mce. concorra pela sua parte e pelo que lhe
pertence para as demonstrações de justo sen-
timento de tão grande perda Ordenando que
nas terras desse G o v e r n o mande V. Mce. f a -
zer todas as honras fúnebres que s ã o do estillo
cm semelhantes occasiões ; e o luctc geral
que o mesmo S n r . Mandou que se tomasse ha
de ser por tempo de um anno, seis mezes ri -
goroso e seis aliviado, não obstante o Capitu-
lo \"i da Pragmatica da Lei de 4 de Maio de
1749 o que V M c e . fará assim executar. Mar
quez de Aguiar. Snr. Sebastião de Mello Po-
voas. C u m p r a se, registre-se e publique-se por
editaes. Cidade do Natal, 12 de Junho de
»816. Povoas. E s t á conforme. O Secretario do
Governo- - L u i z Pinheiro de Oliveira.

Registro de um a/ficio do Sr. Governador, a-


compan/tado de //uma copia do Provedor
desta cidade do Sota/, como abaixo se vi •

Remetto a V M c e . a Copia inclusa do offi -


cf
' > que me dirigiu o Ulmo. e E x m o . Snr. Go-
y
ernador e C a p i t ã o General da Capitania de
P e r n a m b u c o , cm d a t a d e 3 1 de M a i o para
\ M c c . lhe d a r o seu d e v i d o c u m p r i m e n t o .
Deus G u a r d o a V M c e , C i d a d e d o N a t a l 12 de
J u n h o d( 1 8 1 6 . S e b a s t i ã o F r a n c i s c o d e Mello
P o v o a s — S r . M a n o e l I g n a c i o P e r e i r a d<> L a g o .

COPIA

Eni t a - m e a i n d a r e s p o n d e r o officio n. 9
<jue V S " me dirigiu e m d a t a de 1 1 do c o r r e n -
te. i n f e l i z m e n t e s e verificou a infausta noticia
«la morte d a A u g a s t i s s i m a S n r a R a i n h a D *
M a r i a P r i m e i r a pela qual m a n d a E i Rei N o s -
s o S e n h o r q u e se f a ç ã o t o d a s a s d e m o n s t r a -
ç õ e s d<* tristeza q u e sAo d e estillo e m occasi •
õ e s s e m e l h a n t e s e q u e o lu. to ha de ser de
um a n n o p o r seis m e z e s r i g o r o s o e seis alivia-
do. V S « pois se r e g u l a r á pelo q u e se praticou
no f u n e r a l d o S r . Hei I). J o s é P r i m e i r o , segun-
d o c o n s t a da nota i n d u z a , a s s i g n a d a pelo E s -
c r i v ã o d a J u n t a d a R e a l F a z e n d a , Maximia-
no F r a n c i s c o D u a r t e , s e n d o a d e s p e z a dirigi-
da e feita pelo P r o v e d o r d a F a z e n d a dessa
C a p i t a n i a . — A s h o n r a s Militares e a s partici-
p a ç õ e s a t o d a s a s C a m a r a s f a z e m - s e logo que
se r e c e b e r a noticia, m a i s no dia d a s exequia>
d e v e r á p o s t a r - s e a c o m p a n h i a d e l i n h a na
porta d a I g r e j a c o m a s a r m a s e m funeral, e
no fim d o o f f u io d a r á trez d e s c a r g a s c o m p ' e
t a n d o - s e estn a c t o c o m h u m a s a l v a da f o r t a -
leza de í i tiros. Deus Guarde a V S * R f , t e >
3 1 d e m a i o d e 1 K 1 6 . C a e t a n o Pinto de Miran
da Montenegro.
— 81 —

I l W S e n r , S e b a s t i ã o F r a n c i s c o de M i g o
e P o v o a s . — F s t 4 c o n f o r m e i A i r a 1 mhuro
d c Oliveira,
F u n e r a l do S r . 1 ) . J o s é P r i m e i r o .
P a g o a o P a d r e Miguel Pinheiro
F e r r e i r a , por P a r t e da M a t r i z d o
Rio Cirande p a r a p a g a r o s e r m ã o , o-
fhcioe musica. 93*720
Idem a André do R e g o Barros
de f a z e r e cobrir a l i ç a c o m todo o
asseio a sua custa 25*000
ídem a Agostinho Cardoso Bo-
telho de 2 a 8 li» de c e r a b r a n c a 53*°°°
152*320
Maximiano Francisco Duarte, Hm 5 de
S e t e m b r o de 1 7 7 7 .

Registro em resposta ao officio supra


Ulm e F x m - ' S n r .
R e c e b i o officio de V . F x c i a . d a t a d o de hoje
e
f o m elle a copia do que o Ulm F x m S n r .
G o v e r n a d o r e C a p i t ã o G e n e r a l d a Capitania
(le
F e r n a m b u c o de 3 1 de M a i o para as de-
m o n s t r a ç õ e s d e t n s t e z a que se d e v e fazer pe a
Jiorte da Augustissima Senhora Rainha D
Maria > a , d e v e n d o regular-se o funeral segun^
(ln
o que j;\ se praticou no d o S r . D - J 1
en
® d o a d e s p e z a feita por esta Provedoria que
tudo fico entendido. D e u s G u a r d e a \ ü x ç i . u
b l d a d e do N a t a l , 1 2 de J u n h o de . 8 . 6 H in
E * * 0 S n r . S e b a s t i ã o F r a n c i s c o de Mello e
"voas.- Manoel Ignacio Pereira do L a g o .
REGISTRO
DE UMA PORTARIA no S N R . G O V E R N A D O R OK

PERNAMBUCO L I M / |<»sf. C O R R E I A I»I

S A SOBRE S E I ASKR AS FESTAS REAES DA COROA-

ÇÃO DO NOSSO A u t i U S T I S S I M O

S E N H O R <,>UI. D i a s ( , I ARDI D. Josf.

P o r q u a n t o pala feliz c o r o a ç ã o d o N o s s o
A u g u s t i s - u m o M o n a r c l r i S e n h o r D. J o s é o i
N o s s o S e n h o r q u e D e u s G u a r d e se d e v e m
ser e m to l is e s t a s c a p i t a n i a s á s d e m o n s t r a -
ç õ e s d e a l e g r i a e m s e m e l h a n t e s o c c a s i õ e s cos-
tumadas, ordeno ao Provedor da Fazenda
R e a l d a C a p i t a n i a d o R i o ( i r a n d e f a ç a naquclja
c i d a d e c o m o a l v o r o ç o p o s s í v e l a celebridao 1 -
d a dita c o r o a ç ã o e m a n d e a s s i s t i r com o di-
nheiro q u e fòr n e c e s s á r i o p a r a ella e a despes- 1
que se tizer s e r á l e v a d a em conta d o Almo-
xarife d a F a z e n d a R e a l daquella Capitania ql":
der de seu r e c e b i m e n t o . R e c i f e 1 5 de A g ° s t °
de 1 7 5 2 .
E tinha a rubrica corn que costuma ru-
bricar o Illmo. e E x m o . S e n r Governador
Capitão General de Pernambuco, L u i z J o s é
Correia de S á . Cumpra-se e registre-sc C i -
dade de Natal 28 de Agosto de 1 7 5 2 — F r e i t a s .

R E G I S T R O D E UMA P O R T A R I A DO S N R .

GOVERNADOR DE PERNAMBUCO L U I Z J O S É C O R -

REIA PARA SE PASSAREM AS

IMAGENS DOS S A N T O S R E I S P A R A A C A P E L L A DA

FORTALEZA E FAZER-SE NELLA O QUE

FOR NECESSÁRIO.

Porquanto S u a M a g e s t a d e pela Sua R e a l


G r a n d e s a foi servido mandar as i m a g e n s dos
S a n t o s Reis M a g o s , invocação da B a r r a do
Rio Grande, para collocarem na capella da
mesma fortaleza e assim mais os ornamentos
para a mesma, cujas imagens se n ã o tem col
locado pela dita capella se achar arruinada e
não ter os paramentos necessários nem onde
se guardem os ornamentos, ordeno ao Prove-
dor da F a z e n d a R e a l da dita capitania do
Rio G r a n d e mande fazer o concerto necessá-
rio na dita capella, de sorte que fique capaz e
com a decencia precisa para se collocarem as
imagens e c e l e b r a r e m - s e os santos sacrifícios
das missas, como também mandará fazer al-
gum paramento branco, e o mais que fôr pre-
ciso para ornamento do altar e um c a i x ã o
S é -

para se collocarem o s ornamentos 1 ©, a d e s p e s a


cjne se rizer será levada em conta do Almoxa-
rife da F a z e n d a Real da m e s m a Capitania no
que der de seu recebimento.
Olinda 24 de J a n e i r o de 1 7 5 3 . F tinha a
rubrica com que costuma rubricar o IIlustrís-
simo e E x m o . Senr. G o v e r n a d o r e C a p i t ã o
G e n e r a l de P e r n a m b u c o L u i z J o s é Correia de
S á . C u m p r a - s e e r e g i s t r e - s e . C i d a d e clc Na-
tal 30 de J a n e i r o de 1 7 5 3 . F r e i t a s .
No

RIO G R A N D E DO NORTE
PARTE II
, CATALOlip DOS JOKNAKS PUBLICADOS
NO KK) GRANDE.Do NORTE
1832-1908
(fONTINUANDO 1«) VOL. IX, PA«. IOu)

113 -O SÉCULO 1895 I908.

C o m e ç o u sua publicaçfio, c o m o organ/ ira


Associação JivavgtUca, 110 dia u d e Maio de
1895 com o seguinte p r o g r a m m a :
" N u n c a é de mais 11a arena jornalística
'nais um batalhador.
A necessidade que temos de proclamar,
conforme permittirem a s nossas forças, as
verdades d a s doutrinas santas e puras do 1 >i
v
»no M a r t y r do C a l v a r i o suggei iu-nos a idóa
da c r e a e ã o de um periódico, que será o o r g a m
(
'a associaçfio evangelica legalmente ronsti-
t
uida nesta capital.
86 —

N ã o t e m o s a preterição de c o m p e t i r com
os eméritos jornalistas do e s t a d o , e muito me-
nos terçar a n o s s a p e n n a em matéria que n ã o
s e j a a d o nosso p r o g r a m m a ; entretanto, nos
e s f o r ç a r e m o s p a r a m a n t e r na i m p r e n s a a pru
dencia, c a l m a e d e c e n c i a e n s i n a d a s pelos (pie
f a z e m d elia o seu t r o p h ê o de gloria.
D e s p r e s a n d o c o m p l e t a m e n t e a s questões
'pessoaes e a p o l e m i c a soez, p r o s e g u i r e m o s em
n o s s o c a m i n h o , p r o c l a m a n d o a o s q u a t r o can-
tos da terra a s u b l i m i d a d e da R e l i g i ã o E v a n -
gélica, aniHineiando-a e f a z e n d o - a conhecida
dos que d e s e j a r e m sentir os seus beneficos
efiei tos.
H o j e , que v e m o s em n o s s o paiz levan-
tar-se bem alto o e s t a n d a r t e s a c r o d a s liber-
d a d e s sob a é g i d e de um g o v e r n o essencial-
mente democrata ;
H o j e , que v e m o s o n o s s o E s t a d o m a r c h a r
p r o g r e s s i v a m e n t e p a r a o m e l h o r a m e n t o mo-
ral e intellectual, a s s e g u r a n d o a liberdade de
c o n s c i ê n c i a , c o m o g a r a n t i a e f f i c a z de nossa
Carta Constitucional, vimos d e s a s s o m b r a d a -
m e n t e p r e s t a r a o s n o s s o s c o e s t a d a n o s , con-
f o r m e a e s c a s s e z de nossos i d e a e s , um p e "
q u e n o serviço, m o s t r a n d o - l h e s o c a m i n h o d a
L u z e da V e r d a d e , t r a ç a d o pelo D i v i n o Mestre.
C e r t o s da b e n e v o l e n c i a de n o s s o s leitores
d a m o s hoje á luz da p u b l i c i d a d e " O S é c u l o ,
que, em sua pequenez, s a b e r á a c a t a r aos qi"'
b o n d o s a m e n t e lhe d e r e m um b r a d o de a n i m a -
ção, d e s p r e s a n d o s o l e m n e m e n t c os m á u s q u C
t e n t a r e m e m b a r a ç a r a sua m a r c h a trium-
phante.
S i r v a m , p o r t a n t o , estas linhas de apresen-
t a r ã o de nosso humilde periodieo, que espera
ser bem acolhido por seus collcgas, afim de
bem proseguir nas lides da imprensa poty-
guar".

S e m redactor ostensivo, logo no n. seguin-


te adoptou por lemma a s p a l a v r a s de S. Mare.
— 1 6 : 15 -: " I d e por todo o mundo, p r e g a e o
E v a n g e l h o a toda creatura".
P u b l i c a v a - s e trus vezes por mez e tinha
seu escriptorio á rua " C o n s e l h e i r o J o ã o Al-
fredo"—actualmente " J u n q u e i r a A y r e s " — n . 13-
E m 28 de A g o s t o augmentou o formato- -
o m e s m o (|ue conserva a c t u a l m e n t e — e mudou
o sub-titulo para ' ' O rgarne vangt lico no norte do
H r a z i l ; declarando se então i m p r e s s o na ty-
pographia Central.
A 30 de J u n h o de 1896 a s s u m i r a m a res-
ponsabilidade do jornal, c o m o seus redactores
ostensivos -AV. Porter, J o ã o Ferreira, J- S o a -
res e S e a b r a de Mello j e mudou-se o seu es -
criptorio e t y p o g r a p h i a -que já então possuía
própria - p a r a a rua " 2 8 de S e t e m b r o ' e praça
(
'o Mercado, n. 4.
E m 1903, mudado ainda o sub titulo pa-
^a ; Ornam evangélico />re.J>vtcriano tinha
como único redactor ostensivo o rev, William
Calvin Porter. o escriptorio da r e d a c ç ã o e otli-
c
' i i a s installados A rua " V i g á r i o Bartholo-
meu", n. 1, e sahia uma vez por s e m a n a .
E m principio do anno de í9«7- a ' c m
n
° ' n e daquelle redactor, figurava mais o do rev.
Jeronymo Gueiros ; mas, em fins do m e s m o
anno, mudando-se o primeiro c principal reda-
ctor d ' ( ' Século para o sul do paiz, ficou o se
gtíndò â frente de sua redacção, como conti-
nua.

114 -DL 1 R/Q DO NATAL 1895 -


1908.

T e n d o o proprietário do Nortista, coronel


Elias Souto, feito acqüisiçãó da em preza Li-
bro • Tvfo'grtífh-ica •Natnlcnsi, como já sê
disse, pouco tempo depois aügméntou the o
formato e mudoudhe o nome para Diário do
Natdl, que nenhuma ligação tinha com o
antigo jornal aqui publicado com este nome
em 1893 e Cabido das bfticinas daquella em
preza.
Sendo, pois, o actual Diário do Natal o
mesmo Nortista, proseguindo na n u m e r a ç ã o
deste, publieou seu primeiro numero- 292 :1
7 de S e t e m b r o de :895, figurando no frontis-
pício o nome do mesmo rédáctor-chefe, pro-
fessor Elias Souto, e tendo os mesmos fins c
intuitos, como bem se vê do seguinte artigo de
apresentação : 1
" N ã o se surprehendam os nossos leitores
e assígnantes com a rapida mudança ou trans-
f o r m a ç ã o do Nortista em Diário do Na/a/.
O nome de " N o r t i s t a " , como termo mal*
generico, não exprime tão positivamente, a-
ceentuadamente a origem e o cunho norte-rio-
grandense, como o'de " D i á r i o do Natal", <]nC
poi si só demonstra e irtdica a o certo a proce-
Si)

den cia d© filho ou d> mensageiro do E s t a d o do


R i o ( i r a n d o do Norte.
N ã o p a r e ç a isto urna q u e s t ã o d e é a i r r i s
mo ou nativismo, porque o s e r m o s brazileiro e
nortista e x p r i m e b e m a nossa P a t r i a e zona de
n a s c i m e n t o ; m a s , em todo caso, s e n d o nós o
único jornal diário do E s t a d o , d e v e m o s t o r n a r
mais e x p r e s s i v a a nossa p r o c e d e n c i a , tendo
c o m o l á b a r o , o u corno l e g e n d a , o n o m e de nossa
capital, desta f l o r e s c e n t e c i d a d e do N a t a l .
Além disto, o " N o r t i s t a " teve de p a s s a r
por uma certa m o d i f i c a ç ã o de jornal de a c t i v a
o p p o s i ç ã o e p r o p a g a n d a , que era, p a r a trans-
f o r m a r - s e em folha d i a r i a , a c c e n t u a n d o ainda
mais a sua i m p a r c i a l i d a d e , para b e m servir a
t o d a s a s c l a s s e s s o c i a e s ; e assim o nome de
" D i á r i o do N a t a l ' está m a i s ' a d a p t a d o a o fim
a que se p r o p õ e
E s t a ligeira e x p o s i ç ã o foi que determinou
a nossa m u d a n ç a de n o m e , subsistindo, no
erfttanto, o " N o r t i s t a " e n c a r n a d o no " D i á r i o
do N a t a l " , c o m os m e s m o s fins e intuitos (me-
nos na p e q u e n a m o d i f i c a ç ã o de que já fala-
mos), com i m e s m a n u m e r a ç ã o e para os a s
•signantes uma e a m e s m a c o u s a .
O " D i á r i o do Natal" é o " N o r t i s t a " e o
" N o r t i s t a " é o " D i á r i o do N a t a l ' 1 , responden-
do um pelas o b r i g a ç õ e s d o outro, o m e s m o
activo e passivo, a mesma redacção, a m e s -
ma d i r e c ç ã o ; é, c o m o se c o s t u m a dizer, a
carne da mesma carm o osso do mesmo osso.
A p e n a s u m a m u d a n ç a de nome. O " D i á -
rio do N a t a l " de hoje n ã o tem n e n h u m a li-
g a ç ã o com o a n t i g o " D i á r i o do N a t a l " que a
— 90 -

qui a p e n a s publicou-se dous mezes em o annò


de 1893.
Isto posto, proseguimos na nossa missão,
contando s e m p r e com o apoio e o concurso
dos nossos a s s i g n a n t e s e do publico em geral,
aos q u a e s procuramos bem servir e a g r a d a r .
A u g m e n t a n d o hoje o nosso formato, não
a u g m e n t a m o s a nossa assignatura. E ' uma
c o m p e n s a ç ã o que f a z e m o s , porque em julho
já tínhamos feito alteração a nosso favor.
D e maior f o r m a t o hoje, o " D i á r i o do Na-
t a l " mantém o m e s m o preço de suas assigna-
turas quando " N o r t i s t a " .
C) professor E l i a s Souto continuou com
seu escriptorio á rua da " C o n c e i ç ã o " , 11 3 3 :
m a s passou a imprimir o Diário na typogra-
phia que foi da " L i b r o - — T y p o g r a p h i c a " , ins
tallada á rua " V i s c o n d e do Rio B r a n c o " , n. 28.
Mudada mais tarde para a m e s m a casa
em que estivera a t y p o g r a phia d 7 ? Nortista,
rua da " C o n c e i ç ã o " , esquina do " B e c c o da
Matriz", ahi foi a t y p o g r a p h i a do " D i á r i o do
N a t a l " a s s a l t a d a e em g r a n d e parte destruída
na noite de 18 para 19 de F e v e r e i r o de 1905.
d a n d o l o g a r esse acto .de selvageria a ser in-
terrompida a publicação do jornal por alguns
tem pos.
R e p a r a d o s os d a m n o s e de novo m o n t a -
da a t y p o g r a p h i a , n ã o mais no m e s m o prédio,
mas na c a s a em que funcciona hoje a I n t e n -
dência Municipal, á travessa " U l y s s e s C a l -
d a s ' ', continuou o Diário sua publicação, ten-
do ahi m e s m o seu escriptorio de r e d a c ç ã o ,
— 91 -

até que, c o m p r a n d o a Intendencia aquella


c a s a , teve eile de m u d a r - s e p a r a outra (79) na
m e s m a t r a v e s s a , onde se a c h a a c t u a l m e n t e .
F a l l e c e n d o o coronel E l i a s A n t o n i o F e i
reira S o u t o em 17 de Maio de 1906, assumiu a
c h e f i a da r e d a c ç ã o do " D i á r i o do N a t a l ", se-
c r e t a r i a d o pelo sr. Vital C a v a l c a n t e , o dr. Au-
gusto L e o p o l d o R a p o s o da C a m a r a , que con-
tinua neste posto.
U l t i m a m e n t e , destruído por um incêndio
seu d e p o s i t o de p a p e l e {Karte d o material t y p o -
g f a p h i c o , e m d a t a de 3 0 de Abril de 1908, o
dr. A u g u s t o L e o p o l d o fez publicar o seguinte
aviso :
" A v i s a m o s a o s a s s i g n a n t e s e leitores do
" D i á r i o do N a t a l " q u e , d e v i d o a o incêndio que
se manifestou hoje pela m a d r u g a d a em s u a s
oflieinas, destruindo o seu doposito de p a p e l
e parte do material t y p o g r a p h i c o e d a m n i f i -
c a n d o o prédio, s o m o s f o r ç a d o s a s u s p e n d e i a
s
u a p u b l i c a ç ã o por a l g u n s dias, a t é que seja
tudo r e p a r a d o " .
A t é e s s a d a t a o Diário, que nunca inter-
r o m p e r a a n u m e r a ç ã o iniciada com O Aroi tisia,
desde seu a p p a r e e i m e n j o em S . J o s é de Mi-
pibú, tinha p u b l i c a d o 3 : 4 4 2 n ú m e r o s .
R e p a r a d o s os d a m n o s c a n s a d o s p e l o in-
cêndio, r e a p p a r e c e u depois o " D i á r i o do, N a
tal", c o n t i n u a n d o a f a z e r , s i n ã o com a m e s m a
v
c h e m e n c i a de seu a n t i g o r e d a c t o r - c h e f e , c e r t o

v
(70) Perten.cViu« ao iVmmcndador Joaquim r^nacio Pereira
':id<>festet,.v,- nin «Kiabc-lucimonto cojnroereiiil
92-

com egual intransigência, o p p o s i ç á o á politica


dominante do listado, que c h a m a de oligar;
chia ///ara//hão, por ser o grupo que obedecia
á orientação politica do senador P e d r o Velho
de Albuquerque M a r a n h ã o , chefe republicano .
historico do K s t a d o e que assumira as respon-
sabilidades fie sua d i r e c ç ã o ao ser p r o c l a m a d a
a Republica.
E a s s i m p a s s a p a r a o anno de 1909 o va-
lente e legitimo o r g a m da imprensa opposi-
cionista do R i o G r a n d e do Norte.

115 MONITOR POSTAL 1895.

P u b l i c a ç ã o semanal e tendo como r e d a -


ctores ostensivos Manuel Coelho e J o a q u i m
Vieira, dizia-se orga/n consagrado aos ncgoc/os
fiflstacs, era i m p r e s s o na t y p o g r a p h i a do Dib'
rio do Natal e tinha seu escriptorio d e r e d a c -
ção á rua da " C o n c e i ç ã o " , n° 2.4.
Surgiu â luz da publicidade no dia 12 de
Outubro com o seguinte p r o g r a m m a v

"ESBOÇO

A p r e s e n t a n d o hoje ao publico o nosso mo-


desto «Monitor Postal» temos em vista, c o m 0
programma :
P u g n a r pelo progresso e aperfeiçoamento
do serviço postal;
D e f f e n d e r os interesses da d e s p r o t e g i d a
e perseguida classe dos e m p r e g a d o s p o s t a e s j
T r a b a l h a r em prol d o d e s e n v o l v i m e n t o cia ,
instrueção, f r a n q u e a n d o as c o l u m n a s de noss°
periódico aos moços estudiosos que t r a g a m ,
Çomp carta de apresentação, um pouco de
talento. /
Promettemos m u i t o / b e m o sabemos, em
relação aos nossos parcos recursos intellectu-
íies; mas. haja o que houver,cumpriremos a ris-
ca o nosso p r o g r a m m a , sem discrepância de
uma linha, porque, si nos fallece o talento, so-
bra-nos resolução, energia e boa vontade de
servir, com sacrifício embora, a nossa patria,
tão grande e tão bella e tão injustamente sa-
crificada.
Oue nos auxilie o favor publico, e " D e u s
acompanhe o peregrino audaz.
Publicou apenas cinco números, saindo o
ultimo a 15 de Dezembro do mesmo anno em
que appareceul

116 KC/IO 1896.


Pequeno jornal litterario, que appareceu
nesta cidade no dia t " de j a n e i r o e desappa
teceu poucos nr.ezes depois.

u 7 - I O TA GARELL. /—1896.

118—PERALTA—1896.
Jornalzinho de rapazes, principalmente
redigido e impresso por Firmino Cabral, que,
não tondo prelo, compunha-o pacientemente
com typos soltos.

119 O FANTOCHE— 1896.


Orgam dedicado o diversas cousas, publi-
cava-se aos domingos e appareceu pela pri-
meira vez no dia 8 de M a r ç o , d e s a p p a r e c e n d o
no dia 23 de A g o s t o com o n " 2 p

120 O FUTURO -1896.


O u t r o jornalzinho litterario, periódico en-
cyclopedii o, q u e surgiu á luz d a publicidade no
dia de Abril, s o b a r e d a c ç ã o dos intelllgen-
tes m o ç o s S o u t o Notto e G a l d i n o Filho.
S e u p r o g r a m m a é l a n ç a d o nos s e g u i n t e s
termos :
" O n ó m e que t o m a m o s por norte, na lar-
g a e s t r a d a do j o r n a l i s m o quasi que nos di;?•
p e n s a de e s c r e v e r um p r o g r a m m a , q u e j á está
u m a cousa sediça, d e v e n d o ser até b a n i d a
da i m p r e n s a .
0 p r o g r a m m a de um jornal é a e v o l u ç ã o
social ; a i m p r e n s a d e v e r e p r e s e n t a r genuina-
mente o p e n s a r de t o d a s a s c l a s s e s , - a c o m -
p a n h a r os p r o g r e s s o s m o d e r n o s , — d e r r a m a r ,
na . a l t u r a de s u a s f o r ç a s , a s luzes d a sciencia
por t o d a s a s c a m a d a s sociaes,- - a d v o g a r a cau-
sa d a s a r t e s e d a s industrias, estimular o cul-
tivo d a s lettras e t r a b a l h a r pela i n s t r u c ç â o
popular.
Tal é o futuro que de v i s a m o s e n s a i a n d o
hoje os p r i m e i r o s p a s s o s no j o r n a l i s m o , e
por isto t o m a m o s c o m o l a b a r o esta p a l a v r a ,
que indica e a b r e os v a s t o s horisontes dos q l l C
c a m i n h a m em b u s c a do a p e r f e i ç o a m e n t o h u -
mano.
O futuro é o ideal d a m o c i d a d e e p e ' °
Futuro h a v e m o s de a l c a n ç a r o futuro de n o s -
sas aspirações.
F a r t i d a r i o s d a e m a n c i p a ç ã o d a mulher.
cujos talentos desejáramos ver occupados
,com outros misteres além das preoccupações
domesticas, desde já offerecemos ao bello sexo
d e s t a Capital, e do E s t a d o inteiro, francas
as columnas do Futuro para sua mimosa
collaboração e defeza de seus direitos intellcc-
tuaes, sempre absorvidos pelo homem, como
mais forte. '
(,) cultivo das lettras n;1o é patrimonio de
sexo. A alma da humanidade inteira, sem dis-
tincção de classes e sexo, anceia pelo pão e s -
piritual, pçlas a g u a s divinaes da instrucçâo,
que constituem a sua única alimentação.
Animados por estes intuitos, fazemos hoje
a nossa entrada no mundo da imprensa, dando
á luz da publicidade o i ° n° do Futuro.
E r a impresso na typographia d'C? Nor-
tista, publicava-se uma vez por semana e ti-
nha o escriptorio de sua redacção á rua " C o -
ronel Bonifacio", n, 24.

i2i O PI ION O GR A PH O— 1896.

12 2 — O TREM— 1896.

Í23—O MA ClIINIS TA- 1896.


Jornalzinho critico, que dizia vir em a u -
xilio d O Trem.

124-O PLANETA—1896.
M a i s um pequeno jornal litterario, que
a
ppnreceu em meiado de Abril.

125-0 JUNOCULO-1896.
í 26- A ONÇA -1896.

A propósito destes doüs últimos periódi-


cos diz o /hario do A'atal c.m sua edição de
4 de A g o s t o :

" M a i s dous campeões da pequena im-


prensa appareceram ante-hontem entre o jor
nalismo natalense : O /{inoculo e A Ouça.
E digno de louvor o gosto pela imprensa
(pie demonstra a mocidade natalense.
liste anno têm sido aqui publicados os se-
guintes jornaes de pequeno formato : Ficho i
Tagarcila, Peralta, Fantoche, Futuro, /'hono-'
grapho, Trem, Machtnisto, Planeta, Pináculo.
e Onça ; ao t<>do 1 1 , de Janeiro até boje.
Alguns destes já suspenderam t e m p o r a r i a -
mente sua publicação". <

1 2 7—A PALA 1896.

1 2 8 — O PA SS\ I Li FIRO— 1896.

129 CARLOS GOA/FS- Polyanthéa


1896. • '
Propriedade de José Ai de I 'iveiros. soo
a collaboração de di versos rio-grandenses do no) -
te, foi publicada no dia j 7 de Outubro, a p r e -
sentando a i'' pagina tarjada dte d u a s linhas,
entre as quaes se liam os nomes d á s diversas
operas do g r a n d e maestro, e no alto de suas
duas columnas as seguintes palavras, dividi-
das por uma lyra :
97-

NASCIMENTO. F A L L E C I MENTO.
C a m p i n a s — S . Pau- Belém—Pará.—
l o — 1 4 de J u n h o de 16 de S e t e m b r o de
1839. 1896.
E seguem-se, distribuídos pelas 4 p a g i n a s
da polyantéa, bons artigos e poesias sobre o
immortal auctor da Guarany, occupando a
r* pagina o seguinte :
1
"APIACERE...

J á n ã o vive para o corpo a alma lúcida, o


espirito transcendente do melopeo brazileiro !
J á não pulsa o c o r a ç ã o do M a e s t r o de pri-
meira grandeza, que surgiu da g e r a ç ã o sul-
a m e r i c a n a neste luminoso século X I X , p a r a
elevar aos tramites da immortalidade o seu
laureado nome de artista eximio e immacu-
lado. d entre as très A m é r i c a s deste n o v o con-
tinente !
Finou-se o provecto c o n t r a - p o n t i s t a da
musica n a c i o n a l - c o n t e m p o r a n e a - A n t o n i o C a r -
los G o m e s . . .
Quem, c o m o elle, soube percorrer toda a
escála da vida harmonica, foi de certo o inter-
prete aperfeiçoadissimo da «ciência dos sons,
de todos os phenomenos da Acústica,—fo*
um gênio; e o s gênios não d e s a p p a r e c e m , — im-
mortalizam-se.
Quando a a l m a do grandíloquo M e s t r e a-
bandonou o corpo n aquella noite m y s t e r i o s a ,
á luz dos cyrios, a musica da c r e a ç ã o entoou
a elegia fúnebre da despedida final, organiza-
da com' os trechos do Guarany ; a orchestra

«
- y«---

da natureza desferiu as notas doloridas de um


nocturno expressivo, ora pronunciando a c c e -
lerados períodos da Tosca, ora alentando
c o m p a s s o s do Condor, s a u d a n d o a p a s s a g e m
do G ê n i o que se evolava da terra ao céu b r a -
sileiro.
Depois, u aquella noitode luar, uma nuvem
branca g y r o u de léste a oeste, na trajectória
do espaço, e a 'luz da lua c o o u - s e em r á p i d o
momento para o territorio pátrio, n'uni t r a n s -
parente s e m i - o p á c o , como signal de crêpe A
brasileira patria ç lá, a t f a v é z daquqlle con-
certo fúnebre dos astros, ouviu-se como- que.
mclodiar lentamente uma surdina de anjos bal-
buciando a Túnica c pronunciando os primei-
ros arranjos do—Cântico dos cânticos, ú l t i -
mos pensam,entos i q u e ' borbulhavam na con-
c e p ç ã o fulgida do Gênio. . ,
Cântico ,dus cânticos foi a sua vitima com-
posição artística ; foi, por assim dizer, seu uh
timo canto, de, cysne.
K elle, hirto, immovel,. encerrado n u i m a -
taúde de ébano, exposto A s a g r a ç ã o dos poí
vos, d o r m e o somno glorificantc da immorta-
lidade, para ir. despertar no luminoso, h a lo on-
de a musjea dos a s t r o s preludia u m a dtesis nas
cordas dos {»saltérios. , . | 1
1 ' '1w

Daqui, deste recanto monotono da gleba,


também soluça, pranteia e chora, p e l a a s c c n -
ç à o do extraordinário Mestre, o mais obscu' 1 '
de seus discípulos e sincero admirador,
, /. fie Veiros, >

%
130 - O (;UARACY--iZ96.
Periodico quinzenal; de pequeno formato,'
publicado pela primeira vez no dia 7 de N o -
vembro, ' ' •

131-0 JA C O JUNO—1896.
S o b a responsabilidade de. L u i z Peixoto e
Theophita iMarinho, distribuiu seu 1 " n. no dia
1 5 de Novembro..
1 3 : i - A RR/R UNA- j 897 - 1 9 0 4 .
O r g a m dâ a s s o c i a ç ã o " C o n g r e s s o L i t t e -
r a r i o " , a p p a r e c e u , simples revista quinzenal, no
dia 21 de Abril de 1897, tendo como redactor-
£hefe— jfosc' de' 1 Vi veiros, redrictor-sëcretario---
E z e q u i e l W a n d e r l e y , e redactores—Manuel
Coelho, F r a n c i s c o P a l m a e ' A n t o n i o Marinho.
E s t é s dizeres' do frontispício ô ç c u p á m
très quadro^, f o r m a d o s por linhas horisontaes
c perpendiculares no altb da i' 1 pagina, no
dos q t i a e ^ ' l ö se ainda b seguinte Conceito de
Victor H u g o : " F a l a r , escrever", imprimir é
publicar silo círculos áuccessivos á intelli -
gencia activa ; s ã o e s s a s as o n d a s s o n o f o s a s
do p e n s a m e h t o " ; e no do centro, sob um livro
aberto, que separa as palavras'' -Revista quin-
zenal— a phrase latina : Fiat Lux.
A b r e com este bem e l a b o r a d o artigo de
Antonio M a r i n h o sobre T i r a d e n t e s :

"21 DE A B R I L

Liberias qua so'eratantfn


N o século p a s s a d o , em 1789, d i F o a his-
t()
ria, um luzido g r u p o de homerts d e n o d a d o s ,
100-

nobres em suas qualidades cívicas, elevados


em suas idéas civilizadoras, e em cujo seio re-
percutiam altisonantes a s vibrações rijas dos
mais puros sentimentos patricticos, que r e v o -
lucionavam ent5o os g r a n d e s espíritos, n u m a
d a s mais valorosas nações ultramarinas, pen-
s a r a m ingenuamente, ou antes, s o n h a r a m em
inaugurar na Patria Brazileira o regimen fe-
cundo da D e m o c r a c i a , productora d a s liber-
d a d e s publicas e suspirado anhelo d a s a l m a s
independentes, a f f e c t a d a s c o m o e s t a v a m , a g r a -
davelmente, pela i m p r e s s ã o calorosa dos acon-
tecimentos reformadores, q u e se haviam o p e -
rado na F r a n ç a . S e n t i a m a necessidade da
expansão.
M a s foi uma illusão simplesmente, m a s
foi a p e n a s " u m sonho dourado de p o e t a s " , que
se d e s f e z com um sopro da realidade, um des
l u m b r a m e n i o f u n e s t o , incomparável, produzido
pelas reverberações m a g i c a s , flammejantes de
esplendidas aureolas.
N'aquella epocha tristíssima de nossa his-
toria, a tyrannia nivellava o patriota com o ré-
probo ! Oh ! onde poderia, porventura, ani-
nhar-se o a m o r da P a t r i a ! ? Patria ! quantos
filhos suppliciados pelo v o s s o a m o r ! ! ! O que
era a Republica ? U m a ficção, que se desva-
necia com a idéa horripilante do carrasco
espectro medonho que enchia de s o m b r a s as
consciências límpidas.
Queríeis conquistar brazões ? F o s s e i s tra-
hidor á v o s s a bandeira ? Queríeis ser precito •
b a l b u c i á s s e i s o s a c r o s a n t o nome da Liberdade.
D e n t r e aquclles emeritos héroes, arreba-
tados n'um pensamento impossível, sublima-
dos n u m a enlevação casta e grandíloqua, p a -
triotas a b n e g a d o s , por isto m e s m o que suc-
cumbidos peia grilheta na escuridão medonha
de m a s m o r r a s frias, m a s sempre redivivos na
immortalidade, distinguia-se um vulto gran-
dioso, salientava-se um homem admiravel,
não pela sua illustração e s a b e d o r i a , n ã o por-
que d'elle e m a n a s s e porventura a luminosa
idéa, não ! m a s pelo seu enthusiasmo férvido,
mas pela sua intransigência mascula, m a s pela
imperterrita c o r a g e m de suas convicções, ás
quaes elle dedicou constante, sincera, d e s i n -
teressada, toda a a f e c t i v i d a d e de su'alma, ba-
nhada em doces esperanças, consagrou toda a
pureza de seus sentimentos, todas as luzes de
seu espirito varonil, no extase de magnificas
contemplações chimericas, todas as energias
de seu sangue, todo o vigor de sua vida.
E m J o s é J o a q u i m da Silva X a v i e r — o T i -
r identes—o invicto alferes da tropa de Minas,
a proeminente figura da Inconfidência, a c h a m -
se concretizados todos os princípios, todos os
preceitos doutrinários, em que a s s e n t a v a a no-
tável e mallograda c o n j u r a ç ã o mineira.,.
E l i e e v a n g e l i z a v a com o seu verbo inflam-
rciado, attrahente, fácil e persuasivo, d'onde
reçumava a mais segura lealdade patriótica,
? mais profundo a m o r pela santa causa, que
•noculou o g e r m e n da D e m o c r a c i a no c o r a ç ã o
da P a t r i a .
Elie não foi somente um adepto da R e -
publica : foi mais do que isto—foi um fanatico,
U
U mais ainda—um martyr.
K m r e c o m p e n s a d e seu a m o r c o r t a r a m -
lhe a c a b e ç a na guilhotina, e s q u a r t e j a r a m - n o
na p r a ç a publica, d e c l a r a r a m i n f a m e a sua
m e m o r i a , i n f a m e s tórios os seu-; filhos o netos,
d e p o i s de ter sido e x p o s t o irrisòriamertte a o s
m o t e j o s cruéis dos v a s s a l l o s de D. M a r i a I.
que se c o b r i a m do g a l a s , c o m o s e l v a g e n s , cs
tupid i m e n t e . pela e x e c u ç ã o da iníqua e vergo-
n h o s a s e n t e n ç a . I s t o em 21 d c Abril d e 1792.
Ü a q a e l l e tenta m e n , T i r a d e n t é s foi o úni-
co que se extinguio na lorca.
O u c t r á g i c o e s p e c t á c u l o patenteou a o
m u n d o civilizado o r e i n a d o d a q u e l l a S e n h o r a •
A h ! m a s nem t o d o o s a n g u e , q u e fos-
so possivel j o r r a r cm c a t a d u p a s , de mil co-
r a ç õ e s s a n g r a d o s , de mil c a b e ç a s qui se dece-
p a s s e m , c o n g e l a r i a , por certo, a s ígneas en -
t r a n h a s d o p e q u e n o v u l c ã o que n'aquoHe solo
manifestara-se t ã o d e s g r a ç a d a e prematura-
mente.
b i l e havia d e e x p l o d i r m a i s ta i d e , ainda
que d e p o i s de um r e s f r i a m e n t o , d e t e r m i n a d o
pelos e f f e i t o s p o d e r o s o s de e l e m e n t o s antagO"
nicos e r e p r e s s i v o s .
D . e s a p p a r e ç e u n u m local e . d e facto, reap-
p a r e c e u e m outros s n e c e s s i v a m e n t e , com mais
a r d o r , com m a i s v e h e m e n c i a , com a impetuo-
sidade suprema.
F u m a lei f a t a l nos d e s t i n o s d a s naciona-
l i d a d e s : A s m r . g n a s c o n c e p ç õ e s , q u a n t o mal»
v i o l e n t a m e n t e repellidas, t a n t o m a i s se revi-
g o r a m e se f o r t a l e c e m ; o s u c c e s s o pode sei
tardio, m a s o' êxito é inevitável ! A prova esta
na f o r m i d á v e l e x p l o s â o ' d e 15 d c N o v e m b r o £l
- 103 -

i88g, quasi um século depois 1 «!) grande sa-


crifício !
Envolveu em c h a m t r n s intensas o paiz in-
teiro, dominou-o em sua amplitude e purifi-
cou em suas lavas todas a's matérias corrom-
pidas ; isto é, realizou o magnificente ideal dos
martyres da Inconidencio, dos martyres Per-
nambucanos e tantos outros, de Albuquerque
e Miguelinho, as aguias indómitas do Rio
( i r a n d e do Norte.
Qual foi o resultado da grande fusão ? o
producto do pomposo feito ?
Nós o vimos, nós o contemplamos :
De pé sobre o pedestal firme, solido, ina
balavel de nossa fé politica, de nossas crenças
d e m o c r á t i c a s - - A Republica, engrinaldada de
flores, cingindo diademas, conquistando lau-
réis, adoravel e candida vestal com azas de
(ienio, circundada de seu bello cortejo de (ira-
ras e de a c r y s o l a d a s Virtudes civicas !
E m baixo—-nós vimos t a m b é m - o que res-
tava ?—A escoria,a imprestabilidade, a vilèza.
S i m ! Mas para e s t a , p a r a a escoria -a profun-
deza infecta dos esterquilinios ; para aquella,
para a R e p u b l i c a — a s culminancias dh gloria,a
apotheos^ das multidões, a deificaçflo dos Po-
vos L i v r e s !
S a l v e , 2 I DE ABRIl. !"

Publicou A Tribuna com esta f e i ç l o tres


números, impressos na typ. d 'O Século.
N o dia 12 de junho, reduzindo um pouco
o formato, m a s conservando a mesma feição e
os mesmos dizeres dõ frontispício, "tomou a
104

f ô r m a característica de uma revista propria-


mente dieta e, desviando-se daquelle s y s t e m a
que, geralmente, é uzual aos jornaes periódi-
cos e folhas diárias", continuou a ser publica-
da quinzenalmente! com 8 p a g i n a s e mais.
Abriu a edição desse dia com o seguinte
soneto d ^ F f a n c i s c o P a l m a a

vtuíurci.tNito

Heroe ! neste recanto abençoado,


N e s t a nesga da patria s o b e r a n a
A tua historia limpida e s p a d a n a
O brilho do dever, s a c r a m e n t a d o .

E d e s s a historia penso que d i m a n a


S o b r e a alma do povo denodado
O e v a n g e l h o rutilo e s a g r a d o
Que lhe ensinaste ern tua vida insana.

Quizeste p r o p a g a r uma utopia,


M u d a r num sonho d o u r o a tyrannia,
E esta deu-te a morte por sentença.

P o r é m de teu divino p e n s a m e n t o
Medrou, cresceu o cândido rebento
N o collo a m i g o desta patria immensa.

D o segundo anno em diante, A Tribuna


simplificou a f e i ç ã o do cabeçalho, s u p p r i m i n d o
o s q u a d r o s a que a c i m a me referi, o p e n s a m e n -
to de Victor H u g o e o livro a b e r t o com a phra-
fce Fiat Lux. M a n t e v e , pOrém, os nomes dos
redactores c vê se que, durante os a n n o s d e
105-

sua existencia, contado? de 21 de Abril de ca-


da um a egual d a t a do anno immediato í o -
ram elles os seguintes :

1897—José Viveiros,
Ezequiel W a n d e r l e y ,
Manuel Coelho, *
Francisco Palma,
Antonio Marinho.
1 8 9 8 — 9 9 — J o s é de Viveiros,
Manuel Coelho,
Ovidio F e r n a n d e s ,
Francisco Palma.
Augusto Wanderley,
AntonioMarinho,
Ezequiel W a n d e r l e y ,
J o s e Pinto.
1 8 9 9 — 1 9 0 0 — A n t o n i o Marinho, •
Ezequiel Wanderley,
Jloracio Barretto,
J o s é Pinto,
Francisco Palma.
1900—01—Ezequiel Wanderley,
J o s é Pinto,
H . Castriciano,
Ovidio F e r n a n d e s ,
Manuel D a n t a s .
1901—02—-Director—Ezequiel Wanderley,
S e c r e t a r i o — J o s é Pinto,
Editor—Augusto C. Wanderley,
1902— 0 3 — D i r e c t o r — G a l d i n o L i m a ,
Secretario—Sergio Barretto,
Editor—Augusto C. Wanderley.
1 9 0 3 — 0 4 — D i r e c t o r - P i n t o de Abreu,
— 106 -

Secretario—Ezequiel Wander-
ley,
G e r e n t e — J o s é de Viveiros,
R e d a c t o r e s — G a l d i n o L i m a , An-
tonio S o a r e s , P e d r o Avelino,
Honorio Carrilho, S e b a s t i ã o F e r -
nandes.
N o s dous últimos annos A Tribuna dis-
tribuia-se mensalmente ; m a s não só nestes,
c o m o nos anteriores, nunca publicou todos os
números do p r o g r a m m a , pois no primeiro fo-
ram publicados 23, inclusive os 3 de simples
periodico ; 23 no segundo, 18 no terceiro, 1 5
no quarto, 7 no quinto, 9 no sexto, 5 no septi-
mo e 4 no oitavo. O ultimo numero foi distri-
buído no dia 1 2 de Outubro de 1904.
A Tribuna, depois que passou a ser re-
vista p r o p r i a m e n t e dieta, foi impressa na ty-
p o g r a p h i a Centrale por fim na d O Século.
F a z i a m parte da r e d a c ç ã o e collaboração
d A Tribuna os mais conhecidos litteratos d a
terra, e s e j a - m e permittido o b s e r v a r de pas-
s a g e m que foi ella, ao expirar o século p a s s a d o
e c o m e ç a r o actual, o centro de todo o n o s s o
movimento intellectual e a legitima represen-
tante da litteratura indigena.

133-0 / R IS~~ 18 9 7—98.


P e q u e n o periodico litterario, publicou seu
i n numero no dia 1 2 de J u n h o de 1897, com o
seguinte a r t i g o de a p r e s e n t a ç ã o :
O IRIS
N o percurso de todos os séculos, no a per-
— 107 -

feiçoamento de todas as nações, na rtajectoria


de todos os povos atravèz de todos os tempos,
é a imprensa a percursora de todas as idéas
grandiosas e sublimes, a iniciadora vigorosa e
preponderante da sciencia e da instrucçâo.
Ella, a invenção sublime de Guttemberg, tem
sido o motor principal do desenvolvimento da
civilização moderna. D o seio delia tem s u r g i -
do todas as idéas humanitarias, a defeza inte-
gral dos direitos do povo.
Alando-nos, pois, á vantajosa e inexpu-
gnável crusada do progresso, como romeiros
incansaveis do futuro, atiramos hoje á luz da
publicidade—O I R I S orgam da nossa pe-
quena e despretenciosa associação que deno-
minamos—CASTRO ALVES—prestando as-
sim justa homenagem â memoria do grande
poeta brazileiro, do immortal cantor d o — A -
deiis.meu ciitt/o—iiio cêdo roubado á litteratura
nacional.
E n c a p e l l a d o é o mar da vida, sinuosa é
a estrada do futuro, difficultosa é a tarefa de
que nos incumbimos ; por isto é provável que
•se esmoreça em meio da jornada. Porém nós,
que temos em nosso cerebro a idéa de que a
mocidade brazileirq nunca vacillou em frente
do dever, firmes na resolução de executarmos
fielmente o nosso programma—litterario, pu-
ramente litterario—não recuaremos um passo
rt
a conquista do futuro, certos de que attingi-
remos o pináculo almejado e colheremos a s -
®irn os fruetos do nosso principal objectivo—a
lr
>strucção, para o alargamento da esphera
s
ociàl em que vivemos, para o e n g r a n d e c i -
108

mento de nossa litteratura e o d e s e n v o l v i m e n -


to scientifico, i n t e l e c t u a l e moral da mãe pa-
tria.
«O I R I S » significa a p e n a s : o meteoro
fulgido e electrizador de nossas f e r v o r o s a s a s -
pirações, o guia feliz que nos levará a um fu-
turo cheio de prosperidades.
Que elle seja acolhido f a v o r a v e l m e n t e no
seio d o publico natalense é o que a l m e j a m o s .

O r g a m do grémio litterario " C a s t r o Al-


v e s " , O Íris imprimia-se na t y p o g r a p h i a do
Diário do Natal e teve seu escriptorio de reda-
c ç ã o á s ruas " V i s c o n d e do R i o B r a n c o " , n. 10,
" J u n q u e i r a A y r e s " , n. 10, e " S . T h o m é " ,
F o r a m seusprincipaes redactores—V. Be-
nevides, Raul F e r n a n d e s , Antonio S o a r e s , P e d r o
A m o r i m , A d a l b e r t o A m o r i m , J o s é Nunes, Lou-'
renço G u r g e l e Manuel Henrique.
P u b l i c a v a - s e quinzenalmente e sahiu seu
ultimo numero a 23 de S e t e m b r o de 1898.
F o i o s e g u n d o deste nome publicado nes-
ta cidade.

1 3 4 - O I T O DE SETEMBRO—\897"
1907.
R e v i s t a catholica de 8 p a g i n a s , circulou
pela primeira vez nesta capital na tarde d o
dia 8 de S e t e m b r o de 1897, a p r e s e n t a n d o - s e
ao publico nos seguintes termos :

" A o considerar-se o g r a n d e numero e va-


riado g e n e r o de publicações diarias e p e r i ó d i -
c a s que circulam por toda parte, p a r e c e que s e
- 109

deveria dar por saciada a sede do jornalismo,


com que se caracteriza a sociedade moderna,
estando bem patentes e se inculcando a c a d a
passo —tantas fontes litterarias de um conte-
údo a g r a d a v e l ao gosto hodierno.
M u s , quem dera que todas e s s a s torren-
tes que jorram da imprensa, inundando o vas-
to c a m p o social, fossem s e m p r e puras e sem
mescla de virus corruptor ; que fizessem ger-
minar a verdadeira sciencia que tem por fru-
cto nato a felicidade humana !
A h ! bem longe, porém, está de assim
sel-o !
A imprensa nem sempre nos dieta a ver- i
dade, nem sempre nos guia para a acquisiçáo
do verdadeiro bem.
" D i z - s e que G u t t e m b e r g , quando i n v e n -
tou a imprensa, viu lhe os futuros destinos sob
a allegoria de um sonho. P a r e c i a - l h e ver uma
fonte d a g u a puríssima, que se dividia em dois
g r a n d e s rios : n'um a agua se c o n s e r v a v a crys-
talina e pura como brotava da fonte, noutro,
pelo contrario, t o r n a v a - s e túrbida, lodosa e
fétida.
E é um facto que esta notabilissima in-
venção, nas mftos dos perversos, nos tempos
de orgulhosa licença, com c a p a de liberdade,
tornou se um perenne attentado contra a ver-
dade, contra a fé,contra a moral, contra a E g r e j a
e
contra Deus. E isto é trabalho de todos os
dias e de todas a s horas.
Quem pôde calcular os d a m n o s que f a z
dia por dia essa toi rente immensa de i m p r e s s o s
tyie se d e r r a m a m sobre a sociedade ?"
E ' assim que b r a d a um bem avisado or-
g a m do imprensa (Leituras Catholicas), p r o -
motor do verdadeiro bem da sociedade ; o
quál; não se limitando a fazer conhecido o ve-
neno das más leituras, que conseguinterfiente
devem ser expellidas e rechassadas, reclama
pela applicação necessaria e ingente de um
antídoto,
E poderemos nós, catholicos rio-granden-
ses.ser indifferentes a tão desastrosa situação?
N ã o procuraremos de alguma maneira oppôr
diques á vchemente impetuosidade de escri-
ptos gangrenosos e contagiosos que vão o
mais funestamente combalindo o c o r a ç ã o de
no:?sa cara Patria ?
Os sentimentos de religião e patriotismo
que a nossos peitos inspiram os sábios princí-
pios catholicos nos vedarão, por certo, de
cruzar os braços quando a R e l i g i ã o e a Patria
reclamam nossos esforços.
Ouçamos como sobre este assumpto fala
aos brazileiros, dirigindo-se a n o s s o s P r e l a d o s ,
o douto chefe do Christianismo, o a f a m a d o
Pontífice L e ã o X I I I :
" N ã o esqueçaes, veneráveis irmãos, quan-
to, principalmente nestjes tempos, são pode-
rosos para o bem e para o mal os j o r n a e s c
outros escriptos analogos espalhados por en-
tre a multidão. N ã o seja, pois, o m e n o r cui-
dado dos catholicos o de luetar também com
estas a r m a s em defesa da fé catholica... •
Eis' c que nos cumpre fazer : lançar mao
do mèi > sabiamente indicado pelo zelo e auc-
torichde da previdente atalaia de nossa reli-
— 111 —

g i ã o : usai' i/as mesmas armas, isto é, oppôr


imprensa a imprensa, editando cscriptos de
saudavcis doutrinas, que concorram para a
: consolidação do edifício social, que vae sendo
abalado por nefandos demolidores, que fazem
sobre elle chover datnnosos projectis de sub-
versivas publicações.
Sim : a imprensa está sempre em maior
actividade ; de qualquer parte surgem gazetas
e cscriptos sobre todos os assumptos imagi
naveis, e bem redigidos ; de summa importân-
cia e tendo por auctore* illustradas notabili-
dades, é innegave! ; no entretanto, a sociedade
resente-se da falta de leituras de s ã s doutri-
nas, que verdadeiramente instruam, guiando
com segurança na acquisição da V e r d a d e e do
B e m ; que, principalmente, incutam nos espí-
ritos juvenis o ideal puro da verdadeira religião,
revestindo, ao mesmo tempo, os tenros cora-
ções de efficaz solidez na pratica da sublime
moral do E v a n g e l h o , por meio de narrativas
edificantes e exemplos animadores.
Publicações em condições taes não são,
de certo, t ã o raras entre nós ? Ran nantesin
g urgite vasto /
E ' pois, de summa necessidade que, nfío
obstante a s múltiplas publicações, ainda appa-
reçam novas. E i s o que originou que o " O i t o
, de Se tembro" viesse augmentar mais um nu
mero na lista dos jornaes deste E s t a d o .
E s t e modesto periodico n ã o tem, de cer-
to, a pretenciosa aspiração de satisfazer ás
necessidades da sociedade, tão alheia á ins-
trucção religiosa, n ã o ; mas, contribuindo com
— 112 -

seu mingoado contingente, A medida de s u a s


dobeis forças, para a salvadora obra da bôa
imprensa, o seu intento é simplesmente lançar
uma pequena pedra á reconstrucçíío do edifício
social-religioso, não lhe obstando a própria
inaptidão, por confiar muito na justiça da cau-
s a ; nem trepidando deante de sacrifícios, por
ter t o m a d o por l e m m a — b a t a l h a r pelo bem da
Religião, a l m e j a n d o o triumpho do Reino de
Deus.

Adveniat regnum tuum. '

Periodico religioso e popular, subordinado


A direcção d o virtuosíssimo parocho desta fre-
guezia, de saudosa memoria, padre J o ã o Ma-
ria C a v a l c a n t i de Britto, o " O i t o de S e t e m -
b r o " era bem redigido e foi o primeiro orgam
da i m p r e n s a que surgiu neste E s t a d o como re-
presentante da religião catholica. P u b l i c a v a - s o
quinzenalmente e custava a assignatura 5$ooo
por anriò.
Depois, reduzindo a 4 o numero de pagi"
nas, passou a ser publicação semanal.
F a l l e c e n d o o vigário J o ã o M a r i a a 16 de
Outubro de 1905, a 1 4 do mez seguinte, com
a collaboração e s p o n t a n e a m e n t e offerecida de
seus innumeros admiradores, dedicou-lhe 0
" O i t o de S e t e m b r o " uma polyanthéa de n
p a g i n a s , bem escripta e bem impressa,em cuja
c a p a via-se, emmoldurado em vinhetas ex-
pressivas e artisticamente dispostas, o seguinte
soneto de S e g u n d o W a n d e r l e y :
KXTKIÍMA U.NCÇÃO

Musa do lucto, Musa da tristeza,


T o m a o psalterio roxo da saudade :
V a m o s cantar o Sol da Caridade,
V a m o s carpir o anjo da pobreza.

Quem dos f r a c o s sueeumbe na defeza,


C o n t e m p l a n d o cia Gloria a claridade,
T e m no proprio martyrio a magestade,
T e m no m e s m o Calvário a realeza.

Musa, nflo ouves um concerto extranho ?


C h e g a da M a g u a o pallido rebanho,
D e i x a que pare o lugubre cortejo...

Kraquanto a nota afinas da a m a r g u r a ,


Naquclla fronte aureolada e pura
Quero imprimir o derradeiro beijo...

D e s d e esse momento assumiu a direcção


do " O i t o de S e t e T i b r o " o conego S e v e r i a n o
de F i g u e r e d o , que substituiu o vigário J o ã o
M a r i a na regencia da freguezia, e é actual-
mente seu director o vigário M o y s é s Ferreira,
que, publicando a 8 de D e z e m b r o do anno pas-
sado o n. 38, íez abi declarar a r e d a c ç ã o que
motivo de ordem superior levou-o a suspen-
der temporariamente a sua distribuição.
Até fins deste anno, porém, n ã o a p p a r e -
ceu e creio que não mais upparecerã.constan-
do-me ter seu director vendido a t y p o g r a p h i a
cm que era impresso.
O Oito de Setembro declarava 110 fron-
tispicio ter sido " f u n d a d o pelo p a d r e J o ã o M a -
ria C a v a l c a n t i de B r i t t o " e tinha c o m o n o r m a
de c o n d u c t a , de um e outro lado do s u b - t i t u l o
de " h e b d o m a d á r i o religioso c p o p u l a r " , a s
s e g u i n t e s p h r a s e s latinas : Adveniat regnum
tuum ( S . M a t h . , V I ) e Sub tuum pracsidium,
. sanefa Dei gcnitrix.

135-0 TREPADOR- x897.


J o r n a l z i n h o critico, p u b l i c a d o por F r a n -
cisco F e r r e i r a de A r a u j o .

136 RAIO X- 1897.


l a m b e m critico e publicado pelo m e s m o
Araujo.

137 DIÁRIO SEMANAL—1897.


O titulo d e s t e periodico é um v e r d a d e i r o
paradoxo. N ã o sabemos como o Theophilo
M a r i n h o , seu f u n d a d o r , poude conciliar num
m e s m o titulo i d è a s tão a n t a g ô n i c a s . Isto vem
s i m p l e s m e n t e c o n f i r m a r o que já d i s s e m o s em
outra p a r t e deste t r a b a l h o : q u e todos os cre-
dos políticos e religiosos, todos os princípios li*
tterarios e scientificos, t o d a s a s i d é a s i m a g i n á -
veis t e e m tido r e p r e s e n t a n t e s na i m p r e n s a na-
talense : o Diário Semanal-representa ()

parodoxo, o disparate.
C o m o q u e r q u e s e j a , p u b l i c a ç ã o diaria ou
s e m a n a l , ellé dizia-se " o r g a m d o Batalhão de
Cupido e é de ver o a p r u m o e a g r a ç a com
que o commandante dos batalhadores do n-
oS
m o r d a v a - l h e s n a s c o l u m n a s d c seu o r g a m
respectivos detalhes.
E s t e periodico e os dous anteriores, O
Tagarella (numero único publicado por J o s é
P a c h e c o Dantas), O Phonographo e O Ma-
chinista, de que falamos acima, eram im
presso:? em uma pequena typographia propri
edade de F r a n c i s c o Ferreira de Araujo, mon-
tada á rua " 1 3 de Maio" (hoje "Fr< i Migueli-
nho") e depois vendida para a cidade do Assú.

138 -O RECRE/O 1897.


Pequeno jornal litterario e o segundo que
se publicava com este nome na capital.

139-O EDEN-1897.
Periódica litterario. noticioso e critico, pu-
blicou seu i ( ) numero a 15 de Setembro com o
seguinte p r o g r a m m a :
" E ' a imprensa, essa filha magestosa de
Guttemberg.que tem dei envolvido mais a civi-
lização, que tem concorrido para o engrande -
cimento da litteratura e para o progresso da
instrucção.
Sim, é ella o facho de luz viva e brilhante
que tem sempre illuminado os cerebros de to-
das as nações ; é ella que tem conquistado dia
a d i a e palmo a palmo o terreno do aperfeiçoa-
mento da litteratura ; ò ella emfim que tem tra-
balhado incessantemente em prol do saber.
C a d a século que passa, cada dia que des-
apparece no a b y s m o insondável do tempo, a
instrucçao caminha a passos enormes, verda-
deiramente gigantescos e sempre mais pujante
e mais forte.
E ' hoje que surge entre os astros mais ra-
• - 1.16--

tli iates e sublimes que povoam o vasto firma-


mento da litteratura nacional um corpúsculo
completamente falto de hellasscintillaçbes. Der
nornina.-se O E D E N e cile tem por fim seguir
a trilha honrosa que nos conduz ao desenvol-
vimento da instrucção, que n ã o está ainda bas-
tantcmente supplantada no seio fecundo d'es-
te paiz.
K ' elle o eden d a s nossas ardentes aspira-
ções, é o estigma incomparável do nosso a m ô r
ardente á instrucção ; é o syrnbolo v e r d a d e i r o
de n o s s a profunda v e n e r a ç ã o á s lettras pá-
trias.
A v a n t e ! brada-nos uma voz interior, im-
periosa talvez, filha da nossa i m a g i n a ç ã o e que
incute em nossos espíritos o ardòr pela scien-
cia. A v a n t e ! responde outra, a da Natureza, a
filha prodigiosa, possante e opulenta de Je-
hovah.
S i g a m o s , m a r c h e m o s sem pavor e sem
nunca vaciUar, tendo por e m b l e m a — a Instru-
c ç ã o e sempre com o rumo directo para essa
ideia sacrosanta e p o r t e n t o s a — o Progresso.
E s p e r a m o s , pois,.que o E D E N seja bem
acolhido no seio do povo rio-grandensc do
norte".

O U D E N foi f u n d a d o por G o t h a r d o Nc-


tto e P e d r o Mendes, si bem que a p p a r e ç a m
como seus redactores E v a n d r o Sipius, F u H
gencio S i m a s , Alberto S m i t h , L e o n e l Fialho.
E d u a r d o S e i x a s e F e r n a n d o S e i x a s , sem duvi-
da p s e u d o n y m o s d e s s e s r a p a z e s e outros q u C
e n s a i a v a m seus primeiros p a s s o s na litteratu-
ra, os quaes tiveram seu" escriptorio de reda
e ç ã o á s ruas " 2 1 de M a r ç o " , n. 35, e " V i s
conde do Rio B r a n c o " .
N o 4 0 numero,publicado a 10 de Dezem-
bro, declarou a redacção que, por motivos par-
ticulares, talvez O EP E/V ní\o fosse mais pu-
blicado nesta capital, e sim na do C e a r á .
Daqui desappareceu de uma vez o modes-
to periodico e é bem provável n ã o tenha sur-
gido t a m b é m na bella capital do listado visinho.

140 REVISTA PO RIO GRANDE.


DO MOR TE ~ 1 8 9 8 — 1 9 0 0 .
S o b a competente direcção do conhecido
litterato indigena dr. Antonio de Souza e edi
tada pela K m p r e z a d A Republica, tinha essa
Revista seu escriptorio de r e d a c ç ã o á rua
" D r . B a r a t a " (antiga " C o r r e i a Telles"), n. 5,
e publicava-se no dia 15 de c a d a rnez.
Sahiu, porém, seu 1 ' numero no dia 10
de Janeiro de 1898, abrindo com o seguinte
magistral artigo de seu director, referente á
data do tricentenário da f u n d a ç ã o de nossa
Capital :

"TRÊS SÉCULOS
f
25 de. Dezembro de 1 5 9 7 - 2 5 os Oezemiiio de 1897

Quando uma raça é ainda vigorosa e jo


v
e n ; q u a n d o os seus antecedentes etimológi-
cos s ã o bem definidos pela pureza e pela r o -
bustez de suas origens ; quando um s a n g u e
mn-o, rico e ardente circula-lhe rapidamente
nas veias com o perfeito equilíbrio íunccional
de todos os o r g j o s , e com o desenvolvimento
normal e harmonico d a s faculdades mentaes,
tres séculos s ã o bem pouco na vida d a s nacio-
nalidades ; más, ainda assim, n e s s e lapso de
tempo, tal povo, joven e rico da seiva haurida
no seio fecundo d a s r a ç a s m ã e s , tem feito já
o bastante para firmar solidamente a posse do
seu Jogar no mundo, logar conquistado com
vigor e energia, mantido com hombridade e
altivez e defendido com heroísmo indomável.
T a l foi o caso do R o m a n o , originário de
raças heterogeneas, e m b o r a mais ou menos
filiadas á g r a n d e familia a r y a n a , f u n d a n d o a
sua gloriosa cidade com os elementos mais
desconnexos, porem todos fortes e valentes,
conquistando pela força tudo aquillo de que
carecia, desde o territorio até a s mulheres,
mantendo-se com altivez s e m p r e crescente e
fundando, menos de tresentos annos depois
da c r e a ç á o lendaria da g r a n d e i/rlis, uma re-
publica relativamente admiravel e da qual al
g u m a s leis ainda hoje s ã o a fonte sagrada d ó
direito e da legislação occidentaes.
T a l é ainda o dos anglo-saxonios emi-
g r a d o s para a A m e r i c a do Norte, onde cons-
tituíram em tão pouco tempo a g r a n d e naça°
de poderosa vitalidade que s ã o os Estados
Unidos.
A p e z a r de c o m e ç a d a muito mais tarde a
sua colonisação, iniciada por W a l t e r R a l e i g ' 1

com a Virgínia, no fim do século X V I , o seu


admirável espirito de iniciativa perseverante e
ousada habilitou-os para a independencia m u ' 1 0
mais rapidamente do que a uós, e, no decurso
do século presente, o seu espantoso desenvol-
vimento industrial levou-os com calma e se
gurança a um dos primeiros e mais invejáveis
logares entre as nações do mundo.
A nossa còlonisaçSo, iniciada um quarto
de século depois da inesperada descoberta da
riquíssima Y e r a - C r u z , com os mais lamen
taveis elementos e pelos s y s t e m a s mais deplo-
ráveis, só muito tarde veiu a dar o fructo com-
patível com a fraqueza biologica da seiva ori-
ginaria.
C r i m i n o s o s deportados, escoria social da
eivilisaçfío quinhentista ;'aventureiros sem ou
tra a m b i ç ã o mais (pie a sede insaciavel e vil
do g a n h o por todos os meios, inclusive os mais
i n f a m e s : marinheiros evadidos ; produetos va-
riados da o r g a n i s a ç â o social e da e d u c a ç ã o je-
suítica n u m a raça já dessorada e relativa
•mente enfraquecida e incapaz de sustentar com
brilho a t r a d i ç ã o gloriosa dos A f f o n s o s , de
Nun'Al vares e de J o ã o II, 'foram, em geral, os
elementos oriundos da metropole, o seu con
tingente para a f o r m a ç ã o laboriosa e imper-
feita da nacionalidade brazileira. •
P ò r outro lado contribuições de egual va-
lor, tendo ainda a menos a inferioridade eth-
nologica, v i e r a m - n o s do indigena s e l v a g e m e
primitivo e do africano boçal e estúpido.
C o m taes elementos, só a natural evolu-
ção. (pie requer tempo d e m o r a d o e largo con-
curso de circumstancias f a v o r á v e i s , nem sem-
pre sobrevindas no momento próprio, poderia
l
' r a r do a m a l g a m a heterogeneo algo de for-
120-

tc, s ã o c c a p a z de verdadeira vida social.


A supervcnção posterior de alguns poucos
elementos melhores, simultaneamente combi
nada com aquelle poderoso factor, consegui-
ram, todavia, encetar a t r a n s f o r m a ç ã o da raça
n um produeto, sinão' dotado dc altas quali-
d a d e s de resistencia, de energia e de força,
pelo menos n ã o desprovida de qualidades
a p t a s para a ascendenc.ia evolutiva, sobretudo
no tocante ao desenvolvimento indisçutido dos
instinetos sociaes e do a m o r ao trabalho.
N ã o obstante a f r a q u e z a das origens, a
nossa r a ç a tem predicados apreciaveis, que na-
turalmente tendem a desenvolver-se sol) o in-
fluxo e de a c c o r d o com os princípios logicos
da evolução.
T a e s considerações e tantas outras, na-
turalmente decorrentes da o b s e r v a ç ã o dos fa-
ctos da n o s s a vida actuai, são irresistivelmente |
s u g g e r i d a s pela l e m b r a n ç a da data histórica,
da f u n d a ç ã o d e s t a pequena capital.
A cidade de Natal, antriga villa dos Heis,
completa hoje (8o) tresentos annos. Iniciada cm
25 de D e z e m b r o de 1597 pOr Manoel de Mas-
c a r e n h a s , que, de pazes feitas com os valentes
P o t y g u a r e s , começou com elles e alguns co-
lonos a construcção do pequeno núcleo, cila
conta, tres séculos depois, pouco m a i s de dez
mil habitantes.
N ã o ha n e c e s s i d a d e de mais simple* nem
mais forte a r g u m e n t o p a r a d e m o n s t r a r a fra-

(80) 25 d e D t z e m b r o d e 1H07, q u a n d o , provavelmente, foi


qripto este artigo. (N da K J
qucza das origens, a i n c a p a c i d a d e èthpologica
que tres séculos a p e n a s foram suflicientes para
fazer conhecer.
*
* *
B e m poucos, nimiamente deficientes e,
sobretudo, duvidosos ou falsos são os docu-
mentos e tradições qüe restam-nos sobre a
historia do primeiro pcrióao colonial da nova
cidade.
Alguns rios mais reputados livios sobre a
nossa historia colonial ou nada dizem especial
sobre o R i o Cirande do Norte, ou, o que ó tal
vez peior, dizem incompleto e errado.
A f a m o s a Historia da . Imeriea Portu-
gtteta de S e b a s t i ã o dá R o c h a 1'itta, por exem-
plo, com ser mais um p a n e g y r i c o que histo-
ria, na própria p h r ã s è do relator da A c a d e m i a
Real de Historia de L i s b o a , incumbido de dar
parecer indispensável á publicação da obra,
t ã o somente c o n s a g r a tres pequenos p a r a g r a -
phos á provinda do Pio Cirande (i).
L)a cidade a p e n a s diz que é " d e mediana
" g r a n d e z a e habitação, com matriz sum
" p t u o s a e bòas igrejas, e fortaleza d a s mais
" c a p a z e s do B/azil ; abunda de todos os man-
t i m e n t o s necessários para o sustento de um
" p o v o maior que o de que cila consta, pois
" n ã o p a s s a de quinhentos visinhos".
D o rio diz que " n a s c e d e uma l a g o a de
" v i n t e léguas de circumferencia, na qual se
" a c h a m perdias d a s melhores que se tem co-
" l h i d o no B r a z i l " . . .
(i) K o c h a Pitta, I/iat,ria:».,>/< /<>t Li.4Ca, i 1 i-i! ,173o
L í°,paragraphos 50
R e f e r i n d o - s e á tentativa de e x p l o r a ç ã o de
Nicolau de R e s e n d e , relata que este e seus
trinta c o m p a n h e i r o s de n a u f r a g i o d e s c o b r i r a m
outra l a g o a muito maior que a primeira em
c o m p r i m e n t o e l a r g u r a , porque, < a m i n h a n d o
muitos dias pelas s u a s ribeiras, não c h e g a r a m
• a ver lhe o hm, e que n e l l a , c o n f o r m e afíir-
m a r a m os gentios, " s e c r e a v a m p é r o l a s cm
" m a i s q u a n t i d a d e que na outra, e lhes mos-
" t r a r a m e deram algumas perfeitíssimas e
"grandes"...
E ' o c a s o , ou nunca, de repetir que a s -
sim se e s c r e v e a historia.
S o b r e a f u n d a ç ã o d a c i d a d e e sua colo-
nisaçAo n a d a diz e a p e n a s r e f e r e que a pro-
víncia era, n a q u c l l a e p o c h a , titulo de c o n d a
do de L o p o F u r t a d o de M e n d o n ç a , primeiro
c o n d e do R i o G r a n d e .
I n i c i a d a a c o l o n i s a ç ã o do B r a z i l , um q u a i -
to de século d e p o i s da d e s c o b e r t a , com os ele-
m e n t o s p r i m e i r o s j á l e m b r a d o s , c o m e ç o u pou-
co d e p o i s o rei J o ã o III a sua s y s t e m a t i s a ç ã o
pelo meio a t r a z a d o e i m p r o f í c u o do e n f e u d a
mento, o r g a n i s a n d o em 1 5 3 4 a s p r i m e i r a s ca-
pitanias.
D e s t a d a t a é a d o R i o G r a n d e do Norte,
d o a d a a o h i s t o r i o g r a p h o J o ã o de B a r r o s , o au-
tor d a s c e l e b r a d a s Decidas. E s t e , porem,
corno v á r i o s outros, n a d a poude f a z e r , e a nas-
cente c a p i t a n i a r e v e r t e u , p o u c o s a n n o s depois,
a o d o m í n i o d a c o r o a (2).

( i ) Olivfcir i Martins—(> Jl>u?il, «.- colo» for/ —^a"1-"


L i s b o a , 1881, Liv C a p í _>
Para esta, como para algumas mais, ficou,
portanto, recurso único de colonisaçâo duran-
te muitos annos o ipie aprazia ao governo da
metrópole destinar lhe : degredados, judeus
( n'aquelle tempo considerados peiores que
degredados), "mulheres mais ou menos per
' 'didas".
Alem do que, era a colonia " a z y l o , couto
" e homizio garantido a todos os criminosos
" q u e ahi quizessem ir morar, com a excepção
"única dos réus de herezia, trahição, sodomia
" e moeda falsa". (3)
: Abandonada assim ao acaso das ambi-
ções e ínáos instinctos de taes colonisadores,
em constante guerra com os autochtones, por
muito tempo infensos a toda conciliação, a
terra dos P o t y g u a r e s só no fim (l aquelle secu
lo viu fundado o primeiro núcleo cie estran-
geiros.
Durante o século X V I I o impulso tomado
pelo desenvolvimento da pequena colônia re-
sente se da benefica influencia do domimo hol-
landez. Auxiliados efficazmente por Domingos
Fernandes C a l a b a r , que a elles alliara-se, tal-
vez movido apenas por odios particulares, mas,
em todo caso, podendo deixar suppor uma vbga
intuição das vantagens da colonisaçâo bata va,
(,
s Hollandezes apoderaram-se do Rio Cirande
do Norte, visitaram os seus sertões, enceta-
ram eçnprehendimentos tendentes a prover o
Progresso e bem estar da colônia, e, apezar do
seu dominio ephemero, deixaram g o t t a s d e seu

<í) OII*etru M^rlit » /oc. cil.


sangue vigoroso e ousado,ainda hoje reconhe-
cíveis nas nossas populações do interior.
S o b o influxo poderoso e b e m f a z e j o da sá-
bia a d m i n i s t r a ç ã o de J o ã o Mauricio de N a s s a u ,
que, e m b o r a enviado e representante de uma
c o m p a n h i a de cornmercio, elevou o seu papel
á altura do de verdadeiro e habilissimo esta
dista, pela sua politica de actividade e de to-
lerância, digna dos maiores estadistas do sé-
culo presente, foi em poucos annos bem rápido
o desenvolvimento do Rio Cirande do Norte.
A r r e d a d o s os Hollandezes pelo f a n a t i s m o
vencedor dos que n e l l e s , apezar da inagna-
nima tolerância de J o ã o Mauricio, a p e n a s viam
os herejes, quando o illustre príncipe, protes-
tante, mas bom e intelHgente governo, man-
d a v a reconstruir as e g r e j a s catholicas em ruí-
nas, d a v a a m p l a liberdade a todas as festas
religiosas, inclusive á s dos Judeus, tão mal
vistos n aquella epocha, o desenvolvimento da
colonia passou a depender, como antes, dos
mais d e s c o n n e x o s e mais morosos factores.
D esse periodo em diante a evolução his-
tórica do R i o Cirande do Norte é representada
pelos .factos da vida dos poucos filhos seus
cujo patriotismo, habilidade e valor s ã o re-
l e m b r a d o s na historia pátria c o m o padrão de
gloria mdiscutivel.
A parte saliente que tomou nos m o v i -
mentos revolucionários de P e r n a m b u c o no p r l
meirc quartel do século actual é •conhecida e
celebrada com orgulho por todos os norte-ri"'
grandenses. C) nome do P a d r e Miguelinho,
alma da gloriosa r e v o l u ç ã o de 1 8 1 7 , cujo san-
gue foi o orvalho fecundíssimo que regou <•
tronco ainda pouco solido d a arvore da líber
dade, brilha soberanamente no céo da nossa
pequena historia como um exemplo vivo d o
civismo e da a b n e g a ç ã o patriótica alliados a
qualidades admiraveis de politico.
N ã o cabe, porem, aqui a narração d e s -
tes fastos, promettimentos de futura impor-
tância histórica, quando a selecção effectuada
entre os elementos, constitutivos da raça hou
ver d a d o um produeto mais largamente a p t o
do que nós ainda hoje somos.
*
» *• ,
T r e s e n t o s annos após o despontar do pri
meiro germen, nós a p e n a s c o m e ç a m o s a com
prehénder o que somos e o que poderemos
valer.
K m tres séculos de d e m o r a d a evolução a
raça ainda não f o r m a d a mostra, todavia, sig
naes demonstrativos de uma futura vitalidade,
promettedora e fecunda, o e m b r y ã o , ainda
pouco desenvolvido, mas vivaz, de qualidades
v a n t a j o s a s de resistencia e de energia g a i a n
tidoras de um porvir auspicioso.
Hoje nada poderíamos fazer grande, por-
que ainda faltam-nos os meios só compatíveis
com um progresso mais amplo, de que ainda
n ã o dispomos, nem $ó meios materiaes.eomo,
obretude, recursos mentaes. T r e s g e r a ç õ e s
mais com o r á p i d o incremento que teem, nes-
tes últimos annos, tomado todas ou quasi to-
das a s nossas m a n i f e s t a ç õ e s de vida social, e
0
quarto centenário da cidade dos Reis, bem
como outras d a t a s com m e m o r a t i v a s de f actos
—432-

da nossa historia, terá c e l e b r a ç ã o c o n d i g n a .


P o r ora, nós p o d e r í a m o s , c e r t a m e n t e , si
n ã o f a z e r g r a n d e , ao m e n o s significativo ; p a -
ra i s s o , p o r é m , f a l t a m nos ainda, n ã o já os re-
c u r s o s d ' a q u e l l a s d u a s ordens, m a s os dous
i n a p r e c i á v e i s da v o n t a d e e d a iniciativa em
qualquer m a n i f e s t a ç ã o n ã o muilp p r o x i m a m e n
te r e l a c i o n a d a c o m os c o m m u n s interesses d a
v i d a ordinaria.
N ã o f o r a m a b s o l u t a m e n t e os o b s t á c u l o s
d e c o r r e n t e s d a c a r ê n c i a de r e c u r s o s que impe-
d i r a m - n o s de c e l e b r a r o terceiro c e n t e n á r i o d a
n o s s a vida collectiva, pois que d e m o n s t r a ç õ e s
b e m s i g n i f i c a t i v a s p o d e r i a m s e r feitas c o m
q u a s i c o m p l e t a i n d e p e n d e n c i a de meios mate
riaes ; m a s a c o m p r e h e n ç ã o clara d a importân-
cia dos f a c t o s d'aquella m e s m a vida collectiva
p a r a todos os indivíduos que d e l i a f a z e m parto."
G u a n d o os E s t a d o s U n i d o s c e l e b r a r a m
em 1 8 7 6 , c o m u m a d a s maiores f e s t a s iadus-
triaes do mundo, o primeiro c e n t e n á r i o d a sua
i n d e p e n d e n c i a , n ã o tiveram a' e n a s em v i s t a
o d e s e n v o l v i m e n t o d a s s u a s r e l a ç õ e s cominei" -
c i a e s c o m os outros p a i z e s pela e x p o s i ç ã o dos
a d m i r a v e i s p r o d u e t o s que, á custa de muita
f o r ç a de v o n t a d e , • t e n a z e intclligente, a sua
p o d e r o s í s s i m a industria c o n s e g u i r a obter.
Q u a n d o a F r a n ç a .celebrou, em 1 8 7 8 €
1889, com d u a s g r a n d e s e x p o s i ç õ e s , d a s q u a e s
tantas e tão admiraveis consequências s o u b e -
ram tirar todos os p o v o s do g l o b o , inclusive os
*cus inimigos, os c e n t e n á r i o s d a morte de
Voltaire e da C r i s e i m m e n s a de onde sahirajn
todas a s c o n q u i s t a s d a liberdade m o d e r n a , n«'1*'
pretendeu a p e n a s demonstrar, de modo bri
lhante e,irrecusável, que p a r a a vida do gran
de povo latino a p e n a s fora um lastimável inci-
dente a g r a n d e débâelc de 1870.
. A m b o s tiveram em mira a f f l r m a r t a m b é m
o seu desenvolvimento mental, a sua compre
hensão da pátria nas mais altas e mais edili-
ça ntes manifestações dos sentimentos patrió-
ticos, e mais, firmar com energia o seu direito,
tão nobremente adquirido, aos logares invejá-
veis que o c c u p a m na humanidade.
E r a o que nós, g u a r d a d a s as proporções
ainda, infelizmente, muito distanciadas, deve
ramos ter feiio : a a f f i r m a ç á o , na medida das
nossas forças,ainda rudimentares, da vontade
de viver, da intenção raciocinada e decidida de
ser alguém no seio da civilisação contemporâ-
nea".

E r a a Revista orgam do " G r é m i o P o l y -


mathico" e, tendo como redactores, além de
seu director, os drs. Alberto M a r a n h ã o , Ma-
nuel D a n t a s e T h o m a z G o m e s e o major P e -
dro Aveiitio c corno c o ü a b o r a d o í e s , entre ou-
tros, Augusto L y r a , Pinto de Abreu, H o m e m
de Siqueira, Auta de Souza, F e r r e i r a C h a v e s ,
Horácio B a r r e t t o , Henrique Castriciano, Mei-
ra e S á , Juvenal L a m a r t i n e , A l f r e d o dc C a r -
valho, do Instituto A r c h e o l o g i c o Pernambu-
cano, e L u i z F e r n a n d e s , veio occupar logar
de honra nas lettras p o t y g u a r e s e manteve-se
t-m posição digna e elevada durante todo o pe
n a d o de sua existencial
P u b l i c a ç ã o mensal de 32 a 48 paginas in
8", a Revista editava s e m p r e e x c e d e n t e s arti-
g o s sobre litteratura, critica, historia, direi-
to, etc., c h r o n i c a s scientificas, industriaes e a
g r i c o l a s e bibliographia d a s o b r a s r e c e b i d a s ;
. I Tribuna dá noticia de seu a p p a r e c i m c n t o
c o m a l v o r o ç o e f a z - l h e a d e v i d a justiça nos se-
guintes t e r m o s : ,
"incontestavelmente, essa publicação,
que f a z honra a o s mais d e s e n v o l v i d o s c e n t r o s
d a vida litteraria e que ora .inicia seu tirocínio,
cheia de vida e rica d a s p r o m e s s a s que lhe
e m p r e s t a m a r e c o n h e c i d a c o m p e t e n c i a e a pu-
j a n ç a mtellectual de seus illustrados r e d a c t o -
res, e a mais beija c significativa p r o v a do mo-
v i m e n t o evolutivo que se o p e r a a c t u a l m e n t e
na vida espiritual de nossa querida t e r r a . "
K , si tão v a l o r o s o c a m p e ã o da i m p r e n s a
litteraria p r e c i s a s s e de um n o m e p a r a a m p a
ral-o, nenhum m a i s c o m p e t e n t e e e l e v a d o do
que o do e m i n e n t e jurista philosopho brazilei-
ro dr. C l ó v i s B e v i l a q u a , que a seu respeito as-
sim se e x p r i m e :
" E n c o n t r e i s o b r e a minha s e c r e t a r i a fas-
reve ao seu director) a " R e v i s t a do R i o G r a n -
de do N o r t e , " um bello repositorio de b o n s es
tudos, á t t e s t a n d o o talento e a b o a v o n t a d e de
um v a l o r o s o g r u p o de m o ç o s a r t i s t a s e pensa
dores, g r u p o em que b r i l h a m , com f u l g o r e s de
especial s y m p a t h i a , a s louçanias de um c o n h e -
cido talento fernenino. L i o seu eloquente arti-
g o e o seu bonito discurso, este meu conheci
do j á pela a u d i ç ã o que tivera delle na solem
nidacle d a colloção d o g r á o de b a c h a r e l , f a z um
a n n o q u a s i ; li os e s c r i p t o s e os v e r s o s de seus
c o m p a n h e i r o s de r e d a c ç ã o , alguns meus co
nhecidos, c o m o T h o m a z G o m a i , Siqueira,
Castriciano, aquelles pessoalmente e este ul-
timo por leituras : e alegrou-me sobremaneira
reconhecer o gosto e a boa orientação dos que
ahi no Rio G r a n d e do Norte se dedicam á cul-
tura d a s lettras.. S e r á com prazer que me utili
zarei do o f f e r e c i m e n t o que me f a z para colla-
borar na Revistos, logo que certas o c c u p a ç õ e s
mais urgentes o p e r m i t t a m " .
O " G r é m i o P o l y m a t h i c o " , proprietário
da " R e v i s t a do R i o G r a n d e do Norte", foi
fundado em princípios de 1897 por Antonio de
Souza—presidente, P e d r o Avelino—secretario,
Alberto Maranhão—thesoureiro,' Manuel D a n -
tas e T h o m a z G o m e s . E m 1899 P e d r o Aveli-
no foi substituído na secretaria do Grémio
pelo socio coronel P e d r o S o a r e s de Aniujo,
que foi t a m b é m a secretario da Revista até
1 9 0 0 , quando, dissolvendo-se aquelle, e s t a des-
appareceu.

141—O RS TUDO— 1 8 9 8 — 99.


Orgam imparcial c noticioso e de publica-
ção quinzenal, distribuiu seu 1 ° numero, em
dimensões mínimas, no dia i ° de A g o s t o de
1898.
Depois a u g m e n t o u um pouco o formato,
p a s s a n d o a ter seis p a g i n a s .
F o i seu director e redactor ostensivo M o y -
s
é s .Soares, com a collaboração effectiva de
Anna L i m a , G o t h a r d o Netto e P e d r o M e n d e s
e
tendo seu escriptorio de r e d a ç ã o á rua " V i s -
conde do R i o B r a n c o " , n. 10.
)

130-

14 2 O PR O GRESSO— 1898- 99.


Orgam luterano c noticioso e tendo c o m o
" d i r e c t o r J o ã o S o a r e s de A r a u j o e r e d a c t o r e s
d i v e r s o s " , publicou seu J 9 numero no dia 7 de
S e t e m b r o de 1898, a b r i n d o com o s e g u i n t e ar-
tigo s o b r e o g r a n d e a c o n t e c i m e n t o d e nossa
historia que e s s a d a t a r e m e m o r a :

"7 D E SETEMBRO

H a dias g r a n d e s na Historia
<>ue v a l e m aeculos de luz,
T r i u m p h o s q u e se a s s e m e l h a m
Vos s a c r i f í c i o s da c r u z !

I>R Skounik. WANDURI.UV

O dia que em c i m a e s t a s linhas está no


c a s o que figura o g r a n d e e f e s t e j a d o poeta rio-
g r a n d e n s e d o norte. A aurora c o m o que des-
pontou hoje m a i s bella e risonha e a s a v e s ,
mais harmoniosas, desferiram melodiososhym-
nos em louvor do g r a n d e a c o n t e c i m e n t o , que
e n c h e de p r a z e r o c o r a ç ã o dos brazileiros.
N ó s , o s b r a z i l e i r o s , e m cujo c o r a ç ã o palpi-
ta com v e h e m e n c i a o s a n t o a m o r â liberdade e
c u j o c a r a c t e r é muito a l t a n e i r o p a r a a m o l d a r - s e
a o s a c t o s de t o r p e z a e de servilismo, senti-
m o - n o s hoje, mais d o que nunca, possuídos
d o mais a r d e n t e e n t h u s i a s m o , c o m m e m o r a i u l o .
por entre a s m a i s c a l o r o s a s m a n i f e s t a ç õ e s de
regosijo, a data de nossa gloriosa e m a n c i p a -
ç ã o , p e r a n t e os p a i z e s civilizados, dos des-
m a n d o s de uma d y n a s t i a d e s p ó t i c a e reaccio-
nária, A liberdade, d i s s e E m i l i o C a s t e l l a r , não
se p e d e de joelhos, c o n q u i s t a - s e com a espada.'
e tanto assim soubemos comprehendér que, a
7 de S e t e m b r o de 1822, por entre bravos de
encendrado patriotismo, que repercutiram Uni-
sonos e ruidosos nas margens do grande Ipi-
ranga, exigimos de Portugal o resgate de nossa
escravidão, que já nos estava sendo prejudicial
e vergonhosa.
li hoje, que já ouvimos o hymno mavioso
desta liberdade, por nós ha tanto tempo so-
nhada, entoado pela brisa que perpassa nas
verdejantes florestas de nossa cara Patria,
brademos na e f f u s ã o do mais santo enthu-
siasmo :
Viva o dia 7 de Setembro".
Pequeno jornal de.estudantes, O Progres-
so publicava-se quinzenalmente a principio,
depois em dias indeterminados ; teve, como
O Estudo, seu escriptörio de redacção á rua
" V i s c o n d e do Rio B r a n c o " , n. 10, e fizeram
parte de sua directoria, em differentes epo-
chal, M o y s é s S o a r e s e Theòdorico Guilher
me, como secretários, Pedro Soares Filho e
Alfredo F e r n a n d e s , como gerentes.
K r a impresso na typographia do " D i á r i o
do Natal".

143 -O ORADOR- 1898.


Organi imparcial, publicado cm Setembro.

144 RA RO—1898.
T a m b é m publicado em fins de Setembro.

145- A CA TITA—1898--99,
Pequeno orgam noticioso, foi distribuído
182

no dia i ? de Outubro sob a d i r e c ç ã o do sr.


José Ramos.

146 -A MENSAGEM -1898.


P e q u e n o o r g a m e v a n g e l i c o e dirigido pelo
e s t u d a n t e S a m u e l R a m o s , surgiu á lu/. da pu
blicidade no dia 20 de Outubro.

j tf—-Mis CEL LA NE A - 1898—99.


P e r i ó d i c o littcrario, b i m e n s a l e o r g a m d a
" A c a d e m i a Litteraria-Norte-Rio-Grandcnsc",
distribuiu seu i ° numero em fins de Outubro
de 1898, com um r e g u l a r a r t i g o de a p r e s e n
tação, versos e prosa amena, destacando-se
Timida (conto), e n s a i o p r o m e t t e d o r de A n
dronico G u e r r a ; O P,oeta, de P e d r o A l e x a n -
drino ; Sempre / 'iva, de J o ã o D a n t a s ; Inno-
cencia e pudor, de Osorio F e r n a n d e s .
E r a m seus p r i n c i p a e s r e d a c t o r e s R a u l
Fernandes, Lourenço Gurgel e Manuel Hen
rique, s e c r e t a r i a d o s por J o s é G o t b a r d o E m e -
renciano.

148 O GÊNIO -1899.

L i t t e r a r i o e noticioso.

1 4 9 — A A BEL HA— 1899.

150 —A ESPORA-
P e q u e n o j o r n a l infantil.
1899.

1 5 1 — GAZETA DO COMMERCIO
—1901—08.
N u m a f e s t a s i m p l e s de i n a u g u r a ç ã o , na
qual tomaram parte representantes da i m -
prensa local e d a s sociedades litterarias e ou
tras p e s s o a s g r a d a s desta cidade, sob a dire-
c ç ã o do conhecido jornalista P e d r o Avelino,
distribuiu a Gazeta seu primeiro numero no
dia i " de Outubro de 1 9 0 1 com o seguinte bem
elaborado artigo, em que traça o intelligente
jornalista o seu p r o g r a m m a :

«VOTOS E PROMESSAS

E de dever e estylo no jornalismo ser ô
primeiro artigo do numero inaugural de qual-
quer folha c o n s a g r a d o á e x p r e s s ã o do seu
p e n s a m e n t o dirigente, que é traçado nas suas
linhas g e r a e s com a c c e n t u a ç ã o especial e por
modo que as idéas que teem de servir de eixo
e elemento vital ao novo c a m p e ã o sejam ahi
e n f e i x a d a s n u m a f o r m a précisa e clara e em
ordem a constituírem em syr.these uma d e -
c l a r a ç ã o formal de intuitos e um c o m p r o m i s s o
inequívoco para com o publico, E ' a isso que
se c h a m a com propriedade—dizer a que vem.
Km linguagem jornalística, c h a m a - s e a esse
e s c r i p t o o p r o g r a m m a da folha; outros cha-
m a m - n o - a r t i g o de a p r e s e n t a ç ã o .
D e qualquer modo e sob d e n o m i n a ç ã o
qualquer, neste escripto o que queremos è
d i z e r a q u e v e m a G A Z E T A DO COMMERCIO.
N ã o temos nenhuma velleidade de neste
artigo dizermos coisa nova que possa produzir
a mais p a s s a g e i r a i m p r e s s ã o n o s q u e n o s lerem.
Dizer a p e n a s sobre os desígnios da nova
folha é e x a c t a m e n t e o que v a m o s fazer.
T r a ç a r e m t e r m o s precisos e de modo
c o m p r e h e n s i v e l a s linhas de a c ç ã o do jornal
<]ue hoje surge, d a n d o a e s s a e n u n c i a ç ã o de
p e n s a m e n t o a i m p o r t a n c i a e a f o r ç a de um
p r o g r a m m a , é o que está com s i n c e r i d a d e ein
nossos intuitos.
T a n t o q u a n t o é permittido á c o n t i n g ê n c i a
h u m a n a , a d i r e c ç ã o espiritual d a GA/.ÜTA no
COMMERCIO a s s e g u r a o seu maior d e s e j o , o
seu m á x i m o e m p e n h o em d a r s i g n i f i c a ç ã o e
valor p r a t i c o a o s intuitos e x a r a d o s no seu ar-
t i g o de a p r e s e n t a ç ã o .
T o d o s s a b e m o s até que ponto pode attin-
gir o e s f o r ç o persistente e bem intencionado.
O h o m e m é s i m p l e s m e n t e o que pode ser
um h o m e m , por mais v i g o r o s a e a m p l a que
s e j a a sua e n v e r g a d u r a mental, por mais firme
e resistente que seja a sua t e m p e r a moral.
O s a c o n t e c i m e n t o s , que s ã o a e x p r e s s ã o
p r a t i c a e real da vida, é que f a z e m o h o m e m :
p o r q u e nos f a c t o s c o n s u m m a d o s residem a vir-
tude do e x e m p l o , a f o r ç a do e n s i n a m e n t o , a
íonte f e c u n d a d a s a b e d o r i a e, em sumiria, todo
o poder evolutivo e a m e s m a evolução, que
nos s u c c e s s o s de c a d a dia tem a sua f o r m a
tangível, delles tira a sua o r i g e m , a sua exis
tencia a b s t r a c t a e nelles p o r fim se fixa e con
cretiza.
A s o c i e d a d e é p a r a o individuo h u m a n o a
sua p r i m e i r a e mais p o d e r o s a c o n d i ç ã o de ex-
istência ; a f a s t a i - o d e s s e a m b i e n t e , d e s s e f ó c o
de ineluctavel poder de a t t r a c ç ã o é fulminai °
de morte, é eliminal-o v i r t u a l m e n t e cia vida.
N o s seres p e n s a n t e s n ã o "se com p r e b e n d e
a vida de outro modo, isto é, fóra da socieda-
de, que c o seu estado natural.
O homem tem na sociedade dos si milha n-
tes o meio existencial para que foi talhado.
D e s s a com mu nhã© e para ella somente vive,
pois na existência collectiva e s t ã o o fim imme-
diato e o destino dos indivíduos.
N i n g u é m pôde furtar-se á s influencias do
meio onde exerce a sua actividade. T o d o s os
esforços que cada um por si desenvolve na lu
cia pela vida obedecem principalmente ás cor-
rentes de idèas do seu tempo e do seu meio,
e a tendencia innata de todo ser pensante nor-
mal é de modelar seus actos pelo pensamento
da maioria e regular suas a c ç õ e s de modo que
ellas venham a ser acceitas e a g r a d a v e i s aos
contemporâneos.
U m jornal, c o m o instrumento de propa-
g a ç ã o de idéas, é um o r g a n i s m o vivo e corno
tal sujeito á s leis de evolução que lhe s ã o pró-
prias e de que é o meio factor principal, o mais
activo e eflieaz.
Ü periódico de uma g r a n d e capital é cla-
ro que obedece em sua orientação a influen-
cias mais c o m p l e x a s e mais extensas, a facto
r
es mais enérgicos e mais exigentes do que a
modesta folha d a s pequenas cidades de provín-
cia. Nesta differença nota se a p e n a s a relati-
vidade, que é a única iei absoluta nas coisas
da vida. O cpie, porem, é fóra de toda contro-
vérsia razoavel e sensata é que subsiste, tanto
Para òs j o r n a e s dos g r a n d e s centros, como
Para os da mais obscura localidade, a m e s m a
a que n ã o podem fugir, que são—os facto-
res mesologicds, n u m a mais intima relação, e
a influencia g e n e r i c a <lo espirito d a e p o c h a .
S i o h o m e m é um producto lídimo do seu
t e m p o e do seu meio, c o m o unidade social, os
o r g ã o s de publicidade s ã o de f a c t o o r e f l e x o
da o p i n i ã o publica e do p r o g r e s s o material e
moral das sociedades.
O r a , s i e s t a s idéas s ã o e x a c t a s e r e a e s c o m o
o curso f o r ç a d o que teem nas mais a d i a n t a d a s
civilizações, r e v e s t i d a s da f o r ç a d a s d e m o n s -
t r a ç õ e s irrecusáveis d a s c i e n c i a , é de rigor ló-
gico concluir que um p r o g r a m m a de jornal,
c a l c a d o m e s m o nos mais honestos e puros di-
c t â m e s de espirito recto e bem f o r m a d o , n ã o
p o d e ser entendido fora d a lei m a t e r que re-
gula os o r g a n i s m o s s u s c e p t í v e i s de e v o l u ç ã o .
U m p r o g r a m m a n ã o pode ter a fixidez p a r a
d a d a s r o c h a s o c e a n i c a s , f r i s a n d o entre a s on-
d a s o c o n t r a s t e v i v o do movimento*com a eter-
na p a r a l y s i a dos c o r p o s i m motos. N ã o pôde
t ã o pouco r e p r e s e n t a r , na e s p h e r a agitada d a s
i d é a s , o s y m b o l o m y t h o l o g i c o do silêncio.
O jornal tem que se a d a p t a r á s situações
c r e a d a s p e l e s s u c c e s s o s diuturnos, e a sua pa-
l a v r a de o r d e m , em f a c e dos a c o n t e c i m e n t o s ,
m e n o s tem que o b e d e c e r á lettra dos p r o g r a m -
m a s do que á o r i e n t a ç ã o s u g g e r i d a pelas
o c c o r r e n c i a s a c t u a e s , p e l a s razões de or-
d e m e pela p r e s s ã o d a s c i r c u m s t a n c i a s do mo-
mento. P r o c e d e r d i v e r s o é a n e g a ç ã o formal
de toda r a z ã o e s c l a r e c i d a , é o f a n a t i s m o , q u C
n ã o raciocina, e x e r c i d o n u m a d a s . m a i s fe-
c u n d a s p r a t i c a s da intelligencia, e n t r a v a n d o a
m a r c h a p r o g r e s s i v a d o espirito.
N ã o transigir em princípios fundamen-
taes, onde repousa a estabilidade das leis or
g a n i c a s de uma sociedade, quando se não es
teja certo de sua melhoria, quer em moral,
quer em politica, c Iffever indeclinável de todo
representante de uma parcella que seja da opi-
nião conectiva. S ó áhí comprehendemos a i n -
transigência e a mais completa fidelidade aos
p r o g r a m m a s e aos princípios, porque nesses
casos oppugna-.se sob a égide de um direito
eoinmum, de um interesse superior e sagrado,
e nisto está a iüiprénsa exercitando a sua mais
nobre e mais civilizadora missão.
Quanto a p r o g r a m m a s , é éste o nosso
modo q é v e r é p e n s a m o s ' s e r á o da maioria dos
espíritos intelligentes, que se não Fossilizam
n'uma c e g a a d h e s ã o á lettra de compromis-
sos, e m b o r a seriamente lançados, sobre idéas
que tendem de mais em mais à perfectibilida -
de e á melhoria das condições sbeiaes do ho-
mem. . ' ' , , •
N o que se référé á imprensa jornalística,
n a q u i í l ó que tem cila <le mais syinpathico,
de mais util, de mais dignificador e fecundo,
de mais prestigioso e actual, còmo força in-
v ontrastavel, como elemento activo e podero-
so de civilização, a despeito de opiniões da
maior respeitabilidade, aliás, que vêem no
jornal, c o m o egrégio philosopho moderno, a-
penas um vehiculo de publicidade precário
e já em período de transição, nós, a p e s a r do
parecer tão acatavel desse eminente pensador,
* ainda nos m a n t e m o s e m b a l a d o s pela crenca
de que o jornalismo continua a ser, e por lar-
g o t e m p o ainda, na civilização universal, um
. a g e n t e de p r o g r e s s o d a mais incontestada
e f f i c a c i a , e, nç terreno d a s idéas, um meio
actual da mais c o m p r o v a d a vigência, do
mais indiscutível prestigio e d e u m a utilidade
cjue c o m p e n s a ainda, n u m a p r o p o r ç ã o bem
c o n s i d e r á v e l , os darnnos a que p o s s a d a r ori
g e m a sua a c ç ã o , no que tem de c o n d e m n a -
vel e m e n o s profícuo.
N o s p r o c e s s o s de maior v o g a que se offe-
recem aos l a b o r e s d a inteUigencia, no f o m e n t o ,
g e r a l da a c t i v i d a d e , na sua m a i s a m p l a com
prehensAo, a f u n c ç ã o do jornal m o d e r n o tem
uma influencia p o d e r o s a , e x t e n s a , p r o f u n d a e
decisiva, o c c u p a n d o l o g a r da m a i s a s s i g n a l a -
da d i s t i n e ç ã o no c o n c u r s o g e r a l dos espíritos
e m prol da p r o s p e r i d a d e m a t e r i a l e g r a n d e z a
m o r a l d a s n a ç õ e s . E que a i m p r e n s a figura
em primeira linha entre os e l e m e n t o s m a i s ci
vilízadores, c o m o um meio material de r á p i d a
d i f f u s Ao de i n f o r m a ç õ e s da mais fácil ácquisi-
ção, e c o m o i n s t r u m e n t o moral de e d u c a ç ã o
a o a l c a n c e e a o s e r v i ç o de t o d a s a s c l a s s e s , é
o que está fora de toda o b j e c ç ã o .
N A o p e r m i t t e m a s p r o p o r ç õ e s de um ar
tigo t r a t a r em mais l a r g o s d e t a l h e s d a a c ç ã o
c o m p l e x a do j o r n a l i s m o n a s s o c i e d a d e s hodi-
e r n a s ! A consciência universal é q u e a t t e s i a
q u a n t o de b e n e f i c i o se c o n t e m na m i s s ã o da
i m p r e n s a , e, individualmente, c a d a um por si
v e r i f i c a dia a dia até que ponto u t i l i z a o jornal,
c o l l a b o r a n d o na o b r a i m p e s s o a l d a cultura hu-
m a n a , n u m a e s c a l a d e que mal se p o d e m ava- *
liar a e x t e n s ã o e o a l c a n c e .
— 139

N o patrimonio moral e mental d a s diver-


sas civilizações, apuravel cm cada cyclo secu- .
lar que passa, constata a historia a' s o m m a de
altissimos serviços que o jornalismo tem der-
r a m a d o , penetrando lentamente, p r o g r e s s i v a -
mente e s e m p r e por todos os poros o orga-
nismo social e operando na longa espiral que
c a evolução do espirito em suas diversas mo-
dalidades, nos diíferentes estádios historiços,
um l a r g o movimento ascencional, que se veri
fica, na esphera moral, pela brandura dos cos-
tumes, pela maior a p p r o x i m a ç ã o e intelligen
c i a d a s a l m a s , e, n o u t r o s domínios, pelo surto
vigoroso e crescente do espirito de investigação
e a n a l y s e , pela iniciativa ousada e fecunda n °
c a m p o d a actividade industrial e labores con-
gêneres.
A lúcida consciência que temos de ser
este inegualavel transmissor de idéas um meio
pelo qual podem a s a l m a s bem nascidas e as
intellfgencias o p e r o s a s collaborar utilmente na
obra do bem collectivo foi o que principal-
mente determinou, de par com um natural
Pendor d o nosso espirito, a resolução de fun-
d a r m o s este jornal, no qual tudo envidaremos
por que se t r a n s f o r m e eile em instrumento de
UMlidade geral, no meio em que tem de agir.
Dissemos quanto baste para sermos clara-
mente entendidos sobre programmas jornalis
tl( -os, em these, e sobre a missáoda imprensa,

toes c o m o os comprehendemos e julgamos.


A G A Z I I A po CoM.NfÊRc io v a e laborar sob
l' auspicio d a s idéas g e r a e s expostas, c o n d e n -
a d a s no seguinte p r o g r a m m a :
A GAZETA é u m a folha c o n s a g r a d a aos in-
t e r e s s e s g e r a e s tia familia h u m a n a , i n s c r e v e n d o
cm sua ' b a n d e i r a de c o m b a t e a s p a l a v r a s
democracia e progresso, que lhe servirão de di-
visa, o r i e n t a ç ã o e alento s u p r è m o s .
K m p c n h a n d o - s e por t o d a s a s c a n s a s que
e n v o l v a m i n t e r e s s e s i t n p e s s o á e s d a Sociedade,
não r e c u a r á u m a linha na o b s è r v a n c i a dos de-
v e r e s correlativos, a o s q u a e s d á a c o n s a g r a ç ã o
de p o n t o s e s s e n c i a e s e i n a l t e r á v e i s do seu pro-
gramma.
K s f o r ç a r - s e - á com g r a n d e e vivo e m p e n h o
por tudo íjue i n t e r e s s a r de m o d o vital a t o d a s
a s c l a s s e s l a b o r i o s a s , m e r e c e n d o lhe e s p e c i a l
devotamento o commercial ela lavoura, em fa
vor dos q u a e s i m p õ e - s e o d e v é r de p u g n a r na
justa m e d i d a de suas f o r ç a s , s e m p r e que se lhe
õ f f e r e c e r o c e a s i á o de a m p a r a r direitos j u s t a e
n o b r e m e n t e d e f e n s á v e i s , u m a vez q u e n ã o c o l -
1 i i d a m e s s e s direitos com os interesses d a col-
lectividade.
A G A Z E T A será a c t i v a m e n t e d e d i c a d a ' a o
bem d a s d u a s i n d i c a d a s c l a s s e s , e n a s suas co-
l u m n a s t e r ã o ellas um meio de d i v u l g a ç ã o e
i n f o r m a ç ã o c o n s t a n t e s do que i n t e r e s s a r lhes
possa.
T o d a s a s q u e s t õ e s que a f f e c t a r e m a c'orfv
m u n h á o social s o b q u a l q u e r a s p e c t o ; t o d a s
que d i s s e r e m respeito á e s t a b i l i d a d e d a s insti-
tuições v i g e n t e s d a patria bra/.ileira e a direitos
individuaes m e r e c e r ã o da G A Z E T A OO C O M -
M I - R C I O a d e f e s a m a i s d e v o t a d a , mais leal e
intransigente. |ig
A G A Z E T A d e c l a r a se, p a r a todos os eflei-
141-

tos, a d v e r s a r i a nata e irreductivel de toda com-


p r e s s ã o e x e r c i d a contra a liberdade de p e n s a - •
mento e, p r i n c i p a l m e n t e , c o n t r a a livre con-
s c i ê n c i a — q u a l q u e r que s e j a a f o r m a que revista
o instrumento d e s s a c o m p r e s s ã o .
K m politica, s e r e m o s u m a folha de livre
opinião. N ã o a b d i c a r e m o s a n o s s a o r i e n t a ç ã o
e critério na d i s c u s s ã o dos f a c t o s e q u e s t õ e s
(pie t e n h a m o s de a p r e c i a r , e neste a s s u m p t o
. g u a r d a r e m o s a linha de c o n d u c t a dos ó r g ã o s
que a g e m por conta p r ó p r i a e n ã o em virtude
do m a n d a t o i m p e r a t i v o de um partido.
A politica local, tanto q u a n t o nos é d a d o
p r e v e r e s o b r e p r e v i s õ e s a f f i r m a r , nos m e r e c e r á
q u a n t o possível a a t t e n ç á o c o m que se t r a t a m
a s i m p o r t a n t e s q u e s t õ e s de a c t u a l i d a d e , de in-
t e r e s s e eoHectivo p a l p i t a n t e , n u m r e g i m e n de
livre critica e d i s c u s s ã o .
A accentuação democratica mais ampla e
m a i s e m h a r m o n i a com o s e n t i m e n t o liberal
da c p o c h a , e m q u a l q u e r m a n i f e s t a ç ã o d o espi-
rito, será a f e i ç ã o c a r a c t e r í s t i c a d a G A Z K T A n o
COMMKRCTO.
Abi t e e m os leitores explicito o n o s s o pen-
samento e traçado o nosso p r o g r a m m a .
D a boa acolhida do publico e d o c o n c u r s o
geral d o s n o s s o s patrícios e s p e r a m o s os ele
m e n t o s i n d i s p e n s á v e i s de e x i s t e n c i a .
l aes são as promessas e os votos da
G a z e I A".

Diário da tarde, commercial, noticioso e


^dependente, a " G a z e t a " dizia se proprieda-
de de uma sociedade a n o n y m a e installára-se á
142-

rua " 1 3 de Maio", ns. 47 e 49, tendo como di-


rector technico Augusto Leite, que deixara
egual posto na d i r e c ç ã o d 'A Republica.
Sahiu com regularidade durante mais do
tres annos. A s s a l t a d a , porém, extraordinaria-
mente d a m n i f i c a d a s as suas maehinas e des-
truído todo o seu material t y p o g r a p h i c o na
noite de 1 8 para 1 9 de F e v e r e i r o de 1905, foi
ella,forçada a .suspender sua publicação até i 9
de D e z e m b r o de 1 9 0 7 , q u a n d o resurgiu "orien-
tada pelo m e s m o pensamento e inspirada pe-
los mesmos idéaes, devotada aos interesses do
commercio, da lavoura, da industria e á defe-
za intransigente dos direitos dos opprimidos".
" A longa solução de continuidade a que
nos o b r i g a r a m circunstancias i m p e r i o s a s — a -
ccrescenta — e m nada alterou a s linhas es-
senciaes do p r e g r a m m a com (|ue se apresen-
tou a Gazela a i ° de Outubro de 1 9 0 1 . O mes-
mo d e v o t a m e n t o pela Republica ; o mesmo
culto a f e r v o r a d o e s e m p r e crescente pela J u s -
tiça ; a m e s m a inconversivel dedicação pela
causa dos que soffrem por incúria ou oppres-
são dos poderes públicos ; o m e s m o sentimen-
t o — c a d a vez mais consciente, de irreductivel
c o m b a t i v i d a d e contra os malfeitores da Repu-
blica, personificados nas figuras representati-
v a s d a s oligarchias, monstruosidade do regi-
men, que oblitera a n o ç ã o d e d e m o c r a c i a e
t r a n s f o r m a a F e d e r a ç ã o num c a m p o aberto a . .
g a n a n c i a de beduínos ferozes e r a p a c e s .

P o i s é em virtude desses m e s m o s / " ' ^ ' "


pios que a " G a z e t a do C o m m e r c i o " , qual novo
Anteu, se relevanta saudando a Republica e
o R i o G r a n d e do Norte. Si formos malferidos
na lucta e cahirmos, diremos aos coevos pa-
ra transinittirem aos v i n d o u r o s - - q u e tombá-
mos por a m a r a democracia e por defender os
direitos dos nossos concidadãos.
M a s . . . temos fé na Justiça -a turris ebúr-
nea de u m a Religião invencível."

N a m e s m a edição dêsse dia apresenta a


Gazeta como seus redactores, além de P e d r o
Avelino, seu director, Augusto Leite, gerente,
P e d r o Alexandrino e S e v e r i n o Silva.
N o dia 2 2 d e A g o s t o de 1908, ao distribuir
o n. 184 de sua segunda phase, publicou o s e -
guinte aviso :
" A v i s a m o s a todos os nossos assignantes
da capital e do interior que fica temporaria-
mente suspensa a publicação desta folha.
O nosso presado director, que ora se acha
fóra do E s t a d o , não será e x t r a n h o a esta nossa
resolução."
N ã o o foi, por certo ; mas a Gazeta sus-
pendeu definitivamente a sua publicação, foi
esse o seu ultimo numero.
Depois do assalto da t y p o g r a p h i a , em F e -
vereiro de 1905, a " G a z e t a do C o m m e r c i o "
foi substituída pelo Trabalha, que passou a ser
impresso num prelo montado á travessa " F r e i
Miguelinho", onde aquella continuou depois e
terminou os seus dias.

152 O ENC YCL QPEDJC O- 1902.


Periódico de publicação semanal, appare-
144-

ceu em M a r ç o s o b a r e d a c ç ã o de Vital C a v a l -
cante, J o ã o G u a l b e r t o e Milton Carrilho.

i 53 -rAL//UM—1.902-103.
O r g a m do G r ê m i o L i t t e r a r i o " F r e i Mi-
guelinho", f u n d a d o nesta c i d a d e a 22 de S e -
t e m b r o do armo anterior, publicou seu primei
ro n u m e r o no dia 1 2 de junho de 1 9 0 2 c o m o
seguinte a r t i g o de a p r e s e n t a ç ã o :

" N o l a r g o racciocinio do p r o g r e s s o . n o su-


ccessivo desenvolvimento das e p o c h a s e das
e d a d e s , o j o r n a l i s m o tem sido s e m p r e o vehi-
culo p o r t a d o r d c s g r a n d e s e n s i n a m e n t o s e o
m e n s a g e i r o leal dos princípios civilizadores.
R e c o l h e n d o a c o p i o s a h e r a n ç a d a s idéas
e d i l a t a n d o , com heróica solicitude, os hori-
z o n t e s d a s a s p i r a ç õ e s d e m o c r á t i c a s dos povos,
elle a p r o f u n d a os a l i c e r c e s d a s melhores dou-
trinas e t r a n s p l a n t a p a r a l o n g e d e s u a s bar-
r e i r a s os p r e c o n c e i t o s m e s q u i n h o s e a s mes-
q u i n h a s a b u s õ e s . F o i elle q u e m lançou 110 c r e
pusculo d a e d a d e m é d i a o r e d i v i v o c l a r ã o d a
bella a n t i g u i d a d e e que, s e g u n d e um p e n s a -
dor a n t i g o , fez resuscitar, na F r a n ç a revoluci-
o n a r i a , o i n n a t o s e n t i m e n t o da h u m a n a digni-
d a d e , p e r d i d o e o b l i t e r a d o na diuturna servi
d ã o d o s p o v o s europeus.
A f u n d a ç ã o d e u m a s o c i e d a d e litteraria e
de um o r g a m d e publicidade que a r e p r e s e n t e e
um f a c t o que entre nós. se p e r d e no v u c u o d a s
i n d i f í e r e n ç a s . .Não ha estímulos p a r a os que
se a t i r a m á s p u g n a s i n c r u e n t a s d a v e r d a d e .
Apenas o motejar satyrico dos cogumelos s°-
cines, o riso desdenhoso e mordente dos par-
vos da moderna edade.
Mas, acima de tudo isto, eleva-se e estan-
darte incorruptível dos legionários do bem,
d e s s e s que collocam os interesses do espirito
a c i m a d a s solicitações mesquinhas da matéria.
S e m o poderoso auxilio da imprensa a hu-
m a n i d a d e n ã o poderia concatenar os doeu
mentos de suas glorias e de seus triumphos.
S e m litteratura a G r é c i a n ã o seria o ber-
ço histórico da civilização occidental, sem ella
n ã o constituiriam o patrimonio gigante da an-
tiguidade c.lassica os grandiosos monumentos
de Virgilio e Platão.
Cicero, evangelizando a liberdade ao di
lírio solemne d a s c a t a d u p a s h u m a n a s ; Mira
beau, electrizando a s m a s s a s revolucionarias
da F r a n ç a com o lampejo magnético de seus
discursos ; todos esses génios augustos, que a
humanidade admira, e m p r e s t a r a m a grandio
sidade dos seus feitos A litteratura florente de
suas patrias. Portanto, em todas as epochas,
m e s m o a s qué se perdem nas nebulosidades
dos tempos, a litteratura foi sempre a a r v o r e
fecundíssima,a cuja sombra repousam a s bem
iazejas conquistas do progresso.
F ' p o r d e m a i s nobilitante e significativo o
intuito que nos impulsiona.
Estimulados pelas nossas próprias consci-
ências, possuídos dèsftes sentimentos irrepri-
míveis que fortalecem e escaldam o peito da
mocidade, viemos m o d e s t a m e n t e lançar os ali-
c e r c e s deste novo templo idéal do trabalho
que fortifica, d > t r a b a l h o (pie e n g r a n d e c e , do
14-6

trabalho que nos mostra o B e m . E s t a c a m -


panha de p r o v a ç õ e s e de glorias, esta romaria
alviçareira e s a g r a d a que pretendemos realizar
a t r a v e z as s o m b r a s do futuro n ã o é mais do
que o reclamo das aspirações e l e v a d a s que se
a p p a r e l h a m para os e m b a t e s da razão.
E x p a n d i r as ardorosas tendencias do es
pirito é o que hodiernamente constitue o pen-
s a m e n t o favorito d a s gerações.
E a g o r a , que e s t ã o c o n d e n s a d a s todas as
nossas aspirações de ha muito alimentadas,
que f u n d a m o s uma officina de lettras p a r a ser-
vir nos de abrigo nessa longa jornada do fu
turo, é justo que redobremos de esforços para
que n ã o tenha ella uma d u r a ç ã o ephemera e
possa tornar verdadeiros os nossos ideaes de
a p e r f e i ç o a m e n t o e de progresso.
E ' necessário c o m p r e h e n d e r m o s a impor-
tância moral da m i s s ã o a que nos propomos e
a magnificência da causa que v a m o s defender.
A f a s t a d o s dos preconceitos mesquinhos
que contaminam a s sociedades modernas, a-
pparelhemos nos para a s luctas gloriosas da
civilização c o n t e m p o r â n e a e collaboremos pa-
ra o l e v a n t a m e n t o do nivel intellectual desta
pequena patria n o r t e r i o - g r a n d e n s e ; pequena
c o m o A t h e n a s nos limites de sua terra, porém
g r a n d e na pujança d a s suas aspirações !
C o m o os lacedemonios, t e t r o s o dom das
heróicas t e m e r i d a d e s , e a f f r o n t e m o s os obstácu-
los que se nos d e p a r a r e m c o m essa a r r a i g a d a
c o n v i c ç ã o e e s s e ardor patriotico que fazem
d a s a b r a s j o v e n s a invencível cohórte do p r °
gresso e da civilização.
147-—

F ' o <]ue d e v e m o s a l m e j a r e condensar


na mais palpitante realidade".

O Album publicava-se duas vezes por niez


e fizeram parte de sua r e d a c ç ã o , em epochas
différentes, J . G o t h a r d o Netto, Américo L o -
pes, Hildebrando B a r r o s , Alcebíades L i s b o a ,
J o a q u i m C a v a l c a n t i , G e o r g i n o Avelino e C y r o
Tavares.
Dizia se impresso nas officinas do Album,
rua " V o l u n t á r i o s da P a t r i a " , n. i , onde teve
também seu escriptorio de redacção, que
por fim mudou-se p a r a a rua da " C o n c e i ç ã o " ,
n. 20.
O n. 6, e d i ç ã o especial de 8 p a g i n a s com
capa, publicada a 22 de S e t e m b r o para com
memorar a data da f u n d a ç ã o do G r ê m i o
" F r e i Miguelinhc", foi i m p r e s s o na Typogra-
. phia Central.

154 — RE VIS TA D O INS TI TUTO


Hl STORICOE GEOGRAPH ICO PO RIO
GRANDE 1) 0 NOR TE- -1903 08.
F u n d a d o esse Instituto a 29 de M a r ç o de
1902, em J a n e i r o do anno seguinte publicou o
primeiro numero de sua Revista, abrindo com
, este artigo de a p r e s e n t a ç ã o , que resume o seu
principal o b j e c t i v o :

" U m dos g r a n d e s serviços do século fin


do, esse fecundo c y c l o historico tão prodigo
em descobertas magnificas, foi, sem duvida, o
| empenho pertinaz e f a t i g a n t e de espíritos emi-
nentes em fazerem reviver 11a chronica seien-
14<S

tifica os g r a n d e s h o m e n s e os f a c t o s m e m o r a
veis que se a g i t a r a m á f a c e do p l a n e t a , no
c o m b a t e c o n s t a n t e e p r o d u c t i v o que a lei da
e v o l u ç ã o preside, d e s d e a s a f a s t a d a s e p o c h a s ,
a p e n a s d i v u l g a d a s pela p o d e r o s a lente i n d u -
otiva da s a b e d o r i a m o d e r n a .
O s novos methodos, e m p r e g a d o s p a r a o
c o n h e c i m e n t o , - tanto q u a n t o possível e x a c t o ,
da historia da terra e dos seus h a b i t a n t e s , d e -
ram s u r p r e h e n d e n t e s r e s u l t a d o s ; e j á hojey
a p p a r e c e , e v o c a d o pela v i s ã o s u b j e c t i v a dos
estudiosos, em d e s c o r t i n o bellissimo e g r a n d i
oso, o p a s s a d o inteiro d a n o s s a e s p e c i e , ins-
truído pelos seus feitos n o t á v e i s a t r a v e z dos
séculos j á s u b m e t t i d o s á a n a l y s e philosophiea,
p r e c u r s o r a i m m e d i a t a d a s leis q u e a s c i e n c i a
p r o p r i a m e n t e dita v a e c o d i f i c a n d o e que pri-
m e i r o s u r g i r a m no c e r e b r o genial dos b e n e m é -
ritos a p o s t o l o s d a e s p e c u l a ç ã o e d a h y p o t h e s e . .
E e s s e l e g a d o que ficou a o século X X °
v a s t o c o n h e c i m e n t o da historia d a h u m a n i d a -
de no t e m p o e no e s p a ç o ha de s r e n r i q u e
dido com r e g i s t r o s n o v o s de a c o n t e c i m e n t o s e
v i d a s que m e r e ç a m l e m b r a d o s na chronica do
mundo.
P o r toda p a r t e pulluiam, o r g a n i z a d a s e
mantidas por espíritos investigadores e sele-
ctos, a s s o c i a ç õ e s e s p e c i a l m e n t e d e s t i n a d a s á
p e s q u i s a de v e l h o s d o c u m e n t o s ; e nos util'- 1 '
s i m o s institutos d e a r c h e o l o g i a , historia,
og'raphia e e t h n o g r a p h i a é que v ã o , p r i n c i p a l -
mente, e n c o n t r a r o p r e c i o s o material de su-1
c o n s t r u c ç ã o os t r a t a d i s t a s d e s s e s q u a t r o ra
mos d a historia terrestre.
— 149- -

E ' também nesses repositorios que os gran-


des historiadores de alto mérito sabem extra-
hir da aridez enfadonha de manuscriptos an
tigos a synthese philosophica e instructiva que
nos apresenta, em m a g e s t o s a tela impressio
nante, o d r a m a glorioso da historia conheci-
da, d e s d o b r a d o em scenas deslumbrantes, que
a i m a g i n a ç ã o do artista-philosopho opulenta e
realça em g r a n d e s traços geniaes, como está
para ver-se quanto á historia especial da ra-
ça da qual principalmente procedemos nessa
esplendida epopéa da dynastia de A v i z , em
<pie Oliveira Martins immortalizou, em livros
que ficaram, a " i n v i c t a g e r a ç ã o " dos portu-
guezes.
Foi na certeza, portanto, da necessidade
de uma instituição entre nós que não deixasse
perderem-se, no pó de velhos archivos descu-
» r a d o s , documentos valiosos da historia patria,
e especialmente do R i o G r a n d e do Norte, que
possam servir de base e fornecer elemento se-
guro ao futuro historiador ; foi nessa certeza,
sim, que um grupo de homens que s e n á o des-
interessam d a s coisas do espirito conseguiu
fundar'nesta Capital, em 2 9 d e M a r ç o de 1902,
o Instituto Histórico e G e o g r a p h i c o do R i o
G r a n d e do Norte, que esta R E V I S T A represen-
ta na I m p r e n s a .
N e s t a s p a g i n a s e n c o n t r a r ã o os leitores
tudoo que referente á g e o g r a p h i a e á historia do
nosso E s t a d o e em geral do Brazil pudermos
obter nas pesquisas que o Instituto fizer para
o conhecimento da nossa vida, desde o tempo
da conquista, é também o que possível for
150-

c o n s e g u i r m o s da existencia s e l v a g e m dos pri-


meiros p o v o a d o r e s e s s a s p o b r e s h o r d a s pri-
m i t i v a s que a s a r m a s e a astúcia d o s b r a n c o s
despojaram.
C e r t o , este primeiro numero d a n o s s a R n v i s -
TA terá a acolhida que m e r e c e o p e n s a m e n t o q u e
a dictou, e n c o n t r a n d o o Instituto em todos os
que lhe p o s s a m ser úteis o auxilio indispensá-
vel p a r a que d i g n a m e n t e figure entre a s soci-
e d a d e s c o n g e n e r e s do P a i z " .
A Revista do Instituto, cuja publicação é
g a r a n t i d a por u m a p e q u e n a s u b v e n ç ã o do F s -
i n d o , distribue-se d u a s v e z e s por a n n o e até
a g o r a tem c u m p r i d o fielmente o seu p r o g r a m -
m a : nos dez n ú m e r o s publicados, f o r m a n d o
cinco volumes, j á e n c o n t r a r ã o os estudiosos
v a l i o s í s s i m o s subsídios paca a historia e geo-
g r a p h í a d o Rio G . do N o r t e e m e s m o do B r a z i l .
A t é esta data a Revista tem tido a s se
guirites com missões r e d a c t o r a s , eleitas cm a
directoria do Instituto no dia \ de F e v e r e i r o d<'
cada anno :
1903—04 Drs. Alberto M a r a n h ã o ,
Luiz Fernandes,
Coronel Pedro Soares ;
1304 05 Drs. Alberto Maranhão,
Pinto d e A b r e u ,
Luiz Fernandes ;
1905 07 D r s . P i n t o de A b r e u ,
Henrique Castriciano,
Luiz Fernandes ;
I907—O9- * ii^i.iiLi/. u v j u . t u i w
11enrique Castriciano,
Luiz Fernandes.
— 151

S e u s tres primeiros números foram i m -


pressos na t y p o g r a p h i a da Gazeta do Com-
mercio, os d e m a i s na d 'O Seca to.
Pelo art. dos respectivos E s t a t u t o s ,
c a d a numero da Revista do Instituto d e v e r á
ter, pelo menos,48 p a g i n a s em oitavo francez,
f o r m a n d o uma edição uniforme. Assim se tem
o b s e r v a d o e até a g o r a ainda nenhum numero
sahiu com m e n o s de cem paginas.

1 5 5 — O MA 1903 05.
O r g a m do G r ê m i o L i t t e r a r i o " 7 de S e -
t e m b r o " , sahia duas vezes por mez, em dias
indeterminados, sob a r e d a c ç ã o de Nascimen-
to F e r n a n d e s , J o s u é da S i l v a e L u i z S o a r e s .
N ã o pude obter o primeiro numero deste
periodico ; mas o seguinte periodo, do edito-
rial de um dos números que tenho sob as vis-
. tas, mostra c l a r a m e n t e os fins a que se pro-
punha :

" O d e m a s i a d o d e s e j o que temos de tor-


nar conhecidos os trabalhos litterarios de ta-
lentosos patrieiosque vivem, em o nosso meio,
ignorados de todos, á sombra doce de sua
simplicidade, de sua modéstia ; a vontade pal-
pitante que sentimos, pelo nosso amor, pelo
nosso e n t h u s i a s m o de moços—craneos ávidos
de luz, de a j u d a r aquelles que s o n h a m com o
p r o g r e s s o do R i o G r a n d e do N o i t e , l e v a r a m -
nos a publicar este despretencioso jornalzi-
nho."
E r a i m p r e s s o na t y p o g r a p h i a d 'A Repu-
blica.
— lf>2 -

156 A U B E R D A D E 1904- 05.


T e r c e i r o jornal que .se p u b l i c a v a com e s t e
n o m e em N a t a l .
Dizendo-se orgam litterário c indefenden
te e tendo c o m o «redactor-chefe [cão Galvão
e c o m o director F r a n c i s c o P e r e i r a , distribuiu
seu primeiro numero no dia 16 de S e t e m b r o
de 1904, a p r e s e n t a n d o se a o publico nos se-
guintes t e r m o s :
" I m p e l l i d o s por u m a f o r ç a a que n ã o po-
d e m o s resistir, s o m o s o b r i g a d o s a d a r hoje
á luz d a publicidade esto p e q u e n o periódico,
tão insignificante de f o r m a t o q u a n t o g r a n d e e
nobre p e l a s i d é a s q u e o g e r m i n a r a m .
Q u e a nossa attitude sirva a o m e n o s de
estimulo a e s s a m o c i d a d e que a c a b a de surgir,
s e r v i r - n o s - á de consolo.
S e r e m o s na i m p r e n s a o o r g a m de uma
m o c i d a d e q u e d e s e j a t r a b a l h a r (ainda que re-
c o n h e c e n d o a p e q u e n e z de suas f o r ç a s ) pelo
d e s e n v o l v i m e n t o intellectual de nossa terra,
i n f e l i z m e n t e . uma d a s v i c t i m a s d e s s e maldicto
v e r m e q u e a p a s s o l a r g o v a e e c o r r o e n d o o or-
g a n i s m o moral de n o s s a pattria.
A i m p r e n s a s e m p r e foi e continuará a ser
o b r a ç o d e s t r u c t o r de todos os d e s p o t i s m o s , °
c o m b a t e n t e invencível d e t o d a s a s maledicên-
cias, c o m o a v o z p r o p u g n a d o r a d o p r o g r e s s o ,
da s a n t a c a u s a d a e v o l u ç ã o social dos p o v o *
D i f f i c i l i m o é s e g u i r á risca todos os pre-
ceitos do v e r d a d e i r o jornalista, do jornalista
que se c o m p e n e t r a de seu e l e v a d o papel. P a , í l
a s s i m f a z e i - 0 ^erá p r e c i s o d e s p i r - s e de .todos os
preconceitos m e s q u i n h o s , d e t o d a s as f r a q u e -
zas que podem envilecer o caracter e a b a n -
donar com isenção de animo toda e qualquer
v a n t a g e m que porventura se lhe apresente,
p a r a seguir condignamente a norma dictada
pela voz do povo, o que quer dizet —combater
pelo bem estar da familia, da patria e da hu-
manidade.
E i s o que procuraremos f a z e r , d e accordo
com a s nossas forças e com o meio em que d-
gimos, confiantes na nossa perseverança e so-
bretudo no apoio e bom acolhimento da b e n e -
vola p o p u l a ç ã o de nossa t e r r a . "
D o 3 ° numero em diante assumiu a c h e -
fia dá r e d a c ç ã o Julio Duarte, que conseguiu
levar seu jornalzinho até junho de 1905.
P u b l i c a v a - s e duas vezes por mez e era
impresso na t y p o g r a p h i a da Gazeta do Com-
mercio.

157 - 0 POTYGUAR -1904—08.


JJtterario, noticioso e humorístico, dizia-
se o r g a m do G r é m i o " 1 2 de Outubro" e pu-
blicou seu primeiro numero no dia 12 de Ou-
tubro de 1904 com o seguinte artigo de apre-
sentação :

"NOSSO PROGRAMMA

A imprensa, a historia imparcial de todos


os f a c t o s da humanidade, é o g r a n d i o s o palco
em que cada homem tem que representar o seu
papel no v a s t o scenario de todos os a c o n t e c i -
mentos que se desenrolam na vida dos povos
e d a s nações.
A d e c a d ê n c i a d o meio a que e s t ã o entre-
g u e s a s lettras n e s t e p e q u e n o torrão d a patria
br u i l e i r a de>p.:rco.i e n n o s s a l n a de le-
vitas p a t r i o t a s o d e s e j o de publicar um mo-
d e s t o jornal l i t t c a r i o d e n o m i n a d o O POTV
GUAK, orgatn e x c l u s i v a m e n t e g e r a d o pela uni-
ã o e a m o r a o t r a b a l h o . A i m p r e n s a , e s s a san-
ta l o c o m o t i v a q u e nos c o n d u z Á terra d e CBA
n a a n , na p h r a s e i m m o r t a l de V i c t o r H u g o .
n ã o é um s i m p l e s c o m m e r e i o , c o m o muitos
e n t e n d e m , nem t ã o p o u c o um meio de vin-
g a n ç a a o s odios ou p a i x õ e s p s s s o a e s , de q u e
vive cheia a h u m a n i d a d e ; n ã o .
E n t e n d e m o s que ella s e j a um i o g a r o n d e
se v á p u g n a r pelo bem da p a t r i a , pela união,
p e l a f o r ç a e s o l i d a r i e d a d e d o s e l e m e n t o s in
q u e b r a n t á v e i s d o s e n t i d o intellectual da huma-
nidade.
P o s t o que n u m a e p o c h a d e d i f f i c u l d a d e s
e tristes a p p r e h e n s õ e s , t o d a v i a e s p e r a m o s ser
b e m a c o l h i d o s pelo publico l e g e n t e , c o r a j o s o s ,
c o m o nos a c h a m o s , d a i m p r e s s ã o q u e ha d e
c a u s a r no e s p i r i t o d e n o s s o s patrícios o á p p a -
r e c i m e n t o d e s t e humilde j o r n a l que e n t r a hoje
no c a m p o d a c r u z a d a j o r n a l í s t i c a . I m p a r c i a l e
i n d e p e n d e n t e , d e d i c a d o r o m e n t e a o cultivo da
litteratura R i o - G r a n d e n s e , o n o s s o m o d e s t o
POTVGUAR c o n s e r v a r - s e - á a l h e i o á s q u e s t õ e s
políticas e r e l i g i o s a s . D e s p r e t e n c i o s o e hones-
to, m a n t e r á f i r m e o seu p r o g r a m m a , j a m a i s se
d e s v i a n d o u m a só linha de t u d o aquillo q u e f ° r
justo e util á s o c i e d a d e .
N a d a o ha d e d e s a n i m a r ou e n t o r p e c e r
c m t ua m a r c h a , nem os a b r o l h o s s e m contar
nem o riso a l v a r e ferino dos espíritos malévo-
los e invejosos.
L a c t a r e m o s em nosso posto de honra,, IJar-
co mo os a n t i g o s ftlhos de P a l l a s , com o direi-
to da força, m a s á maneira dos hodiernos fi
lhos da S c i e n c i a co n a força d o direito.
L a c t a r e m o s , sim, pelo e n g r a n d e c i m e n t o
da terra de C a m a r ã o e Miguelinho, e n ã o po-
d e r e m o s e s q u e c e r os seus nomes i m m a c u l a -
d o s , t;lo cheios de g l o r i o s a s tradições.
L a c t a r e m JS s e m p r e pela arte sublime de
G u t t e n b e r g , b r a d a n d o bem alto : fechem se
a s c a d e i a s e a b r a m se a s escholas.
L u c t a r e m o s : o e s f o r ç o nos levará ao tri
u m p h o !"
Tinha a seguinte com m i s s ã o redactora :
C y r i l i n o P i m e n t a , F r a n c i s c o Ivo e M a n u e l J a -
nuario, presidente, orador e secretario do
G r ê m i o " 1 2 de O u t u b r o " ; e era i m p r e s s o nas
o f f i c i n a s t y p o g r a p h i c a s d a Gazeta do Com-
mercio.
C o m m e m o r o u o a n n i v e r s a r i o da Repu-
blica nesse armo c o m uma edição especial, em
cuja primeira p a g i n a , e m m o l d u r a d o e s o b o
sello republicano, d e s t a c a v a - s e o seguinte so-
neto d„- I v o Filho, que e n s a i a v a os primeiros
vôos no ceu d a s m u s a s :

A REPUBLICA

Resiogc nesta autora em tropieos luzentes,


No terno alvorecer do a/viçarairo dia,
Um espectro cruel a fera dynastia,
Ji o vulto do imniortal o grande Tiradentes.
1 f>6 -

Recorda-nos também os frêmitos vehemc/ites


Da soldadesca ao ver a c roa na agonia,
Quando mui lentamente a estrella apparecia
No horisonte sem fim das coisas transparentes.

Se havia anniquilado a crôa destemida,


P'ra sempre agonizava o throno já sem vida,
O sceptro se quebrava a bem da humanidade...

Então, deites surgiu, qual Rhenix encantada,


A Republica a sorri/-, na lucta inesperada,
Trazendo pela mão a filha -Liberdade /

N o 2" anno — 1 9 0 5 O Potyguar publicou


dous números em J a n e i r o e, depois de três
mezes de ausência, r e a p p a r e c e u no dia 1 " de
Maio, " c o m o m e s m o p r o g r a m m a de o u t r o -
ra, com as m e s m a s idéas, (pie não se e x t i n -
guem nunca nos espíritos rectos e c o n s c i e n -
ciosos, s e m p r e solidos e cheios de c o r a g e m ,
p a r a pugnar pelos interesses litterarios de
nossa terra".
D a c o m m i s s ã o de r e d a c ç ã o havia se re-
tirado Manuel J a n u a r i o , cujo logar passou a
ser occupado por G o m e s da Silva, que por sua
vez foi substituído mais tarde por A n g y o n e
C o s t a e A l v e s Mipibú, c o m o gerente.
M a s logo surgiram g r a n d e s difficuldades
e em A g o s t o , publicando o decimo e ultimo
numero de sua 1 9 serie, interrompeu a publi-
c a ç ã o por tempo indefinido, e só depois de
dous longos annos de ausência, q u a n d o já se
suppunha ter a b a n d o n a d o o p o s t o q u e assu-
mira, fugido á lucta que e n t e t á r a , é que de
novo apparece em campo, no dia i 2 de Ou
tubro de 1907, " a d v o g a n d o a mesma causa,
pugnando pelas mesmas idéas, em prol dos
mesmos direitos".

K r a agora impresso na typographia d 'O


Século, publicava o 1 9 numero de uma nova
phase e dizia se orgam da " O f f i c i n a Littera-
ria Norte-Kio-Grandense", áqual havia-se in-
corporado o G r ê m i o " 1 2 de Outubro", e eram
seus redactores Cvrilinó Pimenta, Ponciano
B a r b o s a , J o r g e F e r n a n d e s e G o m e s da Silva,
este como gerente.
O ultimo numero desse anno, publicado
a 25 de Dezembro, traz uma interessante
ehronica de G o t h a r d o Netto, sob a epigraphe
ONatal Antigo, e noticia em editorial a
morte do senador Pedro Velho de Albuquer-
quei Maranhão, occorrida a 9 na cidade do
Recife.
A ' memoria do extincto chefe republicano
do E s t a d o consagra ainda O Potygnar toda a
primeira edição do anno seguinte, distribuída
a 8 de Janeiro, com 6 paginas, na primeira
das quaes e s t a m p a o seu retrato, publicando
cm todas as mais bons artigos e poesias, que
abrem com um bonito editorial de Itajubá.
No dia 2 de Fevereiro, ao publicar o n 9 7,
Apresenta como redactores - C l e m e n t i n o C a -
mara, Antonio E m e r e n c i a n o e Antonio G l y -
Ce
rio ; mas só em 24 de Julho, depois de c o l -
o c a r á frente de sua directoria Gothardo Net-
tendo c o m o secretario Ferreira Itajubá,
<kus inspirados cultores da lyra potvguar,
4

ir>s—-

poude continuar sua publicação, s e m p r e sob a


gerencia de G o m e s da S i l v a , sahincío nesse
dia o n c 8 com o seguinte editorial: xj

"A POSTOS

N o v a m e n t e encorajados, hoje, iniciamos


uma outra phase, que praza aos céus não ter
nha o m e s m o destino da soutras anteriores,
que a p e z a r dos g r a n d e s esforços por nós em-
pregados, n ã o puderam resistir ;i indifferença
da maior parte de nosso publico.
O jornalismo em nossa terra n ã o tem o
seu valor intrínseco. U m grupo de moços que
se levanta com a idéa de um jornal, em vez de
* encontrar apoio, estimulo, encontra simples-
mente critica mordaz e inconsciente, escassez
de meios pecuniários para a m a n u t e n ç ã o da
idéa;,
P a g a r - s e a a s s i g n a t u r a de um jornal e
coisa diificilima em nosso meio. T o d o s d e s e -
j a m lêr, mas ninguém deseja a s s i g n a r . e o que
é certo é que um jornal em nossa terra,excep-
tuando. aquelles que teem t y p o g r a p h i a própria
e-vivem dos trabalhos da ofíieina, não se pode
manter si não a t r a v e s s a n d o crises difficulto-
s a s e criticas.
Nós, entretanto, longe de um o p t i m i s m o
sem base e com a o b s e r v a ç ã o pratica dos fa-
ctos, hoje, a p p a r e c e m o s com O PQTYGUAH, in-
terprete de n o s s a s idéas, nosso o r g a m ,
tanto, dispostos a iniciar uma nova phase e a
mostrar a o s olhos do mundo que nos m o ç o s
da Ojjicina Lideraria, sem um p r o t e c t o r a d o
siqper, e x : s t e a grande força de que nos fala
S m i l e s - a vontade.
T e m o s a g o r a responsabilidades mais se-
rias do (jue nas vezes anteriores, e a prova
disso é que, além da c o m m i s s à o redaccional,
a c c l a m á m o s mais o sr. G o t h a r d o Netto para
dirigir os nossos destinos jornalísticos e Fer-
reira Itajubá para o secretariar. T o d o s conhe-
cem nos dòis moços de que a c i m a f a l a m o s
duas entidades litterarias : isto,.pois, quer di-
zer que nos a c h a m o s a p p a r e l h á d o s para a lucta
que hoje vimos de emprehender.

O PoTVGUAR, deixando para f a z e r o seu


reapparecimento a 24 de Julho, não teve outra
intenção a n ã o ser a de com memorar o anui
versario de seu director. N a d a mais justo do
que a h o m e n a g e m espontanea que hoje se
presta, porque G o t h a r d o Netto, este vidente,
esta a l m a lyrica, este artista do verso, será no
futuro c o n t e m p l a d o como um talento extra-
ordinário que pres diu os destinos litterarios
da gloriosa g e r a ç ã o que o viu. O seu Folhas
Mortas,livro de estréa, será um a s s o m b r o para
o sul do B r a z i l , q u e d e s c o n h e c e as águias que
no norte se e m p l u m a m afim de iniciar o tra-
jecto dos g r a n d e s vôos da i m a g i n a ç ã o .
E ' , pois, a h o m e n a g e m que, hoje, rende-
mos um p a d r ã o de gloria futura para nós, d a
'Pfticina, e para o R i o G r a n d e do Norte, que,
i n d i f e r e n t e aos outros E s t a d o s , tem a felici-
dade de c h a m a r a G o t h a r d o Netto seu filho.
Que t e n h a m o s melhor sorte na phase que
° r a iniciamos e que.o apoio de nosso publico
1G0

não fique s o m e n t e è m f e l i c i t a ç õ e s . . / é o q u e
temos a desejar".

E m breve, p o r é m , a o q u e p a r e c e , faltou
lhe e s s e apoio ; p o r q u e o n " i i, p u b l i c a d o a 7
de S e t e m b r o , foi o ultimo de 1908 e de sua 2*
phase.
N a s ultimas edições d ' ( ) POTVGUAR en-
c o n t r a m - s e estudos criteriosos s o b r e a s indi-
v i d u a l i d a d e s litterarias n ã o s ó de a l g u n s d o s
p r i n c i p a e s m e m b r o s da O/jicina, c c m o de J o a -
quim F a g u n d e s e j o s é T b e o p h i l o , i n e s q u e c í v e i s
obreiros dos f u n d a m e n t o s d e n o s s a litteratura.

158— UNIÃO E TRABALHO 1904


—05.
P r o p r i e d a d e e o r g a m da B e n . '. L o j .
C a p . ' . " F i l h o s d a F é " , publicou seu 1 " n u -
m e r o no dia 23 de O u t u b r o de 1904, em que
e s s a L o j . '. c o m m e m o r a v a o 5 " a n n i v e r s a i r e
de sua f u n d a ç ã o ; trazia e s t a m p a d o em sua 1
p a g i n a o r e t r a t o d o coronel G e n e s i o Xavier
P e r e i r a de Britto, ben. d a O r d . '. e V e n . '•
da m e s m a L o j . ' . , e a s s i m se a p r e s e n t a a o
publico :

" E s c o l h e n d o o dia d e hoje p a r a f a z e r cir-


c u l a r o p r i m e i r o n ° d a União e 'Trabalho, ta"
zemol o em c o m m e m o r a ç ã o a o a n n i v e r s a r i o
da n o s s a A u g . ' . e B e n . ' . O f f . ' .
E , efîecti va mente, de m o d o m a i s b r i -
lhante n ã o p o d í a m o s c e l e b r a r e s s e aconteci-
mento, p a r a nós t ã o g r a t o e a u s p i c i o s o .
A n e c e s s i d a d e d e um jornal maçonicor
1(»1 —

somos os primeiros a reconhecer, de ha muito


se faz notar neste O r . ' . , com os requisitos de
uma obra inadiavel e urgentemente reclamada
pelos que não descuram do progresso e adian
tamento da S u b i . ' . Inst.'. ; pelos que timbram
em fazer alguma coisa de util e proveitoso cm
bem da nossa O r d . ' . , que, para se manter na
altura a que lhe dão direito as suas p a s s a d a s
glorias, os seus immareeeiveis ttiumphos- ha
mister do concurso e da collaboração de todos
os seus adeptos, nessa empresa grandiosa --
"do alevantamènto moral e material da huma-
nidade e do seu aperfeiçoamento intellectual e
social".
E ' facto que os princípios que regulam a
nossa I n s t . ' . , o seu objecto, são quasi que in-
teiramente desconhecidos, mesmo para a ma-
ioria dos nossos I I r . ' . Dir-se-á, além disso,
que a Maçonaria vive estacionaria, que os seus
O O b r . " . , neste O r . ' . , s ã o refractários ao pro-
gresso, não se preoccupam com os grandes
problemas que interessam â Inst.'.
O jornal que hoje surge não preencherá,
certamente, essa lacuna que vimos assig
n alando.

O r g a m da B e n . ' . L o j . ' . C a p . ' . Filhos da


Fé—sendo feita a sua publicação sempre que
assim o entendera mesma O f f . ' . , representará,
quando muito, um simples tentamen naquelle
sentido.
N ã o será, no emtanto, de admirar que,
pelo tempo adiante, p o s s a m o s regularizar a
sua publicação, constituindo-0 um o r g a m de
102-

p r o p a g a n d a d a s v e r d a d e s s u b l i m e s e d o s en-
s i n a m e n t o s p r o v e i t o s o s da n o s s a I n s t . ' .
A s s i m p r o c e d e n d o , n ã o f a r e m o s m a i s do
q u e c u m p r i r o d e v e r contido no a r t i g o 2 do
n o s s o E s t a t u t o f u n d a m e n t a l , que r e c o m m e n d a
aos OObr.'. — "a propaganda pela palavra, pe-
los escriptos e pelo exemplo".
D i z se abi que o j o r n a l seria p u b l i c a d o
s e m p r e que a s s i m o e n t e n d e s s e a O f f . ' . ; m a s
a t è a g o r a a p e n a s tem distribuído três n u m e
ros, e s t a m p a n d o no ultimo, s a b i d o a 23 de
O u t u b r o d e 1 9 0 5 , o retrato do dr. L a u r o S o -
dré, g r . ' . m e s t r . ' . da M a ç o n a r i a B r a z í l e i r a .
Era impresso na typ. d 'O Século e ra-
c o m m e n d a - s e pela nitidez de seu trabalho.

159 -A OFFICINA—1905.
R e v i s t a m a ç ó n i c a , p u b l i c a d a trimestral-
m e n t e s o b os a u s p í c i o s d a A u g . " . e B e n e m . ' -
L o j . ' . C a p . ' . " 2 1 de M a r ç o " , a o O r . d e N a t a l ,
distribuiu seu n u m e r o no dia 21 de Março,
ao c o m m e m o r a r - s e o 3 8 o a n n i v e r s a r i o da fun-
d a ç ã o d a m e s m a L o j . ' . , d a n d o o seguinte -

"EXPEDIENTE

A A u g . ' . e B e n . \ L o j . \ C a p . ' . " 2 1 de


M a r ç o ' vê hoje realizar-se u m a d a s s u a s m a i s
a n t i g a s e a r d e n t e s a s p i r a ç õ e s : d i v u l g a r pela
i m p r e n s a , n u m o r g a m de sua e x c l u s i v a res--
p o n s a b i l i d a d e , a s idéas* e p r i n c í p i o s que a tem
n o r t e a d o na sua l o n g a vida de c o r p o r a ç ã o ma-
çónica, s e m p r e e m p r e g a d a na p r a t i c a do bem
e no e m p e n h o h o n r o s o de contribuir p a r a o
- 163

brilho c gloria da g r a n d i o s a e sublime institu-


i ç ã o d a M a ç o n a r i a Universal.
A OFFICINA, revista trimensal que hoje
começa a publicar-se, c o m o o seu proprio n o -
me o indica, é um novo centro de trabalho,
onde todos os O O b r . ' . que se sentirem aptos
p a r a a s luctas da imprensa s ã o c h a m a d o s a
eollaborar com a s suas luzes ' e o seu saber,
assumindo c a d a qual a responsabilidade d a s
suas opiniões, r e s e r v a n d o - s e a a d m i n i s t r a ç ã o
da L o j . ' . , a cujo c a r g o fica a direcção da re-
vista, o direito de intervir para que todas as
publicações n ã o se desvirtuem do elevado fim
que têm em vista e m a n t e n h a m a necessaria
homogeneidade com os princípios g e r a e s quê
tem constituído a norma d e c o n d u c t a da L o j . ' .
perante o mundo maçonico e perante o mundo
profano.
A OFFTCINA e n t r e g a - s e resolutamente ao
domínio da publicidade, e s p e r a n d o dos OObr. ".
deste e d'outros O O r . ' . e dos profanos (pie se
interessarem pelas questões maçónicas os ele-
mentos m a t e r i a e s d e vida p a r a bem c u m p r i r a
sua nobre e elevada m i s s ã o .

A OFFICINA a s s i g n a - s e a 5 * 0 0 0 por
anno, p a g o s a d i a n t a d a m e n t e na S e c r e t . d a
L o j . ' . " 2 1 de M a r ç o " .

T o d a e qualquer correspondência referen-


te á revista d e v e r á ser' e n d e r e ç a d a ao S e c r . ' .
da L o j . ' . " 2 1 de M a r ç o " .
Contem esse numero alguns bons artigos
de p r o p a g a n d a maçónica e e s t a m p a cm suas
1 6 o —25 DEM. 1RÇ0--\905.
N u m e r o único, n i t i d a m e n t e i m p r e s s o n a s
oílicinas do Kosmos, rua d a " A l f a n d e g a " , n
24, R i o d c J a n e i r o , foi aqui distribuído no dia
25 de M a r ç o c o m o um preito de h o m e n a g e m
a o e x m o , sr. dr. A u g u s t o T a v a r e s de L v r a no
1 " a n n i v e r s a r i o de seu g o v e r n o .
T r a z .no- rosto d a c a p a um bom retrato
do h o m e n a g e a d o e e m o u t r a s p a g i n a s v i s t a s
r e p r e s e n t a n d o os s e r v i ç o s e m e l h o r a m e n t o s
p o r elle e í f c c t u a d o s , a a n t i g a villa de E x t r e -
moz, a e g r e j a e ruínas de seu c o n v e n t o .
E f ô r m a toda a e d i ç ã o um repositório pre-
cioso de d a d o s e i n f o r m a ç õ e s s o b r e o R i o
G r a n d e do N o r t e , a b r i n d o com o s e g u ú i t e
artigo :

«DR. T A V A R E S D E L Y R A
(TRAÇOS H [QGRAI'I[ 1 c o s )
O dr. A u g u s t o T a v a r e s de L y r a n a s c e u
a o s 25 d e D e z e m b r o de 1 8 7 2 , na i m p o r t a n t e
c i d a d e d a M a c a h y b a , q u e è. t a m b é m a pátria
de A u g u s t o S e v e r o .
Eez, com brilhantismo, o curso de huma-
n i d a d e s n um dos p r i n c i p a e s collegios d o Re-
cife, onde, em 1 8 9 2 , b a c h a r e l o u - s e em scien-
cias,jurídicas e sociaes.
Voltando ao Rio G r a n d e d o Norte, abraçou
a c a r r e i r a da a d v o c a c i a e foi n o m e a d o , por
a c t o d ç 3 de M a r ç o de 1 8 9 3 , lente d c historia
d o A t h e n e u , c a r g o q u e serviu d u r a n t e algun^j
m e z e s , com i n v e j á v e l critério e e x c e p c i o n a l
competencia..
E l e i t o , no m e s m o a n n o , d e p u t a d o a o C o n - ,
g r e s s o E s ta doai, deixou de tomar parte nos
respectivos trabalhos, por ter sido posterior
mente escolhido pelo eleitorado norte-rio-gran-
dense para representar os seus interesses rio
C o n g r e s s o Nacional, onde, nas sessões de
1894 a 1903, S. E x . , quer na q ! ualidade de se-
cretario da Mesa da C a m a r a , quer na de Mem-
bro da C o m m i s s ã o de L e g i s l a ç ã o e Justiça e,
mais tarde, na de P e t i ç ã o c Poderes, deu pro-
v a s de alta c a p a c i d a d e e saber.
Pez parte da notável c o m m i s s ã o dos 2 1 ,
sendo nomeado para estudar e dar parecer so-
bre o projecto do Codigo Civil. C'abendo lhe
a parte relativa a contractos, S . E x . apresen
tou extenso e luminoso parecer, largamente
discutido pelos mais abalisados juristas da
commissão.
T e n d o sido offerecido á C a m a r a , pela de-
putação cearense, um projecto lesivo dos in-
teresses territoriaes do Rio G r a n d e do Norte,
o dr. T a v a r e s de L v r a impugnou-o v i t o r i o -
samente, escrevendo e publicando nessaocca-
sião uma synthese profunda dos accidentados
tramites do,litigio, intitulada :—Exposição so-
bre a questão de limites do Ceará e Rio (irou
de do Noite.
Ainda sobre este assumpto, publicou o
anuo passado, de collaboração com o dr. \ i-
cente de L e m o s , uma obra em dois volumes
sob o modesto titulo d e Apontamentos, onde
toda a matéria é estudada com extraordinária
penetração e largueza de vistas.
Eleito G o v e r n a d o r do E s t a d o a 14 de Julho
de 1903, prestou juramento e assumiu o exer-
-166 —

cio d o c a r g o a 25 de M a r ç o do a n n o p r o x i m o
findo, j u s t a m e n t e q u a n d o se a c c e n t u a v a a
m a i s t r e m e n d a crise c l i m a t é r i c a d e que ha no-
ticia entre nós.
E s t á na m e m o r i a d e todos a c o r a g e m , a
p r u d ê n c i a , o tino c o m que S . E x . e n f r e n t o u a
d o l o r o s a s i t u a ç ã o , a g i n d o de m o d o a m e r e c e r
os a p p l a u s o s de todo o E s t a d o .
E , n ã o o b s t a n t e a s i n n u m e r a s difficulda-
d c s do m o m e n t o , o d r . T a v a r e s de L y r a p ô d e
a g o r a a p r e s e n t a r a o s seus c o n t e r r â n e o s , sen-
s i v e l m e n t e m e l h o r a d a s , a s p r i n c i p a e s r u a s da
Capital.
S e r á hoje i n a u g u r a d o o J a r d i m P u b l i c o á
p r a ç a " A u g u s t o S e v e r o " , cujo s e r v i ç o de ater-
ro e d r e n a g e m r e p r e s e n t a g r a n d e e s f o r ç o e
d i s p ê n d i o ; e, com a i n a u g u r a ç ã o do J a r d i m ,
terá c o m e ç o a e x e c u ç ã o do c o n t r a c t o f i r m a d o
a 24 d e N o v e m b r o ultimo, pelo qual, em Abril
p r o x i m o , p a s s a r á a ser illuminado a acétyle-
ne todo o t r e c h o c o m p r e h e n d i d o e n t r e o quar-
tel de S e g u r a n ç a e a P r a ç a A n d r é de Albu-
querque.

E i s , em r a p i d a s y n t h e s e , os t r a ç o s g e r a e s
da b i o g r a p h i a do e m i n e n t e r e p u b l i c a n o a q u e m
os r i o s - g r a n d e n s e s p r e s t a m hoje a s m a i s ex-
pontâneas e merecidas homenagens.

161 — O /') 'RILAAiPO—1905.


L o g o d e p o i s do a s s a l t o d a Gazeta do Co/U-
mercio, em F e v e r e i r o d e 1 9 0 5 , e m q u a n t o rè~
p a r a v a m - s e os d a m n o s c a u s a d o s e m sua ty-
p o g r a p h i a , S e v e r i n o S i l v a , um d e seus colla-
- 1 (57

boradores, entreteve se com O* Pyrilampo,


pequeno jornal de publicação quinzenal e que,
dizendo-se orgam li Iterar io e impresso nessa
mesma typographia, s a h i u á luz em Abril des-
se anno, sob a gerencia de Pedro T h o m a z .
Viveu, porém, poucos mezes, desappare-
cendo com a publicação d 'O Trabalho, em
Julho.

162 - VINTE E UM DEJUNHO-1905


D i z e n d o - s e orgam do grêmio litterario
" M o c i d a d e Catholica", appareceu no dia 21
de Junho sob a r e d a c ç ã o dos intelligentes mo-
ços Luiz S o a r e s , Heitor Carrilho e Amphilo-
quio C a m a r a .
T i n h a como lemma de combate no rosto
da pagina, de um lado, a phrase latina :
Labor omnia vi mil, do outro : . Icção, união e
sacrifício; e editava bons artigos em defeza
da religião catholica.

1 6 3 — O TRABALIIO— 1905—07.
Quasi cinco mezes depois do assalto á
Gazeta tio Çommercio, sahiu de suas officinas,
em 14 de Julho de 1905, O Trabalho, pequeno
jornal que, dizendo-se a principio orgam litte-
rario-sentanal e tendo como redactor chefe
Antonio Coriolano, augmentou depois o for-
mato, passando a intitular-se orgam dos inte-
resses do f>ovo e a p u b l i c a r - s e tres vezes por
s e m a n a — n a s q u a r t a s - f e i r a s , nas sextas e nos
domingos —, sob a direcção mental e politica
de P e d r o Avelino e gerencia de Augusto Leite.
T i n h a como lemma de combate de um
lado do frontispício as palavras -Força, von-
tade e movimento, e do outro— Vivei e luetar :
e, como a Gazela, a quem substituiu, em-
quanto se concluíam os reparo? necessários
de suas machinas, fazia energica o p p o s i ç â o á
politica dominante no E s t a d o ;

Resurgindo a Gazeta do Commcrcio no dia


i de D e z e m b r o de 1907, dispensou o concurso"
ostensivo d 'O Trabalho e sobre a sua substi-
tuição assim se exprime no artigo com que de
novo se apresenta ao publico :

" A Gazeta,depois do inolvidável desastre


occorrido em a noite de 19 de Fevereiro de
1905, teve uma suceessão legitima e brilhante
no periodico O Trabalho, um filho de suas en-
tranhas,o qual, como os filhos,dignos e extre-
mosos, foi sublime de carinho e desvelo com a
sua illustre p r o g e n i t o r a . N ã o poupou cuidados;
e, removendo de cara alegre todos os obstá-
culos, expondo-se a todos os sacrifícios, inclu-
sive o da própria existência, ponde, o filho ex-
emplar, ver, afinal, coroados de c o m p l e t o êxito
os seus tenazes esforços e desfibrantes fadigas.
A querida enferma, por cuja saúde todos fa-
ziam ferventes votos, sarou, mostra-se válida
e, hoje, reassumindo o antigo posto, reentra
na lueta da vida. dispensando o concurso o s -
tensivo do valente írueto do seu amor. Assim
se explica o desapparecimento d 'O Trabalho,
que terminou sua missão, e o facto, para mui-
tos miraculoso, do resurgimento da tlazcta do
Commcrcio".
— 475

164—. / l ERIX WE- 1905.


Dizendo-se e r g a m do club " U n i ã o rios
A m i g o s " , publicou seu numero no dia 2 de
S e t e m b r o , com este modesto artigo de apre
sentação :
" A f f i r m a n d o a nossa inilludivel harmonia
de vistas com os que nos a n t e c e d e r a m no tra
halh o nobilitante e prõductivo da f o r m a ç ã o de
nossa iitteratura, A I 'erdade vem hoje, como
vehiculo de nosso pensamento, associar-se á
imprensa indígena, reunindo aos seus os sub-
sídios páreos que por ventura p o s s a m e m a n a r
de nosso ainda minguado cultivo intellectual.
L u c t a r pelo pensamento eis a nossa divisa, e
em torno delia hão de convergir os nossos es
ti mulos,
A f í a s t a n d o - n o s s e m p r e d a s pequeninas
questões, h e m o s de trilhar d e s a s s o m b r a d a -
mente no c a m i n h o dos g r a n d e s e sublimes
empreheíndimentos, certos do concurro franco
dos que sentem a i n d a no c o r a ç ã o laivos de
amor por este pequeno e glorioso torrão; berço
de S e v e r o , Auta de S o u z a e Antonio Marinho,
que talvez, sob a fria pedra tumular, sonhem
ainda com o futuro da Patria, que elles tanto
amaram.
A s s i m , o f í e r e c e m o s as nosssas m o d e s t a s
f o l u m n a s áquelles que quizerem nellas tratar
de a s s u m p t o s (pie digam respeito ao nosso
-program ma.
E i s a nossa a p r e s e n t a ç ã o " .
E s s e pequeno jornal era impresso na typ.
do " O i t o de S e t e m b r o " , s a b i a quatro vezes
por mez e tinha o seguinte corpo de redacção :
170-

Redactor-chefe A n t o n i o G l y c e r i o ; re
dactores R a y m u n d o Coelho", D i o g e n e s Pi
nheiro, G o m e s da S i l v a , A l v e s MipilSü e Jo-
sué da S i l v a ; editor J o a q u i m Rödti^'ücs ;
p r o c u r a d o r - M a l h e i r o de G o e s .

165 ZE', PO VINHO 1905.


Pequeno jornal humorístico.

1 6 6 -O ARI 'RAP 1905 08.


Periódico jtiWvSerio, noticioso e fogoso, ap-
p a r e c e u pela p r i m e i r a v e z no dia 3 d e ' N o -
v e m b r o de 1905.
P u b l i c a v a - s e a o s d o m i n g o s , sob a r e d a c -
ção e responsabilidade de //. Piano e P. Bar-
bado, cujos v e r d a d e i r o s n o m e s s ã o P e d r o T h o -
m a z e F r a n c i s c o P e r e i r a , auxiliados por I 'o/-
Zaire c Zé de Paia, pseudonymos de Manuel
Mendes e Luiz Gomes.
N ã o vi o F ' n u m e r o d e s s e p e r i o d i c o ; m a s
no editorial de um dos n ú m e r o s q u e ténho sob
a s vistas, d a n d o , u m a v e z por t o d a s , a r a z a o
por que não p u b l i c a v a " p a s q u i n s d i f f a m a t o -
r i o s " que lhe r e m e t t i a m , diz, e n t r è outras cou-
s a s , o seguinte, que dá u m a idéa e x a c t a de |
seu p r o g r a m m a ;
" O n o s s o jornal é um o r g a m critico, hu-
morístico, c o m b a t e n d o c o m v e h e m e n t e s no-
tas os feitos não m o r a l i z a d o s de nossa terra.
T e m o s [de luctar pela m o r a l i z a ç ã o de nosso
meio, pelo a l e v a n t a m e n t o de n o s s o s brios, '
pelo d e s e n v o l v i m e n t o da cultura de n o s s a terra,
t ã o p o b r e de i n s t r u c ç ã o e de honra ; p o r q u e a
i n s t r u e ç ã o v a a l a v a n c a p r o t e c t o r a da f o r m a -
çíto do c a r a c t e r do homem. O homem recebe
os fructos dos espíritos cultos, onde aprenderá
a combater, a corrigir se".
O •/Irurati é bem impresso e costuma
commemorar. a data de seu anniversario e ou-
tras com edições espèeiaés dè 8 paginas, il
lustradas e coloridas. A de í'-' de [aneiro de
1908 traz um lindo quadro representando em
ííitida photogravura o corpo» redaccionàj â'0
. írurau ein 11907, no qual v e e m - s e os retratos
de F r a n c i s c o Pereira, M a n u e l Mendes, P e d r o
T h o m n z e J o s é Alves, que escrevia sob o pseu-
d o n y m o de Girmkigo. Pena é (pie, m e s m o
nessas edições, a p e z a r de luctar, c o m o diz,
pela m o r a l i z a ç ã o de nosso meio, nem s e m p r e
guarde o fogoso periodico, na linguagem e nas
g r a v u r a s , o decoro que deve ter quem e s c r e v e
para o publico.
A propósito, leio na s e c ç ã o " b i c h o s d O
Bloco ", do 2? numero deste periodico, de 5 de
A g o s t o de 1906, o seguinte :
" F o m o s visitados pelo numero 19 d ' Ô
slrurau, desta c i d a d e , primeiro periodico que
nos bateu á porta,
O Arurau é chistoso, e n g r a ç a d o mesmo,
e mais e n g r a ç a d o e chistoso seria, si se ex-
purgasse de umas tantas pilhérias um tanto
cruas.
Aquellas q u a d r i n h a s da primeira pagina
estão por demais r e b a r b a t i v a s . . .
A s s i m . . . p a p a e briga .
O Arurau é impresso na typ. da Gazeta
'to Coruwtrcio e. s e m p r e sob a d i r e c ç ã o e res-
ponsabilidade de P e d r o T h o m a z e F r a n c i s c o
-172—

P e r e i r a , p a s s a p a r a 1909 tendo c o m o redac-


tores G a l e n o e S e m e d o , c o m o g e r e n t e O c t á v i o
Pinto e c o m o c o l a b o r a d o r e s Z é Fidélis, F e l i x
Fidélis, p r o f e s s o r P r a x e d e s e seu r a n c h o .

167 O LAVRADOR 1906 - 0 7 .


R e v i s t a de p u b l i c a ç ã o m e n s a l e r6 pagi-
nas, a p p a r e c o u em J a n e i r o de 1906,dizendo-se
o r g a m da " S o c i e d a d e A g r í c o l a do R i o G r a n d e
do N o r t e e com o seguinte a r t i g o de apre-
zenfarão :

"A NOSSA MISSÃO

O primeiro f r u c t o da C o n f e r e n c i a A s s t i b a -
reira do R e c i f e no R i o G r a n d e d o N o r t e foi a
f u n d a ç ã o d a S o c i e d a d e A g r í c o l a , da q u a l O
Lavrador v a e ser o r g a m na i m p r e n s a e um dos
seus mais e f f i c a z e s meios de p r o p a g a n d a .
O p r o b l e m a da l a v o u r a é hoje um g r a n d e
p r o b l e m a nacional que interessa o f u t u r o do
Brazil, o seu p r o g r e s s o , a sua g r a n d e z a , p o r -
que a rjqueza d e um paiz se avalia pela pros-
p e r i d a d e da sua agricultura. A lavoura tem vi-
vido a b a n d o n a d a aos seus proprios e s f o r ç o s , o
que i m p o r t a dizer c o n d e m nada a e s s e e s t a d o
d e quasi ruina em que se vem d e b a t e n d o d e s d e
muito t e m p o e que só a n î î o matou d a vez.
porque este paiz é g r a n d e d e mais, o seu s o l o
é t ã o p r o d i g i o s o que, m e s m o a b a n d o n a d o s a ^
sua n a t u r e z a s e l v a g e m , e n t r e g u e s a m e t h o d o s
primitivos de cultura, os frite tos que nelle se
radicam continuam a v i v e r e a p r o s p e r a r .
F m todo c a s o , t e m o s a b u s a d o imprevi-
dontcmentc do destino, que j á nos tem c a s t i -
g a d o paternalmente, nivelando a s classes a -
gricolas numa penúria e x t r e m a , c o n s e r v a n d o
a nossa lavoura num atrazo de alguns séculos,
de modo que, a g o r a , s e r e m o s obrigados a dar
um pulo muito alto para a l c a n ç a r m o s a agri
cultura no estado de a d i a n t a m e n t o cm que se
acha noutros povos.
E ou d a r e m o s esse p a s s o decisivo, ou
iremos r e t r o g r a d a n d o para a ruina completa,
p a r a o e m p o b r e c i m e n t o definitivo, para a
morte da nação.
A S o c i e d a d e A g r í c o l a do R i o G r a n d e d o
Norte fundou-se com o elevado intuito de con-
g r e g a r a maior sotnma de esforços possíveis
em torno da nossa agricultura -e quando di-
zemos agricultura q u e r e m o s significar neste
termo generico tudo quanto se prende ao solo
ou delle se nutre, c r i a ç ã o e l a v o u r a — , esti-
mulando e n e r g i a s mortas, d a n d o c o m b a t e a c s
inimigos que a e x p l o r a m , guiando, a m p a r a n d o
e auxiliando os lavradores, pela p r o p a g a n d a ,
pelo conselho, pelo apoio moral e material d a s
c l a s s e s dirigentes, pela o b t e n ç ã o de melhora-
mentos, afinal, por tudo quanto possa desen-
volver a e x p l o r a ç ã o racional do solo, que é o
funda mento mais solido sobre que se possa
estabelecer a civilização e a fortuna publica.
l i a bem poucos a n n o s era quasi u m a uto-
pia f a l a r - s e do p r o g r e s s o agrícola em nossa
teria, porque, dizia-se, f a l t a v a m - n o s os dois
elementos e s s e n c i a e s de êxito n e s s a s e m p r e -
sas : instrucção e dinheiro. S e m d e s c o n h e c e r
e
s í a verdade, poderemos dizer que, em r e g r a ,
174-

instrucção' só não a tem quem não quer e di-


nheiro só não o obtém quem se desencoraja
antes de tempo.
A prova disto é o movimento agrícola que
vae-se pronunciando geralmente no paiz. Mes-
mo pobre e ignorante, desde que a agricultura
deu signal de vida, arregimentando se, cui-
dando dos seus interesses, foram surgindo os
auxiliares, muitos dclles competentes, e foi
apparecendo o dinheiro para a fundação de
novas cm prezas.
Os comícios agrícolas, os grandes con
grossos tèm determinado por toda parte a
união, ou pelo menos, a arregimentaç.ào da
classe agrícola; têm obrigado governos é par-
ticulares a estudarem e a olharem com monos
indiffercnça pára as necessidades da lavoura,
adoptando-sé desde logo varias medidas sal-
v a d o r a s e prríduetivas.
Aproveitar este momento que se nos de-
para para levantar as forças vitaes da n a ç ã o ,
a c o m p a n h a r o movimento que v a e cada dia
mais e mais se accentuando para c h e g a r m o s
á realidade disso que era dantes uma espécie
de motejo : paiz essencialmente agrícola è
um dever patriotíco a que nenhum brazileiro
pode furtar-se.
Os agricultores norte-rio-grandenses não
quiziéram nem podiam ficar a traz nessa im-
mensa cruzada e crearam a sua sociedade,
cuja existência, já proclamada em reunião so-
lemnissima, afíirmada em diversos actos pra-
ticados no interesse collectivo dos seus mem-
bros, vem objectivar-; e egualmente na im-
175-

prensa, e s p e r a n d o o concurso e a s y m p a t h i a
de todos que trabalham pelo p r o g r e s s o e pela
g r a n d e z a da P a t r i a .
(.) L A V R A D O R viza, sobretudo, a propa-
g a n d a e a defeza dos interesses agrícolas na
zona onde se exerce a actividade da sociedade
de (pie é o r g a m , tomando o logar que lhe com-
pete, e m b o r a m< (lesto, ao lado dos esforçados
c a m p e õ e s que se batem pela causa d a lavoura".

I m p r e s s o na typ. d O Século, a p r e s e n t a v a
O Lavrador no rosto da c a p a as seguintes
m a x i m a s , a n a l o g a s ao seu objectivo :

" A e x p l o r a ç ã o racional
do solo é o f u n d a m e n t o mais
solido sobre que se possa
estabelecer a civilização e a
fortuna publica".

Quippc solo natura sub-


esí

Nihil est agricultura


nielius, nihil uberius, nihil
dulcis, nihil homine libero
dignius.
CICERO.

E r a m seus redactores ostensivos os drs.


Manuel D a n t a s , D o m i n g o s B a r r o s , Pinto de
Abreu, Antonio de S o u z a e Henrique Castri-
ciano ; e pelo seguinte s u m m a r i o de seu pri-
meiro numero p o d e - s e bem avaliar a impor-
tancia de seus li tis e o interesse que dispertava
á classe agrícola deste E s t a d o :
—A nossa missão.
Um inimigo das larangoiras.
• Noções de agricultura modo na.
Uma nora planta sacharina.
Ur. Ignacio Tosta.
O que é um syndicato agrícola .'
Conferencia assucareira do Recife.
A sciencia agrícola.
Sociedade Agrícola do Rio Grande do
Ncrte.
O perepusk.
Sobre a origem do alimento carbonado das
plantas.
Revista das revistas.
Noticias e informações.

Infelizmente, a p c z a r da c o m p e t e n c i a e
do esforço de seus patronos, da utilidade dc
seus intuitos, O Lavrador teve a p e n a s anno e
meio de existencia : em 1907, publicando um
só volume contendo os números correspon -
dentes aos mezes de J a n e i r o a J u n h o , suspen-
deu de uma vez a publicação.

168— O RLOCO—iço6—o8.
D i z e n d o - s e o r g a m d o Bloco, g r u p o de
r a p a z e s a l e g r e s desta cidade, e tendo no fron-
tispício c o m o l e m m a de a c ç ã o a s p h r a s e s —
Ridendo castigai moies, de um lado, e Tudo
que I grande começou pequeno, de outro, sal nu
esse interessante periodico á luz da publici-
d a d e no dia 29 d e J u l h o de 1906, " s o l c m m -
Zrindo assim -na e x p r e s s ã o de um de seus
chronistas—num estrondoso r a s g o . . . de cha-
leirismo estrondoso, a data anniversaria do
major C a z u z a Pinto.", ao que parece, a a l m a
dos bloqu islãs.
Apresentou se ao publico com o seguinte

"ARTIGO DE FUNDO
(SEM FUNDO, Q U A S I . . . )

Cheira á politica.
Mas, não é, ou, por outra, ainda n ã o é,
podendo vir a ser, porque, neste mundo de
meu Deus, ninguém diga- -desU' pão não co-
merei, nem desta agua não beberei...
— O (pie é o JUóco.'
P e r g u n t a m bem a quem n ã o sabe.
— E ' o o r g a m do B l ó c o , que é um mundo
em blóco...
Pode sahir delle muita coisa ruim ou muita
coisa boa. C o n f o r m e a s a n c i a s . . .
P o r ora, o B l ó c o é uma panellinha, onde
todos mexem com a p r e o c c u p a ç ã o sadia de
a m e n i z a r um pouco a s a g r u r a s da existên-
cia, pela f ô r m a que lhes parecer mais a g r a -
davel, sem preteneoes, sem pedantismos.
Quem quizer é assim ; quem não quizer
vá se pondo ao fresco, porque o Blóco é um
verdadeiro blóco.
S e v e r i d a d e e s e l e c ç ã o . na escolha dos
íi iteriaes p a r a essa c o n s t r u c ç à o cyclopica !
I s s o de belleza de cara, p o s i ç ã o , ri-
queza, m e s m o intellecto um tanto ou quanto
desenvolvido é c o n v e r s a fiada .
P o r é m , q u e m fôr de c a i x a s e n c o u r a d a s ,
quem fizer c a r e t a s a u m a f e i j o a d a , q u e m so-
f f r e r de h e m o r r h o i d a s no q u e n g o , (|uem n ã o
fôr c a p a z de d a r murro em p o n t a de f a c a ,
c h o r a r p o r uir. olho e rir pelo outro é q u e m
se metter a d e s t e m p e r a r a panellinha vá sa-
hindo de b a r r i g a . . . não f ô r m a .
E i s o que ò o B l ó c o !
Presentemente, é uma grande esphcra
b r a n c a , p o v o a d a de illusões.que v a e d e s l i z a n d o
s u a v e m e n t e pela e s t r a d a da v i d a dos (pie que-
rem c o m e r , b e b e r e s o n h a r !
Poderá tomar as côres rubras da guerra
e a f ô r m a de um projéctil iriçado de p o n t a s .
E n t ã o . . . tremam !
E está feito o p r o g r a m m a " .

E ' isto o a r t i g o ' d a p r a g m a t i c a , u m a sim-


ples a p r e s e n t a ç ã o em t e r m o s g e n e r i c o s d o es-
pirituoso j o r n a l z i n h o a o publico natalensc.
S e u p r o g r a m m a d e t a l h a d o , seus intuitos pro-
p r i a m e n t e dictos, t r a ç a - o s em s e g u i d a J a y m e
V e n t u r a - p s e u d o n y m e de um de seus redacto-
r e s — d o seguinte modo :

"OS M A N D A M E N T O S DÒ "BLO
C O " S A O i2

i " — O " B l o c o " , mettido em c a l ç a s p a r -


d a s , b o t a r á a v e n t a de f o r a q u a n d o a s s i m en-
tender, ou a n t e s , q u a n d o muito b e m quizer,
pois è livre, tem v o n t a d e propria e s a b e diver-
tir com a e m a .
2(-> O " B l o c o " c o m p r o m e t t e - s e a d a r ns
179-

boiis dias a qualquer patriota que estiver dis- '


posto a coçar-se com dez tostões, em cobre,
nikel ou papel, trimestralmente, quando ba
ter-lhe á porta a c a r c a s s a esquálida do nosso
òncorporador de borós.
3 ° —O " B l o c o " m a n d a r á cobrar as suas
a s s i g n a t u r a s adeantadamente, j á se vê, tal
qual como os bilhetes de rifa, e,no caso de n ã o
ser attendido, sahirá cinza...
4 ° - O " B l o c o " compromette-se a c o n f e -
ccionar e publicar reclames supimpas de ca-
sas c o m m e r c i a e s que não estejam arrebenta-
das, mediante indemnização ao pé da lettra.
F i a d o n ã o vai n a d a .
. 5 ° — O " B l o c o " mimoseará todos os mi-
lheiros de a s s i g n a n t e s que tiver, pela festa do
gallo, com uma collecção de postaes, estam-
pando a c a f a n t o n h a dos seus 5 g a r a t u j a d o r e s
e, mais ainda, com uma rica brochura, luxuo-
s a m e n t e impressa, tendo a épigraphe seguin-
te : Os palpites e os sonhos, cm torno dos ocu
los do coronel Petronillo.
6 o —O " B l o c o " reclama que toda a sua
correspondência seja entregue ao livreiro F o r -
tunato, (pie tem a p e n a s a fortuna de possuir
mais filhos que livros no seu estabelecimento.
f - - O " B l ó c o ' acceitará, sem cerimonia,
a c o l l a b o r a ç ã o sadia dos lettrados da terra,
m e s m o porque está no propósito de somente
servir-se com a loiça de c a s a . . .
8 ° — O " B l ó c o " não tolera pimenta em de-
m a s i a , d e s c o m p o s t u r a s , nem ponta-pés na
grammatical nos escriptos a elle impingidos,
1 so

• pois assim p a s s a r ã o a a r c h i v a r - s c na cesta


dos papeis b o r r a d o s . . .
9°—O "Blóco deixa-se vender em avul-
so pelo m e s m o preço d « um charuto de tostão
— p o r 1 0 0 réis.
1 0 ° — O " B l ó c o " compromette-se a espir
rar o seu juízo sobre qualquer obra í)ue n ã o
t r a g a mau cheiro e lhe seja offerecida sem in-
sinuações de especie a l g u m a .
i i " - O " B l o c o " tem uma única aspira-
ção : desopilar o espirito dos seus leitores,sem
m a g u a r , nem ao de leve, as susceptibilidades
do seu proximo. T o d o elle é g r a ç a , riso, ale
gria, e nem á força de bilro d e s c e r á á e n g r e -
n a g e m cias p h r a s e s acrimoniosas, m e s m o por-
que assim seu padre b r i g a . . .
12" O ' B l ó c o " será politico, quando qui-
zer ; litterário, quando entender ; scientifico,
q u a n d o f o r tempo ; artístico, com mais va-
g a r ; humorístico, de quando em vez ; critico, t
conforme a s a n c i a s ; mas republicano s e m p r e e
sempre, pois, pelos olhos, bem se conhece
quem tem l o m b r i g a s . . .
Addendo aos mandamentos : E ' f a v o r f a -
zer o nosso o r g a m c h e g a r á s m a n o p l a s do
F o r t u n a t o , não querendo divertir-se com elle
aos d o m i n g o s . "

No i'-' anno dos b o n d e s — 1 9 0 8 — a p r e s e n -


ta-se politico^ folgazão, tagarella c esfuziante :
orgam vocal e instrumental do JARDIM D- I
INFANCIA, tendo c o m o r e d a c t o r - c h e f e
CONSELHEIRO ACCACIO. E assim pas-
sa para 1909, já sem o a i t i g o quc precedia seu
nome, -impresso numa /ypographia e publi-
cando-se quando lhe dér na telha.
Incontestavelmente, o Bioco é um dos
jornaes humorísticos de mais espirito que j á
sc teem publicado nesta cidade, distinguindo-se
por uma qualidade que muito o r e c o m m e n d a :
bole com tudo, tem p a r a todas as pessoas,
ainda as mais g r a d a s da sociedade, uma pi-
lhéria, uma phrase brejeira, mas sempre de
chapéu na mito, alegre, respeitador e com m e -
dido, sem descer j a m a i s á p o m o g r a p h i a , nem
aos doestos irritantes. Ninguém e s c a p a á bis
bilhotice de sua verve, mas todos a c c e i t a m - n a
de cara alegre e ás g a r g a l h a d a s .

169 -O CABO RE - -1906.


Pequeno jornal critico e que parece ter
tido na imprensa uma m i s s ã o única alfinetar
os rapazes d O Arurav.
E s t e s , por o c c a s i ã o de seu desappareci-
mento, no fim do anno, g r a v a n d o em uma
d a s p a g i n a s de seu periodico a f a c h a d a de um
tumulo, nella e sob a phrase- Requiescat in
pacc e s c r e v e r a m - l h e o seguinte epitaphio :
Depois de um viver immundo
Pc feitos ruins, bánaes,
• Um jornaleco aqui jaz
A sombra d'um igarapé...
Chorai por elle, chorai,
Chorai pelo "O Caboré"...

170 -A EA OP l ÇÃO~ 1 9 0 6 - 0 7 .
T e n d o - s e fundado nesta cidade mais uma
loja m a ç ó n i c a s o b o titulo de " E v o l u ç ã o 2 ° " ,
foi s o l e m n e m e n t e r e g u l a r i z a d a no dia 1 7 de
O u t u b r o de 1906, publicando e m s e g u i d a A
Evolução, seu o r g a m na i m p r e n s a , que se
a p r e s e n t a com a s s e g u i n t e s

"PALAVRAS INICIAES

F a z e n d o o n o s s o a p p a r e c i m e n t o no mundo
jornalistico, c a b e - n o s o d e v e r de e x p r e s s a r , a
titulo de p r o g r a m m a , a l g u m a s i d é a s prelimi-
n a r e s e e l u c i d a t i v a s dos n o s s o s intuitos.
A n t e s de q u a e s q u e r outras c o n s i d e r a ç õ e s :
N ã o a m b i c i o n a m o s a gloria, e s t r a n h a á s nos-
s a s c o g i t a ç õ e s , de s e r m o s o interprete do sen
t i m e n t o m a ç o n i c o , neste Oriente.
O nospo fito é mais m o d e s t o : S o m o s sim-
p l e s m e n t e o o r g a m da a u g . ' . e r e s p . ' . loj.
" E v o l u ç ã o 2'^", que v e m de constituir-se nesta
capital,scb os auspícios do G r . ' . O r . ' . d o B r a z i l . .
I s t o significa que, l a b o r a n d o pelo ideal ma-
çonico, o b e d e c e m o s á s i n s p i r a ç õ e s de um núcleo
c i r c u m s c r i p t o de a d e p t o s d a gloriosa Inst.
que p r o c u r a d a r a o s seus a c t o s o c a r a c t e r
que lhes assig-nalam a s leis e o R e g . ' . G e r .
d a O r d . ' . . A l m e j a m o s seguir á risca os p r e -
ceitos que p r o m a n a m do nosso p a c t o f u n d a -
m e n t a l , de cuja o b s e r v a n c i a e s c r u p u l o s a bem
s e n t i m o s d e p e n d e r todo o prestigio e valimen-
to d a Instituição.
A tolera mio,o respeito mutuo e a liberdade
absoluta de consciência—eis os princípios em
que a s s e n t a a M a ç o n a r i a , instituição pbilan-
tropica e social. C o m p r e h e n d e m t o d o s ó s m e m -
1 s á -

b i o s da Ord. '. o valor e o alto alcance destas


sublimes p a l a v r a s ?
C e r t o c]ne não ; principalmente no Brazil,
o n d e resumidíssimo é o numero dos que se d ã o
ao trabalho de 1er, siquer de preocoupar-se
com o que diz particularmente respeito ;is coi-
sas da intelligencia. " P r o c u r a r pelo trabalho e
pelo estudo a verdadeira sciencia e a verda-
deira luz'' é, no em tanto, um dos principaes
deverer dos maçons bem intencionados.
" E s c l a r e c e r os homens, apoiar sua in-
strucçào sobre idéas positivas e sobre os prin-
cípios da lei moral -é leval-os pela força da
razão a um regimen de ordem e s y m p a t h i a , a
um estado de felicidade constante e reciproco.
" D e s d e que entrou no T e m p l o , o maçon
n ã o é mais o homem do mundo, o escravo dos
vícios e d a s paixões, dos erros e dos precon-
ceitos, que nutrem nossas f r a q u e z a s : é o filho
da luz, o zelador da justiça, é uma especie de
cavalheiro da humanidade, que deve saber o
gênero de inimigos que tem a combater.
" O s vícios que impedem a r a z a o de pro-
gredir e os homens de viverem como irmãos
são a superstição e o f a n a t i s m o . . .
" E i s os verdadeiros tirannos da humani
d a d e e da sociedade ; e é para combatei os
que foi estabelecida a Maçonaria.
" O maçon deve dirigir c o m coragem e
p e r s e v e r a n ç a seus a t a q u e s contra esses dois
formidáveis inimigos da prosperidade h u m a n a .
" A sciencia, a lógica, a s forças do seu es-
pirito, os recursos do seu gênio, toda a força
intellefctual de seu cerebro, devem collaborar
para pôr um termo ás devastações que elles
fazem no mnndo. S e m isso não e maçon, por-
que passou pelo c a m p o da experimentação
sem se despojar do seu envolucro material, en-
trou no T e m p l o com as fraquezas da huma-
nidade, é um profano travesti".
E s t a s palavras, que tomamos á Historia
da Maçonaria, se" adaptam ao nosso pensa-
mento na elaboração do presente artigo.
Queremos a luz, queremos o progresso, a
diffusão dos conhecimentos que elevam o ho-
mem á altura dos seus grandes destinos.
S e n d o a solidariedade um dos mais bellos
e acatados princípios da ü r d . ' . , é obvio que.
p u g n a r e m o s pela sua eflectividade. neste O r . ' .
A todos recommendamos a mais estreita
união, de modo a sermos considerados, não
oobr.'. de diíierentes O Q u a d . ' . , mas repre -
sentantes de uma só família, com os mesmos
direitos, e pugnando pelo mesmo idéal -o le-
vantamento do nível moral e jntellectual da
sociedade em que vivemos.
S e j a m o s tolerantes, sem pusillanimida-
des ; a tolerancia, no dizer de .alguém, é a lei
primordial da Maçonaria.
E ' observando estes princípios que pre-
tendemos levar a bom termo a tarefa que nos
impuzemes, fazendo circular, hoje, o primeiro
numero deste periodico,dedicado a o s interesses
da Maçonaria em geral,e,em p a r t i c u l a r , d e nos-
sa O f f . ' . , a a u g . ' . e r e s p . ' . l o j . " E v o l u ç ã o 2 : l •

O Bloco, sempre pilhérico e folgazão, em


sua interessante chronica Echosdo Bloco, assim
se manifesta a respeito do orgam maçonico :
" F o m o s visitados pelo numero primeiro
d'A Evolução, um jornalzinho azul -o i 9 nu-
mero e r a i m p r e s s o em tinta azul -orgam da
loja maçónica que lhe dá o nome.
A Evolução é um jornal de nosso tope,
bem impresso e nos seus escriptos diz-se radi-
calmente tolerante.
Deus permitia que assim seja, apezar de
n ã o coníiármos muito no cheiro do bode.
Antigamente, ser maçou era o m e s m o
<pie ser diabo, c ã o coxo, etc. Hoje, a maçona-
ria é uma a s s o c i a ç ã o de primeiríssima ; tirante
um ou outro membro menos escrupuloso, que
n ã o duvida em cercear o direito de seu irmão
ou fazer da maçonaria p r o p a g a n d a d a s suas
idéas verdes- o que n ã o nos parece lá muito
a c e r t a d o são os filhos da viuva uns r a p a z e s
dignos a toda p r o v a .
M a s . . . a o n d e i a m o s nós ?
A g r a d e c i d o s pela visita de nosso collega,
lá c h e g a r e m o s com o nosso Bloco .
„ I Evolução é um jornal de 4 paginas, im-
presso na typ. ( 1 7 ) Século, de publicação men-
sal, em dias n ã o determinados, e distribuição
gratuita.
O 3 0 numero, publicado a 25 de Dezem-
bro de 1906, constitue uma edição especial de
8 p a g i n a s e, r l é m de outros artigos de interesse
maçónico, contém a conferencia realizada a
1 5 de N o v e m b r o na A u g . ' . .Loj.'» " E v o l u -
ç ã o 2^" por seu v e n . ' . , dr. Honorio Carrilho,
sobre . / Maçonqria e seusjms, e o h v m n o da
m e s m a loja, lettra do dr. G . L i m a e m u s i c a d o .
1 SG

maestrino A b d o n T r i g u e i r o , o qual è o seguinte:

Salve ! Luz que despontas dourando


Os infindos espaços de além !
li que vens sobre nós espalhando
. Is centelhas fecundas do liem.
() teu brilho nitente e propicio
Tem o vasto poder seductor
f)e abater as masmorras do vicio
E elevar as trincheiras do Amor.
Symbolisa o teu raio bemvindo
Da I irtude o formoso clarão,
Em seu beijo de luz reflectindo
. ! n/ais nobre e feliz ambição.
Quando, esquiva, ncs foge a esperança
li da sorte nos fere o rigor-,
Es o iris de grata bonança
Dissipando da vida o negror.
Como a estreita bemdicta de ou tf ora
Os très .1 fogos guiando a Jesus,
Esta nova phalange de agora
Do Progresso éis paragens conduz !
Ave ! sol que annuncias d'altura
Do f'orvir a manhã tri um pitai !
Es a nossa caricia mais pura,
Es o nosso mais santo ideal.
Sob a cup'la estellar d este Templo,
Onde im hera somente a lerdáde,
Dá que seja esta Lofa um exemplo
De Trabalho, de /'az, de Amisade !.
Distribuindo os números 4 0 5 , correspon-
dentes aos mezes de J a n e i r o e F e v e r e i r o de
1907, sl Evolução suspendeu sua publicação
até 12 de J u n h o , quando distribuiu o n 9 6, es-
pecialmente c o n s a g r a d o ao padre Miguel J o a -
quim de Almeida C a s t r o , frei Miguelinho,
c o m o uma Homenagem da . lug.'. e Rcsp.
Loj.'. " Evolução 21'" ao heroc e niartyr norte-
riograndense, no nonagésimo anniversario do
seu arcabuza mento, no afamado "Campo da
l'alvora ", da cidade de S. Salvador (Bahia).
T a r j a s de confecção artística e onde se
notam as insígnias da Maçonaria e o sello re
publicano, e n q u a d r a m , na i : l p a g i n a , os di -
zeres que t r a n s c r e v o a c i m a , bem c o m o as se-
guintes p a l a v r a s de S a m u e l Martins :
" S i o tempo pudesse a p a g a r * d a memoria
dos vivos \ sombra dos mortos, a historia da
humanidade n ã o se faria rediviva, clara e ní-
tida, c o m o nos a p p a r e c e . . .
A morte, que aniquila o homem, que re-
duz a s forças vivas da natureza, que as trans-
f o r m a , que a s modifica, n ã o pode a p a g a r do
espirito humano sobrevivente a memoria dos
seus maiores, q u a n d o este.s d o m i n a m as mul-
tidões pelas suas ideas a l e v a n t a d a s e pelos
s e u s feitos heróicos".
M a s , com a publicação desse numero,
de s a p p a r e c e u // Evolução e nenhum outro pu-
blicou até o hm de 1908.
C o m o nome th Evolução já se havia pu-
b l i c a d o ' nesta cidade, em 1890, um pequeno
ornai litterario, o r g a m do " C l u b E s c h o l a s t i c o
N o r t e - R i o - G r a n d e n s e " - v i d . n" 93-
188-

X7t -O KL' -rçioó.


L o g o depois da morte d Y ? Labore, •surgiu
o Oku, jornalzinho apasquinado o que substi-
tuiu aquelle nos ataq u e s á redacção d' O Ar ura u.
liste, respondendo, uma vez por todas,
no seu primeiro ataque, c h a m a - o de "pigtneu
da imprensa, feito por garotos rabujentos e
imbecis, desastrados até no nome que esco-
lheram para o seu mais que indecente jorna-
leco".
Felizmente* viveu pouco.

172 LOmtlVAL AÇUCENA -1907.


Polyanthéa de 6 paginas, afora a capa,
publicada pela " O f f t c i n a Litteraria Norte Rio-
í i r a n d e n s e " como homenagem ao conhecido
poeta potyguar que lhe deu o nome, no dia
28 de Abril, trigésimo de seu passamento.
T r a z no rosto da capa, de um lado, os
nomes dos soc.iosda " O f f i c i n a Litteraria" e seus
patronos, do outro, entre tarjas, a seguinte
poesia de Ivo F i l h o :
MOR R E K SONHANDO

/in iluda filo a/a lar à boi da,m


tumulo do Ti i.criiirio poeta,tia o
s/V?/) do s<fítlm a vw^lu.
I
...O mundo « um chão; profundo, inveterado e tristf. •
Vamos, musa, chorando),.. A alma nrto resiste
Viagem como esta emprehénder èóxinhn..ír
Anda ! vamos depressa, é jáipiasi noitinha..
A viagem é bera longa e a estrada é deseria; •
Sinuosa, sombri.. e de cardos coberta;

Isto disse o poeta á Musa enlangnecida,


Numa allucináçAo torturosa da vida.
11
Cabin, entrto, a noite, ameaa «• silenciosa,
K a lua, esmaecida e exausta d» cansaço,
I 'arecia sentir tristeza misteriosa
GÍilgiiWdo as amplidões intérminas do espaço 1
K o posta, ao fitai a, ancioso « absorto,
Na tragica expressão do olhar sanguinolento,
'l inha a forma senil de um ente semi-morlo,-
Onando, contemplativo, exftngua, macilenta,
Via fugir, tristonho, a ultima esperança...
F/disse : •'Oh! lua triste, angelical Ihanna,
" Q u e tensa, candidez de innocente creança,
" A d m i r a . o que s o f f r e a Natureza Humana,
" T o d a cheia de tédio e cruéis desenganos,
"—Vergando, assim, contricta, á passagem dos a imos
" N ã o vis ? F u i cu, outr'ora, um vate, um trovador.
" O u e cantava, a sonhar, as agruras do amor...
"I1'., si.m nunca attendee nem um só preconceito,
" V a g u e i , na mocidade, em plena Bohemia,
" T r a z e n d o , no meu lábio, um rir de satisfeito,
" C h e i o de sonho e amor, quer noite fosse ou dia,
" K agora ? E i s quasi extincta a vida desejada .
" N e m sombras vejo mais da passada alegria ,.
"Somente um dobre agudo o sino psalmodia
" E um leito, a mim aberto, a golpes de uma enxada 1

111
E calou -se, depois, o vate encannecido,
Contemplando, abvsmado, os astres «'amplidão,
Como si assim ouvisse algum surdo gemido
Vindo do coraçfio !

E , então, nessa expressão angélica e tristonha,


."orríõ, outr'ora, morreu, no Gol^otha, Jesus,
E l i e deixou finar se, em ancias de quem sonha.
Espalhando, no mundo, um sorriso de luz.

Occupa a 2 a p a g i n a da capa a mimosa


poesia do h o m e n a g e a d o — C a n t o t/o Potygnara
( 8 1 ) e abre a serie, de artigos e poesias que lhe
s ã o dedicados o seguinte :

<Si) Publicada pelo auctor em 1K74 1,0 '}!>>•'


já por mim transcript., quando occupei me desse periodic« - Viel.
190-

O NOSSO PATRONO

A mocidade estudiosa de Natal julga um


dever indeclinável ante a memoria de Louri-
val Açucena prestar hoje ao talento do popu-
larissirno trovador a homenagem cpie lhe é de-
vida. D e s t e tributo com que celebram os mo-
ços o nome do intelligente e estimadíssimo
bohemio coube a iniciativa á nossa sociedade
de lettras, denominada ' 'Officina Litteraria".
T a n t o quanto cabe no esforço dessa as -
sociação, os espíritos que nella laboram visam
apenas a elevação do nível intellectual norte
rio-grandense e o culto da arte no domínio
das lettras. Si é esse o lemma dos obreiros da
" O f f i c i n a Litteraria", si esse é o seu desidera-
to e o seu ideal, o preito posthumo que rende-
mos a Lourival Açucena sob a forma de p<-
lyanthea, para os nossos confrades, constituía
um imperativo dever,do qual dest arte nos res-
gatamos.
Lourival Açucena succumbiu, f a z hoje um
mez, aos 8o annos de edade, deixando uma
prole honrada, que ha de perpetuar seu nome
na vida objectiva, através das gerações da fa
milia natalense.
l ' m de seus filhos mais conhecidos <"• o
professor Joaquim Lourival, preceptor prove
cto e intelligente propagandista da r e l i g i ã o
evangélica.
Lourival Açucena não era um poeta eru-
dito, nem mesmo illustrado, no sentido exacto
da palavra. E r a realmente um espirito intelh
gente, possuindo uma cultura litteraria muito
191 —

superficial. Tinha—e era esta a característica


de sua intelligencia uma feição mental ac-
centuadamente poética, na sua expressão li-
geira, amena, alegre, cheia de verve satyrica
e cheia de graça bem humorada. Nelle estava
a personificação espiritual do trovador e do
bohemio amoravel, sem prooccupações amofi-
nantes da vida pratica, não se envolvendo nas
agitações da politica partidaria, nem se dando
ao incommodo de exercer, sistematicamente,
os seus direitos de cidadão nos pleitos electi-
vos, convencido, talvez, da inutilidade do voto,
ou pelo receio de por esse meio crear desaffe-
ctos entre «>s seus conterrâneos. Porque, para
o venerando vate natalense, a vida devia de
ser comprehendida pelo seu aspecto mai^ agra-
davel, mais humano e mais lvrico. A m a v a a
existencia e vivia ao rithmo de sua alma de
trovador. \'isto que não sentia a acrimonia
toxica do odio, contrahindo-lhe ns entranhas ;
visto que não tinha rugas fundas na consciên-
cia de homem e o prurido apoquentador das
almas ambiciosas, dormia naturalmente, e
muita vez, apóz uma palestra banal entrecor-
tada de gostosas risadas, ruidosas e sonoras,
ou em seguida as expansões maviosas de seu
peito e de sua larynge. Considerava Lauro So-
dré um grande brasileiro e um verdadeiro pa-
triota. Mas bem certo estamos de que preferia
fazer meia dúzia de estrophes alegres e can-
tai as ao som do violão do Heronides a sus-
tentar a mais ligeira testilha com um poli-
tico adverso áqüelle eminente republicano.
Lourival Açucena amava a vida,a natu-
— 102—

reza', porque tinha coração e alma para as ex-


p a n s õ e s amoraveis. lira das organizações que
sentiam necessidade ineluctavel de ser aber-
tas e crvstalinas, de ser livres, ternas c musi
eacs como a ave, no tempo do amor, no seio
perfumoso de uma floresta muito arejada e
luminosa.
Assim foi o'adorável e inesquceivel IvOu-
rival. Deixou o nosso vate uma infinidade de
producçõcs e s p a r s a s pela imprensa natalcnse,
na qual collaborou em vários de seus orgãos.,
Muitos dos seus versos correram mundo, pu-
blicados em jornaes cariocas, portuguezes e
do extremo sul do Brazil.
D a s suas conhecidas producções, as que
mais se destacam, por terem merecido a Con-
sagração da estima popular, são : O Canto do
Potyguara, a Politicara Porangàba (82), o Sitio
c Pirraças do Amor.
C o m o cidadão, foi Dourival Açucena dis-
tinguido no antigo regimen com alguns c a r g o s
de confiança do governo, eoutros de confiança
dos seus conterrâneos.'
A nost a associação, como homenagem
de reconhecimento ao seu talento poético! ele-
geu-O um de seus patronos.
Morreu sonhando tal como viveu cantan-
do ; e, por isso, é uma redundância o dizermos
que finou-se em extrema pobreza, que é c o m o
se fina todo bohemio que se preza". •

\
or
•<2) E s t a p o e s i a , p u b l i c a d a p e l o Oásis em 1898, j á foi P
mim traii.-.cript.i q u a n d o tratei desse periodico.— Vid. n. 1 1 2 .
Obscrvstudo-me p o r é m , o p r o f e s s o r J o a q u i m L o b r i v a l , meu

1
J
*
- — 1 Í)M

173 /'.IA—1907—08.

Qrgam do Grêmio Litterario "Augusto


Severo", fundado nesta capital a 12 de Outu-
bro de 1907, appareceu esta pequena revista
mensal, cujo nome recorda o famoso dirigível
de seu patrono, no dia 15 de Novembro do
mesmo armo, por occasião da inauguração so-
lemne daquelle grêmio, sob a redacção de Ara-
philoquio Carlos Soares da Camara, como di-
rector, Octávio Augusto Severo, secretario, e
Cyrilino Fernandes Pimenta, thesourciro.
f i r a impressa na typ. d 'O Século e <?bre
com o seguinte artigo de apresentação :
"PAX
Pelo céu suavíssimo da Patria bem a -
mada, ao embalo carinhoso de bonançosas

illustre a m i g o e c o n f r a d e e q u e b e m c o n h e c e as p r o d u c ç õ e s poe
ticas d e seu p a e , q u e a p u b l i c a ç ã o do Otisis não estava d e a c c ô r -
do.com o o r i g i n a l em a l g u n s versos, a q u i r e p r o d u z o a com as cor-
recções que elle proprio te*:

A MORANGA BA
M i n h a gentil P o r a n g a b a , Q u e r p r o c u r e o povoado,
I m a g e m , visão q u e r i d a , Q u e r d i v a g u e na e s p e s s u r a .
S ó teu a m o r me c o n f o r t a Mostra me a mente a l u a z a d a
N o s a g r o s t r a n s e s da vida. T u a e l e g n n t e figura.

Q u a n d o ouço a jurity E s t a n d o d e ti ausente,


S o l t a r s a u d o s a um g e m i d o , I ) a s a u d a d e eu sinto a dor,
S a u d o s o p e n s a n d o em ti S e r í l o teus os m e u s s u s p i r o s ,
R e s p o n d o com um ai d o r i d o . M i n h a a f f e i ç S o , meu a m o r .

S i p.i c a m p i n a d e s e i t a l>.i v i d a o d o c e p r a i e r
T e m o sabiá gorgeia. E m mim f e n e c e e se a c a b a ,
D e s t e a m o r q u e me i n s p i r a s t e S ó este a m o r não f a l l e e e ,
V o r a z a c.hanuna se atei i Minha gentil P o r a n g a b a .

-
brizas amigas, transpondo feliz, ao perfume
agreste que se evola, as imponentes colimas
patrícias e , em cujo dorso de cfVisfâl e ondu-
lante alabastro de P a l o m b á r a rios e mares
verdes e recordativos de tantas mocidades e
de tantos sonhos a p a g a d o s , indelevelmente, se
reflectem, na aventurosa jornada pelo infinito
fugitivo e amplo, esta sagrada trireme o vôo
larga e alteia...
C o m o aquella outra - A v e divina e mal-
dita cujo nome confortativo e almejado, em
alva e sincera homenagem ao Patrício im
mortal, a personifica e a m p a r a , não, como
ella, inspirada por um destino má o - glorifica»
dor pela desgraça e pela dor maior no orgu-
lho e no Amor justos de um povo inteiro, na
intenção purjssima que toda a faz e vivifica,
confiante na Vontade e na F é miraculosa dos
convictos certo alcançará o triftmpho ambi-
cionado.
F no vôo altivo e bom, na a m p l i d ã o es-
maltada do nosso sentir e do nosso pensar, im-
passível e serena aos temporaes que, por ven-
tura, açoitem desenfreíados de fúria e de
m a l d a d e — s u r d a s conclamações, mais demo-
lidoras que os ariêtes lendários tia indifierença
humana inviolável g u a r d a r á , Arca sagrada e
impolluta, toda a penosa conquista das nos
sas esperanças e dos nossos sonhos embala-
dores da mocidade...
F , quando, um dia, obtido o tozão do
ouro entrevisto em sonhos ardentes,corno este
sol que v a e a s f< ates estancando e enlanquc-
cendo as plantas, não como elle, porém, Ian-
çando a desolação por tudo, más a esperança
e a fè fazendo brotar numa florescência ex-
huberante e virginal por toda parte ; quando
as loiras miragens das extensas planícies, no
vôo arrebatadas, se transmutarem na solida
realidade promettida e tivermos attingido, na
luminosa aseenção, a gloriosa altura dos que
sentem e morejam, nesse dia alma explen-
dente de jubilo irreprimível despenhando por
nuvens, desceremos até aos pés sacrosantos
da terra estremecida, onde, felizes, deixare-
mos a offerenda de amor e de carinho, n um
preito de veneração elevada e com movente
pela honra e pelo nome dos filhos grandiosos,
que o nome e a honra lhe sagraram ! li assim,
sob os auspiciosos augúrios que a victoria in-
cruenta do dia de hoje instauraram, pelo céu
suavíssimo da Patria bem-amada, ao embalo
carinhoso de perfumadas brizas amigas, trans-
pondo feliz as evocativas colliiías patrícias e
em cujo dorso de cristal e ondulante alabas-
tro de Palombára rios e mares verdes e r e -
corda tivos de tantas mocidades e de tantos
sonhos apagados, indelevelmente, se refle-
ctem, na aventurosa jornada pelo infinito fu-
gitivo e amplo esta sagrada trireme o voo
larga e alteia .,.
O 2l> numero, publicado em Janeiro do
anno seguinte, é todo consagrado á memoria
do senador Pedro Velho de Albuquerque Ma-
ranhão, cujo retratoallustra a i* de í.uás pa-
ginas, como "homenagem do Grémio Litte-
i irio Augusto Severo ao seu saudoso c ines-
quecível protector".
E s t a m p a tembem a revista em suas pagi-
nas os retratos dos illustres patrícios dr. Al-
berto M a r a n h ã o , governador do E s t a d o , e
Augusto Severo, patrono do grêmio de que é
orgam e intrépido aeronauta brazileiro, a quem
dedica todo o n? 6 o , distribuído em Maio, no
qual, entre os artigos dos moços do grêmio,
figura a collaboraç.ão de alguns dos nossos
mais conhecidos homens de lettras, como
Meira e S á , Finto de Abreu e Honorio Car-
rilho. •
Publicando em Junho o f> numero, a Pax
já noticia o apparecimento d " A Imprensa
Periodica no R i o G r a n d e do N o r t e " e fal-o nos
seguintes termos, que peço licença aos leito-
res para transcrever, a g r a d e c e n d o á r e d a c ç ã o
da s y m p a t h i e s revista a gentileza de suas ex-
pressões :
"I'M LIVRO IMPORTANTE

T e m o s sobre a meza de trabalhos o inte


ressante livro de notas " A Imprensa Periodi-
ca"—do talentoso escriptor dr. Luiz Manoel.
F e r n a n d e s Sobrinho.
O livro, que é um resumo da historia da
imprensa do nosso E s t a d o , no período de 1832
a 1908, além da lista de todos os jornaes pu~
blicados aqui, traz bóas observações referentes
á g r a d a ç ã o sempre ascendente por que tem
passado o espirito do nosso povo.
F o l g a m o s de encontrar no trabalho do
dr. Luiz F e r n a n d e s mais um poderoso ele-
mento para o estudo da historia da nossa l i -
teratura.
— 197

Penhorados, agradecemos a fineza da


honrosa offerta".
Durante o annb de 1908 soffreu a redac-
ção da revista a seguinte modificação :
Tendo pedido exoneração dos cargos de
secretario e thesoureiro os srs. Octávio Se
vero, em Março, e Cyrilino Pimenta, em Se
tembro, foram, respectivamente, substituídos
pelos socios do grémio Nascimento Ferpan
des e Luiz Soares de Araujo. Estes e Amphi-
loquio Camara constituíram, pois, a commis-
são tpie, editando bons artigos de litteratura e
educação cívica e uma escolhida secção de
versos, em que figuravam quasi sempre G o
thardo Netto e Nascimento Fernandes, conti-
nuou a publicação da revista até 1909.

174 01VXOCLLO 1907 1908.


Appareceu em fins de 1907, dizendo se
orgam noticioso c critico. Mas, redigido por
Zeca G a s p a r e Acrísio Maya, nào passava de
um pasquim mal escripto e sem idéas.
Era o segundo que se publicava em Na-
tal com esse nome vid. n° 1 25.

17- O DIA 1907 08.


Pequeno jornal litterario e o segundo que
.ipparecia em Natal com esse nome vid.
" " '55-
Em 1908 pa ;sou a denominar-se (> ,\a
tolcnse.
176 IA'/Í DA /XFAXCIA 190«.
Orgam do soe ir do de infantil "Filhos do
Concerto', apparcceu esse jornalzinho em J a -
neiro, sob a redacção de Clementino (.'amara.
E r a m sua divisa a s lavras do "Eccle,si;is-
tes" 12, i Lembra te do teu Cf eaclor nos di
as da tua mpeidade ; e dizia ter por fim : " i n o -
cular no coração moldavel das crianças a se-
mente do Bem, que de si deixa pender os sa-
zonados fruetos do amor sincero, da caridade
n ã o fingida,da fé inabalavel em J e s u s C h r i s t o . "
líra impresso na typographia à'O Secu/o
e publicava-se mensalmente, em dia*; indeter-
minados, acceitando collaboração relativa ao
desenvolvimento moral e religioso d a s crian-
ças.

177 O XAT ALEN SE .'908.


O mesmo jornalzinholitterario denomina
do O Pia que appareceu nesta cidade em fins
de 1907. A 26 de janeiro do anuo seguinte, a o
publicar o n. 3,passou a denominar-se O Na-
ta/cuse, dando a r a z ã o dessa mudança n<> se
guinte editorial ;

"O XATALKNSK"

Admirar-se-ão certamente os nossos lei


tores d i a p p a r i ç á o . hoje, de nosso humilde
periódico sob o titulo Acima ; a lembrança.foi
feliz e o titulo é sublime não só porque oxpri
me como que uma personalidade iugenita
d esta soberba e decantada Felippéa, ainda
qut em abstracto, c o m o também porque pa-
tenteia, em toda sua extensão, o nosso de
votãmento pela gloriosa terra potyguar, que
viu do seu solo fecundo surgir e medrar tantas
conquistas e teve seiva para alimentar e nu-
trir vultos d o estai Ao de Mii^uelinho, A u g u s t o
S e v e r o , P e d r o V e l h o e muitos outros.
N ã o pensem os bondosos leitores que 6
innovação nossa, n ã o ; pelo contrario, acha-
mos que, com esta mudança no frontispício do
nosso periodieo infantil, vimos tão somente
dar um impulso ao nosso idéal de patriotas
que somos de par com os sentimentos de bair-
rismo, de que latamente somos impregnados.
Por outro lado, si não conservamos tra-
dição dos fundadores de nosso modesto hebdo-
madário, que gloriosa e brilhantemente m a -
nifestaram aos pacatos leitores o testemunho
frisante de um talento cultivado e de uma in-
telligencia lúcida, deixando ver atravez o pris-
ma de sua força intellectual o cunho de um
caracter rígido, pelos criteriosos trabalhos li-
tteraríos que lhes apresentaram, é porque jul-
gamos de bòa razão que, deixando aquèlle ti-
tulo e abraçando este novo, nada mais fazemos
do que dar mn rasgo de patriotismo* adjudi
cando ao nosso jornal um titulo gentílico, por-
que elle t a m b é m é filho da terra de Camarão.
D este modo acreditamos que os nossos
sensatos antecessores não nos detrahirão pela
simples mudança de nome que fizemos em
nosso orgam, uma vez que os consideramos
sempre ao lado dos grandes empreendimentos.
F i c a , pois, leitores, explicada a causa que
ncs levou a transviar da bitola (não no pro-
gramma de appnrecimento) traçada por »quel-
les que, cm bòa hora. fundaram o jornalzinho
—200

intitulado "O Dia", hoje "O Natalense".


A pez ar do sub-titulo de orgtfni liftcrario,
noticioso c huinoristico, de seu artigo program-
ma vê-se bem que se trata de um jornal de
meninos? e, effectivamente, eram seus reda-
ctores os dous jovens estudantes JoáÒ C a r l "
e Hénriquê Avila, aos quae% se foi incorporar,
no fim do anuo, ()scar Wanderley, outra cri-
ança. E com esta com missão redactora passa
para 1909.
O jornal de que o f a nós occupamós é o
terceiro que se publicava nesta cidade com o
nome? de O Xatalense Vid. n°s 1 e 27.
178 O BLCHO 1908.
Publicava-se aos domingos e, dizendo-se
organi noticioso c critico, distribuiu seu 1" nu-
mero no dia 26 de Julho; tendo como redar
tores J. H. Pivaut e Natalino e como gerente
K. Piquet, com a declaração de que toda cor-
respondência devia ser dirigida aos senrs.
|osé Felismino da .Silva e Gustavo Menezes,
á rua do Fogo.
" O s erros de muitos diz elle em seu 2?
numero as descabidas de outros terão com-
mentarios suaves, sem esses acerbos deslises
para a critica baixa e malsàn, onde o despu-
dor é premiado e a virtude coberta de vili-
pêndios".
No emtanto, era mal eseripto e por veze>
afastava se desse programma, deslizando&ccr-
bani ente para a critica baixa e malsã.

179 . 1 CAPITAL 190S.


A Republica, o velho orgain officiai do
E s t a d o e da imprensa indígena, em sua edi-
ção de io de Outubro, dá a seguinte alviça -
reira noticia :

" A C A P I T A L "

Deverá circular no dia 12 do corrente


nesta cidade o novo diário matutino . / Capi-
tal, de propriedade e sob a direcção dos nos-
sos presados amigos drs. Galdino Lima, Ho-
norio Carrilho e Juvenal Antunes.
A rigorosa fiscalização que presidiu á es
colha e montagem das suas officinas, a com-
petência intellectual dos seus illustres direc
tores, todos aífeitos já ao moirejar afanoso da
vida jornalística, são, por certo, elementos se-
guros e poderosos do completo êxito do novo
jornal, sendo o seu apparecimento esperado
com anciedade.
Tivemos hontem o prazer de visitar as
installaçòes do noyel çollcga e podemos aifii-
mar que, A Capital está perfeitamente appa-
relhada para desempenhar com brilho a sua
missão de jornal moderno, podendo suas offi-
cinas satisfazer as mais caprichosas neces-
sidades da arte tvpographica.
D a redacção do novo jornal f a r ã o parte,
alejr. dos n.ófs««os talentosos amigos que citá-
mos, o mavioso vate potyguar G thardo Net-
to, redactor litterario, e o dr. Nestor L i m a .
Ao que nos, consta, chefiará a redacção o dr.
G d d i n o L i m a , ficando aos seus dois dignos
companheiros de redacção distribuídas as ou-
tras funcçôe.s redaçcionaes.
— 202

E ' com verdadeiro prazer que I Repu-


blica antecipa aos seus presados amigos as
mais affectuosas saudações, fazendo sinceros
votos para que a vida do novoorgam seja u na
serie continua de brilhantes triumphos".
Effectivamente, no dia 12 do predicto
mez, precedido de um certo movimento de
sympathia, que foi "como um prenuncio dos
mais compensadores resultados", circulou nesta
cidade o 1 numerodo novo orgam, dixria da
manhã,medindo 51 eertts. de comprimento so-
bre 3S de largura, bem impresso e com o se-
guinte artigo de apresentação :

"AOS NOSSOS COESTADANOS

O jornal que hoje transpõe os luimbraes


da publicidade vasto campo semeado de tro-
phéos e louros, a relembrar triumphos e deser-
ções, revezes e glorias ; a folha que ora cir-
cula, solicitando dos seus confrades um logar
modesto no festim da imprensa Indígena, c
dos nossos coestadanos o prestigio moral e os
meios materiaes de que precisa para a sua
manutenção e estabilidade ; esta folha—dizia-
mos vem realizar uma aspiração, dar c o r p o
e vida a 11111 ideal, que vinha, ha tempos, in-
centivando alma e cerebro dos seus directores
e humildes e obscuros proprietários, abaixo
designados.
N ã o é que nos sentíssemos bastante for-
tes e apparelhados para a magna ta*rela que
nos ímpuzemos.
Muitos são, no Estado, e nesta capital,
principalmente, os paladinos illustrcs desm
santa cruzada do bem e da verdade (pie as-
sim consideramos a imprensa honesta e pa-
trioticamente inspirada.
Mas, quando um ideal, vehementemente
sentido e calorosamente esposado, de todo, o
espirito nos empolga,- sabfe se de quanto é
capaz a força que o suggére, vencendo obstá-
culos, superando diffieuldades.até cpíè de sim-
ples a s p i r a ç ã o transforma -se n'uma realidade
estridula e brilhante.
N ã o é a vaidade, o desejo fátuo de appa-
recer e crear renome -aspiração negativa
que nos irlCita a esta resolução.
Compenetrados' de que é dever de todo
homem luctar, e que o mais formoso combate
é o que se empenha em prol das grandes cau-
sas em (pie se objectivam as aspirações e ten-
dências vitaes de um pôvo ou de uma naciona-
lidade ; certos de que o maior serviço presta-
do a uma collectividade qualquer é o que, de
preferencia, visa o seu desenvolvimento p s y -
chico ou o seu progresso material ; convenci-
dos, ainda, de que a imprensa, dentre as for
ças sociaes tendentes áquelle fim, é uma das
mais poderosas e efficazes ; porque assim pen-
samos e melhor sentimos, é que sobre os hóm-
bros tomámos esta tarefa e simples amado-
res— vimo-nos de momento elevados á altura
de jornalistas, n u m meio em A i e nperiodis-
mo, servido por talentos de sscolha, vai se af-
firmandíf, cada dia, em brilhantes surtes al-
condorados ç tersos.
Natural, portanto, é que, cedendo a esse
impulso de moços que amam, sobretudo, o
bem estar e a fplicidade da 1'atria com m um
e, particularmente, a grandeza e a elevação do
meio social em que vivem, olvidando a exi-
guidade dos próprios recursos, pela excellen
cia da causa fossemos attrahidos.
Destas p davras resulta que nos não tra-
balha o espirito a idéa de nos constituirmos
arautos do .jornalismo potyguar,
Nós refugamos, por inattingivel, tudo quan-
to gravitar acima da limitada esphera de nossa
inteljectualidade.
N ã o nos constituímos, egualmente, or
gam de um partido ; nem assumimos, por
isso mesmo, as responsabilidades que dessa
investidura decorrem. .Visamos, tão somente,
approximar-nos, quanto possível, dessa fonte,
perennemente clara - a opinião publica nella
haurindo os ensinamentos de q.ue seremos
portadores, transmittindo-os, por nossa vez,
aos que do alto , imprimem o movimento do
.nosso progresso c; bem estar econômico e so-
cial.
Vimos, assim, preencher o Jogar, quf o
destino nos confiou, de verdadeiros interpretes
do sentir .desapaixonado de grande numero
de nossos concidadãos.
A necessidade de um jornal com esta ori
entaçào vinha de ha muito se fazendo sentir ;
e, como tal, mais cedo ou mais tarde, devera
ser preenchida.
Diíficil é a tarefa sabemol -o—.como di-
fficjl nos foi, na crise que trabalha o Estado,
dar vida é organização a esta em preza.
Os nossos concidadãos, possuídos dos
inesmosentimontos que vimos aqui externan-
do e, portanto, scientes da magnitude e da
elevação dos intuitos que nos dominam—esta-
mos certos—pressurosos virão em nosso auxi-
lio, concorrendo com o seu obulo material para
a manutenção desta folha e—o que é mais —
com o seu estimulo e o seu encorajamento
para que não baqueemos na lucta encetada.
De vós, ó riograndenses, depende o e,\ito
dest a em preza ! A s vossas mãos bemfeitoras
entregamos, confiantes e serenos do resultado,
a cm pressa D'A CAIMT.U..
GALDINO LIMA
1 IONOKIO C A R R I L H O
Juvknal ANTUNKS."

Além deste, notam-se mais no numero


inicial bons artigos de Nestor Lima e Gothar-
do Netto sobre o mesmo assumpto e íntelli-
gente e vriada collaboração.
. / Capital diz-se propriedade de uma Km-
preza e tem suas redacção e officinas & " R u a
da Conceição", n. 14.
O novo orgam foi bem recebido por toda
a imprensa local, inclusive o Bloco, que, espi-
rituoso e brincalhão, como sempre, recom
menda que "ninguém méssa o valor do novo
diário pelo tamanho dos seus t,res directores :
elles são, na verdade, todos pequinitates, pe-
quininínhos mesmo ; mas, lã dizem os enten
clidos qTie nos frascos minúsculos é que sè
guardam as melhores essências". .
Da secção das musas, intitulada B K I . I . K -
. -'_>()<"» —

TRisTicA, era assíduo çollahorador Gothardo


Nettp, o mavioso cantor das " F o l h a s Mor
' tas", de quem registro estes dous bellos so-
netos, já publicados pela Pax, num (piadro
sol» o titulo de

PAGINA AZ T L

0' seduetora e fali ida morena,


Pe voz divina e fulgidos olhares,
Tens no cahello o aroma dos pomai es
PI o perfil de uma débil açucena.

P>orme em teu ser, com o o coral nos mares,


A luz, a luz nostálg ica e serena
Que orvalha as noites dessa vida amena
f: os meus dias de gélidos pezares.

A "esse olhar de gact lia espavorida


Fulge um santelmo—esplendi tia guarida
Xas proce/las da dúvida terrena.

Fm ti se i nu rra todo o bem que aspiro:


P s meu sonho, és meu canto,és meu suspiro,
0 seduetora e pal/jda morena.

II

Vejo-a agora passar... volta do banho.


Volta, que ainda as pérolas mi mofas
Pesccnj das ondas puras e formosas
Po cabello aromaiico < castanho.
Na carne emflôr, de um colorido estranho,
Tem vivas seducções peccamincsas...
•jyy4s antigas bellfzas fabulosas
Jamais brilharam com fulgôr tamanho.

Todos dirão : que mágicos olhares


Ton- essa virgem languida e franzina,
lissa flôr das morenas potyguares !

fi pa ssa... e passa com gentil vaidade,


No dôce encanto da mulher divina,
No divino esplendor da mocidade.

Na edição de 2 de Dezembro, mostrando,


com critério e grande elevação de vistas, qual
deva ser a verdadeira missão da imprensa, de
modo ainda mais claro accentua A Capital
o seu programma no seguinte editorial :
" N O ' S li O P U B L I C O
A afanosa missão da imprensa exige qua-
lidades cspeciaes de quem se proponha ex-
ercei a.
Antes de tudo, o jornalista tem o dever
de ser calmo e reflectido. Não lhe cabe dar ás
questões sujeitas ao seu exame o cunho pcs-
sociale por isso mesmo injustificável.
Deve doutrinar do alto, tendo em vista os
justos reclamos da opinião, e oppôr-se muita
vez a esta, quando do estudo acurado dos fa-
ctos resultar a convicção de que a corrente
seguida não é a verdadeira.
Por isso. a sua missão, sobre ser afanosa,
é delicadíssima.
Collocado, não raro, em situação diversa
da (jue o meio social lhe suggére, o homem da
imprensa tem contra si, uma vez verificada
esta hvpothesè, a animad versão desse mesmo
meio, acarretando difficuldades outras, oriun-
das daquellà situação.
O povo, ou melhor, a massa anon vma de
(]ue se compõem as sociedades, não se dá ge-
ralmente ao trabalho de investigar as causas
geradoras dos acontecimentos.
D a h i a necessidade da imprensa orien-
tal o ; e, si elia não se acha em condições de
satisfazer, com isenção e justiça, esse dever,
a sua acção torna-se inútil,ou antes, prejudicial.
As paixões que nos assediam individual-
mente, por vezes, a empolgam, difhcultando-
Ihe o cumprimento austéro de sua alta missão.
Para fugir a esse escolho, em que tantos
têm naufragado, é que devemos estar conti
nuamente de sobre-aviso.
K c que, felizmente, para honra nossa,
se tem verificado na orientação desta folha.
Quando fizemos na imprensa o nosso ap-
pareeimento, outras não eram as nossas in-
tenções.
Ao contrario, os idéaes que nos acalenta-
vam mais elevados se nos antolham, d e m o
do a não pretendermos fugir do itinerário se-
guido.
Defenderemos a nossa causa, que é a do
Rio Grande do Norte, com todas as energias
dos nossos espíritos,nãoaffeitos ás vâcillações,
que deturpam, ás transigências,que dessoram,
A nossa misslão é construetora. K' a mis-
209

são dos (]ue não possuem odios nem vingan-


ças ; dos que tão pouco não alimentam ambi-
ções desarrazoadas.
Certos de que o homem tem na sociedade
, altos deveres a cumprir ; que elle deve, sobre
tudo, ser útil á terra de onde haure as forças e
os estímulos para a grande batalha da vida ;
—assim foi que nos atiramos ás agruras desta
empreza, tendo simplesmente a nortear-nos as
promessas de bem servirmos os interesses vi
taes da collectividade a que pertencemos.
Enfrentamos sem vãos temores a liça
onde digladiavam paladinos illustres da santa
cruzada ; e nada conseguirá demover-nos da
trajectória que nos traçámos, que é a de c o l o -
carmos a imprensa indígena na altura a que
tem incontestável direito, attentos o incontes-
tável' progresso e os avanços da civilização
em nosso meio.
Batalhar pela causa sagrada deste núcleo
estremecido que é o Rio Grande do Norte
affigura-se-nos dever imprescriptivel, contra o
qual não valem solicitações de qualquer na-
tureza.
Abraçamos o nosso posto, que è o de sa-
crifícios heróicos em prol da terra norte-rio-
grandense !".
E assim, com os - mesmos intuitos e sob a
mesma redacção, possa A Capital para 1909.

180— O TORPE D 0 - i 908.


ü r g a m da " D i v i s ã o Branca", sociedade
recreativa fundada por alguns moços desta e
da cidade da Macahyba, e tendo como redac-
tores Riachueio, Mätto- Grosso e Benjamim
Constant, pseudonymes de alguns rapazes
dessa sociedade, tomados aos vasos de guerra
da divisão nacional que deu-lhe o nome, pu-
blicou seu r° numero no dia 25 de Dezembro,
impresso em tinta 'verde e com o seguinte
programma :
"CAPA SEM CHAPA
Dia de festa, cheio de alegria,
Vem O Torpedo á luz entre caricias,
Saudando n uma enorme cortezia
A terra, o povo, as dulcidas patrícias.

Eis O Torpeao, Adora as cores


Oue muito cedo E os esplendores
S a e do canhão, Da Divisão.
Graças fazendo, Por isso smart,
Novas trazendo Com geito e arte,
Da Divisão. Sae do canhão.

Travessa, rtndo, Seu Benjamim


N um riso infindo, Constant, sem hm
A folha nova Terno poeta,
L e v a alegria Na sua lòa
A toda cria, Faz gente boa
Até na cova. Ficar pateta.

Tem som de bronze, O Matto-Grosso,


Vale por onze, Caboclo moço,
Cheira á modinha ; Mas carregado,
Nunca tem pena, C á está "contando"
Canta a morena, Do nosso bando
Canta a loirinha. Viver amado...
211-—

Sempre risonho, Riachuelo,


T a l como um sonho Que adora o bello,
D'a mor feliz, De penna á mão
Vem hoje a lume, Conta as façanhas
Todo perfume, (Não ha tamanhas)
Nosso petís. D a Divisão.

P'ra não fazer historia mais comprida


li p'ra falar linguagem pura e franca,
Escutem :—O Torpedo—é nesta vida
A alma da fugaz Divisão Branca."

Publica ainda esse numero, além de va-


riada collaboração em prosa e verso, o hymno
da " D i v i s ã o Branca".
E lá se vae mar em fóra o representante
da. valente esquadra, affrontando corajoso as
duvidas e incertezas do futuro.

FIM DA SECÇÃO

Luiz FERNANDES.
flbtafinalá 1-Secção
DA

Imprensa Periodica

Cumprindo agora o que prometti no c o -


meço desta secção, transcrevo em seguida,
guardando a propria orthographia e feição ma
teriaI, 3 documentos relativos á typograpJiia
d'O Natalcnsc, 1 9 que se montou nesta Capi-
tal.
Os originaes destes documentos serão re-
colhidos ao archivo do Instituto Historico e
Geographico do Rio Cirande do Norte, onde
poderão ser examinados, e com elles mais o
de uma relação dos actos legislativos impres-
sos na mesma typographia até io de Outubro
de 1838, assignada pelo officiai maior da S e -
cretaria da Assembléa Provincial, Bento Ger-
vásio Freire do Revoredo.
DOC. N. 1

Conta corrente demonstrativa da receita, edespeza da Tvpographia Natalense, desde seu estabelescimento té

19 de Setembro de 1833.

MM
. Utfw» uiimiui'

RECEITA DESPEZA

15 % A c ç õ e s r e c e b i d a s 7758000 C o m p r a da T v p o g r a p h i a r.6298840
17 yí v e n d i d a s , enão r e c e b i d a s 8758000 Desconto q u e houve no p a g a m ' ? a f a v o r da
7 p* v e n d e r 3505,000 Socied"-; , c o n t r a os c o m p r a d o r e s . . 3 9 8 8 4 0
Q u e r e c e b e o o T h e s o r " Fag«'«» dos assignaDtes 77$'",00
Importe liquido da m ™ 1 « y f - ••• :590800o
( Hie r e c e b e o o T h e s o r * S o u z a d " Í38700
A s s i n a t u r a s q' r e c e b e o o (Compositor 48000 C o n d u ç ã o da t v p o g r a p h i a , do compositor, ema» d e s p e
Impressão da T h e s o u r a , q' o m", 1 " tem enisi 2K8800 zas até ella s e montar 2628900
Q u e d e s p e n d e o o T h e s o r " Fagd. 1 ' 8 /ff 1488404
Que despendeo o T h e s o r ' Souza 11881^0
O q u e secjeve ao c o m p o s i t o r d e resto deseo O1 d e n a d o
v e n c i d o d e 2 de y b r " d e i 8 . ^ á 2 d e y h i * ^ l S 3 3 - • 1668546
T r a n s p * c do m » p'-1 o R i o d e Janr'-' 1008000
2: 3248000
Somm& das despezas... 2:3858970
Receita 2:3248000

Alcance 00618970

l i e d e n o t a r q u e o custo da T v p o g r a p h i a e m a . d e s p e z a s até ella e montar importa em R s 1 : : ' 5 2 8 9 0 0 ; e s e n d o o importe das (o ací<>eS ,v


r e s u l t a d e s o b r a a f a v o r da S o c i e d a d e Ks. 14.78100.
(
T a m b é m s e d e v e notar, q u e o a l c a n c e da d e s p e z a q u e a p a r e c e c e n t r a a r e c e i t a d e r « 6 1 8 9 7 0 , d e v e - s e e n t e n d e r d e p o i s d e satisfeito a ° "mpoMtoi •'•)
1
ile i s . 2668546, q u e se a c h a i n c l u í d a como d e s p e z a , p " q' não ertsí paga

] '.AZ 0 C ) U A R 1 A T O R R R K Ã O

J()SF. FERN"•' ;s CARRIr.II()

URBANO EGIDE DA S I L V A COSTA.


DOC. N. 2

l l i r c E x T Senr.

Sendo o*Governo desta Província autori-


zado pela L e i Provincial, n v de i i de F e -
vereiro do anuo p„, à fazer a dispeza necessá-
ria com a impressão das Leis, Projectos <K: ;
com essa autorização contraetou com o Direc-
tor da Soçied • Typographica, em 23 do d°
mez, e anno, sobre o preço das impressoens
mandadas fazer pelo Governo, sendo huã das
clausulas do contracto, que o m'V" Governo fa-
ça effectivo o pagam 1 . 0 , á vista da conta exa-
minada. F m consequência disto, havendo se
imprimido na Typographia desta Cid 0 , pr or-
dem de Y. E x í l os Actos Provinciaes, constan-
tes da relação induza, rogo â l i x • , q' man -
dando examina la, e fazer a conta na forma
do d 9 Contracto, mande também satisfazer o q . r
se houver de dever á m"m Tvpographia.

Deos Guarde a Y . E x * Natal 10 de J a -


neiro de 1837.

l l i r e Ex".'" Senr. Bacharel J o ã o J o s é Fer-


reira d'Aguiar
Prezidente desta Província.

JOÃO V A L E N T I N O D A N T A S PINAGÉ
Director da Socied'.' Typographica.
DOC. N. 3

Tilr c Ex".10 Sr.

T e n h o a honra de levar á presença


de V . E x : i a Relação junta do que se esta
à d e v e r á T y p o g r a p h i a Natalense.e peço
á V. Kx'7 haja de mandar indemnizar
essa quantia, para occorrer a diversas
despezas com a sobredita T y p o g g r a -
phi.

Deos Guarde a Y . E x : i Cidade do


Natal 14 de qbr" de 1837.

111'?" eEx".'" S . r I)'" Manoel Ribeiro daSil-


va Lisboa, Prezidente desta Província.

ANTONIO Josk DE MOURA


Vic.e-Director.
Kf PERI O R I O
I)AS

Leis Esta d uaes referentes a o s iiiiinicipios

PAU DOS FERROS


(Povoação até 4 de Setembro de 1856)

1835 —A lei n. II, de 9 de Março, creou uma


cadeira de ensino primário na povoa-
ção de Pão dos Ferros, sede da fregue-
zia, do município da villa de Portalegre.

1 8 4 0 — A resolução >/. 52, de 2 de Novembro,


creandq a freguezia da Serra do Mar-
tins, desmembrada da de Páo dos Fer-
ros, limitou-a, pelo poente, com a mes-
ma freguezia de Páo dos Ferros, com-
prehendendo os logares Cacimba de
cima, Barriguda, Cumbe, Fidalgo, Cas-
cavel, Foço de pedra, Almas, Melancia,
Sacco, Fica e Bom Jesus.

1850 —-A resolução n. 213, de 5 de Junho, creou


uma cadeira de primeiras lettras, para
o sexo masculino, nesta povoação.
214

—. / resolução v. 2/4, da mesma data, ins-


taurou o districto de paz da povoação
de S. Miguel, desta freguezia, com os
mesmos limites dos da subdelegada de
policia e que foram,outrora,designados
para o mesmo districto.

1856—A resolução n. 344, de 4 de Setembro, '


elevou Á categoria de \ T L L A a povoa
ção de Páo dos Ferros, cujo município
terá os limites da freguezia do mesmo
nome. a excepção somente do territó-
rio que começa, pelo lado do norte, do
serrote da Alagôa dos Morros para o
riacho da Tesoura, e por este abaixo
até a sua fóz, no rio Apody, a t r a v e s -
sando, em linha recta, para a ponta
de cima da serra Jatobá. O referido
território ficará pertencendo á jurisdi-
cção municipal da villa de Portalegre.

1 8 5 7 — A resolução u. 359, de 2 de Abril, de-


terminou que os limites do município
desta villa fossem os mesmos da f r e -
guezia, ficando sem efteito qüaesquer "
disposições em contrario.

A lei n. 363, de 23 do mesmo mez, fi-


xou em 3 1 3 $ a despesa da Camara Mu-
nicipal da villa de Páo dos Ferros, para
o anno financeiro de 1858.

1858 A lei n. 4/5, de 4 de Setembro, a u c t o -


rizou o Presidente da Província a des
pender atè á quantia de i :ooo#ooo com
as obras da matriz desta freguezia, e a
de 5oo$ooo c o m a construCçSodo cemi-
terio,

A lei n. 122, de / / do mesmo mez, fixou


em 2 2 1 $ a despesa da Camara Muni-
cipal da villa de P á o dos Ferros, para
o armo financeiro de 1X59.

1S59- .1 lein. 162, de 17 de Maio) fixou em


2783200 a despesa da Camara Muni
cipal da villa de Páo dos Ferros, no
anuo financeiro de 1860,

1860 — A lei 11. 194, de / de Maio, fixou em


833$ a despesa da Camara Municipal
da villa de Páo dos Ferros, no anuo fi-
nanceiro de I86I, inclusive 400$ para a
compra de uma casa.

1862— A lei n. 526, de 25 de Abril, fixou em


em 266$ a despesa da Camara Muni-
cipal da villa de Páo dos Ferros, para
o anno financeiro de 1863.

1864— A lei 11. 575, de 22 de Dcsembro, fixou


em 283$ a despesa da Camara Munici-
pal da villa de Páo dos Ferros, no anno
financeiro de 1865. A mesma lei, art.
29, determinou que o Presidente da
Província expedisse as convenientes or-
dens para tofnar-se cffectiva a multa
- 2K'>

decretada no art. 29 da lei provincial n.


234, de j9 de Setembro de 1851, pela
falta de remessa do respectivo orça
mento.

-A lei n. 542, de 2 de Julho, art. 1, de-


terminou que a receita e despesa das
Camaras Municipaes da Proyincia,den-
tro do corrente anno, fossem reguladas
pela de n. 526, de 25 de Abril de 1862.

1865 A lei 11. 587, de 2/ de Dezembro, ap-


provou dois artigos de posturas da Ca-
mara Municipal.

I lei n. 591, de 28 do mesmo mez, li-


xou em 247$ a despesa da Camara Mu-
nicipal da villa de Pão dos Ferros no
anno financeiro de 1866.

1 8 6 7 — A lei 11. 599, de 11 de /unho, lixou


em 444$ a despesa da Camara Muni-
cipal da villa de Páo dos Ferros, no
anno financeiro de 1867. .

1868 -A lei 11. 61J, de 26 de Março, fixou em


304$ a despesa da Camara Municipal
da villa de Páo dos Ferros, para o a n n o
financeiro de 18Ó8.

}$jo—A lei n. 628, de 26 de Xovembro, fixou


em 432$ a despesa da Camara Munici-
pal da villa de Páo dos Ferros, para o
anno financeiro'de 1 8 7 1 .
T S7 T ./ lei n. O Hf de l l de PczeMbro, ap-
provou o contracto celebrado pela Ca-
mara Municipal de Páo dós Ferros com
Luiz de FrattÇá Souza, em data de 26
de Novembro do anno passado, para
a construfcçáo cie uma casa de merca-
do e açougue na povoação de S. Mi
guel,

--. 1 In u. 651, da mesma da/a, fixou em


530$ a despesa da C a m a r a Municipal
da villa de P á o dos Ferros, 110 anno fi
nanceiro de 1872. A mesma lei, art. 26,
auctorizou esta Camara a despender
com a construcção de uma casa para
suas sessões a quantia que fosse neces-
sária.

1K73 -.-/ L i //. 664, de 2/ de Julho, fixou cm


782$ a despesa da Camara Municipal
da villa de P á o dos Ferros, no anno fi-
nanceiro de 1S73.

I lei u. 6~H, de l de . \goste, fixou cm


142$ a despesa da C a m a r a Municipal
da villa de Páo dos Ferros, no anno fi-
nanceiro de 1X74.

.-/ lei n. 6*3, de A' do mesmo me:, des-


membrou da comarca de Maioridade o
município e termo de Páo dos Ferros
para constituir a comarca cio mesmo
nome.
2|lí-í

187 | -A lei n. 690, de- 3 dr . lgo.d o, orçou um


districto de paz na subdelegada do dis-
tricto da \ jctoria, termo de Pão dos
Forro*, comarca do mesmo nome.

I lei //. 70\, di / de Setembro, fixou


cm 4|2# a despesa da C a m a r a Munici-
pal da villa de 1 ' á o d o s Ferros.no anrio
financeiro de 1875.

1875 / lei //. 7 1'), de 2 3 de Agosto, fixou em


467$ a despesa da Camara Municipal
da villa dé Páo dos Fefrrts, no a uno fi
nancciro de 1876.

I lei u, 760, de de Setembro, creou


uma fregúezia na povoação de S. Mi
guel, do município de Pá o dos Ferros,
tendo por limites os do districto de paz.
1

1870 I lei //. 776, de l/ de Peiembro, ele-


vou á categoria de Vii.i.x a povoação de
S. Miguel, do município de Pá o dos
Ferros, com a mesma denominação e
tendo seu município por limites os da
actual fregúezia do mesmo nome.

liei 11. 795, d, /6 do mesmo me ., fixou


em 407$ a despesa da C a m a r a Muni
cipal (la villa de Pào.dos Ferros, de 1 "
de )aneiro a 31 de Dezembro de 1877.

1870 . 1 lei h. ^29, de 7 de fevereiro,


(orçamento) consignou na ve rba <>
—528

bras Publicas —_> :ooo$000 para as obras


da matriz de Pão dos Ferros. A mes
ma lei, art. 16. aboliu o dizimo de la-
vouras do sertão, propiamente dito,
desta frcguezia.

• / /«rv#. 'V 16, de 15 do v/esmo n/e::, lixou


em c)6J$ a despesa da C a m a r a Muni
eipal da villa de Páo dos Ferros, de 1
de Outubro de 1878 a 30 de Setembro
de 1870,

1 8 8 2 - f V . v f , e/e /5 ifi j/tll/fr, (orça-


mento, art. 10), concedeu á C a m a r a
Municipal o dizimo de miunças do res-
pectivo município.

. I /et //. A "»"7, ,/r /9 t/o mesmo n/é::, fi


xou em 650$ a despesa da C a m a r a
Municipal, no exercício financeiro de
1882 a 1883. A mesma lei, art. 48, au-
ctorizou-a a cobrar,como sua receita, o
dizimo de miunças do município,

/ lei u, X66, i/e 2 / t/o mesmo me:, a-


pprovou o código de posturas da ( ama-
ra Municipal.

1883 - . I /ei //. 'V VV, (/i 25 de I/>>•//, lixou em


6 5 0 1 a despesa da Camara Municipal,
tio e x e r c i d o financeiro de 1883 a 1884.

1884 . I lei n. 'J/6, de 12 de Março, fixou em


670$ a despesa dá Camara Municipal,
—21io

no anno financeiro de 1 8 8 4 3 1885—A


mesma lei, art. 30, auctortzoua a co-
brar,como sua receita, o dizimo de mi-
unças vivas da respectiva Ireguczia.

. I lei n. 020, de / 3 do mesmo me: , ere-


ou uma cadeira de ensino primai io, pa-
ra o sexo masculino, na povoação de
Victoria, do município de P á o d o s Fer-
ros,
\

1885 .1 lei 11. ile 21 de Março, tornou


mixta a cadeira de ensino primário da
povoação de Victoria, creada pela lei
11. 920, de 13 de março de 1884.

.1 li i //. 'J16, dr 23 do mesmo mez, a-


pprovou artigos addicionaes ;is postu -
ras da Cantara Municipal.

. I Itl n. de 2/ do mesmo mit, fixou


em Ó20S a despesa da C a m a r a Munici
pai, no exercício financeiro de 1885 a
[886. A mesma lei, art. 47, concedeu-
lhe o dizimo de miunças do respectivo
município,

1886 . I lei 11. <J6/, de 20 di . \bril, art. ,3, de-


terminou que, o 2" tabelbào, escrivão
do crime e eivei do termo de Páo dos
Ferros, servisse, por distribuição com o
1", os officios de escrivão de orphãos.
ausentes, capellas e resíduos do mes-
mo termo.
oO1

. / lei //. 962, de 21 do mesmo me.:, sup-


primiu a cadeira mixta de ensino pri-
mário da povoação da Vjictoria, do ter-
mo de Pá o dos Ferros» e creou uma do
sexo masculino na mesma povoação.

. 1 lei n, 976, de J de Junho, creou uma


freguezia na povoação de Luiz Gomes,
do município de Páo dos Ferros, com
a denominação de paroçhia de .Senhora
Sant'Anna, tendo por limites os mes-
mos do districto de paz da mesma po-
voação;

A lei n. 9X2, de 12 do mesmo mes, fi-


xou em 6\o$ a despesa da Camara Mu-
nicipal, no anuo financeiro de i K86 a
a 1887.

1887 ./ lei n. I JiiiO, de II de Abril, fixou .


cm 645$ a despesa da Camara Muni
cl pai, no exercício financeiro de 1888,
determinando, art. 3 1 , (pie a mesma lei
regesse o anno financeiro de 1888, que
coincideria com o anno civil, e o tri-
mestre de Outubro a Dezembro de
1887.

1890 - O decreto n. 2<J, de 2') de Junho, (go-


verno provisorio) determinou que, de
então em deante, em todas as causas e
actos judicíaes que tenham de ser pro-
cessados no cartorio de orphãos e da
provedoria de capellas e resíduos do
termo de Páo dos Ferros ficasse sendo
o cidadão Francisco das C h a g a s Fer-
nandes o único competente para func-
cionar como escrivão, na qualidade de
serventuário privativo, que é, de taes
officiòs.

— O direto n. 30, de 5 de Julho, ereou a


comarca de vS. Miguel, comprehenden-
do o termo do mesmo nome e o distri-
cto de Luiz Gomes, desmembrados da
comarca de P ã o dos F'erros, tendo por
sede a villa de S. Miguel.

-O decreto n. 3/ da mesma data, elevou


â categoria de V I L L A , desmembrando a
do município de Páo dos Perros, a po-
voarão de Luiz Gomes, que passou a
constituir um novo município çom a
mesma denominação e tendo por limi
tes os aetuaes do respectivo distrieto
de paz.

O decreto n. 48, de 28 de Agosto, fixou


em 585^000 a despesa da Intendencia
Municipal da villa de Páo dos Ferros,
no anno financeiro de 1890, e orçou a
receita em 66o$ooo.

-O decreto n. 51, de 22 de Setembro,


concedeu a J o ã o Pereira Sjlva Mon-
teiro, Francisco L o p e s Ferraz Sobri-
nho, Joaquim José Valentim de A l -
meida e Augusto Severo de Albuquer-
que Maranhão, negociantes e capita-
listas residentes na Capital Federal e
neste Estado, ou á companhia por elles
organizada, privilegio por cincoenta an-
nos para a ccnstrucçâo, uso e goso de
uma estrada de ferro, de um metro en-
tre trilhos, que, partindo de Areia Bran-
ca, na embocadura do rio Mossoró, di-
rija-se ao ponto mais conveniente da
serra de Luiz (ibmes, passando pe-
los municípios de Mossoró, Carahubas,
Apody, Porta-Alegre, Martins, Páo
dos Ferros e Luiz Gomes.

O decreto n. 60, de 16 de Outubro, des-


membrou do município de Páo dos Fer-
ros e elevou á categoria de Villa e mu-
nicípio a povoação de Victoria (i).

vS, MG LI EL

( P o v o a ç ã o até l i de D e z e m b r o de t 8 ; 6 )

1850 -.-/ resolução n. 214, de 5 d< Junho, in-


staurou o districto de paz da povoação

( 1 ) A v i l l a e m u n i c í p i o d e V i c t o r i a níio f ò f à m m a n t i d o s n a
organização do Estado, voltando o respectivo territorio a incor-
p o r a r se a o m u n i c í p i o d a villa d e Hão dos F e r r o s , d o n d e f ô r a
d e s m e m b r i d o L e i n. í(>' d e if> d e j u n h o d e i S o » .
221- -

de S . Miguel, da freguezia de Páò dos


Ferrps, com ps mesmos limites da
subdelegada de policia e que foram ou-
trora designados para o mesmo dis-
tricto,

1855 A resolução n. J/2, de I de Acosto,


creou uma cadeira de primeiras lettras,
para o sexo masculino, na povoação de
S. Miguel, do munidpiode Porta-alegre.

1868 . / lei //. 611, de 26 de Março, (orça


mento, art. 27), declarou em vigor o
contracto celebrado com José Antonio
de Carvalho para a construcção de uma
casa de mercado na povoação de S.
Miguel,

1870- . I lei 11. 621, de 10 de Novembro, cre-


ou uma cadeira de ensino primário, para
o sexo feminino, na povoação de S.
Miguel, da ; freguezia de Pão dos Ferros.

1871 A IA n. âlO, de / / dè Dezembro, ap


provou o contracto celebrado entre a
< amara Municipal de Pão cios F e r f o s Ç
o cidadão Luiz de F r a o ç a Souza, em
26 de Novembro de 1870, para a con-
strucção de uma casa de mercado e açou-
gue na povoação de S. Miguel, de seu
município.

1873--«-./ lei n. 662, de 12 de Julho, auctori-


zou o Presidente da Província a des-
-22õ

pendor a, quantia necessaria para a a-


bertura de uma estrada que ligue a ei
dadè de Mossoró á íérra de S. Miguel,
com uma ramificação para a cidade da
Imperatriz.

1X75—./ lei n. 760, de 9 de Setembro, creou


uma freguezíà na povoação de S. Mi
guel, do município de Pão dos Ferros,
tendo por limites os do districto de paz.

1S7Ó .1 lei u, 776, de II de Dezembro, ele-


vou Á categoria de Y U X A a povoação
de S. Miguel, do município de Pão dos
Ferros; com a mesma denominação e
tendo seu município por limites os da
actual freguezia do mesmo nome.

• / lei u, 79$. de 16 do mesmo mez, art.


|i, determinou «pie as C a m a r a s Muni-
cipais das villas novamente creadas re-
gulassem sua receita e despesa, no anno
financeiro de 1S77, pelo orçamento da-
qucllas donde foram desmembradas.

1870- ./ lei a. af?6, de IS de Fevereiro, art.


30, dispo/, que o anuo financeiro para
as C a m a r a s Municipaes da Província
se contasse de 1 0 de Outubro a 30 de
Scítembro, conforme á resolução de 31
de Outubro de 183 r : e que sua receita
o despesa de de Janeiro a 30 de S e
tembro de 1879 fossem reguladas pela
lei de orçamento n. 795, de 16 de De-
535

zembro de 1876, ficando assim appro-


vada a portaria do Presidente da P r o -
víncia que mandou vigorar para o ex-
ercício de Janeiro a Dezembro de 1878
a mencionada lei.
lci
1883—4 "• 4e 27 dc Al»'il,\orça-
mento) consignou 11a verba O b r a s
Publicas- o auxilio de 500$ ás obras do
cemitério publico da povoação (?) de
S. Miguel de Páo dos Ferros.

188 | ./ lei n. ')<) /, de /2 dc .l/e,>•<<>, aucto-


rizou o Presidente da Província a man-
dar construir um açude na villa de S .
Miguel de Páo dos Ferros, no riacho
denominado Rôa vista,precedendo des-
apropriação municipal do terreno do
mesmo riacho pertencente a D. Rachel
de Souza Lima Carvalho. Concluído o
açude, ficará sob a administração da
Camara Municipal <|ue aforará o ter-
reno em vasantes de dez a trinta bra-
ças, preferindo famílias pobres e labo-
riosas do município, sendo gratuito o
uso dagua que é de serventia publica.
O art. 6 da mesma lei auctorizou tam-
bém o Presidente da Província n des-
pender com este serviço até á quantia
de 3:500$, sendo um conto de réis com
a desapropriação do terreno de D. R a -
chel Carvalho.

' I lei )/. 022, de IS di J/imo, (orça-


_ ooy

mcn1io>)<fonsignou na vci^ba- lObra-s Pu


blieas— um auxilio de 500$ para o oe-
rniterio de S. Miguel de Páo dos porros.

1885 . 1 lei ,1, d, ?/y efe Março, fixou em


525$ a despesa da Camara Municipal
no exercido financeiro de de Outu-
bro de 1885 a 30 de Setembro de 1886.

18X6 . / lei 11. 'J67, de -? V de J/aia, approvou


o codigo de posturas da Camara Muni-
cipal da villa de vS. Miguel de Pá o do«
I'"erros.
1
-- l lei 11. 9'S'S, de J7 de Junho, (orça
mento) consignou 11a verba—Obras Pu-
blicas—a quantia de 500*000 para o
cemitério da villa de S. Miguel.

18X7--. / lei a. /000, de II de . Viril, art. 36


£ 10, auetorizou a Camara Municipal a
applicar o saldo de sua receita á ac
quisição de moveis e utensílios que se
fizerem necessários á boa ordem e ser-
viço da mesma Camara.

1890—O d, creio u. 14, de M de Fevereiro,


(governo provisorio) elevou a cinco o
numero de Intendentes da villa de S.
Miguel, anteriormente fixado em tres
pelo decreto n. 9, de i X d c Janeiro,
537 —

rjuo dissolveu as ("amaras Municipaes


(lo listado.

— O d cerdo n. 30, d< 5 de Julho, crcou a


comarca d e S. Miguel, com prehendendo
o termo do mesmo nome e o districto
de Luiz Gomes, desmembrados da co-
marca de L à o dos berros, tendo por
sede a villa de S. Miguel.

1,111/ GOMES
( P o v o a c S o até |i de Julho de iHijo)

1X52 .1 resolução u. 250, de 23 de 3/orço,


instaurou o districto de paz de Luiz
( iomes, do município de Portaalegrc.

. I n solução u. 257, de !'•' de . \brjll, orç-


ou uma cadeira de primeiras lettras,
para o sexo masculino, na povoação de
de Luiz Gomes.

t8&2—. / lei u. V/.?, ele 23 d> Junho, instau-


rou a cadeira de instrucção primaria,
para o sexo masculino, na povoação
Luiz G o m e s .

.7 lei n. 853, d< 15 d< junho (orça-


mento, art. 8 >f 4°), anctorizou o Presi-
dente da Província a auxiliai a constru-
, cçáo da igreja da povoação de Luiz
(iomes com. a quantia de 1 ;oo<)<000,
—538

1883 •' >'• XX 2, de 5 de Abril, creou uma


cadeira de instrueçAo primaria, para o
sexo feminino, na povoação de Luiz
(romesido município de Páo dos Ferros.

1 8 8 5 — A lei 941, de 21 de Março, art. 3.


ex tingiu o districto de paz de Luiz (lo,
mes, do município de Pão dos Ferros-
ficando seu territorio sujeito á jurisdic
çáo do districto da sede da villa.

1886 A lei ii. 96 ?, de 22 de Abril revogou a


• dc n. 941*, de 21 de Março de 1885, que
extinguiu o districto de paz de Luiz Go-
mes, deixando em vigor a legislação
anterior.

A lei u. 976, de / de /unho, creou uma


freguezia na povoação de Luiz Gomes,
do município de Páo dos Ferros, com
a denominação de parocliia de Senhora
Sant'Anna, tendo por limites os mes-
mos do districto de paz da mesma po-
voação.

1890 — O decreto //, 30, de 5 de Julho, creou


.a comarca de S. Miguel, comprehen-
«lendo o termo do m e s m o nome e o dis
tricto de Luiz Gomes, desmembrados
da comarca de Páo dos Ferros, tendo
por sé de a villa de S. Miguel.

-O decreto 11. 3r, da mesma data, ele-


2 HO

vou á categoria de V I L L A , desmem-


brando a do município de Páo dos Fer-
ros, a povoação de Luiz Gomes, que
passou a constituir um novo município
com a mesma denominação e tendo
por limites <>s actuaes do respectivo
districto de paz.

—O decyeta n. 5/, de 22 dc Setembro,


concedeu a J o ã o Pereira da Silva Mon-
teiro, Francisco Lopes Ferraz Sobri-
nho, Joaquim José Valentim de Al
meida e Augusto Severo de Albuquer-
que Maranhão, negociantes e capitalis-
tas residentes na Capital Federal e
neste Estado, ou á ' companhia por
ellcs organizada, privilegio por cinco
enta annos |>ara a eonstrucção, uso e
goso de uma estrada cie ferro, de um
metro entre trilhos, que, partindo de
Areia Branca, na embocadura do rio
Mossoró, dirija-se ao ponto mais con-
veniente da Serra de Luiz Gomes, pas-
sando pelos municípios de Mossoró,
Caraúbas, Apody, Port Alegre, M a r -
tins, Páo dos Ferros e Luiz Gomes.

O derreto //. <V/7, de 23 dt ACrembro,


fixou em i68$250 a despesa da Inten-
tencia Municipal da villa de í.uiz Go-
mes, a contar de 6 do Agosto de 1900,
data de sua instaflação, a 31 de Dezem-
bro e orçou a receita em s t s t a b ô .
MOSSORO'
Offovewrlo mi iv .1«. M,„•,;., .1« iS^ : villa ,.!<'. g .U- Vovmhro
Áe 1S70).'

1 8 4 2 — . • / resolução
n. <S7, de 27 d, Outubro,
desmembrou da freguezia do Apody e
«levou á categoria de matriz a capei la
de Santa Luzia de Mossoró, incorpo-
randq-a ao termo e comarca do Assü,
Seus limites são os seguintes : princi-
piando da praia do Tibáo, no logar
onde coníina esta com a província do
( cará, e dalii, pelo cimo da serra de
Mossoró, até ao sitio Páfl do Tapuia
inclusive : deste, comprehendendo o si-
tio dos Aguilhados, no rio Mossoró, até
á fazenda Chafari , da freguezia de
< ampo (irando, no rio l panema ; e
ciahi, pelo rio abaixo, por uma e outra
parte, até sua emboceadura nq mar.

S52 —. / resolução u. 216, dt IS de Maiço,


elevou á categoria de \ illa a povoação
cie Santa Luzia de Mossoró com o ti-
tulo de V I L L A OK MOSSORÓ. OS limi -
tes do município da mesma villa serão
o* meamos, que tinha a freguezia, en-
tendidos da ,-eguinte maneira : pelo
norte, confinará com o oceano ; pelo
poente, começando da costa, terá por
limites os mesmos que tinha esta pro-
víncia com a do Ceará, até encontrar a
data da fazenda Páo do Tapuia excfu-
sive ; pelo sul, limitará com os municí-
pios d o A p o d y e Assü por urna linha di-
visória que, tocando o rio no logar
Poço feio inclusive, seguirá por elle aci-
ma, partindo ao meio seu leito,até á Pe-
dra da Arara onde o deixará e seguirá
atravessando a catinga e comprehen
dendo os sítios de Gonçalo Soares e
Manoel de Freitas a passar o rio l pa-
nerna (no município do A s s ü ) entre a
fazenda Chafariz e o sitio Poço verde e
seguindo pela estrada nova até encon-
trar a data da fazenda Palheiro ; pelo
nascente, será limitado ainda com o
município do Assü por uma linha divi-
sória que, começando do ultimo ponto
da Catinga abaixo, passe entre os sítios
Isylo e Trafiiá, até ao mar, no logar
Boqueirão inclusive.. Os habitantes fi-
ca rrt obrigados a fazer cadeia e casa da
C a m a r a dentro do praso de oito annos.
sob pena de perda dos fóros de villa

—. I resolução //. 250, de 2 ? do v/esmo


>uc", creou um districto fie paz na po-
voação de S. Sebastião de Mossoró, do
município do Assú, comprehendendo o
territorio da freguezia de Mossoró do
logar Alagoa dos Páos para cima, por
uma e outra parte do rio, até a seus li-
mites com a do Apody.

-. 1 resolução u. 2(J/, de // d< . IgosfO,


creou uma cadeira de primeiras lettras,
o'in
IÍ • M)

• para o sexo masculino, na povoação de


S. Sebastião.

-rv- -A /ri ,1. 303, de 6 de Sc/cwbro, fixou


etn 2i8# a despesa da Camara Muni-
cipal da villa de Mossoró, para o aurço
financeiro de 1855.

1S55 I resff/ução n. 305, de 18 de Ju/ho, ap-


provou artigos de posturas da Camara
Municipal da villa de Mossoró.

- / lei n. 325, de l de Setembro, fixou


em 200$ a despesa da Camara Munici-
pal da villa de Mossoró, para o anno fi-
nanceiro de 1856.

. I resolução //, . >\ <2, de 6 de Setembro,


reduziu a „> e '_> "o, por 15 annos, os di-
reitos provinciaes dos géneros do paiz,
exportados em grosso; pela casa com-
mercial que se estabelecer nesta villa,
e isentou dos direitos de exportação,
por dez anno.;, a casa commercial que
•estabelecer no mesmo porto'charque
adas para graxa <• carne.

. I resolução u'-' 333, da mesma data, ap-


provou o compromisso da irmandade
de Santa Luzia da matriz de Mossoró.

1850 .1 lei 349, de 20 Setembro, art. 16,


prorogeu o orçamento da (.'amara Mu-
nicipal da villa de Mossoró, (pie não re-
L\'! t

mettern sua proposta, para o anuo fi-


nanceiro de 1857.

1857 -A lei n'-' 363, de 25 de Abril, lixou em


2o8Í a despesa da Camara Municipal
da viila de Mossoró, para o anrio finan-
ceiro de 1858.

1858 A lei n? de 21 d< .Igoslo, aueto-


rizou o Presidente da Província a des
pender --desde já—a quantia de 1 :ooo$
com as obras da matriz da freguezia.

-s I lei n'' 398, de 3Ido mesmo nu , au-


etorizou o Presidente da Província a
despender - d e s d e já - a t e á quantia de
i :ooo$ com a construeção de um cemi-
tério na villa de Mossoró.

A ki n-1 122, de // de Relembro, fixou


em 208$ a despesa da Camara Muni-
cipal da villa de Mossoró, para o anno
financeiro de 185g.

1 8 5 g — A M n'' 449, de 25 de Abril, auctori-


zou o Presidente da Província a des-
pender a quantia necessaria com a factu-
ra de uma estrada desta villa, com di
receíio á cidade do Aracatv, até aos li-
mites com o Ceará, logo que constas-
se que o presidente do Ceará, por egual
auctorização da Assembléa, mandara
abrir a parte dessa estrada com proben -
dída em seu território.
O.Tjii

yi ifi ;/> 462, de 17 de Maio, art. 22,


determinou a responsabilidade da Ca-
mara Municipal da villa de Mossoró
por não haver remettido á Assembléa
Provincial seu orçamento.

:t86o — A l e i n. 17A', de 13 de Abril, creou


uma cadeira de ensino primário, para o
sexo feminino, nesta villa.

- / lei n, i l64s de Tl do mesmo me:.au-


eiorizou o Presidente da Província a
mandar construir um armazém no pon-
tal da barra de Mossoró, despendendo
para isso até á quantia de 2 : aoo#ooo.

-A lei n. 19 f, de 1 de Maio, fixou em


226$ a despesa da Camara Municipal
da villa de Mossoró, no anno financei
ro de 1861.
1
iSòi Ai lei n. 199, de 23 de Maio, creou a
comarca de Mossoró, desmembrando
e s t e termo, bem como es de Campo
. (irande e Apody das comarcas do Assú
e Maioridade, para constiluil-a'.

I lei //. 506, de 7 de Junho, lixou em


226$ a despesa da Camara Municipal da
villa de Mossoró, para o anuo finan-
ceiro de i86_>.

1 8 6 2 — A Ti n. 526, de 25 de Abril, fixou


em 226$ a despesa da Camara Mu-
2:ir,

nicipal da viíla de Mossoró, para o


anno financeiro de 1803.

1X63 . / lei ')i. 5 15, de ti) de Novembro, des-


membrou o.termo de Campo (irando
da comarca de Mossoró e annexou o
de novo á comarca, do Assü.

1864 I lei n. 3/2, de 2 de Julho, art. 1,


determinou que a receita e despesa das
Camaras Municipaes da Província,den-
tro do corrente an nó, fossem reguladas
pela de n. 526, de 25 de Abril de 1862.

-+-A lei 11. 573, de 22 de Dezembro, fixou


em 2 5 1 $ a despesa da Camara Munici-
pal da villa de Mossoró, para o anno
financeiro de 1865. A mesma lei, art.
29, determinou que o Presidente da
Província expedisse as convenic-ntes r.r-
dens para fazer-se effectiva a multa
decretada pelo art. 29 da lei provincial
•n. 234, de 19 de Setembro de 1851,
pela falta de remessa do respectivo or-
çamento.

1865 A lei 11. 590,.de 23 de Dezembro* (or-


çamento, art. 8), reduziu a 3 % o im-
posto de exportação para os negocian-
tes que se estabelecessem com casa de
negocio na villa de Mossoró ou porto
da Jurema.

- . / lei n. 5'Jl, de 28 ao mesmo me:, b-


237

xou cm 25 a despesa da C a m a r a Mu-


nicipal da villa do Mossoró, no anno
linanceiro de (8661

1867 I lei u. 599, de// d, Junho, fixou


em 2 5 1 $ a despesa da C a m a r a Muni
cipal da villa de Mossoró, no anno fi-
nanceiro de 1S67.

/ lei u. 600, da mesma da/a, (orça


mento, art. 1 1 ) revogou o favor con
stante de lei n. 590, dc 23 de Pezem
l>ro dc 1865, e isentou, art. 1S, do i m -
posto de 5 % de exportao.no extrangei-
ra, por espaço de tres annos, os nego-
ciantes que se estabelecessem em Mos-
soró, durante dois annos, a contar da
construeçAo do armazém.

1868 . / lei u. 60X, de // de l/ar(<>, aueto;


rizou o Presidente da Provincia a des-
pender até 500$ com a confecção e dis-
tribuição de instrucçòes parai o aper-
feiçoamento da extracção do sal.

~ - A lei n. 6/], dc 26 do mesmo mez, li-


xou em 2 4 1 $ a despesa da Camara Mu-
nicipal da villa dê Mossoró, no anno fi-
nanceiro de iSoH.

1870 —.-/ lei u. 620, de 9 de Novauhro,


elevou Á categoria de C I O A D K a villa dc
Mossoró com a mesma denomina-
ção.
- - 2i s

. / lei n. 62/, de !d do mesmo me:, res-


tabeleceu a cadeira de instrucçno pri-
maria, para o sexo masculino, na po-
voação de S. Sebastião de Mossorò.

/ lei 11. 42tS\ de 25 do mesmo mez, li-


xou em 225$ a despesa da ("amara Mu-
nicipal da vil la de Mossoró, 110 nruio fi-
nanceiro de 1871.

. I lei n. 6 16, de II de Dezembro, a 11


ctorizou o Presidente dia Província a
contractar com os engenheiros Luiz
José da Silva e João Carlos (ireenhalgli,
ou com quem mais vantagem offere-
cesse, a ccnstrucção de uma estrada de
ferro (pie ligue a cidade de Mossoró ao
ponto ou porto de descarga dos navios
(pie entrarem no rio.

— \ lei n. 65/, da mesma data, fixou em


295$ a despesa da ( "amara Municipal
da cidade de Mossoró, no, anno finan-
ceiro de 1872.

1872 -. I lei 11. 056, de 5 de Dezembro, ereou


um distrieto de paz no logar denomina-
do Areia Branca, do município de Mos-
soró. () novo distrieto comprehenderá,
pelo poente, o logar denominado Gros-
sos até aos Maltos altos em continuação
da cordilheira das serras de Mossoró,
e dahi até ao morro do Tibáu e os loga-
res Córrego e . irei as alvas, até ás praias
do I ibáu ; e pelo nascente, os logares
.. Ire ia branca, l pane via, Redonda, Mello,
até ao ponto em que confina a respe-
ctiva freguezia com a do Assü.

./ lei n. 6S\', th- 2'V de /unho, (orça-


mento, art. 8), auctorisòu o Presiden-
te da Província a mandar construir em
(!fossos ou barra, á margem esquerda
do rir Mossoró, um armazém para de-
posito de gêneros, o qual será uma de-
pendência da administração das rendas.

I lei u. 662, de 12 de Julho, auctori-


zou o Presidente da Província a des-
pender a quantia neeessaria para a a-
bertura de uma estrada que ligue a ci-
dade de Mossoró á serra de S. Miguel,
com uma ramificação para a cidade da
Imperatriz.

I lei 11. 66 /, de 2I do 'iiesnío n/ez, li -


x
ou em 543$ a despesa da Camara Mu-
nicipal (ía cidade de Mossoró, no anno
financeiro de 1S73.

. I lei n. 67'0, de / de . Igosto, fixou cm


843$ a despesa da Camara Municipal
da cidade de Mossoró, no anno finan-
ceiro do 1871.

. I lei 11. 67.I, de 5 do uiesiuo n/c. , ereou


a cadeira de ensino primário, para o
sexo masculino, em Areia Branca, e
210

niria 2*1cadeira de i " grão, também


para n sexo masculino, na cidade.

. 1 lei íi. 6S'0, de 6 do fi/esi/ió 'mes, au-


ctprizou o Presidente da Província a
eontractar com J o s é Paulino de C a s t r o
Medeiros, ou com quem melhores van-
tagens offereOessé.a n a v e g a ç ã o por lan-
cha a vapor do rio Mossoró, conceden-
do lhe privilegio por trinta annos, me-
diante bases constantes da mesma lei.

1.874- I /' / n. 687, de :?/ de Julho, declarou


que ria concessão do .privilegio de que
trata a lei ri. 680, de 6 de Agosto de
1
8 7 3 , estão comprehendidos d uso e
goso dos cortes e dos c.anaes feitos pela
. e m p r e s a H o rio Mossoró, bem como a
rodagem da estrada pela rriesiriá empre-
sa construída,

1874 -;-/ lei 11. 70\\'de / de Seleu/bro, fixou


em 857^000 a despesa da C a m a r a Mu-
nicipal de Mossoró para o armo finan-
ceiro de 1875. A mesma lei, art. 33.
auetori^ou-a a arrecadar, como f o s s e
mais conveniente, a passagem do rio
Mos soro, no logar .ire ia branca, co-
brando por esse serviço a taxa marca-:
d a n a tabella quê*a referida Camara
organizasse com a p p r o v a ç ã o do Presi-
dente da P r o v i n d a .

—. I hi h. 70'J, di ? do wesiiio nu (°r-


çamento, art. 6), estabelece que na dis-
tribuição do credito votado para obras
publicas o Presidente da Província at-
tenderá á construceão chi uma estrada
commum que ligue a cidade de Mosso-
ró á villa do Triumpho.

—-, / lei n: 7JV, de 2.1 t/e Jgos/o, fixou


em Q22$ooo a despesa da Camara Mu-
nicipal da cidade de Mossoró, no anno
financeiro de 1876.' A mesma lei, art.
28, auctorizou-a a contractar com quem
melhores vantagens offerecesse, a con-
strucção de uma . a s a de mercado na
cidade de Mossoró.

-// lei n. 711, t/e É3 i/o mesmo me::, sup-


primiu a cadeira de instrucção prima-
ria, do sexo masculino, da povoação de
S. Sebastião.

-. I lei 11. 7/2, i/e 26 i/o mesmo me:\ nu


ctorizou o Presidente da Província a
contractar com foão l 'lrich Graf, 011
com quem maiores vantagens offere-
eesso, a construcção de uma estrada
d«1 ferro, a partir de porto ou cidade de
Mossoró aos limites da Província, cm
direcção aos municípios do Apody e
Pão dos Ferros, de aceordó com as ba-
ses estabelecidas.

I Li >1. 715, t/e 2'V do mesmo mez, au-


etorizou o Presidente da Província a
O |.o

comprar a Etelvino Pereira & Cunlia,


negociantes de Mossoró, logo que as
finanças da Província o permittissem,
um prédio com as acommodações in-
dispensáveis á prisão publica, quartel e
casa da C a m a r a .

./ lei n. 757, de 2 t/r Sc/embro, aucto-


rizou o Presidente da Provipcia a des-
pender até á quantia de 4 : 0 0 0 $ com
uma estrada que ligue a cidade de Yíos
soró á villa do T r i u m p h e . ,

I lei 11. 765, t/e /5 i/o mesmo mez,des-


membrou da comarca de Mossoró, para
constituírem uma nova comarca com
séde na villa do A p o d y , os termos de
C araubas e A p o d v .

— - . 7 lei 11. 768, c/e 26 i/o mesmo nu ,ereou


dois logares de partidores 110 termo de
AI ossoro.

1876 A lei 11.7X5, .i/e 1 1 ih Hezembre, au-


ctorizou o I'residente da Província a
mandar pagar—desde já—pela verba—
Eventuaes—ao dr. Aristides C e s a r dc
., Almeida a quantia de 300$, a titulo de
gratificação pela c o m m i s s á o , de que
foi incumbido pelo Governo, de exami-
nar a Mesa de rendas de Mossoró.

I lei 11. 794, de 16 do mesmo me:, au-


ctorizou a ("amara Municipal da cida-
fio do Mossoró a contractar com Fran-
cisco Gurgel de Oliveira a construcção
de uma casa para açougue e talhos dc
carne na mesma cidade, de accordo
com as condições e vantagens especifi-
cadas na citada lei.

— .1 lã ;/. 7Vj, da Mesma da/a, fixou em


i : 152$ a despesa da ("amara Munin'
fiai da cidade de Mossoró para o anuo
financeiro de 1 de Janeiro a 31 de De-
zembro de 1S77. A mesma lei, art. 36,
auotorizou a a mandar pôr em arrema-
tação, ou a cobrar administrativamen
te, a passagem do rio salgado, na \-
reia Branca, de conformidade com a
legislação em vigor.
o
. / /ri n. 7 r >7, i/r 19 da mèsmo mr . sup-
primiu o distrieto de paz de Areia Bran-
ca, do município de Mossoró, passan-
do seu territorio a fazer parte do dis-
trieto donde fôra desmembrado.

1S77—. / lei 11. -SVyV, dr /O d£ Novembro, sup-


primiu a cadeira de ensino primário, do
sexo masculino, da povoação dc Areia
Branca,

- . l/ri //. AV.?, dr / dr Przrmbro, revo-


gou a de n. 704, de 16 de Dezembro de
1X76. (pie auetorizou a C a m a r a Munici-
pal do Mossoró a contractar com Fran-
cisco ("iiirgol de Oliveira a construcção
—214

de uma casa de açougue' e lalbo de car-


ne na mesma cidade.

JX79 . I lei u. 830, de 15, ile Fevereiro, fixou


em 75-'$-a despesa da Camara Munici-
pal da cidade de Mossoró para o anno
financeiro do i" de Outubro de 1X78 a
30 dc Setembro de 1X79. A mesma lei,
arts. 30 0 3 1 , determinou <|ue o anno fi-
nanceiro, para as, (.'amaras Municipaes
se contasse de i ° de Outubro a 30 de
Setembro, conforme a resolução de 31
dc1 Outubro de 1X31 ; e que a receita e
despesa das mesmas Camaras, no pe-
ríodo de 1" dc Janeiro a 30 de Sotem
bro de »879, fossem regulados pela lei
n. 795, de 10 de Dezembro de 1X70,
ficando assim approvada a portaria do
Presidente da Província que mandou
vigorar para , o exercício de Janeiro a
Dezembro de 1878 a mencionada lei.

1XX 2—// lei n. 845, de 23 de Junho, creou


uma cadeira de instrucçfto primaria,
para o sexo feminino, na povoação .de
Areia Branca«

~J lei n. 857, de !') di Julho, fixou em


690$ a despesa da Camara Municipal
da cidade de Mossoró, no anno finan-
ceiro de 1XX2 a 1XX3. A mesma lei,art.
4 1 , auctorizou-a a applicar as sobras
de sua receita na conclusão da casa dc
mercado e cemitério publico da cidade.
340 —

r88j3- A lei u. #ò'$, de 25 de Abril, lixou cm


690.$ a despesa da C a m a r a Municipal
da cidade de Mossoró, no anno finan-
ceiro de 1883 a 1884.

- . I lei u. M9, de 27 do mesmo mez, (or -


çamento) consignou o auxilio de 1 :ooo$
á matriz de Mossorò, e creou, art. 13.
mais um logar de guarda na Mesa cie
rendas.

1884 —A lei 11. 916, de /2 de Março, lixou em


1:6705} a despesa da Camara Munici-
pal da cidade de Mossoró, no anno fi-
nanceiro de r 884 a 1885.

— I lei n. 920, de 15 do mesmo mez, res-


taurou a cadeira da povoação de S. Se-
bastião, do município de Mossoró.

. I lei n. 922, dt 15 ainda do mesmo


mez, (orçamento) consignou na verba—
Obras Publicas—o auxilio de 1:000$
á matriz de Mossoró ; uuctorizou, art.
3, o Presidente da Província a despen-
der 2:000$ com uma estrada de Mos-
soró ao Patü, tocando em Caraubas,
abrindo o credito necessário ; e creou,
art. 1 2, o logar de Conferente na Me-
sa de rendas.

1885 . I lei n. 950, de M de Março, fixou em


1:910$ a despesa da Camara Munici-
pal da cidade de Mossoró, no anno fi
— 2 k > —

nanceiro de 1885 a 1886. A mesma lei,


art. 39, auctorizou o pagamento a |oa-
<|uim Nogueira da C o s t a dos fóros dos
terrenos onde foram edificados a cadeia
e a casa de instrucção publica, desde
a edificação dos mesmos prédios.

.7 lei n. i95.1, e/e !6 de Abril, creou as


cadeiras de Latim, e F r a n c c z na cida-
de de Mcssoró, sendo ensinadas as
referidas matérias por um só professor
(|ue poderá ser nomeado pelo P r e s i -
dente da Província, independente de
concurso e dentro do praso de um armo,
a contar da data desta lei.

-A lei 11. 950, da mesma da/a, decretou


o código de posturas da C a m a r a Muni-
cipal da cidade de Mossoró.

18.86 A lei n. 977, de /•' de Junho, suppri-


miu o districto de paz de S . S e b a s t i ã o ,
da parochia de Mossoró, e incorporou
seu territorio ao do districto da cidade.

—. / lei n. /, de // do mesmo mez,


creou uma 2^ cadeira de ensino prima
rio, para o sexoífeminino, na cidade de
de Mossoró.

. I U 'i 11. 9X2, de /2 lambem do mesmo


mez, fixou cm 1 : 9 2 o ! a despes;, da Ca-
mara Municipal da cidade de Mossoró,
no anuo financeiro de 1886 a 1887.
—A lei n. 985, dc J7 ainda do mesmo
mez (orçamento, art. 5) creou em Mos-
soró uma estacão de Peso Publico Offi-
cial.

1887 . I lei n. 994, de 2 de Abril, revogou a


de n. 977, de 1 " de Junho de 1886, e
restaurou, com a mesma séde e anti-
gos limites, o districto de paz de S. Se-
bastião, do município de Mossoró.

A lei n. 998, de 5 do mesmo mez, (or-


çamento, art. 10), extinguiu a cadeira
de Latim e Prancez da cidade de Mos-
soró.

--. I lei u. /.000, de /1 lambem do mesmo


mez, fixou em 2:640$ a despesa da
Camara Municipal da cidade de Mos-
soró, no anno financeiro de 9888, de-
terminando, art. 3 1 , que este orçamen
to regesse o anno financeiro de 1888,
(.pie coincidiria com o anno civil, e bem
assim o trimestre de Outubro a De
zembro destei anno. A mesma lei, art.,
30, sj r?, auctorizou a Camâra Munici-
pal a despender até á quantia de 2:500$
com as obras de reedificaçào dos dois
prédios de seu patrimonio, nos quaes
celebra suas sessões e funccionam as
aulas de instrucção publica ; e a ven-
der em hasta publica as duas casas de
sua propriedade, recebidas em paga-
mento de sua divida activa, ou a reedi-
2 IS •

fical-as, si julgar mais conveniente, po-


dendo despender nesse serviço, por
conta do respectivo saldo, até á quan
tia do i :5oo$ooo.

1 8 9 0 — O decreta //. o"/ de 22 de Setembro,(go-


verno provisorio), concedeu a J o ã o Pe-
reira da Silva Monteiro, F r a n c i s c o L o -
pes F erraz Sobrinho, Joaquim J o s é Va-
lentim de Almeida e Augusto S e v e r o
de Albuquerque Maranhão, negociantes
e capitalistas residentes na Capital F e -
deral e neste Estado, ou á companhia
por elles organizada, privilegio por cin-
coenta annos para a construcçào, uso
• e goso de' uma estrada de ferro, de um
metro entre tpilbos, que, partindo de
Areia B r a n c a , na embocadura do rio
Mossoró, dirija-se ao ponto mais eon
veniente da serra de Luiz («ornes, pas-
sando pelos municípios de M o s s o r ó ,
C a r a u b a s , A p o d y , Porta Alegre, Mar-
tins, P á o dos Porros e Luiz C o m e s .

O decreto n. 56, de 6 d/ Outubro, (go


verno provisorio) fixou cm 3 : 3 9 2 1 0 0 0
a d e s p e s a da Intendência Municipal da
cidade de Mossoró; para o anno finan-
ceiro de J X 9 0 , e orçou em egual quan
tia a receita a arrecadar no mesmo p e -
ríodo,
—558

•O dccr. n. 79, dc 22 dc Novembro, res-


taurando a lei n. 656, de 5 de Dezem-
bro, de 1872, restaurou o districto de
paz de Areia Branca , do município de
Mossoró, comprehendendo, pelo poen-
te, o Jogar denominado Grossos até aos
Mattos altos em continuação da cordi-
lheira das serras de Mossoró, e dahi
até ao morro do Tibáu e os togares Cór-
rego, Areias alvas, até ás praias do Ti-
bau : e pelo nascente, os logaues Areia
Arama, Ipanema, Redonda, Mello, até
ao ponto em que confina a respectiva
freguezia com a do Assú.

AREIA URANGA
(PocoaçAo até L(> de F e v e r e i r o de ISIJ?)

JKÓO A lei n. / V / , dc // ilc jlbrll, auctori-


zou o Presidente da Província a man-
dar construir um armazém no pontal
da barra de Mossoró.despendendo para
isso até á quantia de 2 :ooo$ooo.

1S72 I lei u. 656, de 5 de Dezembro, creou


um districto de paz no logar denomina-
do Areia Branca, do município de Mos-
soró. O novo districto comprehenderá,
pelo poente, o logar denominado Gros-
sos até aos Mnttos altos em continuação
das cordilheiras das serras de Mossoró,
2."O

< dahi até ao morro do Tibáu e aos le-


gares Carrego c Areias alvas até ás
praias do Tibáu ; e polo nascente, os
logares Areia branca, Ppancina, Re-
donda e Mello, até ao ponto em que
confina a respectiva íreguezia com a do
Assú.

1 8 7 3 — A lei 11. 658, de 28 de Junho, (orça-


mento, art. 8), auctorizou o Presidente
da Província a mandar construir em
Grossos ou barra, á margem esquerda
do rio Mossoró, um armazém para de-
posito de gêneros, o qual será uma dc-
pendencia da administração das ren-
das.

. I lei //. 67.?, de 5 de . Igosio, creou a


cadeira de ensino primário, para o sexo
masculino, em Areia Branca,

1875 I lei n. 712, de 26 de Agosto, auctori-


zou o Presidente da Província a con-
tractar com J o ã o Ulrich Gráf, ou com
quem maiores vantagens offerecesse, a
construcção de uma estrada de ferro, a
partir do porto ou cidade de Mossoró
aos limites da Província, em direcção
aos municípios do Apodv e Pão dos
Ferros, de accordo com as bases esta-
belecidas.

1876 -.1 lei 795, de J de Pcsembro, art. 30.


auctorizou a Camara Municipal de Mos-
soró a mandar pôr em arrematação, ou
a cobrar administrativamente, a passa-
gem do rio salgado, na Areia Branca,
de conformidade bom a legislação em
vigor.

.7 ki >1/797, de 19 do mesmo meie, sup-


primiu o districto de paz de Areia Bran-
ca, do município de Mossoró, passan-
do seu território a fazer parte do distri-
(to donde fôra desmembrado.

, S78—. / lei u. 809, de 19 de Novembro, sup-


primiu a cadeira de ensino primário, do
sexo masculino, da povoação de Areia
B rança.

1 8 8 2 - .7 /ei >/. A'-/.?, de 23 de Junho, creou


uma cadeira de ittstruceão primaria;
para o sexo feminino, na povoação de
Areia Branca.

1890 0 der) e/o n. 51 ,de 22 de Setembro, ( go-


verno provisorio), concedeu a João Pe-
reira da Silva Monteiro. Francisco Lo-
pes Ferraz Sobrinho, Joaquim José Va-
lentim de Almeida e Augusto Severo
de Albuquerque Maranhão, negocian-
tes e capitalistas, residentes na Capi-
tal Federal e neste Estado, ou á com-
panhia por elles organizada, privilegio
por cincoenta annos pará a construo
ção, uso c goso de uma estrada de fer-
ro, de (um, metro entre trilhos, que,par
tindo.deArôa Branca, na embocadura
do rio Mossoró, dirija se ao ponto mais
conveniente da Serra de Luiz. Gomes,
passando pelos municípios de Mossoró,
Caraubas, Apodv, Porta Alegre, Mar-
tins, Páu dos Ferrps e Luiz Gomes.

O decreto )/. 79, de 22 de Novembro,


restaurou a lei n. 656, de 5 de Dezem-
bro de 1872, que creou o districto de
paz no log ar denominado Areia Bran-
ca, do município de Mossoró.

O decreto 11. /O, de 16 de turvei eiró,


creou um município no districto de paz
de Areia Branca, mantidos os mesmos
limites, e elevou á categoria do Y I U A a
povoação do mesmo nome.
fletas das Sessões do Instituto
l U J I O A DFXFMHRO DF 1906.

.ida </a Hf/1 sessão or-


dinária do instituto His-
tórica e Geogra-phico do
Rio Grande do A orte.

Prcsiilciiria <lo i'\irt< . S r . I»r. õ l v m p i o V i o l

Presentes, na sede do Instituto Histori-


eo, pelas doze horas da manhã, do primeiro
de julho de mil novecentos e seis, es senho-
res Olympio Vital, Ijedro Soares, Thomaz
Landim, Vicente de Lemos, José Correia, An-
tonio Soares e Joaquim Lourival, abre-se a
sessão, sob a presidencia do senhor Olympio
Vital, servindo de primeiro e segundo secretá-
rios os senhores Pedro Soares e Thomaz L a n -
dim. Faltam com causa justificada os senho-
-2."

res Luiz Fernandes, Meira e S á , Finto de


Abreu, Padre Calazaris e J o ã o Baptista. A p -
provadas as actas das sessões anteriores, o
senhor i f ' Secretario dà conta do seguinte—
Expediente : Officio do excellentissimo se-
nhor Governador do listado, em resposta ao
convite que o Instituto !he dirigira para assis-
tir ás festas commemorativas do martvrio do
insigne patriota I"rei Miguelinho, declarando
que se associava á justa homenagem que o
Instituto pretendia prestar ás glorias republi-
canas. O seguinte telegramma .do senhor dou-
tor Almeida ("astro, de Mossoró : «Instituto
Jlistorico. Natal. Familiá Miguelinho,por mim
representada, vos agradece commovida subi-
da honra vossas nobilitantes congratulações
oceasião dilirante consagração cívica Estado,
memoria grande morto. Impossibilitado pes-
soalmente estar entre vós, commungo em es
pirito nobres intuitos vossos corações patriotas
momento solemne patria. Salve memoria Mi-
guelinho : hurrah pelo Rio Grande do Norte
contemporâneo, por vós dignamente represen-
tado !» Circular do Centro Bibliophilo Assuen-
se, de 22 de Janeiro ultimo, comtnunieando a
sua creáção e eleição da respectiva directoria,
e pedindo a remessa da Revista do Instituto.
Inteirado, satisfaça-se. Idem da Bibliotheea
Publica Pelotense solicitando eguabnente a re-
messa da Revista. -Satisfaça-se. Offertas :
do consocio T a v a r e s de L v f f i ' ' Arthivo t/o
A/WJCU Nacional, do Rio de J a n e i r o , vol.
XIII Imprensa Nacional, Rio de Janeiro,
ig'05 ; Bo/c/ihi ' dó Muzru (incidi, do Pará,
vol. IV, n. [. Março. 1906 ; Relação das pu-
blicações scit utificas, /eitas feio Mu::eu Goeldi,
no período dç 1804 a 1904 ; das respectivas
redacções : Revista da , \c adem ia Cearense,
tom. X 1905, typographia Minerva, —Ceará,
1906, Cultura Acadêmica, anno 2" vol. 2"
Março e Abril de 1906, Imp. Industrial, Re-
cife, 1006. Commcntario, revista mensal do
Rio de Janeiro, serie IV, n. 1, Maio de 1906.
Revistatriuiensnl do Instituto do Ceará,tom.
XX, anno 2,0, C e 2?,trimestres, 1906, tvp.
Minerva, Fortaleza, 1906. Ad lueem, revista
littcro scientitíca, da Bahia, anno 3 0 Maio,
1906. (.) Lavrador, orgam da sociedade agrí-
cola deste Fstado, anno I, ns. 4 e 5, Abril e
Maio de 1906 ; Diário Official, do Maranhão,
I I'oz J'otyguar, de Curraes Novos ; O .l/os-
soroeuse, de Mossoró ; . / Cidade, do Assü ;
t niãb, do Ceará mirim ; A Ripublica,Diário
do Xataf Oito de Setembro e LrabaU/o, de
Natal.
O socio José Correia declara que a com-
missão nomeada para cumprimentar o excel -
lentissimo senhor Presidente eleito da Repu-
blica, em nome do Instituto, cumpriu seu
dever,oíferceendo, nessa oceasião, a S. kxcel-
lencia a collecçáo da Revista do Instituto, de-
vidamente encadernada, agradecendo S. F x -
cellencia a oéferta. —Inteirado.
O Senhor 1 " Secretario declara ique,
q uai i cia de de membro da commissão nomeana
para promover e organizar os festejos coda
memorativos do sacrifício do insigne patriin-
Norte rio-grandense Frei Miguelinho, fora in-
cumbido, por seus illustres eoll'cgas, de c o m -
municar ao Instituto que, por occasião destes
festejos, auxiliaram a mesma oommíssão, de
modo a merecerem especial iouvor, os cida-
dãos : Dr. Herculano Ramos, maestro Luigi
Maria S m ido, Joaquim José Valentim de Al-
meida, Major Theodosio Paiva e Eduardo dos
Anjos, aos quaos propõe que se consigne na
acta de hoje um voto de gratidão.
E m discussão, o senhor Vicente de Le-
mos, propõe que se accrescente aos nomes
dos cidadãos indicados o do capitão Pedro
Soares de Araujo Filho, que eguaimente pres-
tara relevantes serviços. São appfovadas a
proposta e emenda. O senhor Thomaz Lan-
dim commtmiea ao Instituto o motivo podero-
so que o inhibira de tomar parte na s e s s ã o
realizada no dia dezesete do passado,em com-
memoraeão do saerilicio de Frei Miguelinho.—-
Inteirado. Vem á mesa a seguinte proposta
que, tendo sido lida, fica sobre a mesa para
ser votada na sessão seguinte, na forma dos
Estatutos * «Propomos — para sócio correspon-
dente deste Instituto, o senhor Doutor Frau*
cisco Pinheiro de Almeida e Castro, residente
na cidade de Mossoró, de c te Pstado. Sala das
Sessões do Instituto llistorieo e ( i e o g r a p h i c o
do Rio Grande do Norte, de Julho de 1906.
—Vicente de Lemos—Antonio Soares de A-
raujo— P. Soares de Araujo, José Correia.—
Thomaz Landim». Nada mais h a v e n d o a tra-
tar-se. o senhor Presidente levanta a sessão,
lavrando-se esta acta que assigna a mesa ()-
hmpio l '/f„/~ />. Soares—T/nv/o' í.nnclvoi.
Acta da 87'-' sessão or-
dinária do Instituto His-
tórica c (• eographieo d