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Livre- arbítrio e a influência dos espíritos

Adams Auni

“Nós podemos tomar o estado presente do universo como o efeito do seu passado e a causa
do seu futuro. Um intelecto que, em dado momento, conhecesse todas as forças que dirigem a
natureza e todas as posições de todos os itens dos quais a natureza é composta, se este intelecto
também fosse vasto o suficiente para analisar essas informações, compreenderia numa única
fórmula os movimentos dos maiores corpos do universo e os do menor átomo; para tal intelecto
nada seria incerto e o futuro, assim como o passado, seria presente perante seus olhos”. (Pierre
Simon Laplace – Teoria das probabilidades)...
A fatalidade aparente, que semeia males pelo caminho da vida, não é mais que a
conseqüência do nosso passado, que um efeito voltado sobre a sua causa; é o complemento do
programa que aceitamos antes de renascer, atendendo assim aos conselhos dos nossos guias
espirituais, para nosso maior bem e elevação.
Nas camadas inferiores da criação a alma ainda não se conhece. Só o instinto, espécie de
fatalidade, a conduz, e só nos seus tipos mais evoluídos é que aparecem como o despontar da
aurora, os primeiros rudimentos das faculdades do homem. Entrando na Humanidade, a alma
desperta para a liberdade moral. Seu discernimento e sua consciência desenvolvem-se cada vez
mais, à proporção que percorre essa nova e imensa jornada.
Colocada entre o bem e o mal, compara e escolhe livremente. Esclarecida por suas
decepções e seus sofrimentos, é no seio das provas que obtém a experiência e firma a sua
estrutura moral... “O homem é, pois, ao mesmo tempo, espírito e matéria, alma e corpo; mas
talvez espírito e matéria não sejam mais do que simples palavras, exprimindo de maneira
imperfeita as duas formas da vida eterna, a qual dormita na matéria bruta, acorda na
matéria orgânica, adquire atividade, se expande e se eleva no espírito” (O Problema do ser,
do destino e da dor- Leon Denis – FEB - cap.III – O problema do ser).
“Na planta a inteligência dormita; no animal ela sonha; só no homem acorda, conhece-
se, possui-se e torna-se consciente... (O Problema do ser, do destino e da dor – Cap. IX –
Evolução e finalidade da alma)...
Dotada de consciência e liberdade, a alma humana não pode recair na vida inferior,
animal...
Pelo uso do seu livre-arbítrio, a alma fixa o próprio destino, prepara as suas alegrias ou
dores. Jamais, porém, no curso de sua marcha na provação amargurada ou no seio da luta ardente
das paixões lhe será negado o socorro divino. Nunca deve esmorecer, pois, por mais indigna que se
julgue; desde que em si desperta a vontade de voltar ao bom caminho, à estrada sagrada, a
Providência dar-lhe-á auxílio e proteção.
Sua liberdade de ação e sua responsabilidade aumentam com a própria elevação... A
liberdade do ser se exerce, portanto, dentro de um círculo limitado: de um lado, pelas exigências
da lei natural, que não pode sofrer alteração alguma e mesmo nenhum desarranjo na ordem do
mundo; de outro, por seu próprio passado... O primeiro uso que o homem fizesse da liberdade
absoluta seria para afastar de si as causas de sofrimento e para se assegurar, desde logo, uma vida
de felicidade... O destino é resultante, através de vidas sucessivas, de nossas próprias ações e
livres resoluções... (Leon Denis – Depois da Morte – cap. Livre - arbítrio e Providência).
Quando um acontecimento está subordinado ao livre-arbítrio de um homem, ele apenas
pode pressentir-lhe a probabilidade, de acordo com o pensamento que vêem; mas, não podem
afirmar que se dará de tal forma, ou em tal momento. A maior ou menor exatidão nas previsões
depende, além disso, da extensão e da clareza da vista psíquica... Não podem os homens ser
felizes, se não viverem em paz, isto é, se não os animar um sentimento de benevolência, de
indulgência e de condescendência recíprocas... (Cap. Fotografia e telegrafia dos pensamentos –
Obras Póstumas)
Como é que os Espíritos, em sua origem, quando ainda não têm consciência de si mesmos,
podem ter a liberdade de escolha entre o bem e o mal? Há neles algum princípio, alguma
tendência que os leve para um ou outro caminho? – O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o
Espírito adquire a consciência de si mesmo... A causa não está nele, e sim fora, nas influências a
que cede em virtude de sua livre vontade... (LE 122)
Os Espíritos influem sobre nossos pensamentos e ações? – A esse respeito, sua influência é
maior do que podeis imaginar. Muitas vezes são eles que vos dirigem... (LE 459)
Temos pensamentos próprios e outros que são sugeridos? – Vossa alma é um Espírito que
pensa; não ignorais que muitos pensamentos vos ocorrem às vezes ao mesmo tempo sobre um
mesmo assunto e freqüentemente bastantes contrários uns aos outros; pois bem, nesses
pensamentos há sempre os vossos e os nossos... (LE – Influencia oculta dos espíritos sobre nossos
pensamentos e ações)... (LE 460)
Os Espíritos exercem alguma influência sobre os acontecimentos da vida? – Certamente, uma
vez que vos aconselham... (LE 525)
Eles exercem essa influência de outro modo, além dos pensamentos que sugerem, ou seja,
têm uma ação direta sobre a realização das coisas? – Sim, mas nunca agem fora das leis da
natureza. (LE 525 a)(LE – Influencia dos espíritos sobre os acontecimentos da vida).
Imaginamos erroneamente que a ação dos Espíritos deve se manifestar somente por
fenômenos extraordinários. Desejaríamos que nos viessem ajudar por milagres e nós os
representamos sempre armados de uma varinha mágica. Mas não é assim; e porque sua
intervenção nos é oculta, o que fazemos, embora com a sua cooperação, nos parece muito
natural... (LE – Ensaio teórico sobre a sensação nos espíritos).
Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme o sentido que se dá a essa palavra,
ou seja, todos os acontecimentos são predeterminados? Nesse caso, como fica o livre-arbítrio? – A
fatalidade existe apenas na escolha que o Espírito fez ao encarnar e suportar esta ou aquela
prova... O detalhe dos acontecimentos depende das circunstâncias que ele mesmo provoca por
seus atos e sobre as quais os Espíritos podem influenciar pelos pensamentos que sugerem. (Veja a
questão 459). A fatalidade está, portanto, para o homem, nos acontecimentos que se apresentam,
uma vez que são a conseqüência da escolha da existência que o Espírito fez. Pode deixar de
ocorrer a fatalidade no resultado dos acontecimentos, quando o homem, usando de prudência,
modifica-lhes o curso. Nunca há fatalidade nos atos da vida moral...(LE 851)
O progresso moral é sempre acompanhado do intelectual? – É sua conseqüência, mas
nem sempre o segue imediatamente... (LE 780)
Como o avanço intelectual pode gerar o progresso moral? – Ao fazer compreender o bem
e o mal; o homem, então, pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio segue o da
inteligência e aumenta a responsabilidade dos seus atos. ( LE 780 a) (LE – Marcha do Progresso).
Maior o autoconhecimento maior a liberdade, maior o entendimento de si e a visão do bem
geral maior as possibilidades de ação e alcance.
As faltas que cometemos têm, portanto, sua origem na imperfeição de nosso próprio
Espírito, que ainda não atingiu a superioridade moral que terá um dia, mas que nem por isso tem
seu livre-arbítrio limitado... Quanto mais se depura, mais seus pontos fracos diminuem e menos se
expõe àqueles que procuram incitá-lo ao mal; sua força moral cresce em razão de sua elevação e
os maus Espíritos se afastam dele... Diante dessa condição considera-se que os espíritos superiores
que já auxiliavam com extremo esforço, estarão compartilhando opiniões, ocorrendo intercambio
até de igual nível, pois não mais estará dependente de sentidos mais vulgares para fazer as suas
escolhas.
As mentes entrelaçadas de encarnados e desencarnados promovem estruturas mentais que
se afinizam tanto para o progresso quanto para permanecerem estacionadas. Dessa forma, se essas
mentes estiverem afinizadas com o bem e com a verdade, promoverão entre si sinergia e ampliará
o alcance de suas ações, logo, o livre-arbítrio terá um campo muito maior para atuar, pois
promoverá mais benefícios que malefícios.
E esse é o propósito da evolução e do autoconhecimento, corrigir as más tendências e
promover em si as transformações necessárias e obrigatórias para esse entendimento. Enquanto
prosseguimos neste propósito, só nos resta caminhar.

“Compilação realizada do Livro dos Espíritos ,Obras Póstumas (Allan Kardec), O problema do ser, do destino e da dor e Depois da
Morte (Leon Denis).”

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