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ecg: 200¢ edo: 2010 ‘Dados tternaionas de Czlogag na Publicar (CP) {Camara Braselra do Lio, SP, Brasil ‘Vendor 30 segundos: manual do teko para fine pubic Togo Bare. Suo Paulo: Edom Sena 52 Pre 2010, Bibiogs. [SON o-5-1359-040.7 1. Filmes publisios —Roteos 2. oS nal corto pine puree, oon eop.ess52 geese ee catlog sister: |. fimes publics ote Manual xn 92 2 Rotos. Fes publetaos: Manis (99.182 Vende-se em 30 segundos oe MANUAL DO ROTEIRO PARA FILME PUBLICITARIO. Tiago Barreto 28 edigao pounsraacio RecHNAL 9 SERACNO ESTAZD Be SHO PAD sine Cosi Raion bem Stain Big ds Dewomate Rina Ll Francs de A, Slo eee tendon Unvetina le Dnnnshine is Cares Douado uot Sete SKO PAM Conalio Ei Lvs anlsco de A Saeco {Gi Caos Dowd aco siyad Mala Ui ara Seana Scot Nveus Wiss Bo Aves ie Marat Vics ar Aves nicks enact ona epee Poa aria abel N.M Alera aesand@sp sen et eae El edo Baros antonio ioanes@speerac cis ome Nacut Vee Sah Nes nisspceree bi ‘Siri Rubens Googahes Falta oa senclri ‘SrtndrAinatin: Catos Alves ales seat) ado os dts det ego reservados ara Sou Pals PAGS Soe, TT - (andar Bom vite CP 1926-010 (hha Pst 1120~ CEP 010524970 ~Sio Fado SP Sir 6-42 Fx) 2187-4885 rll eotzr@npsenac be Fame pose ipynenedorasracsp.com br ‘© Tago Bare Dias de Sha, 2004 ©@ Sumario Nota do editor 7 Dedicatéria 9 Introduggo 11 Orotelto e seu contexto. 17 Preparando-se para comegar 25 Roteirizando 41 Finalizando 115 Conclus6es 129 Glossério 131 Bibliografia 137 indice geral_ 139 » Nota do editor A ideia de conceber um livro que viesse auxiliar estudantes profissionais recém-formados surgiu da necessidade do pré- i | | prio autor, que, em inicio de carreira, buscou a teoria ea prati- | _cteminos de propaganda, sem sucesso. © datco camino t possivel foi o do aprendizado empirico. que, como ele, tém interesse em aprender por meio de exemplos, ideias e pesquisa “sobre comunicacgo, cinema, lin- guagem, semidtica, ¢ a adaptagio disso tudo & linguagem do comercial de tevé". Tiago Barreto transmite esse conheclmento para aqueles A presente obra nao pretende esgotar todos os aspectos do rotelro para filme publicitério, mas certamente representa um atalho na intrincada jomada de quem esté ingressando no ‘mundo da propaganda: aponta procedimentos e estratégias que permejam a concep¢o de um rotelto eficiente para comerci- ee i I | | | ais, focalizando, sobretudo, a forga para causar impacto, persuadit, vender a mensagem: pretende antes ser 0 ponto de partida para discussées ~ e no uma férmula ~ sobre o desen- volvimento de estrutura do roteito e das técnicas do profissio~ ral roteirista Mats um titulo do Senac So Paulo que contribui para me- Thorar a formagio profissional. | °@ Dedicatéria Cena dos meus pais na sala de casa Eu entro e dedico este fvro a eles. Billy caciorr ciumento, avanga na mintha canela Corta, Entra packshot. °@ Introdugao Antes de comecar a falar sobre roteiro, quero responder alguns poraués que vocé | pode ter se colocado. Porqué nt mero um: Por que eu escrevi urn manual de rotelro pata winter ciais de tevé? Porqué ntimero dois: Por que vocé, leitor, pode confiar neste manual? E porqué ntimero trés: Por que ninguém pensou em escrever este livro antes? Cursei publicidade e propaganda na Escola de Comunica- gdes e Artes da USP. No primeiro ano do curso, comecei a estagiar em uma grande agéncia de propaganda. A cada aula Ge criagéo na faculdade e a cada novo job na agéncia, eu me interessava mais e mais pelo planejar-criar~produzir comerciais. Alinguagem me fascinava. As ideias vinham, mas as técnicas me atormentavam. Eu tinha apenas uma vaga ideia de como orgenizar um diélogo, de como pensar as cenas, da mecfnica = da constnuggo de um personagem, de como calcular 0 tempo, como fazer © packshot (o que era packshot?. Ful atrés de livros de apoio, livros que trouxessem a’ teoria,a prdtica, enfim, algum tipo de conhecimento sobre 0 assunto. Essa busca, porém, s6 serviu para eu me familiarizar com os Acaros da biblioteca. Encontrei diversos livros de propaganda, de cinema, mas todos falavam de roteiro em apenas uma ou dduas paginas. Percebi, ento, que a safda seria arrumar um "mestre" na agéncia mesmo. 56 que todo mestre vivia ocupa- do. © que néo vivia, nao sabia explicar, sabia fazer. Convencido de que meu aprendizado teria de ser na marta, na base do faz-1efaz—reprova reprova—aprova, li anudrios na- cionais e internacionais, assisti a filmes premiados e filmes di- era, estudel rotelro de longs-metragern, famados, li sobre troguel ideias, pedi ajuda e, acima de tudo, escrevi muitos 10- teiros. Muitos mesmo. A cada job, uns quarenta, cinguenta, ‘Assim, ful pegandoa pratica, Os roteires comegaram a set apro- yados, produzids, veiculados. Com quatro anos de carrelra, fiz roteiros que viraram filmes para grandes clientes, como Senac, Asics, Continental Aitlines, Arapu Fotoptica, Dr. Oetker, Vila Romana, Roche e Bandeirante Energia. Eu ia me aperfet- oando, apurando técnicas, descobrindo caminhos e, por ve- zes, sofrendo, Novamente, pensei na cificuldade que era apren- der apenas na pritica. Como seria bom se houvesse um livro, “ | 1 umassistente do Word, alguma coisa que ajudasse... Penseitam- ‘bém em todo mundo que iia agradecer se esse ajuda existisse: estudantes, novos profissionais, gente que tem pouco tempo a perder, mas muito a aprender. Entdo, por que eu nao podia ser ‘oautor desse livro? Assim, devo ter respondide os dois primeiros porqués: escre- vium manual de roteiro para me ajudar e para judar vocé. Claro que nd fiz isso s6 por bondade, no entanto. Também fiz porque pode ser bom para minha carrera (eu também estudei marketing). Sei que esse assunto tem piblico, Tem gente interessada passando pelas dificuldades por que eu passei. Sobre o segundo porqué, se vocé pode confiar neste manual, yocé pode. Isso porque ele no representa a palavra final sobre roteiro, mas um ‘bom pedaco de caminho na busca disso. Caminhos descober- tos no tapa, na prética, Ecada tapa que tomel virow um capftulo do livro. Pois é, foi uma pancadaria. Este € um livro escrito mais apartir de experiéncias do que de teorias. Agora, estou. Ihe dando: tudo de mo beijada, com diversos exemples, ideias, organiza- ho, didética e, claro, muita pesquisa sobre outros tipos | ‘de roteiro, sobre comunicagéo, cineme, linguagem, semiética, ea adaptago disso tudo a linguagem do comercial para tevé. Afinal, 0 rotelro pata filme publicitério, como forma de comunicagéo e hist6ria para ser filmada, exige um esforgo de visualizagéo ainda maior na organizagao de seus elementos. com No geral, apresento as diversas etapas envolvidas na elabo- racéo de um bom roteiro para comerciais, tratando como efi- ciéncia sua forga para provocar impacto, emocionar, persuadir evenderamensagem, £ um guia com informacdes que levam a discuss6es sobre o desenvolvimento da estrutura do roteiro, & ‘também das técnicas do profissional roteirista. No capitulo “O roteiro € seu contexto”, falo sobre 0 que ‘yem antes do roteiro - 0 filme — digo como 0 roteito est inse- rido no plano publicitétio ¢ por que ele € uma ferramenta to importante no plano de marketing da empresa. Em *Preparando-se para comegar”, abordo elementos im- puitantes de se conhecer antes de cmegar a rotelrizar, como o briefing, o cliente, 0 produto, o espectador e o melo teve. © capitulo *Rotelrizando” pode ser considerado o grande propésito do livro, Nele, eu discuto processos de elaboracdo e organizagéo dos diversos elementos da estrutura do roteiro para filme publicitério, como cenas, didlogos, locugdo, trilha, packshot, personagens, narrador. Séo mais de trinta itens. Em ‘Finalizando", apresento as titimas etapas na elabora- fo do roteiro, como, por exemplo, método de andlise e sues formas de apresentacao. Depois vooé val encontrar 0 “Glossério", que pode ser mul to itil para tirar ddvidas quanto aos termos usados pelos pro- fissionais da propaganda e do cinema, ¢ 0 "Indice geral”. Neste Re Indice eu listo todos os téricos abordados no livro, Use-o como um atalho para ir diteto ao assunto que vocé deseja consultar. Depois vocé vaiencont‘aro "Glossério", que pode ser muito ‘itil para tirar davidas quanto aos termos usados pelos profissionals da propaganda e do cinema, e 0 “indice geral’. Neste indice eu listo todos os t6picos abordados no livro. Use- -0 como um atalho para ir direto ao assunto que vocé desela consultar, Ha também uma parte do livro que nao esté aqui. E 0 blog http://manualdoroteiro blogspot.com, Por meio dele vocé pode entrar em contato comigo para tirar dividas e ter acesso 8 maior parte dos filmes que menciono aqui, na forma de roteiros. E sobre 0 terceiro porqué, boa pergunta. Se um dia vocé descobrir a resposta, escreva um livio, Eu compro, O FILME PUBLICITARIO No hé comunicagao sem organizagao. A fala, a escrita, a imfmica, as imagens, o cédigo morse, toda forma de didlogo do ser humano s6 lunciona se for inteligivel. & preciso que todos falem a mesma lingua, concordem com os mesmos sinais, ou podem levar& formagao de uma eterna Torre de Babel Cada narrativa, seja um sonho, a BéBlia ou uma fofoca, tem uma estrutura, Basicamente, ela é dividida em comeco, melo e fim, mas pode variar muito de categoria para categoria. Cada uma tem alguns pontos particulares e fundamentals para que seja considerada uma boa histéria. Esses pontos e sua organi- zagéo ficam ainda mais importantes quando a trama vai ser filmeda, Stanley Kubrick, um dos maiores diretores da hist6ria do cinema, dizia que se uma hist6ria néo consegue ser bem esctita ou pensada, nao pode ser filmada. [Assim, 0 flme, como toda histérla, é uma agéo dramatice com infcio, meio e fim, s6 que com uma sequéncia de imagens ‘ou cenas, para projegéo em uma tela. 6 filme publicitério 6 também uma ago dramética com ink lo, meio e fim. Também por meio de uma sequencia de imer gens ou cenas, para projegio em uma tela, Pelo simples fato de cer publictaio, contudo, €um flme para vender. E esse.0 ponte fundamental: vender um produto, uma ideia, o que for. Mas tem de vender. Quer comprar? FILME PUBLICITARIO COMO FERRAMENTA DE MARKETING ‘Televisio & massa. Sua linguagem visual e auditiva ndo en~ contra obstaculos em um pafsrepleto de analiabbetos. A evolu- fo tecnolégica leva o sinal de tevé a todes as resi6es, do alto ‘Amazonas & fronteira com 0 Paragual, Os financlamentos @ Jonguissimo prezo possibilitam as camadas sociels menos favorecidas a compra de um aparelho. No Brasil atual, quase todo mundo tem uma tevé em casa. Quer nfo tem, assiste m9 vizinho. A televisto brasileira, tendo-se em vista a qualidade técnica da programacéo € 0 dinhelro investido, é das mais de- senyolvides do mundo, seu papel social é inegével. Hole, a televisdo €0 veiculo de comunicagSo que mais exerceinfluéncia sobre a sociedade, Por * meio de filmes, novelas, seriados, reality shows, telejornais, desenhos animados. Essa influéncia abrange aspectos psico- I6gicos, morais, econémicos, politicos, criativos, culturais ¢ educacionais da vida do individuo comum. Jornal, revista, rédio, cinema, nenhum outro veiculo de co- municago tem o poder da televisdo no que se refere ao alcan- cee influéncia sobre 0 cidadéo. Um cidadéo, aliés, que jé se encontra dependente da tev, substituindo redes interpessoais cde amigos e parentes pela programagéoda chamada "telinha’ ‘Como o alcance geogréfico do computador ainda ¢ limita- do, pode-se dizer quea tev8é, junto com o cinema, o meio que tem a vantagem de misturar os dois tipos de propaganda: propaganda para ver e propaganda para ouvir. = Na tevé, quem decide o que o consumidor vai ver é o anun- Giante. Ando ser que o telespectador mude de canal ou desli- gue o aparelho, o comercial estaré passando, falando, cantan- do, vendendo, e nfo hé nada que ele possa fazer. Alm disso, so os anunciantes que detetminam quando © pablico verd a propaganda. Nesses aspectos, a revista ¢ o jornal seo muito mais limitados. Além de se sustentaren apenas com imagens, ‘queainda por cima sao estéticas, eles tém um poder de persua~ so menor sobre o consumidor. Isso acontece porque é ele, consumicor, que controla, por exemplo, quando receberd in- formag6es ou propaganda. Basta virara pagina. A televisio é, de novo ao lado do cinema, um veiculo que possibilita a apre- sentacdo do produto de forma dramdtica, demonstrando, como se fosse ao vivo, como determinado produto funciona £ claro, entretanto, que também existem desvantagens, ‘como os altos pregos de veiculagio de um comercial e ainda o risco de no atingir o target da maneira pretendida. Com um plano de midia estudado, correto, porém, podem-se minimizar ‘e quase anular essas deficiéncias. por causa dessas qualidades de formadora de valores e' de opiniéo, alcance e persuasio que a televisio é a midia de maior impacto dentro da maloria dos planos de matketing. E, para o cliente, um dos melhores camninhos para fazer parte desse universo que convence, sedu2, impde e conversa com 0 pébli- co Go filme publicitério. Daf sua importéncia como ferramenta de marketing, ETAPAS NA CONSTAUCAO DO FILME PUBLICITARIO CO filme publicitério comeca no momento em que 0 cliente escteve o briefing, ¢ deve continuar até depots da sua veiculacso, ‘como veremos adiante, Sua construgéo envolve cliente, agénck produtora, institutos de pesquisa, enfim, todos os profissionals de cada uma dessas empresas e até seus amigos e familiares. O processo todo pode levaruria semana ou meses, dependendo FR, da complexidade da ideia, da produgéo e da verba dispontvel Cada etapa tem sua importéncia e, quando se quer um nivel de qualidade acima da média, nenhuma delas pode ser descartada; 1, Elaboracéo do briefing pelo cliente. Apresentago e discussio do briefing com a agéncia. Elaboragdo do roteiro, Aprovagio pelo diretor de criagao. Reuniéo de pré-apresentagdo com atendimento. Apresentag&o ao cliente, Escolha da produtora e do diretor. Briefing para produtoras. Apresentagio, pelas produtoras, do orgamento A agéncia, a 10, Apresentago do orgamento ao cliente e aprovagéo do orgamento. 11, Reunldo de pré-producéo. 12, Casting (quando necessétio). 13, Produgéo. 14, Fimagem. 15, Montagem bruta. 16. Colocagio da trilhe sonora. 17. Montagem final, 18, Apresentaco ao cliente € & agéncia, 19, Acabamento. 20, Primeira c6pia 21, Envio ao veiculo. 22, Veiculagéo. 23, Convencimento 0 QUE E ROTEIRO? cena de um homem dirigindo para casa. Ele relembra © momento em que foi demitido, © cima é de tensao, 0 perso- nagem esté abatido, sua visio €turva, chove na cidade, Che- cgando em as, ele se diige para um pequeno qvarto escur9 & prepata ume forca, A tens do filme se acentua, © homem sobe emu banquinho etirao temo, Nesse momento, camera tira 0 foco de nosso personagem. Ouve-se © barulho do reanquinho sendo derrubaco. Silencio, © homer, porém, sai do quarto, tranquilamente, © qu. A cimera revela que, 2 Ver dade, ele enforcou suas roupas, Uma locugéo em off conch algo come: ‘Nao arrisque seu sucesso, Use roupas Tal’. Entra agsinatura e logo da loja de roupas Tal.” Essa hist6ria & um ensaio de rotero, © roteiro publiitrio € a organizagéo das dias do crador, a representagzo do conde tio de um soho, feito para vender um produto, Tecnicament, uum texto sintético, baseado no argumento, de cenas, sequen cas, didlogos e indicagbes técnicas de um filme. Esses elemen- 8, tos, que 0 roteiro traz ordenados e relacionados entre si de forma dinamica, séo distribuidos entre as trés unidades da ago ramética segundo Arist6teles: tempo, espago e aco. Quando essas trés unidades da aco, as trés partes do todo ~oroteiro ~, so organizadas, forma-se uma estrutura linear, ou seja, @ forma do roteiro. Estrutura vem do latim strctura, que significa disposigéo e ordem das partes de um todo. Assim, o roteiro # uma estrutura. Um esqueleto fmile Benveniste! dizia que uma mesma histéria pode ser contada por diferentes meios (romance, radio, filme, pega de teatro, histéria em quadrinhos, etc.], enquanto o discurso € ‘especifico a cada um deles: nesse nfvel, o que importa néo sao ‘0s acontecimentos relatados, mas a maneira pela qual 0 natrador os traz até nés, Assim, imaginamos que existem dife- rengas entre o roteiro para comerciais e outros tiposde roteiro. Oroteiro para teatro e cinema, por exemplo, conta a hist6- ria de modo detalhado, Ele se preocupa com os pormenores de cada cena, com as infimas caractersticas de cada persona- gem, com cada rufdo. Esse roteiro busca ser o filme ou a pega escritos. Quando lido por diferentes pessoas, todas imaginam © produto final quase da mesma maneira, Por sua riqueza de Emile Benveniste, Prablemas de lingistica geal | |4# ed. Campinas: Pontes, 1995). detalhes, esse tipo de rotelro guia a imaginagio do letor Pare ccaminhos bem definidos. Ele nao é feito para o leitor crit CO roteiro para filme publicitério, ao contrétio, cont a hist6- viade um modo sintético, Néo s6 por causa deseu tempo cure, mas porque ele taz descrighes mais genéricas, de rufdos € posigées de cAmera, por exemplo. Ele permite 20 leitor - 0 — criar, imaginar caminhos. Além de cliente, principaimente apresentar uma situacio dramética, ele precisa deixar "brechas’ para que o cliente entre na histéria, imagines & sua mance, sinta-se seduzido e, assim, aprove-a CO roteiro é a linha guia do filme. & sua matéria-prima ruta. ‘Aideia. De preferéncia, a grande idela. ©@ Preparando-se para comegar ROTEIRO: TAREFA DO REDATOR,, DO DIRETOR DE ARTE OU DA DUPLA? ‘Atualmente, existe nas agéncias de publicidade a ideia de que escrever rotelto € tarefa de redator. Concorde. Nenhum diretor de arte 6 otrigado a dominar recursos de linguagem ou qualquer outra técnica de esctita envolvida na peca publicité- ria, Escrever 0 roteito, porém, € apenas a iiltima fase de sua elaboracéo. £ a fase técnica. HA alguma coisa que vem antes do conhecimento sobre como se constroem didlogos eficien- tes e como se separam cenas, Essa "coisa" é 0 elemento bési- codoroteiro, é do que depende a elaboragio de sua estrutura A coisa € a ideia. E com a ideia nao hé discussdo: em uma campanha, ela € responsabilidade tanto do redator quanto do diretor de arte. Pensando simples: alguém escolhe a carreira de redator porque cria melhor pensando com palavras. Ao contrério, quem escolhe a carreira de ditetor de arte deve criar melhor pensan- do em imagens. Filme é palavra, imagem ¢ dudio. Tudo o que envolve comunicagao ¢ impacto, tudo o que cria emogoes € persuaséo pode ser elemento do roteiro. Assim, todo mundo que cria — néo importa a direcéo, forma ou tendéncia ~ pode crlar um roteiro, ‘A matéria-prima principal da ideia € 0 cotidiano. O coco caindo em cima do carro, a sede por refrigerante de uma mu- ther na praia, o portador de necessidades especiais jogando basquete, o pedestre tentando matar uma barata, qualquer si- tuaco do dia a dia pode resultar em um roteiro brilhante, Cla- ro que o redator tem dia a dia. O diretor de arte também. E 05 dois, supde-se, tém sensit jlidade para identificar uma boa ideia e desenvolvé-la criativamente. Entao, ambos podem pensar no roteiro. “Era uma vez...", quem nunca ouviu ou contou uma histé- tia? Quando ctiangas, somos submetidos a overioses de Branca de Neve, Bela Adormecida, Pinéquic, Simbad, 0 Marujo. Na adoles- ‘céncia, a maioria das histérias fala sobre festas, mulheres, rou- badas, futebol, Alguns anos depois, elas tratam de trabalho, familia, viagens, polttica. A vide é toda histéria. © comego, 0 meio € 0 fim, elementos bésicos de qualquer narrative, esto Ee presentes em cada momento do ser humano. © redator € um. ser humano; odiretorde arte é um ser humano. E os dois, como pessoas informadas ¢ instruidas que so, sabem organizar 0 pensamento, as piadas, uma palestra, em comego, meio e fim, elementos bésicos do roteiro. Ent, ambos podem pensar no rotelro, Crié-lo néio passa de contar uma histéria.” No roteiro, a palavra do redator e a imagem do diretor de arte, ou sela, a linguagem escrita (ou faleda) e a visual, deve complementar-se para dar @idela 0 méximo de forca publicité- tia, Nao hd tempo para fallnas ou riscos, Os 30 segundos na midia valem ouro, Procure saber © prego, para comprovar. E essencial, portanto, que voce retina todos os artificies de ime pacto, sedugéo, persuasdo e venda e, buscando harmonia, misture-os para crero filme publicitaric. Feita a criagdo em dupla, lembre-se; toda técnica tem um especialista, © mecénico sabe tudo sobre consertar motor. O acougueiro, tudo sobfe carne, O que n&o significa que, as ve- zes, 0 acougueiro néo possa consertarum motor ou o mecSni- condo possa cortar uma pega de came. © mesmo ocorte com a dupla de criago. Durante a construggo do roteiro, cada um faz 0 méximo dentro de sua especialidade: 0 redator busca conceitos, imagina dislogos, pensa na assinatura, cria sensa- bes por meio de palavras, enquanto o diretor de arte comple menta pensando no cenério, nas cores, na iluminagéo @ no figurino, seduzindo por meio de imagens. 0 rotelto €0 resulta do dessa interagéo. Como ocorre com © mecénico € 0 agou- aqueto, pode acontecer uma mudanga de papel 0 redator tet ‘timos insights com imagens, ou odiretor de arte criar um die logo perfeito. Na opinido do mercado, o profissional de criagéo deve sa ber cumpri cada exigéncia do job. Ele deve ser como um jo- gador de futebol que sonha ir para a selegao: joga erm qual- quer posigéo, Assim, quando aparecer um rote para car sela polivalente, Esqueca o cargo discriminado em sue carte rade trabalho e pense em tudo, do texto & imagem, da trtha ‘0 siléncio, do infcin an fim, Se voc® néo fizer isso, vat apare- cer alguém que faga. E af seu tinico job seré procurar outro emprego. Roteito: tarefa do redator, do diretor de arte ov da dupa sem porto de interrogagio, O BRIEFING ‘A primeira etapa de um rotelro publicitaro é feita antes de cescrevé-lo: ler, entender, destrinchar o briefing. O briefing € um dos elementos que fazem que o roteiro para filme publicitério seja téo diferente do roteiro para cinema. Ele tragalimites para o roteirsta, apresenta algumas ideias que deve constar nO oR filmea ser produzide, delimita o tempo: A primeira vista, parece uma camisa de forga © briefing do roteiro para filme tem alguns itens comuns &s outras pecas publictérias. O criativo deve entender e analisar pontos come: + cliente; + produto; + prego do produto; + target: + objetivos do filme a ser criado; + pontos fortes e pontos fracos do produto: + diferenciais do produto; + concorrénciss * problemas; + oportunidades; + participagtiode mercado; + compesicéo: + embslagem; + percepcdo do consumidor. Especificamente, o briefing para filme publicitario deve apre- sentar também: + tempo do filme; + verba para produgéo (quando possivel); + perfodo de veiculacéo (quando possivel. Entendendo © briefing e todos os seus itens, voc€ pode comecar a imaginar alguns caminhos para © roteio, 20 mesmo tempo que descarta outros. Pelo target, voce Imagina ¢ Tinguagem que deve usar. Pelos pontos fortes ¢ fracos, 0 Ge deve valorizar eo que deve evita, tanto sobre © produto como em relagéo 8 linguagem. Pelo tempo do filme ~ 45, 30, 15 ou até 5 segundos, sea histéria deve ser enxuta a0 extremo ou SS pode ter um *molho’. Pela verba para producéo, se vale a pena vyocé pensar em um roteiro com grande elenco ou em compli- catos efeitos especias, caso o cliente tenha apenas 10 mllreais para a produgio, Pelo periodo de veiculagio, voce comese 9 pensar nos assuntos que estarav na mode: Em épaca re CoP do Mundo, por exemplo, 0 consumidor sempre esté mals simpético a ideias que envolvam o tema futebol Por fim, é no briefing que voc encontza dois elementos principats,~ e mais dificets de definir para o roeiista ce cine as o assuntoe a mensagent, No roteiro para filme publicitario, © assunto jé esté definido bem antes de voce comegar a pensar ma trama: 0 produto, Aquilo que se quer vender do produto seré a mensagem. essa maneira, 0 deixar claro 0 que pode, o que néo pode © até 0 que deve ser felto, 0 briefing pode ser encarado como um grande assistente, eno como uma camisa de forca. Ele dé go roteirista, de bandeja, intimeros caminhos criativos & SR delimitando a diregao a ser seguida, evita que ele perca tempo trabalhando ideias e conceitos inadequados ou invidvets para ociiente Lido e analisado o briefing, vocé jé tem informacdes sufl- lentes pata comegar @ escrever 0 roteiro. Ainda existem, no entanto, quatro pontos que podem ser analisados mais a fun- do para que vocé tenha uma ideia ainda mais original, interes- sante e certeira para os objetivos do cliente: 0 préprio cliente, o produto, o target (seu espectador] € o meio (a tevé), OCLIENTE \Vocé daria uma camisa de time de futebol a alguém, sern saber para que time ele torce? Com o cliente acontece a mes- ma coisa. Antes de criar, antes de pensar em qualquer ideia para um produto — no s6 um roteiro -, conheca os gostes, valores, preferéncias do cliente. Também pode valer muito a pena saber a que 0 cliente tem verdadeira aversao. Um amigo me contou esta histéria: um dia, em sua agénci apresentaram alguns roteiros para o novo cliente, uma facuk- dade particular. Assim, pensando no target desse produto ~ jovens na faixa dos 17 anos que vao fazer vestibular, classes NB -, suas atitudes, seu gosto pela "zoeira’, eles criaram trés linhas de roteiro, todas bem-humoradas, pensando em cha~ mara atencéo e criar uma empatia imediata com esse pablice Foi com essa linguagem divertida que os objetives ¢ diferen- ciais do produto foram tratados, Pensaram na concorréncia, no mercado, buscaram referéncias, mas eles ainda nao conhe- ciam 0 novo diretor de marketing da faculdade. Enquanto th rnham aquela conversa pré-reunléo, melo informal, esse novo diretor (que no espfito ndo tinha nada de “novo") deixou esca- par que humor era pare “escolinhas meia-boca Seu negécio~ dizia — era sério, académico, ¢ a comunicagao Geveria passer essa impresséo. A equipe da agéncia, suando frioe prevendo alqumas Giceras, escondeu os roteiros.e pegou Outros, MAS {~ dios eiravam em torno do humor, da plada, do riso—0 aue, Pa a agéncia, tornou-se lamentagio, Sem opcko, apresentaram © aque tinham, Até contaram os roteitos com um tom mals sélo, fazendo todo 0 esforgo do mundo para deixé-los completar mente sem graca. Sérios. Académicos, Pots é. Mes alguém ru Pena que ndo fol o nove diretor.£ @ equipe da ctiag6o e do atendimento da agéncia teve 0 castigo por néo conhecer © cliente; passar o final de semana pensando nele, no St. Nove Diretor, e criando novos roteitos. ‘A seguir alguns t6picos que vale a pena vocé lembrar quan- o for criar seu rotelto: + Cuidado com preconceitos. “© Que tipo de linha criativa 0 cliente espera? SR Saiba que tivo de emogéo mais agrada o cliente: Hu- mor? Drama? Terror? Suspense? Ele gosta de personalidades (atores, atletas, modelos famosos) err suas campanhas? Ele quer um filme de 30 segundos ou 0 produto nos 30 segundos? ‘Como ele enxerga sua prépria marca? Mais conservado- 1a? Liberal? Totalmente insana? Se vocé tiver uma bola de cristal: como anda o humor do cliente? Esses t6picos podem fazer de sua criagio a cara-metade do cliente. Eles facilitem a aprovagao de seu roteit ¢ rote © poupam trabalho indtil. Aprovagéo, porém, nao é tudlo. © prinefpio bé- sico da boa propaganda 6 ser surpreendente, Assim, se vocé tiver uma ideia brilhante, daquelas que todos, desde 0 office boy até o presidente de agéncia, entendem e ficam apaixonados, apresente mesmo assim. O cliente pode conseguir enxergar 0 valor de sua criagc. Yocé praticamente vai genhar na loteria e ele também - uma loteria em forma de vendas. 0 PRODUTO Em uma palestra, em uma reunigo, em um papo de bar, para falar sobre um assunto € preciso conhecé-lo, © mesmo age al acontece com 0 produto para o qual vocé vai escrever roteito. Conhecer, aqui, nao significa apenas saber sett nome, S12 fungéo ea cor da embalagem. Significa saber desde quando foi criado até os planos que © fabricante tem pare ele. AS principais caractersticas do produto devem estar no briefing, Nem sempre, no entanto, elas s6o suficientes para se chegar ‘uma ideia brilhante. E hora, entdo, de lancer mao do méto- do de pesquisa mais antigo € mais moderno que existe: curiosidade. © produto € como um programe de computador: quanto mais vout © conhece, mais lange pode ir no projeto em ave estiver trabalhando. Entéo, vé fundo em suas pesavisas: saiba tudo sobre 0 produto e sobre seu ambiente, Navegue pela internet, Veja anuérios. Assista a filmes premiados na catego- via, Converse com o aterdimento, com o cliente, com 0 const midor, Conhega a historia mercadolégica do produto, pare nao criaralgo jf feito. Pense em seus atributes racionals ¢ emocis- nals, Na tecnologia, Em seu valor emocional © racional. Nas cores. No logotipo. Olhe para seus detethes: Sinta seu cheiro. Coma, Durma com ele. Para um roteirsta, até a SOBr# deve ser musa inspiradora. Vale tudo para pensar diferente. prestando atengfo nas formas do logotipo da marca, Por exemplo, a equipe da DM9 desenvolveu o seguinte roteH0 &®, Procite Itai Vida “Titulo: Faria ager co oti dle Seu. Heroes i 0 do opt do at presenta uma pessca. ‘Outro dele ‘aparece (um pouco menef}, fepresentanda outra jee eo ‘outta, e auto, a6 frmarem uma fama, oe ‘LOC. OFF: Mais do que nunca, sua familia, 5 5 i, pracisa de tranqullidac do aue nunca, voe8 precisa de um tat Vide ee ‘Um dos “is” forma o logotino do Itai Seguros. O TARGET Target 6 0 espectador. A importancia de conhecé-lo é a mesma de quando se cria para qualquer-outro tipo de pega publicitéria: fundamental. Vocé deve saber o que o target pen- sa, 0 que gosta € 0 que no gosta de ver, o que ele espera do produto, que pontos de sua personalidade so tocados mais facilmente. Aja como um psicélogo. Quanto mais voce conhe- cer esse paciente-consumidor, mais fécil seré entrar em sua mente e colocar Ié dentro ~na area de ‘produtos preferidos” seu produto. Conhecer o target é seguir normas como: 1. Ando ser que o briefing peca, o filme publicitario nao é feito para agradar pessoas de culturas, gostos e até ida- des diferentes, como no longa-metragem, O filme de um BMW, por exemplo, deve ser visto por homens e mulhe- Seg res classe A, de 25 anos ou mais, que estudam, traba- tham, so antenados com 0 mundo. Busque, portanto, situagées€ ideias do cotidiano desse pablico, 0 tare C espectador néo estético. Portanto, 0 filme também nao deve ser. Quem gosta de imagens paradas, sem audio, sem o minimo movimento, I revistas ou jomais. [Aproveite 0 dinamismo da tevé faga um rotero dind- mico, Nao induza 0 espectador 20 sono. Se vocé quiser mudar alguma_ atitude ou preconceito do target para vender seu produto, fage-o de manetra delica- da, Ninguém gosta de receber ordens. Ainda mais de um. produto (que € quem estaréfalando, no filme veilado. Nao insulte a inteliggncia do espectador.Ideias idiotas, {férmulas gastas, diSlogos vazios e exageros no trans- ‘mitem credibilidade e tornam 0 filme uma arma contra ele mesmo. uma pessoa recebe, diariamente, por volta de dee mi mensagens. Seu filme sera mais uma no meio desse montante absurdo. Entéo, seja claro, cuidadoso, seguro ¢ impactante no roteiro é da natureza do ser humano querer ter mais status do que o restante da sociedade. Em seu roteiro, portanto, apresente 0 produto como algo que, além de um bene- ficio pessoal, trard um beneticio social Eo famoso "var lor agregado", ou o atributo emocional do produto. E cuidado para nfo detxar parecer que 0 produto é "para todo mundo’, por mais que o seja. O target adora ter algo que o vizinho dele nao tenha, O espectador quer que vocé o ajude a escolher. Ajudar nao € escolher por ele. Entdo, faca seu roteiro de modo ano impor um comportamento, ISso soa arrogante. O Meio TEVE Aporcentagem de filmes publicitérios feitos para ser veicu- lados exclusivamente no cinema é insignificante. Assim, trata- rei como meio de veiculagao do filme e, pOrtanto, como mais. um aspecto fundamental para o roteitista, exclusivamente, 0 meio televisio, E quase impossivel encontrar um cliente que pega um filme carissimo, uma superprodugéo com efeitos especiais. E ainda fui bondoso no “quase’. A verba para propaganda das empre- sas esté cada vez menor. Assim, 0 roteiro pata filme publicité- rio deve originar um filme simples e de impacto. ‘Simplicidade e impacto séo necessérios pelo simples fato de que voce est criando para propaganda. E propaganda pre- cisa ser marcante, inteligivel e memorével. Ponha memoravel nisso! No filme publicitério, a discusséo sobre o produto co- mece quando © filme termina, £ por isso que se diz que ele deve continuar aps os 30 segundos ~ na mente do consumi- dor Deve continuar porque o consumidor deve lembrar do fil me quando for a0 supermercado, deve Identificé-lo com fatos de sua vida, deve comenté-Lo com os amigos. ‘Além disso, a simplicidade e o impacto precisam existir no roteiro tendo em vista a forma de linguagem da tevé. O cine- ‘ma 6 um meio com linguagem monoméfica, ou sea, um filme € a mesma coisa durante toda sua prolecéo, de cerca de duas horas, com 0 estilo do diretor, 2 histéria do autor, um género. J4 a linguagem da tevé € polimérfica. Durante a programacao, temos diversos tipos de linguagein, como novelas, filmes de cinema, programas joralisticos e de entretenimento, filmes de publicidade, ete, Devido a essa linguagem polimérfica, © espectador & bombardeado por uma série de concettos, ima- gens, géneros & sensagdes desconexas, sem 0 minimo de li- gac&o entre si, Assim, submetido a uma avalanche de infor magées, ele 56 vai prestar atencao, € mals tarde lembrar, daguilo que realmente Ihe parecer importante, agradével, es- sencial. Entéo, torne @ ideia de seu rotelro - & consequentemente, 0 produto — importante, agradavel € essencial para seu ptiblico. ‘No meio de tantos comerciais, o seu deve ser ‘surpreendente, para chamar a atengéo. Deve provocar impacto, cara ser lem- 8, brado, Deve ser simples e claro, para que a mensagem ~aderir a um produto ou a uma marca — seja faciimente entendida e assi- rmilada, levando a uma agéo do espectador. Deve provocar emo- ao, para que ele tenha vontade de vero filme novamente e de ‘comenté-lo com amigos. Deve ser absolutamente maravilhoso, para que ele néo mude de canal. Enguanto estiver escrevendo seu roteito, lembre-se de que seu filme deve ser “o filme” do break, ¢ ndo apenas mais um. filme. Ele deve ser 0 contrario des outros, sea por meio de uma ideia nova, de um formato surpreendente, de um impacto absur- do, de uma fotografia impecdvel ou de uma emogéo exagerada. Enfim, coloque uma joia entreas biuterias do break da tevé. °@ Roteirizando GENEROS No cinema, todo roteiro tem um género, Ou até maisde um. © género € simplesmente uma questév we 16ivlo, mas pede ajudar a atrair o interesse do espectador, Pelo género de longa- -metragem podem-se imaginar alguns de seus aspectos, como cenério e ritmo. Os géneros mais comuns no cinema sé ' Grama, 0 policial, a comédia, a aventura, o terror, o musical, a i ficgéo clentifica, 0 pomd eo infantojuvenil No roteiro para filme publicitério, porém, a classificagao por «géneros pode ser feita de outra maneira. Em vez de avertura ou rama, o roteirista de comercial pensa em criar, por exemplo, um texto com humor. No comercial, a aventura pode confundir-se com 0 policial; 0 suspense com o terror; um drama pode ser comédia, aventura e musical ao mesmo tempo, Portanto, resu- = mo a quatro os génetos de comercizis, considerand 0 tipo de emogéo que eles despertam no espectador: hums, suspense, drama e erotismo. Nao hé uma regra para a escolha deste cu daquele género. Depende do produto, do cliente, daquilo que mals seduz 0 target. O importante & que sua idea seja boa, que conaulste 0 piiblico, independentemente de fazé-lo rir ou arrepiar se: Ape: sar de néo haver regra, no entanto, hé produtos que pratica- mente incorporaram alguns géneros, pois estes vem se Mos trando eficazes na conquista do target. Por exemplo:0 erotism> nos comerciais de cerveja; o humor nos comercizis de tenis; © drama nos comercials de instituigées beneficentes. Ngo hd.uma categoria de produtos conhecida por seguir com frequéncia a linha do suspense em seus comerciais. O suspense esté ern quase todos os filmes, é que pressupe surpresa inal, sur presa 6 impacto, Eimpacto é o que todo cliente procure ESTILOS DE REALIZACAO Definir estilo de realizagio € definirde que maneira a men sagem publicitéria seré comunicada. Por melo de depoimento? De demonstragao? De uma narragao? £ fundamental que essa forma cumpra os objetivos do roteiro e, posteriormente, do filme: fazer a mensagem ser compreendia, persuadir © gerar recall. Partindo dessas premissas, Terence Shimp* identificou quatro estilos bésicos de comercial, dependendo de o foce con- centrat-se em um individuo, em uma hist6ria, em um produto ‘ou em uma técnica, Cada estilo bésico possui varias alterati- vvas de realizagéo, conduzindo a uma tipologia de onze catego- rias, que podem ser muito Gteis para direcionar sua criagdo, Orientado para o individu + Endosso de celebridades: mensagem de preferéncia, gosto, experiéncia pessoal ou conhecimento pessoal, apresentada por um individuo reconhecido como colebridade Endosso de pessoa tipica: mensagem de preferéncia, gosto, experiéncia pessoal ou conhecimento pessoal, apresentada por uma pessoa que ndo seja famosa. Porta-vor: mensagem de venda em formato de antinci apresentada por uma celebridade, mas sem fornecimento de um testemunho. Personalidade: indlividuo foco do comercial esté engajado ‘em alguma atividade, mas nao esté dando endosso ver- bbal ou testemunhal para o produto, “Terence Shimp, Premganda epromogio: aspects compenetares da com jementaes da comuricago inegrada de marketing (3% ed, Porto Alegre: Bookman, 2002), wR Orientado para a historia + Dramatizagio de video off-camera: uma dramatizagéo € desempenhada no comercial, retratandoa vida ou 0 per sonagem por meio de didlogos ou agéo, mas @ mensa- ‘gem de venda é forecida por um locutor no envolvido na dramatizacéo (em off + Dramatizacéo de video on-camera: a mensagem funda- mental de venda é fornecida pelosatores da dramatizagio, + Naragéo: uma histéria é apresentada no video, enquanto um locutor discute 0 produto anunciado ¢ relata o que esté ocorrendo on-camera. A caracteristica que diferen- cia naragha ¢ dramatizagio € aue a histéria é contada endo dramatizada Orientado para o produto © Demonstracéo: 0 aspecto dominante do comercial é a demonstracao das caracteristicas do produto. + Apresentacéo do produto: 0 produto € mostrado ou apresentado durante sua utllizagéo, mas nenhuma ca- racterfstica sua é demonstrada. Orientado para a técnica «Fantasia: os comerciais empregam caracterizagSes € er redos criativos ou ficticios. | | + Analogia: o produto é comparado, por analogia, a um item no relacionado (como um animal ou uma joial; ela 60 foco do comercial. AIDEIA Voc8 jé leu briefing, conheceu o cliente, o produto, otarget, © assunto esté claro, jé foi coletado todo tipo de informagéo posstvel. E hora de criar, Relagdes, antfteses, metéforas, sinénimos, anténimos, imagens, palavras, sons, sentidos, nonsense, absurdo, vale tudo, E brainstorm na busca da Idela, E ao redor da ideia que giram todos os elementos do rotei- ro. Ela nasce da curiosidade, do questionamento, da nao aceitagéo de preconceitos, da inteligéncia, da imaginagio, da observagéo, do abandono de certezas, da relagio com o meio ambiente. Existem livros e livos sobre as teorias da ideia que apresentam desde técnicas imaginativas até explicagbes sobre or que o ser humano inventa. O fundamental, nesse momen- to, € vocé saber que as ideias esto no ar. Use a sensibilidade para enxergé-las e cacé-las Peter Brian Medawar, Prémio Nobel de medicina em 1960, dizia ‘que a mente humana lida com uma ideia nova do mesmo modo ‘que 0 corpo trata uma proteina estranha: rejeitando-a. Evite essa rejeigéo; adapte-se & proteina estranha, Busque uma ideia original | pata seu roteito. Onde e como, nao importa, Lea, assista, usa, vela, sinta, adivinhe, lembre. Aguce os sentidos. A originalidade pode garantis a atencfio do piiblico, Ha comerciais que vendem por causa do produto, e outros, por causa da ideia, Que tal juntar as duas coisas e fazer de seu filme o melhor vendedor do cliente? ‘As vezes, para fazer um roteiro, basta criar uma historia para ‘oconceito utilizado nas outras pecas da campanha, como antin- cios e spots, Nem sempre, contudo, isso fica bom. © resultado pode ter menos impacto ou até parecer forgado, Nesse caso, busque uma ideia nova, mas sem esquecer a linha da campa- nha, ou sea, suas caracteristicas principais, como.o tom, 0 tipo de humor (se tiver), a linguagem, ete. Bom seria se existisse uma f6rmula para ter ideias, Para quem tem talento, no entanto, alguns "macetes" para ajudar bestam. Destes, a associacéo é um dos mais eficientes. Em seu Redagio publictéria, Jorge Martins relaciona quatro tépicos que podem ajudar a cheger a um caminho interessan- te. Faga assoclagio de ideias por: «+ contiguidade ou proximidade de elementos, mesmo dife- rentes: pneu lembra caroWiagenvestradaldistancla; «+ semelhanca ou suposicéo de significados: tartaruga lem- bra lentidéo; Fogo lembra destruigéo, «+ sucesséo ou decorréncia de Ideias, uma apés a outra: nu- vens escurasichuvalchéo imundo: FR. + contraste ou oposicéo entre ideias:frio/calor; ‘gande/pequeno.? ‘Trabalhando por associacdo, as impressées e ideias acumu- ladas na mente afloram, complementam-se e possibilitam © surgimento de criagdes inéditas. Ao contrério, com bloqueio, a mente néo trabalha direito. Alguma coisa esta inibindo sua criatividade? © mesmo autor relaciona itens que atrapalham a fluéncia da imaginagéo: © conformismo com o que se é, ou jé esté feito; + autoritarismo que impSe sempre a citima palavra: ‘© medo do ridiculo, que receia a opiniao dos outros: a intolerdncia pelo que & diferente ou tfadicional; ‘0 medo dis riscos com mucanga ou inovagéo; 2 hostilizagdo das divergéncias, mesmo que benéficas; + ano avaliacéo das ideias e relex4o sobre elas; * 0s sistemas normativos fechados que no admitem mux dangas organizacionais.* Esses t6picos so apenas conselhos e lembretes. Sinta-se livre para criar os seus. A liberdade o doping da imaginagao. (Quaiquer que tenha sido a ideia que vocé definiu para traba- ‘ orgs. Mas, Redagdo publica: tari e rtia (S80 Paulo: Ais, 1997) “Wid, p. 75, oe har e desenvolver sob a forma de roteiro, no entanto, tenha o cuidado de ser claro, simples e ofjetivo na expressao de seu pensa- mento, abordando um $6 tema e fazendo tudo convergir pare ele. SINOPSE. Sinopse vern do grego sunopsis e pode ser traduzida como =vista dé conjunto’, como, por exemplo, um golpe de vista lan- ado sobre uma ciéncia, um objeto de estudo ou de pesquisa ‘Sinopse 6 uma narragdo breve, um resumo, um sumario, uma sintese. £0 roteiro sem as divisbes de cenas, as falas, as locu- g6es. Ela € objetiva e traz apenas a ideia principal, descrita, é claro, de maneira interessante e vendedora, sedutora, Essa é a primeira forma do roteiro, nascida logo apés a idela, Na lingua- ‘gem do cinema, diz-se que @ sinopse é também 0 argumento da histérla, ou seja, sua alma, sua cabega, sua defesa. E como um *rascunho do roteiro’. Vale lembrar, porém, que, como € feita para ser lida, por mais que nao caracterize um texto literé- rio, & importante que ela tenha um texto claro e fuente Por ser uma representagéo primaria do roteiro, ja na sinop- se podem-se identificartrés atos narratives fundamentals: apre~ sentagao, desenvolvimento e solugio. Apesar de seu principio sera sintese, para que o leitor compreenda a histéria por com- pleto 6 necessério que a sinopse contenha quatro elementos: Temporalicade: identificagéo da época em que se passa a histéria. Localizagao: Onde estamos? Na Lua ou dentro de um estomago? Tada hist6ria se passa em algum lugar. Percurso da ago: os acontecimentos devem ser interli- gacios, colocados em uma sequéncia l6gica. Desfecho: se a conclusao do filme foruma frase, redi- jaca da melhor maneita possivel.Se o produto ainda néo tiver uma assinatura, jf faca um ensaio. E ndo se esquega do titulo. Toda hist6ria tem um. Além de aludar voc® a identficar o rote, ele é necessério na autoriza- Gao de veiculagdo que serd passada 4 emissora de tevé, quan- do‘ filme estiver pronto para ser veiculador ‘Agincia: Lage Magy | Cliente: Roche Git ¥ Ls c Procuto: Remédio contra eone 4 & Titulo: Praia Cena, em close, de um pedagn da aria da praia Apia etd tose é esburacada Vem uma na onde (lettering: Acha...), cobrea areia volta, deixando-e sem marcas \lettering: tem cura}. Entra assinatura. SELECAO DE SINOPSES Uma das vantagens da sinopse é que ela ajuda a economizar ‘tempo, Imagine que vocé teve uma idéia de roteiro brilhante, sep inovadora, genial. Sera que ela é tudo isso mesmo? Entao, antes de partir para o desenvolvimento, escrevendo cada cena, cada locugéo, desenvolva-a um pouco, de maneira objetiva e sintéti- ca, mas sem deixar, é claro, que a ideia central perca 0 brilho. Feito esse resumo, apresente-o para os colegas da agéncia. Se todos se lamentarem por nao ter pensado naquilo antes, sente- -se e transforme sua Ideia brithante em um roteiro bem-acaba- do. Se, a0 contrario, voces chegarem a conclusdo de que "a ideia 6 étima, mas pena que jé foi usada”, esquega-a e agradeca por no ter perdido tempo desenvolvendo, sem saber, um plégio. ‘A seguir, relaciono alguns fatores a ser analisados na sinop- se. Comeles voce poderé concluir se vale a pena levé-laadian- tee transformé-la em um roieiro acabado, +" Objetivo do cliente: Voc# 0 abordou? Ele est claro? + Aideia € original? + Aldeia é simples? + Aldeia tem impacto? + Ahistria cabe em 30 segundos? + Ficou claro qual € 0 produto anunciado? + Custo: a histéria que se passa no coliseu, com milhiares Ge atores e alguns efeitos especiais, pode ser 6tima, mas 6 também muito cara. Se o cliente tem pouca verba, é melhor nem perder tempo desenvolvendo 0 retelro. Sua ideia nao é vidvel + Target: a ideia de mulheres nuas 6 sedutora. Pena que estejamos vendendo brinquedos para criangas. Tenha outra idela, + Tempo de produgéo: © filme é para ontem e vocé quer encher um estédio de futebol? Tente trabalhar com ape- ras um ator O género da hist6ria (humor, suspense, drama cu ero- tismo) forma uma unidade com as outras pecas da campanha? Mesmo se voc® chegar & conchistio de que a sinopse € invidvel, guarde-a. Talvez em outro momento, ou até para ou- two cliente, ela seja perfeita Aatncie:Yurg & Rubicon ‘ mane Clr noma de um pri toto apagato. Una me hep case liga som, um Gradients De fora dorédo, vemos as janes ds vnhos. ‘acendendo e apagando, enquarto eles eclamami do somalta, 0 ecerde- ~apaga das anelas faz omesma efeito do equazadar de um aparelho de som, Entra assinature, Nem sempre, porém, a sinopse é feita antes do roteiro aca- bado. Bla também é muito frequente na imprensa especielizada lrevista Meio ¢ Mensagem, jornal Propagarda e Marketing, revista About, $6 na etc), quando a matéria trata de uma campanha publicitéria eo jomalista quer contar filme, e também nos anuéros de propa- ganda, onde aparecer ao lado de fotogramas, funcionando so- Zinhas e contando, répida e claramente, aideia do filme premiado, ESTRUTURA. ‘Agora que voce jf rascunhou suas melhores ideias, transfor hora de dar a elas o tratamento mando-as em sinopses, completo que pede o roteiro para filme publicitério. Esse trata- mento significa fragmentar a sinopse em cenas, acrescentar 0S didlogos, indicagbes, todos os detalles necessérios, ¢ colocé-la ‘em uma sequéncia ldgica, para obter o drama eo nivel de tensdo ideas. Percebe-se, entdo, que a estruture, com sua intrinseca movimentagéo, € também a aco dramética do roteito. © roteiro para cinema possul uma estrutura bem definida complexa. Entre outros, os elementos que a compoem sé @ exposicgo do problema, a complicagéo eo climax, geralmente cles aparecem na mesma ordem. Jé a estrutura do rotelfo pur blicitério pode ser colocada da seguinte forma + exposicéo do problema/complicagio/conflito (apresen- tagéo/desenvolvimento); + climax (ponto de virada); + resolugao (conclusdo). oR, ‘Também devido a0 tempo curto da narrativa publicitéria, esses trés elementos aparecem bem préximos uns dos outros, quando néo juntos. Geralmente, um certo personagem, duran- te a fase de exposicgo do problema, |é est4 em conflito, en- quanto 0 momento desse conflito pode ser também o climax da hist6rla, Ou sea, a tinica fase mais lara a resolugéo, quando © produto traz a conclusdo do confito. ‘Acrdem dos trés atos da estrutura néo precisa ser semprea mesma. Voce pode inverté-los ou misturé-los, desde que a histéria de seu roteiro fique mais interessante, A estrutura su- porta a imaginagéo, Ela € malevel e mutével. Faga com ela 0 que bem entender A linguagem do roteiro para comerciais € dinamica, pede que sempre alguma coisa interessante esteja acontecendo. Assim, apresento dois diagramas de estruturas ideais, uma de roteiro para cinema (construida por Doc Comparato) e outra de roteiro para comerciais, respectivamente: ogee ties mtn Fonte: Doc Comparto, Dect ae tio(Rio de neo: Rocco, 19951, 189 CONFLITO/PLOT Tudo o que existe vive em conflito. HA 0 conflito de um. homem com outro; dele com a natureza, ou dele com ele mes- ‘mo, quando filosofa, por exemplo, sobre sua existéncla: ser ou nao ser? Hé 0 conflto do animal como deserto, onde ele tenta sobreviver; o da luz solar com a distancia que ela precisa per- corer para chegaraté a Terra, Hé oconfito das palavras com © texto, onde elas devem assumir o significado “x” € nao *y' E 0 conflto, essa interagio dos elementos e aqullo que ocorre éntre eles, que torna o mundo interessante, dinamico e instigante. Levando esse conceito para o universo da narativa, pode-se concluir que toda histéria precisa de um conflito. Porque conflte € aco. E sem ago nao existe drama. No micromundo dramatico, no entanto, nao basta que oscon- flitos existentes sejam apenas aqueles que ja esto subentendi- ee dos. Esses so 08 chamatios “conflitos bdsicos", come os do ho- mem com a natureza, da natureza com © tempo, da tecnologia ‘como tradicional. Oque tora uma narrativa atraente erica, eque justifica sua existéncia, s8o conflitos maiores, acentuados, valorizados. Vou chamé-los de “conflitos fundamentals”. No livro As mil ¢ uma noites, a famosa coletfinea de contos 4rabes, 0 conflito fundamental é o de Sherazade, uma mulher que, para adiat sua morte, conta hist6rias fantésticas ao aman- te, Em A insustentdvel leveza do ser, de Milan Kundera, 6 relagio entre os individuos. No filme 2001, uma odlsseia no espasa, obra- -prima de Stanley Kubrick, o conflito fundamental €0 da luta entre homem e méquina, Ein Belews unericuna, de San Merde, &a vida banal do cidadéo americano em uma sociedade regrada. Em Edipo Rei, de S6focles, é 0 incesto. Em Romeu e Julieta, de Shakespeare, o édio entre Montecchios e Capuletos. E a0 re- dor desses conflitos fundamentals que giram todos os confli- tos bésicos e os outros elementos dramaticos. E por meio do conflito que vocé deve fazer o leitor se iden tiffcar com seu roteito, criando empatia pelo servigo ou produ- to. Crie uma situagao que poderia ocorrer com seu ptiblico, faga que ele se enxergue na hist6ria e, assim, estabeleca uma relagéo de cumplicidade. Seo personagem esté para ser atro- pelado, induza o leitor/espectador a sentir 0 mesmo frio na barriga, Rit, eritar assustar, chorar, desprezar, ibrar, odiar, amar, Se duzir-acettar. Na frente da tevé, seu pablico é quase como a tébula rasa de Rousseau. E seu roteiro é a talhadelra que val moldar nele a emogao que voce desejar. © conflito fundamental 6 0 segundo assunto do roteiro (0 primelro sempre € 0 produto}. £ ele que fornece o Impulse cramético que move a histéria para sua conclusée. Eocentro da aco dramética, Na linguagem do roteito, é 0 “plot” Eo plot que faz um bom roteiro para comercial. No cinema, nas novelas, nos livfos ou no teatro, ele é odorse dramético. A dramaticidade, porém, pode ganhar forge pot meio de outros confitos e intrigas paralelos, pequenas histéries que uitecionam onteresse do espectador para novos caminhos e até por meio de outros conflitos fundamentals. No filme publicitétio, entre- tanto, nao hé tempo para isso. Em 30 segundos vocé precisa prenderaatencio, fazerse entender, conguistare provocar uma acéo, Portanto, escreva somente o que é estrtamente neces: sfiro para completar sua ideia, No coloque nenhum elemento ‘ roteiro que possa desviar a atengéo do leltor da mensagem siete E mais facil uma mensagem ser gravada quando elaé ‘inica Ge, em seu rotelro, o plot € 0 amor de um motorista pelo catro, pense apenas em buscat um caminho que o torne o mats diferente ¢ interessante possivel para esse conflito. ‘Agéncia: Talent Cliente: Ipiranga Produto: Postos Ipiranga ‘Titulo: Ambuléncia Nos oredotes de un prnto-sozcro, médtos apeensivos >, métices apreensvos emouiram traf cnt ane Coss Cae ees ambulénca que est Sendo lustreda por um funcindio FUNC: C cue? Gooca be aqu? Cue 6 sso, gente, acabel do rr! (s dos mésces se ctem, sam entanet FUNC. Gena cafe brace’ sual Cise que eu cht rt? © pacientes um ged de or. FUNG. Té vendo Yai emoorclhar tude dent. Cortagara imagens do um posto rena LOC. OFF: Se voo8 ¢ epaixonacio por cat lh Pee ee E no plot que esté a forca do roteiro. Ble € a forma da ideia, © caminho escolhide para causar o impacto. Junto com o per- sonagem protagonista, com o personagem coadjuvante e com 2 ago, ele forma 0 miclea dramAtica do roteito, PONTO DE VIRADA Ponto de virada é qualquer incidente, episédio ou evento inesperado que leva a agéo dramética para outra diregdo ou ap-esenta uma situagdo que o espectador ndo esperava. Nem todos os filmes publicitérios tém um ponto de virada. Quando existe, no entanto, ele €0 climax da narrativa, Eo momento de emogéo acentuada, ela surpresa, humor, drama, medo. Qual- quer emogéo. muito mais féeil escrever um roteiro com ponto de virada quando {6 se sabe qual seré esse porto, ou seja, quando jf se sabe qual seréo final. Quando escreve sem saber para onde esté indo, voce se perde na hist6ria, no tempo, em todos os aspectos de sua crlacéo, Portanto, crie o ponto de virada antes de tudo Depois, faca uma sinopse com ele, $6 entio desenwolva uma estrutura de maneira interessante, cor cenas, dislogos,letterings prenda a atengéo do espectador, leve-o a antecipar um acontecimento provével ¢ faga com que « fato ocorra de forma totalmente oposta, surpreendente, ou apresente um fato marcante quando a hist6ria jé pareca ter terminado. Potencialize co choque do ponto de virada. Ele ¢ o embrido do recall. ‘Agencia: W/8CK Cliente: Folha de S-Paulo Produto: institucional Titulo: Hider Fine comega com alguns ponts pret, retculas de joral, na tela ‘Camera vai se afastando lentamente, outres retoulas do diversos ‘manos x60 sutindo em cena. Uma locugao em off acompanta @ Tecan da céera, No fundo, rds asporaticos de tambores. 100. OFF: Este homem pegou uma nagéo destruida, Racuperou sua coors «devi 0 orga eo seu pvp: Em sas quatro pimens Fi, ‘anos de govemo, 0 ndmmero de desempregados caiu de 6 milhoes para 900 mil pessoas, ste homem fezo produto interno bruto cresoet 102% a a ena per capa debt. Aunntouo cto das empresas de 175 mikes para 5 bihdas de marcos, 2 reduzu uma hipefinfiagso 2 no mimo 25% ao ana, Este homem adorave masica e intura, € quendo Jovem imaginava seguira carsia atstica, CCémera se asta loom out| agora mals apidamente, O som de tambres, se ecentiae acdea. Vemos o qua hd na imagem: uma fotogrfia de joral, em brance e preto, do rosto de Hitler (aonto de vireda} ie is poss{val contar um monte de mentiras, cizendo sé a verdade, or 880 6 preci tomar muito cuidado cam infommaga eee ymagio & otra que Fade out. Entra ogo da Falha ae S Pel. LOC. OFF; Falta de Sdo Paulo, Ojorrel que mais se compra, @ que nunce se vende. SOLUCAO Asolugio a resolugo da histéria e do conflito. E como o conflto seré resolvido. No roteiro publicitério, geralmente é feito por aquilo que vocé est anunciando, O produto ou servigo do cliente deve ser 0 superhersi da trama. Se © carro pila, 0 6leo especial precisa aparecer etiraro motorista de uma fria. Se der brancona cabega do vestibulando, o cursinho seré sua selvaséo. Seo pacote for un sorvete, asolucgoseré um servigode entrega répida. Se a internet esté lenta, nada como um provedor de alta velocidade. gee Seja o mais claro possivel na solugao | do roteiro. Mostre, com todas as letras, cores e sons, qual é o produto, Lembre-se: voce ‘est escrevendo uma histéria para o cliente, ndo para voce. No roteiro para filme publicitério, ha duas maneiras de apre- sentat a solugao do conflito: 1. Vocé pode fazer produto (solugae) acompanhar toda a narrativa, participando das ages dos personagens € interagindo com eles. © impacto € menor, mas © produ- to, mostrado durante todos os 30 segundos e insetido em uma acéo do dia a dia do target, pode parecer mais: préximo, acessivel e simpatico 2, Adui,geralmente impacto & maior Vocé pode fazer, perto do fim da histéria, um ponto de virada em que o produto surge de repente para solucionar 0 confit ~ seja apenas porintermédio do locutor sjanasmios de um personage uno packshot. Vocé também pode provocer mudanca de atitude por parte de algum personagem, gerando surpresa ‘econduzindo a narrativa em outra direcéo. etal vai até o vend it Grepmen ‘maior beijéo-em sua boca, parecendo chuper: iaaia (itn dowpaentes ea es ‘Ba para, com expressao de fees e passa atéa ine ne fica com @ cara “chupada”. Ae a Entra logotipo. LETTERING: Pepsi Ask for Move IMPACTO. Impacto vem com surpresa. Nao tem segredo: toda situa- do surpreendente & mais facil de ser lembrada do que uma situago de rotina. Momentos da infancia, flagrantes, um au- mento inesperado de salério. A surpresa e 0 impacto provo- cam reagdes no organismo: agugam sentidos, cilatam a pupila, provocam descargas de adrenalina, mexem com a razéo ecom a emocdo. O mesmo ocorre com 0 roteiro para filme publicité- io, Levando-se em conta que um dos requisites fundamentais desse tipo de roteiro é fazer que 0 produto, marca ou servigo anunciado seja lembrado pelo consumidor, o impacto torna-se um elemento vital H4 duas maneiras de seu roteito provocar impacto. A pri- meira é pelo formato. A outra, pela histéria, Impacto pelo formato £ posstvel provocar impacto pelo formato trabalhando de maneira criativa alguns elementos da estrutura do roteiro, como cenas, lettering, didlogos, locucgo, packshot, trlha e ambien- taco. O que vocé pode fazer: + Cenas: separe-as de um modo inusitado, novo. Imagine, por exemplo, a tela dividida em trés partes, com varias ages ocorrendo simultaneamente. «Lettering as palavras podem entrar caindo e destruindo ‘ambiente, e ter uma luz muito forte, fluorescente. = Packshot: pode ser continuagao da histéria, e no ape nas q concluséo. «Trilha: sugira uma valsa em um comercial de caminhéo. Um rock pauleira em um comercial de fraldas. Se ficar coerente com a hist6ria, poderé ser interessante. ‘As wezes, muitos elementos do filme so decididos apenas com @ produtora, como a forma dos letterings e a trilha, Se voce, porém, julgar realmente necessério para o sucesso de seu roteird, descreva-os & vontade. -Agoncia W/B Cliente: Natura Produto:Institucional Bs Tilo: Folia de Reis ‘ : 0 fine ur nina com usagbas na ese dates de cade mostra Folia de Pais. Tibade funda, = 5 ie Cémera vai passeendo pela festa mostendo narsonagens dancando, tocando vo, cangas se divetind nau, famfias a janela de casa olhendo afesta, 7 Chogames no erage uo fami, qustest reso ne conastoramert les descem do caro evo parcipardafesa, mera continua mosttendo detales da festa, enriquacds pela linguagem em aniraeao.Até que vemos cus fala aue sil do sara 60 08 atoresprincpais de representagdo do presépio. LETTEAING: Fez esi para vor. Ente legatip. Impacto pela historia ‘As mulheres gostam mais de ganhar presentes em datas que no comemoram nada, Em campeonatos de surfe, se dé melhor ‘quem faz manobras em partes da onda em que ninguém imagina ‘ser possfvel surfar daquela manelra. Os filmes de cinema mals co- mentados sto aqueles com finais surpreendentes, inesperados. ‘Se voo# assistir aos ilies, por exemple, Jogos, trapagase dos anos fumegantes, de Guy Ritchie, e Nove rainfas, de Fabian Bielinky, centenderé © que significa "impacto pela histéria", O que estou querendo dizer, novamente, é que toda situago nova, tudo o que foge do esperado, provoca impacto, Pense nisso para seu roteito Lembre-se dos tépcos que apresentel no item "Ponto de virada” ‘AgOnl: Almap/BBDO lente: Pensi Produto: Rerigerante Cena co famosa jegator Beckhem, co Manchester United, sando te campo depbis co jogo. Ne rempa que ova aos vests, ee enoontia, um gartinto tomando Peps. fe pode um gol, eo garotnho oferece seu refrgernte. 0 craque toma um gol « devote itn (Ogarata pede sua camisa, Comovido, Beckham dé a camisa para 0 Ue, toto, Esto, por sua vor, usa-a apenas para ipa a boca da lati @ a devolve para 0 cranue. 0 gatoto voi embcra © vormos que, nas cosas de sua cariseta,esté soit o nome co tie ial: Juventus. Enea lagaton LETTERING: Pepsi. Ask ox More Repare que néo foram usadas ferramentas complicadas, efeitos especials e que ndo hé segredo para filmar essa hist6- ria, Vocé viu como 0 autor guardou a surpresa para o momen- to certo? Algumas histérias pedem a virada {0 impacto] no melo. Outras, no final. No inicio é dificil: 0 espectador pode perder o intéresse e ndo ver o resto. Ha filmes em que surpre- sas ocorrem a todo momento. Faca 0 que vocé achar neces- srio para chocar, Mas cuidado: hé uma grande diferenca en- tre roteiros de impacto e roteiros apelativos. Crie com bom senso, OR E EMOGAO ‘S60 espectador que presta atencéo & histéria é capaz dese ‘emocionar. E, para conquistar a atengéio do puiblico, 20 cons- truir o roteiro vocé deve moldar a ideia de um modo criativo ‘deal para que ela desperte o interesse do espectador. Em seriados, novelas e filmes, é dificil que o ptiblico mante- nha o mesmo nfvel de interesse durante toda a narrativa. Por Isso, existem os pontos de identificacéo, ocasiSes em que o autor se vale de recursos pare movimentar a hist6rta, devolvendo ao espectador o interesse e a vontade de envolver-se. Sao aque- les periodos em que o ptblico val decidir se vale a pena conti- nuar dedicando sua ateng4o a trama ou no. Em novelas, ge- ralmente h4 pontos de identificagio no final de cada capitulo, para que 0 espectador tenha vontade de assistir ao préximo no dia seguinte, Em filmes para cinema, so muito importantes os primeiros [5 minutos. Nos filmes publicitérios, o ponto de identificagao deve existir o tempo todo: nos 30 segundos. Em casa, seu target [4 tem muita coisa com que se distrair durante o intervalo comercial. Ele aproveita para ir ao banheiro, é a geladeira que convida a gula, so os filhos que brigam o tempo. todo. Assim, seu roteiro deve originar um comercial interessante ao extremo, a ponto de manter o espectador na poltrona. Utilize todos 08 recursos possiveis para prender a atengao, em todas as g& cetapas. Seja por meto de uma perseguicéo, de uma tia frenét- DESEO ca, do silencio, de imagens que déo gua na boca, ou da sediugéo 1 de atores. Introduza sua mao através da tela da tevé e segure 0 espectador no sofa. Cada segundo no horétio nobre da Globo custa porvolta de R$ 3.500. Qu voeé emociona o target, meu amigo, ‘ou o cliente nao vai mais se emocionar com suas ideias. 6 compra quem deseja. Segundo a psicologia, o homem reage mais prontamente por meio das emog6es do que pelo racio lo As mensagens que recebe. Nem sempre 0 novo é suficiente na criagdo do roteiro; as vezes hé necessidade de outros artificios que tragam mais motivagao 4 mensagem. Es- ses artificios podem ser as préprias qualidades do produto ou valores conotativos, que aticem o desejo do consumidor a ' adquitir 0 produto, induzindo-o a acreditar que a compra val personalizé-lo, saindo da massa anénima que néo temo privi- légio de possutlo Dessa maneira, hé diversos valores interessantes que vocé pode vender (desde que sejam adequados ao produto} com seu roteiro. Jorge Martins os chama de “recursos motivadores” A seguir, relaciono alguns desses recursos, juntamente com exemplos de categorias em que geralmente sio identificados: + felicidade, prazer, alegria (cervejas, hotéis); + juventude, viriidade, esportividade (roupas, carros}; * poder, prestigio, status social (jolas, restaurantes); + autoestima, bem-estar, vaidade (roupas, cosméticos); + satide, seguranca, qualidede (planos de satide, alimentos); ‘+ amor, erotismo, fantasia (lingeries, perfumes); mera bre, ver hes, ge : ‘LOC. OFF: Bradesco. Colocando voc8 seme a irente 1 ue eles St0racé-casads, esto vestidas coma = economia de tempo, praticidade, modernidade (eletro- domésticos, computadores) > ‘CREDIBILIDADE A credibilidade de um depoimento reside naquilo que ele tem de verdadeiro, e que & provade como verdadeiro por meio de dados ou pelo consenso do puiblico. © mesmo acontece com 0 roteiro para filme publicitario, ‘A publicidade é uma atividade que desperta desconfianga na sociedade. Muitas pecas publicitérias utilizam-se de argue mentos que dao para o produto ou marca um tal siatus de per feigdo perante a concorréncla que s6 resta ao consumidor ficar com 0 péatrés. Quando o milagre € muito grande, o santo des- confia, Assim, para fazer um filme que ganhe a confianca do target, © roteirista deve ter um compromisso com a verdade. ‘Suponha que vocé precise escrever um roteiro sobre um sa- bdo em pé que deixa as roupas muito brancas, Yocé pode fazer © roteiro “bésico", comparando duas pegas de roupa, uma la- vada com 0 sabao concorrente e a outra com seu sabao. A dona de casa sabe que, basicamente, a diferenga no resultado + bid. p. 156. | da lavagem 6 minima, Portanto, no exagere. Ndo coloque uma peca de roupa amarelada representando © sablo da concor- réncia, nem uma pega quase “transparente" representando o seu, Ndo faa uma overpromise. Seu target s6 vai desconfiar.E, cé entre nés, fuja dessa ideia, E muito manjada. Que tal esta? ‘Ag@ncia: Almap/BD0. Cliente: Omniex SIA Produto: ODD Thu: Lengo um ier bbranco & aoe ‘VOZEM OFF: Eissa& muito bom, porave, nmi seer seme impecavemarteberea Sai i ae on Entra packshat toc. OFF RITMO. Mesmo com apenas 30 segundos, um roteiro e, depois, 0 filme a que ele deu origem podem ser chatos, macantes. Isso pode ocorter por duas raz6es: ou a ideia € fraca, batida, previ + economia de tempo, praticidace, maderidade (eletro- domésticos, computadores}.* ‘CREDIBILIDADE A credibilidade de um depoimento reside naquilo que ele tem de verdadeiro, e que é provado como verdadeiro por meio de dados ou pelo consenso do piblico, © mesmo acontece com 0 roteiro para filme publicitrio, A publicidade € uma atividade que desperta desconfianga na sociedade, Muitas pegas publicitérias utilizam-se de argu- mentos que dao para o produto ou marca um tal status de per feicdo perante a concorréncia que s6 resta ao consumidor ficar com 0 pé atrés, Quando o milagre € muito grande, o santo des- confia, Assim, para fazer um filme que ganhe a conflanga do target, © roteirista deve ter um compromisso com a verdade. ‘Suponha que vocé precise escrever um roteiro sobre um sa- bio em pé que deixa as roupas muito brancas. Yocé pode fazer © roteito *bésico", comparando duas pegas de roupa, uma la- vada com © sabSo concorrente e a outra com seu sabao. A dona de casa sabe que, besicamente, a diferenca no re da lavagem é mfnima, Portanto, néo exagere. N4o coloque uma pega de roupa amarelada representando o sabao da concor nem uma peca quase “transparente” representando 0 seu, Nao faga uma overpromise, Seu target 36 vai desconfiar. E, c4 entre nés, fuja dessa ideia. E muito manjada. Que tal esta? ‘Agéncia: Almap/BB00 - Cliente: Oiex S/A a Produto: OOD as Titulo: Lenco ‘ En una dea de sng, telat tongue abe ‘sozinha, 0 sabéo em, Goa até 0 tanque € $6 0 V2 EM OFF: Este ¢ 0 OOD om pt. Be. ago profes ‘ois, dekando as cores mais was €o| oe \VOZEM OFF isso 6 mut de estar sempre impecavelmer O lencol sai da agus, s: ‘anda pela casa. Ent packshot RITMO ites: ser chatos, mac saz0es, OW a ideia € fraca, batida, previ- sfvel, ou no existe harmonia entre as partes. O roteiro néo tem ritmo. Nao hi como definir exatamente o ritmo. Ele é formado pelo conjunto dos elementos da narrativa, como as cenas, os didlogos, a acéo dos personagens. As vezes, um ritmo lento € ideal para o roteiro, Qutras, o ideal é um ritmo frenético, como um videoclipe: Nao hé regra. E bom, porém, que vocé analise duas coisas: a ideia e 0 target. Imagine um rotelro com imagens em ritmo alucinante, tha mais alucinante ainda, cores, sombras, luzes, pessoas se movi- mentando rapidamente, letterings pasando, © target, porém, so pessoas com mais de 70 anos. Néo funciona. A linguagem desse target ndo 6 do videoclipe do jovem de 18 anos. Busque algo menos alucinante. Cuidado também com 0 contrério, Para falar.com criangas na faixa dos 7 anos, veja, por exemplo, os desenhos animados 2 que elas assistem, Sdo centenas de quadtos por minuto, angulos que vocé nunca tinha visto, letterings voadores. £ uma linguagem que seduz esse target. cuMA Terror: localizagdo sombria, cores puxando para o cinza, agem aflito, irilna dramatica. Amor: cores : persor | quentes, trilha roméntica, Tédio: cmera fixe. Essas so algu- mas descrigdes que voc pode fazer para compor o clima do roteiro. Toda hist6ria tem um clima, O clima € a sensagéo que a histéria, com sua imagem e dudio, transmite para o piiblico. Essa sensac&o pode ser desde 0 assunto do plot, como amor ou terror, até sensac6es de frio, calor, dor, angtistia, sucesso. O clima & um dos elementos principais para o leitor do roteiro criare visualizara hist6rla que vocé conta. © rotelzo deve sedu- 2ir e, para isso, precisa oferecer ao leitor algumas descrigdes elementos para que ele possa criar 0 cendrio de um sonho. © leitor, entretanto. deve sonhar em uma direcio precletermina- a pelo roteirista. Por isso 6 importante-dleixar bem definido, por meio de alguns elementos, qual é 0 clima, ‘Yocé pode definir 0 clima do roteiro por intermédio do dié- logo, das agées do personagem, da triha. Algumas vezes, 0 préprio produto anunciado jé traz subentendidas algumas sen- sages, Por exemplo: criando para os vefculos da marca Toyota, Jogo imaginamos um cenério de aventura, um clima jover; para vender cervefa, é claro que um clima alegre e descontraido € mais adequado do que um clima de tristeza Algumas vezes, porém, sao necessérlas algumas informa- Ges adicionais, além, simplesmente, de acdes, didlogos, tri- lha, produto, Entim, o roteiro pode estar pronto, mas algumas indicacées ainda so ber-vindas para que seu tio seja certero. Essas indicagbes devem ser breves e podem relacionar-se a: + movimentos de cémera; + iluminagéo; + detalhes do cenério; + copes: + referéncias + caracteristicas do personagem; + lettering: + tom da locugéo; + tom das falas. Dena de une moc. aia, atravesserdo ari em ums cade derodos. “ediora were, mus ergs area pra cia, Chegando 20 ‘outro lado, ela tam muita dificuldade para passer pela quia fe sibirna Celade. Close nas rodinhas da cadeira de rodas, indo para arente e para trés (demarcagao para clima). LETTERING: Vacinar seu filha contra a paralisia é mais fi. Carta para logotipo do Ministério da Saide. LETTERING: 19 de agosto. Vacinagéo contra a peralisia PR, Agéncia: W/Bras! Cliente: Valisére Produto: Institucional Titulo: Primero Sut ‘ es O fils & bem emirioral, cada agdo ¢ apresentada com rmuita sutileza (demarcagao para cimel. Comega mostrando uma menira de uns 14 ans n aula de etcaco fica de excl. Ba fa Gidea ato livers outras atigas, eporcote que algumas jd usem sui, Corta para um qua de mienina.Alguém, um adult, coloce ume cava de presents em cine da cama e vai embora, Cortapaa a menina, agora no fim da aula de educacéofsica, Ea asté no ‘esto efca incemodada ao ver que a maloria de suas eigas fsa sutleslando. Mo eweraontada, cease stonée uncon tocar de carnisa Corta para a menira chegando em casa, no seu “auarto Elalogo ite, meta chateada, pewsatva.Até que v8 a cava de cesente em cimia ds ‘cama. Durosa, abr o presente fica boouaberte quando 8 o mee: umsuta, Ea se anima e core para a tente doesnt pare xo rocenel Teds fl a ease chardo no espe ct compltamene redial Corta agora para menina andando ra ra, indo pera @ ‘aguas pastas (uma pranchate}debsino do braco Ee passa pa um {garotobontéo. quel ara ea, sorindo, Tema, lav {8 prancheta},colecarslo-as [a] a frente dos seins, O 9 fica hand para ts, cS LOC. OFF: O primeino Valisere@ gente nuncaesquece, Amanita sari vais as pastas apranchata e contin arden, chia de si, agora toda Segura, confente, Entra logotpo, Deixe bem claro qual o clima de seu roteiro. Antes de interagir,o leitor precisa saber se vai entrar em um campo flori- do ou em um rio cheio de piranhas. DESCRICAO DE DETALHES Aqui, € cada um com sua fungéo. Durante 0 jogo, nenhum jogador de futebol ajuda o torcedor a balangar a bandeira, Na cirurgia, o anestesista que quer operar 0 paciente deve estar Jouco. Na hora de filmar, 0 diretor néo muda seu roteiro. Na hora de escrever 0 roteiro, vocé nao deve se preocupar com muitos detalhes técnicos de cada cena Aresponsabilidade do rotelrista nao escrever posigées de camera ea terminologia detalhada da filmagem. Ele deve dizer 20 diretor o que filmat, en como filmar. Seu trabalho ¢ escrever. O do diretor é transformar as palavras em imagens. Um roteiro pode contér apenas as descrigSes dle iluminagéo ¢ posigbes de cAmera necessérias para dar a ideia do clima da narrativa, ‘Mesmo assim, sero sempre ideias, sugestdes. A decisio final deve ser torada com o diretor. Vocé pode fazer algumas indicagdes de posigdes de cémera, por exemplo, mas, a0 indicar que deve haver um close em determinado objeto, vocé o faz pensando que aquele detalhe é importante. Agora, se O ‘diretor = vai fazer um close, um zoom, ou usar qualquer outra técrica para sublinhar um detalhe, é coisa para se discutir mais tarde. Preocupe-se em fazer indlicagées apenas quando elas tive- rem uma fungéo: um close para valorizar um detalhe funda- ‘mental, uma iluminagéo clara para dar um clima alegre, uma roupa s6bria para ajudar a definir 0 comportamento sério do seu personagem. Tais indicagdes seréo importantes para orientar o trabalho do diretor, do figurinista, do fot6grafo, en- fim, de toda a equipe de filmagem, na diteg&o que voce imagi- nou. Mas cuidado: um roteiro cheio de descrigdes desnecessé- tias, sela sobre planos, zooms, figurino, decoragéo ou iluminacéo, apenas confunde, torna-se chato e desvia a aten- Go do cliente do fundamental: a idela, Encare seu roteiro como um quadro modemo: se a moldura 6 enfeitada demais, parece que vocé quer trazer & obra de arte uma percepgo de valor que ela no tem sozinha. E como ad- mitir que ela ¢ fraca e, por meio de maqulagem, tomé-la gran- diosa. Alumas das melhores bandas de rock'n'roll do: mundo dispensam iluminagGes e efeitos especials milionérios em seus shows, Elas néo precisam disso. Podem, sozinhas, conquistar a plateia. Com o roteiro a mesma coisa: quanto mais “enfeites™ vocé colocar, quanto mais detalhes que nada acrescentam & ideta, mais vai parecer que vocé esta quetendo "empurrar” um conceito apenas razodvel. Conquiste sua plateia ~ o cliente ~ SF, com a idela, néo com o sfiow por trés dela, A carroga faz mais barulho quando esté vazia. utra razdo para voce no encher 0 roteiro de marcagées ~ e que serd discutida no t6pico sobre storyboard - € 4 liberdade de ctiag&o, tanto do cliente como do ditetor. [4 foi dito que, a0 apresentar um roteiro, 0 ideal é que o cliente sonhe por meio do texto; descobrindo novos camninhos e entrando na historia, Pois, entéo, como ele pode entrar se 0 roteiro esté fechado completamente? Como ele pode sonhar se, por todos os la- dos, encontra descrigdes exatas e definitivas de iluminacéo, comportamento dos personagens, posicées de camera? No caso do diretor, a0 receber um roteito, ele também quer criar, colocando no filme alguns elementos que o particularizam e o identifica perante outros diretores. Ele quer dar seu toque pessoal, usar seu talento, para dar um acabamento perfeito idela, E pode ter certeza de que um bom direter sabe fazer isso = posicionar a cémera, a luz, os atores, os objetos de cena ~ melhor do que voc8. E a profissao dele. E sua fungSo, Muitas vveves, é esse toque do diretor que faz um filme brilhante, H& um famoso filme da cerveja Guiness, em que cavalos pulam ‘ondas enormes, surfadas por alguns surfistas insanos. No ro- telro no havia descrico das cores do filme. © tom preto- -azulado foi escolhido pelo diretor e passou perfeitamente 0 clima mitolégico que o roteirista desejava. E mais: no fim da primeira filmagem, a equipe da produtora achou que faltava alguma coisa e actescentou os cavalos, que néo existiam no roteito original. O ditetor teve plena libercade para criar, para ‘mostrat o que sabia fazer. E fez, junto com a agéncia, aquele que é, muitas vezes, considerado o melhor filme publicitério do século. PERSONAGENS (O personagem principal do roteiro é sempre o produto ou a marca, Eisso que deve, mais do que qualquer outra coisa, con- quistar > espectador, Assim, a0 contréric do roteiro para cine- ‘ma, em que os personagens so bem-acabados, com descri- ‘GOes fis cas, sociais e psicol6gicas, nos roteiros para comerciais uma descrigfio sintética, camo no caso da ambientacéo, & sufi ciente. Os personagens nao precisam de profundidade. Eles no precisam ter uma hist6ria, urn nome, uma casa, Podem ser superficiais, desc que tenham uma personalidade. A persona- lidade 6 importante porque ajuda na definigéo do tom do rote ro, em sua diregdo e na identificacao com o target. Vocé nao precisa dizer 0 peso do personagem, sua altura, ‘suas roupas, todo seu padréo de comportamento, Para passar a idela de como seré o personagem de um filme vendendo pane- las, basta, por exemplo: homem tipicamente macho, cafajeste, 5° 1g70850. No caso de o personagem ser alguma personalidade fa- ‘mosa, muitas vezes até essa répida descrigéo torna-se desne- cesséria. A petsonalidade traz consigo uma imagem, um com- portamento que jé é bastante conhecido. Basta citar seu nome. Doc Comparato traz um quadro de caracteristicas bésicas, construfdo pelo dramaturgo Ben Brady, que pode ser muito titi pata vocé apresentar uma descri¢&o suficiente para os soteiros de comerciais: répida e exata sujo ~ imaculado inkeligente — burro ‘eneracedo — apitico valente ~ covarde arrogante ~ humiide bstinado ~ décil Justo ~ justo crente ~ incrédulo calmo nervoso sensivel ~insensvel cruel - benevolente enti! ~ violento alegre ~ mérbido delicado - estiipide ‘generoso ~ avarento claro - confuso convencido ~ modesto ‘moral - imoral ativo ~ preguigoso sadio ~ doente ingénuo ~ malicioso cextravagante ~ comedido timido ~ extrovertido hesitante ~ impulsivo simples ~ complexo vulgar - nobre pretensioso~ modesto _Iicide ~ alienado singelo ~ afetado misterioso — evidente desajeitado ~ habilidoso —_genioso ~ sereno astuto ~ franco ‘egoiste ~ altruista® ‘Doe Comparato, Da criago ao mtn (Ro de aneito: Rocco, 199) p, 131 ac Mais do que adietivos, so atalhos para caracterizar, sucinta © eficientemente, tragos de personalidade dos personagens. Além disso, servem para vocé no perder tempo. Agencia: Lage Magy Cliente: AACD Produto: institucional Titulo: Biblioteca Numa bibliotece, cena de um garoto de uns 8 anos, portador de deficiéncia, usando muletas (descrico do personagem), Ele pare de frente para uma estate de irs daqeles bem alta la hands para cima, coma se quisesse um liv, ‘Ald delehd umamerica, um goucemeisvea,usencoumvestino, também escolhendo um Evo € U gato oa um io em cima e tera seango, coma milla Ee ‘enta derovo, rao consegu, lta meio decepeionat para aestanta A menina percebe’s difculdade dele, Com dé, ee eae escada, para pepar lv. que ogeroto quer. ‘Quando a menina esté 4 em cima, 0 garote aprovet ieee dar uma ‘hadinha por baixo do vestido da fle desce eentraye Siva para te, que sor aaradeedo. Amenine embor. aaa: ‘ garxaesperaa menina sat Cuando v8 que ela se fo ele dio fro ‘elado, sev nem abo, vai para lado de otra merina, que também sa vaso le comeca a olarpara cma ca pratelea, de novo, querendo um fro. LETTERING: Gactos so todos ial. Todos. Entra logo ACO, LETTERING: As dferengas acabam aqui ce ee = CENA Cena é uma segéo continua de ago dentro de uma mesma localizagao. E o momento do drama em que a composicéo do personagem néo se altera, Durante uma cena, o personagem pode ter varios movimentos, mas sua ago principal seré ape nas uma, formada pelo conjunto desses movimentos. Por exem- plo: a cena de um assassinato € composta pelo personagem empunhando a faca e, no mesmo lugar, atacando 0 oponente. Se essa ago nfo pode ser filmada toda no mesmo ambiente, couse o personagem tem uma mudanga considerével de diregdo narrativa, dizemos que hé outra cena para completar essa aco. ‘Uma mesma cena pode ser filmada por varios &ngulos di- ferentes. Se a localizagdo da cena do assassinato é 0 boxe de um banheiro, podemos fazer um close da faca; a camera pode ser subjetiva, representando os olhos do assassino; pode-se fazer um close dos olhos da vitima, mostrando seu desespero e acentuando a dramaticidade da cena; pode-se mostrar 0 assassinato apenas filmando a sombra dos personagens no cho; pode-se acentuar a dor mostrando © sangue espirran- do na cortina de boxe ou escoando pelo ralo. Essa € a class ca sequeéncia do filme Psicose, de Alfred Hitchcock. Euma cena conhecida também pelo seu nfimero de tomadas: mais de qua- renta, em poucos segundos: a faca, 0 ralo, a cortina, a mulher, ochuveiro, a parede. Veja que falei em "tomadas”. Uma toma- da comega no momento em que se liga a cémera e termina quando ela é desligada. Assistindo & cena de Paicose, voce per- cebe que, entre a imagem da faca e a da mulher, por exemplo, hé um corte, A cAmera no faz um movimento continuo de lum elemento para outro. A cena perderia em forca dramética Por esse corte, podemos perceber que cada elemento (no caso, a faca ou a mulher) foi filmado em separado e mais de uma vez, até que Hitchcock conseguisse o resultado desejado. Esses varios planos formam uma cena. Vérias cenas formam uma sequéncia, Vérias sequéncias dao origem a um filme Para visualizar melhor os momentos de seu rotelto, sua pro- gressio do coniflito & resolucso, faca como nos romances: se- pare cada cena em um paréerafo. isso também facilita na hora de incluir as falas dos personagens, a locugéo, o lettering, as observagées sobre angulos de tomadas ¢ qualquer outro deta~ Ihe que voc® julgar interessante. Hé roteltos com vérias cenas: ‘Agéncia: Nazca Seatoh « Saatchi Cliente: Sol” : Produto: Cerveja Skol s Titulo Pedidas (Cena de umm bale de ba, ne praia, x RR, ~ Agencia: Lintas Ciierte: Culture li i OC, OF Tem ger ~ Coltura nglesa - Entra fogotin.. 106. OFF: Onalés Nesse tiltimo caso, porém, a cena também existe, Existe porque ha uma localizagéo — o fundo da tela ~ e um persona- ‘gem que mantém uma composigéo: a palavra, A cena, entéo, sfoas palavras agindo na tela. Roteiro pressupde drama. Acena, por trezer imagem, agdes e didlogos, a unidade dramética do roteiro, Portanto, sem cena, ndo hé roteiro. Na hora de construir uma cena, imagine-a como uma peque- ra histéria, com comego, meio e fim. Acena do assassinato tem a imagem do assassino entrando no boxe como seu inicio. 0 meio é a mulher sendo esfaqueada. E termina com 0 zoom e fade in no ralo. Por ser uma pequena histéria, a cena, para ser ae E até roteiros em que parece no existir cena: completa, também precisa ter um climax, Oclimax da cenaéseu momento principal e representa seu objetivo, sua razao de existit. Em seu roteiro, néo coloque cenas apenas por colocar. Se 0 personagem estiver olhando para uma placa de transito, deve ser para evidenciar a localizagao. Se vocé faz 0 close de uma agulha, € porque essa agulha fundamental na trama. Se seu personagem fala alguma coisa, essa fala, o didlogo, deve ser importante, Uma cena sem climax € cansativa e diminul a aten- ‘go do espectador. Além de ter uma fungéo, @ cena deve ser enxuta, Lembre-se do dinamismo necessério ao seu roteiroe de que vocé tem apenas 30 segundos para trabalhar, Bons filities sao feitos de boas cenas: as cenas do duelo- de carruagens, em Ber Hur, de William Wyler; do carrinho de bebé descendo a escadaria, em Excouragado Potentim, de Serguei Eisenstein; do personagem Neo desviando dos tiros, er Matrit, de Andy e Larry Wachowski; da bicicleta voando em frente da Lua, em E.T, de Steven Spielberg; da prépria cena do chuvei- ro, em Psicose, de Hitchcock. Sao exemplos de cenas marcantes, que fazem todo mundo lembrar-se do filme. Lemibrar... Parece que esse € 0 objetivo do anunciante. Ser lembrado. Entao, capriche nas cenas. £ importante, antes de escrever a cena, voce saber onde € quando ela ocorre: sua localizacao no espaco eno tempo, Sy, LOCALIZACAO Onde se passa a histdria de seu roteiro? Em uma cozinha? Em Marte? Na boca de um cachorro? Toda hist6ria se passa em algum lugar. Diga onde, E todo lugar tem algumas caracter‘sti- cas, Entéo, dé uma breve, ou melhor, brevissima descrigéo de como € esse lugar. Partindo de um método elaborado pelo Eugene Vale, sepa- rei quatro grupos nos quais podem ser organizadas as caracte- risticas da localizag3o de um roteiro para filme publici jo: Natureza: casa, farmacia, pordo, parque, cemitério. * Modo: cheio de gente, vazio, pobre, caindo aos peda- 0s, brega. - Relagéo com o personagem: seu esconderijo, 0 sinal de seu poder, ete. + Atmosfera: angustiante, magica, nostAlgica, opressiva.” ‘Agora, imagine que vocé est escrevendo um roteiro para vender perfume e quer fazer uma cena em que a mulher se sinta atraida pelo perfume do homem. As primeiras idefas que vém & cabega so de cenas em uma festa, em um restaurante ou no cinema, Esses, no entanto, séo locals dbvios, Deve haver algo Eugene Vale, Vol’ Tcnique of Screen and Television Writing (Boston: Focal Press, 1998), p. 40. com mais forca visual, que fuje do esperado. Que tal fazer a cena do ponto de vista do nariz da mulher? £ o nariz que se sente seduzido, comega a puxar a mulher, se apaixona, Como em tudo na publicidade, na hora de imaginar a localiza- ‘gfoda cena, fuja do Sbvio. Em vez de ser apenas passivo, decora- tivo, o lugar também deve acrescentar alguma coisa & narrativa AAg@ncla: Duda Propaganda Cliente: Ambev Produto: Guarané Antarctica Thule: Pesadelo Filme: name ‘mosttendo torcida num estédio de futebol (ocalizagao).- Carts para ogre Renaldo, atoante da solace basi, no cam, {ie fundo, uve-se ohio nacional Os ogatores estéo da pb cantando fino, coma sompre acontece antes dos jogos. Camera coreg fectada ro Ronaldo 8 vel aassanco para os outos jogzdoreslentamente: depois do Honaldo,o Kaké, depois do Kak, 0 Diego Marsden. Corts pero Diego Maradonanoseucuarto,vstindoa carisada slagto. ‘argentina Ele acorn assustade efile, sequando a carisa: —Carambal ue pessdelol Eno el cha para o seu crlado-muco, ado de latas de Guerend Antarctica/e conc : = Gren que estoy bebend... mucho Guararé Antarctica. - Ele apagaa lize volta a dori. . Loc, OF 0s rates craques do mundo un dia sorkatam em ger nanos slog. ee ee : DIALOGOS Initia ‘Adio Eve A serpente Pet o espelho Em mil pedages, Ea maga Foie pode Feder Gi Lovs Poona ues Emogéo, sentidos, metéforas, lembranga de mitos, refletéio. Tudo traz esse poema. Tudo traz a palavra, Pela palavra, o dis- curso hébil de um polttico mobiliza uma nagSo. A primeira fala dda crianga cesperta emagio nos pais. Uma frase malentendi- da pode destruir uma relacéo, O depoiment® de uma testemu- rnha pode acabar com uma vida. A reportagem financeira muda o&nimo—e 0 dia— do capitalista, O discurso do pastor seduz € enche a igreja de fiéis, A palavra é um caminh&o desgovernado, de sentidos, ideologias, ordens ¢ desejos; quando organizada, penetra na sociedade, transformando preconceitos sem pedir licenga. Assim como a misica, a palavra é agente da emoséo. Por meio dela, no roteito, os personagens conferem um tom Atrama, comunicando-se, contando uma histéria, dando infor- magées sobre um produto, Isso 0 didlogo, um texto dramati- co para ser falado pelos personagens, E dramatico porque € texto ~ usa palavras - e, em seu roteiro, deve ser construldo S para que 0 seja ainda mais. © diélogo precisa ser emocionado para expor, colocando & flor da pele do roteito e do leitor/es- pectador a sensago que vocé deseja transmitir. Ele funciona ‘como uma rede de significados ede informagées sobre a hist6- ria e, em nosso caso, informagées também sobre o produto. Escrever didlogo pressupée sensibilidade, © bom escritor de didlogos costuma ouvir tudo o que dizem & sua volta, A ‘matéria conhecida é mais facilmente transmitids. Vocé também, precisa ter sensibilidade para imaginar o tamanho do dislogo: ele pode ser comprido, contanto que bem-construfdo e que no fique “espremido” nos 30 segundos do filme; pode ser curto, Uesde que convenga; pode no existir, desde que o roteiro, com a imagem e 0 audio, consiga provocar a emogo. Precisa ser sens{vel& forma: o diélogo pode ser literal, coloquial, em versos ou até cantado, Depende do ritmo do roteiro, do tipo de trama, ¢ também de como vocé quer caracterizat o personagem. A coisa dita qualifica quem diz. Assim, se vocé usa um didlogo rebuscado, repleto de termos ininteligiveis, podemos imaginar seu personagem um juiz, e néo um mecdnico. Se carrega nas gfrias, ele pode ser um jovem. Se 0 didlogo € repetitivo, chelo de clichés e cacoetes verbals, pensamos em um jogador de futebol, ¢ néo em um académico. Com emogéo exagerada, adjetivos delicados que praticamente choram, pode ser uma garota que tomou um fora, nunca um macho. Um diélogo com Re sotaque sempre remete a uma pessoa do interior, Assim, antes de construira fala do personagem, conhega-o. Conhecao perfil, @ educasao, 0 comportamento dos mais variados tipos humanos, do traficante ao padre. Eu falei em “sotaque”, Muito cuidado com seu uso. Vocé no precisa escrever exatamente como © personagem deve- tia falar. Para © povo representado, a chance de isso soar forgado, irénico, é grande, e sua histéria pode perder credibilidade. Basta perguntar a algum Italiano 0 que ele acha das novelas da Globo em que os personagens tém sotaque italiano, Em seu roteito, coloque apenas algumas palavras- -chave que representam o modo da regio, come uina glia, or exemplo. Isso €0 suficiente para que leitor de seu rotel- ro identifique o sotaque. Para indicar 0 diélogo no roteiro, coloque o nome do perso- rnagem em letra maitiscula, Dé um espago duplo ou um enter. Se quiser fazer alguma indicacéo sobre o estado do personagem, faga agora, entre paréntéses. Essa indicagao, também chama- da de rubrica, pode ser de nimo, de postura, de tom da fala. Finalmente, escreva 0 dilogo. ‘Agencia: Almep/BBDO. Cliente: Sao Paulo Alpargatas Produto:Havelenas Titulo: Modelo Praia Um rapa v uma lrda mulher ascolhendo Havaianas e comegaa - pater APAZ: Voo8 & modelo? ‘MULHER: Sou,” : eat Ele fica meio Confuso. ‘ i RAPAZ: Como assim? ‘MULHER Ue?! Eu souFemanda Lina, roi le fca desconcertado. _ RAPAZ: PO, acebou com minha meFor canted. "Orapaz valeur desl, A male ser een aula,” Entra packshot, LOC. OFF, Havelanas, Todo mundo usa, O didlogo pode assumira forma de um monélogo, em que o personagem fala consigo mesmo ou faz um discurso para o cespectador, Ele pode estar se condenando, desabafando, con- tando uma histéria, descrevendo um objeto ou, funcionando ‘como narrador, observando e contando uma acéo que vé. Ele pode também assumir a forma de pensamento, de um fluxo de consciéncia do-personagem. Nesses dois casos, dada a falta de um outro personagem para interagir e complementar a dramaticidade da trama, e também porque toda a atengéo do espectador estaré voltada mais para as palavras do que para o personagem, € preciso que a fala tenha uma forga dramatica ainda mais intensa, que cada palavra tenha uma fungao, e nao esteja ali s6 para “encher linguiga’. & assim que voc evita 0 erro, comum em diélogos longos, de tornar seu roteiro chato. Apssar da forca dramética e da credibilidade da palavra, todo discurso passfvel de ser substitufdo por imagens, como um gesto, cacoete do personagem, figurino ou detalhes no cenério, deve s@-lo. A tama enriquece, fica mais dindmica, préxima da realiade; vocé evita 0 tisco de cair na monotonia € ainda ganha tempo. Isso vale principaliente para informa- ges basicas sobre o personagem, Se é fundamental o espec- tador saber que ele € um socialista, em vez de usar o discur- $0, vis:a-o com uma camiseta do Che Guevara. O que a imagem diz no precisa ser dito novamente, Abornine as fotolegendas. ‘O quevocé pode fazer € 0 contrério: entrar com o personagem fazendo um mondlogo, em que ele apresenta algumas de suas conquistas como campedo de basquete, presidente da empresa, at ista ecoldgico, até que a cAmera revele que ele € paraplégico, Percebe como isso, sim, tem impacto? Publicita derlhes as chamadas “licengas poéticas". No caso do duplo rio adora escrever frases de duplo sentido e conce- sentida, multo culdado ao utilizé-lo no diélogo, Nem todas as pessoas de seu target entendem, de imediato, 0 sentido ambi- guo de uma frase, Cuidado ao expressar-se nas entrelinhas. © Impacto do roteiro deve ser claro, a percepgao pretendida deve ser imediata, um soco na cara do espectador. Vocé tem apenas 30 segundos para justificar os milhares de reais que o cliente investia em sua ideia, N&o corra o risco de no se fazer enten- i der. Enquanto o espectador tenta "sacar" uma ideia, outra j6 velo, o filme continuou, acabou, comegou outro com outra men- sagem, e tudo fol por 4gua abaixo. Ou melhor, o dinheiro foi por Agua abalxo, Quanto a pontuacdo, seja correto. O texto ndo precisa pas- sar pelo revisor, mas coloque virgulas, pontos, interrogac6es € exclamagées no lugar certo. A pontuagéo dita © ritmo do rotel- ro. Do ritmo depende a emogio. E € a emogio que fez seu roteiro brithante ou péssimo. Um filtimo aspecto importante na construgée do didlogo sio as ctiangas, Ao escrever falas para elas, sempre considere suas limitagies de diegéo c também pense no diretor: & muito. complicado ditigir criancas; elas séo timidas, perdem a natura- lidade na frente das cémeras e nem sempre entendem as orien- tages. Portanto, faga didlogos curtos, féceis de gravar, que no envolvam a representagdo de um tipo complexo de emocio. | Ando ser, é claro, que voce Nao escreva somente 0 essenci jé tenha em vista, para encenar seu personagem infantil, um ator como 0 astro mirim Haley Joey Osment, de Sexto sentido. No supermercado, um = ‘anos ext com suamée nosstar de verduras. Ele fale ‘ ‘eu jifalel, ‘Ogarcto fica chateado,gfta, comeca @espemear GAROTO: Mae, por fevor mae, compre brécols. Bie bate no carinha de compras, ta, tha @ blusa e pisa em cima, snlouguce, As outespesteas do smermercado kam olan, abismalas. GAROTO: Eu quere brécais, mae! Eu quero, eu quero, eu al LOC. OFF: Essa crianga provavelmente np existe,” oe una outa veiduta oe ie ‘iha estrorhando pore ‘ele. GAROTO: Que ie & Entra racks, NARRADOR No roteiro, o narrador pode estar presente fisicamente ou apenas pela voz, ou seja, em off. Fisicamente, ele pode ser um personagem que conta sua histéria, ou que apenas observa € conta uma histéria qualquer. Mesmo quando ele existe apenas em off, ainda é necessério que se integre & trama. Sua voz deve entrar na cena na hora certa, © texto deve seguir a emogéo das imagens, sendo sétio, melancélica ou alegre. Deve ser um tex- to rico, mas née muito comprido, ‘Agencia: DM Glente: Metaliraica Matarazzo Produto:latas . Titulo: Gravida Ose mee sbresrosvando um unbigo 4 melhor embalagem do mundo 6 totalmente fechade, no, transparente, protegica daz. € 2 emibalagem mais antiga que exis- te. Mas, apaser de todas as inovacées, ela continua sendo 2 melhor, Als, nica embelagem melhor que a nossa areca. ‘Cémerarevela, aos poucos, que se rata da bari de uma mulher revi, LETTERING 1 Lata, A segunda menor embalagem do mundo, LETTERING 2 Matoligica Matarazro, Aginca: Lew Lara Cera do um ‘apr fectond a poe sido de casa, S6 que le Si -andando de costas. Entra triha, Narradarem offacompantiao filme todo: LOC. OFF: Wilson anda para trés. Cora para o rapar numa ponts, passendo por muitas pessoas? Corta para um garotinho, bebé, engatinhardo para tr. LOC. OFF: Desde 1978 Wilson anda para tis. Sva mae dé uma olbadinha, mas nem ga. Cora para le crescdo, na ‘academia, conenda na stair. Ele core ¢2 costas, Cort para ele atravessandlo a rua de costas. Do outro lado, vate @ nuca ‘um toldo LOC. OFF: Sim, isso tra problemas a0 Wilson, Cora para oe saindo de costas da porta gratia of um banco, LOC. OFF: Mesmo assim, ele ura que unce deu um paeso para tente. Cort para ele, andando pas rs, chegano na frente de uma Visine da Nokia, Ele presta atencBo nos aoarehs ca vitie. Ent, unt passo para arene. Cuando sed cont, parae aha pra oslads,prescupado se alguém vu LOC. OFF: Ok, Wison. ss fica entre ns, a Cort, ent packshot, ‘Nunca use o narrador pare descrevera imagem (fotolegendal. Alig, € para isso que a imagem existe. Bla deve falar por si, sem precisar de muletas explicativas. Roteiristas iniciantes geralmen- te cometem esse erro, A imagem e 0 Audio devem ser complementares, no um explicativo do outro. LocugAo No roteiro, locugao é toda voz de um narrador ou perso- nagem. A locugo pode ser o préprio diélogo, com os persona- gens na cena, ou pode ser uma voz sem um emissor aparente. Nesse caso, ela é chamada de locugio em off. Coma locugéo, vocé pode narrar a histéria, pode dar infor- mages sobré o produto, pode convidar o piiblico a uma acio, pode assinar o filme. Coma acontece com os outros elemen- tos do roteiro, porém, use-a apenas se necessdrio. Se a ima- gem jé forte o suficiente e nao precisa de mais explicagbes, evite a locugao. A Jocugéo é mais uma técnica para persuadir, emocionar e provocar impacto. Volkswag Produto: nsitiionel. Tiuio: Delsvistos Imagem, em cose, de uma plan vel. Una méo assinala com um vis acompanha: LETTERING Letieinyéalegertda, Legenda € umcaminhe escrito que, como © narrador, complementa a hist6ra, Bla pode indicar um lugar poca, uma qualidade, um pensamento, uma intengio. De preferéncia, faga letterings curtos. O tempo € curto, o ritmo pode ser intenso, hé a imagem e 0 éudio, o espectador nao pode confundir-se. E por meio de lettering que entram, em quase todos: os comerciais, @ assinatura ou a mensagem do filme. ‘Avpantr dei, lettering segue com um texto com'uma série de produtos. “insgidns que tots adr LETTERING: Fito ‘solar em comprimids. sonra que na wo ria prea. ‘Sapatos ¢ ide sapatzedo para cachotts. tes Ce Contato que somem ‘and ‘vac’ dorme. ~ Papel ‘higiénico com as citimas noticias. ‘Caderno escolar sabox comida de cachowo. ~ Fralda com elarme, "Voc® comprar? & gente vendra, Entra logotipo, O lettering também pode ultrapassar essa caractertstica de complemento do filme para se tornar toda a imagem, a prdpria forma. Imagine as palavras se fragmentando, formando outras, dangando. Esse tipo de filme ¢ interessante porque é simples, facil de entender e tem Impacto. Também é interessante para o cliente, porque é bareto, ‘Tela com fundo branea. Letras aparece escitos na posi vertical, forgando’o pablico a Vira a cabeca para ler LETTERING 1: A gente tem uma coisa muito importante para dizer. LETTERING 2: Voc€ precisa saber, LETTERING 3: A Beyer est langando um produto novo. LETTERING 4: Bayro Gat LETTERING 5: Eficiente contra: LETTERING 6: lwagées: LETTERING 7: lesées musculares LETTERING 8: distenséos LETTERING 9: até torccolos, Eva produ assinatra PASSAGEM DE TEMPO ‘Agancia: Detroit iente: Marmicoc S/A ind. e Com. Produto: Frigideira Titulo: Alfredo Cena de um homem tentando entrar em cesa soratetamente, Ouve:s0 >ingamento (em of) de mulher: \VOZ EM OFF: Alraco, dsoracado! CO homem se esconde ats da porta, enquanto uma frigdeita 6 atrala ‘em sue diregéo, Fade in. 0 homem reaparece, agora de cabelos bran- cos. A cena se repete. E assim sucessivamente, ao longo dos anos (passagem de tempo). Ohomem envelhece, mes continua a mesmo, cheganda terde. a fii Fa continua resstndo o tempo e acs impactos com a porta, Enquant a ‘cenas se repetem, as qualdades da rgd so anuncladas, em off 100. OFF: Nova figdeira Mario. Muto mis ressterta, bonita, thante, Duraa vida inteira, Entra packshot

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