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Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

Capacitação para Implementação do Sistema Único


de Assistência Social – SUAS e do Programa Bolsa Família – PBF

Consórcio IBAM – UniCarioca

Rio de Janeiro – 2008


FICHA CATALOGRÁFICA

Capacitação para implementação do Sistema Único de Assistência Social – SUAS e do


Programa Bolsa Família – PBF / Coordenação Geral: Tereza Cristina Barwick Baratta ... [et
al.]. – Rio de Janeiro: IBAM / Unicarioca; Brasília: MDS, 2008.

484 p. ; 28cm

1. Assistência social-Brasil. 2. Brasil-política social. 3. Desenvolvimento social. I.


Instituto Brasileiro de Administração Municipal. II. Unicarioca. III. Brasil. Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

CDD - 301

2
CRÉDITOS INSTITUCIONAIS
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome


Ministro
Patrus Ananias
Secretária Executiva
Arlete Avelar Sampaio
Secretária Executiva Adjunta
Rosilene Cristina Rocha
Secretária Nacional de Renda de Cidadania
Rosani Evangelista da Cunha
Secretária Nacional de Assistência Social
Ana Ligia Gomes
Secretária de Avaliação e Gestão da Informação
Laura da Veiga
Diretora de Gestão dos Programas de Trasferência de Renda
Camille Sahb Mesquita
Diretora de Gestão do Sistema Único de Assistência Social - SUAS
Simone Aparecida Albuquerque

Diretora de Formação de Agentes Públicos e Sociais


Aíla Vanessa de Oliveira Cançado

Instituto Brasileiro de Administração Municipal - IBAM


Superintendente Geral
Paulo Timm

Diretora da ENSUR – Escola Nacional de Serviços Urbanos


Tereza Cristina Barwick Baratta

Centro Universitário Carioca – UniCarioca


Reitor
Celso Niskier
Vice-Reitor
Arcy Magno da Silva

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CRÉDITOS DO PROJE TO
Coordenação Geral
Tereza Cristina Barwick Baratta
Arcy Magno da Silva
Camile Sahb Mesquita
Aíla Vanessa de Oliveira Cançado
Renato Francisco dos Santos Paula

Coordenação Pedagógica
Marlene Montezi Blois

Coordenação de Tecnologia
Regina Celia Pereira
Marcos de Moraes Villela
Márcia Costa Alves da Silva

Coordenação de Tutoria
Dora Apelbaum

Planejamento Instrucional
Lana Barbosa Silva

Coordenação Técnica
Jessie Jane Vieira de Souza

Conteudistas
Módulo 1 Módulo 3
Alexandre Carlos de Albuquerque Santos Afrânio de Oliveira Silva
Renato Francisco dos Santos Paula Anderson Jorge Lopes Brandão
Rosani Evangelista da Cunha Bernadino Martins A. Junior
Simone Aparecida Albuquerque Cleyton Domingues de Moura
Herculis Pereira Toledo Gerson Vicente de Paula Junior
Jean Marc Mutzig
Módulo 2 Luciana Alves de Oliveira
Adriano Marcomini Nihad Bassis
Aline Diniz Amaral Pedro Jensen Cerri Costa
Ana Maria Machado Vieira Rosani Evangelista da Cunha
Lucia Maria Modesto Pereira Rose de Pinho Borges
Othilia Maria Baptista de Carvalho
Módulo 4
Pedro Nogueira Gonçalves Diogo
Maria Carmelita Yazbek
Solange Teixeira
Renato Francisco dos Santos Paula
Juliana Rochet Wirth Cheibub
Rosimere de Souza
Vilnia Batista de Lira

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CRÉDITOS DO PROJE TO
Módulo 5 Módulo 6
Aidê Cançado Almeida Aidê Cançado Almeida
Delaine Martins Costa Gil Soares Júnior
Marlene Merisse Rosani Evangelista da Cunha
Renato Francisco dos Santos Paula Trajano Augustus Tavares Quinhões
Valéria Maria de Massarani Gonelli

Apoio Técnico
Aloísio Nonato Jovanka Sadeck
Ana Angelica C. de Albuquerque e Melo Julia Galiza de Oliveira
Ana Carolina Aires Cerqueira Prata Juliana Maria Fernandes Pereira
Ana Lucia Nazi Cabral Juliana Marques Bonvini
Carolina Franca Marinho Falcão Juliana Rochet Wirth Cheibub
Célia Regina de Castro Kátia Cristina da Silva
Denise Suchara Maria Helena Kittel Werlang
Elton Lopes Alcantara Gomes Milene Maria Machado de Deus
Fabricia da Silva Benazzi Nabil Moura Kadri
Fernanda Pereira de Paula Priscila Maia de Andrade
Helena Ferreira de Lima Ricardo Rodrigues Dutra
Ida Maria dos Santos Natividade Solange Stela Serra Martins
Jaime Rabelo Adriano Solange Teixeira
Jose Ferreira Crus Zóia Prestes

Equipe de produção do livro


Preparação dos originais
Frima Zimerfogel e Marlene M. Blois
Capa
Iury Pinto, José Augusto Praguer e Rafael Albuquerque Aragão
Revisão
Ângela Lopes e Cláudia Ajuz
Ilustrações
André Leite
Editoração eletrônica
Iury Pinto, Rafael Albuquerque Aragão e Selma Rodrigues

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6
MENSAGEM AO PARTICIPANTE

A criação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, em janeiro de 2004,


foi um importante fator para o fortalecimento das políticas sociais no Brasil ao promover a
estruturação de uma rede integrada de proteção e promoção social, articulando as políticas
de Assistência Social, de Segurança Alimentar e Nutricional e de Renda de Cidadania. Es-
tamos ainda ampliando e integrando as ações de geração de oportunidades para a inclusão
produtiva voltadas às famílias em situação de pobreza e vulnerabilidade social.

Nosso compromisso é consolidar as políticas de proteção e promoção social no campo das


políticas públicas de garantia de direitos de cidadania, regulamentadas com padrões de quali-
dade, critérios republicanos de alocação de recursos, transparência e controle social. Mais do
que superar a fome e a miséria – um patamar mínimo obrigatório de dignidade humana – é
necessário garantir a todos e a todas as oportunidades para desenvolverem plenamente suas
capacidades e, assim, viverem de forma digna e autônoma.

A consolidação das políticas de proteção e promoção social no marco das políticas


públicas demanda um processo de capacitação que ofereça, aos profissionais da área, novos
conhecimentos e instrumentos que os qualifiquem para a gestão dessas políticas em acordo
com as especificidades e demandas de seus territórios e comunidades. A qualificação
de agentes públicos e sociais é fundamental para a implementação de novos mecanismos
de aperfeiçoamento e gestão das políticas sociais de forma a potencializar e integrar os
investimentos sociais, otimizando recursos públicos e garantindo maior eficácia e efetividade
à execução dessas políticas.

O Programa Gestão Social com Qualidade, lançado este ano pelo Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, integra a política de formação do MDS e tem
por objetivo capacitar gestores, técnicos e agentes de controle social que atuam nas áreas de
assistência social e transferência de renda.

Por meio da capacitação a distância, pretendemos alcançar cerca de 15 mil gestores e técnicos
que atuam na área da assistência social e na implementação do Programa Bolsa Família, boa
parte deles inseridos na esfera municipal trabalhando diretamente com os beneficiários dos
programas sociais.

O programa aponta, de forma inédita, para a constituição de uma rede nacional de


capacitação dos gerentes sociais e operadores do Sistema Único da Assistência Social – SUAS
e do Programa Bolsa Família nas esferas municipal e estadual. Tal iniciativa converge para
uma nova visão conceitual das políticas de proteção e promoção social fundamentada na
descentralização de atribuição de competências e responsabilidades aos entes federados e na
necessária integração e intersetorialidade das políticas sociais.

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Essa iniciativa, para o MDS, é extremamente importante para a qualificação das políticas
sociais, ao propiciar a oportunidade de unificarmos os conceitos e divulgarmos os
procedimentos adotados na implementação do SUAS e do Bolsa Família.

Além de produzir e compartilhar conhecimentos, o Programa Gestão Social com Qualidade


contribuirá para a construção de uma política continuada de recursos humanos a fim de
tornar os profissionais mais preparados para enfrentar as complexas e multifacetadas
demandas sociais de nosso País.

PATRUS ANANIAS
Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

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SUMÁRIO
Apresentação 10

Cursos modulares 10

Estrutura dos cursos 11

Orientação para seu estudo 13

Módulo 1
Bases do Modelo Brasileiro de Proteção Social Não Contributiva 15

Módulo 2
Cadastro Único de Programas Sociais 86

Módulo 3
Gestão e Implementação do Programa Bolsa Família 138

Módulo 4
Gestão do Sistema Único de Assistência Social 231

Módulo 5
Estruturação e Implementação do Acompanhamento Familiar e
de Serviços Socioeducativos 326

Módulo 6
Programas Complementares 427

Bibliografia 473

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APRESENTAÇÃO
Bem-vindo(a) à Capacitação para Implementação do SUAS e do PBF promovido pelo
Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), com o apoio do Banco
Interamericano de Desenvolvimento – BID e do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento – PNUD.
Esta iniciativa tem sua execução sob a responsabilidade do Consórcio IBAM – UniCarioca.
A Capacitação para Implementação do SUAS e do Programa Bolsa Família faz parte do
programa Gestão Social com Qualidade, uma estratégia de capacitação do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) para contribuir com o fortalecimento
da gestão descentralizada das políticas de Assistência Social e de transferência condicionada
de renda.
A Capacitação visa a oferecer conhecimentos sistematizados, metodologias e ferramentas
técnicas para ajudar os profissionais no desenvolvimento das atividades de implementação
do Programa Bolsa Família (PBF) e do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
Essa Capacitação destina-se a profissionais de órgãos estaduais e municipais que estão
no exercício direto de funções relacionadas à implementação e ao aperfeiçoamento do
Programa Bolsa Família (PBF), da gestão do Cadastro Único para Programas Sociais do
Governo Federal (CadÚnico), do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) e
do Programa de Atenção Integral à Família (PAIF).

CURSOS MODULARES
A Capacitação para a Implementação do SUAS e do Bolsa Família é composta de quatro
cursos, com estrutura modular.
Os cursos são realizados pela internet, com apoio de material impresso e CD-ROM e com
tutoria especializada. Para dar maior flexibilidade ao participante, os cursos são oferecidos
em dois regimes de execução:  seqüencial e acelerado:
• Curso do Programa Bolsa Família – PBF;
• Curso do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI;
• Curso do Programa de Atenção Integral à Família – PAIF;
• Curso da Implementação do SUAS e do Programa Bolsa Famíla.

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ESTRUTURA DOS CURSOS
Curso do Programa Bolsa Família – PBF

Estrutura Modular
Módulo 1 - Bases do Modelo Brasileiro de Proteção
Social Não Contributiva

Módulo 2 - Cadastro Único para Programas Sociais

Módulo 3 - Gestão e Implementação do Programa Bolsa


Família

Módulo 6 - Programas Complementares

Curso do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI

Estrutura Modular

Módulo 1 - Bases do Modelo Brasileiro de Proteção


Social Não Contributiva

Módulo 2 - Cadastro Único para Programas Sociais

Módulo 4 - Gestão do Sistema Único de Assistência


Social

Módulo 5 - Estruturação e Implementação


do Acompanhamento Familiar e de Serviços
Socioeducativos

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ESTRUTURA DOS CURSOS
Curso do Programa de Atenção Integral à Família – PAIF

Estrutura Modular

Módulo 1 - Bases do Modelo Brasileiro de Proteção


Social Não Contributiva

Módulo 4 - Gestão do Sistema Único de Assistência


Social

Módulo 5 - Estruturação e Implementação


do Acompanhamento Familiar e de Serviços
Socioeducativos

Módulo 6 - Programas Complementares

Curso da Implementação do SUAS  e do Programa Bolsa Família

Estrutura Modular

Módulo 1 - Bases do Modelo Brasileiro de Proteção


Social Não Contributiva

Módulo 2 - Cadastro Único para Programas Sociais

Módulo 3 - Gestão e implementação do Programa Bolsa


Família

Módulo 4 - Gestão do Sistema Único de Assistência


Social

Módulo 5 - Estruturação e Implementação


do Acompanhamento Familiar e de Serviços
Socioeducativos

Módulo 6 - Programas Complementares

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ORIENTAÇÕES PARA SEU ESTUDO
Você recebeu um kit didático, contendo:
• um livro, com o texto base correspondente aos seis Módulos do Programa Capacitação
para a Implementação do SUAS e do Bolsa Família.
• um CD-ROM, também contendo os 6 Módulos, mas com o tratamento de texto que lhe
foi oferecido no curso pela internet.

Aí vão algumas “dicas” para você ter sucesso no seu estudo.


• E
m primeiro lugar, familiarize-se com o seu LIVRO. Leia atentamente as páginas iniciais,
para ficar bem informado quanto à sua estrutura e como consultá-lo. Ele é o seu material
de consulta, mesmo após o término do curso.
• A
qui estão os conteúdos dos seis módulos que compõem os quatro cursos oferecidos
pelo Programa Capacitação para a Implementação do SUAS e do Bolsa Família. Você
deve ler com atenção os módulos correspondentes ao seu Curso.

Este material servirá para que você:


• e stude ou consulte seu conteúdo em qualquer hora, em qualquer lugar, individualmente
ou com outro(a) colega de trabalho;
• fundamente sua posição no Fórum e na Estação Prática;
• e labore resumos e sínteses, destaque pontos que julgar mais importantes, estabeleça
relação entre o estudado e o dia-a dia do seu trabalho;
• faça a revisão dos temas estudados;
• prepare-se para realizar a sua avaliação final.

Procure utilizar o livro de maneira integrada com os demais recursos do


curso (internet e CD-ROM).
Lembre-se
Em Educação a Distância você é o agente da sua aprendizagem, responsável pela administração
do seu tempo de estudo e pela construção do seu conhecimento.

Agora outros lembretes importantes


• Administre seu horário de estudo e seu processo de aprendizagem.
• C
aminhe no seu ritmo, lembrando-se sempre de que há um cronograma a ser cumprido.
Portanto, planeje seu tempo e tente cumprir o que planejou.
• O
s textos foram produzidos com o objetivo de facilitar o auto-estudo. Leia cada texto
com muita atenção.

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ORIENTAÇÕES PARA O SEU ESTUDO
• C
aminhe passo a passo, lendo atentamente os textos de cada unidade para entender todo
o assunto. Não dê saltos! Isso pode prejudicar a sua compreensão dos assuntos abordados.
Há uma seqüência prevista para o seu estudo.
• E
scolha um local para estudar, que lhe permita concentração e reflexão. Sua atenção,
assim, estará focada no texto, sem quebra de continuidade.
• F
aça uma primeira leitura para tomar conhecimento do que será estudado. Depois releia
o tópico em estudo, procurando fazer aproximações com a sua realidade de trabalho.
• F
aça anotações dos pontos importantes estudados. Sintetize o que você entendeu com
suas próprias palavras, fazendo esquemas.
• A
note as dúvidas que surgirem durante a leitura. Troque idéias com seus colegas de
estudo. Esclareça-as com o Tutor.
• P
rocure ampliar seus conhecimentos, por meio da leitura dos textos selecionados e
consultando a bibliografia indicada. Lendo outros autores, você amplia sua visão sobre o
tema e cresce pessoal e profissionalmente.

Leia, estude, reflita, analise, conclua.

Lembre-se de que disciplina e seu empenho pessoal são peças-chave para o


seu sucesso no curso e na vida.

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MÓDULO 1

Bases do Modelo Brasileiro


de Proteção Social Não Contributiva

Unidade 1 – Proteção Social: a função do Estado Brasileiro na


Garantia de Direitos

Unidade 2 – O Modelo Brasileiro de Proteção Social Não Contributiva

Unidade 3 – Proteção Social Não Contributiva: complementaridade


entre serviços socioassistenciais e benefícios

Unidade 4 – Controle Social no Âmbito do SUAS e do PBF

Unidade 5 – Impactos Produzidos e Potencialidades de Novos


Resultados

15
MÓDULO 1 UNIDADE 1

MÓDULO 1 – Bases do Modelo Brasileiro de Proteção Social Não


Contributiva

Ementa
Unidade 1 – Proteção Social: a função do Estado brasileiro na garantia de direitos
• A
Constituição Federal de 1988: um marco na direção de uma política de proteção social
do Estado brasileiro
• A função do Estado no enfrentamento da pobreza e da desigualdade
• A
lguns conceitos importantes: pobreza, desigualdade, vulnerabilidade e risco, direitos e
política pública
• Princípios e fundamentos da política pública e da política social

Unidade 2 – O Modelo Brasileiro de Proteção Social Não Contributiva


• O estabelecimento do pacto federativo e a descentralização
• Os princípios da Seguridade Social e os fundamentos do financiamento do modelo de
Proteção Social Não Contributiva
• A família no centro da atenção da política de proteção social

Unidade 3 – Proteção Social Não Contributiva: complementaridade entre serviços


socioassistenciais e benefícios
• As duas vertentes da proteção social: serviços e benefícios
• A política pública de Assistência Social e a construção do Sistema Único de Assistência
Social – SUAS
• A transferência condicionada de renda: a criação e implementação do Programa Bolsa
Família
• O Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico)

Unidade 4 – Controle Social no âmbito do SUAS e do PBF


• Objetivos do Controle Social no âmbito do Sistema Único de Assistência Social
• Objetivos do Controle Social no âmbito do Programa Bolsa Família
• O papel dos Conselhos e das Conferências

Unidade 5 – Impactos produzidos e potencialidades de novos resultados


• Os impactos produzidos e as potencialidades de novos resultados para as ações e serviços
de proteção social.

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MÓDULO 1 UNIDADE 1

Unidade 1 – Proteção Social: a Função do Estado Brasileiro na


Garantia de Direitos

Nesta unidade você vai estudar:


• A
Constituição Federal de 1988: um marco na direção de políticas públicas voltadas à
proteção social garantidoras de direitos.
• A função do Estado no enfrentamento da pobreza e da desigualdade.
• A
lguns conceitos importantes: pobreza, desigualdade, vulnerabilidade e risco, direitos e
política pública.
• Princípios e fundamentos da política pública e da política social.

Uma breve contextualização


Pobreza e desigualdade...
Essas são palavras que, com certeza, você já ouviu, já leu e pensou no seu dia-a-dia.

Com olhos abertos para a pobreza e a exclusão

Você, como cidadão, sabe que o Estado brasileiro vem enfrentando os problemas sociais
do país com olhos abertos e criando estratégias, com os meios que dispõe, para oferecer
proteção social ao grande contingente de brasileiros e brasileiras que, excluídos dos benefícios
do desenvolvimento econômico e afetados, ainda, por outras formas de exclusão, vivem em
situação de pobreza e extrema pobreza. É uma população que tem no dia-a-dia enormes
dificuldades para sobreviver, criar seus filhos, envelhecer, enfim ter uma vida digna.
Esta capacitação que você inicia é mais um ingrediente para que se consolidem no país os
avanços no campo da proteção social.

É preciso conhecer bem o que é exclusão


A palavra concentração ajuda a entender o que se chama aqui de exclusão. A nossa formação
social e econômica foi marcada pela concentração das riquezas produzidas por muitos, mas
apropriadas por poucos.
Portanto, você pode entender exclusão como...

Uma decorrência do resultado do processo de construção do país marcado pela


concentração.

Agora, para ilustrar a idéia de exclusão, veja como esse processo ocorre com a distribuição da
renda no Brasil, analisando o gráfico que tem como referência o ano de 2004.

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MÓDULO 1 UNIDADE 1

Desigualdade de renda

Distribuição percentual da renda entre os 50% mais pobres e o 1% mais rico

14,1%

12,6%

50% mais pobres 1% mais rico

Fonte: IBGE e IPEA

Observe que a renda dos 50% mais pobres é quase equivalente à renda do 1% mais rico.

Exemplificando para esclarecer melhor

Começando pela nossa ocupação do território


Quando os colonizadores portugueses decidiram concentrar a ocupação no litoral e em
algumas cidades próximas da costa brasileira, acabaram por provocar um processo de
ocupação desigual que excluía o restante do território, e quem nele vivia, dos processos
dinâmicos de crescimento econômico e do desenvolvimento social.
Quando mais tarde se concentrou na região Sudeste a produção do café (principal
produto agrícola de exportação) e, em seguida, se promoveu a industrialização do país
– concentrada na mesma região – as desigualdades regionais aumentaram e, mais uma
vez, regiões inteiras foram excluídas das novas oportunidades de desenvolvimento.

Agora um pouco da nossa formação social

Também o processo de formação da sociedade brasileira obedeceu à mesma lógica.


Ao concentrar poderes políticos, econômicos e territoriais num pequeno conjunto de
indivíduos e famílias, excluiu, por conseqüência, a maioria da população das decisões
relevantes do desenvolvimento e de seus benefícios. Ao concentrar oportunidades de
acesso à educação, à cultura, à formação profissional e ao trabalho, excluiu a maioria
dos seus integrantes do exercício da cidadania, sobretudo as chamadas minorias (mas
que na verdade são a maioria da população): negros, mulheres, índios, camponeses e
pequenos agricultores etc. Ao concentrar, por quatrocentos anos, o atributo da cidadania
na população branca, excluiu negros e índios de participarem, como protagonistas, da
construção do núcleo hegemônico de nossa sociedade.

18
MÓDULO 1 UNIDADE 1

Após essa reflexão inicial, com certeza, você concluiu que:

• a formação da sociedade e a ação do Estado no Brasil foram, desde o nascimento da


Nação até praticamente o final do século XX, dramaticamente concentradores de renda e
de oportunidades e, portanto, geradores de desigualdade e de distintas manifestações de
formas de exclusão.
• a exclusão e, por conseqüência, a pobreza e a desigualdade não são novas no Brasil, como,
também, são questões imensas a serem encaradas. Têm distintas faces, perpetuaram-se
por fatores históricos e culturais e consolidaram-se pela sistemática omissão do Estado e
da nação brasileira de enfrentá-las como questão social de enorme gravidade, por meio Com a
de políticas públicas voltadas à proteção e ao desenvolvimento social. redemocratização
no final da década
de 1980 e, mais
A CONSTITUIÇÃO DE 1988: UM MARCO NA DIREÇÃO DE UMA POLÍTICA DE PROTEÇÃO precisamente, com
a Constituição
SOCIAL DO ESTADO BRASILEIRO de 1988, é que
passamos a ver
Você já teve a iniciativa que a pobreza e
Claro que sim. a desigualdade
de dar uma olhada na
Sabia que é considerada um não poderiam ser
nossa Constituição de enfrentadas ou
marco na direção de uma
1988? mitigadas sem uma
política de proteção social firme determinação
do Estado brasileiro? do Estado em
assumir suas
responsabilidades
na condução de
políticas públicas
voltadas à proteção
social garantidoras
de direitos.

Isso mesmo. É considerada o marco


E também no atendimento
legal na transformação dos conceitos até
às demandas de segmentos
então vigentes em relação ao tratamento
específicos da nossa
conferido à pobreza pelo Estado.
população.

19
MÓDULO 1 UNIDADE 1

Constituição de 1988
Confira, agora, os dispositivos da Constituição de 1988 que merecem destaque e que são
considerados marcos dessa transformação social.

Entre os dispositivos fundamentais da Constituição de 1988, que podem ser considerados


marcos dessa transformação, merecem destaque aqueles definidos no Título I, referente
aos Princípios Fundamentais da República Federativa; os capítulos I e II do Título II,
que regulamentam os Direitos e Garantias Fundamentais; o Título III, que define a
forma de Organização do Estado e, ainda, as definições contidas no Título VIII, que
institui a Ordem Social. Neste Título, dê especial atenção, para o seu estudo, ao art. 194,
que trata da Seguridade Social, e à seção IV, que trata especialmente dos fundamentos
jurídicos da Assistência Social.

Nossa Carta Magna se inicia por aí:

Princípios fundamentais da República Federativa do Brasil


• Logo no art. 1º da Constituição de 1988 está uma definição fundamental: aquela que
afirma a condição de o Brasil ser uma República Federativa e cria as bases para que se
consagre como tal. A Constituição de 1988 cita nominalmente o Estado, o Município
e o Distrito Federal como partes integrantes da Federação. Nós voltaremos a esse tema
posteriormente, mas é bom observar que ele é tão importante que nossa Carta Magna se
inicia por aí. Adiante, ao tratar da organização governamental, a Constituição, no seu art.
O Distrito Federal, que 18, definirá que o Brasil possui três esferas de governo autônomas: a União, os Estados e
também compreende os Municípios.
a organização
governamental, • No art. 3º são definidos os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil;
possui característica entre eles incluem-se o de erradicação da pobreza e da marginalização e redução das
especial, já que desigualdades sociais e regionais. Estes, portanto, são compromissos de todas as esferas
acumula traços de governo.
do Estado e do
Município. Garantias dos direitos individuais e coletivos
• No Título “Dos Direitos e Garantias Fundamentais” a Constituição trata longamente
dos direitos e dos deveres individuais e coletivos.
• Dos direitos individuais: o art. 5° trata dos direitos individuais e coletivos (civis, políticos
e sociais).
• Direitos sociais: o 6° art. trata dos direitos sociais, onde afirma que “são direitos sociais
a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social,
a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma dessa
Constituição”.
• Forma de organização do Estado: no Título III, a Constituição define a forma de
organização do Estado. Além do art. 18, que você já estudou, os artigos seguintes
atribuem, de forma específica, as responsabilidades comuns, concorrentes e aquelas que
são próprias de cada ente federado – União, Estados e Municípios.

20
MÓDULO 1 UNIDADE 1

• Fundamentos das políticas sociais: no Título VIII – Da Ordem Social – você encontrará
os fundamentos das políticas sociais.
• Ordem social: o art. 193 afirma que a ordem social tem como base o trabalho e como
objetivo, o bem-estar e a justiça social.

Nesse Título você deve ficar especialmente atento, ainda, aos arts. 194 e 195, que estabelecem
os princípios da Seguridade Social; aos arts. 196 a 200, que estabelecem os princípios da
atenção à Saúde; aos arts. 203 e 204, que tratam da Assistência Social, seus princípios e formas
de custeio; e, finalmente, aos arts. 205 a 214 que tratam dos direitos relativos à Educação e dos
princípios para a organização do sistema de Educação Pública. Esses e outros
dispositivos contidos
A FUNÇÃO DO ESTADO NO ENFRENTAMENTO DA POBREZA E DA DESIGUALDADE – nesse Título, como
os relativos à
ALGUMAS IDÉIAS FUNDAMENTAIS
previdência social,
cultura, desporto,
O Estado Brasileiro assume a responsabilidade de enfrentar a pobreza e a desigualdade ciência e tecnologia,
existentes no país. comunicação social,
meio ambiente,
família, criança,
Antes de prosseguir, é importante que algumas idéias e conceitos fiquem bem claros para adolescente e idoso
você. e índios, constituem-
se nos fundamentos
de políticas públicas
POBREZA de amplo alcance,
Existe hoje no mundo, e também no Brasil, um grande debate conceitual e ideológico sobre com impacto no
o que é pobreza. combate à pobreza
e à desigualdade, na
Isto porque a pobreza tem muitas dimensões, muitas caras e não se limita, apenas, à questão proteção social e na
da renda. promoção da justiça.

Saiba quando uma família ou uma pessoa pode ser considerada pobre

Uma família ou uma pessoa é considerada pobre quando vive numa situação de privação
de renda e também de privação de outros recursos necessários para obter uma situação
de vida que permita que ela desempenhe seus papéis, cumpra seus deveres, participe
das relações sociais e compartilhe costumes da sociedade em que vive. Por exemplo,
insuficiência de alimentos, de bens, de serviços e de lazer.

O que dizem os estudiosos do assunto

Estudiosos entendem que, mesmo reconhecendo que pobreza não se restringe à privação
ou insuficiência de renda, ela pode ser considerada uma boa medida para apreendermos
outras carências. Pensar a pobreza nesta perspectiva é importante quando falamos de
implementação de políticas públicas voltadas para pessoas ou famílias pobres. Nesse
caso, precisamos saber quem é pobre e precisamos definir como medir a pobreza, para
podermos atuar de forma compatível com o grau de necessidades de cada indivíduo ou
família.

21
MÓDULO 1 UNIDADE 1

Para definir linhas de pobreza é preciso...

É importante determinar a renda abaixo da qual a família ou o indivíduo é considerado


pobre. Normalmente, quando trabalhamos com linhas de pobreza, são definidas duas:
uma para definir famílias consideradas extremamente pobres e, outra, para definir famílias
pobres.

Agora, fique sabendo como os especialistas caracterizam usualmente famílias extremamente


pobres e famílias pobres

Normalmente os especialistas definem que a linha que caracteriza famílias extremamente


pobres é aquela que considera uma renda que permita atender às necessidades mínimas,
associadas ao consumo de alimentos necessários para manter o gasto calórico suficiente
Embora não haja, para a sobrevivência da família.
no Brasil, uma
única maneira para A linha que caracteriza famílias pobres é aquela que, além de permitir o consumo
mensurar a pobreza, de alimentos necessários para manter a família, considera, também, a satisfação de
algumas políticas
necessidades básicas, tais como moradia, transporte, saúde e educação.
adotam definições
próprias sobre o
tema, contidas em Conheça alguns exemplos interessantes de como o Benefício de Prestação
legislação espécifica.
Dessa forma, linha
Continuada – BPC e o Programa Bolsa Família – PBF utilizam o conceito de pobreza
de pobreza é um nos seus processos de implementação.
conceito normativo Para se ter direito ao Benefício de Prestação Continuada – BPC a renda familiar mensal per
que representa o
capita aferida deve ser inferior a ¼ do salário mínimo vigente. Além dessa renda, muito
valor agregado de
todos os bens e utilizada por vários estudiosos para definir a extrema pobreza , as pessoas com deficiência
serviços considerados incapacitante para a vida independente e para o trabalho , bem como os idosos com mais
necessários de 65 anos de idade, devem comprovar não serem capazes de prover seu sustento ou tê-lo
para satisfazer provido por sua família. O Benefício de Prestação Continuada – BPC é um direito garantido
as necessidades constitucionalmente, regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS
básicas da unidade
e reafirmado pelo Estatuto do Idoso. O benefício pago a título de prestação continuada é
de consumo
considerada, sempre no valor de um salário mínimo.
geralmente a família Já o benefício pago pelo Programa Bolsa Família define como famílias em situação de extrema
ou o domicílio.
pobreza aquelas cuja renda per capita é inferior a R$ 60,00 e as famílias pobres aquelas cuja
renda situa-se entre R$ 60,01 e R$ 120,00.

Você observou que há diferença na definição de pobreza?


A diferença está na definição adotada por cada programa para o conceito de linha de pobreza.
Tal definição reflete critérios de elegibilidade para acesso a esses programas. É importante
lembrar que os programas são desenhados pensando nos diferentes públicos e necessidades
que devem atender e, por isso mesmo, os critérios de acesso são diferenciados.

Fique sabendo
A renda não é o único critério de seleção de famílias para inclusão no Programa Bolsa Família
e para o estabelecimento do valor do benefício. Outros fatores referentes à composição
familiar também são levados em consideração. Isso você vai estudar mais adiante.
22
MÓDULO 1 UNIDADE 1

A reflexão a respeito do conceito da pobreza nos leva a pensar sobre a idéia de


desigualdade.

DESIGUALDADE

Pense nisso
Tal como a pobreza, o conceito de desigualdade é passível de mensuração. Além da
renda, a desigualdade também se expressa em outras dimensões, tais como território,
etnia e gênero. Todavia trataremos o problema sob a ótica da renda, ou seja, a partir de
comparações entre extremos da distribuição de renda, o que representaria situações de
(in)justiça social.
Isto signifiica que quanto maior for a distância entre o valor médio da renda dos mais
ricos e o valor médio da renda dos mais pobres, mais injusta e desigual é uma sociedade.
Quanto menor for esta diferença, mais igualitária e menos desigual é a sociedade.

Saiba como se calcula a desigualdade de distribuição de renda


Para medir tais diferenças são utilizados vários indicadores, o mais comum deles é o chamado
Coeficiente de Gini.

O Coeficiente de Gini é uma medida comumente utilizada para calcular a desigualdade


de distribuição de renda, mas pode ser usada para qualquer distribuição. Ele consiste
em um número entre 0 e 1, onde 0 corresponde à completa igualdade de renda (onde
todos têm a mesma renda) e 1 corresponde à completa desigualdade (onde uma pessoa
tem toda a renda e as demais não têm nada).

O gráfico do Instituto Econômico de Pesquisa Aplicada – IPEA apresenta a evolução do


Coeficiente de Gini para o país, no período indicado.

Evolução temporal da desigualdade de renda familiar per


capita no Brasil: Coeficiente de Gini
0.650

0.640 0.634

0.630
0.623
0.620
0.612
0.615
0.610
0.604
0.602 0.600
0.599 0.598
0.600 0.596
0.594 0.599 0.500 0.593
0.593
0.570 0.592
0.589 0.588 0.581
0.587 0.587
0.580 0.582 0.580

0.590
0.566

0.560

0.550
1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005

Fonte: Estimativas produzidas com base na pesquisa Nacional por amostra de domicílios, PNADI de 1976 a 2005, porém nos anos 1980, 1991 e 2000 não foi a campo.

23
MÓDULO 1 UNIDADE 1

Uma dica
Para você refletir melhor sobre a condição de vida das pessoas do seu Município, o nível de
pobreza e desigualdade das famílias que o constituem, aí vai uma sugestão:

• P
esquise as informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Censo
Demográfico de 2000 e as Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios – PNADs de
2000 a 2005.

Consultando os dados, você vai observar que, nos últimos anos, houve uma redução da
desigualdade no Brasil. Ela ainda é muito grande, mas está diminuindo.

Outras duas idéias importantes que precisam ser melhor compreendidas:

VULNERABILIDADE E RISCO
Com certeza, você já deve ter percebido que a desigualdade e a pobreza se expressam de
forma distinta no território.
Os graus de vulnerabilidade e risco que afetam cidadãos e grupos estão relacionados à
maneira como se expressam pobreza e desigualdade.

De acordo com a Política Nacional de Assistência Social – PNAS, de 2004, vulnerabilidade


e risco são situações que decorrem de: perda ou fragilidade de vínculos de afetividade,
pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida; identidades estigmatizadas em termos étnico,
cultural e sexual; desvantagem pessoal resultante de deficiências; exclusão pela pobreza e/ou
no acesso às demais políticas públicas; uso de substâncias psicoativas; diferentes formas de
violência advinda do núcleo familiar, grupos e indivíduos; inserção precária ou não inserção
no mercado formal e informal; estratégias e alternativas diferenciadas de sobrevivência que
podem representar risco pessoal e social.

Fique atento
É importante que você perceba que os conceitos fundamentais para o entendimento
da construção do nosso modelo de proteção social não contributiva estão intimamente
relacionados. São eles:
• pobreza;
• desigualdade; e
• vulnerabilidade e risco.

Essas e outras situações podem interferir na determinação de maior ou menor grau de


vulnerabilidade e risco que afetam indivíduos, famílias ou grupos, independente até mesmo
da classe social a que pertencem. Portanto, assim como a pobreza, a(s) vulnerabilidade(s) e
o(s) risco(s) social(is), como você viu, têm caráter multidimensionais, sendo as situações de
vulnerabilidade e risco impulsionadoras de proteção social, em especial atenção por parte da
Política Pública de Assistência Social. Assim, reconhecer a existência de tal multiplicidade
é essencial para que se garanta igualmente uma multiplicidade de “ações” que, em última
análise, cercam as diferentes situações apresentadas pelos usuários da Assistência Social.
Isto nos leva a compreender porque, entre outros fatores, a proteção social se realiza por
meio de diferentes serviços, programas, projetos e benefícios, específicos para as situações de
vulnerabilidade e risco identificadas.
24
MÓDULO 1 UNIDADE 1

Pense, agora, sobre a idéia de Direitos. Acompanhe o diálogo.

Você conhece bem


os seus direitos como
cidadão?
Pelo menos na minha vida
Sabe fazer valer esses
pessoal, lógico que sei e
direitos?
luto por eles.

Ah, então a coisa não


é tão simples assim.
Veja se entendi: a
gente acredita ter
um direito e ter
razão nisso, mas, não
sendo reconhecido
Então fique sabendo que na nossa
juridicamente como
sociedade, só podemos dizer que temos
um direito, não passa
um direito, quando ele é socialmente
de um sonho.
reconhecido e juridicamente
estabelecido.

DIREITOS
A verdade é que, na nossa sociedade, apenas podemos dizer que temos um direito quando ele
é socialmente reconhecido e juridicamente estabelecido. Em nossa história social e política,
por exemplo, a maioria dos direitos sociais foi sendo duramente conquistada e só valeram
mesmo quando foram regulamentados pelas Constituições e pelas leis que as sucederam.

Muita coisa mudou

Ao longo do último século alguns direitos foram sendo reconhecidos e incorporados


às Constituições dos respectivos períodos. Por exemplo, o direito ao voto pelas mulheres
e a regulação, por meio da carteira de trabalho, da relação entre empresas e empregados
urbanos mas é apenas com a Constituição de 1988 que avançamos efetivamente na garantia
de direitos.
25
MÓDULO 1 UNIDADE 1

Um exemplo para ilustrar esta idéia


A Constituição de 1988 incorporou a reivindicação das pessoas com deficiência às medidas
de proteção social e estabeleceu que, a partir de então, pessoas com deficiência, incapazes de
prover o seu próprio sustento ou de tê-lo provido pela família, teriam direito ao recebimento
de um salário mínimo mensal. E foi mais além, estendendo esse direito a idosos nas mesmas
condições. Cinco anos mais tarde, em 1993, com a promulgação da Lei Orgânica da Assistência
Social – LOAS, este direito foi regulamentado e, finalmente, três anos depois, este direito
passou a ser operacionalizado com o nome de Benefício da Prestação Continuada – BPC.
Com efeito, nossa Constituição de 1988 é plena na afirmação de direitos. Ao determinar
que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, e ao restabelecer as liberdades
Nossa Constituição individuais e coletivas de opinião, de expressão, de reunião, de organização política, do pluri-
de 1988 é, como já foi partidarismo, da promoção da cidadania, entre outras, ela reafirma os valores democráticos
comentado, precisa que haviam sido atingidos em períodos anteriores de nossa República. Assim, com a nova
no reconhecimento Constituição promoveu-se o realinhamento do país com os chamados direitos de primeira
de direitos geração, ou seja, os direitos civis e políticos.
individuais, coletivos
e sociais. Ao fazê-
lo, cria condições
efetivas para que Direitos Individuais
se possa conceber
e desenvolver as Os chamados direitos humanos de primeira geração, os direitos individuais, consistem
políticas públicas, em direitos de liberdade, isso é, direitos cujo exercício pelo cidadão requer que o Estado
estabelecendo e os cidadãos se abstenham de turbar. Em outras palavras, o direito de expressão, de
inclusive as diretrizes associação, de manifestação do pensamento, o direito ao devido processo, todos eles
e princípios para que se realizariam pelo exercício da liberdade, requerendo, se assim se pode falar, garantias
se concretizem.
negativas, isso é, a segurança de que nenhuma instituição ou indivíduo perturbaria seu
gozo.

Direitos Sociais, Econômicos e Culturais


Os direitos sociais, como os econômicos e culturais, são os chamados direitos de segunda
geração. Decorrem de lutas sociais e podem ser vistos como direitos-meio, pois se
destinam a assegurar que todos os indivíduos tenham condições de exercer os direitos
fundamentais de liberdade de expressão, ou seja, os direitos de primeira geração.

Complementando...

Para você pensar


Como pode alguém exercer sua cidadania plena, manifestar-se politicamente, ter clareza em
relação às suas opiniões, por exemplo, se não dispõe das condições mínimas de sobrevivência,
não tem o que comer, não tem como morar com dignidade, não tem saúde, ou não teve
acesso à educação?

Confirmando esta idéia


Você já deve ter observado que Direitos são decorrentes de lutas políticas consagrados pela
Nação na forma da Lei.
26
MÓDULO 1 UNIDADE 1

Como ensina Maria Paula Dallari Bucci (2006)


“ Os direitos sociais representam uma mudança de paradigma no fenômeno do Direito, a
modificar a postura abstencionista do Estado para o enfoque prestacional, característico das
obrigações de fazer que surgem com os direitos sociais”.

No momento que institui a Lei reconhecendo os princípios e objetivos fundamentais da


República, a nação reorienta a ação do Estado, de uma postura distanciada da questão social,
para outra que lhe atribui responsabilidades de proteger a sociedade e de promover seu
desenvolvimento social, ou seja: a cidadania, a dignidade da pessoa humana (art. 1°, incisos
II e III), a erradicação da pobreza e da marginalização e a diminuição das desigualdades
sociais e regionais, além da promoção do bem de todos, sem preconceito de origem, raça,
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3°, incisos III e IV). Em
síntese, o reconhecimento dos direitos incluídos na Constituição pressupôs a intervenção do
Poder Público, no sentido de conferir materialidade aos direitos conquistados e instituídos.

Merece ser lembrado

A Constituição, no art. 6°, que trata dos direitos sociais, afirma justamente os direitos de
segunda geração, ou seja: “são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma dessa Constituição”.

Alguns exemplos de conquistas de direitos referendados pela Constituição de


1988
Como você já sabe, a Constituição criou as bases institucionais de uma nova e democrática
relação entre Estado e Sociedade, na direção da ampla afirmação de direitos, inclusive
avançando sobre os chamados direitos de terceira geração, ou os direitos transgeracionais,
como, por exemplo, o direito ao meio ambiente e a garantia da biodiversidade, que estabelecem
compromissos com as gerações futuras.

Para fechar a idéia sobre direitos

O importante é você fixar que direitos sociais e direitos humanos são coisas que se conquistam
e para que se transformem em benefício real são necessários muita luta e muitos debates em
um ambiente de democracia, para que possam ser reconhecidos como tal pela sociedade,
pelas leis do país e pelo Estado.

Para garantir tais direitos, portanto, é que são institucionalizadas e implementadas as Políticas
Públicas, que se materializam por meio de normas, regulamentos, recursos especialmente
destinados para os fins pretendidos, além do trabalho de muita gente, dentro e fora do Estado,
e, principalmente, do seu trabalho aí em seu Município.

27
MÓDULO 1 UNIDADE 1

Chegou o momento de você saber porque o Estado brasileiro assume a responsabilidade


de enfrentar nossas desigualdades
Com a Constituição de 1988, finalmente, o Estado brasileiro começou a assumir sua
responsabilidade para com a sociedade brasileira em sentido amplo e universal, reconhecendo
os direitos de todos à educação, à saúde, ao trabalho, à moradia, ao lazer, à segurança. Em
especial, a Carta Magna buscou garantir os direitos da população pobre e dos segmentos
vulneráveis ao reconhecer como direitos dos cidadãos e dever do Estado e da sociedade as
ações destinadas a promover a Assistência Social; assegurou, também, que essa assistência
se faça de forma integrada não apenas com as demais políticas de Seguridade – Previdência
Social e Saúde – como, também, com as políticas públicas que asseguram direitos.
A afirmação dos direitos, tal como postos na Constituição, nos leva a dois caminhos
complementares de políticas públicas: as políticas universais, que se destinam a permitir
que todos, indistintamente, tenham garantia de acesso à saúde, à educação, ao trabalho,
entre outros, e políticas específicas, destinadas a alguns segmentos que demandem atenção
específica.

Significa dizer que é condição para o desenvolvimento social que o país garanta de forma
integral os direitos dos cidadãos e cidadãs brasileiras, combinando políticas específicas
e políticas universais e fazendo convergir os resultados das ações setoriais, no sentido
de multiplicar seus efeitos e impactos.

POLÍTICA PÚBLICA E POLÍTICA SOCIAL – PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS


Como o Estado brasileiro atua para formular e implementar políticas públicas na área
social?
Você já conhece alguns conceitos e idéias que são muito importantes para compreender a
direção que o Estado brasileiro tomou para formular e implementar políticas públicas na área
social, em especial a Política Pública de Assistência Social, tais como:
• pobreza;
• desigualdade;
• vulnerabilidade e risco; e
• direitos.

Agora, você vai ficar sabendo...


Como as políticas nessas áreas foram sendo definidas, delineando as ações do Estado brasileiro,
para que pudéssemos chegar ao Sistema Único de Assistência Social e ao Programa Bolsa
Família: as duas iniciativas públicas mais importantes hoje instituídas para combater a fome,
promover e proteger as famílias em situação de pobreza, vulnerabilidade e risco. Iniciativas
estas que, com a sua participação, vêm sendo implementadas em regime de cooperação
federativa.

28
MÓDULO 1 UNIDADE 1

O que é Política Pública?

Cada vez mais você houve falar


neste termo – Política Pública –
não é mesmo? Pois é,
isto não é em vão. Tomando como
base o pensamento
de Dallari (2006),
não é errado supor
que, com a absorção
do conceito de
direitos como um
dever do Estado,
também evoluíram
as leis, as normas
e os regulamentos
que dão
consistência a essa
ação. Decorreram,
na verdade, da
De fato evolução da
democracia e da
Na medida em que avançamos no processo de consolidação democrática, a ordem jurídica
absorção pelo
passa a absorver as demandas da sociedade. A formulação das linhas políticas que orientam conjunto da
a ação do Estado traduz esta nova ordem jurídica socialmente estabelecida. Isto você já deve sociedade, inclusive
ter percebido quando estudou o conceito de direitos. pelos governos,
de direções
E, com certeza, você já entendeu a relação entre a conquista de direitos, sua formalização no políticas que
campo jurídico-institucional do país (a Constituição e as Leis que a sucedem) e as Políticas progressivamente
Públicas. vêm sendo
determinadas por
Fique sabendo consensos sociais.
As Políticas
Públicas são o
Os instrumentos que dão consistência às políticas públicas são: leis, normas, recursos lugar de encontro
financeiros e humanos que se tem ou que se pode mobilizar, inclusive fora da esfera entre a ação
governamental
governamental.
(e todos os
instrumentos
que lhes dão
Um pouco mais de informação consistência) e
a política vista
Em realidade a construção da expressão não é nossa, vem da língua inglesa – public policy.
como um campo
Ela popularizou-se justamente quando a Constituição de alguns países começaram a incor- de negociações
porar às suas propostas de ação governamental idéias de direitos que refletiam consensos das de conflitos e
respectivas sociedades. consensos.

29
MÓDULO 1 UNIDADE 1

Em inglês existem duas palavras para designar o que a gente chama normalmente de
política. A palavra policy se refere às ações governamentais e seus desdobramentos, como
normas em leis, decretos, além de planos e orçamentos aprovados – situados, portanto,
no campo do direito público. A palavra politics se refere ao discurso, à intenção, ao
compromisso de um determinado grupo, um partido político, um movimento social,
ou seja, expressa um compromisso público ou diretriz que reflete determinado consenso
da sociedade.

Concluindo

Uma Política Pública será a definição de instrumentos de gestão – normas, planos de ação,
recursos fiscais, formas de atuação do Estado, formas de cooperação com a sociedade – que,
estabelecidos em lei, irão permitir a concretização de um compromisso público acordado no
campo político.

A concepção das políticas públicas no Brasil após 1988

Você pode entender, agora, depois de ter estudado o conceito de Política Pública, que a
sociedade brasileira, em um contexto de retomada da democracia estabeleceu, na Constituição
de 1988, os fundamentos das políticas públicas que o Estado viria a implementar. Ao ser
elaborada, expressou o estabelecimento de um novo pacto federativo que:
• impulsionou a descentralização e a cooperação intergovernamental;
• fortaleceu a participação da população na gestão da coisa pública; e
• promoveu a garantia de direitos, por meio do desenvolvimento de políticas públicas com
esta finalidade.

Alguns desses traços são comuns às políticas sociais, como é o exemplo da saúde.
Fique atento

O Dr. Ulysses Guimarães chamou a Constituição de 1988 de Constituição Cidadã.


E por que ele dizia isso e todos concordaram?

Porque, superados os 20 anos do regime militar – nos quais as esferas descentralizadas de


governo não dispunham de autonomia política, financeira ou administrativa, bem como as
liberdades de opinião e expressão foram sistematicamente tolhidas e as formas de exclusão
exacerbadas – formaram-se determinados consensos na sociedade naquele momento:
• a importância de se estabelecer um novo pacto federativo e, por conseqüência, promover
a descentralização, fortalecer posições e papéis dos municípios e dos estados e indicar
uma direção clara para atuar de forma cooperativa nas relações intergovernamentais;
• mais do que isso, as decisões e ações do Estado deveriam resultar de amplos debates com
a população, por meio de suas instâncias de representação e controle social (conselhos e
fóruns setoriais); e
• e que a norma constitucional deveria incorporar direitos que expressassem o
reconhecimento das demandas sociais de uma maneira ampla.
30
MÓDULO 1 UNIDADE 1

Para efetivar a garantia de Direitos e implementar políticas públicas que contribuam na redução
da pobreza e da desigualdade, é fundamental um trabalho intersetorial, com participação de
diferentes áreas de governo e com contribuição de diferentes políticas públicas.

Dois exemplos que ilustram a intersetorialidade


Quando se transfere renda para as famílias pobres por meio do Programa Bolsa Família,
além de assegurar o direito à alimentação, a integração do Programa com as áreas de saúde e
educação faz com que a família também tenha reforçado o seu direito ao atendimento nestas
áreas.
Quando em seu Município se promove um investimento em saneamento básico, por exemplo,
não se está apenas promovendo o direito a uma moradia digna, mas, também, se estão
gerando oportunidades de trabalho e a melhoria da saúde da comunidade beneficiada.

O que deve ter ficado bem claro para você


• A importância desta integração é que, quanto mais pensarmos nessa perspectivas de
integração entre as distintas políticas públicas, quanto mais trabalharmos nessa direção,
maiores e melhores serão os resultados que poderemos alcançar. Nesse sentido, o papel
das administrações municipais e das pessoas que têm a gestão das localidades em suas
mãos é fundamental, pois é nas localidades que são planejadas as ações das diversas
políticas públicas.
• O que são as políticas públicas e, no que toca à proteção social, que elas devem ter
como finalidade última concretizar a ação do Estado e da sociedade civil na prevenção
e no combate à pobreza, à desigualdade e à vulnerabilidade social, que são direitos dos
brasileiros e brasileiras.
• Que as políticas públicas não se limitam a definir a ação do Estado ou se esgotam nela.
Na verdade, trata-se de um conjunto de iniciativas, expressas em normas, regulamentos,
procedimentos, que se viabilizam por meio de uma ação conjunta do Estado – atuando
numa perspectiva de cooperação federativa – e da Sociedade. Neste sentido, mesmo
quando uma ação é exercida por uma entidade privada, mas é, por exemplo, regulada ou
financiada pelo poder público, também estamos falando de políticas públicas.

A ação do Estado é limitada pelos recursos financeiros disponíveis, pela capacidade


de gestão das localidades, pela necessidade de definição de critérios de priorização e
por uma série de outros problemas, vários deles específicos de cada lugar. Assim, você
deve perceber que os resultados poderão ser sempre potencializados, na medida em que
as ações forem mais integradas e mais e mais pessoas e instituições sociais estiverem
mobilizadas para caminhar, no sentido de apoiar suas implementações.

Parabéns! Você venceu a primeira etapa do seu estudo.


Somente avance para Unidade 2, se o conteúdo desta unidade tenha ficado bem claro
para você.
Prossiga estudando com entusiasmo.
31
MÓDULO 1 UNIDADE 2

Unidade 2 - O Modelo Brasileiro de Proteção Social Não


Contributiva

Começo de conversa
Você está iniciando mais uma Unidade do Módulo 1. Nesta Unidade você vai conhecer o
Modelo Brasileiro de Proteção Social Não Contributiva. E mais: aprofundará conhecimentos
sobre pacto federativo, descentralização e cooperação federativa, Seguridade Social e, por
fim, o que é família e como é considerada para efeitos de acesso a serviços e benefícios.

Relembrando o que ficou para trás


A Constituição de 1988 foi o marco de referência de uma mudança
expressiva no sentido de assegurar direitos individuais, coletivos
e sociais. A partir desse marco legal é que foi sendo construído
o conceito de Proteção Social Não Contributiva, que a partir de
agora você vai conhecer.
Essa mudança no marco legal imprimiu no Estado a
responsabilidade de assegurar novos direitos. Portanto, o Estado
brasileiro hoje, assume a responsabilidade de enfrentar a pobreza,
a desigualdade e a exclusão. Ao fazê-lo, cria condições efetivas
para que se possa conceber e desenvolver as políticas públicas,
estabelecendo inclusive as diretrizes e princípios para que se
concretizem.
Depois dessas reflexões iniciais, é hora de aprofundar seu
estudo.

CONSTRUÇÃO DO MODELO DE PROTEÇÃO SOCIAL NÃO CONTRIBUTIVA

De uma forma bastante simples, Modelo de Proteção Social Não Contributiva significa
o conjunto de estratégias públicas que garanta o cumprimento de direitos sociais
constantes da Constituição de 1988, assegurando a todo brasileiro ou brasileira o livre
acesso aos serviços, programas, projetos e benefícios, independentemente de qualquer
contribuição ou pagamento direto.

O Brasil é uma
República Federativa. Este modelo de proteção social é implementado de forma descentralizada e em cooperação
Mas, efetivamente, com estados e municípios.
apenas com a
Constituição de 1988 Nesta Unidade, você conhecerá, em primeiro lugar, o estabelecimento do pacto federativo e
e o pacto federativo a descentralização.
nela estabelecido é
que se pode dizer que
Em seguida, você estudará os princípios da Seguridade Social e os fundamentos do
o princípio federativo financiamento do Modelo de Proteção Social Não Contributiva.
do Estado brasileiro Finalmente, você poderá compreender porque a família está no centro da atenção dessa
tornou-se realidade.
política.

32
MÓDULO 1 UNIDADE 2

Desdobrando essa idéia

A República nasceu com o objetivo de zelar pela chamada coisa pública (res publica, em latim).
Nesse regime, os bens públicos pertencem à nação. Além disso, os governantes são eleitos por
prazo determinado, por voto livre secreto, em intervalos regulares, variando conforme o país.
O conceito de república opõe-se à monarquia, onde tudo pertencia ao rei.
Uma Federação se caracteriza pelo fato de cada uma das suas esferas de governo – União,
Estados e Municípios – contar com autonomia em seu respectivo âmbito de competência.

Conheça estas autonomias:

Autonomia política
• Poder eleger livremente os governantes.
Autonomia financeira
• Poder instituir e cobrar tributos e aplicar seus recursos, observada a legislação em
vigor.
Autonomia administrativa
• Poder organizar serviços, estruturar órgãos e administrar pessoal de acordo com as
suas necessidades.
Autonomia legislativa
• Poder elaborar leis sobre assuntos de sua competência.

Fique atento
A garantia constitucional da autonomia permite que o Município
exerça suas competências de forma ampla. Mais à frente você
estudará as diversas competências privativas e comuns (ou
compartilhadas) do Município.

Saiba mais
O pacto federativo instituído pela Constituição permitiu que a descentralização efetivamente
avançasse, a partir de 1988, e os estados-membros da Federação e os municípios passaram a
contar com condições incomparáveis de governabilidade, em relação aos períodos anteriores
de nossa República.

33
MÓDULO 1 UNIDADE 2

A força dos municípios se faz presente

Do ponto de vista político e institucional, os municípios brasileiros receberam realce inédito


na nossa Carta Magna. Ao mencionar, em seu art. 1º, que: “A República Federativa do Brasil
é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal”, tornou-
se a única carta constitucional de país federativo que reconhece o Município como parte
indissolúvel da Federação.

Por determinação do art. 29 da Constituição, os municípios brasileiros passaram a


reger-se por lei orgânica própria, cabendo-lhes, ainda segundo o art. 30, “legislar sobre
assunto de interesse local; suplementar a legislação federal e estadual no que couber;
instituir e arrecadar tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas; criar,
organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; organizar e prestar,
diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse
local”, entre outras prerrogativas de autogoverno.

Complementando o seu estudo

Saiba um pouco mais sobre as condições para o exercício da autonomia financeira dos
municípios.

A autonomia do Município é reforçada pela situação tributária e financeira determinada


pela Constituição de 1988 que, além de ampliar o conjunto das receitas próprias
incluindo, além dos tradicionais IPTU e ISS, o ITBI (Imposto de Transmissão de Bens
Intervivos), possibilitou o aumento das alíquotas das transferências constitucionais,
via Fundo de Participação dos Municípios – FPM, e via Imposto de Circulação de
Mercadorias e Serviços – ICMS, arrecadado pelos estados, do qual parte é, também,
transferida para os municípios.

Algumas pesquisas realizadas no início da década de 1990 confirmam esse impacto


positivo:
• dados de 1993 do Tesouro Nacional informam sobre um incremento real de 109% no
conjunto das receitas municipais para o período de 1988/1993;
• a Associação Brasileira de Secretários de Fazenda de Capitais – ABRASF, em pesquisa
sobre os municípios das capitais, apresenta resultado ainda mais expressivo, de 140% de
incremento real.

Um recado para você


A partir de agora você estudará o que e quais são as competências privativas e comuns (ou
compartilhadas).

34
MÓDULO 1 UNIDADE 2

Uma dica
Dê uma olhadinha na Constituição, consulte os arts. 23 e 30 e acompanhe o texto a seguir:
• o art. 23 da Constituição aponta as competências comuns ou compartilhadas, ou seja, as
que são ao mesmo tempo responsabilidade da União, dos Estados-membros, do Distrito
Federal e dos Municípios e que, portanto, devem ser prestadas de forma cooperativa.
Nele são definidas nada menos do que 12 competências comuns;
• já o art. 30, como já se viu, trata das competências privativas. Estas são entendidas como
as que se encontram sob responsabilidade direta do Município. Este é, por exemplo, o caso
dos serviços de pavimentação de vias, limpeza urbana e administração de cemitérios.

Entre os 12 incisos do art. 23, que trata das competências comuns, conheça aqueles que
são fundamentais para o seu estudo

Inciso II
Cuidar da saúde e da assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras
de deficiências.
Inciso V
Proporcionar meios de acesso à cultura, à educação e à ciência.
Inciso VII
Fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar.
Inciso IX
Promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais
e de saneamento básico.
Inciso X
Combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração
social dos setores desfavorecidos.

Uma história para contar


Em um programa especial da série Globo Rural, da Rede Globo de Televisão, que tratava
do combate à pobreza no campo, a equipe de reportagem que esteve na região de Irará, no
sertão da Bahia, entrevistando a agricultora Maria Angélica dos Santos, conhecida como Gel,
registrou o seguinte, que exemplifica como o Município pode atuar.
Além de receber auxílio em dinheiro do Programa Bolsa Família, as agricultoras de
Irará passaram a fazer cursos de capacitação profissional. Esta realização é uma iniciativa
da Prefeitura local, por meio do Centro de Referência da Assistência Social – CRAS, co-
financiado pelo governo federal.
A família da agricultora Maria Angélica dos Santos, beneficiária do Programa Bolsa
Família, participa do projeto de inclusão produtiva ofertado no CRAS. Trata-se de uma
estratégia de fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, do desenvolvimento de
potencialidades, da participação, entre outras aquisições.
35
MÓDULO 1 UNIDADE 2

Uma das aulas ensina a fazer bijuteria, como explica a coordenadora Edith de Assis: “Nós
pretendemos fazer geração de renda para essas famílias vulneráveis. Essa geração de renda
vai fazer com que elas saiam da vulnerabilidade e com que a família não seja dependente de
repasse federal e, realmente, venha a se capacitar para se auto-sustentar”.
Esse tipo de curso ocorre em 1.621 municípios brasileiros. Além de oficinas de artesanato,
são oferecidas aulas sobre horticultura, produção de doces e informática. A idéia é que o
investimento em educação e em atividades produtivas permita que, no futuro, famílias como
essas estejam preparadas para superar a pobreza.
Enquanto isso, na prática e no presente, Gel comemora o aumento de renda: “Todo mundo
fica bem, não é? Fica de bom humor, ninguém reclama de nada, aí é muito bom”.

• Percebeu que os três entes federados estão formalmente comprometidos com


responsabilidades compartilhadas?
• Percebeu que entre as responsabilidades compartilhadas está a de combater as causas da
pobreza e da marginalização?
• Percebeu como as ações se complementam e que, portanto, devem ser mesmo tratadas
de forma integrada?

Com o exemplo descrito, você conheceu ações que promoveram a proteção da sociedade
brasileira e o combate às causas da pobreza e da marginalidade.

Guarde em sua memória


Competências comuns ou compartilhadas são ações de responsabilidades da União, dos
Estados-membros, do Distrito Federal e dos Municípios, que devem ser prestadas de
forma cooperativa.

Mas se você já consultou a nossa Constituição, pôde constatar que há outras formas de se
fazer isso.

De olho na realidade

Fique atento a essas diferenças de realidades.


Quando se implementa uma política pública de alcance nacional, como a política da Assistência
Social e o Bolsa Família, é preciso estar atento às diferentes realidades e considerar que nem
sempre todos estão, igualmente, preparados para realizar as tarefas que lhes competem.

TOME, COMO EXEMPLO, VOCÊ, PARTICIPANTE DA CAPACITAÇÃO.


O esforço de capacitação que você está fazendo é um exemplo de que é necessário compreender
melhor os processos de trabalho para que os resultados colhidos reflitam as alterações
positivas no cotidiano das famílias.
Nessa perspectiva federativa, a formulação e a implementação de políticas públicas de alcance
nacional dependem de uma estreita relação entre os diferentes níveis de governo.

36
MÓDULO 1 UNIDADE 2

Fechando esta idéia

Atenção
Cabe a cada esfera de governo exercer um papel específico, colocar à disposição recursos
humanos, materiais e financeiros suficientes para que as atividades sejam realizadas a
contento e atuar em acordo com o que for consenso, nas instâncias deliberativas do
setor e entre essas instâncias.

Em algumas áreas, como saúde, educação, assistência social, direitos da criança e do


adolescente e do Programa Bolsa Família, tais diretrizes devem obedecer às orientações do
Conselho Municipal específico. No caso brasileiro,
a descentralização
vem geralmente
SEGURIDADE SOCIAL: CONCEITO, INTERSETORIALIDADE E FINANCIAMENTO
acompanhada
Todo dia você ouve no rádio, assiste na televisão e lê nos jornais sobre a falta de dinheiro no de processos
país, destinado à Assistência Social, não é mesmo? participativos.
Hoje, o governo
Fique atento municipal, junto com
os representantes
As questões apresentadas aqui poderão ajudá-lo a entender o porquê dessas notícias. da sociedade, define
as ações prioritárias
Relembrando... e a alocação dos
recursos para o
O art. 194 da Constituição trata da Seguridade Social – a Assistência Social equipara-se à
respectivo setor em
Saúde e à Previdência, formando o tripé da Seguridade Social. sua localidade. É
certo que tudo está
Quando falamos de Seguridade Social, falamos de direitos do cidadão e de deveres do Estado limitado ao volume
e da sociedade. predefinido de
De uma maneira geral, no passado, a idéia de Seguridade Social estava associada apenas à idéia recursos disponíveis
e às diretrizes e
de seguro social, visto como contrapartida de contribuições previdenciárias que permitiam normas do programa
usufruir o benefício da aposentadoria e de alguns estabelecimentos públicos de atenção à de governo em
saúde aos contribuintes da previdência, ou seja, à população formalmente empregada. referência.

Quando o Brasil, por meio de sua Constituição, estende a abrangência do conceito às


áreas de saúde e assistência social e, mesmo na área de previdência social, reconhece que
também devem ser beneficiários os segmentos que ao longo da vida não contribuíram para a
previdência, e por isso estavam excluídos do sistema:
• reconhece a Seguridade como política de proteção e direito;
• reconhece o direito à saúde e permite a constituição do Sistema Único de Saúde; e
• institui as bases de uma Política de Proteção Social Não Contributiva.
O princípio da Seguridade Social reafirma, portanto, a criação de uma Rede de Proteção
Social que, englobando um conjunto de ações, é capaz de garantir direitos e de reduzir a
ocorrência de riscos sociais. É complementar ao princípio de integração da assistência social,
da previdência social e da saúde às demais políticas sociais e econômicas, cujas dinâmicas
determinam em grande parte o enfrentamento das vulnerabilidades e dos riscos sociais.
Assim, a gestão da Assistência Social, na perspectiva de seguridade, exige ações intersetoriais,
ou seja, que se integrem com as dos demais setores (econômicos e sociais) e que considerem
a integração territorial.
37
MÓDULO 1 UNIDADE 2

Mas, o que é orçamento da


Seguridade Social?
Quem, afinal, paga essa conta? Para esclarecer alguns
Será que é do orçamento da pontos sobre suas dúvidas,
Seguridade Social que vêm os leia o que diz o art. 195 da
recursos para todas essas despesas? nossa Constituição.

No art. 195, a Constituição estabelece quais são as fontes que deverão viabilizar essa parte da
Política Pública de Proteção Social Não Contributiva, mesmo porque os recursos provenientes
das contribuições dos trabalhadores formais não seriam suficientes. No próprio artigo e nos
incisos I a III essas fontes estão claramente definidas.

Acompanhe, com atenção, o que discrimina o art. 195.

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições
sociais:
I. do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes
sobre:
-- a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados,
a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício;
-- a receita ou o faturamento; e
-- o lucro.
II. do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de
previdência social de que trata o art. 201;
III. sobre a receita de concursos de prognósticos;
IV. do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.

38
MÓDULO 1 UNIDADE 2

Destacando...
• Em princípio, os governos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais devem
colocar recursos de seus orçamentos.
• Depois as empresas com a contribuição sobre sua folha de salários e com uma parcela
da receita ou faturamento e, ainda, contribuindo sobre o lucro líquido que tiverem.
• Os trabalhadores formais ou os autônomos que pagam carnês e que também recolhem,
mensalmente, uma contribuição ao INSS.
• Finalmente há uma parcela das apostas nas loterias oficiais e contribuições sobre
produtos importados.

É preciso que todo mundo contribua um pouquinho para não faltar dinheiro e os governos,
ainda, podem destinar recursos de outras fontes, de acordo com seus objetivos específicos.

A FAMÍLIA NO CENTRO DA ATENÇÃO DA POLÍTICA DE PROTEÇÃO SOCIAL

Família o que é?
E como é considerada para efeitos de acesso aos benefícios?
Um repórter ao entrevistar três pessoas diferentes sobre o que para elas significava o termo
família, obteve as seguintes respostas:

Resposta da 1ª pessoa entrevistada: Assim como


- Ah, família, para mim, é todo mundo que mora lá em casa. as pessoas são
diferentes, as famílias
Resposta da 2ª pessoa entrevistada: e a sua composição
também diferem,
- Sei, ora, é meu pai, minha mãe e meus irmãos solteiros, isto é família. os modelos são
Resposta da 3ª pessoa entrevistada: diversificados,
diferem ao longo do
- Família é minha mãe, meus avós e meus irmãos. tempo e de um lugar
para outro.
Por que falamos tanto da família?
Pelo fato da família desempenhar um papel central
na vida de qualquer pessoa. E porque a própria
Constituição reconhece isso em vários momentos e,
assim, situa a família como eixo prioritário da proteção
social do Estado. E, finalmente, porque, da mesma
forma, todos os instrumentos normativos pactuados
em relação à Assistência Social e ao Programa Bolsa
Família também tem centralidade na família.
Ao falar de família pensamos logo no modelo mais
difundido, isto é, da família nuclear composta por
uma hierarquia baseada no marido ou pai, que
exerce autoridade e poder sobre a esposa e os filhos e
filhas, que desempenha o papel de provedor, e dentro
dessa família são atribuídas atividades masculinas e
femininas.
39
MÓDULO 1 UNIDADE 2

Olhando para nossa realidade atual

Atualmente, sabemos que existem muitos outros modelos de organização familiar que
foram se constituindo no Brasil, em especial o da família matrifocal, ou seja, aquelas
famílias constituídas pela mulher “chefe da família” e seus filhos e filhas, biológicos
ou não, resultantes de uma ou mais uniões, de um companheiro(a), permanente ou
ocasional, ou, ainda, por outras pessoas que gravitem em torno desse núcleo. Hoje
também verificamos casais que, embora partilhem uma vida em comum, nem sempre
habitam sob um mesmo teto. E há, ainda, aqueles grupos familiares constituídos por
pessoas que não são ligadas por laços consangüíneos.

A família é, portanto, o núcleo social básico de acolhida, convívio, autonomia, sustentabilidade


e protagonismo social; supera o conceito de família como unidade econômica, mera referência
de cálculo de rendimento per capita e a entende como núcleo afetivo, vinculado por laços
consangüíneos, de aliança ou afinidade, que circunscrevem obrigações recíprocas e mútuas,
organizadas em torno de relações de geração e gênero. A família deve ser apoiada e ter acesso a
condições para responder ao seu papel, no sustento, na guarda e na educação de suas crianças
e adolescentes, bem como na proteção de seus idosos e pessoas com deficiência.

Atenção

O fortalecimento de possibilidade de convívio, educação e proteção social, na própria família,


não restringe as responsabilidades públicas de proteção social para com os indivíduos e a
sociedade.
Independente dos formatos ou modelos que assume, família é mediadora das relações entre
os sujeitos e a coletividade, delimitando continuamente os deslocamentos entre o público e o
privado, bem como geradora de modalidades comunitárias de vida, ou seja, um conjunto de
Fique atento a esta
informação:
pessoas que se acham unidas por laços consangüíneos, afetivos ou de solidariedade.
da mesma forma
que existem diversas Conheça, agora, as diferentes definições de família para efeitos de acesso a
possibilidades de benefícios
se definir o que seja
uma família, também Para fins da implementação de políticas públicas é necessário que se estabeleçam critérios de
para os processos de elegibilidade, de acordo com as necessidades diferenciadas das famílias e indivíduos.
implementação e de
definição de critérios Por exemplo:
de elegibilidade
de distintos Programa de Atenção Integral às Famílias – PAIF
programas sociais
convivem conceitos Para sua operacionalização, considera a unidade de medida família referenciada, em razão
ligeiramente diversos. da metodologia do convívio familiar, do atendimento e da qualidade de vida da família
na comunidade e no território onde vive e, também, para atender situações isoladas ou
eventuais relativas a famílias que não estejam em agregados territoriais atendidos, em caráter
permanente, mas que demandam proteção social do ente público.

40
MÓDULO 1 UNIDADE 2

Atenção!
Nos Módulos 2 e 3 o conceito de “família” será novamente estudado.
Nos Módulos 4 e 5 o tema “família referenciada” será aprofundado.

Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal – CadÚnico


Para efeito de inclusão no CadÚnico, instrumento que tem como um dos objetivos a inclusão
de famílias no Programa Bolsa Família, considera-se família:
• unidade nuclear, eventualmente ampliada por pessoas que com ela possuem laços de
parentesco ou afinidade, que forma um grupo doméstico e viva sob o mesmo teto,
mantendo-se pela contribuição de seus membros.

Programa Bolsa Família – PBF


O conceito de família é o mesmo do CadÚnico. Observe que, na medida em que o Programa
Bolsa Família se direciona à transferência de renda para minimizar as situações de pobreza
ou extrema pobreza, o conceito é, nesse sentido, bem aberto, mas sublinha a necessidade
da coabitação e da contribuição de seus membros para sua manutenção. Porém, o fato de
uma família ser incluída no CadÚnico não quer dizer que ela vá receber, automaticamente o
benefício. Em primeiro lugar, limitações estabelecidas no Programa em relação à renda e, em
seguida, como há limitação de recursos para atender a todos os cadastrados, a composição
do grupo familiar será decisiva para definir quem deve ou não ter prioridade para receber o
benefício e de quanto será este benefício.

O que você precisa ter em mente


• I ndependente do formato específico do grupo familiar, a família é o lugar ideal para
a reprodução social e, em função do objetivo e do processo de implementação de
cada ação, este conceito pode ser mais ou menos amplo ou flexível.
• Q
ue benefícios e serviços não esgotam a atenção às famílias e a seus membros que
demandam atenção especial. Eles são pensados de acordo com as necessidades e
situações de vulnerabilidade e risco a que as famílias estão expostas. Representam,
portanto, um ponto de partida decisivo para um processo de inserção social mais
amplo.

Você venceu mais uma etapa do seu estudo,


concluindo a Unidade 2!
Prossiga com entusiasmo.

41
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Unidade 3 – Proteção Social Não Contributiva:


complementaridade entre serviços socioassistenciais e
benefícios

Nesta unidade você vai conhecer


• a dupla dimensão da proteção social: serviços e benefícios;
• a política pública de Assistência Social e a construção do Sistema Único de Assistência
Social – SUAS;
• a transferência condicionada de renda: a criação e implementação do Programa Bolsa
Família; e
• o Cadastro Único – registro das famílias brasileiras de baixa renda. Além de servir como
referência para os diversos programas sociais de concessão de benefícios, o CadÚnico
permite que os municípios e os estados conheçam melhor os riscos e vulnerabilidades
aos quais sua população está exposta.

Antes de iniciar o seu estudo, relembre


• O que é Proteção Social Não Contributiva
• Como se realizam as ações de Proteção Social Não Contributiva

O que você precisa ter em mente


• Proteção Social Não Contributiva é o conjunto de estratégias públicas que garante
o cumprimento dos direitos sociais constantes da Constituição, assegurando a todo
brasileiro ou brasileira o livre acesso aos serviços, programas, projetos e benefícios,
sem que tenha que pagar de forma direta.
• As ações da Proteção Social Não Contributiva se realizam por meio de cooperação
federativa, onde todos os níveis de governo e a sociedade civil, em suas distintas
expressões, compartilham responsabilidades.

É hora de aprofundar, passo a passo, o seu estudo

Primeiro você precisa saber...


Na direção de diminuir a pobreza e as desigualdades, proteger indivíduos e famílias de
situações de vulnerabilidade e risco social, foram delineadas pelo Estado duas vertentes de
ações de proteção social.

42
MÓDULO 1 UNIDADE 3

AS DUAS VERTENTES DA PROTEÇÃO SOCIAL: SERVIÇOS E BENEFÍCIOS

• Primeira vertente
Provisão de serviços: organização e implementação dos serviços, inclusive os serviços
socioassistenciais voltados a indivíduos, às famílias e a diversos segmentos sociais em situação
de vulnerabilidade e risco.

• Segunda vertente
Pagamento de benefícios: a partir da Constituição de 1988 pelo Benefício de Prestação
Continuada – BPC seguido de programas de transferência condicionada de renda.

Realidade brasileira
• Fome
• Miséria
• Moradia precária
• Desigualdade
• Negligência e abandono
• Falta de escolaridade

Uma grande parcela da população brasileira é privada do acesso a seus direitos


O grande desafio do Estado brasileiro é conceber e implementar políticas públicas com
objetivo de proteger essa parcela da população brasileira privada do acesso a seus direitos.

Pare e pense
• Você já pensou no tamanho do nosso país?
• No percentual da população que demanda atendimento?
• Na diversidade de realidades e nas diversas manifestações de desigualdades nele
existentes?

Deu para você imaginar o tamanho desse desafio?

43
MÓDULO 1 UNIDADE 3

São cerca de 50 milhões de brasileiros e brasileiras que demandam serviços e benefícios.

As saídas que o Estado brasileiro perseguiu, nos anos mais recentes, caminharam sobre
duas vertentes integradas:
• os serviços socioassistenciais oferecidos em cada localidade; e
• os benefícios.

O Sistema Único de Assistência Social – SUAS é:


• um elemento importante para implementação da Política Nacional de Assistência Social
– PNAS/2004;
• um componente do Modelo de Proteção Social Não Contributiva; e
• um dos instrumentos da integração da política de Assistência Social com as demais
políticas públicas.

44
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Conheça agora os serviços socioassistenciais oferecidos pelo Sistema Único de


Assistência Social – SUAS
Colocando em prática os preceitos da Constituição de 1988

Atenção!
De mero favor, a Assistência Social agora é direito do cidadão.

Uma dica
Visite o site http://www.mds.gov.br/suas/conheca/conheca01.asp. Leia e conheça mais sobre
o Sistema Único de Assistência Social. O SUAS teve seu
marco inicial de
implantação em
“A Assistência Social passa por profundas mudanças no Brasil.
julho de 2005 com a
Está em marcha a implantação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), uma aprovação da NOB –
verdadeira revolução na Assistência Social brasileira. Planejado e executado pelos Norma Operacional
Básica/SUAS.
governos federal, estaduais, municipais e do Distrito Federal, em estreita parceria com
Resultou dos debates
a sociedade civil, o SUAS organiza, pela primeira vez na história do país, serviços, realizados pela
programas e benefícios destinados a cerca de 50 milhões de brasileiros, em todas as sociedade brasileira
faixas etárias. para colocar em
prática os preceitos
O novo sistema é fruto de quase duas décadas de debates e coloca em prática os preceitos da Constituição de
da Constituição de 1988, que integra a Assistência à Seguridade Social, juntamente com 1988 que integra a
Saúde e Previdência Social. Assim, as diversas ações e iniciativas de atendimento à Assistência Social
população carente deixam o campo do voluntarismo e passam a operar sob a estrutura à Seguridade
de uma política pública de Estado.” Social, juntamente
com a Saúde e a
Previdência Social.
Uma nota
O SUAS está integrando serviços, programas e benefícios. Isso é o que você conhecerá
continuando seu estudo.

A POLÍTICA PÚBLICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E A CONSTRUÇÃO DO SISTEMA ÚNICO


DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – SUAS

Para você conhecer a trajetória da construção do Sistema Único de Assistência Social desde
a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, aprovada em 1993, até o estabelecimento das
bases do novo Sistema, com a aprovação da Política Nacional de Assistência Social – PNAS,
no final de 2004, acompanhe a análise feita sobre os primeiros passos da construção do
SUAS.

A definição do modelo assistencial é vital para a efetivação da Assistência Social, como


política pública, conforme prescrito na Constituição Federal de 1988
Uma visão do modelo a ser consolidado deve partir da clareza na relação entre o que pode
ser o tipo de trabalho social que o modelo comporta, em face dos objetivos ensejados
dos benefícios, dos programas, dos projetos e dos serviços socioassistenciais e, como essa
política, vista de forma integrada, pode contribuir para o desenvolvimento de capacidades e
habilidades de seus usuários, reduzindo os níveis de desigualdade social no Brasil.
45
MÓDULO 1 UNIDADE 3

O modelo do Sistema Descentralizado e Participativo previsto na Lei Orgânica de Assistência


Social (LOAS), em seu artigo 6º, implantado na década de 1990, pautou-se numa visão ainda
fragmentada da forma de incorporação dos beneficiários, reiterando a maneira focalista,
pontual e segmentada da ação tradicional. Essa forma de compreensão da organização não
logrou superar aspectos associados à subalternidade, ao assistencialismo e aos ritos vexatórios
da demonstração das necessidades dos beneficiários, mantendo as aquisições no campo da
ajuda, da caridade, da benesse.

Outra crítica a esse modelo diz respeito à organização de programas prioritariamente


pontuais, de caráter centralizado, com baixa responsabilidade do Estado e operados de forma
secundária (por meio de subsídios ou subvenções sociais), em detrimento de serviços de
caráter continuado.

Pode-se afirmar que tal modelo favorecia, em sua lógica, uma tendência histórica de retirar
seus usuários do convívio familiar e comunitário. Exemplo disso é o número de crianças
em abrigos e idosos em asilos, equipamentos historicamente co-financiados pelo Governo
Federal, em décadas anteriores, que sempre foi pautado pela lógica de financiamento por
indivíduo atendido (necessitado), o que, por si só, afirma um modelo socioassistencial que
perpetua a exclusão e a segregação social.

Você percebeu a diferença?


Historicamente o modelo de atendimento socioassistencial do país foi configurado sob a idéia
da caridade e marcado pela ausência da primazia do Estado, no que diz respeito à Assistência
Social.

Isto significa, ao mesmo tempo, que a política social e a pobreza eram compreendidas como
irmãs siamesas e a política de Assistência Social se expressava por ações circunstanciais
ofertadas aos mais necessitados. Seguindo esta linha de análise, leia com atenção o que diz o
seu Assistente sobre o processo de construção do SUAS.

Atenção
As bases do SUAS
para a gestão, o
financiamento e A Política Nacional de Assistência Social de 2004 (PNAS/2004), aprovada pelo Conselho
o controle social
Nacional de Assistência Social (CNAS) em 15 de outubro de 2004, pela resolução
da assistência
social recuperam nº 145, e publicada no Diário Oficial da União em 28 de outubro de 2004, fruto de
a primazia da ampla mobilização, entre outros, dos setores organizados, dos movimentos sociais, dos
responsabilidade do trabalhadores, dos gestores e conselheiros, reafirmou os dispositivos da Constituição
Estado, na oferta dos Federal e da LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social, estabelecendo diretrizes e
serviços, programas, princípios congruentes com esses para implantação do Sistema Único de Assistência
projetos e benefícios
Social – SUAS.
socioassistenciais,
reiterando a
concepção de que só
o Estado é capaz de Rompendo com os modelos socioassistenciais anteriores, o SUAS introduz mudanças
garantir os direitos e fundamentais.
o acesso universal aos
que necessitam da
Assistência Social.

46
MÓDULO 1 UNIDADE 3

A construção do SUAS configura-se como o esforço de romper com o modelo até então
implantado no Brasil e, como visto, recorrente mesmo depois da aprovação da LOAS em
1993. O SUAS, principal deliberação da IV Conferência Nacional de Assistência Social,
introduz mudanças profundas nas referências conceituais, na estrutura organizativa e
na lógica de gerenciamento e controle das ações.

Os Princípios e a Organização do SUAS e as Diferentes Formas de Proteção Devidas


pelo Estado
A nova metodologia reconhece, ainda, diferentes formas de proteção devidas pelo
Estado:
• a proteção social básica; e
• a proteção social especial (de alta e média complexidade), organizando a Assistência
Social com as especificidades das necessidades sociais, imperiosamente heterogêneas.
Também aciona um inédito mecanismo de identificação das desigualdades regionais e
condições estruturais municipais, organizando a adesão de municípios ao SUAS, por níveis
de gestão: inicial, básica e plena.

Inscreve como fundamento de sua construção e consolidação:

• a matricialidade sociofamiliar,
• a descentralização político-administrativa,
• a territorialização, bases reguladas para relação entre Estado e sociedade civil, o
financiamento pela três esferas, o controle social, a política de recursos humanos e a
informação, monitoramento e avaliação.

Um dado importante
As portas de entrada para o Sistema são estatais e já se encontram espalhadas pelo Brasil. Para saber um
São elas: os Centros de Referência de Assistência Social – CRAS e os Centros de Referência pouco mais sobre
Especializados da Assistência Social – CREAS. os CRAS e CREAS,
consulte o texto da
Norma Operacional
• CRAS – são implantados em território de maior vulnerabilidade social.
Básica do SUAS,
• CREAS – podem ser organizados pelo Município, em âmbito local, em âmbito regional disponibilizado na
ou organizados pelo Estado-membro. midiateca para você.

Há , ainda, um ponto a considerar


O território ganha uma expressiva importância na definição, planejamento e execução
dos serviços oferecidos nos CRAS e CREAS.

47
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Segundo a PNAS/2004 (Política Nacional de Assistência Social) e a Norma Operacional


Básica do SUAS (NOB/SUAS), o território ganha uma expressiva importância na
definição, planejamento e execução dos serviços oferecidos nos CRAS e CREAS.
Compreender e considerar as vulnerabilidades e os riscos pessoal e social, em uma
dimensão territorial, trouxe para a política de Assistência Social a possibilidade de
identificar a questão social sobre outro aspecto.

Pontos de destaque
Neste novo prisma, agrega-se ao conhecimento
da realidade, a dinâmica demográfica associada
à dinâmica socioterritorial. É possível, assim,
ultrapassar os recortes setoriais em que,
tradicionalmente, se fragmentaram as atenções na
política de Assistência Social.

A questão social vista sob outro prisma


Um território pode ser compreendido como:
• um Município de pequeno porte ou
• um bairro; ou uma vila de um Município de
médio e grande porte, de uma cidade ou mes-
mo de uma metrópole.

Resumindo...
A oferta de programas, projetos e serviços socioassistenciais, com base no território, possibilita
uma adequada escala de proximidade entre a oferta e os usuários e, também, a indissociável
gestão de serviços, benefícios e renda.

Um lembrete
Os serviços socioassistenciais oferecidos nos CRAS e nos CREAS, aí em seu Município ou
em sua região, não esgotam as necessidades de Assistência Social de pessoas ou famílias
acolhidas e atendidas.

48
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Outro aspecto importante trazido pelo SUAS


Um maior número de pessoas pode acessar a oferta de serviços e benefícios a qualquer
momento e em qualquer circunstância.

O SUAS organiza os serviços, visando à sua oferta por escala hierarquizada e


complementar. Nessa perspectiva, os serviços de proteção social básica devem estar
em todos os territórios vulneráveis, porque um maior número de pessoas pode acessar
a oferta de serviços e benefícios, a qualquer momento e em qualquer circunstância.
Eles devem estar disponíveis nos locais de maior vulnerabilidade social, tornando-se,
portanto, uma referência para as famílias e indivíduos.
Alguns serviços, como os de média e alta complexidade, alinhados à proteção social
especial, podem não ser estruturados e oferecidos nos municípios.
Por quê?
• Porque estes não possuem, em seu território, condições de oferecê-los.
• Porque o serviço já está presente em Município vizinho (um pólo regional, por
exemplo) que oferece, por intermédio de consórcios, aqueles serviços que são de
referência regional, garantindo o atendimento de seus usuários e dos usuários dos
municípios da região.
• Porque esses serviços podem ser ofertados pelo órgão gestor estadual.

A regionalização dos serviços de média e alta complexidade do SUAS é tarefa fundamental A concepção
de serviços
e prioritária a ser coordenada e executada, no caso dos serviços de referência regional, pelos
territorializados
governos estaduais, em conjunto com os gestores municipais. no SUAS requer
gestão cooperada
A regionalização é outra importante diretriz trazida pelo SUAS. e compartilhada
entre os três entes
federados.
Você sabe o que é regionalização?
Regionalização é a base territorial de planejamento,
definida no âmbito estadual, de acordo com as
características e estratégias de organização de
cada estado, na oferta dos serviços de média e alta
complexidade.

E de que depende a regionalização?


Depende da disposição da adesão das três esferas de
governo – União, Distrito Federal, Estados e Municípios
– e de recursos financeiros, políticos e administrativos
que funcionem como mecanismos de indução da
cooperação.

49
MÓDULO 1 UNIDADE 3

A Norma Operacional Básica – NOB/SUAS, em seu item 4, que trata da Articulação e


Pactuação, é precisa nas definições referentes à pactuação das resoluções encaminhadas,
no âmbito da federação pelo Sistema. Diz ela: ”Entende-se por pactuação, na gestão da
Assistência Social, as negociações estabelecidas com a anuência das esferas de governo
envolvidas, no que tange à operacionalização da política, não pressupondo processo de
votação nem tampouco de deliberação. As pactuações de tais instâncias só serão possíveis
na medida em que haja concordância de todos os entes envolvidos, sendo formalizadas
por meio de publicação da pactuação e submetidas às instâncias de deliberação”.
Em seguida, a mesma norma estabelece dois tipos de instâncias de pactuação:
• a Comissão Intergestores Bipartite – CIB;
• a Comissão Intergestores Tripartite – CIT.

As CIBs, no dizer da NOB, “se constituem em espaços de interlocução, sendo um requisito


central em sua constituição a representatividade do Estado-membro e dos municípios em
seu âmbito, levando em conta o porte dos municípios e sua distribuição regional”. A CIT, no
dizer da NOB, é a instância de expressão das demandas dos gestores da Assistência Social,
nas três esferas de Governo e é organizada no âmbito federal com a seguinte composição: 5
(cinco) membros representantes da União, indicados pelo MDS e seus respectivos suplentes;
5 (cinco) membros representando os estados e o Distrito Federal, indicados pelo FONSEAS –
Fórum Nacional de Secretários de Estado de Assistência Social – e seus respectivos suplentes;
5 (cinco) membros representando os municípios indicados pelo CONGEMAS – Colegiado
Estadual de Gestores Municipais de Assistência Social – e seus respectivos suplentes.

EIXOS ESTRUTURANTES DO SUAS


A retomada pelo SUAS do papel do Estado aciona quatro grandes eixos fundamentais para
sua organização.

1. A política de recursos humanos


Destaca-se ao compreender que os serviços estatais são viabilizados por intermédio de
servidores públicos efetivos, com carreira adequada, vencimentos compatíveis, estabelecendo,
assim, a burocracia estatal, na condução e na oferta dos serviços socioassistenciais. Nessa
perspectiva, podemos afirmar que a maior tecnologia dessa política é seu conjunto de
trabalhadores, o campo dos recursos humanos.

É aí que você se inscreve, caro participante!


Conforme a PNAS, (...) “a concepção da Assistência Social como direito impõe aos
trabalhadores da política que estes superem a atuação na vertente de viabilizadores de
programas para a de viabilizadores de direitos. Isso muda substancialmente seu processo de
trabalho”.

50
MÓDULO 1 UNIDADE 3

2. A matricialidade sociofamiliar
Inovador na Assistência Social, recoloca a responsabilidade do Estado de apoiar as famílias,
no seu papel de proteger os seus membros e indivíduos.
O SUAS possibilita às famílias e aos indivíduos o direito à convivência familiar e comunitária.
São nos serviços socioassistenciais da proteção social básica do SUAS, prioritariamente, que
esses direitos devem se efetivar com maior ênfase, tendo em vista seu caráter preventivo das
situações de risco pessoal e social, do desenvolvimento de potencialidades e habilidades e o
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. Ainda são assegurados, em sua área de
abrangência, a vigilância e a defesa social e institucional às famílias e aos indivíduos.

3. A gestão financeira
Inaugurada pelo SUAS é associada intrinsecamente à gestão da política. Destaca-se a
alteração da lógica de transferências dos recursos para estados e municípios que, antes do
SUAS, ocorria por programas e projetos específicos, e que geravam mais de oitenta formas
de repasse por modalidades (por exemplos: PAC, ASEF, jornada parcial e integral, API, PPD
etc.). Tal modelo, conforme se constatou, historicamente “fragilizava as instâncias técnicas
para o planejamento e alocação de recursos, além de gerar desconfiança nas esferas estaduais
e federal sobre a capacidade de gestão autônoma dos municípios”.

Já ouviu falar em pisos financeiros?


Hoje, no SUAS, as transferências dos recursos da União para os demais entes federados são
operacionalizadas por pisos financeiros, que atendem a proteção social básica e especial (de
alta e média complexidade), assim definidos:
• piso básico fixo;
• piso básico de transição;
• piso básico variável;
• piso de alta complexidade I;
• piso fixo de média complexidade; e
• piso de transição de média complexidade.

Tal metodologia possibilita que gestores da Assistência Social organizem e planejem


os serviços, programas e projetos socioassistenciais, de acordo com as necessidades de
proteção, que verifica e reconhece em seus territórios. Toda a migração necessária para
a alteração, assim como os aspectos regulatórios do processo, está publicada na Portaria
nº 459/2005 e traduzida no Manual de Orientação Técnica do SUAS/WEB, que se en-
contra no site do MDS.

Uma dica para você


Visite o site do MDS: www.mds.gov.br/suas e conheça de perto o Manual de Orientação
Técnica do SUAS, de acordo com a Portaria nº 459/2005.

51
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Ainda sobre gestão financeira


O repasse financeiro compulsório, regular e automático, entre a União, Estados, Distrito Federal
e Municípios está viabilizando a elaboração de planos de assistência social, que contemple
os desenhos de redes de proteção social básica e especial de média e alta complexidade, além
de instituir a gestão cooperada e solidária entre as três esferas de governo, essencial para a
efetividade do SUAS.
Nesta perspectiva, os planos de Assistência Social ganham efetividade nas peças orçamentárias,
pois cabe aos gestores locais alocar os recursos nas rubricas que considerarem essenciais para
a estruturação dos serviços socioassistenciais locais e/ou regionais.
Você observou que se trata de uma mudança muito importante na cultura da cooperação
financeira intergovernamental?
A grande mudança é que a cultura do “Eu posso gastar com o quê?”, aos poucos perde espaço
para: “Como vou gastar de forma mais eficaz e eficiente?”

Resumindo
O SUAS reforçou o caráter tripartite do financiamento e fortaleceu as Comissões Intergestores
Tripartite (CIT) e Bipartite (CIBs) do sistema, além de instaurar um processo de eliminação
da relação por convênios entre entes da federação. A lógica da gestão financeira, pautada na
cooperação e respeito mútuo entre os gestores, requer o fortalecimento do controle social.

E, por fim, o eixo que representa um novo patamar de tratamento de dados e informações.

4. O Monitoramento e a Avaliação

A informação, o monitoramento e a avaliação são apreendidos como um instrumento de


gestão do SUAS e que representam um novo patamar de tratamento de dados e informações
nesse âmbito. Para a construção desse campo, foi implantada a Rede SUAS – Sistema Nacional
de Informação da Assistência Social.

Uma Análise das Características e dos Resultados da Rede SUAS – A Rede SUAS
Sistema Nacional de Informação da Assistência Social

Com seu conjunto de aplicativos, a Rede SUAS já se configura como ferramenta importante
para subsidiar a efetivação do sistema de vigilância e defesa social e institucional do SUAS.
Os aplicativos da Rede SUAS possibilitam, ainda, uma nova lógica para a gestão e para a
oferta dos serviços socioassistenciais no Brasil, visto que o sistema de informação já abarcou
todas as áreas concernentes à gestão, ao financiamento e ao controle social da política, dando
suporte aos seus novos dispositivos e procedimentos.
Desde a implantação do SUAS e a construção da Rede SUAS, a transferência de recursos da
União para os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios tem sido caracterizada
pela agilidade, regularidade e transparência, favorecendo a atuação desses entes, como
gestores dos sistemas locais, regionais e estaduais de Assistência Social. Com isso, amplia-
se, substantivamente, a capacidade de descentralização político-administrativa ensejada pela
LOAS.

52
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Merece realce a análise da especialista Aldaíza Sposati sobre o processo de evolução e os


benefícios proporcionados à melhor gestão do Sistema pela Rede SUAS:

“É preciso destacar que avançou, no primeiro ano do SUAS, a tecnologia de informação


para a política de assistência social denominada Rede SUAS. Esse é o nome do sistema de
informações do SUAS, organizado em três subsistemas: transações financeiras, gerencial e
controle social”.

Prossegue Aldaíza Sposati, em sua análise:


“Nem todos os sistemas já estão operando, mas, sem dúvida, são avanços que pela primeira
vez nos permitem ler a totalidade das ações federais da assistência social, o que é muito
novo”.

Para ficar mais claro, acompanhe os dados apresentados a seguir:

REDE SUAS – SUBSISTEMAS, SISTEMAS E FINALIDADES

Fonte: MDAS / SNAS

Transações financeiras
• SISFAF – informa o repasse de fundo a fundo
• SIAORC – acompanhamento orçamentário
• SISCON – gestão de convênios operados pelo FNAS
Suporte gerencial
• S
UASWeb – informação da assistência social, registra os planos de estados e de
municípios e demonstrativos de execução física e financeira
• SIGSUAS – relatório de gestão (informações de serviços)
• CADSUAS – dados da rede socioassistencial
• GEOSUAS – territorialização da informação
Controle social
• I NFOSUAS – sistema de consultas sobre os repasses financeiros do FNAS auxiliado
pelo GEOSUAS
• SICNAS
– ferramenta da gestão dos conselhos

53
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Você percebeu a importância dessas informações para uma gestão eficaz e transparente
do SUAS?

Os sistemas possibilitam relatórios e consultas comuns e essenciais para todos os níveis


de gestão do SUAS, profissionalizando planejamento, execução e avaliação do Sistema e
espelham as informações para toda a sociedade.

A gestão participativa é o caminho imprescindível para aprimorar o SUAS. Ela requer


destaque especial para construção de indicadores comuns e estratégias compartilhadas de
monitoramento, fiscalização e avaliação.

Para esse fim, além do agregado de dados e informações entregues pela Rede SUAS, várias
pesquisas foram e estão sendo realizadas pelo Ministério de Desenvolvimento Social e
Combate à Fome – MDS, em parceria com institutos de pesquisa e universidades. Destaca-
se a recente pesquisa sobre a gestão pública de Assistência Social realizada pelo IBGE, como
suplemento da Pesquisa de Informações Básicas Municipais – MUNIC, lançada em 7 de
dezembro de 2006. De caráter censitário, essa pesquisa alcançou todos os municípios com
questões vinculadas à gestão da Assistência Social pelos órgãos municipais.

Os serviços de proteção social básica e especial prestados às famílias em situação


de vulnerabilidade e risco podem incluir o atendimento às famílias que recebem
transferência de renda. Esta articulação evidencia a integração de serviços e benefícios,
que, atualmente, se constitui num binômio de proteção social eficiente. Por exemplo: o
não cumprimento das condicionalidades pode indicar uma situação de risco, ou seja,
estas famílias necessitam de um acompanhamento dos serviços prestados pela proteção
básica e/ou especial.

TRANSFERÊNCIA CONDICIONADA DE RENDA: A CRIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO


PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

Os programas de transferência de renda podem servir como pilar fundamental na construção


de um sistema de proteção social voltado para o bem-estar dos cidadãos. Alguns especialistas
acreditam que esses programas terão maior êxito, quanto maior for a sua capacidade de atuar
sobre a superação da pobreza.

O que você precisa saber sobre o Programa Bolsa Família para orientar a sua atividade
profissional?

Em primeiro lugar você vai conhecer a origem do Bolsa Família, em seguida seus princípios
e fundamentos, bem como o estágio da sua implementação.

Contextualização e antecedentes
Elemento central da vertente relativa ao pagamento de benefícios e de integração com outras
políticas sociais.

54
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Isto você já sabe


Os benefícios configuram-se na segunda vertente da Política de Proteção Social Não
Contributiva.

Como é que essa


vertente surge na
agenda pública e como
foi sendo aperfeiçoado
até chegar ao PBF?

O debate internacional sobre programas de transferência de renda apresenta concepções


diferenciadas e existe já há várias décadas. De forma geral, tais debates consideram que
dificilmente a erradicação da pobreza e a redução da desigualdade são viabilizadas sem
políticas ativas de transferência de renda.
Três matrizes principais podem ser consideradas neste debate, em especial quando observam
quais devem ser os destinatários de políticas de transferência de renda.

Uma primeira concepção


De um lado estão aqueles que entendem que tais políticas devem ser universais, garantidas
como direito de todos os cidadãos, sem necessidade de comprovação de renda e de
contrapartida por parte dos beneficiários. Portanto, sem condicionalidades. Esta primeira
concepção se materializa em propostas como as de renda básica ou renda de cidadania.
Nesta concepção, o mais importante é tratar todos os cidadãos de forma igual, sem qualquer
processo de focalização.

Uma segunda concepção


Uma segunda concepção entende que políticas de transferência de renda, e mesmo políticas
públicas no sentido mais amplo, são importantes para garantir a sobrevivência de famílias ou
indivíduos específicos, mas devem ser residuais. Devem se restringir àqueles extremamente
pobres ou incapazes de prover sua própria sobrevivência. Tal concepção não se restringe
à transferência de renda, mas, também, entende que a atuação do Estado em áreas como
saúde, educação, assistência social, entre outras, devem ser residuais, com a oferta de
“pacotes básicos” de serviços para os extremamente pobres e atuação do mercado para outros
segmentos e em ações e serviços que não compõem tal pacote básico. Nesta concepção,
apenas os extremamente pobres podem ser atendidos, com desenhos de focalização bastante
restritivos, tanto para a transferência de renda, quanto para acesso aos serviços públicos.

55
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Este tipo de concepção normalmente vem acompanhado de propostas de vinculação da


transferência de renda a gastos específicos, sem opção de escolha para a família.

Uma terceira concepção tem um olhar diferenciado para os mais pobres

Esta concepção parte do princípio que políticas para redução da pobreza e das desigualdades
pressupõem uma opção do Poder Público por privilegiar os mais pobres. Para tanto, é preciso
um tratamento diferenciado dos mais pobres, de forma a reduzir desigualdades prévias de
condições e, no futuro, promover a igualdade. Encontra-se aqui uma tradução dos princípios
da eqüidade na implementação de política pública e uma condição fundamental é a utilização
de parâmetros de justiça distributiva. Embora defenda políticas universais, entende que,
mesmo essas, que são direitos de todos, devem ter um olhar diferenciado para os mais pobres,
com priorização de atendimento.

Você observou que este terceiro pensamento está mais próximo àquele considerado no Bolsa
Família?

Nesta concepção, para priorizar os mais pobres é importante considerar critérios de acesso,
bem como critérios de focalização, mas não numa concepção residual de selecionar apenas
os extremamente pobres. Focalização deve ser entendida como a aplicação de critérios de
priorização, em especial para permitir a inclusão daqueles que, historicamente, estiveram à
margem das políticas públicas.

As políticas de transferência de renda passam a compor escolhas do Poder Público, em


especial a partir de meados da década de 1990, quando as políticas sociais passaram a ser
formuladas levando-se em conta a pobreza como questão social. Nesse período, observam-se
as primeiras experiências de programas de transferência condicionada de renda na América
Latina.

Quem sabe faz...


Uma experiência mais consolidada.
Merecem destaque a experiência do México, hoje denominado Programa de Oportunidades, e
as experiências desenvolvidas no Brasil, em especial aquelas implementadas pelos municípios.
Estas precederam programas federais similares, como, por exemplo, os programas Bolsa
Escola e Bolsa Alimentação, entre outros.
Conheça essas experiências vivenciadas no nosso país, antes da implementação do Bolsa
Família.
• 1995: Experiências pioneiras de Campinas e do Distrito Federal com programas de
transferência condicionada de renda
• 1996: Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI)
• 1998: Programa Nacional de Garantia de Renda Mínima (do Ministério de Educação e
Cultura)
• 2001: Bolsa Escola, Bolsa Alimentação
• 2002: Auxílio Gás
• 2003: Cartão Alimentação
56
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Apesar de haver experiências anteriores de transferência condicionada de renda no Brasil,


é principalmente a partir de 2003 que as questões de combate à pobreza e à desigualdade
ocupam um papel mais acentuado na agenda pública.

Se estiver claro para você que a erradicação da pobreza e a redução da desigualdade não
podem se viabilizar sem perspectiva de longo prazo, também deve estar claro que não
se viabilizam sem mecanismos diretos e de grande escala de redistribuição de renda. Os
programas de transferência de renda passam, então, a ganhar centralidade como política
que articula dimensões econômicas e sociais e, ao mesmo tempo, incorporam visão de
longo prazo, com impacto para gerações futuras, e iniciativas que repercutem de forma mais
imediata nos indicadores de pobreza e desigualdade.

Conseqüência dessas iniciativas


Perdem sentido, tanto a dicotomia entre políticas econômicas e políticas sociais, quanto
o entendimento de políticas sociais como compensatórias das desigualdades geradas pelo
mercado.

Os programas de transferência de renda com condicionalidades, nos moldes do Bolsa


Família, podem ser definidos, então, como políticas que contemplam o alívio imediato
da pobreza e, de forma articulada, sua superação, em especial para a geração seguinte.

O Bolsa Família deve ser entendido como uma ação transversal, com interface com diferentes
políticas públicas.

A dimensão da transferência de renda, embora seja o componente mais visível, não deve
ser concebido como um fim em si. A transferência de renda é um instrumento, ou melhor,
uma estratégia que se articula a um conjunto de políticas, que permitam o enfrentamento
conseqüente da pobreza e da desigualdade. Tem, portanto, a percepção de que, no contexto
de desigualdades e pobreza, como o brasileiro, devem ser assegurados níveis mínimos de
subsistência a todas as famílias pobres e extremamente pobres e, ainda, devem ser construídos
instrumentos que possibilitem que a geração seguinte, os filhos das famílias beneficiárias,
tenham um vida diferente no futuro. Ou seja, devem contribuir para o rompimento do ciclo
de transmissão da pobreza entre gerações.

Alguns exemplos para esclarecer melhor:


• Ao contribuir para o acesso à alimentação, integra o conjunto das políticas de segurança
alimentar e nutricional;
• Ao contribuir para freqüência e permanência da criança na escola, é parte da política de
educação e o mesmo pode ser dito em relação à saúde;
• Ao contribuir para a proteção social básica, também tem interface com a Assistência
Social.

57
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Vi, gostei e passo para você


Ainda sobre o programa Globo Rural apresentado na Unidade 2

Agora, o assunto é sobre o Bolsa Família.

A equipe do Programa, que entrevistou a agricultora Maria Angélica dos Santos, relatou o
seguinte fato.

De todos os programas públicos, o que mais cresceu nos últimos anos foi o Bolsa Família.
Atualmente, 11,1 milhões de família recebem o benefício no Brasil. Só em Irará, são 3.982.

– Globo Rural: Dona Maria, a senhora tem o cartão do Bolsa Família?


– Dona Maria: Tenho.
– Globo Rural: Dona Maria, quanto é que sai por mês?
– Dona Maria: R$ 95,00.
– Globo Rura: A senhora recebe quanto?
– Dona Maria: R$ 65,00 .... R$ 70,00.

Para receber o dinheiro todo mês as famílias têm que cumprir algumas regras: criança em
idade escolar deve freqüentar as aulas. Gestante, mamãe e bebê precisam estar em dia com o
calendário de saúde, que inclui vacinação e acompanhamento pré-natal.

O valor mensal varia de R$ 18,00 a R$ 112,00, dependendo da renda e da composição familiar. A


fiscalização do cadastramento e da administração do Bolsa Família fica a cargo de um conselho
municipal. Em Irará, o gestor é um funcionário da prefeitura, Emerson Pinho.

Ele explica que o critério de inclusão no programa é a renda mensal por membro da casa.

Têm direito ao benefício todas as famílias com rendimento mensal de até R$ 60,00 por pessoa.
Exemplo: se uma família ganha R$ 200,00 por mês e tem quatro pessoas, sendo duas crianças
em idade escolar, a renda por pessoa é de R$ 50,00. Ou seja, ela tem direito a um benefício
básico e dois benefícios variáveis (R$18,00 reais por criança), totalizando R$ 94,00.

Em relação a essa história, você pôde observar que para o recebimento do Bolsa Família
existe uma análise feita a partir de critérios de elegibilidade. Pôde observar, também, que o
valor do benefício depende da renda e da composição familiar. Mais a frente, você estudará,
em detalhes, os critérios de elegibilidade e os valores dos benefícios de acordo com cada
situação familiar.

58
MÓDULO 1 UNIDADE 3

A Criação do Programa Bolsa Família: em busca de Um Novo Padrão de Política de


Combate à Pobreza e à Desigualdade

O Programa Bolsa Família foi criado em outubro de 2003, por meio de Medida Provisória,
convertida em lei em 09 de janeiro de 2004. É a Lei nº 10.836.
Fique sabendo o que é o Bolsa Família e como a concessão de benefícios financeiros chega
às famílias de baixa renda.
A Medida Provisória
Vale Lembrar n° 411/2008 amplia
a faixa etária do PBF
para adolescentes
O Bolsa Família é um programa de transferência de renda com condicionalidades. até 17 anos.
Assim, as famílias
A concessão de benefícios financeiros pelo PBF considera famílias pobres aquelas com beneficiárias que
até R$ 120,00 de renda mensal. Entre estas, as famílias com renda per capita mensal de têm adolescentes de
até R$ 60,00 são elegíveis, independentemente, de sua composição; e as famílias com 16 e 17 anos na sua
composição poderão
renda per capita mensal entre R$ 60,01 e R$ 120,00 podem ingressar no Programa, desde
receber o Benefício
que apresentem em sua composição crianças e adolescentes de até 15 anos, gestantes Variável Jovem
ou mães que estejam amamentando. Os benefícios do Bolsa Família são de dois tipos: (BVJ) no valor de R$
básico e variável, de acordo com a renda familiar. Cada família pode receber entre R$ 30,00, até o limite de
20,00 e R$ 122,00 por mês, dependendo da sua situação socioeconômica e do número dois benefícios por
de crianças e adolescentes até 15 anos e gestantes. família. O PBF passa
a ter, então, três
benefícios: o básico,o
variável e o variável
Para entender melhor esta análise, acompanhe o quadro
jovem.

Ocorrência Consulte o Módulo 3


Critério de Elegibilidade para ver em detalhes
de Crianças e Quantidade de tipo Valores do
essas mudanças
Situação das Renda Mensal Adolescentes de Benefício Beneficio (R$) e o calculo dos
Famílias por Pessoa 0-15 anos benefícios com a
1 criança ou inclusão dos valores
1 Variável 20,00
adolescente do Benefício Variável
Situação de De R$ 60,01 a 2 crianças ou Jovem – BVJ
2 Variáveis 40,00
Pobreza R$ 120,00 adolescentes
3 crianças ou
3 Variáveis 60,00
adolescentes
62,00
Sem ocorrência Básico
1 criança ou Básico + 1
Situação 82,00
adolescente Variáveis
de Extrema Até R$ 60,00 2 crianças ou Básico + 2
Pobreza 102,00
adolescentes Variáveis
3 crianças ou Básico + 3
122,00
adolescentes Variáveis

59
MÓDULO 1 UNIDADE 3

É importante considerar que, para o Bolsa Família, as famílias com renda mensal de até
R$ 60,00 per capita são consideradas extremamente pobres e aquelas com renda mensal
entre R$ 60,01 e R$ 120,00 são consideradas pobres.

A transferência de renda pelo Programa Bolsa Família está condicionada à inserção e à


manutenção de crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos e jovens de 16 e 17 anos nas redes de
ensino e ao acompanhamento das gestantes, nutrizes e crianças até 7 anos pela rede de saúde
(pré-natal, vacinação e acompanhamento nutricional).

Estas são as chamadas condicionalidades

Programas remanescentes
Você sabia?
A lei que criou o Bolsa Família também definiu a unificação dos programas não constitucionais
de transferência de renda. Alguns tinham condicionalidades, outros não.
São eles:
• Bolsa Escola.
• Bolsa Alimentação.
• Auxílio Gás e Cartão Alimentação.

Estes passaram a ser chamados de Programas Remanescentes.

Ampliando seus conhecimentos...


Visite o site do MDS para obter mais informações. Procure o símbolo Bolsa Família, clique
nele e fique bem informado.

Mas o Programa Bolsa Família não pára por aí não...

É importante considerar, ainda, que o Bolsa Família é um dos programas que compõem o Fome
Zero. Este pode ser definido como uma estratégia impulsionada pelo Governo Federal para
assegurar o direito humano à alimentação adequada às pessoas com dificuldades de acesso
aos alimentos. Essa estratégia se insere na promoção da segurança alimentar e nutricional,
buscando a inclusão social e a conquista da cidadania da população mais vulnerável.
Conheça bem cada uma das dimensões que caracterizam o Programa Bolsa Família

60
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Afinal, de que forma posso


É simples. De acordo com o que estudamos
definir o Bolsa Família?
até agora e considerando os princípios
definidos na lei que criou o Programa, é
possível definir o Bolsa Família a partir da
articulação de três dimensões específicas.

São:
• alívio imediato da pobreza – por meio
da transferência de renda diretamente às
famílias;
• contribuição para a redução da pobreza
para a geração seguinte – reforço no
cumprimento das condicionalidades e do
direito à saúde e à educação;

E quais são elas? • articulação com o que a lei chama de


“ações complementares” – de forma a
desenvolver novas capacidades nas famílias
beneficiárias.

61
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Alívio imediato da pobreza por meio da transferência direta de renda

É hoje o resultado mais perceptível e mensurável do PBF. Estudos mostram que o Brasil
tem reduzido a pobreza, em especial a extrema pobreza, a desigualdade e a fome, e o Bolsa
Família tem papel preponderante nesse resultado. Estudos realizados pelo MDS mostram
que as famílias utilizam o benefício, principalmente, para a compra de alimentos.
Um aspecto importante é que não há intermediação no pagamento do benefício. Este é
sacado diretamente pelo beneficiário, por meio de cartão bancário, na rede bancária ou
correspondente bancário. Embora seja uma característica percebida com naturalidade na
atualidade, o fato de não haver intermediário no pagamento dos benefícios é uma mudança
radical em relação à história de clientelismo e de populismo vivida pelo país, onde os
benefícios sociais sempre estiveram vinculados aos políticos, aos governantes ou a entidades
assistenciais específicas.

Contribuição para a redução da pobreza para a geração seguinte

Para entender melhor essa dimensão, é preciso responder à pergunta: afinal o que são
condicionalidades?
É um contrato pautado por três tipos de responsabilidades complementares. De um lado,
é responsabilidade das famílias no cumprimento de uma agenda mínima na área da saúde

As condicionalidades devem ser entendidas como um contrato entre as famílias e o


Poder Público. Ao mesmo tempo em que devem ser cumpridas pelo núcleo familiar
para que possam receber o benefício mensal, esse reforço no cumprimento das
condicionalidades nas áreas de saúde e educação, fortalece o acesso aos direitos sociais
básicos para as famílias beneficiárias.

e da educação, agenda esta que contribui para melhorar as condições para que as crianças
e jovens de famílias beneficiárias tenham uma vida diferente no futuro. Esta agenda, na
área de educação, é a matrícula e a freqüência escolar mínima de 85% das crianças e dos
adolescentes entre 6 e 15 anos integrantes das famílias beneficiárias. Freqüência superior,
inclusive, àquela exigida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação para aprovação. Na área
de saúde, a agenda é o acompanhamento da vacinação e do crescimento e desenvolvimento
das crianças até 6 anos de idade e, ainda, da gravidez, parto e puerpério das mulheres. O
objetivo é associar a renda com o acesso das crianças e adolescentes à educação básica, à
sua permanência na escola, à inserção dos grupos familiares na rede de saúde. Além disso,
também deve ser assegurado o compromisso da família de que as crianças não serão expostas
ao trabalho infantil.
Ao lado do compromisso da família, é preciso assegurar o compromisso do Poder Público em
prover serviços e garantir acesso a bens e serviços essenciais nas áreas de saúde e educação
que, como vimos antes, embora de caráter universal, em várias situações não permitem o
atendimento dos mais excluídos. Neste sentido, é um reforço de direitos de cidadania.
É por este motivo que o compromisso da família só pode ser cobrado se houver oferta de
serviços e garantia de acesso. Mais do que isso, é uma forma de responsabilizar o Poder

62
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Público pela “busca ativa” dos mais excluídos, se porventura não for identificada busca
espontânea de serviços. Com a integração entre o PBF e o PETI, o acompanhamento da
jornada complementar das crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, também
passa a se constituir numa condicionalidade.
O terceiro componente do contrato é o seu monitoramento. O acompanhamento das
condicionalidades para o recebimento do benefício do programa, mais do que um caráter
punitivo de suspensão de benefícios, está relacionado ao monitoramento do acesso das
famílias aos direitos sociais básicos de educação e saúde, bem como com à identificação das
causas familiares e sociais do seu eventual não cumprimento.
Nesse caso, saber os motivos de não cumprimento de condicionalidades é um instrumento
importante para que se identifiquem aquelas famílias que se encontram em maior grau de
vulnerabilidade e risco social, sendo, portanto, um indicador para a orientação das políticas
sociais e para a priorização para acompanhamento familiar mais individualizado. O alcance
desse propósito requer uma abordagem intersetorial, na qual o acompanhamento das famílias
incluídas no programa seja feito de forma articulada, por equipes das áreas de assistência
social, educação, saúde e outras que, no Município, respondam por ações que propiciem a
inserção social e a emancipação das famílias em situação de pobreza. Já vimos isso, quando
falamos do SUAS, lembra?
Articulação com o que a lei chama de “ações complementares”

As atribuições de acompanhamento do cumprimento das condicionalidades pelas


famílias são compartilhadas pelo Poder Público, em seus três níveis (federal, estadual
e municipal), em uma ação conjunta dos gestores das áreas de educação, de saúde e de
assistência social, pela sociedade e pelas próprias famílias.

Como você já sabe, as causas da pobreza são complexas e multidimensionais, ou seja, a


pobreza não deve ser entendida apenas como sinônimo de insuficiência de renda das famílias
e seu combate não pode se restringir ao recebimento dos recursos financeiros das famílias
beneficiadas pelos programas federais.
E, exatamente porque traz em sua concepção a preocupação com a superação da pobreza,
a plena efetivação dos objetivos do Bolsa Família é dependente da sua integração com
programas que permitam o desenvolvimento das capacidades das famílias. Este é o tema do
Módulo 6 do presente curso, os Programas Complementares.
Mas, afinal, o que são Programas Complementares?
Este é o termo utilizado pela lei que criou o PBF. São programas desenvolvidos por diferentes
áreas do governo federal, pelos estados e municípios e mesmo pela sociedade, que permitam
o desenvolvimento de capacidades das famílias ou o atendimento de vulnerabilidades
específicas. É a associação entre políticas de combate à pobreza e políticas de promoção da
cidadania. Demandam, necessariamente, articulação intersetorial, coordenação e integração
entre políticas que tenham foco em famílias pobres ou, ainda, que possam priorizar o acesso
das mesmas.
Esta dimensão objetiva permitir que as famílias, mesmo mantidas dentro do PBF, desenvolvam
63
MÓDULO 1 UNIDADE 3

capacidades de forma a que estejam em situação mais satisfatória do que aquela de antes do
PBF. Para outras famílias, o acesso a programas complementares pode contribuir para que as
mesmas abram mão do benefício, em função da possibilidade de prover renda a partir do seu
próprio trabalho. Entre as ações mais significativas, merecem destaque aquelas nas áreas de
geração de trabalho e renda, o aumento da escolaridade e o acesso ao conhecimento, melhorias
nas condições habitacionais, além de outras políticas que visam promover o desenvolvimento
social e econômico sustentável das famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família.

Isto é muito importante


Você deve lembrar da necessidade de integração.
Para a consolidação dessa estratégia de inclusão social, as ações precisam ser articuladas e
integradas pelas três esferas de governo e com a sociedade civil. É, portanto, uma estreita
integração entre programas de transferência de renda e políticas de inserção social e
econômica.
Mesmo identificando O objetivo é potencializar o Bolsa Família, seja por meio da integração com outros programas
na família o alvo da sociais, seja privilegiando os grupos familiares beneficiários do programa em outras políticas
sua ação, o Bolsa e programas ou, ainda, por meio do co-financiamento de programas de transferência de
Família reconhece e renda em âmbito federal, estadual ou municipal.
reforça a importância
do papel das mulher Alguns também chamam tais ações de “portas de saída”. Este não nos parece o melhor termo,
na família. Ela é a uma vez que passa uma concepção de que as transferências de renda são soluções temporárias
responsável legal e, ainda, que as famílias pobres por elas atendidas são indesejáveis e devem, rapidamente, ser
e preferencial para
retiradas.
o recebimento dos
benefícios, situação
que está presente Outras características do Bolsa Famíia
em 97% das famílias
Uma característica de fundamental importância e que merece destaque: a família.
atendidas pelo PBF.
Estudos mostram Uma diferença importante em relação aos demais programas:
que as mulheres
administram
A família beneficiária tem direito de escolha quanto ao uso do recurso financeiro recebido.
melhor os recursos
financeiros em
proveito de toda a Além das características que você já conhece, uma característica de fundamental
família. Ela faz as importância e que merece destaque é a definição do núcleo familiar, e não os membros
melhores escolhas da família individualmente, como unidade da ação do PBF. Esta definição supera a
sobre onde e em que
abordagem fragmentada e segmentada de cada um dos indivíduos que compõem a
aplicar melhor os
recursos, de forma
família, a partir de critérios distintos (idade e sexo, por exemplo). Esta é uma diferença
que toda a família importante em relação aos programas anteriores, como, por exemplo, o Bolsa Escola e
possa ser beneficiada. o Bolsa Alimentação.
O fato de receber
e administrar os
recursos tem feito
com que as mulheres,
segundo pesquisas De olho nessa informação
realizadas pelo MDS,
tenham fortalecido
seu papel na família e
na sua comunidade.

64
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Para o PBF, ninguém melhor do que a família para decidir


onde o recurso financeiro é mais importante:
• Quais as necessidades da família que devem ser satis-
feitas?
• Qual a melhor decisão em proveito de toda a família?

Em alguns programas de transferência de renda, as


famílias só podem gastar o recurso recebido em produtos
ou serviços definidos pelo governo. Além de ter que
comprovar os gastos, elas só podem utilizar o recurso em
Também merece
determinados estabelecimentos, segundo determinação destaque, entre
governamental. as características
Portanto... do Programa, a
criação de critérios
amplamente
No PBF, o apoio financeiro visa complementar a renda familiar para suas necessidades básicas divulgados, que
e a família sabe, melhor que o governo, quais são elas. Não há, portanto, motivo para ter que orientam a inclusão
de famílias,
comprovar a utilização desse recurso.
com busca de
universalização
Saiba mais... da cobertura do
programa para o
Estudos mostram que as famílias utilizam os recursos, preferencialmente, para a compra
conjunto estimado
de alimentos, em estabelecimentos próximos às suas residências, o que contribui para o da população
desenvolvimento local. vivendo em situação
de pobreza. É
Identificação e Seleção de Beneficiários e Estimativa de Pobreza importante observar
que, ao unificar
Você deve estar se questionando: os programas de
transferência de
Como as famílias são incluídas no Programa?
renda existentes, o
Bolsa Família passou
Veja como você deve identificar e selecionar os beneficiários a atender todos os
antigos beneficiários
Você já sabe que o público-alvo do Programa Bolsa Família é composto pelas famílias em desses programas. A
situação de pobreza e de extrema pobreza. unificação fez parte
de uma estratégia
Para definir esses grupos foi utilizado o critério da renda, ou seja, estabeleceu-se uma linha de universalização
de corte, abaixo da qual todas as famílias são consideradas pobres. O programa trabalha com dos benefícios
duas linhas: sociais, por meio da
melhor focalização,
• extrema pobreza: constituída pelas famílias com insuficiência de renda para a alimentação entendida sempre
dos seus membros. como meio de
se promover a
• pobreza: formada pelo grupo de pessoas cuja renda é insuficiente para atender às
eqüidade de direitos
necessidades alimentares, mais um conjunto de despesas básicas, como habitação, entre a população,
transporte vestuário etc. sobretudo a parcela
mais vulnerável.
Um recado importante para você

65
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Visite o site http://www.mds.gov.br/adesao/mib/matrizsrch.asp e consulte as estimativas


de famílias pobres para cada Município brasileiro. Veja em particular a situação do seu
Município.
Complementando...

A lei que criou o Programa, Lei nº 10.836, de 09/1/04, definiu, no parágrafo 6º do art.
2º, que poderia haver modificação nos valores dos benefícios e nos valores referenciais
para a caracterização de situação de pobreza ou extrema pobreza, que são as linhas de
pobreza utilizadas pelo PBF. Para tanto, e considerando como referência a dinâmica
socioeconômica do país, seriam necessários estudos técnicos sobre o tema. Assim, por
meio do Decreto nº 5.749, de 11/4/06, os valores para a caracterização da situação de
pobreza foram atualizados. O processo de atualização das estimativas de pobreza foi
realizado a partir dos dados da PNAD 2004 e, para sua desagregação em nível municipal,
Inicialmente, quando novamente utilizou-se o Censo de 2000.
da criação do PBF,
a fonte de dados
utilizada para a
Foi este estudo que definiu que são consideradas famílias:
aplicação empírica • extremamente pobres – aquelas com renda per capita mensal de até R$ 60,00 ;e
desses valores foi
a PNAD – 2001, • famílias pobres – aquelas com renda per capita mensal de R$ 60,01 até R$ 120,00.
que constituía a
base de dados de Saiba como é feito este cálculo
cobertura nacional
mais atualizada Para o cálculo da renda, considera-se a soma dos rendimentos brutos recebidos mensalmente
naquele momento. pela totalidade dos membros da família, excluindo-se aqueles concedidos por programas
Esse procedimento oficiais de transferência direta de renda.
gerou, quando do
lançamento do Bolsa Com isso, houve uma revisão da estimativa de famílias pobres no Brasil, que passou para 11
Família, a estimativa milhões e 100 mil em 2006.
de 11,2 milhões de
famílias pobres em Como é feita a identificação das famílias para a inclusão
todo o país.
A partir daí, A identificação das famílias com perfil Bolsa Família é feita por meio do Cadastro Único,
foram feitos importante ferramenta de gestão do Programa e dos demais programas sociais do Governo
desdobramentos Federal.
de estimativas
específicas para
cada Município Atenção, gestor, agora é com você, é de sua responsabilidade
brasileiro, que, além As prefeituras, por meio dos gestores municipais do Programa, desempenham função
da PNAD, agregavam
estratégica na identificação das famílias que se encontram em situação de pobreza, em seu
informações do Censo
2000. Ou seja, embora Município, de forma a direcionar com maior precisão e eficácia a inclusão das famílias no
o PBF não trabalhe Cadastro e, por conseguinte, no PBF.
com “cotas” de
A inclusão da família no PBF é feita, exclusivamente, entre as famílias cadastradas no Cadastro
atendimento, como
foi o caso do Bolsa Único, observando os critérios de elegibilidade do Programa.
Escola, ele considera
como referência Lembre-se
estimativas de
cobertura calculadas
com base na PNAD.

66
MÓDULO 1 UNIDADE 3

O fato de uma família estar incluída no CadÚnico não quer dizer que, automaticamente, ela
receberá o benefício.
A inclusão de famílias no Programa é feita pelo Governo Federal, a partir da identificação de
famílias elegíveis no Cadastro Único e, ainda, considerando, como referência, a estimativa de
famílias pobres em cada Município brasileiro. Tal inclusão também considera os processos
de migração de famílias que eram atendidas pelos programas remanescentes, ou seja, os
Programas de transferência de renda que antecederam o PBF.

Os Programas Remanescentes e o Processo de Unificação do PBF

A implementação do Bolsa Família não ignorou a existência prévia de outros programas


de transferência de renda, ao contrário, seguiu, como vimos, uma tendência e buscou o seu
aperfeiçoamento.

Tal decisão garantiu o direito das famílias que já vinham sendo atendidas por outros
programas e, ainda, deu legitimidade à idéia de que tais programas não são iniciativas de um
único governo, mas demandam compromisso continuado.

Assim, o processo de integração agregou complexidade à implementação do PBF.

A lei que criou o PBF definiu que ele unificaria os programas Bolsa Escola, Bolsa Alimentação,
Auxílio Gás e Cartão Alimentação.

Um comentário a respeito dessa unificação


A criação do Bolsa Família, no entanto, não pode ser entendida como uma mera unificação
dos programas anteriores ou apenas a busca de um maior grau de racionalidade administrativa
do governo. Sem dúvida, estes programas avançaram em relação a desenhos anteriores. No
entanto, várias eram as limitações que demandavam mudança de concepção (as características
do PBF anteriormente apresentadas mostram isso), em especial no que diz respeito ao
atendimento de toda a família, e não de seus membros isoladamente, à divergência de critérios
de elegibilidade, à baixa cobertura e à superposição de públicos-alvo, entre outros.
O processo de unificação, que se encontra praticamente finalizado, demandou a inclusão de
todas as famílias anteriormente beneficiárias no CadÚnico.
A cada mês, quando da geração da folha de pagamento do PBF, famílias oriundas dos
programas remanescentes são migradas e novas famílias são incluídas, respeitados os
parâmetros anteriormente apresentados.

Analise as informações a seguir que mostram as características de cada um dos


programas remanescentes, objeto desse processo de unificação

A integração entre o PBF e o PETI

67
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Bolsa Escola: o Bolsa Escola federal foi criado em 2001 por iniciativa do Ministério
da Educação. O público-alvo era formado por crianças entre 6 e 15 anos de idades,
cujas famílias tinham uma renda per capita abaixo de R$ 90,00. O valor do benefício
era de R$ 15,00, por criança, até um máximo de R$ 45,00 (três crianças). Em termos de
condicionalidade, as crianças beneficiárias deviam ter freqüência de pelo menos 85%
das aulas. A maior parte das crianças beneficiárias foi cadastrada no Cadastro do Bolsa
Escola – Cadbes.

Bolsa Alimentação: este programa foi criado em setembro de 2001, por iniciativa do
Ministério da Saúde. Tinha como objetivo combater a mortalidade infantil, em famílias
com renda per capita mensal de R$ 90,00. O valor do benefício era de R$15,00, por
criança entre 0 e 6 anos ou mulher grávida, até um máximo de R$ 45,00 (três crianças).
Em termos de condicionalidade, a família se comprometeria a atualizar o cartão de
vacinação das crianças entre 0 e 6 anos e as mães a fazer visitas regulares ao posto de
saúde para o pré-natal e enquanto estivessem amamentando.

Auxílio Gás: este programa foi criada em dezembro de 2001, como medida
compensatória para o fim do subsídio ao gás de cozinha. Era destinado a famílias com
renda mensal per capita de até meio salário mínimo. Este programa não impunha
nenhuma condicionalidade à família a não ser estar registrada no CadÚnico. O valor
do benefício era de R$ 7,50 por mês, pagos bimestralmente. O Ministério das Minas e
Energia era responsável por sua administração.

Cartão Alimentação: criado em 2003, consiste em uma transferência de R$ 50,00 para


famílias com uma renda familiar per capita menor do que metade do salário mínimo,
por 6 meses (este período poderia ser prorrogado até o máximo de 18 meses). O objetivo
do programa era lutar contra a insegurança alimentar, enquanto outras medidas – ações
estruturantes – seriam implementadas, a fim de assegurar que as famílias deixassem de
padecer de insegurança alimentar. O programa também não tinha condicionalidade e
sua implementação ficou a cargo dos chamados Comitês Gestores.

O Governo Federal decidiu pela integração do PBF e do Programa de Erradicação do Trabalho


Infantil – PETI.

Saiba por que e quando aconteceu.


Em dezembro de 2005, ao identificar que o PBF e o PETI tinham objetivos similares e, ao
mesmo tempo, atendiam famílias com, praticamente, o mesmo perfil, o Governo Federal
decidiu pela integração dos dois programas. Foi definido que as famílias com crianças em
situação de trabalho infantil teriam direito à bolsa nas seguintes condições:
• se estivessem no perfil de renda do PBF, receberiam a bolsa por este programa; e
• se estivessem fora do perfil de renda do PBF, deveriam receber a bolsa pelo PETI.
Em ambas as situações, as famílias são cadastradas no CadÚnico, as crianças devem

68
MÓDULO 1 UNIDADE 3

freqüentar a escola e os serviços socioeducativos e de convivência (chamadas jornadas


complementares).

PETI: o Programa de Erradicação do Trabalho


Infantil foi criado em 1996. Consiste na
transferência de renda para as famílias com
crianças e adolescentes trabalhando ou em
risco de trabalhar em atividades consideradas
perigosas e prejudiciais à saúde das crianças
(...). O programa também prevê o repasse de
verbas para os municípios participantes, para
que ampliem as atividades curriculares da escola
com ações socioeducativas e de convivência. Este
último componente visa evitar que as crianças
usem seu “tempo livre” para trabalhar. (...).
O valor do benefício é de R$ 25,00, por criança,
nas áreas rurais, e R$ 40,00, nas áreas urbanas.
As famílias participantes se comprometem a
não permitir que crianças menores de 16 anos
trabalhem e que elas tenham, pelo menos, 75%
de presença na escola.

Lembrando o que ficou para trás...


• Você já sabe que é a própria Constituição Federal que cria as bases para a responsabilidade
conjunta e para a cooperação entre a União, Estados-membros, Distrito Federal e
Municípios, no combate à pobreza, à desigualdade e à exclusão social.
• Também já sabe que entre os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil
está o compromisso com a erradicação da pobreza e da marginalização, assim como com
a redução das desigualdades sociais e regionais (CF 1988, art. 3º, III).
• Sabe que o texto constitucional estabelece como competência comum da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização,
promovendo a integração social dos setores desfavorecidos (CF 1988, art. 23, X).

O desafio é...

A articulação dos diversos agentes políticos em torno da promoção e inclusão social das
famílias que vivem em situação de pobreza e extrema pobreza.

Nesse sentido, o Programa Bolsa Família não pode prescindir da participação efetiva das
três esferas de governo, como co-responsáveis pela sua implementação, estabelecendo um
modelo de gestão compartilhada, em que a União, os Estados-membros e os Municípios
atuam como co-responsáveis pela sua implementação, gestão e fiscalização.

69
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Você Sabe o que é Descentralização Pactuada?


Ao tempo em que a Constituição define responsabilidades conjuntas para a União, Estados
e Municípios, no combate à pobreza e à desigualdade, o fato do PBF não ter sido criado por
meio da Constituição Federal, mas por intermédio de lei ordinária, faz com que seja necessário
implementar processos de negociação e coordenação federativa com características bastante
diversas daquelas que são usuais nas políticas públicas. Foi preciso construir mecanismos
matriciais e voluntários de adesão e pactuação. É a chamada descentralização pactuada.
Este desenho se materializou em duas modalidades principais:

• Pactuação –> acontece em processos de integração entre o PBF e iniciativas de transfe-


rência de renda próprias de Estados-membros e Municípios.
• Adesão –> ocorre em praticamente todos os Municípios brasileiros e é a formalização de
relações e de responsabilidades para a implementação conjunta do PBF.

E quais são as atribuições dos estados e dos municípios na gestão do Programa


Bolsa Família?
Para a gestão do PBF e respeitando o princípio constitucional de auto-organização, cabe aos
Municípios e aos Estados definirem as áreas responsáveis pela gestão do PBF em suas esferas
de competência. Na maior parte das vezes esta gestão está articulada à área de Assistência
Social, mas, também, há casos em que o Programa está sob responsabilidade da secretaria de
saúde, educação, de direitos humanos ou mesmo nas áreas de planejamento e governo.

Algumas atribuições:
• promoção da ação intersetorial, articulando outras políticas públicas, como saúde,
educação, Assistência Social com foco nas famílias beneficiárias;
• identificação das famílias pobres e sua inscrição no CadÚnico;
• acompanhamento das condicionalidades;
• oferta de programas complementares; e
• acompanhamento das famílias mais vulneráveis.

E como o Governo Federal apóia a gestão descentralizada do PBF?


Repassando recursos financeiros aos Municípios
Este recurso é calculado por meio do Índice de Gestão Descentralizada, o IGD, que é
determinado com base na qualidade e atualização das informações do CadÚnico e no
acompanhamento e respectiva informação, das famílias beneficiárias pelo PBF, nas áreas de
saúde e de educação.

Uma dica:
Agora você pode identificar e conhecer quem, em seu Município, recebe recursos do Bolsa
Família. Esta informação está disponível no site do Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome (www.mds.gov.br) e, também, por meio do SIBEC – Sistema de Gestão
de Benefícios, que será melhor discutido no Módulo 3 do Curso, e que permite a gestão
descentralizada dos benefícios do Programa.
70
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Alguns resultados e conclusões


Agora você sabe e por certo irá atuar no sentido de que cada vez mais os efeitos do PBF
contribuam para o nosso desenvolvimento social.

Todos conhecem no país o Programa Bolsa Família, não é mesmo? Principalmente você, que
atua profissionalmente em sua implementação e que sabe os efeitos que ele vem produzindo
no resgate social de famílias que se encontravam em situação de pobreza. Talvez, muitos não
saibam os efeitos que o PBF gera.

É hora de conhecê-los

• O Bolsa Família hoje está presente em todos os 5.564 Municípios brasileiros e no Distrito
Federal.
• Já beneficia 11 milhões e 100 mil famílias, ou seja, o número estimado de famílias pobres,
que corresponde a aproximadamente 45 milhões de pessoas.
• Seu custo fiscal é de menos que 0,5% do PIB/ Produto Interno Bruto.
• O PBF tem contribuído de forma significativa para a redução da pobreza e da desigualdade
em nosso país.

Por todas essas razões, não é em vão que o PBF seja tão conhecido e reconhecido.

O CADASTRO ÚNICO DOS PARA PROGRAMAS SOCIAIS DO GOVERNO FEDERAL –


CADÚNICO

Relembrando...

O que é O CADÚNICO?

O Cadastro Único, criado em 2001, também conhecido como CadÚnico é a base de dados
utilizada para o registro de informações sobre as famílias com renda mensal de até meio
salário mínimo por pessoa ou renda familiar mensal de até três salários mínimos. Por meio
dele é realizada a seleção dos beneficiários de alguns programas do Governo Federal, como,
por exemplo, o Bolsa Família.

É um instrumento de vigilância social, de identificação de vulnerabilidades e de


pontencialidades das famílias.

71
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Fique atento

O CadÚnico é um registro administrativo das famílias brasileiras de baixa renda. Além


de servir como referência para os diversos programas sociais de concessão de benefícios,
o CadÚnico permite que os municípios e os estados conheçam melhor os riscos e as
vulnerabilidades aos quais a sua população está exposta.

Não é um benefício e nem é um programa.


O CadÚnico é um benefício ou É simples, como o próprio nome diz: é um
um programa? cadastro que contém a base de informações,
que identifica todas as famílias em situação
de pobreza.
E você, que é um gestor local, é responsável
pela veracidade das informações registradas
no CadÚnico.

Quanta responsabilidade.

Fique sabendo

A gestão do CadÚnico é feita de forma conjunta pelo Município e pelo Governo Federal. A
coleta de dados é feita pelos Municípios.
A veracidade das informações registradas no CadÚnico é de responsabilidade do gestor
local. O cidadão que responde ao questionário também deve ser informado sobre suas
responsabilidades em relação à veracidade das informações fornecidas.

Que informações são coletadas no CadÚnico?


• composição familiar;
• escolaridade dos membros da família;
• renda e consumo da família;
• situação do domicílio; e
• situação de trabalho infantil, entre outros.

Após a coleta de dados, os cidadãos cadastrados recebem o Número de Identificação Social


– NIS gerado pelo Governo Federal.

A partir do acesso ao CadÚnico, a sociedade brasileira começa a conhecer as informações


socioeconômicas das 16 milhões de famílias cadastradas, contribuindo para a identificação
das vulnerabilidades e das potencialidades dessas famílias.
72
MÓDULO 1 UNIDADE 3

Embora o Governo Federal buscasse, desde 2001, a unificação das informações dos programas
sociais em um único banco de dados, ao longo dos últimos anos essas informações foram
coletadas segundo critérios distintos, ditados pelas lógicas e interesses de cada um daqueles
Programas.

A unificação dos programas de transferência de renda no Programa Bolsa Família impôs a


necessidade de reunir essas informações, em uma base de dados nacional, implementando a
real concepção do CadÚnico. Ele se tornou instrumento potencial para identificar e localizar
as famílias pobres e, assim, viabilizar o planejamento de políticas públicas do Governo
Federal, bem como dos estaduais e municipais de forma coordenada.

Qual a importância da fidedignidade dos dados registrados para a realidade social


das famílias cadastradas?

Os dados socioeconômicos básicos contidos no CadÚnico permitem o monitoramento e


as avaliações sobre os efeitos dos programas sociais, que se estruturam a partir dele, nas
condições de vida das populações beneficiárias.
Tornou-se imperativa a fidedignidade dos dados registrados para a realidade social das famílias
cadastradas, o que suscitou várias iniciativas para o aperfeiçoamento desse cadastro:
• o desenvolvimento de novos sistemas;
• a atualização cadastral em todo o país;
• a regulamentação do conceito de “cadastro válido”, com a respectiva remuneração; e
• a disponibilização de mecanismos para consulta e utilização das informações cadastrais,
entre outras.

Atenção!

A base de informações contida no CadÚnico é bastante extensa e rica e, em função disso,


permite que os municípios e os estados conheçam melhor os riscos e vulnerabilidades
aos quais sua população está exposta. Por meio dele é possível identificar e diagnosticar
as necessidades de cada família e até mesmo dos indivíduos que a integram.
Esta precisão só é possível devido à existência de um número de controle, que permite
identificar cada pessoa cadastrada: o Número de Identificação Social – NIS.
Cada indivíduo inserido no cadastro ganha um número, que é pessoal e intransferível,
assim como o RG e o CPF.
Cabe à Caixa Econômica Federal, Agente Operador do Bolsa Família, a atribuição do
NIS de cada pessoa, o que é feito de forma integrada com o sistema de numeração do
PIS/PASEP. Isso permite cruzar informações com bases de dados da Previdência Social
e do Ministério do Trabalho.

Você concluiu a Unidade 3! Prossiga estudando!

73
MÓDULO 1 UNIDADE 4

Unidade 4 - Controle Social no Âmbito do SUAS e do PBF

Saiba o que você vai estudar nesta Unidade


• Objetivos
do Controle Social no âmbito do Sistema Único de Assistência Social.
• Objetivos do Controle Social no âmbito do Programa Bolsa Família.
• O papel dos Conselhos e das Conferências.

Antes de iniciar o seu estudo, vale lembrar


• A Assistência Social foi elevada à categoria de política pública somente em 1988.
• A partir daí, o controle social passa a ser questão de direito, isto é, um dever assegurado,
na Constituição Federal, e referendado em todos os instrumentos jurídicos que lhe
sucedem.
• A Constituição Federal de 1988 trouxe, em seu âmago, além da institucionalização
dos canais de participação popular e de controle social na gestão pública, um vigoroso
componente de descentralização e de fortalecimento dos municípios.
• A norma constitucional prescreveu que é dever do Estado e da sociedade responder às
iniqüidades da questão social, combater a pobreza e a desigualdade.

Também é muito importante destacar que a participação popular na gestão das políticas
públicas, mediante o controle social sobre a ação governamental, é uma conquista do povo
brasileiro que foi consagrada na Constituição de 1988, onde os movimentos sociais tiveram
um papel muito importante.

Pode-se, então, dizer que:


• Controle Social é a participação popular na formulação e controle das políticas públicas.
• A participação social é o alicerce do processo de controle social, incluindo a possibilidade
de construir políticas de Assistência Social e de transferência de renda com propostas de
mudanças e, ainda, de influir na tomada de decisões pelo Poder Público.

OBJETIVOS DO CONTROLE SOCIAL NO ÂMBITO DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA


SOCIAL
Você já sabe: garantir a participação popular na formulação e controle das políticas
públicas.

Veja, agora, no caso da Assistência Social


Normalmente tal participação é exercida no âmbito dos Conselhos de Assistência Social nas
três esferas de governo. Dentro dessa lógica, o controle do Estado é exercido pela sociedade,
na garantia dos direitos fundamentais e dos princípios democráticos.
A Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS foi o carro-chefe da Política Pública de
Assistência Social e ela cria os Conselhos Municipais, Estaduais e o Conselho Nacional de
Assistência Social.
74
MÓDULO 1 UNIDADE 4

Nesses fóruns evoluíram os debates. Onze anos depois, valendo-se do poder a ele conferido
no inciso I do art. 18 da LOAS, o CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social aprovou,
por meio da Resolução nº 145, de 15 de outubro de 2004, a Política Nacional de Assistência
Social. A Política foi regulamentada, do ponto de vista operacional, pela Resolução do mesmo
Conselho de nº 130, de 15 de julho de 2005, pela Norma Operacional – NOB, que institui o
Sistema Único de Assistência Social – SUAS.

Fique atento aos aspectos aqui apontados sobre a Política Nacional de


Assistência Social

Você deve saber que estes Conselhos são, por força da lei, paritários, ou seja, são compostos
por representantes do governo e da sociedade civil. Assim, como você pode perceber, a Po-
lítica Nacional de Assistência Social de 2004 resultou de um acordo amplo entre a sociedade
civil e o Poder Público, em todos os níveis de Governo.

Ou seja, resulta de um amplo pacto, fundado na cooperação e na co-responsabilidade entre


todos que dela participam, da concepção à implementação.

Em função de tais determinações, a sociedade civil esteve e está representada em todas as


comunidades, tendo poderes a ela delegados, por força das mencionadas leis, para exercer o
controle social sobre a Política Pública de Assistência Social, desde a concepção das ações até
as suas implementações.

E tem mais
A I Conferência Nacional e a IV Conferência Nacional de Assistência Social definiram
a obrigatoriedade da implementação de planos de monitoramento, avaliação e a criação
de um sistema oficial de informação que possibilitasse:
• a mensuração da eficiência e da eficácia das ações previstas nos Planos de Assistên-
cia Social;
• a transparência;
• o acompanhamento;
• a avaliação do sistema; e
• a realização de estudos, pesquisas e diagnósticos, a fim de contribuir para a formu-
lação da política pelas três esferas de governo.

Com isso, a implementação das medidas realmente promove novos patamares de


desenvolvimento da política de Assistência Social no país.

De acordo com a Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004, para alcançarmos


esse propósito, é necessário que a informação, a avaliação e o monitoramento na área de
Assistência Social sejam tratados como componentes estratégicos de gestão.

Você também já sabe: um dos instrumentos estratégicos para a implementação do SUAS é o


Sistema Nacional de Informação da Assistência Social – a Rede SUAS.

75
MÓDULO 1 UNIDADE 4

Pare e pense
A participação da comunidade é importante para melhor atender às necessidades da
população.
Você concorda?
Com certeza você concordou. A participação da comunidade é de fundamental
importância para melhor atender às necessidades da população, além de, também,
figurar como valioso instrumento, buscando transparência na atuação dos gestores.

Avança-se no sentido de gerar as informações necessárias ao aperfeiçoamento dos processos


de controle social:
• informação;
• monitoramento; e
• avaliação.

Ampliando esta informação


A Rede SUAS é um elemento fundamental para que as organizações sociais, as entidades da
sociedade civil e qualquer cidadão ou cidadã tenham acesso às informações relativas às ações
de Assistência Social implementadas.

A Rede SUAS e os vários sistemas que a compõem, muitos deles já instalados e disponíveis,
constituem-se em um elemento fundamental para que as organizações sociais presentes nos
Conselhos, as entidades da sociedade civil e qualquer cidadão ou cidadã tenham acesso às
informações relativas às ações de Assistência Social implementadas. Dessa forma, confere
aos processos transparência e possibilidades amplas de participação e de monitoramento e
avaliação, visando ao aperfeiçoamento do controle social sobre o conjunto da política e sobre
as ações implementadas em cada localidade.

OBJETIVOS DO CONTROLE SOCIAL NO ÂMBITO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

A Lei nº 10.836, de 09 de janeiro de 2004, que cria o Programa Bolsa Família, estabelece o
controle social como um de seus componentes, garantindo a participação da sociedade na
execução e no acompanhamento do Programa.

Fique atento
A gestão do Programa Bolsa Família é compartilhada, ou seja, considera as responsabilidades
comuns e as que são específicas de cada ente da federação (União, DF, Estados e
Municípios).
A partir dessa idéia de gestão, você deve entender que...

Os Municípios são fundamentais para o êxito do Programa.


É dentro desse modelo de gestão compartilhada, que surgem as Instâncias de Controle Social
(ICS), que contam com a participação da comunidade no planejamento, monitoramento,
acompanhamento e avaliação das estratégias de implementação do Bolsa Família.
76
MÓDULO 1 UNIDADE 4

Instâncias de Controle Social – ICS


Diferentemente de outras políticas públicas, a Lei nº 10.836/2004, que cria o Programa
Bolsa Família, definiu que o Município pode criar uma ICS, ou seja, Instância de
Controle Social, especificamente para o PBF ou aproveitar instância que já existia antes
do programa, desde que seja designada, formalmente, pelo Poder Público municipal para
o acompanhamento do programa. É preciso que se adeqüe às exigências de composição
formais estabelecidas em lei, como a da intersetorialidade e a da paridade entre governo
e sociedade (ex: ICS dos programas remanescentes, conselhos setoriais vinculados a
outras políticas públicas, como o Conselho Municipal de Assistência Social, Conselho
de Educação, Conselho de Saúde, Conselho Tutelar, Conselho de Segurança Alimentar
e Nutricional etc.).

Lembre-se
Criada na forma de comitê ou conselho, a ICS é constituída por pessoas, que compartilham
a responsabilidade de acompanhar o funcionamento e o desenvolvimento das ações
implementadas pelo Poder Público, no contexto do Bolsa Família, que potencializem os
resultados do Programa no Município. Cabe ainda lembrar que a ICS deve ser formada,
paritariamente, por representantes do governo e de entidades da sociedade civil, bem como
contar com representantes dos diversos setores envolvidos nos programas de Saúde, Educação
e Assistência Social, entre outros.

Atenção
A importância da ICS é tão grande que a própria Lei nº 10.836/2004, em seus artigos 8º e
9º, estabelece que a execução e a gestão do Programa Bolsa Família serão feitas de forma
descentralizada, por meio da conjugação de esforços entre os entes federados, observada a
intersetorialidade, a participação comunitária e o controle social. Desse modo, o controle e
a participação social do Programa Bolsa Família serão realizados, em âmbito local, por um
conselho ou por um comitê instalado pelo Poder Público municipal.

Características da ICS
Além dos objetivos de acompanhar o funcionamento e o desenvolvimento das ações im-
plementadas pelo Município, a ICS possui três importantes características, que devem ser
respeitadas para que se possa alcançar esses objetivos.

• Paridade governo-sociedade
Quando falamos em paridade governo-sociedade, estamos querendo dizer que a ICS do Bolsa
Família é formada, no Município, por representantes do governo local e tem, no mínimo,
metade dos seus membros indicada por entidades da comunidade.

• Representatividade
Significa que a ICS deve contar com representantes legitimamente indicados pela sociedade e
pelo governo, considerando os mais variados setores envolvidos no Programa, tais como: da
saúde, da educação e da Assistência Social, entre outros.
77
MÓDULO 1 UNIDADE 4

• Intersetorialidade
Refere-se à necessidade de se articular as diversas áreas que têm interface com o Programa
dentro do Município (ex: Saúde, Educação, Assistência Social, Trabalho).

Fique atento à informação


No âmbito do PBF, a ICS tem importantes atribuições a cumprir.
Podem ter relação com:
• o cadastro único;
• gestão dos benefícios;
• controle das condicionalidades;
• programas complementares;
• fiscalização;
• monitoramento; e
• informação à sociedade e capacitação.

Repare bem
Este é um importante instrumento normativo sobre a ICS do PBF.

A constituição das instâncias de controle social é regulada pela Instrução Normativa


MDS nº 01, de 20 de maio de 2005, expedida pelo Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome. Este é um importante instrumento normativo sobre a ICS do
PBF, pois tem como objetivo, a partir da definição contida na lei que criou o Programa,
divulgar orientações aos Municípios, Estados e Distrito Federal sobre a sua constituição
e o desenvolvimento de suas atividades.

Fechando este assunto


Ao fazer a adesão ao Bolsa Família e ao Cadastro Único, o(a) Prefeito(a) deve, ao assinar
o Termo de Adesão, indicar o gestor municipal responsável pela gestão do Bolsa Família e
comprovar a existência de controle social, por meio de conselho ou comitê.
Com base nos dados hoje disponíveis, é possível afirmar que metade das instâncias de controle
social do Bolsa Família foi criada especificamente para este fim. A outra metade é composta,
principalmente, por Conselhos de Assistência Social, mas tem, ainda, conselhos de saúde, de
educação, entre outros, com funções de controle social do PBF.

78
MÓDULO 1 UNIDADE 4

O PAPEL DOS CONSELHOS E DAS CONFERÊNCIAS


Acompanhe, atentamente, o diálogo.

Qual o papel desses conselhos na


São vários. Anote aí: deliberar e
área de Assistência Social?
fiscalizar a execução da política e
de seu financiamento...

Tem sim. Normatizar, disciplinar,


acompanhar, avaliar e fiscalizar
Tem mais? os serviços prestados pela rede
socioassistencial, além de definir os
padrões de qualidade e os critérios para
o repasse dos recursos.

De acordo com alguns especialistas na área do Serviço Social, a experiência dos conselhos
populares não é nova no Brasil, mas os conselhos na área de Assistência Social, como espaço
regulamentar na gestão administrativa, datam de 1988.
E continua o diálogo...

79
MÓDULO 1 UNIDADE 4

As conferências têm
o mesmo papel dos As conferências avaliam a situação da
conselhos? Assistência Social, definem diretrizes
para a política e verificam os avanços
ocorridos num espaço de tempo
determinado.

Elas podem ocorrer nos níveis


E em que níveis acontecem?
municipal, do Distrito Federal,
estadual e nacional. Tanto os
conselhos quanto as conferências
são espaços privilegiados onde se
efetiva a participação social.

80
MÓDULO 1 UNIDADE 4

Com estas últimas informações, você finalizou o estudo desta


Unidade.
É hora de seguir aprendendo. Parabéns!

81
MÓDULO 1 UNIDADE 5

Unidade 5 - Impactos Produzidos e Potencialidades de Novos


Resultados

Você está começando a 5ª e última Unidade do seu Módulo.


Nesta etapa, você ficará conhecendo os impactos produzidos e as potencialidades de novos
resultados para as ações e serviços de proteção social.
É pensar o futuro de olho no presente!

Desigualdade social
No decorrer de seu estudo você leu muito sobre isso.
Agora, chegou o momento de você conhecer alguns resultados das ações e serviços de
proteção social que combatem a exclusão, e por conseqüência, a pobreza e a desigualdade.

Como 1ª informação, fique sabendo

O Programa Bolsa Família tem contribuído de forma significativa para a redução da pobreza
e da desigualdade em nosso país.

Atualmente, o Programa Bolsa Família está presente em todos os 5.564 municípios brasileiros
e no Distrito Federal e beneficia cerca de 11 milhões e 100 mil famílias pobres. Isso corresponde
a, aproximadamente, 45 milhões de pessoas.

O programa tem um custo fiscal de menos que 0,5% do PIB e tem contribuído de forma
significativa para a redução da pobreza e da desigualdade em nosso país.

Outro dado muito importante


O SUAS modernizou e integrou as informações físicas e financeiras da área de Assistência
Social, agilizando e controlando os repasses de recursos a estados e municípios:

Observe os dados apresentados a seguir.

Atualmente, estão habilitados no SUAS 5.405 municípios, nos diferentes níveis de gestão
(dados do MDS em 12/02/2006):
• Inicial – 1.337
• Básica – 3.709
• Plena – 359
• Não habilitados – 159

82
MÓDULO 1 UNIDADE 5

Gestão Inicial – corresponde ao tipo no qual foram enquadrados automaticamente


todos os municípios, após a aprovação do SUAS, que estavam habilitados conforme
NOB 98. Os municípios habilitados à gestão municipal da Assistência Social foram
automaticamente habilitados nesse nível de gestão.

Gestão Básica – é o nível em que o Município assume a gestão da Proteção Social Básica
e deve responsabilizar-se pela oferta de programas, projetos e serviços socioassistenciais
que fortaleçam vínculos familiares e comunitários que promovam beneficiários do BPC
e transferência de renda.

Gestão Plena – o Município tem a gestão total das ações de Assistência Social,
independente da origem de seu financiamento.

Na Proteção
Social Básica, o
Mas tudo isso valeu a pena? O que pensa você disso? sistema já financia
3.248 Centros
Das saídas que o Estado brasileiro procurou para enfrentar o grande desafio de promoção de Referência da
e inclusão social das famílias que vivem em situação de pobreza e extrema pobreza, os Assistência Social
resultados, vistos até aqui, comprovam que está valendo a pena. (CRAS), 112 mil
adolescentes no
Continue atento a outros dados que serão apresentados. Programa Agente
Jovem e 10 projetos
Diminuiu o grau de desigualdade de renda no Brasil de construção de
CRAS Indígenas.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2005, que tem como objetivo Na proteção social
fornecer um retrato da situação socioeconômica do país, revelou que declinou o grau de especial financia
desigualdade de renda no Brasil. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada 1.104 serviços
(IPEA), essa queda se deu de maneira contínua. especializados de
enfrentamento ao
A renda dos 20% mais pobres do país cresceu no período cerca de 5% ao ano, enquanto a dos abuso e exploração
20% mais ricos diminuiu em 1%. sexual de crianças
e adolescentes,
O Brasil foi capaz de reduzir níveis de pobreza e extrema pobreza em dois pontos serviços regionais
percentuais e os Centros
de Referência
Especializados da
Em material divulgado pelo IPEA, no período observado pelas PNADs 2001/2005, apesar do
Assistência Social
modesto crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil foi capaz de reduzir níveis de (CREAS), que
pobreza e extrema pobreza em dois pontos percentuais. atenderão todas as
pessoas com direitos
Os dados disponíveis indicam que parte substancial da queda na desigualdade, ocorrida no violados. Nesta
período analisado, deve-se a ao impacto dos programas de transferência de renda. proteção, encontra-
se o Programa de
Erradicação do
Trabalho Infantil
(PETI).

83
MÓDULO 1 UNIDADE 5

Dois fatores foram apontados:

• Grande número de famílias pobres passou a ser beneficiado por programas de


transferência de renda e eles estão bem focados nos mais pobres.

• Houve acelerada diminuição da desigualdade social a partir de 2001 e uma parcela


importante dessa redução se deve ao aumento do componente “outros rendimentos”,
onde, entre outras, são computadas as transferências de renda. Essa categoria utilizada
nas estatísticas oficiais do governo federal, que comporta, entre outras, o Benefício de
Prestação Continuada – BPC e o benefício do Bolsa Família, dobrou sua participação
na renda total da população. Esse fenômeno influenciou de forma significativa a renda
nacional, fazendo cair o grau de concentração de renda.

A despeito das limitações do levantamento, a PNAD 2004 fornece dados que permitem avaliar
o impacto dos programas federais de transferência de renda. Essas rendas são computadas
num componente denominado de “outros rendimentos” na PNAD. As evidências indicam
que todos os programas de transferência são bem focalizados, ou seja, as famílias mais pobres
receberam a maior parte dos recursos transferidos por esses programas.

O Brasil nos últimos anos vem passando por uma situação inédita. Um dos mais graves
problemas sociais do país, a desigualdade social, está diminuindo.

Em função dos dados agregados da categoria “outros rendimentos”, o IPEA construiu uma
metodologia de desagregação dos dados nela incluídos, no sentido da separação dos efeitos
do BPC, do Bolsa Família e dos juros na redução da desigualdade, por acreditar que essa é
uma boa linha de base para avaliar o efeito do BPC e do Bolsa Família.

Saiba mais
Segundo essa metodologia, o efeito do Programa Bolsa Família sobre a desigualdade social
levou a uma queda de 0,571. Isso significa que o Programa Bolsa Família foi responsável por
21% do efeito total de redução da desigualdade. O efeito renda do BPC levou a uma queda de
0,184 pontos de Gini, ou seja, 7% do efeito total.

Sintetizando...
Os programas de transferência de renda têm um grande impacto na redução da desigualdade
e da pobreza, em especial da pobreza extrema.
Além disso, estudos realizados pelo MDS mostram que, entre os beneficiários do Bolsa
Família, os indicadores de desnutrição melhoraram de forma substancial. As famílias estão
comendo mais e melhor, com aumento de quantidade e melhoria de qualidade dos alimentos
consumidos. Mostram, também, redução da desnutrição entre crianças beneficiárias do
PBF.

Estudos realizados por diferentes instituições de pesquisa e pelo Banco Mundial indicam que
os programas, efetivamente, chegam àqueles que deles necessitam e atendem aos critérios
definidos em lei.

84
MÓDULO 1 UNIDADE 5

Ou seja...

O Programa tem uma ótima focalização.

Estão disponíveis, também, estudos mostrando que a transferência de recursos para


pagamento de benefícios do BPC e do PBF mobiliza a economia local, em especial nos
municípios de pequeno porte.
Além disso, segundo resultados preliminares da pesquisa “O Programa Bolsa Família e o
Enfrentamento das Desigualdades de Gênero”, o fato do benefício ser pago à mulher resulta
na:
• melhora da auto-estima das mulheres;
• redução da dependência em relação ao parceiro; e
• redução dos conflitos domésticos.

Você chegou ao final do Módulo 1!


Após os conhecimentos aqui adquiridos, com certeza você poderá atuar, em seu Município
ou Estado, de forma mais segura e com a eficiência que você já tem.

Que tal agora partir para


outro Módulo?

85
MÓDULO 2

Cadastro Único para Programas Sociais

Unidade 1 – A importância do Cadastro Único: olhar, vozes e ação

Unidade 2 – A Gestão Compartilhada do Cadastro Único

Unidade 3 – Como Funciona o Cadastro Único

Unidade 4 – Utilizando o Cadastro Único como Ferramenta de


Planejamento e Gestão de Políticas Públicas

86
MÓDULO 2 UNIDADE 1

MÓDULO 2 – Cadastro Único para Programas Sociais

Ementa
Unidade 1 – A importância do Cadastro Único: olhar, vozes e ação
• O que é Cadastro Único: definição, público-alvo e o Número de Identificação Social –
NIS
• O olhar: identificando a população em situação de pobreza
• As vozes: caracterizando necessidades e potencialidades da população
• A ação: desenhando, implantando e acompanhando políticas e programas voltados ao
desenvolvimento da população em situação de pobreza.

Unidade 2 – A gestão compartilhada do Cadastro Único


• As responsabilidades dos entes federados
• O processo de gestão

Unidade 3 – Como funciona o Cadastro Único


• A organização do cadastramento
• O cadastramento das famílias
• A conclusão do cadastramento
• A organização da base de dados do Município
• A importância da atualização cadastral

Unidade 4 – Utilização do Cadastro Único como ferramenta de planejamento e gestão de


políticas públicas
• O Cadastro Único como instrumento de identificação de vulnerabilidades e de
potencialidades das famílias
• Os relatórios disponíveis e suas possibilidades de utilização
• Os dados do Cadastro Único e o Índice de Desenvolvimento da Família (IDF)
• A utilização das informações cadastrais
• O fornecimento dos dados cadastrais para outros órgãos – regras e limites

87
MÓDULO 2 UNIDADE 1

Começo de conversa

Você está iniciando mais uma etapa de seu estudo.

É hora de conhecer o Cadastro Único para Programas Sociais.

Existem alguns conceitos que são fundamentais para orientar as atividades e as ferramentas
utilizadas pelos gestores municipais e estaduais do Programa Bolsa Família e do Cadastro
Único. Ao longo do texto será possível compreender como a aplicação de conceitos, como
pobreza, família e gestão compartilhada, entre outros, permite utilizar com mais eficiência
o Cadastro Único, que é um importante instrumento de apoio à gestão dos programas de
desenvolvimento social.

Ao longo do Módulo, você aprofundará, também, a discussão sobre os processos e as atividades


operacionais envolvidas no cadastramento, enfatizando a importância de se adotar uma
metodologia de cadastramento que consiga registrar a realidade das famílias em situação de
pobreza no Brasil de forma fiel e atualizada.

Na última Unidade, você perceberá que o Cadastro Único é muito mais que um instrumento
para identificar e selecionar famílias para programas federais. Ele pode ser muito útil na
gestão do seu Município, sobretudo para as políticas sociais locais.

Bom estudo e bom proveito!

88
MÓDULO 2 UNIDADE 1

Unidade 1 – A Importância do Cadastro Único: olhar, vozes e


ação

O QUE É CADASTRO ÚNICO: DEFINIÇÃO, PÚBLICO-ALVO E O NÚMERO DE


IDENTIFICAÇÃO SOCIAL – NIS

O que é o Cadastro Único para Programas Sociais?


Para que ele serve?
Quem deve ser cadastrado?
Por que realizar este esforço de cadastramento?

Estas são algumas das perguntas que vêm à sua mente quando se começa a pensar em um
cadastro unificado, que se propõe a compor um registro administrativo, e sirva como base
para os diversos programas de desenvolvimento social em andamento no país.

As respostas a essas perguntas surgirão ao longo desta Unidade.

É importante entender
O processo de cadastramento único, realizado com um olhar aguçado e os ouvidos atentos
às vozes da população em situação de pobreza, é uma importante ferramenta de apoio à ação
dos gestores municipais que atuam na área social.

Afinal, o que é o Cadastro Único para Programas Sociais?


Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) é um instrumento de identificação e
caracterização socioeconômica das famílias brasileiras de baixa renda, a ser utilizado para
seleção de beneficiários e integração de programas sociais do Governo Federal voltados ao
atendimento desse público.

Além de servir como referência para os diversos programas sociais de concessão de


benefícios, o CadÚnico permite que os Municípios e os Estados conheçam melhor os riscos
e vulnerabilidades aos quais sua população está exposta.

É importante ressaltar
O CadÚnico é um registro administrativo e não um programa. O CadÚnico não concede, por
si só, benefício algum, mas subsidia com informações diversos Programas que concedem
benefícios às famílias cadastradas.

Para que serve?


• Facilita a identificação da população de baixa renda.
• Contribui na avaliação da eficácia dos programas de redução da pobreza, por gerar uma
base comum de dados, que permite o acompanhamento das famílias atendidas pelos
programas.
• Favorece ações integradas dos ministérios.

89
MÓDULO 2 UNIDADE 1

• Unifica os registros, evitando a sua multiplicidade.


• Permite acompanhar melhor a gestão dos benefícios concedidos.

A criação do CadÚnico, criado em 2001 e regido pelo Decreto n° 6.135, de 26 de junho


de 2007, ocorreu em um momento em que os programas de transferência direta de renda
se iniciavam, com expectativa de que fossem um eficaz instrumento de enfrentamento da
pobreza. A necessidade de diferentes ministérios em identificar a população nessa condição
sugeria uma ação única e integrada que permitisse evitar multiplicidades de registros, gerir
melhor os benefícios concedidos, ter uma base comum para avaliar a eficácia dos programas
de redução da pobreza e acompanhar de forma mais precisa as famílias atendidas por estes.

A cooperação e os esforços entre os governos federal, estaduais e municipais permitiram


que os processos de gerenciamento e as ferramentas utilizadas no Cadastro se aprimorassem
bastante nos últimos cinco anos.

Atualmente, todos os municípios brasileiros já possuem suas famílias em situação de pobreza


inseridas no Cadastro Único, que atende não somente ao Programa Bolsa Família e outros
Programas do MDS, mas, também, a ações dos Ministérios das Minas e Energia, do Trabalho
e Emprego, do Ministério das Cidades, entre outros.

Atenção
• O Cadastro Único não é Programa Social.
• O CadÚnico, em sentido mais estrito, é um instrumento de coleta de dados e
informações.

E quais são os objetivos do Cadastro Único, você sabe?

São eles:

• Identificar todas as famílias de baixa renda existentes no país.


• Destacar que esta base de dados é uma ferramenta de planejamento e gestão de programas
sociais e políticas públicas para todas as esferas de governo.

Atenção
As informações disponíveis no CadÚnico, no entanto, não são para uso exclusivo do Governo
Federal.
Os Estados e Municípios também podem e devem utilizar estas informações na gestão de
suas políticas e programas sociais.

Isto porque...
O domínio destas informações possibilita o planejamento e a implementação de políticas
públicas de forma mais precisa, uma vez que o CadÚnico permite identificar e diagnosticar
as necessidades de cada família e até mesmo dos indivíduos que a compõem.

90
MÓDULO 2 UNIDADE 1

Isto é importante
A base de informações contidas no CadÚnico é bastante extensa e rica, contendo dados
referentes a diversos aspectos socioeconômicos das famílias inseridas. O Cadastro incorpora
dados das famílias que tenham renda familiar per capita de até meio salário mínimo ou renda
total familiar de até três salários mínimos.

Essa precisão só é possível devido ao NIS – Número de Identificação Social, que consiste em
um número atribuído a cada pessoa inserida no CadÚnico. É pelo NIS que se torna possível
identificar, controlar e acompanhar a situação cadastral de cada pessoa inscrita no Cadastro
Único.

Atenção
Este número, atribuído a cada indivíduo inserido no cadastro, é pessoal e intransferível, assim
como o RG e o CPF.

Conheça o que cabe à Caixa Econômica Federal (Agente Operador do Cadastro Único)
neste processo
Atribuir o NIS à pessoa, o que é feito de forma integrada com o sistema de numeração do
PIS/PASEP, permitindo cruzamento das informações com bases de dados da Previdência
Social e do Ministério do Trabalho.

Uma nota importante


O padrão de numeração utilizado para a atribuição do NIS é o mesmo utilizado nas bases
do Ministério do Trabalho. É este padrão que possibilita a comparação de bases de origem
diferentes.

Você precisa ter um olhar aguçado

Quem é o público-alvo do Cadastro Único?


Qualquer pessoa já familiarizada com o CadÚnico, provavelmente, responderia de
imediato:
– o público-alvo do Cadastro Único são as famílias em situação de pobreza.
Esta resposta, no entanto, gera uma importante questão:
O que diferencia as pessoas e as famílias em situação de pobreza das demais?

No Módulo 1, você estudou que, para caracterizar a pobreza, é necessária uma análise ampla,
que considere as condições de acesso das famílias a diferentes bens e serviços.

Uma família é considerada pobre quando vive em situação de privação de renda e de outros
recursos necessários para obter uma situação de vida que lhe permita desempenhar seus
papéis na sociedade e desenvolver as potencialidades de todos os seus membros.

91
MÓDULO 2 UNIDADE 1

O OLHAR: IDENTIFICANDO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE POBREZA

Alguns instrumentos podem facilitar o mapeamento dos aspectos característicos da situação


de pobreza.

Estes instrumentos permitirão aprimorar o processo de identificação do público a ser


efetivamente cadastrado.

Fontes de informação, como as pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


– IBGE, que possuem dados detalhados sobre renda, trabalho, educação, saúde etc., são
extremamente valiosas para ajudar na identificação das áreas de concentração da pobreza.

Bases como as do Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e do Instituto


Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) também são bastante úteis
A pobreza de uma na identificação da população com perfil para o cadastramento. Além disso, não devemos
família deve ser
esquecer os órgãos estaduais e municipais de planejamento, que costumam concentrar
avaliada, levando-se
em conta não apenas
informações pertinentes.
sua renda, mas,
também o seu acesso Vale lembrar
a bens e serviços.
As organizações da sociedade civil local também podem ajudar no fornecimento de dados
quantitativos e qualitativos nesta tarefa inicial de “mapeamento” das famílias em situação de
pobreza.

Isto é importante

Quantos mais e diversos olhos forem dedicados a esta tarefa, maiores são as chances do gestor
municipal ter uma visão ampla e completa do público que deseja identificar.

Em um processo de cadastramento nacional é necessário ter critérios bem definidos e focados


para que a decisão de inserir uma família ou pessoa no cadastro não fique condicionada a
opiniões pessoais, subjetividades, visões divergentes e incompatíveis sobre sua realidade.

O olhar do Gestor Municipal deve ser, portanto, aberto o suficiente para compreender a
situação de pobreza, em uma perspectiva ampla, mas atento o bastante para apurar quais as
famílias que preenchem, efetivamente, o critério de renda adotado para o cadastramento.

92
MÓDULO 2 UNIDADE 1

Como posso Você deve cadastrar as


identificar uma famílias com renda per
família que deve ser capita mensal de até meio
cadastrada? salário mínimo ou três
salários mínimos no total.

Sim. Ainda que a renda


não deva ser considerada
como único critério para
Ah! Então basta caracterizar uma situação
verificar a renda? de pobreza.

93
MÓDULO 2 UNIDADE 1

Sim. As famílias com estes


níveis de renda, devem
E existe consenso
ser o público-alvo de
sobre este ponto?
qualquer política pública
de proteção e inclusão
social.

Uma dica
Uma boa identificação do público-alvo em seu Município evitará que você cometa dois tipos
de erro:
• erros de exclusão: quando não são cadastradas famílias que atendem aos critérios de
renda estabelecidos para o CadÚnico, conforme dito anteriormente; e
• erros de inclusão: quando são cadastradas famílias fora do parâmetro de renda antes
definido.

Vale destacar que, de acordo com o parágrafo 1º do artigo 6º do Decreto 6.135/07, é possível
incluir, no CadÚnico, famílias que possuem renda superior ao definido para o seu público-
alvo. No entanto, a inclusão destas deve se justificar pela existência de programas sociais
federais, estaduais ou municipais voltados para elas.

As informações são fundamentais para um cadastro que retrate a realidade


As informações declaradas pelas famílias são fundamentais para construir um cadastro
que retrate, fielmente, a realidade das pessoas em situação de pobreza no Brasil. Os dados
declarados sobre renda demandam um cuidado maior, pois servirão como elemento essencial
para a seleção de potenciais beneficiários para programas sociais e concessão de diversos
benefícios. Sobre este assunto, é importante enfatizar que, de acordo com o Decreto citado
anteriormente, mais especificamente no que se refere ao artigo 10, os cadastros familiares que
contiverem informações não verídicas serão invalidados.

Fechando essa idéia


Você deve ter o olhar aguçado para enxergar com precisão o público do Cadastro Único.
Você deve ter em mente que uma visita domiciliar ou um atendimento realizado em um
posto de cadastramento são oportunidades preciosas para ouvir a voz da população que se
encontra em situação de pobreza, entender suas demandas e perceber o seu potencial criativo
e produtivo.
94
MÓDULO 2 UNIDADE 1

Isto é importante

Diversos cuidados devem ser tomados, no processo de coleta de dados, para que a
voz dos cadastrados não seja induzida ou registrada de forma distorcida por parte do
cadastrador durante o procedimento de preenchimento do formulário.

Com os ouvidos atentos

Você deve ficar atento para captar a diversidade de situações e realidades que se apresentarão
nas entrevistas de cadastramento. Nesse contexto de diversidade aparecerão as especificidades
de cada distrito, cada comunidade e cada localidade. A partir do registro destas diferenças,
torna-se possível caracterizar o seu território e as particularidades que a pobreza nele
assume.

Eu e meu marido
trabalhamos muito, mas
o dinheiro que recebemos
não dá pra cuidar da nossa Moro com minha
filhinha. mulher e três filhos

Sabe como é, moço,


Eu e meus filhos passamos a
minha filha morreu e
morar no albergue da cidade,
me deixou os três filhos
depois que nosso barraco
dela pra criar. O pai
desabou na última enchente
dos meninos sumiu no
do rio...
mundo...

O CadÚnico é uma importante ferramenta para mapear e sistematizar as particularidades


das famílias e dos territórios onde estão inseridas.

Isso se deve à capacidade do Cadastro Único de criar conhecimento a respeito:


• das variáveis que interferem na vida das famílias em situação de pobreza; e
• da população, das comunidades e dos territórios, explicitando as semelhanças e diferenças
entre cada um deles.

95
MÓDULO 2 UNIDADE 1

O CadÚnico capta informações que permitem caracterizar o domicílio familiar, ao identificar


diferentes dimensões da pobreza e da vulnerabilidade social. O seu núcleo de identificação
é composto pelo NIS e pelo Código Familiar e nos revela quem são, quantos são e onde
residem os integrantes desta família.

AS VOZES: CARACTERIZANDO NECESSIDADES E POTENCIALIDADES DA


POPULAÇÃO

Atenção
É importante que esse cadastro esteja sempre atualizado!
O artigo 7º do Decreto nº 6.135/07 informa que os dados das famílias cadastradas têm a
validade máxima de dois anos, contados a partir da data da inclusão das informações da
família no CadÚnico ou da data de sua última alteração. Este é o limite máximo, uma vez
O CadÚnico que o cadastro familiar deve ser atualizado sempre que houver mudanças no endereço de
possibilita, por residência da família, na sua composição e na sua renda total.
exemplo, que
você identifique Isto deve estar bem claro para você
quantas famílias, em
um determinado O CadÚnico permite ouvir as vozes da população em situação de pobreza de maneira mais
Município, possuem precisa, nítida e focalizada.
renda per capita
inferior a meio salário Governo em ação - elaborar, implantar e acompanhar
mínimo e possuem
em sua composição
As ações direcionadas para a redução da pobreza concretizam-se por meio da elaboração,
crianças portadoras
de deficiência e implantação, monitoramento e avaliação de políticas públicas específicas.
adultos analfabetos. A utilização do Cadastro Único como instrumento de apoio ao desenho destas políticas
é bastante vantajosa, gerando ganhos em todos os momentos do seu desenvolvimento e
implementação.

Conheça melhor cada um desses momentos


• Elaboração: no processo de elaboração das políticas públicas, o CadÚnico permite que
o gestor tenha maior clareza dos problemas que devem ser resolvidos e do público a
ser atendido. Possibilita também dimensionar melhor as ações, uma vez que apresenta,
numericamente, quantas famílias enfrentam determinados problemas, como o
desemprego, a falta de acesso à educação ou a precariedade das condições de moradia.
O CadÚnico pode ser uma excelente ferramenta de apoio para a análise qualitativa dos
problemas sociais vivenciados pelas famílias, porque permite, entre outras coisas, avaliar
se certos problemas de acesso à saúde afetam mais a uma faixa etária do que a outra
ou descobrir em que bairro, por exemplo, os problemas relativos à moradia são mais
agudos.

96
MÓDULO 2 UNIDADE 1

• Implantação: o CadÚnico permite definir, por exemplo, quais famílias serão priorizadas
pelos programas voltados para a redução da pobreza. Isto se torna possível, em função da
precisão do cadastro, que tem como unidades de registro os indivíduos e as famílias.
• Acompanhamento: o elevado grau de precisão do CadÚnico possibilita, ainda, um
acompanhamento minucioso e detalhado do atendimento prestado às famílias, assim
como um monitoramento das variáveis socioeconômicas mais relevantes. Dessa forma,
funciona como instrumento para avaliação da ação pública, tornando mais claros os
resultados obtidos com os programas implementados.

A AÇÃO: FORMULANDO, IMPLEMENTANDO E ACOMPANHANDO POLÍTICAS E


PROGRAMAS VOLTADOS PARA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE POBREZA

Como o Cadastro Único pode auxiliar na integração, diálogo e cooperação entre


diferentes esferas de governo e sociedade?

Além da precisão, outra característica essencial para a eficácia do CadÚnico é a


intersetorialidade, ou seja, a capacidade de diálogo, integração e cooperação entre diferentes
programas ou políticas públicas focadas no mesmo território ou público-alvo.

No âmbito federal, o Cadastro Único atende a programas de distintos ministérios. Isso se


deve à proposta de compartilhamento das informações que orienta a utilização deste cadas-
tro e que pode, de forma semelhante, se reproduzir nas secretarias municipais e estaduais.

O processo de gestão compartilhada do CadÚnico estimula outra forma de integração e


cooperação, a cooperação intergovernamental.

Dessa forma, o Governo Federal, Estados e Municípios partilham responsabilidades e


atribuições, visando atender às premissas do pacto federativo.

A idéia de intersetorialidade pode ainda ser expandida, ao entendermos que a sociedade é


composta por diferentes setores, como o Poder Público, as empresas privadas e as instituições
da sociedade civil.

Como você já deve saber, a sociedade civil organizada pode ser um importante parceiro para
identificar o público-alvo do CadÚnico.
Certamente, a sociedade civil organizada tem muito a contribuir para as políticas públicas, Secretarias ligadas
a temáticas
seja em sua elaboração, implementação ou acompanhamento.
diversas, como
Deste modo podemos concluir que o Cadastro Único pode estimular a cooperação entre os Assistência Social,
diversos setores do governo e da sociedade, no processo de formulação, implementação e Desenvolvimento
Agrário, Trabalho
acompanhamento de diferentes políticas públicas.
e Educação, entre
outras, podem
Concluindo... compartilhar
informações e atuar
O Cadastro Único é, sem dúvida, um importante aliado da ação governamental, pois
de forma mais
proporciona maior precisão na elaboração, implementação e monitoramento de políticas integrada, o que
públicas. Além disto, estimula o governo a atuar de forma integrada e compartilhada com é estimulado pelo
outros entes de federação e com os diferentes segmentos da sociedade. caráter intersetorial
do Cadastro Único.

97
MÓDULO 2 UNIDADE 1

Nesta unidade, você conheceu um pouco da história e dos objetivos do Cadastro Único.
Descobriu quem é o seu público-alvo e como identificá-lo de maneira mais fácil, a
partir de um olhar focado e das ferramentas apropriadas.
Constatou, ainda, a importância de “escutar bem as vozes” dos cadastrados, para que,
no final, o poder público possa agir da melhor forma possível no desafio que é reduzir
a pobreza no Brasil.

Você concluiu a Unidade 1 do Módulo 2!


Prossiga estudando!

Só passe adiante quando tiver certeza de que já domina o conteúdo estudado.

98
MÓDULO 2 UNIDADE 2

Unidade 2 – A Gestão Compartilhada do Cadastro Único

Nesta segunda Unidade você vai entender como funciona a gestão do Cadastro Único.

Ela se baseia no compartilhamento de esforços e na distribuição de responsabilidades entre


os entes da federação.

A compreensão deste procedimento é fundamental para que você tenha a percepção correta
do quanto o seu trabalho é importante para que o cadastramento tenha êxito.

Antes de você conhecer o modelo de gestão, é necessário compreender as funções e


responsabilidades de cada um dos envolvidos na implementação do Cadastro Único.

Um recado
A discussão introduzida no Módulo 1 sobre o pacto federativo brasileiro é fundamental para
que você possa compreender o modelo de gestão adotado pelo Cadastro Único.

Fique sabendo
A cooperação federativa, consagrada pela Constituição Federal de 1988, é uma referência
clara para a gestão do Cadastro Único, visto que este respeita a autonomia e as competências
de cada ente da federação.

As propostas de cooperação e de solidariedade entre os entes federativos que vêm sendo,


progressivamente, incorporadas na gestão pública brasileira, também estão presentes no
modelo de gestão adotado pelo Cadastro Único.

Tal qual a maioria dos programas desenvolvidos no Brasil após a Constituição de 1988,
no Cadastro Único o Município possui um papel de destaque, o que se justifica pelas suas
maiores possibilidades de interlocução direta com a população.

Assim, os estados, os municípios e o Distrito Federal e União (personificada pelo MDS),


também desempenham funções estratégicas.

AS RESPONSABILIDADES DOS ENTES FEDERADOS

Município
Protagonista do processo de gestão definido para o cadastramento único. Não poderia ser
diferente, pois o contato com as famílias em situação de pobreza é diretamente realizado pelo
município, o que o torna a peça-chave para garantir que o cadastro seja alimentado com
informações qualificadas. Cabe aos municípios identificar e cadastrar as famílias, atentando
para a importância da inclusão da população socialmente mais vulnerável.

99
MÓDULO 2 UNIDADE 2

Analisando mais detalhadamente as responsabilidades do Município, no modelo de gestão


do CadÚnico, podemos afirmar que compete a ele:
• o planejamento e a execução do cadastramento, o que engloba o contato direto com a
população a ser cadastrada, inclusive com busca ativa daquelas famílias mais excluídas;
• a digitação das informações coletadas e a transmissão dos dados à base nacional,
acompanhando, posteriormente, o retorno das informações enviadas;
• a responsabilidade pela capacitação dos agentes envolvidos na execução e gestão do
cadastramento único, o que pode ser feito em parceria com os estados e o Governo
Federal; e
• a manutenção de infra-estrutura adequada à gestão da base municipal e ao cadastramento
das famílias de sua área de abrangência.

Considerando que todas as tarefas de coleta de informações em campo, no processo de


cadastramento, competem ao Município, fica evidente que o Gestor Local do Cadastro
Único é responsável pela veracidade das informações coletadas e transmitidas juntamente
com as famílias que as declararam.

Fique de olho
É fundamental que o referido gestor tenha consciência de que as
informações cadastrais, inseridas por ele, repercutem, inclusive,
nas bases utilizadas pela Caixa Econômica Federal para outros fins,
como os cadastros do SUS, do PIS/PASEP e do FGTS.

Governo Federal
São suas principais atribuições:
• coordenar, acompanhar e supervisionar a implantação e a execução do Cadastro Único,
avaliando-o e definindo estratégias para a melhoria da qualidade das informações;
• emitir regulamentos e instruções, inclusive aqueles referentes à especificação de sistemas,
mantendo os municípios informados sobre os procedimentos operacionais adotados
como padrão para o cadastramento.

A difusão dessas informações se dá por meio de Informes do PBF. Também são realizadas
capacitações em parceria com os estados ou por meio de atendimento a distância, para
esclarecer as dúvidas dos Gestores Municipais do Cadastro Único.

Saiba mais
O Governo Federal também apóia, financeiramente, os municípios, no cadastramento
e atualização cadastral, por meio dos recursos repassados, via IGD – Índice de Gestão
Descentralizada.
O IGD é um índice que foi desenvolvido com o objetivo de incentivar o aprimoramento
dos padrões de gestão local do Programa Bolsa Família e do Cadastro Único. Trata-se
de um indicador que varia entre 0 (zero) e 1 (um), sendo os maiores valores associados
à gestão mais eficiente e os menores, à gestão menos eficiente. O índice objetiva captar a
100
MÓDULO 2 UNIDADE 2

qualidade das informações do CadÚnico e a capacidade de cumprimento dos compromissos


assumidos pelos municípios, no momento da assinatura do Termo de Adesão, bem como as
contrapartidas das famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família.

Fique informado
No âmbito do Governo Federal, a execução das atividades relacionadas ao Cadastro Único
está sob responsabilidade da Secretaria Nacional de Renda e Cidadania – SENARC, que foi
criada junto com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS. É a
SENARC que faz a validação e a avaliação dos cadastros para cálculo do IGD.

Um recado
Caso você deseje conhecer melhor as funções, competências e estrutura da SENARC, consulte
o regimento interno disponível no site do MDS.

Ainda na esfera federal


A Caixa Econômica Federal – CAIXA, Agente Operador do Cadastro Único, foi contratada
pelo MDS para, dentre outras atribuições:
• fornecer os formulários utilizados no cadastramento;
• desenvolver os aplicativos necessários à digitação e à transmissão dos dados cadastrais;
• processar os dados das famílias cadastradas pelos municípios e integrá-los à base de
dados nacional;
• identificar e atribuir o Número de Identificação Social – NIS às pessoas cadastradas;
• capacitar gestores e técnicos para a operação do CadÚnico; e
• prover os municípios de atendimento operacional.

Atenção
Todas estas importantes tarefas da CAIXA são projetadas e executadas sob supervisão e
orientação do MDS.

Estados
As principais atribuições dos governos estaduais são:
• oferecer apoio técnico, logístico e capacitação operacional para os gestores nos
municípios;
• contribuir para o fornecimento de documentos de identificação às famílias que compõem
o público-alvo do Cadastro Único no estado; e
• definir estratégias para cadastramento de povos e comunidades tradicionais, como
quilombolas e indígenas, e populações específicas, como as famílias em situação de rua,
obervando as orientações disponibilizadas pelo MDS.

101
MÓDULO 2 UNIDADE 2

O PROCESSO DE GESTÃO DO CADASTRO ÚNICO


O processo de gestão do Cadastro Único consiste em um conjunto articulado de
procedimentos, técnicas e capacidades utilizados para registrar e manter atualizadas as
informações pertinentes às famílias brasileiras em situação de pobreza.

Acompanhe o passo a passo.

1º passo – Os municípios planejam o cadastramento, o que inclui:


• identificar e estimar a população a ser incluída, tomando como referência a estimativa de
famílias pobres disponibilizada pelo MDS;
• definir:
-- os procedimentos de coleta de dados a serem utilizados (visita domiciliar, posto de
atendimento ou ambos);
-- a infra-estrutura e os recursos humanos necessários; e
-- como será realizada a digitação e a transmissão dos dados coletados.

2º passo – Com base na estimativa de cadastramento, o Município deve solicitar o quantitativo


de formulários necessários ao MDS com 20 dias, no mínimo, de antecedência de sua
utilização. Para a inclusão de famílias, deve-se utilizar o Caderno Azul. Já para a atualização
cadastral, deve-se utilizar os formulários avulsos de identificação do domicílio e da família e
de identificação da pessoa.

É importante que o Município deixe claro, no pedido enviado ao MDS, as quantidades e os


tipos de formulários requeridos.

Os formulários devem ser solicitados por meio do Sistema de Atendimento e Solicitação de


Formulários – SASF. Link: (http://aplicacoes.mds.gov.br/Portal/pages/main.jsp)

3º passo – Sendo a solicitação autorizada pelo MDS, a CAIXA tem o prazo máximo de 15
dias para enviar os formulários ao Município. Daí a importância de efetuar a solicitação com
ao menos 20 dias de antecedência.

4º passo – De posse dos formulários, os municípios devem capacitar os cadastradores,


informando-lhes sobre a importância de abordar adequadamente a família, os campos do
formulário de preenchimento obrigatório e os procedimentos corretos de preenchimento dos
formulários – em letra de forma, com um espaço entre as palavras etc.. Este é um trabalho
fundamental para que a qualidade do cadastro seja garantida.

5º passo – Efetua-se a coleta de informações por meio de visitas domiciliares e/ou postos
de atendimento.

6º passo – O Município procede a digitação das informações coletadas na versão mais atual
do Aplicativo de Entrada e Manutenção de Dados do Cadastro Único (aplicativo off-line),
extrai os arquivos e os transmite à CAIXA por meio do Aplicativo Conectividade Social.
7º passo – A CAIXA processa os dados recebidos e atribui um Número de Identificação
Social – NIS a cada pessoa efetivamente inserida no cadastro. Em seguida, a CAIXA envia o
Arquivo-Retorno aos municípios, informando os cadastros processados com êxito e aqueles
que apresentaram problemas, ou seja, foram rejeitados.
102
MÓDULO 2 UNIDADE 2

8º passo – O Município importa o Arquivo-Retorno no aplicativo off-line, incorporando o


resultado do processamento à sua base de dados. Caso algum cadastro familiar tenha sido
rejeitado, deve-se proceder a correção do erro apontado pelo Arquivo-Retorno e realizar
novamente os procedimentos necessários à transmissão do domicílio à base nacional.

9º passo – Após o processamento dos cadastros familiares transmitidos, o Município deve


arquivar os formulários e preservá-los em bom estado durante cinco anos, período em que
esses documentos deverão estar disponíveis para as eventuais auditorias que acontecerem.
Uma boa idéia é organizar os formulários por ordem alfabética ou por bairros.

10º passo – A CAIXA mensalmente extrai um espelho da base e envia à Senarc/MDS.

11º passo – A SENARC/MDS processa a base recebida, valida cadastros, avalia a consistência
da base, gera indicadores e resultados de auditoria e atualiza as regras e procedimentos para
a gestão do CadÚnico.

12º passo – A SENARC/MDS, após validar os cadastros recebidos e identificar cadastros


atualizados, calcula o pagamento do IGD, repassado mensalmente aos municípios.

Um recado
Nesta Unidade, você conheceu as responsabilidades de cada ente federado e
compreendeu como funciona o fluxo de gestão do Cadastro Único. Estas informações
são fundamentais para você entender que o Cadastro Único funciona como um sistema,
no qual o produto final alcançado é resultado do empenho e da cooperação de todos os
envolvidos.

O que deve estar bem claro para você:


• que as funções de cadastramento e atualização executadas pelo Município são
especialmente importantes;
• que as informações geradas pelo CadÚnico permitirão melhor compreensão e análise
dos problemas e potencialidades das famílias em situação de pobreza; e
• que o Município é o principal responsável pela qualidade e veracidade dos dados inseridos
no CadÚnico.

Parabéns! Você concluiu a Unidade 2 do Módulo 2.


Lembre-se: só passe adiante quando tiver certeza de que já domina o
conteúdo estudado.

É hora de prosseguir com entusiasmo!

103
MÓDULO 2 UNIDADE 3

Unidade 3 – Como Funciona o Cadastro Único

Para início de conversa, vale à pena pensar


Uma boa gestão municipal do Cadastro Único necessita de ações de cadastramento bem
planejadas e executadas de forma precisa e minuciosa.
O gestor deve estar ciente de que sua função não se encerra após o cadastramento, visto
que o CadÚnico local precisa ser constantemente alimentado com informações atualizadas
e qualificadas.

Como se faz a gestão de um cadastro?


Por meio de um processo que se inicia com o planejamento e a
realização do cadastramento, que deve ser permanentemente
atualizado, com a alteração dos dados das famílias já
cadastradas ou com a inserção de novos grupos familiares e
de pessoas que passam a integrar famílias já cadastradas..

A gestão do cadastro é um processo contínuo


A realidade local das famílias é dinâmica e demanda que
o Gestor Municipal esteja sempre atento às alterações nas
condições de vida das mais vulneráveis socialmente.

Para se constituir uma boa gestão do CadÚnico é necessário conhecer a fundo os processos
operacionais realizados para sua construção e manutenção. Esta unidade abordará cada uma
das atividades necessárias para gerir o CadÚnico em seu Município, a partir de uma lógica
seqüencial, que permitirá a você saber por onde começar e que caminhos seguir para que o
CadÚnico possa funcionar de forma organizada e eficaz.

ORGANIZAÇÃO DO CADASTRAMENTO
• Primeiro passo
-- Quem são os pobres no seu Município?
-- Quantos são eles?
-- Onde estão localizados?
Essas são algumas das perguntas que devem orientar as ações iniciais de identificação,
dimensionamento e mapeamento da população com perfil para cadastramento.

Importante
O planejamento e organização das ações de cadastramento são fundamentais para o sucesso
do Cadastro Único.
Ao realizar esse planejamento, você deve ter em mente algumas tarefas especialmente
importantes para que o processo de cadastramento seja feito da forma mais objetiva e
tranqüila possível.
104
MÓDULO 2 UNIDADE 3

Fique atento
É preciso, então:
• verificar o número de famílias a serem cadastradas;
• identificar e localizar as famílias em situação de pobreza;
• elaborar estratégias para atender às famílias;
• identificar e criar infra-estrutura necessária para o cadastramento;
• verificar a disponibilidade de recursos físicos, humanos e financeiros; e
• capacitar e conscientizar as pessoas que estarão envolvidas no cadastramento, para
que o processo transcorra bem, obtenha bons resultados e produza uma base de dados
qualificada.

O olhar ampliado permite uma primeira aproximação do público que desejamos cadastrar.
Neste momento,
Conheça agora os conceitos mais importantes para a gestão do Cadastro Único deve ser feito o
levantamento de
• Família: é a unidade nuclear composta por um ou dados junto a órgãos
mais indivíduos, eventualmente ampliada por outros que centralizam
indivíduos, que com ela possuam relações de parentesco informações, tal
ou de afinidade, residente em um mesmo domicílio, que qual mencionado
se mantenha pela contribuição dos seus membros. Você na Unidade 1.
É importante,
deve observar o seguinte:
ainda, resgatar
a. cada pessoa deve ser cadastrada em, somente, uma cadastramentos
família; e anteriores, que
podem servir como
b. a gregados que com ela residam podem ser referência para
cadastrados na família, ainda que não tenham planejar as visitas
relação de parentesco e afinidade, desde que domiciliares a serem
contribuam para o rendimento ou tenham despesas realizadas.
atendidas por esta unidade familiar.
- Família de baixa renda: é aquela que possui renda familiar mensal per capita de
até meio salário mínimo ou renda familiar mensal de até três salários mínimos.
Como já mencionado anteriormente, esta família constitui o público-alvo
prioritário do CadÚnico.

• Domicílio: é o local que serve de moradia à família.


É fundamental que as informações relacionadas ao endereço do domicílio sejam coletadas
e inseridas da maneira mais precisa possível, pois é por meio destas que se estabelece a
relação entre o CadÚnico (e os programas que dele se utilizam) e a família.

• Renda familiar mensal: é a soma dos rendimentos brutos (sem deduções ou descontos)
recebidos pelos membros da família. Não devem ser incluídos no cálculo da renda
familiar os valores recebidos dos seguintes programas:
-- Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI;
-- Programa Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano;

105
MÓDULO 2 UNIDADE 3

-- Programa Bolsa Família e os programas remanescentes nele unificados (Bolsa Escola,


Bolsa Alimentação, Auxílio Gás e o Cartão Alimentação);
-- Programa Nacional de Inclusão do Jovem – Pro-Jovem;
-- Seguro-desemprego;
-- Auxílio emergencial financeiro e outros programas de transferência de renda
destinados à população atingida por desastres, residente em municípios em estado
de calamidade pública ou situação de emergência; e
-- Demais programas de transferência condicionada de renda, implementados por
estados, Distrito Federal ou municípios.

Atenção
Vale mencionar que o Benefício de Prestação Continuada – BPC deve ser considerado
como parte integrante da renda da família.
A renda familiar por pessoa (per capita) corresponde a soma dos rendimentos brutos
divididos pelo número de membros da família.

• Responsável pela unidade familiar – RF: antes conhecido como


responsável legal, é um membro da família, que com ela reside em
um mesmo domicílio, com idade igual ou superior a dezesseis anos e,
preferencialmente, mulher.

Certamente, agora,
O CADASTRAMENTO DAS FAMÍLIAS
está mais claro para
você o perfil das Pode ser realizado por meio de visita domiciliar, postos de atendimento ou pela combinação
pessoas que serão destas duas possibilidades.
cadastradas, assim
como os conceitos • Visita domiciliar: é a forma mais indicada para que o cadastramento tenha um alcance
e critérios definidos social maior e consiga chegar aos mais pobres dentre os pobres. Isto acontece porque a
para incluir as visita domiciliar não implica custos de deslocamento para as famílias de baixa renda.
famílias no CadÚnico.
Você poderá, A visita domiciliar possibilita obter das famílias informações mais próximas da realidade,
portanto, avançar quanto à renda declarada, às condições habitacionais e o acesso aos serviços públicos.
no planejamento, • Postos de atendimento: constituem uma alternativa mais barata para o Município. No
concebendo como irá
entanto, os problemas que se relacionam aos custos de deslocamento e o limitado acesso
cadastrar a população
ou atualizar suas
aos meios de informação por parte das famílias podem fazer com que a população mais
informações. vulnerável não busque este tipo de atendimento, sobretudo se tais postos forem instalados
em locais distantes das áreas de concentração da pobreza.
Assim, o levantamento preliminar de informações é imprescindível para os municípios
que utilizam unidades de atendimento, pois os dados sobre concentração territorial da
pobreza é que permitirão identificar a localização mais adequada para os postos a serem
implantados.
De qualquer forma, recomenda-se que municípios com pouca capacidade de viabilizar visitas
domiciliares combinem as duas formas de cadastramento, realizando visitas aos domicílios,
situados nas regiões de alta concentração de pobreza e montando postos de atendimento em
locais socialmente mais diversificados e com maior fluxo de pessoas. É importante, ainda,
uma ampla divulgação destes postos junto à população.
106
MÓDULO 2 UNIDADE 3

Fique de olho
Para maior controle de qualidade, os gestores municipais devem verificar as informações, por
meio de visita domiciliar, de uma amostra relevante dos cadastros preenchidos em postos de
atendimento.
Com o público-alvo definido e a estratégia de cadastramento traçada, é preciso que você
identifique os recursos necessários para um bom processo de cadastramento.

Para se realizar um cadastramento é necessário

O CADERNO AZUL, um instrumento essencial para a coleta de informações e inclusão de


uma família no Cadastro Único.

O CADERNO AZUL reúne os formulários de identificação do domicílio e da família,


identificação da pessoa e de identificação do agricultor familiar. É necessário prestar
muita atenção no código domiciliar inscrito no canto superior direito do Caderno
Azul, pois este é o número que irá identificar a família cadastrada no banco de dados
municipal do CadÚnico.

O CADERNO AZUL contém mais de 130 campos de preenchimento, que abrangem os


seguintes grupos de dados:
• características do domicílio;
• composição familiar;
• qualificação escolar dos membros da família;
• qualificação profissional e situação no mercado de trabalho;
• rendimentos; e
• despesas familiares.

Além do Caderno Azul, existem os formulários avulsos de:


• identificação da pessoa, utilizado para complementar o cadastro inicial de uma família
que possua mais de 5 membros, bem como para a atualização das informações das pessoas
já inseridas na base municipal do CadÚnico;
• identificação do domicílio e da família, utilizado para atualizar informações referentes ao
endereço da família, as características de seu domicílio e a composição familiar;
• identificação do agricultor familiar, utilizado para atualizar informações das pessoas da
família que trabalham na agricultura, pesca artesanal, extrativismo vegetal, fruticultura,
entre outros. Este formulário também é utilizado para o cadastramento de famílias
quilombolas, de acordo com padrão de preenchimento específico definido pelo MDS
(veja mais informações em http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/cadastro_unico/
cadastramento-de-povos-e-comunidades-tradicionais).

107
MÓDULO 2 UNIDADE 3

O que faço para


realizar a atualização e
Você deverá utilizar os
complementação do
questionários apropriados...
cadastro?

E quais são eles? São os formulários avulsos de


identificação do domicílio, da
família, da pessoa e do agricultor
familiar.

O Caderno Azul e os
formulários avulsos
podem ser solicitados
por meio do Sistema
de Atendimento
e de Solicitação No processo de atualização cadastral, o entrevistador deverá repetir, nos formulários avulsos,
de Formulários – o código domiciliar que consta no canto superior direito do Caderno Azul, no qual foi
SASF, sendo que os realizado o registro inicial do domicílio na base municipal do CadÚnico.
formulários avulsos
podem, ainda, ser
baixados na página Uma dica
do MDS (www.mds. Para facilitar o manuseio, a consulta e a preservação das informações coletadas, os formulários
gov.br/bolsafamilia/
avulsos deverão ser guardados junto ao Caderno Azul utilizado durante a primeira coleta de
cadastro_único/
formularios-1/como- dados da família.
obter-os-formularios).
Os formulários devem Um lembrete
estar disponíveis para
controle e fiscalização
Não se esqueça de arquivá-los de maneira segura, mas acessível, durante o período de 5
durante cinco anos. anos.

108
MÓDULO 2 UNIDADE 3

E os recursos humanos envolvidos no processo de cadastramento?


Devem receber uma atenção especial. É necessário ter profissionais qualificados para a
realização de atividades que compreendem desde a identificação das famílias pobres até a
manutenção do ambiente físico e operacional da base de dados.
Nas atividades realizadas na gestão local do CadÚnico, é importante estar atento à qualificação
necessária para algumas funções e tarefas específicas.
• Entrevistador: deve ser um profissional com boa caligrafia e leitura, preferencialmente
com escolaridade de nível médio. Será responsável por:
-- entrevistar a família;
-- avaliar previamente a consistência das informações fornecidas; e
-- preencher os formulários.
• Supervisor de campo: cabe a este profissional acompanhar em campo as ações de
cadastramento e atualização cadastral, conferindo ainda, por amostragem, os formulários
preenchidos e encaminhando-os à revisão ou à digitação.
• Assistente Social: profissional com formação em serviço social, preferencialmente
servidor do Poder Executivo Municipal.
Deve coordenar a identificação das famílias que compõem o público-alvo do CadÚnico,
zelando pelo cadastramento das famílias em maior situação de vulnerabilidade.
• Supervisor do CadÚnico: responsável por receber os formulários preenchidos e garantir
que sejam digitados no Aplicativo de Entrada e Manutenção de Dados do CadÚnico
(aplicativo off-line). É sua atribuição realizar a extração, a transmissão, a recepção e a
importação de arquivos, além de analisar e solucionar os problemas de multiplicidade
cadastral.
É fundamental que este cargo seja exercido por um funcionário com vínculo junto ao
Poder Público municipal, pois é dele e das autoridades constituídas a responsabilidade
pelas informações inseridas no CadÚnico. O Município e seus agentes públicos são
responsáveis pela qualidade e veracidade das informações cadastradas, respondendo
legalmente perante os órgãos de controle e fiscalização, uma responsabilidade que é
repartida com as famílias que forneceram as informações.

É importante ressaltar
Os perfis profissionais necessários para uma boa gestão dos aplicativos e das tecnologias de
informação utilizadas pelo CadÚnico.
• Administrador de rede tem por atribuição:
Zelar pelo ambiente físico e operacional dos computadores e demais equipamentos de
informática, garantindo a integridade da rede local, quando esta existir.
• Administrador da base:
Deve administrar o Aplicativo de Entrada e Manutenção de Dados, instalando e
atualizando os computadores clientes e servidores, criando grupos e usuários, zelando
pela segurança e preservação da base de dados. Deve, ainda, apoiar os usuários no uso
do aplicativo off-line.

109
MÓDULO 2 UNIDADE 3

• Digitador:
Profissional com habilidade e rapidez na digitação dos dados cadastrais. Deve inserir no
aplicativo as novas informações e alterações captadas pelos formulários de cadastramento.
É importante que seu trabalho seja monitorado pelo Supervisor do CadÚnico, para
garantir a coerência entre o processo de coleta e a inserção de informações no banco de
dados.
A versão atual do aplicativo identifica o digitador responsável pela inserção de cada
informação, o que facilita processos de auditoria interna e externa, além de apurar
responsabilidades em casos de digitação de dados incoerentes com os formulários
preenchidos.

É possível, em especial nos municípios de pequeno porte, que profissionais de


administração de rede ou de base de dados não estejam disponíveis de forma exclusiva
para a equipe do cadastro. No entanto, nestes casos, é possível que o Município tenha
profissionais da área de tecnologia em outras secretarias, como Fazenda, Planejamento,
Saúde ou outras. Estes profissionais podem ser solicitados a apoiar o cadastramento, até
mesmo pela possibilidade de que o cadastro seja útil para suas áreas de origem.

Uma observação
O Município deve, em primeiro lugar, definir qual a infra-estrutura de informática será
destinada à utilização do aplicativo de cadastramento. Pode-se optar por uma estrutura de
funcionamento em rede ou pela instalação do aplicativo em apenas uma máquina isolada. A
utilização de uma rede permite que mais de uma pessoa realize, simultaneamente, a digitação
das informações coletadas, sendo altamente recomendável para municípios que possuem
muitas pessoas a serem cadastradas.

A integração em rede demanda um computador com grande capacidade de armazenamento


e processamento (servidor), para centralizar a base de dados do Município e responder às
solicitações dos computadores clientes conectados a ele. Os computadores clientes, por sua
vez, são responsáveis pela inserção e alteração dos dados armazenados no servidor.

A capacidade de processamento do servidor deve atender ao número de cadastros existentes


no Município e à demanda dos computadores clientes.

A configuração dos computadores clientes também depende do número de cadastros geridos


pelo seu Município.
Para maiores informações sobre a configuração dos computadores, consulte o Manual de
Instalação do aplicativo off-line, no link http://www1.caixa.gov.br/gov/gov_social/municipal/
distribuicao_servicos_cidadao/cadastramento_unico/documentos_download.asp.

Um recado
Caso seu Município opte por não adotar a estrutura de rede, um computador deverá ser
destacado para cumprir, simultaneamente, as funções de servidor e cliente. Assim, nesta
mesma máquina serão inseridas as informações coletadas nos formulários e ficará alocado o
banco de dados resultante destas inserções.
110
MÓDULO 2 UNIDADE 3

Importante!
É fundamental que a informação sobre o cadastramento circule de maneira ampla e
difusa em seu Município. Para se atingir a população mais pobre, é necessário mobilizar
não somente os meios de informação mais tradicionais, mas, também, contar com o
apoio da sociedade civil na divulgação das ações de cadastramento, sobretudo por meio
das associações de moradores e produtores das comunidades mais distanciadas dos
núcleos urbanos.

Podem ser utilizados instrumentos de disseminação da informação, como o rádio, a TV,


os carros de som, as faixas na rua ou mesmo se valer de profissionais das redes públicas de
Saúde e Educação (como agentes de saúde e professores), para comunicar a todos sobre o
cadastramento.

Atenção
O importante é que as famílias sejam informadas com antecedência se o cadastramento será
realizado por meio de visitas domiciliares ou por postos de atendimento e quais documentos
são necessários para ser cadastrado.

Não esqueça
Você deve atentar para que seja disponibilizada a infra-estrutura necessária para o atendimento
preferencial a gestantes, idosos e pessoas com deficiência.

Relembrando...
Planejando as ações de cadastramento:
• identificar a população-alvo do CadÚnico;
• definir a estratégia de cadastramento;
• providenciar os recursos humanos, técnicos e financeiros necessários; e
• informar adequadamente à população.

Fique atento aos problemas e soluções que aparecem durante as próprias atividades de
cadastramento.

Cadastrando as Famílias

Saiba que...
Se você realizar um bom planejamento, no momento do cadastramento surgirão menos
problemas e as pessoas engajadas estarão mais aptas para enfrentá-los.

111
MÓDULO 2 UNIDADE 3

Muitas questões podem surgir referentes ao principal instrumento de


cadastramento
• O formulário
Conheça algumas questões referentes aos formulários utilizados e aos campos que apresentam
as maiores dificuldades de preenchimento.
É importante observar que devem ser registrados todos os moradores residentes na unidade
domiciliar.
• Cuidados no manuseio e preenchimento dos cadernos
-- Não dobre e nem amasse os cadernos.
-- Não destaque as folhas.
-- Escreva com letra legível e com caneta.
-- Respeite os limites dos campos a serem preenchidos.

Caso seja necessário...


• Corrigir uma anotação de qualquer natureza – não deixe marcas que possam confundir
a leitura.
• Abreviar o nome da pessoa ou filiação – este procedimento deve ser evitado. Somente
deve ser usado quando necessário por falta de espaço no formulário, mantendo sempre o
primeiro e o último nome, abreviando os nomes intermediários.

O registro dos dados deve ser feito, prioritariamente, por meio do preenchimento dos
formulários em papel ou, excepcionalmente, digitados diretamente no aplicativo off-line.

No caso de digitação direta em computador, o Município deverá imprimir o formulário e


coletar a assinatura do Responsável pela Unidade Domiciliar – RF, observando os mesmos
procedimentos para a guarda e armazenamento do formulário.

Com base na experiência de cadastramento único em centenas de municípios, foram


identificados alguns aspectos que requerem mais atenção no processo de cadastramento
das famílias.

São eles:
• Falta de documentação
O cadastramento da família requer que o Responsável pela Unidade Familiar apresente um
documento de identificação, cuja emissão seja controlada nacionalmente: CPF e/ou Título
de Eleitor. Para os demais membros da família, é necessária a apresentação de ao menos um
documento de identificação (CPF, título de eleitor, registro civil de nascimento, registro civil
de casamento, cédula de identidade, carteira de trabalho e previdência social).
A exigência destes documentos tem como função evitar irregularidades no cadastramento,
como, por exemplo, as duplicidades cadastrais. Por outro lado, esta exigência não pode
inviabilizar a inserção das famílias mais vulneráveis socialmente no Cadastro Único.

112
MÓDULO 2 UNIDADE 3

Considerando que são justamente os mais pobres que têm menor acesso à documentação
civil, é bem possível que surjam dificuldades em cadastrar o público-alvo definido, em
decorrência da ausência dos documentos necessários.
Assim, é importante que o gestor municipal/estadual do Cadastro Único se antecipe a esse
problema e se articule com as representações locais da Receita Federal, Justiça Eleitoral e órgãos
responsáveis pelo Registro Geral, para que no processo de cadastramento, sejam identificados
e encaminhados prontamente os casos de ausência da documentação necessária.

Recomenda-se que o Município solicite à família outros documentos, tais como:


• comprovante de residência;
• carteira profissional;
• comprovante de matrícula das crianças e adolescentes em idade escolar; e
• carteira de vacinação das crianças.
A ausência de tais documentos não impede o cadastramento, mas estas comprovações qualificam
a coleta de dados e podem ser exigidas para o acompanhamento das condicionalidades por
parte das famílias beneficiárias do PBF.

Principais dúvidas no preenchimento do formulário


A diversidade de situações encontradas torna difícil o preenchimento de alguns campos
dos formulários. A variedade de arranjos familiares e a precariedade da urbanização em
certas localidades, por exemplo, são alguns dos fatores que geram situações difíceis de serem
enquadradas dentro dos padrões definidos pelo Cadastro Único.
Algumas delas já foram identificadas, o que permitiu a elaboração de soluções padronizadas.
Vamos a elas:
• As famílias, que mantenham residência fixa em habitação sem CEP, deverão ser incluídas
no Cadastro Único com a utilização do CEP de referência mais próximo à sua residência.
Vale relembrar que a precisão das informações sobre endereço é fundamental para o
Cadastro Único.
• A pessoa que viver em famílias diferentes, alternando de domicílio, deverá ser cadastrada
vinculada ao responsável legal com o qual possuir grau de parentesco mais próximo.
• As crianças e adolescentes em situação de abrigo poderão ser cadastradas vinculadas
a seus pais ou responsáveis legais, desde que tenham um parecer da Assistência Social
ou do Conselho Tutelar do Município (referendado pelo gestor do Cadastro Único),
afirmando que:
1. os pais ou responsáveis legais apresentam condições para a reintegração da criança;
2. a inclusão da família em algum dos programas usuários do CadÚnico pode contribuir
para reintegração familiar da criança.
• N
as famílias em que existem crianças e/ou adolescentes envolvidos em qualquer situação
de trabalho, as atividades exercidas por estes devem ser informadas no campo 270 do
formulário.

113
MÓDULO 2 UNIDADE 3

Cadastramento de povos e comunidades tradicionais


Embora tenha sido necessário o Governo Federal impulsionar o cadastramento de povos e
comunidades tradicionais em um primeiro momento, esta é uma atribuição dos municípios.
Assim, é importante que você conheça algumas das particularidades que envolvem o
cadastramento de comunidades remanescentes de quilombos e povos indígenas, que
constituem os dois grupos definidos, até então, como povos e comunidades tradicionais para
efeitos de cadastramento.

O tratamento diferenciado dado a esses grupos nas ações de cadastramento se justifica pelas
características culturais, sociais, econômicas e territoriais que eles apresentam. Há diferenças
relacionadas à estrutura familiar, à organização social, à divisão dos rendimentos e a uma
série de outros aspectos, que justificam um procedimento diverso, na forma de coletar os
dados.

As famílias indígenas dispõem da mesma isenção em relação a documentos com emissão


controlada nacionalmente, não sendo obrigadas a apresentar CPF ou Título de Eleitor. No
entanto, a informação referente a estes documentos deve registrada, caso o indivíduo os
possua.

Valem para os indígenas as mesmas orientações pertinentes à articulação com órgãos de


registro civil, para apoiar o Município nas ações de cadastramento.

No cadastramento de povos indígenas, os campos que demandam um preenchimento


específico estão nos formulários relacionados à identificação da pessoa e, também, obedecem
estritamente a um conjunto de regras para serem validados.

Alcançar e obter dados sobre as famílias de comunidades quilombolas e indígenas no Brasil


torna o seu cadastramento ainda mais valioso e importante.

Garantir a inserção dos povos e comunidades tradicionais no CadÚnico é um caminho para


resgatarmos a cidadania e romper com o histórico de omissão do Poder Público em relação
a estas pessoas.

Vamos ver as particularidades relacionadas ao cadastramento destes grupos.


• Para famílias de comunidades remanescentes de quilombos: é dispensada a apresenta-
ção, pelo responsável da unidade familiar, do CPF ou Título de Eleitor, sendo suficiente
qualquer outro documento de identificação civil. No entanto, caso a pessoa cadastrada
possua CPF ou o Título de Eleitor, é importante que este seja registrado.

É recomendável que, antes do início do processo de cadastramento, seja realizado contato


com as representações locais das comunidades remanescentes de quilombos para que apóiem
as ações de cadastramento, principalmente no que se refere à localização e identificação
das famílias. O gestor deve ficar atento para cadastrar todas as famílias remanescentes
de quilombos existentes nas comunidades, independente de elas estarem vinculadas a
alguma representação específica ou serem reconhecidas como quilombolas pela Fundação
Palmares.

114
MÓDULO 2 UNIDADE 3

Um lembrete
Nas ações de cadastramento dos povos indígenas, é recomendável contato prévio com
instâncias governamentais como a Funai e Funasa para que atuem como facilitadores do
processo de preenchimento de formulários em campo e orientem os cadastradores no que
diz respeito à estrutura familiar e organização social dos grupos a serem cadastrados.

A CONCLUSÃO DO CADASTRAMENTO
Uma vez finalizados os processos de coleta, deve-se partir para as ações finais de cadastramento
que dependem, em grande parte, dos recursos humanos e técnicos da área de informática.
É importante
A conclusão do cadastramento das famílias pode ser dividida em duas etapas:
que o Município
• Digitação e transmissão das informações das famílias por parte dos Municípios e mantenha controle
processamento dos cadastros na Base Nacional; e e arquive protocolos
de transmissão,
• Importação do Arquivo-Retorno, mecanismo a partir do qual se incorpora o relatórios de
processamento realizado em âmbito nacional à base de dados do município. arquivos extraídos e
arquivo-retorno.
De posse dos cadernos e respectivos formulários preenchidos, se inicia o processo de
digitação, transmissão e processamento dos dados, no âmbito do aplicativo off-line. Este
sistema consiste em uma ferramenta tecnológica que permite a digitalização, manutenção
e transmissão das informações coletadas pelos entrevistadores. Ele é composto de dois
aplicativos.
• Aplicativo de Entrada e Manutenção de Dados do
Cadastro Único (aplicativo off-line): permite incluir,
alterar ou excluir prefeituras, domicílios ou pessoas.
Este software, também, possibilita extrair e importar
arquivos para troca e atualização de dados entre os
municípios e o Governo Federal, além de outras
ações relacionadas à manutenção e ao gerenciamento
da base de dados.
• Aplicativo Conectividade Social: permite transmitir
as informações digitadas pelo Município para a Base
de Dados Nacional do Cadastro Único, abrigada
na CAIXA e replicada no MDS. É por meio deste
aplicativo que o Município recebe o arquivo-retorno.
O prazo acordado com a Caixa para o retorno do
processamento é de 48 horas.

Veja como se faz para baixar estes aplicativos. Siga o passo a passo.

• Vá ao site da Caixa www.caixa.gov.br


• Selecione a opção governo, localizado no canto superior direito da tela.
• Em seguida, clique em cadastramento único. Nesta tela, na parte superior central, clique
em documentos para download. É exibida a tela de documentos para download.

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MÓDULO 2 UNIDADE 3

O aplicativo off-line deve ser instalado em todos os computadores utilizados no processo de


cadastramento conforme a configuração recomendada no Manual de Instalação do referido
aplicativo.
Já o programa Conectividade Social deve ser instalado em computador que tenha conexão
com a internet para que seja efetuada a transmissão de dados municipais para a Base Nacional
do Cadastro Único.
O que é necessário para utilizar o aplicativo Conectividade Social?

Primeiro, o Município deve obter a certificação eletrônica, que possibilitará a transmissão dos
arquivos. O certificado eletrônico é uma “chave de acesso”, emitida pela Caixa e disponibilizada
ao usuário por meio de um arquivo em disquete, com extensão “.pri” e uma senha de acesso.

O Município obtém um certificado eletrônico na Caixa por meio do aplicativo de pré-


certificação, que gera uma requisição de certificado. Este aplicativo pode ser encontrado
nos sítios do MDS (www.mds.gov.br) e da Caixa (www.caixa.gov.br).

A requisição gerada deve ser acompanhada do documento de convênio de prestação


de serviço, devidamente preenchido e assinado pelo(a) Prefeito(a). O Município deve
encaminhar o pré-certificado e o documento anexado a uma agência da Caixa, que gera, a
partir do pré-certificado, o certificado definitivo.

O aplicativo off-line não utiliza a internet. Já o Aplicativo Conectividade Social é um aplicativo


on-line, pois é necessária a internet para a transmissão dos dados digitados.

Assim, após a coleta dos dados, as informações anotadas nos formulários devem ser digitadas
na base de dados municipal, por meio do aplicativo off-line.

Durante a digitação, o aplicativo off-line verifica-se os dados incluídos estão de acordo com
críticas de consistência existentes dentro dele. Quando os dados do domicílio e de seus
membros estiverem de acordo com o exigido, o domicílio é considerado como FECHADO,
ou seja, com todos os campos obrigatórios preenchidos e sem ocorrência de inconsistência,
estando pronto para passar para a próxima etapa, que é a sua extração e transmissão.

É importante ficar atento

Somente estarão FECHADOS os domicílios cujos campos obrigatórios estejam corretamente


preenchidos. Caso contrário, o domicílio permanecerá ABERTO, o que impedirá o
procedimento de extração deste para que seja transmitido. O domicílio também permanecerá
ABERTO se a digitação dos dados não for concluída.

Na EXTRAÇÃO, os domicílios selecionados pela gestão municipal do CadÚnico são


extraídos e agrupados em lotes para serem transmitidos à Caixa. Somente serão extraídos
os domicílios fechados, que após a extração passam a constar como EXTRAÍDO. Agora,
os dados estão prontos para serem transmitidos pelo Município para a base nacional do
Cadastro Único. Isto será realizado por meio do aplicativo on-line, Conectividade Social.

Quando o cadastro transmitido pelo Município chega à base nacional, os dados são
processados e para cada membro da família é atribuído um Número de Identificação Social
– NIS. Neste processamento são realizadas outras verificações nos cadastros.

116
MÓDULO 2 UNIDADE 3

A Caixa gera o Arquivo-Retrono com os resultados do processamento, informando ao


Município os registros de domicílios e pessoas na situação de processados (aceitos) e aqueles
na situação de rejeitados. É informado, neste arquivo recebido, o motivo da rejeição, o que
permite ao gestor municipal do CadÚnico realizar as alterações para que estes cadastros
possam ser retransmitidos e, posteriormente, processados e aceitos na base nacional.

O Arquivo-Retorno do processamento efetuado na base nacional deve ser acessado pelo


Município por meio do Conectividade Social e importado pelo Município diretamente no
aplicativo off-line.

Um outro tipo de arquivo

ARQUIVO-RETORNO MULTIPLICIDADES: Difere do arquivo retorno por tratar,


especificamente, dos casos de multiplicidade, informando ao Município os registros de
pessoas inseridas mais de uma vez na base nacional do CadÚnico.

Para que as informações cadastradas a partir do aplicativo off-line fiquem protegidas, deve
ser feita uma cópia de segurança da base de dados local, periodicamente. Este procedimento
permite que o Município mantenha, em segurança, todas as informações cadastradas até a
data de realização da cópia.

Concluindo...
Fazer cópia de segurança deve ser um procedimento rotineiro e de preferência semanal, no
qual as cópias geradas devem ser armazenadas em mídia específica (CD, DVD ou fita) ou em
computador diferente do que é utilizado como servidor da base de dados.

A importação da cópia nacional de segurança da base local (largamente conhecida como


Base Caixa) somente deverá ser realizada em casos extremos, nos quais o Município perdeu
a sua base de dados e não possui cópia de segurança em algum de seus computadores.
Neste caso, deverá ser formalizada solicitação da base de dados local ao MDS, com a devida
justificativa.

Recorrer à importação da cópia nacional de segurança da base local poderá gerar erros
na gestão municipal do CadÚnico, uma vez que a cópia não é atualizada de acordo com o
processo diário de alimentação da Base Local.

O Município deverá manter organizado, em um diretório a ser definido, todos os protocolos


de envio gerados pelo Aplicativo Conectividade Social, para que haja um adequado
monitoramento dos prazos de execução das atividades com a CAIXA.

A ORGANIZANDO DA BASE DE DADOS DO MUNICÍPIO


A manutenção da base local implica a geração e a importação de vários arquivos, que ficam
muitas vezes perdidos no ambiente de informática do Município.
• Extraídos: gerados sempre que são preparados dados de inclusão, exclusão ou de
atualização, para serem enviados. Como vimos, é necessário gerar um arquivo de dados
extraídos para poder remetê-los à Base Nacional.
• Retornados: a análise dos dados pelo CadÚnico sempre gera um ARQUIVO-RETORNO
correspondente, que apresenta os cadastros processados e os rejeitados.
117
MÓDULO 2 UNIDADE 3

Fique atento
Como o Cadastro Único deve ser objeto de constantes atualizações, é comum que sejam
gerados inúmeros arquivos de extração de dados e arquivos-retorno. A falta de um
ordenamento destes arquivos pode levar a uma situação confusa, na qual não se tem clareza
acerca dos arquivos que são mais recentes.

Agora o assunto é organização dos arquivos

A organização dos arquivos e dos cadastros é objeto, também, de ações do MDS. Atualmente,
ainda é possível encontrar uma mesma pessoa cadastrada como sendo responsável por mais
de um domicílio. Visando acabar com esta multiplicidade, o MDS definiu que:

“cada pessoa só pode ser responsável por um único domicílio, que passou a ser conhecido como
ATIVO. Os demais domicílios que se encontravam sob a responsabilidade desta mesma pessoa
assumiram a condição de INATIVOS”.

A definição do domicílio ativo é feita na Base Nacional e utiliza-se o ARQUIVO-REMESSA


para informar aos municípios quais domicílios constam como ATIVOS ou INATIVOS na
base nacional. Para atualizar a base local do seu Município, você deverá baixar o ARQUIVO-
REMESSA, mensalmente, na área restrita no site da Caixa e importá-lo para sua base local.

É importante que o gestor local fique atento às informações contidas no ARQUIVO-


REMESSA, porque somente serão selecionados para os programas sociais do Governo
Federal os cadastros que, além de cumprirem com os critérios definidos por estes programas,
se encontram na situação de ATIVO.

Caso o Município deseje utilizar as informações de sua base local para outras finalidades
não contempladas pelo aplicativo off-line, é necessário converter sua base de dados para o
formato texto (.txt), o que permitirá comparar ou mesmo integrar a base do CadÚnico com
outros cadastros disponíveis no Município.

Um lembrete
Até há pouco tempo, para realizar tal tarefa era necessário que o Município dispusesse de
um profissional da área de tecnologia da informação, com conhecimentos sobre sistemas
gerenciadores de banco de dados, como, por exemplo, postgreSQL.

A única assistência disponível para esta tarefa era o Manual de Tratamento de Arquivo
Texto CadÚnico” (CADASTRAMENTO ÚNICO – REGRAS PARA FORMATAÇÃO E
TRATAMENTO DE ARQUIVOS TEXTO), que apresenta os padrões utilizados pelo arquivo
gerado pelo aplicativo off-line.

Saiba mais

Para facilitar a utilização do arquivo em formato texto, o MDS desenvolveu um aplicativo do


tipo utilitário chamado “GeradorCadÚnico”, que permite ao Município coverter a base local
gerada em formato .txt pelo aplicativo off-line, sem a necessidade de possuir um profissional
com conhecimentos tão específicos e avançados. Qualquer técnico no Município com
noções básicas de utilização de ferramentas de tratamento de dados, como o Excel, poderá
118
MÓDULO 2 UNIDADE 3

executar esta atividade. Em linhas gerais, o novo utilitário converte o arquivo texto da base
do Município para um formato texto simplificado, gerando três arquivos com extensão
.csv, contendo, respectivamente, as informações sobre domicílios, pessoas e agricultores
familiares. A extensão .csv apresenta um padrão, no qual é utilizado como separador de
campos o caractere “;” (ponto-e-vírgula) e é facilmente importado por diferentes programas
de tratamento e análise de dados existentes no mercado.

O utilitário estará disponível no sítio www.mds.gov.br, na área de Download do Sistema de


Gestão Integrada (antigo Sistema de Adesão), acompanhado de documentação técnica, que
explica de forma detalhada o seu funcionamento.

O “GeradorCadÚnico” é um utilitário cuja solução é provisória, até que seja disponibilizada


uma nova funcionalidade no aplicativo off-line que aprimore a geração simplificada do
arquivo texto da base local.

A IMPORTÂNCIA DA ATUALIZAÇÃO CADASTRAL

E qual a importância da atualização cadastral? Quando deve ser feita?

A atualização do cadastro de uma família deve ser feita sempre que houver modificações em
sua composição, condição socioeconômica ou mudança de residência.

É um processo permanente e contínuo, uma vez que a realidade da população é dinâmica e


se altera com rapidez.

Atenção
O município
Manter a base de dados atualizada é garantir que as informações registradas no Cadastro deverá manter
Único estejam de acordo com a realidade das famílias. Servem, portanto, como uma fonte em permanente
funcionamento
confiável para o planejamento de ações do Poder Público.
postos de
atendimento
Como um Município pode manter uma constante atualização do Cadastro? das famílias
A coleta de dados para atualização cadastral deverá ser efetuada, conforme o caso, nos com localização
seguintes formulários avulsos de identificação: amplamente
divulgada.
• do domicílio e da família;
• da pessoa; e
• do agricultor familiar.

Em que situações você deve excluir uma família do Cadastro?

A exclusão de um domicílio (família) pelo Município, por meio do off-line do CadÚnico, é


obrigatória é cabível em três situações específicas:

1. Falecimento de toda a família: caso o gestor municipal tenha certeza de que todos os
membros da família faleceram, o seu cadastro deve ser excluído informando o motivo
“Óbito”.

119
MÓDULO 2 UNIDADE 3

2. Mudança de Município: a exclusão de domicílio em razão de mudança de Município


somente deve ocorrer se for verificado que a família não reside mais em seu Município
e for certificado de que ela já tenha sido cadastrada no Município de destino (para o
qual mudou-se). Esta mudança é certificada quando, na base de dados do Município de
origem, o cadastro da família aparece como INATIVO. Daí a necessidade de importação
mensal do ARQUIVO-REMESSA.
3. Recusa da família em prestar informações.
4. Comprovação de omissão de informações ou prestação de informações inverídicas pela
família e que caracterize má fé.

Atenção
Nestes últimos dois casos, a exclusão do cadastro domiciliar deverá ser realizada após
a emissão de parecer social, elaborado e assinado por Assistente Social do governo local,
atestando a ocorrência do motivo da exclusão. O documento elaborado por Assistente
Social deverá ser arquivado durante o período de cinco anos, sendo uma cópia anexada ao
formulário de cadastramento da família.

Existem outros casos em que o município pode decidir sobre a exclusão dos cadastros:

1. Multiplicidade de domicílio: É a ocorrência de pessoas e/ou conjuntos familiares


cadastrados mais de uma vez. Quando esta multiplicidade é tratada, o município recebe
um arquivo, denominado Arquivo-Remessa, e a sua importação no aplicativo off-line
permite identificar seguinte estrutura: um domicílio ativo e um ou mais domicílios
inativos a ele relacionados. Para os domicílios inativos a única operação permitida, além
da consulta e da cópia das informações existentes, é a sua exclusão.

2. Família fora do perfil socioeconômico do Cadastro Único: Caso uma família esteja,
comprovadamente, fora do perfil socioeconômico definido para o Cadastro Único e não
seja beneficiada por qualquer um dos programas que dele se utiliza, esta família poderá
ser excluída. Para isto, o Gestor Municipal precisa se certificar de que as informações da
família são corretas e fidedignas. A realização de visitas domiciliares e entrevistas são os
procedimentos mais adequados no caso. Como vimos, estão enquadradas no perfil para
o Cadastro Único as famílias que têm renda familiar per capita mensal de até meio salário
mínimo ou renda familiar mensal de até três salários mínimos. As famílias com renda
superior poderão ser incluídas e/ou mantidas no CadÚnico, desde que sua permanência
no Cadastro esteja vinculada à seleção ou ao acompanhamento de programas sociais
implementados por quaisquer dos três níveis de governo.

Atenção
É importante, antes de efetivar a exclusão de um domicílio/família, verificar se existe algum
benefício associado a este. A exclusão de um cadastro domicílio/família associado a um
benefício, provocará o seu cancelamento. Maiores detalhes podem ser obtidos na Instrução
Operacional n º 12, de 3 de fevereiro de 2006.

120
MÓDULO 2 UNIDADE 3

Fique atento
É importante ressaltar que a exclusão de cadastro é irreversível. Se o domicílio for excluído do
cadastro, a família necessariamente terá que ser cadastrada outra vez, com um Código Familiar
diferente do anteriormente utilizado pois, caso contrário, seu cadastro será rejeitado.

Agora o assunto é substituição do Responsável pela Unidade Familiar (RF)


Como proceder no caso de substituição do Responsável pela Unidade Familiar?
Deverá ser efetuada mediante a apresentação de documentação que confirme a justificativa
apresentada para a mudança de responsável.
São possíveis as seguintes situações, atestadas pela documentação respectiva:
• em caso de falecimento: a Certidão de Óbito;
• em caso de separação dos pais: a Decisão Judicial, ainda que provisória, que defina a
quem pertence a guarda dos filhos;
• nos casos de abandono do lar, violência doméstica ou desaparecimento do responsável
pela unidade familiar: o Boletim de Ocorrência Policial;
• em caso de invalidez: o Laudo Médico.

Na impossibilidade de apresentação dos documentos citados anteriormente, a substituição


do Responsável pela Unidade Familiar poderá ser realizada com a apresentação de parecer,
referendado pelo Gestor Municipal do Cadastro Único. Deve ser elaborado e assinado por
profissionais da área de Assistência Social ou pelo Conselho Tutelar do Município, que
atestem a ocorrência do motivo da substituição.
Em paralelo às ações de atualização cadastral realizadas pelos municípios, ocorre o esforço
permanente do MDS para a validação dos cadastros. O processo de validação busca garantir
a qualidade dos dados e tem como referência o conceito de Cadastro Válido.

E o que é o cadastro válido?


O cadastro de uma família é considerado válido quando:
• Todas as informações consideradas como obrigatórias para validação foram
efetivamente preenchidas;
• O Responsável pela Unidade Familiar (RF) tem a idade mínima de 16 anos;
• P
ara todos os membros da família foi apresentado, ao menos, um documento de
identificação civil;
• P
ara o RF deve ter sido apresentado o CPF ou o Título de Eleitor, à exceção dos
casos de cadastramento diferenciado definidos pelo MDS;
• O
CPF, quando informado para o RF e para as demais pessoas da família, deve ter
dígito verificador válido;
• N
ão deve conter pessoas em multiplicidade, ou seja, replicadas, tanto na base
do município (multiplicidade intramunicipal) quanto em bases de municípios
diferentes (multiplicidade intermunicipal).

121
MÓDULO 2 UNIDADE 3

As já mencionadas exceções de apresentação de documentos para os povos e comunidades


tradicionais, também se aplicam a este conceito.

A definição desse conceito criou as condições para o MDS apoiar, financeiramente, os


municípios nas ações de validação e atualização cadastral.

O Cadastro Válido serviu como referência para a construção de um indicador, que mede os
esforços dos governos locais na melhoria da qualidade da gestão do CadÚnico e respalda o
repasse de recursos.

O IGD é um índice que foi desenvolvido com o objetivo de incentivar o aprimoramento


dos padrões de gestão local do Programa Bolsa Família e do Cadastro Único. Trata-se
de um indicador, que varia entre 0 (zero) e 1 (um), sendo os maiores valores associados
à gestão mais eficiente e os menores, à gestão menos eficiente. O índice objetiva captar a
qualidade das informações do CadÚnico e a capacidade de cumprimento dos compromissos
assumidos pelos municípios, no momento da assinatura do Termo de Adesão, bem como as
contrapartidas por parte das famílias beneficiárias do PBF.

O IGD é calculado a partir de quatro variáveis que representam, cada uma, 25% do seu valor
total. São elas:
• a qualidade e a integridade das informações constantes no Cadastro Único;
• a atualização da base de dados do Cadastro Único;
• as informações sobre o cumprimento das condicionalidades da área de Educação;
• as informações sobre o cumprimento das condicionalidades da área de Saúde.

Esses componentes foram priorizados para estimular que os municípios qualifiquem,


permanentemente, a base de dados do Cadastro Único e realizem os esforços para monitorar
o cumprimento das condicionalidades relacionadas às áreas de Saúde e Educação.

Veja que o referido índice faz referência não somente à validação dos cadastros familiares,
mas também à necessidade de mantê-los atualizado, tema já levantado em outros momentos
deste módulo. Assim, é fundamental entender o que é um cadastro atualizado.

O que é um cadastro atualizado?

O cadastro de uma família é considerado atualizado quando:


• É um cadastro válido, ou seja, todos os requisitos acima definidos foram atendidos;
• A
presentou alteração em, pelo menos, uma das informações sensíveis dentro de um prazo
não superior a 24 meses da data de sua inclusão ou última alteração; ou confirmação de
que não houve alteração destas informações mesmo tendo transcorrido este período;
• T
eve as informações relativas às características do domicílio (campos 211 a 225 do
formulário 1) atualizadas ou confirmadas.

122
MÓDULO 2 UNIDADE 3

As informações sensíveis são:


I. endereço domiciliar (campos 201 a 204, 206 e 207 do formulário de identificação do
domicílio e da família);
II. renda familiar (campos 247 a 251 do formulário de identificação da pessoa);
III. inclusão de membros na família;
IV. exclusão de membros na família;
V. mudança do Responsável pela Unidade Familiar;
VI. documentos de identificação do responsável legal - CPF ou Título de Eleitor (à exceção
dos casos previstos pelo MDS, referentes ao cadastramento diferenciado para famílias
quilombolas e indígenas);
VII. Código INEP (campo 241 do formulário de identificação da pessoa); e
VIII. Série (campo 239 do formulário de identificação da pessoa).

Uma nota
A discussão sobre condicionalidades e sobre o IGD será aprofundada no Módulo 3.
É importante observar que o IGD norteia a realização de transferências de recursos federais
para apoiar ações locais voltadas para diversos fins pertinentes, entre eles o aprimoramento
do processo de cadastramento.
Para receber os recursos financeiros do IGD, o Município deve cumprir três condições:
• ter aderido ao Programa Bolsa Família e Cadastro Único;
• ser habilitado na gestão da Assistência Social; e
• atingir pelo menos 0,4 no valor do IGD.

Quanto maior o valor do IGD, maior será o valor do recurso transferido para o
Município. A transferência é feita, mensalmente, pelo Fundo Nacional de Assistência
Social ao Fundo Municipal de Assistência Social.

No caso específico do CadÚnico, o cálculo do IGD leva em conta a qualidade do Cadastro, o


que é aferido por meio de dois indicadores:

1. Taxa de cobertura de cadastros: corresponde à razão entre o número de famílias


com cadastros válidos e a estimativa de famílias residentes, no Município, com “perfil
Cadastro Único” (renda familiar per capita mensal de até 1/2 salário mínimo ou renda
mensal total de até três salários).

2. Taxa de atualização de cadastros: corresponde à razão entre o número de famílias com


cadastros válidos que foram atualizados no período de 2 (dois) anos, a partir da data de
referência para o cálculo do IGD, e a estimativa de famílias do Município com “perfil
Cadastro Único”.

123
MÓDULO 2 UNIDADE 3

O IGD é atualizado, mensalmente, pela Secretaria Nacional de Renda de Cidadania


(SENARC) e os resultados são divulgados pela Internet, na página do MDS (www.mds.gov.
br). No próximo Módulo, você terá mais informações sobre este índice tão importante para
avaliar a gestão do Cadastro Único e do Bolsa Família em seu Município.

Vale destacar o MDS também possui uma política de transferência de recursos aos estados
para que eles possam dar suporte técnico e operacional aos municípios. Estes recursos,
quando repassados, são orientados por critérios diferentes daqueles utilizados para o repasse
aos municípios. Os resursos podem ser utilizados:
• em ações de capacitação;
• em apoio técnico aos municípios;
• em estratégias para ampliar o acesso das populações mais excluídas a documentos de
identificação; e
• em estratégias de cadastramento de povos e comunidades tradicionais.

Parabéns pela finalização da Unidade 3 do Módulo 2.


Você teve a oportunidade de conhecer a fundo o funcionamento do Cadastro Único e viu
a importância de planejar todas as etapas de um processo de cadastramento e de gestão do
banco de dados gerados pelas informações coletadas.
Você pôde, ainda, compreender como funcionam os aplicativos de gestão do CadÚnico e a
importância de manter os dados sempre atualizados.
No entanto, os benefícios advindos de um bom gerenciamento do CadÚnico não se limitam
aos ganhos na gestão de programas federais. O Cadastro Único pode ser um excelente aliado
para a gestão dos mais diversos problemas e potenciais do seu Município.
Isso é o que você verá na próxima Unidade.

Sucesso na próxima etapa de seu estudo!

124
MÓDULO 2 UNIDADE 4

Unidade 4 – A utilização do Cadastro Único como Ferramenta de


Planejamento e Gestão de Políticas Públicas
Você já sabe a importância do CadÚnico, conhece seu modelo de gestão compartilhada
e seu funcionamento.
Agora é hora de aprender como utilizar o Cadastro Único como ferramenta de planejamento
e gestão de políticas públicas.

Para início de conversa, fique sabendo:


Construir um Cadastro Único para Programas Sociais demanda um grande esforço do Go-
verno Federal, dos Estados e, sobretudo, dos Municípios e do Distrito Federal, que são os
protagonistas deste processo.

Saiba mais
O Cadastro Único pode:
• propiciar grandes ganhos de informações para a gestão municipal;
• permitir uma melhor gestão dos programas federais implementados no Município e
• ser utilizado como ferramenta para apoiar o Município na implementação de políticas e
programas locais.

O CADASTRO ÚNICO COMO INSTRUMENTO DE IDENTIFICAÇÃO DE


VULNERABILIDADES E DE POTENCIALIDADES DAS FAMÍLIAS

O Cadastro Único pretende contribuir, não apenas para contabilizar a pobreza no país, mas,
também, para conhecer o seu rosto e suas particularidades territoriais.

Os gestores de políticas públicas nas três esferas de governo devem estar atentos

O CadÚnico possibilita agregar informação e integrar as ações desenvolvidas por diversos


órgãos e entidades, em seus respectivos âmbitos de competência, constituindo aquilo que
chamamos de intersetorialidade.

É importante ressaltar
É comum pensar a gestão pública de forma compartimentada, como se fossem diversas áreas
que não conversam entre si e nem partilham responsabilidades. Isso pode gerar repetição de
esforços e fragmentação de informações.

125
MÓDULO 2 UNIDADE 4

Esclarecendo melhor
• Uma Secretaria Municipal de Indústria e Comércio pode, a partir do CadÚnico,
identificar recursos humanos potencialmente disponíveis para uma fábrica que
planeja se estabelecer no Município. Além disso, é possível identificar o número de
pessoas em idade economicamente ativa desempregadas e, de acordo com o nível de
escolaridade, planejar programas de formação profissional.
• Uma Secretaria de Habitação e/ou Obras pode obter, junto ao Cadastro Único,
valiosos dados sobre as condições dos domicílios ocupados pelas famílias mais
pobres. Informações sobre acesso à rede de água e esgoto, destinação do lixo
Para perceber produzido, material utilizado na construção do imóvel.
o potencial
do CadÚnico, • Uma Secretaria de Educação (estadual ou municipal), ao planejar estratégias para
é necessário ampliação da escolarização de jovens e adultos num território específico, pode,
compreender que por exemplo, identificar, no Cadastro Único, dados sobre tempo de escolaridade
a superação da por faixa etária. O CadÚnico pode ser um bom instrumento para a busca ativa
pobreza depende
de cidadãos para freqüentar cursos de alfabetização, inclusive com o endereço
da ação integrada
de instâncias de individual das famílias que têm pessoas com baixa escolaridade.
governos distintos. O
Cadastro Único tem a
capacidade de apoiar
diversas políticas e Uma observação
secretarias, porque
No caso dos Estados, também é possível utilizar informações do Cadastro Único para o
contém informações
que tratam de temas
planejamento de diferentes ações, sejam elas voltadas para famílias específicas, sejam elas
variados. voltadas para um Município ou uma região.

Um exemplo
Os Estados podem utilizar informações sobre escolaridade e sobre ocupação de jovens e
adultos, para planejar ações de qualificação profissional e de geração de trabalho e renda.
Podem, ainda, utilizar dados sobre concentração territorial de famílias com baixo acesso
à água, saneamento ou domicílios precários, para propor estratégias vinculadas a políticas
urbanas.

Guarde bem.
O Cadastro Único é:

Preciso Dinâmico Econômico

• Preciso
Enquanto a maior parte das fontes de informação apresenta apenas dados agregados
(por setores, distritos ou municípios), o CadÚnico traz informações sobre unidades
familiares, domicílios e até mesmo sobre indivíduos.

126
MÓDULO 2 UNIDADE 4

• Dinâmico
Enquanto a maior parte dos dados censitários do IBGE só é atualizada a cada dez anos,
a exigência de atualização permanente no Cadastro Único garante a possibilidade, a
qualquer tempo, de identificar, caracterizar e localizar os indivíduos e famílias. É um
processo dinâmico de gestão das informações, que transforma o CadÚnico numa
ferramenta de extrema importância para a formulação e gerenciamento das políticas
públicas.

• Econômico
O CadÚnico propicia a maior eficiência e eficácia do gasto público. A identificação
precisa dos beneficiários de uma determinada ação pública municipal evita que sejam
gastos recursos com famílias e pessoas fora do perfil recomendado para esta ação. Acaba,
ainda, com a necessidade de cada órgão realizar seu próprio cadastro, o que muitas vezes
consome recursos e esforços de maneira irracional.

Atenção
A própria utilização das informações do cadastro para identificação e seleção de famílias
como público de diferentes políticas voltadas para a superação da pobreza, termina por
induzir processos de integração entre estas políticas. Isto porque elas passam a atender
as mesmas famílias e indivíduos, tendo por base os mesmos dados cadastrais.

Importante
O Cadastro Único, quando efetivamente integrado à gestão municipal, pode trazer uma série
de benefícios para as políticas públicas locais. Entretanto, para que isto ocorra, é fundamental
que a gestão do CadÚnico seja marcada pela qualidade.

E quais os elementos que caracterizam essa qualidade?


• Ampla cobertura, que significa localizar todas as famílias em situação de pobreza
existentes no território.
• Informação qualificada, cabendo ao Município adotar as medidas necessárias para que os
dados coletados tenham o maior nível de veracidade possível, o que garantirá a conexão
entre os dados e a realidade econômica e social das famílias.
• Atualização cadastral permanente e contínua, pois uma base de dados desatualizada, em
qualquer dimensão, é uma base sem utilidade.
Conhecendo as possibilidades que o CadÚnico oferece, é fundamental que você identifique
os instrumentos pelos quais pode-se operacionalizar a extração dos dados e informações do
Cadastro.
Vale lembrar que, no item anterior, foram apresentados os procedimentos para converter a
base local em um arquivo (.txt) com o objetivo de permitir que os dados do CadÚnico sejam
facilmente utilizados.

127
MÓDULO 2 UNIDADE 4

OS RELATÓRIOS DISPONÍVEIS E SUAS POSSIBILIDADES DE UTILIZAÇÃO

A principal via para se obter as informações do CadÚnico, de modo sistematizado, é por


meio da extração de relatórios, que permitem a você selecionar e cruzar as variáveis de seu
interesse. Estes relatórios são extraídos no Aplicativo de Entrada e Manutenção dos Dados
do Cadastro Único e são exibidos na tela, podendo, ainda, ser impressos.

No aplicativo entrada e manutenção de dados do CadÚnico é oferecida a opção relatórios.

São exibidas, entre outras, as funções sintético e analítico.

A partir destas duas funções, é possível a extração destes dois tipos de relatório.

Relatório sintético

A partir da função sintético, você poderá gerar, imprimir e gravar um relatório com informa-
ções consolidadas referentes à quantidade de domicílios e pessoas cadastradas.
É uma importante ferramenta para ações relacionadas à manutenção e ao gerenciamento da
base de dados. Possibilita conhecer, por exemplo:
• o número de domicílios Ativos e Inativos acumulados e
• o número de pessoas com e sem documentação, considerando o sexo, a faixa etária e/ou
o enquadramento como pessoa com deficiência, mulher grávida ou amamentando.
Tais informações são vitais para um diagnóstico da própria base de dados, visto que a correta
gestão dos domicílios ativos e inativos e a adequada documentação das pessoas cadastradas
são fundamentais para assegurar a qualidade das informações contidas no Cadastro Único.

Atenção ao passo a passo

Para gerar o relatório sintético, faça assim:


• 1º passo - acesse o aplicativo de entrada e manutenção de dados do CadÚnico.
• 2º passo - selecione a sua prefeitura
• 3º passo - clique na opção relatórios e selecione a função sintético.
Será exibida a mensagem aguarde... Em seguida, é apresentada a tela com o relatório
posição de domicílios e pessoas cadastradas na base da Prefeitura.

As informações referem-se aos dados gravados no computador que foi definido como
servidor, no qual constam as informações de todas as famílias cadastradas.

O relatório analítico

A construção de um relatório analítico permite selecionar e combinar as diversas variáveis


registradas para os domicílios, famílias, pessoas e agricultores familiares incluídos no Cadastro
Único. A partir da seleção das variáveis desejadas, o relatório é gerado e apresentado.

Os relatórios analíticos são apresentados com o NIS de todas as pessoas residentes nos
domicílios que atendem aos critérios definidos para a extração. O nome da pessoa indícada
como responsável pela unidade domiciliar aparece em negrito, precedendo a listagem de
residentes.
128
MÓDULO 2 UNIDADE 4

Atenção ao passo a passo


Para gerar o relatório analítico, faça assim:
• 1º
passo – acesse o Aplicativo de Entrada e Manutenção de Dados do CadÚnico.
• 2º passo – clique na opção relatórios e selecione a função analítico. É exibida a tela
relatório analítico, com os campos para seleção de critérios.
Em seguida, você pode selecionar os Critérios de Geração do Relatório. A inclusão de
critérios não é obrigatória, mas é por meio delas que você poderá encontrar as pessoas
ou domicílios/famílias que se enquadram em um perfil específico. Siga os passos adiante
para selecionar os critérios que caracterizam o perfil desejado.
• 3º passo – selecione a opção de pesquisa domicílio ou pessoa.
-- Opção domicílio: possibilita localizar informações relativas ao formulário de
domicílio/família.
-- Opção pessoa: permite resgatar informações relativas aos formulários de pessoa e
de agricultor familiar.
• 4º passo – na tela relatório analítico, inclua os critérios de pesquisa nos campos
“campos”, “condições”, “valor” e “e/ou”.
• 5º passo – clique em campos adicionais. São exibidos na tela, no lado esquerdo, todos
os campos disponíveis de pessoa. Do lado direito constam os campos a serem exibidos
no Relatório Analítico.
• 6º passo – na lista disponíveis, clique no campo escolhido e no botão adicionar. Este
campo passará da lista de disponíveis (à esquerda) para a lista de exibidos no Relatório
Analítico (à direita). Caso queira retirar algum campo da lista de exibidos no Relatório
Analítico, clique no campo escolhido e no botão remover.
• 7º passo – na tela Relatório Analítico, clique no botão confirmar para exibição do
relatório desejado.
• 8º passo – na tela Relatório Analítico de Domicílios e Pessoas Cadastradas, clique
no ícone da impressora para imprimir. Caso você tenha solicitado a exibição de mais
campos do que o relatório comporta, será exibida a mensagem:
Não há espaço suficiente no relatório para exibir todos os campos selecionados.

Uma nota
• Consulte o Manual do Aplicativo de Entrada e Manutenção de Dados disponível no menu
“Ajuda” do aplicativo off-line e no sítio da Caixa (www.caixa.gov.br).
• Contate o serviço de apoio aos estados e municípios, disponibilizado pela CAIXA, no
telefone 0800 726 0104.

Atenção
A partir dos relatórios, é possível extrair informações de acordo com recortes específicos e
com o interesse do gestor.
A definição de critérios permite, por exemplo, que se escolha um recorte territorial, solicitando
as informações específicas de um bairro ou loteamento.
129
MÓDULO 2 UNIDADE 4

E mais...
Considerando a diversidade de campos disponíveis, você pode estabelecer outros recortes:
• de gênero;
• de situação de domicílio; e
• de múltiplas outras naturezas.

Fechando essa idéia

Os relatórios não são a única forma de se desenvolver diagnósticos a partir dos dados
disponíveis. Há ainda um índice, dentre outros possíveis de serem construídos,
que sintetiza o conjunto de informações do CadÚnico, visando constituir uma via
padronizada para analisar os dados relativos às famílias. Este índice, denominado Índice
de Desenvolvimento da Família, será apresentado a seguir.

OS DADOS DO CADASTRO ÚNICO E O ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA FAMÍLIA


(IDF)
O Índice de Desenvolvimento da Família, o IDF, foi desenvolvido por pesquisadores do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, com o objetivo de criar um índice sintético,
para medir o grau de desenvolvimento de uma família.

Calculado com base nos dados disponibilizados pelo Cadastro Único, não sendo restrito à
identificação da insuficiência de renda, traduz melhor as vulnerabilidades presentes em um
segmento específico da população ou em um determinado território.

O índice, de forma similar a outros que pretendem abordar a pobreza numa perspectiva
multidimensional varia entre 0 e 1 e, quanto melhores as condições da família, mais próximo
de 1 será o resultado. De forma inversa, quanto mais próximo de 0, maior é a vulnerabilidade
da família. A unidade de análise do índice é a família e não o indivíduo, mas os dados pessoais
contribuem para o cálculo do indicador familiar. Para contemplar as diversas dimensões da
pobreza e a forma como afeta o desenvolvimento das pessoas dentro de um núcleo familiar,
o IDF foi elaborado, considerando seis dimensões. É hora de conhecê-las:
• vulnerabilidade decorrente da composição familiar;
• acesso ao conhecimento;
• acesso ao trabalho;
• disponibilidade de recursos;
• desenvolvimento infantil; e
• condições habitacionais.

Essas dimensões são construídas a partir da média entre diversos indicadores, com base
nos dados do Cadastro Único. Essas seis dimensões estabelecidas são compostas por 22
componentes e 41 variáveis.
Conheça-os agora.
130
MÓDULO 2 UNIDADE 4

Vunerabilidade
Fecundidade
V1 Ausência de pelo menos uma gestante
V2 Ausência de pelo menos uma mãe amamentando
Atenção e cuidados especiais com crianças, adolescentes e jovens
V3 Ausência de pelo menos uma criança
V4 Ausência de pelo menos uma criança ou adolescente
V5 Ausência de pelo menos uma criança, adolescente ou jovem
Atenção e cuidados especiais com idosos e deficientes
V6 Ausência de pelo menos um portador de deficiência
V7 Ausência de pelo menos um idoso
Dependência econômica
V8 Presença de cônjuge
V9 Mais da metade dos membros encontra-se em idade ativa
Acesso ao conhecimento
Analfabetismo
C1 Ausência de pelo menos um adulto analfabeto
C2 Ausência de pelo menos um adulto analfabeto funcional
Escolaridade
C3 Presença de pelo menos um adulto com fundamental completo
C4 Presença de pelo menos um adulto com secundário completo
C5 Presença de pelo menos um adulto com alguma educação superior
Acesso ao trabalho
Disponibilidade de trabalho
T1 Mais da metade dos membros em idade ativa encontra-se ocupada
Qualidade do posto de trabalho
T2 Presença de pelo menos um ocupado no setor formal
T3 Presença de pelo menos um ocupado em atividade não agrícola
Remuneração
Presença de pelo menos um ocupado com rendimento superior a 1
T4
salário mínimo
Presença de pelo menos um ocupado com rendimento superior a 2
T5
salários mínimos
Disponibilidade de recursos
Extrema pobreza
R1 Despesa familiar per capita superior à linha de extrema pobreza
R2 Renda familiar per capita superior à linha de extrema pobreza
R3 Despesa com alimentos superior à linha de extrema pobreza
Pobreza
R4 Despesa familiar per capita superior à linha de pobreza
R5 Renda familiar per capita superior à linha de pobreza
Capacidade de geração de renda
R6 Maior parte da renda familiar não advém de transferências

131
MÓDULO 2 UNIDADE 4

Desenvolvimento infantil
Trabalho precoce
D1 Ausência de pelo menos uma criança de menos de 10 anos trabalhando
D2 Ausência de pelo menos uma criança de menos de 16 anos trabalhando
Acesso à escola
D3 Ausência de pelo menos uma criança de 0 a 6 anos fora da escola
D4 Ausência de pelo menos uma criança de 7 a 14 anos fora da escola
D5 Ausência de pelo menos uma criança de 7 a 17 anos fora da escola
Progresso escolar
Ausência de pelo menos uma criança com até 14 anos com mais de 2
D6
anos de atraso
D7 Ausência de pelo menos um adolescente de 10 a 14 anos analfabeto
D8 Ausência de pelo menos um jovem de 15 a 17 anos analfabeto
Condições habitacionais
Propriedade
H1 Domicílio próprio
H2 Domicílio próprio, cedido ou invadido
Déficit habitacional
H3 Densidade de até 2 moradores por dormitório
Abrigabilidade
H4 Material de construção permanente
Acesso a abastecimento de água
H5 Acesso adequado a água
Acesso a saneamento
H6 Esgotamento sanitário adequado
Acesso a coleta de lixo
H7 Lixo é coletado
Acesso a energia elétrica
H8 Acesso a eletricidade
No cálculo do IDF, todas as dimensões mais básicas das condições de vida de uma família,
com exceção das condições de saúde e sobrevivência, podem ser avaliadas com base em
informações coletadas pelo Cadastro Único.

Cada uma dessas dimensões considera o acesso aos meios necessários para as famílias
satisfazerem suas necessidades.

Você conhece os conceitos adotados para as dimensões do IDF ?


São eles:
• Vulnerabilidade decorrente da composição familiar
Esta dimensão parte da perspectiva de que a existência de membros não-remunerados ou em
situação de maior fragilidade em uma família aumenta o risco social a que está submetida,
tornando-a mais vulnerável. Assim, a presença de gestantes, crianças, adolescentes, jovens e
idosos representa um aumento da vulnerabilidade, na medida em que se fazem necessários
maiores recursos para a satisfação das necessidades básicas da família.
132
MÓDULO 2 UNIDADE 4

• Acesso ao conhecimento
Representa um dos principais meios que uma família dispõe para criar mecanismos de
satisfação de suas necessidades. O conhecimento facilita o acesso a recursos financeiros
por meio do mercado de trabalho, e a recursos não financeiros, como os serviços públicos,
por exemplo.
• Acesso ao trabalho
A dimensão de acesso ao trabalho ajuda a avaliar se uma pessoa está, efetivamente,
utilizando sua capacidade produtiva, propiciada, entre outros fatores, pelo seu
conhecimento. Considera a inserção efetiva no mercado de trabalho levando em conta a
qualidade das atividades exercidas e sua remuneração.

• Disponibilidade de recursos
A dimensão disponibilidade de recursos considera que parte das necessidades básicas
de uma família pode ser satisfeita por meio de bens e serviços que ela adquire. A renda
constitui fator determinante para o acesso a esses bens. O grau de “sustentabilidade”
destes recursos, também, deve ser considerado, avaliando se a renda é obtida por meio do
mercado de trabalho ou de programas de transferência. Vale lembrar que, na definição
unidimensional adotada pela “linha de pobreza”, somente esta dimensão é considerada
para a determinação do nível de “vulnerabilidade” da família.
• Desenvolvimento infantil
A garantia de oportunidades para o pleno desenvolvimento das capacidades e
potencialidades de cada criança deve ser uma das principais, senão a principal tarefa de
uma sociedade. O acesso a oportunidades para o pleno desenvolvimento das capacidades/
potencialidades das crianças representa, também, o principal elemento para que as
gerações futuras possam superar a condição de pobreza vivida por seus pais.
• Condições habitacionais
Visto que as informações, tanto da PNAD quanto do CadÚnico não permitem a
mensuração direta de variáveis relacionadas à saúde dos membros da família, esta
dimensão pode ser medida, indiretamente, por meio das variáveis habitacionais.

Concluindo...
O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), entendendo a
importância da utilização dos dados do Cadastro Único como ferramenta de planejamento
e monitoramento das políticas sociais, já iniciou um projeto-piloto com estados e municípios
parceiros, visando padronizar e aperfeiçoar a utilização do Índice de Desenvolvimento da
Família (IDF).
Está sendo desenvolvida uma ferramenta web que permitirá gerar relatórios a partir dos
dados do CadÚnico e trabalar com o conjunto de indicadores sociais que integram o Índice
de Desenvolvimento da Família – IDF.
Depois de validado, o IDF e a referida ferramenta serão disponibilizadas para o conjunto
dos municípios e estados brasileiros, sendo mais uma alternativa para apoiar a gestão local
de políticas públicas. Contudo, existem outras maneiras do Cadastro Único apoiar a gestão
municipal.
133
MÓDULO 2 UNIDADE 4

A UTILIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES CADASTRAIS

Como podem ser utilizadas as informações cadastrais?


Um dos maiores objetivos da SENARC/MDS é estimular a utilização dos dados cadastrais por
diversos programas sociais municipais, estaduais e federais, nas áreas de Educação, Saúde,
Trabalho e Assistência Social, entre outras. Todas as secretarias e órgãos ligados a estes temas
podem se valer das informações contidas no CadÚnico para identificar e localizar o público-
alvo de suas ações.
Conforme já estudado, o Aplicativo de Entrada e Manutenção dos Dados do Cadastro
Único permite a geração de diversos relatórios analíticos, que podem ser utilizados para essa
finalidade.

Os municípios que possuem outros cadastros também podem obter a integração


entre estes e o CadÚnico?
• Sim!
É muito comum, por exemplo, a existência de cadastros de imóveis nas prefeituras que,
mediante um esforço de padronização e compatibilização dos logradouros, podem ser
integrados ao CadÚnico, conjungando as informações físico-territoriais do cadastro de
imóveis com os dados socioeconômicos do Cadastro Único.
Em muitos municípios, o CadÚnico pode ser integrado aos cadastros utilizados no processo
de licenciamento de:
• ambulantes;
• camelôs; e
• autônomos.

Além das Tais cadastros podem ser integrados ao CadÚnico de forma a acompanhar o desenvolvimento
perspectivas diretas destes empreendedores e o impacto de seus negócios na melhoria das condições de vida de
de integração com suas famílias. Neste sentido, pode-se, ainda, pensar em associar o CadÚnico aos programas
outras bases de
locais de microcrédito. As informações do cadastro podem direcionar melhor o público-alvo
dados municipais e
estaduais, é possível dos empréstimos e reduzir o risco das operações de crédito.
o intercâmbio de
informações entre
Fique sabendo
a base de dados
nacional do CadÚnico A elaboração dos Planos Diretores de Desenvolvimento Urbano também pode ser
e outras bases de amplamente beneficiada com as informações do Cadastro Único, que permite identificar
dados, administradas e qualificar as áreas urbanas de concentração da pobreza. Assim, o CadÚnico pode ajudar
tanto por instituições
públicas quanto por
na tomada de decisão em processos participativos de definição do orçamento municipal,
instituições privadas. uma vez que facilita a identificação das principais carências de cada localidade.

As ações de Assistência Social locais são, possivelmente, as mais beneficiadas pela


utilização do CadÚnico, permitindo o acompanhamento das famílias

A utilização do CadÚnico e do IDF permitirá ao Município avaliar o desenvolvimento de


suas famílias mais vulneráveis, em comparação com informações regionais e nacionais, o que
é possível a partir da padronização do Cadastro e do IDF.
134
MÓDULO 2 UNIDADE 4

Fique atento
Para realizar este intercâmbio, estados e municípios deverão ter, como padrão mínimo de
registro de informações, o nome completo da pessoa cadastrada e, preferencialmente, sua
inscrição no Cadastro de Pessoa Física (CPF) ou Título de Eleitor.

Também devem ser utilizadas as seguintes informações:


• data e unidade da federação de nascimento; e
• nome completo da mãe.

O CadÚnico, além das possibilidades de apoio nas ações geridas unicamente pelo Município,
é fundamental para a gestão municipal de diversos programas do Governo Federal que são
implementados localmente. É por meio dele, por exemplo, que são identificados e selecionados
beneficiários.

Em destaque alguns programas do Governo Federal

• Programa
Bolsa Família
Gerido pela Secretaria Nacional de Renda de Cidadania do Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome, é uma iniciativa de transferência direta de renda a famílias pobres,
vinculada a condicionalidades de Saúde e Educação. O PBF unificou os programas Bolsa
Escola, Bolsa Alimentação, Cartão Alimentação e Auxílio Gás e faz parte do conjunto de
ações do Fome Zero.

• Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI


Gerido pela Secretaria Nacional de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome, é um programa de transferência direta de renda do Governo
Federal para as famílias com crianças e/ou adolescentes envolvidos em situações de trabalho
infantil. O governo repassa, ainda, recursos para que os municípios implementem ações
socioeducativas (jornada ampliada), que envolvem, entre outras atividades, recreação,
esportes e reforço escolar para as crianças e adolescentes, no turno complementar.
Desde o ano de 2005, o MDS vem somando esforços para promover a integração entre o PBF
e o PETI com os seguintes objetivos:
• ampliar:
-- o acesso das famílias com crianças ou adolescentes em situação de trabalho infantil
aos benefícios da transferência de renda;
-- as ações socioeducativas e de convivência, também chamadas de jornada ampliada,
para essas crianças ou adolescentes;
• fortalecer o acompanhamento da freqüência à escola e aos serviços de saúde dessas
crianças e jovens;
• regularizar e facilitar o pagamento das bolsas às famílias beneficiárias, por meio do uso
do cartão magnético;
• racionalizar a gestão dos dois programas.
Os dois programas permanecerão existindo, separadamente, com suas características e
unidades de gestão próprias. É por isto que dizemos que foram integrados e não unificados,
embora passem por algumas mudanças, em suas formas de atuação e responsabilidades.
135
MÓDULO 2 UNIDADE 4

• Tarifa Social de Energia Elétrica


É um benefício assegurado pelo Governo Federal que garante o subsídio de parte da conta
de energia elétrica das famílias, cujo consumo mensal seja de até 220 kWh. Para aquelas
famílias que tenham consumo entre 80 kWh e 220 kWh é necessário que estejam inscritas no
cadúnico com o perfil elegível ao PBF.

• Agente Jovem de Desenvolvimento


É um programa de assistência social destinado a jovens entre 15 e 17 anos, visando ao seu
desenvolvimento pessoal, social e comunitário. Proporciona capacitação teórica e prática,
por meio de atividades que não configuram trabalho, mas que possibilitam a permanência do
jovem no sistema de ensino. Possibilita o fortalecimento dos vínculos familiares e comuni-
tários, preparando-o para sua inserção no mundo do trabalho. O MDS concede diretamente
ao jovem uma bolsa, durante o período em que ele estiver inserido no programa e atuando
em sua comunidade.

O FORNECIMENTO DOS DADOS CADASTRAIS PARA OUTROS ÓRGÃOS - REGRAS E


LIMITES

Regras e limites quanto ao fornecimento dos dados cadastrais para outros órgãos
Como você viu,
a riqueza de Os dados de identificação das famílias do Cadastro Único para programas sociais são sigilosos.
informações contida As famílias cadastradas têm direito à privacidade, o que implica a proibição da utilização
no CadÚnico pode destas informações com o objetivo de contatar as famílias para quaisquer outros fins que não
apoiar a gestão do aqueles estabelecidos pelo art. 8º do Decreto nº 6.135 de 2007. No caso do Programa Bolsa
seu Município de Família, por exemplo, que utiliza informações do Cadastro Único, a informação pública é a
diversas formas.
relação de beneficiários, que está disponível na internet, mas não o endereço destas famílias.
Contudo, é necessário
que existam algumas
regras, para que
A autorização fica dispensada nos seguintes casos:
estes dados tão • disponibilização dos dados a órgãos do Poder Executivo, para fins de inclusão das famílias
valiosos não sejam em outras políticas públicas;
utilizados para fins
incompatíveis com • estudos e pesquisas restritos a determinado Estado ou Município, para os quais vale a
o compromisso do autorização do órgão local responsável pelo Cadastro Único, na área de abrangência em
Governo Federal de que serão realizados e
reduzir a pobreza e as
desigualdades sociais. • ações de fiscalização e auditoria realizadas por órgãos públicos.

Uma última informação


Os gestores estaduais e municipais do Programa Bolsa família e do Cadastro Único e as
instâncias de controle social também têm acesso às informações do Cadastro, sendo por elas
responsáveis.

136
MÓDULO 2 UNIDADE 4

Você finalizou o Módulo 2 e pôde conhecer o Cadastro Único de


Programas Sociais
É importante que tenha ficado claro o grande potencial que tem esta ferramenta, tanto para
a implementação adequada dos programas federais quanto para a gestão de ações sociais
em seu Estado ou Município. No entanto, para que este potencial traga ganhos efetivos à
gestão municipal, é necessária uma correta identificação do público-alvo, o cumprimento das
responsabilidades atribuídas a cada ente federado e um gerenciamento eficaz e dinâmico do
cadastramento, sempre preocupado com a qualidade e atualidade dos dados.
Observando estes cuidados, você terá sempre um Cadastro Único pronto para cumprir com
perfeição a sua tarefa de subsidiar, com informações qualificadas, os programas de combate à
pobreza. Um deles é o Programa Bolsa Família, que vem contribuindo para o desenvolvimento
de milhões de famílias brasileiras e que é o objeto de estudo do Módulo 3.

Parabéns! Sucesso na próxima


etapa!

137
MÓDULO 3 UNIDADE 1

Gestão e Implementação do
Programa Bolsa Família

Unidade 1 – Bolsa Família e suas Dimensões

Unidade 2 – Responsabilidades Compartilhadas do PBF

Unidade 3 – Concessão, Gestão e Pagamento de Benefícios

Unidade 4 – Gestão de Condicionalidades

Unidade 5 – Apoio à Gestão Compartilhada do PBF

Unidade 6 – O Controle Social no PBF

Unidade 7 – Fiscalização

138
MÓDULO 3 UNIDADE 1

MÓDULO 3 – Gestão e Implementação do Programa Bolsa


Família

Ementa
Unidade 1 – O PBF e suas Dimensões
• O que é o PBF
• Quanto uma família pode receber?
• O que uma família deve fazer para permanecer no Programa?

Unidade 2 – A Gestão compartilhada do PBF


• As responsabilidades dos entes federados
• A adesão como instrumento que formaliza a gestão compartilhada
• A atualização das informações da adesão
• Pactuação

Unidade 3 – Concessão, Gestão e Pagamento de Benefícios


• Concessão de benefícios
• Gestão de benefícios
-- A gestão de benefícios do PBF
-- Definição da gestão de benefícios do PBF
-- CadÚnico e a gestão de benefícios do PBF
-- Conceitos importantes: benefício, parcela e cartão
• Atividades de gestão de benefícios do PBF
-- Aplicação e efeitos das atividades de gestão de benefícios do PBF
-- Bloqueio de benefícios
-- Desbloqueio de benefícios
-- Cancelamento de benefícios
-- Reversão de cancelamento de benefícios
-- Suspensão e reversão de suspensão de benefícios
-- Cancelamento e concessão/reversão do benefício básico
-- Cancelamento e concessão/reversão do benefício variável
• Operacionalização da gestão de benefícios
-- A descentralização da gestão de benefícios do PBF
-- Fluxograma da operacionalização da gestão de benefícios
-- Operacionalização das atividades de gestão de benefícios nos municípios

139
MÓDULO 3 UNIDADE 1

• Operacionalização das atividades de gestão de benefícios por meio do SGB


• Operacionalização das atividades de gestão de benefícios por meio da repercussão de
alteração cadastral
-- A rotina de repercussão automática de alterações cadastrais
-- Fluxograma do processamento da repercussão de alteração cadastral no SGB
• Substituição de responsável legal
• Mudança de Município
-- Integração entre o PBF e o PETI
-- Desenho da integração entre o PBF e o PETI

Unidade 4 – Gestão de condicionalidades:


• O que são as condicionalidades?
• Compromisso das famílias
• Compromissos e responsabilidades do Governo Federal, Estadual e Municipal
• O dia-a-dia da gestão municipal de acompanhamento de condicionalidades
• O acompanhamento na saúde e na educação
• Descumprimento das condicionalidades pela família
• Como evitar novos descumprimentos

Uniade 5 – Apoio à gestão descentralizada do PBF


• Repasse de recursos financeiros
• O que é o IGD?
• O que compõe e quais são as regras do IGD?
• Em que utilizar os recursos do IGD?
• O apoio financeiro aos Estados

Unidade 6 – Controle social no PBF


• A idéia do controle social
• Criação e Composição das ICS
• Competências das ICS do PBF
• Articulações com outros conselhos

140
MÓDULO 3 UNIDADE 1

Unidade 7 – Fiscalização
• O que é fiscalização?
• Objetivo da fiscalização
• Sanções: aos beneficiários e aos agentes públicos
• Rede pública de fiscalização
• Responsabilidades dos órgãos da rede pública de fiscalização
• Canais de recebimento de denúncias

141
MÓDULO 3 UNIDADE 1

Unidade 1 – O Programa Bolsa Família e suas Dimensões

Começo de conversa
Aqui você vai ler sobre o que você, Técnico do Programa Bolsa Família e da Assistência Social,
precisa saber sobre o Programa Bolsa Família para orientar sua atividade profissional.

O QUE É O PBF?

O Programa Bolsa Família - PBF é um programa de transferência direta de renda para


as famílias pobres e extremamente pobres, com condicionalidades, assunto sobre o qual
nos aprofundaremos mais à frente.

Veja só outro aspecto importante trazido pelo PBF


O Programa Bolsa Família – PBF unificou antigos programas de transferência de renda do
Governo Federal, chamados de Programas Remanescentes.

Programas remanescentes são:


• Bolsa Escola, instituído pela Lei nº 10.219, de 11/04/01;
• Bolsa Alimentação, instituído pela MP nº 2.206, de 06/09/01;
• Auxílio Gás, instituído pelo Decreto nº 4.102, de 24/01/02; e
• Cartão Alimentação, instituído pela Lei nº 10.689, de 13/06/03.

A unificação desses programas proporcionou uma maior racionalidade e eficiência política


de enfrentamento da pobreza porque reduziu os custos gerenciais e as duplicidades de
pagamento, possibilitando melhorias significativas na gestão.

E tem mais...
Com o PBF, as famílias tiveram aumento no valor do benefício e todos os seus membros
passaram a ser apoiados de forma integral.

Por quê?

Porque o programa é voltado para toda a família!


Depois dessas informações iniciais, é hora de caminhar no seu estudo.

142
MÓDULO 3 UNIDADE 1

Primeiro passo:
• Conhecer os objetivos do Programa Bolsa Família – PBF.

São eles:
• Promover o acesso à rede de serviços públicos, em especial, de saúde, educação e
assistência social;
• Promover a intersetorialidade, a complementaridade e a sinergia das ações sociais do
Poder Público;
• Combater a fome e promover a segurança alimentar e nutricional;
• Estimular a emancipação sustentada das famílias que vivem em situação de pobreza e
extrema pobreza; e
• Combater a pobreza.
Para atingir esses objetivos, o Programa Bolsa Família se baseia na articulação de três
dimensões.

Conheça as 3 dimensões do PBF


• Alívio imediato da pobreza

O Programa procura apoiar as famílias mais pobres e, dentre outros, garantir o direito à
alimentação, por meio da transferência direta de renda, sem intermediação de qualquer
natureza.

• Contribuição para a redução da pobreza para a geração seguinte

Refere-se às condicionalidades, que devem ser entendidas como um contrato entre as famílias
e o Poder Público. Ao mesmo tempo em que devem ser cumpridas pelo núcleo familiar para
que possam receber o benefício mensal, este reforço no cumprimento das condicionalidades,
nas áreas de educação e saúde, fortalece o acesso aos direitos sociais básicos para as famílias
que recebem o benefício financeiro.

Por meio delas, o Programa contribui para que as famílias possam romper o ciclo de pobreza,
que marca uma família por gerações.

• Articulação com os Programas Complementares

É o desenvolvimento das capacidades das famílias, por meio da articulação com os Programas
Complementares. A situação de pobreza e desigualdade que atinge um grande contingente
da população brasileira tem causas complexas e não pode ser solucionada apenas pelo
recebimento de benefícios financeiros. Para que os propósitos do PBF sejam realizados, em
especial o estímulo à emancipação sustentada das famílias que vivem em situação de pobreza
e extrema pobreza, é necessária “a articulação entre o Programa (Bolsa Família) e as políticas
públicas sociais de iniciativa dos governos federal, estadual, do Distrito Federal e municipal”,
conforme indica o art. 5º da Lei nº 10.836/2004.

143
MÓDULO 3 UNIDADE 1

O acesso a esses programas complementares requer, necessariamente, articulação


intersetorial.
É a articulação com estas políticas que permitirá o desenvolvimento de capacidades das
famílias ou o atendimento de vulnerabilidades específicas.
O acesso a esses “programas complementares” (termo utilizado no art. 2º do Decreto
nº 5.209/2004), por parte das famílias beneficiárias do Bolsa Família, requer, além de
articulação intersetorial, a coordenação e a integração entre políticas de superação da pobreza
e políticas de promoção social.

Portanto...
Como os programas ou ações complementares não estão “dentro” do Bolsa Família, não
são componentes estritos do Programa, é importante a articulação do PBF com iniciativas
desenvolvidas por diferentes esferas de governo e mesmo por entidades da sociedade, nas
áreas de aumento de escolaridade, como:
A organização
de Programas • a alfabetização de adultos;
Complementares
deve levar em conta o • capacitação profissional; e
perfil de cada família
• apoio à realização de atividades produtivas e de geração de trabalho e renda, dentre
e as ofertas de ações
e serviços existentes
outras.
em cada local, uma
vez que as demandas Um recado
e potencialidades
são bastante
diferenciadas.
Dada a importância desta terceira dimensão do PBF, já abordada no Módulo 1, ela é
objeto de um módulo específico dessa capacitação, o Módulo 6.

Abordando um novo assunto: as responsabilidades compartilhadas!

O grande desafio é...


A responsabilidade das três esferas de governo no combate à pobreza e à desigualdade.

São compromissos de todas as esferas de governo:

• No art. 3º da Constituição Federal, são definidos os princípios fundamentais da República


Federativa do Brasil, dentre eles o de erradicação da pobreza e da marginalização e a
redução das desigualdades sociais e regionais.
• O art. 23 da Constituição Federal de 1988 define as funções comuns das três esferas de
governo.
• O art. 23 estabelece também que: “É competência comum da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios: (...)
X – combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a
integração social dos setores desfavorecidos”.

144
MÓDULO 3 UNIDADE 1

Você sabia?
Que a execução e a gestão do Programa Bolsa Família são públicas e governamentais?

Confira!

A lei de criação do Bolsa Família, em seu art. 8º, estabelece o seguinte:


“A execução e a gestão do Programa Bolsa Família são públicas e governamentais e dar-se-
ão de forma descentralizada, por meio da conjugação de esforços entre os entes federados,
observada a intersetorialidade, a participação comunitária e o controle social.”

Fique sabendo

O que é feito para se


cumprir esses preceitos
O PBF desenvolveu os constitucionais e legais?
instrumentos de adesão e
pactuação que, assinados
de forma voluntária
pelos municípios e
estados, estabelecem
responsabilidades entre
entes federados no
âmbito do programa.

Quem pode receber o benefício?


A Lei nº 10.836/2004, que criou o Bolsa Família, estabelece parâmetros de renda e de
composição familiar, como critério de elegibilidade para as famílias cadastradas no
CadÚnico serem habilitadas a fazer parte do PBF. Deve ser lembrado que a inclusão
das famílias no Programa leva em consideração a estimativa de famílias pobres em
cada Município brasileiro e os processos de migração de beneficiários atendidos pelos
Programas Remanescentes.

145
MÓDULO 3 UNIDADE 1

Sintetizando...

• Famílias com renda mensal de até R$ 60,00 por pessoa - esse valor caracteriza uma
família em situação de pobreza extrema.
• Famílias com renda mensal de R$ 60,01 a R$ 120,00 por pessoa e que tenham crianças
de zero a 15 anos de idade, jovens de 16 e 17 anos e gestantes - essa faixa de renda
caracteriza uma família em situação de pobreza.

Fique atento!
Os valores da renda familiar mensal per capita foram atualizados pelo Decreto nº 5.749 de
2006.

Um recado:
Consulte a Lei nº 10.836, art. 2º e reveja o conceito de família.

E QUANTO UMA FAMÍLIA PODE RECEBER?

Acompanhe o diálogo e fique sabendo quanto uma família pode receber:

Gostaria de saber se minha família


tem direito ao benefício básico de
R$ 62,00. Nossa família tem uma As famílias que têm direito ao
renda per capita de R$ 80,00. benefício básico, no valor de R$
62,00, são aquelas que ganham até
R$ 60,00 per capita.
São famílias que vivem em situa-
ção de extrema pobreza. Logo não
é o seu caso.

146
MÓDULO 3 UNIDADE 1

Mas, pode ser que você tenha direito


a outro benefício. Vamos ver: as famí-
lias que ganham de R$ 60,01 até R$
120,00, ou seja, que vivem em situa-
ção de pobreza, e tenham crianças de
zero a 15 anos, jovens de 16 e 17 anos
e gestante terão direito a receber o be-
nefício variável ou o BVJ - Benefício
Variável Jovem, seria o seu caso?

Muito bem! Então, você tem direito a


receber um benefício variável. É bom
esclarecer que as famílias com este perfil
só poderão receber o valor referente a, no
máximo, três benefícios variáveis e dois
BVJ, ou seja, R$ 120,00. Isso significa que
sua família poderá receber R$ 20,00, pois
Sim, tenho, sim, um filho vocês só têm um filho com idade até 15
com 10 anos.. anos. Ficou claro?

147
MÓDULO 3 UNIDADE 1

É importante, ainda, lembrar que:


Apesar de receber o limite de até três benefícios variáveis, todos os membros da família,
parentes ou não, devem estar inscritos no Cadastro Único.

Para fechar essa idéia...


Os benefícios do Bolsa Família são de três tipos: básico, variável e variável vinculado ao
jovem, de acordo com a renda familiar. Cada família recebe entre R$ 20,00 e R$ 182,00 por
mês, dependendo da sua situação socioeconômica e do número de crianças e adolescentes
até 17 anos e gestantes.

Com a criação do BVJ, o Programa Bolsa Família passa a ter três modalidades de benefícios:
• O Benefício Básico de R$ 62,00, pago às famílias com renda per capita de até R$ 60,00 por
mês, independente da composição familiar;
• O Benefício Variável de R$ 20,00, pago às famílias com renda per capita de até R$ 120,00
por mês e que tenham crianças ou adolescentes de até 15 anos. Cada família pode receber
até três benefícios variáveis, ou seja, até R$ 60,00;
• O Benefício Variável Jovem (BVJ) de R$ 30,00, pago às famílias do PBF que tenham
adolescentes de 16 e 17 anos matriculados na escola. Cada família pode receber até dois
benefícios variáveis jovem, ou seja, até R$ 60,00.

Exemplos são sempre bem-vindos


Observe esta outra situação.

Uma família tem renda per capita de R$ 55,00 reais por mês, formada por pai, mãe e
dois filhos menores de 15 anos e um filho com 16 anos. Esta família receberá:
o benefício básico + dois benefícios variáveis + um BVJ.
Ou seja, R$ 62,00 + R$ 40,00 + R$ 30,00.
A família receberá um total de R$ 132,00.

O exemplo anterior mostra que, para o recebimento do Bolsa Família, existe uma análise
feita a partir de critérios de renda e de composição familiar, que são os chamados critérios
de elegibilidade.

Para entender melhor:


Consulte a tabela e visualize os valores dos benefícios, de acordo com os critérios de
elegibilidade.

148
MÓDULO 3 UNIDADE 1

Famílias sem adolescente de 16 ou 17 anos:

Composição familiar com


Renda Mensal Valor do
membros de:
per capita 0 a 15 anos 16 e 17 anos benefício

1 membro nenhum R$ 20,00


De R$ 60,00 a
2 membros nenhum R$ 40,00
R$ 120,00
3 ou + membros nenhum R$ 60,00
Sem ocorrência nenhum R$ 62,00
1 membro nenhum R$ 82,00
Até R$ 60,00
2 membros nenhum R$ 102,00
3 ou + membros nenhum R$ 122,00

Famílias com um adolescente de 16 ou 17 anos:

Composição familiar com


Renda Mensal Valor do
membros de:
per capita 0 a 15 anos 16 e 17 anos benefício

1 membro 1 membro R$ 50,00


De R$ 60,00 a
2 membros 1 membro R$ 70,00
R$ 120,00
3 ou + membros 1 membro R$ 90,00
Sem ocorrência 1 membro R$ 92,00
1 membro 1 membro R$ 122,00
Até R$ 60,00
2 membros 1 membro R$ 132,00
3 ou + membros 1 membro R$ 152,00

Famílias com dois ou mais adolescentes de 16 e 17 anos:

Composição familiar com


Renda Mensal Valor do
membros de:
per capita 0 a 15 anos 16 e 17 anos benefício

1 membro 2 ou + membros R$ 80,00


De R$ 60,00 a
2 membros 2 ou + membros R$ 100,00
R$ 120,00
3 ou + membros 2 ou + membros R$ 120,00
Sem ocorrência 2 ou + membros R$ 122,00
1 membro 2 ou + membros R$ 142,00
Até R$ 60,00
2 membros 2 ou + membros R$ 162,00
3 ou + membros 2 ou + membros R$ 182,00

149
MÓDULO 3 UNIDADE 1

O QUE UMA FAMÍLIA DEVE FAZER PARA PERMANECER NO PROGRAMA


Acompanhe esta situação.

Uma informação importante!


A família deve, portanto, manter atualizados estes dados (renda e composição familiar), para
que seja possível a sua permanência no PBF.

Analise mais esta situação.


A minha tia quer receber
o benefício do PBF. Bom, o primeiro passo para que uma
Como deve proceder? família possa ser incluída no PBF é
se cadastrar no Cadastro Único para
Programas Sociais do Governo Federal,
junto ao setor responsável de sua cidade.

Isto a sua tia já fez, ótimo!! Mas é importante


lembrar que o fato da família estar cadastrada
não garante que esta família receba o
benefício, já que para recebê-lo, ela tem
Isso a minha tia já fez. E
que se enquadrar, também, nos critérios de
o que mais? Como deve
elegibilidade do Programa Bolsa Família.
proceder?
Será que a família contempla os parâmetros
de renda e composição familiar que
constituem os chamados critérios de
elegibilidade do PBF?

150
MÓDULO 3 UNIDADE 1

Uma família composta por duas pessoas, porém sem filhos, tem na renda familiar ½ salário
mínimo. Ela poderá se cadastrar, porém não poderá receber o benefício do PBF, pois a renda
per capita é maior que R$ 60,00 e na composição familiar não há filhos.

Concluindo...
Uma família pode estar no CadÚnico, mas não ser elegível para o PBF.
Por outro lado, as famílias quando ingressam no PBF, assumem alguns compromissos
referentes à educação e à saúde. Estes compromissos significam cuidados para com crianças,
adolescentes, grávidas e da família.

Assim...
Para a permanência da família no programa é necessário que ela cumpra todas as
condicionalidades, isto é, que ela esteja em dia com os compromissos assumidos com o
Programa.

Uma dica
Os compromissos das famílias com o Programa estão descritos na Agenda de Compromissos
da Família, disponibilizada no site do MDS. Visite o site www.mds.gov.br e fique conhecendo
melhor.

Parabéns, você venceu uma etapa do seu estudo, continue com


entusiasmo!
Pronto para prosseguir?

Mantenha seu ritmo de estudo.

151
MÓDULO 3 UNIDADE 2

Unidade 2 – A Gestão Compartilhada do PBF

AS RESPONSABILIDADES DOS ENTES FEDERADOS

Você está iniciando o estudo de mais uma unidade do Módulo 3: Gestão do Programa
Bolsa Família
Aqui, você vai conhecer como é feita a adesão dos municípios e dos estados ao PBF, como
atualizar as informações sobre a adesão e, finalmente, a pactuação como integração de ações
de transferência de renda.

Dê o 1º passo, lembrando o que a Constituição Federal de 1988, no art.23, inc. III,


estabelece

A Constituição Federal de 1988, no art. 23, inc. III, estabelece, como um dos objetivos
da República Federativa do Brasil, o compromisso com a erradicação da pobreza e da
marginalização, assim como a redução das desigualdades sociais e regionais.
O texto constitucional estabelece, ainda, como competência comum da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios o combate às causas da pobreza e aos fatores de marginalização,
promovendo a integração social dos setores desfavorecidos (CF/88, art. 23, inc. X).

Unir esforços das três esferas de governo é preciso...


Para o tratamento adequado dos problemas derivados das grandes desigualdades sociais
e regionais e da pobreza existente no país, é necessário unir esforços das três esferas de
governo.

É nesse contexto que o PBF se insere


Como estratégia de combate à pobreza e de promoção social das famílias, o Bolsa Família
tem o desafio de articular diversos agentes políticos, para que assumam responsabilidades
compartilhadas no âmbito do Programa.

Fique atento!
Princípios relacionados com compartilhamento de responsabilidades: intersetorialidade e
gestão também compartilhada.

Para ficar mais claro, acompanhe a ilustração:

CF/88 Competências
Comuns

Responsabilidades
Compartilhadas
Intersetorialidade Gestão Compartilhada

152
MÓDULO 3 UNIDADE 2

A Intersetorialidade nos diz sobre a necessidade de se articular diversas áreas que tenham
interface com o Bolsa Família, no âmbito de cada uma das três esferas da Administração
Pública.

Exemplos:
Saúde, Educação, Assistência Social, Trabalho.

Articular os diversos agentes públicos e sociais em torno de uma prioridade de governo


e sobretudo de um imperativo ético: a erradicação da fome e da exclusão social no
Brasil.

O fluxograma a seguir mostra o princípio Intersetorialidade:

Educação Saúde

Trabalho e renda Outro


Intersetorialidade

Assistência social Segurança alimentar

Um recado
As estratégias para o fortalecimento da gestão compartilhada serão abordadas com mais
detalhes na Unidade 5.
Os instrumentos de compartilhamento de responsabilidades utilizados pelo PBF são os
mecanismos de adesão e pactuação.

A ADESÃO DOS MUNICÍPIOS E DOS ESTADOS AO PBF


Revendo o que ficou para trás...

Veja se você lembra? Você estudou este assunto lá na Unidade 1.


A adesão é o processo em que há, de forma voluntária, formalização de relações e
responsabilidades compartilhadas entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios para a
implementação, gestão, controle social e fiscalização do PBF e do Cadastro Único.

Fique bem informado


No caso dos municípios, 5.560 deles (de um total de 5.564), ou seja, 99,93% assinaram o
Termo de Adesão, em seguida publicado no Diário Oficial da União, conforme o quadro a
seguir.
153
MÓDULO 3 UNIDADE 2

• Norte 100%
• Centro-oeste 100%
• Nordeste 100%
• Sudeste 100%
• Sul 99,66%

As Portarias MDS nº Termo de Adesão


246/2005 (alterada
O Termo de Adesão dos Municípios estabelece os requisitos da adesão (designação do Gestor
pelas Portarias
MDS nº. 672/2005 e Municipal do PBF e comprovação da existência de uma Instância de Controle Social, que
68/2006) e 360/2005 pode ser própria do Programa ou delegação de competência a uma instância anteriormente
(alterada pela existente) e define os compromissos da União (Ministério do Desenvolvimento Social e
Portaria MDS nº Combate à Fome – MDS) e do Município assinante.
454/2005 e, também,
pelas portarias Esses compromissos detalham o que já tinha sido estabelecido no Decreto nº 5.209/2004.
que atualizaram
a Portaria MDS nº Conheça, agora, os compromissos assumidos pela União
246/2005), aprovaram
os instrumentos
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS
necessários à adesão
dos municípios O Ministério assumirá as seguintes atribuições, em relação ao Município aderente, no âmbito
e dos estados, do Programa Bolsa Família:
respectivamente.
I. implementar o pagamento mensal de benefícios às famílias beneficiárias, no território
do Município, na forma do art. 16 do Decreto n° 5.209, de 2004;
II. disciplinar e normatizar os procedimentos de gestão e de execução do Programa Bolsa
Família e do Cadastro Único previsto no art. 1°, parágrafo único, da Lei n° 10.836, de
9 de janeiro de 2004, coordenando e gerenciando a sua implementação, no âmbito
federal, e promovendo a integração de ações entre a União e o Município;
III. elaborar e tornar disponível ao Município a Programação Financeira relativa ao
Programa Bolsa Família;
IV. desenvolver, e disponibilizar ao Município, instrumentos e sistemas de gestão do
Cadastro Único, de gestão de benefícios, de acompanhamento de condicionalidades,
dentre outros;
V. tornar disponíveis ao Município, de forma rotineira, informações e eventuais bases de
dados a respeito de:
a. famílias cadastradas no Cadastro Único;
b. famílias selecionadas como beneficiárias do Programa Bolsa Família;
c. famílias que recebem recursos financeiros dos Programas Remanescentes,
definidos no art. 3º, § 1° do Decreto n° 5.209, de 17 de setembro de 2004;
d. benefícios bloqueados ou cancelados;
e. cartões não entregues e benefícios não sacados;
154
MÓDULO 3 UNIDADE 2

f. resultados das ações de fiscalização;


g. resultados de ações de monitoramento do programa e de seus instrumentos
operacionais;
h. estratégias de expansão e de inclusão de novas famílias;
i. outras necessárias ao planejamento da execução das ações do programa na esfera
municipal.
VI. apoiar a capacitação dos agentes envolvidos na gestão e execução do Programa e do
Cadastro Único, compreendendo os gestores, técnicos, profissionais das áreas de as-
sistência social, saúde e educação, conselheiros, entre outros, em articulação com o
Município e, sempre que possível, com o Estado onde este se situa;
VII. promover a articulação e a integração do Programa Bolsa Família com programas
complementares executados no âmbito federal, com foco no atendimento das famílias
beneficiárias do Programa Bolsa Família;
VIII. tornar disponíveis ao Município, aos cidadãos e aos demais interessados, canais de
comunicação, para o recebimento de sugestões e de denúncias sobre eventuais irregu-
laridades na implementação do Programa;
IX. enviar à instância responsável pela gestão do Programa Bolsa Família, no Estado onde
se situa o Município, cópia do presente Termo de Adesão.

Agora que você já sabe as atribuições que o Ministério assumirá em relação ao Município
aderente, no âmbito do Programa Bolsa Família, conheça as responsabilidades do
Município.

Responsabilidade do Município
O Município compromete-se a:
I. proceder à inscrição das famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, de acordo
com as definições do art. 18, caput, do Decreto n° 5.209, de 2004, residentes em seu
território, na base de dados do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo
Federal – Cadastro Único, mantendo as informações atualizadas e organizadas;
II. realizar a gestão dos benefícios do Programa Bolsa Família e Programas Remanescentes
concedidos pelo Governo Federal às famílias que residem em seu território –
compreendendo as atividades de bloqueio, desbloqueio ou o cancelamento de benefícios
dos Programas –, observada a legislação vigente e as normas e instrumentos de gestão
disponibilizados pelo Ministério;
III. promover a apuração e/ou o encaminhamento, às instâncias cabíveis, de denúncias
sobre irregularidades na execução do Programa Bolsa Família e/ou no Cadastro Único
no âmbito local;
IV. promover, em articulação com os Governos Federal e Estadual, o acesso dos
beneficiários do Programa Bolsa Família aos serviços de educação e saúde, a fim de
permitir o cumprimento das condicionalidades pelas famílias beneficiárias;
V. acompanhar o cumprimento das condicionalidades pelas famílias beneficiárias,
segundo normas e instrumentos disponibilizados pelo Governo Federal;
155
MÓDULO 3 UNIDADE 2

VI. proceder ao acompanhamento das famílias beneficiárias, em especial atuando nos


casos de maior vulnerabilidade social;
VII. estabelecer parcerias com órgãos e instituições municipais, estaduais e federais,
governamentais e não-governamentais, para a oferta de programas complementares
aos beneficiários do Programa Bolsa Família, especialmente ações de alfabetização, de
capacitação profissional e de geração de emprego e renda desenvolvidas em sua esfera
de competências.

No caso dos Estados, todos eles assinaram o pacto para aprimoramento da gestão do SUAS
e PBF, que constitui um instrumento de adesão, nos termos da Portaria MDS nº 76/2008 e
anexos.

O Ministério assumirá as seguintes atribuições em relação ao Estado, no que se refere à


adesão:
I. transferir recursos financeiros, nos termos do art. 1°, c/c o art. 7°, ambos da Portaria
MDS n° 360, de 12 de julho de 2005, para o co-financiamento das atividades de apoio
ao processo de atualização da base de dados do CadÚnico pelos municípios do Estado,
de acordo com os procedimentos estabelecidos naquela Portaria;
II. disciplinar e normatizar os procedimentos de transferência voluntária de recursos ao
Estado e a seus Municípios para a atualização do CadÚnico, coordenando e gerencian-
do a sua implementação, no âmbito federal, e promovendo a integração de ações entre
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
III. disponiblizar ao ESTADO, de forma rotineira, informações e eventuais bases de dados
a respeito de:
a. famílias cadastradas no CadÚnico que habitem seu território;
b. número potencial de cadastros a ser remunerado a cada Município, em função de
atividades desenvolvidas com base no art. 2º, § 2º, incisos I a III da Portaria MDS
nº 360, de 2005;
c. famílias selecionadas como beneficiárias do Programa Bolsa Família que habitem
seu território;
d. famílias que recebem recursos financeiros dos Programas Remanescentes,
definidos no art. 3º, § 1° do Decreto n° 5.209, de 17 de setembro de 2004, em
especial dos Programas Bolsa Escola e Auxílio Gás;
e. resultados das ações de monitoramento e fiscalização do CadÚnico;
f. resultados dos testes da validade do CadÚnico dos Municípios previstos no art. 5º
da Portaria MDS nº 360, de 2005, a serem realizados pelo Ministério;
g. estratégias de expansão e de inclusão de novas famílias no Programa Bolsa Família; e
h. outras ações necessárias ao planejamento da execução, na esfera estadual, das
atribuições assumidas pelo Estado mediante o presente Termo;
IV. capacitar as coordenações estaduais para apoiar os Municípios na gestão e execução
do Programa Bolsa Família e do CadÚnico;

156
MÓDULO 3 UNIDADE 2

V. disponibilizar ao Estado, a seus Municípios e cidadãos e aos demais interessados,


canais de comunicação para o recebimento de sugestões e de denúncias sobre eventuais
irregularidades na implementação do CadÚnico e do Programa Bolsa Família; e
VI. enviar à instância responsável pela gestão do Programa Bolsa Família do Estado a
relação de Municípios que firmaram Termo de Adesão ao programa no âmbito de seu
território.

O Estado, no âmbito de seu território.

Compromete-se a:

I. Reordenar institucional e programaticamente o órgão gestor de assistência social para


adequação ao SUAS, inclusive estrutura organizacional e quadro de pessoal;
II. Descrever a organização do Estado em regiões e microrregiões, com identificação da
implantação dos serviços de caráter regional, bem como da demanda pela estruturação
de novos serviços;
III. Prestar apoio técnico aos Municípios na estruturação e implantação de seus Sistemas
Municipais de Assistência Social , na gestão do Cadastro Único e do Programa Bolsa
Família;
IV. Coordenar gerenciar, executar e co-financiar programas de capacitação de gestores,
profissionais, conselheiros e prestadores de serviços;
V. Elaborar proposta para instalação e coordenação do sistema estadual de informação,
monitoramento e avaliação das ações de Assistência Social, do Cadastro Único e do
PBF;
VI. Definir o processo de transição para a municipalização da execução direta de serviços
de proteção social básica;
VII. Implementar estratégia para o cadastramento de povos indígenas e comunidades
quilombolas;
VIII. Realizar mobilização para emissão de documentação civil básica;
IX. Realizar mobilização para o cadastramento de famílias com crianças em situação de
trabalho infantil;
X. Promover a utilização do Cadastro Único para a articulação e integração de outras
políticas estaduais;
XI. Definir estratégias para aperfeiçoar a focalização dos programas que utilizam o
Cadastro Único;
XII. Avaliar, acompanhar e propor alternativas para a melhoria na logística de pagamento
de benefícios, distribuição e entrega de cartões;
XIII. Mobilizar a rede estadual para o fornecimento de informações de freqüência escolar,
de acompanhamento de saúde e acompanhamento dos serviços sócioeducativos;
XIV. Articular os coordenadores estaduais de saúde e educação para gestão de
condicionalidades e acompanhamento das famílias beneficiárias do PBF;

157
MÓDULO 3 UNIDADE 2

XV. Definir estratégias para orientar a formulação, implementação e articulação de


programas complementares ao PBF;

XVI. Promover ações de sensibilização, articulação e apoio à gestão dos programas


complementares ao PBF pelos Municípios;

XVII. Formular articular e implementar programas complementares ao PBF no âmbito


estadual.

É importante considerar
Mesmo com foco no cadastramento, a adesão dos Estados formaliza responsabilidades em
relação à coordenação de iniciativas em todo seu território, especialmente no apoio aos
Municípios com maior dificuldade de implementação do Programa.

Os Estados também estão incumbidos de dar apoio técnico e logístico aos municípios

Cabe ressaltar que este apoio dependerá das condições técnicas e orçamentárias de cada
Estado e Município, isto é, das especificidades de cada território.

158
MÓDULO 3 UNIDADE 2

É importante considerar que, enquanto as


responsabilidades dos municípios dizem
respeito a toda a gestão do Bolsa Família
e do Cadastro Único, as responsabilidades
dos estados são mais voltadas para o
cadastramento e para o apoio às Gestões
Municipais.

E isto acontece por quê? Como O Governo Federal repassa A gestão do


o Governo Federal apoia os Bolsa Família, no
recursos para os Estados
Estados nesse papel? âmbito federal, é
por meio do Pacto de compartilhada entre
Aprimoramento da Gestão. o MDS, o Ministério
da Educação – MEC
e o Ministério da
Saúde – MS, no
que se refere ao
acompanhamento
das
condicionalidades.
Já com relação
à operação do
Programa, há
compartilhamento
de responsabilidades
com a Caixa
Econômica Federal
– CAIXA, que é o
agente operador do
PBF.

COMO ATUALIZAR AS INFORMAÇÕES SOBRE A ADESÃO


A partir do processo de adesão dos municípios, a SENARC construiu uma base de dados
com as informações dos gestores municipais do PBF, das Instâncias de Controle Social e dos
conselheiros que integram estas instâncias.

Atenção!
É fundamental que essa base permaneça sempre atualizada.
Para isto, a SENARC disponibilizou meio de consulta pela Internet aos dados do Município
(“Sistema de Adesão”) e estabeleceu procedimentos de atualização destes mesmos dados.

159
MÓDULO 3 UNIDADE 2

Conheça esses procedimentos:

1 – Consulta de dados
As informações sobre Gestores e Instâncias de
Controle Social de cada Município brasileiro
podem ser vistas, acessando o site http://www.
mds.gov.br/bolsafamilia e clicando na imagem
“Sistema de Adesão”, debaixo de Acesso Rápi-
do, à direita da tela. Observar, então, as reco-
mendações sobre como acessar as informações
do Município e como ter senha de acesso.

Para ter acesso ao sistema, siga os seguintes passos:

1. no campo do Código IBGE, informe o código completo do IBGE de seu Município, com
7 (sete) caracteres, sem ponto e sem traço (ex.: 9500799);

2. no campo da Senha, informe os quatro primeiros caracteres da senha de acesso do


aplicativo de Consulta de Inconsistências da RAIS, fornecido pelo MDS, em etiqueta
afixada na capa de cada CD-ROM, encaminhado ao Município, por meio de ofício do Sr.
Ministro, de 20 de maio de 2005.
Para entrar no sistema, acesse http://200.152.41.16/sgi/
Após entrar na página para o acesso ao sistema, clicar em “clique aqui” e fornecer o código
IBGE do Município e a senha, você poderá verificar se as informações estão atualizadas.
Atenção! Os
municípios que não Mudança:
tiverem mais a senha
do sistema, poderão
enviar um ofício por 2 – Mudança na gestão municipal
fax para o número
(61) 3433-1457,
Qualquer mudança na Gestão Municipal
assinado pelo Gestor do Programa Bolsa Família ou na Instância
Municipal, solicitando de Controle Social deverá ser comunicada
os dados para acesso. ao MDS, obedecidos aos procedimentos da
Deve informar página a seguir:
um endereço
de e-mail para
encaminhamento das
informações.
• De Gestor
Deve-se encaminhar ofício à SENARC, em papel timbrado da Prefeitura, assinado pelo
Prefeito, solicitando a substituição do Gestor, juntamente com cópias dos documentos do
novo Gestor e com o Anexo II da Portaria nº 246, de 2005 devidamente preenchido.

160
MÓDULO 3 UNIDADE 2

• De membros da Instância de Controle Social


O Gestor Municipal precisa encaminhar à SENARC ofício, indicando o(s) nome(s) do(s)
novo(s) integrante(s), a instituição ou segmento que representa(m), se pertence(m) à
sociedade civil ou ao governo e o nível de escolaridade, de acordo com o Anexo III da Portaria
nº 246 de 2005.

• Da Instância de Controle Social


Caso haja mudança da Instância de Controle Social é necessário enviar à SENARC ofício,
em papel timbrado da Prefeitura, assinado pelo Gestor Municipal do PBF, juntamente com
o Decreto Municipal de criação da nova instância, ou ato que o substitua, e o Anexo III da
Portaria nº 246, de 2005 devidamente preenchido e assinado pelo Gestor do Bolsa Família.

Um recado:
Consulte o Informe PBF nº 67 de 14 de fevereiro de 2007 para maiores informações. Visite o
site http://www.mds.gov.br/bolsafamilia

A pactuação como integração das ações de transferência de renda


Com base no art. 12 do Decreto nº 5.209, de 2004 que afirma
“... com vistas a garantir a efetiva conjugação de esforços entre os entes federados, poderão ser
celebrados termos de cooperação entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios...”,
O MDS criou o instrumento de pactuação para integrar as ações de transferência de renda
do Governo Federal, dos governos estaduais e municipais e do Distrito Federal.
A pactuação é formalizada mediante assinatura de um Termo de Cooperação, que estabelece
os procedimentos de integração das ações de transferência de renda, podendo dele constar,
também, outras medidas de integração, como, por exemplo, o acesso de beneficiários do
Bolsa Família “pactuado” com programas sociais desenvolvidos pelo Estado/Município.

Essa integração de ações de transferência de renda pode se dar em duas


modalidades:
ente federado tem programa próprio de transferência de renda.
• O

Nesse caso, é indispensável a articulação entre os dois programas, o Bolsa Família e o


programa local do Estado/Município, com destaque para os seguintes pontos:
-- definição do público-alvo, ou seja, das famílias que serão beneficiadas pelo pacto,
mediante critérios de escolha;
-- estabelecimento do valor do benefício pactuado, respeitando a estrutura do PBF de
benefício básico e variável;
-- harmonização dos critérios de elegibilidade;
-- adequação das respectivas condicionalidades, se for o caso.

Essa articulação pode apresentar algum grau de dificuldade, em conseqüência das diferenças
de concepção existentes entre os programas, porém o modelo de integração sempre será
baseado no desenho do PBF.

161
MÓDULO 3 UNIDADE 2

• O ente federado não tem previamente programa próprio de transferência de renda, mas
se dispõe a complementar o valor do benefício pago pelo PBF.

Nessa outra alternativa, o processo de articulação envolve tão-somente o valor do benefício


pactuado, além dos critérios de escolha das famílias beneficiadas pelo pacto.

Fique conhecendo agora as possibilidades de pactuação

Complementação, pelo ente federado, por um valor fixo


Todos os beneficiários pela pactuação recebem, em adição ao benefício pago pelo PBF,
o mesmo valor adicional fixo pago pelo Estado/Município.

Veja o exemplo a seguir, sendo definido um valor adicional fixo de R$ 10,00 para o benefício
pactuado.

Valor Final do
Tipos Benefício PBF Complemento
Benefício
1 variável R$ 20,00 R$ 10,00 R$ 30,00
1 BVJ R$ 30,00 R$ 10,00 R$ 40,00
2 variáveis R$ 40,00 R$ 10,00 R$ 50,00
1 variável + 1 BVJ R$ 50,00 R$ 10,00 R$ 60,00
3 variáveis R$ 54,00 R$ 10,00 R$ 70,00
1 básico R$ 62,00 R$ 10,00 R$ 72,00
2 BVJ R$ 60,00 R$ 10,00 R$ 70,00
2 variáveis + 1 BVJ R$ 70,00 R$ 10,00 R$ 80,00
1 básico + 1 variável R$ 82,00 R$ 10,00 R$ 92,00
1 variável + 2 BVJ R$ 80,00 R$ 10,00 R$ 90,00
3 variáveis + 1 BVJ R$ 90,00 R$ 10,00 R$ 100,00
1 básico + 1 BVJ R$ 92,00 R$ 10,00 R$ 102,00
1 básico + 2 variáveis R$ 102,00 R$ 10,00 R$ 112,00
2 variáveis + 2 BVJ R$ 100,00 R$ 10,00 R$ 110,00
1 básico + 1 variável + 1 BVJ R$ 112,00 R$ 10,00 R$ 122,00
1 básico + 3 variáveis R$ 122,00 R$ 10,00 R$ 132,00
3 variáveis + 2 BVJ R$ 120,00 R$ 10,00 R$ 130,00
1 básico + 2 BVJ R$ 122,00 R$ 10,00 R$ 132,00
1 básico + 2 variáveis + 1 BVJ R$ 132,00 R$ 10,00 R$ 142,00
1 básico + 1 variável + 2 BVJ R$ 142,00 R$ 10,00 R$ 152,00
1 básico + 3 variáveis + 1 BVJ R$ 152,00 R$ 10,00 R$ 162,00
1 básico + 2 variáveis + 2 BVJ R$ 162,00 R$ 10,00 R$ 172,00
1 básico + 3 variáveis + 2 BVJ R$ 182,00 R$ 10,00 R$ 192,00

162
MÓDULO 3 UNIDADE 2

Conheça complementação, pelo ente federado, por um valor variável definido pela fixação
de um piso.

Complementação, pelo ente federado, por um valor variável definido pela fixação
de um piso
Todos os beneficiários pela pactuação recebem, em adição ao benefício pago pelo PBF
Complementar, um valor adicional variável pago pelo Estado/Município, de forma
que nenhum beneficiário receba um benefício inferior a um valor predeterminado,
chamado piso.

Veja o exemplo a seguir, sendo definido um piso de R$ 80,00 para o benefício pactuado:
Valor Final do
Tipos Benefício PBF Complemento
Benefício
1 variável R$ 20,00 R$ 60,00 R$ 80,00
1 BVJ R$ 30,00 R$ 50,00 R$ 80,00
2 variáveis R$ 40,00 R$ 40,00 R$ 80,00
1 variável + 1 BVJ R$ 50,00 R$ 30,00 R$ 80,00
3 variáveis R$ 60,00 R$ 20,00 R$ 80,00
1 básico R$ 62,00 R$ 18,00 R$ 80,00
2 BVJ R$ 60,00 R$ 20,00 R$ 80,00
2 variáveis + 1 BVJ R$ 70,00 R$ 10,00 R$ 80,00
1 básico + 1 variável R$ 82,00 R$ 0,00 R$ 82,00
1 variável + 2 BVJ R$ 80,00 R$ 0,00 R$ 80,00
3 variáveis + 1 BVJ R$ 90,00 R$ 0,00 R$ 90,00
1 básico + 1 BVJ R$ 92,00 R$ 0,00 R$ 92,00
1 básico + 2 variáveis R$ 102,00 R$ 0,00 R$ 102,00
2 variáveis + 2 BVJ R$ 100,00 R$ 0,00 R$ 100,00
1 básico + 1 variável + 1 BVJ R$ 112,00 R$ 0,00 R$ 112,00
1 básico + 3 variáveis R$ 122,00 R$ 0,00 R$ 122,00
3 variáveis + 2 BVJ R$ 120,00 R$ 0,00 R$ 120,00
1 básico + 2 BVJ R$ 122,00 R$ 0,00 R$ 122,00
1 básico + 2 variáveis + 1 BVJ R$ 132,00 R$ 0,00 R$ 132,00
1 básico + 1 variável + 2 BVJ R$ 142,00 R$ 0,00 R$ 142,00
1 básico + 3 variáveis + 1 BVJ R$ 152,00 R$ 0,00 R$ 152,00
1 básico + 2 variáveis + 2 BVJ R$ 162,00 R$ 0,00 R$ 162,00
1 básico + 3 variáveis + 2 BVJ R$ 182,00 R$ 0,00 R$ 182,00

163
MÓDULO 3 UNIDADE 2

Agora, complementação, pelo ente federado, por um valor variável definido pela fixação de
um teto:

Complementação, pelo ente federado, por um valor variável definido pela fixação
de um teto
Todos os beneficiários pela pactuação recebem, em adição ao benefício pago pelo PBF
Complementar, um valor adicional variável, pago pelo Estado/Município, de forma
que todos os beneficiários recebam um benefício igual a um valor predeterminado,
chamado teto.

Veja o exemplo a seguir, sendo definido um teto de R$ 182,00 para o benefício pactuado:

Valor Final do
Tipos Benefício PBF Complemento
Benefício
1 variável R$ 20,00 R$ 162,00 R$ 182,00
1 BVJ R$ 30,00 R$ 152,00 R$ 182,00
2 variáveis R$ 40,00 R$ 142,00 R$ 182,00
1 variável + 1 BVJ R$ 50,00 R$ 132,00 R$ 182,00
3 variáveis R$ 60,00 R$ 122,00 R$ 182,00
1 básico R$ 62,00 R$ 120,00 R$ 182,00
2 BVJ R$ 60,00 R$ 122,00 R$ 182,00
2 variáveis + 1 BVJ R$ 70,00 R$ 112,00 R$ 182,00
1 básico + 1 variável R$ 82,00 R$ 100,00 R$ 182,00
1 variável + 2 BVJ R$ 80,00 R$ 102,00 R$ 182,00
3 variáveis + 1 BVJ R$ 90,00 R$ 92,00 R$ 182,00
1 básico + 1 BVJ R$ 92,00 R$ 90,00 R$ 182,00
1 básico + 2 variáveis R$ 102,00 R$ 80,00 R$ 182,00
2 variáveis + 2 BVJ R$ 100,00 R$ 82,00 R$ 182,00
1 básico + 1 variável + 1 BVJ R$ 112,00 R$ 70,00 R$ 182,00
1 básico + 3 variáveis R$ 122,00 R$ 60,00 R$ 182,00
3 variáveis + 2 BVJ R$ 120,00 R$ 62,00 R$ 182,00
1 básico + 2 BVJ R$ 122,00 R$ 60,00 R$ 182,00
1 básico + 2 variáveis + 1 BVJ R$ 132,00 R$ 50,00 R$ 182,00
1 básico + 1 variável + 2 BVJ R$ 142,00 R$ 40,00 R$ 182,00
1 básico + 3 variáveis + 1 BVJ R$ 152,00 R$ 30,00 R$ 182,00
1 básico + 2 variáveis + 2 BVJ R$ 162,00 R$ 20,00 R$ 182,00
1 básico + 3 variáveis + 2 BVJ R$ 182,00 R$ 0,00 R$ 182,00

A possibilidade de aumentar o valor do benefício ou a cobertura de famílias


beneficiadas por programas de transferência de renda. Em ambas as situações, um
programa de âmbito nacional como o PBF, que tem valores e cobertura definidos por
critérios únicos válidos em todo o território nacional, pode ser adaptado à realidade
local do Estado ou do Município.

164
MÓDULO 3 UNIDADE 2

Saiba um pouco mais


Pela integração das ações de transferência de renda da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, procura-se otimizar a gestão de tais programas e evitar a sobreposição
de benefícios, à semelhança do que foi feito com a integração do PBF e dos Programas
Remanescentes em âmbito federal.
Assim, não haverá famílias recebendo mais de um benefício, enquanto outras famílias, na
mesma situação de pobreza, poderiam não receber nenhum benefício.

Você venceu mais uma etapa do seu estudo, concluindo a


Unidade 2!
Prossiga com entusiasmo.

165
MÓDULO 3 UNIDADE 3

Unidade 3 – Concessão, Gestão e Pagamento de Benefícios

CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS
O benefício do Programa Bolsa Família é concedido a famílias no perfil do PBF de acordo
com a estimativa de pobreza de cada Município.
A concessão do benefício financeiro do PBF é de atribuição exclusiva do MDS e é
A estimativa da operacionalizada pela SENARC. Benefício financeiro é o valor pago às famílias beneficiárias
pobreza é feita pelo
do PBF que varia de R$ 20,00 a R$ 182,00 dependendo de quais benefícios a família recebe.
Instituto de Pesquisa
e Econômica Aplicada A concessão é feita com base em dois critérios:
– IPEA com base na
Pesquisa Nacional por • Estimativa de pobreza em cada Município.
amostra Domiciliar
– PNAD e do Censo • Informações contidas no Cadastro Único – CadÚnico.
Populacional de 2000.
Disponível no sítio Você precisa saber que são observadas algumas situações para a concessão do
do MDS: http://www.
beneficio do PBF:
mds.gov.br/adesao/
mib/matrizsrch.asp • a situação do domicílio no CadÚnico (ativo ou inativo);
• a disponibilidade de recursos no orçamento do MDS; e
• o cronograma de expansão do Programa para cada Estado e Município.
Isso significa dizer
que serão concedidos
novos benefícios
Regra geral para habilitação à concessão do benefício
somente para as As famílias que constam no Cadastro Único, com renda per capita menor ou igual a
famílias que estiverem R$ 120,00 e domicílio em condição de ativo no CadÚnico.
inscritas no CadÚnico
e preencherem
todos os requisitos Isto é importante!
necessários conforme A concessão do benefício é feita de forma automatizada e impessoal, por um sistema
as regras do Programa,
informatizado que prioriza as famílias com menor renda. Portanto, a concessão dos benefícios
analisando a estimativa
de famílias pobres é feita de forma impessoal e objetiva, afastando qualquer indicação ou subjetividade.
de cada Município
e disponibilidade Já está dominando bem o que é e como é feita a concessão do benefício?
orçamentária do
Governo Federal. Então. . . Siga adiante!
Além desses Para que o benefício chegue às famílias, é instituído o processo de Gestão de Benefícios do
requisitos, será
PBF.
realizada a concessão
aos cadastrados É necessária a implementação de um processo de gestão que é o conjunto de ações que
identificados com a compõe o processo de transferência de renda para as famílias.
situação de domicílio
ativo no CadÚnico.
Complementando...
A este conjunto de ações dá-se o nome de Gestão de Benefícios do PBF, por meio do qual as
famílias recebem mensalmente as parcelas de pagamento.

166
MÓDULO 3 UNIDADE 3

Conheça as fases da concessão do benefício


• Concessão de benefícios financeiros:
Feita de forma impessoal, de acordo com o plano de expansão e disponibilidade
orçamentária.

• Gestão de benefícios pelos municípios:


Os gestores municipais podem interromper o recebimento do benefício, temporária ou
permanentemente, como estabelecido no art. 2º da Portaria nº 555, de 2005.
O Cadastro Único
• Pagamento dos benefícios financeiros: é um banco de
A Caixa Econômica Federal – CAIXA é a responsável pelos procedimentos bancários dados que serve de
referentes aos pagamentos dos benefícios às famílias. base para todos os
programas sociais, e
tem como objetivo
Observe o diálogo sobre o saque do benefício identificar todas as
famílias de baixa
renda. Para fazer
parte do Cadastro
Bom-dia, vim receber meu Único, a família
benefício do Bolsa Família. tem que ganhar no
Bom-dia, o senhor é o máximo ½ salário
responsável pela unidade mínimo por pessoa.
familiar? Parcelas de
pagamento são os
valores mensais que
estão disponíveis
para a família sacar
na rede credenciada
da CAIXA.

Quanto melhor
planejado for
o processo de
cadastramento
das famílias
no CadÚnico,
mais eficiente é
o processo de
concessão dos
benefícios.

167
MÓDULO 3 UNIDADE 3

Sou, só tem um problema.


Esqueci meu cartão em casa.
Não tem problema. O senhor
tem um documento de
identificação?

Que bom, assim poderei


fazer uma guia de
Ah, tenho sim. pagamento avulsa.

O saque do benefício é feito pelo responsável pela unidade familiar, por meio do cartão
magnético, que é o principal meio para o saque das parcelas de pagamento pela família. Em
caso de impossibilidade de saque via cartão magnético, o Responsável pela Unidade Familiar
(RL) pode fazê-lo via guia de pagamento avulsa.

É de extrema importância que o Município, ao iniciar o seu processo de


cadastramento, dê especial atenção:
• às informações de renda por pessoa;
• ao número de pessoas na família; e
• aos dados de identificação pessoal (nome completo, data de nascimento, documentação,
pessoas etc.).
168
MÓDULO 3 UNIDADE 3

É importante saber que:


Em relação à gestão de benefício pelos municípios, as alterações no Cadastro Único podem
repercutir em bloqueio ou cancelamento, este último significa o desligamento de uma família
do Programa.

GESTÃO DE BENEFÍCIOS

Atividade de Gestão de Benefícios do PBF Dessa forma, a


alteração cadastral é
A execução de atividades de gestão é o ato de interromper ou restabelecer o pagamento do
uma das principais
benefício às famílias. De forma geral, implica a cessação ou continuação da transferência de ações do Município
renda, temporária ou permanentemente. no processo de
gestão.
Vale, ainda, lembrar:
Folhas de
A gestão de benefícios envolve todo o processo de transferência de renda para as famílias
pagamentos são
beneficiárias. Depois que o benefício é concedido às famílias, estas passarão a fazer parte das listagens mensais
folhas de pagamentos. que são geradas para
o pagamento do
Fique de olho benefício financeiro
às famílias. Todo mês
Cada atividade de gestão pode gerar ou não efeito sobre as parcelas de pagamento ainda não
é gerada uma única
sacadas e sobre as parcelas futuras. folha de pagamento
para cada programa.
Você se lembra do cartão magnético?
Cancelá-lo ou bloquear uma senha, não afeta a situação do benefício nem a parcela de
pagamento, porque o cartão é apenas um instrumento para o saque do benefício.

As atividades de gestão de Benefícios do Bolsa Família podem ser:

Atividades sobre todos os benefícios


• bloqueio de benefício;
• desbloqueio de benefício;
• cancelamento de benefício;
• reversão de cancelamento de benefício;
• suspensão de benefício; e
• reversão de suspensão de benefício.

Essas atividades são realizadas sobre todos os benefícios financeiros que a família recebe.
Portanto, o gestor tem uma imensa responsabilidade na medida em que uma atitude
errada pode significar o cancelamento de benefícios e colocar em risco a sobrevivência
de uma família.

169
MÓDULO 3 UNIDADE 3

Atividades sobre uma parte dos benefícios


• cancelamento de benefício básico;
• cancelamento de benefício variável; e
• concessão/reversão de cancelamento dos benefícios básico e/ou variável.

São atividades que ocorrem em decorrência das alterações cadastrais realizadas pelos
municípios no Cadastro Único. Vale a pena ressaltar que as atividades de Concessão e
Reversão de cancelamento de benefício básico e/ou variável, após 60 dias do comando de
cancelamento, são realizadas apenas pela SENARC.

As atividades sobre uma parte dos benefícios afetam apenas parte dos benefícios financeiros
recebidos pela família.
As atividades de
gestão de benefícios, Bloqueio
os motivos dessas
ações, efeitos, Conhecendo a especificidade de cada atividade de gestão de benefício.
resultados e a Consulte o quadro na página a seguir e observe quem pode bloquear um benefício.
convergência de
ações com outros Atividade Responsável Motivos Diretamente do
Programas estão de Gestão SGB
regulamentados
pela Portaria MDS • Para procedimentos de averiguação:
nº 555 de 2005. 1. Duplicidade cadastral;
2. Renda familiar por pessoa
superior;
3. Falecimento de toda a família;
Bloqueio Municípios Sim
4. Não localização da família no
endereço informado.
• Trabalho infantil na família;
• Acúmulo de benefícios PETI e PBF;
• D ecisão judicial.
• Descumprimento reiterado de con- Sim
dicionalidades
Bloqueio SENARC
• P
rocedimento de averiguação de in-
Não
dícios de duplicidade cadastral.

Observou que os Municípios e a SENARC são responsáveis pelo bloqueio de um benefício?

Analisando o quadro fique sabendo:


• Quais são os motivos para bloquear um benefício.
• E se é feito diretamente no Sistema de Gestão de Benefícios – SGB (conhecido também
como Sistema de Benefícios ao Cidadão – SIBEC) ou por aproveitamento de alterações
cadastrais.

170
MÓDULO 3 UNIDADE 3

Percebeu que os motivos são diferentes para Municípios e SENARC?

Conheça os efeitos desse bloqueio


• As parcelas de pagamento não sacadas são bloqueadas;
• As parcelas futuras são geradas, mas ficam bloqueadas;
• Depois de seis meses bloqueado, o benefício será cancelado;
• Não acarreta o desligamento da família do Programa, se respeitado o prazo do item
anterior.

Percebemos que o bloqueio não gera o desligamento da família do Programa e as parcelas


de pagamento ficam bloqueadas, mas depois de desbloqueado as famílias podem sacar
as parcelas ainda válidas (por 90 dias).

Consulte o quadro informativo, observando os motivos e efeitos do desbloqueio.

Atividade de Responsável Motivos Efeitos


Gestão
• L
iberação das parcelas
bloqueadas;
Desbloqueio Município e • Elucidação e finalização
SENARC da situação que deu • Disponibilização das
origem ao bloqueio. parcelas dos meses
subseqüentes.

Fique de olho!
O desbloqueio libera as parcelas de pagamentos não sacadas dentro do prazo de validade das
parcelas por 90 dias.
Então? Observou que os Municípios e o SENARC também podem desbloquear um benefício?
E pelo mesmo motivo? O desbloqueio do benefício é feito no SGB/SIBEC.

Efeitos do desbloqueio
• Liberação das parcelas de pagamento anteriormente bloqueadas, sem prejuizo do prazo
de 90 dias para saque;
• Disponibilização das parcelas de pagamento dos meses subseqüentes.

Cancelamento
Quem pode cancelar um benefício? Municípios e SENARC.
Veja o quadro:

171
MÓDULO 3 UNIDADE 3

Atividade de Responsável Motivos Diretamente


Gestão do SGB
• Duplicidade cadastral;
• R
enda familiar por pessoa Não
superior;
• Falecimento de toda a família.
• Trabalho infantil na família
Cancelamento Municípios
• A
cúmulo de benefícios PETI e
PBF; Sim

• Decisão judicial;
• Desligamento voluntário.

• Repercussão de alteração cadastral. Não

• R
eiterada ausência de saque de
benefícios;
• V
encimento do prazo para o
benefício ficar bloqueado;
• D
escumprimento reiterado das
condicionalidades;
Sim
Cancelamento SENARC • E
sgotamento do prazo para retirada
do cartão magnético;
• Q
uando cancelar o benefício básico
e o BVJ e a família não receber o
benefício variável;
• Q
uando cancelar o benefício
variável e o BVJ e a família não
receber o benefício básico;
• Q
uando cancelar o BVJ e a família
não receber o benefício básico e o
benefício variável.

Atenção!
A repercussão cadastral é regulamentada pela instrução operacional SENARC/MDS nº 12,
de 3 de fevereiro de 2006.

172
MÓDULO 3 UNIDADE 3

Confira, agora, o que acontece após o cancelamento do benefício

Efeitos do cancelamento
• Desligamento da família do Programa;
• As parcelas de pagamento não sacadas são canceladas;
• Não são geradas parcelas futuras.

Analisando, ainda, o quadro, fique sabendo:


O cancelamento pode ser feito tanto pelo SGB/SIBEC quanto por aproveitamento de
alterações no Cadastro Único.

Fique de olho
Quando ocorre o cancelamento, a família é desligada do PBF, não podendo mais sacar as
parcelas de pagamento. O cancelamento do BVJ por descumprimento de condicionalidade
de educação ou por código inválido não implicará o cancelamento dos demais benefícios da
família.

Flagrantes da vida real...

Olá, Sr. João, que bom encontrá-lo,


Olha, Seu Pedro, se, de fato, o
pois estou com uma dúvida. Minha
cancelamento do benefício se deu em
família foi desligada do PBF, com o
função de um engano de exclusão da
cancelamento do benefício, por erro
família no cadastro, com certeza, sim.
de exclusão indevida no cadastro.
Porém, é preciso ficar bem claro que a
É possível reverter este cancelamento
reversão do cancelamento somente será
do meu benefício?
realizada após a inserção de um novo
cadastro da família.
Mas olha só, sua família só será
readmitida caso a reversão for feita em
até dois meses. Portanto, comece a agir,
desde já.

173
MÓDULO 3 UNIDADE 3
Para ficar bem claro para você os motivos e efeitos que ocorrem na reversão de cancelamento
de benefícios, acompanhe o quadro:

Reversão de cancelamento

Atividade de Responsável Motivos Efeitos


Gestão
• A
família será
readmitida no PBF
• E
rro operacional na
somente se a reversão
Município e utilização do SGB;
Reversão de for feita em até 2
SENARC
cancelamento • L
ançamento meses;
equivocado de
• N
a próxima folha
informações no
de pagamento serão
CadÚnico.
disponibilizadas as
parcelas que foram
canceladas.

Sintetizando...
Se o cancelamento foi por erro de exclusão indevida do cadastro da família, a reversão de
cancelamento somente pode ser executada depois da inserção de um novo cadastro para esta
família.

Você sabia que também pode haver suspensão dos benefícios?


Observe o quadro e descubra quem pode suspender, por quais motivos e como é feita a
suspensão dos benefícios.

Atividade de Gestão Responsável Motivos Diretamente do


SGB
Descumprimento
reiterado das
Suspensão SENARC Não
condicionalidades.

Notou que somente a SENARC pode suspender um benefício?


E o motivo para suspender um benefício é o descumprimento reiterado das
condicionalidades.

E a suspensão dos benefícios é realizada baseada nas informações de condicionalidades de


educação e saúde prestadas pelas prefeituras.

Efeitos da suspensão
• não acarreta o desligamento do PBF;
• as parcelas de pagamentos ainda não sacadas não são bloqueadas;
174
MÓDULO 3 UNIDADE 3

• depois do período de 2 meses, o benefício automaticamente deixa de estar suspenso;


• as parcelas futuras não são geradas até que se encerre o prazo estabelecido para a
suspensão.

A suspensão é feita somente pela SENARC e especificamente em casos de


descumprimento de condicionalidade. Depois do prazo estabelecido, a situação volta
automaticamente a ser normalizada. A suspensão não desliga a família do Programa. A
família só voltará a sacar as novas parcelas quando encerrar o prazo da suspensão.

Se você já tem bem claro em sua mente como é feita a suspensão e que efeitos teriam esta
suspensão, lembre-se:

Essa suspensão pode ser revertida.

Confira o quadro informativo.

Atividade de Responsável Motivos Efeitos


Gestão
• Erro operacional • A família será readmitida
no envio das no PBF somente se a
informações reversão for feita em até
sobre as 2 meses;
Reversão de Município e condicionalidades
• Na próxima folha
suspensão SENARC pelos municípios
de pagamento serão
para o Ministério
disponibilizadas as
da Saúde ou da
parcelas suspensas.
Educação.

Atenção!
Apesar da suspensão do benefício ser executada exclusivamente pela SENARC, o Município
pode reverter a suspensão.

Outras atividades de gestão de benefícios...

Cancelamento de benefício variável

Analisando o quadro, observe:

Responsável Motivos Efeitos


• Falecimento da criança ou • Revisão das concessões de
jovem; benefício variável da família;
Município
• C
riança ou jovem não mais • A
juste no valor total
residente com a família; dos benefícios no mês
subseqüente.
• D uplicidade cadastral.
SENARC • Idade igual ou superior a 18 • Cancelamento.
anos para os jovens.
175
MÓDULO 3 UNIDADE 3

Quem cancelou o benefício? SENARC.


O motivo para o cancelamento do benefício: idade igual ou superior a 16 anos para os
adolescentes, ou seja, não atende mais o critério de elegibilidade para recebimento do
benefício variável.
Como foi feito o cancelamento: com aproveitamento das alterações cadastrais.
Ficou com dúvida? Volte ao quadro e confira, novamente.

Cancelamento de benefício básico

Responsável Motivos Efeitos


Município e • E
levação da renda para • A
juste no valor total dos
o valor entre R$ 60,01 e benefícios financeiros a
SENARC
R$ 120,00. partir do mês subseqüente.

Algumas dessas
atividades de gestão Concessão/Reversão de cancelamento de benefício variável
de benefícios
utilizam-se de Responsável Motivos Efeitos
informações do
CadÚnico. Por isso • R
evisão das concessões de
é fundamental • S e crianças ou jovens são benefício variável da família;
manter o cadastro SENARC incluídos ou retirados do
• A
juste no valor total dos
das famílias Cadastro da família.
constantemente benefícios financeiros;
atualizado nas bases • R
evisão das concessões de
do CadÚnico.
benefício variável e BVJ da
Cabe chamar a família.
atenção para o
fato de que os
parceiros da rede Concessão/Reversão de cancelamento de benefício básico
de fiscalização e
das Instâncias de
Controle Social
Responsável Motivos Efeitos
também têm acesso • S e verificada redução da • A
juste no valor total dos
ao sistema, podendo SENARC renda familiar por pessoa benefícios financeiros
fazer consultas. no CadÚnico no valor devidos à família.
abaixo de R$ 60,01.

Fique atento!
A validade das parcelas de pagamento são de 90 dias para todos os casos.

OPERACIONALIZAÇÃO DA GESTÃO DE BENEFÍCIOS

Você sabia?

O Sistema de Gestão de Benefícios (SGB) é a principal ferramenta disponibilizada para o


Gestor Municipal no processo de descentralização do PBF.

176
MÓDULO 3 UNIDADE 3

Esse sistema aprimorou a operacionalização do PBF e disponibiliza para os gestores municipais


as atividades de gestão que podem ser executadas no Município.

Para a operacionalização das atividades de gestão de benefícios, os municípios utilizam


o Sistema de Gestão de Benefícios – SGB, também conhecido como SIBEC (Sistema de
Benefícios ao Cidadão).

Cabe lembrar...
Esse sistema informatizado desenvolvido pela CAIXA está on-line, ou seja, é acessado via
internet.
É por meio do SIBEC que os gestores municipais têm autonomia para realizar bloqueios,
desbloqueios, cancelamentos e reversões de cancelamento de benefícios.

Para ter acesso ao SIBEC, os municípios precisam:


• Aderir formalmente ao Programa Bolsa Família.
• Depois, o Gestor Municipal do Programa solicita à CAIXA, por meio de documentação
específica, as senhas de acesso para os servidores municipais e para os integrantes da
instância municipal de controle social.

Com o SIBEC, os gestores estaduais do PBF, os integrantes das instâncias municipais e


estaduais de controle social e os integrantes da rede pública de fiscalização do PBF também
podem consultar as mesmas informações que os gestores municipais.

E tem mais...
Com o SIBEC, todas as Instâncias de Controle Social – ICS têm acesso a informações para
acompanhamento da gestão de benefícios, possibilitando maior participação da sociedade
no controle do PBF.

Vale lembrar.
São responsabilidades do Gestor Local a liberação e o acompanhamento das permissões de
acesso ao Sistema, inclusive para a ICS.

Outro aspecto relevante na gestão de benefícios

A gestão de benefícios admite duas formas de execução operacional:

• Gestão Descentralizada: é realizada pelo próprio Gestor diretamente no SGB por meio
do módulo municipal. Quando as alterações são feitas no SGB, o Gestor Municipal não
precisa enviar documentação para a SENARC, mas deve arquivar o Formulário Padrão
de Gestão de Benefícios (FPGB) durante cinco anos, para efeito legal/comprovação.
• Gestão Centralizada: o Gestor Municipal solicita, por ofício, que a SENARC realize as
atividades de gestão em determinado benefício, utilizando o (FPGB) e arquiva cópia do
formulário.

177
MÓDULO 3 UNIDADE 3

Observe a ilustração para você visualizar como acontece o fluxo da operacionalização


da gestão benefícios

Classificação das atividades de gestão:


• as que podem ser executadas somente com aproveitamento das alterações cadastrais
realizadas pelos municípios no CadÚnico;
• as que podem ser executadas somente por meio do SGB; e
O bloqueio, o
desbloqueio, • aquelas que podem utilizar as duas formas, mas dependem dos motivos.
a reversão de
suspensão e O cancelamento e a concessão/reversão de cancelamento dos benefícios básico e
a reversão de variável só podem ser executados por repercussão de alteração de cadastro
cancelamento podem
ser executados Essas atividades de gestão estão diretamente ligadas aos beneficiários indiretos (crianças e
diretamente no SGB, jovens) existentes na família, em relação à sua renda e à duplicidade cadastral. A mudança na
para os casos renda e na composição do número de criança e/ou adolescente (morte, nascimento, ter idade
já citados.
igual ou maior que 18 anos, não morar mais com a família) deve ser alterada no cadastro da
178
MÓDULO 3 UNIDADE 3

família pelo Gestor Municipal. Logo em seguida, os dados são analisados pelo sistema que
executará automaticamente as atividades de gestão de acordo com cada caso.

Essas alterações são feitas somente no CadÚnico, pois implantada a Rotina de Repercussão
Automática de Alterações Cadastrais as alterações são enviadas automaticamente para o
SGB/SIBEC. Na continuidade de seu estudo você entenderá melhor.

O Gestor Municipal só poderá cancelar um benefício pelos seguintes motivos


Cancelamento executados com aproveitamento de alterações cadastrais
• Duplicidade cadastral;
• Renda familiar superior ao estabelecido pelo Programa; e
• Falecimento de um membro ou de toda família.

Cancelamento executados diretamente no SGB


• Decisão judicial;
• Desligamento voluntário da família do PBF;
• Trabalho infantil na família; e
• Acúmulo de benefícios do PBF e PETI.

Vale lembrar

O SGB é o principal instrumento de descentralização da gestão do PBF. Por meio do módulo


municipal do SGB, o Gestor Municipal pode fazer consultas e executar as seguintes atividades
de gestão de benefícios:
• Bloqueios;
• Cancelamentos;
• Desbloqueios; e
• Reversões.

OPERACIONALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE BENEFÍCIOS POR MEIO DO SGB


No SGB, o gestor pode fazer consultas e verificar as informações referentes ao valor do
benefício, à situação de pagamento, à identificação do titular e de seus dependentes, além das
atividades de gestão que já foram executadas. Acompanhe o modelo.

179
MÓDULO 3 UNIDADE 3

Telas de consulta de desbloqueio no SGB

Anote!
O Sistema de Gestão de Benefício – SGB registra todas as atividades, identificando quem as
realizou no Município, por meio do Número de Identificação Social (NIS).

OPERACIONALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE BENEFÍCIOS POR MEIO DA REPERCUSSÃO


DE ALTERAÇÃO CADASTRAL
Para facilitar e permitir maior controle à gestão do PBF, a SENARC implantou uma rotina
permanente de auditoria que ajuda a manter uma coerência entre as informações do Cadastro
Único (CadÚnico) e do Sistema de Gestão de Benefícios (SGB). Este procedimento, que
acontece todo mês, é chamado de Repercussão Automática de Alterações Cadastrais do
CadÚnico no PBF. O SGB passou a utilizar as alterações do CadÚnico para as atividades de
gestão. Isso significa dizer que uma alteração no cadastro pode gerar um cancelamento ou
bloqueio de benefícios financeiros de uma família.
As rotinas que são tratadas automaticamente são:
• Alteração na renda por pessoa da família;
• Alteração da composição familiar;
• Substituição de responsável pela unidade familiar; e
• Mudança de Município;
Devido a essa rotina,
Aprenda como fazer alterações no cadastro
as atividades de
gestão precisam 1º passo: o Município realiza as alterações no aplicativo Off-line, depois transmite os dados
ser lançadas no pelo aplicativo conectividade social para o agente operador (CAIXA) e recebe o arquivo
Aplicativo de Entrada
retorno.
e Manutenção de
Dados do Cadastro 2º passo: as informações que podem gerar alguma atividade de gestão são encaminhadas
Único, mais diretamente para o SGB, via fluxo próprio que será abordado a seguir.
conhecido como
Off-line do CadÚnico,
3º passo: o SGB analisa a repercussão dessas alterações sobre os benefícios financeiros da
transmitindo à base
nacional por meio do
família. O sistema realiza alguma atividade de gestão de acordo com cada caso, e gera efeitos
conectividade social. sobre a situação dos benefícios e sobre as parcelas de pagamento, de acordo com o Calendário
Operacional.
180
MÓDULO 3 UNIDADE 3

4º passo: no próprio SGB, o gestor verifica se foi executada automaticamente alguma atividade
de gestão decorrente das alterações cadastrais.

Veja o fluxograma de processamento da repercussão de alteração cadastral no SGB.

Esta é uma situação comum que você pode encontrar no dia-a-dia.


SUBSTITUIÇÃO DO RESPONSÁVEL PELA UNIDADE FAMILIAR

Vou trocar os dados de seu pai


Sr. Gestor, meu pai faleceu e o pelos dados da pessoa que vai
cartão estava em nome dele para o substituí-lo no CadÚnico, o que
recebimento do benefício. E agora, acarretará a mudança do titular
minha família perde o direito ao automaticamente no SGB. Será
beneficio? emitido automaticamente um novo
cartão magnético para esse novo
responsável. Os benefícios passarão
a ser pagos ao novo responsável
legal pela unidade familiar .

181
MÓDULO 3 UNIDADE 3

Confira o que ocorre no SGB/SIBEC nessa situação.


Essa alteração é tratada pela Rotina de Repercussão Automática de Alterações Cadastrais.
Sendo necessária alguma substituição do responsável por esta família, o gestor do PBF deve
trocar os dados da pessoa antiga pelos dados da nova pessoa no CadÚnico, o que acarretará
a mudança do titular automaticamente no SGB. Será emitido automaticamente um novo
cartão magnético para este novo responsável. Os benefícios passarão a ser pagos ao novo
responsável legal.

Vale lembrar:
Para o novo responsável pela unidade familiar realizar saques em nome do anterior, até
a entrega do novo cartão, é necessário que o Gestor Municipal emita uma declaração de
substituição de responsável legal, conforme descrito na Instrução Operacional nº 12.

É importante que o Município também atualize as informações de características do


domicílio e endereço (campos 201 e 225). Isso facilitará a localização e a entrega do cartão a
essa família.

Outra situação...
MUDANÇA DE MUNICÍPIO
A mudança de Município também é tratada pela Rotina de Repercussão Automática de
Alterações Cadastrais, ou seja, esta informação repercute no SGB.
A família de Dona Joana recebe o benefício do PBF. Mudou-se para um Município próximo
de onde residia. Nesta situação, a família continuará recebendo o benefício pelo Município
de origem ou pelo novo endereço?
Quando uma família muda de cidade, ela pode continuar recebendo o benefício, mas
deverá se cadastrar imediatamente no Município de destino. O Gestor Municipal não pode
cancelar um benefício por motivo de mudança de Município e nem excluir o cadastro da
família.

São ações do gestor no caso de alteração de endereço


Acompanhe os passos.

O que o Gestor Municipal da cidade de origem deve fazer


1º passo
Saber se a informação da mudança de uma família de sua cidade para outra é verdadeira.
Caso não encontre a família no domicílio registrado no CadÚnico o gestor deverá bloquear
o benefício, a fim de que a família compareça à prefeitura.
Se a família não mudou de cidade, mas apenas de bairro, o benefício deve ser desbloqueado
e o gestor deve atualizar o endereço e os demais dados da família no CadÚnico.

2º passo: cadastramento
Caso a família tenha realmente mudado de Município, o cadastro da família não deve ser
nem excluído nem alterado.
Nesta situação, o gestor deve orientar a família a comparecer à prefeitura do Município de
destino e fazer um novo cadastramento.
182
MÓDULO 3 UNIDADE 3

O Gestor Municipal da cidade de destino deverá agir assim:


1º passo: cadastramento
Se uma família beneficiária do PBF acaba de chegar em seu Município, ela deve imediatamente ser
cadastrada no CadÚnico.

2º passo: ativação
Nesse cadastramento, o responsável legal deve ser, preferencialmente, o mesmo do cadastro da família
no Município de origem, salvo casos de mudança de responsável legal. O próprio sistema do CadÚnico
ativará o novo domicílio e tornará inativo o domicílio anterior.

3º passo: substituição
E se não for o mesmo responsável legal? O gestor deve cadastrar o responsável anterior e depois do
processamento do arquivo pela CAIXA, substituir o responsável legal.

Uma dica importante


Deve-se ter um cuidado especial com os dados do responsável legal. Os dados devem ser os
mesmos: nome, data de nascimento, números dos documentos de identificação, o nome da
mãe, UF/Município de nascimento, principalmente o Número de Identificação Social – NIS.

Anote!
É importante considerar que, nos casos em que o Município realizar atividades de bloqueio
relacionadas a informações cadastrais diretamente no SGB, mas não atualizar a informação
no Cadastro, na geração da folha do PBF no mês subseqüente, os benefícios poderão
retornar à folha. Assim, é preciso que o Município efetue a ação no SGB, mas também altere
a informação correspondente no Cadastro Único.

Outro aspecto relevante do SGB/SIBEC


O SGB também permite que o Município tenha acesso a outras informações de fundamental
importância, como aquelas relacionadas à entrega de cartões, aos benefícios não sacados,
dentre outras.

Integração entre PBF e PETI

Seu objetivo:

O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI é um programa operacionalizado


pela Secretaria Nacional de Assistência Social – SNAS em parceria com estados,
municípios e sociedade civil.

Erradicar o trabalho infantil, principalmente nas atividades perigosas, insalubres, penosas e


degradantes.

O MDS regulamentou a integração do PBF e o PETI por meio da Portaria nº 666 de 2005.

183
MÓDULO 3 UNIDADE 3

O que você precisa saber sobre as modalidades de operacionalização do PETI


• PETI-CAIXA: é a modalidade mais atual de operacionalização do PETI. A CAIXA é o
agente operador e responsável pelo pagamento às famílias. Fazem parte desta modalidade
todas as famílias beneficiárias incluídas no CadÚnico, com o campo 270 marcado.

Responsabilidades dos municípios


• Todo o processo de gestão
• Lista de beneficiários
• Pagamento
• Comprovação da aplicação dos recursos repassados

A integração tem como estratégia


• Cadastramento de todas as famílias no CadÚnico;
• A transferência de família do PETI para o PBF não incorre em diminuição do valor do
benefício. Nesse caso, a família é transferida para o PETI-CAIXA (se receber menos de
R$ 120,00 por pessoa por mês);
A integração do PBF
e PETI respeita as • As famílias beneficiárias do PBF que estejam em situação de trabalho infantil, passam a
especificidades dos cumprir as atividades socioeducativas e de convivência;
dois programas, ou
seja, assumiu-se a • As famílias beneficiárias do PETI, ao serem incluídas no PBF, passam a cumprir – além
coexistência dos das atividades socioeducativas e de convivência – as condicionalidades de saúde, pois a
programas. condicionalidade da educação já é uma contrapartida do PETI.

Você deve conhecer as diferentes regras para a concessão de benefícios para inte-
gração
Elas levam em consideração se as famílias estão nas duas situações a seguir:

1. Famílias em situação de trabalho infantil sem nenhum benefício financeiro do PBF ou


do PETI.
2. Famílias beneficiárias do PETI-Caixa.

184
MÓDULO 3 UNIDADE 3

Observe o fluxograma do manual de gestão de benefícios

Famílias que ainda não recebem benefícios

Um caso para ilustrar

Minha família ainda não


recebe nenhum benefício,
poderemos ser incluídos em Sim, é possível, contanto que se
um desses programas? atenda a algumas condições.

185
MÓDULO 3 UNIDADE 3

Para que sua família seja incluída em


qualquer programa, é preciso estar em uma
dessas condições:
Condição 1: renda per capita igual ou menor
que R$ 120,00 está habilitada a entrar no PBF.
Condição 2: renda per capita maior que R$
Então, esclareça-me quais as 120,00 está habilitada a entrar no PETI-CAIXA.
condições.

As famílias que não recebem nenhum benefício e estão em situação de trabalho infantil,
serão incorporadas pelo PBF ou pelo PETI, dependendo do valor da renda por pessoa.

Famílias que recebem PETI-CAIXA


Vale lembrar que caso a família já receba benefício financeiro do PETI-CAIXA, poderá ser
incluída no PBF.
Porém, é preciso ter renda per capita igual ou menor que R$120,00.

Atenção
A transferência do PETI para o PBF não acarreta diminuição no valor dos benefícios
financeiros. Neste caso a família permanecerá no PETI-CAIXA.

Famílias que recebem PETI-FUNDO


Caso a família receba benefício financeiro do Peti-Fundo, poderá, também, ser incluída no
PBF.

Tem alguma condição?


Sim!
186
MÓDULO 3 UNIDADE 3

Observe as condições:
• Condição 1: ser cadastrada no Cadastro Único.
• Condição 2: renda per capita igual ou menor que R$ 120,00.

Se a família tiver uma renda per capita maior que R$ 120,00 ela estará habilitada a entrar no
PETI-CAIXA.

Fechando esta idéia...


É importante ressaltar que a partir da integração entre PETI e PBF, todas as famílias em
situação de trabalho infantil, sejam elas beneficiárias do PETI, sejam do PBF, passam a ter
responsabilidade com a manutenção dos seus filhos em atividades socioeducativas e de
convivência, também chamadas de jornada ampliada.
Essas, na concepção do Bolsa Família, passam a ser consideradas da mesma forma que as
condicionalidades nas áreas de educação e saúde.

O MDS repassa recursos financeiros


Para apoiar os municípios na organização dos serviços de apoio sociofamiliar ou jornada
ampliada, o MDS repassa recursos financeiros. Estes serviços serão melhor abordados no
módulo 5 do curso de capacitação.

Parabéns!
Você acaba de vencer mais uma etapa do seu estudo.
Prossiga nos novos assuntos.
Lembre-se: só passe adiante quando tiver certeza de que já domina o conteúdo
estudado.

187
MÓDULO 3 UNIDADE 4

Unidade 4 – Gestão de Condicionalidades


Você está começando o estudo de mais uma Unidade do Módulo 3 – Gestão do Programa
Bolsa Família. Nesta Unidade você vai estudar a gestão de condicionalidades.
Bom estudo!

Para iniciar, confira o que já aprendeu...


O PBF é um programa de transferência de renda com condicionalidades para as famílias
pobres e extremamente pobres.

Isso significa que...


Uma família beneficiária do PBF passa a ter compromisso diante do Programa.

É bom lembrar, ainda, que


As condicionalidades representam o componente fundamental da segunda dimensão do
Programa, a contribuição para a redução da pobreza na próxima geração.

Fique sabendo o que significa condicionalidade e seu objetivo


As condicionalidades devem ser entendidas como um contrato entre as famílias e o Poder
Público. Ao mesmo tempo em que são compromissos a serem cumpridos pelo núcleo familiar
para poder receber o benefício mensal, elas fortalecem o acesso aos direitos sociais básicos
para as famílias que recebem o benefício financeiro.

OBJETIVO DESSAS CONDICIONALIDADES


É contribuir para facilitar e ampliar o acesso das famílias mais excluídas aos serviços de saúde
e de educação, com possibilidade de contribuir para a redução da pobreza na próxima geração.
Sabemos que as famílias em situação de pobreza e extrema pobreza têm mais dificuldades
para conseguir atendimento num hospital ou posto de saúde, matricular seus filhos e filhas
numa escola ou ter acesso a serviços sociais básicos.

Assegurar o acesso dessas famílias às políticas de saúde e de educação é oferecer às crianças e


aos jovens em situação de pobreza melhores e maiores oportunidades de vencer as barreiras
da exclusão social.
Art. 6º da
Constituição Federal, Ter acesso a esses serviços sociais básicos é um direito previsto na Constituição Federal
são direitos sociais a O cumprimento das condicionalidades é uma estratégia importante no enfrentamento da
educação, a saúde, o
pobreza e da exclusão.
trabalho, a moradia,
o lazer, a segurança, Ter acesso a esses serviços é um direito previsto na Constituição Federal, e as
a previdência
condicionalidades se tornam o principal instrumento para fortalecer o acesso das famílias
social, a proteção
à maternidade e à em situação de vulnerabilidade social a estes direitos.
infância, a assistência
aos desamparados, Por isso, o cumprimento das condicionalidades é uma estratégia importante no enfrentamento
na forma desta da pobreza e da exclusão social.
Constituição.
188
MÓDULO 3 UNIDADE 4

Fique atento a este lembrete!


O Poder Público também tem compromisso com as condicionalidades.

Acompanhe esta informação


Estes compromissos são, ao mesmo tempo, deveres e direitos.
• Deveres
Porque todas as famílias, para receberem o benefício mensal, têm necessariamente que
colocar seus filhos na escola, manter o cartão de vacinação etc.
• Direito
Porque o acesso a estes serviços está garantido pela Constituição Federal. Mas, pelos mais
variados motivos, tradicionalmente estas famílias têm dificuldades em acessá-los.

O Poder Público, que tem a obrigação constitucional de disponibilizar estes serviços,


passa a ter um importante instrumento para monitorar o acesso, na medida em que, ao
criar as regras das condicionalidades, deve acompanhar o cumprimento das mesmas
para assegurar o recebimento de benefícios pelas famílias.

Esse monitoramento, mais do que aplicar medidas punitivas de bloqueio, suspensão ou


cancelamento de benefícios está relacionado à garantia de acesso das famílias aos direitos
sociais básicos de educação e saúde.

É importante ressaltar a idéia do contrato representado pelas condicionalidades, ou seja,


uma relação de mão dupla entre sociedade e governo, que não visa punir as famílias mais
vulneráveis.

Portanto...
As condicionalidades têm duas facetas.
Conheça-as:

• Para as famílias:
As condicionalidades estimulam um maior cuidado com a saúde e com a educação.

• Para o Poder Público:


Obrigam a ampliar a oferta local dos serviços públicos de educação e saúde.

189
MÓDULO 3 UNIDADE 4

Os compromissos das famílias


Você já sabe que a permanência de uma família no PBF depende
do cumprimento das condicionalidades nas áreas de educação e
saúde. Com a integração com o PETI, as famílias com situação
de trabalho infantil também têm responsabilidades na área de
Assistência Social.
Os documentos básicos a serem consultados são: Portaria MDS
nº 551/2005, Portaria MDS nº 666/2005, Guia de Gestão de
Condicionalidades e Agenda de Compromissos da Família do
Bolsa Família.

As condicionalidades de educação
O inciso I do art. 2º da Portaria MDS nº 551/2005 define as condicionalidades na área de
educação. O inciso I do art. 3º da mesma Portaria estabelece as atividades a serem realizadas
pelas famílias para o cumprimento das condicionalidades de educação.

Conheça essas atividades:


• e fetivar, observada a legislação escolar vigente, a matrícula escolar das crianças e
adolescentes de 6 a 15 anos e jovens de 16 a 17 anos em estabelecimento regular de
ensino;
• g arantir a freqüência escolar de no mínimo 85% (oitenta e cinco por cento) para crianças
de 6 a 15 anos e de 75% para jovens de 16 e 17 anos da carga horária mensal do ano letivo,
informando sempre à escola quando da impossibilidade de comparecimento do aluno à
aula, apresentando, se existente, a devida justificativa; e
• i nformar, de imediato, sempre que ocorrer mudança de escola dos dependentes de
6 a 15 anos e jovens de 16 e 17 anos, para que seja viabilizado e garantido o efetivo
acompanhamento da freqüência escolar.

Todas as crianças do núcleo familiar que estejam nessa faixa etária, mesmo aquelas
para as quais não ocorre pagamento do benefício variável, devem cumprir essas
condicionalidades.

Condicionalidades de saúde
O inciso II do art. 2º da Portaria MDS nº 551/2005 define as condicionalidades na área de
saúde. O inciso II do art. 3º da mesma Portaria estabelece as atividades a serem realizadas
pelas famílias para o cumprimento das condicionalidades de saúde.

Conheça essas atividades:


Para as gestantes:
• i nscrever-se no pré-natal e comparecer às consultas na unidade de saúde mais próxima
de sua residência, portando o cartão da gestante, de acordo com o calendário mínimo do
Ministério da Saúde; e
190
MÓDULO 3 UNIDADE 4

• p
articipar de atividades educativas ofertadas pelas equipes de saúde sobre aleitamento
materno e promoção da alimentação saudável.

Para os responsáveis pelas crianças menores de 7 (sete) anos:


• u
nidades de saúde ou aos locais de vacinação e manter atualizado o calendário de
imunização, conforme diretrizes do Ministério da Saúde; e
• u
nidades de saúde, portando o cartão de saúde da criança, para a realização do
acompanhamento do estado nutricional e do desenvolvimento, além de outras ações,
conforme o calendário mínimo do Ministério da Saúde.

As Condicionalidades de Assistência Social


As condicionalidades que as famílias devem cumprir em função da integração PETI/PBF, são
regidas pelo art. 13 da Portaria MDS nº 666/2005
As crianças ou adolescentes em situação de trabalho infantil, cujas famílias sejam beneficiárias
do PBF, serão inseridas nas atividades socioeducativas e de convivência, proporcionadas pelo
PETI, nos termos da Portaria SEAS/MPAS nº 458, de 2001, sem prejuízo do cumprimento
das condicionalidades de saúde e de educação do PBF.

Fique atento
As famílias beneficiárias do PETI, ao serem incluídas no PBF, passarão a cumprir as
condicionalidades de saúde, sem prejuízo das atividades de educação, socioeducativas e de
convivência que já realizam pelo PETI.

Isto é importante
Os responsáveis pelas crianças e adolescentes inseridas no PETI/PBF têm outros compromissos
além dos já citados:
• Retirar todos os filhos menores de 16 anos de atividades de trabalho infantil;
• G
arantir a permanência dos filhos nas atividades socioeducativas e de convivência, com
o mínimo de 85% de freqüência mensal; e
• P
articipar de programas e projetos de qualificação profissional e de geração de emprego
e renda.

Você notou? A integração PETI/PBF uniu as condicionalidades dos dois Programas,


aumentando, assim, as suas chances de êxito.

COMPROMISSOS E RESPONSABILIDADES DOS GOVERNOS FEDERAL, ESTADUAIS E


MUNICIPAIS
• O Poder Público (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) tem compromissos a
cumprir, pois são imprescindíveis a oferta e a garantia de acesso aos serviços de educação,
saúde e assistência social para que as famílias possam cumprir os compromissos
assumidos.
• A
s condicionalidades são o fortalecimento de direitos sociais básicos e, por este motivo, a
família só poderá cumprir seus compromissos e ser cobrada por eles se houver oferta de
serviços e garantia de acesso.
191
MÓDULO 3 UNIDADE 4

Um recado
O Poder Público é também responsável pela “busca ativa” de famílias do PBF que não
procurem, por algum motivo, os mencionados serviços.
A integração entre PBF e serviços do SUAS viabiliza este apoio aos mais vulneráveis.

As responsabilidades compartilhadas em relação as condicionalidades


Lembrando:
O combate à pobreza e às desigualdades é competência comum da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios.
Isso se aplica ao PBF em geral e às condicionalidades em particular.
Para conhecer melhor essas responsabilidades, acompanhe a informação a seguir e analise o
que cabe a cada ente federado, de acordo com o tipo de condicionalidade.

Os arts. 7º e 8º da Portaria MDS nº 551/2005 definem as responsabilidades gerais dos


estados e municípios no que se refere às condicionalidades e o art. 12 da mesma Portaria
fala sobre as atribuições das Instâncias de Controle Social.

As condicionalidades de educação
Ao Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome compete o estipulado pelo art.
10 da Portaria MDS/MEC nº 3.789/2004;
Ao Ministério da Educação compete o estipulado pelo art. 9º da Portaria MDS/MEC nº
3.789/2004;
O art. 7º da Portaria MDS/MEC nº 3789/2004 estabelece que “o gestor do sistema de
freqüência escolar no Estado deverá ser o titular da Secretaria Estadual de Educação” e o art.
8º desta mesma Portaria define as suas atribuições;
O art. 5º da Portaria MDS/MEC nº 3.789/2004 estabelece que “o gestor do sistema de freqüência
escolar no Município deverá ser o titular do órgão municipal de educação” e o art. 6º desta
mesma Portaria define as suas atribuições (para efeito de cumprimento do estabelecido na
Portaria em questão, o Distrito Federal equipara-se aos municípios – art. 13);
O art. 4º da Portaria MDS/MEC nº 3.789/2004 define as atribuições dos dirigentes dos
estabelecimentos de ensino que contarem com alunos beneficiários do Programa Bolsa
Família.

As condicionalidades de saúde
Ao Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome compete o estipulado pelo art.
5º da Portaria MDS/MS nº 2.509/2004;
Ao Ministério da Saúde compete o estipulado pelo art. 4º da Portaria MDS/MS nº
2.509/2004;
O art. 3º da Portaria MDS/MS nº 2.509/2004 define as competências das Secretarias Estaduais
de Saúde;
192
MÓDULO 3 UNIDADE 4

O art. 2º da Portaria MDS/MS nº 2.509/2004 define as competências das Secretarias


Municipais de Saúde.

As condicionalidades de Assistência Social


O § 1º do art. 13 da Portaria MDS nº 666/2005 estabelece que a Secretaria Nacional de
Assistência Social – SNAS é responsável pelo acompanhamento do cumprimento das
atividades socioeducativas e de convivência para as famílias em situação de trabalho infantil
beneficiárias do PBF ou usuárias do PETI.
Os arts. 16 a 25 da mesma Portaria definem as competências de todos os envolvidos nas
condicionalidades de assistência social: SENARC e SNAS do MDS, gestores estaduais e
municipais do PBF e PETI, instâncias estaduais e municipais de controle social do PBF,
comissões estaduais e municipais de erradicação do trabalho infantil do PETI.

Organizando o pensamento...
A gestão de condicionalidades
Dadas as responsabilidades dos governos com as condicionalidades, é necessária
a implementação de um processo específico para dar respostas eficientes a estes
compromissos.
A esse processo chama-se de gestão das condicionalidades.
Então, Gestão das Condicionalidades é...
O conjunto de ações articuladas entre Governos Federal, Estadual e Municipal, visando ao
acompanhamento periódico dos compromissos assumidos pelas famílias.

De uma forma geral, esse processo envolve as seguintes ações

Ações na gestão das condicionalidades


acompanhamento periódico das famílias beneficiárias nas áreas de saúde, educação e
• o
assistência social;
registro de informações nos sistemas informatizados referentes ao acompanhamento
• o
das condicionalidades pelo MDS, MEC e MS;
• medidas articuladas entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios que visem
propiciar às famílias condições para o cumprimento das condicionalidades;
• a plicação gradativa de advertência e sanções nos casos de descumprimento das
condicionalidades;
• acompanhamento
familiar das famílias que descumpriram condicionalidades.

É Importante destacar:
O caráter de intersetorialidade da gestão de condicionalidades.

No cotidiano é assim...
O Ministério da Educação (MEC) realiza o acompanhamento e registro da freqüência escolar
por períodos bimestrais.
193
MÓDULO 3 UNIDADE 4

O Ministério da Saúde (MS) realiza o acompanhamento e o registro das condicionalidades


de saúde por períodos semestrais.

Intersetorialidade é fundamental também em nível municipal


É tarefa do gestor municipal do PBF:
Planejar e coordenar a ação intersetorial local, de forma a estabelecer diálogo com todas as
áreas envolvidas:
• saúde;
• educação;
• gestão do PETI;
• Centros de Referência da Assistência Social – CRAS; e
• Instâncias de Controle Social – ICS do PBF.

Confira:
Veja a representação da intersetorialidade no diagrama de gestão das condicionalidades:

Instância
de Controle
Gestor Social (ICS) Gestor Municipal
Municipal e e Responsável
Responsável Técnico Educação
Técnico Saúde
Gestor Municipal
do PBF

CRAS Gestor do PETI


(PAIF)

O DIA-A-DIA DA GESTÃO MUNICIPAL DE ACOMPANHAMENTO DE


CONDICIONALIDADES
Você notou que cabe ao Gestor Municipal do Bolsa Família articular os representantes dos
setores envolvidos na gestão de condicionalidades do PBF?

194
MÓDULO 3 UNIDADE 4

Tome nota e guarde em sua memória

Essa tarefa central pode ser desdobrada nas seguintes responsabilidades para o Gestor
Municipal:
• a rticular, capacitar e mobilizar os agentes envolvidos nos procedimentos de
acompanhamento das condicionalidades;
• m
obilizar, estimular e orientar as famílias beneficiárias sobre a importância do
cumprimento das condicionalidades;
• r ealizar o acompanhamento sistemático das famílias com dificuldades, avaliando as
causas e promovendo, sempre que necessária, a redução da situação de risco por meio
da inserção da família em programas e ações voltados para combater os efeitos da
vulnerabilidade identificada;
• n
otificar formalmente o responsável legal pela família, quando identificar o
descumprimento das condicionalidades, conforme modelo-padrão estabelecido na
Portaria MDS nº 551 de 2005; e
• e ncaminhar, para conhecimento da Instância de Controle Social do Programa, a relação
das famílias que devem ter o benefício cancelado em decorrência do descumprimento
das condicionalidades.

Anote aí:
Veja mais informações nos Informes PBF nºs 79, 95 e 114

Para garantir a gestão intersetorial de condicionalidades, recomenda-se:


A organização de uma agenda de reuniões com todos os responsáveis envolvidos com a ges-
tão do PBF no Município.
Essas reuniões são imprescindíveis para compartilhar assuntos como:

• diretrizes nacionais sobre o PBF;


• acompanhamento, registro e divulgação de informações;
• n
otificação das famílias em descumprimento de condicionalidades e análise de
recursos;
• l ocalização das famílias mais vulneráveis e planejamento de ações para melhoria das
condições de vida destas famílias;
• troca de experiência e avaliação de resultados obtidos.

Um caso para contar:


Em um determinado bairro do Município, vinha ocorrendo o descumprimento reiterado
de condicionalidades de educação. Após uma reunião com a participação das escolas e do
CRAS da comunidade envolvida, foram identificadas as causas do descumprimento das
condicionalidades. Em busca de uma solução do problema foram planejadas diferentes ações
conjuntas (escolas e CRAS) a fim de mobilizar, estimular e orientar as famílias beneficiárias
sobre a importância do cumprimento das condicionalidades.
195
MÓDULO 3 UNIDADE 4

ACOMPANHAMENTO NA SAÚDE E NA EDUCAÇÃO

Acompanhamento na Saúde

As secretarias municipais de saúde têm duas atribuições principais:


• ofertar as ações de pré-natal, vacinação, acompanhamento do crescimento da criança e as
atividades educativas de saúde, alimentação e nutrição.
• designar um Responsável Técnico, preferencialmente um nutricionista, para coordenar o
acompanhamento das famílias e a atualização das informações no SISVAN.

Para ter mais Anote aí:


informações sobre
O Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) fica disponível no endereço
como efetuar o
registro dos dados eletrônico: http://sisvan.datasus.gov.br para registrar as informações sobre condicionalidades
nos sistemas da de saúde.
Educação e da
Saúde, consulte o O módulo de gestão do SISVAN
Manual Operacional
de Controle de Permite fazer o acompanhamento do estado nutricional
Freqüência Escolar dos membros das famílias beneficiárias do PBF, bem
e o Manual de como registrar, consolidar e disponibilizar as informações
Orientações Sobre necessárias ao acompanhamento das condicionalidades
o Bolsa Família na
de saúde.
Saúde.
No módulo gestão do SISVAN, o Responsável Técnico
e sua equipe têm também acesso ao Mapa Diário de
Acompanhamento, onde devem ser registradas as
informações dos beneficiários do PBF.

Conheça na página seguinte o fluxo do processo de registro do acompanhamento


das condicionalidades da área da Saúde.

196
MÓDULO 3 UNIDADE 4

Equipe Responsável pelo Acompanhamento das Condicionalidades da Saúde


1. Acessa o Módulo de Gestão do SISVAN e imprime os Mapas Diários de
Acompanhamento;
2. Distribui Mapa Diário de Acompanhamento para as Equipes das Unidades de Saúde
e/ou Equipes de Saúde da Família.

Equipe das Unidades de Saúde e/ou Equipe de Saúde da Família


1. Solicitam que os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) façam a busca ativa dos
beneficiários do Bolsa Família em sua área de atuação.

Agentes Comunitários de Saúde (ACS)


1. Dirigem-se à casa das famílias beneficiárias e as informam de que precisam
comparecer à Unidade de Saúde e/ou Equipe de Saúde da Família para fazer o
acompanhamento das condicionalidades.

Beneficiários do Bolsa Família com Perfil Saúde


1. Comparecem à Unidade de Saúde e/ou Equipe de Saúde da Família.

Equipe das Unidades de Saúde e/ou Equipe de Saúde da Família


1. Coletam e registram no Mapa Diário de Acompanhamento os dados dos beneficiários
do PBF;
2. Devolvem o Mapa Diário de Acompanhamento preenchido para a Equipe
Responsável pelo Acompanhamento das Condicionalidades da Saúde.

Equipe Responsável pelo Acompanhamento das Condicionalidades da Saúde


1. Providencia a digitação das informações dos Mapas Diários de Acompanhamento
no Módulo de Gestão do SISVAN dentro do prazo estabelecido;
2. Identifica famílias beneficiárias com perfil saúde não acompanhadas para que os
Agentes Comunitários de Saúde façam a busca ativa.

197
MÓDULO 3 UNIDADE 4

Acompanhamento na Educação

O gestor do sistema de freqüência escolar no Município é o titular do órgão municipal de


educação, o Secretário Municipal de Educação.

Uma de suas atribuições é de indicar o Operador Municipal Máster, responsável por


coordenar o sistema de Acompanhamento da Freqüência Escolar no Município e pelo
registro das informações no sistema.

Esse sistema, totalmente on-line, fica disponível no endereço:

http://frequenciaescolarpbf.mec.gov.br

e permite que os municípios possam captar, de forma mais rápida e fácil, a freqüência escolar
das crianças e adolescentes. Veja o Informe PBF nº 64.

Saiba mais

O sistema oferece, ainda, a possibilidade de alteração imediata da série/Instituto Nacional de


Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP.

Veja como acontece

Se a escola identificou um aluno que não está na série ou na escola indicada para fazer o
acompanhamento da freqüência escolar, será possível entrar no sistema e fazer as correções
imediatamente.
No mesmo momento, a série ou a escola do aluno é alterada e o acompanhamento da
freqüência escolar já pode ser realizado corretamente.
Dessa forma, não será mais preciso esperar o início de um novo período de acompanhamento
para que as alterações de série/INEP entrem em vigor.

Isso é importante

O Município pode gerar e imprimir listagens dos beneficiários por escola.


Para os alunos sem informação da escola onde estudam são definidos 2 (dois) grupos.

Grupo de alunos em Escola/INEP não identificada, onde devem ficar:


• as crianças que entram para o programa sem escola identificada no CadÚnico;
• a s crianças que estão matriculadas em escola que existe fisicamente, mas não teve ainda
o seu código INEP registrado no sistema;
• a s crianças para as quais não há oferta de serviços educacionais na sua comunidade (ensino
especial, educação infantil, ensino médio na área rural, abrigamento sem escolarização
etc.); e
• a s crianças que permanecem nesta situação de Escola/INEP não Identificada pelos
motivos anteriormente citados.

198
MÓDULO 3 UNIDADE 4

Grupo de alunos não localizados – neste agrupamento devem ficar:


• c rianças que entraram para o programa sem escola identificada no CadÚnico e não foram
localizadas em nenhuma escola do Município;
• c rianças que se transferiram e não informaram para onde. Ou seja, a escola de origem
desconhece para onde foram;
• crianças que já estavam indicadas como “não localizadas” e continuam nesta situação.

Você sabia que...


O sistema permite o registro da freqüência escolar na escola?
Para isso foi criado um perfil de usuário para o Diretor da Escola.
Ele será cadastrado pelo Operador Municipal Máster e poderá usar o sistema diretamente.

Fique de olho...
Para que isso ocorra, é necessário que a escola tenha acesso ao sistema e o diretor se
comprometa a assumir esta atribuição.

Entre outras funcionalidades, o diretor escolar poderá:


• emitir relatórios gerenciais;
• emitir relatórios de baixa freqüência e
• r egistrar as freqüências dos alunos de sua escola, conforme orientações do manual do
sistema.

Como fazer para acessar o sistema?


Para acessar o sistema, é necessário preencher a Ficha Cadastral, onde o titular do órgão
municipal de educação indica a pessoa que será o Operador Municipal Máster e este deve, de
imediato, solicitar cadastro no sítio:
http://frequenciaescolarpbf.mec.gov.br

Cabe ao Operador Municipal Máster avaliar a necessidade de credenciar Operadores


Municipais Auxiliares e o Operador Diretor de Escola, bem como efetuar os
“descredenciamentos” necessários.

Um dos maiores desafios na gestão de condicionalidades de


educação é...
O registro, no sistema de acompanhamento de freqüência
escolar, dos motivos que levaram as crianças e adolescentes
a terem uma freqüência escolar inferior a 85% e jovens de 16
e 17 anos a terem uma frequência escolar inferior a 75%.

O Sistema de Acompanhamento da Freqüência Escolar


oferece algumas opções de motivos para a ausência nas aulas
dos alunos beneficiários do PBF.
199
MÓDULO 3 UNIDADE 4

Esses motivos podem ser “justificáveis” ou “injustificáveis”.

Motivos justificáveis:

Código Motivo
1 Doença do aluno (justificada/avaliada pela
escola)
2 Doença/ óbito na família (justificada/avaliada
pela escola)
3 Inexistência da oferta de serviço educacional
4 Fatores impeditivos da liberdade de ir e vir
(enchentes, falta de transporte, violência urbana
na área escolar e calamidades)

Motivos injustificáveis:

Código Motivo
51 Gravidez precoce
52 Mendicância/Trajetória de rua
53 Negligência de pais ou responsáveis
54 Trabalho infantil
55 Violência e exploração sexual
56 Violência doméstica
A proporção e a
reincidência desse 57 Sem motivo identificado
tipo de registro
sugerem que os
gestores, na ausência Fique bem informado
de uma informação
Os registros dos motivos de não freqüência escolar no sistema mostram que os motivos
mais próxima da
realidade, acabam “negligência dos pais” e “ausência de motivos” têm o maior número de indicações das
optando por marcar escolas para justificar a ausência dos alunos beneficiários do PBF.
um motivo genérico
O monitoramento das condicionalidades a serem cumpridas pelas famílias beneficiárias do
(negligência dos pais)
ou simplesmente se Bolsa Família, além de permitir o acompanhamento dos compromissos das famílias, também
abstêm de identificar tem como objetivo identificar eventuais dificuldades de acesso das famílias aos serviços de
o motivo, marcando saúde e educação e, ainda, identificar situações de famílias mais vulneráveis.
o código 57 (ausência
de motivo). Fique atento!
Essas famílias, ao não conseguirem encaminhar seus filhos para a escola por uma situação
de maior fragilidade e exclusão social, precisam ser acompanhadas de forma mais próxima
e individual
Por este motivo, é preciso que as escolas busquem o motivo correto da ausência dos alunos
junto às famílias, e registrem no sistema. Os motivos da baixa freqüência orientam o Município
e mesmo o Governo Federal e os governos estaduais na definição de ações sociais específicas
para apoio às famílias, de acordo com a vulnerabilidade identificada.
200
MÓDULO 3 UNIDADE 4

Melhorar a qualidade dessa informação é essencial para que o PBF avance no esforço de
identificar os problemas que impedem que crianças e jovens beneficiários do Programa
freqüentem a escola, e proponha ações específicas que possam contribuir para corrigir
as causas da baixa freqüência escolar.
Esse é um tema a ser considerado de forma integrada, por exemplo, pelo Bolsa Família
e pelo Programa de Atenção Integral à Família – PAIF.

Agora, é a vez do gestor!


É importante que os gestores orientem as escolas a investigar, entre as famílias, os reais motivos
da baixa freqüência escolar, sejam eles justificáveis (como doença do aluno ou de algum ente
da família), ou não justificáveis (como violência, trabalho infantil e abuso sexual). As áreas
de assistência social e saúde podem contribuir na identificação destes motivos.

Isso é importante:
O calendário da saúde é semestral e o calendário da educação bimestral. Isto quer dizer que
as condicionalidades de saúde cumpridas pelas famílias, ao lado de cada semestre do ano,
vão sendo registradas no sistema, após o que são consolidadas e encaminhadas a SENARC. A
condicionalidade de educação é a freqüência escolar mensal inferior a 85%, para as crianças de
6 a 15 anos e inferior a 75% para os jovens de 16 e 17 anos, porém estes dados são registrados
em períodos bimestrais. Portanto, o acompanhamento das famílias é permanente, o registro
dos dados é que é semestral na saúde e bimestral na educação.

É fundamental, ainda...
Que o Gestor Municipal do PBF estabeleça uma parceria efetiva com o responsável pelo
acompanhamento da freqüência escolar na Secretaria Municipal de Educação, para ter
acesso aos relatórios gerenciais, que podem ser uma excelente ferramenta para direcionar a
implementação de novas ações, como por exemplo o relatório de identificação dos motivos
da freqüência inferior a 85% ou o relatório de crianças e adolescentes na situação de não
localizadas.

Uma dica
O Gestor Municipal do PBF pode acessar o manual do usuário do novo sistema no endereço
eletrônico: http://frequenciaescolarpbf.mec.gov.br
Maiores informações a respeito do Sistema de Acompanhamento de Freqüência Escolar
podem ser obtidas no Informe PBF nº 64. (http://www.mds.gov.br/bolsafamilia).

201
MÓDULO 3 UNIDADE 4

DESCUMPRIMENTO DAS CONDICIONALIDADES PELA FAMÍLIA


A família descumpriu as condicionalidades
O que fazer?
O acompanhamento das condicionalidades para o recebimento do benefício do programa,
mais do que um caráter punitivo de bloqueio, suspensão ou cancelamento de benefícios,
está relacionado ao monitoramento do acesso das famílias aos direitos sociais básicos de
educação, saúde e assistência social.

Portanto...
Em caso de descumprimento de condicionalidades...
É um indicador importante saber os motivos para que se identifiquem
aquelas famílias que se encontram em maior grau de vulnerabilidade
e risco social.

Um indicador para a orientação das políticas sociais e priorização para acompanhamento


familiar mais individualizado.

O PBF, além de fortalecer o acesso a direitos sociais básicos, dispõe de mecanismos


de sanções a serem aplicadas em caso de descumprimento de qualquer uma das
condicionalidades de educação, saúde ou assistência social.

As sanções possuem várias características


São:
• gradativas: à medida que os registros de não cumprimento das condicionalidades se
acumulam, as sanções se tornam mais rigorosas;
• indistintas: significa que não há um descumprimento de condicionalidade mais grave do
que outro;
• compartilhadas pelo grupo familiar: significa que a sanção é familiar e não recai apenas
sobre quem descumpriu a condicionalidade.

São aplicáveis somente se houver oferta de serviços e garantia de acesso.

As sanções em caso de descumprimento das condicionalidades podem repercutir sobre a


folha de pagamento, conforme quadro a seguir:

202
MÓDULO 3 UNIDADE 4

Descumprimento das Condicionalidades

1ª vez Notificação de
Advertência Benefício sem alteração.

Sanções gradativas
A família com o benefício (uma
Bloqueio 30 dias parcela) bloqueado por 30 dias, e volta

a receber com o acumulado.

A família fica sem receber o benefício


Suspensão 60 dias (duas parcela) por 60 dias, e volta a

receber sem o acumulado.

Novamente a família fica sem receber


o benefício (duas parcela) por 60 dias,
4ª Suspensão 60 dias e volta a receber sem o acumulado.

5ª Cancelamento Perde o benefício.

Você observou?
A primeira vez em que uma família deixa de cumprir condicionalidade, ela recebe uma
notificação de advertência. Nesse caso o benefício não sofre nenhuma alteração.

A partir do segundo registro de descumprimento, há repercussão sobre o pagamento do


benefício: bloqueio por trinta dias no segundo registro.

No terceiro e quarto registro, suspensão por 60 dias.

Em caso de bloqueio, a parcela não paga poderá ser sacada após trinta dias, porém as duas
parcelas suspensas não poderão mais ser sacadas.

No quinto registro de descumprimento, a família é desligada do PBF e não poderá sacar os


benefícios que ainda não foram sacados.

203
MÓDULO 3 UNIDADE 4

Cada registro de descumprimento de condicionalidade será válido por 18 meses. Esse


prazo é importante para saber se outro descumprimento significa uma sanção mais
grave.
A contagem do período de validade inicia-se sempre a partir do registro do último
descumprimento de condicionalidades.

Observe a ilustração

Advertência Bloqueio Suspensão

1º registro de 2º registro 3º registro


descumprimento de
condicionalidade

Início do Período Reinício do Período Reinício do Período


de Inadimplência de Inadimplência de Inadimplência
18 meses 18 meses 18 meses

Exemplificando para esclarecer melhor


Se uma família descumprir uma condicionalidade no mês de janeiro, ela receberá uma
notificação de advertência.
Em caso de novo descumprimento, 10 meses depois, ela sofrerá uma sanção de bloqueio por
30 dias (está no período de validade da primeira sanção).
E se incorrer novamente em outro descumprimento, dois meses depois, receberá uma
suspensão do benefício por 60 dias (está no período de validade da segunda sanção).
Mas se essa família cumpre, a partir da notificação de advertência, todas as condicionalidades
num período de 18 meses ou mais, ela não será mais inadimplente e, em caso de novo
descumprimento posterior (portanto mais de 18 meses após o último descumprimento), ela
reiniciará o processo de sanções gradativas pela advertência sem repercussão no benefício.

Importante...
A cada novo registro de descumprimento de condicionalidades, tem início um período de
validade de 18 meses.

Fique atento
Não haverá descumprimento de condicionalidades nas seguintes situações:
• E
m caso de oferta irregular ou inadequada de serviços de saúde, educação e assistência
social;
• Por motivo de força maior ou fortuito, reconhecido pelo Município; e
• Devidamente justificado pelo Município, estando de acordo com o MEC, MS ou MDS.

204
MÓDULO 3 UNIDADE 4

Cada registro de descumprimento das condicionalidades deve ser comunicado por escrito ao
responsável legal da família.
As notificações de descumprimento das condicionalidades às famílias devem ser feitas por
meio do Formulário de Notificações de Descumprimento das Condicionalidades.
Esse formulário pode ser encontrado na Portaria MDS nº 551 de 2005.
Embora o envio das notificações seja de competência do Gestor Municipal, o MDS assumiu
a responsabilidade por realizar este envio, até que esteja disponível o Sistema Integrado de
Gestão de Condicionalidades – SICON. Este sistema permitirá que os próprios municípios
realizem os procedimentos de gestão de condicionalidades, por exemplo, emitindo e
realizando o controle da entrega de notificações.

Descumprimento das Condicionalidades do BVJ


As sanções em caso de não cumprimento das condicionalidades no BVJ podem repercutir
sobre a folha de pagamento, conforme quadro a seguir:

1ª vez Notificação de Benefício sem alteração.


Advertência
Sanções gradativas
No segundo registro o benefício
vinculado ao jovem que descumpriu
Suspenção 60 dias a condicionalidade será suspenso por

60 dias

No terceiro registro de
Cancelamento descumprimento, o benefício
3ª vinculado a esse jovem será cancelado.

Você observou?
Que no primeiro registro de descumprimento a família receberá uma advertência. No
segundo registro o benefício vinculado ao adolescente que descumpriu a condicionalidade
será suspenso por 60 dias. No terceiro registro de descumprimento, o benefício vinculado a
esse adolescente será cancelado.

Vale lembrar
A família que recebe BVJ precisa garantir a permanência de seus jovens de 16 e 17 anos na
escola, cumprindo uma freqüência mínima de 75%. Por enquanto, so há condicionalidade de
educação. Vale lembrar que a freqüência dos demais membros continua a ser de 85%.

Importante...
O objetivo do BVJ é incentivar os adolescentes de 16 e 17 anos a continuar na escola. Portanto,
a freqüência escolar mínima mensal de 75% é condição para receber o benefício. A família e
o próprio adolescente devem ser conscientizados da importância da freqüência à escola para
o seu futuro e para o recebimento do benefício. No entanto, se o adolescente não for à escola,
as repercussões por descumprimento afetarão somente o BVJ a ele vinculado. Os demais
benefícios da família, bem como de outro adolescente que receba o BVJ, serão mantidos.
205
MÓDULO 3 UNIDADE 4

Fique atento!
O governo estadual poderá cadastrar as suas escolas no Sistema de Freqüência Escolar ou
encaminhar o registro da freqüência para que o município faça a transmissão para o MEC,
juntamente com o registro dos demais beneficiários do PBF. Este procedimento também
pode ser utilizado para o acompanhamento da freqüência de crianças e adolescentes mais
novos que estudem em escolas estaduais. O MDS acaba de publicar uma portaria destinando
recursos financeiros aos estados, para estimulá-los a informar a freqüência dos seus alunos.

Quando um adolescente descumpre a condicionalidade de educação a sanção por


descumprimento de condicionalidade afeta apenas o benefício vinculado ao adolescente
que descumpriu a condicionalidade. Os demais benefícios da família são mantidos.

Saiba como a família pode recorrer das sanções aplicadas em caso de


descumprimento das condicionalidades

Fique atento a essas dúvidas que são comuns.

Recursos
Caso a tenha recebido uma sanção errada, o que fazer?
Se a família cumpriu as condicionalidades ou tem justificativa, ela poderá entrar com recurso
contra a sanção recebida.

Quem pode recorrer? Quais os prazos?


O recurso deverá ser apresentado pelo Responsável pela Unidade Familiar ao Gestor
Municipal do PBF.
Se o Gestor Municipal
deferir o recurso No prazo de 10 (dez) dias, contados a partir da data de liberação do pagamento do mês em
apresentado pela que a sanção foi aplicada.
família, ele deverá
efetuar atos de gestão Quem analisa os recursos e quem decide? Qual o prazo?
de benefícios para
reverter a sanção: O Gestor Municipal do PBF tem o prazo de 30 (trinta) dias para decidir e comunicar a decisão
desbloqueio, reversão ao Responsável pela Unidade Familiar e à Instância de Controle Social do Município.
de suspensão
ou reversão de
cancelamento. Caso ocorra a reversão de suspensão em até dois meses, as famílias receberão as parcelas
anteriores e serão disponibilizadas as parcelas subseqüentes.

Alteração no histórico das famílias


Procedimento de envio de recurso para revisão das sanções:
1. Preencher a planilha, em Excel, registrando o nome e o NIS do Responsável pela Unidade
Familiar de cada família cujo recurso foi aceito pelo Município;
2. Encaminhar a planilha corretamente preenchida para o e-mail bolsa.familia@mds.gov.br,
escrevendo no campo assunto: nome do Município-UF/condicionalidades recursos deferidos;

206
MÓDULO 3 UNIDADE 4

3. Encaminhar, também via correio, com aviso de recebimento (AR):


• as cópias dos formulários dos recursos aceitos pelo Município;
• a planilha em Excel impressa; e
• um único ofício, de acordo com modelo disponibilizado pela SENARC, solicitando
que não sejam aplicadas as sanções, por não ter havido descumprimentos das
famílias ou porque o Gestor Municipal avaliou que os motivos foram justificáveis.

Os documentos (item 3) devem ser encaminhados para o seguinte endereço:


Esplanada dos Ministérios, Bloco C – 4º andar
Coordenação Geral de Gestão de Condicionalidades /SENARC/MDS – Sala 438
CEP: 70046-900 – Brasília/DF

Atenção:
Maiores informações no Informe PBF nº 79.

Histórico das famílias


O conjunto de descumprimentos de condicionalidades da família em um período de
acompanhamento gera um registro de inadimplência.
As sanções por descumprimento de condicionalidades são realizadas de acordo com o
número de registros de inadimplências.
Os registros de inadimplências ficam armazenados e compõem o histórico das famílias.
As sanções por descumprimento de condicionalidades devem ser acompanhadas por uma
notificação por escrito ao responsável legal.
Embora o envio das notificações seja de competência do Gestor Municipal, o MDS assumiu
a responsabilidade por realizar este envio, até que esteja disponível o Sistema Integrado de
Gestão de Condicionalidades – SICON. Esse sistema permitirá que os próprios municípios
realizem os procedimentos de gestão de condicionalidades, por exemplo, emitindo e
realizando o controle da entrega de notificações.
Enquanto o MDS estiver enviando as notificações, ele precisa controlar o histórico das
famílias, excluindo os registros de inadimplência relativos aos recursos deferidos pelos
gestores municipais do PBF.

Papel do Município quanto ao recurso


1. disponibilizar para os beneficiários o formulário de recurso (anexo da portaria 551);
2. orientar o beneficiário no preenchimento do formulário;
3. verificar a alegação da família junto a área de saúde ou educação, conforme o caso;
4. emitir o parecer de deferimento ou indeferimento do recurso;
207
MÓDULO 3 UNIDADE 4

5. enviar para o MDS cópia, por fax. Esse fax é necessário para que o MDS possa desfazer
os registros de inadimplência do histórico da família;
6. dar ciência às instâncias de controle social; e
7. acompanhar, prioritariamente, as famílias mais vulneráveis, favorecendo o retorno ao
cumprimento das condicionalidades.

Avaliar o recurso e o motivo do descumprimento – buscar solução com a família

Com o recurso apresentado pelo responsável legal, o Gestor Municipal tem a oportunidade
de avaliar a justificativa da família e verificar os motivos que a levou a descumprir as
condicionalidades do programa. Assim, ele tem a autonomia para decidir se aceita ou não
aceita os argumentos apresentados pela família. Vale ressaltar que este é o momento em que
as vulnerabilidades são evidenciadas e cabe ao Gestor Municipal orientar e encaminhar as
famílias para inclusão em outras políticas públicas, quando necessário. Muitas vezes, a situação
apresentada pela família como motivo para o descumprimento é de extrema dificuldade,
porém os argumentos não justificam legalmente o descumprimento da condicionalidade.
Nestas situações, o Gestor Municipal precisa ter discernimento na sua decisão, tomando o
cuidado para não considerar como deferido um recurso que não tenha a devida justificativa.
Mais vale o Gestor Municipal do programa fortalecer a importância das condicionalidades
e empenhar esforços na integração de ações intersetoriais para o acompanhamento familiar
destas famílias em situação de maior vulnerabilidade e risco social.

Por meio da análise do descumprimento das condicionalidades, podemos identificar as


famílias mais vulneráveis e inseri-las em outros programas que promovam a inclusão social.
As condicionalidades têm o objetivo principal de garantir que as famílias tenham “direito aos
seus direitos” – acesso aos serviços básicos de saúde e educação.

COMO EVITAR NOVOS DESCUMPRIMENTOS

O descumprimento das condicionalidades pelos beneficiários não deve ser visto apenas sob
o ponto de vista das repercussões sobre o benefício. Este descumprimento evidencia que a
família está numa situação de maior vulnerabilidade.

Por isso, a ação do Poder Público local deve ser no sentido de identificar os motivos
do descumprimento e implementar ações para que essa família volte a cumprir as
condicionalidades.

Uma possível estratégia é...

Articular ação conjunta com o Programa de Atenção Integral à Família (PAIF) para fazer o
acompanhamento dos beneficiários do PBF. O Centro de Referência da Assistência Social
(CRAS) é o equipamento público responsável pela oferta do PAIF.

O objetivo do acompanhamento das condicionalidades dos beneficiários do PBF pelo PAIF


é direcionar as famílias para outras ações sociais que contribuam para reduzir sua situação
de vulnerabilidade.

208
MÓDULO 3 UNIDADE 4

Exemplos dessas ações são:


Os projetos de preparação para inclusão produtiva, serviços socioassistenciais, serviços
socioeducativos, de convivência, entre outros.

Outra proposta para evitar o descumprimento das condicionalidades é a articulação do PBF


com outros programas do Município.

A articulação com o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) é um bom exemplo


do que pode ser feito para melhorar a gestão e o acompanhamento das condicionalidades na
saúde.

A articulação com as Secretaria de Educação e Saúde também é imprescindível para o


acompanhamento das famílias.

As Instâncias de Controle Social do PBF, formadas por atores sociais locais, são importantes
instituições na estratégia de acompanhamento das condicionalidades. As Instâncias de
Controle Social – ICS podem ser parceiras na articulação com os demais conselhos, como,
por exemplo, os Conselhos Tutelares, o Conselho de Saúde, o Conselho de Educação, o
Conselho de Assistência Social, entre outros.

Essas articulações, conforme já foi dito, demonstram o caráter intersetorial do


acompanhamento das condicionalidades pelo Município, ajudando no diagnóstico das
situações de descumprimento das famílias e no planejamento de ações para revertê-las,
tornando mais efetiva a segunda dimensão do PBF de contribuição para a redução da pobreza
da próxima geração.

Parabéns!
Você venceu mais uma etapa de seu estudo do Módulo 3.

209
MÓDULO 3 UNIDADE 5

Unidade 5 – Apoio à Gestão Descentralizada do PBF

REPASSE DE RECURSOS FINANCEIRO


A necessidade de dotar estados e municípios de condições para a implementação e
desenvolvimento do PBF e a manutenção e aprimoramento do Cadastro Único para
Programas Sociais levou à criação de mecanismos de repasse de recursos para aprimorar a
gestão compartilhada.
Atenção!
Esse arcabouço legal define procedimentos diferenciados
As Portarias MDS
nº 360/2005 Acompanhe com atenção esses procedimentos:
e 148/2006 (e
respectivas O apoio financeiro aos Estados
atualizações) são os
instrumentos legais
que disciplinam Os estados receberam apoio financeiro para a gestão, na sua esfera de competência,
o assunto, dentro conforme estabelecido pela Portaria MDS nº 360/2005 e sucessivas alterações, para
do escopo exercer as atividades relacionadas ao processo de cadastramento e atualização do
estabelecido pela
Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico).
Lei nº 10.836/2204
de criação do Bolsa
Família, pelo Decreto • Na
primeira etapa
nº 5.209/2004 que
regulamenta a O art. 8º, da Portaria MDS nº 360/05, estabeleceu que “o volume total de recursos que pode
referida lei e pela ser transferido pelo MDS a cada Estado é equivalente a 10% (dez por cento) do total de
Portaria MDS recursos estimados para os municípios situados em seu território de abrangência”.
nº 246/2005 que
define os processos
Atenção! Os cálculo de recursos a serem repassados aos municípios devem estar de acordo
de adesão. com § 4º do art. 2º da Portaria MDS nº 360/05.
As novas regras para o cálculo do IGD foram estabelecidos pela Portaria MDS/GM n.º 66, de
3 de março de 2008.

• Na segunda etapa
A Portaria MDS nº 232/2006 definiu o repasse de recursos aos estados entre os meses de agosto
a dezembro de 2006, após findar o prazo estabelecido pelas portarias anteriores (nº 672/05 e
68/06). De acordo com esta Portaria, os repasses passaram a ser mensais, com valores fixos
calculados com base no respectivo número de famílias pobres, segundo estimativa do IBGE/
PNAD 2004 (vide anexo da Portaria 232). Para receber estes recursos, os estados atualizaram
os seus Planos de Ação.

Os planos de ação deveriam prever as seguintes atividades, de acordo com a


Portaria GM/MDS nº 360/05:
I. desenvolvimento de atividades de capacitação que subsidiem o trabalho de seus
municípios no processo de cadastramento e atualização cadastral;
II. desenvolvimento de atividades de apoio técnico aos municípios, segundo a demanda e a
capacidade técnica e de gestão destes;
III. disponibilização aos municípios, quando necessário, de infra-estrutura de logística para
transmissão de dados;
210
MÓDULO 3 UNIDADE 5

IV. implementação de estratégia que apóie o acesso das populações pobre e extremamente
pobre a documentos de identificação;
V. formatação de estratégia para apoio ao cadastramento de populações tradicionais, em
especial comunidades indígenas e remanescentes de quilombos, no CadÚnico.

A Portaria MDS nº 380/2006 prorrogou o prazo de validade da aplicação dos recursos


para 31/08/2007, com apresentação de demonstração sintética de execução parcial até
28/02/2007 e prestação final de contas até 31/10/2007.

Lembrando...
Esse modelo não esgota as possibilidades de cooperação entre os estados, o Governo Federal
e os municípios na gestão do PBF e do Cadastro Único. Este é um tema ainda em discussão
e construção.

O apoio financeiro aos Municípios


Os municípios receberam apoio financeiro para a gestão descentralizada, conforme
estabelecido pela Portaria MDS nº 360/2005 e sucessivas alterações, para exercer as atividades
relacionadas ao processo de cadastramento e atualização do Cadastro Único para Programas
Sociais (CadÚnico). Em seguida, a Portaria MDS nº 148/2006 (e sucessivas alterações)
estabeleceu novas regras para o repasse de recursos financeiros aos municípios para apoiar,
de forma geral, a gestão descentralizada do PBF.
O repasse de recursos foi condicionado à assinatura de Termo de Adesão ao PBF, nos moldes
definidos pela Portaria MDS nº 246/2005. Os quatro municípios que não aderiram não estão
recebendo esses recursos financeiros.

• Na primeira etapa
Na primeira etapa, regida pela Portaria MDS nº 360/2005, os municípios receberam R$ 6,00
por cadastro atualizado ou incluído, desde que fossem considerados “válidos”, de acordo com
os procedimentos previstos pela referida Portaria.

Os repasses aos municípios ocorreram em pelo menos duas parcelas:


1. a primeira parcela foi transferida no momento da adesão do Município ao Programa
Bolsa Família e ao CadÚnico, e correspondeu a 20% (vinte por cento) do valor financeiro
estimado para cada Município; e
2. as parcelas seguintes foram pagas após o MDS realizar os procedimentos de validação
previstos no art. 5º da Portaria MDS nº 360/2005, deduzidos os valores transferidos
quando da adesão do Município ao Programa e as transferências realizadas a partir da
adesão.
Os repasses foram feitos “fundo a fundo” para os municípios que estavam sob gestão municipal
da Assistência Social, na forma da Norma Operacional Básica, aprovada pela Resolução n°
207, de 16 de dezembro de 1998, do Conselho Nacional de Assistência Social. Para os outros
foi assinado um Termo Simplificado de Convênio.
211
MÓDULO 3 UNIDADE 5

• Na segunda etapa
Na segunda etapa, a Portaria MDS nº 148/2006 estabeleceu novas regras para o repasse de
recursos financeiros aos municípios e criou o Índice de Gestão Descentralizada (IGD).

O QUE É O IGD?

IGD: Índice de Gestão Descentralizada do Programa Bolsa Família


O art. 3º da Portaria MDS nº 148/2006 criou o IGD, instrumento de aferição da qualidade
da gestão do PBF em nível municipal e, com base na mesma, de referência para o cálculo dos
recursos financeiros a serem repassados aos municípios.

O IGD, indicador que varia de 0 a 1, é calculado da


seguinte maneira:
IGD = (ICadÚnico + ICondicionalidades)/2

ICadÚnico é o Indicador do CadÚnico

Obtido pelo cálculo da média aritmética entre a taxa de cobertura qualificada de cadastros e
a taxa de atualização de cadastros:

Taxa Cobertura Qualificada de Cadastros = N° de cadastros válidos (definidos segundo a


Portaria MDS n° 360/2005) no perfil do CadÚnico / N° de famílias estimadas (famílias com
renda mensal per capita de até ½ salário mínimo. Estimativa definida pelo IBGE, com base
na PNAD 2004) como público-alvo do CadÚnico.

Taxa de Atualização de Cadastros = (N° de cadastros domiciliares válidos no perfil


do CadÚnico atualizados nos últimos dois anos)/(N° de cadastros válidos no perfil do
CadÚnico).

ICondicionalidades é o Indicador de Condicionalidade

Obtido pelo cálculo da média entre a taxa de crianças com informações de freqüência escolar
e a taxa de famílias com registro de acompanhamento das condicionalidades de saúde:

Taxa de crianças com informações de freqüência escolar = (N° de crianças e adolescentes


de famílias beneficiárias do PBF e do Bolsa Escola com informações de freqüência escolar)/
(N° total de crianças e adolescentes de famílias beneficiárias do PBF e do Bolsa Escola).

Taxa de famílias com acompanhamento da agenda de saúde = (N° de famílias com perfil
saúde com informações de acompanhamento de condicionalidades de saúde)/(N° total de
famílias do PBF com perfil saúde).

212
MÓDULO 3 UNIDADE 5

O IGD reflete, portanto, a qualidade e atualização das informações do Cadastro Único


(CadÚnico), apuradas por meio do percentual de cadastros válidos e do percentual de
domicílios atualizados nos últimos dois anos. Também reflete a qualidade e integridade
das informações sobre o cumprimento das condicionalidades das áreas de educação e
saúde.

O QUE COMPÕE E QUAIS SÃO AS REGRAS DO IGD?

Acompanhe as informações e fique sabendo por que foram priorizados estes


componentes
• Atualização cadastral permanente: os dados de cadastro devem estar sempre atualizados
e corretos. Dessa forma, é maior a segurança na concessão de benefícios às famílias que
realmente atendam aos critérios de entrada no Programa Bolsa Família. Além disso,
possibilita o acompanhamento das condicionalidades e a localização das famílias sempre
que necessário.
• Acompanhamento do cumprimento de condicionalidades: o adequado
acompanhamento das condicionalidades deve refletir o esforço do Município em garantir
a oferta dos serviços de saúde e educação e em acompanhar as famílias do Bolsa Família,
não só informando se elas freqüentam ou não estes serviços, mas também acompanhando
as que não cumprem as condicionalidades. Estas são as famílias em situação de maior
vulnerabilidade.

Além disto, para que fosse feita transferência de recursos fundo a fundo, era preciso utilizar
informações disponíveis, em âmbito nacional, para todos os municípios brasileiros, de forma
atualizada e automatizada.

Fique atento a essas informações:

Repasse dos recursos


O art. 3º da Portaria MDS nº 148/2005 (alterado pela Portaria MDS nº 256/2006) explicita o
cálculo do repasse financeiro:

• O
montante a ser transferido a cada Município terá como base o valor de referência de
R$ 2,50 (dois reais e cinqüenta centavos) por família beneficiária do PBF, residente em
seu território, no limite da estimativa de famílias pobres publicada pelo MDS.
• O
valor mensal que pode ser transferido ao Município será obtido pela multiplicação
do valor de referência (R$ 2,50) pelo IGD relativo àquele mês, e pela multiplicação do
produto daí resultante pelo número de famílias beneficiárias residentes no Município no
limite da estimativa de famílias pobres publicada pelo MDS.
• S erão remuneradas em dobro as atividades de gestão referentes a até duzentas famílias
por Município.

213
MÓDULO 3 UNIDADE 5

Guarde bem em sua memória:

A fórmula de cálculo do repasse:


IGD x R$2,50 x (Nº Famílias Beneficiárias + Nº Famílias Beneficiárias < = 200)

Repasse dos recursos


Uma conversa...

O que é preciso para que o


nosso Município receba os Devemos cumprir três
recursos financeiros? condições:
• termo de adesão publicado
Para habilitação
dos municípios nos
em D.O.U;
níveis de gestão • s er habilitado na gestão da
definidos pela NOB/ Assistência Social;
SUAS, exige-se que
os mesmos atendam • a tingir pelo menos 0,4 no
aos requisitos e valor do IGD.
aos instrumentos
de comprovação.
A habilitação é
necessária, uma
vez que os recursos
para apoio à gestão
são transferidos do
Fundo Nacional de
Assistência Social
– FNAS, para o
Fundo Municipal de
Assistência Social –
FMAS.

214
MÓDULO 3 UNIDADE 5

Quando são realizados esses


repasses?
São realizados mensalmente,
baseados no índice obtido pelo
Município no mês anterior.

A apuração das alterações no IGD é realizada mensalmente, considerando as informações


atualizadas dos parâmetros que o compõem, e o valor da remuneração ao Município é
transferido no mês subseqüente. Portanto, estes repasses realizados mensalmente serão
baseados no IGD obtido pelo Município no mês anterior.

Atenção:

Não esqueça das atualizações que virão com a Portaria MDS/GM n.º 66/2008.

É bom saber...

É preciso considerar o período a que se refere cada um dos componentes do IGD: a base do
cadastro é extraída mensalmente, os dados de educação podem ser bimestrais ou trimestrais
e os de saúde têm periodicidade semestral.

O acompanhamento das condicionalidades do PBF e as novas regras do IGD

O resultado do acompanhamento das condicionalidades representa 50% do Índice de Gestão


Descentralizada (IGD). Isso significa que, quanto mais amplo o acompanhamento e maior
a informação das condicionalidades de saúde e educação, maior será o IGD do município e,
conseqüentemente, maior será o repasse de recursos financeiros.

Atualmente, para receber os recursos do IGD, os municípios devem atingir IGD maior ou
igual a 0,4.

215
MÓDULO 3 UNIDADE 5

O cálculo do IGD muda a partir de agosto de 2008. Para receberem os recursos, os


municípios deverão atingir valor igual ou superior a 0,5 no cálculo geral do IGD e, no
mínimo, 0,2 em cada um dos quatro indicadores que compõem o índice (qualidade do
cadastro; atualização do cadastro; informações de condicionalidades de saúde; informações
de condicionalidades de educação).

Essas novas regras de cálculo do IGD foram estabelecidas pela Portaria MDS/GM nº. 66, de
03 de março de 2008.

Aproveite os meses de abril a julho de 2008 para verificar como tem sido o desem-
penho do seu município e melhorar os indicadores!
• O
bserve se seu município receberia o recurso do IGD caso as novas regras já estivessem
em vigor. Se ele tiver qualquer um dos indicadores menor que 0,2, significa que o
Município não receberia recursos se as novas regras já estivessem em vigor.
• V
erifique como tem sido o desempenho do seu Município até agora, e quanto ele poderia
ter recebido com a melhoria do registro das informações de condicionalidades.

Esse exercício é importante para você, gestor municipal, perceber o impacto que o bom
acompanhamento das condicionalidades tem no repasse de recursos financeiros para a
gestão do PBF no seu Município.

Alerta aos municípios com informação de condicionalidades menor que 0,2

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) identificou mais de mil


municípios com menos de 0,2 (ou 20%) no acompanhamento da saúde ou da educação.
Outros têm registrado menos de 0,2 (ou 20%) no acompanhamento nas duas áreas.

Caso os municípios não adotem medidas para melhorar esses resultados, certamente não
cumprirão as condições mínimas para continuar a receber o IGD a partir de agosto de
2008.

EM QUE UTILIZAR OS RECURSOS DO IGD


Os recursos oriundos do IGD são recebidos pelos municípios por repasse fundo a fundo,
ou seja, é repassado do Fundo Nacional de Assistência Social diretamente para o Fundo
Municipal de Assistência Social.
De acordo com a Portaria MDS nº 148/2006, esse recurso pode ser utilizado na:
• gestão de condicionalidades;
• gestão de benefícios;
• acompanhamento das famílias beneficiárias;
• cadastramento de novas famílias;
• atualização e revisão dos dados contidos no Cadastro Único;
• implementação de Programas Complementares;

216
MÓDULO 3 UNIDADE 5

• fortalecimento da Instância de Controle Social (infra-estrutura, capacitação etc.); e


• d
emandas de fiscalização do PBF e do Cadastro Único, formuladas pelo MDS ou pelos
órgãos da Rede Pública de Fiscalização (que veremos mais adiante).

A gestão dos recursos financeiros do IGD depende de autorização em Lei Orçamentária


Anual – LOA.

Leia também o Informe PBF nº 117.

Qual será o papel do gestor na aplicação desses recursos?

O gestor dever definir, em conjunto com as áreas relacionadas ao Programa – Educação, Saúde,
Assistência Social, Segurança Alimentar, ou outras, de acordo com o perfil do Município –
quais são as prioridades para o aprimoramento da gestão, para a melhoria do atendimento às
famílias e quais ações serão implementadas.
Depois de elaborado, o planejamento com as prioridades para alocação dos recursos oriundos
do IGD deve ser enviado à área no Município responsável pela contabilidade e finanças. Esta
área identificará as categorias econômicas no orçamento onde o recurso poderá ser gasto.

Leia também os Informes PBF n.ºs 47 e 122.

Atenção
É proibida a utilização dos recursos do IGD para pagamento de servidores do Município.
Veja como tudo acontece.
Não existe definição por parte do MDS de um percentual a ser repassado a cada uma das
áreas no nível local.
Isso é uma decisão que deve ser tomada em conjunto pelas áreas envolvidas do próprio
Município. A transferência do recurso deverá ser canalizada para a gestão do Programa Bolsa
Família como um todo e não especificamente para uma área, pois todas têm sua relevância na
construção do processo e devem trabalhar intersetorialmente para a obtenção do êxito nas
suas ações de gestão, contribuindo para a melhoria da condição das famílias e para a elevação
do IGD.

Cada Município deve avaliar qual a melhor forma de agir, lembrando que as ações
devem ser exclusivamente relacionadas à gestão do PBF, de acordo com a realidade
do Município e com o artigo 2º da Portaria nº 148, que regulamenta o IGD. As
áreas envolvidas nas ações de cadastramento das famílias, além das que realizam o
acompanhamento de saúde e educação das famílias beneficiárias, devem discutir em
conjunto quais são as prioridades do Município e quais ações serão implementadas,
juntamente com a definição de como será efetivada a incorporação do recurso do IGD
ao orçamento.

217
MÓDULO 3 UNIDADE 5

Uma outra informação importante


Fique de olho!
O recurso do IGD precisa ser incorporado no orçamento municipal. A utilização do
recurso do IGD, sem anterior e correta incorporação no orçamento, é ilegal (ver art. 60 da
Lei nº. 4320/1964: “É vedada a realização de despesa sem prévio empenho” – ou provisão
orçamentária).

E qual é o papel do gestor


O gestor deve garantir que os gastos efetuados obedeçam à legislação que regulamenta o uso
de recursos públicos e atendam a todos as determinações legais sobre o assunto.

Uma dica
Consultar a área responsável por orçamento e finanças evita que as ações ocorram de forma
irregular e possam trazer conseqüências ao gestor pelo descumprimento de legislação.

Parabéns! Você concluiu a unidade 5 do


Módulo 3.
Continue estudando com entusiasmo!

218
MÓDULO 3 UNIDADE 6

Unidade 6 – O Controle Social no PBF

Nesta Unidade, você ficará informado sobre:


• a temática do controle social do PBF e seus objetivos;
• o
papel e a importância do controle social na potencialização dos resultados do
Programa; e
• o seu papel de facilitador de um efetivo controle social no Município.

A IDÉIA DO CONTROLE SOCIAL


Isso você já sabe.
A operacionalização do Programa Bolsa Família depende de um esforço conjunto das três
esferas de governo e da sociedade civil que devem assumir o compromisso e a responsabilidade
de contribuir para a erradicação da pobreza e para a promoção das famílias beneficiárias.

Um acompanhamento efetivo das ações do Estado pela sociedade civil contribui


para a transparência das ações governamentais
O controle social assume então importância fundamental, uma vez que o seu exercício
contribui para a construção de uma relação pautada na parceria e na conjunção de
esforços, que possibilita o enfrentamento das diversas condições de risco e vulnerabilidade.
Um acompanhamento efetivo das ações do Estado pela sociedade civil contribui para a
transparência das ações governamentais, aumentando o grau de confiabilidade na gestão
local.

O aumento da credibilidade do poder local favorece a participação, possibilitando


o desenvolvimento de capital social
Trata-se de um ciclo virtuoso que fortalece a participação cidadã e colabora para efetividade
das políticas públicas.
No Brasil, o tema do controle social tomou vulto na década de 1980 em um contexto de
mobilização e efervescência política em torno da luta pela redemocratização do Estado
brasileiro, e ganhou status legal a partir do texto constitucional de 1988, que abriu caminhos
e fincou as bases para a construção de propostas de democracia participativa.
O controle social é o núcleo da questão que trata da relação entre Estado e sociedade e ocorre
mediante a participação da sociedade civil em diversos canais, dentre os quais se destacam os
conselhos gestores de políticas públicas.

Você lembra?
Entende-se o Controle Social do PBF como a participação da sociedade civil no:
• planejamento;
• acompanhamento;
• fiscalização; e
• avaliação da execução do Programa, visando potencializar os seus resultados.

219
MÓDULO 3 UNIDADE 6

Lembrando, ainda...
O Controle Social do PBF é composto por um comitê ou conselho, formado por representantes
do Poder Público e da sociedade civil, de forma paritária e intersetorial.
Marco legal que embasa o controle social do Programa, sua criação, composição e atuação.
O controle social está presente nos principais instrumentos legais que regulamentam o PBF
e é pré-requisito para a adesão dos municípios ao Programa.

Conheça esses instrumentos:


-- a Lei n° 10.836, de 9 de janeiro de 2004, que cria o Programa, estabeleceu o controle social
como um de seus componentes, garantindo um canal de participação institucionalizado
à sociedade civil;
-- o Decreto n° 5.209, de 17 de setembro de 2004, que regulamenta o Programa, definiu
o papel das ICS, sua forma de composição e estabeleceu as atribuições das instâncias
municipal e estadual;
-- a Portaria nº 246/05, que regulamenta a adesão dos municípios ao Programa Bolsa
Família, estabeleceu a criação ou designação de uma Instância de Controle Social (ICS)
como pré-requisito para a formalização das ações de gestão do poder local; e
-- a Instrução Normativa MDS n° 1/2005, de 20 de maio de 2005, que orienta os municípios,
estados e Distrito Federal para a constituição da Instância de Controle Social do PBF e o
desenvolvimento de suas atividades.

CRIAÇÃO E COMPOSIÇÃO DAS ICS


As ICS do PBF devem ser um órgão (conselho ou comitê) de caráter permanente, criado
especificamente para o Controle Social do PBF ou designado dentre os conselhos setoriais
existentes no Município, desde que respeitadas a paridade e a intersetorialidade. Deve ser
instituída por ato do chefe do Poder Executivo local (prefeito ou governador, conforme
o caso) no qual serão indicados os representantes do governo e da sociedade civil e seus
respectivos suplentes.

No ato de sua criação, a ICS deve respeitar três requisitos:


• Paridade governo-sociedade: a ICS é formada por representantes do governo e da
sociedade civil local, tendo, no mínimo, metade dos seus membros indicados por
entidades da comunidade;
• Representatividade: tanto a sociedade civil quanto o governo devem garantir que suas
instituições e órgãos tenham assento na ICS para que possam contribuir na maximização
dos resultados do atendimento do Programa em seus municípios;
• Intersetorialidade: não basta apenas que as diversas áreas do governo estejam
representadas dentro da ICS, é imprescindível que elas se articulem e se complementem
para garantir o êxito do Programa. Diversas áreas dentro do Município podem garantir a
intersetorialidade (ex: saúde, educação, assistência social, trabalho, entre outras).

220
MÓDULO 3 UNIDADE 6

Saiba mais um pouco


A ICS deve ser composta por:
• R
epresentantes de entidades ou organizações da sociedade civil, líderes comunitários,
bem como beneficiários do Programa;
• R
epresentantes dos conselhos municipais já existentes, na forma estabelecida pela
legislação que rege a execução dos programas anteriores;
• P
rofissionais atuantes nas áreas da Saúde, Educação, Assistência Social, Segurança
Alimentar e da Criança e do Adolescente, quando existentes.

É indispensável que os representantes da sociedade sejam escolhidos com autonomia em


relação aos dirigentes públicos locais.

Examine este diálogo

Parabéns pela sua indicação e É... Fui escolhido


aprovação como conselheiro da e indicado como
Instância de Controle Social do representante legítimo pela
PBF. Associação Municipal dos
Profissionais da Educação.

São considerados representantes legitimamente indicados os membros que forem escolhidos


formalmente pelo grupo ou entidade do qual façam parte, conforme a composição estabelecida
pelo ato de criação da ICS.
Nesse sentido, uma maneira de se definir a forma de representação legítima da sociedade
civil na ICS do PBF pode ser a realização de consulta pública, entre outros, aos seguintes
setores:

Confira:
• Movimentos sindicais de empregados e patronal, urbano e rural;
• Associações de classe profissionais e empresariais;
• Instituições religiosas de diferentes expressões de fé, existentes no Município;
• M
ovimentos populares organizados, associações comunitárias e organizações não
governamentais;

221
MÓDULO 3 UNIDADE 6

• R
epresentantes de populações tradicionais existentes em seu território (indígenas e
quilombolas);
• Representantes dos beneficiários do PBF, entre outros.

COMPETÊNCIAS DAS ICS DO PBF


Para conferir visibilidade ao papel e a importância das ICS, conheça as principais atividades
que competem às Instâncias no âmbito do desenvolvimento do PBF.
No que se refere ao Cadastramento Único, é papel das ICS:
• c ontribuir para a construção e manutenção de um cadastro qualificado, que reflita
a realidade socioeconômica do Município, e assegure a fidedignidade dos dados e a
eqüidade no acesso aos benefícios das políticas públicas voltadas às pessoas com menor
renda;
• i dentificar os potenciais beneficiários do PBF, sobretudo populações tradicionais e em
situações específicas de vulnerabilidade e aquelas que se encontram em situação de
extrema pobreza, assim como solicitar ao Poder Público municipal seu cadastramento;
• c onhecer os dados cadastrais dos beneficiários do Bolsa Família, periodicamente
atualizados e sem prejuízo das implicações ético-legais relativas ao uso da informação.
Tais informações devem ser disponibilizadas à ICS pelo gestor local do Programa.

É importante frisar, no entanto, que embora o cadastramento possa contar com a participação
e a colaboração das ICS, não é atribuição destas instâncias cadastrar as famílias. Esta
atribuição é competência do Poder Público local, que pode ser realizado em parceria com
agentes privados.

No que se refere à Gestão dos Benefícios, é papel das ICS:


• a valiar, periodicamente, a relação de beneficiários do PBF, de modo a identificar as famílias
que não reúnam características de elegibilidade, ocasião em que o Gestor Municipal do
Programa e a SENARC deverão ser informados para a adoção das medidas cabíveis;
• s olicitar, mediante justificativa, ao Gestor Municipal, o bloqueio ou cancelamento
de benefícios referentes às famílias que não atendam aos critérios de elegibilidade do
Programa;
• a companhar os atos de gestão de benefícios do PBF e dos programas remanescentes
realizados pelo Gestor Municipal;
• i nformar à SENARC eventuais deficiências ou irregularidades identificadas na prestação
dos serviços de competência do Agente Operador (Caixa Econômica Federal) ou de sua
rede credenciada na localidade (correspondente bancário, agentes lotéricos etc.).

É importante lembrar...
Embora os procedimentos que dizem respeito à gestão de benefícios do Programa sejam
operacionalizados exclusivamente no nível federal ou pelo Gestor Municipal do Programa, a
ICS deve acessar o Sistema de Gestão de Benefícios (SIBEC) do PBF, sob módulo de consulta,
para que possa conhecer as informações sobre os beneficiários e a situação de seu benefício
na localidade.

222
MÓDULO 3 UNIDADE 6

Atenção!
Cabe ao gestor municipal viabilizar o acesso das ICS ao SIBEC mediante credenciamento
junto à Caixa Econômica.

No que se refere ao acompanhamento das condicionalidades, é papel das ICS:


• a companhar a oferta por parte dos governos locais dos serviços públicos necessários ao
cumprimento de condicionalidades do PBF pelas famílias beneficiárias;
• a companhar e analisar o resultado e repercussões do cumprimento de condicionalidades
pelas famílias;
• a rticular-se com os conselhos de políticas setoriais existentes no Município para assegurar
a oferta dos serviços para o cumprimento das condicionalidades;
• c onhecer a lista dos beneficiários que não cumpriram as condicionalidades, periodicamente
atualizada e sem prejuízo das implicações ético-legais relativas ao uso da informação; e
• c ontribuir para o aperfeiçoamento da Rede de Proteção Social, estimulando o Poder Público
a acompanhar as famílias com dificuldades no cumprimento das condicionalidades.

Para que as ICS desempenhem o seu papel no tocante ao acompanhamento do cumprimento


das condicionalidades, é indispensável que o poder local confira ampla visibilidade as suas
ações no âmbito da:
• saúde;
• educação; e
• assistência social.

Essas ações facilitam a identificação dos motivos que levaram ao descumprimento das
condicionalidades por parte das famílias.

Esse procedimento facilita a atuação das ICS na medida em que, sendo conhecedora da
garantia dos serviços por parte do poder local, as ICS podem atuar de maneira mais ágil,
tanto no sentido de pensar uma estratégia de aproximação e convencimento das famílias
sobre a importância do cumprimento das condicionalidades, quanto de abreviar o tempo da
averiguação de possíveis irregularidades e distorções.

No que se refere aos Programas Complementares, é papel das ICS:


• a companhar e estimular a integração e a oferta de outras políticas públicas que favoreçam
o desenvolvimento das famílias beneficiárias do PBF.

Como, na prática, poderia se viabilizar essa integração?


A ICS deve verificar a existência de programas executados pelo Município, Estado e União
que se destinem às famílias em situação de vulnerabilidade econômico-social, e estimular
o gestor do Programa, na condição de representante do poder local, a estabelecer parcerias
a fim de contemplar o público do PBF, em especial as famílias que descumprirem as
condicionalidades.

223
MÓDULO 3 UNIDADE 6

Tal priorização pode se dar em programas de:


• alfabetização;
• habitação;
• saneamento,
• qualificação profissional;
• geração de trabalho e renda;
• microcrédito; e
• inclusão digital, entre outros.

A ICS deve observar a existência desses programas não apenas no âmbito municipal,
estadual ou federal, mas, inclusive, nas instituições do terceiro setor, como as ONGs que
já trabalham nas comunidades, indicando potencialidades e vocações produtivas locais.
Esta medida se destina a maximizar os resultados das ações desenvolvidas pelo PBF, de
modo a aumentar os seus níveis de efetividade.

ARTICULAÇÕES COM OUTROS CONSELHOS


No que concerne à fiscalização, ao monitoramento e à avaliação do PBF, é papel das ICS:
• a companhar, avaliar e ajudar a fiscalização e o monitoramento do processo de
cadastramento nos municípios, da seleção dos beneficiários, da concessão e manutenção
dos benefícios, do cumprimento das condicionalidades, da articulação de ações
complementares para os beneficiários do Programa;
• e xercer o controle social de acordo com os procedimentos de fiscalização utilizados pelos
órgãos de controle estatais;
• c omunicar ao Gestor Municipal e a SENARC a identificação ou o recebimento de denúncias
de alguma irregularidade e às instituições integrantes da Rede Pública de Fiscalização
do PBF. É importante que o motivo que levou a irregularidade, seja solucionado pelo
próprio gestor local do Programa, se não for de sua competência, acionar a SENARC e/
ou a Rede Pública de Fiscalização; e
• c ontribuir para a realização de avaliações e diagnósticos que permitam conhecer a
eficácia, efetividade e eficiência do PBF.

Atenção!
Compõem a Rede Pública de Fiscalização os Ministérios Públicos Estaduais e Federal, a
Controladoria Geral da União – CGU e o Tribunal de Contas da União – TCU.

Quanto à participação social:


• estimular a participação comunitária nos atos de gestão do PBF; e
• c ontribuir para a formulação e disseminação de estratégias de informação à sociedade
sobre o Programa.

224
MÓDULO 3 UNIDADE 6

No que se refere à capacitação, é papel das ICS:


• identificar as necessidades de capacitação de seus membros;
• a uxiliar os Governos Federal, Estadual e Municipal na organização da capacitação dos
membros das ICS e dos gestores municipais do PBF.

Saiba mais
Para a garantia do cumprimento do papel das ICS em todos os componentes do Programa, é
necessário que estejam munidas de informações sobre as regras e objetivos do Programa e de
infra-estrutura mínima para o desempenho de suas atividades.

Cabe, ainda, chamar a sua atenção...


O fato da existência e a garantia legal do papel das ICS, por si só, não são suficientes para
a efetivação do controle social no PBF. A transformação dos conselhos em instâncias
burocratizadas impede a participação da sociedade civil, inviabilizando o exercício do
controle social, e contribuindo para sedimentar a relação recíproca de desconfiança entre
Estado e sociedade.

Fique atento a este procedimento


É aqui que entra o papel imprescindível do Poder Público local, representado pelo gestor do
Programa, de garantir que a instância de controle social conte com os recursos necessários à
sua atuação.

Para tanto, o Poder Público deve:


• g arantir o acesso à informação, uma vez que a democratização das informações é sempre
fundamental para o funcionamento das instâncias;
• p
rovidenciar o credenciamento da ICS junto à Caixa Econômica Federal para acesso ao
Sistema de Gestão de Benefícios do PBF (SIBEC);
• r ealizar com a ICS o planejamento das ações, especificando atribuições e
responsabilidades;
• a rticular um espaço físico com condições adequadas para o bom desempenho da
instância;
• propiciar oportunidades de capacitação para os conselheiros;
• c onstruir com os conselheiros mecanismos de acompanhamento e avaliação da execução
do Programa;
• s ocializar com os conselheiros informações acerca da gestão do Programa (mecanismos
de gestão, legislação e outros);
• conferir ampla divulgação e visibilidade à ICS para a população local; e
• u
tilizar os recursos repassados pelo Governo Federal, como o IGD, para o aprimoramento
do Programa, em ações de fortalecimento das ICS.

225
MÓDULO 3 UNIDADE 6

Agora, um recado para você

Espera-se que ao final desta unidade os gestores e técnicos do Programa Bolsa Família
possam perceber as instâncias de controle social como aliadas e como instrumentos para
potencializar os resultados do Programa na vida das famílias beneficiárias, para mobilizar a
confiança da população na gestão local e impulsionar a participação e a formação de capital
social no Município.

Fechando essa unidade


Em termos práticos, você já está familiarizado com a temática do controle social. Percebeu
os limites de atuação das ICS do PBF e conscientizou-se da importância do seu papel indutor
de uma participação de qualidade da sociedade civil no acompanhamento, avaliação e
fiscalização da execução do Bolsa Família.

Parabéns! Você chegou ao final da Unidade 6.


Prossiga com entusiasmo.

226
MÓDULO 3 UNIDADE 7

Unidade 7 – Fiscalização

Dê o primeiro passo no seu estudo, sabendo o que é FISCALIZAÇÃO NO BOLSA


FAMÍLIA

A fiscalização no Bolsa Família é uma forma de controle que visa comprovar se o


Programa, efetivamente, está:
• Sendo implementado de acordo com as especificações para ele estabelecidas;
• Atendendo às necessidades para as quais foi destinado; e
• G
uardando coerência com as condições, características e forma de execução
pretendidas.

Atenção!
Os procedimentos de fiscalização constituem ações que, tomadas em conjunto, permitem a
formação e formulação opinião fundamentada pelo ente fiscalizador.

OBJETIVO DA FISCALIZAÇÃO
A fiscalização visa garantir a efetividade e a transparência na implementação do Programa
Bolsa Família, assegurando que os benefícios efetivamente cheguem às famílias que atendem
aos critérios de elegibilidade do Programa.
A fiscalização da gestão do Cadastro Único e do Programa Bolsa Família é feita das seguintes
formas:

ções in loco e a distância, realizadas pelo Ministério do Desenvolvimento Social


• A
e Combate à Fome – MDS, por meio da Secretaria Nacional de Renda de Cidadania,
conforme critérios e parâmetros estabelecidos na Portaria SENARC nº 1 de 2004.
• A
uditorias por meio de análise das bases de dados e sistemas e, em especial, aquelas
realizadas na base do Cadastro Único, que permitem identificar duplicidades, divergências
de informação de renda quando comparada com outras bases de dados do Governo
Federal, dentre outras.
• A
uditorias e ações de fiscalização realizadas pelas instituições de controle interno e
externo do Poder Executivo, a maior parte delas também componentes da Rede Pública
de Fiscalização do Bolsa Família.
• A
ções desenvolvidas pelas Instâncias de Controle Social, que devem acompanhar as
atividades desenvolvidas pelo Gestor Municipal do Programa.

227
MÓDULO 3 UNIDADE 7

Quer contribuir para a melhora da gestão do PBF?


Então é preciso, entre outras coisas, saber:

SANÇÕES: AOS BENEFICIÁRIOS E AOS AGENTES PÚBLICOS

A quem se aplicam as sanções?


• Aos
beneficiários:
Os beneficiários devem fornecer informações corretas e verídicas. A comprovação de que
houve informações falsas visando à obtenção de benefício financeiro, sujeita o infrator à
punição prevista na Lei nº 10.836 de 2004, art. 14 (LINK) e Decreto nº 5.209, arts. 33 a 35.

• Aos
gestores públicos:
O responsável pela organização e manutenção do cadastro que inserir ou fizer inserir
dados ou informações falsas, ou contribuir para a entrega do benefício a pessoa diversa
do beneficiário final, será responsabilizada civil, penal e administrativamente.

O servidor público ou agente de entidade conveniada ou contratada que tiver conduta


ilícita, também será responsabilizado quando comprovada participação em irregularidades,
envolvendo a gestão do Programa, segundo a legislação vigente.

Conheça, agora:
A Rede Pública de Fiscalização do Programa Bolsa Família.

REDE PÚBLICA DE FISCALIZAÇÃO


A Rede Pública de Fiscalização do Programa Bolsa Família, criada em janeiro de 2005, é a
consolidação de parcerias com os Ministérios Públicos Federal e Estaduais, Controladoria-
Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU).

Objetivo da Rede Pública de Fiscalização


O trabalho conjunto dessas instituições, integrado ao Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome – MDS, tem o objetivo de fortalecer o monitoramento e o controle das
ações voltadas à execução do Programa Bolsa Família sem que isso represente qualquer
interferência na autonomia e competência de cada uma das instituições.
Para que a Rede Pública de Fiscalização do PBF possa atuar, foram assinados convênios
específicos do MDS com o Ministério Público Federal, com os 27 Ministérios Públicos
Estaduais, com a Controladoria Geral da União – CGU e com o Tribunal de Contas da União
– TCU.

RESPONSABILIDADES DOS ÓRGÃOS DA REDE PÚBLICA DE FISCALIZAÇÃO


Responsabilidades da Controladoria Geral da União – CGU:
• p
romover ações conjuntas para apuração de irregularidades no Cadastro Único e nos
benefícios do Programa Bolsa Família;
• s olicitar informações e remeter ao MDS os relatórios de fiscalização a partir de sorteios
públicos;
228
MÓDULO 3 UNIDADE 7
• realizar palestras, seminários e treinamentos para troca de experiências; e
• c olaborar com a divulgação do Programa junto aos beneficiários, aos gestores locais, aos
conselhos de controle social e às instituições de controle interno e externo.

Responsabilidades do Ministério Público


• r ealizar diligências, com base em informações e dados disponibilizados pelo MDS, para
investigar possíveis irregularidades no cadastro de famílias beneficiadas e no cumprimento
das condicionalidades do Programa; e
• p
ropor as ações penais, cíveis ou administrativas necessárias e apoiar a identificação
e o acesso ao Bolsa Família das famílias que cumprem os critérios de elegibilidade do
Programa.

CANAIS DE RECEBIMENTO DE DENÚNCIAS

O MDS recebe denúncias referentes ao Programa Bolsa Família pelos seguintes canais:

• Central de atendimento do Fome Zero;


• E-mails
para a área de atendimento do Bolsa Família;
• Atendimento pessoal ou carta endereçada à Ouvidoria do Ministério;
• Denúncias encaminhadas pelos órgãos de controle; e
• Instâncias de Controle Social.

Atenção!
A Coordenação Geral de Fiscalização do Departamento de Operação da SENARC examina as
denúncias recebidas e, de acordo com a gravidade dos fatos, adota medidas de fiscalização por
meio de visitas aos municípios ou a distância. Na maior parte dos casos, o MDS encaminha as
denúncias recebidas para os gestores municipais do PBF, solicitando que sejam averiguadas.

Quando a CGU realiza auditorias, segue o seguinte caminho


Quando a CGU realiza auditorias nos municípios escolhidos por meio de sorteios e encontra
algum indício de irregularidade na implementação do PBF, ela encaminha os resultados
para a SENARC, que encaminha pedidos de averiguação aos gestores municipais do PBF
dos municípios auditados ou para a Caixa Econômica Federal, de acordo com o resultado da
auditoria da CGU.
Após a conclusão dos processos de apuração das denúncias recebidas ou das auditorias
da CGU, a Secretaria implementa e/ou recomenda aos gestores municipais e/ou ao agente
operador do Programa – CAIXA – a adoção de medidas saneadoras para cada irregularidade
constatada.
Quando é o caso, os resultados das ações de apuração de denúncias são encaminhados às
instituições integrantes da Rede Pública de Fiscalização do Programa Bolsa Família para
implementação de providências no âmbito de suas competências.
O MDS, por meio da SENARC, também encaminha aos municípios os resultados de auditorias
realizadas nas bases de dados do Cadastro Único, com orientações para tratar os problemas
encontrados.
229
MÓDULO 3 UNIDADE 7

Você chegou ao final do Módulo 3!


Após os conhecimentos aqui adquiridos, com certeza, você poderá atuar, em seu Município
ou Estado, de forma mais segura e com a eficiência que você já tem.

Alguma dúvida?
Releia a Unidade ou Unidades nas quais você não se sente,
ainda, dominando o assunto.

Troque idéias com seus colegas de trabalho.

Que tal agora partir para outro Módulo?

230
MÓDULO 4

Gestão do Sistema Único de Assistência Social

Unidade 1 – O Caminho Histórico do SUAS

Unidade 2 – Princípios, Diretrizes, Objetivos e Usuários da Política


Nacional de Assistência Social

Unidade 3 – Conceitos e Bases da Organização do SUAS

Unidade 4 – Configuração dos Serviços, Programas, Projetos e


Benefícios Socioassistencias

Unidade 5 – Tipos e Níveis de Gestão do SUAS

Unidade 6 – Instrumentos de Gestão do SUAS

Unidade 7 – Controle Social, Participação, Instâncias de Deliberação


e Pactuação

Unidade 8 – Gestão do Trabalho no Âmbito da Assistência Social

231
MÓDULO 4
MÓDULO 4 - Gestão do Sistema Único de Assistência Social

Ementa
Unidade 1 – O caminho histórico do SUAS
• A trajetória da Assistência Social
• Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS)
• O Estado e os serviços socioassistenciais
• Organização e gestão da política de assistência social

Unidade 2 – Princípios, diretrizes, objetivos e usuários da Política Nacional de Assistência


Social
• Objetivos da Política Nacional de Assistência Social
• Princípios da Política Nacional de Assistência Social
• Diretrizes da Política Nacional de Assistência Social
• Usuários da Política Nacional de Assistência Social

Unidade 3 – Conceitos e bases da organização do SUAS


Eixos orientadores da implementação do novo modelo socioassistencial
• Eixo 1: Precedência da gestão pública da política de Estado
• Eixo 2: Os direitos socioassistenciais dos usuários
• Eixo 3: Matricialidade sociofamiliar
• Eixo 4: Descentralização político-administrativa e territorialização
• Eixo 5: Financiamento partilhado entre os entes federados
• Eixo 6: Fortalecimento da relação democrática entre Estado e sociedade civil
• Eixo 7: Valorização do controle social
• Eixo 8: Qualificação dos recursos humanos
• Eixo 9: Informação, monitoramento, avaliação e sistematização de resultados

Unidade 4 – Configuração dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais


• Serviços socioassistenciais
• Programas e projetos socioassistenciais
• Benefícios

232
MÓDULO 4
Unidade 5 – Tipos e níveis de gestão do SUAS
• Gestão inicial
• Gestão básica
• Gestão plena
• Habilitação dos municípios aos tipos de gestão
• Desabilitação dos municípios
• Gestão do Distrito Federal
• Gestão dos estados
• Gestão da União

Unidade 6 – Instrumentos de gestão do SUAS


• Plano de assistência social
• Plano de ação
• Fundo Nacional de Assistência Social
• Financiamento de assistência social
• Condicionalidades
• Fiscalização dos recursos financeiros do SUAS
• Critérios de partilha
• Pisos de proteção social
• Monitoramento e gestão da informação

Unidade 7 – Controle social, participação, instâncias de deliberação e pactuação


• Instâncias de deliberação e pactuação
• Instâncias de articulação
• Os conselhos e as conferências
• O papel dos conselhos de assistência social
• Comissões intergestores: bipartite e tripartite
• Atribuições dos conselhos

Unidade 8 – Gestão do trabalho no âmbito da assistência social


• Política de recursos humanos – eixo estruturante do SUAS
• Diretrizes nacionais para os planos de carreira, cargos e salários – PCCS
• As diretrizes estabelecidas para as entidades e organizações de assistência social

233
MÓDULO 4 UNIDADE 1

Unidade 1 – O Caminho Histórico do SUAS


A TRAJETÓRIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Como primeira informação

A partir de agora, alguns aspectos do processo de construção do modelo socioassistencial


fundamentado no SUAS, já vistos no Módulo 1, serão relembrados para você melhor
compreender como foi se desenvolvendo a sua apropriação, como Política de Seguridade
Social, e a idéia do Sistema Único de Assistência Social – SUAS.

Para saber mais...


Caso você queira aprofundar mais o seu conhecimento ou até mesmo pesquisar sobre a
trajetória da Assistência Social no Brasil, desde suas heranças até alcançar o Estatuto de
Política Pública de Estado, uma boa referência bibliográfica para pesquisa é o livro “A menina
Loas” de Aldaíza Sposati. São Paulo: Editora Cortez, 2006.

Partindo do marco histórico inaugurado em 1988.


Nesse ano foi promulgada no país a Constituição da República Federativa do Brasil, que
reconhece a Assistência Social como dever de Estado, no campo da Seguridade Social, e
não mais como política complementar, de caráter subsidiário às demais políticas.

Relembrando momentos históricos dessa caminhada


É bom também lembrar...
A noção de Seguridade supõe que os cidadãos tenham acesso a um conjunto de certezas e
seguranças, que cubra, reduza ou previna situações de risco e de vulnerabilidades pessoais e
sociais. Este assunto: vulnerabilidade e risco já foi tratado no Módulo 1.

Assim como a Constituição Federal de 1988, também a Lei 8.742, de 7 de dezembro de


1993, denominada Lei Orgânica da Assistência Social, a LOAS, ao regulamentar os preceitos
constitucionais sobre a Assistência Social, a reafirma como política de Seguridade Social, no
campo dos direitos sociais.

Os anos de 1990 apresentam um cenário de grandes mudanças do papel do Estado na


Seguridade Social
Apesar da alteração do antigo paradigma conservador e assistencialista estabelecido pela
Constituição e pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), para demarcar a Assistência
Social como Direito Social, no âmbito da Seguridade Social, ao lado da Saúde e da Previdência,
os anos de 1990 apresentam um cenário de grandes mudanças, no que diz respeito ao papel do
Estado. A “reforma do Estado”, como é conhecido o processo de mudanças que se desenrolou
a partir desta década, teve forte caráter neoliberal e caracterizou-se, principalmente, por
medidas de ajuste na economia, com severas restrições aos gastos públicos, em especial na
área social, e privatizações de empresas e organizações estatais. Tratou-se de um contexto
no qual foram encolhidas as responsabilidades estatais na regulação das políticas públicas e
valorizadas as “virtudes” da regulação pelo mercado.
234
MÓDULO 4 UNIDADE 1

O enfrentamento da pobreza e da desigualdade, no contexto neoliberal, passa a ser tarefa da


solidariedade da sociedade ou de uma ação estatal aleatória e tímida, caracterizada pela defesa
de alternativas privatistas, que envolvem as organizações sociais e a comunidade em geral.
Recoloca-se em cena práticas filantrópicas e de benemerência, ganhando relevância ações
do denominado Terceiro Setor (não governamental e não lucrativo), como expressão da
transferência à sociedade de respostas às seqüelas da questão social.

Vale lembrar...
A questão social circunscreve um terreno de disputas, pois diz respeito à desigualdade
econômica, política e social entre as classes na sociedade de mercado, envolvendo a luta
pelo usufruto de bens e serviços, socialmente construídos, por direitos sociais e pela
cidadania.

O Brasil instituiu seu Sistema de Seguridade Social após 1988

É nessa conjuntura de crescente subordinação das políticas sociais às políticas de ajuste


da economia, na contramão das transformações que ocorrem na ordem econômica in-
ternacional mundializada, que o Brasil vai instituir, após o processo iniciado em 1988,
seu sistema de Seguridade Social.

E por que afirmamos que foi na contramão?


Porque o estabelecimento da Seguridade Social brasileira, como área composta pela
integração e articulação entre Saúde, Previdência Social e Assistência Social, abriu as portas
para que fossem criadas as bases para a construção de um Sistema de Proteção Social, com
duas vertentes:
• a proteção social contributiva (aquela que exige a contrapartida dos rendimentos do
trabalho assalariado para sua garantia); e
• a proteção social não contributiva (que assegura suas proteções específicas para todos
os cidadãos que dela necessitem. As políticas que melhor representam esta vertente de
proteção são: a Saúde [pública] e a Assistência Social).

Conclusão...
Enquanto o mundo vivia um processo de enxugamento do investimento público estatal na
área social, o Brasil instituiu seu Sistema de Seguridade, tendo a concepção da cidadania
como pano de fundo.

Fique sabendo
A tradução dessa cidadania pautada na Constituição Federal de 1988 em direitos alcançáveis
pela população não foi conquistada de modo rápido e fácil.
Se tomarmos apenas o exemplo da política de Assistência Social, veremos que, após a
promulgação da Constituição, um amplo processo de debates e lutas no interior da sociedade
foram travados, para que o que consta na Lei Magna tivesse sua regulamentação.

235
MÓDULO 4 UNIDADE 1

LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL (LOAS)

A Assistência Social como um dever do Estado e um direito de cidadania

Cinco anos após a Carta Constitucional, em 7 de dezembro de 1993, foi promulgada


a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), que regulamentou os artigos 203 e 204 da
Constituição e tornou possível a Assistência Social como um dever do Estado e um direito
de cidadania, sem a necessidade de contribuição prévia.

A LOAS dispõe de 42 artigos sobre a organização da Assistência Social. Conheça os


principais temas tratados nessa lei:
• Princípios e diretrizes;
• Competências das esferas de governo;
• Conceito de benefícios, serviços, programas e projetos;
• Instituição e competências do Conselho Nacional de Assistência Social;
• Competências do órgão nacional gestor da PNAS;
• Financiamento da política;
• Forma de organização e gestão das ações; e
• Carácter e composição das instâncias deliberativa.

A concepção de Assistência Social, contida na LOAS, visa assegurar benefícios continuados e


eventuais, programas, projetos e serviços socioassistenciais para enfrentar as condições de

“vulnerabilidades que fragilizam a resistência do cidadão e da família ao processo de exclusão


sociocultural, dedicando-se ao fomento de ações impulsionadoras do desenvolvimento de
potencialidades essenciais à conquista da autonomia.”

A Assistência Social brasileira inicia seu trânsito para um campo novo


É o campo:
• dos direitos;
• da universalização dos acessos; e
• da responsabilidade estatal.

A LOAS estabeleceu uma nova matriz para a Assistência Social brasileira.


Inicia um processo que tem como perspectiva torná-la visível como política pública e direito
dos que dela necessitarem.

E qual o primeiro passo em direção a este fim?


A criação e instalação de conselhos deliberativos e paritários, nas esferas federal, estadual, do
Distrito Federal e municipal de governo.
A inserção na Seguridade Social aponta, também, para seu caráter de política de Proteção
Social, articulada a outras políticas do campo social voltadas à garantia de direitos e de
condições dignas de vida.

236
MÓDULO 4 UNIDADE 1

Assim...
A Assistência Social configura-se como possibilidade de reconhecimento público da
legitimidade das demandas de seus usuários e espaço de ampliação de seu protagonismo.

E tem mais...
A tarefa de se consolidar uma política pública, tem na Assistência Social, aspectos muito
peculiares que dificultam a empreitada.
Assim como a
Atenção regulamentação
da Constituição foi
Para que a Assistência Social fosse reconhecida como política pública no campo dos direitos conquistada com
sociais, era necessário romper com a idéia do direito como favor ou ajuda emergencial, muita mobilização,
prestados sem regularidade e por meio de um processo de centralismo decisório. também a
efetividade da
Era necessário, também, romper com a lógica de que a Assistência Social sobrevive apenas LOAS tem sido
com os recursos residuais do investimento público (serviços pobres para pobres!). conquistada
por meio de
E ainda... muitos debates e
pactuações políticas,
Era necessário romper com o uso dos recursos sociais de maneira clientelista e que envolvem
patrimonialista. todo o conjunto da
sociedade.
Nesta direção, em 1997, foi editada uma Norma Operacional Básica da Assistência Social
(NOB), que buscou dar concretude aos princípios e diretrizes da
LOAS.

• Conceitua
o Sistema Descentralizado e Participativo.
• Amplia o âmbito das competências dos governos federal,
municipais, do Distrito Federal e estaduais.
• Institui a exigência de Conselho, Fundo e Plano Municipal de
Assistência Social para o Município estar habilitado a receber
recursos federais.

Daí em diante, acelera-se o processo de conformação das bases do Sistema Descentralizado


e Participativo.

Em 1998, a nova edição da NOB trouxe avanços na estruturação do Sistema.

Fique atento aos avanços, considerando a edição da NOB de 1997


• Diferencia serviços, programas e projetos.
• Amplia
as atribuições dos Conselhos de Assistência Social.
• Cria os espaços de negociação e pactuação: as Comissões Intergestores Bipartites (CIBs),
que reúnem representações de gestores estaduais e municipais, e Tripartite (CIT), esta
reunindo representações dos gestores municipais, estaduais e federal da Assistência
Social.

237
MÓDULO 4 UNIDADE 1

Em 2003, o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) convocou e realizou,


extraordinariamente, a IV Conferência Nacional de Assistência Social, por meio da
Portaria nº 262, de 12 de agosto de 2003, com a finalidade de avaliar a situação atual da
Assistência Social e propor novas diretrizes para o seu aperfeiçoamento.

Anote o resultado positivo da IV Conferência


Fortaleceu o reconhecimento da gestão democrática e descentralizada da Assistência
Social.
Essa proposta, recomendada pela LOAS, visa ter um modelo de gestão a ser consolidado na
implantação de um sistema descentralizado e participativo de Assistência Social, que passou
a ser chamado de Sistema Único da Assistência Social – SUAS.

Em 2004, a criação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome


(MDS) e, em seu âmbito, a instituição da Secretaria Nacional de Assistência Social
(SNAS), aceleraram e fortaleceram o processo de construção do SUAS, numa relação
compartilhada com a Comissão Intergestores Tripartite – CIT e o Conselho Nacional
de Assistência Social – CNAS.

Em dezembro de 2004, após ampla mobilização nacional, o Conselho Nacional de Assistência


Social – CNAS editou a Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004).
Este documento apresenta as bases e referências necessárias para a implantação e gestão do
SUAS em todo o território nacional.

A Política Nacional de Assistência Social PNAS/2004, na perspectiva do SUAS,


introduz mudanças profundas nas referências conceituais, na estrutura organizativa e
na lógica de gerenciamento e controle das ações na área.

O ESTADO E OS SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS

O Estado passa a ser o principal agente construtor e implementador das ações da política
pública de Assistência Social.

No novo modelo socioassistencial, é reafirmada a primazia do papel do Estado, como


principal agente construtor e implementador das bases operacionais necessárias à realização
dos serviços socioassistenciais.

Desta forma...
O Estado passa a reconhecer e legitimar os instrumentos de participação popular na
condução da Política Pública de Assistência Social. A perspectiva é a de um Estado dotado
de um sistema de gestão moderno, que utilize as inovações tecnológicas de gestão social e
informação, em busca de competência técnica e transparência política.

238
MÓDULO 4 UNIDADE 1

Qual é o papel do agente público O agente público desempenha


na condução do SUAS? um papel estratégico. Ele é o
principal responsável pelas
funções de execução, articulação,
planejamento, coordenação,
negociação, monitoramento
e avaliação dos serviços
desenvolvidos.
Sempre de acordo
com o sistema nacional
unificado, não é mesmo?

Certo! E tem mais... A valorização do gestor


público, com a implantação do SUAS, em
todo território nacional, está pautada no
pressuposto de que a Assistência Social é
política pública de Estado e de direito de
cidadania.

Nossa! Sinto-me
orgulhosa de fazer parte
dessa gestão moderna!

Fique atento a esta informação


O comando único, nas três esferas de governo, define a organização e estruturação da Política
Pública de Assistência Social e é legitimado pelas instâncias de pactuação e de negociação
– Comissão Intergestores Tripartite – CIT e as Comissões Intergestores Bipartites – CIBs,
reconhecendo, assim, a importância de espaços, como o Fórum Nacional de Secretários
Estaduais de Assistência Social (FONSEAS) e o Colegiado Nacional de Gestores Municipais
de Assistência Social (CONGEMAS).
Tal modelo de gestão exige definição clara de competências, em cada uma das esferas de
governo, num processo integrado de cooperação e complementaridade, garantindo unidade
e continuidade na oferta dos serviços socioassistenciais.

ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Com a Política Nacional de Assistência Social – PNAS e o processo democrático de


pactuações, nos espaços da Comissão Intergestores Tripartite – CIT e das Comissões
Intergestores Bipartites – CIBs, na perspectiva do SUAS, foi possível orientar as definições
e o desenho de regulações necessárias para fazer funcionar a Assistência Social, e o seu
sistema nacional.

239
MÓDULO 4 UNIDADE 1

Conheça as regulamentações emitidas no ano de 2004


Decreto nº 5.003/04
Restituiu autonomia à sociedade civil no processo de escolha de seus representantes no
Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS.
Decreto nº 5.074/04
Reordena a Secretaria Nacional de Assistência Social – SNAS, à luz das deliberações da IV
Conferência Nacional de Assistência Social.
Lei nº 10.954/04
Extingue a exigência da Certidão Negativa de Débitos – CND, para repasses de recursos
federais da Assistência Social para estados e municípios.
Decreto nº 5.085/04
Transforma, em ações de caráter continuado, os Serviços de Combate à Exploração Sexual de
Crianças e Adolescentes e os Serviços de Atendimento Integral às Famílias.

Em 2005, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome – MDS


apresenta uma proposta preliminar para a NOB/SUAS, em evento que reuniu 1.200
participantes – gestores, conselheiros, técnicos, intelectuais entre outros – de todo o
Brasil, em Curitiba (PR).

O texto foi debatido em seminários municipais e estaduais, no Distrito Federal, com


representação do MDS e do CNAS, e sua versão final foi aprovada no dia 15 de julho, em
reunião ordinária do Conselho Nacional de Assistência Social. A partir desta data, inicia-se
um novo trâmite da política pública de Assistência Social, conforme preconizado na LOAS.

Saiba mais
Observa-se neste período, de 2005 a 2006, um intenso processo de regulamentações das ações
que vão consolidar o novo modelo de organização e gestão da política de Assistência Social.

Conheça os textos legais que consolidam o modelo


Portaria nº 385, de 26 de julho de 2005 (MDS)
Estabelece regras complementares de transição e expansão dos serviços socioassistenciais
co-financiados pelo Governo Federal, no âmbito do Sistema Único da Assistência Social –
SUAS para o exercício de 2005.
Portaria nº 440, de 23 de agosto de 2005 (MDS)
Regulamenta os Pisos de Proteção Social Especial estabelecidos pela NOB/SUAS, sua
composição e as ações que financiam.
Resolução nº 1, de 24 de agosto de 2005 (CIT)
Publica a relação de municípios contemplados na partilha de recursos/2005, por unidade da
federação e repasse mensal de recursos financeiros, referente a serviços da Proteção Social
Básica – Piso Básico Fixo.
240
MÓDULO 4 UNIDADE 1

Portaria nº 442, de 26 de agosto de 2005 (MDS)


Regulamenta os Pisos de Proteção Social Básica estabelecidos na NOB/SUAS, sua composição
e ações que financiam.
Portaria nº 459, de 09 de setembro de 2005.
Dispõe sobre a forma de repasse dos recursos do co-financiamento federal das ações
continuadas da Assistência Social e sua prestação de contas, por meio do SUAS Web, no
âmbito do Sistema Único de Assistência Social – SUAS.
Resolução nº 2, de 24 de agosto de 2005 (CIT)
Publica a expansão do PETI 2005, contendo as metas disponibilizadas para cada estado e
disponível para o pagamento aos municípios e define procedimentos.
Resolução nº 3, de 29 de agosto de 2005 (CIT)
Define instrumento de identificação dos municípios e localidades brasileiros, onde ocorrem o
fenômeno da exploração sexual e comercial de crianças e adolescentes, e indica a possibilidade
da estruturação de Serviços Regionais Especializados de Assistência Social.
Edital MDS/PNUD de 31/08/05 publicado em 02/09/2005 no DOU
Qualifica parceiros para a Implementação de Projetos de Inclusão Produtiva.
Resolução nº 4, de 16 de setembro de 2005 (CIT)
Trata dos Critérios de Partilha de recursos e expansão/2005 para a Proteção Social Básica e
enfrentamento ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes.
Resolução CNAS nº 191, de 10 de novembro de 2005
Institui orientação para regulamentação do art. 3º da LOAS.
Portaria nº 566, de 14 de novembro de 2005
Estabelece regras complementares para financiamento de projetos de inclusão produtiva,
destinados à população em situação de rua, em processo de restabelecimento dos vínculos
familiares e/ou comunitários.
Portaria nº 666, de 28 de dezembro de 2005
Disciplina a integração entre o Programa Bolsa Família e o Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil.
Decreto nº 5550/2005
Estabelece a integração do FNAS à estrutura da SNAS como Diretoria – Executiva.
Guia de Orientação Técnica – SUAS nº 1/Proteção Social Básica de Assistência Social e
Guia de Orientação nº 1: Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS.
Instrução Normativa nº 01, de 06 março de 2006.
Estabelece os procedimentos a serem adotados na apuração do saldo real e dos valores a
serem reprogramados, deduzidos ou devolvidos pelos estados, municípios e Distrito Federal,
na prestação de contas dos recursos do co-financiamento federal das ações continuadas da
Assistência Social de 2005 e dá outras providências.

241
MÓDULO 4 UNIDADE 1

Instrução Operacional Conjunta SENARC/SNAS 01, de 14 de março de 2006


Inserção no CadÚnico das famílias beneficiárias do PETI ou em situação de trabalho infantil.

Sintetizando o que você estudou


Acompanhe o esquema.

Fechando a Unidade...
Caminhou-se bastante, nestes últimos anos, em direção à institucionalização e à materialização
dos direitos consagrados na Constituição de 1988, notadamente no que tange à Assistência
Social. Aqui, você conheceu alguns momentos históricos desta caminhada.
Nas Unidades seguintes, você conhecerá mais alguns aspectos do SUAS que, com certeza, o
ajudarão a ter uma compreensão maior deste novo modelo socioassistencial e de como, por
meio da sua ação, você poderá contribuir para o seu aperfeiçoamento.

Parabéns!!!!
Você venceu a primeira etapa do estudo do
Módulo 4.
Prossiga com entusiasmo!

242
MÓDULO 4 UNIDADE 2

Unidade 2 – Princípios, Diretrizes, Objetivos e Usuários da Política


Nacional de Assistência Social

OBJETIVOS DA POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Esta Unidade pretende auxiliá-lo na compreensão dos principais elementos da Política


Nacional de Assistência Social PNAS/2004 e de sua relação com a sua prática profissional e
sua realidade.
Você vai ficar conhecendo os princípios, as diretrizes, os objetivos e usuários da política
pública de Assistência Social.

Para iniciar, conheça os objetivos da Política Nacional de Assistência Social.


• prover serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e/ou especial
para famílias, indivíduos e grupos que deles necessitarem;
• c ontribuir para a inclusão e eqüidade dos usuários e grupos específicos, ampliando o
acesso aos bens e serviços socioassistenciais básicos e especiais, em áreas urbana e rural;
• a ssegurar que as ações no âmbito da assistência social tenham centralidade na família e
que garantam a convivência familiar e comunitária.

PRINCÍPIOS DA POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL


A Política Nacional de Assistência Social, concebida de acordo com o marco estabelecido
na LOAS, é regida por princípios democráticos e participativos extensivos às populações
urbanas e rurais, às comunidades tradicionais (quilombolas, indígena, entre outras). Conheça
estes princípios.

Princípios Significados
Reafirma a natureza não contributiva da
Assistência Social, realocando o foco de
Supremacia do atendimento às necessidades
atenção da política nas necessidades e não no
sociais sobre as exigências de rentabilidade
necessitado, rompendo com a idéia de que o
econômica.
indivíduo e/ou sua família é exclusivamente
responsável pelas situações de risco e
vulnerabilidades a que estão submetidos.
Significa tornar disponíveis a todas as
pessoas, independentemente de quaisquer
fatores discriminatórios, os direitos sociais,
Universalização dos direitos sociais, a fim que podem ser traduzidos em qualidade
de tornar o destinatário da ação assistencial de vida, com garantia de condições dignas
alcançável pelas demais políticas públicas. de sobrevivência, assegurando aos usuários
da Assistência Social acesso às políticas
sociais básicas, tais como: habitação, saúde,
alimentação, transporte, cultura, lazer,
trabalho, entre outras.

243
MÓDULO 4 UNIDADE 2

Princípios Significados
Este princípio implica o reconhecimento da
dignidade como um atributo inerente ao ser
Respeito à dignidade do cidadão, à sua
humano, que deve ser respeitado e garantido
autonomia e ao seu direito a benefícios
pelas políticas públicas. Significa que se
e serviços de qualidade, bem como à
deve respeito aos direitos de cidadania dos
convivência familiar e comunitária,
usuários, independente de sua condição
vedando-se qualquer comprovação
social, econômica, cultural, política, sexo,
vexatória de necessidade.
idade, preservando-o de qualquer situação
constrangedora e de restrição de sua
autonomia.
Os serviços no campo da Assistência Social
devem estar acessíveis a todas as pessoas que
deles necessitem, independentemente de
qualquer discriminação (étnica, de gênero,
religião, idade, orientação sexual) privilégio
ou apadrinhamento. O que compreende,
também, a garantia da igualdade de
atendimento às populações urbanas e rurais,
às comunidades tradicionais, entre outras,
sem qualquer tipo de discriminação. Refere-
se, ainda, à promoção da eqüidade, no
sentido da redução das desigualdades sociais
Igualdade de direitos no acesso ao
e enfrentamento das disparidades regionais
atendimento, sem discriminação de
e locais, no acesso a recursos financeiros. Ou
qualquer natureza, garantindo-se
seja, trata-se da criação de condições para
equivalência às populações urbanas e
que se tenha uma sociedade mais justa, isto
rurais.
é, com uma distribuição mais equânime de
bens econômicos e sociais, de modo que cada
realidade seja tratada de forma diferenciada,
em função de suas demandas, necessidades
e potencialidades. Ser equânime é ter a
disposição de reconhecer, igualmente, os
direitos e necessidades de cada família,
seus membros e indivíduos e, no caso da
implementação de políticas, reconhecer a
diversidade regional, no que diz respeito
aos aspectos econômicos, sociais, culturais,
políticos, dentre outros.

244
MÓDULO 4 UNIDADE 2

Princípios Significados
Como direito social garantido a quem dele
necessitar, a Assistência Social pressupõe os
chamados “testes de meio”, cujos critérios
devem ser amplamente divulgados, de modo
a facilitar o acesso da população usuária aos
diferentes serviços, programas, projetos
Divulgação ampla dos benefícios, serviços, e benefícios. Tal diversidade de ações no
programas e projetos assistenciais, bem campo da Assistência Social se deve, dentre
como dos recursos oferecidos pelo Poder outros fatores, ao reconhecimento de que
Público e dos critérios para sua concessão as situações de risco e vulnerabilidades
sociais têm natureza multidimensional, e
que para seu enfrentamento é necessário um
conjunto articulado e integrado de ações,
como, por exemplo, a integração entre os
serviços socioassistenciais e os benefícios
não contributivos.
Quanto mais
informações a
população tiver
Fique de olho... sobre seus direitos,
maiores serão as suas
Observa-se nos princípios emanados pela Política Nacional de Assistência condições de exercê-
Social – PNAS uma forte associação com os valores que compõem a noção de los. Por isso, faça sua
direitos humanos, o que reforça o caráter da Assistência Social como política parte, compartilhe
viabilizadora destes direitos. conhecimentos.

Relembrando...
Em dezembro de 2006 o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS)
e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), por meio de um amplo processo de
debate com a sociedade, coordenado pelo Conselho Nacional, divulgaram o Plano Nacional
de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência
Familiar e Comunitária.

Fique por dentro


Visite o site do MDS (www.mds.gov.br) ou da SEDH (www.presidencia.gov.br/sedh) e consulte
o Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à
Convivência Familiar e Comunitária.

DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL


Os serviços socioassistenciais, em qualquer nível de gestão do SUAS, devem ser planejados,
executados e avaliados de acordo com as diretrizes estabelecidas na PNAS/2004.

245
MÓDULO 4 UNIDADE 2

Conheça, agora, as diferentes diretrizes da Política Nacional de Assistência Social

• Descentralização
político-administrativa

Cabe à esfera federal a coordenação e o estabelecimentos de normas gerais e às esferas


estadual e municipal a coordenação e execução dos respectivos programas, bem
como a entidades beneficentes de Assistência Social, garantindo o comando único
das ações em cada esfera de governo, respeitando-se as diferenças e as características
socioterritoriais locais.

É importante dizer que, na perspectiva do SUAS, esta diretriz se estende à explicitação da


busca da responsabilidade compartilhada entre os entes federados, ao mesmo tempo em que
aponta para a revisão da relação destes entes com as organizações da sociedade civil.
Nessa nova relação, fica evidente a concretização do que foi decidido, no âmbito das
negociações e debates entre o Estado e a sociedade, expressa pelo atendimento às deliberações
das conferências e planos na organização dos serviços socioassistenciais em cada esfera de
governo.
Tais decisões, pactuadas nos espaços de diálogo entre estes agentes, são os principais marcos
regulatórios da política e interferem, diretamente, nas formas de repasse de recursos do
Governo Federal para os estados e municípios.

Entenda a descentralização aqui tratada


• Assim como deve existir uma ação de cooperação intragoverno (entre os organismos
gestores das políticas setoriais), no novo modelo socioassistencial o mesmo é exigido das
relações entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

Há , ainda, um ponto a se considerar...


Reforça-se aqui o papel fundamental dos estados (como esfera de governo), na
organização e gestão dos serviços socioassistenciais, naquelas localidades em que
haja a demanda por determinados serviços. Isso requer que o mesmo seja prestado
por unidades de referência regional, naqueles municípios que ainda não atingiram as
condições necessárias para a gestão da política, nos seus diferentes níveis de proteção.

Outras diretrizes da Política Nacional de Assistência Social

• P
articipação da população, por meio de organizações representativas, na formulação
das políticas e no controle das ações em todos os níveis.

A participação da sociedade no controle e gestão da política de assistência é a


materialização de um dos principais institutos da democracia.

246
MÓDULO 4 UNIDADE 2

No âmbito da PNAS, ela pode se dar por meio dos conselhos de políticas públicas, de
direitos nas três esferas de governo e, também, por intermédio da articulação direta
com os cidadãos (ouvidorias etc.) ou, ainda, pelos movimentos sociais. A efetivação da
participação exige, portanto, o acesso às informações sobre os recursos e critérios de
elegibilidade dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, viabilizados
pelo Poder Público.

• Primazia da responsabilidade do Estado na condução da Política de Assistência Social


em cada esfera de governo

Uma política pública só se faz quando o “Poder Público” assume suas responsabilidades
na condução desta política. Isto não significa ignorar as iniciativas privadas ou mesmo
aquelas afetas ao campo da benemerência e caridade, mas trata-se da consideração de que
a legitimidade do direito viabilizada pelo agente público deve ter, neste mesmo agente, o
fornecimento das condições que permitam o acesso aos direitos. Por isso, dizemos que
o Estado tem primazia na condução da política, sem prejuízo da complementaridade da
rede socioassistencial privada.

• Centralidade na família para concepção e implementação dos benefícios, serviços,


programas e projetos

A família é o foco principal de intervenção no novo modelo socioassistencial. Como


será visto na Unidade 3, ela está no centro da organização da rede socioassistencial.
Seu fortalecimento, portanto é um dos objetivos da política, tendo em vista que ela é
o espaço primeiro de proteção e socialização dos indivíduos e que, para que cumpra
com tais funções, precisa ser protegida. Então, ao invés de responsabilizar a família, ela
é chamada como parceira, e ao ser fortalecida pela ação pública estatal, resguarda sua
autonomia e reafirma o seu protagonismo.

USUÁRIOS DA POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL


Agora é a vez de conhecer os usuários da Política Nacional de Assistência Social
Cidadãos e grupos que se encontram em situação de vulnerabilidade e riscos, tais como:
• f amílias e indivíduos com perda ou fragilidade de vínculos de afetividade, pertencimento
e sociabilidade (ex: pessoas em situação de rua); ciclos de vida;
• i dentidades estigmatizadas em termos étnico, cultural e sexual (ex: quilombolas,
homossexuais e imigrantes);
• desvantagem pessoal resultante de deficiências (ex: pessoas com deficiência física);
• e xclusão pela pobreza e, ou, no acesso às demais políticas públicas (ex: trabalho
infantil);
• d
iferentes formas de violência, advindas do núcleo familiar, grupos e indivíduos (ex:
violência doméstica e abuso e exploração sexual infantil);

247
MÓDULO 4 UNIDADE 2

• inserção precária ou não inserção no mercado de trabalho formal e informal; e


• e stratégias e alternativas diferenciadas de sobrevivência que podem representar risco
pessoal e social (ex: os dependentes do uso e vítimas da exploração comercial das
drogas).

É importante
Na Unidade 1, você estudou que a inserção da Assistência Social, no campo da Seguridade
Social, lhe confere caráter de política de proteção social articulada com as demais políticas
setoriais. Continue estudando e fique sabendo o que o novo modelo redefine nos serviços
socioassistenciais.
O novo modelo redefine os serviços socioassistenciais, rompendo com a lógica dos segmentos
sociais a serem atendidos (criança, adolescente, jovens, pessoas com deficiência, idosos),
para estruturá-los em redes de proteção social capazes de assegurar um amplo conjunto de
seguranças sociais, no Sistema Público de Proteção Social:
• a segurança de sobrevivência – de rendimento e autonomia a todos independentemente
de suas limitações para o trabalho ou do desemprego;
• a segurança de acolhida – promovida por meio da provisão das necessidades básicas de
alimentação, vestuário e abrigo; e
• a segurança do convívio familiar e comunitário – um dos principais desafios da política
pública de Assistência Social, no enfrentamento de situações de reclusão e rompimento
dos vínculos familiares e comunitários.

Parabéns! Mais uma etapa vencida!

Você concluiu a Unidade 2!

Prossiga estudando!

248
MÓDULO 4 UNIDADE 3

Unidade 3 – Conceitos e Bases da Organização do SUAS

Você está começando a terceira Unidade do Módulo 4.


Nesta etapa, você ficará conhecendo os pressupostos, as matrizes conceituais e as bases de
organização do SUAS.
Você será capaz de identificar as novas referências para o trabalho no âmbito da Assistência
Social, superando a atuação no sentido de “viabilizador de programas” para “viabilizador de
direitos”.

Para início de conversa


O Sistema Único de Assistência Social – SUAS é um sistema descentralizado e participativo,
que regula e organiza os elementos essenciais da Política Nacional de Assistência Social –
PNAS (normatização dos padrões nos serviços, qualidade no atendimento, indicadores de
avaliação e resultado, nomenclatura dos serviços da rede socioassistencial e eixos estruturantes
do Sistema).

A implantação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é uma verdadeira


revolução na Assistência Social brasileira. Como já visto na Unidade 1, o marco oficial
para a implantação do Sistema foi em julho de 2005, com a aprovação da Norma
Operacional Básica do SUAS pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).
Fruto de quase duas décadas de debates, o Sistema coloca em prática os preceitos da
Constituição de 1988, que integra a Assistência Social à Seguridade Social, juntamente
com Saúde e Previdência Social.

OS EIXOS ORIENTADORES DA IMPLEMENTAÇÃO DO NOVO MODELO


SOCIOASSISTENCIAL
Para refletir
Com a proposta do SUAS, as diversas ações e iniciativas de atendimento à população deixam
o campo do voluntarismo e passam a operar sob a estrutura de uma política pública de
Estado.
Já imaginou o que isso significa para a Política Nacional de Assistência Social?
É hora de conhecer, portanto, cada eixo que orienta a implementação do novo modelo
socioassistencial.

Um dos principais eixos é:

• EIXO 1 - Precedência da Gestão Pública da Política de Estado

De mero favor, de prática assistencialista e tuteladora, a Assistência Social, seus serviços


e benefícios passam para um campo novo, o campo dos direitos de cidadania, marcada,
portanto, pelo caráter civilizatório presente na consagração de direitos sociais.
A Assistência Social exige que as provisões assistenciais sejam prioritariamente pensadas no
âmbito das garantias de cidadania sob responsabilidade do Estado.
249
MÓDULO 4 UNIDADE 3

Cabem ao Estado a universalização da cobertura e a garantia de direitos e de acesso para


esses serviços, programas, projetos e benefícios. Essa idéia expressa um dos principais eixos
que orientam a implementação do novo modelo socioassistencial, ou seja, a precedência da
gestão pública da política.

Esse desenho inova ao afirmar para a Assistência Social seu caráter de direito não
contributivo (independentemente de contribuição à Seguridade Social e para além dos
interesses do mercado), ao apontar a necessária integração entre o econômico e o social, e ao
apresentar novo desenho institucional para a Assistência Social. Inova, também, ao fortalecer
a participação da população e o exercício do controle da sociedade na gestão e execução das
políticas.

O eixo que trata dos princípios deste novo modelo socioassistencial é:

• EIXO 2 - Os Direitos Socioassistenciais pelos Usuários

A universalização dos direitos sociais


A Assistência Social, a partir do princípio da intersetorialidade, propicia o acesso às pessoas
em situação de vulnerabilidade pessoal e/ou social, às demais políticas setoriais, uma vez que
busca garantir seguranças para seus usuários: segurança de sobrevivência (de rendimento e
de autonomia); de acolhida; de convívio ou convivência familiar e comunitária.

Essas seriam as condições fundamentais para tornar o usuário do serviço socioassistencial


alcançável pelas demais políticas.

Por sua vez, como um sistema de gestão, esse arranjo institucional propõe pela primeira vez
na história do país, sob a primazia da responsabilidade do Estado, a organização em todo
o território nacional de serviços socioassistenciais destinados a milhões de brasileiros, em
todas as faixas etárias, com a participação e a mobilização da sociedade civil nos processos de
implantação e implementação do Sistema.
Então, baseado em critérios e procedimentos transparentes, o SUAS altera fundamentalmente
operações como: o repasse de recursos federais para estados, municípios e Distrito Federal, a
O SUAS, pactuado prestação de contas e a maneira como os serviços e os entes federados estão hoje organizados
nacionalmente e
do ponto de vista da gestão de recursos.
deliberado pelo
Conselho Nacional
de Assistência Fechando essa idéia...
Social, prevê
O SUAS promove uma mudança de conteúdo e de gestão da política pública de Assistência
uma organização
participativa e Social, ao materializar o conteúdo da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS (Lei nº 8.742
descentralizada da de 7/12/1993), e definir os conceitos e as bases que vão orientar a estruturação do sistema nos
Assistência Social, estados, no Distrito Federal e nos municípios, os quais serão aqui destacados por serem de
com serviços voltados fundamental importância para a compreensão do novo modelo socioassistencial.
para o fortalecimento
da família, sem, no
Em outras palavras...
entanto sobrecarregá-
la, mas ao contrário, O SUAS oferece concretude à Política Pública de Assistência Social na perspectiva de construir
protegendo-a e os direitos de seus usuários e sua inserção na sociedade.
apoiando-a.
250
MÓDULO 4 UNIDADE 3

Mas não pára por aí não...


Isto você também precisa saber.
Além da precedência da gestão pública da política e do alcance de direitos socioassistenciais
pelos usuários há outras bases que organizam o sistema que você vai conhecer no decorrer
do seu estudo.

Conheça, agora, o eixo estruturante da política de Assistência Social

• EIXO 3 - Matricialidade Sociofamiliar

Vale lembrar

A centralidade na família é um eixo estruturante da política de Assistência Social.


Significa dizer que é um princípio importante para a concepção e a implementação dos
benefícios, serviços, programas e projetos. No Módulo 1, você estudou o seu significado
mais detalhadamente. No Módulo 5, também será possível compreender a relação do
conceito de família com os critérios adotados para a inserção em serviços e a concessão
de benefícios como ocorre com o PAIF (Programa de Atenção Integral à Família) e o
PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil).

É preciso ficar bem claro para você as implicações da matricialidade sociofamiliar para a
organização do novo modelo socioassistencial.

Fique de olho
O conceito de família do qual se fala na política de Assistência Social
compreende relações estabelecidas por laços consangüíneos, afetivos
e/ou de solidariedade.
Fique sabendo agora qual o papel fundamental da Assistência Social no
fortalecimento e autonomia das famílias, em situação de vulnerabilidade
e em processos de exclusão social.

O reconhecimento da importância da família como unidade/referência, no âmbito da política


pública de Assistência Social, fundamenta-se na idéia de que essa é o espaço primeiro de
proteção e socialização dos indivíduos e que, para que cumpra com tais funções, precisa
ser protegida. Nos últimos anos, com as mudanças ocorridas na sociedade contemporânea
decorrentes dos processos econômicos, políticos e culturais, alterou-se, também, a
organização das famílias. Para muitas delas estas transformações as colocaram em situação
de vulnerabilidade e em processos de exclusão social. Daí o papel fundamental da Assistência
Social no fortalecimento e autonomia dessas famílias, enquanto sujeitos coletivos, pois se
entende que as condições de vida dependem menos da situação específica do indivíduo que
daquela que caracteriza sua família, sua comunidade e a sociedade onde se insere.

251
MÓDULO 4 UNIDADE 3
Um recado
Deste entendimento decorrem outros conceitos que você verá mais adiante, como, por
exemplo, a unidade de medida família referenciada.

A responsabilidade do Estado na proteção à família está expressa no artigo 226 da Constituição


Federal de 1988, que a reconhece como base da sociedade e como sujeito de direitos. Outras
legislações reiteram esta posição e reconhecem o direito à convivência familiar e comunitária,
como o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8069 de 13/07/1990), a Lei Orgânica de
Assistência Social (Lei nº 8.742 de 7/12/1993) o Estatuto do Idoso (Lei n° 10.741 de 1/10/2003)
e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9394 de 20/12/1996).

Isto é muito importante

Família Referenciada é aquela que vive em áreas caracterizadas como de vulnerabilidade,


definidas a partir de indicadores estabelecidos por órgão federal, pactuados e deliberados.
Tais indicadores devem relacionar informações sociais, econômicas, demográficas e
cadastrais com as escalas territoriais e as diversidades regionais presentes no desenho
federativo do país. Esta unidade de referência foi escolhida em razão da metodologia
de fortalecimento do convívio familiar, do desenvolvimento da qualidade de vida da
família na comunidade e no território onde vive.

Guarde em sua memória


A unidade de medida “família referenciada” é a recomendação, por exemplo, para a
Instituição dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) nos municípios.

O objetivo de se ter a família como referência é prevenir o risco social e/ou pessoal, visando ao
fortalecimento dos vínculos familiares, comunitários e societários, e promovendo a inclusão
das famílias e dos cidadãos nas políticas públicas, na vida em comunidade e em sociedade.

Você sabe o que é o Sei, o


Centro de Referência CRAS é uma
de Assistência Social – unidade pública estatal
o CRAS? localizada em áreas de
maior vulnerabilidade
Qual é a sua missão? social.

Prestar serviços,
promover a realização
de programas e projetos locais de
Proteção Social Básica como, por
exemplo, acolhimento, convivência e
socialização de famílias e de indivíduos,
conforme identificação da situação de
vulnerabilidade apresentada.

252
MÓDULO 4 UNIDADE 3

Ah, antes que


eu me esqueça: deverão
incluir, também, as pessoas com
deficiências e ser organizados em
rede, de modo a inseri-las nas
diversas ações ofertadas.
E quem presta
esses serviços?
Uma
equipe de referência
composta por profissionais de
nível superior, além do pessoal de
apoio administrativo, dependendo
do porte do Município, conforme
estabelecido na NOB-RH/
SUAS.

Saiba um pouco mais ...

CRAS – local que deve ser tão conhecido em uma comunidade, como um centro de saúde
ou uma escola.
O CRAS foi concebido como a porta de entrada para o atendimento social nos diversos
territórios.

Conheça, agora, como é estabelecido o número mínimo de Centros de Referência de


Assistência Social – CRAS, por Município.
Para fins de partilha
Para municípios de Pequeno Porte I (até 20.000 habitantes/5.000 famílias) – mínimo de 1 dos recursos da
Assistência Social
CRAS para até 2.500 famílias referenciadas.
entre estados e
Para municípios de Pequeno Porte II (de 20.000 habitantes até 50.000 habitantes/5.000 a municípios para
a Proteção Social
10.000 famílias) – mínimo de 1 CRAS para até 3.500 famílias referenciadas.
Básica, a NOB/SUAS
Para municípios de Médio Porte (de 50.001 habitantes até 100.000 habitantes/de 10.000 a estabelece o número
mínimo de Centros
25.000 famílias) – mínimo de 2 CRAS cada um, para até 5.000 famílias referenciadas.
de Referência de
Para municípios de Grande Porte (de 100.001 habitantes até 900.000 habitantes/25.000 a Assistência Social
(CRAS), de acordo
250.000 famílias) – mínimo de 4 CRAS para até 5.000 famílias referenciadas.
com o porte do
Município e, ainda
Para Metrópoles – mais de 900.000 habitantes/ mais de 250.000 famílias – mínimo de 8
dimensões de
CRAS, cada um para até 5.000 famílias referenciadas. território, definidos
por um número
máximo de famílias
nele referenciadas.

253
MÓDULO 4 UNIDADE 3

Os serviços
socioassistenciais
ofertados para o
universo familiar
devem levar em
conta, além da idade
e renda, questões
que envolvem as
relações de gênero,
a classe social, os
aspectos raciais ou
étnicos e culturais, e É desta forma que se materializam os princípios da Política Nacional de Assistência Social
como tais elementos – PNAS da universalização dos direitos sociais e da igualdade de direitos, no acesso ao aten-
que orientam a dimento. Estes princípios você já conhece.
estruturação das
relações sociais
Outro eixo do novo modelo socioassistencial
e econômicas
que as famílias
e os indivíduos • EIXO 4 - Descentralização Político-Administrativa e Territorialização
estabelecem ou na
Uma das mudanças na forma de gestão da política pública de Assistência Social, desde a
qual estão inseridos.
Constituição Federal de 1988, decorre do princípio da descentralização político-administrativa
na organização das ações governamentais nesta área.
Esta diretriz está disposta no artigo 204 da Constituição Federal e é reafirmada pelo artigo
6º da LOAS. Outro princípio que rege a atuação dos agentes públicos nesta política é a
autonomia administrativa dos entes federados (estados, municípios e Distrito Federal), na
organização dos seus serviços (art. 8º da LOAS) conforme sua necessidade.
A tradução desses preceitos na política de Assistência Social se expressa na definição de co-
responsabilidades para cada esfera de governo na realização da política, cabendo:
À esfera federal
A coordenação e a edição de normas de caráter geral.

Aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios


A coordenação e execução dos serviços socioassistenciais em suas respectivas esferas.

254
MÓDULO 4 UNIDADE 3

A todas as esferas de governo

A responsabilidade pelo co-financiamento, o monitoramento e a avaliação. O


co-financiamento da educação permanente dos profissionais é de co-responsabilidade
dos estados e do governo federal, e a sistematização das informações na área é de co-
responsabilidade de todos.

Cabe lembrar
O sistema é constituído, também, por entidades e organizações de Assistência Social e
por um conjunto de instâncias de pactuação e deliberação (a Unidade 7 tratará com mais
profundidade deste assunto), compostas pelos diversos setores envolvidos na área.

Isto você já sabe


A descentralização da política é expressa, também, pela exigência da efetiva consolidação dos
conselhos, planos e fundos da Assistência Social em cada esfera de governo, lembrando que
estes são um requisito mínimo para adesão à gestão inicial do SUAS.

Outro aspecto importante da descentralização: características socioterritoriais de cada


localidade.
O território, além de ser definido como um espaço geográfico, guarda características sociais,
culturais e identitárias de sua população.

Simplificando para entender melhor...

Território é considerado como um conjunto de elementos que mostram e revelam a


complexidade da dinâmica social e econômica das cidades que, por vezes, também
representam em menor escala as desigualdades existentes nas regiões brasileiras.

E mais...
O número de família
O território é lugar de vida e relações. referenciada
depende do porte
demográfico
Nesse sentido, para a organização dos serviços socioassistenciais de proteção social
associado aos
básica, estabeleceu-se, no âmbito do novo modelo socioassistencial, o número de indicadores
família/habitantes referenciadas no território para organização dos serviços. socioterritoriais
disponíveis a
partir dos dados
censitários do IBGE.

255
MÓDULO 4 UNIDADE 3

Analise o quadro que ilustra a relação entre porte demográfico e características


socioterritoriais na organização dos serviços.
Municípios de pequeno porte 1: até 20.000 Em geral, necessitam de uma rede
habitantes (até 5.000 famílias referenciadas simplificada e reduzida de serviços de
em média) proteção social básica. Para a proteção
Municípios de pequeno porte 2: entre 20.001 social especial contam com a referência de
habitantes e 50.000 (cerca de 5.000 a 10.000 serviços dessa natureza na região, mediante
famílias referenciadas em média) prestação direta pela esfera estadual,
organização de consórcios intermunicipais
ou prestação de municípios de maior porte,
com co-financiamento das esferas estaduais
e federais.
Municípios de médio porte: entre 50.001 ha- No que diz respeito à proteção especial,
bitantes e 100.000 (cerca de 10.000 a 25.000 necessitam sediar serviços próprios
famílias referenciadas em média) desta natureza ou de referência regional,
agregando municípios de pequeno porte em
seu entorno.
Municípios de grande porte: entre 101.000 A rede socioassistencial deve ser mais com-
habitantes e 900.000 (cerca de 25.000 a plexa e diversificada envolvendo serviços de
250.000 famílias referenciadas em média) proteção social básica, bem como uma am-
Metrópole: municípios com mais de 900.000 pla rede de proteção especial (nos níveis de
habitantes (média superior da 250.000 famí- média e alta complexidade)
lias referenciadas cada)

Os governos estaduais têm um papel fundamental ao estruturar seu Sistema Estadual


de Assistência Social tendo em vista a grande diversidade e especificidade em seu âmbito,
em especial nas metrópoles pelo grau de complexidade existente nas regiões metropolitanas
ou naqueles municípios, que ainda não têm a capacidade de gestão da política pública de
Assistência Social na sua localidade.

Conheça alguns dos aspectos da participação da esfera estadual


• P
restação direta por meio de serviços de referência regional (por intermédio de Unidades
de Referência Regional).
• A
ssessoramento técnico e financeiro aos municípios na estruturação e implantação de
seus Sistemas Municipais de Assistência Social.
• C
oordenação do processo de acompanhamento, monitoramento e avaliação do Benefício
de Prestação Continuada (BPC) no âmbito do Estado.
• P
romoção, implantação e co-financiamento de consórcios intermunicipais de proteção
social especial de média e alta complexidade, pactuadas nas CIBs e deliberadas nos
CEAS.
• I nstalação e coordenação do sistema estadual de monitoramento e avaliação das ações de
Assistência Social em âmbito estadual e regional.
• E
laboração da política de recursos humanos, com a implantação da carreira específica
para os servidores da área da Assistência Social.
256
MÓDULO 4 UNIDADE 3

• D
esenvolvimento e co-financiamento de programas de capacitação de gestores,
profissionais, conselheiros e prestadores de serviços.
• Co-financiamento em âmbito estadual de benefícios eventuais.

Também sobre o papel do ente estadual no SUAS vale a pena retomar a PNAS, a NOB/SUAS
e a NOB-RH/SUAS.

O próximo eixo do novo modelo socioassistencial é...

• EIXO 5 - Financiamento partilhado entre os entes federados

De acordo com a Constituição Federal, o financiamento da Seguridade Social é concretizado


por toda a sociedade por meio dos recursos provenientes da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e das contribuições sociais.

Esta nova modalidade de financiamento supera a relação convenial entre a União e as entidades
socioassistenciais, fortalecendo a cooperação federativa e propiciando aos municípios maior
capacidade e autonomia na organização da sua rede.

O financiamento de benefícios, no âmbito federal, se dá de forma direta aos seus destinatários


e o co-financiamento da rede socioassistencial mediante aporte próprio e repasse de recursos No SUAS, a
unidade gestora
fundo a fundo. Desde setembro de 2005, o repasse de recursos do Fundo Nacional de
do financiamento
Assistência Social para os fundos estaduais, municipais e do Distrito Federal já tem sido são os Fundos de
efetuado, seguindo o novo sistema de gestão, com aporte do aplicativo SISFAF. Assistência Social
nas três esferas de
Antes do SUAS, as transferências do Fundo Nacional de Assistência Social só ocorriam depois governo.
de vencidos vários obstáculos burocráticos. Para receber o recurso, o Município deveria
formatar um projeto a ser encaminhado para o órgão estadual de sua unidade federativa,
que por sua vez o repassava ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
(MDS). Cabia à equipe técnica do órgão gestor da política de Assistência Social, no nível
federal, examinar os milhares de projetos para então iniciar o processo de repasse de verbas.
O repasse das remessas seguintes dependia da análise por parte dos estados dos relatórios
trimestrais, que eram repassados pelos municípios, e da análise por parte da União, dos
relatórios semestrais elaborados pelos estados para o Ministério ou órgão congênere gestor da
política. Com o relatório semestral em mãos, o referido órgão gestor liberava os recursos.

Tal procedimento, ainda que corresse sem contratempos, poderia resultar em atraso no
repasse e suspender temporariamente o serviço ofertado à população. Realça-se, que esta nova
modalidade de financiamento rompe com a relação convenial entre a União e as entidades
socioassistenciais, fortalecendo a cooperação federativa e propiciando aos municípios maior
capacidade e autonomia na organização da sua rede. Outro aspecto importante acerca do
financiamento da política é a utilização de critérios de partilha de recursos. O novo Sistema
adota indicadores como, por exemplo, a Taxa de Vulnerabilidade Social para determinar
como será a distribuição dos recursos do Fundo Nacional de Assistência Social. Esta taxa
leva em consideração informações sociais, econômicas e demográficas de todo território
brasileiro. Ela é feita levando em consideração características como: condições de moradia,
renda familiar, idade e situação escolar de filhos, receita e porte do Município. Também se
considera o quanto é alocado de recursos próprios para a Assistência Social.
257
MÓDULO 4 UNIDADE 3

O financiamento tem como base as informações socioterritoriais apontadas pelo Sistema


Nacional de Informações de Assistência Social, a Rede SUAS

Os critérios de partilha são pactuados nas comissões intergestores e deliberados nos


conselhos de Assistência Social, instâncias fundamentais de pactuação e deliberação da
política nas definições afetas ao financiamento dos serviços, programas, projetos e benefícios
que compõem o SUAS. O financiamento tem como base as informações socioterritoriais
apontadas pelo Sistema Nacional de Informações de Assistência Social, a Rede SUAS, que
abrange as demandas e prioridades específicas com base nas características socioterritoriais, na
capacidade de gestão, de atendimento e de arrecadação de cada Município e de complexidade
dos serviços.

Agora, os municípios têm autonomia para organizar sua rede de proteção social e são
fiscalizados, principalmente, pelos respectivos conselhos de Assistência Social.

Para esta finalidade, o Sistema introduz o Relatório Anual de Gestão, que simplifica e dina-
miza o processo de prestação de contas. Com estas medidas, o Ministério consegue efetuar
repasses mensais automáticos e contínuos. Desta forma, o atendimento ao usuário não é
comprometido.

Seguindo seu estudo, conheça outro eixo do novo modelo socioassistencial.

• EIXO 6 - Fortalecimento da relação democrática entre Estado e sociedade civil

Dois princípios fundamentais regem a gestão das ações na área da Assistência Social. São eles a
descentralização político-administrativa e a participação de organizações representativas
da sociedade civil nos conselhos paritários em todos os níveis. São instâncias de controle,
deliberação e fiscalização dos serviços socioassistenciais.

As entidades e organizações da sociedade civil assumem a posição de co-gestores dos


serviços
Esta mudança é significativa no âmbito da política de Assistência Social e, conseqüentemente,
na organização do SUAS, pois as entidades e organizações da sociedade civil assumem a
posição de co-gestores dos serviços. Além, é claro, de serem prestadoras complementares de
serviços socioassistenciais.
Este novo status impõe desafios tanto para os governos quanto para as entidades e
organizações. Para os governos cabe, em seu âmbito, executar os serviços socioassistenciais,
articular e integrar as redes de proteção social em seu território, visando à otimização do
gasto dos recursos públicos, transformando assim os serviços existentes em política pública
e marcando a primazia do Estado na gestão da política.

258
MÓDULO 4 UNIDADE 3

Agora é a vez de estudar mais um eixo

• EIXO 7 - Valorização do controle social


O controle social é um instrumento de efetivação da participação popular na gestão
político-administrativa-financeira e técnico-operativa com caráter democrático e
descentralizado.
Na conformação do SUAS, os espaços privilegiados de participação no controle social são:

• As conferências
O espaço das conferências é aquele em que se avalia a situação da Assistência Social e se
definem as diretrizes para a política.

• Os conselhos
Os conselhos são organismos públicos, compostos por representantes dos governos, dos
trabalhadores, da sociedade civil e dos usuários e têm um papel importante nas deliberações
sobre os rumos da política em cada esfera de governo e também na fiscalização da execução
dos serviços socioassistenciais.

Cabe também aos conselhos:


A aprovação dos planos de gestão, os quais estabelecem a liberação dos recursos. Estes planos
são inseridos no SUAS-Web (um dos aplicativos da REDE-SUAS, que você vai conhecer
mais adiante). Nota-se, então, que os planos se configuram como um dos mais importantes
instrumentos de gestão o SUAS.
A aprovação do Plano Municipal de Assistência Social é onde se define os usos dos recursos
dos fundos, sendo importantes instrumentos de gestão da política pública de assistência.

É fundamental uma compreensão clara do papel dos conselhos para que se tenha mais
eficácia e efetividade na organização do SUAS. Estes resultados serão também alcança-
dos, quanto mais estreitas forem as relações entre os conselhos das diferentes esferas de
governo, isto é, federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais.

Saiba mais...

É preciso fortalecer o protagonismo dos usuários na representação política no âmbito


dos conselhos, rompendo-se com relações clientelistas e paternalistas e alçando, assim, os
principais beneficiários da política à condição de sujeitos coletivos, sujeitos políticos e “co-
gestores” dos serviços socioassistenciais.
Tal qualificação passa por processos de formação técnica e política que deve atingir a todos
os atores que interagem na conformação da política.

Você tem conhecimento de alguma dessas ações desenvolvidas na comunidade onde você
atua? Saberia citar alguns exemplos?

259
MÓDULO 4 UNIDADE 3

Confira com o que você pensou


Estas ações podem ser desenvolvidas por meio de seminários, assembléias em comunidades,
enfim, eventos temáticos que contribuam para aproximar a discussão da política aos seus
principais beneficiários.

Você já conhece o serviço de ouvidoria? Para que serve?

Criação de ouvidorias
Outra forma proposta de participação na gestão da política pode ser a criação de ouvidorias,
por meio das quais o direito à Assistência Social possa se tornar “reclamável para os cidadãos
brasileiros”.

Que tal conhecer agora o eixo que impõe mudanças na política de recursos
humanos na área da Assistência Social?

• EIXO 8 - Qualificação dos recursos humanos

O novo modelo socioassistencial impõe uma série de mudanças na política de recursos


humanos na área da Assistência Social.

Esta é para você. Fique de olho


Nos últimos anos, com o aumento da complexidade das questões
sociais, novos atores vêm surgindo no cenário de atuação dos técnicos
da Assistência Social. A nova política pretende regulamentar estas
funções ou ocupações, no sentido de qualificar a intervenção social
dos trabalhadores.
Esta nova forma de gerir a política exige dos trabalhadores uma
compreensão do que representam as mudanças de conteúdo e de gestão
instauradas com a LOAS/1993 a PNAS/2004 e o SUAS em 2005.

Exemplos são sempre bem-vindos. Observe as situações a seguir:


• C
ompreensão da Assistência Social como um direito e não como benesse ou caridade
é crucial para a mudança no agir do profissional que atua com a população. Nesta nova
concepção os profissionais devem superar a visão de que são viabilizadores de programas
para a de viabilizadores de direitos.
• A
mpliação da compreensão da Assistência como uma Política Pública de Seguridade
Social.
• C
onhecimento da diversidade de atores e organismos que interagem na conformação
dos serviços socioassistenciais, sejam eles específicos da Assistência Social ou relativos
às demais políticas sociais (educação, saúde, cultura, lazer, habitação etc.), em todas as
esferas de governo e entre elas.

260
MÓDULO 4 UNIDADE 3

Tais providências contribuirão para a ampliação da capacidade de gestão dos envolvidos.


Outros conteúdos importantes que podem compor o cardápio de temas de processos
de formação continuada versam sobre as novas demandas de grupos sociais por direitos
específicos, no sentido de se aprofundar a pluralidade das necessidades apresentadas por
cada segmento e sobre formas de ação cooperativa entre políticas e instâncias de governo.

Um recado
Na Unidade 8, este tema será trabalhado já com base na NOB-RH/SUAS,
aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social, em dezembro
de 2006.

Finalmente, o último eixo:

• EIXO 9 - Informação, monitoramento, avaliação e sistematização de resultados

Consolidação do SUAS e sistema de monitoramento, avaliação e de informação da política


pública de Assistência Social.

A efetiva adesão, por parte das três esferas de governo, e consolidação do SUAS não
podem prescindir da existência de um sistema de monitoramento, avaliação e de
informação da Política Pública de Assistência Social.

Esta tarefa deve ser empreendida de forma coletiva envolvendo:


• a União;
• os estados;
• o Distrito Federal; e
• os municípios.

Isto compreende, dentre outras ações que possam qualificar os serviços e dar mais
consistência à política, a definição de formas de:
• m
ensuração da eficiência e da eficácia dos serviços socioassistenciais previstos nos planos
de Assistência Social;
• acompanhamento; e
• a realização de estudos, pesquisas e diagnósticos.

A REDE SUAS
O Sistema Nacional de Informação da Política Pública de Assistência Social, a REDE-SUAS, é
uma iniciativa da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS), e está sendo desenvolvido
em alinhamento com os conteúdos e estratégias do Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS).

261
MÓDULO 4 UNIDADE 3

Proporcionar condições para o atendimento dos objetivos da PNAS/2004.


A Rede SUAS é a tradução de uma concepção diferenciada sobre como se deve tratar dados
e informação na área socioassistencial. Seu projeto investe em possibilidades concretas para
a geração de processos e produtos, que ocasionem alterações substantivas nos modelos
institucionais de gestão e, sobretudo, para o alcance, a resolutividade e visibilidade da ação
da política.

Em outras palavras...
Com a construção desse sistema, reconhecem-se as amplas possibilidades de conjugação dos
avanços tecnológicos na área da informação e da política pública, na direção da realização da
cidadania, da implantação do direito social e do seu reconhecimento como dever do Estado.

A Rede SUAS como suporte essencial à gestão da política de Assistência Social em todo
o território nacional, alcança todos os setores, profissionais e instâncias envolvidos na
operacionalização dessa política, favorecendo o controle social e, sobretudo, o acesso do
usuário ao direito.

A Rede SUAS, está estruturada em hierarquia e módulos que atendem a dois subsistemas
relacionados e realizados em etapas:
• Grupo de Suporte Gerencial e Apoio à Decisão, essencial para a organização e
administração da política pública de Assistência Social sob a ótica do SUAS e para o
campo decisório, incluindo a área do controle social; e
• Grupo Transacional, que responde às necessidades do processamento de transações
financeiras da política pública de Assistência Social, cuja operação é vinculada às
operações internas da Secretaria Nacional de Assistência Social, com destaque para a
Diretoria Executiva do Fundo Nacional de Assistência Social.

262
MÓDULO 4 UNIDADE 3

As etapas de desenvolvimento da Rede SUAS seguem a referência da NOB/SUAS. A primeira


etapa aprovisiona o suporte à gestão, ao monitoramento e à avaliação de programas,
serviços, projetos e benefícios de Assistência Social, e contempla, também, gestores, técnicos,
conselheiros, entidades, usuários e sociedade civil, sendo constituída pelo desenvolvimento/
adequação e implantação de aplicativos/módulos.

A segunda etapa se refere ao desenvolvimento de funções mais apropriadas à gestão local da


política de Assistência Social, envolvendo: registro eletrônico de usuários, sistema de registro
de operações, gestão eletrônica de documentos, entre outras funcionalidades.

Fechando esta idéia

A Rede SUAS abrange, assim, as condições para a gestão, o monitoramento e a avaliação


de programas, serviços, projetos e benefícios da área da Assistência Social, fundamentado
em arquitetura que contemple todos os setores da política. Como sistema multicomposto,
é alimentado por subsistemas e aplicativos dinamicamente inter-relacionados em uma
única base de dados corporativa.

Esquematicamente, podem-se destacar os aplicativos que sustentam as operações ligadas ao


primeiro grupo, o Grupo de Suporte Gerencial e Apoio à Decisão.

• O
SUASWEB
Destaca-se como o ambiente de funcionalidades central de gestão desenvolvido para atender
os requisitos do novo modelo de gestão do SUAS e as novas regras trazidas por este. Hoje
está composto pelo Plano de Ação Anual do Co-financiamento Federal, do Demonstrativo
Sintético da Execução Físico-financeira, de informações essenciais para gestores como:
saldos, contas-correntes, extrato de repasses de recursos contendo ordem bancária, data do
pagamento, entre outros. Além disso, faculta duas funcionalidades de extrema importância
para a gestão municipal: o acesso a informações cadastrais de todos os beneficiários do BPC
por Município e o sistema de freqüência mensal de beneficiários do Programa de Erradicação
do Trabalho Infantil – PETI, nas ações socioeducativas (conhecidas como jornada ampliada).
O SUASWEB é aberto para o preenchimento por parte dos gestores e para a aprovação do
Plano e Demonstrativo pelo Conselho de Assistência, que inclusive possui senha própria.
Desenvolvido pela Coordenação Geral de Informática do MDS, seus resultados expressam sua
importância no contexto de implantação do SUAS: 8,5 milhões de registros, 99,4 % dos planos
e mais de 90% dos Demonstrativos de Execução Físico-financeira em 2006, 11.600 senhas
distribuídas (órgão gestores, fundos, conselhos, órgãos de controle, centros de pesquisas,
consultores e outros órgãos) e apresenta cerca de 2.000 acessos diários. O SUASWEB é um
sistema incremental e, com tal, vem sofrendo alterações e elaborações progressivas: a partir
de 2007 comporá o SUASWEB um módulo gerencial para a automatização de processos e
fluxos internos à SNAS.

263
MÓDULO 4 UNIDADE 3

• GeoSUAS
Sistema de Georreferenciamento e Geoprocessamento do SUAS – é o sistema aberto à
população desenvolvido com a finalidade de subsidiar a tomada de decisões, no processo de
gestão da Política Nacional de Assistência Social e resulta da integração de dados e mapas,
servindo de base para a construção de indicadores. Aborda os aspectos de recuperação e
cruzamento de informações a respeito das ações e programas mantidos pelo MDS e variáveis
socioeconômicas, ampliando a possibilidade de utilizar-se de operações geoprocessadas para
a tomada de decisões. É composto de mais de 25 milhões de registros de indicadores sociais e
econômicos e variáveis da política de Assistência Social. É o sistema de georreferenciamento
da Política de Assistência Social aberto para consulta pública. O sistema possibilita integrar,
processar e transformar o dado de cada território, tornando-se essencial para quem formula
e produz a Política Pública de Assistência Social na perspectiva do SUAS. A ferramenta
possibilita cruzar informações de todos os municípios e construir indicadores, conforme a
necessidade do território de atuação, chegando até a escala municipal.

• InfoSUAS
Sistema de Informações de Repasses de Recursos – é o sistema com acesso aberto ao público
que disponibiliza informações sobre a cobertura e o detalhamento dos valores transferidos
para os municípios, organizados por eixo de proteção social e por tipo de intervenção, por
ano, Município, Estado ou região. É um sistema-espelho das operações do SUASWEB e dos
sistemas de gestão financeira, como o SISFAF e SIAORC. Esse aplicativo tem se demonstrado
fundamental para a ação de controle social e para assegurar visibilidade e transparência à
gestão da política. Está sendo projetado como incremento para esse sistema a apresentação
dos dados realizados pelo SISCON, no que se refere ao repasse financeiro por meio de
convênios.

• CadSUAS
Cadastro Nacional do Sistema Único de Assistência Social – é o sistema que comporta todas
as informações cadastrais de prefeituras, órgão gestor, fundo e conselho municipal, rede de
entidades executoras de serviços socioassistenciais e que possuem ou solicitam registro e
Certificado ou Registro no CNAS e, finalmente, informações cadastrais dos trabalhadores do
SUAS em todo o território nacional. O cadastro observará o aspecto coorporativo entre os
aplicativos da Rede SUAS entregando os dados requisitados por todos os sistemas da Rede
SUAS. Caracteriza-se, também, como um aplicativo específico de consulta da sociedade.

• SigSUAS
Sistema de Gestão do SUAS – é o sistema que tem como objetivo a recuperação, junto aos
estados e municípios, de dados detalhados sobre a execução física e financeira praticada por
estes. Neste sistema, os gestores municipais e estaduais poderão administrar e informar as
diferentes modalidades de execução direta e transferências para a rede executora do SUAS,
pública e privada, com dados vinculados ao atendimento da rede. Esses dados subsidiarão
a emissão de relatórios consolidados anuais para aprovação junto aos conselhos municipais,
CNAS e o MDS e resultará no relatório de gestão. O sistema facilita a comunicação entre
técnicos, serviços e gerência de programas, permitindo ser utilizado em diferentes locais e
plataformas. Possui uma interface baseada em representações gráficas e utiliza o ambiente
Internet para permitir um acesso amigável aos usuários.
264
MÓDULO 4 UNIDADE 3

• SICNASweb
Sistema de Informação do Conselho Nacional de Assistência Social – é o sistema desenvolvido
para o processamento das operações referentes ao CNAS que substituirá o SICNAS. Compõe-
se de vários módulos e ainda de um sistema de consulta web, que permite o acompanhamento
da tramitação dos processos de registro e certificação de entidades e impressão de certidões
para interessados. O sistema web para consulta está em funcionamento desde o 2º semestre
de 2006.

Os aplicativos que viabilizam o processamento das transações (com sistemas dedicados


ao uso do Fundo Nacional de Assistência Social), são:

• SISFAF
Sistema de Transferências Fundo a Fundo – é o sistema que agiliza e moderniza os
procedimentos de repasses de recursos do Fundo Nacional de Assistência Social para os
fundos municipais e estaduais. Operacionaliza os repasses por intermédio de transferências
automatizadas de arquivos para o SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira do
Governo Federal). Em 2006, o sistema possuía cerca de 3.500 milhões registros e a pertinência
de realizar os repasses até o dia 10 de cada mês, conforme a legislação. Toda a base de dados
desse sistema reflete-se no sistema INFOSUAS, garantindo maior transparência de repasses
dos recursos do Governo Federal para os estados, Distrito Federal e municípios.

• SIAORC
Sistema de Acompanhamento Orçamentário do SUAS – é o sistema específico para gestão
orçamentária do recurso gerido pelo Fundo Nacional de Assistência Social. O sistema
interage com o SISFAF e é alimentado pelos dados exportados do SIAFI que, após o devido
tratamento, são atualizados tanto no SIAFI como no SISFAF. Outras informações sobre o
sistema foram notificadas em item específico.

• SISCON
Sistema de Gestão de Convênios – é o sistema da Rede SUAS, responsável pelo gerenciamento
de convênios, acompanhando todo trâmite dessa ação, desde a habilitação, preenchimento
dos planos de trabalho, formalização do convênio, até a prestação de contas. O sistema conta
com um módulo de pré-projeto (SISCONweb) disponibilizado na internet, para o envio
dos dados do convênio pretendido pelos estados e municípios; um módulo cliente-servidor,
para a administração dos processos pela SNAS e DEFNAS; e um módulo parlamentar,
disponibilizado pela internet para a administração de emendas parlamentares.

Parabéns!
Você venceu mais uma etapa do seu estudo,
concluindo a Unidade 3!

Prossiga com entusiasmo.

265
MÓDULO 4 UNIDADE 4

Unidade 4 - Configuração dos Serviços, Programas, Projetos e


Benefícios Socioassistencias
Você está iniciando mais uma Unidade de estudo do Módulo 4.
É hora de você conhecer a definição de serviços, programas, projetos e benefícios e suas
identificações nos diferentes níveis de complexidade do Sistema Único de Assistência
Social (SUAS).
Espera-se que, ao final do estudo desta Unidade, você seja capaz de propor articulações entre
serviços socioassistenciais e as diferentes categorias de benefícios.
Começo de conversa

O novo modelo socioassistencial reorganiza a rede de atendimento e, por conseguinte,


redefine os conceitos de serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais em
seu âmbito.
De acordo com a NOB/SUAS,
1
Norma Operacional “a rede de atendimento ou rede socioassistencial é um conjunto integrado de ações de
Básica da Assistência
iniciativa pública e da sociedade, que oferta e opera benefícios, serviços, programas e
Social – NOB/SUAS -
2005, p. 94.
projetos, o que supõe a articulação entre todas estas unidades de provisão de proteção
1
social, sob a hierarquia de básica e especial e ainda por níveis de complexidade”.

SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS
Para início de estudo, é preciso que você tenha claro o que se considera Serviços
Socioassistenciais.
Acompanhe o esquema.

Serviços Socioassistenciais

Atividades continuadas Importante papel na provisão da Assistência


que visam à melhoria da Social, seja no âmbito da Proteção Social Básica,
vida da população, por seja da Proteção Social Especial.
meio do desenvolvimento Objetivam processar o acesso a seguranças
de ações direcionadas para e cobertura de necessidades essenciais da
as necessidades básicas da população, tais como: alimentação, abrigo, lazer
população. e cultura, profissionalização, informação, apoio
psicológico, apoio domiciliar, entre outros.
Apóiam processos de inclusão social de seus
usuários na vida comunitária/societária e familiar.

266
MÓDULO 4 UNIDADE 4

No SUAS, os serviços socioassistenciais são divididos em:


• Proteção Social Básica
• Proteção Social Especial de Média Complexidade e de Alta Complexidade

Conheça cada um desses serviços


Esta divisão foi
Proteção Social Básica
definida, em 2004 na
São ações de proteção social de caráter preventivo, cujo objetivo é fortalecer os laços familiares PNAS, que propôs
e comunitários. Exemplos: Programa de Atenção Integral à Família (PAIF), ações voltadas a reorganização
da área e, por
para crianças de zero a seis anos de idade, atividades de socialização e convivência.
conseqüência, dos
programas, serviços,
Proteção Social Especial de Média Complexidade projetos e benefícios
socioassistenciais,
São ações de proteção social destinadas a situações em que os direitos do indivíduo e da família
de acordo com a
já foram violados, mas, ainda, há vínculo familiar e comunitário. Os serviços deste nível de complexidade do
complexidade exigem uma estrutura técnica e operacional especializada, com atendimento atendimento
individualizado e monitoramento sistemático. O serviço de combate à exploração e ao abuso
sexual de crianças e adolescentes é um exemplo de serviço de média complexidade, bem
como o atendimento à população em situação de rua, aos adolescentes cumprindo medidas
socioeducativas em meio aberto (Liberdade Assistida – LA e Prestação de Serviços à
Comunidade – PSC), dentre outros.

Proteção Social Especial de Alta Complexidade


Atende a casos em que os direitos do indivíduo ou da família já foram violados e, também,
quando o vínculo familiar é rompido. Eles garantem proteção integral – moradia, alimentação,
trabalho – para quem está em situação de ameaça, necessitando deixar o núcleo familiar ou
comunitário. Abrigos e albergues são alguns exemplos de serviços de proteção social de alta
complexidade.

Um recado...
No Módulo 5, a concepção de Proteção Social Especial de Média e Alta
Complexidade é aprofundada. Você poderá perceber a evolução e o
alargamento do sentido da proteção social especial.

Saiba a diferença entre Programas e Projetos Socioassistenciais

PROGRAMAS E PROJETOS SOCIOASSISTENCIAIS


Programas Socioassistenciais
Diferenciam-se das ações continuadas como os serviços, pois são ações integradas e
complementares, delimitadas em um tempo e espaço e voltadas para qualificar, incentivar,
potencializar e melhorar os benefícios e os serviços socioassistenciais.
São exemplos de programas: Programas para Crianças e Adolescentes, Idosos, Programas de
Capacitação Profissional de Jovens, Programas de Lazer Infanto-juvenil (cursos, bibliotecas
comunitárias), Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, entre outros.
267
MÓDULO 4 UNIDADE 4

Projetos Socioassistenciais
São ações que integram os dois níveis de proteção social do SUAS: básica e especial de
média e alta complexidade. Os projetos caracterizam-se por ter princípio, meio e fim. São
ofertados às famílias e indivíduos, visando à sua qualificação, autonomia e emancipação.
Buscam, também, subsidiar, financeira e tecnicamente, iniciativas que lhes garantam meios,
capacidade produtiva e de gestão para melhoria das condições gerais de subsistência, elevação
do padrão de qualidade de vida, a preservação do meio ambiente e sua organização social.
Compreendem iniciativas de apoio econômico-social a grupos populares.
São exemplos de projetos: Projetos de Geração de Trabalho e Renda, Projetos de Incentivo
ao Protagonismo Juvenil, Projetos de Economia Solidária, entre outros.

BENEFÍCIOS
A categoria benefícios caracteriza-se pela forma de transferência direta de valores monetários
aos seus destinatários. Esta categoria, no âmbito da Assistência Social, pode ser de natureza:
• continuada,
como é o caso do Benefício de Prestação Continuada (BPC) ou
• eventual,
como são os benefícios eventuais definidos na LOAS.

Atenção
Os benefícios podem ter ou não condicionalidades.
Um exemplo de um benefício com condicionalidades: o benefício concedido por meio do
Programa Bolsa-Família.

Fique de olho

Muitos benefícios socioassistenciais são confundidos com os benefícios


previdenciários. A identificação do Benefício de Prestação Continuada
(BPC), por exemplo, com as aposentadorias e pensões concedidas no
âmbito da política previdenciária é comum.

Uma dica importante


Sempre que puder, explique às pessoas que o BPC e os demais benefícios, no âmbito da
Assistência Social, não são aposentadorias ou pensões.

Por quê?

Porque para a concessão dos benefícios socioassistenciais não é exigida contribuição ao


Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, além dos demais critérios de concessão, que são
completamente diferenciados dos da Previdência Social.

Saiba mais sobre o Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC) lendo
o texto a seguir.

268
MÓDULO 4 UNIDADE 4
Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC) – é previsto na Constituição
Federal de 1988, regulamentado pela LOAS e reafirmado no Estatuto do Idoso. Consiste
no repasse direto pelo Governo Federal de um salário mínimo mensal ao beneficiário,
seja ele idoso (com 65 anos ou mais), seja pessoa com deficiência incapacitante para a
vida independente e para o trabalho, que não tenha condições de garantir a sua própria
subsistência ou tê-la garantida pela família. Em ambos os casos (idosos e deficientes), a renda
per capita familiar deve ser inferior a ¼ do salário mínimo vigente. É um benefício sem
condicionalidades, pois se refere ao público “excluído” do sistema previdenciário.

Sua gestão é feita pelo órgão gestor federal responsável pela Política de Assistência Social
(MDS) e sua operacionalização é realizada pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).
Segundo a LOAS, o BPC deve passar por um processo de revisão a cada dois anos, para que
seja verificada a permanência ou não das condições que deram origem ao benefício.

A gestão e regulação do BPC pela Assistência Social têm levado à revisão de suas bases
operacionais. Isto acarretará a instituição de um sistema de monitoramento e avaliação do
benefício, em consonância com os padrões de qualidade dos serviços socioassistenciais
previstos no SUAS, envolvendo estados, municípios e DF. Além disso, os beneficiários
do BPC passam a ter prioridade nos serviços de Proteção Social Básica.

Vale lembrar
Este tipo de benefício, ao lado de outros benefícios concedidos pelos Programas Bolsa Família
e Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, tem tido resultados bastante positivos nos
últimos anos, retirando da condição de miséria e promovendo a inclusão social de milhões de
pessoas com deficiência e idosos no Brasil, como se pode verificar na PNAD 2004.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD apresenta os resultados por todas
as Unidades da Federação, Grandes Regiões e Brasil, com características gerais da população,
migração, educação, trabalho, famílias, domicílios e rendimento.

Saiba um pouco mais...

Benefícios eventuais Destinam-se aos cidadãos e às famílias com


impossibilidade de arcar por conta própria com as
situações de vulnerabilidade e riscos temporários.

E mais...
• S ão modalidades de provisão de Proteção Social Básica de caráter suplementar e
temporário que integram organicamente as garantias do SUAS.
• S ão prestados pelos municípios e Distrito Federal, com regulamentação de legislação
municipal e distrital em consonância com as orientações nacionais.

269
MÓDULO 4 UNIDADE 4

Outros benefícios eventuais podem ser criados com a finalidade de atender às vítimas de
calamidade pública, conforme indica a LOAS.

Além dos benefícios que visam atender às vulnerabilidades temporárias, advindas de


nascimento ou morte em família, outros benefícios eventuais podem ser criados, com a
finalidade de atender às vítimas de calamidade pública. Na integração com os serviços
socioassistenciais, devem ser priorizados: crianças, adolescentes, idosos, pessoas com
deficiência, gestantes e nutrizes.

Um recado
Consulte o parágrafo 2º do artigo 22 da LOAS e conheça outros benefícios eventuais, que
podem ser criados com a finalidade de atender a vítimas de calamidade pública.

Benefícios com Visam ao combate à fome, à pobreza e outras formas


de privação de direitos, que levem à situação de
condicionalidades
vulnerabilidade social.

Consiste no repasse direto de recursos aos beneficiários, como forma de acesso à renda,
visando ao combate à fome, à pobreza e outras formas de privação de direitos, que levem à
situação de vulnerabilidade social.

O principal programa de transferência de renda com condicionalidades da atualidade é o


Programa Bolsa Família, mas, também, podem ser incluídas nesta categoria as transferências
de renda do Programa Agente Jovem e do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil –
PETI. Assim como o Programa Bolsa Família, estes programas são constituintes do Cadastro
Único para Programas Sociais – CadÚnico.

Um recado
Nos Módulos 3 e 5, você verá exemplos de quais critérios balizam a concessão de benefícios,
como os do Programa Bolsa Família e os do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
– PETI.

Parabéns! Você concluiu mais uma etapa do seu


curso.

Mantenha seu ritmo de estudo.

270
MÓDULO 4 UNIDADE 5

Unidade 5 – Tipos e Níveis de Gestão do SUAS

Você está começando a 5ª Unidade do Módulo 4.


Nesta etapa, você ficará conhecendo os níveis de gestão dos municípios, dos estados, do
Distrito Federal e da União, no âmbito do SUAS, e as condições de habilitação e desabilitação
dos municípios.
Com esses conhecimentos, você será capaz de relacionar o processo de descentralização
político-administrativa da Assistência Social com os requisitos, responsabilidades e incentivos
referentes a cada tipo de gestão, além das responsabilidades de cada nível de governo.

O SUAS, como sistema nacional, comporta a gestão nos níveis municipal, estadual, do
Distrito Federal e da União.
Você está iniciando o estudo dos níveis de gestão dos municípios, dos estados, do Distrito
Federal e da União, no âmbito do SUAS.

Uma das inovações do sistema


É a classificação dos municípios em três níveis de gestão (Inicial, Básica e Plena), de acordo
com a capacidade que cada um tem de executar e co-financiar os serviços da Assistência
Social.

O sistema atribui para cada esfera de governo responsabilidades e incentivos e estabelece,


também, condições de habilitação e desabilitação dos municípios.

GESTÃO INICIAL

Corresponde ao tipo no qual foram enquadrados, automaticamente, após a aprovação do


SUAS, todos os municípios que estavam habilitados, conforme a NOB 98. Os municípios
habilitados à gestão municipal da Assistência Social foram, automaticamente, habilitados
a este nível de gestão.

Para fazer parte do sistema, começando pela Gestão Inicial, é necessário que o Município
tenha, no mínimo, instituído:
• o Conselho Municipal de Assistência Social;
• o Fundo Municipal de Assistência Social; e
• o Plano Municipal de Assistência Social.

Conheça os requisitos, as responsabilidades e os incentivos destes tipos de gestão


analisando os quadros.

271
MÓDULO 4 UNIDADE 5

REQUISITOS RESPONSABILIDADES INCENTIVOS


a. Atender aos requisitos a. Municiar e manter a. Receber recursos para
previstos no art. 30 da atualizadas as bases de Erradicação do Trabalho
LOAS/93, e seu parágrafo dados dos subsistemas e Infantil e para Combate
único, incluído pela Lei nº aplicativos da Rede SUAS, à Exploração Sexual de
9.720/98, que versam sobre componentes do Sistema Crianças e Adolescentes,
a exigência de existência Nacional de Informação. conforme critérios
de Conselhos, Planos e estabelecidos na NOB/
b. Inserir no Cadastro Único
Fundos. SUAS (piso do PETI e
as famílias em situação
recursos para o Sentinela).
b. Alocar e executar recursos de maior vulnerabilidade
financeiros próprios, social e risco, conforme b. Receber o Piso de Proteção
no Fundo Municipal de critérios do Programa Social Básica Variável I e
Assistência Social, para as Bolsa Família (Lei nº 10. Piso de Proteção Social
ações de proteção social 836/04). Especial de média e alta
básica. complexidade I, conforme
c. Preencher o plano de ação,
estabelecido no item
no sistema SUAS-WEB,
“Critério de transferência”
e apresentar o relatório
na NOB/SUAS.
de gestão como forma de
prestação de contas.

GESTÃO BÁSICA

O Município assumindo a Gestão da Proteção Social Básica.


Este é o nível em que o município assume a gestão da proteção social básica e deve
responsabilizar-se pela oferta de programas, projetos e serviços socioassistenciais que
fortaleçam vínculos familiares e comunitários, que promovam beneficiários do Programa
Bolsa Família (PBF) e do Benefício de Prestação Continuada (BPC).

272
MÓDULO 4 UNIDADE 5

Acompanhe o quadro e fique informado quanto às responsabilidades que o Município


assume na Gestão Básica.

REQUISITOS RESPONSABILIDADES INCENTIVOS


Todos os da gestão anterior Todos os da gestão anterior a. Receber o piso de proteção
e ainda: e ainda: social básica, fixo e
variável, definindo a rede
a. Estruturar Centros de a. Participar da gestão do
Referência de Assistência prestadora de serviços,
BPC, integrando-o à
Social – CRAS, de respectivo custeio e os
Política de Assistência
acordo com o porte do critérios de qualidade.
Social do Município,
Município, em áreas de b. R
eceber recursos para a
garantido o acesso às
vulnerabilidade social,
informações sobre os seus Erradicação do Trabalho
para gerenciar e executar
beneficiários. Infantil e o Combate à
ações de proteção básica
Exploração Sexual de
no território, referenciado b. Participar das ações
por esse. Crianças e Adolescentes.
regionais e estaduais,
b. Manter estrutura para pactuadas no âmbito c. Receber os recursos já
recepção, identificação, do SUAS, quando repassados pela série
encaminhamento, sua demanda, porte e histórica, na média
orientação e condições de gestão o e alta complexidade,
acompanhamento dos exigir e justificar, visando transformados em Piso I.
beneficiários do BPC e assegurar aos seus d. Proceder, mediante
dos Benefícios Eventuais, cidadãos o acesso aos avaliação de suas
com equipe profissional serviços de média e/ou alta
composta, pelo menos, de condições técnicas, a
complexidade. habilitação de pessoas
um (1) Assistente Social.
c. Instituir plano de idosas e pessoas com
c. Apresentar Plano
acompanhamento, deficiência, candidatas ao
de Inserção e
monitoramento e avaliação benefício.
Acompanhamento de
beneficiários do BPC, das ações de proteção e. Receber recursos do Fundo
contendo ações, prazos e social, na rede própria Nacional da Assistência
metas a serem executadas. e na rede prestadora de Social para as ações de
serviços, em articulação revisão do BPC.
d. Garantir a prioridade
com o sistema estadual e
de acesso nos serviços f. Participar de programas
da Proteção Social de acordo com o sistema
federal, pautado nas de capacitação de gestores,
Báscia – PSB às famílias
diretrizes da PNAS/SUAS. profissionais, conselheiros
beneficiárias do Programa
e da rede prestadora de
de Transferência de Renda. d. Elaborar relatório de
serviços promovidos pelo
e. Realizar diagnóstico gestão. Estado e União.
de áreas de risco e
vulnerabilidade.

273
MÓDULO 4 UNIDADE 5

GESTÃO PLENA

O Município tem a gestão total das ações de Assistência Social, independente da origem
de seu financiamento.

Neste nível de gestão, o Município tem condições, não apenas de promover a proteção social
básica, como também, a proteção social especial de média e alta complexidade.

Veja a continuação do quadro.

REQUISITOS RESPONSABILIDADES INCENTIVOS


Todos os da gestão anterior a. Identificar e reconhecer, a. R
eceber os pisos
e ainda: dentre as entidades inscritas de proteção social
no CMAS, aquelas que estabelecidos nesta
a. Manter estrutura para
atendem aos requisitos norma, definindo a rede
recepção, identificação,
definidos pela NOB, para prestadora de serviços,
encaminhamento,
compor a rede prestação de respectivo custeio e de
orientação e
serviços. acordo com os critérios
acompanhamento dos
de qualidade, que serão
beneficiários do BPC e b. Prestar os serviços de
estabelecidos em uma
dos Benefícios Eventuais, Proteção Social Especial –
norma de serviços.
com equipe profissional PSE. No caso de municípios
composta, pelo menos, de de pequeno porte I, pequeno b. Receber recursos para
um (1) Assistente Social. porte II e de médio porte, Erradicação do Trabalho
estes poderão ser ofertados de Infantil e para Combate
b. Apresentar Plano
forma regionalizada com co- à Exploração Sexual de
de Inserção e
financiamento dos mesmos. Crianças e Adolescentes,
Acompanhamento de
conforme critérios
beneficiários do BPC, c. Ampliar o atendimento
estabelecidos nesta
contendo ações, prazos e CREAS, voltado às situações
norma.
metas a serem executadas. de abuso, exploração e
violência sexual a crianças e c. Receber os recursos já
c. Cumprir pactos de
adolescentes para ações de repassados pela série
resultados, com base em
enfrentamento das situações histórica na média e
indicadores sociais.
de violação de direitos alta complexidade,
d. Garantir a prioridade relativos ao nível de Proteção transformados em Piso I.
de acesso nos serviços Social Especial – PSE de
d. Participar da partilha
da Proteção Social média complexidade.
dos recursos relativos
Báscia – PSB às famílias
d. Alimentar e manter aos Programas e Projetos
beneficiárias do Programa
atualizadas as bases de dados voltados à Promoção da
de Transferência de
dos subsistemas e aplicativos Inclusão Produtiva.
Renda.
da Rede SUAS, componentes
e. Realizar diagnóstico do sistema nacional de
de áreas de risco e informação.
vulnerabilidade.
e. Inserir, no Cadastro Único,
f. Os Conselhos (CMAS, as famílias em situação de
CMDCA e CT) devem vulnerabilidade social e
estar em funcionamento. risco, conforme critérios do
programa Bolsa Família (Lei
nº 10.836/04).

274
MÓDULO 4 UNIDADE 5

REQUISITOS RESPONSABILIDADES INCENTIVOS


g. Ter, na Secretaria f. Participar da gestão do e. P
roceder à habilitação
Executiva do CMAS, BPC, integrando-o à Política de pessoas idosas
profissional de nível de Assistência Social do e pessoas com
superior. Município, garantido o deficiência, candidatas
acesso às informações sobre ao BPC, consistindo
h. O
gestor do FMAS deve os seus beneficiários. em: realização de
ser nomeado e lotado avaliação social de
g. E
xecutar programas
na Secretaria Municipal ambos os segmentos,
e ou projetos de
de Assistência Social ou podendo, ainda,
promoção da inclusão
congênere. mediante a avaliação
produtiva e promoção
das condições técnicas
i. E
laborar e executar do desenvolvimento das
do Município, realizar
política de RH com famílias, em situação de
a aferição de renda,
implantação de carreira vulnerabilidade social.
análise e processamento
para os servidores h. Preencher o plano de ação do requerimento,
públicos, que atuem na no sistema SUASWEB e encaminhando em
área da Assistência Social. apresentar o relatório de seguida ao INSS.
gestão, como forma de
f. C
elebrar ajuste
prestação de contas.
diretamente com a
i. E
stabelecer pacto de União para consecução
resultados com a rede das ações pertinentes à
prestadora de serviços, revisão do Benefício de
com base em indicadores Prestação Continuada.
sociais comuns, previamente
g. P
articipar de programas
estabelecidos, para serviços
de capacitação de
de proteção social básica e
gestores, profissionais,
especial.
conselheiros e da rede
j. I mplantar, em consonância prestadora de serviços
com a União e Estados, promovidos pelo Estado e
programas de capacitação União.
de gestores, profissionais,
conselheiros e prestadores de
serviços, observados os planos
de Assistência Social.
k. P
reencher o plano de ação
no sistema SUASWEB e
apresentar o relatório de
gestão como forma de
prestação de contas.

275
MÓDULO 4 UNIDADE 5

Relembrando...
Os municípios, em todos os níveis de gestão, devem possuir Conselho, Plano e Fundo
Municipal de Assistência Social e, também, fazer aportes ao seu fundo, conforme disposto
no art. 30 da LOAS/93, e seu parágrafo único, incluído pela Lei nº 9.720/98.

A palavra de ordem agora é...

HABILITAÇÃO DOS MUNICÍPIOS AOS TIPOS DE GESTÃO

Para a habilitação dos municípios nos níveis de gestão exige-se que os mesmos atendam aos
requisitos e aos instrumentos de comprovação.

É hora de conhecer as etapas deste processo.


• Preparação dos documentos comprobatórios de habilitação pelo gestor municipal.
• A
nálise e deliberação dos documentos comprobatórios pelo Conselho Municipal de
Assistência Social.
• E
ncaminhamento dos documentos comprobatórios à Secretaria de Estado de Assistência
Social ou congênere.
• A
valiação pela Secretaria de Estado de Assistência Social ou congênere do cumprimento
das responsabilidades e requisitos pertinentes à condição de gestão pleiteada.
• E
laboração de parecer técnico pela Secretaria de Estado de Assistência Social ou congênere,
das condições técnicas e administrativas do município para assumir a condição de gestão
pleiteada.
• E
ncaminhamento pela Secretaria de Estado de Assistência Social ou congênere
dos documentos comprobatórios e parecer técnico, anexo ao processo à Comissão
Intergestores Bipartite, no prazo máximo de 30 (trinta) dias a contar da data e protocolo
de entrada dos documentos comprobatórios na SEAS.
• A
preciação e posicionamento das Comissões Intergestores Bipartites – CIBs quanto aos
documentos comprobatórios.
• Preenchimento, pela CIB, do termo de habilitação, conforme anexos da NOB/SUAS.
• P
ublicação, pela Secretaria de Estado de Assistência Social ou congênere, da habilitação
pactuada na CIB.
ncaminhamento para a Secretaria Técnica da CIT de cópia da publicação da habilitação
• E
pactuada pela CIB.
• Arquivamento de todo o processo e da publicação de habilitação na CIB.

Atenção

A habilitação dos municípios à condição de cada um dos tipos de gestão (Inicial, Básica
e Plena) do SUAS, dependerá do cumprimento de todos os requisitos e implicará
responsabilidades e prerrogativas que você já conhece.

276
MÓDULO 4 UNIDADE 5

Você, também, precisa saber quais são os instrumentos necessários para comprovação de
cada requisito para a habilitação. Analise o quadro.

NÍVEL DE GESTÃO REQUISITO INSTRUMENTO


Cópia da lei de criação.
Cópias das atas das três (3)
últimas reuniões ordinárias.
Comprovação da criação e
funcionamento do CMAS. Cópia da publicação da atual
composição do CMAS.
Cópia da ata do Conselho
que aprova os documentos
Condição de Gestão Inicial do comprobatórios de habilitação.
Sistema Municipal de Assistên- Comprovação da criação e Cópia do ato legal de criação
cia Social funcionamento do FMAS. do FMAS.
Apresentação do Plano
Municipal de Assistência Social
Elaboração e apresentação do
com programação física e
Plano Municipal aprovado pelo
financeira atualizada.
CMAS.
Ata do CMAS que aprova o
Plano.
Alocação e execução de Cópia da Lei Orçamentária
recursos financeiros próprios Anual/LOA.
no FMAS, que propiciem o
cumprimento do compromisso
de co-financiamento.

277
MÓDULO 4 UNIDADE 5

NÍVEL DE GESTÃO REQUISITO INSTRUMENTO


E mais,
Cópia do instrumento
que comprove o regular
funcionamento e/ou declaração
E mais, de funcionamento, emitida pelo
Ministério Público ou Conselho
Comprovação da criação e
Municipal dos Direitos da
funcionamento do CMAS,
Criança e Adolescente.
CMDCA e CT.
Balancete do FMAS no último
trimestre.
Cópia da resolução do
Conselho, constando a
aprovação da prestação de
contas do ano anterior.
Diagnóstico atualizado das
áreas de vulnerabilidade e risco
Instituição de CRAS no Muni-
social.
cípio. em conformidade com o
estabelecido nesta Norma, no Descrição da localização, espaço
item critérios de partilha. físico, equipe técnica existente,
Condição de Gestão Básica área de abrangência (território)
do Sistema Municipal de e serviços de proteção social
Assistência Social básica existentes no território e
proximidades.
Estrutura para recepção, Descrição da estrutura existente
identificação, encaminhamento, para o atendimento do BPC e
orientação e acompanhamento benefícios eventuais.
dos beneficiários do BPC e Número do CRESS do
dos Benefícios Eventuais, com profissional responsável pelo
equipe profissional composta atendimento.
por, no mínimo, um (01)
profissional de serviço social.
Plano de Inserção e Acompa- Apresentação do Plano com
nhamento de beneficiários do o número e porcentagem,
BPC, conforme sua capacidade contendo ações, prazos e metas
de gestão, contendo ações, a serem executadas.
prazos e metas a serem executa-
das, articulando-as às ofertas da
Assistência Social e às demais
políticas pertinentes, dando
cumprimento, ainda, ao art. 24
da LOAS.
Secretaria Executiva do CMAS Declaração do CMAS,
com profissional de nível comprovando a existência da
superior. estrutura e técnico de nível
superior, responsável pela
Secretaria Técnica do CMAS.

278
MÓDULO 4 UNIDADE 5

NÍVEL DE GESTÃO REQUISITO INSTRUMENTO


Os mesmos que a inicial e a Os mesmos que a inicial e a
básica e mais: básica e mais:
Elaboração e apresentação do Apresentação do Plano
Plano Municipal aprovado pelo Municipal de Assistência Social
CMAS. com programação física e
financeira atualizada.
Ata do CMAS que aprova o
Plano Municipal de Assistência
Social.
Alocação e execução de recur- Cópia da Lei Orçamentária
sos financeiros próprios no Anual/LOA.
FMAS. Balancete do FMAS no último
trimestre.
Cópia da resolução do
Conselho, constando a
aprovação da prestação de
contas do ano anterior.
Cópia da lei de criação. Declaração do CMAS,
Cópias das atas das três (3) comprovando a existência da
últimas reuniões. estrutura e técnico de nível
Estruturação da Secretaria superior, responsável pela
Executiva do CMAS com Secretaria Técnica do CMAS.
Condição de Gestão Plena do
profissional de nível superior.
Sistema Municipal de Assistên-
cia Social Capacidade instalada na Declaração do gestor,
Proteção Social Especial de descrevendo os serviços e
Alta Complexidade. a capacidade instalada da
Proteção Social Especial de
Alta Complexidade.
Realização de diagnósticos de Apresentação do estudo.
áreas de vulnerabilidade e risco
social.
Pactos de resultados, com Termo de Compromisso do
base em indicadores sociais Pacto de Resultados, firmado
pactuados na CIB e deliberados entre os gestores municipal e
no Conselho Estadual de estadual, para o ano em curso.
Assistência Social (CEAS).
Sistema municipal de Descrição da estrutura e
monitoramento e avaliação das sistemática do monitoramento
ações da Assistência Social por e avaliação da PSB e PSE.
nível de Proteção Social Básica Declaração do Conselho
e Especial. Municipal comprovando a
existência da estrutura e de
sistemática de monitoramento
e avaliação da PSB e PSE.

279
MÓDULO 4 UNIDADE 5

NÍVEL DE GESTÃO REQUISITO INSTRUMENTO


Gestor do fundo nomeado e Cópia do ato normativo de
lotado na Secretaria Municipal nomeação e lotação do gestor
de Assistência Social ou do Fundo junto à Secretaria
congênere. Municipal de Assistência Social
ou congênere.
Política de recursos humanos, Proposta de política de
com a implantação de recursos humanos, com
carreira para os servidores implantação de carreira
públicos, que atuem na área da especifica para servidores
Assistência Social. públicos, que atuem na área de
Assistência Social.
Organograma do órgão gestor
da Assistência Social.

DESABILITAÇÃO DOS MUNICÍPIOS


A desabilitação dos municípios de um nível de gestão cabe ao pacto feito, no âmbito da
Comissão Intergestores Bipartite (CIB), e pode ser solicitada a qualquer tempo:
• pela própria Secretaria Municipal de Assistência Social;
• pelo correspondente Conselho Municipal de Assistência Social;
• pela Secretaria de Estado de Assistência Social ou congênere;
• pelo Conselho Estadual de Assistência Social; ou
• pelo Gestor Federal.
A desabilitação
pode ser decidida,
também, quando, no A desabilitação pode ser total ou de um para outro nível.
processo de revisão
das habilitações, ficar Saiba como é feita a desabilitação:
constatado o não
cumprimento das • Abertura de processo de desabilitação pela CIB, a partir de solicitação fundamentada.
responsabilidades e • Comunicação, ao Município, da abertura do processo de desabilitação.
requisitos referentes
à condição de gestão • Elaboração da defesa pelo Município.
em que se encontra o
Município. • Apreciação da defesa do Município.
• D
efinição, acordada entre a CIB e o Gestor Municipal, de medidas e prazos para superação
das pendências.
• Avaliação, pela CIB, do cumprimento das medidas e prazos acordados.
• Pactuação, pela CIB, quanto à desabilitação do Município.
• E
nvio da informação ao conselho municipal e estadual equivalentes, quanto à pactuação
efetuada.
• Publicação da pactuação da CIB, em Diário Oficial.
• E
ncaminhar à secretaria técnica da CIT, cópia da publicação da desabilitação do
Município.

280
MÓDULO 4 UNIDADE 5

Se você já tem bem claro em sua mente como se dá a desabilitação, lembre-se:


• as divergências, em relação às decisões tomadas neste processo, serão decididas no âmbito
de três instâncias de recursos, a saber:
-- o Conselho Estadual de Assistência Social;
-- a Comissão Intergestores Tripartite – CIT; e
-- o Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS.

GESTÃO DO DISTRITO FEDERAL


O Distrito Federal assume a gestão da Assistência Social com responsabilidades básicas e
com a possibilidade de aprimoramento do sistema.
Confira no quadro.

RESPONSABILIDADES BÁSICAS INCENTIVOS BÁSICOS


a. Atender ao disposto no art. 14 da LOAS. a. Receber os pisos de proteção social
estabelecidos nesta Norma, definindo a
b. Atender aos requisitos previstos no art. 30 e seu
rede prestadora de serviços, respectivo
parágrafo único da LOAS, incluído pela Lei nº
custeio, de acordo com os critérios de
9.720/98.
qualidade que serão estabelecidos em
c. Alocar e executar recursos financeiros próprios uma norma de serviços.
no Fundo de Assistência Social, como unidade
b. Receber recursos para Erradicação
orçamentária, para as ações de Proteção Social
do Trabalho Infantil e para Combate
Básica e Especial.
do Abuso e da Exploração Sexual de
d. Estruturar Centros de Referência de Assistên- Crianças e Adolescentes, conforme
cia Social (CRAS), de acordo com o porte de critérios estabelecidos nesta Norma.
metrópole, em áreas de maior vulnerabilidade
c. Proceder à habilitação de pessoas idosas
social.
e pessoas com deficiência, candidatas ao
e. Participar da gestão do BPC, integrando-o à BPC, mediante a realização de avaliação
Política de Assistência Social do Distrito Fede- social de ambos os segmentos, podendo,
ral, garantido o acesso às informações sobre os ainda, após avaliação das condições
seus beneficiários. técnicas, realizar a aferição de renda,
f. Manter estrutura para recepção, identifica- análise e processamento do requerimento
ção, encaminhamento, orientação e acom- e encaminhamento em seguida ao INSS.
panhamento dos beneficiários do BPC e dos d. Receber recursos para as ações de revisão
Benefícios Eventuais, com equipe profissional do BPC.
composta por, no mínimo, um (01) profissional
e. Participar de programas de capacitação
de serviço social.
de gestores, profissionais, conselheiros e
g. Apresentar Plano de Inserção e prestadores de serviço promovidos pela
Acompanhamento de beneficiários do BPC, União.
selecionados conforme indicadores de
vulnerabilidades, contendo ações, prazos e
metas a serem executadas, articulando-as
às ofertas da Assistência Social e às demais
políticas pertinentes, dando cumprimento
ainda ao art. 24 da LOAS.

281
MÓDULO 4 UNIDADE 5

RESPONSABILIDADES BÁSICAS INCENTIVOS BÁSICOS


h. Garantir a prioridade de acesso aos serviços
da proteção social básica e/ou especial de
acordo com suas necessidades, às famílias e
seus membros beneficiários do Programa de
Transferência de Renda, instituído pela Lei nº
10.836/04.
i. Realizar diagnóstico de áreas de
vulnerabilidade e risco, a partir de estudos e
pesquisas realizadas por instituições públicas e
privadas de notória especialização (conforme
Lei nº 8.666, de 21/06/1993).
j. Elaborar Relatório Anual de Gestão.
k. Alimentar e manter atualizadas as bases de
dados dos subsistemas e aplicativos da Rede
SUAS, componentes do sistema nacional de
informação.
l. Financiar o pagamento de benefícios
eventuais.
m. Estruturar a Secretaria Executiva do Conselho
de Assistência Social do Distrito Federal com
profissional de nível superior.
n. Definir parâmetros de custeio para as ações de
proteção social básica e especial.
o. Instituir plano de acompanhamento,
monitoramento e avaliação das ações de
proteção social, na rede própria e na rede
prestadora de serviços, de acordo com o
sistema federal, pautado nas diretrizes da
PNAS/SUAS.
p. Inserir, no Cadastro Único, as famílias em
situação de vulnerabilidade social e risco,
conforme critérios do programa Bolsa Família
(Lei nº 10.836/04).
q. Preencher o Plano de Ação no sistema
SUASWEB e apresentar o Relatório de Gestão,
como forma de prestação de contas.

282
MÓDULO 4 UNIDADE 5

Saiba um pouco mais:


Responsabilidade de aprimoramento do sistema possibilita o acesso a incentivos
específicos.

É aquela que, para além das responsabilidades básicas, ao ser assumida pelo Distrito Federal,
possibilitará o acesso a incentivos específicos, como os que são apresentados no quadro.

RESPONSABILIDADE DE APRIMORAMENTO INCENTIVO PARA


DO SISTEMA APRIMORAMENTO DO SISTEMA
a. Identificar e reconhecer, dentre todas as entidades a. Participar da partilha dos recursos
inscritas no Conselho de Assistência Social do relativos aos programas e projetos
Distrito Federal, aquelas que atendem aos requisitos voltados à Promoção da Inclusão
definidos por esta Norma para o estabelecimento Produtiva.
do vínculo SUAS.
b. Receber recursos da União para
b. Ampliar o atendimento atual dos Centros de construção e/ou implantação de
Referência Especializados, voltados às situações Centros de Referência Especializados
de abuso, exploração e violência sexual a de média e/ou de alta complexidade.
crianças e adolescentes, para ações mais gerais de
c. Receber apoio técnico e recursos
enfrentamento das situações de violação de direitos
da União para fortalecimento da
relativos ao nível de proteção social especial de
capacidade de gestão (para realização
média complexidade.
de campanhas, aquisição de material
c. Executar programas e/ou projetos de promoção da informativo, de computadores,
inclusão produtiva e promoção do desenvolvimento desenvolvimento de sistemas, entre
das famílias em situação de vulnerabilidade social. outros).
d. Implantar, em consonância com a PNAS/2004, d. Receber recursos federais para
programas de capacitação de profissionais, o gerenciamento, coordenação e
conselheiros e da rede prestadora de serviços, execução de programas de capacitação
observado o Plano de Assistência Social do Distrito de profissionais, conselheiros e da
Federal. rede prestadora de serviços.
e. Declarar capacidade instalada na proteção social e. Receber apoio técnico da União para
especial de alta complexidade, a ser co-financiada implantação do Sistema de Assistência
pela União, gradualmente, de acordo com os critérios Social do Distrito Federal.
de partilha, de transferência e disponibilidade
f. Definir parâmetros de custeio e
orçamentária e financeira do FNAS.
padrões de qualidade para as ações
f. Estabelecer pacto de resultados com a rede de proteção social básica e especial.
prestadora de serviços, com base em indicadores
g. Receber apoio técnico e financeiro
sociais locais, previamente estabelecidos, para
da União para instalação e operação
serviços de proteção social básica e especial.
do Sistema de Informação,
g. Instalar e coordenar o sistema do Distrito Federal Monitoramento e Avaliação do
e estabelecer indicadores de monitoramento e Distrito Federal.
avaliação de todas as ações da Assistência Social,
por nível de proteção social, básica e especial, em
articulação com o sistema nacional.

283
MÓDULO 4 UNIDADE 5

RESPONSABILIDADE DE APRIMORAMENTO INCENTIVO PARA


DO SISTEMA APRIMORAMENTO DO SISTEMA
h. Coordenar e co-financiar o sistema de informação,
monitoramento e avaliação do Distrito Federal,
alimentando as bases de dados informatizados,
provenientes do subsistema da Rede SUAS.
i. Organizar, financiar e executar serviços de média e
alta complexidade para atendimento dos usuários
dispersos no território.
j. Celebrar pactos de aprimoramento de gestão.
k. Elaborar e executar a política de recursos humanos,
com a implantação de carreira para os servidores
públicos, que atuem na área da Assistência Social.

Etapas para o processo de comprovação da gestão do Distrito Federal


• Preparação dos documentos comprobatórios do gestor do Distrito Federal.
• A
nálise e deliberação dos documentos comprobatórios pelo Conselho de Assistência
Social do Distrito Federal.
• E
ncaminhamento dos documentos comprobatórios ao Gestor Federal responsável pela
Assistência Social.
• A
valiação, pelo Gestor Federal, do cumprimento das responsabilidades e requisitos
pertinentes à condição de gestão pleiteada.
• E
laboração de parecer técnico pelo Governo Federal sobre as condições técnicas e
administrativas do Distrito Federal para assumir a condição de gestão pleiteada.
• E
ncaminhamento, pelo Governo Federal, dos documentos comprobatórios e parecer
técnico anexo ao processo, à Comissão Intergestores Tripartite, no prazo máximo de 30
(trinta) dias, a contar da data de protocolo de entrada dos documentos comprobatórios
junto ao Governo Federal.
• Apreciação e posicionamento da CIT quanto aos documentos comprobatórios.
• Publicação, pelo Governo Federal, da resolução pactuada na CIT.
• Arquivamento de todo o processo e da publicação de habilitação na CIT.
• Publicação, em Diário Oficial, do pacto de aprimoramento de gestão.

284
MÓDULO 4 UNIDADE 5

Quadro relacionando Requisito e Instrumento, na Gestão do Distrito Federal:

REQUISITO INCENTIVO
Cópia da lei de criação.
Cópias das atas das três (03 ) últimas reuniões
Comprovação da criação e funcionamento do
ordinárias.
CAS/DF.
Cópia da publicação da atual composição do
CAS/DF.

Cópia da lei de criação.


Comprovação da criação e funcionamento do
Declaração do ordenamento de despesas que
FAS/DF.
ateste a regularidade de seu funcionamento.

Apresentação do Plano de Assistência Social,


Elaboração e apresentação do Plano aprovado com programação física e financeira atualizada.
pelo CAS/DF. Ata do CAS/DF que aprova o Plano de Assistência
Social.

Cópia da Lei Orçamentária Anual/LOA.


Quadro de Detalhamento de Despesa – QDD.
Alocação e execução de recursos financeiros Balancete do FAS/DF no último trimestre.
próprios no FAS/DF. Cópia da resolução do CAS/DF, constando
a aprovação da prestação de contas do ano
anterior.

Diagnóstico atualizado das áreas de


vulnerabilidade e risco social.
Instituição de CRAS. no Distrito Federal, em
Descrição da localização, espaço físico, equipe
conformidade com o estabelecido para metrópoles,
técnica existente, área de abrangência (território)
nesta Norma , no item “critérios de partilha”.
e serviços de proteção social básica existentes no
território e proximidades.
Manter estrutura para recepção, identificação,
encaminhamento, orientação e acompanhamento
Descrição do serviço e equipe existente para a
dos beneficiários do BPC e dos Benefícios
pré-habilitação e revisão do BPC, concessão e
Eventuais, com equipe profissional composta
acompanhamento dos benefícios eventuais.
por, no mínimo, um (01) profissional de serviço
social.

Elaborar Plano de Inserção e Acompanhamento


de Beneficiários do BPC, conforme sua capacidade
Apresentação do Plano com o número e
de gestão, contendo ações, prazos e metas a serem
porcentagem, contendo ações, prazos e metas a
executadas, articulando-as às ofertas da Assistência
serem executadas.
Social e às demais políticas pertinentes, dando
cumprimento, ainda, ao art. 24 da LOAS.

285
MÓDULO 4 UNIDADE 5

REQUISITO INCENTIVO
Declaração do CAS/DF, comprovando a
Cópia da lei de criação. existência da estrutura técnica disponível.
Cópias das atas das três(03) últimas reuniões. Cópia da lei de criação.
Estruturação da Secretaria Executiva do CAS/DF Cópias das atas das três (03) últimas reuniões.
com profissional de nível superior. Estruturação da Secretaria Executiva do CAS/DF
com profissional de nível superior.

Declaração do gestor, descrevendo os serviços e a


Demonstrar capacidade instalada na Proteção
capacidade instalada da Proteção Social Especial
Social Especial de alta complexidade.
de Alta Complexidade.

Diagnósticos de áreas de vulnerabilidade e risco Apresentação do estudo realizado por institutos


social. oficiais de pesquisa ou universidades.

Cumprir pactos de resultados, com base em


Termo de Compromisso do Pacto de Resultado
indicadores sociais deliberados no Conselho de
aprovado pelo CAS/DF para o ano em curso.
Assistência Social - CAS/DF
Descrição da sistemática de monitoramento e
avaliação da PSB e PSE.
Estabelecer indicadores de monitoramento e
Declaração do Conselho, comprovando o
avaliação da Proteção Social Básica e Especial.
funcionamento da sistemática de monitoramento
e avaliação da PSB e PSE.

Apresentação da proposta de política de recursos


humanos, com implantação de carreira para
servidores públicos que atuem na área de
Assistência Social.
Comprovar capacidade de gestão.
Quadro de pessoal em exercício.
Organograma do órgão gestor da Assistência
Social.
Relatório de gestão anual.

Instrumento específico do pacto de


aprimoramento de gestão, firmado entre o
Celebrar pacto de aprimoramento da gestão.
Governo do Distrito Federal e o Governo Federal,
pactuado na CIT.

286
MÓDULO 4 UNIDADE 5

GESTÃO DOS ESTADOS


O Estado, ao assumir a gestão da Assistência Social dentro de seu âmbito de competência,
assume, também, responsabilidades. Acompanhe o quadro.

RESPONSABILIDADES INCENTIVOS
a. Cumprir as competências definidas no art. 13 da a. Receber recursos da União para
LOAS. construção e/ou implantação de
Unidade de Referência Regional de
b. Organizar, coordenar e monitorar o Sistema
média e/ou de alta complexidade.
Estadual de Assistência Social.
b. Receber recursos da União para
c. Prestar apoio técnico aos municípios na
projetos de inclusão produtiva de
estruturação e implantação de seus Sistemas
abrangência e desenvolvimento
Municipais de Assistência Social.
regional.
d. Coordenar o processo de revisão do BPC no
c. Receber apoio técnico e recursos
âmbito do Estado, acompanhando e orientando
da União para fortalecimento da
os municípios no cumprimento de seu papel, de
capacidade de gestão (para realização
acordo com seu nível de habilitação.
de campanhas, aquisição de material
e. Estruturar a Secretaria Executiva da Comissão informativo, de computadores,
Intergestores Bipartite (CIB), com profissional de desenvolvimento de sistemas, entre
nível superior. outros).
f. Estruturar a Secretaria Executiva do Conselho d. Receber recursos federais para
Estadual de Assistência Social com, no mínimo, um coordenação e execução de programas
profissional de nível superior. de capacitação de gestores, profissionais,
g. Co-financiar a proteção social básica, mediante conselheiros e prestadores de serviços.
aporte de recursos para o sistema de informação, e. Receber apoio técnico da União para
monitoramento, avaliação, capacitação, implantação do Sistema Estadual de
apoio técnico e outras ações pactuadas Assistência Social.
progressivamente.
f. Receber apoio técnico e financeiro
h. Prestar apoio técnico aos municípios para a da União para instalação e operação
implantação dos CRAS. do Sistema Estadual de Informação,
i. Gerir os recursos federais e estaduais, destinados Monitoramento e Avaliação.
ao co-financiamento das ações continuadas de g. Participar de programas de capacitação
Assistência Social dos municípios não habilitados de gestores, profissionais, conselheiros
aos níveis de gestão propostos por esta Norma. e da rede prestadora de serviços
j. Definir e implementar uma política de promovidos pela União.
acompanhamento, monitoramento e avaliação
da rede conveniada prestadora de serviços
socioassistenciais, no âmbito estadual ou
regional.
k. Instalar e coordenar o sistema estadual de
monitoramento e avaliação das ações da
Assistência Social, de âmbito estadual e regional,
por nível de proteção básica e especial, em
articulação com os sistemas municipais, validado
pelo sistema federal.

287
MÓDULO 4 UNIDADE 5

RESPONSABILIDADES
l. Coordenar, regular e co-financiar a estruturação de ações regionalizadas pactuadas na proteção
social especial de média e alta complexidade, considerando a oferta de serviços e o fluxo de
usuários.
m. Alimentar e manter atualizadas as bases de dados dos subsistemas e aplicativos da Rede SUAS,
componentes do sistema nacional de informação.
n. Promover a implantação e co-financiar consórcios públicos e/ou ações regionalizadas de
proteção social especial de média e alta complexidade, pactuadas nas CIB e deliberadas nos
CEAS.
o. Analisar e definir, em conjunto com os municípios, o território para construção de Unidades de
Referência Regional, a oferta de serviços, o fluxo do atendimento dos usuários no Estado e as
demandas prioritárias para serviços regionais e serviços de consórcios públicos.
p. Realizar diagnósticos e estabelecer pactos para efeito da elaboração do Plano Estadual de
Assistência Social, a partir de estudos realizados por instituições públicas e privadas de notória
especialização (conforme Lei nº 8.666, de 21/06/1993).
q. Elaborar e executar, de forma gradual, política de recursos humanos, com a implantação de
carreira específica para os servidores públicos que atuem na área de Assistência Social.
r. Propor e co-financiar projetos de inclusão produtiva, em conformidade com as necessidades e
prioridades regionais.
s. Coordenar, gerenciar, executar e co-financiar programas de capacitação de gestores, profissionais,
conselheiros e prestadores de serviços.
t. Identificar e reconhecer, dentre todas as entidades inscritas no Conselho Estadual de Assistência
Social, aquelas que atendem aos requisitos definidos por esta Norma para o estabelecimento do
vínculo SUAS.
u. Definir parâmetros de custeio para as ações de proteção social básica e especial.
v. Preencher o Plano de Ação, no sistema SUAS-WEB, e apresentar Relatório de Gestão como
prestação de contas dos municípios não-habilitados.
w. Co-financiar, no âmbito estadual, o pagamento dos benefícios eventuais.

288
MÓDULO 4 UNIDADE 5

GESTÃO DA UNIÃO

RESPONSABILIDADES
a. Coordenar a formulação e a implementação da PNAS/2004 e do SUAS, observando as
propostas das Conferências Nacionais e as deliberações e competências do Conselho Nacional
de Assistência Social (CNAS).
b. Coordenar e regular o acesso às seguranças de proteção social, que devem ser garantidas pela
Assistência Social, conforme indicam a PNAS/2004 e esta NOB.
c. Definir as condições e o modo de acesso aos direitos relativos à Assistência Social, visando à
sua universalização, dentre todos os que necessitem de proteção social, observadas as diretrizes
emanadas do CNAS.
d. C
oordenar, regular e co-financiar a implementação de serviços e programas de proteção social
básica e especial, a fim de prevenir e reverter situações de vulnerabilidade social e riscos.
e. E
stabelecer regulação relativa aos pisos de proteção social básica e especial e às ações
correspondentes, segundo competências dos estados, Distrito Federal e municípios no que
tange ao co-financiamento federal.
f. C
oordenar a gestão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), articulando-o aos demais
programas e serviços da Assistência Social e regular os benefícios eventuais, com vistas à
cobertura de necessidades , advindas da ocorrência de contingências sociais.
g. F
ormular diretrizes e participar das definições sobre o financiamento e o orçamento da
Assistência Social, assim como gerir, acompanhar e avaliar a execução do Fundo Nacional de
Assistência Social (FNAS).
h. C
oordenar a implementação da Política Nacional do Idoso, em observância à Lei nº. 8.842, de
4 de janeiro de 1994, e à Lei nº. 10.741, de 1º de outubro de 2003, e coordenar a elaboração e
implementação do Plano de Gestão Intergovernamental e da proposta orçamentária, em parceria
com os Ministérios, apresentando para apreciação e deliberação dos Conselhos Nacional da
Assistência Social e do Idoso.
i. Articular as políticas socioeconômicas setoriais, com vistas à integração das políticas sociais
para o atendimento das demandas de proteção social e enfrentamento da pobreza.
j. Propor, pactuar e coordenar o sistema de informação da Assistência Social com vistas ao
planejamento, controle das ações e avaliação dos resultados da Política Nacional de Assistência
Social, implementando-o em conjunto com as demais esferas de governo.
k. Apoiar técnica e financeiramente os estados, o Distrito Federal e os municípios na implementação
dos serviços e programas de proteção social básica e especial, dos projetos de enfrentamento à
pobreza e das ações assistenciais de caráter emergencial.
l. Propor diretrizes para a prestação de serviços socioassistenciais e pactuar as regulações entre os
entes públicos federados, entidades e organizações não governamentais.
m. Incentivar a criação de instâncias públicas de defesa dos direitos dos usuários dos programas,
serviços e projetos de Assistência Social.
n. Articular e coordenar ações de fortalecimento das instâncias de participação e de deliberação
do SUAS.

289
MÓDULO 4 UNIDADE 5

RESPONSABILIDADES
o. Formular
política para a formação sistemática e continuada de recursos humanos no campo da
Assistência Social.
p. Desenvolver estudos e pesquisas para fundamentar as análises de necessidades e formulação de
proposições para a área, em conjunto com o órgão competente do Ministério e com instituições
de ensino e de pesquisa.
q. A
poiar tecnicamente os Estados da Federação e o Distrito Federal na implantação e
implementação dos Sistemas Estaduais e do Distrito Federal de Assistência Social.
r. P
romover o estabelecimento de pactos de resultados entre as esferas de governo, para
aprimoramento da gestão dos SUAS.
s. Elaborar e submeter à pactuação e à deliberação a NOB de Recursos Humanos.
t. D
efinir padrões de custeio e padrões de qualidade para as ações de proteção social básica e
especial.
u. Estabelecer pactos nacionais em torno de situações e objetivos , identificados como relevantes,
para viabilizar as seguranças afiançadas pela PNAS/2004.
v. E
laborar e executar política de recursos humanos, com a implantação de carreira para os
servidores públicos que atuem na área de Assistência Social.
w. Instituir Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação, apoiando estados, Distrito Federal
e municípios na sua implementação.

Parabéns!
Você chegou ao final da Unidade 5 do
Módulo 4.

Que tal agora partir para a 6ª Unidade?

290
MÓDULO 4 UNIDADE 6

Unidade 6 – Instrumentos de Gestão do SUAS


Você está iniciando a Unidade 6, que tem como tema Instrumentos de Gestão do SUAS.
Aqui, você ficará conhecendo os instrumentos de gestão do SUAS, as responsabilidades dos
três níveis de gestão e a utilização dos aplicativos como mecanismos de vigilância social e de
transparência no trato dos recursos públicos. E vai ainda conhecer o fluxo da transferência
de recursos fundo a fundo.
Você aprenderá dados importantes sobre alguns instrumentos, como o Plano de Assistência
Social, o orçamento, o planejamento, a informação, o monitoramento e a avaliação e sobre Os instrumentos de
o Relatório Anual de Gestão. Sobre a Gestão Financeira do SUAS vai conhecer os critérios gestão democrática
de partilha, financiamento fundo a fundo, modalidade de financiamento referenciada em da PNAS e do SUAS,
nas três esferas
pisos.
de governo, têm
como referência o
Para início de conversa, é importante conhecer... diagnóstico social e
os eixos da proteção
PLANO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
social, básica e
especial. São eles: o
O que é Plano de Assistência Social? Plano de Assistência
Social, o Orçamento,
De quem é a responsabilidade por sua elaboração?
o Monitoramento, a
Estas são algumas das perguntas que vêm à mente quando se fala em Plano de Assistência Avaliação, a Gestão
Social. de Informação e o
Relatório Anual de
Gestão.
Plano de Assistência Social
É um instrumento de planejamento estratégico que organiza, regula e norteia a execução
da PNAS/2004, na perspectiva do SUAS.

Elaboração do Plano de Assistência Social


Responsabilidade do órgão gestor da política, que o submete à aprovação do Conselho de
Assistência Social em cada esfera, reafirmando o princípio democrático e participativo.

Complementando...
Saiba o que, em especial, comporta a estrutura do Plano de Assistência Social:
• Objetivos gerais e específicos.
• Diretrizes e prioridades deliberadas.
• Ações e estratégias correspondentes para sua implementação.
• Metas estabelecidas, resultados e impactos esperados.
• Recursos materiais, humanos e financeiros disponíveis.
• Cobertura da rede prestadora de serviços.
• Indicadores de monitoramento e avaliação e o espaço temporal.
• Mecanismos e fontes de financiamento.

291
MÓDULO 4 UNIDADE 6

Fique sabendo...

Instrumentos utilizados na gestão do Sistema Único de Assistência Social:


• Orçamento.
• Monitoramento e Avaliação.
• Gestão da Informação e Relatório Anual de Gestão.

Já ouviu falar em PLANO DE AÇÃO?

O Plano de Assistência Social deverá ser desdobrado, anualmente, em um Plano de Ação,


no âmbito dos municípios, do Distrito Federal e dos estados, quando responder pela gestão
financeira dos municípios não habilitados.

Plano de ação
Instrumento fundamental para dar organicidade à política e garantir o alinhamento entre as
principais diretrizes e princípios que a norteiam e a realidade local.
Ele aparece como um requisito básico para a habilitação da gestão, seja para os municípios,
seja para o Distrito Federal ou estados.

Como se dão o Orçamento e a Gestão Financeira do SUAS?

No SUAS, a instância de financiamento é representada pelos Fundos de Assistência Social,


nas três esferas de governo.
De acordo com a
Constituição Federal, O financiamento dos benefícios, no âmbito federal, se dá de forma direta aos seus destinatários
o financiamento da e o financiamento da rede socioassistencial mediante aporte próprio e repasse de recursos
Seguridade Social fundo a fundo.
é concretizado por
toda a sociedade, por O que tudo isso tem a ver com a União e as entidades prestadoras de serviços? Você
meio dos recursos
imagina?
provenientes da
União, dos estados,
do Distrito Federal, Confira se você está bem informado.
dos municípios e das
contribuições sociais.

Esta nova modalidade de financiamento rompe com a relação convenial entre a União
e as entidades prestadoras de serviços. Os Fundos de Assistência Social têm reforçado,
no SUAS, seu papel de instância de financiamento dessa política pública, nas três esferas
de governo. No âmbito da União e dos estados, a deliberação dos conselhos deve ser
antecedida de pactuação, nas comissões intergestores equivalentes.

292
MÓDULO 4 UNIDADE 6

O que é FUNDO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL?

O Fundo Nacional de Assistência Social é a instância, no âmbito da União, na qual são


alocados os recursos destinados ao financiamento das ações, destacados dessa política, na
Lei Orgânica de Assistência Social, como benefícios, serviços, programas e projetos. As
demais esferas de governo devem instituir tais fundos em seus âmbitos, como unidades
orçamentárias, com alocação de recursos próprios para subsídio às ações programáticas e
co-financiamento da política.

Atenção
É preciso que esteja garantida a diretriz do comando único e da primazia da
responsabilidade do Estado.
Cabe lembrar que o art. 30 da LOAS estabelece, como condição de repasse de recursos do
FNAS para os fundos estaduais, do Distrito Federal e municipais, a constituição do conselho,
a elaboração do plano e a instituição e funcionamento do fundo, com alocação de recursos
próprios do tesouro em seu orçamento.

FINANCIAMENTO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Você precisa ter um olhar aguçado quanto ao financiamento da Assistência Social.


Considerando a vigência do sistema federativo que, entre outros aspectos, estabelece a
autonomia dos entes que o compõem, o financiamento da Assistência Social pressupõe:

• a existência do sistema como referência;


• a existência de condições gerais para as transferências de recursos – discussões e
pactuações, quanto às competências, responsabilidades e condicionalidades em
relação ao co-financiamento;
• a existência de mecanismos de transferência que possibilitem a regularidade dos
repasses de forma automática, no caso dos serviços e benefícios, e o conveniamento
de programas e projetos com duração determinada;
• c ritérios de partilha e transferência de recursos, incluindo o financiamento
do fomento à organização de serviços e da rede, do sistema, com a definição de
condições para a participação no financiamento;
• condições de gestão dos municípios.

De acordo com o inciso IX, do art. 18 da LOAS e o preconizado na PNAS/2004, a partilha


dos recursos dos fundos de Assistência Social nacional, do Distrito Federal, dos estados e
dos municípios deve seguir critérios pautados em diagnósticos e indicadores socioterritoriais
locais e regionais, que expressem as demandas e prioridades apresentadas, bem como em
pactos nacionais e em critérios de equalização e correção de desigualdades.

Para a partilha de recursos o novo Sistema adota indicadores.

293
MÓDULO 4 UNIDADE 6

Exemplificando para esclarecer


Um exemplo é a Taxa de Vulnerabilidade Social para determinar como será a distribuição
dos recursos do Fundo Nacional de Assistência Social.

Agora analise, com atenção, a afirmativa a seguir.

Este indicador leva em consideração informações sociais, econômicas e demográficas


de todo território brasileiro. Ela é feita levando em consideração características como:
condições de moradia, renda familiar, idade e situação escolar de filhos, receita e porte
do Município.

Você deve saber agora...


O financiamento deve ser direcionado para os serviços, programas, projetos e benefícios de
Assistência Social e para o aprimoramento da gestão, com os recursos do Fundo Nacional dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios, no âmbito normatizado do SUAS e respectivas
competências.

A Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social – NOB/SUAS


instituiu novos mecanismos e formas de transferência legal de recursos financeiros do Fundo
Nacional para os Fundos de Assistência Social dos estados, dos municípios e do Distrito
Lembre-se: além dos
tipos de gestão dos Federal, bem como dos Fundos estaduais para os Fundos municipais de Assistência Social.
municípios (inicial, Estes recursos, prestados nos diferentes âmbitos, destinam-se ao co-financiamento das ações
básica e plena), do assistenciais. Tais mecanismos buscam consolidar o repasse regular e automático fundo a
Distrito Federal e fundo, com o objetivo de apoiar, técnica e financeiramente, os municípios, os estados e o
dos estados, você Distrito Federal, nas despesas relativas aos serviços de Assistência Social, reconhecidamente
conheceu, também,
de proteção social básica e/ou especial, prestados de forma gratuita pelas entidades e
os requisitos, as
responsabilidades organizações públicas ou privadas, com vistas a garantir a consolidação da Política Nacional
e os incentivos de Assistência Social.
estabelecidos para
cada esfera. Essa providência:
• altera a gestão financeira da Assistência Social;
• garante a continuidade dos atendimentos;
• agiliza os fluxos de transferência desses recursos;
• assegura regularidade nos repasses; e
• assegura a continuidade na prestação dos serviços.

Assim, todas essas providências estão em consonância com a forma descentralizada


preconizada, no rol da legislação brasileira nesta área, dirimindo grande parte das questões
burocráticas vigentes.

294
MÓDULO 4 UNIDADE 6

CONDICIONALIDADES
Você reparou?

Deverão ser atendidas algumas condições, para que se fortaleça


a idéia de sistema e a co-responsabilidade entre as três esferas de
governo e para que municípios, Distrito Federal e estados sejam
inseridos no financiamento federal.
Este assunto é tratado na Unidade 5, que aborda os Tipos e Níveis
de Gestão do Sistema Único de Assistência Social.

Em destaque alguns destes mecanismos:


• V
alidação dos planos de ação, no sistema informatizado SUAS/WEB, coerentes com
seus Planos Municipais e/ou Planos Estaduais de Assistência Social, aprovados pelo
correspondente Conselho, como requisito para repasse de recursos fundo a fundo.
• Disponibilidade orçamentária e financeira, sendo utilizadas:
-- as condicionalidades pactuadas;
-- os critérios de inserção de municípios no financiamento;
-- os critérios de partilha para que sejam definidos os municípios prioritários para
inserção/expansão da cobertura do financiamento; e
-- os critérios de transferência, que estabelecem os referidos pisos de proteção,
conforme a complexidade dos serviços, com base nos portes de municípios.
• C
ondicionamento dos repasses à aprovação, pelos respectivos conselhos de Assistência
Social, das contas do exercício anterior, apresentadas pelos órgãos gestores. Isso se dará
por meio do relatório de gestão, elaborado conforme modelo pactuado nas Comissões
Intergestores e deliberado nos Conselhos de Assistência Social. Este Conselho será
constituído do Demonstrativo Sintético Anual da Execução Físico-financeira, de
informações que permitam identificar a capacidade de gestão e o alcance dos resultados,
ou seja, tragam insumos para a avaliação da gestão, do controle e do financiamento da
Assistência Social, especialmente quanto ao cumprimento das questões constantes na
NOB/SUAS. O relatório deve, ainda, ser constituído pela apresentação de documentos,
que comprovem a gestão do SUAS, no referido âmbito.

295
MÓDULO 4 UNIDADE 6

FISCALIZAÇÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS RELATIVOS AO SUAS –


COMPETÊNCIA

O tema da nossa
reunião é a fiscalização dos
recursos financeiros relativos ao SUAS.
De quem é a competência?
Dos gestores federal, do Distrito
Federal, estadual e municipal.

E mais, dos
órgãos de controle
interno do Governo
Federal, do Tribunal de
Contas da União (TCU),
Tribunais de Contas dos Estados
(TCE), Tribunal de Contas
do Distrito Federal (TCDF),
Tribunais de Contas dos
Municípios, quando
houver.

Quem mais tem a competência de


fiscalizar os recursos financeiros do
SUAS?
Os demais órgãos do Legislativo e os
Conselhos de Assistência Social.
Alguma dúvida mais?

Perfeito. Está esclarecido.

Acompanhe a explicação a seguir.


Resguardadas as responsabilidades e autonomia de cada esfera de governo, no processo de
gestão descentralizada, a fiscalização poderá ser efetuada por mecanismos como:
• auditorias;
296
MÓDULO 4 UNIDADE 6

• inspeções;
• análises dos processos que originarem os Planos Estaduais de Assistência Social;
• o
Plano de Assistência Social do Distrito Federal ou os Planos Municipais de Assistência
Social;
• prestações de contas utilizadas como base para o relatório de gestão; e
• o
utros mecanismos definidos e aprovados, oportunamente, pelas instâncias
competentes.

Na esfera federal, o processo de fiscalização deverá ser viabilizado e organizado, mediante


construção de um sistema nacional de auditoria, no âmbito do SUAS.

Você acabou de aprender sobre o processo de fiscalização e como poderá ser efetuado.
Conheça agora os Critérios de Partilha.

CRITÉRIOS DE PARTILHA

Os critérios de partilha são pactuados na Comissão Intergestores Tripartite (CIT), no


âmbito nacional, e pelas Comissões Intergestores Bipartite (CIB), no âmbito dos estados,
e deliberados pelos respectivos Conselhos de Assistência Social. Sua utilização viabiliza a
gestão financeira de forma transparente e racionalizada e integra o processo de construção
democrática dessa política pública, uma vez que reforça as diretrizes da descentralização e do
controle social, preconizadas na Constituição Federal de 1988.

No âmbito da União, o art. 19, incisos V e VI, da Lei nº 8.742, de 1993, estabelece, como
competência do órgão da Administração Pública Federal responsável pela coordenação
da PNAS/2004, propor os critérios e proceder às transferências de recursos em seu
âmbito, com a devida deliberação do CNAS.

A operacionalização do art. 18, inciso IX, da LOAS, que prevê a utilização de indicadores
para partilha mais eqüitativa de recursos, no âmbito da política de Assistência Social, traz
o desafio de relacionar informações sociais, econômicas, demográficas e cadastrais com as
escalas territoriais e as diversidades regionais presentes no desenho federativo do país.

Complementando...
O artigo 18, inciso IX, da LOAS, traz um desafio!
Com base nesses indicadores, estabelecer partilha e distribuição de recursos fundamentadas
em metodologia objetiva e critérios públicos e universais, que sejam, ao mesmo tempo,
transparentes e compreensíveis por todas as instâncias que operam a política de Assistência
Social, em especial, aquelas incumbidas do controle social.

297
MÓDULO 4 UNIDADE 6

Fique atento
Busca-se lançar mão da combinação de critérios de partilha e de pactuação de resultados e
metas para a gestão (gradualismo, com base nos resultados pactuados), para que seja possível:
• Equalizar.
• Priorizar.
• Projetar a universalização na trajetória da PNAS/2004.

A combinação de critérios considera:


• o porte populacional dos municípios;
• a proporção de população vulnerável; e
• o cruzamento de indicadores socioterritoriais e de cobertura.

A construção do conceito de vulnerabilidade social fundamenta-se na PNAS/2004, que


define o público-alvo da Assistência Social.

População vulnerável
Considera-se como população vulnerável o conjunto de pessoas residentes que apresentam
pelo menos uma das seguintes características:
• Famílias que residem em domicílio com serviços de infra-estrutura inadequados.
Conforme definição do IBGE, trata-se dos domicílios particulares permanentes:
-- com abastecimento de água proveniente de poço ou nascente ou outra forma;
-- s em banheiro e sanitário ou com escoadouro ligado à fossa rudimentar, vala, rio,
lago, mar ou outra forma;
-- l ixo queimado, enterrado ou jogado em terreno baldio ou logradouro, em rio, lago
ou mar ou outro destino; e
-- mais de dois (02) moradores por dormitório.

• Família com renda familiar per capita inferior a um quarto de salário mínimo.
amília com renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo, com pessoas de 0
• F
a 14 anos e responsável com menos de 4 anos de estudo.
• F
amília na qual há uma chefe mulher sem cônjuge, com filhos menores de 15 anos,
analfabeta.
A combinação • F
amília na qual há uma pessoa com 16 anos ou mais, desocupada (procurando trabalho)
das características com 4 ou menos anos de estudo.
que você acabou
de estudar, • Família na qual há uma pessoa com 10 a 15 anos que trabalhe.
comporá a Taxa de • Família na qual há uma pessoa com 4 a 14 anos que não estude.
Vulnerabilidade amília com renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo, com pessoas de 60
• F
Social, em um anos ou mais.
determinado
território. amília com renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo, com uma pessoa
• F
com deficiência.
298
MÓDULO 4 UNIDADE 6

Os critérios a seguir apresentados serão adotados para a partilha dos recursos do FNAS,
visando à priorização de municípios, estados, Distrito Federal e regiões geográficas, bem
como ao escalonamento da distribuição de tais recursos. Os critérios específicos de cada ente
federado deverão ser pactuados e deliberados em seus próprios âmbitos, de acordo com os
indicativos definidos na LOAS.

Relembrando
Como você já sabe, a partilha acontece entre todas as esferas e em todos os níveis de proteção,
devendo ser observados critérios e indicadores específicos, no caso do repasse dos recursos
do fundo nacional para os demais fundos.

Níveis de Proteção Social e critérios de partilha


A partilha, a priorização e o escalonamento da distribuição de recursos para co-financiamento
do nível de Proteção Social Básico deverão respeitar alguns critérios:
• porte populacional dos municípios;
• taxa da vulnerabilidade social por Estado; e
• cruzamento de indicadores socioterritoriais e de cobertura.

Tais critérios serão tratados em conjunto, não havendo relação de exclusão entre eles.
Sua combinação indicará a classificação de municípios prioritários para expansão do co-
financiamento federal para a Proteção Social Básica, em cada exercício, com base no mínimo
para que cada Município deva receber, por porte, e no valor disponível para a expansão.
No caso do nível de Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade foram
definidos critérios (de acesso e priorização) e indicadores para a partilha dos recursos do
PETI e do Programa de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes
(antigo Programa Sentinela).
Tais critérios correspondem à divisão de recursos entre os estados e o Distrito Federal, e
aqueles destinados a cada Estado para serem partilhados entre os seus municípios.

Deve-se observar, ainda, neste procedimento os seguintes itens:


• as fontes de dados deverão ser pactuadas e deliberadas anualmente;
• a definição das regiões especificadas para o indicador de especificidade regional será
estabelecida em portaria específica;
• o
s critérios de partilha e o escalonamento da distribuição de recursos para co-
financiamento dos serviços de Proteção Social Especial de Alta Complexidade e dos
demais de Média Complexidade serão definidos após o estabelecimento de regulação
específica, que estabeleça as características e parâmetros de implantação dos serviços; e
• a expansão dos serviços considerados de referência regional, prestados pelos estados ou
por consórcios públicos, deve ser definida a partir de estudo elaborado pelas Secretarias
de Estado de Assistência Social ou congênere, com a colaboração da União, acerca da
necessidade destes equipamentos no território estadual, definição de sua localização, área
de abrangência, fluxo de usuários, responsabilidades no co-financiamento e na gestão e
gerência dos equipamento.
299
MÓDULO 4 UNIDADE 6

Os critérios de partilha ora propostos, tanto para a proteção social básica quanto
para a especial, são concebidos como básicos para a política de Assistência Social,
podendo o CNAS, caso seja pertinente, deliberar outros que se fizerem necessários à
complementação dos processos anuais de partilha de recursos do FNAS.

É hora de construir novos conhecimentos

PISOS DE PROTEÇÃO SOCIAL

Pisos de Proteção Social – Instrumentos de operação da transferência dos recursos para co-
financiamento federal, em relação aos serviços de Assistência Social.

Os Pisos de Proteção Social são os instrumentos de operação da transferência dos recursos


para co-financiamento federal em relação aos serviços de Assistência Social, classificados
conforme os níveis de complexidade. Devem estar de acordo com o preconizado na
PNAS/2004 que estabeleceu critérios para a transferência dos recursos.

Conheça esta classificação, conforme os níveis de complexidade.

Pisos da Proteção Social Básica

Os valores referentes aos Pisos Básicos serão transferidos aos municípios e ao Distrito
Federal de forma regular e automática do Fundo Nacional de Assistência Social aos Fundos
Municipais de Assistência Social e Fundo de Assistência Social do Distrito Federal.

Acompanhe o fluxo.

Fundo Nacional de Assistência Social

Fundos Municipais de Fundo de Assistência


Assistência Social Social do Distrito Federal

Piso Básico Fixo


Destinado, exclusivamente, ao custeio do atendimento à família e a seus membros, por meio
dos serviços do Programa de Atenção Integral à Família – PAIF, nos Centros de Referência da
Assistência Social – CRAS e pelas ações complementares ao Programa Bolsa Família – PBF.

Piso Básico de Transição


Destinado à continuidade das ações atualmente financiadas.

Piso Básico Variável


Destinado a incentivar ações da Proteção Social Básica.
300
MÓDULO 4 UNIDADE 6

Pisos da Proteção Social Especial


Os pisos da Proteção Social Especial, de acordo com a Portaria n° 440 de 23 de agosto de
2005, consistem em valor básico de co-financiamento federal, em complementaridade aos
financiamentos estaduais e municipais e do Distrito Federal, destinados, exclusivamente, ao
custeio de serviços socioassistenciais continuados de Proteção Social Especial de média e alta
complexidade, no SUAS.

Piso de Transição de Média Complexidade


Constitui-se no co-financiamento federal, praticado até o momento no país, dos serviços
socioassistenciais de habilitação e reabilitação de pessoas com deficiência, atendimento de
reabilitação na comunidade, centro dia e atendimento domiciliar às pessoas idosas e com
deficiência.

Piso Fixo de Média Complexidade


Constitui-se no co-financiamento federal dos serviços atualmente prestados pelo Programa
de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, bem como os
serviços prestados pelos Centros de Referência Especializados de Assistência Social. Financia
as ações:
• em municípios, em Gestão Inicial e Básica;
• em municípios em Gestão Plena; ou
• em estados prestadores de serviço de referência regional.

Piso de Alta Complexidade I


Constitui-se no co-financiamento federal dos serviços socioassistenciais prestados pelas
unidades de acolhimento e abrigo.

Piso de Alta Complexidade II


Destina-se ao financiamento da proteção social, voltada aos usuários em situações específicas
de exposição à violência, com elevado grau de dependência, apresentando, conseqüentemente,
particularidades que exijam os serviços específicos altamente qualificados.

Como você sabe, a Portaria n° 442, de 26 de agosto de 2005, regulamenta os Pisos da


Proteção Social Básica estabelecidos pela Norma Operacional Básica – NOB/SUAS, sua
composição e as ações que financiam. De acordo com ela, os Pisos Básicos consistem
em valor básico de co-financiamento federal, em complementaridade aos financiamen-
tos estaduais, municipais e do Distrito Federal, destinados ao custeio dos serviços e
ações socioassistenciais continuadas de Proteção Social Básica do SUAS.

Um recado para você.


Se você quer saber como utilizar o recurso dos pisos, consulte as Portarias nºs 440 e 442 e
conheça as ações que são financiadas pelos Pisos de Proteção Social.
Tenha sempre em mão estes instrumentos.

301
MÓDULO 4 UNIDADE 6

Você conheceu, até agora, dois dos instrumentos de gestão democrática do SUAS, o Plano
de Assistência Social e o Orçamento.

Além destes, há outros. Conheça-os agora.

MONITORAMENTO E GESTÃO DA INFORMAÇÃO


A gestão da informação, no SUAS, é área estratégica para o monitoramento e o planejamento
dos serviços socioassistenciais, no âmbito da política de Assistência Social. Sua operação se
dá por meio de tecnologias de informação, que permitem a interação com usuários externos
(gestores, população, usuários, conselheiros). Este sistema consiste na Rede SUAS que,
conforme foi visto na Unidade 3, é um Sistema Nacional de Informação da política pública
de Assistência Social. Sua configuração básica atende dois campos:
• o suporte gerencial/apoio à decisão; e
• o
processamento de transações, por meio dos seguintes aplicativos específicos:
GeoSUAS, SUASweb, InfoSUAS, CadSUAS, SigSUAS, SIAORC, SISFAF, SISCON e
SICNAS.

Para saber mais...


Visite o site do MDS e navegue pelos aplicativos da Rede SUAS www.mds.gov.br

Relatórios de Gestão
Os Relatórios de Gestão – Nacional, Estadual, do Distrito Federal e Municipal – têm por
finalidade:
• a valiar o cumprimento das realizações, dos resultados ou dos produtos, obtidos, em
função das metas prioritárias estabelecidas no Plano de Assistência Social e consolidado
em um Plano de Ação Anual; e
• a valiar a aplicação dos recursos em cada esfera de governo, em cada exercício anual,
sendo elaborada pelos gestores e submetidos aos Conselhos de Assistência Social.

O Relatório de Gestão destina-se a sintetizar e divulgar informações sobre os resultados


obtidos e sobre a probidade dos gestores do SUAS às instâncias formais do SUAS, ao Poder
Legislativo, ao Ministério Público e à sociedade como um todo.
Sua elaboração compete ao respectivo gestor do SUAS, mas deve ser, obrigatoriamente,
referendada pelos respectivos conselhos.

Parabéns!
Você finalizou a Unidade 6 deste módulo.
Alguma dúvida? Releia a Unidade.

Agora é hora de seguir aprendendo!

302
MÓDULO 4 UNIDADE 7

Unidade 7 – Controle Social, Participação, Instâncias de


Deliberação e Pactuação
Nesta Unidade, você vai estudar e construir conhecimentos sobre o papel das instâncias de
controle social, articulação, pactuação e deliberação, no âmbito da Assistência Social, e a
diretriz do incentivo à participação popular, pautada no ideal democrático.

Comece o seu estudo, lendo esta informação:

A Assistência Social no Brasil é baseada em informações e conceitos que foram


construídos e conquistados ao longo de quase duas décadas, em espaços institucionais
que criam, debatem, aplicam e monitoram políticas e programas. É o caso da instância
em que é feita a pactuação e a negociação sobre os rumos da política.

INSTÂNCIAS DE DELIBERAÇÃO E PACTUAÇÃO


Depois dessa reflexão inicial, é hora de se aprofundar, passo a passo, em seu estudo.
Primeiro – você deve entender bem o que é instância de deliberação e pactuação.

Instância, como está sendo tratado aqui, é o mesmo que foro, o mesmo que espaço para
discussão de algum tema.

No âmbito do SUAS, a CIT e as CIBs são os espaços de articulação entre os gestores, objetivando
viabilizar a Política de Assistência Social. Caracterizam-se como instâncias de negociação
e pactuação, quanto aos aspectos operacionais da gestão do Sistema Descentralizado e
Participativo da Assistência Social. As denominadas Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
e Comissão Intergestores Bipartite (CIB) têm caráter deliberativo, no âmbito operacional na
gestão da política.

Fique de olho nesta diferença de instâncias de deliberação


e pactuação.

Comissão Intergestores Tripartite (CIT)


A CIT é constituída pelas três instâncias gestoras do sistema:
• a União – representada pela então Secretaria Nacional de
Assistência Social (SNAS);
• os estados – representados pelo FONSEAS; e
• os municípios – representados pelo CONGEMAS.

Comissão Intergestores Bipartite (CIBs)


As CIBs são espaços de interlocução de gestores, constituídos por representantes do Estado
e dos municípios.

303
MÓDULO 4 UNIDADE 7

Conheça outros espaços importantes instâncias de deliberação e pactuação

Fórum Nacional de Secretários Estaduais da Assistência Social (FONSEAS)


O Fórum Nacional de Secretários de Assistência Social é formado pelos gestores estaduais
da área e representa um importante mecanismo na gestão colegiada da Política Nacional de
Assistência Social. É um órgão consultivo.

Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (CONGEMAS)


É uma associação civil que representa os municípios brasileiros junto ao Governo Federal,
Na relação direta especialmente junto ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, e aos
do governo com governos estaduais, para fortalecer a representação municipal, nos Conselhos, Comissões e
a sociedade civil, Colegiados, em todo o território nacional.
existem os Conselhos
de Assistência Social
em todas as esferas
Para saber mais...
de governo: federal, Todas estas Instâncias participam ativamente na concepção, nos debates e nas deliberações
estadual, municipal e de todas as questões ligadas à Assistência Social, como: a Política Nacional para o setor,
do Distrito Federal.
aprovada em 2004; as novas regras, que organizam o Sistema Único e a expansão das metas
para estados, Distrito Federal e municípios.

O controle social é um instrumento de gestão democrática direta que tem como objetivos:
• o monitoramento, a fiscalização e a avaliação sobre a política de Assistência Social; e
• o
fomento à participação da sociedade civil na formação da agenda governamental, o que
favorece o diálogo entre os governos e a população, assegurando visibilidade às demandas
da sociedade civil nos espaços do governo.

O controle social como instrumento de gestão democrática pressupõe certas condições


de existência.

Conheça-as agora.
• A descentralização – privilegiando a esfera municipal.
• A
participação – incentivando a participação da sociedade civil nos Conselhos e
Conferências da área.
• A
elaboração dos Planos de Assistência Social em cada esfera governamental – definindo
objetivos, metas, ações e recursos.
• U
m comando único – identificado por um núcleo coordenador da política de Assistência
Social, em cada uma das instâncias de governo.
• A
cooperação – o desenvolvimento das ações contempla a participação complementar da
sociedade civil.
• A profissionalização – possui profissionais tecnicamente qualificados.
• A
fiscalização e avaliação – pois a gestão democrática preocupa-se com as mudanças
provocadas na vida dos usuários da política.

304
MÓDULO 4 UNIDADE 7

Fique atento!
O espaço do controle social é seu, do usuário da Assistência Social e
das organizações da rede socioassistencial!
Participe e fomente a participação nos conselhos de assistência em
todas as esferas (nacional, estaduais e municipais)!

Conheça mais sobre este espaço de articulação entre os gestores

INSTÂNCIAS DE ARTICULAÇÃO
As instâncias de articulação são espaços de participação aberta, no nível federal, estadual,
do Distrito Federal e municipal, constituídos por organizações governamentais e não
governamentais com a finalidade de articular conselhos; união de conselhos; fóruns
estaduais, regionais ou municipais e associações comunitárias. São exemplos: o CONGEMAS
– Colegiado de Gestores Municipais de Assistência Social e o FONSEAS – Fórum Nacional
de Secretários de Estados de Assistência Social e os Fóruns de Assistência Social.

Os princípios democráticos da Constituição Federal criaram canais de participação e de


controle social pela população usuária e demais segmentos da sociedade civil organizada.

Pare e pense
O processo de descentralização político-administrativo do Sistema de Proteção Social
estabeleceu canais de cooperação mútua dos setores públicos e privados, na provisão de bens
e serviços e na partilha de decisões e controle social.

Com isto...
O processo de descentralização e municipalização de gestão da Assistência Social deve ser
considerado mais que um ato administrativo e de transferência de recursos.
Requer, também, uma efetiva cooperação dos setores públicos, privados e dos setores
identificados com as demandas populares, em novos espaços políticos de participação.

Fechando esta idéia


Os mecanismos descentralizados de gestão visam instrumentalizar a participação popular e
viabilizar o acesso às transferências de recursos federais.

Um desafio para os gestores municipais e estaduais.


O reordenamento da Assistência Social, no âmbito do Sistema Único de Assistência
Social, coloca desafios para os gestores municipais e estaduais. Busca fortalecer as
instâncias de base territorial e de serviços mais próximo ao cidadão, com a intenção
de promover uma nova cultura política de protagonismo dos gestores públicos,
trabalhadores e usuários comprometidos com a implantação do novo sistema de gestão
da Assistência Social.

305
MÓDULO 4 UNIDADE 7

Saiba um pouco mais ...


Conheça as principais finalidades do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de
Assistência Social (CONGEMAS):
• Defender a Assistência Social como Política de Seguridade.
• A
ssegurar uma rede de serviços municipais adequada às características regionais e locais,
por meio de um processo que garanta recursos financeiros das três esferas de governo aos
municípios.
• P
articipar da formulação da Política Nacional de Assistência Social; coletar, produzir e
divulgar informações relativas à área de Assistência Social.
• P
romover e incentivar a formação do Gestor Municipal, a fim de que ele passe a contribuir,
decisivamente, na consolidação da Assistência Social enquanto Política Pública.

Leia agora com atenção o objetivo do Fórum Nacional de Secretários de Assistência


Social (FONSEAS):
• Fortalecer a participação dos estados na definição da política de Assistência Social
brasileira.

A articulação dos secretários estaduais das diferentes regiões do país se dá de forma


integrada com os governos federal e municipais, com foco na consolidação das políticas
públicas na área.

Conheça, agora, os espaços considerados fundamentais para a democratização da política


de Assistência Social.

OS CONSELHOS E AS CONFERÊNCIAS
Os conselhos e as conferências constituem espaços privilegiados de efetivação do controle
social, no planejamento e avaliação de políticas públicas, fundamentais para a democratização
da Política de Assistência Social.

Uma nota
A participação dos usuários, nos conselhos e nos fóruns de Assistência Social, coloca-
se como um desafio que necessita ser superado, rompendo, finalmente, com a concepção
conservadora e tutelada acerca da população usuária da Assistência Social.

Mas como romper com essa situação?


Com um vasto processo de sensibilização política desta população usuária, garantindo
mecanismos reais de participação.

306
MÓDULO 4 UNIDADE 7

Você sabia?
Que com o Sistema Único de Assistência Social, tornam-se necessários novos espaços e
estratégias de participação nos territórios de vulnerabilidade social?

É preciso pensar, por exemplo, em mecanismos de participação nos Centros de Referência


de Assistência Social – CRAS, onde a população é atendida em conjunto com as entidades
assistenciais, lideranças locais, técnicos e gestores. E, assim, discutir a qualidade dos serviços
prestados, os problemas locais e construir, coletivamente, alternativa de enfrentamento.

Fique de olho
A criação de fóruns de discussão, debates e audiências públicas constitui
diferentes mecanismos de participação política e de controle social em
conjunto com os Conselhos de Assistência Social.

Novas possibilidades de intervenção popular nos equipamentos públicos de


proteção social
As comissões de bairro, os conselhos de gestão dos serviços e programas, os núcleos
comunitários e grupos de cidadania constituem espaços mais flexíveis e menos formalizados
de participação coletiva de usuários. Dessa forma, devem ser vistos como novas possibilidades
de intervenção popular, nos equipamentos públicos de proteção social.
O Sistema Único de Assistência Social coloca os conselhos e as conferências em um novo
patamar, ao valorizar:
• a participação popular na definição de necessidades e prioridades;
• as alianças entre a sociedade civil; e
• a representação governamental para a construção de pautas e propostas.

Portanto, o acompanhamento da implantação do SUAS exige maior capacidade técnica, ética


e política dos conselheiros da Assistência Social.

Você já conhece as principais instâncias e outros espaços de participação popular. É hora


de estudar o papel dos conselhos de Assistência Social.

O PAPEL DOS CONSELHOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Conheça os atributos dos Conselhos de Assistência Social, instância privilegiada na Política


Nacional de Assistência Social (2004): 1
DEGENSZAJN,
• zelar pelos padrões de qualidade dos serviços socioassistenciais; Raquel Raichelis
et alli. SUAS:
• definir nova interlocução pública com a rede de entidades de Assistência Social; Configurando os
• fiscalizar recursos e execução orçamentária; e eixos da mudança.
Brasília, 2007.
• g arantir a participação da sociedade civil organizada na formulação e na revisão das (Caderno SUAS nº 2),
regras que conduzem as negociações e a arbitragem dos interesses em jogo, além de MDS/SNAS/IEE.
1
acompanhamento da implementação daquelas decisões, segundo critérios pactuados .
307
MÓDULO 4 UNIDADE 7

COMISSÕES INTERGESTORES: BIPARTITE E TRIPARTITE


Conheça agora...

As Instâncias de pactuação
Relembrando...
As instâncias de pactuação, no sistema descentralizado e participativo da gestão da
Assistência Social, são:
• as Comissões Intergestores Bipartite (CIBs), organizadas em âmbito estadual; e
• a Comissão Intergestores Tripartite (CIT), organizadas em âmbito federal.

Claro que sei, são as


negociações estabelecidas
Você sabe o que significa
em concordância com as esferas
pactuação na gestão da
de governo, envolvidas na
Assistência Social?
operacionalização da
política.

Para ficar mais claro para você, acompanhe o texto


Para existir a pactuação é necessário que todos os entes envolvidos estejam, em primeiro
lugar, em comum acordo, para que, num segundo momento, a pactuação seja formalizada
publicamente. Depois será submetida às instâncias de deliberação: os Conselhos Nacional,
Estaduais, do Distrito Federal, Municipais e as Conferências de Assistência Social.
As negociações e pactuações realizadas na Comissão Intergestores Tripartite (CIT), devem
ser amplamente divulgadas na rede de informação da gestão da Assistência Social. O Gestor
as encaminha para avaliação e aprovação dos respectivos conselhos de Assistência Social.

O próximo assunto é...

Comissões Intergestores Bipartite – CIBs


Têm como finalidade assegurar a negociação e o acordo entre os gestores envolvidos, efetivando
a descentralização da política pública de Assistência Social e o comando único em cada esfera
de governo, desde que não desrespeitem as atribuições específicas dos conselhos.

308
MÓDULO 4 UNIDADE 7

As Comissões Intergestores Bipartite (CIB) são espaços de interlocução de gestores


constituídos por representantes do Estado e dos municípios.
Os membros das CIBs devem levar em consideração os interesses e necessidades da Política
de Assistência Social de um conjunto de municípios ou de todos os municípios. Nestas
instâncias de pactuação cabe ao gestor ajustar e qualificar procedimentos de gestão, com a
finalidade de ofertar serviços de qualidade ao usuário.

Finalidade da Comissão Intergestores Tripartite (CIT)


Sua finalidade é estabelecer negociação e pactuação nos procedimentos operacionais da
gestão do Sistema Descentralizado e Participativo da Assistência Social. O conjunto de
O regimento interno da CIT deverá obedecer à minuta-padrão aprovada pelo Conselho normas das CIBs
deve obedecer ao
Nacional de Assistência Social (CNAS).
padrão acordado
pela Comissão
Conheça a Composição da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) de acordo com a Intergestores
Política Nacional de Assistência Social PNAS/2004: Tripartite (CIT) e
aprovado pelo
• Três representantes dos estados indicados pelo gestor estadual de Assistência Social; Conselho Nacional
de Assistência Social.
• S eis gestores municipais indicados pelo Colegiado Estadual de Gestores Municipais de As pactuações das
Assistência Social, observando o nível de gestão do SUAS, a representação regional e CIBs devem ser de
porte dos municípios, de acordo com o estabelecido pela Política Nacional de Assistência conhecimento dos
Social (2004), sendo: Conselhos Estaduais
de Assistência Social,
-- 02 (dois) representantes dos municípios de pequeno porte I; instância responsável
por aprovar as
-- 01 (um) representante dos municípios de pequeno porte II;
negociações das
-- 01 (um) representante de municípios de médio porte; CIBs.

-- 01 (um) representante de municípios de grande porte; As pactuações


das CIBs devem
-- 01 (um) representante da capital.
ser, também,
Os representantes titulares e suplentes deverão ser de regiões diferentes, de forma a contemplar encaminhadas para
as diversas regiões do Estado. É importante observar, na substituição ou renovação da o conhecimento
representação municipal, a rotatividade entre as regiões. Esta nova composição da CIB será dos Conselhos
Municipais, da
adotada a partir do tamanho do Estado, distâncias internas, porte de municípios e número CIT e do Conselho
de municípios no Estado. Nacional de
Assistência Social.
Conheça as competências da CIB, de acordo com a Política Nacional de Assistência
Social PNAS/2004

• Pactuar:
-- a organização do Sistema Estadual de Assistência Social proposto pelo órgão gestor
estadual, definindo estratégias para implementar e operacionalizar a oferta da
proteção social básica e especial, no âmbito do SUAS e na sua esfera de governo;
-- as medidas para aperfeiçoamento da organização e do funcionamento do SUAS, no
âmbito regional;

309
MÓDULO 4 UNIDADE 7

-- a habilitação/partilha de recursos estaduais e federais destinados ao co-financiamento


das ações e serviços socioassistenciais, sendo os últimos com base nos critérios
pactuados na CIT e aprovados no CNAS;
-- s critérios, estratégias e procedimentos de repasse de recursos estaduais para o co-
o
financiamento das ações e serviços socioassistenciais para os municípios; e
-- consórcios públicos e o fluxo de atendimento dos usuários.

• E
stabelecer acordos acerca de encaminhamentos de questões operacionais relativas à
implantação dos serviços, programas, projetos e benefícios que compõem o SUAS.
• A
tuar como fórum de pactuação de instrumentos, parâmetros, mecanismos de
implementação e regulamentação complementar à legislação vigente, nos aspectos
comuns à atuação das duas esferas de governo.
• A
valiar o cumprimento dos requisitos relativos às condições de gestão municipal, para
fins de habilitação e desabilitação.
• H
abilitar e desabilitar, a qualquer tempo, os municípios para as condições de gestão
estabelecidas na legislação em vigor.
• R
enovar a habilitação de acordo com a periodicidade estabelecida em regimento
interno.
• Estabelecer:
-- i nterlocução permanente com a CIT e com as demais CIB para aperfeiçoamento do
processo de descentralização, implantação e implementação do SUAS; e
-- a cordos relacionados aos serviços, programas, projetos e benefícios a serem
implantados pelo Estado e municípios enquanto rede de proteção social integrante
do SUAS no Estado.
• Observar em suas pactuações as orientações emanadas da CIT.
• Publicar:
-- seu regimento interno; e
-- a s pactuações no Diário Oficial do Estado; enviar cópia à Secretaria Técnica da CIT
e divulgá-la amplamente.
• S
ubmeter à aprovação do Conselho Estadual de Assistência Social as matérias de sua
competência.
• A
valiar o cumprimento dos pactos de aprimoramento da gestão, de resultados e seus
impactos.

Agora, visualize a Composição da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) de acordo


com a Política Nacional de Assistência Social PNAS/2004:
• 5 (cinco) membros representando a União, indicados pelo Ministério de Desenvolvimento
Social e Combate à Fome e seus respectivos suplentes e
• 5 (cinco) membros representando os municípios, indicados pelo Colegiado Nacional de
Gestores Municipais de Assistência Social (CONGEMAS) e seus respectivos suplentes.

310
MÓDULO 4 UNIDADE 7

Conheça as competências da CIT de acordo com a Política Nacional de Assistência


Social PNAS/2004
• Pactuar:

-- e stratégias para implantação e operacionalização do Sistema Único da Assistência
Social; e
-- s critérios e procedimentos de transferência de recursos para o co-financiamento
o
de ações e serviços da Assistência Social para os estados, Distrito Federal e
municípios.
• E
stabelecer acordos acerca de encaminhamentos de questões operacionais relativas à
implantação dos serviços, programas, projetos e benefícios que compõem o SUAS;
• Atuar:
-- c omo fórum de pactuação de instrumentos, parâmetros, mecanismos de
implementação e regulamentação do SUAS; e
-- c omo instância de recurso de municípios, no que se refere à habilitação, alteração
de gestão, renovação de habilitação e avaliação da gestão, quando não tenha havido
decisão consensual nas Comissões Intergestores Bipartite.
• M
anter contato permanente com as Comissões Intergestores Bipartite (CIB), para a troca
de informações sobre o processo de descentralização.
• P
romover a articulação entre as três esferas de governo, de forma a otimizar a
operacionalização das ações e garantir e direção única em cada esfera.
• A
valiar o cumprimento dos requisitos relativos às condições de gestão estadual e do Dis-
trito Federal.
• Elaborar e publicar seu regimento interno.
• Publicar e divulgar suas pactuações.
• Submeter as pactuações ao CNAS para apreciação e ou aprovação.

O Conselho Nacional de Assistência Social, os Conselhos Estaduais de Assistência


Social, o Conselho de Assistência do Distrito Federal, os Conselhos Municipais de
Assistência Social e as Conferências de Assistência Social constituem instâncias
deliberativas do Sistema Descentralizado e Participativo da Assistência Social.

Instâncias de Deliberação
São atribuições do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS):
• Atuar:
-- como instância de recurso dos Conselhos de Assistência Social; e
-- como instância de recurso das Comissões Intergestores Tripartite.
• Deliberar:
-- sobre as regulações complementares a esta Norma; e
-- sobre as pactuações da CIT.
311
MÓDULO 4 UNIDADE 7

São atribuições do Conselho Estadual de Assistência Social (CEAS)


• Elaborar
e publicar seu Regimento Interno.
• Aprovar:
-- a Política Estadual de Assistência Social, elaborada em consonância com a Política
Nacional de Assistência Social na perspectiva do SUAS, e as diretrizes estabelecidas
pelas Conferências de Assistência Social;
-- o Plano Estadual de Assistência Social e suas adequações;
-- Plano Integrado de Capacitação de Recursos Humanos para a área da Assistência
o
Social;
-- a proposta orçamentária dos recursos destinados às ações finalísticas de Assistência
Social, alocados ao Fundo Estadual de Assistência Social;
-- s critérios de partilha e de transferência de recursos estaduais destinados aos
o
municípios;
-- plano de aplicação do Fundo Estadual de Assistência Social e acompanhar a
o
execução orçamentária e financeira anual dos recursos; e
-- o Relatório do Pacto de Gestão.
• Acompanhar e controlar e execução da Política Estadual de Assistência Social.
• Atuar:
-- como instância de recurso da Comissão Intergestores Bipartite; e
-- c omo instância de recurso que pode ser acionada pelos Conselhos Municipais de
Assistência Social.
• Zelar pela efetivação do SUAS.
• R
egular a prestação de serviços de natureza pública e privada no campo da Assistência
Social, no seu âmbito, considerando as normas gerais do CNAS, as diretrizes da Política
Nacional de Assistência Social, as proposições da Conferência Estadual de Assistência
Social e os padrões de qualidade para a prestação dos serviços.
• P
ropor ao CNAS cancelamento de registro das entidades e organizações de Assistência
Social que incorrem em descumprimento dos princípios previstos no art. 4º da LOAS e
em irregularidades na aplicação dos recursos que lhes forem repassados pelos poderes
públicos.
• A
ssessorar os Conselhos Municipais de Assistência Social na Aplicação de normas e
resoluções fixadas pelo CNAS.

312
MÓDULO 4 UNIDADE 7

São atribuições do Conselho de Assistência Social do Distrito Federal (CAS/DF)


• Elaborar e publicar seu Regimento Interno.
• Aprovar:
-- a Política de Assistência Social do Distrito Federal, elaborada em consonância com
a Política Nacional de Assistência Social, na perspectiva do SUAS, e as diretrizes
estabelecidas pelas Conferências de Assistência Social;
-- o Plano de Assistência Social do Distrito Federal e suas adequações;
-- Plano Integrado de Capacitação de Recursos Humanos para a área da Assistência
o
Social;
-- a proposta orçamentária dos recursos destinados às ações finalísticas de Assistência
Social, alocados ao Fundo de Assistência Social do Distrito Federal;
-- os critérios de partilha de recursos;
-- plano de aplicação do Fundo de Assistência Social do Distrito Federal e acompanhar
o
a execução orçamentária e financeira anual dos recursos; e
-- o Relatório do Pacto de Gestão.
• Acompanhar e controlar e execução da Política de Assistência Social do Distrito Federal.
• Zelar pela efetivação do SUAS.
• R
egular a prestação de serviços de natureza pública e privada no campo da Assistência
Social, no seu âmbito, considerando as normas gerais do CNAS, as diretrizes da Política
Nacional de Assistência Social, as proposições da Conferência de Assistência Social do
Distrito Federal e os padrões de qualidade para a prestação dos serviços.
• P
ropor ao CNAS cancelamento de registro das entidades e organizações de Assistência
Social que incorrem em descumprimento dos princípios previstos no art. 4º da LOAS e
em irregularidades na aplicação dos recursos que lhes forem repassados pelos poderes
públicos.

São atribuições do Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS)

• Elaborar e publicar seu Regimento Interno.


• Aprovar:
-- a Política Municipal de Assistência Social, elaborada em consonância com a Política
Nacional de Assistência Social na perspectiva do SUAS, e as diretrizes estabelecidas
pelas Conferências de Assistência Social;
-- o Plano Municipal de Assistência Social e suas adequações;
-- plano de aplicação do Fundo Municipal de Assistência Social e acompanhar a
execução orçamentária e financeira anual dos recursos;
-- a proposta orçamentária dos recursos destinados às ações finalísticas de Assistência
Social, alocados ao Fundo Municipal de Assistência Social; e
-- o Relatório do Pacto de gestão.
313
MÓDULO 4 UNIDADE 7


• Acompanhar e controlar e execução da Política Municipal de Assistência Social.
• Zelar pela efetivação do SUAS.
• R
egular a prestação de serviços de natureza pública e privada, no campo da Assistência
Social, no seu âmbito, considerando as normas gerais do CNAS, as diretrizes da Política
Nacional de Assistência Social, as proposições da Conferência Municipal de Assistência
Social e os padrões de qualidade para a prestação dos serviços.
• P
ropor ao CNAS cancelamento de registro das entidades e organizações de Assistência
Social, que incorrem em descumprimento dos princípios previstos no art. 4º da LOAS
e em irregularidades na aplicação dos recursos que lhes forem repassados pelos poderes
públicos.
• A
companhar o alcance dos resultados dos pactos estabelecidos com a rede prestadora de
serviços da Assistência Social.
• Inscrever e fiscalizar as entidades e organizações de âmbito municipal.

Parabéns! Mais uma etapa vencida!

Atenção!
Só passe adiante em seu estudos se estiver seguro/a do que aprendeu aqui. Ainda há tempo
para uma releitura apurada, antes de prosseguir seus estudos.

É hora de seguir aprendendo!

314
MÓDULO 4 UNIDADE 8

Unidade 8 – Gestão do Trabalho no Âmbito da Assistêcnia Social

Você está começando a oitava e última Unidade do Módulo 4.

Nesta Unidade você vai conhecer as diretrizes da gestão do


trabalho na Assistência Social.

Ao longo da Unidade, você aprofundará conhecimentos sobre:


• a política de recursos humanos;
• o
s princípios éticos que direcionam a ação dos trabalhado-
res da Assistência Social;
• a composição das equipes de referência, a capacitação, o ca-
dastro nacional dos trabalhadores do SUAS;
• d
entre outros aspectos, com base no que dispõe a NOB-
RH/SUAS.

Como primeira informação, fique sabendo:

A Política da Assistência Social na perspectiva do SUAS baseia-se na garantia de direitos


sociais, defesa da justiça social e de compromisso profissional, na qualidade dos serviços
prestados à população.

Para alcançar esses ideais é fundamental:

A constituição de um corpo técnico funcional específico, no âmbito da Assistência Social,


e a qualificação profissional para efetivar um trabalho técnico-político que rompa com a
subalternidade histórica marcante na área da Assistência Social brasileira.

POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS – EIXO ESTRUTURANTE DO SUAS

A política de recursos humanos, de descentralização, de financiamento e de controle


social constitui eixo estruturante do Sistema Nacional de Assistência Social.

O novo sistema de gestão nacional representa um momento de mudança.

Desdobrando essa idéia


O novo sistema de gestão nacional representa um momento de mudança e de anulação do
paradigma conservador da área de atuação do profissional da Assistência Social.

A implantação do SUAS requer atenção aos novos procedimentos.


Atenção aos novos procedimentos técnico-operativos na direção da profissionalização e da
capacitação dos quadros da Assistência Social da rede estatal e da rede público-privada.

315
MÓDULO 4 UNIDADE 8

Assistência Social – campo de ação interdisciplinar

Os quadros da Assistência Social são constituídos por profissionais de diferentes áreas de


formação:
• Gestores.
• Servidores Públicos.
• Trabalhadores de entidades e organizações sem fins lucrativos.
• Conselheiros.
• Lideranças e participantes de movimentos sociais e comunitários.

Uma política de pessoal bem equacionada deve definir a equipe profissional básica
para serviços e programas.

Uma política de pessoal bem equacionada deve definir:


• a equipe profissional de referência para serviços e programas;
• natureza e número de profissionais adequados;
• plano de carreira, cargos e salários;
• condições de trabalho necessárias a uma atuação qualificada; e
• u
m sistema de capacitação continuada, envolvendo, também, as organizações da
sociedade civil e os conselhos gestores.

Desafio na construção da identidade do trabalhador da Assistência Social


O que está em A proposta de regulamentação de política de gestão do trabalho está disposta na NOB-
jogo, na construção RH/SUAS, aprovada pelo CNAS por meio da Resolução nº 269, de 13 de dezembro de
da identidade do 2006.
trabalhador da
Assistência Social,
Tal proposta consolida os principais eixos a serem considerados para a gestão do trabalho, na
é o desafio de
consolidar o perfil área da Assistência Social.
técnico voltado
para o interesse Confira os principais eixos:
público de garantia
dos direitos sociais • Princípios e Diretrizes Nacionais para a gestão do trabalho, no âmbito do SUAS.
e compromisso • Princípios Éticos para os Trabalhadores da Assistência Social.
com as relações
democráticas, • Equipes de Referência.
na concepção e
implementação da
• Diretrizes para a Política Nacional de Capacitação.
política de proteção • Diretrizes Nacionais para os Planos de Carreira, Cargos e Salários.
social.
• Diretrizes para Entidades e Organizações de Assistência Social.

316
MÓDULO 4 UNIDADE 8

• Diretrizes para o co-financiamento da gestão do trabalho.


• R
esponsabilidades e Atribuições do Gestor Federal, dos Gestores Estaduais, do Gestor
do Distrito Federal, dos Gestores Municipais para a Gestão do Trabalho, no âmbito do
SUAS.
• Organização do Cadastro Nacional de Trabalhadores do SUAS – Módulo CADSUAS.
• Controle Social da Gestão do Trabalho, no âmbito do SUAS.
• Regras de Transição.

Fique atento para esta informação.


O principal recurso do qual a Assistência Social dispõe para a
prestação dos serviços socioassistenciais consiste no recurso
humano, nas pessoas que trabalham na área.

Isto significa que...


Há uma relação direta entre a qualidade dos serviços prestados e
a qualificação dos recursos humanos que operam tais serviços.

Qualidade dos serviços prestados Qualificação dos recursos humanos

A NOB-RH/SUAS propõe a construção de uma Política Nacional de Capacitação dos


trabalhadores públicos e da rede prestadora de serviços, gestores e conselheiros da área, de
forma sistemática, continuada, sustentável, participativa, nacionalizada e descentralizada,
respeitadas as diversidades regionais e locais e fundamentada na concepção da educação
permanente.

Fique de olho
A criação de um Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) é uma
questão prioritária a ser considerada.

Isto é importante

A contextualização e o papel da rede socioassistencial privada também se apresentam


como de suma importância, já que grande parte dos trabalhadores da área encontra-se
nas entidades e organizações de Assistência Social.

317
MÓDULO 4 UNIDADE 8

Qual a finalidade primordial dos princípios e diretrizes, contidos na NOB-RH/SUAS?

Estabelecer parâmetros gerais para a gestão do trabalho a ser implementada na área da


Assistência Social, englobando:
• todos os trabalhadores do SUAS; e
• ó
rgãos gestores e executores de ações, serviços, programas, projetos e benefícios da
Assistência Social, inclusive quando se tratar de consórcios públicos, entidades e
organizações da Assistência Social.

Alguns princípios e diretrizes nacionais para a gestão do trabalho, no âmbito do SUAS:


caráter público da prestação dos serviços socioassistenciais, fazendo-se necessária a
• O
existência de servidores públicos responsáveis por sua execução.
• A
importância do preenchimento de cargos, que devem ser criados por lei, para suprir as
necessidades dos serviços. O preenchimento será por meio de nomeação dos aprovados
em concursos públicos, conforme as atribuições e competências de cada esfera de
governo. Devem estar compatibilizadas com seus respectivos Planos de Assistência
Social (Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais), a partir de parâmetros
que garantam a qualidade da execução dos serviços.
gestão do trabalho no SUAS deve estar fundada nos princípios da educação perma-
• A
nente que promova a qualificação de trabalhadores, gestores e conselheiros da área, de
forma sistemática, continuada, sustentável, participativa, nacionalizada e descentraliza-
da. Deve possibilitar a supervisão integrada, visando ao aperfeiçoamento da prestação
dos serviços socioassistenciais.
• A gestão do trabalho, no âmbito do SUAS, deve:
-- g arantir a “desprecarização” dos vínculos dos trabalhadores do SUAS e o fim da
terceirização;
-- garantir a educação permanente dos trabalhadores;
-- realizar planejamento estratégico;
-- garantir a gestão participativa com controle social; e
-- integrar e alimentar o sistema de informação.

Princípios éticos para os trabalhadores da Assistência Social


Deverão ser considerados ao se elaborar, implantar e implementar padrões, rotinas e
protocolos específicos para normatizar e regulamentar a atuação profissional por tipo de
serviço socioassistencial.
São princípios éticos que orientam a intervenção dos profissionais da área de Assistência
Social:
• defesa intransigente dos direitos socioassistenciais;
• c ompromisso em ofertar serviços, programas, projetos e benefícios de qualidade
que garantam a oportunidade de convívio para o fortalecimento de laços familiares e
sociais;

318
MÓDULO 4 UNIDADE 8

• p
romoção aos usuários do acesso à informação, garantindo conhecer o nome e a
credencial de quem os atende;
• p
roteção à privacidade dos usuários, observado o sigilo profissional, preservando sua
privacidade e opção e resgatando sua história de vida;
• c ompromisso em garantir atenção profissional direcionada para construção de projetos
pessoais e sociais para autonomia e sustentabilidade;
• r econhecimento do direito dos usuários a ter acesso a benefícios e renda, e a programas
de oportunidades para inserção profissional e social;
• i ncentivo aos usuários para que estes exerçam seu direito de participar de fóruns,
conselhos, movimentos sociais e cooperativas populares de produção;
• g arantia do acesso da população à política de Assistência Social, sem discriminação de
qualquer natureza (gênero, raça/etnia, credo, orientação sexual, classe social, ou outras),
resguardados os critérios de elegibilidade dos diferentes programas, projetos, serviços e
benefícios;
• d
evolução das informações colhidas nos estudos e pesquisas aos usuários, no sentido de
que estes possam usá-las para o fortalecimento de seus interesses; e
• c ontribuição para a criação de mecanismos que venham desburocratizar a relação com
os usuários, no sentido de agilizar e melhorar os serviços prestados.

O assunto não terminou. Continue seu estudo sobre princípios ou parâmetros para a
gestão do trabalho, no âmbito do SUAS.

• Equipes de referência
Constituídas por servidores efetivos, responsáveis pela organização e oferta de serviços,
programas, projetos e benefícios de proteção social básica e especial, levando-se em
consideração:
-- o número de famílias e indivíduos referenciados;
-- o tipo de atendimento; e
-- as aquisições que devem ser garantidas aos usuários.

• Equipes para a Proteção Social Básica


O que estabelece a NOB-RH/SUAS? Qual a sua composição?
A NOB-RH/SUAS estabelece a composição das equipes dos Centros de Referência da
Assistência Social – CRAS para a prestação de serviços e execução das ações no âmbito da
Proteção Social Básica, nos municípios de Pequeno Porte I, Pequeno Porte II Médio, Grande,
Metrópole e DF.

319
MÓDULO 4 UNIDADE 8

A NOB-RH/SUAS ainda ressalta:


As equipes de referência para os Centros de Referência da Assistência Social – CRAS – devem
contar sempre com um coordenador.
Perfil profissional do coordenador, independentemente, do porte do Município:
-- S er um técnico de nível superior, concursado, com experiência em trabalhos comunitários
e gestão de programas, projetos, serviços e benefícios socioassistenciais.

• Equipes para a Proteção Social Especial

Para a Proteção Social Especial, a NOB-RH/SUAS estabelece equipes de referência para a


prestação de serviços e execução das ações, no âmbito da Proteção Social Especial de Média
e Alta Complexidade.

E para os serviços de alta complexidade?

A NOB-RH/SUAS estabelece equipes de referências para atendimento direto e atendimento


psicossocial.

Consulte o quadro

Modalidades de
Atendimento direto Atendimento direto – em
pequenos grupos em
abrigo institucional, casa-
Equipes vinculadas ou não lar ou casa de passagem e
ao órgão gestor atendimento.

Família acolhedora,
Atendimento psicossocial
repúblicas e instituições de
longa permanência para
idosos (ILPI’s).

Para a adequada gestão do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, em cada esfera de
governo, é fundamental a garantia de um quadro de referência de profissionais designados
para o exercício das funções essenciais de gestão e, neste sentido, a NOB-RH/SUAS sugere
um Quadro de Referência das Funções Essenciais da Gestão nos níveis federal, municipal,
estadual e do Distrito Federal.

320
MÓDULO 4 UNIDADE 8

A referida norma operacional ressalta a composição das equipes de referência dos Estados
para apoio a Municípios com presença de povos e comunidades tradicionais (indígenas, qui-
lombolas, seringueiros etc.). Deve contar com profissionais com a seguinte qualificação:
• c urso superior, em nível de graduação, concluído em ciências sociais com habilitação em
antropologia; ou
• g raduação concluída em qualquer formação, acompanhada de especialização, mestrado
e/ou doutorado em antropologia.

Conheça, agora, as Diretrizes para a Política Nacional de Capacitação

Diretrizes para a Política Nacional de Capacitação

As diretrizes neste campo são direcionadas para garantir as iniciativas de qualificação


dos recursos humanos, no âmbito do SUAS, destinando-se a todos os atores da área
da Assistência Social – gestores, trabalhadores, técnicos e administrativos, dos setores
governamentais e não governamentais integrantes da rede socioassistencial e conselheiros.

Conheça alguns aspectos abordados na NOB-RH/SUAS

• A
s responsabilidades pelo financiamento da Política Nacional de Capacitação nas esferas
federal e estadual de governo.
• A
garantia de mecanismos de participação dos técnicos nas capacitações sem prejuízo
dos recebimentos.
• O
direcionamento das capacitações para o desenvolvimento de habilidades e capacidades
técnicas e gerenciais, ao efetivo exercício do controle social e ao empoderamento dos
usuários para o aprimoramento da política pública.
• O caráter permanente das capacitações.

O assunto agora lhe interessa muito!

DIRETRIZES NACIONAIS PARA OS PLANOS DE CARREIRA, CARGOS E SALÁRIOS –


PCCS

Os Planos de Carreira, Cargos e Salários – PCCS deverão ser instituídos, em cada esfera de
governo, para os trabalhadores do SUAS, da administração direta e indireta, baseados nos
princípios definidos nacionalmente:
• Universalidade.
• Equivalência dos cargos ou empregos.
• Concurso público como forma de acesso à carreira.
• Mobilidade do trabalhador.
• Adequação funcional.
• Gestão partilhada das carreiras.
• Planos de Carreira, Cargos e Salários – PCCS como instrumento de gestão.

321
MÓDULO 4 UNIDADE 8

• Educação continuada.
• Compromisso solidário.

A NOB-RH/SUAS define, ainda, nove diretrizes para os PCCS. São elas:


• Abrangência dos trabalhadores que participam dos processos de trabalho do SUAS.
• Isonomia em cada uma das esferas de governo.
• Criação das Programações Pactuadas Integradas – PPI sobre a gestão do trabalho.
• Evolução do servidor na carreira.
• Isonomia entre os trabalhadores públicos e privados do SUAS.
• Aperfeiçoamento, qualificação e formação profissional.
• Mecanismos de estímulo aos trabalhadores.
• Critérios para a previsão, o preenchimento e o exercício de algumas funções.

AS DIRETRIZES ESTABELECIDAS PARA AS ENTIDADES E ORGANIZAÇÕES DE


ASSISTÊNCIA SOCIAL

Você conhece as diretrizes estabelecidas para as entidades e organizações de Assistência


Social?

Fique atento!

Para estas entidades, a NOB-RH/SUAS define cinco diretrizes. Conheça-as.:


• A valorização dos trabalhadores.
• Elaboração e execução do plano de capacitação.
• P
articipação dos trabalhadores em atividades e eventos de capacitação e formação, no
âmbito municipal, estadual, distrital e federal, na área de Assistência Social.
• Buscar, em parceria com o Poder Público, o tratamento salarial isonômico entre os
trabalhadores da rede pública e da rede prestadora de serviços socioassistenciais.
• Manutenção e atualização das informações sobre seus trabalhadores.

322
MÓDULO 4 UNIDADE 8

Diretrizes para o co-financiamento da gestão do trabalho


Baseiam-se no entendimento de que a universalização da política de Assistência Social,
no âmbito do SUAS, exige que os serviços socioassistenciais devam ser operados por
trabalhadores da Assistência Social, permanentemente qualificados, o que requer estratégias
específicas para as três esferas de governo tais como:
• garantir, por meio de instrumentos legais, que os recursos transferidos pelo Governo
Federal para os municípios para o co-financiamento dos serviços, programas, projetos
e gestão dos benefícios permitam o pagamento da remuneração dos trabalhadores e/
ou servidores públicos concursados da Assistência Social, definidos como equipe de
referência nesta NOB;
• incluir, nos estudos de custo dos serviços prestados pelas equipes de referência, a
definição do percentual a ser gasto com pessoal concursado, sendo deliberado pelos
conselhos;
• utilizar o valor transferido pela União para pagamento de pessoal, como referência para
determinar um percentual a ser assumido por estados e municípios, em forma de co-
financiamento;
• revisar as diretrizes e legislação do Fundo de Assistência Social para que possa financiar
o pagamento de pessoal;
• prever recursos financeiros para a realização de estudos e pesquisas, que demonstrem,
objetivamente, a realidade dos territórios que serão abrangidos com a política institucional
de Assistência Social;
• prever, em cada esfera de governo, recursos próprios nos orçamentos, especialmente
para a realização de concursos públicos e para o desenvolvimento, qualificação e
capacitação dos trabalhadores e
• assegurar uma rubrica específica na Lei Orçamentária, com a designação de Gestão
do Trabalho, com recursos destinados, especificamente, para a garantia das condições
de trabalho e para a remuneração apenas de trabalhadores concursados, nos âmbitos
federal, estadual, distrital e municipal.

Deve-se estudar quais são as responsabilidades e atribuições do gestor federal, dos gesto-
res estaduais, do gestor do distrito federal e dos gestores Municipais (por nível de gestão
básica e plena) para a gestão do trabalho, no âmbito do SUAS.

Além das responsabilidades e atribuições para cada esfera de governo, a NOB-RH/SUAS


estabelece, também, incentivos e requisitos para a gestão do trabalho, no âmbito estadual, do
Distrito Federal e dos municípios referentes ao SUAS.

Alguma dúvida? Consulte a NOB e conheça melhor sobre este assunto.

323
MÓDULO 4 UNIDADE 8

Organização de cadastro nacional de trabalhadores do SUAS – Módulo CADSUAS


Define-se, também, na norma regulamentadora pela criação de um cadastro, que seja um
módulo do sistema de informação cadastral do SUAS – CADSUAS, aplicativo da Rede
SUAS.
O Cadastro Nacional deverá ser composto pelas informações da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, visando à identificação e à qualificação dos profissionais de todos os
níveis de escolaridade, que atuam nos serviços, benefícios e gestão da Assistência Social.
Esse banco de dados deverá ser atualizado sistematicamente e regido por fluxo determinado
em regulação específica e será utilizado para subsidiar o planejamento, a gerência, a
administração e a avaliação do Sistema, bem como as ações ligadas ao desenvolvimento
profissional dos trabalhadores, à gestão dos trabalhadores e ao controle social.

Vale ressaltar...

Será possível conhecer cada um dos profissionais que atuam na área da Assistência,
operando os serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais, em cada
unidade da federação e territórios específicos.

Controle social da gestão do trabalho no âmbito do SUAS – regulação cabe aos


Conselhos

Uma das diretrizes estruturantes da organização da Assistência Social é a participação da


população, por meio de organizações representativas, na formulação e no controle dos
serviços socioassistenciais em todos os níveis de governo.
Neste sentido, a implementação das discussões e deliberações das instâncias de controle
social do SUAS, sobre a Gestão do Trabalho, objetivam impactar a qualidade dos serviços
socioassistenciais e do acesso do usuário a esses.

Sugere-se a constituição de comissões paritárias entre governo e sociedade civil para


tratar da gestão do trabalho.
Sugere-se a constituição, no âmbito dos Conselhos de Assistência Social, estaduais, do Distrito
Federal e municipais, de comissões paritárias entre governo e sociedade civil para tratar da
gestão do trabalho, visando acompanhar a implementação das deliberações dos Conselhos,
acerca dos trabalhadores no SUAS, na respectiva instância de governo.

E ainda...
A criação de espaços de debate e formulação de propostas, como seminários nacionais,
estaduais, regionais e locais do trabalho para aprofundamento e revisão da NOB-RH/SUAS,
em especial nas Conferências Municipais, Estaduais e Nacional de Assistência Social.

324
MÓDULO 4 UNIDADE 8

Fechando esta idéia


A NOB abre espaço para a participação dos usuários, como agentes do controle social, quando
sugere que os Conselhos de Assistência Social acolham, deliberem e encaminhem resultados
de apuração de denúncias dos usuários do SUAS, quanto à:
• baixa resolutividade de serviços;
• maus-tratos aos usuários; e
• n
egligência gerada por atos próprios dos trabalhadores, gestores e prestadores de serviços
socioassistenciais, estimulando a criação de Ouvidorias.

Parabéns!
Você chegou ao final do Módulo 4 !

Após os conhecimentos aqui adquiridos, com certeza, você poderá atuar em seu Município
ou Estado de forma mais segura e com eficiência.

Alguma dúvida? Releia a Unidade ou as Unidades nas quais você não se sente seguro/a.

Que tal, agora, partir para outro Módulo?

325
MÓDULO 5

Estruturação e Implementação do
Acompanhamento Familiar e de Serviços
Socioeducativos

Unidade 1 – Proteção Social Básica – PSB

Unidade 2 – Proteção Social Especial de Média Complexidade

Unidade 3 – Proteção Social Especial de Alta Complexidade

Unidade 4 – Acompanhamento Familiar no Serviço de Atenção


Integral às Famílias

Unidade 5 – Ações Socioeducativas na Política de Assistência Social

326
MÓDULO 5
MÓDULO 5 – Estruturação e Implementação do Acompanhamento
Familiar e de Serviços Socioeducativos

Ementa
Unidade 1 – Proteção Social Básica – PSB
• Proteção Social de Assistência Social
• Proteção Social Básica
• Centro de Referência da Assistência Social – CRAS

Unidade 2 – Proteção Social Especial de Média Complexidade


• Como se Organiza a Proteção Social Especial
• Proteção Social Especial de Média Complexidade
• Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS

Unidade 3 – Proteção Social Especial de Alta Complexidade


• Piso de Alta Complexidade I e Piso de Alta Complexidade II
• Proteção Social Especial de Alta Complexidade
• Aspectos Importantes do Atendimento
• Serviços de Acolhimento da PSE de Alta Complexidade – Pessoa com deficiência
• Serviços de Acolhimento da PSE de Alta Complexidade – Criança e adolescente
• Serviços de Acolhimento da PSE de Alta Complexidade – Idoso
• Intervenção Social com o Idoso
• Política Nacional para População em Situação de Rua

Unidade 4 – Acompanhamento Familiar no Serviço de Atenção Integral às Famílias



• Marco Referencial: família
• Papel da Família
• Acompanhamento Familiar no Âmbito da Proteção Social de Assistência Social
• O Acompanhamento Familiar no Programa de Atenção Integral às Famílias – PAIF
• Serviços do PAIF

327
MÓDULO 5
Unidade 5 – Ações Socioeducativas na Política de Assistência Social
• Ações Socioeducativas
• Finalidade das Ações Socioeducativas
• Diretrizes para as Atividades Socioeducativas
• Articulações nas Ações Socioeducativas
• Ações Socioeducativas do PAIF
• Ações Socioeducativas por Ciclo de Vida – crianças de até 6 anos
• Ações para o ciclo de crianças de até 6 anos
• Ações Socioeducativas por Ciclo de Vida – crianças de 6 a 14 anos
• Ações para o ciclo de crianças de 6 a 14 anos
• Ações Socioeducativas por Ciclo de Vida – jovens de 15 a 17 anos
• Ações para o ciclo de jovens de 15 a 17 anos
• Ações para por Ciclo de Vida – jovens de 18 a 29 anos
• Ações Socioeducativas por Ciclo de Vida – pessoas idosas
• Ações Socioeducativas por Contingências – pessoas com deficiência
• Ações para pessoas com deficiência
• Ações Socioeducativas com Famílias em Situação de Vulnerabilidade
• Acompanhamento das Condicionalidades do PBF
• Sanções para o Descumprimento das Condicionalidades
• Famílias em Situação de Vulnerabilidade em Decorrência de Violação de Direitos
• Diretrizes para a Organização e Implementação de Ações Socioeducativas com Famílias

328
MÓDULO 5 UNIDADE 1

Unidade 1 – Proteção Social Básica – PSB

PROTEÇÃO SOCIAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Nesta unidade você estudará a Proteção Social Básica, a PSB.


Antes de tudo, conheça como a Proteção Social de Assistência Social se divide.

Considerando a diversidade e a complexidade de situações que configuram vulnerabilidades


e riscos sociais, a Proteção Social de Assistência Social foi concebida, na Política Nacional de
Assistência Social/2004 e na NOB/SUAS, e hierarquizada em dois níveis:
• Proteção Social Básica
• Proteção Social Especial

Cabe destacar

A avaliação técnica das demandas apresentadas pela família


tem, entre outros aspectos, a finalidade de identificar os Ambos os níveis
recursos da Proteção Social Básica e da Proteção Social permitem não
só uma melhor
Especial a serem acionados. Algumas vezes, para alcançar identificação dos
maior efetividade e atender às demandas da família de modo usuários, mas,
integral, será necessário o atendimento concomitante nos especialmente,
dois níveis da Proteção Social. uma estruturação
e implementação
mais precisa dos
serviços, programas,
Para tanto, é fundamental que os serviços da rede socioassistencial funcionem de modo projetos e benefícios
que deverão ser
articulado. ofertados.

Uma observação

Os serviços continuados de Proteção Social Básica e de Proteção Social Especial são:


• Ofertados em unidades físicas adequadas às atividades desenvolvidas e às condições
dignas de atendimento às famílias e indivíduos.
• Devem receber nomenclatura-padrão.
• Têm significado semelhante em todo o território nacional.

329
MÓDULO 5 UNIDADE 1

O que é o CRAS?
E o CREAS?

CRAS é o Centro de Referência de Assistência Social, a unidade


pública da Proteção Social Básica.

CREAS é o Centro de Referência Especializado de Assistência


Social, a unidade pública da Proteção Social Especial de Média
Complexidade.

Você sabia que


o CRAS e o CREAS Sabia sim. Mas,
devem, por intermédio de um onde esses serviços
conjunto organizado de ativida- se desenvolvem?
des, oferecer respostas às neces-
sidades sociais individuais e
coletivas?
Os serviços se
instalam e se desenvol-
vem em equipamentos enten-
didos como unidades públicas es-
tatais, embora as atenções prestadas,
por meio do trabalho social, também
se desloquem para os territórios,
espaços da comunidade e
domicílios.

PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA


Os serviços
socioassistenciais Atenção!
são estruturas
organizadas de Os serviços da Proteção Social Básica e da Proteção Social Especial devem ser organizados de
relevância pública forma a garantir aos seus usuários o acesso aos direitos socioassistenciais.
e responsabilidade
do Estado, devendo Desta forma dispõem de normas e orientações sobre:
ser prestados
por ente público • seu funcionamento;
(prestação direta)
• acesso aos benefícios que concretizam os direitos socioassistenciais; e
e ser planejados,
monitorados e • dinâmica e recursos da rede socioassistencial.
avaliados.

330
MÓDULO 5 UNIDADE 1

Devem, ainda, funcionar em estreita articulação com os serviços das demais políticas públicas,
como por exemplo:
• escolas;
• centros de atendimento psicossocial (CAPSS);
• estratégia de saúde da família (ESF);
• defensorias públicas;
• ministério público;
• varas da infância e da juventude; e
• outros órgãos.

De olho em sua realidade


Observe em seu Município/Estado quais as articulações que acontecem com melhores resul-
tados e a que se atribui esse resultado.

A Proteção Social Básica (PSB) tem por objetivo prevenir situações de risco por meio
do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento de vínculos
familiares e comunitários.

A PSB destina-se às pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social decorrentes:


• da pobreza;
• da privação ou ausência de renda;
• do acesso precário ou nulo aos serviços públicos;
• de vínculos afetivo-relacionais e de pertencimento social fragilizados; e
• de situações de discriminação etária, étnica, de gênero ou por deficiências, entre outros.

A PSB deve assegurar a inclusão das pessoas com deficiência na sua rede de serviços e
ações. Deve funcionar em estreita articulação, ainda, com a Proteção Social Especial, de
modo a ofertar atendimento integrado àquelas famílias, cujas especificidades demandem
atendimento concomitante nos dois níveis de proteção – PSB e PSE.

E o que a Proteção Social Básica de Assistência Social deve fazer?

Diagnosticar é realizar o reconhecimento estatal das situações de vulnerabilidade social e


das pontencialidades.

Ampliar a capacidade e os meios para que indivíduos e famílias revertam a situação de


vulnerabilidade.
Prevenir a presença e o agravo de vulnerabilidades e riscos sociais por meio do
desenvolvimento de potencialidades e aquisições, do fortalecimento de vínculos familiares e
sociais, da completude em rede e da articulação com as demais políticas governamentais.
Reconhecer e afirmar os direitos sociais no campo da Assistência Social.
331
MÓDULO 5 UNIDADE 1

E como será operada a PSB?


Será operada por intermédio de:
• Centros de Referência de Assistência Social – CRAS e do Programa de Atenção Integral
às Famílias (PAIF);
• R
ede de serviços socioeducativos e de convivência direcionados para grupos geracionais,
intergeracionais, grupos de interesse, entre outros;
• Benefícios de Transferência de Renda (como o BPC e o PBF);
• Benefícios eventuais;
• Projetos de enfrentamento à pobreza.

É hora de conhecer um pouco mais sobre o ...

CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CRAS

Unidade pública estatal de referência da proteção social básica do SUAS.

O papel do CRAS é
Como é que o CRAS atua fundamental, ao atuar como
na organização da rede de espaço de referência e como “porta de
Proteção Social Básica? entrada” para o acesso dos usuários à
rede socioassistencial.

O CRAS tem papel central e atua como espaço de referência para o acesso dos usuários à rede
socioassistencial, porque:
• l ocaliza-se próximo ao território onde vivem famílias e indivíduos em situação de
vulnerabilidade social;
• p
resta serviços continuados de Proteção Social Básica de Assistência Social para famílias,
seus membros e indivíduos em situação de vulnerabilidade social, por meio do Programa
de Atenção Integral à Família – PAIF, tais como:
-- acolhimento;
-- a companhamento em serviços socioeducativose de convivência ou por ações
socioassistenciais;
-- e ncaminhamento para a rede de proteção social existente no lugar onde vivem e para
os demais serviços das outras políticas sociais;
-- rientação e apoio na garantia dos seus direitos de cidadania e de convivência
o
familiar e comunitária;
332
MÓDULO 5 UNIDADE 1

• articula e fortalece a rede de Proteção Social Básica local;


• p
revine as situações de risco neste território, por meio dos serviços nele ofertados e da
rede no território;
• a póia as famílias e indivíduos em suas demandas sociais, promovendo os meios
necessários para que fortaleçam seus vínculos familiares e comunitários e acessem seus
direitos de cidadania, evitando que seus direitos sejam violados;
• a tua como uma “proteção social proativa”, identificando as famílias e indivíduos que
estão em situações de vulnerabilidade e de risco em seu território, inserindo-as na rede
de proteção social.

E mais...
• É referência para os serviços da Proteção Social Básica no território.
• É referência para as demais políticas no território.

Atenção!
O CRAS não se confunde com o plantão social, historicamente construído na Assistência
Social sob a ótica assistencialista, meritocrática, protecionista e mercadológica.
Não é “trocar a placa” de identificação da “sala de atendimento social”.

Fique sabendo

O CRAS é uma estratégia que ultrapassa o modelo conservador da Assistência Social em


direção ao modelo crítico de defesa e afirmação de direitos.

Portanto...

O CRAS é um espaço onde se materializa a política pública e onde se combinam as


práticas de respeito aos sujeitos políticos, emancipados e protagonizadores de seus
destinos.

Saiba um pouco mais...


Os CRAS devem adotar práticas e metodologias de forma a incentivar seus usuários a atuarem
na defesa de seus interesses, de forma individual ou coletiva, ampliando o protagonismo e a
participação política nos processos decisórios, por meio de oficinas de convivência, cursos de
capacitação em controle social e liderança comunitária.

333
MÓDULO 5 UNIDADE 1

Sobre o CRAS, você ainda precisa conhecer informações muito importantes, como:
Localização
Até janeiro de 2007, Deve ser instalado próximo ao local de maior concentração de famílias em situação de
dos 5.564 Municípios
vulnerabilidade, conforme indicadores/situações. No caso de territórios de baixa densidade
existentes no
território nacional, demográfica, com espalhamento ou dispersão populacional (áreas rurais, comunidades
2.625 (47,18%) indígenas, quilombolas, calhas de rios, assentamentos, entre outros), a unidade CRAS
contavam com CRAS deverá situar-se em local de maior acessibilidade, podendo realizar a cobertura das áreas de
co-financiados pelo vulnerabilidade por meio do deslocamento de sua equipe.
Governo Federal
(perfazendo um total
Público referenciado
de 3.248 CRAS no
Brasil). Famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade social, decorrente da pobreza, privação
ou ausência de renda, acesso precário ou nulo aos serviços públicos, com vínculos afetivo-
relacionais e de pertencimento social fragilizados, que vivenciam situações de discriminação
etária, étnica, de gênero ou por deficiências, entre outros.

Público prioritário
• famílias do PBF, especialmente, as que não estão cumprindo condicionalidades;
• b
eneficiários do BPC, especialmente, famílias com crianças, adolescentes e jovens com
deficiência e idosos dependentes e os não inseridos em serviços locais (Educação, Saúde,
Assistência Social, Esporte e Lazer);
• famílias:
-- com crianças e adolescentes inseridas no PETI;
-- com situações de negligência e violência ou antecipadoras das mesmas;
-- com crianças sob cuidados de outras crianças ou que permaneçam sozinhas em
casa;
-- com ocorrência de fragilização ou rompimento de vínculo;
-- com indivíduos sem documentação civil; e
-- com jovens e adolescentes grávidas e suas crianças.

Serviços e ações
• recepção e acolhida de famílias, seus membros e indivíduos em situação de vulnerabilidade
social;
Os CRAS referenciam
com seus serviços • oferta de procedimentos profissionais em defesa dos direitos humanos e sociais e dos
e ações de 1.000 relacionados às demandas de Proteção Social de Assistência Social;
a 5.000 famílias e
• vigilância social: produção e sistematização de informações que possibilitem a construção
devem apresentar
capacidade de de indicadores e de índices territorializados das situações de vulnerabilidades, riscos e
atendimento/ano de potencialidades, que incidem sobre famílias/pessoas e territórios;
500 a 1.000 famílias,
• acompanhamento familiar: em grupos de convívio e de trabalho socioeducativo para
dependendo do
porte do Município.
famílias ou seus representantes;

334
MÓDULO 5 UNIDADE 1

• proteção proativa por meio de visitas às famílias que estejam em situações de maior
vulnerabilidade (como, por exemplo, as famílias que não estejam cumprindo as
condicionalidades do PBF), ou risco;
• encaminhamento: para avaliação e inserção dos potenciais beneficiários do PBF
no Cadastro Único (CadÚnico) e do BPC, na avaliação social e do INSS das famílias
e indivíduos para a aquisição dos documentos civis fundamentais para o exercício da
cidadania;
• encaminhamento (com acompanhamento) da população referenciada no território do
CRAS para serviços de Proteção Social Básica e de Proteção Social Especial – quando for
o caso;
• produção e divulgação de informações de modo a oferecer referências para as famílias
e indivíduos sobre os programas, projetos e serviços socioassistenciais do SUAS, sobre o
PBF e o BPC, sobre os órgãos de defesa de direitos e demais serviços públicos de âmbito
local, municipal, do Distrito Federal, regional, da área metropolitana e ou da microrregião
do Estado;
• apoio
nas avaliações de revisão dos cadastros do PBF e do BPC e demais benefícios;
• grupos
de convivência geracionais e intergeracionais.

Profissionais

O CRAS deve contar com uma equipe mínima para a execução dos serviços, projetos e ações
que oferece. Deverá ampliar a referência de profissionais, caso oferte, diretamente no CRAS,
outros serviços, programas, projetos e benefícios.
De acordo com a Norma Operacional Básica NOB-RH/SUAS, a composição da equipe
mínima de referência que trabalha no CRAS para a prestação de serviços e execução das
ações, no âmbito da Proteção Social Básica nos municípios, é a seguinte:

CENTROS DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – CRAS


Pequeno Porte I Pequeno Porte II Médio, Grande, Metrópole e DF
2 técnicos de nível superior, 3 técnicos de nível 4 técnicos de nível superior,
sendo um profissional superior, sendo sendo dois profissionais
assistente social e outro dois profissionais assistentes sociais, um
preferêncialmente psicólogo assistentes sociais e psicólogo e um profissional
preferêncialmente um que compõe o SUAS
psicólogo
2 técnicos nível médio 3 técnicos nível médio 4 técnicos nível médio

335
MÓDULO 5 UNIDADE 1

Conheça agora a constituição das equipes de referência:


• c oordenador (1) – perfil profissional: ser um técnico de nível superior, concursado,
com experiência em trabalhos comunitários e gestão de programas, projetos, serviços e
benefícios socioassistenciais, independentemente do porte do Município;
• s ervidores efetivos – responsáveis pela organização e oferta de serviços, programas,
projetos e benefícios de Proteção Social Básica e Especial, levando-se em consideração o
número de famílias e indivíduos referenciados, o tipo de atendimento e as aquisições que
devem ser garantidas aos usuários.

Composição das equipes de referência dos Estados para apoio a Municípios


com presença de povos e comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas,
seringueiros etc.), segundo a NOB-RH/SUAS:
• profissionais com curso superior, em nível de graduação, concluído em Ciências Sociais,
com habilitação em Antropologia ou graduação concluída em qualquer formação,
acompanhada de especialização, mestrado e/ou doutorado em Antropologia.

Parabéns!
Você concluiu a 1ª Unidade do Módulo 5.
É hora de prosseguir seu estudo com entusiasmo!

336
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Unidade 2 – Proteção Social Especial de Média Complexidade

COMO SE ORGANIZA A PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL

Nesta unidade você conhecerá o que é a Proteção Social Especial de Média Complexidade.

Para início de conversa...


A Proteção Social Especial se divide em:
• Proteção Social de Média Complexidade; e
• Proteção Social de Alta Complexidade.

Um recado
A Proteção Social de Alta Complexidade você estudará na Unidade 3.

Vamos começar conhecendo qual é o objetivo da Proteção Social Especial.

A Proteção Social Especial (PSE) tem como objetivo prestar atendimento especializado a
famílias e indivíduos que se encontrem em situação:

• de risco pessoal e social ou violação de direitos, por ocorrência, de:


-- abandono;
-- violência física ou psicológica;
-- abuso ou exploração sexual;
-- cumprimento de medidas socioeducativas;
-- situação de rua;
-- trabalho infantil; e
-- outras.
• d
e contingência, necessitando de cuidados especializados em decorrência de
deficiência ou processo de envelhecimento.

Uma observação
As situações vivenciadas pelas famílias atendidas são complexas e multideterminadas,
não sendo regidas, apenas, pela pressão dos fatores socioeconômicos e pela necessidade A Proteção Social
de sobrevivência, mas, também, por diversos outros aspectos, que podem incidir sobre o Especial caracteriza-
exercício de sua função de proteção, cuidado e socialização de seus membros. se pelo atendimento
a situações de risco
pessoal e social,
violação de direitos
e contingências,
demandando
intervenções mais
especializadas.

337
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Para compreender tais famílias, portanto, é preciso levar em consideração, dentre


outros fatores:
• o contexto sociocultural no qual estão inseridas;
• a história familiar e transgeracional;
• as suas potencialidades e fragilidades;
• as situações adversas que enfrentam; e
• o
impacto de tais aspectos sobre suas relações e dinâmica
familiar.
Muitas vezes essas
famílias/indivíduos Atendimento às famílias na Proteção Social Especial – PSE
estão com seus
vínculos familiares
O atendimento às famílias na Proteção Social Especial – PSE deve considerar, portanto, a
e comunitários influência desses aspectos sobre:
fragilizados, • a auto-organização;
ameaçados ou
rompidos, sendo • o relacionamento intrafamiliar;
necessárias
intervenções • a relação com o contexto; e
qualificadas, • a participação social.
que visem ao
fortalecimento ou
à reconstrução dos A PSE deve manter permanente articulação com as demais políticas públicas, com
mesmos. o Sistema de Justiça e com o Sistema de Garantia de Direitos (SGD), em virtude da
complexidade das situações atendidas, para que as intervenções sejam efetivas.

Conheça os campos de atuação do SGD


O Sistema de Garantia de Direitos – SGD – consiste num conjunto de instituições das
políticas de atendimento que atua no campo de defesa e promoção dos direitos de crianças
e adolescentes (Conselhos de Defesa de Direitos de Criança e do Adolescente; Conselhos
Tutelares; Poder Judiciário [Vara da Infância e da Juventude]; Ministério Público; Defensoria
Pública; organizações da sociedade civil [Centros de Defesa, fóruns de defesa de direitos]
etc.). O SGD tem o papel de potencializar a promoção e a proteção dos direitos da criança
e do adolescente, mantendo atendimento direto, emergencial a crianças e adolescentes com
direitos ameaçados e violados ou a adolescentes em conflito com a lei.

E como a PSE deve ainda atuar?


Em articulação com a Proteção Social Básica – de modo a ofertar atendimento integrado às
famílias cujas especificidades demandem atendimento concomitante nas duas proteções.

338
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Fique de olho
Em consonância com o princípio da matricialidade sociofamiliar da
Proteção Social de Assistência Social, a família representa o foco central
das ações na PSE.

É bom lembrar
Conforme destaca a Política Nacional de Assistência Social (PNAS), a família, independente
de seu formato, é mediadora das relações entre os sujeitos e a coletividade e geradora de
modalidades comunitárias de vida.

Assim, as intervenções na PSE devem apoiá-la, contribuindo para seu empoderamento,


protagonismo e resgate de sua competência para o exercício de suas funções, visando:
• à conquista de maior grau de autonomia;
• à superação das situações adversas vivenciadas;
• à reconstrução de suas relações, pautadas em interações positivas e favorecedoras do
desenvolvimento de seus membros;
• ao fortalecimento das redes sociais de apoio; e
• à garantia de seus direitos sociais e de condições dignas de sobrevivência.

Para tanto, a atenção na PSE pressupõe uma postura ética e de respeito à família, que,
ultrapassando visões cristalizadas e culpabilizadoras, contextualize-a em sua realidade
socioeconômica e cultural, e reconheça que a família apresenta capacidade de enfrentar
adversidades, construir novas possibilidades, soluções e formas de relacionamento e de
participação social, a partir do apoio recebido.

Em função da maior complexidade das situações atendidas, os serviços de PSE


pressupõem:
• acompanhamento individualizado – que assegure o olhar para a singularidade de cada
família e das situações por ela vivenciadas;
• encaminhamentos monitorados – que devem originar intervenções planejadas e
discutidas conjuntamente com os outros serviços da rede acionados para atender às
demandas identificadas.

Estas ações visam à atenção protetiva e efetiva, na perspectiva:


• da superação da violação de direitos;
• do fortalecimento de vínculos; e
• da inclusão social.

Isto é muito importante


A PSE deve manter estreita articulação com os demais serviços disponíveis no território.
339
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Conheça agora os objetivos da Proteção Social Especial


São eles:
• identificar, monitorar e reduzir a incidência de riscos, violações de direitos e
segregações;
• oferecer atenção socioassistencial a famílias e indivíduos em situação de contingência,
com direitos ameaçados ou violados e com vínculos familiares fragilizados, ameaçados
ou rompidos;
• fortalecer
e reconstruir vínculos familiares e comunitários;
• potencializar a autonomia de indivíduos e famílias e os recursos para o enfrentamento
de situações adversas;
• contribuir
para o resgate de direitos violados; e
• desenvolver ações para a defesa de pessoas com direitos violados e para a redução da
infringência de direitos humanos e sociais.

Acompanhe o quadro com o resumo das informações apresentadas até aqui.

PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL


ATENDIMENTO A SITUAÇÕES DE RISCO E DESPROTEÇÃO
• intervenções mais especializadas.

SITUAÇÕES COMPLEXAS E MULTIDETERMINADAS envolvendo aspectos como:


• contexto sociocultural;
• história familiar e transgeracional;
• potencialidades e fragilidades;
• situações adversas enfrentadas;
• impacto de tais aspectos sobre as relações intrafamiliares; e
• da família com o contexto.
VÍNCULOS FRAGILIZADOS, AMEAÇADOS OU ROMPIDOS
CENTRALIDADE NA FAMÍLIA:
• empoderamento e alcance de maior grau de autonomia;
• superação de situações adversas;
• reconstrução de suas relações;
• fortalecimento dos vínculos familiares e das redes sociais de apoio; e
• garantia de seus direitos sociais e de condições dignas de sobrevivência.

É preciso reconhecer que a família apresenta capacidade de enfretar adversidades,


construir novas possibilidades, soluções e formas de relacionamento, a partir do apoio
recebido.
ARTICULAÇÃO: com as demais Políticas Públicas, Sistema de Justiça, SGD e PSB
(atendimento integrado).

340
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Isto você já sabe


A proteção social especial está hierarquizada em Proteção Social Especial de Média
Complexidade e Proteção Social Especial de Alta Complexidade, segundo a especialização
exigida na intervenção. Confirme esta informação, acompanhando o quadro a seguir:

PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL

MÉDIA COMPLEXIDADE ALTA COMPLEXIDADE

Famílias e indivíduos: Famílias e indivíduos em situação de:

• em situação de contingência; • r isco, necessitando de atendimento


• com direitos violados. fora de seu núcleo de origem;

• inseridos no núcleo familiar. • abandono, sem referência familiar.


• a fastados do convívio com o núcleo
familiar.

Compõem a PSE de Média Complexidade: Compõem a PSE de Alta Complexidade:


• CREAS • serviços de acolhimento
• s erviços especializados de média
complexidade
• PETI

Caracteriza-se como
PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE MÉDIA COMPLEXIDADE importante recurso
para a preservação
São considerados serviços de Média Complexidade aqueles que oferecem atendimento e fortalecimento de
às famílias e aos indivíduos em situação de risco e violação de direitos ou situação de vínculos familiares e
contingência (por deficiência ou processo de envelhecimento, necessitando de atendimento comunitários, bem
especializado). como apoio à família
para o exercício
de sua função de
cuidado e proteção.
Geralmente as famílias e indivíduos atendidos na PSE de Média Complexidade Desse modo, tem um
encontram-se inseridos em seu núcleo familiar. caráter preventivo
e reparador, na
A convivência familiar está mantida, embora os vínculos possam estar fragilizados ou
medida em que
até mesmo ameaçados. contribui para a
precaução contra
Fique sabendo o agravamento
e reincidência
Em virtude da complexidade das situações atendidas, os serviços da PSE de Média das situações,
Complexidade requerem intervenções articuladas e a oferta de atendimento especializado, para a defesa de
personalizado e continuado. Para tanto devem manter estreita articulação com a rede direitos e para
fortalecimento da
assistencial, com os serviços das demais políticas, com o SGD e o Sistema de Justiça.
convivência familiar
e comunitária.

341
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Observe o quadro que ilustra como os riscos, as perdas e as rupturas vivenciados pelas
famílias e indivíduos se ampliam no sentido PSB – PSE e como deve operar a estratégia
preventiva na Assistência Social: o objetivo é contribuir para que um menor número de
famílias e indivíduos necessite de atendimento na PSE de Média Complexidade e, sobretudo,
na PSE de Alta Complexidade.

Articulação: PSB, PSE de Média Complexidade e PSE de Alta Complexidade

PSE – Alta
Complexidade

Riscos PSE – Média


Perdas Complexidade
Rupturas

Proteção Social Básica

Isto é importante
A PSB e a PSE de Média Complexidade e de Alta Complexidade devem manter estreita
articulação.
A avaliação técnica tem o papel de identificar quais serviços – da PSB, PSE de Média
Complexidade ou da PSE de Alta Complexidade – precisam ser acionados para atender às
demandas de cada família ou indivíduo.

CENTRO DE REFERÊNICA ESPECIALIZADO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CREAS


Atenção
O Piso Fixo de Média Complexidade constitui-se no co-financiamento federal dos serviços
atualmente prestados pelos Centros de Referência Especializados de Assistência Social.

Agora duas perguntas para você responder:

• O que é o CREAS?
• Qual o público referenciado para esse atendimento?

342
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Aí vão as respostas.

O CREAS é:
• Unidade pública estatal e pólo de referência da PSE – média complexidade.

O CREAS:
• A
rticula, coordena e opera a referência e contra-referência com a rede de serviços
socioassistenciais, demais políticas públicas e SGD.
• O
ferta orientação e apoio especializado e continuados a indivíduos e famílias com direitos
violados.
• T
em a família como foco de suas ações, na perspectiva de potencializar sua capacidade de
proteção e socialização de seus membros.

Público Referenciado
Famílias:
• com crianças e adolescentes vítimas de abuso e exploração sexual;
• com crianças e adolescentes vítimas de violência intrafamiliar;
• inseridas no PETI com dificuldades no cumprimento das condicionalidades;
• com crianças e adolescentes em situação de mendicância;
• c om crianças e adolescentes que estejam sob “medida protetiva” ou “medida pertinente
aos pais ou responsáveis”;
• c om crianças e adolescentes em cumprimento de medida protetiva de abrigo ou família
acolhedora, para suporte à reinserção social e familiar;
• a dolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto (em situação
de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade), bem como as famílias
dos adolescentes;
• a dolescentes e jovens após cumprimento de medida socioeducativa privativa de liberdade
e suas famílias, quando necessário apoio para a reinserção familiar e comunitária.

Serviços Ofertados no CREAS

Serviço de Enfrentamento à Violência, Abuso e Exploração Sexual Contra Crianças e


Adolescentes e suas Famílias.

Objetivo
Assegurar proteção imediata e atendimento psicossocial às crianças e aos adolescentes:
• vítimas de violência (física, psicológica, negligência grave);
• abuso ou exploração sexual comercial; e
• bem como a seus familiares.

343
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Para tanto, oferece acompanhamento técnico especializado, desenvolvido por uma


equipe multiprofissional que mantém permanente articulação com a rede de serviços
socioassistenciais e das demais políticas públicas, assim como com o Sistema de Garantia de
A violência contra
Direitos (Ministério Público, Conselho Tutelar, Vara da Infância e da Juventude, Defensoria
a criança e o Pública e outros).
adolescente ocorre
em todas as classes O enfrentamento do problema deve, portanto, se dar de forma articulada, com
sociais, constituindo envolvimento crescente
fenômeno complexo
e multideterminado,
cuja manifestação
está relacionada DAS TRÊS ESFERAS DO DA SOCIEDADE CIVIL
a um conjunto ORGANIZADA
GOVERNO
significativo de
fatores (econômicos,
sociais, psicológicos,
culturais, de gênero,
intergeracionais e
outros), com raízes DA POPULAÇÃO DE
profundas na forma UMA FORMA GERAL
de organização
da sociedade
A oferta deste Serviço está em consonância com os pressupostos:
contemporânea e nas
relações de poder. • d
o Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como com outras legislações e normativas
vigentes: Constituição Federal (arts. 226 e 227);
• da Lei Orgânica de Assistência Social (Lei nº 8.742/93);
• da PNAS;
• da Norma Operacional Básica/SUAS;
• d
o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes
e Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes
à Convivência Familiar e Comunictária - PNCFC; e
• d
a Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e
Comunitária; cujos conteúdos preconizam a proteção social e a defesa de direitos, a
prevenção de riscos, a priorização do convívio familiar e comunitário, a mobilização da
sociedade e o desenvolvimento do protagonismo social, entre outros aspectos.

Em tal atendimento, a intervenção profissional deve proporcionar à família, à criança e


ao adolescente espaço de escuta, expressão e diálogo, de modo a favorecer a reparação
da situação de violência vivida.

Exploração sexual

Violência familiar

Como agir nestes casos?

O que deve ser feito?

344
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Nos casos de violência ou abuso intrafamiliar, a intervenção deve contribuir para:


• a quebra do silêncio e dos ciclos intergeracionais de violência;
• a reconstrução das relações e papéis familiares;
• a superação de padrões violadores de relacionamento;
• o fortalecimento dos vínculos; e
• o restabelecimento da função protetiva da família.

Nos casos de exploração sexual comercial de crianças e adolescentes, que envolvem


redes de crimes organizados, o acompanhamento deve incluir:
• busca ativa;
• a rticulação com o Sistema de Garantia de Direitos e de Segurança Pública, na perspectiva
de operacionalizar a proteção da vítima e responsabilização dos agressores;
• o
ferta de acompanhamento psicossocial que contribua para a conscientização da
violência vivida, o fortalecimento da auto-estima, dos vínculos familiares e comunitários
e a construção de novos projetos de vida;
• a rticulação com a rede de serviços procedendo ao encaminhamento e fortalecimento do
processo de inserção social, trabalhando para a superação de estigmas e preconceitos; e
• encaminhamento para serviços de acolhimento, quando necessário.

Neste Serviço, o atendimento deve, portanto, contribuir para:


• defender e resgatar o direito e a dignidade de crianças, adolescentes e suas famílias;
Em virtude da
• identificar o fenômeno e riscos decorrentes;
complexidade
• prevenir o agravamento da situação; dos fenômenos
da violência
• p
otencializar recursos da família, da criança e do adolescente para o enfrentamento da intrafamiliar,
situação de violência sofrida; do abuso e da
exploração sexual
• f ortalecer a auto-estima e o protagonismo de crianças e adolescentes vitimizados, bem de crianças e
como de suas famílias; adolescentes, é
preciso que a equipe
• c ontribuir para o fortalecimento dos vínculos comunitários e das redes sociais de apoio,
multiprofissional
prevenindo a estigmatização da criança e do adolescente vitimizados e de suas famílias; que atua no Serviço
• p
roceder aos encaminhamentos, quando necessário, para a responsabilização dos tenha conhecimento
agressores; e especializado e seja
continuamente
• c omunicar a autoridade competente, por meio de relatório, os casos em que haja a capacitada,
necessidade de afastamento do agressor do ambiente familiar ou da criança/adolescente, com vistas ao
para a preservação de sua integridade, e de avaliação acerca da destituição do poder aprimoramento
constante da
familiar.
metodologia de
atendimento.

345
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Atenção!
Isto é importante!

Em consonância com a Política Nacional de Assistência Social, a família representa o foco


das ações do Serviço. Portanto, nas situações de violência intrafamiliar, as intervenções
devem incluir também o agressor, na perspectiva de reconstruir as relações familiares.

De que forma isto poderá se realizar?

De modo geral, por meio de procedimentos:


• individuais;
• grupais;
• visitas domiciliares; e
• articulações com a rede.

O Serviço deve ofertar atenções específicas de caráter social, psicológico e jurídico, baseadas
no compromisso fundamental de proteção à criança e ao adolescente e na compreensão da
família em sua dinâmica interna e externa.

Finalmente...
O Serviço oferta ações de prevenção e busca ativa que, por meio da abordagem em locais
públicos, deve realizar o mapeamento das situações de abuso e exploração sexual de crianças
e adolescentes, podendo identificar, ainda, situações de violência intrafamiliar.

Serviço de Apoio e Orientação aos Indivíduos e às Famílias Vítimas de Violência


O serviço, ofertado de forma continuada no Centro de Referência Especializado de Assistência
Social (CREAS), tem como objetivo proporcionar o acompanhamento de famílias:
• i nseridas no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, com dificuldades no
cumprimento das condicionalidades;
• com crianças e adolescentes em situação de mendicância;
• c om crianças e adolescentes que estejam sob “medida de proteção” ou “medida pertinente
aos pais ou responsáveis”; e
• com crianças e adolescentes sob medida protetiva de abrigo ou família acolhedora,
quando necessário suporte à reinserção social e familiar.
• Adolescentes e jovens após cumprimento de medida socioeducativa privativa de liberdade
e suas famílias, quando necessário apoio para a reinserção familiar e comunitária.

346
MÓDULO 5 UNIDADE 2

O que deve fazer o serviço de apoio e orientação aos indivíduos e às famílias víti-
mas de violência?

Ele deve:
• o
perar a proteção imediata à criança e ao adolescente, prevenindo a continuidade da
violação de direitos;
• p
roceder às orientações necessárias, inclusive jurídicas, que contribuam para a
conscientização acerca da situação vivenciada pela criança, adolescente e família;
• r ealizar encaminhamentos necessários e atuar de modo articulado com a rede de serviços, A metodologia
de atendimento
na perspectiva da promoção da inclusão social, prevenção da estigmatização da criança, deve privilegiar o
do adolescente e da família e garantia do acesso a serviços e benefícios; acompanhamento
• o
ferecer atendimento continuado que, pautado em uma postura ética e no olhar psicossocial
sistemático, pautado
individualizado, compreenda a família em sua singularidade, recursos e demandas,
em uma abordagem
favorecendo sua expressão e protagonismo, bem como a construção de estratégias de participativa que
enfrentamento e reconstrução de relacionamentos intrafamiliares, baseados em interações potencialize os
positivas e favorecedoras do desenvolvimento; e recursos da família
para o exercício de
• c omunicar à autoridade competente as situações de violação de direitos identificadas ao sua função protetiva,
longo do atendimento que possam colocar em risco a integridade física e psíquica da visando, dessa forma,
criança e do adolescente, para a aplicação de medidas pertinentes. ao enfrentamento
e à superação de
situações adversas,
bem como ao
fortalecimento de
Por meio da abordagem em locais públicos, tal serviço deve operar, também, a busca ativa
vínculos familiares e
das situações que se propõe a atender, identificando o fenômeno e riscos decorrentes. comunitários.
Além disso, deve manter permanente articulação com o SGD, a PSB e a PSE de Alta
Complexidade – quando necessário acompanhamento dos casos de reintegração
familiar de crianças e adolescentes.

Guarde bem
O desligamento e o encerramento do atendimento devem ocorrer quando o profissional
e a família avaliarem, em conjunto, que a função protetiva foi restabelecida e os padrões
violadores de direitos reconstruídos e superados.

347
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Organizado inicialmente para orientação e acompanhamento de famílias com crianças


e adolescentes com direitos violados, este serviço deverá ser ampliado, gradativamente,
conforme as possibilidades de cada Município, para ofertar atendimento a outras situações
de violência:
• contra pessoas idosas;
• pessoas com deficiência;
• mulheres; e
Orientações com • outros segmentos da sociedade.
relação à oferta
desses atendimentos Serviço de Orientação e Acompanhamento a Adolescentes em Cumprimento de Medida
serão construídas
Socioeducativa de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços a Comunidade e suas
em novas versões
do Guia do CREAS, Famílias
a serem elaboradas
pelo Ministério do Medidas socioeducativas
Desenvolvimento
Social e Combate à São responsabilizadoras de natureza sancionatória e conteúdo socioeducativo, aplicadas
Fome (MDS). somente a adolescentes sentenciados, em razão do cometimento de ato infracional” (SINASE
– Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, 2006, p. 35).

Conforme estabelece o ECA, são seis as medidas socioeducativas:


• advertência;
• obrigação de reparar o dano;
• prestação de serviços à comunidade;
• liberdade assistida;
• semiliberdade; e
• internação.

Pelo próprio conteúdo das medidas, as ações que as compõem devem sempre envolver o
contexto social em que se insere o adolescente – família, comunidade e Poder Público devem
estar comprometidos para o alcance dos objetivos (SINASE).
Tal acompanhamento,
previsto na PNAS,
deve estar pautado O serviço tem como objetivo proporcionar o acompanhamento dos adolescentes em
na concepção do cumprimento de medidas Socioeducativas de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços
adolescente como à Comunidade, previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
sujeito de direitos,
em condição peculiar
de desenvolvimento,
sendo condizente,
ainda, com os
pressupostos do
Sistema Nacional
de Atendimento
Socioeducativo –
SINASE.

348
MÓDULO 5 UNIDADE 2

A execução, no CREAS, das medidas socioeducativas de meio aberto atende as diretrizes do


SINASE relativas à:
• incompletude institucional;
• municipalização do atendimento; e
• g arantia dos direitos fundamentais do adolescente, previstos no ECA (à vida e à saúde;
liberdade, respeito e dignidade; convivência familiar e comunitária; educação; cultura;
esporte e lazer; profissionalização e proteção no trabalho).

Em consonância com as determinações do SINASE acerca da municipalização do atendimento, É fundamental


intensificar, portanto,
o serviço deve articular políticas intersetoriais em nível local, bem como fortalecer as
a articulação da
redes sociais de apoio do adolescente e de sua família, de modo a possibilitar-lhes maior Vara da Infância
participação na vida comunitária. e da Juventude
com a Promotoria
Isto é importante da Infância e da
Juventude, com a
Tanto a responsabilização do adolescente quanto a operacionalização do acompanhamento Defensoria Pública
deve se referenciar numa ação educativa, que contribua para a construção de referências, e outros órgãos
apoio e segurança, buscando fortalecer vínculos familiares e comunitários do adolescente. de defesa de
direitos, bem como
com os demais
Deve ser indispensável a serviços da rede
O que deve ser feito para
elaboração do Plano de socioassistencial
a operacionalização das
Atendimento, realizado com a e com os serviços
medidas socioeducativas? disponibilizados
participação do adolescente e de
pelas demais
sua família.
políticas públicas.

E o que deve conter este O Plano de


Plano? Atendimento deve
conter os objetivos e
metas a serem alcançados durante
o cumprimento da medida e as
perspectivas de vida futura, entre
outros aspectos, de acordo com as
necessidades e potencialidades
de cada adolescente.

Atenção
A equipe técnica responsável pelo serviço poderá designar orientadores sociais/comunitários
(qualquer cidadão comum maior de 21 anos) para a função de auxiliar no acompanhamento
e orientação do adolescente e de sua família.

349
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Cada orientador deverá acompanhar, simultaneamente, no máximo dois adolescentes.


Este orientador, de forma mais sistemática, contribuirá para:
• a mobilização dos recursos na rede e na comunidade;
• a supervisão da freqüência e do aproveitamento escolar; e
• o
fornecimento de informações acerca do cumprimento da medida e encaminhamentos
realizados.

Tais orientadores têm, ainda, o papel de mediadores das relações do adolescente com os
espaços sociais com os quais este apresente dificuldade para interagir. Precisam, portanto,
estar qualificados para o desempenho de suas atribuições, sendo freqüentemente
supervisionados pela equipe técnica.

Para o desenvolvimento deste trabalho foram criadas algumas medidas socioeducativas.


Conheça-as agora:

Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida


A Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida, executada em meio aberto, mantém o
adolescente em seu meio familiar e comunitário, com serviço de acompanhamento social
oferecido pela política de assistência social. A medida é fixada por até seis meses, podendo
ser prorrogada, revogada ou substituída por outra.

“O cumprimento em meio aberto da Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida tem como


objetivo estabelecer um processo de acompanhamento, auxílio e orientação ao adolescente.
Sua intervenção e ação socioeducativa devem estar estruturadas com ênfase na vida social
do adolescente (família, escola, trabalho, profissionalização e comunidade) possibilitando,
assim, o estabelecimento de relações positivas, base do processo de inclusão social. Desta
forma, o serviço deve ser o catalisador da integração e inclusão social do adolescente”
(SINASE, 2006).

Em conformidade com o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE, o


acompanhamento da medida no CREAS deve ser operacionalizado de forma a:

• a ssegurar que os encontros entre orientadores sociais/comunitários e adolescentes


tenham freqüência de, no mínimo, três vezes na semana;
• garantir:
-- por parte da equipe e orientadores, acompanhamento sistemático do adolescente
com freqüência mínima semanal;
-- acompanhamento e supervisão dos orientadores, com encontros entre técnico e
orientador social com freqüência mínima quinzenal; e
-- que os encontros (coletivos) entre orientador social comunitário/voluntário, técnicos
e adolescentes tenha freqüência mínima quinzenal; em se tratando de encontro
grupal com os adolescentes, a freqüência mínima deverá ser quinzenal.

350
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Uma observação importante


Estes encontros são instrumentos importantes para subsidiar os técnicos nos relatórios
informativos e avaliativos a serem encaminhados à Vara da Infância e da Juventude, em
prazos estabelecidos na medida.

Medida Socioeducativa de Prestação de Serviços à Comunidade

Esta Medida, também executada em meio aberto, mantém o adolescente em seu grupo
familiar e comunitário. Consiste na realização, pelo adolescente, de serviços comunitários
gratuitos e de interesse geral, por período não excedente a seis meses, com jornada semanal
de oito horas.

Atenção
Essa medida tem caráter pedagógico e socializante, baseada em uma ação que privilegia a
descoberta de potencialidades e construção de novos projetos de vida. Sua execução não
pode prejudicar a freqüência à escola e a jornada de trabalho.

As atividades de prestação de serviços, executadas gratuitamente, têm caráter de


responsabilização do adolescente pelo processo de aprendizagem, e podem ser desenvolvidas
junto a organizações governamentais e não governamentais da rede socioassistencial,
hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas
comunitários ou governamentais, não existindo impedimento que sejam de âmbito federal,
estadual e municipal.

A equipe deve realizar o acompanhamento do adolescente e identificar, no Município, os


locais de prestação de serviços, cujas atividades sejam compatíveis com as habilidades dos
adolescentes e com seus interesses.

Segundo o SINASE, o acompanhamento da medida no CREAS deve ser operacionalizado


de forma a atender os seguintes aspectos:
• identificar, nos locais de prestação de serviço, atividades compatíveis com as habilidades
e interesses do adolescente;
• garantir que um orientador acompanhe qualitativamente suas atividades nos locais de
prestação de serviço;
• acompanhar a freqüência do cumprimento da medida no local de prestação de
serviços;
• realizar avaliações periódicas, no mínimo com freqüência quinzenal, com o adolescente
e sua família, e mensal com o orientador socioeducativo. Esta interação, diálogo e contato
pessoal contribuem significativamente para uma compreensão da abordagem pedagógica
necessária; e
• g arantir que os locais de prestação de serviço comunitário sejam Unidades que
compartilhem os mesmos princípios e diretrizes pedagógicas do SINASE.

351
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Conheça algumas atividades desenvolvidas nos serviços ofertados no CREAS

Busca Ativa – Por meio da abordagem em locais públicos, tem como objetivo a identificação
de situações de risco e violação de direitos. Inclui ações educativas e de orientação, bem
como encaminhamentos ao CREAS e aos demais serviços socioassistenciais e aos serviços
das demais políticas públicas, bem como ao Conselho Tutelar e outras instâncias do SGD.

Acolhida – É preciso lembrar que as famílias que chegam ao CREAS geralmente vivenciaram
experiências de violação de direitos. A abordagem inicial deve, portanto, favorecer o
acolhimento e a construção de um vínculo de confiança, fundamental para a continuidade
do atendimento. A postura ética do profissional, desprovida de crenças preconcebidas,
julgamentos e culpabilização da família, bem como a garantia do sigilo no atendimento,
são fundamentais para iniciar a compreensão da realidade vivida pela família. Além da
postura dos técnicos que realizam o atendimento inicial, é importante que profissionais da
recepção também sejam devidamente treinados e que as salas de espera e de atendimento
sejam acolhedoras. A acolhida tem como objetivo favorecer que a família se sinta bem no
espaço do CREAS e reconheça na equipe de trabalho pessoas em que pode confiar para dar
continuidade ao processo.

Diagnóstico da Situação – O diagnóstico inicial, realizado a partir da escuta da família,


tem como objetivo identificar e compreender sua realidade vivida. A metodologia de
abordagem deve estar baseada na ética profissional e em conhecimentos técnico-científicos
que contemplem a interdisciplinaridade na compreensão da família e das situações que
motivaram o encaminhamento para o CREAS. O diagnóstico inicial da situação deve:

-- investigar a origem e os motivos do encaminhamento, bem como as expectativas da


família em relação ao atendimento;
-- clarificar se, de fato, existe demanda para atendimento no CREAS;
-- identificar, junto com a família, a necessidade de encaminhamento para outros
serviços;
-- informar e orientar a família sobre procedimentos posteriores; e
-- proceder aos encaminhamentos necessários – outros serviços socioassistenciais,
Conselho Tutelar etc.

Esse estudo inicial pode demandar alguns encontros até que profissionais e família reúnam
informações suficientes para elaborarem o Plano de Atendimento.

Plano de Atendimento – O plano de atendimento, cuja elaboração deve se basear em uma


metodologia participativa que envolva a família, deve conter as estratégias direcionadas ao
atendimento, pactuando responsabilidades e compromissos, levantando metas e objetivos e
mobilizando os meios necessários para potencializar os recursos da família para o exercício
de sua função, fortalecer seu protagonismo e participação social e suas redes sociais de apoio
na comunidade.

352
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Acompanhamento Psicossocial – A implementação do Plano de Atendimento, com ações


de orientação, proteção e apoio, inclusive jurídico-sociais, poderá ser viabilizada por meio de
abordagens individuais e grupais, visitas domiciliares, palestras, oficinas e outras técnicas que
oportunizem reflexões acerca do cotidiano e a construção de estratégias para o enfrentamento
e solução de problemas, fortalecimento e reconstrução de vínculos familiares e comunitários,
além de encaminhamentos à rede de serviços, quando necessário. O acompanhamento
psicossocial tem como objetivo, ainda, proporcionar uma reflexão e avaliação permanente
acerca das metas, objetivos e compromissos pactuados no Plano de Atendimento. Nessa
etapa, a partir de uma interação ativa, tem-se a possibilidade de construir um conhecimento
mais aprofundado sobre a família: seus recursos, sua história, seus vínculos, suas redes
sociais de apoio, o contexto sócio-histórico e cultural no qual está inserida e sua relação com
o mesmo etc. Essa etapa tem como objetivo, portanto, oportunizar espaços de escuta, diálogo
e trocas que favoreçam o protagonismo das famílias e sua participação social; a reflexão
crítica e criativa sobre a realidade vivida; a reparação de experiências de violação de direitos;
a construção de novas possibilidades de enfrentamento; e o fortalecimento/reconstrução de
seus vínculos afetivos familiares e comunitários.

Articulação Intersetorial – Em virtude da complexidade das situações atendidas, a articulação


com os demais serviços da rede socioassistencial, das demais políticas públicas e do SGD
constitui um dos pilares fundamentais sobre os quais deve se fundamentar o atendimento no
CREAS. Para tanto, é fundamental mapear a rede de serviços e definir fluxos de referência e
contra-referência. Para tanto, como estratégia de articulação e fortalecimento da rede local, o
CREAS poderá, além da comunicação permanente, articular e realizar reuniões e encontros
sistemáticos para discussão, acompanhamento e avaliação das intervenções em rede. Alguns
equipamentos são fundamentais para a comunicação e articulação do CREAS com a rede,
como telefone, computador e veículo, por exemplo.

Instalações Físicas
Deve ser viabilizada a estruturação dos serviços, de forma que possuam
condições operacionais como:
• i nstalações físicas suficientes e adequadas para atendimento
individual, familiar e/ou em grupo;
• veículo para realização de visitas domiciliares e institucionais;
• linha telefônica;
• computador;
• impressora; e
• demais equipamentos necessários.

353
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Veja o quadro sobre os serviços ofertados no CREAS - Média Complexidade

CREAS – PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE MÉDIA COMPLEXIDADE

• S erviço de Enfrentamento à • Busca Ativa;


Violência, ao Abuso e à Exploração
Sexual Contra Crianças e • Acolhida;
Adolescentes. • Diagnóstico da Situação;
• S erviço de Orientação e Apoio • Plano de Atendimento;
Especializado a Indivíduos e Famílias
• Acompanhamento Psicossocial;
Vítimas de Violência.
• Articulação Intersetorial.
• S erviço de Orientação e
Acompanhamento a Adolescentes em
Cumprimento de Medida Socioeducativa
de Liberdade Assistida e de Prestação de
Serviços à Comunidade e suas Famílias.
• Perspectiva de Ampliação.

Visualize o quadro ilustrativo do CREAS e sua articulação intersetorial.

Isto lhe ajudará a guardar a rede que se forma nas articulações estabelecidas.

Abrangência do CREAS
O CREAS poderá ser implantado com abrangência local ou regional, de acordo com o porte,
nível de gestão e demanda dos Municípios, além do grau de incidência e complexidade das
situações de risco e violação de direitos.

354
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Em que casos poderá ser implantado o CREAS de abrangência regional?


• n
os casos em que a demanda do Município não justificar a disponibilização, no seu âmbito,
de serviços continuados no nível de proteção social especial de média complexidade;
• n
os casos em que o Município, devido ao seu porte ou nível de gestão, não tenha condições
de gestão individual de um serviço em seu território.

Fique de olho
Na regionalização do atendimento deverá ser observada a proximidade
geográfica entre os Municípios envolvidos, de forma a viabilizar o acesso dos
usuários aos serviços.

Siga a seqüência para conhecer os passos importantes para a implementação do CREAS local.

Passos importantes para a implementação do CREAS local


1. elaboração de diagnóstico socioterritorial: identificação de demandas e mapeamento
dos serviços existentes no Município – da rede socioassistencial, das demais políticas
públicas do SGD;
2. definição dos objetivos do CREAS, das situações a serem atendidas e da metodologia de
funcionamento adotada;
3. organização
da infra-estrutura física, dos equipamentos e materiais necessários;
4. seleção,
contração e formação de profissionais;
5. articulação interinstitucional e intersetorial, mobilizando a rede e definindo fluxos de
referência e contra-referência; e
6. definição de metodologia para o monitoramento e a avaliação do processo de
implementação e da efetividade das intervenções.

E para a implementação do CREAS regional como você deve agir?

Faça o caminho seguindo cada passo.

Passos importantes para a implementação do CREAS regional


1. mapeamento dos Municípios, das demandas existentes no território de abrangência,
dos serviços da rede socioassistencial, do Sistema de Garantia de Direitos e das demais
políticas públicas – saúde, educação, trabalho e outras;
2. i dentificação do porte dos Municípios e distâncias, dimensão territorial e densidade
populacional;
3. l evantamento dos recursos para mobilidade da população e das equipes, bem como para
a comunicação;
4. conhecimento da história e cultura dos diversos territórios;

355
MÓDULO 5 UNIDADE 2

5. i dentificação de peculiaridades da região: áreas de fronteira; áreas urbanas e rurais;


proximidade de rodovias; região turística etc.;
6. d
esenho de regionalização atualmente existente no Estado e, em específico, na Secretaria
Estadual de Assistência Social;
7. definição dos objetivos do CREAS, das situações a serem atendidas e da metodologia de
funcionamento adotada;
8. identificação dos recursos existentes nos Municípios para atender indivíduos e famílias
com direitos violados;
9. organização da infra-estrutura física, dos equipamentos e materiais necessários;
10. seleção, contratação e formação de profissionais;
11. articulação interinstitucional e intersetorial, mobilizando a rede e definindo fluxos de
referência e contra-referência; e
12. definição de metodologia para o monitoramento e a avaliação do processo de
implementação e da efetividade das intervenções.

Veja a tabela do CREAS na Organização por Nível de Gestão.

CREAS – Organização por Nível de Gestão


Municípios em Gestão Inicial e Municípios em Gestão Plena e CREAS
Básica Regionais
Capacidade de Atendimento Capacidade de Atendimento
50 famílias referenciadas 80 famílias referenciadas
Serviço Co-financiado Serviços Co-financiados
I. Serviço de Enfrentamento à I. Serviço de Enfrentamento à Violência,
Violência, ao Abuso e à Exploração Abuso e Exploração Sexual Contra
Sexual Contra Crianças e Crianças e Adolescentes e suas Famílias;
Adolescentes
II. Serviço de Apoio e Orientação aos
Indivíduos e às Famílias Vítimas de
Violência;
III. Serviço de Orientação e Acompanhamento
a Adolescentes em Cumprimento de
Medida Socioeducativa de Liberdade
Assistida e de Prestação de Serviços a
Comunidade, bem como seus familiares.
Algumas considerações sobre a tabela
• Municípios em Gestão Inicial e Básica – é facultado aos municípios, com recursos
próprios, oferecer os demais serviços, bem como o atendimento a outras situações de
violação de direitos (pessoas idosas, mulheres etc.).
• M
unicípios em Gestão Plena e CREAS Regionais – é facultado aos municípios, com
recursos próprios, oferecer atendimento a outras situações de violação de direitos (pessoas
idosas, mulheres etc.).
356
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Como é formada a equipe mínima de profissionais que deverão atuar em cada CREAS?
Observe o quadro informativo.

Profissional Municípios em Gestão Municípios em Gestão Plena


Inicial e Básica e Serviços Regionais
50 Famílias referenciadas 80 Famílias referenciadas
Coordenador 1 1
Assistente Social 1 2
Psicólogo 1 2
Profissional de 2 4
Abordagem
Auxiliares 1 2
Administrativos
Advogado 1 1
Fonte: NOB-RH/SUAS

Na perspectiva de garantir o acesso ao atendimento, devem ser implementados CREAS


locais e regionais de modo gradativo no país, naqueles Municípios e regiões nos quais seja
identificada a demanda.

Além da implementação, a qualificação das intervenções constitui um dos pilares que


fundamenta a oferta de serviços no CREAS, para que, de fato, o atendimento ofertado
seja condizente com as especificidades e complexidades das diversas formas de violação
de direitos vivenciadas pela família e seus membros.

Atualmente são co-financiados pelo MDS 928 CREAS, sendo 886 locais e 42 regionais,
totalizando uma cobertura de atendimento em 1.104 Municípios brasileiros. Inicialmente,
foram priorizados, para receber co-financiamento do MDS para a implementação de CREAS,
aqueles Municípios que, segundo a Matriz Intersetorial de Enfrentamento à Exploração
Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes1, possuíam incidência deste fenômeno. Em 1A Matriz
2006, a totalidade destes Municípios, bem como as demandas de caráter emergencial, foi
Intersetorial de
atingida com a expansão do co-financiamento. A partir de 2007, novos critérios de priorização Enfrentamento
serão pactuados e orientarão a expansão do co-financiamento. à Exploração
Sexual Comercial
Fique informado de Crianças e
Adolescentes cruzou
Um novo Guia do CREAS está sendo elaborado pelo MDS e trará, de forma mais detalhada, dados do Disque
orientações sobre a implementação do CREAS, os serviços ofertados e os fluxos de referência Denúncia Nacional,
e contra-referência. Polícia Rodoviária
Federal, Comissão
Parlamentar Mista de
SERVIÇOS ESPECIALIZADOS CONTINUADOS DE MÉDIA COMPLEXIDADE
Inquérito e Pesquisa
O Piso de Transição de Média Complexidade constitui-se no co-financiamento federal dos sobre Tráfico de
serviços socioassistenciais de habilitação e reabilitação de pessoas com deficiência e centro- Mulheres e Crianças.
dia para pessoas idosas e pessoas com deficiência.

357
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Segundo censo do IBGE, em 2000 existia, no Brasil, 24,5 milhões de pessoas com deficiência,
2 IBGE. Perfil dos
o equivalente a 14,5% da população brasileira. Desse total, 29% têm idade superior a 60
idosos responsáveis
anos, o que indica que o processo de envelhecimento possui uma relação com a incidência
pelos domicílios no
Brasil 2000. Rio de
de deficiências. De acordo, ainda, com levantamento do IBGE (2002)2, a família é a
Janeiro: IBGE: 2002. principal cuidadora das pessoas idosas no Brasil, sendo que apenas 1% vive em serviços de
acolhimento.

Tais dados estão associados:


• à perda gradativa de autonomia observada nesta etapa do ciclo de vida;
• ao envelhecimento significativo da população; e
• à s mudanças nas configurações da família brasileira – com redução no número de seus
componentes, evidenciam a importância da oferta de serviços, no âmbito do SUAS,
que apóiem as famílias no cuidado à pessoa idosa e à pessoa com deficiência.

Uma informação importante


Projeções realizadas pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada – IPEA indicam que, em
2020, um total de 5.804.138 brasileiros terá idade
superior a 80 anos, representando 2,66%.

Os Serviços Especializados de Média Complexidade são aqueles que se caracterizam pela oferta
de atendimento especializado à pessoa idosa e à pessoa com deficiência, o que geralmente
requer a atuação conjunta de diversas políticas públicas para a oferta do atendimento –
assistência social, saúde, educação e outras.

Tais serviços representam importante recurso para o apoio às famílias no exercício da


função de cuidado, proteção e socialização da pessoa idosa e da pessoa com deficiência,
contribuindo, sobremaneira, para a preservação da convivência familiar, fortalecimento
de vínculos familiares e comunitários e prevenção da institucionalização.

Conheça os Serviços Especializados Continuados de Média Complexidade

Habilitação e Reabilitação
Serviços socioassistenciais que visam desenvolver capacidades adaptativas para a vida diária e
prática: aquisição de habilidades, potencialização da capacidade de comunicação, socialização
e locomoção independente. Esses serviços podem ser desenvolvidos em diferentes espaços,
com oferta de diversas atividades organizadas conforme as necessidades específicas dos
beneficiários e características da deficiência.

358
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Atendimento em Centro-Dia
Atendimento oferecido no período diurno a pessoas idosas e com deficiência, em situação
de vulnerabilidade social, que possuam limitações para a realização de Atividades para a
Vida Diária (AVD), cujos cuidados não possam ser dispensados no domicílio ou em outros
serviços da rede. Proporciona atendimento especializado na área de assistência social e saúde,
visando à preservação do convívio familiar e comunitário, à potencialização da autonomia
e à melhoria da qualidade de vida. Deve atender às necessidades pessoais básicas e ofertar
atividades socioeducativas e apoio sociofamiliar.

Para tanto, deve dispor de uma equipe multidisciplinar e ofertar atividades terapêuticas e
socioculturais; atendimento individual, sociofamiliar e acompanhamento psicossocial;
atividades lúdicas, esportivas e de convivência social e intergeracional, entre outras. Constitui-
se em importante recurso para o apoio à família no exercício da função, prevenindo o
isolamento e a institucionalização da pessoa idosa e da pessoa com deficiência. Por se tratar
de equipamento onde são realizados serviços específicos da saúde e assistência social faz-se
necessária a articulação dessas políticas públicas para sua implementação, sem prejuízo da
articulação com as demais políticas (educação, cultura, esporte etc.).

Atualmente, por meio de um Projeto de Cooperação Técnica Internacional Brasil-Espanha,


o MDS está preparando orientações mais detalhadas sobre os serviços destinados ao
atendimento à pessoa idosa e à pessoa com deficiência. A perspectiva é que essas orientações,
entre outros aspectos, abordem:
• e specificidades e competências da Assistência Social nos atendimentos destinados a esses
segmentos; e
• fluxos e articulações com as demais políticas públicas.

Acompanhe as informações do quadro a seguir.


Quadro de Fixação
OUTROS SERVIÇOS DE MÉDIA COMPLEXIDADE

Pessoa com Deficiência e


Pessoa Idosa

DEMAIS
Centro-Dia Serviço de Habilitação
POLÍTICAS e Reabilitação
PÚBLICAS

Melhoria da Qualidade de Vida


Potencialização da Autonomia
Apoio à Família
Preservação de Vínculos
Prevenção da Institucionalização

359
MÓDULO 5 UNIDADE 2

PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL


Atenção
O combate ao Trabalho Infantil é uma questão de direitos humanos, que tem como arcabouço
jurídico a Constituição Federal, em seu art. 7º, inciso XIII, que proíbe todo e qualquer tipo
de trabalho aos menores de 16 anos, exceto àqueles em condição de aprendiz, a partir de 14
anos.
O Estatuto da Criança e do Adolescente/ECA, Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, reitera
esta proibição em seu art. 60.

Você sabia?
No que se refere à
Famílias de baixa renda na zona urbana têm probabilidade de ter pelo menos uma criança que
sua dinâmica familiar,
há que se destacar
trabalha no domicílio. Se a família é monoparental há 21% a mais de chance de ocorrência de
que as situações de trabalho infantil (DI GIOVANNI, 2004). Segundo AZEVEDO e GUERRA (2000):
trabalho infantil não As famílias pobres e exploradas buscam sobreviver, na desigualdade, por meio do
necessariamente
refletem uma
trabalho. O trabalho da criança e do adolescente constitui um dos recursos que
desestruturação do as famílias pobres utilizam para aumentar sua renda e como mecanismo social
presente arranjo, mas, para enfrentar emergências e situações de agravamento da subsistência. Isso
principalmente, uma acontece, por exemplo, em caso de invalidez, acidente, separação, desemprego e
situação extrema doença. Estas situações devem ser entendidas não como resultantes de dramas ou
de pobreza que histórias isoladas e individuais das famílias pobres, mas como parte da história
impulsiona para
esta estratégia de
social da exploração.
sobrevivência.
Se o trabalho infantil tem em seu cerne a pobreza, observa-se que tal atividade não é capaz
de quebrar o ciclo das desigualdades; ao contrário, contribui para sua perpetuação.

Desta forma...
Os aspectos simbólicos e culturais que insistem em legitimar a presente prática, destacando o
fenômeno como positivo, devem ser insistentemente rebatidos, demonstrando-se os efeitos
perversos que tal prática gera. Segundo DI GIOVANNI (2004):
No momento atual da sociedade, o trabalho infantil revela a desigualdade em seu
duplo aspecto: de um lado, porque priva grande contingente de crianças e jovens
das oportunidades de inserção que essa sociedade requer; de outro, porque os
predestina a serem adultos com baixa participação na riqueza social e cultural.

Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil – CONAETI


Sendo o Brasil signatário das Convenções 138 da Organização Internacional do Trabalho
(OIT), sobre a idade mínima para admissão ao emprego, e a 182, sobre as piores formas de
trabalho infantil, obriga-se, por conseqüência, ao cumprimento de suas várias disposições.
O artigo 1º da Convenção 138 prescreve que todo país-membro compromete-se a seguir
uma política nacional que assegure a abolição efetiva do trabalho de crianças. O art. 6º da
Convenção 182, no seu parágrafo primeiro, determina que todo país-membro elaborará e
desenvolverá programas de ação para eliminar, com prioridade, as piores formas de trabalho
infantil.
360
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Assumindo esses compromissos, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) instituiu


a Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil (CONAETI), criada por
intermédio da Portaria nº 365, de 12 de setembro de 2002. Com participação quadripartite.

A CONAETI visa:
• i mplementar a aplicação das disposições das Convenções nº 138 e 182 da OIT. Possui,
como uma de suas principais atribuições, o acompanhamento da execução do Plano
Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil, por ela elaborado em 2003.

Histórico do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI

1994 – A leitura crítica do fenômeno permitiu que no final de 1994 fosse instalado, no
Brasil, o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, reunindo vários
segmentos da sociedade civil, Legislativo e Judiciário, sob a coordenação do Ministério do
Trabalho, contando com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância/UNICEF e
da Organização Internacional do Trabalho/OIT. A partir da experiência de articulação
promovida por este Fórum e de sua orientação, na definição de modelos de ações voltadas à
erradicação do trabalho infantil.

1996 – Surge o PETI, concebido pela Secretaria de Estado de Assistência Social/SEAS do


Ministério da Previdência e Assistência Social/MPAS. A presente ação veio ao encontro da
necessidade de redução do trabalho infantil precoce, atendendo a Convenção nº 182 da OIT
e a Portaria nº 20, de 13 de setembro de 2001, do Ministério do Trabalho e Emprego/MTE.
O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI foi lançado oficialmente no Estado
do Mato Grosso do Sul, por meio de um Projeto-piloto, ficando estabelecida a meta inicial
de atendimento de 1.500 crianças e adolescentes, que exerciam atividades nas carvoarias e
na colheita da erva-mate, residentes em 14 Municípios daquela região. Posteriormente, foi
sendo expandido a outros estados como Pernambuco e a região sisaleira da Bahia.

1998 – É lançado o programa na região citrícola de Sergipe e no garimpo de Bom Futuro, em


Ariquemes no Estado de Rondônia.

1999 – O Programa foi implantado nos estados do Pará, Santa Catarina, Rio Grande do
Norte, Alagoas e Espírito Santo e, em seguida, foi expandido para os demais estados.

Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e a Política Nacional de Assistência


Social

Em conformidade com a PNAS e a NOB/SUAS, os serviços, programas, projetos e benefícios


da Assistência Social (ações socioassistenciais), entre eles o PETI, devem ser regulados e
organizados no modelo de gestão do Sistema Único de Assistência Social – SUAS – tendo
como foco prioritário as famílias, seus membros e indivíduos e o território como base de
organização, que passam a ser definidos pelas funções que desempenham, pelo número de
pessoas que deles necessitam e pela sua complexidade.

361
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Para erradicação do trabalho infantil é fundamental:


• a vigilância social;
• a proteção social; e
• a defesa social e institucional.

Assim, a identificação de situações de violação de direitos do trabalho infantil poderão


ocorrer no âmbito da Proteção Social Especial, nos municípios onde existem CREAS ou
serviços similares.
No momento em
que essa criança ou O que fazem o CRAS e o CREAS no enfrentamento ao trabalho infantil?
adolescente e suas
famílias são incluídos Cabe ao CRAS:
no PETI e cessa a
situação detectada, • p
revenção da presença e do agravo de vulnerabilidades e riscos sociais, entre os quais o
o acompanhamento trabalho infantil;
socioeducativo
da criança e do • acompanhamento das famílias; e
adolescente e sua • prestação de serviços de convívio social e socioeducativos e projetos.
respectiva família
poderá ocorrer
por intermédio do Cabe ao CREAS:
CRAS e dos serviços • m
onitoramento da presença do trabalho infantil e das diversas formas de negligência,
socioeducativos
abuso e exploração;
de Proteção Social
Básica. • p
restação de atendimento a crianças, adolescentes e suas famílias nas situações de
exploração sexual, bem como outras violações de direitos; e
• p
restação de atendimento prioritário às famílias inseridas no Programa de Erradicação
do Trabalho Infantil que apresentem dificuldades no cumprimento das condicionalidades
do Programa.

Integração PETI e PBF

Além do PETI estar inserido na lógica do Sistema Único de Assistência Social, enquanto
serviço socioassistencial, há que se destacar o processo de integração do PETI com o
Programa Bolsa Família.

A integração entre o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e o Programa Bolsa


Família, por meio da Portaria 666 de 28 de dezembro de 2005, buscou racionalizar e aprimorar
a gestão de ambos os programas, com o incremento da intersetorialidade e da potencialidade
das ações do Governo, evitando-se a fragmentação, a superposição de funções e o desperdício
de recursos públicos.

O redesenho permitiu o alcance das famílias incluídas no maior Programa de Transferência


de Renda do Brasil, que é o Programa Bolsa Família, na medida em que estende às famílias
com crianças/adolescentes em situação de trabalho deste programa as Ações Socioeducativas
e de Convivência do PETI.

362
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Com o Bolsa Família assumindo o pagamento da bolsa (transferência de renda) às famílias,


o PETI reforçou as Ações Socioeducativas e de Convivência (Jornada Ampliada) que, em
verdade, constituem o diferencial em relação a outros programas de transferência de renda.

Destacam-se com a integração:


• transparência dos procedimentos;
• identificação das famílias contempladas no Cadastro Único; e
• transferência de renda direta às famílias por meio do Cartão do Cidadão.

As questões de duplicidade e concorrência entre o PBF e o PETI são enfrentadas mediante a


integração, que se tornou caminho viável para fazer face aos impasses e propiciar uma maior Assim, o combate
cobertura do atendimento das crianças e adolescentes em situação de trabalho no Brasil. ao trabalho
Além disto, a integração é a forma concreta de assegurar a universalização do PETI. infantil ampliou-
se na medida em
que abrange o
Para você relembrar principal programa
de transferência
de renda
governamental, que
é o Bolsa Família,
Contexto da Integração e potencializa o
programa específico
1. Programas
de Transferência de Renda Federais, existência de duplicidade de benefícios já existente que é o
e demanda reprimida, concorrência entre o PETI e o PBF. PETI.
2. Urgência na ampliação do PETI de acordo com demandas manifestas de trabalho
infantil.
3. Crianças/Adolescentes do PBF trabalhando.
4. Sistema ineficiente e oneroso de pagamento via Fundo.
5. Necessidade de repasse direto de transferência de renda às famílias.
6. N
ão identificação das crianças/adolescentes atendidas pelo PETI por parte do Governo
Federal e urgência do detalhamento do perfil das famílias de crianças/adolescentes
atendidas pelo PETI.
Marcos Legais
• Portaria GM/MDS 666 de 28 de dezembro de 2005;
• Instrução Operacional Conjunta SENARC/SNAS n° 1 de 14 de março de 2006.

363
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Veja as atribuições relativas à integração:

Relembrar as Regras para as Famílias Beneficiárias do PETI


migrarem para o PFB:

Relembrando os Pressupostos Operacionais para a Integração PETI e PBF:

As famílias usuárias do PETI tinham que ter suas informações inseridas nos Cadastro Único
e a marcação especifica no campo 270 que deveria estar completamente preenchido, o
inclusive o subcampo “outro” com a palavra “fundo”.

364
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Procedimentos Operacionais para a integração PETI e PBF


• Inclusão no Cadastro Único com a marcação específica do campo 270 e cadastro na área
urbana ou rural pactuada.
• Seleção no Sistema Específico do PETI.

RESULTA Transferência de renda ou Transferência de renda


pelo PBF pelo PETI

Continuidade ou implantação das ações do


PETI para quem tem o campo 270 marcado.

Integração PETI

Com crianças ou adolescentes


Famílias do PBF
em situação de trabalho infantil

Observação 1 - Não serão penalizadas as famílias que não cumprirem as Ações Socioeducativas
de Convivência quando não houver oferta do serviço por força maior. Porém, a família tem
que retirar a criança ou adolescente do trabalho infantil.
Observação 2 - O PBF já prevê a obrigatoriedade de não haver trabalho infantil para participar
do Programa. Com a integração houve mais suporte para este afastamento.

365
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Inclusão gradativa nas Ações Socioeducativas e de Convivência (Jornada Ampliada) do


PETI

Gestor Gestor Municipal Gestor Estadual Gestor Estadual


Municipal PBF PETI PBF PETI
Analisar bloqueio Analisar bloqueio e can- Apoiar a atualização do Manter contato com
e cancelamento de celamento de benefício cadastro das famílias o gestor do PETI no
benefício do PBF com situação Estado
de trabalho infantil
Atualizar cadastro Incluir no CadÚnico Manter contato com Ofertar as ações
das famílias do famílias do PETI o gestor do PETI no socioeducativas às
PBF com situação recebendo via FNAS Estado famílias em situação
de trabalho infantil de trabalho infantil do
PETI e do PBF
Manter contato Ofertar as ações socio- Encaminhar a SNAS o
com o gestor do educativas às famílias acompanhamento das
PETI em situação de trabalho ações socioeducativas
infantil do PETI e do PBF
Encaminhar à SNAS o Manter contato com o
acompanhamento das gestor do PBF no Estado
ações socioeducativas
Manter contato com o
gestor do PBF

366
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Instância Comissão Comissão SENARC SNAS


Municipal de Municipal de Estadual de
Controle do Erradicação Erradicação
PBF do Trabalho do Trabalho
Infantil Infantil
Comunicar Comunicar Comunicar aos Transferência de Transferência de
aos gestores aos gestores gestores estaduais recursos para os recursos para os
municipais do municipais do ou municipais do beneficiários do beneficiários do
PETI e do PBF PETI e do PBF PETI e do PBF os PBF PETI
os casos de os casos de casos de famílias
famílias do PBF famílias do PBF do PBF em situ-
em situação de em situação de ação de trabalho
trabalho infantil trabalho infantil infantil
Manter contato Manter contato Manter contato Orientar Estados Orientar Estados
com a Comissão com a instância com a instância e Municípios e Municípios
Municipal de municipal de estadual de sobre a integração sobre a integração
Erradicação do controle do PBF controle do PBF
Trabalho Infantil
Comunicar Comunicar Disciplinar ques- Regulamentar
aos gestores aos gestores tões operacionais assuntos
do PETI e do do PETI e do em conjunto com pertinentes à
PBF as famílias PBF as famílias a SNAS integração em
desses programas desses programas conjunto com a
que não estão que não estão SENARC
freqüentando freqüentando
as ações as ações
socioeducativas socioeducativas
por inexistência por inexistência
ou precariedade ou precariedade
Realizar a
repercussão do
descumprimento
das ações
socioeducativas,
segundo normas
encaminhadas
pela SNAS
Realizar o
acompanhamento
das ações
socioeducativas
Articular
regionalmente os
responsáveis pela
erradicação do
trabalho infantil

367
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Consolidação e Aprimoramento da Gestão e Qualificação do PETI


Operacionalização da integração do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e do
Programa Bolsa Família viabilizando:
• a racionalização e aprimoramento dos processos de gestão do PETI e do PBF, eliminando
a duplicidade de benefícios e a concorrência entre ambos os programas;
• a possibilidade de ampliação da cobertura de crianças/adolescentes em situação de
trabalho infantil; e
• a extensão das Ações Socioeducativas e de Convivência do PETI para beneficiários do
PBF fortalecendo as ações de enfrentamento ao trabalho infantil.

A integração exigiu a migração das famílias ainda atendidas mediante transferência da bolsa
pelo Fundo Nacional de Assistência Social para o Cadastro Único, no sentido de facilitar
o recebimento direto (via cartão magnético), unificando os procedimentos utilizados,
possibilitando maior agilidade e controle. Assim, houve a inserção de aproximadamente 80%
das famílias do PETI no Cadastro Único do Governo Federal permitindo:
• o enfrentamento da duplicidade de benefícios;
• a transferência de renda direta para o cidadão por meio do cartão magnético da Caixa
Econômica Federal, ocasionando maior transparência nos procedimentos, evitando
atraso nos repasses e diminuindo custos operacionais aos Municípios; e
• a identificação das famílias com crianças/adolescentes retiradas do trabalho infantil
atendidas pelo Governo Federal.

Pactuações contínuas para deliberação da operacionalização da integração do PETI e do PBF


com as seguintes instâncias: Fórum Nacional de Secretários Estaduais da Assistência Social –
FONSEAS, Colegiado Estadual de Gestores Municipais da Assistência Social – CONGEMAS
visando:
• à implantação e implementação do Sistema Único de Assistência Social – SUAS,
incrementando o atendimento socioeducativo;
• à Rede de Proteção Social; Gestão e Financiamento; Território; Matricialidade
Sociofamiliar; Descentralização Político-administrativa; Intersetorialidade; Referência e
Contra-referência; Controle Social;
• a o incentivo financeiro do MDS para o cadastramento das famílias beneficiárias do
PETI;
• à unificação dos valores referentes às Ações Socioeducativas e de Convivência, de
R$ 10,00 (dez reais) para R$ 20,00 (vinte reais), tanto para a área urbana quanto rural; e
• a o processo de capacitação contínua in loco nos 26 Estados e no Distrito Federal sobre a
operacionalização do processo de integração.

368
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Construção do sistema de monitoramento das Ações Socioeducativas


SISPETI permitindo:
• o controle da freqüência do PETI e a repercussão nos benefícios;
• o cadastro nacional de todos os núcleos do PETI;
• o
histórico da criança/adolescente quanto a inserção/desligamento do PETI, quanto a
mudança de núcleo;
• a listagem nominal das crianças/adolescentes que recebem transferência de renda pelo
PETI e as que recebem transferência pelo PBF;
• o
processo contínuo de construção da qualificação das Ações Socioeducativas e de
Convivência – Elaboração de Diretrizes/Orientações para execução e desenvolvimento
por parte dos Municípios; e
• a parceria com o Ministério da Educação, integrando as ações do Programa Mais
Educação, juntamente com o Ministério da Cultura e o Ministério dos Esportes, para o
desenvolvimento de ações conjuntas para a formação integral de crianças/adolescentes,
qualificando as ações de contra-turno escolar.

Assinatura de Termo de Cooperação Técnica do MDS com o Ministério Público do Trabalho para
avanço na fiscalização e monitoramento da ocorrência do trabalho infantil e acesso ao PETI.

O PETI desenvolveu grandes avanços desde o seu surgimento até os dias atuais.

Observe o quadro comparativo.

Avanços do PETI

ANTES HOJE
Crianças/Adolescentes de 7 a 14 anos Crianças/Adolescentes até 16 anos incompletos
Atendimento das atividades de trabalho infantil Atendimento de todas as formas de trabalho
consideradas perigosas, penosas, insalubres e infantil
degradantes (com prioridade às piores formas)
Ausência de porcentagem estabelecida para Freqüência mínima estabelecida de 85% nas
a freqüência nas Ações Socioeducativas e de Ações Socioeducativas e de Convivência
Convivência
Ações Socioeducativas e de Convivência não Extensão das Ações Socioeducativas e de
extensivas a outros programas de transferência Convivência para o Programa de Transferência
de renda com crianças/adolescentes em Renda PBF do Governo Federal, para crianças/
trabalho adolescentes em situação de trabalho
Repasse financeiro via Fundo para os Estados Repasse financeiro direto às famílias via cartão
e Municípios social – cidadão
Metas pactuadas de acordo com a capacidade Ação conjunta para atingir a erradicação do
instalada e critérios referenciais trabalho infantil no Brasil
Por meio do cadastramento de crianças e
adolescentes no Cadastro Único

369
MÓDULO 5 UNIDADE 2

ANTES HOJE
Valores diferenciados para Ações Unificação do valor para R$ 20,00
Socioeducativas (Urbana e Rural) R$ 10,00
e R$ 20,00
Execução das ações socioeducativas sem Elaboração de diretrizes gerais para
parâmetro nacional orientador desenvolvimento das Ações Socioeducativas
Ausência de sistema específico para Construção e operacionalização de sistema de
controle da freqüência escolar e jornada Monitoramento e Controle de Condicionalidades
ampliada (SNAS, SENARC, CGI) das Ações Socioeducativas
e de Convivência e da freqüência escolar, por meio
do SISPETI

O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI

É destinado ao atendimento de famílias com crianças e adolescentes até 16 anos em situação


Para acesso à de trabalho infantil, articulando:
transferência de
• transferência de renda e acompanhamento às famílias;
renda é necessária
a inclusão das • a ções socioeducativas e de convivência com as crianças e adolescentes retiradas do
famílias usuárias no trabalho.
Cadastro Único do
Governo Federal,
Observe no quadro os valores do benefício.
operacionalizado
pela Caixa Econômica
Benefício do PBF Benefício do PETI
Federal. Este
cadastramento Famílias em situação de trabalho infantil com
Famílias em situação de trabalho infantil com
permite a renda per capita mensal igual ou inferior a
renda per capita mensal superior a R$ 120,00
transferência de R$ 120,00
renda direta às Famílias com renda per capita de até R$ 60,00: Famílias, residentes na área urbana, têm direito à
famílias através do
R$ 62,00 bolsa mensal no valor de R$ 40,00 por criança/
Cartão do Cidadão da
CAIXA. + adolescente retirado do trabalho.
R$ 20,00 por beneficiário Não há limites de inclusão de crianças/
(no máximo até 3) adolescentes por família se estiverem com a
situação de trabalho.
Famílias com renda per capita acima de Famílias, residentes na área rural, têm direito à
R$ 60,00 e menor que R$ 120,00: bolsa mensal no valor de R$ 25,00 por crianças/
  adolescente retirado do trabalho.
R$ 20,00 por beneficiário Não há limites de crianças/adolescentes por
(no máximo até 3) família se estiverem com a situação de trabalho.

As Ações Socioeducativas e de Convivência deverão ser realizadas no contra-turno escolar,


sem interrupção das férias escolares, e poderão ser desenvolvidas por meio da articulação de ações,
projetos e programas nos campos de assistência social, educação, artes, cultura, esporte, lazer,
entre outros.

370
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Os núcleos socioeducativos devem oferecer:


• a garantia de convívio, com oportunidades e ações para o enfrentamento das condições
de vida;
• o fortalecimento de laços de pertencimento;
• a construção de projetos pessoais e sociais; e
• o desenvolvimento da cultura da solidariedade e da eqüidade.
As instalações
O PETI deve contar com equipes técnicas multidisciplinares, compostas por: físicas devem ser
compatíveis com o
• assistentes sociais; número de crianças/
adolescentes a serem
• psicólogos; atendidos e devem
• pedagogos; e estar equipadas
adequadamente
• outros profissionais que estejam disponíveis quando solicitados. com as atividades a
serem desenvolvidas.
Ação Socioeducativa e de Convivência e Intervenção com a Família

• Reconstrução do Simbólico e Cultural do Trabalho Infantil com a Criança /


Adolescente e sua Família
Há que se desconstruir a representação delineada com a criança/adolescente e sua família:
do trabalho infantil como ordem positiva, da provisão do lar que incorpora a criança/
adolescente como responsável, da participação na escola e o “brincar” como questões
secundárias da presente faixa etária, entre outras questões advindas.

• Retomando o lúdico e o brincar


Há que ser retomada tal perspectiva com a criança/adolescente e familiares como
fundamental para o desenvolvimento da presente faixa etária.

Quais as condições para permanência no programa?


-- R
etirada de todas as crianças/adolescentes pela família das atividades laborais e de
exploração.
-- F
reqüência de 85% da criança/adolescente na Escola e nas Ações Socioeducativas e de
Convivência.
-- A
companhamento do crescimento e desenvolvimento infantil, de assistência ao pré-natal
e ao puerpério, da vacinação, bem como da vigilância alimentar e nutricional de crianças
menores de sete anos e que recebem transferência de renda pelo PBF.

No que se refere às Ações Socioeducativas, o Ministério do Desenvolvimento Social e


Combate à Fome – MDS desenvolveu o Sistema de Controle de Condicionalidades do
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – SISPETI.

371
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Ele tem como


objetivo, em seu primeiro
Qual o objetivo do SISPETI? módulo, controlar a freqüência mensal nas
Ações Socioeducativas e de Convivência – ASEC
(Jornada Ampliada) para crianças e adolescentes
do PETI, cujas famílias recebem o componente
transferência de renda por meio do cartão do
PETI ou do PBF.

Além da freqüência, o sistema possibilitará, por meio de relatórios, colher dados qualitativos
sobre as ASECs, uma vez que o Município deverá informar:
• as atividades desenvolvidas em cada núcleo de atendimento;
• a quantidade de monitores;
• a quantidade de horas de atendimento;
• o horário de funcionamento do núcleo; e
• entre outros dados que poderão ser extraídos.

Cabe ressaltar que os relatórios estarão disponíveis no segundo módulo do sistema.

O SISPETI disponibilizará os dados de todas as crianças/adolescentes cadastradas


no CADÚNICO identificados em situação de trabalho, cujos responsáveis estejam
recebendo o benefício pelo PETI ou pelo PBF. Para identificar se houve a freqüência
mínima, exigida como condicionalidade, os gestores deverão informar, mensalmente,
quem atingiu ou não o percentual de 85% nas ASECs. Caso o gestor deixe de informar
a freqüência, o Município estará sujeito ao bloqueio do repasse de recursos para as
ASECs, bem como as famílias poderão sofrer sanções em relação ao recebimento do
benefício, caso não mantenham seus filhos fora do trabalho, freqüentando a escola e as
ações socioeducativas (jornada ampliada) ofertadas pelos Municípios.

Linhas Gerais de Ação com a Criança Retirada do Trabalho


De acordo com a realidade, construir abordagens específicas para:
1. Zona rural e urbana;
2. Comunidades tradicionais;

372
MÓDULO 5 UNIDADE 2

3. Enfrentamento das formas específicas de trabalho infantil: segundo o Plano Nacional de


Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalhador Adolescente
(2004:47) há que se ter atuações específicas para abordagem do (a):
-- trabalho
infantil doméstico;
-- trabalho no narcotráfico e narcoplantio;
-- exploração sexual comercial; e
-- trabalho em atividades ilícitas.

Conheça as Articulações Intersetoriais, principalmente com:


• Saúde
Toda criança retirada do trabalho infantil deve ser encaminhada à rede de saúde para
avaliação de possíveis danos ocasionados ao seu desenvolvimento e saúde, independente de
não serem constatados danos aparentes.

O encaminhamento deve ser acompanhado pela descrição detalhada das atividades de


trabalho realizadas, se a atividade está na classificação das piores formas, o tempo (anos) de
exposição, a jornada de trabalho (dia), entre outros. Deve ainda esclarecer sobre o PETI e
as atividades desenvolvidas atualmente, após a retirada do trabalho, e solicitar orientações
específicas da área de saúde.

• Educação
Visa ao desenvolvimento das Ações Socioeducativas e de Convivência e inclusão na rede de
Creches e Pré-escola, para as crianças de zero a seis anos.
Torna-se imprescindível o acesso ao direito de creche e pré-escola à criança pequena (zero
a seis anos) retirada do trabalho. Os presentes serviços constituem-se em espaços que
favorecem o desenvolvimento e devem ser utilizados como estratégia para reinclusão social
da criança que sofreu a violência da exploração do trabalho.

No Relatório Global, no quadro do Seguimento da Declaração da OIT 2006, está posto que
“a freqüência escolar em tempo integral é, de um modo geral, incompatível com as piores
formas de trabalho infantil”. Desta forma, a presente estratégia, além de proporcionar o
desenvolvimento da criança, dificulta a manutenção nas atividades de trabalho que possam
vir a reincidir.

• Trabalho
Para fiscalização e encaminhamento da incidência do trabalho infantil.

• Ministério Público do Trabalho


Identificação e encaminhamento das situações de trabalho infantil ao MDS.

Instâncias de Mobilização, Articulação, Negociação e Controle Social


São as seguintes:
• Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – CONANDA – 1991;
373
MÓDULO 5 UNIDADE 2

• Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS –1993;


• A presença da OIT, em 1992, e a parceria com o UNICEF;
• Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil –1994; e
• Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil – CONAETI – 2002.

Instâncias de Monitoramento LOCAL do PETI

Comissão Municipal de Erradicação do Trabalho Infantil

Segundo a Portaria 458,


“As Comissões Estadual e Municipal de Erradicação do Trabalho Infantil, constituídas
por membros do governo e da sociedade, de caráter consultivo e propositivo, têm como
objetivo contribuir para a implantação e implementação do Programa de Erradicação
do Trabalho Infantil - PETI”.

Cabe à Comissão Estadual e Municipal de Erradicação do Trabalho Infantil:


• c ontribuir para a sensibilização e mobilização de setores do governo e da sociedade em
torno da problemática do trabalho infantil;
• articular-se com organizações governamentais e não-governamentais;
• denunciar aos órgãos competentes a ocorrência do trabalho infantil;
• r eceber e encaminhar aos setores competentes as denúncias e reclamações sobre a
implementação e execução do PETI; e
• c ontribuir no levantamento e consolidação das informações, subsidiando o órgão
gestor estadual da Assistência Social na operacionalização e na avaliação das ações
implantadas.

Caberá à Comissão Municipal de Erradicação do Trabalho Infantil do PETI, segundo o


art. 23 da Portaria 666:
• c omunicar aos Gestores Municipais do PBF e do PETI os casos de famílias beneficiárias
do PBF em situação de trabalho infantil em sua localidade;
• manter interlocução com a instância municipal de controle social do PBF; e
• c omunicar aos Gestores Municipais do PBF e do PETI a respeito de famílias que
recebam recursos desses programas que não estejam cumprindo a freqüência às ações
socioeducativas e de convivência, ou sobre a inexistência de oferta destas ações no âmbito
local.

Caberá à Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Infantil do PETI, segundo o


art. 24. da Portaria 666:
• c omunicar aos Gestores Estaduais ou Municipais do PBF e do PETI os casos de famílias
beneficiárias do PBF em situação de trabalho infantil em sua localidade; e
• manter interlocução com a instância estadual de controle social do PBF.

374
MÓDULO 5 UNIDADE 2

Instância Municipal de Controle Social do PBF

Segundo o art. 29 do Decreto 5.209 do PBF, o controle e a participação social do Programa


Bolsa Família deverão ser realizados, em âmbito local, por um conselho formalmente
constituído pelo Município ou pelo Distrito Federal, respeitada a paridade entre governo e
sociedade.

O que caberá à instância municipal de controle social do PBF, segundo o art. 18 da Portaria 666:
• c omunicar aos Gestores Municipais do PBF e do PETI os casos de famílias beneficiárias
do PBF em situação de trabalho infantil em sua localidade;
• manter interlocução com a Comissão Municipal de Erradicação do Trabalho Infantil; e
• c omunicar aos Gestores Municipais do PBF e do PETI a respeito de famílias que
recebam recursos desses programas que não estejam respeitando a freqüência às ações
socioeducativas e de convivência, sobre a inexistência ou precariedade da oferta destas
ações no âmbito local.

Conselho Tutelar
Segundo o artigo
O que cabe ao Conselho Tutelar? 131 do ECA, o
Conselho Tutelar “é
Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou órgão permanente
penal contra os direitos da criança ou adolescente. e autônomo,
não jurisdicional,
encarregado pela
Centros de Defesa da Criança e do Adolescente – CEDECAS
sociedade de zelar
OS CEDECAS são organizações não governamenttais sem fins lucrativos com missão pelo cumprimento
dos direitos da
de proteção jurídico-social de direitos humanos de crianças e adolescentes associando
criança e do
intevenção jurídica, mobilização social e comunicação para direitos com vistas a construção adolescente”.
de uma sociedade que exercite plenamente os direitos humanos infanto-juvenis.

Fórum Nacional e Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil

O Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil representa um espaço


não governamental permanente de articulação e mobilização dos agentes institucionais
envolvidos com políticas e programas de enfrentamento ao trabalho infantil e de proteção ao
adolescente trabalhador.

Cabe ao Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil


Buscar compromissos do governo e da sociedade como o cumprimento dos dispositivos
legais e com as convenções internacionais, ratificadas pelo Brasil, referentes ao tema.

Parabéns!
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Alguma dúvida? Releia a unidade.
Agora é hora de seguir aprendendo!

375
MÓDULO 5 UNIDADE 3

Unidade 3 – Proteção Social Especial de Alta Complexidade

Nesta unidade você estudará a Proteção Social de Alta Complexidade.

Relembrando...
Na Unidade 2, você ficou sabendo que a Proteção Social de Assistência Social possui dois
níveis: a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial – PSE. E que esta última se divide
em Média e Alta Complexidade.
1
Silva, E. R. O direito
à convivência familiar Chegou a hora de estudar a Proteção Social de Alta Complexidade.
e comunitária: os
abrigos para crianças
e adolescentes no PISO DE ALTA COMPLEXIDADE I E PISO DE ALTA COMPLEXIDADE II
Brasil. Brasília: IPEA/ São considerados serviços de alta complexidade aqueles que oferecem atendimento às famílias
CONANDA, 2004.
Levantamento
e aos indivíduos que se encontram em situação de abandono, ameaça ou violação de direitos,
realizado pelo IPEA necessitando de acolhimento provisório, fora de seu núcleo familiar de origem (mulheres
em 2003 e promovido vitimizadas, idosos, crianças e adolescentes, população em situação de rua, entre outros).
pela Secretaria
Especial dos Direitos O Piso de Alta Complexidade I constitui-se no co-financiamento federal dos serviços socio-
Humanos (SEDH)
assistenciais prestados pelas unidades de acolhimento e abrigo para:
da Presidência da
República, por meio • idosos;
da Subsecretaria
de Promoção dos • crianças e adolescentes;
Direitos da Criança • jovens;
do Adolescente
(SPDCA) e do • mulheres vítimas de violência; e
Conselho Nacional de
Direitos da Criança
• e ntre outras (Família Acolhedora; Abrigo Institucional; Casa-lar; República; Moradias
e do Adolescente Provisórias e Casas de Passagem).
(CONANDA). A
amostra investigada O Piso de Alta Complexidade II constitui-se no co-financiamento da rede de acolhida
corresponde as 589 temporária destinada à população em situação de rua (Albergue, Abrigo, Moradias Provisórias
instituições que
e Casas de Passagem).
eram beneficiadas,
naquele ano, por
recursos da Rede PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE ALTA COMPLEXIDADE
de Serviços de Ação
Continuada (Rede A PSE de Alta Complexidade caracteriza-se pela oferta de atendimento a indivíduos
SAC) do Ministério
que se encontram afastados do convívio com o núcleo familiar.
do Desenvolvimento
Social e Combate
à Fome (PNCFC,
2006). “Essas
Importante
instituições acolhiam, Nem sempre seus vínculos familiares estão rompidos. Nessa direção pode-se citar, por
no momento exemplo, que pesquisa realizada pelo IPEA (2004)1 nos abrigos de crianças e adolescentes
da realização
da Pesquisa,
da antiga Rede SAC do MDS identificou que 86,7% das crianças e adolescentes atendidos
19.373 crianças e tinham família, sendo que 58,2% mantinham vínculo com a mesma.
adolescentes” (p. 61).

376
MÓDULO 5 UNIDADE 3

Os serviços da PSE de Alta Complexidade devem:


• c ontar com acompanhamento técnico profissional, mantendo permanente articulação
com a rede socioassistencial, com os serviços das demais políticas públicas e com o
Sistema de Justiça e o SGD; e
• m
anter articulação com a PSB e PSE de Média Complexidade sempre que os recursos
destas puderem também contribuir para o trabalho pela reintegração ao convívio familiar,
fortalecimento dos vínculos comunitários, potencialização da autonomia e protagonismo
e resgate de direitos violados.

Tais serviços funcionam como moradia provisória até que seja viabilizado o retorno à família
de origem, o encaminhamento para família substituta – quando for o caso – ou o alcance da
autonomia (moradia própria ou alugada).

É importante que estejam inseridos na comunidade, em áreas residenciais, oferecendo


ambiente acolhedor, o mais parecido possível com o de uma residência familiar, sem,
todavia, distanciar-se excessivamente, do ponto de vista geográfico e socioeconômico da
realidade de origem dos beneficiários.

Devem afiançar acolhimento e desenvolver atenção especializada, visando:


• à reconstrução dos vínculos familiares e comunitários; e
• à conquista de maior grau de autonomia e independência individual/familiar e social.

ASPECTOS IMPORTANTES DO ATENDIMENTO

São vedadas práticas segregacionistas e restritivas de liberdade.


Nessa perspectiva, deve-se oferecer acessibilidade, garantindo, como os demais equipamentos
da Assistência Social, a inclusão das pessoas com deficiência.

O funcionamento de tais serviços é definido segundo as especificidades da demanda e


do ciclo de vida dos beneficiários (crianças e adolescentes sob medida protetiva, idosos,
mulheres vítimas de violência e outros), devendo estar em consonância com as disposições
das legislações e normativas específicas (Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto do
Idoso, Política Nacional de Assistência Social, RDC 283/2005 – ANVISA e outras).

Isto é importante!
O ambiente e os cuidados oferecidos devem ser de qualidade, condizentes com as
especificidades do ciclo de vida das pessoas atendidas.
A organização do ambiente e os cuidados oferecidos devem contribuir para:
• o desenvolvimento saudável das pessoas atendidas;
• a reparação de vivências de separação/rupturas ou até mesmo de violação de direitos;
• a preservação da história de vida;
• o fortalecimento da auto-estima e dos vínculos familiares e comunitários; e
• a potencialização do protagonismo e da participação social.
377
MÓDULO 5 UNIDADE 3

Nesse sentido, grupos de irmãos, casais de idosos e mães acompanhadas de seus filhos, entre
outros, devem ser atendidos no mesmo serviço, prevenindo-se, desse modo, o enfrentamento
de mais perdas e rupturas.
Além daqueles já mencionados, constituem aspectos importantes no atendimento ofertado
nos serviços de acolhimento:
• a organização do ambiente de modo a preservar a identidade pessoal e a individualidade
dos beneficiários, disponibilizando, por exemplo, espaços privados (camas, gavetas,
armários etc.) e objetos pessoais (roupas, calçados, brinquedos e outros). Nesse sentido
é importante, ainda, que o serviço atenda um pequeno grupo, conforme previsto em
normativas vigentes – ECA, Estatuto do Idoso, PNAS, Plano Nacional de Convivência
Familiar e Comunitária (PNCFC) etc.;
• a preservação da história pessoal durante o período de atendimento (fotos, prontuários,
registros diários etc.);
• a atitude receptiva e acolhedora no momento da chegada e durante a permanência no
serviço de acolhimento, sendo vedadas práticas vexatórias, que desrespeitem os direitos
e a dignidade das pessoas atendidas;
• a relação de qualidade com os cuidadores. Para que o abrigo cumpra de fato sua função
de proteção, é fundamental que os cuidados diretos sejam de qualidade. Para tanto é
importante evitar-se a rotatividade e proporcionar a qualificação e o acompanhamento
dos cuidadores;
• a disponibilização de espaços para convivência que favoreçam a interação;
• a participação na vida comunitária, oferecendo condições para que as pessoas atendidas
participem das atividades desenvolvidas na comunidade e utilizem os serviços disponíveis
na rede local; e
• o
acompanhamento técnico-profissional de cada pessoa atendida, visando à sua reinserção
familiar e comunitária, bem como à potencialização de sua autonomia, protagonismo e
participação social. A equipe técnica tem um importante papel, ainda, na supervisão
dos cuidados diretos – quando for o caso – e na articulação com a rede local (rede
socioassistencial, serviços de outras políticas públicas e SGD), no acompanhamento das
famílias e na articulação com a rede local.

O reordenamento do atendimento dos serviços de Alta Complexidade, de modo a


adequá-los às normativas vigentes, constitui um dos principais desafios da PSE.

378
MÓDULO 5 UNIDADE 3

Para você sistematizar o que estudou

PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE ALTA COMPLEXIDADE


Objetivos
• Devem afiançar acolhimento e desenvolver atenção especializada, visando:
-- à reconstrução dos vinculos familiares e comunitários;
-- à conquista de maior grau de autonomia e independência individual /
familiar e social;
-- à reinserção familiar.
• D
evem garantir a conscicência familiar e comunitária dos seus usuários, sendo
vedadas práticas segregacionistas e restritivas de liberdade devendo estar
adaptadas para receber usuários com deficiência
• Devem ser condizentes com as legislações relacionadas:
Estatudo da Criança e do Adolescente; PNCFC; Estatudo do Idoso; Política
Nacional de Assistência Social; e outras.

O funcionamento de tais serviços é definido segundo as especificidades das


demandas e do ciclo de vida dos beneficiários.

Um recado
Atualmente, o MDS está organizando a Primeira Versão do Guia da Alta Complexidade, que
trará parâmetros para a organização de tais serviços.

CONHEÇA OS SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO DA PSE DE ALTA COMPLEXIDADE

Abrigo Institucional para Pequenos Grupos


Serviços continuados que oferecem acolhida, cuidado e espaço de socialização e
desenvolvimento. Geralmente os ambientes são coletivos (sala de TV, espaço para convivência,
refeitório) e os cuidadores não residem no local. Deve-se evitar o número elevado de pessoas
por quarto, de modo a garantir atendimento personalizado e individualizado.
Destina-se ao atendimento, por exemplo, de crianças e adolescentes, mulheres vitimizadas,
mulheres acompanhadas de crianças etc. Recomenda-se que o abrigo institucional atenda
um pequeno grupo de, no máximo, 20 pessoas.

Casa-lar
Modalidade de atendimento que oferece acolhimento em residência para pequenos grupos
(crianças e adolescentes, idosos, adultos com deficiência) com cuidador(es) residente(s) no
local, devidamente qualificados e acompanhados.

379
MÓDULO 5 UNIDADE 3

Esse tipo de atendimento visa proporcionar ambiente acolhedor, com rotina mais próxima de
um ambiente familiar e maior participação na vida comunitária. Com arquitetura semelhante
à de uma residência privada, deve localizar-se em áreas residenciais da cidade, seguindo o
padrão socioeconômico da comunidade onde estiverem inseridas. Podem estar distribuídas
tanto em um terreno comum, quanto inseridas, separadamente, em bairros residenciais.
Destina-se ao atendimento de crianças e adolescentes, idosos e adultos com deficiência. Cada
casa-lar deve atender um pequeno grupo de, no máximo, 10 pessoas.

Casa de Passagem
Serviço destinado ao atendimento de pessoas em situação de rua, abandono, risco ou violação
de direitos, entre outros. Oferecem espaço de acolhida inicial ou emergencial, durante
período de realização de diagnóstico da situação. A recepção e o atendimento costumam ser
ininterruptos, tendo como característica maior fluxo e rotatividade das pessoas acolhidas.
Destina-se ao atendimento de crianças, adolescentes e adultos em situação de rua, entre
outros. Recomenda-se que a casa de passagem atenda um pequeno grupo de, no máximo, 20
pessoas.

Família Acolhedora
Serviço que organiza o acolhimento de indivíduos em situação de abandono ou risco pessoal/
social na residência de famílias acolhedoras. Para tanto, a metodologia de funcionamento
prevê: (i) mobilização, cadastramento, seleção, capacitação, acompanhamento e supervisão
das famílias acolhedoras; (ii) acompanhamento psicossocial das famílias de origem, com
vistas à reintegração familiar, quando for o caso; (iii) articulação com a rede serviços e,
quando se aplicar, com a autoridade judiciária.
Destina-se ao atendimento de crianças e adolescentes sob medida protetiva de abrigo, idosos
e pessoas com deficiência.
Recomenda-se que cada família acolha apenas uma pessoa por vez. Todavia, esse número
deverá ser flexibilizado, por exemplo, no caso de grupo de irmãos (criança ou adolescente,
idoso ou pessoa com deficiência) ou casal de idosos, entre outros. O acolhimento nessas
situações dar-se-á mediante avaliação profissional que averigüe se há condições favoráveis
para o acolhimento.

República
Serviço que oferece proteção, apoio e condições de moradia subsidiada a grupos de jovens,
adultos, idosos ou adultos com deficiência. Representa um estágio no processo de construção
da autonomia pessoal, sendo um importante recurso para o desenvolvimento da auto-
sustentabilidade, até que se alcance a autonomia para a vida independente. Possui tempo de
permanência limitado, podendo ser reavaliado e prorrogado em função do projeto individual
formulado em conjunto com o profissional de referência. As despesas com alimentação e
higiene pessoal/ambiental são cotizadas pelos moradores que definem, adquirem e preparam,
em cozinha coletiva, os alimentos a serem consumidos.

380
MÓDULO 5 UNIDADE 3

A república pode ser viabilizada em sistema de autogestão ou co-gestão, onde os custos da


locação e tarifas públicas são subsidiados, contando com supervisão técnico-profissional
para a gestão coletiva da moradia: regras de convívio, atividades domésticas cotidianas,
gerenciamento das despesas etc.

Albergue
Serviços continuados destinados a adultos, idosos, pessoas com deficiência, migrantes e
refugiados, que se encontram em situação de rua ou abandono. Oferecem condições para
que as pessoas possam repousar e restabelecer-se. Por meio de acompanhamento profissional
devem trabalhar de modo articulado com os demais serviços da rede, visando ao resgate
de vínculos familiares e comunitários ou a construção de novas referências, bem como a
conquista de autonomia para a vida independente.

Instituições de Longa Permanência para Idosos – ILPI


Serviços continuados destinados ao acolhimento de pessoas idosas. Devem oferecer
atendimento personalizado e em pequenos grupos; dinâmica cotidiana que propicie a
acolhida em padrões de dignidade, com garantia de autonomia, independência e convívio
familiar e comunitário; trabalho sociofamiliar e desenvolvimento de oportunidades para o
fortalecimento/restauração de vínculos familiares e a (re)inserção na família, quando possível,
bem como acesso aos serviços disponíveis na rede, em especial os da saúde e da educação,
atividades culturais e de lazer.

SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO DA PSE DE ALTA COMPLEXIDADE – PESSOA COM


DEFICIÊNCIA

Serviços de Acolhimento por Segmento


Além das características próprias de cada tipo de serviço de acolhimento, existe uma variação
significativa em sua organização, segundo as demandas específicas e o ciclo de vida das
pessoas atendidas.

Uma observação
Além destes, os serviços podem ser organizados, ainda, para o atendimento a outros
segmentos (mulheres vitimizadas, mulheres acompanhadas de crianças pequenas etc.).

Fique atento/a a algumas características específicas da organização de serviços, segundo


o público atendido.

Pessoa com Deficiência


De modo a prevenir práticas segregacionistas e o isolamento da pessoa com deficiência, deve
ser evitada a organização de serviços exclusivamente destinados a este segmento.

Para tanto...
é fundamental que os serviços ofereçam acessibilidade e os profissionais sejam qualificados
para o atendimento adequado.

381
MÓDULO 5 UNIDADE 3

Por exemplo, o Projeto de Cooperação-Técnica Internacional Brasil-Espanha contribuirá


para:
• a construção de orientações acerca da adaptação dos serviços da PSE de Alta
Complexidade;
• o atendimento à pessoa com deficiência; e
• a organização de serviços específicos destinados à pessoa adulta com deficiência.

Atualmente, frente
à demanda por
organização de Ressalte-se que existe a demanda de
serviços na PSE de organização de serviços para pessoas adultas
Alta Complexidade com deficiência. Todavia, crianças, adolescentes e
para pessoa adulta
idosos com deficiência podem ser incluídos nos serviços
com deficiência,
as casas-lares e as organizados para essas faixas etárias.
repúblicas têm sido
referências mais
apropriadas para o
atendimento a esse
segmento.

Referências legais importantes para a organização do atendimento à pessoa com deficiência:

LEGISLAÇÃO

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – 1988


Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989
Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993
Lei nº 10.048, de 8 de novembro de 2000
Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000
Lei nº 10.182, de 12 de fevereiro de 2001
Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002
Lei nº 11.126, de 27 de junho de 2005
Lei nº 10.708, de 16 de junho de 2003
Lei nº 10.845, de 05 de agosto de 2004
Lei nº 11.133, de 15 de julho de 2005
Lei nº 11.307, de 19 de maio de 2006
Decreto-lei nº 62.150, de 19 de janeiro de 1968
Decreto Legislativo nº 198/2001, de 13 de junho de 2001

382
MÓDULO 5 UNIDADE 3

Decretos
Decreto nº 129, de 22 de maio de 1991
Decreto nº 1.744, de 8 de dezembro de 1995
Decreto nº 2.682, de 21 de julho de 1998
Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999
Decreto nº 3.691, de 19 de dezembro de 2000
Decreto nº 3.956, de 8 de outubro de 2001
Decreto nº 4.712, de 29 de maio de 2003
Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004
Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005
Decreto nº 5.904, de 21 de setembro de 2006
Decreto nº 6.039, de 7 de fevereiro de 2007
Decreto nº 6.044, de 12 de fevereiro de 2007

Portarias
Portaria nº 319, de 26 de fevereiro de 1999, do Ministério da Educação
Portaria nº 772, de 26 de agosto de 1999, do Ministério do Trabalho e Emprego
Portaria nº 1.679, de 2 de dezembro de 1999, do Ministério da Educação
Portaria nº 554, de 26 de abril de 2000, do Ministério da Educação
Portaria Interministerial nº 03, de 10 de abril de 2001, do Ministério dos Transportes
Portaria nº 818, de 5 de junho de 2001, do Ministério da Saúde
Portaria nº 1.060, de 5 de junho de 2002, do Ministério da Saúde
Portaria nº 22, de 30 de abril de 2003, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
Portaria Interministerial nº 2, de 21 de novembro de 2003, do Ministério da Saúde e
Secretaria Especial dos Direitos Humanos
Portaria nº 36, de 15 de março de 2004, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
Portaria nº 78, de 8 de abril de 2004, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome
Portaria nº 263, de 27 de abril de 2006, do Ministério das Comunicações
Portaria nº 976, de 5 de maio de 2006, do Ministério da Educação

Instruções normativas e normas de serviços


Instrução Normativa nº 20, de 26 de janeiro de 2001, da Secretaria de Inspeção do
Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego
Instrução Normativa nº 1, de 10 de abril de 2001, da Secretaria de Transportes Aquaviários,
do Ministério dos Transportes
Instrução Normativa nº 1, de 10 de abril de 2001, da Secretaria de Transportes Terrestres,
do Ministério dos Transportes
Instrução Normativa nº 607, de 5 de janeiro de 2006, da Secretaria da Receita Federal
383
MÓDULO 5 UNIDADE 3

Convenção
Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovado pela
Assembléia Geral da ONU em 6 de dezembro de 2006.

SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO DA PSE DE ALTA COMPLEXIDADE - CRIANÇAS E


ADOLESCENTES

Conheça as normas que os regulamentam

Crianças e Adolescentes
Definidos no art. 90, inciso IV (ECA), estes serviços acolhem crianças e adolescentes que
estejam sob medida protetiva de abrigo, aplicadas às situações dispostas no art. 98. Segundo
o art. 101, parágrafo único, o abrigo é medida provisória e excepcional, não implicando
privação de liberdade. Todos os serviços de acolhimento para crianças e adolescentes devem
seguir os parâmetros dispostos no ECA – arts. 90, 91, 92, 93 e 94 (no que couber) e garantir a
acessibilidade para a inclusão de crianças e adolescentes com deficiência. De acordo com o art.
23 do ECA, a falta de recursos materiais não constitui motivo suficiente para o abrigamento
de crianças e adolescentes.
O Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes
à Convivência Familiar e Comunitária – PNCFC, aprovado em 2006 pelo CNAS e
CONANDA.

Abrigo Institucional para pequenos grupos

Para garantir o atendimento personalizado, estes serviços devem ser gradativamente


reordenados, passando a oferecer atendimento para pequenos grupos. Devem ser evitados
grandes refeitórios e quartos, bem como estrutura física, localização e organização que
dificultem as visitas de familiares e o acesso à comunidade. Deve-se oferecer acessibilidade
para o atendimento de crianças e adolescentes com deficiência. Entre seus objetivos, o PNCFC
prevê o reordenamento desses serviços no país.

Casa-lar

No caso do atendimento a crianças e adolescentes, é importante que este serviço não seja
confundido com família substituta. Trata-se de um serviço de acolhimento provisório,
conforme previsto no art. 101, parágrafo único, do ECA.

Casa de Passagem
Ooferece abrigamento para estudo de caso, frente à necessidade de acolhimento emergencial
da criança ou adolescente. O atendimento objetiva acolher e (re)inserir, em curto prazo, a
criança e o adolescente na família de origem. O atendimento nesses equipamentos pode
também ter como objetivo o restabelecimento dos vínculos familiares daquelas crianças e
adolescentes que se encontram em processo de saída das ruas.

384
MÓDULO 5 UNIDADE 3

Família Acolhedora
Estes serviços não devem ser confundidos com adoção. “Trata-se de um serviço de
acolhimento provisório, até que seja viabilizada uma solução de caráter permanente para
a criança ou adolescente – reintegração familiar ou, excepcionalmente, adoção. Dentro da
sistemática jurídica, este tipo de acolhimento possui como pressuposto um mandato formal
– uma guarda fixada judicialmente a ser requerida pelo programa de atendimento ao Juízo,
em favor da família acolhedora. A manutenção da guarda – que é instrumento judicial
exigível para a regularização deste acolhimento – estará vinculada à permanência da família
acolhedora no Programa.” (PNCFC, 2006, p. 42). Entre seus objetivos, o PNCFC prevê a
ampliação da oferta destes serviços no país.

Atenção
Estas são referências importantes que você deve conhecer:
• ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente.
• Levantamento Nacional de Abrigos (IPEA, 2004).
• P
lano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à
Convivência Familiar e Comunitária – PNCFC (2006).

Acompanhe os dados apresentados no quadro a seguir.

Levantamento do IPEA - Universo: 589 abrigos da Rede SAC, atendendo 19.373 crianças
e adolescentes.
Perfil das crianças e dos adolescentes abrigados
58,5% são meninos
61,3% têm entre 7 e 15 anos
63,6% são afro-descendentes.
Motivo de ingresso no abrigo
50,1% por motivos relacionados à pobreza/carência material
vivência de rua, exploração no trabalho ou mendicância
24,1% exclusivamente por situação de pobreza/carência material
Vínculos familiares
86,7% têm família
58,2% mantêm vínculos familiares, com contatos regulares
22,7% não mantinham vínculo constante e raramente recebiam visitas
apenas 10,7% em condição legal de adoção
Tempo de permanência no abrigo
52,6% permanência por mais de dois anos
20% mais de 6 anos
Principais dificuldades para o retorno à família
35,5%: Pobreza / condições socioeconômicas precárias
10,8%: Ausência de políticas públicas de apoio à reestruturação familiar

385
MÓDULO 5 UNIDADE 3

E para os jovens que serviço pode ser oferecido?


Repúblicas – representam um importante recurso para o atendimento a esta faixa etária.
Podem funcionar, por exemplo, como uma transição entre o serviço de abrigo e o alcance
da autonomia, para aqueles que atingem a maioridade nos serviços de acolhimento. O
atendimento deve contar com acompanhamento técnico-profissional que, entre outros
aspectos, potencialize os recursos para a autonomia e a independência.

SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO DA PSE DE ALTA COMPLEXIDADE – IDOSO

E os idosos?
Fique atento/a ao que diz a lei.
Conforme estabelece o artigo 35, § 2º, da Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003, todas as
entidades de longa permanência ou casa-lar são obrigadas a firmar contrato de prestação
de serviços com a pessoa idosa ou contratante e, quando for o caso, o Conselho Municipal
do Idoso ou Conselho Municipal de Assistência Social estabelecerá a forma de participação
do contratante, que não poderá exceder a 70% de qualquer benefício previdenciário ou de
assistência social recebido pelo idoso.

Segundo RDC Você sabe o que devem assegurar as ILPIs?


Nº 283/ 2005 da
ANVISA: Grau de Elas devem assegurar que seja preservada a identidade e privacidade da pessoa idosa,
Dependência I: idosos garantindo-lhe ambiente de respeito e dignidade.
independentes,
mesmo que Recomenda-se que seja incentivada e promovida:
requeiram uso de
equipamentos de • a convivência entre os residentes de diversos graus de dependência (I, II e III);
auto-ajuda; Grau
• o desenvolvimento de atividades intergeracionais;
de Dependência
II: idosos com • a realização de atividades que estimulem a autonomia dos idosos; e
dependência em até
três atividades de • o
desenvolvimento de atividades lúdicas, sociais, culturais, esportivas, laborativas e de
autocuidado para integração social.
a vida diária tais
como – alimentação, O atendimento à saúde das pessoas idosas acolhidas nas ILPs pode ser realizado por
mobilidade,
profissionais contratados por estas instituições ou, ainda, vinculados ao órgão gestor.
higiene; sem
comprometimento
cognitivo ou com É fundamental
alteração cognitiva
que a pessoa idosa seja atendida e acompanhada pela equipe de Estratégia de Saúde da Família
controlada; Grau
de Dependência
– ESF, bem como é necessário que a ILPI adote a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa como
III: idosos com instrumento para acompanhar as condições do indivíduo idoso.
dependência
que requeiram
assistência em todas
as atividades de
autocuidado para a
vida diária e/ou com
comprometimento
cognitivo.

386
MÓDULO 5 UNIDADE 3

INTERVENÇÃO SOCIAL COM O IDOSO

Conheça como deverá ser realizada a intervenção social com o Idoso

Casa-lar
Recomenda-se que a casa-lar atenda idosos com diferentes graus de dependência (I e II), de
modo a estimular a ajuda mútua. Ressalte-se que para o atendimento a esse ciclo de vida é
importante garantir a presença de cuidadores 24 horas, não havendo necessidade, portanto,
que o cuidador seja residente.

República
Alternativa de acolhimento para idosos independentes (grau de dependência I). As
despesas com alimentação e higiene pessoal/ambiental são co-financiadas com recursos
da aposentadoria, renda mensal vitalícia, Benefício de Prestação Continuada – BPC, entre
outras fontes de renda.

Família Acolhedora
Representa alternativa para o acolhimento de idosos que pode ser implementada, por exemplo,
em municípios de pequeno porte que não tenham serviço de acolhimento para idosos.

Referências Importantes
Política Nacional do Idoso (Lei nº 8.842/94), Decreto nº 1.948 de 03/07/96 – regulamenta a
Lei nº 8.842/94, Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003).

POLÍTICA NACIONAL PARA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

O que fazer?
Atualmente, encontra-se em processo de elaboração, coordenado pelo MDS, a Política
Nacional para População em Situação de Rua.

Fique sabendo.
Um Grupo de Trabalho Interministerial, coordenado pelo MDS, com a participação de
gestores municipais e da sociedade civil organizada – inclusive Movimento Nacional de
População em Situação de Rua –, contribuirá para a elaboração da referida Política que, entre
outros aspectos, abordará os serviços de acolhimento para população em situação de rua,
definindo parâmetros para seu funcionamento.

Parabéns! Você finalizou mais uma Unidade!


Lembre-se: só passe adiante, quando tiver certeza de que já domina o
conteúdo estudado.

387
MÓDULO 5 UNIDADE 4

Unidade 4 – Acompanhamento Familiar no Serviço de Atenção


Integral às Famílias

MARCO REFERÊNCIAL: FAMÍLIA


As pessoas são diferentes e as famílias também
Assim como as pessoas são diferentes, as famílias e a
sua composição também o são. Assim os modelos são
diversificados e diferem:
• ao longo do tempo;
• de um lugar para outro; e
• de uma unidade familiar para outra.

De olho em sua realidade!


Pense na sua família e em quantas famílias você co-
nhece.

São todas iguais?


O modelo é o mesmo?
Sua composição varia?
A sua família já sofreu variações?
Existe um modelo único de família?
Como as pessoas formam uma família?

É importante assinalar
Todas essas particularidades diferenciam uma família de outra e são produto histórico das
relações sociais e das recentes transformações sociais e econômicas, de hábitos e costumes.

Diversidade nos Arranjos Familiares

O modelo de família que prevalece no imaginário das pessoas é o da família nuclear –


constituída de pai, mãe e filhos, com estrutura hierárquica e de papéis claramente definidos.

Entretanto...
Este não é o modelo que vem se desenvolvendo e ganhando espaço.

A família nuclear tem coexistido com diversas outras formas de organizações familiares:

• famílias monoparentais;
• chefiadas pela mulher ou pelo homem;
• com membros de diferentes gerações (famílias extensivas); e
• famílias homoafetivas, entre outros.
388
MÓDULO 5 UNIDADE 4

Além dos
arranjos familiares serem
diversos, as famílias brasileiras são
marcadas por uma gama enorme de
aspectos socioculturais distintos.

Vale destacar
As famílias pertencentes aos povos e comunidades tradicionais, como povos indígenas e Cada vez mais
comunidades remanescentes de quilombos, onde a organização é indissociável dos aspectos surgem famílias
culturais originais (PNCFC, p. 30 – ver observação no item 4.5). chefiadas por
mulheres: quer
Conceito de Família seja pela ausência
do marido ou
companheiro,
O conceito de família aqui adotado reconhece não apenas o grupo formado pelos pais ou quer seja pelo
por um dos progenitores e seus descendentes, mas, também, as diferentes combinações desemprego ou
resultantes de agregados sociais, formados por relações consangüíneas, relações afetivas insuficiência de
ou de subsistência e que assumem a função de desenvolver afetos, cuidados e condições renda.
de reprodução social e da espécie.

Um recado
Vale consultar o art. 226 da Constituição Federal
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a
mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos
pais e seus descendentes.
§ 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo
homem e pela mulher.
§ 6º - O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por
mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de
dois anos.
§ 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável,
o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos
educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva
por parte de instituições oficiais ou privadas.
§ 8º - O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram,
criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
389
MÓDULO 5 UNIDADE 4

Conheça alguns diferentes conceitos de família


A família “não é a soma de indivíduos, mas um conjunto vivo, contraditório e cambiante de
pessoas com sua própria individualidade e personalidade”. (BRUSCHINI, 1981. In: Plano
Nacional de Convivência Familiar e Comunitária PNCFC, p. 30).
A família pode ser pensada como um grupo de pessoas que são unidas por laços de
consangüinidade, de aliança, afinidade, afetividade ou solidariedade, onde há a existência
dos vínculos e obrigações recíprocas e cuidados mútuos. (PNCFC, p.24).

A família conjuga o individual com o coletivo


do grupo, a história da família com a de cada
membro, transgeracional e pessoal.
É referência de afeto, proteção e cuidado.

Nela os indivíduos:
• constróem seus primeiros vínculos afetivos;
• experimentam emoções;
• apreendem regras e valores sociais;
• desenvolvem autonomia;
• tomam decisões;
• exercem a solidariedade e o cuidado mútuo;
• vivenciam conflitos; e
Não podemos perder
• s ofrem modificações, alterando significados, crenças, mitos, construídos e depois de
de vista os processos
que levaram os negociados, modificados.
indivíduos e suas
famílias, a estarem A família também:
na condição em que
estão e serem o que • contribui para a construção da identidade de cada membro;
são, na sua relação • oportuniza as vivências para outros espaços sociais, onde o indivíduo se constrói;
com o meio social.
• p
ossibilita o exercício da autonomia, da criatividade, das potencialidades individuais e grupais
e busca pela superação das dificuldades e desafios que se apresentam no seu cotidiano;
• ela
é pública e privada; e
• é co-responsável pelo cuidar e reproduzir juntamente com o Estado e a sociedade.

390
MÓDULO 5 UNIDADE 4

PAPEL DA FAMÍLIA

Neste particular, a família tem papel institucional claro.


Ela é unidade econômica e unidade afetiva, moral, relacional, de pertencimento.

Independentemente de seu formato, a família é mediadora


das relações entre os sujeitos e a coletividade e geradora de
modalidades comunitárias de vida.

Outro ponto fundamental


A família reproduz as relações da sociedade.

Aspectos que encontramos em seu interior:


A família hoje
• desemprego;
é convocada
• falta de dinheiro; pelo Estado para
dar respostas
• violência; às diferentes
• problemas de saúde; expressões da
questão social.
• educação;
• abandono; e
• desfiliação social.

Esses aspectos, embora sejam singularizados na família, expressam a totalidade social.

ACOMPANHAMENTO FAMILIAR NO ÂMBITO DA PROTEÇÃO SOCIAL DE ASSISTÊNCIA


SOCIAL
O acompanhamento familiar, no âmbito da Proteção Social de Assistência Social, é assumido
em sua dimensão socioeducativa e se referencia a famílias enquanto sujeitos sócio-históricos,
a partir de seu cotidiano e de suas formas de organização, tendo como perspectiva:
• a construção da autonomia;
• o protagonismo social;
• o fortalecimento da cidadania dos sujeitos; e
• o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
391
MÓDULO 5 UNIDADE 4

O desenvolvimento do protagonismo diz respeito:


• à participação das famílias para a compreensão de sua realidade familiar e social;
• à definição de seus objetivos; e
• aos projetos de vida.

Em resumo, é fundamental para a tomada de decisões que conduzam a processos de


transformação desejadas na vida familiar e social.

Protagonismo Social
Apresenta-se na perspectiva de novos patamares de sociabilidade.

Desenvolvimento da autonomia
Desenvolvimento da autonomia – refere-se à capacidade de deliberar sobre objetivos pessoais
e de agir na direção dessa deliberação; refere-se à capacidade de cada sujeito dar conta de sua
vida, dos cuidados necessários para que a sua vida caminhe. (Kahhale, SP, 2004).

O que é preciso fazer para realizar o acompanhamento familiar?

O acompanhamento familiar deve:


1. Valorizar as famílias em sua diversidade, valores, cultura, história, demandas e
potencialidades.
2. Elaborar uma construção metodológica que responda à diversidade sociocultural do
país, aos acessos e às particularidades de cada território.
3. Valorizar e fortalecer capacidades e potencialidades das famílias.
4. Favorecer a expressão da subjetividade, entendendo essa família a partir da vivência
singular e particular de seus membros.
5. Favorecer a participação da família em propostas de seu processo de inclusão social e
de mudanças e melhorias esperadas, na transformação das relações intrafamiliares e
sociais.
6. Construir, em conjunto com as famílias, a compreensão da realidade na qual está inserida
e planos de ação que concretizem projetos de vida.
7. Fortalecer a família na sua função de proteção e socialização.
8. Valorizar e estimular a participação no trabalho social, tanto da figura materna quanto da
figura paterna, respeitando a igualdade constitucional de direitos e responsabilidades.
9. Valorizar e fortalecer os vínculos familiares e sociais.
10. Tomar o grupo familiar como referência.
11. Valorizar a relação entre gerações, sua convivência e trocas afetivas e simbólicas.
12. Valorizar e fortalecer a cultura do diálogo e dos direitos, combatendo as formas de
violência, discriminação e estigmatização social.

392
MÓDULO 5 UNIDADE 4

O acompanhamento deve levar em consideração:


• os objetivos do programa;
• o conjunto de indicadores;
• a dinâmica do atendimento à família;
• a presença e o absenteísmo;
• o contrato feito com as famílias;
• os resultados esperados; e
• o grau de complexidade da demanda e da situação familiar.

O ACOMPANHAMENTO FAMILIAR NO PROGRAMA DE ATENÇÃO INTEGRAL ÀS


FAMÍLIAS – PAIF

Essa atenção é objeto de um programa específico, o Programa de Atenção Integral à Família


– PAIF, regulamentado pelo Governo Federal e ofertado nos municípios enquanto serviço -
Serviço de Atenção Integral à Família – por meio do CRAS.

Acompanhe agora as características desse programa


• Garantir
o direito à proteção social básica.
• Ampliar a capacidade de proteção social e de prevenção de situações de risco no território
de abrangência do Centro de Referência da Assistência Social – CRAS.
• Desenvolver ações e serviços básicos continuados para famílias em situação de
vulnerabilidade social, na unidade do Centro de Referência da Assistência Social –
CRAS.
• Objetivar o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, visando, portanto,
interligar as relações internas do grupo familiar e as relações deste com a comunidade, a
sociedade e o Estado.
• Ser
ofertado necessariamente no CRAS.
• Ser ofertado por meio dos serviços socioassistenciais, socioeducativos e de convivência e
de projetos de enfrentamento à pobreza (inclusão produtiva) e voltado para seus membros
e indivíduos, conforme suas necessidades identificadas no território.
• Constituir uma “ação continuada da Assistência Social” e integrar a rede de serviços
financiada pelo Governo Federal, segundo Decreto nº 5.085/2004.

O Programa de Atenção Integral à Família é um serviço público, continuado e


territorialmente localizado.

Ele é oferecido às famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade social e tem públicos


prioritários.

393
MÓDULO 5 UNIDADE 4

Conheça agora quais são os públicos prioritários atendidos pelo PAIF


• Famílias do PBF, especialmente, as que não estão cumprindo condicionalidades.
• B
eneficiários do BPC, especialmente, famílias com crianças, adolescentes e jovens com
deficiência e idosos dependentes e os não inseridos em serviços locais (educação, saúde,
assistência social, esporte, lazer).
• Famílias com crianças e adolescentes inseridas no PETI.
• Famílias com situações de negligência e violência ou antecipadoras das mesmas.
• Jovens e adolescentes grávidas e suas crianças.
• F
amílias com crianças sob cuidados de outras crianças ou que permanecem sozinhas em
casa.
• Famílias com ocorrência de fragilização ou rompimento de vínculo.
• Famílias com indivíduos sem documentação civil.

SERVIÇOS PRESTADOS PELO PAIF


Entre os serviços prestados pelo PAIF, visando ao atendimento integral das famílias, vale
destacar:
• r ecepção e acolhida de famílias, seus membros e indivíduos em situação de vulnerabilidade
social;
• o
ferta de procedimentos profissionais em defesa dos direitos humanos e sociais e dos
relacionados às demandas de proteção social de Assistência Social;
• vigilância social:
-- rodução e sistematização de informações que possibilitem a construção de
p
indicadores e de índices territorializados das situações de vulnerabilidades e riscos.
que incidem sobre famílias/pessoas nos diferentes ciclos de vida (criança, adolescente,
jovem, adulto e idoso);
-- c onhecimento das famílias referenciadas e as beneficiárias do Benefício de Prestação
Continuada (BPC) e do Programa Bolsa Família (PBF);
• a companhamento familiar: em grupos de convivência e socioeducativo para famílias ou
seus representantes;
• p
roteção proativa por meio de visitas às famílias que estejam em situação de vulnerabilidade
e risco;
• encaminhamento:
-- para avaliação e inserção dos potenciais beneficiários do PBF no Cadastro Único
(CadÚnico) e do BPC;
-- na avaliação social do INSS;
-- das famílias e indivíduos para a aquisição dos documentos civis fundamentais para
o exercício da cidadania;
-- com acompanhamento da população referenciada no território do CRAS para ações
de proteção básica e de proteção social especial – quando for o caso;
394
MÓDULO 5 UNIDADE 4

• p
rodução e divulgação de campanhas socioeducativas para prevenção de riscos e
vulnerabilidades, bem como defesa de direitos;
• p
rodução de informações de modo a oferecer referências para as famílias e indivíduos
sobre os programas, projetos e serviços socioassistenciais do SUAS, sobre o PBF e o
BPC, sobre os órgãos de defesa de direitos e demais serviços públicos de âmbito local,
municipal, do Distrito Federal, regional, da área metropolitana e ou da microrregião do
Estado; e
• apoio nas avaliações dos cadastros do PBF e do BPC e demais benefícios.

Fique sabendo como acessá-los:

De que maneiras os serviços de atenção Você pode acessá-los de três formas.


especial à família podem ser acessados?

• p
or demanda espontânea das famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade
social;
• pela busca ativa de famílias feita pelos técnicos; e
• p
elo encaminhamento realizado pela rede socioassistencial e serviços das demais políticas
públicas.

O encaminhamento das famílias e o acompanhamento ou monitoramento do PAIF são


procedimentos que visam facilitar o acesso a outros serviços socioassistenciais (PSB e PSE),
projetos e benefícios, por meio:

• da identificação da demanda;
• da escolha apropriada dos serviços oferecidos pela rede de proteção social; e
• d
a verificação e avaliação da efetividade dos atendimentos e encaminhamentos
realizados.

Fechando esta idéia


O encaminhamento também deverá ser feito a outras políticas setoriais, como Educação,
Saúde, Habitação etc.

Parabéns!
Você acaba de vencer mais uma etapa do seu
estudo.

Prossiga estudando novos assuntos.


395
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Unidade 5 – Ações Socioeducativas na Política de Assistência


Social

AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS

A Assistência Social, ao atuar na perspectiva de garantia de direitos, da inclusão social, do


desenvolvimento do protagonismo e da autonomia individual e coletiva, fundamenta-
se na dimensão socioeducativa que perpassa todas as ações a serem desenvolvidas no
âmbito desta Política Pública.

Para que você possa visualizar de forma mais clara a atuação da Assistência Social, observe
o gráfico ilustrativo.

Assistência Social

Ações Socioeducativas

• Garantia de direitos
• Inclusão social
• Desenvolvimento do protagonismo
• Desenvolvimento da autonomia
individual e coletiva

Como você viu, a Assistência Social atua por meio de ações socioeducativas.

O termo socioeducativo é um qualificador, designando um campo de aprendizagens,


voltadas a assegurar proteção social e oportunizar o desenvolvimento de interesses e
talentos múltiplos.

E quais as finalidade das ações socioeducativas?


São elas:
1 • a convivência; e
Perspectiva
defendida por Maria • a sociabilidade.
do Carmo Brant de
Carvalho.
“As ações socioeducativas constituem um campo privilegiado para o trabalho de valores
1
éticos e políticos” .
396
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Observe o esquema para seu melhor entendimento.

Valores éticos

Sociabilidade
Convivência Valores: defesa
convivência
e afirmação de
direitos, com vistas
à emancipação,
autonomia e cidadania.
Participação sociabilidade
convivência

Valores políticos

É fundamental compreender que as ações socioeducativas não têm:


• um currículo pronto;
• um programa de ensino; e
• conteúdos a serem cumpridos.
As ações
A partir do entendimento das especificidades e da identidade de cada grupo, as atividades, socioeducativas
pesquisas, oficinas e a própria rotina do atendimento serão construídas com base dos desejos, não têm objetos
curiosidades e necessidades das crianças, dos adolescentes, dos educadores, da família e da de conhecimento
comunidade. predefinidos, elas
são construídas
É um modelo aberto de planejamento, baseado nas escolhas e necessidades. a partir das
especificidades dos
sujeitos envolvidos
FINALIDADE DAS AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS e da sua realidade
sócio-histórica.
Atenção:

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, nessa perspectiva, apenas


aponta diretrizes para as atividades socioeducativas a serem desenvolvidas.

Assim...
É imperioso que se considere as peculiaridades da realidade local, os aspectos culturais, os
sujeitos a quem se destinam as ações, observadas suas peculiaridades e especificidades como
pauta inicial das situações de aprendizagem, oferecidas a pessoas e famílias em situação de
vulnerabilidade.

397
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Veja algumas das peculiaridades e especificidades consideradas por essas


realidades:

adolescentes
raça/etnia áreas de
fronteira

área urbana
trabalhadores
rurais

descumpri-
mento de con-
dicionalidades orientação
sexual
REALIDADES
idosos DIFERENCIADAS
crianças

rede de serviços
públicos
arranjo
familiar
povos e
comunidades
tradicionais área rural

mulheres pessoas com


deficiência

As ações socioeducativas previstas pela Política Nacional de Assistência Social possibilitam


abordagens que auxiliam na construção e consolidação de projeto de vida e de sociedade.

Para tanto...
Torna-se essencial viabilizar o acesso a atividades que promovam:
• o desenvolvimento de relações de afetividade;
• a reparação de danos decorrentes de estigmas;
• discriminações e situações de violência;
• o convívio em grupo (sociabilidade);
• o acesso a conhecimentos, experimentação e meios que favoreçam a autonomia; e
• o
estímulo, o desenvolvimento e a formação do senso de responsabilidade, de coletividade
e de participação na vida familiar, comunitária e pública do território.

398
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Essas ações devem possibilitar a aquisição de conhecimentos e habilidades que facilitem


o ingresso e/ou reinserção no mundo do trabalho e para atividades individuais e coletivas
2
de geração de renda (para algumas faixas etárias), ampliação de trocas culturais, o convívio
intergeracional, dentre outras estratégias que favoreçam o estabelecimento e fortalecimento
de vínculos familiares e comunitários, para a superação da situação de vulnerabilidade, a
consolidação do acesso e usufruto dos direitos humanos, a melhoria da qualidade de vida
e a busca do desenvolvimento sustentável.

A implementação de ações socioeducativas no campo da Assistência Social pressupõe uma


2
série de articulações intersetoriais, a fim de garantir a proteção integral a todos que dela Ressalte-se que, de
necessitarem. acordo com o Art. 60
do ECA, é proibido
qualquer trabalho a
DIRETRIZES PARA AS ATIVIDADES SOCIOEDUCATIVAS menores de 16 anos,
salvo na condição de
Veja como se compõem as articulações das Ações Socioeducativas da Assistência Social. aprendiz, a partir dos
14 anos.

justiça

trabalho esporte

Ações socioeducativas
da assistência social
cultura segurança
alimentar

educação saúde

As ações socioeducativas, nesse âmbito, ainda implicam:


• desenvolvimento de um processo de discussão e reflexão sobre a realidade vivenciada;
• desenvolvimento da percepção da dimensão individual;
• desenvolvimento da percepção da dimensão coletiva;
• determinação histórica das necessidades humanas;
• p
ercepção da incompletude das respostas a estas necessidades pela família, pela sociedade
e/ou pelo Estado e sociedade; e
• e stímulo à ação coletiva na definição de estratégias que garantam perspectivas de melhoria
da qualidade de vida.

399
MÓDULO 5 UNIDADE 5

As ações socioeducativas com famílias podem estar estruturadas por alguns


fatores:

Ciclo de vida
Apoio à família e indivíduos no enfrentamento das vulnerabilidades decorrentes do ciclo de
vida.

Contingências
Apoio à família e aos indivíduos no enfrentamento das vulnerabilidades decorrentes de
limitações vivenciadas por algum de seus membros (pessoas com deficiência).

Pobreza
Apoio à família e indivíduos no enfrentamento das vulnerabilidades decorrentes de situações
de pobreza.

Violação de direitos
Apoio à família e aos indivíduos no enfrentamento das vulnerabilidades advindas de situações
de risco pessoal e social decorrente da violação de direitos (abuso, exploração, violência física
ou psicológica, trabalho infantil).

Fique atento
As ações socioeducativas desenvolvidas pelo acompanhamento familiar do PAIF devem ser
ofertadas pelos CRAS.

No entanto...
As ações socioeducativas direcionadas aos ciclos de vida podem ser desenvolvidas tanto
pelos CRAS quanto por entes públicos e/ou privados que compõem a rede socioassistencial
do Município ou Estado, referenciado ao CRAS.

Para facilitar seu entendimento:

CRAS
Rede Socioassistencial

Acompanhamento
familiar do PAIF ciclo de vida

400
MÓDULO 5 UNIDADE 5

As orientações se aplicam também às ações socioeducativas e de convivência destinadas


às crianças e aos adolescentes atendidos pelo Programa de Erradicação do Trabalho
Infantil – PETI, bem como a suas famílias.
Ressalte-se que, no caso de descumprimento das condicionalidades do Programa, as
famílias deverão ser acompanhadas também pelo CREAS.

ARTICULAÇÕES DAS AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS

• Crianças de até seis anos

As famílias com crianças até seis anos de idade, além das diversas demandas enfrentadas
no dia-a-dia, precisam responder às necessidades da criança, que pode estar em estado de
absoluta dependência.

A situação de pobreza, exclusão social e a falta de vínculos comunitários significativos


podem potencializar os desafios já enfrentados para o cuidado e a proteção da criança Isso justifica a
pequena, contribuindo para a instalação de situações de risco. necessidade de
apoiar as crianças
Em virtude das características das crianças até seis anos e do papel da família nesta etapa do nessa faixa etária
ciclo de vida, as ações socioeducativas com as famílias devem ter um espaço importante ao e suas famílias, em
lado dos serviços de convívio destinados a essas crianças em período concomitante ao aten- especial na faixa
dimento da família. etária até
três anos,
Configuram-se como público-alvo das ações socioeducativas potencializando
seus recursos e
As famílias com crianças até seis anos com:
fortalecendo seus
• vínculos afetivos pouco desenvolvidos; vínculos familiares
• história familiar pregressa de ruptura de vínculos; e comunitários,
• situações de negligência; com vistas à
organização de um
• crianças até seis anos beneficiárias do BPC ou do PBF;
ambiente propício
• c rianças até seis anos, inseridas no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – ao desenvolvimento
PETI. saudável dessas
crianças.
Assim...

Ressalta-se, todavia, que paralelamente às atividades desenvolvidas com a família e com as


crianças dessa faixa etária, no âmbito da assistência social, deve-se proceder ao mapeamento
da demanda pela Educação Infantil no território e fazer os encaminhamentos necessários,
tendo como prioridade a Educação Infantil para as crianças dessa faixa etária, inclusive
aquelas inseridas no PETI.

401
MÓDULO 5 UNIDADE 5

AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS DO PAIF

Ações desenvolvidas para este ciclo

Ações Socioeducativas com crianças até seis anos


Oferecer às crianças até seis anos atividades de convivência, lazer e brincadeiras no CRAS
e nos serviços da rede socioassistencial, durante e, concomitantemente, ao trabalho que se
desenvolve com os adultos. Os espaços para a realização destas atividades lúdicas devem
ser seguros e confortáveis e dispor de materiais pedagógicos e de brincadeiras, tais como:
brinquedos, jogos, livros de histórias, fantasias, adereços e instrumentos musicais.

Observação:
As atividades com crianças devem se realizar na periodicidade do trabalho com famílias.

Grupo de Famílias para o cuidado adequado à criança pequena


O objetivo principal desse grupo deve ser o fortalecimento dos vínculos afetivos, a melhoria
da qualidade dos cuidados oferecidos à criança pequena no contexto familiar e a prevenção
de situações de risco (violência, trabalho infantil, abandono e outras). As atividades devem
envolver os membros da família que convivem e cuidam da criança, devendo ser desenvolvidas
de forma participativa, promovendo a troca e a valorização dos recursos das famílias.
Durante os encontros, podem ser trabalhados, dentre outros, os seguintes temas:
• especificidades do desenvolvimento da criança até seis anos;
• vinculação afetiva e socialização;
• cuidados específicos com crianças pequenas;
• desenvolvimento da autonomia da criança;
• estimulação e brincadeiras adequadas para cada fase;
• práticas educativas;
• papéis e mudanças na família;
• violência na família;
• resgate da infância e a criança como sujeitos de direitos; e
• conseqüências adversas para o desenvolvimento decorrente do trabalho precoce.

402
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Grupo de pais e mães para o fortalecimento dos vínculos

O trabalho com a mãe e com o pai, durante a gestação e nos primeiros meses de vida do bebê,
pode contribuir para a prevenção de rupturas de vínculos familiares ainda na infância. O
acompanhamento neste momento do ciclo de vida familiar pode favorecer à vinculação afetiva
da família com o bebê, bem como identificar precocemente situações que representem risco
para seu desenvolvimento saudável. Neste momento, é fundamental que a família se organize
para a chegada da criança e tenha espaço para compartilhar os sentimentos despertados pela
gravidez e seu significado para a família. Outro ponto que merece atenção é a identificação
dos recursos da família, bem como da comunidade, para a organização dos cuidados diários
com a criança quando nascer.
Os grupos devem proporcionar:
• a troca entre os participantes;
• o fortalecimento das capacidades; e
• a construção de possibilidades que contribuam para a organização de um contexto
favorável ao desenvolvimento da criança.

Sentimentos de rejeição por parte da família em relação à criança podem ser trabalhados
de forma a prevenir situações futuras de abandono, maus-tratos, trabalho infantil e outras.
O manejo destas situações deve se apoiar em uma postura de respeito e acolhimento que
possibilite a decisão quanto à maternidade ou até mesmo à entrega da criança em adoção.
Quando este for o caso, a adoção deve ser orientada, de modo a garantir que a criança
permanecerá protegida e cuidada até a inserção em uma família substituta. Para atingir estes
objetivos, podem ser trabalhados, dentre outras, as seguintes temáticas:
• sentimentos em relação à gravidez;
• saúde da gestante;
• papéis na família e mudanças com o nascimento do bebê;
• amamentação, primeiros cuidados e vinculação afetiva com o bebê;
• a importância dos primeiros anos de vida;
• s erviços, programas e ações disponíveis na comunidade para famílias com crianças
pequenas;
• violência na família;
• resgate da infância e a criança como sujeito de direitos;
• conseqüências adversas para o desenvolvimento decorrentes do trabalho precoce;
• d
ificuldade no cumprimento das condicionalidades do Programa Bolsa Família e/ou
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil;
• identificação de vínculos significativos na comunidade e fortalecimento dos mesmos.
A fim de garantir o caráter preventivo, as atividades podem ser oferecidas, inclusive, a
adolescentes gestantes que se encontrem acolhidas em abrigos e tenham história de ruptura de
vínculos familiares. A história de ruptura e abandono tende a se repetir nas famílias quando

403
MÓDULO 5 UNIDADE 5

3 não há um trabalho voltado para o fortalecimento dos vínculos afetivos e elaboração de lutos
Motta, M. A . P.
Mães Abandonadas:
quando a separação representar a melhor alternativa para a defesa do interesse da criança
3
a entrega de um (Motta, 2001 ).
filho em adoção. São
Paulo: Cortez, 2001. Ações com famílias de crianças com deficiência
Pautadas na perspectiva de fortalecimento da autonomia e dos vínculos familiares, as ações
devem prever atividades que promovam a conscientização e mobilização da comunidade
para a defesa de direitos da pessoa com deficiência, forneçam informações às famílias sobre as
estratégias para o desenvolvimento das competências da pessoa com deficiência, destacando
o papel fundamental dos familiares e da comunidade no processo de reabilitação e inclusão
social. Ao mesmo tempo, devem criar situações para que os membros das famílias expressem
suas dúvidas e conflitos e que possam construir soluções para os problemas enfrentados com
relação às deficiências.
A segregação das crianças com deficiência acontece, muitas vezes, por questões de
desinformação, o que contribui para a manutenção do “mito” de que em uma instituição
especializada, geralmente distante da residência, a criança terá um atendimento de qualidade
superior àquele que pode ser proporcionado no próprio território, por meio de uma rede de
serviços destinados à própria família, de modo a desonerá-la em termos de tempo e recursos
no cuidado desse membro.
A estimulação adequada durante os primeiros anos de vida da criança com deficiência é de
fundamental importância para o seu desenvolvimento e amplia as possibilidades de acesso
aos recursos educacionais disponíveis na comunidade.
Os preceitos constitucionais e a legislação vigente – Constituição Federal, artigo 208, Inciso
III e a Lei Federal 7853/89, artigo 20 –, determinam que ao Poder Público cabe assegurar
às pessoas com deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive à educação,
preferencialmente, na rede regular de ensino. Além disso, os demais serviços da rede pública
devem ser incentivados a desenvolver medidas para integrar a pessoa com deficiência, em
cumprimento aos objetivos da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora
Deficiência: o acesso, o ingresso e a permanência da pessoa com deficiência em todos os
serviços oferecidos à comunidade (Decreto n° 3298/99, Cap. IV, Art 7°).
Esse conhecimento é importante para desenvolver ações de inclusão de crianças com
deficiência nos serviços socioassistenciais e demais serviços públicos, promovendo a
discussão da necessidade de programas e serviços inclusivos, com igualdade de acessos e
oportunidades e a conseqüente adequação de espaços físicos e transformação de valores e
atitudes.
As atividades com crianças com deficiência e suas famílias visam:
• fortalecer vínculos afetivos e favorecer a inserção social da criança com deficiência;
• o
rientar as famílias quanto à deficiência, de modo a desconstruir mitos e preconceitos e
romper com a lógica da institucionalização;
• t rabalhar com as famílias o desenvolvimento de estratégias para a estimulação e
potencialização dos recursos da criança com deficiência, destacando o papel fundamental
dos familiares e da comunidade no processo de reabilitação e inclusão social;
• i nformar as famílias quanto aos serviços disponíveis na rede, de modo a garantir a inserção
da criança no Sistema Educacional e em outros serviços, de acordo com a demanda.
404
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Importante!
As atividades poderão se realizar no próprio domicílio, no CRAS, em espaços da rede
socioassistencial e espaços cedidos por organizações não-governamentais e pela rede pública,
conforme programação estabelecida.
Para você sistematizar o que estudou.

Quadro Resumo

Crianças até seis anos


Principal característica: forte dependência, em especial a faixa etária de até três anos.
Preocupações: atenção especial à família e prioridade para a inserção na educação
infantil.

Ações Socioeducativas:
Ações Socioeducativas com crianças até seis anos.
Grupo de famílias para o cuidado adequado à criança pequena.
Grupo de pais e mães para o fortalecimento dos vínculos.
Ações com famílias de crianças com deficiência.

AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS POR CICLO DE VIDA – CRIANÇAS DE SEIS A 14 ANOS

Essa fase é marcada pela obrigatoriedade da entrada da criança no ambiente educacional.


Isso representa uma transformação na vida de crianças e adolescentes, porém não se deve
perder de vista que o lúdico perpassa este período de vida, devendo ser privilegiado nas
atividades propostas.
Esta fase caracteriza-se por:
• maior autonomia;
• relacionamentos em grupos tornam-se permanentes e se ampliam;
• inserção em diferentes espaços; e
• r evelam-se habilidades e talentos que, identificados e orientados, podem ser
potencializados.

O ciclo de vida dos seis aos 14 anos pode ser dividido em ciclos menores, mais
homogêneos nas características de formação e socialização. As atividades planejadas
devem levar em conta a diversidade de interesses, potencialidades e ritmos.

405
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Entenda esta divisão do ciclo de vida da seguinte forma:

Infância Pré-adolescência Adolescência


seis até nove anos 12 até 14 anos
nove até 12 anos

Isto é importante!
É imprescindível que as crianças e os adolescentes, inseridos no Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil – PETI, sejam os públicos preferenciais das ações socioeducativas.
É importante mencionar que a Portaria Interministerial nº 17, de 24 de abril de 2007, que
institui o Programa Mais Educação, prevê a articulação no território dos recursos da educação,
assistência social, cultura, esporte e outros, com vistas à potencialização da proposta curricular
da rede de ensino e escolas e qualificação das atividades socioeducativas e de convivência
ofertadas às crianças e aos adolescentes no contra-turno escolar. Tais parcerias ampliam os
recursos para a retirada de crianças e adolescentes do trabalho infantil, contribuindo, ainda,
para que o processo de aprendizagem e o ambiente escolar sejam mais atrativos.

Conheça as Ações Socioeducativas desenvolvidas neste ciclo com:

• Crianças e adolescentes de seis a 14 anos


As ações socioeducativas para essa faixa etária funcionam em período alternado ao da escola
e objetivam contribuir na sua formação integral para cidadania, constituindo-se como espaço
de convivência e desenvolvimento do protagonismo. Pautam-se pelo cumprimento dos
direitos das crianças e dos adolescentes, numa concepção que faz do brincar, da experiência
lúdica, da vivência artística uma forma privilegiada de expressão, de pensamento, de interação
e aprendizagem.
As ações socioeducativas para essa faixa etária devem primar pela permanência na escola
e centrar atenção na prevenção da violência e do trabalho precoce. A formação integral
para a cidadania e o desenvolvimento do protagonismo também são os focos das ações
socioeducativas As ações socioeducativas para essa faixa etária podem ser estruturadas a
partir de alguns eixos:
• Família e sociedade na construção da experiência educativa.
• Protagonismo, participação e autonomia.
• Identidade, socialização e brincadeira.
• Arte e cultura, esporte e lazer.

406
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Recomenda-se a elaboração e a implementação de projetos temáticos que dialoguem com


diferentes áreas do conhecimento e o estabelecimento de parcerias com as políticas setoriais
de cultura, esporte e lazer, aproveitando as curiosidades, indagações e interesses do público.
Estes projetos devem proporcionar a integração com as famílias e com a comunidade, por
meio do estímulo à apresentação/disseminação dos resultados/aquisições destas atividades.
No caso de crianças e adolescentes retirados do trabalho infantil, as ações socioeducativas
e de convivência têm como objetivo contribuir também para a reparação de seus direitos
violados, restituindo-lhes a possibilidade de vivenciar, de modo saudável, a etapa da infância
e da adolescência.

• Famílias com crianças e adolescentes de seis a 14 anos


As atividades centradas nas famílias com crianças e adolescentes dessa faixa etária são
focadas na discussão de temas de interesse, conversas informais, reuniões para apresentação
do planejamento e avaliação das ações com as crianças e adolescentes. O objetivo central é
o fortalecimento dos vínculos afetivos/solidários e o reconhecimento das potencialidades de
todos os envolvidos.

Para você sistematizar o que aprendeu desse ciclo de vida.

Quadro resumo
Crianças e Adolescentes de seis a 14 anos
Principal característica:
• inserção em outros espaços, certa autonomia e formação de grupos.
Preocupações:
• permanência na escola;
• prevenção à violência;
• trabalho precoce;
• formação integral para a cidadania; e
• desenvolvimento do protagonismo.
Ações socioeducativas:
Ações socioeducativas com crianças e adolescentes de seis a 14 anos.
Ações socioeducativas com famílias de crianças e adolescentes de seis a 14 anos.

AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS POR CICLO DE VIDA – JOVENS DE 15 A 17 ANOS

As ações socioeducativas para essa faixa etária devem contribuir:


• para a ampliação das noções de cidadania;
• para estimular a convivência, a autonomia e o protagonismo do jovem.

407
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Isto é importante!
O foco central deve ser a busca de alternativas de permanência e reinserção dos jovens na
escola, visando, fundamentalmente, ao aumento da escolaridade.
No caso daqueles retirados do trabalho infantil, as ações devem contribuir, ainda, para que a
entrada no mundo do trabalho seja realizada em consonância com os pressupostos legais do
Estatuto da Criança e do Adolescente, de modo a favorecer a reparação da situação de violação
vivenciada anteriormente.
Neste ciclo também são desenvolvidas Ações Socioeducativas de grande importância com os
jovens e com as famílias formadas por jovens dessa faixa etária.

Ações desenvolvidas para esse ciclo com:

• Jovens de 15 a 17 anos
As ações para esse ciclo etário têm como principal foco garantir a permanência na escola, a
reinserção daqueles que estão fora do ensino formal, a ampliação das noções de cidadania, a
prevenção da violência e a gravidez na adolescência, a formação técnica geral para o trabalho
e a inserção dos jovens nos equipamentos de cultura, lazer e desporto.

Vale salientar que a formação técnica para o trabalho não é a qualificação profissional, e
sim a formação geral para a compreensão do trabalho. Busca-se, assim, a apropriação de
noções gerais relativas ao mundo do trabalho e que devam colocar em debate valores tais
como a solidariedade, o companheirismo, a responsabilidade e o significado do trabalho
para si e para os outros. Para este ciclo de vida são desenvolvidas ações do Agente Jovem
de Desenvolvimento Social e Humano, que tem como princípios a centralidade na família e
o protagonismo juvenil. Para maiores detalhes, ver site do Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome (www.mds.gov.br).

• Famílias com jovens de 15 a 17 anos


As atividades centradas nas famílias de jovens dessa faixa etária são focadas na discussão
de temas de interesse, conversas informais, reuniões para apresentação do planejamento e
avaliação das ações com os jovens. O objetivo central é o fortalecimento dos vínculos afetivos/
solidários e o reconhecimento das potencialidades de todos os envolvidos.

408
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Atenção para os destaques no quadro a seguir.

Quadro resumo
Crianças e Adolescentes de 15 a 17 anos

Principal característica:
• evasão escolar e inserção precária no mercado de trabalho
Preocupações: aumento da escolaridade:
• formação técnica para o trabalho;
• ampliação das noções de cidadania;
• prevenção à violência;
• gravidez na adolescência; e
• desenvolvimento da autonomia e do protagonismo.

Ações socioeducativas:
Ações socioeducativas com crianças e adolescentes de 15 a 17 anos.
Ações socioeducativas com famílias de crianças e adolescentes de 15 a 17 anos.

AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS POR CICLO DE VIDA – JOVENS DE 18 A 29 ANOS


Os jovens nessa faixa etária estão pressionados a transitar do sistema escolar para o mundo
do trabalho. Porém, nos últimos anos, houve um agravamento nas condições de ingresso e
permanência dos jovens no mercado de trabalho.
Por isso, há uma pressão social muito forte para reduzir as políticas de juventude à preparação Dessa forma, não se
para o trabalho, com a oferta de cursos profissionalizantes. pode desconsiderar
esta demanda
Ações desenvolvidas para esse ciclo com: e a expectativa
de que as ações
socioeducativas
• Jovens de 18 a 29 anos
contribuam no
encaminhamento
Caracterizado pela maioridade civil, além de atividades direcionadas ao protagonismo no de oportunidades
território, a programação socioeducativa deve compreender a inclusão da educação para o para os jovens.
trabalho, voltado aos jovens, e que possibilite a ampliação de trocas culturais, o acesso à Sendo necessário
tecnologia e a formação em competências específicas básicas e uma efetiva integração entre problematizar
os programas e projetos, voltados para a capacitação e integração no mercado de trabalho e o tema
emprego, bem como a prevenção à violência. trabalhabilidade,
mercado de trabalho
e juventude.
Sugere-se a articulação com ações de outras políticas e programas de profissionalização
governamentais e não-governamentais, tais como programas de formação oferecidos pelo
SENAI, SENAC, dentre outros. Vale salientar que as ações socioeducativas não têm como
objetivo a qualificação profissional, pois esta não é objeto da assistência social e, sim, da
esfera de outras políticas, como a do Ministério do Trabalho.

409
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Todas as ações para essa faixa etária devem integrar escolaridade, qualificação social e
profissional e desenvolvimento humano. Dentro dos programas do Governo Federal para
essa faixa etária, podemos destacar:

Programa Nacional de Inclusão de Jovens: Educação, Qualificação e Ação Comunitária


• O
– ProJovem. Para maiores detalhes, consulte o site do ProJovem www.projovem.gov.br/.
• P
ara a área rural, há o Programa Saberes da Terra, que tem como metodologia a Pedagogia
da Alternância, para propiciar aos jovens a escolaridade a partir de suas características
rurais.

Para jovens que já estão inseridos na educação formal ou já concluíram o ensino médio, há a
possibilidade de estabelecer parcerias com cursos supletivos, pré-vestibulares e desenvolver
atividades de incentivo aos estudos.
Nessa direção, recomenda-se divulgar o PROUNI – Programa Universidade para Todos, do
Governo Federal, que concede bolsas de estudos em universidades particulares.

• Famílias com jovens de 18 a 29 anos


As atividades centradas nas famílias com jovens dessa faixa etária são focadas na discussão
de temas de interesse, conversas informais, reuniões para apresentação do planejamento e
avaliação das ações com os jovens. O objetivo central é o fortalecimento dos vínculos afetivos/
solidários e o reconhecimento das potencialidades de todos os envolvidos.

Atenção para o quadro resumo a seguir.

Quadro resumo
Jovens de 18 a 29 anos
Principal característica:
• maioridade civil, pressão para o trânsito da escola para o trabalho, agravamento nas
condições de ingresso e permanência no mercado de trabalho.
Preocupações:
• educação para o trabalho;
• integração no mercado de trabalho e emprego;
• formação de competências específicas; e
• prevenção à violência.

Ações socioeducativas:
Ações socioeducativas com jovens de 18 a 29 anos.
Ações socioeducativas com famílias de jovens de 18 a 29 anos.

410
MÓDULO 5 UNIDADE 5

AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS POR CICLO DE VIDA – PESSOAS IDOSAS


O artigo 8 do Estatuto do Idoso assinala que:
“o envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção, um direito social”, e o artigo
9 afirma que “é obrigação do Estado garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde,
mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável
e em condições de dignidade”.

Dessa forma:
• a redução de riscos;
• a disponibilização de oportunidades; e
• a garantia de direitos, tais como proteção social e saúde são indicadores que constituem
a qualidade de vida na velhice.

Também constituem componentes de um envelhecimento saudável a participação, a


autonomia e a independência.

Uma nota Esse dado mostra


Segundo a pesquisa SABE (Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento, 2000/2001), 94,8% dos que os cuidados na
idosos de 60 a 75 anos e 83,8% dos idosos de 75 anos declaram viver sem incapacidade. velhice, no Brasil,
têm sido em grande
A grande maioria deles reside com suas famílias. Segundo dados do IBGE, apenas 1% dos
parte, absorvidos
idosos vive em abrigos coletivos. pela família, o
que aumenta a
Também caracteriza essa população: necessidade de se
cuidar do cuidador.
• a centralidade do trabalho em suas vidas, sendo que muitas vezes, é essa característica
que oferece condição para a sobrevivência da família, em especial aquela composta por
membros em situação de desemprego, hoje muito acentuada entre os jovens.

Uma informação importante


Ainda é significativo o número de idosos aposentados que também são arrimo de família.

Ações desenvolvidas para esse ciclo com:

• Pessoas idosas
Centram-se em ações que favorecem um processo de envelhecimento ativo e saudável. Assim,
as atividades devem proporcionar aos idosos, convívio (especialmente o intergeracional),
cultura, cuidados com a saúde e lazer, bem como promover a motivação para novos projetos, o
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários com foco na prevenção ao isolamento,
à violação de direitos e ao asilamento. Os espaços para a realização destas atividades devem
ser adaptados às necessidades e demandas deste grupo.

411
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Na medida de suas possibilidades, os idosos atendidos nos equipamentos da alta complexidade


da Proteção Social Especial devem participar das ações socioeducativas ofertadas no âmbito
da PSB.

• Famílias com pessoas idosas


É preciso ofertar serviço de apoio às famílias cuidadoras e profissionais cuidadores de idosos. O
apoio aos familiares e aos demais profissionais cuidadores de idosos consiste em orientações
sobre questões relacionadas ao envelhecimento, de acordo com os tipos e grau da dependência,
para cuidar melhor e para promover o autocuidado. Poderá propiciar, também, espaços de
“respiro” para trocas de experiências entre familiares e cuidadores, para o exercício da escuta
e da fala, da elaboração de dificuldades e de reconhecimento de potencialidades. Deve prever
o diálogo e a integração com outras políticas públicas, especialmente com a saúde, quando
se tratar de cuidados pertinentes àquela área, além de favorecer acesso dos familiares e dos
idosos à rede de saúde e a outros serviços que possam minimizar as dificuldades detectadas.
Atenção para o quadro resumo a seguir.

Quadro resumo
Pessoas Idosas

Principal característica:
• residem em sua maioria com suas famílias e um número significativo é arrimo das
mesmas.
Preocupações:
• prevenção ao isolamento social;
• acesso a serviços de saúde;
• prevenção da violação de direitos.

Ações socioeducativas:
• ações socioeducativas com pessoas idosas;
• ações socioeducativas com famílias de pessoas idosas.

AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS POR CONTINGÊNCIAS – PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

A não discriminação é um dos principais fundamentos no qual se baseiam todos os


instrumentos de promoção e proteção aos direitos humanos no Brasil, com destaque
para a Constituição de 1988.

412
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Em 24 de outubro de 1989, por meio da Lei Federal nº 7.853, foram estabelecidos os direitos
básicos das pessoas portadoras de deficiência e em 21 de dezembro de 1999, o Decreto
nº 3.298 instituiu o Estatuto das Pessoas com Deficiência, que regulamenta a Lei nº 7.853,
dispondo sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, que
consolida as normas de proteção e dá outras providências.
Esse documento estabelece que é obrigação do Estado criar programas e atendimento
especializado às pessoas com deficiência física, sensorial ou mental e facilitar o acesso
dessas pessoas a bens e serviços coletivos.
Apesar dos avanços legislativos, cerca de 14,5% da população brasileira, segundo o IBGE, são
4
pessoas com deficiência , que continuam a enfrentar práticas e obstáculos discriminatórios,
que os impedem de exercer os seus direitos e liberdades e tornam mais difícil a sua plena 4
Deficiência é
participação e o alcance efetivo da cidadania. todo e qualquer
comprometimento
Nessa direção... que afeta a
integridade da
A principal particularidade dessa população é sua dependência de cuidadores, em especial pessoa e traz
da família, devido à ausência de redes de apoio formais e informais. prejuízos na sua
locomoção, na
A ação socioeducativa, assim, deve promover: coordenação de
movimento, na fala,
• o acesso a serviços de saúde; na compreensão
• educação e cultura; de informações, na
orientação espacial
• estímulo à autonomia; ou na percepção
e contato com as
• participação e protagonismo; outras pessoas.
• prevenção da violação de direitos; e
• g arantia da acessibilidade, entendida como a possibilidade e a condição de alcance para
utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos,
das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa com
deficiência ou com mobilidade reduzida.

Ações desenvolvidas para esse ciclo com:

• Pessoas com deficiência


As atividades socioeducativas voltadas às pessoas com deficiência devem ter por foco o
convívio, o processo de reabilitação e o desenvolvimento da autonomia. As ações devem
garantir a integração com as demais políticas setoriais, em especial, a política de saúde e
educação. Deve ser garantida, ainda, a inclusão preferencial das pessoas com deficiência em
todas as demais ações socioeducativas, de forma a garantir seu direito à participação e ao
protagonismo. Em ambos os casos, é preciso envolver as famílias e a comunidade em ações
de prevenção à violação dos direitos.

413
MÓDULO 5 UNIDADE 5

• Ações socioeducativas com as famílias de pessoas com deficiência


As ações socioeducativas com as famílias de pessoas com deficiência visam ao fortalecimento
da autonomia, dos vínculos familiares e à mudança de paradigma do atendimento, rompendo
com a lógica da institucionalização. As atividades têm por foco, assim, o apoio aos familiares
e aos demais profissionais cuidadores de pessoas com deficiência. Poderá propiciar também
situações em que famílias expressem suas dúvidas e conflitos, construindo soluções para os
problemas, sensibilizando-os para a defesa de direitos e para o processo de reabilitação e
inclusão social das pessoas com deficiência.

Fique atento/a para o quadro a seguir.

Quadro resumo
Pessoas com Deficiência
Principal característica:
• dependência familiar e risco de institucionalização.

Preocupações:
• garantia de acessibilidade;
• estímulo à autonomia, participação e protagonismo;
• acesso a serviços de saúde, educação e cultura; e
• prevenção da violação de direitos.

Ações socioeducativas:
Ações socioeducativas com pessoas com deficiência.
Ações socioeducativas com famílias de pessoas com deficiência.

AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS COM FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE

As ações socioeducativas com famílias e seus membros, no âmbito


da assistência social, privilegia a abordagem voltada para:

Fortalecer o vínculo afetivo e so- Estimular potencialidades e


lidário entre os seus integrantes. capacidades dessas famílias.

414
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Com base na vivência cotidiana das famílias, tem por meta:


• a autonomia;
• o protagonismo social; e
• a cidadania, por meio da garantia de informações sobre o acesso e usufruto de direitos.

Quadro de Fixação

Foco das ações socioeducativas com famílias em situação de vulnerabilidade:


• Fortalecimento do vínculo afetivo e solidário entre seus membros.
• E
stímulo às potencialidades e capacidades de superação da situação de
vulnerabilidade.
• Garantia de acesso a informações.
• Garantia de acesso e usufruto de direitos.

Continuando seus estudos...


As metodologias de aplicação das ações socioeducativas voltadas às famílias devem estabelecer
mediações entre a realidade da família, seus membros e a sociedade.
A matriz é a sociedade, suas relações e a família (o que é/o que vive) como fruto destas
relações.
A mediação deve ser estabelecida a partir das questões mais imediatas e sentidas pelo grupo
familiar ou seus membros, com vistas a novos projetos individuais e coletivos.

Ações Socioeducativas
Este desenho propicia a articulação das demandas e
das necessidades expressas pela família e/ou indivíduos
em ações coletivas, o que pode resultar na extensão e no
aperfeiçoamento de políticas públicas.

Nesse sentido...
Os técnicos estabelecem um canal entre as demandas e as
necessidades dos indivíduos e o Poder Público – quer seja na perspectiva do planejamento
das ações e serviços, quer seja de interlocução direta.
A partir dessa interlocução é que se ampliam as possibilidades das políticas públicas serem
desenhadas de acordo com as demandas e as necessidades, ao mesmo tempo em que se
ampliam os canais de participação.

415
MÓDULO 5 UNIDADE 5

As ações socioeducativas promovem interlocuções entre demandas sociais e políticas


públicas

Não se pode enquadrar:


• a diversidade do país;
• a heterogeneidade dos arranjos familiares; e
• o
s diferentes graus de acesso aos serviços, numa direção
metodológica uniforme.

As metodologias são construídas e pensadas a partir de intencionalidades, conhecimento e


experiências.
Dessa forma, a metodologia de trabalho socioeducativo com as famílias deve, primeiramente,
embeber-se da realidade, do território, contextualizar essa realidade e perseguir os objetivos
da ação.

Veja as perguntas que você deve fazer para guiar o trabalho socioeducativo:

Qual a condição atual


Onde quero chegar com
dos participantes e suas
esta ação socioeducativa?
potencialidades?

Que metas espero atingir?

Agora, veja as respostas para seus questionamentos.

Metodologia Não tentar “enquadrar” a diversidade cultural do público.


É importante
de trabalho Respeitar a heterogeneidade dos arranjos familiares.
também que a ação
socioeducativa
socioeducativo Conhecer os diferentes níveis de acesso aos serviços/direitos.
sempre desconstrua com famílias
posições intencionalidade
sedimentadas e conhecimentos
construa mediações. experiências

Metas da ação
socioeducativa

416
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Ao se discutir questões do cotidiano com os idosos, as mulheres ou os adolescentes, o que


aparece por meio de suas falas são relações de poder, de gênero, entre outras. Assim, para
não intervir de forma prescritiva, adaptativa, modeladora e moralista, é necessário adotar um
referencial teórico-político de defesa e afirmação de direitos, rumo à:
• emancipação;
• autonomia; e
• cidadania dos sujeitos.

Para ficar mais claro seu entendimento, acompanhe a representação a seguir.

Desconstruir posições
sedimentadas

Construir mediações

Isso significa que


a Assistência
Social extrapola
a dimensão
meramente
econômica e incide
intervir de forma adotar um referencial sobre as relações
prescritiva, adaptativa, teórico-político de defesa sociais, sobre a
modeladora e e afirmação de direitos, garantia de direitos,
moralista rumo à emancipação, à especialmente
autonomia e à cidadania o direito à
convivência familiar
e comunitária,
a uma vida livre
de violência, à
participação e
protagonismo na
As ações da assistência social não se restringem apenas às famílias em situação de construção de um
vulnerabilidade em decorrência da pobreza, por insuficiência e/ou ausência de projeto societário,
rendimentos. A assistência social é destinada a quem dela necessitar, para satisfação de que assegure
necessidades humanas básicas, e tem, por referência, pessoas e famílias impossibilitadas a melhoria da
ou limitadas em sua capacidade, de forma continuada ou temporária/eventual. qualidade de vida
individual e coletiva
à geração atual e às
gerações futuras.

417
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Dessa forma...
As ações socioeducativas da Assistência Social devem atentar não somente ao atendimento
das famílias vulnerabilizadas em decorrência da pobreza, mas, também, àquelas que se
encontram em vulnerabilidade devido à vivência de qualquer forma de violação de direitos.
Tendo em vista essa concepção, as ações socioeducativas para famílias serão tratadas a partir
de dois grandes eixos de vulnerabilidade:
• em decorrência da pobreza; e
• em decorrência de situações de violência e/ou violação de direitos.

Famílias em situação de vulnerabilidade em decorrência da pobreza

A ação desenvolvida deve estar pautada em processo de reflexão sobre a situação de


vida e suas prováveis condicionantes, favorecendo:
• a percepção da dimensão individual e coletiva da problemática vivenciada; e
• a definição de estratégias e de projetos individuais e coletivos de superação.

Para acesso e usufruto de direitos e de melhor qualidade de vida.


Deve favorecer o processo de organização da população em torno de questões relacionadas à:
• geração de trabalho e renda;
• inclusão produtiva;
• condições de habitabilidade;
• acesso à alimentação, à educação, à saúde e à tecnologias;
• preservação e recuperação do meio ambiente;
• valorização da cultura e do saber popular; e
• desenvolvimento local sustentável.

Requer ação Como posso reconhecer Você deve destacar como


intersetorial, as famílias em condições de público prioritário da ação
consolidada na
vulnerabilidade em decorrência da socioeducativa as famílias inseridas
elaboração e
implementação pobreza que devem ter atendimento no Programa Bolsa Família (PBF),
de projetos de prioritário? especialmente aquelas que apresentam
enfrentamento dificuldades no cumprimento das
de pobreza que condicionalidades.
estabeleçam
relação com o
desenvolvimento
econômico e social
local.

418
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Ao exigir o comparecimento a determinados serviços de saúde pública, a freqüência


escolar e a ações socioeducativas e de convivência para crianças e adolescentes em situação
de trabalho infantil, o PBF promove condições fundamentais mínimas para que esses
sujeitos sociais, hoje à margem da sociedade, possam reivindicar acesso às condições
necessárias para o desenvolvimento de capacidades essenciais dos indivíduos.

Assim...
As condicionalidades
As dificuldades de cumprimento das condicionalidades pelas famílias devem ser são contrapartidas
compreendidas, pelos técnicos, não como condição desfavorável, mas como condição do PBF exigidas das
objetiva da situação de exclusão, que aumenta a probabilidade de ocorrência de violação dos famílias beneficiárias,
direitos. que no marco
constitucional
brasileiro,
Veja como as condicionalidades devem ser cumpridas nas áreas definidas correspondem
a direitos sociais
Na área de saúde, os compromissos consistem no acompanhamento da saúde de gestantes,
que devem ser
nutrizes e crianças até sete anos de idade. garantidos ao
conjunto da
Na área de educação, as condicionalidades previstas são a matrícula e a freqüência escolar população.
mínima de 85% das crianças e dos adolescentes entre seis e 15 anos, integrantes das famílias
beneficiárias. As condicionalidades devem ser observadas por todos os integrantes da família
com até 15 anos e gestantes, mesmo aquelas nas quais não ocorre pagamento da parcela
variável do benefício.

Na área da assistência, com a integração do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil


(PETI) ao PBF, normatizada por meio da Portaria 666/2005, a participação nas ações
socioeducativas e de convivência passa a ser uma condicionalidade adicional para as famílias
com crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil.

Essas condicionalidades são consideradas os parâmetros mínimos de resultado que o


Programa Bolsa Família se propõe a alcançar com cada uma das famílias beneficiárias.
O cumprimento das condicionalidades constitui, portanto, um dos fatores de êxito do
Programa em seu objetivo de contribuir para a superação da condição de pobreza ou
extrema pobreza das famílias beneficiárias.

Condicionalidades

Estabelecidas pelo Poder Público

São mecanismos para elevar o grau de efetivação dos direitos


sociais por meio da indução da oferta e da demanda por serviços
de saúde, educação e assistência social na esfera municipal.

419
MÓDULO 5 UNIDADE 5

ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DO PBF


Nesse sentido, o adequado cumprimento das condicionalidades constitui a operacionalização
de um dos propósitos do Programa Bolsa Família.

E como é feita a operacionalização desses propósitos?


Fazendo com que as famílias beneficiárias acessem os benefícios sociais a que têm direito,
desenvolvam práticas de apoio mútuo no espaço doméstico e se vinculem a redes sociais
existentes.
Veja uma sistematização sobre o assunto tratado. Ela facilitará seu entendimento.

Atenção
Há uma gradação de aplicação de advertência e sanções aos beneficiários que é pensada como
uma forma de possibilitar a reversão do quadro, permitindo que a família volte a cumprir as
condicionalidades e fortaleça os direitos de seus membros.

Garantia de um patamar mínimo


de Direitos Sociais

CRAS

Posto de Saúde Escola

A dificuldade no
cumprimento das
condicionalidades
deve ser compreendida
como situação
de extrema
vulnerabilidade,
que aumenta a
Bolsa Família probabilidade de
ocorrência de violação
de direitos.

Assim, o descumprimento das condicionalidades no contexto do Bolsa Família não deve


ser caracterizado como punitivo. Sua importância está relacionada ao acompanhamento
e monitoramento das famílias no acesso aos direitos sociais básicos de saúde e educação,
bem como à identificação das causas familiares e sociais que levaram ao descumprimento
das condicionalidades.

420
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Resumindo...
Na realidade, o não cumprimento das condicionalidades deve servir de alerta para a
identificação das famílias em situação de maior risco social e que demandam, portanto,
acompanhamento familiar mais próximo e integrado.
Esse acompanhamento também contribui para o redirecionamento de políticas públicas,
orientando as ações para:
• reduzir a vulnerabilidade de tais famílias; e
• ampliar as oportunidades e possibilidades de inclusão social.

O descumprimento das condicionalidades deve ser encarado, também, como um indicador


importante para prevenir situação de risco nas áreas de abrangência dos CRAS; e, para
famílias que se encontram nesta situação, deve ser visto como a oportunidade de reverter
o quadro de vulnerabilidade ao receber o acompanhamento e o apoio necessários para o
cumprimento do seu papel protetivo.
É fundamental
planejar o
Uma observação
acompanhamento
Embora o trabalho socioeducativo e as sanções partam de diferentes instâncias e não da família que não
ocorram de forma entrelaçada, é importante que a rede mantenha uma coerência diante está cumprindo as
condicionalidades
dessas ações.
do PBF dentro
As etapas do acompanhamento individualizado da família devem ser cumpridas de maneira do cronograma
articulada aos prazos estabelecidos pelo art. 14 da Portaria GM/MDS nº 551, de 9 de previsível para as
novembro de 2005, que versa sobre a aplicação de sanções em razão do descumprimento das sanções relativas ao
descumprimento das
condicionalidades do PBF. condicionalidades.
O acompanhamento familiar não suspende o cronograma de aplicação de sanções. Assim,
é preciso agilizar o atendimento, para se conhecer as razões de descumprimento das
condicionalidades e prevenir tanto a violação de direitos quanto o desfecho do caso em
cancelamento do benefício.

É preciso tentar reverter a situação de descumprimento das


condicionalidades o mais rapidamente possível, ainda que
a família permaneça sendo acompanhada por um período
variável, pois voltar a cumprir as condicionalidades não é
garantia de que as vulnerabilidades foram superadas.

421
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Vejamos um exemplo:

Marta pertence a uma família que está cadastrada no programa de Bolsa Família e
deixou de freqüentar a escola.
Houve quebra de alguma condicionalidade. Confira a sua atuação como técnico(a) nesta
situação.
Se a condicionalidade que não está sendo cumprida é a freqüência escolar, há que se conhecer
a causa e trabalhar sobre ela. A condução do caso pode mudar se a causa for negligência ou
trabalho infantil ou violência doméstica. O técnico de referência deverá avaliar a necessidade
de incremento das visitas domiciliares e entrevistas e de encaminhamentos à rede, inclusive
de encaminhamentos aos serviços de proteção especial, no caso de risco para crianças e
adolescentes.

SANÇÕES PARA O DESCUMPRIMENTO DAS CONDICIONALIDADES


E se a família se recusar a cooperar?

O que fazer?
A família poderá recusar o acompanhamento familiar em qualquer uma de suas fases.
Não haverá sanções por esta recusa. As sanções se aplicam apenas ao descumprimento das
condicionalidades. A família poderá mudar a sua postura de recusa do acompanhamento
familiar quando do recebimento da advertência para uma postura de aceitação quando da
aplicação da suspensão.

É preciso ressaltar...
A articulação entre o PAIF e o PBF é um processo em construção e marca um passo significativo
na consolidação de uma política pública de proteção social, que requer um esforço decidido e
continuado de atores governamentais e sociais.
A vigilância social,
ao mapear as formas
de vulnerabilidade, é FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE EM DECORRÊNCIA DE VIOLAÇÃO DE
capaz de identificar DIREITOS
a incidência de
crianças, adultos e A ação desenvolvida se detém nos diagnósticos elaborados pela vigilância social de
idosos em situação determinado território.
de negligência,
exploração e outras Os técnicos dos CRAS ao prestar atendimento às famílias, também podem identificar
formas de violência. situações de violências sofridas por alguns dos membros da família, com especial atenção à
violência contra crianças, mulheres e idosos.

O que devo fazer em situações dessa natureza?


A abordagem nesses casos deve se pautar em três linhas de atuação:
• n
a identificação de situações de violência, ou recorrência, procedendo ao encaminhamento
para a proteção social especial (CREAS), bem como aos serviços das demais políticas
públicas e Sistema de Garantia de Direitos;
• n
o atendimento a essas famílias, quando a intervenção no âmbito das duas proteções se
mostrar necessária; e
• na execução ou apoio a campanhas de prevenção às mesmas.
422
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Após o rompimento da situação de violência ou mesmo na prevenção destas, as ações


socioeducativas são importantes para o processo de reflexão sobre a situação de risco pessoal
e social e de suas prováveis condicionantes, favorecendo:
• a percepção da dimensão individual e coletiva da problemática; e
• a definição de estratégias e de projetos individuais e coletivos de superação, que permitam
a garantia do direito à vida e ao desenvolvimento.

Atenção para o quadro resumo.

Ações socioeducativas com famílias em situação de vulnerabilidade em decorrência


de situações de violência iniciam-se por meio do mapeamento da incidência de crianças,
adultos e idosos em situação de negligência, exploração e outras formas de violência no
território. Os técnicos dos CRAS ao prestar atendimento às famílias, também podem
identificar situações de violência sofridas por alguns dos membros da família, com
especial atenção à violência contra crianças, mulheres e idosos.
A abordagem nesses casos deve se pautar em duas linhas de atuação:
a. na identificação de recorrências de algumas situações de violência deve-se
executar e/ou apoiar campanhas de prevenção às mesmas; e
b. na identificação de caso de violência deve-se encaminhar à rede de proteção
social especial, que atua em casos de violação de direitos, bem como aos serviços
intersetoriais como de segurança pública e saúde.
Após o rompimento da situação de violência ou mesmo na prevenção desta, as ações
socioeducativas são importantes para o processo de reflexão sobre a situação de risco
pessoal e social e de suas prováveis condicionantes, favorecendo a percepção da dimensão
individual e coletiva da problemática e a definição de estratégias e de projetos individuais e
coletivos de superação, que permitam a garantia do direito à vida e ao desenvolvimento.

DIRETRIZES PARA AS AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS COM FAMÍLIAS


Como já foi apontado anteriormente, as ações socioeducativas não possuem foco construído
ou metodologias preestabelecidas.
O foco e as ferramentas metodológicas, dessa forma, são edificados a partir das especificidades
dos sujeitos como
• identidades;
• desejos;
• necessidades;
• demandas; e
• realidade sócio-histórica.

Nessa direção, conheça algumas diretrizes para a organização e implementação de ações


socioeducativas com famílias.

423
MÓDULO 5 UNIDADE 5

Conhecimento do território
Além dos dados do território (estatísticas e dados oficiais), é necessário agregar as informações
sobre o observado, o vivido, construindo um conhecimento sistemático e gradativo do
território e das famílias a ele referenciadas. O conhecimento relativo ao território deve se
transformar em ferramenta e estratégia de trabalho com os sujeitos, grupos e comunidade.
Para tal é preciso mapear:
a. os recursos disponíveis, as formas de organização e sociabilidade da população e as redes
sociais estabelecidas, os serviços de que dispõe e as facilidades e dificuldades de acesso
aos mesmos;
b. o que as famílias requerem da Política de Assistência Social, suas expectativas, demandas
e desejos diante de sua condição social, bem como criar formas de participação no
planejamento e execução de suas ações;
c. os serviços existentes no território, bem como aqueles de abrangência municipal, estadual
e regional (condições de acesso, objetivos, vagas, atividades que oferece, público-alvo)
que podem servir de referência aos usuários da assistência social; e
d. registrar e, gradativamente, incluir em Banco de Dados, o público usuário.

Acolhida e escuta das preocupações, necessidades e demandas expressas pelas famílias


A acolhida ou acolhimento é o processo de contato inicial com o usuário. Seu objetivo é a
constituição de vínculos, o estabelecimento de relações iniciais de confiança, de segurança,
de afeto e de reconhecimento da equipe de trabalho como pessoas confiáveis, ou seja, formar
o vínculo inicial necessário para que possa ser dada continuidade ao trabalho. A recepção
pode ser realizada por funcionário de nível médio, treinado para uma acolhida qualificada.
Após a recepção, quando for o caso, deve ser garantido o atendimento técnico social.
A organização do espaço deve propiciar um ambiente acolhedor e agradável que leve em conta
a cultura local e que inclua a acolhida aos demais membros da família, inclusive crianças,
adolescentes e jovens. Além de um ambiente onde as pessoas se sintam bem, este espaço deve
conter informações sobre o CRAS e a rede de serviços, a divulgação de eventos, campanhas
educativas, reuniões de fóruns, conselhos, movimentos, cursos e outros, por meio de mapas,
murais, cartazes etc. É preciso que as informações tenham linguagem simples e direta, de
modo a facilitar o entendimento, com uma disposição que chame a atenção do usuário.

Valorização e fortalecimento das famílias


Sendo a unidade familiar a referência de ação da Política de Assistência Social, é preciso
valorizar as famílias em sua diversidade, valores, cultura, história, demandas e potencialidade,
bem como fortalecê-las na sua função de proteção e socialização. Para tal, sugere-se:
a. valorizar e estimular a participação nas ações socioeducativas tanto da figura materna
quanto da figura paterna;
b. valorizar a relação entre gerações, sua convivência e trocas afetivas e simbólicas; e
c. valorizar e fortalecer a cultura do diálogo e dos direitos, combatendo as formas de
violência, discriminação e estigmatização social.

424
MÓDULO 5 UNIDADE 5

É importante, ainda, que as ações implementadas sejam adequadas às experiências, situações,


contextos vividos pelas famílias. Portanto, ao implementá-las cabe refletir sobre o tipo de
família que a ação se destina e se ela terá algum significado.
Por exemplo:
• Qual a composição desta família?
• Quem são seus membros?
• Quantos homens e mulheres?
• A que grupos raciais ou étnicos pertencem?
• Qual a idade de seus membros?
• Que história de vida cada um deles tem para contar?
• Em que área vivem (urbana ou rural)?
• De que serviços dispõem em sua comunidade?
• Q
uais as atividades desempenhadas no dia-a-dia pelos homens e mulheres, incluindo-se
as crianças, os jovens e os idosos?
• Como cada um dos membros da família usa o seu tempo?
• Q
uais as expectativas e necessidades de cada um dos membros da família com relação ao
trabalho social que será realizado?
• É
necessário o encaminhamento para serviços da Proteção Social Especial ou de outras
políticas públicas?
• Do que cada um mais gosta ou menos gosta de fazer?
• E
stas e outras perguntas poderão auxiliar a adequar o material pedagógico e o instrumental
técnico às ações e características de cada uma das famílias atendidas.

Informação, comunicação e defesa de direitos


A ampliação do universo informacional, inclusive a discussão sobre os direitos individuais e
sociais e sobre as respostas oferecidas pelo Poder Público, além de promover o conhecimento
dos recursos com os quais os participantes podem contar, pode levar os participantes a
ampliarem os seus acessos a cultura, lazer, capacitação profissional e outras políticas públicas,
no território ou fora dele. Neste sentido, deve-se:
a. construir no cotidiano o entendimento do que são os direitos, as formas de violação e as
garantias de sua efetivação, envolvendo cidadãos e equipe do CRAS;
b. construir e difundir instrumentos facilitadores de comunicação sobre direitos; promover
o intercâmbio de informações e o diálogo da população com representantes de outras
políticas públicas, órgãos e grupos de defesa de direitos;
c. promover a referência e contra-referência pelo acesso das famílias e indivíduos à rede
de serviços socioassistenciais da PSB e da PSE e para os serviços das demais políticas
públicas;

425
MÓDULO 5 UNIDADE 5

d. promover a inclusão de pessoas com deficiência e seus familiares nos serviços


socioassistenciais da PSB e PSE e nas demais políticas; e
e. promover a inclusão e a superação de demandas identitárias subalternizadas, relacionadas
especialmente ao ciclo de vida, às questões de gênero, étnico-raciais, orientação sexual,
entre outras.

Mobilização e articulação para a cidadania


A mobilização e articulação para a cidadania têm estreita relação com a comunicação e o
desenvolvimento do protagonismo. O desenvolvimento destas duas prerrogativas ocorre por
meio da divulgação e do reconhecimento pelos indivíduos das condições de vida no seu
território, as possibilidades de mudança, as iniciativas já existentes para sua melhoria e o
incentivo ao desenvolvimento de habilidades. A ação socioeducativa possibilita a construção
coletiva de alternativas pelos indivíduos, por meio da identificação de situações e demandas
comuns e do estímulo à discussão sobre os meios solidários os quais podem potencializar,
defender e proteger os direitos econômicos, sociais e culturais de todas as pessoas.

Parabéns!
Você chegou ao final do Módulo 5!
Após os conhecimentos aqui adquiridos, com certeza, você poderá atuar, em seu Município
ou Estado, de forma mais segura e com a eficiência que você já tem.

Alguma dúvida? Releia a unidade ou unidades nas quais você não se sente seguro.

Que tal, agora, partir para outro Módulo?

426
MÓDULO 6
MÓDULO 6

Programas Complementares

Unidade 1 – Fundamentação e Aspectos Gerais

Unidade 2 – Diagnóstico e Identificação das Necessidades


e Capacidades das Famílias

Unidade 3 – Apresentação de Programas Complementares

Unidade 4 – Articulação dos Programas Complementares


para o Desenvolvimento das Famílias

Unidade 5 – Realidade Socioeconômica do Território e


Desenvolvimento Local Sustentável

427
MÓDULO 6
MÓDULO 6 – Programas Complementares

Ementa
Unidade 1 – Fundamentação e Aspectos Gerais
• Dimensões do Programa Bolsa Família
• Programas Complementares
• Intersetorialidade dos Programas
• Desenvolvimento de capacidades

Unidade 2 – Diagnóstico e Identificação das Necessidades e Capacidades das Famílias



• Diagnóstico: conceito
• A Ferramenta do Cadastro Único
• Índice de Desenvolvimento da Família (IDF): dimensões e aplicações
• Centros de Referência de Assistência Social (CRAS): base de informações familiares

Unidade 3 – Apresentação de Programas Complementares


• Parcerias e Repasses de Recursos: IGD
• Categorização dos Programas Complementares

Unidade 4 – Articulação dos Programas Complementares para o Desenvolvimento das


Famílias
• Ação integrada no território
• A importância dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS)
• Obstáculos à articulação e à integração dos programas

Unidade 5 – Realidade Socioeconômica do Território e Desenvolvimento Local


Sustentável
Coleta dos dados
• A
• Roteiro para Conhecimento do Território
• Desenvolvimento local sustentável
• A Importância do local
• Dimensões da sustentabilidade
• Desenvolvimento promovido pela própria comunidade
• Descentralização e Participação
• Planejamento Participativo

428
MÓDULO 6 UNIDADE 1

Unidade 1 – Fundamentação e Aspectos Gerais

Início de conversa!
Nesta primeira Unidade você examinará o papel dos Programas Complementares no
conjunto de iniciativas e de ações vinculadas ao Programa Bolsa Família.
Verá quais são as idéias e os princípios básicos que devem orientar a articulação de
Programas Complementares aos beneficiários do Programa Bolsa Família (PBF) e como
sua implementação integrada pode se constituir em um apoio eficiente ao processo de
emancipação das famílias em situação de pobreza e extrema pobreza.
Ao final desta Unidade, você será capaz de compreender a relevância dos Programas
Complementares no contexto da superação da pobreza e da vulnerabilidade social.
Boa leitura!

O Programa Bolsa Família, como você viu anteriormente, pauta-se na articulação de três
dimensões essenciais à superação da fome e da pobreza.

DIMENSÕES DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA


• A
primeira dimensão refere-se ao alívio imediato da pobreza, por meio da transferência
direta de renda às famílias pobres.
• A
segunda dimensão está relacionada com os compromissos que as famílias devem
cumprir para permanecer no Programa, as chamadas condicionalidades, de forma a
contribuir para o rompimento do ciclo da pobreza entre gerações e promover o acesso
aos direitos sociais básicos de saúde e educação.
• A
terceira dimensão, objeto de estudo deste módulo, é o apoio ao desenvolvimento das
famílias, por meio dos Programas Complementares, de modo que os beneficiários do
PBF consigam reduzir ou superar a situação de vulnerabilidade e de pobreza.

O que são PROGRAMAS COMPLEMENTARES?


Os Programas Complementares são definidos como ações organizadas e regulares,
direcionadas às famílias pobres do PBF e do CadÚnico. Visam possibilitar o desenvolvimento
de suas capacidades para a superação da situação de vulnerabilidade social em que se
encontram.
Os programas complementares abrangem ações e políticas setoriais nas áreas de:
• geração de trabalho e renda;
• acesso ao conhecimento;
• condições habitacionais;
• direitos sociais; e
• desenvolvimento local, dentre outras.

429
MÓDULO 6 UNIDADE 1

A Lei 10.836, que criou o PBF, define que a emancipação das famílias beneficiadas pelo PBF
deve-se dar por meio da instituição de políticas públicas sociais desenvolvidas pelas três
esferas do governo e por iniciativas da sociedade civil.

O Programa
Qual a relação Bolsa Família parte do
entre os Programas pressuposto de que a pobreza é
Complementares e o Bolsa um fenômeno complexo, com múltiplas
Família? dimensões, e seu enfrentamento requer a
coordenação das ações governamentais e com
a sociedade. O PBF se apresenta como inovador
no campo das políticas de transferência de renda
com condicionalidades por estimular parcerias
para o enfrentamento da pobreza por meio
de Programas Complementares.

O Bolsa Família,
ao incorporar uma
terceira dimensão,
torna-se um eixo
estruturante a
partir do qual se
agregam ações,
programas e políticas
complementares.

Os Programas Complementares podem ser:


• e specíficos – formulados, exclusivamente, para atender as pessoas cadastradas no
O Cadastro Único
CadÚnico, em especial as beneficiárias do PBF.
– e as informações
nele constantes – é ou
um instrumento
poderoso para a • p
rogramas já existentes – mas que focalizam ou priorizam as famílias de maior
definição de políticas, vulnerabilidade.
programas e ações
A articulação de iniciativas que priorizam ou se voltam para o atendimento das famílias
complementares,
adequadas ao seu beneficiárias do Bolsa Família pode promover um aumento de sua efetividade e de seu
público-alvo. impacto na vida das populações mais pobres.

Agora fique atento!

A articulação de programas complementares deve levar em conta:


• o perfil das famílias atendidas pelo PBF;
• suas vulnerabilidades e potencialidades; e
• as ações e serviços já existentes em cada local.

Outro ponto fundamental é o desenvolvimento de ações que explorem as potencialidades


econômicas, culturais e naturais específicas de cada localidade.

430
MÓDULO 6 UNIDADE 1

Existe uma integração desses programas?

Uma das características importantes dos Programas Complementares é a de se


constituírem em atividades integradas. Reúnem as diferentes esferas de governo inter-
relacionando iniciativas que desenvolvem as capacidades das famílias pobres, com vistas
a apoiá-las na busca de alternativas próprias de sustentação.

É nesse contexto que o PBF se insere. Como estratégia de combate à pobreza e de promoção
social das famílias, o Bolsa Família tem o desafio de articular diversos agentes políticos para
que assumam responsabilidades compartilhadas no âmbito do Programa.

A Constituição
INTERSETORIALIDADE DOS PROGRAMAS
Federal de 1988,
Outra característica importante dos Programas Complementares é a Intersetorialidade. no art. 23, inc. III,
estabelece como
Programas criados em diferentes áreas do Governo combinam-se para ampliar os resultados um dos objetivos
de sua ação. da República
Federativa do Brasil
o compromisso
com a erradicação
A exemplo disto e considerando especificamente as ações desenvolvidas pelo Governo da pobreza e da
Federal, o Projeto de Promoção do Desenvolvimento Local e Economia Solidária, marginalização,
que visa ao desenvolvimento de ações de apoio ao desenvolvimento local solidário, assim como com
é coordenado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em articulação com o a redução das
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e o Ministério do desigualdades
sociais e regionais. O
Meio Ambiente (MMA).
texto constitucional
estabelece ainda
A intersetorialidade de programas também manifesta-se nas três esferas de governo. O como competência
Programa Bolsa Família, por exemplo, pode ser complementado por outras iniciativas em comum da União,
Estados, Distrito
nível estadual e municipal.
Federal e Municípios
combater as
Duas instâncias de coordenação e de integração de ações do Governo Federal zelam pela causas da pobreza
integração das políticas e programas sociais. e os fatores de
marginalização,
Quais são essas instâncias, você sabe? promovendo
a integração
I. O Conselho Gestor Interministerial do Bolsa Família (CGPBF) – Previsto no artigo social dos setores
desfavorecidos
4º da Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004 (lei que cria o PBF), é responsável por
(CF/88, art. 23, inc. X).
formular e integrar políticas públicas, definir diretrizes, normas e procedimentos sobre
o desenvolvimento e implementação do PBF, e por apoiar iniciativas para instituição
de políticas públicas sociais, visando promover a emancipação das famílias beneficiadas
pelo Programa nas esferas federal, estadual, do Distrito Federal e municipal; e

II. A Câmara de Política Social, do Conselho de Governo da Presidência da República


criada pelo Decreto nº 4.714, de 2003 – Tem a finalidade de propor políticas públicas
relativas à área social do governo, visando à articulação e ao acompanhamento de
programas que envolvam mais de um Ministério.

431
MÓDULO 6 UNIDADE 1

DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES

Segundo Amartya Sen, em Desigualdade Reexaminada, não se deve medir bem-estar


individual meramente pelas dimensões de renda pessoal e acesso a bens de consumo.
Uma vida boa é a que permite ao indivíduo fazer suas próprias escolhas. Para que ele
possa escolher, é preciso que existam oportunidades reais, isto é, acesso às diferentes
possibilidades e alternativas. (SEN, Amartya Kumar. Desigualdade Reexaminada.
Record, Rio de Janeiro, 2001).

Isso quer dizer que,


por exemplo, um programa
de alfabetização pode ampliar
possibilidades das pessoas?

Isto mesmo,
este programa amplia
consideravelmente as
capacidades do alfabetizado para
conseguir fazer novas escolhas
pelo fato de saber ler e
escrever.

Conclusão...
Vistos sob esta ótica, os programas complementares buscariam desenvolver as capacidades
dos beneficiários do PBF.

As famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade têm diminuídas as suas possibilidades


de escolha. O desenvolvimento de capacidades e potencialidades pressupõe que o indivíduo
ou a família estejam amparados numa rede de proteção social, ou seja, sintam-se capazes,
tomem decisões e tenham condições concretas para realizar suas escolhas. A existência e
o efetivo funcionamento da rede de proteção social são fundamentais para que as famílias
tenham apoio concreto e consigam superar as suas situações de vulnerabilidade podendo,
assim, recuperar suas possibilidades de escolha.

Gostaria tanto de aprender a


ler e escrever, mas com quem
deixarei meus filhos?

432
MÓDULO 6 UNIDADE 1

Não basta só proporcionar alternativas Os CRAS buscam


fortalecer os
É fundamental que as alternativas sejam adequadas à situação de vida das pessoas. vínculos familiares
Assim, torna-se importante, ao ofertar o curso de alfabetização, ofertar um serviço de e comunitários,
elevar a auto-
acolhimento das crianças.
estima, ampliar
o protagonismo
dos usuários e sua
O desenvolvimento de capacidades depende ainda de uma ação bem clara de sensibilização
participação nos
e motivação das famílias para adesão aos programas propostos. processos decisórios
É fundamental que o interesse das famílias seja estimulado e desenvolvido, a fim de se garantir relativos ao território.
o engajamento necessário para o desenvolvimento de suas capacidades.
A proteção social de assistência social, conforme visto no módulo 5, ao ter como foco central
a família, constitui importante política para o atendimento das famílias beneficiárias do PBF.
Por meio dos CRAS, espaço de referência da proteção social básica e “porta de entrada” dos
1
usuários à rede socioassistencial , essas famílias são acompanhadas, em especial aquelas com
dificuldades de cumprir as condicionalidades de saúde e educação. Os CRAS também se
constituem como uma referência para as demais políticas setoriais no território e, portanto,
para a oferta de programas complementares que desenvolvam as capacidades das famílias.

1
A rede
E, então? Precisa estudar mais um pouco ou já pode avançar para socioassistencial é
a próxima unidade? constituída pela rede
de assistência social,
Lembre-se: só passe adiante quando tiver certeza de que já domina o conteúdo juntamente com
as redes de saúde,
estudado.
educação, cultura,
habitação, e outras.
O conceito de rede
socioassistencial
pressupõe a
articulação das
ações que se voltam
ao destinatário
da política de
assistência social.

433
MÓDULO 6 UNIDADE 2

Unidade 2 – Diagnóstico e Identificação das Necessidades e


Capacidades das Famílias
Esta Unidade fornece orientações sobre como obter dados organizados sobre as famílias a
serem beneficiadas pelas atividades que visam ao desenvolvimento de suas capacidades.
Ao final da leitura você será capaz de compreender a importância e a utilidade desses
instrumentos como base para a identificação das reais necessidades das famílias, de modo
que os programas complementares atendam às prioridades destes grupos e sejam adequados
aos perfis das famílias beneficiárias do PBF.

Introdução:
A implantação dos Programas Complementares, conforme visto na Unidade 1, procura
criar alternativas para o atendimento das necessidades e a ampliação das potencialidades
das famílias pobres e em situação de vulnerabilidade social. Abre perspectivas de
superação da pobreza, para além da transferência direta de renda. Entretanto, para que
os programas possam atender a seus objetivos, é necessário dispor de instrumentos
que permitam identificar o perfil socioeconômico das famílias a serem beneficiadas
e as necessidades prioritárias a serem atendidas, nas ações desenvolvidas pelo Poder
Público.

Antes da explicação sobre as ferramentas com as quais podemos realizar o levantamento do


perfil das famílias, falaremos sobre diagnóstico.

DIAGNÓSTICO

Você sabe o que é diagnóstico?

A RedeSUAS é O diagnóstico representa uma leitura da realidade, ou seja, a compreensão e a sistematização


o sistema de dos problemas e necessidades das famílias, assim como o conhecimento de suas características
informação do culturais e socioeconômicas.
Sistema Único de
Assistência Social Diagnosticar uma realidade requer, também, o conhecimento das causas e conseqüências
e tem a função dos problemas vivenciados pelas famílias, e como estes influenciam e são influenciados por
de responder às fatores econômicos, políticos e sociais.
novas necessidades
de informação e
comunicação no O perfil socioeconômico das famílias, com a descrição de suas necessidades e
âmbito do SUAS. É capacidades, pode ser construído a partir da consulta a diferentes fontes de dados,
estruturada segundo tais como o Cadastro Único, o Índice de Desenvolvimento da Família, a RedeSUAS, as
a organização da
política pública
informações sobre vigilância social no território e os registros de acompanhamento das
de assistência famílias produzidos pelos CRAS.
social, atendendo
às necessidades
Nesta Unidade, iremos abordar detalhadamente as seguintes fontes de consulta de dados:
informacionais
dos setores que • o Cadastro Único;
compõem a política:
gestores, técnicos, • o Índice de Desenvolvimento da Família (IDF) nele baseado; e
entidades, sociedade • os relatórios produzidos pelos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS).
civil e usuários.
434
MÓDULO 6 UNIDADE 2

Observe que as ferramentas de busca de dados para a elaboração do diagnóstico das


necessidades e capacidades das famílias, aqui apresentadas, não são excludentes; antes, elas se
complementam e podem ser utilizadas ao mesmo tempo para o conhecimento mais apurado
da realidade local.

Importante!
O sucesso dos Programas Complementares depende do conhecimento da realidade
local e do público-alvo ao qual as ações são dirigidas.
A par dessas informações, você verá alguns instrumentos que podem ser utilizados para
a elaboração do diagnóstico das famílias.

Instrumentos para Elaboração dos Diagnósticos das Famílias

Como você já viu antes, o Cadastro Único (CadÚnico) é uma base nacional que reúne
os dados socioeconômicos das famílias com renda mensal de até meio salário mínimo
por pessoa ou renda total até três salários.

A FERRAMENTA DO CADASTRO ÚNICO


O CadÚnico possibilita o registro de informações coletadas pelo Município sobre as famílias e
seus integrantes, para sua identificação como potenciais beneficiárias de programas sociais.

No entanto, isto não significa que o fato de ser cadastrado dá acesso automático a tais
programas.

A base do CadÚnico é constituída pelos seguintes grupos de informação:


• identificação da família e das pessoas que a compõem;
• características familiares;
• identificação da residência e de suas características;
• renda da família;
• gastos da família; e Os dados disponíveis
no CadÚnico
• informações sobre propriedades e participação em programas sociais, entre outras.
precisam ser
O Cadastro é um importante instrumento, que serve de base para a formulação e a gestão das organizados e
ordenados para que
ações do Poder Público.
sejam utilizados na
Conheça as informações que podem contribuir para a formulação de políticas habitacionais identificação das
necessidades das
específicas:
famílias, auxiliando
• a situação do domicílio (próprio, alugado, cedido, invasão, por exemplo); o planejamento
adequado das ações
• infra-estrutura;
governamentais a
• saneamento; e serem desenvolvidas.
• pavimentação.

435
MÓDULO 6 UNIDADE 2

As informações sobre a escolaridade de cada membro da família podem ajudar na formulação


de políticas educacionais e na identificação das pessoas, que demandam cursos de alfabetização
e de educação de jovens e adultos.

Confira esse exemplo...


Em Bagé, no Estado do Rio Grande do Sul, a execução das políticas públicas no Município
era feita de forma fragmentada. Para possibilitar um atendimento com maior focalização
e alcance às famílias mais vulneráveis do Município foi criada uma Central de Programas
Sociais. A Central utiliza as informações do Cadastro Único para a identificação das
prioridades de atendimento das políticas e programas sociais locais e o desenvolvimento de
programas complementares.

Um programa complementar local (Dona Lindu), voltado prioritariamente às mulheres


chefes de família, tem 80% de suas beneficiárias inscritas no PBF. Dos freqüentadores dos
cursos de culinária, cabeleireiro e outros oferecidos pelo Município, 50% são beneficiários
do PBF. Além disso, 70% das crianças que participam dos programas municipais de arte-
educação, em período inverso à escola, são também beneficiárias do Programa.

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DAS FAMÍLIAS (IDF): dimensões e aplicações

A evolução dos estudos sociais demonstrou que as causas da pobreza são muitas e complexas,
embora, na prática, apenas a insuficiência de renda seja utilizada para definir quem está
acima ou abaixo da linha de pobreza.

Além da renda, quais outras condições podem permitir a identificação de quem está em
situação de pobreza?

Condições de saúde, educação, situações de vulnerabilidade e de risco, por exemplo, podem


dizer muito sobre a situação das famílias que necessitam de apoio do Poder Público.

Agora, conheça os indicadores sintéticos para medir as carências e capacidades das


famílias.

Conscientes de que é importante trabalhar os dados sobre a pobreza de uma forma mais
ampla, os cientistas sociais têm-se dedicado à construção de indicadores sintéticos para medir
as carências e capacidades das famílias, ao longo do tempo e em diferentes comunidades.

E qual o indicador mais relevante surgido nos últimos tempos?


Para conhecer melhor
o IDH, acesse o link Foi o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), criado no início da década de 1990 pela
do Programa das Organização das Nações Unidas.
Nações Unidas para
o Desenvolvimento O IDH representa uma medida padronizada de avaliação do bem-estar de uma população.
(PNUD): www.pnud. Ele mede, em um único indicador, a esperança de vida ao nascer, a taxa de analfabetismo, a
org.br/idh / taxa de matrícula e a renda per capita. Embora seja bastante utilizado, o IDH capta, apenas, as
condições de desenvolvimento do conjunto da população em um determinado Município.

436
MÓDULO 6 UNIDADE 2

Agora você vai conhecer o IDF!


O Índice de Desenvolvimento da Família (IDF) nasceu da necessidade de ter um indicador
que, além de levar em consideração diversas dimensões da pobreza, como o IDH, pudesse
ser construído para cada família individualmente. Assim, ele permite calcular o nível de
desenvolvimento de uma família e agregar dados sobre o grau de desenvolvimento de bairros,
territórios, municípios, estados e países.

O IDF trabalha informações de uma única fonte, que é o Cadastro Único.

O IDF trabalha com as seguintes dimensões:

a. Vulnerabilidade decorrente da composição familiar – volume adicional de recursos que a Isso significa que
as variáveis do
família necessita, pelo fato de possuir, em sua composição, gestantes, crianças, portadores cadastro é que
de deficiência e idosos. servem de referência
b. Acesso ao Conhecimento – acesso à alfabetização, escolaridade ou qualificação profissional para a construção
do índice e que as
que, por sua vez, possibilita o acesso a recursos financeiros (via mercado de trabalho) e
comparações entre
não-financeiros (bens e serviços públicos). IDF de famílias
c. Acesso ao Trabalho – condições de utilização da capacidade produtiva como fonte de diferentes só são
viáveis entre aquelas
renda, considerando a disponibilidade de trabalho (tempo na ocupação), a qualidade
cadastradas.
do posto de trabalho (formal ou informal) e a remuneração obtida com o trabalho (em
relação ao salário mínimo).
d. Disponibilidade de Recursos – condições de obtenção de renda para cada membro do
grupo familiar e sua sustentabilidade (mercado de trabalho ou transferências).
e. Desenvolvimento Infantil – acesso a oportunidades para o pleno desenvolvimento das
capacidades e potencialidades de cada criança. Abrange aspectos como: a proteção contra
o trabalho precoce, o acesso à escola, o progresso escolar e a mortalidade infantil.
f. Condições Habitacionais – condições de vida de uma família, incluindo propriedade de
imóvel, acesso à água, ao esgoto sanitário, à coleta de lixo e à eletricidade.

Atenção!
É importante observar que as dimensões se inter-relacionam, já que algumas estão
vinculadas à falta de acesso aos meios (acesso ao conhecimento, acesso ao trabalho
e disponibilidade de recursos) e outras estão relacionadas a necessidades básicas
insatisfeitas (desenvolvimento infantil e condições habitacionais).
Qualquer dimensão pode ser agravada, se estiver associada à presença de vulnerabilidade
decorrente da composição familiar.

437
MÓDULO 6 UNIDADE 2

Veja os componentes e as variáveis consideradas em cada uma das dimensões do IDF


Vunerabilidade
Fecundidade
V1 Ausência de pelo menos uma gestante
V2 Ausência de pelo menos uma mãe amamentando
Atenção e cuidados especiais com crianças, adolescentes e jovens
V3 Ausência de pelo menos uma criança
V4 Ausência de pelo menos uma criança ou adolescente
V5 Ausência de pelo menos uma criança, adolescente ou jovem
Atenção e cuidados especiais com idosos e deficientes
V6 Ausência de pelo menos um portador de deficiência
V7 Ausência de pelo menos um idoso
Dependência econômica
V8 Presença de cônjuge
V9 Mais da metade dos membros encontra-se em idade ativa
Acesso ao conhecimento
Analfabetismo
C1 Ausência de pelo menos um adulto analfabeto
C2 Ausência de pelo menos um adulto analfabeto funcional
Escolaridade
C3 Presença de pelo menos um adulto com fundamental completo
C4 Presença de pelo menos um adulto com secundário completo
C5 Presença de pelo menos um adulto com alguma educação superior
Acesso ao trabalho
Disponibilidade de trabalho
T1 Mais da metade dos membros em idade ativa encontra-se ocupada
Qualidade do posto de trabalho
T2 Presença de pelo menos um ocupado no setor formal
T3 Presença de pelo menos um ocupado em atividade não agrícola
Remuneração
Presença de pelo menos um ocupado com rendimento superior a 1
T4
salário mínimo
Presença de pelo menos um ocupado com rendimento superior a 2
T5
salários mínimos
Disponibilidade de recursos
Extrema pobreza
R1 Despesa familiar per capita superior à linha de extrema pobreza
R2 Renda familiar per capita superior à linha de extrema pobreza
R3 Despesa com alimentos superior à linha de extrema pobreza
Pobreza
R4 Despesa familiar per capita superior à linha de pobreza
R5 Renda familiar per capita superior à linha de pobreza
Capacidade de geração de renda
R6 Maior parte da renda familiar não advém de transferências

438
MÓDULO 6 UNIDADE 2

Desenvolvimento infantil
Trabalho precoce
D1 Ausência de pelo menos uma criança de menos de 10 anos trabalhando
D2 Ausência de pelo menos uma criança de menos de 16 anos trabalhando
Acesso à escola
D3 Ausência de pelo menos uma criança de 0 a 6 anos fora da escola
D4 Ausência de pelo menos uma criança de 7 a 14 anos fora da escola
D5 Ausência de pelo menos uma criança de 7 a 17 anos fora da escola
Progresso escolar
Ausência de pelo menos uma criança com até 14 anos com mais de 2
D6
anos de atraso
D7 Ausência de pelo menos um adolescente de 10 a 14 anos analfabeto
D8 Ausência de pelo menos um jovem de 15 a 17 anos analfabeto
Condições habitacionais
Propriedade
H1 Domicílio próprio
H2 Domicílio próprio, cedido ou invadido
Déficit habitacional
H3 Densidade de até 2 moradores por dormitório
Abrigabilidade
H4 Material de construção permanente
Acesso a abastecimento de água
H5 Acesso adequado a água
Acesso a saneamento
H6 Esgotamento sanitário adequado
Acesso a coleta de lixo
H7 Lixo é coletado
Acesso a energia elétrica
H8 Acesso a eletricidade

Veja, a seguir, dois exemplos de aplicação prática do IDF.

Lembre-se!

As comparações se dão entre os cadastrados.

439
MÓDULO 6 UNIDADE 2

EXEMPLO 1
Gráfico 1 – Índice de Desenvolvimento da Família

Fonte: Cadastro Único de 31/10/2006

No gráfico 1, observa-se:
a. em cinza – o IDF obtido pela família de Maria é igual a 0,08;
b. na linha traço e ponto – está indicado, graficamente, o decil, o limite abaixo do qual estão
situados os 10% de famílias mais pobres;
c. n
a linha contínua – está indicada, graficamente, a mediana, o ponto abaixo do qual estão
situadas 50% das famílias; e
d. n
a linha pontilhada – está indicado o terceiro quartil, o ponto abaixo do qual estão
situadas 75% das famílias.
Considerando que o IDF varia de 0 (pior situação) a 1 (melhor situação), o gráfico 1 mostra
que a família de Maria está situada entre os 10% mais necessitados dentre os cadastrados
de todo o Estado, em todas as dimensões. O Município da família é Marechal Thaumaturgo
(AC), que tem IDF igual a 0,24.

440
MÓDULO 6 UNIDADE 2

EXEMPLO 2
Gráfico 2 – Índice de Desenvolvimento da Família

Fonte: Cadastro Único de 31/10/2006

No gráfico 2, utilizando a mesma convenção de cores, podemos observar:


a. em cinza – o IDF da Família, que é igual a 0,48;
b. na linha traço e ponto – o ponto abaixo do qual estão situados os 10% de famílias mais
pobres;
c. na linha contínua – o ponto abaixo do qual estão situadas 50% das famílias; e
d. na linha pontilhada – o ponto abaixo do qual estão situadas 75% das famílias.

Pare e pense!

Após ver os gráficos a que conclusões você pode chegar?

A família do gráfico 2 está acima dos 75% mais vulneráveis entre os cadastrados do Estado, em
todas as dimensões. Ou seja, ela seria uma família menos vulnerável, quando comparada com
outras cadastradas. Suas dimensões menos elevadas são: desenvolvimento infantil e acesso ao
conhecimento. Esta família se encontra no Município de Jordão (AC), que tem IDF de 0,26.

Os gráficos servem para mostrar como as indicações dadas pelo IDF, com o detalhamento
em dimensões, possibilitam apontar para certas direções, na construção ou articulação de
programas para o desenvolvimento das capacidades das famílias.

441
MÓDULO 6 UNIDADE 2

Se você deseja aprofundar seus conhecimentos sobre o IDF e suas aplicações em outros
contextos, acesse o site: www.ipea.gov.br/sites/000/2/publicacoes/tds/td_1227.pdf

No Município de Nova
Lima (MG), o Poder Público está
desenvolvendo um programa, que objetiva
a melhoria das condições de vida das famílias
que vivem em situação de pobreza na localidade: o
Programa “Vida Nova”. Utiliza o IDF como critério
de seleção das famílias a serem contempladas
pelas ações governamentais, o que possibilita o
atendimento dos grupos populacionais, em
condições de maior vulnerabilidade.

Para saber mais sobre o Programa “Vida Nova”, da Prefeitura de Nova Lima, acesse:
http://www.novalima.mg.gov.br/vidanova.html

Registros do Centro de Referência de Assistência Social

O IDF pode também


O CRAS é uma fonte de informações sobre as famílias de determinado território.
ser utilizado pelos
municípios e estados,
com vistas a focalizar
É uma unidade pública
melhor as ações em estatal localizada, estrategicamente,
O que é CRAS?
determinados setores. em áreas de maior vulnerabilidade social do
Município. Este serviço é conhecido como
“Casa das Famílias”.

442
MÓDULO 6 UNIDADE 2

A Casa das Famílias presta serviços de proteção social àqueles que a procuram e buscam
atendimento social.

Qual o objetivo do
desenvolvimento das
atividades do CRAS?

É prevenir o risco social, fortalecendo os vínculos familiares comunitários e promovendo


a inclusão das famílias nas políticas públicas, no mercado de trabalho e na vida em Os registros
comunidade. realizados nas
atividades de
Na execução das atividades de acompanhamento das famílias, a equipe do CRAS realiza um acompanhamento
diagnóstico da realidade local, por meio de: social das famílias
podem ser uma
• entrevistas com as famílias; fonte importante
• visitas domiciliares; e para o conhecimento
do perfil e as
• grupos de acompanhamento. necessidades
dos potenciais
Isso é importante! beneficiários das
ações dos Programas
Em todas as atividades desenvolvidas pelo CRAS são colhidas informações importantes sobre Complementares.
as vivências de cada família, seus anseios, valores, crenças e particularidades, e dados sobre a
cultura da comunidade. As informações podem servir para:
• a adequação da oferta de serviços sociais, na localidade, às necessidades das famílias; e
• o encaminhamento das famílias às ações governamentais existentes no Município.

Para obter seus relatórios, o CRAS realiza entrevistas, visitas, reuniões, trabalhos em grupo,
eventos participativos e levantamentos específicos com as famílias atendidas.

Você sabe que o CRAS é uma fonte de dados sobre as famílias.

Pesquise e leia o exemplo a seguir, pois pode contribuir para que você compreenda melhor a
vinculação entre o CRAS do Município e os Programas Complementares:

Prefeitura de Curitiba (Paraná)

www.curitiba.pr.gov.br/Noticia.aspx?n=7968

Você acaba de concluir mais uma etapa do seu


estudo.
Prossiga nos novos assuntos e só passe adiante, quando tiver certeza
de que domina o conteúdo já estudado.

443
MÓDULO 6 UNIDADE 3

Unidade 3 – Apresentação de Programas Complementares

Início de conversa
Esta unidade tem por objetivo apresentar alguns exemplos de programas do Governo
Federal, que se encontram em processo de integração com o PBF e, ainda, exemplos de
programas complementares desenvolvidos por estados e municípios.

Esta integração representa um esforço para que tais ações estejam voltadas ao
atendimento das necessidades das famílias do PBF.

Ao final desta unidade, você será capaz de:


• conhecer os programas complementares;
• pesquisar sua disponibilidade em seu território; e
• c orrelacioná-los com as necessidades e potencialidades das famílias beneficiárias da sua
localidade.

Antes de
conhecer os exemplos, é
importante lembrar que o Governo
Federal repassa recursos financeiros
para apoiar a gestão do PBF nos
estados e municípios.

PARCERIAS E REPASSES DE RECURSOS: IGD


Atenção!
O Termo de Adesão ao PBF e ao Cadastro Único, assinado pelos municípios durante o
ano de 2005, define que os municípios se comprometem, dentre outras ações, a estabelecer
parcerias com órgãos e instituições municipais, estaduais e federais, governamentais e não
governamentais, para a oferta de programas complementares aos beneficiários do Programa
Bolsa Família, especialmente ações de:
• alfabetização;
No caso específico • capacitação profissional; e
dos municípios, o
• geração de emprego e renda desenvolvidas em sua esfera de competência.
recurso é repassado
por meio do
Índice de Gestão O IGD permite o repasse de recursos a partir da aferição da qualidade da gestão do PBF, em
Descentralizada (IGD). nível municipal, que pode variar de 0 a 1 e é composto pelas seguintes variáveis:
• a qualidade e a integridade das informações constantes no Cadastro Único;
• a atualização da base de dados do Cadastro Único;
• as informações sobre o cumprimento das condicionalidades na área de Educação; e
• as informações sobre o cumprimento das condicionalidades na área de Saúde.
444
MÓDULO 6 UNIDADE 3

Como serão utilizados os


recursos do IGD?

Os recursos oriundos
do IGD são recebidos
pelos municípios
por repasse fundo
a fundo, ou seja,
é repassado do
Fundo Nacional de
Assistência Social
diretamente para o
Fundo Municipal de
Assistência Social.

De acordo com a Portaria MDS nº 148/2006, esse recurso pode ser utilizado para:

• gestão de condicionalidades;
• gestão de benefícios;
• acompanhamento das famílias beneficiárias;
• cadastramento de novas famílias;
• atualização e revisão dos dados contidos no Cadastro Único;
• implementação de Programas Complementares;
• fortalecimento da Instância de Controle Social (infra-estrutura, capacitação etc.); e
• d
emandas de fiscalização do PBF e do Cadastro Único, formuladas pelo MDS ou pelos
órgãos da Rede Pública de Fiscalização (que você verá mais adiante).

Em levantamento realizado em maio de 2007 junto aos Municípios que recebem os recursos
do IGD, foi possível identificar que 1.515 já utilizam os recursos para o desenvolvimento de
ações e programas complementares.

Atenção!
Que tal verificar se o seu Município é um dos 1.515 que já utilizam os recursos do IGD para
o desenvolvimento de ações e programas complementares?

CATEGORIZAÇÃO DOS PROGRAMAS COMPLEMENTARES


Em função da amplitude e diversidade das iniciativas que poderiam, em princípio, ser
incluídas no rol de programas complementares, optamos por buscar uma categorização que
permitisse organizar os programas desenvolvidos pelo nível federal, em conformidade com
as dimensões do Índice do Desenvolvimento da Família (IDF) a eles relacionados.

445
MÓDULO 6 UNIDADE 3

Deste modo, consideram-se quatro categorias.


a. Acesso ao conhecimento – categoria na qual estão relacionados os programas associados à
alfabetização e incremento dos níveis de escolaridade e de conhecimento dos membros das
famílias, e não só das crianças e adolescentes que cumprem as condicionalidades do PBF.
b. Acesso ao trabalho e renda – categoria na qual estão relacionados os programas associados
à capacitação e qualificação profissional e outros que possibilitam a obtenção de salário/
renda, tais como identificação de oportunidades de emprego e auto-empreendimento.
c. Condições habitacionais – categoria na qual estão relacionados programas associados à
melhoria da qualidade da habitação e serviços básicos a ela diretamente relacionados.
d. Cidadania – categoria na qual estão relacionados programas associados ao exercício dos
direitos civis e políticos dos cidadãos e os serviços de proteção básica de Assistência
Social que incluem as famílias do PBF.

Analise o quadro abaixo e tire suas conclusões.


Categoria Programa Objetivo Público Agente Executor
Acesso ao Brasil Alfabetizado Alfabetização Cidadãos com 15 MEC
conhecimento anos ou mais
Acesso ao trabalho Juventude Cidadã Geração de Jovens entre 16 e MTE
(PNPE) emprego e renda 24 anos
Acesso ao trabalho Projeto de Articular as Beneficiários do MTE
Promoção do potencialidades PBF
Desenvolvimento locais por meio
Local e Economia dos ADS
Solidária
Acesso ao trabalho Apoio a projetos Produção e Beneficiários do MDS
(apoio à produção) de melhoria comercialização na PBF
socioeconômica área agroalimentar
Acesso ao trabalho Projeto-piloto Estímulo à Agricultores Casa Civil (MDA,
(assistência ao PRONAF B, produção através familiares BNB e MDS)
técnica) Crediamigo e do microcrédito beneficiários do
Agroamigo PBF
Acesso ao trabalho Biodiesel Inserir as famílias Agricultores MDA
(assistência com perfil para familiares
técnica) os arranjos beneficiários do
produtivos PBF
Acesso ao trabalho Aquisição de Compra direta aos Agricultores MDS
(comercialização) alimentos produtores enquadrados no
PRONAF
Condições Tarifa Social de Conceder às Famílias com MDS/MME/ANEEL
habitacionais Energia Elétrica famílias pobres perfil PBF e
desconto na conta baixo consumo
de luz energético

Condições Luz para Todos Expandir o Famílias PBF, MME


habitacionais fornecimento de Indígenas,
energia elétrica no Quilombolas,
meio rural Assentados e
Agricultores Rurais

446
MÓDULO 6 UNIDADE 3

Os programas que você tomou conhecimento foram classificados segundo suas características
e todos eles priorizam o público do Bolsa Família, mediante a cooperação articulada entre o
MDS e outros órgãos do Governo Federal.

É importante lembrar que...


Há outros programas e ações complementares ao PBF, com objetivos semelhantes a estes ou
com foco em prioridades locais, que podem ser desenvolvidos:
• pelas administrações estaduais ou municipais;
• por entidades privadas; e
• por organizações não-governamentais e demais entidades da sociedade civil.

Você, agora, tomará conhecimento mais detalhado acerca de cada um dos Programas
Complementares desenvolvidos pelo Governo Federal.

Categorização dos Programas Complementares – Acesso ao Conhecimento

Neste contexto, é de suma importância a articulação de programas que contribuam para o


aumento da escolaridade e o acesso ao conhecimento, por parte das famílias de baixa renda.
No Brasil, segundo o
Pesquisas comprovam que um ano a mais de escolaridade dos pais tem impacto na educação censo do IBGE/2000,
dos filhos e contribui para o rompimento do ciclo da pobreza entre gerações. 16.294.889 pessoas
são analfabetas, ou
O Gráfico a seguir ilustra o nível de escolaridade do responsável legal das famílias de baixa seja, cerca de 12% da
renda beneficiadas pelo PBF. população. Dentre
os responsáveis
Gráfico 3 – Responsável Legal PBF, segundo grau de instrução legais beneficiados
pelo PBF, em
(Dezembro de 2006)
dezembro de 2006,
42,98% cursaram
até a 4ª serie do
ensino fundamental
completo.

447
MÓDULO 6 UNIDADE 3

Programa Brasil Alfabetizado


Tendo em vista a persistência de níveis de analfabetismo em todas as regiões de nosso país,
foi criado pelo Ministério da Educação (MEC) o Programa Brasil Alfabetizado (PBA), que
promove o acesso à educação como um direito de todos em qualquer momento da vida.

O Programa foi criado em 2003 e tem o objetivo de capacitar alfabetizadores e alfabetizar


cidadãos com 15 anos ou mais, que não tiveram oportunidade, ou foram excluídos da escola,
antes de aprenderem a ler e a escrever.

O Programa é coordenado, fiscalizado e conduzido pela Secretaria de Educação


Continuada, Alfabetização e Diversidade, do Ministério da Educação (Secad/
MEC), e seus recursos são garantidos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE/MEC), com transferência para estados, municípios, empresas,
universidades, organizações não-governamentais e instituições civis parceiras.
As atividades são desenvolvidas junto a:
• populações indígenas;
• bilíngües, fronteiriças ou não;
• p
opulações do campo (agricultores familiares, assalariados, assentados, ribeirinhos,
caiçaras, extrativistas e remanescentes de quilombos);
• pescadores artesanais e trabalhadores da pesca;
• pais de beneficiários do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI);
• pessoas com necessidades educacionais especiais;
Por outro lado, • população carcerária; e
é necessário • jovens em cumprimento de medidas socioeducativas.
reconhecer a
quantidade e
Para mais informações sobre o Programa Brasil Alfabetizado e essa parceria, ver:
diversidade de
ações e programas http://mecsrv04.mec.gov.br/secad/sba/inicio.asp
já desenvolvidos
nesta direção, pelos
http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/programas_complementares/programa-brasil-
governos, nas suas alfabetizado-1/
três esferas (no caso
do Governo Federal, Categorização dos Programas Complementares – Acesso ao Trabalho e Renda
observar o Guia das
A implementação de ações de trabalho e renda deve considerar, entre outros elementos, a
Ações de Trabalho e
Renda – MDS). Estes especificidade do público a ser atendido, as experiências históricas e territoriais diferenciadas
programas e ações, e a dimensão demográfica.
que dialogam com
Diante deste quadro é de fundamental importância examinar a realização do diagnóstico da
diferentes estratégias
de políticas setoriais população e do território considerado. Além do diagnóstico, e considerando o conteúdo do
(agricultura familiar, documento “Promoção de Processos de Geração de Renda” – como uma política de trabalho,
desenvolvimento é possível avançar na definição de uma estratégia comum, voltada para o público do Bolsa
regional e local, Família, que deve observar:
economia solidária
etc.), utilizam, na • U
ma compreensão compartilhada de seu conteúdo (concepção política da articulação
sua implementação, entre geração de renda e política de trabalho).
metodologias e • A
identificação dos instrumentos e metodologias necessários para implementar as
procedimentos
diferenciados.
ações e programas, com vistas a garantir que a renda seja obtida por meio do trabalho

448
MÓDULO 6 UNIDADE 3

adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, eqüidade e segurança,


capaz de garantir uma vida digna.
• A
elaboração ou adoção, quando necessário, de termos de referências comuns para a
implementação dos instrumentos da política.
• O
reconhecimento de que as ações devem ser desenvolvidas, no âmbito do conjunto do
Governo Federal, garantindo sua implementação articulada com políticas específicas.
• A
garantia de mecanismos para permitir a organicidade na implantação da estratégia e
sua articulação nos territórios.

Isso é importante!
A implementação dos programas e ações deve ocorrer de forma articulada e coerente com a
estratégia adotada.
Veja o que facilita a implementação desses programas:
• S ensibilização, mobilização e diagnóstico (envolve público beneficiário e sua relação
com o contexto social, econômico, ambiental, cultural e territorial) – identificação das
potencialidades e estratégias de inserção. Ex.: ampliação da ação dos agentes para a
constituição de uma extensa rede de agentes de desenvolvimento.
• E
laboração de estratégias de inserção no mundo do trabalho (instrumentos de
planejamento participativos e de concertação social), envolvendo assessoria, incubagem
ou inserção nas ações de intermediação.
• A
ssistência técnica e gerencial (quando a opção é a economia solidária ou micro e
pequenos empreendimentos).
• Qualificação social e profissional.
• Crédito e infra-estrutura.
• Desenvolvimento tecnológico ou acesso à ciência e tecnologia.

Algumas atividades em curso, no âmbito do Governo Federal, podem ser citadas como
referência.

Projeto Juventude Cidadã


O Juventude Cidadã é uma modalidade do Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro
Emprego (PNPE), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O objetivo do PNPE
é contribuir para a geração de oportunidades de trabalho para a juventude brasileira, Atenção: este
considerando como público prioritário os jovens oriundos de famílias com até ½ salário programa está
mínimo per capita. Para ter acesso ao financiamento, os municípios devem se comprometer sendo reformulado
pelo Governo
a inserir, pelo menos, 30% do público capacitado no mercado de trabalho.
Federal e deverá
O público prioritário do projeto é composto por jovens com idade entre 16 e 24 anos, em sua ser incorporado no
maioria com escolaridade inferior ao ensino médio completo, que não tenham tido vínculo Programa Nacional
de Inclusão de
empregatício anterior e que não sejam beneficiários diretos do Programa Bolsa Família, mas
Jovens (ProJovem) e
sim, pertencentes às famílias beneficiárias deste programa. O inciso IV do item 2.3 do Termo implementado em
de Referência do Juventude Cidadã prevê, que pelo menos 30% dos jovens cadastrados 2008.
pertençam a famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família.

449
MÓDULO 6 UNIDADE 3

Projeto de Promoção do Desenvolvimento Local e Economia Solidária (MTE)


O desafio de implementar políticas, que privilegiassem as formas de organização social e
produção própria dos trabalhadores, fez surgir, em março de 2006, o denominado “Projeto
de Promoção do Desenvolvimento Local e Economia Solidária – Fomento e Apoio ao
Desenvolvimento Local” com vistas à Geração de Trabalho e Renda. Este projeto tem como
objetivo central a promoção de ações de fomento e apoio ao desenvolvimento local solidário,
por meio de Agentes de Desenvolvimento Solidário (ADS), para a geração de trabalho e
renda, apoiando a organização de empreendimentos coletivos solidários.
Os ADS são atores selecionados pela comunidade para atuarem na identificação e articulação
das potencialidades locais, principalmente as econômicas, como, por exemplo, a identificação
de cadeias produtivas, o fortalecimento de organizações associativas, a promoção de
complexos cooperativos, redes de produção, beneficiamento, comercialização.
Considerando como público prioritário os beneficiários do Programa Bolsa Família, o
projeto passou a orientar seus agentes a buscarem articulação com os Centros de Referência
da Assistência Social. Estas unidades públicas locais de Assistência Social são responsáveis,
entre outras ações:
• pela identificação de demandas e potencialidades dos beneficiários do Programa;
• pelo desenvolvimento de trabalho social junto às famílias do seu território de abrangência; e
• pela articulação de políticas locais de inclusão social, ampliando a participação da
população.
Recentemente, o Ministério de Meio Ambiente (MMA) aderiu à parceria e, também,
desenvolverá suas atividades, com base nas metas e objetivos estabelecidos na Agenda 21,
agregando a variável de desenvolvimento ambientalmente sustentável. Em contrapartida,
este Ministério será responsável pelo financiamento de encontros regionais.

Ações Complementares do Governo Federal de Apoio à Produção


Estas ações correspondem aos principais investimentos, que viabilizam a produção, tais
como, a aquisição de bens e produtos que promovam atividades de abastecimento de pontos
da linha de montagem de uma unidade de produção.
Formas de apoio do Governo para o incremento da geração de trabalho e renda:
• a juda para obtenção de infra-estrutura para atividades produtivas de comunidades ou
agrupamentos carentes;
• a juda especializada às diversas fases de um processo produtivo da agricultura familiar e dos
assentados da reforma agrária. Esta assistência serve, também, para os empreendimentos
de autogestão de economia solidária; e
• apoio financeiro por meio do acesso ao crédito.

Mais informações sobre este Programa, ver:


http://www.mds.gov.br/programas/seguranca-alimentar-e-nutricional-san

A seguir, informações sobre alguns programas, que buscam fornecer estas diferentes formas
de apoio ao processo produtivo.

450
MÓDULO 6 UNIDADE 3

PRONAF B e Programas de Microcrédito do BNB


Um grupo coordenado pela Casa Civil, com representantes do Ministério do Desenvolvimento
Social, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério do Trabalho e Banco do Nordeste
(BNB) está implementando um projeto-piloto de integração do Programa Bolsa Família
com o PRONAF B e os Programas de Microcrédito do BNB, por meio do Crediamigo e do
Agroamigo no Estado do Ceará.
Este piloto, iniciado em setembro de 2006, tem servido como referência para implantação de
novos projetos e parcerias, na redução da desigualdade social no meio rural brasileiro. Este
ano, foi realizado novo cruzamento com os beneficiários do Bolsa Família e do Pronaf B e
foram identificados 95% do público com o mesmo perfil.
O objetivo desse projeto é o desenvolvimento das famílias beneficiárias do PBF, agricultores
familiares, por meio da inclusão, nos programas de microcrédito, que estimulam:
• a pequena produção;
• a formatação das cadeias; e
• arranjos produtivos e sua articulação com mercados mais amplos.

Programa Nacional do Biodiesel

Trata-se de uma proposta de ação conjunta do MDS e do Ministério do Desenvolvimento


Agrário (MDA), visando à estruturação socioeconômica do público do Programa Bolsa
Família, a partir da cadeia do biodiesel, por meio do fornecimento de assistência técnica,
crédito e capacitação.

Essas ações visam dar suporte às famílias beneficiárias do PBF, a fim de viabilizar sua inserção
nos arranjos produtivos da produção de mamona, matéria-prima do biodiesel.

A integração dessas ações contribui, ao mesmo tempo, para aumentar a renda das famílias e
fortalecer os pólos de produção de oleaginosas, no Nordeste brasileiro.

O Programa Nacional do Biodiesel vai injetar cerca de R$ 370 milhões na agricultura familiar,
cujos recursos beneficiarão mais de 200 mil agricultores familiares, que têm contratos de
venda de matéria-prima para as usinas produtoras de biodiesel.

Pretende-se que a complementaridade, proporcionada pela integração entre o Programa


Bolsa Família e a produção de mamona, seja o grande diferencial desta ação, gerando um
ganho extra.

Com a venda obrigatória de biodiesel a partir do ano 2008, o aumento no consumo deste
combustível poderá chegar a 820 milhões de litros por ano. Com vistas ao atendimento desta
demanda, as empresas vencedoras dos leilões da Petrobras se comprometerão a comprar, no
mínimo, 50% da produção de mamona de pequenos agricultores familiares do Nordeste.
Para mais informações sobre o Programa, ver: www.biodiesel.gov.br/

451
MÓDULO 6 UNIDADE 3

Ações Complementares de Apoio à Comercialização

Nesta área, o objetivo das Ações Complementares é o apoio à colocação no mercado e aos
canais de venda de determinada atividade ou produto. Muitas vezes, o próprio Governo
compra os produtos.

Além das formas tradicionais de comercialização, enfatiza-se aqui o comércio justo e


solidário. A idéia de comércio justo se originou na utilização de métodos alternativos de
comércio, com observância de regras promotoras de sustentabilidade, tais como:
• u
ma parte fixa da receita (do preço final) é utilizada em programas sociais da comunidade
ou cooperativa;
• as relações de comércio são estabelecidas visando à manutenção no longo prazo; e
• p
arte da receita é destinada aos próprios produtores, reduzindo sua dependência de
instituições de crédito oficiais.

Como exemplo, podemos citar os Consórcios de Segurança Alimentar e Desenvolvimento


Local – CONSADs. Eles têm como uma das estratégias de atuação a agregação de valor, nas
cadeias produtivas subregionais. Isto significa:
• d
isseminar técnicas e tecnologia para a produção local dos insumos necessários para
atividade produtiva dos micro e pequenos negócios;
• i ncentivar a troca de informações para a conexão do maior número de produtores locais
entre si; e
• facilitar a comercialização dos produtos locais nos vários mercados.

Programa de Aquisição de Alimentos

O Programa adquire alimentos, com isenção de licitação, a preços de mercado, até o limite
de R$ 3.500,00 por ano, por agricultor familiar enquadrado no Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF). Os alimentos são destinados às pessoas
e às comunidades, vivendo em situação de insegurança ou risco alimentar.

Entre as modalidades previstas no Programa estão:


• a compra direta junto aos produtores organizados, constituindo reserva estratégica de
alimentos;
• a compra e doação imediata dos alimentos, como suplemento nutricional para programas
sociais;
• a compra para formação de estoques; e
• a compra para incentivo ao consumo do leite.

Mais informações sobre este Programa, ver:

www.mds.gov.br/programas/seguranca-alimentar-e-nutricional-
san/programa-de-aquisicao-de-alimentos-paa

452
MÓDULO 6 UNIDADE 3

Guia de Geração de Trabalho e Renda


O MDS reuniu, em um guia, dados de todas as ações de transferência de renda, de geração de
trabalho e renda e de desenvolvimento local, executadas por iniciativa do Governo Federal.
Em 2005, foram relacionados 150 projetos de geração de trabalho e renda, espalhados por 17
ministérios e quatro secretarias especiais da Presidência da República.

Categorização dos Programas Complementares – Acesso às Condições


Habitacionais O guia está
disponível no site do
Para melhoria das condições habitacionais de famílias que vivem em situação de extrema MDS, no endereço:
pobreza, é preciso adotar ações que envolvam a possibilidade de acesso à propriedade de www.mds.gov.br
imóvel, acesso à água, ao esgoto sanitário, à coleta de lixo, à eletricidade, pavimentação, entre
outros.

Gráfico 4 – Domicílios PBF Dezembro 2006 e PNAD 2005,


segundo Tipo de Iluminação dos Domicílios

Fonte: Folha de Pagamentos do BFA – dezembro de 2006.


CadÚnico de 31/12/2006 – PNAD/IBGE 2005.

453
MÓDULO 6 UNIDADE 3

Gráfico 5 – Domicílios PBF Dezembro 2006 e PNAD 2005,


segundo Destino do Lixo no Domicílio

Para tanto, o
governo, por meio
de levantamentos
realizados pela PNAD
e Cadastro Único,
vem criando alguns
programas que
possam incluir as
famílias do PBF em
ações de melhorias
das condições
habitacionais.
Fonte: Folha de Pagamentos do BFA – dezembro de 2006.
CadÚnico de 31/12/2006 – PNAD/IBGE 2005.

Programa “Tarifa Social”


A Tarifa Social de Energia Elétrica é um programa criado pela Lei n° 10.438, de 26 de abril
de 2002, regulamentado pelas Resoluções n° 246, 30 de abril de 2002, e n° 485, de agosto de
2002, da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.
Para alcançar os beneficiários do PBF, o MDS e a ANEEL firmaram um Acordo de Cooperação
pelo qual a tarifa social de energia será aplicada às famílias de baixa renda beneficiárias do PBF.

O programa concede descontos de até 65% na conta de luz às famílias de baixa renda e baixo
consumo de energia elétrica. Para ter direito ao benefício, a família deve atender a uma das
seguintes condições:
• a presentar média de consumo mensal de energia elétrica, calculada com base na média
dos últimos 12 meses, inferior a 80kWh, não sendo registrado, nesse período, mais de um
consumo superior a 120kWh, independente da renda; e
• a presentar consumo entre 80 e 220kWh (ou o limite regional), calculado com base na
média dos últimos 12 meses, e estar inscrita no Cadastro Único de Programas Sociais,
com renda familiar mensal de até R$ 120,00 por pessoa.

Programa Luz para Todos (MME)


O Programa Luz para Todos tem como objetivo levar energia elétrica para dez milhões de
pessoas do meio rural até 2008. Ele é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME),
com a participação da Eletrobrás e suas empresas controladas. A ligação da energia elétrica
até os domicílios é gratuita e inclui a instalação de três pontos de luz e duas tomadas em cada
residência.

454
MÓDULO 6 UNIDADE 3

O MDS firmou Acordo de Cooperação com o MME, com o objetivo de articular o acesso
das famílias mais vulneráveis e trocar base de dados e outras informações, que contribuam
para a implementação e integração dos programas. Neste sentido, o MME priorizará, na
implementação do Programa Luz para Todos, as famílias beneficiárias do Programa Bolsa
Família, por meio do Comitê Gestor Estadual e o MDS fornecerá ao MME informações
dos beneficiários do Programa Bolsa Família, residentes nos municípios priorizados na
implementação do Programa Luz Para Todos.

Categorização dos Programas Complementares – Cidadania


Esta categoria refere-se a programas associados ao exercício dos direitos civis e políticos dos
cidadãos e aos serviços de proteção básica de Assistência Social.
Estes programas:
• promovem o fortalecimento da cidadania;
• incentivam o protagonismo e a participação política nos processos decisórios;
• favorecem o empoderamento das famílias;
• facilitam o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários; e
• restabelecem a consciência dos direitos individuais e coletivos.

Programa de Atenção Integral às Famílias é um exemplo disto. Promove a vigilância social no


território de abrangência do CRAS, evitando a ocorrência de situações de risco, conhecendo
as situações de vulnerabilidade presentes no território. Como exemplo, podemos citar:
• a existência de pessoas sem documentação civil;
• as crianças e adolescentes em situações de trabalho infantil; e
• a oferta de serviços criados para amenizar tais problemas como, por exemplo, a jornada ampliada
para as crianças em situação de trabalho infantil e o acompanhamento às suas famílias.

Importante!
A prioridade no acompanhamento às famílias do PBF consta dos instrumentos legais da
Proteção Básica e das orientações técnicas e a prioridade deve ser para as famílias que estão
descumprindo as condicionalidades.
Veja no site www.mds.gov.br/suas/publicacoes o documento Orientações para o
acompanhamento das famílias beneficiárias do PBF no âmbito do Sistema Único de
Assistência Social (SUAS).
Um programa com claro conteúdo de fortalecimento da cidadania, e que pode ser integrado
ao Bolsa Família, é o Agente Jovem (MDS/SNAS), que capacita jovens em situação de
vulnerabilidade.

Programa Agente Jovem


O Programa Agente Jovem, de Desenvolvimento Social e Humano, é coordenado pelo
MDS. Promove atividades continuadas, que proporcionam ao jovem experiências práticas,
fortalecimento dos laços familiares e compreensão do mundo contemporâneo, com especial
atenção para a educação e a ação comunitária.
455
MÓDULO 6 UNIDADE 3

Este programa tem como objetivos:


• c riar condições para a inserção, reinserção e permanência do jovem no sistema de
ensino;
• promover sua integração à família, à comunidade e à sociedade;
• desenvolver ações que oportunizem o protagonismo juvenil;
• p
reparar o jovem para atuar como agente de transformação e desenvolvimento de sua
comunidade;
• c ontribuir para a diminuição dos índices de violência, uso de drogas, DST/AIDS, gravidez
não planejada; e
• d
esenvolver ações que facilitem sua integração e interação, quando da sua inserção no
mundo do trabalho.

Participam do programa jovens, entre 15 e 17 anos, em famílias com renda per capita de até
½ salário mínimo, que, prioritariamente
• estejam fora da escola;
• tenham participado de outros programas sociais; e
• estejam em situação de vulnerabilidade e sob medida de proteção ou socioeducativa.

O jovem deve retornar para a escola e freqüentar o projeto no horário alternado ao da escola.
Consiste em 300 horas de capacitação presencial teórica nas áreas de saúde, cidadania ou
meio ambiente, e desenvolvimento de projeto coletivo de interesse público, na comunidade
onde mora.

No âmbito municipal, a seleção da comunidade/região para a implantação do Projeto deve


considerar aquelas com indicadores sociais mais relevantes para a problemática social
identificada, observando o elevado número de famílias vulnerabilizadas pela situação de
pobreza, alto índice de violência juvenil, e elevada concentração da população jovem.

Ações Complementares para o Fortalecimento da Cidadania


Entendemos que o fortalecimento da cidadania, assim como o exercício dos direitos civis, é
pré-requisito para a implementação de qualquer política de proteção social.
O Governo Federal procura assegurar alguns direitos sociais básicos por meio de ações:
• c onduzidas pelo Ministério da Justiça, que facilitam a obtenção de documentação civil
como forma de fortalecer a autonomia da população de baixa renda e assegurar o acesso
delas às políticas públicas;
• d
e reintegração social dos cidadãos libertados do trabalho escravo pelo Ministério do
Trabalho, implementadas pela Secretaria de Inspeção do Trabalho.

Parabéns!
Você terminou mais uma unidade do Módulo 6.
Alguma dúvida? Releia o texto.
456
MÓDULO 6 UNIDADE 4

Unidade 4 – Articulação dos Programas Complementares para o


Desenvolvimento das Famílias

Você
iniciará esta
unidade, fazendo uma
síntese do que estudou no
Módulo 6 até o momento.
Vamos começar?

• Unidade 1 – você conheceu os fundamentos e os aspectos mais gerais relacionados


aos programas complementares, e pôde constatar sua importância na abertura de
oportunidades para o desenvolvimento das famílias, o que permite que busquem uma Agora, é o momento
ampliação de seus horizontes de possibilidades e melhoria na sua qualidade de vida. em que você tem
a possibilidade
• Unidade 2 – você tomou conhecimento de instrumentos que permitem ter um de integrar estes
diagnóstico da situação atual das necessidades das famílias incluídas no Programa Bolsa elementos e
Família. O perfil das famílias pode ser levantado, em bases estatísticas, com o uso do construir uma
IDF e do CadÚnico, por exemplo. Particularidades de grupos específicos podem ser visão articulada,
conhecidas a partir da vigilância social no território e dos registros produzidos pelos de como poderia
ser programado
Centros de Referência da Assistência Social (CRAS).
e acompanhado
• Unidade 3 – você teve acesso a um conjunto de programas complementares, com os o processo de
quais o Governo Federal procurou abrir espaços e possibilidades para que as famílias desenvolvimento das
famílias.
possam trilhar seus caminhos de crescimento e de ampliação de cidadania.

AÇÃO INTEGRADA NO TERRITÓRIO

Atenção agora!

Quando se fala em integrar e articular, tenha em mente a importância da convergência


das ações sociais nos diversos setores.
A execução integrada de ações possibilita:
• usar racionalmente os recursos;
• evitar retrabalhos; e
• tornar efetiva a redução da pobreza e da desigualdade social.

Um bom resultado do processo de promoção de desenvolvimento exige que, na localidade,


se faça:
• a coordenação intersetorial das políticas, programas e ações das três esferas de governo
(federal, estadual e municipal);
• a promoção de parcerias entre as diferentes entidades envolvidas; e
• a promoção da participação da população na definição de prioridades.
457
MÓDULO 6 UNIDADE 4

QUAL A IMPORTÂNCIA DOS CENTROS DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL?

O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) constitui importante instrumento


integrador das políticas, no âmbito local. Os CRAS estão localizados nas áreas de maior
vulnerabilidade social e têm por estratégia acompanhar e orientar as famílias, com foco
especial naquelas beneficiárias dos programas de transferência de renda, como o PBF.

A partir da identificação das especificidades e potencialidades locais, os CRAS podem ofertar


ou encaminhar as famílias, para que a elas sejam oferecidos programas e ações, que visem ao
seu desenvolvimento adequado no Município.

O Apoio às Famílias
Para a elaboração de estratégias e implementação de iniciativas que visem ao desenvolvimento
de famílias ou de grupos de famílias, em um determinado território, pode se utilizar:
• a s informações socioeconômicas das famílias vulneráveis constantes no Cadastro
Único;
• o conhecimento das características identificadas, por meio do IDF;
• o
conhecimento das vulnerabilidades e riscos sociais, identificados pela ação de vigilância
social no território;
• as suas particularidades constantes de registros dos técnicos dos CRAS;
• o
mapeamento dos programas sociais da localidade, sejam ações dos governos federal,
estaduais, municipais, sejam iniciativas da sociedade civil.

A execução das iniciativas de desenvolvimento das famílias exige um trabalho de cooperação


local, baseado na construção de acordos com os gestores dos programas, com as famílias
e com instituições que atuam no campo do desenvolvimento social. A criação de redes,
mencionada na Unidade 1, deve ser estimulada, para que o trabalho conjunto possa ser
devidamente articulado.

Após construir os acordos, o


que é necessário ser feito?

Sabe-se que os
resultados de cada
programa específico
são condicionados
e se relacionam
uns aos outros. É
preciso fortalecer a
complementaridade
dos programas,
aumentando seu É necessário acompanhar e monitorar os efetivos progressos obtidos pelas famílias com a
impacto e efetividade. execução dos programas direcionados a elas.

458
MÓDULO 6 UNIDADE 4

QUAIS OS OBSTÁCULOS QUE EU POSSO ENCONTRAR AO REALIZAR A ARTICULAÇÃO


E INTEGRAÇÃO DOS PROGRAMAS NO MUNICÍPIO?

Para o cumprimento das estratégias traçadas aqui o técnico pode encontrar vários obstácu-
los, tais como:
• as limitações das instituições que implementam programas sociais na localidade;
• a falta de oferta e de adequação de programas às condições de vida do público-alvo; e
• o desempenho das próprias famílias, num processo que exige perseverança e disciplina.

O técnico tem aí um papel muito especial, seja no acompanhamento do desenvolvimento


das ações, seja atuando na superação das dificuldades.

Parabéns!
Você terminou mais uma unidade!

459
MÓDULO 6 UNIDADE 5

Unidade 5 – Realidade Socioeconômica do Território e


Desenvolvimento Local Sustentável

Pronto para prosseguir? Mantenha seu ritmo de estudo.

Nesta Unidade você receberá orientações gerais sobre o mapeamento socioeconômico


do território e informações básicas para uma visão abrangente do desenvolvimento
local sustentável.
Ao final do texto, a expectativa é que tenha sido ampliada a compreensão do cenário
local, no qual se inserem os programas de transferência de renda e os programas
complementares. Isto possibilita que as informações sobre o território sejam relacionadas
com os elementos que fundamentam o desenvolvimento local sustentável.

Acho que ficou claro que...

Programas como o PBF


São concebidos e operacionalizados, tendo como premissa que sua implementação deverá
lidar com os diferentes contextos criados pela diversidade socioeconômica e cultural dos
territórios, que compõem a realidade geográfica brasileira.

Programas Complementares
Apontam para o crescimento e o desenvolvimento das famílias. Sua execução depende do
Conhecer os conhecimento das características da realidade local.
parâmetros básicos
que compõem A construção de um quadro referencial adequado dos elementos significativos do contexto
o processo de de sua localidade pode ser um precioso instrumento, na orientação da ação do técnico e na
desenvolvimento relativização dos procedimentos gerais previstos no seu trabalho.
local sustentável,
também possibilita Isso é importante!
ao profissional
compreender a Abrir os espaços para ampliação da visão do desenvolvimento buscado para as famílias em
dimensão e as situação de pobreza.
características
desse processo na Limitações existentes nas localidades podem determinar processos de priorização das
localidade em que necessidades, construindo, muitas vezes, caminhos particularizados para o tratamento das
vive. questões.

A COLETA DE DADOS
Para iniciar...

Coleta e organização dos dados sobre o território


Por se tratar de um país com 5.564 municípios, com dimensão continental e diferenças
regionais significativas, o Brasil reúne localidades com as mais distintas variedades sociais,
políticas e econômicas. Compreender as características locais é essencial para o técnico
entender as diversidades do país.

460
MÓDULO 6 UNIDADE 5

A identificação do perfil socioeconômico do Município ou Estado em que o técnico atua


permite que ele avalie:
• se os investimentos econômicos e sociais nele realizados estão adequados;
• quais os resultados obtidos;
• o ritmo dos progressos realizados; e
• as perspectivas de desenvolvimento local a serem alcançadas.
A coleta dos dados é tarefa simples, apesar de requerer tempo e paciência do técnico.

E quais as melhores
fontes para a
coleta de dados? As melhores fontes,
entre outras, para a
coleta de dados são:

• O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)


• O DataSus (banco de dados do Sistema Único de Saúde)
• O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Cada uma dessas
• As páginas das Prefeituras na internet fontes disponibiliza
uma série de dados,
• O site do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda que podem ser
selecionados de
• O site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior acordo com o tema
• O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) de preferência. É
relevante mencionar
que os dados
Mas, não é comum disponibilizados, na
encontrar dados específicos sobre maioria das vezes,
são referentes à
instâncias menores que o Município,
União, Estados e
como zonas e bairros. Municípios.

Esta
dificuldade é que torna,
ainda, mais importante o contato
direto do técnico com as Prefeituras
Municipais e as famílias.

461
MÓDULO 6 UNIDADE 5

Para facilitar seu trabalho, acesse alguns sites que lhe darão informações importantes.

Mãos à obra! Visite os sites para se informar!

Conheça o caminho para coletar os dados primários do Município:

• IBGE – www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php – nele podem ser obtidos os seguintes dados:


-- população total, urbana e rural;
-- distribuição da população por faixa etária;
-- principais atividades econômicas; e
-- número de empregos formais por setor econômico.

• D
atasus – w3.datasus.gov.br/datasus – oferece uma variedade de dados na área da
saúde.
• I PEA – http://www.ipea.gov.br – vinculado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão, desenvolve atividades de pesquisa para dar suporte técnico e institucional às ações
governamentais, especialmente na formulação e reformulação de políticas públicas.
esouro Nacional – www.tesouro.fazenda.gov.br – no site do Tesouro é possível pesquisar
• T
os números referentes ao orçamento municipal, desagregados por diversas categorias
como:
-- receitas correntes;
-- transferências governamentais;
-- tributos etc.
• M
inistério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – www.desenvolvimento.
gov.br/sitio/inicial/index.php a quantidade de bens exportados e importados por
Município pode ser encontrada no site do Ministério.
• U
niversidades e Centros de Pesquisas apresentam uma fonte de dados igualmente
relevante que, por meio de seus estudos e pesquisas, podem ampliar o conhecimento
sobre o Município, em aspectos como:
-- ocupação espacial;
-- características da população;
-- aspectos históricos e socioeconômicos; e
-- perspectivas de desenvolvimento.

Agora que você já sabe onde buscar dados e informações, é hora de conhecer as próximas
etapas do trabalho.

Após a coleta das informações, é necessário fazer um


trabalho de formatação e compilação dos dados obtidos,
para que seja possível construir o perfil do Município.

462
MÓDULO 6 UNIDADE 5

Para esse trabalho, pode-se fazer a comparação de uma mesma situação, como, por
exemplo:
• a taxa de analfabetismo local de um mesmo Município, em períodos de tempo distintos;
• a oferta de políticas públicas locais entre municípios vizinhos.

ROTEIRO PARA CONHECIMENTO DO TERRITÓRIO

Para orientar um trabalho de mapeamento socioeconômico do território, sugerimos um


roteiro que abranja:
• as características físico-geográficas; A primeira
comparação tem
• a dinâmica econômica do território;
como finalidade
• o perfil da população e sua renda; avaliar a evolução
• os recursos técnicos disponíveis; ou regressão
dos indicadores
• a infra-estrutura básica de serviços de saúde, educação, cultura, lazer e comunicação em relação aos
existentes; e anos anteriores.
• questões políticas e legais da localidade. A segunda tem
como finalidade
Pare e responda: comparar condições
socioeconômicas
Você acrescentaria algum outro item a essa relação? entre municípios
distintos.
Qual?

Características Físico-Geográficas
Criação e razões de povoamento / Localização (latitude e longitude) / Superfície (total da
área) / Limites, entorno, área de influência / Posição geográfica (urbano ou rural).

Dinâmica Econômica
Atividades Econômicas (setor primário, secundário ou terciário) / Propriedades (tipos).

Perfil de População e Renda


Aspectos socioculturais / Etnias / Perfil demográfico / Nível de escolaridade / Nível de renda
/ Mercado de trabalho.
Diagnósticos de vulnerabilidades e potencialidades disponíveis no CRAS e relatórios de
acompanhamento às famílias.

Recursos Técnicos
Infra-estrutura / Saúde / Educação / Serviços (de Comunicação, Financeiros, Cultura e
Lazer).

Organização Político-Legal
Mapeamento institucional (tipo e natureza de entidades) / Planos de Desenvolvimento /
Projetos da Prefeitura / Planos de ocupação do solo / Restrições ambientais.

Identificação Cartográfica das famílias do PBF


Manual ou por Geoprocessamento.
463
MÓDULO 6 UNIDADE 5

Visite alguns sites onde são apresentados perfis socioeconômicos de territórios específicos,
que oferecem opções alternativas e complementares para sua construção.

REGIONAL DO JURUÁ – www.ac.gov.br/sectas/agenda_social/situacao.htm

MATO GROSSO – www.seplan.mt.gov.br/arquivos/A_8f8f0bd75702c76a957227ec37c2f65e


perfilsocioeconomico%20I.doc

DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL

Desenvolvimento x Crescimento
Pare e pense:
Para você, desenvolvimento e crescimento são a mesma coisa? Ou há diferença entre as duas
situações?

A idéia de desenvolvimento tem sido freqüentemente confundida com a de crescimento


econômico. Crescimento econômico é o enriquecimento representado pela capacidade
de acumular dinheiro e bens. Desenvolvimento é um conceito que vai mais além.

Desenvolvimento é
crescimento econômico?

É mais do que
isso. Desenvolvimento
é crescimento econômico,
acompanhado de inclusão social,
promoção do ser humano, redução de
desigualdades e preservação do
meio ambiente.

É por este motivo que a palavra


desenvolvimento não deve aparecer sozinha.
Deve ser seguida de outras palavras, que
permitam seu correto entendimento.

464
MÓDULO 6 UNIDADE 5

Desenvolvimento é, na sua essência, um processo de mudança, com o objetivo de


melhorar a qualidade de vida das comunidades nele envolvidas.

A IMPORTÂNCIA DO LOCAL
Se o desenvolvimento está sendo buscado num determinado território, seja ele macro ou
microrregião, estamos falando de desenvolvimento local. De fato, modernamente, a
palavra local está associada a diferentes escalas de território, onde existem características
homogêneas.
Uma região pode ser considerada um local, se pensarmos que ela é parte de um país, de
um bloco de países ou de um continente. Dentro de uma região, uma microrregião, um A palavra local
Município, uma cidade ou mesmo um bairro podem ser vistos como “locais”. identifica uma
unidade territorial
integrada que,
por meio da
As mudanças ocorridas na ordem mundial e na estrutura econômica dos países mobilização de seus
obrigaram que as estratégias e políticas econômicas fossem repensadas. As autoridades recursos, busca
nacionais concentraram seus esforços no desenvolvimento de medidas para controlar sua autonomia.
os grandes problemas nacionais. A visão integrada
de território é
importante, porque
muitas iniciativas de
As autoridades e agentes econômicos locais tiveram que colocar o foco em seu próprio
desenvolvimento
território, procurando caminhos independentes e próprios de crescimento. Era preciso local falharam, por
desenvolver os recursos existentes na localidade para geração de emprego e melhoria do nível terem se dirigido a
e qualidade de vida da comunidade. parcelas de território,
sem a visão do
Tudo isso valorizou a importância da dimensão local. conjunto do qual
faziam parte.

Portanto, atenção:

O território não é só espaço físico.


É fator de desenvolvimento.

É onde:
• se estabelecem as relações sociais e econômicas;
• se afirma a cultura; e
• as instituições interagem com a sociedade e a regulam mais de perto.

No site abaixo, a questão do local dentro da noção de desenvolvimento é analisada com


detalhe.

www.rc.unesp.br/igce/grad/geografia/revista/numero%207/eg0401fn.pdf

465
MÓDULO 6 UNIDADE 5

Após incorporar a questão local, você poderá reelaborar a definição de desenvolvimento.


Assim...

“Desenvolvimento local é um processo de mudança, realizado em determinadas


unidades territoriais, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das comunidades
nele envolvidas”.

DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

A Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu uma série de debates internacionais para
refletir sobre tudo o que poderia estar relacionado a esta palavra, levando em consideração, entre
outros itens, a questão do meio ambiente, do desenvolvimento em seu sentido mais amplo e da
inclusão social. O resultado destes debates foi reunido num documento sobre desenvolvimento
sustentável, a Agenda 21 (se você quiser conhecer o documento da Agenda 21 vá para www.mre.
gov.br/cdBrasil/itamaraty/web/port/meioamb/agenda21/apresent/index.htm).

A palavra sustentável pode ser associada às idéias de sustentação e de continuidade, em cinco


dimensões.

Na dimensão social, desenvolvimento sustentável é o que valoriza o capital social de


um grupo humano considerado. O capital social é a capacidade de uma comunidade em
estabelecer relações de solidariedade. Valorizar este capital significa promover o estreitamento
das relações sociais existentes, ou possíveis, em uma comunidade, fortalecer o associativismo
e levar os indivíduos à conquista e ao exercício da cidadania plena.

Na dimensão cultural, desenvolvimento sustentável é o que fortalece, valoriza e aproveita


os saberes populares e os modos de ver e sentir compartilhados por determinado grupo
humano, contribuindo para que eles sejam sempre mantidos. Ou seja, o capital cultural da
respectiva localidade.

Na dimensão econômica, desenvolvimento sustentável é aquele que assegura a ampliação


das ocupações produtivas e dos empregos e permite a melhoria da renda dos indivíduos e
das famílias, com impacto positivo nas receitas públicas. Rompe a situação de dependência e
abre caminho para a autonomia.

Na dimensão ambiental, o que é preciso levar em conta é que os recursos ambientais que
exploramos para a realização de nossas atividades econômicas e para assentarmos nossas
edificações são finitos e sujeitos a prejuízos e risco, de graves conseqüências para nós mesmos
e para as gerações futuras. Recentemente, a imprensa tem destacado relatórios científicos
internacionais, que alertam a humanidade para os perigos trazidos pelo aquecimento
global do planeta. Repensar estratégias para o controle das emissões de gás carbono, dos
desmatamentos descontrolados e dos níveis crescentes de poluição é missão urgente, uma vez
que há prejuízos, cujos impactos negativos não podem mais ser revertidos. Assim, assegurar
a sustentabilidade do meio ambiente significa, também, assegurar os meios de vida e de
sobrevivência para nossos descendentes.

466
MÓDULO 6 UNIDADE 5

Na dimensão aqui chamada de institucional, a sustentabilidade significa manter a


continuidade das parcerias e dos compromissos de cooperação estabelecidos entre diferentes
organismos e entidades, em todas as esferas do poder e nos diferentes setores de uma
sociedade.

Isto é importante!
As dimensões devem ser consideradas de forma integrada, já que elas se complementam
dentro do conceito de sustentabilidade.
Você encontra uma abordagem mais detalhada das dimensões aqui conceituadas no site:
www.fecap.br/adm_online/art14/barbieri.htm

Com a introdução do conceito de sustentabilidade, o


Desenvolvimento Local Sustentável pode ser definido como um
processo de mudança em determinadas unidades territoriais, com
o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população e de
preservar estas melhorias para as gerações futuras.

DESENVOLVIMENTO PROMOVIDO PELA PRÓPRIA COMUNIDADE


Durante os anos de 1960, quando a discussão sobre desenvolvimento girava em torno de
desenvolvimento versus subdesenvolvimento, partia-se do princípio de que desenvolvimento
era um processo de grandes dimensões de escala nacional ou mesmo mundial. O crescimento Esse modelo alterava
era promovido nos grandes centros e depois “exportado” para regiões e localidades o funcionamento
menores. dos mercados de
trabalho, acentuando
O desenvolvimento de uma região, Município ou cidade era, portanto, pensado em termos desigualdades
exógenos, ou seja, de fora para dentro. e gerando
transformações
culturais e
Promovia-se o desenvolvimento em termos gerais ou centrais e depois se procurava institucionais, como
ver de que maneira um território menor poderia participar e ser beneficiado nesse a difusão dos valores
processo. e comportamentos
destes grandes
centros e o
Isto é importante! enfraquecimento da
identidade social,
Com isto, acentuava as desigualdades econômicas e sociais, consolidando regiões ricas, com cultural e econômica
abundância de capital, e regiões pobres, com abundância de mão-de-obra. de zonas rurais.

O Desenvolvimento endógeno, que ganhou força, também, nas teorias do desenvolvimento


local, é um processo “de dentro para fora”, mobilizador das energias locais e promotor da
vontade política e social da comunidade. No próprio território, deve ser criada a capacidade
necessária para enfrentar os desafios e oportunidades, por meio da integração dos atores
sociais (autoridades públicas, empresários e sociedade civil).
A visão estratégica e a coordenação das ações de desenvolvimento têm que ser locais, embora
se reconheça que a globalização nos obriga a considerar os recursos e a situação externa ao
território.
467
MÓDULO 6 UNIDADE 5

Fala-se na importância de “pensar global e agir local”.

Para saber mais sobre o tema tratado, acesse os sites e leia os documentos apresentados. O
texto de Tânia Zapata é útil para complementar a visão aqui apresentada.
www.cati.sp.gov.br/novacati/pemh/doc_pub/Estrategias%20de%20Desenvolvimento%20Local.pdf

Já o texto de Rafael Barbosa e Beatriz Mioteo ajuda a ver outros ângulos e problemas do
desenvolvimento endógeno.
www.cori.unicamp.br/jornadas/completos/UFSC/CA1012%20-%20Artigo.doc

O artigo de Frederico Lustosa da Costa é bem abrangente na consideração do desenvolvimento


local.
http://unpan1.un.org/intradoc/groups/public/documents/CLAD/clad0044418.pdf

DESCENTRALIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO
Um pressuposto essencial a considerar no processo de desenvolvimento local é a adoção do
princípio da descentralização.

Por meio da descentralização, a autoridade e o comando para a realização de ações são


transferidos para os níveis de execução, que estão mais próximos de onde os resultados
finais devem ser obtidos.

A descentralização cria condições para a mudança da cultura política

Com a Constituição
Brasileira de 1988, os municípios
passaram a ter atribuições que antes
pertenciam aos Estados, como, por
exemplo, nas áreas de Educação e
Assistência à Saúde.

De que forma a gestão


participativa gerou mudanças
na cultura política municipal?

A cultura municipal, que


tinha entre seus traços fortes
o clientelismo, o paternalismo e o
autoritarismo na gestão pública, passou
a acolher novos valores de caráter
democrático, como a gestão
participativa.

468
MÓDULO 6 UNIDADE 5

Hora de pesquisar!
Visite os sites indicados para ficar bem informado.
Leia os artigos da Constituição que tratam do Município.
www.dji.com.br/constituicao_federal/cf029a031.htm

Para obter informações sobre a questão da emancipação municipal a partir da Constituição


de 1988.
www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-69092002000100006&script=sci_arttext

Veja as Grandes Mudanças Geradas pela Descentralização


• O
s órgãos públicos, que atuam como setores técnico-administrativos nos procedimentos
de prestação de serviços, necessitam negociar e receber a influência de outros atores
interessados nos resultados de sua ação.
• O
s Conselhos e Fóruns de Participação se multiplicam, formalizando canais para que a
sociedade civil expresse suas opiniões, compartilhe as decisões e exerça controle social
sobre a ação do governo.
• O
confronto e a negociação entre os interesses sociais coletivos e os padrões administrativos Este movimento de
da gestão pública permitem convergir para um espaço de prioridades e de compromisso descentralização tem
com a execução das ações acordadas. sido acompanhado
por movimentos
Fique atento! de democratização
na relação entre
Para que a descentralização e a participação sejam instrumentos efetivos, no processo de a administração
desenvolvimento local, é preciso que se cultive um clima social cooperativo. pública local
e setores da
A formação de redes fortalece a comunidade em torno de um projeto comum de comunidade.
desenvolvimento.
Todos os atores sociais devem participar desse processo:
• personalidades políticas;
• agentes econômicos;
• redes de ensino;
• os setores associativos; e
• a população em geral.

Essa participação pode se dar por meio de dois tipos de canais:


• formais – conselhos, comitês e fóruns; ou
• informais – debates, campanhas, reuniões informais.

Um bom exemplo de participação formal da sociedade civil, nas iniciativas de desenvolvimento,


é o CONSAD, citado na Unidade 3 deste Módulo. Na estrutura de um CONSAD, o órgão
de deliberação máxima é o Fórum, constituído com maioria de 2/3 de representantes da
sociedade civil. Pelas regras de funcionamento dessas entidades, nenhuma decisão é válida se
não houver maioria de representantes da sociedade civil, presentes na sessão deliberativa.
Sobre os CONSADs:
www.mds.gov.br/programas/seguranca-alimentar-e-nutricional-san/consad
469
MÓDULO 6 UNIDADE 5

PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO
Como você viu anteriormente, o desenvolvimento é um processo de mudança que traz
reflexos positivos, na medida em que altera para melhor a vida dos que dele participam.
Um processo de melhoria pressupõe que ele seja realizado de uma forma:
• racional e consciente;
• com competência;
• responsabilidade; e
• compromisso com resultados.

Qual o instrumento adequado para servir de base ao


processo de desenvolvimento local sustentável?

O Planejamento Participativo

O Planejamento Participativo é estratégico porque:


• e xige uma visão de longo prazo e propõe um caminho racional para se chegar a este
futuro desejado;
• o
briga que se trabalhe com seletividade, concentrando as ações nos fatores mais relevantes,
que têm influência decisiva na determinação do futuro; e
• é integrador, porque convoca os diferentes setores da sociedade a se juntarem ao processo,
mobilizando as energias sociais.

O processo do planejamento participativo tem caráter técnico e político.


• N
o aspecto técnico, é ordenado, sistemático, organizador das informações e dos
instrumentos de intervenção.
• N
o aspecto político, possibilita que, por meio do processo de negociação, o jogo de forças
local seja instalado.

Portanto...
Ao longo de todo o processo de elaboração e aprovação do plano, estarão presentes e em
constante interação:

As análises e os tratamentos técnicos Os interesses e escolhas políticas

As decisões tomadas acabam por expressar uma vontade, que é a síntese deste jogo de
cooperação e conflito de atores.

Acesse o site da Secretaria Municipal de Coordenação Política e Governança local de Porto


Alegre e você terá exemplos de planejamento participativo.

Em www2.portoalegre.rs.gov.br/smgl/default.php?reg=27&p_secao=4

470
MÓDULO 6 UNIDADE 5

Etapas do Planejamento
Um “Plano de Desenvolvimento Local Sustentável” é composto de algumas etapas básicas,
que obedecem à seguinte seqüência:

CONHECIMENTO TOMADA EXECUÇÃO ACOMPANHAMENTO


DA REALIDADE DE DECISÃO DO PLANO E CONTROLE

Conheça de forma detalhada cada etapa.

Conhecimento da Realidade
No conhecimento da realidade, parte-se de um levantamento básico de dados, que delimitam
o objeto que se pretende trabalhar. No caso do plano de desenvolvimento de um Município, há
que reunir dados sistematizados sobre os aspectos físico-geográficos, institucionais, relações
do local com o contexto socioeconômico, ambiental e político. O roteiro de construção do
perfil socioeconômico, que indicamos no início da Unidade, poderia, por exemplo, servir
para mapear algumas destas variáveis.
Delimitado o objeto, é a hora de realizar o diagnóstico. Verificar a situação atual do
Município, o que está acontecendo e amadurecendo tanto ali quanto no contexto externo. As
perspectivas de competitividade das atividades que sustentam economicamente o Município,
leis e decisões federais que repercutem no Município, assim como os cenários políticos, são
exemplos de ingredientes a considerar.
Neste diagnóstico, devem ser ainda elencados fatores que retardam o desenvolvimento local
e fatores que podem potencializar e alavancar o progresso. A ocorrência reiterada de secas
estaria no primeiro caso. A abertura de estrada, na área do Município, seria exemplo de fatores
de alavancagem. Dados primários (colhidos diretamente) e dados secundários (colhidos em
documentos e registros) são os elementos informativos essenciais. Eles permitirão montar o
quadro de problemas e potencialidades.

Visão de Futuro
Segue-se o prognóstico. Estaremos cotejando condições futuras com situações atuais e
criando alguns cenários prováveis. A instalação de uma nova indústria, por exemplo, pode
compor um cenário totalmente diferente do atual para o Município. A necessidade da
aprovação prévia de uma legislação federal ou a concorrência de outros municípios podem
complicar ou mesmo frustrar estas expectativas. O futuro desejado será o cenário que melhor
combinar as expectativas do Município com as restrições ditadas pela realidade.

Objetivos e Metas
Dentro do futuro desejado, serão selecionados objetivos estratégicos, ou seja, ações convergentes
e articuladas, capazes de transformar a realidade na direção desejada. Estas ações seriam,
posteriormente, divididas em projetos e atividades prioritárias. No exemplo, que estávamos
seguindo, a instalação da nova indústria demandaria, como uma das ações, o impacto de sua
implantação sobre o mercado de trabalho local, incluindo questões migratórias e de infra-
estrutura.
471
MÓDULO 6 UNIDADE 5

Para a definição de metas, estaríamos quantificando e atribuindo prazos às atividades


identificadas. No caso do impacto da indústria, um levantamento dos postos de trabalho
que ela exigiria e das disponibilidades de mão-de-obra local poderia ser uma atividade a ser
realizada, num prazo determinado.

Aprovação do Plano
Uma vez montado o plano, ele seria objeto de um ciclo de aprovação que demandaria:
a. a distribuição de uma primeira versão;
b. discussões em seminários e oficinas de trabalho;
c. discussões nas instâncias políticas; e
d. revisão e produção de uma versão final.
Acompanhamento e Controle
Esta é uma etapa muito importante e muitas vezes desprezada nos processos de planejamento.
Como alguns planos têm duração de médio e longo prazo, alterações nos postos políticos,
por exemplo, podem levar ao seu abandono, em vez de sua reciclagem. Se as metas foram
quantificadas, quando da elaboração do plano, o controle e a realimentação se tornarão
mais objetivos. Este processo deve ser muito ativo e contínuo, desde a implementação do
plano, para que as correções de rumo possam ser feitas com menos desperdício de recursos
e energias.

Considerações Finais

Parabéns!
Você chegou ao final do último Módulo.
Após esse percurso você, certamente, está preparado para o desenvolvimento do seu trabalho,
Mais do que as enquanto técnico vinculado ao PBF ou a programas da Assistência Social.
informações e
orientações aqui Os Programas Complementares são uma área em permanente processo de expansão e
descritas, espero que buscam realizar um esforço integrado para oferecer às famílias brasileiras alternativas, que
o percurso realizado lhes sirvam de apoio na luta contra a pobreza.
tenha proporcionado
a você motivação
redobrada para seguir
trabalhando pela
justiça social e pelo
desenvolvimento do
Brasil.

472
BIBLIOGRAFIA
Módulo 1

A QUEDA Recente da Desigualdade no Brasil. Brasília: IPEA, 2006.


ASSISTÊNCIA social: Ética e Direitos: Coletânea de Leis e Resoluções. Rio de Janeiro: CRESS/ 7º,
2000.
BARROS, Ricardo Paes de; CARVALHO, Miriela de; FRANCO, Samuel. Pobreza Multidimensional
no Brasil. Brasília: IPEA, 2006.
BECKER, Bertha; EGLER, Cláudio. Brasil uma potência regional na economia mundo. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 1993.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: [s.n.], 1988.
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Instrução normativa MDS
nº 1, de 20 de maio de 2005. Divulga orientações aos municípios, estados e Distrito Federal para
constituição de instância de controle social do programa bolsa família (PBF) e para o desenvolvimento
de suas atividades. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_
instrucoes/instrucoes-normativas-1/
______. ______. Lei nº 10.836, de 09 de janeiro de 2004. Cria o programa bolsa família e dá outras
providências. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_
instrucoes/leis-1/
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______. ______. Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004. Brasília, 2005.
______. ______. Secretaria Nacional de Renda de Cidadania. Programa Bolsa Família: Guia do Gestor.
Brasília, 2006.
______. Portaria nº 78, de 8 de abril de 2004. Estabelece diretrizes e normas para a implementação
do “Programa de Atenção Integral à Família (PAIF)” e dá outras providências. Disponível em: http://
www.mds.gov.br/suas/legislacao-1/portarias/2004/Portaria_MDS_GM_78%20de%2008%20de%20
abril%20de%202004.doc/view
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LOPES, Márcia Helena Carvalho. O tempo do SUAS. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, v. 26, nº
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BIBLIOGRAFIA
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desigualdade. Brasília: IPEA, 2006. (Texto para discussão, nº 1228).
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benefícios não contributivos. In: VIANA, Ana Luiza d’Ávila; ELIAS, Paulo Eduardo M.; IBANEZ,
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BIBLIOGRAFIA
Módulo 2

BARROS, Ricardo Paes de; CARVALHO, Mirela; ESPAÇO FRANCO, Samuel. O índice de
desenvolvimento da família (IDF). Rio de Janeiro: IPEA, 2003. (Texto para discussão, nº 986).
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Entrada e Manutenção de Dados versão 6.0.3, 2006. Brasília, 2006.
______. ______. Manual Operacional: Aplicativo de Entrada e Manutenção de Dados do Cadastro
Único – V 6.0, 2005. Brasília, 2005.
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nº 12, de 03 de fevereiro de 2006. Brasília, 2006.

475
BIBLIOGRAFIA
Módulo 3

Manuais
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Cidadania. Bolsa família: agenda de compromissos da família. Brasília, 2006.
Guia de credenciamento de usuários do Sistema de Gestão de Benefícios do Programa Bolsa Família.
Brasília, 2006.
______. ______. ______. Programa Bolsa Família: Guia do Gestor. Brasília, 2006.
______. ______. ______. Programa Bolsa Família: Manual de Gestão de Benefícios. Brasília, 2006.
______. ______. ______. Programa Bolsa Família: Orientações para o Ministério Público. Brasília,
2005.
______. ______. ______. Sistema de Gestão de Benefícios do Programa Bolsa Família: manual
operacional do sistema de benefícios ao cidadão – SIBEC – versão 1.0. Brasília, 2005.

Leis e Decretos
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legislacao_e_instrucoes/decretos-1
BRASIL. Decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004. Regulamenta a Lei nº 10.836, de 9 de janeiro
de 2004, que cria o programa bolsa família, e dá outras providências. Disponível em: http://www.mds.
gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/decretos-1/
BRASIL. Decreto nº 5.749, de 11 de abril de 2006. Altera o caput do art. 18 do Decreto nº 5.209, de
17 de setembro de 2004, dispondo sobre atualizações de valores referenciais para caracterização das
situações de pobreza e extrema pobreza no âmbito do programa bolsa família, previstos no art. 2º, §§
2º e 3º, da Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/
menu_superior/legislacao_e_instrucoes/decretos-1/
BRASIL. Decreto nº 6.135, de 26 de junho de 2007. Dispõe sobre o cadastro único para programas
sociais do Governo Federal e dá outras providências. Disponível em: http://www.mds.gov.br/
bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/decretos-1/
BRASIL. Decreto nº 6.157, de 16 de julho de 2007. Dá nova redação ao art. 19 do Decreto nº 5.209, de
17 de setembro de 2004, que regulamenta a Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004, que cria o programa
bolsa família. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_
instrucoes/decretos-1/
BRASIL. Lei de nº 10.836, de 09 de janeiro de 2004. Cria o programa bolsa família e dá outras
providências. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_
instrucoes/leis-1/

476
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do PBF efetuada pelos técnicos do MDS. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_
superior/legislacao_e_instrucoes/portarias-1
BRASIL. Portaria MDS nº 68, de 08 de março de 2006. Altera prazos nas Portarias MDS nº 246, de
20/05/05, MDS nº 360, de 12/07/05, e MDS nº 555, de 11/11/05. Disponível em: http://www.mds.gov.
br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/portarias-1
BRASIL. Portaria MDS nº 148, de 27 de abril de 2006. Estabelece normas, critérios e procedimentos
para o apoio à gestão do Programa Bolsa Família e do CadÚnico no âmbito dos municípios e cria o
Índice de Gestão Descentralizada do Programa. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/
menu_superior/legislacao_e_instrucoes/portarias-1
BRASIL. Portaria GM/MDS nº 232, de 29 de junho de 2006. Altera prazo fixado na Portaria GM/
MDS nº 360, de 12/07/05. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/
legislacao_e_instrucoes/portarias-1
BRASIL. Portaria MDS nº 246, de 20 de maio de 2005. Regulamenta a adesão dos municípios ao
PBF. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/
portarias-1
BRASIL. Portaria GM/MDS nº 256, de 18 de julho de 2006. Altera dispositivos da Portaria GM/MDS nº
148, de 27/04/06. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_
instrucoes/portarias-1
BRASIL. Portaria MDS nº 360, de 12 de julho de 2005. Estabelece critérios e procedimentos relativos
à transferência de recursos financeiros aos municípios, Estados e Distrito Federal, destinados à
implementação e desenvolvimento do Programa Bolsa Família e à manutenção e aprimoramento do
Cadastro Único de Programas Sociais. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_
superior/legislacao_e_instrucoes/portarias-1
BRASIL. Portaria MDS nº 454, de 06 de julho de 2005. Altera os artigos 6º, 7º e 8º, modifica o anexo I
e cria os anexos II e III da Portaria MDS nº 360, de 12/07/05. Disponível em: http://www.mds.gov.br/
bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/portarias-1
BRASIL. Portaria MDS nº 532, de 3 de novembro de 2005. Fixa o calendário de pagamento dos
benefícios financeiros do PBF. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/
legislacao_e_instrucoes/portarias-1
BRASIL. Portaria MDS nº 551, de 9 de novembro de 2005. Regulamenta a gestão de condicionalidades
do PBF. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/
portarias-1
BRASIL. Portaria MDS nº 555, de 11 de novembro de 2005. Regulamenta a gestão de benefícios do
PBF. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/
portarias-1
BRASIL. Portaria MDS nº 660, de 11 de novembro de 2004. Autoriza os CMAS a atuarem
temporariamente como instância de controle social do PBF. Disponível em: http://www.mds.gov.br/
bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/portarias-1

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BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Portaria MDS nº 666, de 28 de dezembro de 2005. Regulamenta a integração entre o PBF e
o PETI. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/
portarias-1
BRASIL. Portaria MDS nº 672, de 29 de dezembro de 2005. Altera prazos fixados nas Portarias MDS
Nº 246, de 20/05/05, MDS nº 360, de 12/07/05, e MDS nº 555, de 11/11/05, e estabelece critérios para
remuneração do Cadastro Único das famílias do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil –
PETI. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/
portarias-1
BRASIL. Portaria MDS nº 737, de 15 de dezembro de 2004. Regulamenta o benefício variável de
caráter extraordinário do PBF. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/
legislacao_e_instrucoes/portarias-1
BRASIL. Portaria MS/MDS nº 2.509, de 18 de novembro de 2004. Regulamenta a condicionalidade
de saúde do PBF. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_
instrucoes/portarias-1
BRASIL. Portaria MEC/MDS nº 3.789, de 17 de novembro de 2004. Regulamenta a condicionalidade de
educação do PBF. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_
instrucoes/portarias-1

Instruções Normativas e Operacionais


BRASIL. Instrução normativa MDS nº 1, de 20 de maio de 2005. Divulga orientações aos municípios,
estados e Distrito Federal para constituição de instância de controle social do programa bolsa
família (PBF) e para o desenvolvimento de suas atividades. Disponível em: http://www.mds.gov.br/
bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/instrucoes-normativas-1/
BRASIL. Instrução Operacional Conjunta SENARC/SNAS nº 1, de 14 de março de 2006. Divulga
aos municípios orientações sobre operacionalização da integração entre o Programa Bolsa família
e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, no que se refere à inserção, no Cadastro Único,
das famílias beneficiárias do PETI e famílias com crianças/adolescentes em situação de trabalho.
Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/
instrucoes-operacionais-1/
BRASIL. Instrução Operacional SENARC/MDS nº 1, de 19 de maio de 2004. Divulga procedimentos
operacionais aos municípios para tratamento de bloqueios por multiplicidade cadastral. Disponível
em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/instrucoes-
operacionais-1/
BRASIL. Instrução Operacional SENARC/MDS nº 4, de 14 de fevereiro de 2005. Divulga procedimentos
operacionais aos municípios para tratamento de bloqueios por multiplicidade cadastral. Disponível
em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/instrucoes-
operacionais-1/
BRASIL. Instrução Operacional nº 5, de 15 de fevereiro de 2005. Divulga procedimentos para
importação da base do CadÚnico nos municípios. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/
menu_superior/legislacao_e_instrucoes/instrucoes-operacionais-1

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BRASIL. Instrução Operacional SENARC/MDS nº 7, de 20 de maio de 2005. Divulga aos municípios
instruções sobre procedimentos operacionais para o tratamento de eventuais inconsistências nos
dados do Cadastro Único, publica os novos critérios de validação dos registros desse cadastro, e define
orientações para análise e validação dos resultados da comparação dos dados de renda do Cadastro
Único com os da Relação Anual de Informações Sociais de 2003. Disponível em: http://www.mds.gov.
br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/instrucoes-operacionais-1
BRASIL. Instrução Operacional SENARC/MDS Nº 8, de 20 de junho de 2005. Divulga auditoria
realizada sobre as folhas de pagamento dos programas de transferência de renda do Governo Federal,
assim como orientações aos Municípios para tratamento de casos de multiplicidade cadastral.
Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/
instrucoes-operacionais-1
BRASIL. Instrução Operacional SENARC/MDS nº 9, de 5 de agosto de 2005 . Divulga instruções
sobre os procedimentos operacionais necessários à formalização da adesão dos municípios ao
Programa Bolsa Família e ao Cadastro Único de Programas Sociais, orienta os gestores e técnicos
sobre a designação do gestor municipal do Bolsa Família e a formalização da Instância de Controle
Social do Programa, e especifica a documentação a ser anexada para fins de comprovação das
medidas adotadas. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_
instrucoes/instrucoes-operacionais-1
BRASIL. Instrução Operacional nº 10, de 31 de agosto de 2005. Divulga orientações e procedimentos
operacionais aos municípios e esclarece sobre procedimentos utilizados pelo Governo Federal para
marcação de domicílios ativos e inativos no Cadastro Único. Disponível em: http://www.mds.gov.br/
bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/instrucoes-operacionais-1
BRASIL. Instrução Operacional nº 11, de 22 de novembro de 2005. Divulga auditoria realizada sobre
o Cadastro Único de Programas Sociais do Governo Federal e sua repercussão sobre os benefícios dos
programas de transferência de renda do Governo Federal. Disponível em: http://www.mds.gov.br/
bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/instrucoes-operacionais-1
BRASIL. Instrução operacional SENARC/MDS nº 12, de 03 de fevereiro de 2006. Divulga aos
municípios orientações sobre a repercussão automática de alterações cadastrais do Cadastro Único
de Programas Sociais do Governo Federal no Sistema de Gestão de Benefícios do Programa Bolsa
Família. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/
instrucoes-operacionais-1
BRASIL. Instrução Operacional nº 13, de 20 de abril de 2006. Divulga os critérios utilizados para
o processamento do bloqueio dos benefícios dos Programas Remanescentes com base no CADBES
e orienta as Prefeituras acerca da complementação dos dados e do desbloqueio dos benefícios.
Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/
instrucoes-operacionais-1
BRASIL. Instrução Operacional SENARC/MDS nº 14, de 10 de agosto de 2006. Divulga auditoria
realizada sobre o Cadastro Único de Programas Sociais do Governo Federal e sua repercussão sobre
os benefícios do Programa Bolsa Família. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_
superior/legislacao_e_instrucoes/instrucoes-operacionais-1

479
BIBLIOGRAFIA
Módulo 4

BOSCHETTI, Ivanete. O SUAS e a Seguridade Social: textos para a V Conferência Nacional de


Assistência Social. Brasília: MDS, 2005. (Cadernos de estudos desenvolvimento social em debate, n.
2).
BRANDÃO, Fernando Antonio. Instrumentos normativos reguladores das transferências para
financiamento de programas descentralizados do governo federal. Brasília: MDS/UNESCO, 2006.
______. Manual de orientações sobre gestão de convênios no âmbito dos fundos de Assistência Social
estaduais, municipais e DF. Brasília: MDS/UNESCO, 2006.
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