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484 p. ; 28cm
CDD - 301
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CRÉDITOS INSTITUCIONAIS
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
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CRÉDITOS DO PROJE TO
Coordenação Geral
Tereza Cristina Barwick Baratta
Arcy Magno da Silva
Camile Sahb Mesquita
Aíla Vanessa de Oliveira Cançado
Renato Francisco dos Santos Paula
Coordenação Pedagógica
Marlene Montezi Blois
Coordenação de Tecnologia
Regina Celia Pereira
Marcos de Moraes Villela
Márcia Costa Alves da Silva
Coordenação de Tutoria
Dora Apelbaum
Planejamento Instrucional
Lana Barbosa Silva
Coordenação Técnica
Jessie Jane Vieira de Souza
Conteudistas
Módulo 1 Módulo 3
Alexandre Carlos de Albuquerque Santos Afrânio de Oliveira Silva
Renato Francisco dos Santos Paula Anderson Jorge Lopes Brandão
Rosani Evangelista da Cunha Bernadino Martins A. Junior
Simone Aparecida Albuquerque Cleyton Domingues de Moura
Herculis Pereira Toledo Gerson Vicente de Paula Junior
Jean Marc Mutzig
Módulo 2 Luciana Alves de Oliveira
Adriano Marcomini Nihad Bassis
Aline Diniz Amaral Pedro Jensen Cerri Costa
Ana Maria Machado Vieira Rosani Evangelista da Cunha
Lucia Maria Modesto Pereira Rose de Pinho Borges
Othilia Maria Baptista de Carvalho
Módulo 4
Pedro Nogueira Gonçalves Diogo
Maria Carmelita Yazbek
Solange Teixeira
Renato Francisco dos Santos Paula
Juliana Rochet Wirth Cheibub
Rosimere de Souza
Vilnia Batista de Lira
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CRÉDITOS DO PROJE TO
Módulo 5 Módulo 6
Aidê Cançado Almeida Aidê Cançado Almeida
Delaine Martins Costa Gil Soares Júnior
Marlene Merisse Rosani Evangelista da Cunha
Renato Francisco dos Santos Paula Trajano Augustus Tavares Quinhões
Valéria Maria de Massarani Gonelli
Apoio Técnico
Aloísio Nonato Jovanka Sadeck
Ana Angelica C. de Albuquerque e Melo Julia Galiza de Oliveira
Ana Carolina Aires Cerqueira Prata Juliana Maria Fernandes Pereira
Ana Lucia Nazi Cabral Juliana Marques Bonvini
Carolina Franca Marinho Falcão Juliana Rochet Wirth Cheibub
Célia Regina de Castro Kátia Cristina da Silva
Denise Suchara Maria Helena Kittel Werlang
Elton Lopes Alcantara Gomes Milene Maria Machado de Deus
Fabricia da Silva Benazzi Nabil Moura Kadri
Fernanda Pereira de Paula Priscila Maia de Andrade
Helena Ferreira de Lima Ricardo Rodrigues Dutra
Ida Maria dos Santos Natividade Solange Stela Serra Martins
Jaime Rabelo Adriano Solange Teixeira
Jose Ferreira Crus Zóia Prestes
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6
MENSAGEM AO PARTICIPANTE
O Programa Gestão Social com Qualidade, lançado este ano pelo Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, integra a política de formação do MDS e tem
por objetivo capacitar gestores, técnicos e agentes de controle social que atuam nas áreas de
assistência social e transferência de renda.
Por meio da capacitação a distância, pretendemos alcançar cerca de 15 mil gestores e técnicos
que atuam na área da assistência social e na implementação do Programa Bolsa Família, boa
parte deles inseridos na esfera municipal trabalhando diretamente com os beneficiários dos
programas sociais.
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Essa iniciativa, para o MDS, é extremamente importante para a qualificação das políticas
sociais, ao propiciar a oportunidade de unificarmos os conceitos e divulgarmos os
procedimentos adotados na implementação do SUAS e do Bolsa Família.
PATRUS ANANIAS
Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
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SUMÁRIO
Apresentação 10
Cursos modulares 10
Módulo 1
Bases do Modelo Brasileiro de Proteção Social Não Contributiva 15
Módulo 2
Cadastro Único de Programas Sociais 86
Módulo 3
Gestão e Implementação do Programa Bolsa Família 138
Módulo 4
Gestão do Sistema Único de Assistência Social 231
Módulo 5
Estruturação e Implementação do Acompanhamento Familiar e
de Serviços Socioeducativos 326
Módulo 6
Programas Complementares 427
Bibliografia 473
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APRESENTAÇÃO
Bem-vindo(a) à Capacitação para Implementação do SUAS e do PBF promovido pelo
Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), com o apoio do Banco
Interamericano de Desenvolvimento – BID e do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento – PNUD.
Esta iniciativa tem sua execução sob a responsabilidade do Consórcio IBAM – UniCarioca.
A Capacitação para Implementação do SUAS e do Programa Bolsa Família faz parte do
programa Gestão Social com Qualidade, uma estratégia de capacitação do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) para contribuir com o fortalecimento
da gestão descentralizada das políticas de Assistência Social e de transferência condicionada
de renda.
A Capacitação visa a oferecer conhecimentos sistematizados, metodologias e ferramentas
técnicas para ajudar os profissionais no desenvolvimento das atividades de implementação
do Programa Bolsa Família (PBF) e do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
Essa Capacitação destina-se a profissionais de órgãos estaduais e municipais que estão
no exercício direto de funções relacionadas à implementação e ao aperfeiçoamento do
Programa Bolsa Família (PBF), da gestão do Cadastro Único para Programas Sociais do
Governo Federal (CadÚnico), do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) e
do Programa de Atenção Integral à Família (PAIF).
CURSOS MODULARES
A Capacitação para a Implementação do SUAS e do Bolsa Família é composta de quatro
cursos, com estrutura modular.
Os cursos são realizados pela internet, com apoio de material impresso e CD-ROM e com
tutoria especializada. Para dar maior flexibilidade ao participante, os cursos são oferecidos
em dois regimes de execução: seqüencial e acelerado:
• Curso do Programa Bolsa Família – PBF;
• Curso do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI;
• Curso do Programa de Atenção Integral à Família – PAIF;
• Curso da Implementação do SUAS e do Programa Bolsa Famíla.
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ESTRUTURA DOS CURSOS
Curso do Programa Bolsa Família – PBF
Estrutura Modular
Módulo 1 - Bases do Modelo Brasileiro de Proteção
Social Não Contributiva
Estrutura Modular
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ESTRUTURA DOS CURSOS
Curso do Programa de Atenção Integral à Família – PAIF
Estrutura Modular
Estrutura Modular
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ORIENTAÇÕES PARA SEU ESTUDO
Você recebeu um kit didático, contendo:
• um livro, com o texto base correspondente aos seis Módulos do Programa Capacitação
para a Implementação do SUAS e do Bolsa Família.
• um CD-ROM, também contendo os 6 Módulos, mas com o tratamento de texto que lhe
foi oferecido no curso pela internet.
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ORIENTAÇÕES PARA O SEU ESTUDO
• C
aminhe passo a passo, lendo atentamente os textos de cada unidade para entender todo
o assunto. Não dê saltos! Isso pode prejudicar a sua compreensão dos assuntos abordados.
Há uma seqüência prevista para o seu estudo.
• E
scolha um local para estudar, que lhe permita concentração e reflexão. Sua atenção,
assim, estará focada no texto, sem quebra de continuidade.
• F
aça uma primeira leitura para tomar conhecimento do que será estudado. Depois releia
o tópico em estudo, procurando fazer aproximações com a sua realidade de trabalho.
• F
aça anotações dos pontos importantes estudados. Sintetize o que você entendeu com
suas próprias palavras, fazendo esquemas.
• A
note as dúvidas que surgirem durante a leitura. Troque idéias com seus colegas de
estudo. Esclareça-as com o Tutor.
• P
rocure ampliar seus conhecimentos, por meio da leitura dos textos selecionados e
consultando a bibliografia indicada. Lendo outros autores, você amplia sua visão sobre o
tema e cresce pessoal e profissionalmente.
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MÓDULO 1
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MÓDULO 1 UNIDADE 1
Ementa
Unidade 1 – Proteção Social: a função do Estado brasileiro na garantia de direitos
• A
Constituição Federal de 1988: um marco na direção de uma política de proteção social
do Estado brasileiro
• A função do Estado no enfrentamento da pobreza e da desigualdade
• A
lguns conceitos importantes: pobreza, desigualdade, vulnerabilidade e risco, direitos e
política pública
• Princípios e fundamentos da política pública e da política social
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MÓDULO 1 UNIDADE 1
Você, como cidadão, sabe que o Estado brasileiro vem enfrentando os problemas sociais
do país com olhos abertos e criando estratégias, com os meios que dispõe, para oferecer
proteção social ao grande contingente de brasileiros e brasileiras que, excluídos dos benefícios
do desenvolvimento econômico e afetados, ainda, por outras formas de exclusão, vivem em
situação de pobreza e extrema pobreza. É uma população que tem no dia-a-dia enormes
dificuldades para sobreviver, criar seus filhos, envelhecer, enfim ter uma vida digna.
Esta capacitação que você inicia é mais um ingrediente para que se consolidem no país os
avanços no campo da proteção social.
Agora, para ilustrar a idéia de exclusão, veja como esse processo ocorre com a distribuição da
renda no Brasil, analisando o gráfico que tem como referência o ano de 2004.
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MÓDULO 1 UNIDADE 1
Desigualdade de renda
14,1%
12,6%
Observe que a renda dos 50% mais pobres é quase equivalente à renda do 1% mais rico.
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MÓDULO 1 UNIDADE 1
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MÓDULO 1 UNIDADE 1
Constituição de 1988
Confira, agora, os dispositivos da Constituição de 1988 que merecem destaque e que são
considerados marcos dessa transformação social.
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MÓDULO 1 UNIDADE 1
• Fundamentos das políticas sociais: no Título VIII – Da Ordem Social – você encontrará
os fundamentos das políticas sociais.
• Ordem social: o art. 193 afirma que a ordem social tem como base o trabalho e como
objetivo, o bem-estar e a justiça social.
Nesse Título você deve ficar especialmente atento, ainda, aos arts. 194 e 195, que estabelecem
os princípios da Seguridade Social; aos arts. 196 a 200, que estabelecem os princípios da
atenção à Saúde; aos arts. 203 e 204, que tratam da Assistência Social, seus princípios e formas
de custeio; e, finalmente, aos arts. 205 a 214 que tratam dos direitos relativos à Educação e dos
princípios para a organização do sistema de Educação Pública. Esses e outros
dispositivos contidos
A FUNÇÃO DO ESTADO NO ENFRENTAMENTO DA POBREZA E DA DESIGUALDADE – nesse Título, como
os relativos à
ALGUMAS IDÉIAS FUNDAMENTAIS
previdência social,
cultura, desporto,
O Estado Brasileiro assume a responsabilidade de enfrentar a pobreza e a desigualdade ciência e tecnologia,
existentes no país. comunicação social,
meio ambiente,
família, criança,
Antes de prosseguir, é importante que algumas idéias e conceitos fiquem bem claros para adolescente e idoso
você. e índios, constituem-
se nos fundamentos
de políticas públicas
POBREZA de amplo alcance,
Existe hoje no mundo, e também no Brasil, um grande debate conceitual e ideológico sobre com impacto no
o que é pobreza. combate à pobreza
e à desigualdade, na
Isto porque a pobreza tem muitas dimensões, muitas caras e não se limita, apenas, à questão proteção social e na
da renda. promoção da justiça.
Saiba quando uma família ou uma pessoa pode ser considerada pobre
Uma família ou uma pessoa é considerada pobre quando vive numa situação de privação
de renda e também de privação de outros recursos necessários para obter uma situação
de vida que permita que ela desempenhe seus papéis, cumpra seus deveres, participe
das relações sociais e compartilhe costumes da sociedade em que vive. Por exemplo,
insuficiência de alimentos, de bens, de serviços e de lazer.
Estudiosos entendem que, mesmo reconhecendo que pobreza não se restringe à privação
ou insuficiência de renda, ela pode ser considerada uma boa medida para apreendermos
outras carências. Pensar a pobreza nesta perspectiva é importante quando falamos de
implementação de políticas públicas voltadas para pessoas ou famílias pobres. Nesse
caso, precisamos saber quem é pobre e precisamos definir como medir a pobreza, para
podermos atuar de forma compatível com o grau de necessidades de cada indivíduo ou
família.
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MÓDULO 1 UNIDADE 1
Fique sabendo
A renda não é o único critério de seleção de famílias para inclusão no Programa Bolsa Família
e para o estabelecimento do valor do benefício. Outros fatores referentes à composição
familiar também são levados em consideração. Isso você vai estudar mais adiante.
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MÓDULO 1 UNIDADE 1
DESIGUALDADE
Pense nisso
Tal como a pobreza, o conceito de desigualdade é passível de mensuração. Além da
renda, a desigualdade também se expressa em outras dimensões, tais como território,
etnia e gênero. Todavia trataremos o problema sob a ótica da renda, ou seja, a partir de
comparações entre extremos da distribuição de renda, o que representaria situações de
(in)justiça social.
Isto signifiica que quanto maior for a distância entre o valor médio da renda dos mais
ricos e o valor médio da renda dos mais pobres, mais injusta e desigual é uma sociedade.
Quanto menor for esta diferença, mais igualitária e menos desigual é a sociedade.
0.640 0.634
0.630
0.623
0.620
0.612
0.615
0.610
0.604
0.602 0.600
0.599 0.598
0.600 0.596
0.594 0.599 0.500 0.593
0.593
0.570 0.592
0.589 0.588 0.581
0.587 0.587
0.580 0.582 0.580
0.590
0.566
0.560
0.550
1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005
Fonte: Estimativas produzidas com base na pesquisa Nacional por amostra de domicílios, PNADI de 1976 a 2005, porém nos anos 1980, 1991 e 2000 não foi a campo.
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MÓDULO 1 UNIDADE 1
Uma dica
Para você refletir melhor sobre a condição de vida das pessoas do seu Município, o nível de
pobreza e desigualdade das famílias que o constituem, aí vai uma sugestão:
• P
esquise as informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Censo
Demográfico de 2000 e as Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios – PNADs de
2000 a 2005.
Consultando os dados, você vai observar que, nos últimos anos, houve uma redução da
desigualdade no Brasil. Ela ainda é muito grande, mas está diminuindo.
VULNERABILIDADE E RISCO
Com certeza, você já deve ter percebido que a desigualdade e a pobreza se expressam de
forma distinta no território.
Os graus de vulnerabilidade e risco que afetam cidadãos e grupos estão relacionados à
maneira como se expressam pobreza e desigualdade.
Fique atento
É importante que você perceba que os conceitos fundamentais para o entendimento
da construção do nosso modelo de proteção social não contributiva estão intimamente
relacionados. São eles:
• pobreza;
• desigualdade; e
• vulnerabilidade e risco.
DIREITOS
A verdade é que, na nossa sociedade, apenas podemos dizer que temos um direito quando ele
é socialmente reconhecido e juridicamente estabelecido. Em nossa história social e política,
por exemplo, a maioria dos direitos sociais foi sendo duramente conquistada e só valeram
mesmo quando foram regulamentados pelas Constituições e pelas leis que as sucederam.
Complementando...
A Constituição, no art. 6°, que trata dos direitos sociais, afirma justamente os direitos de
segunda geração, ou seja: “são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma dessa Constituição”.
O importante é você fixar que direitos sociais e direitos humanos são coisas que se conquistam
e para que se transformem em benefício real são necessários muita luta e muitos debates em
um ambiente de democracia, para que possam ser reconhecidos como tal pela sociedade,
pelas leis do país e pelo Estado.
Para garantir tais direitos, portanto, é que são institucionalizadas e implementadas as Políticas
Públicas, que se materializam por meio de normas, regulamentos, recursos especialmente
destinados para os fins pretendidos, além do trabalho de muita gente, dentro e fora do Estado,
e, principalmente, do seu trabalho aí em seu Município.
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MÓDULO 1 UNIDADE 1
Significa dizer que é condição para o desenvolvimento social que o país garanta de forma
integral os direitos dos cidadãos e cidadãs brasileiras, combinando políticas específicas
e políticas universais e fazendo convergir os resultados das ações setoriais, no sentido
de multiplicar seus efeitos e impactos.
28
MÓDULO 1 UNIDADE 1
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MÓDULO 1 UNIDADE 1
Em inglês existem duas palavras para designar o que a gente chama normalmente de
política. A palavra policy se refere às ações governamentais e seus desdobramentos, como
normas em leis, decretos, além de planos e orçamentos aprovados – situados, portanto,
no campo do direito público. A palavra politics se refere ao discurso, à intenção, ao
compromisso de um determinado grupo, um partido político, um movimento social,
ou seja, expressa um compromisso público ou diretriz que reflete determinado consenso
da sociedade.
Concluindo
Uma Política Pública será a definição de instrumentos de gestão – normas, planos de ação,
recursos fiscais, formas de atuação do Estado, formas de cooperação com a sociedade – que,
estabelecidos em lei, irão permitir a concretização de um compromisso público acordado no
campo político.
Você pode entender, agora, depois de ter estudado o conceito de Política Pública, que a
sociedade brasileira, em um contexto de retomada da democracia estabeleceu, na Constituição
de 1988, os fundamentos das políticas públicas que o Estado viria a implementar. Ao ser
elaborada, expressou o estabelecimento de um novo pacto federativo que:
• impulsionou a descentralização e a cooperação intergovernamental;
• fortaleceu a participação da população na gestão da coisa pública; e
• promoveu a garantia de direitos, por meio do desenvolvimento de políticas públicas com
esta finalidade.
Alguns desses traços são comuns às políticas sociais, como é o exemplo da saúde.
Fique atento
Para efetivar a garantia de Direitos e implementar políticas públicas que contribuam na redução
da pobreza e da desigualdade, é fundamental um trabalho intersetorial, com participação de
diferentes áreas de governo e com contribuição de diferentes políticas públicas.
Começo de conversa
Você está iniciando mais uma Unidade do Módulo 1. Nesta Unidade você vai conhecer o
Modelo Brasileiro de Proteção Social Não Contributiva. E mais: aprofundará conhecimentos
sobre pacto federativo, descentralização e cooperação federativa, Seguridade Social e, por
fim, o que é família e como é considerada para efeitos de acesso a serviços e benefícios.
De uma forma bastante simples, Modelo de Proteção Social Não Contributiva significa
o conjunto de estratégias públicas que garanta o cumprimento de direitos sociais
constantes da Constituição de 1988, assegurando a todo brasileiro ou brasileira o livre
acesso aos serviços, programas, projetos e benefícios, independentemente de qualquer
contribuição ou pagamento direto.
O Brasil é uma
República Federativa. Este modelo de proteção social é implementado de forma descentralizada e em cooperação
Mas, efetivamente, com estados e municípios.
apenas com a
Constituição de 1988 Nesta Unidade, você conhecerá, em primeiro lugar, o estabelecimento do pacto federativo e
e o pacto federativo a descentralização.
nela estabelecido é
que se pode dizer que
Em seguida, você estudará os princípios da Seguridade Social e os fundamentos do
o princípio federativo financiamento do Modelo de Proteção Social Não Contributiva.
do Estado brasileiro Finalmente, você poderá compreender porque a família está no centro da atenção dessa
tornou-se realidade.
política.
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MÓDULO 1 UNIDADE 2
A República nasceu com o objetivo de zelar pela chamada coisa pública (res publica, em latim).
Nesse regime, os bens públicos pertencem à nação. Além disso, os governantes são eleitos por
prazo determinado, por voto livre secreto, em intervalos regulares, variando conforme o país.
O conceito de república opõe-se à monarquia, onde tudo pertencia ao rei.
Uma Federação se caracteriza pelo fato de cada uma das suas esferas de governo – União,
Estados e Municípios – contar com autonomia em seu respectivo âmbito de competência.
Autonomia política
• Poder eleger livremente os governantes.
Autonomia financeira
• Poder instituir e cobrar tributos e aplicar seus recursos, observada a legislação em
vigor.
Autonomia administrativa
• Poder organizar serviços, estruturar órgãos e administrar pessoal de acordo com as
suas necessidades.
Autonomia legislativa
• Poder elaborar leis sobre assuntos de sua competência.
Fique atento
A garantia constitucional da autonomia permite que o Município
exerça suas competências de forma ampla. Mais à frente você
estudará as diversas competências privativas e comuns (ou
compartilhadas) do Município.
Saiba mais
O pacto federativo instituído pela Constituição permitiu que a descentralização efetivamente
avançasse, a partir de 1988, e os estados-membros da Federação e os municípios passaram a
contar com condições incomparáveis de governabilidade, em relação aos períodos anteriores
de nossa República.
33
MÓDULO 1 UNIDADE 2
Saiba um pouco mais sobre as condições para o exercício da autonomia financeira dos
municípios.
34
MÓDULO 1 UNIDADE 2
Uma dica
Dê uma olhadinha na Constituição, consulte os arts. 23 e 30 e acompanhe o texto a seguir:
• o art. 23 da Constituição aponta as competências comuns ou compartilhadas, ou seja, as
que são ao mesmo tempo responsabilidade da União, dos Estados-membros, do Distrito
Federal e dos Municípios e que, portanto, devem ser prestadas de forma cooperativa.
Nele são definidas nada menos do que 12 competências comuns;
• já o art. 30, como já se viu, trata das competências privativas. Estas são entendidas como
as que se encontram sob responsabilidade direta do Município. Este é, por exemplo, o caso
dos serviços de pavimentação de vias, limpeza urbana e administração de cemitérios.
Entre os 12 incisos do art. 23, que trata das competências comuns, conheça aqueles que
são fundamentais para o seu estudo
Inciso II
Cuidar da saúde e da assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras
de deficiências.
Inciso V
Proporcionar meios de acesso à cultura, à educação e à ciência.
Inciso VII
Fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar.
Inciso IX
Promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais
e de saneamento básico.
Inciso X
Combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração
social dos setores desfavorecidos.
Uma das aulas ensina a fazer bijuteria, como explica a coordenadora Edith de Assis: “Nós
pretendemos fazer geração de renda para essas famílias vulneráveis. Essa geração de renda
vai fazer com que elas saiam da vulnerabilidade e com que a família não seja dependente de
repasse federal e, realmente, venha a se capacitar para se auto-sustentar”.
Esse tipo de curso ocorre em 1.621 municípios brasileiros. Além de oficinas de artesanato,
são oferecidas aulas sobre horticultura, produção de doces e informática. A idéia é que o
investimento em educação e em atividades produtivas permita que, no futuro, famílias como
essas estejam preparadas para superar a pobreza.
Enquanto isso, na prática e no presente, Gel comemora o aumento de renda: “Todo mundo
fica bem, não é? Fica de bom humor, ninguém reclama de nada, aí é muito bom”.
Com o exemplo descrito, você conheceu ações que promoveram a proteção da sociedade
brasileira e o combate às causas da pobreza e da marginalidade.
Mas se você já consultou a nossa Constituição, pôde constatar que há outras formas de se
fazer isso.
De olho na realidade
36
MÓDULO 1 UNIDADE 2
Atenção
Cabe a cada esfera de governo exercer um papel específico, colocar à disposição recursos
humanos, materiais e financeiros suficientes para que as atividades sejam realizadas a
contento e atuar em acordo com o que for consenso, nas instâncias deliberativas do
setor e entre essas instâncias.
No art. 195, a Constituição estabelece quais são as fontes que deverão viabilizar essa parte da
Política Pública de Proteção Social Não Contributiva, mesmo porque os recursos provenientes
das contribuições dos trabalhadores formais não seriam suficientes. No próprio artigo e nos
incisos I a III essas fontes estão claramente definidas.
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições
sociais:
I. do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes
sobre:
-- a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados,
a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício;
-- a receita ou o faturamento; e
-- o lucro.
II. do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de
previdência social de que trata o art. 201;
III. sobre a receita de concursos de prognósticos;
IV. do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
38
MÓDULO 1 UNIDADE 2
Destacando...
• Em princípio, os governos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais devem
colocar recursos de seus orçamentos.
• Depois as empresas com a contribuição sobre sua folha de salários e com uma parcela
da receita ou faturamento e, ainda, contribuindo sobre o lucro líquido que tiverem.
• Os trabalhadores formais ou os autônomos que pagam carnês e que também recolhem,
mensalmente, uma contribuição ao INSS.
• Finalmente há uma parcela das apostas nas loterias oficiais e contribuições sobre
produtos importados.
É preciso que todo mundo contribua um pouquinho para não faltar dinheiro e os governos,
ainda, podem destinar recursos de outras fontes, de acordo com seus objetivos específicos.
Família o que é?
E como é considerada para efeitos de acesso aos benefícios?
Um repórter ao entrevistar três pessoas diferentes sobre o que para elas significava o termo
família, obteve as seguintes respostas:
Atualmente, sabemos que existem muitos outros modelos de organização familiar que
foram se constituindo no Brasil, em especial o da família matrifocal, ou seja, aquelas
famílias constituídas pela mulher “chefe da família” e seus filhos e filhas, biológicos
ou não, resultantes de uma ou mais uniões, de um companheiro(a), permanente ou
ocasional, ou, ainda, por outras pessoas que gravitem em torno desse núcleo. Hoje
também verificamos casais que, embora partilhem uma vida em comum, nem sempre
habitam sob um mesmo teto. E há, ainda, aqueles grupos familiares constituídos por
pessoas que não são ligadas por laços consangüíneos.
Atenção
40
MÓDULO 1 UNIDADE 2
Atenção!
Nos Módulos 2 e 3 o conceito de “família” será novamente estudado.
Nos Módulos 4 e 5 o tema “família referenciada” será aprofundado.
41
MÓDULO 1 UNIDADE 3
42
MÓDULO 1 UNIDADE 3
• Primeira vertente
Provisão de serviços: organização e implementação dos serviços, inclusive os serviços
socioassistenciais voltados a indivíduos, às famílias e a diversos segmentos sociais em situação
de vulnerabilidade e risco.
• Segunda vertente
Pagamento de benefícios: a partir da Constituição de 1988 pelo Benefício de Prestação
Continuada – BPC seguido de programas de transferência condicionada de renda.
Realidade brasileira
• Fome
• Miséria
• Moradia precária
• Desigualdade
• Negligência e abandono
• Falta de escolaridade
Pare e pense
• Você já pensou no tamanho do nosso país?
• No percentual da população que demanda atendimento?
• Na diversidade de realidades e nas diversas manifestações de desigualdades nele
existentes?
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MÓDULO 1 UNIDADE 3
As saídas que o Estado brasileiro perseguiu, nos anos mais recentes, caminharam sobre
duas vertentes integradas:
• os serviços socioassistenciais oferecidos em cada localidade; e
• os benefícios.
44
MÓDULO 1 UNIDADE 3
Atenção!
De mero favor, a Assistência Social agora é direito do cidadão.
Uma dica
Visite o site http://www.mds.gov.br/suas/conheca/conheca01.asp. Leia e conheça mais sobre
o Sistema Único de Assistência Social. O SUAS teve seu
marco inicial de
implantação em
“A Assistência Social passa por profundas mudanças no Brasil.
julho de 2005 com a
Está em marcha a implantação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), uma aprovação da NOB –
verdadeira revolução na Assistência Social brasileira. Planejado e executado pelos Norma Operacional
Básica/SUAS.
governos federal, estaduais, municipais e do Distrito Federal, em estreita parceria com
Resultou dos debates
a sociedade civil, o SUAS organiza, pela primeira vez na história do país, serviços, realizados pela
programas e benefícios destinados a cerca de 50 milhões de brasileiros, em todas as sociedade brasileira
faixas etárias. para colocar em
prática os preceitos
O novo sistema é fruto de quase duas décadas de debates e coloca em prática os preceitos da Constituição de
da Constituição de 1988, que integra a Assistência à Seguridade Social, juntamente com 1988 que integra a
Saúde e Previdência Social. Assim, as diversas ações e iniciativas de atendimento à Assistência Social
população carente deixam o campo do voluntarismo e passam a operar sob a estrutura à Seguridade
de uma política pública de Estado.” Social, juntamente
com a Saúde e a
Previdência Social.
Uma nota
O SUAS está integrando serviços, programas e benefícios. Isso é o que você conhecerá
continuando seu estudo.
Para você conhecer a trajetória da construção do Sistema Único de Assistência Social desde
a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, aprovada em 1993, até o estabelecimento das
bases do novo Sistema, com a aprovação da Política Nacional de Assistência Social – PNAS,
no final de 2004, acompanhe a análise feita sobre os primeiros passos da construção do
SUAS.
Pode-se afirmar que tal modelo favorecia, em sua lógica, uma tendência histórica de retirar
seus usuários do convívio familiar e comunitário. Exemplo disso é o número de crianças
em abrigos e idosos em asilos, equipamentos historicamente co-financiados pelo Governo
Federal, em décadas anteriores, que sempre foi pautado pela lógica de financiamento por
indivíduo atendido (necessitado), o que, por si só, afirma um modelo socioassistencial que
perpetua a exclusão e a segregação social.
Isto significa, ao mesmo tempo, que a política social e a pobreza eram compreendidas como
irmãs siamesas e a política de Assistência Social se expressava por ações circunstanciais
ofertadas aos mais necessitados. Seguindo esta linha de análise, leia com atenção o que diz o
seu Assistente sobre o processo de construção do SUAS.
Atenção
As bases do SUAS
para a gestão, o
financiamento e A Política Nacional de Assistência Social de 2004 (PNAS/2004), aprovada pelo Conselho
o controle social
Nacional de Assistência Social (CNAS) em 15 de outubro de 2004, pela resolução
da assistência
social recuperam nº 145, e publicada no Diário Oficial da União em 28 de outubro de 2004, fruto de
a primazia da ampla mobilização, entre outros, dos setores organizados, dos movimentos sociais, dos
responsabilidade do trabalhadores, dos gestores e conselheiros, reafirmou os dispositivos da Constituição
Estado, na oferta dos Federal e da LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social, estabelecendo diretrizes e
serviços, programas, princípios congruentes com esses para implantação do Sistema Único de Assistência
projetos e benefícios
Social – SUAS.
socioassistenciais,
reiterando a
concepção de que só
o Estado é capaz de Rompendo com os modelos socioassistenciais anteriores, o SUAS introduz mudanças
garantir os direitos e fundamentais.
o acesso universal aos
que necessitam da
Assistência Social.
46
MÓDULO 1 UNIDADE 3
A construção do SUAS configura-se como o esforço de romper com o modelo até então
implantado no Brasil e, como visto, recorrente mesmo depois da aprovação da LOAS em
1993. O SUAS, principal deliberação da IV Conferência Nacional de Assistência Social,
introduz mudanças profundas nas referências conceituais, na estrutura organizativa e
na lógica de gerenciamento e controle das ações.
• a matricialidade sociofamiliar,
• a descentralização político-administrativa,
• a territorialização, bases reguladas para relação entre Estado e sociedade civil, o
financiamento pela três esferas, o controle social, a política de recursos humanos e a
informação, monitoramento e avaliação.
Um dado importante
As portas de entrada para o Sistema são estatais e já se encontram espalhadas pelo Brasil. Para saber um
São elas: os Centros de Referência de Assistência Social – CRAS e os Centros de Referência pouco mais sobre
Especializados da Assistência Social – CREAS. os CRAS e CREAS,
consulte o texto da
Norma Operacional
• CRAS – são implantados em território de maior vulnerabilidade social.
Básica do SUAS,
• CREAS – podem ser organizados pelo Município, em âmbito local, em âmbito regional disponibilizado na
ou organizados pelo Estado-membro. midiateca para você.
47
MÓDULO 1 UNIDADE 3
Pontos de destaque
Neste novo prisma, agrega-se ao conhecimento
da realidade, a dinâmica demográfica associada
à dinâmica socioterritorial. É possível, assim,
ultrapassar os recortes setoriais em que,
tradicionalmente, se fragmentaram as atenções na
política de Assistência Social.
Resumindo...
A oferta de programas, projetos e serviços socioassistenciais, com base no território, possibilita
uma adequada escala de proximidade entre a oferta e os usuários e, também, a indissociável
gestão de serviços, benefícios e renda.
Um lembrete
Os serviços socioassistenciais oferecidos nos CRAS e nos CREAS, aí em seu Município ou
em sua região, não esgotam as necessidades de Assistência Social de pessoas ou famílias
acolhidas e atendidas.
48
MÓDULO 1 UNIDADE 3
A regionalização dos serviços de média e alta complexidade do SUAS é tarefa fundamental A concepção
de serviços
e prioritária a ser coordenada e executada, no caso dos serviços de referência regional, pelos
territorializados
governos estaduais, em conjunto com os gestores municipais. no SUAS requer
gestão cooperada
A regionalização é outra importante diretriz trazida pelo SUAS. e compartilhada
entre os três entes
federados.
Você sabe o que é regionalização?
Regionalização é a base territorial de planejamento,
definida no âmbito estadual, de acordo com as
características e estratégias de organização de
cada estado, na oferta dos serviços de média e alta
complexidade.
49
MÓDULO 1 UNIDADE 3
50
MÓDULO 1 UNIDADE 3
2. A matricialidade sociofamiliar
Inovador na Assistência Social, recoloca a responsabilidade do Estado de apoiar as famílias,
no seu papel de proteger os seus membros e indivíduos.
O SUAS possibilita às famílias e aos indivíduos o direito à convivência familiar e comunitária.
São nos serviços socioassistenciais da proteção social básica do SUAS, prioritariamente, que
esses direitos devem se efetivar com maior ênfase, tendo em vista seu caráter preventivo das
situações de risco pessoal e social, do desenvolvimento de potencialidades e habilidades e o
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. Ainda são assegurados, em sua área de
abrangência, a vigilância e a defesa social e institucional às famílias e aos indivíduos.
3. A gestão financeira
Inaugurada pelo SUAS é associada intrinsecamente à gestão da política. Destaca-se a
alteração da lógica de transferências dos recursos para estados e municípios que, antes do
SUAS, ocorria por programas e projetos específicos, e que geravam mais de oitenta formas
de repasse por modalidades (por exemplos: PAC, ASEF, jornada parcial e integral, API, PPD
etc.). Tal modelo, conforme se constatou, historicamente “fragilizava as instâncias técnicas
para o planejamento e alocação de recursos, além de gerar desconfiança nas esferas estaduais
e federal sobre a capacidade de gestão autônoma dos municípios”.
51
MÓDULO 1 UNIDADE 3
Resumindo
O SUAS reforçou o caráter tripartite do financiamento e fortaleceu as Comissões Intergestores
Tripartite (CIT) e Bipartite (CIBs) do sistema, além de instaurar um processo de eliminação
da relação por convênios entre entes da federação. A lógica da gestão financeira, pautada na
cooperação e respeito mútuo entre os gestores, requer o fortalecimento do controle social.
E, por fim, o eixo que representa um novo patamar de tratamento de dados e informações.
4. O Monitoramento e a Avaliação
Uma Análise das Características e dos Resultados da Rede SUAS – A Rede SUAS
Sistema Nacional de Informação da Assistência Social
Com seu conjunto de aplicativos, a Rede SUAS já se configura como ferramenta importante
para subsidiar a efetivação do sistema de vigilância e defesa social e institucional do SUAS.
Os aplicativos da Rede SUAS possibilitam, ainda, uma nova lógica para a gestão e para a
oferta dos serviços socioassistenciais no Brasil, visto que o sistema de informação já abarcou
todas as áreas concernentes à gestão, ao financiamento e ao controle social da política, dando
suporte aos seus novos dispositivos e procedimentos.
Desde a implantação do SUAS e a construção da Rede SUAS, a transferência de recursos da
União para os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios tem sido caracterizada
pela agilidade, regularidade e transparência, favorecendo a atuação desses entes, como
gestores dos sistemas locais, regionais e estaduais de Assistência Social. Com isso, amplia-
se, substantivamente, a capacidade de descentralização político-administrativa ensejada pela
LOAS.
52
MÓDULO 1 UNIDADE 3
Transações financeiras
• SISFAF – informa o repasse de fundo a fundo
• SIAORC – acompanhamento orçamentário
• SISCON – gestão de convênios operados pelo FNAS
Suporte gerencial
• S
UASWeb – informação da assistência social, registra os planos de estados e de
municípios e demonstrativos de execução física e financeira
• SIGSUAS – relatório de gestão (informações de serviços)
• CADSUAS – dados da rede socioassistencial
• GEOSUAS – territorialização da informação
Controle social
• I NFOSUAS – sistema de consultas sobre os repasses financeiros do FNAS auxiliado
pelo GEOSUAS
• SICNAS
– ferramenta da gestão dos conselhos
53
MÓDULO 1 UNIDADE 3
Você percebeu a importância dessas informações para uma gestão eficaz e transparente
do SUAS?
Para esse fim, além do agregado de dados e informações entregues pela Rede SUAS, várias
pesquisas foram e estão sendo realizadas pelo Ministério de Desenvolvimento Social e
Combate à Fome – MDS, em parceria com institutos de pesquisa e universidades. Destaca-
se a recente pesquisa sobre a gestão pública de Assistência Social realizada pelo IBGE, como
suplemento da Pesquisa de Informações Básicas Municipais – MUNIC, lançada em 7 de
dezembro de 2006. De caráter censitário, essa pesquisa alcançou todos os municípios com
questões vinculadas à gestão da Assistência Social pelos órgãos municipais.
O que você precisa saber sobre o Programa Bolsa Família para orientar a sua atividade
profissional?
Em primeiro lugar você vai conhecer a origem do Bolsa Família, em seguida seus princípios
e fundamentos, bem como o estágio da sua implementação.
Contextualização e antecedentes
Elemento central da vertente relativa ao pagamento de benefícios e de integração com outras
políticas sociais.
54
MÓDULO 1 UNIDADE 3
55
MÓDULO 1 UNIDADE 3
Esta concepção parte do princípio que políticas para redução da pobreza e das desigualdades
pressupõem uma opção do Poder Público por privilegiar os mais pobres. Para tanto, é preciso
um tratamento diferenciado dos mais pobres, de forma a reduzir desigualdades prévias de
condições e, no futuro, promover a igualdade. Encontra-se aqui uma tradução dos princípios
da eqüidade na implementação de política pública e uma condição fundamental é a utilização
de parâmetros de justiça distributiva. Embora defenda políticas universais, entende que,
mesmo essas, que são direitos de todos, devem ter um olhar diferenciado para os mais pobres,
com priorização de atendimento.
Você observou que este terceiro pensamento está mais próximo àquele considerado no Bolsa
Família?
Nesta concepção, para priorizar os mais pobres é importante considerar critérios de acesso,
bem como critérios de focalização, mas não numa concepção residual de selecionar apenas
os extremamente pobres. Focalização deve ser entendida como a aplicação de critérios de
priorização, em especial para permitir a inclusão daqueles que, historicamente, estiveram à
margem das políticas públicas.
Se estiver claro para você que a erradicação da pobreza e a redução da desigualdade não
podem se viabilizar sem perspectiva de longo prazo, também deve estar claro que não
se viabilizam sem mecanismos diretos e de grande escala de redistribuição de renda. Os
programas de transferência de renda passam, então, a ganhar centralidade como política
que articula dimensões econômicas e sociais e, ao mesmo tempo, incorporam visão de
longo prazo, com impacto para gerações futuras, e iniciativas que repercutem de forma mais
imediata nos indicadores de pobreza e desigualdade.
O Bolsa Família deve ser entendido como uma ação transversal, com interface com diferentes
políticas públicas.
A dimensão da transferência de renda, embora seja o componente mais visível, não deve
ser concebido como um fim em si. A transferência de renda é um instrumento, ou melhor,
uma estratégia que se articula a um conjunto de políticas, que permitam o enfrentamento
conseqüente da pobreza e da desigualdade. Tem, portanto, a percepção de que, no contexto
de desigualdades e pobreza, como o brasileiro, devem ser assegurados níveis mínimos de
subsistência a todas as famílias pobres e extremamente pobres e, ainda, devem ser construídos
instrumentos que possibilitem que a geração seguinte, os filhos das famílias beneficiárias,
tenham um vida diferente no futuro. Ou seja, devem contribuir para o rompimento do ciclo
de transmissão da pobreza entre gerações.
57
MÓDULO 1 UNIDADE 3
A equipe do Programa, que entrevistou a agricultora Maria Angélica dos Santos, relatou o
seguinte fato.
De todos os programas públicos, o que mais cresceu nos últimos anos foi o Bolsa Família.
Atualmente, 11,1 milhões de família recebem o benefício no Brasil. Só em Irará, são 3.982.
Para receber o dinheiro todo mês as famílias têm que cumprir algumas regras: criança em
idade escolar deve freqüentar as aulas. Gestante, mamãe e bebê precisam estar em dia com o
calendário de saúde, que inclui vacinação e acompanhamento pré-natal.
Ele explica que o critério de inclusão no programa é a renda mensal por membro da casa.
Têm direito ao benefício todas as famílias com rendimento mensal de até R$ 60,00 por pessoa.
Exemplo: se uma família ganha R$ 200,00 por mês e tem quatro pessoas, sendo duas crianças
em idade escolar, a renda por pessoa é de R$ 50,00. Ou seja, ela tem direito a um benefício
básico e dois benefícios variáveis (R$18,00 reais por criança), totalizando R$ 94,00.
Em relação a essa história, você pôde observar que para o recebimento do Bolsa Família
existe uma análise feita a partir de critérios de elegibilidade. Pôde observar, também, que o
valor do benefício depende da renda e da composição familiar. Mais a frente, você estudará,
em detalhes, os critérios de elegibilidade e os valores dos benefícios de acordo com cada
situação familiar.
58
MÓDULO 1 UNIDADE 3
O Programa Bolsa Família foi criado em outubro de 2003, por meio de Medida Provisória,
convertida em lei em 09 de janeiro de 2004. É a Lei nº 10.836.
Fique sabendo o que é o Bolsa Família e como a concessão de benefícios financeiros chega
às famílias de baixa renda.
A Medida Provisória
Vale Lembrar n° 411/2008 amplia
a faixa etária do PBF
para adolescentes
O Bolsa Família é um programa de transferência de renda com condicionalidades. até 17 anos.
Assim, as famílias
A concessão de benefícios financeiros pelo PBF considera famílias pobres aquelas com beneficiárias que
até R$ 120,00 de renda mensal. Entre estas, as famílias com renda per capita mensal de têm adolescentes de
até R$ 60,00 são elegíveis, independentemente, de sua composição; e as famílias com 16 e 17 anos na sua
composição poderão
renda per capita mensal entre R$ 60,01 e R$ 120,00 podem ingressar no Programa, desde
receber o Benefício
que apresentem em sua composição crianças e adolescentes de até 15 anos, gestantes Variável Jovem
ou mães que estejam amamentando. Os benefícios do Bolsa Família são de dois tipos: (BVJ) no valor de R$
básico e variável, de acordo com a renda familiar. Cada família pode receber entre R$ 30,00, até o limite de
20,00 e R$ 122,00 por mês, dependendo da sua situação socioeconômica e do número dois benefícios por
de crianças e adolescentes até 15 anos e gestantes. família. O PBF passa
a ter, então, três
benefícios: o básico,o
variável e o variável
Para entender melhor esta análise, acompanhe o quadro
jovem.
59
MÓDULO 1 UNIDADE 3
É importante considerar que, para o Bolsa Família, as famílias com renda mensal de até
R$ 60,00 per capita são consideradas extremamente pobres e aquelas com renda mensal
entre R$ 60,01 e R$ 120,00 são consideradas pobres.
Programas remanescentes
Você sabia?
A lei que criou o Bolsa Família também definiu a unificação dos programas não constitucionais
de transferência de renda. Alguns tinham condicionalidades, outros não.
São eles:
• Bolsa Escola.
• Bolsa Alimentação.
• Auxílio Gás e Cartão Alimentação.
É importante considerar, ainda, que o Bolsa Família é um dos programas que compõem o Fome
Zero. Este pode ser definido como uma estratégia impulsionada pelo Governo Federal para
assegurar o direito humano à alimentação adequada às pessoas com dificuldades de acesso
aos alimentos. Essa estratégia se insere na promoção da segurança alimentar e nutricional,
buscando a inclusão social e a conquista da cidadania da população mais vulnerável.
Conheça bem cada uma das dimensões que caracterizam o Programa Bolsa Família
60
MÓDULO 1 UNIDADE 3
São:
• alívio imediato da pobreza – por meio
da transferência de renda diretamente às
famílias;
• contribuição para a redução da pobreza
para a geração seguinte – reforço no
cumprimento das condicionalidades e do
direito à saúde e à educação;
61
MÓDULO 1 UNIDADE 3
É hoje o resultado mais perceptível e mensurável do PBF. Estudos mostram que o Brasil
tem reduzido a pobreza, em especial a extrema pobreza, a desigualdade e a fome, e o Bolsa
Família tem papel preponderante nesse resultado. Estudos realizados pelo MDS mostram
que as famílias utilizam o benefício, principalmente, para a compra de alimentos.
Um aspecto importante é que não há intermediação no pagamento do benefício. Este é
sacado diretamente pelo beneficiário, por meio de cartão bancário, na rede bancária ou
correspondente bancário. Embora seja uma característica percebida com naturalidade na
atualidade, o fato de não haver intermediário no pagamento dos benefícios é uma mudança
radical em relação à história de clientelismo e de populismo vivida pelo país, onde os
benefícios sociais sempre estiveram vinculados aos políticos, aos governantes ou a entidades
assistenciais específicas.
Para entender melhor essa dimensão, é preciso responder à pergunta: afinal o que são
condicionalidades?
É um contrato pautado por três tipos de responsabilidades complementares. De um lado,
é responsabilidade das famílias no cumprimento de uma agenda mínima na área da saúde
e da educação, agenda esta que contribui para melhorar as condições para que as crianças
e jovens de famílias beneficiárias tenham uma vida diferente no futuro. Esta agenda, na
área de educação, é a matrícula e a freqüência escolar mínima de 85% das crianças e dos
adolescentes entre 6 e 15 anos integrantes das famílias beneficiárias. Freqüência superior,
inclusive, àquela exigida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação para aprovação. Na área
de saúde, a agenda é o acompanhamento da vacinação e do crescimento e desenvolvimento
das crianças até 6 anos de idade e, ainda, da gravidez, parto e puerpério das mulheres. O
objetivo é associar a renda com o acesso das crianças e adolescentes à educação básica, à
sua permanência na escola, à inserção dos grupos familiares na rede de saúde. Além disso,
também deve ser assegurado o compromisso da família de que as crianças não serão expostas
ao trabalho infantil.
Ao lado do compromisso da família, é preciso assegurar o compromisso do Poder Público em
prover serviços e garantir acesso a bens e serviços essenciais nas áreas de saúde e educação
que, como vimos antes, embora de caráter universal, em várias situações não permitem o
atendimento dos mais excluídos. Neste sentido, é um reforço de direitos de cidadania.
É por este motivo que o compromisso da família só pode ser cobrado se houver oferta de
serviços e garantia de acesso. Mais do que isso, é uma forma de responsabilizar o Poder
62
MÓDULO 1 UNIDADE 3
Público pela “busca ativa” dos mais excluídos, se porventura não for identificada busca
espontânea de serviços. Com a integração entre o PBF e o PETI, o acompanhamento da
jornada complementar das crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, também
passa a se constituir numa condicionalidade.
O terceiro componente do contrato é o seu monitoramento. O acompanhamento das
condicionalidades para o recebimento do benefício do programa, mais do que um caráter
punitivo de suspensão de benefícios, está relacionado ao monitoramento do acesso das
famílias aos direitos sociais básicos de educação e saúde, bem como com à identificação das
causas familiares e sociais do seu eventual não cumprimento.
Nesse caso, saber os motivos de não cumprimento de condicionalidades é um instrumento
importante para que se identifiquem aquelas famílias que se encontram em maior grau de
vulnerabilidade e risco social, sendo, portanto, um indicador para a orientação das políticas
sociais e para a priorização para acompanhamento familiar mais individualizado. O alcance
desse propósito requer uma abordagem intersetorial, na qual o acompanhamento das famílias
incluídas no programa seja feito de forma articulada, por equipes das áreas de assistência
social, educação, saúde e outras que, no Município, respondam por ações que propiciem a
inserção social e a emancipação das famílias em situação de pobreza. Já vimos isso, quando
falamos do SUAS, lembra?
Articulação com o que a lei chama de “ações complementares”
capacidades de forma a que estejam em situação mais satisfatória do que aquela de antes do
PBF. Para outras famílias, o acesso a programas complementares pode contribuir para que as
mesmas abram mão do benefício, em função da possibilidade de prover renda a partir do seu
próprio trabalho. Entre as ações mais significativas, merecem destaque aquelas nas áreas de
geração de trabalho e renda, o aumento da escolaridade e o acesso ao conhecimento, melhorias
nas condições habitacionais, além de outras políticas que visam promover o desenvolvimento
social e econômico sustentável das famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família.
64
MÓDULO 1 UNIDADE 3
65
MÓDULO 1 UNIDADE 3
A lei que criou o Programa, Lei nº 10.836, de 09/1/04, definiu, no parágrafo 6º do art.
2º, que poderia haver modificação nos valores dos benefícios e nos valores referenciais
para a caracterização de situação de pobreza ou extrema pobreza, que são as linhas de
pobreza utilizadas pelo PBF. Para tanto, e considerando como referência a dinâmica
socioeconômica do país, seriam necessários estudos técnicos sobre o tema. Assim, por
meio do Decreto nº 5.749, de 11/4/06, os valores para a caracterização da situação de
pobreza foram atualizados. O processo de atualização das estimativas de pobreza foi
realizado a partir dos dados da PNAD 2004 e, para sua desagregação em nível municipal,
Inicialmente, quando novamente utilizou-se o Censo de 2000.
da criação do PBF,
a fonte de dados
utilizada para a
Foi este estudo que definiu que são consideradas famílias:
aplicação empírica • extremamente pobres – aquelas com renda per capita mensal de até R$ 60,00 ;e
desses valores foi
a PNAD – 2001, • famílias pobres – aquelas com renda per capita mensal de R$ 60,01 até R$ 120,00.
que constituía a
base de dados de Saiba como é feito este cálculo
cobertura nacional
mais atualizada Para o cálculo da renda, considera-se a soma dos rendimentos brutos recebidos mensalmente
naquele momento. pela totalidade dos membros da família, excluindo-se aqueles concedidos por programas
Esse procedimento oficiais de transferência direta de renda.
gerou, quando do
lançamento do Bolsa Com isso, houve uma revisão da estimativa de famílias pobres no Brasil, que passou para 11
Família, a estimativa milhões e 100 mil em 2006.
de 11,2 milhões de
famílias pobres em Como é feita a identificação das famílias para a inclusão
todo o país.
A partir daí, A identificação das famílias com perfil Bolsa Família é feita por meio do Cadastro Único,
foram feitos importante ferramenta de gestão do Programa e dos demais programas sociais do Governo
desdobramentos Federal.
de estimativas
específicas para
cada Município Atenção, gestor, agora é com você, é de sua responsabilidade
brasileiro, que, além As prefeituras, por meio dos gestores municipais do Programa, desempenham função
da PNAD, agregavam
estratégica na identificação das famílias que se encontram em situação de pobreza, em seu
informações do Censo
2000. Ou seja, embora Município, de forma a direcionar com maior precisão e eficácia a inclusão das famílias no
o PBF não trabalhe Cadastro e, por conseguinte, no PBF.
com “cotas” de
A inclusão da família no PBF é feita, exclusivamente, entre as famílias cadastradas no Cadastro
atendimento, como
foi o caso do Bolsa Único, observando os critérios de elegibilidade do Programa.
Escola, ele considera
como referência Lembre-se
estimativas de
cobertura calculadas
com base na PNAD.
66
MÓDULO 1 UNIDADE 3
O fato de uma família estar incluída no CadÚnico não quer dizer que, automaticamente, ela
receberá o benefício.
A inclusão de famílias no Programa é feita pelo Governo Federal, a partir da identificação de
famílias elegíveis no Cadastro Único e, ainda, considerando, como referência, a estimativa de
famílias pobres em cada Município brasileiro. Tal inclusão também considera os processos
de migração de famílias que eram atendidas pelos programas remanescentes, ou seja, os
Programas de transferência de renda que antecederam o PBF.
Tal decisão garantiu o direito das famílias que já vinham sendo atendidas por outros
programas e, ainda, deu legitimidade à idéia de que tais programas não são iniciativas de um
único governo, mas demandam compromisso continuado.
A lei que criou o PBF definiu que ele unificaria os programas Bolsa Escola, Bolsa Alimentação,
Auxílio Gás e Cartão Alimentação.
67
MÓDULO 1 UNIDADE 3
Bolsa Escola: o Bolsa Escola federal foi criado em 2001 por iniciativa do Ministério
da Educação. O público-alvo era formado por crianças entre 6 e 15 anos de idades,
cujas famílias tinham uma renda per capita abaixo de R$ 90,00. O valor do benefício
era de R$ 15,00, por criança, até um máximo de R$ 45,00 (três crianças). Em termos de
condicionalidade, as crianças beneficiárias deviam ter freqüência de pelo menos 85%
das aulas. A maior parte das crianças beneficiárias foi cadastrada no Cadastro do Bolsa
Escola – Cadbes.
Bolsa Alimentação: este programa foi criado em setembro de 2001, por iniciativa do
Ministério da Saúde. Tinha como objetivo combater a mortalidade infantil, em famílias
com renda per capita mensal de R$ 90,00. O valor do benefício era de R$15,00, por
criança entre 0 e 6 anos ou mulher grávida, até um máximo de R$ 45,00 (três crianças).
Em termos de condicionalidade, a família se comprometeria a atualizar o cartão de
vacinação das crianças entre 0 e 6 anos e as mães a fazer visitas regulares ao posto de
saúde para o pré-natal e enquanto estivessem amamentando.
Auxílio Gás: este programa foi criada em dezembro de 2001, como medida
compensatória para o fim do subsídio ao gás de cozinha. Era destinado a famílias com
renda mensal per capita de até meio salário mínimo. Este programa não impunha
nenhuma condicionalidade à família a não ser estar registrada no CadÚnico. O valor
do benefício era de R$ 7,50 por mês, pagos bimestralmente. O Ministério das Minas e
Energia era responsável por sua administração.
68
MÓDULO 1 UNIDADE 3
O desafio é...
A articulação dos diversos agentes políticos em torno da promoção e inclusão social das
famílias que vivem em situação de pobreza e extrema pobreza.
Nesse sentido, o Programa Bolsa Família não pode prescindir da participação efetiva das
três esferas de governo, como co-responsáveis pela sua implementação, estabelecendo um
modelo de gestão compartilhada, em que a União, os Estados-membros e os Municípios
atuam como co-responsáveis pela sua implementação, gestão e fiscalização.
69
MÓDULO 1 UNIDADE 3
Algumas atribuições:
• promoção da ação intersetorial, articulando outras políticas públicas, como saúde,
educação, Assistência Social com foco nas famílias beneficiárias;
• identificação das famílias pobres e sua inscrição no CadÚnico;
• acompanhamento das condicionalidades;
• oferta de programas complementares; e
• acompanhamento das famílias mais vulneráveis.
Uma dica:
Agora você pode identificar e conhecer quem, em seu Município, recebe recursos do Bolsa
Família. Esta informação está disponível no site do Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome (www.mds.gov.br) e, também, por meio do SIBEC – Sistema de Gestão
de Benefícios, que será melhor discutido no Módulo 3 do Curso, e que permite a gestão
descentralizada dos benefícios do Programa.
70
MÓDULO 1 UNIDADE 3
Todos conhecem no país o Programa Bolsa Família, não é mesmo? Principalmente você, que
atua profissionalmente em sua implementação e que sabe os efeitos que ele vem produzindo
no resgate social de famílias que se encontravam em situação de pobreza. Talvez, muitos não
saibam os efeitos que o PBF gera.
É hora de conhecê-los
• O Bolsa Família hoje está presente em todos os 5.564 Municípios brasileiros e no Distrito
Federal.
• Já beneficia 11 milhões e 100 mil famílias, ou seja, o número estimado de famílias pobres,
que corresponde a aproximadamente 45 milhões de pessoas.
• Seu custo fiscal é de menos que 0,5% do PIB/ Produto Interno Bruto.
• O PBF tem contribuído de forma significativa para a redução da pobreza e da desigualdade
em nosso país.
Por todas essas razões, não é em vão que o PBF seja tão conhecido e reconhecido.
Relembrando...
O que é O CADÚNICO?
O Cadastro Único, criado em 2001, também conhecido como CadÚnico é a base de dados
utilizada para o registro de informações sobre as famílias com renda mensal de até meio
salário mínimo por pessoa ou renda familiar mensal de até três salários mínimos. Por meio
dele é realizada a seleção dos beneficiários de alguns programas do Governo Federal, como,
por exemplo, o Bolsa Família.
71
MÓDULO 1 UNIDADE 3
Fique atento
Quanta responsabilidade.
Fique sabendo
A gestão do CadÚnico é feita de forma conjunta pelo Município e pelo Governo Federal. A
coleta de dados é feita pelos Municípios.
A veracidade das informações registradas no CadÚnico é de responsabilidade do gestor
local. O cidadão que responde ao questionário também deve ser informado sobre suas
responsabilidades em relação à veracidade das informações fornecidas.
Embora o Governo Federal buscasse, desde 2001, a unificação das informações dos programas
sociais em um único banco de dados, ao longo dos últimos anos essas informações foram
coletadas segundo critérios distintos, ditados pelas lógicas e interesses de cada um daqueles
Programas.
Atenção!
73
MÓDULO 1 UNIDADE 4
Também é muito importante destacar que a participação popular na gestão das políticas
públicas, mediante o controle social sobre a ação governamental, é uma conquista do povo
brasileiro que foi consagrada na Constituição de 1988, onde os movimentos sociais tiveram
um papel muito importante.
Nesses fóruns evoluíram os debates. Onze anos depois, valendo-se do poder a ele conferido
no inciso I do art. 18 da LOAS, o CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social aprovou,
por meio da Resolução nº 145, de 15 de outubro de 2004, a Política Nacional de Assistência
Social. A Política foi regulamentada, do ponto de vista operacional, pela Resolução do mesmo
Conselho de nº 130, de 15 de julho de 2005, pela Norma Operacional – NOB, que institui o
Sistema Único de Assistência Social – SUAS.
Você deve saber que estes Conselhos são, por força da lei, paritários, ou seja, são compostos
por representantes do governo e da sociedade civil. Assim, como você pode perceber, a Po-
lítica Nacional de Assistência Social de 2004 resultou de um acordo amplo entre a sociedade
civil e o Poder Público, em todos os níveis de Governo.
E tem mais
A I Conferência Nacional e a IV Conferência Nacional de Assistência Social definiram
a obrigatoriedade da implementação de planos de monitoramento, avaliação e a criação
de um sistema oficial de informação que possibilitasse:
• a mensuração da eficiência e da eficácia das ações previstas nos Planos de Assistên-
cia Social;
• a transparência;
• o acompanhamento;
• a avaliação do sistema; e
• a realização de estudos, pesquisas e diagnósticos, a fim de contribuir para a formu-
lação da política pelas três esferas de governo.
75
MÓDULO 1 UNIDADE 4
Pare e pense
A participação da comunidade é importante para melhor atender às necessidades da
população.
Você concorda?
Com certeza você concordou. A participação da comunidade é de fundamental
importância para melhor atender às necessidades da população, além de, também,
figurar como valioso instrumento, buscando transparência na atuação dos gestores.
A Rede SUAS e os vários sistemas que a compõem, muitos deles já instalados e disponíveis,
constituem-se em um elemento fundamental para que as organizações sociais presentes nos
Conselhos, as entidades da sociedade civil e qualquer cidadão ou cidadã tenham acesso às
informações relativas às ações de Assistência Social implementadas. Dessa forma, confere
aos processos transparência e possibilidades amplas de participação e de monitoramento e
avaliação, visando ao aperfeiçoamento do controle social sobre o conjunto da política e sobre
as ações implementadas em cada localidade.
A Lei nº 10.836, de 09 de janeiro de 2004, que cria o Programa Bolsa Família, estabelece o
controle social como um de seus componentes, garantindo a participação da sociedade na
execução e no acompanhamento do Programa.
Fique atento
A gestão do Programa Bolsa Família é compartilhada, ou seja, considera as responsabilidades
comuns e as que são específicas de cada ente da federação (União, DF, Estados e
Municípios).
A partir dessa idéia de gestão, você deve entender que...
Lembre-se
Criada na forma de comitê ou conselho, a ICS é constituída por pessoas, que compartilham
a responsabilidade de acompanhar o funcionamento e o desenvolvimento das ações
implementadas pelo Poder Público, no contexto do Bolsa Família, que potencializem os
resultados do Programa no Município. Cabe ainda lembrar que a ICS deve ser formada,
paritariamente, por representantes do governo e de entidades da sociedade civil, bem como
contar com representantes dos diversos setores envolvidos nos programas de Saúde, Educação
e Assistência Social, entre outros.
Atenção
A importância da ICS é tão grande que a própria Lei nº 10.836/2004, em seus artigos 8º e
9º, estabelece que a execução e a gestão do Programa Bolsa Família serão feitas de forma
descentralizada, por meio da conjugação de esforços entre os entes federados, observada a
intersetorialidade, a participação comunitária e o controle social. Desse modo, o controle e
a participação social do Programa Bolsa Família serão realizados, em âmbito local, por um
conselho ou por um comitê instalado pelo Poder Público municipal.
Características da ICS
Além dos objetivos de acompanhar o funcionamento e o desenvolvimento das ações im-
plementadas pelo Município, a ICS possui três importantes características, que devem ser
respeitadas para que se possa alcançar esses objetivos.
• Paridade governo-sociedade
Quando falamos em paridade governo-sociedade, estamos querendo dizer que a ICS do Bolsa
Família é formada, no Município, por representantes do governo local e tem, no mínimo,
metade dos seus membros indicada por entidades da comunidade.
• Representatividade
Significa que a ICS deve contar com representantes legitimamente indicados pela sociedade e
pelo governo, considerando os mais variados setores envolvidos no Programa, tais como: da
saúde, da educação e da Assistência Social, entre outros.
77
MÓDULO 1 UNIDADE 4
• Intersetorialidade
Refere-se à necessidade de se articular as diversas áreas que têm interface com o Programa
dentro do Município (ex: Saúde, Educação, Assistência Social, Trabalho).
Repare bem
Este é um importante instrumento normativo sobre a ICS do PBF.
78
MÓDULO 1 UNIDADE 4
De acordo com alguns especialistas na área do Serviço Social, a experiência dos conselhos
populares não é nova no Brasil, mas os conselhos na área de Assistência Social, como espaço
regulamentar na gestão administrativa, datam de 1988.
E continua o diálogo...
79
MÓDULO 1 UNIDADE 4
As conferências têm
o mesmo papel dos As conferências avaliam a situação da
conselhos? Assistência Social, definem diretrizes
para a política e verificam os avanços
ocorridos num espaço de tempo
determinado.
80
MÓDULO 1 UNIDADE 4
81
MÓDULO 1 UNIDADE 5
Desigualdade social
No decorrer de seu estudo você leu muito sobre isso.
Agora, chegou o momento de você conhecer alguns resultados das ações e serviços de
proteção social que combatem a exclusão, e por conseqüência, a pobreza e a desigualdade.
O Programa Bolsa Família tem contribuído de forma significativa para a redução da pobreza
e da desigualdade em nosso país.
Atualmente, o Programa Bolsa Família está presente em todos os 5.564 municípios brasileiros
e no Distrito Federal e beneficia cerca de 11 milhões e 100 mil famílias pobres. Isso corresponde
a, aproximadamente, 45 milhões de pessoas.
O programa tem um custo fiscal de menos que 0,5% do PIB e tem contribuído de forma
significativa para a redução da pobreza e da desigualdade em nosso país.
Atualmente, estão habilitados no SUAS 5.405 municípios, nos diferentes níveis de gestão
(dados do MDS em 12/02/2006):
• Inicial – 1.337
• Básica – 3.709
• Plena – 359
• Não habilitados – 159
82
MÓDULO 1 UNIDADE 5
Gestão Básica – é o nível em que o Município assume a gestão da Proteção Social Básica
e deve responsabilizar-se pela oferta de programas, projetos e serviços socioassistenciais
que fortaleçam vínculos familiares e comunitários que promovam beneficiários do BPC
e transferência de renda.
Gestão Plena – o Município tem a gestão total das ações de Assistência Social,
independente da origem de seu financiamento.
Na Proteção
Social Básica, o
Mas tudo isso valeu a pena? O que pensa você disso? sistema já financia
3.248 Centros
Das saídas que o Estado brasileiro procurou para enfrentar o grande desafio de promoção de Referência da
e inclusão social das famílias que vivem em situação de pobreza e extrema pobreza, os Assistência Social
resultados, vistos até aqui, comprovam que está valendo a pena. (CRAS), 112 mil
adolescentes no
Continue atento a outros dados que serão apresentados. Programa Agente
Jovem e 10 projetos
Diminuiu o grau de desigualdade de renda no Brasil de construção de
CRAS Indígenas.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2005, que tem como objetivo Na proteção social
fornecer um retrato da situação socioeconômica do país, revelou que declinou o grau de especial financia
desigualdade de renda no Brasil. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada 1.104 serviços
(IPEA), essa queda se deu de maneira contínua. especializados de
enfrentamento ao
A renda dos 20% mais pobres do país cresceu no período cerca de 5% ao ano, enquanto a dos abuso e exploração
20% mais ricos diminuiu em 1%. sexual de crianças
e adolescentes,
O Brasil foi capaz de reduzir níveis de pobreza e extrema pobreza em dois pontos serviços regionais
percentuais e os Centros
de Referência
Especializados da
Em material divulgado pelo IPEA, no período observado pelas PNADs 2001/2005, apesar do
Assistência Social
modesto crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil foi capaz de reduzir níveis de (CREAS), que
pobreza e extrema pobreza em dois pontos percentuais. atenderão todas as
pessoas com direitos
Os dados disponíveis indicam que parte substancial da queda na desigualdade, ocorrida no violados. Nesta
período analisado, deve-se a ao impacto dos programas de transferência de renda. proteção, encontra-
se o Programa de
Erradicação do
Trabalho Infantil
(PETI).
83
MÓDULO 1 UNIDADE 5
A despeito das limitações do levantamento, a PNAD 2004 fornece dados que permitem avaliar
o impacto dos programas federais de transferência de renda. Essas rendas são computadas
num componente denominado de “outros rendimentos” na PNAD. As evidências indicam
que todos os programas de transferência são bem focalizados, ou seja, as famílias mais pobres
receberam a maior parte dos recursos transferidos por esses programas.
O Brasil nos últimos anos vem passando por uma situação inédita. Um dos mais graves
problemas sociais do país, a desigualdade social, está diminuindo.
Em função dos dados agregados da categoria “outros rendimentos”, o IPEA construiu uma
metodologia de desagregação dos dados nela incluídos, no sentido da separação dos efeitos
do BPC, do Bolsa Família e dos juros na redução da desigualdade, por acreditar que essa é
uma boa linha de base para avaliar o efeito do BPC e do Bolsa Família.
Saiba mais
Segundo essa metodologia, o efeito do Programa Bolsa Família sobre a desigualdade social
levou a uma queda de 0,571. Isso significa que o Programa Bolsa Família foi responsável por
21% do efeito total de redução da desigualdade. O efeito renda do BPC levou a uma queda de
0,184 pontos de Gini, ou seja, 7% do efeito total.
Sintetizando...
Os programas de transferência de renda têm um grande impacto na redução da desigualdade
e da pobreza, em especial da pobreza extrema.
Além disso, estudos realizados pelo MDS mostram que, entre os beneficiários do Bolsa
Família, os indicadores de desnutrição melhoraram de forma substancial. As famílias estão
comendo mais e melhor, com aumento de quantidade e melhoria de qualidade dos alimentos
consumidos. Mostram, também, redução da desnutrição entre crianças beneficiárias do
PBF.
Estudos realizados por diferentes instituições de pesquisa e pelo Banco Mundial indicam que
os programas, efetivamente, chegam àqueles que deles necessitam e atendem aos critérios
definidos em lei.
84
MÓDULO 1 UNIDADE 5
Ou seja...
85
MÓDULO 2
86
MÓDULO 2 UNIDADE 1
Ementa
Unidade 1 – A importância do Cadastro Único: olhar, vozes e ação
• O que é Cadastro Único: definição, público-alvo e o Número de Identificação Social –
NIS
• O olhar: identificando a população em situação de pobreza
• As vozes: caracterizando necessidades e potencialidades da população
• A ação: desenhando, implantando e acompanhando políticas e programas voltados ao
desenvolvimento da população em situação de pobreza.
87
MÓDULO 2 UNIDADE 1
Começo de conversa
Existem alguns conceitos que são fundamentais para orientar as atividades e as ferramentas
utilizadas pelos gestores municipais e estaduais do Programa Bolsa Família e do Cadastro
Único. Ao longo do texto será possível compreender como a aplicação de conceitos, como
pobreza, família e gestão compartilhada, entre outros, permite utilizar com mais eficiência
o Cadastro Único, que é um importante instrumento de apoio à gestão dos programas de
desenvolvimento social.
Na última Unidade, você perceberá que o Cadastro Único é muito mais que um instrumento
para identificar e selecionar famílias para programas federais. Ele pode ser muito útil na
gestão do seu Município, sobretudo para as políticas sociais locais.
88
MÓDULO 2 UNIDADE 1
Estas são algumas das perguntas que vêm à sua mente quando se começa a pensar em um
cadastro unificado, que se propõe a compor um registro administrativo, e sirva como base
para os diversos programas de desenvolvimento social em andamento no país.
É importante entender
O processo de cadastramento único, realizado com um olhar aguçado e os ouvidos atentos
às vozes da população em situação de pobreza, é uma importante ferramenta de apoio à ação
dos gestores municipais que atuam na área social.
É importante ressaltar
O CadÚnico é um registro administrativo e não um programa. O CadÚnico não concede, por
si só, benefício algum, mas subsidia com informações diversos Programas que concedem
benefícios às famílias cadastradas.
89
MÓDULO 2 UNIDADE 1
Atenção
• O Cadastro Único não é Programa Social.
• O CadÚnico, em sentido mais estrito, é um instrumento de coleta de dados e
informações.
São eles:
Atenção
As informações disponíveis no CadÚnico, no entanto, não são para uso exclusivo do Governo
Federal.
Os Estados e Municípios também podem e devem utilizar estas informações na gestão de
suas políticas e programas sociais.
Isto porque...
O domínio destas informações possibilita o planejamento e a implementação de políticas
públicas de forma mais precisa, uma vez que o CadÚnico permite identificar e diagnosticar
as necessidades de cada família e até mesmo dos indivíduos que a compõem.
90
MÓDULO 2 UNIDADE 1
Isto é importante
A base de informações contidas no CadÚnico é bastante extensa e rica, contendo dados
referentes a diversos aspectos socioeconômicos das famílias inseridas. O Cadastro incorpora
dados das famílias que tenham renda familiar per capita de até meio salário mínimo ou renda
total familiar de até três salários mínimos.
Essa precisão só é possível devido ao NIS – Número de Identificação Social, que consiste em
um número atribuído a cada pessoa inserida no CadÚnico. É pelo NIS que se torna possível
identificar, controlar e acompanhar a situação cadastral de cada pessoa inscrita no Cadastro
Único.
Atenção
Este número, atribuído a cada indivíduo inserido no cadastro, é pessoal e intransferível, assim
como o RG e o CPF.
Conheça o que cabe à Caixa Econômica Federal (Agente Operador do Cadastro Único)
neste processo
Atribuir o NIS à pessoa, o que é feito de forma integrada com o sistema de numeração do
PIS/PASEP, permitindo cruzamento das informações com bases de dados da Previdência
Social e do Ministério do Trabalho.
No Módulo 1, você estudou que, para caracterizar a pobreza, é necessária uma análise ampla,
que considere as condições de acesso das famílias a diferentes bens e serviços.
Uma família é considerada pobre quando vive em situação de privação de renda e de outros
recursos necessários para obter uma situação de vida que lhe permita desempenhar seus
papéis na sociedade e desenvolver as potencialidades de todos os seus membros.
91
MÓDULO 2 UNIDADE 1
Isto é importante
Quantos mais e diversos olhos forem dedicados a esta tarefa, maiores são as chances do gestor
municipal ter uma visão ampla e completa do público que deseja identificar.
O olhar do Gestor Municipal deve ser, portanto, aberto o suficiente para compreender a
situação de pobreza, em uma perspectiva ampla, mas atento o bastante para apurar quais as
famílias que preenchem, efetivamente, o critério de renda adotado para o cadastramento.
92
MÓDULO 2 UNIDADE 1
93
MÓDULO 2 UNIDADE 1
Uma dica
Uma boa identificação do público-alvo em seu Município evitará que você cometa dois tipos
de erro:
• erros de exclusão: quando não são cadastradas famílias que atendem aos critérios de
renda estabelecidos para o CadÚnico, conforme dito anteriormente; e
• erros de inclusão: quando são cadastradas famílias fora do parâmetro de renda antes
definido.
Vale destacar que, de acordo com o parágrafo 1º do artigo 6º do Decreto 6.135/07, é possível
incluir, no CadÚnico, famílias que possuem renda superior ao definido para o seu público-
alvo. No entanto, a inclusão destas deve se justificar pela existência de programas sociais
federais, estaduais ou municipais voltados para elas.
Isto é importante
Diversos cuidados devem ser tomados, no processo de coleta de dados, para que a
voz dos cadastrados não seja induzida ou registrada de forma distorcida por parte do
cadastrador durante o procedimento de preenchimento do formulário.
Você deve ficar atento para captar a diversidade de situações e realidades que se apresentarão
nas entrevistas de cadastramento. Nesse contexto de diversidade aparecerão as especificidades
de cada distrito, cada comunidade e cada localidade. A partir do registro destas diferenças,
torna-se possível caracterizar o seu território e as particularidades que a pobreza nele
assume.
Eu e meu marido
trabalhamos muito, mas
o dinheiro que recebemos
não dá pra cuidar da nossa Moro com minha
filhinha. mulher e três filhos
95
MÓDULO 2 UNIDADE 1
Atenção
É importante que esse cadastro esteja sempre atualizado!
O artigo 7º do Decreto nº 6.135/07 informa que os dados das famílias cadastradas têm a
validade máxima de dois anos, contados a partir da data da inclusão das informações da
família no CadÚnico ou da data de sua última alteração. Este é o limite máximo, uma vez
O CadÚnico que o cadastro familiar deve ser atualizado sempre que houver mudanças no endereço de
possibilita, por residência da família, na sua composição e na sua renda total.
exemplo, que
você identifique Isto deve estar bem claro para você
quantas famílias, em
um determinado O CadÚnico permite ouvir as vozes da população em situação de pobreza de maneira mais
Município, possuem precisa, nítida e focalizada.
renda per capita
inferior a meio salário Governo em ação - elaborar, implantar e acompanhar
mínimo e possuem
em sua composição
As ações direcionadas para a redução da pobreza concretizam-se por meio da elaboração,
crianças portadoras
de deficiência e implantação, monitoramento e avaliação de políticas públicas específicas.
adultos analfabetos. A utilização do Cadastro Único como instrumento de apoio ao desenho destas políticas
é bastante vantajosa, gerando ganhos em todos os momentos do seu desenvolvimento e
implementação.
96
MÓDULO 2 UNIDADE 1
• Implantação: o CadÚnico permite definir, por exemplo, quais famílias serão priorizadas
pelos programas voltados para a redução da pobreza. Isto se torna possível, em função da
precisão do cadastro, que tem como unidades de registro os indivíduos e as famílias.
• Acompanhamento: o elevado grau de precisão do CadÚnico possibilita, ainda, um
acompanhamento minucioso e detalhado do atendimento prestado às famílias, assim
como um monitoramento das variáveis socioeconômicas mais relevantes. Dessa forma,
funciona como instrumento para avaliação da ação pública, tornando mais claros os
resultados obtidos com os programas implementados.
Como você já deve saber, a sociedade civil organizada pode ser um importante parceiro para
identificar o público-alvo do CadÚnico.
Certamente, a sociedade civil organizada tem muito a contribuir para as políticas públicas, Secretarias ligadas
a temáticas
seja em sua elaboração, implementação ou acompanhamento.
diversas, como
Deste modo podemos concluir que o Cadastro Único pode estimular a cooperação entre os Assistência Social,
diversos setores do governo e da sociedade, no processo de formulação, implementação e Desenvolvimento
Agrário, Trabalho
acompanhamento de diferentes políticas públicas.
e Educação, entre
outras, podem
Concluindo... compartilhar
informações e atuar
O Cadastro Único é, sem dúvida, um importante aliado da ação governamental, pois
de forma mais
proporciona maior precisão na elaboração, implementação e monitoramento de políticas integrada, o que
públicas. Além disto, estimula o governo a atuar de forma integrada e compartilhada com é estimulado pelo
outros entes de federação e com os diferentes segmentos da sociedade. caráter intersetorial
do Cadastro Único.
97
MÓDULO 2 UNIDADE 1
Nesta unidade, você conheceu um pouco da história e dos objetivos do Cadastro Único.
Descobriu quem é o seu público-alvo e como identificá-lo de maneira mais fácil, a
partir de um olhar focado e das ferramentas apropriadas.
Constatou, ainda, a importância de “escutar bem as vozes” dos cadastrados, para que,
no final, o poder público possa agir da melhor forma possível no desafio que é reduzir
a pobreza no Brasil.
98
MÓDULO 2 UNIDADE 2
Nesta segunda Unidade você vai entender como funciona a gestão do Cadastro Único.
A compreensão deste procedimento é fundamental para que você tenha a percepção correta
do quanto o seu trabalho é importante para que o cadastramento tenha êxito.
Um recado
A discussão introduzida no Módulo 1 sobre o pacto federativo brasileiro é fundamental para
que você possa compreender o modelo de gestão adotado pelo Cadastro Único.
Fique sabendo
A cooperação federativa, consagrada pela Constituição Federal de 1988, é uma referência
clara para a gestão do Cadastro Único, visto que este respeita a autonomia e as competências
de cada ente da federação.
Tal qual a maioria dos programas desenvolvidos no Brasil após a Constituição de 1988,
no Cadastro Único o Município possui um papel de destaque, o que se justifica pelas suas
maiores possibilidades de interlocução direta com a população.
Município
Protagonista do processo de gestão definido para o cadastramento único. Não poderia ser
diferente, pois o contato com as famílias em situação de pobreza é diretamente realizado pelo
município, o que o torna a peça-chave para garantir que o cadastro seja alimentado com
informações qualificadas. Cabe aos municípios identificar e cadastrar as famílias, atentando
para a importância da inclusão da população socialmente mais vulnerável.
99
MÓDULO 2 UNIDADE 2
Fique de olho
É fundamental que o referido gestor tenha consciência de que as
informações cadastrais, inseridas por ele, repercutem, inclusive,
nas bases utilizadas pela Caixa Econômica Federal para outros fins,
como os cadastros do SUS, do PIS/PASEP e do FGTS.
Governo Federal
São suas principais atribuições:
• coordenar, acompanhar e supervisionar a implantação e a execução do Cadastro Único,
avaliando-o e definindo estratégias para a melhoria da qualidade das informações;
• emitir regulamentos e instruções, inclusive aqueles referentes à especificação de sistemas,
mantendo os municípios informados sobre os procedimentos operacionais adotados
como padrão para o cadastramento.
A difusão dessas informações se dá por meio de Informes do PBF. Também são realizadas
capacitações em parceria com os estados ou por meio de atendimento a distância, para
esclarecer as dúvidas dos Gestores Municipais do Cadastro Único.
Saiba mais
O Governo Federal também apóia, financeiramente, os municípios, no cadastramento
e atualização cadastral, por meio dos recursos repassados, via IGD – Índice de Gestão
Descentralizada.
O IGD é um índice que foi desenvolvido com o objetivo de incentivar o aprimoramento
dos padrões de gestão local do Programa Bolsa Família e do Cadastro Único. Trata-se
de um indicador que varia entre 0 (zero) e 1 (um), sendo os maiores valores associados
à gestão mais eficiente e os menores, à gestão menos eficiente. O índice objetiva captar a
100
MÓDULO 2 UNIDADE 2
Fique informado
No âmbito do Governo Federal, a execução das atividades relacionadas ao Cadastro Único
está sob responsabilidade da Secretaria Nacional de Renda e Cidadania – SENARC, que foi
criada junto com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS. É a
SENARC que faz a validação e a avaliação dos cadastros para cálculo do IGD.
Um recado
Caso você deseje conhecer melhor as funções, competências e estrutura da SENARC, consulte
o regimento interno disponível no site do MDS.
Atenção
Todas estas importantes tarefas da CAIXA são projetadas e executadas sob supervisão e
orientação do MDS.
Estados
As principais atribuições dos governos estaduais são:
• oferecer apoio técnico, logístico e capacitação operacional para os gestores nos
municípios;
• contribuir para o fornecimento de documentos de identificação às famílias que compõem
o público-alvo do Cadastro Único no estado; e
• definir estratégias para cadastramento de povos e comunidades tradicionais, como
quilombolas e indígenas, e populações específicas, como as famílias em situação de rua,
obervando as orientações disponibilizadas pelo MDS.
101
MÓDULO 2 UNIDADE 2
3º passo – Sendo a solicitação autorizada pelo MDS, a CAIXA tem o prazo máximo de 15
dias para enviar os formulários ao Município. Daí a importância de efetuar a solicitação com
ao menos 20 dias de antecedência.
5º passo – Efetua-se a coleta de informações por meio de visitas domiciliares e/ou postos
de atendimento.
6º passo – O Município procede a digitação das informações coletadas na versão mais atual
do Aplicativo de Entrada e Manutenção de Dados do Cadastro Único (aplicativo off-line),
extrai os arquivos e os transmite à CAIXA por meio do Aplicativo Conectividade Social.
7º passo – A CAIXA processa os dados recebidos e atribui um Número de Identificação
Social – NIS a cada pessoa efetivamente inserida no cadastro. Em seguida, a CAIXA envia o
Arquivo-Retorno aos municípios, informando os cadastros processados com êxito e aqueles
que apresentaram problemas, ou seja, foram rejeitados.
102
MÓDULO 2 UNIDADE 2
11º passo – A SENARC/MDS processa a base recebida, valida cadastros, avalia a consistência
da base, gera indicadores e resultados de auditoria e atualiza as regras e procedimentos para
a gestão do CadÚnico.
Um recado
Nesta Unidade, você conheceu as responsabilidades de cada ente federado e
compreendeu como funciona o fluxo de gestão do Cadastro Único. Estas informações
são fundamentais para você entender que o Cadastro Único funciona como um sistema,
no qual o produto final alcançado é resultado do empenho e da cooperação de todos os
envolvidos.
103
MÓDULO 2 UNIDADE 3
Para se constituir uma boa gestão do CadÚnico é necessário conhecer a fundo os processos
operacionais realizados para sua construção e manutenção. Esta unidade abordará cada uma
das atividades necessárias para gerir o CadÚnico em seu Município, a partir de uma lógica
seqüencial, que permitirá a você saber por onde começar e que caminhos seguir para que o
CadÚnico possa funcionar de forma organizada e eficaz.
ORGANIZAÇÃO DO CADASTRAMENTO
• Primeiro passo
-- Quem são os pobres no seu Município?
-- Quantos são eles?
-- Onde estão localizados?
Essas são algumas das perguntas que devem orientar as ações iniciais de identificação,
dimensionamento e mapeamento da população com perfil para cadastramento.
Importante
O planejamento e organização das ações de cadastramento são fundamentais para o sucesso
do Cadastro Único.
Ao realizar esse planejamento, você deve ter em mente algumas tarefas especialmente
importantes para que o processo de cadastramento seja feito da forma mais objetiva e
tranqüila possível.
104
MÓDULO 2 UNIDADE 3
Fique atento
É preciso, então:
• verificar o número de famílias a serem cadastradas;
• identificar e localizar as famílias em situação de pobreza;
• elaborar estratégias para atender às famílias;
• identificar e criar infra-estrutura necessária para o cadastramento;
• verificar a disponibilidade de recursos físicos, humanos e financeiros; e
• capacitar e conscientizar as pessoas que estarão envolvidas no cadastramento, para
que o processo transcorra bem, obtenha bons resultados e produza uma base de dados
qualificada.
O olhar ampliado permite uma primeira aproximação do público que desejamos cadastrar.
Neste momento,
Conheça agora os conceitos mais importantes para a gestão do Cadastro Único deve ser feito o
levantamento de
• Família: é a unidade nuclear composta por um ou dados junto a órgãos
mais indivíduos, eventualmente ampliada por outros que centralizam
indivíduos, que com ela possuam relações de parentesco informações, tal
ou de afinidade, residente em um mesmo domicílio, que qual mencionado
se mantenha pela contribuição dos seus membros. Você na Unidade 1.
É importante,
deve observar o seguinte:
ainda, resgatar
a. cada pessoa deve ser cadastrada em, somente, uma cadastramentos
família; e anteriores, que
podem servir como
b. a gregados que com ela residam podem ser referência para
cadastrados na família, ainda que não tenham planejar as visitas
relação de parentesco e afinidade, desde que domiciliares a serem
contribuam para o rendimento ou tenham despesas realizadas.
atendidas por esta unidade familiar.
- Família de baixa renda: é aquela que possui renda familiar mensal per capita de
até meio salário mínimo ou renda familiar mensal de até três salários mínimos.
Como já mencionado anteriormente, esta família constitui o público-alvo
prioritário do CadÚnico.
• Renda familiar mensal: é a soma dos rendimentos brutos (sem deduções ou descontos)
recebidos pelos membros da família. Não devem ser incluídos no cálculo da renda
familiar os valores recebidos dos seguintes programas:
-- Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI;
-- Programa Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano;
105
MÓDULO 2 UNIDADE 3
Atenção
Vale mencionar que o Benefício de Prestação Continuada – BPC deve ser considerado
como parte integrante da renda da família.
A renda familiar por pessoa (per capita) corresponde a soma dos rendimentos brutos
divididos pelo número de membros da família.
Certamente, agora,
O CADASTRAMENTO DAS FAMÍLIAS
está mais claro para
você o perfil das Pode ser realizado por meio de visita domiciliar, postos de atendimento ou pela combinação
pessoas que serão destas duas possibilidades.
cadastradas, assim
como os conceitos • Visita domiciliar: é a forma mais indicada para que o cadastramento tenha um alcance
e critérios definidos social maior e consiga chegar aos mais pobres dentre os pobres. Isto acontece porque a
para incluir as visita domiciliar não implica custos de deslocamento para as famílias de baixa renda.
famílias no CadÚnico.
Você poderá, A visita domiciliar possibilita obter das famílias informações mais próximas da realidade,
portanto, avançar quanto à renda declarada, às condições habitacionais e o acesso aos serviços públicos.
no planejamento, • Postos de atendimento: constituem uma alternativa mais barata para o Município. No
concebendo como irá
entanto, os problemas que se relacionam aos custos de deslocamento e o limitado acesso
cadastrar a população
ou atualizar suas
aos meios de informação por parte das famílias podem fazer com que a população mais
informações. vulnerável não busque este tipo de atendimento, sobretudo se tais postos forem instalados
em locais distantes das áreas de concentração da pobreza.
Assim, o levantamento preliminar de informações é imprescindível para os municípios
que utilizam unidades de atendimento, pois os dados sobre concentração territorial da
pobreza é que permitirão identificar a localização mais adequada para os postos a serem
implantados.
De qualquer forma, recomenda-se que municípios com pouca capacidade de viabilizar visitas
domiciliares combinem as duas formas de cadastramento, realizando visitas aos domicílios,
situados nas regiões de alta concentração de pobreza e montando postos de atendimento em
locais socialmente mais diversificados e com maior fluxo de pessoas. É importante, ainda,
uma ampla divulgação destes postos junto à população.
106
MÓDULO 2 UNIDADE 3
Fique de olho
Para maior controle de qualidade, os gestores municipais devem verificar as informações, por
meio de visita domiciliar, de uma amostra relevante dos cadastros preenchidos em postos de
atendimento.
Com o público-alvo definido e a estratégia de cadastramento traçada, é preciso que você
identifique os recursos necessários para um bom processo de cadastramento.
107
MÓDULO 2 UNIDADE 3
O Caderno Azul e os
formulários avulsos
podem ser solicitados
por meio do Sistema
de Atendimento
e de Solicitação No processo de atualização cadastral, o entrevistador deverá repetir, nos formulários avulsos,
de Formulários – o código domiciliar que consta no canto superior direito do Caderno Azul, no qual foi
SASF, sendo que os realizado o registro inicial do domicílio na base municipal do CadÚnico.
formulários avulsos
podem, ainda, ser
baixados na página Uma dica
do MDS (www.mds. Para facilitar o manuseio, a consulta e a preservação das informações coletadas, os formulários
gov.br/bolsafamilia/
avulsos deverão ser guardados junto ao Caderno Azul utilizado durante a primeira coleta de
cadastro_único/
formularios-1/como- dados da família.
obter-os-formularios).
Os formulários devem Um lembrete
estar disponíveis para
controle e fiscalização
Não se esqueça de arquivá-los de maneira segura, mas acessível, durante o período de 5
durante cinco anos. anos.
108
MÓDULO 2 UNIDADE 3
É importante ressaltar
Os perfis profissionais necessários para uma boa gestão dos aplicativos e das tecnologias de
informação utilizadas pelo CadÚnico.
• Administrador de rede tem por atribuição:
Zelar pelo ambiente físico e operacional dos computadores e demais equipamentos de
informática, garantindo a integridade da rede local, quando esta existir.
• Administrador da base:
Deve administrar o Aplicativo de Entrada e Manutenção de Dados, instalando e
atualizando os computadores clientes e servidores, criando grupos e usuários, zelando
pela segurança e preservação da base de dados. Deve, ainda, apoiar os usuários no uso
do aplicativo off-line.
109
MÓDULO 2 UNIDADE 3
• Digitador:
Profissional com habilidade e rapidez na digitação dos dados cadastrais. Deve inserir no
aplicativo as novas informações e alterações captadas pelos formulários de cadastramento.
É importante que seu trabalho seja monitorado pelo Supervisor do CadÚnico, para
garantir a coerência entre o processo de coleta e a inserção de informações no banco de
dados.
A versão atual do aplicativo identifica o digitador responsável pela inserção de cada
informação, o que facilita processos de auditoria interna e externa, além de apurar
responsabilidades em casos de digitação de dados incoerentes com os formulários
preenchidos.
Uma observação
O Município deve, em primeiro lugar, definir qual a infra-estrutura de informática será
destinada à utilização do aplicativo de cadastramento. Pode-se optar por uma estrutura de
funcionamento em rede ou pela instalação do aplicativo em apenas uma máquina isolada. A
utilização de uma rede permite que mais de uma pessoa realize, simultaneamente, a digitação
das informações coletadas, sendo altamente recomendável para municípios que possuem
muitas pessoas a serem cadastradas.
Um recado
Caso seu Município opte por não adotar a estrutura de rede, um computador deverá ser
destacado para cumprir, simultaneamente, as funções de servidor e cliente. Assim, nesta
mesma máquina serão inseridas as informações coletadas nos formulários e ficará alocado o
banco de dados resultante destas inserções.
110
MÓDULO 2 UNIDADE 3
Importante!
É fundamental que a informação sobre o cadastramento circule de maneira ampla e
difusa em seu Município. Para se atingir a população mais pobre, é necessário mobilizar
não somente os meios de informação mais tradicionais, mas, também, contar com o
apoio da sociedade civil na divulgação das ações de cadastramento, sobretudo por meio
das associações de moradores e produtores das comunidades mais distanciadas dos
núcleos urbanos.
Atenção
O importante é que as famílias sejam informadas com antecedência se o cadastramento será
realizado por meio de visitas domiciliares ou por postos de atendimento e quais documentos
são necessários para ser cadastrado.
Não esqueça
Você deve atentar para que seja disponibilizada a infra-estrutura necessária para o atendimento
preferencial a gestantes, idosos e pessoas com deficiência.
Relembrando...
Planejando as ações de cadastramento:
• identificar a população-alvo do CadÚnico;
• definir a estratégia de cadastramento;
• providenciar os recursos humanos, técnicos e financeiros necessários; e
• informar adequadamente à população.
Fique atento aos problemas e soluções que aparecem durante as próprias atividades de
cadastramento.
Cadastrando as Famílias
Saiba que...
Se você realizar um bom planejamento, no momento do cadastramento surgirão menos
problemas e as pessoas engajadas estarão mais aptas para enfrentá-los.
111
MÓDULO 2 UNIDADE 3
O registro dos dados deve ser feito, prioritariamente, por meio do preenchimento dos
formulários em papel ou, excepcionalmente, digitados diretamente no aplicativo off-line.
São eles:
• Falta de documentação
O cadastramento da família requer que o Responsável pela Unidade Familiar apresente um
documento de identificação, cuja emissão seja controlada nacionalmente: CPF e/ou Título
de Eleitor. Para os demais membros da família, é necessária a apresentação de ao menos um
documento de identificação (CPF, título de eleitor, registro civil de nascimento, registro civil
de casamento, cédula de identidade, carteira de trabalho e previdência social).
A exigência destes documentos tem como função evitar irregularidades no cadastramento,
como, por exemplo, as duplicidades cadastrais. Por outro lado, esta exigência não pode
inviabilizar a inserção das famílias mais vulneráveis socialmente no Cadastro Único.
112
MÓDULO 2 UNIDADE 3
Considerando que são justamente os mais pobres que têm menor acesso à documentação
civil, é bem possível que surjam dificuldades em cadastrar o público-alvo definido, em
decorrência da ausência dos documentos necessários.
Assim, é importante que o gestor municipal/estadual do Cadastro Único se antecipe a esse
problema e se articule com as representações locais da Receita Federal, Justiça Eleitoral e órgãos
responsáveis pelo Registro Geral, para que no processo de cadastramento, sejam identificados
e encaminhados prontamente os casos de ausência da documentação necessária.
113
MÓDULO 2 UNIDADE 3
O tratamento diferenciado dado a esses grupos nas ações de cadastramento se justifica pelas
características culturais, sociais, econômicas e territoriais que eles apresentam. Há diferenças
relacionadas à estrutura familiar, à organização social, à divisão dos rendimentos e a uma
série de outros aspectos, que justificam um procedimento diverso, na forma de coletar os
dados.
114
MÓDULO 2 UNIDADE 3
Um lembrete
Nas ações de cadastramento dos povos indígenas, é recomendável contato prévio com
instâncias governamentais como a Funai e Funasa para que atuem como facilitadores do
processo de preenchimento de formulários em campo e orientem os cadastradores no que
diz respeito à estrutura familiar e organização social dos grupos a serem cadastrados.
A CONCLUSÃO DO CADASTRAMENTO
Uma vez finalizados os processos de coleta, deve-se partir para as ações finais de cadastramento
que dependem, em grande parte, dos recursos humanos e técnicos da área de informática.
É importante
A conclusão do cadastramento das famílias pode ser dividida em duas etapas:
que o Município
• Digitação e transmissão das informações das famílias por parte dos Municípios e mantenha controle
processamento dos cadastros na Base Nacional; e e arquive protocolos
de transmissão,
• Importação do Arquivo-Retorno, mecanismo a partir do qual se incorpora o relatórios de
processamento realizado em âmbito nacional à base de dados do município. arquivos extraídos e
arquivo-retorno.
De posse dos cadernos e respectivos formulários preenchidos, se inicia o processo de
digitação, transmissão e processamento dos dados, no âmbito do aplicativo off-line. Este
sistema consiste em uma ferramenta tecnológica que permite a digitalização, manutenção
e transmissão das informações coletadas pelos entrevistadores. Ele é composto de dois
aplicativos.
• Aplicativo de Entrada e Manutenção de Dados do
Cadastro Único (aplicativo off-line): permite incluir,
alterar ou excluir prefeituras, domicílios ou pessoas.
Este software, também, possibilita extrair e importar
arquivos para troca e atualização de dados entre os
municípios e o Governo Federal, além de outras
ações relacionadas à manutenção e ao gerenciamento
da base de dados.
• Aplicativo Conectividade Social: permite transmitir
as informações digitadas pelo Município para a Base
de Dados Nacional do Cadastro Único, abrigada
na CAIXA e replicada no MDS. É por meio deste
aplicativo que o Município recebe o arquivo-retorno.
O prazo acordado com a Caixa para o retorno do
processamento é de 48 horas.
Veja como se faz para baixar estes aplicativos. Siga o passo a passo.
115
MÓDULO 2 UNIDADE 3
Primeiro, o Município deve obter a certificação eletrônica, que possibilitará a transmissão dos
arquivos. O certificado eletrônico é uma “chave de acesso”, emitida pela Caixa e disponibilizada
ao usuário por meio de um arquivo em disquete, com extensão “.pri” e uma senha de acesso.
Assim, após a coleta dos dados, as informações anotadas nos formulários devem ser digitadas
na base de dados municipal, por meio do aplicativo off-line.
Durante a digitação, o aplicativo off-line verifica-se os dados incluídos estão de acordo com
críticas de consistência existentes dentro dele. Quando os dados do domicílio e de seus
membros estiverem de acordo com o exigido, o domicílio é considerado como FECHADO,
ou seja, com todos os campos obrigatórios preenchidos e sem ocorrência de inconsistência,
estando pronto para passar para a próxima etapa, que é a sua extração e transmissão.
Quando o cadastro transmitido pelo Município chega à base nacional, os dados são
processados e para cada membro da família é atribuído um Número de Identificação Social
– NIS. Neste processamento são realizadas outras verificações nos cadastros.
116
MÓDULO 2 UNIDADE 3
Para que as informações cadastradas a partir do aplicativo off-line fiquem protegidas, deve
ser feita uma cópia de segurança da base de dados local, periodicamente. Este procedimento
permite que o Município mantenha, em segurança, todas as informações cadastradas até a
data de realização da cópia.
Concluindo...
Fazer cópia de segurança deve ser um procedimento rotineiro e de preferência semanal, no
qual as cópias geradas devem ser armazenadas em mídia específica (CD, DVD ou fita) ou em
computador diferente do que é utilizado como servidor da base de dados.
Recorrer à importação da cópia nacional de segurança da base local poderá gerar erros
na gestão municipal do CadÚnico, uma vez que a cópia não é atualizada de acordo com o
processo diário de alimentação da Base Local.
Fique atento
Como o Cadastro Único deve ser objeto de constantes atualizações, é comum que sejam
gerados inúmeros arquivos de extração de dados e arquivos-retorno. A falta de um
ordenamento destes arquivos pode levar a uma situação confusa, na qual não se tem clareza
acerca dos arquivos que são mais recentes.
A organização dos arquivos e dos cadastros é objeto, também, de ações do MDS. Atualmente,
ainda é possível encontrar uma mesma pessoa cadastrada como sendo responsável por mais
de um domicílio. Visando acabar com esta multiplicidade, o MDS definiu que:
“cada pessoa só pode ser responsável por um único domicílio, que passou a ser conhecido como
ATIVO. Os demais domicílios que se encontravam sob a responsabilidade desta mesma pessoa
assumiram a condição de INATIVOS”.
Caso o Município deseje utilizar as informações de sua base local para outras finalidades
não contempladas pelo aplicativo off-line, é necessário converter sua base de dados para o
formato texto (.txt), o que permitirá comparar ou mesmo integrar a base do CadÚnico com
outros cadastros disponíveis no Município.
Um lembrete
Até há pouco tempo, para realizar tal tarefa era necessário que o Município dispusesse de
um profissional da área de tecnologia da informação, com conhecimentos sobre sistemas
gerenciadores de banco de dados, como, por exemplo, postgreSQL.
A única assistência disponível para esta tarefa era o Manual de Tratamento de Arquivo
Texto CadÚnico” (CADASTRAMENTO ÚNICO – REGRAS PARA FORMATAÇÃO E
TRATAMENTO DE ARQUIVOS TEXTO), que apresenta os padrões utilizados pelo arquivo
gerado pelo aplicativo off-line.
Saiba mais
executar esta atividade. Em linhas gerais, o novo utilitário converte o arquivo texto da base
do Município para um formato texto simplificado, gerando três arquivos com extensão
.csv, contendo, respectivamente, as informações sobre domicílios, pessoas e agricultores
familiares. A extensão .csv apresenta um padrão, no qual é utilizado como separador de
campos o caractere “;” (ponto-e-vírgula) e é facilmente importado por diferentes programas
de tratamento e análise de dados existentes no mercado.
A atualização do cadastro de uma família deve ser feita sempre que houver modificações em
sua composição, condição socioeconômica ou mudança de residência.
Atenção
O município
Manter a base de dados atualizada é garantir que as informações registradas no Cadastro deverá manter
Único estejam de acordo com a realidade das famílias. Servem, portanto, como uma fonte em permanente
funcionamento
confiável para o planejamento de ações do Poder Público.
postos de
atendimento
Como um Município pode manter uma constante atualização do Cadastro? das famílias
A coleta de dados para atualização cadastral deverá ser efetuada, conforme o caso, nos com localização
seguintes formulários avulsos de identificação: amplamente
divulgada.
• do domicílio e da família;
• da pessoa; e
• do agricultor familiar.
1. Falecimento de toda a família: caso o gestor municipal tenha certeza de que todos os
membros da família faleceram, o seu cadastro deve ser excluído informando o motivo
“Óbito”.
119
MÓDULO 2 UNIDADE 3
Atenção
Nestes últimos dois casos, a exclusão do cadastro domiciliar deverá ser realizada após
a emissão de parecer social, elaborado e assinado por Assistente Social do governo local,
atestando a ocorrência do motivo da exclusão. O documento elaborado por Assistente
Social deverá ser arquivado durante o período de cinco anos, sendo uma cópia anexada ao
formulário de cadastramento da família.
Existem outros casos em que o município pode decidir sobre a exclusão dos cadastros:
2. Família fora do perfil socioeconômico do Cadastro Único: Caso uma família esteja,
comprovadamente, fora do perfil socioeconômico definido para o Cadastro Único e não
seja beneficiada por qualquer um dos programas que dele se utiliza, esta família poderá
ser excluída. Para isto, o Gestor Municipal precisa se certificar de que as informações da
família são corretas e fidedignas. A realização de visitas domiciliares e entrevistas são os
procedimentos mais adequados no caso. Como vimos, estão enquadradas no perfil para
o Cadastro Único as famílias que têm renda familiar per capita mensal de até meio salário
mínimo ou renda familiar mensal de até três salários mínimos. As famílias com renda
superior poderão ser incluídas e/ou mantidas no CadÚnico, desde que sua permanência
no Cadastro esteja vinculada à seleção ou ao acompanhamento de programas sociais
implementados por quaisquer dos três níveis de governo.
Atenção
É importante, antes de efetivar a exclusão de um domicílio/família, verificar se existe algum
benefício associado a este. A exclusão de um cadastro domicílio/família associado a um
benefício, provocará o seu cancelamento. Maiores detalhes podem ser obtidos na Instrução
Operacional n º 12, de 3 de fevereiro de 2006.
120
MÓDULO 2 UNIDADE 3
Fique atento
É importante ressaltar que a exclusão de cadastro é irreversível. Se o domicílio for excluído do
cadastro, a família necessariamente terá que ser cadastrada outra vez, com um Código Familiar
diferente do anteriormente utilizado pois, caso contrário, seu cadastro será rejeitado.
121
MÓDULO 2 UNIDADE 3
O Cadastro Válido serviu como referência para a construção de um indicador, que mede os
esforços dos governos locais na melhoria da qualidade da gestão do CadÚnico e respalda o
repasse de recursos.
O IGD é calculado a partir de quatro variáveis que representam, cada uma, 25% do seu valor
total. São elas:
• a qualidade e a integridade das informações constantes no Cadastro Único;
• a atualização da base de dados do Cadastro Único;
• as informações sobre o cumprimento das condicionalidades da área de Educação;
• as informações sobre o cumprimento das condicionalidades da área de Saúde.
Veja que o referido índice faz referência não somente à validação dos cadastros familiares,
mas também à necessidade de mantê-los atualizado, tema já levantado em outros momentos
deste módulo. Assim, é fundamental entender o que é um cadastro atualizado.
122
MÓDULO 2 UNIDADE 3
Uma nota
A discussão sobre condicionalidades e sobre o IGD será aprofundada no Módulo 3.
É importante observar que o IGD norteia a realização de transferências de recursos federais
para apoiar ações locais voltadas para diversos fins pertinentes, entre eles o aprimoramento
do processo de cadastramento.
Para receber os recursos financeiros do IGD, o Município deve cumprir três condições:
• ter aderido ao Programa Bolsa Família e Cadastro Único;
• ser habilitado na gestão da Assistência Social; e
• atingir pelo menos 0,4 no valor do IGD.
Quanto maior o valor do IGD, maior será o valor do recurso transferido para o
Município. A transferência é feita, mensalmente, pelo Fundo Nacional de Assistência
Social ao Fundo Municipal de Assistência Social.
123
MÓDULO 2 UNIDADE 3
Vale destacar o MDS também possui uma política de transferência de recursos aos estados
para que eles possam dar suporte técnico e operacional aos municípios. Estes recursos,
quando repassados, são orientados por critérios diferentes daqueles utilizados para o repasse
aos municípios. Os resursos podem ser utilizados:
• em ações de capacitação;
• em apoio técnico aos municípios;
• em estratégias para ampliar o acesso das populações mais excluídas a documentos de
identificação; e
• em estratégias de cadastramento de povos e comunidades tradicionais.
124
MÓDULO 2 UNIDADE 4
Saiba mais
O Cadastro Único pode:
• propiciar grandes ganhos de informações para a gestão municipal;
• permitir uma melhor gestão dos programas federais implementados no Município e
• ser utilizado como ferramenta para apoiar o Município na implementação de políticas e
programas locais.
O Cadastro Único pretende contribuir, não apenas para contabilizar a pobreza no país, mas,
também, para conhecer o seu rosto e suas particularidades territoriais.
Os gestores de políticas públicas nas três esferas de governo devem estar atentos
É importante ressaltar
É comum pensar a gestão pública de forma compartimentada, como se fossem diversas áreas
que não conversam entre si e nem partilham responsabilidades. Isso pode gerar repetição de
esforços e fragmentação de informações.
125
MÓDULO 2 UNIDADE 4
Esclarecendo melhor
• Uma Secretaria Municipal de Indústria e Comércio pode, a partir do CadÚnico,
identificar recursos humanos potencialmente disponíveis para uma fábrica que
planeja se estabelecer no Município. Além disso, é possível identificar o número de
pessoas em idade economicamente ativa desempregadas e, de acordo com o nível de
escolaridade, planejar programas de formação profissional.
• Uma Secretaria de Habitação e/ou Obras pode obter, junto ao Cadastro Único,
valiosos dados sobre as condições dos domicílios ocupados pelas famílias mais
pobres. Informações sobre acesso à rede de água e esgoto, destinação do lixo
Para perceber produzido, material utilizado na construção do imóvel.
o potencial
do CadÚnico, • Uma Secretaria de Educação (estadual ou municipal), ao planejar estratégias para
é necessário ampliação da escolarização de jovens e adultos num território específico, pode,
compreender que por exemplo, identificar, no Cadastro Único, dados sobre tempo de escolaridade
a superação da por faixa etária. O CadÚnico pode ser um bom instrumento para a busca ativa
pobreza depende
de cidadãos para freqüentar cursos de alfabetização, inclusive com o endereço
da ação integrada
de instâncias de individual das famílias que têm pessoas com baixa escolaridade.
governos distintos. O
Cadastro Único tem a
capacidade de apoiar
diversas políticas e Uma observação
secretarias, porque
No caso dos Estados, também é possível utilizar informações do Cadastro Único para o
contém informações
que tratam de temas
planejamento de diferentes ações, sejam elas voltadas para famílias específicas, sejam elas
variados. voltadas para um Município ou uma região.
Um exemplo
Os Estados podem utilizar informações sobre escolaridade e sobre ocupação de jovens e
adultos, para planejar ações de qualificação profissional e de geração de trabalho e renda.
Podem, ainda, utilizar dados sobre concentração territorial de famílias com baixo acesso
à água, saneamento ou domicílios precários, para propor estratégias vinculadas a políticas
urbanas.
Guarde bem.
O Cadastro Único é:
• Preciso
Enquanto a maior parte das fontes de informação apresenta apenas dados agregados
(por setores, distritos ou municípios), o CadÚnico traz informações sobre unidades
familiares, domicílios e até mesmo sobre indivíduos.
126
MÓDULO 2 UNIDADE 4
• Dinâmico
Enquanto a maior parte dos dados censitários do IBGE só é atualizada a cada dez anos,
a exigência de atualização permanente no Cadastro Único garante a possibilidade, a
qualquer tempo, de identificar, caracterizar e localizar os indivíduos e famílias. É um
processo dinâmico de gestão das informações, que transforma o CadÚnico numa
ferramenta de extrema importância para a formulação e gerenciamento das políticas
públicas.
• Econômico
O CadÚnico propicia a maior eficiência e eficácia do gasto público. A identificação
precisa dos beneficiários de uma determinada ação pública municipal evita que sejam
gastos recursos com famílias e pessoas fora do perfil recomendado para esta ação. Acaba,
ainda, com a necessidade de cada órgão realizar seu próprio cadastro, o que muitas vezes
consome recursos e esforços de maneira irracional.
Atenção
A própria utilização das informações do cadastro para identificação e seleção de famílias
como público de diferentes políticas voltadas para a superação da pobreza, termina por
induzir processos de integração entre estas políticas. Isto porque elas passam a atender
as mesmas famílias e indivíduos, tendo por base os mesmos dados cadastrais.
Importante
O Cadastro Único, quando efetivamente integrado à gestão municipal, pode trazer uma série
de benefícios para as políticas públicas locais. Entretanto, para que isto ocorra, é fundamental
que a gestão do CadÚnico seja marcada pela qualidade.
127
MÓDULO 2 UNIDADE 4
A partir destas duas funções, é possível a extração destes dois tipos de relatório.
Relatório sintético
A partir da função sintético, você poderá gerar, imprimir e gravar um relatório com informa-
ções consolidadas referentes à quantidade de domicílios e pessoas cadastradas.
É uma importante ferramenta para ações relacionadas à manutenção e ao gerenciamento da
base de dados. Possibilita conhecer, por exemplo:
• o número de domicílios Ativos e Inativos acumulados e
• o número de pessoas com e sem documentação, considerando o sexo, a faixa etária e/ou
o enquadramento como pessoa com deficiência, mulher grávida ou amamentando.
Tais informações são vitais para um diagnóstico da própria base de dados, visto que a correta
gestão dos domicílios ativos e inativos e a adequada documentação das pessoas cadastradas
são fundamentais para assegurar a qualidade das informações contidas no Cadastro Único.
As informações referem-se aos dados gravados no computador que foi definido como
servidor, no qual constam as informações de todas as famílias cadastradas.
O relatório analítico
Os relatórios analíticos são apresentados com o NIS de todas as pessoas residentes nos
domicílios que atendem aos critérios definidos para a extração. O nome da pessoa indícada
como responsável pela unidade domiciliar aparece em negrito, precedendo a listagem de
residentes.
128
MÓDULO 2 UNIDADE 4
Uma nota
• Consulte o Manual do Aplicativo de Entrada e Manutenção de Dados disponível no menu
“Ajuda” do aplicativo off-line e no sítio da Caixa (www.caixa.gov.br).
• Contate o serviço de apoio aos estados e municípios, disponibilizado pela CAIXA, no
telefone 0800 726 0104.
Atenção
A partir dos relatórios, é possível extrair informações de acordo com recortes específicos e
com o interesse do gestor.
A definição de critérios permite, por exemplo, que se escolha um recorte territorial, solicitando
as informações específicas de um bairro ou loteamento.
129
MÓDULO 2 UNIDADE 4
E mais...
Considerando a diversidade de campos disponíveis, você pode estabelecer outros recortes:
• de gênero;
• de situação de domicílio; e
• de múltiplas outras naturezas.
Os relatórios não são a única forma de se desenvolver diagnósticos a partir dos dados
disponíveis. Há ainda um índice, dentre outros possíveis de serem construídos,
que sintetiza o conjunto de informações do CadÚnico, visando constituir uma via
padronizada para analisar os dados relativos às famílias. Este índice, denominado Índice
de Desenvolvimento da Família, será apresentado a seguir.
Calculado com base nos dados disponibilizados pelo Cadastro Único, não sendo restrito à
identificação da insuficiência de renda, traduz melhor as vulnerabilidades presentes em um
segmento específico da população ou em um determinado território.
O índice, de forma similar a outros que pretendem abordar a pobreza numa perspectiva
multidimensional varia entre 0 e 1 e, quanto melhores as condições da família, mais próximo
de 1 será o resultado. De forma inversa, quanto mais próximo de 0, maior é a vulnerabilidade
da família. A unidade de análise do índice é a família e não o indivíduo, mas os dados pessoais
contribuem para o cálculo do indicador familiar. Para contemplar as diversas dimensões da
pobreza e a forma como afeta o desenvolvimento das pessoas dentro de um núcleo familiar,
o IDF foi elaborado, considerando seis dimensões. É hora de conhecê-las:
• vulnerabilidade decorrente da composição familiar;
• acesso ao conhecimento;
• acesso ao trabalho;
• disponibilidade de recursos;
• desenvolvimento infantil; e
• condições habitacionais.
Essas dimensões são construídas a partir da média entre diversos indicadores, com base
nos dados do Cadastro Único. Essas seis dimensões estabelecidas são compostas por 22
componentes e 41 variáveis.
Conheça-os agora.
130
MÓDULO 2 UNIDADE 4
Vunerabilidade
Fecundidade
V1 Ausência de pelo menos uma gestante
V2 Ausência de pelo menos uma mãe amamentando
Atenção e cuidados especiais com crianças, adolescentes e jovens
V3 Ausência de pelo menos uma criança
V4 Ausência de pelo menos uma criança ou adolescente
V5 Ausência de pelo menos uma criança, adolescente ou jovem
Atenção e cuidados especiais com idosos e deficientes
V6 Ausência de pelo menos um portador de deficiência
V7 Ausência de pelo menos um idoso
Dependência econômica
V8 Presença de cônjuge
V9 Mais da metade dos membros encontra-se em idade ativa
Acesso ao conhecimento
Analfabetismo
C1 Ausência de pelo menos um adulto analfabeto
C2 Ausência de pelo menos um adulto analfabeto funcional
Escolaridade
C3 Presença de pelo menos um adulto com fundamental completo
C4 Presença de pelo menos um adulto com secundário completo
C5 Presença de pelo menos um adulto com alguma educação superior
Acesso ao trabalho
Disponibilidade de trabalho
T1 Mais da metade dos membros em idade ativa encontra-se ocupada
Qualidade do posto de trabalho
T2 Presença de pelo menos um ocupado no setor formal
T3 Presença de pelo menos um ocupado em atividade não agrícola
Remuneração
Presença de pelo menos um ocupado com rendimento superior a 1
T4
salário mínimo
Presença de pelo menos um ocupado com rendimento superior a 2
T5
salários mínimos
Disponibilidade de recursos
Extrema pobreza
R1 Despesa familiar per capita superior à linha de extrema pobreza
R2 Renda familiar per capita superior à linha de extrema pobreza
R3 Despesa com alimentos superior à linha de extrema pobreza
Pobreza
R4 Despesa familiar per capita superior à linha de pobreza
R5 Renda familiar per capita superior à linha de pobreza
Capacidade de geração de renda
R6 Maior parte da renda familiar não advém de transferências
131
MÓDULO 2 UNIDADE 4
Desenvolvimento infantil
Trabalho precoce
D1 Ausência de pelo menos uma criança de menos de 10 anos trabalhando
D2 Ausência de pelo menos uma criança de menos de 16 anos trabalhando
Acesso à escola
D3 Ausência de pelo menos uma criança de 0 a 6 anos fora da escola
D4 Ausência de pelo menos uma criança de 7 a 14 anos fora da escola
D5 Ausência de pelo menos uma criança de 7 a 17 anos fora da escola
Progresso escolar
Ausência de pelo menos uma criança com até 14 anos com mais de 2
D6
anos de atraso
D7 Ausência de pelo menos um adolescente de 10 a 14 anos analfabeto
D8 Ausência de pelo menos um jovem de 15 a 17 anos analfabeto
Condições habitacionais
Propriedade
H1 Domicílio próprio
H2 Domicílio próprio, cedido ou invadido
Déficit habitacional
H3 Densidade de até 2 moradores por dormitório
Abrigabilidade
H4 Material de construção permanente
Acesso a abastecimento de água
H5 Acesso adequado a água
Acesso a saneamento
H6 Esgotamento sanitário adequado
Acesso a coleta de lixo
H7 Lixo é coletado
Acesso a energia elétrica
H8 Acesso a eletricidade
No cálculo do IDF, todas as dimensões mais básicas das condições de vida de uma família,
com exceção das condições de saúde e sobrevivência, podem ser avaliadas com base em
informações coletadas pelo Cadastro Único.
Cada uma dessas dimensões considera o acesso aos meios necessários para as famílias
satisfazerem suas necessidades.
• Acesso ao conhecimento
Representa um dos principais meios que uma família dispõe para criar mecanismos de
satisfação de suas necessidades. O conhecimento facilita o acesso a recursos financeiros
por meio do mercado de trabalho, e a recursos não financeiros, como os serviços públicos,
por exemplo.
• Acesso ao trabalho
A dimensão de acesso ao trabalho ajuda a avaliar se uma pessoa está, efetivamente,
utilizando sua capacidade produtiva, propiciada, entre outros fatores, pelo seu
conhecimento. Considera a inserção efetiva no mercado de trabalho levando em conta a
qualidade das atividades exercidas e sua remuneração.
• Disponibilidade de recursos
A dimensão disponibilidade de recursos considera que parte das necessidades básicas
de uma família pode ser satisfeita por meio de bens e serviços que ela adquire. A renda
constitui fator determinante para o acesso a esses bens. O grau de “sustentabilidade”
destes recursos, também, deve ser considerado, avaliando se a renda é obtida por meio do
mercado de trabalho ou de programas de transferência. Vale lembrar que, na definição
unidimensional adotada pela “linha de pobreza”, somente esta dimensão é considerada
para a determinação do nível de “vulnerabilidade” da família.
• Desenvolvimento infantil
A garantia de oportunidades para o pleno desenvolvimento das capacidades e
potencialidades de cada criança deve ser uma das principais, senão a principal tarefa de
uma sociedade. O acesso a oportunidades para o pleno desenvolvimento das capacidades/
potencialidades das crianças representa, também, o principal elemento para que as
gerações futuras possam superar a condição de pobreza vivida por seus pais.
• Condições habitacionais
Visto que as informações, tanto da PNAD quanto do CadÚnico não permitem a
mensuração direta de variáveis relacionadas à saúde dos membros da família, esta
dimensão pode ser medida, indiretamente, por meio das variáveis habitacionais.
Concluindo...
O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), entendendo a
importância da utilização dos dados do Cadastro Único como ferramenta de planejamento
e monitoramento das políticas sociais, já iniciou um projeto-piloto com estados e municípios
parceiros, visando padronizar e aperfeiçoar a utilização do Índice de Desenvolvimento da
Família (IDF).
Está sendo desenvolvida uma ferramenta web que permitirá gerar relatórios a partir dos
dados do CadÚnico e trabalar com o conjunto de indicadores sociais que integram o Índice
de Desenvolvimento da Família – IDF.
Depois de validado, o IDF e a referida ferramenta serão disponibilizadas para o conjunto
dos municípios e estados brasileiros, sendo mais uma alternativa para apoiar a gestão local
de políticas públicas. Contudo, existem outras maneiras do Cadastro Único apoiar a gestão
municipal.
133
MÓDULO 2 UNIDADE 4
Além das Tais cadastros podem ser integrados ao CadÚnico de forma a acompanhar o desenvolvimento
perspectivas diretas destes empreendedores e o impacto de seus negócios na melhoria das condições de vida de
de integração com suas famílias. Neste sentido, pode-se, ainda, pensar em associar o CadÚnico aos programas
outras bases de
locais de microcrédito. As informações do cadastro podem direcionar melhor o público-alvo
dados municipais e
estaduais, é possível dos empréstimos e reduzir o risco das operações de crédito.
o intercâmbio de
informações entre
Fique sabendo
a base de dados
nacional do CadÚnico A elaboração dos Planos Diretores de Desenvolvimento Urbano também pode ser
e outras bases de amplamente beneficiada com as informações do Cadastro Único, que permite identificar
dados, administradas e qualificar as áreas urbanas de concentração da pobreza. Assim, o CadÚnico pode ajudar
tanto por instituições
públicas quanto por
na tomada de decisão em processos participativos de definição do orçamento municipal,
instituições privadas. uma vez que facilita a identificação das principais carências de cada localidade.
Fique atento
Para realizar este intercâmbio, estados e municípios deverão ter, como padrão mínimo de
registro de informações, o nome completo da pessoa cadastrada e, preferencialmente, sua
inscrição no Cadastro de Pessoa Física (CPF) ou Título de Eleitor.
O CadÚnico, além das possibilidades de apoio nas ações geridas unicamente pelo Município,
é fundamental para a gestão municipal de diversos programas do Governo Federal que são
implementados localmente. É por meio dele, por exemplo, que são identificados e selecionados
beneficiários.
• Programa
Bolsa Família
Gerido pela Secretaria Nacional de Renda de Cidadania do Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome, é uma iniciativa de transferência direta de renda a famílias pobres,
vinculada a condicionalidades de Saúde e Educação. O PBF unificou os programas Bolsa
Escola, Bolsa Alimentação, Cartão Alimentação e Auxílio Gás e faz parte do conjunto de
ações do Fome Zero.
Regras e limites quanto ao fornecimento dos dados cadastrais para outros órgãos
Como você viu,
a riqueza de Os dados de identificação das famílias do Cadastro Único para programas sociais são sigilosos.
informações contida As famílias cadastradas têm direito à privacidade, o que implica a proibição da utilização
no CadÚnico pode destas informações com o objetivo de contatar as famílias para quaisquer outros fins que não
apoiar a gestão do aqueles estabelecidos pelo art. 8º do Decreto nº 6.135 de 2007. No caso do Programa Bolsa
seu Município de Família, por exemplo, que utiliza informações do Cadastro Único, a informação pública é a
diversas formas.
relação de beneficiários, que está disponível na internet, mas não o endereço destas famílias.
Contudo, é necessário
que existam algumas
regras, para que
A autorização fica dispensada nos seguintes casos:
estes dados tão • disponibilização dos dados a órgãos do Poder Executivo, para fins de inclusão das famílias
valiosos não sejam em outras políticas públicas;
utilizados para fins
incompatíveis com • estudos e pesquisas restritos a determinado Estado ou Município, para os quais vale a
o compromisso do autorização do órgão local responsável pelo Cadastro Único, na área de abrangência em
Governo Federal de que serão realizados e
reduzir a pobreza e as
desigualdades sociais. • ações de fiscalização e auditoria realizadas por órgãos públicos.
136
MÓDULO 2 UNIDADE 4
137
MÓDULO 3 UNIDADE 1
Gestão e Implementação do
Programa Bolsa Família
Unidade 7 – Fiscalização
138
MÓDULO 3 UNIDADE 1
Ementa
Unidade 1 – O PBF e suas Dimensões
• O que é o PBF
• Quanto uma família pode receber?
• O que uma família deve fazer para permanecer no Programa?
139
MÓDULO 3 UNIDADE 1
140
MÓDULO 3 UNIDADE 1
Unidade 7 – Fiscalização
• O que é fiscalização?
• Objetivo da fiscalização
• Sanções: aos beneficiários e aos agentes públicos
• Rede pública de fiscalização
• Responsabilidades dos órgãos da rede pública de fiscalização
• Canais de recebimento de denúncias
141
MÓDULO 3 UNIDADE 1
Começo de conversa
Aqui você vai ler sobre o que você, Técnico do Programa Bolsa Família e da Assistência Social,
precisa saber sobre o Programa Bolsa Família para orientar sua atividade profissional.
O QUE É O PBF?
E tem mais...
Com o PBF, as famílias tiveram aumento no valor do benefício e todos os seus membros
passaram a ser apoiados de forma integral.
Por quê?
142
MÓDULO 3 UNIDADE 1
Primeiro passo:
• Conhecer os objetivos do Programa Bolsa Família – PBF.
São eles:
• Promover o acesso à rede de serviços públicos, em especial, de saúde, educação e
assistência social;
• Promover a intersetorialidade, a complementaridade e a sinergia das ações sociais do
Poder Público;
• Combater a fome e promover a segurança alimentar e nutricional;
• Estimular a emancipação sustentada das famílias que vivem em situação de pobreza e
extrema pobreza; e
• Combater a pobreza.
Para atingir esses objetivos, o Programa Bolsa Família se baseia na articulação de três
dimensões.
• Alívio imediato da pobreza
O Programa procura apoiar as famílias mais pobres e, dentre outros, garantir o direito à
alimentação, por meio da transferência direta de renda, sem intermediação de qualquer
natureza.
Refere-se às condicionalidades, que devem ser entendidas como um contrato entre as famílias
e o Poder Público. Ao mesmo tempo em que devem ser cumpridas pelo núcleo familiar para
que possam receber o benefício mensal, este reforço no cumprimento das condicionalidades,
nas áreas de educação e saúde, fortalece o acesso aos direitos sociais básicos para as famílias
que recebem o benefício financeiro.
Por meio delas, o Programa contribui para que as famílias possam romper o ciclo de pobreza,
que marca uma família por gerações.
É o desenvolvimento das capacidades das famílias, por meio da articulação com os Programas
Complementares. A situação de pobreza e desigualdade que atinge um grande contingente
da população brasileira tem causas complexas e não pode ser solucionada apenas pelo
recebimento de benefícios financeiros. Para que os propósitos do PBF sejam realizados, em
especial o estímulo à emancipação sustentada das famílias que vivem em situação de pobreza
e extrema pobreza, é necessária “a articulação entre o Programa (Bolsa Família) e as políticas
públicas sociais de iniciativa dos governos federal, estadual, do Distrito Federal e municipal”,
conforme indica o art. 5º da Lei nº 10.836/2004.
143
MÓDULO 3 UNIDADE 1
Portanto...
Como os programas ou ações complementares não estão “dentro” do Bolsa Família, não
são componentes estritos do Programa, é importante a articulação do PBF com iniciativas
desenvolvidas por diferentes esferas de governo e mesmo por entidades da sociedade, nas
áreas de aumento de escolaridade, como:
A organização
de Programas • a alfabetização de adultos;
Complementares
deve levar em conta o • capacitação profissional; e
perfil de cada família
• apoio à realização de atividades produtivas e de geração de trabalho e renda, dentre
e as ofertas de ações
e serviços existentes
outras.
em cada local, uma
vez que as demandas Um recado
e potencialidades
são bastante
diferenciadas.
Dada a importância desta terceira dimensão do PBF, já abordada no Módulo 1, ela é
objeto de um módulo específico dessa capacitação, o Módulo 6.
144
MÓDULO 3 UNIDADE 1
Você sabia?
Que a execução e a gestão do Programa Bolsa Família são públicas e governamentais?
Confira!
Fique sabendo
145
MÓDULO 3 UNIDADE 1
Sintetizando...
• Famílias com renda mensal de até R$ 60,00 por pessoa - esse valor caracteriza uma
família em situação de pobreza extrema.
• Famílias com renda mensal de R$ 60,01 a R$ 120,00 por pessoa e que tenham crianças
de zero a 15 anos de idade, jovens de 16 e 17 anos e gestantes - essa faixa de renda
caracteriza uma família em situação de pobreza.
Fique atento!
Os valores da renda familiar mensal per capita foram atualizados pelo Decreto nº 5.749 de
2006.
Um recado:
Consulte a Lei nº 10.836, art. 2º e reveja o conceito de família.
146
MÓDULO 3 UNIDADE 1
147
MÓDULO 3 UNIDADE 1
Com a criação do BVJ, o Programa Bolsa Família passa a ter três modalidades de benefícios:
• O Benefício Básico de R$ 62,00, pago às famílias com renda per capita de até R$ 60,00 por
mês, independente da composição familiar;
• O Benefício Variável de R$ 20,00, pago às famílias com renda per capita de até R$ 120,00
por mês e que tenham crianças ou adolescentes de até 15 anos. Cada família pode receber
até três benefícios variáveis, ou seja, até R$ 60,00;
• O Benefício Variável Jovem (BVJ) de R$ 30,00, pago às famílias do PBF que tenham
adolescentes de 16 e 17 anos matriculados na escola. Cada família pode receber até dois
benefícios variáveis jovem, ou seja, até R$ 60,00.
Uma família tem renda per capita de R$ 55,00 reais por mês, formada por pai, mãe e
dois filhos menores de 15 anos e um filho com 16 anos. Esta família receberá:
o benefício básico + dois benefícios variáveis + um BVJ.
Ou seja, R$ 62,00 + R$ 40,00 + R$ 30,00.
A família receberá um total de R$ 132,00.
O exemplo anterior mostra que, para o recebimento do Bolsa Família, existe uma análise
feita a partir de critérios de renda e de composição familiar, que são os chamados critérios
de elegibilidade.
148
MÓDULO 3 UNIDADE 1
149
MÓDULO 3 UNIDADE 1
150
MÓDULO 3 UNIDADE 1
Uma família composta por duas pessoas, porém sem filhos, tem na renda familiar ½ salário
mínimo. Ela poderá se cadastrar, porém não poderá receber o benefício do PBF, pois a renda
per capita é maior que R$ 60,00 e na composição familiar não há filhos.
Concluindo...
Uma família pode estar no CadÚnico, mas não ser elegível para o PBF.
Por outro lado, as famílias quando ingressam no PBF, assumem alguns compromissos
referentes à educação e à saúde. Estes compromissos significam cuidados para com crianças,
adolescentes, grávidas e da família.
Assim...
Para a permanência da família no programa é necessário que ela cumpra todas as
condicionalidades, isto é, que ela esteja em dia com os compromissos assumidos com o
Programa.
Uma dica
Os compromissos das famílias com o Programa estão descritos na Agenda de Compromissos
da Família, disponibilizada no site do MDS. Visite o site www.mds.gov.br e fique conhecendo
melhor.
151
MÓDULO 3 UNIDADE 2
Você está iniciando o estudo de mais uma unidade do Módulo 3: Gestão do Programa
Bolsa Família
Aqui, você vai conhecer como é feita a adesão dos municípios e dos estados ao PBF, como
atualizar as informações sobre a adesão e, finalmente, a pactuação como integração de ações
de transferência de renda.
A Constituição Federal de 1988, no art. 23, inc. III, estabelece, como um dos objetivos
da República Federativa do Brasil, o compromisso com a erradicação da pobreza e da
marginalização, assim como a redução das desigualdades sociais e regionais.
O texto constitucional estabelece, ainda, como competência comum da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios o combate às causas da pobreza e aos fatores de marginalização,
promovendo a integração social dos setores desfavorecidos (CF/88, art. 23, inc. X).
Fique atento!
Princípios relacionados com compartilhamento de responsabilidades: intersetorialidade e
gestão também compartilhada.
CF/88 Competências
Comuns
Responsabilidades
Compartilhadas
Intersetorialidade Gestão Compartilhada
152
MÓDULO 3 UNIDADE 2
A Intersetorialidade nos diz sobre a necessidade de se articular diversas áreas que tenham
interface com o Bolsa Família, no âmbito de cada uma das três esferas da Administração
Pública.
Exemplos:
Saúde, Educação, Assistência Social, Trabalho.
Educação Saúde
Um recado
As estratégias para o fortalecimento da gestão compartilhada serão abordadas com mais
detalhes na Unidade 5.
Os instrumentos de compartilhamento de responsabilidades utilizados pelo PBF são os
mecanismos de adesão e pactuação.
• Norte 100%
• Centro-oeste 100%
• Nordeste 100%
• Sudeste 100%
• Sul 99,66%
Agora que você já sabe as atribuições que o Ministério assumirá em relação ao Município
aderente, no âmbito do Programa Bolsa Família, conheça as responsabilidades do
Município.
Responsabilidade do Município
O Município compromete-se a:
I. proceder à inscrição das famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, de acordo
com as definições do art. 18, caput, do Decreto n° 5.209, de 2004, residentes em seu
território, na base de dados do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo
Federal – Cadastro Único, mantendo as informações atualizadas e organizadas;
II. realizar a gestão dos benefícios do Programa Bolsa Família e Programas Remanescentes
concedidos pelo Governo Federal às famílias que residem em seu território –
compreendendo as atividades de bloqueio, desbloqueio ou o cancelamento de benefícios
dos Programas –, observada a legislação vigente e as normas e instrumentos de gestão
disponibilizados pelo Ministério;
III. promover a apuração e/ou o encaminhamento, às instâncias cabíveis, de denúncias
sobre irregularidades na execução do Programa Bolsa Família e/ou no Cadastro Único
no âmbito local;
IV. promover, em articulação com os Governos Federal e Estadual, o acesso dos
beneficiários do Programa Bolsa Família aos serviços de educação e saúde, a fim de
permitir o cumprimento das condicionalidades pelas famílias beneficiárias;
V. acompanhar o cumprimento das condicionalidades pelas famílias beneficiárias,
segundo normas e instrumentos disponibilizados pelo Governo Federal;
155
MÓDULO 3 UNIDADE 2
No caso dos Estados, todos eles assinaram o pacto para aprimoramento da gestão do SUAS
e PBF, que constitui um instrumento de adesão, nos termos da Portaria MDS nº 76/2008 e
anexos.
156
MÓDULO 3 UNIDADE 2
Compromete-se a:
157
MÓDULO 3 UNIDADE 2
É importante considerar
Mesmo com foco no cadastramento, a adesão dos Estados formaliza responsabilidades em
relação à coordenação de iniciativas em todo seu território, especialmente no apoio aos
Municípios com maior dificuldade de implementação do Programa.
Os Estados também estão incumbidos de dar apoio técnico e logístico aos municípios
Cabe ressaltar que este apoio dependerá das condições técnicas e orçamentárias de cada
Estado e Município, isto é, das especificidades de cada território.
158
MÓDULO 3 UNIDADE 2
Atenção!
É fundamental que essa base permaneça sempre atualizada.
Para isto, a SENARC disponibilizou meio de consulta pela Internet aos dados do Município
(“Sistema de Adesão”) e estabeleceu procedimentos de atualização destes mesmos dados.
159
MÓDULO 3 UNIDADE 2
1 – Consulta de dados
As informações sobre Gestores e Instâncias de
Controle Social de cada Município brasileiro
podem ser vistas, acessando o site http://www.
mds.gov.br/bolsafamilia e clicando na imagem
“Sistema de Adesão”, debaixo de Acesso Rápi-
do, à direita da tela. Observar, então, as reco-
mendações sobre como acessar as informações
do Município e como ter senha de acesso.
1. no campo do Código IBGE, informe o código completo do IBGE de seu Município, com
7 (sete) caracteres, sem ponto e sem traço (ex.: 9500799);
160
MÓDULO 3 UNIDADE 2
Um recado:
Consulte o Informe PBF nº 67 de 14 de fevereiro de 2007 para maiores informações. Visite o
site http://www.mds.gov.br/bolsafamilia
Essa articulação pode apresentar algum grau de dificuldade, em conseqüência das diferenças
de concepção existentes entre os programas, porém o modelo de integração sempre será
baseado no desenho do PBF.
161
MÓDULO 3 UNIDADE 2
• O ente federado não tem previamente programa próprio de transferência de renda, mas
se dispõe a complementar o valor do benefício pago pelo PBF.
Veja o exemplo a seguir, sendo definido um valor adicional fixo de R$ 10,00 para o benefício
pactuado.
Valor Final do
Tipos Benefício PBF Complemento
Benefício
1 variável R$ 20,00 R$ 10,00 R$ 30,00
1 BVJ R$ 30,00 R$ 10,00 R$ 40,00
2 variáveis R$ 40,00 R$ 10,00 R$ 50,00
1 variável + 1 BVJ R$ 50,00 R$ 10,00 R$ 60,00
3 variáveis R$ 54,00 R$ 10,00 R$ 70,00
1 básico R$ 62,00 R$ 10,00 R$ 72,00
2 BVJ R$ 60,00 R$ 10,00 R$ 70,00
2 variáveis + 1 BVJ R$ 70,00 R$ 10,00 R$ 80,00
1 básico + 1 variável R$ 82,00 R$ 10,00 R$ 92,00
1 variável + 2 BVJ R$ 80,00 R$ 10,00 R$ 90,00
3 variáveis + 1 BVJ R$ 90,00 R$ 10,00 R$ 100,00
1 básico + 1 BVJ R$ 92,00 R$ 10,00 R$ 102,00
1 básico + 2 variáveis R$ 102,00 R$ 10,00 R$ 112,00
2 variáveis + 2 BVJ R$ 100,00 R$ 10,00 R$ 110,00
1 básico + 1 variável + 1 BVJ R$ 112,00 R$ 10,00 R$ 122,00
1 básico + 3 variáveis R$ 122,00 R$ 10,00 R$ 132,00
3 variáveis + 2 BVJ R$ 120,00 R$ 10,00 R$ 130,00
1 básico + 2 BVJ R$ 122,00 R$ 10,00 R$ 132,00
1 básico + 2 variáveis + 1 BVJ R$ 132,00 R$ 10,00 R$ 142,00
1 básico + 1 variável + 2 BVJ R$ 142,00 R$ 10,00 R$ 152,00
1 básico + 3 variáveis + 1 BVJ R$ 152,00 R$ 10,00 R$ 162,00
1 básico + 2 variáveis + 2 BVJ R$ 162,00 R$ 10,00 R$ 172,00
1 básico + 3 variáveis + 2 BVJ R$ 182,00 R$ 10,00 R$ 192,00
162
MÓDULO 3 UNIDADE 2
Conheça complementação, pelo ente federado, por um valor variável definido pela fixação
de um piso.
Complementação, pelo ente federado, por um valor variável definido pela fixação
de um piso
Todos os beneficiários pela pactuação recebem, em adição ao benefício pago pelo PBF
Complementar, um valor adicional variável pago pelo Estado/Município, de forma
que nenhum beneficiário receba um benefício inferior a um valor predeterminado,
chamado piso.
Veja o exemplo a seguir, sendo definido um piso de R$ 80,00 para o benefício pactuado:
Valor Final do
Tipos Benefício PBF Complemento
Benefício
1 variável R$ 20,00 R$ 60,00 R$ 80,00
1 BVJ R$ 30,00 R$ 50,00 R$ 80,00
2 variáveis R$ 40,00 R$ 40,00 R$ 80,00
1 variável + 1 BVJ R$ 50,00 R$ 30,00 R$ 80,00
3 variáveis R$ 60,00 R$ 20,00 R$ 80,00
1 básico R$ 62,00 R$ 18,00 R$ 80,00
2 BVJ R$ 60,00 R$ 20,00 R$ 80,00
2 variáveis + 1 BVJ R$ 70,00 R$ 10,00 R$ 80,00
1 básico + 1 variável R$ 82,00 R$ 0,00 R$ 82,00
1 variável + 2 BVJ R$ 80,00 R$ 0,00 R$ 80,00
3 variáveis + 1 BVJ R$ 90,00 R$ 0,00 R$ 90,00
1 básico + 1 BVJ R$ 92,00 R$ 0,00 R$ 92,00
1 básico + 2 variáveis R$ 102,00 R$ 0,00 R$ 102,00
2 variáveis + 2 BVJ R$ 100,00 R$ 0,00 R$ 100,00
1 básico + 1 variável + 1 BVJ R$ 112,00 R$ 0,00 R$ 112,00
1 básico + 3 variáveis R$ 122,00 R$ 0,00 R$ 122,00
3 variáveis + 2 BVJ R$ 120,00 R$ 0,00 R$ 120,00
1 básico + 2 BVJ R$ 122,00 R$ 0,00 R$ 122,00
1 básico + 2 variáveis + 1 BVJ R$ 132,00 R$ 0,00 R$ 132,00
1 básico + 1 variável + 2 BVJ R$ 142,00 R$ 0,00 R$ 142,00
1 básico + 3 variáveis + 1 BVJ R$ 152,00 R$ 0,00 R$ 152,00
1 básico + 2 variáveis + 2 BVJ R$ 162,00 R$ 0,00 R$ 162,00
1 básico + 3 variáveis + 2 BVJ R$ 182,00 R$ 0,00 R$ 182,00
163
MÓDULO 3 UNIDADE 2
Agora, complementação, pelo ente federado, por um valor variável definido pela fixação de
um teto:
Complementação, pelo ente federado, por um valor variável definido pela fixação
de um teto
Todos os beneficiários pela pactuação recebem, em adição ao benefício pago pelo PBF
Complementar, um valor adicional variável, pago pelo Estado/Município, de forma
que todos os beneficiários recebam um benefício igual a um valor predeterminado,
chamado teto.
Veja o exemplo a seguir, sendo definido um teto de R$ 182,00 para o benefício pactuado:
Valor Final do
Tipos Benefício PBF Complemento
Benefício
1 variável R$ 20,00 R$ 162,00 R$ 182,00
1 BVJ R$ 30,00 R$ 152,00 R$ 182,00
2 variáveis R$ 40,00 R$ 142,00 R$ 182,00
1 variável + 1 BVJ R$ 50,00 R$ 132,00 R$ 182,00
3 variáveis R$ 60,00 R$ 122,00 R$ 182,00
1 básico R$ 62,00 R$ 120,00 R$ 182,00
2 BVJ R$ 60,00 R$ 122,00 R$ 182,00
2 variáveis + 1 BVJ R$ 70,00 R$ 112,00 R$ 182,00
1 básico + 1 variável R$ 82,00 R$ 100,00 R$ 182,00
1 variável + 2 BVJ R$ 80,00 R$ 102,00 R$ 182,00
3 variáveis + 1 BVJ R$ 90,00 R$ 92,00 R$ 182,00
1 básico + 1 BVJ R$ 92,00 R$ 90,00 R$ 182,00
1 básico + 2 variáveis R$ 102,00 R$ 80,00 R$ 182,00
2 variáveis + 2 BVJ R$ 100,00 R$ 82,00 R$ 182,00
1 básico + 1 variável + 1 BVJ R$ 112,00 R$ 70,00 R$ 182,00
1 básico + 3 variáveis R$ 122,00 R$ 60,00 R$ 182,00
3 variáveis + 2 BVJ R$ 120,00 R$ 62,00 R$ 182,00
1 básico + 2 BVJ R$ 122,00 R$ 60,00 R$ 182,00
1 básico + 2 variáveis + 1 BVJ R$ 132,00 R$ 50,00 R$ 182,00
1 básico + 1 variável + 2 BVJ R$ 142,00 R$ 40,00 R$ 182,00
1 básico + 3 variáveis + 1 BVJ R$ 152,00 R$ 30,00 R$ 182,00
1 básico + 2 variáveis + 2 BVJ R$ 162,00 R$ 20,00 R$ 182,00
1 básico + 3 variáveis + 2 BVJ R$ 182,00 R$ 0,00 R$ 182,00
164
MÓDULO 3 UNIDADE 2
165
MÓDULO 3 UNIDADE 3
CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS
O benefício do Programa Bolsa Família é concedido a famílias no perfil do PBF de acordo
com a estimativa de pobreza de cada Município.
A concessão do benefício financeiro do PBF é de atribuição exclusiva do MDS e é
A estimativa da operacionalizada pela SENARC. Benefício financeiro é o valor pago às famílias beneficiárias
pobreza é feita pelo
do PBF que varia de R$ 20,00 a R$ 182,00 dependendo de quais benefícios a família recebe.
Instituto de Pesquisa
e Econômica Aplicada A concessão é feita com base em dois critérios:
– IPEA com base na
Pesquisa Nacional por • Estimativa de pobreza em cada Município.
amostra Domiciliar
– PNAD e do Censo • Informações contidas no Cadastro Único – CadÚnico.
Populacional de 2000.
Disponível no sítio Você precisa saber que são observadas algumas situações para a concessão do
do MDS: http://www.
beneficio do PBF:
mds.gov.br/adesao/
mib/matrizsrch.asp • a situação do domicílio no CadÚnico (ativo ou inativo);
• a disponibilidade de recursos no orçamento do MDS; e
• o cronograma de expansão do Programa para cada Estado e Município.
Isso significa dizer
que serão concedidos
novos benefícios
Regra geral para habilitação à concessão do benefício
somente para as As famílias que constam no Cadastro Único, com renda per capita menor ou igual a
famílias que estiverem R$ 120,00 e domicílio em condição de ativo no CadÚnico.
inscritas no CadÚnico
e preencherem
todos os requisitos Isto é importante!
necessários conforme A concessão do benefício é feita de forma automatizada e impessoal, por um sistema
as regras do Programa,
informatizado que prioriza as famílias com menor renda. Portanto, a concessão dos benefícios
analisando a estimativa
de famílias pobres é feita de forma impessoal e objetiva, afastando qualquer indicação ou subjetividade.
de cada Município
e disponibilidade Já está dominando bem o que é e como é feita a concessão do benefício?
orçamentária do
Governo Federal. Então. . . Siga adiante!
Além desses Para que o benefício chegue às famílias, é instituído o processo de Gestão de Benefícios do
requisitos, será
PBF.
realizada a concessão
aos cadastrados É necessária a implementação de um processo de gestão que é o conjunto de ações que
identificados com a compõe o processo de transferência de renda para as famílias.
situação de domicílio
ativo no CadÚnico.
Complementando...
A este conjunto de ações dá-se o nome de Gestão de Benefícios do PBF, por meio do qual as
famílias recebem mensalmente as parcelas de pagamento.
166
MÓDULO 3 UNIDADE 3
Quanto melhor
planejado for
o processo de
cadastramento
das famílias
no CadÚnico,
mais eficiente é
o processo de
concessão dos
benefícios.
167
MÓDULO 3 UNIDADE 3
O saque do benefício é feito pelo responsável pela unidade familiar, por meio do cartão
magnético, que é o principal meio para o saque das parcelas de pagamento pela família. Em
caso de impossibilidade de saque via cartão magnético, o Responsável pela Unidade Familiar
(RL) pode fazê-lo via guia de pagamento avulsa.
GESTÃO DE BENEFÍCIOS
Essas atividades são realizadas sobre todos os benefícios financeiros que a família recebe.
Portanto, o gestor tem uma imensa responsabilidade na medida em que uma atitude
errada pode significar o cancelamento de benefícios e colocar em risco a sobrevivência
de uma família.
169
MÓDULO 3 UNIDADE 3
São atividades que ocorrem em decorrência das alterações cadastrais realizadas pelos
municípios no Cadastro Único. Vale a pena ressaltar que as atividades de Concessão e
Reversão de cancelamento de benefício básico e/ou variável, após 60 dias do comando de
cancelamento, são realizadas apenas pela SENARC.
As atividades sobre uma parte dos benefícios afetam apenas parte dos benefícios financeiros
recebidos pela família.
As atividades de
gestão de benefícios, Bloqueio
os motivos dessas
ações, efeitos, Conhecendo a especificidade de cada atividade de gestão de benefício.
resultados e a Consulte o quadro na página a seguir e observe quem pode bloquear um benefício.
convergência de
ações com outros Atividade Responsável Motivos Diretamente do
Programas estão de Gestão SGB
regulamentados
pela Portaria MDS • Para procedimentos de averiguação:
nº 555 de 2005. 1. Duplicidade cadastral;
2. Renda familiar por pessoa
superior;
3. Falecimento de toda a família;
Bloqueio Municípios Sim
4. Não localização da família no
endereço informado.
• Trabalho infantil na família;
• Acúmulo de benefícios PETI e PBF;
• D ecisão judicial.
• Descumprimento reiterado de con- Sim
dicionalidades
Bloqueio SENARC
• P
rocedimento de averiguação de in-
Não
dícios de duplicidade cadastral.
170
MÓDULO 3 UNIDADE 3
Fique de olho!
O desbloqueio libera as parcelas de pagamentos não sacadas dentro do prazo de validade das
parcelas por 90 dias.
Então? Observou que os Municípios e o SENARC também podem desbloquear um benefício?
E pelo mesmo motivo? O desbloqueio do benefício é feito no SGB/SIBEC.
Efeitos do desbloqueio
• Liberação das parcelas de pagamento anteriormente bloqueadas, sem prejuizo do prazo
de 90 dias para saque;
• Disponibilização das parcelas de pagamento dos meses subseqüentes.
Cancelamento
Quem pode cancelar um benefício? Municípios e SENARC.
Veja o quadro:
171
MÓDULO 3 UNIDADE 3
• Decisão judicial;
• Desligamento voluntário.
• R
eiterada ausência de saque de
benefícios;
• V
encimento do prazo para o
benefício ficar bloqueado;
• D
escumprimento reiterado das
condicionalidades;
Sim
Cancelamento SENARC • E
sgotamento do prazo para retirada
do cartão magnético;
• Q
uando cancelar o benefício básico
e o BVJ e a família não receber o
benefício variável;
• Q
uando cancelar o benefício
variável e o BVJ e a família não
receber o benefício básico;
• Q
uando cancelar o BVJ e a família
não receber o benefício básico e o
benefício variável.
Atenção!
A repercussão cadastral é regulamentada pela instrução operacional SENARC/MDS nº 12,
de 3 de fevereiro de 2006.
172
MÓDULO 3 UNIDADE 3
Efeitos do cancelamento
• Desligamento da família do Programa;
• As parcelas de pagamento não sacadas são canceladas;
• Não são geradas parcelas futuras.
Fique de olho
Quando ocorre o cancelamento, a família é desligada do PBF, não podendo mais sacar as
parcelas de pagamento. O cancelamento do BVJ por descumprimento de condicionalidade
de educação ou por código inválido não implicará o cancelamento dos demais benefícios da
família.
173
MÓDULO 3 UNIDADE 3
Para ficar bem claro para você os motivos e efeitos que ocorrem na reversão de cancelamento
de benefícios, acompanhe o quadro:
Reversão de cancelamento
Sintetizando...
Se o cancelamento foi por erro de exclusão indevida do cadastro da família, a reversão de
cancelamento somente pode ser executada depois da inserção de um novo cadastro para esta
família.
Efeitos da suspensão
• não acarreta o desligamento do PBF;
• as parcelas de pagamentos ainda não sacadas não são bloqueadas;
174
MÓDULO 3 UNIDADE 3
Se você já tem bem claro em sua mente como é feita a suspensão e que efeitos teriam esta
suspensão, lembre-se:
Atenção!
Apesar da suspensão do benefício ser executada exclusivamente pela SENARC, o Município
pode reverter a suspensão.
Algumas dessas
atividades de gestão Concessão/Reversão de cancelamento de benefício variável
de benefícios
utilizam-se de Responsável Motivos Efeitos
informações do
CadÚnico. Por isso • R
evisão das concessões de
é fundamental • S e crianças ou jovens são benefício variável da família;
manter o cadastro SENARC incluídos ou retirados do
• A
juste no valor total dos
das famílias Cadastro da família.
constantemente benefícios financeiros;
atualizado nas bases • R
evisão das concessões de
do CadÚnico.
benefício variável e BVJ da
Cabe chamar a família.
atenção para o
fato de que os
parceiros da rede Concessão/Reversão de cancelamento de benefício básico
de fiscalização e
das Instâncias de
Controle Social
Responsável Motivos Efeitos
também têm acesso • S e verificada redução da • A
juste no valor total dos
ao sistema, podendo SENARC renda familiar por pessoa benefícios financeiros
fazer consultas. no CadÚnico no valor devidos à família.
abaixo de R$ 60,01.
Fique atento!
A validade das parcelas de pagamento são de 90 dias para todos os casos.
Você sabia?
176
MÓDULO 3 UNIDADE 3
Cabe lembrar...
Esse sistema informatizado desenvolvido pela CAIXA está on-line, ou seja, é acessado via
internet.
É por meio do SIBEC que os gestores municipais têm autonomia para realizar bloqueios,
desbloqueios, cancelamentos e reversões de cancelamento de benefícios.
E tem mais...
Com o SIBEC, todas as Instâncias de Controle Social – ICS têm acesso a informações para
acompanhamento da gestão de benefícios, possibilitando maior participação da sociedade
no controle do PBF.
Vale lembrar.
São responsabilidades do Gestor Local a liberação e o acompanhamento das permissões de
acesso ao Sistema, inclusive para a ICS.
• Gestão Descentralizada: é realizada pelo próprio Gestor diretamente no SGB por meio
do módulo municipal. Quando as alterações são feitas no SGB, o Gestor Municipal não
precisa enviar documentação para a SENARC, mas deve arquivar o Formulário Padrão
de Gestão de Benefícios (FPGB) durante cinco anos, para efeito legal/comprovação.
• Gestão Centralizada: o Gestor Municipal solicita, por ofício, que a SENARC realize as
atividades de gestão em determinado benefício, utilizando o (FPGB) e arquiva cópia do
formulário.
177
MÓDULO 3 UNIDADE 3
família pelo Gestor Municipal. Logo em seguida, os dados são analisados pelo sistema que
executará automaticamente as atividades de gestão de acordo com cada caso.
Essas alterações são feitas somente no CadÚnico, pois implantada a Rotina de Repercussão
Automática de Alterações Cadastrais as alterações são enviadas automaticamente para o
SGB/SIBEC. Na continuidade de seu estudo você entenderá melhor.
Vale lembrar
179
MÓDULO 3 UNIDADE 3
Anote!
O Sistema de Gestão de Benefício – SGB registra todas as atividades, identificando quem as
realizou no Município, por meio do Número de Identificação Social (NIS).
4º passo: no próprio SGB, o gestor verifica se foi executada automaticamente alguma atividade
de gestão decorrente das alterações cadastrais.
181
MÓDULO 3 UNIDADE 3
Vale lembrar:
Para o novo responsável pela unidade familiar realizar saques em nome do anterior, até
a entrega do novo cartão, é necessário que o Gestor Municipal emita uma declaração de
substituição de responsável legal, conforme descrito na Instrução Operacional nº 12.
Outra situação...
MUDANÇA DE MUNICÍPIO
A mudança de Município também é tratada pela Rotina de Repercussão Automática de
Alterações Cadastrais, ou seja, esta informação repercute no SGB.
A família de Dona Joana recebe o benefício do PBF. Mudou-se para um Município próximo
de onde residia. Nesta situação, a família continuará recebendo o benefício pelo Município
de origem ou pelo novo endereço?
Quando uma família muda de cidade, ela pode continuar recebendo o benefício, mas
deverá se cadastrar imediatamente no Município de destino. O Gestor Municipal não pode
cancelar um benefício por motivo de mudança de Município e nem excluir o cadastro da
família.
2º passo: cadastramento
Caso a família tenha realmente mudado de Município, o cadastro da família não deve ser
nem excluído nem alterado.
Nesta situação, o gestor deve orientar a família a comparecer à prefeitura do Município de
destino e fazer um novo cadastramento.
182
MÓDULO 3 UNIDADE 3
2º passo: ativação
Nesse cadastramento, o responsável legal deve ser, preferencialmente, o mesmo do cadastro da família
no Município de origem, salvo casos de mudança de responsável legal. O próprio sistema do CadÚnico
ativará o novo domicílio e tornará inativo o domicílio anterior.
3º passo: substituição
E se não for o mesmo responsável legal? O gestor deve cadastrar o responsável anterior e depois do
processamento do arquivo pela CAIXA, substituir o responsável legal.
Anote!
É importante considerar que, nos casos em que o Município realizar atividades de bloqueio
relacionadas a informações cadastrais diretamente no SGB, mas não atualizar a informação
no Cadastro, na geração da folha do PBF no mês subseqüente, os benefícios poderão
retornar à folha. Assim, é preciso que o Município efetue a ação no SGB, mas também altere
a informação correspondente no Cadastro Único.
Seu objetivo:
O MDS regulamentou a integração do PBF e o PETI por meio da Portaria nº 666 de 2005.
183
MÓDULO 3 UNIDADE 3
Você deve conhecer as diferentes regras para a concessão de benefícios para inte-
gração
Elas levam em consideração se as famílias estão nas duas situações a seguir:
184
MÓDULO 3 UNIDADE 3
185
MÓDULO 3 UNIDADE 3
As famílias que não recebem nenhum benefício e estão em situação de trabalho infantil,
serão incorporadas pelo PBF ou pelo PETI, dependendo do valor da renda por pessoa.
Atenção
A transferência do PETI para o PBF não acarreta diminuição no valor dos benefícios
financeiros. Neste caso a família permanecerá no PETI-CAIXA.
Observe as condições:
• Condição 1: ser cadastrada no Cadastro Único.
• Condição 2: renda per capita igual ou menor que R$ 120,00.
Se a família tiver uma renda per capita maior que R$ 120,00 ela estará habilitada a entrar no
PETI-CAIXA.
Parabéns!
Você acaba de vencer mais uma etapa do seu estudo.
Prossiga nos novos assuntos.
Lembre-se: só passe adiante quando tiver certeza de que já domina o conteúdo
estudado.
187
MÓDULO 3 UNIDADE 4
Portanto...
As condicionalidades têm duas facetas.
Conheça-as:
• Para as famílias:
As condicionalidades estimulam um maior cuidado com a saúde e com a educação.
189
MÓDULO 3 UNIDADE 4
As condicionalidades de educação
O inciso I do art. 2º da Portaria MDS nº 551/2005 define as condicionalidades na área de
educação. O inciso I do art. 3º da mesma Portaria estabelece as atividades a serem realizadas
pelas famílias para o cumprimento das condicionalidades de educação.
Todas as crianças do núcleo familiar que estejam nessa faixa etária, mesmo aquelas
para as quais não ocorre pagamento do benefício variável, devem cumprir essas
condicionalidades.
Condicionalidades de saúde
O inciso II do art. 2º da Portaria MDS nº 551/2005 define as condicionalidades na área de
saúde. O inciso II do art. 3º da mesma Portaria estabelece as atividades a serem realizadas
pelas famílias para o cumprimento das condicionalidades de saúde.
• p
articipar de atividades educativas ofertadas pelas equipes de saúde sobre aleitamento
materno e promoção da alimentação saudável.
Fique atento
As famílias beneficiárias do PETI, ao serem incluídas no PBF, passarão a cumprir as
condicionalidades de saúde, sem prejuízo das atividades de educação, socioeducativas e de
convivência que já realizam pelo PETI.
Isto é importante
Os responsáveis pelas crianças e adolescentes inseridas no PETI/PBF têm outros compromissos
além dos já citados:
• Retirar todos os filhos menores de 16 anos de atividades de trabalho infantil;
• G
arantir a permanência dos filhos nas atividades socioeducativas e de convivência, com
o mínimo de 85% de freqüência mensal; e
• P
articipar de programas e projetos de qualificação profissional e de geração de emprego
e renda.
Um recado
O Poder Público é também responsável pela “busca ativa” de famílias do PBF que não
procurem, por algum motivo, os mencionados serviços.
A integração entre PBF e serviços do SUAS viabiliza este apoio aos mais vulneráveis.
As condicionalidades de educação
Ao Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome compete o estipulado pelo art.
10 da Portaria MDS/MEC nº 3.789/2004;
Ao Ministério da Educação compete o estipulado pelo art. 9º da Portaria MDS/MEC nº
3.789/2004;
O art. 7º da Portaria MDS/MEC nº 3789/2004 estabelece que “o gestor do sistema de
freqüência escolar no Estado deverá ser o titular da Secretaria Estadual de Educação” e o art.
8º desta mesma Portaria define as suas atribuições;
O art. 5º da Portaria MDS/MEC nº 3.789/2004 estabelece que “o gestor do sistema de freqüência
escolar no Município deverá ser o titular do órgão municipal de educação” e o art. 6º desta
mesma Portaria define as suas atribuições (para efeito de cumprimento do estabelecido na
Portaria em questão, o Distrito Federal equipara-se aos municípios – art. 13);
O art. 4º da Portaria MDS/MEC nº 3.789/2004 define as atribuições dos dirigentes dos
estabelecimentos de ensino que contarem com alunos beneficiários do Programa Bolsa
Família.
As condicionalidades de saúde
Ao Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome compete o estipulado pelo art.
5º da Portaria MDS/MS nº 2.509/2004;
Ao Ministério da Saúde compete o estipulado pelo art. 4º da Portaria MDS/MS nº
2.509/2004;
O art. 3º da Portaria MDS/MS nº 2.509/2004 define as competências das Secretarias Estaduais
de Saúde;
192
MÓDULO 3 UNIDADE 4
Organizando o pensamento...
A gestão de condicionalidades
Dadas as responsabilidades dos governos com as condicionalidades, é necessária
a implementação de um processo específico para dar respostas eficientes a estes
compromissos.
A esse processo chama-se de gestão das condicionalidades.
Então, Gestão das Condicionalidades é...
O conjunto de ações articuladas entre Governos Federal, Estadual e Municipal, visando ao
acompanhamento periódico dos compromissos assumidos pelas famílias.
É Importante destacar:
O caráter de intersetorialidade da gestão de condicionalidades.
No cotidiano é assim...
O Ministério da Educação (MEC) realiza o acompanhamento e registro da freqüência escolar
por períodos bimestrais.
193
MÓDULO 3 UNIDADE 4
Confira:
Veja a representação da intersetorialidade no diagrama de gestão das condicionalidades:
Instância
de Controle
Gestor Social (ICS) Gestor Municipal
Municipal e e Responsável
Responsável Técnico Educação
Técnico Saúde
Gestor Municipal
do PBF
194
MÓDULO 3 UNIDADE 4
Essa tarefa central pode ser desdobrada nas seguintes responsabilidades para o Gestor
Municipal:
• a rticular, capacitar e mobilizar os agentes envolvidos nos procedimentos de
acompanhamento das condicionalidades;
• m
obilizar, estimular e orientar as famílias beneficiárias sobre a importância do
cumprimento das condicionalidades;
• r ealizar o acompanhamento sistemático das famílias com dificuldades, avaliando as
causas e promovendo, sempre que necessária, a redução da situação de risco por meio
da inserção da família em programas e ações voltados para combater os efeitos da
vulnerabilidade identificada;
• n
otificar formalmente o responsável legal pela família, quando identificar o
descumprimento das condicionalidades, conforme modelo-padrão estabelecido na
Portaria MDS nº 551 de 2005; e
• e ncaminhar, para conhecimento da Instância de Controle Social do Programa, a relação
das famílias que devem ter o benefício cancelado em decorrência do descumprimento
das condicionalidades.
Anote aí:
Veja mais informações nos Informes PBF nºs 79, 95 e 114
Acompanhamento na Saúde
196
MÓDULO 3 UNIDADE 4
197
MÓDULO 3 UNIDADE 4
Acompanhamento na Educação
http://frequenciaescolarpbf.mec.gov.br
e permite que os municípios possam captar, de forma mais rápida e fácil, a freqüência escolar
das crianças e adolescentes. Veja o Informe PBF nº 64.
Saiba mais
Se a escola identificou um aluno que não está na série ou na escola indicada para fazer o
acompanhamento da freqüência escolar, será possível entrar no sistema e fazer as correções
imediatamente.
No mesmo momento, a série ou a escola do aluno é alterada e o acompanhamento da
freqüência escolar já pode ser realizado corretamente.
Dessa forma, não será mais preciso esperar o início de um novo período de acompanhamento
para que as alterações de série/INEP entrem em vigor.
Isso é importante
198
MÓDULO 3 UNIDADE 4
Fique de olho...
Para que isso ocorra, é necessário que a escola tenha acesso ao sistema e o diretor se
comprometa a assumir esta atribuição.
Motivos justificáveis:
Código Motivo
1 Doença do aluno (justificada/avaliada pela
escola)
2 Doença/ óbito na família (justificada/avaliada
pela escola)
3 Inexistência da oferta de serviço educacional
4 Fatores impeditivos da liberdade de ir e vir
(enchentes, falta de transporte, violência urbana
na área escolar e calamidades)
Motivos injustificáveis:
Código Motivo
51 Gravidez precoce
52 Mendicância/Trajetória de rua
53 Negligência de pais ou responsáveis
54 Trabalho infantil
55 Violência e exploração sexual
56 Violência doméstica
A proporção e a
reincidência desse 57 Sem motivo identificado
tipo de registro
sugerem que os
gestores, na ausência Fique bem informado
de uma informação
Os registros dos motivos de não freqüência escolar no sistema mostram que os motivos
mais próxima da
realidade, acabam “negligência dos pais” e “ausência de motivos” têm o maior número de indicações das
optando por marcar escolas para justificar a ausência dos alunos beneficiários do PBF.
um motivo genérico
O monitoramento das condicionalidades a serem cumpridas pelas famílias beneficiárias do
(negligência dos pais)
ou simplesmente se Bolsa Família, além de permitir o acompanhamento dos compromissos das famílias, também
abstêm de identificar tem como objetivo identificar eventuais dificuldades de acesso das famílias aos serviços de
o motivo, marcando saúde e educação e, ainda, identificar situações de famílias mais vulneráveis.
o código 57 (ausência
de motivo). Fique atento!
Essas famílias, ao não conseguirem encaminhar seus filhos para a escola por uma situação
de maior fragilidade e exclusão social, precisam ser acompanhadas de forma mais próxima
e individual
Por este motivo, é preciso que as escolas busquem o motivo correto da ausência dos alunos
junto às famílias, e registrem no sistema. Os motivos da baixa freqüência orientam o Município
e mesmo o Governo Federal e os governos estaduais na definição de ações sociais específicas
para apoio às famílias, de acordo com a vulnerabilidade identificada.
200
MÓDULO 3 UNIDADE 4
Melhorar a qualidade dessa informação é essencial para que o PBF avance no esforço de
identificar os problemas que impedem que crianças e jovens beneficiários do Programa
freqüentem a escola, e proponha ações específicas que possam contribuir para corrigir
as causas da baixa freqüência escolar.
Esse é um tema a ser considerado de forma integrada, por exemplo, pelo Bolsa Família
e pelo Programa de Atenção Integral à Família – PAIF.
Isso é importante:
O calendário da saúde é semestral e o calendário da educação bimestral. Isto quer dizer que
as condicionalidades de saúde cumpridas pelas famílias, ao lado de cada semestre do ano,
vão sendo registradas no sistema, após o que são consolidadas e encaminhadas a SENARC. A
condicionalidade de educação é a freqüência escolar mensal inferior a 85%, para as crianças de
6 a 15 anos e inferior a 75% para os jovens de 16 e 17 anos, porém estes dados são registrados
em períodos bimestrais. Portanto, o acompanhamento das famílias é permanente, o registro
dos dados é que é semestral na saúde e bimestral na educação.
É fundamental, ainda...
Que o Gestor Municipal do PBF estabeleça uma parceria efetiva com o responsável pelo
acompanhamento da freqüência escolar na Secretaria Municipal de Educação, para ter
acesso aos relatórios gerenciais, que podem ser uma excelente ferramenta para direcionar a
implementação de novas ações, como por exemplo o relatório de identificação dos motivos
da freqüência inferior a 85% ou o relatório de crianças e adolescentes na situação de não
localizadas.
Uma dica
O Gestor Municipal do PBF pode acessar o manual do usuário do novo sistema no endereço
eletrônico: http://frequenciaescolarpbf.mec.gov.br
Maiores informações a respeito do Sistema de Acompanhamento de Freqüência Escolar
podem ser obtidas no Informe PBF nº 64. (http://www.mds.gov.br/bolsafamilia).
201
MÓDULO 3 UNIDADE 4
Portanto...
Em caso de descumprimento de condicionalidades...
É um indicador importante saber os motivos para que se identifiquem
aquelas famílias que se encontram em maior grau de vulnerabilidade
e risco social.
202
MÓDULO 3 UNIDADE 4
1ª vez Notificação de
Advertência Benefício sem alteração.
Sanções gradativas
A família com o benefício (uma
Bloqueio 30 dias parcela) bloqueado por 30 dias, e volta
2ª
a receber com o acumulado.
Você observou?
A primeira vez em que uma família deixa de cumprir condicionalidade, ela recebe uma
notificação de advertência. Nesse caso o benefício não sofre nenhuma alteração.
Em caso de bloqueio, a parcela não paga poderá ser sacada após trinta dias, porém as duas
parcelas suspensas não poderão mais ser sacadas.
203
MÓDULO 3 UNIDADE 4
Observe a ilustração
Importante...
A cada novo registro de descumprimento de condicionalidades, tem início um período de
validade de 18 meses.
Fique atento
Não haverá descumprimento de condicionalidades nas seguintes situações:
• E
m caso de oferta irregular ou inadequada de serviços de saúde, educação e assistência
social;
• Por motivo de força maior ou fortuito, reconhecido pelo Município; e
• Devidamente justificado pelo Município, estando de acordo com o MEC, MS ou MDS.
204
MÓDULO 3 UNIDADE 4
Cada registro de descumprimento das condicionalidades deve ser comunicado por escrito ao
responsável legal da família.
As notificações de descumprimento das condicionalidades às famílias devem ser feitas por
meio do Formulário de Notificações de Descumprimento das Condicionalidades.
Esse formulário pode ser encontrado na Portaria MDS nº 551 de 2005.
Embora o envio das notificações seja de competência do Gestor Municipal, o MDS assumiu
a responsabilidade por realizar este envio, até que esteja disponível o Sistema Integrado de
Gestão de Condicionalidades – SICON. Este sistema permitirá que os próprios municípios
realizem os procedimentos de gestão de condicionalidades, por exemplo, emitindo e
realizando o controle da entrega de notificações.
No terceiro registro de
Cancelamento descumprimento, o benefício
3ª vinculado a esse jovem será cancelado.
Você observou?
Que no primeiro registro de descumprimento a família receberá uma advertência. No
segundo registro o benefício vinculado ao adolescente que descumpriu a condicionalidade
será suspenso por 60 dias. No terceiro registro de descumprimento, o benefício vinculado a
esse adolescente será cancelado.
Vale lembrar
A família que recebe BVJ precisa garantir a permanência de seus jovens de 16 e 17 anos na
escola, cumprindo uma freqüência mínima de 75%. Por enquanto, so há condicionalidade de
educação. Vale lembrar que a freqüência dos demais membros continua a ser de 85%.
Importante...
O objetivo do BVJ é incentivar os adolescentes de 16 e 17 anos a continuar na escola. Portanto,
a freqüência escolar mínima mensal de 75% é condição para receber o benefício. A família e
o próprio adolescente devem ser conscientizados da importância da freqüência à escola para
o seu futuro e para o recebimento do benefício. No entanto, se o adolescente não for à escola,
as repercussões por descumprimento afetarão somente o BVJ a ele vinculado. Os demais
benefícios da família, bem como de outro adolescente que receba o BVJ, serão mantidos.
205
MÓDULO 3 UNIDADE 4
Fique atento!
O governo estadual poderá cadastrar as suas escolas no Sistema de Freqüência Escolar ou
encaminhar o registro da freqüência para que o município faça a transmissão para o MEC,
juntamente com o registro dos demais beneficiários do PBF. Este procedimento também
pode ser utilizado para o acompanhamento da freqüência de crianças e adolescentes mais
novos que estudem em escolas estaduais. O MDS acaba de publicar uma portaria destinando
recursos financeiros aos estados, para estimulá-los a informar a freqüência dos seus alunos.
Recursos
Caso a tenha recebido uma sanção errada, o que fazer?
Se a família cumpriu as condicionalidades ou tem justificativa, ela poderá entrar com recurso
contra a sanção recebida.
206
MÓDULO 3 UNIDADE 4
Atenção:
Maiores informações no Informe PBF nº 79.
5. enviar para o MDS cópia, por fax. Esse fax é necessário para que o MDS possa desfazer
os registros de inadimplência do histórico da família;
6. dar ciência às instâncias de controle social; e
7. acompanhar, prioritariamente, as famílias mais vulneráveis, favorecendo o retorno ao
cumprimento das condicionalidades.
Com o recurso apresentado pelo responsável legal, o Gestor Municipal tem a oportunidade
de avaliar a justificativa da família e verificar os motivos que a levou a descumprir as
condicionalidades do programa. Assim, ele tem a autonomia para decidir se aceita ou não
aceita os argumentos apresentados pela família. Vale ressaltar que este é o momento em que
as vulnerabilidades são evidenciadas e cabe ao Gestor Municipal orientar e encaminhar as
famílias para inclusão em outras políticas públicas, quando necessário. Muitas vezes, a situação
apresentada pela família como motivo para o descumprimento é de extrema dificuldade,
porém os argumentos não justificam legalmente o descumprimento da condicionalidade.
Nestas situações, o Gestor Municipal precisa ter discernimento na sua decisão, tomando o
cuidado para não considerar como deferido um recurso que não tenha a devida justificativa.
Mais vale o Gestor Municipal do programa fortalecer a importância das condicionalidades
e empenhar esforços na integração de ações intersetoriais para o acompanhamento familiar
destas famílias em situação de maior vulnerabilidade e risco social.
O descumprimento das condicionalidades pelos beneficiários não deve ser visto apenas sob
o ponto de vista das repercussões sobre o benefício. Este descumprimento evidencia que a
família está numa situação de maior vulnerabilidade.
Por isso, a ação do Poder Público local deve ser no sentido de identificar os motivos
do descumprimento e implementar ações para que essa família volte a cumprir as
condicionalidades.
Articular ação conjunta com o Programa de Atenção Integral à Família (PAIF) para fazer o
acompanhamento dos beneficiários do PBF. O Centro de Referência da Assistência Social
(CRAS) é o equipamento público responsável pela oferta do PAIF.
208
MÓDULO 3 UNIDADE 4
As Instâncias de Controle Social do PBF, formadas por atores sociais locais, são importantes
instituições na estratégia de acompanhamento das condicionalidades. As Instâncias de
Controle Social – ICS podem ser parceiras na articulação com os demais conselhos, como,
por exemplo, os Conselhos Tutelares, o Conselho de Saúde, o Conselho de Educação, o
Conselho de Assistência Social, entre outros.
Parabéns!
Você venceu mais uma etapa de seu estudo do Módulo 3.
209
MÓDULO 3 UNIDADE 5
• Na segunda etapa
A Portaria MDS nº 232/2006 definiu o repasse de recursos aos estados entre os meses de agosto
a dezembro de 2006, após findar o prazo estabelecido pelas portarias anteriores (nº 672/05 e
68/06). De acordo com esta Portaria, os repasses passaram a ser mensais, com valores fixos
calculados com base no respectivo número de famílias pobres, segundo estimativa do IBGE/
PNAD 2004 (vide anexo da Portaria 232). Para receber estes recursos, os estados atualizaram
os seus Planos de Ação.
IV. implementação de estratégia que apóie o acesso das populações pobre e extremamente
pobre a documentos de identificação;
V. formatação de estratégia para apoio ao cadastramento de populações tradicionais, em
especial comunidades indígenas e remanescentes de quilombos, no CadÚnico.
Lembrando...
Esse modelo não esgota as possibilidades de cooperação entre os estados, o Governo Federal
e os municípios na gestão do PBF e do Cadastro Único. Este é um tema ainda em discussão
e construção.
• Na primeira etapa
Na primeira etapa, regida pela Portaria MDS nº 360/2005, os municípios receberam R$ 6,00
por cadastro atualizado ou incluído, desde que fossem considerados “válidos”, de acordo com
os procedimentos previstos pela referida Portaria.
• Na segunda etapa
Na segunda etapa, a Portaria MDS nº 148/2006 estabeleceu novas regras para o repasse de
recursos financeiros aos municípios e criou o Índice de Gestão Descentralizada (IGD).
O QUE É O IGD?
Obtido pelo cálculo da média aritmética entre a taxa de cobertura qualificada de cadastros e
a taxa de atualização de cadastros:
Obtido pelo cálculo da média entre a taxa de crianças com informações de freqüência escolar
e a taxa de famílias com registro de acompanhamento das condicionalidades de saúde:
Taxa de famílias com acompanhamento da agenda de saúde = (N° de famílias com perfil
saúde com informações de acompanhamento de condicionalidades de saúde)/(N° total de
famílias do PBF com perfil saúde).
212
MÓDULO 3 UNIDADE 5
Além disto, para que fosse feita transferência de recursos fundo a fundo, era preciso utilizar
informações disponíveis, em âmbito nacional, para todos os municípios brasileiros, de forma
atualizada e automatizada.
• O
montante a ser transferido a cada Município terá como base o valor de referência de
R$ 2,50 (dois reais e cinqüenta centavos) por família beneficiária do PBF, residente em
seu território, no limite da estimativa de famílias pobres publicada pelo MDS.
• O
valor mensal que pode ser transferido ao Município será obtido pela multiplicação
do valor de referência (R$ 2,50) pelo IGD relativo àquele mês, e pela multiplicação do
produto daí resultante pelo número de famílias beneficiárias residentes no Município no
limite da estimativa de famílias pobres publicada pelo MDS.
• S erão remuneradas em dobro as atividades de gestão referentes a até duzentas famílias
por Município.
213
MÓDULO 3 UNIDADE 5
214
MÓDULO 3 UNIDADE 5
Atenção:
Não esqueça das atualizações que virão com a Portaria MDS/GM n.º 66/2008.
É bom saber...
É preciso considerar o período a que se refere cada um dos componentes do IGD: a base do
cadastro é extraída mensalmente, os dados de educação podem ser bimestrais ou trimestrais
e os de saúde têm periodicidade semestral.
Atualmente, para receber os recursos do IGD, os municípios devem atingir IGD maior ou
igual a 0,4.
215
MÓDULO 3 UNIDADE 5
Essas novas regras de cálculo do IGD foram estabelecidas pela Portaria MDS/GM nº. 66, de
03 de março de 2008.
Aproveite os meses de abril a julho de 2008 para verificar como tem sido o desem-
penho do seu município e melhorar os indicadores!
• O
bserve se seu município receberia o recurso do IGD caso as novas regras já estivessem
em vigor. Se ele tiver qualquer um dos indicadores menor que 0,2, significa que o
Município não receberia recursos se as novas regras já estivessem em vigor.
• V
erifique como tem sido o desempenho do seu Município até agora, e quanto ele poderia
ter recebido com a melhoria do registro das informações de condicionalidades.
Esse exercício é importante para você, gestor municipal, perceber o impacto que o bom
acompanhamento das condicionalidades tem no repasse de recursos financeiros para a
gestão do PBF no seu Município.
Caso os municípios não adotem medidas para melhorar esses resultados, certamente não
cumprirão as condições mínimas para continuar a receber o IGD a partir de agosto de
2008.
216
MÓDULO 3 UNIDADE 5
O gestor dever definir, em conjunto com as áreas relacionadas ao Programa – Educação, Saúde,
Assistência Social, Segurança Alimentar, ou outras, de acordo com o perfil do Município –
quais são as prioridades para o aprimoramento da gestão, para a melhoria do atendimento às
famílias e quais ações serão implementadas.
Depois de elaborado, o planejamento com as prioridades para alocação dos recursos oriundos
do IGD deve ser enviado à área no Município responsável pela contabilidade e finanças. Esta
área identificará as categorias econômicas no orçamento onde o recurso poderá ser gasto.
Atenção
É proibida a utilização dos recursos do IGD para pagamento de servidores do Município.
Veja como tudo acontece.
Não existe definição por parte do MDS de um percentual a ser repassado a cada uma das
áreas no nível local.
Isso é uma decisão que deve ser tomada em conjunto pelas áreas envolvidas do próprio
Município. A transferência do recurso deverá ser canalizada para a gestão do Programa Bolsa
Família como um todo e não especificamente para uma área, pois todas têm sua relevância na
construção do processo e devem trabalhar intersetorialmente para a obtenção do êxito nas
suas ações de gestão, contribuindo para a melhoria da condição das famílias e para a elevação
do IGD.
Cada Município deve avaliar qual a melhor forma de agir, lembrando que as ações
devem ser exclusivamente relacionadas à gestão do PBF, de acordo com a realidade
do Município e com o artigo 2º da Portaria nº 148, que regulamenta o IGD. As
áreas envolvidas nas ações de cadastramento das famílias, além das que realizam o
acompanhamento de saúde e educação das famílias beneficiárias, devem discutir em
conjunto quais são as prioridades do Município e quais ações serão implementadas,
juntamente com a definição de como será efetivada a incorporação do recurso do IGD
ao orçamento.
217
MÓDULO 3 UNIDADE 5
Uma dica
Consultar a área responsável por orçamento e finanças evita que as ações ocorram de forma
irregular e possam trazer conseqüências ao gestor pelo descumprimento de legislação.
218
MÓDULO 3 UNIDADE 6
Você lembra?
Entende-se o Controle Social do PBF como a participação da sociedade civil no:
• planejamento;
• acompanhamento;
• fiscalização; e
• avaliação da execução do Programa, visando potencializar os seus resultados.
219
MÓDULO 3 UNIDADE 6
Lembrando, ainda...
O Controle Social do PBF é composto por um comitê ou conselho, formado por representantes
do Poder Público e da sociedade civil, de forma paritária e intersetorial.
Marco legal que embasa o controle social do Programa, sua criação, composição e atuação.
O controle social está presente nos principais instrumentos legais que regulamentam o PBF
e é pré-requisito para a adesão dos municípios ao Programa.
220
MÓDULO 3 UNIDADE 6
Confira:
• Movimentos sindicais de empregados e patronal, urbano e rural;
• Associações de classe profissionais e empresariais;
• Instituições religiosas de diferentes expressões de fé, existentes no Município;
• M
ovimentos populares organizados, associações comunitárias e organizações não
governamentais;
221
MÓDULO 3 UNIDADE 6
• R
epresentantes de populações tradicionais existentes em seu território (indígenas e
quilombolas);
• Representantes dos beneficiários do PBF, entre outros.
É importante frisar, no entanto, que embora o cadastramento possa contar com a participação
e a colaboração das ICS, não é atribuição destas instâncias cadastrar as famílias. Esta
atribuição é competência do Poder Público local, que pode ser realizado em parceria com
agentes privados.
É importante lembrar...
Embora os procedimentos que dizem respeito à gestão de benefícios do Programa sejam
operacionalizados exclusivamente no nível federal ou pelo Gestor Municipal do Programa, a
ICS deve acessar o Sistema de Gestão de Benefícios (SIBEC) do PBF, sob módulo de consulta,
para que possa conhecer as informações sobre os beneficiários e a situação de seu benefício
na localidade.
222
MÓDULO 3 UNIDADE 6
Atenção!
Cabe ao gestor municipal viabilizar o acesso das ICS ao SIBEC mediante credenciamento
junto à Caixa Econômica.
Essas ações facilitam a identificação dos motivos que levaram ao descumprimento das
condicionalidades por parte das famílias.
Esse procedimento facilita a atuação das ICS na medida em que, sendo conhecedora da
garantia dos serviços por parte do poder local, as ICS podem atuar de maneira mais ágil,
tanto no sentido de pensar uma estratégia de aproximação e convencimento das famílias
sobre a importância do cumprimento das condicionalidades, quanto de abreviar o tempo da
averiguação de possíveis irregularidades e distorções.
223
MÓDULO 3 UNIDADE 6
A ICS deve observar a existência desses programas não apenas no âmbito municipal,
estadual ou federal, mas, inclusive, nas instituições do terceiro setor, como as ONGs que
já trabalham nas comunidades, indicando potencialidades e vocações produtivas locais.
Esta medida se destina a maximizar os resultados das ações desenvolvidas pelo PBF, de
modo a aumentar os seus níveis de efetividade.
Atenção!
Compõem a Rede Pública de Fiscalização os Ministérios Públicos Estaduais e Federal, a
Controladoria Geral da União – CGU e o Tribunal de Contas da União – TCU.
224
MÓDULO 3 UNIDADE 6
Saiba mais
Para a garantia do cumprimento do papel das ICS em todos os componentes do Programa, é
necessário que estejam munidas de informações sobre as regras e objetivos do Programa e de
infra-estrutura mínima para o desempenho de suas atividades.
225
MÓDULO 3 UNIDADE 6
Espera-se que ao final desta unidade os gestores e técnicos do Programa Bolsa Família
possam perceber as instâncias de controle social como aliadas e como instrumentos para
potencializar os resultados do Programa na vida das famílias beneficiárias, para mobilizar a
confiança da população na gestão local e impulsionar a participação e a formação de capital
social no Município.
226
MÓDULO 3 UNIDADE 7
Unidade 7 – Fiscalização
Atenção!
Os procedimentos de fiscalização constituem ações que, tomadas em conjunto, permitem a
formação e formulação opinião fundamentada pelo ente fiscalizador.
OBJETIVO DA FISCALIZAÇÃO
A fiscalização visa garantir a efetividade e a transparência na implementação do Programa
Bolsa Família, assegurando que os benefícios efetivamente cheguem às famílias que atendem
aos critérios de elegibilidade do Programa.
A fiscalização da gestão do Cadastro Único e do Programa Bolsa Família é feita das seguintes
formas:
227
MÓDULO 3 UNIDADE 7
• Aos
gestores públicos:
O responsável pela organização e manutenção do cadastro que inserir ou fizer inserir
dados ou informações falsas, ou contribuir para a entrega do benefício a pessoa diversa
do beneficiário final, será responsabilizada civil, penal e administrativamente.
Conheça, agora:
A Rede Pública de Fiscalização do Programa Bolsa Família.
O MDS recebe denúncias referentes ao Programa Bolsa Família pelos seguintes canais:
Atenção!
A Coordenação Geral de Fiscalização do Departamento de Operação da SENARC examina as
denúncias recebidas e, de acordo com a gravidade dos fatos, adota medidas de fiscalização por
meio de visitas aos municípios ou a distância. Na maior parte dos casos, o MDS encaminha as
denúncias recebidas para os gestores municipais do PBF, solicitando que sejam averiguadas.
Alguma dúvida?
Releia a Unidade ou Unidades nas quais você não se sente,
ainda, dominando o assunto.
230
MÓDULO 4
231
MÓDULO 4
MÓDULO 4 - Gestão do Sistema Único de Assistência Social
Ementa
Unidade 1 – O caminho histórico do SUAS
• A trajetória da Assistência Social
• Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS)
• O Estado e os serviços socioassistenciais
• Organização e gestão da política de assistência social
232
MÓDULO 4
Unidade 5 – Tipos e níveis de gestão do SUAS
• Gestão inicial
• Gestão básica
• Gestão plena
• Habilitação dos municípios aos tipos de gestão
• Desabilitação dos municípios
• Gestão do Distrito Federal
• Gestão dos estados
• Gestão da União
233
MÓDULO 4 UNIDADE 1
Vale lembrar...
A questão social circunscreve um terreno de disputas, pois diz respeito à desigualdade
econômica, política e social entre as classes na sociedade de mercado, envolvendo a luta
pelo usufruto de bens e serviços, socialmente construídos, por direitos sociais e pela
cidadania.
Conclusão...
Enquanto o mundo vivia um processo de enxugamento do investimento público estatal na
área social, o Brasil instituiu seu Sistema de Seguridade, tendo a concepção da cidadania
como pano de fundo.
Fique sabendo
A tradução dessa cidadania pautada na Constituição Federal de 1988 em direitos alcançáveis
pela população não foi conquistada de modo rápido e fácil.
Se tomarmos apenas o exemplo da política de Assistência Social, veremos que, após a
promulgação da Constituição, um amplo processo de debates e lutas no interior da sociedade
foram travados, para que o que consta na Lei Magna tivesse sua regulamentação.
235
MÓDULO 4 UNIDADE 1
236
MÓDULO 4 UNIDADE 1
Assim...
A Assistência Social configura-se como possibilidade de reconhecimento público da
legitimidade das demandas de seus usuários e espaço de ampliação de seu protagonismo.
E tem mais...
A tarefa de se consolidar uma política pública, tem na Assistência Social, aspectos muito
peculiares que dificultam a empreitada.
Assim como a
Atenção regulamentação
da Constituição foi
Para que a Assistência Social fosse reconhecida como política pública no campo dos direitos conquistada com
sociais, era necessário romper com a idéia do direito como favor ou ajuda emergencial, muita mobilização,
prestados sem regularidade e por meio de um processo de centralismo decisório. também a
efetividade da
Era necessário, também, romper com a lógica de que a Assistência Social sobrevive apenas LOAS tem sido
com os recursos residuais do investimento público (serviços pobres para pobres!). conquistada
por meio de
E ainda... muitos debates e
pactuações políticas,
Era necessário romper com o uso dos recursos sociais de maneira clientelista e que envolvem
patrimonialista. todo o conjunto da
sociedade.
Nesta direção, em 1997, foi editada uma Norma Operacional Básica da Assistência Social
(NOB), que buscou dar concretude aos princípios e diretrizes da
LOAS.
• Conceitua
o Sistema Descentralizado e Participativo.
• Amplia o âmbito das competências dos governos federal,
municipais, do Distrito Federal e estaduais.
• Institui a exigência de Conselho, Fundo e Plano Municipal de
Assistência Social para o Município estar habilitado a receber
recursos federais.
237
MÓDULO 4 UNIDADE 1
O Estado passa a ser o principal agente construtor e implementador das ações da política
pública de Assistência Social.
Desta forma...
O Estado passa a reconhecer e legitimar os instrumentos de participação popular na
condução da Política Pública de Assistência Social. A perspectiva é a de um Estado dotado
de um sistema de gestão moderno, que utilize as inovações tecnológicas de gestão social e
informação, em busca de competência técnica e transparência política.
238
MÓDULO 4 UNIDADE 1
Nossa! Sinto-me
orgulhosa de fazer parte
dessa gestão moderna!
239
MÓDULO 4 UNIDADE 1
Saiba mais
Observa-se neste período, de 2005 a 2006, um intenso processo de regulamentações das ações
que vão consolidar o novo modelo de organização e gestão da política de Assistência Social.
241
MÓDULO 4 UNIDADE 1
Fechando a Unidade...
Caminhou-se bastante, nestes últimos anos, em direção à institucionalização e à materialização
dos direitos consagrados na Constituição de 1988, notadamente no que tange à Assistência
Social. Aqui, você conheceu alguns momentos históricos desta caminhada.
Nas Unidades seguintes, você conhecerá mais alguns aspectos do SUAS que, com certeza, o
ajudarão a ter uma compreensão maior deste novo modelo socioassistencial e de como, por
meio da sua ação, você poderá contribuir para o seu aperfeiçoamento.
Parabéns!!!!
Você venceu a primeira etapa do estudo do
Módulo 4.
Prossiga com entusiasmo!
242
MÓDULO 4 UNIDADE 2
Princípios Significados
Reafirma a natureza não contributiva da
Assistência Social, realocando o foco de
Supremacia do atendimento às necessidades
atenção da política nas necessidades e não no
sociais sobre as exigências de rentabilidade
necessitado, rompendo com a idéia de que o
econômica.
indivíduo e/ou sua família é exclusivamente
responsável pelas situações de risco e
vulnerabilidades a que estão submetidos.
Significa tornar disponíveis a todas as
pessoas, independentemente de quaisquer
fatores discriminatórios, os direitos sociais,
Universalização dos direitos sociais, a fim que podem ser traduzidos em qualidade
de tornar o destinatário da ação assistencial de vida, com garantia de condições dignas
alcançável pelas demais políticas públicas. de sobrevivência, assegurando aos usuários
da Assistência Social acesso às políticas
sociais básicas, tais como: habitação, saúde,
alimentação, transporte, cultura, lazer,
trabalho, entre outras.
243
MÓDULO 4 UNIDADE 2
Princípios Significados
Este princípio implica o reconhecimento da
dignidade como um atributo inerente ao ser
Respeito à dignidade do cidadão, à sua
humano, que deve ser respeitado e garantido
autonomia e ao seu direito a benefícios
pelas políticas públicas. Significa que se
e serviços de qualidade, bem como à
deve respeito aos direitos de cidadania dos
convivência familiar e comunitária,
usuários, independente de sua condição
vedando-se qualquer comprovação
social, econômica, cultural, política, sexo,
vexatória de necessidade.
idade, preservando-o de qualquer situação
constrangedora e de restrição de sua
autonomia.
Os serviços no campo da Assistência Social
devem estar acessíveis a todas as pessoas que
deles necessitem, independentemente de
qualquer discriminação (étnica, de gênero,
religião, idade, orientação sexual) privilégio
ou apadrinhamento. O que compreende,
também, a garantia da igualdade de
atendimento às populações urbanas e rurais,
às comunidades tradicionais, entre outras,
sem qualquer tipo de discriminação. Refere-
se, ainda, à promoção da eqüidade, no
sentido da redução das desigualdades sociais
Igualdade de direitos no acesso ao
e enfrentamento das disparidades regionais
atendimento, sem discriminação de
e locais, no acesso a recursos financeiros. Ou
qualquer natureza, garantindo-se
seja, trata-se da criação de condições para
equivalência às populações urbanas e
que se tenha uma sociedade mais justa, isto
rurais.
é, com uma distribuição mais equânime de
bens econômicos e sociais, de modo que cada
realidade seja tratada de forma diferenciada,
em função de suas demandas, necessidades
e potencialidades. Ser equânime é ter a
disposição de reconhecer, igualmente, os
direitos e necessidades de cada família,
seus membros e indivíduos e, no caso da
implementação de políticas, reconhecer a
diversidade regional, no que diz respeito
aos aspectos econômicos, sociais, culturais,
políticos, dentre outros.
244
MÓDULO 4 UNIDADE 2
Princípios Significados
Como direito social garantido a quem dele
necessitar, a Assistência Social pressupõe os
chamados “testes de meio”, cujos critérios
devem ser amplamente divulgados, de modo
a facilitar o acesso da população usuária aos
diferentes serviços, programas, projetos
Divulgação ampla dos benefícios, serviços, e benefícios. Tal diversidade de ações no
programas e projetos assistenciais, bem campo da Assistência Social se deve, dentre
como dos recursos oferecidos pelo Poder outros fatores, ao reconhecimento de que
Público e dos critérios para sua concessão as situações de risco e vulnerabilidades
sociais têm natureza multidimensional, e
que para seu enfrentamento é necessário um
conjunto articulado e integrado de ações,
como, por exemplo, a integração entre os
serviços socioassistenciais e os benefícios
não contributivos.
Quanto mais
informações a
população tiver
Fique de olho... sobre seus direitos,
maiores serão as suas
Observa-se nos princípios emanados pela Política Nacional de Assistência condições de exercê-
Social – PNAS uma forte associação com os valores que compõem a noção de los. Por isso, faça sua
direitos humanos, o que reforça o caráter da Assistência Social como política parte, compartilhe
viabilizadora destes direitos. conhecimentos.
Relembrando...
Em dezembro de 2006 o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS)
e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), por meio de um amplo processo de
debate com a sociedade, coordenado pelo Conselho Nacional, divulgaram o Plano Nacional
de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência
Familiar e Comunitária.
245
MÓDULO 4 UNIDADE 2
• Descentralização
político-administrativa
• P
articipação da população, por meio de organizações representativas, na formulação
das políticas e no controle das ações em todos os níveis.
246
MÓDULO 4 UNIDADE 2
No âmbito da PNAS, ela pode se dar por meio dos conselhos de políticas públicas, de
direitos nas três esferas de governo e, também, por intermédio da articulação direta
com os cidadãos (ouvidorias etc.) ou, ainda, pelos movimentos sociais. A efetivação da
participação exige, portanto, o acesso às informações sobre os recursos e critérios de
elegibilidade dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, viabilizados
pelo Poder Público.
Uma política pública só se faz quando o “Poder Público” assume suas responsabilidades
na condução desta política. Isto não significa ignorar as iniciativas privadas ou mesmo
aquelas afetas ao campo da benemerência e caridade, mas trata-se da consideração de que
a legitimidade do direito viabilizada pelo agente público deve ter, neste mesmo agente, o
fornecimento das condições que permitam o acesso aos direitos. Por isso, dizemos que
o Estado tem primazia na condução da política, sem prejuízo da complementaridade da
rede socioassistencial privada.
247
MÓDULO 4 UNIDADE 2
É importante
Na Unidade 1, você estudou que a inserção da Assistência Social, no campo da Seguridade
Social, lhe confere caráter de política de proteção social articulada com as demais políticas
setoriais. Continue estudando e fique sabendo o que o novo modelo redefine nos serviços
socioassistenciais.
O novo modelo redefine os serviços socioassistenciais, rompendo com a lógica dos segmentos
sociais a serem atendidos (criança, adolescente, jovens, pessoas com deficiência, idosos),
para estruturá-los em redes de proteção social capazes de assegurar um amplo conjunto de
seguranças sociais, no Sistema Público de Proteção Social:
• a segurança de sobrevivência – de rendimento e autonomia a todos independentemente
de suas limitações para o trabalho ou do desemprego;
• a segurança de acolhida – promovida por meio da provisão das necessidades básicas de
alimentação, vestuário e abrigo; e
• a segurança do convívio familiar e comunitário – um dos principais desafios da política
pública de Assistência Social, no enfrentamento de situações de reclusão e rompimento
dos vínculos familiares e comunitários.
Prossiga estudando!
248
MÓDULO 4 UNIDADE 3
Esse desenho inova ao afirmar para a Assistência Social seu caráter de direito não
contributivo (independentemente de contribuição à Seguridade Social e para além dos
interesses do mercado), ao apontar a necessária integração entre o econômico e o social, e ao
apresentar novo desenho institucional para a Assistência Social. Inova, também, ao fortalecer
a participação da população e o exercício do controle da sociedade na gestão e execução das
políticas.
Por sua vez, como um sistema de gestão, esse arranjo institucional propõe pela primeira vez
na história do país, sob a primazia da responsabilidade do Estado, a organização em todo
o território nacional de serviços socioassistenciais destinados a milhões de brasileiros, em
todas as faixas etárias, com a participação e a mobilização da sociedade civil nos processos de
implantação e implementação do Sistema.
Então, baseado em critérios e procedimentos transparentes, o SUAS altera fundamentalmente
operações como: o repasse de recursos federais para estados, municípios e Distrito Federal, a
O SUAS, pactuado prestação de contas e a maneira como os serviços e os entes federados estão hoje organizados
nacionalmente e
do ponto de vista da gestão de recursos.
deliberado pelo
Conselho Nacional
de Assistência Fechando essa idéia...
Social, prevê
O SUAS promove uma mudança de conteúdo e de gestão da política pública de Assistência
uma organização
participativa e Social, ao materializar o conteúdo da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS (Lei nº 8.742
descentralizada da de 7/12/1993), e definir os conceitos e as bases que vão orientar a estruturação do sistema nos
Assistência Social, estados, no Distrito Federal e nos municípios, os quais serão aqui destacados por serem de
com serviços voltados fundamental importância para a compreensão do novo modelo socioassistencial.
para o fortalecimento
da família, sem, no
Em outras palavras...
entanto sobrecarregá-
la, mas ao contrário, O SUAS oferece concretude à Política Pública de Assistência Social na perspectiva de construir
protegendo-a e os direitos de seus usuários e sua inserção na sociedade.
apoiando-a.
250
MÓDULO 4 UNIDADE 3
Vale lembrar
É preciso ficar bem claro para você as implicações da matricialidade sociofamiliar para a
organização do novo modelo socioassistencial.
Fique de olho
O conceito de família do qual se fala na política de Assistência Social
compreende relações estabelecidas por laços consangüíneos, afetivos
e/ou de solidariedade.
Fique sabendo agora qual o papel fundamental da Assistência Social no
fortalecimento e autonomia das famílias, em situação de vulnerabilidade
e em processos de exclusão social.
251
MÓDULO 4 UNIDADE 3
Um recado
Deste entendimento decorrem outros conceitos que você verá mais adiante, como, por
exemplo, a unidade de medida família referenciada.
O objetivo de se ter a família como referência é prevenir o risco social e/ou pessoal, visando ao
fortalecimento dos vínculos familiares, comunitários e societários, e promovendo a inclusão
das famílias e dos cidadãos nas políticas públicas, na vida em comunidade e em sociedade.
Prestar serviços,
promover a realização
de programas e projetos locais de
Proteção Social Básica como, por
exemplo, acolhimento, convivência e
socialização de famílias e de indivíduos,
conforme identificação da situação de
vulnerabilidade apresentada.
252
MÓDULO 4 UNIDADE 3
CRAS – local que deve ser tão conhecido em uma comunidade, como um centro de saúde
ou uma escola.
O CRAS foi concebido como a porta de entrada para o atendimento social nos diversos
territórios.
253
MÓDULO 4 UNIDADE 3
Os serviços
socioassistenciais
ofertados para o
universo familiar
devem levar em
conta, além da idade
e renda, questões
que envolvem as
relações de gênero,
a classe social, os
aspectos raciais ou
étnicos e culturais, e É desta forma que se materializam os princípios da Política Nacional de Assistência Social
como tais elementos – PNAS da universalização dos direitos sociais e da igualdade de direitos, no acesso ao aten-
que orientam a dimento. Estes princípios você já conhece.
estruturação das
relações sociais
Outro eixo do novo modelo socioassistencial
e econômicas
que as famílias
e os indivíduos • EIXO 4 - Descentralização Político-Administrativa e Territorialização
estabelecem ou na
Uma das mudanças na forma de gestão da política pública de Assistência Social, desde a
qual estão inseridos.
Constituição Federal de 1988, decorre do princípio da descentralização político-administrativa
na organização das ações governamentais nesta área.
Esta diretriz está disposta no artigo 204 da Constituição Federal e é reafirmada pelo artigo
6º da LOAS. Outro princípio que rege a atuação dos agentes públicos nesta política é a
autonomia administrativa dos entes federados (estados, municípios e Distrito Federal), na
organização dos seus serviços (art. 8º da LOAS) conforme sua necessidade.
A tradução desses preceitos na política de Assistência Social se expressa na definição de co-
responsabilidades para cada esfera de governo na realização da política, cabendo:
À esfera federal
A coordenação e a edição de normas de caráter geral.
254
MÓDULO 4 UNIDADE 3
Cabe lembrar
O sistema é constituído, também, por entidades e organizações de Assistência Social e
por um conjunto de instâncias de pactuação e deliberação (a Unidade 7 tratará com mais
profundidade deste assunto), compostas pelos diversos setores envolvidos na área.
E mais...
O número de família
O território é lugar de vida e relações. referenciada
depende do porte
demográfico
Nesse sentido, para a organização dos serviços socioassistenciais de proteção social
associado aos
básica, estabeleceu-se, no âmbito do novo modelo socioassistencial, o número de indicadores
família/habitantes referenciadas no território para organização dos serviços. socioterritoriais
disponíveis a
partir dos dados
censitários do IBGE.
255
MÓDULO 4 UNIDADE 3
• D
esenvolvimento e co-financiamento de programas de capacitação de gestores,
profissionais, conselheiros e prestadores de serviços.
• Co-financiamento em âmbito estadual de benefícios eventuais.
Também sobre o papel do ente estadual no SUAS vale a pena retomar a PNAS, a NOB/SUAS
e a NOB-RH/SUAS.
Esta nova modalidade de financiamento supera a relação convenial entre a União e as entidades
socioassistenciais, fortalecendo a cooperação federativa e propiciando aos municípios maior
capacidade e autonomia na organização da sua rede.
Tal procedimento, ainda que corresse sem contratempos, poderia resultar em atraso no
repasse e suspender temporariamente o serviço ofertado à população. Realça-se, que esta nova
modalidade de financiamento rompe com a relação convenial entre a União e as entidades
socioassistenciais, fortalecendo a cooperação federativa e propiciando aos municípios maior
capacidade e autonomia na organização da sua rede. Outro aspecto importante acerca do
financiamento da política é a utilização de critérios de partilha de recursos. O novo Sistema
adota indicadores como, por exemplo, a Taxa de Vulnerabilidade Social para determinar
como será a distribuição dos recursos do Fundo Nacional de Assistência Social. Esta taxa
leva em consideração informações sociais, econômicas e demográficas de todo território
brasileiro. Ela é feita levando em consideração características como: condições de moradia,
renda familiar, idade e situação escolar de filhos, receita e porte do Município. Também se
considera o quanto é alocado de recursos próprios para a Assistência Social.
257
MÓDULO 4 UNIDADE 3
Agora, os municípios têm autonomia para organizar sua rede de proteção social e são
fiscalizados, principalmente, pelos respectivos conselhos de Assistência Social.
Para esta finalidade, o Sistema introduz o Relatório Anual de Gestão, que simplifica e dina-
miza o processo de prestação de contas. Com estas medidas, o Ministério consegue efetuar
repasses mensais automáticos e contínuos. Desta forma, o atendimento ao usuário não é
comprometido.
Dois princípios fundamentais regem a gestão das ações na área da Assistência Social. São eles a
descentralização político-administrativa e a participação de organizações representativas
da sociedade civil nos conselhos paritários em todos os níveis. São instâncias de controle,
deliberação e fiscalização dos serviços socioassistenciais.
258
MÓDULO 4 UNIDADE 3
• As conferências
O espaço das conferências é aquele em que se avalia a situação da Assistência Social e se
definem as diretrizes para a política.
• Os conselhos
Os conselhos são organismos públicos, compostos por representantes dos governos, dos
trabalhadores, da sociedade civil e dos usuários e têm um papel importante nas deliberações
sobre os rumos da política em cada esfera de governo e também na fiscalização da execução
dos serviços socioassistenciais.
É fundamental uma compreensão clara do papel dos conselhos para que se tenha mais
eficácia e efetividade na organização do SUAS. Estes resultados serão também alcança-
dos, quanto mais estreitas forem as relações entre os conselhos das diferentes esferas de
governo, isto é, federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais.
Saiba mais...
Você tem conhecimento de alguma dessas ações desenvolvidas na comunidade onde você
atua? Saberia citar alguns exemplos?
259
MÓDULO 4 UNIDADE 3
Criação de ouvidorias
Outra forma proposta de participação na gestão da política pode ser a criação de ouvidorias,
por meio das quais o direito à Assistência Social possa se tornar “reclamável para os cidadãos
brasileiros”.
Que tal conhecer agora o eixo que impõe mudanças na política de recursos
humanos na área da Assistência Social?
260
MÓDULO 4 UNIDADE 3
Um recado
Na Unidade 8, este tema será trabalhado já com base na NOB-RH/SUAS,
aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social, em dezembro
de 2006.
A efetiva adesão, por parte das três esferas de governo, e consolidação do SUAS não
podem prescindir da existência de um sistema de monitoramento, avaliação e de
informação da Política Pública de Assistência Social.
Isto compreende, dentre outras ações que possam qualificar os serviços e dar mais
consistência à política, a definição de formas de:
• m
ensuração da eficiência e da eficácia dos serviços socioassistenciais previstos nos planos
de Assistência Social;
• acompanhamento; e
• a realização de estudos, pesquisas e diagnósticos.
A REDE SUAS
O Sistema Nacional de Informação da Política Pública de Assistência Social, a REDE-SUAS, é
uma iniciativa da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS), e está sendo desenvolvido
em alinhamento com os conteúdos e estratégias do Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS).
261
MÓDULO 4 UNIDADE 3
Em outras palavras...
Com a construção desse sistema, reconhecem-se as amplas possibilidades de conjugação dos
avanços tecnológicos na área da informação e da política pública, na direção da realização da
cidadania, da implantação do direito social e do seu reconhecimento como dever do Estado.
A Rede SUAS como suporte essencial à gestão da política de Assistência Social em todo
o território nacional, alcança todos os setores, profissionais e instâncias envolvidos na
operacionalização dessa política, favorecendo o controle social e, sobretudo, o acesso do
usuário ao direito.
A Rede SUAS, está estruturada em hierarquia e módulos que atendem a dois subsistemas
relacionados e realizados em etapas:
• Grupo de Suporte Gerencial e Apoio à Decisão, essencial para a organização e
administração da política pública de Assistência Social sob a ótica do SUAS e para o
campo decisório, incluindo a área do controle social; e
• Grupo Transacional, que responde às necessidades do processamento de transações
financeiras da política pública de Assistência Social, cuja operação é vinculada às
operações internas da Secretaria Nacional de Assistência Social, com destaque para a
Diretoria Executiva do Fundo Nacional de Assistência Social.
262
MÓDULO 4 UNIDADE 3
• O
SUASWEB
Destaca-se como o ambiente de funcionalidades central de gestão desenvolvido para atender
os requisitos do novo modelo de gestão do SUAS e as novas regras trazidas por este. Hoje
está composto pelo Plano de Ação Anual do Co-financiamento Federal, do Demonstrativo
Sintético da Execução Físico-financeira, de informações essenciais para gestores como:
saldos, contas-correntes, extrato de repasses de recursos contendo ordem bancária, data do
pagamento, entre outros. Além disso, faculta duas funcionalidades de extrema importância
para a gestão municipal: o acesso a informações cadastrais de todos os beneficiários do BPC
por Município e o sistema de freqüência mensal de beneficiários do Programa de Erradicação
do Trabalho Infantil – PETI, nas ações socioeducativas (conhecidas como jornada ampliada).
O SUASWEB é aberto para o preenchimento por parte dos gestores e para a aprovação do
Plano e Demonstrativo pelo Conselho de Assistência, que inclusive possui senha própria.
Desenvolvido pela Coordenação Geral de Informática do MDS, seus resultados expressam sua
importância no contexto de implantação do SUAS: 8,5 milhões de registros, 99,4 % dos planos
e mais de 90% dos Demonstrativos de Execução Físico-financeira em 2006, 11.600 senhas
distribuídas (órgão gestores, fundos, conselhos, órgãos de controle, centros de pesquisas,
consultores e outros órgãos) e apresenta cerca de 2.000 acessos diários. O SUASWEB é um
sistema incremental e, com tal, vem sofrendo alterações e elaborações progressivas: a partir
de 2007 comporá o SUASWEB um módulo gerencial para a automatização de processos e
fluxos internos à SNAS.
263
MÓDULO 4 UNIDADE 3
• GeoSUAS
Sistema de Georreferenciamento e Geoprocessamento do SUAS – é o sistema aberto à
população desenvolvido com a finalidade de subsidiar a tomada de decisões, no processo de
gestão da Política Nacional de Assistência Social e resulta da integração de dados e mapas,
servindo de base para a construção de indicadores. Aborda os aspectos de recuperação e
cruzamento de informações a respeito das ações e programas mantidos pelo MDS e variáveis
socioeconômicas, ampliando a possibilidade de utilizar-se de operações geoprocessadas para
a tomada de decisões. É composto de mais de 25 milhões de registros de indicadores sociais e
econômicos e variáveis da política de Assistência Social. É o sistema de georreferenciamento
da Política de Assistência Social aberto para consulta pública. O sistema possibilita integrar,
processar e transformar o dado de cada território, tornando-se essencial para quem formula
e produz a Política Pública de Assistência Social na perspectiva do SUAS. A ferramenta
possibilita cruzar informações de todos os municípios e construir indicadores, conforme a
necessidade do território de atuação, chegando até a escala municipal.
• InfoSUAS
Sistema de Informações de Repasses de Recursos – é o sistema com acesso aberto ao público
que disponibiliza informações sobre a cobertura e o detalhamento dos valores transferidos
para os municípios, organizados por eixo de proteção social e por tipo de intervenção, por
ano, Município, Estado ou região. É um sistema-espelho das operações do SUASWEB e dos
sistemas de gestão financeira, como o SISFAF e SIAORC. Esse aplicativo tem se demonstrado
fundamental para a ação de controle social e para assegurar visibilidade e transparência à
gestão da política. Está sendo projetado como incremento para esse sistema a apresentação
dos dados realizados pelo SISCON, no que se refere ao repasse financeiro por meio de
convênios.
• CadSUAS
Cadastro Nacional do Sistema Único de Assistência Social – é o sistema que comporta todas
as informações cadastrais de prefeituras, órgão gestor, fundo e conselho municipal, rede de
entidades executoras de serviços socioassistenciais e que possuem ou solicitam registro e
Certificado ou Registro no CNAS e, finalmente, informações cadastrais dos trabalhadores do
SUAS em todo o território nacional. O cadastro observará o aspecto coorporativo entre os
aplicativos da Rede SUAS entregando os dados requisitados por todos os sistemas da Rede
SUAS. Caracteriza-se, também, como um aplicativo específico de consulta da sociedade.
• SigSUAS
Sistema de Gestão do SUAS – é o sistema que tem como objetivo a recuperação, junto aos
estados e municípios, de dados detalhados sobre a execução física e financeira praticada por
estes. Neste sistema, os gestores municipais e estaduais poderão administrar e informar as
diferentes modalidades de execução direta e transferências para a rede executora do SUAS,
pública e privada, com dados vinculados ao atendimento da rede. Esses dados subsidiarão
a emissão de relatórios consolidados anuais para aprovação junto aos conselhos municipais,
CNAS e o MDS e resultará no relatório de gestão. O sistema facilita a comunicação entre
técnicos, serviços e gerência de programas, permitindo ser utilizado em diferentes locais e
plataformas. Possui uma interface baseada em representações gráficas e utiliza o ambiente
Internet para permitir um acesso amigável aos usuários.
264
MÓDULO 4 UNIDADE 3
• SICNASweb
Sistema de Informação do Conselho Nacional de Assistência Social – é o sistema desenvolvido
para o processamento das operações referentes ao CNAS que substituirá o SICNAS. Compõe-
se de vários módulos e ainda de um sistema de consulta web, que permite o acompanhamento
da tramitação dos processos de registro e certificação de entidades e impressão de certidões
para interessados. O sistema web para consulta está em funcionamento desde o 2º semestre
de 2006.
• SISFAF
Sistema de Transferências Fundo a Fundo – é o sistema que agiliza e moderniza os
procedimentos de repasses de recursos do Fundo Nacional de Assistência Social para os
fundos municipais e estaduais. Operacionaliza os repasses por intermédio de transferências
automatizadas de arquivos para o SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira do
Governo Federal). Em 2006, o sistema possuía cerca de 3.500 milhões registros e a pertinência
de realizar os repasses até o dia 10 de cada mês, conforme a legislação. Toda a base de dados
desse sistema reflete-se no sistema INFOSUAS, garantindo maior transparência de repasses
dos recursos do Governo Federal para os estados, Distrito Federal e municípios.
• SIAORC
Sistema de Acompanhamento Orçamentário do SUAS – é o sistema específico para gestão
orçamentária do recurso gerido pelo Fundo Nacional de Assistência Social. O sistema
interage com o SISFAF e é alimentado pelos dados exportados do SIAFI que, após o devido
tratamento, são atualizados tanto no SIAFI como no SISFAF. Outras informações sobre o
sistema foram notificadas em item específico.
• SISCON
Sistema de Gestão de Convênios – é o sistema da Rede SUAS, responsável pelo gerenciamento
de convênios, acompanhando todo trâmite dessa ação, desde a habilitação, preenchimento
dos planos de trabalho, formalização do convênio, até a prestação de contas. O sistema conta
com um módulo de pré-projeto (SISCONweb) disponibilizado na internet, para o envio
dos dados do convênio pretendido pelos estados e municípios; um módulo cliente-servidor,
para a administração dos processos pela SNAS e DEFNAS; e um módulo parlamentar,
disponibilizado pela internet para a administração de emendas parlamentares.
Parabéns!
Você venceu mais uma etapa do seu estudo,
concluindo a Unidade 3!
265
MÓDULO 4 UNIDADE 4
SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS
Para início de estudo, é preciso que você tenha claro o que se considera Serviços
Socioassistenciais.
Acompanhe o esquema.
Serviços Socioassistenciais
266
MÓDULO 4 UNIDADE 4
Um recado...
No Módulo 5, a concepção de Proteção Social Especial de Média e Alta
Complexidade é aprofundada. Você poderá perceber a evolução e o
alargamento do sentido da proteção social especial.
Projetos Socioassistenciais
São ações que integram os dois níveis de proteção social do SUAS: básica e especial de
média e alta complexidade. Os projetos caracterizam-se por ter princípio, meio e fim. São
ofertados às famílias e indivíduos, visando à sua qualificação, autonomia e emancipação.
Buscam, também, subsidiar, financeira e tecnicamente, iniciativas que lhes garantam meios,
capacidade produtiva e de gestão para melhoria das condições gerais de subsistência, elevação
do padrão de qualidade de vida, a preservação do meio ambiente e sua organização social.
Compreendem iniciativas de apoio econômico-social a grupos populares.
São exemplos de projetos: Projetos de Geração de Trabalho e Renda, Projetos de Incentivo
ao Protagonismo Juvenil, Projetos de Economia Solidária, entre outros.
BENEFÍCIOS
A categoria benefícios caracteriza-se pela forma de transferência direta de valores monetários
aos seus destinatários. Esta categoria, no âmbito da Assistência Social, pode ser de natureza:
• continuada,
como é o caso do Benefício de Prestação Continuada (BPC) ou
• eventual,
como são os benefícios eventuais definidos na LOAS.
Atenção
Os benefícios podem ter ou não condicionalidades.
Um exemplo de um benefício com condicionalidades: o benefício concedido por meio do
Programa Bolsa-Família.
Fique de olho
Por quê?
Saiba mais sobre o Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC) lendo
o texto a seguir.
268
MÓDULO 4 UNIDADE 4
Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC) – é previsto na Constituição
Federal de 1988, regulamentado pela LOAS e reafirmado no Estatuto do Idoso. Consiste
no repasse direto pelo Governo Federal de um salário mínimo mensal ao beneficiário,
seja ele idoso (com 65 anos ou mais), seja pessoa com deficiência incapacitante para a
vida independente e para o trabalho, que não tenha condições de garantir a sua própria
subsistência ou tê-la garantida pela família. Em ambos os casos (idosos e deficientes), a renda
per capita familiar deve ser inferior a ¼ do salário mínimo vigente. É um benefício sem
condicionalidades, pois se refere ao público “excluído” do sistema previdenciário.
Sua gestão é feita pelo órgão gestor federal responsável pela Política de Assistência Social
(MDS) e sua operacionalização é realizada pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).
Segundo a LOAS, o BPC deve passar por um processo de revisão a cada dois anos, para que
seja verificada a permanência ou não das condições que deram origem ao benefício.
A gestão e regulação do BPC pela Assistência Social têm levado à revisão de suas bases
operacionais. Isto acarretará a instituição de um sistema de monitoramento e avaliação do
benefício, em consonância com os padrões de qualidade dos serviços socioassistenciais
previstos no SUAS, envolvendo estados, municípios e DF. Além disso, os beneficiários
do BPC passam a ter prioridade nos serviços de Proteção Social Básica.
Vale lembrar
Este tipo de benefício, ao lado de outros benefícios concedidos pelos Programas Bolsa Família
e Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, tem tido resultados bastante positivos nos
últimos anos, retirando da condição de miséria e promovendo a inclusão social de milhões de
pessoas com deficiência e idosos no Brasil, como se pode verificar na PNAD 2004.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD apresenta os resultados por todas
as Unidades da Federação, Grandes Regiões e Brasil, com características gerais da população,
migração, educação, trabalho, famílias, domicílios e rendimento.
E mais...
• S ão modalidades de provisão de Proteção Social Básica de caráter suplementar e
temporário que integram organicamente as garantias do SUAS.
• S ão prestados pelos municípios e Distrito Federal, com regulamentação de legislação
municipal e distrital em consonância com as orientações nacionais.
269
MÓDULO 4 UNIDADE 4
Outros benefícios eventuais podem ser criados com a finalidade de atender às vítimas de
calamidade pública, conforme indica a LOAS.
Um recado
Consulte o parágrafo 2º do artigo 22 da LOAS e conheça outros benefícios eventuais, que
podem ser criados com a finalidade de atender a vítimas de calamidade pública.
Consiste no repasse direto de recursos aos beneficiários, como forma de acesso à renda,
visando ao combate à fome, à pobreza e outras formas de privação de direitos, que levem à
situação de vulnerabilidade social.
Um recado
Nos Módulos 3 e 5, você verá exemplos de quais critérios balizam a concessão de benefícios,
como os do Programa Bolsa Família e os do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
– PETI.
270
MÓDULO 4 UNIDADE 5
O SUAS, como sistema nacional, comporta a gestão nos níveis municipal, estadual, do
Distrito Federal e da União.
Você está iniciando o estudo dos níveis de gestão dos municípios, dos estados, do Distrito
Federal e da União, no âmbito do SUAS.
GESTÃO INICIAL
Para fazer parte do sistema, começando pela Gestão Inicial, é necessário que o Município
tenha, no mínimo, instituído:
• o Conselho Municipal de Assistência Social;
• o Fundo Municipal de Assistência Social; e
• o Plano Municipal de Assistência Social.
271
MÓDULO 4 UNIDADE 5
GESTÃO BÁSICA
272
MÓDULO 4 UNIDADE 5
273
MÓDULO 4 UNIDADE 5
GESTÃO PLENA
O Município tem a gestão total das ações de Assistência Social, independente da origem
de seu financiamento.
Neste nível de gestão, o Município tem condições, não apenas de promover a proteção social
básica, como também, a proteção social especial de média e alta complexidade.
274
MÓDULO 4 UNIDADE 5
275
MÓDULO 4 UNIDADE 5
Relembrando...
Os municípios, em todos os níveis de gestão, devem possuir Conselho, Plano e Fundo
Municipal de Assistência Social e, também, fazer aportes ao seu fundo, conforme disposto
no art. 30 da LOAS/93, e seu parágrafo único, incluído pela Lei nº 9.720/98.
Para a habilitação dos municípios nos níveis de gestão exige-se que os mesmos atendam aos
requisitos e aos instrumentos de comprovação.
Atenção
A habilitação dos municípios à condição de cada um dos tipos de gestão (Inicial, Básica
e Plena) do SUAS, dependerá do cumprimento de todos os requisitos e implicará
responsabilidades e prerrogativas que você já conhece.
276
MÓDULO 4 UNIDADE 5
Você, também, precisa saber quais são os instrumentos necessários para comprovação de
cada requisito para a habilitação. Analise o quadro.
277
MÓDULO 4 UNIDADE 5
278
MÓDULO 4 UNIDADE 5
279
MÓDULO 4 UNIDADE 5
280
MÓDULO 4 UNIDADE 5
281
MÓDULO 4 UNIDADE 5
282
MÓDULO 4 UNIDADE 5
É aquela que, para além das responsabilidades básicas, ao ser assumida pelo Distrito Federal,
possibilitará o acesso a incentivos específicos, como os que são apresentados no quadro.
283
MÓDULO 4 UNIDADE 5
284
MÓDULO 4 UNIDADE 5
REQUISITO INCENTIVO
Cópia da lei de criação.
Cópias das atas das três (03 ) últimas reuniões
Comprovação da criação e funcionamento do
ordinárias.
CAS/DF.
Cópia da publicação da atual composição do
CAS/DF.
285
MÓDULO 4 UNIDADE 5
REQUISITO INCENTIVO
Declaração do CAS/DF, comprovando a
Cópia da lei de criação. existência da estrutura técnica disponível.
Cópias das atas das três(03) últimas reuniões. Cópia da lei de criação.
Estruturação da Secretaria Executiva do CAS/DF Cópias das atas das três (03) últimas reuniões.
com profissional de nível superior. Estruturação da Secretaria Executiva do CAS/DF
com profissional de nível superior.
286
MÓDULO 4 UNIDADE 5
RESPONSABILIDADES INCENTIVOS
a. Cumprir as competências definidas no art. 13 da a. Receber recursos da União para
LOAS. construção e/ou implantação de
Unidade de Referência Regional de
b. Organizar, coordenar e monitorar o Sistema
média e/ou de alta complexidade.
Estadual de Assistência Social.
b. Receber recursos da União para
c. Prestar apoio técnico aos municípios na
projetos de inclusão produtiva de
estruturação e implantação de seus Sistemas
abrangência e desenvolvimento
Municipais de Assistência Social.
regional.
d. Coordenar o processo de revisão do BPC no
c. Receber apoio técnico e recursos
âmbito do Estado, acompanhando e orientando
da União para fortalecimento da
os municípios no cumprimento de seu papel, de
capacidade de gestão (para realização
acordo com seu nível de habilitação.
de campanhas, aquisição de material
e. Estruturar a Secretaria Executiva da Comissão informativo, de computadores,
Intergestores Bipartite (CIB), com profissional de desenvolvimento de sistemas, entre
nível superior. outros).
f. Estruturar a Secretaria Executiva do Conselho d. Receber recursos federais para
Estadual de Assistência Social com, no mínimo, um coordenação e execução de programas
profissional de nível superior. de capacitação de gestores, profissionais,
g. Co-financiar a proteção social básica, mediante conselheiros e prestadores de serviços.
aporte de recursos para o sistema de informação, e. Receber apoio técnico da União para
monitoramento, avaliação, capacitação, implantação do Sistema Estadual de
apoio técnico e outras ações pactuadas Assistência Social.
progressivamente.
f. Receber apoio técnico e financeiro
h. Prestar apoio técnico aos municípios para a da União para instalação e operação
implantação dos CRAS. do Sistema Estadual de Informação,
i. Gerir os recursos federais e estaduais, destinados Monitoramento e Avaliação.
ao co-financiamento das ações continuadas de g. Participar de programas de capacitação
Assistência Social dos municípios não habilitados de gestores, profissionais, conselheiros
aos níveis de gestão propostos por esta Norma. e da rede prestadora de serviços
j. Definir e implementar uma política de promovidos pela União.
acompanhamento, monitoramento e avaliação
da rede conveniada prestadora de serviços
socioassistenciais, no âmbito estadual ou
regional.
k. Instalar e coordenar o sistema estadual de
monitoramento e avaliação das ações da
Assistência Social, de âmbito estadual e regional,
por nível de proteção básica e especial, em
articulação com os sistemas municipais, validado
pelo sistema federal.
287
MÓDULO 4 UNIDADE 5
RESPONSABILIDADES
l. Coordenar, regular e co-financiar a estruturação de ações regionalizadas pactuadas na proteção
social especial de média e alta complexidade, considerando a oferta de serviços e o fluxo de
usuários.
m. Alimentar e manter atualizadas as bases de dados dos subsistemas e aplicativos da Rede SUAS,
componentes do sistema nacional de informação.
n. Promover a implantação e co-financiar consórcios públicos e/ou ações regionalizadas de
proteção social especial de média e alta complexidade, pactuadas nas CIB e deliberadas nos
CEAS.
o. Analisar e definir, em conjunto com os municípios, o território para construção de Unidades de
Referência Regional, a oferta de serviços, o fluxo do atendimento dos usuários no Estado e as
demandas prioritárias para serviços regionais e serviços de consórcios públicos.
p. Realizar diagnósticos e estabelecer pactos para efeito da elaboração do Plano Estadual de
Assistência Social, a partir de estudos realizados por instituições públicas e privadas de notória
especialização (conforme Lei nº 8.666, de 21/06/1993).
q. Elaborar e executar, de forma gradual, política de recursos humanos, com a implantação de
carreira específica para os servidores públicos que atuem na área de Assistência Social.
r. Propor e co-financiar projetos de inclusão produtiva, em conformidade com as necessidades e
prioridades regionais.
s. Coordenar, gerenciar, executar e co-financiar programas de capacitação de gestores, profissionais,
conselheiros e prestadores de serviços.
t. Identificar e reconhecer, dentre todas as entidades inscritas no Conselho Estadual de Assistência
Social, aquelas que atendem aos requisitos definidos por esta Norma para o estabelecimento do
vínculo SUAS.
u. Definir parâmetros de custeio para as ações de proteção social básica e especial.
v. Preencher o Plano de Ação, no sistema SUAS-WEB, e apresentar Relatório de Gestão como
prestação de contas dos municípios não-habilitados.
w. Co-financiar, no âmbito estadual, o pagamento dos benefícios eventuais.
288
MÓDULO 4 UNIDADE 5
GESTÃO DA UNIÃO
RESPONSABILIDADES
a. Coordenar a formulação e a implementação da PNAS/2004 e do SUAS, observando as
propostas das Conferências Nacionais e as deliberações e competências do Conselho Nacional
de Assistência Social (CNAS).
b. Coordenar e regular o acesso às seguranças de proteção social, que devem ser garantidas pela
Assistência Social, conforme indicam a PNAS/2004 e esta NOB.
c. Definir as condições e o modo de acesso aos direitos relativos à Assistência Social, visando à
sua universalização, dentre todos os que necessitem de proteção social, observadas as diretrizes
emanadas do CNAS.
d. C
oordenar, regular e co-financiar a implementação de serviços e programas de proteção social
básica e especial, a fim de prevenir e reverter situações de vulnerabilidade social e riscos.
e. E
stabelecer regulação relativa aos pisos de proteção social básica e especial e às ações
correspondentes, segundo competências dos estados, Distrito Federal e municípios no que
tange ao co-financiamento federal.
f. C
oordenar a gestão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), articulando-o aos demais
programas e serviços da Assistência Social e regular os benefícios eventuais, com vistas à
cobertura de necessidades , advindas da ocorrência de contingências sociais.
g. F
ormular diretrizes e participar das definições sobre o financiamento e o orçamento da
Assistência Social, assim como gerir, acompanhar e avaliar a execução do Fundo Nacional de
Assistência Social (FNAS).
h. C
oordenar a implementação da Política Nacional do Idoso, em observância à Lei nº. 8.842, de
4 de janeiro de 1994, e à Lei nº. 10.741, de 1º de outubro de 2003, e coordenar a elaboração e
implementação do Plano de Gestão Intergovernamental e da proposta orçamentária, em parceria
com os Ministérios, apresentando para apreciação e deliberação dos Conselhos Nacional da
Assistência Social e do Idoso.
i. Articular as políticas socioeconômicas setoriais, com vistas à integração das políticas sociais
para o atendimento das demandas de proteção social e enfrentamento da pobreza.
j. Propor, pactuar e coordenar o sistema de informação da Assistência Social com vistas ao
planejamento, controle das ações e avaliação dos resultados da Política Nacional de Assistência
Social, implementando-o em conjunto com as demais esferas de governo.
k. Apoiar técnica e financeiramente os estados, o Distrito Federal e os municípios na implementação
dos serviços e programas de proteção social básica e especial, dos projetos de enfrentamento à
pobreza e das ações assistenciais de caráter emergencial.
l. Propor diretrizes para a prestação de serviços socioassistenciais e pactuar as regulações entre os
entes públicos federados, entidades e organizações não governamentais.
m. Incentivar a criação de instâncias públicas de defesa dos direitos dos usuários dos programas,
serviços e projetos de Assistência Social.
n. Articular e coordenar ações de fortalecimento das instâncias de participação e de deliberação
do SUAS.
289
MÓDULO 4 UNIDADE 5
RESPONSABILIDADES
o. Formular
política para a formação sistemática e continuada de recursos humanos no campo da
Assistência Social.
p. Desenvolver estudos e pesquisas para fundamentar as análises de necessidades e formulação de
proposições para a área, em conjunto com o órgão competente do Ministério e com instituições
de ensino e de pesquisa.
q. A
poiar tecnicamente os Estados da Federação e o Distrito Federal na implantação e
implementação dos Sistemas Estaduais e do Distrito Federal de Assistência Social.
r. P
romover o estabelecimento de pactos de resultados entre as esferas de governo, para
aprimoramento da gestão dos SUAS.
s. Elaborar e submeter à pactuação e à deliberação a NOB de Recursos Humanos.
t. D
efinir padrões de custeio e padrões de qualidade para as ações de proteção social básica e
especial.
u. Estabelecer pactos nacionais em torno de situações e objetivos , identificados como relevantes,
para viabilizar as seguranças afiançadas pela PNAS/2004.
v. E
laborar e executar política de recursos humanos, com a implantação de carreira para os
servidores públicos que atuem na área de Assistência Social.
w. Instituir Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação, apoiando estados, Distrito Federal
e municípios na sua implementação.
Parabéns!
Você chegou ao final da Unidade 5 do
Módulo 4.
290
MÓDULO 4 UNIDADE 6
Complementando...
Saiba o que, em especial, comporta a estrutura do Plano de Assistência Social:
• Objetivos gerais e específicos.
• Diretrizes e prioridades deliberadas.
• Ações e estratégias correspondentes para sua implementação.
• Metas estabelecidas, resultados e impactos esperados.
• Recursos materiais, humanos e financeiros disponíveis.
• Cobertura da rede prestadora de serviços.
• Indicadores de monitoramento e avaliação e o espaço temporal.
• Mecanismos e fontes de financiamento.
291
MÓDULO 4 UNIDADE 6
Fique sabendo...
Plano de ação
Instrumento fundamental para dar organicidade à política e garantir o alinhamento entre as
principais diretrizes e princípios que a norteiam e a realidade local.
Ele aparece como um requisito básico para a habilitação da gestão, seja para os municípios,
seja para o Distrito Federal ou estados.
Esta nova modalidade de financiamento rompe com a relação convenial entre a União
e as entidades prestadoras de serviços. Os Fundos de Assistência Social têm reforçado,
no SUAS, seu papel de instância de financiamento dessa política pública, nas três esferas
de governo. No âmbito da União e dos estados, a deliberação dos conselhos deve ser
antecedida de pactuação, nas comissões intergestores equivalentes.
292
MÓDULO 4 UNIDADE 6
Atenção
É preciso que esteja garantida a diretriz do comando único e da primazia da
responsabilidade do Estado.
Cabe lembrar que o art. 30 da LOAS estabelece, como condição de repasse de recursos do
FNAS para os fundos estaduais, do Distrito Federal e municipais, a constituição do conselho,
a elaboração do plano e a instituição e funcionamento do fundo, com alocação de recursos
próprios do tesouro em seu orçamento.
293
MÓDULO 4 UNIDADE 6
294
MÓDULO 4 UNIDADE 6
CONDICIONALIDADES
Você reparou?
295
MÓDULO 4 UNIDADE 6
O tema da nossa
reunião é a fiscalização dos
recursos financeiros relativos ao SUAS.
De quem é a competência?
Dos gestores federal, do Distrito
Federal, estadual e municipal.
E mais, dos
órgãos de controle
interno do Governo
Federal, do Tribunal de
Contas da União (TCU),
Tribunais de Contas dos Estados
(TCE), Tribunal de Contas
do Distrito Federal (TCDF),
Tribunais de Contas dos
Municípios, quando
houver.
• inspeções;
• análises dos processos que originarem os Planos Estaduais de Assistência Social;
• o
Plano de Assistência Social do Distrito Federal ou os Planos Municipais de Assistência
Social;
• prestações de contas utilizadas como base para o relatório de gestão; e
• o
utros mecanismos definidos e aprovados, oportunamente, pelas instâncias
competentes.
Você acabou de aprender sobre o processo de fiscalização e como poderá ser efetuado.
Conheça agora os Critérios de Partilha.
CRITÉRIOS DE PARTILHA
No âmbito da União, o art. 19, incisos V e VI, da Lei nº 8.742, de 1993, estabelece, como
competência do órgão da Administração Pública Federal responsável pela coordenação
da PNAS/2004, propor os critérios e proceder às transferências de recursos em seu
âmbito, com a devida deliberação do CNAS.
A operacionalização do art. 18, inciso IX, da LOAS, que prevê a utilização de indicadores
para partilha mais eqüitativa de recursos, no âmbito da política de Assistência Social, traz
o desafio de relacionar informações sociais, econômicas, demográficas e cadastrais com as
escalas territoriais e as diversidades regionais presentes no desenho federativo do país.
Complementando...
O artigo 18, inciso IX, da LOAS, traz um desafio!
Com base nesses indicadores, estabelecer partilha e distribuição de recursos fundamentadas
em metodologia objetiva e critérios públicos e universais, que sejam, ao mesmo tempo,
transparentes e compreensíveis por todas as instâncias que operam a política de Assistência
Social, em especial, aquelas incumbidas do controle social.
297
MÓDULO 4 UNIDADE 6
Fique atento
Busca-se lançar mão da combinação de critérios de partilha e de pactuação de resultados e
metas para a gestão (gradualismo, com base nos resultados pactuados), para que seja possível:
• Equalizar.
• Priorizar.
• Projetar a universalização na trajetória da PNAS/2004.
População vulnerável
Considera-se como população vulnerável o conjunto de pessoas residentes que apresentam
pelo menos uma das seguintes características:
• Famílias que residem em domicílio com serviços de infra-estrutura inadequados.
Conforme definição do IBGE, trata-se dos domicílios particulares permanentes:
-- com abastecimento de água proveniente de poço ou nascente ou outra forma;
-- s em banheiro e sanitário ou com escoadouro ligado à fossa rudimentar, vala, rio,
lago, mar ou outra forma;
-- l ixo queimado, enterrado ou jogado em terreno baldio ou logradouro, em rio, lago
ou mar ou outro destino; e
-- mais de dois (02) moradores por dormitório.
• Família com renda familiar per capita inferior a um quarto de salário mínimo.
amília com renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo, com pessoas de 0
• F
a 14 anos e responsável com menos de 4 anos de estudo.
• F
amília na qual há uma chefe mulher sem cônjuge, com filhos menores de 15 anos,
analfabeta.
A combinação • F
amília na qual há uma pessoa com 16 anos ou mais, desocupada (procurando trabalho)
das características com 4 ou menos anos de estudo.
que você acabou
de estudar, • Família na qual há uma pessoa com 10 a 15 anos que trabalhe.
comporá a Taxa de • Família na qual há uma pessoa com 4 a 14 anos que não estude.
Vulnerabilidade amília com renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo, com pessoas de 60
• F
Social, em um anos ou mais.
determinado
território. amília com renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo, com uma pessoa
• F
com deficiência.
298
MÓDULO 4 UNIDADE 6
Os critérios a seguir apresentados serão adotados para a partilha dos recursos do FNAS,
visando à priorização de municípios, estados, Distrito Federal e regiões geográficas, bem
como ao escalonamento da distribuição de tais recursos. Os critérios específicos de cada ente
federado deverão ser pactuados e deliberados em seus próprios âmbitos, de acordo com os
indicativos definidos na LOAS.
Relembrando
Como você já sabe, a partilha acontece entre todas as esferas e em todos os níveis de proteção,
devendo ser observados critérios e indicadores específicos, no caso do repasse dos recursos
do fundo nacional para os demais fundos.
Tais critérios serão tratados em conjunto, não havendo relação de exclusão entre eles.
Sua combinação indicará a classificação de municípios prioritários para expansão do co-
financiamento federal para a Proteção Social Básica, em cada exercício, com base no mínimo
para que cada Município deva receber, por porte, e no valor disponível para a expansão.
No caso do nível de Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade foram
definidos critérios (de acesso e priorização) e indicadores para a partilha dos recursos do
PETI e do Programa de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes
(antigo Programa Sentinela).
Tais critérios correspondem à divisão de recursos entre os estados e o Distrito Federal, e
aqueles destinados a cada Estado para serem partilhados entre os seus municípios.
Os critérios de partilha ora propostos, tanto para a proteção social básica quanto
para a especial, são concebidos como básicos para a política de Assistência Social,
podendo o CNAS, caso seja pertinente, deliberar outros que se fizerem necessários à
complementação dos processos anuais de partilha de recursos do FNAS.
Pisos de Proteção Social – Instrumentos de operação da transferência dos recursos para co-
financiamento federal, em relação aos serviços de Assistência Social.
Os valores referentes aos Pisos Básicos serão transferidos aos municípios e ao Distrito
Federal de forma regular e automática do Fundo Nacional de Assistência Social aos Fundos
Municipais de Assistência Social e Fundo de Assistência Social do Distrito Federal.
Acompanhe o fluxo.
301
MÓDULO 4 UNIDADE 6
Você conheceu, até agora, dois dos instrumentos de gestão democrática do SUAS, o Plano
de Assistência Social e o Orçamento.
Relatórios de Gestão
Os Relatórios de Gestão – Nacional, Estadual, do Distrito Federal e Municipal – têm por
finalidade:
• a valiar o cumprimento das realizações, dos resultados ou dos produtos, obtidos, em
função das metas prioritárias estabelecidas no Plano de Assistência Social e consolidado
em um Plano de Ação Anual; e
• a valiar a aplicação dos recursos em cada esfera de governo, em cada exercício anual,
sendo elaborada pelos gestores e submetidos aos Conselhos de Assistência Social.
Parabéns!
Você finalizou a Unidade 6 deste módulo.
Alguma dúvida? Releia a Unidade.
302
MÓDULO 4 UNIDADE 7
Instância, como está sendo tratado aqui, é o mesmo que foro, o mesmo que espaço para
discussão de algum tema.
No âmbito do SUAS, a CIT e as CIBs são os espaços de articulação entre os gestores, objetivando
viabilizar a Política de Assistência Social. Caracterizam-se como instâncias de negociação
e pactuação, quanto aos aspectos operacionais da gestão do Sistema Descentralizado e
Participativo da Assistência Social. As denominadas Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
e Comissão Intergestores Bipartite (CIB) têm caráter deliberativo, no âmbito operacional na
gestão da política.
303
MÓDULO 4 UNIDADE 7
O controle social é um instrumento de gestão democrática direta que tem como objetivos:
• o monitoramento, a fiscalização e a avaliação sobre a política de Assistência Social; e
• o
fomento à participação da sociedade civil na formação da agenda governamental, o que
favorece o diálogo entre os governos e a população, assegurando visibilidade às demandas
da sociedade civil nos espaços do governo.
Conheça-as agora.
• A descentralização – privilegiando a esfera municipal.
• A
participação – incentivando a participação da sociedade civil nos Conselhos e
Conferências da área.
• A
elaboração dos Planos de Assistência Social em cada esfera governamental – definindo
objetivos, metas, ações e recursos.
• U
m comando único – identificado por um núcleo coordenador da política de Assistência
Social, em cada uma das instâncias de governo.
• A
cooperação – o desenvolvimento das ações contempla a participação complementar da
sociedade civil.
• A profissionalização – possui profissionais tecnicamente qualificados.
• A
fiscalização e avaliação – pois a gestão democrática preocupa-se com as mudanças
provocadas na vida dos usuários da política.
304
MÓDULO 4 UNIDADE 7
Fique atento!
O espaço do controle social é seu, do usuário da Assistência Social e
das organizações da rede socioassistencial!
Participe e fomente a participação nos conselhos de assistência em
todas as esferas (nacional, estaduais e municipais)!
INSTÂNCIAS DE ARTICULAÇÃO
As instâncias de articulação são espaços de participação aberta, no nível federal, estadual,
do Distrito Federal e municipal, constituídos por organizações governamentais e não
governamentais com a finalidade de articular conselhos; união de conselhos; fóruns
estaduais, regionais ou municipais e associações comunitárias. São exemplos: o CONGEMAS
– Colegiado de Gestores Municipais de Assistência Social e o FONSEAS – Fórum Nacional
de Secretários de Estados de Assistência Social e os Fóruns de Assistência Social.
Pare e pense
O processo de descentralização político-administrativo do Sistema de Proteção Social
estabeleceu canais de cooperação mútua dos setores públicos e privados, na provisão de bens
e serviços e na partilha de decisões e controle social.
Com isto...
O processo de descentralização e municipalização de gestão da Assistência Social deve ser
considerado mais que um ato administrativo e de transferência de recursos.
Requer, também, uma efetiva cooperação dos setores públicos, privados e dos setores
identificados com as demandas populares, em novos espaços políticos de participação.
305
MÓDULO 4 UNIDADE 7
OS CONSELHOS E AS CONFERÊNCIAS
Os conselhos e as conferências constituem espaços privilegiados de efetivação do controle
social, no planejamento e avaliação de políticas públicas, fundamentais para a democratização
da Política de Assistência Social.
Uma nota
A participação dos usuários, nos conselhos e nos fóruns de Assistência Social, coloca-
se como um desafio que necessita ser superado, rompendo, finalmente, com a concepção
conservadora e tutelada acerca da população usuária da Assistência Social.
306
MÓDULO 4 UNIDADE 7
Você sabia?
Que com o Sistema Único de Assistência Social, tornam-se necessários novos espaços e
estratégias de participação nos territórios de vulnerabilidade social?
Fique de olho
A criação de fóruns de discussão, debates e audiências públicas constitui
diferentes mecanismos de participação política e de controle social em
conjunto com os Conselhos de Assistência Social.
As Instâncias de pactuação
Relembrando...
As instâncias de pactuação, no sistema descentralizado e participativo da gestão da
Assistência Social, são:
• as Comissões Intergestores Bipartite (CIBs), organizadas em âmbito estadual; e
• a Comissão Intergestores Tripartite (CIT), organizadas em âmbito federal.
308
MÓDULO 4 UNIDADE 7
• Pactuar:
-- a organização do Sistema Estadual de Assistência Social proposto pelo órgão gestor
estadual, definindo estratégias para implementar e operacionalizar a oferta da
proteção social básica e especial, no âmbito do SUAS e na sua esfera de governo;
-- as medidas para aperfeiçoamento da organização e do funcionamento do SUAS, no
âmbito regional;
309
MÓDULO 4 UNIDADE 7
• E
stabelecer acordos acerca de encaminhamentos de questões operacionais relativas à
implantação dos serviços, programas, projetos e benefícios que compõem o SUAS.
• A
tuar como fórum de pactuação de instrumentos, parâmetros, mecanismos de
implementação e regulamentação complementar à legislação vigente, nos aspectos
comuns à atuação das duas esferas de governo.
• A
valiar o cumprimento dos requisitos relativos às condições de gestão municipal, para
fins de habilitação e desabilitação.
• H
abilitar e desabilitar, a qualquer tempo, os municípios para as condições de gestão
estabelecidas na legislação em vigor.
• R
enovar a habilitação de acordo com a periodicidade estabelecida em regimento
interno.
• Estabelecer:
-- i nterlocução permanente com a CIT e com as demais CIB para aperfeiçoamento do
processo de descentralização, implantação e implementação do SUAS; e
-- a cordos relacionados aos serviços, programas, projetos e benefícios a serem
implantados pelo Estado e municípios enquanto rede de proteção social integrante
do SUAS no Estado.
• Observar em suas pactuações as orientações emanadas da CIT.
• Publicar:
-- seu regimento interno; e
-- a s pactuações no Diário Oficial do Estado; enviar cópia à Secretaria Técnica da CIT
e divulgá-la amplamente.
• S
ubmeter à aprovação do Conselho Estadual de Assistência Social as matérias de sua
competência.
• A
valiar o cumprimento dos pactos de aprimoramento da gestão, de resultados e seus
impactos.
310
MÓDULO 4 UNIDADE 7
Instâncias de Deliberação
São atribuições do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS):
• Atuar:
-- como instância de recurso dos Conselhos de Assistência Social; e
-- como instância de recurso das Comissões Intergestores Tripartite.
• Deliberar:
-- sobre as regulações complementares a esta Norma; e
-- sobre as pactuações da CIT.
311
MÓDULO 4 UNIDADE 7
312
MÓDULO 4 UNIDADE 7
• Elaborar e publicar seu Regimento Interno.
• Aprovar:
-- a Política de Assistência Social do Distrito Federal, elaborada em consonância com
a Política Nacional de Assistência Social, na perspectiva do SUAS, e as diretrizes
estabelecidas pelas Conferências de Assistência Social;
-- o Plano de Assistência Social do Distrito Federal e suas adequações;
-- Plano Integrado de Capacitação de Recursos Humanos para a área da Assistência
o
Social;
-- a proposta orçamentária dos recursos destinados às ações finalísticas de Assistência
Social, alocados ao Fundo de Assistência Social do Distrito Federal;
-- os critérios de partilha de recursos;
-- plano de aplicação do Fundo de Assistência Social do Distrito Federal e acompanhar
o
a execução orçamentária e financeira anual dos recursos; e
-- o Relatório do Pacto de Gestão.
• Acompanhar e controlar e execução da Política de Assistência Social do Distrito Federal.
• Zelar pela efetivação do SUAS.
• R
egular a prestação de serviços de natureza pública e privada no campo da Assistência
Social, no seu âmbito, considerando as normas gerais do CNAS, as diretrizes da Política
Nacional de Assistência Social, as proposições da Conferência de Assistência Social do
Distrito Federal e os padrões de qualidade para a prestação dos serviços.
• P
ropor ao CNAS cancelamento de registro das entidades e organizações de Assistência
Social que incorrem em descumprimento dos princípios previstos no art. 4º da LOAS e
em irregularidades na aplicação dos recursos que lhes forem repassados pelos poderes
públicos.
• Acompanhar e controlar e execução da Política Municipal de Assistência Social.
• Zelar pela efetivação do SUAS.
• R
egular a prestação de serviços de natureza pública e privada, no campo da Assistência
Social, no seu âmbito, considerando as normas gerais do CNAS, as diretrizes da Política
Nacional de Assistência Social, as proposições da Conferência Municipal de Assistência
Social e os padrões de qualidade para a prestação dos serviços.
• P
ropor ao CNAS cancelamento de registro das entidades e organizações de Assistência
Social, que incorrem em descumprimento dos princípios previstos no art. 4º da LOAS
e em irregularidades na aplicação dos recursos que lhes forem repassados pelos poderes
públicos.
• A
companhar o alcance dos resultados dos pactos estabelecidos com a rede prestadora de
serviços da Assistência Social.
• Inscrever e fiscalizar as entidades e organizações de âmbito municipal.
Atenção!
Só passe adiante em seu estudos se estiver seguro/a do que aprendeu aqui. Ainda há tempo
para uma releitura apurada, antes de prosseguir seus estudos.
314
MÓDULO 4 UNIDADE 8
315
MÓDULO 4 UNIDADE 8
Uma política de pessoal bem equacionada deve definir a equipe profissional básica
para serviços e programas.
316
MÓDULO 4 UNIDADE 8
Fique de olho
A criação de um Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) é uma
questão prioritária a ser considerada.
Isto é importante
317
MÓDULO 4 UNIDADE 8
318
MÓDULO 4 UNIDADE 8
• p
romoção aos usuários do acesso à informação, garantindo conhecer o nome e a
credencial de quem os atende;
• p
roteção à privacidade dos usuários, observado o sigilo profissional, preservando sua
privacidade e opção e resgatando sua história de vida;
• c ompromisso em garantir atenção profissional direcionada para construção de projetos
pessoais e sociais para autonomia e sustentabilidade;
• r econhecimento do direito dos usuários a ter acesso a benefícios e renda, e a programas
de oportunidades para inserção profissional e social;
• i ncentivo aos usuários para que estes exerçam seu direito de participar de fóruns,
conselhos, movimentos sociais e cooperativas populares de produção;
• g arantia do acesso da população à política de Assistência Social, sem discriminação de
qualquer natureza (gênero, raça/etnia, credo, orientação sexual, classe social, ou outras),
resguardados os critérios de elegibilidade dos diferentes programas, projetos, serviços e
benefícios;
• d
evolução das informações colhidas nos estudos e pesquisas aos usuários, no sentido de
que estes possam usá-las para o fortalecimento de seus interesses; e
• c ontribuição para a criação de mecanismos que venham desburocratizar a relação com
os usuários, no sentido de agilizar e melhorar os serviços prestados.
O assunto não terminou. Continue seu estudo sobre princípios ou parâmetros para a
gestão do trabalho, no âmbito do SUAS.
• Equipes de referência
Constituídas por servidores efetivos, responsáveis pela organização e oferta de serviços,
programas, projetos e benefícios de proteção social básica e especial, levando-se em
consideração:
-- o número de famílias e indivíduos referenciados;
-- o tipo de atendimento; e
-- as aquisições que devem ser garantidas aos usuários.
319
MÓDULO 4 UNIDADE 8
Consulte o quadro
Modalidades de
Atendimento direto Atendimento direto – em
pequenos grupos em
abrigo institucional, casa-
Equipes vinculadas ou não lar ou casa de passagem e
ao órgão gestor atendimento.
Família acolhedora,
Atendimento psicossocial
repúblicas e instituições de
longa permanência para
idosos (ILPI’s).
Para a adequada gestão do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, em cada esfera de
governo, é fundamental a garantia de um quadro de referência de profissionais designados
para o exercício das funções essenciais de gestão e, neste sentido, a NOB-RH/SUAS sugere
um Quadro de Referência das Funções Essenciais da Gestão nos níveis federal, municipal,
estadual e do Distrito Federal.
320
MÓDULO 4 UNIDADE 8
A referida norma operacional ressalta a composição das equipes de referência dos Estados
para apoio a Municípios com presença de povos e comunidades tradicionais (indígenas, qui-
lombolas, seringueiros etc.). Deve contar com profissionais com a seguinte qualificação:
• c urso superior, em nível de graduação, concluído em ciências sociais com habilitação em
antropologia; ou
• g raduação concluída em qualquer formação, acompanhada de especialização, mestrado
e/ou doutorado em antropologia.
• A
s responsabilidades pelo financiamento da Política Nacional de Capacitação nas esferas
federal e estadual de governo.
• A
garantia de mecanismos de participação dos técnicos nas capacitações sem prejuízo
dos recebimentos.
• O
direcionamento das capacitações para o desenvolvimento de habilidades e capacidades
técnicas e gerenciais, ao efetivo exercício do controle social e ao empoderamento dos
usuários para o aprimoramento da política pública.
• O caráter permanente das capacitações.
Os Planos de Carreira, Cargos e Salários – PCCS deverão ser instituídos, em cada esfera de
governo, para os trabalhadores do SUAS, da administração direta e indireta, baseados nos
princípios definidos nacionalmente:
• Universalidade.
• Equivalência dos cargos ou empregos.
• Concurso público como forma de acesso à carreira.
• Mobilidade do trabalhador.
• Adequação funcional.
• Gestão partilhada das carreiras.
• Planos de Carreira, Cargos e Salários – PCCS como instrumento de gestão.
321
MÓDULO 4 UNIDADE 8
• Educação continuada.
• Compromisso solidário.
Fique atento!
322
MÓDULO 4 UNIDADE 8
Deve-se estudar quais são as responsabilidades e atribuições do gestor federal, dos gesto-
res estaduais, do gestor do distrito federal e dos gestores Municipais (por nível de gestão
básica e plena) para a gestão do trabalho, no âmbito do SUAS.
323
MÓDULO 4 UNIDADE 8
Vale ressaltar...
Será possível conhecer cada um dos profissionais que atuam na área da Assistência,
operando os serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais, em cada
unidade da federação e territórios específicos.
E ainda...
A criação de espaços de debate e formulação de propostas, como seminários nacionais,
estaduais, regionais e locais do trabalho para aprofundamento e revisão da NOB-RH/SUAS,
em especial nas Conferências Municipais, Estaduais e Nacional de Assistência Social.
324
MÓDULO 4 UNIDADE 8
Parabéns!
Você chegou ao final do Módulo 4 !
Após os conhecimentos aqui adquiridos, com certeza, você poderá atuar em seu Município
ou Estado de forma mais segura e com eficiência.
Alguma dúvida? Releia a Unidade ou as Unidades nas quais você não se sente seguro/a.
325
MÓDULO 5
Estruturação e Implementação do
Acompanhamento Familiar e de Serviços
Socioeducativos
326
MÓDULO 5
MÓDULO 5 – Estruturação e Implementação do Acompanhamento
Familiar e de Serviços Socioeducativos
Ementa
Unidade 1 – Proteção Social Básica – PSB
• Proteção Social de Assistência Social
• Proteção Social Básica
• Centro de Referência da Assistência Social – CRAS
327
MÓDULO 5
Unidade 5 – Ações Socioeducativas na Política de Assistência Social
• Ações Socioeducativas
• Finalidade das Ações Socioeducativas
• Diretrizes para as Atividades Socioeducativas
• Articulações nas Ações Socioeducativas
• Ações Socioeducativas do PAIF
• Ações Socioeducativas por Ciclo de Vida – crianças de até 6 anos
• Ações para o ciclo de crianças de até 6 anos
• Ações Socioeducativas por Ciclo de Vida – crianças de 6 a 14 anos
• Ações para o ciclo de crianças de 6 a 14 anos
• Ações Socioeducativas por Ciclo de Vida – jovens de 15 a 17 anos
• Ações para o ciclo de jovens de 15 a 17 anos
• Ações para por Ciclo de Vida – jovens de 18 a 29 anos
• Ações Socioeducativas por Ciclo de Vida – pessoas idosas
• Ações Socioeducativas por Contingências – pessoas com deficiência
• Ações para pessoas com deficiência
• Ações Socioeducativas com Famílias em Situação de Vulnerabilidade
• Acompanhamento das Condicionalidades do PBF
• Sanções para o Descumprimento das Condicionalidades
• Famílias em Situação de Vulnerabilidade em Decorrência de Violação de Direitos
• Diretrizes para a Organização e Implementação de Ações Socioeducativas com Famílias
328
MÓDULO 5 UNIDADE 1
Cabe destacar
Uma observação
329
MÓDULO 5 UNIDADE 1
O que é o CRAS?
E o CREAS?
330
MÓDULO 5 UNIDADE 1
Devem, ainda, funcionar em estreita articulação com os serviços das demais políticas públicas,
como por exemplo:
• escolas;
• centros de atendimento psicossocial (CAPSS);
• estratégia de saúde da família (ESF);
• defensorias públicas;
• ministério público;
• varas da infância e da juventude; e
• outros órgãos.
A Proteção Social Básica (PSB) tem por objetivo prevenir situações de risco por meio
do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento de vínculos
familiares e comunitários.
A PSB deve assegurar a inclusão das pessoas com deficiência na sua rede de serviços e
ações. Deve funcionar em estreita articulação, ainda, com a Proteção Social Especial, de
modo a ofertar atendimento integrado àquelas famílias, cujas especificidades demandem
atendimento concomitante nos dois níveis de proteção – PSB e PSE.
O papel do CRAS é
Como é que o CRAS atua fundamental, ao atuar como
na organização da rede de espaço de referência e como “porta de
Proteção Social Básica? entrada” para o acesso dos usuários à
rede socioassistencial.
O CRAS tem papel central e atua como espaço de referência para o acesso dos usuários à rede
socioassistencial, porque:
• l ocaliza-se próximo ao território onde vivem famílias e indivíduos em situação de
vulnerabilidade social;
• p
resta serviços continuados de Proteção Social Básica de Assistência Social para famílias,
seus membros e indivíduos em situação de vulnerabilidade social, por meio do Programa
de Atenção Integral à Família – PAIF, tais como:
-- acolhimento;
-- a companhamento em serviços socioeducativose de convivência ou por ações
socioassistenciais;
-- e ncaminhamento para a rede de proteção social existente no lugar onde vivem e para
os demais serviços das outras políticas sociais;
-- rientação e apoio na garantia dos seus direitos de cidadania e de convivência
o
familiar e comunitária;
332
MÓDULO 5 UNIDADE 1
E mais...
• É referência para os serviços da Proteção Social Básica no território.
• É referência para as demais políticas no território.
Atenção!
O CRAS não se confunde com o plantão social, historicamente construído na Assistência
Social sob a ótica assistencialista, meritocrática, protecionista e mercadológica.
Não é “trocar a placa” de identificação da “sala de atendimento social”.
Fique sabendo
Portanto...
333
MÓDULO 5 UNIDADE 1
Sobre o CRAS, você ainda precisa conhecer informações muito importantes, como:
Localização
Até janeiro de 2007, Deve ser instalado próximo ao local de maior concentração de famílias em situação de
dos 5.564 Municípios
vulnerabilidade, conforme indicadores/situações. No caso de territórios de baixa densidade
existentes no
território nacional, demográfica, com espalhamento ou dispersão populacional (áreas rurais, comunidades
2.625 (47,18%) indígenas, quilombolas, calhas de rios, assentamentos, entre outros), a unidade CRAS
contavam com CRAS deverá situar-se em local de maior acessibilidade, podendo realizar a cobertura das áreas de
co-financiados pelo vulnerabilidade por meio do deslocamento de sua equipe.
Governo Federal
(perfazendo um total
Público referenciado
de 3.248 CRAS no
Brasil). Famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade social, decorrente da pobreza, privação
ou ausência de renda, acesso precário ou nulo aos serviços públicos, com vínculos afetivo-
relacionais e de pertencimento social fragilizados, que vivenciam situações de discriminação
etária, étnica, de gênero ou por deficiências, entre outros.
Público prioritário
• famílias do PBF, especialmente, as que não estão cumprindo condicionalidades;
• b
eneficiários do BPC, especialmente, famílias com crianças, adolescentes e jovens com
deficiência e idosos dependentes e os não inseridos em serviços locais (Educação, Saúde,
Assistência Social, Esporte e Lazer);
• famílias:
-- com crianças e adolescentes inseridas no PETI;
-- com situações de negligência e violência ou antecipadoras das mesmas;
-- com crianças sob cuidados de outras crianças ou que permaneçam sozinhas em
casa;
-- com ocorrência de fragilização ou rompimento de vínculo;
-- com indivíduos sem documentação civil; e
-- com jovens e adolescentes grávidas e suas crianças.
Serviços e ações
• recepção e acolhida de famílias, seus membros e indivíduos em situação de vulnerabilidade
social;
Os CRAS referenciam
com seus serviços • oferta de procedimentos profissionais em defesa dos direitos humanos e sociais e dos
e ações de 1.000 relacionados às demandas de Proteção Social de Assistência Social;
a 5.000 famílias e
• vigilância social: produção e sistematização de informações que possibilitem a construção
devem apresentar
capacidade de de indicadores e de índices territorializados das situações de vulnerabilidades, riscos e
atendimento/ano de potencialidades, que incidem sobre famílias/pessoas e territórios;
500 a 1.000 famílias,
• acompanhamento familiar: em grupos de convívio e de trabalho socioeducativo para
dependendo do
porte do Município.
famílias ou seus representantes;
334
MÓDULO 5 UNIDADE 1
• proteção proativa por meio de visitas às famílias que estejam em situações de maior
vulnerabilidade (como, por exemplo, as famílias que não estejam cumprindo as
condicionalidades do PBF), ou risco;
• encaminhamento: para avaliação e inserção dos potenciais beneficiários do PBF
no Cadastro Único (CadÚnico) e do BPC, na avaliação social e do INSS das famílias
e indivíduos para a aquisição dos documentos civis fundamentais para o exercício da
cidadania;
• encaminhamento (com acompanhamento) da população referenciada no território do
CRAS para serviços de Proteção Social Básica e de Proteção Social Especial – quando for
o caso;
• produção e divulgação de informações de modo a oferecer referências para as famílias
e indivíduos sobre os programas, projetos e serviços socioassistenciais do SUAS, sobre o
PBF e o BPC, sobre os órgãos de defesa de direitos e demais serviços públicos de âmbito
local, municipal, do Distrito Federal, regional, da área metropolitana e ou da microrregião
do Estado;
• apoio
nas avaliações de revisão dos cadastros do PBF e do BPC e demais benefícios;
• grupos
de convivência geracionais e intergeracionais.
Profissionais
O CRAS deve contar com uma equipe mínima para a execução dos serviços, projetos e ações
que oferece. Deverá ampliar a referência de profissionais, caso oferte, diretamente no CRAS,
outros serviços, programas, projetos e benefícios.
De acordo com a Norma Operacional Básica NOB-RH/SUAS, a composição da equipe
mínima de referência que trabalha no CRAS para a prestação de serviços e execução das
ações, no âmbito da Proteção Social Básica nos municípios, é a seguinte:
335
MÓDULO 5 UNIDADE 1
Parabéns!
Você concluiu a 1ª Unidade do Módulo 5.
É hora de prosseguir seu estudo com entusiasmo!
336
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Nesta unidade você conhecerá o que é a Proteção Social Especial de Média Complexidade.
Um recado
A Proteção Social de Alta Complexidade você estudará na Unidade 3.
A Proteção Social Especial (PSE) tem como objetivo prestar atendimento especializado a
famílias e indivíduos que se encontrem em situação:
Uma observação
As situações vivenciadas pelas famílias atendidas são complexas e multideterminadas,
não sendo regidas, apenas, pela pressão dos fatores socioeconômicos e pela necessidade A Proteção Social
de sobrevivência, mas, também, por diversos outros aspectos, que podem incidir sobre o Especial caracteriza-
exercício de sua função de proteção, cuidado e socialização de seus membros. se pelo atendimento
a situações de risco
pessoal e social,
violação de direitos
e contingências,
demandando
intervenções mais
especializadas.
337
MÓDULO 5 UNIDADE 2
338
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Fique de olho
Em consonância com o princípio da matricialidade sociofamiliar da
Proteção Social de Assistência Social, a família representa o foco central
das ações na PSE.
É bom lembrar
Conforme destaca a Política Nacional de Assistência Social (PNAS), a família, independente
de seu formato, é mediadora das relações entre os sujeitos e a coletividade e geradora de
modalidades comunitárias de vida.
Para tanto, a atenção na PSE pressupõe uma postura ética e de respeito à família, que,
ultrapassando visões cristalizadas e culpabilizadoras, contextualize-a em sua realidade
socioeconômica e cultural, e reconheça que a família apresenta capacidade de enfrentar
adversidades, construir novas possibilidades, soluções e formas de relacionamento e de
participação social, a partir do apoio recebido.
340
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Caracteriza-se como
PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE MÉDIA COMPLEXIDADE importante recurso
para a preservação
São considerados serviços de Média Complexidade aqueles que oferecem atendimento e fortalecimento de
às famílias e aos indivíduos em situação de risco e violação de direitos ou situação de vínculos familiares e
contingência (por deficiência ou processo de envelhecimento, necessitando de atendimento comunitários, bem
especializado). como apoio à família
para o exercício
de sua função de
cuidado e proteção.
Geralmente as famílias e indivíduos atendidos na PSE de Média Complexidade Desse modo, tem um
encontram-se inseridos em seu núcleo familiar. caráter preventivo
e reparador, na
A convivência familiar está mantida, embora os vínculos possam estar fragilizados ou
medida em que
até mesmo ameaçados. contribui para a
precaução contra
Fique sabendo o agravamento
e reincidência
Em virtude da complexidade das situações atendidas, os serviços da PSE de Média das situações,
Complexidade requerem intervenções articuladas e a oferta de atendimento especializado, para a defesa de
personalizado e continuado. Para tanto devem manter estreita articulação com a rede direitos e para
fortalecimento da
assistencial, com os serviços das demais políticas, com o SGD e o Sistema de Justiça.
convivência familiar
e comunitária.
341
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Observe o quadro que ilustra como os riscos, as perdas e as rupturas vivenciados pelas
famílias e indivíduos se ampliam no sentido PSB – PSE e como deve operar a estratégia
preventiva na Assistência Social: o objetivo é contribuir para que um menor número de
famílias e indivíduos necessite de atendimento na PSE de Média Complexidade e, sobretudo,
na PSE de Alta Complexidade.
PSE – Alta
Complexidade
Isto é importante
A PSB e a PSE de Média Complexidade e de Alta Complexidade devem manter estreita
articulação.
A avaliação técnica tem o papel de identificar quais serviços – da PSB, PSE de Média
Complexidade ou da PSE de Alta Complexidade – precisam ser acionados para atender às
demandas de cada família ou indivíduo.
• O que é o CREAS?
• Qual o público referenciado para esse atendimento?
342
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Aí vão as respostas.
O CREAS é:
• Unidade pública estatal e pólo de referência da PSE – média complexidade.
O CREAS:
• A
rticula, coordena e opera a referência e contra-referência com a rede de serviços
socioassistenciais, demais políticas públicas e SGD.
• O
ferta orientação e apoio especializado e continuados a indivíduos e famílias com direitos
violados.
• T
em a família como foco de suas ações, na perspectiva de potencializar sua capacidade de
proteção e socialização de seus membros.
Público Referenciado
Famílias:
• com crianças e adolescentes vítimas de abuso e exploração sexual;
• com crianças e adolescentes vítimas de violência intrafamiliar;
• inseridas no PETI com dificuldades no cumprimento das condicionalidades;
• com crianças e adolescentes em situação de mendicância;
• c om crianças e adolescentes que estejam sob “medida protetiva” ou “medida pertinente
aos pais ou responsáveis”;
• c om crianças e adolescentes em cumprimento de medida protetiva de abrigo ou família
acolhedora, para suporte à reinserção social e familiar;
• a dolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto (em situação
de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade), bem como as famílias
dos adolescentes;
• a dolescentes e jovens após cumprimento de medida socioeducativa privativa de liberdade
e suas famílias, quando necessário apoio para a reinserção familiar e comunitária.
Objetivo
Assegurar proteção imediata e atendimento psicossocial às crianças e aos adolescentes:
• vítimas de violência (física, psicológica, negligência grave);
• abuso ou exploração sexual comercial; e
• bem como a seus familiares.
343
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Exploração sexual
Violência familiar
344
MÓDULO 5 UNIDADE 2
345
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Atenção!
Isto é importante!
O Serviço deve ofertar atenções específicas de caráter social, psicológico e jurídico, baseadas
no compromisso fundamental de proteção à criança e ao adolescente e na compreensão da
família em sua dinâmica interna e externa.
Finalmente...
O Serviço oferta ações de prevenção e busca ativa que, por meio da abordagem em locais
públicos, deve realizar o mapeamento das situações de abuso e exploração sexual de crianças
e adolescentes, podendo identificar, ainda, situações de violência intrafamiliar.
346
MÓDULO 5 UNIDADE 2
O que deve fazer o serviço de apoio e orientação aos indivíduos e às famílias víti-
mas de violência?
Ele deve:
• o
perar a proteção imediata à criança e ao adolescente, prevenindo a continuidade da
violação de direitos;
• p
roceder às orientações necessárias, inclusive jurídicas, que contribuam para a
conscientização acerca da situação vivenciada pela criança, adolescente e família;
• r ealizar encaminhamentos necessários e atuar de modo articulado com a rede de serviços, A metodologia
de atendimento
na perspectiva da promoção da inclusão social, prevenção da estigmatização da criança, deve privilegiar o
do adolescente e da família e garantia do acesso a serviços e benefícios; acompanhamento
• o
ferecer atendimento continuado que, pautado em uma postura ética e no olhar psicossocial
sistemático, pautado
individualizado, compreenda a família em sua singularidade, recursos e demandas,
em uma abordagem
favorecendo sua expressão e protagonismo, bem como a construção de estratégias de participativa que
enfrentamento e reconstrução de relacionamentos intrafamiliares, baseados em interações potencialize os
positivas e favorecedoras do desenvolvimento; e recursos da família
para o exercício de
• c omunicar à autoridade competente as situações de violação de direitos identificadas ao sua função protetiva,
longo do atendimento que possam colocar em risco a integridade física e psíquica da visando, dessa forma,
criança e do adolescente, para a aplicação de medidas pertinentes. ao enfrentamento
e à superação de
situações adversas,
bem como ao
fortalecimento de
Por meio da abordagem em locais públicos, tal serviço deve operar, também, a busca ativa
vínculos familiares e
das situações que se propõe a atender, identificando o fenômeno e riscos decorrentes. comunitários.
Além disso, deve manter permanente articulação com o SGD, a PSB e a PSE de Alta
Complexidade – quando necessário acompanhamento dos casos de reintegração
familiar de crianças e adolescentes.
Guarde bem
O desligamento e o encerramento do atendimento devem ocorrer quando o profissional
e a família avaliarem, em conjunto, que a função protetiva foi restabelecida e os padrões
violadores de direitos reconstruídos e superados.
347
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Pelo próprio conteúdo das medidas, as ações que as compõem devem sempre envolver o
contexto social em que se insere o adolescente – família, comunidade e Poder Público devem
estar comprometidos para o alcance dos objetivos (SINASE).
Tal acompanhamento,
previsto na PNAS,
deve estar pautado O serviço tem como objetivo proporcionar o acompanhamento dos adolescentes em
na concepção do cumprimento de medidas Socioeducativas de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços
adolescente como à Comunidade, previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
sujeito de direitos,
em condição peculiar
de desenvolvimento,
sendo condizente,
ainda, com os
pressupostos do
Sistema Nacional
de Atendimento
Socioeducativo –
SINASE.
348
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Atenção
A equipe técnica responsável pelo serviço poderá designar orientadores sociais/comunitários
(qualquer cidadão comum maior de 21 anos) para a função de auxiliar no acompanhamento
e orientação do adolescente e de sua família.
349
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Tais orientadores têm, ainda, o papel de mediadores das relações do adolescente com os
espaços sociais com os quais este apresente dificuldade para interagir. Precisam, portanto,
estar qualificados para o desempenho de suas atribuições, sendo freqüentemente
supervisionados pela equipe técnica.
350
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Esta Medida, também executada em meio aberto, mantém o adolescente em seu grupo
familiar e comunitário. Consiste na realização, pelo adolescente, de serviços comunitários
gratuitos e de interesse geral, por período não excedente a seis meses, com jornada semanal
de oito horas.
Atenção
Essa medida tem caráter pedagógico e socializante, baseada em uma ação que privilegia a
descoberta de potencialidades e construção de novos projetos de vida. Sua execução não
pode prejudicar a freqüência à escola e a jornada de trabalho.
351
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Busca Ativa – Por meio da abordagem em locais públicos, tem como objetivo a identificação
de situações de risco e violação de direitos. Inclui ações educativas e de orientação, bem
como encaminhamentos ao CREAS e aos demais serviços socioassistenciais e aos serviços
das demais políticas públicas, bem como ao Conselho Tutelar e outras instâncias do SGD.
Acolhida – É preciso lembrar que as famílias que chegam ao CREAS geralmente vivenciaram
experiências de violação de direitos. A abordagem inicial deve, portanto, favorecer o
acolhimento e a construção de um vínculo de confiança, fundamental para a continuidade
do atendimento. A postura ética do profissional, desprovida de crenças preconcebidas,
julgamentos e culpabilização da família, bem como a garantia do sigilo no atendimento,
são fundamentais para iniciar a compreensão da realidade vivida pela família. Além da
postura dos técnicos que realizam o atendimento inicial, é importante que profissionais da
recepção também sejam devidamente treinados e que as salas de espera e de atendimento
sejam acolhedoras. A acolhida tem como objetivo favorecer que a família se sinta bem no
espaço do CREAS e reconheça na equipe de trabalho pessoas em que pode confiar para dar
continuidade ao processo.
Esse estudo inicial pode demandar alguns encontros até que profissionais e família reúnam
informações suficientes para elaborarem o Plano de Atendimento.
352
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Instalações Físicas
Deve ser viabilizada a estruturação dos serviços, de forma que possuam
condições operacionais como:
• i nstalações físicas suficientes e adequadas para atendimento
individual, familiar e/ou em grupo;
• veículo para realização de visitas domiciliares e institucionais;
• linha telefônica;
• computador;
• impressora; e
• demais equipamentos necessários.
353
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Isto lhe ajudará a guardar a rede que se forma nas articulações estabelecidas.
Abrangência do CREAS
O CREAS poderá ser implantado com abrangência local ou regional, de acordo com o porte,
nível de gestão e demanda dos Municípios, além do grau de incidência e complexidade das
situações de risco e violação de direitos.
354
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Fique de olho
Na regionalização do atendimento deverá ser observada a proximidade
geográfica entre os Municípios envolvidos, de forma a viabilizar o acesso dos
usuários aos serviços.
Siga a seqüência para conhecer os passos importantes para a implementação do CREAS local.
355
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Como é formada a equipe mínima de profissionais que deverão atuar em cada CREAS?
Observe o quadro informativo.
Atualmente são co-financiados pelo MDS 928 CREAS, sendo 886 locais e 42 regionais,
totalizando uma cobertura de atendimento em 1.104 Municípios brasileiros. Inicialmente,
foram priorizados, para receber co-financiamento do MDS para a implementação de CREAS,
aqueles Municípios que, segundo a Matriz Intersetorial de Enfrentamento à Exploração
Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes1, possuíam incidência deste fenômeno. Em 1A Matriz
2006, a totalidade destes Municípios, bem como as demandas de caráter emergencial, foi
Intersetorial de
atingida com a expansão do co-financiamento. A partir de 2007, novos critérios de priorização Enfrentamento
serão pactuados e orientarão a expansão do co-financiamento. à Exploração
Sexual Comercial
Fique informado de Crianças e
Adolescentes cruzou
Um novo Guia do CREAS está sendo elaborado pelo MDS e trará, de forma mais detalhada, dados do Disque
orientações sobre a implementação do CREAS, os serviços ofertados e os fluxos de referência Denúncia Nacional,
e contra-referência. Polícia Rodoviária
Federal, Comissão
Parlamentar Mista de
SERVIÇOS ESPECIALIZADOS CONTINUADOS DE MÉDIA COMPLEXIDADE
Inquérito e Pesquisa
O Piso de Transição de Média Complexidade constitui-se no co-financiamento federal dos sobre Tráfico de
serviços socioassistenciais de habilitação e reabilitação de pessoas com deficiência e centro- Mulheres e Crianças.
dia para pessoas idosas e pessoas com deficiência.
357
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Segundo censo do IBGE, em 2000 existia, no Brasil, 24,5 milhões de pessoas com deficiência,
2 IBGE. Perfil dos
o equivalente a 14,5% da população brasileira. Desse total, 29% têm idade superior a 60
idosos responsáveis
anos, o que indica que o processo de envelhecimento possui uma relação com a incidência
pelos domicílios no
Brasil 2000. Rio de
de deficiências. De acordo, ainda, com levantamento do IBGE (2002)2, a família é a
Janeiro: IBGE: 2002. principal cuidadora das pessoas idosas no Brasil, sendo que apenas 1% vive em serviços de
acolhimento.
Os Serviços Especializados de Média Complexidade são aqueles que se caracterizam pela oferta
de atendimento especializado à pessoa idosa e à pessoa com deficiência, o que geralmente
requer a atuação conjunta de diversas políticas públicas para a oferta do atendimento –
assistência social, saúde, educação e outras.
Habilitação e Reabilitação
Serviços socioassistenciais que visam desenvolver capacidades adaptativas para a vida diária e
prática: aquisição de habilidades, potencialização da capacidade de comunicação, socialização
e locomoção independente. Esses serviços podem ser desenvolvidos em diferentes espaços,
com oferta de diversas atividades organizadas conforme as necessidades específicas dos
beneficiários e características da deficiência.
358
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Atendimento em Centro-Dia
Atendimento oferecido no período diurno a pessoas idosas e com deficiência, em situação
de vulnerabilidade social, que possuam limitações para a realização de Atividades para a
Vida Diária (AVD), cujos cuidados não possam ser dispensados no domicílio ou em outros
serviços da rede. Proporciona atendimento especializado na área de assistência social e saúde,
visando à preservação do convívio familiar e comunitário, à potencialização da autonomia
e à melhoria da qualidade de vida. Deve atender às necessidades pessoais básicas e ofertar
atividades socioeducativas e apoio sociofamiliar.
Para tanto, deve dispor de uma equipe multidisciplinar e ofertar atividades terapêuticas e
socioculturais; atendimento individual, sociofamiliar e acompanhamento psicossocial;
atividades lúdicas, esportivas e de convivência social e intergeracional, entre outras. Constitui-
se em importante recurso para o apoio à família no exercício da função, prevenindo o
isolamento e a institucionalização da pessoa idosa e da pessoa com deficiência. Por se tratar
de equipamento onde são realizados serviços específicos da saúde e assistência social faz-se
necessária a articulação dessas políticas públicas para sua implementação, sem prejuízo da
articulação com as demais políticas (educação, cultura, esporte etc.).
DEMAIS
Centro-Dia Serviço de Habilitação
POLÍTICAS e Reabilitação
PÚBLICAS
359
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Você sabia?
No que se refere à
Famílias de baixa renda na zona urbana têm probabilidade de ter pelo menos uma criança que
sua dinâmica familiar,
há que se destacar
trabalha no domicílio. Se a família é monoparental há 21% a mais de chance de ocorrência de
que as situações de trabalho infantil (DI GIOVANNI, 2004). Segundo AZEVEDO e GUERRA (2000):
trabalho infantil não As famílias pobres e exploradas buscam sobreviver, na desigualdade, por meio do
necessariamente
refletem uma
trabalho. O trabalho da criança e do adolescente constitui um dos recursos que
desestruturação do as famílias pobres utilizam para aumentar sua renda e como mecanismo social
presente arranjo, mas, para enfrentar emergências e situações de agravamento da subsistência. Isso
principalmente, uma acontece, por exemplo, em caso de invalidez, acidente, separação, desemprego e
situação extrema doença. Estas situações devem ser entendidas não como resultantes de dramas ou
de pobreza que histórias isoladas e individuais das famílias pobres, mas como parte da história
impulsiona para
esta estratégia de
social da exploração.
sobrevivência.
Se o trabalho infantil tem em seu cerne a pobreza, observa-se que tal atividade não é capaz
de quebrar o ciclo das desigualdades; ao contrário, contribui para sua perpetuação.
Desta forma...
Os aspectos simbólicos e culturais que insistem em legitimar a presente prática, destacando o
fenômeno como positivo, devem ser insistentemente rebatidos, demonstrando-se os efeitos
perversos que tal prática gera. Segundo DI GIOVANNI (2004):
No momento atual da sociedade, o trabalho infantil revela a desigualdade em seu
duplo aspecto: de um lado, porque priva grande contingente de crianças e jovens
das oportunidades de inserção que essa sociedade requer; de outro, porque os
predestina a serem adultos com baixa participação na riqueza social e cultural.
A CONAETI visa:
• i mplementar a aplicação das disposições das Convenções nº 138 e 182 da OIT. Possui,
como uma de suas principais atribuições, o acompanhamento da execução do Plano
Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil, por ela elaborado em 2003.
1994 – A leitura crítica do fenômeno permitiu que no final de 1994 fosse instalado, no
Brasil, o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, reunindo vários
segmentos da sociedade civil, Legislativo e Judiciário, sob a coordenação do Ministério do
Trabalho, contando com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância/UNICEF e
da Organização Internacional do Trabalho/OIT. A partir da experiência de articulação
promovida por este Fórum e de sua orientação, na definição de modelos de ações voltadas à
erradicação do trabalho infantil.
1999 – O Programa foi implantado nos estados do Pará, Santa Catarina, Rio Grande do
Norte, Alagoas e Espírito Santo e, em seguida, foi expandido para os demais estados.
361
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Além do PETI estar inserido na lógica do Sistema Único de Assistência Social, enquanto
serviço socioassistencial, há que se destacar o processo de integração do PETI com o
Programa Bolsa Família.
362
MÓDULO 5 UNIDADE 2
363
MÓDULO 5 UNIDADE 2
As famílias usuárias do PETI tinham que ter suas informações inseridas nos Cadastro Único
e a marcação especifica no campo 270 que deveria estar completamente preenchido, o
inclusive o subcampo “outro” com a palavra “fundo”.
364
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Integração PETI
Observação 1 - Não serão penalizadas as famílias que não cumprirem as Ações Socioeducativas
de Convivência quando não houver oferta do serviço por força maior. Porém, a família tem
que retirar a criança ou adolescente do trabalho infantil.
Observação 2 - O PBF já prevê a obrigatoriedade de não haver trabalho infantil para participar
do Programa. Com a integração houve mais suporte para este afastamento.
365
MÓDULO 5 UNIDADE 2
366
MÓDULO 5 UNIDADE 2
367
MÓDULO 5 UNIDADE 2
A integração exigiu a migração das famílias ainda atendidas mediante transferência da bolsa
pelo Fundo Nacional de Assistência Social para o Cadastro Único, no sentido de facilitar
o recebimento direto (via cartão magnético), unificando os procedimentos utilizados,
possibilitando maior agilidade e controle. Assim, houve a inserção de aproximadamente 80%
das famílias do PETI no Cadastro Único do Governo Federal permitindo:
• o enfrentamento da duplicidade de benefícios;
• a transferência de renda direta para o cidadão por meio do cartão magnético da Caixa
Econômica Federal, ocasionando maior transparência nos procedimentos, evitando
atraso nos repasses e diminuindo custos operacionais aos Municípios; e
• a identificação das famílias com crianças/adolescentes retiradas do trabalho infantil
atendidas pelo Governo Federal.
368
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Assinatura de Termo de Cooperação Técnica do MDS com o Ministério Público do Trabalho para
avanço na fiscalização e monitoramento da ocorrência do trabalho infantil e acesso ao PETI.
O PETI desenvolveu grandes avanços desde o seu surgimento até os dias atuais.
Avanços do PETI
ANTES HOJE
Crianças/Adolescentes de 7 a 14 anos Crianças/Adolescentes até 16 anos incompletos
Atendimento das atividades de trabalho infantil Atendimento de todas as formas de trabalho
consideradas perigosas, penosas, insalubres e infantil
degradantes (com prioridade às piores formas)
Ausência de porcentagem estabelecida para Freqüência mínima estabelecida de 85% nas
a freqüência nas Ações Socioeducativas e de Ações Socioeducativas e de Convivência
Convivência
Ações Socioeducativas e de Convivência não Extensão das Ações Socioeducativas e de
extensivas a outros programas de transferência Convivência para o Programa de Transferência
de renda com crianças/adolescentes em Renda PBF do Governo Federal, para crianças/
trabalho adolescentes em situação de trabalho
Repasse financeiro via Fundo para os Estados Repasse financeiro direto às famílias via cartão
e Municípios social – cidadão
Metas pactuadas de acordo com a capacidade Ação conjunta para atingir a erradicação do
instalada e critérios referenciais trabalho infantil no Brasil
Por meio do cadastramento de crianças e
adolescentes no Cadastro Único
369
MÓDULO 5 UNIDADE 2
ANTES HOJE
Valores diferenciados para Ações Unificação do valor para R$ 20,00
Socioeducativas (Urbana e Rural) R$ 10,00
e R$ 20,00
Execução das ações socioeducativas sem Elaboração de diretrizes gerais para
parâmetro nacional orientador desenvolvimento das Ações Socioeducativas
Ausência de sistema específico para Construção e operacionalização de sistema de
controle da freqüência escolar e jornada Monitoramento e Controle de Condicionalidades
ampliada (SNAS, SENARC, CGI) das Ações Socioeducativas
e de Convivência e da freqüência escolar, por meio
do SISPETI
370
MÓDULO 5 UNIDADE 2
371
MÓDULO 5 UNIDADE 2
Além da freqüência, o sistema possibilitará, por meio de relatórios, colher dados qualitativos
sobre as ASECs, uma vez que o Município deverá informar:
• as atividades desenvolvidas em cada núcleo de atendimento;
• a quantidade de monitores;
• a quantidade de horas de atendimento;
• o horário de funcionamento do núcleo; e
• entre outros dados que poderão ser extraídos.
372
MÓDULO 5 UNIDADE 2
• Saúde
Toda criança retirada do trabalho infantil deve ser encaminhada à rede de saúde para
avaliação de possíveis danos ocasionados ao seu desenvolvimento e saúde, independente de
não serem constatados danos aparentes.
• Educação
Visa ao desenvolvimento das Ações Socioeducativas e de Convivência e inclusão na rede de
Creches e Pré-escola, para as crianças de zero a seis anos.
Torna-se imprescindível o acesso ao direito de creche e pré-escola à criança pequena (zero
a seis anos) retirada do trabalho. Os presentes serviços constituem-se em espaços que
favorecem o desenvolvimento e devem ser utilizados como estratégia para reinclusão social
da criança que sofreu a violência da exploração do trabalho.
No Relatório Global, no quadro do Seguimento da Declaração da OIT 2006, está posto que
“a freqüência escolar em tempo integral é, de um modo geral, incompatível com as piores
formas de trabalho infantil”. Desta forma, a presente estratégia, além de proporcionar o
desenvolvimento da criança, dificulta a manutenção nas atividades de trabalho que possam
vir a reincidir.
• Trabalho
Para fiscalização e encaminhamento da incidência do trabalho infantil.
374
MÓDULO 5 UNIDADE 2
O que caberá à instância municipal de controle social do PBF, segundo o art. 18 da Portaria 666:
• c omunicar aos Gestores Municipais do PBF e do PETI os casos de famílias beneficiárias
do PBF em situação de trabalho infantil em sua localidade;
• manter interlocução com a Comissão Municipal de Erradicação do Trabalho Infantil; e
• c omunicar aos Gestores Municipais do PBF e do PETI a respeito de famílias que
recebam recursos desses programas que não estejam respeitando a freqüência às ações
socioeducativas e de convivência, sobre a inexistência ou precariedade da oferta destas
ações no âmbito local.
Conselho Tutelar
Segundo o artigo
O que cabe ao Conselho Tutelar? 131 do ECA, o
Conselho Tutelar “é
Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou órgão permanente
penal contra os direitos da criança ou adolescente. e autônomo,
não jurisdicional,
encarregado pela
Centros de Defesa da Criança e do Adolescente – CEDECAS
sociedade de zelar
OS CEDECAS são organizações não governamenttais sem fins lucrativos com missão pelo cumprimento
dos direitos da
de proteção jurídico-social de direitos humanos de crianças e adolescentes associando
criança e do
intevenção jurídica, mobilização social e comunicação para direitos com vistas a construção adolescente”.
de uma sociedade que exercite plenamente os direitos humanos infanto-juvenis.
Parabéns!
Você finalizou a Unidade 2 deste módulo.
Alguma dúvida? Releia a unidade.
Agora é hora de seguir aprendendo!
375
MÓDULO 5 UNIDADE 3
Relembrando...
Na Unidade 2, você ficou sabendo que a Proteção Social de Assistência Social possui dois
níveis: a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial – PSE. E que esta última se divide
em Média e Alta Complexidade.
1
Silva, E. R. O direito
à convivência familiar Chegou a hora de estudar a Proteção Social de Alta Complexidade.
e comunitária: os
abrigos para crianças
e adolescentes no PISO DE ALTA COMPLEXIDADE I E PISO DE ALTA COMPLEXIDADE II
Brasil. Brasília: IPEA/ São considerados serviços de alta complexidade aqueles que oferecem atendimento às famílias
CONANDA, 2004.
Levantamento
e aos indivíduos que se encontram em situação de abandono, ameaça ou violação de direitos,
realizado pelo IPEA necessitando de acolhimento provisório, fora de seu núcleo familiar de origem (mulheres
em 2003 e promovido vitimizadas, idosos, crianças e adolescentes, população em situação de rua, entre outros).
pela Secretaria
Especial dos Direitos O Piso de Alta Complexidade I constitui-se no co-financiamento federal dos serviços socio-
Humanos (SEDH)
assistenciais prestados pelas unidades de acolhimento e abrigo para:
da Presidência da
República, por meio • idosos;
da Subsecretaria
de Promoção dos • crianças e adolescentes;
Direitos da Criança • jovens;
do Adolescente
(SPDCA) e do • mulheres vítimas de violência; e
Conselho Nacional de
Direitos da Criança
• e ntre outras (Família Acolhedora; Abrigo Institucional; Casa-lar; República; Moradias
e do Adolescente Provisórias e Casas de Passagem).
(CONANDA). A
amostra investigada O Piso de Alta Complexidade II constitui-se no co-financiamento da rede de acolhida
corresponde as 589 temporária destinada à população em situação de rua (Albergue, Abrigo, Moradias Provisórias
instituições que
e Casas de Passagem).
eram beneficiadas,
naquele ano, por
recursos da Rede PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE ALTA COMPLEXIDADE
de Serviços de Ação
Continuada (Rede A PSE de Alta Complexidade caracteriza-se pela oferta de atendimento a indivíduos
SAC) do Ministério
que se encontram afastados do convívio com o núcleo familiar.
do Desenvolvimento
Social e Combate
à Fome (PNCFC,
2006). “Essas
Importante
instituições acolhiam, Nem sempre seus vínculos familiares estão rompidos. Nessa direção pode-se citar, por
no momento exemplo, que pesquisa realizada pelo IPEA (2004)1 nos abrigos de crianças e adolescentes
da realização
da Pesquisa,
da antiga Rede SAC do MDS identificou que 86,7% das crianças e adolescentes atendidos
19.373 crianças e tinham família, sendo que 58,2% mantinham vínculo com a mesma.
adolescentes” (p. 61).
376
MÓDULO 5 UNIDADE 3
Tais serviços funcionam como moradia provisória até que seja viabilizado o retorno à família
de origem, o encaminhamento para família substituta – quando for o caso – ou o alcance da
autonomia (moradia própria ou alugada).
Isto é importante!
O ambiente e os cuidados oferecidos devem ser de qualidade, condizentes com as
especificidades do ciclo de vida das pessoas atendidas.
A organização do ambiente e os cuidados oferecidos devem contribuir para:
• o desenvolvimento saudável das pessoas atendidas;
• a reparação de vivências de separação/rupturas ou até mesmo de violação de direitos;
• a preservação da história de vida;
• o fortalecimento da auto-estima e dos vínculos familiares e comunitários; e
• a potencialização do protagonismo e da participação social.
377
MÓDULO 5 UNIDADE 3
Nesse sentido, grupos de irmãos, casais de idosos e mães acompanhadas de seus filhos, entre
outros, devem ser atendidos no mesmo serviço, prevenindo-se, desse modo, o enfrentamento
de mais perdas e rupturas.
Além daqueles já mencionados, constituem aspectos importantes no atendimento ofertado
nos serviços de acolhimento:
• a organização do ambiente de modo a preservar a identidade pessoal e a individualidade
dos beneficiários, disponibilizando, por exemplo, espaços privados (camas, gavetas,
armários etc.) e objetos pessoais (roupas, calçados, brinquedos e outros). Nesse sentido
é importante, ainda, que o serviço atenda um pequeno grupo, conforme previsto em
normativas vigentes – ECA, Estatuto do Idoso, PNAS, Plano Nacional de Convivência
Familiar e Comunitária (PNCFC) etc.;
• a preservação da história pessoal durante o período de atendimento (fotos, prontuários,
registros diários etc.);
• a atitude receptiva e acolhedora no momento da chegada e durante a permanência no
serviço de acolhimento, sendo vedadas práticas vexatórias, que desrespeitem os direitos
e a dignidade das pessoas atendidas;
• a relação de qualidade com os cuidadores. Para que o abrigo cumpra de fato sua função
de proteção, é fundamental que os cuidados diretos sejam de qualidade. Para tanto é
importante evitar-se a rotatividade e proporcionar a qualificação e o acompanhamento
dos cuidadores;
• a disponibilização de espaços para convivência que favoreçam a interação;
• a participação na vida comunitária, oferecendo condições para que as pessoas atendidas
participem das atividades desenvolvidas na comunidade e utilizem os serviços disponíveis
na rede local; e
• o
acompanhamento técnico-profissional de cada pessoa atendida, visando à sua reinserção
familiar e comunitária, bem como à potencialização de sua autonomia, protagonismo e
participação social. A equipe técnica tem um importante papel, ainda, na supervisão
dos cuidados diretos – quando for o caso – e na articulação com a rede local (rede
socioassistencial, serviços de outras políticas públicas e SGD), no acompanhamento das
famílias e na articulação com a rede local.
378
MÓDULO 5 UNIDADE 3
Um recado
Atualmente, o MDS está organizando a Primeira Versão do Guia da Alta Complexidade, que
trará parâmetros para a organização de tais serviços.
Casa-lar
Modalidade de atendimento que oferece acolhimento em residência para pequenos grupos
(crianças e adolescentes, idosos, adultos com deficiência) com cuidador(es) residente(s) no
local, devidamente qualificados e acompanhados.
379
MÓDULO 5 UNIDADE 3
Esse tipo de atendimento visa proporcionar ambiente acolhedor, com rotina mais próxima de
um ambiente familiar e maior participação na vida comunitária. Com arquitetura semelhante
à de uma residência privada, deve localizar-se em áreas residenciais da cidade, seguindo o
padrão socioeconômico da comunidade onde estiverem inseridas. Podem estar distribuídas
tanto em um terreno comum, quanto inseridas, separadamente, em bairros residenciais.
Destina-se ao atendimento de crianças e adolescentes, idosos e adultos com deficiência. Cada
casa-lar deve atender um pequeno grupo de, no máximo, 10 pessoas.
Casa de Passagem
Serviço destinado ao atendimento de pessoas em situação de rua, abandono, risco ou violação
de direitos, entre outros. Oferecem espaço de acolhida inicial ou emergencial, durante
período de realização de diagnóstico da situação. A recepção e o atendimento costumam ser
ininterruptos, tendo como característica maior fluxo e rotatividade das pessoas acolhidas.
Destina-se ao atendimento de crianças, adolescentes e adultos em situação de rua, entre
outros. Recomenda-se que a casa de passagem atenda um pequeno grupo de, no máximo, 20
pessoas.
Família Acolhedora
Serviço que organiza o acolhimento de indivíduos em situação de abandono ou risco pessoal/
social na residência de famílias acolhedoras. Para tanto, a metodologia de funcionamento
prevê: (i) mobilização, cadastramento, seleção, capacitação, acompanhamento e supervisão
das famílias acolhedoras; (ii) acompanhamento psicossocial das famílias de origem, com
vistas à reintegração familiar, quando for o caso; (iii) articulação com a rede serviços e,
quando se aplicar, com a autoridade judiciária.
Destina-se ao atendimento de crianças e adolescentes sob medida protetiva de abrigo, idosos
e pessoas com deficiência.
Recomenda-se que cada família acolha apenas uma pessoa por vez. Todavia, esse número
deverá ser flexibilizado, por exemplo, no caso de grupo de irmãos (criança ou adolescente,
idoso ou pessoa com deficiência) ou casal de idosos, entre outros. O acolhimento nessas
situações dar-se-á mediante avaliação profissional que averigüe se há condições favoráveis
para o acolhimento.
República
Serviço que oferece proteção, apoio e condições de moradia subsidiada a grupos de jovens,
adultos, idosos ou adultos com deficiência. Representa um estágio no processo de construção
da autonomia pessoal, sendo um importante recurso para o desenvolvimento da auto-
sustentabilidade, até que se alcance a autonomia para a vida independente. Possui tempo de
permanência limitado, podendo ser reavaliado e prorrogado em função do projeto individual
formulado em conjunto com o profissional de referência. As despesas com alimentação e
higiene pessoal/ambiental são cotizadas pelos moradores que definem, adquirem e preparam,
em cozinha coletiva, os alimentos a serem consumidos.
380
MÓDULO 5 UNIDADE 3
Albergue
Serviços continuados destinados a adultos, idosos, pessoas com deficiência, migrantes e
refugiados, que se encontram em situação de rua ou abandono. Oferecem condições para
que as pessoas possam repousar e restabelecer-se. Por meio de acompanhamento profissional
devem trabalhar de modo articulado com os demais serviços da rede, visando ao resgate
de vínculos familiares e comunitários ou a construção de novas referências, bem como a
conquista de autonomia para a vida independente.
Uma observação
Além destes, os serviços podem ser organizados, ainda, para o atendimento a outros
segmentos (mulheres vitimizadas, mulheres acompanhadas de crianças pequenas etc.).
Para tanto...
é fundamental que os serviços ofereçam acessibilidade e os profissionais sejam qualificados
para o atendimento adequado.
381
MÓDULO 5 UNIDADE 3
Atualmente, frente
à demanda por
organização de Ressalte-se que existe a demanda de
serviços na PSE de organização de serviços para pessoas adultas
Alta Complexidade com deficiência. Todavia, crianças, adolescentes e
para pessoa adulta
idosos com deficiência podem ser incluídos nos serviços
com deficiência,
as casas-lares e as organizados para essas faixas etárias.
repúblicas têm sido
referências mais
apropriadas para o
atendimento a esse
segmento.
LEGISLAÇÃO
382
MÓDULO 5 UNIDADE 3
Decretos
Decreto nº 129, de 22 de maio de 1991
Decreto nº 1.744, de 8 de dezembro de 1995
Decreto nº 2.682, de 21 de julho de 1998
Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999
Decreto nº 3.691, de 19 de dezembro de 2000
Decreto nº 3.956, de 8 de outubro de 2001
Decreto nº 4.712, de 29 de maio de 2003
Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004
Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005
Decreto nº 5.904, de 21 de setembro de 2006
Decreto nº 6.039, de 7 de fevereiro de 2007
Decreto nº 6.044, de 12 de fevereiro de 2007
Portarias
Portaria nº 319, de 26 de fevereiro de 1999, do Ministério da Educação
Portaria nº 772, de 26 de agosto de 1999, do Ministério do Trabalho e Emprego
Portaria nº 1.679, de 2 de dezembro de 1999, do Ministério da Educação
Portaria nº 554, de 26 de abril de 2000, do Ministério da Educação
Portaria Interministerial nº 03, de 10 de abril de 2001, do Ministério dos Transportes
Portaria nº 818, de 5 de junho de 2001, do Ministério da Saúde
Portaria nº 1.060, de 5 de junho de 2002, do Ministério da Saúde
Portaria nº 22, de 30 de abril de 2003, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
Portaria Interministerial nº 2, de 21 de novembro de 2003, do Ministério da Saúde e
Secretaria Especial dos Direitos Humanos
Portaria nº 36, de 15 de março de 2004, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
Portaria nº 78, de 8 de abril de 2004, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome
Portaria nº 263, de 27 de abril de 2006, do Ministério das Comunicações
Portaria nº 976, de 5 de maio de 2006, do Ministério da Educação
Convenção
Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovado pela
Assembléia Geral da ONU em 6 de dezembro de 2006.
Crianças e Adolescentes
Definidos no art. 90, inciso IV (ECA), estes serviços acolhem crianças e adolescentes que
estejam sob medida protetiva de abrigo, aplicadas às situações dispostas no art. 98. Segundo
o art. 101, parágrafo único, o abrigo é medida provisória e excepcional, não implicando
privação de liberdade. Todos os serviços de acolhimento para crianças e adolescentes devem
seguir os parâmetros dispostos no ECA – arts. 90, 91, 92, 93 e 94 (no que couber) e garantir a
acessibilidade para a inclusão de crianças e adolescentes com deficiência. De acordo com o art.
23 do ECA, a falta de recursos materiais não constitui motivo suficiente para o abrigamento
de crianças e adolescentes.
O Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes
à Convivência Familiar e Comunitária – PNCFC, aprovado em 2006 pelo CNAS e
CONANDA.
Casa-lar
No caso do atendimento a crianças e adolescentes, é importante que este serviço não seja
confundido com família substituta. Trata-se de um serviço de acolhimento provisório,
conforme previsto no art. 101, parágrafo único, do ECA.
Casa de Passagem
Ooferece abrigamento para estudo de caso, frente à necessidade de acolhimento emergencial
da criança ou adolescente. O atendimento objetiva acolher e (re)inserir, em curto prazo, a
criança e o adolescente na família de origem. O atendimento nesses equipamentos pode
também ter como objetivo o restabelecimento dos vínculos familiares daquelas crianças e
adolescentes que se encontram em processo de saída das ruas.
384
MÓDULO 5 UNIDADE 3
Família Acolhedora
Estes serviços não devem ser confundidos com adoção. “Trata-se de um serviço de
acolhimento provisório, até que seja viabilizada uma solução de caráter permanente para
a criança ou adolescente – reintegração familiar ou, excepcionalmente, adoção. Dentro da
sistemática jurídica, este tipo de acolhimento possui como pressuposto um mandato formal
– uma guarda fixada judicialmente a ser requerida pelo programa de atendimento ao Juízo,
em favor da família acolhedora. A manutenção da guarda – que é instrumento judicial
exigível para a regularização deste acolhimento – estará vinculada à permanência da família
acolhedora no Programa.” (PNCFC, 2006, p. 42). Entre seus objetivos, o PNCFC prevê a
ampliação da oferta destes serviços no país.
Atenção
Estas são referências importantes que você deve conhecer:
• ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente.
• Levantamento Nacional de Abrigos (IPEA, 2004).
• P
lano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à
Convivência Familiar e Comunitária – PNCFC (2006).
Levantamento do IPEA - Universo: 589 abrigos da Rede SAC, atendendo 19.373 crianças
e adolescentes.
Perfil das crianças e dos adolescentes abrigados
58,5% são meninos
61,3% têm entre 7 e 15 anos
63,6% são afro-descendentes.
Motivo de ingresso no abrigo
50,1% por motivos relacionados à pobreza/carência material
vivência de rua, exploração no trabalho ou mendicância
24,1% exclusivamente por situação de pobreza/carência material
Vínculos familiares
86,7% têm família
58,2% mantêm vínculos familiares, com contatos regulares
22,7% não mantinham vínculo constante e raramente recebiam visitas
apenas 10,7% em condição legal de adoção
Tempo de permanência no abrigo
52,6% permanência por mais de dois anos
20% mais de 6 anos
Principais dificuldades para o retorno à família
35,5%: Pobreza / condições socioeconômicas precárias
10,8%: Ausência de políticas públicas de apoio à reestruturação familiar
385
MÓDULO 5 UNIDADE 3
E os idosos?
Fique atento/a ao que diz a lei.
Conforme estabelece o artigo 35, § 2º, da Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003, todas as
entidades de longa permanência ou casa-lar são obrigadas a firmar contrato de prestação
de serviços com a pessoa idosa ou contratante e, quando for o caso, o Conselho Municipal
do Idoso ou Conselho Municipal de Assistência Social estabelecerá a forma de participação
do contratante, que não poderá exceder a 70% de qualquer benefício previdenciário ou de
assistência social recebido pelo idoso.
386
MÓDULO 5 UNIDADE 3
Casa-lar
Recomenda-se que a casa-lar atenda idosos com diferentes graus de dependência (I e II), de
modo a estimular a ajuda mútua. Ressalte-se que para o atendimento a esse ciclo de vida é
importante garantir a presença de cuidadores 24 horas, não havendo necessidade, portanto,
que o cuidador seja residente.
República
Alternativa de acolhimento para idosos independentes (grau de dependência I). As
despesas com alimentação e higiene pessoal/ambiental são co-financiadas com recursos
da aposentadoria, renda mensal vitalícia, Benefício de Prestação Continuada – BPC, entre
outras fontes de renda.
Família Acolhedora
Representa alternativa para o acolhimento de idosos que pode ser implementada, por exemplo,
em municípios de pequeno porte que não tenham serviço de acolhimento para idosos.
Referências Importantes
Política Nacional do Idoso (Lei nº 8.842/94), Decreto nº 1.948 de 03/07/96 – regulamenta a
Lei nº 8.842/94, Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003).
O que fazer?
Atualmente, encontra-se em processo de elaboração, coordenado pelo MDS, a Política
Nacional para População em Situação de Rua.
Fique sabendo.
Um Grupo de Trabalho Interministerial, coordenado pelo MDS, com a participação de
gestores municipais e da sociedade civil organizada – inclusive Movimento Nacional de
População em Situação de Rua –, contribuirá para a elaboração da referida Política que, entre
outros aspectos, abordará os serviços de acolhimento para população em situação de rua,
definindo parâmetros para seu funcionamento.
387
MÓDULO 5 UNIDADE 4
É importante assinalar
Todas essas particularidades diferenciam uma família de outra e são produto histórico das
relações sociais e das recentes transformações sociais e econômicas, de hábitos e costumes.
Entretanto...
Este não é o modelo que vem se desenvolvendo e ganhando espaço.
A família nuclear tem coexistido com diversas outras formas de organizações familiares:
• famílias monoparentais;
• chefiadas pela mulher ou pelo homem;
• com membros de diferentes gerações (famílias extensivas); e
• famílias homoafetivas, entre outros.
388
MÓDULO 5 UNIDADE 4
Além dos
arranjos familiares serem
diversos, as famílias brasileiras são
marcadas por uma gama enorme de
aspectos socioculturais distintos.
Vale destacar
As famílias pertencentes aos povos e comunidades tradicionais, como povos indígenas e Cada vez mais
comunidades remanescentes de quilombos, onde a organização é indissociável dos aspectos surgem famílias
culturais originais (PNCFC, p. 30 – ver observação no item 4.5). chefiadas por
mulheres: quer
Conceito de Família seja pela ausência
do marido ou
companheiro,
O conceito de família aqui adotado reconhece não apenas o grupo formado pelos pais ou quer seja pelo
por um dos progenitores e seus descendentes, mas, também, as diferentes combinações desemprego ou
resultantes de agregados sociais, formados por relações consangüíneas, relações afetivas insuficiência de
ou de subsistência e que assumem a função de desenvolver afetos, cuidados e condições renda.
de reprodução social e da espécie.
Um recado
Vale consultar o art. 226 da Constituição Federal
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a
mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos
pais e seus descendentes.
§ 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo
homem e pela mulher.
§ 6º - O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por
mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de
dois anos.
§ 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável,
o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos
educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva
por parte de instituições oficiais ou privadas.
§ 8º - O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram,
criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
389
MÓDULO 5 UNIDADE 4
Nela os indivíduos:
• constróem seus primeiros vínculos afetivos;
• experimentam emoções;
• apreendem regras e valores sociais;
• desenvolvem autonomia;
• tomam decisões;
• exercem a solidariedade e o cuidado mútuo;
• vivenciam conflitos; e
Não podemos perder
• s ofrem modificações, alterando significados, crenças, mitos, construídos e depois de
de vista os processos
que levaram os negociados, modificados.
indivíduos e suas
famílias, a estarem A família também:
na condição em que
estão e serem o que • contribui para a construção da identidade de cada membro;
são, na sua relação • oportuniza as vivências para outros espaços sociais, onde o indivíduo se constrói;
com o meio social.
• p
ossibilita o exercício da autonomia, da criatividade, das potencialidades individuais e grupais
e busca pela superação das dificuldades e desafios que se apresentam no seu cotidiano;
• ela
é pública e privada; e
• é co-responsável pelo cuidar e reproduzir juntamente com o Estado e a sociedade.
390
MÓDULO 5 UNIDADE 4
PAPEL DA FAMÍLIA
Protagonismo Social
Apresenta-se na perspectiva de novos patamares de sociabilidade.
Desenvolvimento da autonomia
Desenvolvimento da autonomia – refere-se à capacidade de deliberar sobre objetivos pessoais
e de agir na direção dessa deliberação; refere-se à capacidade de cada sujeito dar conta de sua
vida, dos cuidados necessários para que a sua vida caminhe. (Kahhale, SP, 2004).
392
MÓDULO 5 UNIDADE 4
393
MÓDULO 5 UNIDADE 4
• p
rodução e divulgação de campanhas socioeducativas para prevenção de riscos e
vulnerabilidades, bem como defesa de direitos;
• p
rodução de informações de modo a oferecer referências para as famílias e indivíduos
sobre os programas, projetos e serviços socioassistenciais do SUAS, sobre o PBF e o
BPC, sobre os órgãos de defesa de direitos e demais serviços públicos de âmbito local,
municipal, do Distrito Federal, regional, da área metropolitana e ou da microrregião do
Estado; e
• apoio nas avaliações dos cadastros do PBF e do BPC e demais benefícios.
• p
or demanda espontânea das famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade
social;
• pela busca ativa de famílias feita pelos técnicos; e
• p
elo encaminhamento realizado pela rede socioassistencial e serviços das demais políticas
públicas.
• da identificação da demanda;
• da escolha apropriada dos serviços oferecidos pela rede de proteção social; e
• d
a verificação e avaliação da efetividade dos atendimentos e encaminhamentos
realizados.
Parabéns!
Você acaba de vencer mais uma etapa do seu
estudo.
AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS
Para que você possa visualizar de forma mais clara a atuação da Assistência Social, observe
o gráfico ilustrativo.
Assistência Social
Ações Socioeducativas
• Garantia de direitos
• Inclusão social
• Desenvolvimento do protagonismo
• Desenvolvimento da autonomia
individual e coletiva
Como você viu, a Assistência Social atua por meio de ações socioeducativas.
Valores éticos
Sociabilidade
Convivência Valores: defesa
convivência
e afirmação de
direitos, com vistas
à emancipação,
autonomia e cidadania.
Participação sociabilidade
convivência
Valores políticos
Assim...
É imperioso que se considere as peculiaridades da realidade local, os aspectos culturais, os
sujeitos a quem se destinam as ações, observadas suas peculiaridades e especificidades como
pauta inicial das situações de aprendizagem, oferecidas a pessoas e famílias em situação de
vulnerabilidade.
397
MÓDULO 5 UNIDADE 5
adolescentes
raça/etnia áreas de
fronteira
área urbana
trabalhadores
rurais
descumpri-
mento de con-
dicionalidades orientação
sexual
REALIDADES
idosos DIFERENCIADAS
crianças
rede de serviços
públicos
arranjo
familiar
povos e
comunidades
tradicionais área rural
Para tanto...
Torna-se essencial viabilizar o acesso a atividades que promovam:
• o desenvolvimento de relações de afetividade;
• a reparação de danos decorrentes de estigmas;
• discriminações e situações de violência;
• o convívio em grupo (sociabilidade);
• o acesso a conhecimentos, experimentação e meios que favoreçam a autonomia; e
• o
estímulo, o desenvolvimento e a formação do senso de responsabilidade, de coletividade
e de participação na vida familiar, comunitária e pública do território.
398
MÓDULO 5 UNIDADE 5
justiça
trabalho esporte
Ações socioeducativas
da assistência social
cultura segurança
alimentar
educação saúde
399
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Ciclo de vida
Apoio à família e indivíduos no enfrentamento das vulnerabilidades decorrentes do ciclo de
vida.
Contingências
Apoio à família e aos indivíduos no enfrentamento das vulnerabilidades decorrentes de
limitações vivenciadas por algum de seus membros (pessoas com deficiência).
Pobreza
Apoio à família e indivíduos no enfrentamento das vulnerabilidades decorrentes de situações
de pobreza.
Violação de direitos
Apoio à família e aos indivíduos no enfrentamento das vulnerabilidades advindas de situações
de risco pessoal e social decorrente da violação de direitos (abuso, exploração, violência física
ou psicológica, trabalho infantil).
Fique atento
As ações socioeducativas desenvolvidas pelo acompanhamento familiar do PAIF devem ser
ofertadas pelos CRAS.
No entanto...
As ações socioeducativas direcionadas aos ciclos de vida podem ser desenvolvidas tanto
pelos CRAS quanto por entes públicos e/ou privados que compõem a rede socioassistencial
do Município ou Estado, referenciado ao CRAS.
CRAS
Rede Socioassistencial
Acompanhamento
familiar do PAIF ciclo de vida
400
MÓDULO 5 UNIDADE 5
As famílias com crianças até seis anos de idade, além das diversas demandas enfrentadas
no dia-a-dia, precisam responder às necessidades da criança, que pode estar em estado de
absoluta dependência.
401
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Observação:
As atividades com crianças devem se realizar na periodicidade do trabalho com famílias.
402
MÓDULO 5 UNIDADE 5
O trabalho com a mãe e com o pai, durante a gestação e nos primeiros meses de vida do bebê,
pode contribuir para a prevenção de rupturas de vínculos familiares ainda na infância. O
acompanhamento neste momento do ciclo de vida familiar pode favorecer à vinculação afetiva
da família com o bebê, bem como identificar precocemente situações que representem risco
para seu desenvolvimento saudável. Neste momento, é fundamental que a família se organize
para a chegada da criança e tenha espaço para compartilhar os sentimentos despertados pela
gravidez e seu significado para a família. Outro ponto que merece atenção é a identificação
dos recursos da família, bem como da comunidade, para a organização dos cuidados diários
com a criança quando nascer.
Os grupos devem proporcionar:
• a troca entre os participantes;
• o fortalecimento das capacidades; e
• a construção de possibilidades que contribuam para a organização de um contexto
favorável ao desenvolvimento da criança.
Sentimentos de rejeição por parte da família em relação à criança podem ser trabalhados
de forma a prevenir situações futuras de abandono, maus-tratos, trabalho infantil e outras.
O manejo destas situações deve se apoiar em uma postura de respeito e acolhimento que
possibilite a decisão quanto à maternidade ou até mesmo à entrega da criança em adoção.
Quando este for o caso, a adoção deve ser orientada, de modo a garantir que a criança
permanecerá protegida e cuidada até a inserção em uma família substituta. Para atingir estes
objetivos, podem ser trabalhados, dentre outras, as seguintes temáticas:
• sentimentos em relação à gravidez;
• saúde da gestante;
• papéis na família e mudanças com o nascimento do bebê;
• amamentação, primeiros cuidados e vinculação afetiva com o bebê;
• a importância dos primeiros anos de vida;
• s erviços, programas e ações disponíveis na comunidade para famílias com crianças
pequenas;
• violência na família;
• resgate da infância e a criança como sujeito de direitos;
• conseqüências adversas para o desenvolvimento decorrentes do trabalho precoce;
• d
ificuldade no cumprimento das condicionalidades do Programa Bolsa Família e/ou
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil;
• identificação de vínculos significativos na comunidade e fortalecimento dos mesmos.
A fim de garantir o caráter preventivo, as atividades podem ser oferecidas, inclusive, a
adolescentes gestantes que se encontrem acolhidas em abrigos e tenham história de ruptura de
vínculos familiares. A história de ruptura e abandono tende a se repetir nas famílias quando
403
MÓDULO 5 UNIDADE 5
3 não há um trabalho voltado para o fortalecimento dos vínculos afetivos e elaboração de lutos
Motta, M. A . P.
Mães Abandonadas:
quando a separação representar a melhor alternativa para a defesa do interesse da criança
3
a entrega de um (Motta, 2001 ).
filho em adoção. São
Paulo: Cortez, 2001. Ações com famílias de crianças com deficiência
Pautadas na perspectiva de fortalecimento da autonomia e dos vínculos familiares, as ações
devem prever atividades que promovam a conscientização e mobilização da comunidade
para a defesa de direitos da pessoa com deficiência, forneçam informações às famílias sobre as
estratégias para o desenvolvimento das competências da pessoa com deficiência, destacando
o papel fundamental dos familiares e da comunidade no processo de reabilitação e inclusão
social. Ao mesmo tempo, devem criar situações para que os membros das famílias expressem
suas dúvidas e conflitos e que possam construir soluções para os problemas enfrentados com
relação às deficiências.
A segregação das crianças com deficiência acontece, muitas vezes, por questões de
desinformação, o que contribui para a manutenção do “mito” de que em uma instituição
especializada, geralmente distante da residência, a criança terá um atendimento de qualidade
superior àquele que pode ser proporcionado no próprio território, por meio de uma rede de
serviços destinados à própria família, de modo a desonerá-la em termos de tempo e recursos
no cuidado desse membro.
A estimulação adequada durante os primeiros anos de vida da criança com deficiência é de
fundamental importância para o seu desenvolvimento e amplia as possibilidades de acesso
aos recursos educacionais disponíveis na comunidade.
Os preceitos constitucionais e a legislação vigente – Constituição Federal, artigo 208, Inciso
III e a Lei Federal 7853/89, artigo 20 –, determinam que ao Poder Público cabe assegurar
às pessoas com deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive à educação,
preferencialmente, na rede regular de ensino. Além disso, os demais serviços da rede pública
devem ser incentivados a desenvolver medidas para integrar a pessoa com deficiência, em
cumprimento aos objetivos da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora
Deficiência: o acesso, o ingresso e a permanência da pessoa com deficiência em todos os
serviços oferecidos à comunidade (Decreto n° 3298/99, Cap. IV, Art 7°).
Esse conhecimento é importante para desenvolver ações de inclusão de crianças com
deficiência nos serviços socioassistenciais e demais serviços públicos, promovendo a
discussão da necessidade de programas e serviços inclusivos, com igualdade de acessos e
oportunidades e a conseqüente adequação de espaços físicos e transformação de valores e
atitudes.
As atividades com crianças com deficiência e suas famílias visam:
• fortalecer vínculos afetivos e favorecer a inserção social da criança com deficiência;
• o
rientar as famílias quanto à deficiência, de modo a desconstruir mitos e preconceitos e
romper com a lógica da institucionalização;
• t rabalhar com as famílias o desenvolvimento de estratégias para a estimulação e
potencialização dos recursos da criança com deficiência, destacando o papel fundamental
dos familiares e da comunidade no processo de reabilitação e inclusão social;
• i nformar as famílias quanto aos serviços disponíveis na rede, de modo a garantir a inserção
da criança no Sistema Educacional e em outros serviços, de acordo com a demanda.
404
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Importante!
As atividades poderão se realizar no próprio domicílio, no CRAS, em espaços da rede
socioassistencial e espaços cedidos por organizações não-governamentais e pela rede pública,
conforme programação estabelecida.
Para você sistematizar o que estudou.
Quadro Resumo
Ações Socioeducativas:
Ações Socioeducativas com crianças até seis anos.
Grupo de famílias para o cuidado adequado à criança pequena.
Grupo de pais e mães para o fortalecimento dos vínculos.
Ações com famílias de crianças com deficiência.
O ciclo de vida dos seis aos 14 anos pode ser dividido em ciclos menores, mais
homogêneos nas características de formação e socialização. As atividades planejadas
devem levar em conta a diversidade de interesses, potencialidades e ritmos.
405
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Isto é importante!
É imprescindível que as crianças e os adolescentes, inseridos no Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil – PETI, sejam os públicos preferenciais das ações socioeducativas.
É importante mencionar que a Portaria Interministerial nº 17, de 24 de abril de 2007, que
institui o Programa Mais Educação, prevê a articulação no território dos recursos da educação,
assistência social, cultura, esporte e outros, com vistas à potencialização da proposta curricular
da rede de ensino e escolas e qualificação das atividades socioeducativas e de convivência
ofertadas às crianças e aos adolescentes no contra-turno escolar. Tais parcerias ampliam os
recursos para a retirada de crianças e adolescentes do trabalho infantil, contribuindo, ainda,
para que o processo de aprendizagem e o ambiente escolar sejam mais atrativos.
406
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Quadro resumo
Crianças e Adolescentes de seis a 14 anos
Principal característica:
• inserção em outros espaços, certa autonomia e formação de grupos.
Preocupações:
• permanência na escola;
• prevenção à violência;
• trabalho precoce;
• formação integral para a cidadania; e
• desenvolvimento do protagonismo.
Ações socioeducativas:
Ações socioeducativas com crianças e adolescentes de seis a 14 anos.
Ações socioeducativas com famílias de crianças e adolescentes de seis a 14 anos.
407
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Isto é importante!
O foco central deve ser a busca de alternativas de permanência e reinserção dos jovens na
escola, visando, fundamentalmente, ao aumento da escolaridade.
No caso daqueles retirados do trabalho infantil, as ações devem contribuir, ainda, para que a
entrada no mundo do trabalho seja realizada em consonância com os pressupostos legais do
Estatuto da Criança e do Adolescente, de modo a favorecer a reparação da situação de violação
vivenciada anteriormente.
Neste ciclo também são desenvolvidas Ações Socioeducativas de grande importância com os
jovens e com as famílias formadas por jovens dessa faixa etária.
• Jovens de 15 a 17 anos
As ações para esse ciclo etário têm como principal foco garantir a permanência na escola, a
reinserção daqueles que estão fora do ensino formal, a ampliação das noções de cidadania, a
prevenção da violência e a gravidez na adolescência, a formação técnica geral para o trabalho
e a inserção dos jovens nos equipamentos de cultura, lazer e desporto.
Vale salientar que a formação técnica para o trabalho não é a qualificação profissional, e
sim a formação geral para a compreensão do trabalho. Busca-se, assim, a apropriação de
noções gerais relativas ao mundo do trabalho e que devam colocar em debate valores tais
como a solidariedade, o companheirismo, a responsabilidade e o significado do trabalho
para si e para os outros. Para este ciclo de vida são desenvolvidas ações do Agente Jovem
de Desenvolvimento Social e Humano, que tem como princípios a centralidade na família e
o protagonismo juvenil. Para maiores detalhes, ver site do Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome (www.mds.gov.br).
408
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Quadro resumo
Crianças e Adolescentes de 15 a 17 anos
Principal característica:
• evasão escolar e inserção precária no mercado de trabalho
Preocupações: aumento da escolaridade:
• formação técnica para o trabalho;
• ampliação das noções de cidadania;
• prevenção à violência;
• gravidez na adolescência; e
• desenvolvimento da autonomia e do protagonismo.
Ações socioeducativas:
Ações socioeducativas com crianças e adolescentes de 15 a 17 anos.
Ações socioeducativas com famílias de crianças e adolescentes de 15 a 17 anos.
409
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Todas as ações para essa faixa etária devem integrar escolaridade, qualificação social e
profissional e desenvolvimento humano. Dentro dos programas do Governo Federal para
essa faixa etária, podemos destacar:
Para jovens que já estão inseridos na educação formal ou já concluíram o ensino médio, há a
possibilidade de estabelecer parcerias com cursos supletivos, pré-vestibulares e desenvolver
atividades de incentivo aos estudos.
Nessa direção, recomenda-se divulgar o PROUNI – Programa Universidade para Todos, do
Governo Federal, que concede bolsas de estudos em universidades particulares.
Quadro resumo
Jovens de 18 a 29 anos
Principal característica:
• maioridade civil, pressão para o trânsito da escola para o trabalho, agravamento nas
condições de ingresso e permanência no mercado de trabalho.
Preocupações:
• educação para o trabalho;
• integração no mercado de trabalho e emprego;
• formação de competências específicas; e
• prevenção à violência.
Ações socioeducativas:
Ações socioeducativas com jovens de 18 a 29 anos.
Ações socioeducativas com famílias de jovens de 18 a 29 anos.
410
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Dessa forma:
• a redução de riscos;
• a disponibilização de oportunidades; e
• a garantia de direitos, tais como proteção social e saúde são indicadores que constituem
a qualidade de vida na velhice.
• Pessoas idosas
Centram-se em ações que favorecem um processo de envelhecimento ativo e saudável. Assim,
as atividades devem proporcionar aos idosos, convívio (especialmente o intergeracional),
cultura, cuidados com a saúde e lazer, bem como promover a motivação para novos projetos, o
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários com foco na prevenção ao isolamento,
à violação de direitos e ao asilamento. Os espaços para a realização destas atividades devem
ser adaptados às necessidades e demandas deste grupo.
411
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Quadro resumo
Pessoas Idosas
Principal característica:
• residem em sua maioria com suas famílias e um número significativo é arrimo das
mesmas.
Preocupações:
• prevenção ao isolamento social;
• acesso a serviços de saúde;
• prevenção da violação de direitos.
Ações socioeducativas:
• ações socioeducativas com pessoas idosas;
• ações socioeducativas com famílias de pessoas idosas.
412
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Em 24 de outubro de 1989, por meio da Lei Federal nº 7.853, foram estabelecidos os direitos
básicos das pessoas portadoras de deficiência e em 21 de dezembro de 1999, o Decreto
nº 3.298 instituiu o Estatuto das Pessoas com Deficiência, que regulamenta a Lei nº 7.853,
dispondo sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, que
consolida as normas de proteção e dá outras providências.
Esse documento estabelece que é obrigação do Estado criar programas e atendimento
especializado às pessoas com deficiência física, sensorial ou mental e facilitar o acesso
dessas pessoas a bens e serviços coletivos.
Apesar dos avanços legislativos, cerca de 14,5% da população brasileira, segundo o IBGE, são
4
pessoas com deficiência , que continuam a enfrentar práticas e obstáculos discriminatórios,
que os impedem de exercer os seus direitos e liberdades e tornam mais difícil a sua plena 4
Deficiência é
participação e o alcance efetivo da cidadania. todo e qualquer
comprometimento
Nessa direção... que afeta a
integridade da
A principal particularidade dessa população é sua dependência de cuidadores, em especial pessoa e traz
da família, devido à ausência de redes de apoio formais e informais. prejuízos na sua
locomoção, na
A ação socioeducativa, assim, deve promover: coordenação de
movimento, na fala,
• o acesso a serviços de saúde; na compreensão
• educação e cultura; de informações, na
orientação espacial
• estímulo à autonomia; ou na percepção
e contato com as
• participação e protagonismo; outras pessoas.
• prevenção da violação de direitos; e
• g arantia da acessibilidade, entendida como a possibilidade e a condição de alcance para
utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos,
das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa com
deficiência ou com mobilidade reduzida.
413
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Quadro resumo
Pessoas com Deficiência
Principal característica:
• dependência familiar e risco de institucionalização.
Preocupações:
• garantia de acessibilidade;
• estímulo à autonomia, participação e protagonismo;
• acesso a serviços de saúde, educação e cultura; e
• prevenção da violação de direitos.
Ações socioeducativas:
Ações socioeducativas com pessoas com deficiência.
Ações socioeducativas com famílias de pessoas com deficiência.
414
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Quadro de Fixação
Ações Socioeducativas
Este desenho propicia a articulação das demandas e
das necessidades expressas pela família e/ou indivíduos
em ações coletivas, o que pode resultar na extensão e no
aperfeiçoamento de políticas públicas.
Nesse sentido...
Os técnicos estabelecem um canal entre as demandas e as
necessidades dos indivíduos e o Poder Público – quer seja na perspectiva do planejamento
das ações e serviços, quer seja de interlocução direta.
A partir dessa interlocução é que se ampliam as possibilidades das políticas públicas serem
desenhadas de acordo com as demandas e as necessidades, ao mesmo tempo em que se
ampliam os canais de participação.
415
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Veja as perguntas que você deve fazer para guiar o trabalho socioeducativo:
Metas da ação
socioeducativa
416
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Desconstruir posições
sedimentadas
Construir mediações
417
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Dessa forma...
As ações socioeducativas da Assistência Social devem atentar não somente ao atendimento
das famílias vulnerabilizadas em decorrência da pobreza, mas, também, àquelas que se
encontram em vulnerabilidade devido à vivência de qualquer forma de violação de direitos.
Tendo em vista essa concepção, as ações socioeducativas para famílias serão tratadas a partir
de dois grandes eixos de vulnerabilidade:
• em decorrência da pobreza; e
• em decorrência de situações de violência e/ou violação de direitos.
418
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Assim...
As condicionalidades
As dificuldades de cumprimento das condicionalidades pelas famílias devem ser são contrapartidas
compreendidas, pelos técnicos, não como condição desfavorável, mas como condição do PBF exigidas das
objetiva da situação de exclusão, que aumenta a probabilidade de ocorrência de violação dos famílias beneficiárias,
direitos. que no marco
constitucional
brasileiro,
Veja como as condicionalidades devem ser cumpridas nas áreas definidas correspondem
a direitos sociais
Na área de saúde, os compromissos consistem no acompanhamento da saúde de gestantes,
que devem ser
nutrizes e crianças até sete anos de idade. garantidos ao
conjunto da
Na área de educação, as condicionalidades previstas são a matrícula e a freqüência escolar população.
mínima de 85% das crianças e dos adolescentes entre seis e 15 anos, integrantes das famílias
beneficiárias. As condicionalidades devem ser observadas por todos os integrantes da família
com até 15 anos e gestantes, mesmo aquelas nas quais não ocorre pagamento da parcela
variável do benefício.
Condicionalidades
419
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Atenção
Há uma gradação de aplicação de advertência e sanções aos beneficiários que é pensada como
uma forma de possibilitar a reversão do quadro, permitindo que a família volte a cumprir as
condicionalidades e fortaleça os direitos de seus membros.
CRAS
A dificuldade no
cumprimento das
condicionalidades
deve ser compreendida
como situação
de extrema
vulnerabilidade,
que aumenta a
Bolsa Família probabilidade de
ocorrência de violação
de direitos.
420
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Resumindo...
Na realidade, o não cumprimento das condicionalidades deve servir de alerta para a
identificação das famílias em situação de maior risco social e que demandam, portanto,
acompanhamento familiar mais próximo e integrado.
Esse acompanhamento também contribui para o redirecionamento de políticas públicas,
orientando as ações para:
• reduzir a vulnerabilidade de tais famílias; e
• ampliar as oportunidades e possibilidades de inclusão social.
421
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Vejamos um exemplo:
Marta pertence a uma família que está cadastrada no programa de Bolsa Família e
deixou de freqüentar a escola.
Houve quebra de alguma condicionalidade. Confira a sua atuação como técnico(a) nesta
situação.
Se a condicionalidade que não está sendo cumprida é a freqüência escolar, há que se conhecer
a causa e trabalhar sobre ela. A condução do caso pode mudar se a causa for negligência ou
trabalho infantil ou violência doméstica. O técnico de referência deverá avaliar a necessidade
de incremento das visitas domiciliares e entrevistas e de encaminhamentos à rede, inclusive
de encaminhamentos aos serviços de proteção especial, no caso de risco para crianças e
adolescentes.
O que fazer?
A família poderá recusar o acompanhamento familiar em qualquer uma de suas fases.
Não haverá sanções por esta recusa. As sanções se aplicam apenas ao descumprimento das
condicionalidades. A família poderá mudar a sua postura de recusa do acompanhamento
familiar quando do recebimento da advertência para uma postura de aceitação quando da
aplicação da suspensão.
É preciso ressaltar...
A articulação entre o PAIF e o PBF é um processo em construção e marca um passo significativo
na consolidação de uma política pública de proteção social, que requer um esforço decidido e
continuado de atores governamentais e sociais.
A vigilância social,
ao mapear as formas
de vulnerabilidade, é FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE EM DECORRÊNCIA DE VIOLAÇÃO DE
capaz de identificar DIREITOS
a incidência de
crianças, adultos e A ação desenvolvida se detém nos diagnósticos elaborados pela vigilância social de
idosos em situação determinado território.
de negligência,
exploração e outras Os técnicos dos CRAS ao prestar atendimento às famílias, também podem identificar
formas de violência. situações de violências sofridas por alguns dos membros da família, com especial atenção à
violência contra crianças, mulheres e idosos.
423
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Conhecimento do território
Além dos dados do território (estatísticas e dados oficiais), é necessário agregar as informações
sobre o observado, o vivido, construindo um conhecimento sistemático e gradativo do
território e das famílias a ele referenciadas. O conhecimento relativo ao território deve se
transformar em ferramenta e estratégia de trabalho com os sujeitos, grupos e comunidade.
Para tal é preciso mapear:
a. os recursos disponíveis, as formas de organização e sociabilidade da população e as redes
sociais estabelecidas, os serviços de que dispõe e as facilidades e dificuldades de acesso
aos mesmos;
b. o que as famílias requerem da Política de Assistência Social, suas expectativas, demandas
e desejos diante de sua condição social, bem como criar formas de participação no
planejamento e execução de suas ações;
c. os serviços existentes no território, bem como aqueles de abrangência municipal, estadual
e regional (condições de acesso, objetivos, vagas, atividades que oferece, público-alvo)
que podem servir de referência aos usuários da assistência social; e
d. registrar e, gradativamente, incluir em Banco de Dados, o público usuário.
424
MÓDULO 5 UNIDADE 5
425
MÓDULO 5 UNIDADE 5
Parabéns!
Você chegou ao final do Módulo 5!
Após os conhecimentos aqui adquiridos, com certeza, você poderá atuar, em seu Município
ou Estado, de forma mais segura e com a eficiência que você já tem.
Alguma dúvida? Releia a unidade ou unidades nas quais você não se sente seguro.
426
MÓDULO 6
MÓDULO 6
Programas Complementares
427
MÓDULO 6
MÓDULO 6 – Programas Complementares
Ementa
Unidade 1 – Fundamentação e Aspectos Gerais
• Dimensões do Programa Bolsa Família
• Programas Complementares
• Intersetorialidade dos Programas
• Desenvolvimento de capacidades
428
MÓDULO 6 UNIDADE 1
Início de conversa!
Nesta primeira Unidade você examinará o papel dos Programas Complementares no
conjunto de iniciativas e de ações vinculadas ao Programa Bolsa Família.
Verá quais são as idéias e os princípios básicos que devem orientar a articulação de
Programas Complementares aos beneficiários do Programa Bolsa Família (PBF) e como
sua implementação integrada pode se constituir em um apoio eficiente ao processo de
emancipação das famílias em situação de pobreza e extrema pobreza.
Ao final desta Unidade, você será capaz de compreender a relevância dos Programas
Complementares no contexto da superação da pobreza e da vulnerabilidade social.
Boa leitura!
O Programa Bolsa Família, como você viu anteriormente, pauta-se na articulação de três
dimensões essenciais à superação da fome e da pobreza.
429
MÓDULO 6 UNIDADE 1
A Lei 10.836, que criou o PBF, define que a emancipação das famílias beneficiadas pelo PBF
deve-se dar por meio da instituição de políticas públicas sociais desenvolvidas pelas três
esferas do governo e por iniciativas da sociedade civil.
O Programa
Qual a relação Bolsa Família parte do
entre os Programas pressuposto de que a pobreza é
Complementares e o Bolsa um fenômeno complexo, com múltiplas
Família? dimensões, e seu enfrentamento requer a
coordenação das ações governamentais e com
a sociedade. O PBF se apresenta como inovador
no campo das políticas de transferência de renda
com condicionalidades por estimular parcerias
para o enfrentamento da pobreza por meio
de Programas Complementares.
O Bolsa Família,
ao incorporar uma
terceira dimensão,
torna-se um eixo
estruturante a
partir do qual se
agregam ações,
programas e políticas
complementares.
430
MÓDULO 6 UNIDADE 1
É nesse contexto que o PBF se insere. Como estratégia de combate à pobreza e de promoção
social das famílias, o Bolsa Família tem o desafio de articular diversos agentes políticos para
que assumam responsabilidades compartilhadas no âmbito do Programa.
A Constituição
INTERSETORIALIDADE DOS PROGRAMAS
Federal de 1988,
Outra característica importante dos Programas Complementares é a Intersetorialidade. no art. 23, inc. III,
estabelece como
Programas criados em diferentes áreas do Governo combinam-se para ampliar os resultados um dos objetivos
de sua ação. da República
Federativa do Brasil
o compromisso
com a erradicação
A exemplo disto e considerando especificamente as ações desenvolvidas pelo Governo da pobreza e da
Federal, o Projeto de Promoção do Desenvolvimento Local e Economia Solidária, marginalização,
que visa ao desenvolvimento de ações de apoio ao desenvolvimento local solidário, assim como com
é coordenado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em articulação com o a redução das
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e o Ministério do desigualdades
sociais e regionais. O
Meio Ambiente (MMA).
texto constitucional
estabelece ainda
A intersetorialidade de programas também manifesta-se nas três esferas de governo. O como competência
Programa Bolsa Família, por exemplo, pode ser complementado por outras iniciativas em comum da União,
Estados, Distrito
nível estadual e municipal.
Federal e Municípios
combater as
Duas instâncias de coordenação e de integração de ações do Governo Federal zelam pela causas da pobreza
integração das políticas e programas sociais. e os fatores de
marginalização,
Quais são essas instâncias, você sabe? promovendo
a integração
I. O Conselho Gestor Interministerial do Bolsa Família (CGPBF) – Previsto no artigo social dos setores
desfavorecidos
4º da Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004 (lei que cria o PBF), é responsável por
(CF/88, art. 23, inc. X).
formular e integrar políticas públicas, definir diretrizes, normas e procedimentos sobre
o desenvolvimento e implementação do PBF, e por apoiar iniciativas para instituição
de políticas públicas sociais, visando promover a emancipação das famílias beneficiadas
pelo Programa nas esferas federal, estadual, do Distrito Federal e municipal; e
431
MÓDULO 6 UNIDADE 1
DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES
Isto mesmo,
este programa amplia
consideravelmente as
capacidades do alfabetizado para
conseguir fazer novas escolhas
pelo fato de saber ler e
escrever.
Conclusão...
Vistos sob esta ótica, os programas complementares buscariam desenvolver as capacidades
dos beneficiários do PBF.
432
MÓDULO 6 UNIDADE 1
1
A rede
E, então? Precisa estudar mais um pouco ou já pode avançar para socioassistencial é
a próxima unidade? constituída pela rede
de assistência social,
Lembre-se: só passe adiante quando tiver certeza de que já domina o conteúdo juntamente com
as redes de saúde,
estudado.
educação, cultura,
habitação, e outras.
O conceito de rede
socioassistencial
pressupõe a
articulação das
ações que se voltam
ao destinatário
da política de
assistência social.
433
MÓDULO 6 UNIDADE 2
Introdução:
A implantação dos Programas Complementares, conforme visto na Unidade 1, procura
criar alternativas para o atendimento das necessidades e a ampliação das potencialidades
das famílias pobres e em situação de vulnerabilidade social. Abre perspectivas de
superação da pobreza, para além da transferência direta de renda. Entretanto, para que
os programas possam atender a seus objetivos, é necessário dispor de instrumentos
que permitam identificar o perfil socioeconômico das famílias a serem beneficiadas
e as necessidades prioritárias a serem atendidas, nas ações desenvolvidas pelo Poder
Público.
DIAGNÓSTICO
Importante!
O sucesso dos Programas Complementares depende do conhecimento da realidade
local e do público-alvo ao qual as ações são dirigidas.
A par dessas informações, você verá alguns instrumentos que podem ser utilizados para
a elaboração do diagnóstico das famílias.
Como você já viu antes, o Cadastro Único (CadÚnico) é uma base nacional que reúne
os dados socioeconômicos das famílias com renda mensal de até meio salário mínimo
por pessoa ou renda total até três salários.
No entanto, isto não significa que o fato de ser cadastrado dá acesso automático a tais
programas.
435
MÓDULO 6 UNIDADE 2
A evolução dos estudos sociais demonstrou que as causas da pobreza são muitas e complexas,
embora, na prática, apenas a insuficiência de renda seja utilizada para definir quem está
acima ou abaixo da linha de pobreza.
Além da renda, quais outras condições podem permitir a identificação de quem está em
situação de pobreza?
Conscientes de que é importante trabalhar os dados sobre a pobreza de uma forma mais
ampla, os cientistas sociais têm-se dedicado à construção de indicadores sintéticos para medir
as carências e capacidades das famílias, ao longo do tempo e em diferentes comunidades.
436
MÓDULO 6 UNIDADE 2
a. Vulnerabilidade decorrente da composição familiar – volume adicional de recursos que a Isso significa que
as variáveis do
família necessita, pelo fato de possuir, em sua composição, gestantes, crianças, portadores cadastro é que
de deficiência e idosos. servem de referência
b. Acesso ao Conhecimento – acesso à alfabetização, escolaridade ou qualificação profissional para a construção
do índice e que as
que, por sua vez, possibilita o acesso a recursos financeiros (via mercado de trabalho) e
comparações entre
não-financeiros (bens e serviços públicos). IDF de famílias
c. Acesso ao Trabalho – condições de utilização da capacidade produtiva como fonte de diferentes só são
viáveis entre aquelas
renda, considerando a disponibilidade de trabalho (tempo na ocupação), a qualidade
cadastradas.
do posto de trabalho (formal ou informal) e a remuneração obtida com o trabalho (em
relação ao salário mínimo).
d. Disponibilidade de Recursos – condições de obtenção de renda para cada membro do
grupo familiar e sua sustentabilidade (mercado de trabalho ou transferências).
e. Desenvolvimento Infantil – acesso a oportunidades para o pleno desenvolvimento das
capacidades e potencialidades de cada criança. Abrange aspectos como: a proteção contra
o trabalho precoce, o acesso à escola, o progresso escolar e a mortalidade infantil.
f. Condições Habitacionais – condições de vida de uma família, incluindo propriedade de
imóvel, acesso à água, ao esgoto sanitário, à coleta de lixo e à eletricidade.
Atenção!
É importante observar que as dimensões se inter-relacionam, já que algumas estão
vinculadas à falta de acesso aos meios (acesso ao conhecimento, acesso ao trabalho
e disponibilidade de recursos) e outras estão relacionadas a necessidades básicas
insatisfeitas (desenvolvimento infantil e condições habitacionais).
Qualquer dimensão pode ser agravada, se estiver associada à presença de vulnerabilidade
decorrente da composição familiar.
437
MÓDULO 6 UNIDADE 2
438
MÓDULO 6 UNIDADE 2
Desenvolvimento infantil
Trabalho precoce
D1 Ausência de pelo menos uma criança de menos de 10 anos trabalhando
D2 Ausência de pelo menos uma criança de menos de 16 anos trabalhando
Acesso à escola
D3 Ausência de pelo menos uma criança de 0 a 6 anos fora da escola
D4 Ausência de pelo menos uma criança de 7 a 14 anos fora da escola
D5 Ausência de pelo menos uma criança de 7 a 17 anos fora da escola
Progresso escolar
Ausência de pelo menos uma criança com até 14 anos com mais de 2
D6
anos de atraso
D7 Ausência de pelo menos um adolescente de 10 a 14 anos analfabeto
D8 Ausência de pelo menos um jovem de 15 a 17 anos analfabeto
Condições habitacionais
Propriedade
H1 Domicílio próprio
H2 Domicílio próprio, cedido ou invadido
Déficit habitacional
H3 Densidade de até 2 moradores por dormitório
Abrigabilidade
H4 Material de construção permanente
Acesso a abastecimento de água
H5 Acesso adequado a água
Acesso a saneamento
H6 Esgotamento sanitário adequado
Acesso a coleta de lixo
H7 Lixo é coletado
Acesso a energia elétrica
H8 Acesso a eletricidade
Lembre-se!
439
MÓDULO 6 UNIDADE 2
EXEMPLO 1
Gráfico 1 – Índice de Desenvolvimento da Família
No gráfico 1, observa-se:
a. em cinza – o IDF obtido pela família de Maria é igual a 0,08;
b. na linha traço e ponto – está indicado, graficamente, o decil, o limite abaixo do qual estão
situados os 10% de famílias mais pobres;
c. n
a linha contínua – está indicada, graficamente, a mediana, o ponto abaixo do qual estão
situadas 50% das famílias; e
d. n
a linha pontilhada – está indicado o terceiro quartil, o ponto abaixo do qual estão
situadas 75% das famílias.
Considerando que o IDF varia de 0 (pior situação) a 1 (melhor situação), o gráfico 1 mostra
que a família de Maria está situada entre os 10% mais necessitados dentre os cadastrados
de todo o Estado, em todas as dimensões. O Município da família é Marechal Thaumaturgo
(AC), que tem IDF igual a 0,24.
440
MÓDULO 6 UNIDADE 2
EXEMPLO 2
Gráfico 2 – Índice de Desenvolvimento da Família
Pare e pense!
A família do gráfico 2 está acima dos 75% mais vulneráveis entre os cadastrados do Estado, em
todas as dimensões. Ou seja, ela seria uma família menos vulnerável, quando comparada com
outras cadastradas. Suas dimensões menos elevadas são: desenvolvimento infantil e acesso ao
conhecimento. Esta família se encontra no Município de Jordão (AC), que tem IDF de 0,26.
Os gráficos servem para mostrar como as indicações dadas pelo IDF, com o detalhamento
em dimensões, possibilitam apontar para certas direções, na construção ou articulação de
programas para o desenvolvimento das capacidades das famílias.
441
MÓDULO 6 UNIDADE 2
Se você deseja aprofundar seus conhecimentos sobre o IDF e suas aplicações em outros
contextos, acesse o site: www.ipea.gov.br/sites/000/2/publicacoes/tds/td_1227.pdf
No Município de Nova
Lima (MG), o Poder Público está
desenvolvendo um programa, que objetiva
a melhoria das condições de vida das famílias
que vivem em situação de pobreza na localidade: o
Programa “Vida Nova”. Utiliza o IDF como critério
de seleção das famílias a serem contempladas
pelas ações governamentais, o que possibilita o
atendimento dos grupos populacionais, em
condições de maior vulnerabilidade.
Para saber mais sobre o Programa “Vida Nova”, da Prefeitura de Nova Lima, acesse:
http://www.novalima.mg.gov.br/vidanova.html
442
MÓDULO 6 UNIDADE 2
A Casa das Famílias presta serviços de proteção social àqueles que a procuram e buscam
atendimento social.
Qual o objetivo do
desenvolvimento das
atividades do CRAS?
Para obter seus relatórios, o CRAS realiza entrevistas, visitas, reuniões, trabalhos em grupo,
eventos participativos e levantamentos específicos com as famílias atendidas.
Pesquise e leia o exemplo a seguir, pois pode contribuir para que você compreenda melhor a
vinculação entre o CRAS do Município e os Programas Complementares:
www.curitiba.pr.gov.br/Noticia.aspx?n=7968
443
MÓDULO 6 UNIDADE 3
Início de conversa
Esta unidade tem por objetivo apresentar alguns exemplos de programas do Governo
Federal, que se encontram em processo de integração com o PBF e, ainda, exemplos de
programas complementares desenvolvidos por estados e municípios.
Esta integração representa um esforço para que tais ações estejam voltadas ao
atendimento das necessidades das famílias do PBF.
Antes de
conhecer os exemplos, é
importante lembrar que o Governo
Federal repassa recursos financeiros
para apoiar a gestão do PBF nos
estados e municípios.
Os recursos oriundos
do IGD são recebidos
pelos municípios
por repasse fundo
a fundo, ou seja,
é repassado do
Fundo Nacional de
Assistência Social
diretamente para o
Fundo Municipal de
Assistência Social.
De acordo com a Portaria MDS nº 148/2006, esse recurso pode ser utilizado para:
• gestão de condicionalidades;
• gestão de benefícios;
• acompanhamento das famílias beneficiárias;
• cadastramento de novas famílias;
• atualização e revisão dos dados contidos no Cadastro Único;
• implementação de Programas Complementares;
• fortalecimento da Instância de Controle Social (infra-estrutura, capacitação etc.); e
• d
emandas de fiscalização do PBF e do Cadastro Único, formuladas pelo MDS ou pelos
órgãos da Rede Pública de Fiscalização (que você verá mais adiante).
Em levantamento realizado em maio de 2007 junto aos Municípios que recebem os recursos
do IGD, foi possível identificar que 1.515 já utilizam os recursos para o desenvolvimento de
ações e programas complementares.
Atenção!
Que tal verificar se o seu Município é um dos 1.515 que já utilizam os recursos do IGD para
o desenvolvimento de ações e programas complementares?
445
MÓDULO 6 UNIDADE 3
446
MÓDULO 6 UNIDADE 3
Os programas que você tomou conhecimento foram classificados segundo suas características
e todos eles priorizam o público do Bolsa Família, mediante a cooperação articulada entre o
MDS e outros órgãos do Governo Federal.
Você, agora, tomará conhecimento mais detalhado acerca de cada um dos Programas
Complementares desenvolvidos pelo Governo Federal.
447
MÓDULO 6 UNIDADE 3
448
MÓDULO 6 UNIDADE 3
Isso é importante!
A implementação dos programas e ações deve ocorrer de forma articulada e coerente com a
estratégia adotada.
Veja o que facilita a implementação desses programas:
• S ensibilização, mobilização e diagnóstico (envolve público beneficiário e sua relação
com o contexto social, econômico, ambiental, cultural e territorial) – identificação das
potencialidades e estratégias de inserção. Ex.: ampliação da ação dos agentes para a
constituição de uma extensa rede de agentes de desenvolvimento.
• E
laboração de estratégias de inserção no mundo do trabalho (instrumentos de
planejamento participativos e de concertação social), envolvendo assessoria, incubagem
ou inserção nas ações de intermediação.
• A
ssistência técnica e gerencial (quando a opção é a economia solidária ou micro e
pequenos empreendimentos).
• Qualificação social e profissional.
• Crédito e infra-estrutura.
• Desenvolvimento tecnológico ou acesso à ciência e tecnologia.
Algumas atividades em curso, no âmbito do Governo Federal, podem ser citadas como
referência.
449
MÓDULO 6 UNIDADE 3
A seguir, informações sobre alguns programas, que buscam fornecer estas diferentes formas
de apoio ao processo produtivo.
450
MÓDULO 6 UNIDADE 3
Essas ações visam dar suporte às famílias beneficiárias do PBF, a fim de viabilizar sua inserção
nos arranjos produtivos da produção de mamona, matéria-prima do biodiesel.
A integração dessas ações contribui, ao mesmo tempo, para aumentar a renda das famílias e
fortalecer os pólos de produção de oleaginosas, no Nordeste brasileiro.
O Programa Nacional do Biodiesel vai injetar cerca de R$ 370 milhões na agricultura familiar,
cujos recursos beneficiarão mais de 200 mil agricultores familiares, que têm contratos de
venda de matéria-prima para as usinas produtoras de biodiesel.
Com a venda obrigatória de biodiesel a partir do ano 2008, o aumento no consumo deste
combustível poderá chegar a 820 milhões de litros por ano. Com vistas ao atendimento desta
demanda, as empresas vencedoras dos leilões da Petrobras se comprometerão a comprar, no
mínimo, 50% da produção de mamona de pequenos agricultores familiares do Nordeste.
Para mais informações sobre o Programa, ver: www.biodiesel.gov.br/
451
MÓDULO 6 UNIDADE 3
Nesta área, o objetivo das Ações Complementares é o apoio à colocação no mercado e aos
canais de venda de determinada atividade ou produto. Muitas vezes, o próprio Governo
compra os produtos.
O Programa adquire alimentos, com isenção de licitação, a preços de mercado, até o limite
de R$ 3.500,00 por ano, por agricultor familiar enquadrado no Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF). Os alimentos são destinados às pessoas
e às comunidades, vivendo em situação de insegurança ou risco alimentar.
www.mds.gov.br/programas/seguranca-alimentar-e-nutricional-
san/programa-de-aquisicao-de-alimentos-paa
452
MÓDULO 6 UNIDADE 3
453
MÓDULO 6 UNIDADE 3
Para tanto, o
governo, por meio
de levantamentos
realizados pela PNAD
e Cadastro Único,
vem criando alguns
programas que
possam incluir as
famílias do PBF em
ações de melhorias
das condições
habitacionais.
Fonte: Folha de Pagamentos do BFA – dezembro de 2006.
CadÚnico de 31/12/2006 – PNAD/IBGE 2005.
O programa concede descontos de até 65% na conta de luz às famílias de baixa renda e baixo
consumo de energia elétrica. Para ter direito ao benefício, a família deve atender a uma das
seguintes condições:
• a presentar média de consumo mensal de energia elétrica, calculada com base na média
dos últimos 12 meses, inferior a 80kWh, não sendo registrado, nesse período, mais de um
consumo superior a 120kWh, independente da renda; e
• a presentar consumo entre 80 e 220kWh (ou o limite regional), calculado com base na
média dos últimos 12 meses, e estar inscrita no Cadastro Único de Programas Sociais,
com renda familiar mensal de até R$ 120,00 por pessoa.
454
MÓDULO 6 UNIDADE 3
O MDS firmou Acordo de Cooperação com o MME, com o objetivo de articular o acesso
das famílias mais vulneráveis e trocar base de dados e outras informações, que contribuam
para a implementação e integração dos programas. Neste sentido, o MME priorizará, na
implementação do Programa Luz para Todos, as famílias beneficiárias do Programa Bolsa
Família, por meio do Comitê Gestor Estadual e o MDS fornecerá ao MME informações
dos beneficiários do Programa Bolsa Família, residentes nos municípios priorizados na
implementação do Programa Luz Para Todos.
Importante!
A prioridade no acompanhamento às famílias do PBF consta dos instrumentos legais da
Proteção Básica e das orientações técnicas e a prioridade deve ser para as famílias que estão
descumprindo as condicionalidades.
Veja no site www.mds.gov.br/suas/publicacoes o documento Orientações para o
acompanhamento das famílias beneficiárias do PBF no âmbito do Sistema Único de
Assistência Social (SUAS).
Um programa com claro conteúdo de fortalecimento da cidadania, e que pode ser integrado
ao Bolsa Família, é o Agente Jovem (MDS/SNAS), que capacita jovens em situação de
vulnerabilidade.
Participam do programa jovens, entre 15 e 17 anos, em famílias com renda per capita de até
½ salário mínimo, que, prioritariamente
• estejam fora da escola;
• tenham participado de outros programas sociais; e
• estejam em situação de vulnerabilidade e sob medida de proteção ou socioeducativa.
O jovem deve retornar para a escola e freqüentar o projeto no horário alternado ao da escola.
Consiste em 300 horas de capacitação presencial teórica nas áreas de saúde, cidadania ou
meio ambiente, e desenvolvimento de projeto coletivo de interesse público, na comunidade
onde mora.
Parabéns!
Você terminou mais uma unidade do Módulo 6.
Alguma dúvida? Releia o texto.
456
MÓDULO 6 UNIDADE 4
Você
iniciará esta
unidade, fazendo uma
síntese do que estudou no
Módulo 6 até o momento.
Vamos começar?
Atenção agora!
O Apoio às Famílias
Para a elaboração de estratégias e implementação de iniciativas que visem ao desenvolvimento
de famílias ou de grupos de famílias, em um determinado território, pode se utilizar:
• a s informações socioeconômicas das famílias vulneráveis constantes no Cadastro
Único;
• o conhecimento das características identificadas, por meio do IDF;
• o
conhecimento das vulnerabilidades e riscos sociais, identificados pela ação de vigilância
social no território;
• as suas particularidades constantes de registros dos técnicos dos CRAS;
• o
mapeamento dos programas sociais da localidade, sejam ações dos governos federal,
estaduais, municipais, sejam iniciativas da sociedade civil.
Sabe-se que os
resultados de cada
programa específico
são condicionados
e se relacionam
uns aos outros. É
preciso fortalecer a
complementaridade
dos programas,
aumentando seu É necessário acompanhar e monitorar os efetivos progressos obtidos pelas famílias com a
impacto e efetividade. execução dos programas direcionados a elas.
458
MÓDULO 6 UNIDADE 4
Para o cumprimento das estratégias traçadas aqui o técnico pode encontrar vários obstácu-
los, tais como:
• as limitações das instituições que implementam programas sociais na localidade;
• a falta de oferta e de adequação de programas às condições de vida do público-alvo; e
• o desempenho das próprias famílias, num processo que exige perseverança e disciplina.
Parabéns!
Você terminou mais uma unidade!
459
MÓDULO 6 UNIDADE 5
Programas Complementares
Apontam para o crescimento e o desenvolvimento das famílias. Sua execução depende do
Conhecer os conhecimento das características da realidade local.
parâmetros básicos
que compõem A construção de um quadro referencial adequado dos elementos significativos do contexto
o processo de de sua localidade pode ser um precioso instrumento, na orientação da ação do técnico e na
desenvolvimento relativização dos procedimentos gerais previstos no seu trabalho.
local sustentável,
também possibilita Isso é importante!
ao profissional
compreender a Abrir os espaços para ampliação da visão do desenvolvimento buscado para as famílias em
dimensão e as situação de pobreza.
características
desse processo na Limitações existentes nas localidades podem determinar processos de priorização das
localidade em que necessidades, construindo, muitas vezes, caminhos particularizados para o tratamento das
vive. questões.
A COLETA DE DADOS
Para iniciar...
460
MÓDULO 6 UNIDADE 5
E quais as melhores
fontes para a
coleta de dados? As melhores fontes,
entre outras, para a
coleta de dados são:
Esta
dificuldade é que torna,
ainda, mais importante o contato
direto do técnico com as Prefeituras
Municipais e as famílias.
461
MÓDULO 6 UNIDADE 5
Para facilitar seu trabalho, acesse alguns sites que lhe darão informações importantes.
• D
atasus – w3.datasus.gov.br/datasus – oferece uma variedade de dados na área da
saúde.
• I PEA – http://www.ipea.gov.br – vinculado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão, desenvolve atividades de pesquisa para dar suporte técnico e institucional às ações
governamentais, especialmente na formulação e reformulação de políticas públicas.
esouro Nacional – www.tesouro.fazenda.gov.br – no site do Tesouro é possível pesquisar
• T
os números referentes ao orçamento municipal, desagregados por diversas categorias
como:
-- receitas correntes;
-- transferências governamentais;
-- tributos etc.
• M
inistério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – www.desenvolvimento.
gov.br/sitio/inicial/index.php a quantidade de bens exportados e importados por
Município pode ser encontrada no site do Ministério.
• U
niversidades e Centros de Pesquisas apresentam uma fonte de dados igualmente
relevante que, por meio de seus estudos e pesquisas, podem ampliar o conhecimento
sobre o Município, em aspectos como:
-- ocupação espacial;
-- características da população;
-- aspectos históricos e socioeconômicos; e
-- perspectivas de desenvolvimento.
Agora que você já sabe onde buscar dados e informações, é hora de conhecer as próximas
etapas do trabalho.
462
MÓDULO 6 UNIDADE 5
Para esse trabalho, pode-se fazer a comparação de uma mesma situação, como, por
exemplo:
• a taxa de analfabetismo local de um mesmo Município, em períodos de tempo distintos;
• a oferta de políticas públicas locais entre municípios vizinhos.
Características Físico-Geográficas
Criação e razões de povoamento / Localização (latitude e longitude) / Superfície (total da
área) / Limites, entorno, área de influência / Posição geográfica (urbano ou rural).
Dinâmica Econômica
Atividades Econômicas (setor primário, secundário ou terciário) / Propriedades (tipos).
Recursos Técnicos
Infra-estrutura / Saúde / Educação / Serviços (de Comunicação, Financeiros, Cultura e
Lazer).
Organização Político-Legal
Mapeamento institucional (tipo e natureza de entidades) / Planos de Desenvolvimento /
Projetos da Prefeitura / Planos de ocupação do solo / Restrições ambientais.
Visite alguns sites onde são apresentados perfis socioeconômicos de territórios específicos,
que oferecem opções alternativas e complementares para sua construção.
Desenvolvimento x Crescimento
Pare e pense:
Para você, desenvolvimento e crescimento são a mesma coisa? Ou há diferença entre as duas
situações?
Desenvolvimento é
crescimento econômico?
É mais do que
isso. Desenvolvimento
é crescimento econômico,
acompanhado de inclusão social,
promoção do ser humano, redução de
desigualdades e preservação do
meio ambiente.
464
MÓDULO 6 UNIDADE 5
A IMPORTÂNCIA DO LOCAL
Se o desenvolvimento está sendo buscado num determinado território, seja ele macro ou
microrregião, estamos falando de desenvolvimento local. De fato, modernamente, a
palavra local está associada a diferentes escalas de território, onde existem características
homogêneas.
Uma região pode ser considerada um local, se pensarmos que ela é parte de um país, de
um bloco de países ou de um continente. Dentro de uma região, uma microrregião, um A palavra local
Município, uma cidade ou mesmo um bairro podem ser vistos como “locais”. identifica uma
unidade territorial
integrada que,
por meio da
As mudanças ocorridas na ordem mundial e na estrutura econômica dos países mobilização de seus
obrigaram que as estratégias e políticas econômicas fossem repensadas. As autoridades recursos, busca
nacionais concentraram seus esforços no desenvolvimento de medidas para controlar sua autonomia.
os grandes problemas nacionais. A visão integrada
de território é
importante, porque
muitas iniciativas de
As autoridades e agentes econômicos locais tiveram que colocar o foco em seu próprio
desenvolvimento
território, procurando caminhos independentes e próprios de crescimento. Era preciso local falharam, por
desenvolver os recursos existentes na localidade para geração de emprego e melhoria do nível terem se dirigido a
e qualidade de vida da comunidade. parcelas de território,
sem a visão do
Tudo isso valorizou a importância da dimensão local. conjunto do qual
faziam parte.
Portanto, atenção:
É onde:
• se estabelecem as relações sociais e econômicas;
• se afirma a cultura; e
• as instituições interagem com a sociedade e a regulam mais de perto.
www.rc.unesp.br/igce/grad/geografia/revista/numero%207/eg0401fn.pdf
465
MÓDULO 6 UNIDADE 5
DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE
A Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu uma série de debates internacionais para
refletir sobre tudo o que poderia estar relacionado a esta palavra, levando em consideração, entre
outros itens, a questão do meio ambiente, do desenvolvimento em seu sentido mais amplo e da
inclusão social. O resultado destes debates foi reunido num documento sobre desenvolvimento
sustentável, a Agenda 21 (se você quiser conhecer o documento da Agenda 21 vá para www.mre.
gov.br/cdBrasil/itamaraty/web/port/meioamb/agenda21/apresent/index.htm).
Na dimensão ambiental, o que é preciso levar em conta é que os recursos ambientais que
exploramos para a realização de nossas atividades econômicas e para assentarmos nossas
edificações são finitos e sujeitos a prejuízos e risco, de graves conseqüências para nós mesmos
e para as gerações futuras. Recentemente, a imprensa tem destacado relatórios científicos
internacionais, que alertam a humanidade para os perigos trazidos pelo aquecimento
global do planeta. Repensar estratégias para o controle das emissões de gás carbono, dos
desmatamentos descontrolados e dos níveis crescentes de poluição é missão urgente, uma vez
que há prejuízos, cujos impactos negativos não podem mais ser revertidos. Assim, assegurar
a sustentabilidade do meio ambiente significa, também, assegurar os meios de vida e de
sobrevivência para nossos descendentes.
466
MÓDULO 6 UNIDADE 5
Isto é importante!
As dimensões devem ser consideradas de forma integrada, já que elas se complementam
dentro do conceito de sustentabilidade.
Você encontra uma abordagem mais detalhada das dimensões aqui conceituadas no site:
www.fecap.br/adm_online/art14/barbieri.htm
Para saber mais sobre o tema tratado, acesse os sites e leia os documentos apresentados. O
texto de Tânia Zapata é útil para complementar a visão aqui apresentada.
www.cati.sp.gov.br/novacati/pemh/doc_pub/Estrategias%20de%20Desenvolvimento%20Local.pdf
Já o texto de Rafael Barbosa e Beatriz Mioteo ajuda a ver outros ângulos e problemas do
desenvolvimento endógeno.
www.cori.unicamp.br/jornadas/completos/UFSC/CA1012%20-%20Artigo.doc
DESCENTRALIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO
Um pressuposto essencial a considerar no processo de desenvolvimento local é a adoção do
princípio da descentralização.
Com a Constituição
Brasileira de 1988, os municípios
passaram a ter atribuições que antes
pertenciam aos Estados, como, por
exemplo, nas áreas de Educação e
Assistência à Saúde.
468
MÓDULO 6 UNIDADE 5
Hora de pesquisar!
Visite os sites indicados para ficar bem informado.
Leia os artigos da Constituição que tratam do Município.
www.dji.com.br/constituicao_federal/cf029a031.htm
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO
Como você viu anteriormente, o desenvolvimento é um processo de mudança que traz
reflexos positivos, na medida em que altera para melhor a vida dos que dele participam.
Um processo de melhoria pressupõe que ele seja realizado de uma forma:
• racional e consciente;
• com competência;
• responsabilidade; e
• compromisso com resultados.
O Planejamento Participativo
Portanto...
Ao longo de todo o processo de elaboração e aprovação do plano, estarão presentes e em
constante interação:
As decisões tomadas acabam por expressar uma vontade, que é a síntese deste jogo de
cooperação e conflito de atores.
Em www2.portoalegre.rs.gov.br/smgl/default.php?reg=27&p_secao=4
470
MÓDULO 6 UNIDADE 5
Etapas do Planejamento
Um “Plano de Desenvolvimento Local Sustentável” é composto de algumas etapas básicas,
que obedecem à seguinte seqüência:
Conhecimento da Realidade
No conhecimento da realidade, parte-se de um levantamento básico de dados, que delimitam
o objeto que se pretende trabalhar. No caso do plano de desenvolvimento de um Município, há
que reunir dados sistematizados sobre os aspectos físico-geográficos, institucionais, relações
do local com o contexto socioeconômico, ambiental e político. O roteiro de construção do
perfil socioeconômico, que indicamos no início da Unidade, poderia, por exemplo, servir
para mapear algumas destas variáveis.
Delimitado o objeto, é a hora de realizar o diagnóstico. Verificar a situação atual do
Município, o que está acontecendo e amadurecendo tanto ali quanto no contexto externo. As
perspectivas de competitividade das atividades que sustentam economicamente o Município,
leis e decisões federais que repercutem no Município, assim como os cenários políticos, são
exemplos de ingredientes a considerar.
Neste diagnóstico, devem ser ainda elencados fatores que retardam o desenvolvimento local
e fatores que podem potencializar e alavancar o progresso. A ocorrência reiterada de secas
estaria no primeiro caso. A abertura de estrada, na área do Município, seria exemplo de fatores
de alavancagem. Dados primários (colhidos diretamente) e dados secundários (colhidos em
documentos e registros) são os elementos informativos essenciais. Eles permitirão montar o
quadro de problemas e potencialidades.
Visão de Futuro
Segue-se o prognóstico. Estaremos cotejando condições futuras com situações atuais e
criando alguns cenários prováveis. A instalação de uma nova indústria, por exemplo, pode
compor um cenário totalmente diferente do atual para o Município. A necessidade da
aprovação prévia de uma legislação federal ou a concorrência de outros municípios podem
complicar ou mesmo frustrar estas expectativas. O futuro desejado será o cenário que melhor
combinar as expectativas do Município com as restrições ditadas pela realidade.
Objetivos e Metas
Dentro do futuro desejado, serão selecionados objetivos estratégicos, ou seja, ações convergentes
e articuladas, capazes de transformar a realidade na direção desejada. Estas ações seriam,
posteriormente, divididas em projetos e atividades prioritárias. No exemplo, que estávamos
seguindo, a instalação da nova indústria demandaria, como uma das ações, o impacto de sua
implantação sobre o mercado de trabalho local, incluindo questões migratórias e de infra-
estrutura.
471
MÓDULO 6 UNIDADE 5
Aprovação do Plano
Uma vez montado o plano, ele seria objeto de um ciclo de aprovação que demandaria:
a. a distribuição de uma primeira versão;
b. discussões em seminários e oficinas de trabalho;
c. discussões nas instâncias políticas; e
d. revisão e produção de uma versão final.
Acompanhamento e Controle
Esta é uma etapa muito importante e muitas vezes desprezada nos processos de planejamento.
Como alguns planos têm duração de médio e longo prazo, alterações nos postos políticos,
por exemplo, podem levar ao seu abandono, em vez de sua reciclagem. Se as metas foram
quantificadas, quando da elaboração do plano, o controle e a realimentação se tornarão
mais objetivos. Este processo deve ser muito ativo e contínuo, desde a implementação do
plano, para que as correções de rumo possam ser feitas com menos desperdício de recursos
e energias.
Considerações Finais
Parabéns!
Você chegou ao final do último Módulo.
Após esse percurso você, certamente, está preparado para o desenvolvimento do seu trabalho,
Mais do que as enquanto técnico vinculado ao PBF ou a programas da Assistência Social.
informações e
orientações aqui Os Programas Complementares são uma área em permanente processo de expansão e
descritas, espero que buscam realizar um esforço integrado para oferecer às famílias brasileiras alternativas, que
o percurso realizado lhes sirvam de apoio na luta contra a pobreza.
tenha proporcionado
a você motivação
redobrada para seguir
trabalhando pela
justiça social e pelo
desenvolvimento do
Brasil.
472
BIBLIOGRAFIA
Módulo 1
473
BIBLIOGRAFIA
MESQUITA, Camile Sahb. Trabalho apresentado na disciplina Questão Social, Instituições e Serviços
Sociais, ministrado pela Professora Dr. Potyara Amazoneida, do Mestrado em Políticas Sociais da UNB.
PEDRINI, Dalila Maria; PINHEIRO, Marcia Maria Biondi. O controle social na assistência social.
Brasília: MDS, 2005. (Cadernos de estudos desenvolvimento social em debate)
RAICHELIS, Raquel. Assistência social e esfera pública: os conselhos no exercício do controle social.
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IPEA. A queda recente_____________________Brasília, 2006.
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SINGER, Paul. Economia Política da Urbanização. São Paulo: Brasiliense/ CEBRAP, 1973.
SOARES, Fábio Veras et al. Programas de Transferência de Renda no Brasil: impactos sobre a
desigualdade. Brasília: IPEA, 2006. (Texto para discussão, nº 1228).
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VIANA, Ana Luiza d’Ávila; ELIAS, Paulo Eduardo M.; IBANEZ, Nelson (Org.) Perspectivas
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BIBLIOGRAFIA
Módulo 2
BARROS, Ricardo Paes de; CARVALHO, Mirela; ESPAÇO FRANCO, Samuel. O índice de
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Entrada e Manutenção de Dados versão 6.0.3, 2006. Brasília, 2006.
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BIBLIOGRAFIA
Módulo 3
Manuais
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Renda de
Cidadania. Bolsa família: agenda de compromissos da família. Brasília, 2006.
Guia de credenciamento de usuários do Sistema de Gestão de Benefícios do Programa Bolsa Família.
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BRASIL. Decreto nº 5.749, de 11 de abril de 2006. Altera o caput do art. 18 do Decreto nº 5.209, de
17 de setembro de 2004, dispondo sobre atualizações de valores referenciais para caracterização das
situações de pobreza e extrema pobreza no âmbito do programa bolsa família, previstos no art. 2º, §§
2º e 3º, da Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/
menu_superior/legislacao_e_instrucoes/decretos-1/
BRASIL. Decreto nº 6.135, de 26 de junho de 2007. Dispõe sobre o cadastro único para programas
sociais do Governo Federal e dá outras providências. Disponível em: http://www.mds.gov.br/
bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/decretos-1/
BRASIL. Decreto nº 6.157, de 16 de julho de 2007. Dá nova redação ao art. 19 do Decreto nº 5.209, de
17 de setembro de 2004, que regulamenta a Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004, que cria o programa
bolsa família. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_
instrucoes/decretos-1/
BRASIL. Lei de nº 10.836, de 09 de janeiro de 2004. Cria o programa bolsa família e dá outras
providências. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_
instrucoes/leis-1/
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do PBF efetuada pelos técnicos do MDS. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_
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BRASIL. Portaria MDS nº 68, de 08 de março de 2006. Altera prazos nas Portarias MDS nº 246, de
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BRASIL. Portaria GM/MDS nº 232, de 29 de junho de 2006. Altera prazo fixado na Portaria GM/
MDS nº 360, de 12/07/05. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/
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BRASIL. Portaria MDS nº 246, de 20 de maio de 2005. Regulamenta a adesão dos municípios ao
PBF. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/
portarias-1
BRASIL. Portaria GM/MDS nº 256, de 18 de julho de 2006. Altera dispositivos da Portaria GM/MDS nº
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BRASIL. Portaria MDS nº 360, de 12 de julho de 2005. Estabelece critérios e procedimentos relativos
à transferência de recursos financeiros aos municípios, Estados e Distrito Federal, destinados à
implementação e desenvolvimento do Programa Bolsa Família e à manutenção e aprimoramento do
Cadastro Único de Programas Sociais. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_
superior/legislacao_e_instrucoes/portarias-1
BRASIL. Portaria MDS nº 454, de 06 de julho de 2005. Altera os artigos 6º, 7º e 8º, modifica o anexo I
e cria os anexos II e III da Portaria MDS nº 360, de 12/07/05. Disponível em: http://www.mds.gov.br/
bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/portarias-1
BRASIL. Portaria MDS nº 532, de 3 de novembro de 2005. Fixa o calendário de pagamento dos
benefícios financeiros do PBF. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/
legislacao_e_instrucoes/portarias-1
BRASIL. Portaria MDS nº 551, de 9 de novembro de 2005. Regulamenta a gestão de condicionalidades
do PBF. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/
portarias-1
BRASIL. Portaria MDS nº 555, de 11 de novembro de 2005. Regulamenta a gestão de benefícios do
PBF. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/
portarias-1
BRASIL. Portaria MDS nº 660, de 11 de novembro de 2004. Autoriza os CMAS a atuarem
temporariamente como instância de controle social do PBF. Disponível em: http://www.mds.gov.br/
bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/portarias-1
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BIBLIOGRAFIA
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o PETI. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/
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BRASIL. Portaria MDS nº 672, de 29 de dezembro de 2005. Altera prazos fixados nas Portarias MDS
Nº 246, de 20/05/05, MDS nº 360, de 12/07/05, e MDS nº 555, de 11/11/05, e estabelece critérios para
remuneração do Cadastro Único das famílias do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil –
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sobre os procedimentos operacionais necessários à formalização da adesão dos municípios ao
Programa Bolsa Família e ao Cadastro Único de Programas Sociais, orienta os gestores e técnicos
sobre a designação do gestor municipal do Bolsa Família e a formalização da Instância de Controle
Social do Programa, e especifica a documentação a ser anexada para fins de comprovação das
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municípios orientações sobre a repercussão automática de alterações cadastrais do Cadastro Único
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Família. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/legislacao_e_instrucoes/
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