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IMPLEMENTAÇÃO DOS EFEITOS DIGITAIS DE VOZ COM O

MICROCONTROLADOR

Felipe F.C.A. Marinho¹, Gabriel C.S. Costa¹, Renée C. Carneiro¹, Samuel G. de Santana¹,
Wilton F. A. Marinho¹

¹Instituição/Empresa Senai Cimatec

E-mail: felipe.marinho@aln.senaicimatec.edu.br; gabriel.costa@aln.senaicimatec.edu.br;


renee.carneiro@aln.senaicimatec.edu.br; samuel.santana@aln.senaicimatec.edu.br;
wilton.marinho@aln.senaicimatec.edu.br.

Resumo: Efeitos sonoros são alterações em forma de ondas seja na amplitude ou


na frequência que podem ser obtidas tanto por software como por hardware, através
da modulação, ou baseados no tempo. Neste projeto iremos realizar alterações num
sinal sonoro de voz digitalizado utilizando o microcontrolador STM32 e em um
conversor analógico digital (ADC) iremos alterar o sinal, por meio de equações
matemáticas, para realizar deslocamento no tempo ou deslocamento de frequência.
Serão utilizados algoritmos utilizando aplicativos como Matlab, plataforma de
programação para o microcontrolador e simuladores de circuitos eletrônicos como o
Protheus, tudo isto para criar o circuito eletrônico que irá gerar os efeitos digitais de
voz do tipo, distorção, rádio, robô, reverb e chorus.

Palavras chaves: Efeitos sonoros, microcontrolador, circuito eletrônico, simulador.

IMPLEMENTING THE DIGITAL VOICE EFFECTS WITH THE


MICROCONTROLLER

Abstract: Sound effects are changes in a waveform, either in amplitude or


frequency, which can be obtained by either software or hardware, through
modulation, or based on time. In this project we will make changes to a digitized
voice signal using the STM32 microcontroller and in a digital analog converter (ADC)
we will change the signal, using mathematical equations, to perform time
displacement or frequency displacement. Algorithms will be used using applications
such as Matlab, programming platform for the microcontroller and simulators of
electronic circuits such as Protheus, all this to create the electronic circuit that will
generate the digital effects of voice of type, distortion, radio, robot, reverb and chorus

Keywords: Sound effects, microcontroller, circuit electronic, simulator.


1. Introdução

Com o passar do tempo e o crescente número de músicas no mundo,


foi-se necessário o uso da tecnologia para a criação de melodias
diferenciadas ao que estávamos acostumados. Logo passou-se a
inserir efeitos digitais de voz para que fosse possível manipular o som
e trazê-lo de formas diferenciadas aos nossos ouvidos.
Essa transformação é feita através da mudança das ondas sonoras
do meio analógico para o digital. Sendo propagadas de modo
contínuo no tempo e espaço, passa a ser representada de forma
descontínua em valores binários (0 e 1). A conversão é realizada
através de um conversor analógico/ digital (DAC) e para que
possamos ouvir novamente o som, deve ser convertido novamente
por um conversor digital/ analógico (ADC). Assim entre essas
conversões podemos aplicar alguns parâmetros para realizar
distorções na saída do som, que são justamente os efeitos que
buscamos nesse artigo, o chorus, distorção, rádio, reverb e robô.

1. 1 CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA

1.1.1 EFEITOS DIGITAIS DA VOZ

CHORUS:
É um efeito de modulação que cria uma cópia do som e altera a mesma, no seu
tempo e na afinação. Assim cria o efeito de um som a mais sendo reproduzido,
como se estivesse sendo criando uma duplicação do som. A modificação será de
acordo com a quantidade de cópias desse som que irá ser reproduzido e os
diferentes delays aplicados e elas. O delay deve estar parametrizado entre 10ms e
25ms, e ao final a soma do som original e as cópias feitas, devem reproduzir o som
como um coro.
REVERB:
Este efeito simula um espaço acústico de reprodução do som. No caso, ao ser
lançado uma onda sonora e rebatida numa superfície refletora, as mesmas são
refletidas com menos intensidade assim a soma de todas essas reflexões são
chamadas de efeito reverberação.
DISTORÇÃO:
Este efeito consiste em comprimir a onda do sinal recebido e inserir tons
sustentados e harmônicos, dessa forma o sinal é amplificado. O mesmo simula alto-
falantes de carros estourados, microfones abafados ou amplificadores com som
distorcido.
ROBÔ:
Para realizar o efeito robô deve-se utilizar um encoder de voz, que nada mais é do
que um processo que adota sinais para ter uma combinação específica em
linguagem binária, no caso, transforma esses dados em códigos. Neste efeito, ao
receber os dados de voz, o encoder o subdivide em diversas faixas de frequência e
aplica ruídos. Assim a saída somará o som original com os ruídos aplicados em
frequências diferentes e gerará este efeito.
RÁDIO:
Realizando a modulação do sinal na entrada e limitando as faixas de frequência
abaixo de 1kHz e acima de 5kHz, é possível criar este efeito. Para passar por esse
crivo, é utilizado um tipo de filtro denominado Passa-Baixa.

2. METODOLOGIA
2.1 Condicionamento do Sinal de Entrada

Primordialmente, é necessário abordar o teorema da amostragem de Nyquist-


Shannon, o qual é aplicado ao desejar fazer a conversão de um sinal
analógico para um sinal digital garantindo a sua integridade. Esse teorema
diz que um sinal analógico limitado, que foi amostrado pode ser recuperado a
partir de uma sequência infinita de amostras, se a taxa de amostragem for
maior que duas vezes presente no sinal original, demonstrado na fórmula a
seguir:
fa>2 fm
Onde:
● fa = Frequência de amostragem
● fm = Frequência máxima

O filtro passa-baixa utilizado foi com a aproximação Butterworth, que é


desenvolvido de modo a ter uma resposta em frequência o mais plana
possível nas bandas de passagem, transição e rejeição (ganho constante).

Nesse projeto a aquisição do sinal e aplicação do teorema de Nyquist ficou a


cargo do ADC (conversor analógico-digital) que está presente no
microcontrolador que possui resolução de 12 bits, ou seja, (212 - 1 = 4095)
para um ADC, ou seja, o valor de tensão amplificada do microfone varia de 0
a 3,3V (valor suportado pela entrada analógica do microcontrolador) com
resolução mínima de 0,8 mV.
Assim, ao receber os dados através de um microfone, o sinal será
amplificado afim de aumentar a resolução de entrada. Na imagem seguinte,
os resistores R4 e R5 são divisores de tensão alimentando o microfone de
eletreto com 4,5Volts, e o primeiro Ampop é um amplificador inversor de
ganho = 15. Já no segundo Ampop temos o divisor de tensão na entrada não
inversora, que serve para criar uma tensão de offset com o intuito de elevar o
semi-ciclo negativo e ser aproveitado totalmente pelo ADC (Conversor
analógico/digital). No circuito também se encontra o potenciômetro RV2 que
tem a função de regular o ganho de maneira que não haja saturação e que a
onda seja totalmente aproveitada pelo offset.

Por último e não menos importante, teremos a filtragem, onde irá haver uma
seleção de dados mais relevantes e o bloqueio ao máximo de qualquer tipo de
ruído.
Para aplicar esse conceito, utilizamos em nosso circuito o denominado filtro
Passa-Baixa. Uma tensão aplicada a um resistor em série com um capacitor é
responsável por permitir a passagem de baixas frequências e atenuar as de mais
alta amplitude ou mesmo cortá-las, as que tiverem acima da frequência de corte.
1
A frequência de corte é determinada através da seguinte fórmula: f c = ;
2 πRC
aqui relacionamos a resistência e a capacitância, onde serão escolhidas de acordo
com sua necessidade. Para o nosso projeto, o filtro passa-baixa foi projetado para
frequência abaixo de 4.500Hz.

Após este ciclo de condicionamento do sinal, teremos a transformação


através do DAC (conversor analógico/digital) e em seguida os dados serão
armazenados e analisados no microcontrolador.

2. 2 Microcontrolador

O microcontrolador é um dispositivo que comporta um processador e


diversos periféricos, que tornam possíveis a coleta de dados tanto
analógicos quanto digitais por meio de suas portas I/O. Estes dados
coletados podem ser armazenados em memórias para posteriores
comunicações seriais ou para uma saída específica.

Tivemos a disposição duas opções de microcontroladores para o projeto que


são, o MSP430 e o STM32. Optamos pela utilização do STM32 devido a
maior capacidade de memória a disposição, pois haverá a necessidade de
armazenar uma quantidade relevante de número de amostras para os efeitos
sonoros.

2. 3 Circuito de saída

De acordo com a escolha do usuário o sinal será tratado e, para reprodução


do mesmo faremos o processo inverso, utilizando um conversor DAC
(conversor digital/analógico).

O DAC utilizado no nosso circuito é um R2R com entrada num Ampop que terá a
função de transformar o sinal digital em tensão para um dispositivo de saída, que no
nosso caso será um alto falante.
Para finalizar, temos o amplificador de saída, onde podemos observar na seguinte
imagem:

O primeiro ampop (U3:B) tem um ganho variável de até 15 vezes enquanto o segundo
Ampop (U4:B) tem ganho igual 1, dessa forma, tem por finalidade inverter o sinal gerado.
Assim será gerado um sinal de saída analógico que deve ser reproduzido no alto falante do
sistema.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Materiais

Para desenvolvimento deste projeto, utilizamos os seguintes itens:

● Microfone - CONN-SIL2.
● Saída - CONN-SIL2.
● Amplificador Operacional - 2 x NE5532.
● Microcontrolador - STM32F103T6.
● Resistores - 2.2kΩ; 2.7kΩ; 33kΩ; 2 x 15kΩ; 10kΩ.
● Capacitores - 10uF; 1uF; 2x 100nF.
● Baterias - 2 x 9V.
3.2 Métodos

A seguir podemos visualizar o diagrama do projeto:

Figura 4. Diagrama do projeto

Para desenvolvimento do circuito, utilizamos o Protheus; lá teremos todos os


circuitos observados através do diagrama visualizado acima. O primeiro sinal
é obtido através do usuário e ao ser recebido por um microfone entramos na
etapa de condicionamento do circuito, que é composta pelo amplificador e
logo depois um filtro para atenuação de ruídos.
Passado por esses passos, temos o microcontrolador, que é onde faremos o
tratamento do sinal recebido e de acordo com o efeito desejado pelo usuário
terá sua programação específica, desenvolvida através do Simulink.
Após o processamento e aplicação do efeito no sinal, nas portas de saída do
microcontrolador será acoplado um conversor DAC com resolução de 12 bits,
para que o sinal se torne analógico novamente e, a partir daí, o sinal será
amplificado para sua reprodução no alto-falante.
4. DICUSSÃO E RESULTADOS
Conhecendo a teoria dos assuntos abordados demos inicio as diversas
tentativas de resolução do projeto através do Protheus, que por dificuldades
no próprio software, relacionado a erros e bugs, não foi possível obter um
resultado satisfatório. Em compensação, através do Simulink, conseguimos
gerar uma saída de dados esperados.

5. CONCLUSÃO

Neste projeto tivemos grandes impasses, mas apesar das dificuldades foi
possível entender todo o conceito que tange ao processamento de sinais
digitais. Apesar de não alcançarmos o objetivo final, de ter todo o esquemático /
protótipo em pleno funcionamento, pudemos ganhar uma variada gama de
experiências e entender melhor como funciona o processo de conversões de
sinais, a programação de um microcontrolador, além do desenvolvimento em
novos softwares, como o simulink.
É importante ressaltar que o projeto de forma geral soma um ótimo
conhecimento, mas que seria bem mais aproveitado numa situação prática.

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