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SEMINÁRIO ADVENTISTA LATINO AMERICANO DE TEOLOGIA

FACULDADE ADVENTISTA DA AMAZÔNIA

ÉTICA CRISTÃ

GRUPO 2: ÉTICA E IDENTIDADE SEXUAL

BENEVIDES

2017
SEMINÁRIO ADVENTISTA LATINO AMERICANO DE TEOLOGIA

FACULDADE ADVENTISTA DA AMAZÔNIA

ÉTICA CRISTÃ

Trabalho sobre Ética e identidade Sexual


apresentado como cumprimento parcial da
matéria de Ética Cristã, sob orientação do
professor Argenilton Correa.

BENEVIDES

2017
Ética e Identidade sexual

INTRODUÇÃO

Ética e sexualidade são dois assuntos que promovem muitas discursões no


cenário social atual, segundo o filosofo Mário Sérgio Cortella (2009, p.105) no livro
“Qual é a tua obra?” ética é o conjunto de valores e princípios que usamos para decidir
as três grandes questões da vida, devo? Quero? Posso? Tendo esse conceito como base,
podemos afirmar que a ética é algo subjetivo podendo variar de acordo com a
cosmovisão de um individuo ou de uma sociedade determinada.

Assim a identidade sexual, por sua vez, também deve ser avaliado sob à luz da
ética, podendo ser para alguns um comportamento aético ou antiético, mas algo
totalmente normal e aceitável para outros.

Podemos ratificar essa questão com uma rápida observação a sociedade atual,
onde grupos tanto pró como contra militam em suas causas na tentativa de aceitação de
suas ideologias ou de opressão a pensamentos contrários. A grande verdade é que o
mundo hoje se comporta de maneira diferente do que alguns anos atrás, essa mudança
comportamental pode ser vista em todas as esferas sociais e no que diz respeito a
identidade sexual não é diferente, é cada dia mais comum e inquestionável a aceitação
de homossexuais, transgêneros e outros comportamentos alternativos por parte da
sociedade atual.

Famílias alternativas estão se formando a cada dia, como mostra um programa


de reportagem na TV Brasil:

“Rogério Mestriner e Flávio Queiroz, casados no civil e no


religioso, conversam com a equipe da produção da emissora
pública no quarto decorado para uma criança. No cômodo, há uma
estante cheia de brinquedos, um berço que pode se transformar em
cama e muitos livros de literatura infantil que abordam com
naturalidade a família com dois pais. Para o casal de roteiristas de
televisão, que já está na fila de adoção, só falta um filho.
"Sabemos que na nossa família homoafetiva não tem a figura da
mãe. Mas a diferença é muito mais externa do que interna", conta
Flávio Queiroz, marido de Rogério Mestriner. (Nos Caminhos da
Reportagem, TV Brasil, 21/12/2016).
Em oposição às chamadas família alternativa está o grande número de
conservadores radicais, evangélicos, protestantes e avessos à “livre identidade
sexual” e fazem ferrenha oposição aos que tentam propagar a ideia de que cada um
é livre para escolher sua identidade sexual.

Definição

De maneira simples, Identidade Sexual é a relação entre o indivíduo e a sua


identificação como homem ou mulher, independente dos conceitos pré-existentes e
formados pela sociedade comum. Não leva em consideração o sexo nem a fatores
externos, mas sua experiência pessoal e seu descobrimento e principalmente sua
aceitação interna, podendo confirmar ou não a identidade já contida do indivíduo.

O site queconceito.com.br encontramos o conceito de que “cada pessoa é livre


para decidir com quem compartilha ou não sua tendência sexual... e cada pessoa nasce
sendo homem ou mulher, a diferença se mostra no plano biológico e emocional como
também no reprodutivo”. (queconceito.com.br, acesso em 02/10/2017).

A compreensão do aspecto de liberdade, no ponto de vista da decisão (com quem


se relacionar sexualmente) e na esfera da identificação ou não com o gênero de
nascimento é a chave para entendermos o assunto.

Posto que, normalmente a identidade sexual de cada pessoa é formada pela soma
dos fatores biológicos, ambientais e psicológicos, e a fase mais comum de confirmar
essa identidade é na adolescência. Logo, essa decisão vem acompanhada por
sentimentos de medo e de muito sofrimento, caso essa confirmação seja contrária ao
sexo de nascimento. E esses sentimentos confusos quanto à identidade e ao futuro
geralmente tendem a causar dor e mágoas ao circulo mais próximo do individuo.

Diferença entre identidade sexual e orientação sexual.

É inevitável desassociar o que se é do que se deseja ser, quando isto está


associado diretamente aos desejos sexuais. O conceito social e comum diz: sou homem
por que tenho atração pelo sexo feminino. Isso não tem nenhuma relação com a
identidade sexual. A atração física, o desejo sexual está ligado com a orientação sexual,
que pode ser heterossexual, homossexual ou bissexual. Heterossexual são todos aqueles
que tem o desejo apenas pelo sexo oposto.
“A ideia de Identidade Sexual se refere a auto-percepção de cada
indivíduo em relação a sua sexualidade. A Sexualidade humana parte
da diferenciação em dois gêneros (masculino ou feminino), da qual
não envolve determinada orientação sexual, pois um homem ou uma
mulher podem sentir atração por pessoas do mesmo sexo (estes são os
homossexuais) ou ter o desejo sexual por ambos os sexos (estes são os
bissexuais). O Conceito de Identidade sexual não deve ser confundido
com orientação sexual. A identidade sexual se refere a percepção de si
mesmo como homem ou mulher, enquanto que a orientação sexual se
refere a atração por um sexo ou outro”. (Identidade Sexual Conceitos,
Rio de Janeiro, 02/10/2017).

Esta desvinculação entre identidade e desejo sexual tem por base a formação ou
a má formação do ser, lá na vida embrionária, que podem surgir anomalias que
influenciarão no desenvolvimento do indivíduo. Isso indica que por esta “deficiência
genética”, podem nascer biologicamente homem, mas sentir-se uma mulher ou o
contrário. Nisto choca-se a biologia e a psicologia sexual.

Diversidade Cultural

Um leque de nomes e novidades tornaram-se comum em nosso meio


principalmente ao notarmos as grandes passeatas apoiando e publicando a diversidade
sexual. Todavia, a grande maioria das pessoas não sabe diferenciar, por exemplo, um
transexual de um travesti.

Para entendermos isso, é preciso conhecer duas palavras: Cisgênero e


Transgênero. Elas estão relacionadas a identificação do senso comum de ser homem ou
mulher. Todos aqueles que se enquadram com o senso comum do seu sexo biológico é
considerado um Cisgênero. Aquele que não se enquadra, é um Transgênero. Essa
classificação é naturalmente pessoal e não depende apenas de fatores biológicos como
mencionado, mas psicológicos e emocionais.

“O que diferencia transgêneros, transexuais e travestis são as


intervenções corporais feitas para aproximar o sexo biológico do sexo
ao qual eles sentem pertencer. Os transexuais recorrem às cirurgias de
mudança de sexo para corresponder integralmente ao sexo oposto....
Por não se considerarem completamente pertencentes ao sexo oposto,
travestis realizam modificações corporais parciais: não trocam de
sexo, mas podem colocar próteses de silicone, por exemplo.
Transgêneros também são aqueles que, apesar de não se identificarem
com seu sexo biológico, optam por não fazer nenhuma alteração
física, podendo, por exemplo, se limitar a usar as roupas do outro
sexo.” (terra.com.br)

Se formos avançar nos conceitos de diversidade de gênero, teremos uma


infinidade de grupos querendo ter um espaço no leque de liberdade sexual. Todavia,
nem todos são considerados uma classificação de gênero, mas uma forma ainda não
formatada para seus gostos pessoais. Uma atenção especial aos novos mas já conhecidos
são os Cross-dressing, assexuais e pansexuais.

“O cross-dressing, no entanto, não se trata de uma orientação ou um


gênero sexual, mas apenas da prática de se vestir como o sexo oposto -
ou de produzir-se inteiramente como ele, como fazem as drag
queens. ...Os assexuais são pessoas que, independente do sexo ou do
gênero, não sentem atração sexual por nenhum dos sexos....Os
pansexuais são pessoas que se sentem atraídas por todos
independentemente de seu gênero, seja ele cis ou trans.”
(Terra.com.br)

Por ser um assunto que atrai bastante jovens e adolescentes, novelas, filmes e
seriados tem massivamente dedicado energia para propagar questões de importância
como Identidade e Orientação sexual e identidade de gênero. Filmes como Brokeback
Mountain eleito como o melhor filme romântico de 2005 baseado em enredo
homossexual são cada vez mais comuns. E sites como o dicionariodegeneros.com.br
podem contribuir para um maior conhecimento do assunto de gêneros e orientações
sexuais.

Identidade sexual e Seus fatores determinantes

Como explicado, a orientação sexual faz referência ao sexo ao qual há


sentimentos eróticos. Ela é definitivamente importante à identidade, com o papel do
sexo, contudo não pode ser considerado que ela a determine. A identidade sexual recebe
também influências de categorias de sexualidade presentes na cultura. Assim, a pessoa
se ajusta nessas categorias em seu comportamento, que podem ser variadas entre as
sociedades e dentro delas no decorrer do tempo (Idem).
Dentre as diversas identidades culturais, duas apresentam-se dominante entre as
sociedades, a heterossexualidade e a homossexualidade. Dessas, apenas uma encontra
conflito social de aceitação, principalmente em um ambiente predominantemente
religioso cristão, a homossexualidade.
Alguns argumentam que do ponto de vista biológico, nas primeiras fases do
embrião, anomalias podem acontecer e são determinantes quanto à dimensão biológica
do sexo. Com base nisso, o indivíduo pode ser em sua anatomia um homem e
psicologicamente se sentir mulher, ou o contrário. Assim, vê-se que tanto a biologia
quanto a psicologia andam juntas e são determinantes na questão sexual (Identidade
Sexual).
Combatendo tal ideia, alguns sexólogos veem a experiência sexual de maneira
tão diversificada, com variados aspectos sexuais, psicológicos e sociais, que o termo
homossexualidade quando usado para descrever mais do que a escolha do indivíduo é
algo desencaminhador (HOOKER, 1972, p. 11).
Malloy (1981, p. 11) defende que o heterossexual se vê como biologicamente é e
sente atração pelo sexo oposto. Já o homossexual ocorre o processo inverso e a atração é
para com o seu mesmo sexo biológico.
Para Kubo (1980, p. 83) há uma diferença entre condição e ato homossexual. Ele
compreende que alguém pode sentir atração pelo mesmo sexo, mas isso não lhe dá
licença para a prática do ato, violando padrões morais cristãos. Talvez não consiga
eliminar a atração, porém com a ajuda de Deus pode controlar os impulsos.
Thielicke (1978, p.282-283), outro autor cristão, segue essencialmente a mesma
posição. Contudo sua abordagem diferencia-se na consideração da homossexualidade
como herança do pecado original, causando inúmeras aberrações físicas e mentais,
tornando os indivíduos vítimas sem responsabilidade direta.
Springett (2007, p. 14) define a atual situação como não sendo possível ter
certeza da causa da homossexualidade e que o ponto de vista de Thielicke tem
presumido aos cristãos que os homossexuais não são responsáveis por sua condição.
Semelhantemente, sem a abordagem cristã ou bíblica o mundo secular e a
maioria dos homossexuais acreditam que nasceram assim ou fatores familiares no início
da infância resultaram em sua identificação e orientação sexual. Independente como for,
veem a homossexualidade como uma fatalidade da qual a pessoal não possui nenhum
controle e não obteve escolha (HATTERER, 1979, p. 13).
Há os que entendem que lutar contra os impulsos é lutar contra sua própria
natureza. Perry (1972, p. 10), por exemplo, afirma estar convencido de que os genes
determinam, em maior parte, o que somos e que a homossexualidade é preordenada.
Pittenger (1971, p. 227) posiciona-se dizendo que o homossexual não faz escolha
própria e nem comete falta alguma por sentir-se atraído por pessoas do mesmo sexo,
pois essa atração é perfeitamente natural.
Bieber (1962, p. 303-304) entende a homossexualidade como desordem de
adaptação, resultante de temores ocultos impotencializados pelo sexo oposto.
Considerando como acomodação a temores irreais, vê a homossexualidade como
patológica. Buzzard (1978, p. 48) afirma inclui não só a escolha pessoal, mas também o
dano psicológico, resultado de condições do lar.
Diante de tantas concepções, inclusive no meio cristão, há a necessidade de
saber se de fato a identidade sexual é uma consequência natural e genética, onde o
indivíduo apenas deve aceitar sua realidade predeterminada, ou parte de uma decisão
pessoal, mesmo podendo obter influências para essa escolha. Para isso, vamos fazer
uma análise das três categorias que a etiologia da homossexualidade que a literatura
recente divide: a tese genética, fatores hormonais e fatores psicossociais.

TESE GENÉTICA
Alguns pesquisadores fizeram a proposta da teoria que fatores cromossomáticos
ou genéticos, a hereditariedade, seria a razão causativa da homossexualidade. Para tal
conclusão, compreenderam hipoteticamente que a síndrome de Klinefelters predisporia
indivíduos à homossexualidade. Assim, concluíram que são “fêmeas em corpos
masculinos” (LANG, 1940, p. 55-64).
Após análise minuciosa, essa pesquisa foi considerada pouco convincente. Com
base num levantamento do material, West (1967, p. 166) chegou a conclusão segura que
as anomalias endócrinas e o cromossomo sexual observados não desempenham
significativo papel causativo da homossexualidade.
Algumas investigações posteriores não confirmaram também estudos feitos com
gêmeos monozigóticos homossexuais (KALLMANN, 1952, p. 283-298; KALLMANN,
1952, p. 136-146). Nem todos os gêmeos idênticos eram homossexuais, como se
esperava, caso realmente fosse genético. Os estudos que defendem essa linha, da tese
genética, não têm lançado tanta luz como se propõe para responder ao fenômeno
homossexual (KLINTWORTH, 1962, p. 113-125; PERE, p. 70-80; MONEY, p. 42-54).
Geisler (2010, p. 351) pondera que a ciência não alcançou alguma prova sequer
para a existência para os desejos homossexuais de fonte biológica ou genética. Já que
não se reproduzem nem podem se reproduzir, não há possibilidade de transmissão
genética de desejos para outras gerações.
FATORES HORMONAIS
Outra proposta para a causa é a concentração hormonal. A presença e qualidade
de hormônios, contidos na circulação sanguínea, possui grande influência em relação ao
crescimento e função dos órgãos sexuais. Pessoas com normalidade cromossômica
necessitam de glândula endócrinas amadurecidas e tempo certo e ejetam no sangue
quantidade exata de substâncias químicas para que o desenvolvimento sexual ocorra
normalmente. Contudo, diversos experimentos revelaram que o aumento da testosterona
em homossexuais ao invés de apresentar efeito ‘curativo’, apenas aumenta o desejo pelo
objeto sexual costumeiro (BARAHAL, 1940, p. 319-329).
“Em nossa experiência, nenhum paciente, masculino ou feminino, jamais
apresentou qualquer reversão persistente de padrões endócrino que explique tendências
homossexuais. Nunca observamos nenhuma correlação entre a escolha do objeto sexual
e o nível de secreção hormonal” (PERLOFF, p. 53).
Algumas pessoas, principalmente homossexuais, se simpatizam especialmente
pela teoria biológica. Contudo, ainda sobressai o consenso geral de que a causa da
homossexualidade humana não é inteiramente biológica (SPRINGETT, 2007, p. 26).
Segundo o Relatório Wolfendem (The Woldenden Report, 1963, p. 32), os estudos
endócrinos e bioquímicos até o momento revelaram-se aparentemente negativos.
Kinsey (1965, p. 658-659) critica a interpretação que presume a identidade e
escolha do parceiro sexual feita por um indivíduo sob o afeto de alguma faculdade
biológica. “Não existe trabalho sobre hormônios e outras funções fisiológicas do animal
humano que justifique tal conclusão”.
Uma comissão presbiteriana concluiu da mesma maneira. Para eles “os fatores
essencialmente determinantes parecem ser mais psicossociais do que biológicos”
(SHAFER, 1978, p. D14). Diversos cientistas dedicados ao estudo sobre a
homossexualidade garantem que a orientação sexual resulta de fatores psicossociais que
estão relacionados com o desenvolvimento da identidade de gênero e seu papel, mais
influências intermediárias de fatores biológicos e endócrinos (SPRINGETT, 2007, p.
27). É importante ressaltar que a influência não é equivalente a determinação.

FATORES PSICOSSOCIAIS
Hampson (1961, p. 1428) entende que um indivíduo se diferencia entre
masculino e feminino, dentro da psicologia, no decorrer de muitas experiências pessoais
de crescimento. De fato é difícil estabelecer uma linha definitiva onde separa a
influência da escolha de um indivíduo. Algumas pessoas chegam a sugerir que algumas
pessoas são inconscientes quanto aos fatos psicossociais que acabaram por modelar sua
orientação sexual. Esse processo teria ocorrência em tão tenra idade que talvez não
poderia ser dito que a pessoa tem o poder sobre a sua orientação ou identidade sexual
(HARVEY, 1971, p. 125).
Weltge (p. 64) questiona a atitude adotada por vários homossexuais em alegar
que sua condição parte de um determinismo cego concretizada em prática compulsiva,
das quais são impotentes contra elas e inocentes. Ao mesmo tempo, eles afirmam ser
uma escolha moralmente boa, responsável, normal e biologicamente e psicologicamente
natural. “Que razão existe para crer que os homossexuais são necessariamente mais
honestos consigo mesmo, ou menos propensos à auto-justificação do que os outros
homens?”.
Kinsey propõe que por justiça todos os fatores psicossociais deveriam ser
aplicados em outros casos. Segundo sua ideia, eu posso apresentar uma justificativa
psicossocial para a minha marginalidade. Desta maneira, o mesmo argumento deveria
ser válido para todos os casos, inclusive no heterossexualismo. Contudo, na prática não
é isso o que acontece. Esse argumento passa a ser uma justificativa para uma
preferência pessoal.
“Sejam quais forem os fatores considerados, não se deve esquecer que
o fenômeno básico a ser explicado é a preferência de um indivíduo por
um parceiro do mesmo sexo, por um parceiro de outro sexo ou sua
aceitação de parceiros de ambos os sexos. Esse problema é, afinal,
parte do problema mais amplo das escolhas em geral: a escolha do
caminho que se toma, das roupas que se veste, do alimento eu se
come, do lugar onde se dorme e de uma infinitude de outras coisas que
estamos sempre escolhendo” (KINSEY, A. C.; POMEROY, W. B.;
MARTIN, C. E., 1965, p. 662).

Ética e a sexualidade Abordagem Bíblica

A Primeira Família:

Na semana da criação, mais precisamente no sexto dia, Deus cria o ser humano.
Nas escrituras sagradas está registrado que “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem,
a imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1:27). A firmação de que o
ser humano é feita a imagem de Deus e que havia uma distinção entre homem e mulher
é citado novamente em Gênesis 5:1,2: “Este é o livro da genealogia de Adão. No dia em
que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez; homem e mulher os criou, e os
abençoou, e lhes chamou pelo nome de Adão, no dia em que foram criados”.
Ao olharmos a Bíblia podemos aqui perceber algumas coisas claras: 1. Um sexo
não é superior ao outro, pois ambos homem e mulher deveriam dominar (cuidar) da
terra. 2. É Deus quem cria e determina a sexualidade do indivíduo. 3. Deus estabeleceu
a primeira união, e foi entre um homem e uma mulher (heterossexual e monogâmico).

No Pentateuco Deus anuncia uniões abomináveis:


Ao longo do pentateuco podemos perceber que algumas ordenanças de Deus
com respeito a uniões que na ótica divina são abomináveis. Como por exemplo:
1. Pais e filhos (Lv 18:7).
2. Madrasta e enteado (Lv 18:8).
3. Relacionamento entre irmãos (Lv 18:9,11).
4. Avós e netos (Lv 18:10).
5. Tios e sobrinhos (Lv 18:12-14).
6. Nora e sogro/sogra e genro (Lv 18:15).
7. Relacionamento entre cunhados (Lv 18:16).
8. Ter mais de uma mulher (Lv 18:17,18).
9. Se relacionar com a mulher do próximo (Lv 18:20). Lembrando que um
dos dez mandamentos é claro quanto a proibição de adultério (Êx 20:14).
10. Pessoas do mesmo sexo (Lv 18:22).
11. Seres humanos e animais (Lv 18:23).
Segundo a prescrição divina todas essas uniões se constituem uma abominação
para Deus, portanto o Senhor pede expressamente que seu povo não as pratique (Lv
18:27-29).
Jesus fala sobre comportamento sexual:
Em Mateus 19:9 tratando do contexto do divórcio, é possível notar que Jesus faz
uma reprovação clara a “relações sexuais ilícitas”, o termo grego utilizado aqui é
πορνείᾳ (pornéia). Segundo Gingrich e Danker, πορνείᾳ significa: Incastidade,
prostituição, fornicação, de vários tipos de relação sexual ilícita. Como se percebe
Cristo se posiciona contra estas práticas, e quando se trata de casamento ele se refere a
um casamento monogâmico e heterossexual. Tais praticas fora do casamento (bíblico) é
contra os princípios divinos.
Concílio de Jerusalém:
No concilio de Atos 15, quando a igreja se reuniu para tratar do assunto da
circuncisão dos gentios, o concilio chegou ao fim com a seguinte decisão: os novos
membros não deveriam ser importunados com a questão da circuncisão, mas deveriam
se “abster de coisas sacrificadas aos ídolos, bem como de sangue de animais sufocados
e das relações sexuais ilícitas...” (At 15:29). Novamente podemos perceber a palavra
πορνείᾳ, entre as práticas a serem evitas pelos recém convertidos estavam as práticas
sexuais que abarcam o termo pornéia.

Paulo e sua abordagem sobre conduta sexual:


O apostolo discorre sobre o tema em algumas de suas cartas. Vejamos algumas:

Carta aos Romanos


Em Romanos 1:26 e 27 Paulo faz uma forte reprovação a contatos sexuais entre
pessoas de um mesmo sexo:
 Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres
mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza;
semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se
inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com
homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro.
Paulo fala claramente do “contato natural”, que nesse caso aponta para o
casamento nos parâmetros divinos.

Carta aos Coríntios


Em 1 Coríntios 5:1 Paulo reprova alguns da igreja de Corinto por praticar
“imoralidade”, nesse caso em especifico era uma referência a relacionamento entre
madrasta e enteado. A palavra πορνείᾳ novamente surge em meio a reprovação de ações
contrarias a vontade de Deus.
Ainda em 1 Coríntios Paulo faz outra reprovações a certas condutas sexuais, ele
fala de alguns grupos que não herdarão o reino dos céus: “ Ou não sabeis que os injustos
não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem
adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados,
nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus” (1 Co 6:9,10). Percebe-se
que entre os grupos citados estão: Impuros (πόρνοι – relações sexuais ilícitas), Aduteros
(μοιχοὶ - adutero), efeminados (μαλακοὶ - Mole ou delicado) e sodomitas (ἀρσενοκοῖται
- pratica homossexual) todos tem a ver com conduta sexual.

Carta aos Gálatas


No capítulo 5 da carta Paulo destaca as obras da carne (Gl 5:19-21) e o fruto do
Espirito (Gl 5:22,23). Entre as obras da carne estão: Prostituição (πορνεία – relações
sexuais ilicitas), impureza (ἀκαθαρσία – imoralidade, mas intenções) e lascívia
(ἀσέλγεια – licensiosidade, sensualidade, libertinagem).
Em Paulo é possível perceber a reprovação para certas práticas sexuais, tais
reprovações estão em conformidade com outras já vistas até aqui.
Conforme exposto na abordagem bíblica sobre a identidade sexual, existem
três regras para o relacionamento: heterossexual, monogâmico e o envolvimento sexual
somente no casamento. Qualquer situação que fuja desse padrão é considerada pecado.

O relacionamento heterossexual foi criado e estabelecido por Deus desde o


Éden (Gn 1:26-27; 2:18-24). Diversas vezes Deus, através de Seus profetas, mostrou
sua reprovação contra o relacionamento com animais ou pessoas do mesmo sexo (Lv
18:22-23; Rm 1:26-27). Sendo passivo ou ativo, o relacionamento homoafetivo é
considerado pecado, um dos claros exemplos que temos é Sodoma e Gomorra (Gn 19:1-
29; 1 Co 6:9-10).

O relacionamento monogâmico também tem sua origem no Éden (Gn 2:18-24;


Mt 19:4-6; 1 Co 7:2). Por mais que diversos personagens bíblicos praticaram poligamia,
tais atitudes eram condenadas por Deus (Gn 4:19; 1 Tm 3:2; 1 Rs 11:1-8). A insistência
bíblica contra a porneia revela a desaprovação divina (Mt 19:9; 1 Co 5:1; Gl 5:19). A
palavra está relacionada ao sexo extraconjugal, seja entre solteiros ou entre casados.

Assim, qualquer relacionamento que fuja desses padrões é contrário aos


prescritos divinos. Portanto, homoafetividade, incesto, zoofilia, fornicação, adultério,
poli e pansexualismo, entre outros, não se encaixam nesse padrão divino.

Uma dificuldade que está se tornando cada vez mais comum é relacionado aos
transgêneros. A Igreja Adventista se posiciona de maneira clara. A IASD rejeita
qualquer tipo de descriminação e recebe a todos aqueles que estão dispostos a se
arrependerem de seus pecados e aceitarem o convite de Cristo para andar em novidade
de vida, segundo Seus preceitos. Portanto, como a mutilação é irreversível, é
recomendável que o indivíduo permaneça fisicamente como está, porém em celibato.

Uma raridade é o hermafrodismo. Diante dessa situação, a postura ética é


permitir que o indivíduo sinta-se livre em sua escolha. Contudo, recomenda-se que opte
pelo sexo predominante.
A postura cristã e pastoral diante de todos os casos deve seguir a mesma
postura de Cristo. Nem todos opinarão pela verdade revelada nas Escrituras e tais
pessoas devem ser respeitadas em suas escolhas, pois Deus concedeu a cada um o livre
arbítrio. No entanto, o pastor deve posicionar-se firmemente do lado da verdade,
reprovando o pecado e amando o pecador. Assim como Jesus tratou a Maria Madalena
(Jo 8:1-11) tais pessoas devem ser tratadas. Ele não a condenou, mas não foi conivente
com sua conduta e disse: “Vai e não peques mais” (Jo 8:11).

Identidade Sexual em Ellen White


Em Ellen White a orientação sexual é bem definida. Homem e mulher tem os
seus papeis claramente distintos, socialmente e também na questão dos gêneros,
masculino e feminino. Em seus escritos não encontramos apoio para o comportamento
homossexual, por exemplo. Para a autora o relacionamento íntimo afetivo entre duas
pessoas é precisamente heterossexual.
Assim, em seus escritos encontramos observações apoiando a distinção
heterossexual no comportamento humano, a exemplo quando ela escreve sobre a forma
que homens e mulheres devem trajar-se, onde fica evidente a preocupação para que a
essência heterossexual seja preservada evitando qualquer distorção que possa aparentar.

Há uma crescente tendência de as mulheres serem em seu vestuário e


aparência tão semelhantes ao outro sexo quanto possível e de
confeccionarem seu vestuário muito semelhante ao do homem, mas
Deus declara que isso é uma abominação. "Que do mesmo modo as
mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia." I Tim.
2:9. [CITATION Ell07 \p 427 \l 1046 ]

Outro aspecto que nos ajuda a compreender o tema da orientação sexual em


Ellen White se dá ao examinar como ela apresenta o modelo original de família e união
marital. Ele aponta para o Éden, ambiente da primeira família da terra, descrevendo-o
conforme segue:

O próprio Deus deu a Adão uma companheira. Proveu-lhe uma


"adjutora" - ajudadora esta que lhe correspondesse - a qual estava em
condições para ser sua companheira, e que poderia ser um com ele, em
amor e simpatia. Eva foi feita de uma costela tirada do lado de Adão,
significando que ela não o deveria dominar, como a cabeça, nem ser
pisada sob seus pés como se fosse inferior, mas estar a seu lado como
sua igual, e ser amada e protegida por ele. Como parte do homem,
osso de seus ossos, e carne de sua carne, era ela o seu segundo eu,
mostrando isto a íntima união e apego afetivo que deveria existir nesta
relação. "Porque nunca ninguém aborreceu a sua própria carne; antes,
a alimenta e sustenta." Efés. 5:29. "Portanto, deixará o varão o seu pai
e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne."
Gên. 2:24.[CITATION Ell06 \p 46 \l 1046 ]

Notemos que White ao fazer referência ao texto bíblico onde é apresentado a


união do primeiro casal e assim é estabelecido o lar inaugural, também mostra o que
representa cada uma das partes nessa relação, apresentando uma ligação que ambos,
homem e mulher, tinham em uma estrutura familiar solida e perfeita que naturalmente
não permite espaço para nenhum outro modelo de família.

Portanto, nos escritos de Ellen White não encontramos uma orientação sexual
diferente da que é apresentada na Bíblia como o sendo o ideal proposto pelo Criador,
assim o relacionamento afetivo entre duas pessoas deve ser heterossexual. Também é
notório o interesse por preservar tal conceito, evitando inclusive qualquer aparência
contrária do mesmo.
Uma vez que a orientação sexual é formada principalmente conforme a
influência familiar, como também pelo ambiente, considerar sua atmosfera e suas
respectivas práticas poderá fazer com que tal personalidade seja definida de acordo com
o ideal bíblico. Ellen White considera que o lar é a base para a sociedade e assim
afirma:

A sociedade compõe-se de famílias, e é o que a façam os chefes de


família. Do coração “procedem as saídas da vida” (Prov. 4:23); e o
coração da comunidade, da igreja e da nação é o lar. A felicidade da
sociedade, o êxito da igreja e a prosperidade da nação dependem das
influências domésticas [CITATION Ell04 \p 349 \l 1046 ].

Desta forma é possível admitir que o perecimento moral da sociedade, por


conta de uma orientação equivocada, ocorre basicamente como resultado de uma
educação deficiente no lar. Assim os lares é quem influenciam a sociedade e não o
oposto. Conforme declaração que segue:

A elevação ou decadência do futuro da sociedade serão determinadas


pelos costumes e a moral da juventude que cresce ao nosso redor.
Como a juventude é educada e como é moldado o seu caráter na
infância em hábitos virtuosos, domínio próprio e temperança, assim
será sua influência na sociedade. Se os jovens são deixados sem
esclarecimento e sem controle, tornando-se em conseqüência
voluntariosos, intemperantes em apetite e paixão, assim será sua
influência futura em moldar a sociedade. As companhias que a
juventude mantém agora, os hábitos que forma, os princípios que
adota, são uma indicação da espécie de sociedade do futuro [CITATION
Ell03 \p 15 \l 1046 ].
Considerando o lar como base para sociedade é necessário pensar no núcleo
familiar, aquele que pretende ser pai ou mãe precisam ter a noção de suas
responsabilidades, estas não são poucas e se iniciam desde o momento em que é
concebida a criança. Ellen afirma:

Pai e mãe transmitem aos filhos suas características, mentais e físicas,


e suas disposições e apetites. Como resultado da intemperança
paterna, as crianças muitas vezes têm falta de força física, e de
capacidade mental e moral. Alcoólatras e fumantes podem transmitir a
seus filhos seu insaciável desejo, seu sangue inflamado e nervos
irritáveis; e efetivamente o fazem [CITATION Ell06 \p 561 \l 1046 ].

Isso revela a atuação de satanás para perverter a mente humana antes mesmo
de que este nasça, quanto a isso adverte White: “Foi-me mostrado que Satanás procura
degradar a mente dos que se unem em casamento, a fim de que ele possa imprimir a
própria imagem odiosa nos filhos deles.” [CITATION Ell01 \p 480 \l 1046 ]

Com os devidos cuidados pré-nascimento, a atenção deve voltar-se para a


educação no lar, construindo um alicerce ideal para os filhos. Para que essa base seja
formada positivamente se faz necessário a imposição de limites, e tal tarefa é inerente a
educação que dever ser exercida pelos pais.

Todo lar cristão deve ter regulamentos; e os pais, em palavras e


comportamento de um para com o outro, devem dar aos filhos um
exemplo precioso e vivo do que desejam que eles sejam. A pureza da
linguagem e a verdadeira cortesia cristã devem ser constantemente
praticadas. Ensinai as crianças e os jovens a se respeitarem a si
mesmos, a serem leais para com Deus, leais aos princípios; ensinai-os
a respeitar e obedecer à lei de Deus [CITATION Ell03 \p 16 \l 1046 ].

Tal proposta, segundo White, faz parte da intensão divina que os núcleos
familiares representem a família celeste onde a lei de Deus é guardada e o amor ao
Criador é um fato. Assim “Cristo será glorificado; Sua paz, graça e amor impregnarão o
círculo da família como um precioso perfume.” [CITATION Ell03 \p 17 \l 1046 ].

É importante ressaltar que essa recomendação precisa ser adotada desde a


infância dos filhos, White pondera sobre isso da seguinte forma:
A influência de um lar cristão cuidadosamente protegido nos anos da
infância e juventude, é a mais segura salvaguarda contra as corrupções
do mundo. Na atmosfera de um lar assim, as crianças aprenderão a
amar tanto a seus pais terrestres como a seu Pai celestial [CITATION
Ell03 \p 19 \l 1046 ].

Porém, aqueles que se encontram em uma fase da vida acima do período de


infância podem compreender que independente de como foi sua base familiar é possível
vencer quaisquer inclinações humanas, para tanto se faz necessário submeter-se a
vontade de Deus, conforme afirma White:

Uma vida de utilidade se acha diante de você, caso sua vontade se alie
à de Deus. Então, com a experiência que Ele lhe concede, você será
um exemplo de boas obras. Ajudará assim a manter regras de
disciplina, em lugar de as derribar. Ajudará então a manter ordem, em
lugar de desprezá-la e incitar à irregularidade de vida por seu próprio
modo de proceder [CITATION Ell041 \p 515 \l 1046 ].

Ainda neste assunto a autora declara que sujeitar-se a Cristo não deve ser algo
que pode ser protelado mais que deve ser realizado prontamente examinando
disciplinadamente o coração, não permitido que o próprio eu seja exaltado. Abrir mão
de si mesmo, resistindo as tentações e inclinações, é possível graças ao trabalho
realizado por Cristo, Ele viveu a Lei de Deus, para que homem assim pudesse viver
[CITATION Ell04 \p "130, 131" \l 1046 ] .

A preocupação não deve limitar-se a concepção, nem tão pouco ao ambiente


familiar, mas deve estender-se a relação social fora do lar, pois tal contexto também
influência em diversos comportamentos como também na orientação sexual do
indivíduo. A experiência citada na Bíblia das filhas de ló, oriundas de Sodoma, (Gn 19)
é uma demonstração de como pode ser nocivo o ambiente social, para um indivíduo
imerso nele.

Porém é necessário considerar os pecados praticados em Sodoma e perceber se


os tais tem a ver com a orientação sexual de seus habitantes. Como também uma vez
que White defende o modelo já exposto para formação familiar, seria interessante
buscar conhecer qual é sua posição quanto ao tema da homossexualidade. Ellen White
não falou explicitamente sobre isso, mas algumas de suas declarações nos ajuda a supor
que havia um posicionamento.

Não ignoramos que a queda de Sodoma foi motivada pela corrupção


de seus habitantes. O profeta [Ezequiel 16:49], especificou aqui os
males que, especialmente, levaram à dissolução moral. Vemos que
existem hoje no mundo os mesmíssimos pecados que predominavam
em Sodoma, e que sobre ela acarretaram a ira de Deus, para completa
destruição sua.[CITATION Ell05 \p 232 \l 1046 ]

Ao referir-se aos pecados de Sodoma, White afirma que os tais eram praticados
em seu tempo e que os mesmos provocavam a ira divina. O Comentário Bíblico
Adventista informa que entre os pecados praticados na citada cidade haviam práticas
homossexuais. Vejamos:

A impiedade dos homens de Sodoma foi claramente demonstrada por


seus atos naquela ocasião (ver Gn 13:13; 18:21). A notícia da chegada
de dois estranhos havia se espalhado rapidamente. Os homens da
cidade se reuniram em volta da casa de Ló, pretendendo violar o
direito oriental de hospitalidade a fim de satisfazer desejos
antinaturais. [...] em referência à prática imoral abominável que Paulo
descreve em Romanos 1:27, conhecida como sodomia. Segundo
evidências arqueológicas, esse pecado, punível com a morte sob a lei
mosaica (Lv 18:22, 29), era disseminado entre os cananeus. A ênfase
de Moisés de que tanto jovens quanto idosos estavam à porta da casa
de Ló mostra claramente como era justificável que Deus trouxesse
destruição sobre essas cidades (ver Gn 6:5, 11) [CITATION Com14 \p
"336, 337" \l 1046 ].

Na referida história, Ló e suas filhas são retirados da ímpia cidade, White


comenta sobre a influência pecaminosa herdada do ambiente anterior:

Ló encaminhou-se para as montanhas e habitou em uma caverna,


despojado de tudo aquilo por cujo amor ousara sujeitar sua família às
influências de uma cidade ímpia. Mas a maldição de Sodoma seguiu-o
mesmo ali. A conduta pecaminosa de suas filhas foi o resultado das
más associações naquele vil lugar [CITATION Ell06 \p 167 \l 1046 ].

As filhas levaram consigo uma bagagem formada no ambiente em que tinham


vivido, isso exerceu influência direta em seus comportamentos e conduta de vida,
mesmo após estarem fora do ambiente carregado por sua pecaminosidade e
condescendência.

Portanto, para Ellen White, os fatores que influenciam fortemente o


desenvolvimento da orientação sexual do indivíduo estão relacionados com diversas
fazes da vida que vai desde a concepção até a juventude, como também a influência
social do ambiente em que o indivíduo é submetido.
CONCLUSÃO
Com base nos estudos genéticos e biológicos, conclui-se que a
homossexualidade não é causa de uma anormalidade geneticamente comprovada.
Tampouco pode ser notado que níveis anormais de hormônios no sangue são causadores
de alguma disfunção determinante na escolha de sua identidade ou parceiro sexual. O
fator mais predominante é o psicossocial. Assim o que causa realmente a orientação
homossexual permanece um mistério. Mas algumas atitudes diante disso devem ser
tomadas, principalmente entre cristãos.
Na minoria dos homossexuais pode haver influências biológica e hormonal.
Contudo dentre essa minoria, a maior parte do grupo recebeu influências ambientais que
estão fora do alcance da memória consciente. Essas pessoas podem não ser
responsabilizadas moralmente por sua condição, mas podem por seus atos
(SPRINGETT, 2007, p. 36).
A igreja é desafiada por um dilema ético. Identificar alguém como homossexual
normalmente a prepara para a desumanização social. Sendo assim, como cristãos deve-
se ter o mesmo posicionamento de Cristo, seguindo suas orientações e exemplo.

“Ele afirmou a dignidade de todos os seres humanos e estendeu a mão


compassivamente a todas as pessoas e famílias que sofrem as
consequências do pecado. Desenvolveu um ministério solícito e
proferiu palavras de conforto às pessoas que enfrentavam
dificuldades. Mas fez distinção entre Seu amor pelos pecadores e Seus
claros ensinos sobre as práticas pecaminosas”. (Declarações da Igreja,
2012, p. 104).

Portanto, como indivíduos ou até mesmo como organização eclesiástica ou


secular, se deve respeitar e jamais perseguir as pessoas que escolheram uma identidade
sexual diferente daquela que se acredita ter sido originalmente estabelecida por Deus na
semana da criação. Contudo, os cristãos se acham na responsabilidade de revelar o que
expressa as Escrituras e qual é a vontade de Deus para Seus filhos. Que no principio
criou Deus o homem e a mulher com uma identidade bem definida e sem espaço para
modificação.

Neste ponto, o conselho de Ellen White, para os que possuem a convicção de


que sua vida deve ser orientada pela ética cristológica, se expresse da seguinte maneira:
“As vítimas de maus hábitos devem ser despertadas para a
necessidade de fazer esforços por si mesmos. Outros podem
desenvolver os mais fervorosos empenhos para erguê-los, a graça de
Deus pode-lhes ser abundantemente oferecida, Cristo pode rogar, Seus
anjos ministrar; tudo, porém, será em vão, a menos que eles próprios
despertem para pelejar o combate em seu favor. ...Os que põem em
Cristo a confiança não devem ficar escravizados por nenhuma
tendência ou hábito hereditário, ou cultivado. Em lugar de ficar
subjugados em servidão à natureza inferior, devem reger todo apetite e
paixão. Deus não nos deixou lutar com o mal em nossa própria,
limitada força. Sejam quais forem nossas tendências herdadas ou
cultivadas para o erro, podemos vencer, mediante o poder que Ele nos
está disposto a comunicar”. (WHITE, Ellen G. 2014, p. 176).

Conclui-se que o campo da ética e da identidade sexual é permeado por


inúmeros conceitos e cada conceito orientado por uma cosmovisão diferente. No
entanto, para uma sociedade mergulhada em um mar de filosofias ontológicas e
psicossociais, a ética e a sexualidade de cada indivíduo deve ser regida pelos princípios
cristãos contidos na vontade revelada de Deus, a Bíblia sagrada.
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