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A DIMENSAO DO CEU

PALAVRAS DE ELOGIO
“Para os que andam perdidos por um mar de confusão após terem
ouvido falar de experiências estranhas ou milagrosas, ou terem se
envolvido pessoalmente com essas experiências, o livro de Julia Loren e
James Goll, A Dimensão do Céu, será como um farol de luz que traz
descanso ao coração e à mente de um mundo tenebroso e confuso. Aquilo
que é misterioso jamais se entregará à total compreensão. Os caminhos
de Deus são mais altos que os nossos e, em geral, são inescrutáveis.
Porém a pesquisa de Julia e James, incluindo a listagem de tipos e
significados, assim como as instruções para testes e aplicações que
apresentam, pode trazer sensibilidade, equilíbrio e a consoladora
mensagem de que eles não estão sozinhos e não são loucos, apesar de
tudo. E, caso sejam, estão em boa companhia! Sugiro que você leia e
encontre descanso nesta mensagem, pois existem propósitos bons e
santos por trás das nossas experiências, que vão além da nossa
capacidade de entendê-los.”

John Loren Sandford

Cofundador do Elijah House Ministries


“No mundo de hoje, em que tudo é válido, precisamos ter um grande
discernimento a fim de sermos capazes de distinguir o que é verdadeiro
da imitação, e o que é real do falso. Este livro o conduzirá através do
labirinto de tantas diversidades de experiências espirituais em direção
ao genuíno Espírito Santo, no qual o verdadeiro poder e o fruto
duradouro são abundantes. Recomendo a leitura deste manual
inspirador.”

Elizabeth Alves

Presidente do Ministério Increase International

Autora de Mighty Prayer Warrior


“Com um entusiasmo pela aventura associado a entendimentos bíblicos
sólidos, A Dimensão do Céu irá guiá-lo e dar a você um fundamento para
ter uma vida sobrenatural com Deus. À medida que ler as páginas deste
livro estimulante, a sua fé se elevará.”

Barbara J. Yoder

Pastora Sênior da Shekinah Christian Church

Ann Arbor, Michigan


“Deus está equipando uma geração para andar no Seu poder e
demonstrar a Sua glória. Em todo o mundo, os santos de Deus estão
ouvindo este soar da trombeta e estão famintos por entender a dimensão
do espírito a fim de poder expandir com maior eficácia o Seu Reino aqui
na Terra. James Goll e Julia Loren fizeram um trabalho surpreendente em
nos ajudar a compreender como andar na dimensão celestial sem se
tornar presa dos falsos espíritos e das filosofias da Nova Era. Este livro é
profundo! Não se trata de um livro leve com algumas histórias
sobrenaturais. Ao contrário, A Dimensão do Céu irá estimulá-lo a pensar,
a buscar experiências espirituais mais intensas e fazê-lo mover-se para
fora da sua zona de conforto. Se você está pronto para uma mudança
importante na sua caminhada espiritual com Jesus, este livro é para
você.”

Kris Vallotton

Fundador da Bethel School of Supernatural Ministry

Autor dos livros The Supernatural Ways of Royalty

Basic Training for Prophetic Ministry e

Developing a Supernatural Lifestyle



A DIMENSAO DO CEU
UM GUIA PARA SUAS EXPERIÊNCIAS
SOBRENATURAIS

James Goll e Julia Loren

1ª edição

2012

A DIMENSÃO DO CÉU
A DIMENSÃO DO CÉU
© 2012 Editora Sete Montes

Coordenação editorial:
Ap. Fernando Guillen

Tradução:
Maria Lucia Godde Cortez

Copidesque e revisão:
Ana Lacerda, João Guimarães, Edna Guimarães e Mércia Padovanni

Diagramação Ebook:
Jandir Peixoto de Paula jandirp@gmail.com

Originalmente publicado nos Estados Unidos sob o título Shifting


Shadows of Supernatural Experience, por Destiny Image Publishers, Inc.
Copyright © 2009 por James Goll e Julia Loren, todos os direitos
reservados.

Publicado no Brasil por Editora Sete Montes.


1ª edição: julho de 2012. Todos os direitos reservados.

Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, distribuída ou


transmitida sob qualquer forma ou meio, ou armazenada em base de
dados ou sistema de recuperação, sem a autorização prévia por escrito
da Editora Sete Montes.
Exceto em caso de indicação em contrário, todas as citações bíblicas
foram extraídas da Bíblia Sagrada edição de Almeida Revista e
Atualizada, Sociedade Bíblica do Brasil, © Copyright 1993.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


DEDICATÓRIA
Dedicamos este livro aos precursores e pioneiros espirituais (tanto
conhecidos quanto desconhecidos) que preparam o caminho para essa
próxima geração escolhida emergir. Na verdade, o nível máximo que eles
atingiram está realmente se tornando o fundamento dessa próxima
geração. Agradecemos ao Senhor pelo sacrifício, a dedicação e a fé
daqueles que vieram antes de nós. Dedicamos este livro a vocês.

Bênçãos lhes sejam dadas!

Julia Loren e Dr. James (Jim) W. Goll



CONTEUDO
Palavras de Elogio
Dedicatória
Prefácio
Introdução
Capítulo 1
Experimentando o Reino de Deus como uma criança
A Visão Espiritual das Crianças
Experiências Sobrenaturais Entre Grupos Inteiros de Crianças
As Ilhas Britânicas
China
Indonésia
América do Norte
Crianças Tocando Outros
Venha Como uma Criança
Notas Finais
Capítulo 2
Ei, Doutor, Estou Ficando Louca?
Esquizofrênicos, Loucos e Místicos
Pesquisa Cerebral
A Mente Criativa de Cristo
A Sua Presença — A Esfera Além da Razão
O Que Você Faz com o Que Deus lhe Mostra?
Desembrulhe o Dom para Outros
Notas
Capítulo 3
As Experiências Mais Comuns e o Seu Propósito
Vamos Lá, Pegue-me se Puder!
Dez Propósitos das Graças Proféticas Reveladoras
Os Níveis Básicos das Visões Sobrenaturais
Existe Mais, Senhor?
Capítulo 4
Os Aspectos Encantadores dos Sonhos
Sonhos: Uma Linguagem Viva de Amor
Os Sonhos de Acordo com a Sua Esfera de Influência
Medida de Governo
Categorias de Sonhos
Os Sonhos Vindos do Espírito Santo, do Eu Natural, e da Dimensão
Demoníaca
Os Sonhos Vindos do Espírito Santo
Sonhos Relativos ao Destino
Sonhos do Eu Natural
Sonhos da Dimensão Demoníaca
Simplificando os conceitos
Sonhe um Pequeno Sonho Comigo!
Notas
Capítulo 5
Missões Angelicais
Introduzindo a Presença de Deus
Direção Angelical
Os Anjos Entregam as Mensagens de Deus
Os Anjos Liberam Sonhos, Revelações e Entendimento
Os Anjos Dão a Orientação de Deus
Os Anjos Transmitem Força
Proteção Angelical
Os Anjos Dão Proteção
Os Anjos Escoltam os Santos Até o Céu
Os Anjos Trazem Libertação
Os Anjos Liberam Cura
Anjos Adorando, Vigiando, Trabalhando
Notas
Capítulo 6
Estou Morto ou Não?
Características de Uma Experiência de Quase Morte
Os Segundos Mais Importantes da Sua Vida
Vivendo O Tempo Extra Que Ganhamos
Os Túneis e os Portões do Céu
Encontrando Seres de Luz
O Propósito da Vida
Notas
Capítulo 7
Uma Jornada pelo Lado Mais Espantoso das Visões Sobrenaturais
Êxtases ou Transes
Um Olhar Mais Detalhado
Experiências Fora do Corpo
Transladação
Visitação Celestial
A Importância Dessas Experiências
Eles Não Estão Loucos, Como Você Supõe!
Notas
Capítulo 8
Quero ser Teletransportada!
A Revelação da Porta dos Fundos e a Revelação da Sala do Trono
Encontros na Sala do Trono
Anna Roundtree
Larry Randolph
John Sandford
Você Também Pode Vir
Notas
Capítulo 9
Êxtases, Vislumbres, Murmúrios e Profecias
O Perigo dos Transes Autoinduzidos
Médiuns e Praticantes de Curas Psíquicas
Discernindo as Origens da Revelação
Testando os Espíritos
Permanecendo na Luz de Cristo
Notas
Capítulo 10
No Corpo ou Fora do Corpo?
Explicações da Pesquisa Científica
Explicação Espiritual
Venha, e eu lhe Mostrarei!
Experiência Coletiva das Visões Fora do Corpo
Transladações e Bilocalização
Falsificações Demoníacas
Para Onde Você Vai Voar Daqui?
Notas
Capítulo 11
Milagres
Transcendendo a Natureza
Deem-lhes Vocês Algo para Comer
Ressuscitando os Mortos
Milagres de Cura
Além da Nossa Realidade — ou Não?
Notas
Capítulo 12
Vislumbres do Que Está por Vir
Experiências Sobrenaturais Liberadas Através do Poder da Palavra de
Deus
Experiências Sobrenaturais Liberadas Através de uma Revelação da
Glória de Deus
Tornando-se uma Experiência Espiritual Que Libera o Brilho da Sua
presença
Advertências Sobre as Manifestações Variáveis da Glória
Vislumbres do Que Está por Vir
Notas
Capítulo 13
Discernindo as Origens das Experiências Sobrenaturais
Fontes de Revelação
O Teste do Eu
O Teste da Fonte
Nove Testes Bíblicos
Quinze Aspectos da Sabedoria
Fazendo a Curva
Notas
Capítulo 14
Vendo Somente Jesus!
Das Ruínas de Zion
Carta de John G. Lake a Elder Brooks e Sua Resposta
São Duas Coisas!
Bibliografia
Para Maiores Informações
PREFÁCIO
Jesus prometeu que o vento e a chuva da adversidade cairiam sobre
todas as casas. A questão não é se eles cairão, mas quando! A maneira
como você constrói a sua casa determinará se ela vai cair ou permanecer
em pé. Jesus foi Aquele que disse que devemos tomar cuidado com a
maneira como construímos.

Nestes dias em que as experiências espirituais acontecem em grande


número e aumentam cada vez mais, é imperativo que sejamos crentes
fundamentados na Palavra de Deus e na história da Igreja, e que
estejamos ligados de uma maneira prática aos outros membros do Corpo
de Cristo. Mas não tenha medo! Você pode confiar na terceira Pessoa da
Trindade! Na verdade, o próprio Espírito Santo será o seu mestre, o seu
guia, o seu consolador, o doador dos seus dons — Ele o conduzirá à
verdadeira fonte da vida!

À medida que ler as páginas de A Dimensão do Céu, Julia Loren e eu


queremos que você seja estimulado e desafiado, que receba um
fundamento em sua vida e seja guiado. Para alguns de vocês, este livro
não irá fazer outra coisa senão estimular o seu apetite e deixá-los com
fome por muito mais. Tentamos trazer-lhe as verdades de diversas
escolas de pensamento e reuni-las aqui, mas o nosso objetivo final é
apontar-lhe o próprio Cristo Jesus e Ele, por Sua vez, irá lhe apontar o
nosso Deus e Pai.

Minha confiança e esperança é que, ao associar os esforços desta


jornalista ganhadora de prêmios, Julia Loren, aos meus anos de
experiência em meio ao rio profético, você encontre um estudo com base
bíblica repleto de experiências realmente cheias de vida que o façam se
apaixonar por Cristo Jesus ainda mais. Deixe que a Sua luz se derrame
sobre a sua vida e que a única sombra a ser vista seja a do Amigo e
Amado das nossas almas — Jesus Cristo, o Senhor.

Completamente cheio com o Seu amor,

Dr. James W. Goll

Cofundador do Ministério Encounters Network

Autor dos livros The Seer, Dream Language e The Lost Art of Intercession
INTRODUÇÃO

Como uma criança, estendemos a mão e encontramos os dedos de Deus


se fechando suavemente em volta dos nossos dedos. Nesse simples
toque, nossos corações recebem uma forte corrente do Seu amor. Ele se
revela a nós através de uma visão, de um sonho ou de um despertar
silencioso, e essa experiência se transforma para nós no dom de
conhecer Jesus Cristo, as profundezas do Seu amor pessoal e as
realidades do reino espiritual onde Ele habita — no Céu e na Terra.

Quando recebe um toque da Sua agradável presença, você descobre qual


é a sensação do amor puro. Quando se vê inexplicavelmente debaixo da
cachoeira da Sua presença, aniquilado pelo amor, você não pode fazer
nada senão sair diferente. Você fica cativado por esse amor misterioso.
Algo dentro de você desperta um anseio por conhecê-lo mais.

Como acontece com qualquer relacionamento, você tira gradualmente os


olhos das suas necessidades e começa a ver o que Ele vê e a sentir o que
Ele sente. O dom de conhecê-lo se torna, por sua vez, um presente que
você oferece a outros — uma demonstração da Sua presença em nosso
meio. Você passa a se preocupar com as coisas que estão no coração dele,
enquanto Ele lhe dá pequenas intuições sobre as pessoas, enquanto Ele
lhe mostra visões do que está por vir com relação a si mesmo, aos outros,
ou talvez até ao mundo. Ele o convida a compartilhar da Sua obra por
meio da intercessão — orando sobre as coisas que lhe mostra. Ele o
chama a estar com Ele, e quanto mais tempo você passar na Sua
presença, tanto mais experimentará as dimensões onde Ele habita. Pois
Deus anseia elevá-lo até os lugares celestiais onde Ele habita, a fim de lhe
proporcionar uma perspectiva diferente.

Você é Seu filho, por isso Deus tem prazer em lhe mostrar o Reino da sua
herança. O Seu reino sobrenatural de anjos e de entidades espirituais,
como querubins e serafins, é apenas um pequeno aspecto do céu, do qual
Ele lhe dá um vislumbre para lhe mostrar que existem muito mais coisas
além da dimensão dos seus sentidos, para lhe revelar que o céu é real e
que Ele é Senhor de tudo. O Seu poder transcende a nossa compreensão.

Muitas das experiências espirituais que encontramos nesta vida são


dadas a nós para que possamos conhecer a Jesus Cristo, experimentando
as profundidades da Sua compaixão e amor que anseia por salvar o
perdido e curar o enfermo, pois Ele sabe o quanto somos frágeis e nos
trata com delicadeza. Essa experiência se dá na forma de um encontro
com Deus que corrige as nossas imagens distorcidas e deturpadas de
Jesus e o revela em toda a Sua glória. Ela cura nossas feridas e desperta o
nosso destino. O encontro com Deus libera o dom de conhecer Jesus e
aprofunda o nosso relacionamento com Ele.

Estou convencido de que todas as experiências espirituais autênticas são


dadas a nós apenas por duas razões — para aumentar a revelação de
quem Jesus Cristo realmente é para nós, individualmente, e para nos
transferir fé. A combinação dessas duas maravilhas libera uma
demonstração da Sua presença e poder a nós e através de nós. Aqueles
que têm visões de Cristo, falam com os anjos, ficam extasiados pela
aparência estranha das criaturas celestiais, têm vislumbres do céu,
ouvem música que não vem de lugar algum ou são transportados pelo
Espírito Santo de um lugar para outro, descobrem o quanto é fácil ser
cativado pela experiência em vez de ser cativado pela Pessoa e
descobrem também o propósito inerente à experiência vivida.
Quando as examinamos à luz do amor de Deus e dos exemplos bíblicos,
concluímos que muitas experiências espirituais são dadas a alguém para
transmitir a essa pessoa a fé e o entendimento de que Deus quer que ela
libere uma demonstração do Seu poder. Uma visão ou um sonho, uma
visitação ou teletransportação, é apenas o invólucro que envolve os dons
do Espírito Santo relacionados em 1 Coríntios 12 — a palavra de
sabedoria; a palavra de conhecimento; a fé; os dons de cura; a operação
de milagres; a profecia; o discernimento de espíritos; as línguas; a
interpretação de línguas. Eles são dons que Deus quer dar a alguém, não
para si mesmo, mas a fim de que essa pessoa os entregue a uma pessoa
específica ou a um grupo de pessoas para que elas, também, possam ter
um vislumbre de Jesus e serem salvas. Infelizmente, o significado
inerente às experiências espirituais frequentemente perde-se pelo
caminho, permanecendo “à beira da estrada”, à medida que as pessoas
enfatizam o brilho da embalagem na qual elas vêm embrulhadas. É
preciso maturidade espiritual para saber o que fazer com as coisas que
Deus nos mostra. Também é necessário maturidade para discernir
quando uma experiência pode não ser de Deus.

Neste livro, vamos focar na resposta às três perguntas mais comuns


feitas pelos cristãos que encontram Deus por meio de experiências
sobrenaturais.

1. Quais são os tipos de experiências sobrenaturais comuns à


humanidade?

2. Como podemos saber se uma experiência vem do Espírito


Santo ou de outra fonte? Em outras palavras, o que é invenção
da nossa imaginação? O que vem da nossa mente e do nosso
estado psicológico ou emocional? Ou o que, talvez, pode ter
origem na dimensão demoníaca?

3. O que faço com essa experiência?

Assim, convido você a nos acompanhar em nossas jornadas, sabendo de


uma coisa: o Pai tem prazer em lhe dar o Reino. É possível que você
descubra que algumas das nossas experiências também foram vividas
por você.
CAPÍTULO 1
EXPERIMENTANDO O REINO DE DEUS COMO UMA CRIANÇA

por JULIA LOREN

Jamais me esquecerei da ocasião em que conheci Mahesh Chavda, um


evangelista de cura internacionalmente conhecido. Eu estava
participando de uma conferência que era realizada na sua igreja local, na
Carolina do Sul, como parte da pesquisa para um artigo que eu estava
escrevendo sobre o seu ministério. Em pé na beira da plataforma e
secando a testa depois de orar por dezenas de pessoas, ele inclinou a
cabeça e olhou para mim: “Venha cá e dê-me um abraço”, disse ele. Eu
realmente não estava interessada em abraçar um homem grande, suado,
de cabelos prateados vestido com terno preto de pregador tradicional
que tinha o talento profético de saber exatamente o que se passava na
vida de alguém. Aquele nem sequer parecia um momento
“especialmente” propício para um abraço, então achei o pedido estranho.
Mas obedeci.

Quando me inclinei na sua direção, de repente tropecei e caí dentro de


“Nárnia”, sentindo-me como minha sobrinha de 3 anos de idade deve se
sentir quando abraça inocentemente seu pai, reclinando a cabeça no seu
ombro, sem se importar nem um pouco com o mundo, absolutamente
segura na sua presença. Tudo que eu queria era erguer minha pequena
mão e tocar as centelhas que via no rosto de Mahesh — pequenos flocos
de pó de ouro que brilhavam em sua pele sob a luz. Senti como se eu
estivesse suavemente sendo empurrada e percebi que também estava
me sentindo um tanto... “chapada”, por falta de palavra melhor. A
presença de Deus que foi liberada por intermédio dele exerceu um
grande impacto em mim. Fiquei diante de Mahesh absolutamente
estupefata; eu estava em um estado alterado de consciência e não seria
capaz de ter uma conversa normal com ele.

Dias depois, percebi que aquele abraço foi uma das experiências
sobrenaturais mais profundas que já experimentei. Ele havia curado algo
no fundo do meu coração que tinha a ver com confiança, inocência e
assombro. A capacidade infantil de abraçar a fé que eu perdera em algum
momento ao longo do caminho para a vida adulta foi restaurada. O
abraço também me deu um vislumbre do coração de Mahesh Chavda. Foi
uma rápida visão que nenhuma entrevista prolongada poderia ter me
proporcionado. Aquele homem aprendera a amar ministrando durante
anos a crianças gravemente deficientes mental e fisicamente, segurando-
as em seus braços e pedindo a Deus para liberar o Seu amor por meio do
seu toque. E ele sabia que só o amor poderia fazer um milagre de cura
acontecer em qualquer de nossas vidas espiritualmente deficientes.
Apenas um breve encontro com Deus pode mudar tudo.

E se Jesus se aproximasse de você e dissesse: Dê-me um abraço. Você o


faria? Você pode sequer imaginar isto? Ou perdeu completamente o seu
senso de confiança, de inocência e de assombro ao longo do caminho
pedregoso até a vida adulta racional e, nesse processo, tornou-se um
adulto espiritualmente deficiente?

A série As Crônicas de Nárnia, de C.S. Lewis, levou mais adultos do que


crianças a receberem uma maior revelação da personalidade e da
natureza de Deus. A série de livros de Lewis ajudou os leitores a
entrarem “cada vez mais fundo” no Reino, experimentando dimensões do
espírito através dos olhos de quatro crianças que tropeçaram dentro de
um armário no mundo comum e caíram diretamente no mundo
maravilhoso de Nárnia.

Por meio desses livros, as profundas verdades e milagres do Reino não


foram revelados aos sábios e aos instruídos, mas às crianças (ver Mateus
11:25). Mais precisamente, à criança que existe dentro de todos nós —
por baixo das rugas e das dores, das responsabilidades financeiras e das
causas de estresse relacional — a criança que anseia pelo dia de sua
liberação em outro Reino.

Ainda assim, aqueles de nós que leem Lewis refletem sobre maneiras de
sair das suas vidas diárias e entrar na dimensão extraordinária do Reino
dos Céus. Mas como chegar lá? De acordo com Mateus 18:2-4, aquele que
se aproxima de Jesus como uma criança é o que entrará nas coisas
profundas de Deus; como uma criança cujos olhos estão abertos para ver
as dimensões do céu, cujo espírito está pronto para receber as verdades
profundas de quem Jesus é e de que realmente se trata esta vida,
deleitando-se alegremente nas visões e crescendo na fé, enquanto vê
milagres em operação no dia a dia.

E Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles. E disse: Em


verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como
crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que
se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus. Mateus
18:2-4

As crianças recebem instrução sem discutir os resultados, seguram a sua


mão quando atravessam a rua, pulam no seu colo apenas para lhe fazer
carinho e falam tão livremente sobre o que veem e ouvem que
conseguem vencer as defesas dos adultos. Elas entram facilmente no
Reino de Deus porque seus corações jovens estão totalmente abertos
para novas experiências. Todo dia é cheio de novas aventuras. Cada
aventura desperta um anseio por ver, ouvir e tocar mais, e perguntar
“Por quê?” mil vezes, à medida que tentam processar seu assombro e
maravilha diante dos mistérios da vida que estão se desenrolando diante
delas.

As crianças não procuram entender apenas o mundo natural; elas estão


espiritualmente vivas, também. Uma olha para o céu e se pergunta quem
fez as estrelas. Da boca das criancinhas salta uma sabedoria inesperada
que paralisa os adultos com alguma verdade que elas não poderiam
saber de modo algum. Elas são os “profetas da porta dos fundos” que
entram pela porta dos fundos, por trás das defesas dos adultos, e os
surpreendem com palavras reveladoras e proféticas.

Algumas conversam com anjos; elas pulam em suas camas enquanto


conversam com Jesus; elas recebem a “palavra de conhecimento” exata
que destranca o coração de um adulto, abrindo-o para receber a Cristo;
elas se aventuram como grupo e entram nas dimensões do céu; e após
terem sido tão poderosamente tocadas pela presença de Deus, o seu
toque transmite o poder de Deus para outros. Deus sempre deu início a
essas experiências e Ele sempre teve um propósito em mente antes de
liberar experiências espirituais para as crianças.

As ler suas histórias, deixe que a inocência delas sensibilize o seu coração
e desperte um anseio por experimentar o Reino de Deus tão facilmente
quanto elas — simplesmente recebendo e desfrutando dos encontros
com Jesus, com os anjos, com os sonhos e visões. Deixe que a pureza das
experiências das crianças e o conhecimento experimental delas das
profundas verdades do evangelho o conduzam à maravilha do Reino de
Deus e dos caminhos de Deus.
A VISÃO ESPIRITUAL DAS CRIANÇAS

Ao refletir sobre seus anos de infância, muitas pessoas se lembram de


algum tipo de despertar espiritual, um encontro que acendeu uma chama
em seu coração de amor por Deus, seja por meio do abraço de um
professor de escola dominical ou de uma visão que elas há muito
deixaram de lado por considerarem o produto da imaginação
desenfreada de uma criança. Entretanto, porém, algumas crianças estão
tendo encontros e visitações que são tão reais que ninguém pode negar
que a mão invisível de Deus está em operação em suas vidas.

As Escrituras estabelecem um precedente para o encontro das crianças


com Deus. Samuel, um garotinho judeu que foi criado entre os
sacerdotes, mas ainda não conhecia o Senhor pessoalmente, ouviu uma
voz chamando o seu nome no meio da noite (ver 1 Samuel 3). A voz
entregou uma mensagem que Samuel devia transmitir ao sumo
sacerdote. Ela também estabeleceu o dom de profecia na vida do menino.
Jesus, em algum momento antes dos 12 anos, teve um encontro profundo
que o fez entender que Ele precisava cuidar dos negócios de Seu Pai —
não como carpinteiro, mas como o Filho de Deus (ver Lucas 2:41-50).
Embora não saibamos como Jesus recebeu esta revelação — através de
um sonho, de uma visão ou talvez de um mensageiro angelical —
sabemos que algo notável aconteceu dentro dele nos anos entre o Seu
nascimento e a Sua visita a Jerusalém, aos 12 anos.

Desde então, muitas crianças ao longo da História, algumas cuja história


indica um passado cristão e outras de famílias agnósticas que não lhes
deram nenhum treinamento religioso, receberam visões de Jesus ou
encontraram Deus de alguma maneira e receberam dons e chamados
extraordinários. Suas experiências fizeram com que elas entendessem
que nasceram com um propósito, que Deus sabe os seus nomes e que Ele
pode se manifestar em meio a experiências de vida dolorosas para se
revelar como Aquele que cura, Aquele que provê, e como o maior amor
que alguém pode conhecer.

Joana d’Arc, uma menina camponesa francesa que viveu nos idos de
1440, teve a sua primeira visão aos 14 anos!1 Ela relatou que o arcanjo
Miguel lhe apareceu com duas mulheres que eram conhecidas na fé
católica como santas. As mensagens daqueles seres alimentaram o desejo
de Joana de ajudar a salvar o Reino da França durante um momento de
dificuldade da História e liberaram uma fé que motivou o exército à
vitória. Ela foi amplamente reconhecida e aclamada como uma heroína
nacional que salvou uma nação ao tornar-se uma estrategista militar a
serviço do rei Charles VII. Mas aqueles que ascenderam ao poder por
intermédio da sua intervenção divinamente inspirada, queimaram-na em
uma estaca quando ela estava com apenas 19 anos de idade, a fim de
consolidarem sua posição.

Mais recentemente, Akiane Kramarik, jovem prodígio de Sandpoint,


Idaho, recebeu o seu chamado como artista de obras de arte ao receber
sua primeira visão de Jesus aos 4 anos de idade!2 Agora, perto dos anos
da adolescência, ela tem recebido fama e crítica mundial por seu talento.
Certa manhã, Akiane foi encontrada olhando pela janela em direção ao
céu, com o rosto brilhando e os olhos reluzentes. Quando lhe
perguntaram o que estava fazendo, ela respondeu simplesmente: “Eu
estava com Deus novamente, e Ele me disse para orar continuamente.
Deus me mostrou onde Ele mora. Eu estava subindo por escadas
transparentes; por baixo, vi cachoeiras que jorravam e, à medida que eu
me aproximava dele, vi que o Seu corpo era feito de pura e intensa luz. O
que me impressionou mais foram as Suas mãos — elas eram gigantescas!
Não vi ossos ou veias, nem pele ou sangue, mas mapas e eventos. Então
Ele me disse para memorizar milhares e milhares de palavras de
sabedoria em um pergaminho que não parecia de papel, mas se
assemelhava mais a uma intensa luz. E em alguns segundos eu fui cheia,
de alguma maneira. De agora em diante, vou me levantar cedo para
pintar. Espero que um dia eu possa pintar o que me foi mostrado.” Hoje
ela se levanta às cinco horas da manhã durante cinco ou seis dias por
semana para se preparar para pintar em seu estúdio e escrever,
trabalhando durante cerca de três horas por dia.

Crianças desconhecidas também estão experimentando ou


experimentaram visões progressivas de Jesus e das dimensões do céu —
algumas durante tempos difíceis de suas vidas ou das vidas de suas
famílias. Uma mãe em Louisiana confidenciou a uma colega de trabalho
cristã (uma amiga minha que mais tarde me contou a história) que seu
filho de 8 anos de idade parecia estar tendo experiências espirituais,
afirmando ver anjos e até Jesus. Ela entrou no quarto dele um dia e o viu
saltando sobre sua cama e falando animadamente com algum convidado
invisível. Rindo, ele disse à sua mãe: “Estou falando com Jesus.” Sua mãe,
atônita então, o ouviu dizer que ela iria ter outro filho em breve. Algumas
semanas depois, ela descobriu que realmente estava grávida. O fato de o
filho ter essa experiência e ter lhe contado sobre o bebê, ajudou a mãe a
lidar com alguns elementos estressantes em sua vida. Nenhum dos pais é
cristão, no entanto, eles estão aceitando os encontros inusitados e
progressivos de seu filho com a dimensão de Deus e o seu novo dom de
prever o futuro.
Por meio de relatos compartilhados nas “rodovias” de informações da
internet e por intermédio de muitas conferências carismáticas, as
pessoas estão falando sobre um número crescente de encontros de
crianças com Deus — crianças que são levadas ao céu, que brincam e
conversam com anjos ou que veem anjos no seu quarto à noite. Lucas
Sherraden, pastor de uma igreja no Texas, reconta essas histórias a
respeito de crianças em sua igreja que parecem abertas para ver o
mundo sobrenatural que nos cerca. As histórias relatadas sobre o que as
crianças estão vendo e experimentando nas comunidades por todo o
mundo compartilham um tema comum. Observe sua ocorrência nos
relatos a seguir:

Em um culto de sexta-feira à noite em nossa igreja, esta criança estava com


sua mãe na classe da pré-escola quando começou a dizer: “Mamãe, vamos
olhar os anjos!” Ele arrastou sua mãe para o auditório e começou a
apontar: “Ali está um! Ali está um!”
Sua mãe respondeu com sabedoria: “A mamãe não pode vê-los, mas isso não
significa que eles não estão ali. Mostre-me todos os anjos.” O menino
começou a apontar para todos os anjos “verde-azulados” por todo o
auditório. Então ele puxou sua mãe pela mão e começou a apontar para eles
no estacionamento também.
Ouvi dizer que verde-azulado ou turquesa é a cor da intercessão, e o fato é
que no culto que estava acontecendo naquela noite havia uma forte unção de
intercessão.
Outra criança na nossa congregação me procurou no dia seguinte e me disse
que quando eu estava na plataforma, ela viu faíscas me cercando por toda
parte. Essa criança tinha 8 anos de idade, creio que Deus estava abrindo os
olhos dela para ver a dimensão sobrenatural.3
EXPERIÊNCIAS SOBRENATURAIS ENTRE GRUPOS INTEIROS DE
CRIANÇAS

Deus visitou não apenas indivíduos, mas grupos inteiros de crianças ao


longo da História. Durante esses avivamentos históricos, as crianças
sempre tiveram uma maior percepção da presença de Deus, entendendo
os Seus caminhos e o Seu amor. Às vezes, as crianças até mesmo levaram
adultos ao avivamento ou a se tornaram líderes ao se levantarem para
conduzir a uma reforma em vários segmentos da sociedade em
consequência de um encontro com Deus.

AS ILHAS BRITÂNICAS

John Wesley e Jonathan Edwards, dois grandes reformistas e pregadores


dos anos de 1700, escreveram regularmente sobre coisas notáveis que
observaram nas crianças em suas reuniões; crianças caindo em transe,
tendo visões do céu e do inferno e entrando em uma intercessão mais
profunda pelos perdidos com choro e dores de parto. Algumas eram
muito jovens, entre 3 e 4 anos de idade, mas choravam diante do Senhor
ou se alegravam diante dele durante horas e dias, literalmente. Ambos os
líderes observaram que as crianças tinham experiências muito mais
profundas e uma comunhão mais constante com Deus do que a maioria
dos adultos que encontravam.

David Walters escreve sobre os avivamentos históricos dos anos de


1700, uma época em que a infância terminava cedo, pelo fato de que as
crianças muitas vezes morriam ainda na infância ou eram enviadas para
trabalhar como adultos desde muito novos. Ele revela a fé das crianças
menores nesta citação dos diários de John Wesley:
27 de janeiro de 1771
Enterrei os restos mortais de Joan Turner, que passou todas as suas últimas
horas de vida se regozijando e louvando a Deus, e morreu cheia de fé e do
Espírito Santo, aos três anos e meio.4

As crianças e os adolescentes sentiram igualmente o impacto dos


ensinamentos de John Wesley:

6 de agosto de 1759 — Everton


Alice Miller, de 15 anos de idade, havia entrado em um transe. Fui
imediatamente para onde ela estava e encontrei-a sentada em um banco,
encostada em uma parede com os olhos abertos e fixos para o alto... Seu
rosto indicava um misto inconfundível de reverência e amor, enquanto
lágrimas silenciosas corriam por sua face... Perguntei: “Onde você esteve?”
“Estive com o meu Salvador. No céu ou na terra, não sei dizer; mas eu
estava na glória!”

“Por que, então, você chorou?”


“Não chorei por mim mesma, mas pelo mundo; pois eu vi que eles estavam
no limiar do inferno.”5

De acordo com Wesley, as experiências das crianças que encontraram


Deus durante a sua pregação tiveram reflexos nos adultos das regiões e
acenderam avivamentos.
8 de junho de 1784 — Stockton-on-Tees
Não é esta uma coisa nova na Terra? Deus começa a Sua obra nas crianças.
O mesmo aconteceu em Cornwall, Manchester, e Epworth. Assim a chama se
espalha para os mais maduros; até que após um longo tempo todos eles o
conhecem e o louvam, do menor ao maior.6

CHINA

Nos anos de 1920, 1940 crianças órfãs sob os cuidados de um casal


cristão missionário na China experimentaram um grande derramamento
do Espírito Santo. O livro de H.A. Baker, Visions Beyond the Veil (Visões
Além do Véu) relata a história desses órfãos chineses na sua missão, a
missão Adullam Rescue Mission para meninos dos 6 aos 18 anos de
idade. Alguns dos meninos tiveram uma vida dura como meninos de rua,
fazendo qualquer coisa que pudessem para sobreviver. À medida que
essas crianças caíam ao chão sob o poder de Deus, elas entravam em uma
consciência das profundidades do seu pecado e clamavam para serem
salvas. Enquanto estavam no Espírito, elas encontravam Jesus e sentiam
o Seu amor tomando-as por completo. Elas viam tão claramente as
dimensões do céu que ele era tão real para elas quanto a nossa realidade.
Elas viam anjos e falavam com eles; elas brincavam nas praças do
paraíso; colhiam frutos das árvores do céu e tentavam trazê-los de volta
para a Terra para o Sr. Baker e sua esposa. Para a surpresa delas, quando
saíam de sua experiência visionária e procuravam os frutos em seus
bolsos, eles não estavam ali. Algumas coisas no céu aparentemente não
podem se materializar na Terra antes do tempo.

As crianças entravam em estados incomuns como transes. Em princípio,


elas ficavam completamente alheias ao que as cercava e eram cativadas
pelo que estavam vendo no espírito. Mais tarde, os meninos, às vezes,
tinham visões do céu, enquanto andavam e falavam na Terra,
descrevendo uns para os outros o que viam e ouviam. Ao longo deste
período de visitações do Espírito Santo, revelações impressionantes das
verdades de Cristo, da Sua salvação e do futuro na Terra e no céu eram
oferecidas a crianças que tinham pouco conhecimento da Bíblia.

As visões em geral eram dadas a várias pessoas ao mesmo tempo e


praticamente todas elas eram vistas por um grande número de pessoas.
Até alguns dos meninos muito novos, com 6 anos de idade, as recebiam.
Eles tinham essas visões enquanto estavam sob o poder do Espírito
Santo, mas não parecia um sonho, era muito real. Em muitos casos,
depois, as crianças vinham perguntar se a Bíblia tinha algo a dizer sobre
certos aspectos do que elas haviam visto nas visões.7

Elas tinham visões da crucificação de Cristo e da Sua ressurreição, das


ocasiões que Ele apareceu antes da ascensão e relatos detalhados do céu
e do inferno entre outras verdades bíblicas. Era simplesmente tão
comum para elas ver demônios e expulsá-los no poder do Espírito Santo
como era falar com os anjos. O resultado final foi uma evangelização dos
perdidos na sua cidade de grandes proporções, pois os meninos se
sentiam compelidos pelo amor a alcançarem as outras pessoas.

Por que Deus levaria crianças a terem visões do céu e do inferno?


Principalmente do inferno, onde elas podiam ver demônios? O fato é que
as crianças de outras culturas, principalmente os órfãos de rua, não
desconhecem o mal. Elas não apenas podiam compreender as visões e o
conceito de justiça, como necessitavam de algumas experiências
visionárias fortes para ajudá-las a sobreviver aos anos que viriam e a
cumprirem seus chamados durante um momento crucial da história do
cristianismo na China.

O neto de H. A. Baker, missionário Roland Baker, conheceu alguns desses


órfãos sobreviventes, hoje homens idosos, e acredita que o
derramamento da Presença de Deus e as revelações de Jesus prepararam
os meninos para se tornarem os primeiros líderes e mártires da igreja
subterrânea que se desenvolveu sob o regime maoísta. Eles mantiveram
o cristianismo vivo na China, mesmo tendo de enfrentar uma intensa
perseguição e, por vezes, até a morte.

INDONÉSIA

O livro de Mel Tari, Like a Mighty Wind (Como um Vento Tempestuoso)


retrata o avivamento que ocorreu na Indonésia durante os anos de 1960
com relatos notáveis de crianças com idade entre 6 a 10 anos que se
reuniam diariamente para reuniões de oração, às vezes chorando pelo
mundo inteiro. Elas costumavam impor as mãos sobre as pessoas e orar
por elas, e viram muitas curas acontecerem. Elas recebiam palavras de
conhecimento sobre os segredos das vidas dos adultos. O céu foi rasgado
naquele pequeno pedaço da Terra e muitos se viram andando e falando
com anjos enquanto estavam a caminho de outros vilarejos, a fim de
ministrar ali.

Por volta das 14 horas de um sábado, uma equipe de crianças começou a


andar em direção ao vilarejo próximo. Próximo podia significar qualquer
coisa entre 8 e 24 quilômetros através da selva. Isto acontecia
semanalmente. E nenhum adulto ia com elas. Certa vez, perguntei se elas
não tinham medo.
“Por que deveríamos ter medo, irmão Mel?” elas perguntaram. “Há
sempre um anjo que vai à nossa frente e um do nosso lado direito, mais
um do nosso lado esquerdo e um atrás. Apenas seguimos pelas trilhas, e
eles nos mantêm em segurança.”8

Enquanto os adultos observavam o derramamento do Espírito de Deus


sobre as crianças, algumas vezes eles mesmos eram levados a ter
encontros mais profundos no Reino de Deus — quando ousavam se
humilhar como crianças e nele entrar. Outros adultos zombavam e
perseguiam as crianças.

Depois de um dia especialmente difícil para as crianças, o Senhor disse a


elas enquanto estavam orando: “Vou fazer uma surpresa para vocês
hoje.”

“Qual é?”, elas perguntaram.

“Se vocês cantarem lindamente, vou tocar as suas vozes para vocês
ouvirem exatamente o som delas.”

Ora, é claro que as crianças não tinham um gravador... Então elas


começaram a cantar. E elas cantaram lindamente, como se cantassem
para o Senhor. Quando elas terminaram, o Senhor disse: “Agora, se vocês
ficarem quietas, vou tocar para vocês as suas vozes.” Então todas elas
ficaram em silêncio e, de repente, a música encheu o ar.

“Ei, aquela é a minha voz”, disse uma. Depois, outra exclamou, e mais
outra, enquanto elas identificavam suas vozes.9

AMÉRICA DO NORTE
Nos últimos anos, o Espírito Santo inflamou o coração das crianças e dos
adolescentes em pequenos grupos por todos os Estados Unidos e o
Canadá. A paixão deles, por sua vez, acendeu uma fé como a de uma
criança para mover montanhas e liberar a influência de Deus nas suas
esferas de influência.

Entre os anos de 1988 e 1989, um mover de Deus prolongado veio sobre


a turma da sexta série na Escola Cristã Dominion, em Grandview,
Missouri, e se espalhou para muitos dos outros alunos. Assim como a
visitação dos anos de 1920 sobre os órfãos chineses, as crianças
experimentaram a atividade dos anjos, o encontro de uns com os outros
nos céus, visões, experiências extracorpóreas e percepções novas do
amor de Jesus e das dimensões do céu.

A escola por acaso era afiliada de uma grande igreja chamada Kansas
City Fellowship, uma igreja que não apenas acreditava que tais coisas
podiam acontecer, como também era bastante receptiva às experiências
sobrenaturais. Durante aquele período, fui até Kansas City como parte da
equipe ministerial que estava acompanhando John Wimber, antigo
pastor da Anaheim Vineyard Christian Fellowship. Tivemos um tempo de
ministração especial na escola para as crianças e vimos quando o poder
de Deus envolveu muitas das crianças, estirando-as no chão e liberando
visões de Jesus e do céu para elas.

Mais tarde, naquela noite, algumas crianças foram à casa onde eu estava
hospedado, e perguntei a elas o que elas haviam visto e sentido. Uma
menina de 3 anos de idade disse:

— Eu vi anjos como nos filmes. E depois adormeci.

— Como eram eles? — perguntei.


— Assim — respondeu ela. Segurando seus pequeninos dedos diante
dela, ela os sacudiu e abriu bem os braços, erguendo-os para cima como
se asas de anjos tremeluzentes estivessem levantando voo diante de
mim.

Ajoelhei-me, descendo até o nível dos seus olhos, e perguntei:

— E como você se sentiu?

Ela inclinou a cabeça como se estivesse contrariada com perguntas que


não tinha vocabulário para responder, pensou por um instante, e depois
estendeu a mão até tocar a minha testa.

— Assim — disse ela, e a presença de Deus mais maravilhosamente doce


e delicadamente amorosa fluiu, percorrendo da minha cabeça até todo o
meu corpo, fazendo que eu me sentisse leve como uma pluma que podia
flutuar até o chão sem sentir nada com o impacto. Era o tipo de
sentimento que eu imaginava Jesus dando a crianças pequenas para
trazer a elas a revelação do quanto amoroso e gentil Ele realmente é para
com todos. E, por falar nisso, o toque daquela criança transmitiu-me o
mesmo sentimento que tive anos depois quando abracei Mahesh Chavda
e tropecei caindo em “Nárnia”, enquanto meu coração se abria para
experimentar o Reino de Deus como uma criança.

CRIANÇAS TOCANDO OUTROS

À medida que as crianças experimentavam um toque de Deus, visões que


curavam seus corações ou encontros com anjos e com o céu, elas também
receberam um aumento do tipo de fé como a de criança para alcançar
outros, expressando o amor e o poder de Jesus Cristo para curar os
perdidos e os que sofrem.

Os pastores de jovens de igrejas locais e os ministros itinerantes como


Jennifer Toledo, do Global Children’s Movement, dão testemunhos
impressionantes sobre ocasiões em que viram as crianças perdidas,
vítimas de abuso, quebrantadas e famintas de outros países serem
libertadas para realizarem transformações dentro das suas próprias
comunidades e países. Leia este relato de acordo com o site deles:10

A Escritura nos ensina que você precisa nascer de novo e que precisa se
tornar como uma criança pequena se quiser entrar no reino. As crianças são
humildes o bastante para receberem o reino e, portanto, são poderosas o
suficiente para transformar suas sociedades. Equipes das nossas crianças
estão sendo treinadas para pregar, adorar, interceder, ministrar aos
enfermos e oprimidos, e profetizar. Elas andam em tamanha pureza e
simplicidade que muitas vezes o que pode levar horas para um adulto fazer,
as crianças fazem em apenas alguns minutos.
Richard é um garotinho de 9 anos de idade da tribo Turkana, no norte do
Quênia, que encontrou o seu caminho e deixou as ruas para viver em um lar
de missionários. À medida que Richard e as outras crianças foram se
tornando mais confiantes em quem eles eram em Cristo, decidimos levá-los
até o hospital para deixar que eles colocassem em prática o que haviam
aprendido. Na primeira vez que levamos as crianças ao hospital, Richard era
uma entre doze crianças que foram escolhidas para ir. Como líder do grupo,
decidi que eu não iria liderá-las na ministração, mas deixaria que as
crianças ouvissem a voz de Deus e assumissem a liderança. Logo que
entramos no primeiro setor, as crianças ficaram um pouco impactadas com o
que viram. Havia cerca de 100 pessoas espremidas em uma pequena sala
com instalações precárias. A maioria dos pacientes estava gravemente
doente e morrendo. Todos na sala se voltaram e olharam para as crianças
quando elas entraram. As crianças olharam para mim nervosamente,
inseguras com relação ao que deviam fazer. Ajoelhei-me, disse a elas que
não tivessem medo e que perguntassem a Jesus o que deviam fazer.
Depois de alguns minutos, o pequeno Richard sacudiu meu braço e
sussurrou ao meu ouvido: “Acho que devo cantar uma canção.” Sorri para
ele, e coloquei-o na frente das outras crianças. Ele olhou em volta da sala, e
todos estavam em silêncio olhando para ele. Ele fechou os olhos, voltou o
coração para Jesus e começou a cantar o hino: “Tudo Entregarei.”
Enquanto adorava, ele levantou as mãos para o céu e lágrimas começaram a
descer pelo seu rosto. Era a adoração mais pura, mais linda que eu já havia
ouvido. Quando ele começou a adorar, a presença de Deus veio e encheu a
sala da maneira mais impressionante. Por toda a sala, as pessoas
começaram a chorar sob a convicção do Espírito Santo. Quando ele
terminou de cantar, a presença de Deus era tão forte na sala que não foi
necessário fazer outra ministração. Cada pessoa na sala estava clamando
por salvação e queria conhecer este Jesus que Richard estava cantando. Por
causa da sua obediência simples e da sua adoração pura, vidas estão sendo
transformadas. Richard passou a ser uma parte importante da transformação
da comunidade.

VENHA COMO UMA CRIANÇA

As crianças são seres curiosos. Se não fossem, eu me preocuparia com


elas, quando se sentam sozinhas em um canto e não entram na
companhia de outros e experimentam coisas novas diariamente. Se um
adulto perde a sua curiosidade espiritual, sai para o seu próprio canto,
retira-se e se isola de qualquer coisa nova, e deixa de experimentar a
novidade de cada dia, eu diria que ele estacionou espiritualmente e que
talvez até tenha morrido.

O coração de uma criança está aberto à revelação fresca, a uma nova


compreensão e a experiências ampliadas; ela está aberta para abraçar
tudo que a vida tem a oferecer a cada dia.
Quando você perde esse coração de humildade e empolgação de uma
criança e se torna um especialista nas coisas de Deus e da vida, você
estaciona no seu desenvolvimento e para de crescer. Quanto mais
maduro você for, tanto mais deve ser como uma criança para receber as
coisas do Reino de Deus. Quando você passa da dependência progressiva
nele para uma atitude que diz que daquele ponto em diante você pode
lidar com as coisas, sabe tudo que é preciso saber e pode fazer as coisas
sozinho, pois agora já “está crescido”, você perde a maravilhosa
inocência e dependência de estar com Ele.

Quem está pronto para a próxima revelação de Deus? A criança. A


criança que permanece faminta e empolgada por descobrir coisas novas;
a criança que sabe que tudo de bom vem do Pai.

Receber o Reino de Deus como uma criança implica em confiar — confiar


que o Pai não lhe dará uma imitação do Espírito Santo, uma pedra em vez
de um pedaço de pão ou uma visão falsa que se destina a trazer confusão,
uma experiência que faça você se sentir corrompido em vez de se sentir
empolgado por estar na presença dele, confiante de que o seu Pai
amoroso está realmente falando a partir do vasto universo em direção ao
seu pequenino ser. Veremos a seguir algumas diretrizes para ajudar você
a discernir o que é de Deus e o que não é, e o que fazer com aquilo que o
Pai lhe mostrar.

Até que ponto você está disposto a deixar que sua própria curiosidade o
leve? Posicione-se para receber mais de Deus, aprenda mais sobre a
presença e o poder do Seu reino. Venha como uma criança. E saiba disto
— o Pai tem prazer em lhe dar o Reino (ver Lucas 12:32). Explore-o
tanto quanto o seu coração desejar. E depois passe adiante.
NOTAS FINAIS

1. http://en.wikipedia.org/wiki/Joan_of_Arc#Childhood.

2. A vida da jovem artista foi bem documentada em artigos


jornalísticos e na televisão.

3. Com base em uma entrevista com Lucas Sherraden, pastor da


Abiding Life Christian Fellowship em Stafford, TX; Website:
www.alcf.cc.

4. David Walters, Children Aflame (Macon, GA: Good News


Fellowship Ministries, 1995), 24. Website:
www.goodnews.netministries.org.

5. Walters, Children Aflame, 15-16.

6. Walters, Children Aflame, 31.

7. H.A. Baker, Visions Beyond the Veil (Kent, England: Sovereign


World, 2000), 29.

8. Mel Tari, Like a Mighty Wind (Green Forest, AK: New Leaf Press,
1978), 52; Permissions: newleafpress.net.

9. Tari, Mel. Like a Mighty Wind, 54.

10. http://globalchildrensmovement.com/.
CAPÍTULO 2
EI, DOUTOR, ESTOU FICANDO LOUCA?

por JULIA LOREN

Em meados dos anos de 1980, Deus se mudou para o meu pequeno


apartamento de praia, colocou os pés na mesa do café, e se estabeleceu
ali por vários meses como um hóspede deliciosamente inesperado. Senti
a Sua presença habitando comigo, embora eu não o visse. Sua presença
manifesta proporcionava um encontro de tamanha intimidade que eu
não consegui falar a respeito disso durante anos. Era algo pessoal
demais. Precioso demais. Começou de repente, com uma cachoeira do
amor de Deus despedaçando o meu coração; isso aconteceu em um dia
em que eu menos merecia Sua aproximação, um dia em que eu não podia
me importar menos com Deus. Na verdade, eu havia passado a
considerá-lo um tanto monótono! Mas Ele decidiu mostrar que se
importava muito comigo. Então, Ele apareceu com poder, impactou-me
com o Seu amor e se mudou para a minha casa a fim de falar comigo,
curar-me, ensinar-me e liberar revelações precisas sobre outras pessoas
por meio de sonhos e visões que me dava.
Depois de algum tempo, comecei a pensar que aquela sensação de Deus
estar habitando comigo não era normal. As pessoas simplesmente não
andam por aí se sentindo ligeiramente eufóricas, a não ser que sejam
loucas. Ou andam? Não ouvem vozes nem veem seres espirituais a não
ser que sejam esquizofrênicas. As pessoas simplesmente não vivem com
a sensação de que Deus está bem presente dentro delas e ao seu redor,
com uma sensação avassaladora do Seu amor, da Sua paz e da Sua
segurança, a não ser que estejam iludidas. Afinal, a vida é difícil e
preocupante. Precisamos estar sintonizados com a realidade para lidar
com os desafios da vida, e não nos refugiarmos em fantasias espirituais.
Mesmo não sendo ainda uma conselheira profissional naquela época, até
eu sabia que as pessoas loucas tendem a ter uma fixação por sexo ou por
religião. A religião, especificamente estar com Jesus, parecia o foco
primordial da minha mente.
Mas eu era capaz de me concentrar no meu trabalho também, e até
ganhei mais dinheiro em poucos meses do que ganhara com meu negócio
em todo o ano anterior. Eu podia me levantar da presença de Deus, sair e
ter uma conversa normal com o caixa da mercearia. Os únicos
comentários que ouvia das pessoas que pareciam discernir que eu não
estava no meu estado mental normal não eram tão maus. Uma pessoa me
disse que eu parecia brilhar. Outra afirmou que eu parecia estar tão em
paz, e logo perguntou que tipo de guru eu seguia. Durante algum tempo,
pessoas totalmente estranhas me procuravam com ousadia na igreja e
me perguntavam se eu tinha uma palavra profética para elas, apesar do
fato de que a única vez que falei em voz alta na igreja foi durante uma
reunião de oração semanal. Aparentemente, as pessoas notavam algo
diferente em mim.
Depois de algum tempo, comecei a me perguntar o quanto aquele
período duraria e comecei a sentir-me um pouco estranha com a atenção
que passara a atrair. Eu estava louca, ou aquilo tudo era Deus?
Enquanto me perguntava se estava louca ou não, descobri os escritos de
certos místicos católicos que falavam sobre visitações de Jesus, visões e
sonhos. Eles salvaram a minha vida, pois à medida que os lia passei a
entender que outros encontraram Deus de maneiras semelhantes no
passado. Também durante aquele período, um pastor chamado Mike
Bickle, de uma igreja que na época se chamava Kansas City Fellowship,
trouxe alguns ensinamentos e discernimentos adicionais à minha igreja
local (que na ocasião era a Anaheim Vineyard Christian Fellowship, na
Califórnia) sobre pessoas comuns que estavam tendo sonhos, visões e
visitações do Espírito Santo, assim como de anjos, e percebi que eu, na
verdade, era normal.
Apesar do fato de as experiências espirituais terem sido comuns para
mim logo depois que recebi o Senhor e o batismo no Espírito Santo, eu
sempre me perguntava se as dimensões sobrenaturais de Deus deviam
ser lugares naturais para serem experimentados por todos os cristãos. O
Reino sobrenatural de Deus devia ser uma residência sobrenatural para
todos os crentes? Dei um enorme suspiro de alívio quando entendi, por
meio dos testemunhos de outros e pelos antecedentes bíblicos, que a
minha experiência tinha sido, na verdade, iniciada pelo próprio Deus,
que eu não estava só, e que a dimensão sobrenatural deveria ser sempre
tão natural para nós quanto esta residência temporária a que chamamos
Terra, a terra da razão.
Contudo, à medida que analisava as minhas experiências, a presença de
Deus foi gradualmente sendo retirada. Aquele período se aproximava do
fim. Nesse meio-tempo, eu havia sido tocada para sempre por Deus e
despertada para a dimensão das experiências sobrenaturais, enquanto o
Céu tocava o meu pequeno pedacinho de Terra; e entendi que eu podia
habitar com Ele pela fé na terra que está além da razão.
Aquele período revelador criou uma enorme crise em minha vida. Eu não
podia evitar continuar a ser curiosa sobre as minhas experiências.
Também não podia evitar me perguntar por que o poder de Deus parecia
tão fraco na Igreja. Minha igreja e meu pastor, John Wimber, eram
famosos pelos sinais, maravilhas e demonstrações do poder e da
presença de Deus. Eu vira muitos milagres e curas. Havia orado por
muitas pessoas com resultados impressionantes. Entretanto, eu tinha
visto pouca mudança duradoura nas pessoas, que possuíam cicatrizes
espirituais profundas e estavam espiritualmente aleijadas. Eu também
estava perplexa com as experiências sobrenaturais constantes e com
uma série de encontros reveladores que eu tivera em um período tão
curto. Então, decidi que um pouco de estudo formal em uma instituição
seria uma boa ideia. Assim, matriculei-me em um programa de Mestrado
em psicologia do aconselhamento em uma universidade cristã, apenas
para resolver algumas questões que atormentavam minha mente.
Depois de milhares de dólares e de vários anos de estudo intenso,
cheguei à conclusão de que não, não somos loucos se estamos tendo
experiências com Deus em sonhos, visões e encontros sobrenaturais
reveladores. Todos têm a mesma capacidade de receber a cura, os
milagres e as revelações de Deus. Se estivermos em contato com Deus ou
se Deus nos tocar de alguma maneira sobrenatural, ainda somos
normais. Na verdade, aquelas que estão mais em contato com Jesus
devem ser as pessoas mais saudáveis do planeta, tanto mental quanto
espiritualmente. Porém, ainda nos perguntamos sobre algumas dessas
pessoas...

ESQUIZOFRÊNICOS, LOUCOS E MÍSTICOS

Nos anos de 1990, igrejas em todo o mundo começaram a encontrar a


presença de Deus e a experimentar uma série de manifestações,
enquanto a presença de um grandioso Deus se encontrava com os seus
pequeninos corpos. As pessoas tremiam como bonecas de pano, caíam ao
chão em transe, tinham visões de Cristo que liberavam uma grande cura
emocional e espiritual para elas, dançavam, giravam e ficavam
prostradas sobre seus rostos. O resultado foi que muitos crentes
começaram a sair às ruas de suas comunidades com uma revelação e
unção crescentes para curar. Depois de algum tempo, a vida comum
começou a intervir nesse processo e as controvérsias se tornaram
abundantes, fazendo definhar a paixão de muitos daqueles que foram
tocados pela presença de Deus durante aquele período.
Tudo aquilo era Deus? Ou as manifestações físicas da presença de Deus
que faziam as pessoas agir de maneiras extravagantes eram meramente
reflexos da alma delas, do estado de seu coração e de sua mente, ou a
evidência de uma doença mental em erupção? Na verdade, eram todas
estas coisas: Deus ministrando profundamente às pessoas, o estado de
seus corações e mentes se manifestando de maneiras bizarras enquanto
a alma se chocava com o espírito e, em alguns, a manifestação da doença
mental sobrepondo-se a tudo isso — em primeiro lugar.
Nessa época, eu estava envolvida com a implantação de uma igreja no
interior da cidade de Seattle. A renovação acendeu o fogo em um grupo
de pessoas e eu vi seus corações arderem. Duas psicólogas amigas
minhas abraçaram e entraram de cabeça nessa fase. Era o primeiro
mover de Deus que elas experimentavam, e foi maravilhosamente
libertador para elas colocar a psicologia de lado e adentrar na presença
de Deus. Eu havia acabado de me formar na universidade e era mais
reservada, mais inclinada a observar e a ministrar a outros do que a
participar pessoalmente. Por ter tido experiências com outros moveres
de Deus, esperei para ver o quanto aquele era diferente e só de vez em
quando molhava um dedo no rio do Espírito Santo, que inundava o nosso
meio. Por fim elas lideraram um grupo de jovens adultos durante aquele
período.
Certo dia, uma de minhas colegas me procurou contando a história de
uma jovem que ficou tão envolvida com as visões de Deus que falava
incessantemente de Jesus a todos que encontrava. Ela passava a noite
inteira em oração, tendo visões e palavras de conhecimento. Deus lhe
dizia para ir a determinado lugar a determinada hora e testemunhar para
determinada pessoa. Quando ela seguia as instruções literalmente,
encontros surpreendentes aconteciam. As visões provavam ser precisas.
As palavras de conhecimento tinham um efeito impressionante sobre as
pessoas a quem elas se destinavam. Algumas pessoas encontraram o
Senhor por meio do testemunho dela. Parecia algo totalmente de Deus.
Ouvi por algum tempo e fiquei preocupada o suficiente para fazer
algumas perguntas. Quanto tempo ela havia ficado sem dormir? Ela ia
sozinha a lugares perigosos e saía por conta própria sem dizer a ninguém
onde estava indo? Ela conseguia ter uma conversa normal e prolongada
que envolvia ouvir outros falarem sem interrompê-los? E, finalmente, fiz
a pergunta-chave. Eu sabia que a doença mental geralmente revela sua
terrível face pela primeira vez quando os jovens se lançam por conta
própria e o estresse da vida os oprime, alterando sua química cerebral e
detonando alguma predisposição genética, então, perguntei se ela
alguma vez tivera um episódio de loucura ou se aquela era a primeira
vez.
O resultado dessa conversa foi que as psicólogas a aproximaram do
grupo e mantiveram seus olhos atentos sobre ela. Dentro de alguns dias,
a jovem realmente foi hospitalizada, e seus episódios de insanidade se
tornaram cada vez mais esquisitos e destrutivos; ela passou algum
tempo se recuperando.
A renovação é estressante para o corpo e para os frágeis elementos
químicos do cérebro que nos mantêm funcionando normal e
produtivamente. Se uma pessoa é vulnerável a uma doença mental por
causa do seu histórico familiar, o estresse geralmente fará que ela revele
sua terrível face. Enquanto aquela jovem recebia revelações precisas de
Deus durante aquela fase do seu episódio de loucura, a química do seu
cérebro foi levada além do limite pelo estresse da presença real de Deus
se movendo em sua vida e no seu ambiente. Na última vez que a vi, ela
frequentara o Seminário e parecia mais saudável, participava de uma
conversa mais normalmente, parecia muito estável, e estava servindo a
Deus.
Apesar do fato de que existem pessoas mentalmente doentes e
endemoninhadas em nossa sociedade, isso não significa que elas não
podem ter experiências com Deus de uma maneira maravilhosa. Na
verdade, elas podem até ser mais capazes de experimentar a presença
amorosa e o poder de Deus porque em geral elas são mais abertas
espiritualmente.
Durante o período de renovação dos anos de 1990, nossa cidade
realizava reuniões entre igrejas de louvor, adoração e ministração
profética. Eu costumava participar e tive o privilégio de ministrar
profeticamente durante muitas dessas reuniões. Quando as reuniões
aconteciam na Igreja Episcopal de St. Luke em Seattle, eu costumava me
deparar com um jovem que era claramente enfermo na mente. Ele havia
sido diagnosticado com esquizofrenia. Em vez de ver seus sintomas
piorarem durante as reuniões, ele descobriu que as vozes em sua cabeça
paravam de falar quando ele estava na igreja. Quando conversei com ele
fora do prédio da igreja, porém, suas agitações voltaram. As vozes
esperavam por ele do lado de fora. Não sei se ele recebeu a cura total,
apesar de ter recebido muitas orações.
Em qualquer momento que uma pessoa tenha um episódio de
insanidade, uma crise de esquizofrenia ou um distúrbio ilusório,
eventualmente se descobrirá que não é Deus quem está aumentando sua
capacidade de receber experiências espirituais. Em vez disso, é a química
de seu cérebro ou talvez algo demoníaco que a está levando além do
limite. Existe uma linha tênue entre o que é aflição demoníaca e o que é
químico e um tanto controlável pelas reações da pessoa afligida. Corpo,
alma e espírito são difíceis de serem separados um do outro e curar
apenas um aspecto pode não afetar os outros. Uma coisa está clara —
somos seres frágeis.
Ilusões e alucinações são tão imensamente diferentes das experiências
espirituais válidas que podem ser discernidas facilmente. Como a
esquizofrenia e os episódios de insanidade, as ilusões e alucinações
tendem a ser episódios prolongados, contínuos, que duram dias e até
semanas. As pessoas que têm visões, sonhos e estados de transe que as
levam à presença de Deus, e outras experiências espirituais válidas,
tendem a recebê-las como encontros individuais, de tempo limitado —
que duram segundos, minutos, ou horas, mas que não duram semanas de
uma única vez. Elas também se concentram em adorar e glorificar Jesus,
em vez de a si mesmas, e não focam no fato de terem ilusões grandiosas
sobre o quanto elas são tremendas e de enfatizarem a importância da
revelação que estão recebendo, de citarem o nome de pessoas famosas
que confirmarão a sua importância, ou de reagirem à rejeição que
sofreram em suas vidas declarando “profecias” sobre o juízo de Deus em
vez de focarem na graça e na misericórdia de Deus. A paranoia, a mania
de grandeza, e a negatividade não têm lugar em uma experiência
espiritual válida. Os estados visionários são ocasionais, e não constantes;
o último caso se encaixa na categoria das alucinações.
Como você pode saber a diferença entre uma pessoa que está tendo uma
experiência espiritual válida e uma pessoa mentalmente doente? Uma
pessoa que está no meio de uma experiência espiritual válida mais tarde
falará sobre ela claramente. Uma pessoa que está tendo um episódio
psicótico mal consegue descrever o que viu ou o que experimentou. Ela
tentará se retirar ou falará de uma maneira estranha, e agirá de uma
forma tão desorganizada que ficará imediatamente evidente que aquilo
não procede de Deus. Uma pessoa que teve uma experiência espiritual
válida depois poderá agir normalmente e, em geral, poderá ir tratar das
coisas normais do dia a dia. Ela não poderá evitar ficar envolvida com o
encontro que teve e pode até ser tomada por uma crise espiritual,
dependendo do que viu ou experimentou. Mas ela poderá agir
normalmente.
Muitos de nós, que tivemos revelações dramáticas de Jesus ou visões de
desastres iminentes, ficamos tão arrasados com os efeitos emocionais
resultantes disso que é difícil trabalhar por dias, talvez até por uma
semana ou duas, enquanto tiramos um tempo de folga para a oração de
intercessão. Mas este é o efeito posterior, e não uma experiência
prolongada. Uma experiência prolongada que assume o controle da vida
de uma pessoa em geral não procede de Deus. Em vez disso, ela pode ser
o primeiro aparecimento de uma doença mental, como a esquizofrenia,
um episódio maníaco, um período de ilusão, ou de alucinações.
Porém, sempre existem exceções. Aqueles que se entregam totalmente à
busca de Deus, como os monges, as freiras, os místicos e os profetas,
tendem a experimentar encontros mais prolongados com a presença e a
revelação de Deus que a dona de casa, o estudante, ou o trabalhador
comum. Em Ezequiel 3:15, o profeta sentou-se em um transe durante
sete dias. E outros têm feito o mesmo desde então.
O livro de John Crowder, The New Mystics (Os Novos Místicos), detalha as
vidas de místicos estranhos e maravilhosos e operadores de milagres
cujas excentricidades de personalidade faziam que eles fossem evitados
ou reverenciados pela sociedade religiosa. Entre os mais estranhos
encontram-se os pais do deserto, que preferiam a intimidade e a oração
ao relacionamento com a sociedade oriental de onde vieram. A sabedoria
profética e os milagres deles se tornaram conhecidos por todo o Oriente
Médio, fazendo que os líderes políticos e da igreja fizessem longas
caminhadas pelo deserto em busca de sua sabedoria.
Crowder relata a história de São Simeão Stylites, que viveu no topo de
uma coluna de pedra por 36 anos e só fazia uma refeição por semana.
Outro, Abbot Sisios, era propenso a êxtases e tinha medo de que, se não
abaixasse as mãos durante a oração, fosse levado ao céu, para nunca
mais voltar. Outro pai do deserto de repente foi trasladado de um lado de
um rio para o outro. Outro esticou os dedos enquanto falava com um
eremita seu companheiro. Imediatamente, seus dedos brilharam como
chamas de fogo. Crowder também fala sobre os místicos dos nossos dias
que são dados à oração e ao jejum e que veem milagres de curas e outros
sinais e maravilhas que acompanham seus ministérios.

PESQUISA CEREBRAL

Os céticos quanto às experiências sobrenaturais e quanto à realidade de


Deus estão buscando sempre alguma explicação biológica ou racional.
Existe um lugar no nosso cérebro onde fabricamos Deus ou as
experiências sobrenaturais? Não que saibamos; entretanto, a pesquisa
cerebral continua a revelar fatos interessantes sobre a nossa atividade
cerebral. Embora os pesquisadores estejam tentando provar que nossos
cérebros fabricam Deus, aqueles de nós que vêm de uma visão de mundo
distintamente cristã acreditam que Deus fabricou o nosso cérebro; que o
desejo por Deus foi codificado geneticamente desde o princípio da
criação; e o mesmo aconteceu com a nossa capacidade de ter
experiências espirituais. Um artigo do Washington Post resume a atual
pesquisa cerebral e suas conclusões:

Usando uma tecnologia poderosa de imagens cerebrais, os pesquisadores


estão explorando o que os místicos chamam de nirvana, e o que os cristãos
descrevem como o estado de graça. Os cientistas estão perguntando se a
espiritualidade pode ser explicada em termos de redes neurais,
neurotransmissores, e química cerebral.
O que cria o sentimento transcendental de ser um só com o universo?
Poderia ser a diminuição da atividade no lobo parietal do cérebro, que ajuda
a regular a sensação do ser e a orientação física, sugere a pesquisa. Como a
religião impulsiona sentimentos divinos de amor e compaixão?
Possivelmente por causa das mudanças no lobo frontal, causadas pelo
aumento da concentração durante a meditação. Por que muitas pessoas têm
um profundo sentimento de que a religião mudou suas vidas? Talvez seja
porque as práticas espirituais ativam o lobo temporal, que pesa as
experiências com uma importância especial. “O cérebro é formado de tal
maneira a ter experiências espirituais e experiências religiosas”, disse
Andrew Newberg, um cientista da Filadélfia que escreveu o livro Why God
Won’t Go Away (Por que Deus Não Vai Embora). “A não ser que exista uma
mudança fundamental no cérebro, a religião e a espiritualidade estarão aqui
por muito tempo. O cérebro é predisposto a ter essas experiências e é por
isso que tantas pessoas acreditam em Deus.”1

Deus criou os nossos cérebros, e Ele sabe exatamente onde tocar quando
quer revelar alguma coisa sobre si mesmo e a respeito do Seu Reino e
conectar as nossas emoções com as dele. Mas os nossos cérebros são
muito mais do que uma massa de matéria cinzenta predisposta a
experiências espirituais. Creio que assim como podemos ser
geneticamente predispostos a algumas doenças — tanto mentais quanto
físicas — não seremos necessariamente afligidos por elas. É também
necessário fatores ambientais para gerar experiências positivas e saúde.
O nosso livre-arbítrio também nos torna abertos a experimentarmos
mais do que jamais pudemos imaginar.
Todas as nossas experiências religiosas não podem ser explicadas pela
neurociência ou pela química cerebral. Só porque áreas do nosso cérebro
se iluminam com a atividade, isso não significa que a experiência ou
atividade específica foi pré-programada dentro de nós, codificada antes
do nascimento.
Outro artigo revela as atuais fraquezas de tais estudos de pesquisa — a
saber, que as experiências espirituais, inclusive a sensação de profunda
intimidade ou “união” com Deus, não podem ser delineadas até um local
específico do cérebro. Somente as emoções ligadas à experiência podem
ser lembradas e refletidas em scanners cerebrais. A pesquisa de pessoas
saudáveis que não experimentaram epilepsia do lobo temporal, ou lesões
cerebrais de qualquer espécie também elimina a hipótese de que aqueles
que têm sonhos e visões místicos e o senso da presença de Deus são
meramente pessoas cujos cérebros sofreram danos.
O Dr. Beauregard e seu aluno de doutorado, Vincent Paquette, estão
monitorando a atividade elétrica no cérebro de sete freiras Carmelitas
através de eletrodos presos aos seus couros cabeludos. O objetivo deles é
identificar o processo cerebral subjacente à Union Mystica — a noção
cristã de união mística com Deus. As freiras (os pesquisadores esperam
recrutar 15 ao todo) também terão seus cérebros escaneados utilizando
tomografia de emissão de pósitron e imagens de ressonância magnética
funcional, as ferramentas mais poderosas de imagens cerebrais
disponíveis.
O Dr. Beauregard não acredita, na verdade, que existe um “centro
neurológico de Deus”. Em vez disso, os seus dados preliminares implicam
uma rede de regiões cerebrais na Union Mystica, inclusive aquelas
associadas com o processamento das emoções e a representação espacial
do ser. Mas isso leva a outra crítica, que ele pode achar mais difícil de
refutar. É o fato de que ele não está realmente medindo uma experiência
mística — mas meramente uma experiência emocional intensa.2
Embora não possamos separar corpo, alma e espírito totalmente, o
espírito de um ser humano não parece estar localizado no cérebro. Dado
o ambiente correto e por meio da ampliação da nossa fé, nossos espíritos
florescem. Nossos cérebros destinam-se a conter a mente de Cristo —
tudo que Ele vê, sente e experimenta no Céu e na Terra. Mas nossos
cérebros não estão fabricando Deus.

A MENTE CRIATIVA DE CRISTO

Acredito que as experiências espirituais surgem da mente criativa de


Cristo, e não da nossa mente. Elas têm origem nos pensamentos de Deus
para nós e sobre nós. E os Seus pensamentos a nosso respeito são mais
numerosos que a areia do mar.
Gênesis capítulo 1 nos diz que no princípio — do nada — Deus criou o
mundo. A terra era uma massa caótica e, enquanto Ele “chocava” essa
massa, Ele separou a luz das trevas. Separar a luz das trevas foi a
primeira coisa que Ele fez! Nós, também, somos uma massa caótica, e à
medida que permitimos que Ele paire sobre nós, ao entrarmos na Sua
presença, as trevas se separam da luz.
Deus prosseguiu criando a terra e o céu, o mar e as criaturas terrenas,
“cantando e trazendo o mundo à existência”, como C. S. Lewis escreve
nas Crônicas de Nárnia. Então Ele dá a Adão, o primeiro homem, a tarefa
de nomear essas plantas e animais que Deus criou. Ele deu à humanidade
o privilégio de co-criar com Ele à medida que o mundo vinha à existência.
E ainda somos convidados a usar nossa imaginação e dar significado ao
que vemos e nas experiências que Ele nos dá.
Deus é muito imaginativo. Você já observou os peixes tropicais coloridos
e fascinantes com suas manchas e faixas em néon, bocas gigantes ou
bicos que cortam o coral? Você já observou uma pequena flor perto de
um lago alpino? Por que elas são tão pequenas que você mal pode vê-las?
Talvez a flor exista apenas para Deus. Deus a aprecia. Na verdade, Ele
está muito satisfeito com a Sua criação e os mínimos detalhes ainda lhe
dão prazer.
Deus não é apenas criativo, como Ele transcende o tempo, o espaço e a
esfera material, de acordo com Provérbios 30:4. Quem mais além de
Deus anda de um lado para outro no céu? Quem mais segura o vento em
Seus pulsos, e envolve os oceanos em Seu manto? E quanto a Jesus?
Quem mais além de Jesus transcende as leis da física e anda sobre as
águas?
Deus nos deu uma imaginação quando Ele nos criou a partir da Sua
imaginação. Só podemos criar de alguma coisa que já existe. Deus,
porém, criou forma e substância a partir apenas da Sua imaginação, ex
nihilo, do nada. Ele não é obra da nossa imaginação. Nós somos obra da
imaginação dele. Ele estende as mãos para nós de uma maneira que Ele
sabe que entenderemos, individual e pessoalmente. As imagens de
arquétipos de anjos com vestes brancas, com luz brilhante, cercando o
trono de Deus, e joias no céu não apenas parecem alinhar-se com as
Escrituras, como são confirmadas pelas experiências de outros.
Ele vem até nós através da nossa imaginação e revela mistérios do céu
em invólucros que não nos assustarão — pelo menos em princípio. À
medida que a nossa fé e a nossa imaginação abraçam os encontros com
Deus, experiências reveladoras resultantes aumentarão a nossa
capacidade de encarar a peculiar realidade do universo em que Deus vive
que abrange todo o céu e a terra. A realidade do céu, em toda a sua glória
sensorial e em toda a sua ordem característica de criaturas celestiais, é
tão inimaginável que se víssemos tudo de uma vez jamais nos
recuperaríamos.
E, no entanto, Deus valoriza o pequeno você e o pequeno eu o suficiente
para preparar um lugar para nós.
Deus ainda está criando. A primeira Terra está acabada. Agora Ele está
envolvido em fazer uma cidade, a Nova Jerusalém, que é mencionada em
Apocalipse 21, onde os portões da cidade são feitos de imensas pérolas. A
cidade contém pedras brilhantes como as suas muralhas e ruas de ouro.
Você já se perguntou onde ficam as minas do céu? Quem está
trabalhando nessas minas? Que tipo de oceano produz as ostras que
criam essas pérolas gigantes?
Creio que os ensinamentos da igreja moderna estão tão focados em fazer
alguma coisa que nos esquecemos do que significa meditar em Jesus —
não para ser como Ele nas Suas ações — mas para ver como Ele no ser.
Não para pedir algo a Ele, mas para vê-lo criar tudo e chamar tudo o que
Ele criou de belo — até mesmo você. A cor, o cheiro, o som e a visão da
sua pessoa são únicos, até as suas impressões digitais. Se Ele criou você,
Ele não pode recriá-lo, sacudir a poeira do mundo, e iluminá-lo? Ele o
convida a desfrutar da criação e a participar da arte de criar, a entrar nos
Seus pensamentos, a entrar na Sua mente, e ver o que Ele vê.
A Bíblia afirma em 1 Coríntios 2:16 afirma: “Pois quem conheceu a mente
do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo.” É
preciso fé para alcançar a mente de Cristo dentro de nós. É necessário
submeter a nossa mente à mente de Cristo. É preciso entrar em acordo
com Ele quanto ao fato de que estamos “assentados nos lugares
celestiais” e somos convidados a experimentar todo o Seu Reino no céu e
na terra.
Bill Johnson, um pastor e mestre conhecido internacionalmente, tem isto
a dizer sobre como podemos conhecer a mente de Cristo. É através da fé:

A fé nasce do Espírito no coração da humanidade. A fé não é intelectual nem


anti-intelectual. Ela é superior ao intelecto. A Bíblia não diz: Com a mente o
homem crê! Através da fé, o homem é capaz de entrar em acordo com a
mente de Deus... Quando submetemos a mente do homem às coisas de Deus,
acabamos tendo fé e uma mente renovada.3

A fim de participar do Seu Reino, precisamos conhecer a mente criativa


de Cristo. Mediante a fé, acreditamos que os encontros espirituais com o
Cristo ressuscitado e as esferas do céu não são apenas possíveis, como
muitos vieram antes de nós e podemos segui-los. A única maneira de
conhecer a mente de Cristo é permanecendo na Sua presença.

A SUA PRESENÇA — A ESFERA ALÉM DA RAZÃO


Os sinais tangíveis da mente de Deus irrompendo na nossa mente —
através de sonhos, visões, aparições angelicais, e vários sinais e
maravilhas — são maravilhosos de se experimentar. No entanto, o nosso
DNA espiritual criou um anseio pelo maior sinal e maravilha de todos —
a presença manifesta de Jesus Cristo, nos envolvendo com o Seu amor, a
Sua paz e a Sua alegria. É uma manifestação que vem como um beijo
asfixiante, fazendo que o amado desmaie e caia ou ria e dance de alegria.
É este sinal e maravilha que inflama a paixão por Cristo e pela vinda do
Seu Reino, mais do que qualquer experiência espiritual.
Quando a igreja experimenta a presença manifesta de Cristo, o poder é
inegável. As sombras da dúvida e da incredulidade são sopradas para
longe pelo beijo de Deus. Cura e libertação vêm como resultados naturais
durante as reuniões, como as descritas em meu livro, Shifting Shadows of
Supernatural Power (As sombras variantes de poder sobrenatural). A
presença libera uma atmosfera reveladora do céu que, em geral,
transmite aos indivíduos um senso de chamado e de destino pessoal,
visões das coisas que estão por vir, visitações angelicais e experiências
das esferas reveladoras do céu. Quando damos as boas-vindas à Sua
presença, damos as boas-vindas à Sua mente criativa liberando
experiências espirituais para que possamos encontrá-lo e conhecer os
Seus caminhos, as Suas verdades, e a Sua vida.
Ninguém que experimentou tal intimidade de encontro com a
consciência tangível, sensorial da presença de Deus pode negar que Ele
existe e que Ele é o Deus que é amor. Todos os outros deuses
empalidecem em comparação com Ele. Todas as outras sombras se vão.
Quando a Sua presença se manifestar mais completamente, ninguém se
perderá nas trevas nem ficará olhando para os sinais sobrenaturais. Em
vez disso, eles ficarão prostrados sobre seus rostos em adoração e
ardendo de amor, ao verem o maior sinal e maravilha envolvendo a
todos eles — Jesus. E ali, em adoração, eles entram na Sua
imprevisibilidade. Ou, como diz Bill Johnson, eles entram na esfera que
está além da razão:

Nos termos do Novo Testamento, ser um povo focado na Sua presença


significa que estamos dispostos a viver além da razão. Não impulsivamente
ou de maneira tola, porque essas são imitações fracas da verdadeira fé. A
esfera além da razão é o mundo de obediência a Deus. A obediência é a
expressão da fé, e a fé é o nosso bilhete para a dimensão de Deus.
Estranhamente, este foco na Sua presença faz que nos tornemos como o
vento, que também é a natureza do Espírito Santo (João 3:8). A Sua natureza
é poderosa e justa, mas os Seus caminhos não podem ser controlados. Ele é
imprevisível.4

Nós nos tornamos pessoas que conhecem e expressam a mente criativa


de Cristo quando passamos a nos dispor a colocar nosso foco na Sua
presença e a viver ali, na terra além da razão.

O QUE VOCÊ FAZ COM O QUE DEUS LHE MOSTRA?

Estou convencida de que todas as experiências espirituais autênticas são


dadas apenas por dois motivos — para aumentar a revelação de quem
Jesus Cristo realmente é para você, pessoalmente, e para transmitir fé
que libera uma demonstração da Sua presença e poder por intermédio
de você para outros. Ele quer liberar o que está na Sua mente e coração
para você, para que possa primeiro receber, e depois dar a outros.
Durante o período de visitação que experimentei há muitos anos, a maior
parte das revelações que recebi através de sonhos, visões e longas horas
de oração, enquanto eu estava envolvida com a presença manifesta de
Cristo na minha minúscula sala de visitas, tinha tudo a ver comigo. Ele
me mostrou bolsões de dor em meu coração e me explicou os problemas
mais profundos para que eu pudesse liberar o passado e abraçar o
futuro. Ele arrancou as ervas daninhas do pecado e me perguntou
gentilmente: Você não precisa mais disto, não é? E, quando reconheci
aquelas ervas daninhas como reações pecaminosas que haviam se
tornado pensamentos ou comportamentos habituais, pude deixá-las ir.
Aquele foi um tempo de purificação e cura que durou vários meses e eu
estava quase que inteiramente focada em mim, enquanto coloca meu
foco totalmente nele por meio da adoração e da permanência na
presença de Deus.
Também recebi muitos sonhos e visões que pertenciam a outros.
Enquanto eu orava sobre o que deveria fazer com cada revelação, às
vezes, Deus me impulsionava a interceder. Outras vezes, sentia-me
impelida a ligar para alguém e contar-lhe a respeito do sonho ou visão.
Uma vez sonhei que a filha pequena de uma amiga saía precipitadamente
entre carros estacionados no grande estacionamento da igreja e era
atingida por um carro em alta velocidade. Como minha amiga acreditava
que Deus realmente fala conosco se estivermos ouvindo, senti a
liberdade de ligar para ela e contar-lhe sobre o sonho. Ela passou a ficar
atenta à sua filha de uma maneira especial naquela semana. Sem dúvida,
enquanto estava no estacionamento da igreja mais tarde naquela
semana, sua filha viu uma colega e soltou a mão de sua mãe para correr e
cumprimentar sua amiga. A mãe rapidamente esticou a mão e agarrou a
menina bem na hora em que um carro passou velozmente. Um segundo
de hesitação por parte da mãe e a criança teria sido atingida!
Uma vez por semana, eu frequentava uma reunião de oração
intercessória coletiva na igreja. Por haver passado tanto tempo em
oração antes das reuniões, orando a respeito dos sonhos e visões que eu
recebia, uma unção especial veio sobre as minhas orações. Elas se
tornaram orações proféticas que eram revestidas de poder por um
“espírito de oração”.5 E aqueles que me ouviam orar em voz alta durante
as reuniões falavam comigo mais tarde sobre o quanto as minhas orações
os impactavam. A presença de Deus simplesmente transbordou de mim e
regou os corações secos e os espíritos abatidos ao meu redor, corrigindo
alguns e encorajando outros. Durante esse período revelador, a graça do
espírito de oração que estava sobre mim tornou-se um presente para
outros.

DESEMBRULHE O DOM PARA OUTROS

A revelação de quem Ele é e a demonstração dos Seus planos e


propósitos para a experiência espiritual frequentemente ficam de lado
quando as pessoas focam no brilho do pacote em que elas vêm
embrulhadas. Algumas pessoas têm uma necessidade tão grande de
significância e de pertencerem a algo ou a alguém que correm por toda
parte falando sobre a imagem brilhante do pacote que acabaram de
receber. É como se o sonho, a visão ou o encontro espiritual as
entusiasmasse tanto que elas saem correndo dizendo a qualquer um que
queira ouvir: “Veja o que eu tenho! Ouça o que acabo de receber! Talvez
eu não o entenda, mas, não é legal?”
É imperativo que você entenda as experiências sobrenaturais que Deus
lhe dá. Você precisa valorizar a importância da revelação e entender o
que fazer com ela. Guarde a revelação no coração, reflita sobre o
embrulho do presente, e depois vá mais fundo e dê uma olhada no
interior.
Examinadas à luz do amor de Deus e dos exemplos bíblicos, muitas
experiências reveladoras são dadas para transmitir fé e o entendimento
de que Ele quer que você libere uma demonstração do Seu poder. Em
outras palavras, uma visão ou um sonho, uma visitação ou um
teletransporte, é apenas o embrulho que envolve os dons do Espírito
Santo que estão relacionados em 1 Coríntios 12 — a palavra de
sabedoria, a palavra de conhecimento, a fé, os dons de cura, a operação
de milagres, a profecia, o discernimento de espíritos, as línguas, a
interpretação de línguas. Estes são dons que Ele quer lhe dar, primeiro
para si mesmo, e depois, para dar a uma pessoa específica ou a grupos de
pessoas para que eles, também, possam ter um vislumbre de Jesus e
serem salvas.
Creio que é bíblico dizer que Deus não dá experiências espirituais, mas
sim, que Ele nos concede dons espirituais por intermédio de experiências
reveladoras. Ele revela uma palavra de sabedoria por meio de um sonho
ou visão e lhe dá a estratégia para liberar essa palavra através de uma
ação ou demonstração do Seu poder que amplia o território do Reino de
Deus na vida de outra pessoa. Essa é a mente criativa de Cristo em
operação, convidando você a colaborar com Ele.
Portanto, entre na mente criativa de Cristo e comece a explorar o Seu
mundo de revelações, a terra além da razão. Deixe que os capítulos e as
histórias seguintes sobre variedades de experiências espirituais o
encorajem a buscar um encontro com Deus e a entender que você não
está louco. Na verdade, você também pode descobrir que se tornou um
profeta oculto na sua busca pela presença íntima do Rei dos reis e Senhor
dos senhores.
NOTAS

1. “Tracing the Synapses of Our Spirituality: Researchers Examine


Relationship Between Brain and Religion”, Shankar Vedantam,
Washington Post, 17 de junho de 2001.
2. “A Mystical Union”, 4 de março de 2004, The Economist edição
impressa online; http://www.economist.com/displayStory.cfm?
story_ID=2478148.
3. Bill Johnson, When Heaven Invades Earth (Shippensburg, PA:
Destiny Image Publishers, 2003), 46-47.
4. Bill Johnson, When Heaven Invades Earth, 82.
5. Romanos 8:26.

CAPÍTULO 3
AS EXPERIÊNCIAS MAIS COMUNS E O SEU PROPÓSITO

por JAMES GOLL

O incomum está se tornando mais comum. Se este for o caso, então quais
são as experiências espirituais mais comuns da História ou aquelas que
estão acontecendo hoje, por falar nisso? Bem, deixe-me abrir a porta
para este vasto aposento um passo de cada vez. Neste capítulo, vamos
dar uma olhada rápida em uma série de expressões tanto das visões
quanto dos sonhos em especial, e analisaremos coisas que chamo de
percepção espiritual, visão pictórica, visões panorâmicas, sonhos simples
e experiências contendo mensagens audíveis. Mas, para iniciar o assunto,
vamos falar dos propósitos desses dons proféticos. Isso deve despertar
seu interesse e fome por vivenciá-los!
E isso é apenas o começo! Espere até irmos mais fundo e entrarmos no
assunto completo nos nossos capítulos seguintes sobre coisas como
transes espirituais e outras manifestações. Para aqueles de vocês que me
conhecem, vou fundamentar este material na Palavra de Deus,
ocasionalmente trazendo citações da história da Igreja para sustentá-lo
e, depois, vou acrescentar experiências contemporâneas. Afinal, lembre-
se: o que Deus fez antes, Ele está fazendo outra vez! Você está pronto?
Aqui vamos nós!

VAMOS LÁ, PEGUE-ME SE PUDER!

Certa vez, tive um sonho intenso que pareceu durar a noite inteira. Nele
aparecia um homem que estava vestido com uma roupa branca e que em
princípio assemelhava-se a um anjo, mas que mais tarde entendi que era
o Senhor. Quando o vi, Ele estava em pé, de longe, e olhando para mim.
Então Ele se virou, correu certa distância, e parou, olhando para trás,
para mim, de uma maneira que me atraiu, como se dissesse: “Vamos lá,
pegue-me, se puder.” Corri atrás dele, mas quando estava quase por
alcançá-lo, Ele disparou outra vez. Depois de se distanciar um pouco de
mim, Ele parou novamente, olhou para mim, e fez sinal com o braço para
que eu tentasse pegá-lo. Mais uma vez, saí atrás dele e, novamente, Ele
correu bem na hora que eu ia alcançá-lo. Esta cena se repetiu por
diversas vezes, sem cessar. Todo o sonho provavelmente não durou mais
do que cinco minutos, mas quando acordei, sentia-me como se ele tivesse
durado horas.
O sonho não tinha palavras — só um ciclo contínuo de uma busca que
envolvia parar e correr. O que significa essa experiência reveladora? Por
que o Senhor continuava correndo, apenas para parar e me encorajar a
segui-lo? Este sonho foi uma lição sobre como o Senhor quer que o
estejamos buscando de uma maneira apaixonada e calorosa. Ele está
dizendo a todos nós: Venham após mim; venham alcançar-me, venham
estar onde eu estou. Então, quando Ele estimula o nosso apetite, Ele se
move para mais longe, como se para alimentar o nosso desejo de buscá-
lo. Ele parece estar dizendo: Vocês precisam entender, eu tenho mais para
vocês — muito mais. Estou indo na frente de vocês para preparar essas
coisas. Venham atrás de mim.
Para mim, esta experiência particular reveladora teve um propósito
duplo: primeiro, criar em mim um maior apetite e uma fome mais forte
pelo próprio Senhor; e segundo, para revelar a simples verdade de
Mateus 5:6: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois
eles serão fartos.” Esse sonho foi uma ferramenta de ensino para
demonstrar como o Senhor cria dentro do Seu povo uma ânsia profunda
e um anseio por mais dele. Uma vez estimulado, esse apetite nunca se
satisfaz: quanto mais recebemos, tanto mais queremos. Na verdade,
estimular um apetite voraz pela presença de Deus é o propósito
definitivo de todas as verdadeiras experiências proféticas reveladoras.

DEZ PROPÓSITOS DAS GRAÇAS PROFÉTICAS REVELADORAS

Tendo dito isso, quero analisar dez propósitos complementares para as


graças reveladoras de Deus — com alguns exemplos bíblicos — que
servem ao propósito final de nos atrair para mais perto dele.

1. Os sonhos e visões são usados para revelar as promessas de


Deus.
Em Gênesis 28:10-15, encontramos o relato da “escada de Jacó”. Fugindo
de casa com medo da ira de seu irmão Esaú, Jacó para em um local
específico no deserto para passar a noite. Usando uma pedra como
travesseiro, ele adormece e sonha com uma escada que liga o céu e a
terra, e onde os anjos de Deus sobem e descem sobre seus degraus. No
topo da escada, Jacó viu o Senhor, que lhe entregou uma maravilhosa
promessa:

Eu sou o SENHOR, Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque. A terra em


que agora estás deitado, eu ta darei, a ti e à tua descendência. A tua
descendência será como o pó da terra; estender-te-ás para o Ocidente e para
o Oriente, para o Norte e para o Sul. Em ti e na tua descendência serão
abençoadas todas as famílias da terra. Eis que eu estou contigo, e te
guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te
não desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido (Gênesis 28:13-
15).

A promessa de Deus a Jacó foi uma confirmação da promessa que Ele fez
tanto a Abraão quanto a Isaque, que eram avô e pai de Jacó,
respectivamente; os descendentes deles se tornariam uma grande nação,
e herdariam e ocupariam a terra de Canaã.
Esse sonho teve um impacto profundo e imediato sobre Jacó. Ao acordar,
Jacó estava cheio de assombro e temor, e disse: “Despertado Jacó do seu
sono, disse: Na verdade, o SENHOR está neste lugar, e eu não o sabia. E,
temendo, disse: Quão temível é este lugar! É a Casa de Deus, a porta dos
céus” (Gênesis 28:16-17). Pegando a pedra que havia usado como
travesseiro, Jacó ergueu um memorial ao seu encontro com Deus; então
ele a ungiu com óleo e adorou o Senhor. Jacó prometeu que se Deus o
protegesse e o suprisse, ele serviria ao Senhor. A transformação de Jacó
não se completou da noite para o dia, mas aquele sonho o colocou bem a
caminho de ser transformado de Jacó (cujo nome significa “enganador”)
em Israel (cujo nome significa “príncipe de Deus”).

2. Os encontros sobrenaturais em geral nos dão direção,


principalmente em momentos de importantes decisões.
Considere o dilema de José no capítulo 1 de Mateus. Noivo de Maria, José
fica sabendo que ela está grávida e, não querendo difamá-la
publicamente, planeja divorciar-se dela em silêncio. Isto é, até que um
anjo visita José em um sonho e lhe dá um conselho que o faz mudar de
ideia e de atitude: “Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe
apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não
temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do
Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus,
porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mateus 1:20-21). A
experiência reveladora de José lhe deu direção para ajudá-lo a tomar a
decisão correta.
Em Atos 16:9, o apóstolo Paulo recebe uma visão na qual um homem
apela para que ele vá à Macedônia. Essa experiência leva ao primeiro
movimento evangelístico na Europa. Antes da visão de Paulo, ele e seus
companheiros tentaram levar o evangelho à Ásia e à Bitínia, mas todas as
vezes o Espírito Santo os impedia de fazer isso. Somente a visão de Paulo
da Macedônia lhes deu direção aonde ir.

3. As experiências reveladoras nos advertem.


Em Mateus 2:12, um sonho adverte os sábios a não voltarem para o rei
Herodes, então eles retornam para casa por um caminho diferente. No
versículo seguinte, um anjo adverte José a tomar Maria e Jesus e fugir
para o Egito para escapar da ira assassina de Herodes. Algum tempo
depois da morte de Herodes, José tem outro sonho em que lhe é dito que
agora é seguro voltar para casa.
Em Atos 22:17-21, Paulo relata como — enquanto orava em Jerusalém —
ele caiu em transe e uma visão do Senhor o advertiu para fugir porque os
judeus não aceitariam o testemunho de Paulo sobre Jesus. No plano de
Deus para o Seu povo, há um tempo para ficar e um tempo para sair.
Neste caso, aquele era o momento de Paulo fugir. Como Paulo indica no
versículo 21, essa advertência do Senhor o impeliu pela primeira vez a
levar o evangelho aos gentios.
4. Os sonhos e visões nos dão instrução.
Jó 33:14-18 diz:

Pelo contrário, Deus fala de um modo, sim, de dois modos, mas o homem
não atenta para isso. Em sonho ou em visão de noite, quando cai sono
profundo sobre os homens, quando adormecem na cama, então, lhes
abre os ouvidos e lhes sela a sua instrução, para apartar o homem do seu
desígnio e livrá-lo da soberba; para guardar a sua alma da cova e a sua
vida de passar pela espada.

Deus fala uma vez, duas, e inúmeras vezes, e de uma série de maneiras
diferentes — inclusive sonhos e visões — de modo a abrir os ouvidos das
pessoas e selar a Sua instrução. O propósito gracioso e redentor do
Senhor é desviar os homens dos seus maus caminhos e impedir de eles
irem para o inferno levando-os ao conhecimento da justiça.
Durante anos, os cristãos de todo o mundo oraram para que Deus
visitasse o povo muçulmano. Como regra geral, os muçulmanos têm uma
forte crença no poder dos sonhos. Há não muito tempo, um líder
internacional dos Jovens com Uma Missão (Jocum) relatou que na Argélia
(uma nação principalmente muçulmana) cerca de dez mil muçulmanos
tiveram o mesmo sonho na mesma noite: Jesus apareceu nos sonhos de
todos eles. O resultado desse encontro sobrenatural foi que esses
muçulmanos vieram à fé em Cristo.
Às vezes, Deus dá sonhos e visões para desviar as pessoas das trevas e do
erro para a verdade e a luz. O Seu propósito é livrar as almas deles do
inferno porque, como Ezequiel 33:11 diz: “Tão certo como eu vivo, diz o
SENHOR Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o
perverso se converta do seu caminho e viva...”, e o Senhor “... deseja que
todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da
verdade” (1 Timóteo 2:4). Parte do grande propósito de Deus para os
últimos dias é liberar uma convicção no espírito humano através das
Suas graças reveladoras.

5. No espírito de revelação, Deus pode tratar com um homem de


diversas maneiras.
O profético tem uma maneira de cortar caminho por meio das nossas
tradições e da nossa “casca” externa dura para penetrar em nosso
espírito. Independentemente de qual seja a nossa tradição, teologia ou
histórico doutrinário, quando Deus quer chamar a nossa atenção, Ele
pode fazer isso por intermédio da expressão profética.
Deus tratou com o Rei Salomão de uma maneira particular por meio de
um sonho. Diz 1 Reis 3:5: “Em Gibeão, apareceu o SENHOR a Salomão, de
noite, em sonhos. Disse-lhe Deus: Pede-me o que queres que eu te dê.” Se
Deus lhe aparecesse com uma oferta tão ampla, o que você pediria? De
todas as possibilidades que Salomão poderia ter escolhido, ele pediu
sabedoria para governar bem o seu povo. Deus ficou tão satisfeito com o
pedido altruísta de Salomão que deu a ele não apenas sabedoria, mas
riquezas e poder que eram maiores do que os de qualquer outro que
tenha vindo antes ou depois dele.
Creio que é significativo o fato de Deus ter usado um sonho para se
comunicar com Salomão. Observe que o versículo diz que “apareceu o
SENHOR a Salomão”. Será que isto foi uma teofania, que é a aparição pré-
encarnada de Cristo, a segunda pessoa da Divindade? Ninguém sabe. No
mínimo, Salomão entendeu por meio do seu sonho que era Deus quem
estava falando com ele e não apenas um ser angelical.

6. A atividade profética prevê o futuro.


A Bíblia contém muitos exemplos do profético prevendo os
acontecimentos. Por exemplo, em Daniel capítulo 2, o rei da Babilônia
sonha com futuros reinos que se levantarão depois que o Império
Babilônico não existir mais. Nem o rei, nem qualquer de seus sábios,
puderam entender o sonho, mas Daniel dá uma interpretação, quando o
Espírito de Deus lhe concede o entendimento para isso. O reino da
Babilônia será seguido por impérios construídos pelos medos e persas,
pelos gregos e pelos romanos. Depois desses impérios de homens
caírem, virá um reino divino o qual durará para sempre.
O livro de Lucas fala de Zacarias, um sacerdote que teve uma visão de um
anjo enquanto ele ministra no templo. O anjo diz a Zacarias que ele e sua
mulher, Isabel, que é estéril, terão um filho que se chamará João. Nove
meses depois, Isabel realmente tem um filho, que vem a se chamar João
Batista, e que, de acordo com Jesus, é o maior profeta que já andou sobre
a terra.
Anos atrás, quando nosso filho mais velho, Justin, tinha apenas uma
semana de vida, o Senhor me despertou às 2 horas da manhã e disse, com
uma voz mansa e suave: Tenho uma surpresa que quero lhe mostrar.
Levantei-me, fui até a sala, e me sentei no sofá. Do outro lado da sala, na
minha frente, estava o nosso piano. Enquanto eu olhava para o
instrumento, meus olhos se abriram para a dimensão espiritual e tive
uma visão aberta de uma garotinha sentada no banco de um piano. Seus
longos cabelos negros iam até a cintura, e sua pele tinha um aspecto de
marfim. Mesmo naquele breve momento, eu pude sentir a sua
personalidade.
A voz do Espírito disse: Eu gostaria de lhe apresentar à sua filha. Seu
nome será Grace Ann Elizabeth, e ela será dócil e sensível, e você aprenderá
muito por intermédio dela. Até hoje, creio que essa visão destinou-se a
preparar minha esposa e eu para aquela que viria para as nossas vidas.
Quase três anos depois, Grace Ann nasceu. Com seus cabelos longos e
pretos, sua pele como marfim, e seu espírito sensível e dócil, ela é a
imagem perfeita da garotinha que vi na minha visão.
Hoje, ela é uma linda senhorita que frequenta a faculdade e que ama a
Deus e as nações. Lembro-me da visão aberta, mas aprecio ainda mais o
cumprimento dela. O sobrenatural tem a ver com isto — ver as visões se
cumprirem!

7. Os dons proféticos nos dão coragem.


Paulo estava ministrando em Corinto depois de ter sofrido dificuldades e
perseguições por amor ao evangelho em uma cidade após outra. O que
esperava por ele em Corinto? Paulo não era diferente de nós; nos seus
momentos de maior fraqueza, ele deve ter se perguntado algumas vezes
se todo o seu trabalho árduo e sacrifício realmente faziam alguma
diferença. Na hora de necessidade de Paulo, o Senhor lhe trouxe
encorajamento:

Teve Paulo durante a noite uma visão em que o Senhor lhe disse: Não temas;
pelo contrário, fala e não te cales; porquanto eu estou contigo, e ninguém
ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade. E ali permaneceu
um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus (Atos 18:9-11).
Mês após mês e um lugar após outro, Paulo trabalhava duro e de maneira
fiel, muitas vezes sozinho e enfrentando oposição feroz e implacável
hostilidade. Como deve ter sido reconfortante ouvir que, em Corinto, o
Senhor tinha “muita gente”. Com esses crentes que pensavam como ele,
Paulo podia trabalhar, adorar e ter comunhão, Em vez de ser expulso da
cidade por pregar o evangelho, como acontecia com tanta frequência,
Paulo pôde se estabelecer por um ano e meio ensinando a Palavra de
Deus livre da perseguição. Esse período de descanso e trégua renovou as
forças de Paulo e lhe deu coragem para continuar a obra do Senhor.
Anos depois, Paulo estava navegando para Roma como um prisioneiro do
império no qual seria julgado diante do imperador. Uma tempestade
violenta que durou duas semanas levantou-se no mar contra Paulo, seus
companheiros de viagem, a tripulação do navio, e um contingente de
soldados romanos que estavam guardando todos os prisioneiros.
Exatamente quando todos quase perdiam a esperança, Paulo falou a toda
a companhia:

Mas, já agora, vos aconselho bom ânimo, porque nenhuma vida se perderá
de entre vós, mas somente o navio. Porque, esta mesma noite, um anjo de
Deus, de quem eu sou e a quem sirvo, esteve comigo, dizendo: Paulo, não
temas! É preciso que compareças perante César, e eis que Deus, por sua
graça, te deu todos quantos navegam contigo. Portanto, senhores, tende bom
ânimo! Pois eu confio em Deus que sucederá do modo por que me foi dito.
Porém é necessário que vamos dar a uma ilha (Atos 27:22-26).

Esse relato diz que as palavras de Paulo encorajaram todos a bordo e


restauraram a esperança deles. No final, os acontecimentos se deram
precisamente da maneira que foi indicada a Paulo pelo anjo. O navio
encalhou e se reduziu a pedaços pelas ondas, mas todos a bordo
chegaram em segurança à praia. Como quis o destino, eles chegaram à
ilha de Malta, onde passarem três meses de inverno.

8. Os sonhos e visões são uma maneira importante de Deus


comunicar-se com os Seus profetas.
Em Números 12:6, Deus diz: “Ouvi, agora, as minhas palavras; se entre
vós há profeta, eu, o SENHOR, em visão a ele, me faço conhecer ou falo
com ele em sonhos.” Não há muito mais a ser dito, pois para os profetas e
para outras pessoas proféticas, os sonhos e visões vêm com o território.
Isto é verdade especialmente com relação aos profetas videntes.
Lembro-me de quando, anos atrás, Michal Ann e eu fomos apresentados
a Bob Jones, um vidente enigmático que morava naquela época na área
central dos Estados Unidos e hoje mora na Carolina do Sul. Bob parece
viver nesta dimensão das revelações. Muitas vezes, como um padrão por
muitos anos, antes de alguém ir à casa de Bob para um encontro de
ministério, o Senhor mostra a Bob que as pessoas virão antes, em uma
visão ou sonho ou de alguma maneira visionária. Tem sido assombroso
ver ao longo dos anos a importância dos muitos sonhos e visões de Bob.

9. As graças da revelação nos atraem para a adoração.


Você se lembra da história de Gideão? Deus levantou Gideão como juiz
para libertar os israelitas dos ataques contínuos dos midianitas. Gideão
estendeu a sua lã para confirmar que Deus havia falado, e eles foram e
reuniram um exército de 32 mil soldados, que o Senhor reduziu a 300
homens. Então, com as suas trombetas, tochas e cântaros de argila,
Gideão e seus homens cercaram o acampamento midianita. Na noite
antes da batalha, Gideão precisava de um pouco mais de encorajamento,
então o Senhor o direcionou a se esgueirar pelo acampamento inimigo.
Enquanto estava ali, ele ouviu por alto os midianitas conversarem:

Chegando, pois, Gideão, eis que certo homem estava contando um sonho ao
seu companheiro e disse: Tive um sonho. Eis que um pão de cevada rodava
contra o arraial dos midianitas e deu de encontro à tenda do comandante, de
maneira que esta caiu, e se virou de cima para baixo, e ficou assim
estendida. Respondeu-lhe o companheiro e disse: Não é isto outra coisa,
senão a espada de Gideão, filho de Joás, homem israelita. Nas mãos dele
entregou Deus os midianitas e todo este arraial. Tendo ouvido Gideão contar
este sonho e o seu significado, adorou; e tornou ao arraial de Israel e disse:
Levantai-vos, porque o SENHOR entregou o arraial dos midianitas nas
vossas mãos (Juízes 7:13-15).

Ouvir o plano de Deus sair dos lábios de um midianita pagão era toda a
confirmação de que Gideão precisava. Ele voltou ao seu acampamento
absolutamente convencido da vitória. Observe o que Gideão fez antes de
voltar ao acampamento, porém: ele se prostrou em adoração. Em
humildade e devoção, Gideão reconheceu Deus como a Fonte da
revelação e da vitória que era certa.
A experiência reveladora de Gideão serviu a diversos propósitos.
Primeiramente, ela revelou uma promessa — que Deus entregara os
midianitas nas mãos de Gideão. Em segundo lugar, ela previa o futuro —
vitória para Gideão e seus homens. Terceiro, ela dava a Gideão coragem
para dar prosseguimento à ordem de Deus.
Em quarto lugar, ela inspirou Gideão a adorar ao Senhor. Este deveria ser
o efeito de todas as graças da revelação sobre nossas vidas — elas
deveriam nos atrair à adoração. Sempre que Deus fala, Ele faz isto de
uma maneira incrivelmente pessoal. Ele fala conosco com base em
símbolos do passado; Ele conhece os nossos pontos fortes, as nossas
fraquezas, e os nossos fracassos, e Ele conhece o nosso destino. Em meio
a tudo isto, Ele vem nos fortalecer com o Seu poder, nos iluminar com a
Sua revelação, e nos encorajar nos lembrando do nosso destino. A nossa
reação deveria ser de louvor, de humilde rendição, e de alegre adoração.

10. Os encontros proféticos lançam uma nova luz e concedem uma


nova perspectiva.
As graças proféticas reveladoras de Deus podem nos iluminar com
relação aos acontecimentos passados, ao nosso entendimento atual, e até
aos incidentes futuros. Você lembra quando Eliseu e seu servo foram
cercados pelos sírios? Quando Deus abriu os olhos do servo para ver as
carruagens de fogo e os seus ocupantes angelicais, toda a sua perspectiva
da situação mudou. A graça reveladora que Deus concedeu a ele — em
resultado da oração de Eliseu — lançou uma nova luz sobre as suas
circunstâncias.
Em um sonho de cura, o Senhor pode tirar algo negativo ou doloroso do
nosso passado e — lançando uma nova luz ou concedendo uma nova
perspectiva — nos dar uma reinterpretação redentora de modo que
aquilo já não seja mais uma fonte de dor. A nova luz expulsa as trevas.
Nunca há uma batalha quando uma nova luz aparece. A luz de Deus
sempre vence!

OS NÍVEIS BÁSICOS DAS VISÕES SOBRENATURAIS

Como as visões “acontecem”?


Para mim, elas começam como o que eu chamaria de imagens mentais.
Depois que fui cheio com o Espírito Santo em 1972, comecei a receber
“flashes” de luz — imagens mentais ou quadros que duravam um
segundo ou menos. Naquela época eu não sabia que eram “visões”
legítimas. Eu não sabia como chamá-las. Naqueles dias não havia
seminários ou conferências e tinha pouca coisa escrita ou ensinamentos
sobre o assunto das visões, e muito menos a respeito do tema deste livro
— A Dimensão do Céu! Por meio de um lento processo de crescimento,
aprendi gradualmente que esses “instantâneos” mentais eram
percepções visuais do Espírito Santo. Quanto mais eu crescia e
amadurecia na área visionária, mais prolongadas as imagens se
tornavam.
Um “instantâneo” mental é uma boa maneira de descrever como as
visões podem acontecer. Pense em como uma câmara de fotografias
instantânea funciona. O obturador se abre, permitindo que a luz entre
através da lente, imprimindo no filme a imagem que está diante da lente.
O filme é revelado “instantaneamente” para que a imagem possa ser vista
e analisada. Em uma visão, a “luz” do Senhor entra na “lente” dos nossos
olhos espirituais e imprime uma imagem no “filme” do nosso coração e
da nossa mente. Quando a imagem é “revelada”, ganhamos uma melhor
compreensão do que ela significa. A maioria das visões é interna por
natureza. Uma imagem é impregnada na nossa memória, e podemos tirá-
la para fora, olhar para ela, e estudá-la a qualquer momento que
desejarmos.
Outra maneira de entender como as visões acontecem é pensando em
cada crente em Cristo como uma casa ou um templo. Diz 1 Coríntios 6:19
que nossos corpos são templos do Espírito Santo. Como cristãos, temos
Jesus no poder do Espírito Santo habitando em nós; Ele vive dentro da
nossa “casa”. Casas geralmente têm janelas que deixam entrar a luz. Os
nossos olhos são as janelas da nossa alma. Às vezes, Jesus, que vive em
nossa casa, gosta de olhar para fora das Suas janelas e compartilhar
conosco o que Ele vê. É então que uma visão acontece — vemos o que
Jesus vê quando Ele olha para fora da janela da Sua casa.
Quer a vejamos interna ou externamente, como se em uma grande tela de
projeção, isso não é de grande importância. A nossa primeira prioridade
é ser sensível ao desejo do Espírito de nos deixar ver o que Ele vê.
Simplesmente olhe através dos olhos de Jesus — Ele quer compartilhar
com você o que Ele está vendo!
As visões sobrenaturais estão gravadas por toda a Bíblia. Dentro das
páginas das Escrituras podemos identificar pelo menos 12 tipos ou níveis
diferentes de experiências sobrenaturais visionárias. Nesta seção,
examinaremos cinco delas brevemente, indo progressivamente das mais
simples às mais profundas.

PERCEPÇÃO ESPIRITUAL

Eu falo das coisas que vi junto de meu Pai... (João 8:38).

No nível mais baixo da visão sobrenatural, a percepção espiritual pode


ou não envolver uma forma literal de “visão”. A percepção não está
limitada ao visual. A percepção espiritual está na esfera do saber, da
impressão. Nesse tipo de visão, uma pessoa pode “ver” alguma coisa em
seu espírito enquanto sua mente não vê imagem alguma. O Espírito
Santo, muitas vezes, nos revela coisas através de uma unção ou, para
usar uma palavra mais familiar, uma consagração. No entanto, talvez não
consigamos descrever essas coisas por meio de imagens. Em geral, um
pressentimento, um impulso ou um “sentimento íntimo” que temos se
deve a uma percepção no nosso ser interior, que acontece quando
recebemos os apelos do Espírito Santo.
Jesus andava por fé e sempre agradava a Seu Pai (ver João 8:29). Ele
discernia (via) os atos de Seu Pai e agia de acordo com eles: “Eu falo das
coisas que vi junto de meu Pai...” (João 8:38a). Ele também conhecia
(percebia o íntimo do coração de) todas as pessoas: “... mas o próprio
Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos. E não precisava
de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele
mesmo sabia o que era a natureza humana” (João 2:24-25).
Parece que na vida de Jesus, o Seu olho espiritual percebia coisas que a
Sua mente nem sempre visualizava. Essas percepções espirituais
poderiam ser a operação do dom da palavra de sabedoria, da palavra de
conhecimento, do discernimento de espíritos, do dom da fé, ou até do
dom de profecia. Muitas vezes, quanto mais elevado o nível de visão
espiritual, maior a dimensão de visão espiritual que ocorre. Eu, como
você, quero seguir o exemplo de Jesus e “fazer o que vejo o Pai fazer”.

VISÃO PICTÓRICA

... se entre vós há profeta, eu, o SENHOR, em visão a ele, me faço conhecer
ou falo com ele em sonhos (Números 12:6).

Em uma visão pictórica, uma mensagem é revelada e pode ser


identificada e descrita em termos de imagens. Essas são ajudas visuais do
Espírito Santo! Os símbolos podem ou não estar envolvidos. Muitas
vezes, os dons de revelação vêm até nós na forma de uma visão pictórica
que vemos com a nossa visão interior. Entretanto, uma visão pictórica
também pode vir em uma imagem sobreposta ao tema. Em outras
palavras, podemos ver duas coisas de uma vez: a cena principal no
natural, com o objeto da visão pictórica colocado sobre ou em torno a ela.
Por exemplo, costumo ver passagens bíblicas nas testas das pessoas.
Esta é uma ferramenta útil, uma vez que ela retrata algo em que elas
estão refletindo profundamente ou que serve como um remédio do
Senhor para ajudá-las na sua situação atual ou futura. Muitas vezes tenho
de procurar o versículo e lê-lo para elas. Este nível de visão começa a
entrar tanto na área interna quanto na externa.
Outro exemplo: quando ora pelos enfermos, uma pessoa pode “ver” uma
imagem de um órgão do corpo, de um osso, ou de outra parte do corpo
como um flash na sua mente. Isso indica por que ela deve orar ou leva a
um diálogo com a pessoa que está sendo ministrada. Uma visão pictórica
é o tipo que se manifesta quando um cristão está orando por uma pessoa
e o Espírito Santo começa a mostrar coisas em “instantâneos
fotográficos”. A pessoa pode dizer “O Senhor está me mostrando...” ou
“Estou vendo...” ou “Esta imagem significa algo para você?” Isso acontece
porque as visões pictóricas estão apresentando imagens distintas na sua
mente, e não apenas no espírito, como é o caso da percepção espiritual.
Anos atrás, quando eu estava pastoreando uma igreja no Centro-Oeste,
“vi” uma imagem de um estômago inflamado. Mencionei isso no púlpito,
mas ninguém foi à frente que estivesse sofrendo daquela enfermidade
específica. Mas eu não podia me esquivar da visão. Depois de um curto
espaço de tempo, uma mulher do grupo desceu as escadas que davam
para o berçário no porão para ajudar sua filha que estava lá cuidando das
crianças. Quando a jovem subiu as escadas e passou pela porta dos
fundos do santuário entrando na reunião, uma “certeza” ocorreu dentro
de mim. Eu sabia que ela era a pessoa. Realmente, a filha tinha uma
inflamação no estômago, um estado de pré-úlcera. Ela veio à frente e o
poder do Espírito Santo veio sobre ela e o Senhor curou-a
completamente naquela noite!
Tudo começou enquanto estávamos adorando e tive uma visão pictórica
momentânea em minha mente do órgão afetado. Muitas vezes é assim
que essas visões acontecem.

VISÃO PANORÂMICA

Falei aos profetas e multipliquei as visões; e, pelo ministério dos profetas,


propus símiles (Oséias 12:10).

Uma visão panorâmica é uma visão em que uma pessoa vê uma imagem
pictórica, não em forma de instantâneo, mas em movimento em sua
mente. Este “filme” pode durar alguns segundos e incluir palavras
ouvidas na esfera do espírito.
Um panorama é uma imagem que se desenvolve diante dos espectadores
de maneira a dar a impressão de uma visão contínua. Atos 9:10 a 16
registra duas visões panorâmicas. Primeiro, Ananias recebe uma visão de
que ele deve ir e impor as mãos sobre Saulo (que mais tarde se chamaria
Paulo) para que ele volte a enxergar. A segunda visão é a do próprio
Saulo, que, embora cego “... viu entrar um homem, chamado Ananias, e
impor-lhe as mãos, para que recuperasse a vista” (Atos 9:12). Em ambos
os casos, a palavra grega para “visão” é horama, uma das raízes da nossa
palavra “panorama”. É interessante notar que esse é o termo utilizado
muitas vezes para o cinema, pois o cinema é “panorâmico”. Tanto
Ananias quanto Saulo viram um “filme” do que iria acontecer.
Lembro-me de quando recebi meu chamado para as nações depois de
receber oração do evangelista de cura Mahesh Chavda. Enquanto eu
estava descansando no chão, pude ver uma lista de nações em um rolo
impresso diante dos meus olhos. Isso aconteceu três vezes (imagino que
eu precisava captar a imagem!). Durante certo número de anos, ministrei
em todas as nações que foram “fotografadas” pela minha mente. Levou
20 anos para visitar todas elas, mas Deus foi fiel à visão que Ele me deu
naquela gloriosa manhã.

SONHOS SIMPLES (VISÃO DURANTE O SONO)

No primeiro ano de Belsazar, rei da Babilônia, teve Daniel um sonho e


visões ante seus olhos, quando estava no seu leito; escreveu logo o sonho e
relatou a suma de todas as coisas (Daniel 7:1).

Vimos os sonhos e a linguagem dos sonhos anteriormente, mas vamos


revê-los brevemente para fins de comparação. Um sonho é uma
revelação visionária do Espírito Santo que uma pessoa recebe enquanto
dorme. Os sonhos sobrenaturais podem ocorrer em qualquer nível de
sono: o repouso leve, o sono regular, o sono profundo ou até em um
estado de transe. Qualquer um dos dons de revelação, ou qualquer
combinação deles, pode se manifestar em um sonho. Os símbolos podem
ou não estar presentes. Em uma situação específica, todo um cenário
pode ser revelado no sonho.
O livro de Jó nos diz:
Pelo contrário, Deus fala de um modo, sim, de dois modos, mas o homem
não atenta para isso. Em sonho ou em visão de noite, quando cai sono
profundo sobre os homens, quando adormecem na cama, então, lhes abre os
ouvidos e lhes sela a sua instrução... (Jó 33:14-16).

Deus quer falar conosco, mas muitas vezes durante o dia Ele mal
consegue nos dizer uma palavra rapidamente. Quando estamos
dormindo, porém, as nossas almas ficam mais descansadas e estão mais
inclinadas a receber dele. Então Ele pode abrir nossos ouvidos e nos dar
instrução em vários níveis.
Precisamos ser gratos a Deus pela Sua persistência! Afinal, Ele muitas
vezes procura falar conosco durante o dia, mas não o ouvimos. Em vez de
desistir, Deus espera até dormirmos, então Ele libera os seus “agentes
secretos de serviço” — os Seus dons de revelação — para virem sobre
nós no nosso sono. Deus entra silenciosamente à noite e diz Quero falar
com você. É assim que os sonhos sobrenaturais se realizam.
Existe uma maré alta e baixa na vida do sonhador, com certeza. Enquanto
lhe escrevo estas palavras, estou novamente em um daqueles
movimentos de crescimento intenso em que tenho mais de um sonho por
noite. Mas tive outros períodos também quando parecia que o rio havia
“secado”! Sabe o que eu quero dizer?
Mas os sonhos não acontecem por causa da pizza ou da azeitona ou de
alguma coisa que comemos. Eles acontecem por causa do amor de Deus.
Deus quer que vigiemos com Ele. Ele quer que vejamos e ouçamos mais
do que queremos ver e ouvir. Se Ele tiver dificuldade em entrar pela
porta da frente, Ele entrará pela porta dos fundos — através dos sonhos
(para saber mais sobre o tema dos sonhos, minha esposa, Michal Ann, e
eu escrevemos um livro inteiro intitulado A Linguagem dos Sonhos).
MENSAGENS AUDÍVEIS

E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo (Mateus 3:17).

Muitas vezes, as visões incluem uma voz falando uma mensagem com
uma imagem visual. Às vezes, uma mensagem é declarada separada de
qualquer imagem visual. As mensagens audíveis na esfera espiritual
podem envolver pessoas falando palavras ou objetos fazendo sons.
Podemos perceber essas mensagens dentro de nós com os nossos
ouvidos internos, ou fora de nós com os nossos ouvidos físicos.
As vozes ou sons que ouvimos interiormente podem realmente ser
mensagens do Senhor. Aquilo que ouvimos fora de nós — uma
mensagem do alto e além da mente e dos ouvidos naturais — chama-se
mensagem sobrenatural audível. As mensagens audíveis do Senhor vêm
de muitas maneiras: por intermédio do Espírito Santo, de Jesus, do Pai,
dos anjos do Senhor de várias dimensões, e de inúmeros sons que Ele
usa.
As vozes audíveis que não nos são familiares podem gerar dúvida e
confusão, ou até medo. Os espíritos sedutores ou enganadores
geralmente são aqueles que se comportam misteriosamente, como se
tivesse alguma coisa a esconder. A palavra oculto significa “escondido”. O
inimigo tenta se esconder, mas podemos mandar satanás e suas coortes
embora através do sangue de Jesus. Simplesmente teste os espíritos para
determinar se eles procedem de Deus.
Deus não é o autor da dúvida, da confusão ou do medo. Quando Deus
libera a Sua mensagem a nós, até mesmo através dos Seus anjos,
deveríamos sentir a pureza e a santidade, uma reverência pelo Senhor e
uma abertura, porque eles não têm nada a esconder. O Espírito de Deus
não tem medo de ser testado. Nunca devemos temer ofender a Deus
testando os espíritos. Ao contrário, Deus fica honrado quando fazemos
isso, porque Ele nos disse na Sua Palavra para o fazermos (ver 1 João 4:1-
3).
Na terrível manhã do dia 11 de setembro de 2001, a voz do Espírito
Santo veio a mim de uma maneira externa audível. Ele disse: Os
caçadores acabam de ser soltos! Eu estava familiarizado com esse termo
por causa da minha história de oração e por carregar o fardo do coração
de Deus pelo povo judeu. Então senti uma urgência de ligar a televisão.
Como foi visto por milhões de pessoas, vi a transmissão das torres do
World Trade Center sendo destruídas por terroristas. O Espírito Santo
estava dando uma porção da interpretação de Deus para os
acontecimentos do nosso tempo ao me advertir Os caçadores acabam de
ser soltos! Na verdade, estamos vivendo em dias em que os espíritos de
terror, do anticristo e do antissemitismo estão aumentando.
A Bíblia está cheia de exemplos em que as pessoas ouviram Deus com
voz audível:
Deus fala do céu quando Jesus é batizado — Mateus 3:17.
Deus fala a Pedro, Tiago, e João no Monte da Transfiguração —
Lucas 9:28-36.
Um anjo fala com Filipe — Atos 8:26.
O Senhor fala com Saulo na estrada para Damasco — Atos 9:3-7.
O Espírito Santo fala aos profetas, mestres, e a outros crentes em
Antioquia — Atos 13:1-3.
Não devemos ter medo da possibilidade de ouvir uma voz audível da
parte do Senhor. Tenha segurança nisso! Jesus disse que as Suas ovelhas
conheceriam a Sua voz (ver João 10:14). Ele é um grande mestre — o
maior mestre de toda a história. Ele é o Mestre, e Ele quer que ouçamos a
Sua voz ainda mais do que nós queremos ouvi-la!

EXISTE MAIS, SENHOR?

Existe mais, Senhor? Em um livro como este? O Senhor está brincando!


Ora, esta foi apenas a introdução, lembra-se? Agora, vamos para o “prato
principal” desse assunto tão rico e completo. Afinal, estamos sentados à
mesa do banquete das Suas delícias. Os dons do Espírito são para hoje, e
Deus está bem vivo no planeta Terra!
Então, se você ousa ir onde provavelmente nunca foi antes, continue
virando as páginas comigo na sua jornada para explorar a diferença
entre o verdadeiro e o falso nas experiências espirituais. Lembre-se de
manter a simplicidade no que diz respeito a este assunto, fazendo
sempre esta pergunta: “Esta experiência me leva para mais perto de
Jesus?” Se a resposta for sim, “vamos em frente”, enquanto avançamos
para entender as categorias e a diversidade dos nossos sonhos.
CAPÍTULO 4
OS ASPECTOS ENCANTADORES DOS SONHOS

por JAMES GOLL

Uau! Você está pronto para outra rodada poderosa de ensino, revelação e
transferência de poder do Espírito Santo? Acho que “ouvi” um “Sim,
senhor!” ou um “Amém” vindo de algum lugar! Você deve realmente ser
uma alma faminta! Bem, vamos em frente sem demora, vamos direto à
tarefa que nos está proposta. Sigamos mais fundo nas águas dos sonhos.
Este é um assunto extremamente vasto, mas vamos mergulhar e ver o
que o Mestre tem reservado para nós!

SONHOS: UMA LINGUAGEM VIVA DE AMOR

Os sonhos são tão diversos quanto os idiomas que falamos, as roupas que
vestimos e a comida que comemos. Os sonhos são uma expressão
comunicativa do coração criativo de Deus. Assim como o Mestre pinta
artisticamente cada flor no campo, os sonhos são feitos na medida,
individualmente, para você e para mim.
De que são feitos os sonhos? Eles são presentes espirituais que nos são
dados para que possamos desembrulhá-los? Os sonhos reveladores
naturalmente se encaixam no dom espiritual da profecia. No entanto,
eles são vastos demais para ficarem confinados estrita e precisamente a
apenas um dom. Os sonhos também podem ser uma transferência do
dom de discernimento de espíritos. Como as cores de um arco-íris em
sombras que se sobrepõem, é difícil dizer onde uma começa e a outra
termina; do mesmo modo, os sonhos são definitivamente criações únicas
e expressivas dos dons espirituais. Não existem linhas de demarcação
claras entre os dons espirituais. A palavra de sabedoria se mistura com a
palavra de conhecimento. O dom da fé se sobrepõe à operação de
milagres. Sim, os sonhos são dons espirituais com muitos aspectos
diversos encantadores.
A linguagem dos sonhos não é uma língua morta, mas uma linguagem
dinâmica e viva de amor. A principal diferença entre os sonhos e outras
transferências reveladoras é que recebemos os sonhos primeiro no
nosso subconsciente e só depois passamos a ter consciência deles na
nossa mente consciente. Por causa da natureza divina da revelação,
precisamos depender do Espírito Santo para entendê-los. Jesus disse: “...
quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a
verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver
ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir” (João 16:13).
Como o Criador, Deus é incrivelmente variado. Ele ama a variedade.
Basta dar uma olhada no mundo natural em toda a sua abundante
variedade e isso basta para mostrar a diversidade da natureza criativa de
Deus. Essa diversidade é tão verdadeira na dimensão espiritual quanto
na dimensão natural. Paulo escreveu:

Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há


diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas
realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos. A manifestação
do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso (1 Coríntios
12:4-7).

Existem diversidades de dons espirituais, mas todos vêm do mesmo


Espírito Santo. Cada um de nós, como crentes, recebe a manifestação do
Espírito, mas ela vem em diferentes pacotes de graça e sob uma
variedade de formas. Somos muito distintos uns dos outros. Pensamos de
maneira diferente uns dos outros e percebemos as coisas de modos
diversos. O Espírito de Deus efetua as Suas transferências de unção sob
medida para se alinhar com o nosso chamado individual. Assim como há
diversidade de dons espirituais, também há diversidade de sonhos. Em
outras palavras, Ele nos dá sonhos de acordo com a nossa esfera ou
dimensão de influência. Essa característica é parte da Sua natureza
impressionante.

OS SONHOS DE ACORDO COM A SUA ESFERA DE INFLUÊNCIA

Quando o Espírito Santo lhe der sonhos e outros tipos de encontros


sobrenaturais, Ele fará isso de acordo com o chamado de Deus sobre a
sua vida. Recebemos de acordo com a parte que nos cabe ou com a nossa
esfera de influência. A palavra grega é metron. Sejam sonhos sobre a sua
casa, os seus filhos, o seu local de trabalho, a sua igreja local, a sua cidade
ou a sua nação, você receberá sonhos que se relacionem com a esfera de
influência a partir da qual você age em sua vida.
Pelo fato de que cada um de nós tem diferentes esferas de influência e
chamados, as nossas revelações diferirão umas das outras também —
não revelações conflitantes ou contraditórias, apenas diferentes por
causa das nossas esferas distintas. Deus nunca se contradiz e nem a Sua
revelação.
Por exemplo, se o seu chamado for para o evangelismo, os seus sonhos
provavelmente tenderão a ser evangelísticos por natureza. Se a sua
esfera for pastoral, você receberá sonhos com ovelhas e relacionados ao
rebanho. Se o seu dom inclui o ministério profético, os seus sonhos serão
altamente reveladores por natureza. Se você é chamado para o mercado
de trabalho, então o meio criativo de Ele se comunicar com você terá
relação com esta área. Se estiver envolvido profissionalmente na área da
saúde, os seus sonhos geralmente falarão de cuidados, cura e liberação
de amor. Se trabalhar no governo, os seus sonhos tratarão das esferas de
autoridade. Toda revelação demonstrará um nível diferente de impacto e
de unção. Tudo depende da sua esfera.

MEDIDA DE GOVERNO

Assim como todos nós temos uma esfera de revelação, cada um de nós
também tem uma medida de governo ou influência. Parte do mandato que
nos foi dado por Deus na criação é o de exercermos o domínio sobre a
ordem criada. Temos uma mordomia para governar na Terra. O Espírito
Santo determina a nossa medida de governo de acordo com a vontade do
nosso Pai celestial, e ela é diferente para cada um de nós.
A nossa medida de governo delegado é determinada por três elementos:
a nossa medida de dom, a nossa medida de autoridade e a nossa medida
de fé. Estes três elementos combinados ajudam a explicar por que
algumas pessoas parecem ter uma esfera de influência muito maior que
outras. Algumas pessoas têm uma esfera de influência que tem uma
escala global. A maioria de nós, porém, opera em um nível menor, como
na nossa comunidade ou na nossa congregação local.
Isto não significa que os ministérios de pessoas com medidas de governo
menores são menos importantes que os maiores. Não caia na armadilha
da comparação. Só porque a esfera de outra pessoa pode ser maior que a
sua, isso não significa que Deus ama você ou o favorece menos que a
outra pessoa. Lembre-se, Deus nunca desperdiça nada, e Ele jamais age
sem um propósito.
O Senhor determina a nossa medida de governo de acordo com a Sua
soberana vontade e Ele nos dá dons e nos equipa de acordo com ela. A
nossa medida de governo estabelece os limites para o que Deus espera
de nós a qualquer momento específico. No sistema de avaliação e
recompensa de Deus, a fidelidade é mais importante que o volume. Ele
prometeu que se formos fiéis no pouco, Ele nos dará muito. A chave é ser
fiel com o que Ele nos tem dado. Grande, pequena ou média, a nossa
medida de governo e como a exercemos são muito importantes para
Deus. Elas são peças cruciais do Seu propósito de redenção geral para a
humanidade.
Dentro da nossa medida de governo, cada um de nós tem uma medida de
dons, que se refere ao nível ou grau específico de graça que recebemos do
Espírito Santo. Essa medida será sempre suficiente para a esfera de
influência que Deus nos deu. Também temos cada um uma medida de
autoridade que define a nossa posição funcional e a nossa esfera de
influência. Dentro dessa área de autoridade seremos altamente eficazes;
fora dessa posição a nossa eficácia e o nosso impacto diminuirão. Paulo
reconhecia o alcance de sua esfera e tomava o cuidado de permanecer
dentro dela: “Nós, porém, não nos gloriaremos sem medida, mas
respeitamos o limite da esfera de ação que Deus nos demarcou e que se
estende até vós” (2 Coríntios 10:13).
Finalmente, a medida de fé descreve o grau de confiança com o qual nos
movemos no nosso dom com autoridade: “Porque, pela graça que me foi
dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que
convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus
repartiu a cada um” (Romanos 12:3). Estes três elementos — dom,
autoridade e fé — compõem a nossa medida de governo, que determina
como as pessoas reagirão a nós como servos de Deus.
Você receberá revelação de acordo com a sua medida de governo. Pense
na sua medida de governo como uma mordomia pela qual você é
responsável diante de Deus. Ele lhe dará revelação no seu campo de
mordomia. Se a sua medida de governo, por exemplo, se estende sobre
um pequeno grupo, busque sonhos (e interpretações) que se relacionem
com esse pequeno grupo. Poucos começam com sonhos ou revelações
que têm alcance global. Deus pode muito bem lhe dar esse sonho, mas se
Ele o fizer, isso é tipicamente uma prévia de um tempo futuro. Antes que
essa revelação tenha aplicação em sua vida, Deus terá de ampliar a sua
medida de governo para se alinhar com ela.
A sua medida de governo determinará como as pessoas reagirão a você
como servo de Deus. Se você for fiel dentro da sua esfera de influência,
Deus assegurará que o seu dom abra espaço para você: “O presente que o
homem faz alarga-lhe o caminho e leva-o perante os grandes”
(Provérbios 18:16). Deus nunca desperdiça os Seus dons. Se você for fiel
com o que Ele lhe deu, cuidado — o céu é o limite!

CATEGORIAS DE SONHOS

Um princípio fundamental para se entender e andar na linguagem dos


sonhos é aprender a distinguir entre as duas principais categorias de
sonhos: sonhos intrínsecos ou internos, e sonhos extrínsecos ou externos.
Os sonhos intrínsecos são sonhos de descoberta de nós mesmos. Essa
categoria abrange a vasta maioria dos nossos sonhos. Acredite se quiser,
a maioria dos seus sonhos é sobre você, assim como a maioria dos meus
é sobre mim. Nunca se esqueça, porém, que a linguagem dos sonhos tem
a ver com Deus. Contudo, Ele nos dá sonhos pessoais de autodescoberta
a fim de nos ajudar na jornada da vida.
Uma pequena porcentagem da maioria dos sonhos dos crentes está na
categoria dos sonhos extrínsecos, ou externos, a não ser que a sua esfera
de influência indique o contrário. Esses são sonhos com eventos
externos. Eles podem envolvê-lo pessoalmente, mas também terão um
aspecto mais amplo. Os sonhos externos se relacionam com o seu metron
ou esfera de influência. Às vezes, esses sonhos serão usados para chamá-
lo para alguma posição ou tarefa, mas não completamente para liberar
ou comissionar você para entrar nelas ainda. Neste caso, pense nos
sonhos como sendo parte de seu aprendizado, o seu treinamento no seu
vocabulário espiritual. Eles são “agentes” de Deus para chamar a sua
atenção, para ajudá-lo a chegar mais longe na estrada. Eles lhe mostram
um vislumbre do que está à frente a fim de estimular o seu apetite e
inspirá-lo a continuar em frente. O propósito mais comum dos sonhos
externos é nos atrair para a intercessão.
Existem algumas pessoas dotadas profeticamente que recebem
principalmente sonhos externos em vez de sonhos internos. Isso
geralmente ocorre depois que Deus lhes deu muitos sonhos internos de
autodescoberta para purificá-los dos muitos problemas comuns com o
inimigo. Ao mesmo tempo, porém, Deus muitas vezes dá um dom que é
maior que o nosso caráter. Por quê? Para estimular o nosso caráter a se
elevar, para nos motivar a um maior crescimento e maturidade, e para
nos inspirar a buscar o nosso mais pleno potencial em Cristo. Deus nos
reveste de poder com um dom que nos fará buscar a Sua presença para
termos o caráter necessário para carregar esse dom.
OS SONHOS VINDOS DO ESPÍRITO SANTO, DO EU NATURAL, E DA
DIMENSÃO DEMONÍACA

Outro princípio fundamental para operar na linguagem dos sonhos é


discernir as fontes dos nossos sonhos. Na essência, os sonhos vêm de
três lugares principais. São eles os sonhos vindos do Espírito Santo, do
nosso eu natural, e os sonhos vindos da dimensão demoníaca.
Analisaremos cada um deles de uma vez.

OS SONHOS VINDOS DO ESPÍRITO SANTO

Os sonhos vindos do Espírito Santo são difíceis de classificar porque eles


vêm em uma variedade infinita e são feitos na medida para cada pessoa.
Apesar disso, quero discutir brevemente 12 categorias básicas de sonhos
que recebemos do Espírito Santo.

SONHOS RELATIVOS AO DESTINO

Os sonhos relativos ao destino revelam parte do chamado progressivo de


Deus com relação à sua vida, direção e vocação. Geralmente, eles se
relacionam com a sua esfera de influência. Às vezes, eles serão sonhos
extrínsecos relacionados ao plano redentor de Deus para uma cidade,
uma região ou uma nação. Outras vezes, os sonhos relativos ao destino
são mais pessoais, revelando o desdobramento da sua vida no plano de
Deus. Eles podem se relacionar apenas ao presente, onde você está
agora, ou eles podem tratar com o passado, o presente e o futuro da sua
vida. A linguagem dos sonhos se move em todas as três áreas.
Um sonho panorâmico que parece abranger o passado, o presente e o
futuro, pode se cumprir em um curto período. Entretanto, muitos anos
podem se passar antes que o sonho relativo ao seu destino se cumpra
completamente. É por isso que é importante prestar muita atenção a
qualquer palavra que você ouvir no sonho, porque elas serão úteis na
interpretação dos símbolos contidos nele. Os sonhos relativos ao destino
são inspiradores e carregam a nossa fé para voar a novos níveis!

SONHOS DE EDIFICAÇÃO
Estes são os sonhos “agradáveis”. Quando acorda depois deles, você se
sente absolutamente maravilhoso, como se estivesse no topo do mundo e
pronto para qualquer coisa. Os sonhos edificantes têm um tom
inspirador. Eles são cheios de revelações e geram esperança. Se você
andou desanimado, pode receber um sonho de edificação que, ainda que
você não se lembre de todos os detalhes, lhe dará um senso de esperança
e confiança, dissipando assim o seu desânimo.
O sonho de Jacó no capítulo 28 de Gênesis é um bom exemplo. Fugindo
da ira de seu irmão Esaú e sozinho no deserto, Jacó estava assustado e
desanimado. Ele sonhou com uma escada que ia da Terra ao céu com
anjos que subiam e desciam por ela e Deus estava em pé no topo. Deus
prometeu ir com Jacó e prosperá-lo. Esse sonho não apenas encorajou
Jacó, como também mudou o rumo da sua vida.
Da mesma maneira, os sonhos de edificação podem ajudar a mudar o
rumo da sua vida.

SONHOS DE EXORTAÇÃO
Às vezes, chamados de “sonhos de coragem”, os sonhos de exortação em
geral contêm um forte senso de urgência. Eles nos desafiam a tomar uma
atitude. Enquanto os sonhos de edificação produzem esperança, os
sonhos exortativos geram fé. Eles transmitem inspiração e motivação
para nos levantarmos e fazermos alguma coisa por amor a Jesus. Mais do
que apenas dar um simples conselho, os sonhos de exortação também
revelam um retrato preciso e detalhado do que está acontecendo por trás
dos bastidores, principalmente na esfera demoníaca. Essa revelação tem
o propósito de nos desafiar a tomar uma atitude sobre o que vimos.
Tome coragem e aja!

SONHOS DE CONSOLO
Os sonhos de consolo servem para curar as nossas emoções e as nossas
lembranças. Podemos usá-los para reinterpretar as circunstâncias do
nosso passado com uma lente celestial, nos ajudando a ver as coisas de
modo diferente. Em outras palavras, os sonhos de consolo nos dão uma
perspectiva celestial sobre uma situação terrena para que possamos
receber cura emocional.
Alguns meses depois da morte de minha mãe, tive um sonho em que eu
estava de volta à velha casa de campo onde cresci. Eu estava sentado no
meu lugar na mesa da cozinha, enquanto minha mãe e meu pai estavam
em extremidades opostas da mesa. O cantor e compositor cristão Michael
W. Smith estava com eles, e os três cantavam a canção de Michael “Agnus
Dei”: “Aleluia! Aleluia! Poderoso é o Senhor nosso Deus.” Esse sonho me
confortou grandemente e me garantiu que minha mãe, assim como meu
pai, estava segura na presença do Senhor. Reflita comigo; apenas cante
essa doce canção de adoração como se ela estivesse sendo cantada no
céu!
Assim, os sonhos de consolo também podem liberar segurança. Se os
sonhos de edificação geram esperança e os sonhos exortativos liberam
fé, os sonhos de consolo liberam o amor. Eles o ajudarão a amar melhor a
si mesmo, a amar melhor a Deus, e a amar melhor os outros também.

SONHOS DE CORREÇÃO
Os sonhos de correção revelam as mudanças pessoais — problemas de
caráter, problemas do coração, problemas de arrependimento — com os
quais precisamos tratar a fim de poder seguir em frente. Estes não são
sonhos para nos condenar. O Espírito Santo nunca nos condena. Em vez
disso, Ele vem com um amor terno e libera uma mensagem carinhosa
para nos atrair a fim de nos fazer voltar para Ele e aceitarmos a Sua
correção. O Espírito Santo nos convence e nos traz convicção — mas Ele
nunca nos condena.
Diferente de um sonho de consolo, um sonho de correção pode nos
inquietar em princípio. Eles nos provocam e nos despertam; eles até nos
deixam zangados, às vezes, porque o nosso eu natural nem sempre quer
responder às coisas de Deus. Mas Deus, em Sua infinita paciência e
bondade, nos persegue irredutivelmente. Ele quer nos aperfeiçoar, então
Ele, às vezes, usa sonhos de correção.

SONHOS DE DIREÇÃO
Os sonhos de direção em geral contêm um nível mais alto de revelação e
obviamente são muito proféticos por natureza. Muito frequentemente
eles transmitem um senso distinto de urgência. O propósito deles é dar
uma direção específica, que pode até incluir advertências de algum tipo.
Um exemplo é o sonho dos sábios no capítulo 2 de Mateus, a quem Deus
advertiu para que não voltassem para Herodes. Isso os impulsionou a
buscarem um caminho alternativo para casa.
Às vezes, os sonhos de direção nos enchem com um desejo por alguma
qualidade ou dimensão espiritual que ainda não possuímos e nos inspira
a começar a buscá-la. Finalmente, os sonhos de direção servem para nos
ajudar a chegarmos mais adiante na estrada em direção ao nosso destino
e propósito, nos mostrando sinalizações e nos ajudando a evitar ciladas
ao longo do caminho.

SONHOS DE INSTRUÇÃO
Estes são principalmente sonhos de ensinamentos. Os sonhos de direção
nos dão direção; os sonhos instrutivos nos ensinam. Existe uma linha
tênue de distinção entre os dois. As Escrituras, muitas vezes, são
enfatizadas nesses sonhos, e frequentemente ouvirá uma voz falando
com você. Às vezes, os sonhos instrutivos serão até doutrinários por
natureza, mas eles sempre conterão percepção com revelação.
Em um sonho que chamo de “Uma Casa Que Foi Construída para Durar”,
eu estava em um local de construção, observando enquanto um
caminhão de cimento derramava camada após camada de concreto no
fundamento de uma casa. Dois anjos, simbolizando o zelo de Deus,
estavam em pé em dois cantos dianteiros da fundação, supervisionando a
construção. Por causa dos tremores e terremotos que ocorreram ao
longo dos anos, havia uma grande necessidade de uma fundação forte e
sólida.
À medida que cada camada de concreto era colocada, palavras apareciam
na fundação, semelhantes à escritura na parede que está relatada na
Bíblia no livro de Daniel. No canto dianteiro direito da primeira camada
apareceram as palavras “Jesus Cristo é o Messias dos Judeus e dos
Gentios”. No canto esquerdo lia-se: “Apóstolos e profetas, os pais e mães
das eras da igreja.” A Igreja é edificada sobre o fundamento dos apóstolos
e dos profetas, com Cristo como a pedra angular.
Quando a segunda camada de concreto foi derramada, a palavra
“Integridade” apareceu no canto direito e a palavra “Humildade” no
canto esquerdo. A atividade dos caminhões liberando o concreto para o
fundamento continuou. Ao longo da frente da terceira camada estavam
as palavras “Adoração íntima com um coração puro”. E, finalmente, a
quarta camada de concreto tinha as palavras “O coração de Deus pelos
pobres e desesperados”. Lançando-se destas palavras, estava a frase: “A
graça curadora de Deus.”
Creio que este foi um sonho instrutivo com uma natureza apostólica. O
sonho liberou percepções de ensinamento a respeito da maneira
adequada de se construir uma casa forte, seja uma casa para a família,
seja uma empresa ou uma igreja. Todas essas qualidades são necessárias
para o fundamento adequado.
Os sonhos edificantes geram esperança. Os sonhos exortativos instilam
fé. Os sonhos de consolo alimentam o amor. Os sonhos instrutivos
transmitem ensino com sabedoria.

SONHOS DE PURIFICAÇÃO
Algumas pessoas chamam-nos de sonhos de “descarga”, e com muita
razão. Uma das imagens mais comuns associadas ao sonho de purificação
é a imagem de se estar no banheiro, no vaso sanitário ou tomando um
banho de chuveiro. Esses sonhos tratam com problemas de limpeza. Para
usar a terminologia bíblica, poderíamos chamar esses sonhos de sonhos
de santificação. Eles estão relacionados com o nosso processo de
purificação.
Os sonhos de purificação são usados para nos lavar da poeira e sujeira
que se apegam a nós ao andarmos no mundo. Cristo está preparando
uma Noiva em quem não haverá ruga ou mancha, nem mesmo nas nossas
roupas. Às vezes, o nosso coração e a nossa mente ficam manchados pelo
nosso contato com o pecado e com o mal no mundo. A corrupção vil tenta
colocar a sua imundície em nós. Os sonhos de santificação podem ajudar
nesse processo. Na essência, esses sonhos têm a ver com aplicar o sangue
purificador de Jesus às nossas vidas.

SONHOS QUE REVELAM O CORAÇÃO


Estes também são conhecidos como sonhos de autodescoberta ou sonhos
sobre a condição do eu. A Escritura diz: “Enganoso é o coração, mais do
que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?”
(Jeremias 17:9). E Jesus disse: “Raça de víboras, como podeis falar coisas
boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração”
(Mateus 12:34). Os sonhos de autodescoberta nos mostram a nossa
posição atual diante de Deus. Por exemplo, digamos que você sonhe que
está no seu carro e que ficou preso em um beco sem saída. O carro pode
representar a sua vida ou o seu ministério, e o beco sem saída revela que
você está andando em círculos ou quase chegou a um ponto morto. Deus
não quer que você fique em um beco sem saída; Ele quer que você volte
para a estrada da vida.
Quando Abimeleque tomou a mulher de Abraão, Sara, e levou-a para o
seu harém, pensando que ela era irmã de Abraão (que foi que Abraão lhe
disse), Deus apareceu a Abimeleque em um sonho e o advertiu para não
seguir em frente com aquilo porque Sara era mulher de Abraão. Deus
disse a Abimeleque para devolver Sara a Abraão ou ele morreria. O rei
fez como foi instruído no sonho (ver Gênesis 20:3).
Deus nos dá sonhos de autodescoberta para nos mostrar onde estamos,
para nos dizer o que precisamos fazer, e para revelar para onde Ele quer
que sigamos.

SONHOS DE GUERRA ESPIRITUAL


Os sonhos de guerra espiritual são chamados à oração. Eles são sonhos
do tipo intercessórios que revelam impedimentos que estão no caminho
e podem incluir chamados à adoração e ao jejum. O propósito deles é nos
inspirar a seguir em frente até à vitória na direção da cruz de Cristo,
destruindo fortalezas e superando todos os obstáculos ou barreiras que
se interponham no caminho.
Às vezes, os sonhos vêm em pares e têm o mesmo significado para nos
dar uma percepção adicional. Recentemente, quando fui diagnosticado
com o retorno de um câncer do tipo linfoma não-Hodgkin, o Senhor me
deu dois sonhos que me encorajaram a lutar até a vitória. No primeiro
sonho, o Espírito Santo me disse: Você precisa convocar uma audiência do
tribunal e colocar diante do juiz três espíritos familiares que atuam em
gerações: a enfermidade familiar, a feitiçaria familiar e o roubo familiar.
No segundo sonho, foi-me dado um revólver com um tambor para cinco
balas. Depois me foram dadas cinco balas de “graça eficaz” para municiar
o revólver. Cada bala tinha uma referência bíblica:

Jeremias 30:17: “Porque te restaurarei a saúde e curarei as tuas


chagas, diz o SENHOR...”
Provérbios 6:30-31: “Não é certo que se despreza o ladrão,
quando furta para saciar-se, tendo fome? Pois este, quando
encontrado, pagará sete vezes tanto; entregará todos os bens de
sua casa.”
Levítico 17:11: “Porque a vida da carne está no sangue...”
Isaías 54:17: “Toda arma forjada contra ti não prosperará...”
Mateus 8:16-17: “Chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos
endemoninhados; e ele meramente com a palavra expeliu os
espíritos e curou todos os que estavam doentes; para que se
cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías: Ele
mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas
doenças.”

Creio que o Senhor me deu essas passagens bíblicas através de um sonho


de guerra espiritual a fim de me armar para ser eficaz na batalha. Enviei
este sonho para o nosso grupo de escudo de oração e pedi a eles que
proclamassem estas cinco passagens sobre minha vida.

SONHOS DE CRIATIVIDADE
Os sonhos criativos envolvem coisas como projetos, invenções e novas
maneiras de fazer as coisas. Eles podem colocar um peso sobre o nosso
eu espiritual e nos ajudar a nos tornarmos agentes de transformação,
mudando a cultura de nossas casas, cidades e as vidas dos outros e até as
fortalezas da nossa mente. Deus costuma usar sonhos criativos com
pessoas ligadas à arte para lhes dar canções para cantar, imagens para
pintar, ou palavras para escrever. Tive sonhos que revelaram o título de
um novo livro com uma capa altamente artística. Chamo esses episódios
de “Roteiros do Espírito Santo”, e posso usar todos os que Ele queira me
dar!
Há alguns anos eu estava me preparando para ir a Ohio por uma semana
para ministrar. Isso foi no ápice do movimento profético, e a quantidade
incomum de atividade profética que estava ocorrendo aumentara
enormemente as expectativas. Francamente, eu estava atuando em um
nível de revelação que era novo para mim naquela época, e tinha medo
que as pessoas esperassem que eu atuasse o tempo todo naquele nível.
Pressão. Desempenho. Medo. À medida que o dia da minha partida se
aproximava, debatia-me com a ansiedade. Clamei ao Senhor por ajuda, e
Ele me ouviu!
Na noite anterior à minha partida, recebi dois sonhos ou, melhor
dizendo, o mesmo sonho por duas vezes. Uma orquestra estava tocando,
e um coral cantava. Uma bandeira se desenrolava diante dos meus olhos.
Na bandeira, estava escrita a letra de uma canção. Percebi que a
orquestra tocava a melodia e o coral estava cantando aquela letra. Foi
quando acordei. Isto aconteceu duas vezes.
Voei para Cleveland, Ohio, e durante toda aquela semana, em cada
santuário de igreja onde ministrei, procurei aquela bandeira. Eu
realmente queria encontrar aquela bandeira. Eu simplesmente sabia que
ela estaria em algum lugar! Continuei procurando no natural por toda
parte que ia! O motivo: Esqueci as palavras que estavam impressas nela!
Continuei procurando por aquele sinal de Deus, mas, um lugar após o
outro, ele fugia de mim.
Na última noite das reuniões, tive uma visão de um par de sapatos que
me seriam dados para usar simbolicamente. Em diversas ocasiões, tive
visões dos sapatos de um líder apostólico ou profético como uma pista
para mim de em que unção específica eu iria atuar. Naquela noite, vi os
sapatos de meu querido amigo Mahesh Chavda. Tendo viajado com
Mahesh e testemunhado suas reuniões, eu sabia que na minha última
reunião o Espírito Santo se moveria em poder, e as pessoas seriam
impactadas pelo Espírito Santo em todo o auditório.
Quando chegou o dia da última reunião, porém, eu estava tão esgotado
fisicamente que me senti como se não tivesse mais nada para dar às
pessoas. Quando chegou a hora de falar, fui apresentado, mas ainda
parecia que eu não tinha nada em mim. Desesperadamente, orei: Ajude-
me, Jesus!
Deus é tão fiel! Quando me levantei para falar, tive uma visão aberta —
você adivinhou — da bandeira desenrolada do meu sonho. Ali estava ela,
bem diante dos meus olhos espirituais. Eu podia ver claramente as
palavras escritas nela e imediatamente comecei a cantá-las a cappella:
“Até onde irá o Meu amor? Até onde se estenderá o Meu braço? Irá o Meu
sangue purificar quando o homem pecar, mesmo sabendo? Até onde o
sangue do Meu Filho alcançará?”
Como se constatou em seguida, esta foi uma canção de grande consolo
para aquela igreja, uma vez que eles haviam removido recentemente um
líder veterano que caíra em pecado de imoralidade e estavam atualmente
sem um líder permanente. Eles estavam lidando com muita decepção, e a
canção do Senhor os encorajou grandemente. Deus sabia exatamente o
que eles precisavam e Ele me transmitiu através de um sonho e de uma
visão criativos. Naquela noite a unção estava tão forte que ninguém
conseguia chegar a menos de dois metros de mim sem “cair” no Espírito.
As pessoas caíam pelo poder de Deus por todo o santuário.
Este foi um sonho de consolo, um sonho de purificação, ou um sonho de
criatividade? Bem, você se lembra da ilustração que compartilhei sobre
as cores do arco-íris? Onde uma cor termina a outra começa? Bem, a
resposta é: foi tudo isso ao mesmo tempo. Foi o sonho criativo que
trouxe purificação e consolo curativo! Os sonhos podem fazer mais de
uma coisa ao mesmo tempo!
Deus é um Criador por natureza, e Ele ama dar sonhos criativos a Seus
filhos.

SONHOS COM TRANSFERÊNCIA


Os sonhos com transferência de unção são usados para ativar qualquer
uma das várias dimensões dos dons do Espírito. Muitas vezes será o dom
de cura, tanto cura emocional quanto cura física. Em alguns casos, um
anjo do Senhor pode realmente aparecer no seu quarto e tocá-lo,
liberando um dos muitos encontros de poder do céu.
Minha esposa, Michal Ann, teve um sonho como esse duas semanas antes
de ser convidada para ir a Moçambique. Certo número de pessoas
haviam lhe dito que ela não estava bem o bastante para fazer essa
viagem. No seu sonho, Aimee Semple McPherson, apóstola, evangelista e
fundadora da Igreja do Evangelho Quadrangular, que atuava
poderosamente em sinais e maravilhas, aproximou-se de Michal Ann
com um cartão de plástico em sua mão. Ela o enfiou nela e o puxou de
volta. Ao acordar, Michal Ann sentiu a presença fascinante da energia de
Deus em todo o seu ser. Foi um sonho de transferência. Houve uma
transferência de fé não apenas para a vida dela, mas para toda a missão
apostólica com a qual ela iria embarcar ao liderar uma equipe para ir a
Moçambique. Sim, Deus sabe exatamente o que você precisa e quando
você precisa!
SONHOS DO EU NATURAL

Alguns de nossos sonhos não são sobrenaturais por natureza, mas vêm
do nosso eu natural. Esses sonhos “naturais” geralmente se encaixam em
uma destas três categorias: sonhos corporais, sonhos químicos ou
sonhos almáticos.

SONHOS CORPORAIS
Os sonhos corporais geralmente resultam e refletem algum aspecto do
estado físico da pessoa que está sonhando. Por exemplo, não é raro a
pessoa sonhar que está grávida. Em geral, eles significam — você captou
— que a mulher está grávida! Mas se sabe que até homens sonham que
estão grávidos. No caso deles, assim como no caso das mulheres que têm
este sonho, pode haver realmente um significado especial por trás do
sonho. Um sonho de gravidez pode indicar que a pessoa está “grávida”
das coisas e propósitos de Deus. Algo novo está para nascer!
Muitas vezes, entretanto, os sonhos corporais refletem realidades físicas.
Uma pessoa que está enferma pode sonhar que está enferma. Uma
pessoa que se sente como se estivesse gripada, é possível que ela tenha
uma gripe! Uma pessoa que está passando por depressão ou dor pode ter
sonhos que reflitam o seu estado de espírito. Os sonhos depressivos ou
sombrios também podem vir do inimigo, de modo que é preciso ter
discernimento cauteloso para distinguir um do outro.
Só porque os sonhos corporais não são necessariamente espirituais, isso
não significa que eles são demoníacos. É importante prestar atenção aos
sonhos corporais porque eles podem nos dar dicas de mudanças que
podemos precisar fazer em nossa vida natural.

SONHOS QUÍMICOS
Estes sonhos, às vezes conhecidos como sonhos hormonais, geralmente
vêm em resultado de medicamentos que estamos tomando. Muitas vezes,
os sonhos químicos revelam a necessidade de nosso corpo passar por
algum tipo de limpeza. Tive ocasiões em que um sonho químico me
revelou que um medicamento que eu estava tomando, como algo para
aliviar a cavidade nasal, estava se acumulando demais em meu corpo. Ele
causava um efeito negativo sobre mim, e eu precisava de uma limpeza.
Os sonhos químicos também podem surgir por causa de uma mudança
ou de um hormônio anormal ou de níveis químicos no corpo. A síndrome
pré-menstrual, o diabetes, a hipoglicemia — estas condições e outras
similares envolvendo desequilíbrios químicos podem estimular esses
tipos de sonhos naturais.

SONHOS ALMÁTICOS
A palavra “almático” não significa necessariamente carnal. Como cristãos,
nossas almas devem ser renovadas em Cristo — mas sinceramente,
estamos todos em diferentes estágios dessa renovação. Os sonhos
almáticos podem simplesmente ser as nossas emoções expressando
nossas necessidades e desejos. Eles podem nos falar sobre a necessidade
de santificação em alguma área de nossas vidas. Um valor significativo
dos sonhos almáticos é que eles podem nos mostrar coisas a respeito de
nós mesmos que de outro modo deixaríamos de ver quando estamos
acordados.
SONHOS DA DIMENSÃO DEMONÍACA

Uma terceira fonte de sonhos que precisamos reconhecer é a dos sonhos


da dimensão demoníaca. Qualquer coisa que Deus tem e usa, o inimigo
procura falsificar, inclusive os sonhos. Os sonhos demoníacos tendem a
se encaixar em qualquer um destes três diferentes tipos: sonhos
tenebrosos, sonhos de medo e/ou pânico, e sonhos de engano.

SONHOS TENEBROSOS
Os sonhos tenebrosos tendem a ser obscuros de duas formas. Primeiro,
eles são escuros na sua atmosfera e no seu tom; eles são sombrios,
deprimentes, melancólicos, sonhos onde tudo está um pouco fora dos
eixos, onde algo indefinível parece errado ou levemente fora do centro.
Em segundo lugar, os sonhos tenebrosos são tipicamente escuros com
cores opacas ou obscurecidas. Sombras escuras, cinzas, e de um verde
doentio são abundantes. Esta falta de cores claras, vívidas e vivas é uma
das maneiras de se determinar que um sonho pode vir de uma fonte
obscura ou até demoníaca.
Os sonhos tenebrosos geralmente invocam emoções obscuras e, muitas
vezes, empregam símbolos de trevas, emblemas que provocam um senso
de desconforto ou incômodo. Este é o tipo de sonho ao qual me referi no
segundo capítulo. Lembre-se, eu tive um bom número de sonhos
tenebrosos antes de começar a ser liberado para ter sonhos de
purificação e mais tarde para o poder dos sonhos extrínsecos. É claro que
também há sonhos químicos tenebrosos que vêm a nós em resultado do
envolvimento com feitiçaria e uso de drogas ilegais. Arrependa-se, volte-
se para o Senhor, e busque ajuda se for o caso.
SONHOS DE MEDO E/OU PÂNICO
A maioria dos pesadelos, principalmente os pesadelos de infância, se
encaixa nesta categoria. Os sonhos de medo e pânico muitas vezes
resultam de traumas, de modo que simplesmente repreender o medo ou
o pânico pode não ser suficiente. Talvez seja necessário pedir ao Espírito
Santo para revelar a raiz dos sonhos assustadores para que o
arrependimento, a purificação ou a cura possam ocorrer. Os antigos
sonhos de minha esposa com ursos e tornados tinham esta natureza.
Aprenda a exercer a sua autoridade em Cristo e evite esses sonhos
assombrados em nome de Jesus!

SONHOS DE ENGANO
Os sonhos enganosos, em geral, são obra de espíritos de engano, que a
Bíblia diz que estarão particularmente ativos nos últimos dias: “Ora, o
Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns
apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos
de demônios” (1 Timóteo 4:1). Esses espíritos de engano procuram nos
afastar do lugar de segurança e nos levar para um lugar de insegurança.
O propósito dos sonhos de engano é criar imagens e impressões em
nossas mentes que nos desviem do verdadeiro caminho da luz de Deus
para as trevas do erro e da heresia. Sob a influência dos sonhos de
engano, podemos cometer erros em todas as áreas da vida: doutrina,
finanças, sexualidade, relacionamentos, escolhas de carreira, criação de
filhos, etc. Seja qual for a forma que eles tomem e as imagens que
transmitam, essas revelações perturbadoras vêm do lado escuro. Tenha
um discernimento cuidadoso. Andar na luz de relacionamentos
transparentes com outros crentes do Corpo de Cristo é a munição que
vence o espírito de engano.

SIMPLIFICANDO OS CONCEITOS

Caso você esteja começando a se preocupar com a sobrecarga de


informações relacionada a todas essas categorias de sonhos, deixe-me
encerrar este assunto traduzindo tudo o que foi dito até aqui em termos
mais simples. De acordo com os escritores Chuck Pierce e Rebecca
Sytsema, todas as três categorias que discutimos podem ser condensadas
em três tipos básicos de sonhos: o sonho com uma mensagem simples, o
sonho simbólico simples, e o sonho simbólico complexo. Em seu livro
When God Speaks (Quando Deus Fala), Chuck Pierce e Rebecca Sytsema
explicam esse conceito do seguinte modo:
Encontramos três tipos de sonhos na Bíblia:

1. Um sonho com uma mensagem simples. Nos capítulos 1 e 2


do livro de Mateus, José entendeu os sonhos com relação a
Maria e Herodes. Não houve uma necessidade real de
interpretação. Esses sonhos foram diretos, e
autointerpretativos.
2. Um sonho simbólico simples. Os sonhos podem ser cheios de
símbolos. Muitas vezes, o simbolismo é claro o suficiente a
ponto de aquele que sonha e os outros conseguirem entendê-
lo sem qualquer interpretação complicada. Por exemplo,
quando José teve um sonho em Gênesis 37, ele o entendeu
plenamente, assim como seus irmãos, a tal ponto de quererem
matá-lo, ainda que ele contivesse os símbolos do sol, da lua e
das estrelas.
3. O sonho simbólico complexo. Este tipo de sonho precisa da
habilidade interpretativa de alguém que tenha uma habilidade
incomum no dom de interpretação ou de alguém que saiba
como buscar a Deus para ter revelação. Encontramos esse tipo
de sonho na vida de José, quando ele interpreta o sonho de
Faraó. Em Daniel 2 e 4, encontramos bons exemplos deste tipo
de sonho. Em Daniel 8, observamos um sonho em que Daniel
realmente buscou a interpretação divina.1

Se você estiver apenas começando a andar na dimensão da linguagem


dos sonhos e acha toda esta conversa sobre os vários matizes dos sonhos
um tanto angustiante, seja paciente. Será preciso tempo e experiência
para se tornar apto a identificar diferentes tipos e categorias de sonhos e
a interpretar as mensagens que você recebe. Descanse na certeza de que
Deus não o moverá mais depressa do que você pode suportar. Ele o
guiará mansa e amorosamente ao longo do caminho na sua própria
diversidade de sonhos.

SONHE UM PEQUENO SONHO COMIGO!

Sim, sonhe um pequeno sonho comigo. Na verdade, vamos sonhar alguns


sonhos grandes e vê-los se desenvolverem bem diante dos nossos olhos!
Os caminhos de Deus são surpreendentes. Ele o levará não apenas à
revelação, mas Ele lhe ensinará a entender o que você acaba de receber!
Na verdade, você pode se apoiar nesta afirmação!
Você ainda está pronto para mais? Nesse caso, você irá amar os capítulos
seguintes sobre anjos, transes, aparições (sim, você ouviu direito!) e
outras experiências espirituais extraordinárias. Sim, elas estão todas na
B-Í-B-L-I-A e são exatamente adequadas para você e para mim!
NOTAS

1. Chuck Pierce e Rebecca Sytsema, When God Speaks (Nova York;


Regal Books, 2005).
CAPÍTULO 5
MISSÕES ANGELICAIS

por JAMES GOLL

Como mencionei no capítulo anterior, os anjos definitivamente parecem


ter áreas específicas de cuidado. Em outras palavras, eles têm missões. As
missões deles se encaixam no contexto de suas três funções principais.
Eis uma rápida revisão:
1. Os anjos servem a Deus — adorando a Deus eternamente (ver
Salmos 148:2).
2. Os anjos servem às pessoas, principalmente aos crentes (ver
Hebreus 1:7,14).
3. Os anjos executam a Palavra de Deus (ver Salmos 103:20-21).
A missão deles de adorar a Deus é a mais elevada e grandiosa de todas,
mas está longe de ser meramente a missão angelical “padrão” (e,
portanto, a mais comum). Os anjos definem a adoração. Eles adoraram na
criação. Eles certamente adoraram no nascimento de Jesus, o Messias,
aparecendo no céu sobre o campo dos pastores. Eles ainda adoram agora
que a igreja vive sob a Nova Aliança; eles o adorarão até a Segunda Vinda
de Jesus e além, por toda a eternidade.
Ninguém precisa orar para que os anjos continuem adorando. Isto está
acontecendo sem a cooperação humana. O nosso privilégio é participar
disto em algum grau, especialmente depois que formos estar com o
Senhor para sempre. Os 24 anciãos depositam as suas coroas diante dele,
e os anjos de Deus se unem ao Seu povo para declarar, eternamente, que
Ele é digno.
Mas enquanto ainda estamos aqui neste mundo, oramos sobre muitas
outras questões, e Deus designa anjos para executarem a Sua vontade.
Não fazemos apenas as orações gerais do tipo “Venha o teu Reino, seja
feita a tua vontade assim na Terra como no céu”. Também oramos “O pão
nosso de cada dia dá-nos hoje” e “Não nos deixes cair em tentação”.
Fazemos orações muito específicas, como “Senhor, por favor, cure isto”,
“Pai, ajuda-me a perdoar fulano de tal”, e “Espírito Santo, dê proteção à
minha família na nossa viagem”.
Nossas orações, em geral, são feitas em resposta direta a apelos divinos.
Não as inventamos por nós mesmos. Assim, quando oramos, estamos
liberando um convite ou um pedido de volta para Deus. Na essência, as
nossas melhores orações se originam nele. E em resposta aos nossos
pedidos, Ele costuma nos designar um anjo ou dois para suprir a nossa
necessidade. Esta é a maneira como as coisas têm funcionado desde o
princípio dos tempos. Os anjos sempre estiveram esperando e prontos
para agir de acordo com a ordem de Deus em resposta às orações
humanas. Eles estavam com os profetas do passado e visitavam os
sacerdotes na Velha Aliança. Eles ajudaram Daniel na cova dos leões. Eles
liberaram juízos espetaculares em nome do Senhor. Eles fortaleceram
Jesus no Jardim do Getsêmani.
Outras vezes, Ele planta uma palavra em nosso espírito e damos voz a ela
de uma maneira declaratória. Podemos chamar isto de palavra rhema ou
o dom da fé. Podemos na verdade dizer algo como: “Eu os invoco, anjos,
para que venham e façam isto!”, mas não é como se nós tivéssemos
originado o conceito — o próprio Deus o fez. Os anjos não estão ao nosso
dispor; eles estão ao dispor dele, e nós também. Assim, um homem ou
mulher que tem um relacionamento com Deus, às vezes, pode entrar na
batida do coração do céu e dar voz à divina vontade de Deus para aquele
momento no tempo.
Completando o círculo, não quero deixar a impressão de que todas as
missões angelicais requerem o envolvimento humano, porque isto não é
verdade. Há muito tempo, Deus designou os Seus anjos para realizarem
certas funções acima e além de adorá-lo. Presumimos que muitos deles
tenham ficado com as suas primeiras missões, sem nenhum
envolvimento humano de qualquer espécie. Por exemplo, Ele designou
“... querubins ao oriente do jardim do Éden e o refulgir de uma espada
que se revolvia...” para guardar os portões do Éden (ver Gênesis 3:24).
Os anjos realmente parecem se “especializar” em alguns deveres
específicos. Entretanto, não existe uma linha divisória rígida entre os
diferentes tipos de atribuições. Por exemplo, quando um anjo leva uma
mensagem para alguém, a palavra pode dar orientação, proteção ou
libertação — ou todos os três. Como você verá neste capítulo, podemos
dizer muito sobre o que Deus designa os anjos para fazerem, mas as
nossas explicações vêm da perspectiva limitada dessa pequena
manchinha que é o nosso planeta Terra, que é o nosso “convés de
observação”. Em grande parte, podemos apenas ficar assombrados. O
exército de anjos de Deus é magnífico, e o Senhor Deus é o mais
magnífico de todos!

INTRODUZINDO A PRESENÇA DE DEUS

Você já foi a uma reunião de adoração onde você podia sentir que a
“temperatura” espiritual subiu um ponto na escala? Algo parecia
extraespecial. Você pode ter identificado o que chamo de “a presença
manifesta de Deus”.
No natural, isso acontece o tempo todo — não a presença manifesta de
Deus, mas sim certa “presença” natural entrando em um aposento com
uma pessoa. Até quando o seu colega de trabalho volta de férias, ele pode
trazer uma sensação de relaxamento com ele. Ou pode acontecer o
contrário: sua esposa pode voltar para casa do trabalho, trazendo com
ela toda a tensão do seu dia difícil. Creio que os anjos, que passam tanto
do seu tempo diante do trono de Deus, não podem evitar senão trazer a
Sua presença para um lugar! Às vezes, essa presença é um aroma
perceptível ou um sentimento eletrizante ou uma luz visível. Outras
vezes, é um sentimento ou uma pressão de peso que inspira assombro. A
santidade de Deus sobrecarrega a atmosfera, e isso afeta os Seus anjos,
que não podem evitar senão trazer um assombro extra da Sua santidade
por onde quer que eles estejam.
Lembro-me de que estava em Kansas City, em 1975, na Conferência
Nacional de Pastores de Homens, que foi feita no Auditório Municipal.
Muitos dos “generais da fé” estavam ali, a maioria dos quais hoje já foi
estar com o Senhor. Lembro-me de Ern Baxter entregando uma das
maiores mensagens que já ouvi, intitulada “Thy Kingdom Come” (Venha
o Teu Reino). Ele tinha um grau de autoridade incomum sobre ele, e
estava declarando o governo de Deus.
Algo de santo aconteceu na adoração, palavras proféticas foram
liberadas, e ocorreu uma mudança. Não eram somente os generais da fé
que estavam presentes — alguns “generais” do céu também
compareceram. Em resposta à Santa presença de Deus, cada homem
tirou os sapatos em uma reação unificada de humildade. Simplesmente
nos lançamos sobre nossos rostos. Era o mínimo que podíamos fazer.
Nenhum de nós tinha coroas em nossas cabeças que pudéssemos
depositar diante de Deus, mas tínhamos sapatos em nossos pés. Foi um
verdadeiro momento kairós, onde o Céu e a Terra encontram-se, uma
encruzilhada santa.
Anjos estavam presentes, provavelmente aos milhares, e reconhecemos
que pisávamos em terra santa. O clima mudou enormemente, de um
clima de familiaridade com Deus para um clima de temor do Senhor.
Anjos foram ao Auditório Municipal, carregando a luz dourada do Céu
para a Terra.
Podemos supor que, sempre que sentimos a presença de Deus, os anjos
estão no local, independentemente de podermos vê-los ou não. A nossa
reação sempre será a adoração — santo, santo, santo é o Senhor dos
Exércitos!

DIREÇÃO ANGELICAL

Além de transportar a presença de Deus quando eles vêm, os anjos têm


funções específicas a exercer quando chegam.
Creio que as tarefas que Deus designou aos anjos se encaixam em duas
categorias principais: direção e proteção. Obviamente, essas categorias se
sobrepõem e se misturam, assim como no caso das nossas tarefas
humanas. Quando você leva seus filhos para algum lugar de carro, você
está dando direção a eles (dirigindo o carro até o seu destino) e proteção
(mantendo-os seguros do trânsito, do tempo, e de outros riscos em
potencial). Mas vamos em frente e dar uma olhada em cada categoria,
para podermos apreciar melhor o que os anjos fazem.
Em primeiro lugar, quais são algumas das maneiras que os anjos utilizam
para nos trazer a direção de Deus? Eis quatro delas. Os anjos:
Entregam as mensagens de Deus.
Liberam sonhos, revelações e entendimento.
Dão orientação.
Transmitem força.
De uma forma ou de outra, todas essas funções dão direção.

OS ANJOS ENTREGAM AS MENSAGENS DE DEUS

O que faríamos sem os serviços dos mensageiros angelicais de Deus? Se


você se sentar e começar a virar as páginas da sua Bíblia, você
encontrará história após história sobre anjos trazendo mensagens de
Deus. Eles anunciam os eventos que virão. Eles pronunciam os juízos de
Deus. Eles trazem encorajamento, Eles “dirigem o trânsito” dizendo às
pessoas o que fazer, como fazer, e quando fazer. Eis uma amostra rápida
dessas “mensagens angelicais instantâneas”, tanto do Antigo quanto do
Novo Testamento:
Josué 5:13-15. Josué encontrou um anjo comandante que lhe diz como
tomar Jericó: “Estando Josué ao pé de Jericó, levantou os olhos e olhou;
eis que se achava em pé diante dele um homem que trazia na mão uma
espada nua; chegou-se Josué a ele e disse-lhe: És tu dos nossos ou dos
nossos adversários? Respondeu ele: Não; sou príncipe do exército do
SENHOR e acabo de chegar. Então, Josué se prostrou com o rosto em
terra, e o adorou, e disse-lhe: Que diz meu senhor ao seu servo?
Respondeu o príncipe do exército do SENHOR a Josué: Descalça as
sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é santo. E fez Josué
assim.”
Juízes 13:4-5. O anjo do Senhor visitou Manoá e sua mulher estéril,
dizendo a eles que ela daria à luz um filho e instruindo-os
especificamente sobre o que fazer: “Agora, pois, guarda-te, não bebas
vinho ou bebida forte, nem comas coisa imunda; porque eis que tu
conceberás e darás à luz um filho sobre cuja cabeça não passará navalha;
porquanto o menino será nazireu consagrado a Deus desde o ventre de
sua mãe; e ele começará a livrar a Israel do poder dos filisteus.” O bebê
prometido era Sansão.
Lucas 1:19-20. Um arcanjo levou uma mensagem a Zacarias.
“Respondeu-lhe o anjo: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui
enviado para falar-te e trazer-te estas boas-novas.
Todavia, ficarás mudo e não poderás falar até ao dia em que estas coisas
venham a realizar-se; porquanto não acreditaste nas minhas palavras, as
quais, a seu tempo, se cumprirão”.
Lucas 1:26. Gabriel levou uma mensagem a Maria. “E, entrando o anjo
aonde ela estava, disse: ‘Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é
contigo’... Mas o anjo lhe disse: ‘Maria, não temas; porque achaste graça
diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem
chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do
Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará
para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim’... Descerá
sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua
sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado
Filho de Deus. E Isabel, tua parenta, igualmente concebeu um filho na sua
velhice, sendo este já o sexto mês para aquela que diziam ser estéril.
Porque para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas”
(Lucas 1:28, 30-33, 35-37).
Lucas 2:10. Anjos encheram o céu e um anjo porta-voz anunciou o
nascimento de Jesus para os pastores: “O anjo, porém, lhes disse: Não
temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para
todo o povo.”
Mateus 1:20; Mateus 2:13,19. Mensageiros angelicais falaram a José em
sonhos para direcioná-lo a aceitar Maria como sua esposa, para levar
Maria e o bebê Jesus para o Egito por segurança antes de Herodes
mandar matar todas as crianças, e para levá-los de volta a Nazaré depois
da morte de Herodes.
Mateus 28:1-7. Um anjo proclamou a ressurreição de Jesus. “Ele não está
aqui; ressuscitou, como tinha dito. Vinde ver onde ele jazia. Ide, pois,
depressa e dizei aos seus discípulos que ele ressuscitou dos mortos e vai
adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. É como vos digo!” (Mateus
28:6-7).

OS ANJOS LIBERAM SONHOS, REVELAÇÕES E ENTENDIMENTO

Um anjo em um sonho disse a José como cuidar de Maria e de Jesus.


Outras vezes, os anjos liberam entendimento de revelações sem falar nos
sonhos. Eis um exemplo contemporâneo, contado por um homem
chamado Terry Law, em que um pastor que se chamava Roland Buck
teve o entendimento detalhado do passado e do futuro da Lei, por meio
de uma revelação angelical:

Quando eu era um menino de 13 anos, fui a uma reunião em um


acampamento em Nanoose Bay, na Ilha de Vancouver, na Columbia
Britânica. Uma noite, um palestrante das Assembleias de Deus norte-
americana fez um chamado comovente para um compromisso e um desafio
para missões, e o Espírito Santo começou a se mover em mim...

Permaneci ali depois de todos terem saído naquela noite, e as luzes foram
apagadas. Meia-noite se passou, 1 hora da manhã se passou, e então, por
volta das 2 horas da manhã, o evangelista voltou.
Seu nome era Dwight McLaughlin, e ele havia deixado sua Bíblia no púlpito.
Eu estava sentado em um banco no escuro onde ele não podia me ver, mas eu
podia vê-lo sob a luz do luar. Fiquei sentado imóvel, mas ele sentiu que
alguém estava ali e chamou. Quando respondi, ele sentiu a direção e abriu
caminho até onde eu estava sentado em um canto dos fundos.
Ele disse: “Sabe, o Senhor deve ter me enviado até você”, e explicou que ele
havia acordado e sentira uma impressão de que deveria ir pegar sua Bíblia.
Então ele perguntou se podia orar por mim. Quando ele impôs sua mão
sobre mim, o calor irradiou-se através de mim. Comecei a tremer.
Ele disse: “Jovem, estou tendo uma visão. Deus o chamou, e Ele vai enviá-lo
por todo o mundo para pregar o evangelho. Vejo multidões de milhares e
centenas de milhares.”
... Anos depois, em 1977, eu estava viajando com o meu grupo de música
Living Sound e fui ministrar na igreja de Roland Buck em Boise, Idaho.
Roland e eu estávamos do lado de fora da igreja uma noite, sentados em seu
carro, quando ele me contou uma história.

Ele começou dizendo muito calmamente: “Terry, falei com Gabriel na


semana passada.”
Naquela época, eu não conhecia mais sobre anjos do que o cristão comum,
talvez menos que alguns, e disse: “Gabriel quem?”...
Dois anos depois, voltei à sua igreja e enquanto meu coevangelista Gordon
Calmeyer e eu estávamos sentados no café da manhã com Roland uma
manhã, Gordon me impactou com uma pergunta que fez a Roland sobre os
anjos.
“Bem, pastor”, disse ele, “se estes anjos estão falando com o senhor o tempo
todo, e a sua igreja apoia fortemente o nosso ministério, por que não
pergunta aos anjos sobre nós?” Roland continuou sentado ali com um leve
sorriso e não disse nada. Nós seguimos caminhos separados e eu esqueci
aquela conversa.
Três meses depois, pediram-me para ir em um programa de televisão cristão
para apresentar Roland... Antes de o programa entrar no ar, estávamos em
uma sala nos fundos do palco juntos, só nós dois.
Ele disse: “Terry, você lembra quando tinha 13 anos e participou de uma
reunião em um acampamento no Canadá?”

Eu nunca havia contado a outra pessoa o que aconteceu naquela noite.


Roland disse: “Você lembra que por volta das 2 da manhã, o evangelista do
campo” — e ele realmente se chamava Dwight McLaughlin — “entrou no
prédio? Você lembra que estava sentado ali orando e ele entrou e impôs as
mãos sobre você?”
Eu disse: “Roland, como você sabe sobre aquela noite?”
Ele olhou para mim e apenas sorriu. Exclamei. “Você está brincando? Os
anjos lhe contaram isto?”
Ele assentiu e disse que os anjos acordaram McLaughlin porque aquela era
a noite que Deus escolhera para a minha ordenação ao ministério. “Os anjos
me falaram muito sobre você”, disse ele. “Eles me falaram das vezes na sua
infância em que você passou por grandes dificuldades. Você teve de
aprender quando criança a lutar contra probabilidades e vencê-las. Deus
estava preparando você para o seu ministério. Ele estava edificando o seu
caráter para ser forte como o ferro...”1

Histórias como esta me fazem pensar: quanto do que chamamos de


revelação profética nos é realmente entregue por nossos companheiros
servos, os anjos? Todo o livro de Apocalipse — a Revelação de Jesus
Cristo — foi transmitido a João pelo Seu anjo. Daniel teve experiências
tão profundamente perturbadoras que só um anjo poderia interpretá-las
para ele (ver Daniel 8:15-26; 9:20-27). É muito provável que os anjos o
estejam ajudando a entender sobre anjos enquanto você lê este livro!
Em 4 de outubro de 2004, eu estava em Colorado Springs, e tive um
encontro em um sonho que era sobre receber interpretação. No sonho,
eu estava com John Paul Jackson. (Um profeta estava com outro profeta.)
E John Paul voltou-se para mim e disse:
— Como você faz isto?
Eu sorri, dizendo:
— Eu tenho ajuda!
Então me voltei e falei:
— Ele me entrega pergaminhos, e eu os leio.
Quando me virei, havia um anjo ao meu lado, entregando-me um
pergaminho para ler.
Durante um curto período depois daquele sonho, talvez três ou quatro
dias, senti uma espécie de zumbido santo em volta da minha cabeça, um
tipo de capacidade sobrenatural para entender e interpretar revelações.
Não contei a muitas pessoas sobre isto, mas eu podia dizer o que Deus
estava falando com as pessoas, e interpretar essas coisas
sobrenaturalmente. Tenho de crer que o anjo que levava os pergaminhos
saiu do meu sonho e entrou em minha vida real.

OS ANJOS DÃO A ORIENTAÇÃO DE DEUS

Além de liberar sonhos, revelações e entendimento, os anjos dão


orientação direta. Foi isso que aconteceu com Filipe antes de ele se
encontrar com o eunuco etíope: Um anjo do Senhor disse a Filipe: “Vá
para o sul, para a estrada deserta que desce de Jerusalém a Gaza” (Atos
8:26). Foi como se o anjo entregasse a ele um conjunto de orientações.
Também foi isto que aconteceu quando o servo de Abraão saiu à procura
da noiva certa para Isaque (ver Gênesis 24:7,40). Um anjo “foi à frente
dele” para que ele encontrasse o caminho para o lugar certo na hora
certa em que a garota certa estava bem ali.
Paulo, quando estava a bordo do navio agitado pela tempestade, recebeu
a visita de um anjo para lhe dar orientação para a tripulação e os outros
passageiros: “Porque, esta mesma noite, um anjo de Deus, de quem eu
sou e a quem sirvo, esteve comigo, dizendo: Paulo, não temas! É preciso
que compareças perante César, e eis que Deus, por sua graça, te deu
todos quantos navegam contigo. Portanto, senhores, tende bom ânimo!
Pois eu confio em Deus que sucederá do modo por que me foi dito.
Porém é necessário que vamos dar a uma ilha” (Atos 27:23-26).

Voltando ao Antigo Testamento, vemos um anjo confrontando Balaão,


literalmente dirigindo o trânsito ao redirecionar a sua mula — que abriu sua
boca e falou com o seu dono antes do anjo falar: “Então, o SENHOR abriu
os olhos a Balaão, ele viu o Anjo do SENHOR, que estava no caminho, com a
sua espada desembainhada na mão; pelo que inclinou a cabeça e prostrou-se
com o rosto em terra.
Então, o Anjo do SENHOR lhe disse: Por que já três vezes espancaste a
jumenta? Eis que eu saí como teu adversário, porque o teu caminho é
perverso diante de mim; a jumenta me viu e já três vezes se desviou de diante
de mim; na verdade, eu, agora, te haveria matado e a ela deixaria com vida.
Então, Balaão disse ao Anjo do SENHOR: Pequei, porque não soube que
estavas neste caminho para te opores a mim; agora, se parece mal aos teus
olhos, voltarei. Tornou o Anjo do SENHOR a Balaão: Vai-te com estes
homens; mas somente aquilo que eu te disser, isso falarás. Assim, Balaão se
foi com os príncipes de Balaque” (Números 22:31-35).

Isto é que é orientação angelical direta! Parece que ela pode ser um
pouco perigosa, às vezes.

OS ANJOS TRANSMITEM FORÇA

Às vezes, os anjos vêm para transmitir encorajamento e força mais do


que qualquer coisa.
Em Gênesis 16, lemos sobre a escrava egípcia de Sarai, Hagar, que foi
obrigada a ficar grávida e depois, em resultado, foi perseguida e
insultada por Sarai, a ponto de fugir para o deserto em agonia. Deus
enviou um anjo para consolá-la:

Tendo-a achado o Anjo do SENHOR junto a uma fonte de água no deserto,


junto à fonte no caminho de Sur, disse-lhe: Agar, serva de Sarai, donde vens
e para onde vais? Ela respondeu: Fujo da presença de Sarai, minha senhora.
Então, lhe disse o Anjo do SENHOR: Volta para a tua senhora e humilha-te
sob suas mãos. Disse-lhe mais o Anjo do SENHOR: Multiplicarei sobremodo
a tua descendência, de maneira que, por numerosa, não será contada. Disse-
lhe ainda o Anjo do SENHOR: Concebeste e darás à luz um filho, a quem
chamarás Ismael, porque o SENHOR te acudiu na tua aflição. Ele será, entre
os homens, como um jumento selvagem; a sua mão será contra todos, e a
mão de todos, contra ele; e habitará fronteiro a todos os seus irmãos. Então,
ela invocou o nome do SENHOR, que lhe falava: Tu és Deus que vê; pois
disse ela: Não olhei eu neste lugar para aquele que me vê? Por isso, aquele
poço se chama Beer-Laai-Roi; está entre Cades e Berede (Gênesis 16:7-14).

Anjos foram fortalecer Jesus depois dos seus 40 dias de jejum no deserto
(ver Mateus 4:11; Marcos 1:13). Mais uma vez, um anjo veio em Seu
socorro quando Ele estava em grande angústia no Getsêmani antes de
ser crucificado (ver Lucas 22:43).
Durante um período de sofrimento, os anjos foram usados para
transmitir a força de Deus a Daniel (ver Daniel 10:18). Como ele e muitos
outros descobriram, um toque de um anjo é suficiente para transmitir
uma explosão de poder ao nosso corpo mortal.
Depois que Elias derrotou os profetas de Baal, ele fugiu para o deserto,
com medo e exausto. Ali, um anjo não apenas o fortaleceu com palavras,
como também com alimento sobrenatural: “Deitou-se e dormiu debaixo
do zimbro; eis que um anjo o tocou e lhe disse: Levanta-te e come. Olhou
ele e viu, junto à cabeceira, um pão cozido sobre pedras em brasa e uma
botija de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir. Voltou segunda vez o
anjo do SENHOR, tocou-o e lhe disse: Levanta-te e come, porque o
caminho te será sobremodo longo. Levantou-se, pois, comeu e bebeu; e,
com a força daquela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites
até Horebe, o monte de Deus (1 Reis 19:5-8).
Obrigado, Senhor, por enviar os Teus anjos para nos trazer força e
encorajamento divinos.

PROTEÇÃO ANGELICAL

Em seguida, vamos às atribuições angelicais que podem ser classificadas


de uma maneira imprecisa como proteção angelical. Quando os anjos
vêm proteger as pessoas para as quais Deus os envia, às vezes eles
trazem libertação nas suas asas. Outras vezes eles trazem algum tipo de
cura. E no final da vida de um santo na Terra, eles fazem uma escolta
protetora que o leva ao céu. Todos esses são aspectos da proteção.
Os anjos protegem indivíduos isolados e protegem grupos de pessoas,
famílias e igrejas do mal. Eles protegem os soldados nos campos de
batalha das lesões; eles protegem os pobres e os que estão privados de
seus direitos de maus-tratos e da fome; eles ficam de vigia noite e dia
sobre as casas onde as pessoas clamaram o sangue de Jesus. Sabemos a
respeito da proteção angelical tanto por meio das Escrituras quanto das
nossas experiências pessoais.

OS ANJOS DÃO PROTEÇÃO

No Capítulo 5, mencionei os “anjos da guarda”. Mateus 18:10 é o


versículo do qual obtemos o nosso entendimento acerca dos anjos da
guarda para as crianças. Não vejo motivos pelos quais os anjos não
estariam também designados para guardar e proteger os adultos
também. Afinal, os adultos também são Seus filhos.
O Salmo 91:11-12 diz: “Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito,
para que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas
suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra.”
A maioria de nós ouviu muitos exemplos de proteção angelical. A
seguinte história sobre uma família trabalhando com os tradutores da
Bíblia Wycliffe, na Bolívia, nos dá uma ilustração especialmente clara.
Resumi um relato que foi escrito pela mãe missionária. Seus dois filhos,
Doug e Dennis, que tinham 7 e 9 anos de idade, estavam brincando, e
escavaram uma caverna rasa em uma colina de lama seca. De repente, ela
se moveu e desabou, soterrando os dois meninos. O amigo deles, Mark,
correu para pedir ajuda.
Dentro da caverna, Doug havia caído com o peito para baixo. Seu rosto
estava encostado na terra, mas um bolsão de ar o ajudou a respirar.
— Dennis, você pode me ouvir?
Sua voz parecia não fazer som algum, mas ele sentiu um leve movimento
debaixo dele.
— Dennis — Doug continuou. — Não consigo me mexer. Não consigo
respirar!
Ele sentiu outro movimento. Uma formiga subiu no seu rosto, depois
outra. Veio a primeira picada. Foi na sua pálpebra.
— Dennis, não consigo falar... o ar está indo embora.
As formigas estavam sobre todo o seu corpo agora, picando-o.
— Dennis, acho que talvez vamos morrer.
Ele começou a se debater. Sua boca encheu-se de terra.
Então Douglas parou de falar. Ele até parou de lutar para respirar.
Porque ali, ao seu lado, estava um anjo. Ele estava em pé, forte e
brilhante.
— Dennis! — Doug chamou suavemente, com a voz relaxada.
— Dennis, tem um anjo aqui. Posso vê-lo tão claro quanto qualquer coisa.
Ele brilha. Ele está tentando nos ajudar.
Doug sentiu um movimento muito, muito leve.
— Ele não está fazendo nada. Mas Dennis... se morrermos agora... não é
tão ruim...
Doug perdeu a consciência.
Mark chegou em casa, gritando por socorro. Homens com enxadas e
picaretas foram ao local. Mark mostrou a eles onde cavar.
Segundos depois, uma das pás tocou em algo macio. Mais alguns
segundos e as costas e as pernas de Doug estavam livres. Braços fortes
puxaram-nos da terra. A forma de Dennis apareceu debaixo dele.
Nenhum dos meninos respirava. A pele deles estava azul. Eles ficaram
deitados na terra vermelha, seus corpos tão terrivelmente pequenos...
Então Douglas se mexeu. Um instante depois, Dennis se moveu...
— Mamãe! — Douglas disse assim que abriu os olhos.
— Sabe o que eu vi? Um anjo!
— Shh, amorzinho. Não tente falar ainda.
No dia seguinte, o médico nos disse que mais dois minutos e a falta de
oxigênio teria danificado o cérebro dos meninos. Mas pelo fato de eles
não terem se desgastado se debatendo, o médico disse, eles tiverem
oxigênio suficiente para passar por aquela experiência sem danos. E o
motivo pelo qual eles não se debateram, todos nós sabemos, foi o anjo —
o anjo que os impediu de ter medo.2
Em seu livro Angels Around Us (Anjos ao Nosso Redor), Douglas Connelly
conta a história de uma mulher de sua igreja:
Uma mulher estava na unidade de tratamento intensivo com uma
infecção grave. Não se esperava que ela sobrevivesse. Eu era pastor dela
na época, e enquanto estava ao lado de sua cama e falava com ela, ela
respondia apenas com sussurros e com movimentos de cabeça.
Finalmente ela disse:
— Quem é o homem que está em pé no canto, vestido de branco? Ele
esteve em pé ali a noite inteira e durante todo o dia de hoje.
Quando olhei para o canto do quarto, não havia ninguém.
Eu disse:
— Como ele é?
— O senhor não consegue vê-lo? — ela respondeu. — Ele está todo de
branco, e é muito forte. É como se ele estivesse de guarda. Quase tenho
medo de falar na sua presença.
Perguntei à enfermeira quando saí do quarto se a paciente havia dito
alguma coisa sobre um homem em seu quarto. A enfermeira me garantiu
que a mulher estava apenas tendo alucinações.
— Ela viu mais alguma coisa que não estava ali? — perguntei.
— Ah, não, ela é muito perceptiva — exceto com relação ao homem de
branco!
Quando saí do hospital, convenci-me de que o que aquela querida filha de
Deus viu em seu quarto não era uma alucinação. Era um anjo de Deus
muito real.3
Aquele “homem de branco” realmente havia vindo para protegê-la — ou
talvez para esperar até que fosse a hora de levá-la para casa, para o Pai.
Vamos ver esta atribuição angelical em seguida.

OS ANJOS ESCOLTAM OS SANTOS ATÉ O CÉU

Muitas e muitas pessoas tiveram experiências que parecem confirmar


que os anjos chegam na hora da morte de um santo de Deus
especificamente para escoltar a alma daquela pessoa até a dimensão
celestial onde elas habitarão para sempre. Com certeza não podemos
chegar lá sozinhos, então isso deve ser verdade. Que fato consolador!
Há não muito tempo, uma de minhas tias foi para casa para estar com o
Senhor. Suas três filhas relataram que ela teve um encontro angelical. Um
anjo entrou no quarto e minha tia Wilma foi “arrebatada”. Elas pensaram
em princípio que talvez ela estivesse louca, porque ela começou a falar
sobre as coisas que estava vendo. Seu marido morrera apenas alguns
meses antes, e ela estava procurando por ele. Então ela viu alguém que
conhecia, alguém que já havia morrido. Então, com o anjo conduzindo-a
do outro lado da morte, ela viu Jesus. Ela começou a declarar: “É Jesus!
Eu estou vendo Jesus. Eu estou vendo Jesus.” Com isso, é claro, suas filhas
perceberam que ela estava à beira da morte, então concordaram em
abençoar sua mãe, e ela partiu um pouco depois. O anjo veio levá-la para
casa.
Costumamos citar alguns Salmos que se referem à hora da morte. O
Salmo 116:15 diz: “Preciosa é aos olhos do SENHOR a morte dos seus
santos.” O Salmo 23:4 nos é ainda mais familiar: “Ainda que eu ande pelo
vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás
comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam.” Mas a melhor
confirmação bíblica da ideia de anjos carregando pessoas para casa, para
Deus, vem da história sobre um mendigo chamado Lázaro. Lucas 16:22
diz: “Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de
Abraão...”, o que significa que ele foi levado ao paraíso ou ao Céu. Os
anjos o levaram para ali.
Não sabemos como acontece na morte de alguém que não pertence a
Deus. Quando o homem rico da história morre, nenhum anjo é
mencionado. Não sei quanto a você, mas sei que eu prefiro ter uma
escolta angelical designada para mim quando estiver para dar o meu
último suspiro!
Os anjos estão envolvidos no princípio e no fim de nossas vidas, com
tudo o que acontece no intervalo entre um e outro — e além!
OS ANJOS TRAZEM LIBERTAÇÃO

Em geral, os anjos nos livram do mal. O Salmo 34:7 diz: “O anjo do


SENHOR acampa-se ao redor dos que o temem e os livra.” O anjo do
Senhor não apenas monta guarda (“acampa-se”) como ele estende a mão
para livrar aqueles que estão afundando.
Quando os anjos são designados para uma operação de resgate, a missão,
às vezes, inclui a destruição de inimigos. Uma vez, quando as
probabilidades eram impossivelmente difíceis para Ezequias e os
israelitas, Deus disse: “Porque eu defenderei esta cidade, para a livrar,
por amor de mim e por amor do meu servo Davi. Então, saiu o Anjo do
SENHOR e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil; e,
quando se levantaram os restantes pela manhã, eis que todos estes eram
cadáveres” (Isaías 37:35-36; ver também 2 Reis 19:24-25).
Os anjos também estão ajudando quando pessoas estão sendo libertadas
individualmente de espíritos malignos. Eis um exemplo dos dias atuais:

Em um culto onde estavam ocorrendo milagres, um jovem com


aparentemente 25 anos de idade entrou chorando. Ele tinha um olhar
selvagem e desesperado em seu rosto. Você podia ver que ele andara
bebendo e que estava drogado. Ele me disse [à evangelista que dirigia o
culto]:
— Por favor, por favor, me ajude. Alguém pode me ajudar? Quero
desesperadamente ser libertado. Estou cansado desta vida. Estou cansado
deste vício. Ajude-me! Ajude-me!
A compaixão do Senhor inundou a sala. Cheios dessa compaixão,
começamos a orar pelo jovem e a expulsar os espíritos malignos dele em
nome de Jesus. Nós o ungimos com óleo. Então nós o conduzimos a fazer a
oração do pecador, e imediatamente ele começou a sacudir a cabeça. Ele foi
totalmente libertado; quando ele se levantou, seus olhos estavam
completamente claros e limpos. Aquele jovem ergueu suas mãos ao ar. Logo,
ele começou a exaltar e a louvar a Deus. Deus o havia transformado
completamente em cerca de quinze minutos!
Então, um garotinho de 12 anos aproximou-se e lhe disse:
— Posso lhe dizer uma coisa? Você sabe o que vi quando as pessoas estavam
orando por você?

O homem respondeu:
— Não.
— Eu vi quando os demônios o deixaram, e eles estavam ao seu redor,
tentando voltar para dentro de você. Mas todas as pessoas estavam ao seu
lado, orando. Então vi um anjo com uma espada vir e expulsá-los. Eles não
puderam voltar!
O jovem louvou ao Senhor, e ficamos muito felizes porque Deus estendera a
mão e salvara e libertara aquele homem. Ele agora está com boas pessoas
cristãs e está indo à igreja.4

OS ANJOS LIBERAM CURA

E por último, mas não menos importante, os anjos são designados para
liberar cura. A ilustração bíblica óbvia dos anjos liberando cura é a
história do tanque de Betesda (ver João 5). Não é que um anjo aparece na
história, porque o próprio Jesus deu um passo à frente para liberar cura
para um homem que estava aleijado por 38 anos.
Mas você deve se lembrar de como a história começa:
Ora, existe ali, junto à Porta das Ovelhas, um tanque, chamado em hebraico
Betesda, o qual tem cinco pavilhões. Nestes, jazia uma multidão de enfermos,
cegos, coxos, paralíticos [esperando que se movesse a água. Porquanto um
anjo descia em certo tempo, agitando-a; e o primeiro que entrava no tanque,
uma vez agitada a água, sarava de qualquer doença que tivesse] (João 5:2-
4).

As pessoas enfermas tinham o que alguns poderiam chamar de uma


crença folclórica (mas provavelmente era verdade) de que quando
determinado anjo aparecia, podia-se saber, pois a água do tanque, que
normalmente era perfeitamente lisa, ficava agitada. Então, e somente
então, a primeira pessoa a entrar na água seria curada. Isso deve ter
acontecido com frequência suficiente para atrair todos os necessitados
para acamparem próximo ao tanque dia após dia na esperança de ser o
próximo candidato para a cura. Deve ter sido a missão particular de
algum anjo ir, a pedido de Deus, agitar as águas e liberar o Seu poder
curador.
Em nossos dias, um anjo estava envolvido em estabelecer o ministério de
cura extensivo de William M. Branham, cujo ministério detonou o
Movimento da Última Chuva de 1946 a 1956. O relato da visitação
angelical de Branham em 7 de maio de 1946, foi bem documentado:

O anjo disse a Branham: “Não temas. Fui enviado da presença do Deus


Todo-Poderoso para lhe dizer que a sua vida peculiar e o seu jeito
incompreendido indicaram que Deus o enviou para assumir um dom de cura
divina aos povos do mundo. Se você for sincero e conseguir que as pessoas
acreditem em você, nada resistirá à sua oração... nem mesmo o câncer!”
O anjo continuou dizendo a William Branham que ele assumiria o ministério
de cura em todo o mundo e finalmente oraria por reis, príncipes e monarcas.
O irmão Branham respondeu: “Como pode ser isto, visto que sou um homem
pobre e vivo entre pessoas pobres e não tenho instrução?” Então o anjo
continuou a comissão dizendo: “Assim como o profeta Moisés recebeu dois
sinais para provar que ele havia sido enviado por Deus, você também
receberá dois sinais.”
Durante aproximadamente 30 minutos, o anjo ficou diante do irmão
Branham, explicando a comissão e a maneira como o ministério atuaria na
esfera sobrenatural.5

O anjo relacionou o que estava acontecendo com o que ocorreu com


Moisés. A operação da experiência ligou Moisés e Branham ainda mais
claramente, no fato de que os ministérios comissionados por anjos eram
caracterizados por sinais e maravilhas (inclusive curas estrondosas) e
libertação.

ANJOS ADORANDO, VIGIANDO, TRABALHANDO

Depois de ler este capítulo, deveria ficar óbvio para você que nunca é
somente “eu e Jesus”. Os anjos são parte essencial do intercâmbio entre
Deus e o Seu povo. Não é bom saber que Deus nos deu os anjos para
cuidar de nós e para nos dar a sua direção e proteção?

Deus, o que tu fizeste antes, tu podes fazer novamente. Então damos as boas-
vindas aos teus anjos para liberarem a tua presença manifesta, para
entregarem a tua Palavra, para liberarem revelação e entendimento. Envia
ajuda angelical para realizar as tuas obras de cura e libertação. Que os
anjos possam se tornar a nossa muralha de proteção, enquanto te servimos
aqui na Terra, e que eles possam nos introduzir à tua presença quando o
nosso tempo na Terra estiver terminado. Amém, em nome do teu Filho Jesus.
NOTAS

1. Terry Law, The Truth About Angels (Lake Mary, FL: Creation
House, 1994), 192-95.
2. Gloria Farah, “I’ve Got a Real, Live Angel”, em Angels in our Midst
(Nova York, Galilee/Doubleday, 2004), 46-48.
3. Douglas Connelly, Angels Around Us (Downers Grove, IL:
InterVarsity, 1994), 105-106.
4. Mary K. Baxter, com Dr. L. L. Lowery, A Divine Revelation of Angels
(New Kensington, PA: Whitaker House, 2003), 186-87.
5. Conforme relatado por Paul Keith Davis na E-Newsletter do
WhiteDove Ministries de novembro de 2005,
http://www.whitedoveministries.org/content/NewsItem.phtml?
art=292&c=0&id=30&style=, acessado em 8 de dezembro de
2006.

CAPÍTULO 6
ESTOU MORTO OU NÃO?

por JULIA LOREN

Voar pela escuridão enquanto o nosso corpo permanece deitado na


cama, atravessar túneis em velocidade e encontrar anjos de luz, são parte
do belo fenômeno que por vezes é relatado pelos que estão morrendo.
Essas experiências são mencionadas como experiências de quase morte
(EQMs). Uma pesquisa do Instituto Gallup, feita em 1982, calculou que
oito milhões de pessoas nos Estados Unidos passaram por essa
experiência. Desde então, outros duplicaram a estatística, fazendo das
EQMs uma das “experiências espirituais” mais comumente relatadas na
sociedade da América do Norte. Independentemente de qual seja o
sistema de crenças ao qual uma pessoa possa aderir, a esmagadora
maioria das EQMs envolve o encontro com anjos de luz, Deus e Jesus.
Nem todos os indivíduos que batem à porta da morte são admitidos e,
assim, aqueles que são enviados de volta à Terra têm algumas histórias
impressionantes a contar.
De forma surpreendente, apenas alguns escolhidos experimentam uma
transformação que muda suas vidas em resultado da EQM. Ao longo dos
últimos 20 anos, os pesquisadores da área médica que estudaram o
fenômeno das visões ou experiências de quase morte descobriram por
quê. Parece que uma característica-chave de uma experiência de quase
morte precisa estar presente para que uma pessoa experimente uma
diferença drástica na sua maneira de viver. Essa experiência tem a ver
com a luz. As propriedades da luz e a energia liberada na luz servem para
transformar as personalidades e a resistência de pessoas comuns em
pessoas extraordinárias que, de alguma maneira, se veem curadas por
essa luz e terminam por irradiá-la até o fim de seus dias.
Mickey Robinson é uma dessas pessoas extraordinárias que
experimentou uma EQM depois de um acidente grave. Sua história serve
como um exemplo impressionante de alguém que experimentou uma
EQM ao máximo. Quando jovem, Mickey descobriu a liberação de
adrenalina do paraquedismo e dedicou sua vida à busca dessa explosão,
da rajada de vento atingindo o seu rosto quando ele saltava de um avião
a 12 mil pés de altitude, de experimentar a sensação de queda livre, do
golpe repentino do paraquedas se abrindo, e da rápida descida à Terra.
Os paraquedistas sabem que se a queda falhar neste esporte, que
inegavelmente é de alto risco, a morte e a completa destruição são os
resultados mais prováveis. O que eles esquecem é que o próprio avião
abriga uma série de cenários que podem atrapalhar os paraquedistas. O
avião de Mickey desceu tão rápido que ninguém conseguiu assumir o
controle da aeronave. O impacto deixou o corpo de Mickey queimado,
seus olhos cegos, e suas pernas paralisadas. Infelizmente, ele não morreu
com a queda e Mickey foi deixado sentindo a dor agonizante de
queimaduras terríveis, ossos quebrados e uma série de infecções, às
quais os médicos achavam que ninguém poderia sobreviver. Ele ficou
deitado em uma cama de hospital suportando turnos de médicos e
enfermeiras arrancando a pele de seu corpo queimado e certificando-se
de que a morfina fluísse incessantemente. Os dias se transformaram em
semanas e as semanas em meses. Mas o corpo jovem de Mickey se
agarrava à vida. Um dia, porém, o seu corpo finalmente começou a dar
sinais de paralisação. Mickey estava mais próximo da morte do que
nunca. O fim com certeza estava próximo.
Mickey conta a seguinte história em seu livro Falling to Heaven (Caindo
para o Céu):1

Entrando no meu quarto de hospital, o Dr. Jeric deu-me uma olhada e


pensou: Sem chances! Ele havia visto soldados no Vietnã morrerem de
queimaduras menos graves que as minhas. Ainda assim, ele sentou-se ao
lado de minha cama e encorajou-me a lutar pela vida. Quando ele estava
pronto para sair, coloquei-me em pé e acompanhei-o até o corredor.
— Obrigado por vir me ver — eu disse.

Mas ele não respondeu.


— Daqui a quanto tempo o senhor acha que poderei voltar para casa?
Mais uma vez, ele não respondeu. Aquilo era estranho. Será que ele não
havia me escutado?
Fiquei ali com ele enquanto as portas do CTI começaram a se abrir
automaticamente. Então aconteceu. Como se eu fosse um fantasma, a porta
voltou e passou bem através de mim.
Na segunda sala, meu espírito foi atraído de volta para o meu corpo como
um elástico que era solto. Enquanto eu ficava deitado ali tentando entender o
que acabara de acontecer, percebi que uma parte de mim estava pairando
entre este mundo e o próximo.

Mas por quê?

Dois dias depois Mickey teve a resposta. A sensação de estar fora do seu
corpo era mais do que uma alucinação criada pela vontade de andar e
falar normalmente outra vez e induzida pela dopagem contínua de
morfina. A experiência fora do corpo e a ausência de dor são duas das
características mais comuns da uma EQM. O que Mickey estava
experimentando era um prenúncio da morte. Dois dias depois,
aconteceria novamente e Mickey se viu experimentando uma experiência
de quase morte completa.

... como uma borboleta emergindo de um casulo, algo forte e vivo saiu do
meu corpo quebrado. Minhas pernas se afundaram no colchão enquanto meu
espírito se colocou em pé, passando pela carne tão suavemente como asas
varrem o ar.
Instantaneamente, deixei para trás uma dor tremenda e uma febre ardente
para entrar em outra dimensão — uma dimensão não governada pela lei
natural. A gravidade cessou e o tempo parou enquanto a eternidade se abria
diante de mim como o portão de um jardim.
As cores de repente pulsavam com brilho, como se enevoadas por uma chuva
fina matinal. Os objetos se agigantavam à minha vista com uma claridade
penetrante, como se eu as estivesse vendo pela primeira vez. Senti-me mais
puramente vivo do que no dia mais feliz da minha infância. E quando olhei
para baixo para ver a minha mão mutilada, ela estava perfeita.
Instantaneamente, eu soube que este era o mundo real. O mundo eterno...
Agora eu estava nadando para cima em ondas de luz e som, rompendo
através da superfície com uma consciência muito além da lógica ou do
raciocínio.
Com uma velocidade irredutível, mas suave, comecei a viajar em direção a
uma luz branca e pura, mais brilhante que mil sóis. Eu podia contemplar
para sempre e sempre no interior daquela maravilhosa luz.
Mas então... tomei consciência de algo se movendo atrás de mim...

Quando Mickey descobriu que a luz estava recuando e que as trevas o


estavam envolvendo, ele sentiu um vazio total, uma solidão interminável,
uma separação completa da luz. Foi como ter uma experiência de
caminhar até as margens do inferno.
Tremendo de terror, observei o último eclipse de luz desaparecer. Então,
como um homem que se afoga arfando em busca de ar, meu espírito gritou as
mesmas palavras que eu havia orado naquela noite no CTI: Deus, sinto
muito! Quero viver! Por favor, dê-me mais uma chance!
Estas palavras vieram direto do meu coração e assim que elas escaparam
dos meus lábios, eu me vi em pé no céu.
Instantaneamente, as trevas recuaram e uma glória viva e palpitante me
envolveu...

Mickey teve um vislumbre do céu, viu cenas do paraíso e dos sete anos
seguintes de sua vida antes de ser enviado de volta ao seu corpo
destruído deitado no quarto do hospital. As visões o sustentaram
durante os sete anos seguintes de recuperação. De maneira notável, a
experiência de ver a luz e ser envolvido em uma glória viva e palpitante
transmitiu um desejo de viver e disparou a sua personalidade otimista e
alegre para recuperar a resistência que ele precisaria para sobreviver
aos anos de reabilitação que se seguiriam.
Enquanto a experiência de quase morte efetuava mudanças internas que
transformavam sua vida, seu corpo se lançou em um processo de cura
acelerada. Dentro de pouco tempo, sua visão foi restaurada e ele
começou a andar. Os enxertos de pele deram certo e as queimaduras
sararam. Ele foi transformado pela luz e saiu da experiência de quase
morte mais feliz, sem qualquer medo da morte, e ciente da presença
amorosa de Deus em toda a sua vida.
Mas uma coisa mais, também, aconteceu com Mickey durante essa
experiência. Ele saiu dela com uma capacidade crescente de receber
experiências espirituais contínuas e de andar em intimidade com o
Senhor Jesus Cristo deste lado da eternidade.
CARACTERÍSTICAS DE UMA EXPERIÊNCIA DE QUASE MORTE

O Dr. Melvin Morse, um pediatra em Seattle, Washington, foi apresentado


às visões do fenômeno de quase morte por uma de suas jovens pacientes,
que sobreviveu a um incidente de afogamento. Depois de três dias em
coma, a menina sentou-se sem qualquer sinal de dano cerebral. Quando o
Dr. Morse perguntou-lhe o que havia acontecido junto à piscina que a fez
cair, ela impactou o pobre médico contando a história do que vira no céu.
Ela viu um homem cheio de luz e amor resplandecentes, encontrou-se
com um anjo da guarda, visitou o céu, e lhe foi oferecida a escolha de
ficar ou voltar para casa. Ela optou por voltar para os seus pais. O
encontro com sua paciente levou o Dr. Morse a realizar um projeto de
pesquisa usando um protocolo científico sólido que trouxe resultados
surpreendentes, impactando tanto a comunidade científica quanto a
religiosa com tais resultados.
Seu estudo envolveu 350 artigos que foram coletados nos principais
hospitais e constava de experiências de quase morte com crianças.2
Durante o estudo, ele descobriu nove características comumente
relatadas que caracterizavam e definiam uma experiência de quase
morte. Elas incluem:
a sensação de estar morto;
paz e ausência de dor;
uma experiência fora do corpo;
a sensação de passar por um túnel;
encontrar pessoas cheias de luz;
encontrar um indivíduo que é um ser de luz;
experimentar rever toda sua vida ou uma parte dela;
sentir relutância em voltar;
um despertar com uma personalidade transformada pela
experiência.

Muitas pessoas só experimentam uma ou duas destas características, de


acordo com o Dr. Morse. Entretanto, em casos raros, as pessoas
experimentaram todas as características e vivenciaram uma experiência
de quase morte completa.
Ele observou que todo o grupo de pessoas pesquisadas que
experimentara uma EQM havia conseguido pontuações mais altas em
diversas avaliações de várias áreas do que as pessoas do grupo de
comparação, ou seja, aquelas que não tiveram uma EQM.
Elas eram mais felizes, mais saudáveis, não tinham medo da morte, e
muitas relataram um aumento de experiências sobrenaturais,
especialmente na habilidade de conhecer o futuro, como se tivessem sido
sensibilizadas para viver tanto no mundo espiritual quanto no mundo
real ao mesmo tempo.
Enquanto o Dr. Morse separava aqueles que experimentaram várias
características, ele observou que aqueles que experimentaram apenas
uma das características de uma EQM, como ter uma sensação de sair do
corpo, de viajar através de um túnel ou experimentar a ausência de dor,
saíam da EQM com uma lembrança agradável, mas não achavam que ela
tivesse transformado suas vidas de maneira significativa. Aqueles que
relataram algum tipo de encontro com uma luz brilhante ou com um ser
cheio de luz foram transformados para sempre por essa experiência. A
sua mente científica levou-o a acreditar que de alguma maneira a luz
criava uma mudança no campo eletromagnético do corpo da pessoa. A
cura espontânea ocorria, assim como mudanças em suas personalidades
se elas encontrassem a luz.
Uma enorme quantidade de energia é liberada durante a experiência de
quase morte. Essa energia é gerada internamente e provavelmente
atinge o seu pico quando a pessoa é inundada pela luz. A maioria das
pessoas que passam por essa experiência é incapaz de descrever a luz,
mas o que elas estão vendo sem dúvida é uma explosão de energia que
enche as suas vidas de poder...
Essa energia é canalizada através do lobo temporal direito que é alterado
pela experiência. O lobo temporal, por sua vez, tem um efeito profundo
sobre as diversas estruturas do cérebro e o campo eletromagnético que
cerca o corpo.
A pessoa que tem uma experiência de quase morte pode ter a mesma
aparência, mas sua constituição eletroquímica é muito diferente do que
costumava ser.3
Ele também provou a ineficácia das descobertas neurológicas sobre a
estimulação do lobo temporal para criar experiências espirituais.
Embora o uso de drogas ou de experimentos artificiais com certas áreas
do cérebro possa estimular a sensação de sair do corpo ou outras
características de uma EQM, uma característica em particular, ele afirma,
continua sendo evasiva. Parece que a luz não pode ser artificialmente
induzida ou gerada dentro do cérebro e é ativada somente no momento
da morte ou durante visões singulares. Morse afirma que aqueles cujas
visões incluíram um encontro com uma luz amorosa receberam as
transformações de personalidade mais impactantes. “As transformações
mais poderosas e duradouras foram encontradas nas pessoas que viram
a luz.”4
Os cientistas e o pessoal da área médica tentam oferecer explicações
racionais para as características comuns que acompanham uma EQM.
Eles dizem que as características ocorrem devido à privação de oxigênio
e à dilatação das pupilas quando o cérebro começa a morrer. O Dr. Morse
costumava acreditar nisso também, até que ele estudou as experiências
utilizando o protocolo científico tradicional e o projeto de pesquisas.
Um médico holandês especializado em anestesiologia que diverge dessa
teoria médica acredita que uma pessoa cujas pupilas estão altamente
dilatadas não apenas vê a luz brilhante, mas somente vê claramente as
pessoas sobre quem os olhos estão focados, enquanto todas as outras
pessoas são vistas como formas brilhantes e embaçadas. De acordo com
ele, as pessoas que experimentam uma EQM, interpretam as imagens
brilhantes e embaçadas de pessoas fora de foco em outra parte do
aposento como “formas brilhantes”.
Depois de estudar os efeitos do envenenamento por oxigênio e da falta
de oxigênio, ele descobriu que tanto as experiências com o túnel quanto
com as trevas podiam ser causadas pela privação de oxigênio. A privação
de oxigênio não faz que todas as partes do cérebro falhem ao mesmo
tempo. O caule do cérebro, que gera a consciência, é a parte do cérebro
mais resistente à privação de oxigênio. Portanto, a privação de oxigênio
fará a visão falhar antes de causar a perda de consciência.
“As experiências com as trevas, com o túnel e com a luz são
impressionantes, e aparentemente são experiências paranormais. Apesar
disso, é evidente que elas podem ser explicadas pelas reações do corpo à
privação de oxigênio. A combinação das experiências com a luz e com o
túnel somente pode ser explicada pela privação de oxigênio, e nada mais.
Outras experiências associadas, como as experiências com as trevas e as
experiências fora do corpo, também podem ser geradas por outras
mudanças nas funções do corpo induzidas por uma ampla variedade de
condições diferentes. Essa explicação das experiências de túnel e luz não
constitui uma prova conclusiva de que esse seja o único mecanismo por
meio do qual estas experiências podem surgir. Afinal, essa explicação não
exclui as explicações paranormais ou imateriais. Mas é uma explicação
alternativa e física provável que é responsável por todos os aspectos
dessas experiências, assim como possibilita prever quando essas
experiências provavelmente ocorrerão.”5
Enquanto os cientistas investigam as explicações racionais e as razões
biológicas por trás das características da EQM, eles tendem a acreditar
que algumas formas dos nossos arquétipos culturais permanecem
conosco e estão envolvidas na EQM quando ela ocorre. O motivo pelo
qual algumas pessoas veem anjos, eles acreditam, têm origem nas suas
expectativas culturais de verem anjos quando morrerem. Mas e o que
dizer do que acontece depois que a EQM já terminou há muito tempo?
Como pode ser que 12% da população estudada pelo Dr. Morse ainda
relata ter contato regular com os seus anjos da guarda que encontraram
durante a EQM ou visões com eles? Por que mais de 10% relatam ter
visto fantasmas ou aparições? E um grande número deles sai com a
capacidade de prever os eventos futuros — alguns eventos mundanos
como saber que o telefone vai tocar e quem está do outro lado da linha, e
outros mais impressionantes, como poder advertir outras pessoas a se
desviarem de um perigo iminente.
Finalmente, por que cada uma das pessoas estudadas diz que não tem
medo da morte depois de uma EQM? Creio que seja porque elas sabem
que a dimensão sobrenatural do céu é atingida através da passagem pela
morte — uma passagem que elas não temem mais. A dimensão espiritual
da criação de Deus agora é quase tão familiar quanto a dimensão natural
da criação de Deus. A ciência permanece frustrada pelas explicações
imateriais que não pode provar nem refutar. Mas o coração dos homens
e mulheres continua fascinado pelos mistérios da dimensão espiritual.

OS SEGUNDOS MAIS IMPORTANTES DA SUA VIDA

Por que Deus permitiria que uma pessoa tivesse uma experiência de
quase morte? O que Ele está querendo dizer definitivamente sobre a vida
e a morte? Ele apressou a chegada de alguém à Sua presença porque Ele
quer que ele ou ela faça certo trabalho, ou leve um chamado ao
ministério muito a sério? Ou ocorreu algum acidente cósmico na
burocracia do céu, fazendo que Deus dissesse: “Opa, o anjo da morte
pegou a pessoa errada. O que você está fazendo aqui? Volte até que
chegue a sua hora”? Creio que o coração de Deus anseia que todos
conheçam e aceitem o Seu amor incondicional. E Ele nos dá todas as
oportunidades de aceitá-lo ou rejeitá-lo, mesmo até o momento da
morte.
Jill Austin, fundadora do Ministério Master Potter, havia acabado de
andar até o púlpito de uma igreja na Nova Zelândia quando recebeu a
notícia de que sua mãe tivera um aneurisma, entrara em coma, e agora
estava à beira da morte. Como palestrante programada para aquela
noite, Jill fez uma pausa, se perguntando se deveria seguir em frente e
falar ou cancelar a reunião para se concentrar na crise que tinha diante
de si.
Lembrando-se de que sua mãe, uma médica, lhe havia dito
resignadamente que se alguma coisa acontecesse com ela, Jill deveria dar
prosseguimento à obra do ministério, Jill seguiu em frente e simplificou a
reunião, controlando a sua dor da melhor maneira possível.
Imediatamente depois, ela pegou o telefone celular e começou a ligar
para algumas pessoas na Califórnia, onde morava, pedindo a elas que
fossem até o hospital para orar por sua mãe. Uma incrível pastora
hispânica do centro Leste de Los Angeles foi ao hospital. A mãe de Jill
praticara medicina nos bairros por mais de 25 anos trabalhando no Los
Angeles County Hospital. Jill esperou até saber que a pastora chegara, e
depois ligou para ela dando instruções específicas sobre como deveriam
orar.
“Eu disse que precisávamos repreender o espírito de morte, clamar pela
vida, e prossegui dando mais detalhes sobre como salvar sua vida”, Jill
explicou. “Enquanto ainda estava dizendo a ela como orar, comecei a ver
algo diferente. De repente, estava tendo uma visão aberta e vendo Jesus
vir buscá-la. E percebi que aquela era a hora dela. Jesus estava vindo
buscá-la. Era hora de ela ir para casa. Ora, isso é meio assustador porque
quando tem um ente querido você quer lutar pela vida. Então, no meio da
conversa, eu disse: ‘Lily, vejo Jesus vindo buscá-la. Então ouça, é isto que
você deve fazer. Não repreenda o espírito de morte. Quero que você se
incline junto ao ouvido dela e fale com ela sobre a necessidade de ela
aceitar o Senhor porque ela precisa saber que Jesus está vindo buscá-la e
ela precisa ir com Ele’”.
“Ela disse: ‘Entendi, Jill’”.
“Ela orou. E o que ouvi foi que minha mãe saiu do coma, sentou-se na
cama rindo e disse: ‘Agora sei o que Jill queria dizer’. E, rindo, ela abriu
caminho até o céu.”
Jill decidiu tomar o voo seguinte para casa e cancelou o restante das
reuniões na Nova Zelândia. Enquanto estava no avião, ela encontrou um
homem que falou com ela a respeito da vida e da morte, trazendo-lhe
consolo e discernimento sobre como seriam os dias e meses seguintes
para Jill enquanto ela enfrentava as consequências terríveis da perda de
sua mãe.
“Eu queria que ela vivesse”, disse Jill. “Estou aqui ministrando em mais
de 60 reuniões nas últimas quatro semanas e minha mãe morreu, a
pessoa mais importante de minha vida; e estou no avião voltando para
casa, olhando pela janela e chorando com a minha Bíblia aberta em meu
colo. De repente, aquele homem ao meu lado bateu na Bíblia e diz: ‘Eu
conheço o Autor deste livro’”.
Jill havia acabado de ler uma passagem em Eclesiastes e pensava sobre o
fato de que sua mãe queria ser cremada, e não queria enterro. De
repente, como se o homem estivesse lendo seus pensamentos, ele disse:
“Ah, mas você precisa fazer uma celebração para celebrar a vida dela
mesmo que ela não tenha um enterro.”
Eles entraram em uma conversa muito inusitada. “Enquanto ele me
entregava algumas passagens, e eu as analisava, de repente estava indo a
lugares diferentes no espírito. Ele estava me contando sobre a situação
de guerra para a qual eu estava voltando em casa e o que aconteceria;
preparando-me para exatamente o que estava por vir”, Jill disse, com
relação às batalhas legais e a rivalidade entre irmãos sobre as questões
do testamento que abalam algumas famílias depois que um dos pais
morre.
Àquela altura, Jill sabia que aquele não era um homem comum. Ele
parecia um homem de negócios muito conservador com um sotaque
neozelandês. Suas palavras tinham peso e traziam uma dimensão de
glória que arrebatava Jill no Espírito para ter pequenas visões do que
estava por vir enquanto ele narrava imagens que passavam pela tela da
sua mente. Finalmente, eles chegaram àquela pergunta desconcertante
que perturbava Jill. Ela perguntou a ele se sua mãe havia sido salva. Ela
aceitou Jesus antes de morrer?
O homem continuou com mais revelações. “Existem muitas pessoas que
estão começando e deixando de ser cristãs. Elas conhecem o Senhor e
depois o abandonam. O homem mede a vida pelo passar dos anos. Deus
mede a vida pelo passar dos segundos. Os três últimos segundos são os
mais importantes na vida de uma pessoa. Quando você vê uma pessoa
que está chegando mais perto do fim de sua vida, você observa se ela está
se aproximando mais de Deus ou se ela está se afastando mais dele? Ela
está se envolvendo com o livro, a Bíblia, trazendo de volta antigas
lembranças das Escrituras ou das coisas do Espírito?
De acordo com Jill, enquanto o homem falava, “O Senhor me fez lembrar
os livros que minha mãe começara a ler antes de morrer e das perguntas
que ela fazia, da Bíblia que ela havia começado a ler. E eu pude notar esta
volta em direção ao Senhor”.
O riso de sua mãe não foi sarcástico — foi um riso de alegria por saber
que o Jesus sobre quem ela lera era real... assim como ela esperava e
acreditava que Ele seria.
Quando o voo terminou, Jill percebeu que a sua suspeita sobre a
identidade daquele homem notavelmente sábio e profundamente
espiritual estava certa e era verdadeira. “Quando saímos do avião, o
homem estava segurando minha mão de uma maneira reconfortante.
Mas quando chegamos perto da área de retirada das bagagens, ele
desapareceu... em pleno ar.” Ele era um mensageiro angelical enviado por
Deus.
O homem mede a vida pela passagem dos anos. Deus mede a vida pela
passagem dos segundos. Os três últimos segundos são os mais importantes
na vida de uma pessoa. O que se revela durante os três últimos segundos
para alguns é um momento de decisão em que eles podem escolher ser
abraçados pela luz e pelo amor de Deus. Para outros, esses três segundos
se tornam uma experiência de quase morte, uma antecipação da morte
devido a algum propósito.

VIVENDO O TEMPO EXTRA QUE GANHAMOS

O Dr. Morse e outros pesquisadores mencionam em seus livros e artigos


que aqueles que foram enviados de volta à Terra por um ser de luz, em
geral, relataram que lhes foi dito que eles deviam simplesmente
trabalhar em sua ocupação escolhida, valorizar suas famílias e viver a
vida ao máximo. Não havia um chamado espetacular ao ministério ou
para se tornarem um profeta de olhos arregalados. Eles sentiam que
deviam simplesmente se tornar indivíduos mais focados e amorosos. E
quanto mais eles agiam amorosamente para com outros, mais eles
sentiam que suas vidas tinham êxito.
Quando Suzette Hattingh, uma agradável mulher sul-africana na faixa
dos seus quarenta e tantos anos, entra em uma sala, você a percebe
imediatamente. Algo em seus olhos e na maneira como ela se comporta
faz você perceber que ela está andando em uma autoridade que
ultrapassa em muito a do cristão comum. Ela leva a presença de Deus
com ela onde quer que ela vá e é essa presença que chama a sua atenção
e o faz perguntar: “Quem é esta mulher?”
Suzette Hattingh é uma evangelista internacional que fixou residência na
Alemanha. Durante muitos anos, ela trabalhou como intercessora e
evangelista, pregando em enormes cruzadas ao lado de Reinhard Bonnke
na África e em muitas outras nações. Deus finalmente a chamou para ir
com Reinhard Bonnke quando ele mudou a sede de seus escritórios para
a Alemanha em 1985. Ela iniciou seu próprio ministério, Voice in the City
(Voz na Cidade) em 1997. O Ministério Voice in the City está focado em
revelar Jesus por toda a Europa enquanto realiza campanhas nas quais
ela prega a milhões de pessoas na Ásia e em outros países. Suas palavras
são acompanhadas de poderosos sinais e maravilhas e curas milagrosas
por onde quer que ela ministre. Ela é inegavelmente alguém que foi
tocada por Deus e que toca o Seu coração em troca, enquanto trabalha
com Ele para promover uma colheita de salvação e cura.
Antes de ser chamada para o ministério, Suzette trabalhava como
enfermeira. Estranhamente, foram as experiências de quase morte de
seus pacientes que a levaram a observar a realidade da dimensão
espiritual. De acordo com suas experiências com pacientes moribundos,
nem todos que têm uma experiência de quase morte veem o céu. Alguns
chegam até mesmo a ter um vislumbre do inferno.
Bill Wise, um corretor de imóveis do sul da Califórnia, concorda que
muitos têm visões do inferno. Um dia ele adormeceu em sua sala de
visitas e, de repente, descobriu, para a sua surpresa, que estava no
inferno. Embora ele não estivesse à beira da morte e passando por uma
experiência de quase morte, a visão que teve o lançou em um período de
busca interior e de anseio por entendimento. Ele diz que esta pesquisa
pessoal trouxe à tona cerca de 1.400 histórias de pessoas que haviam
tido algum tipo de visão do inferno durante uma visão ou uma
experiência de quase morte.6 O Dr. Morse e os pesquisadores médicos
também relataram que um grande número de pessoas tem vislumbres
das trevas e do desespero do inferno em vez da luz e do amor do Céu.
Suzette contou sobre pacientes que ela conheceu que haviam tido
experiências tanto com o céu quanto com o inferno durante uma
entrevista para a revista Charisma.7 As histórias deles mudaram a sua
vida e muito provavelmente tornaram-se a experiência fundamental que
a lançou no ministério de evangelismo. Ela relatou:
“Os pacientes à beira da morte começaram a me contar as suas
experiências de quase morte. Havia um homem idoso, fraco demais para
se mover que, de repente, sentou-se em sua cama e clamou: ‘Vejo o Deus
vivo em Seu trono, e estou perdido!’ Eu nem sequer sabia o que
significava estar ‘perdido’. Eu era uma pessoa muito pé no chão, e aquilo
me aterrorizou.”
Ela também se lembra de um homem que era presbítero em uma igreja.
No instante de sua morte, ele clamou: “Por favor, ajude-me! Meus pés
estão afundando nesta cova!” Então ele morreu.
Houve um terceiro caso, de uma mulher com câncer terminal. “Ela estava
sofrendo dores e gritava para nós e foi muito difícil. Durante algum
tempo, ela foi removida para outro hospital para ser submetida a
tratamento, e ali ela se reconciliou com Deus. Ela retornou uma pessoa
transformada, muito gentil. Quando morreu, eu estava de plantão e
sentei-me ao lado de sua cama”, disse Suzette. “Eu pensei que ela já havia
partido, mas de repente ela voltou, e sorriu com os olhos abertos”.
‘“Irmã’, ela me disse, ‘está ouvindo esta música? Olhe, veja as flores! As
pessoas com vestes brancas!’ Então ela se virou e disse, ‘Eles estão vindo
me buscar!’ — e então ela se foi”.
Suzette Hattingh disse que essas experiências fizeram que ela começasse
a buscar Deus novamente. Em 14 de março de 1977, sendo ainda mais
impulsionada por pesadelos seguidos relacionados à condenação,
Suzette finalmente orou: “‘Deus’, eu disse, ‘se o Senhor é o que esses
malucos dizem que é, faça alguma coisa!’ Uma luz veio sobre mim, e eu
nasci de novo”.
Durante anos depois de entregar sua vida a Deus, sua vida e seu
ministério tomaram um rumo ardoroso e brilhante, mas, com o tempo, o
excesso de trabalho fez que essa luz começasse a enfraquecer. Apenas
três anos depois da morte de seus pais em acidentes de carro diferentes,
ela ficou de cama, muito enferma, devido à exaustão e a problemas
cardíacos. Esses efeitos tiveram um preço sobre o seu corpo e ela foi
passar um tempo com amigos na África do Sul esperando conseguir
recuperar a saúde para poder voltar a trabalhar no ministério.
Em vez disso, sua saúde deteriorou rapidamente e ela percebeu que
estava morrendo. Embora ela tivesse tido muitos encontros
sobrenaturais pessoais e conhecesse experiências de quase morte de
outros, ela estava prestes ter um encontro que transformaria sua vida e
ministério de uma maneira especial.
Durante uma entrevista telefônica com Suzette em Frankfurt, Alemanha,
ela disse que essa experiência ocorreu em agosto de 1983, não muito
depois da morte de seu pai.8

Fui passar um tempo com meus queridos amigos Jimmy e Jessie Scott, na
África do Sul, porque eu estava exausta. Sendo viciada em trabalho, eu havia
me escondido na obra de Deus para fugir da dor da morte de meus pais. Eu
não me sentia bem e estava muito doente. Eu sabia, por causa de uma dor em
meu peito, que eu ia morrer naquele dia. Jessie ia chamar uma ambulância.
Enquanto estava deitada em minha cama, eles oraram: Por favor, salve sua
vida para o bem do ministério. Então saíram para continuar a interceder
pela minha vida em outro quarto.
Naquele instante, em meu quarto, estava escuro e, no instante seguinte, a luz
me cercou. Não uma luz que conhecemos como luz. Sem sombras. A luz mais
brilhante que eu já vi, mas ela não me fazia mal. Eu via o quarto exatamente
como ele era, mas ele estava claro. Voltei-me para a porta e olhei para o
meu corpo na cama. Quando me virei, minha mãe e meu pai estavam em pé
ali. Exatamente com a mesma aparência que tinham na Terra, com a
diferença de que não havia nenhum fardo em seus rostos. Era como se um
brilho de suavidade emanasse deles. Minha mãe comunicou-se comigo —
mas não com palavras. Ela disse: “Você não pode vir ainda, minha criança.
Você precisa voltar. Você estará melhor amanhã.”

Acordei e estava de volta à minha cama. Jessie entrou no quarto de repente,


acendeu a luz e disse: “Você vai viver! Vou fazer uma sopa para você
agora.” Aquele foi o momento de decisão. Não fiquei curada
instantaneamente, milagrosamente. Mas foi algo diferente.
Aquilo marcou a minha vida de tal maneira que senti que não estamos aqui
para mostrar a nossa espiritualidade, estamos aqui para mostrar Jesus.
Desde então, percebi que estou vivendo o tempo extra que ganhei.

OS TÚNEIS E OS PORTÕES DO CÉU

A Bíblia oferece uma grande quantidade de informações que apoiam as


características comuns de uma visão típica de quase morte. Rita Bennet,
diretora executiva da Christian Renewal Association, acredita que
existem túneis de luz e dá a sua interpretação bíblica para essa
experiência. “É possível que você e eu um dia entremos no céu andando
ou flutuando através de um túnel de luz brilhante, de um azul
esverdeado da cor do jaspe”.
A pista está em Apocalipse 21:17-18, que oferece a espessura e as
dimensões dos muros que cercam a cidade. “Meus estudos indicaram que
a espessura das muralhas seria por volta de 65 metros, ou quase 1
quilômetro, próximo ao comprimento de um campo de futebol. A ideia de
que as muralhas do céu sejam tão grossas parece algo extremamente
improvável...”9 Ela acredita que é essa muralha que dá subsídios à ideia
dos “túneis” através dos quais as pessoas deslizam quando entram no
céu.
Em parte, ela está correta sobre a cor de jaspe. Assim como muitas
pedras preciosas, o jaspe pode assumir a aparência de uma variedade de
cores. O jaspe mais comum é uma pedra clara, extremamente
transparente. A natureza transparente da pedra preciosa significa
simbolicamente que a pessoa é vista claramente ou que a pessoa fica
extasiada com a luz da glória. Na literatura bíblica, o jaspe simboliza a
água e a plenitude da glória. A passagem de Apocalipse 21:11-19 à qual
Rita se refere ilustra a glória da Jerusalém celestial. Um túnel de jaspe
provavelmente brilha extremamente com a luz enquanto suas
propriedades claras refletem a luz brilhante e ofuscante da glória de
Deus. Entretanto, uma versão azul-esverdeada da pedra também pode
simbolizar a água e significa que a pessoa está submersa no rio do mar
de glória quando entra pelos portões do céu. Um túnel azul-esverdeado
pode ser muito mais escuro que o esperado, uma vez que a luz não se
reflete facilmente em um túnel.
Algumas pessoas relatam voar através de um túnel escuro, enquanto
outras relatam se mover por um túnel de luz. Ambas as experiências
poderiam ser sustentadas pelas Escrituras de acordo com as
propriedades do jaspe. O jaspe poderia ser um túnel de trevas colorido
pela natureza azul-esverdeada da pedra, ou pode ser uma pedra
extremamente transparente — mais capaz de refletir uma luz brilhante.
Aqueles que têm a experiência de sair dos seus corpos e de viajar através
de um túnel de luz ou de um túnel de trevas podem estar apenas
passando pelos portões da Nova Jerusalém diretamente para dentro do
céu, como Rita Bennet acredita.
Entretanto, nem a pesquisa do Dr. Morse nem as Escrituras sustentam a
ideia de que aqueles que lembram passar por um túnel escuro realmente
descobrem uma visão do inferno esperando por eles do outro lado ou
que aqueles que passam por um túnel de luz chegam ao Céu. Parece que
um túnel é simplesmente um túnel. As pessoas passam tanto pelas trevas
quanto pela luz para chegarem ao Céu ou ao inferno. O lugar por onde
você está passando e para onde ele conduz dependem inteiramente dos
propósitos de Deus, que tem pleno controle da experiência e até mesmo
a está dirigindo.

ENCONTRANDO SERES DE LUZ

O que são esses “seres de luz” que as pessoas veem durante as


experiências de quase morte? Algumas veem apenas uma pessoa, oculta
no brilho da luz que obscurece as suas feições faciais. Outras veem certo
número de pessoas andando como se a luz não apenas fluísse delas
interiormente, mas como se as envolvesse externamente. Muitas
passagens falam sobre seres espirituais de luz que se encaixam em uma
ou duas categorias — um tipo de anjo ou o próprio Deus. Uma, em
particular, fala de Deus: “O único que possui imortalidade, que habita em
luz inacessível...” (1 Timóteo 6:16).
Um discípulo de Jesus em especial falou sobre Jesus como um ser de luz,
como se ele tivesse tido uma revelação notável e pessoal dessa luz. Creio
que João, o discípulo a quem Jesus amava, viu e sentiu o impacto da luz
que emanava de Jesus, muito além da compreensão dos outros. A sua
revelação da natureza de Jesus como luz e amor ultrapassava em muito a
compreensão dos outros discípulos.
Em João 1:4-5, o apóstolo começou a sua descrição de Jesus como luz: “A
vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas
trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.” Ele sabia que Jesus era
diferente de todos os outros homens — que a luz dele era especial. Com
relação a João Batista, ele escreveu em João 1:8-9: “Ele não era a luz, mas
veio para que testificasse da luz, a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao
mundo, ilumina a todo homem.”
Ele sabia disso porque Jesus lhe dissera. Em João 8:12, Jesus diz acerca
de si mesmo: “Eu sou a luz do mundo.” E, mais tarde, João escreveu em 1
João 1:5: “Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos
anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma.”
Porém, João, mais do que qualquer escritor dos evangelhos, também
recebeu uma revelação sobre a natureza da luz que só podia ser
transmitida através de visões sobrenaturais. Em Apocalipse 4:5, ele
escreveu: “Do trono saíam relâmpagos, vozes e trovões. Diante dele
estavam acesas sete lâmpadas de fogo, que são os sete espíritos de Deus”
(NVI). Os sete aspectos da natureza de Deus habitam em luz flamejante
diante do trono — as mesmas luzes flamejantes e os mesmos seres de luz
que muitos relatam ter visto enquanto passam por um túnel, voando
para o céu e chegam à presença de Deus.
João também sabia que o Salmo 104:2 falava de um Deus “coberto de luz
como de um manto...” E que essa luz era tão poderosa que ela iluminava
não apenas uma área localizada como uma lanterna; ela era mais
poderosa que o sol e a lua. Em Apocalipse 21:23, João escreveu: “A cidade
não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a
glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada.”
Jesus não é apenas a luz; os seres espirituais no Seu reino celestial
também estão vestidos de luz resplandecente. No Antigo Testamento,
lemos sobre um dos encontros de Daniel com um anjo: “O seu corpo era
como o berilo, o seu rosto, como um relâmpago, os seus olhos, como
tochas de fogo...” (Daniel 10:6). E em Mateus, lemos uma descrição do
anjo do Senhor que removeu a pedra do túmulo no jardim e sentou-se
sobre ela. A sua aparência reflete uma luz extraordinária. “O seu aspecto
era como um relâmpago, e a sua veste, alva como a neve. E os guardas
tremeram espavoridos e ficaram como se estivessem mortos” (Mateus
28:3-4).
Esses anjos deviam ter estado ao redor do trono. Contemplando a luz,
eles se tornaram como Aquele a quem contemplavam. Cheios da luz de
Deus, eles vieram como mensageiros à Terra, ainda brilhando com toda a
Sua glória. Porque o próprio trono é tão carregado
eletromagneticamente que ele libera... “relâmpagos, vozes e trovões”
(Apocalipse 4:5). Imagine relâmpagos brilhando contra todas as joias
multicoloridas da sala do trono; seria como um show de luzes gigantesco.
Todas essas imagens de Deus como luz, seres angelicais de luz, arco-íris
de luz brilhando, estão contidas nas histórias daqueles que tiveram uma
experiência de quase morte. O que é mais interessante sobre as histórias
deles é que muitos daqueles que as contam não são cristãos e têm pouco
ou nenhum histórico de fé judeu-cristã ou conhecimento das descrições
bíblicas da sala do trono no Céu.
Não é de admirar que quando as pessoas encontram a luz puríssima e
ficam face a face com a origem e o Criador da energia eletromagnética,
elas sejam transformadas para sempre, como revela a pesquisa do Dr.
Morse. Não é de admirar que Jesus pudesse realizar milagres. A natureza
do Seu ser, que consistia de poderosa luz, ou energia eletromagnética,
alterava todos com quem Ele entrava em contato — se Ele optasse por
liberar essa luz. Às vezes, Ele andava incógnito, curava apenas uma
pessoa em vez de toda a multidão, ou curava e libertava multidões
inteiras, andava sobre as águas, transformava água em vinho. Luz, amor,
poder e glória estavam combinados em Jesus, permitindo que Ele fizesse
coisas extraordinárias.
O Seu poder e a Sua luz foram liberados não apenas para aqueles que
tiveram uma experiência de quase morte, ou visões em que uma pessoa
encontra a luz, mas também para aqueles que sentem cada molécula de
seu corpo explodir quando Jesus se aproxima. Aqueles que são
transformados para sempre não são mudados por causa da visão, mas
porque se encontraram com Deus e com o poder contido na Sua luz
radiante.

O PROPÓSITO DA VIDA

Nem todos saem de uma experiência de quase morte tendo se


encontrado com Jesus e reconhecendo-o como Deus. Na verdade, a
maioria sai com mais perguntas sobre Deus do que antes. Alguns se
voltam para as práticas e teorias espiritualistas da Nova Era ao saírem
em busca de respostas. Outros saem contentes com a sua nova
descoberta de uma vida após a morte, porém mais focados em viver esta
vida do que no que está além, em “uma galáxia muito, muito distante”. E
este parece o ponto da experiência deles. A maioria daqueles que passam
por uma experiência de quase morte e têm uma visão do céu e
encontram o Deus que é a luz do mundo, saem com duas percepções-
chave:
1. A primeira é a mensagem de que você foi criado com um propósito.
Seja qual for o trabalho que você foi criado para executar, sejam quem
forem as pessoas que você foi chamado para amar, é melhor ir em frente
com isso! O nosso tempo aqui na Terra é curto. Como diz Suzette
Hattingh, estamos vivendo o tempo extra que ganhamos.
2. A segunda é que existe um Deus no Céu que se senta em um trono
cercado por anjos e que o céu está cheio de entes queridos que partiram
antes de nós. O que fazemos com este conhecimento? Jesus disse: “Eu sou
o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim”
(João 14:6). Ele também diz “Eu sou a porta” (João 10:7). Ele bate na
porta do seu coração, e se você abrir para Ele, Ele entrará e desenvolverá
uma amizade com você que durará por toda a eternidade. Mas você
precisa abrir a porta deste lado da eternidade, a fim de passar para o
outro lado. Por que esperar até os três últimos segundo de sua vida?
Você nunca sabe quando serão esses últimos instantes. E não há garantia
de que uma experiência de quase morte lhe consiga algum tempo para
uma tomada de decisão.
Você quer estar com Jesus, ou quer viver na ausência de luz, no vazio
escuro que Mickey Robinson sentiu por uma fração de segundos e soube
que não era mais que uma prova da alternativa que ele tinha? Abra a
porta do seu coração, tire um instante para orar agora com suas palavras
e convide Jesus para entrar, entregando sua vida a Ele. E à medida que
você morrer para si mesmo, verá a sua vida ser transformada pela Sua
luz, e verá a sua alegria ser aumentada, à medida que o amor dele inunda
o seu coração. Se você não tem palavras próprias, faça esta oração
simples: Senhor Jesus, luz do mundo, Deus que é todo amoroso, eu Te
convido para entrar em meu coração. Abra os olhos do meu entendimento.
Perdoa-me por todos os meus pecados e revela-te a mim, para que eu possa
conhecer-te hoje e por toda a eternidade. Tu és o Senhor dos senhores e o
Rei dos reis. Creio que Jesus Cristo é o Filho do Deus vivo. Não há outro
caminho para o Pai ou para a eternidade a não ser através de Ti. Eu
entrego a minha vida em Tuas mãos amorosas.
NOTAS

1. Mickey Robinson, Falling to Heaven (Cedar Rapids, IA: Arrow


Publications, 2003), 94-95.
2. Morse publicou sua pesquisa no livro Transformed by the Light e
em vários jornais pediátricos da área médica.
3. Melvin Morse, M.D. com Paul Perry, Transformed by the Light: The
Powerful Effect of Near Death Experiences on People’s Lives (Nova
York: Villard Books, 1992), 147-148.
4. Morse, Transformed by the Light, 197.
5. G. M. Woerlee, Darkness, Tunnels, and Light,
http://www.csicop.org/q/csicop/neardeath.
6. Bill Wise, 23 Minutes in Hell. Esta informação foi extraída de um
testemunho que Bill deu em Kansas City.
7. “She Dared to Claim a Continent”, Tomas Dixon, revista Charisma,
outubro de 2002.
8. Entrevista telefônica com Suzette Hattingh na Alemanha, junho de
2006.
9. Rita Bennet, autora de To Heaven and Back, esta citação foi
extraída de sua coluna em The Edmonds Beacon, 25 de agosto de
2005.
CAPÍTULO 7
UMA JORNADA PELO LADO MAIS ESPANTOSO DAS VISÕES
SOBRENATURAIS

por JAMES GOLL

Tendo passado pelos corredores das Experiências Comuns das Visões e


Sonhos, vamos agora mais à frente para encontrar outro caminho de
entrada para outro vasto aposento. O nome desta porta a princípio soa
um pouco impressionante. Ele diz: Uma Jornada pelo Lado Mais
Espantoso. Ao espreitar pela abertura, posso ver quatro portas separadas
com nomes escritos em cada passagem.
Na primeira porta encontramos estas palavras impressas: Ande pelo Lado
Mais Espantoso! Isso faz que eu me pergunte o que neste mundo está por
trás daquela porta! A porta que está bem diante dela diz: Ilumine-me —
Céus Abertos, Sons do Céu e Visitando o Céu. Oh, acho que agora
simplesmente extrapolamos a nossa compreensão, com certeza! A porta
número 3 me intriga, uma vez que ela salta bem diante dos meus olhos:
Êxtase, Vislumbres, Murmúrios e Profecias. Mas se você for corajoso o
bastante, tenha certeza de que você ainda não chegou ao seu máximo,
mas chegará quando entrar neste aposento que tem o nome: No Corpo,
ou Fora Dele?
Uau! Estamos nos preparando para uma viagem espantosa enquanto
continuamos na nossa jornada progressiva do Comum para O Lado Mais
Espantoso! Então aqui vamos nós — mas não é o caso de dizermos:
“Estando prontos ou não, aqui vamos nós”, mas “Sim, estamos prontos
para receber mais do nosso querido Senhor!”
ÊXTASES OU TRANSES

Quando voltei a Jerusalém, estando eu a orar no templo, caí em êxtase (Atos


22:17).

Devido ao fato de serem tão mal compreendidos hoje e por estarem


ligados na mente de muitas pessoas com a Nova Era e o ocultismo,
precisamos tomar muito cuidado ao lidar com o tema dos êxtases e
transes. Mas vamos em frente com um panorama geral breve dessas
experiências extáticas.
Um transe ou êxtase é mais ou menos um estado de deslumbramento em
que o corpo de uma pessoa é subjugado pelo Espírito de Deus e sua
mente pode ser tomada e sujeita a visões ou revelações que Deus deseja
transmitir. A palavra grega do Novo Testamento é ekstasis, de onde
deriva a nossa palavra “êxtase”. Basicamente, um êxtase é uma excitação
do corpo físico provocada sobrenaturalmente. Muitas vezes, uma pessoa
em transe ou êxtase fica estupefata — tomada, capturada e colocada em
um estado mental supernormal (acima do normal ou fora do normal). O
dicionário Vine’s Expository Dictionary of New Testament Words define
um êxtase como “um estado onde a consciência comum e a percepção
das circunstâncias naturais foram retidas, e a alma estava suscetível
apenas à visão transmitida por Deus”.1 Vine continua nos dando uma
segunda definição afirmando: “Um êxtase é um estado onde uma pessoa
é tão transportada para fora do seu estado natural que ela cai em um
transe, um estado sobrenatural onde ela pode ter visões no espírito.”2
O dicionário Webster descreve este estado da seguinte maneira: “Êxtase;
um ser deslocado de seu lugar; distração, principalmente em resultado
de grande fervor religioso; grande alegria, arrebatamento; um
sentimento de prazer que captura toda a mente.”3 Um deslocamento da
mente, um atordoamento, “êxtase”; daí ficar assombrado, assombro,
espanto.4
O Dr. David Blomgren, em seu equilibrado livro profético, Prophetic
Gatherings in the Church, nos dá a seguinte definição: “Um transe ou
êxtase é um estado visionário onde a revelação é recebida. Esse estado
de arrebatamento é um estado em que um profeta perceptivelmente não
estaria mais limitado à consciência e à vontade naturais. Ele está ‘no
Espírito’, onde a plena consciência pode ser transcendida
temporariamente.”5
Minha definição final de transe ou êxtase, a partir da reunião de todas as
contribuições anteriores, é um estado de arrebatamento pelo qual uma
pessoa é capturada para a dimensão espiritual de modo a receber apenas
as coisas que o Espírito Santo diz.

UM OLHAR MAIS DETALHADO

A seguir vemos oito exemplos bíblicos que poderíamos dizer que


descrevem várias formas de um estado semelhante ao êxtase ou transe:
Assombro — Marcos 16:8.
Espanto — Marcos 5:42.
Cair como morto — Apocalipse 1:17 (ekstasis não é usado aqui,
mas o estado de se cair como se estivesse morto descreve
adequadamente um estado como o de um êxtase).
Um grande estremecimento — Daniel 10:7.
Um tremor ou uma agitação — Jó 4:14.
Um poder repentino — Ezequiel 8:1.
A mão do Senhor — Ezequiel 1:3.
Um profundo sono da parte do Senhor — Jó 33:15 e Daniel 8:18.

Vamos analisar alguns destes outros exemplos bíblicos de uma maneira


mais completa. Primeiro, vamos dar uma olhada na experiência crucial
do êxtase de Pedro, conforme registrado em Atos 10:9-16 (NVI):

No dia seguinte, por volta do meio-dia enquanto eles viajavam e se


aproximavam da cidade, Pedro subiu ao terraço para orar. Tendo fome,
queria comer; enquanto a refeição estava sendo preparada, caiu em êxtase.
Viu o céu aberto e algo semelhante a um grande lençol que descia à terra,
preso pelas quatro pontas, contendo toda espécie de quadrúpedes, bem como
de répteis da terra e aves do céu. Então uma voz lhe disse: “Levante-se,
Pedro; mate e coma.” Mas Pedro respondeu: “De modo nenhum, Senhor!
Jamais comi algo impuro ou imundo!” A voz lhe falou segunda vez: “Não
chame impuro ao que Deus purificou.” Isso aconteceu três vezes, e em
seguida o lençol foi recolhido ao céu.

Será que realmente entendemos o que aconteceu aqui? Toda a história


da Igreja foi transformada pela experiência de um êxtase! Uma maneira
inteiramente diferente de interpretar as Escrituras foi dada! Os gentios
vieram à fé em Cristo Jesus e o Corpo do Messias já não era mais visto
como sendo exclusivamente uma entidade judaica! A salvação veio aos
gentios! Que mudança de paradigmas! “Não chame impuro ao que Deus
purificou!” Isto é absolutamente impressionante! Agora vamos agradecer
ao Senhor por todas essas experiências espirituais!
Vamos dar mais uma olhada específica na experiência de um êxtase na
vida de Balaão, um profeta transigente, conforme relatado em Números
24:4:

Palavra daquele que ouve as palavras de Deus, daquele que vê a visão que
vem do Todo-poderoso, daquele que cai em um transe e vê com os olhos
abertos (Tradução da King James Version).

Balaão é tomado pelo Espírito de Deus e não pôde sequer amaldiçoar,


mas apenas abençoar Israel. (Quem dera que isso acontecesse
novamente hoje em dia!) Essa proclamação, embora em um estado de
transe, foi feita enquanto seus olhos estavam bem abertos. Misericórdia!
Suponho que Deus quisesse provar alguma coisa e induziu uma
experiência espiritual completa de um estado de transe de modo que
Balaão pudesse dizer somente coisas que Deus pretendia que ele
dissesse.
Bem, Ele fez isso antes — vamos ver isto acontecer por vezes seguidas!
Aqui vamos nós, voando às alturas com as expressões do amor do nosso
querido Senhor! Oh, que Senhor maravilhoso, criativo, lindo e acessível!

EXPERIÊNCIAS FORA DO CORPO


Estendeu ela dali uma semelhança de mão e me tomou pelos cachos da
cabeça; o Espírito me levantou entre a terra e o céu e me levou a Jerusalém
em visões de Deus... (Ezequiel 8:3).

Uma experiência fora do corpo é, na verdade, a projeção do espírito de


uma pessoa para fora do seu corpo. Quando Deus inspira uma
experiência assim, Ele coloca uma fé, uma unção e/ou uma proteção
especial em torno do espírito da pessoa de modo que ela possa atuar na
área para a qual o Senhor a está conduzindo.
Em uma experiência fora do corpo, o espírito de uma pessoa literalmente
deixa o seu corpo físico e começa a viajar na dimensão espiritual pelo
Espírito do Senhor. Uma vez fora do corpo, o ambiente que a cerca
parece diferente do que é naturalmente, porque agora os olhos
espirituais, e não os olhos naturais, é que estão vendo. O Senhor dirige os
olhos para ver o que Ele quer que veja, exatamente da maneira que Ele
quer que ela veja.
Ezequiel é o principal exemplo bíblico de uma pessoa que teve
experiências fora do corpo:
“O Espírito me levantou...” (Ezequiel 3:14).
“Ele... me tomou pelos cachos da cabeça... O Espírito me levantou
entre a terra e o céu” (Ezequiel 8:1-3).
“O Espírito me levantou e me levou...” (Ezequiel 11:1-2).
“Veio sobre mim a mão do SENHOR; ele me levou pelo Espírito do
SENHOR e me deixou no meio de um vale que estava cheio de
ossos...” (Ezequiel 37:1-4).
“O Espírito me levantou e me levou ao átrio interior...” (Ezequiel
43:5-6).

Aparentemente Paulo também teve uma experiência fora do corpo. A


maioria dos estudiosos acredita que Paulo estava se referindo a si
mesmo quando escreveu:
Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado até ao
terceiro céu (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe) e sei que o
tal homem (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe) foi
arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao
homem referir (2 Coríntios 12:2-4).

Veja a maneira como Paulo fala sobre esta dimensão santa e maravilhosa.
Ele não faz um grande alarde disso. Se ele estava dentro ou fora do corpo
não é a questão. A questão é o que ele ouviu e aprendeu enquanto teve
essa experiência. Qual foi a mensagem e qual foi o seu fruto?
Como acontece no caso do transe ou êxtase, esta é uma experiência
visionária que devemos abordar com muito cuidado, por causa das suas
associações com o ocultismo na mente de muitas pessoas. Realmente
existem falsificações de todas as experiências com o Espírito Santo.
Exteriormente, pode parecer que há pouca diferença, mas interiormente,
a diferença é grande, tanto nos frutos quanto no propósito. Nunca
devemos procurar ter essas experiências! Esse tipo de experiência
somente deve ser induzido por Deus e iniciado por Ele!
Não se trata de autoprojeção ou algum tipo de projeção astral. Não é
“buscar” nos projetarmos para fora, pois essas coisas são próprias do
ocultismo e da feitiçaria. Deus, por Sua iniciativa e através do Espírito
Santo, pode, se Ele desejar, nos elevar para uma dimensão espiritual, mas
não devemos projetar a nós mesmos em nada.
Quando os espíritas, os feiticeiros e os iogues praticam isso sem o
Espírito Santo e parecem prosperar através disso, é porque eles não são
uma ameaça para satanás. Eles já estão no engano. Quer entendam isto
ou não, eles já estão aliançados com ele e não são seus inimigos.
Não permita que o inimigo roube o que Deus ordenou. Não tenha medo
dessas formas inusitadas do Espírito Santo, mas esteja sempre certo de
não entrar em algum tipo de atividade autoinduzida.

TRANSLADAÇÃO

Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe


repentinamente. O eunuco não o viu mais e, cheio de alegria, seguiu o seu
caminho (Atos 8:39, NVI).

A transladação (transporte sobrenatural ou transporte de um local para


outro) é mais apropriadamente definida como uma experiência física e
não apenas uma visão. Mas quando esta experiência inusitada realmente
ocorre, diversas coisas do tipo visionário sobrenatural poderiam ser
mostradas à pessoa enquanto ela está sendo transportada. De todos
estes níveis de atividades mencionados, ainda não experimentei este.
Tenho amigos que têm histórias incríveis de tais eventos. Quanto a mim,
estou pedindo ao Senhor que eu possa experimentar tudo que Ele tem
disponível para mim e deseja para a minha vida.
Eis alguns exemplos bíblicos:
Depois que Jesus foi tentado pelo diabo no deserto, Ele foi transportado
para outro lugar (ver Mateus 4:3-5). Filipe, o evangelista, foi transladado
após compartilhar o evangelho com o eunuco etíope (ver Atos 8:39).
Pedro foi transladado para fora da prisão, mas enquanto isso estava
acontecendo, ele não o percebeu. Que ele soubesse, ele estava tendo uma
visão, ou um sonho. Embora não haja como saber ao certo, isso poderia
ter sido uma espécie de transladação (ver Atos 12:8-9).
De todos esses tipos de experiências, vivenciei todas elas exceto a última.
Mas tenho amigos que também tiveram esta experiência. Um amigo meu
teve o seu carro levado para mais de duas horas à frente na estrada em
suas experiências missionárias. Anos atrás Bob Jones e sua esposa
experimentaram sua caminhonete sendo levantada e transladada horas à
frente da hora de chegada prevista. Outro profeta amigo meu estava
atrasado para pegar o voo programado, e antes que nos déssemos conta,
ele chegou adiantado ao aeroporto alguns minutos para fazer a sua
próxima viagem ministerial bem a tempo. Acredito que devia ser
importante para ele chegar lá!
Na verdade, quando leio a Palavra de Deus, peço que eu possa
experimentar tudo que está contido nela. Não a leio simplesmente como
se estivesse lendo um livro de história; eu a leio, às vezes, mais como um
cardápio. Digo: “Quero isto!” Eu o encorajo a fazer o mesmo!

VISITAÇÃO CELESTIAL
Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado até ao
terceiro céu (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe) (2
Coríntios 12:2).

A Bíblia se refere a três céus:


1. O céu mais inferior, o céu atmosférico, que circunda a Terra (ver
Mateus 16:1-3).
2. O segundo céu, o céu estelar que é chamado de espaço exterior,
onde o sol, a lua, as estrelas e os planetas habitam (ver Gênesis
1:16-17).
3. O terceiro céu, que é o mais superior, e o centro ao redor do qual
todas as dimensões giram, é o paraíso, a moradia de Deus e Seus
anjos e santos (ver Salmos 11:4).
Uma visitação celestial é como uma experiência fora do corpo, com a
diferença que o espírito da pessoa sai da dimensão da Terra, passa pelo
segundo céu, e vai até o terceiro céu. Isto pode ocorrer enquanto a
pessoa está orando, enquanto está em um transe ou em um profundo
sono do Senhor, ou na morte.
Alguns exemplos bíblicos incluem:
Moisés. Durante os seus 40 dias de jejum no monte Sinal, Moisés
“viu” o Tabernáculo no céu e recebeu o “modelo” para construir
uma versão terrena. Isto possivelmente foi uma visitação celestial;
não podemos dizer ao certo. No mínimo, foi uma experiência de
ver os céus abertos (ver Êxodo 24:18; 25:1, 8-9 e Hebreus 8:5).
Paulo. Mais uma vez, o apóstolo foi “arrebatado ao terceiro céu”,
onde ele ouviu palavras inefáveis e teve uma verdadeira
experiência do paraíso. Paulo parece ter sido arrebatado
imediatamente para esta dimensão (ver 2 Coríntios 12:2-4).
Enoque. De acordo com Gênesis, Enoque “andou com Deus” e Deus
o tomou. Ele foi arrebatado ao céu sem morrer e nunca retornou à
Terra (ver Hebreus 11:5).
Da mesma maneira que uma pessoa pode visitar o terceiro céu tendo
uma experiência fora do corpo, ela também pode visitar as diversas
regiões do inferno. Se tratar-se de um pecador, ele se aproxima do
inferno descendo — na morte ou na experiência de quase morte ou em
uma visão sobrenatural — e lhe é mostrado onde ele está destinado a
passar a eternidade a não ser que se arrependa e aceite Jesus Cristo
como seu Senhor e Salvador. Então ele é trazido de volta à Terra dentro
do seu corpo pela misericórdia de Deus.
Se uma pessoa é cristã, o Espírito do Senhor pode levá-la ao inferno em
tal experiência, também, com o propósito de revelar o sofrimento e os
tormentos dos condenados. Então ela pode ser enviada de volta para o
seu corpo a fim de testemunhar e advertir os não cristãos a se
arrependerem e a receberem Jesus como seu Senhor. Essas experiências
também são usadas como ferramentas de encorajamento ao Corpo de
Cristo para que eles saibam que o mundo invisível é real. Deus é
galardoador daqueles que o buscam diligentemente (ver Hebreus 11:6).
O céu e o inferno são reais! Cada pessoa é um ser eterno e o seu destino
final é o que importa!
Creio que as visitações celestiais ocorreram não apenas na Bíblia, mas ao
longo da História, e que essas experiências aumentarão à medida que o
verdadeiro ministério apostólico emergir nestes últimos dias. Una-se a
mim e expresse o seu desejo de poder participar de tudo que Deus, o
nosso Pai, preparou para você.

A IMPORTÂNCIA DESSAS EXPERIÊNCIAS

Minha mãe disse que eu era uma criança muito curiosa. Aparentemente,
eu fazia muitas perguntas constantemente, do tipo “por que e o que”. Por
isso, ainda tenho a tendência de fazer perguntas do tipo: “O que
significam todas essas experiências estranhas?” Encorajo-o a fazer o
mesmo no seu relacionamento com o Espírito Santo.
Tendo esse pensamento em mente, relacionei algumas respostas claras,
que vão direto ao ponto, a partir da minha perspectiva das perguntas “o
que e por que” que todos precisamos fazer com relação aos diferentes
tipos de experiências espirituais. Por que Deus concede essas
experiências assombrosas afinal?
1. É uma honra para Deus conceder esses tipos de “audiências”
perante a Sua grande presença.
2. Quanto mais subjetiva a experiência, maior a possibilidade de
uma revelação pura.
3. Os nossos pensamentos ficam de fora do processo, e a recepção na
dimensão do espírito permanece em um foco mais claro.
Portanto, vamos agradecer ao Senhor por nos conceder até mesmo a
oportunidade de que tal coisa aconteça!
Para encerrar este capítulo, vamos considerar a afirmação exortativa do
capítulo 2 de Atos, quando o Espírito Santo foi derramado sobre a Igreja
que estava nascendo. Os discípulos de Jesus estavam tão cheios com o
Espírito Santo, que foram acusados de estar “embriagados com vinho
novo!” Pedro levantou-se com os outros doze e declarou: “Estes homens
não estão bêbados, como vocês supõem” (Atos 2:15, NVI).
Imagine, os discípulos foram tão cheios de Deus que o mundo não
entendeu o que realmente estava acontecendo. Isso lhe parece incomum?
Não para mim! Foi assim naquele tempo, e é assim hoje também!

ELES NÃO ESTÃO LOUCOS, COMO VOCÊ SUPÕE!

Existem várias referências bíblicas que mencionam os profetas como


sendo loucos ou tolos. Entretanto, um estudo mais detalhado mostra que
estes títulos são afirmações dos críticos dos profetas que afirmam isso a
respeito deles por zombaria. Críticos se levantaram naqueles dias e ainda
se levantam nos nossos. Mas para encerrarmos este capítulo sobre o
“Lado Mais Espantoso” das coisas, vamos ver por um instante os “nomes”
que os espectadores deram àqueles que tinham experiências
sobrenaturais extraordinárias no passado. Saiba disto — se você também
já andou pelo lado mais espantoso das coisas — você está em boa
companhia!
A passagem de 2 Reis 9:11 afirma: “Saindo Jeú aos servos de seu senhor,
disseram-lhe: Vai tudo bem? Por que veio a ti este louco? Ele lhes
respondeu: Bem conheceis esse homem e o seu falar.”
Jeú recebe uma palavra profética poderosa que lhe foi entregue por um
jovem profeta (ver 2 Reis 9:1-10). A palavra profética afirma que Jeú será
rei e destruirá Jezabel. Alguns chamaram o homem de: “este louco.”
Jeremias 29:26 nos dá outro exemplo, em que ele indica que todos que
profetizam são chamados de loucos.
Oseias 9:7 nos dá outro relato. “Chegaram os dias do castigo, chegaram
os dias da retribuição; Israel o saberá; o seu profeta é um insensato, o
homem de espírito é um louco, por causa da abundância da tua
iniquidade, ó Israel, e o muito do teu ódio.”
Essa passagem mordaz descreve a visão da maioria com relação ao
profeta e ao homem de espírito. Eles são considerados insensatos e loucos.
Esses vasos não são loucos nem dementes. Eles são realmente
inspirados, homens e mulheres sobre os quais Deus soprou. Eles estão
entre aqueles que fazem parte dos Heróis da Fé em Hebreus, capítulo 11,
que diz que essas pessoas eram “homens dos quais o mundo não era
digno”. Eles não estão embriagados, nem são loucos, como alguns
supõem! Eles são homens e mulheres inspirados por Deus.
Que o Senhor possa nos conceder luz, revelação e entendimento em
relação a estas e outras maneiras maravilhosas e incomuns pelas quais
um Deus sobrenatural trabalha com homens e mulheres naturais.
Portanto, vamos continuar na nossa “jornada pelo lado mais espantoso” e
“retirar o telhado da casa” contemplando este assunto: Translada-me —
céus Abertos, Sons do céu e Visitando o céu.
NOTAS

1. Vine’s Expository Dictionary of New Testament Words.


2. Vine’s Expository Dictionary of New Testament Words.
3. Webster’s Dictionary.
4. James Goll, Revival Breakthrough Study Guide (Franklin, TN:
Ministry to the Nations, 2000).
5. David Blomgren, Prophetic Gatherings in the Church.

CAPÍTULO 8
QUERO SER TELETRANSPORTADA!

por JULIA LOREN

O céu. Esta simples palavra provoca ricas imagens de anjos e música,


joias que refletem luz, e centenas de milhares de indivíduos cercando o
trono e adorando a Deus. Mas o céu está limitado às descrições bíblicas?
Ou ele é muito maior? Nos últimos anos, muitas pessoas falaram sobre
momentos em que foram arrebatadas e levadas ao céu e tiveram visões
impressionantes, falaram com anjos e com Jesus, receberam palavras
proféticas para pessoas e igrejas ou até nações. Algumas delas agora
fazem conferências e laboratórios que encorajam as pessoas a buscarem
o Senhor para ter uma maior percepção das dimensões reveladoras do
céu.
Parece que certos segmentos da igreja carismática acreditam que Deus
realmente deseja a nossa companhia — não apenas aqui na Terra, mas
no céu! Eles também acreditam que, como cristãos, temos o direito de
explorar a nossa herança e, como na antiga série de filmes Jornada nas
Estrelas, o céu pode enviar o seu transportador de luz aqui para baixo e
nos teletransportar para subirmos ao céu.
Aqueles que têm essas visões de andarem nas dimensões celestiais estão
tendo acesso à promessa de Deus em João 1:51: “E acrescentou: Em
verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus
subindo e descendo sobre o Filho do Homem.” O que é o “céu” de que
Jesus está falando aqui? É o mesmo céu que João viu se abrir e elevá-lo
em visões sobre as quais, mais tarde, ele escreveu no Livro de
Apocalipse? De acordo com os testemunhos de outros que tiveram
experiências na “sala do trono” e com o “céu aberto”, as pessoas estão
tendo encontros impressionantes e transformadores com Deus no céu
assim como na Terra. Você só precisa estar no lugar certo, colocando o
seu coração e a sua mente na posição, para ser envolvido pelo
“teletransporte” e ser elevado. E você, também, pode ter visões
semelhantes às dos apóstolos João, Pedro, Paulo, e outros.
A habitação de Deus é o próprio céu — e ele é mencionado como o
terceiro céu em 2 Coríntios 12:1-4, quando Paulo relata a sua experiência
como sendo arrebatado ao terceiro céu. Se esta experiência ocorreu no
corpo (transladando-o para o céu) ou fora do corpo (como uma forma de
visão), ele não sabia, mas ele o descreveu como o paraíso. Deus, tendo
dado toda autoridade no céu e na Terra a Jesus Cristo, pode enviar
experiências reveladoras e anjos à vontade por todo o céu e Terra. Ele
também pode arrebatar os crentes ao terceiro céu e permitir que eles
vejam e experimentem a sala do trono de Deus e andem no Seu Reino no
céu. Aqueles que tiveram experiências autênticas com a “sala do trono”
saem inegavelmente com revelações muito maiores de quem Jesus
realmente é e do que Ele está dizendo à Igreja atualmente.
Participei de diversas reuniões que se destinavam a levar as pessoas a
uma consciência experimental do céu. Várias dúzias de cristãos ficavam
deitados no chão, enquanto a música de adoração os ninava levando-os a
um estado mental de relaxamento. À medida que eles focavam a atenção
em Jesus, adorando-o, afastando-se dos cuidados dos seus dias e
entrando na Sua presença, muitos se sentiram subindo para novas
alturas espirituais. Era como se a Terra estivesse muito longe e os
portões do céu se abrissem. Alguns encontraram anjos que os escoltaram
até à sala do trono de Deus. Outros se encontraram face a face com Jesus.
Depois de cerca de 30 minutos, a adoração terminava e eles se sentavam,
um por um, e vinham à frente para falar sobre o que viram, ouviram e
sentiram. Na maioria, os encontros deles envolviam ouvir a ternura de
Cristo falar com eles sobre as preocupações de seus corações:
preocupações com os membros de suas famílias, com os assuntos da
igreja, e com o seu desejo de servir a Deus de uma maneira significativa.
Alguns receberam dons espirituais.
Durante essa reunião, enquanto outros se aventuravam a entrar na sala
do trono, vi-me perambulando por uma das salas da biblioteca do céu. O
Pai estava sentado com Seus olhos voltados para baixo enquanto Ele
focava no livro aberto diante dele. A Sua ampla escrivaninha de madeira
estava coberta de papéis espalhados entre as pilhas de livros. Ele tinha
uma pena longa em Sua mão. Fechando o livro que lia, Ele abriu
deliberadamente a capa da frente, inclinou-se e assinou o livro, sorriu e
disse: “Gosto deste livro. Na verdade, gosto de todos os seus livros”, ele
acrescentou, estendendo a mão em direção a uma pilha de livros em Sua
escrivaninha, e depois acenando com a cabeça em direção a pilha de
livros empilhados no chão.
Então, Ele me entregou a pena como um presente para trazer de volta à
Terra. Quando tomei a caneta em minha mão, ainda em pé, sem fala
diante dele, um anjo muito alto apareceu do meu lado esquerdo. O
Senhor me disse que aquele anjo havia chegado para me dar lições de
luta com a espada, e então Ele desapareceu imediatamente da sala,
enquanto o anjo assumia o seu lugar. O anjo levantou o braço, que
parecia ter penas que se estendiam dele — um anjo estereotipado
vestido de branco, com um cinturão amarrado à cintura, e uma espada
levantada acima da sua cabeça. Ergui o braço, com a caneta na mão, e o
estendi ao lado do dele. Ele balançou o braço para a esquerda e o meu
braço erguido o seguiu. Então ele sacudiu o braço para a direita,
empurrando o meu suavemente. Entramos em sintonia e ele brandiu sua
espada, enquanto eu balançava minha pena suave e podero