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Virginia M Carvalho
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Carvalho, V.M.; Rocha, E.D. Toxicologia analítica: da triagem à confirmação. In: Peixe,
T.S.; Ribeiro Neto, L.M.; Graff, S.; Santos, C.E.M. Toxicologia: tópicos aplicados.
Curitiba: Brazil Publishing, 2020, p.303-347.
1. Introdução
1
devem atender ao princípio fundamental da presunção da inocência ou in dubio pro
reo, o qual define que a dúvida deve recair como um benefício ao réu. Neste caso, é
adotada a marcha analítica que ofereça resultados irrefutáveis; caso contrário, fere-se
o ordenamento jurídico e o laudo gerado perde a validade probatória.
Nas situações em que não há elementos que indiquem o provável toxicante,
faz-se necessária a análise toxicológica sistemática (ATS), que é a busca químico-
analítica de substâncias desconhecidas em matrizes biológicas, envolvendo etapas de
preparação da amostra para extração de grupos de substâncias, segundo suas
propriedades físico-químicas predominantes, seguida de aplicação de técnicas
cromatográficas direcionadas a grupos de substâncias (LINDEN; MOREAU,
2016)(LINDEN; ANTUNES, 2018).
Neste capítulo, a ATS está inserida dentro dos tópicos preparação de
amostras, técnicas de triagem e confirmatórias. As técnicas cromatográficas
empregadas nas análises confirmatórias (cromatografia gasosa e líquida acopladas a
diferentes detectores) podem ser empregadas também na triagem de substâncias,
desde que planejadas as extrações e desde que sejam adotados métodos de
separação padronizados e bibliotecas de espectros de absorção e massas na
identificação dos analitos.
A classificação do agente tóxico pode ser adotada para nortear tal busca.
Assim, gases e vapores tóxicos, praguicidas, fármacos psicotrópicos (estimulantes,
depressores e alucinógenos), toxinas (substâncias tóxicas de origem natural,
geralmente proveniente de animais, fungos ou bactérias) e metais tóxicos podem ser
alocados em grupos que apresentam propriedades físico-químicas ou toxicológicas
similares.
A finalidade sempre definirá o(s) método(s). Testes rápidos, por exemplo, são
essenciais nas análises de urgência nas quais o resultado analítico irá complementar
dados clínicos observados, por exemplo, a identificação rápida de salicitatos por
colorimetria pode indicar a causa de uma acidose metabólica, quando se suspeita de
intoxicação por aspirina; por outro lado, o controle terapêutico de digoxina irá requerer
método de alta sensibilidade, devido à estreita janela terapêutica. Seja qual for a
finalidade, a toxicologia analítica se ocupa da identificação e/ou da quantificação de
substâncias e da interpretação dos resultados. Para tanto, etapas de preparação de
amostra, de métodos de triagem, de testes confirmatórios e de validação dos métodos
analíticos devem ser planejadas.
2. Preparação de amostras
2
A preparação da amostra visa à retirada de interferentes e, em alguns casos,
busca concentrar os analitos em solvente apropriado ao método selecionado,
permitindo sua identificação e quantificação.
Drogas ilícitas, bebidas e demais alimentos, medicamentos, solo e matrizes
biológicas são frequentemente empregadas nas análises toxicológicas. A seleção
deve levar em consideração a distribuição dos toxicantes e as inferências almejadas
na interpretação do resultado. Por exemplo: no monitoramento terapêutico, plasma e
soro devem ser as matrizes de escolha, pela possibilidade de correlação entre a
concentração do fármaco na matriz e o efeito (concentração no sítio de ação). A
interpretação pode ficar comprometida, neste exemplo, se for selecionada a urina,
devido às variáveis patológicas ou de metabolismo(SANTOS; LANCHOTE; GIRAUD,
2014).
Em se tratando de matrizes biológicas, o sangue representa o primeiro
compartimento de distribuição para a maioria dos fármacos, tendo alto valor
interpretativo em indivíduos vivos. A urina representa a matriz de eliminação, sendo
esperadas maiores concentrações em relação ao sangue, especialmente dos
metabólitos; por outro lado, o valor interpretativo é limitado por variáveis associadas à
cinética de eliminação e aos fatores patológicos, como alterações na função renal e
hepática.
As matrizes biológicas adotadas em análises toxicológicas são fluidos, tais
como sangue, plasma, soro, urina e saliva. Cabelo, pelo e unhas são matrizes
alternativas, indicadas para avaliação do uso crônico de algumas substâncias. Em
casos postmortem,podem ainda ser coletados humor vítreo, bile, tecidos encefálico,
pulmonar, hepático e renal(CARVALHO et al., 2014).
Fatores relacionados à coleta e ao armazenamento da matriz, tais como local,
horário, recipiente de armazenamento, adição ou não de aditivos como inibidores
enzimáticos e quelantes devem ser planejados de acordo com toxicante a ser
pesquisado, de modo a garantir correta interpretação e confiabilidade do resultado.
A técnica de extração será selecionada em função das propriedades físico-
químicas dos analitos; por exemplo, a separação em compostos orgânicos
(hidrossolúveis, lipossolúveis, ácidos, alcalinos ou neutros), inorgânicos, voláteis e não
voláteis representa uma classificação útil. Material de apreensão, como drogas de
abuso (anfetaminas, opioides, cocaína etc.), e medicamentos podem requerer apenas
liberação do(s) analito(s) da matriz, por técnica de diluição em solvente,
homogeneização e centrifugação, enquanto matrizes complexas, como solo e
alimentos, e matrizes biológicas requerem, em geral, técnicas mais elaboradas de
extração. Em alguns casos, é necessário adotar, previamente à extração, a liberação
3
do analito ou a retirada de interferentes, por exemplo, a análise de sangue total requer
a precipitação de proteínas com solventes (acetonitrila, metanol etc.) ou sais (sulfato
de zinco) seguida de centrifugação (CARVALHO et al., 2013). Analitos eliminados na
forma conjugada com ácido glicurônico ou sulfato requerem a hidrólise química ou
enzimática, a fim de deixá-los livres para serem extraídos. São eliminados na forma
conjugada em urina os fármacos altamente apolares que sofrem reações de fase II na
biotransformação, como o (se escreve junto: tetrahidrocanabinol) tetra-hidrocanabinol
– composto psicoativo da maconha(MOREAU, 2014)(QUEIROZ; BERGAMASCHI;
QUEIROZ, 2016).
Quando são esperadas baixas concentrações dos analitos, a técnica de
extração deve conter a etapa de concentração. As técnicas mais comumente utilizadas
na extração e/ou na pré-concentração dos compostos são extração líquido-líquido
(LLE), extração em fase sólida (SPE), microextração em fase sólida (SPME) e, no
caso de compostos voláteis, extração por headspace.
Analitos presentes em algumas amostras sólidas, tais como vegetal (maconha,
haxixe, folhas de coca), solo e óleos, podem ser extraídos diretamente com solventes,
desde que os compostos de interesse sejam miscíveis e ocorra separação de fases. O
rendimento da extração pode ser melhorado se forem utilizadas menores quantidades
de solvente extrator de forma seriada, ou seja, é mais eficiente extrair várias vezes
determinado volume de amostra, com menores quantidades de solvente orgânico, do
que uma única vez, com grande quantidade de solvente.
4
misturada com clorofórmio, acetato de etila, n-hexano, éter de petróleo, diclorometano
ou outros solventes apolares representando a fase orgânica.
Em grande parte das vezes, os analitos orgânicos são eletrólitos fracos e
classificados como ácidos ou bases fracas; assim, sua lipossolubilidade poderá ser
aumentada pela influência do pH da fase aquosa. Em comparação aos ácidos e às
bases fortes que estão totalmente dissociados em solução, os ácidos e as bases
fracas apresentam as formas ionizada e não ionizada, de acordo com o valor de sua
constante de dissociação (pKA) e com o valor de pH do meio. Por exemplo: um ácido
forte com valor de pKa=3,4 apresentará estado de equilíbrio com 50% na forma
ionizada e 50% não ionizada quando em solução de pH=3,4. Ácidos fracos em
soluções com valores de pH mais altos em relação ao seu pKa terão seu equilíbrio
deslocado para a forma ionizada (hidrossolúvel), enquanto valores de pH inferiores ao
seu pKa deslocam o equilíbrio para a forma molecular (lipossolúvel). A mesma lógica é
aplicada às bases fracas; assim, soluções com valores de pH inferiores ao seu
pKadeslocarão o equilíbrio para a forma ionizada (hidrossolúvel) e os valores de pH
superiores favorecerão a forma molecular (lipossolúvel).
Os termos não ionizado, não dissociado, molecular e apolar são equivalentes,
para se referir à forma lipossolúvel que tem maior afinidade pelo solvente orgânico
apolar. O contrário vale para os termos ionizado, dissociado e polar, que são
equivalentes, para se referir à forma hidrossolúvel que tem maior afinidade pela fase
aquosa.
Como explicado, o grau de ionização do eletrólito fraco depende de seu pKa e
do pH do meio. Conhecendo os valores das constantes de dissociação dos ácidos e
das bases fracas, é possível empregar a equação de Henderson-Hasselbach na
previsão do deslocamento do equilíbrio químico através da manipulação do pH do
meio (quadro 1).
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Quadro 1 – Equações empregadas no planejamento do pH na ELL.
Nota: EH-H: Henderson-Hasselbalch.
6
maior aplicação na análise de compostos voláteis, por permitir a amostragem dos
compostos presentes em amostras líquidas e sólidas, através de introdução direta em
equipamento de cromatografia gasosa, é possível a análise de outros tipos de
compostos, através da exposição da fibra a matrizes aquosas, em condições
controladas, e da posterior eluição dos analitos para solventes que possam ser
evaporados para concentração dos analitos (QUEIROZ; COLLINS; JARDIM, 2001).
No mercado, há vários tipos de fibra, a ser selecionada de acordo com a
polaridade do(s) analito(s); a mais comumente empregada na análise de compostos
apolares é a fibra recoberta do polímero polidimetilsiloxano, do inglês
polydimethylsiloxane (PDMS), na espessura de 100µm. Porém, há fibras recobertas
com poliacrilato (compostos polares, principalmente fenóis),
divinilbenzenopolidimetilsiloxano (compostos polares, principalmente aminas),
polidimetilsiloxanocarboxen (analitos de baixo peso molecular), carbowax-
divinilbenzeno (analitos polares, principalmente álcoois) e divinilbenzeno-carboxen-
polidimetilsiloxano (analitos polares e apolares)(BORDIN et al., 2015).
A fibra de extração é inserida em um dispositivo,semelhante à lapiseira ou à
seringa,dotado de um microtubo de aço e controlado por um dispositivo que expõe ou
retrai a fibra. Após introdução da agulha no tubo, fechado através da tampa, cujo
material deverá ser inerte, a fibra é exposta e, se adotada a SPME em headspace, os
analitos voláteis são capturados na fase de vapor e expostos no injetor do
cromatógrafo gasoso para dessorção dos analitos (figura 1). Caso seja adotada
cromatografia líquida, os analitos adsorvidos na fibra, após contato com a matriz
líquida sob agitação, serão eluídos em solvente apropriado, que será posteriormente
introduzido no equipamento. As variáveis a serem otimizadas são: tempo de exposição
da fibra, temperatura, pH da matriz aquosa, concentração de sal adotado no salting-
out, volume de amostra e velocidade de agitação da amostra. Embora essa técnica
tenha alta sensibilidade, apresenta, como limitações, baixa reprodutibilidade para
quantificações e elevado custo.
7
Figura 1 – Esquema da técnica de extração headspace combinada com a microextração
em fase sólida.
8
com adsorvente à base de sílica quimicamente ligada a um grupo apolar (C8) e outro
de troca catiônica, representado pelo ácido benzenossulfônico. Este tipo de
adsorvente é indicado pelo fato de as moléculas apresentarem grupo amina e
polaridades diferentes; o valor de pKa da COC equivale a 8,6 e a BE é uma molécula
anfótera, com valores de pKa correspondendo a 2,25 e 11,50 (CARVALHO et al.,
2013).Assim, estes cartuchos são efetivos para reter ambos os analitos: não polares e
catiônicos. Os analitos são fortemente retidos no adsorvente em pH até 6 pela
combinação de forças de Coulomb e interações não polares, o que permite uma série
de lavagens aquosas e com solventes orgânicos; por exemplo: a lavagem com água e
metanol remove contaminantes apolares, polares e aniônicos da matriz(CHEN et al.,
2008).
3. Métodos de triagem
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de matriz complexa, aplicam-se os testes às frações ácida, alcalina e neutra obtidas
por ELL. O quadro 2 resume os testes colorimétricos gerais empregados na
identificação de grupos químicos e farmacológicos diversos(STEFENS, 1986).
10
anfetaminas (amarela a rosa) e gentamicina (violeta
Ninidrina
após aquecimento/4 min)
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Figura 2 – Teste de Duquenois aplicado à amostra vegetal de Cannabis.
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Dissolver 0,5 g de vanadato de amônio em 1,5
Mandelin mL de água e diluir para 100 mL com ácido
sulfúrico. Filtrar em fibra de vidro
Reagente A: adicionar de 8 a 10 gotas
(aproximadamente 0,25 mL) de solução de
Marquis formaldeído 37% em 10 mL de ácido acético
glacial
Reagente B: ácido sulfúrico concentrado
Dissolver 1 g de ácido selênico em 100 mL de
Mecke
ácido sulfúrico concentrado
Simon
Dissolver 0,9 g de nitroprussiato de sódio em 90
mL de água e adicionar 10 mL de acetaldeído.
Reagente A: solução de ácido clorídrico 16%
Tiocianato de cobalto Reagente B: dissolver 2,5 g de tiocianato de
cobalto (II) em 100 mL de água
Reagente A: dissolver 1 g de tiocianato de
cobalto (II) em 50 mL de ácido acético 10% (v/v),
Tiocianato de cobalto
depois adicionar 50 mL de glicerina
modificado (Scott)
Reagente B: ácido clorídrico
concentradoReagente C: clorofórmio
Misturar 1,27 g de iodina e 2 g de iodeto de
Wagner potássio, depois dissolver a mistura em 100 mL
de água
Reagente A: dissolver 1 g de 1,3-dinitrobenzeno
em 100 mL de metanol
Zimmermann
Reagente B: dissolver 15 g de hidróxido de
potássio em 100 mL de água
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na fase móvel e mantidos a uma distância adequada entre as aplicações adjacentes. A
cromatoplaca é inserida em cuba de vidro previamente saturada com a fase móvel,
isto é, o solvente (ou mistura de solventes) é adicionado na cuba em quantidade
suficiente para banhar a base inferior da placa, mas previamente em repouso, para
saturar o ar no ambiente da cuba. Inicia-se o desenvolvimento cromatográfico, os
componentes da amostra são separados por diferenças de velocidade de arraste, em
função do avanço da fase móvel sobre a fase estacionária (capilaridade) e das
diferentes forças de interação com a fase estacionária (MOFFAT, 1986)(COLLINS;
BRAGA; BONATO, 2017).
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Figura 3 – Representação esquemática da Cromatografia em Camada Delgada.
AS: solução padrão de ácido salicílico; Desc.: extrato de amostra com analito desconhecido.
3.3 Imunoensaios
O traçador pode ser o analito marcado com enzima nas técnicas do tipo EMIT
(Enzime-MultipliedImmunoassayTechnique), Elisa (Enzyme-
LinkedImmunosorbentAssay) ou marcado com um composto fluorescente FIA
(FluorescenceImmunoassay). Seja qual for o tipo, quando a amostra é aplicada, se
houver o analito de interesse, este irá competir com o analito marcado pelos vão
competir sítios de ligação dos anticorpos. Quando as moléculas do analito de
interesse se ligar aos anticorpos, os analitos marcados serão deslocados e reagirão
com um substrato adicionado ao sistema; por exemplo, se for uma enzima,esta,
15
quando não ligada ao anticorpo, fica ativa para reagir com um substrato, gerando um
sinal que pode ser medido por espectroscopia (figura 4). O mesmo princípio é aplicado
ao FIA, cujo sinal será a fluorescência e sua intensidade será inversamente
proporcional à concentração do analito na amostra. O sinal pode ser medido por
técnicas espectrométricas ou pode ser identificado visualmente como resultado
positivo ou negativo(HAND; BALDWIN, 2008).
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Equação 1: VPP = VP/(VP+FP)
Onde:
4. Métodos confirmatórios
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A curva de calibração é construída pela análise de concentrações progressivas
do analito. As concentrações são plotadas no eixo x (variável independente), enquanto
as respostas (sinal) do equipamento ficam no eixo y (variável dependente). Os
resultados são modelados matematicamente por regressão linear, pelo método dos
mínimos quadrados (SAVITZKY; GOLAY, 1964), gerando uma equação de reta
(y=ax+b) a ser utilizada na quantificação do analito de teor desconhecido presente na
amostra autêntica. Através da curva, é possível avaliar a correlação entre as
concentrações ensaiadas e os sinais gerados pelo equipamento – dados pelo
coeficiente de determinação (r2)(figura 6).
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Figura 6 – Representação gráfica de uma curva de calibração.
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GC eram do tipo empacotadas, ou seja, tubos de aço ou vidro empacotados com a
fase estacionária, geralmente terra diatomácea (material sólido e poroso com tamanho
de partícula mais ou menos uniforme). Nessas colunas, a separação era realizada
pela adsorção do composto diretamente na fase estacionária, cromatografia
gás/sólido, ainda muito utilizada em análise de gases. Uma forma de melhorar a
capacidade de separação foi adicionar uma fina película de polímero líquido na
superfície do suporte (cromatografia gás/líquido) em colunas capilares; tal película
pode apresentar diferentes polaridades, tornando a técnica mais versátil (SKOOG;
JAMES HOLLER; NIEMAN, 2002). Enquanto as colunas empacotadas têm diâmetro
interno de uns poucos milímetros e podem ter longitude de uns poucos metros, as
colunas capilares podem ter diâmetros menores do que um milímetro e até 100 metros
de comprimento. Quanto menor o diâmetro da coluna e maior seu comprimento,
melhor a capacidade de separação dos compostos e, consequentemente, se obtém
melhor resolução.
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e registrado na forma de traçado do cromatograma. Este tempo de retenção é
determinado experimentalmente com uma sustância padrão e é característico para
cada composto. O tempo de retenção é usado como critério de identificação. A ordem
de saída dos compostos depende da afinidade pela fase estacionária; quanto maior a
afinidade, maior o tempo de retenção e, portanto, o composto tende a sair por último.
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fragmentos. Os íons são acelerados em direção ao analisador de massas e, após
serem discriminados, chegam ao coletor de íons, que pode ser uma fotomultiplicadora
que amplificará o sinal permitindo, assim, sua detecção. Os sinais gerados pelos íons
molecular e pelos fragmentos são plotados num gráfico tendo, como variável
independente, (eixo x) a relação massa/carga (m/z) e, como dependente (eixo y), a
abundância, gerando, desta forma, o espectro de massas do composto.Esta técnica
tem sido aprimorada e bastante empregada na toxicologia forense; assim, é possível
dispor de equipamentos de cromatografia gasosa acoplada ao espectrômetro de
massas quadrupolo (GC-QMS), cromatografia gasosa acoplada a dois espectrômetros
de massa dispostos em sequência (GC-MS-MS), cromatografia gasosa acoplada ao
espectrômetro de massas do tipo íon trap (armadilha de íons) (GC-ITMS), além da
cromatografia líquida acoplada ao espectrômetro de massas do tipo íon trap (LC-
ITMS) e cromatografia líquida acoplada a dois espectrômetros de massas dispostos
em sequência (LC-MS-MS) (SMITH et al., 2007). Toda esta inovação busca a
identificação inequívoca do toxicante, mesmo que em concentrações extremamente
baixas, e a maior exatidão nas quantificações.
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analitos. No entanto, quando padronizada, esta técnica é extremamente útil na análise
de medicamentos e seus metabólitos, podendo ser acoplada ao detector de arranjo de
diodos, do inglês DiodeArray Detector (DAD), que permite realizar uma varredura de
absorção da substância por espectroscopia na região do visível (VIS) ou do ultravioleta
(UV) e, ainda,ser acoplada ao detector de fluorescência, do inglês Fluorescence
Detector (FD), e à MS, melhorando a detectabilidade e a especificidade(COLLINS;
BRAGA; BONATO, 2017).
4.3 Espectroscopia
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branca e transmite a luz remanescente, azul. Quanto mais concentrada a solução de
cobre, mais luz amarela é absorvida e mais intensa é a cor azul da solução; assim, a
quantidade de luz amarela absorvida pode ser medida e relacionada à concentração
dos íons de cobre na solução (SKOOG; JAMES HOLLER; NIEMAN, 2002).
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Na espectroscopia na região do infravermelho, do inglês Infra Red (IR), os
grupos que vibram e absorvem energia na região IR o fazem numa certa faixa do
espectro, sendo que a longitude de onda exata vai ser influenciada pelos grupos
funcionais vicinais e pelo meio no qual esteja o analito. Os picos de absorção são mais
finos que os da UV-VIS e, portanto, são mais fáceis de identificar. Adicionalmente,
cada molécula vai ter um espectro completo único, sendo considerado umanfingerprint
da molécula. Grupos funcionais típicos, tais comoálcoois, hidroxila, carbonil éster,
olefina e hidrocarbonetos aromáticos insaturados, podem ser identificados. A molécula
pode ser identificada pela comparação do seu espectro de absorção IR com espectros
de substâncias conhecidas e catalogadas.
25
nm(HORVAI, 2014).As análises de anfetaminas ilícitas, tais como 3,4
metilenodioximetanfetamina (ecstasy) e metanfetamina(COSTA et al., 2009)(XU; YE;
LIAO, 2019), são exemplos da aplicação da detecção de fluorescência em análises
toxicológicas.
26
modo de ionização por impacto de elétrons a 70kV, podem ser consultados no website
do NationalInstituteof Standards and Technology.
Substâncias na forma pura e gasosa facilitam a identificação por MS; por isso,
a cromatografia gasosa representou a combinação perfeita para acoplamento dessas
técnicas, permitindo que os compostos volatilizados sejam primeiro separados na
coluna cromatográfica e depois introduzidos no espectrômetro de massas. Compostos
orgânicos voláteis e apolares são os ideais para análise em GC-MS, enquanto
moléculas polares e termolábeis são mais facilmente analisadas pela técnica de LC-
MS. A espectrometria de massas também permite a análise de amostras sólidas por
ablação a laser para compostos inorgânicos (GÜNTHER; HATTENDORF, 2005) e
orgânicos, como drogas de abuso, em amostras no modo de ionização e dessorção a
laser assistida por matriz (Matrix-assistedLaserDesorptionIonizationMass Spectrometry
– Maldi)(SKRIBA; HAVLICEK, 2018) .
27
A espectrometria atômica mede o elemento na sua forma atômica livre gasosa.
Assim, vários elementos podem ser determinados, no sangue, na urina, no fluido
cerebrospinal e em outros fluidos biológicos, pela aspiração direta da amostra diluída.
A espectrometria de absorção atômica (AtomicAbsortionSpectrometry – AAS) se
baseia na capacidade dos elementos em interagir com a radiação eletromagnética na
região UV-VIS do espectro. A propriedade de absorver radiação em comprimentos de
ondas específicos é usada como parâmetro de identificação do elemento. Quando a
AAS está associada a técnicas de separação (isolamento) e detecção específica é
considerada confiável para análises confirmatórias; um exemplo é a análise de
mercúrio pelo método de atomização por vapor frio, sendo este o único elemento
metálico que apresenta alta pressão de vapor em temperatura ambiente (SKOOG;
JAMES HOLLER; NIEMAN, 2002)(RUSSELL; SHELTON; WALSH, 1957). Esta técnica
é muito relevante em análises ambientais, ocupacionais e alimentares.
28
onda apropriado. A atomização é a etapa mais crítica na espectroscopia de chama e
limita a precisão do método devido a possíveis interferências.
29
4.5 Plasma acoplado indutivamente à espectrometria de massas
30
atenda padrões mínimos de qualidade. Portanto, são adotados sistemas de qualidade
em harmonia com as normas e recomendações nacionais e internacionais, as quais
tratam da qualidade laboratorial geral e são aplicadas à qualidade dos métodos
analíticos.
31
cumprir suas funções dentro do laboratório, assegurando a competência dos
envolvidos na análise. No quesito pessoal,são importantes a retenção de registros e a
exigência de procedimentos para seleção, determinação das competências e seu
monitoramento, autorizações, treinamento e supervisão. Todas as atividades, como
desenvolvimento de métodos, validação, verificação, análises críticas e interpretações,
devem ser autorizadas. O laboratório deve ter estrutura física adequada e acesso a
equipamentos (com procedimento de manuseio, transporte e armazenamento), de
modo a garantir a produção de resultados válidos. Além disso, as condições
ambientais para a realização das análises devem ser controladas, documentadas e
monitoradas. O acesso de pessoas deve ser controlado e restrito, havendo separação
efetiva entre áreas com diferentes atividades.
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preparação das amostras; o método analítico; a manutenção dos equipamentos; o
manejo dos arquivos, dentre outros. A responsabilidade pela implantação dos POP e
seu acesso de forma contínua, assim como a realização de auditorias frequentes
devem fica a cargo da unidade de garantia de qualidade (UGQ), a qual,
preferivelmente, deverá ser independente do laboratório e responder diretamente à
gerência da organização.
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É válida a afirmação de que não existe o melhor método analítico, mas sim o
mais adequado à finalidade proposta. Neste sentido, também é válida a afirmação de
que não existe melhor validação, mas sim a adequada ao escopo pretendido.
REFERÊNCIAS
BERTOLINO, M.T.; COUTO, M. Sistema de Gestão Integrados ISO 9001, ISO 14001
e ISO 45001: gestão da qualidade; ambiental e da segurança e saúde ocupacional
com foco em resultados. 1. ed. Rio de Janeiro: Qualimark, 2018.
BRASIL. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RESOLUÇÃO – RDC Nº
53, DE 4 DE DEZEMBRO DE 2015. Estabelece parâmetros para a notificação,
identificação e qualificação de produtos de degradação em medicamentos
comsubstâncias ativas sintéticas e semissintéticas, classificados como novos,
genéricos e similares, e dá outras providências. DOU Nº 233, segunda-feira, 7 de
dezembro de 2015.
35
TLUCZKIEWICZ, I. et al. Improvement of the Cramer classification for oral exposure
using the database TTC RepDose – A strategy description. Regulatory Toxicology
and Pharmacology, [s.l.], v. 61, n. 3, p.340-350, dez. 2011. Disponível
em:http://dx.doi.org/10.1016/j.yrtph.2011.09.005. Acesso em: 4 ago. 2020.
36