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I. Consulta:
9. Desbordar deste eixo para conferir aos agentes da polícia civil poderes para
fiscalizarem o trânsito, indubitavelmente afrontaria a Lei Maior, sendo digno de nota que “a
Constituição, além de imperativa como toda norma jurídica, é particularmente suprema,
ostentando posição de proeminência em relação às demais normas, que a ela deverão se
conformar, seja quanto ao modo de sua elaboração (conformação formal), seja quanto a
matéria de que tratam (conformação material)” (4).
10. A Polícia Civil de Santa Catarina é regulamentada pela Lei Estadual n° 6.843,
de 28 de julho de 1986, também conhecida como Estatuto da Polícia Civil. As funções e
atividades desempenhas por cada um dos cargos que compõem a Polícia Civil Catarinense
encontram-se descritas no Decreto Estadual de n° 4.704/06. Em nenhum momento os
referidos diplomas legais conferem, aos titulares dos cargos neles tratados, competência para
realizarem fiscalização de trânsito. Desta feita, em obediência ao princípio da legalidade, não
é lícito, por mero expediente administrativo, conceder-lhes essa atribuição.
11. Em resumo:
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a) a validade da atuação do servidor como agente da autoridade de trânsito está condicionada
a exigência de essa atividade fazer parte do rol de atribuições do cargo que ocupa;
b) a autoridade de trânsito somente pode designar para atuar em seu nome, e nesta condição
executar a fiscalização do trânsito e lavrar autuações por infrações da sua alçada, servidores
titulares de cargos ou funções para os quais a respectiva lei de criação outorgue tais
incumbências.
É o parecer que submeto aos demais membros deste Egrégio Conselho para as
considerações necessárias.
Aprovado por unanimidade na Sessão Ordinária n.º 016, realizada em 22 de abril de 2015.
Referências e bibliografia:
(1) MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 21ª ed. São Paulo : Malheiros, 1996, p. 134;
(2) SILVA, de Plácido. Vocabulário Jurídico. 3 ed., Rio de Janeiro, 1973, p. 722-723;
(3) MEIRELES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: RT, 1990, p. 356.
(4) CUNHA JUNIOR, Dirlei da. Curso de Direito Constitucional. Ed. Juspodivm, 6ª Ed. Salvador, 2011, p. 107.