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Para entender melhor essas perspectivas podemos avaliar dois importantes segmentos
do mercado hoteleiro nacional: o Mercado das Grandes Capitais e o Mercado de
Resorts.
O mercado das grandes capitais, liderado por São Paulo, é essencialmente voltado para
o turismo de negócios e convenções. Esse mercado sofreu um forte impacto negativo
nos primeiros cinco anos desta década com a super oferta provocada pela avalanche de
apart-hotéis. Principalmente em São Paulo, mas também em Porto Alegre, Curitiba,
Campinas, Guarulhos, Fortaleza, Brasília, entre outros destinos, as incorporadoras
imobiliárias lançaram um número excessivo de apart-hotéis, que fez com que a oferta
de quartos superasse em muito a demanda e, consequentemente, a ocupação dos hotéis
e a sua diária média caíssem abruptamente.
Recuperação do Mercado
300 100%
250
80%
Ocupação média (%)
200
60%
(R$)
150
40%
100
20%
50
0 0%
2009p
2010p
2011p
2012p
2013p
2014p
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
REVPAR: receita média de hospedagem por apartamento em reais (R$) de 2008 Fonte: HVS
A projeção original feita antes do estouro da crise previa uma recuperação da receita
dos hotéis de São Paulo entre 20 e 25% em 2009, comparada com 2008, considerando-se
um crescimento de 5% do PIB brasileiro. Ajustando-se o crescimento do PIB nacional
para as novas estimativas, em torno de 2,5%, a recuperação da receita desses hotéis
também deverá ser um pouco mais modesta, mas ainda da ordem de 10% para o
próximo ano.
Já o mercado dos resorts, essencialmente voltado para o público de lazer, mas que
também atende a uma parcela importante do segmento de convenções, vinha
enfrentando um forte declínio nos últimos anos. Esse declínio era provocado
principalmente pela queda do dólar, que fazia com que o Brasil ficasse caro para os
estrangeiros e os destinos internacionais ficassem baratos para os brasileiros. Fosse
pelos estrangeiros que não vinham ou pelos brasileiros que viajavam para o exterior ou
que optavam por cruzeiros marítimos (cujos preços, vinculados ao dólar, também eram
muito atrativos) os resorts brasileiros, principalmente no Nordeste, iam ficando cada
vez mais vazios.
R$ 3,00 60%
R$ 2,44
R$ 2,50
R$ 2,18
R$ 2,08 55%
55% R$ 1,95
R$ 2,00 54% R$ 1,80
R$ 1,00 48%
45%
R$ 0,50
R$ 0,00 40%
2005 2006 2007 2008 (1) 2009 (2)
(1): Estimativa
Fonte: HV S Câmbio Ocupação (2): Projeção
O fato é que com o dólar a R$ 1,70 ficava 30% mais barato para um europeu passar uma
semana nas Bahamas do que em Salvador, e, para um paulista, ir a Cancun ou a Sauípe
era mais o menos o mesmo preço. Já com o dólar a R$ 2,30, para um europeu, ir às
Bahamas ou vir para a Bahia passa a custar preços muito similares, e, para o paulista,
Cancun fica 50% mais caro do que Sauípe.
Isto deixa claro que, a despeito da crise, a hotelaria brasileira deverá ter um 2009 melhor
do que 2008. Os proprietários dos hotéis (e dos apart-hotéis) podem esperar (e devem
cobrar) rendimentos maiores e os resorts devem se preparar para aproveitar o novo
momento de mercado, que lhes é mais favorável do que o anterior.
Diogo Canteras é sócio diretor da HVS Consultoria Hoteleira, para o Brasil e professor
de desenvolvimento de empreendimentos hoteleiros da FGV.
e-mail: dcanteras@hvs.com