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Zabala, 1998
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Ponto de partida da análise da prática: finalidades da educação.
Respondem à questão: por que ensinar?
As intenções educativas são tão globais e gerais que dificilmente servem de
instrumento de atuação prática na sala de aula.
Aí é preciso responder também à pergunta: o que ensinar?
A resposta a essa pergunta nos remete aos conteúdos da aprendizagem.
Contudo, os conteúdos da aprendizagem têm sido objeto de uma visão que os
restringe aos conhecimentos disciplinares clássicos: nomes, conceitos, princípios
enunciados etc. Este sentido estritamente disciplinar e de caráter cognitivo tem
também prevalecido na avaliação do que se aprende na escola.
Uma visão da educação como formação integral vem provocando a crítica a essa
leitura restrita do termo “conteúdo” e propondo entendê-lo como tudo quanto se
tem que aprender para alcançar determinados objetivos que incluem não apenas
as capacidades cognitivas, mas todas as outras. Todos os conteúdos que
favorecerem o desenvolvimento das capacidades motoras, afetivas, de relação
interpessoal e de inserção social passam também a ser considerados.
Optar por uma definição ampla de conteúdos permite que o currículo oculto seja
manifesto ou explicitado no currículo escolar. César Coll propõe uma classificação
de conteúdos de grande potencialidade explicativa dos fenômenos educativos:
conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais.
Essa classificação ajuda a responder a três perguntas:
O que se deve saber;
O que se deve saber fazer;
Como se deve ser.
A tipologia dos conteúdos pode servir de instrumento para identificar as diferentes
posições sobre o papel que deve ter o ensino. A análise do tipo de conteúdos
trabalhados/enfatizados pode também nos mostrar se o que fazemos está de
acordo com as nossas intenções educativas. A tipologia dos conteúdos e a forma
como se aprendem cada tipo ajudam-nos ainda verificar a adequação das
atividades propostas.
Qualquer coisa, para ser ensinada, implica em se saber como se aprende. Mesmo
não tendo consciência disso, um professor, quando organiza as atividades de uma
maneira e não de outra, tem atrás dessa decisão uma visão de como se aprende e
para que se aprende.
Para que o processo de aprender se desencadeie não basta colocar os alunos
diante dos conteúdos. É preciso que coloquem seus esquemas de conhecimento
em ação frente ao conteúdo, compará-los com o que é novo, identificar
semelhanças e diferenças e integrá-los em seus esquemas. Quando essa relação
acontece, dizemos que se trata de aprendizagem significativa. Quando não ocorre
essa relação entre o novo e o que já sabia, a aprendizagem é superficial ou, no
limite, mecânica. Logo, o ensino tem que ajudar a estabelecer tantos vínculos
essenciais e não-arbitrários entre os novos conteúdos e os conhecimentos prévios
quanto permita a situação.
A natureza da intervenção pedagógica estabelece os parâmetros em que pode se
mover a atividade mental do aluno, passando por momentos sucessivos de
equilíbrio, desequilíbrio, reequilíbrio. Assim, concebe-se a intervenção pedagógica
como uma ajuda adaptada ao processo de construção do aluno; uma ajuda que
vai criando zonas de desenvolvimento proximal e que ajuda os alunos a percorrê-
la. É evidente que isso não é tudo. Os alunos percebem a si mesmos e percebem
as situações de ensino e aprendizagem de uma maneira determinada, e esta
percepção influi na maneira de se situar diante de novos conteúdos. Os resultados
obtidos não têm efeito exclusivamente cognitivo. Também incidem no autoconceito
e na forma de perceber a escola e os colegas e, portanto, na forma de se
relacionar com eles.
Fonte:
Zabala, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto alegre: ARTMED, 1998.
cap.2.
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