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VARA
CRIMINAL DA COMARCA ... DE FORTALEZA-CE
I. DOS FATOS
A acusada, após término de relacionamento abusivo acabou sendo expulsa de
sua casa com seu filho de apenas 02 anos, passando a viver nas ruas, pernoitando em
igrejas e abrigos, alimentando-se a partir de ajudas recebidas de desconhecidos.
Conforme a exordial, no dia 24 de dezembro de 2010, a acusada, com 20 anos de idade,
ingressou em grande supermercado da região e escondeu na roupa dois pacotes de
macarrão, cujo valor totalizava R$ 18,00 (dezoito reais) e tentou sair do estabelecimento
sem pagar pela mercadoria, sendo percebida pelo fiscal de segurança que apreendeu os
produtos.
Em sede policial, a acusada confirmou os fatos ocorridos, reiterando que por
falta de alimentos e condições, bem como, pela falta de emprego, tentou levar os
produtos para alimentar o filho, que se encontrava doente. Ouvidos o fiscal de
segurança e o gerente do supermercado e juntado à Folha de Antecedentes Criminais, e
demais laudos, lavrou-se o auto de prisão em flagrante e encaminhou-se o inquérito
policial ao Ministério Público.
O Ministério Público veio a oferecer denúncia contra a acusada pela prática do
crime de furto na modalidade tentada, com fulcro no art. 155, caput, c/c o art. 14, II
ambos do Código Penal. A denúncia foi recebida em 18 de janeiro de 2011, concedendo
liberdade provisória a acusada, e deixando de converter o flagrante em preventiva, e
determinou-se a citação. Considerando que a acusada, à época, não possui endereço
fixo, acabou por não ser citada, vindo o processo a correr sem suspensão. Em 16 de
março de 2015, a acusada compareceu em cartório, sendo assim, citada para oferecer
resposta à acusação.
III. DO MÉRITO
a) DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Observando a narração fatídica fica clara a incidência do Princípio da
Insignificância, uma vez que, o valor dos bens furtados é efêmero. Segundo o Supremo
Tribunal Federal há quatro requisitos que devem ser observados, cumulativamente, para
aplicação do princípio da insignificância, são eles: mínima ofensividade da conduta do
agente, nenhuma periculosidade social da ação, grau reduzido de reprovabilidade do
comportamento e inexpressividade da lesão jurídica provocada. Tais requisitos
encontram-se presentes no caso, uma vez que a acusada não agiu com violência,
motivada por necessidade, ademais, o valor de dois pacotes de macarrão que
totalizavam R$ 18,00 não causa prejudicaria um grande supermercado.
Ademais, uma vez presente o princípio da insignificância se faz ausente a
tipicidade material já que não houve lesão significativa ao bem jurídico tutelado. Dessa
forma, requer a absolvição sumária da acusada por falta de tipicidade, com fulcro no art.
397, III, do Código de Processo Penal.