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In O TEMPO E O MODO
Texto n.º 1: «Os homens sio feitos de tal modo que o que mais têm dificuldade em suportar é verem
as opiniões que julgam verdadeiras consideradas criminosas, e encarado como maldade o que conduz
as suas almas à piedade para com Deus e para com os homens; e por isso chegam a tudo usar, a
detestar as leis, a ir contra os magistrados, a julgar não vergonhoso, mas muito belo, mover sedições
por uma tal causa e tentar uma qualquer empresa violenta. Dado que assim é a natureza humana, é
evidente que as leis respeitantes às opiniões ameaçam não os criminosos, mas os homens de carácter
independente, e que elas são feitas menos para deter os maus do que para irritar os mais honestos, e
que elas não podem, por conseguinte, ser mantidas sem grande perigo para o Estado. Acrescentemos
que tais leis condenando opiniões são de todo inúteis; aqueles que julgam sãs as opiniões condenadas
não podem obedecer a tais leis; aqueles que pelo contrário as rejeitam como falsas parece-lhes que
essas leis lhes conferem um privilégio e eles tirarão um tal orgulho disso que, mais tarde, mesmo se o
quiserem, os magistrados não os conseguirão anular».
(Spinoza, Traité Théologique-Politique, Garnier-Flammarion, Paris, 1965, pp. 332-333).
Comentário 1; Creio que o simples facto de se pensar em fazer este inquérito é já animador. Creio que o
simples facto de se pensar em responder a este inquérito é já (e também) animador.
Direi então em relação à atual política que, entre todas as hipóteses que se afiguraram realizáveis, esta
é sem divida a mais positiva e aquela que maior confiança parece restabelecer. Basta folhearmos certos
jornais e outros meios de informação para darmos conta de um espírito renovador que a pouco e pouco
se tenta instalar e que se baseia fundamentalmente em princípios de verdade, de informação tanto
quanto possível ampla e objetiva, de esclarecimento, de diálogo e de compreensão. Se a isso juntarmos
os sinais de desanuviamento no plano cultural e um certo dinamismo na ação governativa, se
recordarmos ainda o clima de discussão honesta e de inquirição atenta que se tem gerado em torno do
meio universitário, creio que reunimos alguns dos elementos que justificam plenamente um certo
otimismo...
Texto.n.º 2: «O grande método é um ensino pratico relativo às alianças e à rutura das alianças, à arte
de explorar as mudanças e a dependência em que se está em relação às mudanças, à realização da
mudança e mudança dos realizadores, à dissociação e à formação de grupos, à dependência dos
contrários entre si, à compatibilidade dos contrários que se excluem. O grande método permite
discernir nas coisas os processos e utilizá-los. Ele ensina a formular as questões que tornam a ação
possível».
(Bertold Brecht)