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Contrato Unilateral
Aquele em que apenas um dos contratantes assume deveres em face do outro. É o que ocorre na
doação pura e simples, uma vez que há duas vontades (a do doador e a do donatário), mas do
concurso de vontades surgem deveres apenas para o doador; o donatário apenas auferirá vantagens.
Também são exemplos de contratos unilaterais o mútuo (empréstimo de bem fungível para
consumo) e o comodato (empréstimo de bem infungível para uso). Percebe-se, assim, que nos
contratos unilaterais, apesar da presença de duas vontades, apenas uma delas será devedora, não
havendo contraprestação.
Obs: a doação modal ou com encargo – modalidade de doação onerosa, por trazer um ônus ao donatário –
é tida como contrato unilateral imperfeito!
Contrato Bilateral
Contrato Plurilateral
Aquele que envolve várias pessoas, trazendo direitos e deveres para todos os envolvidos, na
mesma proporção.
São exemplos de contratos plurilaterais o seguro de vida em grupo e o contrato de consórcio.
Obs: a classificação do contrato aqui abordada não se confunde com a classificação do negócio jurídico em
unilateral, bilateral e plurilateral. Isso porque, como demonstrado, todo contrato é negócio jurídico pelo
menos bilateral.
Quanto ao sacrifício patrimonial das partes
Em relação ao sacrifício patrimonial das partes contratuais, os contratos classificam-se em onerosos
e gratuitos.
Onerosos
São aqueles que trazem vantagens para ambos os contratantes, pois ambos sofrem o mencionado
sacrifício patrimonial (ideia de proveito alcançado). Ambas as partes assumem deveres
obrigacionais, havendo um direito subjetivo de exigi-lo. Há uma prestação e uma contraprestação.
O exemplo típico é: compra e venda.
Como decorrência lógica da estrutura contratual, em regra, os contratos onerosos são bilaterais e
os gratuitos são unilaterais. Mas pode haver exceção, como é o caso do contrato de mútuo de
dinheiro sujeito a juros (mútuo feneratício), pelo qual, além da obrigação de restituir a quantia
emprestada (contrato unilateral), devem ser pagos os juros (contrato oneroso).
Obs: a onerosidade não pode ser excessiva de forma a gerar o enriquecimento sem causa de uma parte em
relação à outra. Rompido o ponto de equilíbrio do contrato, o ponto estrutural da proporcionalidade ou
sinalagma, a base do negócio jurídico, justifica-se a sua revisão, à luz da função social dos contratos e da
boa-fé objetiva.
Gratuitos
Os contratos gratuitos ou benéficos são aqueles que oneram somente uma das partes,
proporcionando à outra uma vantagem sem qualquer contraprestação.
No que concerne aos contratos gratuitos, deve ser observada a norma do art. 114 do CC, que prevê
a interpretação restritiva dos negócios benéficos.
O exemplo típico de contrato gratuito é a doação pura ou simples.
Consensuais
Os contratos consensuais são aqueles negócios que têm aperfeiçoamento pela simples
manifestação de vontade das partes envolvidas. São contratos consensuais a compra e venda, a
doação, a locação, o mandato, entre outros, conforme será devidamente desenvolvido quando do
estudo dos contratos em espécie.
Reais
Os contratos reais são aqueles que apenas se aperfeiçoam com a entrega da coisa (traditio
rei), de um contratante para o outro. São contratos reais o comodato, o mútuo, o contrato
estimatório e o depósito. Nessas figuras contratuais, antes da entrega da coisa tem-se apenas uma
promessa de contratar e não um contrato perfeito e acabado.
Obs: não se pode confundir: o aperfeiçoamento do contrato (plano da validade) com o seu
cumprimento (plano da eficácia). A compra e venda gera efeitos a partir do momento em que as partes
convencionam sobre a coisa e o seu preço (art. 482 do CC).. Utilizando a Escada Ponteana, o registro e a
tradição estão no plano da eficácia desse contrato. Quanto à tradição, é melhor dizer que está, em regra, no
plano da eficácia. Isso porque, no caso dos contratos reais, a entrega da coisa está no plano da validade.
Relativamente aos riscos que envolvem a prestação, o contrato oneroso será comutativo ou
pré-estimado quando as partes já sabem quais são as prestações. Em determinados negócios não
existe o fator risco em relação às prestações, que serão certas e determinadas.
Comutativo
Aleatório
No contrato aleatório a prestação de uma das partes não é conhecida com exatidão no
momento da celebração do negócio jurídico pelo fato de depender da sorte, da álea, que é um fator
desconhecido. O Código Civil de 2002 trata dos contratos aleatórios nos arts. 458 a 461.
Interessante ressaltar que alguns negócios são aleatórios devido à sua própria natureza,
caso dos contratos de seguro e de jogo e aposta. Em outros casos, contudo, o contrato é aleatório
em virtude da existência de um elemento acidental, que torna a coisa ou o objeto incerto quanto
à sua existência ou quantidade, como ocorre na compra e venda de uma colheita futura. Percebe-
se, por esse exemplo, que a compra e venda também pode assumir a forma aleatória, excepcionando
a regra relativa à sua natureza comutativa.
Dentro dessa linha de raciocínio, o Código Civil Brasileiro de 2002 consagra duas formas
básicas de contratos aleatórios:
a) Contrato aleatório emptio spei – é a hipótese em que um dos contratantes toma para si o
risco relativo à própria existência da coisa, sendo ajustado um determinado preço, que será devido
integralmente, mesmo que a coisa não exista no futuro, desde que não haja dolo ou culpa da
outra parte (art. 458 do CC). Como se pode perceber, o risco é maior. No caso de compra e venda,
essa forma negocial pode ser denominada venda da esperança.
b) Contrato aleatório emptio rei speratae – o contrato será dessa natureza se o risco versar
somente em relação à quantidade da coisa comprada, pois foi fixado pelas partes um mínimo
como objeto do negócio (art. 459 do CC). Nesse contrato o risco, apesar de existente, é menor. Em
casos tais, a parte terá direito a todo o preço, desde que de sua parte não tenha concorrido com
culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. Mas, se a coisa não vier a
existir, alienação não haverá, e o alienante deverá devolver o preço recebido (art. 459, parágrafo
único do Código Civil). Na compra e venda trata-se da venda da esperança com coisa esperada.
De início, “se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco,
assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não
existisse, em parte, ou de todo, no dia da celebração do contrato”. Essa é a regra do art. 460 do
Código Civil que trata da alienação de coisa existente sujeita a risco.
Obs: essa alienação aleatória poderá ser anulada pelo prejudicado, por ser dolosa, se esse provar que o
outro contratante não ignorava a consumação do risco a que no contrato se considerava exposta a coisa (art.
461 do CC). O caso é de anulabilidade pela presença de dolo essencial, causa do negócio jurídico. Para a
ação anulatória deve-se aplicar o art. 178, II, do CC, que prevê prazo decadencial de quatro anos, contado da
celebração do ato.
Vale lembrar que não é possível, em regra, rever judicialmente um contrato aleatório que
assumir qualquer uma das formas apontadas, seja pela ocorrência de uma imprevisibilidade ou em
virtude da simples onerosidade excessiva, pois o risco, em casos tais, é da essência do negócio
celebrado.
Os contratos típicos são aqueles regulados por lei; enquanto os atípicos aqueles que não
encontram previsão legal.
Sabe-se que são contratos tipificados pelo Código Civil: a compra e venda, a troca ou
permuta, a locação, a prestação de serviço, a empreitada, o comodato, o mútuo, o contrato
estimatório, o depósito, a fiança, a doação, o mandato, o transporte, a comissão, a agência e
distribuição, a corretagem, a transação, o compromisso, o jogo e aposta, a constituição de renda
e o seguro.
São contratos atípicos os contratos eletrônicos em geral, celebrados pela via digital,
aplicando-lhes as normas do Código Civil, conforme prescreve o mencionado art. 425 da atual
codificação material.
É lícito às partes estipular contratos atípicos, desde que observadas as normas gerais
estabelecidas pelo próprio Código Civil. Como normas que devem ser respeitadas, no caso normas
de ordem pública, podem ser mencionados os arts. 421 e 422 do CC, que tratam dos princípios da
função social do contrato e da boa-fé objetiva (princípios sociais contratuais).
Alguns doutrinadores apontam que a expressão “contratos atípicos” seria sinônima de
contratos inominados, enquanto a expressão contratos típicos seria sinônima de contratos nominados.
Entretanto, apesar de respeitar esse posicionamento, entendemos ser mais pertinente utilizar a
expressão que consta da lei, qual seja, a do art. 425 do CC.
As expressões contratos nominados e inominados devem ser utilizadas quando a figura
negocial constar ou não em lei. Por outro turno, os termos contratos típicos e atípicos servem para
apontar se o contrato tem ou não um tratamento legal mínimo.
Principais
Os contratos principais ou independentes são aqueles que existem por si só, não havendo
qualquer relação de dependência em relação ao outro pacto. Como exemplo, pode ser citado o
contrato de locação de imóvel urbano, regido pela Lei 8.245/1991.
Acessórios
Os contratos acessórios são aqueles cuja validade depende de um outro negócio, o contrato
principal. O exemplo típico é o contrato de fiança, que depende de outro, como, por exemplo, de
um contrato de locação de imóvel urbano.
Diante do princípio da gravitação jurídica, pelo qual o acessório segue o principal, tudo o
que ocorre no contrato principal repercute no acessório. Desse modo, sendo nulo o contrato
principal, nulo será o acessório; sendo anulável o principal o mesmo ocorrerá com o acessório;
ocorrendo prescrição da dívida do contrato principal, o contrato acessório estará extinto; e assim
sucessivamente
Por outro lado, o contrato acessório não pode trazer mais obrigações do que o contrato
principal, pois haveria violação aos princípios constitucionais da isonomia e da proporcionalidade,
retirados do art. 5.º, caput, da CF/1988. Em outras palavras, o acessório não pode tomar maiores
dimensões do que o contrato principal
Todavia, deve ficar claro que o que ocorre no contrato acessório não repercute no
principal. Assim sendo, a nulidade do contrato acessório não gera a nulidade do contrato principal; a
anulabilidade do contrato acessório não gera a nulidade relativa do principal e assim de forma
sucessiva.
Coligados
Contratos coligados, situação em que, em regra, existe uma independência entre os negócios
jurídicos cujos efeitos estão interligados.
Carlos Roberto Gonçalves: são, pois, os que embora distintos, estão ligados por uma cláusula
acessória, implícita ou explícita. São os que se encontram ligados por um nexo funcional, podendo
essa dependência ser bilateral (vende o automóvel e a gasolina); unilateral (compra o automóvel e
arrenda a garagem, ficando o arrendamento subordinado à compra e venda); alternativa (compra a
casa na praia ou, se não for para lá transferido, loca-a para veraneio).
Instantâneos
Execução deferida
Os contratos de execução diferida têm o cumprimento previsto de uma vez só no futuro. O
exemplo típico é uma compra e venda pactuada com pagamento por cheque pré ou pós-datado.
Execução continuada
Obs: tais formas negociais podem referir-se a ambos os deveres contratuais, dentro da ideia de
sinalagma. Na compra e venda, por exemplo, podem dizer respeito à entrega da coisa ou ao pagamento do
preço.
Quanto à pessoalidade
Pessoais
Impessoais
Formais
Os contratos formais são conceituados como aqueles que somente podem ser celebrados
conforme características especiais previstas em lei. Desse modo, “a forma ou solenidade se
apresenta, portanto, como uma condição para a formação do contrato, vale dizer, como um elemento
constitutivo. Difere, por isto mesmo, da prova, que nenhuma relação guarda com a formação do laço
jurídico”.
Entretanto, outros doutrinadores preferem fazer distinção entre a solenidade e a forma. Para
essa corrente, solenidade significa a necessidade de ato público (escritura pública), enquanto
formalidade é a exigência de qualquer forma apontada pela lei, como, por exemplo, a de forma
escrita. Seguindo a última corrente, pode-se dizer que a forma é gênero, enquanto a solenidade é
espécie.
Assim, para aqueles que entendem que as expressões são sinônimas, os contratos formais ou
solenes são aqueles que exigem uma forma especial para a sua celebração, como é o caso da venda
de um imóvel com valor superior a trinta salários mínimos.
Informais
Os contratos informais ou não solenes são aqueles que admitem a forma livre, como é o caso do
contrato do mandato, que pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito (art. 656 do CC).
Aquele em que uma parte, o estipulante, impõe o conteúdo negocial, restando à outra parte, o
aderente, duas opções: aceitar ou não o conteúdo desse negócio. Na opinião deste autor, o conceito
deve ser visto em sentido amplo, de modo a englobar todas as figuras negociais em que as cláusulas
são preestabelecidas ou predispostas, caso do contrato-tipo e do contrato formulário, figuras negocias
em que as cláusulas são predeterminadas até por um terceiro. Esses contratos até são
comercializados, em alguns casos.
A título de exemplo, podem ser citados os contratos de locação de imóvel vendidos em papelarias. O
Código de Defesa do Consumidor cuidou de definir o contrato de adesão no seu art. 54: “contrato de
adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas
unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou
modificar substancialmente seu conteúdo”. De toda sorte, como se verá a seguir, o contrato de
adesão não necessariamente será de consumo. Destaque-se que o Código Civil de 2002 protege o
aderente como vulnerável em dois dispositivos, que ainda serão estudados (arts. 423 e 424).
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a
interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente
a direito resultante da natureza do negócio.
Aquele em que o conteúdo é plenamente discutido entre as partes, o que constitui raridade no atual
momento contratual. Vê-se o dispositivo seguinte que trata de tal classificação.
Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de
elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos
previstos em leis especiais, garantido também que:
I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das
cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução;
As relações reguladas pelo CC, portanto, presumem-se paritárias. Já aquelas reguladas pelo CDC,
presumem-se desequilibradas, sendo tal presunção absoluta.
II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e
III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada.