Contratos
Formação contratual
Manifestação de vontade
 Primeiro e mais importante requisito de
existência do negócio jurídico. O que se
considera é o momento objetivo, ou seja,
aquele em que a vontade se exterioriza
por meio da declaração. Assim, o
requisito é a DECLARAÇÃO da vontade
e não ela própria.
 A manifestação da vontade pode ser
expressa ou tácita:
1) Expressa quando a lei exige.
2) O silêncio pode ser interpretado como
manifestação tácita da vontade quando as
circunstâncias ou os usos o autorizarem e
não for necessária a declaração expressa,
e também quando a lei o autorizar (ex:
doação pura), ou ainda quando tal efeito
ficar convencionado em um pré-contrato.
Esse silêncio é chamado circunstanciado
ou qualificado.
 O contrato é um negócio bilateral que
requer o acordo de vontades das partes
ou o consentimento que não é apenas
requisito de validade, mas assume
condições de pressuposto essencial do
próprio ato.
Negociações preliminares
 A negociação preliminar é uma conversa
pré-contratual que ocorre antes
existência de um acordo de vontades, ou
seja, antes da formação de um contrato. 
Obs: É importante destacar que a negociação
preliminar é diferente de contrato preliminar,
pois neste último já podemos afirmar que existe
um acordo de vontades. O contrato preliminar é
um contrato perfeito e acabado por meio do qual
as partes se obrigam a, no futuro, celebrar outro
contrato que será considerado definitivo.
 O contrato resulta de 2 manifestações de
vontade:
1) A proposta (oferta, policitação ou
oblação)
2) E a aceitação.
A primeira dá início à formação do contrato e
não depende, em regra, de forma especial.
 Partes envolvidas na formação do
contrato: proponente e oblato.
 O proponente, também chamado
de policitante, é a pessoa que emite a
proposta (autor da proposta).
 O oblato, também chamado de policitado,
é o destinatário da proposta. Ou seja, a
quem a proposta é endereçada. 
 Na maior parte das vezes, a oferta é
antecedida de uma fase de negociações
preliminares, também denominada fase
da pontuação. Nesta fase, como as partes
ainda não manifestaram a sua vontade,
não há nenhuma vinculação ao negócio.
Qualquer delas pode afastar-se,
simplesmente alegando desinteresse, sem
responder por perdas e danos.
 Elas não geram, por si mesmas,
obrigações para qualquer dos
participantes, mas fazem surgir deveres
jurídicos para os contraentes, decorrentes
da incidência do princípio da boa-fé,
sendo os principais dos deveres de
lealdade e correção, de informação, de
proteção e cuidado e de sigilo.
 A violação desses deveres é que gera a
responsabilidade do contraente, tenha
sido ou não celebrado o contrato.
Responsabilidade essa que ocorre no
da
campo da culpa aquiliana e não da
contratual, somente no caso de um deles
induzir no outro a crença de que o
contrato será celebrado, levando-o a
despesas ou a não contratar com terceiro
etc. E depois recuar, causando-lhe dano.
Essa responsabilidade tem caráter
excepcional.
Proposta
 A proposta é uma declaração de vontade
do proponente no sentido de contratar.  
  A proposta é tratada normalmente como
sinônimo de policitação, e proponente
como sinônimo de policitante.
 Sendo assim, na fase da proposta podemos
verificar a existência de duas figuras:
1) Proponente ou policitante (autor da
proposta)
2) Oblato ou policitado (destinatário da
proposta)
Proposta X Oferta (CC)
 A proposta também pode ser encontrada
como sinônimo de oferta, mas,
normalmente, a proposta é dirigida a uma
pessoa determinada e a oferta, a um
público incerto.
CC. Art. 429. A oferta ao público equivale a
proposta quando encerra os requisitos essenciais
ao contrato, salvo se o contrário resultar das
circunstâncias ou dos usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta
pela mesma via de sua divulgação, desde que
ressalvada esta faculdade na oferta realizada.
 Oferta não é toda iniciativa ou
manifestação de vontade no sentido de dar
vida a um contrato, mas só a declaração
de vontade dirigida a uma parte à outra
com a intenção de provocar uma adesão
do destinatário à proposta.
 A oferta traduz uma vontade definitiva de
contratar nas bases oferecidas, não
estando mais sujeita a estudos ou
discussões, mas dirigindo-se à outra parte
para que aceite ou não.
 É uma declaração receptícia de vontade,
dirigida por uma pessoa a outra (com
quem pretende celebrar um contrato), por
força da qual a primeira manifesta sua
intenção de se considerar vinculada, se a
outra parte aceitar.
 Cria no aceitante a convicção do contrato
em perspectiva, levando-o à realização de
projetos e às vezes de despesas e à
cessação de alguma atividade. Por isso,
vincula o policitante, que responde por
todas essas consequências, se
injustificadamente retirar-se do negócio.
 A proposta deve conter todos os
elementos essenciais do negócio
proposto, como preço, quantidade,
tempo de entrega, forma de pagamento,
etc. Deve também ser séria e consciente,
pois vincula o proponente. Deve ser ainda
clara, completa e inequívoca.
Art. 427. A proposta de contrato obriga o
proponente, se o contrário não resultar dos
termos dela, da natureza do negócio, ou das
circunstâncias do caso.
 A obrigatoriedade da proposta consiste no
ônus, imposto ao proponente, de mantê-la
por certo tempo a partir de sua efetivação
e de responder por suas consequências,
por acarretar no oblato uma fundada
expectativa de realização do negócio. No
entanto, a lei abre exceções a essa regra
(art. 428, CC):
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi
imediatamente aceita - considera-se também
presente a pessoa que contrata por telefone ou
por meio de comunicação semelhante;
 O proponente não estará obrigado se o
oblato não aceitar, imediatamente, a
proposta. Mas, nesse caso, para que o
proponente não esteja obrigado, a proposta
deverá ter sido feita entre presentes e sem
estipulação de prazo para sua aceitação.
 A presença, nesse contexto, possui um
aspecto temporal e não espacial. Quando
as partes envolvidas são
consideradas presentes significa dizer que
elas estão em contato naquele
determinado momento (pessoalmente,
por telefone...).
 Se o proponente estipular prazo para a
aceitação da proposta, o oblato não
precisará aceitar a proposta imediatamente.
Assim, o proponente continuará
obrigado à sua proposta.
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver
decorrido tempo suficiente para chegar a
resposta ao conhecimento do proponente;
 O proponente não estará obrigado à
proposta, se tiver decorrido
 tempo razoável para a resposta (aceitação
ou não aceitação) chegar ao seu
conhecimento.
 Nesse caso, para que o proponente não
esteja obrigado, a proposta deverá ter sido
feita entre ausentes e sem estipulação de
prazo para sua aceitação.
 Lembrando que "ausentes" significa
distanciamento temporal entre elas, ou
seja, não há uma comunicação imediata. 
 A doutrina entende que o prazo
mencionado deverá ser
interpretado razoavelmente e de acordo
com o caso em concreto.
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido
expedida a resposta dentro do prazo dado;
 Sendo assim, para obrigar o proponente,
a resposta (aceitação ou não da proposta)
do oblato tem que ter sido enviada dentro
do prazo estipulado.
Ex: Mariana manda um e-mail de manhã para
Luiza emitindo uma proposta a ela: “estou
vendendo o meu celular por 100 reais. Você
quer comprar? Espero sua resposta até às
19:00 horas de hoje”. Se Luiza enviar a
resposta aceitando a proposta até às 19:00
horas, Mariana estará obrigada a vender o
celular por 100 reais. Mesmo que Mariana
receba a resposta depois da 19:00, ainda estará
obrigada, pois Luiza enviou dentro do prazo
estipulado. Se Luiza enviar a resposta depois
das 19:00 Mariana não estará mais obrigada a
vender seu celular por 100 reais.
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar
ao conhecimento da outra parte a retratação do
proponente.
 O proponente poderá se retratar (desistir)
da proposta realizada, desde que a
retratação chegue ao conhecimento do
oblato antes da própria proposta ou, pelo
menos, junto com ela.
Ex: Mariana manda uma carta para Luiza
emitindo uma proposta a ela: “estou vendendo
o meu celular por 100 reais. Você quer
comprar? Mas, antes de a carta chegar na casa
de Luiza, Mariana liga pra ela falando que
desistiu da venda. Mariana não estará mais
obrigada à proposta, não estará mais obrigada
a vender o celular por 100 reais.
 A proposta de contrato não obriga o
proponente:
I) A proposta de contrato não obriga o
autor da proposta em decorrência de
seus próprios termos estipulados.
Ex: academia feminina informa que a
mensalidade é de 150 reais (proposta). A
proposta, nesse caso, não obriga a academia
com relação a pessoas do sexo masculino. Isso
porque é uma academia que estabelece
contrato apenas com o público feminino.
Portanto, a academia não está obrigada a
cumprir a proposta de 150 reais (receber os
150 reais), de um homem. O mesmo ocorre
com barbearias que oferecem serviços apenas
ao público masculino.
II) A proposta de contrato não obriga o
proponente em decorrência de sua
própria natureza. 
Ex: quando você passa em frente uma loja de
sapatos e vê escrito “promoção
válida enquanto durar o estoque!” (proposta).
Nesse caso, o proponente (loja de sapatos),
não estará mais obrigado à proposta quando o
estoque do produto acabar. Se o estoque do
produto acabar, não poderá ser exigido (pelo
oblato) o cumprimento do preço promocional.
 A proposta de contrato não obriga o
proponente a depender das circunstâncias
do caso (art. 428, já visto)
Proposta X oferta (CDC)
 Regulamenta a proposta nos contratos que
envolvem relações de consumo. A
distinção básica é a destinação do CDC à
contratação em massa, como regra geral.
 No tocante aos efeitos, a recusa indevida
de dar cumprimento à proposta dá
ensejo à execução específica, consistindo
opção exclusiva do consumidor a
resolução em perdas e danos.
 Além de poder preferir a execução
específica, o consumidor pode optar por,
em seu lugar, aceitar outro produto ou
prestação de serviço equivalente, ou por
rescindir o contrato, com direito à
 restituição de quantia eventualmente
antecipada, monetariamente atualizada, e
a perdas e danos.
 Toda informação ou publicidade,
suficientemente precisa, veiculada por
qualquer forma ou meio de comunicação
com relação a produtos ou serviços
oferecidos ou apresentados, obriga o
fornecedor, integrando o contrato.
 Se o fornecedor recusar a dar
cumprimento à sua oferta, o
consumidor poderá exigir,
alternativamente, o cumprimento forçado
da obrigação, um produto equivalente ou
ainda a rescisão do contrato, recebendo
perdas e danos.
Aceitação
 A aceitação consiste na declaração de
vontade do oblato (destinatário da
proposta) de que aceita aos termos da
proposta recebida. 
 Então, podemos afirmar que a aceitação
ocorre quando o oblato adere ao contrato,
o que o torna obrigado ao mesmo. 
 Se apresentada fora do prazo, com
adições, restrições, ou modificações,
importará nova proposta.
(contraproposta).
 Pode ser expressa ou tácita. A primeira
decorre de declaração do aceitante,
manifestando a sua anuência; a segunda,
de sua conduta, reveladora do
consentimento.
Circunstâncias imprevistas
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância
imprevista, chegar tarde ao conhecimento do
proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao
aceitante, sob pena de responder por perdas e
danos.
 Durante a formação de um contrato pode
ocorrer a seguinte situação: o oblato recebe
a proposta, aceita e encaminha sua
aceitação para o proponente a
tempo (dentro do prazo). Entretanto, por
circunstâncias imprevistas, a aceitação
pode demorar para chegar
conhecimento do proponente. 
 Nesse caso, o proponente
estará desobrigado da proposta, pois teve
sua expectativa frustrada
 No entanto, o proponente deverá
comunicar ao aceitante a respeito da não
formação do contrato, sob pena de
responder por perdas e danos.
Aceitação X Nova proposta
Art. 431.  A aceitação fora do prazo,
com adições, restrições, ou modificações,
importará nova proposta.
 Para que possamos falar
em aceitação da proposta, é necessário
que a mesma seja tempestiva (dentro do
prazo) e integral (sem modificações).
Caso contrário não há que se falar em
aceitação e sim em nova proposta.
 Os polos da relação contratual se
invertem: o aceitante passa a ser o autor da
nova proposta e o proponente se torna o
destinatário da nova proposta.
Ex: Mariana manda um e-mail para Luiza
emitindo uma proposta a ela: “Estou vendendo
o meu celular por 100 reais. Você quer
comprar? Espero sua resposta até às 19:00
horas de hoje”. Para que a aceitação da
proposta por Luiza seja válida, ela terá que
enviar sua resposta até às 19:00 horas
(tempestivo), concordando em pagar os 100
reais (integral). Se Luiza enviar a resposta
depois das 19:00 horas (fora do prazo) ou
responder que quer pagar outro valor (não
integral), a resposta será considerada
uma nova proposta e Mariana estará na
posição de aceita-la ou não.
Aceitação tácita
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não
seja costume a aceitação expressa, ou o
proponente a tiver dispensado, reputar-se-á
concluído o contrato, não chegando a tempo a
recusa.
Nem sempre a aceitação precisa ser
expressa, pois a lei admite a
ao
chamada aceitação tácita. 
 Há casos em que o silêncio pode ser
interpretado como aceitação. Por
exemplo, quando o proponente dispensar a
necessidade de uma aceitação expressa. 
Dessa forma, a eventual recusa da
proposta deverá ser comunicada a
tempo, sob pena de se considerar
concluído e formado o contrato.  EXCETO:
Quando o contrato estará celebrado?
 Assim como na proposta, a
aceitação poderá ocorrer entre presentes
(quando as partes podem se comunicar
imediatamente) ou entre ausentes (quando
as partes não podem se comunicar
imediatamente).
 Se as partes estiverem presentes,
assim que o oblato aceitar imediatamente
a proposta, o contrato estará formado.
Mas, a partir de que momento podemos
considerar que um contrato está celebrado entres
ausentes?
 Para respondermos essa pergunta
deveremos analisar as seguintes teorias.
I) Teoria da cognição: o contrato se
forma com o conhecimento da
aceitação pelo proponente. (Quando
Mariana fica sabendo que Luiza
aceitou comprar o celular).
II) Teoria da declaração: o contrato se
forma com a declaração da aceitação.
(Quando Luiza declara que aceitou
comprar o celular).
III) Teoria da expedição: o contrato se
forma com a expedição (envio) da
aceitação. (Quando Luiza envia a
resposta para Mariana de que aceitou
comprar o celular).
IV) Teoria da recepção: o contrato se
forma com o recebimento da aceitação
Observações adicionais
pelo proponente. (Quando Mariana
recebe a resposta que Luiza aceitou
comprar o celular).
Art. 434 do Código Civil, podemos afirmar que o
mesmo adota, em regra, a teoria da expedição
(envio da aceitação)
 Se houver retratação da aceitação: 
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se
antes dela ou com ela chegar ao proponente a
retratação do aceitante – arrependimento do
aceitante. Não há formação do contrato, desde a
expedição, porque o aceitante se arrependeu.
 Se o proponente se houver
comprometido a esperar resposta.
Nesse caso, o contrato se forma com
o recebimento da aceitação pelo proponente e
não com o envio da resposta – aplicação
da teoria da recepção. Não há formação do
contrato, desde a expedição. Haverá a
formação de contrato a partir do recebimento.
 Se a resposta do aceitante não tiver
chegado no prazo acordado.
Para que a aceitação se forme, não basta
expedir a resposta no prazo. É preciso que a
resposta chegue e seja recebida pela outra
parte (proponente) no prazo que ela se
comprometeu a esperar. Não há formação do
contrato, desde a expedição. Haveria a
formação do contrato a partir do
recebimento se  a aceitação tivesse chegado
no prazo acordado.
Obs: Adota-se como regra geral a teoria da
expedição da aceitação, para se considerar como
formado o contrato. Entretanto, na maioria dos
casos, verificamos a aplicação da teoria da
recepção... formando-se o contrato quando
recebida a resposta (aceitação).