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04 Teorico
04 Teorico
Étnico-Cultural
Material Teórico
Cultura Urbana, Rural e as Comunidades Tradicionais
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
Cultura Urbana, Rural e as
Comunidades Tradicionais
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Analisar alguns aspectos da cultura urbana, rural e das comunidades
tradicionais, principalmente no Brasil.
· Discutir sobre os povos indígenas e quilombolas.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Cultura Urbana, Rural e as Comunidades Tradicionais
A cultura tem relação com o homem, com o tempo, com o ambiente no qual vive
e sua comunidade ou grupo. Como explicam os pesquisadores, usando informações
de Paulo Bernardi (1974, p. 55) sobre a interação entre esses elementos, temos que
[...] o anthropos, ou seja, o homem na sua realidade individual e pessoal;
o ethnos, comunidade ou povo entendido como associação estruturada de
indivíduos; o oikos, o ambiente natural e cósmico dentro do qual o homem
se encontra a atuar; o chronos, o tempo, condição ao longo do qual, em
continuidade de sucessão, se desenvolve a atividade humana. Acrescenta
que um fator por si só não constitui a cultura, mas a ação dos quatro fatores
é uma constante no processo cultural. Cada ação do indivíduo único,
mesmo sendo novo, original ou importante, estaria destinada a perder-se
ou apagar-se se não fosse apropriada pela coletividade, articulada num
conjunto orgânico e transmitida como parte do patrimônio comum.
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Não se trata de ser melhor ou pior, de valorizar essa ou aquela forma de cultura,
por exemplo, se da cultura popular ou da elite, mas há condições ou características
bem díspares entre as quais.
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Cultura(s) Urbana
Compreende-se por cultura(s) urbana as formas de manifestação cultural,
artística, esportiva, de expressão típicas das áreas urbanas.
Alguns autores denominam tribos urbanas – termo este cunhado pelo sociólogo
francês Michel Maffesoli – para os microgrupos que têm como premissa a interação
social entre amigos e/ou de grupos com o mesmo gosto musical, de pensamento,
formas de se vestir, preferência artística em comum, entre outros aspectos. Assim,
teríamos como exemplo os grupos de hip hop.
Outros definem que o termo tribo urbana não é adequado, pois o conceito de
tribo deve estar associado aos povos tradicionais que vivem de maneira tribal, caso
de alguns povos indígenas e de nativos africanos, por exemplo.
Para o antropólogo Magnani (1996) o termo tribo urbana é uma metáfora – e
não um conceito –, porque emprestado das sociedades indígenas e outras não cabe
usá-lo para as identidades socioculturais existentes no espaço urbano.
Identidades urbanas, como roqueiros e góticos, criam espaços de convivência
e modos de se vestir que são peculiares ao grupo, formulando uma identidade
cultural tipicamente urbana.
Trocando ideias...Importante!
Tribo versus tribo urbana?
[...] pode-se dizer que tribo constitui uma forma de organização mais ampla
que vai além das divisões de clã ou linhagem (parentesco) de um lado e da
aldeia de outro. Trata-se de um pacto que aciona lealdades para além dos
particularismos de grupos domésticos locais. E o que vem à mente quando se
fala em“tribos urbanas”? Exatamente o contrário dessa acepção: pensa-se logo
em pequenos grupos bem delimitados, com regras e costumes particulares
em contraste com o caráter homogêneo e massificado que comumente se
atribui ao estilo de vida nas grandes cidades (MAGNANI, 1996, p. 49-50).
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Importante ressaltar que um adepto de estilo gótico, por exemplo, pode se
expressar como tal, por meio de sua vestimenta, forma de pensamento, hábitos,
gosto musical etc.; de outro, no cotidiano, não se relaciona somente com góticos,
pois pode trabalhar em uma empresa com diferentes pessoas, as quais com gostos
e interesses culturais específicos e distintos entre si.
Nas metrópoles, caso de São Paulo, Nova Iorque, Londres e Tóquio, percebe-se
que existem vários grupos ou microgrupos que têm identidades urbanas próprias,
caso dos adeptos do punk, do funk, do hip hop, da arte de rua, do samba, entre
tantas outras manifestações.
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O grafite está entre as formas de arte urbana que vem se disseminando nas
grandes cidades, ganhando status nos últimos anos como arte de vanguarda e
tendo, inclusive, apoio de iniciativas públicas e privadas para grafitar paredes
também públicas e privadas, como forma de expressão de arte de rua.
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Nos Estados Unidos, os modos de vida dos negros e da cultura norte-americana
dos afrodescendentes deu origem a um estilo de vida que se contrapõe ao dos
norte-americanos brancos e com melhor condição socioeconômica. Há preconceito
racial e cultural, daí a expressão de guetos urbanos para esses bairros em Chicago,
cidade do Meio-Norte dos Estados Unidos.
Nas últimas décadas do século XX, o capitalismo tem adentrado cada vez mais
no campo e vem alterando alguns costumes, formas de trabalho, tempo, lazer
e modos de cultura. Logo, a ideia de vida mais simples, de um tempo para a
realização da vida mais lenta no campo nem sempre é verdadeira no mundo atual.
Apesar disso, ainda temos, por exemplo, o modo de vida caipira, em alguns
Estados brasileiros das regiões Sul e Sudeste. Tal cultura caipira foi produzida no
período colonial, mediante miscigenações de grupos indígenas – principalmente
Tupi-Guarani com brancos descendentes de europeus, o que originou o chama-
do caboclo.
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Cultura que se formou com o ir e vir dos tropeiros pelo território nacional ainda
no período colonial, do charque, do sotaque típico caipira de parte de São Paulo e
Paraná, da música que retratava o cotidiano da roça.
Já nos finais do século XIX, havia alguns estereótipos sobre o que seria o
caipira, envolvendo certo preconceito daqueles que passaram a ser a elite com o
processo de industrialização e urbanização pelo qual passaram algumas cidades
paulistas – preconceito em relação ao sotaque, com o som da letra erre puxado,
em relação ao modo de vida no campo, da vida mais simples, da “moda de viola”,
entre outras características.
Mais recentemente, nas últimas décadas do século XX, a antiga música caipira,
da moda de viola, passou a ser chamada de sertaneja, sob influência de novos
vieses musicais e uso de inéditos equipamentos, melodias e letras.
Contudo, não é somente no Estado de São Paulo que há esse modo de vivência
e cultura atrelado à vida no campo e cujo estilo vem se alterando. No sertão do
Nordeste há hábitos comuns seculares – de formas de se alimentar, expressões,
vestimentas, por exemplo, do vaqueiro e do sertanejo agricultor (que vive ainda
da agricultura de subsistência), com sua religiosidade católica – que também vem
sendo alterados nos últimos anos.
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Explor
Comunidades tradicionais:
Povos e comunidades tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e
que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização
social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição
para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica,
utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos
pela tradição. [...] A Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos
Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT) foi instituída, em 2007, por
meio do Decreto n.º 6.040. A Política é uma ação do governo federal que
busca promover o desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades
tradicionais, com ênfase no reconhecimento, fortalecimento e garantia dos
seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, com
respeito e valorização à sua identidade, suas formas de organização e suas
instituições (Decreto Federal n.º 6.040/2000).
O que une a comunidade tradicional é seu traço de ser mais comunal, de viver
em comunidade, de ser menos influenciada pelo modo capitalista de produção –
com sua cultura globalizada. Em geral, o que caracteriza a comunidade tradicional
é ter um modo de vida mais atrelado à natureza, mais voltado ao mundo rural. Este
é o caso dos ribeirinhos na Amazônia, que são povos descendentes de europeus e
mestiços, que mantêm uma relação muito peculiar com o ambiente, como retratam
os pesquisadores:
Na Amazônia os povos tradicionais não indígenas possuem um modo de
vida baseado na atividade extrativista, seja ela aquática ou florestal, vivendo
grande parte nas margens de rios, igarapés, várzeas e lagos. São povos
que aprenderam por meio do uso dos recursos naturais e das relações
sociais a conviver com o rio, a floresta, fazendo destes, elementos de
representações de sua própria vida, as identidades coletivas. O ribeirinho
também está inserido entre os povos tradicionais da Amazônia, cujo
termo refere-se àquele que anda pelos rios. O rio constitui a base de
sobrevivência dos ribeirinhos, fonte de alimento e via de transporte, graças,
sobretudo, às terras mais férteis de suas margens. Esses povos possuem
estreita relação com os rios nos quais tem muito mais que o alimento,
tem todo um complexo cultural forjado nas suas múltiplas relações que
com ele estabeleceram ao longo da ocupação de suas margens como
localização estratégica e da consolidação das comunidades como forma
de organização social (NASCIMENTO et al., 2013).
Os ribeirinhos mantêm uma relação estreita com o meio no qual vivem, buscando
ter uma interação com a natureza dos rios por meio das atividades praticadas pelos
quais – agricultura, pesca e extrativismo vegetal. Em geral, as casas sobre palafitas,
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reconhecendo a subida e descida das águas, sendo o rio usado como meio de
transporte de pessoas e mercadorias e para outras atividades econômicas, bem
como símbolo da cultura dos ribeirinhos amazônidas.
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promover políticas de delimitação, demarcação e regularização dos diferentes tipos
de terras indígenas, bem como de elaborar políticas públicas de proteção a povos
indígenas isolados.
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Muitas vezes eram territórios móveis, pois à medida que tais espaços eram
descobertos, eram buscados novos locais para se viver. O mais conhecido desses
quilombos no Brasil foi o de Palmares, situado na região de Alagoas. Contudo, o
termo quilombola, expressão usada para terras onde negros oriundos de antigas
famílias de escravos ainda vivem atualmente, não tem relação direta somente com
as antigas localidades de fugas de escravos do passado.
Há também casos de terras onde esses se situam e que foram desapropriadas dos
antigos jesuítas, por doação ou concessão de terras de antigos proprietários rurais,
e até mesmo atividades que ficaram enfraquecidas em um determinado período e
cujos proprietários as abandonaram parcialmente, situações comuns, por exemplo,
com a produção do algodão no sertão nordestino (CARVALHO; LIMA, 2013).
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Há diversas territorialidades quilombolas, em condições muito distintas, social e
culturalmente, o que nos permite afirmar que se trata de uma “multiterritorialidade
quilombola” no Brasil, pois o que as definem são o fato de serem espaços de
antigos escravos, mesmo que culturalmente tais espaços possam ser muito distintos
entre si.
Em geral, não se caracterizam por uma ocupação por lotes individuais, mas de
uso comum, obedecendo às características existentes nas formas e modos de vida
e produção, seja agrícola, extrativista ou outro meio de sobrevivência. O modo de
vida e as relações socioculturais se baseiam principalmente em laços de vizinhança
e parentesco.
1 Fonte: <http://www.cpisp.org.br/comunidades/html/i_brasil_ma.html>.
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Desse modo, ainda que muitos dos territórios quilombolas não tenham sido
reconhecidos formalmente, houve avanços em relação ao reconhecimento dos
quais, por meio da Lei.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
Quilombos: espaço de resistência de homens e mulheres negros
BRASIL. Ministério da Educação. Quilombos: espaço de resistência de homens e mulheres
negros. Brasília, DF: Rede de Desenvolvimento Humano; Unesco; MEC, 2005.
https://goo.gl/gqU5bC
Diretrizes curriculares nacionais para a educação escolar quilombola: algumas informações
Conselho Nacional de Educação. Diretrizes curriculares nacionais para a educação
escolar quilombola: algumas informações. Brasília, DF, 2011.
https://goo.gl/rmHUSo
De perto e de dentro: notas para uma etnografia urbana
MAGNANI, José Guilherme Cantor. De perto e de dentro: notas para uma etnografia
urbana. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 17, n. 49, jun. 2002.
https://goo.gl/IXI4mq
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Referências
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na comunidade de Rincão dos Martimianos, RS. 2008. Dissertação (Mestrado) -
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2008.
BRASIL. Decreto n.º 4.887, de 20 de novembro de 2003. Brasília, DF, 2003.
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LIMA, C. M. G. de. Pesquisa etnográfica: iniciando sua compreensão. Rev. Latino-
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notas sobre a busca de reconhecimento. Campos: Revista de Antropologia Social,
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Disseminação de Informações. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro,
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