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Universidade Federal do ABC 

– Sistema ONU e os desafios do multilateralismo

Gabriela Torres Pinto RA: 11201722678 Noturno


Milena Sanches Soares RA: 11201722838 Noturno
Roberta Ramos Vital RA:  Matutino

Embora sempre presente na história humana, as migrações vêm adquirindo forte notoriedade
nos últimos anos no campo das relações internacionais. Não há país, nos dias de hoje, que não recebe
uma parcela de imigrantes em seu território. Seja por sua complexidade ou pelos desdobramentos
que impacta no panorama tanto estatal quanto internacional, o fenômeno migratório é pauta
recorrente em fóruns e discussões mundiais. Desde os anos 2000, percebe-se a acentuação de
movimentos maciços de populações que fogem de conflitos, da pobreza e de perseguições nativas.
As principais rotas de deslocamento incluem regiões mais desenvolvidas do que aquelas de origem,
principalmente Estados Unidos, Europa e até o Brasil, deflagrando assim uma grave crise migratória
mundial.
Diante dessa situação, a Organização das Nações Unidas (ONU), durante sua 71º assembleia
geral aprovou a resolução 71/280, conhecida popularmente como o Pacto Global pela Imigração. O
objetivo principal é melhorar as diretrizes governamentais da migração e enfrentar os desafios
associados a ela, como também reforçar a contribuição de países para o desenvolvimento de políticas
especificas migratórias. O pacto não possui caráter de lei, não é vinculante em termos jurídicos,
permitindo que os países signatários continuem responsáveis por suas políticas de imigração e ao
mesmo tempo aumentem sua cooperação internacional. 
Inicialmente, cerca de 164 países foram signatários deste pacto. Porém, no ano seguinte,
países chaves como os EUA e o Brasil voltaram atrás e declararam a saída do pacto. A notícia
causou tumulto nos estudos internacionais. Seria esse o fim de uma fase globalizada, integrada e
livre de barreiras de qualquer tipo? O que essa ação revela frente aos contextos brasileiros e
estadunidense frente a uma nova época no panorama internacional? 
Primeiro, a ausência de motivos pragmáticos para a rejeição do documento aprovado no
âmbito da ONU indica que o gesto faz parte de um objetivo mais amplo da atual diplomacia
brasileira, que visa o distanciamento do país no campo do multilateralismo. Com isso, além da
intenção de saída do Acordo de Paris, o resultado é uma negação completa das pautas historicamente
defendidas pelo Brasil em fóruns multilaterais, como sua marca de protagonista em debates sobre
direitos humanos e meio ambiente. Pensando mais no caso americano, o presidente Donald Trump
fez do controle migratório uma das grandes bandeiras de seu mandato e o motivo da saída do Pacto
de Migrações é de o acordo ser incompatível com a política migratória do país. A decisão dos
Estados Unidos é anunciada no momento em que o Conselho de Segurança da ONU organiza várias
reuniões sobre a questão da migração, e assim, torna-se claro que os assuntos entendidos como
sensíveis à política de Washington serão exclusivamente tratados na esfera doméstica, em uma
expressão de desprezo aos esforços internacionais sobre o tema.
Ao mesmo tempo em que observamos no espaço internacional ações isolacionistas, como
aqui retratada e muitas outras como a saída norte-americana da Unesco e da OMC, percebe-se um
investimento uma ascendente em um novo jogo de ordem multilateral, por exemplo o bloco dos
BRICS, sendo esse multilateralismo paralelo sustentado em geral, por países que ganham
protagonismo internacional disponibilizados pela ordem liberal clássica, ou ainda, na insistência
dessa mesma ordem. Um dos maiores sustentadores do bloco e forte personalidade frente aos
interesses isolacionistas e hegemônicos estadunidense, a China, desempenha o papel de motivador da
continuação do campo multilateral. Ela não somente entrou no pacto mundial de migrações, como
também declarou esforços para desempenhar um papel positivo para desenvolver a questão
migratória no ambiente internacional.
Superando esse contexto de incertezas, fica claro dois caminhos traçados e propostos a
comunidade internacional: A China como grande ícone da continuação globalista e multilateral e os
EUA, marcado pelo governo incisivo, isolacionista e bilateral de Donald Trump. O grupo acredita
que os mecanismos de isolacionismo no mundo nunca foram, e não são melhores respostas frente aos
desafios do mundo globalizado, principalmente quando a questão envolve vidas e acesso a condições
básicas de sobrevivência. Bem mais que apenas uma questão de preferência de política externa, a
forma como se enfrenta a questão migratória é também um impacto na cooperação e harmonia futura
do sistema internacional.

Referências
 Organização das Nações Unidas (ONU). Resolution 71/280 adopted by the General
Assembly on 6 April 2017. Disponível em:
<https://www.iom.int/sites/default/files/our_work/ODG/GCM/A-71_280-E.pdf>. Acesso em
17 de nov. de 2019

 China diz que adotará pacto migratório da ONU. Poder360, 2018. Disponível em
<https://www.efe.com/efe/brasil/mundo/china-diz-que-adotara-pacto-migratorio-da-onu-de-
acordo-com-suas-condi-es/50000243-3839152>. Acesso em 19 de nov. de 2019.

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