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1-2
Os atos de misericórdia (o dar gracioso de uma pessoa a outra) tem a
possibilidade de se encontrar com dois tipos de gente: aqueles que precisam
realmente e recebem a ajuda com ações de graças e aqueles que não precisam
e recebem a ajuda abusando e zombando da graça. Muitas pessoas levam a vida
se aproveitando da bondade e da generosidade de outros.
Vejam a situação de alguns pedintes: Alguns ali não estão doentes, não
são velhos, tem força nos braços e energia no corpo para o trabalho (aliás,
muitos demonstram isso carregando uma criança no colo – o que é crime,
tipificado pelo nosso Código Penal), mas ainda assim, estão pedindo! E por que
eles estão ali? Porque “o povo é bom”! “O povo é generoso”! “O povo dá”! E
por causa dessa generosidade social, alguns abusam!
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No entanto, quando nós ouvimos sobre essas coisas, nós temos que
tomar cuidado com nossa resposta a isso! O que eu quero dizer?
Mas, diante do que eu já disse até agora, talvez você não esteja vendo
ligação com o texto que nós lemos essa noite! Então, vamos reler a primeira
frase do verso 1 do capítulo 2.
João diz que as coisas que ele acabou de escrever tinham por objetivo
gerar nos cristãos mais oposição ao pecado! “O que foi escrito é para que vocês
não pequem!” E o que ele havia acabado de escrever? Ele havia acabado de
escrever que há perdão totalmente de graça a todo pecador que confessa o seu
pecado. E isso porque Jesus é fiel e justo para nos perdoar todos os pecados e
nos purificar de toda injustiça. Vejam os versos 8 a 10 do capítulo 1.
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Agora, o que uma oferta de perdão totalmente de graça, sem preço
nenhum a pagar, pode gerar em alguém? Licenciosidade! Falta de zelo com a
santidade! Não seria difícil alguém pensar assim: “Ora, se eu pecar e após isso
basta que eu confesse o meu pecado e eu sou perdoado, para que se preocupar
com o pecado? Eu não preciso me preocupar tanto com isso porque basta pedir
perdão e está tudo resolvido!”
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No entanto, cuidado com algo aqui: diante da possibilidade de abuso de
alguns, cuidado para que você não negue a graça de Deus! Se por um lado eu
não devo usar a verdade da graça de Deus para enfraquecer minha luta contra o
pecado, por outro lado diante da fraqueza de muitos em lutarem contra o
pecado, eu não devo acrescentar nada a graça de Deus!
Meus irmãos, isso pode até fazer sentido para a lógica humana, mas
definitivamente isso não é o Evangelho Bíblico! O Evangelho bíblico é perdão
totalmente de graça! Percebam que é exatamente nessa linha que o apóstolo
João continua! Vamos reler agora todo o nosso texto (2.1-2).
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Eu preciso informar a vocês que o tempo verbal do verbo “pecar” indica
“atos específicos de pecado” e não “pecado contínuo”. Já que João, agora, está
falando com crentes (ele diz, ‘meus filhinhos’), ele não espera encontrar pecado
contínuo nestas pessoas! E no caso dos crentes, se eles caírem em algum
pecado, eles devem se lembrar que eles têm um Advogado junto ao Pai, Jesus
Cristo, o Justo.
Agora, embora esse texto seja um consolo para nós, ele nos revela algo
triste e preocupante sobre os nossos pecados cotidianos!
O nosso pecado nos coloca em uma séria situação com o Pai. Tão séria
que mesmo que venhamos a nos arrepender e confessamos, ainda assim nós
precisamos da defesa do nosso advogado! Nós precisamos da sua intercessão
infalível! Escrevendo aos Romanos, Paulo diz que “é Cristo Jesus que
ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós”
(Rm8.34). Jesus realiza essa intercessão ininterruptamente a nosso favor!
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E o nosso advogado, que intercede por nós sem tréguas, é chamado de
Justo! Esse é um adjetivo que não é comumente usado para advogados, não é?
Infelizmente, os advogados recebem adjetivos bem contrários a este! Mas o
nosso advogado é chamado assim pelo próprio Deus!
E se ele é chamado de “justo”, isso quer dizer que ele não nos defende
usando de mentiras como comumente os advogados humanos fazem! Os
advogados humanos podem chegar diante do juiz e afirmarem que o seu cliente
é inocente mesmo sabendo que ele é culpado!
O nosso advogado jamais faz isso! Jesus não nos defende diante do Pai
dizendo que nós somos inocentes! Nós nos declaramos culpados, confessamos
e admitimos que nós erramos, e em sua intercessão, Jesus confirma isso! Jesus
confirma que somos pecadores! Jesus confirma que nós merecemos a Ira de
Deus!
Ora, mas talvez você pode pensar assim: mas se Jesus confirma a minha
desgraça e minha condenação, como ele pode me defender? Pelo que é dito no
verso 2 “e ele é a propiciação pelos nossos pecados”. Jesus é um advogado que
não apenas se coloca ao nosso lado em nossa defesa, ele toma o nosso lugar na
nossa condenação!
Jesus não morre por nós todos os dias (como os católicos romanos
querem quando realizam a Missa). Jesus aplica os méritos de sua única morte
todos os dias sobre nossas vidas e essa é a base (esse é o argumento) pelo qual
ele apela diante de Deus a nossa absolvição, removendo de sobre nós a Ira
Divina!
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Então, como é a defesa de Jesus, irmão? Deixe dar um exemplo do que
Jesus poderia dizer ao Pai na sua intercessão: “Pai, essa pessoa pecou e ela
reconhece isso! Eu também reconheço que ela merece a Tua Santa Ira! Mas Pai,
lembre-se: Eu recebi a Tua Santa Ira no lugar dela! Eu satisfiz o que sua Lei
demandava! Eu expiei os seus pecados! Eu paguei a punição por cada pecado
dela! Por isso, Pai Justo, eu intercedo para que ela seja perdoada!” É nessa base
que Jesus intercede por nós!
Ele não nos inocenta diante do Pai! Ele reconhece a nossa culpa e
apresenta a sua obra vicária como a base da nossa absolvição! O nosso pecado
nos coloca sob a Ira de Deus, mas o sacrifício de Jesus em nosso lugar recebe
essa ira do Pai e faz Deus propício a nós!
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Nós não escolhemos um dentre vários que podiam expiar os nossos
pecados! Nós escolhemos o único que podia fazer isso! É isso que João quer
dizer quando ele escreve que Jesus “é a propiciação pelos nossos pecados e não
somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro”.
João não está afirmando com isso que Jesus morreu por cada ser
humano na face da terra! Não é isso! Esse assunto não tem nada a ver com a
preocupação de João aqui! A sua preocupação é afirmar o pecado universal e
apresentar a solução universal! Todos os homens são pecadores! Todos os
homens estão debaixo da ira de Deus! E só há um meio, para qualquer homem
da face da terra, de ter os seus pecados expiados e a absolvição diante de Deus:
somente através da advocacia e do sacrifício vicário do Justo Jesus Cristo!
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Jesus é exclusivo nessa tarefa diante do mundo inteiro! Não há
conhecimento secreto que possa fazer isso! Não há outro deus que possa fazer
isso! O mundo pode até ser ousado o bastante em querer estabelecer outros
meios de salvação, mas o Pai já disse: “Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o
meu santo monte Sião!” É Jesus que é a propiciação pelos nossos pecados e
pelos do mundo inteiro!
Irmãos, ainda que nessa seção não exista um “teste explícito” aplicado
pelo apóstolo João, existem muitas reflexões importantes que precisam ser
feitas:
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O Evangelho é isso mesmo: Graça sobre graça! Salvação sem
necessidade de nenhum pagamento humano! E quando pregarmos isso, não
tenhamos medo dos que irão zombar da graça de Deus! Ao zombarem da graça
de Deus, em dizendo-se crentes e continuarem no pecado, eles provam que
nunca passaram pelo novo nascimento! Eles provam que continuam perdidos!
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