DE PRODUTOS
Rubens Zolar
da Cunha Ghelen
Revisão técnica:
ISBN 978-85-9502-289-8
CDU 658.5
Introdução
Para realizar o processo de desenvolvimento do produto é necessário que
várias atividades sejam realizadas, por vezes, de maneira concomitante.
Muitas pessoas de diferentes áreas são envolvidas em diferentes partes
do projeto. Por isso, é necessário que exista uma delimitação e ordenação
dos projetos e fases que devem ser realizados para que o desenvolvi-
mento do produto possa ocorrer dentro do prazo e no menor custo
possível. Neste texto, você irá aprender sobre o modelo de referência e
os princípios de modelagem.
O modelo de referência
Rozenfeld et al. (2006) comentam que o modelo de referência representa toda a
estrutura, ordenação lógica e passos responsáveis pelo processo de desenvolvi-
mento de produtos e processos. Ainda, os autores enfatizam, dada a importância
deste modelo, que ele deve estar adequado às próprias necessidades da empresa,
de modo a facilitar a gestão e a entrega das partes importantes dos projetos.
São praticamente todas as áreas da empresa que se envolvem ou devem se
envolver no processo de desenvolvimento de produto. A Figura 1 demonstra
os principais processos relacionados com o PDP:
2 Modelo de referência para o desenvolvimento de produto
fases para que possa gerenciar todos os custos, gastos e provisões de dinheiro
necessárias para que o novo produto chegue ao mercado sem prejudicar o fluxo
de caixa da empresa. É de responsabilidade desta área a análise de viabilidade
financeira do projeto, que será aprovado pela alta administração antes mesmo
de o produto chegar à fase de modelagem e pré-produção.
Conforme vem sendo discutido, é um esforço conjunto da empresa, a
introdução de um novo produto no mercado. Como em qualquer projeto de
grandes magnitudes que envolve diversos agentes, é preciso que um modelo
único de aplicação seja determinado para que o gerenciamento dos recursos
envolvidos no projeto seja aproveitado no tempo correto. Esta importância
fica clara quando Rozenfeld et al. (2006, p. 29-32) determinam os fatores
gerenciais que fazem parte do PDP:
Modelo unificado
Este modelo, segundo Rozenfel et al. (2006, p. 38), visa a responder a seguinte
pergunta: como prever, planejar e controlar o trabalho das pessoas, uma vez
que nem todos têm uma linguagem comum e uma visão mínima do andamento
do projeto geral e da contribuição que é esperada para a empresa?
Logo, o modelo é uma representação de todo o processo e pode servir,
para algumas empresas, como o seu próprio modelo de referência. A ideia
deste modelo é, conforme o próprio nome determina, unificar todos os pro-
cedimentos que devem ser realizados para que o PDP ocorra. Ele engloba
desde a visão geral até as limitações do modelo, passando por fases de pré e
pós-desenvolvimento do produto.
Planejamento do projeto
Uma vez que o portfólio de produtos seja determinado no planejamento estra-
tégico, o projeto de cada produto deve ser determinado. Todas as informações
delimitadas na fase servirão como referência para a realização e desenvolvimento
do produto. Rozenfeld et al. (2006) comentam que nesta fase se visa a identificar
e a buscar na empresa todos os recursos (humanos, financeiros, tecnológicos
etc.) que devem fazer parte do desenvolvimento do projeto e integrá-los de tal
maneira que o seu funcionamento seja o mais eficiente possível. Com isto, essa
fase deve considerar todas as fases seguintes e os desafios impostos por elas.
Projeto informacional
A seguinte fase, segundo Rozenfeld et al. (2006), é responsável pelas especifica-
ções-meta do projeto. Elas são informações detalhadas sobre o produto que será
desenvolvido e seguem fielmente o que foi determinado nas fases anteriores. Esta
fase é a representação geral do produto e os autores comentam que quaisquer erros
ou falhas nas especificações-meta gerarão um aumento descontrolado de problemas
que podem, eventualmente, decretar a falha catastrófica de todo o projeto.
Projeto conceitual
“Diferentemente da fase de projeto informacional que trata, basicamente, da
aquisição e transformação de informações, na fase de projeto conceitual, as
atividades da equipe de projeto relacionam-se com a busca, criação, represen-
tação e seleção de soluções para o problema de projeto” (ROZENFELD et al.,
2006, p. 236). É, segundo os autores, a parte em que se considera as funções
do produto e soluções que, quando aplicadas, irão formatar as tecnologias,
procedimentos e custos associados.
Projeto detalhado
É a fase que dá prosseguimento ao projeto conceitual e deve finalizar as espe-
cificações do produto para que ele esteja apto a prosseguir para a manufatura
(ROZENFELD et al., 2006). Os autores ainda destacam que pode ocorrer uma
sobreposição entre o conceito e o detalhamento do projeto. Por esta razão, o
projeto detalhado nem sempre segue uma ordenação lógica para o desenvolvi-
mento de suas etapas. Isso se dá para que atividades possam ocorrer ao mesmo
tempo, por vezes facilitando o processo e diminuindo o lead-time do projeto.
Modelo de referência para o desenvolvimento de produto 7
Lead-time é o tempo entre o início de uma atividade e o seu fim. Neste caso, o lead-time
é o tempo desde o início do projeto até o seu fim.
Lançamento do produto
Conforme discutido, o lançamento do produto é a fase em que ele já sofreu
testes e teve o seu processo produtivo aprovado para a produção em escalas
maiores. O produto irá, então, nesta fase, ter o seu primeiro contato com o
público (ROZENFELD et al., 2006). Desta maneira, é possível verificar a sua
aceitação pelo mercado, possibilidades de ajuste, como também instaurar os
processos e atividades de distribuição física e de pós-venda.
Acompanhamento e descontinuação
Rozenfeld et al. (2006) afirmam que essas fases são compostas por atividades
que visam a determinar o desempenho do produto no mercado e, também,
o melhor momento para a sua retirada dele. O acompanhamento deve gerar
resultados de aceitação, melhorias, desempenho produtivo e acompanhamento
de custos para que estas informações possam gerar melhorias de produto/
processos, além de feedback para os novos PDPs.
A descontinuação é a determinação do melhor momento para retirar o
produto do mercado, ao fim do seu ciclo de vida, sem que isso cause prejuízos
exagerados para a empresa e/ou clientes. É importante comentar, conforme
demonstrado por Rozenfeld et al. (2006), que cada uma dessas fases deve passar
por um processo de aprovação e acompanhamento econômico-financeiro.
8 Modelo de referência para o desenvolvimento de produto
Modelagem
Lachtermacher (2009) diz que o processo de modelagem é utilizado quando os
gestores das empresas enfrentam situações de decisão que apresentam múltiplas
alternativas, muitas vezes, conflitantes. No instante de uma decisão, normalmente,
pode-se utilizar os conhecimentos prévios que auxiliam no processo decisório,
contudo, esses conhecimentos podem não se provar verdadeiros no momento da
execução da decisão. Lachtermacher (2009) ainda comenta que os gestores devem
se utilizar de ambos: o conhecimento e a modelagem para encontrar as soluções
para os problemas enfrentados. A Figura 3 representa o referido pensamento:
Como pode ser visto na figura anterior, o modelo é uma representação do mundo
real em menor escala. Partindo-se de uma situação em que a atuação de gerentes
ou de agentes da empresa deve ser empregada, um modelo pode ser criado para
que esta representação simbólica possa ser alterada e adaptada até que possíveis
resultados possam ser atingidos. Assim, o conhecimento gerencial pode influenciar
a análise dos resultados e a criação do próprio modelo. Os resultados, quando
analisados, servem como base para a decisão gerencial no contexto do problema.
Os modelos representam uma maneira, de custo reduzido, de testar diver-
sas possibilidades visando à obtenção de maior precisão na escolha de um
determinado caminho para a empresa. Lachtermarcher (2009, p. 5) determina
três tipos de modelos:
Modelo de referência para o desenvolvimento de produto 9
Modelos físicos: estes modelos são os protótipos que são montados pelas
empresas no processo de PDP. Segundo Lachtermacher (2009), os aviões
podem ser um exemplo, pois são produtos de grande escala que custam
milhões de dólares para serem produzidos. Sua engenharia deve ser precisa
para garantir eficiência de execução e, principalmente, a segurança opera-
cional. Para lançar um avião novo, as empresas primeiro constroem modelos
físicos em menores escalas para todos os testes e avaliações necessárias.
Após a aprovação em todas as fases, o avião é, então, produzido em escala
normal, minimizando a ocorrência de erros e custos.
Modelos análogos: Lachtermacher (2009) aborda que estes modelos
são representações relacionais da realidade. Os exemplos que o autor
usa são os mapas rodoviários e os indicadores de tanque de gasolina.
Modelos matemáticos ou simbólicos: segundo Lachtermacher (2009),
estes são os modelos mais utilizados em situações gerenciais. O principal
ponto destes modelos são as informações quantificáveis, a partir delas
é possível criar um modelo em que essas informações podem sofrer
alterações de acordo com parâmetros pré-determinados. Os resultados
obtidos são, então, analisados para que se possa traçar as decisões e pla-
nos de ação para o projeto. Estes modelos também são bastante utilizados
nos PDPs, pois em todo o processo de desenvolvimento de produto há a
necessidade de constante análise de viabilidade econômico-financeira.
A análise é feita a partir de dados quantificáveis que são inseridos em
modelos de gastos e receitas atuais e futuros, que determinarão se o
produto deverá ou não avançar para a fase seguinte.