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Professora Me.

Andréia Moreira da Fonseca Boechat


Professora Me. Yony Brugnolo Alves

POLÍTICAS PÚBLICAS,
EDUCAÇÃO E SAÚDE

PÓS-graduação

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

MARINGÁ-pr
2013
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Diretor Comercial, de Expansão e Novos Negócios: Marcos Gois


Diretor de Operações: Chrystiano Mincoff
Coordenação de Marketing: Bruno Jorge
Coordenação de Sistemas: Fabrício Ricardo Lazilha
Coordenação de Polos: Reginaldo Carneiro
Coordenação de Pós-Graduação, Extensão e Produção de Materiais: Renato Dutra
Coordenação de Graduação: Kátia Coelho
Coordenação Administrativa/Serviços Compartilhados: Evandro Bolsoni
Assessoria Pedagógica: Marcelo Cristian Vieira
Supervisora do Núcleo de Produção de Materiais: Nalva Aparecida da Rosa Moura
Capa e Editoração: Daniel Fuverki Hey, Fernando Henrique Mendes, Humberto Garcia da Silva, Jaime de Marchi Junior, José Jhonny Coelho, Nara Emi
Tanaka Yamashita, Robson Yuiti Saito e Thayla Daiany Guimarães Cripaldi
Supervisão de Materiais: Nádila de Almeida Toledo
Revisão Textual e Normas: Jaquelina Kutsunugi, Keren Pardini, Maria Fernanda Canova Vasconcelos, Nayara Valenciano, Rhaysa Ricci Correa e
Susana Inácio

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UNICESUMAR



C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação
a distância:
Políticas Públicas, Educação e Saúde / Andréia Moreira da
Fonseca Boechat; Yony Brugnolo Alves. Maringá - PR, 2013.
71 p.

“Pós-Graduação Administração Pública - EaD”.


1. Políticas Públicas. 2. Educação. 3. Saúde. EaD. I.


Título.

CDD - 22 ed. 658.404


CIP - NBR 12899 - AACR/2

“As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites PHOTOS.COM e SHUTTERSTOCK.COM”.

Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br
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POLÍTICAS PÚBLICAS,
EDUCAÇÃO E SAÚDE
Professora Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat
Professora Me. Yony Brugnolo Alves
APRESENTAÇÃO DO REITOR

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por
tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e solução de
problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará
grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhecimento
por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conheci-
mento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa
e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as
demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvol-
vimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a
articulação e a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja reconhecimento como uma instituição universitária
de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de compe-
tências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universi-
tária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade
interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento
permanente com os egressos, incentivando a educação continuada.
Professor Wilson de Matos Silva
Reitor

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A importância da pós-graduação

O Brasil está passando por grandes transformações, em especial nas últimas décadas, motivadas pela
estabilização e crescimento da economia, tendo como consequência o aumento da sua importância
e popularidade no cenário global. Esta importância tem se refletido em crescentes investimentos
internacionais e nacionais nas empresas e na infraestrutura do país, fato que só não é maior devido a
uma grande carência de mão de obra especializada.
Nesse sentindo, as exigências do mercado de trabalho são cada vez maiores. A graduação, que no passado
era um diferenciador da mão de obra, não é mais suficiente para garantir sua empregabilidade. É preciso
o constante aperfeiçoamento e a continuidade dos estudos para quem quer crescer profissionalmente.
A pós-graduação Lato Sensu a distância da Unicesumar conta hoje com 16 cursos de especialização e
MBA nas áreas de Gestão, Educação e Meio Ambiente. Estes cursos foram planejados pensando em
você, aliando conteúdo teórico e aplicação prática, trazendo informações atualizadas e alinhadas com as
necessidades deste novo Brasil.
Escolhendo um curso de pós-graduação lato sensu na Unicesumar, você terá a oportunidade de conhecer
um conjunto de disciplinas e conteúdos mais específicos da área escolhida, fortalecendo seu arcabouço
teórico, oportunizando sua aplicação no dia a dia e, desta forma, ajudando sua transformação pessoal e
profissional.

Professor Dr. Renato Dutra


Coordenador de Pós-Graduação, Extensão
e Produção de Materiais
NEAD - Unicesumar

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APRESENTAÇÃO
Livro: Políticas Públicas, Educação e Saúde
Prof.ª Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat
Prof.ª Me. Yony Brugnolo Alves

Olá, caro(a) acadêmico(a)!

Seja bem-vindo(a) à disciplina Políticas Públicas, Educação e Saúde do curso de pós-graduação em


Administração Pública. Somos as professoras Andréia Moreira da Fonseca Boechat e Yony Brugnolo Alves.

Antes de iniciarmos nossa discussão, falaremos um pouquinho sobre a nossa formação acadêmica. A
professora Andréia é formada em Economia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, mestre
em Economia pela Universidade Estadual de Maringá e atualmente cursa doutorado em Economia
também pela Universidade Estadual de Maringá. É professora de economia de cursos de graduação e
pós-graduação tanto presenciais quanto a distância da região de Maringá.

A professora Yony é formada em Economia pela Universidade Estadual de Maringá e mestre em


Desenvolvimento Regional e Agronegócio pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná. É professora de
economia de cursos de graduação e pós-graduação nas modalidades presencial e a distância de Maringá.

O tema políticas públicas é bem atual e muito interessante, pois afeta a vida de toda a população. Existem
diversos tipos de políticas públicas, mas nossa disciplina discutirá as voltadas para a educação e saúde,
que são necessidades básicas da população e que precisam ser muito bem formuladas.

Você saberia me dizer, por exemplo, se a educação a distância, que é a modalidade de estudo do seu
curso de pós-graduação, é uma política pública voltada para a educação? E o cartão do Sistema Único de
Saúde (SUS)? Não vamos te dar uma resposta neste momento, pois esperamos que no final da disciplina
você seja capaz de responder, com precisão, estas perguntas.

Mas então, o que veremos nesta disciplina?

Na unidade I, discutiremos a evolução das políticas públicas e como são seus objetivos. Para isto,
começaremos com a diferença entre Estado e Governo e, novamente, apresentaremos a você o papel
do governo da economia. Depois, iremos definir políticas públicas e a sua importância para a sociedade.

Na unidade II, aprofundaremos nossa discussão sobre políticas públicas voltadas para a educação. Nesta
unidade, você conhecerá as esferas governamentais responsáveis por cada nível educacional, assim
como as políticas públicas atuais voltadas para a educação. E, por último, não poderíamos deixar de
discutir a Educação a distância.

Na terceira e última unidade, falaremos sobre a política pública voltada para a saúde. Para isto, é
necessário definir saúde pública, apresentar o Sistema Único de Saúde e discutir as políticas públicas
diretas e indiretas voltadas para a saúde.
Um abraço e bons estudos!

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Sumário

UNIDADE I

POLÍTICAS PÚBLICAS: COMO SURGIRAM E PARA QUE SERVEM?

DIFERENÇA ENTRE ESTADO E GOVERNO............................................................................................... 14

PAPEL DO GOVERNO............................................................................................................................... 16

DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS ...................................................................................................... 18

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS.................................................................................. 20

IMPORTÂNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A SOCIEDADE............................................................... 23

PRINCIPAIS TIPOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS........................................................................................... 24

UNIDADE II

POLÍTICAS PÚBLICAS E SUA INTERFERÊNCIA DIRETA E INDIRETA NA EDUCAÇÃO

EDUCAÇÃO: ESFERAS GOVERNAMENTAIS E SUAS RESPONSABILIDADES............................................. 31

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL.................................................................. 34

POLÍTICAS PÚBLICAS ATUAIS VOLTADAS PARA A EDUCAÇÃO................................................................ 36

INVESTIMENTO PÚBLICO NA EDUCAÇÃO ................................................................................................ 40

EAD COMO FORMA DE DEMOCRATIZAR A EDUCAÇÃO .......................................................................... 44

UNIDADE III

POLÍTICAS PÚBLICAS E SUA INTERFERÊNCIA DIRETA E INDIRETA NA SAÚDE

DEFINIÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA ...............................................................................................................51

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL......................................................................... 52

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE...................................................................................................................... 56

POLÍTICAS PÚBLICAS DIRETAS VOLTADAS PARA A SAÚDE..................................................................... 57

POLÍTICAS PÚBLICAS INDIRETAS VOLTADAS PARA A SAÚDE ................................................................. 59


INVESTIMENTO PÚBLICO NA SAÚDE ....................................................................................................... 61

CONCLUSÃO............................................................................................................................................ 66

GABARITO DE ATIVIDADEs DE AUTOESTUDO........................................................................................ 67

REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................... 69

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UNIDADE I

POLÍTICAS PÚBLICAS: COMO SURGIRAM E PARA QUE


SERVEM?
Professora Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat

Professora Me. Yony Brugnolo Alves

Objetivos de Aprendizagem

• Diferenciar Estado e Governo.

• Discutir o papel do Governo.

• Definir políticas públicas.

• Mostrar a evolução e a importância das políticas públicas.

• Apresentar os principais tipos de políticas públicas.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:


• Diferença entre Estado e Governo

• Papel do Governo

• Definição de políticas públicas

• Evolução histórica da política pública para a sociedade

• Principais tipos de políticas públicas


INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a),
Nesta primeira unidade, você estudará um assunto muito interessante e importante que será fundamental
para você entender o papel do governo na formulação das políticas públicas e compreender o que de fato
são essas políticas e como as mesmas são formuladas.

O Brasil de hoje é, em parte, reflexo das políticas adotadas pelos governos desde a sua descoberta
em 1500 até os dias atuais. Se recordarmos dos assuntos abordados na disciplina de história durante o
ensino médio, lembraremos que o Brasil já foi descoberto em razão de uma política da Coroa Portuguesa
em 1500 que pretendia tomar posse de partes das novas terras descobertas por Cristóvão Colombo.
Depois da sua descoberta, era necessário ocupar o território e diversas políticas foram criadas para que
isto acontecesse. As políticas públicas foram se alterando e desenvolvendo o nosso país.

Hoje as políticas não estão voltadas para descoberta ou ocupação de território, mas sim, para desenvolver
o bem-estar social, por meio das melhorias na qualidade de vida, como saúde e educação, além de
melhor distribuição de renda.

Fonte: SHUTTERSTOCK.com

Você já deve ter conseguido perceber que as políticas públicas são uma postura do poder público frente
aos problemas sociais e à forma de intenção de respostas a estes problemas. Então, as políticas públicas
se alteram conforme a contextualização da sociedade e de suas demandas. Como a sociedade se
modifica, as políticas devem se modificar junto.

Nesta unidade, inicialmente iremos trabalhar com a diferença entre Estado e Governo. Conhecer esta
diferença é fundamental para compreender o real papel do governo e sua importância na formulação das
políticas públicas. Em um segundo momento, trabalharemos com o conceito evolução e importância das
políticas públicas para a sociedade. E, por último, apresentaremos as principais políticas públicas.

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 13


DIFERENÇA ENTRE ESTADO E GOVERNO

Fonte: SHUTTERSTOCK.com
Para a maioria das pessoas, quando falamos em Estado e em Governo, estamos nos referindo ao mesmo
conceito. Porém, isto é um equívoco, pois são duas instituições totalmente diferentes e, consequentemente,
com funções diversas. Claro que não podemos nos referir a governo “fora” do conceito de Estado.

E você, sabe a diferença entre governo e Estado?

Para começarmos a discutir a diferença, vamos apresentar um exemplo bem atual: o Estado é o Estado
Brasileiro, já governo, atualmente, é o governo Dilma Rousseff. Percebemos que governo tem um tempo
de duração, ou seja, é alterado a cada período, no caso brasileiro, a cada quatro anos. Já Estado não.

A palavra Estado vem do grego pólis e significa política, ou seja, a ciência de governar a cidade. Então,
podemos definir Estado como uma instituição política, social e juridicamente organizada, que ocupa um
território e é regida pela Constituição, em outras palavras, é uma divisão política, administrativa e territorial
de certos países, como Brasil.

O Estado é composto por três elementos principais:

a) População - são as pessoas que têm vínculos políticos e jurídicos com o Estado, ou seja, são os
indivíduos que habitam um determinado território.

b) Território - é um espaço físico regido por uma ordem jurídica autorizada. No caso brasileiro, o
território é subdivido em 27 unidades federativas mais o Distrito Federal, que são os estados. Isto
mesmo, quando falamos em Estado no sentido de Brasil, a primeira letra é maiúscula. Já quando
estamos nos referindo a estados, como o Paraná ou Rio de Janeiro, por exemplo, é escrito em letra
minúscula.

c) Governo - é o poder supremo do Estado.

Então, como podemos perceber, o governo faz parte do Estado. Mas afinal, o que é governo?

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Segundo o Dicionário Aurélio online (2013), governo é a “forma política de um Estado”. Podemos definir
governo como um conjunto de instituições e pessoas que exercem o poder de governar. Então, o governo
do Estado tem como função principal tomar decisões influenciando toda a população, dispondo de recursos
legais, ou seja, leis, para que suas ordens sejam obedecidas, podendo inclusive, caso necessário, utilizar
a força. Podemos acrescentar que governo é um mecanismo de controle e direção das instituições que
fazem parte do Estado. Resumindo, são decisões de natureza política.

A partir daí, surge outra pergunta: então governo e política são similares? Não, política aloca os recursos
na sociedade e governo trata dos resultados dessa alocação de recursos. Por este motivo, temos dentro do
Brasil três esferas governamentais com funções específicas, a municipal, a estadual e a federal. A esfera
municipal é composta pelos municípios, a estadual pelos estados e a federal pelo país como um todo.

Analogicamente, Karl Deutsch1 compara o processo de governar à navegação, onde existe o timoneiro2
do navio, que em primeiro lugar deve saber sua função no barco para manter o controle. Em segundo,
deve saber onde se encontra a nave que está sob seu controle, em qual direção se move e qual é o tipo de
embarcação. Em terceiro, precisa conhecer onde estão localizados os bancos de areia, escolhos, baixios
e correntes de navegação. E, por último, e talvez o mais importante, precisa ter consciência do seu destino
e de seus tripulantes e escolher a rota certa.

Percebemos que o governante, aquele que governa o país, estado ou município, precisa conhecer seu
território, sua população e consequentemente seus problemas, para poder definir o que é necessário
fazer para aumentar o bem-estar social.

Agora já sabemos a diferença entre Estado e governo e percebemos que seria praticamente impossível
viver num Estado sem governo, precisamos relembrar qual é o papel do governo.

Desde 1889, quando o Brasil deixou de ser monarquia e passou a adotar o sistema político presidencialista, o
país teve 43 presidentes. Para conhecê-los, acesse o link:
<http://www2.planalto.gov.br/presidencia/galeria-de-presidentes>.

1
DEUTSCH, Karl. Política e Governo. Brasília, Ed. UnB, 1979, p. 29. Tradução do original em inglês.
2
Segundo o dicionário Aurélio (2012), timoneiro é aquele que governa o timão das embarcações.

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PAPEL DO GOVERNO

Como já discutimos, a existência do governo é necessária para guiar, corrigir e complementar o mercado,
que sozinho não é capaz de desempenhar todas as funções econômicas, funções estas relacionadas, em
nível macroeconômico, à distribuição de renda, estabilidade de preços, ao nível de emprego, já em nível
microeconômico, podem ser citadas a proteção dos contratos, produção e distribuição de alguns bens
e serviços que não são vantajosos economicamente para uma empresa privada produzir, entre outras.
Para solucionar os problemas econômicos, o governo tradicional possui três funções básicas: alocativa,
distributiva e estabilizadora.

a) Função alocativa - está associada à provisão de determinados bens e serviços não ofertados, de
forma adequada pela iniciativa privada. Segundo Costa e Souza (2008), através desta função, o
governo faz a provisão de determinados bens e serviços que o mercado não oferece adequadamente
devido ao sistema de preços, os chamados bens públicos. Esta função visa corrigir as falhas de
mercado e os efeitos negativos da externalidade.

Lembrando que os bens e serviços podem ser classificados, em relação a quem os oferta, em
privados e públicos. Os bens e serviços privados são ofertados pela iniciativa privada e têm como
características a exclusividade e a rivalidade, ou seja, o consumo de uma pessoa exclui a de outra,
como por exemplo, um carro. Por outro lado, os bens públicos são ofertados pelo governo e todas
as pessoas podem consumi-los, ou seja, o consumo de um indivíduo não exclui o do outro. Imagine
uma cidade que tenha um trânsito organizado e seguro, independente do pedestre ter pagado os
impostos, ele se beneficiará com o trânsito.

Resumindo, posso excluir alguém de andar de carro, já que só poderá ter um automóvel (bem
privado) quem pagar por ele, mas não posso proteger o espaço dos que não têm carro ou que não
pagaram os impostos (bens públicos). Percebemos que o governo tem como função ofertar os bens
e serviços que o mercado não pode ou não deseja ofertar de forma eficiente.

Outro conceito que citamos acima foi de correção das falhas de mercado. As falhas de mercado
acontecem quando a alocação de bens e serviços não é eficiente e o governo tem como função
fazer com que a oferta seja eficiente. E, para isto, são utilizados diversos mecanismos de correção.
A externalidade ocorre quando a atividade de um agente econômico atinge os demais de forma
positiva ou negativa. Quando o efeito é negativo, como a poluição de uma fábrica, o governo deve
intervir para minimizar ou, até mesmo, eliminar o efeito negativo.

b) Função distributiva - está relacionada à distribuição de renda, ou seja, o governo procura deixar a
sociedade menos desigual em termos de renda e riqueza, já que o mercado sozinho não consegue
distribuir a renda de forma considerada justa. Para isto, utiliza alguns instrumentos, como as
transferências, os impostos e os subsídios.

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Por meio das transferências, o governo promove uma redistribuição direta da renda, tributando as
pessoas com renda mais alta e subsidiando as com renda mais baixa, como, por exemplo, mediante
as alíquotas progressivas e utiliza os recursos captados para ofertar serviços públicos, como saúde,
segurança, educação etc. de qualidade.

Outra forma de distribuir renda se dá por meio dos impostos e subsídios. Os impostos podem ser
captados para financiar/subsidiar programas voltados para as camadas mais pobres da sociedade,
como o Bolsa Família. Outra forma é aumentar os impostos dos bens considerados de luxo ou
supérfluos e reduzir a tributação dos bens que compõem, por exemplo, a cesta básica, os quais a
maior parte da população de baixa renda consome.

c) Função estabilizadora - como o nome já diz, a função estabilizadora é a estabilização da economia.


De acordo com Além e Giambiagi (2000), a função estabilizadora tem como objetivo manter um alto
nível de emprego, estabilidade de preços e obter uma taxa adequada de crescimento econômico.
Esta função consiste no controle, por parte do governo, no nível de demanda, minimizando os
impactos sociais e econômicos, assim como a inflação.

A estabilização pode ser feita mediante as políticas econômicas. As duas principais são a monetária
e a fiscal. A primeira se refere às ações do governo para controlar as variáveis monetárias da
economia, como moeda e taxa de juros. Já a política fiscal se refere às atividades de arrecadação
e gastos do governo, ou seja, a forma como o governo tributa a população e como esses impostos
serão redistribuídos à sociedade.

A partir das funções discutidas acima, podemos resumir que o Estado/governo é responsável pelo
bem-estar e pela segurança da sociedade e, para isso, utiliza as políticas econômicas e públicas. Como o
nosso objetivo neste momento não é discutir políticas econômicas e sim políticas públicas, vamos deixar
de lado as políticas monetária e fiscal e vamos definir políticas públicas.

“O Estado deverá exercer uma infl uência orientadora sobre a propensão a consumir, em parte através de seu
sistema de tributação, em parte por meio da fi xação da taxa de juros e, em parte, talvez, recorrendo a outras
medidas.” (KEYNES, 1996, pp.253-254)

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DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Com já foi discutido, o governo desempenha diversas funções, funções estas que sofreram inúmeras
alterações ao longo do tempo. Nos séculos XVIII e XIX, o principal objetivo era a segurança pública e a
defesa nacional, em razão das inúmeras guerras que aconteciam na época. Com o passar do tempo, a
democracia foi se expandindo e as responsabilidades do Estado foram se alterando. Hoje, a função do
governo é promover o bem-estar da sociedade. Para isto, é necessário desenvolver diversas ações nas
áreas de saúde, educação, entre outras, por meio das chamadas políticas públicas.

Definir políticas públicas não é uma tarefa fácil e não existe uma única definição. Mead (1995) as define
como um campo de estudo da política que analisa o governo dentro das questões públicas. Já, tanto
para Lynn (1980) quanto para Peters (1986), políticas públicas são um conjunto de ações do governo que
produzirão efeitos desejados sobre a vida dos cidadãos. Dye (1984) resume que políticas públicas é a
definição do que o governo escolhe fazer ou não fazer.

Outros autores definem políticas públicas como um conjunto de ações e decisões do governo, voltadas
para a solução de problemas sociais, ou seja, são as metas, planos e ações que o governo, nas três
esferas, federal, estadual e municipal, tem para atingir o bem-estar da sociedade.

A partir de todas essas definições, podemos definir políticas públicas como uma forma de ação do governo
voltada para a população para atingir seu objetivo, de modo a aumentar o bem-estar social.

Lembrando que as ações que serão adotadas são definidas pelas quais os governantes entendem como
prioridade e não a sociedade, ou seja, o bem-estar social é definido sempre pelo governo, já que é
impossível a população se expressar de forma totalitária.

Depois da nossa afirmação, você deve estar se perguntando: e qual é o meu papel nesta situação?
Nenhum?

Sim, cada um de nós tem um papel na formulação de políticas públicas, mas nossa influência é indireta.
Fazemos nossas solicitações para nossos representantes, deputados, senadores e vereadores, que
mobilizam o poder executivo, que são os prefeitos, governadores e presidente da república, os quais
também foram eleitos por nós para formularem políticas públicas que atendam à demanda social.

Então, percebemos que as políticas são, de certa forma, resultados da democracia, já que os cidadãos
escolhem seu representante por meio do voto, expressando suas preferências, em outras palavras,
escolhem uma política em relação a outra. Com isto, as políticas acabam sendo resultados da concorrência,
já que os grupos de interesse formam alianças e concorrem pelas políticas. Após a eleição, o processo de
tomada de decisão é de responsabilidade de pequenos grupos de indivíduos.

Mas como este processo ocorre? A figura 1 a seguir mostra o processo da formulação das políticas
públicas.

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Figura 1: Sequência de atividades que resultam nas políticas públicas
Fonte: Belikow (2008)

Como pode ser visto na figura 1, na primeira coluna à esquerda, estão ordenados os eventos pelos quais
a formulação da política passa e, na segunda coluna, estão os resultados da política.

O primeiro passo é definir a agenda governamental que cria oportunidade para a formulação da política
de acordo com o objetivo do governo, ou seja, a partir das necessidades da população, seguido pela
formulação das políticas alternativas. Após a definição das políticas alternativas, o governo escolhe
qual política será implementada e coloca em prática, por meio de leis, a política escolhida. Após a
implementação, é necessário avaliar os impactos gerados e, se for o caso, modificar a política de forma
a aumentar o bem-estar social.

Percebemos que formular uma política pública não é tarefa fácil e rápida. Após você entender a sequência
de atividades que são feitas para se chegar a políticas públicas, podemos apresentar um modelo simples
do processo de criação das políticas públicas.

Figura 2: Modelo do processo de políticas públicas


Fonte: Belikow (2008)

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 19


O modelo simples de formulação de políticas públicas é um círculo vicioso, onde é formulado qual política
será implementada, dado o problema que o governo visa solucionar. A política é implementada e avaliada,
e assim uma nova política pública é elaborada e passa por todas estas etapas novamente.

Após toda a discussão sobre definição de política pública, chegamos a uma conclusão: a política pública é
uma espécie de roteiro, um projeto do governo para desenvolver, no longo prazo, uma área em particular.
Para uma política ser eficiente, são necessários, segundo Belikow (2008), alguns pontos:
• Integrar todos os aspectos do desenvolvimento.
• Ter apoio de todos os interessados.
• Fornecer, de forma clara, a missão, visão, objetivos e princípios orientadores.
• Estar alinhada com os acordos e políticas nacionais e internacionais.
• Ser moderna e ousada, sem deixar de ser realistas.
• Ser neutra.
• Priorizar objetivos para facilitar sua aplicação.
• E talvez o mais importante, precisa estar focada nas necessidades.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

As políticas públicas no Brasil, de fato, tiveram início em 1930, após o término do modelo agrário-exportador,
pois entre 1500 e 1930 a economia era voltada para a produção e exportação das monoculturas como o
café, e a mão de obra foi escrava até 1888.
Fonte: SHUTTERSTOCK.com

Após a abolição da escravatura, as políticas tinham como característica a intervenção no Estado com
o objetivo de assegurar as condições de trabalho dos imigrantes, mas sempre voltado ao regime de
produção exportador. Surgindo, assim, a primeira política pública que tinha como objetivo garantir a
nacionalidade aos imigrantes.

20 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


Com a crise de 1929, o Brasil sentiu a necessidade de se industrializar, com isto, as políticas públicas
se alteram e assumem uma postura nacionalista populista. Esse processo de industrialização exigia a
consolidação de grupos para sustentar a demanda por bens manufaturados, o que foi conseguido por
meio do sistema de proteção social e trabalhista da década de 1940.

A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) de 1940 colocou os trabalhadores sob tutela do Estado e
instituiu o direito à estabilidade no emprego, férias, salário, indenização por demissões, salários mínimos,
definição da jornada de trabalho semanal, direito à saúde e à previdência. Podemos perceber a magnitude
dessa política pública não apenas para época, mas para os dias atuais, já que ainda seguimos diversos
pontos da primeira CLT.

Fonte:<http://blog.portalexamedeordem.com.br/blog/2010/06/nova-clt-para-a-prova-trabalhista-do-exame-de-
ordem/>.

Nas décadas de 1960 e 1970, o populismo entra em decadência, dentre outros fatores, por não ter
conseguido sustentar um modelo de crescimento baseado na produção de bens de consumo duráveis,
com isto, a economia estagnou, diversas crises sociais aconteceram e a renda concentrou ainda mais.
Neste momento, foi instaurado o regime militar.

E quais foram as políticas públicas utilizadas durante os governos militares? A ideia principal era a chamada
“teoria do bolo”, onde na visão dos militares, primeiro o Brasil deveria crescer para depois repartir, ou
seja, primeiro haveria uma concentração de renda e depois o governo distribuiria riqueza. Como você
está lembrado, o governo possui três funções e uma delas é a distributiva. A situação do “bolo” citada se
enquadraria, no segundo momento, nesta função.

Os militares argumentavam que a concentração de renda inicial geraria uma demanda efetiva para a
produção de bens de consumo duráveis, com isto, a economia seria aquecida e geraria externalidade nos
demais setores, aumentando o nível de emprego e renda. Mas o que de fato aconteceu foi o aumento da
pobreza e da concentração de renda, ou seja, o “bolo” nunca chegou a ser repartido.

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 21


Chegamos à década de 1980 em total crise. Os economistas batizaram a década de 1980 como a “década
perdida”, pois tínhamos altas taxas de inflação, desigualdade de renda que aumentava a cada dia, dívidas
externas cada vez maiores, déficit público, desemprego, estrutura produtiva pouco competitiva, entre
outros fatores. Era necessário retomar o crescimento econômico e reduzir a pobreza. Deste momento ao
início da década de 1990, as políticas públicas voltadas ao social ficaram de lado e as políticas foram de
ajuste estrutural inspiradas no neoliberalismo, em outras palavras, era necessário acabar com a inflação
para que o Brasil voltasse a crescer e se desenvolver.

As principais medidas utilizadas nas políticas de ajuste estrutural foram a desregulamentação, privatização,
corte de gastos sociais, reformas fiscal e monetária. Todas essas medidas aconteceram em um momento
político de suma importância para o país: o processo de redemocratização e promulgação da nova
Constituição Federal de 1988.

Em 1994, com o lançamento do Plano Real, a economia se estabiliza e o país volta a crescer. Porém,
até o final da década de 1990, as políticas públicas eram voltadas para o lado econômico. Somente a
partir do final da década que as políticas públicas voltadas ao social passaram a fazer parte, diretamente,
dos programas dos governos de modo a compensar, de certa forma, os efeitos negativos das políticas
econômicas. O quadro 1 compara o novo modelo com o modelo utilizado entre as décadas de 1960 e 1990.

Quadro 1: Comparação dos modelos de políticas públicas


MODELO VIGENTE MODELO PROPOSTO
Critério Alocativo • Universalização como ampliação • Focalização
progressiva de cima para baixo
População-Objetivo • Classe média/grupos organizados • Pobres

Financiamento • Estatal • Cofinanciamento


• Subsídio estatal • Subsídio à demanda

Institucionalidade • Monopólio ou semi-monopólio es- • Pluralidade: Estado em interação


tatal (financimento, desenho, im- com o setor privado, filantrópico,
plementação e controle) (ONG´S), informal (famílias)
• Centralismo • Descentralização

Lógica de decisão • Burocrática • Projetos

Enfoque • Nos meios (infra-estrutura social, • Nos fins (impacto sobre a popula-
gasto corrente) ção-objetivo)
Indicador • Gasto público social • Relação custo-impacto

Fonte: Pinheiro (1995)

Como pode ser visto, o novo modelo prioriza a classe baixa, diferente do modelo anterior que o foco
era a classe média. O financiamento, definição e controle das políticas públicas eram totalmente de
responsabilidade do Estado. No novo modelo, o Estado interage com a sociedade por meio do setor
privado, organizações não governamentais (ONGs) e organizações filantrópicas, incentivando projetos

22 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


com participação de instituições de pesquisa e universidade. Em relação a financiamentos, o novo modelo
prioriza a transferência de renda e as parcerias com o terceiro setor e com as universidades. Então,
podemos perceber que o novo modelo é mais descentralizado que o anterior.

Para conhecer melhor a Consolidação das Leis Trabalhistas, acesse <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/


del5452.htm>.

IMPOrTâNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PArA A SOCIEDADE

Você, a esta altura, já sabe o que é política pública, mas saberia me dizer qual a importância das políticas
públicas para a sociedade?

As políticas públicas são essenciais para o desenvolvimento de um país, seja a política de educação,
saúde, ou qualquer outra voltada ao bem-estar social, pois, conforme sintetiza Souza (2006), as políticas
públicas:
• Permitem distinguir entre o que o governo pretende fazer e o que de fato faz.
• Envolvem diversos atores e níveis de decisão, ou seja, toda a sociedade participa.
• São abrangentes e não são limitadas a leis e regras.
• São uma ação intencional com objetivos a serem alcançados.
• São de longo prazo, embora tenham impactos no curto prazo.
• Implicam implementação, execução e avaliação.

As políticas públicas são capazes, quando são bem elaboradas, de reduzirem as desigualdades sociais,
tornando a sociedade mais justa. Sem essas políticas a desigualdade de renda seria ainda maior, a
população carente ficaria mais carente e as funções do governo, principalmente as distributivas e
alocativas, não seriam atingidas.

Como Souza (2006) observou, a política pública é de longo prazo, já que não mudamos a sociedade da
noite para o dia, mas com certeza, traz mudanças no curto prazo. Sabemos que, por exemplo, investimento
em educação demora em dar retorno, mas a cada ano que passa, a educação está mudando a vida das
pessoas, mesmo que bem devagar. Já quando investe-se em saúde, o retorno é mais rápido.

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 23


Vale observar que a política pública gera externalidade positiva, ou seja, uma política voltada para um
determinado setor impacta em outros setores. Por exemplo, políticas públicas voltadas para a educação
impactam na saúde, pois as pessoas aprendem, por exemplo, higiene básica, reduzindo diversas doenças.
Melhora o meio ambiente, o trânsito etc.

Fonte: SHUTTERSTOCK.com
Então, podemos finalizar este tópico afirmando que as políticas públicas são fundamentais para a melhoria
da qualidade de vida da população e, consequentemente, para reduzir a pobreza e fazer com que o país
se desenvolva.

PRINCIPAIS TIPOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Até aqui, definimos políticas públicas de um modo geral, mas não podemos esquecer que política pública é
a ação do governo para solucionar problemas da sociedade, de modo que gere ou pelo menos aumente o
bem-estar social. Porém, temos dois grandes tipos principais de políticas públicas: a econômica e a social.

As políticas econômicas são voltadas para a sociedade como um todo, não fazendo propriamente divisões
de classes. Como política econômica temos a fiscal, que está relacionada a receitas e gastos do governo,
ou seja, quanto o governo arrecada por meio dos tributos e onde esses tributos serão gastos. Temos
também a política monetária, que é voltada para a definição da taxa de juros e a quantidade de moeda
em circulação e, por último, mas também muito conhecida e discutida, a política cambial.

Fonte: SHUTTERSTOCK.com

24 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


Já a política social é direcionada a um público específico com o objetivo de reduzir problemas
explícitos naquela camada da população. Então, em geral, a política pública social é feita para diminuir
as desigualdades sociais e econômicas das classes mais baixas, auferindo condições mínimas de
sobrevivência.

Quando nos referimos a políticas sociais, logo nos vem à cabeça os programas sociais do governo,
como o Bolsa Família, voltados para classes pré-determinadas da população. E está correto! As políticas
sociais são as ações do governo para proteger a sociedade dos possíveis malefícios causados pelo
desenvolvimento socioeconômico.

Para analisar as políticas públicas sociais, é necessário considerar a função delas e qual seu objetivo,
já que tais políticas compensam, de certa forma, um determinado problema causado pelo sistema
econômico. Seguindo esta linha, muitos autores afirmam que a política social é um instrumento que liga
o Estado às classes baixas.

Fonte: SHUTTERSTOCK.com

Como um sub grupo dessas políticas, temos ainda as políticas industriais, que são voltadas para o
desenvolvimento do setor industrial, as políticas agrícolas, voltadas para o campo, como as políticas de
crédito rural. Temos também as políticas regulatórias, que são aquelas que regulam alguns setores, como
o setor de telecomunicações.

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 25


CONSIDErAÇÕES FINAIS

Dada sua amplitude, terminamos esta primeira unidade confirmando a importância do tema políticas
públicas, pois fortalece a questão pública. Diversas questões importantes foram discutidas, incluindo
a diferença entre o Estado e o governo. Conhecer esta diferença é fundamental para percebemos
qual é o papel de cada instituição na sociedade e, consequentemente, na elaboração das políticas
públicas.

Ao longo da unidade, procuramos deixar claro o que são políticas públicas e resgatamos, de forma breve,
a evolução das políticas públicas no Brasil e a dificuldade, ou melhor, o esquecimento que as políticas
públicas voltadas ao social tiveram durante algumas décadas, só retornando a discussão e importância
após a estabilização da economia na década de 1990.

E por último, discutimos a importância das políticas públicas para a sociedade e os principais tipos de
políticas públicas. Temos as políticas voltadas para a sociedade, que é o objeto de estudo desse livro,
como as políticas públicas de renda, por exemplo, o Bolsa Família, as voltadas para saúde e educação e,
do outro lado, as políticas econômicas, como as políticas fiscal, cambial e monetária.

Para finalizar esta unidade, podemos concluir que o objetivo das políticas públicas atuais é aumentar
ou, pelo menos, gerar o bem-estar da população; e tanto as políticas sociais quanto as econômicas são
voltadas para atingir este objetivo e, para isto, precisam trabalhar juntas. Não podemos falar do social sem
falar no lado econômico e vice-versa.

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO

1. Diferencie Estado de governo.

2. Discuta o papel do governo na economia.

3. O que são políticas públicas? Apresente sua importância para a sociedade.

4. Qual é a relação entre governo e políticas públicas?

5. Explique o processo de formação das políticas públicas.

ESTUDO DE CASO
Aplicações e Avaliações de Políticas Públicas: metodologia e estudo de caso

26 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


Segundo Bucci (2002, p. 241), políticas públicas podem ser entendidas como programas de ação governamental
visando a coordenar os meios à disposição do Estado e as atividades privadas para a realização de objetivos
relevantes e politicamente determinados.
São três as questões que merecem atenção no estudo das políticas públicas brasileiras:
1. Reconhece-se a existência do problema que se deseja tratar? Ou a intervenção governamental será uma
solução em busca de um problema?
2. Há relação de causalidade entre a intervenção governamental (tratamento) e o problema existente? Em que
magnitude a política pública contribuirá para solucionar o problema diagnosticado? Por fi m, deve-se também
questionar se:
3. Há alternativa efi caz e de menor custo?

Parte do texto extraído de: <http://www12.senado.gov.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/textos-para-discus-


sao/td-123-aplicacoes-em-avaliacao-de-politicas-publicas-metodologia-e-estudos-de-caso>. Acesso em: 06 jul. 2013.

Para quem quiser se aprofundar no tema, sugerimos dois livros muito interessantes. O primeiro é Finanças Públi-
cas, dos autores Fábio Giambiagi e Ana Cláudia Além, que trata, dentre outros temas, das funções do governo.
O segundo é Políticas Públicas de Leonardo Secchi. Neste livro, o autor expõe, de forma muito didática, os con-
ceitos fundamentais, tipologias e categorias das políticas públicas.

Livro: Finanças Públicas – Teoria e Prática no Brasil


Autor: Fábio Giambiagi e Ana Cláudia Além
Editora: Campus
Ano: 2000

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 27


Livro: Políticas Públicas
Autor: Leonardo Secchi
Editora: Cengage Learning
Ano: 2011

28 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


UNIDADE II

POLÍTICAS PÚBLICAS E SUA INTERFERÊNCIA DIRETA E


INDIRETA NA EDUCAÇÃO
Professora Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat
Professora Me. Yony Brugnolo Alves

Objetivos de Aprendizagem

• Entender o papel das políticas públicas sobre a educação no Brasil.

• Analisar a evolução dos investimentos em educação no período entre os anos de 2000 e 2010.

• Compreender a distribuição das responsabilidades das diferentes esferas governamentais sobre a


educação.

• Estudar aspectos atuais da educação no Brasil.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:


• Educação: esferas governamentais e suas responsabilidades

• Evolução histórica da educação pública no Brasil

• Políticas públicas atuais voltadas para a educação

• Investimento público na educação

• EAD como forma de democratizar a educação


INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a),

Nessa segunda unidade do nosso livro, iremos discutir a inter-relação entre políticas públicas e
educação. Muitos de vocês que estão estudando esse material agora, assim como nós, Andréia e
Yony, com certeza passaram pelos bancos de escolas públicas. Nosso objetivo aqui é entendermos,
juntos, como a educação pública brasileira está atualmente e qual caminho percorreu para chegar
até aqui. Além disso, focaremos, também, nossa discussão nos investimentos ou gastos públicos na
educação.

Não poderíamos deixar de citar a EAD – Educação a Distância como uma nova maneira de acesso à
educação no Brasil. Com toda essa discussão e levantamento de dados e informações que fizemos,
esperamos despertar em você alguma curiosidade e, também, orgulho por estar nessa fase de sua vida
acadêmica que, infelizmente, nem todos os brasileiros conseguem chegar.

Bons estudos!

Fonte: SHUTTERSTOCK.com

EDUCAÇÃO: ESFERAS GOVERNAMENTAIS E SUAS RESPONSABILIDADES

Quando pensamos ou falamos em educação pública, na maioria das vezes, surge a necessidade ou a
vontade de que esta educação pública, além de gratuita, seja de qualidade e que realmente atenda àquela
parcela da população que mais precisa. Mas é importante tratarmos sobre de quem é a responsabilidade
por essa educação pública e de qualidade, ou seja, é preciso entender quem é responsável por cada
esfera da educação.

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 31


Mas é interessante, também, contextualizarmos essa questão para o nosso país. Segundo Souza (2006),
países como o Brasil, que passaram por longos períodos de alta inflação3, após terem suas economias
estabilizadas e seu nível geral de preços reduzido, passaram a conviver com uma redução dos gastos
públicos, ou seja, para alcançar uma estabilidade econômica, precisaram fazer um ajuste fiscal de suas
contas, logo, os recursos destinados às políticas públicas, inclusive à educação, ficaram mais escassos.
Mais adiante, discutiremos um pouco mais sobre como têm sido os investimentos em educação aqui no
nosso país.

Fonte: SHUTTERSTOCK.com

No Brasil, percebemos que união, estados e municípios têm essa responsabilidade dividida, assim, cada
esfera governamental é responsável por determinados estágios educacionais.
Fonte: SHUTTERSTOCK.com

3
Alta generalizada do nível de preços.

32 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


O Ministério da Educação – MEC é o órgão público que tange tanto a educação pública quanto a
privada. Dentro do Ministério, há diversas divisões, sendo as principais: Secretaria de Educação
Superior – SESU, Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica – SETEC, Secretaria de
Educação Básica – SEB e Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização Diversidade e Inclusão
– SECADI.

A SESU é a responsável por manter, supervisionar e desenvolver as instituições públicas federais de


ensino superior, além de supervisionar as instituições de ensino superior privadas. Já à SETEC cabe
supervisionar o andamento da educação tecnológica no país, procurando intervir para que a legislação
referente a esse tema seja cumprida.

À SEB fica a responsabilidade por coordenar a educação infantil, ensino fundamental e médio no Brasil.
A SECADI trabalha por meio de articulações buscando promover uma educação mais inclusiva, sob a
coordenação dessa pasta estão as ações voltadas para a educação especial, quilombolas e indígenas,
por exemplo.

Você deve estar se perguntando: e qual é o papel do meu estado e do meu município nisso tudo? Vamos
a essa discussão:

Sabemos que a principal lei, atualmente, que rege a educação é a lei de Diretrizes e Bases (LDB) de
1996 (a evolução da legislação até chegar à atual LDB será discutida no próximo tópico), e ela determina
algumas responsabilidades de cada esfera governamental. O governo federal deverá estabelecer algumas
regras e critérios que deverão ser seguidos por estados e municípios, por exemplo, o número mínimo de
dias letivos e o número de horas aula. Aos municípios caberá:
oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental,
permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente
as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos
vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino (LDB, artigo 11,
inciso V).

Conforme estabelece a LDB, os municípios têm a obrigação de oferecer a educação infantil e o ensino
fundamental, ou seja, cabe aos municípios se preocuparem com a oferta de vagas e a qualidade de
ensino nessas instâncias. Se o município não cumprir essa determinação, ele poderá ser responsabilizado
judicialmente por isso. Um caso bastante comum é o não atendimento de crianças nas creches, por falta
de vagas, muitas mães procuram o Ministério Público o qual aciona o município que terá um prazo para
oferecer essa vaga em creche.

Já aos estados caberá, dentre outras questões, “assegurar o ensino fundamental e oferecer, com
prioridade, o ensino médio” (LDB, artigo 10, inciso VI). Desta forma, o ensino médio deve ser o foco do
estado, essa deve ser sua prioridade.

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 33


Fonte:<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=40175>.

Além de ser o principal responsável pelo ensino médio, cabe também ao estado “autorizar, reconhecer,
credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os
estabelecimentos do seu sistema de ensino [...]” (LDB, artigo 10, inciso VI).

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL

De acordo com Ferrari (2013), o grande responsável e pioneiro pelo oferecimento de escolas públicas
no Brasil foi Anísio Teixeira, cuja intenção era a de oferecer ensino em todos os níveis para a população
brasileira. Ele se baseou em sistemas educacionais de outros países antes de pensar isso para o Brasil.
Cronologicamente, isso ocorre em meados da década de 1920, quando visitou países como França,
Espanha, Bélgica e Itália, além dos Estados Unidos pouco tempo depois.

Fonte: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:An%C3%ADsio_busto.jpg>.

34 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


Ainda segundo Ferrari (2013), Anísio Teixeira era um defensor da escola integral para alunos e professores,
tanto que fundou, em Salvador, a Escola Parque que tinha essa filosofia e isso aconteceu no ano de
1950. Na filosofia de Anísio Teixeira, a escola além de gratuita deveria ser municipalizada, pois, para ele,
cada município tem sua realidade específica, assim o ensino deveria ser adequado a cada realidade.
Ferrari (2013) relata, também, que Anísio Teixeira propôs a criação de fundos com recursos públicos para
financiar a educação.

Foi com a Constituição Federal de 1934 que a educação passou a ser vista como um direito de todos
e o poder público passa a ter responsabilidade por parte dessa educação, também nessa época, mais
precisamente em 1930, é que foi criado o Ministério da Educação, então denominado Ministério da
Educação e da Saúde Pública. Nessa época, somente um Ministério para duas áreas tão importantes
como educação e saúde. Essa realidade foi modificada em 1953 quando surgiu o Ministério da Educação
e Cultura – MEC (PORTAL DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2013). Porém, somente em 1995, o MEC
passou a ser responsável somente pelo setor da educação.

Ainda de acordo com Portal do Ministério da Educação, somente a partir de 1960 é que estados e
municípios começam a ter mais autonomia para administrar áreas da educação, até 1960 as decisões
sobre educação eram totalmente centralizadas no Governo Federal e, a partir de então, iniciou-se um
processo de descentralização. Essa descentralização nasceu juntamente com a primeira Lei de Diretrizes
e Bases da Educação – LDB, após discussões que duraram treze anos.

Apenas em 1971 é que o ensino passou a ser obrigatório para pessoas entre os 7 e 14 anos de idade, essa
obrigatoriedade foi instituída com uma nova LDB. Veja só, caro(a) aluno(a), a obrigatoriedade do ensino para
crianças é muito recente no nosso país, ou seja, antes de 1971, as crianças não eram obrigadas a estudar,
estudavam se quisessem ou, em alguns casos, se pudessem, já que como os alunos não eram obrigados
a frequentar os bancos escolares o poder público também não era obrigado a oferecer vagas para estes.

Em 1996, foi discutida uma nova LDB, que criou novas metas incluindo a educação infantil no rol de
responsabilidades do Ministério da Educação. Neste mesmo ano, foi criado o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério – Fundef, cuja única e exclusiva
finalidade era a de atender ao ensino fundamental.

Os recursos desse fundo eram originados nos impostos e transferências vinculados à educação. O Fundef
foi substituído pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação – Fundeb em 2006, a partir de então o governo federal passa a contemplar,
com seus recursos, desde a educação básica da creche até o ensino médio.

Até aqui discutimos uma evolução cronológica da educação pública no Brasil com um olhar apenas
descritivo, mas vale a pena estudarmos um pouco sobre em que contexto se deu essa cronologia.

De acordo com Dore (2006), a demanda popular por democracia veio muito forte com o fim da
ditadura militar, o que atingiu muito fortemente a educação. Ou seja, Dore nos informa que apenas

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 35


a partir da década de 1980 é que surgiram propostas para a educação pública ou de graça para
a população. Realmente se perguntarmos para os nossos avós, se na época em que estavam
estudando, o ensino fundamental (ou o primário como se chamava anteriormente) havia escolas
gratuitas, a resposta será: não! Voltamos a dizer aqui que nossa história ainda é muito recente
nos mais diversos aspectos, dentre eles, a educação pública. Segundo Dore (2006), também o
pensamento crítico a respeito de políticas públicas e educação só começa a surgir e tornar-se
público após o período do regime militar no Brasil.

O vídeo, a seguir, conta, sucintamente, como se instaurou a educação no Brasil a partir de 1500. Podemos
verifi car que, já de início, a educação foi segmentada para públicos diferentes (índios e fi lhos de portugueses) e
também não incentivava ou permitia a discussão.

<http://www.youtube.com/watch?v=eTYWvbW8XPw>.

POLÍTICAS PÚBLICAS ATUAIS VOLTADAS PArA A EDUCAÇÃO

Vamos olhar para a atualidade brasileira, ou seja, quais projetos, quais políticas públicas estão sendo
adotadas atualmente?

Antes de discutirmos isso, fazemos questão de citar Frey (2000), que diz que estudar políticas públicas no
Brasil (não só para educação, mas de um modo geral) é algo muito recente. Vejam, estamos discutindo
algo que ainda é novo em termos de academia no Brasil e, mais ainda, o autor defende claramente que
a análise de políticas públicas em países em desenvolvimento (como é o nosso caso) não deve ser feita
apenas se transferindo um método de análise de países desenvolvidos para cá, o método de análise
precisa ser adaptado à realidade local o que, muitas vezes, não ocorre. Necessitamos de amadurecimento
na discussão de políticas públicas de modo geral, inclusive para a educação.

36 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


Fonte: SHUTTERSTOCK.com
Atualmente, uma importante política pública adotada na educação foi a modificação da idade a partir
da qual as crianças são obrigadas a estarem matriculadas na escola. Até o início do ano de 2013 essa
obrigatoriedade se dava a partir dos 6 anos de idade, no entanto, mediante a lei 12.796/13, essa idade
foi reduzida para os 4 anos de idade. A lei determina que estados e municípios terão até 2016 para se
readequarem a essa nova regra já que para as crianças de 4 anos serem matriculadas é necessário que
sejam providenciadas vagas para esse fim. Fonte: SHUTTERSTOCK.com

Outra política pública bastante atual é o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, essa política
almeja que todas as crianças estejam alfabetizadas até os 8 (oito) anos de idade. Esse pacto é uma aliança
ou um acordo entre as três esferas de governo, ou seja, união, estados e municípios estão sintonizados na

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 37


busca de atingir essa meta. Já discutimos, anteriormente, sobre as responsabilidades de cada esfera de
governo e esse pacto é um exemplo de como as esferas precisam trabalhar em sintonia. O Pacto possui
orçamento de R$ 3,3 bilhões de acordo com o MEC.

Segundo o Censo Demográfico do IBGE (2010), a taxa de analfabetismo no Brasil, em 2010, de crianças
com 8 anos de idade, era de 15,2%, uma taxa realmente elevada, sendo que a taxa chegou a absurdos
35% no estado de Alagoas e 32,2% no Pará, o estado com a menor taxa é o Paraná com 4,9%; esse
diagnóstico motivou a criação do Pacto.

Para saber mais sobre os resultados do CENSO 2010 em relação à educação, acesse:
<ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografi co_2010/Educacao_e_Deslocamento/pdf/tab_educacao.pdf>.

Neste site, você terá acesso aos dados atuais sobre a educação brasileira, desde número de pessoas que já
frequentaram, que frequentam e que nunca frequentaram a escola, dividido por sexo e idade, até a divisão de
séries escolares.

Se voltarmos nossos olhares para o ensino médio, veremos que a principal política pública adotada
na atualidade é o Enem – Exame Nacional do Ensino Médio. Esse exame avalia os alunos que estão
cursando o ensino médio e é utilizado, por algumas instituições, como parte da avaliação para o acesso
ao ensino superior. Porém, tem sofrido diversas críticas e deverá passar por reformulações.

Falando especificamente do ensino superior, nós temos no Brasil o Prouni – Programa Universidade para
Todos, do governo federal, que foi iniciado no ano de 2004. Apesar do seu início ser em 2004, é uma política
atual e bastante demandada pelos brasileiros. O Prouni oferece bolsas de estudos para graduação em IES
– Instituições de Ensino Superior privadas para pessoas que ainda não têm um diploma de nível superior.

As IES privadas que participam do Prouni têm como benefício a isenção de alguns impostos o que,
também, as incentiva a participarem desse programa. De acordo com os dados divulgados pelo portal do
MEC, no segundo semestre de 2012 (dado mais atual), foram ofertadas 90.311 bolsas por meio do Prouni
no Brasil, sendo que 52.487 foram integrais e 37.824 parciais.

Além do Prouni, temos também para o ensino superior outra política pública bastante demanda pelos
brasileiros, o FIES – Fundo de Financiamento Estudantil, cujo objetivo é oferecer financiamento para
estudantes de graduação. A ideia é que aqueles que não conseguem ingressar no ensino público recebam
uma colaboração do governo federal para que tenham acesso ao ensino superior na rede privada, e os
alunos beneficiados pagam, segundo o Ministério da Educação (2013), o financiamento em três fases:

38 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


1ª) Fase de utilização – durante o período do curso, o aluno pagará, a cada trimestre, um valor
máximo de R$50,00, referentes aos juros do financiamento.

2ª) Fase de carência – Após a conclusão do curso, o aluno terá 18 meses para começar a pagar o
financiamento. Durante os 18 meses, o estudante continuará pagamento o valor de, no máximo,
R$50,00 referentes aos juros.

3ª) Fase de amortização – Após os 18 meses de carência, o estudante deverá parcelar o saldo
devedor em três vezes o período financiando do curso, acrescido de 12 meses.

Por exemplo, vamos supor que João ingressou num curso superior de 4 anos e financiou todo o curso.
Durante o curso e durante o período de carência, ele pagou R$50,00 por trimestre. Ao final dos 18
meses, após a formatura, o saldo devedor de João será dividido por 13 (3 x 4 anos, que é o período de
financiamento do curso, mais 12 meses).

Fonte: SHUTTERSTOCK.com

O governo federal procura, também, avaliar o ensino superior no Brasil e, para isso, instituiu a partir de
2004 o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – Enade. Esse exame procura avaliar alunos
ingressantes e concluintes dos cursos de graduação, quanto ao conteúdo do curso de graduação estudado.

O Programa Brasil Alfabetizado também é uma política pública adotada atualmente, cujo objetivo é
alfabetizar jovens, adultos e idosos, sua aplicação se dá, preferencialmente, em cidades com mais de
25% de analfabetismo.

O Governo brasileiro tem outro programa que se chama Escola que Projete, cuja finalidade é a promoção
dos direitos humanos tentando evitar a disseminação de violência no ambiente escolar.

A Escola Aberta é um programa que tenta integrar comunidade escolar e a comunidade do entorno da
escola, isso é feito com a abertura dos portões da escola nos finais de semana para atividades esportivas,
educacionais, culturais, entre outras. O Programa Nacional do Livro Didático – PNLD distribui livros
didáticos gratuitamente sendo que esses são escolhidos pelas escolas.

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 39


Um programa bastante interessante, mas que infelizmente não é algo amplamente discutido, é o Mais
Educação, que almeja implantar a educação integral (vejam que interessante, aquilo que Anísio Teixeira
já pensou na década de 1920 conforme vimos anteriormente); esse programa financia projetos para que
escolas ofereçam atividades em período integral.

Sem falar nas políticas voltadas para os programas de pós-graduação como o Ciências Sem Fronteiras,
o qual proporciona intercâmbio acadêmico e mobilidade internacional para estudantes de graduação,
mestrado e doutorado, com objetivo de, segundo o CNPQ (2013), promover a consolidação, expansão e
internacionalização da ciência e tecnologia.

Conforme você percebeu, existem hoje no Brasil diversas políticas públicas voltadas para a educação em
todos os níveis de ensino (fundamental, médio, superior e pós-graduação), mas que, infelizmente, muitas
pessoas não conhecem.

INVESTIMENTO PÚBLICO NA EDUCAÇÃO

É de suma importância estudarmos quanto o setor público tem investido na educação. Nesse tópico, nós
apresentaremos quanto de investimento a educação pública brasileira tem recebido.

Primeiramente vamos verificar quantos anos um brasileiro permanece nos bancos escolares de acordo
com nosso sistema de ensino.

Tabela 1: Duração teórica do ensino no Brasil

Duração teórica do ensino (anos)


Ensino Fundamental
Ano Todos os Educação Educação De 1ª a 4ª De 5ª a 8ª Ensino Educação
Níveis de Básica Infantil séries ou séries ou Médio Superior
Ensino anos iniciais anos finais
               
2000 18 14 3 4 4 3 4
2001 18 14 3 4 4 3 4
2002 18 14 3 4 4 3 4
2003 18 14 3 4 4 3 4
2004 18 14 3 4 4 3 4
2005 18 14 3 4 4 3 4
2006 18 14 2 5 4 3 4
2007 18 14 2 5 4 3 4
2008 18 14 2 5 4 3 4
2009 18 14 2 5 4 3 4
2010 18 14 2 5 4 3 4

Fonte: Inep/MEC (2013)

40 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


Na tabela 1, nós observamos que um indivíduo estuda, de acordo com o sistema educacional brasileiro, 18
anos. E esse quadro não foi modificado no período entre os anos 2000 e 2010. É interessante observarmos
que, conforme discutimos no tópico anterior, poderá haver mudança nessa quantidade de anos que os
brasileiros permanecerão na escola, haja vista que com a nova política adotada as crianças de 4 anos de
idades deverão, obrigatoriamente, frequentar as salas de aula.

No vídeo podemos observar uma forte crítica em relação a como os investimentos em educação são feitos no
Brasil. Assista ao vídeo e tire você mesmo suas próprias conclusões.
<http://www.youtube.com/watch?v=c-0cJpgc31o>.

Você saberia dizer quanto é investimento na educação no nosso país? Vamos verificar quanto o setor
público investe, diretamente, na educação brasileira.

Tabela 2: Investimento público direto por estudante (r$)

Investimento Público Direto cumulativo por estudante


Ensino Fundamental
Ano Todos os
Educação Educação De 1ª a 4ª De 5ª a 8ª Ensino Educação
Níveis de
Básica Infantil séries ou séries ou Médio Superior
Ensino
anos iniciais anos fi nais

2000 84.626 21.835 5.260 6.032 6.156 4.387 67.791


2001 84.420 22.410 4.750 5.962 6.706 4.992 66.999
2002 80.193 21.414 4.473 6.962 6.465 3.513 63.518
2003 73.633 22.331 5.147 6.744 6.407 4.033 55.652
2004 75.667 23.799 5.485 7.240 7.320 3.754 56.340
2005 77.517 24.803 5.192 8.101 7.714 3.797 57.294
2006 82.781 29.889 3.746 11.152 9.796 5.195 57.783
2007 90.925 35.046 4.572 13.300 11.085 6.088 61.252
2008 99.531 40.176 4.875 15.250 13.018 7.033 65.236
2009 103.274 43.365 4.822 16.965 14.157 7.423 66.011
2010 121.569 49.681 5.885 19.294 15.621 8.881 71.888

Fonte: Inep/MEC (2013)

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 41


Na tabela 2, é possível observarmos quanto custa ao setor público cada estudante, ou seja, quanto é
investido, por aluno e por ano. Fica evidente que o ensino superior é o mais oneroso. Analisando-se as
tabelas 1 e 2 em conjunto, podemos concluir que, para o ano de 2010, uma pessoa que estudou 18 anos
custou pouco mais de 121 mil reais aos cofres públicos. Verificando esses valores, podemos pensar que
é um valor elevado, mas é interessante que nos atentemos para a tabela 3 que virá em seguida:

Tabela 3: Percentual do investimento público em educação como proporção do PIB (%)

Percentual do Investimento Público Total em relação ao PIB (%)

Níveis de Ensino

Ensino Fundamental
Ano Todos os
Níveis de
Ensino Educação Educação Ensino Educação
Básica Infantil De 1ª a 4ª séries De 5ª a 8ª séries Médio Superior
ou anos iniciais ou anos finais

2000 4,7 3,7 0,4 1,5 1,2 0,6 0,9


2001 4,8 3,8 0,4 1,4 1,3 0,7 0,9
2002 4,8 3,8 0,4 1,7 1,3 0,5 1,0
2003 4,6 3,7 0,4 1,5 1,2 0,6 0,9
2004 4,5 3,6 0,4 1,5 1,3 0,5 0,8
2005 4,5 3,7 0,4 1,5 1,3 0,5 0,9
2006 5,0 4,1 0,4 1,6 1,5 0,6 0,8
2007 5,1 4,3 0,4 1,6 1,5 0,7 0,8
2008 5,5 4,6 0,4 1,7 1,7 0,8 0,9
2009 5,7 4,8 0,4 1,9 1,8 0,8 0,9
2010 5,8 4,9 0,4 1,8 1,7 0,9 0,9

Fonte: Inep/MEC (2013)

Conforme verificamos na tabela 3, o investimento total em educação não chegou a 6% do Produto Interno
Bruto – PIB em 2010, ou seja, de toda riqueza produzida pelo Brasil, em 2010, menos de 6% foi investido
em educação, em todas as esferas da educação desde as creches até as universidades. Desse modo,
aquele valor que parecia muito alto, apresentado na tabela 2, já não parece tão grande assim, ainda mais
se comparamos com outros países, conforme figura 3.

42 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


Figura 3: Gastos públicos diretos em instituições educacionais públicas,
como proporção do PIB, por nível (2006)

Fonte: OECD (2009, apud VONBUN; MENDONÇA, 2012)

A figura 3 retrata e compara os gastos públicos em instituições de ensino no Brasil e outros 27 países
como proporção do PIB para o ano de 2006. Podemos constatar que o antigo segundo grau, atual
ensino médio, recebeu, em 2006, pouco mais de 2% do PIB em investimento, já para o ensino superior
essa porcentagem ficou um pouco acima de 0,5% (isso mesmo, meio por cento).

Vonbun e Mendonça (2012) discutem esses dados tendo o foco voltado para o ensino superior. Eles
concluíram, dentre outras questões, que: é preciso aumentar o número de matrículas no Brasil; os
gastos públicos com o ensino superior no Brasil precisam ser feitos com mais eficiência. Ou seja, para
os autores supracitados, a grande questão não é que haja um baixo investimento no ensino superior
brasileiro e, sim, que esse gasto, muitas vezes, não é eficientemente feito; falta, por exemplo, uma
maior fiscalização nesses gastos.

Ainda segundo Vonbun e Mendonça (2012), uma maneira eficiente de se expandir o acesso ao ensino
superior no Brasil é por meio de bolsas e financiamentos, por exemplo, mediante o Fies e o Prouni,
conforme discutimos no tópico anterior. Mas é preocupante o setor público expandir os investimentos em
bolsas, por exemplo, se, conforme Vonbun e Mendonça (2012), não temos sido eficientes na fiscalização
desses gastos públicos.

E você caro(a) estudante, o que pensa a esse respeito?

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 43


Fonte: SHUTTERSTOCK.com
EAD COMO FORMA DE DEMOCRATIZAR A EDUCAÇÃO4

Um ponto bastante importante a respeito da educação é que ela vem se modernizando, se renovando.
Esse fenômeno é traduzido por meio da disseminação do ensino a distância – EAD, nos anos mais
recentes. Sabemos que o ensino a distância não é algo recente; conforme Golvêa e Oliveira (2006 apud
Alves, 2011), as epístolas de São Paulo, citadas na Bíblia, são apontadas como a origem histórica da
Educação a Distância, mas o fenômeno de crescimento dessa modalidade de ensino é algo mais recente
e tem como uma de suas principais justificativas:
A crescente demanda por educação, devi­do não somente à expansão populacional como, sobretudo
às lutas das classes traba­lhadoras por acesso à educação, ao saber socialmente produzido,
concomitantemente com a evolução dos conhecimentos científi­cos e tecnológicos está exigindo
mudanças em nível da função e da estrutura da escola e da universidade (PRETI, 1996 apud
ALVES, 2011, p.84).

Ou seja, realmente a expansão da educação a distância vem atender a um aumento na demanda por
educação e atende, principalmente, àquelas comunidades que se encontram muito distantes de um
ensino presencial. Podemos afirmar, então, que a EAD como política pública de educação contribui
para a democratização do acesso ao ensino. O aumento das instituições públicas que aderiram à
educação a distância, mais exatamente, ao Sistema Universidade Aberta do Brasil, nos últimos anos,
pode ser visto na tabela 4.

4
Para saber sobre o histórico da Educação a Distância no Brasil, sugerimos o artigo Educação a distância: conceitos e história no Brasil
e no mundo de autoria da pesquisadora Lucineia Alves. Vocês podem acessá-lo no link: <http://www.abed.org.br/revistacientifica/Re-
vista_PDF_Doc/2011/Artigo_07.pdf>.

44 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


Fonte: SHUTTERSTOCK.com
Tabela 4: Quantidade de IES integrantes do Sistema UAB

Ano Quantidade de IES integrantes do sistema UAB


2005 15
2006 49
2007 49
2008 72
2009 86
2010 92
2011 92
2012 103

Fonte: MEC (2013)

Na tabela 4, podemos verificar que no período entre 2005 e 2012 houve um crescimento gigantesco na
quantidade de Instituições de Ensino Superior que fazem parte do sistema UAB – Universidade Aberta
do Brasil. Esse sistema é formado por universidades públicas brasileiras, o intuito é oferecer acesso
ao ensino superior a distância para aqueles que têm dificuldades no acesso ao ensino presencial.
Além do ensino a distância no setor público, podemos destacar, também, o forte crescimento no
ensino a distância na iniciativa privada; você, caro(a) aluno(a), que estuda esse material agora, é um
exemplo disso.

A seguir veremos os dados levantados pela ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância que
culminou no Relatório Analítico da Aprendizagem a Distância no Brasil5.

5
Apesar de ser chamado censo, os dados da ABED não abrangem 100% das instituições que oferecem o ensino na modalidade a dis-
tância, a ABED solicita às instituições a responderem o questionário do censo, porém, estas respondem se quiserem, não são obrigadas.

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 45


Tabela 5: Número de IES e de matrículas no sistema EAD

Ano Nº de instituições participantes do censo Nº de matrículas em EAD


2009 128 528.520
2010 198 2.261.921
2011 181 3.589.373

Fonte: ABED (2011)

Na tabela 5, apesar dos dados não abrangerem 100% das instituições que oferecem EAD, podemos
observar um aumento no número de matrículas nessa modalidade de ensino. Esse aumento foi de 58%
enquanto houve decréscimo de 8,5% no número de instituições em um ano (2010 para 2011).

O INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, que é um órgão oficial
do governo e o responsável por diversas estatísticas de educação, não tem um censo específico para o
ensino a distância, mas no Censo da Educação Superior ele capta alguns dados da EAD.

De acordo com o Censo da Educação Superior de 2010, do total de matrículas no ensino superior, 14,6%
foram no ensino a distância, o que totalizou 930.179 matrículas, e desse total 80,5% feitas no setor privado,
assim, verificamos que o sistema UAB é muito importante na modalidade a distância, mas a iniciativa
privada é quem mais atende aos estudantes nessa modalidade.

Se analisarmos por grau acadêmico, na modalidade a distância tivemos, em 2010, 426.21 matrículas em
licenciatura, 268.173 em bacharelado e 235.765 em cursos superiores de tecnologia.

Mas há um fenômeno bastante interessante que merece destaque, a modalidade EAD tem contribuído
não só para o ensino superior e para a pós-graduação, tem havido uma grande demanda por cursos livres
e capacitações de modo geral, inclusive por meio do sistema S6.

A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana, tem por fi nalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualifi cação para o trabalho (Art. 2º, LDB).

6
Um exemplo de instituição que faz parte do sistema S é o SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Para
conhecer mais sobre o sistema S acesse: <http://www.brasil.gov.br/empreendedor/capacitacao/sistema-s>.

46 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


CONSIDErAÇÕES FINAIS

Prezado(a) acadêmico(a), buscamos nesta unidade levantar alguns pontos que julgamos importantes
sobre as políticas públicas e a educação no Brasil. Esperamos ter contribuído para despertar em você
algum sentimento crítico e de curiosidade a ponto de você buscar novas informações a respeito dos
assuntos tratados. Sabemos que esse assunto não se esgota por aqui e que, também, esse tema está
em constante modificação.

Pudemos observar que as políticas públicas influenciam e, em alguns casos, direcionam o rumo da educação
no nosso país. Vimos como estão distribuídas as responsabilidades de cada esfera governamental sobre a
educação e como têm ocorrido os investimentos públicos e, por fim, vimos também que essa modalidade
de ensino por meio da qual você está estudando agora é algo que teve seu início lá atrás, mas tem sido
utilizada como um meio de democratização da educação que é um bem muito precioso e, infelizmente,
nem todos podem acessar.

ATIVIDADES DE AUTOESTUDO

1. Discuta a relação entre cada esfera de governo e a educação.

2. Analise os dados referentes ao investimento público na educação no Brasil.

3. Você concorda que a EAD é uma forma de democratizar o acesso à educação? Justifique sua resposta.

4. Em sua opinião, a política que obriga as crianças serem matriculadas na escola a partir dos 4 anos de
idade é benéfica? Por quê?

ESTUDO DE CASO

Lições da Coréia para o Brasil


O Modelo de ensino da Coreia do Sul é bem diferente do modelo brasileiro. Abaixo cito algumas lições
que o Brasil deveria seguir, mesmo que não seja na íntegra, mas pelo menos seguir em parte, adequando
sempre à realidade brasileira.
• Competição desde a infância.
• Caça aos melhores alunos.
• Respeito ao professor.

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 47


• Investimento no Ensino Fundamental.
• Aposta em infraestrutura.
• Participação dos pais.
• Exaltação de estudos.
• Motivação das crianças.
• Parceria com a iniciativa privada.
Trecho extraído de: <http://educarparacrescer.abril.com.br/politica-publica/exemplo-da-coreia-411224.shtml?page=page4#>.
Acesso em: 01 jul. 2013.

Livro: A educação que desejamos


Autor: José Manuel Moran
Editora: Papirus
Ano: 2007

Nesse livro, o autor trata sobre a educação que temos e a que queremos. Aborda a existência de novas tecno-
logias e como estas infl uenciam o andamento da educação sem se esquecer do papel do professor e da gestão
escolar nesse contexto.

48 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


UNIDADE III

POLÍTICAS PÚBLICAS E SUA INTERFERÊNCIA DIRETA E


INDIRETA NA SAÚDE
Professora Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat

Professora Me. Yony Brugnolo Alves

Objetivos de Aprendizagem

• Entender o que é saúde pública.

• Apresentar como se deu a evolução da saúde pública no Brasil até os dias atuais.

• Conhecer o Sistema Único de Saúde, como nasceu e como está na atualidade.

• Aprender sobre as atuais políticas públicas voltadas para a área da saúde.

• Entender as atuais políticas públicas indiretas voltadas para a saúde.

• Conhecer os investimentos feitos na saúde pública brasileira.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:


• Definição de saúde pública

• Evolução histórica da saúde pública no Brasil

• Sistema Único de Saúde

• Políticas Públicas diretas voltadas para a saúde

• Políticas Públicas indiretas voltadas para a saúde

• Investimento público na saúde


INTRODUÇÃO

Fonte: SHUTTERSTOCK.com
Caro(a) aluno(a),

É com satisfação que iniciamos nossa terceira e última unidade do presente livro. Nosso foco, nessa
unidade, é discutir a inter-relação entre políticas públicas e a área da saúde. É um assunto que está no
dia a dia de todos, seja por necessitar da saúde pública, seja por ver nas manchetes de jornais as mais
diversas reclamações a respeito do assunto, as enormes filas, o descaso do poder público, dentre outras
questões.

Nesta unidade, discutiremos um pouco da história da política pública no Brasil, como ela nasceu e como
tem se desenvolvido até a atualidade. Reservamos um tópico para falarmos somente do SUS – Sistema
Único de Saúde e seus desdobramentos, além de investigarmos um pouco sobre as políticas públicas
atuais diretas e indiretas a respeito da saúde pública.

DEFINIÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA

O que é saúde pública? Ter uma definição exata, clara e única sobre saúde pública não é uma tarefa fácil;
há diversos entendimentos sobre essa temática. Saúde pública, inclusive, é uma disciplina nos cursos
superiores da área da saúde como medicina e enfermagem, por exemplo, para nós que não somos
profissionais da área, talvez, o entendimento sobre o tema seja diferente.

Kasper (2006) abordou e discutiu o tema em sua tese de doutoramento, onde buscou identificar se o
ensino de saúde pública prepara adequadamente o profissional da saúde para o exercício de sua função
na saúde pública.

Infelizmente, Kasper (2006) concluiu que a teoria está desvinculada da prática e que há um certo descaso
tanto de alunos quanto de professores em relação à disciplina de saúde pública. Essas conclusões são

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 51


bastante preocupantes, pois imaginamos que o profissional que irá trabalhar na saúde pública precisa estar
preparado para tal, não somente com conhecimentos técnicos de saúde, mas também com conhecimentos
sobre o ser humano, a pessoa humana. É uma pena que não seja essa a realidade brasileira.

Para Júnior (1982), a função da saúde pública é prevenir e melhorar a saúde por meio da educação,
já que, de acordo com o mesmo autor, saúde pública é a arte de recuperar, proteger e promover a
saúde, utilizando para tal fim meios de alcance coletivo e mediante a vontade da população. Por meio
dessa definição, podemos verificar que saúde pública possui uma definição bem mais ampla do que
simplesmente o atendimento gratuito aos doentes, fica implícito na definição que proteger a saúde também
é função da saúde pública e não somente o atendimento a pessoas já doentes.

Conforme nos relata Noronha (2013), o direito à saúde aqui no Brasil é garantido pela nossa Constituição:
A Constituição Federal brasileira de 1988 incorporou em seu texto o direito à saúde como direito de
todos e considerou sua garantia como dever do Estado, “mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (NORONHA, 2013, p.847).

Além de a saúde ser um direito de todo cidadão brasileiro, ela é obrigação do Estado. Diante do texto
apresentado em nossa constituição, podemos definir saúde pública como aquela que nos rodeia no nosso
dia a dia, como sendo o acesso da população aos serviços de saúde com um mínimo de dignidade e sem
custos diretos, pois dizer que os serviços prestados são de graça seria inoportuno e estaríamos, também,
ignorando o custo de oportunidade além dos impostos e taxas que todo cidadão paga.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL


Fonte: SHUTTERSTOCK.com

Segundo Bravo (2001), nos países desenvolvidos como Alemanha, França e Inglaterra, com o advento da
industrialização, a assistência à saúde começou a ser realizada pelo Estado, nesse período o governo fez
o papel de mediador nas lutas entre as classes sociais. Já no Brasil, apenas a partir do século XX o Estado
passa a dar atenção mais efetiva à saúde, antes disso a assistência médica no Brasil se dava apenas
mediante a filantropia sem que houvesse um comprometimento do setor público com a saúde pública.

52 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


De acordo com Paulus Júnior e Cordoni Júnior (2006), no período de 1897 a 1930, a saúde pública no
Brasil ficou sob a responsabilidade do Ministério da Justiça e Negócios Interiores, mais especificamente
da Diretoria Geral de Saúde Pública. No entanto, nesse período, falar de saúde pública se resumia ao
combate a endemias e ao saneamento básico, nada mais que isso. Para os autores, a atenção dada à
saúde pública, nessa época, objetivava apoiar o modelo agro exportador brasileiro, buscando reduzir
a mortalidade dos trabalhadores e, assim, manter a mão de obra necessária para o trabalho. Nessa
época, as grandes endemias como cólera, varíola, entre outras, eram responsáveis por grande número
de mortes. O governo, então, vendo que isso poderia prejudicar o modelo econômico adotado, buscava
maneiras de reduzir essas mortes, assim, surgiu o sanitarismo campanhista que durou até a década de
1940. Somente após a segunda guerra mundial é que o setor público vai atuar mais efetivamente na
saúde pública, intervindo financeiramente na mesma. Para um país que foi “descoberto” no ano de 1500
e esperou mais de 400 anos para voltar sua atenção à saúde pública, podemos realmente dizer que
historicamente não nos preocupamos muito com a saúde das pessoas.

De acordo com Bravo (2001), o modelo de previdência social atual adotado no Brasil teve seu embrião
nesse período (década de 1920), no qual mais especificamente foram criadas as Caixas de Aposentadoria
e Pensão – CAPs, que eram compostas por recursos federais dos empregados e dos empregadores,
e quem as organizava eram as próprias empresas. Nesse sentido, podemos verificar que somente as
empresas maiores tinham essa capacidade, de modo que os empregados de empresas pequenas não
tinham acesso ao benefício. Os benefícios eram para aposentadoria e assistência à saúde.

De acordo com Braga e Paula (1986 apud Bravo, 2001, p.4), entre 1930 e 1940, as principais ações
voltadas à saúde pública no Brasil foram:
• Ênfase nas campanhas sanitárias;
• Coordenação dos serviços estaduais de saúde dos estados de fraco poder político e econômico,
em 1937, pelo Departamento Nacional de Saúde;
• Interiorização das ações para as áreas de endemias rurais, a partir de 1937, em decorrência dos
fluxos migratórios de mão-de-obra para as cidades;
• Criação de serviços de combate às endemias (Serviço Nacional de Febre Amarela, 1937; Serviço
de Malária do Nordeste, 1939; Serviço de Malária da Baixada Fluminense, 1940, financiados, os
dois primeiros, pela Fundação Rockefeller – de origem norte- americana);
• Reorganização do Departamento Nacional de Saúde, em 1941, que incorporou vários serviços de
combate às endemias e assumiu o controle da formação de técnicos em saúde pública.

Pelo que podemos ver, o maior foco era o combate às endemias que assolaram o Brasil nessa época e,
para combater as endemias, também era de extrema importância a melhoria nas condições sanitárias.
Paulus Júnior e Cordoni Júnior (2006) acrescentam que, a partir da década de 1930, o governo começou
a dar ênfase para a saúde individual, até então o foco da saúde pública era o coletivo.

Nesse período, mais especificamente a partir de 1933, passaram a surgir os Institutos de Aposentadorias
e Pensões – IAPs, esses institutos abrangiam grupos de trabalhadores por ramo de atividade e os
trabalhadores que tinham carteira assinada tinham acesso à saúde e outros benefícios previstos por meio

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 53


desses institutos. Ainda discutindo a evolução cronológica da saúde pública no Brasil, segundo Paulus
Júnior e Cordoni Júnior (2006), no ano de 1948 foi instituído pelo governo brasileiro o SALTE – Saúde,
Alimentação, Transporte e Energia, cujo objetivo era o de desenvolver essas quatro áreas. Alguns autores
não o consideraram um plano econômico devido sua simplicidade. Mas oriundo desse plano, no ano
de 1954, nasceu o Ministério da Saúde – MS. Por conta da existência dos IAPs, de acordo com Paulus
Júnior e Cordoni Júnior (2006), o governo decidiu criar a Lei Orgânica da Previdência Social em 1960,
objetivando unificar deveres e direitos dos trabalhadores nesses IAPs. A fusão dos Institutos deu origem
ao Instituto Nacional de Previdência Social – INPS que unificou a previdência social e passou a ser o
principal responsável pelas políticas de saúde pública no Brasil.

No começo do século XX, em caso de doença, os pobres só contavam com a caridade!


O documentário “POLíTICAS DE SAúDE NO BRASIL: Um século de luta pelo direito à saúde” faz um levanta-
mento a respeito da evolução da saúde pública brasileira desde 1900 até os dias atuais e apresenta os principais
marcos da saúde pública brasileira, como o surgimento do saneamento básico, das vacinas e do SUS, tudo isso
envolto nas modifi cações políticas e econômicas ocorridas nesse período. Vale a pena assistir!

<https://www.youtube.com/watch?v=VvvH4bd3JQE>.

Para ilustrar a evolução histórica da saúde no Brasil, principalmente em relação aos passos de criação do
Sistema único de Saúde (SUS), vamos analisar a figura 4.

54 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


Figura 4: Passos para Criação do Sistema Único de saúde
Fonte: baseada em Reis et al. (2011)

Conforme você percebeu na figura 4, baseada em Reis et al. (2011), o primeiro passo de fato para a criação
do Sistema Único de Saúde foi a criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP) em 1923, uma
lei que deu início às primeiras discussões sobre a necessidade de atender à demanda dos trabalhadores e
visava garantir pensão em caso de acidentes ou afastamentos do trabalho por motivo de doença.

Em 1932, durante o primeiro governo de Getúlio Vargas, foram criados os institutos de aposentadorias e pensões
que ofertavam assistência médica própria mediante serviços do setor privado. Trinta e três anos depois, sem
grande mudança, criou-se o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Em 1977, surgem o Sistema
Nacional de Assistência e Previdência Social (SINPAS) e, dentro do SINPAS, o Instituto Nacional de Assistência
Médica da Previdência Social (INAMPS), que era o órgão do governo que prestava assistência médica.

Em 1982, foi implementado o Programa de Ações Integradas de Saúde (PAIS), que assimilou, em rede
regional e hierarquizada, as instituições públicas de saúde que eram mantidas pelas esferas do governo.
Em 1986, aconteceu a VIII Conferência Nacional de Saúde, consagrando o princípio da saúde como
direito universal e de dever do Estado. Um ano depois, em 1987, foram criados os Sistemas Unificados
e Descentralizados de Saúde (SUDS), que tinham como principal objetivo universalizar o acesso aos
serviços de saúde. Foi um marco muito importante na nossa história, pois pela primeira vez o governo
federal repassou recursos para os estados e municípios ampliarem as redes de saúde.

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 55


Em 1988, foi aprovada a Constituição que estabelece a saúde como direito de todos e dever do Estado,
e dá o grande passo para a criação do SUS, que aconteceu de fato em 1990. A grande evolução do SUS
foi em 2011 com a criação do cartão do SUS.

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

O SUS – Sistema Único de Saúde surgiu com a Constituição Federal de 1988, ou seja, é um sistema
relativamente jovem, com menos de 30 anos de existência nesse formato. Menicucci (2009), em um de
seus trabalhos, fez um levantamento sobre os 20 anos que, então, haviam se passado da criação do
SUS. Ela afirma que a criação do SUS foi o marco de um novo modelo para a saúde pública baseado
na igualdade, universalidade e criado para ser um sistema descentralizado com atendimento integral e a
participação do povo.

Fonte: SHUTTERSTOCK.com

Ainda de acordo com a autora, o processo de implantação do SUS tem sido marcado por dificuldades,
avanços e ambiguidades e o contexto político no qual se implantou o SUS não era favorável a isso. Mas
a própria autora explicita que não é só o processo de implantação do SUS que tem dificuldades, essa é
uma característica das políticas públicas no Brasil de um modo geral, pois, para que uma política pública
qualquer seja implantada (inclusive o SUS), é preciso que haja convergência de interesses e boa vontade
política, o que nem sempre ocorre no ambiente institucional brasileiro.

Segundo Menicucci (2009), o SUS é responsável pela cobertura da saúde de três quartos da população, ou seja,
a população atendida pelo Sistema Único de Saúde representa 75% da população brasileira. E, infelizmente,
esse atendimento não é tido como de boa qualidade, não sendo raras as vezes que nos deparamos com
manchetes de jornais as quais trazem à tona diversos problemas do SUS, os mais comuns são:

56 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


• Faltam médicos no Sistema Único de Saúde.
• As filas, para conseguir consulta no SUS, estão gigantescas.
• O paciente morre antes de ser atendido pelo SUS.

Embora o SUS tenha problemas, recentemente a OMS – Organização Mundial da Saúde divulgou em
um de seus relatórios que o nosso sistema de saúde merece elogios, principalmente pelo fato citado
anteriormente, o de atender cerca de 75% da população brasileira; o relatório faz menção a programas
como o Saúde da Família e elenca uma série de serviços oferecidos pelos SUS, como atendimento em
cirurgias cardíacas e exames de alta tecnologia. Mas a própria OMS destaca questões a respeito do
financiamento do Sistema Único de Saúde, como a falta de recursos por parte do governo federal e,
também, uma falta de comprometimento por parte dos governos estaduais.

Uma questão que tem merecido destaque dentro do SUS é a quantidade de médicos nesse sistema,
e aqui não se discute a qualidade, apenas a quantidade. De acordo com dados do relatório intitulado
Demografia Médica no Brasil – Volume 2 – Cenários e Indicadores de Distribuição, 55,5% dos médicos
registrados no Brasil atuam no SUS, isso nos dá um total de 215.640 médicos, o que gera um índice de
1,13 médicos no SUS por 1.000 habitantes, no entanto, esse índice não é uniforme no país, há regiões
onde temos mais médicos por habitantes, como na região Sudeste, onde esse índice é de 1,35 médicos
do SUS para cada grupo de 1.000 habitantes.

Enquanto que na região Norte esse índice cai para 0,66 médicos por grupo de 1.000 habitantes, além
disso, em todas as regiões, o maior número de médicos se concentra nas capitais. Importante refletirmos a
respeito desses números, além do índice não nos mostrar uma grande quantidade de médicos disponíveis
no sistema público brasileiro, vemos que a má distribuição geográfica é outro fator preocupante.

POLÍTICAS PÚBLICAS DIRETAS VOLTADAS PARA A SAÚDE

De acordo com Ferraz e Kraickyk (2010, p.70), as políticas públicas podem ser definidas como respostas
do Estado a problemas que emergem da sociedade. Assim, poderíamos adaptar essa definição para as
políticas públicas voltadas à saúde, desse modo, inferimos que as políticas públicas para a saúde são
respostas do Estado a problemas que ocorrem na saúde e, no caso do Brasil, infelizmente, sabemos que
esses problemas não são poucos, o que dá ao Estado um amplo espaço para trabalho nesse setor.

Neste tópico, discutiremos algumas políticas públicas adotadas para a saúde no Brasil. É importante
deixarmos claro que aqui não constam todas as políticas adotadas no Brasil e que a grande maioria tem
como fonte de pesquisa o próprio Ministério da Saúde. Vamos lá?
• Cartão SUS – o Cartão SUS é o Cartão Nacional de Saúde, cuja principal finalidade, segundo o que
consta em seu portal7, é facilitar o acesso aos estabelecimentos que prestam serviços pelo Sistema
Único de Saúde.
7
<www.cartaosus.com>

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 57


A instituição desse cartão é algo novo; foi instituído por meio da Portaria nº 940 de 28 de abril de 2011.
A ideia é que, mediante esse cartão, o cidadão usuário do SUS possa ser identificado e, principalmente,
que todos os atendimentos e procedimentos pelos quais ele tenha passado fiquem registrados e que os
seus novos atendimentos possam ser feitos a partir de um histórico já cadastrado no sistema. Qualquer
cidadão brasileiro pode solicitar o cartão SUS.

Fonte: SHUTTERSTOCK.com
• Programa Saúde da Família (PSF) – PSF é um serviço prestado à população brasileira que procura
atender àquelas famílias que precisam do atendimento básico de saúde e, por algum motivo, neces-
sitam que esse atendimento seja feito em domicílio.

De acordo com o que consta no site do Ministério da Saúde, o Programa Saúde da Família é colocado em
prática por meio de equipes pertencentes ao Programa, essas equipes devem ter, no mínimo, um médico,
um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde. Em suas versões mais
ampliadas, essas equipes contam ainda com um dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico em
higiene bucal.
• Programa Nacional de Imunizações (PNI) – é uma importante ferramenta na prevenção de doen-
ças em nosso país. Fazendo associação com o que estudamos na primeira unidade, é uma políti-
ca pública direta e que gera externalidades positivas, pois, ao prevenir doenças desde a infância,
consegue-se reduzir gastos com a saúde na idade adulta.

No Brasil, as primeiras campanhas de vacinação aconteceram na década de 1960 e foram contra a


varíola; a partir do sucesso contra essa doença, em 1973 criou-se o PNI. Hoje em dia, toda criança
precisa, obrigatoriamente, ser vacinada desde que nasce até os quatro anos e depois ainda há vacinas
específicas que devem ser tomadas na adolescência, na idade adulta e quando já se é idoso. De modo
geral, a vacinação consegue abranger grande parte da população já que se uma pessoa não tem sua
carteirinha de vacinação em dia pode ser privada de alguns serviços, como crianças não podem ser
matriculadas na rede de ensino, por exemplo.

58 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


Há poucos anos, o Brasil começou a oferecer a vacina contra a gripe, a chamada H1N1, essa vacina tem
o objetivo de evitar que o paciente seja contaminado pelo vírus Influenza. As campanhas de vacinação
contra gripe são focadas em determinados públicos que são mais sensíveis (grupos de risco) e, por isso,
devem receber a vacina que contribuirá para a redução de mortalidade dessas pessoas.

Outra política pública direcionada à saúde é a vacinação contra o HPV – papilomas vírus, essa vacina
será oferecida pelo SUS para meninas entre 10 e 14 anos, o objetivo é protegê-las contra o vírus que é
um dos causadores do câncer de colo de útero.
• Farmácia Popular – programa criado pelo Ministério da Saúde com o objetivo de ampliar o acesso da
população a medicamentos essenciais e vendidos a preços mais baixos. Como exemplo de medica-
mentos que fazem parte do programa em questão, podem ser citados os remédios para diabéticos
e hipertensos.
• Programa mais médicos para o Brasil – este programa tem como objetivo ampliar o número de
vagas de residência médica e contratação de milhares de médicos, incluindo, profissionais estran-
geiros, visando melhorar o atendimento do SUS.

É um programa interessante, mas muito polêmico. A polêmica está no quesito de contratação de médicos
estrangeiros que, segundo o governo, serão contratados para as vagas ociosas no interior do país e nas
regiões pobres, mas o Conselho federal de medicina argumenta que estas vagas são ociosas em função
da falta de estrutura e não falta de médicos.

Fonte: SHUTTERSTOCK.com

POLÍTICAS PÚBLICAS INDIRETAS VOLTADAS PARA A SAÚDE

Além das políticas públicas diretas, temos as indiretas, ou seja, aquelas políticas em que o governo
previne doenças e não atua diretamente nelas. Você saberia me dizer quais são as políticas indiretas no
Brasil hoje?

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 59


Fonte: SHUTTERSTOCK.com
Temos diversas políticas indiretas de saúde. Vamos citar apenas algumas, mas isto não significa que as
políticas citadas serão eternas ou que outras não serão criadas. O Ministério da Saúde (2013) tem os
seguintes programas voltados para a saúde:
• Academia da saúde – o Programa Academia da Saúde foi lançado em abril de 2011 com o objetivo
de contribuir para a promoção da saúde da população mediante o estímulo à criação de espaços
públicos voltados para a prática de atividade física.

Todos nós sabemos que a atividade física regular em todas as idades previne diversas doenças, tanto
físicas quanto psicológicas, como a redução do estresse.
• Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) – o programa tem como objetivo garantir a
qualidade dos alimentos disponíveis para o consumo e promover práticas saudáveis de alimentação
e controle de distúrbios nutricionais.

Assim como a atividade física regular, a qualidade dos alimentos ingeridos ajuda a reduzir a incidência de
doenças, reduzir a taxa de mortalidade infantil, aumentar a expectativa de vida, entre outros. Então, um
país no qual a população pratique exercícios físicos e se alimente de forma saudável será um país mais
desenvolvido e com menos doenças.
• Bancos de Leites Humanos – talvez este seja um dos programas mais conhecidos pela população
brasileira. Foi criado em 1998 com objetivo de promover a expansão do número de bancos de leite
humanos no país e a qualidade dos mesmos.
• Saúde do trabalhador – assegurar a saúde do trabalhador é parte do direito universal à saúde e
também é um programa do Ministério da saúde. Neste caso, o governo tem por objetivo estudar,
prevenir e dar assistência à vigilância aos assuntos relacionados à saúde no trabalho.

60 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


• Controle do tabagismo – programa controlado e executado pelo Instituto Nacional de Câncer que
objetiva prevenir doenças relacionadas ao tabaco, como câncer, mediante ações que estimulem a
adoção de estilos de vida saudáveis.

Uma forma que o governo encontrou para reduzir a quantidade de cigarros vendidos foi o aumento da
carga tributária. Ao aumentar o valor dos impostos que incidem sobre o cigarro, o preço do produto
aumenta, reduzindo, assim, a demanda, melhorando a saúde dos fumantes e reduzindo o número de
pessoas que fumam. Esta situação mostra a política macroeconômica (fiscal) atuando conjuntamente
com a política pública (controle do tabagismo e da saúde).

Além dos programas citados acima, temos ainda o programa de combate à dengue e a prevenção do
HIV, nesta são realizadas campanhas e distribuição de preservativos ajudando na prevenção de doenças
sexualmente transmissíveis. Podemos lembrar também das políticas públicas voltadas para a educação
que afetam indiretamente a saúde, pois pessoas mais instruídas estão mais aptas a, por exemplo, conhecer
as vitaminas dos alimentos, se prevenir de doenças sexualmente transmissíveis etc.

Outra forma, e uma das mais importantes, de prevenir doenças é por meio do saneamento básico, que
é definido pela Organização Mundial da Saúde como o controle de todos os fatores físicos do homem
que podem exercer efeitos positivos sobre o seu bem-estar. O saneamento básico reduz a incidência de
doenças, como diarreias, esquistossomose, entre outras, principalmente em crianças.

Missão do Ministério da Saúde - Brasil


“Promover a saúde da população mediante a integração e a construção de parcerias com os órgãos federais,
as unidades da Federação, os municípios, a iniciativa privada e a sociedade, contribuindo para a melhoria da
qualidade de vida e para o exercício da cidadania”.

<http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/area/7/o-ministerio.html>.

INVESTIMENTO PÚBLICO NA SAÚDE

Conforme já discutimos anteriormente, infelizmente faltam médicos no SUS, ou faltam remédios, hospitais
e demais recursos; isso tem sido uma constante no Brasil. Vamos discutir um pouco sobre os gastos e
investimentos feitos na área da saúde brasileira, em alguns momentos falaremos não só da saúde pública,
mas da privada também.

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 61


Na figura 5, podemos observar o crescimento dos gastos com saúde no Brasil em um período de cinco
anos; podemos ver que o gasto privado cresceu 21,7% enquanto que o gasto público somente 14,5%.
Um dado bastante interessante está relacionado aos gastos públicos municipais, que têm superado, em
termos de crescimento, os gastos das demais esferas de governo.

Figura 5: Crescimento dos gastos com Saúde no Brasil entre 2000 e 2005 em (%)
Fonte: Jornal Estadão, online (2013). Disponível em: <http://www.estadao.com.br/especiais/raio-x-do-investimento-
em-saude-no-brasil,3234.htm>

Na figura 6, há uma comparação entre os gastos públicos com saúde nos 60 maiores países do mundo,
dados do ano de 2005.

Figura 6: Gasto governamental per capita com saúde


Fonte: Banco Mundial – World Development Indicators apud Wright (2008)

62 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


Mediante a figura 6, podemos concluir que o Brasil, apesar de todos os poréns no que tange à saúde
pública, está acima da média da América Latina em relação aos gastos públicos na saúde pública. Mas
fica evidente, também, que estamos bem abaixo da média mundial, ou seja, não somos o país que menos
gasta com saúde, mas estamos longe de ser o que mais investe.

Na figura 7, podemos comparar a nossa carga tributária e os investimentos em saúde, ambos comparados
como porcentagem do PIB. Além da informação para o Brasil, podemos ver as mesmas informações para
alguns países selecionados.

Figura 7: Carga Tributária x Investimento público em Saúde (2003) % PIB


Fonte: elaborada por PROFUTURO apud Wright (2008)

Enquanto no Brasil tínhamos, em 2006, uma carga tributária de 39% em relação ao PIB, nossos
investimentos públicos em saúde não chegavam a 3,5%. Já no país vizinho, Argentina, além da carga
tributária ser menor, os investimentos na saúde eram maiores.

Por meio dos valores e percentuais verificados nesse tópico, vimos que o Brasil ainda tem um longo
caminho a ser percorrido no que tange aos gastos e investimentos em saúde. Por outro lado, apesar de
não ser um exemplo de país nesse quesito, como a Noruega que aparece na figura 6 como o país que
mais gasta com saúde, é preciso valorizarmos aquilo que temos de bom. Um bom exemplo de gasto/
investimento em saúde no Brasil é o Instituto Butantan, um dos maiores centros de pesquisa na área
biomédica do Mundo. Esse instituto está vinculado à Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, é uma
instituição pública. O Butantan desenvolve pesquisas e estudos relacionados à saúde pública nas áreas
de Biomedicina, Biotecnologia, Farmacologia e Biologia; ele é o responsável por 51% de vacinas e 56%
de soros para uso profilático e curativo no Brasil8.

Outro investimento público na área da saúde do qual, nós brasileiros, devemos nos orgulhar é a Fiocruz
– Fundação Oswaldo Cruz, cujos objetivos são promover a saúde e o desenvolvimento social além de

8
Baseado nas informações que se encontram disponíveis em: <www.butantan.gov.br>.

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 63


gerar e difundir conhecimento científico e tecnológico. Esta fundação é pública e está diretamente ligada
ao Ministério da Saúde9.

Vídeo Institucional da Fiocruz: é um vídeo bem sucinto, mas que consegue mostrar grande parte do trabalho
dessa importante Fundação e seu papel para a saúde pública no Brasil. Seu lema é: À Serviço da Vida!

<http://www.youtube.com/watch?v=zUu15B8gRC8&list=PL803D49B154763FBB&index=3>.

CONSIDErAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a), terminamos nossa terceira e última unidade discutindo sobre políticas públicas voltadas
para a saúde. Definimos saúde pública e mostramos sua evolução histórica no Brasil, incluindo os passos
para a criação do Sistema único de Saúde que é uma das mais importantes políticas públicas brasileiras.

Conhecemos também as políticas públicas diretas e indiretas voltadas para a saúde. As diretas são aquelas que
afetam diretamente a saúde das pessoas, ou seja, programas para curar ou prevenir doenças. Já as indiretas
afetam a saúde por meio de outros programas, como atividade física, saneamento básico, entre outros.

Esperamos que esta unidade tenha contribuído para aumentar seu conhecimento sobre o tema e que
você dissemine este conhecimento não somente na sua vida profissional mas também na pessoal, para
amigos e parentes, de forma a ajudar no desenvolvimento do nosso país.

ATIVIDADES DE AUTOESTUDO

1. Discuta a relação entre setor público e saúde.

2. Em sua opinião, o que a Constituição brasileira prega em relação à saúde pública é colocado em
prática? Justifique sua resposta.

3. Dentre os programas do governo voltados para a saúde, você conhece, na prática, algum deles?
Descreva.

4. Em sua opinião, qual a importância de órgãos públicos como a Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto
Butantan para a saúde brasileira?
9
Baseado nas informações que se encontram disponíveis em: <portal.fi ocruz.br>.

64 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


ESTUDO DE CASO
Brasil será autossufi ciente na produção de vacinas contra gripe
No ano de 2014, o Brasil se tornará autossufi ciente na produção de vacinas contra diversos vírus, entre eles, da
gripe comum, H1N1, gripe suína, H5N1 e gripe aviária. Todas as vacinas serão produzidas pelo Instituto Butan-
tan, que entregará as vacinas ao Ministério da Saúde.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.sautil.com.br/noticias/brasil-sera-autossufi ciente-na-producao-de-vacinas-contra-


-gripe>. Acesso em: 02 jul. 2013.

Livro: Caminhos da Saúde Pública no Brasil


Autor: Jacobo Finkelman
Editora: Fiocruz
Ano: 2002

Este livro nos traz diversos textos de especialistas em saúde pública no Brasil, nesses textos eles discutem
fatos ocorridos com a saúde pública brasileira no século XX. O livro relata, em detalhes, o caminho que a saúde
pública percorreu para alcançar o que temos hoje em dia.

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 65


CONCLUSÃO

Caro(a) aluno(a),

Chegamos ao fim do nosso material da disciplina Políticas Públicas, Educação e Saúde, que foi elaborado
com todo cuidado e carinho para você, e esperamos de tenhamos contribuído para a ampliação do seu
conhecimento sobre políticas públicas e que você possa repassar parte desse conhecimento para seu
círculo profissional e pessoal, já que políticas públicas são voltadas para toda a população, independente
da classe social e do nível educacional.

Vimos na unidade I como surgiram e para que servem as políticas públicas. Nesta primeira unidade, foram
apresentados a diferença entre Estado e governo e o papel do governo na economia e na sociedade.
Depois, definimos políticas públicas e mostramos a evolução histórica e a importância desta para a
sociedade.

Na segunda unidade, aprofundamos o tema políticas públicas voltadas para a educação. Para atingir
o objetivo da unidade, você passou a conhecer as esferas do governo responsáveis por cada nível da
educação. Este ponto é importante para saber quem é responsável por elaborar qual política educacional.
Vimos também quantas políticas existem hoje, no Brasil, voltadas para crianças até pós-graduandos que
tenham interesse em ir estudar no exterior e o investimento nessas (políticas). Além, da modalidade de
ensino da qual você está fazendo parte hoje, a Educação a Distância, que veio democratizar o acesso ao
nível superior e a especialização.

Você conhecia todas estas políticas?

Na última unidade, discutimos outras políticas públicas, desta vez, voltadas para a saúde. Definiram-se
saúde pública e sua evolução histórica no Brasil. Um ponto fundamental abordado foi o Sistema Único
de Saúde, que teve um tópico à parte por ter tanta importância na vida da população. Você passou a
conhecer também algumas das políticas diretas e indiretas voltadas para a saúde.

Para finalizar, não esqueça que as políticas públicas são dinâmicas, ou seja, se alteram ao longo do tempo
e em função do problema social e do objetivo do governo naquele momento. Uma política que existe hoje
pode não existir daqui uns meses e outras podem ser criadas. Mas uma coisa é certa: a política pública
voltada para a educação, seja ela qual for, afetará diretamente a saúde da população!

Um forte abraço!

Prof.ª Me. Andréia Moreira da Fonseca Boechat


Prof.ª Me. Yony Brugnolo Alves

66 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


GABARITO DE ATIVIDADES DE AUTOESTUDO

UNIDADE I

1. Diferencie Estado de Governo.


Estado é uma instituição política, social e juridicamente organizada, que ocupa um território e
é regida pela constituição. É composto por território, população e governo. Governo é a forma
política do Estado e, no caso do Brasil, é alterado a cada quatro anos.

2. Discuta o papel do governo na economia.


O governo tem três funções principais que deve seguir: distributiva (relacionado à distribuição
de renda), alocativa (provisão de bens e serviços públicos) e estabilizadora (manter alto nível de
emprego, estabilidade de preços e obter uma taxa adequada de crescimento econômico).

3. O que são políticas públicas? Apresente sua importância para a sociedade.


Políticas públicas podem ser definidas como uma forma de atuação do governo voltada para
a solução de problemas sociais. Têm importância na sociedade, pois é por meio das políticas
públicas que o governo procura solucionar ou, pelo menos, amenizar os problemas que a
sociedade sofre, principalmente algumas classes que são menos favorecidas.

4. Qual é a relação entre governo e políticas públicas


A relação entre o governo e as políticas públicas se dá em relação à formação, implementação e
avaliação, ou seja, o governo verifica o problema, analisa qual é a melhor solução, cria a política
pública e depois avalia. Sem governo, seria difícil, ou quase impossível, a criação de políticas
públicas.

5. Explique o processo de formação das políticas públicas.


A formação das políticas públicas é um círculo vicioso e se dá de forma simples com a
formulação da política que será implementada, dado o problema que o governo visa solucionar.
A política é implementada e avaliada, e assim, uma nova política pública é elaborada e passa
por todas estas etapas novamente.

UNIDADE II

1. Discuta a relação entre cada esfera de governo e a educação.


No Brasil, existem três esferas do governo: federal, estadual e municipal, e cada uma dessas
esferas é responsável por ofertar um nível da educação. O governo federal é o responsável pelo
ensino superior, o estadual pelo ensino médio e o municipal pelo ensino básico. Claro que cada
esfera pode ofertar outro nível de ensino também.

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 67


2. Analise os dados referentes ao investimento público na educação no Brasil.
A análise dos dados mostra que o investimento em educação no Brasil é muito baixo se
comparado com o percentual do PIB e também em comparação com os outros países.

3. Você concorda que a EAD é uma forma de democratizar o acesso à educação? Justifique sua resposta.
Resposta pessoal.

4. Em sua opinião, a política que obriga as crianças a serem matriculadas na escola a partir dos 4 anos
de idade é benéfica? Por quê?
Resposta pessoal.

UNIDADE III

1. Discuta a relação entre setor público e saúde.


O setor público tem o dever de cuidar e assegurar a saúde pública, não apenas no sentido de
cuidar das doenças, mas também no prevenir.

2. Em sua opinião, o que a Constituição brasileira prega em relação à saúde pública é colocado em
prática? Justifique sua resposta.
Resposta pessoal.

3. Dentre os programas do governo voltados para a saúde, você conhece, na prática, algum deles?
Descreva.
Resposta pessoal.

4. Em sua opinião, qual a importância de órgãos públicos como a Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto
Butantan para a saúde brasileira?
Resposta pessoal.

68 POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância


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WRIGHT, J. T. C. (coord.). A Saúde no Brasil e na América Latina. Programa de Estudos do Futuro –


PROFUTURO, Fundação Instituto de Administração – FIA. São Paulo, maio 2008.

POLÍTICAS PÚBLICAS, EDUCAÇÃO E SAÚDE | Educação a Distância 71

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