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São Paulo, segunda-feira, 10 de setembro de 2001

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ANÁLISE
FHC aumenta sua hegemonia no
PMDB
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A vitória da ala governista do PMDB na convenção nacional


da sigla vai consolidar a hegemonia que o presidente
Fernando Henrique Cardoso (PSDB) já mantinha dentro do
partido.
O sucesso de FHC será completo se o governador de Minas,
Itamar Franco, deixar o PMDB, o que parece ainda incerto a
esta altura. O governador tende a permanecer na sigla e só
deve anunciar sua decisão no final do mês.
FHC estaria em posição mais cômoda se Itamar saísse do
PMDB. Isso reduziria o poder de chantagem da direção
peemedebista na hora de negociar sua permanência -ou não-
na coalizão governista em 2002. Sem um candidato a
presidente viável, o PMDB ficaria quase sem opção. Estaria
compelido a apoiar um nome de FHC.
Na avaliação do Palácio do Planalto, a chance de colocar um
candidato governista no segundo turno presidencial no ano
que vem passa pela manutenção de uma ampla aliança de
partidos, incluindo pelo menos PSDB, PFL, PMDB, PPB e
PTB.
Mesmo com a indefinição de Itamar, a vitória governista no
PMDB deve manter reforçado no poder do partido o grupo
detentor de três ministérios no governo FHC, dezenas de
cargos e o controle da liberação de verbas dessas áreas.
Embora o discurso oficial do PMDB seja pela candidatura
própria à Presidência da República em 2002, essa hipótese só
é veiculada para fortalecer a legenda na hora da negociação
eleitoral do ano que vem.
Se o governo FHC continuar com popularidade muito baixa
e sem candidato viável eleitoralmente para presidente da
República, o PMDB deve de fato tentar a sorte com um
nome próprio na disputa pelo Planalto. Mas a direção
peemedebista acredita que ainda seja muito cedo para saber
qual será o cenário de 2002.
É por essa razão que a maioria dos dirigentes do PMDB até
prefere e torce pela permanência de Itamar Franco na sigla.
"Ele é um de nossos pré-candidatos a presidente. Se sair,
perdemos força", diz o ministro dos Transportes, Eliseu
Padilha. "Agora, passada a convenção, temos de juntar os
cacos e fazer a unidade do partido", diz o líder do PMDB no
Senado, Renan Calheiros (AL).
A estratégia dos governistas do PMDB é clara. Consiste de
três itens: 1) dominar cada vez mais o partido, eliminando os
descontentes; 2) fazer uma bancada grande, com pelo menos
cem deputados federais no ano que vem; 3) para obter os
dois itens anteriores, escolher qual será a melhor opção na
eleição presidencial de 2002 (ter candidato próprio ou apoiar
o nome de FHC).
Hoje, a legenda perdeu um pouco a dianteira que teve até a
metade deste ano na disputa para apontar o eventual
candidato a vice-presidente numa chapa presidencial
encabeçada pelo PSDB. Essa posição agora pertence ao PFL,
que tem insuflado o nome da governadora do Maranhão,
Roseana Sarney.
Para suplantar o PFL, o PMDB necessita de um nome forte
na hora da negociação. Esse nome, por enquanto, é o de
Itamar Franco. Se forem mesmo realizadas as prévias para a
escolha do candidato peemedebista ao Planalto, o partido
terá então mais cacife na hora de negociar com FHC, ficando
em pé de igualdade ou até à frente do PFL.
(FERNANDO RODRIGUES)

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