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Método dos Nós e Método das Malhas.

MATERIAL DE APOIO
Circuitos Eletrônicos 1

Esta aula busca que o(a) estudante entenda os principais


métodos de resolução de circuitos e aprenda os principais
critérios de escolha da metodologia adequada a cada
situação.

Prof. Euler de Vilhena Garcia


Método dos Nós e Método das Malhas.

MAPA DESTA AULA


ONDE FICA O NORTE
Descreva o funcionamento de uma tela de toque
de tecnologia resistiva (resistive touchscreen).
Método dos Nós e Método das Malhas.

Método dos Nós


Base físico-matemática
Com fontes de corrente
Com fontes de tensão
Método das Malhas
Base físico-matemática
Com fontes de tensão
Com fontes de corrente

Boas Práticas de Solução de Problemas


Construção de equações nodais
Construção de equações de laços
Critérios de seleção entre os métodos

CONTEÚDO DESTA AULA


Método dos Nós

Base físico-matemática

A aplicação da Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC) em um circuito com N nós resulta em N – 1 equações
independentes. A equação resultante do último nó, por sua vez, sempre poderá ser escrita a partir das restantes. Em
termos de Álgebra Linear, a equação do último nó sempre será uma combinação linear 1 das demais equações. Por
isso, é dita uma equação dependente.
Aplicando outras leis físicas sempre poderemos escrever a corrente que flui por um componente eletroeletrônico
(que não uma fonte de tensão ou corrente) em termos da tensão em seus terminais 2. Desse modo, a soma das
correntes em um nó resultará que tal nó também terá um potencial elétrico resultante da combinação das tensões
dos componentes presentes em seus ramos.
O Método dos Nós, portanto, permite que estas duas etapas (calcular as correntes e depois as tensões) sejam
resolvidas simultaneamente, reduzindo o número de equações do sistema linear a ser resolvidos.

1 Lembre-se que combinação linear implica a aplicação dos dois teoremas da linearidade: superposição e homogeneidade.

2 Particularmente em relação aos resistores, esta lei é a Lei de Ohm. Ao longo deste curso, o estudante aprenderá outras leis para outros
componentes (e.g., capacitores, indutores, diodos).
Método dos Nós

Tensão de nó ou Tensão nodal (node voltage)

O nó que não foi usado na formulação das equações é definido como nó de referência. Sua escolha é sempre
arbitrária. Um bom critério para escolha do nó de referência é buscar sempre o nó que conecta mais ramos. Outro
caso é quando um dos nós é considerado a referência de tensão 0V do circuito (seja flutuante, conectado ao chassis
ou aterrado): nestes casos, geralmente esta referência de projeto também é considerada o nó de referência das
equações.
A tensão de um dado nó é definida com a diferença entre os potenciais do nó em questão com o nó de referência. Em
outras palavras, a tensão de nó é sempre relativa ao nó de referência 3.

3 Tensão é sempre uma medida relativa. Em dúvida? Reveja a aula sobre o conceito de tensão elétrica.
Método dos Nós

Exemplo #1
Circuito simples com fonte de corrente

Este é um circuito com uma fonte de corrente e 3 nós. Logo, precisamos de 2 equações a partir de um nó de
referência.
Inicialmente, aplicando a LKC em dois dos nós (Nó A e Nó B):
𝑖𝑠 − 𝑖𝑎 − 𝑖𝑐 = 0
𝑖𝑐 − 𝑖𝑏 = 0

Definindo 𝑣𝑎 e 𝑣𝑏 como as tensões dos nós A e B, respectivamente, e aplicando a Lei de Ohm, obtemos as equações
das tensões dos nós:
𝑣𝑎 𝑣𝑎 − 𝑣𝑏
𝑖𝑠 − − =0
𝑅2 𝑅1
𝑣𝑎 − 𝑣𝑏 𝑣𝑏
− =0
𝑅1 𝑅3
Método dos Nós

Rearranjando:
1 1 1
+ 𝑣𝑎 − 𝑣𝑏 = 𝑖𝑠
𝑅2 𝑅1 𝑅1
1 1 1
− 𝑣𝑎 + + 𝑣 =0
𝑅1 𝑅3 𝑅1 𝑏

Em forma matricial
1 1 1
+ −
𝑅2 𝑅1 𝑅1 𝑣𝑎 𝑖𝑠
𝑣𝑏 =
1 1 1 0
− +
𝑅1 𝑅3 𝑅1
Método dos Nós

Como não se perder na análise nodal:

Não se confunda com os sinais na montagem das equações nodais!


#1: Assuma que as correntes nos ramos que não possuem fontes de corrente estarão sempre saindo do nó que você
está analisando.

#2: Assuma que as correntes que saem do nó são sempre positivas; e correntes que entram, negativas.

#3: A corrente em ramos que ligam dois nós é proporcional à diferença das duas respectivas tensões nodais.

#4: Correntes em ramos com fontes de corrente seguem a convenção do item #2: positivas se saem do nó em
análise, negativas se for o contrário.

A junção destas 4 regras fará com que os sinais nas parcelas das equações sejam devidos apenas às fontes de
corrente e às diferenças de tensão entre dois nós!

Vamos refazer o exemplo anterior com estas regras.


Método dos Nós

Como não se perder na análise nodal:

Definimos 𝑣𝑎 e 𝑣𝑏 como as tensões dos nós A e B, respectivamente, e montamos a equação para


cada nó.

Nó A:
𝑣𝑎 − 0 𝑣𝑎 − 𝑣𝑏
+ − 𝑖𝑠 = 0
𝑅2 𝑅1
Nó B:
𝑣𝑏 − 𝑣𝑎 𝑣𝑏
+ =0
𝑅1 𝑅3
Método dos Nós

O sistemas de equações é portanto:


1 1 1
+ 𝑣𝑎 − 𝑣𝑏 = 𝑖𝑠
𝑅2 𝑅1 𝑅1
1 1 1
− 𝑣𝑎 + + 𝑣 =0
𝑅1 𝑅3 𝑅1 𝑏

Rearranjando em forma matricial


1 1 1
+ −
𝑅2 𝑅1 𝑅1 𝑣𝑎 𝑖𝑠
1 1 1 𝑣𝑏 = 0
− +
𝑅1 𝑅3 𝑅1

Reparem que obtemos as mesmas equações da resolução anterior porém com


menos etapas.
Método dos Nós

Exemplo #1
Circuito com várias fontes de corrente

Este é um circuito que possui 3 fontes de corrente


e 4 nós. Logo, precisamos de 3 equações a partir
de um nó de referência.

Definimos 𝑣𝑎 , 𝑣𝑏 e 𝑣𝑐 como as tensões dos nós A,


B e C, respectivamente.
Método dos Nós

Nó A:
𝑣𝑎 − 𝑣𝑐 𝑣𝑎 − 𝑣𝑐 𝑣𝑎 − 𝑣𝑏
− 𝑖1 + + − 𝑖2 = 0
𝑅1 𝑅2 𝑅5
Nó B:
𝑣𝑏 − 𝑣𝑎 𝑣𝑏 − 𝑣𝑐 𝑣𝑏 − 0
𝑖2 + + + − 𝑖3 = 0
𝑅5 𝑅3 𝑅4
Nó C:
𝑣𝑐 − 𝑣𝑎 𝑣𝑐 − 𝑣𝑎 𝑣𝑐 − 𝑣𝑏 𝑣𝑐 − 0
+ 𝑖1 + + + =0
𝑅1 𝑅2 𝑅3 𝑅6

Rearranjando em forma matricial


Perceba que na ordem dos termos
1 1 1 1 1 1 das equações, eu escolho um ramo
+ + − − +
𝑅1 𝑅2 𝑅5 𝑅5 𝑅1 𝑅2 e vou seguindo para os outros como
𝑣𝑎 𝑖1 + 𝑖2 se estivesse girando o nó em
1 1 1 1 1 sentido anti-horário. Você não é
− + + − 𝑣𝑏 = 𝑖3 − 𝑖2
𝑅5 𝑅3 𝑅4 𝑅5 𝑅3 obrigado a fazer assim, este é
𝑣𝑐 −𝑖1 apenas um jeito de não esquecer
1 1 1 1 1 1 1 nenhum termo e garantir que
− + − + + + contabilizou todos os elementos
𝑅1 𝑅2 𝑅3 𝑅1 𝑅2 𝑅3 𝑅6
conectados àquele nó.
Método dos Nós

Análise com fontes controladas

IMPORTANTE:

Circuitos com fontes controladas (por tensão ou por corrente) seguem basicamente o mesmo procedimento de
montagem das equações nodais. A diferença é a existência de uma etapa adicional: após escrever as equações
nodais, o valor da fonte controlada deve ser expresso em função das tensões dos nós, de modo a manter limitado o
número de incógnitas igual ao número de equações (N-1, onde N é o número de nós.)
Método dos Nós

Exemplo #3
Circuito com fonte controlada

Este é um circuito que possui 2 fontes de corrente, sendo uma fonte controlada, e 3 nós. Logo, precisamos de 2
equações a partir de um nó de referência. Na figura já estão indicados o nó de referência (com o terra) e as tensões
nodais 𝑉2 e 𝑉𝑜 .
Para montar as equações deste exemplo consideramos que todas as correntes que entram em um nó são
algebricamente negativas. Assim, as duas equações nodais são:
𝑉2 𝑉2 − 𝑉0
−4 + − 𝑖3 + =0
𝑅2 𝑅4
𝑉𝑜 − 𝑉2 𝑉0
𝑖3 + + =0
𝑅4 𝑅0
Método dos Nós

Escrevendo a corrente da fonte de corrente controlada por tensão em


termos das tensões nodais:
𝑖3 = 5𝑉2
Considerando 𝑅2 = 2Ω, 𝑅4 = 1Ω e 𝑅0 = 9Ω , o sistema matricial
resultante é
3
−1 𝑖3 + 4
2 𝑉2
10 = −𝑖3 Após fazer as substituições, o sistema
−1 𝑉𝑜
9 𝑖3 matricial fica como
5 0 7
Perceba como a terceira linha da matriz mostra que a corrente i3 é − −1 𝑉
2 2 4
uma combinação linear de V2. Esta representação matricial mostra =
10 𝑉0 0
que você pode reduzir a quantidade de equações ainda mais. 4
9

IMPORTANTE:
A expressão da corrente da fonte controlada em termos das tensões nodais foi altamente simplificada em função da
escolha consciente do nó de referência. Tente reescrever este sistema usando 𝑉0 como nó de referência e veja como
o mesmo problema fica mais complicado.
Método dos Nós

Você poderia resolver este sistema por Leis de Kirchhoff e Lei de Ohm, pensando em termos de variáveis dependentes e
independentes como fizemos no tópico anterior? Claro! Vamos comparar...

São cinco elementos de circuito, logo 10 variáveis. Vamos escrever as variáveis em termos das equações dos elementos
𝑉2 = 2 ∙ 𝑖2 ; 𝑉0 = 9 ∙ 𝑖0 ; 𝑉4 = 1 ∙ 𝑖4
𝑉𝐹𝐼𝐶 =? ; 𝐼𝐹𝐼𝐶 = 4𝐴 ;
𝑉𝐹𝐶𝐶𝑇 =? ; 𝐼𝐹𝐶𝐶𝑇 = 5 ∙ 𝑉2

Isto daria um sistema de variáveis desconhecidas. Mas podemos reescrever V4: 𝑉4 = 𝑉2 − 𝑉0 = 1 ∙ 𝑖4

Usando LKT também é fácil perceber que: 𝑉𝐹𝐼𝐶 = 𝑉2 ;


𝑉𝐹𝐶𝐶𝑇 = 𝑉4

Assim, temos todo o sistema escrito em termos de apenas duas incógnitas, i2 e i0. E precisamos portanto de apenas duas
equações. E conseguimos estas duas equações usando a LKC nos dois nós com mais conexões.
Perceberam que todo este raciocínio foi embutido na forma de resolução por Análise Nodal? Isto é maior eficiência
nos cálculos quando comparado com a resolução por Leis de Kirchhoff.
Método dos Nós

Análise com fontes de tensão

2 situações possíveis Estratégia a ser utilizada


A fonte de tensão conecta o nó j e Considere a tensão nodal 𝑣𝑗 igual à fonte de tensão ajustada para a polaridade
o nó de referência correta e escreva as equações nodais dos nós remanescentes

A fonte de tensão está situada Crie um supernó que incorpore os nós j e k e iguale a soma de todas as
entre dois nós, j e k, nenhum deles correntes do supernó a zero (i.e., todas as correntes dos nós j e k). Em seguida
sendo o nó de referência. escreva a expressão matemática que relacione as tensões 𝑣𝑗 e 𝑣𝑘 entre si.

Um SUPERNÓ corresponde a dois ou mais nós conectados entre si por fontes, independente ou controlada, de
tensão.

Recorde-se das bases físicas da Lei de Kirchhoff das Correntes. Estas explicam porque a LKC vale para qualquer nó ou
superfície fechada que não passe através de nenhum componente do circuito. (Ou seja, o componente não é dividido
em partes pela superfície.) Ao entender este conceito físico, fica fácil de conceber o supernó como uma superfície
fechada englobando os nós e as fontes (independente ou controlada) de tensão entre eles.
Método dos Nós

Exemplo #4
Circuito com fontes de tensão

Este circuito possui 1 fonte de corrente, 2 fontes de tensão, sendo uma fonte de tensão controlada por corrente, e 4
nós. Logo, precisamos de 3 equações nodais a partir de um nó de referência. Na figura abaixo já estão indicados o nó
de referência (com o terra) e as tensões nodais 𝑣1 , 𝑣2 e 𝑣3 .

Por inspeção, a tensão no nó 1 é conhecida é igual à fonte de tensão independente. A equação fica simplesmente:
𝑣1 = 50𝑉
Método dos Nós

A seguir, temos de montar as outras duas equações nodais, referentes aos nós 2 e 3. Em vez de montar uma equação
para cada nó, criamos um supernó e expressamos a relação entre as tensões entre seus nós originais. Abordamos
começando com o ramo mais à esquerda do nó 2 e seguimos os demais ramos conectados no sentido anti-horário. As
equações resultantes são:
𝑣2 𝑣3
𝑖𝜙 + + − 4 = 0;
50 100
𝑣3 = 𝑣2 + 10𝑖𝜙

Como é uma fonte de tensão controlada, temos de expressar sua condição de controle em termos das tensões nodais
presentes. Assim:
𝑣2 − 𝑣1
𝑖𝜙 =
5
e
𝑣3 = 3𝑣2 − 2𝑣1
Fazendo as substituições na equação do supernó, teremos 1 equação e 2 variáveis 𝑣2 e 𝑣1 . Mas 𝑣1 é conhecida
porque montamos corretamente a tensão no Nó 1. Resolvendo 1 equação para 1 incógnita, temos:
𝑣2 = 60𝑉
Método dos Nós

De onde veio o conceito do supernó?


É uma simplificação matemática que também possui coerência física!
OS CONCEITOS FÍSICOS: fontes de tensão também possuem corrente; a aplicação da LKC em cada nó isoladamente; a
aplicação da LKC em uma superfície fechada que engloba os dois nós envolvidos no supernó.

OS CONCEITOS MATEMÁTICOS: a combinação linear das equações isoladas de cada nó; a substituição de variáveis,
reescrevendo a tensão de um nó em função da tensão do outro.

𝑣2 − 𝑣1 𝑣2
+ + 𝑖 = 0 (1)
5 50
𝑖𝜙
𝑣3
−𝑖 + − 4 = 0 (2)
100

Equação do supernó = (1) + (2)

𝑣2 − 𝑣1 𝑣2 𝑣3
+ +𝑖−𝑖+ − 4 = 0; 𝑣3 = 𝑣2 + 10𝑖𝜙 = 3𝑣2 − 2𝑣1
5 50 100
𝑖𝜙
Construção de equações nodais.

Verificação da coerência das equações nodais


Em circuitos puramente resistivos, a condutância é definida como o recíproco da resistência. Assim, uma corrente
saindo de um nó A qualquer através de um ramo resistivo tem sempre a forma 𝐺(𝑒𝑎 − 𝑒𝑥 ), onde 𝑒𝑥 é o potencial do
outro nó ao qual o ramo está ligado e G é a condutância do ramo. Se a resistência estiver ligada entre o nó A e o nó
de referência, 𝑒𝑥 será zero.

Para um circuito de N nós que contem apenas fontes independentes de corrente, as equações nodais simplificadas
têm a seguinte forma:

Onde:
𝑒1, 𝑒2 , ⋯ , 𝑒𝑁−1 são as tensões de N-1 nós em relação ao nó de referência;
𝐺𝑗𝑗 é a autocondutância no nó 𝑗. Isto é, a soma das condutâncias de todos os ramos resistivos que têm um terminal
no nó 𝑗.
𝐺𝑗𝑘 = 𝐺𝑘𝑗 é a condutância mútua entre os nós 𝑗 e 𝑘. Ou seja, a soma das condutâncias dos ramos resistivos que
estão ligados diretamente entre os nós 𝑗 e 𝑘 (j ≠ 𝑘).
Construção de equações nodais.

𝑖𝑗 é a soma algébrica das correntes entrando no nó 𝑗 provenientes de quaisquer fontes de correntes ligadas àquele
nó.

Se reescrevermos o sistema na forma matricial temos uma matriz de condutâncias onde os termos da diagonal
principal são sempre positivos. Os termos fora da diagonal, por sua vez, são sempre negativos e simétricos em
relação à diagonal principal. Estas considerações de simetria são importantes como ferramenta de verificação do
trabalho, porém servem apenas para um sistema sem fontes controladas.
Construção de equações nodais.

Seleção do nó de referência Para ilustrar a importância da seleção correta do nó de referência,


vamos buscar calcular a potência dissipada no resistor de 300 W
do circuito acima a partir de suas equações nodais.

O sistema possui 6 nós e, consequentemente, necessita de 5


equações independentes.

e f

A primeira opção de nó de referência, mais óbvia,


está ilustrada ao lado. A seu favor, tem a vantagem
da maior quantidade de ramos conectados a ele.
Com isso, duas das tensões nodais também já
estão determinadas: 𝑉𝑒 = 256𝑉 e 𝑉𝑓 = −128𝑉 .
Temos agora, então um sistema 3 x 3. Como 𝑖𝛥
Entretanto, teremos que resolver o sistema para duas
pode ser escrita em termos de 𝑣𝑎 e 𝑣𝑐 , o sistema
tensões desconhecidas, nos nós a e c, antes de podermos
se reduz ainda mais, para o tamanho 2 x 2.
calcular a potência no resistor de interesse.
Construção de equações nodais.

Dada a natureza do problema, quanto antes obtivermos o


valor da tensão no resistor, mais rápido obteremos sua
potência dissipada.
𝑣𝑒 𝑣𝑓
Desta forma, a segunda opção está ilustrada ao lado.
Agiliza os cálculos pois a tensão do nó 2 é exatamente a
tensão requerida para a solução do problema.

Importante! Esta ilustração originalmente mostra como


supernó apenas a fonte controlada entre as tensões
nodais 𝒗𝟏 e 𝒗𝟑 . Perceba, que na realidade temos um
supernó envolvendo 4 tensões nodais: 𝒗𝟏 , 𝒗𝟑 , 𝒗𝒆 e 𝒗𝒇 . Ou
seja, temos uma superfície fechada em formato de um O sistema final, após todas as simplificações, é do
“w”. Com isso, dos 4 nós deste supernó, 3 podem ser tamanho 2 x 2: com 𝑣1 e 𝑣2 . E o melhor, só
descritos em termos apenas de 𝒗𝟏 . precisamos calcular 𝑣2 !

Importante: ambas as opções de referência dão o mesmo resultado, conforme seria de se esperar: um sistema 2 x 2.
A vantagem da escolha menos comum está na economia de etapas na obtenção do resultado de interesse do
problema: a potência no resistor de 300W. Estas não são as únicas opções. Se o problema pedisse a potência para
outro resistor, poderíamos ter outras escolhas de nó de referência.
Método das Malhas

Base físico-matemática

A aplicação da Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT) em um circuito com B ramos e N nós resulta em B – N + 1 equações
independentes.
Aplicando outras leis físicas sempre poderemos escrever a tensão nos terminais de um componente eletroeletrônico
(que não uma fonte de tensão ou corrente) em termos da corrente que flui por ele 1. Desse modo, a soma das tensões
em um laço ou em uma malha resultará que tal laço/malha também terá uma corrente circulante resultante da
combinação das correntes que fluem pelos componentes presentes em seus ramos.
O Método das Malhas, portanto, permite que estas duas etapas (calcular as tensões e depois as correntes) sejam
resolvidas simultaneamente, reduzindo o número de equações do sistema linear a ser resolvidos.

1 Particularmente em relação aos resistores, esta lei é a Lei de Ohm. Ao longo deste curso, o estudante aprenderá outras leis para outros
componentes (e.g., capacitores, indutores, diodos).
Método das Malhas

Útil apenas em circuitos planares!

Circuito planar Circuito não-planar

Circuito planar é um circuito que pode ser


desenhado sem que ramos se sobreponham
Método das Malhas

Exemplo #4 – Circuito simples com fontes de tensão

Este é um circuito com duas fontes de tensão, 3 ramos e 2 nós. Logo, precisamos de 2 equações a partir dos laços de
tensão 1.
Inicialmente, aplicando a LKT e a Lei de Ohm nas duas malhas:
6 𝑖1 − 𝑖2 + 3𝑖1 − 60 = 0
2𝑖2 + 24 + 4𝑖2 + 6 𝑖2 − 𝑖1 = 0

1 Lembre-se de que uma malha é um tipo específico de laço. Recorde as definições na aula de Leis de Kirchhoff, caso necessário.
Método das Malhas

Ilustrando de forma explícita a obtenção das equações:

Por fim, rearranjando em forma matricial:


9 −6 𝑖1 60
=
𝑖
−6 12 2 −24
Método das Malhas

Análise com fontes controladas

IMPORTANTE:

Circuitos com fontes controladas (por tensão ou por corrente) seguem basicamente o mesmo
procedimento de montagem das equações das malhas. A diferença é a existência de uma etapa
adicional: após escrever as equações de malha, o valor da fonte controlada deve ser expresso em função
das correntes de malha, de modo a manter limitado o número de incógnitas igual ao número de
equações (B-N+1, onde B é o número de ramos e N é o número de nós.)
Método das Malhas

Análise com fontes de corrente

2 situações possíveis Estratégia a ser utilizada

A fonte de corrente aparece na Considere a corrente de malha 𝑖𝑛 igual à fonte de corrente ajustada para a
periferia apenas da malha 𝒏. polaridade correta e escreva as equações de laços das malhas remanescentes

Crie uma supermalha que incorpore a periferia das duas malhas e escreva uma
A fonte de corrente é comum a
única equação de laço para ela. Em seguida escreva a expressão matemática que
duas malhas, 𝒎 e 𝒏.
relacione a fonte de corrente em termos das duas correntes de malha 𝑖𝑛 e 𝑖𝑚 .

Uma SUPERMALHA corresponde a uma malha criada pela junção de duas malhas que possuem em comum uma
fonte, independente ou controlada, de corrente.
Recorde-se das bases físicas da Lei de Kirchhoff das Tensões. Estas explicam porque a LKT vale para qualquer laço ou
caminho fechado. Ao entender este conceito físico, fica fácil de conceber a supermalha como um laço melhor disposto
para o cálculo em questão.
Método das Malhas

Exemplo #5: Uma supermalha

Este é um circuito com duas fontes, uma de tensão e


uma de corrente, 6 ramos e 4 nós.

Logo, precisamos de 3 (6 – 4 +1) equações a partir dos


laços de tensão.
Método das Malhas

Contudo, as malhas 1 e 2 possuem uma fonte de corrente em comum, sendo agrupadas em uma
supermalha. Inicialmente, aplicando a LKT e a Lei de Ohm:
Na supermalha,
−10 + 1 𝑖1 − 𝑖3 + 3(𝑖2 − 𝑖3 ) + 2𝑖2 = 0
Na malha 3
1 𝑖3 − 𝑖1 + 2𝑖3 + 3 𝑖3 − 𝑖2 = 0
A terceira equação necessária é a que relaciona a fonte de corrente com as correntes das malhas 1 e 2:
𝑖1 − 𝑖2 = 5 𝐴

Com isso nós temos o seguinte sistema de ordem 3


1 5 −4 𝑖1 10
−1 −3 6 𝑖2 = 0
1 −1 0 𝑖3 5

que pode ser reduzido para um sistema de ordem 2


6 −4 𝑖2 5
=
−4 6 𝑖3 5
Método das Malhas

De onde veio o conceito da supermalha?

É uma simplificação matemática que também possui coerência física!


OS CONCEITOS FÍSICOS: fontes de corrente também possuem tensão; a aplicação da LKT em cada malha
isoladamente; a aplicação da LKT no laço que engloba as duas malhas envolvidas na supermalha.

OS CONCEITOS MATEMÁTICOS: a combinação linear das equações isoladas de cada malha; a substituição de variáveis,
reescrevendo a fonte de corrente em função das correntes de malha.

−10 + 1 𝑖1 − 𝑖3 + 𝑣(5𝐴) + 1(𝑖1 − 𝑖2 ) = 0 (1)


1 𝑖2 − 𝑖1 − 𝑣 5𝐴 + 3(𝑖2 − 𝑖3 ) + 2𝑖2 = 0 (2)

Equação da supermalha = (1) + (2)

−10 + 1 𝑖1 − 𝑖3 + 3(𝑖2 − 𝑖3 ) + 2𝑖2 = 0; 𝑖1 − 𝑖2 = 5


Método das Malhas

Exemplo #6: Com fonte controlada

Este é um circuito com uma fonte de corrente, duas fontes


de tensão (uma independente e uma controlada por
corrente), 6 ramos e 4 nós.

Logo, precisamos de 3 equações (6 – 4 +1) a partir dos laços


de tensão.
Método das Malhas

Contudo, as malhas 2 e 3 possuem uma fonte de corrente em comum,


sendo agrupadas em uma supermalha. Inicialmente, aplicando a LKT e
a Lei de Ohm:

Na malha 1
−8 + 1 𝑖1 − 𝑖2 + 2 𝑖1 − 𝑖3 = 0

Na supermalha,
1 𝑖2 − 𝑖1 + 4𝑖2 + 3𝑖𝑥 + 2(𝑖3 − 𝑖1 ) = 0

A terceira equação necessária é a que relaciona a fonte de corrente


com as correntes das malhas 2 e 3 (repare que 𝑖3 tem o mesmo
sentido da corrente da fonte):

𝑖3 − 𝑖2 = 3 𝐴

Ainda, também é necessário expressar a fonte controlada em termos


das correntes de malha. Sem isso teremos 4 incógnitas e 3 equações.
Método das Malhas

A expressão da fonte controlada é:


𝑖1 = 𝑖𝑥
Logo,
𝑣 = 3𝑖𝑥 = 3𝑖1

As novas equações de malha são:


Malha 1
−8 + 3𝑖1 − 𝑖2 − 2 3 + 𝑖2 = 0
Supermalha
−3𝑖1 + 5𝑖2 + 2 3 + 𝑖2 + 3𝑖1 = 0

Com isso nós temos o seguinte sistema de ordem 2

3 −3 𝑖1 14
=
0 7 𝑖2 −6
Construção de equações de laços.

Verificando coerência das equações de laços

A tensão em uma resistência será sempre da forma 𝑅(𝑖1 ± 𝑖𝑥 ), onde 𝑖1 e 𝑖𝑥 são duas correntes de laço distintas. O
sinal é positivo ou negativo, respectivamente, conforme 𝑖𝑥 passe pela resistência no mesmo sentido ou no sentido
oposto ao de 𝑖1 .

Para um circuito de L correntes de laço que contem apenas fontes independentes de tensão , as equações de laço
simplificadas têm a seguinte forma:

Onde:
𝑖1, 𝑖2 , ⋯ , 𝑖𝐿 são as correntes de laço;
𝑅𝑗𝑗 é a soma das resistências do laço 𝑗;
𝑅𝑗𝑘 = 𝑅𝑘𝑗 é a soma das resistências comuns aos laços 𝑗 e 𝑘 (j ≠ 𝑘);
𝑒𝑗 é a soma algébrica das tensões das fontes no laço 𝑗, onde um termo positivo representa um fonte que tende a
produzir uma corrente no sentido de 𝑖𝑗 .
Construção de equações de laços.

Se reescrevermos o sistema na forma matricial temos uma matriz de resistências onde os termos da diagonal
principal são sempre positivos. Os termos fora da diagonal, por sua vez, são sempre simétricos em relação à diagonal
principal. O sinal procedendo 𝑅𝑗𝑘 e 𝑅𝑘𝑗 será positivo se, e somente se, as correntes de laço 𝑖𝑗 e 𝑖𝑘 circularem no
mesmo sentido através das resistências comuns a estes dois laços. Estas considerações de simetria são importantes
como ferramenta de verificação do trabalho, porém servem apenas para um sistema sem fontes controladas.
Construção de equações de laços.

Selecionar corretamente as correntes de malha

Em um circuito planar – isto é, que pode ser desenhado sem que ramos se sobreponham – o número de malhas
corresponde ao número correntes de laço necessárias para a solução do circuito.

Malhas em um circuito planar são, por definição, laços que não envolvem outros ramos. Logo, malhas são laços
independentes entre si, e as correntes que circulam ao longo das malhas constituem um conjunto satisfatório de
correntes de laço. Não é à toa que nos referimos a este método como Método das Malhas!

Contudo, a seleção correta de quais correntes utilizar depende ultimamente do problema formulado, tal qual
tentamos ressaltar quando abordamos a escolha do nó de referência em uma análise nodal. Em algumas situações,
a opção por correntes de laço será mais eficiente do que as correntes circulantes por malhas simples. O próprio
conceito de supermalha é um exemplo disso, mas esse é um exemplo de condições específicas. Vamos ilustrar com
um exemplo mais geral.
Construção de equações de laços.

Como calcular a tensão 𝑒4 no circuito ao lado pelo Método


das Malhas (ou das equações de laços)?

Este é um circuito de 6 ramos e 4 nós. Logo, são necessárias


3 equações (6-4+1) para descrever o circuito. De fato, este
circuito pode ser redesenhado como um circuito planar de 3
malhas, conforme ao lado.

Como o problema em questão é determinar a tensão 𝑒4 , a escolha tradicional


das três correntes de malhas não é a forma mais eficiente, pois nesta
configuração duas correntes desconhecidas 𝑖2 e 𝑖3 tem de ser determinadas
antes da resposta ao problema.

A melhor maneira de selecionar um conjunto de


correntes de laço independentes é fazer cada novo
laço incluir um ramo não-pertencente aos laços
anteriores. Desta forma, na nova configuração ao
lado, apenas a determinação de 𝑖4 é suficiente para
resolver o problema.
Boas práticas de solução de problemas.

Na vida profissional em geral

QUANDO OS OUTROS VÊEM CRISES, O ENGENHEIRO DEVE VER CHANCES.


Algumas pessoas possuem a característica acima como traço pessoal de caráter. Em Engenharia isso deve ser encarado
como marca do bom profissional. O engenheiro é um solucionador de problemas..

CUIDADO: não confunda isso como sendo alguém que deve procurar problemas. O bom engenheiro deve ser uma
pessoa que todos queiram ter por perto, e não um pessimista de plantão.

Envolve
Resultado obtido = Resultado planejado
Eficácia Resultados
Critérios (resultado que você queria)
que medem + resultados;
Eficiência Rendimento
a qualidade - esforço ($, material, pessoas, etapas...)
de uma solução Resultado obtido = objetivo estipulado
Efetividade Planejamento
(resultado que você precisava)
Implica em
Boas práticas de solução de problemas.

Na nossa disciplina

Envolve
Resultado obtido = Resultado planejado
(resultado que você queria)
Eficácia Resultados Em TCE1:
• Acertar as contas das equações obtidas.
• Sem erros de verificação.
+ resultados;
- esforço ($, material, pessoas, etapas, tempo...)
Eficiência Rendimento Em TCE1:
• Definir uma abordagem ao problema que demande equações em menor quantidade e
complexidade
Resultado obtido = objetivo estipulado
(resultado que você precisava)
Efetividade Planejamento Em TCE1:
• Formular o problema corretamente.
• Sem erros de validação.
Implica em
Critérios de seleção entre o Método dos Nós e o Método das Malhas.

Resolver um circuito de forma matricial é sempre eficaz na obtenção da resposta. Método dos Nós e Método das Malhas,
isto é, a Análise Nodal e a Análise dos Laços , são metodologias igualmente efetivas de resolver um problema de circuitos.
Porém, quando uma é mais eficiente que a outra?

O circuito é planar (i.e., pode ser redesenhado de Não. Vantagem para o Método dos Nós.
forma que todas as conexões de nó sejam mantidas e SIM. Podem ser usados ambos os métodos. A Análise de
nenhum ramo se sobreponha a outro)? Laços se aplica apenas em circuitos planares.

O circuito tem menos nós do que malhas? (Isto é, com SIM. Vantagem para o Método dos Nós.
R ramos e N nós: N-1 equações nodais é menor do que
R – N +1 equações de laço?) NÃO. Vantagem para o Método das Malhas.

O circuito tem supernós? (Isto é, há fontes de tensão SIM. Permitirá equações menos complexas pelo Método dos
entre dois ou mais nós distintos do nó de referência?) Nós.

O circuito tem supermalhas? (Isto é, há fontes de SIM. Permitirá equações menos complexas pelo Método das
corrente comuns a duas malhas?) Malhas.

Resolver apenas uma parte do circuito dá a solução SIM. Então reanalise as 3 perguntas anteriores em relação à
requerida? parte específica. O método mais indicado deverá ser seguido.
Critérios de seleção entre o Método dos Nós e o Método das Malhas.

Exemplo:
Quantidade de nós e malhas

(6 – 1 = 5)
5 equações, sendo um supernó que envolve 4 nós (1 equação
nodal + 3 equações mudanças de variável). (10 – 6 + 1)
Sistemas final resultante: 2 x 2 5 malhas: 5 equações de laço. Sem supermalhas.
Sistema final resultante: 5 x 5
Critérios de seleção entre o Método dos Nós e o Método das Malhas.

(6 – 1 = 5) (10 – 6 + 1)
5 equações, sendo um supernó que envolve 4 nós (1 equação 5 malhas: 5 equações de laço. Sem supermalhas.
nodal + 3 equações de mudanças de variável) Sistema final resultante: 5 x 5
Sistemas final resultante: 2 x 2

O último critério de descisão – Como você vai resolver o sistema matricial? Neste exemplo, se você vai resolver no
computador, a montagem das equações do sistema 5 x 5 vai ser mais rápida do que o sistema 2 x 2. E o computador
faz a conta. Logo, escolha a análise por malha! Se você for resolver analiticamente na mão, vale a pena gastar mais
tempo na montagem do sistema e menos tempo na resolução: escolha a análise nodal!
Turma D
2013/2

Avisos finais

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