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É um cerimonial para
reconstituir a soberania lesada por um instante[…]. A execução pública, por
rápida e cotidiana que seja, se insere em toda a série dos grandes rituais do
poder eclipsado e restaurado (coroação, entrada do rei numa cidade
conquistada, submissão dos súditos revoltados). […] O suplício não
restabelecia a justiça; reativava o poder. No século XVII, e ainda no começo
do XVIII, ele não era, com todo o seu teatro de terror, o resíduo ainda não
extinto de uma outra época. Suas crueldades, sua ostentação, a violência
corporal, o jogo desmesurado de forcas, o cerimonial cuidadoso, enfim,
todo o seu aparato se engrenava no funcionamento político da penalidade.
[…] Mas nessa cena de terror o papel do povo é ambíguo. Ele é chamado
como espectador: é convocado para assistir às exposições, às confissões
públicas; os pelourinhos, as forcas e os cadafalsos são erguidos nas praças
públicas ou à beira dos caminhos; os cadáveres dos supliciados muitas
vezes são colocados bem em evidência perto do local de seus crimes. As
pessoas não só têm que saber, mas também ver com seus próprios olhos.
Porque é necessário que tenham medo; mas também porque devem ser
testemunhas e garantias da punição, e porque até certo ponto devem
tomar parte nela.
Comentários
a) Forca ou Pelourinho
(FOUCAULT, M. Os corpos dóceis. In: FOUCAULT, M. Vigiar e Punir. Trad. Ligia M. P. Vassalo. 5.
ed. Petrópolis: Vozes, 1987, p. 127.)
Com base na passagem acima e tendo em vista a totalidade do texto do qual ela foi extraída,
como podemos definir o
Não se trata de fazer aqui a história das diversas instituições disciplinares, no que podem ter
cada uma de singular. Mas de localizar apenas numa série de exemplos algumas das técnicas
essenciais que, de uma a outra, se generalizaram mais facilmente. Técnicas sempre
minuciosas, muitas vezes íntimas, mas que têm sua importância: porque definem um certo
modo de investimento político e detalhado do corpo, uma nova ‘microfísica’ do poder.
(FOUCAULT, Michel. Os corpos dóceis. In: FOUCAULT, M. Vigiar e Punir. Trad. Ligia M. P.
Vassalo. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1987, p. 128.)
Com base no excerto acima e também no conjunto do texto estudado, como podemos definir
a ideia de “microfísica do poder”? Cite três exemplos de instituições disciplinares nas quais é
possível identificar esse modo de exercício de poder.
TEXTO I:
É isso mesmo! Um estudo israelense comprovou que comer bolo no café da manhã acelera o
metabolismo e ajuda a perder os quilinhos a mais.
TEXTO II:
“Se fizéssemos uma história do controle social do corpo, poderíamos mostrar que, até o século
XVIII inclusive, o corpo dos indivíduos é essencialmente a superfície de inscrição de suplícios e
de penas; o corpo era feito para ser supliciado e castigado. Já nas instâncias de controle que
surgem a partir do século XIX, o corpo adquire uma significação totalmente diferente; ele não
é mais o que deve ser supliciado, mas o que deve ser formado, reformado, corrigido, o que
deve adquirir aptidões, receber um certo número de qualidades, qualificar-se como corpo
capaz de trabalhar.”
FOUCAULT, M. Conferência V. In: A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Nau, 2002, p.
119.
b) a valorização hedonista do corpo, como uma forma de alienação das mentes. Cada vez mais
a sociedade perde seu potencial transformador da ordem vigente.
d) a perda dos ideais iluministas racionalistas. Com a valorização do corpo, há também uma
desvalorização do conhecimento intelectual, que é cada vez mais prejudicado. Não por acaso,
há um pragmatismo perigoso nas tomadas de decisões privadas.
O momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo humano,
que visa não unicamente o aumento das suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua
sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o torna tanto mais
obediente quanto é mais útil, e inversamente. Forma-se então uma política das coerções, que
são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos,
de seus comportamentos.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1987.
a) declínio cultural.
b) segregação racial.
c) redução da hierarquia.
Fonte: COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: história e grandes temas. São Paulo:
Saraiva, 2006. (adaptado)
Pelo exposto por Gilberto Cotrim sobre as ideias de Foucault, a principal função dos
micropoderes no corpo social é interiorizar e fazer cumprir
Por meio de um chip fixado no uniforme, uma turma de 42 estudantes do primeiro ano do
ensino médio tem suas entradas e saídas monitoradas no CEM (Centro de Ensino Médio) 414
de Samambaia, cidade-satélite do Distrito Federal.
O projeto, que começou a funcionar no dia 22 de outubro, manda mensagem por celular aos
pais ou responsáveis pelos alunos, informando o horário de entrada e saída da escola.
Segundo a diretora do CEM, a medida foi tomada para aumentar a permanência dos alunos
nas salas de aula. "Os professores dos últimos horários reclamam que muitos alunos
costumam sair antes do término das aulas. Por mais que a escola tente manter o controle, eles
dão um jeito de sair da escola".
Fonte: Folha on-line. 30 out. 2012. Adaptado. Disponível em: . Acesso em 30 out. 2012.
a) livros didáticos, que têm como fundamento tornar os estudantes sujeitos autônomos.
b) panóptico, que tem intenção de controlar, mas também de tornar mais produtivos os
corpos observados.
c) busca da verdade, que faz com que a Escola esteja comprometida com a emancipação
humana.
Texto 1
No ano de 1990, o filósofo francês Gilles Deleuze criou o conceito de “sociedade do controle”
para explicar a configuração totalitária das sociedades atuais. Na sociedade de controle as
pessoas têm a ilusão de desfrutarem de maior autonomia, pois podem, por exemplo, acessar
contas correntes e fazer compras pela Internet. Mas, por outro lado, seus comportamentos e
hábitos de consumo podem ser conhecidos pelo governo, pelos bancos e grandes empresas.
Sem suspeitarem disso, os indivíduos podem ser controlados à distância, como se cada um
fosse dotado de uma “coleira eletrônica”.
Texto 2
Pesquisa feita pela Associação Alemã das Empresas de Informação, Telecomunicação e Novas
Mídias (Bitkom) revela que 23% dos moradores do país topam ter um microchip inserido no
próprio corpo, contanto que isso traga benefícios concretos a eles. O levantamento, realizado
com cerca de mil pessoas de várias cidades, foi divulgado na feira de tecnologia Cebit, que vai
até o próximo sábado (7), em Hannover.
e) O conceito de sociedade de controle tem sua aplicação restrita a sociedades governadas por
ditaduras, não podendo ser aplicado a reflexões sobre sociedades democráticas.