O conceito de “Jaula de aço” apresentado por Max Weber em suas pesquisas é
de extrema relevância para a compreensão do capitalismo moderno, pois expõe uma
grande incoerência relativa ao nosso comportamento como indivíduos. A “jaula de ferro” refere-se referir ao fato de o trabalho tornar-se um fim em si mesmo, desprovido de sentido, já que se torna algo automático, sobre o qual não se pensa ou se reflete. Desse modo, a atividade laboral (o trabalho) perde seu “manto” da ascese protestante, o qual lhe dava um sentido (mesmo que religioso), e torna-se uma verdadeira gaiola de ferro que nos prende em uma atividade, que em sua essência, não possui sentido algum, já que seu objetivo é apenas a acumulação infinita e contínua de bens. Tendo como objeto de analise a historia em quadrinhos de Laerte, a “Esfinge”( Revista Piauí, Fevereiro de 2007), podemos criar inúmeras relações com o conceito de “Jaula de ferro”, pois a personagem em questão ( um homem adulto que trabalha em um escritório) encontra-se “presa” a uma rotina desprovida de sentido que segue a logica capitalista moderna. O homem age de forma quase que automática, seguindo sua rotina diária, levanta, vai ao banheiro, vai ao trabalho, volta para casa, assiste televisão e dorme, sem em nenhum momento se questionar sobre o porquê de ir ao escritório todo dia. Quando a esfinge (criatura da mitologia grega) devora membros de seu corpo, a personagem, sem nenhuma noção de severidade, deixa de ir ao hospital e continua focando na obtenção de lucro e no trabalho. Isso expõe a dinâmica atual em que nos encontramos, uma sociedade que foca nas técnicas de trabalho e no lucro racional e esquece das próprias necessidades. Além disso, também podemos perceber que o homem estava em um estado de alienação tão intenso, que fazia questionamentos para os quais já sabia a resposta, ou seja, não exigiam nenhuma logica, por isso a esfinge considerava suas perguntas “erradas”, pois ele não estava questionando o que realmente deveria ser questionado. Por fim, no final da história, a personagem faz o único questionamento que realmente exige o uso da logica: “Por que ir ao escritório?” em outras palavras, por que seguimos essa logica? Com isso, fica perceptível que a rotina do mundo moderno nos envolve de tal forma, que passamos a não questionar mais nossas ações, deixando de usar a logica, já que se usássemos, perceberíamos que não há sentido em estar imerso nesse sistema, no qual o objetivo é acumular eternamente sem nenhum proposito ou motivo. Em conclusão, podemos perceber que a historia é na verdade uma alegoria crítica com elementos mitológicos, que nos mostra como o ser humano na sociedade moderna se encontra alienado ao sistema capitalista, que é criticado na medida em que seu espirito, ou seja, sua essência , passa a ser algo autonomizado, irracional, no qual a razão instrumental prevalece. O trabalho, portanto, perde seu contexto religioso, de que a vontade de trabalhar seria consequência do estado de graça ausente no mundo, e passa a ser uma tarefa automática e desprovida de qualquer sentido. Fontes bibliográficas: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/esfinge/ http://www.ldaceliaoliveira.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/18/1380/18 4/arquivos/File/materiais/2014/sociologia/A_Etica_Protestante_e_o_Espirito_do _Capitalismo_Max_Weber_-_Flavio_Pierucci.pdf