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Resumo
Sendo o setor turístico importante para a Madeira, contribuindo com 26% do Pib, e
havendo uma crescente procura pela oferta cultural, do facto de 2018 ter sido o ano europeu
do património cultural, é essencial explorar a cultura madeirense.
Lista de Abreviaturas
ICCROM- International Centre for the Study of the Preservation and Restoration of
Cultural Property
[ CITATION Ján12 \l 2070 ], afirma que as necessidades dos visitantes têm-se alterado,
uma vez que, na atualidade, privilegia-se a diversidade e o interesse em conhecer as
diferentes culturas e costumes dos destinos. Também, através do estudo elaborado pelo
Concelho Europeu, intitulado “innovation”, verificou-se que a percentagem do turismo
cultural no continente europeu, têm-se mantido na ordem dos 40% das viagens registadas,
levando a que concluam que a Europa tem sido, de facto, um destino chave para o turismo
cultural. Um tipo de turismo cada vez mais apreciado na generalidade dos destinos, uma
vez que, uma das consequências deste, será o facto de estimular a atividade cultural do
próprio destino, sendo associado a um turismo de qualidade. Por conseguinte, acredita-se
que através do turismo cultural, o arquipélago da Madeira conseguirá apresentar uma
solução mais sustentável para que continue a ser um destino de eleição.
A complexidade que o conceito de turismo cultural carrega, além de toda uma oferta
turística diversa que se alicerça nos recursos culturais, optou-se por privilegiar o património
cultural.
É necessário encontrar nos valores culturais e identitários do património cultural
imóvel os suportes para construir um turismo diferenciador, de qualidade e sustentável,
além de destacar a pertinência da preservação deste tipo de património.
Na pesquisa para a realização deste estudo recorreu-se à lista de património cultural
imóvel classificado da RAM1, tendo como objetivo realizar efetuar um estudo centrado nos
miradouros enquanto património cultural.
O termo turismo evoluiu do latim, matriz do radical tour, através do seu substantivo tourns,
do verbo tornare, que significa volta a "virar". em grego “tornus”, ou seja, “círculo”. Os
franceses utilizavam a palavra Tour "tourisme" para designar viagem em círculo, excursão,
deslocamento de ida e volta. Já os ingleses, no início do século XVIII começaram a utilizar
as atuais denominações tourism e tourist. O nascimento do turismo como atividade
organizada, porém, só ocorreu no século XIX. Após a iniciativa de Thomas Cook, que
organizou sua primeira excursão em 1841.
Existem vários conceitos do que seja Turismo. As definições ora apresentadas
fundamentam-se no conceito de turismo estabelecido pela Organização Mundial de
Turismo - OMT, que compreende turismo como “as atividades que as pessoas realizam
durante viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período
inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras”.
A definição de Mathieson e Wall (1982) citado por Costa (2005) torna-se mais completa,
pois consideram que "o turismo é o movimento temporário de pessoas para destinos fora
dos seus locais habituais de trabalho e residência, as atividades desenvolvidas durante a
permanência nesses destinos e as facilidades criadas para satisfazer as suas necessidades".
Evidenciando, assim, a complexidade da atividade turística e as relações que esta envolve.
Mário Carlos Beni define turismo como: “A soma dos fenômenos e das relações
resultantes da viagem e da permanência de não residentes, na medida em que não leva a
residência permanente e não está relacionada a nenhuma atividade remuneratória.” p. 36
Beni (2001) citado por [ CITATION Cos \l 2070 ].
Um dos maiores desafios ao estudo do turismo talvez seja o de conceituar esse
fenómeno, repleto de interfaces e passível das mais diversas possibilidades de abordagens,
sejam elas científicas ou não. O fenómeno turístico pode ser definido sob vários enfoques.
As abordagens dos diversos autores conferem-lhe preceitos técnicos, académicos, jurídicos,
económicos; assim como holísticos e sistémicos, os quais tentam enquadrar o fenómeno de
maneira mais completa e aproximada da verdadeira realidade
2 Elaboração própria com base em: Comissão Europeia. (2014). Rumo a uma abordagem integrada do
património cultural europeu.Comunicação da comissão ao parlamento europeu, ao conselho, ao comité
económico e social europeu e ao comité das regiões, COM (2014) 477 final. Bruxelas.
3 Lei que estabelece as bases da política e do regime de proteção e valorização do património cultural.
4 Artigo 2º, Lei n.º 107/2001 de 8 de setembro de 2001.
5 Artigo 3º, Lei n.º 107/2001 de 8 de setembro de 2001.
que fazem parte integrante destas obras, bem como as obras de escultura ou de
pintura monumental;
b) Conjuntos: agrupamentos arquitetónicos urbanos ou rurais de suficiente
coesão, de modo a poderem ser delimitados geograficamente, e notáveis,
simultaneamente, pela sua unidade ou integração na paisagem e pelo seu
interesse histórico, arqueológico, artístico, científico ou social;
c) Sítios: obras do homem ou obras conjuntas do homem e da natureza, espaços
suficientemente característicos e homogéneos, de maneira a poderem ser
delimitados geograficamente, notáveis pelo seu interesse histórico, arqueológico,
artístico, científico ou social6.
O património cultural imóvel pode ainda ser distinguido de acordo com a seguintes
lógicas, em termos de interesses:
De realçar ainda que, independentemente da categoria do imóvel, uma vez que seja
classificado como de interesse nacional, passará a ser designado como “monumento
nacional”132.
- Viver em paz;
- Melhorara qualidade de vida;
- Contribuir para o bem-estar e a boa saúde das pessoas;
- Preservar a memória coletiva;
- Estabelecer uma boa governança;
Social - Promover a gestão participativa;
- Otimizar a implementação das convenções;
- Promover uma abordagem inclusiva do património.
8 Comissão Europeia. (2014). Rumo a uma abordagem integrada do património cultural europeu.
Comunicação da comissão ao parlamento europeu, ao conselho, ao comité económico e social europeu e ao
comité das regiões, COM (2014) 477 final. Bruxelas.
Apesar das constantes incrementações, sabe-se que o modelo seguido por 193 países
(até 31 de janeiro de 2017), era o mesmo que foi adotado em 1972, precisamente, na
Convenção para a Proteção do Património Mundial, Cultural e Natural. No caso de
Portugal, a aprovação tardaria até 1979, como apontado pelo Decreto nº 49/79, de 6 de
junho. Assim, como estado membro, tem de corresponder a vários requisitos, dos quais,
para este contexto, se destacam os apresentados no artigo nº4:
Cada um dos Estados parte na presente Convenção deverá reconhecer que a obrigação
de assegurar a identificação, protecção, conservação, valorização e transmissão às
gerações futuras do património cultural e natural referido nos artigos 1.º e 2.º e situado
no seu território constitui obrigação primordial. Para tal, deverá esforçar-se, quer por
esforço próprio, utilizando no máximo os seus recursos disponíveis, quer, se
necessário, mediante a assistência e a cooperação internacionais de que possa
beneficiar, nomeadamente no plano financeiro, artístico, científico e técnico 179.
O património cultural deve aqui ser considerado no seu sentido mais amplo, na sua
componente não só material, no sentido de trabalho humano no processo de transformação
da natureza, mas também na sua componente antropológica das práticas, valores, símbolos,
ideias e modos de vida. A noção de património aqui considerada tem como referência
necessária a sua materialidade e imaterialidade, como integrantes da motivação e da
experiência final da visita. O património cultural urbano constitui um importante fator no
estabelecimento e consolidação das populações e cidades no circuito turístico urbano
mundial.
13 Declaração de Siem Reap sobre Turismo e Cultura de Fevereiro de 2015: Declaração Sobre a Construção
de um Novo Modelo de Parceria.
de 2009, do relatório The Impact of Culture on Tourism (2009), a OECD indicava que o
número de viagens de turismo cultural tinha passado de 199 milhões em 1995, para 359
milhões em 2007. Na União Europeia, segundo o relatório Attitudes of Europeans towards
Tourism (370, 2013), 22% dos inquiridos apontou as atracões culturais e históricas como
uma motivação para regressar ao mesmo destino de férias, valor que apenas foi superado
pelas condições naturais (44%) e pela qualidade de alojamento (31%).
Com efeito, os turistas, através das suas relações nestas três dimensões, contribuem para a
produção das suas próprias experiências, únicas e enriquecedoras. São 20 intervenientes
ativos na produção do seu ambiente de significados e da sua experiência de autenticidades.
As motivações dos visitantes, serão cada vez mais sofisticadas quanto maior for a
especialização dos intervenientes.
Os gestores dos sítios culturais, estão cada vez mais a focar as suas estratégias sobre os
visitantes para assegurar o seu futuro e salvaguardar a sustentabilidade dos recursos.
- O turista culturalmente motivado - Esta pessoa seleciona um destino que reflita o seu
interesse nos equipamentos culturais oferecidos na área desse mesmo destino. Tal turista
está altamente motivado para aprender a beneficiar de cada oportunidade e passará vários
dias num destino em particular (cidade ou região) viajando bem preparado, com um guia
profissional. Este turista ideal representa uma pequena minoria, em crescimento;
-O turista culturalmente atraído. Este turista, enquanto no gozo de férias, considera uma
visita a uma cidade, lugar ou monumento, independentemente da sua localização, como um
acrescento positivo ao seu programa de férias.
O principal destino não é escolhido devido a estas facilidades, mas uma vez que está
disponível considera interessante. Com o crescimento das férias “activas”, prevê-se que
esta forma de consumo venha a aumentar. Dentro destes três segmentos, é legítimo aceitar
que as linhas de separação se possam confundir e os mesmos indivíduos poderão ser
classificados em categorias diferentes em tempos diferentes.
Fatores Push estão relacionadas ao nível pessoal e/ou social dos indivíduos. O
desenvolvimento pessoal, a apreciação e reconhecimento social, ou a necessidade de
afastamento de ambientes sociais monótonos ou até degradados, podem influenciar a
necessidade de viajar. Como refere Vareiro (2008), as variáveis demográficas estão
fortemente ligadas às motivações, sendo que a idade e nível de instrução serão as mais
determinantes. Por seu turno, os fatores Pull estão mais diretamente ligados à perceção da
oferta que o visitante tem, o seu significado e a sua capacidade de suprimir uma
necessidade.
O fator mais influente para a distinção deste tipo de turista, é o nível de habilitações
literárias mais elevado. São igualmente caracterizados por uma faixa-etária superior, pela
maior generosidade de gastos, procura por autenticidade e serviços de alta qualidade, maior
predisposição para visitar uma diversidade de pontos, tempo de estadia mais prolongado,
além de um nível de informação e exigência mais apurado.
Por isso, as ilhas são cobiçadas por aqueles que ambicionam encontrar um destino de férias
diferenciador e que proporcione outros recursos, que não sol e praia, além de experiências
únicas e emocionantes. Pretensões todas possíveis de serem concretizadas na RAM, que
embora seja um arquipélago de reduzidas dimensões, possui, na constituição da sua marca
destino, as características que a tornam numa atracão de nível mundial:
A correta conjugação destes fatores, com o aumento do turismo cultural, sem danificar os
frágeis ecossistemas insulares, abrirá portas aos diversos benefícios, que não se restringem
à vertente económica. Nesse sentido, destacam-se as seguintes vantagens no domínio da
conservação e valorização do património cultural e dos destinos:
Outros das vantagens, que se obtém através do turismo cultural e que se diferencia de
outros tipos de turismo, é o facto de conseguir envolver a população local no seu processo,
fazendo com que estas tenham uma participação ativa e desenvolvam interesse pelo seu
património cultural, criando públicos mais educados e atentos a questões de preservação:
14 Decreto Legislativo Regional n.º 15/2017/M de Junho de 2017, publicado no Diário da República n.º
109/2017. Aprova o Programa de Ordenamento Turístico da Região Autónoma da Madeira.
15 Comissão Europeia. (2012). As regiões ultraperiféricas da União Europeia: Parceria para um crescimento
inteligente, sustentável e inclusivo.
4- Referências Bibliográficas
AAUMa. (2018). Madeiran Heritage: Sharing our Legacy. s.l.: s.n. Disponível em:
https://issuu.com/aauma/docs/livreto_mh_v2_issu.
Carlson, J., & Butler, R. (2011). Introducing Sustainable Perspectives of Island Tourism. In
J. Carlson, & R. Butler (Eds.), Island Tourism: Sustainable Perspectives (pp. 1-7).
Oxfordshire: CAB International.
Cros, H., & McKercher, B. (2012). Cultural Tourism: The Partnership Between Tourism
and Cultural Heritage Management. Nova Iorque: Routledge.
Carta de Burra de Agosto de 2013: Carta Sobre Lugares de Significado Cultural. Disponível
em: < https://australia.icomos.org/wp-content/uploads/The-Burra-Charter-2013-Adopted-
31.10.2013.pdf>.
http://www.culturaltourismnetwork.eu/uploads/5/0/6/0/50604825/thessalia_charter_second
_edition_v3.pdf>.