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dificil de realizar & limitada nos casos de traigio flagrante ou de agressio direts contra o senhor. im geral, a transmissio hereditéria dos feudes modifica 9 equi- librio da relagao entre senhores e vassalos, distende o lagu pessoal estabelecide entre eles, restringe as exigéncias senhoriais e contribui para uma crescente autonomizacao dos vassalos. Disseminaeao e ancoragem espacial do poder Mais do que detalhar as regras do diceto Feudal, & importante eaptar as Formas de organizagao social e as dinimicas de transformagie, no interior das quis as relagdes fendo-vassilicas puderam ter certo papel. Sem ser propriamente sua causa, a difusao destas acompanhou um processo de disseminagio da autorids- de, inicialmente imperial ou real (quer dizer, do poder de comando e de justics, que chamamos de hart). Como vimos, desde a segunda metade do século 1X os lagos de fdelidadie que sustentavam a sparente unidade imperial revelam se cia alta aristocracia local aire mam sua erescente autonomia, O século x é, assim, o tempo dos ‘principados", ver mais fsigeis © as entidades tervitoriais confisdas grandes regives constituidas em condados ou dueados, eujo senhor confunde aaguilo que vonceme ao seu proprio poder, militar ¢ funds, com a autoridade publica, que no passado era conferida pelo imperudor cu pelo rei. A patrimonial: zagao da funcao do conde, que assume a defesa militar ¢ exerce a justica, levi 8 formagio de comandos auténomos & transmitidos hereditariamente. O mesmo processo se repete depois, em um nivel inferior. Condes e duques utiliza a vas- salidade como um dos meios que Ihes permite, além dos lagos de parentesco ou de amizade, parantir a fidclidade dos nobres Iocais © dispor de um cireulo con- Fidvel e de um contingente militar t@o considexvel quanto posstvel. Depois, a coesio dos prineipados ucaba, por sua vez, cedendo, no fim do séeulo X ou m0 decarrer do séeulo Xi, 0 que s6 ¢ acentuado pela evolugo no sentido da trans: ‘missio herecitiria dos Feudos, Em ritmos diferentes e de acorda com modalida- cles variéveis segunclo as regiées — aqui, desmoronamento precoce ¢ total da autoridade condal, come no Maconnais estudado por Georges Duby; li, presen: ga mais duradoura desta, fazendo apenas concessies limitadas e revogiveis, como no éondada de Flandres; sem falar de uma infinidade de situagdes inter- medistias urna parte importante do poder de eomande insereve-se, dorsvan- te, no quadro dos vice-condados e das “eastelanias’, que, por sua vez, encampam 0 exercicio da justica eo dizeito de construir custelos, antes prerrogativas da auto- ridade real, depois, da autoridade condal, Por fim, senhorios de extensto ainda mais reduzida tomam-se, no fim do século x1 e durante o século xi, um dos qua- 126. Jere ocho lementares do poder sobre os homens (uma dominagao que, num tal con- hhesiteriamos em qualificas, conforme o nosso vocebuléria, de “politica” serna da légica feudal consiste, assim, em uma dissemin. da autoridade ‘esniveis mais locais da organizacio social. E preciso, ainds, notar que, se ela des reis personagens dotados de uma capacidade muito fraca de comando, a 4c20 do quadto senhoria] amplia-se ainds mais no fim do século Xie no ‘ull, enquanto jé se esbog2 uma retomada da autoridade real Para a historiografla do século 30, estreitamente associada ao projeto da bur- ‘engajada na construgio do Estado nacional e que coneehia sua gesta como Jato contra © Antigo Regime feudal, tal (ragmentagdo senhorial aparecia © cimulo do horror ¢ complementa légico de abscurantismo medieval va-se, ento, um dever insistir sobre as desordens e as destruigdes pro- pelas guerras privadas entre senhores, a fim de melhor revelar a “evidén- = 2 anarquia feudal e, em contraste, a ordem trazida por um Estado nacional jo, fundado sobre um direito unifieado (do qual o direito romano ¢, cconstituido como referencia mitica). E dificil nio ver quanto essa visio de- sa da Idade Média estéligada d ideologia do século xX €a0s interesses ime- daqueles que a promoveram. Era, ent&o, mais do que tempo de os historia: submeterem essa heranga & critica; e € revelador, a este propdsito, que se podido, recentemente, intitular uma obra consagrada & Franga dos séculos <0: A ordem senharial. Como indica 0 seu autos, 6 preciso para isso “imaginar cates do Estado moderno, certo equilibrio social e politico possa ter existide sos poderes loeais ¢ de Feigao privada” (Domingue Barthélemy). Mesme <2 ¢ limitade e regulamentads pelos eéeigos da faide, ndw se poderia negar a ‘a dessa ordem, nem a rude exploragiio que cla impiie & maioria dos pred- A expressiio niio poderia, entio, ser entendida coma um julgamento de mas somente como um julgamento de fato: 2 ordem reina no mundo feudal, io sem efiedicia, sem o que nao poderfamos explicar 6 impressionante desen- to do mundo rural que se opera ao mesmo tempo que a dispersto feudal -sxoridade, De fato, esta deve ser analisada menos em termos de fragmenta: ‘s (percepgio negativa a partir de um ideal estatal) que de manelra positiva, ‘em processo de “ancoragem espacial do poder” (Joseph Morsel). A concentra ‘cx de poderes de origens diferentes nas maos de senhoces priximos ¢ exigentes ‘sedkri mesmo ser considerada um dos elementos decisivos do erescimento oci- sevesl. Ao menos, deve-se admitir que essa forma de organizacio era suficiente- smente adaptada as possibilidades materiais de produgao ¢ 4 Tigica social global gers cue essa combinagao dé lugar a uma poténcia dindmica que, de resto, nio se “ests apenas A quantifieacdo econdmica, mas abrange o conjunto dos fenémenos gee concorrem para a afirmagao da civilizacao feudal. A cimeiagho reupat 127 A CONSTITUIGAO DO SENHORIO E A RELAGAO DE DOMINIUM Uma vez que a vassalidade, restrita aos grupos dominantes, conceme apenas luma infima proporgdio dos homens (e menos ainda das mulheres), ela nao por tia constituir a principal relagao social no seio do sistema feudal. Esta d ‘engujar 0 essencial da populacao e delinir o quadeo fundamental no qual s¢ lizam a produce e a reprodugao social: assim, s6 pode tratar-se da relacio en 0s senhores ¢ 08 pradutores que dependem deles (notar-se-é, aqui, que o terme ‘senhor’ designa aquele que controla um senhorio, na relagio com seus depen dentes, ¢ no tem o mesmo sentido que na relagto feudo-vessilica; de resto aquele que tem um serhorio recebeu-o, geralmente, como vassalo de um senhor mais poderoso). Sera seguidas, aqui, as andlises de Alain Guerreau, que da a esta relacio entre senhores e dependentes o nome de dominium (ou domi agio feudal), pois ela engaja — segundo os teemos da época —, de um lado, sum domritus (mestre, senhor) ¢, de outeo, produtores pastos em posigio de depen- dencia, Estes sltimos sao qualificados de homines propii (homens do senhor) ow de “vildos” (villani, quer dizer, os habitantes do lugar, originalmente a villa) © termo “vila0", que de inicio no 6 pejorativo, ¢ sem diivida 0 mais adequodo, ‘em primeiro lugar porque a nvgo moderna de “camponés” no tem equivalen- te nas concepcies medievais, Nelas, os homens rarais nao eram definidos por suas atividades (0 trabalho da terra), mas pelo termo “vill”, que abrange todos 698 aldedos, seja qual for sue atividade (ef inchutdos os artesius), € que indica ialmente residéncia Iocal. Fle tamhém nao designa um estatuto juridice ivre/nao-livre), questao que parece selativamente secundéria. A base funds mental dessa relacdo social € antes de orclem espacial: ela designa todos os habi- {antes de um senhorio, os vikias (ou, se quisermos, aldedos) que sofem a domi nagao do senhor do lugar. Além disso, assim como o laco vassilico, essa relagzo enuineia-se nos mesmos termes que a rehucto do fel com Deus {homo/dominus). Perante o senhor feudal, os vilios estio, entdo, na mesa posigdo que os homens diante de Deus, de modo que as duas relagbes se reforgam mutuamen- te, come em um jogo de espelhos. Antes de precisar a naturez da relago de dowissium, € indispensavel definir 0 quaciro espacial no qual ela se estabelece e que, pela raziio ja dita, € aspecto decisivo. 128 Jaxio Basohet ‘© wascimento da aldeia e 0 encelulamento dos homens "See resultante da vinculagao dos eseravos aos mansos, soja relacionads 20s _Sec=atores dos alédios, o habitat rural do fim da Alta Idade Média é disperso e _sesnel. Ele consiste de eonstrugees leves, cuja armacso € em madeira (e que som aos arqueslogos apenas tragos superficiais ou inexistentes). Hora alguns _eticios mais importantes, que exercem 0 papel de pontos fixes, estas frdgeis ‘seradias sao periodicamente abanlonadas. Se lembrarmos, aids, que a agricul- ‘ee de entio 6 extensiva ¢ parcialmente itinerante, podemos concluir que, "sede por volta de 900, as populagdes rurais do Ocidente esto imperfeitamen- = Sachs. Depois, em momentos diferentes segundo as regides (no essencial, ‘ee scuunds metade do século x ¢ no decorrer do século xt, mas por vezes mais ‘sediamente, como no Império), opera-se um amplo remanejamento da zona ‘seal. Ao lado da transformayao das terras em terrenos cultiviveis e da conquis- ‘== de novos solos, deve-se mencionar a reestruturagta dos patsiméaios eclesiés- ‘Sees que, além do crescimento des deagBes piedosas de que cles se beneficiann “=85o, enseja uma intense pritiea de cessies, vendas ou traca, w que permite ‘= dominios da lgreja uma maior coesto espactal. Isso contribui — junta com ‘sess fendmenos que afetam as terras laicas, como o declinio dos alédios, obri- ‘gobo a se pdr na dependéncia ce um poderoso — para uma fixagio mais clara “& foteamento, bem como para uma estabilizagio da rede de caminhos. Mas 0 ‘ssencial €, sem diivida, o reagrupamento dos homens (eongregatio howsim) ‘© fixacao de habitat rural, cada vex mais feito em pedra. O resultado é “o nas- ‘ss=nio da aldeia no Oeidemte”, desde que se admita, seguindo Robert Eossier, “== uma akdleia supde “um agrupamento compacto de casss Lixas, mas também |] uma organizagio coerente do territério em torna e, sobretudo, 0 apareci pesto de uma tomada de conscincia comunitéria, sem a qual nd ha ‘aldeaos’, = spcnas ‘habitantes”. Por volta de 900, no existem aldeias conforme essa “SeSnicdo: por volta de 1100, o essencial dos campos ocidentais & organizado ‘Ge maneira, Entre os dois momentos, organizou-se 0 essencial da rede de ‘ebitagves rurais que (com o acréscimo das novas aldeias implantadas aa longo ‘> scoulos XU € Xi, nus zamas de colonizagao, ¢ levando em conta o ahandano contos higares) vai perduurar até o século xix. Evidentemente, se nao 6 uma ‘= eluedo, como tentou dizer Robert Fossier, &, a0 menos, uma mutagio consi- -desivel, pots ela desenha afi Longe de ser homogéneo, esse processo se realiza segundo cronalogias © seedalidades muito variadas conforme as regises (e no interior de cada uma “ss). Particularmente precoce na Tula central, onde comeca antes de meados S < intermedisria entre a escravidia ¢ a liberdade: o servo nio € mais una pro esedede do senor, assimilade ao gado, mas sua iberdade mareada por impor ssnies limitagdes. Se a eseravidio € um cativeio definitivo, o ritual de scrvidao, ssclizado em cettas tepides € durante 0 qual o servo trax. uma corda no pescogo, sercce indicar um cativciro de que se € imperfeitamente resgatado pelo page ‘seento de uma obrigagio. Trés marcas principais exprimem a limitaggo da liber ade do servo: 0 chevage (ou captacto),trihuta pelo qual alguém se resgata do “cativeiro: a mtinmarte, que significa a ineapacidade & propriedade plena de um -eetriméinio e que impoe 0 confisco pelo senhor de parte da heranga transmiti- Ge pelo servo: ¢, enfim, o formariage, taxa paga quando do casamento ¢ que ‘ssunifesta a limitagdo da liberdade matrimonial. Finalmente, seria necesséria ‘screscentar a importineia das corvéias, trabalho dovido ao senhor, que no so ‘exclusivas dos serves, mas que, no caso destes, sio deixueks em maior gr ao ‘scbitrio do senhor, Este quadro deveria se tornar muito mais complicado para Ger conta da diversidade regional e, sobrendo, pelo fato cle que essas obrigagses ‘peso. por veres, sabre camponeses livres. De resto, nio € certo que a siluagiio -seaterial dos servos seja sempre mais dramatiea que a de seus vizinhos lives e ‘pede-se peryuntar se 0 peso espeetfico de sua condig&o no se refira sobretude ‘ecrancha humilhante de uma servidio que da lugar a miltiplas situagaes de ‘Setesio ou de discsiminago. Mas o essencial é sublinhar que a servidao é ape- ‘== uma forma de exploragio dentre outras. Se, por veres, seguindo 0 caiinho por Georges Duby, tenha-se talvez minimizalo excessivamente 0 seu pode-se, sem divida, concluir atualmente que a escravidio medieval iio sem dominante nem marginal. “Ela néo é 0 corago do sistema, mas uina de cchaves’, manuseada dentre outras formas de exploragtio, ora abandonada, ‘ee= setomaca (Dominique Barthélemy). Se a tendéncia do conjunto é sobretu- de declinio, a servidao pode, segundo as regiées e as épocas, abranger a dos aldetos ou desoparecer completamente. Pode-se admitie que, na ela sfete entre 10% e 20% cla populagao rural E preciso, entdo, anslisar a forma mais geral da dominagao feudal, aquela s insteura entre um senhor € 0s vilfos que, de maneiza completa ou par- dependem dele. A relacio de dominiuys estabelecida entre eles manifesta- or umm feixe emaranhado ¢ extraordinariamente variado de obrigagées, 38 Ss € comum atribuir dupla origem. A primeira seria fundidria e se assentaria Acwirascha rxepat 133 tandovos a respeftarem os clérigos e os pobres, chamanalo 4 restaurugio da or piblica © da par, Assim, cles se apropriam de uma preoeupacde abandonada pele poder real e atraem o apoio popular. Entretanto, Dominique Barthélemy fez obsex var que este movimento no 6 nem de origem popular nem anti-senborial, pois « Igreja clenuncia a viol@ncia da aristocra ia Iaica na medida em que ela prépria € sie vitima e, de fato, defende seus préprios senhorios em face de uma pressco arisio critica que ameaga ineomodi-l 1m sua luta contra a nobrera, por veres, elt far pelo ao povo, afetado pelas mesmas causas, o qbe nao ¢ isento de perigo e ars: cca a transhordar seus préprios objetivos. Os movimentos da paz de Deus fazem, eta, intervir grapos populares, mas seu objetivo Fundamental €a manutencio de tuma ordem senhorial que 2 Igreja pretende dominar. Qs eritices das teses muta- ionistas também enfatizaram que, nesse movimento, nido se opera nenhuma muda aristocracta e a Tgreja que dominam a sociedade, mas ambas conhecem uma vigo- rosa reorganizagio, Come dissemos, a partir de entiio a dominacao aristocsitice ancora loculmente e toma-se mais cficaz gragas a remadelagem espacial dos campos, Mas a questi cronoldgica levantada pelo debate sobre o “ano mil” per ca de classe dominante. Scja antes, soja depois do ano mil, sto sempre 2 rmanece insoliel: € evidente que o encelulamento nao poderia ser redusido aos decenios prdiximos do ano mil; suas rafzes remontam ao inicio do século 1 ¢ ele se completa lentamente, até pleno si discrepineias, assim como a auséneia de uma cronologia uniforme na eseala do uo wi A progzessividade dos fenémenos ¢ suas Ceidente, impéem que se prevalega essa dindmica plurisecular? Ou, entio, seria possivel idemtificar, por volta de 980-1060, uma aceleragio da proceso (eastelani- ‘ayo, senhoralizaca, edificagio de igrejas, sem falar das transformagoes da ordem eclesial, de que se falaré no capitulo seguinte) em ur niimero significative de 0, talvez, menos incompativeis do que parece. Enfim, 0 essencial consiste em reconhecer natureza dos processos em anlamenta: quer se recorra & nocao de encelulamento, ‘quer sejam preferidos outros termos, a reconfiguragto socioespacial — da qual 0 casiclo ¢ 0 senhotio, a igreja c a partquia, a aldeia ea eamumidade s8o as Favetas diversomente combindveis — leva 8 formagdo de um sistema dotado de uma coe- réneia nova e que € 0 quadro de um desenvolvimento de amplitude inéclita, regides? A polémica sobre 0 ano mil esgotase e esses duas apc A relagdo de dominium Hoje nai se eré mais, como queria a historiografia tradicional, que todos os pro- dutores dependentes do senhor feudal foss sma das conteibuicdes mais marcantes da obra de Georges Duby & de ter mostrado que @ servidio 132 Jeon Bact 220 era a forma central de exploragzo do feudalismo. E verdade que esta exis su © node ser considerada 0 resultado da evolucae da Alta Idade Média, quan- , paralelamente ao eclipse da escravidao, a distingao entre livres e nao-livres perde sua clareza e nao consegue mais dar canta das situagdes intermediérias que s: multiplicam. A servido é, finalmente, a forma estabilizada de uma posi- sSo intermiedifria entre a escravidao e a liberdade: o servo nao & mais uma pro- priedide do senhor, assimilado ao gado, mas sua liberdade & marcada par impor- sntes limitagdes, Se a escraviddo 6 um cativeiro definitivo, o riual de servidao, ssalizedo em certas repides ¢ durante 0 qual 6 servo traz uma cord no pescoco, perce: indicar um eativeiro de que se 6 imperfeitamente resgatado pelo paga- sento de uma obripacdo. Tres marcas principais exprimem a limitagio da liber dade tlo servo: o chevuge (ou captagio), tribute pelo qual alguém se resgata do ‘vciro; 8 mainmorte, que significa a ineapacidade a propriedade plena de um _patriminio © que impie 0 confisco pelo senhor de parte da heranca transmiti- & pdo servo; ¢, enfim, 0 formeriage, taxa paga quando do casamento ¢ que ssenifesta @ limitacto da liberdade matrimonial. Finalmente, seria necessério -screscentar « importincia das corvéias, trabalho devido ao senhor, que no sto exclusivas dos servos, mas que, no caso destes, so deixadas em maior grat ao -s=bitro do senhor. Este quadro deveria se tornar muito-mais eomplicado para Ser conta da diversidade regional e, sobretudo, pelo faio de que essas obrigacoes pesam, por veres, sobre camponeses livres. De resto, nio é certo que a situagaio ‘sSterial dos servos sea sempre mais dramética que a de seus vizinhos livres e pede-se perguntar se 0 peso espectfico de sua condigia nao se refira sobretudo = mancha humilhante de uma servidao que dé lugar a multiplas situagdies de Scclusdo ou de discriminagdo, Mas o essencial ¢ sublinhar que a serviddo 6 ape- ‘sss uma forma de exploracao denise outras. Se, por veres, seguindo o camninho shea por Georges Duby, tenha-se talvez minimizado excesswamente. 0 ‘psec! pocle-se, sem divide, cuneluir atvalmente que a escravidao medieval no Sem: dominante nem marginal. “Ela nao € 0 coragio do sistema, mas uma de ‘sax chaves”, manuseada dentre outras formas de exploracio, ora abandonada, ‘es retomada (Dominique Barthélemy). Se a tendéncia do conjunto é sobreta Se de declinio, a setvidio pode, segundo as regides ¢ as épocas, abranger a seetace dos aldetos ou desaparecer completamente. Pode-se admitir que, na sedis. cla afete entre 10% e 20% da populaczo rural. E preciso, enti, analisar a forma mais geral da dominagio feudal, aquela ‘ge= se instaura entre um senhor & es vilius que, de maneira completa ou par- ‘eal cependem dele. A relagdo de dominiam estabelecida entre eles manifesta ‘se por um feixe emaranhado ¢ extraordinariamente variado de obrigagtics, as == € comum atribuir dupla origem. A primeira seria fundidria e se assentaria Acciwnreagacresene 199 sobte 4 posse eminente do solo, reivindieada pelo senor. & segunda deri da disseminacio do poder politico ¢ da captagio, no nivel senhorial, das p gativas de autoridade pablica, ou seja, essencialmente, a imperative de militar, a manutengtio da paz € 0 exercicio da justica. Como este poder comand, de origem real, € nomeado ben, quis-se forjar a expresso “senhi banal” (por oposigio a um simples senhorio fundiétio}, para expressar o fato ‘que a descida do poder, antes dos soberanes ou condes, para as maos dos se res constitui uma peca-chave do novn poderio destes tiltimos (Georges Dal Mas essa expressao, sem fundamento nos textos medievais, tem o inconveni te de sugerir que se poderia distinguir claramente, no poder do senhor, 0 que’ refere ao ban € 0 que é de origem fandiina. Ora, 0 que caraeteriza 0 sen} €, justamente, a fusto desses dois clementos em uma dominagao Gniea, 0 torna sem pertinéncia o cuidado de diferencis-los. © senhor explora diretamente uma parte do solo claramente mais reduzi do que no sistema dominial da Alta Idade Média. Se esta parte pode atingic tergo ou a metade das terras cultivadas, muita vezes ela se restringe a menos tum décimo e observa-se uma forte tendéncia dos senbores w se efasterem da vidade proditiva em si. A maior parte do ager é, entio, constituida pelas t cas (ienures: conjunto de parcelas dispersas em zonas distintas do territério) 6s aleos cultivam individual e livemente, e que transmicem avs seus desc dentes. Mas eles tm, em relago a0 senhar, um conjunto de obrigagaes e dé the pagar maltiplas taxas, algumas sendo "guerables’ (eobradas no proprio de produci),? outras (que implicam reconhecimento do lago de depend devendo ser levadas a0 castelo, especialmente uma ou cuas vezes por ano, ‘uma ceriménia ritualizada, incluindo gestos de submissio. Esse ritual & a fe Vistvel da relagdo de dominacka feudal, ¢ como ele pde o senhor (ou seu. senfante) na presenca de seus dependentes, parece justificar a observagio Marx sublinhando que a sociedade medieval é Fundads sobre uma “dependé pessoal", de modo que “todas as relagties sociais aparecem como relagoes e pessoas". Pode-se evoear, aqui, « ampla panéplia de twas e deveres imp: pelos senhores, mas convém-sublinhar que sua prépria combinagdio, segu proporgdies © modalidedes especfficas, ¢, ainda mais, seu carter extraordina mente variavel (inclusive entre lugares vizinhos, entre senhores de uma mi aldein ou enire dependentes de um mesmo senhor), sie caracteristicas prin do dominium, Uma dessas tas, tarciamente generalizada, chama-se taille” ® 7, Os “droits querables" saa aqueles diveos que seahor dese ir buscar (qui) junta 20s dependentes. (N.C) B.Tathe. ON.) 134 Jerime Beer € possivel, se se faz questo disso, atribuirlhe uma origem no baa, pois preten- e-ce que ela seja cobrada em contrapartida da protegao das aldesos. O senhor zostaria de estipulé-la como bem entendesse, mas os camponeses exigem dele o “chomoment’? quer dizer, a Fixagio nos limites estabelecidos pelo costume. Fpre- ‘20 payar também go censo, que parece ser © arrendamento da terra e que con- -ssie em uma parte da colheita, entregue ix natura (o chavapart). A parcentagem ‘aria fortemenie segundo os tipos de solo e as regides, entre um tergo e um quine ©, som excluir texas particularmente baixas ou outras excepcionalmente eleva- ss. Mas existem também outras opgées, como na Itilia, onde o contrat» live- le” arrendamento de trinta anos renovavel, € particularmente vantajoso para os -camponeses, ou como a meag%o, repartico pela metade quando o senor forne- ‘ce sementes e parelhas de animats, soligdo esta que conhecers grande sucesso so fim da Idade Média. A evoluc3o mais importante do conso € sua progressiva ‘sansformagao, a partir do inicio do século Xi, em uma renda paga em dinheiro, ‘© que nto oconre sem dificuldade, na medida em que © senhor se esforca por ‘spor sua propria estimativa da contrapartida monetiria, que rarumente é do esto dos produtores. E preciso acrescentar, ainda, 0 direito de hospedagem ‘brigar e sustentar o senhor e sua corte um certo ntimero de dias por ano), os “presentes” e ajuudas excepcionais que o senhor exige em certas oeasives, tals ‘como 0 pagamento de um resyate, uma peregrinaeao, um easemento ot uma «clebragdo familiar, mas que tendem a ser convertidos em uma soma pags anual- seente. Outros elementos concorrem, igualmente, para a dominagio dos senho- ses, que mandam construir 0 moinho da aldeia, mas também o lagar & 0 fomo, e, sebrcindo a partir do século xt, obrigam os habitantes a utilizélos, em troca de pesados taxas, como por exemplo um décimo das gros travis (& por isso que 0 ‘mleira € visto como um homem do senhor e deixado & margem da cormunidade <2kéea). Enfim, os direitos de mutagio (“lads et ventes"),¢, para os senhores que podem cobré-los, os pedagios sobre as mercadorias, na passagem de rios ou em ‘certos pontos dos caminhos, ou, ainda, no momento da venda no mercado local, sferecem um rendimento razodvel e, por vezes, considersvel. Um eutr aspecto fundamental do poder do senhor 6 a possibilidade de cxerver cle préprio a justiga, que se torna ainda mais efetiva visto que a justiga 5 conde se enfraquece e se revela incapaz de realizar sua tarefa. Também nisso Xo francs ang, aburmentnt, do verbo aber, splice exabelecr a Hotes ou maneos ‘erms) de ura campus esse eras afr em desuso em eneicio de buraagee hone. Dato ses, conteste, de restinginae air mie. (NT) 20. Do italiano Fvllo foro, conse, &N,T) £1 Laas termo do dirt feudal que indica w consentimento do senhor para uma trarsagan, impli - Sem negar o poderio exorbitan- = dos senhores, deve-se certamente dar maior atenga Seessidade das situac’ sesvus. 0 jugo 6, muitas veres, esmagador, ¢ maitas familias livres dispbem ape- ‘sss de um minimo vital (estimado em quatro ou cinco hectares, levando em conta as taxas a serem pagas) e tém como tinica preocupacio assegurar a sta s nuangas € repacar a es atestadas no seia do mundo aldedo, Para a minoria dos A-civiiangxe reupst J37 sobrevivéncia. Mas os aldeaos padem estar em uma situagao mais ventajosa, desde que disponham de uma superficie um pouco superior de boas temas (oite ‘ou nove hectares nio so excepcionais), cujos rendimentos aumentam, desde que eles também tenham conseguido resgatar suas obrigagdes, que baixar em decoréncia ila desvalorizacdio monetéria, Eles Tiberam, entao, um excedente que é vendido no mercado local, gracas ao qual eles podem comprar ferramen- tas para melhorar o trabalho da terra, alimentos que Thes assegurem um regime mais equilibrado, tecidos e diversos objetos que melhorem sua contlieao de vida. Enfim, sobretudo no séeulo Xill, quase sempre aparece na aldeia uma elite de alguns trabolhadores (os weliores villun’) que, dispondo das parcelas mais proslutivas ¢ mais bem agrupadas, assim como de animais de trabalho fortes, se elevam acima do vulgo, a tal ponto que recorrem ao trabalho dos aldedios mais desprovidos para explorar suas terras. Etao, entre os sécuilos si xil, proc se uma forte diferenciacio intema no seio das aldeias. Isso significa que, se © quadio senhorial beneficia iniciatmente os senhores, ele também permite que ‘os dominados, 20 menos alguns dentre sensival de sua situagao. Também aqui, € preciso evitar tanto a legenda negra s, se aproveitem de uma melhoris como # legenda vosa. Admitir-se-4, ao mesmo tempo — ¢ 6 iss0, sem duvida, extremamen- te pesacla, devide a ampla gama de prerragativas que ela concentra nas maos dos senhores, € que ela concede aos dependentes uma considerdvel margem de que faz a forca do sistema feudal —, que a dominacso senhorial manobra e de iniciativa, que Thes permite também aproveitar, em certa medida, do desenvolvimento da zona rural. Uma vex passados os sobressaltos dé instala gio do quadro senhorial, ¢ até meados do século xn, pelo menos, « marutencio de um relative equilibria no seia das senhorios beneficia, em proporgdes vari veis, é verdade, tanto os cdominantes como os dominados. Se esse equilibria & raramente rompido nos séculos Xt Xit por revoltas abertas, ele permanece sempre inigil. Ele € uedido por infinites contfites,afton- tamentos permanentes ¢ resisténcias veladas, principalmente porque 0s aldeios se esforgam em fixar os pagamentos de obrigacdes, a0 passo que a irregulatidade das cobrangas 6 um aspecto caracterfstico de uma dominacao da qual se denun- ia de bom grado o carter arbitrario. Na segunda metade do século Nite duran: te 0 século Xi essas tenséies acentuam-se notavelmente, As querelas relativas 20 ‘montante do resgate das comvéias ajuntam-se os efeitos da desvalorizago mone- ‘aria, que leva 08 senhores a exigic um “sobrecense”, abuso considerade inaceits vel pelos camponeses. Os conflitos para os direitos de uso do saltus tarcbém siio acirrados, pois 03 senhares se esforcam por controlar mais estritamente as flores tas, estahelecendo nelas zonas reservadas 2 caga ¢ outras destinadus 3 renoveicao da mata, regulamentando 9 corte de certas espécies, impondo mvnltas para todas 138 Jerome Basher “es infrages cometidas & procurando taxar os direitos de exploragdo © de pasta- ‘=m, enquanto ns camponeses defendem seus direitos costumeiros ¢ afirmam “gee 65828 terras silo comamuztia (bens comunitérios). Em resumo, em cada um Ges aspectos da dominagao senhorial existem Ssperas lutas entre dominantes “ecsinados. Estas sao foxtemente agravadas pela crescente necessidade de Kiqui- “Gee das aristocratas, pois se estima que, especialmente em virtude da desvalori- “sacso monetiia, 0s gastos necessérios para manter sua posigao, militar e social, -gebran ao longo do século xt, Evoca-se com freqiiéncia uma tendéneia de baixa “dss tas de cobranga de rendimentos, a qual, uma ver atingido certo patamat, ‘semoca periédicas reagdes senhoriais a fim de restaurar uma pressio sabre os geoduiores que vinha diminuindo, De fato, a “renda senhorial” esta em perma ‘nente recamposigio, de modo que a evolugao desfavorivel de certos rendimen- ‘es tende a ser compensada por novas formas de pungio, 0 que pode levar aié ‘eens reativagdo da serviddo; mas os aldedos, habituados # se beneficiar de uma -sestiva melhora de sua condigfio, no podem sendo lutar vigorosammente contra seco questionamento dos costumes que Ihes so favordveis. ‘Nilo podemos terminar este breve apanhado das relacbes entre dominantes, << dominados sem sublinhar a emergéncia de formas de auto-onganizacio da ‘sepulaciio alded. Suas origens ¢ suas modalidades diferem fortemente segundo es resides. As conftarias de aldeia, que desde o século xitreduplicam 0 quadro ‘seroquial, sio muitas veres sua primeira expresso. Associacdes de dlevagin e de seda mdtua que cimentam a unidade dos aldedos, elas assumem as obrigacdes Gecacidade para com 08 pobres, asseguram os enterros dos mais desprovidos e, por wezes, adquirem terra que: clas mesmas exploram. Em varias regides, & a comunidade aldes que eonstréi ¢ assegura a manutengao da igreja, de maneiza -sxeScoma, embora em acorda com o paroco. Assumindo esta fungi, as confia- ‘ss aldeas do século Xil, que também organizam o banquete anual da comuni dete e siv dotadas de poder econdmice importante, acabam exercendo um sepel de primeiro plano, Flas contribuem para a cristalizagdo de uma verdadlei- = orgunizaco comunal no seio da aldeia, A comunidade &, entio, dotada de sexs personalidade moral: a partic do séeulo Xi, ela retine-se em assembléia “gerlementim, vicinium) para tomar as decisBes importantes ¢ clege pot um ano ‘seus representantes, Esta “democracia na aldeta”é vivaz, sobretuelo, até o sécu~ “e-u, antes de ce esgotar quando o papel da assembléia declina em proveito do ‘sepe! de seus representantes, ou mesmo de um conselho formado pelos mem= ‘Sens mais influentes da comunidade (Monique Bourin), As aldeias so em geral dotadas, nos séculos Xie Xl, de cartas de franguia ‘gcc fixam as respectivas obrigaces do senhor e de seus dependentes. Dadas a sez cspecificidade e a sua precocidade, elas nao podem ser tidas como simples Averiizacde teuval 139 decalques das cartas das comunas urbanas, Rams no Inglatema e substitufdas ro Tmpério por “declaragies de diteitos’ (Weistuw), que muitas vezes visam separar 08 diteitos que diferentes senhores exercem em tna mesma aldela, as ceartas de frangquia s20 numerosas na Franga, na Italia e nos reinos hispAnicos, onde os fueros sto paticularmente prceaces. A dversidade das situagbes inpe- de oestabelecimento de um quacro homoggien dels, Segundo 0 caso, elas satis- fazem, eo maior ou menor grat, as TeivindicagSes dos aldedos (supressdo de ccenas obrigigdes, monetarizacao de outros pagimentos ce Laxas ¢ definigio de ‘um montante fixo), mas tambyém do lugar a medidas desejalas pelos senhores: {sso quando no visam regular conflitos entre senhores diferentes. Mais do que consiclerar as curtas de franquia conguistasarrancadas pelos vilios, € preciso ver relas um compromisso resultante de uma telacéo negociada (pode-se mesmo, por sezes, abservar que a carta de uma mesma nkdeia é periodicamente reescri- ta ou modificad em um ritmo répido, da order de uma dezensa de anos; Benoit, Cusemte}. De fato, s¢ os senhores facilmente dio cansentimento para as ear tas, mesma se elas fortalecem 2s comunidades aldeis, &, sem divida, porque eles véem nclas o meio de assentar sua dominagio e mesmo de fazer da commu nidade alded a gareniia de suas prerrogativas. E nesse espirito que as cartas de franguia tatificam o abandono de certas exigencias senhorais, asseyuram a us0 dos bens cumunais reivindicado pelos dependentes ¢, por veres, transferem mesmo o recebimento de algunas abrigagBies e o exerefcio de uma competen- cia judiciéria para a comunidade. Esta dispée, entSo, de um orgamentw proprio (especialmente, para a manutencio dos caminhos, da igreja ou de outras cons- trugbes) € de um tribunal auténomo, mas que, em geral,julga apenas ltigios ‘agririos e permanoce parcialmente eontrolado pelo senhor, © qual pode se reser- var o reccbimento de uma parte das malas. Os camponeses, portanto, estdo longe de softer passivamente a domina- 80 senhorial e a aldeia sabe organizarse independentemente do castelo e da igreja. No entonto, nto se poderia, em decorténcia dis, idealizar a democra- cia alded. Suas assembléias exclucm as mulheres ¢ as cartas de franquia expri- mem, em larga medida, os intecesses da elite camponesa (0s msiores em opo: siglo 208 minores}, com a qual os senhores compreendem que & necessério compor. Em muitos casos, as cartas de franquia so os instmientos de uma consolidagdo do poder senhorial. Mas, sejam quais forem os limites, a auto onganizagio das comunidades aldeas, a um s6 tempo unidas como coletivida dese atravessackis por elivagens interns, & um pracesso notavel, que age tam bem a favor dos dominados, Entre os resultados mais consideriveis pode: se reter uma melhor organizacao do trabellho eampones (por exemplo, a designa- 0 em rodizio de um pastor “comunal” para vigiar os animais de todos os 140. prime Poche aldedios; por vezes, o estabelecimento ¢ a vigilancia de uma rede de irrigacdo), 2 reivindicagao dos bens comunais e de sua gest3o (caminhos, eiachos e zonas mncultas), ¢ a defesa dos direitos coletivos, particularmente a livre pastagem nas terras em que a colheita acaba de ser realizada, Finalmente, essa organtiat- io reforea a consciéncia comunitéria, que se manifesta notadamente pelas procistGes, nas quais se exibe a ordem alded, ¢ pelos rituals apropriados, como 2 plantagao das arvores de maic au a eleigao anual de wm rei da juventude na seqiiéncia de ama prova, tal como um combate de galos ou uma eaga ao pis- saro.!2 Nessas priticas € representayies, exprimem-se, a0 mesmo tempo, uma busca da unidade comumitéria (a consciéncia de formar uma entidade espect- fica) €0 reconhecimento das diferengas e das hierarquias intemas que carac- verizam essa coletividade. Uma dominagao total? Salvo excegzo, os senhores intervém eada vez menos na atividade produtiva em si mesma. No essencial, esta é organizada no quadro da comunidade aldea, de spancica auténoma em relagso ans senhores. No entanto, se a dominagso senho- al pormanece largamente exterior a0 micleo da atividade produtiva (o cultivo hs temas), ela é exercida ainda mals vigorosamente acima e abaixo desta Acima, porque — € af esti o papel do encelulamenta — 0s daminantes orde- sam 0 préprio quadro da vida social ¢ da atividade produtiva através do reageu- pamento do habitat, 0 estabelecimento de senhorios © do quadro paroqutel, ¢ mesmo, de certa maneita, através do reforgo da comunidad aldes. Abaixo, pelo Seine de obrigagiies tos que compéem a “renda senhorial’, inclusive ‘ss varxagens tiradas do endividamento e do controle diferenciado dos estoques ccrealfevos. & pagames Exercendo-se quer unteriormente quer posteriormente, a domina- ‘<& senhorial enquada fortemente a atividade prodativa, embora esta seja live sente realizada pelos dependentes, no quadra da comunidade alded. Do =sesmo mado, mesmo se os habitantes de uma mesma aldeia podem depender 2 virios senhores diferentes, para direitos e terras diferentes, o dowintiua apa- sce como nima forma de dominagtio “total’, no sentido de que ele concentra, ses mos de um ou varios senhores, um poder Iocalizado, € verdade, mas em eecal considerdvel, assuciando miltiplos aspectos que nés considerariamos — se cles no se encantrassem estreitamente imbricados — militares, econémi- ‘oo rcual que consists em eaptinar¢, eentuament, decupitur wave: nio deve ser confun- “sb com a cage comm aso de pssaras, cm geral 0 falco. (NT) A civitizache pune JAI cos, politica ¢ judictitios. Quer se atribua ou nao 2 esses poderes uma du ‘origem, fundiia € ligida ao han, 0 importante & sublinhar que eles se com! ‘nam de maneira a levar a-uma Fuso do controle da terra © da dominasio sal ‘0s homens (o comando militar e 0 exereicio da justisa na auséncia de qualqu ‘utra autoridade efiear). Entre esses dois aspectos a imbricaglo 6 tal que nas Ihé mais nenhum sentido em querer dissoci-los on distingui-los, e é nisso que

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