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CONFIABILIDADE DE SONDAGENS MISTAS -

ESTUDO DE CASO
Reliability Standard Penetration Test - case study
Eva Priscila Cardosoa
Thiago Bomjardim Portob
Guilherme Jorge Brigolini Silvac

a Mestranda em Geotecnia pela Univeridade Federal de Ouro Preto (MG, Brasil). Engenheira Civil pelo
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (MG, Brasil).
b Doutor em Geotecnia pela Univeridade Federal de Ouro Preto (MG, Brasil). Professor do Ensino Básico,
Técnico e Tecnológico do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (MG, Brasil).
c Doutor em Engenharia Metalúrgica e de Minas pela Universidade Federal de Minas Gerais (MG, Brasil).
Professor Associado com dedicação exclusiva da Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto (MG,
Brasil).

RESUMO – É essencial conhecer o comportamento e condições do terreno em subsuperfície para


empreendimentos de engenharia seguros e econômicos. Foram analisados 76 boletins de sondagens mistas
realizadas por empresa especializada na área de geotecnia e com atuação internacional em novembro de 2012
a fevereiro de 2013, na cidade de Arapiraca – AL (Brasil). As sondagens foram feitas para auxiliar no projeto
de implantação das bases civis de usina de mineração na região. A análise dos dados mostra que foram
encontrados nível de lençol freático a 0 m de profundidade, indicando uma boa capacidade hídrica. Porém, a
região é caracterizada por escassez de água e as sondagens foram feitas no período de seca. Tendo em vista os
resultados obtidos e as características climáticas, geológicas e hidrográficas da região, constata-se falha na
execução e análise das sondagens no que se refere às medições no nível d’água, que poderiam ser evitadas
através de uma fiscalização efetiva.

SYNOPSIS – It is essential to know the behavior and conditions of the sub-surface terrain for safe and
economical engineering projects. Seventy-six mixed survey reports were analyzed by a company specialized
in the geotechnical field and with international operations from November 2012 to February 2013, in the city
of Arapiraca - AL (Brazil). The surveys were carried out to assist in the project to set up civilian bases, to
support the mining plant in the region. Data analysis shows that groundwater level 0 m deep was found,
indicating good water capacity. However, the region is characterized by water scarcity and surveys were
carried out in the dry season. In view of the results obtained and the climatic, geological and hydrographic
characteristics of the region, there is a failure in the execution and analysis of the surveys with regard to
measurements at the water level, which could be avoided through an effective inspection.

Palavras Chave – SPT; Análise de Sondagem; Medições nível d’água.

Keywords – SPT; Survey Analysis; Water level measurements.

E-mails: evapcardoso@hotmail.com, thiago.porto@cefetmg.br (2º autor), guilhermebrigolini@ufop.edu.br (3º autor)


ORCID: orcid.org/0000-0003-3171-560X, orcid.org/0000-0002-3355-0477, orcid.org/0000-0002-3355-0477.

0379-952 – Geotecnia nº ### – março/marzo/march 20## – pp. ## - ## #


http://doi.org/10.24849/j.geot.20##.###.0# – © 20## Sociedade Portuguesa de Geotecnia
1 – INTRODUÇÃO

Na engenharia civil, a análise preliminar do solo onde se pretende realizar um


empreendimento é de fundamental importância para o desenvolvimento dos projetos seguintes,
pois, esta garante dados técnicos que subsidiam a escolha do tipo de fundação, seja edificação rasa
ou profunda. Esses dados permitem condições para a elaboração do planejamento construtivo
dentro dos parâmetros de segurança exigidos pela normatização (Aguiar, 2014).
O conhecimento do comportamento e condições do solo em subsuperfície é essencial para
empreendimentos de engenharia seguros e econômicos. Esse tipo de informação é utilizado em
fundações, estruturas de contenção, estabilidade de taludes, entre outras. As informações utilizadas
são oriundas de ensaios de campo, que resultam na definição das propriedades e da estratigrafia do
solo (Folle, 2002).
A análise mais detalhada das camadas do solo permite especificar o perfil e a resistência do
solo e o possível nível de água nas camadas analisadas da área, onde se pretende realizar o
empreendimento. Na construção civil, existem diversas ferramentas para a caracterização do solo
por métodos de campo, como ensaio de penetração padrão (SPT), de cone (CPT), piezocone
(CPTU), ensaio de palheta, pressiométrico, dilatométrico, entre outros (Aguiar, 2014). O trabalho
apresentado focou sua análise nos dados coletados pelo ensaio de sondagem mista (SM), ou seja, a
penetração padrão, Standard Penetration Test (SPT) e com auxílio de sondagem rotativa.
O ensaio SPT (Standard Penetration Test) é um método de investigação e caracterização de
solo utilizado, não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro (Odebrecht, 2003). Embora sua difusão
tenha sido favorecida pela simplicidade de execução, problemas como diversidade de
procedimentos de ensaio, imprecisões nas medidas e inadequação de métodos de análise são
reconhecidos (Rodríguez et al., 2015). Assim como qualquer outro ensaio de campo ou de
laboratório, o SPT está sujeito à influência de diversos fatores. Geralmente esses fatores podem ser
classificados como sendo de três naturezas: humana, de equipamento e de procedimento
(Carvalho, 2012).
A sondagem rotativa é definida pela Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e
Ambiental (ABGE) - Boletim nº 3- 4ª edição São Paulo/1999, como um método de perfuração do
subsolo por meio de equipamento moto-mecanizado pesado. Esse consiste na rotação de um
dispositivo cortante (coroa) com aplicação simultânea de pressão para avanço vertical, permitindo
atingir grandes profundidades. Seu objetivo principal é obter amostras de rochas com formato
cilíndrico, representativas das formações geológicas presentes no subsolo para fins de
caracterização.
Estima-se que o custo de investigações de solo, nas obras civis em geral, gira em torno de 0,5
a 1% do total da construção da estrutura. Caso o engenheiro projetista se defronte com
informações inadequadas a respeito do terreno, cabe ao projetista solicitar nova campanha de
sondagem para aferição das características geológico geotécnicas do terreno em estudo (Folle,
2002). Velloso (1990), diz que para garantir à qualidade de obras em que se trabalha com materiais
como solo e rocha, é de extrema importância a presença de um profissional experiente em campo,
já que esses materiais possuem características específicas que podem alterar em determinadas
condições.
.Dessa forma, percebe-se a importância de uma investigação adequada, por meio de ensaios
executados de acordo com a norma específica, e contando com o acompanhamento do campo, por
um técnico conhecedor de solos e procedimentos de sondagens.
Por meio de um estudo de caso, serão apresentados a análise e resultados encontrados em uma
série de sondagens mistas. Destacando os possiveis erros e a importancia de um estudo prévio de
características geológicas, hidrológicas e climáticas para análise de resultados apresentados no
ensaio de sondagem mista, além de mostrar a importancia de um sistema de fiscalização eficiente
para evitar a nescessídade da repetição e perda de ensaios, que acabam gerando maiores custos e
atrasos a obra.
2 – INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA

Para que um programa de investigação de terreno seja adequado, ele deve ser uma atividade
preliminar para a execução de um projeto na engenharia civil, levando em consideração as
características e o tipo da obra, por exemplo: a construção de um metro de barragem necessita de
um conhecimento mais minucioso do subsolo e da rocha quando comparados à construção de uma
residência térrea. As informações obtidas na investigação geotécnica devem ser suficientes para
permitir a elaboração de projetos seguros e econômicos, pois caso a investigação seja mal
executada ou tenha seus dados mal interpretados, os projetos podem ser inadequados, gerando
aumento de custos ou patologias estruturais (KNAPPETT e CRAIG ,2015).
Segundo Schnaid e Odebrecht (2012) para planejar a investigação geotécnica a ser assumida
devem ser considerados além das características e complexidade da obra, os riscos envolvidos e o
meio físico. Os autores explicam que a execução se baseia em ensaio de campo, pois esses
proporcionam uma previsão mais realista do comportamento do solo, independentemente da
abordagem para a elaboração dessa investigação.
O ensaio de penetração dinâmica, mais conhecido como SPT, é o mais utilizado para
investigações geotécnicas. Ele é capaz de ultrapassar o nível d’água e solos relativamente
compactos, porém não possui capacidade de ultrapassar blocos de rocha, alterações rochosas ou
solos residuais muito compactos, tornando assim nescessário o uso de sondagens rotativas
(CINTRA et al.,2013).
De acordo com Delatim et al. (2013) a junção, em um mesmo furo, da metodologia da
sondagem a percussão para os trechos de solo e da metodologia da sondagem rotativa (SR) para os
trechos em rocha, é denominado sondagem mista (SM). A apresentação de seus resultados deve
ser feita por meio de boletins de sondagem (Figura 1).
Dessa forma, o boletim de sondagem mista deve possuir elementos tanto da sondagem à
percussão, quanto da sondagem rotativa, apresentando no mínimo: nome da obra e interessado,
identificação e localização do furo, diâmetro da sondagem e método de perfuração, cota (quando
fornecida), data de execução, nome do sondador e da firma, tabela contendo a leitura de nível
d'água com data, hora, profundidade do furo, profundidade do revestimento e observações sobre
eventuais fugas d'água, artesianismo, entre outro. Em situações onde não é atingido o nível d'água,
deverão constar no boletim as palavras “furo seco”. O boletim deve possuir também a posição
final dos revestimentos; os resultados dos ensaios de penetração, com o número de golpes e
avanço em centímetros para cada terço de penetração do amostrador; os resultados dos ensaios de
lavagem, com o intervalo ensaiado, avanço em centímetros e tempo de operação da peça de
lavagem; os resultados dos ensaios de permeabilidade, com o processo utilizado, posição das
extremidades inferior e superior do revestimento, a profundidade do furo, diâmetro do
revestimento e medidas de absorção d'água feitas a cada minuto, com a respectiva unidade;
identificação das anomalias observadas; confirmação do preenchimento do furo ou motivo de seu
não preenchimento e motivo da paralisação do furo. É nescessário também conter, nos boletins de
sondagem mista, a inclinação e rumo do furo, a recuperação dos testemunhos em porcentagem, por
manobra; o número de peças de testemunhos por metro, segundo trechos de mesmo padrão de
fraturamento (freqüência de fraturas), com respectivo RQD (índice de qualidade de rocha), que é a
somatória dos testemunhos de rochas iguais ou maiores que 10 cm, dividida pelo comprimento
total do trecho, expressa em porcentagem. O visto do encarregado pela execução do ensaio, da
contratada na obra também é um dos itens mínimos exigidos que deve constar em um boletim de
sondagem mista (DELATIM et al.,2013).
O visto do encarregado pela execução, o nome do sondador e da firma, são requisitos que de
certa forma responsabilizam os profissionais envolvidos no ensaio caso ocorra algum erro,
ressaltando assim a importância de se manter a qualidade na execução dos ensaios pelas empresas
prestadoras de tal serviço, qualidade essa que pode ser garantida por uma constante e efetiva
fiscalização.
Figura 1: Boletim de sondagem (Acervo dos autores)
2.1 – O Ensaio SPT

2.1.1 – Considerações iniciais

Segundo Schnaid e Odebrecht (2012) o ensaio SPT é a ferramenta de investigação geotecnia


mais popular, economica e utilizada em quase todo mundo. Esse ensaio se torna mais vantajoso
que os demais, pela sua simplicidade de equipamento, baixo custo e obtenção de valor numérico
de ensaio que pode ser relacionado de forma direta, como regras de projeto empíricas.
De acordo com os autores o SPT é uma média da resistência dinâmica associada a uma
sondagem, sendo possibilitado pela sondagem determinar as diferentes camadas de solo do local
analisado.
Dantas Neto et al. (2015) destacam que além da estratigrafia do solo, as sondagens do tipo
SPT são úteis por fornecerem um valor numérico (NSPT) que indica o grau de compacidade (solos
granulares) ou consistência (solos finos) dos solos.
Aguiar (2014) explica que o ensaio SPT tem como finalidade fornecer a profundidade das
camadas do subsolo, fazendo sua descrição por meio de uma análise tátil visual, e obtém, pelo
número de golpes, o índice de resistência à penetração e, sempre que possível, a determinação da
profundidade do nível do lençol freático.
De acordo com o Delatim et al. (2013) quando é atingido algum obstáculo impenetrável ao
amostrador ou ao trépano de lavagem do equipamento a percussão, esse fica impossibilitado de
definir a natureza do obstáculo, tornando nescessário a execução de sondagens rotativas.

2.1.2 – Normas de Referencia

A normatização do ensaio SPT foi adotada pela primeira vez no mundo no ano de 1958 pela
Americam Society for Testing and Materials (ASTM). Hoje existem várias normas nacionais e um
padrão internacional adotado como referência: International Reference Test Procedure
(IRTP/ISSMFE, 1989b).
Na Europa a norma regulamentadora é a ISO 22476-3 (2005). Já na América do Sul é usual a
aplicação da normatização norte-americana ASTM D1586 (1984) e no Brasil o ensaio possue
normatização específica, a NBR 6484/2001. O uso regional de procedimentos não padronizados e
diferentes do padrão intercional é muito comum (SCHNAID; ODEBRECHT, 2012). Isso se
justifica pelo nível de desenvolvimento e investigação de cada país, sendo mais importantes as
adaptações das técnicas de escavação às diversas condições de subsolo, como apresentam Irelanda
et al., (1970).
De acordo com a NBR 6484 (2001) o equipamento utilizado para o ensaio SPT é constituído
de um tripé, bomba injetora de água, amostrador padrão, peneiras, hastes, trépanos, baldes, cabos e
mangueiras. Como ilustra a Figura 2, o ensaio constitui-se basicamente de um tripé com roldana
que possibilita a cravação do amostrador padrão no solo, através de um martelo padronizado de 65
kg, em uma altura de 75 cm. Já o tubo amostrador padrão tem 45 cm de comprimento e diâmetro
externo de 50 mm. Sendo que se faz necessário a contagem de números de golpes (Nspt) para o
amostrador penetrar os últimos 30 cm, de um total de 45 cm, intercalados de 15 cm cada. Este
instrumento possibilita a avaliação da resistência do solo, enquanto o tipo de material no interior
do amostrador identifica a tipologia do terreno (Aguiar, 2014).
A execução da Sondagem SPT tem seu início com planejamento prévio das atividades.
Considerando as características do terreno e o tipo de empreendimento que será construido, é
determinada a locação e a quantidade de furos para a sondagem, (NBR 8036, 1983). Em cada furo,
é montada uma torre (tripé), com altura em torno de 5 metros e um conjunto de roldanas e cordas,
que auxiliará no manuseio da composição de hastes por força manual (NBR 6484, 2001).
Figura 2 – Esquema do aparato de realização do SPT (Schnaid, 2000).

A execução da Sondagem SPT tem seu início com planejamento prévio das atividades.
Considerando as características do terreno e o tipo de empreendimento, é determinada a locação e
a quantidade de furos para a sondagem, (NBR 8036, 1983). Em cada furo, monta-se uma torre
(tripé), com altura em torno de 5 metros e um conjunto de roldanas e cordas, que auxiliará no
manuseio da composição de hastes por força manual (NBR 6484, 2001).
A sondagem deve ser iniciada com emprego do trado-concha ou cavadeira manual até a
profundidade de 1 m, seguindo-se a instalação até essa profundidade, do primeiro segmento do
tubo de revestimento dotado de sapata cortante. Na base do furo apoia-se o amostrador padrão
acoplado a hastes de perfuração; marca-se na haste um segmento de 45 cm dividido em trechos
iguais de 15 cm; em seguida o martelo padronizado de 65kg deve ser apoiado suavemente sobre a
cabeça de bater, anotando,caso ocorra, a penetração do amostrador no solo, caso isso não ocorra
ergue-se o martelo até a altura de 75 cm e deixa-se cair em queda livre sobre a haste. Tal
procedimento é repetido até que o amostrador penetre 45 cm do solo; a soma do número de golpes
necessários para a penetração do amostrador nos últimos 30 cm é o que dará o índice de resistência
do solo na profundidade ensaiada (NBR 6484, 2001).
É interrompida a cravação do amostrador padrão antes dos 45 cm de penetração quando, em
qualquer dos três segmentos de 15 cm, o número de golpes ultrapassar 30; um total de 50 golpes
for aplicado durante toda a cravação e quando não ocorrer avanço do amostrador-padrão durante a
aplicação de cinco golpes sucessivos do martelo. Depois de atingidas as condições descritas
anteriormente e a retirada da composição com o amostrador, deve ser executado o ensaio de
avanço da perfuração por circulação de água (NBR 6484, 2001).
A NBR 6484 (2001) considera a sondagem como encerrada quando, no ensaio de avanço da
perfuração por circulação de água, forem obtidos avanços inferiores a 5 cm em cada período de 10
minutos ou quando, após a realização de quatro ensaios consecutivos, não for alcançada a
profundidade de execução do SPT. Podendo essa ser encerrada em solos de menor resistência à
penetração, desde que for atingido o critério técnico adequado para aquela obra, com justificativa
geotécnica ou solicitação do cliente.
Por fim as amostras extraídas recebem classificação quanto às granulometrias dominantes, cor,
presença de minerais especiais, restos vegetais e outras informações relevantes encontradas. A
indicação da consistência ou compacidade e da origem geológica da formação, complementa a
caracterização do solo (Braja, 2011; Pinto, 2011).
Os resultados obtidos, como nível da água e número dos golpes encontrados nas medições de
intervalos sucessivos de 15 cm, feitas de metro a metro, são anotados no relatório de campo
elaborado pelo técnico responsável, para posterior entrega ao engenheiro responsável pela
elaboração da planilha e relatório final de sondagem (NBR 6484, 2001).
Como dito anteriormente o uso regional e diferente do padrão internacional é muito comum,
com isso é possível observar algumas diferenças entre as normas regulamentadoras do ensaio,
como por exemplo, a massa do martelo e o critério de parada. No ensaio SPT regido pela ISO
22476-3, a massa do martelo é de 63,5 kg e o ensaio é considerado terminado em casos onde não
se consegue cravar uma das partes de 150 mm ao fim de 50 pancadas, em solos, ou 100 pancadas
em rochas brandas. Já na norma ASTM D1586 (1984) utiliza-se um martelo de massa de 62,3 kg e
recomenda assumir o ensaio como finalizado quando o número de pancadas necessárias para
cravar uma das partes de 15 cm é superior a 60; quando um total de 100 pancadas for aplicado na
totalidade dos três trechos de 15 cm e não se observam penetrações ao fim de 10 pancadas
sucessivas.

2.1.3 – Fatores influencidores na sondagem SPT

Como qualquer ensaio de campo ou de laboratório, a sondagem SPT está sujeita a influência
de inúmeros fatores, sendo que os principais podem ser classificados como sendo de três esferas:
procedimento, equipamento e humana. Ainda na década de 60, alguns pesquisadores como Mohr
(1966) e Fletcher (1965), realizaram estudos apontando fatores que podem influenciar de maneira
negativa os ensaios de SPT como diâmetro do furo de sondagem, furo de sondagem com limpeza
inadequada; equilíbrio hidrostático; uso de circulação de água na perfuração; frequência dos
golpes; erros de contagem, medidas e anotações; entre outros.
Fletcher (1965) explica que o quanto maior o diâmetro do furo, maior será a perturbação
provocada, e que a limpeza do fundo do furo feita de forma inadequada, pode aumentar ou
diminuir o número de golpes necessários para cravar o amostrador, isto pela permanência ou a
excessiva remoção dos resíduos que poderão permanecer no fundo do furo no início do ensaio.
Sabendo da influencia causada pelo equilíbrio hidrostático e a circulação de água na
perfuração do furo de sondagem do ensaio, manter um nível de água no poço igual ou acima do
nível da água subterrânea in situ, é muito importante, pois impede que águas subterrâneas
cheguem ao fundo do poço, o que pode afrouxar o solo e resultar em baixos valores medidos de
NSPT (ISO 22476-3, 2005).
Segundo Carvalho (2012) outro fator que foi adicionado por Mohr em 1966 como
influencidor na sondagem SPT é a questão comercial-econômica das empresas executoras de
sondagens, em que a produtividade e o lucro têm prioridade sobre os demais aspectos.

2.2 – Sondagem Rotativa

2.2.1 – Considerações iniciais

De acordo com Delatim (2017) a sondagem rotativa iniciou no Brasil na década de 1940, pelo
Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT), quando esse adquiriu a primeira sonda
com coroa diamantada, para os estudos geológicos da Barragem de Salto Grande, no Rio
Paranapanema.
Segundo Pinheiro et al. (2015) sondagem rotativa consiste no uso de um conjunto moto
mecanizado projetado para a obtenção de amostras de materiais rochosos por meio de ação
perfurante composta basicamente por forças de penetração e rotação que, atuam com poder
cortante. Essas amostras recebem o nome de testemunho e possuem formato cilíndrico (Figura 3).

Figura 3: Caixa de testemunho (Acervo dos autores)


De acordo com Velloso e Lopes (2010) o processo de perfuração do furo consiste em fazer
girar as hastes (pelo cabeçote de perfuração) e força-las para baixo, em geral, por um sistema
hidráulico. Uma ferramenta tubular chamada barrilete é utilizada durante o processo de sondagem
rotativa para corte e retirada de amostras de rocha, que são denominadas de testemunho. Essas
ferramentas têm em sua extremidade inferior uma coroa, que pode ter pastilhas de tungstênio ou
diamantes, esses amostradores são ilustrados na Figura 4.

Figura 4: Amostradores para rochas, (a) barrilete simples, (b) barrilete duplo, (c) barrilete
duplo giratório (VELLOSO e LOPES, 2010).

Através da avaliação das amostras de material rochoso encontrado no ensaio, são elaborados
os boletins individuais de sondagem, possuindo informações como a composição mineralógica,
textural, cor, consistência, forma dos grãos, estruturas, feições importantes e alterações que podem
afetar a resistência mecânica, deformabilidade e modificação da permeabilidade e porosidade das
rochas.
De acordo com Delatim et al. (2013) a sondagem rotativa deve ser iniciada após ser atingido o
impenetrável ao ensaio SPT, ou seja, até 5 cm de penetração depois de 10 golpes consecutivos,
excluídos os primeiros 5 golpes ou quando forem atingidos 50 golpes no mesmo ensaio.

2.2.2 – Normas de Referências

A realização do ensaio de sondagem rotativa é regida no Brasil pela norma DNER-PRO


102/97, onde é apresentado pela mesma as definições, equipamentos e execução da sondagem
rotativa.
Os principais elementos para execução da sondagem rotativa são: tripé, sonda rotativa,
conjunto moto-bomba d’água, hastes, barriletes, coroas, luvas alargadoras (calibradores), tubos de
revestimento e demais acessórios à execução de sondagens rotativas, além dos equipamentos
exigidos para as sondagens a percussão que como: Composição de perfuração, trado-concha ou
cavadeira, trado helicoidal, amostrador-padrão, cabeças de bater, martelo padronizado, baldinho
para esgotar água do furo, medidor de nível d’água, metro de balcão, recipientes para amostras;
bomba d’água centrífuga motorizada, caixa d’água ou tambor com divisória interna para
decantação e ferramentas gerais necessárias à operação da aparelhagem (DNER-PRO 102/97).
De acordo com Delatim et al. (2013), existem normas estabelecidas para padronizar as
dimensões e nomenclaturas de equipamentos de sondagens, a fim de tornar a linguagem mais
comum e acessível e permitir a permutabilidade de peças provenientes de diversos fabricantes.
No mundo há dois sistemas que normalizam dimensões e nomenclaturas para sondagens
rotativas, o padrão americano ou D.C.D.M.A., que utiliza a combinação de duas ou mais letras
para designar diâmetros e modelos dos equipamentos e o padrão europeu, também conhecido por
sistema métrico ou Crailius, que apresenta o diâmetro do furo em mm e uma ou mais letras para
designar o modelo do equipamento. O padrão mais utilizado no Brasil para a fabricação dos
equipamentos de sondagens rotativas é e D.C.D.M.A., retringindo muito os equipamentos
fabricados segundo o padrão europeu. Os diâmetros de sondagem mais utilizados pelo padrão
americano estão expostos na Tabela 1.

Tabela 1: Diâmetros mais comuns de furos e testemunhos (DELATIM et al., 2013)


Nomeclatura Diâmetro (mm)
Padrão DCDMA Furo Testemunho
EW 37,71 21,46

AW 48,00 30,10
BW 59,94 42,04
NW 75,64 54,73
HW 99,23 76,20

A execução do ensaio de sondagem rotativa realizado em terreno seco deverá ser iniciada após
a limpeza de uma área que permita o desenvolvimento de todas as operações sem que haja nenhum
obstáculo. Para desviar águas de enxurradas no caso de ocorrência de chuvas, é necessário fazer a
abertura de um sulco ao redor. O equipamento de sondagem deverá ser firmemente ancorado no
terreno, para minimizar as transmissões vibrações para a composição dos tubos de sondagem
(DELATIM et al., 2013 e DNER-PRO 102/97).
Em terrenos alagados, a sondagem deverá ser feita a partir de plataforma fixa ou flutuante,
sempre estando firmemente ancorada. No local da execução da sondagem, deve-se cravar um
piquete para a identificação da sondagem, que servirá de ponto de referência para medidas de
profundidades e de armação topográfica.
O perfil obtido por uma sondagem deve caracterizar toda a extensão do terreno atravessado.
Para isso se torna nescessário para os trechos de solo, o uso do processo de percussão, e os trechos
de rocha (alterada ou não), pelo processo rotativo (DNER-PRO 102/97).
A escolha do diâmetro inicial depende de prévio acordo, devendo ser levada em conta as
necessidades técnicas da obra. De maneira geral, os diâmetros maiores possibilitam uma melhor
recuperação dos testemunhos e melhores informações do estado “in situ” da rocha.
Para garantir a perfeita recuperação dos materiais atravessados, é necessário o emprego de
todos os recursos das sondagens rotativas. Sendo os principais deles, escolha de equipamentos e
acessórios apropriados às condições geológicas, emprego de lamas bentoníticas como fluído de
perfuração, realização de manobras curtas, adequação da velocida-de de perfuração às
características geológicas da rocha perfurada, entre outras (DELATIM et al., 2013 e DNER-PRO
102/97).
São elementos de interesse a registro das características da sonda rotativa e da coluna de
perfuração utilizadas, o tempo de realização de manobras, características da coroa (quilatagem,
P.P.Q., tipo, tempo de uso, etc.), e também a avaliação da pressão aplicada sobre a composição,
sua velocidade de rotação, velocidade de avanço, pressão e vazão de água de circulação
(DELATIM et al., 2013).
Caso o avanço da sondagem rotativa, ocorrer por mais de 50 cm de material mole ou
incoerente, salvo especificação em contrário, deverá ser executado um ensaio de penetração SPT,
seguido de outros a intervalos de 1 m (DELATIM et al. 2013 e DNER-PRO 102/97).
Após o término do furo, esse deve ser preenchido, deixando-se cravada a seu lado uma estaca
com a identificação da sondagem. Em furos de sítios de barragens, o preenchimento deverá ser
feito com calda grossa de cimento ou argamassa, vertida no fundo do furo com auxílio de um tubo,
que será alçado à medida que ocorrer o preenchimento. Nos demais furos, o preenchimento será
feito com solo ou solo cimento, ao longo de toda sua profundidade.

2.3 – Nível da Água (NA) em um furo de sondagem

Em qualquer projeto de engenharia civil é de extrema importância conhecer a posição do


lençol freático, assim como suas variações causadas pelas características da região, clima e estação
do ano, precipitações e outros agentes climáticos (VICTORINO et al., 2003).
A construção em áreas com lençol freático próximo à superfície pode causar problemas de
infiltração de água nas construções, alagamentos e rebaixamento do solo. Os riscos de
contaminação do lençol freático em áreas onde ele se encontra mais próximo à superfície são
maiores, já que a distância que o contaminante terá que percorrer até atingir a água é menor,
facilitando assim a contaminação (MARTINS et al., 2015).
A observação do nível d’água deve ser executada no Brasil de acordo com a NBR 6484
(2001), que explica que, o nível do lençol freático inicialmente se faz durante a perfuração,
estando o operador atento a qualquer aumento aparente da umidade no solo. Nesse momento, a
operação de perfuração é interrompida e passa-se a observar a elevação do nível d’água no furo,
efetuando-se leituras a cada 5 minutos, durante 15 minutos no mínimo. Sempre que ocorrer
interrupção, a medida da posição do nível da água, bem como a profundidade aberta do furo e da
posição do tubo de revestimento. Sendo observados níveis de água variáveis, essas variações
devem ser anotadas em um relatório. Após o término da sondagem, deve ser feito o máximo
rebaixamento possível da coluna d’água interna do furo. Após o encerramento da sondagem e a
retirada do tubo de revestimento, decorridos no mínimo 12 horas, e estando o furo não obstruído,
deve ser medida a posição do nível d’água, bem como a profundidade até onde o furo permanece
aberto.
No processo de sondagem rotativa ao ser encontrado o nível freático, a sua profundidade
deverá ser anotada. Quando ocorrer artesianismo não-surgente, deve ser realizado o registro do
nível estático, a vazão e o respectivo nível dinâmico. Deve-se medir os níveis d’água
(estático/dinâmico), todos os dias antes de se iniciar os trabalhos (DELATIM et al.,2013 e DNER-
PRO 102/97).
Existindo o interesse na obtenção de uma medida de nível piezométrico em qualquer trecho do
furo em andamento, poderá ser solicitada a instalação em cota determinada, de um obturador
durante o intervalo entre dois turnos de perfuração. Neste caso, no reinicio dos trabalhos, serão
medidos os níveis d'água, internos à tubulação do obturador e externos a ela (DELATIM et al.,
2013).
Após a última leitura de nível d’água, salvo orientação ao contrário, o furo de sondagem
deverá ser totalmente preenchido, deixando-se cravada a seu lado uma estaca com a identificação
da sondagem.
3 – FISCALIZAÇÃO DE OBRAS

De acordo com Malta (2016) a fiscalização de qualquer tipo de obra é obrigatória para a
verificação das boas práticas de aplicação e instalação e também sempre que a correção de um
método de trabalho é nescessária. Em circunstâncias em que a função final da obra possa ser
comprometida, é nescessário a paralização dos trabalhos por meio da fiscalização. Malta (2016)
completa que é de responsabilidade da entidade fiscalizadora, assegurar o controle administrativo,
de faturação e o cumprimentode prazos, e também a verificação da conformidade dos trabalhos
executados, funcionando assim como uma medida de controlo de qualidade.
Alonso (2011) apresenta em seu livro que qualidade é um conceito relativo, que varia com a
descoberta de novas tecnologias, seja em função dos custos envolvidos ou outros aspectos da
questão. O autor explica que do ponto de vista da aplicabilidade, a garantia da qualidade requer
alguns reqisitos, entre eles, a qualidade a ser obtida deve ser nitidamente delimitada; os
procedimentos de garantia de qualidade devem ser delimitados nitidamente para toda equipe e
integrados no cronograma para planejamento, projeto e execução; toda documentação gerada pelos
procedimentos da garantia de qualidade deve ser devidamente analisada visando uma melhoria
contínua do processo produtivo e caso seja verificado que a eficiência requerida para o serviço não
foi alcançada, o “sistema de qualidade” deve identificar os pontos de ineficiência no processo e
eliminá-los.
Porto (2015) afirma que o que o cumprimento dos requisitos apresentados anteriormente para
garantia de qualidade não garante nescessariamente que o bom desempenho esteja assegurado,
pois em geotecnia, o material com que se trabalha possui características específicas, podendo essas
variar em função do grau de confinamento (estado de tensão), grau de saturação, entre outros, já
que solos e rochas não são fabricados seguindo critérios e especificações já pré-estabelecidas.
A afirmação de Porto (2015) muito se assemelha a de Velloso (1990) que explica,
especificamente para fundações, que o cumprimento dos formalismos da garantia da qualidade não
significa um bom desempenho precisamente, já que um dos materiais trabalhados nas fundações é
o solo. Desta maneira, para o autor, a vivência prática de um profissional experiente é
insubistituível, pois pouco adianta utilizar métodos de cálculos rigorosos ou ensaios de
caracterização do maciço geotécnico sofisticados, se as amostras retiradas foram extraídas do
maciço sem os devidos cuidados.

4 – DESENVOLVIMENTO

4.1 – Área do estudo de caso

A área de estudo se localiza na Região Nordeste do Brasil, a Oeste do Estado de Alagoas,


pertencente ao Agreste Alagoano, no Município de Arapiraca. Referente à distância, situa-se a
131km da capital Maceió. Encontra-se à latitude 09º45´09” S e longitude de 36º39´40” W. O
município está localizando exatamente no centro do estado, como ilustra a Figura 5, o que a torna
uma importante rota para as mais variadas áreas das cidades circunvizinhas e demais cidades. Sua
área é de 367,5 km², sendo que 8,7 km² estão em perímetro urbano.
Criado no ano de 1924, o município de Arapiraca possui uma população estimada em 231.747
habitantes, com densidade demográfica de 600,83 hab/km² e um Produto Interno Bruto (PIB) per
capita de R$ 17.511,69, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticae (IBGE).
De acordo com Xavier e Dornellas (2005), o municipio em questão teve um expressivo
crescimento econômico e populacional, gerando o interesse de diversos setores da sociedade,
como, universidades, empresas privadas, poder público, entre outros, sobre as condições
ambientais do município.
Os autores explicam que a cidade de Arapiraca é delimitada pelos municípios de Craíbas e
Igací, ao Norte, Feira Grande, São Sebastião e Lagoa da Canoa, ao Sul, Limoiero, Junqueiro e
Coité do Nóia, a Leste e Lagoa da Canoa e Girau do Ponciano a Oeste, e por causa do rápido
crescimento econômico e populacional, os limites do perímetro urbano vem sendo constantemente
ampliados pela prefeitura local.

Figura 5 - Localização do Estado de Alagoas no mapa do Brasil e localização do município


de Arapiraca (destaque em preto) dentro do Estado de Alagoas (XAVIER E DORNELLAS, 2005).

4.2 – Características geológico-geotécnicas da região de Arapíraca

Segundo Mendes e Brito (2017) Alagoas é um estado localizado em termos tectônicos na


Província Borborema, mais precisamente na Subprovíncia Externa ou Meridional.
Aproximadamente 80% da sua área territorial é ocupada por um substrato formado de rochas
cristalinas de idade pré-cambriana, e os outros 20%, formados por rochas sedimentares
fanerozoicas. O embasamento cristalino abrange cinco domínios tectono-estruturais diferentes:
Jirau do Ponciano, Rio Coruripe, Pernambuco-Alagoas, Canindé e Macururé.
De acordo com estudo realizado pela CPRM-Serviço Geológico do Brasil (2005) o município
de Arapiraca encontra-se geologicamente inserido na Província Borborema, compreendendo
rochas do embasamento gnáissico-migmatítico, datadas do Arqueano ao Paleoproterozóico e a
sequência metamórfica oriunda de eventos tectônicos ocorridos durante o Meso e
NeoProterozóico. Essa Província está representada pelos litótipos dos complexos Nicolau/Campo
Grande e Marancó e dos grupos Macururé e Barreiras.
Conforme uma pesquisa realizada por Mendes e Brito (2017) sobre a geologia e recursos
minerais da Folha Arapiraca, foi possível observar que o município Arapiraca possui 4 depósitos
de recursos minerais utilizados como materiais de uso na construção civil, 8 de rochas e minerais
industriais, 1 de metais ferrosos e 2 depósitos de gemas.

4.3 – Características climáticas e Histórico de chuva da região

Lima (1965) descreve que o município de Arapiraca situa-se na região do agreste sub-úmido,
possuindo uma estação seca no verão e chuvas de outono/inverno. Segundo Xavier e Dornellas
(2005) a área onde se encontra o município de Arapiraca é caracterizada por altas temperaturas,
com uma média de 25ºC anual, e precipitação por ano entre o intervalo de 750 a 1000 mm, sendo
maio, junho e julho, os meses mais chuvosos, concentrando comumente mais de 50% do total
anual, e os mínimos pluviométricos são observados na primavera ou no verão, possuindo de 4 a 5
meses secos. O Gráfico 1 apresenta a média da série histórica de 1971 a 2003 da distribuição das
chuvas na região.
Gráfico 1 - Distribuição da precipitação ao ano (XAVIER E DORNELLAS, 2005) ·.

Apesar dos dados expostos apresentarem um regime estacional típico das regiões de “clima
mediterrâneo”, esse comportamento não deve induzir ao erro de classificar o clima do município
de Arapiraca como temperado ou mediterrâneo. Nascimente e Xavier (2010) mostram que o
município de Arapiraca possue clima tropical semiúmido, após realizarem um vasto estudo
pluviométrico do Estado de Alagoas, que possue os climas tropical úmido, tropical semiúmido e
tropical semiárido em sua área.
Através do tratamento e análise de dados, de abril de 2008 a abril de 2015, fornecidos por uma
estação automática do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) no município, Nunes et al.
(2016) observaram que o município possue uma pluviosidade irregular, apresentando totais
pluviométricos anuais muito variáveis entre os anos analisados. Os autores observaram também
que principalmente nos meses de maio, junho e julho Arapiraca possuem regime de chuvas
concentradas e que os meses de novembro, dezembro janeiro e março não apresentaram registros
de chuvas acima de 100 mm. Os dados apresentados confirmam a dinâmica regional apresentada
por Xavier e Dornellas (2005).
Analisando os dados pluviométricos nos anos de 2010 a 2013 fornecidos por Nunes et al.
(2016) e apresentados no Gráfico 2, pode se observar que os resultados não diferem do histórico
apresentado.
Gráfico 2 - Dados pluviométricos nos anos de 2010 a 2013 (NUNES et al., 2016).

4.4 – Relevo e solo de Arapiraca

De acordo com a CPRM-Serviço Geológico do Brasil (2005) o relevo de Arapiraca pertence à


unidade dos Tabuleiros Costeiros. Esta unidade acompanha todo litoral do nordeste, apresenta
altitude média de 50 a 100 metros.
Segundo Xavier e Dornellas (2005) ao analisar o mapa hipsométrico do Estado de Alagoas é
possível verificar que o município de Arapiraca encontra-se basicamente inserido na classe de
relevo entre 200 e 300 metros, possuindo uma altitude média de 250 metros em relação ao nível do
mar, destacando no seu relevo um conjunto de serrotes aflorantes em uma grande área plana onde
se situa a cidade.
Os autores ainda explicam que a estabilidade do relevo, bem como sua superfície variando de
plana a suavemente ondulada, favoreceram um bom desenvolvimento dos solos no município.
Predominando os latossolos na maior parte da cidade de Arapiraca, encontrando-se em dois
subtipos; latossolo vermelho-amarelo distrófico e latossolo vermelho-escuro. O latossolo
vermelho-amarelo distrófico ocorre na maior parte da município, compreendendo mais a zona
urbana, pegando uma faixa que se estende de noroeste para sudeste do município, o latossolo
vermelho-escuro concentra-se na parte nordeste do município. Em uma proporção menor
observou-se a presença do solo do tipo podzólico.
Um estudo realizado por Lóz Junior (2016) a partir de dados compilados de NSPT para
diferentes profundidades e informações obtidas em cada ponto de sondagem, permitiu ao autor
elaborar um mapa de zoneamento geotécnico com o tipo predominante de solo na região. Com a
trabalho do autor foi possível observar que a subdivisão territorial entre os solos de características
predominantemente argilosas e solos com características arenosas é praticamente igualitária, como
mostra o mapa de zoneamento geotécnico, a parcela norte e nordeste do centro da cidade de
Arapiraca, representada pela cor cinza claro, mostra solos arenosos e a parte sul e sudeste do
centro do município, representado na cor cinza escuro, mostra a parcela de solos argilosos.
4.5 – Metodologia

A metodologia desse trabalho foi dividida em 2 (duas) etapas, sendo a primeira uma revisão
bibliográfica técnica e histórica sobre o tema e a segunda a análise dos resultados de sondagens
mistas executadas em Arapiraca, Alagoas, Brasil.
Na revisão bibliográfica foi estudado o ensaio SPT e sondagem rotativa e suas finalidades, as
normas de referência para execução desses, fatores que influenciam a sondagem SPT e a
observação do nível do lençol freático. Dentre as normas estudadas, foi dado foco na execução de
ensaio da NBR 6484/01 e DNER-PRO 102/97 já que essas foram as normas seguidas para
realização da investigação de sondagem mista realizada no presente estudo.
Características geológicas-geotécnicas, características climáticas, histórico de chuvas, relevo e
solo da Região de Arapiraca também foram estudados na revisão bibliográfica, para um maior
entendimento da região de estudo.
Na segunda etapa do trabalho foi realizada uma análise estatística de um banco de dados de 76
boletins de sondagens do tipo mista, executadas na área rural do município de Arapiraca/AL, os
boletins foram organizados por data, seus dados foram tabelados. As informações apresentadas
foram obtidas por uma empresa brasileira de projetos e gerenciamento de obras, e as sondagens
foram realizadas por empresa brasileira especializada em sondagens.

5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram analisadas 76 boletins de sondagens mistas, sondagens essas que foram realizadas para
auxiliar no projeto de implantação das bases civis, para dar apoio à usina de mineração localizada
na cidade de Arapiraca-AL (Brasil). As sondagens foram realizadas por uma empresa
especializada na área de geotecnia e com atuação internacional, durante o período de novembro de
2012 a fevereiro de 2013.
Com os dados fornecidos pelas sondagens foi plotado o Gráfico 3, que mostra a relação entre a
profundidade do nível de água encontrado e a profundidade máxima alcançada pelas sondagens e o
Gráfico 4 que ressalta a profundidade do lençol freático por sondagem.
Gráfico 3 - Profundidade máxima encontrada e o nível de água (Elaborado pelos autores )
Gráfico 4 – Profundidades do lençol freáticos por furo de sondagem (Elaborado pelos autores)
Através dos gráficos é possível observar sondagens indicando o nível de água na superfície do
terreno, em 0,15 m até 16,80 m, sendo 16,80 m a maior profundidade encontrada nos ensaios. A
média das profundidades do lençol freático encontradas nas sondagens analisadas é de 5,11 m,
onde dois dos ensaios realizados não apresentaram nível freático até 12,10 m e 20 m de
profundidade. Em 24% das sondagens, foram apontados níveis de água abaixo de 3,00m, em 29%
o nível do lençol freático ficou entre 3,00 e 5,00 m, em 16% profundidades entre 8,00 e 10,00m e
em 7% as profundidades do lençol freático acima de 10,00 m.
Com os dados apresentados no Gráfico 4 foi realizada o cálculo da média, obtendo um valor
de 5,11 m , e cálculo do desvio padrão, obtendo o valor de 3,24 metros, esse valor da variação em
torno da média, não corresponde à realidade do ensaio, mostrando que os valores encontrados nos
ensaios não se concentram ao redor de uma tendência central. Ao realizar os cálculos do
coeficiente de variação da amostra, obteve-se um resultado de 63% de disperção dos dados, que
representa segundo Correa (2003) um alto valor de dispersão, não havendo homogeniedade da
amostra estudada.
Correa (2003) explica que um conjunto tem baixa dispersão se o coeficiente de variação for
menor que 15 %, se estiver entre 15% e 30% média dispersão, e alta dispersão se o coeficiente de
variação for maior que 30%.
Ao estudar o relevo do município é possivel perceber que esse é formado basicamente por um
planalto rebaixado suavemente plano, com presença de poucas elevações, o que mostra que a
dispersão dos dados encontrados nos ensaios não corresponde à realidade do local.
A fim de entender o comportamento dos dados apresentados pelas leituras do nível de água
nas sondagens realizadas, foi construido um histograma e um gráfico box plot. De acordo com
Larson e Farber (2010) o histograma torna mais fácil a identificação dos padrões do conjunto,
através da distribuição de frequência. E conforme Morettin e Bussab (2010) o box plot é uma
ferramenta estatística gráfica que nos auxilia na identificação da posição, dispersão, assimetria e
dados discrepantes.
Para a construção do histograma foram utilizadas as 74 sondagens que apresentaram a
surgencia de NA, essas definidas em oito classes com incrementos de 2,1 metros. Através dessa
ferramenta estatística, apresentada no Gráfico 5, foi possivél observar com qual frequência as
profundidades do lençol freático acontecem nos ensaios de sondagem.
Gráfico 5 - Histograma da Profundidade do NA’s (Elaborado pelos Autores)
Pelo histograma foi possível observar que nos ensaios de sondagem não foram encontrados
níveis de lençol freático no intervalo de profundidade entre 12,6 m à 14,7 m, que apenas 1,4% dos
registros foram feitos no intervalo de 14,7 m à 16,8, seguido por 4,1% de ocorrencias no intervalo
de 10,5 m à 12,6 m, 9,5% das ocorrências no intervalo de 6,3 m à 8,4 m, 13,5% das o corrências
no intervalo de 8,4 m à 10,5 m, 14,9% das ocorrências em 0 m à 2,1 m, 24,3% das ocorrências em
4,2 m à 6,3 m e 32,4% das ocorrências no intervalo de 2,1 m à 4,2 m de profundidades,
representando 24 do total das amostras.
A seguir no Gráfico 6 é apresentado o gráfico Boxplot, com o qual é possível observar que o
valor do primeiro quartil é 3 m , que representa segundo Morettin e Bussab (2010) que 25% da
amostra do nível do lençol freático está até 3 m de profundidade, o valor do terceiro quartil é 7,5
m, significando que 75% da minha amostra está até 7,5 m de profundidade. Temos também o valor
do segundo quartil, que representa a a mediana, de 4,34 m, indicando dessa forma que possuimos
uma assimetria positiva, já que o valor da mediana se aproxima mais do primeiro quartil. È
importante ressaltar que a mediana é a medida de tendência central mais indicada para a amostra
estudada, já que os dados apresentados na distribuição são assimétricos, e não a média ponderada
da amostra.
Gráfico 6 – Gráfico Boxplot (Elaborado pelos autores)
Outros parâmetros a que podem ser observados são a distância interquartil, o limite superior, o
limite inferior e o valor máximo.
Na distância interquartil, obteve-se o valor de 4,50 m, esse valor representa o tamanho da
caixa do gráfico, seu cálculo é realizado através da subtração do terceiro quartil pelo primeiro
quartil, é uma medida de avaliação de dispersão de dados alternativa ao desvio padrão.
Para o cálculo do limite superior é realizada a soma do terceiro quartil com a distância
interquartil multiplicada por 1,50 , no caso da amostra estudada obtemos o valor de 14,26 m. O
cálculo do limite inferior é dado pela subtração do primeiro quartil pela distância interquartil
multiplicada por 1,50, realizando esse cálculo para a amostra estudada obtemos o valor de -3,76 m,
como a menor insurgência do lençol freático se dá na cota de 0 metros, contatos do nível do
terreno para baixo, temos que o limite inferior da nossa amostra é 0 m.
Os limites superior e inferior representados pelo comprimento das linhas fora do retângulo
informam sobre a cauda da distribuição, logo os dados que estiverem acima do limite superior ou
abaixo do limite inferior estabelecidos são, normalmente, representados por asteriscos, de forma a
destacá-los, assim como foi feito com o valor de 16,80 m do Gráfico 6 uma vez que esses valores
destoam das demais, podendo, ser considerados valores atípicos, consequentemente podemos
considerar que a leitura de sondagem neste ponto esta errada.
Em busca de diminuir o valor de dispersão dos dados, e possivelmente identificar as
sondagens realizadas de forma errônea, foram realizados os cálculos do desvio padrão e
coeficiente de variação eliminando alguns valores da profundidade do lençol freático. Para escolha
dos valores a serem eliminados, foram observados o Gráfico 5 e o Gráfico 6.
Optando eliminar os 3 intervalos dos valores de NA que aparecem com menos frequência no
histograma apresentado no Gráfico 5, obteve-se um desvio padrão de 2,70 m, e um coeficiente de
variação de 57%.
Apesar de ter ocorrido uma diminuição na dispersão dos dados, esses valores ainda se
encontram muito elevados.
Em busca de melhores resultados e valores mais homogêneos, se realizou uma nova análise
descartando valores de profundidade abaixo de 3,00 m e valores iguais ou maiores que 7,5 m,
valores contidos na caixa do Gráfico 6, obtendo assim um desvio padrão de 1,26 m, onde a
máxima profundidade foi 7,47 m e a mínima 3,01m. O coeficiente de variação encontrado foi de
27%, sendo esse valor aceitável para dispersão dos dados, já que se trata de um ensaio realizado
em campo. Apesar do valor para o coeficiente de variação encontrado apresentar uma baixa
dispersão de dados, foi utilizado uma amostragem considerando 38 sondagens, 50% do total de
sondagens, mostrando a nescessidade da realização de uma nova campanha de ensaios.
Os dados apresentados nos Gráficos 3 e 4 sugerem que a região possui uma boa capacidade de
recursos hídricos subterrâneos.
Em diagnóstico do município de Arapiraca sobre fontes de abastecimento por água
subterrânea realizado pela CPRM (2005), mostrou que na cidade existem 109 poços cadastrados,
sendo 104 poços tubulares e 5 poços escavados, 53 em operação, 13 descartados por estarem secos
ou obstruídos e os poços restantes são os não instalados e os paralisados, por motivos diversos.
Do total de poços investigados apenas 1 possui profundidade de 12 m, trata-se de um poço
escavado, não instalado, esse também é o único que se encontra em profundidade menor que 23 m
dos poços estudados. Dos poços operantes, em 16 não foi possível identificar a profundidade, os
37 restantes variam de 23 a 75 m de profundidade, sendo que apenas 2 desses possuem
profundidade menor que 30 m e 26 possuem profundidade maior igual a 50 m (CPRM, 2005).
Com base nos estudos da CPRM (2005) e análise das sondagens, pode-se observar que o
apontamento feito pela análise dos Gráficos 3 e 4 não condiz com a realidade da região, já que os
níveis de água subterrânea obtidos nos ensaios de sondagem são muito inferiores aos encontrados
no município. No entanto, como o clima da região é do tipo tropical chuvoso com verão seco, fez-
se necessário avaliar o período de maior precipitação de chuvas.
Como foi mostrado anteriormente, em análise ao estudo de Nunes et al. (2016), os meses de
maior concentração de chuva são maio, junho e julho, sendo os meses de novembro, dezembro
janeiro a março não apresentaram registros de chuvas acima de 100,0 mm. O Gráfico 2, mostra
que no período em que foram realizadas as sondagens, novembro de 2012 a fevereiro de 2013 a
precipitação não ultrapassou 8,0 mm, sendo 1,6 mm a mínima precipitação ocorrendo no mês de
novembro e 8,0 mm a máxima precipitação, ocorrendo no mês de fevereiro.
Sendo assim, sugere-se que o nível de água em profundidades tão baixas para a característica
da região, não possa ter ocorrido devido à incidência de chuvas.
Descartando a hipótese de chuva como fator influenciador nos resultados apresentados,
pressupõe-se que houve falha no procedimento realizado e na coleta da informação durante a
identificação de água no furo de sondagem.
Uma das recomendações da NBR 6584 (2001) quanto a se observar o nível do lençol freático
durante a perfuração é a observação da elevação do nível d’água no furo, efetuando-se leituras a
cada 5 minutos, durante 15 minutos no mínimo. Sempre que ocorrer interrupção, a medida da
posição do nível da água, bem como a profundidade aberta do furo e da posição do tubo de
revestimento. Sendo observado variações nos níveis de água durante essas alterações devem ser
anotadas em um relatório.
Porém, ao analisar os relatórios das sondagens, percebe-se que as informações
correspondentes às datas e períodos de análise do referido lençol freático não estão coerentes, o
que dificulta a análise dos dados.
Uma das possíveis justificativas em se encontrar o nível do lençol freático a profundidade tão
superficial, pode ser não manutenção da carga hidráulica no furo, que segundo Carvalho (2012),
deve ser mantida no mínimo igual a do solo. Com a falta desse controle a água pode ter fluido para
o interior da perfuração, e a leitura obtida ter sido da infiltração e não do nível do lençol freático.
Outra possível justificativa para a identificação de água em profundidade tão superficial em
uma região com escassez de água pode ser a utilização de água de circulação durante o processo de
sondagem e não somente quando encontrado de fato o lençol freático. Dessa maneira, entende-se
que a leitura que se fez foi da água utilizada no procedimento de perfuração e não de um lençol
freático.

6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com os resultados obtidos pode-se constatar a ocorrência de falha na execução e análise das
sondagens no que se refere às medições no nível d’água.
Analisando as características geológicas-geotécnicas da região de Arapiraca, foi possível
perceber que o município possui recursos minerais utilizados como materiais de uso na construção
civil, rochas e minerais industriais, metais ferrosos e de gemas, sendo 53% dos depósitos de rochas
e minerais industriais.
Analizando os dados fornecidados de profundidade do nível freático e o relevo da região é
pertinente concluir que houve um erro na realização das sondagens, pois a mesma apresentou
valores muito heterogêneos, acarretando assim em uma dispersão de dados muito alta, em relação
à profundidade do lençol freático, o que não condiz com a realidade do relevo local, que apresenta
rebaixado suavemente plano, com presença de poucas elevações.
Analisando estatísticamente os dados em relação às profundidades do nível d’água, a amostra
total apresenta um coeficiente de variação na ordem de 63% demonstrando uma disperção dos
dados elevada. Trabalhando com um tamanho de amostra com 38 sondagens, foi obtido coeficiente
de variação na ordem de 27%, um dispersão aceitável, porém a amostra utilizada representava
apenas 50% da população total.
Por estudo realizado CPRM (2005), foi possível observar que as profundidades encontradas
nas sondagens analisadas, não estavam de acordo com o histórico de águas superficiais da região.
Pois, foi apontado pelo estudo que a maioria dos poços de água subterrânea encontrados no
município, são encontrados em profundidades acima de 23 m, havendo apenas 1 encontrado em
profundidade de 12 m.
Observando as características climáticas e histórico de chuva da região de Arapiraca, foi
identificado que a cidade se encontra no agreste sub-úmido, possuindo uma estação seca no verão
e chuvas de outono/inverno. Em análise do histórico de chuvas no município foi possível constatar
que no período de novembro de 2012 a fevereiro de 2013, mesmo período da execução das
sondagens estudadas, a precipitação de chuva foi mímina, não ultrapassando 8,0 mm. Através
disso pode-se constatar que a chuva não foi um influenciador na discrepância dos dados obtidos no
ensaio, referente às profundidades superficiais do lençol freático. Com isso, uma possível
explicação sobre a obtenção de água em profundidade superficial, é que a água encontrada na
superfície, possa ser a utilizada no procedimento de perfuração do ensaio e não o nível do lençol
freático.
A presença do lençol freático acima da cota de assentamento da fundação, caso que
provavelmente ocorreria com os resultados apresentados pela campanha de sondagens realizada,
tem influencia direta no cálculo da tensão efetiva e consequentemente no cálculo da capacidade de
carga do terreno. Logo, falhas na identificação do lençol freático pode desencadear uma série de
erros na concepção de projeto como no dimensionamento estrutural, na escolha adequada do tipo
de fundação, nos deslocamentos e deformações da estrutura entre outros.
Esses equívoco além comprometer a vida útil e seguranças das estruturas, pode gerar gastos
desnecessários como superdimencionamento de estruturas de fundação e até projetos de
rebaixamento do lençol freático, tornando assim o empreendimento muito oneroso.
O presente trabalho mostra que um conhecimento prévio de características básicas como,
relevo, geologia local, hidrografia, clima e histórico de chuva, podem ajudar em uma análise
crítica dos resultados de ensaios geotécnicos, mitigando gastos e situações inesperadas no
momento de execução da obra.
A fiscalização e suspervisão de empreendimentos de engenharia é um processo que permite
que o andamento das atividades siga o planejamento, essa é obrigatória para a averiguação das
boas práticas de aplicação, instalação e correção, se preciso, de algum método de trabalho. Ela
pode auxiliar a evitar que ocorram grandes prejuízos no curso das obras e estudos, já que além de
garantir as conformidade dos trabalhos executados, essa também é responsável em assegurar o
controle administrativo e de faturamento.
Visto isso, com o intuito de mitigar eventuais falhas de concepção de um empreendimento de
engenharia, torna-se necessário uma boa fiscalização ao longo de todo o processo, garantindo o
controle de qualidade desejado (PORTO, 2015). Dessa maneira, economia com equipes de
auditoria não são viáveis e nem uma opção, sob pena de gastos desnecessários para revisar
projetos e estudos civis no futuro. A norma de procedimento de projeto geotécnico, NBR
8044:2018 apresenta todas as etapas a serem seguidas, para minimizar dessa maneira, erros e
falhas na concepção.
Assim, com o presente trabalho conclui-se que o desempenho adequado de um
empreendimento de engenharia está profundamente ligado ao controle e à garantia da qualidade
exigidos pelas equipes de investigação inicial (sondagem e topografia), projeto e execução da obra.

7 – AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), por oferecer um ambiente de estudo


agradável, motivador. Ao Núcleo de Geotecnia da UFOP, pelos conhecimentos transmitidos, pelo
apoio e insentivo a pesquisa e ensino e por proporcionar um ambiente criativo e amigável para os
estudos.
8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT NBR 6484 (2001). Solo - Sondagens de Simples Reconhecimentos com SPT - Método de
Ensaio. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro.

Aguiar, J. A. C. (2014). Caracterização do solo da cidade de Santarém – PA com base no SPT.


Dissertação (Mestrado Profissional em Processos Construtivos e Saneamento Urbano) –
Universidade Federal do Pará, Pará.

ALONSO, U. R. Previsão e Controle das Fundações. Uma introdução ao controle de qualidade


em fundações. Editora Blucher, 2ª edição. São Paulo, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 8036: Programação de


sondagens de simples reconhecimento dos solos para fundações de edifícios. Rio de Janeiro,
1983.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8044: Projeto Geotécnico –


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