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Tribunal Regional Eleitoral do Pará

PJe - Processo Judicial Eletrônico

19/03/2021

Número: 0600276-22.2020.6.14.0021
Classe: RECURSO ELEITORAL
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Regional Eleitoral do Pará
Órgão julgador: Juiz Diogo Seixas Condurú
Última distribuição : 16/10/2020
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 0600276-22.2020.6.14.0021
Assuntos: Propaganda Política - Propaganda Eleitoral - Extemporânea/Antecipada, Propaganda
Política - Propaganda Eleitoral - Internet
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
JOSINO ALVES DA COSTA (RECORRENTE) ALEXANDRE ROCHA DO CARMO (ADVOGADO)
MARJEAN DA SILVA MONTE (ADVOGADO)
EMERSON EDER LOPES BENTES (ADVOGADO)
ALENQUER NO RUMO CERTO 10-REPUBLICANOS / 11-PP / MARJEAN DA SILVA MONTE (ADVOGADO)
25-DEM (RECORRENTE)
OSVALDO DE JESUS MACIEL CARNEIRO (RECORRIDO) JOSE OSMANDO FIGUEIREDO (ADVOGADO)
J C CHAVES CARNEIRO (RECORRIDO) JOSE OSMANDO FIGUEIREDO (ADVOGADO)
Procuradoria Regional Eleitoral do Pará (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
14665 19/03/2021 00:34 Parecer da Procuradoria Parecer da Procuradoria
519
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria Regional Eleitoral no Pará
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) RELATOR(A) DO EGRÉGIO TRIBUNAL

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REGIONAL ELEITORAL DO ESTADO DO PARÁ

PROCESSO Nº 06002762220206140021

O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, por meio do Procurador Regional


Eleitoral que ao final assina, vem perante Vossa Excelência apresentar PARECER nos autos

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do processo em epígrafe.

1. DO RELATÓRIO

Trata-se, na origem, de representação por propaganda eleitoral irregular


ajuizada pela Coligação “ALENQUER NO RUMO CERTO” e JOSINO ALVES DA COSTA
em face de J. C. CHAVES CARNEIRO – ME e OSVALDO DE JESUS MACIEL
CARNEIRO.
O Juízo Zonal em sentença id 5978269 julgou a representação eleitoral
improcedente.
Em recurso eleitoral, a Coligação “ALENQUER NO RUMO CERTO” e
JOSINO ALVES DA COSTA alegam, preliminarmente, a nulidade da sentença, sob a
justificativa de que inexiste identificação da causa e pedidos no relatório. No mérito, aduzem
que a matéria impugnada visava inequivocamente a desinformação, ou seja, flagrante fake
news, induzindo os leitores/eleitores à conclusão de que o representante era réu em ação
criminal e que por tal razão a presente ação deve ser apreciada como falsa acusação da prática
de crime.
Em contrarrazões, J. C. CHAVES CARNEIRO – ME e OSVALDO DE JESUS
MACIEL CARNEIRO alegam que os fatos atacados pelo recorrente não são fake news e que

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foi produzido no exercício do direito de liberdade de expressão e, mormente, da liberdade de
imprensa, consagrados e protegidos pela Constituição Federal, como de interesse público e
que não há qualquer intuito depreciativo, utilização de termos desabonadores ou ofensivos à
honra do Representante, ora Recorrente.
Por fim, remetidos os autos ao TRE, vieram para fins de parecer.

2. DA FUNDAMENTAÇÃO

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O recurso eleitoral se mostra tempestivo e está subscrito por profissional
habilitado, logo, merece ser conhecido.
O recorrente, em sede de preliminar, suscita a nulidade da sentença, sob o
argumento de que inexiste identificação da causa e pedidos no relatório.
Contudo, da análise da sentença id 5978269, verifica-se que tal tese
não merece guarida, pois na decisão a quo há todos os elementos essenciais da sentença, em
observância ao previsto no no art. 489, do CPC, notadamente a identificação da causa e

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pedidos. Desta forma, a preliminar deve ser rejeitada.
Fixado esse ponto, constatou-se da exordial id 5977219 que o presente caso
cuida da (in)ocorrência de propaganda eleitoral irregular, e como tal será analisada.
A Resolução TSE nº 23.610/2019, que trata de propaganda eleitoral nas
Eleições de 2020, prevê:

Art. 22. Não será tolerada propaganda, respondendo o infrator pelo emprego
de processo de propaganda vedada e, se for o caso, pelo abuso de
poder (Código Eleitoral, arts. 222, 237 e 243, I a IX; Lei nº 5.700/1971;
e Lei Complementar nº 64/1990, art. 22):
I - que veicule preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação (Constituição Federal, art. 3º, IV);
II - de guerra, de processos violentos para subverter o regime, a ordem
política e social;
III - que provoque animosidade entre as Forças Armadas ou contra elas, ou
delas contra as classes e as instituições civis;
IV - de incitamento de atentado contra pessoa ou bens;
V - de instigação à desobediência coletiva ao cumprimento da lei de ordem
pública;
VI - que implique oferecimento, promessa ou solicitação de dinheiro,
dádiva, rifa, sorteio ou vantagem de qualquer natureza;

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VII - que perturbe o sossego público, com algazarra ou abuso de
instrumentos sonoros ou sinais acústicos;
VIII - por meio de impressos ou de objeto que pessoa inexperiente ou
rústica possa confundir com moeda;
IX - que prejudique a higiene e a estética urbana;
X - que caluniar, difamar ou injuriar qualquer pessoa, bem como atingir
órgãos ou entidades que exerçam autoridade pública;
XI - que desrespeite os símbolos nacionais.

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Art. 27. É permitida a propaganda eleitoral na internet a partir do dia 16 de
agosto do ano da eleição (Lei nº 9.504/1997, art. 57- A).
§ 1º A livre manifestação do pensamento do eleitor identificado ou
identificável na internet somente é passível de limitação quando ofender a
honra ou a imagem de candidatos, partidos ou coligações, ou divulgar fatos
sabidamente inverídicos.
§ 2º O disposto no § 1º deste artigo se aplica, inclusive, às manifestações
ocorridas antes da data prevista no caput, ainda que delas conste mensagem
de apoio ou crítica a partido político ou a candidato, próprias do debate
político e democrático.

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No caso concreto, em que é impugnada a matéria "“MINISTÉRIO PÚBLICO
PROCESSA PREFEITO POR PROPAGANDA ELEITORAL CRIMINOSA NO
FACEBOOK”, não se verifica fake news, extrapolação, excesso ou abuso na liberdade na
publicação, pois, de fato houve condenação do recorrente JOSINO ALVES DA COSTA por
propaganda irregular, de forma que não deve haver responsabilização pela publicação ora
questionada.
Consoante bem pontuou a Promotoria Eleitoral no id 5795069:

No caso, ao se analisarem detidamente os links constantes da exordial (id.


5381379 - Pág. 2), o Ministério Público pode observar que: (i) ao contrário
do alegado pelo representante, em nenhum momento há referência no site ou
no twitter dos representados de que o Prefeito e candidato à reeleição
JOSINO FILHO seja “réu” em “ação criminal movida pelo MP”; (ii) ao
contrário do alegado pelo representante, a autoria da Representação nº
0600054-54.2020.6.14.0021, inicialmente atribuída ao MP, foi retificada
para o “Partido PL”, através da atualização ocorrida as 10h31m, constante
expressamente no próprio site - blog do ‘jeso carneiro’ dos representados,
antes mesmo do ajuizamento da presente representação. 13. Em relação ao
conteúdo das referidas postagens dos ora representados, observase, de fato, a
existência de uma atecnia, própria daqueles que não possuem formação
técnica na área jurídica ou labutam na seara do direito eleitoral, ao

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denominarem de “propaganda eleitoral criminosa” uma “propaganda
eleitoral” - em verdade - “antecipada, ilícita e indevida” perpetrada por
secretário municipal e familiares (esposa e filha) do representante JOSINO,
em benefício da sua campanha eleitoral.
14. Eventual atecnia jurídica em matéria jornalística, que embora deva ser
evitada e corrigida, ocorre ordinariamente nos meios de comunicação da
imprensa nacional, como, por exemplo, na maior emissora de TV nacional
(GLOBO) e no maior jornal do país, o “Jornal Nacional”, quando
reiteradamente na sua programação é aduzido que o Governo Federal vai

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(re)criar um “IMPOSTO” com a volta da “CPMF”; notadamente uma
espécie do “contribuição especial” (art. 149, CF), do gênero tributo (art.
145, CF), que não poderia ser denominada de imposto federal (art. 153, CF),
de forma alguma(!).

Ademais, representa a existência de uma atecnia, própria daqueles que não


possuem formação na área jurídica ou labutam na seara do direito eleitoral a utilização do
termo ‘propaganda eleitoral criminosa’ para denominarem de uma ‘propaganda eleitoral’ - em
verdade – ‘antecipada, ilícita e indevida’.
Por fim, não se vislumbra no material impugnado a prática de crime por parte

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dos recorridos, haja vista que na matéria não houve calúnia, difamação ou injúria.
Nesse sentido, a sentença de improcedência deve ser mantida.

3. DA CONCLUSÃO

Ante o exposto, a Procuradoria Regional Eleitoral manifesta-se pelo


conhecimento e improvimento do recurso eleitoral.

Belém/PA, 18 de março de 2021.

- Assinado eletronicamente -
FELIPE DE MOURA PALHA E SILVA
Procurador Regional Eleitoral

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