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Licenciatura no Curso de Património Cultural

Ano letivo 2020/ 2021

Cadeira: Património de Al-Andalus e do Mediterrâneo

Docente: Professor Fernando Branco


Discente: José Nuno Balaeiro Pereira Urbano 46012

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Índice

 Introdução………………………………………………………………..3
 História e Intervenções do Castelo de Moura..…………………………..4
 Castelo Islâmico de Moura.…..…………………………………….……7
 Vestígios do Castelo Islâmico……………………………………………
8
 Escavação, Espólio e Realidade Material…………..
…………………….9
 Vestígios Islâmicos: Espólio e Desenhos
arqueológico………………...10
 Considerações finais: Conservação e Valorização……..
……………….13
 Fontes, Webgrafia e Referências Bibliográficas…………………..
…....14

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Introdução

No início do presente ano elaboração de um trabalho final, no qual o tema seria, à nossa
escolha, um sítio patrimonial de origem ou influência islâmica.
Decidi realizar o meu trabalho sobre o Castelo de Moura, uma edificação militar na vila
de Moura, com origens no século XI.
O Castelo de Moura situa-se no Alentejo, na freguesia de São João Baptista, concelho
de Moura, distrito de Beja, em Portugal. Este Castelo situa-se num local de sucessivas
ocupações, que vão desde a Idade do Ferro aos dias de hoje. Apesar da estrutura visível
nos dias de hoje não ser de construção muçulmana o período islâmico está na gens da
origem do local, e será esse o objeto de estudo deste trabalho.
Este trabalho tem como objetivo estudar o período e origens islâmicas do povoado e
Castelo de Moura, tal como descrever o espólio existente, encontrado em contexto de
escavação arqueológica.

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História e Intervenções do Castelo de Moura

Durante o domínio muçulmano, o núcleo urbano de Moura era considerado a capital da


província de Al-Manijah durante o domínio almóada. A construção da fortificação
muçulmana, em taipa, data de meados do século XI até o início do século XII. Desta
construção terão sido aproveitadas várias estruturas para a edificação do atual castelo
medieval.

Figura 1 Planta esquemática das muralhas do Castelo de Moura

Foi conquistado aos muçulmanos em 1166 pelos irmãos Pedro e Álvaro Rodrigues, e é
perdida quase que imediatamente. Neste período produz-se o episódio que dará origem
à "lenda da Moor Saluquia". No mesmo ano, 1166 foi novamente conquistado para a
coroa portuguesa por Geraldo Sem-Pavor. Mas durante o reinado de Sancho I de
Portugal (1185-1211) voltou ao poder muçulmano antes da grande ofensiva Almohade
em que os cristãos mal conseguiam manter Évora em todo o Alentejo.

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Em 1217 foi novamente conquistada por Afonso II de Portugal (1211-1223). E em 1295
passou definitivamente à coroa portuguesa no tempo de Dinis I, que concedeu uma nova
carta que se estendia à comunidade moura. É neste período que a construção da
fortificação prossegue; ou para a sua reconstrução aproveitando as antigas muralhas
muçulmanas ... A Ordem de Avis em 1320 doou um terço da renda das igrejas de Moura
e Serpa para o reforço e manutenção de seus castelos. Neste período é quando a defesa é
complementada com uma linha de torres de vigia.

Antes do crescimento da população por iniciativa de Fernando I de Portugal (1367-


1383) foi construída uma segunda cerca murada envolvendo os novos limites da
população.
Em 1512, o trabalho foi realizado para modernizar as defesas sob a direção de Francisco
de Arruda, que incluía uma parede de separação da cidadela e, possivelmente, as torres
de Salúquia e Relógio.

Figura 2 Gravura da Moura, Livro de Fortalezas de Duarte de Armas, sec. XVI

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Em 1562 dá-se construção de um mosteiro dominicano do sexo feminino dentro da
cerca do castelo, sobre as fundações da antiga mesquita islâmica, aumentando o estrato
sobre os vestígios e história islâmica do castelo.

Figura 3 Planta da alcáçova de Moura Duarte Darmas (início do século XVI)

Durante a Guerra da Restauração (1640-1668) e dado pressuposto estratégico sobre


Raya, modernização e reforço obras do antigo realização fortificação. Com projeto de
Nicolau de Langres em 1655 construiu uma linha bastioned para envolver a população
reforçada por revelins. É ocupada pelos espanhóis durante a guerra de Sucessão (1701-
1713 / 1715), estes, por sua retirada soprou-se as paredes de Moura, parcialmente
danificar o da Torre Saluquia. As fortificações também sofreram danos consideráveis
com o terremoto de 1755. Desmantelada em 1805, os restos das muralhas do castelo
foram utilizados entre 1809 e 1826 como matéria-prima para a fabricação de Salitre.
Mais tarde, em 1850, José Pimenta Calça demoliu outra parte do muro da cidadela. Por
seu turno, o convento foi abandonado em 1875, construindo a atual Torre do Relogio
durante o século XIX.

Em 1959 o castelo passa para propriedade da Câmara Municipal de Moura e em nome


da DGEMN, foram realizadas várias intervenções de restauro.

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Castelo Islâmico de Moura

O castelo foi uma inovação medieval, os primeiros castelos surgem na Europa em


meados do século IX. Poderão ter surgido na Península Ibérica pela mesma altura,
contudo em Portugal os primeiros castelos datam de 870-875. É possível averiguar que
as primeiras estruturas fortificadas que despontaram em território português eram
grosseiras e primitivas, adaptadas à topografia do terreno e constituídas por materiais
locais e básicos. As soluções arquitetónicas eram ignoradas apesar de mais tarde virem a
ser uma característica vincada da arquitetura militar: nesta altura, os primeiros castelos
não possuíam torreões ou torres e as muralhas não eram coroadas. Mais tarde, pelo
século XI, o número de estruturas fortificadas atingiu o seu auge com aumento
significativo e nos finais deste século, a arquitetura militar alterou-se substancialmente:
o conceito de defesa passiva passou a ser rudimentar e apostou-se no melhoramento das
estruturas tais como as muralhas espessas coroadas, difusão dos torreões, dupla porta e
instalação de cisternas no interior do recinto. A partir da segunda metade do século XII,
grande parte dos castelos do território português receberam a torre de menagem.

Relativamente ao Castelo de Moura, a sua construção data do século XI e encontra-se


construído sobre uma elevação calcária, 184 metros acima do nível do mar. A
construção original era feita em taipa, técnica característica do período almóada.
Pouco se sabe sobre a construção islâmica do, a não ser que no século XI é construído o
alcácer, um recinto fortificado, reservado ao foco habitacional e a uma fortificação
urbana, que se encontra isolada fisicamente do restante espaço amuralhado e que no
século XII a vila recebe novas fortificações. São escassos os vestígios das edificações
islâmicas que nos chegam hoje, algumas estruturas isoladas no lado Nordeste da
fortificação, uma torre em taipa a sobre a entrada principal do castelo, junto a um pano
de muralha, e os vestígios de uma outra torre em taipa, bastante arruinada, junto à
muralha Norte.

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Vestígios do Castelo Islâmico

Figura 4 Torre em taipa

Figura 5 Torre de Salúqia

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Escavação, Espólio e Realidade Material

A escavação arqueológica do Castelo de Moura teve início em 1980 e terminou entre


2012 e 2013. Os responsáveis pelo estudo, análise e intervenção do local foram Santiago
Augusto Ferreira Macías, Jorge Altino de Pinho Monteiro, José Olívio da Silva Caeiro e
Paloma Martín Amorós. O período de ocupação da fortificação militar insere-se em
Idade do Ferro - 2º, Romano, Medieval Islâmico, Medieval Cristão e Moderno.

As intervenções arqueológicas do Castelo de Moura tiveram em vista o estudo do


monumento nas diferentes fases da sua ocupação, para melhor compreensão e
valorização do local.

O espólio existente desta intervenção arqueológica é escasso no que diz respeito a


realidade militar material pois apresenta, grande parte, cerâmicas e metais da segunda
Idade do Ferro, cerâmica romana, islâmica e moderna, metais, numismas, vidros e aras
romanas. Do contexto islâmico predominam materiais de cerâmica bem como várias
epígrafes e lápides provenientes da maqbara (cemitério islâmico) de Moura, alguns dos
quais surgem já no contexto de uma Moura cristianizada. Entre estes destacam-se a
lápide comemorativa da construção de um minarete, única em território nacional

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Vestígios Islâmicos:
Espólio e Desenhos arqueológicos

Figura 6 Inscrição comemorativa da construção do minarete, séc. XI

Figura 7 Lápide funerária de Ab? al-Walid, sec. XIV

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Figura 8 Taça com decoração vegetalista, sec. IX-X

Figura 9 Amuleto "Mão de Fátima" em osso, sec. XIII

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Jarrinha, séculos X-XI
(silo da Rua do Sete e Meio).

Figura 11 Candil, séculos X-XI

Figura 10 Jarra sec. X-XI

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Webgrafia

http://patrimonioislamico.ulusofona.pt/
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-
patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74033/
http://fortalezas.org/index.php?ct=fortaleza&id_fortaleza=1925&muda_idioma=PT

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