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Adir Moysés Luiz


Sérgio Lins Gouveia
Adir M. Luiz
Sérgio L. Gouveia

Mecânica

1 \7 Editora

www.VestSeller.com.br
Impresso no Brasil
Printed in Brazil

CIP-Brasil. Catalogaçào-na-fonte
Sindicato Nacional do.s Editores de Livros, RJ.
Luís, Adir Moisés, 1942-
L978m Mecânica/ Adir M. Luiz, Sérgio L. Gouveia.
— Fortaleza: Editora VcstSclícr, 2006.
(Coleção Física)
Apêndice : exercícios e tabelas.
ISBN 85-265-0165-8 - 85-265-0164-X (cole-
çâo)
1. Mecânica. I. Gouveia, Sérgio Lins, 1944 - II.
Título. III. Série.
CDD —531
89-0050 CDU -531

Todos os direitos desta edição reservados à


Editora Vcstseller
www.vcslsellcr.coni.br
ÍNDICE
Capitulo 1 - CINEMÁTICA
1.1 Introdução 9
1.2 Noções de cálculo vetorial 22
1.3 Conceitos fundamentais da cinemática 36
1.4 Movimento relativo 55
1.5 Aplicações da cinemática 60
Leitura complementar 77
Questionário 78
Exercícios 80
Problemas 85
Capítulo 2 - DINÂMICA 90
2.1 Leis de Newton 90
2.2 Análise dimensional e sistemas de unidades 101
2.3 Classificação das forças que atuam num sistema 107
2.4 Aplicações das Leis de Newton 122
2.5 Forças de inércia 129
Leitura complementar 146
Questionário 147
Exercícios 148
Problemas 152
Capítulo 3 - TRABALHO E ENERGIA 164
3.1 Introdução 164
3.2 Trabalho realizado por uma força 164
3.3 Teorema da variação da energia cinética 171
3.4 Energia cinética, energia potencial e energia mecânica 175
3.5 Lei da conservação da energia 179
3.6 Potência 186
Leitura complementar 189
Questionário 190
Exercícios 191
Problemas 193
Capítulo 4 - DINÂMICA DE UM SISTEMA DE PARTÍCULAS 200
4.1 Quantidade de movimento 200
4.2 Impulso 203
4.3 Centro de massa 206
4.4 Movimento do centro de massa de um sistema 209
4.5 Lei da conservação do momento linear 213
4.6 Colisões 218
4.7 Referencial do centro de massa 227
Leitura complementar 236
Questionário 237
Exercícios 238
Problemas 241
Capítulo 5 - MECÂNICA DAS ROTAÇÕES 249
5.1 Cinemática das rotações 249
5.2 Momento de uma força (ou torque) 254
5.3 Quantidade de movimento angular (ou momento angular) 254
5.4 Relação entre o torque e o momento angular 255
5.5 Momento de inércia 256
5.6 Dinâmica da rotação de um corpo rígido 259
5.7 Movimento simultâneo de rotação e translaçâo 262
5.8 Movimento de precessão 270
5.9 Conservação do momento angular 272
5.10 Equilíbrio de corpos rígidos 274
Questionário 276
Exercícios 277
Problemas 278
Bibliografia 292
Apêndice A — Tópicos especiais 293
Apêndice B — Alguns dados astronômicos 301
Apêndice C — Algumas tabelas importantes 303
Apêndice D — Sistema Internacional (SI) 304
Apêndice E — Complementos de Matemática 307
Glossário 315
" A mente que se abre a uma nova idéia nunca
voltará ao seu tamanho original. "
Capítulo 1
CINEMÁTICA
1.1 Introdução
A Mecânica normalmente é dividida em três partes: Estática, Cinemática e Dinâ­
mica. A Estática estuda o equilíbrio de corpos rígidos e o equilíbrio áesistemasdepartí­
culas. A Cinemática descreve o movimento de um sistema sem se preocupar com as cau­
sas do movimento considerado. A Dinâmica estuda as equações do movimento levan­
do em conta as causas do movimento e descrevendo todas as interações existentes no
interior e no exterior de um sistema. No Capítulo 5 deste Livro estudaremos a Estática
de um corpo rígido como um caso particular das equações da Dinâmica de um corpo
rígido. N Estática será abordada também no Livro “Gravitação, Oscilações e Ondas”
de Adir M. Luiz e Sérgio L. Gouveia. A Cinemática é descrita no presente Capítulo.
A Dinâmica de uma partícula será abordada no Capítulo 2. A Dinâmica de um sistema
de partículas será estudada no Capítulo 4.
Antes de iniciar o estudo da Cinemática é conveniente fornecer algumas defini­
ções básicas e mostrar como alguns conceitos de Matemática são utilizados como fer­
ramenta para o estudo da Física. Portanto, nesta Introdução, fornecemos as definições
e os conceitos preliminares que serão úteis para os estudantes que ainda não estão fa­
miliarizados com as noções básicas da Física. Além da leitura dos conceitos de Mate­
mática aqui introduzidos, aconselhamos a leitura do Apêndice E deste Livro (Comple­
mentos de Matemática).
Lei Física
Uma Lei Física t uma afirmativa de que, sob certas condições, um determinado
fenômeno ocorrerá. Por exemplo, uma pedra largada de certa altura cai. Esta afirma­
tiva é uma Lei Física e foi estabelecida a partir da observação experimental de pedras
que foram largadas e caíram.
Os físicos acreditam que a Natureza se comporta de acordo com o seguinte prin­
cípio: ‘ ‘aquilo que a Natureza faz uma vez voltará a fazer sempre que as condições se
repetirem''. Com base neste princípio, conhecido como Princípio da Uniformidade da
Natureza, é que afirmamos que as pedras, que nunca foram largadas, cairão se as lar­
garmos.
Grandeza Física
Se largarmos do mesmo lugar e no mesmo momento uma pedra e uma folha de
papel, verificaremos que a pedra chegará ao chão muito antes da folha de papel. A fim
de melhor comparar os dois fenômenos, introduzimos certos elementos convencionais,

9
susceptíveis de medição, os quais denominamos grandezasfísicas. No caso da pedra e
da folha de papel, poderiamos comparar os dois fenômenos mediante a introdução da
grandeza velocidade média. A velocidade média de um móvel é o quociente entre a dis­
tância que ele percorre num certo intervalo de tempo e este intervalo de tempo,
ás
V = ------
At
onde As é a distância e Ar é o intervalo de tempo.
Poderiamos agora dizer que a velocidade média da pedra na queda é maior do que .
a velocidade média da folha de papel numa queda no mesmo local. A velocidade média .
exprime a rapidez com que a queda se processa.
Grandezas Escalares
São perfeitamente definidas por um número (quantidade') e por um significado
físico (unidade). A soma de grandezas escalares segue a regra da soma algébrica. Con­
fronte a soma algébrica com a soma vetoria! (ver mais adiante). Exemplos. Se no mo­
mento dissermos que temos apenas 20 segundos para completarmos a leitura desta pá­
gina, já sabemos que deverão passar 20 unidades (quantidade) do padrão tempo (se­
gundo) durante a nossa leitura.
Se, por outro lado, dissermos que a massa de um homem é 90 quilogramas, esta­
mos dizendo que a massa desse homem é 90 vezes (quantidade) o padrão (quilograma).
Observação: Consulte o Glossário no final deste Livro quando você desejar ob­
ter definições resumidas sobre os principais assuntos tratados neste Livro.
Grandezas Vetoriais
Toda grandeza vetoria! possui três características: (a) um módulo ou imensidade
(que fornece uma grandeza escalar), (b) uma direção no espaço e (c) um determinado
sentido. Neste Livro utilizaremos uma flecha sobre a letra para designar uma grandeza
vetorial. Por exemplo, o símbolo v~ indica o vetor velocidade.
Para saber se uma grandezafísica é escalar ou vetorial basta verificar se ela neces­
sita de uma direção e de um sentido. Por exemplo, quando afirmamos que um automó­
vel C possui uma velocidade de 80 km/h estamos apenas especificando o módulo do
vetor velocidade. Para definir completamente o vetor velocidade é necessário dizer a di­
reção da velocidade; além da direção, é necessário especificar o sentido do vetor. Cada
direção admite dois sentidos. N flecha associada ao vetor indica o sentido-, a direção é
dada pela reta suporte do vetor e o módulo do vetor é dado pelo comprimento do seg­
mento representativo do vetor. Na Seção 1.2 faremos um estudo mais detalhado sobre
vetores.
Unidades e Dimensões
Chama-se Sistema de unidades o conjunto de unidades usadas para medir todas
as grandezasfísicas. Na organização de um Sistema de Unidades, escolhem-sc, arbitra-
riamente, algumas grandezas cujas unidades são também arbitradas. As unidades das
demais grandezas são obtidas através de suas definições em função das grandezas arbi­
tradas. As grandezas arbitradas e suas unidades são denominadas FUNDA MENTA IS.
As demais grandezas e suas unidades são chamadas DERIVADAS.
As grandezas fundamentais são também chamadas de dimensões.

10
Em Mecânica, há três grandezas fundamentais, a saber:
— comprimento (L)
— massa (M)
— tempo (T)
As grandezas derivadas podem ser obtidas mediante combinações adequadas das
dimensões ou grandezasfundamentais. Por exemplo, como a velocidade média é um vetor
cujo módulo fornece a razão As/Ar, concluímos que a dimensão de velocidade é igual
à dimensão de espaço sobre tempo. Ou seja,
[v] = [espaço/tempo] = LT"'
onde L representa a dimensão de comprimento e T representa a dimensão de tempo. Uma
equação dimensional ou relação dimensional (ou simplesmente dimensional) é uma re­
lação que fornece as dimensões de uma dada grandeza física. A relação anterior forne­
ce a dimensão de velocidade. Denomina-se A nátise Dimensional o estudo das dimensões
das grandezasfísicas. No Capítulo 2 descreveremos os principais tópicos da Análise Di­
mensional.
Sistema Internacional de Unidades (SI)
Neste Livro vamos adotar somente as unidades do SI. As unidades fundamentais
da Mecânica no Sistema Internacional de Unidades são:
— comprimento (L) — metro — símbolo (m)
— massa (M) — quüograma — símbolo (kg)
— tempo (T) — segundo — símbolo (s)
A definição destas unidades será apresentada no Apêndice D. Os prefixos dos múl­
tiplos c submilltiplos das unidades do Sistema Internacional são apresentados no Apên­
dice C.
Todos os prefixos indicados no Apêndice C podem ser aplicados em todas as uni­
dadesfundamemaise em todas as unidadesderivadasào Sistema Internacional, com ex­
ceção da massa, cuja unidade fundamental é o quüograma (kg); neste caso, o prefixo
k (mil) antecede grama (g). Logo, I kg = 10*g.
Observações:
1 — Quando escritos por extenso, os nomes das unidades começam com letra mi­
núscula, mesmo quando estas unidades possuem nomes de cientistas (exemplos: new-
ton, joule, volt, ampère, etc.). Exceção:, grau Celsius e grau Kelvin.
2 — Na expressão do valor numérico de uma grandeza física, a respectiva unida­
de pode ser escrita por extenso ou representada por um símbolo. Por exemplo: 5 new-
tons (ou 5 N). Não são admitidas combinações de partes escritas por extenso e partes
escritas por meio de símbolos.
3 — Os prefixos do SI não devem ser justapostos a um símbolo. Por exem­
plo, useo prefixo pico (p) cm vez de v-/ para designar o fator 10“ Exceção: 1 m/x =
1 nm (1 nanometro = 10" v m).
Notação Científica
É um número expresso na forma N. 10", scndo:|7; —. inteiro ; 1 á N < 10 |
De acordo com a definição anterior, quando tivermos 37.000, devemos colocar
3,7 x !0J e nào 37 x 10'1 por que 1 < 3,7 < 10.

II
Regras:
|10a.10b= io(a+b)| ; 110a/10b = io(a~b)|
Exemplos.- 10J X 10a = 10ra*aa = 10’
0,004 + 0,0005 = 4 x 10’a - 5x 10'* = |x 10-J-''-<7= |x 10'
3,0 X 10ó X 1,5 X 10a7 = 4,5 x 10aa
Observação: Algumas vezes se uriliza um ponto (.) para designar produto. Note
que o ponto também pode ser usado para separar três algarismos (da direita para a es­
querda). Contudo, na notação científica não é necessário usar nem ponto nem a sepa­
ração entre os algarismos. Exemplo: 37 000 000 = 37.000.000 = 3,7 x 107
Ordem de Grandeza
É a potência de 10 que dá o valor aproximado de uma grandeza.
Exemplo: Qual a ordem de grandeza em kg da massa de um homem adulto?
A massa de um homem adulto oscila entre 70 kg e 100 kg; logo, a ordem de gran­
deza será 107 kg.
Potências de Dez
Já vimos que a notação cientifica i feita utilizando-se potências de dez. Quando
a grandeza é muito pequena ou muito grande (em relação ao padrão de medida), o nú­
mero de zeros pode se tornar muito grande.
Exemplos. Velocidade da luz no vácuo: 300 000 000 m/s.
Volume da Terra: 1 000 000 000 000 000 000 000 mJ.
Como esses números são difíceis de ler e escrever, convém escrevê-los de forma
mais simples, usando potência de dez.
1° caso: Expoente maior ou igual a zero. Exemplos:

360 = 3,6 x 100 = 3.6.107


3 600 = 3,6 x 1 000 = 3,6.10a
36 000 = 3.6 x 10 000 = 3,6.10'
REGRA:
— Quando a vírgula é deslocada para a esquerda, o expoente de 10 é positivo e igual ao
número de casas deslocadas.
2 386,5 = 2,3865 x 103 (3 casas deslocadas)
5 608 000 = 5,608 x 10a (6 casas deslocadas)
28 caso: Expoente menor do que zero. Exemplos:
0,1 = 10’’
0,001 = IO'3
0,036 = 36/1000 = 3,6 x IO-2

REGRA:
— Quanto a vírgula é deslocada para a direita, o expoente de 10 é negativo e igual ao
número de casas deslocadas.

12
0,000567 = 5,67 X 10 ~4 (4 casas deslocadas)
0,00000056 = 5,6 X 10"7 (7 casas deslocadas)
Algarismos Significativos
Os algarismos significativos resultantes da medida de uma grandezafísica são os
algarismos lidos. Por exemplo, quando dizemos que um lápis possui um comprimento
de 14,1 cm queremos dizer que a nossa medida forneceu um valor entre 14,05 eme 14,15
cm. Dizendo que o comprimento do lápis vale 0,141 m èstamos apenas mudando de
unidade mais nada acrescentamos à informação precedente. Contudo, se disséssemos
que o comprimento do lápis é de 14,13 cm estaríamos dando mais um algarismo signifi­
cativo', ou seja, isto só seria possível se usássemos um instrumento de precisão maior
do que o instrumento de medida usado para obter o valor 1-4.1 cm.
Observações:
1 - Os zeros à esquerda não são significativos, mas os zeros à direita são significati­
vos. Exemplo: quando dizemos que um lápis possui 15 cm de comprimento, usamos
somente dois algarismos significativos; quando afirmamos que um lápis possui 15,00
cm queremos dizer que medimos com precisão até décimo de centímetro e estimamos
centésimo do centímetro (portanto, neste caso, fornecemos 4 algarismos significativos).
2 - Nas transformações de unidades, usando múltiplos ou submúltiplos, utilizamos
a notação científica, mantendo o número de algarismos significativos.
3-/1 soma de grandezasfísicas homogêneas deve conter apenas um algarismo du­
vidoso (depois de realizar a soma). Isto é, o resultado contém o mesmo número de alga­
rismos significativos da parcela de menor precisão.
4 - O produto ou divisão de grandezasfísicas não pode ter mais algarismos signifi­
cativos do que qualquer dos fatores.
Erro Absoluto e Erro Relativo
Denomina-se erroabsoluto a diferença entreo valor real e o valor médio resultan­
te da medida de uma dada grandezafísica. O valor médio de uma medida é normalmen­
te obtido mediante o cálculo da média aritmética das medidas (ver mais adiante).
O erro relativo £, é a razão entre o erro absoluto £, e o valor real x de uma grande­
za física, ou seja, | f = £,/x~|
onde E, = x„ - x, sendo x„ o valor médio da medida da grandeza cujo valor verda­
deiro é igual a x. O erro relativo E, pode ser expresso sob forma de uma porcentagem.
Veja a noção de porcentagem e de proporção no Apêndice E.
Média Aritmética
Em laboratório, na maioria dos fenômenos a serem estudados, o verdadeiro va­
lor das grandezas envolvidas não é conhecido. Como se busca a máxima precisão pos­
sível, efetua-se sempre um mínimo de cinco medições de cada grandeza e, na maioria
das vezes, obtemos valores diferentes entre si. Consideramos, então, como valor mais
provável da grandeza, a média aritmética dos “n” valores obtidos.
Exemplo. Fazendo a medição de determinado comprimento AB, um estudante
encontrou com 3 algarismos significativos os seguintes valores:
1.* medição — 6,35 dm

13
2? medição — 6,36 dm
3? medição — 6,34 dm
4? medição — 6,37 dm
5.' medição — 6,32 dm
O valor mais provável do comprimento A B será a média aritmética:
6,35 + 6,36 + 6,34 + 6,37 + 6,32
M. = = .6,35 dm
5
Desvio
Chamamos desvio a diferença entre o valor mais provável (média) e a medição.
No exemplo considerado, temos:
D, = 6,35 - 6,35 = zero
D; = 6,35 - 6,36 = - 0,01 (por excesso)
D> — 6,35 — 6,34 = + 0,01 (por falia)
D, = 6,35 — 6,37 = - 0,02 (por excesso)
D, = 6,35 — 6,32 = +0,03 (por falta)
Desvio Médio
É a média aritmética entre os módulos dos desvios.
D, + D; + Dj + D, + D, 0,00 - 0,01 + 0,01 - 0,02 + 0,03
Dm -
n 5
Logo:
D„ = 0,012
Isto significa que o valor real da grandeza é situado no intervalo
(6,35 ± 0,012) dm
Desvio Relativo
É a relação entre o desvio médio e o valor mais provável (média aritmética).

D>, = 0,012

Ma 6,35

D. = 0,00188 ou 0,18%

Sucessão e série

Denomina-se sucessão um conjunto de valores que dependem do número inteiro


n. O número n assume valores desde n = 1 até n = N (no caso de uma sucessão infinita).
Uma série é a soma dos termos de uma sucessão. Normalmente, uma série começa no
termo para o qual n = 1; contudo, existem séries que começam desde n = 0 e se esten­
dem até n = N (no caso de séries finitas) ou até n = ~ (no caso de séries infinitas)

14
Progressão aritmética

Denomina-se progressão aritmética uma sucessão de valores tal que cada termo
se forma do anterior mediante a adição de uma razão constante., Seja da razão de uma
progressão aritmética. De acordo com a definição acima, temos:
o, = a ; a.. = a + d-, . . . ; a„ = a + (n - l)d (1.1)
A soma dos termos de uma progressão aritmética constitui uma série aritmética'.
S, = a, + a, + . . . + a, (1.2)
Das relações (1.1)e (1.2) decorre a seguinte expressão para a soma dos n primei­
ros termos de uma progressão aritmética'.
S. — n(2a + nd - d)/2 (1-3)
Progressão geométrica

Denomina-se progressão geométrica uma sucessão de valores tal que cada termo
se forma mediante a multiplicação do termo anterior por um fator r constante. Seja r
a razão entre dois termos consecutivos; pela definição acima, temos:
o, = a ; a: = ar ; . . . ; a. = o/"" " (1.4)
A soma dos termos de uma progressão geométrica constitui uma série geométri-
ca:
S. = o, + o, + . . . + a. (1.5)
Das relações (1.4) e (1.5) resulta a seguinte expressão para a soma doszi primeiros
termos de uma progressão geométrica:
S. = a - l)/(r - 1) (1.6)
Na relação (1.6), quando r for menor que um, o limite da soma S" quando n
tende a infmito é dado por:
limite S. = o/(l - r) (1.7)
n — -

Expressão Matemática de uma Lei Física


Toda Lei Física pode ser expressa matematicamente através de uma equação que
envolve as grandezas físicas que são descritas pela referida Lei. A seguir mostraremos
como é possível fazer a representação gráfica de uma Lei Física.
Sistema de Eixos Coordenados Ortogonais
A descrição de um fenômeno físico necessita de um sistema de referência. Na Se­
ção 1.3 mostraremos que o movimento de uma partícula só pode ficar determinado se
escolhermos um dado sistema de referência. O sistema de referência mais simples é um
sistema constituído por dois eixos perpendiculares entre si. Na Fig. 1.1 mostramos um
sislema de eixos ortogonais ou sistema cartesiano ortogonal. Este sistema é constituído
por duas retas ortogonais OX e OY que se cruzam num ponto O denominado origem
do sistema de coordenadas.
13
Yt
A
4 •
3 ..
2 ..
1
0
■>
-t------ h
-3 -2 -1 1 2 3 4 X
—2
-3

Fig. 1.1 Sislema de eixos coordenados oriogonais. O eixo OX


é o eixo das abscissas e o eixo OY é o das ordenadas.
Seja Pum ponto situado no plano OXY. As coordenadas do ponto Psioxlabs-
cissa) ey (ordenada). Por simplicidade, mostramos entre parênteses os valores das coor­
denadas de um ponto; por exemplo, a notação P (x,y) indica as coordenadas x e y do
ponto P entre parênteses.

Exemplo 1.1 Indique num sistema cartesiano ortogonal os seguintes pontos: A(2,3);
5(2, —3); C( —3,2); 0(0,5); £(4,0). Use uma unidade arbitrária.
Solução. Caso você disponha de uma folha de papel millmetrado marque as coor­
denadas de cada ponto usando a mesma unidade. Por exemplo, para o ponto A, temos x =
2 unidades; y = 3 unidades. Escolha, por exemplo, cada unidade igual a 1 cm. Caso você
não disponha de uma folha de papel milimetrado, trace retas paralelas aos eixos a partir
de cada ponto sobre o eixo OX e sobre o eixo OY, conforme indicado na Fig. 1.2.

Acréscimo de uma Yariável


Considere um ponto P(x) que se desloca sobre o eixo OX. Seja P>(xi) a posição ini­
cial do ponto P e Pfx.) a sua posição final. A diferença entre o valorfinal e o valor ini­
cial de uma grandezafornece o acréscimo ou variação da grandeza considerada. Por exem­
plo, na Fig. 1.3o acréscimo ou incremento da variável x no intervalo entre x, e x, i re­
presentado pelo segmento Ax. A letra A (delta maiusculo) usada antes de uma variável
indica o acréscimo ou a variação da variável considerada.
A variação de qualquer grandeza x é dada por:
[ Ax = x, - x, | (1.8)
Observação: De acordo com a definição (1.8) toda variação possui sinal positivo
quando x- for maior do que x, e sinal negativo quando Xi for menor do que x,.

16
A
Y
5<iD
4..
3------------- * A
c I
I
1 I
I 1 -• I
I I E
-l----- 1----- 1—b- -4---- + ----b ♦ 4-
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 X
-1 • -
-2..
-3------------ è B

-5..

Fig. 1.2 Solução gráfica do Exemplo 1.1.

Pi P2

Xi X1

Ax 4

Fig. 1.3 O acréscimo ou variação de uma grandeza é a


diferença entre o valorfinal (xj e o valorInicial (xj da
mesma grandeza..
Ângulo entre uma Linha Reta e o Eixo Ox
Considere uma reta (r) hum plano OXY, conforme indicado na Fig. 1.4. Seja 8
ângulo formado entre o segmento positivo do eixo OX e a reta (r). Os pontos Pt e P,
sobre a reta (r) determinam um triângulo retângulo cujos catetos são áy, Ax e cuja
hipotenusa t o segmento da reta (r) entre P, e
De acordo com a definição de tangentee levando em conta a Fig. 1.4, concluímos
que a tangente do ângulo 9 entre a linha reta (r) e o eixo OX é dada por:
tg 9 = Ay/Ax (1.9)
onde Ax é dado pela relação (1.8) e Aj> = y2 — _yt
Observação: O ângulo 9 entre uma linha reta e o eixo OX é o ângulo medido a

17
Y
A

y3

y>

o * x3 X

Fig. 1.4 Esquema para a determinação da tangente do ân­


gulo entre a rela (r) e o eixo OX..

partir do lado positivo do eixo OX para a reta (zj no sentido trigonométrico (isto é, no
sentido oposto ao do giro dos ponteiros do relógio). Na parte (a) da Fig. 1.5 mostramos
uma reta (r) que forma um ângulo agudo com o eixo OX. Na parte (6) da Fig. 1.5 mos­
tramos a situação na qual uma reta (r) forma um ângulo obtuso com o eixo OX. Quan­
do 9 é um ângulo agudo, de acordo com a Fig. 1.4 e pela relação (1.9), concluímos que
a tangente de 9 t positiva. Quando 9 é um ângulo obtuso, concluímos que a tangente
de 6 é negativa.
Y (r) (A
A

e
X X
o o
/ 6 agudo e obtuso
(a) (*)
Fig. 1.5 (a) Reta (r)formando um ângulo agudo com o eixo OX. (b) Reta (r)formando um ângu­
lo obtuso com o eixo OX..
Equação da Linha Reta
Consideremos uma reta (r), no plano OXY, interceptando o eixo OY no ponto
H (O, h). Seja P(x, y) um ponto pertencente a (r). Existirá alguma relação entre y e
x que caracterize o fato de P pertencer a (r)? Vamos mostrar que sim.

18
Na Fig. 1.6 ilustramos uma linha reta (r) cortando o eixo OY no ponto H. Seja
m o valor da tangente do ângulo 9 entre a reta (/•) e o eixo OX. Podemos escrever:
Y
A r
P(xy)
(O,y)

áy = y — h

H(O,h)
S Ax = x

N O (x.O)

Fig. 1.6 Esquema para a dedução da equação da linha re­


la num plano OXY.
tg ff = m

Ax x
y - h = mx —|,y = mx + Ã~| d • >0)
Um ponto qualquer P(x, y) pertence à reta (r) se, e somente quando, as coorde­
nadas x e y do ponto P satisfazem à equação do primeiro grau(\.10). Denomina-se equa­
ção linear ou dependência linear toda função y(x) que satisfaz a equação <1.10).
Observações:
1 - Quando a equação da linha reta é escrita na forma (1.10), o ponto H onde a
reta corta o eixo OYé obtido fazendo-se x = Ona relação (1.10). A abscissa x, do pon­
to A onde a reta (r) corta o eixo OX pode ser determinada fazendo-se y = 0 na relação
(1.10), ou seja, Xe = — h/m, onde h i a ordenada do ponto H.
2 - A equação de uma reta vertical (paralela ao eixo O Y) é dada por: x = c, onde
c é a distância constante entre a reta vertical considerada e o eixo O Y.
3 - Se m for menor do que zero, o ângulo 6 é obtuso. Se m for positivo, o ângulo
9 é aguda Quando m = 0, a reta é horizontal (paralela ao eixo OX). A equação de uma
reta horizontal é dada por: y - h, onde h é a distância constante entre a reta horizontal
considerada e o eixo OX.
4 - O número m da equação (1.10) denomina-se coeficiente angular da reta (r). Das
relações (1.9) e (1.10) concluímos que o coeficiente angular m é dado por:
m = tg 9.
5 - Se h = 0, a reta passa na origem O do sistema.de coordenadas.

19
Gráfico de uma Função
Na Fig. 1.2 mostramos como se localiza um ponto P(x,y) num sistema de coorde­
nados cartesianas. Na Fig. 1.6 mostramos o gráfico de uma linha reta no plano CWK Ou
seja, podemos dizer que a linha reta indicada na Fig. 1.6 é o gráfico de umafunção linear.
O gráfico de umafunção não i sempre Hnear, de um modo geral, qualquer curva no pla­
no OXY pode ter uma representação gráfica através de uma dada função y(x). Uma curva
Xx) ou uma/unpõo y (x) é representada graficamente no plano OXYfornecendo-se valo­
res para x e calculando-se os respectivos valores indicados na equação da curva conside­
rada. Por exemplo, atribuindo-se valores para x na equação (1.10) e calculando-se os res­
pectivos valores dey, podemos construir o gráfico da linha reta.
Representação Gráfica de um Fenômeno Físico
Todo fenômeno físico ou toda Lei Física pode admitir uma representação gráfi­
ca, desde que se escreva a equação da referida Lei Física (ou do fenômenofísico consi­
derado).

Exemplo 1.2 Um automóvel se desloca em linha reta com uma velocidade cons­
tante igual a 40 km/h. Escreva a distância s percorrida pelo automóvel em função do tem­
po e faça uma representação gráfica da funçãoscontrar. Utilize as seguintes unidades no
gráfico: s èm quilômetros (km) e t em horas (h).
Solução. Como o automóvel se desloca em linha reta com velocidade constante, con­
cluímos que o espaço percorrido s é proporcional ao tempo t (contado a partir de um ins­
tante inicial t = 0). Logo,
s = vt (1)
onde v = 40 km/h é a velocidade do automóvel. Dando valores para t na equação acima,
podemos escrever:

s(km)

160 ■

120-

80

40

0 10 20 10 /(h)

Fig. 1.7 Gráfico do deslocamento s em função de t no Exemplo 1.2.

20
r = 10 h; s - 40 km; f = 20 h; s = 20 km; t = 30 h; s = 12C km
Com estes valores de te des podemos construir o gráfico de s contra t indicado na
Fig. 1.7. Comparando a relação (l.lO)com a expressão (1) vemos queo gráfico descontra
t representa uma Unha reta passando pela origem; v i o coeficiente angular desta reta.
Derivada ou Taxa de Variação
Considere uma dada funçãoy(x). Suponha que a curva representativa desta função
não seja uma linha reta. A derivada da função y(x) (ou taxa de variação de y em relação
a x) i definida através da seguinte passagem ao limite:

= tim — (1.11)
dx 0
Qual é o significadofísico da derivada? Na Física utilizamos uma derivada toda vez
que uma grandeza é definida através da taxa de variação formada pela razão entre duas
outras grandezas contínuas-, a passagem ao limite indicado na definição (1.11) permite obtei
a derivada da grandeza física considerada. No estudo da Cinemática (que será feito mais
adiante) teremos oportunidade de exemplificar a aplicação do conceito de derivada na Fí­
sica.
Qual é o significado geométrico da derivada dy/dx num ponto x<í! Comparando a
relação (1.11) com a equação (1.9) você poderá notar que a derivada dy/dxfornece a tan­
gente do ângulo 0 entre o eixo OX e a reta que tangencia a curva no pontoxo. Na Fig. 1.8
ilustramos a interpretação geométrica da derivada.

Y
CURVA

reta tangente a curva no ponto xQ


I
I tg 0=dy/dx
I
I
e
O Xq
x
Fig. 1.8 A derivada (dy/dx) calculada no ponto x.fornece a tangente do ângulo 9-

Nota: No caso particular em que a curva XO i uma liha reta dada pela equação (l. 10),
de acordo com a interpretação geométrica da derivada ilustrada na Fig. 1.8, concluímos
que a derivada dy/dx fornece uma tangente constante para o ângulo 9 entre a linha rela
(1.10) e o eixo OX. Neste caso, a derivada dy/dx t dada pelo coeficiente angular in da li­
nha reta considerada.

21
1.2 Noções de cálculo vetorial
Já vimos que as grandezasfísicas podem ser escalares ou vetoriais. O cálculo en­
volvendo grandezas escalares é relativamente simples. Contudo, quando estudamos gran­
dezas vetoriais é necessário desenvolver cálculos especiais. Denomina-se Cálculo Veto­
rial a parte da Matemática que estuda as propriedades dos vetores e as operações entre
vetores. Nesta Seção vamos apresentar as noções básicas de Cálculo Vetorial. Estas no­
ções são imprescindíveis no estudo da Mecânica e das demais partes da Física.
Vetor
Tomemos sobre uma reta L um segmento AB e orientemos este segmento de A
para B como mostra a Fig. 1.9. O ponto A chama-se origem, e o ponto B, extremidade
do segmento orientado AB. Um segmento orientado, quando utilizado para represen­
tar uma grandeza vetorial, toma o nome de vetor. Um vetoràeve ter comprimento pro­
porcional ao valor numérico da grandeza vetorial que representa; deve também, como
é óbvio, ter a direção e o sentido da mesma.

v = AB

Fig. 1.9

As características fundamentais de um vetor são:


— módulo', é o valor numérico da grandeza que o vetor representa. Indica-sc o
módulo por |v"| ou . Não havendo possibilidade de confusão, também se pode
indicar o módulo por v.
— direção: é indicada pela reta em que o vetor se apóia.
— sentido: é a orientação tomada sobre a reta, indicada pela flecha.
Classificação dos vetores
a. Vetor Ligado
Consideremos um vetor v" aplicado a um ponto P e um segundo ponto P’. Ad­
mitamos que o efeito produzido por v* mude, se o aplicarmos em P’. Neste caso, dire­
mos que v" é um vetor ligado ao ponto P. Assim, um vetor se diz ligado quando a mu-

22
dança de posição de seu ponto de aplicação vier a produzir mudança no efeito do ve­
tor. Vamos a um exemplo, para que possamos compreender este conceito:
— suponhamos que um homem pretenda empurrar um caixote bastante alto, de forma
que este escorregue pelo assoalho. Ao empurrão que o homem aplica denominamos/or-
ça. A força,como veremos mais adiante, é uma grandeza vetorial. AFig.L 10 mostra o
vetorforça f. Pois bem, com o objetivo de fazer o caixote deslizar, esta força não po­
de ser aplicada em qualquer ponto. Se o homem aplicá-la no topo do caixote, há perigo
de fazê-lo girar em torno da aresta que passa por ,4. O efeito do vetorforça f" muda,
se mudarmos o seu ponto de aplicação-, f é, neste caso, um vetor ligado.

m//
A
Fig. 1. 10 A força f aplicada ao caixote i um vetor ligado..
b. Vetor Deslizante
É aquele que pode ser deslocado ao longo de uma linha de ação.
Exemplo-. O vetor força f que o operário aplica através da corda pode ser dese­
nhado em qualquer ponto desta. Ver a Fig. 1.11.

//,
£ Fig. 1.11 A força f é u/n vetor deslizante.

23
c. Vetor Livre
É aquele que pode ser deslocado para qualquer ponto de uma região do espaço.
Exemplo. A velocidade de escoamento das águas de um rio, cuja corrente é uni­
forme (todas as partículas de água têm a mesma velocidade), pode ser desenhada em
qualquer ponto do rio.
d. Vetores Equivalentes ou Equipolentes
Vetores equivalentes ou equipolentes são aqueles que pdssuem a mesma direção,
o mesmo sentido e o mesmo módulo. Por exemplo, um campo vetorial uniforme é uma
região do espaço na qual associamos a todos os pontos vetoresequipolentes. Exemplo:
o campo gravitacional da Terra pode ser considerado uniforme numa pequena região
próxima da superfície terrestre; o vetor g~ (aceleração da gravidade) é o mesmo em to­
dos os pontos; ou seja, podemos dizer que são equipolentes todos os vetores associados
a este campo uniforme.
e. Vetores Colineares
Dois vetores são collneares quando eles possuem a mesma reta suporte. Dois ve­
tores colineares podem possuir o mesmo sentido ou então sentidos contrários. Na Fig.
1.12 mostramos dois vetores colineares de mesmo sentido.

Ê
Fig. 1.13 Exemplo de vetores
Fig. 1.12 Os vetores u" e paralelos não equipolentes.
v são dois vetores coli­
neares de mesmo sentido.

ü>

v
---- ►

,r u Fig. 1.14 _Os


Fig. 1.15 Os vetores a e
vetores u, v* e
são simétricos.
w são concor­
rentes.

24
f. Vetores Paralelos
São os que têm a mesma direção. Ver as Figs. 1.13 e 1.15
g. Vetores Concorrentes
São aqueles que têm origem comum. Ver a Fig. 1.14.
h. Vetores Simétricos
Dizemos que dois vetores são simétricos quando eles possuem o mesmo módulo
e a mesma direção, mas possuem sentidos contrários. Na Fig. 1.15 mostramos dois ve­
tores simétricos.
I. Vetores Coplanares
Vetores coplanares são aqueles que pertencem a um mesmo plano. Na Fig. 1.16
indicamos três vetores coplanares.

Fig. \ A6 Os vetores a ec são co­


planares.
J. Vetor Unitário
É aquele que possui módulo igual a um. O vetor unitário é obtido dividindo-se o
vetor pelo seu respectivo módulo.
Soma Vetorial
Sejam dados três vetores ã~, 5* e c~. Para adicioná-los, façamos coincidir a ori­
gem do segundo com a extremidade do primeiro, a origem do terceiro com a extremi­
dade do segundo. Ligando-se a origem livre à extremidade livre, obtém-se um novo ve­
tor. Sua origem coincide com a origem livre. Este vetor é definido como o vetor soma
ou vetor resultante de õ", 5" e c*. Representá-lo-emos por r~ e indicaremos: r~ = ã"
+ 5" + c, que se lê: r" i a soma vetorial de ã~, 5" e c~.
NaFig. 1.17 mostramos o método gráfico para a obtenção da resultante r~ daso-
ma vetorial dos vetores õ", 5" e õ*, ou seja,
~ = õ* +5" + c*

Fig. 1.11 Ovetorr é o vetor resultante da soma vetorial do vetor a comovetorb" ecomovetor
c . Este método gráfico é conhecido pelo nome de .regra do polígono.

25
Observação: Fazendo uma construção semelhante à indicada na Fig._l.l7, mas
alterando a ordem das parcelas vetoriais, você notará que o vetor resultanter é sempre
o mesmo. Ou seja, na soma vetorialo vetor resultante não depende da ordem das par­
celas vetorlais.
Regra do Paralelograma
O método é exposto é conhecido como método do polígono. Um método equiva­
lente é o método do paralelograma. Vamos ilustrá-lo para o caso de dois vetores: Para
adicionar dois vetores, façamos coincidir suas origens. A seguir, pela extremidade do
primeiro, tracemos uma paralela ao segundo e, pela extremidade do segundo, uma pa­
ralela ao primeiro. O vetor resultante tem origem comum aos dois vetores, c extremi­
dade na interseção das retas auxiliares traçadas. A série de figuras ilustra o método,
etapa oor etapa.

~^F

F = a + b
Fig. !. 18 Esquenta paru ilustrar o método do paralelograma utilizado para obter a resultante da
soma de dois vetores ã" e b. Ver também a Fig. 1.19.
A sequência de desenhos indicados na Fig. 1.18 ilustra o método do paralelogra­
ma (ou regra do paralelograma}. Mais adiante mostraremos como se utiliza a regra do
paralelograma para a determinação do módulo da resultante r.
Observação: Q método do paralelograma (ou regra do paralelograma] deve ser
utilizado somente para a determinação do vetor resultante r~ da soma de dois vetores.
Quando você precisar determinar a soma vetorial de três ou de mais de três vetores não
é aconselhável a regra ou método do paralelograma-, neste caso, é mais conveniente uti­
lizar o método da decomposição num sistema cartesiano ortogonal, conforme mostra­
remos mais adiante. No caso de mais de dois vetores, o método do paralelograma é apli­
cado do seguinte modo. Aplique o método do paralelograma para achar a resultante
~ da soma vetorial dos dois primeiros vetores; a seguir, aplique o método do paralelo­
grama para determinar a resultante r? da soma de zf com o terceiro vetor, e assim por
diante, até o último vetor. Note que este método é mais trabalhoso do que a regra do
polígono (ou método do polígono) ilustrado na Fig. 1.17.
Determinaremos, analiticamente, o valor da resultante e sua direção. Tomemos
dois vetores ü~ e v" que formam entre si um ângulo a e apliquemos o método do parale­
lograma. Ver a Fig. 1.19.
Prolonguemos, agora, a direção de v*, e, da extremidade de ~, baixemos uma
perpendicularsobre essa direção. Fica formado o triângulo OBA, doqualréahipote-
nusa. Então, pelo Teorema de Pitágoras, tem-se: r2 = OB2 + BA2, onde OB = V +
CB.
Observemos que BCA = «, pois estes ângulos são correspondentes..
Como o triângulo CBA é retângulo, podemos escrever:

26
Fig. 1.19 Regra do paratetogramo para a determinação do módulo, da direção e do sentido do
vetor resultante r .
CB = CA . cos a

Como CA = u, CB = u cos a.
Por outro lado:

BA = CA . sen a

Como CA = u. BA = u sen a.
Levando estes valores na expressão de r, tem-se:
r2 = (v + u cos a)2 + (u sen a)2 .'.

.’. r2 = u2 + v2 + 2 uv cos a :. V u2 + v2 + 2 uv cos a (1.12)

A fórmula (1.12) fornece o módulo r da resultante r~. O ângulo a entre dois veto­
res u e v é o menor ângulo formado entre os dois segmentos de reta que representam
os vetores. Note que quanoo a for um ângulo agudo, cos a épositivo e a resultante pos­
sui módulo r maior do que (u2 + v2)'22. Contudo, de acordo com a relação (1.12), quando
a for um ângulo obtuso, o módulo ri menor do que (u2 + v2)122 porque cosa t negati­
vo quando a i maior do que 90°.
O ângulo <t> formado entre o vetor resultante ~ e o vetor v" pode ser determinado
mediante o triângulo OAB indicado na Fig. 1.19. Podemos escrever para a tangente
de <t> a seguinte expressão:
tgó = ^ tg0 = u sen a
OB v + u cos a

Exemplo 1.3 Um objeto é submetido à ação de duas forças. Uma de 20 N e outra


de30N, formando entre si um ângulo de 60°. Qual o módulo de resultante dessas forças?
Solução. Na Fig. 1.20 mostramos o esquema das forças e o uso do método do para-
lelogramo. Para achar o módulo da resultante basta aplicar a fórmula (1.12). Os cálculos
serão indicados a seguir:

r= + 2/,/: cos a
>/ 202 + 302 + 2.20.30 -cos 60°
r = VTÕÕÕ .-. r s 44 N

27
_____ __
r /
/
* /
/
Ã
Fig. 1.20
Exemplo 1.4 Um barco tenta atravessar uma corrente usando sua força máxima.
Sua velocidade em águas paradas.com força máxima, éde4m/s. A velocidade da corren­
teza é de 3 m/s. Sabendo-se que o barco aproa perpendicularmente à corrente, qual será,
na verdade, a velocidade com que atravessa o rio e em que direção o faz?
Solução. Na Fig. 1.21 mostramos o esquema das velocidades. A velocidadedo bar­
co é designada por b , a velocidade da correnteza i indicada por C . A velocidade resul­
tante do barco é indicada por v*.

c
Fig. 1.21
De acordo com a fórmula (1.12), o quadrado do módulo da velocidade resultante
é dado por:

v2 = b2 + c2 + 2bc cos 90u


v = 'Tb2 + c2 v = x/4J + 3J
v = >/25 /. v = 5 m/s
A direção de v* fica definida por
, b 4 4
tg 4> = —.. tg <t> = —.'. 4> = arc tg —
c 3 3

Exemplo 1.5 A que expressões ficam reduzidas a fórmula da_resukante re do ân­


gulo que faz com um dos vetores, em cada um dos casos abaixo? (u + v = r , sendo
a o ângulo entre u e v )

28
(a) ot = 0o ; (d) cr = 180° ; (c) a = 90°
Solução. Na Fig. 1.22 mostramos um esquema para a aplicação da regra do parale­
lograma (ou método do paralelograma}. Em qualquer um dos três casos, podemos escre­
ver:

Fig. 1.22

v u2 + V2 + 2 UV COS Ot

u sen a
tg 0 =
v + u cos a

A seguir aplicaremos as duas fórmulas anteriores nos três casos considerados:


(a) a = 0o __________________
du2 + y2 + u. v . cos ot .*. r = x/u2 + v2 + uv . cosO”
= xj u2 + v2 + 2 uv r = V (w + v)2 r = u + v
u . sen 0°
tg 0 = /. tg 0 = 0 0°
v + u cos 0°

(d) a - 180°
= xíü2 + v2 + 2uvcos 180° r = 4 u2 + v2 — 2uv
Logo: r = V (xz - v)‘ r= u - v
u sen 180° tg 0 = 0 = —~= 180° ou 0°)
tg 0 =
v + u cos 180° V— U —1

(c) a = 90°
r - v ir + v2 + 2 uv cos 90° r = u2 + r'
u sen 90°
<2 <t> = 0 = arc tg-íí
v + u cos 90° v

Multiplicação de um vetor por um número


A multiplicação de um vetor cF por um número positivo N fornece um outro ve­
tor com a mesma direção e omesmo sentido do vetor ã~. Ou seja, o vetor NêF é um vetor
que possui um módulo N vezes maior do que o vetor õ" e possui a mesma direção e o
mesmo sentido dc tF.

29
A multiplicação de um vetor v~ por um número negativo — N fornece um vetor
cujo módulo é Nvezes maior áo que o módulo do vetor v*, porém o vetor - Nv possui
sentido contrário ao do vetor v", apesar de possuir a mesma direção do vetor v .
Como exemplos, na Fig. 1.23 indicamos um vetor õ" e os vetores 2a , - 3a <
- ã”. Note que o vetor — õ" é o vetor simétrico do vetor íF.

- 3a

Fig. 1.23

Subtração de vetores
A subtração ou diferença de dois vetores consiste na obtenção da resultante da
soma vetorial do primeiro vetor com o vetor simétrico do segundo vetor. Na Fig. 1.24
indicamos os vetores v] e v? . Desejamos determinar a diferença vetorial entre estes
dois vetores.

Fig. 1.24

áv" = >7 - v?

Portanto, para obter Av" basta usar o método do paralelograma somando-se v,


com o vetor simétrico de v" .Na Fig. 1.25 ilustramos a operação para determinar o ve­
tor Av".

30
Av

Fig. 1.25
Aplicando o mesmo método de cálculo utilizado na dedução da regra do soma
vetoríal podemos mostrar que:
Av = Vvf + vé - 2v, v, cos «
- V, sen a
tg <t> =
V, - V, cos a

Método da decomposição para adição de vetores


a. Projeção de um Vetor sobre um Eixo
Seja v~ um vetor c L, um eixo. Projetando sobre L a origem e a extremidade de
v", obtêm-se a origem e a extremidade do vetor vj projeção de v* sobre L. Sendo a
o ângulo entre v* e L, o valor de vt será:
v, = v cos a
Na Fig. 1.26 ilustramos como se procede para se obter & projeção de um vetor v*
sobre um eixo L.

vL = v cos a

L
Fig. 1.26
b. Projeções Ortogonals de um Vetor
Seja v* = (JX um vetor; Oxe Oy são dois eixos perpendiculares entre si. Os veto­
res i\ e v" indicados na Fig. 1.27 são as projeções ortogonais ou componentes do ve­
tor v" segundo os eixos ortogonais Ox e Oy.
Da Fig. 1.27 é evidente que:
v, = v cos a
v, = v sen a

31
y

c ,k A
«"I
I
I
V I
I
v, I
I
I
I
a I

O x
Fig. 1.27 Os vetores v. e v", são as projeções ou componen­
tes ortogonais do vetor v .
c. Teorema
"A projeção da resultante de um sistema de vetores sobre um eixo é igual à resul­
tante das projeções dos diversos vetores sobre o mesmo eixo."
Na Fig. 1.28 ilustramos a aplicação do teorema anterior.

Fig. 1.28
d. Soma Setorial pelo Método da Decomposição
Desejamos obter a soma vetorial ã" + C + c* dos i rês vetores indicados na Fig.
1.29.

32
a

Fig. 1.29 Desejamos obter a resultante da soma vetorial a + 5" + c.

Na Fig. 1.30 ilustramos o procedimento para se obter uma soma vetorial median­
te o método da decomposição. O vetor ã~ deve ser desenhado de modo que sua origem
coincida com a origem O do sistema Oxy. A partir da extremidade de õ* desenhamos
o vetor 5", e assim sucessivamente. Utilizando o método do polígono para obter a re­
sultante r* e aplicando o teorema anterior, podemos obter facilmente o vetor resultan­
te ~ que possui componentes r\ erj , conforme ilustrado na Fig. 1.30.
y

- b, Õ a b
a> I,"

l <
i i
c,

1C
l
i
r. i
i
i
t

0 a. x
Fig.1.30

Observamos que: r, = a. + b, - c,
r, = a, + o - c„ pois b, = 0.
Podemos generalizar o método da decomposição para um número qualquer de
vetores. Neste caso, os componentes r, e r, do vetor resultante r são dados por:
r, = E v,
r, = E v,
onde o somatório se estende para o número total de componentes dos vetores. Na Fig.
1.31 representamos apenas a resultante ~ e os componentes desta resultante (r, e r,).
Da Fig. 1.31 concluímos facilmente que:

33
y n

i
6 i

0 ■*

O A x

Fig. 1.31

Obtidos r, e r„ determinamos r através de: r = V z? + rf

A direção deZ é dada por 0 através de: tg <t> = —


Observação: J
— O método da decomposição deve ser aplicado seguindo as etapas abaixo:
etapa — Escolha adequada de um par de eixos;
2. " etapa— Decomposição de todos os vetores segundo os eixos adotados e cálculos de
seus módulos pelas expressões:
v» = cos a
v, = v sen a, se a for o ângulo entre v* e Ox
3. ° etapa — Cálculo de r, e r, através de:
r, = E v, r, = E v,
4. ’ etapa — Cálculo de r e de 0 através de:
r = -J rl + rj ;

Produto escalar
Sejam iZ eZ dois vetores. O produto escalar ác ü~ com ~é um número c defini-
do por:
c = uv cos 6
onde u é o módulo do vetor ã, v é o módulo do vetor ~ e S é o ângulo entre iZ eZ.
Normalmente, o produto escalar entre dois vetores é designado por um ponto (.) entre
os vetores. Podemos, então, definir o produto escalar de dois vetores mediante a fór­
mula:
íZ .v = uv cos 6 (1.13)
Conhecendo-se o produto escalar u.v = c, podemos calcular o ângulo entre dois
vetores. Da relação (1.13) obtemos:

34
cos0 = (u .v )/uv
Da definição (1.13) concluímos que o quadrado do módulo de um vetor iT pode
scr obtido pelo produto escalar do vetor u* por ele mesmo, ou seja,
U.Ü-- U2
Observação: o quadrado do módulo de um vetor denomina-se norma do vetor.
Produto vetorial
O produto vetorial de dois vetores u ev é um terceiro vetor w simbolizado pela
notação:
w = ü Xv
onde o sinal de multiplicação (X) indica o produto vetorial. O vetor ív possui as seguin­
tes caracteristicas:
(a) O módulo do produto vetorial de dois vetores é dado por:
w = 17 X TI = uv sen 8 (1.14)
onde 6 i o menor ângulo entre os dois vetores. Existem dois ângulos entre dois vetores;
o menor dos dois ângulos vale 8 e o maior vale 360° — 8. Como sen (360° — 8) = —
sen 8 i conveniente escolher sempre o menor ângulo entre os dois vetores para que o
módulo w seja positivo. Observe que na definição do produto escalar (1.13) tanto faz
escolheromenorânguloflquantoomaior ângulo (360° — 8), uma vezquecosfl - cos
(360°- 8).
(b) A direção do vetor w é sempre ortogonal a ü" e a v*.
(c) O sentido do vetor w é dado peta regra do saca-rolhas. Fazendo-se girar um
saca-rolhas no sentido de u para v* o avanço da rosca direita do saca-rolhas ocorre
no sentido positivo de w . Um parafuso de rosca direita girando no sentido de i7 para
v* (através do menor ângulo 8), avança no sentido positivo de ív . Outra regra equiva­
lente para se obter o sentido do produto vetorial é a chamada regra da mão direita. Co­
loque os dedos da mâo direita (com exceção do polegar) envolvendo os vetores ü" e v",
de modo que os dedos indiquem uma rotação de ü" para v* (descrevendo o menor ân­
gulo entre estes dois vetores); neste caso, o dedo polegar indicará o sentido positivo do
vetor iv . Note que o sentido de >v decorre da convenção acima explicada.
Observação: O produto vetorialde dois vetores não é comutativo, ou seja, quan­
do trocamos a ordem dos fatores da multiplicação vetorial, o vetor >v muda dc sinal.
Logo,

Vetor Axial
É claro que o sentido do vetor w resulta de uma convenção de “rosca direita" ou
da regra da "mão direita". Justamente por esta razão, todo vetor w obtido pelo produto
vetorilde dois vetores è chamado de vetor axial ou pseudovctor. A palavra "pseudove-
tor" decorre do fato de que o vetor w tem um sentido convencional ao passo que um vetor
* * verdadeiro" (denominado vetor polar) possui um sentido único que não depende de ne­
nhuma convenção. No Capítulo 5 voltaremos a fazer comentários sobre os vetores pola­
res (vetores "verdadeiros") e sobre os vetores axiais (ou "pseudovetores").

35
Duplo produto vetorial
O duplo produto vetorial envolvendo três vetores , v* e u> ,éum vetor t definido
do seguinte modo:
= u X (v X w) = (u .w )v" — (u ,v )>v

1.3 Conceitos fundamentais da cinemática


A Cinemática é o estudo meramente descritivo do movimento. Este estudo se de­
senvolve a partir de alguns poucos conceitos: comprimento, tempo, sistema de referên­
cia, posição, velocidade e aceleração. Os conceitos de comprimento e tempo são primi­
tivos, isto i, não são definidos com apoio em outros conceitos anteriormente conheci­
dos. A noção de comprimento está ligada à idéia de tamanho de uma linha. Na Fig. 1.32
mostramos que a medida de um comprimento resulta sempre de uma comparação en­
tre dois tamanhos.
d

A linha cd é mais longa que ab, O comprimento de CD é três vezes


cd tem comprimento maior que ab. maior que o de/lfí
Fig. 1.32 (a) Comparação visual entre os comprimentos de duas curvas, (b) Podemos me­
dir o comprimento do arco CD tomando como unidade o comprimento do arco AB.

A noção de tempo está ligada à duração de um fenômeno, isto é, podemos com­


parar a duração de um fenômeno com a duração de outro fenômeno, conforme indica-
do na Fig. 1.33. (a) O pêndulo B demora mais
para ir e voltar que A,
isto é, leva mais tempo para OB
ir e voltar que A.
T O
h
g
Mh/m/

(b) A bola B leva “mais tempo” para


chegar ao solo que a bola A.
Fig. 1.33 Comparação do período da oscilação do pêndulo A com o período da oscilação
de um pêndulo B. (b) Comparação do tempo de queda de uma bola A com o tempo de queda
de uma bola B.
36
Medimos, isto é, comparamos comprimentos verificando quantas vezes um com­
primento cabe em outro. Na verdade escolhemos arbitrariamente um comprimento pa­
drão para servir de unidade e através da comparação com o padrão podemos medir um
dado comprimento. Na Fig. 1.34 mostramos como medimos ou comparamos dois com­
primentos.
h COMPRIMENTO PADRÃO — 1 unidade = 1 u

A> + HB AB = 2u AB 2 CD = — AB
CD 3 2
. Cl + 4D CD = 3 u
Fig.1.34 Medida de dois comprimentos ABe CD tomando-se como base um padrão de compri­
mento igual a 1 u.
Também podemos comparar tempos. Escolhemos um fenômeno, de preferência
repetitivo, como o oscilar de um pêndulo para servir de padrão de tempo. Por exem­
plo, suponha que na Fig. 1.33 desejamos comparar o tempo de queda da bola B com
o tempo de queda de A. Para tanto fazemos com que o início das oscilações de um pên­
dulo coincida com o momento em que a bola A foi largada e contamos quantas oscila­
ções o pêndulo executou até a bola A tocar o solo. Admitamos que tenham, sido duas.
Repitamos o mesmo procedimento para a bola B e suponhamos que o mesmo pêndulo
executou três oscilações durante a queda de n. Poderemos escrever:.
tA = tempo de queda de A = 2 oscilações^! {
t, tempo de queda de B = 3 oscilações ) ______ 2
É claro que estamos admitindo que todas as oscilações do pêndulo são iguais en­
tre si. No Capítulo 2 faremos uma discussão mais detalhada sobre medidas e sistemas
de unidades.
O conceito de sistema de referência está associado à situação de Um observador
que afirma que algo se move ou que está em repouso. Um sistema de referência é um
corpo ou um conjunto de corpos relativamente aos quais este observador é considera­
do fixo (ver Fig. 1.35) J~

777777/ ' 777777777777777)


O observador O está fixo
em relação às paredes do
ônibus. O ônibus é o
referencial associado a O.
Fig. 1.350 observador O está em repouso em rela­
ção ao ônibus, porém o ônibus se move em relação
ao solo; o ônibus é o referencial do observador 0.

37
O movimento de um corpo é visto de forma diferente por observadores ligados
a referenciais diferentes. Imagine que no ônibus da Fig. 1.36 há um passageiro brin­
cando com uma bola, quicandoabola no piso do ônibus. O observador ligado ao refe­
rencial ônibus vê a bola descrever uma linha reta para cima e para baixo. Um observa­
dor fixo na superfície da Terra vê a bola descrever uma linha como a indicada na Fig.
1.37. __________________ -—

o
O' ò
(o)

O obervador O' está fixo


na Terra, O está fixo no ônibus.
O ônibus move-se em relação
a O’. A bola é vista por O conforme
indicado em (a) e é vista por O’ (b)
conforme indicado em (b) (ver a Fig. 1.37). I Fig. 1.37
Fig. 1.36 Um passageiro está brincando com uma bola. Qual ê a tra­
jetória descrita pela bola para um observador 0 dentro do ônibus? Qual
é a trajetória para um observador 0‘fixo no solo? Ver Fig. 1.37.

Observação: Toda vez que afirmamos que um corpo está em movimento ou em


repouso, sem dizer explicitamente qual é o referencial, estaremos considerando um re­
ferencial fixo na superfície da Terra.
Axiomas fundamentais
Toda Ciência se apóia em um certo número de afirmações para as quais não se
tem uma prova, uma demonstração, mas que concordam com as observações experi­
mentais dentro de certos limites. Estas afirmações são chamadas axiomas ou postula­
dos.
Axioma n? 1
"As dimensões lineares de um corpo são as mesmas qualquer que seja o referen­
cial adotado."
Axioma n.° 2
"A duração de um evento é a mesma qualquer que seja o referencial adotado. ”
Nota: Os dois postulados anteriores são os axiomas fundamentais da Cinemática
Clássica. Na "Leitura Complementar' ’ deste Capítulo mostraremos que estes postula­
dos só valém quando a velocidade relativa do movimento considerado for muito me­
nor do que a velocidade da luz no vácuo.
Instante e intervalo de tempo
Suponha que tenhamos escolhido um certo pêndulo para medir tempo. Quando
o pêndulo está em movimento podemos associar um número a cada ponto da trajetó­
ria do pêndulo, conforme ilustrado na Fig. 1.38.

38
U/t/fW

1,25

Fig. 1.38 Podemos associar uma ''unidade de tempo*' a cada oscilação completa do pêndulo;
sendo assim, cada ponto da trajetória descrita pelo pêndulo corresponde a um ' 'instante de tem­
po”.

Este número que se associa a um evento ou acontecimento (no caso a passagem


do pêndulo em um certo ponto) é chamado instante c o representaremos de agora em
diante pela letra r. Admitiremos, axiomaticamente, que é sempre possível escolher um
tal número e que entre dois instantes há uma infinidade de instantes. Observe que nada
nos obriga a começar do número zero. Poderiamos ter começado por qualquer núme­
ro, mesmo um número negativo. Também poderíamos‘‘pular’’d«as, írês, otimeia uni­
dade, qualquer número, a cada oscilação do pêndulo. De fato, poderiamos até mesmo
ter feito “pulos” para baixo, isto é, poderiamos associar os número de modo a formar
uma sucessão decrescente a cada oscilação do pêndulo. No entanto, escolhemos uma
sucessão crescente e, vamos convencionar (combinar entre nós) que o faremos sempre.
Assim os instantes formarão sempre uma sucessão crescente de tal modo que a um evento
posterior a outro corresponda sempre um instante maior que o deste outro. Em símbo­
los, diremos:
tf^nenoi >

Chamamos intervalo de tempo entre dois eventos, um anteerior e outro posterior,


a diferença entre os instantes posterior e anterior que lhes correspondem. Simbolizare­
mos por Ar o intervalo de tempo considerado, ou seja,
At — tpo^0KB ~~ r,mnV*

Observação: Em vista da convenção que estabelecemos, Aí é um número sempre


positivo.

Unidade de intervalo de tempo


A unidade de intervalo de tempo é um intervalo de tempo decorrido entre dois even­
tos arbitrariamente escolhidos. A unidade universal utilizada é o segundo, símbolo “s”,
que corresponde aproximadamente a 1/86.400 de um dia. O segundo será definido no
Capítulo 2 (no qual estudaremos com detalhes asunidades e asdimensões das grande­
zas físicas). Ver também o Apêndice D.

39
Unidade de Comprimento
A unidade de comprimento é um comprimento arbitrariamente escolhido. A uni­
dade internacionalmente adotada é o melro, símbolo “m”, que corresponde aproxi­
madamente a 1 /40.000.000 do comprimento do equador terrestre. No Apêndice D apre­
sentaremos uma definição mais rigorosa do metro.
Posição
Consideremos um ponto M que observado de um certo sistema de referência des­
creve a trajetória C. Ao sistema de referência fixamos um par de eixos perpendiculares
entre si, Ox e Oy, como mostra a Fig. 1.39. Suponhamos que num certo instante t o
ponto encontra-se em M. A posição do móvel no instante t é dada pelo vetor de origem
O e extremidade M que designaremos por r , ou seja, r* = DAT?

y
Trajetória C

yj ,r Xl '
K\

I
I 7 - ÕM
I
I
r I
I
-çj------------------
o T xi

r é o vetor posição de M
no instante t. __
r = xi + yj
Fig. 1.390 vetor posição de um ponto M é o vetor que liga a origem
0 do sistema de coordenadas com o ponto M considerado.

O vetor r é denominado vetor posição de M no instante/.Pode-se exprimir 7 em


função das coordenadasxey do ponto M, como se vê na Fig. 1.39. Podemos escrever:
7 = xl~ + y7
Em algumas situações, quando a trajetória Ci bem conhecida, representamos a
posição por um número apenas. Para fazê-lo vamos primeiramente escolher um ponto
fixo na curva C, ao qual denominaremos origem O (ver Fig. 1.40). Arbitrariamente, es­
colhemos uma unidade, e, a partir da origem, repetimos esta unidade de modo a asso­
ciar a cada ponto da curva um número. O sentido de crescimento destes números é arbi­
trado e indicado por uma seta. Chama-se posição do móvel no instante / ao número s
que corresponde ao ponto M por ele ocupado neste instante.

40
c
M
Trajetória
s
3
2
/ 7
O

sé a posição escalar do
móvel no instante t.
Fig. 1.40 Podemos localizar um ponto M sobre uma curva C di­
zendo qual é a distância s entre o ponto M e um pontofixo 0 si­
tuado sobre a trajetória C.
Dissemos anteriormente que a Cinemática é a descrição do movimento. Pois bem,
descrever um movimento é dizer de que modo sua posição (yetorial ou escalar) varia à
medida que os instantes se sucedem, à medida que o tempo passa. Se pudermos dizer,
para cada instante, qual é a posição do móvel estaremos dando uma descrição do movi­
mento.

Exemplo 1.6 Um móvel desloca-se de tal forma que seu vetor posição tem módulo
constante e igual a 2 m e o ângulo 0 do vetor posição com o eixo Ox varia com o tempo de
acordo com a equação
0 = irt/2

onde 0 se exprime em radianos e t em segundos. Qual e a trajetória do móvel? Indique sua


posição no instante t = 3 s; 0 é medido no sentido positivo da TYigonometria.
Solução. Se |/| = constante, a trajetória é uma circunferência de raio igual a r*
= 2 m. Ver a Fig. 1.41. Em t = 3 s. temos: 0 = 3(r/2), ou: 0 = (3r/2) radianos.

6- 3x72
A

M
Fig. 1.41 Esquema do
Exemplo 1.6.
Exemplo Z.7Um móvel desloca-se de tal forma que seu vetor posição varia com o
tempo de acordo com r - 2t i , onde t se exprime em segundos e r* em metros. Qual
a trajetória do móvel? Indique a posição em t - 3 s.

41
Solução. Temos:
xF r yf
Pelo enunciado:
“ = 2tF
Comparando as duas relações anteriores, como v = O. vemos que a trajetória c o
eixo Ox. Ver a Fig. 1.42.
M

O 1 2 3 4 5 6

Fig. 1.42 Esquema do Eremp/o /. 7.

Comox- 2r,parat = 3s. concluímos que o móvel se encontra num ponto .W dado
por:
X = 6 metros.

Exemplo 1.8 Sobre a curva da Fig. 1.43. um móvel se desloca de acordo com a equação
s = 2/ + I. Indiquesuaposicãoemr = 2econstruaográficosX I. Considerescm melros
c t em segundos.

Fig. 1.43 Ilustração para o Exemplo 1.8.

Solução. Em t - 2, se tem: s - 2X2 + I, ou : s = 5 m. Ver a parte (a) da Fig. 1.44.


Na parte (A) da Fig. 1.44. construimos o gráfico s X r.

5(m)

s = 2l + 1
s (cm metros)

/ 1
Z0 (a)
i (b)
I
I Z(s)
Fig. 1.44 7

42
Velocidade
A velocidade é a grandeza que informa como o móvel muda de posição à medida
que o tempo passa, se o faz muito depressa ou se o faz devagar. A velocidade é a rapi­
dez com que a posição muda. Para conceituá-la de modo mais exato vamos estabelecer
algumas idéias auxiliares.
(a) Variação de posição (ou vetor deslocamento)
Considere um móvel que no instante t está em Mc num instante posterior t’ está
em M'(ver Fig. 1.45). Chama-se vetor variação de posição ou vetor deslocamento à di­
ferença entre o vetor posição r~< no instante t' e o vetor posição r no instante t. Ou
seja.
= r - (1.15)
onde Ar* c o vetor deslocamento entre M e M’.

y
M'
Ar
M
7
t f

75 x

Fig. 1.45 Ilustração para mostrar queo vetor deslo­


camento dr~ fornece a variação do vetor posição en­
tre dois pontos M e M' da trajetória considerada.

Quando a trajetória é bem conhecida pode-se usar a variação de posição escalar


que é a diferença entre as posições j’es ocupadas nos instantes t' e t.
Ou seja,
iss = s' — s
Observando a Fig. 1.45 e a Fig. 1.46, vemos que o módulo do vetor deslocamento
pode ser comparado com o módulo da variação escalar de posição do seguinte modo:
|aF| < |As|
A igualdade | Ari = | As| ocorre somente no caso de uma trajetória retilínea\ quando
a trajetória não é retilínea, o módulo do vetor deslocamento é sempre menor do que
Ar.
(b) Velocidade média
O vetor velocidade média de um móvel que no intervalo de tempo de t a t' sofre

43
M*
s*
M
As
r
s
t

O
' As = — í - arco MM’
(Variação de posição escalar no
intervalo de tempo de t a H
Fig. 1.46 Ilustração para mostrar a variação da posição es­
calar ao longo da trajetória entre dois pontos M e M\
um deslocamento Ar* é o vetor definido por Ar* /Ar (ver a Fig. 1.47). Ou seja, a veloci­
dade média é um vetor dado por:
= Ar /Ar (1.16)
onde Ar* é ò vetor deslocamento definido pela equação (1.15) e Ar é o intervalo de tem­
po, ou seja: Ar = t’— t.
Ár* M’

M
t

Fig. 1.47 O vetor velocidade


média v^„ tem a mesma dire­
ção e o mesmo sentido do vetor
deslocamento ísr .
Velocidade escalar média no intervalo de tempo de r a r 'é o quociente da variação
escalar de posição As pelo intervalo de tempo Ar = r’ - r, conforme ilustrado na Fig.
1.48. Ou seja,
As (1.17)
Vrn = ---------
âr

M
t As

v, = A*
AZ
Fig. 1.48 Esquema para ilustrar
a definição de velocidade escalar
média.
44
Observe que vm tem o mesmo sinal de Aí visto que Af é positivo. Quanto a uma
comparação entre os módulos de vZ e vm podemos verificar que:
| v*.| s |v. | (1.18)
É claro que no caso de um movimento retilíneo, vale a igualdade na relação (1.18),
porque |á~| = |Aj|. Contudo, se o movimento não for retilíneo |i£| é sempre me­
nor do que |v„|.
(c) Velocidade instantânea
Vetor velocidade instantânea em t é o vetor para o qual se aproxima o vetor velo­
cidade média entre t e t’ (t‘ > t) quando t’se aproxima de t, isto é, quando át tende a
zero. Ou seja, levando em conta a relação (1.16), temos:
— _ limite £sr~ (1.19)
tst-ü âr

Velocidade escalar instantânea no instante t é o valor para o qual se aproxima a


velocidade escalar média entre tet'(J’ > t) quando í'se aproxima de /, isto é, quando
AZ tende a zero. Logo, levando em conta a relação (1.17), resulta:
limite As (1.20)
v ” AZ-0 AZ

Exemplo 1.9 Um automóvel segue uma trajetória retilínea de A até B com uma ve­
locidade constante de 40 km/h e retorna de B até A com uma velocidade constante igual
a 60 km/h. Calcule a velocidade escalar média do automóvel ha viagem de ida e volta.
Solução. Quando um estudante resolve pela primeira vez um problema deste tipo,
normalmente ele confunde a velocidade média com a média das velocidades e fornece a
sguinte resposta errada: 50 km/h. Vamos mostrar que a velocidade média neste exemplo
não é 50 km/h. .
Seja d a distância entre A e B. Seja h o tempo que o automóvel leva para ir de A até
B com velocidade constante v( = 40 km/h e h o tempo que o automóvel leva para voltar
de B até A com uma velocidade constante v2 = 60 km/h. Pela definição de velocidade ins­
tantânea, no caso de um movimento retilíneo e uniforme, temos:
v = x/t
ondexé o espaço percorrido e/éo tempo do percurso. Logo, o intervalo de tempo total
para ir de A até B e voltar de B até A é dado por:
A/ = r, + 6 = (d/v.) + {d/v2) (D
onde d é a distância de A até B.

Portanto, a relação (I) acarreta:


AZ = d(vt + v:)/v(vj (2)
De acordo com a definição do vetor velocidade média (1.16) o vetor v„ é nulo, uma
vez que o deslocamento total ár é igual a zero. Contudo, de acordo com a definição de
velocidade escalar média (1.17), verificamos que o deslocamento escalar total vale:
.s = 2d (3)

45
Substituindo as relações (2) e (3) na definição de velocidade escalar média (1.17),
obtemos:
vm 2v,v;/(r, + v?) (4)
Substituindo os dados v, = 40 km/h e v2 = 60 km/h na relação (4) achamos o se­
guinte valor para a velocidade escalar média:
v,„ = 48 km/h
F.stc exemplo mostra claramente que o vetor velocidade média é uma grandeza com-
plciamemcf//7OT,i/eda velocidade escalar média. Além disto, a média aritmética das ve­
locidades não tem nenhuma relação com a velocidade média nem com o vetor velocidade
média.

Observações:
1 - A velocidade instantânea nos dá a cada instante a capacidade de um móvel pa­
ra varrer distâncias. Quando dizemos que um automóvel tem, num certo instante, uma
velocidade de 80 km/h estamos dizendo que ele poderia, na próxima hora, percorrer
80 km.
2 - Suponha que um corpo, apoiado sobre uma mesa horizontal, esteja preso a
um fio cujo outro extremo é ligado a um ponto fixo da mesa. O corpo movimenta-se
em trajetória circular. Se o fio se rompe o corpo tende a seguir uma trajetória retilínca,
tangente à circunferência no ponto em que o fio se rompeu. A velocidade tem, a cada
instante, a direção tangente à trajetória. Esta conclusão decorre da própria definição
de velocidade. Na Fig. 1,49 ilustramos esta importante propriedade característica do
vetor velocidade.

Fig. 1.49 Ilustração para mostrar que a velocidade é um vetor tangente à trajetória (em cada um
de seuspontos), (a) Uma partícula descreve uma trajetória circular, (b) Quando o fio que prende
a partícula se rompe, a partícula é projetada numa direção tangente à trajetória.

Exemplo 1.10 Os blocos A e B estão presos um ao outro por um fio inextensível.


A sc move com a velocidade s indicada na Fig. 1.50. Com que velocidade se move 5?
Solução. Tomemos um eixo Os com origem no eixo da roldana e orientado para baixo
e marquemos, para um instante t qualquer, as posições sA e dos móveis A e B. Observe
que a soma sA 4- sH é constante, visto que é igual ao comprimento total da corda menos

46
o pedacinho que encosta cm meia circunferência da roldana. Chamemos L a este compri­
mento dc corda pendente.
s, + Su - L ; no instante t (D
7////////
O

__
A-

A "• j
"te
B I- s

Fig. 1.50 Esquema do enunciado do Fig. 1.51 Esquema paru a sohi-


Exemplo 1J0. çüo do Exemplo 1.10.

Um pouco depois, num instante /terá mudado, sM também. Chamemos e $n


as novas posições. A soma s\ + s» não mudou, pois é igual ao comprimento de corda pen­
dente. Temos então:
+ s!i s L, no instante r* (2)
Subtraindo membro a membro as equações (2) e (1), vem:
(Sx — 5\) + (5|* — S») = L — L
Logo,
Asx 4 A.Si, - 0 (3)
on As\ e As» são as variações de posição que A c B experimentaram no intervalo de tem­
po Ar - r- t. Note que ás positivo fs{ > sx) e Mié negativo (sii < sH). Dividindo ago­
ra por Ar todos os termos de (3), vem:

ASh _
---- + — = 0 : ou < vx> H)
Ar Ar

onde < v.\> é a velocidade média de «4 e < yM> é a velocidade média de B.


A equação anterior é uma relação entre as velocidades médias de A e B no intervalo
Ar. Se agora imaginarmos que Ar se aproxima de zero, ou seja, se supusermos o instante
i ’ cada vez mais próximo de r, passaremos a ter uma relação entre as velocidades (a propó­
sito, quando nos referirmos simplesmente à velocidade, será sempre à velocidade instan­
tânea):

limite-^-' + limite = 0
Ar —0 A/-0 •*'

47
Logo,
Va + VB = 0 VA = — VB
Observe que os sinais diferentes vA e vB originam-se nos sinais diferentes de As\ e As»
e indicam movimentos de sentidos contrários. Como os dois movimentos são relilineos,
as duas velocidades possuem a mesma direção (da própria corda), mas possuem sentidos
contrários. Na Fig. 1.52, mostramos o resultado final.
Resumo da solução:
(a) Estabelecemos uma relação entre as posições, conforme indicado em (1).
(Z>) Obtivemos uma relação entre as variações de posição, conforme indicado na re­
lação (3).

7T
0 l ■■
0
Fig. 1.52 Esquema para o resu­
mo da solução do Exemplo 1.10.
(c) Em seguid,a, passamos para uma relação entre as velocidades médias, conforme
o resultado (4).
(d) Finalmente, imaginando que Aí-> 0, obtivemos a relação final entre as velocida­
des: _____________
VA = - VH

Exemplo 1.11 Direção da velocidade instantânea. Como sc justifica o fato de ser


o vetor velocidade instantânea tangente à trajetória do móvel a cada instante?
Solução. Suponha que uma partícula se mova sobre a curva Cindicada na Fig. 1.53.
Desejamos mostrar que ao passar em M, no instante /. sua velocidade tem a direção tan­
gente à trajetória em M. Para tanto, tomemos um instante posterior t’ em que o móvel es­
tá em M *. O vetor velocidade média entre t e í * tem a direção do segmento MM'. Se Aí =
C—t se aproxima de zero, o instante t ’se aproxima de t e M’ se aproxima de M. À medida
que M‘ se aproxima de M, a direção de v^ se aproxima da tangente à curva Cem M e, por­
tanto, o vetor velocidade instantânea tem a direção tangente à trajetória.
Exemplo 1.12 Equivalência entre o módulo do vetor velocidade instantânea e a ve­
locidade escalar instantânea. Mostre que o módulo do vetor velocidade instantânea é igual
ao módulo da velocidade escalar instantânea.
Solução. O módulo do vetor velocidade média é o quociente entre o comprimento
da cordaMM't o intervalo de tempo Aí. Quando o intervalo de tempo tende a zero, o ponto
M' se aproxima de Me corda e arco têm comprimentos cada vez mais próximos, isto é,
o comprimento da corda tende para o comprimento do arco.

48
M’ c M' c
v

Fig. 1.54 Quando t’ tende


M
t a t ,o ponto M’se aproxi­
ma de M, de modo que o
comprimento da corda
Fig. 1.53 Esquema para mostrar M t entre MeM' torn-se cada
que o vetor velocidade instantâ­ vez mais próximo do com­
nea é tangente à trajetória em ca­ primento de arco entre M
da instante t. eM\
Portanto, o valor da velocidade escalar instantânea tende ao mesmo valor do mó­
dulo do vetor velocidade instantânea.

Exemplo 1. 13 Na Fig. 1.55 mostramos um gráfico descontra / para o movimento


de um corpo. Determinar a velocidade escalar instantânea correspondente ao instante /
indicado no eixo Ot.

-/
O

Fig. 1.55 Esquema para o enunciado do Exemplo /. 13.

Solução. Considerando um instante / ‘posterior a t e determinando a variação esca­


lar de posição no intervalo de tempo de t a temos para
vw = Cxs/tsi ; As = QR, ãf = PR
Logo, v„, = tg 0, desde que as unidades métricas nos eixos Os e Ot sejam iguais. Ver
a Fig. 1.56.
Se £st tende a zero, o ponto Q se aproxima de Pe a secante PQaproxima-se da tan­
gente PT, o ângulo 0 aproxima-se de a .Então, pela relação (1.11), temos:
v = tg a = ds/dt

49
s

r *’

AS = s'- S ’

u 5

O
t
Át = t’~ t
Fig. 1.56 Esquema para a solução do Exemplo 1.13.

Observações:
1 - Quando empregamos a expressão “velocidade" estamos nos referindo ao ve­
tor velocidade instantânea.
2 - A velocidade instantânea não pode ser medida diretamente; contudo, o módu­
lo da velocidade instantânea pode ser determinado com boa aproximação medindo-se
a velocidade média num intervalo de tempo suficientemente pequeno.
Aceleração
A aceleração i a grandeza criada para informar como a velocidade de um móvel
varia (se lentamente ou se rapidamente). A aceleração é a rapidez com que a velocidade
muda, ou melhor,’ a aceleração é a taxa de variação da velocidade. Para conceituar a
aceleração é necessário definir algumas quantidades auxiliares.
(a) Variação de velocidade.
A variação do vetor velocidade no intervalo de tempo de t a t ’(f‘ > t) é a diferença
entre os vetores v’e v, velocidades instantâneas correspondentes aos instantes z'e t. Ou
seja,
] A~ = v’- v |
Na Fig. 1.57 ilustramos como se obtém a variação da velocidade.

Fig. 1.57 Esquema para determinar a va­


riação do vetor velocidade entre tet.

50
Denomina-se variação da velocidade escalar no intervalo de tempo de t a t ’ (t' >
/) a diferença entre a velocidade escalar v'correspondente ao instante l’e a velocidade
escalar v no instante t. Logo,
Av = V - v
Do triângulo indicado na Fig. 1.57 concluímos facilmente que:
lAv"l Z lAvI
Note que a igualdade indicada na relação anterior só ocorre no caso de trajetória
retilínea (sem inversão no sentido da velocidade). Compare o resultado anterior com
a equação (1.18).
(b) Aceleração média
Vetor aceleração média no intervalo de tempo de t a t' é o quociente da variação
do vetor velocidade ocorrida no intervalo de tempo At = t’ — t:
— Av"
(1.21)
~ bt

Na Fig. 1.58, ilustramos como se obtém o vetor aceleração média.

Fig. 1.58 Ilustração para mostrar co­


mo se determina o vetor aceleração
média.

A celeração escalar média no intervalo de tempo de t a t 'é o quociente da variação


de velocidade escalar ocorrida no intervalo de tempo At = t' — /:
Ãv
a. = — (1.22)
ãt
Observação: Estamos adotando neste Livro as seguintes notações para designar
valores médios- <a> e <r„, assim como: < v>, Ve v., etc.
Observe que: è |a«|
Verifica-se que a igualdade na relação anterior ocorre somente no caso de movi­
mento retilíneo (sem inversão de velocidade).

51
(c) Aceleração instantânea
Vetor aceleração instantânea no instante ré o vetor para o qual se aproxima o ve­
tor aceleração média entre os instantes t e t'(t’> f) quando t' se aproxima de t, isto é,
quando AZ tende a zero. Ou seja, levando em conta a relação (1.21), vem:
5" - limite Av~
AZ-0 AZ (1.23)
Aceleração escalar instantânea no instante Z é o valor para o qual se aproxima a
aceleração escalar média (1.22) entre os instantes t e Z* (Z'> Z), quando Z’ se aproxima
de Z, isto é, quando AZ = t‘ — Z tende a zero. Logo,
a = limite Ag (1.24)
A/-0 Aí

flt

an
Raio de curvatura
r

Centro de curvatura

C
O vetor a tem um componente tangencial e
um componente normal à trajetória
Fig. 1.59 O vetor aceleração instantânea
pode ser decomposto em dois componen­
tes ortogonais (ã' = õ“ + ).

Observações:
1 - O vetor a geralmente possui módulo maior que o módulo da aceleração esca­
lar. No caso de movimento retilíneo o vetor ã* possui módulo igual ao módulo da ace­
leração escalar. Logo,
|r|> |o |
2 - A direção do vetor <F depende do tipo de movimento do ponto. E conveniente
decompor o vetor ã" em duas posições previamente escolhidas e perpendiculares entre

52
si, a saber, a direção tangente à trajetória no instante t (direção de v")e a direção nor­
mal (perpendicular) à trajetória no mesmo instante. O vetor p denomina-se acelera­
ção tangencial e o vetor ã", é a aceleração norma! (ou aceleração centrípeta). Estes ve­
tores gozam das seguintes propriedades:
(a) O módulo de cT é sempre igual ao módulo da aceleração escalar instantânea.
Ou seja, õy = a
(b) O módulo de a, t sempre igual ao quociente entre o quadrado da velocida­
de instantânea e o raiode curvatura, r, no instante considerado.
|í| = S/r (1.25)
(c) O vetor a, sempre aponta para o centro de curvatura e está sempre sobre o
raio de curvatura', ele é frequentemente denominado aceleração centrípeta (que aponta
para o centro) ou aceleração radial (que tem a direção do raio). Ver a Fig. 1.59.
(d) O vetor õ" pode ser expresso pela soma vetorial de e ã~„ , ou seja,
ã = a, + í
(e) O módulo da aceleração total é dado por:
a = s/a,2+ ai (1.26)
f) O ângulo ó entre a aceleração <T e a velocidade V ê obtido mediante a relação:
tgó = í í (1.27)
(g) O vetor descreve como varia o módulo de v . Se p tem o sentido de v*, en­
tão o módulo de v é crescente Se p tem sentido oposto a jT, então v é decrescente.
(h) O vetor õ". descreve apenas as variações de direção do vetor v". No caso de
um movimento retUíneo ã~„ = 0.

Exemplo 1.14 No dispositivo da Fig. 1.60, o bloco A tem aceleração a x . Sendo


o fio inextensível, determine a aceleração de B.

u—

a.s

0
Fig. 1.60 Esquema do Exemplo
1.14.

53
Solução. No Exemplo 1.10 havíamos mostrado que num instante r qualquer:
£+ %=0 (1)
Num instante posterior
+V 0 (2)
Subtraindo (1) de (2), vem:
6? - \ ) + <*? - »í > = °
Ou então,
Ava + âvn = 0
Dividindo a relação anterior por Ar, obtemos:

= õ-
Ar Ar

Passando ao limite, quanto Ar tende a zero, obtemos:


£ + «L =o
Logo,
a* = “

Exemplo 1.15 Sobre uma reta OX um ponto se move de tal forma que sua veloci­
dade varia com o tempo deacordo com v = At + 1. Calcular sua aceleração, sabendo que
/ se mede em segundos e v em metros por segundo. Calcule o valor da aceleração do mó­
vel.
Solução. No instante t: v = At + 1 (1)
No instante v’ = At* + 1 (2)
Subraindo (2) — (1): v'- v = 4(z*— r) .'. Av = 4Ar
Logo,
-^=4
Ar

Se A/ sc aproxima de zero, vem: a - 4 m/s2 |

Exemplo 1.16 Sobre uma reta OX um ponto se move de tal Ibrma que sua veloci­
dade varia com o tempo de acordo com v = 2t* + 2, onde i se exprime em segundos e v
em m/s. Calcule a aceleração em t = 3 s.
Solução. No instante t ‘ v - 2P + 2 (D
No instante t* : v* = 2r’* + 2
Fazendo — t = Ar e t‘ = t + Ar, vem:
v* = 2(r + Ar)2 + 2 v’ = 2t2 + 4r Ar + 2(Ar)2 + 2 (2)
Subtraindo (2) — (1), vem:
v' — v = 4/Ar + 2AZ2 Av = 4/Ar + 2Ar’ :.
-⣠= At + 2AZ
Ar

54
Quando tst tende a zero, obtemos:
a = 4r
Para t ~ 3 s, vem:
a — 12 m/s'*

1.4 Movimento relativo


Já dissemos que para descrever um movimento é necessário utilizar um sistema
de referência. Contudo, exislemsistemas de referênciafixos esistemasde referência que
se movem juntamente com um corpo. Por exemplo, o passageiro de um trem caminha
no interior do trem. Podemos descrever o movimento do passageiro utilizando umsis-
tema de referência fixo no trem ou então um sistema de referência fixo na plataforma
(isto é,fxo na Terra). Um sistema de referênciafixo na Terra denomina-se "referencial
do laboratório”. O sistema de referência fixo no trem se move em relação ao sistema
dereferêciado laboratório com uma velocidade de transiação igual à velocidade do trem.
Nesta Seção vamos mostrar como é possível transformar as grandezas cinemáti-
cas de umsistema de referênciafixo na Terra para um sistema de referência que se move
com um dado sistema. Podemos também fazer a transformação inversa, isto é, saben­
do as grandezas cinemáticas de uma partícula em relação a um sistema móvel, pode­
mos determinar as referidas grandezas cinemáticas em relação a um sistemafixo na Terra
mediante as transformações que serão analisadas nesta Seção.
Para exemplificar, considere o seguinte problema:
Suponha que um menino esteja andando no interior de um ônibus em movimen­
to em relação a um observador fixo na Terra. Veja Fig. 1.61.

Fig. 1.61 Um ônibus se desloca com velocidade igual a 10 m/s em relação a um observadorOfixo
na Terra. O menino se desloca em relação ao ônibus com uma velocidade relativa igual a 2 m/s
(no mesmo sentido da velocidade).

O ônibus desloca-se em relação ao observador O (fixo no solo) com uma veloci­


dade de 10 m zs. O menino desloca-se em relação a uma observadora O’ (fixa no ôni­
bus) com uma velocidade de 2 m/s.
Pergunta-se: Com que velocidade o observador O vê o menino? Ora, dissemos,
é claro que a 12 m/s. Com efeito, pensamos em compor (adicionar vetorialmente) o
movimento do ônibus com o movimento do menino. O menino, pensamos, tem uma
"velocidade própria de 2 m/s e está afetado também pela velocidade de 10 m/s que o

55
ônibus tem. Assim sendo, como essas velocidades têm mesmo sentido, a “velocidade
verdadeira” (em relação a 0) do menino será 10 + 2 = 12 m/s, conforme mostra a Fig.
1.62.
12 m/s
///////////////'////// /7
10 m/s 2 m/s
////////7//A ////////7>
Fig. 1.62 Esquema para determinar a velocidade do meni­
no em relação ao observador 0, indicado na Fig. 1.61.
Vamos generalizar o raciocínio do exemplo anterior. Seja 5 um sistema de referê-
ciafixo na Terra (este sistema é também chamado na Mecânica Clássica de1 'sistema ab­
soluto”). Seja S’ um sistema de referência fixo num corpo que se desloca com veloci­
dade em relação ao sistema S. A velocidade do sistema S’ em relação a S deno­
mina-se velocidade de transporte ou velocidade de translação. O vetor posição de um
ponto em relação a S é igual a r* e em relação a S’ é igual a r> .O vetor posição do cen­
tro O’ do sistema S'em relação a Sé igual aí*. Logo, obsevando a Fig. 1.63, podemos
escrever:

r
O'
s

O S
Fig. 1.63 Um ponto Ppossui vetor posição T> em relaçõa a S' e
r* em relação a A- O vetor posição de 0’ em relação a S é igual
as~.

r~ = m + s*
Logo,
Ar* = Ar> + As* (1.28)
Dividindo ambos os membros da relação (1.28) por At, fazendo At tender a zero
e lembrando a definição de velocidade instantânea, obtemos a regra para transformar
a velocidade em relação a um sistema S’ para a velocidade em relação ao referndial ab­
soluto S: _____________
7 = v, + v, (L29)

56
onde v* é a velocidade do ponto P indicado na Fig. 1.64 em relação a S, v*« é a velo­
cidade do ponto P em relação a S’ e v", é a velocidade deiranslação de S’em relação
a S.
Na Fig. 1.65 ilustramos a soma vetorial indicada na relação (1.29).

v.

S’

S
Fig. 1.64 O ponto P se desloca com velocidade v", emrelação
a S'. A velocidade de S' em relação a Sé igual a C . Qual é
a velocidade de P em relação a S?.

Fig. 1.65 Regra para obter a velocidade v em relação a S.

Velocidade relativa
A equação (1.29) mostra que só tem sentido físico falar de uma velocidade quan­
do especificamos osistema de referência emrelação ao qual desejamos determinarare-
iocidade. A equação (1.29) é conhecida como “ transformação de Galileu para as velo-
cidades". A transformação de Galileu é baseada num dos postulados fundamentais da
Mecânica Clássica. Na Seção anterior dissemos que o tempo é absoluto, isto é, um in­
tervalo de tempo At no sistema S é igual ao intervalo de tempo At' no sistema S ’. Na Lei­
tura Complementar, no final deste Capítulo, mostraremos que este postulado não i aceito
na Física Moderna-, consequentemente, a relação (1.29) só vale na Mecânica Clássica.
Mostraremos, na Leitura Complementar, que a velocidade relativa na Física Moderna

57
não é calculada pela equação (1.29). Contudo, na esmagadora maioria das aplicações
práticas, como asvelocidades envolvidas são muito menoresdoque avelocidade da luz
no vácuo, verifica-se que a fórmula (1.29) fornece resultados que concordam com os
dados experimentais.
Vamos explicar a velocidade relativa vÇ dada pela equação (1.29):
| yj = 7 - vf [ (1.30)
Seja v* = = velocidade de P em relação aS. Seja {T = yT = velocidade do
referencial S’ em relação a S. Seja Ç = A - velocidade de B em relação a A. Po­
demos escrever a regra da velocidade relativa (1.30) do seguinte modo:
|r „.a = | (>-3i)
A equação (1.31) fornece a regra para se obter a velocidade relativa de B em rela-
çãoaA, sendo B e A dois corpos determinados. Por exemplo, no caso da relação (1.30),
Bi o ponto Pe A i o corpo no qual fixamos o referencial S’; i a velocidade ví
do ponto P em relação a A. A velocidade é a velocidade do corpo B em relação ao
referencia!fixo na Terra e é a velocidade de A (ou do sistema S0 em relação ao re­
ferencial fixo na Terra. A seguir, vamos exemplificar o uso da equação (1.31).

Exemplo 1.17 Um homem caminha pela rua com velocidade de 3 m/s. A chuva
cai verticalmente com velocidade de 4 m/s. Como o homem vê a chuva cair?
Solução. Na parte (o) da Fig. 1.66 mostramos as velocidades em relação a um ob­
servador fixo no solo.

3 m/s
3 m/s
( vc = 4 m/s
4 m/s

$ VR - VC,A

(a) (b)
Fig. 1.66 Esquema do Exemplo 1.17.
Na parte (ò) da Fig. 1.66 indicamos um referencial S'fixo no homem (corpo A) e
um referencial S fixo no solo. O índice C maiúsculo indica chuva c o índice A refere-se ao
homem. Portanto, vÇ A - velocidade da chuva em relação ao homem. De acordo com
a relação (1.31), temos:
= ''C.A = VC ~ _ C’
onde vt é a velocidade da chuva em relação ao referencial S fixo no solo ei; é a veloci­
dade do homem em relação ao referencial S. Na parte (c) da Fig. 1.66 mostramos a dife­
rença velorial indicada na equação (1). Como o triângulo indicado na parte (c) da Fig. 1.66
é um triângulo retângulo, temos:
vR = y/ vl + vi = V 47 + 37
vR = 5 m/s

58
tg 4
*A 3
O homem vê a gota cair a 5 m/s numa direção inclinada de um ângulo <t> em relação
à horizontal, sendo:

0 = arc tgA
3

Exemplo 1.18\lm bombardeiro viaja a 300 km/h na direção SO-NE, horizontal­


mente. Um caça viaja para interceptá-lo na direção Norte-Sul. Com que velocidade o pi­
loto do bombardeiro vê o caça se aproximando?
Solução. Na parte (o) da Fig. 1.67 indicamos as direções Norte-Sul c Leste-Oeste,
bem como as direções intermediárias. Na parte (Z?) mostramos as velocidades em relação
a um referencial fixo na Terra.

Fig. 1.67 Esquema do Exemplo 1.18.

Seja vc a velocidade do caça e v 8 a velocidade do bombardeiro. A velocidade re­


lativa do caça em relação ao bombardeiro, de acordo com a equação (1.29) vale:
“« = n, = v, -
Na Fig. 1.68 ilustramos a determinação da diferença vetorial indicada na relação
acima.

Fig.1.68

59
Levando em consideração o triângulo da Fig. 1.68, obtemos:
v„ — -Jvc + v(— 2vcvb cos 135°

vR = j 6007 3oo7 + z.soo.eoo.iVTj/z


v, = V 70,2 x 10‘
v, s 8,4 . 1(F
v, = 840 m/s (na direção indicada na Fig. 1.68)

Aceleração relativa
De acordo com a equação (1.31), temos:
Aik. = ~ ai;
Dividindo ambos os membros da equação anterior por AZ e fazendo Az tender a
zero, encontramos a seguinte expressão da aceleração relativa'.
Õ’>.^= ã~, -ã\ (1.32)
onde ÕJ.A é a aceleração relativa de B em relação a A, ã", ia aceleração de B em rela­
ção a um referencial fixo na Terra e ã~B é a aceleração de A em relação a um referen­
cial fixo na Terra.

1.5 Aplicações da Cinemática


Nas seções anteriores estudamos os conceitos fundamentais de Cinemática. Nes­
ta Seção vamos aplicar os conceitos da Cinemática para a descrição de alguns tipos de
movimentos importantes. Vamos descrever o movimento retilineo uniforme (MRU),
o movimento retilírieo uniforme acelerado, o movimento de um corpo em queda livre,
o movimento circular uniforme e o movimento circular uniformemente acelerado.
Movimento uniforme
Denomina-se movimento curvilíneo uniforme ou, simplesmente, movimento uni-
forme, todo movimento que possui aceleração escalar nula. Portanto, o movimento uni­
forme é aquele cuja velocidade é constante. Convém distinguir o movimento retilineo
uniforme (MRU) do movimento curvilíneo uniforme. No MR Ua velocidade é um vetar
constante, ao passo que no movimento curvilíneo uniforme a velocidade é um vetor va­
riável (em direção), mas possui módulo constante.
Um caso particular importante de movimento uniforme é o movimento retilineo
uniforme, que, como o nome indica, é o movimento uniforme de trajetória retilinea. O
que se vai exporá seguir é verdadeiro para qualquer movimento uniforme, independen­
temente de sua trajetória.
a. Gráfico da Aceleração no Movimento Uniforme
Num m. u., como vimos a = 0. O gráfico a x t é uma reta coincidente com o eixo
Ot. Ver Fig. 1.69.
b. Gráfico da Velocidade do Movimento Uniforme
Comoa = 0 no m.u., então, a velocidade é constante. O gráfico vxti uma reta
paralela ao eixo Ot. Ver Fig. 1.70.

60
a
v

v= k
a = 0

0 t
0 t

Fig. 1.69 O gráfico a X t num movimento retilí­


neo uniforme é uma reta que coincide com o ei­ Fig. \ -lOGráficov X t no m. u. (v k, onde
xo Oi (a = o). k é uma constante}.

c. Gráfico da Posição no M. U. Equação Horária


Como num m.u. vi constante, o gráficos x 11 uma reta.
A equação horária do m.u. t uma equação do 1? grau em t, da forma:
s = At + B
Para determinar o significado das constantes A eB da equação, observemos o grá­
fico da Fig. 1.71.
— B é o valor de s quando t = 0: i a posição inicial s».
— A t o coeficiente angular (tg a) que fornece a velocidade v do movimento.
Assim, a equação horária de um m.u. é:
Is = & + w|

0 t

Fig. 1.71 Gráfico s X t no m. u.

Movimento retilíneo uniformemente acelerado


a. Definição
Denomina-se movimento uniformemente variável (m.u.v.) todo movimento cuja
aceleração tangencial possuí módulo constante. Quando a aceleração tangencialpossui
o mesmo sentido da velocidade instantânea dizemos que o movimento é uniformemen­
te acelerado (a >0).Quando a aceleração possui sentido contrário ao sentido da veloci­
dade instantânea, dizemos que o movimento é uniformemente retardado (aceleração ne-

61
gativa). Vamos considerar, aseguir, um movimento retilíneo uniformemente acelerado
(a> 0). Para estudar um movimento retilíneo uniformemente retardado basta substituir
a por —a nas equações que serão deduzidas a partir de agora. Tudo que afirmamos a
sguir sobre o m.r.u.v. também vaie para o m.u.v. de um modo geral.
b. Equação da Aceleração e Gráfixo ax t
A equação da aceleração do m.u.v. é
fõ = Ar |
onde k é uma constante não nula. Assim sendo ojgráfico a x t terá a forma indicada na
Fig. 1.72.
J I 0

a = k

0 t
Fig. 1.72 Gráfico a X t no movimento uniformemente
acelerado.
Observação: O movimento uniformemente variável pode ser retilíneo ou curvilí-
neo. No caso do movimento retilíneo uniformemente variável, o vetor aceleração tf é
constante (isto é, possui módulo, direção e sentido constantes). No caso de uma trajetó­
ria curvilínea com movimento uniformemente variável somente o módulo da acelera­
ção a permanece constante, pois a direção do vetor õ* varia. Além disto, no caso do mo­
vimento curvilíneo uniformemente variável, além da aceleração tangencial existe uma
aceleração normal à trajetória. Contudo, no movimento retilíneo uniformemente variável
não existe aceleração normal à trajetória. O tratamento que será feito a seguir vale para
qualquer movimento retilíneo uniformemente variável ou então para a velocidade esca­
lar e para a aceleração escalar (isto é, ao longo da trajetória) num movimento curvilíneo
uniformemente variável. Como exemplo de um movimento curvilíneo uniformemente
variável estudaremos o movimento circular uniformemente variável (ver mais adiante).
c. Gráfico vxt e Equação da Velocidade do M. U. V.
No m.u.v. a aceleração é constante, logo o gráfico vxt é uma reta inclinada em
relação ao eixo dos tempos. Assim sendo, a equação da velocidade em função do tem­
po será da forma: v = At + B. Béo valor de v para t = 0, que denominaremos v„, A
é o coeficiente angular tg a. Mas como tg a = aceleração (a), vem:
|v = Vo + ar | (1.33)
Na Fig. í .73 mostramos o gráfico da velocidade v contra o tempo t no movimento
uniformemente acelerado. No caso de um movimento uniformemente retardado basta
trocar a por — a na equação (1.33)

62
v = v0 4- at

vo
a
*• t
0

Fig. 1.73 %rqfico de v contra i no movimento uniformemente acelerado.

Observação: Afirmaremos sem demonstrar que no m. u. v. a velocidade média num


intervalo de tempo (/«, t) é a média aritmética entre as velocidades v0 e v, corresponden­
tes aos extremos do intervalo.
d. Equação Horária e Gráfico S x t
Consideremos um móvel que, num certo instante r0, passa por um ponto de po­
sição * com velocidade v„ e que num instante posterior t passa em um ponto de posi­
ção s com velocidade v, executando umm.u.v. de aceleração a. No intervalo de tempo
(/□, /) sua velocidade média foi:
s — Sa
t - t„

Fazendo /„ = 0 na relação anterior, teremos:


v = (s-s„)/r (1.34)
Conforme dissemos na observação anterior, a velocidade média pode ser expres­
sa através da seguinte média aritmética:
v = (v0 - v)/2 (1.35)
Igualando as equações (1.34) e (1.35), encontramos:
(s - *)// = (v„ + v)/2 (1.36)
Substituindo a equação (1.33) na relação (1.36), achamos:

~ ■Sin V, + v„ + at . s - So 2v„ + at . s - s,
= Vc + [at:.
t 2 " t 2 " t

63
s — s, = v„z + -!■ ar
Donde se conclui que: 2
1 ,
s = s,, + v„z + —ar (1.37)
Vamos obter agora o gráfico s X z. Note que a equação horária (1.37) é uma equa­
ção do segundo grau da forma:
y = ax2 + bx + c
Portanto, como toda função dada por um polinômio do segundo grau representa
uma parábola, concluímos que é parabólica a forma da curva do espaço percorrido s
em função de Z. Supondo a maior do que zero {movimento uniformemente acelerado)
e v» maior do que zero (velocidade inicial no mesmo sentido de a), podemos construir
o gráfico indicado na Fig. 1.74. Faça como exercício a construção de gráficos de s con­
tra Z nos seguintes casos: (a)s, = 0, a>0, v„>0; (b)s„ = 0, a>0, v„<0; (c) s;,< 0, a>0,
v„<0; (d)s„ = 0, a<0, v„>0; (e)s„<0, a<0, v„<0.

a t

tg a = Vo

Fig. 1.74 Gráfico do espaço percorrido s em função do lempo l, no caso de um


movimento uniformemenle acelerado com uma velocidade inicial que possui o
mesmo sentido da aceleração a.

(e) Equação de Torricelli


A Equação de Torricelli é uma equação que fornece a velocidade y em função da
aceleração a e do espaço percorrido s. Para obter esta equação basta explicitar o tempo
Z da equação (1.33) e substtuir o resultado na equação (1.37). Faremos a seguir a dedu­
ção da Equação de Torricelli.
Se eliminarmos t no sistema formado pela equação horária e pela equação da ve­
locidade, poderemos relacionar a velocidade com a posição de um m.u.v.
v = v„ + at v — v0 = at

64
s = s„ + v„z + — at2 t = V - V.
2 a
,v +1o(ÍLe^2 ...
s = st, + v„ (—
a 2 a

2a (s - sa) = 2v„v — 2vi, + v2 + vi - 2v,v


2a (s - s„) = v2 — vi
Portanto,
v2 = vi + 2a (s — sí) (1.38)
A relação (1.38) é a famosa Equação de Torricelli. Graficamente, a Equação de
Torricelli é representada por uma parábola, conforme indicado na Fig. 1.75.

O s
vi
2a

Fig. 1.75 Gráfico de v contra s para a fórmula de Torricelli


(1.38),

Exemplo 1.19 Um automóvel viajava a 20 m/s e um motociclista o perseguia a 40


m/s. Quando a distância entrt os dois era de 20 m, a moto começa a freiar com aceleração
dc módulo constante dada por: (o) 10 m/s2, (6)7, m/s2. Quando sedará o encontro? Ilus­
tre cada caso com um gráfico sX í.
Solução, (a) Como o enunciado nada afirma sobre a trajetória, podemos admitir
uma trajetória retilinea ou então uma trajetória curvilinea. Supondo uma trajetória cur-

65
vilínea devemos considerar que a aceleração é a aceleração tungencial escalar ao longo da
trajetória. Vamos imaginar uma trajetória curvUínea, conforme ilustrado na Fig. 1.76.

A = M
A
M -
O SOM = 0 pOA = 0 fsA = SM
V0M = 40 m/í J VOA = 20 m/,
t
l0 = 0 L'o = 0
Fig. 1.76 Trajetória do Exemplo 1.19.
O movimento do automóvel é uniforme e o movimento da motocicleta é uniforme­
mente retardado. Utilizando c índice/I paraoou/ozndve/eoíndice M para a motocicleta,
podemos escrever as seguintes equações horárias:
Sa = 20 + 20 t
A, = 40 í -1. 10 r’
2
su = ÓM
20 + 20 t = 40 t - 5 t3
5 t3 - 20 t + 20 = 0
Obtivemos uma equação do segundo grau no tempo (. A solução desta equação for­
nece o instante no qual os veículos se encontram. Logo,

\/l 6 - 16
t1 - Al + 4 = 0 :. t = 1= 2s
2

A equação tem duas raízes iguais a 2. Há encontro em um único local. O local do


encontro é
Sa — 20 + 20.2 = 60 m.
Na Fig. 1.77 ilustramos as curvas s contra t para o automóvel e para a motocicleta.
Note que o ponto de tangência destas curvas fornece a solução do item (a).
, í (m)

60

20

t(s)

Fig. 1.77 Gráfico s X t para a parte (a) do Exemplo 1.19.

66
(b) Para resolver o caso (b) basta fazer um raciocínio semelhante ao feiro na solu­
ção do item (o).
Sa = 20 + 20 t

Sm 40 í - L 7,5 d

20 + 20 t = 40 t - —7,5 d
2
40 + 40 t = 80 t - 7,5 d
7,5 d - 80 t + 40 t + 40 - 0
40 ± V 1600 - 1200 40 ± 20
l = ------------ — t -------
15 15
h= 4s
h = 1,33 s
Os locais de encontro são:
Sa, = 100 m; íAj = 46,6 m.
Na Fig. 1.78 mostramos os diagramas das equações horárias dos respectivos veícu­
los. As interseções entre as duas curvas indicam as soluções possíveis.

100te__

X
\
\
46,6 \
20 U 1
I l
t(s)
O 1,33 15
Fig. 1.78 Gráfico s X t para a parte (b) do Exempto 1.19.

Movimento vertical num campo gravltacional uniforme


Newton e Galileu realizaram experiências sobre a queda livre de corpos na vizi­
nhanças da superfície terrestre. Eles verificaram que todos os corpos caem no vácuo com
a mesma aceleração, conforme ilustrado na Fig. 1.79. A experiência é simples. Colo­
ca-se num recipiente dois objetos de massas diferentes, por exemplo, uma pedra e uma
pena de uma ave. Depois de fazer o vácuo no interior do recipiente, deixamos os dois
corpos caírem da mesma altura, conforme ilustrado na Fig. 1.79. Verificamos que os
dois corpos atingem a base do recipiente no mesmo instante, indicando que a acelera­
ção g dos corpos é constante. Dizemos que o campo gravltacional da Terra é uniforme
(nas vizinhanças da superfície terrestre) porque g é constante.

67
VÁCUO

I h
I
l
I
I
í s„ = H
h ✓ v« * 0 e v <0
I I
I I | h = 0
I I
I I
I I
I I g<0
I I H
I s = h
I
I
I
I
I
I
I
I
I
l" v<0
t
h
l I
Fig. 1.79/4 experiência mostra que, no vá­
cuo, todos os corpos caem com a mesma Fig. 1.80 Movimento de um corpo lança­
aceleração g (aproximadamente igual a 9,8 do verticalmente de cima para baixo com
m/s1). uma velocidade v„.

Na verdade o valor de g não é o mesmo em todos os pontos da superfície da Ter­


ra, sendo maior nos pólos que no Equador. Tomaremos como valor aproximado de
g o valor médio:
| g = 9,8 m/s2 |
Em alguns problemas utilizaremos o seguinte valor aproximado-, g = 10 m/s2
Verifica-se experimentalmenle que todo corpo lançado verticalmente de cima pa­
ra baixo (ou de baixo para cima) descreve uma trajetória retilínea vertical. Portanto, a
queda livre de um corpo t um caso particular de um movimento retilíneo uniformemen­
te variável (já estudado anteriormente).
Queda de um Corpo
Suponhamos que lancemos um corpo para baixo, verticalmente, com uma velo­
cidade inicial v„. O corpo cairá com aceleração g e executará um m.r.u.v. Vamos de­
finir a posição do móvel pela sua altura em relação ao solo. Ver Fig. 1.80.
A aceleração da velocidade do movimento uniformemente variado é:
V = vn + at

68
No nosso caso o movimento será acelerado (velocidade e aceleração terão mes­
mo sinal) e como orientamos o eixo Oh para cima, consideraremos v0 e g negativos:
v = - Vo - gt |v = - (Vo + gf)|
onde o sinal negativo indica apenas que v tem sentido oposto a Oh.
A equação horária do m.u.v. é:

s = sí+ vor + — at2


2
e aqui se tornará:

h = H - vd -—gt2
2
A Equação de Torricelli no m.u.v. é:
v2 — vi + 2a (s — si)
Logo, a Equação de Torricelli assume a forma:
[7= vj+ 2g(H- ft)|

Lançamento Vertical de Baixo para Cima


Suponha que um corpo seja lançado do solo, verticalmente, de baixo para cima,
com uma velocidade inicial v0. Na Fig. 1.81 ilustramos este caso. Um procedimento
análogo ao adotado no estudo da queda /tjrímostra que as equações de v e de h são
dadas por:

| v = v» - gT] h = vd - j-gt2 |
___________ j
e a Equação de Torricelli fica:
| v? = vi - A|

v
s=h
t g<0

h Vo * 0 e 0
Jo = 0
Fig. 1.81 Movimento de um corpo lançado
O to ~ 0 verticalmente de baixo para cima com uma ve­
locidade inicial Va.

69
Observação importante: QUando um corpo é lançado cm qualquer direção dife­
rente da direção vertical, verifica-se que ele não descreve uma trajetória retilínea verti­
cal, Demonstra-se, neste caso, que a trajetória descrita é uma parábola. O movimento
de um corpo lançado numa direção qualquer nas vizinhanças da superfície terrestre de­
nomina-se “ movimento de um projétil". O movimento de um projétil num campo gra-
vitacional uniforme é estudado no Livro "Gravitação, Oscilações e Ondas" de Adir M.
Luiz e Sérgio L. Gouveia.

Exemplo 1.20 Determine o tempo de queda (rq) de um corpo lançado de uma al­
tura H.
Solução. Se o corpo é simplesmente largado, sua velocidade inicial é nula (v0 = 0).
Fazendo t0 = 0 no instante em que o corpo é largado, obtemos:
0 = H - gtl/2
Portanto,
/, = -JlH/g

Exemplo 1.21 Um corpo é lançado verticalmente de baixo para cima com veloci­
dade inicial v0. Determine a expressão da altura máxima //atingida pelo corpo, despre­
zando-se a resistência do ar.
Solução. Quando um corpo é lançado verticalmente de baixo para cima, de acordo
com a Equação de Torricelli, temos:
v3 = vi - 2gh
Para h - H (altura máxima), a velocidade final é nula (v = 0). Logo,
vi = 2gH | H = vj/2g |

Exemplo 1.22 Um corpo é lançado de baixo para cima com velocidade inicial vn.
Mostre que:
(a) o tempo que leva subindo é igual ao tempo que leva descendo;
(d) a velocidade com que chega ao solo tem o mesmo valor numérico que a velocida­
de com que foi lançado;
Solução, (a) Quando o corpo atinge a altura máximo H, sua velocidade é nula. Fa-
zendç v = 0 quando t = r, na equação v = v0 - gt, vem:

0 = v0 - gt.

Vo = -J 2gH\ logo:

A =

Ao descer, o corpo cai de uma altura Hc o tempo rQ da queda é, como já vimos:

fq = Í2H/S

70
Assim (r,_=

(6) O corpo vai cair de uma altura Hsem velocidade inicial para descer. Usando a
Equação de Torricelli:
v2 = v}+2g(H -hl
h - 0, vem:
v^ = 0 + 2gH :. v = f2gH

Mas como H i a altura máxima atingida por um corpo lançado com velocidade ini­
cial v«, vem:
v„ = -JlgH

Assim: | v = Kl
Movimento circular uniforme
a. Velocidade Angular
Consideremos uma partícula deslocando-se em movimento uniforme de trajetó­
ria circular. Ver Fig. 1.82.
Tomemos o ponto A como origem da trajetória. Suponhamos que, no instante 6,
a partícula se encontre num ponto R, tal que OP» faça com OA um ângulo 90, e que, no
no instanteZ.se encontre em um ponto P, tal queOPfaçacom OA um ângulo 9. Deno­
minemos o ângulo 9 ângulo de fase. Chama-se velocidade angular média o quociente
entre a variação de fase A9 = 9 - 90 e o intervalo de tempo em que tal variação ocor­
reu. Ver Fig. 1.82.
t

Po

9
9o
A
O

OA = R

Fig. 1.82 Variável angular (6) para estudar um mo­


vimento circular uniforme.

71
Definição do módulo da velocidade angular média:
ÁÕ~
w -------
Ál
Exprimimos a velocidade angular média em radiano por segundo:
[unidade de gj = rad/s |
Define-se a velocidade angular instantânea como limite para o qual tenda a velo­
cidade angular média, quando o intervalo de tempo em que é medida tende para zero.
lim A 6
u = ----
Át—0 Ál

No movimento circular uniforme w é constante.


Nota: — Noção de radiano (rad).
Definição: o radiano é o ângulo centra! 6 que determina na circunferência o arco
As de comprimento igual ao raio R (Ás = R).
|z"l rad — arco - R
As = A0
|V.A0 rad — arco As

O comprimento da circunferência é 2irR = Ás, fazendo Ás - 2-trR = ÁB . R


AO = 2tr rad
O ângulo central que determina a circunferência é, então, 2ir rad = 360°
Na parte (a) da Fig. 1.83 mostramos um ângulo 8 = 1 radiano. Na parte (b) da
Fig. 1.83 mostramos a proporcionalidade entre comprimento de arco e ângulo (em ra­
diano), ou seja, As = RáO. Para transformar ângulo em raiano para ângulo em grau,
use uma proporcionalidade (regra de três dirata), tomando como base a igualdade tr rad
= 180°. As

I As = /?! /
z

6 = 1 rad

(«)
<*)
Fig. 1.83 (a) Definição de ângulo em radiano. (b) Proporcionalidade entre As e A8

72
b. Período (T)
Período de um movimento circular uniforme é o tempo gasto pelo móvel para efe­
tuar uma rotação completa.
No movimento circular uniforme

=—
T

pois, em um tempo T, o móvel descreve um ângulo central de 2ir rad.


c. Frequência
Consideremos um móvel que, num intervalo de tempo ÁZ, efetue Nrotações em
movimento circular uniforme. Sua frequência f é definida por:

1/=^ Cst

Méde-se a freqüência em rotações por segundo ou Hertz.


1 r.p.s = 1 Hz
Observação: Como o número de rotações não é uma grandeza física, logo,a di­
mensional de freqüência é o inverso de intervalo de tempo. Assim:
1,0 Hz = 10.s-/
Relação entre freqüência e período:
N voltas o móvel dá em Ar segundos
1 volta o móvel dá em T segundos
Logo,
i.’.
T íst T T
A velocidade angular u pode ser expressa em função da freqüência por
[ üj — lirf |
d. Equação da Fase no M. C. U.
Consideremos uma partícula em M.C.U., com velocidade angular, que num ins­
tante r„ esteja com fase ft, e que num instante t, com fase 6. Como o> = constante no
M.C.U., podemos escrever:
A9
a> = ---- uAr = At)
AZ
• — õut óut .'. d = + oiíst
Fazendo t„ = 0, vem:
j0— |
que t a equação de fase no M.C. U.

73
A relação anterior denomina-se equação de fase de um movimento circular uni­
forme. Ela fornece o ângulo central (ou fase) em radianos em função do tempo t cm
segundos, sendo que a velocidade angular w deve ser expressa em radianos por segun­
do. Ver Fig. 1.84.
•» to
t

0
I 0o
I
I
O 1--------- 1a
l I

Fig. 1.84 Esquema para determinar a equação de


fase de um movimento circular uniforme.

Exemplo 1.23 Uma roda gigante gira com frequência de 2 r.p.m. Num certo ins­
tante a cadeira de Joãozinho está no ponto mais próximo do solo. Qual a sua posição an­
gular 10 s depois?
Solução. Na Fig. 1.85 mostramos o esquema do enunciado deste problema.

Fig. 1.85 Esquema do Exemplo 1.23.

74
O ângulo Afl que a cadeira girou é dado por:
A0- ~ o>Ar .'. A0 = 2*fM
Se trabalharmos com AZ em segundos, devemos exprimir/em r.p.s

f = 2 r.p.m. =— r.p.s.
60

A0 = 120°
Resposta: 120° a partir do ponto mais baixo.

e. Velocidade no M.C. U.
A velocidade no M.C.U t constante em módulo, mas é variável em direção. As­
sim,
kl = V Voltar

Vamos determinar o valor de v


s = s0 + vbt

Dividindo por R:
s 5° J. v A ,
— - — h—Ar
R R R
Comparando com a equação s= R9
v
6 = 0o + ãt
T
Logo:
0 = 0o + wAr

Das igualdades anteriores decorre:


v = u.R

Observação: Embora deduzida para um caso particular, essa expressão é geral-,


0 módulo do vetor velocidade é dado, em cada instante, pelo produto uR, onde uéa
velocidade angular instantânea, e R é o raio de curvatura.
f. Aceleração no M.C.U.
O movimento circular uniforme é um movimento acelerado, visto que a direção da
velocidade varia permanentemente .Como o módulo da velocidade não varia, a acele­
ração tangencial é nula. Assim, no AZ. C. U. só existe a aceleração normal (ou centrípeta)
e é dada por:
v3
aH = —
R

75
_ uR1 .1 7“
ou, como v = u R, aH = ----- .. R
R '------------

Movimento circular uniformemente variável


Anteriormente estudamos o movimento uniformemente variável. Denomina-se
movimento circular uniformemente variável o movimento de um corpo que descreve uma
trajetória circular com uma aceleração tangencia! a, constante.
Denomina-se aceleração angular média a seguinte razão:
j — Aoj/A/ ]
onde Au> é a variação da velocidade angular num intervano de tempo AZ. N aceleração
angular instantânea (ou, simplesmente, aceleração angular), é o limite da aceleração an­
gular média quando o intervalo de tempo Ar tende a zero, ou seja,
a = limite
AZ - 0 AZ

Podemos definir o movimento circular uniformemente variável como sendo aquele


para o qual a velocidade angular a é constante.
Como no m.c.u. v. a aceleração tangencia! o, também é constante, temos um ca­
so particular de um m.u.v. (já estudado anteriormente). Quando a aceleração tanen-
cia! ã~, possui o mesmo sentido da velocidade instantânea v~, dizemos que o movimen­
to circular é uniformemente acelerado. Quando ã~T possui sentido contrário ao senti­
do de v~, temos um. caso de movimento circular uniformemente retardado. As fórmu­
las (1.33), (1,37) e(l .38) podem também ser usadas num movimento circular uniforme­
mente variável.
No m. c. u. v. vale a equação geral: v = uR
A aceleração norma! (ou aceleração centrípetá) num m.c.u. v. é dada por:
k = w2R |
Observação: As duas relações anteriores valem tanto no m.c.u. quanto no m.c.u.v.
Como no m.c.u. a velocidade angular é constante, concluímos que v" e ã"N possuem
módulos constantes (no m.c.u.). Contudo, como no m.c.u.v. a velocidade angular é va­
riável, concluímos que v e õ"N possuem módulos variáveis. Potanto, no m.c.u. v. as
duas relações anteriores devem ser aplicadas tomando-se o valor de u a cada instante.
No m.c. u. v. existem duas acelerações: a aceleração tangencia! ü*T e a aceleração
norma! ã\. Ver Fig. 1.86.
É fácil perceber que;
0=0",+

r =v i5;r.+ |rN| 2

tg =
|r„|
Kl
76
V

ax
\a
d>
a = a N + a t

tg</> «= tfN/aT
an

Fig. 1.86 Esquema para mostrar co­


mo se determina a aceleração total
a .
No Capítulo 5 (Mecânica das Rotações) estudaremos com detalhes a Cinemática
do Movimento Circular.

Leitura Complementar
A MECÂNICA CLÁSSICA EA FÍSICA MODERNA

Os estudos da Mecânica influíram significativamente sobre o desenvolvimento da


Física desde o início do século XVI até os dias atuais. A Mecânica Clássica é também cha­
mada de MecânicaNewtoniana. Os conceitos fundamentais da Mecânica Clássica foram,
elaboradas principalmente por GALILEU (1564-1642) e por NEWTON (1642-1727). Neste
Livro pretendemos esclarecer os conceitos básicos da Mecânica Clássica. Nos demais Li­
vros da Coleção “FÍSICA para o Segundo Grau, para o Vestibular epara a Universida­
de”, o leitor poderá apreciar a importância da Mecânica Clássica no estudo da Física Clássica
e no desenvolvimento da Física Moderna. Convencionamos chamar de *'Mecânica Clás­
sica” o conjunto dos conhecimentos de Mecânica adquiridos desde os tempos de Galileu
até o final do século XIX. A Física Clássica abrange os conhecimentos de Física adquiri­
dos pela Humanidade até o final do século XIX. A partir do final do século XIX começa­
ram a surgir novos e importantes conceitos de Física que complementaram e que estende­
ram os conceitos da Física Clássica. A Física Moderna abrange estes novos conceitos ela­
borados desde o final do século XIX até os dias atuais.
Na Seção 1.2 mostramos que os dois postulados fundamentais da Cinemática afir­
mam que todo comprimento AL permanece invariante e que todo intervalo de tempo At
também nâo depende do sistema de referência adotadoJEstes postulados fundamentais con­
duzem a outras conclusões especificas da Mecânica Clássica como, por exemplo, o méto­
do de determinação da velocidade relativa (ver a Seção 1.4). No início do século XX, Eins-
tein estabeleceu os princípios da Teoria da Relatividade Restrita que é uma das bases da
Física Moderna. De acordo com a Teoria da Relatividade, a velocidade da luz no vácuo
é uma constante c que permanece invariante em relação a qualquer sistema de referência
móvel. Contudo, todo comprimento AL depende do sistema de coòrdenadas e todo inter-

77
valo de tempo Aí assume diferentes valores em relação a sistemas de coordenadas que se
movem comdiferentes velocidades. Denomina-se Mecânica Relativística a Mecânica Mo­
derna baseada na Teoria da Relatividade. As fórmulas da Mecânica Relativística concor­
dam com as fórmulas da Mecânica Clássica quando as velocidades envolvidas forem mui­
to menores do que a velocidade da luz no vácuo (dada por c = 300.000 km/s). Como todos
os corpos macroscópicos se deslocam com velocidades muito menores do que c, concluí­
mos que os dois postulados citados, bem como todas as conclusões da Mecânica Clássi­
ca, concordam muito bem com os resultados experimentais. Contudo, no estudo do mo­
vimento de partículas microscópicas (qvaxióo as velocidades envolvidas nâo forem muito
menores do que c), verifica-se que os dois postulados mencionados, bem como todas as
fórmulas da Mecânica Clássica, não concordam com os dados experimentais. O leitor in­
teressado em comparar a Mecânica Clássica com a Mecânica Relativística pode consultar
o Livro ''Ótica e Física Moderna1' de Adir M. Luiz e Sérgio L. Gouveia.
As fórmulas (1.3l)e (1.32) só podem ser usadas no limite dc validade da Mecânica
Clássica, isto é, quando as velocidades envolvidas forem muito menores do que r; caso con­
trário, a transformação de Galileu (1.31) deve ser substituída pela seguinte equação:

- vh ~ va

onde o ponto indica produto escalar ec é a velocidade da luz no vácuo. Quando as veloci­
dades envolvidas forem muito menores do que c, a expressão anterior se reduz ao caso da
fórmula da velocidade relativa indicada na expressão (1.31). Note que, de acordo com a
relação anterior, não pode existir nenhuma velocidade relativa maior do que c. Conside­
re, por exemplo, doisfótons (partículas de luz) se movendo em sentidos contrários. Neste
caso, substituindo vB = c e vA = -c na equação (1.31), obtemos: í^ A = 2c . A
experiência mostra que a transformação de Galileu não vale para a luz nem para o movi­
mento de partículas com velocidades próximas da velocidade da luz. Pela relação anterior,
podefnos concluir que:

v5-
Questionário

1.1 As grandezas da relação abaixo foram medidas sem erro até o penúltimo algarismo
significativo. Especifique o erro relativo máximo e o número de algarismos signifi­
cativos de cada uma destas grandezas:
(a) 0,0093 m; (b) 0,08275 m
1.2 O que é acréscimo ou variação de uma grandeza?
1.3 (a) O que é coeficiente angular de uma linha reta? (d) Como se determina o coefi­
ciente angular de uma linha reta?
1.4 Dê 5 exemplos de grandezas escalaras e 5 exemplos de grandezas vetoriais.
1.5 (o) A soma de dois vetores de módulos diferentes pode ser igual a zero? (b) A soma
de três vetores não-coplanares pode ser igual a zero? (c) Em que condições a soma
vetorial de um número N de vetores fornece um vetor nulo?
1.6 Um vetor unitário pode possuir unidade ou dimensão?

78
1.7 Escreva uma equação vetorial envolvendo dois vetores: (a) ortogonais, (ò) parale­
los.
1.8 Seja a equação vetorial ã" .b = a .c". Podemos concluir desta equação que b~ é
umv etor equipolente ac?
1.9 Uma Lei Física deve ser válida qualquer que seja o sistema de coordenadas utiliza­
do para descrever a referida Lei. Além disto, as equações que representam Leis Físi­
cas são dimensionalmente homogêneas. Seria possível dispensar os sistemas de re­
ferência e os sistemas de unidades para descrever os fenômenos físicos?
1.10 (a) O módulo do vetor deslocamento é sempre igual ao deslocamento escalar? (6)
O módulo do vetor velocidade média é sempre igual à velocidade escalar média? (c)
O módulo do vetor aceleração média é sempre igual ao módulo da aceleração ins­
tantânea? (d) O módulo do vetor velocidade instantânea é igual ao módulo da velei­
dade escalar instantânea?
1.11 O que indica o velocímetro ou tacômetro de um automóvel?
1.12 Diga quais das situações seguintes são possíveis e quais são impossíveis: (a) um cor­
po com um vetor velocidade orientado de Leste para Oeste e um vetor aceleração
orientado de Oeste para Leste, (d) um corpo com velocidade nula e aceleração dife­
rente de zero, (c) um corpo com um vetor aceleração constante e um vetor velocida­
de constante, {d) um corpo com um vetor aceleração de módulo constante e uma ve­
locidade escalar constante, (e) um corpo com um vetor aceleração constante e um
vetor velocidade variável. (J) um corpo com uma velocidade escalar constante e um
vetor aceleração tangencial diferente de zero, (g) um corpo com um vetor velocida­
de constante e um vetor aceleração variável, (Ti) uma partícula com vetor aceleração
variável e velocidade escalar constante, (z) uma partícula com vetor velocidade de
Leste para Oeste e vetor aceleração de Norte para Sul, (j) uma partícula com veloci­
dade escalar constante e vetor velocidade variável, (Ar) uma partícula com vetor ve­
locidade constante e velocidade escalar variável, (/) um corpo cuja velocidade esca­
lar instantânea está aumentando e cuja aceleração escalar instantânea está diminuin­
do, (m) um corpo cuja velocidade escalar está diminuindo e cuja aceleração escalar
está aumentando, (n) uma partícula com velocidade instantânea diferente de zero
mas com aceleração instantânea nula, (o) uma partícula com velocidade escalar média
diferente de zero, mas com vetor velocidade média igual a zero.
1.13 Um estudante está sentado num trem do metrô, numa posição semelhante à do ma­
quinista, isto é, olhando para a frente. O estudante arremessa uma bola verticalmente
para cima. Verifique se a bola cairá na frente do estudante, atrás do estudante ou
na mão do estudante, nos seguintes casos: (a) o trem se desloca com velocidade cons­
tante, (b) o trem está acelerando, (c) o trem está desacelerando.
1.14 Descreva a trajetória da bola mencionada naquestão anterior em relação a um ob­
servador fixo na Terra. Repita a descrição para um observador em repouso dentro
do trem.
1.15 Um menino deixa cair um livro no interior de um elevador. Diga qual é o módulo
da aceleração do livro em relação ao menino quando: (a) o elevador se move com
velocidade constante, (h) o elevador está subindo com aceleração constante, (c) o
elevador está descendo com aceleração constante.
1.16 Considere um observador fixo naTerra. Qual seria o módulo da aceleração do livro
nos três casos mencionados na questão anterior?

79
Exercícios

1.17 Dentre as grandezas abaixo, assinale a única vetorial.


(At Comprimento. (B) Tempo (C) Arco (D) Velocidade (E) Área
1.18 Dentre as grandezas abaixo, assinale a única escalar.
(A) Velocidade. (B) Força. (C) Aceleração (D) Massa. (E) Torque.
1.19 A grandeza área é obtida pelo produto de dois comprimentos; logo, a sua dimensio­
nal é:
(A) L. (B) L2. (C) I?. (D) L/T. (E) T
1.20 Sabemos que o Equador Terrestre mede 40.000 km. Qual a ordem de grandeza em
metros?
(A) 104. (B) 10’. (C) IO’. (D) 10’. (E) IO.
1.21 Qual a ordem de grandeza do número de segundos em um mês?
(A) Itt. (B) Itf. (C) 10*. (D) 102. (E) 10M.
1.22 Qual a ordem de grandeza do número de habitantes de São Paulo (capital)?
(A) 10*. (B) 10*. (C) 10'. (D) 107. (E) 10".
1.23 O ano-luz é a distância percorrida pela luz em um ano, supondo que se propague
no vácuo. Em um segundo a luz percorre 3,0 x 105 km. Qual a ordem de grandeza
em metros do ano luz?
(A) ÍO*. (B) 10“. (C) 10H. (D) 10°. (E) IO*’.
1.24 Estime a ordem de grandeza da espessura de uma folha deste livro.
(A) 10‘1 m. (B) 10'6 m. (Cl 10’2 m. (D) IO"4 m. (E) 10“7 m.
1.25 Expresse a ordem de grandeza da massa de um homem adulto normal, em gramas.
(A) 10. (B) 10J. (C) 10*. (D) itf. (E) 10’.
1.27 O mostrador de um amperimetro está graduado como mostra a Fig. 1.87
A marcação indicada é:
(A) 5A. (B) 5,0A. (C) 0,5A. (D) 5.00A. (E) 4.99A

P 4- 4- 4 4- 4- 4- 4- 4- -4- 4
1 2 3 5 < 7 a 9 10
1

Fig. 1.87

1.27 Um terreno tem lados de 25 m e 35,45 m. Sua área é melhor expressa por:
(A) 886,3 m. (B) 886 m\ (C) 886,25 m. (D) 890 m*. (E) 900m'.
1.28 Se um automóvel percorreu 78 km em 4,0 horas, a sua velocidade média é melhor
expressa por:
(A) 19,5 km/h. (B) 19,50 km/h (C) 19,00 km/h. (D) 19 km/h (E) 25 km/h
1.29 (CESCEM) A figura abaixo mostra três vetores-4 , B e 5. De acordo com esta fi­
gura, podemos afirmar qúe é verdadeira a seguinte relação:
(A) Ã + s * +• z?
” 0. (D) Â
(D) â- - Bs == ?.
?.
(B) X -c. (E) ? - ff = X.
(C) b - ã = ?.

80
Fig. 1.88

1.30 Dois vetores têm módulos iguais a ve formam entre si um ângulo de 120°. A resul­
tante entre eles tem módulo:
(A) v. (B) v/2. (C) vV3. (D) O. (E) 2 v.
1.31 Três vetores coplanares têm módulos iguais ave formam entre si ângulos iguais.
Sua resultante é:
(A) v. (B) v/2. (C) v VI (D) O. (E) 2 v.
1.32 O módulo da soma de dois vetores é igual ao módulo da diferença. Pode-se afirmar
com certeza que:
(A) os vetores são iguais;
(B) o ângulo entre os vetores é de 90° e eles têm o mesmo módulo;
(C) os vetores têm o mesmo módulo;
(D) o ângulo entre os vetores é de 90°;
(E) o ângulo entre os vetores é nulo.
1.33 A projeção de um vetor sobre um eixo que forma com ele um ângulo de 60° é 12.
O vetor mede:
(A) 12. (B) 6. (C) 24. (D) 3 (E) 36
1.34 (CESCEM) A velocidade vetorial média de um corpo que parte de um ponto P, per­
corre o segmento de reta PQ e volta, pelo mesmo caminho, à origem P no intervalo
de tempo At, é:

(A) o íb) (C) (D) ize


(D) (E) p_q_
Ar At Ar Ar
1.35 (FM POUSO ALEORE-RS) A soma vetorial de dois vetores de módulos 20 unida­
des e 30 unidades:
(A) nunca pode ser igual, em módulo, a 50 unidades;
(B) tem módulo certamente menor do que 50 unidades;
(C) tem módulo sempre dado por V 202 + 3O2 ;
(D) tem módulo nunca menor do que 10 unidades;
(E) pode ser nula.
1.36 (UNIV. MOGI DAS CRUZES - SP) Um móvel percorre durante 10 s uma trajetó­
ria retilínea, com uma velocidade que apresenta uma variação com o tempo, de acordo
com a Figura 1.89. A velocidade escalar média do móvel em m/s, relativamente
àquele trecho é:
(A) 2,0. (B) 3,0 (C) 5,0. (D) 7,0 (E) 9,0
1.37 O gráfico a X r {aceleração X tempo) para o movimento de uma partícula é apresen­
tado na Fig. 1.90. Sabendo-se que no instante r = 0,0 s a velocidade era de 20 m/s,
podemos dizer que a velocidade ao fim de 8,0 s era, em m/s:
(A) 80; (B) 10; (C) 70; (D) 52; (E) 60

81
v (m/s)


I
I
l
I
I
I
I
0 2,0 6,0 10
/(s)
Fig. 1.89
Atf(m/s“)

l
8,0 -I
l
I
I
2,0 I
I
I
I
4,0 8,0
Fig. 1.90
1.38 Um carro faz 1/3 de um certo percurso a 60 km/h e o restante a 40 km/h. A sua ve­
locidade média foi em km/h igual a:
(A) 50. (B) 35. (C) 0. (D) 45. (E) 20.
1.39 Um automóvel desenvolvendo velocidade constante de 60 km/h costuma fazer de­
terminado percurso em certo tempo. Um dia pára durante meia hora no ponto mé­
dio do percurso e, tendo completado o trajeto com velocidade dupla, chegou adian­
tado adiantando 10 minutos. Podemos dizer que o tempo em que completava o per­
curso anteriormente era de:
(A) (2/3) h. (B) (1/3) h. (C) (4/3) h. (D) (5/6) h. (E) (1/2) h.
1.40 (GAMA FILHO-RIO) Um ponto móvel está em x = 10 m, quanto/ = 0; em x =
— 14m,quando/ = 12s;eemx = 4,0m,quando/ = 20 s. Qual a velocidade média
do ponto no decurso dos primeiro 12 segundos e no percurso total?
(A) 2,0 m/s e 0,30 m/s. (B) 4,0 m/s e 8,0 m/s.
(C) 2,0 m/s e 3,0 m/s (D) 6,0 m/s e 8,0 m/s.
(E) 3,0 m/s e 0,30 m/s.
1.41 (UNI V. SÃO PAULO) Um certo tipo de foguete, partindo do repouso, atinge a ve­
locidade de 12 km/s após 36 s. Qual a aceleração média em km/s2 nesse intervalo
de tempo?
(A) zero. (B) 2.0. (C) 3.0. (D) 4,0. (E) 1/3.
1.42 (CESGRANRIO) Um corpo em queda vertical no vácuo, a partir do repouso, pos­
sui uma velocidade v após percorrer uma altura h. Para a velocidade ser 3 v, a dis-

82
tância percorrida será de:
(A) 2 h. (B) 3 h. (C) 4 h. (D) 7 h. (E) 9 h.
1.43 (NUNO LISBOA - RJ) Uma bala foi impelida verticalmente no vácuo de baixo pa­
ra cima com a velocidade de 250 m/s. A que altura ela se encontra ao completarem
os primeiros 30 segundos do movimento?
(A) 250 m. (B) 3000 m. (C) 30 000. (D) 300 km (E) 250 km
1.44 Um corpo é lançado para cima de um ponto situado a 25 metros acima do solo e atinge
o mesmo 10 s após o lançamento. Sua velocidade inicial foi de:
(A) 40 m/s. (B) 47,5 m/s.
(C) 51,5 m/s. (D) 38 m/s.
(E) NRA.
1.45 (FEI-SP) Sabendo-se que a aceleração total (resultante) de um móvel é nula, pode-se
afirmar que:
(A) sua velocidade é nula;
(B) seu movimento é circular e uniforme;
(C) seu movimento é uniforme, qualquer que seja sua trajetória;
(D) seu movimento só pode ser retilíneo e uniforme.
(E) Nenhuma das anteriores é correta.
1.46 (CESCEM) Um satélite está em órbita circular em torno da Terra. Desta situação,
afirma-se:
I — o vetor velocidade é constante;
II — o período é constante:
III — o vetor aceleração é constante.
Dessas afirmações está(estão) correta(s):
(A) apenas II. (B) apenas III.
(C) apenas I e II. (D) apenas I e III.
(E) I. ile III.
1.47 (USP) Em um movimento circular e uniforme:
(A) a aceleração total não é nula;
(B) a velocidade aumenta com o tempo;
(C) o período é inversamente proporcional à aceleraçãõ;
(D) a aceleração angular não é nula;
(E) a aceleração tangencial não é nula.
1.48 (CESCEM) Um relógio funciona durante um mês (30 dias). Nesse período, o pon­
teiro dos minutos terá dado um número de voltas igual a:
(A) 3.6 (B) 720. (C) 3600 (D) 7200 (E) 72
1.49 (CESGRANRIO) A Fig. 1.91 mostra 3.fotografia estrosbocópica do movimento de
uma partícula. A aceleração da mesma, no ponto P da sua trajetória, é melhor re­
presentada pelo vetor:
(A) 1; (B) II; (C) III; (D) IV; (E) V
I
P
V
II

IV III
Fig. 1.91

83
1.50 (FU VEST) Um móvel executa movimento uniforme numa circunferência de raio r
= I m, sobre um plano horizontal liso, no sentido indicado na figura, com veloci­
dade angular w = 2 rad/s e velocidade escalar v. Num determinado instante (no ponto
P), o fio sc rompe e o móvel passa a se mover livremente sobre o plano. Ver Fig. 1.92.

Fig. 1.92

A velocidade escalar v antes do rompimento é:_


(A)2m/t. (B)1m/s. (C)3m/t.’
(C)3m/t. (Dl 4 m/s. (E-|8m/i.
1.51 A trajetória do móvel após o rompimento do fio indicado na Fig. 1.92 é dada pela
curva:
(A) a; (B)d; (C) c; (D) d; (E) e
1.52 (FMUSP) Um barco segue de Norte para Sul com velocidade de 40 nós em relação
ao solo. Sofre o efeito do vento que sopra de Este para Oeste, com velocidade de
30 nós em relação ao solo. A velocidade do navio em relação ao vento é:
(A) 50 nós; (B) menor que 40 nós;
(C) maior que 50 nós; (D) 40 nós;
(E) Nenhuma das respostas anteriores.
1.53 (FUVEST) Um vagão ferroviário, que se move com velocidade v0 = 3 m/s com re­
lação aos trilhos, estão dois meninos, A e B, que correm um em direção ao outro,
cada um com velocidade v = 3 m/s com relação ao vagão. Ver Fig. 1.93.

Fig. 1.93.

As velocidades dos meninos, vA e vB, com relação aos trilhos, serão respectivamente:
(A) 6 m/s e U m/s. (C) 0 m/s e 9 m/s. (E) 0 m/s e 6 m/s.
(B) 3 m/s e 3 m/s. (D) 9 m/s e 0 m/s.

84
Problemas

1.54 Um vetor u forma um ângulo de 30° com um vetor v . Sabendo que u = 5 c v =


8, calcule: (a) o módulo da resultante; (b) o ângulo formado entre a resultante e o
vetor m .
1.55 Um vetor u de módulo u = 3 forma um ângulo 0 com um vetor v* de módulo v =
4. Determine este ângulo sabendo que a soma vctorial destes dois vetores possui mó­
dulo igual a 5.
1.56 Seja a diferença vetorial 7=7 — v*. Determine o módulo do vetor 7* em função
dos módulos dos vetores w ev e em função do ângulo entre os dois vetores.
1.57 O módulo de um vetor R é igual a 6; o ângulo formado entre este vetor e o eixo Ox
é igual a 45°. O ângulo formado entre este vetor e o eixo Oy é igual a 45°. Calcule:
(a) o ângulo entre F e o eixo Oz; (b) os componentes deste vetor.
1.58 Os ângulos entre um vetor R e os eixos coordenados são dados por: a = 60°, 0 =
450e? = 60°. A projeção deste vetor sobre o eixo Ox vale 20. Calcule: (o) o módulo
deste vetor: (b) os valores das outras projeções.
1.59 Dois vetores possuem o mesmo módulo v, e fazem entre si um ângulo 6. Determine:
(a) o módulo da soma destes vetores: (b) o módulo da diferença destes vetores.
1.60 Uma forma 7 de módulo igual a 2N forma um ângulo de 30° com o eixo Ox. Uma
força 7 de módulo igual a 4 N forma um ângulo de 60° com o eixo Ox. Uma for­
ça 7 de módulo igual a 6 N forma um ângulo de 80° com o eixo Ox. Calcule: (a)
o módulo da força resultante F ; (b) o ângulo formado ente a resultante e o eixo Ox.
1.61 Determine o valor de a para que o1 vetor uT = a/-7 + io7 seja ortogonal ao vetor
7 = - 47 + 27.
1.62 Um trem percorre a distância de A até B com uma velocidade constante de 60 km/h,
e retorna de B para A com velocidade constante e igual a 80 km/h. Calcule: (a) a
média aritmética das velocidades; (d) a velocidade média deste percurso.
1.63 Lançamos uma partícula de uma altura h, coih velocidade v0, verticalmente de ci­
ma para baixo. Obtenha expressões para: (a) a velocidade v da partícula: (6) a altu­
ra y em relação ao solo: (c) o quadrado da velocidade em função deyt h, ge v0; (d)
a velocidade da particula quando ela atinge o solo.
1.64 De um ponto situado a uma altura lançamos verticlmente, de baixo para cima,
uma partícula com uma velocidade inicial v0. Determine: (a) v em função do tem­
po; (b)y em função de t; (c) uma relação entrey, v e g; (d) a altura máxima h atingi­
da.
1.65 Uma pedra cai, sem velocidade inicial, da janela de um edifício num ponto situado
a uma altura de 20 m. Calcule: (a) o tempo da queda; (6) a velocidade da pedra no
momento em que ela atinge o solo.
1.66 Calcule a velocidade inicial de uma pedra que atinge uma altura h = 30 m quando
ela é lançada verticalmente de baixo para cima.
1.67 Um corpo lançado verticalmente de baixo para cima retorna à superfície terrestre
em 3 segundos. Despreze a resistência do ar. (o) Calcule a velocidade inicial do cor­
po. (d) Qual é a altura atingida pelo corpo?
1.68 Um automóvel de 3 m de comprimento viaja com velocidade de 36 km/h. Calcule
o tempo de exposição para fotografar o automóvel numa película de 1,5 cm de com­
primento, sabendo que, para que a imagem permaneça razoavelmente nítida, ela não
deve se mover mais do que uma distância d - 0,1 mm sobre o negativo.
1.69 Um automóvel parte do repouso e atinge uma velocidade de 36 km/h em 10 segun-

85
dos. A partir deste instante, o motorista pisa no freio e o automóvel entra em movi­
mento retilíneo uniformemente retardado até parar, sendo a = 0,5 m/sí Supondo
que na primeira parte do movimento a aceleração seja constante, calcule o valor desta
aceleração. Determine o tempo que o automóvel leva até parar depois de o motoris­
ta frear.
1.70 De um ponto situado a uma altura h — 60 m lançamos verticalmente, de cima para
baixo, um corpo com uma velocidade inicial vu = 10 m/s. Calcule o tempo quc.o
corpo leva para atingir o solo.
1.71 Uma pessoa anda, em linha reta, 5 m de Leste para Oeste; a seguir, caminha 4 m dc
Sul para Norte e finalmente, sempre em linha reta, anda 2 m para Nordeste. Calcule
a distância entre a posição inicial e a posição final desta pessoa. Qual e o ângulo for­
mado entre a direção horizontal (Leste-Oeste) e o vetor posição do ponto final da
trajetória?
1.72 Numa noite de São João, um balão está a uma altura de 300 m. Neste momento,
ele pega fogo. Desprezando a resistência do ar, calcule o tempo que a bucha leva pa­
ra atingir o solo nos seguintes casos: (a) o balão está subindo com velocidade igual
a 5 m/s; (b) o balão está caindo com velocidade de 5 m/s; (c) o balão está parado.
1.73 Um corpo é largado, sem velocidade inicial, do alto de um edifício de uma altura.
H. No último segundo de sua queda, de percorre um terço da altura H. Calcule: {a)
a altura H\ (b) o tempo total da queda livre.
1.74 Um rio tem 1 km de largura. A velocidade da corrente é de 2 km/h. O barco tem
velocidade constante de 4 km/h em relação à água, (a) Determine o tempo que um
homem leva, num barco a remo, para ir c voltar diretamente de uma margem a ou­
tra (numa direção ortogonal à margem), (b) Calcule o tempo que o homem leva pa­
ra remar 1 km rio acima e voltar ao local de partida.
1.75 Um barco percorre um rio retilíneo no sentido contrário ao da corrente. Num dado
instante, uma bóia caido barco. Um minuto e meio depois da queda, o dono do barco
nota a ausência e volta para resgatá-la. A bóia é regatada a 900 m a jusante do ponto
onde caiu. Calcule a velocidade da corrente do rio.
1.76 Um barco leva um tempo / = 30 s para ir de um ponto A a um ponto B situado sobre
a mesma margem de um rio, em sentido contrário ao da corrente. Quando ele volta
do ponto B ao ponto A, o tempo gasto é a metade de /. A velocidade do barco em
relação à água é constante e igual a 10 m/s. Calcule a distância AB.
1.77 Um barco se move numa direção perpendicular às margens retilíneas e paralelas de
um rio. A velocidade do barco em relação à margem do rio vale 7,2 km/h. A largura
do rio é igual a 0,5 km. Devido à ação da corrente, o barco, em vez de atingir o pon­
to da margem oposta obtido pela interseção da normal traçada do ponto de parti­
da, atinge um ponto situado 150 m a jusante deste ponta (a) Calcule a velocidade da
corrente; (b) quanto tempo o barco leva para atravessar o rio?
1.78 Um barco se desloca com velocidade cm relação à corrente de um rio de largura
d. \ água se move com velocidade vr em relação à margerm. (a) Determine o tem­
po t necessário para que o barco, saindo de um dado ponto na margem do rio, atin­
ja a margem oposta num ponto situado na perpendicular à margem baixada do ponto
de partida, e depois retorneao mesmo ponto, (b) Calcule o tempo /'necessário para
que o barco percorra uma distância d no mesmo sentido da corrente e após retorne
ao mesmo ponto.
1.79 Um piloto mede o ângulo entre a direção do vento e a direção do movimento do
avião e encontra o valor 6 = 60°. O módulo da velocidade do vento medido por um

86
observador no solo é V| - 50 km/h. O módulo da velocidade do vento em relação
ao avião vale vu = 40 km/h. Calcule o módulo da velocidade do avião em relação
ao solo.
1.80 Num dia de chuva, um automóvel se desloca com velocidade v2 = 60 km/h. A chu­
va cai numa direção vertical em relação ao solo, com velocidade v, = 3 m/s. Cal­
cule: (a) o módulo da velocidade da chuva vt.2em relação ao automóvel; (ò) a dire­
ção da queda das gotas em relação a uma pessoa situada dentro do automóvel.

Respostas do Questionário

1.1 (a) 2 algarismos significativos, erro relativo: 5%; (6) 4 algarismos significativos, er­
ro relativo: 0,06%
1.2 Acréscimo ou variação de uma grandeza é a diferença entre o valor final e o valor
inicial da grandeza.
1.3 (o) É a tangente do ângulo entre a reta e o eixo Ox\ (b) se a reta está representada
graficamente, basta medir os catetos de um triângulo cuja hipotenusa coincide com
qualquer segmento da reta considerada; quando a reta está representada analitica-
mente na forma y = mx + h, o seu coeficiente angular é dado pelo número m.
1.4 Grandezas escalares: massa, comprimento, tempo, energia, temperatura. Grande­
zas vetoriais: deslocamento, velocidade, aceleração, força, torque.
1.5 (a) Não; (ó) não; (c) se N = 2, os vetores devem ser simétricos; se /V for maior do
que 2{ para que a soma vetorial forneça resultante nula, é necessário que os vetores
formem uma linha poligonal fechada.
1.6 Não, porque o vetor unitário é obtido dividindo-se um dado vetor pelo módulo do
próprio vetor.
1.7 (o) seu* e v* são vetores ortogonais, então: m*. v* =C;(ò)seü” e v* são vetores pa­
ralelos, èntão, u X v* = Õ*.
1.8 Não, podemos concluir apenas que ab cos 0 = ac cos <t>, onde 9 é o ângulo entre ã"
eb e 0 é o ângulo entre a ec . Ou seja, a relação mencionada implica apenas na
igualdade b cos 9 = c cos </>.
1.9 Para descrever a maior parte das grandezas físicas necesitamos de um sistema de re­
ferência', contudo, umaLe/ Física possui, necessariamente.uma./b/vHr/ invarianfe.
Medir uma grandeza física significa compará-la com outra (que serve de unidade);
portanto, para descrever as grandezas físicas é necessário utilizar sempre um siste­
ma de unidades e um sistema de referência.
1.10 (a) O módulo do deslocamento escalar é quase sempre maior do que o módulo do
vetor deslocamento; contudo, no caso de uma trajetória retilinea estes dois valores
são iguais, (d) A velocidade escalar média é geralmente maior do que o módulo do
vetor velocidade média; contudo, no caso do movimento num trecho retllíneo estes
dois valores são iguais, (c) Nâo. (d) Sim.
1.11 O tacômctro (ou taquímetro) indica o módulo da velocidade do automóvel. Na
realidade, trata-se da medida de uma velocidade média num intervalo de tempo muito
pequeno (igual ao tempo necessário para uma rotação do eixo do tacômetro).
1.12 São impossíveis: (c), (/), (g), (k); as demais situações são possíveis.
1.13 (a) A bola cairá na mão do estudante; (2?) a bola cairá atrás do estudante; (c) a bola
caira na frente do estudante.
1.14 Para um observador.fixo na plataforma, a bola descreve uma trajetória parabólica
nos três casos. Para um observador em repouso dentro do trem: (o) a bola descreve

87
uma trajetória retilínea; (b) a bola descreve uma trajetória parabólica atrás do estu­
dante; (c) a bola descreve uma trajetória parabólica na frente do estudante.
1.15 (a) a’ = g; (b) a’ = g + o; (c) a' = g - o.
1.16 Nos três casos, o módulo da aceleração em relação a um observador fixo na Terra
t igual a g.

Respostas dos Exercícios

1.17D 1.30 A 1.42 E


1.18 D 1.31 D 1.43 B
1.19B 1.32 D 1.44 B
1.20 D 1.33 C 1.45 D
1.21 A 1.34 A 1.46 A
1.22 D 1.35 D 1.47 A
1.23 A 1.36 D 1.48 B
1.24 D 1.37 D 1.49 B
1.25 E 1.38 D 1.50 A
1.26 B 1.39C 1.51 B
1.27 B 1.40 A 1.52A
1.28 D 1.41 E 1.53 A
1.29 D

Respostas dos Problemas

1.54(o) r = 12,58; (*) 18,52°


1.55 90°
1.56 s2 = u2 + v2, + 2uvcos8
1.57 (o) 90°; (*) R, = 3 <2? R. = 0
1.58 (o) R = 40; (í>) R, = 28,28; R, = 20
1.59 (o) 2v cos (8/2); (*) 2v sen (8/2)
1.60 (a) E = 11,41 N; (*) 65,3°
1.61 0 = 5
1.62 (a) 70 km/h; (b) 68,57 km/h
1.63 (o) v = v„ + gi; (*) h - y = vd + gP/2; (c) v2 = v? + 2g(h - y)\
(d) v = (rf + 2gh),/í
1.64 (a) v = v„ - gt; (b)y = y0 + vd - gr2/2; (c) v2 = 2g(y - y,); (d) h = r» + (vj/2g).
1.65 Valores aproximados: (a) 2 s; (b) 20 m/s
1.66 24,25 m/s
1.67(0) 14,7 m/s; (b) 11 m
1.68 0,002 s
1.69 20 s
1.70 2,6 s
1.71 r= 8,4 m; 8 = 40,1»
1.72 (o) 8,4 s; (b) 7,3 s;(c) 7,8 s
1.73 (o) H = 146 m; (b) t = 5,46 s
1.74 (o) 34,6 minutos; (b) 40 minutos
1.75 5 m/s
1.76 200 m

88
1.77 (a) vc = 0,6 m/s; (*) t = 250 s

2d/v* 2d/v*
1.78 (a) Z =
\Jl - (V./v*)2 - (y./^2

1.79 v, = 45,82 km/h


1.80 (a) V,., = 34,3 m/s; (ft) 61°

89
Capítulo 2
DINAMICA
2.1 Leis de Newton
Em nossa vida diária executamos ações descritas pelos seguintes verbos: puxar,
empurrar, sustentar, comprimir, esticar, etc. Quando pretendemos mover um objeto que
está parado, damos ao mesmo um puxão ou um empurrão. Também é através de pu­
xões ou empurrões que paramos um objeto que se move ou que desviamos a sua trajetó­
ria. Chamamosforças a estes puxões ou empurrões. Nossa vivência diária parece indi­
car uma íntima relação entre forças e movimentos. A Dinâmica é a ciência que estuda
as relações entre forças e movimentos.
A compreensão de que entre forças e movimentos deve existir uma relação do ti­
po causa-efeito parece remontar à Antigüidade Clássica com os trabalhos dos filóso­
fos gregos, em particular com o trabalho de Aristóteles. No entanto, a solução do pro­
blema do movimento só foi conseguida nos séculos XVII e XVIII com os trabalhos de
Kepler, Galileu e Newton, responsáveis pela formulação dos três axiomas fundamen­
tais da Mecânica, hoje conhecidos como Leis de Newton. O objetivo deste capítulo é
travar um primeiro contato com os axiomas fundamentais da Mecânica.
Princípio da Inércia — Primeira Lei de Newton
O Princípio da Inércia, também conhecido como Primeira Lei de Newton, afirma
que: “Uma partícula permanecerá em repouso ou em movimento retilíneo uniforme
se for nula a resultante das forças que agem sobre ela.”
Ç v* = constante = F — repouso
Se E F = F
< v" = constante * tf — MRU
onde MRUsignifica movimento retilíneo uniforme. A primeira afirmação indicada na
chave anterior, ou seja, o fato da somadas forçasser igual a zero implicar no repouso,
não nos surpreende, pois a nossa experiência diária nos diz que um corpo não entra por
si só em movimento. Para que um corpo passe do estado de repouso para o estado de
movimento é preciso que sobre ele se faça uma força. Sob esse aspecto não há discor­
dância entre as afirmações dos pensadores gregos e dos pensadores dos séculos XVII
eXVIIl.

90
A segunda afirmação indicada na chave anterior, is-o é, EF = 0* implicar na
possibilidade de existência de um movimento retilíneo e unif.t-me não é tão fácil de acei­
tar, como no caso da primeira hipótese (v = 0 ou repouso). Neste caso existe uma dis­
cordância entre as opiniões dos gregos e dos pensadores modernos. Com efeito, nossa
experiência diária de empurrar cadeiras, mesas, etc, patece-nos indicar que para man­
ter um objeto em movimento é preciso manter sobre ele uma força resultante não nu­
la. Esta era a opinião de Aristóteles, que admitia ser a velocidade de um corpo umaíun-
ção da força resultante que nele estivesse agindo. Kepler e Galileu conceberam uma ar­
rojadíssima idéia: a manutenção de um movimento sem a presença de umaforça. Real­
mente, quando arremessamos sobre um plano horizontal áspero um bloquinho com
uma velocidade v0, após percorrer uma certa distância, ele parará. Se formos gradati­
vamente aumentando o grau de polimento do plano, verificaremos que a distância per­
corrida até parar irá gradativamente aumentando, ou seja, à medida que reduzimos o
atrito entre as duas superfícies, menor se toma a aceleração retardadora do bloquinho,
é lícito suporque num plano perfeitamente liso a velocidade do bloquinho não mais so­
freria variações. Ver Fig. 2.1 e Fig. 2.2.
vo .------- v = 0 Vo v = O
yàtrí'o

(O) («
Fig. 2.1 A força de atrito no caso (b) é menor do que o atrito no caso (a). Quanto menor for o
coeficiente de atrito entre o bloco e o plano, maior será a distância percorrida peto bloco até ele
parar.
Vo Vo

Fig. 2.2 Se não existisse atrito entre o bloco o plano horizon­


tal, o bloco se deslocaria sempre com um movimento retilí-
neo uniforme.
Assim sendo, um corpo não pode por si mesmo alterar o seu estado de repouso ou
de movimento retilíneo uniforme. Na ausência de uma força resultante elese mantém em
repouso ou em MR U. Chamamos inércia a esta propriedade e o primeiro axioma admi­
te que toda e qualquer espécie de matéria é inerte.
Observações:
1 - As forças são grandezas vetoriais. Um força se soma com outra força obede­
cendo à regra do paralelograma. Ver Fig. 2.3.
2 - O Princípio da Inércia nos fornece, ele próprio, o conceito de Força. Podemos
dizer que umaforça é o agente capaz de alterar o estado de repouso ou de MR U de um.
corpo. Ou melhor, podemos dizer que uma força é um agente capaz de alterar a veloci­
dade de um corpo.

91
////////ZZ-Z/////////////// / Z//////////ZZZ

pl

Al

Fig. 2.3 As forças são grandezas vetoriais que se somam de acordo com a
regra do paralelogramo.

Exemplo 2.1 Uma bolinha se encontra em repouso em relação a um ônibus que se


desloca com MRUlyer Fig. 2.4). De repente, o ônibus freia. Despreze o atrito entre a boli­
nha e o ônibus. O que sucede com a bolinha?

A A

<
(«) (*) (0
Fig. 2.4(oj Uma bolinha está inicialmente em repouso em relação ao ônibus que se des­
loca com MRU. (b) O ônibus estáfreiando. (c) o ônibuspára mas a bolinha continua com
MRU (desprezando o atrito entre a bolinha e o piso do ônibus).

Solução. Como nào cxisje atrito entre a bolinha e o piso do ônibus, verificamos que a boli­
nha e o ônibus s^.deslocam, inicialmente, com a mesma velocidade, ou seja, a bolinha e
O ônibus se deslocam para a direita em MRU (ver a parte (a) da Fig. 2.4). Em (b) o ônibus
está sendo freiado pelas forças indicadas; a bolinha, sobre a qual as forças que freiam o
ônibus não estão agindo, continua movendo-se em MRU. Em (c) o ônibus já parou, e a
bolinha continua em MRU, caminhando para a parede dianteira do ônibus.
Na Fig. 2.5 mostramos que depois do ônibus parar, a bolinha colide com a parede
direita do ônibus. A força exercida pela parede do ônibus sobre a bolinha freiará a boli­
nha.

92
A
rt-

Fig. 2.5 Depois que o ônibus pára,


a bolinha colide com a parede da di­
reita do ônibus; esta colisão freia a
bolinha.

Como se vê, a bolinha não pára por si mesma. Só pára quando alguém ou alguma coi­
sa (no caso a parede dianteira) exerce uma força sobre ela. É justamente esse comportamen­
to da bolinha que entendemos por inércia.
Exemplo 2.2 Suponha que o ônibus e a bolinha mencionada no Exemplo 2.1 este­
jam cm repouso. Quando o ônibus arranca, o que ocorre com a bolinha? Ver Fig. 2.6.
Solução. Vamos continuar supondo que não há atrito entre o piso e a bolinha. O
ônibus arranca devido à ação de forças exercidas pelo chão sobre ele (não estranhe, mais
tarde analisaremos com cuidado estas forças). A bolinha, sobre quem não agem estas for­
ças, fica em repouso e só se movimenta quando a parede traseira a alcança, empurrando-a
para a direita. Observe a posição da bolinha em relação ao poste enquanto o ônibus arran­
ca. Ver Fig. 2.6.

(C)

&

Fig. 2.6 Esquema do Exemplo 2.2.


L
Os exemplos anteriores ilustram o significado de Princípio da Inércia ou Primei­
ra Lei de Newton. Sendo nu/o a resultante das forças que atuam sobre a bolinha ela deve
permanecer em repouso ou com a mesma velocidade (descrevendo um MRU). A boli­
nha não pode alterar seu estado (de repouso ou de movimento) sem que uma força ex­
terna atue sobre a bolinha.

Definição:
Denomina-se referencial inercial todo sistema de referência em relação ao qual vale o
Princípio da Inércia (ou Primeira Lei de Newton).
Mas adiante, quando estudarmos as forças inerciais vamos aprofundar o concei­
to de referencial inercial. A Terra não é um referencialinercial. Contudo, como o movi-

93
mento de rotação da Terra afeta muito pouco os movimentos usuais, podemos consi­
derar a Terra como um referencial inercial. As experiências comuns mostram que o Prin­
cípio da Inércia é válido para um referencialfixo no solo, conforme vimos no Exemplo
2.1 e no Exemplo 2.2. Daqui por diante, utilizaremos qualquer referencial fixo na Ter­
ra como umreferencialinercial. Às vezes utilizamos aexpressão referencial do labora­
tório para designar um referencial fixo na Terra.
Princípio fundamental da dinâmica — Segunda Lei de Newton
O Princípio Fundamental da Dinâmica pode ser enunciado do seguinte modo: “A
aceleração que uma partícula adquire tem a direção e o sentido da força resultante que
age sobre ela e o seu módulo é proporcional ao módulo da resultante.”
O Principio Fundamental do Dinâmica é conhecido também como a Segunda Lei
de Newton. A Segunda Lei de Newton pode ser expressa matematicamente do seguinte
modo: , ,
EÃ = ma I
__________ (2.1)
onde Ft t aforça resultante do conjunto de forças que atuam sobre a partícula de mas­
sa m e í" é a aceleração da partícula (cm relação a um referencial inerciat). Na relação
(2.1), como F, é a força resultante, temos:
F, = SF
onde o símbolo E(sigma) indica soma. A relação (2.1) mostra que a aceleração a é pro­
porcional à força resultante F„ (ou a força F» é proporcional à aceleração ã~.

Fk = = ma

Fig. 2.7

Para compreender melhor o significado físico da massa inércia! m, considere duas


esferas de ferro de volumes muito diferentes, conforme indicado na Fig. 2.8.

A «>

Oa

Fig. 2.8 Umaforça F atua sobre uma esfera de ferro A; uma força F atua sobre outra esfera
B, sendo m, maior do que mA.

94
As esferas indicadas na Fig. 2.8 estão inicialmente em repouso em relação a um
referencialinercialS. No início não existe nenhuma força atuando sobre as esferas. Apli­
camos a mesma força F sobre cada uma das esferas. Qual das duas esferas de locomo­
verá com maior aceleração? A esfera menor, naturalmente. Realmente, a esfera menor
terá uma aceleração maior. Diremos que ela tem menor tendência a permanecer em seu
estado mecânico (no taso, o repouso), ou que tem “menor inércia”. Apliquemos ago­
ra a Segunda Lei às duas esferas, A (menor) e B (maior).
Vem:
esfera menor: F = mA aA
esfera maior: F = m, a,
Como aplicamos a mesma força às duas, temos:
. a* mi
mA x a, = m,x a» .’. — = ——
a, mA
Mas, como vimos, aA>as e — > 11 logo: m» > m*.

Assim, a esfera menor, que tem “menor inércia”, tem também a menor massa.
Por isso, dizemos que a massa de um corpo é a medida da sua inércia.

Observação:
Unidade SI de força.
A equação F - ma permite definir a unidade de força do Sistema Internacional
de Unidades.
A unidade de massa deste sistema é o quilograma, que se define como sendo a massa
igual à do quilograma internacional que é um bloco de platina mantido na Repartição
Internacional de Pesos e Medidas, em Sévres, próxima a Paris. Simboliza-se por kg.
A unidade de aceleração é a aceleração de um móvel que varia sua velocidade de
1 m/s a cada segundo. Simboliza-se por m/s3.
Pois bem, a unidade deforça é o newton que se define como sendo a força capaz
de acelerar um bloco de 1 kg com 1 m/s3. Simboliza-se por N. usando a equação F =
ma obtém-se a equação de definição do newton.
|F — mg|

1 N = 1 kg .—
s3
Na Seção 2.2 voltaremos ao assunto.

Exemplo 2.3 Uma partícula de massa m = 5 kg está em repouso. Subitamente, a


partícula fica submetida a uma força resultante F, = 20 N durante 2 segundos. Pede-se:
(a) a aceleração que a partícula adquire, (Z>) o gráfico de v contra l para o movimento da
partícula.
Solução, (a) De acordo com a Segunda Lei de Newton (2.1), obtemos:
a = F*/m = 4 m/s3

95
(h) O gráfico pedido pode ser feito facilmente; lembrando que depois de 2 segundos
nào existe nenhuma força aplicada, o movimento subsequente será um MRU. Na Fig. 2.9
mostramos o gráfico de v (em m/s) contra / (em segundos).

lv(m/s)

8 -----
I
I
4
I
I
£
1 2 t
Fig. 2.9 Esquema da solução do Exemplo 2.3.
Exemplo 2.4 Uma partícula executa um movimento circular uniforme de raio R
= 2 m e velocidade v = 2 m/s. Sendo m = 2 kg, determine a força resultante que atua
sobre ela.
Solução. De acordo com o Princípio Fundamental da Dinâmica podemos escrever:
Fr = EX = ma
Num movimento circular uniforme só existe a aceleração centrípeta cujo mó­
dulo vale:
aN = v^/R
Logo,
a n = (9/2) m/i2

Fu = maN — Fk = 9 N
A relação anterior fornece o módulo da força resuitante Fu. A força resultante Ff
possui a mesma direção e o mesmo sentido da aceleração centrípeta ou aceleração normal
ãs, conforme indicado na Fig. 2.10.

Fig. 2.10 Esquema do Exemplo 2.4.

96
Exemplo 2.5 Uma partícula de massa m = 2 kg desloca-se numa circunferência
com uma aceleração tangencialconstante a, = 2 m/s2. O raio da trajetória vale R = 2 m.
Num dado instante, a velocidade vale v - 2 m/s. Determine a força resultante.
Solução. A componente nonnal da aceleração é dada por:
u -
aN = —
R

= 2 m /s2

A componente tangencial da força resultante será:


Fi = mat ~ Fr = 4 N.
A componente normal da força resultante será:
FN = maH — Fn = 4 N.
A força resultante terá módulo:
+ F? .-. Fk = f 42 + 4;
Fn = 4>/r.\ Fk = 5,6 N
Na Fig. 2.11 mostramos o esquema para obtenção da força resultante FM através da
soma vetorial dos componentes F[ e FN.

Fíg. 2.11 Esquema da solução do


Exemplo 2.5.

A componente normal FN (força centrípeta) é responsável pela manutenção da par­


tícula na trajetória circular. A componente tangencial é responsável pela produção da
aceleração tangencial cujo módulo fornece a aceleração escalar aT.

97
Princípio da ação e reação — Terceira Lei de Newton
O Princípio da Ação e Reação, também conhecido como Terceira Lei de Newton,
afirma que: “Se uma partícula exerce força sobre outra, esta outra reage sobre a pri­
meira com uma força de mesmo módulo e direção, mas de sentido oposto.”
Na Fig. 2.12 mostramos um homem dando um soco na parede. O homem exerce
sobre a parede umaforma de módulo F. A parede reage sobre o homem com uma for­
ça — F . Ou seja, a força de “ação” atua sobre o outro corpo. A força que atua sobre
o homem só produz efeitos sobre o homem. A força que age sobre a parede só produz
efeitos sobre a parede. Não tem sentido físico somar vetorialmente a força de “ação ”
coma força de “reação". Por exemplo, se você somar a força — F que a parede exerce
sobre o homem com a força F, você chegaria ao resultado absurdo de que não existe
nenhuma força atuando sobre o homem. Como é óbvio, se você desse um soco na pa­
rede você sentiría a força — F que a parede exerce sobre você.

—F F

Fig. 2.\2Asforçasde "acão"ede "reação" agem em corpos di­


ferentes.

Outro ponto que precisa ser esclarecido é o seguinte. Como as forças atuam so­
bre corpos diferentes, os efeitos são diferentes. Porexemplo.se você der um soco numa
parede de papelão, a parede se quebra mas sua mão não sofre praticamente nada. Con­
tudo, se você der um soco na parede de uma casa, a parede permanece intacta, mas a
sua mão pode quebrar. Outro exemplo: se uma bola de borracha se choca com uma bo­
la de aço, a força que a bola de borracha exerce sobre a bola de aço é igual (em módulo)
à força que a bola de aço exerce sobre a bola de borracha. Contudo, os efeitos são dife­
rentes'. a bola de aço não se deforma, ao passo que a bola de borracha sofre uma grande
deformação (no momento da colisão).
Vamos agora esclarecer assuntos relacionados com os conceitos de sistema, for­
ça interna a um sistema e força externa a um sistema.
a. Definição de sistema.
A Fig. 2.13 mostra uma cadeira sobre a qual há uma bola e na qual há um homem
apoiado. Suponha que pretendamos analisar a cadeira, isto é, verificar, por aplicação
àãPrímeira e à&Segunda Leis, se ela permanecerá em repouso ou se será acelerada. Pa­
ra tanto, precisamos saber que forças agem sobre a cadeira. Diremos que a cadeira é
o sistema que pretendemos analisar.

98
y/////////////////)/7//7//, "/////////////////////
Fig. 2.13 Ilustração para definir “sistema”, “força interna” e “força externa”.

b. Força externa a um sistema


É toda força exercida sobre um sistema por alguma coisa que não faz parte do
mesmo.
Exemplo. O nosso sistema é a cadeira. A força que o homem exerce sobre a cadeira é
exlerna. A força que a bola exerce sobre a cadeira é externa.
c. Força interna a um sistema
É toda força exercida por uma parte do sistema sobre outra parte do mesmo.
Exemplo. O nosso sistema é a cadeira. A força que o pé da cadeira exerce sobre o assen­
to da mesma é interna.
d. Uma propriedade importante
"Forças internas não alteram o estado de repouso ou de movimento de um siste­
ma em relação a um referencial externo."

Exemplo 2.6 A Lei da Inércia afirma que um corpo não pode por si só alterar seu
estado de repouso ou de MRU. Um homem anda quando bem lhe apraz. Nào seria isto
uma negação à Lei da Inércia?
Solução. A expressão por si só significa ser capaz de exercer força sobre si mesmo
e mover-se por meio de tal força. Ora, nesse caso o homem é o sistema e qualquer força
que o homem pudesse exercer sobre si mesmo seria interna, não podería mover o homem.
Mas, então, como é que o homem se move?
A resposta é simples. Com o pé o homem empurra o chão com uma força f. O chão
reage sobre ele com uma força —f. Esta força, que éexterna ao sistema homem, é que
o movimenta. Assim sendo, ele não se move por si só, precisa do empurrão do chão para
fazé-lo. Ver Fig. 2.14.
Exemplo 2.7 Como se move um foguete?
SoluçãoAJm foguete é uma carcaça que contém no seu interior um gás. Faz-se o gás
explodir no interior da câmara C. Uma certa massa de gás sai pela abertura A. A massa de
gás que sai é empurrada para fora com uma força F pelo sistema carcaça + massa de gás

99
que fica. É a reação - F da massa de gás que sai sobre o sistema carcaça + massa de gás

/í\
que fica, que impulsiona o foguete. Ver Fig. 2.15.

-f

Fig. 2.14 Para correr o homem empurra o


chão. É a reação do solo sobre o homem
que o movimenta.

Fig. 2.15 Esquema pa­


ra explicar como um F
foguete se locomove. y

Exemplo 2.8 Um burro puxa uma carroça. Exerce sobre ela uma força F . Se é vá­
lida a Terceira-Lei, a carroça reage com uma força - F sobre o burro. Mas, então, como
é que o burro consegue mover a carroça?
Solução: Vamos considerar o sistema “ burro + carroça”. A força X que o burro
exerce sobre a carroça é interna ao sistema e é, portanto, anulada pela força - X da carro­
ça sobre o burro. Estas forças não são responsáveis pelo movimento do sistema {burro +
carroça).
Quem coloca o sistema em movimento é a força com que o chão reage ao empurrão
que o burro dá no chão. Ver Fig. 2.16.
tf
-7

JSL
11 ■ B

777777777777777. 7////////7
f
Fig. 2.16/4 força -f é a força motriz, ou seja, a força que
produz o movimento do sistema “burro-carroça". Para apli­
car a Segunda Lei de Newton utilize a componen te h orizontal
desta força (componente na direção do movimento).

100
Vamos agora analisar o sistema "burro". A força — F i a reação da força F exer­
cida pelo burro sobre a carroça. Ou seja, a força — F é a força que a carroça exerce sobre
o burro. Portanto, vemos que a força — Fé externa ao burro. Para mover-se ele precisa
empurrar o chão com uma força cuja projeção horizontal seja maior que — F , a fim
de que a reação do chão sobre ele tenha projeção horizontal maior que — F .Se /, =
— f cos a > —F , o burro entra em movimento. Ver Fig. 2.17.

-F <

f
Fig. 2.17 Diagrama dasforças que atuam sobre o sistema ' 'burro *\

Para o sistema “ carroça", F é externa. Não é anulada por — F, visto queesta não
age na carroça. É F que movimenta a carroça.
Repare que uma/orça pode ser externa para um sistema e interna para outro siste­
ma, dependendo do sistema considerado. Por exemplo, para osistema burro + carroça,
F é uma força Interna, ao passo que para o sistema carroça F é uma força externa.

2.2 Análise dimensional e sistemas de unidades


As dimensões de uma grandezafísica fornecem a descrição da grandeza conside­
rada em termos de um conjunto de grandezasfundamentais escolhidas arbitrariamen­
te. Por exemplo, normalmente escolhemos na Mecânica as seguintes grandezasfunda­
mentais'. o comprimento (L), a massa (M) e o tempo (T). Dizemos que M, L e T são as
dimensõesfundamentais. Contudo, seria possível também escolher as seguintes dimen­
sões ou grandezas fundamentais-, o comprimento (L), a. força (F) e o tempo (T). Qual­
quer que seja a escolha, verificamos que todas as grandezas físicas derivadas podem ser
expressas em termos das grandezasfundamentais escolhidas. Por exemplo, dizemos que
as dimensões de velocidade são dadas pela dimensão de espaço sobre a dimensão de tem­
po.
[v] = L/T (2.2)
onde utilizamos os colchetes para indicar que estamos considerando as dimensões da
grandeza entre os colchetes. Portanto, as dimensões físicas caracterizam as grandezas
físicas.
Afórmula dimensional, equação dimensional ou simplesmente dimensional de uma
grandeza física, fornece uma função da grandeza considerada em termos das dimen­
sõesfundamentais escolhidas. Por exemplo, a dimensional de velocidade ou dimensão
de velocidade é dada pela equação (2.2). Denomina-se Análise Dimensional o estudo

101
das dimensões e das unidades das grandezasfísicas. Uma das maneiras de verificar a va­
lidade de uma equação na Física é examinar as dimensões de cada um dos seus termos.
O princípio da homogeneidade dimensional afirma que cada um dos termos de uma
equação que descreve um fenômeno deve possuir a mesma dimensão física. Em outras
palavras, a dimensão do membro esquerdo de uma equação deve ser iguai à dimensão
do membro direito. Este princípio deve ser usado pelo aluno no estudo da teoria e na
resolução de problemas, não só para testar a validade dos resultados obtidos como tam­
bém para compreender melhor o conteúdo físico das relações utilizadas. Outra vanta­
gem da Análise Dimensional consiste na procura de uma relação envolvendo grande­
zas físicas. Se, por exemplo, uma grandeza G depende de duas outras PeQ, verifica-se
que G está relacionada com PeQ através de uma equação da forma:
G = kP’Q‘
onde k é uma constante dimensional e x e y são expoentes que devem ser determinados,
com a condição de que a dimensão do membro esquerdo da equação seja igual ã dimen­
são do membro direito.
Outra noção importante intimamente ligada com o estudo da Análise Dimensio­
nal é o conceito de similaridade. Em muitas situações físicas, principalmente nas apli­
cações práticas na Engenharia, se costuma fazer um modelo em miniatura do protóti­
po real. Usando-se escalas convenientes e o princípio da homogeneidade dimensional,
é possível obter resultados corretos para o protótipo em função de dados experimen­
tais obtidos com o modelo. A similaridade deve ser pesquisada em função das grande­
zas que devem ser modeladas. Por exemplo, quando reduzimos todas as dimensões de
um protótipo através de uma dada escala, dizemos que existe similaridade geométrica
entre o modelo e o protótipo. Quando existe uma escala constante entre o campo de
vcloeidads do modelo c o campo de velocidades do protótipo, dizemos qeu existe simi­
laridade cinemática entre o protótipo e o modelo. Ocorre similaridade dinâmica entre
o modelo e o protótipo quando as diversas forças que atuam sobre o protótipo forem
proporcionais á respectivas forças que atuam sobre o modelo.
O Sistema Internacional de Unidades e a Unidade de Força
Um sistema de unidades é um conjunto de convenções que nos permite estabelecer
as unidades de medidas de todas as grandezas físicas. Arbitrariamente, definem-se as
unidades de um certo número de grandezas e, mediante as fórmulas de definição das
outras grandezas, estabelecem-se suas unidades. As grandezas cujas unidades são de­
finidas arbitrariamente são ditas grandezas fundamentais, as restantes são ditas gran­
dezas derivadas. O sistema que estudaremos aqui é o Sistema Internacional de Unida­
des (Si) que, em Mecânica, utiliza três grandezasfundamentais: o comprimento, a mas­
sa e o tempo. Representaremos o comprimento por L, a massa por M eo tempo por T.
As unidades fundamentais do SI são:
L — é o metro, símbolo m.
M — é o quilograma, símbolo kg.
T — é o segundo, símbolo s.
O metro define-se como sendo o comprimento igual a 1.650.763,73 comprimen­
tos de onda da radiação eletromagnética emitida pelo isótopo SÓKr na sua transição en­
tre os estados 2p„, e 5d,.

102
O quilograma é a massa igual a do quilograma Internacional que é um bloco de
platina mantindo na Repartição Internacional de Pesos e Medidas.
O segundo é o intervalo de tempo equivalente a 1/31556925,975 da duração
do ano trópico de 1900.
Unidade SI de área:
A área é uma grandeza calculada através do produto de dois comprimentos. In­
dicamos tal fato escrevendo [A] = L2e definimos a unidade SI de área como se segue:
A unidade SI de área é o metro quadrado, símbolo m2, que é a área igual à de um
quadrado de 1 m dc lado.
Unidade SI de volume:
Para calcular o volume fazemos um produto de três comprimentos, o que é ex­
presso pela equação [V] = LJ (equação dimensional de volumei. Definimos a unidade
dc volume como se segue:
A unidade SI de volume é o metro cúbico, símbolo mJ, que é igual ao volume de
um cubo de 1 m de aresta.
Unidade SI de velocidade.
A dimensional de velocidade év = L/T; sua unidade é o metro por segundo, sím-
bo m/, que se define como sendo a velocidade média de um móvel que percorre um me­
tro no intervlo de tempo de um segundo.
Unidade Si de aceleração.
Vamos obter a dimensional de aceleração lembrando que aceleração média é o quo-
ciente entre a variação de velocidade que um móvel experimenta e o intervalo de tempo
em que ocorreu a variação.

Av
a =— ; [a] = LT-2
Ar

A unidade SI de aceleração é o metro por segundo ao quadrado símbolo m/s2, que


se define como sendo a aceleração média de um móvel que varia sua velocidade de 1
m/s em 1 segundo.
Unidade SI de força:
Vamos obter a dimensional de força a partir de sua fórmula de definição
F = ma - = M-L - [P] = MLT’2
T2
A unidade SI de força é o newton, que se define como sendo a força que aplicada à
massa de 1 kg acelera-a com 1 m/s2. O símbolo de newton é N.
1N = 1 kg.m.s-2
Observação: Freqüentemente trabalhamos com uma unidade prática de força. É
o quilograma-força, símbolo kg* ou kgf, que é definido como o peso da massa de um
quilograma num local onde a aceleração da gravidade é normal (9,8 m/s2).
É fácil obter a relação entre o kg* e o N. Vejamos:
1 kg* = 1 kg. 9,8 m/s2 1 kg* = 9,8 kg.m/s2 1 kg* = 9,8 N
103
Medida de força — o dinamômetro
Quando aplicamos uma força a uma mola, verificamos que a mola sofre uma de­
formação, quer aumentando seu comprimento quer diminuindo-o, conforme o senti­
do da força. Se a deformação não ultrapassar um certo valor limite, uma vez retirada
a força a mola volta ao seu comprimento original. Robert Hooke estudou experimen­
talmente a relação entre a força e a deformação produzida na mola e chegou ao seguin­
te resultado: para uma mola há uma razão constante entre a força aplicada e a defor­
mação linear produzida.
Para compreender o significado da Lei de Hooke, vamos ver como ele chegou a es­
ta conclusão.
Imaginemos uma mola pendurada ao lado de uma régua, de tal forma que ao ex­
tremo livre da mola corresponda o zero da régua. Ver Fig. 2.18.
A seguir, colocamos na ponta da mola um objeto de massa m, conhecida. A se­
guir penduramos um objeto de massa m. e anotamos a nova deformação x, produzi­
da. Repetimos esse procedimentos com várias outras massas, ms, m„ etc. Ver a parte
(Z>) da Fig. 2.18.
A cada massa pendurada corresponde uma força aplicada à mola, equivalente ao
peso desta massa.
Sejam F„ F;, F„ etc, as várias forças que por meio desse processo aplicamos à
mola. A experiência mostra que:
£ £=£ =
X, Xi X]

Esta razão é característica da própria mola e denomina-se constante elástica da


mola-, vamos representá-la por k. De uma maneira geral podemos escrever
y = á:-|f%x |

onde Fé a força aplicada à mola, k.é a constante elástica da mola, exé o comprimento
da deformação produzida por F.
Quando se conhece a constante elástica de uma mola pode-se usá-la para medir
umaforça. Para tanto, monta-se um dispositivo em tudo equivalente ao da figura e apli-
ca-se a força ao extremo da mola de modo a alongá-lo ou comprimi-la. Lê-se a defor­
mação produzida e calcula-se o valor da força utilizando a relação F - kx. Na prática
já se gradua a escala em unidades de força a fim de simplificar a operação de medida.
O instrumento assim construído recebe o nome de dinamômetro.
Observação: A dimensional de k pode ser facilmente obtida partindo-se da dimen­
sional de força-.
F LMT~* ; [*] = L°MT"2 = MT"’
* = x ~ M =
L
A unidade áeké, portanto:
1 kg.s-2
A constante elástica k é normalmente expressa em newton por metro (N/m), logo:
1 N/m = 1 kg.s-2.

104
yz/iz/zzz^/zz/z^
s

i i
I
I
0
1
2 I 0

I'
I
3 3

(o) (*)
Fig. 2.18 Esquema para ilustrar o funcionamento de um dlnamômetro. (a) Quando a mo­
la está em em equilíbrio sob a ação do seu próprio peso, definimos a posição do ZERO
de uma régua; (b) Se o bloco de massa m, ésustentado pela mola, a deformação x, da mola
indicará o módulo da força externa (peso do bloco de massa mt).

Exemplo 2.9 Na extremidade de uma certa mola pendura-se um bloco. O bloco pro­
duz na mola uma deformação x - 0,25 m, quando o sistema atinge o equilíbrio. A cons­
tante elástica da mola vale k = 1 kN/m. Qual é o peso do bloco?
Solução. No lado esquerdo da Fig. 2.19 mostramos o esquema do enunciado do pro­
blema. No lado direito desta ilustração mostramos as forças que atuam sobre o bloco. O
pesop* t a força gravitacional exercida pelaTerra, a forçai éa força exercida pela mola
sobre o bloco.

F = fcjr

— O = posição inicial

Fig. 2.19 Esquema do Exemplo 2.9.


t P

105
Como o bloco está em repouso, de acordo com a Primeira Lei de Newton, obtemos:
F-p
Porém, de acordo com a Lei de Hooke, o módulo da força exercida pela mola vale
F = kx. Logo,
p — kx
Substituindo os valores numéricos concluímos que o peso do bloco vale:
p = 250 N
Exemplo 2,10 Determine a dimensão do produto pgh.
Solução. A densidade, ou massa específica, é definida pela equação:
P = dm/dV (1)
e quando a densidade do material for consatnte (corpo homogêneo), a definição (1) se re­
duz à relação comum:
p « m/V
Para determinar a dimensão dep, podemos usar a relação (1); o símbolo de deriva­
da não tem dimensão, loço:
[P] = [m/V] = ML'3
A dimensão de g é a dimensão de aceleração, ou seja,
k) = LT-'
e a dimensão de h é a dimensão de comprimento (L). Logo:
[P«A] = ML"'T'3 (2)
Para saber o significado físico do produto pgh, basta lembrar que a dimensão de
força é dada por:
= MLT-2 (3)
A dimensão de uma área S é dada por:
(S) = L3 (4)
Dividindo as relações (2) e (3) obtemos:
(FZS) = [pressão} = ML-/T“2 (5)
Comparando a relação (5) com a dimensão de pgh dada pela equação (2), vemos
que este produto representa fisicamente uma pressão. Este produto fornece a diferença
de pressão barométrica entre dois pontos de um fluido separados por uma diferença de
altura h.
Exemplo 2.11 Um estudante esqueceu a fórmula do período Tde um pêndulo sim­
ples de comprimento L. Porém, ao fazer uma prova de múltipla escolha, ficou na dúvida
se o período do pêndulo simples é dado por 2t(L/^)í/7ou por 2t(^/£)‘/2. Qual é a opção
correta?
Solução. Basta aplicar o Princípio da Homogeneidade Dimensional. A dimensão
da aceleração da gravidade g é dada por:
te) = lt-’ (D
Como o fator 2x é adimensional, temos:
(2r(L/g)1/2l = LWtgP'* (2)
Das relações (1) e (2) decorre que a dimensão do membro esquerdo da equação (2)
é tempo (7). Como a dimensão de período também é tempo, concluímos que a fórmula

106
correta do período de um pêndulo é dada por:
T = 2rJ~L7g~
Exemplo 2.12 Suponha que a velocidade de propagação isotérmica de uma onda
sonora dependa somente da pressão Pe da densidade do meio p. Use a Análise Dimensio­
nal para determinar a expressão da velocidade do som, sabendo que não existe nenhuma
constante adimensional entre estas grandezas.
Solução. Como não existe nenhuma constante adimensional ligando as variáveis,
de acordo com o teorema fundamental da Análise Dimensional podemos escrever:
*= (D
ondexcy são expoentes a determinar, impond-se que a dimensão do membro esquerdo
da equação (1) deve ser igual à dimensão do membro direito. A dimensão da velocidade
é dada por:
[vj = LT“' (2)
De acordo com a definição de pressão, a dimensão de pressão é igual à dimensão
de força dividida pela dimensão de área:
[P] = [F\/L2 - (3)
Comop = m/Ve a dimensão de volume é[P] = LJ, a dimensão de densidade é da­
da por:
[P| = ML-’ (4)
Substituindo as relações (2), (3) e (4) na equação (1), encontramos:
LT"' = l/"*
Para que esta equação seja dimensionalmente homogênea, devemos ter:
- x — 3y = 1
— 2x = — 1
Da última relação obtemos: x = 1/2. Substituindo o valor x = 1/2 na outra equa­
ção, encontramos: y = 1/2. Portanto, a fórmula procurada é a seguinte:
v = -Jp/p
Esta é a fórmula procurada para o cálculo da velocidadede propagação isotérmica
do som, supondo Pep constantes.

2.3 Classificação das forças que atuam num corpo


Na ‘ 'Leitura Complementar’' deste Capítulo mostraremos que todas as forças exis­
tentes na Natureza sào oriundas direta ou indiretamente das quatro interações funda­
mentais da Física. Contudo, é didaticamente conveniente classificar as forças em dois
grandes grupos: (1) forças de interação e (2) forças inerciais. As forças inerciais serão
estudadas na Seção 2.5. As forças de interação, como o nome sugere, decorrem da ação
ou interação entre dois ou mais corpos.
As forças de interação são oriundas de dois tipos fundamentais de interação: (a)
a interação através de campos (estas forças também são chamadas de forças de ação à
distância) e (b) a interação provocada pelo contato (ou por qualquer tipo de vínculo).
Na "Leitura Complementar" deste Capítulo vamos fazer uma breve discussão sobre
o conceito de campo (que substitui modernamente o conceito de "ação à distância").

107
Das forças produzidas por uma ‘ 'ação à distância’ ’ estamos interessados apenas nas for­
ças gravitacionais. Outros exemplos deforça de ação à distância: a força elétrica e a for­
ça magnética. Asforças inerciais são forças de “ ação à distância” nem forças de conta­
to. As forças inerciais serão discutidas na Seção 2.5, na Leitura Complementar deste
Capítulo e no Apêndice A.
(a) Forças de ação à distância
A única que nos interessará por agora é a força gravitacional ou peso de um cor­
po. Como sabemos, a Terra atrai todo e qualquer objeto que esteja em suas proximi­
dades. A força com que a Terra atrai o objeto denomina-se peso do objeto. As caracte­
rísticas do peso são:
direção — vertical, ou seja, direção reta que une o corpo ao centro da Terra;
sentido — apontamento para o centro da Terra;
módulo — o módulo do peso é inversamente proporcional ao quadrado da distância
entre o corpo e o centro da Terra.
Na maioria dos problemas de Mecânica, trabalharemos com objetos que ao se mo­
verem o fazem nas proximidades da superfície da Terra. Nestas condições as variações
do módulo do peso são pequeníssimas e não serão levadas em conta. Sendo assim, na
maior parte dos casos consideraremos o peso como uma força de módulo constante,
vertical e atuando no sentido de atração entre o corpo e a Terra.
E a reação ao peso, existe? Sim, o peso é uma força exercida pela Terra sobre o
corpo que está próximo dela; o corpo reage exercendo sobre a Terra uma força de mes­
mo módulo e direção, porém de sentido oposto, que admitiremos aplicada no centro
da Terra (veja a Fig. 2.20).

TERRA reação ao peso


Fig. 2.20/1 reação ao peso é uma força -P exercidajrelo corpo
A sobre a Terra. O ponto de aplicação da reação -P é o centro
da Terra.

108
Observação: Uma unidade de força freqüentemente usada na prática é o quilo-
grama-força, símbolo kgf ou kg*. A relação entre o quilograma-força e o newton é
1 kgf = 1 kg* = 9,8 N.
Aceleração da gravidade
Consideremos dois objetos de pesos diferentes largados no mesmo instante de uma
mesma altura h, no vácuo (Fig. 2.21). A prática mostra que os dois objetos caem lado
a lado e chegam ao solo no mesmo instante. As variações de velocidade sofridas pelos
dois objetossão as mesmas em iguais intervalos de tempo, ou seja, eles caem com a mes­
ma aceleração. Esta aceleração se denomina aceleração da gravidade e se representa por
g.

T.I h
Pt

_<_______
T
c

7
////V ///////7///////
Fig. 2.21 Não existe ar no interior da campãnula
C. Verificamos que todos as objetos caem com
a mesma aceleração no vácuo.
Se a massa dos dois corpos da Fig. 2.21 são m, e m,, pode-se escrever:
Pi = m,g
Pi = mg
Dividindo membro a membro:
P_ m,
P>
ou seja, os pesos dos objetos são proporcionais às suas massas.
A aceleração da gravidade varia com a altitude h; no entanto, para pequenas va­
riações de h, consideraremos g como constante e com valor 9,8 m/s2, desde que h seja
pequeno em comparação com o raio da Terra.

Observações:
1 — Conforme ilustrado na Fig. 2.21, a experiência mostra que todos os corpos (in­
dependentemente das respectivas massas) caem com a mesma aceleração g no vácuo.
2 — NoQuestionário deste Capítulo vamos pedir para você explicar a diferença en­
tre peso e massa.

109
3 — No momento estamos considerando o peso como sendo a forçu gravitacional
exercida pela Terra sobre um corpo (ver Fig. 2.20). Contudo, e necessário fazer uma dis­
tinção entre o peso aparente e o peso. O peso aparente ia força resultante medida por um
dinamômetro ou por uma balança de mola. Conforme veremos na Seção 2.5, caso exis-
\am forças inerciaisptesenles, concluímos que aforça resultante mediàape\o dinamôme­
tro (ou por uma balança de mola) fornece o peso aparente. No Exemplo 2.28 mostrare­
mos que o peso aparente p ou peso efetivo pode ser definido do seguinte modo:
p = P +
onde E^i significa a soma dasforças inerciais eP é o peso (isto é, aforça gravitacional
exercida pela Terra sobre o corpo). Comoestamos desprezando esforças inerciais, temos:

P = ?
ou seja, o peso efetivo é igual ao peso definido anteriormente (isto é, P é aforça gravita­
cional exercida pela Terra). O leitor interessado em aprofundar seus estudos sobre a ques­
tão do peso efetivo e sobre as forças gravitacionais deve ler o Livro ^Gravitação, Oscila­
ções e Ondas" de Adir M. Luiz e Sérgio L. Gouveia.

(b) Forças de contato ou forças de vínculo


Excluindo o peso, que já foi estudado no item (a), todas as demais forças que es­
tudaremos neste Livro de Mecânica podem ser classificadas como forças de contato (ou
forças de vínculo). A palavra “vínculo” i aqui usada quase no mesmo sentido de “con­
tato". As forças de contatamais importantes na Mecânica são as seguintes: (f) forças
de atrito, (2) forças de tração e de compressão, (3) reações de uma superfície de apoio,
(4) reações de articulações, (5) forças de deformação.
1 - Forças de atrito
Considere o bloco A indicado na Fig. 2.22. Seja T a força de tração exercida so­
bre o bloco A. Suponha que o bloco A esteja em repouso. Quais são as forças que agem
sobre ele? Na Fig. 2.23 fazemos um esquema das forças aplicada sobre o bloco A.

A T
\
*1
Jl
\
Fig. 2.22 Um bloco está em repouso submetido a uma tra­ I
ção 7* através da corda. P

Fig. 2.23 Como o bloco A está em


repouso a soma vetoria! de todas as
forças que atuam sobre o bloco de­
ve ser igual a zero.

110
A primeira força é o peso P. A segunda é a tração T sobre o bloco. A terceira
força é a reação de apoio do solo sobre o bloco. Para determinar a direção e o sentido
de P (reação de apoio) lembremo-nos de que o bloco está em repouso. Então a resul­
tante das três forças deve ser nula. Para que a resultante se anule, a reação de apoio P
deve ser capaz de anular a resultante de 7* e P, que aparece tracejada na Fig. 2.22. Lo­
go P deve ter a direção e o módulo de T + P e sentido oposto. Note que P não é nor­
mal ao plano de apoio.
Observação: Na prática não é costume trabalhar com a reação de apoio P ■ Cos­
tumamos, em geral, decompor P em duas direções previamente escolhidas, uma nor­
mal ao plano de apoio e outra paralela ao plano de apoio. À projeção de P no eixo de­
nominamos componente normal da reação P e à projeção no eixo paralelo denomina­
mos componente de atribo ou força de atrito. Procedendo assim para o exemplo prece­
dente teríamos o esquema de forças da Fig. 2.24. Na Fig. 2.24 a componente P é a
força de atrito. —
R N
"eixo
normal
. I
eixo1
paralelo)
> T
£
/ 777'/'/ 'À''77 77'/

p
Fig. 2.24

Em geral, quando fazemos um diagrama de forças da situação descrita na Fig.


2.22 já partimos da idéia de decompor P na componente normal f? e na força de atrito
p., conforme indicado na Fig. 2.24, de modo que nos diagramas costumamos repre­
sentar apenas as componentes N eP.
Observações: (a) A componenteP so existe quando o corpo é submetido a uma
força externa que tenta mover o corpo. (i>) A força de atritoP sempre se opõe à for­
ça de tração 7.

Exemplo 2.13 Faça o esquema das forças que atuam sobre um bloco apoiado num
plano horizontal.
Solução. A primeira força é o peso (orientado verticalmente de cima para baixo).
Trace agora um eixo ortogonal ao plano inclinado e um outro eixo paralelo ão plano incli­
nado. Coloque a força N sobre o eixo normal e a força 7^ sobre o eixo paralelo. Note
que/L deve se opor à componente do peso paralela ao plano. Ver a Fig. 2.25.

111
eixo N
normal

eixo
paralelo

P X.
'Z '/ 'Z;Z z7//-'/’
Fig. 2.25 Esquema para a solução do Exemplo 2.13.

Exemplo 2.14 A Fig. 2.26 mostra um trilho dobrado em forma de quadrante de


circunferência. O bloco A está em repouso. Desenhe as forças que atuam sobre o bloco A.
O

/'P? >/’/’/>/
Fig. 2.26 Desenho do enunciado do Exemplo 2.14.

Solução. A primeira força agindo é o peso (lembre-se: sempre vertical). Agora tra­
cemos um eixo normal à superfície (aqui será um eixo que passa pelo centro da circunfe­
rência e pelo centro do bloco); coloquemos sobre ele a componente normal. Trace agora
o eixo "paralelo” (aqui será um eixo paralelo à tangente à circunferência no ponto de con­
tato entre ela e o plano); coloque/; sobre ele. Ver a Fig. 2.27.
Exemplo 2.15 Na Fig. 2.28 mostramos uma viga A B apoiada sobre o canto de uma
parede. A viga está em repouso. Faça o esquema das forças que atuam sobre a viga.
Solução: O peso da viga é uma força aplicada no centro da viga. O centro da viga
é o centro de massa ou centro de gravidade da viga (no Capítulo 4 explicaremos estes con­
ceitos). Desenhe no ponto B uma força normal ao plano da parede e uma/orç? de atrito
tangente à parede (contrária à tendência do movimento). Analogamente, no ponto A existe
uma força /VA ortogonal ao solo e uma força de atrito f[ paralela ao solo c com sentido
contrário à tendência do movimento. Ou seja, se a viga escorregasse, a extremidade A se
deslocaria da direita para a esquerda; logo, a força de atrito é orientada da esquerda
para a direita. Ner a Fig. 2.29.

112
o
f. eixo
normal
N

\eixo TTWTTTV
paralelo
P
Fig. 2.27 Esquema da solução do Exemplo 2.14.

A A
Fig. 2.28 Desenho do enunciado do Exemplo Fig. 2.29 Esquema da solução do Exemplo
2.15. 2.15.

113
Origem da Força de Atrito
Considere a situação decrita na Fig. 2.22. Por que a força de reação R se inclina
em relação à horizontal quando tentamos arrastar um bloco? É o mesmo que pergun­
tar: qual é a origem da força de atrito f, indicada na Fig. 2.24? Imagine que olhásse­
mos para a região da extremidade do bloco através de uma lente de aumento, confor­
me mostramos na Fig. 2.30. As superfícies do bloco e do solo apareceríam cheias de
rugosidades, conforme indicado na Fig. 2.31. Em alguns pontos pode ocorrer até mes­
mo o encaixe entre uma saliência e uma reentrância das superfícies que estão em conta­
to: Fixemos nossa atenção no encaixe da região indicada pela letra a na Fig. 2.31.

R
2

////////////r///. 7////Z/Z

p
Fig. 2.30 A tentativa de arrastar o bloco é contra­ Fig. 2.31 Ampliação da extremida­
riadapor umaforça de atrito que se origina nos en­ de direita do contato entre o bloco
caixes entre as rugosidades das superfícies em con­ e o solo.
tato. Ver a ampliação indicada na Fig. 2.31.

Quando o bloco é tracionado para a direita, a saliência do bloco força o chão para
a direita e para baixo. O chão reage com uma força de mesma direção e sentido oposto
sobre a saliência do bloco. Se aumentarmos a tração para a direita, mais o bloco em­
purrará o chão pára adireita, ou seja, as forças indicadas na Fig. 2.31 mais se inclinam
para a direita. Suas reações, que agem sobre o bloco, mais se inclinam para a esquerda.
A força R i a resultante de todas as pequenas forças que agem sobre o bloco nos pon­
tos de contato; se estas se inclinam para a esquerda R também se inclina.
Se continuarmos a aumentar o módulo da tração T, as forças de encaixe entre
as rugosidades não serão suficientes para suportar a tração e o equilíbrio se rompe, de
modo que o bloco A se deslocará no sentido da tração. Portanto, durante a aceleração
do bloco, você deverá notar que a. força resultante Fí na direção horizontal possui mó­
dulo dado por:
Fi = T — f.
No equilíbrio, T = /A. Então, pelo Princípio da Inércia, ou o bloco A está em re­
pouso (se já estava antes da aplicação de T) ou então o bloco descreverá um movimen­
to retilíneo uniforme (caso o bloco possuísse uma velocidade v~ antes da aplicação da
força T).

114
Atrito Estático
Na parte (<z) da Fig. 2.32 mostramos um bloco em repouso apoiado sobre um pla­
no horizontal; neste caso, a reação do apoio 1? só tem componente normal, ou seja,
a força de atrito é nula. Na parte (b) da Fig. 2.32 indicamos uma tração T aplicada so­
bre o bloco; neste caso, a reação 77 se inclina e dá origem à componente horizontal de­
nominada força de atrito estático (porque corresponde ao equilíbrio estático, uma vez
que o bloco está em repouso).

N =R rJ
I
e
I
I
à ■> T

iiiiiiiiiiiiinnj/i/f//// 7//////////////////,//////////////////

V P P .r
R máx
(o)
I
'A 77 (6)
0 míx
I
I
I T

7777777777777777777777777777777777777
w y p
Fig. 2.32 (a) Quando não existe nenhuma força de tração aplicada ao bloco, não existeforça de
atrito estática (b) Aplicando-se uma tração horizontal T surge uma força de atrito f, . (c) De­
pois de aumentar suficientemente o valor da tração T, 0 bloco começará a deslizar sobre o pla­
no horizontal.
Aumentando-se o valor de T, o módulo f„ também aumenta, de modo a manter
o bloco em repouso. Entretanto, a força de atrito f„ não pode crescer indefinidamen­
te Existe um valor máximo para(que depende das rugostdades do corpo e do solo).
Quano o valor de T superar o valor máximo f„„u_, o bloco começará a deslizar sobre
o plano, conforme indicado na parte (c) da Fig. 2.32. Neste caso, a reação Tt também
atingiu seu valor máximo e o ângulo 6 também atingiu sua inclinação máxima (a partir
da vertical 6 = 0). O válor 6^,, denomina-se ângulo critico ou ângulo de atrito. A for­
ça máxima de atrito denomina-seforça máxima de atrito estático ou, simplesmente, atrito
máximo.
Há, para um mesmo par de superfícies, uma razão constante entre a força máxi­
ma de atrito estático e a normal.

115
A Fig. 2.33 mostra vários blocos de mesmo material e pesos diferentes apoiados
numa mesma superfície. Todos os blocos estão a ponto de se mover sob a ação das tra­
ções a eles aplicadas. Assim a força de atrito em cada um é a máxima.

♦ fih
f J.mix
/"l.mix ---- |r. ♦ 75
rrrrrrTTTn7 ///////7//////////// ///Z ////Z/ Z/////////////////////

▼3
Fig. 2.33 Os três blocos indicados nesta ilustração são de um mesmo material, apoiados
sobre a mesma superfície horizontal.
A experiência mostra que a razão entre o componente horizontal de J? (a força
de atrito máximo} e o componente normal é constante, para um mesmo par de superfí­
cies em contato, ou sjea, na Fig. 2.33, temos:

f.mí. A±.' _ /l.mi»


constante
M N>

A constante de proporcionalidade entre/, ^, e Ndenomina-se coeficiente de atri­


to estático e será designado pela letra tu (ou, simplesmente, pela letra grega /r). Pode­
mos, então, escrever a seguinte expressão para a. força máxima de atrito estático:

onde Né o módulo da componente norma! da reação do apoio R sobre o corpo.


É interessante notar que o coeficiente de atrito estático é dado por:
| Ak = tg | (2.4)
Para verificar a relação anterior basta examinar a Fig. 2.34. No triângulo retân­
gulo, hachureado, tomando-se a tangente do ângulo , obtemos imediatamente a re­
lação (2.4) fazendo uso da equação (2.3).
Atrito Cinético ou Atrito de Deslizamento
Quando um corpo desliza sobre uma superfície rugosa, ele fica submetido a uma
força que se opõe ao sentido do movimento. Esta força denomina-se força de atrito ci­
nético ou força de atrito de deslizamento. A experiência mostra que a força de atrito de
deslizamento é praticamente constante, desde que a velocidade do corpo não seja muito
elevada. Também experimentalmente se observa que entre a força de atrito de desliza­
mento e a componente normal da reação de apoio há, para um mesmo par de superfí­
cies, uma razão constante. Denominamos a esta razão constante de coeficiente de atrito
de deslizamento (/u):

116
N

I
I
I
I '^máx — Oc
I
I
7«.nulx T

! 111 / l/l l/l/////// >////!/ f//////////

Fig. 2.34 Esquema para mostrar que o coeficiente de atrito estático édado
pela relação (2.4).

f*. = /a/N
De um modo geral o coeficiente de atrito de deslizamento é menor que o coeficien­
te de atrito estático, o que explica porque é mais fácil manter um corpo deslizando do
que iniciar o seu movimento.

Exemplo 2.16 Coeficiente de atrito estático. Descreva uma experiência simples para
a determinação experimental do coeficiente de atrito estático fu- Escreva a expressão usada
para a determinação deste coeficiente.
Solução. Um método simples para a determinação do coeficiente de atrito estático
de um material é o seguinte. Coloca-se um bloco do material sobre um plano Indicado, ar­
ticulado de tal modo qu e sua inclinação em relação à horizontal possa aumentar continua­
mente e partir da posição horizontal. Eleva-se o plano até que ele atinja uma inclinação
critica e o corpo comece a deslizar sobre o plano. Considere a Fig. 2.35. Levando em conta
o esquema de forças indicado nesta figura, e de acordo com a definição da força de atrito
dada pela equação (2.3), encontramos:
F* = /a, N = mg cos ã, (1)
Quando o corpo está na iminência de se deslocar ou quando ele se desloca com velo­
cidade constante, podemos aplicar a primeira lei de Newton. Igualando a força de atrito
com a componente do peso ao longo do plano inclinado, temos:
= mg sen 8, (2)

117
N

p sen 0e

p cos Ôf t
ee
P
Fig. 2.35 Esquema de forças para a solução do
Exemplo 2.16 e do Exemplo 2.7 7.
e, usando as relações (1) e (2), resulta:
| /^ = tg 0. | (3)
A equação (3) pode, então, ser usada para a determinação do coeficiente de atrito
estático em função do ângulo limite 0, medido cxperimentalmente.

Exemplo 2.17 Coeficiente de atrito cinético. Descreva uma experiência para a de­
terminação do coeficiente de atrito cinético
Solução. No problema anterior, vimos que o ângulo limite abaixo do qual o corpo
permanece em repouso e acima do qual ele se desloca é dado por: 0c = arc tg Para de­
terminar o coeficiente de atrito cinético podemos fazer a seguinte experiência: coloca-sc
o corpo sobre um plano inclinado, de tal modo que o ângulo de inclinação do plano seja
maior do que 6r. De acordo com a seunda Lei de Newton, e levando em conta a figura do
problema anterior, podemos escrever:
mg sen 8 — ^mg cos 6 = ma
ou seja, explicitando o coeficiente de atrito cinético,
= tg 0 — (a/g cos 0).
Observações:
1 — As forças de atrito descritas anteriormente referem-se ao atrito entre duas su­
perfícies sólidas, sem levarem conta a possibilidade derolamento. No Capítulo 5 analisa­
remos o papel desempenhado pelo atrito no rolamento.
2 — Considere \im fluido {líquido ou gás) em contato com um sólido ou com outro
fluido). O movimento relativo entre o sólido e o fluido (ou entre doisfluidos) é impedido
pelo atrito viscoso. As leis que governam o atrito viscoso são completamente diferentes
das leis que governam o atrito entre superfícies sólidas. O leitor interessado em saber as
noções básicas sobre a Mecânica dos Fluidos deve ler o Livro “Elementos de Termodinâ­
mica' ’ de Adir M. Luiz e Sérgio L. Gouveia.

2 - Força de Tração
A,força de tração num/zo (numa corda ou numa viga) produz uma solicitação que
tende a esticar ofio (a corda ou a viga). A força de compressão numa viga é uma força
que tende a encurtar a viga através de uma compressão. A seguir, vamos descrever so­
mente as forças de tração.

118
Considere um blocozl suspenso por um fio preso ao teto, conforme indicado na
parte (o) da Fig. 2.36. O fioé flexível e de peso desprezível. O fio exerce sobre o bloco
uma força de tração T. Na parte (b) da Fig. 2.36 isolamos o bloco para fazer o esque­
ma das forças que atuam sobre o bloco.
///////////////Z////Z A T

A
(a)

V?
Fig. 2.36 (a) Um bloco A ésuspenso por um fio inextensível de massa desprezível, (b) Esquema
das forças que atuam no bloco A.
Sobre o bloco atuam duas forças: o peso p' e a tração T. Conforme indicado na
Fig. 2.36, o sentido da tração T só pode ser oposio ao do pesop~, uma vez que o bloco
A está em repouso.
Observações: (a) Note que a tensão ou tração T não é a reação do peso p .A rea­
ção do peso j5* é uma força — p exercida sobre a Terra e aplicada no centro da Terra,
(b) Qual é a reação da tração T que o fio exerce sobre o bloco Al É uma força — T
exercida pelo bloco sobre o fio; esta reação faria o fio se romper ou esticar (caso esta
força de reação ultrapassasse certos limites). Note que o módulo de — T é igual ao mó­
dulo de p , mas não podemos dizer que — T é a reação do peso p’ (ver a observação
do item anterior).

Exemplo 2.18 Faça um esquema das forças que atuam sobre o bloco A Indicado
na Fig. 2.37.
z/z Z Z Z/Zz Z Z ZZZ/Z

Fig. 2.37 Desenho do Exemplo 2.18.

119
▼p
Fig. 2.38 Esquema da solução do Exemplo 2.18.
Solução. As três forças que atuam sobre o bloco A são esquematizadas na Fig. 2.38.

3 - Reação de Apoio
Já vimos que a força de atrito é o componente tangenciai da reação de apoio. As
forças de reação de apoio surgem toda vez que um corpo está em contato com outro corpo
ou com um&superficie qualquer (plana ou não-plana). Quando não existe nenhuma outra
força externa aplicada ao corpo, o módulo de reação do apoio R é numericamente igual
ao módulo do peso. Contudo, para que o corpo esteja em repouso é necessário que R
= — p~, confortpe ilustrado na Fig. 2.39.

♦ *

▼ ?
/ 7'/'/'/'/'/'/'/'/'/'/'/
Fig. 2.39 Quando não existe nenhuma outraforça externa (exceto o peso) a reação do apoio R tem
que ser igual contrária ao peso p (para que o corpo permaneça em repouso).

Conforme dissemos anteriormente, é sempre conveniente decompor a reação do


apoio em dois componentes; (o) a componente normalN da reação do apoio é octo­
gonal à superfície considerada no local onde se encontra o corpo; (b) a componente tan­
genciai da reação K é a força de atrito, conforme definimos anteriormente. Por exem-

120
pio, se o bloco indicado na Fig. 2.39 está em repouso, a componente normal R é orto-
gona ao plano inclinado (dirigida de baixo para cima) e a componente tangencial é aforça
de atrito fs orientada ao longo do plano e que equilibra a componente tangencial do
peso p sen 0, onde & é o ângulo entre o plano inclinado e o plano horizontal.
4 - Reação de uma articulação
Um tipo especial de reação de apoio é a reação que ocorre numa articulação ou-
numa junta (ou Junção) entre dois materiais. A seguir, estudaremos apenas o caso da
reação de uma articulação. Na Fig. 2.40 mostramos uma articulação A.
/////////////, // ////

(A)
haste

pino
(*)

Fig. 2.40 (a) Uma haste A B está presa ao teto por um fio
e articulada no ponto A. (b) Detalhe para mostrar a arti­
culação do ponto A.
Consideremos uma haste AB fixada a uma parede de forma que se segue. No ex­
tremo A existe um orifício na haste. Através desse orifício passa um pino que é fixado
à parede. Chama-se reação de articulação à força que o pino exerce na haste. Em geral
trabalha-se com esta força imaginando-a decomposta em duas componentes, uma ho­
rizontal e outra vertical. Às vezes imagina-se a reação 77 de articulação decomposta
de uma direção normal ã haste e em uma direção paralela à mesma.
Na Fig. 2.41 ilustramos as técnicas usuais para a decomposição da força de rea­
ção da articulação R. Na parte (c) decompomos a reação da articulação num compo­
nente normal à superfície de apoio e em outro componente tangencial à superfície de apoio.
Na parte (b) da Fig. 2.41 mostramos a decomposição de R num componente ortogonai
à haste AB e num componente paralelo à haste AB.

121
Fig. 2.41 ItuslruçSo para mostrar os principais tipos de decomposição da reação de uma articu­
lação.

5 - Força de deformação — Lei de Hooke


A Lei de Hooke define o sistema elástico ideal. A deformação produzida num sistema
elástico é tal que a força de reação do sistema é dada pela Lei de Hooke:
|f =-*r|
onde?' éa força de reação do sistema, k é a constante elástica do sistema c.v” é um vetor
que fornece a deformação linear do sistema, isto é, x é um vetor que caracteriza a dife­
rença entre o comprimento do sistema num dado instante e o comprimento do sistema
no equilíbrio (quando não existe nenhuma deformação do sistema). A Lei de Hooke
vale para qualquer deformação elástica linear. Neste Livro aplicaremos a Lei de Hooke
somente no caso da deformação de uma dada mola; neste caso, a deformaçãoxé a dife­
rença entre o comprimento da mola num dado instante e o comprimento da mola quando
ela não está nem esticada nem comprimida.
2.4 Aplicações das Leis de Newton
O objetivo da Dinâmica é estabelecer a relação entre o movimento e suas causas
(isto é, zs forças). Nesta Seção apresentaremos diversos problemas resolvidos para ilus­
trar algumas aplicações das Leis de Newton. Vamos considerar nesta Seção somente re­
ferenciais inerciais, isto é, referenciais para os quais podemos aplicar a Lei da Inércia
(Primeira Lei de Newton). Na próxima Seção faremos uma discussão sobre a descrição
da Mecânica no interior de um referencial não-inerciat.

Exemplo 2.19 A esfera da Fig. 2.42 pesa 100 kgf e está em equilíbrio. Não existe
atrito entre a esfera e as superfícies que estão em coniato com ela. Determine as reações
do apoio. A parede 1 é vertical.

122
Fig. 2.42 Desenho do Exemplo 2.19.

Soluçãa As forças que atuam sobre a esfera são: o peso p , a reação N, da parede
número 1 e a reação Ã?_, da parede 2. Como não há atrito, a reação N, é ortogonal à pa­
rede I e N 2 é ortogonal à parede 2. Todas as três forças que atuam sobre a esfera passam
pelo centro da esfera, conforme indicado na Fig. 2.43.

N,
7v, 2
60"

P ▼

60"

Fig. 2.43 Esquema das forças que


aluam sobre a esfera do Exemplo
2.19.

123
Podemos considerar um sistema cartesiano Oxy com origem O no centro da esfera,
sendo Ox um eixo horizontal e Oy um eixo vertical. As forças que atuam sobre a esfera
podem então ser decompostas conforme indicado na Fig. 2.44.

*2
.. Nj/3
I ' k ~2~
I
I
I
I

M/2 N1

Fig. 2.44 Decomposição dasforças indicadas na Fig. 2.43.

Como a esfera está em equilíbrio, de acordo com a Primeira Lei de Newton, con­
cluímos que são nulas as resultantes R, e R, (onde /?, é a soma vetorial das forças ao lon­
go do eixo Ox e R, i a resultante ao longo do eixo Oy). Donde se conclui que:
N, - N,/2 (1)
M = 2p3'Zi (2)
Substituindo os dados numéricos em (2) e (l), obtemos os resultados aproximados:
N, = 57 kgf; N, = 114 kgf

Exemplo 2.20 O coeficiente de atrito estático entre o bloco da Fig. 2.45 e o plano
inclinado vale 0,7. Determine o módulo da menor força (paralela ao plano) que deve ser
aplicada ao bloco a fim de que o bloco escorregue para a parte inferior do plano inclinado.
O peso do bloco í igual a 100 kgf.

Fig. 2.45 Ilustração do Exemplo 2.20.


30°
<y/z////////////////////////////
124
Solução Sabemos que tg 30° = 0,57. De acordo com a equação (2.4), temos 6^.
= arc tg 0,7 = 35°. Como o ângulo do plano inclinado da Fig. 2.45 é menor do que ç
concluímos que o bloco não pode escorregar para baixo. A força F necessária para
fazer o bloco escorregar para baixo deve, portanto, ser dirigida para baixo, conforme in-
diado na Fig. 2.46. Utilizando o sistema de coordenadas ortogonais, mostrado na Fig. 2.46,
encontramos o seguinte resultado para o equilíbrio:

y
A.mix.

P/2
F
P/T
2
X
\3o° \
✓//////////////////////////////////
Fig. 2.46 Esquema dasforças que atuam sobre o bloco do Exem­
plo 2.20.

N = <3 p/2 (D
F - fiMto. - p/2 (2)
onde:
A-u. - (3)
Substituindo os dados numéricos nas relações (1), (2) e (3), achamos o módulo da
força Fno equilíbrio:
F = 11 kgf
Portanto, qualquer força Fcom módulo maior do que II kgf é suficiente para fazer
o bloco escorregar para baixo.
Exemplo 2.21 Na Fig. 2.47 mostramos dois blocos A e B que se movem sobre um
plano horizontal sem atrito. A força externa F indicada na Fig. 2.47 possui módulo igual
a 16 N. A massa do bloco A vale = 3,0 kg e a massa do bloco B vale m9 = 1,0 kg. De­
termine: (tf) a aceleração do sistema, (n) a força FAB que o bloco A exerce sobre o bloco
B.
Solução, (tf) Considere como sistema o conjunto formado pelos blocos A e B. Neste
caso, os forças externas ao sistema são indicadas na Fig. 2.43.
De acordo com a Segunda Lei de Newton (2.1), podemos escrever:
FrcuIlaMr “ X tf úMrma (I)

125
F

A
B

Fig. 2.47 Ilustração do enunciado do Exemplo 2.21.

a N.

AÃ7, a

Pa Pb
Fig. 2.48 Esquema das forças externas que aluam sobre o sistema.

A força resultante é igual à força externa F , uma vez que o peso do bloco A (pA)
é anulado pela reação N^e o peso do bloco B (pH) é anulado pela reação 7?A massa do
sistema é dada por:
= znA + ma (2)
Designando pela letra a, de acordo com as relações (1) e (2), temos:
F » (wA + m^a
Logo,
a = F/(m* + m„) (3)
Substituindo osíiados numéricos na equação (3), encontramos a seguinte resposta
para o item (a):
a = 4,0 m/s}
(d) Para determinar a força FAB que o bloco A exerce sobre o bloco B é necessário
conhecer as forcas que atuam sobre o bloco B e fazemos um esquema das forças que atuam
sobre o bloco B.
Note que a força pH (peso do bloco B) é anulada pela reação A6. Sendo assim.a força
resultante que atua sobre o bloco B é a força FAB. Portanto, aplicando a Segunda Lei de
Newton ao bloco B, achamos a seguinte resposta para o item (Z>):
Fah = mua = 4,0 N

126
a

F.»

'////////////// '////////////
Y p&
Fig. 2.49 Esquema das forças que atuam sobre o bloco B.

Exemplo 2.22 Máquina de Atwood. Na Fig. 2.50 mostramos dois blocos de massa
m\ e nu, ligados por uma corda inextensível de massa desprezível. A polia também pos­
sui massa desprezível. Determine o módulo da aceleração de cada bloco, a tensão na cor­
da e a tensão no cabo de sustentação da polia. Supor mz maior do que m,.

//////////////////////////////////////
T'
i--------
i
12
ni\
J
jpl
I—

V
P m\ 15
T T
1712

J
Fig. 2.50 Esquema da máquina de Atwood (Exemplo 2.22). P-

Solução. O dispositivo indicado na Fig. 2.50 é conhecido como “máquina de At­


wood”. Como a corda é inextensível, a aceleração do bloco de massa mt possui o mesmo
módulo da aceleração do bloco de massa m2. As forças que atuam sobre o bloco de mas­
sa As forças que atuam sobre o bloco de massa m2 estào indicadas no canto inferior
do lado direito da Fig. 2.50. Aplicando a Segunda Lei de Newton ao bloco de massa /n;,
obtemos:
pz - T = m<a (D

127
As forças que atuam sobre o bloco de massa mt estão indicadas no canto direito su­
perior da Fig. 2.50. Aplicando a segunda lei dc Newton a este bloco resulta:
T - p> = irtia (2)
onde a tensão Tque atua sobre o bloco de massa nu é igual à tensão que atua sobre o bloco
dc massa m: porque a polia possui massa desprezível. Somando membro a membro as
equações (1) e (2) explicitando a aceleração, encontramos:
(W; - mt)g
a = (3)
IHi + Ifíi

A tensão Tna corda pode ser calculada tanto pela equação (l) quanto pela relação
(2). Usando as relações (2) e (3), encontramos:
2jntmig
T= (4)
nu + m-

As forças que atuam sobre a polia estão indica