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Exp. 1.

Roteiro do Experimento:
Uso do Multı́metro em Medidas Elétricas:
Experimentos básicos com circuitos elétricos em CC
Prof. Dr. David da Silva Simeão

Resumo
No presente experimento aprenderemos a manusear multı́metros digitais em me-
didas de resistências, tensões e correntes elétricas. Para as medidas de tensão
e corrente montaremos um circuito elétrico em corrente contı́nua (CC) simples,
onde levantaremos a curva caracterı́stica i × V de um resistor. O experimento en-
volverá também a comparação entre dados obtidos com o multı́metro e os valores
fornecidos pelo fabricante dos dispositivos eletrônicos (código de cores). Portanto,
além de aprender a operar os aparelhos, vamos nos familiarizar com os limites
de precisão destes. É importante apontar que este roteiro foi escrito nos moldes
do modelo de relatório que deverá ser seguido. Deve-se notar que da Seção 2
em diante há várias dicas e questionamentos sobre o que deve constar em seu
trabalho.
Palavras-chave: Multı́metro digital, número de dı́gitos, precisão, circuitos elé-
tricos

1. Introdução

1.1. Multı́metros
Como o próprio nome sugere, multı́metros são equipamentos multitestes
usados para medir grandezas elétricas. Com alta versatilidade e portabilidade,
são equipamentos muito importantes para a eletrônica e eletrotécnica.
De modo geral, multı́metros permitem medições de correntes, tensões
e resistências. Entretanto, muitos não se limitam a estas grandezas existindo
aparelhos que medem capacitâncias, temperaturas, frequências, entre outras.
Existem dois tipos de multı́metros: analógicos e digitais. Nos multı́me-
tros analógicos a leitura das grandezas é feita através de um ponteiro que se
desloca em uma escala graduada. Seu funcionamento é baseado no galvanôme-
tro [1]. Nos multı́metros digitais as leituras são mostradas em um display de
Exp. 1.2

cristal lı́quido (LCD, sigla em ingês) e funcionam baseados em conversores A/D


(analógicos/digitais) [2].
Em nossos experimentos utilizaremos multı́metros digitais e na próxima
subseção discutiremos um pouco mais sobre eles.

1.2. Caracterı́sticas dos Multı́metros Digitais


Como dito a pouco, multı́metros digitais são baseados em conversores
A/D. Dependendo da tecnologia empregada na construção dos circuitos eletrôni-
cos destes conversores, o multı́metro poderá apresentar maior ou menor precisão
e esta determinará o número de dı́gitos de seu mostrador LCD.
Os multı́metros mais comuns apresentam mostradores de 3 1/2 dı́gitos e
possuem uma chave seletora através da qual o operador seleciona a grandeza e a
escala em que serão realizadas as medições. A Figura 1a mostra o multı́metro o
Minipa ET-1002, um dos que utilizaremos em nosso experimento.
Existem multı́metros com a função autorrange. Nestes equipamentos o
operador define a grandeza a ser medida e o aparelho seleciona a melhor escala
para efetuar a medição, automaticamente. Em nosso laboratório temos o multı́-
metro Instrutherm MD-390 auto range (Figura 1b) que possui um mostrador de
3 3/4 dı́gitos.
Exp. 1.3

(a) (b)
Figura 1 – (a) Multı́metro digital Minipa ET-1002. Esse multı́metro apresenta
um mostrador LCD de 3 1/2 dı́gitos e uma chave seletora onde o operador sele-
ciona a grandeza a ser medida, além da melhor escala para a medição. Fonte Ref.
[4]. (b) Multı́metro digital Instrutherm MD-390. Esse multı́metro apresenta um
mostrador LCD de 3 3/4 dı́gitos e a função autorrange. Neste, basta selecionar
a grandeza a ser medida e o multı́metro escolherá a melhor escala para efetuar a
medição. Imagem: Fonte Ref. [5].

1.2.1. Dı́gitos, escalas, contagens e resolução

A pergunta que surge é: qual é a importância do número de dı́gitos dos


mostradores digitais? Para responder temos que avaliar a precisão das medidas
em um equipamento digital.
A Tabela 1 mostra as caracterı́sticas de vários tipos de multı́metros
digitais:

Tabela 1 – Número de dı́gitos e contagens de vários tipos de multı́metros digitais.


Número de Dı́gitos Contagens Contagens totais
3 1/2 0–1999 2000
3 3/4 0–3999 4000
3 5/6 0–5999 6000
4 1/2 0–19999 20000
4 3/4 0–39999 40000
4 4/5 0–49999 50000

Vejamos o significado dos números mostrados na Tabela 1. Os multı́metros de


mais baixo custo geralmente apresentam displays de 3 1/2 dı́gitos. Isto significa
Exp. 1.4

que os três algarismos menos significativos (algarismos mais a direita) podem


apresentar números entre 0 e 9. O algarismo mais significativo estará apagado ou
apresentará o número 1 [3]. Por isso ele apresentará valores numéricos entre 0 e
1999 dando um total de 2000 contagens. Os fundos de escala destes multı́metros
são, tipicamente, 20 unidades, 200 unidades, 2000 unidades. Na escala de 20
unidades, a resolução é 0,01 unidades. Na mesma escala, o valor máximo que
pode ser medido é 19,99 unidades (igual a 1999 × resolução na escala). Na escala
de 200 unidades a resolução passa a ser 0,1 unidades e o valor máximo a ser
medido é 199,9 unidades. Por fim, na escala de 2000 unidades, a resolução será
1 unidade e o valor máximo é 1999 unidades. As unidades podem ser o Volt,
Ampère, Ohm, etc. Por exemplo, em medidas de resistência o Minipa ET-1002
possui os seguintes fundos de escala: 200 Ω, 2000 Ω, 20k Ω, 200k Ω, 200k Ω e
20M Ω [3].
Sobre o multı́metro de 3 3/4 dı́gitos. Idênticos aos de 3 1/2 dı́gitos, seus
algarismos menos significativos variam entre 0 e 9. Por outro lado, o dı́gito mais
significativo pode apresentar os valores 1, 2 e 3. Em sua maioria são multı́metros
autorrange. Os fundos de escala destes multı́metros são, 40 unidades, 400 unida-
des e 4000 unidades. Nestes multı́metros, por exemplo, no fundo de escala de 400
unidades a sua resolução será 0,1 unidade e o máximo valor medido será 399,9
unidades. Agora, se eles apresentam as mesmas resoluções, qual seria a vantagem
deste tipo de multı́metro sobre um de 3 1/2 dı́gitos? Para entender vamos usar
um exemplo: Digamos que queremos medir um resistor de 390 Ω. Usando um
multı́metro de 3 1/2 dı́gitos, precisaremos usar o fundo de escala 2000 Ω que
possui uma resolução de 1 Ω. Já o multı́metro 3 3/4 dı́gitos fará a mesma medida
no fundo de escala 400 Ω, cuja resolução é 0, 1 Ω, sendo a sua medida claramente
mais precisa.
Quanto maior a precisão do multı́metro maior será o seu número de
dı́gitos. Um multı́metro com 4 4/5 dı́gitos mostrará fundos de escala do tipo:
50, 500 e 5000 unidades. Note que um multı́metro deste tipo, na escala de 500
unidades a resolução é de 0,01 unidades, ou seja, a resolução aumentou em uma
ordem de grandeza. O valor máximo mensurável nesta escala é 499,99 unidades.
Por este motivo, estes multı́metros são instrumentos de precisão e têm um custo
bastante elevado.
Muitos multı́metros apresentam diferentes contagens para diferentes gran-
dezas. Por isto, é sempre importante consultar o manual do equipamento.
Exp. 1.5

1.2.2. Precisão ou exatidão

Quanto à precisão ou exatidão, os multı́metros são divididos em diferen-


tes classes que definem os limites de erros que os equipamentos apresentam em
diferentes escalas. A Tabela 2 mostra as diferentes classes [6, 7].

Tabela 2 – Classes dos intrumentos de medição.


Índice de classe Limites de erros
0,05 0,05%
0,1 0,1%
0,2 0,2%
0,5 0,5%
1,0 1,0%
1,5 1,5%
2,5 2,5%
5,0 5,0%

Por exemplo, um multı́metro classe 0,5 na escala 200 V apresentará um


erro máximo de 1,0 V. Esse erro absoluto do aparelho. Entretanto, a precisão da
medida dependerá do próprio valor obtido — o chamado erro relativo ou precisão.
Assim como o número de contagens, um mesmo multı́metro pode apre-
sentar diferentes classes ou erros absolutos para diferentes escalas/grandezas. De
modo geral, a precisão das medidas de um multı́metro é escrita como:
 
a% × leitura
Precisão = ± +b×D , (1)
100%
onde os valores de a e b devem ser consultados no manual do instrumento. Leitura
refere-se ao valor mostrado no LCD e D é a resolução do aparelho na escala usada
na medição. Vejamos um exemplo: caso se faça uma medida com o multı́metro
Minipa ET-1002 na escala de 200 mV e se obtenha uma leitura de 153,7 mV.
De acordo com o manual deste multı́metro [3], nesta escala a = 0, 5, b = 5 e a
resolução D é 0,1 mV. Assim, a precisão da medida seria:

 
0, 5% × 153, 7 mV ∼
Precisão = ± + 5 × 0, 1 mV = ±1, 3 mV. (2)
100%

Neste caso, portanto, o valor medido ± erro seria igual a (153, 7 ± 1, 3) mV.
Esse será o procedimento padrão para o cálculo do erro das medidas efetuadas
com multı́metros. Também é importante notar que em cada escala o multı́metro
apresentará um erro mı́nimo e um erro máximo. Por exemplo, de acordo com as
Eqs. (1) e (2), no Minipa ET-1002 ainda que a leitura seja 00,0 mV, haverá um
Exp. 1.6

erro de 0,5 mV. Esse será o erro mı́nimo na escala 200 mV. No outro extremo, se
a leitura for 199,9 mV o erro máximo será 1,5 mV.

1.3. Resistores
Antes de descrevermos o uso dos multı́metros em medidas eléticas é in-
teressante ver o que são resistores e definir o que é resistência.
Quando um componente ou dispositivo eletrônico é submetido a uma di-
ferença de potencial V , esse passará a conduzir uma corrente elétrica i. Para um
dado valor de V fixo, diferentes dispositivos/componentes conduzirão diferentes
valores de corrente. Isto acontece porque o fluxo de carga através de um dispo-
sitivo/componente sempre experimenta alguma oposição a sua passagem, sendo
esta oposição uma caracterı́stica do dispositivo/componente. Esta caracterı́stica
é definida como resistência elétrica.
A resistência R de um componente/dispositivo eletrônico é definida como:

V
R= , (3)
i
e no sistema internacional de unidades essa grandeza é medida em Ohms (Ω).
Um resistor é um componente que tem a finalidade de introduzir resistên-
cia no circuito eletrônico [8]. Observando a Eq. (3), fica claro que este elemento
tem por função diminuir ou limitar a passagem de corrente. Nos esquemas elétri-
cos seu sı́mbolo é: ou .

1.3.1. Código de cores

Resistores, em geral, são componentes pequenos. Como não haveria ta-


manho suficiente para o fabricante grafar o valor nominal da resistência no com-
ponente a opção foi definir um código de cores. A Figura 2 esquematiza como
é feita a leitura do código de cores e a Tabela 3 dá os valores que representados
por cada cor.

Figura 2 – Esquema de leitura do código de cores dos resistores.


Exp. 1.7

Tabela 3 – Tabela do código de cores [8].


Cor Dı́gito Tolerância
Preto 0 ±20%
Marrom 1 ±1%
Vermelho 2 ±2%
Alaranjado 3 –
Amarelo 4 –
Verde 5 –
Azul 6 –
Violeta 7 –
Cinza 8 –
Branco 9 –
Ouro – ±5%
Prata – ±10%
Sem cor – ±20%

Para calcular a resistência nominal usa-se a seguinte expressão:


 
XY × T
R = XY ± × 10Z Ω (4)
100%

1.3.2. Associação de Componentes Eletrônicos

Na construção de um circuito eletrônico, diversos componentes são as-


sociados e é esta combinação em si que denominamos circuito. Nós podemos
definir dois tipos de básicos: associação em série e associação em paralelo. O
entendimento destes tipos de associação é importante, inclusive, para o processo
de medição usando multı́metros. É por este motivo que primeiro estudaremos
elas para depois descrevermos os processos de medições de corrente e tensão (ou
diferença de potencial, ddp), além das caracterı́sticas importantes sobre o ampe-
rı́metro ideal ou o voltı́metro ideal.
Os dois tipos de associação são mostrados na Figura 3 a seguir:
Exp. 1.8

i i2
a

R1 R2
i i i R1 V1 R2 V2
a b
V1 ; i1 V2 ; i2 i1 i2 i2
i
b
(a) (b)
Figura 3 – Esquemas dos dois tipos de associação de componentes em um cir-
cuito. (a) Associação de resistores em série. Neste tipo de associação a corrente
através dos componentes é a mesma enquanto que a ddp entre seus pólos depen-
derá das resistências dos componentes. (b) Associação de resistores em paralelo.
Neste caso a ddp sobre os componentes será a mesma, enquanto que a corrente
dependerá da resistência do componente. Ainda que aqui estejamos usando re-
sistores para para exemplificar os tipos de associação, eles poderiam ser trocados
por outros componentes eletrônicos. De qualquer forma, a resistência do compo-
nente seria obtida a partir da Eq. (3).

Do esquema mostrado na Figura 3a verificamos que em uma associação


em série todos componentes estarão ao longo do mesmo ramo do circuito. Neste
caso a corrente elétrica i através dos componentes (i1 , i2 ) será a mesma. A ddp
sobre um componente dependerá de sua resistência. A ddp aplicada aos extremos
do ramo, Vab deverá ser igual a soma das ddps sobre cada componente. Quando
temos dois resistores, R1 e R2 , associados desta maneira, podemos trocá-los por
um único resistor Req que quando submetido a mesma ddp Vab conduzirá a mesma
corrente i. Neste caso valem as seguintes equações [9]:

Req = R1 + R2 ; (5)

Vab = V1 + V2 = R1 i1 + R2 i2 = (R1 + R2 )i, (6)

pois, i = i1 = i2 .
No caso de uma associação de dois componentes em paralelo, Figura 3b,
notamos que o circuito se divide em dois ramos, oferecendo diferentes caminhos
para a passagem da corrente total i que flui no circuito. Agora, a corrente através
de cada componente dependerá da resistência apresentada por ele e ambos os
componentes estarão sujeitos a mesma ddp Vab . Dois resistores ligados em paralelo
também podem ser trocados por um resistor equivalente Req que conduzirá a
corrente total i quando submetido à ddp Vab . Para a associação em paralelo
valem as seguintes equações [9]:
Exp. 1.9

R1 R2
Req = ; (7)
R1 + R2
 
V1 V2 R1 + R2
i = i1 + i2 = + = Vab , (8)
R1 R2 R1 R2
onde foi usado o fato de que Vab = V1 = V2 . É importante notar que na ligação em
paralelo, a resistência Req será sempre menor que a menor resistência do circuito.

1.4. Medindo Correntes e Diferenças de Potencial: Am-


perı́metros e voltı́metros ideais e reais
A Figura 4 mostra o esquema básico para se medir a corrente i e a
ddp V através de uma carga R — carga pode ser interpretada como qualquer
componente eletrônico que apresente alguma resistência R.

V
CARGA R
i i
a A b
Figura 4 – Esquema para as medidas da corrente e ddp sobre uma carga R.
Para um amperı́metro medir a corrente i através carga ele deve ser conectado em
série com esta carga. Para o voltı́metro medir a ddp V entre os pólos da carga,
ele deve ser ligado em paralelo com esta carga. Estas ligações determinarão as
caracterı́sticas do amperı́metro e do voltı́metro ideais.

Quando ligado em série no circuito, o amperı́metro medirá a corrente


que passa através dele. Notamos então que se ele possuir alguma resistência
RA , de acordo com a Eq. (5) quando ele estiver ligado no circuito a resistência
equivalente terá o valor Req = R + RA . Ou seja, se o amperı́metro oferecer
resistência a passagem de corrente sua ligação terá duas consequências: mantida
a ddp Vab através do ramo ab, a corrente através do ramo diminuirá; haverá uma
ddp entre os terminais do amperı́metro VA = RA i, alterando a ddp V sobre a carga
(Vab = V +VA ). Como o equipamento ideal não deve interferir no comportamento
do circuito, o amperı́metro ideal não pode apresentar resistência. Neste caso a
ddp através dele será nula e toda a ddp estará sobre a carga (Vab = V ).
Por sua vez, para medir a ddp através da carga, o voltı́metro deve ser
ligado em paralelo com ela. Se o voltı́metro possui uma resistência RV , de acordo
com a Eq. (7), a resistência equivalente do ramo ab diminuirá. Assim, mantida
a ddp Vab , a corrente através do ramo aumentará. De acordo com a Eq. (8)
Exp. 1.10

a corrente i se dividirá em uma corrente através do voltı́metro iV e a corrente


através da carga iR :

V
i = iV + iR = + iR .
RV
Observando a equação acima podemos concluir que o voltı́metro ideal deve ter
uma resistência RV → ∞. Neste caso a corrente i seria igual a corrente iR através
da carga, e não haverá interferência no circuito devido à adição do voltı́metro.
Na prática não existem amperı́metros ou voltı́metros ideais. O impor-
tante é que em um amperı́metro real a resistência RA é muito menor que a
resistência R da carga, ou seja, sua interferência no circuito é pequena a ponto
de ser desprezı́vel. Já um voltı́metro real deve apresentar uma resistência muito
maior que R, de modo que a interferência causada por sua ligação no circuito
também seja desprezı́vel.

1.5. Curva Caracterı́stica


Denomina-se curva caracterı́stica de um elemento o gráfico da corrente
i que o atravessa em função da ddp V entre seus terminais [10]. Em boa parte
dos casos, a curva caracterı́stica de um elemento X qualquer pode ser obtida
experimentalmente usando o esquema mostrado na Figura 5.

EVar X V

Figura 5 – Esquema da montagem para a obtenção da curva caracterı́stica i × V


do elemento X. Uma fonte de tensão variável EV ar controla a ddp V através do
elemento X, que é medida com o voltı́metro. Para cada valor de V mede-se a
corrente i através do elemento.

A determinação da curva caracterı́stica de um elemento permite que se


conheça seu comportamento em um circuito eletrônico, comportamento que de-
terminará seu tipo de aplicação. De modo geral, a descrição deste comportamento
depende de um grupo de curvas caracterı́sticas, uma para cada regime de operação
— i.e. intervalo de temperatura, intervalo de tensão e corrente, entre outros.
Exp. 1.11

1.5.1. Elementos Resistivos Lineares e Não-Lineares

Quando a curva caracterı́stica de um componente eletrônico é uma li-


nha reta que passa pela origem, diz-se que este elemento resistivo é linear. Um
elemento resistivo linear obedece a Lei de Ohm e sua curva caracterı́stica é repre-
sentada pela função:

V
i= . (9)
R
Ou seja, a resistência do elemento resistivo linear é independente da tensão e seu
valor é dado pelo inverso da inclinação da reta tangente à curva caracterı́stica.
Se a curva caracterı́stica do componente eletrônico não obedece a Eq. (9)
este é dito um elemento não-linear. Para elementos deste tipo deve-se definir dois
tipos de resistência: a resistência estática e a resistência diferencial. Elementos
que apresentam este comportamento e o significado de cada uma destas resistên-
cias serão vistos em detalhe no experimento Elementos Resistivos Não-Lineares e
Lei das Malhas.

2. Materiais e Métodos

2.1. Instrumentos e Materiais


Em nosso experimentos serão usados os seguintes equipamentos e com-
ponentes:

• Multı́metros digitais (Quantos? Quais marcas/modelos?)

• Resistores comerciais variados (Quantos?)

• Fonte de alimentação ajustável (Qual marca/modelo?)

• Placa para ligação dos componentes

• Cabos de ligação (Quantos e de quais tipos?)

2.2. Procedimentos Experimentais


2.2.1. Medindo Resistores

As medidas sobre os resistores não envolvem nenhuma montagem; basta


usar como pontas de prova do multı́metro cabos banana-jacaré e ligá-los aos
Exp. 1.12

terminais do resistor. Os resultados obtidos serão comparados com os valores


fornecidos pelo fabricante no código de cores.
Devemos anotar as cores do código de cores e na sequêcia medir a re-
sistência com o multı́metro, anotando o valor obtido e a escala usada para a
medição. Na seção resultados estes dados deverão ser mostrados em tabelas, com
os resistores colocados em ordem crescente. Veja os exemplos nas Tabelas 4 e 5.

2.2.2. Medindo uma Resistência que Ultrapassa a Escala do Multı́-


metro

Como visto, os multı́metros 3 1/2 dı́gitos em uma escala de 2000k Ω (ou


2M Ω) podem medir resistores com no máximo 1999k Ω. Seria possı́vel usar um
multı́metro com esta escala para medir uma resistência RM maior do que este
máximo?
A partir da Eq. (7) notamos que se associarmos qualquer resistor em
paralelo, a resistência equivalente será menor que o menor resistor da associação.
Neste caso, então, podemos usar uma associação do RM com um resitor conhecido
RC para podermos medir a resistência desconhecida desde que RC seja menor que
1999k Ω. Notem que a resistência equivalente da associação em paralelo de RM
e RC dá:

RM RC
Req = .
RM + RC
Medindo-se Req e RC , resolvendo esta equação para RM ,

RC Req
RM = , (10)
RC − Req
obtemos o valor de RM indiretamente.
O erro propagado ao valor de RM , devido aos erros nas medidas de RC ,
δRC , e Req , δReq , pode ser calculado através da teoria de erros padrão [11]. Cál-
culos diretos levam à:

1
q 2 2
δR M = 2 δ
Req RC + RC2 δReq (11)
(RC − Req )2

2.2.3. Curva Caracterı́stica de um Resistor Comercial

Para obtermos a curva i×V de um resistor comercial, usaremos a monta-


gem mostrada na Figura 5, colocando o resistor escolhido no lugar do elemento
X.
Exp. 1.13

É importante descrever aqui quais são os cuidados necessários e como são


feitos os ajustes na fonte. Descrevam o intervalo de tensão e os passos usados.
Descrevam os equipamentos utilizados para cada medida e as escalas escolhidas.
Os dados colhidos devem ser mostrados em uma tabela. Veja o exemplo na
Tabela 6

3. Resultados e Análises

3.1. Dados Experimetais


As Tabelas 4 e 5 mostram os resistores comerciais usados no presente
experimento. Descrevam no seu texto o que mostram estas tabelas.

Tabela 4 – Cores do código de cores dos resistores usados no experimento.


Resistor X (cor) Y (cor) Z (cor) T (cor)
R1
R2
R3
R4
R5
R6
R7

Tabela 5 – Valores das resistências medidas com o multı́metro (Qual?).


Resistor R (Ω) Escala (Ω) Resolução (Ω) Precisão
R1
R2
R3
R4
R5
R6
R7

Nesta subseção vocês também devem colocar os dados levantados da


curva caracterı́stica do resistor comercial. Construam uma tabela semelhante a
Tabela 6, mostrada a seguir. Já os dados levantados para a medida do resistor
RM vocês podem colocá-los na próxima subseção apenas, pois são só dois valores.
Mas se desejarem mostrá-los aqui, estejam à vontade.
Exp. 1.14

Tabela 6 – Dados do levantamento da curva caracterı́stica de um resistor comercial de


(quantos Ohms?)).
Medidas com o multı́metro (qual?) Medidas com o multı́metro (qual?)
V (und?) Escala? Resolução? i (und?) Escala? Resolução?

3.2. Análise
Todos os cálculos e análises devem ser mostrados nesta subseção. Para
o presente experimento em especial devem ser mostrados os seguintes resultados
e análises.
Calculem os valores das resistências, obtidos com o código de cores e com
os multı́metros, e seus respectivos desvios. Os valores obtidos são compatı́veis?
A sugestão é que calculem os valores e os coloquem em uma única tabela como a
seguir:

Tabela 7 – Comparação dos valores das resistências nominais com os valores medidos
com o multı́metro (qual?).
Resistência Nominal Resistência Medida
Resistor
Valor (und?) Desvio (und?) Valor (und?) Desvio (und?)
R1
R2
R3
R4
R5
R6
R7

Comparem os resultados mostrados na Tabela 7. Eles são próximos?


São iguais dentro dos erros? Os dados do fabricantes são confiáveis?
Mostrem os dados levantados de RC e Req necessários para a determina-
ção de RM . Qual o código de cores de RM ? Calculem o seu valor ± erro. O valor
obtido é mais preciso que o fornecido pelo código de cores? É vantajoso fazer esta
medida?
Reorganizem os dados levantados para a curva caracterı́stica do resistor.
Exp. 1.15

Façam uma tabela como a abaixo:

Tabela 8 – Análise dos dados da curva caracterı́stica de um resistor comercial de


(quantos Ohms?)).
V (und?) δV (und?) i (und?) δV (und?)

Com os dados da Tabela 8 façam um gráfico i×V em papel milimetrado,


incluindo as barras de erro. As questões são: Qual é o comportamento observado?
Qual o significado desta curva? Ajuste a curva por uma função conveniente? Qual
é o significado dos parâmetros de ajuste? Façam o mesmo gráfico no Excel/Origin
e obtenham a equação da função escolhida. Comparem os valores dos parâmetros
obtidos com os diferentes gráficos? Os valores destes parâmetros condizem com
os medidos com o multı́metro?

4. Conclusões
O que vocês aprenderam neste experimento? Conseguiram usar o multı́-
metro adequadamente?
A comparação entre os valores medidos com os multı́metros mostram que
o fabricante de resistores é confiável?
Conseguiram montar um circuito simples e levantar a curva caracterı́stica
de um resistor? O resistor comercial é um resistor ômico? Os ajustes da curva
i×V deram bons parâmetros? Qual é o valor da resistência segundo estes ajustes?
Dentro dos erros, o valor medido com o multı́metro, o valor obtido no gráfico em
papel milimetrado e o valor obtido via software são iguais?

Referências
[1] A. W. Lima Junior, Eletricidade e Eletrônica Básica. 4a Ed. Rio de Janeiro:
Alta Books (2013).
Exp. 1.16

[2] Disponı́vel em: http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/10381/10381_2.


PDF. Acessado em 12 de agosto de 2015.

[3] Disponı́vel em: http://www.minipa.com.br/Content/Manuais/


ET-1002-1103-BR.pdf. Acessado em 14 de agosto de 2015.

[4] Disponı́vel em: http://www.lojadomecanico.com.br/imagens/3/47/


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[5] Disponı́vel em: http://www.instrutherm.com.br/instrutherm/zoom.


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Variant=False&pf_id=04083&sku=04083&imagem=MD-390.jpg. Aces-
sado em 12 de agosto de 2015.

[6] F. N. Belchior, Apostila ELE505: Medidas elétricas. Disponı́vel


em: http://www.gqee.unifei.edu.br/arquivos_upload/disciplinas/
31/Apostila%20ELE505%20-%20Medidas%20Eletricas.pdf. Acessado em
19 de agosto de 2015.

[7] N. C. Braga, Os Segredos no uso do Multı́metro. São Paulo: NCB (2013).

[8] F. J. Waters; R. B. Valente, ABC dos Componentes Eletrônicos. Rio de


Janeiro: Antenna(1979).

[9] D. Halliday, R. Resnick, J. Walker, Fundamentos de Fı́sica. Vol. 3. a Ed. Rio


de Janeiro: LTC (2010). Cap. 27.

[10] Disponı́vel em: http://www.electronics-tutorials.ws/blog/


i-v-characteristic-curves.html. Acessado em 01 de setembro de
2015.

[11] K. R. Juraitis; J. B. Domiciano, Introdução ao Laboratório de Fı́sica Expe-


rimental. Londrina: EDUEL (2009).

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