Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Roteiro do Experimento:
Uso do Multı́metro em Medidas Elétricas:
Experimentos básicos com circuitos elétricos em CC
Prof. Dr. David da Silva Simeão
Resumo
No presente experimento aprenderemos a manusear multı́metros digitais em me-
didas de resistências, tensões e correntes elétricas. Para as medidas de tensão
e corrente montaremos um circuito elétrico em corrente contı́nua (CC) simples,
onde levantaremos a curva caracterı́stica i × V de um resistor. O experimento en-
volverá também a comparação entre dados obtidos com o multı́metro e os valores
fornecidos pelo fabricante dos dispositivos eletrônicos (código de cores). Portanto,
além de aprender a operar os aparelhos, vamos nos familiarizar com os limites
de precisão destes. É importante apontar que este roteiro foi escrito nos moldes
do modelo de relatório que deverá ser seguido. Deve-se notar que da Seção 2
em diante há várias dicas e questionamentos sobre o que deve constar em seu
trabalho.
Palavras-chave: Multı́metro digital, número de dı́gitos, precisão, circuitos elé-
tricos
1. Introdução
1.1. Multı́metros
Como o próprio nome sugere, multı́metros são equipamentos multitestes
usados para medir grandezas elétricas. Com alta versatilidade e portabilidade,
são equipamentos muito importantes para a eletrônica e eletrotécnica.
De modo geral, multı́metros permitem medições de correntes, tensões
e resistências. Entretanto, muitos não se limitam a estas grandezas existindo
aparelhos que medem capacitâncias, temperaturas, frequências, entre outras.
Existem dois tipos de multı́metros: analógicos e digitais. Nos multı́me-
tros analógicos a leitura das grandezas é feita através de um ponteiro que se
desloca em uma escala graduada. Seu funcionamento é baseado no galvanôme-
tro [1]. Nos multı́metros digitais as leituras são mostradas em um display de
Exp. 1.2
(a) (b)
Figura 1 – (a) Multı́metro digital Minipa ET-1002. Esse multı́metro apresenta
um mostrador LCD de 3 1/2 dı́gitos e uma chave seletora onde o operador sele-
ciona a grandeza a ser medida, além da melhor escala para a medição. Fonte Ref.
[4]. (b) Multı́metro digital Instrutherm MD-390. Esse multı́metro apresenta um
mostrador LCD de 3 3/4 dı́gitos e a função autorrange. Neste, basta selecionar
a grandeza a ser medida e o multı́metro escolherá a melhor escala para efetuar a
medição. Imagem: Fonte Ref. [5].
0, 5% × 153, 7 mV ∼
Precisão = ± + 5 × 0, 1 mV = ±1, 3 mV. (2)
100%
Neste caso, portanto, o valor medido ± erro seria igual a (153, 7 ± 1, 3) mV.
Esse será o procedimento padrão para o cálculo do erro das medidas efetuadas
com multı́metros. Também é importante notar que em cada escala o multı́metro
apresentará um erro mı́nimo e um erro máximo. Por exemplo, de acordo com as
Eqs. (1) e (2), no Minipa ET-1002 ainda que a leitura seja 00,0 mV, haverá um
Exp. 1.6
erro de 0,5 mV. Esse será o erro mı́nimo na escala 200 mV. No outro extremo, se
a leitura for 199,9 mV o erro máximo será 1,5 mV.
1.3. Resistores
Antes de descrevermos o uso dos multı́metros em medidas eléticas é in-
teressante ver o que são resistores e definir o que é resistência.
Quando um componente ou dispositivo eletrônico é submetido a uma di-
ferença de potencial V , esse passará a conduzir uma corrente elétrica i. Para um
dado valor de V fixo, diferentes dispositivos/componentes conduzirão diferentes
valores de corrente. Isto acontece porque o fluxo de carga através de um dispo-
sitivo/componente sempre experimenta alguma oposição a sua passagem, sendo
esta oposição uma caracterı́stica do dispositivo/componente. Esta caracterı́stica
é definida como resistência elétrica.
A resistência R de um componente/dispositivo eletrônico é definida como:
V
R= , (3)
i
e no sistema internacional de unidades essa grandeza é medida em Ohms (Ω).
Um resistor é um componente que tem a finalidade de introduzir resistên-
cia no circuito eletrônico [8]. Observando a Eq. (3), fica claro que este elemento
tem por função diminuir ou limitar a passagem de corrente. Nos esquemas elétri-
cos seu sı́mbolo é: ou .
i i2
a
R1 R2
i i i R1 V1 R2 V2
a b
V1 ; i1 V2 ; i2 i1 i2 i2
i
b
(a) (b)
Figura 3 – Esquemas dos dois tipos de associação de componentes em um cir-
cuito. (a) Associação de resistores em série. Neste tipo de associação a corrente
através dos componentes é a mesma enquanto que a ddp entre seus pólos depen-
derá das resistências dos componentes. (b) Associação de resistores em paralelo.
Neste caso a ddp sobre os componentes será a mesma, enquanto que a corrente
dependerá da resistência do componente. Ainda que aqui estejamos usando re-
sistores para para exemplificar os tipos de associação, eles poderiam ser trocados
por outros componentes eletrônicos. De qualquer forma, a resistência do compo-
nente seria obtida a partir da Eq. (3).
Req = R1 + R2 ; (5)
pois, i = i1 = i2 .
No caso de uma associação de dois componentes em paralelo, Figura 3b,
notamos que o circuito se divide em dois ramos, oferecendo diferentes caminhos
para a passagem da corrente total i que flui no circuito. Agora, a corrente através
de cada componente dependerá da resistência apresentada por ele e ambos os
componentes estarão sujeitos a mesma ddp Vab . Dois resistores ligados em paralelo
também podem ser trocados por um resistor equivalente Req que conduzirá a
corrente total i quando submetido à ddp Vab . Para a associação em paralelo
valem as seguintes equações [9]:
Exp. 1.9
R1 R2
Req = ; (7)
R1 + R2
V1 V2 R1 + R2
i = i1 + i2 = + = Vab , (8)
R1 R2 R1 R2
onde foi usado o fato de que Vab = V1 = V2 . É importante notar que na ligação em
paralelo, a resistência Req será sempre menor que a menor resistência do circuito.
V
CARGA R
i i
a A b
Figura 4 – Esquema para as medidas da corrente e ddp sobre uma carga R.
Para um amperı́metro medir a corrente i através carga ele deve ser conectado em
série com esta carga. Para o voltı́metro medir a ddp V entre os pólos da carga,
ele deve ser ligado em paralelo com esta carga. Estas ligações determinarão as
caracterı́sticas do amperı́metro e do voltı́metro ideais.
V
i = iV + iR = + iR .
RV
Observando a equação acima podemos concluir que o voltı́metro ideal deve ter
uma resistência RV → ∞. Neste caso a corrente i seria igual a corrente iR através
da carga, e não haverá interferência no circuito devido à adição do voltı́metro.
Na prática não existem amperı́metros ou voltı́metros ideais. O impor-
tante é que em um amperı́metro real a resistência RA é muito menor que a
resistência R da carga, ou seja, sua interferência no circuito é pequena a ponto
de ser desprezı́vel. Já um voltı́metro real deve apresentar uma resistência muito
maior que R, de modo que a interferência causada por sua ligação no circuito
também seja desprezı́vel.
EVar X V
V
i= . (9)
R
Ou seja, a resistência do elemento resistivo linear é independente da tensão e seu
valor é dado pelo inverso da inclinação da reta tangente à curva caracterı́stica.
Se a curva caracterı́stica do componente eletrônico não obedece a Eq. (9)
este é dito um elemento não-linear. Para elementos deste tipo deve-se definir dois
tipos de resistência: a resistência estática e a resistência diferencial. Elementos
que apresentam este comportamento e o significado de cada uma destas resistên-
cias serão vistos em detalhe no experimento Elementos Resistivos Não-Lineares e
Lei das Malhas.
2. Materiais e Métodos
RM RC
Req = .
RM + RC
Medindo-se Req e RC , resolvendo esta equação para RM ,
RC Req
RM = , (10)
RC − Req
obtemos o valor de RM indiretamente.
O erro propagado ao valor de RM , devido aos erros nas medidas de RC ,
δRC , e Req , δReq , pode ser calculado através da teoria de erros padrão [11]. Cál-
culos diretos levam à:
1
q 2 2
δR M = 2 δ
Req RC + RC2 δReq (11)
(RC − Req )2
3. Resultados e Análises
3.2. Análise
Todos os cálculos e análises devem ser mostrados nesta subseção. Para
o presente experimento em especial devem ser mostrados os seguintes resultados
e análises.
Calculem os valores das resistências, obtidos com o código de cores e com
os multı́metros, e seus respectivos desvios. Os valores obtidos são compatı́veis?
A sugestão é que calculem os valores e os coloquem em uma única tabela como a
seguir:
Tabela 7 – Comparação dos valores das resistências nominais com os valores medidos
com o multı́metro (qual?).
Resistência Nominal Resistência Medida
Resistor
Valor (und?) Desvio (und?) Valor (und?) Desvio (und?)
R1
R2
R3
R4
R5
R6
R7
4. Conclusões
O que vocês aprenderam neste experimento? Conseguiram usar o multı́-
metro adequadamente?
A comparação entre os valores medidos com os multı́metros mostram que
o fabricante de resistores é confiável?
Conseguiram montar um circuito simples e levantar a curva caracterı́stica
de um resistor? O resistor comercial é um resistor ômico? Os ajustes da curva
i×V deram bons parâmetros? Qual é o valor da resistência segundo estes ajustes?
Dentro dos erros, o valor medido com o multı́metro, o valor obtido no gráfico em
papel milimetrado e o valor obtido via software são iguais?
Referências
[1] A. W. Lima Junior, Eletricidade e Eletrônica Básica. 4a Ed. Rio de Janeiro:
Alta Books (2013).
Exp. 1.16