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Introdução

O presente trabalho de carácter meramente investigativo, da cadeira de antropologia cultural,


tem como ponto central avaliar todos os aspectos antropológicos relacionados com a cultura
tendo em conta que é imprescindível a sua abordagem na antropologia.

Visto que na nossa vida quotidiana já deparamos com expressões como: “você não tem
cultura”, “os jovens actuais não têm cultura de trabalho”, entre outras expressões que
envolvem a cultura. Dai que surge a questão “afinal de contas o que é a cultura”?

Ao desenrolar do trabalho, dar-se-á a o conceito da cultura no contexto antropológico,


factores que afectam a cultura e suas interacções, características do conceito antropológico da
cultura, a cultura material e imaterial, a diversidade, o dinamismo e a mudança da cultura.

Objectivos
 Conceber a noção antropológica da cultura;
 Compreender os conteúdos conceituados.
Índice

Introdução...............................................................................................................................1

Objectivos...............................................................................................................................1

1.Conceito antropológico da cultura.......................................................................................4

1.1. Etimologia.......................................................................................................................4

1..2. A noção antropológica da Cultura..................................................................................4

2. Factores da cultura e sua interacção...................................................................................5

2.1. O Anthropos....................................................................................................................6

2.2. O Ethnos..........................................................................................................................6

2.3. O Oikos............................................................................................................................6

2.4. O Chronos........................................................................................................................7

2.5. Interacção dos factores da cultura...................................................................................8

3. Características do conceito antropológico de cultura.........................................................9

3.1. A cultura é simbólica.......................................................................................................9

3.2. A cultura é social...........................................................................................................10

3.2. A cultura é estável e dinâmica.......................................................................................11

3.3. A cultura é selectiva......................................................................................................11

3.4. A cultura universal e regional........................................................................................12

3.5. A cultura é determinante e determinada........................................................................13

3.6. Cultura é sub-cultura.....................................................................................................13

3.7. Aspecto cognitivo da cultura.........................................................................................13


4. A Cultura material e imaterial..........................................................................................14

4.1. Cultura material.............................................................................................................14

4.2. Cultura imaterial............................................................................................................14

5. Diversidade cultural, dinamismo e mudança cultural......................................................15

5.1. A Diversidade cultural...................................................................................................15

5.2. O dinamismo cultural....................................................................................................16

5.2.1. Enculturação ou endoculturação.................................................................................16

5.2.2. Descoberta e invenção................................................................................................17

5.2.3. Difusão.......................................................................................................................17

5.2.4. Aculturação.................................................................................................................17

5.2.5. Desculturação.............................................................................................................18

5.2.6. Globalização...............................................................................................................18

5.3. A mudança cultural........................................................................................................19

Conclusão.............................................................................................................................21

Bibliografia...........................................................................................................................22
1.Conceito antropológico da cultura
Ao longo da história o conceito de cultura foi evoluindo até aos nossos dias. Junto as diversas
escolas de pensamento, os autores criaram teorias e definições, que configuraram o edifício
do que hoje consideramos cultura no sentido antropológico. Com as suas teorias os estudiosos
enriqueceram o sentido de cultura e lhe abriram perspectivas novas. Este movimento de
constante sistematização do conceito e cultura, chegou até aos nossos dias, aparecendo novas
teorias e novas reformulações. A cultura é um conceito que esta em crise, afirma Hugo
Fabietti, e deve ser reformulado.

1.1. Etimologia
A palavra cultura de acordo com Martinez (2014), o vocábulo cultura provém do particípio
passivo do verbo latino colocelis, colere, colui, cultum, que significa: cultivar, cuidar, ter
cuidado, prestar atenção. Expressa a relação dinâmica e estável a um lugar. Os seus derivados
são: agri-cola = cultivador da terra; agri-cultura = cultivo do campo; in-cola = morador;
colonus = a pessoa que cultiva; colónia = o local cultivado.

A palavra cultura foi usada em diferentes sentidos, a saber:

 Sentido material: colere terram = cultivar a terra; é o primeiro sentido de cultivo;


 Sentido espiritual: colere deos loci; cultus deorum: venerar (prestar atenção) os deuses
protectores do lugar, cuidar os deuses da terra;
 Sentido humanista o termo cultura foi usado no sentido humanista de cultura animi,
conhecimento e elegância da pessoa culta.
 Sentido social: a partir do séc. XVII, o termo cultura começou a usar-se no sentido
colectivo, algo que tem que ver não apenas com o individuo mas com as populações e
nações;
 Sentido Étnico: estudava a cultura de uma determinada sociedade;
 Sentido universal: neste sentido a cultura equivale a civilização.

1..2. A noção antropológica da Cultura


O termo cultura, na antropologia conheceu várias significações nas diferentes escolas ou
correntes. Apresentar-se-ão a seguir algumas definições que representam a diversidade e a
complexidade deste conceito e que nos podem ajudar a entender melhor as características da
noção antropológica de cultura:
Na perspectiva de L.R. BINFORD, L.R. (1968) “Cultura é todo aquele modelo com formas
que não estão sob o controlo genético directo... que serve para ajustar aos indivíduos e os
grupos nas suas comunidades ecológicas” (Binford, 1968:323; citada por Keesing, 1995:54).

Segundo R. CRESSWELL, R. (1975) “A cultura é a configuração particular que adopta cada


sociedade humana não só para regular as relações entre os factos tecno-económicos, a
organização social e as ideologias, porém também para transmitir os seus conhecimentos de
geração em geração”.

O termo Cultura teve a sua definição antropológica clássica por EDWARD B. TYLOR
(1975, or. 1871) segundo este, “A cultura ou civilização, num sentido etnográfico alargado, é
conjunto complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e
qualquer outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem em quanto que membro da
sociedade”

Da definição de Tylor, é importantíssimo realçar que a cultura é adquirida, não transmitida


biologicamente; o homem adquire a cultura como membro de uma sociedade; existem tantas
culturas quantas são as sociedades; todas as culturas são igualmente dignas; a cultura é o
conjunto complexo, isto é, composta por entidades que se podem decompor nos seus
elementos ou traços (símbolos, ritos, normas, instituições); necessidade do estudo
comparativo.

Junto à cultura como património de toda humanidade, Tylor concebe-a como património
específico de um determinado grupo social. Foi este o significado que prevaleceu na
Antropologia. Posteriormente foram feitas reformulações para superar a concepção da vida
humana como uma série de entidades delimitadas, isoladas, circunscritas e fechadas. Se
afirma ao mesmo tempo que as culturas não são frutos puros, mas estão sujeitas a processos
comunicativos entre pessoas, pelo que não são algo definido para sempre, mas estão em
transformação permanente, algo que emana da interacção criativa entre as pessoas e entre as
sociedades. Concebe-se a cultura como um processo comunicativo em que os agentes fazem
um texto com infinidade de símbolos cujos significados devem ser interpretados no próprio
contexto.

2. Factores da cultura e sua interacção


A cultura não só é o resultado da mente humana. Ela evolui e mesmo sendo universal,
manifesta-se de diferentes maneiras nos diferentes ambientes sociais e naturais. Essas
diferentes manifestações da cultura são consequência da relação que ela estabelece com
Homem (Anthropos), com a sociedade (Ethonos), com o ambiente (Oikos) e com o tempo
(Chronos). São apresentadas a seguir as suas manifestações:

2.1. O Anthropos
O homem como indivíduo segundo Flandrin (1984), contribui na construção da cultura
enquanto ser biológico e ser social. No aspecto biológico, nota-se que muitos grupos sociais
ou culturais ordenam-se em função do carácter sexual e etário dos seus membros. De facto,
este carácter natural produz efeitos estruturais na ordenação social e tem um impacto sobre a
personalidade e comportamento adequado a cada um daqueles parâmetros. Pode-se notar que
o homem não é apenas um ser passivo na cultura, ao contrário, ele introduz nela, inovações e
alterações paramétricos. Um génio num determinado meio cultural, é um exemplo da função
do simples individuo como factor da cultura e as vezes torna-se herói da cultura. E pode ser
que figuras carismáticas, como os Ungulani Ba Ka khosa, Hot Blaze, Sleam Nigger e Bander,
consigam introduzir algumas mudanças culturais, fruto do seu empenho pessoal. É aí onde o
Anthropos (Homem) manifesta-se como factor da cultura.

2.2. O Ethnos
O Ethnos em grego, significa etnia. A cultura é o resultado da manifestação do grupo. As
acções dos indivíduos só têm significado se elas estiverem circunscritas numa colectividade.
Pode se notar que as normas de uma comunidade fazem referência a essa comunidade. É a
socialização e a padronização de certas aquisições individuais que torna a cultura o resultado
de uma colectividade. Portanto, a cultura é o resultado da interacção de vários princípios de
homens que vivem no meio. Enquanto algumas comunidades de Moçambique, a poligamia
(homem com mais uma esposa) é aceite sem qualquer contestação, há no mundo,
comunidades que praticam a poliandria (mulher com mais de um marido), livremente.

2.3. O Oikos
O Oiko é uma palavra grega que significa casa, o universo habitado. Nota-se que a cultura
está sempre relacionada com o ambiente onde o homem vive. O ambiente, é como factor de
cultura, condiciona a actividade exterior e material do homem. É inegável que o ambiente
condiciona, por exemplo, a maneira de vestir, mas ele não pode ser visto como uma vertente
determinista. Em certas literaturas de carácter histórico, percebe-se que para os primórdios da
humanidade as culturas foram definidas em função da natureza, como por exemplo, a cultura
paleolítica, neolítica, etc.
Essa denominação era feita em referência ao uso alargado da pedra. Ou, se em certos
momentos foram empregues termos como culturais ou povos primitivos, em referência aos
sistemas culturais com uma dependência acentuada à natureza. Hoje ouve-se, por exemplo,
falar-se de sociedades urbanas, da era da cibernética, etc. este facto remete-nos a considerar
que se, numa primeira fase, o modelo da intervenção do Homem e a sua sobrevivência
estiveram muito ligado às condições naturais, hoje essa dependia reduziu graças a
criatividade e inteligência do homem na construção do seu meio.

Não só é um facto assente nas teorias antropológicas, mas também é uma realidade que o
grau civilizacional ou material define a forma de estar dos diferentes grupos sociais na face
da terra. Assim, se essa dependência do Homem sobre a natureza foi mais notória nos
primórdios da humanidade, o Homem vem dependendo mais de factores fundamentalmente
culturais. Contudo, apesar disso o homem nunca pode dissociar-se completamente da
natureza e viver completamente da cultura.

A forma de manifestação das crianças que vivem nas sociedades e vilas de Moçambique é
diferente daquelas que vivem nas zonas recônditas do país. O meio onde vivem as crianças
das zonas urbanas é relativamente mais evoluído do que os das zonas rurais. Não é por acaso
que o governo com os seus parceiros tem vindo a envidar esforços para apetrechar as escolas
dos distritos com computadores, internet, tabuleiros de jogos tais como xadrez, dama, etc. o
objectivo deste esforço, é de criar um ambiente nas escolas que ajude os alunos a desenvolver
as suas capacidades cognitivas. O processo de ensino-aprendizagem bem-sucedido, requere
métodos, meios e ambientes propícios, isto é, professores qualificados e competentes; escolas
bem apetrechadas; boas condições socioeconómicas de alunos e professores.

2.4. O Chronos
Chronos ou seja, tempo, é outro factor da cultura. A cultura é um processo e ela transforma-
se com o passar do tempo. O tempo é assumido nas suas três dimensões: passado, presente e
futuro, mas com mais enfâse para as primeiras duas. Para além do tempo cronológico, existe
o tempo ecológico e o tempo social. O tempo ecológico está organizado em função dos ciclos
anuais enquanto o tempo social está relacionada com os ritmos de factos sociais, como por
exemplo, a passagem de um grupo etário, de uma categoria social para a outra.

Tanto o tempo cronológico como o tempo ecológico e o tempo social, interferem na cultura
na cultura de um povo.
As capacidades que alguns homens têm são relativamente inferiores às capacidades dos
homens de hoje. Hoje em dia, quando algumas famílias adquirem um aparelho sonoro, seja
um televisor, um CD/DVD, um telefone moderno ou mesmo um electrodoméstico, esperam
pelos seus filhos, para este porem a funcionar, pela primeira vez, tais aparelhos. Esses jovens
fazem parte de uma geração familiarizada com esses aparelhos diferentemente da geração dos
seus progenitores. Não é porque destemidos não, é próprio de uma geração relativamente
mais avançada do que a dos pais. Portanto, o tempo é também um agente de mudança de
cultura.

2.5. Interacção dos factores da cultura


Segundo BERNARDI (2007:88), a interacção dinâmica dos quatro factores fundamentais põe
em destaque a complexidade dos conceitos da realidade da cultura. Contudo, às vezes e em
função de diferentes escolas ou correntes, há uma acentuação de um ou de outro factor no
processo da dinâmica cultural.

Entre os quatro factores fundamentais, existe uma complementaridade bipolar que os


distingue em duas unidades correspondentes. Esse autor defende a existência de uma relação
anthropos-ethnos e há relação oikos-chronos. O anthropos, com a convergência dos
indivíduos em sociedade, dá vida ao ethnos e o ethnos gera o anthropos, oferecendo-lhe um
âmbito completo da vida.

Para os primeiros dois factores da cultura, o individuo e a comunidade, vão buscar as suas
definições ao homem e dizem-lhe respeito directamente dele e para eles a cultura assume a
sua qualidade específica como fenómeno humano.

Uma vez que a actividade mental anthropos-indíviduo está na origem da cultura e a acção do
ethnos-comunidade produz a estrutura a estabelece a relação entre simples e as suas
instituições, chamaremos aos aspectos individuais da cultura antropemas e aos aspectos
colectivos ethemas. Entre os dois factores há uma atracção constante de acção, mas
juntamente, também, de distinção.

A E

Diagrama de factores da cultura, anthropos-ethnos


Oikos, como espaço, oferece uma dimensão ao chronos pela qual é possível avaliar o tempo
no seu decorrer. Os dois na mente humana, estão intimamente ligados. A relação bipolar
entre os dois pode se representar da seguinte maneira:

O C

Diagrama de factores da cultura: Oikos-Chronos

Entre as duas unidades bipolares estabelece-se uma correspondência intregadora que


completa a interacção dos quatro factores, dando origem à cultura.

A E

O C

Diagrama de factores da cultura: anthropos-ethnos; oikos-chronos

3. Características do conceito antropológico de cultura


A cultura apresenta várias características, que são: carácter simbólico, carácter estável e
dinâmico; carácter selectivo; carácter universal e regional; carácter determinante e
determinado; sub-cultura e o carácter cognitivo.

3.1. A cultura é simbólica


A cultura, é entendida como comunicação, conforme-se através da criação e utilização dos
símbolos culturais. Estes incluem sinais, signos, símbolos.

Segundo Matinez (2014:49), o símbolo é uma chave para a compreensão da cultura. Ao


estudarmos a cultura é necessário referir-se à função simbolismo de determinados objectos,
acções, instituições. O homem vive entre dois espaços, dois mundos que se completam:

 O mundo do referente, isto é, o espaço exterior;


 O mundo simbólico ou o espaço imagético.

O pensamento simbólico é exclusivamente humano. A capacidade para criar símbolos é só


humana. Pode-se considerar a pessoa humana como um animal simbólico. Neste sentido não
só a linguagem verbal, mas também os ritos, as instituições culturais, as relações, os
costumes, etc., não são mais do que formas simbólicos.
O vocábulo símbolo provém do grego sumbalo, que significa lançar conjuntamente, reunir
amontoar. Expressa a ideia de aproximar e juntar duas partes de uma mesma coisa que
originalmente estiveram unidas, com o fim e chegar a conhecer identificar algo. Pode-se
afirmar em uma primeira instância que o símbolo é um fenómeno físico que tem o significado
conferido por aqueles que o utilizam e que só eles conhecem, isto é, aquilo que representa
uma coisa, está em lugar de algo, e esta conexão pode ser simbolizada de maneira diferente
segundo as culturas.

Portanto de alguma maneira esta associação é arbitrária e convencional, socialmente aceite e


compartida. O símbolo serve para veicular uma ideia ou um significado que tem um
significado social (sentido atribuído e intencionado compartido socialmente).

As diferenças do resto dos seres vivos, que se comunicam de forma diádica (estímulo-
resposta), os humanos comunicam-se de forma triádica por meio de signos e símbolos que
são abertos, arbitrários, convencionais e que requerem descodificação (emissor-mensagem-
receptor) e tradução.

3.2. A cultura é social


Trata-se uma das características básicas da cultura. O seu carácter simbólico permite que ela
com todos os seus elementos mais profundos seja comunicada entre os membros da
sociedade. Os hábitos, costumes, padronização de comportamentos, processos de transmissão
e de mudança são processos sociais.

A cultura pertence à sociedade, pois ela representa uma conquista e um cúmulo de


conhecimentos, valores e comportamentos de séculos, isto é, o património cultural que a
sociedade foi formando durante toda a sua história. A pessoa é formada pela cultura e o seu
comportamento é pautado pela cultura interiorizada. Neste sentido nenhum membro da
sociedade é desprovido completamente da cultura; ele é uma criação da cultura, até ao ponto
que antes de fazer o seu primeiro acto consciente, já tem uma conduta padronizada que
modela os seus comportamentos, já em uma conduta padronizada que modela os seus
comportamentos e processos intelectuais. Ele poderá modifica-los no futuro, em base à sua
maturidade e liberdade.

A cultura é social quanto aos agentes dos processos de transmissão e aprendizagem. Quem
transmite age em nome da sociedade e quem a recebe, o faz como individuo e como membro
de um grupo com status próprio na sociedade (iniciandos, nocivos, alunos…). Os processos
de transmissão são sociais, tanto nas sociedades de pequena como nas de grande escala:
instituições de iniciação, escolas, universidades e outras instituições de educação e de
formação.

3.2. A cultura é estável e dinâmica


A cultura é estável e dinâmica, ao mesmo tempo. Ela é estável pois mantem os seus
principais elementos como sejam, território, linguagem, parentesco, instituições, normas
regionais e memoria histórica comum.

Segunda Martinez (2014:54), A estabilidade cultural refere-se à “tradição e a


institucionalização de padrões de comportamento” tendo em conta que tradição não é
sinónimo de repetição. A estabilidade cultural leva-nos a reflectir sobre a autenticidade
cultural, da originalidade da cultura. Na cultura há sempre algo de estável, que de alguma
maneira a protege dos inevitáveis processos de mudança.

O carácter dinâmico da cultura se manifesta no processo de recriação e re-invenção cultural


encarando novas mudanças. Martinez (2014:55) afirma que “a cultura é sobretudo dinâmica,
no sentido da sua permanente vitalidade, que se materializa em processos de mudanças e de
transformação.”

Trata-se de mudanças que consideramos estruturais, pois é próprio da cultura o movimento


interno de funcionamento e crescimento, reformulando-se constantemente. Neste sentido
podemos afirmar que a cultura nunca é a mesma. Ela cresce e se desenvolve como um ser
vivo, que se deixar de respirar morre.

A cultura é também dinâmica através da acção directa dos próprios membros da sociedade
que provocam mudanças conscientes: a cultura experimenta a mudança desejada e
consciente. Perante certas situações, os próprios membros da cultura acometem
conscientemente as mudanças.

3.3. A cultura é selectiva


Quando duas culturas diferentes, estão em contacto, surge o processo de selecção de alguns
conhecimentos, valores, crenças, etc. este processo é composto por uma fase inicial de
avaliação dos novos elementos, termina com a aceitação ou rejeição dos mesmos na cultura
em causa.
Este processo se acentua na sucessão das gerações, onde alguns valores são relegados ao
esquecimento, e outros novos são integrados, ditando, deste modo, novos padrões de vida
diferentes. (Martinez 2014:57)

No processo de selecção, influenciam vários factores, a saber:

 Factores de utilidade prática (se na pratica, os elementos culturais a incorporar trazem


consigo alguma utilidade).
 Factores culturais baseados na tradição cultural (Se os traços culturais a assimilar não
ofendem os hábitos e costumes que tem vindo a ser preservados).
 Factores psicológicos (Se os elementos a encaixar na tal cultural não atentam a sua
identidade).
 Factores sociais (Se os novos elementos não alteram substancialmente as ligações
sociais).
 Factores de receptividade (Quando há receio em receber novos valores).

Para A.Leroi Gourhan, na obra de Martinez (2014;57), a sociedade pode rejeitar


determinados traços culturais, quando a mesma manifesta o seguinte:

a) Inferioridade técnica (falta de preparação para assumir inovações).


b) Inércia técnica (não é oportuno assimilar a inovação).
c) Plenitude técnica (não se sabe o que fazer com os novos valores, uma vez que na
sociedade existem valores semelhantes).

Contudo quando os factores exógenos são fortes, e persistentes ou poem em causa a


sobrevivência de um grupo, pode ocorrer que haja uma integração de certos elementos novos
sem a respectiva selecção.

3.4. A cultura universal e regional


A cultura é universal na medida em que é um fenómeno universal e nunca ter sido constatada
a existência de seres desprovidos de cultura. (VILANCULO, pp.78)

Ao afirmar-se que a cultura é universal, quer-se referir aos aspectos que são comuns a todas
as culturas e que denominam (universais culturais). Trata-se dos aspectos da cultura da
cultura que são atribuídos a todos os grupos humanos.

Segundo Martinez (2014:58), quando se fala de cultura universal, quer se dizer que “todos os
povos tem as mesmas necessidades de subsistência, de alimentação, de abrigo perante as
inclemências do tempo, de defesa dos perigos da natureza e dos animais, da comunicação
com os outros seres humanos, da satisfação das apetências sexuais, da descendência, do
respeito, da amizade, da ordem social e da abertura ao transcendente”.

A cultura é regional na medida que o mesmo fenómeno geral ou da cultura universal seja
tratado de acordo necessidades particulares de cada grupo, podendo ser instituições
familiares, sociais, politicas, económicas e religiosas.

3.5. A cultura é determinante e determinada


“A cultura faz o homem e este faz a cultura” (Martinez, 2014:59). Isto significa que a cultura
é que determina, em parte, o comportamento humano, e dela depende a sua padronização. a
herança cultural é suficientemente forte para a formação dos hábitos e costumes e o modo de
pensar e de agir do homem. Neste aspecto, a cultura é determinante do homem.

Por outro lado, a cultura é determinada pelo homem, pois ele é o agente activo da própria
cultura. As mudanças culturais surgem do esforço adaptativo do homem frente à realidade
que o cerca: o domínio do meio ambiente, da sua própria sobrevivência, conforto e satisfação,
seja no domínio da estética e da inteligência.

3.6. Cultura é sub-cultura


Quando refere-se a sub-cultura, não quer dizer que se trate de uma cultura inferior. A sub-
cultura é a cultura regional, portanto, parte da cultura nacional. Em determinadas sociedades,
a sub-cultura pode estar ligada a certos estratos sociais ou classes sociais.

3.7. Aspecto cognitivo da cultura


No aspecto cognitivo, a cultua apresenta três aspectos, que são:

1. Significados operativos: a normativa. São significados de como agir, procuram a maneira


justa de agir;
2. Significados cosmológicos: a visão do mundo. Significado do mundo, da natureza, de
todo o universo, as crenças do povo, a sua explicação ou resposta aos porquês profundos,
a abertura ao transcendental.
3. Significados morais: a ética. Os significados dos valores, o que é desejável, bom, belo e o
contrário, não desejável, não bom, não belo: valores, ética.

As consequências comuns destes significados:


a) A previsibilidade: o padrão normalizado permite-nos prever um certo tipo de
comportamento em vez de um outro;
b) A mudança social: é uma mudança no mundo do pensamento e segue-lhe uma mudança
no mundo do agir;
c) Pessoa humana torna-se cultural através do processo de aprendizagem (enculturação ou
endoculturação).

4. A Cultura material e imaterial

Segundo VILANCULO (pp. 72) A cultura “consiste em uma série de coisas reais que podem
ser observáveis, ser examinadas num contexto extra-somático”.

Enquanto coisas reais e observáveis, a cultura pode ser classificada em três tipos. Mas nesse
caso irá se tratar de dois tipos a saber: cultura material e cultura imaterial.

4.1. Cultura material

A cultura material centra-se no estudo das relações humanas com o ambiente vulgarmente se
chama “artes industriais” ou tecnologia. Contudo ela abrange não só o que os seres humanos
tiram do seu ambiente físico, mas o que também dão à área que os rodeia. Neste contexto, a
cultura material é entendida como o conjunto de objectos, valores, significados simbólicos e
formas de comportamentos repetitivas que guiam a conduta dos membros individuais de uma
sociedade, transformando-a ou explorando-a materialmente.

4.2. Cultura imaterial

A cultura material está relacionada com os elementos espirituais ou abstractos, por exemplo:
crenças, dos hábitos e dos valores. Estes representam os elementos intangíveis de uma
cultura, sendo assim ela é formada por elementos abstractos que estão intimamente
relacionados as tradições, práticas, comportamentos, técnicas e crenças de um determinado
grupo social. Este tipo de cultura é transmitida de geração em geração.

Esta postura é difícil de defender porque a cultura material (exemplo: os avanços


tecnológicos) exercem uma influência muito grande nos aspectos cognitivos e mentais, ao
mesmo tempo que geram novos valores e crenças. A tecnologia permite que os humanos nos
adaptemos ao nosso entorno, ao mesmo tempo que os valores e as ideologias. As catedrais
medievais e as pirâmides egípcias reflectem determinados interesses, fins e ideias da cultura
na qual nascem. São a manifestação de ideias religiosas, políticas e científicas. Os dois
aspectos (materiais e não materiais) devem ser considerados como partes integrantes da
cultura, os dois estão estreitamente ligados.

Maurice Godelier (1982) chegou a afirmar que todo o material da cultura se simboliza e que
todo o simbólico da cultura se pode materializar.

5. Diversidade cultural, dinamismo e mudança cultural

5.1. A Diversidade cultural


A diversidade cultura apareceu a partir do momento que cada grupo social se adequou a um
ambiente específica, teve uma histórica particular ou conheceu um certo desenvolvimento
diferenciado em relação a outros grupos aparentados ou não.

É na identificação de um grupo em relação ao outro grupo, que emergem certos fenómenos


ligados à diversidade cultural, como por exemplo o etnocentrismo cultural.

O etnocentrismo consiste em considerar ou afirmar que existem culturas boas e culturas ruins.
“O etnocentrismo pode ser manifestado no comportamento agressivo ou em atitudes de
superioridade e até hostilidade. A discriminação, o proselitismo, a violência, a agressividade
verbal são outras formas de expressar o etnocentrismo”. Não existem culturas superiores ou
inferiores. Cada uma delas deve ser vista dentro daquilo que os antropólogos chamam de
interioridade cultural. Por esse motivo jamais se pode afirmar que existem culturas selvagens,
bárbaras ou atrasadas. Mesmo as mais antigas e as extintas não podem ser rotuladas nestes
termos. Toda atitude etnocêntrica precisa ser condenada e rejeitada porque fere o princípio da
igual dignidade de todos os seres humanos e de todos os povos.

O etnocentrismo não se confunde com o racismo. São coisas diferentes. O racismo é a


afirmação de que existem raças distintas e que determinadas raças são inferiores, sejam do
ponto de vista moral, como intelectual e técnico. No racismo a inferioridade não é
considerada a partir da perspectiva social ou cultural, mas do ponto de vista biológico. A
inferioridade seria inata. Nasce-se inferior por se pertencer a tal raça. O etnocentrismo, por
sua vez, é a afirmação de que a própria cultura ou civilização é superior às demais.

O oposto ao etnocentrismo é o relativismo cultural, uma das ideias chave da antropologia. O


relativismo cultural afirma que uma cultura deve ser estudada e compreendida em termos dos
seus próprios significados e valores, e que nenhuma crença ou prática cultural pode ser
entendida separada do seu sistema ou contexto cultural. O comportamento numa cultura
particular não deve ser julgado com os padrões de outra. O relativismo cultural não só é uma
teoria antropológica como uma atitude e uma prática antropológica, uma forma de lidar com
os outros em respeito pela diversidade. Esta atitude implica que os nossos preconceitos não
influenciem o conhecimento de outras culturas, mas também uma atitude de diálogo aberto.

5.2. O dinamismo cultural


É o dinamismo cultural reside na ausência de estaticidade, o que pressupõe que a cultura está
em constante mudança, daí que se conclui, com MARTINEZ (2014:63) que a cultura “não é
algo acabado ou definitivo mas sim algo em contínuo aperfeiçoamento, com duas
componentes estruturais: a componente da estabilidade e da mudança, duas componentes de
única realidade”. Vários são os factores que afectam o dinamismo cultural, tais como,
endoculturação ou enculturação, descoberta e invenção, difusão, aculturação, desculturacão e
globalização.

5.2.1. Enculturação ou endoculturação


O processo de “aprendizagem e educação em uma cultura desde a infância” é chamado de
enculturação tanto por Felix Keesing quanto por Hoebel e Frost. (LAKATOS & MARCONI,
2008: 148).

O antropólogo italiano V.L.Grottanelli emprega o termo enculturação para conceituar a


mesma coisa significando, além disso, o processo através do qual todo o individuo adquire do
seu grupo social todo o necessário para a sua plena invenção na sociedade. (MATINEZ,
2014: 66).

Trata-se de um processo de ajustamento de respostas individuais aos padrões da cultura de


uma sociedade. Este processo começa com o nascimento acaba coma morte da pessoa. Dura,
pois toda vida, porem há fases e momentos fundamentais mais intensos do outro. Os tais
processos dão-se da seguinte maneira: assimilação, conformação, aprendizagem dos
símbolos, aquisição de hábitos, interpretação, duração e determinismo.

Cada individuo adquire as crenças, comportamento, os modos de vida da sociedade a que


pertence. Ninguém aprende, todavia, toda cultura, mas está condicionado a certos aspectos
particulares de transmissão do seu grupo. As sociedades não permitem que seus membros
hajam de forma diferenciada, todos os actos, comportamentos e atitudes de seus membros são
controlados por ela.
5.2.2. Descoberta e invenção
O antropólogo R.B. Dixon define a descoberta como o reencontro acidental de uma coisa
anteriormente não observada; e a invenção como a criação deliberada de algo radicalmente
novo com uma afinidade definida. (MATINEZ 2014: 72)

Este autor sublinha a importância do factor necessidade para a invenção, além de mais outros
critérios:

 Possibilidade no sentido de que é necessário que no contexto social existam coisas


que possam usar para um determinado fim;
 Observação, referindo-se à necessidade de que seja reconhecida a utilidade da tal
coisa desejada;
 Imaginação, querendo indicar a acção do inventor, que avalia a utilidade potencial e a
põe a render.

Todos os novos elementos descobertos ou inventados podem condicionar o início de um


processo que pode culminar numa mudança cultural. Ao se constituir uma novidade no grupo
em que tais processos ocorram, eles podem por um lado, ser incorporados num procedimento
já existente, melhorando o anterior estagio ou então condicionar o abandono de anteriores
práticas. Este processo surge no momento em que as práticas individuais são socializadas
pelas comunidades onde os inventos ocorreram.

5.2.3. Difusão
A difusão “é um processo, na dinâmica cultural, em que os elemntos ou complexos culturais
se difundem de uma sociedade a outra” afirmam Hoebel & Frost (1981:445) (in: LAKATOS
& MARCONI, 2008: 146). A difusão de um elemento pode realizar-se por imitação ou por
estímulo, dependendo das condições sociais, favoráveis ou não à difusão. O tipo mais
significativo da difusão é o das relações pacíficas entre os povos numa troca contínua de
pensamentos e invenções. Nem tudo, porem, é aceite imediatamente, há rejeições em relação
a certos traços culturais. Quase sempre ocorre uma modificação no traço de uma cultura,
tomado de empréstimo pela outra, havendo reinterpretação posterior pela sociedade que o
adoptou.

5.2.4. Aculturação
A aculturação consiste na fusão duas culturas diferentes em que o contacto contínuo muda os
padrões de cultura de ambos os grupos culturais. Se trata de um processo dos mais
característicos do dinamismo cultural. Evidencia-se, em primeiro lugar os agentes do
processo. Os agentes desse processo são grupos sociais mais ou menos grandes que
pertencem a culturas diferentes.

Pode abranger numerosos traços culturais, apesar de, na troca recíproca entre as duas
culturas, um grupo dar mais e receber menos. Dos contactos íntimos e contínuos entre
culturas e sociedades diferentes resulta um intercâmbio de elementos culturais. Com o passar
do tempo, essas culturas fundem-se para formar uma sociedade e uma cultura nova. Um
exemplo mais comum relaciona-se com as grandes conquistas.

5.2.5. Desculturação
Com o termo descultura (derivado de descultura, com o significado de falta de cultura),
refere-se aos aspectos negativos da dinâmica cultural.

Desculturacão é o processo da subtracção e da destruição do património cultural. Ela pode


ocorrer sob varias maneiras:

 Pode acontecer de maneira imperceptível e lenta, afectando apenas a um ou outro


cultural. Desta maneira subtil vai mudando o estilo de vida de uma comunidade. Um
exemplo disso é o processo designado de “limpeza ética”.
 Pode ocorrer de maneira traumática, onde há disseminação de sangue e lágrimas. Um
exemplo disso é o genocídio que pode ser enquadrado na política de destruição da
cultura.

5.2.6. Globalização
A globalização pode ser definida como a tendência de fenómenos económicos culturais e
mais outros a assumir uma dimensão mundial, superando os conflitos nacionais e
continentais. R. Robertson explica que a globalização se refere à compreensão do mundo e à
intensificação da consciência do mundo como um todo.

Do ponto de vista antropológico, se considera globalização como um processo que


proporcionou a modernidade, e não o contrário com muitos vagamente afirmam. Ela fornece
a compreensão temporal e espacial do mundo como um todo.

A globalização alcançou um ponto bem definido, estabelecendo determinados padrões de


comportamento. Este processo realiza-se segundo, segundo L. Boff, em três vertentes:
vertente económica, vertente política e vertente espiritual.
Com a globalização surgem, às vezes, processos de hegemonia cultural, que consiste na
adopção ou na dominação, por motivos históricos, dinâmicos ou posicionais, de traços de
uma outra cultura. Contundo, emergem processos de estratificação estrutural, que indicam
não necessariamente uma condição de inferioridade cultural, mas uma falta de autonomia
completa, identificada como subcultura.

5.3. A mudança cultural


Segundo LAKATOS & MARCONI (2008: 143), mudança cultural é qualquer alteração na
cultura, sejam traços, complexos, padrões ou toda uma cultura, o que é mais raro. Pode
ocorrer com maior ou menor facilidade dependendo do grau de resistência ou aceitação. As
inovações científicas e tecnológicas, as catástrofes, as depressões económicas, etc. Esses são
alguns dos exemplo que podem exercer especial influência, levando alterações significativas
nas culturas de uma sociedade.

É inquestionável que nenhuma cultura é totalmente estática e de que a cultura construi-se


através de processos sociais.

A mudança pode surgir em consequência de factores internos – endógenos (descoberta e


invenção) ou externos – exógenos (difusão cultural). Assim tem-se mudança quando:

 Novos elementos são agregados ou os velhos são aperfeiçoados por meio de


invenções;
 Novos elementos são tomados de empréstimos de outras sociedades;
 Elementos culturais, inadequados ao meio ambiente, são abandonados ou
substituídos;
 Alguns elementos, por falta de transmissão de geração em geração se perdem.

Segundo Murdock (in: LAKATOS & MARCONI, 2008: 144), as modificações culturais
estão relacionados com quatro factores: inovações, aceitação social, eliminação selectiva e
integração.

 A inovação sempre começa com o acto de alguém que pode ser efectuado de cinco
maneiras: a variação, invenção ou descoberta, tentativas, empréstimo cultural e
incentivo.
 A aceitação social é a adoptarão de um novo traço cultural através da imitação do
comportamento copiado.
 A eliminação selectiva consiste na competição pela sobrevivência feita pelo elemento
novo.
 A integração consiste no desenvolvimento progressivo de ajustamento cada vez mais
completo, entre os vários elementos que compõem a cultura total.
Conclusão
Portanto, é desta forma que culminamos com o trabalho, cujo tema intitulado cultura, na
qual, no primeiro ponto fez-se uma nota introdutória do tema acima citado, para tal, depois
apreciamos diversas doutrinas que frisam sobre o tema. Acima de tudo chegou-se a conclusão
de que a cultura é um sistema complexo de práticas características da sociedade humana. A
cultura compreende vários elementos, desde as atitudes, valores, costumes, conhecimentos,
símbolos, ideologias, etc. existe vários níveis da cultura desde o ideal ao real.
Bibliografia
BERNARDI, Bernardo. Introdução aos estudos Etno-Antropológicos. Perspectivas do
Homem. Lisboa, Edições 70, 2007.

VILANCULO, Gregório Zacarias. Manual de Antropologia Cultural de Moçambique.


UP-Maxixe

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Sociologia Geral. 7ª ed. São
Paulo: Atlas, 2008.

MARTINEZ, Francisco Lerma. Antropologia Cultural: guia para estudo. Paulinas


Editorial, 7ª edição, Maputo, 2014.

PEDRO, Martinho; SIQUISSE, Alipio. Antropologia cultural – universidade de


pedagógica.

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