Roteiro completo de dimensionamento de sobrado em concreto armado

Aula 001

1. Introdução ao curso - Conhecendo a estrutura que será calculada.

Vamos realizar a análise, dimensionamento e detalhamento de um sobrado em concreto

armado utilizando lajes pré-moldadas traliçadas tanto na laje do piso superior quanto na
laje do terraço.

Este roteiro foi elaborado para ajudar você, aluno ou profissional formado, a analisar e
dimensionar de forma prática, uma estrutura de concreto armado, indo direto ao ponto -
como se você estivesse em um dia normal de escritório e obra.

Parto do pressuposto de que você já tem uma noção de concreto, resistência dos materiais
e teoria das estruturas. Esse conhecimento é fundamental para que você entenda os
conceitos aqui abordados.

Dúvidas surgirão, isso é fato. Mas a ideia é exatamente esta - que você veja a rotina
prática e, quando a dúvida surgir, que você pesquise e pergunte termos e definições
específicos que eu não conseguiria abordar em um manual como este que está diante de
você.

Espero poder contribuir com um pouco de conhecimento prático em sua vida acadêmica ou
profissional.

Sobrado que será calculado. Fonte: Adel Rayol

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Estrutura do sobrado que será calculado

1.1. Detalhes dos cômodos.

Nossa estrutura é dividida em 3 pisos, cada um com sua especificidade. O piso térreo
abrigará a lavanderia, área de serviço e cozinha. Essa escolha se dá pelo fato de que as
sobrecargas diferem em função do uso da estrutura e, segundo a NBR 6120-1980, os 3
cômodos acima adicionam uma sobrecarga de 2 kN/m². Isso sobrecarregaria nossa laje do
2º piso, fazendo com que fosse preciso reforçá-la.

A laje do 2º piso (1ª laje) comportará os espaços de dormitórios, salas, banheiros e

corredores. Segundo a NBR 6120-1980 a sobrecarga nestes espaços deve ser de 1,5 kN/
m². Pensei assim a estrutura para que pudéssemos aliviar as cargas das lajes já que o
segundo piso (1ª laje) será área dos dormitórios e banheiros e no terceiro piso (2ª laje)
teremos um terraço com acesso ao público.

1.2. Estimando as cargas nas lajes.

Para encontrarmos as cargas que agem sobre a laje, precisamos identificar todos os
sistemas que geralmente são adicionados às obras. Destacam-se:

Ÿ forro;
Ÿ contrapiso;
Ÿ pisos e revestimentos;
Ÿ instalações;
Ÿ alvenarias, etc.

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Abaixo temos alguns trechos da NBR 6120 que rege as sobrecargas e pesos específicos de
materiais quando da necessidade de consideração das cargas de projeto de estruturas.

Tabela 1 - Peso de materiais - NBR 6120-1980

Tabela 2 - Sobrecargas - NBR 6120-1980

Tabela 2 - Sobrecargas - NBR 6120-1980

Pensei na estrutura desta forma de modo que pudéssemos ter uma estrutura diferenciada
e muitas possibilidades de cálculo já que teríamos sobrecargas diferentes, influenciando
nos esforços e flechas finais das lajes de uma mesma estrutura.

Em se tratando de contrapisos podemos executá-los com espessuras que variam de 3 a 5

cm. Para poder econimizar em argamassa de contrapiso é interessante realizar uma boa
regularização durante a concretagem da laje, o que garante a espessura mínima de 3cm,
aliviando o peso final da estrutura e economizando em material.

Camadas da laje acabada. Estimando cargas adicionais.

A partir da figura acima podemos deduzir a carga adicional agindo sobre a laje. Basta para
isso pegarmos os pesos específicos de cada material, já conhecidos e tabelados ou
fornecidos pelos fabricantes e multiplicar este valor pela espessura ou área da seção
transversal do elemento.

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Forma de considerar a montagem. Apoio simples.

Forma de considerar a montagem. Apoio hiperestático.

A única difuculdade é definir a área de concreto da laje em si, composta pela soma das
áreas do capeamento, da nervura e da sapata. Para conseguirmos simplificar estes
cálculos, podemos adotar a área da sapata e da nervura como sendo um retângulo único.

Em nossa obra de exemplo vamos considerar um contrapiso de 4 cm, um porcelanato

60x60 e forro de gesso acartonado, todos agindo sobre a laje.

kN
γgesso ≔ 0.0751 ―― ∴ Peso específico do gesso.
m²

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kN
γconcreto ≔ 25 ―― ∴ Peso específico do concreto armado.
m³

kN
γcontrapiso ≔ 21 ―― ∴ Peso específico da argamassa
m³ (cimento + areia).

pembalagem ≔ 37.25 kg ∴ Peso do produto na embalagem.

Aembalagem ≔ 1.71 m² ∴ Metragem da embalagem.

pembalagem kN
gpiso ≔ ――――― = 0.218 ―― ∴ Carga do porcelanato.
2
Aembalagem ⋅ 10 m²

No Brasil existem inúmeras empresas fabricantes de lajes pré-moldadas e as próprias

empresas já fornecem catálogos aos engenheiros projetistas. Estes catálogos são bem
completos, fornecendo dados de carga, vãos máximos, escoramento, aço adicional,
flechas, etc.

Vamos buscar detalhar nossas lajes através destes catálogos. Para isso, precisamos definir
o esquema estático das vigotas e analisar os esforços a partir daí.

Vista superior das lajes de piso

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Esquema estático das lajes de piso - L 1 e L 2.

Cotas das lajes de piso - L 1 e L 2

Tabela de vãos e cargas com esquema estático

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1.3. Calculo das cargas permanentes adicionais sobre as lajes.

Segundo fabricantes de lajes treliçadas, a espessura média da laje H8 é de 11 centímetros

e a H12 é de 14 centímetros.

Tabela de peso próprio e consumo de concreto

kN
Plaje ≔ 1.71 ―― ∴ Peso próprio da laje (Tabelado).
m²

kN
ggesso ≔ 0.0751 ―― ∴ Carga do forro de gesso.
m²

kN
γcontrapiso ≔ 21 ―― ∴ Peso específico da argamassa (cimento +
m³ areia - NBR 6120, pg 2).

econtrapiso ≔ 0.04 m ∴ Espessura do contrapiso.

kN
gcontrapiso ≔ γcontrapiso ⋅ econtrapiso = 0.84 ―― ∴ Carga do contrapiso.
m²

pembalagem ≔ 37.25 kg ∴ Peso do produto na embalagem.

Aembalagem ≔ 1.71 m² ∴ Metragem da embalagem.

pembalagem kN
gpiso ≔ ――――― = 0.218 ―― ∴ Carga do porcelanato.
2
Aembalagem ⋅ 10 m²

kN
Gperm ≔ ggesso + gcontrapiso + gpiso = 1.13 ―― ∴ Carga permanente total
m² adicional sobre as lajes.

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kN
SCsuperior ≔ 1.5 ―― ∴ Sobrecarga de utilização - (NBR 6120, pg 3).
m²

kN
SCcobertura ≔ 3 ―― ∴ Sobrecarga de utilização - (NBR 6120, pg 3).
m²

Com todas essas considerações encontramos nossa carga final característica para a laje de
piso (sem coeficientes de ponderação).

kN
Qk.superior ≔ Plaje + Gperm + ⎛⎝SCsuperior⎞⎠ = 4.34 ―― ∴ Estimado.
m²
Encontramos também nossa carga final característica para a laje de cobertura (sem
coeficientes de ponderação).
kN
Qk.cobertura ≔ Plaje + Gperm + ⎛⎝SCcobertura⎞⎠ = 5.84 ―― ∴ Estimado.
m²

Tabela 2 - Sobrecargas - NBR 6120-1980

Tabela 2 - Sobrecargas - NBR 6120-1980

1.4. Encontrando os dados da nossa escada.

Pela fórmula de Blondel vamos encontrar o número de degraus, bem como a altura destes
e o tamanho do espelho.

Dados para cálculo de escadas

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63 < 2 ⋅ E + P < 64 ∴ Fórmula de Blondel. U nidades em centímetros.

h ≔ 300 cm ∴ Pé esquerdo (pé direito + espessura da laje.

Eestimado ≔ 17 cm ∴ Estipulamos a altura do espelho inicial. Entre 16 e 18 cm.

Pestimado ≔ 64 − 2 ⋅ Eestimado = 30 cm ∴ Estimamods o tamanho do piso. Entre 28 e

32 cm.

O número de espelos deve ser um número

h
nEsp.estimado ≔ ―――= 17.65 espelhos inteiro. Como driblar esse valor quebrado na
Eestimado quantidade de espelhos?

h
nreal.espelos ≔ ――――= 17 espelhos ∴ Encontramos a quantidade de
nEsp.estimado espelhos final baseados na altura.

Preal ≔ 64 − 2 ⋅ nEsp.estimado = 28.71 cm ∴ Encontramos o tamanho final do

espelho.

Resumo da escada:

nreal.espelos = 17 espelhos

hespelho ≔ nEsp.estimado = 17.65 cm

npiso ≔ nreal.espelos − 1 = 16 pisos

Lpiso ≔ Preal = 28.71 cm

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Baldrame

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Superior

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Cobertura

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