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A DESTRUIÇÃO DE SATANAS E OS IMPIOS.

Imediatamente após ser pronunciada a sentença, Satanás, seus anjos e seus seguidores
humanos receberão a punição devida. Eles sofrerão a morte eterna. "Desceu... fogo do céu
e os consumiu" (Apõe. 20:9). A própria superfície da Terra, fora da cidade santa, parece
derreter-se, tornando-se um vasto lago de fogo para "juízo e destruição dos homens
perversos" (II S. Ped. 3:7). O "dia da vingança do Senhor" (Isa. 34:8), durante o qual Ele
executará o Seu "estranho ato" (Isa. 28:21) de destruição dos inimigos, finalmente chegou.
João complementa: "E, se alguém não foi achado inscrito no livro da vida, esse foi lançado
para dentro do lago de fogo" (Apõe. 20:15). O diabo e seus associados sofrem a mesma
sorte (Apõe. 20:10).

Todo o contexto bíblico deixa claro que esta "segunda morte" (Apõe. 21:8) que os ímpios
sofrem, significa a sua total destruição. O que dizer, então, do conceito de um inferno que ar-
de eternamente? Estudo cuidadoso mostra que a Bíblia não ensina a existência de tal
inferno ou tormento.

1. Inferno. Biblicamente, "inferno é o lugar e estado de punição e destruição, pelo fogo


eterno que ocorre na segunda vinda, daqueles que rejeitaram a Deus e a oferta de
salvação em Cristo Jesus".

Várias versões bíblicas utilizam a palavra "inferno" para traduzir o termo hebraico sheol e
seu correspondente grego hades. Esses termos em geral se referem à sepultura onde os
mortos tanto justos quanto ímpios aguardam, em estado de inconsciência, a ressurreição (veja
o capítulo 25 deste livro). Uma vez que o conceito atual de inferno difere muito daquele
implicado nos termos hebraico e grego, bom número de versoes modernas da Bíblia
simplesmente evitam a palavra "inferno" e transliteram os termos originais, "sheol" e
"hades".

Em contraste, o termo grego gema, que o Novo Testamento igualmente traduz como
"inferno", denota um lugar de punição dos impenitentes pelo fogo. Portanto, na Bíblia
"inferno" nem sempre quer dizer a mesma coisa e a incapacidade em distinguir isso tem
conduzido a muita confusão.

Geena é derivado do hebraico GeHinnom, "vale de Hinom" uma garganta existente ao lado
sul de Jerusalém. Nesse lugar, o povo de Israel havia celebrado o rito pagão de oferecer
seus filhos, como holocausto, a Moloque (II Crôn. 28:3; 33:1 e 6). Jeremias predisse que em
virtude dos pecados do povo, o Senhor converteria o vale num "Vale de Matança", onde os
cadáveres dos israelitas seriam sepultados até que não mais houvesse lugar para fazê-lo.
Os cadáveres restantes serviriam de "comida para as aves" (Jer. 7:32 e 33; 19:6; Isa.
30:33). A profecia de Jeremias sem dúvida levou os israelitas a verem Ge Hinnom como
um lugar de julgamento dos maus, um lugar de repugnância, punição e vergonha. Tradições
rabínicas posteriores consideram o vale como lugar para a queima de carcaças e lixo.

Jesus utilizou os fogos de Hinom como representação do fogo do inferno (veja, por
exemplo, S. Mat. 5:22; 18:9). Assim, os fogos de Hinom simbolizavam o fogo consumidor do
juízo final. Ele declarou que essa experiência ocorreria depois da morte (S. Luc. 12:5), e que
o inferno destruiria tanto o corpo quanto a alma (S. Mat. 10:28).
Qual é a natureza do fogo do inferno? Porventura queimarão as pessoas para sempre?

2. A sorte do ímpios. De acordo com as Escrituras, Deus promete vida eterna somente
aos justos. O salário do pecado é morte, e não vida eterna no inferno (Rom. 6:23). As
Escrituras ensinam que os ímpios serão "exterminados" (Sal. 37:9 e 34); que eles perecerão
(Sal. 37:20; 68:2). Não permanecerão em estado de consciência para sempre, mas serão
abrasados (Mal. 4:1; S. Mat. 13:30 e 40; II S. Ped. 3:10). Serão destruídos (Sal. 145:20; II
Tess. 1:9; Heb. 2:14), ou consumidos (Sal. 104:35).
3. Punição eterna.

Falando da punição dos ímpios, o Novo Testamento utiliza os termos "eterno" ou "para
sempre". Esses termos traduzem a palavra grega aionios, e aplicam-se tanto a Deus quanto
ao homem. Para evitar mal-entendidos, devemos recordar que aionios é um termo relativo;
seu significado é determinado pelo objeto que ele modifica. Assim, quando as Escrituras
utilizam aionios em relação a Deus, isto significa que Ele possui existência infinita pois
Deus é imortal. Quando, porém, a palavra é utilizada em relação a seres humanos mortais
ou a coisas perecíveis, seu sentido se restringe ao período em que a pessoa ou coisa
prossegue existindo.
Judas 7, por exemplo, diz que Sodoma e Gomorra "são postas para exemplo de fogo
eterno, sofrendo punição". É evidente que estas cidades não estão queimando até hoje.
Pedro disse que tal fogo reduziu aquelas cidades a cinzas, condenando-as à destruição (II S.
Ped. 2:6). O fogo "eterno" ardeu até que nada mais houvesse para queimar, extinguindo-se
então (veja também Jer. 17:27; II Crôn. 36:19).
Similarmente, quando Cristo destina os maus para o "fogo eterno" (S. Mat. 25:41), esse fogo
que consumirá os ímpios será "inextinguível" (S. Mat. 3:12). Somente apagará quando nada
mais houver para ser queimado.
Quando Cristo Se referiu ao "castigo eterno" (S. Mat. 25:46), não estava querendo dizer
"ato de castigar eternamente". Ó significado era que a "vida eterna [que os justos des-
frutarão] continuará pelos séculos intérminos da eternidade; e que a punição [sofrida pelos
ímpios] também será eterna não uma duração eterna do sofrimento consciente, mas uma
punição que será completa e final. O fim daqueles que assim sofrem é a segunda morte.
Essa morte será eterna, pois dela não deverá, e não poderá, haver ressurreição."
Quando a Bíblia fala de "redenção eterna" (Heb. 9:12) e "juízo eterno" (Heb. 6:2), ela se
refere aos eternos resultados de redenção e julgamento não a um processo interminável de
redimir e julgar. Da mesma forma, quando fala de punição eterna, está falando dos
resultados e não do processo. A morte experimentada pelos ímpios é final e eterna.

4. Atormentados para, sempre e sempre.

A Escritura utiliza também a expressão "pelos séculos dos séculos" (Ap. 14:11; 19:3; 20:10),
o que tem contribuído para a conclusão de que o castigo de Satanás e dos ímpios perdurará
ao longo de toda a eternidade. Entretanto, assim como ocorre com "eterno", o objeto
modificado pela expressão "pelos séculos dos séculos" ou "para sempre", determina o
significado da própria expressão. Quando ela se associa a Deus, seu significado é absoluto
pois Deus é imortal; associada aos seres humanos mortais, seu significado é limitado.
A descrição que as Escrituras fazem da divina punição de Edom, constitui bom exemplo do
uso da expressão. Isaías diz que Deus haveria de transformar aquele país em piche fervente, o
qual "nem de dia nem de noite se apagará", e que a fumaça desta queima "subirá para
sempre". De geração em geração ele jazeria deserto; ninguém passaria por ali "para todo o
sempre". Edom foi destruído, mas não mais se encontra ardendo. O "para sempre" durou
até que a destruição foi completada. Ao longo de toda a Escritura, transparece claramente
que o "para sempre" possui limites. O Antigo Testamento diz que um escravo poderia servir
a seu senhor "para sempre" (Êxo. 21:6), que o menino Samuel deveria morar no tabernáculo
"para sempre" (I Sam. 1:22), e que Jonas pensou que permaneceria no ventre do grande
peixe "para sempre" (Jon. 2:6). O Novo Testamento utiliza a expressão de modo similar;
Paulo, por exemplo, aconselha Filemom a receber Onésimo "para sempre" (Fil. 15). Em todos
estes casos, "para sempre" refere-se a "enquanto a pessoa viver".
O Salmo 92:7 diz que os maus serão destruídos para sempre. Profetizando a grande
conflagração final Malaquias disse: "Eis que vem o dia, e arde como fornalha; todos os
soberbos, e todos os que cometem perversidades, serão como o restolho; o dia que vem os
abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo"
(Mal. 4:1).

Uma vez que os ímpios Satanás, anjos maus e pessoas impenitentes são todos destruídos
pelo fogo, tanto ramos quanto raízes, não mais haverá utilização adicional para a morte ou
htídéS (veja o capítulo 25 deste livro). Estes também serão destruídos eternamente por
Deus (Apõe. 20:14).
Assim, a Bíblia deixa bem claro que eterna é a punição-resultado, e não a punição-
processo. E isso que representa a segunda morte. Dessa morte não há ressurreição; seus
resultados são eternos.

O Arcebispo William Temple estava correto ao afirmar: "Uma coisa podemos afirmar
com segurança: o tormento eterno deve ser eliminado. Se os homens não houvessem
importado a noção grega e não-bíblica da indestrutibilidade natural da alma do indivíduo, e
então lessem o Novo Testamento com esta mensagem em mente, haveriam de obter deste
[o Novo Testamento] a crença, não de um tormento eterno, mas de uma aniquilação. É o
fogo que é chamado de 'eterno', não a vida lançada dentro dele." Tendo sido executada
completamente a penalidade determinada pela lei de Deus, acham-se satisfeitas as
demandas da justiça. Novos céus e nova Terra proclamam a justiça do Senhor.

5. O princípio da punição.

A morte é o resultado final do pecado. Como resultado do pecado, todos os que rejeitam a
salvação oferecida por Deus, morrerão eternamente. Contudo, alguns pecaram flagrante e
demoniacamente, deleitando-se com os procedimentos que praticaram, levando outras pes-
soas ao sofrimento. Outros viveram uma existência pacífica e de relativo valor moral, sendo
que sua maior culpa será o fato de haverem rejeitado a salvação que provém de Cristo.
Seria justo que todos sofressem igual punição?

Cristo deixou claro este ponto: "Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu
senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade, será punido com muitos açoites.
Aquele, porém, que não soube a vontade de seu senhor e fez coisas dignas de reprovação,
levará poucos açoites. Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a
quem muito se confia, muito mais lhe pedirão" (S. Luc. 12:47 e 48).

Indubitavelmente, aqueles que mais se rebelaram contra Deus, sofrerão mais do que
aqueles que não o fizeram. Mas deveríamos entender seu sofrimento final em termos da
"segunda morte" experimentada por Cristo na cruz. Ali, suportou Ele os pecados de todo o
mundo. Foi a pavorosa separação de Seu Pai, ocasionada pelo pecado, que Lhe causou a
maior agonia e sofrimento uma angústia mental que está além de qualquer descrição. Assim
ocorrerá com os pecadores perdidos. Eles colherão o que semearam, não apenas durante
esta vida, como também em sua destruição final. Em presença de Deus, a culpa que
sentirão em virtude dos pecados que cometeram, causar-lhes-á sofrimento e agonia
indescritíveis. Quanto maior a culpa, tanto maior a agonia. Satanás, o instigador e promotor
do pecado, sofrerá mais que todos.

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