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LOPES, Janai Harin
https://orcid.org/0000-0002-4217-4389
RESUMO: Este artigo tem por objetivo ABSTRACT: This article has a purpose order
sistematizar a aplicação da an intersectionality application as analyze the
interseccionalidade como categoria de análise category of published research in Revista
nos trabalhos publicados na Revista Estudos Estudos Feministas (UFSC), with finality to
Feministas (UFSC) no propósito de understanding the historiography about this
compreender a historicidade do termo, tal term, such as his trajectory about these ideas
qual a trajetória dessas reflexões e o modo and how is used in Brazilian scenario, from a
como elas foram sendo feitas no cenário magazine engaged explicitly as gender studies
brasileiro, a partir de uma revista and feminist theory. As a methodology, the
explicitamente engajada com os estudos de REF search toll was utilized, where all achieve
gênero e com a teoria feminista. Como collection can be founded online, to select the
metodologia, se utilizou a ferramenta de focused-terms in this research, being
busca da REF, que possui todo o seu acervo themselves, intersectional, intersection, and
online, para que fossem selecionados os intersections.
termos específicos focalizados nessa
pesquisa, sendo eles interseccionalidade,
interseccional, intersecção e intersecções.
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Mestranda em História no Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Santa Catarina. Bolsista
CAPES. E-mail: janaih.historia@gmail.com
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Três Lagoas / MS – Brasil
INTRODUÇÃO
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Disponível em https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref. Acesso em 20 de abril de 2020.
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O Qualis da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) é um sistema que classifica
a produção científica dos programas de pós-graduação brasileiros em artigos submetidos à diversos
periódicos, revistas, anais e livros científicos, englobando todas as áreas do conhecimento. A categorização e
pontuação desses periódicos vai de A1 – mais elevado – e passa por A2, A3, B1, B2, B3, B4, B5, até C que são os
periódicos considerados de baixa relevância. Neste caso, a Revista Estudos Feministas obtém classificação A1
em todas as suas áreas de avaliação, indicada como um periódico de excelência nacional e internacional. Esta
qualificação e as demais podem ser consultadas no site da Plataforma Sucupira, disponível em:
https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQualis/listaConsultaGera
lPeriod icos.jsf. Acesso em 20 de abril de 2020.
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2019, v.27, n.3 Tornar-se mulher negra: escrita de si Viviane Inês Mulheres negras; Escritas
em um espaço interseccional Weschenfelder, Elí de si; Processos de
Terezinha Henn subjetivação identitário;
Fabris Negritude; Feminismo
negro
2019, v.27, n.3 Rumo a uma reconceituação do Fernanda Maria Assédio na rua; Interseção;
assédio nas ruas Chacon Onetto “Fazendo a diferença”;
Gênero; Crime de ódio
Logo de início observa-se que o primeiro texto publicado na revista que fala
explicitamente da interseccionalidade, foi justamente da jurista norte-americana Kimberlé
Crenshaw, citada anteriormente como marco da discussão nos Estados Unidos no fim da
década de 80, ainda que seu primeiro texto na REF tenha sido publicado somente em 2002.
Além disso, outro aspecto rapidamente perceptível é o fato de que, em 28 anos de revista,
apenas 17 artigos levaram em seus títulos e/ou palavras-chave as palavras buscadas na
ferramenta de pesquisa. Pode-se afirmar, de antemão, que, no mínimo, essa discussão no
Brasil aconteceu por outros termos. A seguir, será feita a síntese de cada artigo presente no
quadro, que abrange publicações de 2002 até 2019, atentando para o destaque dado à
interseccionalidade nas discussões propostas, e também qual a área de quem se propôs
discutir.
Organizado por Luiza Bairros, os artigos do dossiê de 2002 da revista despontam na
utilização da categoria, assim como registram e analisam a participação das mulheres afro-
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Esta abordagem, segundo Luciana Ballestrin (2017), consiste no esforço de apontar e questionar o
eurocentrismo e a noção de dependência acadêmica dos países colonizados em relação aos países
colonizadores. Os estudos pós-coloniais compõem um movimento contestatório do colonialismo acadêmico e
imperialismo intelectual, com o propósito de desconstruir a ideia difundida de que o Norte global é o produtor
de teorias legítimas de caráter universal, que são exportadas e aplicadas no Sul global (Ballestrin, 2017, p.1035).
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O último número da última edição publicada em 2019, contou com dois artigos que
apresentam a interseccionalidade: o primeiro escrito pelas doutoras em Educação Viviane
Weschenfelder e Elí Fabris, que, em suma, partiram da narrativa de mulheres negras que
contaram suas experiências no blog Blogueiras Negras, para analisar os processos
relacionais de subjetivação que se produzem nas experiências do tornar-se negra em
escritas de si; no segundo, a socióloga Fernanda Onetto analisa a linha tênue entre as frágeis
fronteiras da ficção e da biografia, na literatura feminista, e propõe uma reconceitualização
do assédio nas ruas a partir da produção social de mulheres da Argentina, Colômbia e Chile,
que, na tentativa de superar aquilo que as vitimou, transformam a arte em instrumento de
utilização política que se configura na experiência criativa da resistência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Cabe dizer que a análise do quadro possibilita refletir que o uso dos termos
focalizados nesta pesquisa foi mais frequente apenas recentemente, em consonância ao
cenário de ascensão das pesquisas com perspectiva pós-colonial, bastante presente nos
trabalhos apresentados. Esse apontamento nos possibilita pensar que, embora os sujeitos
do Sul global compreendam que suas experiências de fato são interpeladas pela intersecção
das opressões, a assimilação da nossa condição de opressão pela raça, gênero, etnia, passa
inevitavelmente pela reflexão das marcas deixadas pela colonização material e simbólica.
É possível deduzir que o debate não se assemelha com a discussão norte-americana
porque a perspectiva decolonial é elemento do feminismo do Sul, dos sujeitos marcados pela
situação de colonizados, o que pode ter levado à negação da necessidade de “importar” a
interseccionalidade nos moldes estadunidense para articulá-la às reflexões difundidas na
Revista Estudos Feministas.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
AZERÊDO, Sandra. Teorizando sobre gênero e relações raciais. Estudos Feministas, Rio de
Janeiro, nº especial, 1994, p. 203-216.
AUAD, D; CORSINO. Feminismos, interseccionalidades, e consubstancialidades na
Educação Física Escolar. Estudos Feministas, Florianópolis, 26(1): e42585, janeiro/abril/2018.
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FONTES
Revista Estudos Feministas – Disponível em <https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref>.
Acervo do IEG/UFSC/Florianópolis.
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