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Três Lagoas / MS – Brasil

Interseccionalidade como categoria de


análise na Revista Estudos Feministas (1992-
2019)
Intersectionality as analyze category in Revista Estudos Feministas
(1992-2019)

*
LOPES, Janai Harin
https://orcid.org/0000-0002-4217-4389

RESUMO: Este artigo tem por objetivo ABSTRACT: This article has a purpose order
sistematizar a aplicação da an intersectionality application as analyze the
interseccionalidade como categoria de análise category of published research in Revista
nos trabalhos publicados na Revista Estudos Estudos Feministas (UFSC), with finality to
Feministas (UFSC) no propósito de understanding the historiography about this
compreender a historicidade do termo, tal term, such as his trajectory about these ideas
qual a trajetória dessas reflexões e o modo and how is used in Brazilian scenario, from a
como elas foram sendo feitas no cenário magazine engaged explicitly as gender studies
brasileiro, a partir de uma revista and feminist theory. As a methodology, the
explicitamente engajada com os estudos de REF search toll was utilized, where all achieve
gênero e com a teoria feminista. Como collection can be founded online, to select the
metodologia, se utilizou a ferramenta de focused-terms in this research, being
busca da REF, que possui todo o seu acervo themselves, intersectional, intersection, and
online, para que fossem selecionados os intersections.
termos específicos focalizados nessa
pesquisa, sendo eles interseccionalidade,
interseccional, intersecção e intersecções.

Palavras-chave: Gênero; Interseccionalidade; Keywords: Gender; Intersectionality;


Interseccional; Historiografia. Intersectional; Historiography.

*
Mestranda em História no Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Santa Catarina. Bolsista
CAPES. E-mail: janaih.historia@gmail.com

83 Trilhas da História, v. 10, n. 18, jan.-jul., ano 2020, ISSN 2238-1651, p. 83-96
Três Lagoas / MS – Brasil

INTRODUÇÃO

Passados 28 anos desde o lançamento de seu primeiro número publicado, destes, 21


anos publicados pela UFSC, esta pesquisa parte da Revista Estudos Feministas (UFSC) para
refletir a recepção acadêmica brasileira da discussão sobre interseccionalidade nos artigos
publicados na revista. A fim de empreender tal análise, propôs-se fazer um levantamento
das publicações da REF a fim de identificar a trajetória e difusão dos conceitos
interseccionalidade/interseccional.
A metodologia consistiu não somente no acesso ao acervo da revista disponibilizado
online 1, como também se utilizou da caixa de busca como ferramenta para encontrar o
conteúdo específico na revista. Foram sistematizados e analisados todos os artigos
publicados na REF que destacaram em seus títulos e/ou palavras-chave os conceitos de
interseccionalidade, interseccional, intersecção ou intersecções, o que totalizou a análise de
17 artigos, publicados em 18 volumes, da edição 2002 à última edição de 2019.
A necessidade de identificar como e quando o campo dos estudos de gênero no
Brasil foi atentado ao debate da sobreposição de opressões em um mesmo indivíduo,
engendram as principais perguntas que nortearam esta pesquisa, tais como: o que é
interseccionalidade? Quem a propôs? Em qual contexto esse conceito surgiu na revista?
Houve a concentração de publicações em determinada época ou área? Com o passar dos
anos o debate foi se diluindo? A REF configura recurso para realizar tais análises e muitas
outras.
A fim de responde-las, o artigo está dividido em duas partes: a primeira, formada
por uma discussão teórica em torno das discussões sobre sexismo e racismo, e o surgimento
do conceito de interseccionalidade na historiografia, e a segunda, sobre a consolidação da
REF e trajetória da interseccionalidade enquanto proposta teórico-metodológica a partir de
um levantamento de dados e análise propriamente das publicações da revista que
utilizaram o termo interseccionalidade, interseccional, intersecção, intersecções em seus
títulos e/ou palavras-chave.

1
Disponível em https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref. Acesso em 20 de abril de 2020.

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Janai Harin Lopes
Interseccionalidade como categoria de análise na Revista Estudos Feministas (1992-2019)

INTERSECCIONALIDADE: O DIÁLOGO ENTRE A


DISCRIMINAÇÃO RACIAL E A DISCRIMINAÇÃO DE GÊNERO NO
BRASIL

Este tópico será dedicado a justificar que a proposta da interseccionalidade surgiu


porque a discriminação de gênero e a discriminação racial são semelhantes no que diz
respeito aos aspectos centrais de seus mecanismos de funcionamento, tal qual nos afirmou
Ina Kerner, explicando a relação entre racismo e sexismo (KERNER, 2012, p.49).
Antes de mais nada é preciso entender que a criação de conceitos, como gênero e
interseccionalidade, sucedem acontecimentos importantes. A historiadora Françoise
Thébaud afirmou que na historiografia, há muito outras categorias já apontavam a
contradição no discurso da história-ciência “universal” e do sujeito que supostamente era
suficiente para representar o todo, criticando a narrativa que valorizava arbitrariamente
espaços marcados pela exclusão de minorias sociais, com o exemplo do campo político e
econômico (THÉBAUD, 2009, p.34). E embora estivesse se tratando do caso das mulheres, o
exemplo da historiadora cabe também ao caso da exclusão do debate racial pois o resultado
dessa história universal foi a humanização enquanto sujeito somente do homem, branco,
cisgênero, heterossexual, portanto, a desumanização de todas e todos que fugiam a isso
(negras/os, indígenas, homossexuais, pessoas transgênero, pessoas com deficiência, etc.).
No Brasil, as décadas de 1970 e 1980 foram marcadas primeiro pelo enfrentamento
do Movimento Feminista e do Movimento Negro à ditadura militar, e pela ascensão das
categorias “mulher” e “mulheres” nas pesquisas. Ambos movimentos estavam na frente da
luta pela redemocratização do país. Em 1978 na cidade de São Paulo, foi criado o Movimento
Negro Unificado (MNU), após a discriminação e violência sofridas por quatro atletas negros
no Clube Tietê e à morte de um operário negro, Robson Silveira da Luz, devido a torturas
policiais (RODRIGUES, 2013, p.1). Entretanto, autoras como Luiza Bairros (1991), Matilde
Ribeiro (1995), e Sueli Carneiro (2003) nos explicam que em ambos os movimentos, a ideia
de igualdade começou a ser questionada pelas militantes negras: entre as mulheres, a
questão racial não era tida como fundamental, e entre os negros, o sexismo era
desconsiderado.
Com relação ao cenário nas pesquisas, a historiadora Joana Maria Pedro indicou
que até o fim dos anos 80, no Brasil e em outros países do Cone Sul, as categorias “mulher”,
“mulheres” e “condição feminina” estavam simultaneamente presentes nos títulos

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historiográficos, utilizadas como forma de reparar a exclusão das mulheres na história


(PEDRO, 2005, p.271). A antropóloga e professora Lélia Gonzalez é apontada como uma das
principais autoras no Brasil que visava tratar das especificidades das mulheres negras, e
suas duas obras fundamentais desse contexto são: seu artigo no livro O lugar de negro (1982)
em que a autora apontou a cumplicidade das mulheres brancas para com a subordinação
das mulheres negras ao ignorar a questão racial nas discussões, e Racismo e sexismo na
cultura brasileira (1983), publicado na coletânea Movimentos Sociais Urbanos, Minorias
Étnicas e Outros Estudos, em que Gonzalez nos propõe refletir de que forma racismo e
sexismo recaem sobre as mulheres negras, mesmo as de classe média. Dessa forma, até
então, havia a compreensão das diferentes experiências e opressões sofridas entre mulheres
negras tanto no Movimento Feminista, quanto no Movimento Negro, porém ainda não havia
uma categoria que analisasse especificamente esse lugar divergente.
O registro que temos é de que o conceito interseccionalidade foi pela primeira vez
utilizado pela jurista norte-americana Kimberlé Williams Crenshaw (1989), a fim de apontar
a interdependência das relações de raça, sexo e classe e dar significado à especificidade da
luta das mulheres negras seja no debate feminista, seja no antirracista. No caso específico,
tratava-se da autora apontando, diante da justiça, para o fato de que elas (mulheres negras)
não poderiam ser tratadas da forma como se tratam brancos e brancas, ou mesmo os
homens negros, por causa do cruzamento de suas opressões. Helena Hirata (2014) afirma
que a partir da herança do chamado Black Feminism dos anos 1970 nos Estados Unidos,
Kimberlé Crenshaw e outras pesquisadoras desenvolveram um quadro interdisciplinar
para tratar da interseccionalidade e levar em conta as múltiplas fontes de identidade
(CRENSHAW, 1994, p.54). Exemplos de trabalhos tidos como clássicos deste momento são:
Ain’t I a Woman: Black Woman and Feminism, de Bell Hooks (1981); Women, Race and Class
de Angela Davis (1981); This Bridge Called my Back: Writings by Radical Women of Color, de
Cherrié Moraga e Gloria Anzaldúa (1981).
Sandra Azerêdo (1994), comparando as teorias feministas sobre gênero e raça no
Brasil e nos Estados Unidos, afirma que houve descompasso da discussão entre esses dois
cenários, porque no Brasil, ao contrário das feministas brancas norte-americanas, que
parecem gradativamente ter incorporado a discussão racial em seus estudos, as feministas
(brancas) brasileiras entenderam que somente às mulheres negras recaía o papel de
articular racismo e sexismo. Outro fator apontado por Azerêdo como determinante para o
atraso do debate interseccional no Brasil está relacionado a quem, ou melhor, de que cor
eram as pessoas consideradas intelectuais destas áreas na academia brasileira, já que o

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caráter excludente do Ensino Superior no Brasil barrava a entrada de vozes dissonantes


(AZERÊDO, 1994, p.214-2015).
Transformada tanto em conceito, como categoria de análise, no próximo
tópico será analisada a forma na qual interseccionalidade foi incorporada nas publicações e
como ela vem sendo abordada na REF com o passar dos anos.

A INTERSECCIONALIDADE NAS PÁGINAS DA REF

Em novembro de 1990, na cidade de São Roque/SP, aconteceu o seminário “Estudos


sobre a Mulher no Brasil: avaliação e perspectivas”. Promovido pela Fundação Carlos Chagas
em vista da fertilidade da temática de estudos sobre/feito por mulheres, evidenciou a
inexistência de qualquer centro-referência para estes debates no Brasil. Diante desse
contexto a Revista Estudos Feministas foi pensada (COSTA, 2004, p.205). Como publicação
itinerante em seu início em 1992 no Rio de Janeiro, passou pela Universidade Federal
Fluminense (UFF) e, posteriormente, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Se
estabilizou quando relocada para a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 1999,
sediada na UFSC/CFH/CCE (Centro de Filosofia e Ciências Humanas/Centro de
Comunicação e Expressão). A partir de 2002 a revista ampliou suas responsabilidades,
ampliou e coletivizou sua equipe editorial e, em 2005, passou a publicar três edições por ano
(SCAVONE, 2013, p.588). Atualmente a revista está indexada em oito bases, como Scientific
Electronic Library On Line (ScIELO), Hispanic American Periodicals Index (HAPI), e
International Political Science Abstracts (IPSA).
A Revista Estudos Feministas é o periódico acadêmico-científico mais antigo do
campo dos estudos de gênero no Brasil, inserida no mais alto patamar de êxito exigido das
publicações científicas nacionais. Possui sua Qualis pela CAPES (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) em nível A1 2 para todas as suas áreas, e sua
projeção é nacional e internacional, o que coloca a revista como elementar para investigar

2
O Qualis da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) é um sistema que classifica
a produção científica dos programas de pós-graduação brasileiros em artigos submetidos à diversos
periódicos, revistas, anais e livros científicos, englobando todas as áreas do conhecimento. A categorização e
pontuação desses periódicos vai de A1 – mais elevado – e passa por A2, A3, B1, B2, B3, B4, B5, até C que são os
periódicos considerados de baixa relevância. Neste caso, a Revista Estudos Feministas obtém classificação A1
em todas as suas áreas de avaliação, indicada como um periódico de excelência nacional e internacional. Esta
qualificação e as demais podem ser consultadas no site da Plataforma Sucupira, disponível em:
https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQualis/listaConsultaGera
lPeriod icos.jsf. Acesso em 20 de abril de 2020.

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qual o nível em que as discussões sobre interseccionalidade se encontram e dialogam


academicamente com os estudos de gênero no Brasil.
Partindo da metodologia apresentada na introdução deste artigo, abaixo
seguem esquematizadas em um quadro todas as publicações sobre interseccionalidade
feitas na REF. É necessário dizer que foi escolhido apenas mencionar os trabalhos com a
temática explícita em seus títulos e/ou palavras-chave justamente porque a historicidade do
conceito aponta para o seu uso político, evocado em para indicar um momento de ruptura
com um pensamento conciliador.

Edição Título Autoras/es Palavras-chave


2002, v.10, n.1 Documento para o encontro de Kimberlé Gênero; raça;
especialistas em aspectos da Crenshaw discriminação;
discriminação racial relativos ao interseccionalidade
gênero
2002, v.10, n.1 Interseccionalidade em uma era de Maylei Blackwell, Interseccionalidade;
globalização: as implicações da Nadine Naber gênero; racismo;
conferência mundial contra o sexualidade; globalização;
racismo para práticas feministas feminismo transnacional
transnacionais
2005, v.13, n.3 Gloria Anzaldúa, a consciência Claudia de Lima Interseccionalidade;
mestiça e o “feminismo da diferença” Costa, Eliana de hibridez; teoria queer;
Souza Ávila política identitária;
política de alianças
2013, v.21, n.3 Círculos viciosos: intersecções de Rodolfo Piskorski Teoria Interseccional;
gênero e espécie em A Fonte da Vida, Animalidade; Pós-
de Darren Aronofsky humanismo; Cinema
2015, v.23, n.3 Interseccionalidades y migraciones: María José Interseccionalidad;
potencialidades y desafíos Magliano Migración Internacional;
Clasificaciones Sociales;
Estudios de Género;
Trabajo Doméstico
Remunerado
2017, v.25, n.1 Redefinindo as fronteiras do pós- Caterina Feminismo Romani;
colonial. O feminismo cigano do Alessandra Rea Gênero;
século XXI Interseccionalidade; Raça;
Pós-colonial
2017, v.25, n.3 Medicina e feminização em Luzinete Simões Gênero; Interseções;
universidades brasileiras: o gênero Minella Feminização; Medicina
nas interseções
2018, v.26, n.1 Feminismos, interseccionalidades e Daniela Auad, Interseccionalidade;
consubstancialidades na Educação Luciano Consubstancialidade;
Física Escolar Nascimento Alquimia das Categorias
Corsino Sociais; Feminismos;
Educação Física Escolas
2018, v.3, n.3 Justiça de gênero na análise feminista Patrícia Duarte Políticas Públicas
de políticas públicas em Argentina, Rangel, Patricia Sensíveis a Gênero;
Brasil e Chile Muñoz-Cabrera Interseccionalidade;
América do Sul;
Presidentas; Justiça de
Gênero

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2018, v.3, n.3 Descolonização, feminismos e Caterina África; Descolonização;


condição queer em contextos Alessandra Rea Dissidência Sexual;
africanos Interseccionalidade; Queer
of Colour
2019, v.27, n.1 Novos diálogos dos estudos Ruthie Bonan Feminist disability studies;
feministas da deficiência Gomes, Paula Gênero; Deficiência;
Helena Lopes, Interseccionalidade
Marivete Gesser,
Maria Juracy
Filgueiras Toneli
2019, v.27, n.2 Diálogos entre Colonialidade e Jéssica Antunes Frantz Fanon;
Gênero Ferrara Colonialismo; Feminismo;
Interseccionalidade
2019, v.27, n.2 Quem está no comando? Mulher de Sabrina Daiana Família; Mulher; Prisão;
bandido e os paradoxos da submissão Cúnico, Marlene Biopoder;
Neves Strey, Interseccionalidade
Angelo Brandelli
Costa
2019, v.27, n.2 Estereótipos de gênero: Perspectivas Fanny Monserrate Artesãos; Estereótipos de
em profissões de artesanato em Tubay Gênero;
Portugal Interseccionalidade;
Mulheres; Homens
2019, v.27, n.2 Trajetórias e experiências: o sujeito Daniela Dalbosco Feminismos; Marcadores
político feminista sob a perspectiva Dell’Aglio, Paula Sociais da Diferença;
interseccional Sandrine Machado Trajetórias; Experiência;
Interseccionalidades

2019, v.27, n.3 Tornar-se mulher negra: escrita de si Viviane Inês Mulheres negras; Escritas
em um espaço interseccional Weschenfelder, Elí de si; Processos de
Terezinha Henn subjetivação identitário;
Fabris Negritude; Feminismo
negro
2019, v.27, n.3 Rumo a uma reconceituação do Fernanda Maria Assédio na rua; Interseção;
assédio nas ruas Chacon Onetto “Fazendo a diferença”;
Gênero; Crime de ódio

Logo de início observa-se que o primeiro texto publicado na revista que fala
explicitamente da interseccionalidade, foi justamente da jurista norte-americana Kimberlé
Crenshaw, citada anteriormente como marco da discussão nos Estados Unidos no fim da
década de 80, ainda que seu primeiro texto na REF tenha sido publicado somente em 2002.
Além disso, outro aspecto rapidamente perceptível é o fato de que, em 28 anos de revista,
apenas 17 artigos levaram em seus títulos e/ou palavras-chave as palavras buscadas na
ferramenta de pesquisa. Pode-se afirmar, de antemão, que, no mínimo, essa discussão no
Brasil aconteceu por outros termos. A seguir, será feita a síntese de cada artigo presente no
quadro, que abrange publicações de 2002 até 2019, atentando para o destaque dado à
interseccionalidade nas discussões propostas, e também qual a área de quem se propôs
discutir.
Organizado por Luiza Bairros, os artigos do dossiê de 2002 da revista despontam na
utilização da categoria, assim como registram e analisam a participação das mulheres afro-

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brasileiras, afro-latino-americanas e indígenas na III Conferência Mundial contra o


Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias correlatas, realizada em Durban,
África do Sul, entre 31 de agosto e 7 de setembro de 2001 (evento marco na luta global contra
a discriminação racial e de gênero). À luz da ampla e variada gama de entrecruzamentos das
discriminações raciais e de gênero, visibilizados pela Conferência, os textos de Kimberlé
Crenshaw, e de Maylei Blackwell com Nadine Naber foram originalmente apresentados
nessa conferência. Crenshaw (2002), jurista norte-americana, apontou as possibilidades de
pensar os aspectos raciais da discriminação de gênero, e também os aspectos de gênero da
discriminação racial, propondo uma metodologia de análise da subordinação interseccional
como meio de eliminar as brechas desses discursos, através das quais tendem a desaparecer
os direitos das mulheres que sofrem múltiplas opressões (a autora chama isso em seu texto
de subinclusão). Já a historiadora Maylei Blackwell junto com a antropóloga Nadine Naber
(2002), descrevem e analisam o cenário de emergência destes debates e do próprio evento
sem deixar de apontar as contradições decorrentes das desiguais relações de poder entre as
pautas. A partir do tema da interseccionalidade, evidenciaram a complexa luta em
diferentes lugares e para diferentes povos, contra a opressão, fazendo uma crítica às
intolerâncias correlatas, parte que, segundo elas, quase foi esquecida do título da
Conferência, e que seria justamente o ponto de entrada para a ampliação da discussão sobre
a multiplicidade de opressões relativas às experiências.
Após as duas primeiras publicações, há um salto de 3 anos, para o próximo texto,
localizado na Seção Debates do volume 13, número 13 de 2005. Instituída há pouco, essa
seção visou retomar importantes textos fundantes de questões e temáticas feministas,
trazendo-os para o debate acadêmico (PEDRO; FUNCK, 2005, p.481). No texto, Claudia de
Lima Costa e Eliana Ávila, ambas brasileiras formadas em Letras, se propõe a pensar a
especificidade da epistemologia e das contribuições de Gloria Anzaldúa na perspectiva da
interseccionalidade e para a criação do que a autora chama de “consciência mestiça”.
Com uma pausa de 8 anos, o conceito é retomado no volume 21 em 2013, com o artigo
Círculos viciosos: intersecções de gênero e espécie em ‘A fonte da vida’, de Darren Aronofsky de
Rodolfo Piskorski, linguista brasileiro. Nele, o autor analisa as diferentes formas pelas quais
as opressões são interseccionadas no filme estadunidense de 2006, partindo da
compreensão do papel da hierarquia do status de humano enquanto espécie, e seu
entrelaçamento com outros vetores de diferença, como gênero, raça, etnia, etc. Já em 2015,
o artigo da historiadora Argentina María José Magliano, intitulado Interseccionalidad y
migraciones: potencialidades y desafíos, ressalta a importância dos debates sobre

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interseccionalidade para os estudos de gênero e, especialmente, sobre migrações


internacionais. Relacionando esta perspectiva teórica à questão do trabalho, a autora aciona
o caráter da interseccionalidade para analisar as trajetórias de mulheres peruanas
migrantes, dedicadas ao trabalho doméstico na Argentina.
Dois anos depois, em 2017, são publicados dois artigos no volume 25 que evocam a
interseccionalidade: no primeiro, a filósofa italiana residente no Brasil, Caterina Alessandra
Rea, em Redefinindo fronteiras do pós-colonial. O feminismo cigano no século XXI, apresenta o
feminismo romani (cigano) identificado em ascensão pela autora em muitos países na
Europa e na América, dentro e fora da academia, em que se propõe um diálogo da
interseccionalidade com as correntes feministas pós-coloniais; no terceiro número de 2017,
a participação das mulheres na ciência foi tema do artigo da socióloga brasileira Luzinete
Simões Minella. Fundamentada nas contribuições de obras de referência do campo de
Gênero e Ciências como Elizabeth Rago, Maria Helena Machado, Monica Schpun, entre
outras, e adotando um enfoque interseccional, a autora identifica as linhas gerais do perfil
socioeconômico, geracional e étnico dos/as estudantes e aspirantes dos cursos de graduação
em Medicina em universidades públicas e privadas na Bahia e Santa Catarina, entre 2005 e
2015. Este estudo, sobretudo compreende as especificidades regionais do processo de
feminização da carreira, observando semelhanças e diferenças entre os Estados e entre as
instituições públicas e privadas (MINELLA et al., 2017, p.997)
No primeiro número da Revista Estudos Feministas de 2018, a seção de artigos
temáticos, intitulada Gênero e Esportes, foi dedicada a elucidar as relações que atravessam
o universo generificado dos esportes. Daniela Auad e Luciano Corsino, da área da pedagogia
no Brasil, a partir da abordagem interseccional, analisam, por um lado, a sub-representação
das meninas e mulheres na Educação Física Escolar, e por outro, as formas de transgressão
engendradas por alunas e docentes, que buscam uma prática pedagógica outra, capaz de
cruzar fronteiras cristalizadas pela tradição. Auad e Corsino também propõem os conceitos
de “coeducação” e “aprendizado da separação” para debater como podem ser percebidas,
mantidas e/ou transformadas as relações entre raça e gênero na escola. Já no seu terceiro
número, constam duas publicações: na primeira, a pedagoga chilena Patricia Muñoz-
Cabrera em conjunto com a socióloga brasileira Patrícia Rangel, destacam os esforços em
direção à inclusão de mulheres no mercado de trabalho no Chile e no Brasil, bem como da
aprovação de leis e regulamentos para trabalhadores domésticos, enfatizando também a
distribuição de renda e a pobreza das políticas de erradicação e programas de controle da
violência doméstica, em que o principal problema, segundo elas, é a falta de

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interseccionalidade no campo da justiça de gênero; a segunda publicação, feita novamente


pela filósofa Caterina Rea, intitulada Descolonização, feminismos e condição queer em
contextos africanos, realiza um mapeamento dos estudos sobre sexualidades e teoria queer
nos contextos africanos, destacando contribuições atuais produzidas por novas gerações
que se preocupam em apresentar uma perspectiva pós-colonial 3 do que a autora chama de
“uma versão descolonizada da dissidência sexual, que repensa o queer desde o Sul”
(MINELLA et al., 2018, p.6).
Por fim, no ano de 2019 a Revista Estudos Feministas chegou a seu vigésimo sétimo
volume, e em seu primeiro número visou debater as fronteiras entre feminismo e
deficiência. Em consonância com o tema, as psicólogas Ruthie Gomes, Paula Lopes, Marivete
Gesser e Maria Juracy Toneli partem da revisão da produção recente de literatura dos
estudos feministas da deficiência publicados em revistas disponíveis no portal de periódicos
da CAPES, para refletir a intersecção entre gênero e deficiência, seus efeitos sociais e
políticos. No segundo número, estão publicados quatro textos sobre violências
interseccionadas às questões de gênero, raça, sexualidade, classe, e outros temas. Abrindo
o debate, voltando-se às questões raciais, Jéssica Ferrara, formada em Letras, parte da obra
de Frantz Fanon, para pensar a interseccionalidade nas consequências psíquicas do
colonialismo e os efeitos psicológicos e sociais nos sujeitos colonizados, refletindo
principalmente a situação em que se encontram mulheres nos cenários de descolonização.
Pensando o papel das mulheres cujos parceiros estão encarcerados, Sabrina Cúnico,
Marlene Strey e Angelo Costa partem da psicologia para mostrar as ambivalências do
desempenho das chamadas “mulheres de bandido”, que oscila entre autodeterminação e
passividade frente aos parceiros e às famílias. Já a doutora em educação Fanny Tubay, do
Equador, lançou olhar além das fronteiras para os estereótipos da origem e transformações
das profissões artesanais em Lisboa, Portugal, e de sua inevitável generificação. Outra
contribuição proveniente da psicologia foi o texto de Daniela Dell’Aglio e Paula Machado,
que enfocou o sujeito político feminista, a partir da análise de trajetórias de personagens
que protagonizaram o “racha” da Marcha das Vadias de Porto Alegre, em 2014, pensando o
feminismo como movimento plural, e o sujeito feminista como interseccionado pelos seus
marcadores sociais da diferença.

3
Esta abordagem, segundo Luciana Ballestrin (2017), consiste no esforço de apontar e questionar o
eurocentrismo e a noção de dependência acadêmica dos países colonizados em relação aos países
colonizadores. Os estudos pós-coloniais compõem um movimento contestatório do colonialismo acadêmico e
imperialismo intelectual, com o propósito de desconstruir a ideia difundida de que o Norte global é o produtor
de teorias legítimas de caráter universal, que são exportadas e aplicadas no Sul global (Ballestrin, 2017, p.1035).

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O último número da última edição publicada em 2019, contou com dois artigos que
apresentam a interseccionalidade: o primeiro escrito pelas doutoras em Educação Viviane
Weschenfelder e Elí Fabris, que, em suma, partiram da narrativa de mulheres negras que
contaram suas experiências no blog Blogueiras Negras, para analisar os processos
relacionais de subjetivação que se produzem nas experiências do tornar-se negra em
escritas de si; no segundo, a socióloga Fernanda Onetto analisa a linha tênue entre as frágeis
fronteiras da ficção e da biografia, na literatura feminista, e propõe uma reconceitualização
do assédio nas ruas a partir da produção social de mulheres da Argentina, Colômbia e Chile,
que, na tentativa de superar aquilo que as vitimou, transformam a arte em instrumento de
utilização política que se configura na experiência criativa da resistência.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a apresentação feita para entendermos a forma como a interseccionalidade foi


evocada nos artigos publicados na revista, podemos tecer algumas considerações. A
primeira já citada anteriormente, é de que em 28 anos de revista, é baixo o número de artigos
que abordam explicitamente a interseccionalidade como proposta teórico-metodológica.
Isto não necessariamente significa que a interseccionalidade não apareceu nos demais
artigos, mas que possivelmente ou foi abordada de maneira implícita, ou por outros termos.
Isto talvez se deva ao fato de que, no Brasil, o debate em torno da
interseccionalidade não aconteceu pelos mesmos caminhos, e nem teve as mesmas
motivações que o caso dos Estados Unidos com sua influência do Black Feminism da década
de 1970. Nos EUA as primeiras publicações acadêmicas que abordam intersecção situam-se
entre as décadas de 1980 e 1990, enquanto que, no Brasil, essa categoria foi articulada aos
estudos de gênero somente depois da virada do século, em 2002.
É válido também considerar que a primeira publicação na REF sobre
interseccionalidade foi de autoria da pesquisadora tida como precursora no debate
estadunidense, Kimberlé Crenshaw. E que muito embora sejam poucos os títulos que a
pesquisa destacou, as/os pesquisadoras/es que os publicaram são das mais diversas áreas
das Ciências Humanas, como historiadoras, juristas, linguistas, sociólogas, pedagogas,
antropólogas, etc., o que indica que a reflexão não esteve monopolizada ou partiu somente
de um campo específico. Ou seja, a preocupação de se pensar a intersecção das opressões
sobre os indivíduos tem sido um esforço compartilhado.

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Janai Harin Lopes
Interseccionalidade como categoria de análise na Revista Estudos Feministas (1992-2019)

Cabe dizer que a análise do quadro possibilita refletir que o uso dos termos
focalizados nesta pesquisa foi mais frequente apenas recentemente, em consonância ao
cenário de ascensão das pesquisas com perspectiva pós-colonial, bastante presente nos
trabalhos apresentados. Esse apontamento nos possibilita pensar que, embora os sujeitos
do Sul global compreendam que suas experiências de fato são interpeladas pela intersecção
das opressões, a assimilação da nossa condição de opressão pela raça, gênero, etnia, passa
inevitavelmente pela reflexão das marcas deixadas pela colonização material e simbólica.
É possível deduzir que o debate não se assemelha com a discussão norte-americana
porque a perspectiva decolonial é elemento do feminismo do Sul, dos sujeitos marcados pela
situação de colonizados, o que pode ter levado à negação da necessidade de “importar” a
interseccionalidade nos moldes estadunidense para articulá-la às reflexões difundidas na
Revista Estudos Feministas.

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FONTES
Revista Estudos Feministas – Disponível em <https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref>.
Acervo do IEG/UFSC/Florianópolis.

Recebido em: 28/04/2020


Aprovado em: 13/06/2020

96 Trilhas da História, v. 10, n. 18, jan.-jul., ano 2020, ISSN 2238-1651, p. 83-96

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